O que quer um currículo - Sandra Corazza

Preview:

DESCRIPTION

O que quer um currículo - Sandra Corazza

Citation preview

O QUE QUER UM CURRÍCULO?

O texto se inicia com uma pergunta da autora ( o que é um currículo?). Explica:

No domínio de uma “metafórica” do currículo,constituída pelas teorias da linguagem estruturalista epós-estruturalista, podemos pensar que o que umcurrículo “é” é uma linguagem. (CORAZZA, 2001, p. 9)

Diz que se ao currículo se classificar como linguagem,recebe vários significados: sons, imagens, conceitos,falas, língua, posições discursivas, representações,metáforas, metonímias, ironias, invenções, fluxos,cortes, etc.

Podemos, agora, propor um silogismo para ofuncionamento de um currículo, significado como serfalante: lá, onde um currículo fala, um currículo nãosabe o que diz. Se um currículo fala, um currículo quer.Lá, onde um currículo quer, um currículo não sabe oque quer. (CORAZZA, 2001, p. 11)

Esta é uma visão de currículo como ser falante, poréminanimado, que não sabe o que faz. Isto mostra deforma clara que autora não está humanizando ocurrículo.

“Um currículo é o que dizemos e fazemos... com ele, porele, nele.” (CORAZZA, 2001, p. 14)

Isto é um currículo: um ser falante, como nós, efeito e derivado dalinguagem [...] Um ser sem coerência e sem profundidade. Queexperimenta relações fracionadas, construídas ao redor de pedaços defalas de cada um. Que pode (pode?) ser qualquer coisa, em qualquermomento. Que não sabe mais para onde vai, mas que, mesmo assim,continua em frente, querendo saber das condições históricas epolíticas, que produzem as verdades linguajeiras de um currículo.(CORAZZA, 2001, p. 14)

Indagações sobre o que quer um currículo:

Um currículo quer um sujeito que pensa, logo é? Queduvida de tudo, até de sua capacidade de conhecer?Quer um ser autônomo? Quer um ser dividido? Querum sujeito que interpele os indivíduos concretos, parasujeita-los a um Sujeito Absoluto?

***

OLHOS DE PODER SOBRE O CURRÍCULO

Dispositivo avaliativo dos pareceres descritivos.

1- Usos e costumes2- Continuidades didáticas3 - Ver, saber4 - Dispositivo de penalização normativa5 - Olhos inocentes? Só se forem os nossos.

***

CURRÍCULO COMO MODO DE SUBJETIVAÇÃO DO INFANTIL

“Conceber o currículo como modo de subjetivação implicaanalisar seus conhecimentos, linguagens, formas deraciocínio, ciências, tipos de experiência, [...] enquantovinculados às relações de saber e poder que atravessamos corpos para gravar-se nas consciências” (CORAZZA,2001, p.57)

“Que posso eu saber? O que posso ver e enunciarem tais condições de luz e de linguagem? O queposso fazer? A que poder visar e que resistênciasopor? Que posso ser? Como me produzir comosujeito?” (CORAZZA, 2001, p.61)

“Quem é e como é o infantil de agora? Comopodemos caracterizar sua infantilidade, seu modode ser infantil? Como podemos dizer e pensar suaforma-sujeito? [...] (CORAZZA, 2001, p.65)

***

GOVERNAMENTALIDADE MORAL DO CURRÍCULO NACIONAL

1 - Governamentalidade moral do currículo nacional

O currículo nacional prescreve uma educação moral?

Quem é o sujeito que pretende moralizar?

2 - O método para ler o currículo moral

Descrição do discurso dos PCNs, por meio daracionalidade que transforma o infantil escolarizado emum “objeto” conhecível, calculado e administrável. (p. 79).

PCNs é um objeto que não passa de um correlato daspráticas de governo do Governo que formula. (p. 80).

O currículo nacional é uma de suas formasprivilegiadas de controle e regulação, funcionandocomo principio e método para racionalizar as própriaspráticas governamentais. (p.81).

