Ocupação/uso do solo em Portugal Continental, 1995-2010

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A partir da leitura sucinta do estudo:Estatísticas e dinâmicas territoriais multiescala de Portugal Continental

1995-2007-2010 com base na Carta de Uso e Ocupação do Solo (COS)Mário Caetano, Cristina Igreja, Filipe Marcelino e Hugo Costa Maio, 2017

No relatório do estudo são consideradas megaclasses

No relatório do estudo em causa podemos ler, no sumário executivo, que, nele, se faz uma descrição das alterações na

ocupação/uso do solo em Portugal Continental para 1995, 2007 e 2010. A análise é feita a quatro escalas: continental, regional (NUTS II), sub-regional (NUTS III) e municipal e assenta num

conjunto simplificado de nove classes – megaclasses – relativas a Territórios artificializados, Agricultura, Pastagens, Sistemas

agro-florestais, Floresta, Matos, Espaços descobertos ou com vegetação esparsa, Zonas húmidas e Corpos de água.

Ocupação/uso do solo, 2010

Em 2010 , as megaclassesselecionadas mostravam que, à escala continental, a ocupação do solo era:§ 39% Floresta§ 26,3% Agricultura§ 12,4% Matos§ 8% Sistemas agro-florestais§ 6,6% Pastagens§ 5% Territórios artificializados§ 1,6% Corpos de água§ 0,7% Espaços descobertos§ 0,3% Zonas húmidas

Megaclasse Descrição das áreas abrangidas

Territórios artificializados

Tecido urbano, áreas industriais, áreas comerciais, rede rodoviária e ferroviária, áreas de serviços, jardins, parques urbanos,e equipamentos culturais e de lazer

Agricultura Campos agrícolas de culturas anuais e permanentes.

Pastagens Áreas ocupadas com vegetação essencialmente do tipo herbácea, cultivada ou espontânea, não incluídas em sistemas de rotação da exploração e que ocupem 25% da superfície total

Sistemas agro-florestais

Áreas agrícolas onde há consociação de culturas temporárias e/ou pastagens e/ou culturas permanentes com espécies florestais com um grau de coberto superior ou igual a 10%

Floresta Áreas de conjuntos de árvores florestais resultantes de regeneração natural, sementeira ou plantação, constituindo uma área com grau de coberto superior a 10%

Matos Áreas naturais de vegetação espontânea, pouco ou muito densa, em que o coberto arbustivo é igual ou superior a 25%

Espaços descobertos ou com vegetação esparsa

Áreas naturais com pouca ou nenhuma vegetação – rocha nua, praias e areais –onde a área ocupada com vegetação é inferior a 25%

Zonas húmidas Zonas húmidas interiores (turfeiras, zonas apaúladas) e zonas húmidas litorais (sapais, juncais, caniçais e zonas entre-marés)

Corpos de água Superfícies de água doce naturais e artificiais e superfícies de água salgada

Área ocupada em Portugal Continental por megaclasse em 2010

Do gráfico extrai-se que:§ Floresta é a categoria de área que ocupa maior extensão: 39%§ Floresta, agricultura, sistemas agro-florestais e pastagens, no total, ocupam

79,9% de Portugal Continental§ Territórios artificializados correspondem, somente, a 5% da área ocupada

Territórios artificializados: ocupação discriminada por classes, em percentagem, em 2010

Reparemos que:§ 66,3% é tecido

urbano§ Só 7,5% é de

vias de transporte terrestre

§ 0,9% , apenas, correspondem a espaços verdes urbanos

§ 28,6% são ocupados por áreas dedicadas a atividades económicas regulares

Territórios artificializados, exemplos

Tecido urbano - AMPÁrea industrial - Seixal

Aveiro – Rede rodoviária

Agricultura: ocupação discriminada por classes (%), 2010

Aqui se conclui da reduzida expressão do regadio: 18,4% da área agrícola.O predomínio é, ainda, do sequeiro: cerca de 60% (hoje, já existem olivais com regadio)

Agricultura: alguns exemplos

Culturas temporárias sequeiro - Serpa Olival

Cultura temporária de regadio - Alentejo

Pastagens: ocupação discriminada por classes, em hectares e em percentagem do total

76% da área das pastagens são de intervenção humana o que revela a importância que tem a criação de gado em regime extensivo em Portugal Continental, nomeadamente, no Alentejo.Não esqueçamos qu são apenas 7% da área do país continental.

