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Estudo de caso apresentado para o curso de especialização em Orientação Vocacional, sob a orientação da Professora Maria Conceição Uvaldo CAPÍTULO 1- FARMÁCIA: DA ORIGEM AOS DIAS DE HOJE 1.1 -ORIGEM DA FARMÁCIA 1.2 -A ATIVIDADE FARMACÊUTICA NO BRASIL 1.3 -FARMÁCIA NA ATUALIDADE 1.4- PROFISSÃO: FARMACÊUTICO. CAPÍTULO 2: ASSOCIATIVISMO 2.1 -DEFINIÇÃO DE ASSOCIATIVISMO 2.1.1-ASSOCIATIVISMO EMPRESARIAL 2.2- ASSOCIATIVISMO NO MUNDO 2.3.-ASSOCIATIVISMO NO BRASIL 2.4- FEDERACÃO PAULISTA DAS REDES ASSOCIATIVISTAS- FAESP 2.5-FEDERACÃO BRAS. DE FARMÁCIAS ASSOCIATIVISTA-FEBRAFAR CAPÍTULO 3. A REDEMULTIDROGAS 3.1 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA 3.2.O PAPEL DAS LIDERANCAS 3.3.ESTRUTURA DA ASSOCIAÇÃO 3.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO ESCRITÓRIO CENTRAL 3.4.DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS
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INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE
CURSO DE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
Associativismo
Opção competitiva de negócio para farmácias:
Um estudo de caso do interior de São Paulo.
Autor: Claudia Regina Carraro
São Paulo
Jun 2006
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INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE
CURSO DE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
Associativismo
Opção competitiva de negócio para farmácias:
Um estudo de caso do interior de São Paulo.
Estudo de caso apresentado para o curso de especialização em Orientação Vocacional, sob a orientação da Professora Maria Conceição Uvaldo
São Paulo
Jun 2006
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1- FARMÁCIA: DA ORIGEM AOS DIAS DE HOJE
1.1 -ORIGEM DA FARMÁCIA........................................................................................01
1.2 -A ATIVIDADE FARMACÊUTICA NO BRASIL....................................................02
1.3 -FARMÁCIA NA ATUALIDADE.............................................................................04
1.4- PROFISSÃO: FARMACÊUTICO.............................................................................06
CAPÍTULO 2: ASSOCIATIVISMO..............................................................................06
2.1 -DEFINIÇÃO DE ASSOCIATIVISMO......................................................................06
2.1.1-ASSOCIATIVISMO EMPRESARIAL....................................................................06
2.2- ASSOCIATIVISMO NO MUNDO............................................................................07
2.3.-ASSOCIATIVISMO NO BRASIL.............................................................................07
2.4- FEDERACÃO PAULISTA DAS REDES ASSOCIATIVISTAS- FAESP...............09
2.5-FEDERACÃO BRAS. DE FARMÁCIAS ASSOCIATIVISTA-FEBRAFAR ..........10
CAPÍTULO 3. A REDEMULTIDROGAS....................................................................12
3.1 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA....................................................................................14
3.2.O PAPEL DAS LIDERANCAS .................................................................................14
3.3.ESTRUTURA DA ASSOCIAÇÃO............................................................................15
3.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO ESCRITÓRIO CENTRAL .....................16
3.4.DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS....................................................16
CONCLUSÃO..................................................................................................................17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................18
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.................................................................................18
ANEXO 1..........................................................................................................................19
ANEXO 2..........................................................................................................................25
ANEXO 3..........................................................................................................................26
3
ASSOCIATIVISMO : OPÇÃO COMPETITIVA DE NEGÓCIO PARA
FARMÁCIAS – UM ESTUDO DE CASO DO INTERIOR DE SÃO PAULO.
CAPÍTULO 1- FARMÁCIA : DA ORIGEM AOS DIAS DE HOJE
1.1 -ORIGEM DA FARMÁCIA
Podemos considerar a origem da farmácia quando o homem primitivo espremeu o
sumo de uma folha suculenta para aplicar em uma ferida. Em função das inúmeras
alternativas que a natureza oferecia, as civilizações antigas experimentaram evoluções
distintas no desenvolvimento da medicina.
Dentre os registros mais antigos de cunho medicinal, encontra-se o herbário
elaborado pelo Imperador Chinês Shen Nung, por volta de 2735 a.C. O primeiro código
farmacêutico chinês, continha cerca de 1.000 drogas vegetais, animais e
minerais.(Meireles e Carrara, 1996).
Em 2100 a C os sumerianos já empregavam antídoto de veneno de cobra e
escorpiões, e os assírios e os babilônicos usavam cerca de 250 ervas e produtos naturais.
No Egito, ao redor de 1500 aC, já usavam plantas para tratar doenças cardíacas,
ferro para anemia, raízes de romã como vermífugo, ópio, sene e hortelã pimenta para
aliviar a indigestão.
Entretanto, foi na Grécia, no séc. V aC que ocorreu o primeiro grande momento
na história da Farmácia, quando Hipócrates, considerado o pai da medicina, sugeriu a
teoria dos quatro humores. Segundo Hipocrates(c.460-c.377 a.C) , a saúde e as doenças
eram conseqüências da maneira como se combinava o sangue, a fleuma, a cólera e a
melancolia. A medicina grega experimentou um declínio, perdendo para Alexandria a
importância dos novos desenvolvimentos no setor farmacêutico, basicamente em funções
da escola médica que ai se estabeleceu no século III d.C .(Meireles e Carrara, 1996).
A Índia deve também ser destacada por sua colaboração no desenvolvimento da
farmácia, pois conseguiu consolidar, por volta do séc I aC, toda a sua experiência milenar
através do tratado medico chamado Caraka, constando mais de 500 plantas. Mais tarde
outro tratado contemplou mais 760 plantas. A civilização indiana primitiva já utilizava
remédios de origem animal, como leites, ossos ,cálculos biliares, e mineral como:
enxofre, arsênico , chumbo, sulfato de cobre e outros.
No inicio da era Cristã, o cirurgião Pendamius Dioscorides, que se tornou médico
de Nero em Roma, escreveu o famoso texto farmacológico “De Matéria Medica” (77dc),
utilizado amplamente por cerca de 16 séculos, que incluía entre outros materiais
farmacêuticos o sulfato de cobre.
Em 130 dC surgiu o grego Galeno, como grande nome da medicina. Seus estudos
anatômicos e fisiológicos se estenderam por 14 séculos sendo sua mais famosa
contribuição às associações medicamentosas com dezenas ou centenas de ingredientes.
Esses tipos de formulações passaram a ser conhecidos como medicamentos galênicos .
O desenvolvimento da farmácia na Idade Media restringiu-se ao comportamento
da Igreja e o conhecimento dos árabes. A igreja restringia as práticas e experiências, na
medida que interpretava a doença como punição para os pecados, e por isso sua cura seria
através de orações e penitencias.
Considera-se que o estágio de conhecimento da civilização árabe, ocorreu para
que a medicina, e por conseqüência a função do médico, passasse a ser tratada de forma
desvinculada da prática farmacêutica e da elaboração das preparações galenicas . Como
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conseqüência , especula-se que a farmácia ou a botica seria uma criação árabe, com
grande probabilidade da primeira delas ter sido instalada em Bagdá no século VIII. Outro
importante fator que contribuiu para sustentar o avanço da farmácia árabe foi o
estratégico comercio desenvolvido com a África e Índia.
Durante o período escolástico, a farmácia ficou estagnada. O que desencadeou a
nova retomada do desenvolvimento da Farmácia foi a publicação em 1546 da primeira
Farmacopéia da Europa, em Nurenberg, logo após a morte de seu autor, Valerius
Cordus(1515-1544).(Meireles e Carrara, 1996).
Porém, foi através da postura revolucionária de Paracelso, profundo conhecedor
da alquimia, que a farmácia conseguiu evoluir no sentido de abandonar o empirismo
tradicional do herbanário, passando a se ,valer de métodos experimentais e investigações
em laboratórios. É oportuno lembrar que nessa época, séculoXVII, as atividades
farmacêuticas eram desenvolvidas no contexto da Alquimia, que usava conceitos da
química, física, arte, medicina, religião, misticismo para preparar os remédios.
Paracelso difundiu o uso do ungüento mercurial, no tratamento da sífilis, fato que
correspondeu a primeira prescrição de medicamento de ação sobre a causa da doença.
Em 1617 foi fundada a Sociedade dos Boticários de Londres, marcando o
surgimento da farmácia como profissão especifica. Em 1683 assinou-se uma lei na cidade
de Bugres, quando ficou vedada aos médicos a atividade de preparação dos remédios.
1.2 -A ATIVIDADE FARMACÊUTICA NO BRASIL
No Brasil colônia a farmácia chamava-se botica. O mesmo nome recebiam as
farmácias de hospitais e militares. Botica também era chamada a caixa de madeira com
medicamentos variados que curandeiros ambulantes e mascates levavam para as
povoações e fazendas para tratamentos de humanos e animais.
