COMPÊNDIO BOTÂNICA

  • View
    88

  • Download
    0

  • Category

    Food

Preview:

Citation preview

O SABOR

da Laranja

POR

PATRICIA QUITERIA

FACULDADE DE BELAS--ARTES

N8068 DESIGN DE COMUNICACAO E METOLOGIA DE PROJETO

COMPENDIO BOTANICA

LISBOA:

IMPRESSO POR PATRICIA QUITERIA, LARGO JOAO DAS REGRAS, AMADORA

COMPENDIO BOTANICA

FORMATO: 16 X 24,4 CM

LIVRO DA REFERENCIA: PORTUGAL ILUSTRATED, 1829

AUTOR: REV. W. M. KINSEY

TIPOGRAFIA: BODONI HAND

NOME DO FABRICANTE:: KARATE GRAPHICS Ltd..

PROCESSO DE IMPRESSAO: TRANSFER POR ACETATO

O SABOR

da Laranja

POR

PATRICIA QUITERIA

FACULDADE DE BELAS--ARTES

N8068 DESIGN DE COMUNICACAO E METOLOGIA DE PROJETO

O SABOR DA LARANJA;

EM

COMPENDIO BOTANICA

POR

PATRICIA RAQUEL CARREIRA QUITERIA

FACULDADE DE BELAS--ARTES

LISBOA : PUBLICADO PELA EDITORA DA

FACULDADE DE BELAS ARTES

2014

DEDICATORIA

Dedico este compendio ao autor The Rev. W.M. Kinsey, B.D por me ter dado a possibilidade de seguir o mod-elo do seu livro, incluindo tipografias e as medidas de tipometro retiradas, com base no meu compendio de botanica.O meu trabalho so foi possivel devido ao contributo de diversas personalidades e a quem sao devidos mereci-dos agradecimentos. A todos os professores que disponibilizaram o seu tempo e esforco para que fosse possivel a recolha da infor-

macao, nucleo central do projeto.

A todos, o meu muito obrigado.

O patio da residencia dos meus pais tem duas

laranjeiras, onde eu brincava quando era pequena.

Desde muito cedo habituei-me a viver com as laranjas

que eu livremente e com alegria colhia e comia

diretamente da arvore.

A sombra das laranjeiras e o cheiro das laranjas sempre

me atrairam e quebravam a rotina do meu dia a dia.

Estas laranjeiras ainda hoje sao o ornamento da nossa

residencia.

A cor da laranja e algo de belo que hoje associo ao ouro.

Esta minha vivencia explica o gosto especial e diria

carinho pessoal por este trabalho.

P R E F A C I O

Neste trabalho, procurei falar um pouco do saber

historico, do saber cientifico e do saber artistico sobre a laranja.

Tive a preocupacao de alargar o meu horizonte num universo

extenso dedicado a laranja. Fiz uma primeira abordagem a sua

origem, a sua chegada a Europa ate a importancia, que lhe foi

atribuida como arvore ornamental nos patios das casas abastadas

ate a importancia que assume na economia de varios paises, entre

os quais Espanha, Italia, Romenia e a regiao do Algarve em Portugal.

Curioso, foi tambem a origem do nome e da cor de laranja.

Vinda da Asia com o nome “narang”, o seu cultivo teve inicio

na Franca, que manteve o mesmo nome, apenas, associou

“or” a cor do ouro a cor da laranja, tendo ficado “orange”.

Outra particularidade interessante e o fato de, quando

o fruto esta maduro tem a cor alaranjada, mas existem

algumas especies, que permanecem na cor verde.

Como alimento e um fruto pouco calorico, com cerca

de 40 calorias por 100 gramas e rico em vitamina C.

Como objeto artistico surge associado a velas de cheiro e a certos

objetos de uso doméstico que assumem a forma de uma laranja.

INTRODUCAO

INDICE

ILUSTRAÇÂO...........................................................1

I: HISTÒRIA DA LARANJA....................................2-3

PROPRIEDADES DA LARANJA.........................3-4

2 ILUSTRAÇOES......................................................5-6

II: DICIONARIO DA LARANJA.............................7

III: A LARANJA NA ESTÈTICA............................8

A LARANJA NOUTRAS LINGUAS..................8-9

IV: PROPRIEDADES ESPECIAIS .........................10-12

V: AS LARANJEIRAS DE LISBOA........................13-20

VI: A LARANJA NA ARTE.....................................21-26

VII: A LENDA DA LARANA..................................27-28

VIII: A POEMA DA LARANJA..............................29-31

IX: EXPERIENCIA SESNSORIAL..........................32-40

X: MANUAL DE INSTRUCOES DE DESCAMENTO

DA MINHA LARANJA............................................41-43

COMPENDIO BOTANICA 1

“Sustento, uma natureza morta com laranjas e uma banana”, John Frederick Peto - óleo em painel

