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Algumas ideias podem ser úteis na construção da linha melódica, embora não existam regras universais. A linha melódica é constituída dos seguintes elementos: Trechos de escalas, ascendentes e descendentes Acordes arpejados Ornamentos Saltos e cesuras. Seguramente os componentes mais importantes das linhas melódicas são as escalas e os acordes arpejados. Ornamentos são notas auxiliares que não são essenciais à linha melódica, como repetições de notas e notas inseridas entre repetições. Os saltos são muito importantes na construção de linhas melódicas, podendo funcionar, eles mesmos, como cesuras; o salto mais importante é a inversão, onde a nota de destino de uma escala ou de um acorde arpejado aparece em uma oitava diferente. Uma cesura é uma interrupção temporária do raciocínio melódico, geralmente funcionando como uma separação entre regiões melódicas contíguas. Qualquer elemento contrastante pode funcionar como uma cesura, como uma nota de duração ou articulação diferente, mas as formas mais comuns de cesuras são as pausas, respirações, fermatas, etc. As diretrizes seguintes devem ser lembradas ao escreverem-se períodos melódicos: Equilíbrio de extensão melódica Boas melodias devem manter-se sobre uma linha aproximadamente horizontal, evitando afastar-se muito desta linha sem retornar a ela. Ruim Bom Equilíbrio temático Não se deve incluir um número excessivo de células motívicas diferentes em um período musical, o que acaba por dificultar a compreensão da frase.

Algumas ideias podem ser úteis na construção da linha melódica

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Page 1: Algumas ideias podem ser úteis na construção da linha melódica

Algumas ideias podem ser úteis na construção da linha melódica, embora não

existam regras universais.

A linha melódica é constituída dos seguintes elementos:

Trechos de escalas, ascendentes e descendentes

Acordes arpejados

Ornamentos

Saltos e cesuras.

Seguramente os componentes mais importantes das linhas melódicas são as

escalas e os acordes arpejados. Ornamentos são notas auxiliares que não são

essenciais à linha melódica, como repetições de notas e notas inseridas entre

repetições. Os saltos são muito importantes na construção de linhas melódicas,

podendo funcionar, eles mesmos, como cesuras; o salto mais importante é

a inversão, onde a nota de destino de uma escala ou de um acorde arpejado

aparece em uma oitava diferente.

Uma cesura é uma interrupção temporária do raciocínio melódico, geralmente

funcionando como uma separação entre regiões melódicas contíguas.

Qualquer elemento contrastante pode funcionar como uma cesura, como uma

nota de duração ou articulação diferente, mas as formas mais comuns de

cesuras são as pausas, respirações, fermatas, etc.

As diretrizes seguintes devem ser lembradas ao escreverem-se períodos

melódicos:

Equilíbrio de extensão melódica

Boas melodias devem manter-se sobre uma linha aproximadamente

horizontal, evitando afastar-se muito desta linha sem retornar a ela.

Ruim

Bom

Equilíbrio temático

Não se deve incluir um número excessivo de células motívicas diferentes em

um período musical, o que acaba por dificultar a compreensão da frase.

Page 2: Algumas ideias podem ser úteis na construção da linha melódica

Simetria

Deve-se construir os períodos de maneira a estabelecerem-se formas binárias

ou ternárias em seções facilmente caracterizáveis, de tamanhos equivalentes,

como no exemplo esquematizado a seguir.

A frase que corresponde à primeira metade do período chama-se antecedente;

a segunda ganha o nome de consequente.

Suficiência harmônica

Um período deve, sempre que possível, apresentar de forma clara a sua

tonalidade, completando-se harmonicamente ou garantindo a continuidade

harmônica para a frase seguinte. Isso é garantido fazendo-se uso das cadências

ou semicadências no interior das frases que constituem o período musical.

Restrições intervalares

Certos saltos de determinados intervalos, quando ocorrem no interior de linhas

melódicas, tendem a produzir resultados sonoros desagradáveis. Devem ser

evitados particularmente os saltos de intervalos aumentados e diminutos

(quartas ou segundas aumentadas, por exemplo). Saltos compostos formando

intervalos dissonantes também devem ser tratados com critério; a sucessão de

uma terça maior e uma segunda maior, por exemplo, formam o intervalo

composto de quarta aumentada.

Usualmente também se evitam as sétimas formadas nos extremos de

intervalos compostos.

Cromatismo

O uso de notas cromáticas é um recurso muito interessante para a composição

de melodias. O acidente introduzido não precisa necessariamente

corresponder a uma intenção harmônica específica, mas, neste caso, a nota

alterada deve ser tratada com maior cuidado.

Normalmente a nota alterada cromaticamente funciona como um ornamento,

devendo ser tratada como um elemento de figuração melódica. Não é

aconselhável que a nota alterada corresponda a algum dos graus sobre cuja

função harmônica a passagem esteja associada; sétimas e nonas podem ser

tratadas com maior flexibilidade.

(C) 1999 Bruno Basseto