Pastagens

Pastagem permanente de sequeiro – Vida Rural

Vegetação natural.Foto de Paulo Araújo

Sistemas agro-florestais: ocupação discriminada por espécie ou por conjunto de espécies, em hectares e em percentagem

De acordo com a metodologia usada:§ Azinheira é a espécie que ocupa maior área nesta categoria– 55,2%§ Azinheira, sobreiro e área de sobro com azinho correspondem a 96,7% da

área ocupada o que mostra as influências mediterrânicas no nosso clima e a, consequente, existência de espécies permanentes de sequeiro.

Sistemas agro-florestais

Museu Virtual da Biodiversidade – Universidade de Évora

Sobreiros Azinheiras

Bolotas – fruto destas espécies arbóreas

Floresta: ocupação discriminada por espécie, ou por conjunto de espécies, em hectares e em percentagem

Do gráfico conclui-se que:§ A espécie mais abundante na nossa floresta é o pinheiro-bravo§ A segunda espécie mais abundante é o eucalipto§ As espécies mais adequadas à pouca precipitação somam 29% da área

florestal (sobreiro, azinheira e pinheiro-manso)§ A floresta é, das megaclasses selecionadas no estudo, a que cobre maior

área continental

Floresta:exemplos

Museu Virtual de ManteigasPinheiro-bravo

Eucalipto – WikipédiaEucalipto – Wikipédia

Pinheiro manso

Matos: ocupação discriminada por classes, em hectares e em percentagem do total (2010)

O gráfico revela que existe uma percentagem significativa de área ocupada por pouca densidade de vegetação – 57,3% - e uma percentagem razoável de vegetação natural própria de áreas bastante secas, até, mesmo sub-áridas– vegetação esclerófita

Espaços descobertos ou com vegetação esparsa: cobertura discriminada por classes, em hectares e em percentagem

Dos 0,7% da área continental correspondentes a esta megaclasse, em 2010, 70% são ocupados pela vegetação esparsa

Espaços descobertos ou com vegetação esparsa, exemplos

Arraiolos Praia do Carvalhal-Grândola

Serra da GardunhaAceiro in bombeiros.pt

Zonas húmidas: cobertura discriminada por classes, em hectares e em percentagem (2010)

Paúis – zonas lacustres –e sapais – zonas de aluvião inundáveis por água salgada, constituem, em conjunto, 75% da área ocupada por zonas húmidas.São áreas que constituem ecossistemas de grande importância para a fauna que nelas pulula

Zonas húmidas

Sapal - Ria Formosa, Faro Paul do Boquilobo – Lezíria do Tejo e Médio Tejo

Praia da Areia – Ilha do Corvo, Açores

Corpos de água: cobertura discriminada por classe, em hectares e em percentagem do total, (2010)

Do gráfico retira-se que a classe mais representativa do conjunto é a das águas capturadas em barragens – 49,9%, portanto, áreas de construção humana e reservas de água muito dependentes das condições climáticas. Por sua vez, os cursos de água naturais quase chegam a uma ocupação de 18% e, eles próprios, diretamente dependentes da precipitação

Corpos de água, alguns exemplos

Barragem da Aguieira

Barra de TaviraLagoa Melides

Rio Douro

Análise sucinta à escala regional (NUTS II) e sub-regional (NUTS III)

Fonte - INE

Ocupação à escala regional (NUTS II)

NUTS II:§ Norte destaca-se pelas

Florestas e Matos§ Centro apresenta 50% do

solo ocupado pela Floresta§ Lisboa é a que tem maior

expressão em Territórios artificializados

§ Alentejo continua a caraterizar-se por uma ocupação ligada ao setor primário (Floresta, Agricultura e Sistemas agro-florestais), 81% do solo total da região

§ Algarve mostra, também, a importância do setor primário com 85% do total do solo ocupado.