A laranja e um citrino e, como a grande maio-

ria dos citrinos, e originaria da Asia, a Sudeste dos

Himalaias, onde ainda hoje podemos encontrar es-

tas arvores em estado selvagem. Entre essas arvores

estao os limoeiros, as limeiras, as cidreiras, as pome-

leiras, laranjeiras amargas e doces e as toranjeiras.

Mais tarde, foi trazida para a Europa pelos Portugueses,

por volta do seculo XVI, tendo-se iniciado o seu cul-

tivo em Franca, que passou a ser chamada de “orange”,

um nome semelhante ao seu nome asiatico, “narange”

mas iniciado com “or”, que significa ouro em frances.

So passados tres seculos e que as laranjeiras passaram a

ser consideradas como um excelente produto para com-

ercializar e uma grande oportunidade de fazer negocio.

Ainda hoje a comercializacao da laranja e muito impor-

tante para a economia de varios paises, entre os quais Es-

panha, Italia, Romenia e a regiao do Algarve em Portugal-

assou a ser cultivada, principalmente no sul da Europa,

.

COMPENDIO BOTANICA

CAPITULO I

HISTORIA DA LARANJA

2

A laranja e um fruto citrico, cujo sabor pode vari-

ar entre o doce e o acido leve, podendo conjugar os dois.

um fruto rico em sais minerais, como o calcio e o fer-

ro. A laranja e rica em vitamina C e tem, tambem vi-

tamina A. Ao comer duas laranjas por dia, ja se esta

a ingerir a quantidade diaria necessaria de vitami-

na C. E um fruto pouco calorico, em cada 100 gramas

de laranja existem 65 kcal, 0,6 g de proteinas, 1 g de

gorduras, 45 mg de calcio, 36 mg de Potassio, 21 mg

de Fosforo, 13 mg de Sodio, e ainda, em quantidades

inferiores, Enxofre, Magnesio, Cloro, Silicio e Ferro.

Em 100 g de laranja existem 48 mg de Vitamina C,

ou acido ascorbico. Alem dessa vitamina, podemos ain-

da encontrar na laranja as vitaminas A, B1, B2 e B3.

Fruto rico em suco, muitos tem tambem o

habito de a espremer para beber o seu sumo.

onde havia excelentes condicoes climatericas para a

producao e crescimento de novas variedades de citrinos.

A laranjeira era usada na Asia e no Medio Oriente como

arvore ornamental, sendo muito apreciada pelas suas be-

las flores. Nas casas arabes abastadas era muito comum

verem-se as laranjeiras nos patios perto de fontes ou lagos.

PROPRIEDADES DA LARANJA

COMPENDIO BOTANICA 3

A parte interna e formada por pequenas bolsin-

has (gomos), onde se encontra o suco. Normalmente e

comida ao natural, descascada e separada em gomos.

Desconhecido, por muitos a camada branca que

existe entre a casca e os gomos, tem um sabor ado-

cicado, e podera ser usada para se mastigar apos se

comer os gomos, de forma a tirar o sabor acido da

boca. E muito utilizada para a producao de sucos e

doces, aproveitando-se a casca da laranja tambem

para ornamentar alguns pratos culinarios e a sua

raspa e muitas vezes utilizada em muitas receitas.

Quando esta madura tem a cor alaranjada e, em

algumas especies, permanece com a cor verde.

A laranja doce foi trazida para a Europa pelos por-

tugueses, o primeiro povo europeu a chegar a

China, pais de onde a laranja doce e originaria.

Por esse motivo, em muitos paises a laranja doce e

conhecida como laranja portuguesa, sendo que laranja

em grego chama-se “portokali”; em turco “ portokal”;

em romeno e “portocalla” e em italiano” portogallo”.

E tambem em Portugal que se produz uma das laran-

jas mais apreciadas da Europa: a laranja do Algarve.

COMPENDIO BOTANICA 4

COMPENDIO BOTANICA 5

The Theater of Plantes por John Parkinson, Lon-dres, 1640

Raphaelle Peale, “Natureza morta com livro e laranja”, 1815

COMPENDIO BOTANICA 6

COMPENDIO BOTANICA 7

CAPITULO II

DICIONARIO DA LARANJA

A laranja corresponde por nome feminino e

traduz-se botanica, que e um fruto (hesperidio) da lar-

anjeira, arredondado, dividido em gomos sumarentos

e coberto por uma casca cuja cor varia entre o am-

arelo e a cor de laranja e por outrora, em botanica

tambem, variedade de pereira cultivada em Portugal.

