Seminario Agroecossistemas Pesquisa Participativa

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PESQUISA PARTICIPATIVA, CARACTERIZADAEM PROJETOS DE SANTA CATARINA

E DO TOCANTINS

Mestrando: Eng. Agr. Marcelo VenturiOrientador: Prof. Dr. Luiz Renato D'Agostini

Co-orientadores: Prof. Dr. Jucinei José CominProf. Dr. Paulo Emílio Lovato

Xou diferentes?

iguais?

Pesquisas participativas

• A razão desta decadência da pesquisa convencional é a falta de contextualização, e também a ausência de retorno dos resultados destas para os pesquisados e interessados. (Pronaf)

• Conhecimento gerado pelo próprio interessado não se perde.

• Não é só o saber...

Objetivos

• Apresentar alguns princípios de pesquisas participativas, utilizados no projeto de dissertação;

• Avaliar o tipo e o grau de participação de agricultores em dois projetos ditos participativos, em SC e no TO.

Pesquisas participativas

• Melhores resultados nas pesquisas quando haviam relações comunicativas entre pesquisador e agricultor, e ainda melhor havendo pesquisas agricultor-a-agricultor

Chambers et al. (1989)

Graus de participação do cidadão

Escada baseada nos graus de participação de Arnstein (2002)

Princípios dasPesquisas Participativas

• a) a possibilidade lógica e política de sujeitos e grupos populares serem os produtores diretos ou associados do próprio saber que mesmo popular não deixa de ser científico;

• b) o poder de determinação de uso e do destino político do saber

produzido pela pesquisa, com ou sem a participação de sujeitos

populares em suas etapas;

• c) o lugar e as formas de participação do conhecimento científico

erudito e de seu agente profissional do saber, no ‘trabalho com o

povo’ que gera a necessidade da pesquisa, e na própria pesquisa

que gera a necessidade da sua participação.

segundo Haguette (2001)

Diferentes pesquisas participativas?

Pesquisa participante

• Remete ao uso de técnicas como entrevistas, interação entre pesquisadores, extensionistas e agricultores com o objeto pesquisado, ênfase nos processos e em trabalhos de campo contínuos.“Definição de uma estratégia de intervenção baseada na construção de relações mais democráticas entre os atores”. Barbier (1996)

Pesquisa-ação

• Observação, análise, coleta de dados, identificação e definição de problemas, planejamento de ações, execução e avaliação em conjunto.“... permite avanços no diálogo técnico, ampliando a percepção dos atores envolvidos quanto à realidade dos agricultores, a ponto de produzir conhecimentos para transformá-la”. Barbier (1996)

• É uma ação para resolução de problemas que precisam ser pesquisados pelos interessados diretamente e em conjunto.

06/10/08

Projeto de teste massivo de sistemas de Plantio direto sem herbicidas por agricultores

familiares de Santa Catarina• Plantio direto sem

agrotóxicos• 70 famílias envolvidas

+ 3 estações experimentais

• Área: 800 m2 / cada família

• Consórcios de inverno: Centeio, Nabo e Ervilhaca (2007) + Tremoço e Aveia (2008)

• Verão: monocultivos e consórcios

http://www.agroecologia.ufsc.br/

Croqui das culturas de cobertura de inverno

Croqui das culturas de verão para AgricultoresCroqui das culturas de verão para Agricultores

40 m10 m

20

mMistura A Mistura B Mistura C Mistura D

Municípios participantes

Etapas desenvolvidas– Implantação do projeto com Epagri– identificação das famílias– mistura e envio das sementes de inverno– plantio direto sem agrotóxicos– oficinas para capacitações de técnicos e agricultores e

levantamento dos seus indicadores– acompanhamento pelos agricultores e técnicos – questionários – rolagem das culturas de inverno e plantio das culturas de verão – colheita, avaliação final e replanejamento

Uso de indicadores com Agricultores

• Agricultores capacitados:Agricultores capacitados:• Indicadores de qualidade do soloIndicadores de qualidade do solo• De qualidade das plantasDe qualidade das plantas• Outros que considerassem de interesse Outros que considerassem de interesse

para cada região ou propriedadepara cada região ou propriedade

Indicadores e construção coletiva dos Gráficos para registros

Indicadores e construção coletiva dos Gráficos para registros

Após a prática Após a prática criamos criamos

coletivamente os coletivamente os gráficos com as gráficos com as notas atribuidas notas atribuidas

por cada por cada agricultor para os agricultor para os

indicadores indicadores levantados.levantados.

A compreensão A compreensão deste método é deste método é

aplicável para aplicável para qualquer realidade qualquer realidade

e estimula a e estimula a observação e observação e

anotação.anotação.

Trocas de conhecimentos

Horizontalização do conhecimentoX

Diferenças de saberes

Afinal?

Podemos considerar esta pesquisa de que forma?Podemos considerar esta pesquisa de que forma?Apesar de ter surgido por técnicos possui muita Apesar de ter surgido por técnicos possui muita participação de agricultores…participação de agricultores…Podendo ser caracterizada como:Podendo ser caracterizada como:

Pesquisa Participante ou participativa.Pesquisa Participante ou participativa.