Os primeiros colonizadores, náufragos , aventureiros tiveram que se valer dos
recursos disponíveis na natureza para combater as doenças , ferimentos e picadas de
inseto.(Guedon,1965). Aprenderam com os índios a usarem as plantas para curarem seus
males. As citações mais remotas sobre o conhecimento indígena datam de 1587. São
relatadas o uso do balsamo de cabuereiba, tabaco entre outros para a cura de feridas. Esse
contato com os indígenas permitiu inclusive que os primeiros médicos que trabalharam
no Brasil,denominados físicos, cirurgiões e cirurgiões –barbeiros, contornassem
parcialmente a escassez dos remédios empregados na Europa, cujo suprimento à colônia
era insuficiente.
Quando Tomé de Souza veio para o Brasil, a fim de tomar posse de sua fatia de
terra que foi doado pelo governo aos fidalgos ricos e dignitários da coroa, trouxe consigo
uma armada composta de três naus, duas caravelas, um bergantim, além de autoridades ,
funcionários civis e militares. Também vieram seis jesuítas e 4 padres chefiados por
Manuel da Nóbrega. Veio também Diogo de Castro, boticário, formado pela
Universidade de Coimbra, com função oficial.Não veio nenhum físico, como era
chamado o médico na época. (Guedon,1965).
Os jesuítas instalaram enfermarias e boticas em seus colégios, e tinham um irmão
que cuidava dos doentes e outro que preparava os remédios.Em São Paulo este irmão foi
Anchieta e por isso foi considerado o primeiro boticário de Piratininga (1565).
(Guedon,1965).
No princípio os medicamentos vinham do Reino já preparados. Porém devido a
pirataria e as dificuldades na navegação, os medicamentos não chegavam.
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Foram os jesuítas os primeiros boticários do Brasil e os colégios as primeiras
boticas onde se encontravam drogas e medicamentos vindos da Metrópole e as plantas
medicinais indígenas .
Com o tempo estas boticas instaladas nos colégios para o uso privativo dos
alunos, acabaram atendendo o povo, devido à desordem e o desleixo das boticas públicas
que atendiam o restante da população.Estas boticas públicas eram de propriedade de
práticos incompetentes, que erravam no aviamento das receitas e trocavam as receitas
prescritas.
As boticas se multiplicaram, de norte a sul do país, dirigidos por boticários
aprovados em Coimbra pelo físico-mor do reino ou ainda por seu delegado comissário na
capital do estado do Brasil.Estes boticários obtinham com muita facilidade a sua carta de
aprovação para abrirem as boticas. Eram profissionais empíricos, às vezes quase
analfabetos, possuindo apenas o adestramento da manipulação de medicamentos
corriqueiros. Lavadores de vidros e simples ajudantes de botica, requeriam o exame
perante o físico-mor ou seu delegado e eram aprovados.Eram raras as boticas legalmente
estabelecidas. Estas boticas tinham também como concorrente os cirurgiões barbeiros,
que além de sangrias, faziam também o comércio de remédios.
Em todas as cidades do Brasil , desde o inicio da colonização era hábito de alguns
comerciantes negociarem com drogas e medicamentos, não só para humanos como
também para animais.
Entretanto, o comércio de drogas e medicamentos mediante ou não receita do
físico(médico) era privativo aos boticários segundo dispositivos das “ordenações”
instituídas por D. Manuel em vigor desde os princípios do séc XVI. Estas ordenações
eram regimentos que proibiam terminantemente o comércio por não boticários das drogas
e medicamento, estabeleciam pesadas multas e apreensão dos estoques.(Guedon, 1965).
Porém, 12 anos depois da instituição das ordenações,em 1738, D.João V derrogou
por um decreto o título das “ordenações” com referência ao comércio de medicamentos
privativa aos boticários , satisfazendo assim as pretensões dos negociantes.
O próprio D.João V, também em 1738, requisitou ao seu físico-mor, Dr. Cypriano
de Penna Pestana, a elaboração de um regimento em que se estabelecessem normas
precisas e rígidas sobre o licenciamento e exercício das profissões de médicos e
boticários, do comércio e preços das drogas, e que o negócio de medicamentos seria
apanágio das boticas.(Guedon, 1965).
Com a transferência da sede da Monarquia para o Brasil, a medicina e a farmácia
melhoram notavelmente. Em 1832 tinha origem a faculdade de medicina, sendo também
neste ano criado oficialmente o curso de farmácia com duração de três anos.(Zubioli,
1992)
Em 4 de abril de 1839, o governo providencial de Minas Gerais fundava em sua
capital , Ouro Preto, a primeira escola exclusiva de farmácia.Em 1898, Bráulio Gomes
fundou a escola de farmácia na Universidade de São Paulo .
Desde então ,com o advento dos farmacêuticos,os boticários aprovados foram
desaparecendo, já que sob a lei da legislação sanitária, só os diplomados pelas escolas
oficiais poderiam exercer a profissão de farmacêutico.
No início do século passado, o farmacêutico era considerado um conselheiro da
comunidade, além de ser “ médico dos pobres”, sendo até chamado à noite para atender
pacientes. Naquele tempo a manipulação dominava o comércio farmacêutico, toda a
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farmácia tinha um médico associado. Ele fazia as consultas , prescrevia, indicava o
principio ativo, e o que se chamava receita magistral.
A lei 3820 de 11 de novembro de 1960 criou os conselhos federal(CFF) e
regional(CRF) de farmácia, destinado a zelar pela fiel observância dos princípios da ética
e da disciplina da classe dos que exercem atividades profissionais farmacêuticas no país
No Brasil, a instalação de farmácias sempre foi livre, podendo ser estabelecida
em qualquer localidade, independente do número de farmácias e população existentes. Os
critérios que regem a abertura de uma farmácia são meramente comerciais, sendo a
presença do farmacêutico somente para atender a lei.A propriedade da farmácia não é
reconhecida como um direito do farmacêutico desde a derrogação dos títulos das
ordenações feitas por D.João V citadas anteriormente. A legislação farmacêutica sempre
foi feita visandointeresses políticos dos proprietários das farmácias, o CFF não é ouvido
quando se trata de estabelecer leis que regem a farmácia pública.
1.3 -FARMÁCIA NA ATUALIDADE
Depois do Plano Real, 1994, com a estabilidade da moeda, uma parcela considerável da
população que até então tinha pouco acesso à medicamentos, passou a poder cuidar um
pouco mais da saúde. Segundo a ABIFARMA (Associação Brasileira de Farmácias),
existe um enorme potencial de crescimento para produtos farmacêuticos, considerando
que o mercado consumidor no Brasil é de apenas 30 milhões para uma população de
cerca de 150 milhões de pessoas, considerando ainda que estes números contemplam
apenas consumidores com renda acima de quatro salários mínimos.
População brasileira 180.000.000
Excluídos 30.000.000
População compradora 150.000.000
Média de clientes por farmácia 3.000
Tabela 1: População brasileira e acesso á produtos farmacêuticos.
Com faturamento de 16,7 bilhões em 2003, o varejo farmacêutico brasileiro é
constituído por cerca de 51 mil estabelecimentos (segundo o CFF), o que equivale a uma
farmácia para cada 3,2 pessoas. As lojas estão concentradas nas grandes e médias cidades
da região sul e sudeste.
Farmacêuticos inscritos no CFF 85.571
Farmácias e drogarias 51.249
Farmácias de manipulação 3.958
Farmácias hospitalares 5.195
Farmácias homeopáticas 931
Laboratórios de analises clinicas 7.373
Industrias farmacêuticas 721
Distribuidoras 4.027
Tabela 2: Números do mercado farmacêutico segundo CFF 2003.
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As farmácias independentes são predominantes em números de estabelecimento,
representando 96% do total do varejo farmacêutico.
Único canal legal de vendas de medicamento, as farmácias e drogarias, para se
tornarem mais competitivas, implementaram profundas transformações ao longo dos anos
90. Houve um acirramento da concorrência, em virtude do ininterrupto crescimento do
número de estabelecimentos, e as estratégicas adotadas foram basicamente a busca de
fidelização do consumidor e de um melhor gerenciamento dos negócios.
As farmácias investiram fortemente na diversificação de produtos em serviços
diferenciados e criaram novos conceitos como entregas de produtos em domicílio,
espaços voltados exclusivamente para clientes que querem comprar produtos de higiene e
cosméticos.
O aumento da concorrência também fez as drogarias adotarem procedimentos
gerenciais para diminuir seus gastos ,por exemplo , redução de custos de armazenagem e
distribuição.
As farmácias independentes, para fazer frente ao avanço das redes, uniram-se em
redes associativistas ou em franquias para poder melhor negociar com fornecedores ou
implementar táticas como incorporar serviços e adotar estratégias de marketing em
comum.
As dificuldades para o varejo farmacêutico não vieram apenas do aumento da
concorrência, mas também dos entraves ao desenvolvimento do mercado de medicamento
no Brasil.
Ao contrário dos países europeus, dos Estados Unidos ou da Argentina, a compra
de remédios em farmácias no Brasil não é associada a sistemas de saúde público ou
privado. Quase toda a venda de medicamentos no país é financiada pelo próprio
consumidor.