Do persa narang, “laranja”, pelo arabe naranja, “idem”

Portanto, e um fruto comestivel da laranjeira, de

forma esferica, casca dura e polpa dividida em sec-

coes, rodeadas por uma pelicula fina e em botanica,

E uma arvore da familia das rutaceas: a laranjeira.

E um substantivo masculino que indica a cor

da casca desse fruto, entre o amarelo inten-

so e o avermelhado que mostra a cor de laranja.

Em Brasil em linguagem informal, significa

que e uma pessoa simples ou ingenua e por out-

rora, significa tambem uma pessoa usada como

intermediaria em fraude e negocios suspeitos

E um adjetivo de dois generos e de dois numeros que

tem a cor do fruto da laranjeira, a cor da laranja.

A Laranja nutre e tonifica de forma natural sua

pele, unhas e cabelo, a fruta contem propriedades ad-

stringentes otimos para melhorar a textura da pele

e cabelo. A Laranja e uma rica fonte de vitamina C,

que tem varias propriedades que fazem bem para pele.

Quando usada como ingrediente de beleza,

tem qualidade antienvelhecimento e age fa-

zendo com a pele tenha mais elasticidade.

A casca da Laranja tambem contem varios nutrientes e

nao podem ser dispensados no tratamento caseiro da

beleza tao util para a pele quanto o proprio sumo da fruta.

CAPITULO III

COMPENDIO BOTANICA 8

A LARANJA NA ESTETICA

A LARANJA NOUTRAS LINGUAS

As laranjas sao consideradas as ma-

cas douradas noutras linguas.

Por exemplo, o termo latim pomum au-

rantium descrevem laranjas como macas..

COMPENDIO BOTANICA 9

Outras linguas como o alemao, finlandes, he-

braico e o russo possuem etimologias mais complexas

para a palavra laranja que possuem a mesma origem.

Uma das razoes para se considerar a laranja como

magica em tantas historias e o fato de dar flores e

frutas simultaneamente, diferente de outras frutas.

Frequentemente, o termo maca dourada e usado

para se referir ao marmelo, um fruto do Oriente

Medio. O tomate, desconhecido para os gregos an-

tigos, E conhecido como pomodoro em italiano,

significando maca de ouro (de pomo d’oro).

CAPITULO IV

PROPRIEDADES ESPECIAIS DA LARANJA

COMPENDIO BOTANICA 10

Propriedades terapeuticas da Laranja

Sabia que consumir uma laranja por dia pode

impedir a manifestacao de certos tipos de can-

cro, de acordo com um novo estudo australiano.

O grupo do governo Organizacao de Pesquisa In-

dustrial e Cientifica da Comunidade Britanica

(CSIRO, na sigla em ingles) descobriu que con-

sumir frutas citricas pode reduzir o risco de can-

cro da boca, laringe e estomago em mais de 50%.

Uma porcao extra de frutas citricas por dia, alem das

cinco porcoes de frutas e vegetais recomendadas por dia

, pode tambem reduzir o risco de um derrame em 19%.

“As frutas citricas protegem o corpo pelas suas pro-

priedades antioxidantes e por fortalecer o siste-

ma imunologico, inibir o crescimento de tumores

e normalizar as celulas tumorosas”, disse em um re-

latorio Katrine Baghurst, pesquisadora da CSIRO.

COMPENDIO BOTANICA 11

“CITRUS NOBILIS”, aguarela, Elsie E.Lower, 1911

COMPENDIO BOTANICA 12

O estudo australiano, baseado em outras 48 pes-

quisas internacionais sobre os beneficios das frutas

citricas a saude, tambem descobriu “indicios convin-

centes” de que esses alimentos podem reduzir o risco

de doencas cardiovasculares, obesidade e diabete.

Segundo Baghurst, a laranja e a fruta com o mais alto

nivel de antioxidantes, com mais de 170 diferentes

tipos de fitoquimicos, incluindo mais de 60 flavoni-

ides, que apresentam propriedades antiinflamatorias,

antitumor e inibe a formacao de coagulos no sangue.

