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Logística Aplicada à Construção Civil Como Melhorar o Fluxo de Produção nas Obras Hélio Flavio Vieira

Logística aplicada a construção civil hélio flavio vieira

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Gestão de Suprimentos na Construção Civil

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Logística Aplicada à Construção Civil

Como Melhorar o Fluxo de Produção nas Obras

Hélio Flavio Vieira

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HÉLIO FLAVIO VIEIRA,

engenheiro civil, com 30 anos

de atividade profissional, tendo

exercido sua profissão na área

de construção civil rodoviária,

edificações e de infra-estrutura

portuária. Exerce atividade

docente em nível universitário,

sendo Pós-Graduado com

Mestrado e Doutorado

em Logística e Transportes.

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Logística Aplicada à Construção Civil - como melhorar o fluxo de produção na obra

«COPYRIGHT EDITORA PINI LTDA. Todos os direitos de reprodução reservados pela Editora Pini Ltda.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Vieira, Hélio Flavio Logística aplicada à construção civil : como

melhorar o fluxo de produção nas obras / Hélio Flavio Vieira. — São Paulo : Editora Pini, 2006.

Bibliografia. ISBN 85-7266-170-0

06-2779

1. Cadeia de suprimentos - Administração 2. Construção 3. Engenharia de produção 4. Logística (Organização) 1. Título.

CDD-690.01

índices para catálogo sistemático: 1. Construção civil : Logística aplicada :

Tecnologia 690.01 2. Logística aplicada : Construção civil :

Tecnologia 690.01

Coordenação Manuais Técnicos: Raquel Cardoso Reis Diagramação e capa: Mayara L. Pereira Revisão gramatical: Mônica Costa

Editora Pini Ltda. Rua Anhaia, 964 - CEP 01130-900 São Paulo, SP fone: 11 3352-7558 - Fax 11 3352-7587 Internet: vvww.piniweb.com - E-mail: [email protected]

1d edição tiragem: 2.000 exemplares, abril/2006 • «toa.* imum

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Logística Aplicada à Construção Civil

Como Melhorar o Fluxo de Produção nas Obras

Hélio Flavio Vieira

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8

CONSTRUÇÃO CIVIL 11 Introdução 11 A Construção Civil e a competitividade 11 A competitividade e a Logística 13 A falta da ação competitiva no setor construtivo 13 Mudança de postura no setor da Construção Civil 14 A Construção Civil e a industrialização 14 Mudança no processo dc gestão do setor construtivo 1 5

ATECNOLOGIA LOGÍSTICA 17 Introdução 1 7 Evolução da Logística 1 7 Maior abrangência Logística 18 Conceituação da Logística 19

CADEIA DE SUPRIMENTOS E O CARÁTER SISTÊMICO DA LOGÍSTICA 2 1 Introdução 21 As três grandes áreas da Cadeia de Suprimentos 22 A Logística como um sistema 23 Princípio logístico Tr.ide-Off 24 Técnica logística Just-ln-TlmelJll) 24 A Logística e a Tecnologia da Informação 25

NÍVEL DE SERVIÇO LOGÍSTICO 27 Introdução 27 Interdependência entre Logística e nível de serviço 28 Nível de serviço 29

ATECNOLOGIA LOGÍSTICA E A CONSTRUÇÃO CIVIL 33 Introdução 33 Cadeia dc Suprimentos na Construção Civil 33 A etapa da manufatura na Cadeia de Suprimentos da construção 35 Agentes envolvidos na manufatura 37

PROBLEMAS LOGÍSTICOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 39 Introdução 39 A Logística da manufatura na construção: a principal fonte dos problemas 39 Principais ocorrências de perdas e desperdícios 41 Contribuição da Logística na solução de problemas 43

INTRODUÇÃO DA LOGÍSTIGN NO SISTEMA CONSTRUTIVO 45 Objetivos da Logística 45

PLANEJAMENTO LOGÍSTICO PRÉVIO DO EMPREENDIMENTO 47 Introdução 47 Planejamento logístico - estudo de caso 47 Desenvolvimento do processo dc projeto 49 Fases do desenvolvimento do processo dc projeto 50

Eng. Alex Caldas
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Prezados alunos, Este livro é muito interessante, pois aborda a Gestão de Suprimentos com o foco voltado para a construção Civil. Estudem os capítulos sinalizados, pois cairão nas avaliações!!!Bons Estudos!!!!!
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Estruturação das fases do desenvolvimento do projeto 51 Procedimentos do processo logístico 56 Planejamento logístico inicial de um empreendimento 56

ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS NA CONSTRUÇÃO 59 Introdução 59 Estratégia do Processo Logístico na Construção 60 Processo logístico compatível com a estratégia da empresa 61

ESTRATÉGIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO E DA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO NA CONSTRUÇÃO 63 Introdução 63 Sistemas de Informações 65 O desafio da implementação do sistema de informações na construção 66 Tecnologia da informação 67 Sistema de orçamento e planejamento de obras 69 Descrição dos módulos do Sistema 71 Descrição dos relatórios 72 Engenharia e projeto por computador - CAD (Computer Aided Design) 74

TECNOLOGIAS OPERACIONAIS 77 Introdução 77 Tecnologia de Radiofreqüência, Código de Barras e Leitores (Scanners) 77 Tecnologia do código de barras 81

TECNOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO POR RADIOFREQÜÊNCIA -RFID 85 Introdução 85 Vantagens do RFID 86 Utilização do sistema 87

SISTEMA DE GERENCIAMENTO DO ARMAZÉM - VVMS 89 Introdução 89 Definição do VVMS 89 Sistema de operação do VVMS 90 Funções do VVMS 91 Benefícios logísticos do VVMS 92 Considerações relacionadas à implantação do sistema na construção civil 93 Tecnologia de informação no VVMS 93 VVMS integrado ao Sistema de Radiofreqüência 93 Escolha do Sistema W M S 94 Síntese dos benefícios proporcionados pelo Sistema W M S 94

INTERCÂMBIO ELETRÔNICO DE DADOS-EDI 97 Introdução 97 Requisitos básicos para utilização do EDI 97 Histórico do EDI 98 Redes de Valor Adicionado VANs (V.ilueAdded Nelsvork Service) 99 Benefícios proporcionados pelo EDI na construção civil 101 Benefícios estratégicos do uso do EDI 102 Modelo de análise para adoção do EDI 102 Considerações importantes para implantação do EDI 103

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SUMÁRIO ECReEDI 103 EDI Nova Geração 104

PLANEJAMENTO DE NECESSIDADES DE MATERIAIS E PLANEJAMENTO DOS RECURSOS DE MANUFATURA - MRPI E MRPII 105 Introdução 105 Definições do MRPI e MRPII 106 Diferenciação entre MRPI e MRPII 106 Operacionalização do MRPI 106 Informatização do planejamento da produção 108 Propósitos, Objetivos e Filosofia do MRP 1 10 Benefícios proporcionados pelo Sistema MRP 110

PLANEJAMENTO DOS RECURSOS EMPRESARIAIS - ERP 111 Introdução 111 O que vem a ser ERP? 11 1 Última geração em planejamento empresarial 112 Definição para um Sistema ERP 113 Requisito fundamental para implantação da tecnologia ERP 114 Sistema ERP na Construção Civil 115

ESTRATÉGIA D O SISTEMA DE PARCERIA - ECR 11 7 Introdução 11 7 Fatores que podem ser favorecidos pelo ECR 118 O que se pode definir como ECR 118 A construção civil no sistema de parceria e a tecnologia de informação 119 Princípios básicos do ECR 120 Estratégias e ferramentas que dão suporte ao ECR 120 Desenvolvimento do ECR 123 Benefícios do ECR 124 Obstáculos para implementação do ECR 124

ESTRATÉGIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO 1 27 Introdução 1 27 O desenvolvimento da industrialização 128 A industrialização no Brasil 132 Entraves da disseminação da industrialização 134 Logística na industrialização - Painéis prá-fabricados de vedação externa 135 Logística na industrialização - Lajes pré-íabricadas 138 Logística na industrialização - Alvenaria estrutural 142 Compatibilização de projetos e alvenaria estrutural 146 Vantagens do processo de industrialização 146 Vantagens logísticas 146 Vantagens competitivas 147

ESTRATÉGIA DATERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS (outsourcinf>) 149 Introdução 149 Pré-requisitos para terceirização 150 Avaliação do prestador de serviços 151 Vantagens c desvantagens da terceirização 152

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A LOGÍSTICA NO CANTEIRO DE OBRAS 155 Introdução ' 55 O planejamento logístico do canteiro de obras 1 56 Projeto de um canteiro de obras I 57 Definição logística do layout do canteiro de obras 1 60 Relação dos elementos do canteiro correspondentes ã produção 1 62 Definição das fases do canteiro 163 Recomendações relacionadas aos elementos operacionais do canteiro 1 64 Recomendações relacionadas ãs áreas de vivência do canteiro I 67 Recomendações relacionadas aos elementos de apoio técnico e administrativo I 70 Condições de trabalho e segurança nos canteiros de obras NR-18 (PCMAT) 171 Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção I 72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 175

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INTRODUÇÃO

LOGÍSTICA E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA PARA DINAMIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A construção civil ao longo dos anos não deu a devida importância à sua área de manufatura - o

canteiro de obras. A preocupação dos gestores com o canteiro de obras sempre foi relacionada aos

aspectos técnicos do projeto arquitetônico-estrutural, sem a merecida preocupação com desperdícios,

prazos e retrabalhos, ou seja, com o gerenciamento do fluxo de suprimentos. O capital das empresas foi

sempre empregado com investimentos na área técnico-estrutural, percebendo-se uma grande carência

de recursos no desenvolvimento de outras frentes que num primeiro momento aparentam não impulsi-

onar a produção, entre elas a logística.

Apesar das exigências pela qualidade relacionadas ao consumidor, ainda persistem os altos índices de

desperdício e improvisação dentro dos canteiros de obras da construção civil. A falta de modulação dos

projetos ou de integração entre projetos, a tecnologia de informação pouco desenvolvida dentro do

setor, a má administração dos materiais, as deficiências de formação e qualificação de mão-de-obra, as

práticas construtivas não racionalizadas e as alterações de projetos que ocorrem no transcorrer do

sistema construtivo, são as principais causas determinantes desta situação que age de forma contunden-

te na redução do índice de produtividade e aumento considerável dos custos de produção.

Estes são fatos que vêm caracterizando a construção civil ao longo dos anos e que devem ser ajustados

para que as empresas se tornem mais competitivas e garantam sua permanência no mercado. Porém,

isso sompnte será possível se for atribuída a mpsma importância que ó dada aos aspprtos térniro-

estruturais, à gestão da cadeia de suprimento, ou seja, aos aspectos técnico-logísticos. A gestão logística

pouco desenvolvida no suprimento de materiais e serviços é a principal causa apontada da ineficiência

produtiva. Entende-se que é necessário atribuir maior enfoque aos aspectos logísticos da produção. A

logística deve ser desmembrada e possuir seu gestor específico, atuando de forma integrada com o

engenheiro responsável pelo projeto técnico-estrutural; cada um se concentra em suas respectivas

importantes áreas de atuação, porém, ambos olham na mesma direção.

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Como se sabe, tudo que se relaciona a perdas, desperdícios, prazos não cumpridos, retrabalhos, etc. são

basicamente vinculados à área de suprimentos, ou seja, à administração da cadeia de sumprimentos e,

por conseqüência, de uma gestão logística pouco desenvolvida. Portanto, é indispensável que a forma

de gestão da produção no seu ambiente produtivo seja encarada, como um diferencial estratégico e,

como tal, mereça toda atenção técnica, gerencial e administrativa.

O u seja, a construção civil necessita de uma melhoria contínua no seu processo construtivo e nas

condições gerenciais de seus canteiros de obras. Deve ter como objetivos a agilização das atividades

construtivas, aumento da produtividade e do nível de serviço e diminuição do desperdício, não poden-

do esse objetivo ser confundido unicamente com redução de custos. Poderá haver certas situações em

que o estudo das operações logísticas apontará para o aumento das despesas num determinado setor,

porém com redução de custos em outros, de forma a encaminhar um produto que atenda plenamente

às necessidades dos clientes, tanto em termos de qualidade como de preço.

Com base nessas considerações extremamente relevantes, o autor preocupou-se em buscar alternativas

que venham possibilitar uma melhoria contínua dentro desse setor industrial tão necessitado com rela-

ção aos aspectos de produtividade e nível de serviço. Essa busca concentrou-se basicamente dentro da

concepção logística que constitui a ferramenta fundamental e impulsionadora do desenvolvimento e

do sucesso de toda indústria bem-sucedida, qualquor que seja o sc?u campo empresarial. Sendo assim, o

objetivo principal do trabalho é, primeiramente, desenvolver um estudo sobre aspectos da construção

civil e, posteriormente, aspectos relacionados à tecnologia logística, como sua evolução, definição,

funções, características, objetivos e benefícios que um processo logístico pode oferecer de uma maneira

geral. A seguir, atribuir o enfoque logístico com todas as suas técnicas, conceitos, procedimentos e, em

especial, a tecnologia de informação no sistema construtivo, destacando sua importância como ferra-

menta estratégica.

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CONSTRUÇÃO CIVIL

Introdução A construção civil é o setor industrial que representa uma importância fundamental na economia bra-sileira. Possui uma importante participação na composição do PIB, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - I BGE representando nos últimos anos uma média percentual em torno de 6 % do PIB total do País. Segundo o IPEA, com relação aos postos de trabalho sua participação é, em média, de 4 0 % do total da mão-de-obra da indústria de transformação em geral. Comparando-se com outros setores da indústria de transformação, é o maior de todos eles.

A lém da sua importância relacionada aos aspectos econômicos e sociais, a construção civil tem uma interferência muito forte na natureza. Ela utiliza recursos naturais de uma forma substancial e isso a relaciona com o meio ambiente, quer seja na obtenção da sua matéria-prima, quer seja na grande quantidade de entulhos gerados pelo setor, assim como no uso do espaço urbano. Com isso, é extrema-mente relevante, tanto em termos ambientais como em termos econômicos, qualquer tipo dc estudo que aval ie e quantifique perdas ou consumos de materiais nos canteiros de obras.

A construção civil divide-se em três subsetores: edificações, responsável pela construção de edifícios; construção pesada, que objetiva a construção de infra-estrutura de transportes, energia, telecomunica-ções e saneamento; e montagem industrial, responsável pela montagem de estruturas metálicas nos vários setores industriais, sistemas de geração de energia, de comunicações e de exploração de recursos naturais. Deve-se destacar a importância do subsetor de edificações, que é responsável, segundo o IBGE, por mais de 9 0 % do número de estabelecimentos da construção civil e mais de 8 2 % do total de empregos do setor construtivo. É justamente no setor de edificações que o presente trabalho irá dirigir seu maior enfoque, até mesmo por ser o que mais apresenta as distorções operacionais em sua cadeia produtiva, as quais serão mencionadas a seguir.

A construção de edifícios, no decorrer dos anos, vem diferenciando-se de outros setores da indústria manufatureira no aspecto evolutivo por fatores importantes, entre os quais se pode destacar a falta de uma maior competitividade nesse segmento industrial. Essa carência de uma ação competitiva dentro do subsetor, e que ao longo dos anos vem norteando esse segmento industrial, pode ser explicada por alguns fatores, e dentre os mais fundamentais podem ser citados: a inexistência de uma concorrência externa, que produziria reflexos competitivos internos, e a enorme carência habitacional brasileira.

Estima-se que o déficit habitacional total no Brasil seja da ordem de 6,65 milhões de novas moradias (dados de 2000), que eqüivalem a 14,3% do total de domicíl ios existentes. O problema se concentra basicamente nas regiões urbanas (81 ,3% do déficit total) e nas famílias com renda até três salários mínimos (83,2% do déficit urbano total).

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Déficit habitacional urbano total, por faixa de renda mensal familiar, segundo as regiões

Participação regional no déficit habitacional urbano por faixa de renda mensal familiar' (% ) Região até 3 de 3 a 5 de 5 a 10 mais de 10 Total2

Norte 7,8 6,6 9,9 6,1 7,7 Nordeste 35,2 19,7 12,6 11,0 32,1 Sudeste 38,4 54,0 54,2 61,2 41,2 Sul 10,5 12,2 13,5 13,5 10,9 Centro-Oeste 8,0 7,5 9,8 8,2 8,0 Brasil 4.410.385 443.139 285.131 105-632 5.297.946

1 Exclusivo o déficit jxir depreciação que não jxide ser calculado |>or faixas de renda 1 Inclusive sem declaração de remia Fonte: Fundação João Pinheiro. Elaboração: LCA Consultores

Hoje, porém, é exatamente nessa competitividade que reside a principal preocupação dos empresários do subsetor. Essa mudança de direcionamento mercadológico, ainda não tão contundente, porém siste-mática, deve-se a alguns aspectos que vêm exercendo algum tipo de interferência e provocando tais modificações conjunturais. Entre estes aspectos, os mais influentes são:

• a grande dificuldade de disponibilidade de financiamentos governamentais;

• a conscientização dos consumidores com relação aos seus direitos, tendo como ponto de par-tida o Código de Defesa do Consumidor de 1990;

• o aumento das exigências pela qualidade;

• estabilização econômica através da consolidação do Plano Real.

Estes aspectos todos têm estimulado muito a competitividade entre as empresas construtoras, obrigan-do-as a procurar alternativas estratégicas que busquem a eficiência e a eficácia de sua cadeia produtiva, antes voltadas basicamente a atividades não-produtivas.

A Construção Civil e a competitividade Mesmo após a abertura econômica e tecnológica brasileira pós-ditadura militar, as empresas da cons-trução civi l não sofreram a mesma ação competitiva externa sentida em outros setores industriais manufatureiros. As indústrias seriadas foram as que mais sofreram com essa abertura, pois se já existia uma concorrência interna mais significativa nesse segmento industrial, ficou ainda mais acentuada com a concorrência externa provocada pela abertura econômica. Isso fez com que houvesse uma transfor-mação radical nas estruturas operacionais e administrativas das empresas desse segmento, as quais tive-ram que se requalificar tecnologicamente. Somente assim poderiam atingir um nível de produtividade e qualidade que pudesse competir de forma igualitária com seus concorrentes estrangeiros.

A principal transformação se verificou na área da cadeia de suprimentos (fluxo de materiais, serviços e mão-de-obra), que passou a ser a grande prioridade dessas empresas. O u seja, a grande preocupação das empresas manufatureiras seriadas passou a ser a racionalização de todas as atividades produtivas e a qualidade dos materiais e mão-de-obra envolvidas, desde a aquisição da matéria-prima do fornece-dor até o atendimento das necessidades do cliente final. Esta preocupação fez aumentar de uma forma muito acentuada a importância da logística. Sabe-se que a cadeia de suprimentos é a área de atuação da tecnologia logística, a qual efetua o gerenciamento da mesma, através de seus conceitos, métodos, técnicas e procedimentos, visando fundamentalmente ao aumento da produtividade, da qualidade e do nível de serviço ao cliente. Sendo assim, a logística passou a ser considerada uma prioridade das empresas brasileiras a partir do início da década de 1990.

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A competitividade e a Logística A concepção logística de agrupar conjuntamente as atividades relacionadas ao fluxo de materiais e serviços para administrá-las de forma coletiva já foi uma evolução natural. A administração de empresas passou a focalizar o controle e a coordenação coletiva dessas atividades como potencial de vantagem competitiva, capaz de oferecer diferencial através das características do serviço prestado, originando, assim, a Logística Empresarial. Os consumidores vêm exigindo cada vez mais produtos que atendam as suas necessidades, no momento exato, com alto padrão de qualidade e a preços compatíveis, indepen-dentemente da nacionalidade dos mesmos. Os clientes estão muito mais informados e exigentes, o que provoca mudanças no mercado e no consumo, conseqüentemente, em todo setor industrial e de servi-ços. Portanto, aquela empresa que colocar no mercado o produto ou serviço que melhor atenda às necessidades e exigências dos consumidores a menor preço, independentemente da marca ou origem desse produto ou serviço, será a que irá se manter no mercado, dando um passo à frente em relação aos seus concorrentes.

Sendo assim, as empresas passaram a necessitar de uma maior profissionalização gerencial em termos de qualificação e tecnologia operacional, fazendo até mesmo com que surgissem no mercado empresas especializadas em serviços logísticos. A necessidade e a urgência dessa adequação abriram esse novo campo de atuação, onde empresas especializadas em implementação e gerenciamento das necessida-des logísticas podem ser subcontratadas para gerir toda ou parte da cadeia logística. Segundo LAMBERT & STOCK (1982), esse novo enfoque se deveu à mudança no ambiente competitivo, em que as frontei-ras econômicas foram rompidas aumentando, assim, a concorrência e ampliando o mercado.

A falta da ação competitiva no setor construtivo Os mesmos fatores que exigiram uma reformulação empresarial no setor manufatureiro seriado não se fizeram sentir no setor da construção civil. Neste setor, a ação competitiva se restringia ao âmbito interno do País e de uma maneira bastante inexpressiva. Tudo que era produzido era vendido, algumas vezes com mais ou menos dificuldades, como em situações de crises econômicas passageiras, porém era vendido.

Os empresários da construção no Brasil sempre dirigiram o foco de sua atenção basicamente para aspec-tos relacionados às especificações técnicas do projeto estrutural e arquitetônico, assim como a aspectos de marketing. Sempre foram negligenciados aspectos fundamentais de produção como tecnologia, qualifica-ção, produtividade, especialização, treinamento, etc., estando na contramão como descumprimento de prazos, improvisação, retrabalhos, perdas e desperdícios, etc. Aspectos estes que têm fundamentalmente origem na administração da cadeia de suprimentos. Ao engenheiro de obra sempre foi atribuída as fun-ções técnicas e administrativas do empreendimento, ou seja, sempre foram de sua responsabilidade o acompanhamento e o controle das características físicas e geométricas que envolvem as especificações técnicas do projeto construtivo, assim como toda cadeia de suprimentos da obra.

A preocupação com a qualificação profissional, tecnologia operacional, treinamento, especialização, automação, qualidade e organização dos materiais e componentes nunca foi a principal prioridade. O setor da construção civil, em especial o subsetor de edificações, sempre apresentou sérios problemas com perdas, desperdícios, prazos, produtividade e qualidade, problemas relacionados, como foi men-cionado anteriormente, com a administração da cadeia de suprimentos (cadeia produtiva).

Estes fatos demonstram claramente a falta de uma maior atenção à sua área de suprimentos, que sempre foi relegada a um plano secundário e concentrada essa atenção prioritariamente em relação à área técnico-estrutural. A evolução sentida em outros setores manuíatureiros não foi acompanhada da mes-ma forma por esse setor que sempre conviveu com o desperdício e a improvisação dentro do seu

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ambiente construtivo. O empresário sempre contabilizava a ineficiência, o desperdício e a improvisa-ção no orçamento da obra em vez de encontrar alternativas eficazes para melhorar seu desempenho.

Mudança de postura no setor da Construção Civil O ambiente mercadológico da construção vem nos últimos anos sofrendo mudanças significativas, onde a concorrência do mercado, antes quase inexistente, hoje se manifesta através de uma ação com-petitiva mais forte. Isso pode ser explicado pela mudança de percepção dos consumidores quanto a seus direitos, visto que se tornaram muito mais exigentes no atendimento às suas necessidades, exigindo assim uma nova postura para o setor. Essa nova postura se reflete numa atitude estratégica diferente da empregada até então.

