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CADERNO ESPECIAL DIARIO de P P E E R R N N A A M M B B U U C C O O DOMINGO Recife, 22 de maio de 2011 EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando. Textos: Daniel Leal e Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha. Design: Moacyr Campelo Integração é senha para a mobilidade Nenhum tipo de mobilidade é capaz de funcionar de forma isolada. São rodovias que se integram ao cotidiano das cidades. São cidades que também dependem de sua própria capacidade de se integrar, movimentar ou parar. Não são apenas os transportes de massa que são essenciais. Todas as formas de mobilidade são bem-vindas. A rodovia que divide espaço com o ciclista de forma segura. O ciclista que sabe o seu lugar e o pedestre, até então sem vez, sem passeios, que descobre que tem direito ao seu espaço. O trânsito que teremos amanhã depende de cada um de nós, mas também das políticas públicas. Na segunda edição do Fórum Desafios para o Trânsito do Amanhã, promovido pelos Diários Associados, mostramos que a mudança do olhar redesenha um novo mapa viário para o estado e recria possibilidades. Descobrimos também que a iniciativa privada tem um papel fundamental no desenvolvimento por meio das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e, sobretudo, que a Copa do Mundo não se resumirá a três jogos, mas deixará para nós um dos maiores legados na infraestrutura viária. Nunca se investiu tanto na mobilidade de uma única vez. Lições que caminham juntas: investimentos, políticas públicas e cidadania. Já não era sem tempo. SILVINO/DP

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DOMINGORecife, 22 demaio de 2011

EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando.Textos: Daniel Leal e Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha. Design: Moacyr Campelo

Integração é senhapara amobilidadeNenhum tipo demobilidade é capaz de funcionar de forma isolada. São rodovias que se integram ao cotidiano das cidades. São cidades que tambémdependemde sua própria

capacidade de se integrar, movimentar ou parar. Não são apenas os transportes demassa que são essenciais. Todas as formas demobilidade são bem-vindas. A rodovia que divide

espaço com o ciclista de forma segura. O ciclista que sabe o seu lugar e o pedestre, até então sem vez, sem passeios, que descobre que tem direito ao seu espaço. O trânsito que teremos

amanhã depende de cada umde nós, mas tambémdas políticas públicas. Na segunda edição do FórumDesafios para o Trânsito do Amanhã, promovido pelos Diários Associados,

mostramos que amudança do olhar redesenha umnovomapa viário para o estado e recria possibilidades. Descobrimos tambémque a iniciativa privada tem umpapel fundamental no

desenvolvimento pormeio das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e, sobretudo, que a Copa doMundo não se resumirá a três jogos, mas deixará para nós umdosmaiores legados na

infraestrutura viária. Nunca se investiu tanto namobilidade de uma única vez. Lições que caminham juntas: investimentos, políticas públicas e cidadania. Já não era sem tempo.

SILVINO/DP

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desafios para o trânsito do amanhã

Um olhar ao contrário.De Leste a Oeste, doSul ao Norte. A novaestratégia para o de-

senvolvimento das rodovias esta-duais obedece a lógica não apenasde reduzir distâncias e tirar doisolamento comunidades quaseesquecidas. Isso também, masprincipalmente fazer a interliga-ção dos polos produtivos nos qua-tro cantos do estado. O desafiotem pela frente um universo de142 estradas estaduais, hoje pre-cárias. A meta é transformar essasvias, mal pavimentadas, em ver-dadeiros eixos de integração emtrês anos. E, nessa perspectiva, aespinha dorsal é a BR-232, queatravessa praticamente todo o es-tado. No tema rodovias estaduais,da 2ª edição do Fórum Desafiospara o Trânsito do Amanhã, pro-movido pelos Diários Associados,a Secretaria de Transportes apre-sentou o redesenho de traçados jáexistentes e de outros que aindanão existem, tendo como foco oprolongamento do olhar, do lito-ral para o interior.

E há uma razão para isso. Nãoé preciso ir muito longe paraperceber que o litoral é onde seconcentra a maior malha viáriado estado e mesmo assim em co-lapso. Com o processo de dupli-cação de vias estruturadoras, aexemplo das BRs 101, 104, 408 e423 e a promessa de mais umtrecho da 232, de São Caetano aCruzeiro do Nordeste, o passoagora é melhorar as condiçõesde rodovias estaduais tambémestratégicas na interligação dospolos produtivos. Entre elas PEs90, 120, 126, 127, 177, 275, 292,360, 390 e 320. A reestruturaçãodas rodovias tem como propósi-to criar pelo menos três polígo-nos viários nas zonas da Mata,Agreste e Sertão.