3 - Cidadania: a matéria moral do infantil

Objetos “de época”, o que é isto? Dispositivos de “cidadanidade” Técnica empresarial da subjetividade

1º) o “núcleo moral”2º) sua natureza democrática3º) caráter obstrato dos valores transmitidos pelo

currículo.

Saberes psicomorais Ontologia infantil.

Política da Subjetividade

Sociedade e Estado Público e privadoResulta em:1 - Código moral2 - Moralidade do comportamento3 - Conjunto de práticas de si.

***

CURRÍCULOS ALTERNATIVOS - OFICIAIS: O (S) RISCO (S) DO HIBRIDISMO

Os termos de um currículo “oficial” e de um currículo “alternativo”

TEMPOS “FÁCEIS” AQUELES!

[...] FÁCIL, porque nós, ainda, conseguíamos dividir omundo, o sistema e nosso trabalho entre os “deles” e os“nossos”. (p. 99)

TEMPOS “DIFICEIS” ESTES!

“DIFÍCEIS”, porque, não há mais enraizamento, nemraízes; [...] só redes de poder que movem o mundo. [...](p. 101)

AVALIAR O TRAÇADO

Para des-montar, des-fazer, dis-juntar o que está ai,representado pelo traço de união entre cirrículoalternativo-oficial, penso que podemos avaliar, no sentidonietscheano de “criar”.

Por que somos sujeitos desta época e de nenhuma outra, nãoconseguimos experienciar mais a Educação e a Pedagogia domesmo jeito que antes. Por isto, as praticamos, enquanto osnovos seres híbridos que somos. Seres que, dentre outrascaracterísticas, possuem, em seus fazeres, pensares e dizeres,uma porção de currículo “oficial” e outra porção de Currículo“alternativo”. Ao perdermos os fatores distintivos, entre “oficial” e“alternativo”, nossos currículos passam a ser representados pelotraço de união que liga, agora, as duas palavras.

***

MANIFESTO POR UM PÓS- CURRÍCULO:

O Pós-currículo é um grito, um alerta, um manifesto como o foio manifesto comunista de Marx e Engels, de 1848;

Ele procura definir novas possibilidades racionais eemocionais;

DESSAS POSSIBILIDADES SURGIRAM DUAS CONCLUSÕES:

1º- O pós- currículo reconhecido educacionalmente comoum poder.

2º- Já é tempo dos pós-curriculistas irem exporabertamente ao mundo inteiro, os seus modos de ver edizer, enfim as formas como pesquisam e elaboram ocurrículo.

Dessa forma surgiu com vários Pós-curriculistas um seminário:

Os Pós- curriculistas das mais diversas gerações se reuniram para este

fim durante 60 horas, no seminário avançado Pós-currículo: governo,subjetividade, identidade desenvolvido em 2000/1 no programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-Pós-curriculistas das mais diversas gerações, etnias, gêneros, classe,ecologias, sexualidade entre outros se reuniram e delinearam o manifesto.

I - È chegada a hora de mudar todas as unidades dodiscurso da Educação, dentre as quais, a de currículo’;

II – Praticar o trabalho negativo. Negar o conceito decurrículo, pesquisando e praticando um ‘’pós-currículo;

III- Manter em suspenso. Suspender todas as condutas,relações, verdades que vêm sendo reunidas sob o nome’currículo;

IV- Liberar o domínio. Liberar o domínio discursivo da Educação de todas as noções ligadas a ‘currículo’;

V- O novo domínio;

VI- Território dos acontecimentos discursivos;

VII- Para que serve?

VIII - Aprender outras formas de regularidades;

IX- Tomar decisões controladas;

X- Não é sem limites;

XI- Circunscrição da região;

XII- Por fim.

“Por toda a parte, os pós-curriculistas trabalham na execução dessas operações. Os pós-curriculistas

desdenham ocultar as suas posições e os seus propósitos. Declaram, abertamente, que os seus fins só podem ser

alcançados pela transformação violenta e radical de toda a ordem e pesquisa curricular até hoje

existentes’’(CORAZZA, p.141).

***

Recommended