As empresas construtoras passam a deslocar o foco de suas estratégias, principalmente para atividades produtivas, antes relegadas a um plano secundário, como foi mencionado anteriormente. O u seja, as empresas que antes tinham suas estratégias operacionais voltadas para as atividades não-produtivas, passaram a buscar uma maior eficácia técnico-econômica, através de atividades mais voltadas à produ-ção. Começam a aparecer processos de treinamentos e requalificação de operários, programas setoriais para melhoria da qualidade de produtos, criação de organismos independentes de certificação de pro-dutos e de sistemas de gestão da qualidade no setor. Aliado a isso, tecnologias operacionais começam cada vez mais a fazer parte do sistema construtivo, contribuindo não só com a produtividade (custos), como também com o nível de serviço oferecido.

Com isso, os sistemas construtivos de grande ou pequeno porte vêm sofrendo algumas transformações em vista da evolução dos processos tecnológicos informacionais e operacionais. Os materiais, as técni-cas e os métodos construtivos têm evoluído de forma acentuada nas últimas décadas, requerendo cada vez mais uma nova postura administrativa e conhecimentos multidisciplinares por parte dos gestores. Novos processos mais eficazes têm sido adotados com base em práticas tradicionais da construção, repercutindo muitas vezes em sucessos técnicos e econômicos. Por outro lado, deve-se ressaltar mais uma vez que a área de suprimentos, ainda assim, não vem acompanhando no mesmo ritmo estas evoluções. O que vem sendo percebido é uma evolução muito lenta, embora de maneira resoluta, relacionada a técnicas construtivas; materiais e componentes; equipamentos utilizados; ao emprego de tecnologias de informação; e, conseqüentemente, a continuidade produtiva.

A Construção Civil e a industrialização O canteiro de obras na construção civil vem se aproximando cada vez mais, e de maneira perceptível, à forma de operar de uma indústria seriada, onde processos repetitivos começam a dominar o ambiente operacional. A crescente introdução de componentes pré-fabricados com nível considerável de padro-nização, seguindo a linha da industrialização seriada, começa a oferecer condições de ganhos em produtividade e redução de custos.

Modernos métodos construtivos fundamentados em modelos logísticos como pré-industrialização e construção seca (dry construction), ou seja, vigas, pilares, painéis de fachada pré-moldados, paredes ocas (drywal l ) , alvenaria estrutural, lajes treliçadas, etc. vêm sendo utilizados de maneira bastante acen-tuada. A unitização de materiais e componentes que facilitam a movimentação e a armazenagem tam-bém constitui um fator de extrema importância nesse processo que, evidentemente, exige equipamen-tos compatíveis como empilhadeiras, antes inimaginável dentro de um canteiro. A mão-de-obra na construção civil vem se aproximando cada vez mais da mão-de-obra do processo de industrialização seriada e passa a necessitar de qualificação. O operário da construção, antes sem exigências de qualifi-cação, está passando de um peão de obra e se tornando um montador industrial.

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Prédios sendo executados com vigas, pilares e lajes pré-moldados

Estes aspectos assim colocados estão exigindo, portanto, uma mudança de ação radical em relação ao paradigma dos sistemas construtivos, através de uma alteração na forma de gestão, o qual também terá que se adequar a estas evoluções. O u seja, para isso é necessária também a introdução de melhorias gerenciais relacionadas à logística, planejamento e controle de produção, associado tudo isso a uma tecnologia de informação compatível e bem desenvolvida.

Mudança no processo de gestão do setor construtivo A introdução de novos conceitos, técnicas, procedimentos, métodos e processos conduz à necessidade de que sejam efetuadas mudanças, em especial, no pensamento estratégico e na visão sistêmica do setor, encaminhando, sem qualquer dúvida, a implementação de tecnologias de informação que pos-sam proporcionar um ambiente integrado e produtivo. Sendo assim, é importante primeiro que ocorra a conscientização da necessidade dessas mudanças de posicionamento para depois partir efetivamente para a transformação.

Essa transformação de culturas equivocadas enraizadas historicamente dentro do setor deverá ser subs-tituída por uma nova mentalidade, mais compatível com as características e exigências, não só do mercado consumidor, como também dos aspectos ambiental e competitivo. Entre as medidas a serem tomadas, podem ser citadas:

• maior implementação de tecnologias de informação - tecnologias operacionais;

• qualificação dos recursos humanos - qualificação tecnológica;

• integração com agentes externos - sistemas de parcerias;

• cultura na qualidade; e, fundamentalmente,

• foco no cliente.

Deverá ocorrer pr imeiramente, portanto, essa consc ient ização de uma forma mais ampla , em nível organizacional/gerencial , para que, posteriormente, sejam tomadas medidas mais restritas, em nível operac iona l .

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A hipótese básica é a descentralização no processo de gestão: a parte técnico-operacional terá de ser desmembrada da parte logístico-operacional, onde deverá ocorrer tanto a gerência técnica quanto a gerência de suprimentos, interagindo de uma forma coordenada. Existirão duas formas de gestão: uma voltada para a análise, acompanhamento e controle das especificações técnicas do projeto; a segunda, voltada para o processo de gestão da cadeia de suprimentos necessária à produção, seja de materiais, serviços e mão-de-obra.

A gerência de suprimentos (logístico-operacional) será a responsável mais direta com relação aos aspec-tos mencionados anteriormente, como: planejamento produtivo; qualidade dos serviços, mão-de-obra e materiais; continuidade produtiva; produtividade; integração com fornecedores externos e internos; integração com todos os agentes envolvidos; fluxos e tecnologias de informação, etc.

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A TECNOLOGIA LOGÍSTICA

Introdução Segundo o pensamento do estudioso de logística ULZE (1974), a logística existe desde os tempos mais remotos das atividades produtivo-comerciais, quando o homem primitivo produziu no próprio local mais do que poderia consumir. As atividades de transporte, armazenagem e comunicações iniciaram-se antes mesmo da existência de um comércio ativo entre regiões vizinhas. Deve-se entender, na verdade, que a logística sempre existiu, de uma forma potencial e não tão integradora como hoje, porém sempre existiu. O que ocorre é que, em vista da evolução tecnológica nos sistemas produtivos e as exigências da globalização, hoje ela está sendo destacada como um condicionante estratégico ou como um diferen-cial competitivo.

A logística, num passado recente, foi vista apenas com envolvimento na atividade de transporte na distribuição física, evoluindo também para um processo de suprimento de materiais por fornecedores externos. Ganhou maior abrangência nos anos de 1980, quando as organizações perceberam sua im-portância na administração integrada dos processos de suprimentos, produção e distribuição física. A partir do início desse processo de integração, consolidado pela obtenção de significativos resultados relacionados ao aumento de produtividade e à melhoria do nível de serviço ao cliente, as empresas elegeram a logística como um instrumento de integração de toda a cadeia de negócios, envolvendo clientes, fornecedores e todos aqueles relacionados diretamente ou indiretamente com a produção.

A percepção da necessidade de integração não foi somente em relação ao ambiente interno da empre-sa, mas também fora dela, constituindo uma rede de organizações integradas desde os fornecedores de matéria-prima até os consumidores finais. A esta constituição integrada foi dado o nome de cadeia de suprimento, onde a logística desenvolve seu potencial e naturalmente se transformou na visão da logística moderna.

Evolução da Logística Utilizada nas guerras ao longo dos séculos, a logística foi implementada no exército com a finalidade de ser, na retaguarda, um setor estratégico. Sua finalidade consistia em fazer o planejamento militar, que compunha o estudo do adversário (pontos fortes e vulneráveis), a definição das frentes de batalha, movimentação e deslocamento das tropas e equipamentos, e programação das equipes de apoio (abas-tecimento técnico e equipamentos).

O exército sempre foi sinônimo de disciplina e obediência hierárquica e talvez tenha sido esse o verda-deiro motivo para o grande sucesso da logística. Ela foi criada e desenvolvida nesse ambiente, apresen-tando como características todas essas virtudes e ainda a de ser integradora. Era um setor departamental com autonomia plena de planejamento, diretamente ligado às decisões do comando geral. Fazia a consolidação das informações e do potencial dos setores. Baseado neles utilizava todos os recursos disponíveis, com o objetivo de alcançar as metas do grupo (VERLANGIERE, 1998).

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Durante a Segunda Guerra Mundial, os modelos logísticos foram amplamente empregados de forma a assegurar que as tropas, equipamentos bélicos, suprimentos, etc. estivessem posicionados no lugar e no momento certos de sua utilização.

A evolução da logística no âmbito empresarial ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, devido às carac-terísticas reinantes, como: a logística desenvolvida para fins militares, que possuía extrema afinidade com as atividades empresariais; começaram a surgir alterações nos padrões e exigências dos consumidores; grandes pressões por reduções nos custos; e, principalmente, os avanços tecnológicos e de comunicação ocorridos em conseqüência da guerra. Sendo assim, surgiu a Logística Empresarial (BALLOU, 1993).

O emprego da logística de uma forma totalmente integrada, como uma estratégia capaz de criar dentro das empresas uma sincronização entre todas as suas atividades, é considerado ainda recente. Nos EUA e na Europa seu emprego era na distribuição de produtos acabados, tanto que a maior entidade sobre o assunto, formada por um dos mais conceituados grupos de profissionais de logística, o Conselho de Administração Logística (Council of Logistic Management), quando foi fundado em 1960 se chamava Conselho Nacional de Distribuição Física (National Council of Physical Distribution), e assim permane-ceu até 1985 {MOURA,1998).

Nesse período a logística começou a ganhar importância, principalmente, em relação às redes de distri-buição e a administração de materiais das empresas. À distribuição física, que já era encarada de uma forma diferencial, juntou-se a administração de materiais e ambas passaram a ter um tratamento espe-cial no que se refere ao fluxo logístico. Caracterizou uma época em que as empresas gradualmente passavam de uma gestão fragmentada de processos individuais (transportes, compras, movimentação, armazenagens) para uma gestão integrada de funções relacionadas.

Maior abrangência Logística

À medida que os anos passavam, as empresas começaram a dar mais ênfase à administração de materiais (suprimentos), isto é, ao conjunto de operações relativas ao fluxo de materiais desde a fonte da matéria-prima até a entrada na produção. Isto se deveu à grande necessidade de redução de custos e, sendo a estocagem uma grande fonte geradora dos mesmos, ela passava a ser um importante potencial de redu-ção. Para isso, métodos tradicionais de fornecimentos de suprimentos passaram a ser substituídos e come-çaram a ser adotados métodos mais avançados de suprimentos de materiais, como, por exemplo, os baseados em sistemas sincronizados de produção em fluxo sem estoques (JIT - Just-ln-Time).

Nesse contexto, a logística relacionada ao conjunto de atividades dentro da administração de materiais e distribuição física passou também a incluir a produção (manufatura), ou seja, desde a entrada da matéria-prima, a agregação de valor na linha produtiva, até a confecção do produto final. A administra-ção através da logística passou a ter um novo enfoque, abrangendo todas as etapas da cadeia, ou seja, as áreas da administração de materiais, distribuição física e, também, a área de produção. Deve-se ressal-tar que a globalização da economia mundial tornou a competitividade das empresas ainda mais acirra-da, fazendo com que houvesse a necessidade de redução dos custos e de uma significativa elevação no nível de serviço, conduzindo inevitavelmente, portanto, a essa integração (VIEIRA, 1996).

A tecnologia sofreu um grande impulso, pois as conquistas tecnológicas tinham que ser sentidas tam-bém na área de produção, encontrando uma contrapartida no suprimento e na distribuição física. Com a explosão da competição global em todos os segmentos do mercado, acompanhada do surgimento de novas tecnologias, a função operacional dentro das empresas vem adquirindo cada vez mais a compe-tência de oferecer aos clientes bens e serviços inovadores e diferenciados, atendendo com qualidade a suas necessidades. Necessidades que requerem cada vez mais produtos e serviços em tempo hábil e a preços competitivos.

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Conceituação da Logística A logística pode ser conceituada de duas maneiras distintas: uma é a maneira formal encontrada nos dicionários contemporâneos; e a outra é a conceituação técnica desenvolvida por estudiosos do assun-to, considerando mais os aspectos técnicos e empresariais.

Com relação à conceituação formal, entre tantas outras encontradas nos dicionários contemporâneos, pode ser citada: a palavra logística vem do francês logistique, e é parte da arte militar relativa ao planejamento, transporte e suprimento das tropas em operações; denominação dada pelos gregos à arte de calcular ou aritmética aplicada; lógica simbólica cujos princípios são os da lógica formal e que utiliza símbolos matemáticos em vez da linguagem gramatical.

Através desta def inição formal, entre tantas outras, pode-se constatar, pelo que se observa da moderna logística de hoje, que ela avançou em muitas outras áreas. Hoje ela constitui uma ferra-menta operacional que ultrapassou muitas fronteiras, possuindo uma ampla área de atuação e abrangência nos mais diversos sistemas produtivos e empresariais, dada a importância estratégica que representa. Isso motivou os estudiosos a fazer uma reformulação em termos conceituais e a atribuírem definições menos específicas e muito mais abrangentes, entre as quais são destacadas pelo autor as definições de:

DASK IM (1985): a logística pode ser definida como o planejamento e a operação dos sistemas físicos, informacionais e gerenciais necessários para que os insumos e produtos vençam condicionantes espaciais e temporais de forma econômica.

CHR ISTOP I I ER (1999): a logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movi-mentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados com o fluxo de informações associado através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo.

C O N S E L H O DE ADMIN I STRAÇÃO LOGÍSTICA - C L M (Council Logistic Management): logística é o processo dc planejar, implementar e controlar, de forma eficiente e econômica, o fluxo de suprimentos e produtos, a armazenagem e o fluxo de informações correspondentes a todo o sistema, da origem ao destino final, objetivando o atendimento às necessidades dos clientes.

Conforme definiu DASKIM, a logística não se resume somente aos aspectos físicos do sistema, mas principalmente aos aspectos informacionais e gerenciais. A revolução das tecnologias da informação e da comunicação abrange muitos conceitos que estão em constantes mudanças envolvendo computa-dores, softxvares, telecomunicações, ferramentas de acesso e recursos de informações multimídia. A informação, como elemento integrador e alimentador, está quase totalmente automatizada; a utilização do papel cedeu lugar às mídias eletrônicas, existindo uma contribuição muito grande da informática e da Internet. Com relação aos processos dc controle gerencial, procura-se administrar problemas dc suprimento, não só de insumos como também de serviços e mão-de-obra, através da coordenação entre interfaces de frentes de trabalho interdependentes, assim como na distribuição do produto semiprocessado e do produto final.

A tecnologia da informação e a tecnologia da administração, evolutivamente, devem caminhar juntas para estabelecer uma estratégia integrada, isto é, deve-se projetar e instalar processos organizacionais compatíveis com os sistemas de informação disponível. A utilização adequada das ferramentas de informática, comunicação e automação alinhada com as técnicas de organização, gestão e estratégia de negócios, possibilitará o diferencial tão perseguido no ambiente competitivo.

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Depreende-se do exposto que a logística é, portanto, uma metodologia ou processo administrativo que se baseia fundamentalmente na conscient ização para o emprego de conceitos, métodos, técnicas e procedimentos, assim como na uti l ização da tecnologia de informação, de forma a encaminhar a maximização do nível de serviço e da produtividade numa cadeia de suprimentos (V IE IRA, 2003).

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CADEIA DE SUPRIMENTOS E O CARÁTER SISTÊMICO DA LOGÍSTICA

Introdução A administração, através do conceito logístico, significa o tratamento integrado dado às diversas atividades que constituem uma Cadeia de Suprimentos, coordenando-as entre si. A Cadeia de Suprimento (Supply Chain), segundo a Associação Brasileira de Movimentação e Logística - A B M L , é o conjunto de organi-zações que se inter-relacionam, criando valor na forma de produtos e serviços, desde os fornecedores de matéria-prima até aquele que irá consumir o produto final. Pode-se dizer que uma cadeia de supri-mentos é uma sucessão de processos, ou seja, manuseios, movimentações e armazenagens pelas quais o produto passa desde a aquisição da matéria-prima, produto semi-acabado e acabado até o cliente final.

Uma cadeia de suprimento típica envolve três fases, que são: a fase do suprimento; a fase da manufatura; e a fase da distribuição física. Pode-se dizer que essas fases são consideradas as etapas do fornecedor (supri-mento); etapa do fabricante (manufatura); e etapa do distribuidor, varejista e cliente (distribuição física). Porém, não é necessário que obrigatoriamente todas as etapas sempre façam parte da cadeia de suprimento. O projeto da cadeia mais adequado vai depender tanto das necessidades do cliente quanto do papel de cada etapa para satisfazer essas necessidades. Compreende, portanto, uma cadeia de suprimentos:

• O Suprimento ou Administração de Materiais: que gerencia todo o processo relacionado à aquisição da matéria-prima e componentes, ou seja, são atividades relacionadas com a obten-ção de materiais e componentes de fornecedores externos, caracterizando o início de um cic lo da cadeia logística.

• Produção ou Manufatura: que administra o fluxo de materiais e serviços dentro do ambiente produtivo, ou seja, são atividades relacionadas com o planejamento, a programação e o apoio às operações de produção.

Manufatura ou produção

CD Distribuidor Atacadista

Varejo

Logística de Suprimentos Logística da Produção Logística de Distribuição A • < • < •

Administração de Materiais Produção Distribuição Física

Seqüência resumida de uma Cadeia de Suprimentos

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• Distribuição Física: que administra a demanda do cliente e dos canais de distribuição logística (Canais de Marketing). Deve-se ressaltar que essa etapa não ocorre na construção civil, ou seja, o produto final não é distribuído para o cliente; o cliente é que vai ao encontro do produto.

As três grandes áreas da Cadeia de Suprimentos A administração pela logística ou Logística Empresarial tem sua atuação nas três grandes áreas, que cons-tituem as estruturas básicas do sistema da cadeia de suprimentos, mencionadas anteriormente, que são as áreas de Suprimentos (Administração de Materiais), a Produção (Manufatura) e a Distribuição Física.

A Administração de Materiais ou Suprimentos corresponde ao conjunto das operações relativas ao fluxo de materiais e informações associadas, desde a fonte das matérias-primas até a entrada no local de produção. Podem ser destacadas como atividades principais dessa área: o processamento de pedidos; recebimento de materiais; conferência física, quantitativa e documental; consolidação das diversas uni-dades de materiais; armazenagem; administração de estoques; expedição de materiais; gestão de infor-mações logísticas; e medidas de desempenho.

A Produção ou Manufatura corresponde ao conjunto de atividades totalmente desenvolvidas pela em-presa, envolvendo todas as áreas da mesma, com objetivo de converter materiais em produto acabado, através da agregação de valor ao material. O importante nessa área é a sincronização da produção com a demanda dos clientes. Destacam-se como principais atividades dessa área: o apoio à produção; abas-tecimento de linha; Kanban e JIT; armazenagem; unitização e embalagem; conferência física, quantita-tiva e documental; expedição industrial; medidas de desempenho; entre outras.

A Distribuição Física corresponde ao conjunto das operações relativas ao fluxo de bens, desde o local de sua produção até o destino final, e das informações associadas, garantindo que os bens cheguem em boas condições comerciais e, principalmente, a preços competitivos. Destacam-se como atividades principais dessa área: o recebimento do produto acabado; embalagem e unitização do produto; armazenagem; transporte; roteirização; geração e controle de documentos; expedição; transferência para Centros de Distribuição (CD); controle e pagamento de fretes; gestão de informações logísticas; entre outras.

Uma cadeia de suprimento inclui todas as etapas envolvidas, direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido de um cliente. A cadeia de suprimento inclui fabricantes, fornecedores, distribuidores, atacadistas, varejistas, transportadoras, depósitos e, especialmente, os clientes. Ela estende o conceito da integração além das fronteiras da empresa, envolvendo todos os agentes que, de uma maneira ou de outra, fazem parte do sistema como um todo. O inevitável envolvimento de agentes externos à empresa vem motivando cada vez mais a formação de parcerias ou alianças estratégicas com esses agentes, em detrimento da forma tradicional da licitação por menor preço, muitas vezes inconveniente. A idéia é fazer dessas parcerias um mutualismo, com benefícios mútuos para as empresas envolvidas. O fornece-dor com fornecimento garantido do seu produto através de um cronograma preestabelecido e o cliente com garantia de fornecimento do produto na hora certa, na quantidade certa, no local certo e na qualidade correta.

A cadeia de suprimento começa com a necessidade de um cliente em obter um produto; a próxima etapa é quando o cliente busca o produto; o produtor se abastece das matérias-primas e componentes necessários a sua produção, usando dos estoques do seu fornecedor; esse mesmo produtor armazena, movimenta, manuseia e manufatura a matéria-prima; terminando quando o produto chega às mãos do cliente, de forma a atender a suas necessidades. Evidentemente estas atividades são apresentadas de forma generalizada, sendo que cada sistema logístico apresentará as atividades relativas ao seu desen-volvimento em particular, como é o caso do subsetor edificações que não possui, por exemplo, a etapa da Distribuição Física. É o cliente que vai ao encontro do produto.

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Hoje é senso comum considerar a logística como centro de coordenação e de integração de todas as atividades da cadeia de suprimentos, ou seja, a logística de abastecimento (externa), a logística de manufatura (interna) e a logística de distribuição (externa). Ela traz junto a si uma grande capacidade de agregar valor ao produto, mas para isso é necessário criar uma infra-estrutura para integrar tanto as funções logísticas da administração de materiais e distribuição física quanto às funções ligada à manufatura, de modo a criar um único sistema estratégico que vise, basicamente, ao atendimento às necessidades dos clientes.

A Logística como um sistema Os conceitos de Processo Logístico e Tecnologia Logística, que tiveram um grande impulso após a Segunda Guerra Mundial, tornaram-se amplamente aceitos e a administração, tanto privada como pú-blica, reconheceu a necessidade de projetar e administrar de uma forma sistêmica, em vez de uma série de funções discretas e independentes. Em resumo, durante os últimos cinqüenta anos, o conceito da logística na indústria seriada passou de uma visão de gestão fragmentada para um enfoque que integra não somente as áreas no interior da empresa (agentes internos), como também todas as empresas vincu-ladas ao sistema produtivo (agentes externos - fornecedores e clientes).

Através desse enfoque percebeu-se que para otimizar o processo não bastava otimizar as partes inte-grantes do todo de uma forma isolada, discreta, mas sim ter a visão do processo como um todo. Estas característica inerentes da logística vêm fazendo com que a administração, por meio da tecnologia logística, esteja evoluindo cada vez mais rapidamente e de uma forma constante, em razão dessa abor-dagem coordenadora e integradora que é dada a todas as suas funções.

Entendido o que seja uma Cadeia de Suprimentos, constituída através de suas três áreas e com o envolvimento de seus vários agentes internos e externos, pode-se fazer uma perfeita analogia com um canteiro de obras de uma edificação. O canteiro, em si, seria a unidade fabril com seus diversos depar-tamentos internos, apresentando numa extremidade o conjunto de vários fornecedores e na outra extre-midade os clientes que irão consumir o produto. Os agentes externos, os fornecedores, têm que interagir de forma eficiente com as necessidades do canteiro de maneira a garantir o fornecimento adequado de seus produtos, quer sejam de materiais e/ou serviços.

Os agentes internos de um canteiro são constituídos pelas diversas equipes envolvidas numa obra, entre estas: sondagem, locação, fundação, estrutural, alvenaria, pintura, elétrica, hidráulica, projetistas, etc. Todas essas equipes são dependentes de fornecedores externos e interdependentes e intervenientes en-tre si. O u seja, estes agentes internos agem e interagem no canteiro de forma a se constituírem em clientes dos produtos dos fornecedores externos, como também serem fornecedores de serviços para equipes subseqüentes, as quais também são clientes dos fornecedores externos. Em outras palavras, pode-se dizer que são clientes de fornecedores externos e também clientes entre si.

Sabe-se que existe uma certa complexidade produtiva ao longo do sistema construtivo, o qual deve ser administrado com competência de maneira a pro|>orcionar uma perfeita coordenação e integração de todas as atividades produtivas e agentes envolvidos. Somente assim poderá ser garantida, eficazmente, a maximização da produtividade e do nível de serviço desejado pelo cliente final, que é o foco principal de tudo. Porém, para que se possa alcançar esse objetivo é necessária uma administração que visualize, integre e coordene com eficácia todos os elos dessa grande corrente que é a cadeia de suprimentos do sistema construtivo. Para tanto, a administração dessa cadeia terá de ser efetuada através de um processo logístico, o qual há muito tempo vem se constituindo no elemento fundamental do sucesso de outros setores industriais.

Depreende-se disso que a cadeia de suprimentos, quando administrada através da tecnologia logística, assume um caráter sistêmico, dado à característica integradora da logística. Ela traz junto a si o conceito de ser vista como um sistema, ou seja, como um conjunto de atividades organizadas e coordenadas

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entre si que agem e interagem para atingir um objetivo comum e nào como uma somatória de atividades isoladas. A definição de "Logística Integrada" como muitas vezes é empregada na verdade é uma redun-dância, visto que sua característica intrínseca é a integração.

Princípio logístico Trade-Off

A característica intrínseca da logística relacionada à integração encaminha a uma perspectiva de que o custo total de produção pode ser reduzido através de um tratamento logístico que venha a ser dado à produção nas atividades como compras, transportes, armazenagem, administração de estoques, processamento de pedidos, manufatura e sistemas de informação associados. Para que se possa obter o custo final do produto mais adequado, a cadeia de suprimentos deve ser gerenciada de forma integrada, ou seja, a logística empre-gada deve fazer valer sua característica sistêmica. Em outras palavras, as atividades componentes de um sistema devem ser interligadas, interdependentes e intervenientes e, da mesma forma, também devem ser trabalhadas de maneira coordenada e com objetivos comuns. Um movimento em qualquer um dos compo-nentes, em princípio, tem efeito conseqüente sobre outros componentes do mesmo sistema.

Uma alteração em determinado custo logístico pode influir diretamente em outro. Por exemplo, minimizar o custo unitário de compras adquirindo matéria-prima em maior quantidade (economia de escala) pode aumentar o custo de armazenagem ou criar sérios problemas de espaços físicos nos canteiros. Sabe-se da concepção sistêmica que a tentativa de otimização de cada um dos componentes, isolada-mente, não leva à otimização do sistema como um todo. Entende-se que para efetuar otimização do sistema como um todo é necessário fazer valer o princípio das compensações ou perdas e ganhos, ou seja, é possível que se perca em alguns componentes do sistema para que se possa otimizar o sistema como um todo (visão sistêmica). Tal princípio é conhecido como trade-off. Com base em decisões, todas as atividades logísticas devem ser planejadas e estruturadas, com visão do todo, para o atendimen-to dos diferentes níveis de serviço propostos e ao menor custo logístico total possível. Menor custo logístico total significa muitas vezes, portanto, um aumento de custos em alguma(s) atividade(s) em detrimento da redução do custo total do sistema.

Sem essa abordagem integrada dada à cadeia de suprimentos do sistema de produção como, por exemplo, o sistema de produção de um edifício, a aquisição de grandes lotes poderia reduzir custo unitário, porém, os estoques para suprir a manufatura poderiam tornar-se excessivamente grandes, criando sérios problemas de espaço no canteiro de obras. Ou de outra forma, poderia aumentar custos de transporte por necessitar armazenar os materiais em outros locais distantes do canteiro, aliado aos custos da nova armazenagem.

Técnica logística Just-ln-Time (y/T)

Uma técnica muito empregada dentro da tecnologia logística é o just-in-time. O just-in-time é na verdade um método de gerenciamento de manufatura desenvolvido pelos japoneses com o objetivo de reconstruir a economia do país após a Segunda Guerra Mundial. Nesse método de gerenciamento os japoneses procuraram desenvolver técnicas de manufatura de forma a aumentar a eficiência e a eficácia dos seus processos, encaminhando a produtos mais competitivos no mercado externo.

Resumindo o conceito do just-in-time, pode-se dizer que é uma metodologia operacional que se fun-damenta no princípio de que nenhum insumo deve chegar ao local em que foi requisitado sem que seja imediatamente utilizado, na quantidade certa, na qualidade certa e no momento exato da sua solicita-ção, ou seja, sistema de produção sem estoque. O conceito de operar com inventários baixos com uma mentalidade just-in-time significa transformar o conceito de estocagem de uma atividade de guarda para uma função de estágio, uma função transitória. O u seja, é um conjunto integrado de atividades de fornecimento cujo objetivo é produzir grandes volumes de produção usando estoques mínimos de insumos e de estoques intermediários.

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Dentro da concepção just-in-time se considera que cada executor de um processo atue como se o executor do processo subseqüente fosse o seu cliente, ou seja, tudo que ele está consumindo ao execu-tar sua atividade está sendo processado para o próximo cliente. Sendo assim, pode-se perceber que a qualidade do produto final depende de cada agente dentro do sistema total, os quais devem executar suas funções de forma correta para não prejudicar as funções subseqüentes.

Basicamente, o y/7" se fundamenta no conceito manutatureiro de "puxar" a produção ou sistema "pull" de manufatura. Nos processos pull (puxado), a execução é iniciada em resposta aos pedidos dos clien-tes. No período de execução de um processo pull, a demanda é conhecida com certeza. O s processos pull são também conhecidos como processos reativos porque reagem à demanda do cliente.

O just-in-time é um sistema sincronizado de produção em fluxo contínuo sem estoques, onde nenhum material deve chegar ao seu local de processamento sem emprego imediato ou nenhuma atividade deve acontecer no sistema sem a necessidade dela. Observa-se que essa concepção em muitas situações não pode ser atingida em sua plenitude, em especial no setor de edificações. Sabe-se que esse setor se diferencia dos demais setores industriais justamente pela sua complexidade em relação ao sistema pro-dutivo, no qual as atividades não possuem um padrão contínuo de procedimentos, não são repetitivas, possuem operações unitárias em paralelo como equipes de pedreiros, azulejistas, encanadores, eletricistas, etc. Porém, se for buscado um fluxo operacional o mais próximo possível dessa mentalida-de, certamente os ganhos vão ser consideráveis.

Sabe-se que hoje num canteiro de obras da construção civil, a limitação física é um condicionante impor-tante ao sistema. Grande parte das construções se desenvolve dentro do perímetro urbano das grandes cidades. Out ro aspecto fundamental re lac ionado a este fato diz respeito às frentes de serviços interdependentes. Para que se possa manter níveis de estoques baixos, torna-se necessário um acompa-nhamento e controle bastante apurado das diversas frentes de serviço da obra, com previsões e programa-ções sempre atualizadas, mantendo-as sempre supridas, quer seja de materiais, quer seja de mão-de-obra. Isto irá refletir, obviamente, na redução de estoques e no tempo improdutivo pela espera de "'cancha", o qual será minimizado, influenciando não só no custo final como também no nível de serviço apresentado.

Observa-se que é necessária uma administração bastante eficiente das diversas organizações que integram e interagem com o sistema construtivo para que a meta da minimização dos custos com a maximização do nível de serviço possa ser alcançada. Isso pode ser obtido com um gerenciamento efetivo através da tecnologia logística, dado seu caráter sistêmico. Com o aprimoramento dos sistemas de organização das empresas e dos canteiros de obras, mediante o planejamento adequado dos suprimentos (materiais, servi-ços e mão-de-obra) e do seu l.iyout, assim como com a correta seleção de fornecedores, se poderá reduzir os problemas relacionados à ineficiência, perdas e desperdícios, descumprimentos cie prazos, produtivi-dade e, dessa forma, atingir os padrões de qualidade e de nível de serviços desejados.

A Logística c a Tecnologia da Informação

A estrutura logística compreende todo um composto de agentes associados às operações da organiza-ção, desde os fornecedores de matérias-primas até o consumidor final, sempre focado prioritariamente no setor de manufatura. A logística da informação possibilita a manutenção, monitoramento, controle e o aperfeiçoamento da comunicação e da operação entre os setores organizacionais. Tem como objetivo assegurar que as informações relevantes e precisas atinjam as pessoas certas no momento apropriado, possibilitando a execução eficiente dos processos que se utilizam destas informações.

Existem muitas organizações envolvidas no desenvolvimento do produto na construção civil, gerando muitas interfaces; sendo assim, é necessário o desenvolvimento de um eficiente e eficaz fluxo de infor-

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mações entre estas organizações. Pode-se citar como exemplo dessas organizações dentro de um can-teiro de obras da construção civil: na infra-estrutura, existem as equipes de sondagem, equipes de locação, equipes de fôrmas, concretagem, etc.; na supra-estrutura, existem as equipes de alvenaria, fôrmas, ferragens, concretagem, instalações elétricas e telecomunicações, hidráulica, etc. Já os agentes externos na estrutura logística da construção podem ser considerados: fornecedores de projetos, forne-cedores de serviços, fornecedores de materiais e componentes, distribuidores dos produtos, intermedi-ários de vendas, agentes de propaganda, rede de assistência técnica e serviços ao cliente, armazéns e depósitos externos, agentes de transporte de insumos, agentes de transporte de produtos, etc.

Sendo assim, para que haja uma perfeita integração ou um bom alinhamento entre estas interfaces, entre estas equipes e destas com o ambiente externo é necessário que as informações fluam de uma maneira eficiente e coordenada. Isto é, que consigam atingir todos os segmentos envolvidos no desen-volvimento do produto, quer sejam internos ao canteiro e a empresa, quer sejam externos como forne-cedores e projetistas. E para possibilitar esse ambiente integrado, coordenado e produtivo é necessária a implementação de tecnologias de informações compatíveis.

A estrutura logística representa um dos principais focos de usos estratégicos das tecnologias de informa-ções. A estratégia mais significativa dentro de um sistema construtivo é a manutenção eficiente e efetiva da integração dessas estruturas lançando mão de ferramentas tecnológicas que facilitem e operacionalizem esse sistema. O uso estratégico das tecnologias de informação em cada uma das funções logísticas, particularmente aquelas consideradas críticas (sob o ponto de vista estratégico da empresa) são:

• Integração com fornecedores e projetistas para se obter uma operação mais ágil e confiável e de menores tempos de resposta.

• Integração com agentes de vendas (em especial para o caso de indústrias seriadas), de forma a gerenciar os estoques dos produtos da empresa junto a eles, buscando também uma operação mais ágil e de menores custos.

• Integração interna entre o canteiro de obra e a sede administrativa da empresa, de forma a dar suporte ao fluxo de serviços, materiais, mão-de-obra, ou seja, informações precisas.

• Sistemas de informações sobre os potenciais de mercado em cada um dos segmentos finais de mercado da cadeia logística em que a empresa se insere, entre outros.

Na realidade, todo tipo de integração logística que procure reduzir tempos de resposta e custos traz um forte componente tecnológico e estratégico, na medida em que busca um melhor nível dc atendimento ao mercado, ao mesmo tempo em que procura operar com menores custos.

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NÍVEL DE SERVIÇO LOGÍSTICO

Introdução Segundo BALLOU (1993), o entendimento sobre nível de serviços é relacionado à qualidade com que um fluxo de materiais e serviços é administrado para o atendimento das necessidades dos clientes. Evidentemente, um elevado nível de serviço na confecção de um produto, por exemplo, encaminha sem dúvida a um produto de qualidade. Porém, deve-se acrescentar a esse entendimento um outro aspecto que também é um dos fundamentos da concepção logística, além da qualidade, que é a preo-cupação com a minimização dos custos.

Sendo assim, a conceituação de nível de serviço logístico deve ser um pouco mais abrangente, ou seja, é a qualidade com que um fluxo de materiais e serviços é administrado para o atendimento das neces-sidades dos clientes aos menores custos possíveis. Pode-se dizer que é o desempenho e o resultado líquido do esforço de uma organização para oferecer um bom atendimento aos seus clientes a custos compatíveis. Para as atividades logísticas de uma empresa que produza bens e serviços, o nível dc serviço tem valor fundamental para assegurar a fidelidade de seus clientes, sendo uma das razões do esforço logístico.

Sabe-se que o aumento da qualidade é sempre acompanhado do aumento dos custos, portanto, o custo logístico cresce com o aumento do nível de serviço, fazendo com que seja necessário um balanceamento entre as vantagens produzidas em razão de um melhor serviço e os custos necessários em promovê-lo. Sendo assim, ele é um elemento importante no desenvolvimento de estratégias logísticas.

Por exemplo, considerando a obra de edificação de um prédio de apartamentos construído com mão-de-obra altamente qualificada e com grande número de profissionais, várias frentes de serviço, materi-ais de primeiríssima qualidade estocados em grandes quantidades para prevenir a falta, etc. Evidente-mente, com estas características de desenvolvimento da construção, o empreendimento resultará num prédio com alto padrão de qualidade e com tempo reduzido de conclusão, indicando uma grande eficiência da construtora. Mas aí cabe uma pergunta: será que a dona do empreendimento vai ser eficaz? Ela construiu um prédio com alto padrão de qualidade e muito antes do cronograma previsto, porém os custos para concretizar esse feito foram muito elevados, sendo assim, será que serão vendidos os apartamentos? É aí que se insere a concepção logística.

Possivelmente, esse mesmo padrão de qual idade ou próximo dele possa ser obtido com mão-de-obra em menor número, sem estoques de materiais significativos e dentro do mesmo cronograma. Para isso, é necessária a introdução de uma concepção logística em todo o processo. Dentro dessa concepção a obra será bem coordenada, integrada, e não será necessária uma grande quantidade de profissionais desempenhando tarefas, pelo contrário, isso poderá provocar sérias interferências no processo produti-vo e, como conseqüência, retrabalhos. U m fluxo de materiais bem planejado e coordenado, com programação próxima do sistema just-in-time, certamente conduzirá a uma continuidade produtiva

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desejável, eficiente e eficaz. Com isso, não serão necessários estoques elevados que só produzem custos com espaços físicos desnecessários, maior possibilidade de perdas com a maior movimentação, deterio-ração, maior desembolso de capital, etc.

Isso deve ser entendido como a efetivação de uma concepção logística em um processo construtivo e que sem dúvida encaminhará a um bom nível de serviço logístico perfeitamente balanceado com os custos. Ou seja, um nível de serviço que encaminhe um produto ou serviço de qualidade, porém a custos logísticos reduzidos.

Interdependência entre Logística e nível de serviço Para que se possa trabalhar em cima de metas de nível de serviço, antes é preciso conhecer quais os padrões em que o mesmo se encaixa na percepção de quem vai consumir o produto ou serviço. É necessário determinar as necessidades e os elementos-chave que definem o serviço na óptica dos clien-tes. Somente após o conhecimento destes é que a administração logística poderá fixar padrões para o nível de serviços, planejando-os, implementando-os e controlando-os adequadamente.

Um aspecto que exige muita cautela diz respeito aos custos associados ao nível de serviço, pois devido a sua intangibilidade, nem sempre são percebidos com facilidade, acarretando prejuízos que poderiam ser evita-dos. O lucro não realizado devido à perda do cliente por fatores como um prazo excessivamente longo de entrega do produto, pode ser considerado como um custo associado ao nível de serviço ao cliente, por exemplo. Por outro lado, pode ocorrer a perda de clientes que mesmo tendo à disposição produtos com alta qualidade, estes possuem preços muito elevados, fazendo com que o cliente se retraia e busque o concor-rente, entre muitas outras possibilidades. Fatos dessa natureza atestam a total interdependência entre o nível de serviço e a logística, sendo que para ocorrer um é necessária a existência do outro.

O nível de serviço deve apresentar alguns elementos indispensáveis, proporcionados pela logística, para que possa ser desenvolvido. Esses elementos se baseiam nas condições adequadas de ambiente, como:

• segurança no trabalho, limpeza e organização, fazendo com que o trabalhador desempenhe suas funções de uma maneira satisfatória;

• manter estoques dentro das previsões e de fácil disponibilidade, com quantitativos mínimos necessários;

• dar garantias de suporte ou assistência quando do surgimento de circunstância emergenciais ou imprevisíveis, isto é, ter soluções imediatas a problemas inesperados como, por exemplo, a quebra de um equipamento necessário à realização de uma determinada tarefa importante;

• formar parcerias com fornecedores baseadas em relacionamentos duradouros e de confiança mútua;

• manter controle rigoroso de serviços, insumos e com fornecedores;

• equipes de profissionais bem dimensionadas e qualificadas para o desenvolvimento das atividades;

• perfeita coordenação e controle das equipes interdependentes e intervenientes;

• equipes bem supridas de materiais necessários ao desempenho de suas funções;

• garantir assistência ao cliente pós-transação.

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Obra limpa, organizada e segura conduz a um bom nível dc serviço

Na construção civil, para obtenção de um nível de serviço adequado é necessária a adoção de novas posturas no ambiente de trabalho com relação à qualidade. O baixo nível de escolaridade dos trabalha-dores que atuam ao longo de todo o sistema produtivo dificulta a compreensão dos benefícios trazidos por programas que tenham como objetivo a qualidade. Deve ser sempre ressaltado que o foco do gerenciamento logístico está sempre dirigido à qualidade, porém, nunca fugindo do foco dos parâmetros da redução de custos.

Uma das maiores dificuldades encontradas pelas construtoras para implantação dos sistemas de gestão da qualidade nos canteiros de obras é a resistência nos níveis hierárquicos mais baixos. A adesão de todos às transformações necessárias é fundamental para que se alcancem os objetivos propostos. É recomendável, portanto, a implantação de um programa que objetive primeiramente a educação, pos-teriormente o treinamento e a busca pela qualidade através do constante aperfeiçoamento na realiza-ção de tarefas rotineiras dentro de um canteiro de obras.

Nível de serviço

Existe um programa que foi adotado primeiramente na indústria seriada do Japão e, posteriormente, em outros segmentos industriais e países do mundo, com aplicabilidade bastante interessante para o caso da construção civil, que é o chamado "Método 5S" (senso de simplificação, organização, limpeza, higiene e disciplina). O seu nome originou-se devido às iniciais das palavras (OSADA, 1992):

• SEIRI (simplificação) - "tenha só o necessário, na quantidade certa";

• SE ITON (organização) - "um lugar para cada coisa, cada coisa em seu lugar";

• SE ISO (limpeza) - "um ambiente limpo motiva ao trabalho";

• SE IKETSU (higiene) - "qualidade de vida no trabalho é motivacional";

• SH ITSUKE (disciplina) - "ordem, rotina e constante aperfeiçoamento"

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Pode ser considerado como uma ferramenta de extrema relevância na implantação de sistemas de qualidade nos diversos setores produtivos, dados os princípios que os regem. Limpeza e organização são atributos vitais na busca pela qualidade, ou seja, canteiros "entulhados", sujos e obstruídos repre-sentam perigo de acidentes, desperdícios e reflexos negativos na motivação e na produtividade dos trabalhadores.

O método visa incutir basicamente o senso de organização, limpeza e participação, melhorando o fluxo de materiais e pessoas, assim como procura esclarecer as vantagens advindas dessa nova postura comportamental.

Os princípios fundamentais do programa devem ser entendidos, incorporados e praticados por todos os níveis hierárquicos, desde os empregados menos qualificados até o mais alto nível de gerencia. A alta administração deve demonstrar comprometimento com a melhoria e o programa antes de solicitar qualquer tipo de colaboração. Além do comprometimento, a alta administração deve realizar um evento de lançamento do programa, com a presença de todos os níveis hierárqui-cos para que todos entendam a importância e a seriedade com que o assunto será tratado. O programa 5S no canteiro pode ser desenvolvido através de uma metodologia simples, onde o res-ponsável pela implantação da metodologia a transmite para um grupo de agentes (engenheiros, futuros coordenadores do programa na obra, etc.), os quais se tornam multiplicadores para os demais colaboradores da obra. Paralelamente à implantação na obra são realizadas consultorias de apoio seguidas de auditorias. A pessoa que vai implementar recebe um kit didático em C D - R O M contendo os slides, o cronograma de implantação e a lista de verificação para cada fase, apostila de apoio, além do exemplo da implantação do programa em uma outra construtora, contendo todas as etapas do programa inclusive com fotos durante o processo.

No início da implantação devem ser explicados os objetivos e os benefícios da mudança. O suporte da gerência ao programa no presente pode proporcionar no futuro economia, prevenção de acidentes e produtividade, além de melhorias no aspecto motivacional dos funcionários da empresa.

A primeira fase do método é a simplificação (SEIRt), a qual compreende a etapa da liberação de área, ou seja, ter somente o necessário, a quantidade certa. Isto irá reduzir a necessidade de espaço, de estoque e de gastos com armazenagens, facilitando a movimentação interna e o arranjo físico.

A segunda é a organização (SL ITON) , isto é, a ordenação dos espaços, otimizando e organizando o layout do setor produtivo. Cada atividade ou material deverá ter seu local adequado, ou seja, o local próximo à realização da tarefa, diminuindo o tempo de busca, de movimentação, a necessidade de controle de estoque e aumentando a racionalização do espaço e do trabalho.

A terceira fase é a limpeza [SEISO), que compreende a limpeza da área. É uma atividade pouco usual na construção civil, porém, muito importante no sentido de evitar os acidentes de trabalho e o retrabalho, os quais atingem diretamente a produtividade. A limpeza é um aspecto psicológico importante que encaminha a sua manutenção e a motivação para o desempenho da função. Quem vê um ambiente limpo procura mantê-lo e se constrange em sujá-lo. O desenvolvimento de um senso de limpeza pro-porciona um efeito motivacional no operário, fazendo com que a produtividade aumente e também melhore significativamente a imagem da empresa.

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Canteiros organizados c obras limpas causam efeitos motivacionais nos agentes envolvidos no processo

A quarta fase e a higiene (SEIKETSU), que é a manutenção da limpeza e da ordem, facilitando a seguran-ça e o melhor desempenho dos operários. Representa a qualidade de vida no trabalho, tendo reflexos positivos no desempenho, pois aumenta a importância do fator humano. De outra forma, pode-se dizer que é uma conseqüência das fases anteriores.

A quinta e última fase é a do treinamento e da disciplina, que representa ordem, rotina c constante ape rfeiçoa mento ( S H I T S UKE).

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A TECNOLOGIA LOGÍSTICA E A CONSTRUÇÃO CIVIL

Introdução Conforme foi abordado anteriormente, a competitividade no setor de edificações, antes praticamente inexistente, hoje se aproxima muito do setor seriado, constituindo uma das principais preocupações dos empresários desse setor. Em pesquisa realizada pelo S I N D U S C O N em 1997, foi constatada já nessa oportunidade que a principal preocupação dos empresários da construção é a concorrência do merca-do. Este fato fez com que as empresas construtoras buscassem estratégias que proporcionassem uma maior eficiência e eficácia operacional em suas atividades voltadas à produção (cadeia de suprimentos).

Atividades operacionais dentro do sistema construtivo, como suprimento de materiais, componente e serviços, a armazenagem, o processamento de materiais, a locação de recursos humanos, os fluxos físicos e os fluxos de informações inerentes ao processo produtivo, devem ser encaradas de forma que se constitua num grande potencial de redução de custos, aumento da produtividade e do nível de serviço ao cliente final. Sendo assim, é imprescindível a realização dc uma estruturação no aspecto administra-tivo-operacional com a introdução da concepção logística, que certamente encaminhará um melhor planejamento, organização e controle de todo o empreendimento.

Estudos apontam, por outro lado, que o empresário do setor até entende a necessidade de um maior enfoque nas atividades produtivas mencionadas acima, porém ainda existe uma grande carência em se discutir e trocar informações entre os agentes envolvidos no processo de produção de edifícios. Essa interação, que constitui um fator de vital importância, tem como objetivo a busca das dificuldades que potencialmente serão encontradas e inerentes ao processo, procurando encontrar as possíveis soluções relacionadas à logística. Ainda é inexpressiva a busca e a implementação por tecnologias de informação que comprovadamente impulsionam outros setores industriais e, de certa forma, são desprezadas na cons-trução civil. Isso é ainda o grande problema a ser enfrentado pelo setor (SILVA et al., 1998).

Entende-se que estes aspectos administrativos devem ser discutidos numa fase muito anterior ao efetivo início da construção propriamente dita. Pode-se dizer que esse processo de discussão deve ser iniciado m u i t o antes da fase de projeto e, posteriormente, p rocura r o planejamento adequado , elaborando assim toda a cadeia de suprimentos do processo produtivo. Uma vez elaborada toda a estrutura da cadeia de suprimentos, deve-se partir para o planejamento de todos os fluxos de serviços, materiais, mão-de-obra e, especialmente, informações de forma que todo o sistema se torne um bloco de atividades totalmente integradas c coordenadas.

Cadeia de Suprimentos na Construção Civil Nos tópicos anteriores muito foi mencionada, de uma maneira genérica, a Cadeia de Suprimentos, sendo inclusive apresentada sua definição, características, etapas constituintes, etc.; porém, agora será necessário abordar suas características mais específicas com relação à construção civil.

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A indústria da construção civil diferencia-se de forma significativa de outras indústrias manufatureiras seriadas em sua concepção geral. Enquanto uma indústria seriada apresenta a sede manufatureira fixa, equipamentos e força de trabalho bem definidos, duradouros e contínuos, linhas de montagem com operações repetitivas e constante, a construção civil encontra-se na contramão, apresentando peculia-ridades inerentes a si. A manufatura, quando relacionada à atividade da construção civil, apresenta peculiaridades e especificidades como:

• Produto imóvel (linha de produção imóvel), ou seja, são os operários que se deslocam ao longo dos postos de trabalho.

• Indústria móvel, os processos, mão-de-obra, matérias-primas e equipamentos mudam de local para local.

• Emprego da mão-de-obra tem caráter eventual e suas possibilidades de promoção são peque-nas, gerando baixa motivação para o trabalho.

• Mão-de-obra desqualificada e alta rotatividade no setor.

• Tempo elevado de produção de uma unidade do produto.

• Custo de produção de uma unidade do produto extremamente elevado.

• Produção sujeita às intempéries - o produto é totalmente exposto durante sua produção.

• Sem padrão contínuo de procedimentos e de responsabilidades.

• Cria produtos únicos e não-seriados - encaminha a um padrão de baixa repetitividade.

• Complexidade do sistema produtivo, ou seja, são envolvidas especificações complexas e mui-tas vezes confusas, projetos executivos normalmente com obras em andamento.

• Grande variedade de itens de insumos - são envolvidos em torno de 13.000 a 15.000 itens por produto executado.

• Responsabilidades muitas vezes dispersas - zonas sem responsáveis explícitos.

• Muitos processos artesanais com possibilidades limitadas para automatização.

• Interferência e interveniência entre tarefas, operações unitárias em paralelo - equipes de pe-dreiros, azulejistas, encanadores, eletricistas, marceneiros e outros, etc.

• A cadeia de suprimentos não apresenta distribuição física; o cliente final é que vai atrás do produto, e não o produto que é levado a este.

Para STERMAN (1992), os empreendimentos de construção pertencem à classe de sistemas dinâmicos, complexos e despadronizados. Estes sistemas são constituídos de múltiplos componentes interdependentes, intervenientes, dinâmicos, envolvendo vários ciclos de controles e com relações não-lineares.

Hoje, com a concorrência se manifestando de uma forma mais contundente, a busca pela qualidade, baixo custo, maior rapidez e flexibilidade vêm proporcionando às empresas da construção civil pres-sões competitivas que produzem reflexos na forma de gestão das funções organizacionais. E a função organizacional que deve receber a maior atenção ou uma atenção toda especial é a de suprimentos. É

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ela a responsável pela maior parte dos recursos financeiros das empresas e potencializa um grande campo para minimização dos custos e a maximização do nível de serviço, conseqüentemente, pela qualidade e produtividade. O gerenciamento efetivo e eficiente da cadeia de suprimentos representa, portanto, uma contribuição importante para que sejam atingidos os objetivos estratégicos das empresas de construção civil, promovendo agilidade das operações e a melhoria contínua da qual idade dos serviços e dos materiais e componentes.

A etapa da manufatura na Cadeia de Suprimentos da construção

A complexidade do sistema produtivo na construção civi l em imobilizar e padronizar máquinas e equipamentos é caracterizada pelo fato de que a grande maioria das atividades é feita de uma maneira artesanal. O u seja, as atividades são desenvolvidas, em sua maioria, pelas próprias mãos dos trabalha-dores, com uso de ferramentas, totalmente dependente de suas habilidades, de seus conhecimentos técnicos e dos hábitos de trabalho, criados no desempenho de suas funções ao longo dos anos.

Essas variabilidades, peculiares ao setor, levam a um processo de trabalho bastante complexo, provo-cando dificuldades em estabelecer uma solução de padrão contínuo na organização do mesmo e na sua evolução. Diferentemente da indústria seriada, onde as tarefas são repetitivas, os materiais e componen-tes são baseados praticamente sempre nos menos itens, as ferramentas e equipamentos operacionais efetuam sempre as mesmas atividades rotineiras. Enfim, operações padronizadas que facil itam um continuísmo rotineiro, encaminhando a uma destreza da mão-de-obra, uma automação das tarefas executadas e um melhor planejamento e controle da produção.

Conforme foi mencionado anteriormente, uma cadeia de suprimentos é constituída de três etapas bási-cas, que são o suprimento, a manufatura e a distribuição física. A manufatura é a etapa que desencadeia todo o processo, ou seja, é a fase que rege toda a cadeia de suprimentos. É através dela que surge a necessidade de suprimentos para alimentar a produção e por meio dela também que o produto é elaborado e distribuído aos clientes.

No processo de produção do subsetor de edificações, a manufatura se caracteriza por uma sucessão de etapas constituída por atividades consideravelmente diversificadas. Ela envolve uma grande variedade de tarefas e de materiais e componentes diversificados que requerem instrumentos de trabalho e mão-de-obra também diferenciados. Podem ser citados entre os vários processos de transformação dentro da manufatura no setor de edificações:

• instalação do canteiro;

Instalação do canteiro e canteiro já instalado

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• locação, sondagem, escavação, contenção e execução das fundações (infra-estrutura);

Seqüência da infra-estrutura da obra

• execução da estrutura - fôrmas, ferragens, concretagem, desforma (supra-estrutura);

Seqüência da obra forma, concretagem desforma

• execução dos elementos de vedação - alvenarias (emboço, reboco), divisórias, gesso acartonado, painéis divisórios, entre outros;

Alvenaria externa e interna

• instalações hidrossanitárias, elétricas e de telecomunicações;

• execução de cobertura;

• revestimentos e pintura; etc.

Depreende-se daí que a cadeia de suprimentos relacionada à construção civil apresenta particularida-des inerentes ao seu sistema, em que as funções ligadas à manufatura possuem um peso mais significa-tivo em relação ao sistema como um todo.

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Agentes envolvidos na manufatura Na manufatura, isto é, dentro do canteiro de obras, existem vários clientes que devem ser atendidos com a mesma eficiência destinada ao cliente externo final, que é o objetivo de todo o esforço. Cada frente de serviço representa um cliente interno que deve ser suprido, tanto de área de trabalho, serviço e mão-de-obra como de matéria-prima para execução da respectiva tarefa. Estes clientes internos ou, melhor referindo, agentes internos que intervém no processo construtivo com a finalidade de fornecer algum tipo de serviço ou produto no transcurso do desenvolvimento do empreendimento, podem ser integrantes da própria empresa ou fornecedores externos a ela - terceirizados (outsourcing).

Fornecedores de ferramentas e equipamentos; fornecedores de serviços (mão-de-obra); fornecedores de materiais no canteiro; fornecedores de subsistemas (esquadrias, ferragem pré-pronta, elementos pré-moldados, etc.) são os agentes que irão interagir no processo como um todo, além dos agentes como os projetistas: arquitetônico, estrutural e instalações. Abaixo é apresentada a caracterização desses agentes:

• fornecedores de projeto: arquitetônico, estrutural e instalações;

• fornecedores de serviços técnicos especializados de infra-estrutura: levantamento topográfico, sondagens, terraplanagem, estaqueamento, etc.;

• fornecedores de serviços técnicos especializados de supra-estrutura: fôrmas, alvenaria, ferra-gem, gesso, revestimentos, instalações, etc.;

• fornecedores técnicos especializados: em métodos construtivos, orçamentos;

• fornecedores de ferramentas e equipamentos: gruas, empilhadeiras, guinchos, andaimes, escoramentos, elevadores de carga, balancins, vibradores, etc.;

• fornecedores de materiais: madeira, fôrmas e escoramentos, aço e armaduras, argamassas ensacadas, cimento e cal, concreto estrutural, elementos de alvenaria, componentes de instala-ções em geral, esquadrias, revestimentos cerâmicos, tintas, etc.;

• fornecedores de subsistemas: elementos pré-moldados - construção seca (dry construction), ferragem pré-pronta, elevadores, esquadrias, etc.

De outro lado, é claro que esses fornecedores internos, pertencentes ou não aos quadros da empresa, terão que ser supridos por outros fornecedores, os externos. Constituindo-se a etapa da administração de materiais ou suprimentos, onde ocorre o fluxo de materiais, componentes e serviços do ambiente externo à empresa, conseqüentemente, ao canteiro de obras, alimentando ou suprindo este com suas necessidades básicas. Portanto, todos os agentes envolvidos no setor construtivo, quer internos, quer externos, formam um sistema bastante complexo que requer um planejamento muito criterioso e um controle efetivo para proporcionar um nível de serviço adequado.

É necessário um gerenciamento eficiente e eficaz da cadeia de suprimentos para que se possa atingir o objetivo final, que é um produto com qualidade, produzido com custos compatíveis, com o mínimo de perdas e desperdícios e entregue dentro do prazo preestabelecido. Evidentemente, esse sucesso depen-derá somente dos meios que a empresa construtora utilize para coordenar e integrar todos estes agentes, fazendo com que trabalhem com um objetivo único, ou seja, a integração de toda a cadeia produtiva. Os meios que devem ser utilizados pela empresa passam necessariamente pela implementação de tecnologias de informação. Esta tecnologia de informação deve proporcionar a agilização de todos os processos envolvidos, assim como tornar eficiente a interação e a comunicação com todos os agentes integrantes do sistema, quer sejam internos, quer sejam externos.

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PROBLEMAS LOGÍSTICOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Introdução Anteriormente foram abordados os problemas crônicos relacionados à construção civil e as várias pos-síveis razões que conduziram aos mesmos. Sabe-se que o desempenho operacional do sistema produti-vo no setor da construção civil no Brasil não acompanhou a evolução que foi sentida nos demais setores industriais, convivendo ao longo dos anos com o desperdício e a improvisação dentro de seu ambiente construtivo. Sempre houve uma acomodação por parte do empresariado do setor que, de uma maneira condescendente, contabilizava a ineficiência e o desperdício no orçamento da obra em vez de procu-rar alternativas eficazes de melhorar o desempenho. I loje, com a pressão exercida pela competitividade, é exigida uma redefinição da estratégia de gestão da produção, caracterizada como a principal fonte de problemas. Esta nova postura deverá necessariamente encaminhar a uma eficiência operacional, melhoria da qualidade e redução de custos.

A administração dos canteiros na construção civil ao longo dos anos foi muito isolada dos processos decisórios da empresa, passando unicamente a cumprir determinações dos gabinetes, sempre muito dis-tantes do contato tísico e dos problemas rotineiros dos mesmos. Porém, com o processo evolutivo que vem ocorrendo nos últimos anos, esta situação tem mudado muito e a área da produção começa a ter prioridade total em função de uma pressão por competitividade, do aumento do potencial das novas tecnologias de processos e, principalmente, da conscientização da valorização do papel estratégico da manufatura (CORRÊA, et al.,1993).

A empresa, para garantir sua participação rentável no presente e no futuro, terá de conviver com mu-danças, seus agentes terão de procurar alternativas de melhoria contínua de suas atividades de maneira a gerar e agregar valor na forma dc serviços e produtos, obtendo, assim, vantagem competitiva ante concorrentes incautos e mais lentos.

A Logística da manufatura na construção: a principal fonte dos problemas Enquanto na indústria manufatureira seriada a logística possui três focos principais, que são a logística de suprimentos (externa), a logística de manufatura (interna) e a logística de distribuição (externa), no âmbito da construção civil esta divisão se reduz aos dois primeiros focos principais, que são suprimento e a manufatura. Este fato vem facilitar ou contribuir para um melhor desempenho, uma vez que poderá ocorrer uma concentração de esforços, num primeiro momento, direcionados apenas a duas etapas da cadeia de suprimentos inerente ao seu setor.

Porém, ainda que exista esta maior facilidade, deve-se ressaltar que a logística na construção civil encontra-se num estágio de evolução ainda muito precário em comparação aos serviços da indústria seriada. A construção civil necessita de uma melhoria contínua do processo construtivo e das condições gerenciais de seus canteiros de obras para que possa atingir objetivos como a agilização das atividades construtivas, aumento da produtividade e do nível de serviço e diminuição do desperdício.

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A característica da integração ou da visão integrada inerente de todo o processo logístico pode contri-buir significativamente com a el iminação dos desperdícios e a melhoria do resultado final, porém isso não pode ser confundido apenas como uma redução de custos individualizados ou discretos. Poderá haver certas situações em que o estudo das operações logísticas apontará para o aumento das despesas num determinado setor, e isso muitas vezes provoca, num primeiro momento, a rejeição do planejador/ administrador em relação àquele processo específico. Deve-se ter o discernimento c a percepção de que aquele processo executado naquele setor conduzirá à redução de custos em outros, de forma a encaminhar um produto que atenda plenamente às necessidades dos clientes - Princípio Trade-off.

Pode-se ilustrar esta consideração com uma situação onde os planejadores do empreendimento encon-tram-se no dilema de utilizar o sistema drywall com paredes ocas de gesso acartonado sustentadas por perfis metálicos e revestidas por painéis pré-fabricados, ou o sistema convencional de vedação. As paredes de gesso acartonado podem ser utilizadas em qualquer tipo de construção de interiores, seja na execução de paredes novas, seja apenas como revestimento de paredes tradicionais. As paredes de gesso acartonado podem ser definidas como um sistema constituído por perfis de chapas de aço zincado e placas de gesso acartonado, fixadas por meio de parafusos especiais. A zincagem fornece a proteção necessária contra a corrosão, requerida para os perfis metálicos.

Montagem de paredes internas drywall, gesso acartonado Fonle: Empresa Srtin

Num primeiro momento, o sistema convencional de vedação com alvenaria de cerâmica vermelha é à primeira vista mais barato e empregado tradicionalmente, fato que encaminha de início a uma prefe-rência. Porém, se for considerado que:

• no sistema drywall os componentes são recebidos separadamente, sendo que os perfis chegam em feixes amarrados e os painéis, em paletes, facilitando sobremaneira a armazenagem e o manuseio, encaminhando para perdas e desperdícios "zero";

• a montagem de uma parede drywall interna segue uma seqüência lógica com a instalação dos perfis metálicos, colocação dos painéis em um dos lados, passagem das tubulações hidráulicas, elétrica e de ar condicionado, fixação de camadas de lã de vidro para isolamento térmico-acústico; fechamento final da parede com a colocação dos painéis do lado oposto; esse proce-dimento eliminará retrabalhos com quebras para tubulações, conseqüentemente, encaminhando para perdas e desperdícios "zero";

• para o caso de paredes drywall externas, a colocação vai sendo efetuada de baixo para cima, acompanhando a execução da estrutura; os painéis vão sendo fixados nos pontos determina-dos e não há a necessidade de trabalhos (acabamentos) nas faces externas que já vêm previa-mente acabadas, el iminando o vaivém de operários em balancins, "chapiscando", rebocando, colocando massa, pintando, "pastilhando", etc., enfim, el iminando perdas e desperdícios.

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O empreendimento é erguido muito mais rapidamente, com menos riscos, menos barulho, menos sujeira, confusão e, certamente, com menores perdas e desperdícios e possibilidades de menores erros. Deve-se considerar também que o pessoal envolvido na construção é significativamente menor, refletindo em economia nos serviços de apoio como alojamento, refeitório, higiene (sanitários, chuveiros), equipamen-tos de segurança, etc. Todas essas despesas indiretas que num primeiro momento não são fáceis de quantificar tornam-se muito significativas e evidentemente embutidas nos custos totais da construção.

Principais ocorrências de perdas e desperdícios

Sabe-se que os grandes vilões da construção civil brasileira sempre foram as perdas e os desperdícios, os quais estão fortemente vinculados, sem dúvida nenhuma, a uma gestão logística pouco desenvolvida. Estes principais vilões se manifestam dentro do sistema produtivo de diversas formas, como, por exemplo:

• perda de materiais em transportes;

• perdas por superdimensionamentos como consumo excessivo de cimento ou outros aglomerantes por traços demasiadamente ricos;

• perda de materiais em correções de retrabalhos ocasionados por incontormidades com as especificações ou por baixa qualidade;

• perda de materiais ocasionados por problemas como ruptura de escoramentos, desaprumo e falta de esquadro em paredes, ondulações em revestimentos, vazamentos ou entupimentos de tubulações, pisos com caimentos invertidos, pinturas em superfícies despreparadas, etc.;

• tempo gasto com mão-de-obra para execução de retrabalhos;

• tempos ociosos de mão-de-obra devido à falta de "cancha" por deficiência no planejamento da produção;

• tempos ociosos de equipamentos por deficiência no planejamento da produção e/ou ausência de uma política de manutenção;

• compras feitas com base no menor preço, refletindo em insumos de baixa qualidade;

• programa de seleção, contratação e treinamento inadequado;

• falhas pós-transação, caracterizada por correções de imperfeições construtivas com custos ele-vados dentro dos prazos de garantia;

• atrasos de cronogramas, repercutindo em multas, custos financeiros, improvisações, horas ex-tras, etc.

Os desperdícios na construção civil são muito acentuados quando comparados com outros setores industriais. Considerando apenas os desperdícios físicos mensuráveis na produção, pesquisa conduzida [x?la Escola Poli-técnica da Universidade de São Riulo - EPUSP, no ano de 1998, para diferentes materiais e diversos canteiros de obras distribuídos em doze estados brasileiros, revela que, em média, são desperdiçados em torno de:

• 9 % de concreto usinado;

• 10% de aço; e,

• 17% de blocos ou tijolos, para citar apenas alguns materiais.

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Segundo C O U T I N H O e FERRAZ (1994), "o desperdício pode representar perdas de 2 5 % a 3 0 % do custo total da obra. A falta de projetos adequados e, principalmente, de planejamento contribui com 7 0 % deste problema, provocando erros, falhas, serviços desfeitos e refeitos, ou seja, um cons-tante retrabalho".

Definem-se perdas como qualquer ineficiência e/ou negligência no uso de materiais, mão-de-obra e equipamentos de forma a fazer com que sejam utilizadas quantidades superiores às efetivamente neces-sárias à produção de um referido bem, ou seja, utiliza-se mais quantidade sem, com isso, agregar mais valor ao produto. As perdas de determinado material são mensuradas em função da diferença entre as quantidades utilizadas e as previstas no projeto. Emprega-se como indicador referencial a relação entre essa diferença e a quantidade de material prevista, em forma de número percentual, denominando-se de índice de Perda.

Para F O R M O S O et al. (1996), as perdas e des|)erdícios de materiais podem se apresentar de diversas formas:

• por superprodução: ocorre pela produção de quantidades além das necessárias, como na pro-dução de argamassas e concretos em volume superior ao que será utilizado efetivamente no serviço executado ou em espessuras superiores ao projetado para o elemento estrutural e/ou de vedação;

• por transporte: associada ao manuseio excessivo ou inadequado de materiais em função de um mau planejamento de atividades ou de um layout de canteiro deficiente ou, também, na utili-zação de equipamentos de transportes inadequados;

• por substituição: na utilização de um material de valor ou característica de desempenho supe-riores ao especificado, como no caso de uso de argamassas e concretos com traço de maior resistência que a especificada;

• no estoque: decorre da falta de cuidados no armazenamento dos materiais e da falta de locais adequados para sua armazenagem, como no caso da deterioração do cimento devido ao armazenamento em contato com solo ou empilhamento muito alto;

• pela elaboração de produtos defeituosos (quando da fabricação de elementos que não aten-dem aos requisitos de qualidade especificados) com origem: na ausência de integração entre projeto e execução; nas deficiências em termos de planejamento e controle executivo; na utilização de materiais defeituosos; e na falta de treinamento de mão-de-obra, resultando em retrabalhos ou redução do desempenho do produto final;

• no procedimento com origem: na própria natureza das atividades envolvidas na realização do serviço ou na execução inadequada destas, ou seja, decorre da falta de procedimentos padro-nizados, da ineficiência dos métodos de trabalho, da falta de treinamento dos operários ou de deficiências no detalhamento e construtibilidade do projeto, sendo alguns exemplos a quebra de paredes rebocadas para viabilizar a execução de instalações, quebra manual de blocos devido à falta de meios blocos, etc.

Hoje, com a conscient ização do consumidor em relação aos seus direitos e ao aumento da competitividade, a preocupação com a qualidade dos produtos, com a diminuição dos custos e com o cumprimento dos prazos é uma premissa básica para que as empresas se mantenham no mercado. Portanto, torna-se necessário que a forma de gestão da produção no seu ambiente produtivo, o canteiro de obras, seja encarado como um diferencial estratégico e como tal mereça toda atenção técnica,

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gerencial e administrativa, que pode ser viabilizada de forma inequívoca pela administração através da tecnologia logística.

Contribuição da Logística na solução de problemas

A logística procura solucionar entre outros problemas o de desconti nu idade de produção e de estoques desnecessários, fatos que repercutem diretamente na produtividade e nos custos. Uma supervisão e um controle mais contundente entre atividades intervenientes irá minimizar problemas relacionados à desconti nu idade como a falta de "cancha", materiais e mão-de-obra. Por outro lado, irá também preve-nir problemas de interferências entre tarefas, fazendo com que a tarefa executada anteriormente se constitua na área de trabalho adequada para a tarefa posterior, impedindo retrabalhos e perdas de tempo. Estoques desnecessários são também fatores que dão origem a problemas sérios como deteriora-ção de materiais, ocupação de espaços preciosos no canteiro, ocupar recursos fora de hora, etc. U m outro aspecto que pode contribuir significativamente para minimização dos problemas é a escolha de técnicas construtivas e relacionamentos com fornecedores baseados em inovações tecnológicas.

Sendo assim, são necessárias e imprescindíveis medidas prévias para encaminhar uma construção a bom termo através de um planejamento criterioso que envolva fatores importantes e fundamentais, como:

• projetos construtivos das diversas disciplinas perfeitamente compatibilizados e detalhados, es-pecialmente entre as interfaces;

• projetos construtivos com definição clara da previsão dos prazos de execução das tarefas;

• controle logístico rigoroso e contínuo de todas as atividades dentro do canteiro, de maneira que o fluxo dessas atividades ocorra com o mínimo de interferências;

• conhecer índices de produtividade das equipes e a qualidade dos serviços para o dimen-sionamento correto das mesmas;

• escolha adequada de técnicas construtivas, compatíveis com os aspectos logísticos-estruturais e especialmente com os prazos de execução;

• formação de parcerias estratégicas com os fornecedores, baseadas na confiança mútua;

• adoção de sistemas e tecnologias de informação que promovam o fluxo dessa informação de maneira ágil e eficiente, tanto interna como externamente.

Resumindo e direcionando a logística aplicada à construção civil, diz-se que é o processo de planejar, implementar, integrar e controlar, de forma eficiente e eficaz, o fluxo de recursos materiais e humanos, de serviços, de armazenagens e de informações associadas, a partir dos fornecedores até o cliente final, objetivando, com isso, o atendimento às necessidades desse cliente. Deve-se destacar que entre os extremos "fornecedores" e "cliente final" existe uma gama muito grande de "clientes intermediários" dentro da cadeia de suprimentos, que devem ser atendidos coordenados e integrados com o mesmo interesse, pois somente assim os objetivos pretendidos serão alcançados.

Dessa forma, para implementação de uma administração logística num sistema construtivo, previamente, devem ser tomadas medidas mais amplas relacionadas com atividades relevantes as quais compreendem:

• planejamento e gestão da produção;

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• planejamento do canteiro de obras;

• provisão de recursos materiais;

• provisão de mão-de-obra qualificada; e

• fluxo de informações eficiente associado a uma tecnologia de informação compatível.

As atividades de suprimento e armazenagem de materiais, transporte e movimentação e circulação no canteiro de obras, segundo FARAH (1992), são consideradas pontos de estrangulamento importantes na atividade da construção civil. Por outro lado, LAUFER (1985) afirma que, apesar de os materiais terem maior participação no custo final da obra, é a mão-de-obra que faz movimentar os materiais e impulsi-ona a manufatura, residindo aí o maior potencial de redução de custos e aumento da eficiência, sob o controle do gerente da obra e sendo dele que depende a eficácia do objetivo a ser atingido.

Entende-se que ambas as considerações são extremamente fundamentadas e é onde reside efetivamente o ponto merecedor de todas as atenções e de uma forma contundente. Deve-se considerar, por outro lado, que para possibilitar essa tomada de ação são necessários um grande controle, coordenação e integração de todos os agentes envolvidos no processo, tanto os internos como os externos. E é essa exatamente a finalidade de um processo logístico, que embasado em sua metodologia operacional e, com certeza, numa tecnologia de informação eficaz, pode tornar possível alcançar o objetivo pretendi-do. Mas para isso é necessária a conscientização dos problemas existentes, das ferramentas que possam solucioná-los e, principalmente, da determinação em atingir os objetivos propostos.

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INTRODUÇÃO DA LOGÍSTICA NO SISTEMA CONSTRUTIVO

Objetivos da Logística A Logística Empresarial tem como meta prioritária o atendimento às necessidades do cliente final. Tor-na-se necessário, no entanto, que objetivos intermediários sejam antes atingidos ao longo da cadeia do sistema produtivo. Entre esses objetivos, propiciados por um planejamento contínuo e integrado das diversas atividades logísticas do sistema, podem ser citados, basicamente:

• A simplificação do processo de gestão - Planejamento Logístico Prévio

A simplificação do processo de gestão é obtida através do planejamento criterioso do ambiente produtivo, o qual deverá estar perfeitamente adequado às especiíicidades do que será produzido. Esse planejamento inicia-se evidentemente muito antes da construção propriamente dita, ou seja, na fase da elaboração dos projetos através da integração dos mesmos com o objetivo de melhorar os processos já nessa fase. É o que se pode chamar de "Planejamento Logístico Prévio". Sabe-se que um dos problemas que afetam de maneira significativa a continuidade produtiva na construção é a falta de integração entre os projetos intervenientes, e isso tem reflexos diretos em todas as etapas subseqüentes de produção. Uma vez planejada essa primeira fase, parte-se para a elaboração do planejamento da produção (projeto construtivo), do planejamento da programação do fluxo de suprimentos para cada uma das etapas previstas no projeto construtivo (materiais, serviços e mão-de-obra), necessárias à produção no tempo e no espaço, e da avaliação do desempenho dos processos. U m fluxo de serviço bem planejado, suprido adequadamente de suas ferramentas básicas, que são materiais e mão-de-obra, irá redundar em redução de tempo improdutivo, perdas e retrabalhos.

• Redução dos recursos humanos - Processos de Industrialização

Pôde-se perceber, pelo que foi visto até então, que a função fundamental da logística é o planejamento, coordenação e o controle do fluxo de materiais, serviços e mão-de-obra, e isso, por si só, já encaminha a uma otimização do recurso "mão-de-obra". Ainda assim, hoje existem à disposição dos construtores inúmeras tecnologias construtivas baseadas em "Processos de Industrialização" ou Construção Enxuta (Lean Construction) e que apresentam um grande potencial para redução dos recursos humanos. Essas tecnologias, além de tornar os canteiros de obras mais "limpos e organizados", reduzem sensivelmente o retrabalho, a quantidade de mão-de-obra e a movimentação de materiais no canteiro. Sendo assim, a utilização da mão-de-obra para atividades que não agregam valor como retrabalhos, carga/descarga de insumos, deslocamentos de estoques flutuantes, falta de unitização de insumos recebidos e de emprego na produção, podem ser reduzidos ao máximo. Isto pode ser obtido através de um bom planejamento inicial do empreendimento com a escolha dc tecnologias mais adequadas, além evidentemente de uma perfeita racionalização das atividades rotineiras previstas no fluxo de suprimentos. Estes aspectos todos, ainda associados a uma coordenação e integração perfeita das diversas especialidades de projetos, trará, indubitavelmente, muitos reflexos positivos em relação à redução dos recursos humanos e, conse-qüentemente, dos recursos físicos de apoio.

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• Redução de estoques - Sistemas de Parcerias

Com relação à redução de estoques, uma programação bem planejada em cima de previsões criteriosas e perfeitamente ajustadas (características just-in-time) e um acompanhamento rigoroso do processo, conduz a uma sensível redução de estoques, propiciando um ambiente produtivo com mais espaço para produção e menos interferências. Uma estratégia que também pode contribuir sensivelmente para redução dos estoques é o "Sistema de Parceria" (Efficient Consumer Response - ECR) com fornecedores, onde, teoricamente, os estoques são transferidos para o fornecedor até o momento exato do suprimento dos clientes por estes.

• Tempo de atendimento a pedido (lead time) mais curto e confiável - Sistemas de Parcerias

A redução do lead time no atendimento de pedidos pode ser obtida através de um controle eficaz de todas as atividades que envolvam utilização de insumos e uma antecipação a estas necessidades, procu-rando sempre, o quanto possível, a minimização dos estoques. Pode também ser obtida por meio do planejamento inicial de todos os quantitativos projetados para o empreendimento e, em cima disso, efetuar os "Sistemas de Parcerias" com fornecedores, os quais se comprometem com o fornecimento previamente programado e garantido ao longo da execução da obra. Normalmente, as empresas cons-trutoras possuem vários empreendimentos simultâneos, fato que possibilita o levantamento de grandes quantitativos de materiais, fornecendo economia de escala e, conseqüentemente, um bom poder de barganha na negociação com parceiros/fornecedores. O u seja, fornecimento confiável no tempo e no espaço para o cliente, em troca da colocação garantida do seu produto no mercado. A outra grande vantagem do sistema de parceria, já mencionada, é a transferência da responsabilidade da armazena-gem para o fornecedor, reduzindo estoques.

• Aumento da produtividade e do nível de serviço com diminuição de custos e reflexos na competitividade - Tecnologia de Informação

Escolha de técnicas construtivas racionalizadas baseadas na pré-industrialização (Processos de Industriali-zação); materiais sempre na quantidade, qualidade, lugar e momento certos (Sistemas de Parcerias); man-ter informações e acompanhamento de todos os relacionamentos e processos on-line através de uma "Tecnologia de Informação" bem desenvolvida; equipes bem dimensionadas e qualificadas; o controle e planejamento efetivo entre atividades interdependentes e intervenientes; minimização de retrabalhos ou de atividades que não agregam valor; enfim, um perfeito planejamento logístico certamente encaminhará a uma minimização dos custos e a um aumento da produtividade e do nível de serviço.

Pode-se sintetizar dizendo que, sendo essas as metas a serem alcançadas pela implementação efetiva de uma metodologia logística na cadeia de suprimentos de um processo construtivo, basta que sejam seguidos seus preceitos básicos com perseverança e determinação que todas elas serão atingidas, pro-porcionando, por conseqüência, aumento da produtividade e a maximização do nível de serviço em consonância com a minimização dos custos de produção.

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PLANEJAMENTO LOGÍSTICO PRÉVIO DO EMPREENDIMENTO

Introdução No Brasil o planejamento prévio de um empreendimento ainda não é considerado uma questão prioritária, não sendo atribuído o devido destaque do qual ele é merecedor. Salvo em raríssimas exceções, o planejamento das construções em geral tem sido relegado a um plano secundário. No Japão, por exemplo, cerca de 6 7 % do tempo é gasto com planejamento, enquanto 3 3 % do tempo é consumido com execução. Enquanto os japoneses consomem um ano para planejar e seis meses para construir uma obra, no Brasil o planejamento é efetuado em um mês e a construção se processa em mais de um ano, porém a manutenção através de consertos para corrigir falhas de projeto é feita por tempo indeterminado. Melhor planejamento, melhor aproveitamento de tempo e menores preocupações pós-entrega com correções, com economia de custos ( JURAN, 1993).

Deve-se ter em mente que as falhas de concepção de projetos geralmente apresentam conseqüências muito mais significativas que as não-conformidades de materiais ou de serviços. Estima-se que 5 0 % da qualidade de um produto/edificação tem sua base nas atividades de planejamento e projeto. A execu-ção irá responder aproximadamente por 25%, enquanto os restantes 2 5 % serão dependentes dos mate-riais, do uso e da manutenção da construção (CEB, 1982).

Planejamento logístico - estudo de caso Para elucidar as considerações acima, relacionadas à importância fundamental que representa um bom planejamento prévio, será tomada como exemplo a construção convencional de um edifício comercial com dez pavimentos, onde cada pavimento fx>ssui 600 metros quadrados e área útil de 260 metros quadrados por conjunto, totalizando 6 mil metros quadrados construídos em um terreno de 800 metros quadrados. Esse edifício foi construído em um bairro predominantemente residencial de alto padrão e que jx>ssui apenas um núcleo comercial ini|X)rtante. A incorporadora resolveu apostar no bairro, levando em conta o número consi-derável de empresários que lá residem e a sinalização de algumas imobiliárias que foram consultadas (pesquisa de mercado). A sondagem em imobiliárias a|X)ntou para a necessidade de edificações que tivessem salas maio-res do que as oferecidas [x^los prédios comerciais das regiões circunvizinhas (GARCIA, 2003).

Desenvolvimento do projeto

Para a minimização dos riscos de improvisações e transtornos durante a execução da obra, todas as definições relevantes, que envolvem aspectos altamente interíerentes no processo de produção, foram tomadas no período de concepção de projetos. Dessa forma, antes mesmo de a obra ser iniciada já se sabia que seria empregado piso elevado e ar-condicionado central, por exemplo. Medidas relativas à logística e administração também já estavam definidas, como velocidade de construção e fluxo de caixa para acerto prévio com incorporação, além de definições práticas como o tipo de transporte vertical, etapas da construção, técnicas construtivas, o momento que cada sistema seria executado, pré-requisi-tos e caminho crítico da obra.

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O tempo de desenvolvimento do processo de projeto se prolongou por oito meses. Rara esse caso específico, os pontos de fundamental importância foram: a definição das diversas etapas e as respectivas verbas necessárias para execução; o custo global; o prazo; e a qualidade do serviço acabado. O desafio foi encontrar um ponto de convergência entre qualidade do serviço acabado sem retrabalhos, custo de execução da etapa e seu reflexo global no prazo de execução. O objetivo das análises, mencionadas antes, foi evitar que um ou outro método construtivo adotado alterasse o planejamento a ponto de ter reflexos no custo global. Isto pode se refletir no caso de sistemas mais baratos isoladamente, mas que possam ter execução mais lenta ou gerar perdas indiretas de custo fixo (método das compensações -trade-off). Pode-se exemplificar o que foi dito através da opção feita pela laje de concreto armado com áreas grandes, sem muitas vigas. O consumo maior de concreto onerou o orçamento em um primeiro momento, mas possibilitou um ganho significativo nas instalações em virtude da não-interferência com a estrutura. Isso proporcionou uma grande facilidade operacional com todas as interfaces das demais instalações que ficam no forro, como dutos de ar-condicionado, instalações elétricas, o próprio reator da luminária e a hidráulica do banheiro do conjunto superior. O detalhamento e a preocupação foram de tal ordem que alguns itens relacionados à economia do condomínio também foram pensados na concepção do projeto, como, por exemplo, o emprego de um sistema na cobertura para instalação de equipamentos que facilitem a limpeza da fachada. Abaixo é apresentado um fluxograma básico para um planejamento prévio:

Orçamento em conformidade com a viabilidade

Fluxograma de planejamento básico de uma edificação

Fonlc: Revista Construção Morc.nh, n" 23, junlx> 2003

» Açóes corretivas

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Desenvolvimento da execução

Foi definido o orçamento, estipulado o fluxo de caixa do empreendimento junto à incorporação e aprovado o cronograma fixo de execução; a próxima etapa ficou a cargo do setor de suprimentos. Todas as contratações foram realizadas pelo escritório central, permitindo assim uma economia de escala e facilitando a negociação de melhores preços com empreiteiros de mão-de-obra, já que a empresa possui várias obras em andamento.

A produção da obra seguiu fielmente o orçamento que era atualizado a cada três meses, havendo um cuidado especial com os quantitativos de material. O acompanhamento dos custos, porém, era realiza-do mensalmente e esteve diretamente relacionado ao planejamento físico da obra.

A logística de execução foi planejada antes do orçamento e definições como procedimentos na obra, recebimento de materiais, proteções coletivas, equipamentos empregados e mudanças no layout do canteiro acompanhando o desenvolvimento da obra aconteceram como planejado. A construtora evi-tou a formação de grandes estoques, pois além de antecipar desembolso, essa prática onera a obra em outros aspectos como aumento da possibilidade de perdas e movimentações. O canteiro sofreu mudan-ças ao longo da execução: inicialmente permaneceu em determinado local até a execução da laje do térreo, onde ali foi instalado, procedimento comum em áreas restritas de execução de obras.

A comunicação entre canteiro e escritório se deu por meio de um sistema on-line via computadores, com conexão de alta velocidade, viabilizando a transmissão de dados e documentos. Todas as atualiza-ções relacionadas ao planejamento, suprimentos e demais informações foram efetuadas por meio do sistema.

Com relação aos materiais, a empresa trabalhou por meio de requisições com antecedência de 15 dias antes da data pré-definida no planejamento para entrega do insumo. O escritório comprava e comuni-cava à obra a data da entrega. A obra transcorreu dentro de todas as previsões e o principal motivo para isso foi o planejamento adequado e também o fato de os incorporadores não solicitarem qualquer tipo de alteração do que foi efetivamente planejado durante a execução da mesma.

Resumindo, atrasos, desvios nos custos e aproveitamento inadequado de recursos disponíveis para a produção são problemas característicos de empresas que não planejam ou planejam mal seus empreen-dimentos. A atividade de planejamento representa a linha divisória entre a obra bem-sucedida e a de má qualidade, com todos os prejuízos conseqüentes. Sendo assim, é fator primordial uma atenção toda especial no planejamento do processo de produção das obras, enfatizando ações como implantação de sistemas de qualidade, projetos compatibilizados e bem elaborados, sistemas construtivos racionaliza-dos, fluxo de suprimentos eficientes, canteiros de obras limpos e organizados e obras bem administra-das em todos os aspectos.

D e s e n v o l v i m e n t o d o p r o c e s s o d e p r o j e t o

Historicamente a indústria da construção civil, em especial o subsetor de edificações, não tem como principal prioridade o foco na fase de elaboração de projetos, sendo que muitas vezes a obra já se iniciou sem que os mesmos estivessem totalmente concluídos. Evidentemente, esse fato conduz a sérias dificuldades de execução e de continuidade produtiva. Podem ser citados como os principais proble-mas originados por essa desconsideração:

• Reflexo direto nos custos de execução motivado por soluções de projetos não-otimizadas.

• Freqüentes erros de execução por falta de detalhamento e interferência dos projetos.

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• Quantificações e compras de materiais erradas por falta de informações nos projetos.

• Interrupção dos serviços por descompatibilidade entre projetos ou até falta dos mesmos.

• Desperdícios de materiais pela falta de modulação ou otimização geométrica do projeto e seus componentes.

Porém, a competitividade está mudando essa mentalidade. Hoje as empresas construtoras estão cada vez mais investindo para melhorar os processos na fase de projeto, pois estão percebendo que os refle-xos são diretos cm todas as etapas subseqüentes de produção. Existem duas considerações fundamentais a serem observadas no processo de projeto que são relacionadas às interfaces decisórias, as quais devem ser harmonizadas (FONTENELLE et al., 2003):

• Interface produto/projeto: envolve a conceituação do empreendimento; tipologia do edifício e definição dos equipamentos/serviços dos ambientes coletivos e privativos; flexibilidade de op-ções de plantas e acabamentos; especificações de materiais e dos equipamentos dos sistemas prediais; exigências de desempenho.

• Interface projeto-produção: envolve normas técnicas aplicáveis; seleção tecnológica; resolu-ção das interfaces nos subsistemas entre as diversas disciplinas de projeto e/ou entre agentes envolvidos; consideração das tecnologias construtivas no desenvolvimento dos projetos; quan-titativos dos materiais e componentes.

Fases do desenvolvimento do processo de projeto Qualquer tentativa de melhorar a gestão de projetos deve partir de um fluxo base composto de várias fases que atendam aos interesses e necessidades de todos os agentes envolvidos, desde o empreendedor até o cliente que irá adquirir o produto. U m aspecto fundamental em todas as fases é a necessidade de sistematização das informações com o universo dos envolvidos, especialmente com relação à caracte-rização do produto e também com relação à escolha das tecnologias. Abaixo será apresentada uma proposta de fluxo base (FONTENELLE et al., 2003).

• Fase do Planejamento Estratégico

- definição de metas de empreendimento a desenvolver na empresa para cada tipologia de pro-duto (comercial, residencial, industrial);

- definição de estratégias de competição em cada segmento de produto e dos meios para atuar em cada uma.

• Fase do Planejamento do Empreendimento

- prospecção de terrenos disponíveis para compra/permuta, em função das metas de empreendi-mentos definidas no Planejamento Estratégico;

- verificação dos potenciais construtivos nos terrenos disponíveis (estudos analíticos e de massa);

- análise de viabilidade técnica, econômica e comercial do produto;

- aprovação da compra do terreno.

• Concepção do Produto

- caracterização completa do produto pelo ponto de vista das necessidades dos clientes;

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- desenvolvimento, pela Arquitetura, de alternativas preliminares de concepção e implantação do produto no terreno;

- escolha da alternativa;

- configuração "macro" dos aspectos arquitetônicos com as necessidades (espaços e elementos) inerentes às outras especialidades de projeto;

- aprovação do estudo preliminar de arquitetura (memorial prévio).

• Anteprojeto do Empreendimento

- formalização da composição estrutural sobre o anteprojeto de arquitetura;

- definição da tecnologia construtiva dos subsistemas e análise e compatibilização inicial de suas principais interfaces;

- estudo geral dos sistemas prediais sobre o anteprojeto de arquitetura, compatibilizado com o anteprojeto de estrutura;

- compatibilização da interface dos projetos para produção com os projetos do produto nas várias especialidades;

- consolidação técnica e econômica do produto, permitindo avaliações iniciais sobre a qualida-de do projeto, preço de venda e custo da obra.

• Projeto Legal

- apresentação do anteprojeto de arquitetura sob a forma de projeto legal para aprovação nos órgãos públicos;

- registro da incorporação no cartório de registro de imóveis;

- desenvolvimento do material promocional do empreendimento e da documentação para ven-da das unidades;

- lançamento comercial do empreendimento.

• Projeto Executivo - projetos para produção

- resolução de todas as interfaces entre projetistas, a partir da definição completa e detalhada de todas as tecnologias construtivas e especificações, de modo a possibilitar o desenvolvimento indi-vidual de cada especialidade de projeto;

- representação final dos produtos de projeto de cada especialidade, incluindo os projetos para produção (na medida de sua necessidade ao início das obras), com o predomínio de atividades individuais dentro de cada escritório de projeto;

- entrega final dos projetos detalhados antes do início das obras.

Estruturação das fases do desenvolvimento do projeto As etapas de desenvolvimento do projeto nas empresas são, em linhas gerais, estruturadas através: da pesquisa de mercado; análise de viabilidade para aquisição de terreno para incorporação; do

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desenvolvimento do projeto legal com lançamento do empreendimento; e dos projetos executivos e projetos para a produção ( F O N T E N E L L E , 2003).

Período de incorporação e lançamento

Período de desenvolvimento de projetos detalhados para início da fase de produção

4. Projetos Executivos e Projetos para Produção • Preparação: sistematização de informações para inicio dos projetos executivos

• Projetos pré-executivos • Projetos executivos finais, detalhamentos e conclusão dos projetos para produção

• Etapa da pesquisa de mercado: esta etapa é a interface entre o mercado e o empreendedor; pode ser chamada de interface com o cliente, que intermedeia as reais necessidades e condições dos clientes e o desenvolvimento de um projeto. A etapa da pesquisa de mercado é um pré-requisito para definição precisa do produto imobiliário, especialmente para direcionar a compra de terrenos que atenda às especificidades do empreendimento desejado para a região pretendida. O processo de aquisição do terreno pode-se dar de duas maneiras:

- para situação considerada ideal, onde a procura por terreno é direcionada pelos produtos que a empresa deseja lançar;

- para situação mais comum, em que os produtos são desenvolvidos a partir de terrenos ofertados à empresa, cabendo apenas a verificação da adequabilidade do terreno aos produtos desejados e o estudo rápido da região em que ele se localiza.

• Etapa da análise de viabilidade para aquisição de terreno para incorporação: nesta etapa deve ser efetuada uma sistematização de todos os passos e cuidados necessários antes da aquisição de um terre-no para a incorporação. A verificação dos aspectos legais do terreno que tem como objetivo a análise da documentação legal do imóvel e de seu vendedor. Já a verificação das restrições legais para a edificação e condições físicas do terreno, que é responsabilidade da gerência de projetos, levanta as restrições legais para a edificação junto aos órgãos municipais e estaduais, além das condições físicas do terreno, in loco. Entre as restrições legais para edificação (variam de acordo com o código de edificação das cidades e com as condições físicas do terreno antes da aquisição) podem ser citadas, entre outras:

- código de zoneamento, parcelamento, uso e ocupação do solo;

- consulta à secretaria do meio ambiente, caso seja necessário interferir na vegetação;

- consulta à engenharia de tráfego municipal, quando previstas mais do que 500 vagas de garagem;

- consulta ao plano de proteção aos aeroportos, em regiões próximas a aeroportos;

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- consulta ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico regional, quando a um raio de 300 m de áreas de tombamento;

- levantamento planialtimétrico;

- sondagem;

- interferência com vizinhos.

Após essas duas verificações deve ser elaborada uma espécie de memorial prévio com um conjunto de definições ligadas à composição dos ambientes do produto em todos os seus pavimentos, aos seus acabamentos, bem como as definições gerais de instalações e equipamentos. Este procedimento servirá como diretriz para elaboração dos projetos e com base nele o arquiteto contratado desenvolverá um estudo preliminar do pavimento-tipo, junto com a implantação do pavimento térreo e subsolo (anteprojeto). A partir daí, o gerente comercial saberá se as áreas resultantes do estudo estão dentro de padrões que viabilizam comercialmente o empreendimento. Isto pode ser verificado sem que se avance muito no desenvolvimento do projeto, o que se tornaria mais oneroso.

É importante que instrumentos de gestão da qualidade sejam aplicados já no período de incorporação imobiliária, dando maior consistência à viabilidade do empreendimento. Nesse sentido, investimentos prévios, como consulta a um projetista de fundações, levantamentos planialtimétricos, sondagens e consultas jurídico-legais, devem ser efetuados e são certamente muito válidos. O conceito que deve ser adotado pelas empresas de ponta é que o sucesso de um empreendimento começa pela definição correta do produto, seguido da aquisição do terreno compatível para ele.

• Etapa do desenvolvimento do projeto legal e lançamento do empreendimento: esta etapa se inicia após a aquisição do terreno; é exigida a participação antecipada dos principais escritórios de projetos das várias especialidades. Este procedimento faz com que as interfaces técnico-construtivas que interfe-rem na composição arquitetônica sejam definidas com maior precisão. O departamento de projetos da empresa executa atividades extremamente importantes para o processo de incorporação e lançamento de um empreendimento e estas atividades podem ser descritas de uma forma resumida, como:

- Coordenação da elaboração do projeto legal e aprovação: contratação de empresa de arquitetura para elaboração do projeto legal e sua aprovação pelos órgãos públicos, baseado no que foi definido no memorial prévio, devendo elaborar cronograma e fornecer todos os dados de entra-da necessários. Uma cópia do Projeto Legal deve ser enviada ao Gerente de Orçamentos e Custo para elaboração do Caderno de Orçamento.

- Emissão do Caderno de Especificação do Produto: constitui um conjunto de documentos que consolida todas as informações do produto a ser comercializado e que contém a descrição geral da composição de todos os pavimentos do produto, incluindo suas áreas e instalações. O memorial descritivo é o documento que descreve, para cada ambiente comum e privativo, todos os tipos de materiais que compõem os pisos, rodapés, paredes, tetos, esquadrias, ferragens, louças, banca-das, entre outros. Apresenta também as especificações básicas de acabamento por tipo de materi-al, descrevendo com mais detalhes as linhas e cores e seus fabricantes/fornecedores. A planta básica e as possíveis alternativas de plantas. A listagem de vagas de garagem para cada unidade e suas plantas.

- Coordenação da elaboração das Plantas de Vendas: solicitadas junto ao projetista de arquitetura. É o documento que define áreas e layout das unidades que compõem o produto.

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- Coordenação da elaboração do Material Informativo do Produto: contratação de empresas para produção de material gráfico, plantas humanizadas, perspectivas e maquetes. Todos os dados de entrada necessários são fornecidos, os quais ficam listados no formulário.

- Coordenação da elaboração do projeto do estande de vendas: elaboração ou contratação do projeto do estande de vendas, se solicitado pelo gerente comercial.

• Etapa dos projetos executivos e projetos para produção: esta etapa se inicia com uma subetapa de preparação em que são coletadas e repassadas aos escritórios de projeto contratados as informações necessárias para o início dos projetos executivos e para produção. Uma descrição resumida dessa subetapa seria:

- Recolher e consolidar todas as informações existentes que estejam diretamente ligadas à defini-ção do empreendimento, como: folder de venda, memorial descritivo, sondagem e levantamento planialtimétrico, projeto de prefeitura, parecer técnico de elevadores.

- Elaborar o memorial prévio para o projeto executivo e complementar com os seguintes cader-nos, documentos e informações: cadernos de diretrizes de projeto, cadernos de detalhes padrão, caderno de ambientes, cadernos de recomendações para deficientes físicos, normas e procedi-mentos para apresentação de projeto, check-list para conclusão de projetos, necessidades de procedimentos de execução, informações básicas sobre o empreendimento, planta referencial de arquitetura na escala 1:50, cronograma preliminar de projetos. Deve-se destacar que todas as informações contidas no memorial prévio, antes, devem ser estudadas e analisadas, pois caso as informações não estejam corretas ou completas, estas devem ser enviadas ao departamento de arquitetura para ser corrigidas, atualizadas ou complementadas.

- Uma vez concluído o memorial prévio, este se torna definitivo e deve-se proceder à contratação dos projetistas, considerando: a manutenção da mesma equipe de projetistas dos estudos prelimi-nares, o equilíbrio do volume de trabalho de projetistas com as obras cia empresa, os índices históricos de preços das propostas dos parceiros cm empreendimentos anteriores.

- Solicitar, oficialmente, a apresentação das propostas para os projetistas e fornecer as informa-ções necessárias para o conhecimento do empreendimento.

- Analisar as propostas e negociar os valores de contratação dos serviços. Acordadas as condições do contrato, entregar ao projetista o memorial definitivo e o complemento.

- Formalizar a contratação. Poderão ser negociados os seguintes projetos: arquitetura, vedações, estrutura, fundações e contenções, instalações hidrossanitárias, elétricas e de telecomunicações, exaustão e ar-condicionado, paisagismo, decoração, drenagem, impermeabilização, isolamento termoacústico e coberturas.

U m ponto de fundamental importância nessa etapa é que, antes do desenvolvimento individual de cada pavimento, ocorra a sistematização das possíveis interferências entre as várias especialidades de proje-to, evitando-se que o detalhamento completo tenha que ser revisto mais adiante. Esta fase se caracteriza como uma interface entre os projetistas, ou seja, relaciona-se com a coordenação na atuação dos projetistas e no desenvolvimento das diferentes disciplinas de projeto.

Uma vez transmitidas as informações necessárias, os vários projetos são desenvolvidos em um grau crescente de detalhamento, em duas subetapas que constituem os projetos pré-executivos e projetos executivos finais e detalhamentos que incluem a finalização dos projetos para produção.

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Através da definição do processo de projeto foi elaborado um fluxograma do mesmo, considerando todas as etapas e suas estruturações, conforme figura abaixo:

Fluxograma dc fluxo do processo dc projeto

Fonte: AunciljM (1997)

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Com o desenvolvimento de todas as etapas mostradas no fluxograma anterior, o processo de projeto proporcionará a compreensão para o acompanhamento e execução da obra de uma forma mais clara, reduzindo a possibilidade de dúvidas e contratempos extremamente prejudiciais à continuidade execu-tiva. Os responsáveis pelos projetos ou, se for o caso, o coordenador de projetos devem fiscalizar a execução em determinados estágios-chave e também prestar assistência técnica em caso de dúvidas ou interferência de projetos, as quais possam não ter sido percebidas durante a compatibilização dos mes-mos. Com isso, abandona-se a maneira tradicional de conduzir um processo construtivo, em que a responsabilidade do projetista praticamente terminava quando da entrega do projeto ao cliente.

Procedimentos do processo logístico O processo logístico atravessa todas as áreas funcionais da empresa, criando importantes interfaces, as quais devem ser planejadas através de uma visão global integrada, conforme mencionado anteriormente, antes mesmo da fase de elaboração dos projetos. A gestão de atividades de forma isolada pode produzir um desem-penho global ineficiente. A principal virtude da logística é o enfoque sistêmico que ela fornece ao fluxo de atividades, procurando sempre a perfeita coordenação e integração entre as interfaces. Portanto, é preciso criar uma nova mentalidade que admita que o sucesso do empreendimento independe da concorrência de metas de cada atividade, mas sim da capacidade de sincronizar todos os elos da corrente num único mecanismo, capaz de gerar o benefício geral, que é a elaboração de um produto que atenda às necessidades do cliente.

Sendo um empreendimento de construção pertencente à classe de sistemas, considerado dinâmico, complexo e constituído de vários componentes interdependentes e intervenientes, é fundamental que seja efetuada uma análise de sistemas em estudos de avaliação e melhoria de processos.

A introdução de uma administração logística num sistema produtivo não deve ser restrita ao fluxo de materiais e componentes, da armazenagem e do abastecimento dos postos de trabalho; vai mais além sua abrangência, devendo incluir a gerência do fluxo de serviços, mão-de-obra e informações relacio-nadas. Dentro do fluxo de atividades de uma obra como, por exemplo, o desenvolvimento de uma edificação, o operador logístico deverá acompanhar e coordenar através de uma sincronia perfeita todas as equipes estanques, porém, interdependentes como as fases de infra-estrutura: equipes de loca-ção, sondagem, execução de estacas, blocos, alicerce, cintas, etc.; supra-estrutura: confecção de fôr-mas, colocação da ferragem, fornecimento e aplicação do concreto, elevação da alvenaria, emboço, reboco, revestimento ou pintura, procedimentos de alvenaria estrutural e construção enxuta, etc. Isto é, administrará a coordenação e integração das várias frentes de serviços interdependentes, elaborando previsões antecipadas e programação das diversas frentes de trabalho dentro do canteiro.

Planejamento logístico inicial de um empreendimento Para que sejam obtidas todas as vantagens quando da utilização da tecnologia logística é importante que se comece a pensar e agir através de um planejamento integrado dos atributos envolvidos, desde a fase inicial da concepção do sistema construtivo a ser implementado. SPOSTO et al. (2001) elaboraram um roteiro de planejamento (adicionado pelo autor), com bases semelhantes ao processo de projeto já analisado, e que objetiva uma otimização de todo o sistema construtivo de um empreendimento a ser desenvolvido, começando pela concepção estratégica da administração da empresa.

• Administração da Empresa:

- preocupações e ações na administração da empresa quanto à qualidade do processo construti-vo e do produto final;

- preocupações e ações na administração da empresa quanto à preservação de recursos naturais e do meio ambiente.

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• Planejamento do Empreendimento:

- realização de estudo mercadológico para definição de aspectos gerais do empreendimento em função do nicho para o qual o mesmo é pretendido, particularmente quanto à tipologia, padrão de acabamento e equipamentos instalados;

- definição de processos e tecnologias construtivas e materiais com base na busca dc uma minimização dos recursos a serem utilizados durante a execução do empreendimento;

- definição de processos construtivos e materiais em função do impacto ambiental causado pela produção e uso dos materiais e equipamentos previstos;

- estabelecimento de prazo contratual de construção compatível com o porte do empreendimen-to, nível técnico-gerencial da empresa e cronograma de aporte de capital;

- estabelecimento de uma seqüência de serviços que considera as interações existentes entre os mesmos, evitando-se a destruição parcial ou total de serviços executados anteriormente para realização de outros subseqüentes (retrabalhos).

• Projetos:

- utilização de critérios técnicos para contratação de projetistas, particularmente com relação à capacidade de otimização dos projetos envolvidos e a parceria existente junto à empresa constru-tora;

- apresentação completa e clara aos projetistas das características técnicas relativas ao empreen-dimento;

- participação ativa da empresa construtora sobre as diversas decisões presentes no desenvolvi-mento dos projetos;

- preocupação ao longo das definições de projetos quanto à minimização dos recursos emprega-dos e resíduos gerados para construção do empreendimento;

- realização de revisão e estudo de compatibilidade dos projetos;

- elaboração de projeto para produção bastante detalhado.

• Materiais e Componentes:

- adoção de parcerias com fornecedores de materiais e componentes;

- controle da qualidade do material adquirido, seja por parceria com fornecedores para controle durante produção, seja por certificação do produto, seja por verificação própria;

- verificação da quantidade e qualidade de material entregue ante aquela especificada em nota fiscal ou documento equivalente - essa atividade perde importância quando adotado o sistema de parceria com fornecedores;

- preocupação com a redução de manuseio de materiais e componente com a compra dos mes-mos em embalagens e palete adequados (unitização);

- manutenção de condições adequadas para estocagem de materiais e componentes;

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- controle de estoque para uso de materiais perecíveis na seqüência de entrada dos mesmos em canteiro;

- planejamento espacial do canteiro e transporte de materiais e componentes de modo a reduzir o manuseio dos mesmos;

- preocupação quanto à destinação das embalagens dos materiais.

• Recursos Humanos:

- adoção de procedimentos para veriíicação de habilidades e motivação de íuncionários;

- adoção de treinamento de funcionários sobre os padrões de execução e qualidade estabelecidos dentro da empresa;

- apresentação de procedimentos de execução e critérios de qualidade estabelecidos na empresa no momento da contração de subempreiteiros;

- adoção do processo de motivação e discussão junto a funcionários e subempreiteiros quanto ao uso de equipamentos para controle e verificação da qualidade dos serviços;

- adoção de programas de conscientização de funcionários para a redução da quantidade de resí-duos gerados em canteiro.

• Execução:

- adoção de rotina de consulta a projetos de produção para execução dos serviços;

- formalização, comunicação, utilização, supervisão e avaliação contínua dos procedimentos para execução dos serviços;

- formalização, comunicação e supervisão de níveis de qualidade exigidos para processos executi-vos e características finais de serviços;

- uso de equipamentos adequados para execução, controle e verificação de características finais de serviços;

- preocupação quanto à minimização da quantidade de resíduos gerados em canteiro, especial-mente com a racionalização dos processos executivos;

- preocupação quanto à destinação dos resíduos gerados em canteiro, se possível com reemprego.

• Pós-ocupação e Manutenção - preocupação quanto à minimização e simplificação da manutenção a ser realizada no empreen-dimento;

- apresentação de recomendações a clientes quanto a alternativas otimizadas para realização de reforma e manutenção do empreendimento.

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ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS NA CONSTRUÇÃO

Introdução Os objetivos a serem atingidos com a implementação de um processo logístico dentro do sistema de produção de um edifício, por exemplo, são de agregar valor ao produto, minimizar as perdas e desper-dícios, aumentar a produtividade, reduzir os custos de produção e, principalmente, maximizar a satis-fação do cliente. Mais especificamente, o produto oferecido por qualquer empresa pode ser descrito pelas características de preço e qualidade. Portanto, é necessário caracterizar antes a estratégia empre-gada pela empresa com relação ao seu produto para posteriormente implementar um processo logístico compatível. Entende-se que, ao analisar estratégias a serem desenvolvidas pela empresa, devem ser considerados dois fatores fundamentais para uma tomada de posição, que são os fatores externos rela-cionados ao mercado e os fatores internos relacionados ao sistema construtivo propriamente dito. Evi-dentemente, a definição desses dois fatores genéricos e mais amplos servirão para subsidiar a elabora-ção do processo do projeto, o qual é constituído de etapas mais específicas e mais concretas.

Os fatores externos são os que prioritariamente devem ser considerados primeiro, visto que a constru-ção civil é um dos setores que sofre a influência de instabilidades econômicas com reflexos na redução do poder de compra da população e na falta de financiamentos. Com base nessa tomada de posição, parte-se para o planejamento interno. Deve-se, portanto, analisar com critério os dois tipos de estraté-gias: o planejamento estratégico da empresa relacionado às condições reinantes no mercado e o planejamento estratégico da obra.

Segundo CHIAVENATO (1994), o planejamento estratégico de uma empresa é feito em várias etapas:

• determinação dos objetivos empresariais, através da definição da missão, valores e crenças da organização;

• análise do ambiente interno da empresa, verificando sua capacitação do momento, assim como os pontos fortes e fracos da organização;

• análise do ambiente externo, observando as oportunidades e ameaças à organização naquele momento;

• formulação e escolha da estratégia empresarial para a empresa obter vantagens competitivas; e

• implementar e monitorar o planejamento estratégico com base nessas informações.

Com relação ao planejamento estratégico da construção, a constatação é que nos últimos anos vêm ocorrendo algumas tendências de estratégias de construção no setor de edificações em vista das mu-danças conjunturais que vêm acontecendo. Estas tendências visam ao equacionamento de problemas

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crônicos enraizados no setor relacionados à falta de eficiência, produtividade e ao grande volume de entulhos produzidos por perdas e desperdícios no desenvolvimento dos processos. Entre essas estraté-gias podem ser citadas:

• Processo Logístico na Construção: ou seja, implementação efetiva da tecnologia logística na cadeia de suprimentos da construção. Essa implementação visa à busca dc uma melhor eficiên-cia, através da redução de custos, melhoria da qualidade e do aumento da produtividade e do nível de serviço.

• Implementação de Tecnologias de Informação: a esteira para eficiência e eficácia do processo logístico dentro de qualquer setor produtivo é uma tecnologia de informação de última gera-ção bem implementada e bem desenvolvida, através da utilização de softwares de gerenciamento de obras, financeiros, projetos, fluxo de materiais, parcerias, etc.

• Sistemas de Parcerias com Fornecedores: ou seja, é uma estratégia ou uma iniciativa que visualiza a cadeia de suprimentos como um fluxo integrado e único de todas as funções do negócio. Os agentes, fornecedores e clientes trabalham juntos como aliados com objetivo de minimizar custos, onde a óptica de ambos é basicamente entender que o sucesso do seu cliente é seu próprio sucesso.

• Processo de Industrialização da Construção, na qual transfere parte do processo produtivo do canteiro para o setor de suprimentos, sendo que algumas etapas passam a ser realizadas por mão-de-obra especializada, tornando as atividades repetitivas e padronizadas. Por exemplo, elevação da estrutura através de peças pré-moldadas (insumo).

• Incorporação de Técnicas Construtivas à atividade produtiva, ou seja, uma simplificação de tarefas por meio de técnicas construtivas. Por exemplo, elevação de estruturas através de for-mas metálicas reutilizáveis, reduzindo consideravelmente o número de escoras; alvenaria es-trutural reduz significativamente o número de fôrmas; lajes treliçadas; painéis de vedação ex-ternos e internos; etc.

• Processo de Terceirização de Serviços (outsourcing), que é uma forma de reduzir gastos com recursos humanos e também uma forma de contratar profissionais especializados em determi-nadas tarefas necessárias na obra sem vínculo empregatício.

• Melhor organização dos canteiros de obras: devido às transformações que vêm ocorrendo (mencionadas acima), aliadas ao fato de que os espaços físicos para canteiros estão cada vez mais reduzidos, faz com que o layout seja o quanto possível racionalizado, flexível e que proporcione segurança ao trabalhador.

O planejamento estratégico da empresa, onde são envolvidos os importantes planejamentos prévios, é de extrema importância para prevenir incertezas futuras e descontinuidades produtivas no desenvolvi-mento do empreendimento. Porém, é o canteiro de obras que desencadeia todos os processos produti-vos e é basicamente nele que vão acontecer todas as estratégias da construção.

Estratégia do Processo Logístico na Construção Embora já tenha sido bastante abordada anteriormente a forma de atuação de um processo logístico na cadeia de suprimentos de um empreendimento construtivo, por se tratar da estratégia que rege e dá a diretriz de todo o sistema, deve ser mais uma vez mencionada.

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A implementação de um processo logístico numa cadeia de suprimentos de um sistema construtivo nada mais é do que administrar de forma integrada e estratégica, planejando e coordenando todas as atividades envolvidas, em especial aquelas atividades inter-relacionadas, interdependentes e intervenientes, otimizando todos os recursos físicos operacionais e financeiros disponíveis, visando ao ganho global ao longo de todo o sistema e, principalmente, o atendimento às necessidades dos clientes internos e externos.

Embora o conceito logístico não tenha sido ainda incorporado de uma forma efetiva e mais abrangente na construção civil, é perfeitamente reconhecida sua eficiência no gerenciamento nos mais diversos sistemas produtivos. Ele se apresenta como uma grande solução aos inúmeros problemas encontrados dentro deste setor industrial.

Hoje cm dia os benefícios de uma logística bem estruturada e implementada já são tão reconhecidos e valorizados que todos os setores já aderiram ou estão aderindo a esta forma de administrar. Num passa-do recente, ter profissionais de logística era coisa de empresas do setor de transportes e produção. Hoje é lugar comum instituições financeiras, hospitais, grandes magazines e outros setores procurarem pro-fissionais de logística para adequarem suas administrações a um gerenciamento que produza resultados efetivos de sucesso.

A complexidade do sistema produtivo na construção civil, no qual existe uma grande variabilidade dos processos de produção e, conseqüentemente, sem um padrão contínuo de procedimentos, faz com que as estratégias mencionadas anteriormente sejam alternativas atraentes para redução dessa variabilidade. Elas podem, entre outras situações, equacionar o problema da descontinuidade, transferindo as tarefas aos seus respectivos especialistas (subempreiteiros); dominar o processo de produção através da maximização da eficiência e da eficácia dos fluxos de recursos materiais, humanos e de serviços.

Observa-se que a grande preocupação das empresas de construção civil relaciona-se com o processo, quando procuram incrementar a produtividade, reduzir custos e, para isso, é necessária um maior ênfase no planejamento e gerenciamento da obra e do canteiro.

Para SI I I N G O (1996) e KOSKELA (1992), as modernas abordagens de gerenciamento têm introduzido conceitos à gestão de suprimentos. Particularmente, a "Produção Enxuta" considera que as atividades de produção são constituídas de fluxos de operações (máquinas e pessoas) e fluxos de processos (mate-riais, serviços e informações). Utilizando este enfoque, as melhorias em suprimentos deveriam primei-ramente abordar o processo e, posteriormente, ser tratadas as melhorias nas operações. Também, dentro desta filosofia, somente as atividades de processamento adicionam valor, assim, preconizam-se a minimização das atividades de espera, controle, inspeção e transporte.

O produto entregue a cada atividade deve ser feito de tal forma a eliminar a necessidade de retrabalho nas operações seqüenciais, possibilitando, desta maneira, a realização das atividades de produção ininterruptas.

Processo logístico compatível com a estratégia da empresa

Para uma perfeita implantação do processo logístico no desenvolvimento de um empreendimento, deve-se ter a preocupação de identificar as interações entre as características de cada tecnologia e a gestão dos processos na obra. Essa medida importante irá fornecer subsídios consistentes à tomada de decisões com relação aos aspectos logísticos operacionais e estratégicos na concepção do sistema de produção. Para isso, a estrutura funcional da empresa e a estratégia adotada pela mesma devem ser bem entendidas e definidas, isto é, se a empresa vai competir por custos (marketing em cima de preço -produto mais barato) ou diferenciação (marketing em cima de qualidade - produto mais qualificado).

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Esses critérios mencionados não terão sempre a mesma dinâmica, pois vão depender cio que o consumi-dor irá valorizar em função cias suas necessidades e possibilidades num determinado momento. Procu-ra-se identificar os atributos mais importantes do sistema e, com isso, adota-se o processo logístico específico de forma a maximizar o nível cie serviço e a produtividade. É necessário que sejam estabelecidas as metas a ser atingidas e as medidas de desempenho a ser obtidas. A avaliação do desempenho da empresa é feita pela comparação entre as metas previstas no planejamento prévio e estratégico e os valores calculados cias medidas de desempenho que se processam no dia-a-dia.

Esse primeiro item das estratégias cie construção, a "introdução efetiva cie um processo logístico", já foi exaustivamente abordado até aqui, em relação a suas virtudes e o que ele poderá proporcionar ao setor construtivo. Porém, para que o mesmo possa produzir os resultados esperados necessita fundamental-mente da conscientização por parte dos usuários para o emprego de suas técnicas, métodos, procedi-mentos, conceitos e que seja fundamentado numa tecnologia de informação que promova um fluxo de informações ágil, eficiente e eficaz.

Entre essas técnicas, métodos e procedimentos logísticos estão enquadrados os itens subseqüentes das tendências estratégias mencionados, ou seja, estes itens já são parte integrantes da metodologia logística, comprovadamente eficiente em outros setores da indústria manufatureira seriada. Portanto, o sucesso cia implementação de um processo logístico está fundamentado na apl icação destes fatores: implementação cie tecnologias de informação; sistema de parcerias com fornecedores; processo cie industrialização e incorporação de técnicas construtivas; processo de terceirização de serviços; e me-lhor organização dos canteiros de obras. E são justamente esses fatores que o presente trabalho irá abordar nos capítulos subseqüentes, procurando demonstrar de um forma sucinta como poderão con-tribuir para efetivação de uma logística eficiente que produza resultados eficazes.

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ESTRATÉGIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO E DA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO NA CONSTRUÇÃO

Introdução Percebe-se que o sistema de informações e a tecnologia de informação começam a assumir um lugar de destaque no setor da construção. Este é um fato bastante coerente, levando-se em conta que a logística apenas recentemente vem sendo introduzida na construção civil. Sabe-se que um sistema de informa-ções, baseado numa tecnologia de informação avançada, sempre foi fator fundamental para o sucesso do gerenciamento logístico na indústria seriada. Em vista dessas evidências e sendo o sistema de infor-mações e a tecnologia de informação os fundamentos essenciais para implementação com sucesso de um processo logístico, pode-se dizer que ambas são estratégias indispensáveis a serem efetivadas no planejamento estratégico de uma construção.

Deve-se considerar que dispositivos de informações e de comunicação, assim como de tomadas de decisões, serão muito relevantes para levar a bom termo as exigências de um gerenciamento e de uma coordenação eficazes numa cadeia de suprimentos.

Conforme definiu DASK IM, a logística não se resume somente aos aspectos físicos do sistema, mas principalmente aos aspectos informacionais e gerenciais. O u seja, a logística não se resume somente à movimentação de componentes, materiais e produtos propriamente dito, ela envolve principalmente a maneira como esses elementos irão se movimentar, em que momento, em que local, em que quantida-de ideal, como será a forma que isso tudo será transmitido ou como irão fluir essas informações.

A revolução das tecnologias da informação e da comunicação abrange muitos conceitos que estão em constantes evoluções, envolvendo computadores, softwares, telecomunicações, ferramentas de acesso e recursos de informações multimídia. A informação, como elemento integrador e alimentador, está quase totalmente automatizada, a utilização do papel cedeu lugar às mídias eletrônicas, existindo uma contri-buição muito grande da informática e da Internet. Hoje, ao se mobilizar uma obra em sua fase inicial, basta dar ao engenheiro ou usuário do canteiro um acesso rápido à Internet. O u seja, numa fase inicial da obra em que ainda não há canteiro, o engenheiro pode disponibilizar um espaço físico qualquer e tam-bém mobilizar pessoas antes mesmo da efetivação do canteiro de obras. Nos primeiros dias, apenas com uma linha telefônica e um micro, ele já pode executar tarefas como comprar, fichar, etc.

Com relação aos processos de controle gerencial, procura-se administrar problemas de suprimento, não só de insumos como também de serviços, através da coordenação entre interfaces cie frentes de trabalho interdependentes, assim como na distribuição de materiais, produto semiprocessado e do produto final. Estes fatos exigem, portanto, um sistema de informação e comunicação eficiente e ágil, minimizando interferências e barreiras ao longo de todo o processo.

A tecnologia da informação e a tecnologia da administração, evolutivamente, devem caminhar juntas para estabelecer uma estratégia integrada, isto é, deve-se projetar e instalar processos organizacionais compatíveis

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com os sistemas <le informação disponível. A utilização adequada das ferramentas de informática, telecomu-nicação e automação alinhadas com as técnicas de organização, gestão e estratégia de negócios possibilitará o diferencial tão perseguido no ambiente competitivo. As características próprias da organização e a estraté-gia empregada pela mesma determinam os caminhos a serem tomados na análise das informações e no desenvolvimento do sistema de informações. O sistema de informação implantado deve criar um ambiente integrado e consistente, capaz de tratar e fornecer as informações necessárias a todos os envolvidos no sistema construtivo, quer sejam agentes internos, quer externos (VICIRA, 2001).

A utilização de sistemas de informação inter-organizacionais para o gerenciamento da construção civil objetiva melhorar a colaboração, a coordenação e o gerenciamento de informações entre os membros envolvidos em um empreendimento, em especial quando se concebe o sistema de parcerias. Caso sejam adequadamente projetados e utilizados estes sistemas, podem se tornar instrumentos eficientes de apoio à tomada de decisões, contribuindo para a melhoria dos processos. Uma maior exigência de flexibilidade, confiabilidade, velocidade e exatidão no tratamento e na difusão de dados faz com que se torne imprescindível a otimização da manipulação de informações no processo de produção. Para isso, a tecnologia de processamento de dados através dos computadores surge como ferramenta fundamen-tal na busca da eficácia.

Os fluxos de informações podem ser subdivididos de duas maneiras, os fluxos de informações internas e fluxos de informações externas:

• fluxos internos são as informações produzidas e destinadas aos agentes internos relacionados com a obra, por exemplo: solicitação de materiais e mão-de-obra para produção, inventário de estoques, relatório de produção, situação sobre frentes de serviço, mecanismos de controle de qualidade, informações contábeis, comunicações internas, etc.;

• fluxos externos são as informações produzidas e destinadas aos agentes externos à obra. Podem ser citados: emissão de pedidos de compras, acompanhamento de pedidos, faturas de fornece-dores, informações aos fornecedores quanto aos produtos fornecidos, pedidos de compras, catálogos de produtos, campanhas publicitárias, etc.

As empresas dependem cada vez mais de informações precisas e em tempo real, ou seja, on-line. Por exemplo, não basta apenas reduzir o lead time (de forma sucinta, é o tempo decorrido entre a emissão e o atendimento do pedido), se o material ficar parado nos pontos de estocagem. A grande vantagem da redução do lead time só é potencializada quando o material solicitado e entregue é utilizado no menor tempo possível (just-in-time). Reduzir estoques evita deterioração ou extravios e, principalmente, dimi-nuição de custos. Para isso, é importante primeiro o planejamento adequado do fluxo de serviços, posteriormente, a troca de informações ágil e eficiente entre o canteiro e a empresa e entre a empresa e os fornecedores externos. A prática vem demonstrando que um eficiente fluxo logístico de informações propicia um fluxo de materiais c serviços adequados, isto quer dizer, recursos materiais no lugar certo, na quantidade e qualidade desejada, no tempo solicitado e com serviços contínuos e bem executados, segundo sua previsão, planejamento e programação.

Pode-se afirmar que a construção civil constitui o setor mais atrasado, quando comparado com outros setores industriais, em termos de gestão empresarial como um todo. Isso pode ser explicado pelo baixo nível dos sistemas de informação e tecnologias de informação empregados até então. Porém, nos últi-mos anos o aumento da concorrência e com as tecnologias cada vez mais democratizadas, vem exigin-do nova postura dessas empresas. Para se diferenciarem no mercado elas perceberam que é fundamen-tal se capacitarem tecnologicamente, procurando seguir o caminho trilhado há muito tempo pelas indústrias de transformação seriadas e de serviços.

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A construção civil vem se transformando, quando comparada com seu sistema tradicional, e os primei-ros passos dessa trajetória começaram com o avanço da terceirização das atividades do canteiro de obras, industrialização da construção, conseqüentemente, com os sistemas de parcerias e sistemas informacionais relacionados a projetos e gestão. A utilização da terceirização e dos sistemas industriali-zados, assim como sistemas informacionais em todo o processo construtivo, vem exigindo a melhoria continua dos sistemas de informações (internos e externos) e, em especial, a introdução cada vez maior da tecnologia de informação.

Sistemas de Informações Nas empresas em geral existem muitos dados e informações que são normalmente úteis para diferen-tes setores. Nas empresas construtoras não é diferente, porém o que se tem observado é que nessas empresas o fluxo de informações ocorre de uma forma ineficiente, produzindo transferências desordenadas, informações redundantes com duplicidade de informações. Isso, evidentemente, traz prejuízos muito significativos em relação a tomadas de decisões rápidas e eficazes. U m outro aspecto bastante importante com relação a sistemas de informações ineficientes diz respeito a perdas de conhecimentos e informações. Numa empresa ao longo dos anos e por circunstâncias diversas pas-sam muitos profissionais criativos e competentes que durante o seu exercício profissional contribuem com técnicas e soluções criativas para os inúmeros problemas cotidianos. Na grande maioria das empresas, quando esse profissional vai embora leva com ele toda essa bagagem de conhecimentos que poderia ficar registrada num banco de dados da empresa e que, sem a menor dúvida, serviria de ferramenta para solucionar eventuais problemas futuros. Através de um estudo de caso real pode-se melhor caracterizar essa consideração.

Estudo de caso

U m exemplo bastante elucidativo relacionado à perda de conhecimento nas empresas diz respeito ao caso de uma grande construtora do subsetor da construção pesada, que procurou alternativas para manter armazenados os conhecimentos adquiridos por seus profissionais. O conhecimento adquirido ao longo dos anos por seus profissionais sempre foi considerado um fator de muita rele-vânc i a para essa empresa . Deve-se levar em conta que as boas so luções e as t é cn i cas comprovadamente eficientes são patrimônios da empresa, ou seja, são idealizadas pelos funcioná-rios da empresa, porém estão registradas no intelecto desses funcionários. O problema reside no fato de como obter, registrar, documentar, armazenar e conservar todo esse conhecimento que poderá acelerar e aperfeiçoar os projetos futuros.

Hoje, com o aumento significativo dos recursos produzidos pelas novas ferramentas de informação e comunicação, como as redes de Intranet e Extranet e também processamento e armazenamento de dados, surgiu a alternativa e a solução para essa questão. Foi iniciado um movimento para obter, orga-nizar e armazenar as informações sobre idéias, métodos e práticas inovadoras disponíveis na empresa, baseado em protocolos da Internet, constituindo-se numa rede de Intranet. Isso se tornou um portal corporativo onde ficam disponibilizadas as informações aplicáveis a todo tipo de negócios. C) portal Intranet se tornou um grande repositório de dados (base de dados), porém, mesmo rico em conteúdo, era pouco utilizado pelo pessoal dos canteiros, perdendo, evidentemente, sua finalidade básica.

Este fato fez com fosse buscada as razões para isso. U m trabalho de diagnóstico concluiu que os usuá-rios não se mobilizavam para utilizar a tecnologia porque o foco do processo privilegiava o meio, ou seja, a tecnologia, e não as pessoas que, na verdade, eram quem dominavam o conhecimento. Elas não se sentiam motivadas a trocar ou disponibilizar o seu conhecimento. A solução encontrada pela empre-sa foi buscar um meio de aproximar e motivar as pessoas, ou seja, sair do meio virtual e criar um ambiente real, onde as pessoas pudessem trocar idéias. Foram criadas "comunidades de conhecimento"

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que eram caracterizadas por grupos que se reuniam motivados por interesses comuns como atividades ligadas aos variados tipos de obras e outros ligados a temas mais abrangentes como qualidade, meio ambiente, segurança.

As comunidades iniciaram essa interação através de dinâmicas de grupos, com o objetivo de estimu-lar os participantes a expor seus conhecimentos sobre o assunto, ocorrendo um processo que incluiu conversas, consultas, fórum de dúvidas, apresentação de soluções. Os participantes se tornaram ao mesmo tempo uma espécie de consultores internos da empresa, podendo ser chamados a contribuir com seu conhecimento em outros empreendimentos do grupo. Esse processo migrou para a Internet, alimentando o portal corporativo, gerando uma importante base de dados e permitindo uma série de recursos e buscas refinadas. Para melhor elucidar o processo cita-se o exemplo de um gerente de produção que necessite pesquisar a produtividade de algum equipamento com objetivo de montar uma proposta para uma concorrência; ou o caso do surgimento de uma trinca com característica pouco comum na estrutura de concreto; etc., são situações que rotineiramente ocorrem em obras e que possivelmente possam ser encontradas as soluções em trabalhos ou através de profissionais que dominam o assunto, disponíveis no sistema.

O desafio da implementação do sistema de informações na construção O caso das operações, tarefas e responsabilidades na construção civil e, em especial, no setor de edificações, de se apresentarem de uma forma muito fragmentada é um grande problema a ser enfren-tado. Existe uma diversidade muito grande de agentes in ter-rei aciona dos, interdependentes, intervenientes agindo e interagindo, interna ou externamente, na cadeia de suprimentos, ávidos por receber e fornecer informações a todo momento. Podem ser citados, por exemplo: fornecedores de materiais, fornecedo-res de mão-de-obra, fornecedores de serviços, fornecedores de projetos, fornecedores de elementos industrializados (pré-moldados), etc. Cada uma dessas organizações possui distintas estruturas, porém todas elas apresentam um objetivo comum, que é entregar algum produto ou serviço que seja necessá-rio para o processo de construção como um todo - processo sistêmico.

Para tanto, é necessário que as empresas de edificações enfrentem todos esses desafios de uma forma eficaz, baseando suas operações em sistemas de informação ágeis e eficientes, produzindo informações na hora certa e para a pessoa certa de forma que possa produzir a tomada de decisão correta. Porém, para isso, o sistema de informações necessita ser alicerçado em uma base tecnológica (Tecnologia de Informação) con-sistente e compatível com a estrutura e as necessidades do processo desenvolvido pela empresa.

A tecnologia de informação pode contribuir bastante para aumentar a eficiência e produtividade nos canteiros de obras através de uma facilitação do fluxo dessas informações, porém, se a mesma for conduzida por aspectos de modismo, pode transformar investimentos em custos altíssimos. Soluções que servem para determinadas empresas não necessariamente servirão a outras. Para tomar qualquer tipo de iniciativa de implementação, antes a empresa deve buscar a opinião de profissionais do ramo da tecnologia que conheçam o negócio da construção ou manter uma interação muito forte desses profis-sionais com os da empresa para que eles possam diagnosticar como a mesma opera e qual a melhor solução a aderir, caso seja necessário.

Porém, antes de se preocupar com a estrutura fixa e pesada de uma tecnologia de informação, é neces-sário que as empresas revejam todos os seus processos internos, detectando aqueles que possam ser eliminados. Para aqueles que não possam ser eliminados, detectar como torná-los eficientes, como integrá-los e também verificar a necessidade de automatizá-los. Essas serão as informações repassadas aos experts que irão fornecer a tecnologia, as quais subsidiarão o planejamento e o dimensionamento da tecnologia a ser empregada. O u seja, efetuando esse diagnóstico a empresa terá condições de buscar

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soluções compatíveis de tecnologia de informação no mercado relacionadas ao seu porte e cultura. Deve-se ressaltar que, dependendo do porte e da maneira de gerenciar a cadeia de suprimento de uma empresa, soluções simples, tecnologicamente falando, podem resolver de maneira eficiente esse gerenciamento, produzindo resultados bastante satisfatórios.

Tecnologia da informação Tecnologia da Informação é a tecnologia que envolve a introdução, armazenamento, processamento e distribuição da informação por meios eletrônicos. A TI compreende eletrônica, automação, computa-ção (hardware e software) e telecomunicações.

No setor industrial, em geral, vêm ocorrendo grandes e profundas alterações motivadas pela extraordinária evolução tecnológica. A tecnologia com capacidades cada vez maiores, custos cada vez menores e acesso extremamente facilitado, faz com que as empresas tomem medidas enérgicas para capacitar seu ambiente produtivo e, assim, se manterem competitivas. Essa capacitação se refere à implementação de tecnologias de informação, as quais visam à redução de custos, aumento de produtividade, através de uma maior agilidade nas operações, e uma maximização no nível de serviços. O setor da construção civil, embora um pouco defasado nesse sentido, hoje também está se inserindo nesse contexto e procura recuperar o tempo perdido.

Em um mercado competitivo, onde a busca pela eficiência e a satisfação do cliente é uma constante, investir em tecnologia é a palavra-chave. Disponibilizar serviços porta a porta, contemplar toda a ca-deia logística e oferecer informações e acompanhamento dos processos on-line é cada vez mais neces-sário. Quanto maior for o leque de atividades oferecidas e de confiabilidade das operações, mais a empresa estará conseguindo se destacar em meio aos seus concorrentes e, por outro lado, mais necessi-tará estar habilitada tecnologicamente.

O subsetor de edificações, em especial, é o que mais se destaca pelo fato de as empresas necessitarem atender às exigências e funcionalidades cada vez maiores dos consumidores. O que se percebe é que são exigidos cada vez mais espaços úteis em detrimento de menores áreas a serem trabalhadas, as estruturas tornam-se cada vez mais esbeltas, os canteiros de obras em meios urbanos disponibilizam espaços míni-mos, etc. Todos estes aspectos vêm exigindo controles operacionais mais rígidos e sofisticados.

Os fatores mencionados conduzem cada vez mais à necessidade da busca por Tecnologias da Informa-ção e Automação, de forma que essas dificuldades possam ser minimizadas e os processos operacionais se desenvolvam de maneira mais fácil. Existe uma gama muito grande de tecnologias operacionais à disposição que vêm sendo utilizadas no setor industrial seriado dc uma forma avassaladora. Hoje, é impensável, dentro desse setor industrial, uma empresa de sucesso ou "de ponta" no mercado que não tenha todo seu desenvolvimento operacional e administrativo automatizado e totalmente embasado em sofisticadas tecnologias de informação. Entre tantas tecnologias disponíveis podem ser mencionadas algumas tecnologias operacionais como:

• Códigos de Barras e Leitores;

• Tecnologia de Identificação por Etiquetas Inteligentes (chips) - RFID;

• Radiofreqüência;

• Intercâmbio Eletrônico de Dados - EDI (Electronic Data Interchange);

• Sistema de Gerenciamento do Armazém - VVMS (VVarehousing Management System);

• Planejamento das Necessidades de Materiais - MRP I (Materials Requirements Planning);

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• Planejamento dos Recursos Empresariais - ERP (Enterprise Resources Planning);

• Sistemas de Rastreamento Via Satélite (GPS);

• Sistemas de Roteirizadores; etc.

Existem ainda iniciativas estratégicas que necessariamente envolvem algumas das tecnologias mencio-nadas acima. Estas iniciativas são consideradas estratégias operacionais e objetivam a redução de cus-tos, aumento da produtividade e, principalmente, do nível de serviço; entre estas:

• Resposta Eficiente ao Consumidor - ECR (Efficient Consumer Response);

• Gerenciamento do Relacionamento com os Clientes - C R M (Customer Relationship Management); e,

• Sistema de Gerenciamento de Transportes - TMS (Transportation Management System).

Todas essas tecnologias vêm sendo há muito tempo utilizadas pelo setor industrial manufatureiro seria-do e de serviços com resultados inquestionáveis. Entre essas iniciativas a que maior contribuição tem a dar e, conseqüentemente, maiores benefícios pode oferecer ao setor da construção civil é a iniciativa ECR. Ela tem como filosofia o sistema de parceria, o qual envolve e proporciona um vínculo muito forte entre fornecedores e clientes, ocorrendo a fidelidade do cliente em relação ao seu fornecedor e, em contrapartida, o fornecimento garantido por parte do fornecedor. Todos esses aspectos serão analisados com mais detalhes em capítulos posteriores.

Em conseqüência da complexidade das operações e, por outro lado, da grande quantidade de tecnologia de informação disponível, o que se espera de um sistema logístico é que seja totalmente parametrizado e flexível, ou seja, que permita o gestor definir e adequar a melhor forma de trabalho operacional. Sendo assim, é fundamental que um sistema atue mais próximo possível de uma operação em tempo real (on-line), permitindo total rastreabilidade do ciclo logístico de armazenagem e/ou distribuição, ou seja, portaria, recebimento, conferência, controle de qualidade, endereçamento, estocagem, controle de inventário, separação e expedição dos produtos. Para que tudo isso ocorra e muito mais são neces-sários investimentos. Investimentos em tecnologia tornam-se imprescindíveis, quando o assunto em pauta evidencia a necessidade da atualização de uma empresa perante os desafios da logística.

Diante desse quadro, a Tecnologia da Informação (TI) ganha um importante papel, senão fundamental no setor logístico de qualquer empresa, em que dispõe de uma gama de ferramentas modernas e especializadas, cada uma com suas peculiaridade e diversidades características. Estas ferramentas, que podem ser chamadas de soluções de TI, envolvem planejamento, implementação, operacionalização, execução, comunicação e integração, controle e concepção, e tem como meta integrar e automatizar todos os componentes da cadeia logística, merecendo uma análise particularizada.

A tecnologia da informação pode contribuir muito para o aumento da eficiência de processos e produti-vidade nos canteiros de obras, com reflexos diretos na redução de custos das obras e no processo de desenvolvimento e qualificação da mão-de-obra do setor. Quando se começa a operar com tecnologia nos canteiros, necessita-se em contrapartida de pessoas mais qualificadas. Isso faz com que haja um incen-tivo maior ao treinamento, desenvolvimento e crescimento das pessoas, não somente daquelas que traba-lham diretamente com os sistemas, mas também daquelas operacionais que lidam com equipamentos.

Para reforçar essa afirmação cita-se o exemplo de um trator, no qual a tecnologia empregada para o manuseio do mesmo é completamente diferente da existente há alguns anos. O u seja, o operador de um trator moderno possui controles sofisticados em sua operação rotineira em vez de quatro ou cinco

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alavancas de marchas; para isso, quem cuida hoje da manutenção de um equipamento desses também deve possuir muito mais qualificação do que um mecânico do passado.

Deve-se entender que o sistema de informações é a integração de todos os recursos tecnológicos e organizacionais que manipulem, ou seja, que recebam, processem e distribuam as informações em uma organização. Para que esse fluxo de informações se desenvolva de uma maneira eficiente e eficaz é necessário que esteja alicerçado numa tecnologia de processamento também eficaz, ou seja, numa tecnologia de informação sempre atualizada.

A tecnologia da informação é agrupada em categorias:

• comunicações (networks, e-mail, fax, telefones, rádios, sistemas de telecomunicações, ima-gem, vídeo, multimídia videoconferência);

• acessibilidade aos dados (por exemplo, EDI);

• sistemas de processamento de dados (softwares para processamentos diversos).

A evolução da tecnologia e os resultados obtidos em todos os setores, em especial o empresarial, com-provam que a abrangência da Tecnologia da Informação é muito maior do que a limitada pelos recursos de processamento de dados tradicionais.

A tecnologia da informação já vem sendo aplicada no setor da construção civil, porém não de uma forma sistemática e abrangente. Pode-se afirmar que apenas um número muito pequeno de grandes empresas é que vem implementando e desenvolvendo tecnologias em programas contábeis e adminis-trativos, programas de cá lculo estrutural, gerenciamento de projetos, sistemas de orçamentos, planejamento e controle de obras, sistemas CAD e começa a ser generalizado o uso da Internet.

Sistema de orçamento e planejamento de obras Hoje, começam a ser empregados pelas grandes construtoras, ainda que de forma muito restrita, os softwares de sistemas de gestão para construção civil, coisa que há pouco tempo não existia. Estes sistemas têm o objetivo de atender às necessidades específicas do negócio da construção civil e nada mais são do que algumas das tecnologias mencionadas acima, adaptadas ao setor. Eles têm capacidade de definir critérios de apropriação e custeio, planejar e efetivar orçamentos, efetuar o acompanhamen-to das obras através de demonstrativos gerenciais, estatísticos, gráficos de desempenho, gerenciamento de estoques, planejamento de materiais, recebimento e compras. Para exemplificar, será apresentado um software que existe no mercado para orçamento e gerenciamento de obras da construção civil com todas as suas potencialidades (ARTSYS, 2005).

O Sistema é configurado para ser utilizado em microcomputadores dotados de sistema operacional mínimo compatível com MS-DOS, com o mínimo de 640 Kbytes de memória RAM, uma unidade de disquetes, uma unidade de disco rígido (winchester) e uma impressora (matricial para pelo menos 132 caracteres por linha, Laser ou Jato de Tinta). Pode, opcionalmente, ser utilizado em uma rede local de microcomputadores dotada de servidor, que conterá o Sistema em seu disco rígido e pode ser acessado simultaneamente através de diversas estações de trabalho (clientes) com toda a segurança necessária aos dados manipulados.

O sistema está baseado num banco de dados cadastrado pelo usuário, ou no banco de dados que é fornecido juntamente com o sistema, este com a possibilidade de ter seu conteúdo alterado pelo usuá-rio. Neste banco de dados são cadastradas quatro informações:

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• Insumos Básicos a serem utilizados (materiais, mão-de-obra, empreiteiros/serviços);

• Cadastro Geral de Contas;

• Cadastro de Composições de Custo Unitário; e,

• Cadastro de Fornecedores (não fornecido com o Sistema).

Para a utilização do sistema, após o cadastramento do banco de dados, parte-se da obra a ser orçada, devidamente quantificada. Informa-se ao sistema os serviços a serem orçados, suas respectivas quanti-dades ou verbas alocadas, bem como as bonificações desejadas. Estas bonificações podem ser específi-cas por serviço (até um máximo de nove bonificações distintas para uma mesma obra). Estes serviços poderão ser subdivididos em até 99 (noventa e nove) subobras.

Em seguida, o sistema retira do banco de dados global as informações necessárias para a execução do orçamento e transfere estes dados para os arquivos de obra, que serão utilizados nos módulos de Orça-mento e de Planejamento. A partir daí, podem ser impressos diversos relatórios. Todos os relatórios de obra podem ser visualizados na tela, sem que seja necessária sua impressão. O sistema possibilita diver-sas facilidades, tais como:

• opcionalmente, o sistema pode ser protegido contra o acesso de pessoas não autorizadas, atra-vés do cadastramento de usuários com senhas de acesso. Para cada usuário autorizado, é pos-sível restringir a utilização de determinadas rotinas;

• opcionalmente, o sistema pode funcionar em rede de microcomputadores, com total seguran-ça quanto à integridade dos arquivos de dados;

• criação de Planos de Contas e Cadastro de Composições de Custo com layouts de código definidos pelo usuário;

• facilidades para cópias de composições entre cadastros ou uso de "composição dentro de composição";

• cadastramento de até cinco fornecedores para cada insumo;

• possibilidade de anexar especificações técnicas e/ou comerciais aos insumos de uma obra, gerando um relatório análogo a um memorial descritivo;

• atualização múltipla de custos de insumos diretamente em disco de obra (por retransferência do banco de dados principal ou pela multiplicação dos custos por um fator, com critério de arredondamento definido pelo usuário);

• atualização múltipla de verbas alocadas em disco de obra pela multiplicação de valores exis-tentes por um fator, com critério de arredondamento definido pelo usuário;

• atualização múltipla de custos de insumos no banco de dados pela multiplicação por um fator, com critério de arredondamento definido pelo usuário, e com base na data da última atualiza-ção de custos de cada insumo;

• emissão de relatórios considerando a divisão de uma obra em subobras, tratadas individual-mente ou em conjunto, com ou sem repetições;

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• geração de cronogramas não-lineares, permitindo especificar percentagens de execução men-sal dos serviços que compõem a obra;

• impressão de cronogramas com datas reais (mês e ano);

• possibilidade de entrada de datas para cronogramas segundo grandes itens;

• definição por parte do usuário da moeda a ser utilizada e, opcionalmente, de um segundo índice monetário para referência;

• facilidades na manipulação do banco de dados, tais como: localização de insumos ou compo-sições a partir de descrições parciais, substituição global de insumos em composições, etc.;

• exportação dos dados básicos do orçamento e cronogramas para outros sottwares, tais como: Lotus 1-2-3, dBase, Excel, etc.;

• utilização opcional de macros, permitindo ao usuário gravar previamente as rotinas de opera-ção mais comuns, executando-as automaticamente.

Descrição dos módulos do Sistema A interligação entre os diversos módulos do Sistema pode ser vista no diagrama a seguir:

Plano de contas gerais

Cadastro de composição

de custo Cadastro

de insumos

Dados da obra Dados de prazo

T

T Atualização

Módulos do sistema orçamento/planejamento

Fonlc: ARTSYS

• Dados da Obra: quantidades, verbas, bonificações, etc.

• Dados de Prazos: seqüência das atividades, datas de início e término, percentual ( % ) de execu-ção por período.

• Banco de Dados: possibilidade de inclusões, alterações e exclusões nos cadastros de composi-ções e insumos.

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• Composições: serviços executados em cada obra e seus índices.

• Insumos: mão-de-obra, empreiteiros, materiais.

• Fornecedores: empresas fornecedoras de insumos ou serviços.

Rara cada obra orçada será gerado um novo disquete (ou diretório), que conterá todos os dados relati-vos a ela.

Descrição dos relatórios O sistema de Orçamento emite duas categorias de relatórios impressos: Relatórios Gerais e Relatórios de Obra, permitindo, ainda, a visualização dc dados no vídeo e a geração de arquivos para uso através de outros aplicativos.

• Relatórios Gerais: são aqueles que contêm informações relativas ao banco de dados, indepen-dentemente, portanto, de qualquer obra específica. Os Relatórios Gerais são oito, conforme descrições a seguir.

Todos estes relatórios podem ser impressos por faixas definidas pelo usuário. A impressão pode ser interrompida a qualquer instante.

- Cadastro de Insumos (Ordem numérica e alfabética)

- Relação de Insumos para Cotação

- Relação de Fornecedores

- Plano de Contas Geral

- Composições de Custo Unitário

- Relação de Fornecedores e Insumos

- Relação de Insumos e Fornecedores

• Relatórios de Obra: referem-se sempre a uma obra específica, retratando com fidelidade os dados fornecidos para seu orçamento, podendo o usuário fazer a opção de emissão dos relatórios de uma única subobra, de uma subobra com todas as suas repetições, ou ainda de toda a obra.

Depois de digitados todos os serviços que compõem um orçamento, suas quantidades, verbas e bonificações, e uma vez transferidas as informações do banco de dados do sistema para o disco de obra, é possível solicitar qualquer um dos relatórios dc obra emitidos pelo sistema. Qualquer relatório de obra pode ser visualizado na tela, sem que seja impresso. Dessa forma, é possível o c o n h e c i m e n t o de seu con teúdo c o m economia de tempo e papel . Caso o hardware do microcomputador empregado permita a visual ização, pode ser feita em telas de 25, 43 ou 50 linhas, o que possibilita acessar um número maior de informações por tela. Ainda durante a visual ização, é possível determinar a impressão imediata do relatório, especif icando quais as páginas a serem impressas.

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A seguir apresentamos uma descrição sucinta dos diversos relatórios.

• Plano de Contas

• Composições de Custo Unitário

• Composições de Preço Unitário

• Relação de Insumos por Serviço

• Orçamento de Custos

• Orçamento de Preços

• Proposta de Preços

• Planilha para Orçamento de Preços

• Planilha para Proposta de Preços

• Previsão para Tarefas e Empreitadas

• Dados para Medição Financeira

• Tabelas A B C

• Tabela A B C de Serviços por Insumo

• Insumos em Ordem Alfabética

• Insumos e Especificações

• Fornecedores e Insumos

• Insumos e Fornecedores

• Cronograma Físico

• Cronograma de Desembolso por Serviços

• Cronograma Financeiro

• Previsão do Fluxo dc Caixa

• Cronogramas de Desembolso por Insumos

• Cronograma de Planejamento de Uti l ização

U m a outra tecnologia da informação que vem facilitando muito a comunicação entre organizações integrantes da cadeia produtiva na construção civil é a utilização da Internet. Ela tem possibilitado um crescimento significativo na capacidade de comunicação entre os membros de um empreendimento e se apresenta c o m um grande potencia l para imp lementação de sistemas de in formação inter-organizacionais. Através dos computadores individuais conectados em redes via Internet ocorre a interação

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direta entre empresas, fornecedores, clientes (externos e internos) e outras empresas com objetivos comuns, possibilitando a utilização da troca de e-mails ou de transferência de arquivos.

Se, por um lado, a tecnologia da informação já vem sendo empregada em grandes empresas, por outro, se for considerado que a imensa maioria das empresas brasileiras de construção civil está enquadrada no porte de pequenas e médias empresas e que a tecnologia da informação está cada vez mais acessível, existe um campo muito favorável para evolução da implementação tecnológica do setor.

A tecnologia da informação representa a alternativa mais viável para a demanda por coordenação e comunicação dentro da cadeia de suprimentos em empresas de construção. Pois deve-se entender que o setor de edificações constitui um processo produtivo dinâmico, onde coexistem grande número de agentes que formam uma extensa rede de interdependência e interveniência. O trabalho desses agentes para ser integrado, coordenado e flexível necessitará evidentemente de um eficaz sistema de informa-ções baseado numa compatível tecnologia da informação. Sabe-se que a tecnologia da informação, a cada dia que passa, aumenta sua capacidade e reduz seus custos no mercado, ficando cada vez mais acessível a todos. Isso demonstra ser uma perspectiva muito favorável e uma forte tendência para o setor da construção civil, como foi mencionado anteriormente.

Engenharia e projeto por computador - CAD (Computer Aided Design)

A tecnologia do CAD é o sistema que mais vem sendo utilizado no setor de projetos de construção; pode-se dizer que é a tecnologia que vem sendo empregada há mais tempo e de forma mais abrangente. Foi uma importante revolução nos métodos de trabalho projetado, onde se passou do desenho elabora-do nas pranchetas para a informatização total. O desenho passou a ser elaborado diretamente no com-putador com muitas variações através de sofisticadas técnicas.

Engenharia e projeto por computador - CAD (Computer Aided Design) são softwares e hardwares especi-ais para apoio de desenho técnico e aplicações de desenho em engenharia, arquitetura, etc. A construção de protótipos físicos foi facilitada pelo uso de tecnologias como o projeto auxiliado por computador. O CAD permite o uso de simulações de produtos em computador, onde seu desempenho pode ser testado com um alto grau de exatidão, sem testes físicos. Deve-se ressaltar, entretanto, que o CAD não é usado somente na etapa de projeto de testes de protótipos, mas usado amplamente em todas as etapas.

Os sistemas CAD proporcionam a capacidade auxiliada por computador para criar e modificar dese-nhos de plantas e produtos. Estes sistemas permitem adicionar formas usadas convencionalmente, como pontos, linhas, arcos, círculos e textos, a uma representação do produto no computador. Uma vez incorporadas no projeto, essas formas podem ser copiadas, transferidas de lugar, giradas, aumentadas ou apagadas. Usualmente, o sistema também pode "usar o recurso zoom de ampliar e reduzir" para revelar diferentes níveis de detalhe. Os projetos assim criados podem ser arquivados na memória do sistema e recuperados para uso posterior. Isto permite construir uma biblioteca de desenhos padroniza-dos de peças e componentes, reutillzávels posteriormente. Isto não somente pode aumentar dramatica-mente a produtividade do processo, mas também auxiliar na padronização de peças e plantas durante a atividade de projeto. Alguns sistemas CAD já possuem suas próprias bibliotecas de peças-padrão.

Na essência, o C A D é um software especial que facilita as operações de desenho, incluindo desde as funções de desenho propriamente dita até as funções mais sofisticadas, como rotação de eixos, visualização de três dimensões, projeção automática de sombras de objetos desenhados, facilidades de destaques de partes através do uso das cores no desenho, mudanças automáticas de escala e de ângulo de visão ou projeção, etc. Ou seja, o software substitui a representação gráfica bidimensional dos projetos tradicionais por sofisticadas maquetes eletrônicas minuciosamente detalhadas. O pro-grama torna possível, além da visualização tridimensional, "passear" literalmente pelo interior das

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instalações e acusa qualquer interferência entre as instalações elétricas, mecânicas, estruturais, etc., ainda durante o processo de elaboração. Por exemplo, interferências das instalações das tubulações de ar-condicionado ou da rede elétrica.

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Apresentação no monitor da tela de um software CAD-3d com seus inúmeros recursos disponíveis

Outra grande vantagem oferecida pelo programa é o fato de todos os envolvidos em um empreendi-mento como engenheiros, arquitetos, projetistas, técnicos, construtores fornecedores, etc., podem con-tribuir nas diferentes fases de desenvolvimento dos projetos desde a concepção inicial até a conclusão do mesmo. O u seja, ao "passear" dentro de uma maquete eletrônica, os profissionais das várias especi-alidades envolvidas podem proceder a uma revisão dos projetos, buscando a integração das soluções como um todo.

Além disso, os sistemas C"AD em geral possuem imagens padronizadas previamente gravadas (por exem-plo, plantas de projetos, engrenagens, polias, aparelhos sanitários, etc.) que podem ser utilizadas, a partir de um menu de escolha, em qualquer desenho. O hardware envolvido inclui impressoras gráficas especiais, digitadores de imagens (conversão de imagens em coordenadas cartesianas), etc.

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TECNOLOGIAS OPERACIONAIS

Introdução As tecnologias operacionais em epígrafe nada mais são do que tecnologias de informação aplicadas, em especial, nos diversos processos envolvidos na manufatura, objetivando basicamente a agilização dos processos, o aumento da produtividade e redução de custos. Elas constituem mecanismos fundamentais para o sucesso de gestão das empresas e organizações em geral e são um amplo campo de estudos em administração e gerenciamento de empresas.

Os avanços da tecnologia dc informação nos últimos anos vêm permitindo às empresas executarem operações que, num passado recente, eram inimagináveis, como, por exemplo, a atualização do inven-tário em tempo real. Existem inúmeros exemplos de empresas que utilizam a tecnologia de informação para otimizarem seus processos com obtenção de resultados altamente significativos, em relação ao aumento de produtividade, qualidade, nível de serviço e, conseqüentemente, vantagens competitivas.

A tecnologia de informação, da maneira que geralmente vem sendo utilizada nas empresas, envolve uma gama muito grande de hardwares e softwares, os quais proliferam e evoluem rapidamente em termos de capacidade de coletar, armazenar, processar e acessar números e imagens, para o controle dos equipamentos e processos de trabalho, e para conectar pessoas, funções e escritórios, tanto dentro quanto entre as organizações.

As tecnologias operacionais que serão analisadas a seguir são tecnologias que vêm sendo largamente utilizadas nas indústrias manufatureiras e de serviços há muito tempo. O que levou esse setor a uma busca cada vez maior por redução de custos e aumento de produtividade ao longo dos anos foram principal-mente os aspectos competitivos que sempre dominaram esse setor, já analisados anteriormente. São tecnologias que, se adaptadas às especificidades do ambiente construtivo, podem dar uma contribuição bastante significativa ao mesmo. Porém, deve-se considerar que algumas empresas de grande porte do setor construtivo já vêm empregando algumas dessas tecnologias com resultados bastante satisfatórios.

Tornologia HP RaHinfror|iÍpnria, Código Ho Rarras P I pitorpç (Srannprc) Em um cenário onde a tomada de decisões deve ser rápida e precisa, radiofreqüência (RF) torna-se indispensável para, de uma forma bem estruturada, dar uma visão concisa e em tempo real da operação logística. A tecnologia de radiofreqüência, ou redes sem fio, permite que as informações de controle logístico de materiais estejam disponíveis e atualizadas em tempo real e oferecendo mobilidade aos seus usuários. As operações sem esta tecnologia necessitam de um maior controle ou um controle mais trabalhoso, mais demorado e menos preciso na separação, expedição e elaboração de inventários de produtos ou estoque.

A radiofreqüência é usada dentro de áreas relativamente pequenas, como centros de distribuição, ar-mazéns, depósitos, podendo ser usado em almoxarifados e canteiros de obras da construção civil, com

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objetivo de facilitar a troca de informações nos dois sentidos - no recebimento e expedição dos mate-riais. Uma aplicação importante é a comunicação em tempo real entre responsáveis pelo manuseio de materiais, como operadores de empilhadeiras e separadores de pedidos. A RF permite que os operado-res de empilhadeiras tenham acesso a instruções e prioridades em tempo real, em lugar de utilizarem listas de instruções impressas em papel. A comunicação em tempo real oferece mais flexibilidade e agilidade e, freqüentemente, implica melhoria de serviço com utilização de menos recursos.

Em canteiros de obras onde as técnicas construtivas baseiam-se na industrialização, envolvendo um grande número de diferentes elementos pré-moldados, sem mencionar os milhares de outros compo-nentes envolvidos no processo construtivo, o controle dessa forma torna-se bastante complexo. O con-trole mencionado anteriormente diz respeito a: chegada dos elementos e componentes, conferência física, estocagens dos diversos itens adequadamente, atendimento de pedidos de produção, remoção dos itens do estoque, atualização do inventário, etc. A tecnologia da radiofreqüência associada ao código de barras tornaria esse controle bem mais facilitado, acurado e rápido.

O s sistemas de coletas de dados por radiofreqüência usam comunicação sem fio entre um computador secundário (hospedeiro - host) e terminais remotos. O s sistemas de coleta de dados por radiofreqüência (CDRF) baseiam-se na tecnologia de código de barras para coleta de informações. O s dados são transmi-tidos por uma onda de rádio para o host, para atualizar o banco de dados em tempo real ( M O U R A , 1998).

O s componentes de uma rede sem fio de coleta de dados incluem:

• Terminais portáteis de coleta de dados (manuais);

• Terminais acoplados a veículos;

• Terminais fixos para coleta de dados;

• Impressora e PC de mesa ou portátil;

• Impressora de código de barras;

• U m controlador que comanda as comunicações entre os rádios e o computador;

• Uma estação base que propicia o elo entre o rádio e o computador e as unidades portáteis;

• Unidades portáteis, manuais ou instaladas nos veículos, com leitoras de código de barras, teclado e displays de múltiplas linhas de memória (terminais remotos).

Impressoras de código de barras (1) (2), coletores portáteis de dados (3) (4)

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O s passos desenvolvidos numa transação efetuada por radiofreqüência:

• Rádio transmite mensagem para a base.

• Base encaminha a mensagem para o controlador (conversor/decodificador).

• Controlador envia ao computador.

• Computador processa os dados executando funções como val idação do código, atualização do arquivo dc localização, etc.

• Computador envia a mensagem de volta ao controlador base e, finalmente, aos terminais portáteis.

Ilustração do funcionamento - coletores portáteis, base com conversor e computador Fonte: hl(p:/Avrov.p$i tecnologia.com.br/

Operacionalização do CDRF

A característica da eficiência e da eficácia para apl icação do sistema de C D R F é proporcionada quando integrada a processamento de pedidos, à identificação de volumes, à separação, à expedição e à atua-lização do inventário. Estas aplicações podem ser mais bem compreendidas através de um exemplo de um sistema W M S dentro da cadeia logística, e isso inclui o recebimento, a armazenagem:

• Recebimento - No local de recebimento de materiais na obra, o operador com um terminal remoto na mão ou instalado na empilhadeira, se for o caso, faz a leitura do código de barras e, uma vez obtida a informação codificada, ele aciona o botão de envio e as mercadorias são recebidas no controle de estoque do sistema. Com os coletores de RF no recebimento é possível efetuar a identificação de produ-tos, através do código de barras e da tecnologia de radiofreqüência em tempo real, e os atrasos de recebimento são eliminados. Para o caso de um canteiro de obras, o sistema se adapta mais para o fluxo de peças e componentes como metais em geral, esquadrias metálicas ou não, componentes pré-fabrica-dos, etc. Estes componentes poderão vir já etiquetados com código de barras do fornecedor, serão identificados e, posteriormente, poderão receber um código de identificação interna para o inventário do canteiro.

• Armazenagem - Para dar prosseguimento ao exemplo acima, imediatamente após a conclusão da transação de recebimento, o operador recebe pelo sistema uma instrução de estocagem. Ele é orientado para se deslocar até o local indicado pelo sistema para estocagem do item; é um local predeterminado e com sua codif icação estabelecida. O computador possivelmente já sabia que o local disponibilizava espaço para estocagem, pois provavelmente algum tempo antes um separador retirou material dali. À frente desse local (estanteria, por exemplo), o operador verifica se está colocando a mercadoria no local

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certo, fazendo a leitura do código de barras do local e transmitindo-a para o computador que confirma a guarda correta.

Usando terminais portáteis CDRF, os operadores são instruídos pelo sistema de informação onde arma-zenar um palete ou caixa específica, a fim de maximizar o espaço do almoxarifado ou a eficiência de separação. Os códigos de barra de localização do palete ou caixa são lidos quando ele é estocado. Através da transmissão via radiofreqüência obtém-se o direcionamento preciso do componente de maneira rápida e confiável, garantindo o correto posicionamento em toda área de armazenagem.

• Processamento de pedidos - Realizando o processamento de pedidos em tempo real se diminui a probabilidade de erros, proporcionando que o solicitante do pedido receba o produto correto, no endereço certo, evitando desgastes e contratempos.

• Identificação de volumes - Todo volume a ser transportado, seja internamente, seja externamente, deverá ser identificado com uma etiqueta com código de barras. Isto facilitará a identificação deste volume no sistema, fazendo com que qualquer operação realizada com um determinado volume seja precisamente registrada em sua base de dados.

• Separação - Como o operador encontra-se no meio do armazém e para torná-lo mais produtivo, alguém pode aumentar sua produtividade solicitando-lhe uma coleta naquela área. Com isso, ele retorna ao setor de expedição com algo no seu veículo, em vez de retornar vazio ao setor de recebimento para outro transporte. