Relato7

Preview:

Citation preview

ESCOLA MUNICIPAL 22 DE ABRIL.

Professora: Andréa Pimentel Ramos

1º ano A - Turno: Matutino

CRE CABULA

O conceito de escola inclusiva implica uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto pedagógico, no

currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educadores-ações que favoreçam a interação social.

A escola, por conta de sua função social, precisa colocar-se à disposição do aluno, tornando-se espaço inclusivo.

Minha experiência com o aluno Caio Miguel, de 8anos, autista comprovado e acompanhado pela Pestalozzide Ondina, começou em março de 2013, no início do anoletivo da Rede Municipal de Salvador.

Caio era diferente dos demais do grupo. Como todo autistatem dificuldade em relacionar-se e interagir, expliquei asala, (1º ano) que essa diferença tornava-o “especial”. Daítodos passaram a tomar conta do mesmo: (a criança nãoestabelece nenhum tipo de comunicação com os membrosda unidade escolar, embora o mesmo saiba falar), fugia dasala e não interagia com os demais colegas, mostrando umaextrema agitação.

Nos primeiros dias sua mãe ficou em minha sala, (para queela ajudasse na ambientação do aluno com a escola,permanecendo nas aulas até o momento que ele começou ase relacionar comigo e atender alguns comandos dados emclasse e algumas práticas da rotina escolar, como: saber quala sua sala, quem é sua professora, enfim, parte da dinâmicacomum em toda escola).Não é seu primeiro contato escolar,mas ele não terminou o ano na escola anterior, pois aprofessora entrou de licença maternidade.

Caio tem muita dificuldade em aceitar e cumprir rotinas.Estabelecer uma rotina em classe é fundamental para otrabalho pedagógico, em qualquer classe, mas devido apresença de um aluno autista, que possui a característica deser ritualista, foi um grande desafio, pois frequentar a escolatodas as manhãs para ele era uma quebra de uma rotinaanteriormente estabelecida de sua casa, gradualmente Caiovem assimilando esta nova rotina.

Criar estratégias de trabalho para atender as necessidadesdeste aluno e de mais 21 alunos, foi algo que me levou a tervárias discussões com a coordenação pedagógica e comcolegas de trabalho que tem experiência com alunosespeciais para traçar estratégias de como conduzir a aula,com o cuidado de não fazer uma inclusão irreal, poisacredito que inclusão não é deixar um aluno especial nasala, sem observar suas necessidades e demandas...

- É preciso criar estratégias para adequar rotinas, criaratividades e até se for o caso estabelecer aspectos docurrículo (Habilidades) que se pretende alcançar paraaquele aluno em específico.

- As conversas com as colegas de trabalho, as diversaspesquisas sobre o autista foram importantes, mas comocada autista é diferente um do outro, observar ocomportamento do aluno, conversar com a mãe (que émuito participativa) e visitar a instituição que ele fazacompanhamento foi muito importante para conduzir aminha prática em sala.

Contudo, sinto que esta prática poderia ser melhor setivesse uma auxiliar em sala, pois como atender a uma salacom tantos alunos e suas particularidades, das quais devoalfabetizá-los e atender Caio, que é preciso sentar próximo aele para orientá-lo a todo momento. Como promoveravanços significativos a esta criança diante desta realidade?

Vale ressaltar também, que o aprendizado no campo daleitura e da escrita o aluno tem um desenvolvimento, maiorque os demais alunos do 1º ano, porém avaliar seusconhecimentos prévios, compreender como ele aprendeu ecomo aprende e propor atividades que possam auxiliá-lo emnovas aprendizagens é desafio constante.

Ele gosta muito de desenhar, e um desafio é não deixarele desenhar nas tarefas. Quando entrego as atividades elefica receptivo e interessado. Essa atividade (em anexo) quedentre outras de uma forma diferenciada chamou muito aatenção de Caio. Pois, ele gosta muito da personagem daatividade. Ele leu a atividade e respondeu me chamandopara falar que acabou e vibrou.

Em uma sala com 22 alunos nem sempre posso dar-lheuma atenção devida. Como estava explicando a atividadepara os colegas, pedi que me ajudasse a responder aatividade. Usando sua voz robotizada ele leu o enunciado emostrou para mim que era Dora (personagem do desenho).

Fiz a intervenção e perguntei quantas vogais e quantasconsoantes tinham e ele me respondeu corretamente. Daípercebi que ele já lia e na escrita ele se encontra no nívelsilábico alfabético. E todas às vezes eu sempre peço paraele fazer alguma leitura de palavra, sílabas e baixinho eleresponde.

Nas aulas, tento estimular a oralidade utilizando osPec s, que são comandos com imagens e verifico asinterpretações das suas respostas. O que ele precisa édesenvolver a linguagem oral e aperfeiçoar o entrosamentosocial.

No recreio ele corre sozinho fazendo seus gestos emovimentos estereotipados como: colocar as mãos nosouvidos, cantar e falar “sozinho”, às vezes morde sua mão,onde já tem um calo. Corre com os colegas, mas nãointerage. Sempre que vai embora ele se despede dos colegascom minha intervenção, e diz: - É hora de dar tchau. Euenfatizo a frase. – “Tchau coleguinhas” e ele repete.

Enfim, Caio é um aluno que nos desafia, todos os dias eque nos proporciona a chance de perceber o quanto épossível oferecer a estes alunos, que por tantas vezes sãodiscriminados.