Propriedades medcinais da casca da laranja

Quando comemos uma laranja suculenta, geral-

mente deitamos fora a casca, sem saber pensarmos

nas suas propriedades medicinais. A casca de lar-

anja ajuda a digestao, diminui as infeccoes, reduz

o colesterol e combate cancro da pele e da mama. E

um bom repelente de insetos e gatos e pode ser us-

ado para a limpeza e desodorizacao do ambiente.

A casca da laranja tem mais fitonutrientes e flavonoides

que a polpa, dotando-a de propriedades anti-inflama-

torios que ajudam a fazer a digestao e aliviam os prob-

lemas gastrointestinais, como a azia e a flatulencia.

COMPENDIO BOTANICA 13

O metro faz parte da minha rotina diaria desde

9 ano, vivo na Linha Azul e quando vou para a es-

cola ou outro sitio, estou sempre atravessar metade

da linha e sempre passei na estacao das Laranjeiras.

A primeira vez que aprendi a andar de metro foi

quando andava na primaria e o meu irmao mais vel-

ho vinha me buscar no metro das Laranjeiras, pois

e onde ficava a minha escola que se chama escola

basica das Laranjeiras. E engracado porque agora es-

tou crescida e estou na faculdade no curso de Design

de Comunicacao e a tema e sobre tudo que tenha a

ver com Laranja e eu andei na primaria das Laran-

jeiras que faz parte do tema, E mesmo engracado.

E foi a partir dai que pus os pes, no metro pela

primeira vez foi na estacao das Laranjeiras. Ia

sempre com meu irmao e ficava sempre a ob-

servar os azulejos que continham as fotografi-

as da Laranja e davam me sempre muita sede. .

CAPITULO V

AS LARANJEIRAS DE LISBOA

COMPENDIO BOTANICA 14

Por isso a cor da Laranja estimula o apetite,

influencia nos na parte do cerebro criando um siste-

ma de recompensa, quer responder pelo prazer e ne-

cessidade de repeticao quer da experiencia prazerosa.

Quando chegava a casa, comia sempre as laranjas peque-

nas com cascas secas, que sao faceis de tirar e eram

sempre muito doces e trazem-me uma boa recordacao.

Um dia destes, ao regressar de faculdade, senta-

da no metro pensativa, a pensar sobre a Laranja

e, de repente ouvi uma voz a informar que esta-

vamos a chegar a estacao das Laranjeiras e fez-se

luz na minha cabeca, fiquei ansiosa de escrever so-

bre esta estacao entao sai e fui tirar fotografias.

Depois fui investigar a historia da estacao referida.

A estacao de metro das Laranjeiras, (Linha Azul) situa se

na Estrada da Luz na Rua Xavier de Araujo de Lisboa,

com freguesia Sao Domingos de Benfica e fica entre as es-

tacoes Alto dos Moinhos e Jardim Zoologico da linha azul.

Foi aberta ao publico a 14 de Outubro de 1988

depois de ser construida na zona de Benfica.

COMPENDIO BOTANICA

Neste mesmo dia, teve lugar a inauguracao do

prolongamento que fez ligacao com Sete Rios e Co-

legio Militar/Luz com tres novas estacoes, as Laran-

jeiras, Alto dos moinhos, assinada por Julio Pomar,

e Colegio Militar/Luz na qual interveio Manuel

Cargaleiro. Tambem abriu ao publico a estacao da

Cidade Universitaria, com intervencoes artisticas

da autoria de Vieira da Silva, e inserida no prolon-

gamento que ligou Entre Campos ao Campo Grande.

Estas novas 4 estacoes foram as primeiras a ser

construidas de raiz com um cais, com 105 metros

de extensao e obedeciam tambem a uma filoso-

fia que levava as intervencoes plasticas ate ao

seu cais. A rede aumentou assim 3,8 quilometros.

Por curiosidade, a ideia do metro surgiu desde 1888 como

um sistema de caminhos-de-ferro subterraneo, na cidade

de Lisboa, a semelhanca das que ja existiam em Londres

e Paris e essa ideia foi do engenheiro militar Henrique

de Lima e Cunha, que criou o projeto de uma rede com

varias linhas que poderia servir a capital portugue-

sa e que publicou na Revista Obras Publicas e Minas.

15

COMPENDIO BOTANICA 16

Mais tarde, no seculo 20, Lanoel d Aussenac e

Abel Coelho em 1923 e Jose Manteca Roger e Juan Luque

Argenti em 1924 apresentaram projetos para um sis-

tema metropolitano em Lisboa, mas foram rejeitados.