Como no Brasil uma boa parte da população tem renda muito baixa, as
dificuldades com o mercado consumidor ficaram ainda maiores nos últimos anos com o
aumento do desemprego e da queda da renda da população.
O futuro do varejo farmacêutico depende diretamente da evolução de renda da
população.
MODELOS DE FARMÁCIAS
FARMÁCIAS NÃO COMERCIAIS FARMÁCIAS DE DESCONTO
Vendas de medicamentos com
descontos agressivos;
Grupo de consumidores fidelizados;
Ações de Marketing de baixo custo;
Baixo nível de serviço;
Baixo custo operacional;
Venda do medicamento não é a
finalidade da atividade.
Localização privilegiada, maior
volume de faturamento;
Grande espaço físico e auto-serviço
diversificado;
Estoque com poucas faltas, venda de
produtos especiais;
Baixo nível de serviço;
Facilidade em fazer parcerias com a
industria;
Gerenciamento econômico
profissionalizado;
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FARMÁCIAS DE NICHO FARMÁCIA DE COMUNIDADE
Manipulação;
Entrega em domicílio de compras
feitas pelo telefone;
Especializado com foco em um
público específico;
Com atenção farmacêutica.
Proprietário participa das atividades da
loja;
Tem preços competitivos, mas não
agressivos;
Bom nível de serviços
complementares;
Equipe de colaboradores qualificados e
comprometidos;
Maior poder de persuasão junto ao
consumidor.
Tabela 3: Modelo de farmácias existentes no Brasil – FEBRAFAR(Federação Brasileira
de Farmácia) 2003.
1.4- PROFISSÃO: FARMACÊUTICO
No Brasil, 14 mil farmacêuticos são formados por ano, segundo dados do Conselho
Federal de Farmácia ( 2004). Além de trabalhar no atendimento ao cliente, o profissional
também atua na prevenção de doenças, análises clínicas e toxicológicas, no
desenvolvimento de fórmulas e produtos para o setor de cosméticos, higiene e limpeza e,
também, verifica a qualidade dos produtos na indústria de alimentos e bebidas. O
aumento da qualificação profissional é fruto das 100 instituições brasileiras, entre
universidades e faculdades, federais, estaduais ou particulares, que oferecem o curso de
graduação para farmacêuticos. Segundo o decreto 20.377 8 de setembro de 1931,o
exercício da profissão farmacêutico compreende:
a) A manipulação e o comércio dos medicamentos ou remédios magistrais;
b) A manipulação e a fabricação dos medicamentos galenicos e da especialidades
farmacêuticas;
c) O comércio direto com o consumidor de todos os medicamentos oficinais ,
especialidades farmacêuticas, produtos químicos galênicos, biológicos e plantas
de aplicações terapêuticas.
d) A fabricação dos produtos biológicos, químicos oficinais
e) As análises reclamadas pela clinica medica
f) A função de químico bromatologista, biologistas e legistas.
CAPÍTULO 2 : ASSOCIATIVISMO
2.1 -DEFINIÇÃO DE ASSOCIATIVISMO:
É o ato de duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas associarem-se para alcançar
um fim comum.(Sebrae- Ideal 2000)
2.1.1-ASSOCIATIVISMO EMPRESARIAL
São todas as associações e ou parcerias entre duas ou mais empresas que tem
como objetivo final resultados e ganhos econômicos. Isso acontece com pequenas
empresas concorrentes e empresas do mesmo ramo que por meio de ações coletivas
buscam reduzir custos e obter ganhos de competitividade através da maior escala de
produção. (Sebrae- Ideal 2000).
9
Atualmente, empresas de vários segmentos como panificadoras, supermercados,
oficinas mecânicas tem se juntado para formar redes associativistas.
2.2- ASSOCIATIVISMO EMPRESARIAL NO MUNDO
Na Alemanha, um pouco antes da segunda guerra mundial, pequenas empresas
começaram a se juntar com a finalidade de superar seus conflitos de produção. Assim,
surgiu uma forma embrionária de associativismo nas empresas. Após a Guerra, o conceito
cristalizou-se e difundiu-se principalmente na Alemanha, França e Japão. Nestes paises
existia legislação muito específica que estimulava grupos de empresas a se reunírem para
comprar em conjunto, conseguir crédito, vender em conjunto ou formar uma grande
associação executando todas essas operações. A Alemanha dá tratamento preferencial a
pequena e média empresa quando se trata de concorrência pública ou investimentos
governamentais.
Um dos fatores de sucesso da pequena e média empresa japonesa tem sido, sem
dúvida, uma política governamental de apoio bastante sólida. Outro fator é a capacidade
de organizar-se e trabalhar em conjunto, mesmo exercendo concorrência na atividade
empresarial.
A política governamental japonesa junto à pequena empresa apóia o associativismo.
Estima-se em pelo menos 30% o grau de participação das pequenas e médias empresas
japonesas em algum tipo de associação.
Na Europa foi criado o Bureau Rapprochement des Entreprises (BRE), a comissão
das comunidades européias com interesse particular a cooperação entre as empresas,
sobretudo as pequenas e médias. As formas de cooperação que o BRE tem por finalidade
promover acordos de cooperação e integrações financeiras.
Na Itália um forte exemplo é o consorcio Aval, que possui 40 anos de existência e
congregam mais de 20 mil micro e pequenas empresas, que promovem entre si o aval
coletivo.
2.3.-ASSOCIATIVISMO EMPRESARIAL NO BRASIL
No final da década de 80 aconteceram os primeiros ensaios de grupos
associativistas no Brasil( sebrae 2000). Entretanto os objetivos eram outros.O que se
buscava era criar grupos de compra, uma vez que o grande ganho das empresas estava na
formação de estoque, pois diariamente estes produtos eram remarcados em virtude da
inflação desenfreada. Uma experiência pioneira foi à criação, em 1980, de uma central de
compras para Panificadoras em São Paulo, um trabalho abrangente que congregou em um
ano quase mil panificadoras para efetuar compras de alguns itens em conjunto. Estas
panificadoras buscavam estratégias administrativas , que contemplaram todas as
atividades de um bom gerenciamento de uma empresa, tais como: Planejamento
estratégico, diversificação de produto, formação de preço, contudo o gerenciamento
financeiro da empresa não era pauta das discussões destes grupos, o que todos queriam
era comprar na pré-alta e armazenar a mercadoria para vender com preços remarcados,
para tanto as alternativas que eram propostas necessariamente passavam por praticas que
podemos denominar com “Centro Atacadista de um grupo de Empresários”.
10
Em 1999, o plano real já estava consolidado, a inflação que antes era incontrolável
agora já estava sob controle. Em épocas de inflação alta e remarcação diária era vantagem
ter grandes estoques. Porém nesta nova economia, grandes estoques não faziam mais
parte da estratégia gerencial, as empresas deveriam sobreviver do seu lucro real, os
empresários já não ganhavam mais dinheiro fazendo aplicações financeiras. Os
consumidores tinham mais opção, mais marcas a sua disposição, facilidade em comparar
preços, o mercado estava globalizado.Nesta época as primeiras associações já tinham
cinco anos de existência e era preciso se adaptar para sobreviver neste novo cenário. O
associativismo precisava ser repensado.Com a união das farmácias, eles poderiam
compartilhar não somente a compra, mas também desenvolver outras atividades como:
-utilização de uma marca única para todas as lojas;
-desenvolvimento de estratégias de marketing ;
-centralização de gerenciamento de convenio de outras empresas
-forte investimento em treinamento dos empresários;
-parceria com empresas de automação comercial;
-parceria com empresas fabricantes de móveis e luminosos;
Os empresários juntos poderiam fazer negócios que teriam dificuldades de fazer
sozinhos. Proprietários de farmácias estavam convictos de que a sobrevivência no
negócio estava diretamente ligada ao fortalecimento de uma marca e boas condições de
negociação.
Em se tratando da parte administrativa, dentro da farmácia, não existe diferença
na administração das que fazem parte do associativismo. Todas as tarefas dentro da
farmácia continuam sendo de responsabilidade do proprietário, administração fiscal,
financeira, de recursos humanos. Fazer parte de uma rede associativista traz benefícios
nas negociações com a indústria, campanhas promocionais, marketing e treinamentos. O
modelo associativista apresenta-se de forma democrática, todos participam das decisões
que são sempre tomadas em conjunto na assembléia. A diretoria é eleita pelos associados
para um mandato de dois anos. O processo de associativismo farmacêutico passou e passa
até hoje por algumas dificuldades. Como o processo de associativismo farmacêutico
partiu de uma idéia inovadora, onde não havia no Brasil nenhuma processo semelhante,
foi inevitável o aparecimento de problemas.
A primeira grande dificuldade a ser enfrentada foi a quebra de alguns paradigmas
por parte dos empresários como, por exemplo, considerar parceiro quem até outro dia era
concorrente. As práticas agora deviam ser partilhadas a todos, a administração
individualizada, agora deveria ser transparente.
