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NICODEMOS E O NOVO NASCIMENTO
Domingo, 12 de outubro de 2014.
Texto Bíblico: João 3: 1 – 22.
“Jesus respondeu-lhe, declarando: “Em verdade, em verdade te asseguro que, se alguém não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3: 3)”.
Nos dias de Jesus, os judeus eram governados por uma assembleia religiosa, composta por
setenta homens, chamada Sinédrio. Esse grupo governava de maneira muito semelhante a
um congresso ou parlamento em combinação com uma corte suprema. Elaboravam leis,
faziam julgamentos, aplicavam a justiça e governavam o país. Ao mesmo tempo, o Sinédrio
concentrava os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da época. Nicodemos, nosso
personagem nesta reflexão, era um membro de destaque daquilo que poderia ser chamado
de Supremo Tribunal Judaico (Sinédrio). Além disso, era fariseu, o que significa que pertencia
a ala filosófica e política que defendia a obediência completa às leis do Antigo Testamento.
Como líder do templo e cidadão judeu de destaque, Nicodemos viu um jovem milagreiro de
um pouco mais de 30 anos tomar a capital do país como que de assalto. Ouviu o cego dizer
que sua vista voltou ao normal; viu o aleijado pular de alegria e os leprosos arrancarem suas
bandagens e mostrar uma pele nova como de um bebê. Os sinais eram tão genuínos, que
grande número de pessoas começou a chamar Jesus de “Messias”, o rei prometido que
levaria Israel à grandeza. E, quanto mais Nicodemos assistia aos feitos de Jesus, mas se
convencia de que não se tratava de um charlatão, muito pelo contrário, se tratava de um
jovem mestre que possuía uma relação com Deus da qual o velho líder não possuía. A
curiosidade de Nicodemos só aumentava.
Como era muito conhecido, não é surpresa o fato de que Nicodemos fosse ver Jesus
escondido durante a noite. Igual ao que acontece nos dias atuais, onde os famosos estão um
bando de fofoqueiros também estarão lá. Está claro que Nicodemos não queria que o
público em geral soubesse que ele estava visitando Jesus, o milagreiro.
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Ao visitar o jovem mestre, Nicodemos acreditou que teria uma conversa dentro do
conhecimento que tinha adquirido até então. Ele estava seguro em relação à maioria das
coisas, até o momento em que Jesus colocou uma pulga atrás da sua orelha logo no início da
conversa. Vamos refletir sobre esse diálogo!
1. NICODEMOS E O NOVO NASCIMENTO.
1.1. “SE ALGUÉM NÃO NASCER DE NOVO, NÃO PODE VER O REINO DE DEUS” (Jo 3: 3). A
palavra grega aqui traduzida por “de novo” é anöthen, que é usada como uma adverbio que
indica “de cima” ou “do alto”. A ideia empregada por João ao usar essa palavra é pra dizer
que alguém “recebeu ajuda do alto”. Na maneira em que é usado nesse texto, o significado
funciona muito bem para explicar a verdade que Jesus revelou a Nicodemos.
O nascimento do alto, assim como o nascimento físico, não é algo que possa ser
conquistado, merecido ou pelo qual alguém se esforça. Quando Nicodemos ouviu Jesus usar
a frase “é necessário que vocês nasçam anöthen”, que lhe pareceu estranho, ele se
concentrou no aspecto “de novo” da palavra e, com isso, fez um questionamento óbvio (cf.
Jo 3: 4). Entretanto, era muito difícil para judeu, fariseu principalmente (como Nicodemos),
entender o sentido espiritual das palavras de Jesus. Eles se julgavam já aperfeiçoados, por
serem filhos de Abraão. Por serem zelosos quanto à lei de Moisés, acreditavam em uma
pureza espiritual intrínseca de sua raça.
Nesse diálogo, Jesus mostrou pra Nicodemos a necessidade de interiorização do evangelho e
da confiança em Deus, no novo nascimento. Jesus falava de um Deus que não era somente
para ser "acreditado" por seus milagres. O mestre se referia à transformação do "ser" para
que o Reino de Deus nele se manifestasse.
1.2. “NASCER ÁGUA E DO ESPÍRITO” (Jo 3: 5 – 7). Nicodemos não tinha entendido as
palavras de Jesus, pensando tratar-se de um segundo nascimento físico. Mas mesmo que se
nascesse fisicamente de novo, continuaria sendo carne. Em vez de responder a óbvia
pergunta de Nicodemos, Jesus tratou de detalhar mais sua declaração sobre o novo
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nascimento, usando dois elementos que são essenciais para originar esse “nascimento do
alto”. São eles:
a. Espírito. O nascimento do Espírito refere-se à mudança interior, e que essa só
pode ser ocasionada pelo Espírito Santo;
b. Água. Esse termo se refere ao batismo, quando o novo discípulo de Cristo declara
que morreu para o mundo e nasceu para Deus, sendo agora embaixador do reino
de Deus aqui na terra.
A necessidade de “nascer de novo” está implícita na palavra reino. Explicando melhor:
Nenhum cidadão nascido no Brasil pode se tornar cidadão dos Estados Unidos, se não se
sujeitar às leis de naturalidade deste país. O Reino de Deus tem suas leis de naturalização, e
não há outra forma de entrada nele se não “nascer da água e do Espírito”.
É fato que às vezes não entendemos todos os mistérios que cercam o novo nascimento,
assim como no parto natural, mas também é fato que devemos entender o que tem que ser
feito e o que é necessário. Duas coisas são necessárias: O espírito deve ser renovado e
devemos ser batizados.
1.3. O “EU” NÃO É MAIS SEU (Jo 3: 8). Jesus quis explicar a Nicodemos que Deus quer que
este nosso “EU” seja desconstruído e que, dessa desconstrução, pela obra e pelas águas do
Espírito Santo, nasça um novo ser, que ande segundo a vontade do Pai, sujeitando-se em
tudo à Sua Palavra.
Assim como Nicodemos, hoje em dia muitas pessoas tem se enganado sobre Deus. Através
de um estereotipo religioso exagerado, cheios de dogmas, liturgias e teologias, elas
esquecem de que o evangelho não vem de uma aparência exterior, mas sim de uma
mudança interior provocada e promovida pelo Espírito de Deus.
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2. AS EVIDÊNCIAS DO NOVO NASCIMENTO
Um fato: Ninguém pode sair por aí afirmando quem nasceu ou não nasceu de novo, pois
somente Deus e o indivíduo sabem sobre essa questão. Isto posto, cabe-nos também
endossar que também não devemos chamar todas as pessoas que professam a fé evangélica
de cristão. Ser cristão significa “se parecer com Cristo”, e isso também é pessoal e
decorrente de uma relação estreita entre Deus e o indivíduo.
Outro fato: A Bíblia também apresenta efeitos e evidências do novo nascimento e, se as
tivermos, teremos a certeza de que somos novas criaturas em Cristo. Portanto, um indivíduo
nascido de novo:
1) CRÊ QUE JESUS É O FILHO DE DEUS. “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é
nascido de Deus” (1 João 5:1). A ênfase do texto está no fato de que cremos em
Cristo porque nascemos de novo. Ou seja, a fé em Cristo é uma evidência da
regeneração promovida por Deus;
2) AMA A JESUS E AO PRÓXIMO.
a. “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus; e todo
aquele que ama é nascido e conhece a Deus” (1 João 4: 7);
b. “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele
que ama o Pai, de igual modo, ama também o que dele foi gerado” (1 João 5:
1);
3) PROMOVE A PAZ. “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos
de Deus” (Mateus 5: 9);
4) CONSERVA-SE A SI MESMO. “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não é
escravo do pecado; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno
não lhe toca” (1 João 5: 18);
5) PROMOVE E PRATICA A JUSTIÇA.
a. “Se sabeis que Ele é justo, tomai conhecimento também que todo aquele que
pratica a justiça é nascido dele” (1 João 2: 29);
b. “Porquanto, aquilo que a Lei fora incapaz de realizar por estar enfraquecida
pela natureza pecaminosa, Deus o fez, enviando seu próprio Filho, à
semelhança do ser humano pecador, como oferta pelo pecado. E, assim,
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condenou o pecado na carne, para que a justa exigência da Lei se cumprisse
em nós, que não andamos segundo a natureza carnal, mas segundo o
Espírito.” (Romanos 8: 3-4);
6) NÃO VIVE NA PRÁTICA DO PECADO. “Todo aquele que é nascido de Deus não se
dedica à prática do pecado, porquanto a semente de Deus permanece nele e ele não
pode continuar no pecado, pois é nascido de Deus” (1 João 3: 9);
7) NÃO DESPREZA A CORREÇÃO. “E estais esquecidos da Palavra de encorajamento que
Ele vos dirige como a filhos: “Meu filho, não desprezeis a disciplina do Senhor, nem
desanimeis quando por Ele sois repreendido, pois o Senhor disciplina a quem ama, e
educa todo aquele a quem recebe como filho”. Suportai as dificuldades, aceitando-as
como disciplina; Deus vos trata como filhos. Ora, qual o filho que não passa pela
correção do seu pai? Mas, se estais sem orientação, da qual todos se têm tornado
participantes, então não sois filhos legítimos, mas bastardos” (Hebreus 12: 5-8);
8) VENCE O MUNDO. “Todo aquele que é nascido de Deus vence o mundo; e este é o
triunfo que vence o mundo: a nossa fé” (1 João 5: 4).
Nicodemos, talvez, pensasse que detinha o conhecimento sobre as coisas de Deus quando
foi conversar com Jesus, mas, ao final, pôde ter a certeza de que seus pensamentos estavam
completamente equivocados. Teve a oportunidade de seguir a Jesus, mas sabia que essa
decisão implicava em renunciar tudo o que de material havia conquistado até então.
Naquele momento, o velho fariseu preferiu ficar “em cima do muro”. Infelizmente há
muitos Nicodemos nos dias de hoje.
Que Deus nos abençoe.
Por Linaldo Lima
(Sermão baseado nas lições extraídas do livro “Jesus, o maior de todos” / Charles R. Swindoll;
Mundo Cristão, 2008 - (Série heróis da fé)).
Blog Oficial: http://www.linaldolima.com
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