Depois da Segunda Guerra Mundial, com a retoma da

economia nacional e a ajuda financeira do Plano Mar-

shall, conhecido oficialmente como Programa de Recu-

peracao Europeia, foi o principal plano dos Estados Uni-

dos para a reconstrucao dos paises aliados da Europa,

contribuiram fortemente o inicio da construcao do met-

ro e fundou-se uma sociedade em 1948 tendo como obje-

tivo o estudo da viabilidade tecnica e economica de um

sistema de transporte publico subterraneo na capital.

Os trabalhos de construcao iniciaram-se em 7 de ago-

sto de 1955 e, 4 anos depois, em 29 de Dezembro de

1959, o novo sistema de transporte foi inaugurado.

Retomando da estacao Laranjeiras, o seu projeto ar-

quitetonico foi da autoria do arquiteto Antonio J.

Mendes com intervencoes plasticas do pintor Rolando

Sa Nogueira, no que diz respeito ao revestimento azule-

jar, com a colaboracao do escultor Fernando Conduto.

COMPENDIO BOTANICA 17

O tratamento plastico desta estacao integra se

na trajetoria criadora em que passou a determina-

da altura a recorrer a fotografia, enquanto metodo

possivel de obter uma representacao hiper-realista.

Na arte dos espacos publicos e costume os artistas

atenderem as especificidades dos locais para dai ex-

trairem os temas para elaborarem os seus trabal-

hos. Neste caso, houve uma interpretacao literal

do nome da estacao, ou seja, o artista prestou aten-

cao as especificidades das Laranjeiras, que e o nome

que a toponimia conservou a heranca do local,

onde continha a estacao que era a area de quintas

de recreio, com jardins, arvores de fruto e pomares.

Para elaborar a tematica decorativa, interpretou lit-

eralmente o nome da estacao, na medida em que

surgem composicoes de laranjas e folhas de laranjeiras

reproduzidas nos azulejos de revestimento portanto o

Sa Nogueira realizou este trabalho na Fabrica de Ce-

ramica Rugo, onde recorreu ao processo serigrafico

para conseguir a transcricao de fotografia que e a tec-

nica habitualmente utilizada na producao industrial.

COMPENDIO BOTANICA 18

Laranja, “citrus sinenis”

COMPENDIO BOTANICA 19

Em geral, Laranjeiras e um bairro de Lisboa

que pertence a freguesia de Sao Domingos de Ben-

fica e sobre a origem desta freguesia, ninguem tem

certeza, porque se atribuem varias teorias, pois a his-

toria da formacao desta freguesia e mais antiga, mas

dizem que ja existia no seculo XIII e consideram que

ja fora uma freguesia rural, embora com poucas pes-

soas, que ali viviam e que era de secundaria impor-

tancia economico-social para Lisboa. Sao Domingos

de Benfica tem as suas origens ligadas a uma lenda.

O rei D. Joao I doou a ordem religiosa dos dominicanos,

a pedido do doutor Joao das Regras, os terrenos onde em

tempos se erguera um palacio conhecido por Paco de Ben-

fica, morada de Verao de todos os soberanos, desde D.Dinis,

Segundo a lenda, o rei ao visitar o local, destacou e elogiou a

sua beleza natural afirmando: “ Aqui bem-fica o convento”.

A antiga povoacao de Benfica era um dos locais mais

bonitos merecendo assim esta denominacao nao so

pela sua privilegiada situacao como pela abundan-

cia de agua e arvoredo que a tornavam num dos

mais deliciosos e poéticos lugares do Termo de Lisboa.

COMPENDIO BOTANICA 20

Fotografias do Metro da estacao LARAN-JEIRAS

A Laranja e um objeto formado por uma serie de

contentores modelados em forma de gomo, dispostos

circularmente em torno de um eixo central, ao qual

cada elemento apoia o seu lado retilineo, enquanto

todos os lados curvos, voltados par ao exterior,

produzem como forma global uma especie de esfera.

O conjunto destes gomos esta envolvido por

uma embalagem bem carateristica, tanto do

ponto de vista da materia como da cor: dura na

superficie externa e revestida no interior de

um acolchoado fofo, que serve para proteger do

exterior o conjunto dos contentores. Todo este

material e na sua origem da mesma natureza, mas

diferencia-se necessariamente segundo a funcao.

Cada contentor, por sua vez, e formado

por uma pelicula plastica, suficiente para

conter sumo, mas bastante maleavel quando

da sua decomposicao da forma global.

COMPENDIO BOTANICA

CAPITULO VI

A LARANJA NA ARTE

21

COMPENDIO BOTANICA 22

Cada gomo mantem-se ligado aos outros por

um adesivo muito fragil. A embalagem, como e hoje

corrente, nao tem de ser devolvida ao fabricante.

Cada gomo tem exatamente a forma da disposi-

cao dos dentes na boca humana e, uma vez extrai-

do da embalagem pode ser encostado aos dentes

que, com uma ligeira pressao, o rompe, e dele

extraem o seu sumo. Os gomos contem, alem do

sumo, pequenas sementes da mesma planta que

engendrou o fruto: uma pequena homenagem da

producao ao consumidor, no caso de este desejar

ter uma producao pessoal desses objetos. Observe-se

o desinteresse economico dessa ideia e, por outro

lado, a ligacao psicologica que se estabelece entre

consumo e producao: ninguem, ou muito poucos,

semearao laranjas, mas esta concessao, altamente

altruista, a ideia de se poder faze-lo, liberta o con-

sumidor do complexo de castracao e estabelece

uma relacao de confianca autonoma reciproca.

Por isso a laranja e um objeto quase per-

feito, encontrando-se nele uma total co-

erencia entre forma, funcao e consumo..

COMPENDIO BOTANICA 23

GOOD DESIGN, Bruno Munari

Tambem a cor e exata; se fosse azul, estaria

completamente errado.A unica concessao decorativa,

se assim se pode dizer, consiste na pesquisa

“materia” da superfecie da embalagem, tratada

como “casca de laranja” Talvez para evocar a polpa

interna dos gomos. Por vezes e admissivel um

minimo de decoracao, se perfeitamente justificado

COMPENDIO BOTANICA 24

ILUSTRACOES DO GOOD DESIGN

COMPENDIO BOTANICA 25

Catalogo de Armando Alves, Ernesto de Sousa

(1964, “Artes Graficas, Veiculo de Intimidade, As

Artes Graficas e a Cidade”

O que e uma laranja? Suponhamos que devo

fazer compreender a alguem o que e uma laranja;

e forcosamente, o que e uma laranja para mim.

Como e obvio, posso fazer duas ordens de coisas,

distintas, mas que porventura se completam e se

exigem mutuamente. Proporciono a esse alguem a

experiencia da laranja. Explico-lhe o que e a laranja.

Os termos daquela experiencia porem podem ser

diversos, e variados os seus limites: comprei a

laranja, ou fui colhe-la a um pomar? Ensinei ou nao

a descasca-la? Ha um numero infinito de coisas que

uma laranja e, experimentalmente. Por outro lado,

que terei dito para explicar que coisa e a laranja,

limitado como e obvio, pelo que eu proprio sei? Que

e um fruto de tal especie de arvore; de tal e tal familia

botanica Que contem vitamina C, que se colhe

em determinada epoca do ano, em determinadas

regioes. A sua importancia economica, cultural...

COMPENDIO BOTANICA 26

Enfim, a verdade e que com estas duas opera-

coes, nao terei dito ou feito experimentar tudo o

que a laranja e para mim. O cha de laranja, a flor da

laranjeira, as laranjas de certo quadro de Manet, e as

laranjas pintadas de branco do ultimo filme de Anto-

nioni, tambem sao para mim, a laranja.

“Un bar aux Folies-Bergeres, Eduard Manet, 1882

COMPENDIO BOTANICA

CAPITULO VII

A LENDA DA LARANJA

27

Esta lenda portuguesa ”A Lenda da Rapariga das

Laranjas” e contada nos Acores.. Segundo a lenda, a ra-

pariga era uma jovem que vivia perdida na solidao, no

e nos sonhos. Esta rapariga passava os dias a espera de

um dia reencontrar o seu querido principe encantado,

que as adversidades da vida um dia lho levaram para

longe. Dada a sua tristeza, os deuses tiveram pena dela

e fizeram com que ela fosse consultar um oraculo para

a aconselhar e ajudar. Durante a consulta a sibila con-

seguiu, com a sua sabedoria e simpatia, leva-la para um

local bonito e cheio de luz, onde a Menina das Laranjas

poderia reerguer-se, com o nascer de uma obra de arte.

Depois de ter saido da tristeza em que se encontrava, a

Rapariga das Laranjas percebeu que nenhuma das por-

tas, que a rodeavam e que pensava estarem fechadas

para sempre, nao tinham qualquer tipo de fechadura.

As portas abriam-se quando ela se aproximava.