11
Outra dificuldade encontrada na associação foi relacionada à reforma da loja e a
mudança de identidade visual. A farmácia passaria a ser da rede, a ser identificada como
farmácia da rede e muitos empresários tinham um apego forte com o nome do
estabelecimento e resistiam em abandoná-lo para usar apenas o nome sugerido pela
associação. O objetivo dos empresários ao entrarem para a associação eram muito
diferentes. Uns entraram com garra, outros esperavam com passividade o desenrolar do
processo. Existiam aqueles empresários com dificuldades financeiras que entravam para
rede como tábua de salvação. Porém ao entrar na associação existia a necessidade de
investimento na loja e na própria associação, este fato agravava a dificuldade financeira.
Segundo Tamascia, 2005, a maior parte das associações enfrentou problemas
semelhantes no início de suas atividades. Muitos empresários deixaram de fazer parte do
modelo associativista por dificuldade de trabalhar em grupo. Alguns também deixaram a
associação por falta de profissionalismo da mesma. O relacionamento com a industria,
fornecedores também foi uma dificuldade no início. Quando surgiu o associativismo
acreditava-se que as indústrias e distribuidoras iriam disponibilizar recursos financeiros
para padronização das lojas, móveis e equipamentos. Houve até algum investimento por
parte da indústria, porém sem retorno, o grupo associativista ainda não estava maduro o
suficiente para retribuir os investimentos da indústria.
Hoje, a indústria já confia nas parcerias firmadas com as redes , existindo projetos
que repassam verbas às redes para o marketing. Outra verba que o varejo farmacêutico
tem acesso com facilidade é o repasse de um percentual sobre o volume comprado pelos
associados da rede junto aos distribuidores parceiros.
Alguns fornecedores tiveram decepções em relação às negociações iniciais e
nunca mais voltaram a investir no associativismo farmacêutico. Para algumas indústrias
farmacêuticas, trabalhar com o associativismo está fora dos planos. Porém, é preciso
separar as coisas, nem todas as redes associativistas de farmácias são iguais.Alguns
fornecedores gostam e acreditam no modelo associativista e lucram com isto.
Atualmente , as redes associativistas mais evoluídas tem condições de negociar
com seus fornecedores e até observar algumas características como a experiência deste
fornecedor no associativismo, tradição de negociação dentro do modelo, estrutura
comercial da empresa e referência de outras associações.
2.4 FEDERACÃO PAULISTA DAS REDES ASSOCIATIVISTAS-
FAESP(Tamascia, 2005)
Faesp é uma entidade fundada em 06 de outubro de 1998 por iniciativa dos
Presidentes das Redes Associativistas de Farmácias do Estado de S. Paulo.
No Estado de S. Paulo as associações preferiram ter atuações regionalizadas.Isto
se deve ao fato que São Paulo representa cerca de 35% de todo consumo de
medicamentos comercializados no Brasil e seria muito difícil administrar uma associação
de farmácias com atuação estadual. Muitas atividades teriam melhores resultados se
fossem realizadas regionalmente, sobretudo as estratégias comerciais, que poderiam ser
mais dinâmicas se as decisões fossem tomadas em cada região. A divisão do estado em
12
várias associações também possibilitou colocar em prática um dos itens do planejamento
estratégico que era o investimento em publicidade .Além disso, seria inviável
financeiramente veicular mídia para o estado todo. A FAESP, resolve que as Redes de
farmácias seriam distribuídas dentro do sinal de retransmissão das afiliadas da Rede
Globo de Televisão por ser esse considerado o melhor canal de comunicação de massa
disponível.
A Faesp é formada por 10 redes associativista e esta dividida nas seguintes
regionais:
Rede Mutidrogas - São José do Rio Preto;
Rede Total - Ribeirão Preto;
Rede Netfarma - Descalvado;
Rede Biodrogas - Bauru;
Rede Farmavip - Piracicaba;
Rede Farmaxima - Campinas;
Rede Farmafort - Sorocaba;
Rede Farma&cia - S. Paulo;
Rede Farma100 - São Bernardo de Campos;
Rede Farmavale - Taubaté.
A Faesp promove encontros mensais dos presidentes e gestores de suas afiliadas, com
objetivo de:
1) Fomentar a troca de experiências entre os lideres;
2) Organizar encontro de negócios com os fornecedores;
3) Estimular parcerias entre as Redes associadas para realização de ações conjuntas;
4) Desenvolver negócios e parcerias centralizadas na federação para ser
disponibilizadas para todos as redes associadas.
2.5 FEDERACÃO BRASILEIRAS DE FARMÁCIAS ASSOCIATIVISTA-
FEBRAFAR (Tamascia, 2005)
Em novembro de 1999, quando a Convenfarma (Convenção anual de farmácias),
evento tradicionalíssimo no segmento farmacêutico, foi realizada em S. Paulo, a Faesp já
era uma entidade consolidada e conhecida no mercado farmacêutico. Houve, então,
interesse das associações de outros estados em conhecer o trabalho. Após uma breve
reunião no local do evento, ficou definido pelos participantes que em breve se realizaria
uma reunião daquele grupo para discutir a viabilidade de uma federação que atuasse no
âmbito nacional.
Em Fevereiro de 2000, esta reunião se concretizou e nascia ali entidade maior que é a
Febrafar – Federação Brasileira de Redes Associativistas de Farmácias.
A Febrafar é formada por 22 redes associativista e esta dividida nas seguintes regionais:
Região Sul:
RS - Rede Agafarma
RS-Tche-Passo Fundo
PR - Rede Hiper-Farma
PR - Rede Drogamais
13
Região Sudeste
RJ – Rede Cityfarma
ES - Rede Farmes
MG – Rede Drogarede
SP- Rede Mutidrogas de São José do Rio Preto;
SP - Rede Total de Ribeirão Preto;
SP - Rede Netfarma de Descalvado;
SP - Rede Biodrogas de Bauru;
SP - Rede Farmavip de Piracicaba;
SP - Rede Farmaxima de Campinas;
SP - Rede Farmafort de Sorocaba;
SP - Rede Farma&cia de S. Paulo;
SP - Rede Farma100 de São Bernardo de Campos;
SP - Rede Farmavale de Taubaté.
Região Centro-Oeste
DF – Rede Economia
GO – Rede 2000
GO – Nossa Rede
Região Nordeste
BA - Rede Boafarma
CE – Rede Farmanossa
RN – Rede Unifarma
Hoje a Febrafar realiza 04 reuniões regulares durante o ano e tantas outras quanto
necessárias com os seguintes objetivos:
1) Fomentar a troca de experiências entre os lideres;
2) Organizar encontro de negócios com os fornecedores;
3) Estimular parcerias entre as associadas para realização de ações conjuntas;
4) Desenvolver negócios e parcerias centralizadas na federação para ser
disponibilizadas para todos as associadas.
5) Desenvolver e aplicar treinamento em todas as Redes Afiliadas para melhoria da
gestão empresarial de empresários associativistas;
6) Colaborar com a estruturação dos escritórios central de as afiliadas;
7) Ajudar na elaboração do planejamento estratégico das afiliadas;
8) Realizar anualmente uma feira de negócios com participação dos principais
fornecedores do segmento farmacêutico;
9) Orientar as associadas em relação à regulamentação das políticas governamentais
do mercado farmacêutico.
Ainda hoje as disparidades regionais entre as redes continuam, mas a FEBRAFAR
colabora muito para a evolução das redes. Vários projetos que eram desenvolvidos
regionalmente por uma única Rede hoje é realidade em todas graças à troca de
14
experiência entre os pares. Também a representatividade das associadas junto ás
Indústrias também evoluiu muito desde a fundação da Febrafar.
PESQUISA
OBJETIVO- Esta pesquisa visou sistematizar a história da formação de uma associação.
MÉTODO- Foram entrevistados 6 donos de farmácia associados, escolhidos segundo o
seguinte critério:
-Proprietários de farmácia associado na Rede Multidrogas há mais de 10 anos;
- Proprietários considerados participativos nas assembléias da rede;
-Membros da diretoria
As entrevistas seguiram roteiro previamente construído ( Anexo 1) sendo gravadas e
transcritas e resumidas no anexo 2.
CAPÍTULO 3. A REDEMULTIDROGAS
Segundo Edson Tamascia, presidente da FEBRAFAR, a Rede Multidrogas é a
primeira rede associativista oficial do Brasil.
Em 1994, empresários do setor farmacêutico de São Jose do Rio Preto, uniram-se para
formar uma central de compras. Contudo viram a necessidade de aperfeiçoarem a idéia,
daí surgiu à rede Multidrogas. “Nós imaginávamos que o grande concorrente era a
grande rede, que aqui em Rio Preto tem uma, tinha outra e foi embora, e a gente
percebeu que o grande concorrente nosso não é a grande Rede, o grande concorrente é
ser um empresário atualizado, com relação a conhecer o negócio, administrar bem o
negócio, nós percebemos que várias farmácias já foram embora e tem algumas
penduradas porque realmente não sabem administrar o negócio, nós entramos numa fase
depois da entrada do plano real, que como nós perdemos na ciranda financeira, a gente
tinha um ganho que camuflava a nossa incompetência administrativa, quando acabou
isso a gente começou a dar de frente com o grande bicho papão foi exatamente quando
estava surgindo a Multidrogas, o grande concorrente nosso é realmente a incompetência
a falta de conhecimento para administrar nosso negócio, hoje a gente não se preocupa
mais com uma Droga Raia, Drogasil, acaba não atrapalhando a gente”S.2
Entre erros e acertos ela foi se solidificando e vários empresários foram se
associando. A rede chegou a ter mais de 100 lojas associadas, mas muitas delas não se
adaptaram com as regras e com a mentalidade associativista. Alguns empresários foram
afastados, outros saíram por vontade própria.