Rede de Agricultores Experimentadores do Tocantins

• Iniciativa de técnicos em reunir os agricultores: “sem maiores ambições”

• Identificação de um problema comum:

Etapas

• Mobilização e capacitação;

• Planejamento e experimentação;

• Acompanhamento e avaliação.

Mobilização• Mobilizar o conhecimento dos agricultores.• Intervenções técnicas apenas para

compreensões grupo sobre acertos e erros• (por exemplo: de que o sistema de corte-

queima apresenta aspectos positivos e negativos).

Capacitações

• Processo interno por grupos organizados através de estímulos para comportamento reflexivo compartilhando experiências vividas em situações análogas.

• Em seguida pela experimentação organizada, verificação sistematizada e assistida por técnicos, mas com saber local, contextualizado nas circunstâncias de cada ser humano.

Planejamento e experimentação

• 40 experimentos com 30 avaliações

• por exemplo: melhores culturas de leguminosas e melhores manejos em substituição ao procedimento do corte-queima = argumentos dos agricultores para mudarem de atitudes:

• limitação das terras, evidente necessidades de cuidados ecológicos, e necessidade de humanizar a atividade agrícola.

Acompanhamento e avaliAção

• Participação dos técnicos no auxílio aos planejamentos das pesquisas, idealizadas pelos agricultores.

• Considerando a origem dos questionamentos e a participação...

• Se trata de uma Pesquisa-Ação

Vantagens e Desvantagens

• Vantagens • - O custo pode ser compartilhado

• - A responsabilidade pode ser dividida

• - Maior quantidade de repetições em situações indiscutivelmente reais

• - O retorno de seus resultados (aplicação) e a aprendizagem são imediatos

• - Maior validade de aplicação- Horizontalização dos conhecimentos, das decisões e do poder

• - Maior chance de envolver o interesse do público alvo (o querer).

•desvantagens / riscos•- Necessita maior e melhor comunicabilidade

•- Diferenças de linguagens entre pesquisadores e agricultores

•- Necessita eventualmente uma maior preparação/capacitação de técnicos e agricultores

•- Pode ocorrer uma menor precisão ou desvios por contaminação com ideologias dominantes dentro dos grupos

•- Pode ter um custo maior (ex: com transporte)

•- Dependência do grupo e de seus interesses.

Bibliografia consultadaAGRAWAL, Arun. Dismantling the divide between Indigenous and Western Knowledge. In: Development and

Change. 1997. No. 26 (3). p 413-439.ARNSTEIN, Sherry R. Uma escada da participação cidadã. In: Revista da Associação Brasileira para o

Fortalecimento da Participação – PARTICIPE. Porto Alegre/Santa Cruz do Sul. Janeiro 2002. Vol.2, No.2, p. 4-13.

BARBIER, R. La recherche action. Ed. Anthropos/Economica - Paris, 1996. 112p.CHAMBERS, Roberto; RICHARDS, Paul; BOX, Louk. Agricultores experimentadores e pesquisa. Rio de

Janeiro: PTA, 1989. 44p.HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias qualitativas na sociologia. 8 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.

224p.MUSSOI, Eros Marion; PINHEIRO, Sérgio Leite Guimarães. Pesquisa e Socialização do conhecimento em

Agroecologia. In: Encontro Nacional de Agroecologia. Julho de 2002. Rio de Janeiro.NEDERLOF, E. Suzanne; DANGBÉGNON, Constant. Lessons for farmer-oriented research: Experiences from

a West African soil fertility management project. In: Agriculture and Human Values. Springer 2007. No 24. p.369-387.

NICHOLLS, C.; ALTIERI, M.; DEZANET, A.; LANA, M.; FEISTAUER, D.; OURIQUES, M.. A Rapid, Farmer-Friendly Agroecological Method to Estimate Soil Quality and crop Health in Vineyard Systems. In: Biodynamics. Autumn 2004. No 40, p.33-40.

- - PRONAF. Metodologia de pesquisa participativa em agroecologia. http://www.pronaf.gov.br/dater/arquivos/21_metodologia_da_pesquisa_participativa_em_agroecologia.pdf. Acessado em 19/05/2008.

SCHWENGBER, José Ernani; SCHIEDECK, Gustavo; CARDOSO, Joel Henrique; REICHERT, Lírio. Participative research: the farmer as subject of the change. Embrapa Clima Temperado. In: Resumos do V Congresso Brasileiro de Agroecologia - Manejo de Agroecossistemas Sustentáveis. Revista Brasileira de Agroecologia. Outubro de 2007. Vol.2 No.2.

SOUZA, Fred Newton da Silva; ALVES, Juliana Mariano; D'Agostini, Luiz Renato. Agricultores experimentadores: aprender com a experiência e experimentar para saber. Palmas: UNITINS, 2008. 56p.

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