A análise à escala regional conduz-nos às seguintes conclusões: predomina a ocupação por atividades primárias e o espaço urbano é

reduzido e fortemente concentrado

A contribuição percentual de cada NUTS II para a área de cada megaclasse de ocupação do solo mostra que: 1. O Norte e o Centro

contribuem, cada uma, com 34% para os Territórios artificializados

2. O Alentejo é o mais expressivo na ocupação pelas Pastagens

3. E, mais ainda, é notória a sua ocupação pelos Sistemas agro-florestais

4. O Centro é o primeiro na Floresta com 40% de ocupação

5. o Norte é a região com mais contributo para a megaclasse Matos

A análise do contributo das NUTS II reforça a irregularidade da ocupação do solo no

Continente e evidencia a maior dispersão dos Territórios artificializados no Norte e no Centro do que em Lisboa, onde é mais

concentrado.

Percentagem das NUTS III – análise à escala sub-regional - ocupadas pelas megaclasses de ocupação do solo

continua

Embora, neste gráfico, ainda se mantenham as designações anteriores às das NUTS III de 2013, é possível verificarmos que a distribuição geográfica da composição das megaclasses acompanha a sua repartição espacial. Por exemplo, a dos Territórios artificializados (cor rosa) revela a sua localização mais expressiva no litoral oeste:§ Ave (18%), Cávado (16%), Tâmega (9%), Grande Porto (36%), Entre

Douro e Vouga (15%), Baixo Vouga (12%), Baixo Mondego (9%), Pinhal Litoral (12%), Oeste (10%), Grande Lisboa (28%) e Península de Setúbal (15%)

Ou a relativa aos Sistemas agro-florestais cujo destaque se concentra nas NUTS III da região Alentejo:§ Alentejo Central (33%), Alentejo Litoral (14%), Alto Alentejo (22%) e

Baixo Alentejo (21%)Ou, ainda, a da megaclasse Floresta que ocupa mais de metade do solo nas NUTS III da região Centro:§ EDV (59%), Baixo Vouga (52%), Dão-Lafões (57%), Baixo Mondego

(56%), Pinhal Litoral (55%), Pinhal Interior Norte (67%) e Pinhal Interior Sul (73%)

Fichas pormegaclasse

Imagem retirada e adaptada da obra citada, página inicial

A maioria dos concelhos:§ têm menos de 5%

da sua área ocupada por Territórios artificializados

§ Entre os 5% e 10% encontram-se ao longo do litoral a norte de Almada e no Algarve

§ Com mais de 10% encontram-se na Área da Grande Lisboa e na Área do Grande Porto

§ Em todos os concelhos, de forma diversa, existe espaço dedicado à agricultura

§ Identificam-se três áreas de maior expressão agrícola: Alentejo Central e Baixo Alentejo, Lezíria do Tejo e Oeste, e Alto Trás-os-Montes

§ Os concelhos localizados nos ou perto dos grandes centros urbanos, apresentam valores percentuais de área mais baixos, por exemplo, Lisboa, Porto, Amadora, Odivelas, Barreiro e Oeiras.

§ Em toda a região Norte, grande parte do Centro litoral e central, a região da Grande Lisboa e a quase totalidade do Algarve apresentam uma ocupação por pastagens inferior a 5% de cada concelho

§ O Centro interior e a região Alentejo concentram os concelhos com maior percentagem de ocupação por pastagens

§ Os 10 concelhos com maior área de pastagem ultrapassam, todos, mais de 13 mil hectares.