A Rede Multidrogas oferece como diferencial aos seus associados: campanhas de
marketing e promoção de venda, treinamento técnico e comportamental aos associados e
funcionários, parcerias comerciais, intercambio de experiências empresariais e programas
de captação de recursos financeiros.
Conta, também, com uma cooperativa, onde são realizadas as compras
centralizadas, oferecendo condições de compras mais atraentes para os associados.
15
Atualmente a Rede Multidrogas possui 90 farmácias associadas no interior de São
Paulo e Mato Grosso do Sul. São promovidas assembléias bimestrais onde são discutidos
os problemas e decididos novos projetos.
A Rede tem ajudado seus associados a se desenvolverem como empresários,
através das informações que são transmitidas por palestras e treinamentos.
“Mudou tudo depois que eu comecei a fazer parte da rede associativista, a minha
visão de mundo, o meu olhar ficou mais distante mais longo, mais aberto, mais amplo,
porque antes nós ficávamos somente olhando nosso próprio umbigo, a nossa farmácia.
Nós aprendemos a ver o cliente de um outro jeito, começar a explorar e valorizar o nosso
ponto de venda abriu a nossa mentalidade através da busca de novas idéias, através de
treinamento, palestra, pessoas que vieram falar para nós o que estava acontecendo,
antecipar coisas, problemas que viriam, nós antecipamos problemas que está chegando
hoje, a necessidade da informatização, ninguém era informatizado, sair da acomodação,
da mediocridade, a exercer um movimento, comportamento de ação”.S.1
“Como empresário eu aproveito as informações, a informatização , eu nem
pensava em mexer no computador, hoje já esta tudo informatizado, tenho acesso à
internet. No começo a informatização foi difícil, mas agora eu já entendo um pouco. Sem
a rede eu não estaria como eu estou hoje. Atualmente somos em 15 funcionários”S.6.
Os associados apontam que através do departamento de Recursos Humanos tem
aprendido a lidar melhor com seus funcionários, através de treinamentos, reuniões ,
palestras.
“Fazer parte de uma rede associativista mudou o modo de lidar com o
funcionário, o respeito, aprendi a ouvir o funcionário, antes o funcionário tinha menos
voz, hoje eu encaro como a empresa não é minha, ela é de todos, todos são importantes,
e também no sentido da exigência . O associativismo faz que nós exigimos mais de nós
mesmos a buscar recursos, antes não era explorado o nosso próprio terreno, o potencial
. Nós temos que nos preocupar em que o funcionário está rendendo, o que ele está
trazendo de bom, se ele está usando o tempo dele para desenvolver algo de bom dentro
da farmácia, hoje a relação é muito mais aberta. Antes eu tinha medo de perder um
funcionário, hoje sei que existe um treinamento, eu me sinto apoiada. A equipe de RH foi
a melhor coisa”S.1.
“O modo de eu lidar com o funcionário mudou completamente depois de fazer parte de
uma rede associativista, a rede vem oferecendo alguns treinamentos, porém como eu tive
uma evolução muito grande, do faturamento que eu comecei eu multipliquei
praticamente por seis, isso naturalmente me fez buscar algumas alternativas para
conciliar a demanda de problemas de necessidade com a equipe, isto me fez trazer uma
profissional de RH para dentro das farmácias, exatamente para tentar minimizar
problemas, a rede me fez entender que eu precisava disso”S.2
“ O modo de lidar com os funcionários mudou devido a melhor instrução que temos
agora, você tem mais força, fortalece, tem o compromisso maior”. S.3
16
“Mudou muito o modo de eu lidar com os funcionários depois que eu comecei a fazer
parte do associativismo, tenho uma visão não de paizão mas de que você tem seu
colaborador ao seu lado, o seu colaborador não pode estar com dúvidas, ou insatisfeito ,
você tem que fazer o máximo de si para dar para ele o máximo que ele precisa dentro do
seu limite, elogiar quando for necessário, quando o funcionário é reconhecido ele produz
mais e isso nós aprendemos em treinamento, sempre absorve alguma coisa que pode ser
aproveitado no dia a dia .”S.4.
“Mudou o modo de eu lidar com os funcionários , hoje nós entendemos, até então nós
tínhamos uma idéia que o funcionário deveria deixar os problemas dele em casa , fora da
empresa, e hoje nós entendemos que isso é impossível, e hoje nós conseguimos com a
mentalidade diferente conversar com eles, tanto é que nós temos uma profissional de RH
própria, onde ela realiza trabalhos onde ela ajuda estes funcionários a lidar com estas
situações.”S.5
“A rede me ajudou a sonhar, eu fico ate emocionado, sempre pensando na
família. Eu sempre penso em ter uma farmácia para cada filho e uma para mim. E ainda
gostaria de ajudar meus funcionários um dia”.S.6
3.1 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA
Sujeitos Local nasc. Escolaridade Tempo de
farmácia
Tempo de
rede
S. 1 São José do
Rio Preto
Superior-
Farmácia
15 anos 10 anos
S.2. Jales Ensino médio 16 anos 11 anos
S.3 Jaboticabal Superior-
Farmácia
12 anos 10 anos
S.4. Olímpia Superior-
Administração
16 anos 11 anos
S.5 Birigui Técnico em
contabilidade
16 anos 10 anos
S.6 Neves Paulista Encino
fundamental
31 anos 11 anos
Todos os sujeitos entrevistados iniciaram a vida profissional na farmácia, alguns
muito cedo acompanhando as atividades dos pais que já eram proprietários , outros como
funcionários no setor de entrega ou limpeza.
Os proprietários optaram por fazer parte de uma rede associativista pois podem
se unir para realizar ações que não conseguiriam fazer sozinhos continuam tendo poder
de decisão .
3.2.O PAPEL DAS LIDERANCAS
A Rede Multidrogas depois de 11 anos de fundação ainda enfrenta muitas
dificuldades em relação ao envolvimento de alguns associados em suas campanhas e
projetos, muitos não cumprem o que e decidido em assembléia.
17
“A dificuldade no associativismo é não ter a gestão na mão, ou seja, nós somos hoje 90
cabeças difícil é conseguir conciliar vários interesses, várias visões, temos que conseguir
conciliar uma grande maioria é complicado, o ser humano se compromete somente com
aquilo que quer, na hora que ele quer, então conseguir tocar qualquer tipo de projeto em
uma associação é realmente muito difícil, tem que ter muito pulso, muita liderança,
muita força de vontade, para fazer as coisas acontecerem porque você praticamente
entra num processo de catequese, a pessoa confia em você e você tem que mostrar que dá
resultado”S.2
O desafio para os próximos anos e fazer que o associado se envolva nas campanhas e
projetos da Rede e que todos caminhem para a mesma direção
Existem poucas pessoas preparadas para liderar e incrementar movimentos
associativistas. E é inegável que o sucesso de experiências como essas depende do
desempenho e a dedicação do líder.O associativismo é composto por empresários que até
então gerenciavam apenas o seu próprio estabelecimento. Não havia pessoas com
experiência suficiente para fazer gestão de grandes grupos, ao assumirem a Presidência
das Redes, estes empresários passavam a liderar um grande grupo de empresas que na
totalização das vendas tinham valores significativos. Estes empresários passavam, então,
a serem assediados por um grupo muito grande de fornecedores e, inevitavelmente, estas
pessoas passavam a ter atitudes gerencias que não eram condizentes com a realidade de
sua empresa. Além disso, para viabilizar a Rede era necessário visitar outras empresas,
participar de incontáveis reuniões e dedicar a maior parte do seu tempo para a associação.
O apego ao cargo também era uma agravante, pois a posição de Presidente de uma Rede
lhe conferia um status que muitas vezes causava um certo deslumbramento, levando
muitos destes empresários a abandonarem suas empresas em detrimento do trabalho da
associação. Não é preciso dizer que o resultado disso foi desastroso, grande parte deles
passaram a ter serias dificuldades financeiras.
O associativismo tem altos e baixos, a associação e a cara da diretoria, quem
determina como vai ser a associação é a diretoria e principalmente a presidência.