COMPENDIO BOTANICA 28

Pos-se a deambular por detras das portas, ate

que ao chegar a uma dessas portas encontrou caida no

chao uma bela laranja coberta de ouro. Depois disso, a

Rapariga das Laranjas nunca mais parou de procurar

o laranjal referido pela sibila durante a consulta ao

oraculo que lhe revelara existir um esplendido laranjal,

local de onde teria vindo a laranja que encontrara.

A Rapariga das Laranjas deu inicio a um longo

caminho na tentativa de encontrar o laranjal, que era

tido por ser o mais paradisiaco lugar que alguma vez

imaginara ou sonhara encontrar. Quando finalmente

o encontrou, sentiu-se livre da laranja de ouro, que

sempre conservara na mao. Esta imanou uma luz, que

lhe permitiu ver a presenca do seu amado principe,

que ha muito se tinha ausentado. Foi, assim, que pode

de novo e finalmente voltar a acreditar no amor.

COMPENDIO BOTANICA

CAPITULO VIII

A POEMA DA LARANJA

29

Diz uma lenda antiga, que o criador um dia,

Depois de muito estudo, e dum pensar profundo,

Teve esta original, estranha fantasia,

P’ra dar a felicidade, o amor e a paz ao mundo.

Cortou muitas laranjas. Depois arremessou

Com tudo ca p’ra baixo, e satisfeito diz:

“Metade sao do homem, e aquele que acertou

achar outra metade, sera muito feliz”.

E assim passamos nos a vida a procurar

Onde para a ideal, a terna companheira,

Que tem essa metade que deve completar

Com aquela que temos, a tal laranja inteira.

E, quanta, quanta vez, em dias bons, serenos,

Nos julgamos por fim ter atingido a meta.

Depois surge o engano, uma ilusao a menos,

COMPENDIO BOTANICA 30

Uma laranja mais que nao se completa.

Porem na minha vida um dia tu surgiste

E tudo se mudou a minha volta, amor.

Passou a ser alegre o que antes fora triste,

O sol brilhou mais alto e o ceu teve mais cor.

E consegui por fim a tal laranja inteira,

Essas duas metades perfeitamente unidas.

E desde entao para ca, o terna companheira,

A mesma perfeicao fundiu as nossas vidas.

E hoje, ao ver que e certa essa tal lenda antiga,

Eu quero perguntar-te, aqui, muito em segredo,

Porque tardaste tanto, o minha doce amiga?

A vida e tao pequena, devias ter vindo mais cedo.

Fernando Vieira,

in “Poesias”, edicaoo de Autor

COMPENDIO BOTANICA 31

“Anthropomorphic fruit”, autor desconhecido

COMPENDIO BOTANICA

CAPITULO IX

EXPERIENCIA SENSORIAL

32

Tapo os olhos, oico alguns barulhos desconhecidos

e oico algum a posar sobre a mesa a minha frente.

Sinto o cheiro de algo natural, e comeco a pousar as maos

sobre a mesa procurando sentir algo, por fim, acabei por

tocar em qualquer coisa, com textura macia, curvas e

concavidades, ainda com mais rigidez externa, ao tocar

as minhas maos que se fecharam diante aquele objeto

desconhecido como se fosse pegar uma esfera, entao

peguei-o depois cheirei. Com aquele cheiro perfumante,

que era um cheiro citrico inconfundivel com a sua

forma esferica. Logo percebi que era uma laranja,

Vejo uma laranja...

Uma esfera perfeita sem principio nem fim, toda

continua, e o interior equilibrado e organizado, sem

imperfeicoes.... com o seu brilho da cor laranja cuja

palavra e a mesma do fruto, tem a cor do proprio nome,

e unica, original, pura e verdadeira.

COMPENDIO BOTANICA 33

Vemos que a volta da laranja ha uma casca

rugosa e fina que rodeia e protege a laranja toda. Nao

vemos o que esta por dentro porque esta escondida

pela camada protetora. Na sua pele grossa ao mesmo

tempo fina, e facil de tirar e de arrancar, mas ao mesmo

tempo temos de utilizar a nossa forca.

Quando arrancamos a casca, solta-se o som de tique, de

arrancar, e suave mas sente-se.

Estou a procura de algo belo que maravilhe a minha

alma e eleve o meu espirito com a nova descoberta.

Assim como a laranja e macia e terna, solida e firme,

assim gostaria que fosse o mundo, para a Humanidade,

seriamos mais felizes. Ao tocar esta camada grossa,

sentimos a sua pele grossa, escamada e rugosa ou seja

forte. So com toque sentimos vontade de arrancar e

tirar a camada. A sua casca protege-a como a mae

protege um filho.