Os polígonos viários irão fun-cionar não apenas como rotas dedesenvolvimento, mas tambémcomo alternativas de corredorespara desafogar a BR-232. A Agên-cia Condepe/Fidem já faz proje-ções de estrangulamento dessarodovia em até cinco anos emfunção da demanda dos polos de

desenvolvimento. “A expansãodos polos industriais no interiordo estado aumentará a circula-ção de cargas e a pressão sobre aBR-232. Basta olhar o que estáacontecendo em Suape, Caruarue Salgueiro. É uma questão detempo e a gente precisa se ante-cipar”, afirmou o presidente daAgência Condepe/Fidem, Antô-nio Alexandre. Segundo ele, osestudos sobre os impactos na ma-lha viária dos transportes de car-ga ainda não foram concluídos,mas é preciso planejar alternati-vas para atender a demanda. “A

ferrovia Transnordestina será es-tratégica porque ela segue para-lela à BR-232, mas além disso, oestado está apostando em um sis-tema viário de rotas alternativaspotencializando as PEs”.

Um exemplo do plano B, pre-visto no cronograma da Secreta-ria de Transportes, pode ser vis-to no município de Garanhuns,no Agreste Meridional. Paraquem viaja hoje de Garanhunspara o Recife, a lógica é pegar aBR-423 e acessar a BR-232 até che-gar à capital. Com a proposta dopolígono, depois da requalifica-

ção das PEs 177 e 126 será possí-vel chegar ao mesmo destinoacessando também a BR-101, semutilizar a 232. “Para atrair o trá-fego nesse sentido precisamosde rodovias em condições per-feitas com boa pavimentação,acostamento e sinalização. Elasnão vão ser duplicadas, mas emalguns casos serão alargadas”,detalhou o secretário de Trans-portes, Isaltino Nascimento.

Está prevista ainda a pavimen-tação também de vias vicinaispara interligar comunidades edos acessos aos estados vizinhos.

Uma das principais rodovias es-taduais no litoral Sul já não com-porta mais o tráfego. A propostade federalização da via ainda nãofoi aprovada no Congresso Nacio-nal. Principal acesso às praias dolitoral Sul e ao Complexo de Sua-pe, mesmo se a duplicação já es-tivesse concluída já estaria satu-rada com um fluxluxf o atual de qua-se 50 mil veículos/dia, sendo maisde 30% de tráfego comercial.

De acordo com o secretário deTransportes, Isaltino Nascimen-to, a principal alternativa para de-safogar o tráfego da PE- 60 e da BR-101 será a implantação do arcometropolitano. Ele saírá de Suapemargeando o litoral até Itamar-cá. Tem cerca de 140km e corta-rá sete municípios. Apesar de fa-zer parte do Plano Nacional de

Logística de Transportes (PNLT),não há ainda um cronograma deimplantação. Pelo plano, a esti-mativa é até 2015. Orçado em cer-ca de R$ 1,3 bilhão, não há aindaprojeto e tampouco a definiçãodos recursos. “Essa via é impor-tante porque ela irá tirar todo otráfego pesado que hoje passa pordentro dos centros urbanos donosso litoral e vai desafogar tam-bém a 101. O arco é uma das prio-ridades do governo do estado”,afirmou o secretário.

Enquanto o arco não vem, oestado dividiu a recuperação daPE- 60 em quatro segmentos: Doquilômetro 0 ao km 10, já é du-plicado. Do km 10 ao 13,3, o tre-cho se encontra em obras de du-plicação. É o que contorna a re-finaria e serve também de 2º

acesso a Suape. Do km 13,3 atéo km 21, o projeto de duplica-ção foi licitado e está orçado emR$ 59 milhões. Aguarda a au-diência pública do Ei-Rima e dealguns ajustes solicitados pelaPrefeitura de Ipojuca. Do km 21ao 86,6 na divisa de Alagoas,

aguarda o termo de referênciapara elaboração do projeto. “Nósestávamos aguardando a federa-lização para os recursos seremdo governo federal. Mas o proje-to ainda não passou. Por enquan-to, vamos executar os projetoslicitados”, revelou o secretário. O

complexo de Suape está execu-tando uma autoestrada paralelaa PE -60, por meio de uma Par-ceria Pública- Privada (PPP). Éuma via de 12 km que já existiae faz parte do sistema viário deSuape, que vai possibilitar o es-coamento do Norte e do Sul.