§ À semelhança do que sucede com as pastagens, a maioria dos concelhos onde os Sistemas Agro-florestais têm expressão geográfica notória, concentram-se na região Alentejo, especialmente, no Alentejo Central

§ Os 10 concelhos alentejanos com maior área dedicada aos sistemas agro-florestais têm áreas superiores a 19 900 hectares

§ De um modo geral, os concelhos apresentam espaços dedicados à Floresta

§ Os concelhos com mais de 80% de Floresta localizam-se na região Centro, ao longo da flexão que separa a Meseta Ibérica da Orla Ocidental

§ A maioria dos concelhos ocupados com maior área de floresta localiza-se no Alentejo Litoral

§ Os concelhos dos grandes centros urbanos têm menor percentagem de área de floresta.

§ São raríssimos os concelhos com ocupação de espaço igual ou superior a 5 hectares de Espaços descobertos ou com vegetação esparsa

§ é nas áreas montanhosas do Norte e na Serra da Estrela que se localizam os concelhos com maior área dedicada a esta megaclasse

§ A ocupação dos concelhos por Matos mostra que os concelhos mais urbanos e aqueles onde, de grosso modo, há mais área coberta por Sistemas agroflorestais é menor do que 10% da respetiva superfície

§ Os concelhos com mais de 40% de Matos têm mais expressão na área do Gerês, Sª da Estrela, Tavira e Vila do Bispo

§ Apenas 5 concelhos apresentam mais de 10% da sua área ocupada por Zonas húmidas

§ Estes concelhos localizam-se no litoral associados a três dos acidentes litorais mais conhecidos: laguna de Aveiro, estuário do Sado e laguna de Faro

§ Nos restantes concelhos esta megaclasse ou não se verifica ou é residual

§ Os concelhos onde a água ocupa área significativa são os dos acidentes litorais – Lagunas de Aveiro e Faro, Estuários do Tejo e do Sado, albufeiras das barragens

§ No mapa da direita não são cartografados alguns cursos de água desde que a sua largura mínima seja inferior a 20m.

Áreas das megaclasses de ocupação/uso do solo em 1995, 2007 e 2010

No espaço de 15 anos verifica-se que:§ As áreas ocupadas por megaclasses que aumentaram foram as da Floresta,

dos Territórios artificializados e dos Corpos de água§ As que sofreram redução foram as da Agricultura, Matos, Pastagens e Sistemas

agroflorestais§ As restantes mantiveram-se: Zonas húmidas e Espaços descobertos ...§ As posições relativas das nove megaclasses persiste

Variação da área de cada classe entre 1995 e 2010 em milhares de hectares

Ao longo dos 15 anos considerados verifica-se que:As áreas com maior aumento foram a da Floresta (+200 mil ha), a dos Territórios artificializados (+108 mil ha) e a dos Corpos de água (+30 mil ha)As megaclasses com maior recuo foram: a área da Agricultura (-188 mil ha), as áreas de Pastagens, Sistemas agroflorestais e Matos, cada com menos 50 mil hectares de área

Conclusões:Com base no uso de metodologias cartográficas (pela sua especificidade exigem competências técnicas próprias), os autores deste estudo concluíram que, em 2010, o território continental de Portugal é ocupado

principalmente porflorestas, agricultura e matos.

As áreas onde a vegetação não é dominante são relativamente reduzidas e correspondem maioritariamente a territórios artificializados. A ocupação/uso do solo é geograficamente assimétrica ... Grande parte do Centro e Norte são ocupados por floresta, enquanto os Sistemas agroflorestais destacam-se no Alentejo

As assimetrias observadas (...) têm causas ... históricas e ambientais, e, portanto, o quadro geral ... aparenta ser estável e deverá manter-se no futuro (...).As maiores alterações em termos absolutos estão associados com as megaclasses Floresta e Agricultura: ganho e perda de 200 mil hectares e 188 mil hectares, respetivamente, entre 1995 e 2010. Em termos relativos, Territórios artificializados foi a megaclasse mais dinâmica, com um aumento de 32% em 15 anos ... O aumento dos territórios artificializados ocorreu principalmente ao longo da costa o que contribui para a assimetria que verifica no país em termos de ocupação/uso do solo.

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