Segundo Edson Tamascia, presidente da FEBRAFAR, o presidente da associação
precisa ter liderança, pois ele terá que persuadir os associados sobre muitas coisas, não
podendo ser partidário, mostrando que e honesto, ter controle e prestar contas. Para o
fundador da Rede Multidrogas, enquanto a pessoa está presidente precisa ser desprendida
de qualquer tipo de sentimento, de busca pessoal, sem vaidade, precisa ter pulso forte, ter
segurança no que está fazendo, e passar isso para o grupo. O presidente é escolhido entre
os proprietários das farmácias da Rede, sem nenhum critério definido, e o mandato deve
durar dois anos. Entretanto isso não acontece, os presidentes continuam no mandato por
falta de sucessão.
3.3.ESTRUTURA DA ASSOCIAÇÃO
Segundo o estatuto social , os objetivos da associação é alcançar eficiência e bons
resultados de proveito comum no ramo da atividade de farmácia e drogarias. Promover a
união associativa e a colaboração, dentro do espírito de solidariedade, sem interferir na
18
livre concorrência, capacitação e desenvolvimento de associados, prestar assessoria
jurídico e contábil, etc.
São direitos dos associados: usufruir dos serviços colocados a disposição, oferecer
propostas, votar e ser votado, solicitar da direção esclarecimentos sobre atividades
sociais, demitir-se da sociedade quando lhe convier, desde que quite suas obrigações, etc.
São deveres dos associados: cumprir disposições legais e estatutárias, bem como as
deliberações e normas expedidas pela assembléia geral e pelos orgãos de administração,
zelar pelo patrimônio moral e material da sociedade, diretores e companheiros, informar
por escrito sobre qualquer alterações de dados pessoais e de sua atividade profissional,
etc.
São realizadas bimestralmente assembléias gerais onde são discutidas aprovações
de contas, forma de rateio , plano orçamentário, e outros assuntos de interesse.
A Rede Multidrogas é formada por:
Diretoria- presidente, vice-presidente, 1° e 2° secretário e 1° e 2° tesoureiro. Os
membros da diretoria desempenham suas atividades na associação sem remuneração. O
mandato é de dois anos , prorrogando-se automaticamente até a eleição da próxima
diretoria. As reuniões ordinárias são mensais e as extraordinárias acontecem sempre que
forem necessárias. Ao presidente cabe supervisionar as atividades da associação,
convocar e presidir as reuniões da diretoria, bem como as assembléias gerais, elaborar o
plano anual de atividades da associação entre outras atividades.
Ao vice-presidente cabe substituir o presidente em seus impedimentos, assessorar
na cobrança de todos os serviços e operações sociais desenvolvidos pela associação. Aos
secretários cabem secretariar e lavrar as atas das reuniões da diretoria e das assembléias
gerais, entre outras. Aos tesoureiros cabem ter sob sua guarda e responsabilidade , todos
os valores pertencentes a associação, assinar títulos de crédito, apresentar nas reuniões da
diretoria os balancetes mensais e relação dos associados em atraso, elaborar relatório
anual do movimento da tesouraria, bem como o balanço anual da associação.
Conselho de administração- é formado por quatro membros, três titulares e um
suplente. O mandato é de dois anos , não remunerados. Compete ao conselho de
administração: eleger o presidente, propor destituição de membros da diretoria, examinar
e fiscalizar atos praticados pela diretoria, podendo interferir nas decisões.
Conselho fiscal- é constituído por três membros efetivos e um suplente, prazo de
mandato é de dois anos não remunerados. Não podem fazer parte do conselho fiscal
parentes de diretores. Compete ao conselho fiscal, examinar os balancetes e outros
demonstrativos mensais, balanço, orçamento e relatório anual da diretoria, fiscalizar o
cumprimento das obrigações legais ou estatutárias entre outras atividades.
Conselho de ética- é composto por três membros efetivos e três suplentes. Cabe
ao conselho de ética, instaurar e conduzir processos de ética, para a apuração do
descumprimento das obrigações dos associados, e condutas compatíveis com o bom , a
moral e princípios comerciais.
3.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO ESCRITÓRIO CENTRAL (Anexo 3)
O escritório central da Rede Multidrogas, localiza-se na cidade de São José do
Rio Preto. Possui 20 funcionários, distribuídos nos departamentos de informática,
financeiro, convênio, HPC( higiene, perfumaria e cosméticos), recursos humanos,
marketing e relacionamento. O escritório tem como objetivo apoiar os associados no que
19
diz respeito as atividades do associativismo. Além dos departamentos existentes dentro
do escritório a central conta também com setores terceirizados como escritório jurídico,
contabilidade e departamento pessoal e agência de marketing e negócios.
Os departamentos realizam as seguintes atividades:
Financeiro: Contas a pagar, receber, pagamentos, cobrança, e outras atividades
relacionadas ao financeiro.
Informática: Suporte de informática aos associados, manutenção do programa
operacional das farmácias e do site da rede.
Convênio: Organização , cobrança e repasse dos convênios feitos entre empresas e
as farmácias.
HPC( higiene, perfumaria e cosméticos): Responsável pelas negociações do setor
da perfumaria.
Marketing: Criação de campanhas promocionais e do marketing da associação.
Relacionamento: suporte e relacionamento com os donos das farmácias
associadas.
3.5.DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS
O Departamento de Recursos Humanos possui dois anos de existência, e foi
criado para coordenar atividades relacionadas ao desenvolvimento profissional dos
associados e funcionários das farmácias.Organizar, coordenar e ministrar cursos e
treinamentos. Outras atividade relacionadas a área:realizar diagnóstico organizacional
na central e farmácias e apoio organizacional nas farmácias.Recrutar e selecionar
funcionários para a central, apoiar os associados na seleção e funcionários para as
farmácias. Aconselhamento profissional, analisar e acompanhar o trabalho da supervisora
de loja e coordenadora de convênios.
O departamento é formado por uma psicóloga, especializada na área de recursos
humanos, por uma supervisora de loja e uma coordenadora de convênios regionais. O
departamento conta também com o auxílio da recepcionista do escritório central.
CONCLUSÃO
O associativismo no Brasil vem se tornando uma opção viável para pequenos
empresários se juntarem e formarem uma marca forte. Entre estes empresários estão o do
setor farmacêutico. Atualmente são 22 redes associativistas de farmácias que são ligadas
a FEBRAFAR( Federação Brasileira de Farmácias). A principal vantagem de fazer parte
de uma rede associativista é a oportunidade de fazer juntos o que sozinhos não seria
viável como por exemplo compras , marketing, publicidade, recursos humanos, etc.
Cada ano forma-se mais redes associativistas não só em farmácias mas também em
supermercados, postos de gasolina, oficinas mecânicas. Para continuarem crescendo não
basta ter muitos associados mas sim pessoas envolvidas e dispostas a ganharem sempre
com o grupo deixando de lado o individualismo. Por ser tratar de associação, portanto
todos são considerados donos, é preciso tomar cuidado para não perder o foco. E o
principal responsável pelo cumprimento das normas e preservação da união do grupo é o
presidente juntamente com sua diretoria. Para associação crescer é preciso ter objetivos
claros e o empenho de todos os associados, e o papel do líder é fundamental, muitas
associações tendem a desaparecer devido a lideranças inábeis e sem foco nos resultados.
20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUEDON, P- Breve história da farmácia no Brasil, laboratórios Enila S/A, Rio de
Janeiro, 1965.
CARRARA, Ernesto Jr. E MEIRELES Helio. A industria química e o desenvolvimento
no Brasil, Vol I e II, Melat livros, 1996.
Legislação Farmacêutica e sanitária –preceitos básicos-Conselho Federal de Farmácia-
colecão farmácia brasileira vol VI 1980.
Revista Especialistas- A importância do varejo farmacêutico no Brasil, publicação Lilly
ano dois , n 6 janeiro a abril de 2005.
SANTOS, Manuel Roberto da Cruz. Profissão farmacêutica no Brasil Historia, Ideologia
e ensino, Ribeirão Preto, editora Holos, 1999.
Sebrae Ideal-Como constituir alianças estratégicas e associativismo econômico, 2000,
Sebrae, Brasilia-DF.
TALLIS, Nigel and FOSTER-ARNOLD, Kate.Pharmacy History, A pictorial record-
London, the pharmaceutical press- 1991.
ZUBIOLI, Arnaldo. Profissão farmacêutico, e agora? Ed Lovise, Curitiba 1992
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ESTATUTO SOCIAL DA REDE MULTIDROGAS, cap. 1 a 16, São José do Rio Preto,
modificado e consolidado em dez . 2004.
TAMASCIA, Edison. Apostila: Associativismo farmacêutico, São Paulo, 2005.
REVISTA MAIS SUCESSO, maio 2006.
21
ANEXO 1 - ENTREVISTAS
S. 1
Naturalidade- São Jose do Rio Preto-SP
Escolaridade- Superior- Farmácia e bioquímica- 1983
Local da farmácia- São Jose do Rio Preto
Tempo de farmácia 15 anos
Tempo Multidrogas : 10 anos
O pai de S. 1 foi um farmacêutico provisionado(sem diploma). O interesse de S.1. em
fazer faculdade de farmácia veio do amor que percebia no pai pela profissão , achava que
para o pai não era um trabalho somente comercial, mas também de ajuda as pessoas. S.1
além de proprietário da farmácia é também farmacêutico e terapeuta floral, pós graduado
em homeopatia. Estudou medicina chinesa e ortomolecular. S.1 também trabalha com
florais na farmácia. Quando iniciou na área de comércio farmacêutico , sentia que havia
possibilidade de uma expansão comercial, crescimento.O negócio dava retorno .Hoje,
segundo ele a farmácia se arrasta, é difícil de manter. As grandes redes de farmácias
chegaram e quebraram as menores, os pequenos comerciantes não tinha preparo para
concorrer com estas grandes redes.
Para S. 1, o associativismo é uma união de forças, uma forma de agregar pessoas, com
ideal único, a possibilidade do forte compartilhar com o fraco. Para ele os associados
perdem o foco quando começam a visualizar só o retorno financeiro. S. 1 acha que os
associados deveriam ter mais coragem para falar o que pensam, falar de sentimentos,
com a diretoria.
Na opinião do S. 1 o papel da presidência é imprescindível, e a diretoria deveria ser mais
ativa, cada um assumir um contato com o associado, ajudar quem está com dificuldade.
S.1 acredita que os associados tem que harmonizar as relações, para manter a ética, a
verdade, saber quando tem que respeitar a idéia do outro contrária a sua.
Para ele foi um processo de aprendizagem muito grande, aprender a tolerância, a ouvir o
outro lado. Mudou tudo depois que ele começou a fazer parte da rede associativista, a
visão de mundo, o olhar ficou mais distante mais longo, mais aberto , mais amplo,
porque antes ficava somente olhando o próprio umbico, a própria farmácia. Ele diz que
aprendeu a tratar o cliente de um outro jeito , através de treinamento, palestra, pessoas
que vieram falar para eles o que estava acontecendo , antecipar coisas, problemas que
viriam, nós antecipamos problemas que está chegando hoje, a necessidade da
informatização, ninguém era informatizado, sair da acomodação, da mediocridade, a
exercer um movimento, comportamento de ação.
A dificuldade que sente é a diferença de nível entre as farmácias, números de
funcionários. Na farmácia pequena , não existe distinção das funções, todo mundo faz
tudo,inclusive o dono.Fazer parte de uma rede associativista mudou o modo dele lidar
com o funcionário, o respeito, diz que aprendeu a ouvir o funcionário.
Para ele a associação joga uma carga enorme em cima do associado, no escuro, sem
estudo, não existe discussão, se um fala não, gera desconforto, faz-se coisas sem
conhecimento de causa, não existe muita discussão, ainda é tudo de cima para baixo, não
existe maturidade dos associados, ainda os assuntos são pouco esclarecidos, por exemplo:
22
os assuntos na assembléia mais polêmicos são deixados para a ultima hora, quando as
pessoas já estão cansadas , ansiosas e precisam ir embora.
A maioria dos associados se envolvem com o associativismo dentro da farmácia, pois tem
que cumprir metas, ele paga multa e pode até ser excluído se não cumprir, mas
envolvimento falta ainda, algumas pessoas não se envolvem, não gostam de ter
consciência sobre si, saber para onde estão indo, parece uma manada, precisam de um
porta voz porque não tem senso crítico.
Para entrar um associado novo os outros são consultados, por exemplo, se tiver
outra farmácia multidrogas perto e for atrapalhar não é aprovado. Acontece também de
uma farmácia invadir o espaço da outra com a distribuição do jornal de ofertas.
S.2
Naturalidade- Jales-SP
Escolaridade- Ensino Médio
Local da farmácia- São Jose do Rio Preto
Tempo de farmácia 16 anos
Tempo Multidrogas : Fundador
S.2, desde pequeno conviveu dentro de farmácia, , tem 41 anos, e se diz formado na
escola da vida. Chegou a cursar Química industrial, mas diz que não continuou a cursar
por causa da vida aventureira que a família levava.O pai foi candidato a deputado no
Mato Grosso, sempre esteve envolvido com política, com a idéia de ficar rico, estava
sempre querendo descobrir novas fronteiras, isto os deixou sem raízes, amigos e até
estudo, pois quando começou a fazer faculdade, o pai começou uma experiência nova no
Pará com uma empresa de ônibus . Faz 20 anos que mora em Rio Preto, tem farmácia há
16 anos.
Foi o fundador da Rede Multidrogas e durante 10 anos esteve como presidente. Diz que o
surgimento da Rede Multidrogas, há 12 anos atrás, foi da reunião de seis proprietários de
farmácias que se reuniam par discutir um programa de computador chamado FAR, que
ainda é usado até hoje por algumas farmácias. S.2 e o irmão tiveram a idéia, e foram no
Paraná para conhecer as alternativas para o associativismo.Voltaram cheios de idéias e
lançaram a proposta para o grupo de meia dúzia de pessoas. As pessoas se interessaram,
então procuraram o Sebrae, onde um consultor ajudou-os a lançar o projeto. Deram início
a rede associativista Multidrogas 40 proprietários de farmácias , e 70% destes continuam
até hoje, junto com novos que foram se interessando ao longo dos anos.
Segundo S.2 na época que surgiu a Multidrogas, no Brasil não tinha outra opção,
a grande rede de farmácias é corporativista, isto é , de um dono só, ou de sociedade Ltda.
Depois de 3 ou 4 anos que surgiu associativismo , surgiu a primeira franquia no Brasil
que é a Farmais , que hoje tem cerca de 700 farmácias.
Para ele, fazer parte de uma rede de associativista trouxe um ganho de
conhecimento enorme e também o ganho de relacionamento.
Segundo S.2 a dificuldade no associativismo é não ter a gestão na mão , ou seja,
hoje são 90 cabeças, é difícil é conseguir conciliar vários interesses , várias visões , acha
que o ser humano se compromete somente com aquilo que quer , na hora que ele quer,
então conseguir tocar qualquer tipo de projeto em uma associação é realmente muito
difícil , tem que ter muito pulso , muita liderança , muita força de vontade .O modo dele
23
lidar com o funcionário mudou completamente depois de fazer parte de uma rede
associativista , a rede vem oferecendo alguns treinamentos . Disse que teve uma evolução
muito grande , do faturamento , multipliquei praticamente por 6 , isso naturalmente o fez
buscar algumas alternativas para conciliar a demanda de problemas de necessidade com
a equipe , isto o fez levar uma profissional de RH para dentro das farmácias , exatamente
para tentar minimizar problemas , a rede o fez entender que ele precisava disso .
Com a experiência da rede , se tornou consultor de negócios para vária redes,
distribuidoras de remédio e indústrias.
S. 3
Naturalidade- Jaboticabal-SP
Escolaridade- Superior Completo-Farmácia-UNESP-Araraquara
Local da farmácia- São Jose do Rio Preto
Tempo de farmácia 12 anos
Tempo Multidrogas : 10 anos
Formou-se na faculdade de farmácia em 1983., na época, eu foi para São Paulo ,
trabalhou um tempo em uma farmácia , mas eu não gostou da cidade. A irmã se formou
em 1984 , também em farmácia, então resolveram comprar uma farmácia.
A família mora próxima de Itápolis, não tinha nenhuma ligação com São José do Rio
Preto. Procurou conhecer algumas cidades para ver onde era o melhor lugar para montar
a farmácia, em Araraquara , por ter a faculdade, já estava o mercado já estava saturado,
então resolveu vir para São José do Rio Preto. Comprou a farmácia no meio do ano de
1984.
Sobre a escolha do curso de farmácia disse que não sabia bem o que queria.mas
como irmã queria Farmácia ela acabou fazendo também, mas não estava muito
convicta.. Para ela, Farmácia dá muitas opções de trabalho, mas nunca gostou muito.
Para S.3, o que mudou depois que entrou no associativismo é que quando
começou na farmácia, antes não tinha nada desta coisa de layoutização , não tinha
informatização.. Na época que começou multidrogas ela não chegou a ser convidada, mas
começou observar, as pessoas falavam , prestava atenção no concorrente e nas
propagandas que a rede fazia . Entrou na multidrogas em 1996. Não tinha conhecimento o
que era um associativismo, mas para ela não mudou muito, as vezes ouve as pessoas
falarem que depois que entrou na Multidrogas melhorou muito, aumentou o faturamento.
Para ela não mudou nada. Acha que é valido a questão da informação, layoutização, é
sempre um empurrãozinho para mudar. Tem um custo alto financeiro para estar no
associativismo. Certas coisas, negociações por exemplo acabam sendo impostas.
Para ela nunca ficou muito claro porque entrou na Multidrogas, acha que foi para não
ficar para traz, por achar que ia ser bom para ela, mas na parte de faturamento não
melhorou nada, eu não teve esta ajuda extra . Acho que se eu não estivesse entrado na
Rede eu estaria com a mesma farmácia, acho que eu estaria um pouco aquém, mas já
teria reformado a farmácia. Mas agora acha muito mais difícil sair do que se não tivesse
entrado . Agora tem a convivência, amizade, quando está com algum problema, liga,
troca uma idéia , a central dá apoio. Por exemplo, teve informações do que fazer com os
resíduos da farmácia, e a rede negociou em conjunto.