PEsnas rotasdaprodução

PE- 60 ainda éum nó a ser desatado

2 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 22 de maio de 2011especial

EDITORIA

DEARTE/D

P

Governo aposta

em sistema viário

alternativo pela

rodovias estaduais,

que funcionarão como

eixos de integração

Aexpansão dos

polos industriais

aumentará a

circulação e a

gente precisa se

antecipar”

“Isaltino Nascimento, secretáriode Transportes de Pernambuco

Uma das principais rodovias do Litoral Sul, a PE-60 já está com o trânsito saturado

O secretário de Transportes, Isaltino Nascimento, apresentou plano para as rodovias

Secretário das Cidades,Danilo Cabral, fezpalestra no fórum

TERESA MAIA/DP/D.A. PRESS

FOTOS: ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS

SSertão/SSertãoFormado pelas PE- 390, BR -116, PE- 604, PE-

555 e BR- 428, faz a integração dos polos entre

os sertões do Pajeú,Araripe e São Francisco.

Integra os polos da caprinovinocultura,

gesseiro, fruticultura e roteiro do vinho

AgrAgreste/SSertãoFormado pelas PEs 265,280, 292, 320 e 360,

possibilita a integração dos polos entre

Arcoverde,Afogados da Ingazeira, Serra

Talhada e Floresta. Integra os polos da

caprinovinocultura, turismo e bacia leiteira

101

232

BRBR

BR

BR

BR

BR

BR

BR

BRBR

CCARPINAARPINA

RERECIFECIFE

VITÓRIA DEVITÓRIA DESSANTANTO ANTÃOO ANTÃOCCARARUUARARUU

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PPALMAREALMARESS

SERRA TSERRA TALHADALHADAA

SSALALGGUEIRUEIROOOURICURIOURICURI

PETRPETROLINAOLINA

AFAFOGOGADOS DADOS DAAINGINGAZEIRAAZEIRA

408

423

104116

428

316

11

3322

22

polos econômicos

33

11

polígonos viários

CCCaprinooaprinoovinoculturvinoculturaae turismoe turismoe turismo

ApiculturApiculturApicultura e gea e gesssoso

FFFFruticulturruticulturruticultura ira ira irrigadarigadarigadae turismoe turismoe turismo

LLLeite e derivados,e turismoe turismoe turismo TTTurismo

TTTTecnologia daecnologia daecnologia dainfinfinformação

MadeirMadeirMadeira e móva e móveiseiseis

TTTererciário moderciário modernononoe are are artteesanatsanatoo

ConfConfConfecção e turismoecção e turismoecção e turismo

PEPE- 604- 604

PEPE- 280- 280

PEPE- 29- 2922

PEPE- 265- 265

PEPE- 32- 3200

PEPE- 390- 390

PEPE- 360- 360PEPE- 1- 17777

PEPE- 126- 126

PEPE- 555- 555

Zona da Mata/AgrAgresteFormado pelas PEs 126,177 e as

BRs 101, 232 e 423, cria alternativas de

tráfego para desafogar a BR- 232.

Integra os polos de engenhos,

confecções e turismo no litoral Sul

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DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 22 de maio de 2011 especial 3

desafios para o trânsito do amanhã

Historicamente, as ro-dovias pernambuca-nas são sinônimos deestradas esburacadas

e problemáticas. Dos cinco milquilômetros de estradas estaduaispavimentadas, pelo menos 20%estão em péssimas condições. Aschuvas, aliadas a um sistema dedrenagem falho e um mau servi-ço de recapeamento, só ajudam amanter a má fama. Para mudar es-sa realidade, a Secretaria de Trans-portes promete inverter a lógicada manutenção das estradas es-taduais visando requalificar as ricar as rualif o-dovias pavimentadas no estado.