Pega-se na laranja na palma da mao que a acolhe como

se fosse protege-la pois e um fruto inocente e ingenuo.

Nada como o amor pela laranja.

COMPENDIO BOTANICA 34

Ao por a laranja na palma da mao, ao observa-

la tem uma silhueta perfeita, uma estrutura firme,

saudavel, estavel, nutritiva e deliciosa.

Ao arrancar a casca com certa espessura que e branca

por dentro e cor-de-laranja por fora e era tao brilhante

que parecia o vidro a brilhar e depois solta-se o cheiro

agradavel, penetrante e intenso. Mas ao tirar esta

camada protetora, estamos a desfazer as defesas da

laranja, e como se estivissemos a desvendar um tesouro

escondido a espera de ser descoberto. Depois de tirar a

casca, vemos a forma da sua alma interior, admiramos

a beleza da polpa simetrica, pois esta divida em secoes

como se soubesse que nos a iriamos comer e e estranho

e curioso.

Temos mesmo tantas perguntas que e quase impossivel

de obter as respostas.

Ao sentir na laranja nua cheia de veias brancas nas

maos, aperto o fruto e solta se o sumo saboroso, e retiro

um dos gomos fofos, e como-o, nao ha palavras que

consigam transmitir vos o que eu senti na lingua.

E muito saborosa e doce, no mais puro dos sentidos.

COMPENDIO BOTANICA 35

ORANGE TREE, Botanical

COMPENDIO BOTANICA 36

Tiramos a pequena parte fragil da polpa, escorre-

se na mao o sumo refrescante trazendo um cheiro

natural.

A laranja e magica e com sabor intenso e incorporado,

afeta sensitivamente o nosso olfato e tato e enche-

nos de sensasoes suaves. O sabor e fantastico, satisfaz

maravilhosamente a nossa saciedade. E sensacional e

vivido quando sentimos o sabor da laranja. E nutritiva

e faz parte da natureza. Aquele sabor vem do natural

e e unico, pois surge naturalmente e por mais que

tentemos e impossivel criar um sabor igual aquele.

E um dos frutos maravilhosos da Natureza. O sabor

e desconhecido, misterioso, muito curiosa pois nem

sabemos como nasceram, a planta e a arvore.

Como surgiram?e um misterio. E refrescante e hidrata-

nos. E boa e positiva.

E agradavel para aos sentidos, e quando provamos e

acida e incorporada, ha sempre um momento em que

relaxamos e apreciamos o seu sabor e a sua textura,

aprendemos como viver melhor, saborear a vida.

Construi-se com base no nosso tato.

COMPENDIO BOTANICA 37

Mas tudo que eu sei e sinto sobre a laranja

nao passa simplesmente para o universo de palavras,

portanto o melhor e sentir e deixar-nos invadir pela

sua totalidade, porque nao ha palavras exatas.

E saudavel e apetitosa, ajuda-nos a seguir em frente

com mais forca, o seu acido escorre na nossa lingua

refrescando-nos e nos saboreamos-lho e sentimo-nos,

curiosos e exploradores. Aguca a nossa curiosidade e o

nosso espirito analatico, sentimo-nos a caminhar para o

infinito celestial. Direciona-nos no sentido sensacional

e excecional, onde vemos um pequeno mundo, dentro

do mundo, faz-nos um convite para realcar o bom e o

belo. A laranja e algo de belo e inacessivel que podemos

utilizar e que tem inspirado muitas empresas.

Utilizando a textura da laranja para pintar o quarto

com um piso escuro e os objetos decorativos cor de

marfim, esquecemos o feio e mau e parece que o Sol

esta sempre radiante junto de nos a inspirar-nos e

iluminar os nossos atos.

COMPENDIO BOTANICA 38

ILUSTRACAO, Laranja, ROTTALER

COMPENDIO BOTANICA 39

1893, “Orange original antique botanical fruit”

COMPENDIO BOTANICA 40

Por fim, esta experiencia, a minha perspetiva

sobre laranjas mudou e abri os olhos e comecei a

aprender para saborear melhor e foi apaixonante.

Quando se abre os olhos, abre a mente e fica mais leve

e mais aberto e termino o texto da prova de contacto

com um ditado “A beleza esta nos olhos de quem a ve”.

Botanical Fruit -Oranges, SATSMA

COMPENDIO BOTANICA

CAPITULO X

MANUAL DAS INSTRUCOES DA MINHA LARANJA

41

COMPENDIO BOTANICA 42

COMPENDIO BOTANICA 43