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Segundo S.3, na época dela entrar na rede, vendeu-se muito mais o entusiasmo do
é na verdade, há 9 anos atrás também era diferente, eram outros valores, outros conceitos.
A parte de informação de treinamentos de funcionários, melhorou muito. Para nós
trabalharmos de forma mais semelhante, melhorou muito. Antes tinha algumas farmácias
que parecia nem fazer parte da rede.
Disse que antigamente você via o colega como um concorrente, o associativismo mudou
esta maneira de ver , hoje eles se olham como parceiros. Hoje o pensamento é de
parceria.
S.3 diz que seu modo de lidar com os funcionários mudou devido a melhor instrução que
tem agora, você tem mais força, fortalece, tem o compromisso maior.
S.4
Naturalidade- Olímpia-SP
Escolaridade- Superior Completo- Administração de Empresas
Local da farmácia- São Jose do Rio Preto
Tempo de farmácia(proprietário): 16 anos
Tempo Multidrogas : Fundador
Desde os 11 anos de idade trabalha em farmácia .Começou como entregador, depois
trabalhou como faxineiro, lavador de vidros chegando a gerência tendo também uma
participação nos lucros da farmácia. Quando fez 18 anos, passou a trabalhar de
propagandista de laboratório , considera este trabalho como um aprendizado muito grande
pois foi para o outro lado do balcão, além de fazer venda nas farmácias ele também
visitava médicos. Depois disso voltou para a farmácia como gerente em São José do Rio
Preto , com a promessa que futuramente eles darem uma parte da sociedade, desde que
ele correspondesse a expectativa dos sócios da farmácia. E num período de 2 anos ele
virou sócio , montou depois mais 5 farmácias, mas eram em 5 sócios e ele era o mais
novo de todos, depois de um certo tempo ele sentiu uma dificuldade de relacionamento
pois ele pensava de forma diferente. Separaram a sociedade e S.4 ficou junto com outros
dois sócios. Quando ainda estava na sociedade com os dois sócios, foi procurado por dois
colegas que apresentaram para ele o associativismo. Na época foi convencido de
participar do movimento associativista, investiu muito dinheiro, mas disse que valeu a
pena. Em grupo, começaram a procurar distribuidoras para fazer parcerias, com
condições de compras satisfatórias. Começaram com 40 farmácias e em poucos meses
chegaram a 60 associados. Entraram na mídia, e logo começaram a ser procurados por
outras redes e as redes associativistas se expandiram para o Brasil.Segundo S.4, tiveram
uma coragem muito grande, conseguiram enfrentar a concorrência , cresceu muito nos
negócios. Modificou o layout da loja, a farmácia mudou a aparência por dentro e por
fora.
S.4 foi um dos fundadores da Redemultidrogas.
Na primeira gestão da Redemultidrogas ,foi secretário da diretoria , depois vice-
presidente de duas gestões, e finalmente tornou-se gestor administrativo do escritório
Central
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Disse que mudou o modo de lidar com os seus funcionários depois que começou a fazer
parte do associativismo.
Para ele ,o papel da diretoria e representar todo o grupo, o presidente tem a função
comandar este grupo, de comandar esta diretoria, de ter a cabeça de resolver problemas
difíceis de ser resolvidos, e a função dele é de criatividade, de criar coisa nova para o
associado, deve se policiar para não pensar em causa própria, pois é dono de farmácia
também.
S.5
Naturalidade- Birigui-SP
Escolaridade- Técnico em contabilidade
Local da farmácia- Birigui
Tempo de farmácia(proprietário): 16 anos
Tempo Multidrogas : 10 anos
Atualmente é o presidente
Começou a trabalhar aos 13 anos na limpeza de uma farmácia em Birigui. Cresceu dentro
da farmácia, aprendeu sobre o negócio, passou a ser atendente, a ter mais
responsabilidade. Em 1990, comprou a primeira farmácia, atualmente são quatro. Em
1997, teve a oportunidade de participar da Rede Multidrogas . Encara a participação do
associativismo uma questão de sobrevivência, pois a Rede proporciona crescimento
através do Marketing, treinamento, informatização, crescimento profissional e pessoal.
Em pouco tempo conquistou 50% do mercado da cidade de Birigui
S.5, diz que mudou o modo de lidar com os funcionários , contratou até uma consultora
de RH para trabalhar com os funcionários das quatro farmácias.
Disse que na época que resolveu entrar para o associativismo, foi também visitado pela
rede de franquias Farmais, eles tentaram convencê-lo , mas quando viu o conteúdo, não
se interessou. Tudo era rateado entre os franqueados, não existia uma campanha
direcionada, faltava treinamento. Os franqueados não participam das decisões, e na
maioria dos casos ele via que algumas lojas na cidade da Famais não tinham expressão,
tanto é que as que tinham fecharam e hoje a Rede Multidrogas continua a marca forte em
Birigui.
Os associados da rede multidrogas participam de todas as decisões, eles votam nas
atitudes que serão tomadas. Na Multidrogas , segundo S.5 eles um nível de treinamento
satisfatório, um marketing forte, rádio, tablóides, tv, sem nenhum custo para o associado,
todos os negócios estão embutidos nas campanhas e não há necessidade do associado dar
dinheiro para fazer uma campanha de mídia.
S.5 atualmente é o presidente da rede, e para ele o papel do do presidente é fazer com que
as ações que são implementadas possam alcançar seus objetivos, ver toda oportunidade
que tem no mercado e levar para o grupo. Deve tomar a frente em busca de oportunidade
e depois todos juntos tomam a decisão. Outro papel do presidente, segundo S.5 é nunca
ter medo de ousar, o objetivo é progredir.
Diz que amadureceu depois que começou fazer parte da rede multidrogas. Fez com que
ele progredisse tanto como profissional quando pessoal.
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S.6
Naturalidade- Neves Paulista
Escolaridade- Ensino fundamental completo
Local da farmácia- São José do Rio Preto
Tempo de farmácia(proprietário): 31 anos
Tempo Multidrogas : 11 anos
S.6 começou a trabalhar na farmácia do tio aos 12 anos, em 1968. No início, sua função
era na limpeza logo passou para o balcão. Em 1975 se tornou sócio do tio, comprou junto
com outro funcionário 15% da farmácia onde trabalhava. Deram um carro de entrada e
foram pagando o restante em suaves parcelas.Em 1983, ele os sócio tinham 2 farmácia,
neste ano venderam uma das farmácias, o tio saiu da sociedade e ele continuou com o
outro sócio.
Em 1999, ele e o sócio venderam a farmácia para um rapaz que veio de Osasco, ele
comprou a farmacia, reformou e ele fiquei trabalhando para ele mais ou menos 40, 60
dias par acertar umas contas. Passado 60 dias ele propôs sociedade para S.6 passou a ter
25%. Depois de 6 meses, comprou sozinho esta farmácia. No início trabalhava ele e
família. Após de um ano contratou dois funcionários. Atualmente possui três farmácias .
Entrou para a Multidrogas quando a rede começou. S.6 disse que a rede o ajudou a
sonhar, disse que fica até emocionado . Penso em ter uma farmácia para cada filho e uma
para ele, S.6 tem 3 filhos, sendo que dois deles fazem faculdade de farmácia. Diz
também que gostaria de ajudar os funcionários também. S.6 fala que como empresário
aproveita as informacões, a informatização , antes nem pensava em mexer no
computador, hoje a farmácia já esta toda informatizada com acesso a internet. No começo
a informatização foi difícil, mas agora ele já entendo um pouco, usa o computador
diariamente.Sem a rede ele não estaria como está hoje, atualmente são em 15
funcionarios.
A rede tem ajudado bastante com as informações para os funcionários , treinamento de
gerenciamento, atendimento, ele sempre participa, diz que gosta muito de participar, quer
apreder e crescer mais. O convenio da rede, participa em 10% da minha dele, os projetos
da rede ajudam bastante. Para ele, associativismo são pessoas que tem o mesmo objetivo,
e uma democracia.Ele acha que vale a pena participar.
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ANEXO 2- ROTEIRO DE ENTREVISTA
PESQUISA COM ASSOCIADOS DA REDE MULTIDROGAS
1. Onde o sr. nasceu, onde morou na infância, adolescência?
2. Qual é a escolaridade?
3. Como foi o inicio da vida profissional(onde e como)?
4. Como e quando o sr iniciou no ramo farmacêutico?
5. O que é associativismo para o sr?
6. O que fez o sr se associar a uma rede de farmácias?
7. O que fez o sr optar por uma rede associativista?Quanto tempo faz parte da rede
associativista?
8. O que mudou no sr como proprietário após fazer parte de uma rede?
9. O que fazer parte de uma rede associativista traz para o sr como
pessoa/empresário.
10. Quais as dificuldades que o sr encontra em seu dia a dia fazendo parte de uma
rede associativista
11. Fazer parte de uma rede associativista mudou o modo de lidar com seus
funcionários? Como?
12. Fazer parte de uma rede associativista mudou o seu modo de pensar o negócio?
13. Como o sr se define antes e depois de entrar na rede associativista?
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