O processo é simples: antes,quando o governo contratava umaempresa para restaurar um tre-cho de uma estrada, a empreitei-ra só ficava responsável por taparos buracos. Como muitos dessesserviços eram realizados e, pelabaixa qualidade, logo apresenta-vam falhas, o governo resolveumudar: agora só irá contratar asempresas por pacotes onde esta-rão incluídos tanto a restauraçãoquanto a manutenção. Ambosagregados em um contrato de trêsanos, que só será totalmente pa-go após o fim dos serviços cum-pridos e devidamente realizados.

Para iniciar o processo de mu-dança, uma empresa foi contrata-da este ano para fazer um raio xdas 142 rodovias estaduais pavi-mentadas. Nos próximos 30 dias,

será entregue à Secretária deTransportes a análise de 588 qui-lômetros, em 18 rodovias. Os de-mais estudos serão entregues emquatro meses. “Nosso objetivo éuniversalizar o padrão de atendi-mento para toda a rede. Além dis-so, queremos restringir a manu-tenção dos pavimentos a interven-ções emergenciais e improduti-vas. Vamos otimizar a aplicaçãodos recursos disponibilizados”,afiriraf mou o secretário da pasta, Isal-tino Nascimento.

Dos dez mil quilômetros de es-tradas estaduais, cerca de 50% sãopavimentadas. A outra metade écomposta por leito natural (de ter-ra batida) ou terraplenagem pron-ta, que ainda irá ser finalizada.“Apesar desse número de rodo-vias não pavimentadas, a nossapreocupação atual é recuperar asestradas já construídas”, afirmouo secretário executivo de Trans-portes, Carlos Júnior. Segundo ele,esse novo modelo proposto temuma peculiaridade: só concluiráo pagamento à empresa contra-tada caso os parâmetros básicosde qualidade sejam cumpridos.“Indicadores como bom acosta-mento, sinalização horizontal,drenagem e ausência de buracosserão devidamente analisados”.

Esta metodologia de conserva-ção das estradas já é utilizadaem Minas Gerais, Paraná e MatoGrosso do Sul.

Empreiteiras terão

que cumprir

parâmetros básicos

de qualidade

nas rodovias

saibamais+Malha viáriaem Pernambuco

9.978 kmé o total de rodovias estaduais

4.897 km(50%) estão pavimentadas

1 mil kmpavimentados estãoem péssimo estadode conservação

5.081 kmestão em leito natural ou emprocesso de terraplanagem(não pavimentados)

Idade média dasrodovias estaduaispavimentadas

31 anos

1,2 mil kmEx: PE-507 (Salgueiro-Serrita)e PE-090 (Carpina-Limoeiro-Surubim)

21 anos

1,8 mil kmEx: PE-089 (Limoeiro-Sirigi-Timbaúba) e PE-062 (Goiana-Condado-Aliança)

11 anos

1,9 mil kmEx: PE-585 (Araripina-Serrolândia) e PE-300(Inajá-Manari)

Fonte: Secretaria de Transporte dePernambucoRecuperaçãodas vias é prioridade,mas contratosmudarão

Nãobasta taparos buracos

Serão

analisados

indicadores

como bom

acostamento,

sinalização e

buracos”

Carlos Júnior, secretárioexecutivo de Transportes

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.APRESS

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desafios para o trânsito do amanhã

São aproximadamentedez mil quilômetrosde rodovias estaduais.Como o próprio nome

sugere, essa malha é dependen-te das finanças do estado parase manter em boas condições.Todavia, ao longo das estradasque pertencem a Pernambuco,cerca de 50% estão sem pavi-mentação. Além disso, dos cin-co mil quilômetros que estãopavimentados, mais de um milestão em péssima conservação.Apesar de o governo apostarem uma mudança radical napolítica de manutenção das es-tradas, uma tendência, segun-do os especialistas, é a Parce-ria Público-Privada (PPP), quesurge como uma saída rápida,de qualidade e, sobretudo, lu-crativa tanto para o governoquanto para a empresa que ade-rir a concessão.

Com a necessidade emergen-cial de não só recuperar as ro-dovias no estado como tambémexpandi-las em tempo recorde,visando os investimentos paraa Copa do Mundo, a maioriados especialistas aponta a par-

ceria como um meio seguro eviável para o estado mudar apéssima realidade das estradas.“As dez melhores rodovias doBrasil estão em São Paulo e to-das são frutos de PPPs. Não ve-jo como não se pensar nisso.Algumas pessoas podem ques-tionar o fato de ter que passara pagar pelo serviço. Mas é jus-to: só paga quem usa. No pú-blico, mesmo quem não usa,também paga via impostos”,disse um dos especialistas con-vidados do Fórum, o chefe doDepartamento de Arquitetura

e Engenharia da UFPE, CésarCavalcanti.

A Ponte do Paiva, no LitoralSul, e a iniciativa para a cons-trução da Arena da Copa, emSão Lourenço da Mata, são doisbons exemplos de PPPs em Per-nambuco. Essas parcerias acon-tecem quando o setor privadoprojeta, financia, executa e ope-ra uma determinada obra/ser-viço. “De todas as PPPs no mun-do, apenas 3% não deram cer-to”, defendeu o palestrante dotema no Fórum, o vice-presi-dente do Sindicato Nacional de

Arquitetura e Engenharia doestado (Sinaenco-PE), Ilo Leite.

O objetivo das parcerias éatingir o melhor atendimentode uma determinada deman-da social. Como contrapresta-ção, o setor público paga oucontribui financeiramente, nodecorrer do contrato, com osserviços já prestados à popula-ção, dentro do melhor padrãode qualidade aferido pelo po-der concedente. Como tambémé consultor do governo do esta-do sobre PPPs, Ilo Leite admitiuque Pernambuco tem algunsprojetos em estudo para possí-veis implantações de novas par-cerias. “Está em gestação umpensando na área de saneamen-to, interiorização para 13 loca-lidades do Expresso Cidadão etambém está em análise rodo-vias com a questão da mobili-dade urbana. Onde se imagi-nar área de serviço publico, ca-be um estudo sobre uma PPP”.

A boa recepção às PPPs, du-rante o Fórum, foi quase umaunanimidade, mas o tema foitratado de forma mais cautelo-sa pelo secretário de Transportes,Isaltino Nascimento. “Sabemosque essas parcerias são uma al-ternativa, mas, atualmente, pa-ra as nossas rodovias, estamosapostando no novo modelo doplano de manutenção. Esta estra-tégia, inclusive, está sendo apoia-da e aprovada pelo Banco Mun-dial”, explicou o secretário.

As PPPs podem ser a solu-çãoparaamelhoriadases-tradas no estado?Essas parcerias são grande solu-ções para onde o governo preci-sar multiplicar seus recursos. Oestado tem muitas responsabili-dades: saúde, educação, segu-rança. E tudo isso necessita prio-ritariamente de investimentose muitos recursos. O cobertor écurto: ou cobre a cabeça e dei-xa os pés do lado de fora ou ocontrário.Como funcionaessaparce-ria?Normalmente, fazemos aqui noestado uma Participação de Ma-nifestação de Interesse (PMI).Uma empresa se apresenta parao estado e solicita uma autoriza-ção de estudo, que o governo po-de permitir ou não. Se aprova-do, o projeto entra em licitaçãocomo PPP. Nesse caso, analisa-mos sustentabilidade, acompa-nhamos a modelagem da par-ceria, vendo se está tudo dentroda lei, se há equilíbrio econômi-co-financeiro. A parceria pode

ter no mínimo 5 e no máximo35 anos.

Se não fosse a PPP, tería-mos condições de realizaro projeto da Copa no esta-do?Não. Os prazos eram muito cur-tos, os recursos (em torno de R$500 milhões) elevados e os níveisde exigência da Fifa altíssimos.Foi uma via necessária utiliza-da pelo estado e, se não fosse as-sim, certamente não teríamoscondições de tocar o projeto.

Pernambucopossui proje-tos de PPPs em curso?Está em gestação pensamentosna área de saneamento, interio-rização para 13 localidades doExpresso Cidadão, e também es-tão em análise rodovias com aquestão da mobilidade urbana.Especialmente para as estradas,essa parceria pode aparecer co-mo uma solução viável. Afinal,a burocracia para licitar umaobra de recapeamento, porexemplo, pode demorar meses.

APontedoPaiva

eaArenadaCopa

sãomodelos

positivosdePPPs

Alternativaviável e lucrativa

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4 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 22 de maio de 2011especial

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Especialistasdefendem ParceriaPúblico-Privada (PPP)como meio rápidopara mudar a péssimarealidade das estradas

Se não fosse a PPP,

o estado não teria

condições de

tocar o projeto da

Arena da Copa em

tempohábil”

“Ilo Leite, vice-presidente do

Sinaenco - PE e especialista em PPP

entrevista >> Ilo Leite

“Nomundo, apenas3% das parceriasderam errado”

Empreendimento da Ponte do Paiva é o único exemplo no estado de uma PPP no sistema viário. O fluxo de veículos já superou as expectativas em apenas dois anos

Ilo Leite, especialista emPPP fez palestra no fórum

ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS

Umdosmaiores especialistas em PPPs do Brasil, o engenhei-ro Ilo Leite foi um dos palestrantes da segunda edição do Fó-rumDesafios para oTrânsito doAmanhã. Com experiência in-ternacional emconsultoria a váriasempresaseuropeias,éoatualvice-presidente do Sinaenco-PE e foi contratado como con-sultor dePPPspelo governodePernambuco.Segundo ele,“emqualquer área pública, você sempre vai encontrar algumapos-sibilidade de fazer uma PPP”.

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Ocaminho da melhoriana mobilidade nãopassa apenas pela re-qualificação das rodo-

vias e vias urbanas. A integraçãode diversos modelos de mobilida-de são essenciais dentro da estru-tura de deslocamentos. Entre eles,a bicicleta. Isso mesmo. Muitostrabalhadores usam a bicicleta co-mo meio de transporte, mas esbar-ram na falta de condições ou au-sência de ciclovias ou ciclofaixas.A PE-15, uma rodovia estadual queinterliga os municípios de Igaras-su, Paulista, Olinda e Recife temapenas 11 quilômetros de ciclo-via e mesmo assim em situaçãoprecária. Falta sinalização e o es-paço destinado às bicicletas, emalguns trechos, é ocupado pelocomércio informal. Em outros, apista é usada para depósito de li-xo e de entulhos.

Apesar das condições precárias,a ciclovia da PE-15 ainda é utiliza-da. No Fórum Desafios parios parDesaf a o Trân-sito do Amanhã, o secretário dasCidades, Danilo Cabral, anunciouque o estado vai ampliar a quilo-metragem das ciclovias da RMRde 73,4 km para 143,4 km. A pro-posta é integrar as faixas nos qua-tro corredores de tráfego previstosno PAC da mobilidade: os eixosNorte/Sul, Leste/Oeste, AvenidaNorte e ainda a quarta perimetralna BR-101, que corresponde ao con-torno Recife. “A gente espera do-brar o número de ciclovias nessescorredores metropolitanos”, afir-mou o secretário. Segundo ele, os

11km da PE-15 vão ser requalifi-cados. “O espaço da ciclovia na PE-15 já existe, mas vem sendo mauutilizado, inclusive com a presen-ça de comerciantes na faixa”,apontou o secretário.

Dos municípios que dispõemde ciclovia, a capital pernambu-cana tem a maior malha cicloviá-ria. Ainda assim, os 27 km são emfaixas descontínuas, o que nãopermite uma interligação para o

usuário. Segundo o plano muni-cipal de mobilidade do Recife,apresentado em fevereiro desteano, o município estima aumen-tar o sistema cicloviário para 424km, mas o plano não define emquanto tempo. Já o município deJaboatão dos Guararapes é o quetem a menor média cicloviária daRMR, com apenas 900 metros deciclovia na orla de Piedade.

Para incentivar ainda mais o

uso das bicicletas como um ti-po de modal de integração, o se-cretário das Cidades anuncioutambém que os terminais do Sis-tema Estrutural Integrado (SEI)vão receber bicicletários. “A pes-soa vai poder chegar de bicicle-ta no terminal, deixar o equipa-mento, pegar o ônibus ou me-trô e quando voltar pegar a bici-cleta e fazer o caminho de volta”,afirmou Danilo Cabral. O siste-

ma, que atualmente tem 13 ter-minais integrados em operação,terá 22 quando as obras foremconcluídas em dezembro de2012. Segundo o secretário, osterminais novos já estarão equi-pados com os bicicletários e osantigos terão que ser adaptados.

Se para o ciclista a realidade dotrânsito ainda é ingrata, imagi-ne então para o pedestre. Uma es-timativa das empresas de ôni-

bus é que cerca de um terço dapopulação da Região Metropoli-tana do Recife (RMR) está forado sistema e se desloca a pé. Amelhoria da mobilidade das ro-dovias precisa vir acompanhadadas condições do pavimento, dasinalização, da oferta de ciclo-vias, dos passeios em condiçõesadequadas e da interligação dosistema de transportes com osterminais integrados.

Na PE-15, os 11 quilômetros de ciclovia estão em péssimo estado de conservação. Lixo, entulho e até comércio tomam conta da faixa

A PE-15 é a rodovia estadualque irá receber parte do corredorNorte/Sul. O corredor vai iniciarno município de Igarassu e se es-tenderá até Jaboatão dos Guara-rapes. A interligação de rodoviasestaduais e federais com os cor-redores metropolitanos é um ca-minho sem volta e necessário. APE-15, por exemplo, faz ligaçãodireta com a Avenida AgamenonMagalhães. Além do Norte/Sul fa-zem parte também o Leste/Oes-te, Avenida Norte e a 4ª perime-tral (BR-101). Desses, somente a4ª perimetral está em fase de li-citação. A estimativa é que até ju-nho o governo federal divulgue arelação dos projetos aprovadospelo PAC da Mobilidade, onde es-tão inseridos os corredores de trá-fego. Até o fim deste mês, o gover-nador Eduardo Campos definiráos modais que vão compor os cor-redores: BRT (Transporte Rápidopor Ônibus) ou monotrilho.

De acordo com o secretário dasCidades, Danilo Cabral, a indefi-nição é em relação ao trecho quevai do Shopping Tacaruna à Zo-na Sul e Avenida Norte. “Tantoo corredor Leste/Oeste como ocontorno Recife, o modal será oBRT. O restante nós temos queaguardar a definição do governa-dor”, afirmou o secretário.

Ainda segundo Danilo Cabrala demora na definição não irátrazer atrasos para a licitação.“Os projetos estão prontos. Quan-do o governador escolher é só en-viar para a licitação”, explicou. ONorte/Sul terá 30,5 km. A primei-ra etapa, no entanto, está previs-ta até o Terminal Integrado Joa-na Bezerra, no Recife. O prolon-gamento até o Terminal de Ca-jueiro Seco, em Prazeres, Jaboa-tão, somente quando a Via Man-gue ficar pronta. O projeto daPrefeitura do Recife estima queem 2013 a via esteja concluída.

Ciclistas semmobilidadeCiclistas semmobilidade

Estado promete dobrarnúmero de cicloviasnos corredoresmetropolitanos

FOTOS:

MARCELO

SOARES/ESP

DP/D

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desafios para o trânsito do amanhã

Na espera dosrecursos do PAC

saibamais+Corredores paraintervenção na mobilidade

Leste/OesteExtensão: 12,8 kmFluxo de pessoas: 180mil/diaCusto Estimado: R$ 183,6milhões

Norte/SulExtensão: 30,5 kmFluxo de pessoas: 182mil/diaCusto Estimado: não divulgado

Acesso àCidadedaCopa, PE-05 eTI CosmeeDamiãoExtensão: 8,5 kmFluxo de pessoas: não divulgadoCusto Estimado: R$ 300,8milhões

BR-101Extensão: 42 kmFluxo de pessoas: 143mil/diaCusto Estimado: R$ 480milhões

AvenidaNorteDescrição: Segue do TerminalIntegrado daMacaxeira até oCentro do Recife.Extensão: 8,9 kmFluxo de pessoas: 143mil/diaCusto Estimado: não divulgado

Fonte: Secretaria das Cidades Corredor Norte/Sul na AgamenonMagalhães ainda sem definição demodal

SETRANS/DIVULGACAO

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Duas importantes intervenções do Governo do Estado na RegiãoMetropolitana do Recife estão em andamento paramelhorar o trânsito. De um lado, o novo

Complexo de Salgadinho, com dois viadutos já entregues para facilitar o fluxo de veículos entre Recife e Olinda. Do outro, a nova Estrada da Batalha, para

melhorar o acesso à Suape e às praias do litoral sul. Seus dois viadutos também já foram liberados e avançam as obras de alargamento das pistas, bem como a

construção de túnel, centro cultural e praçamonumental com serviços públicos. É o Governo do Estado

trabalhando para que a RegiãoMetropolitana do Recife ganhemais mobilidade e desenvolvimento. E você também.

O TRABALHO ACONTECE,O RESULTADO APARECE.

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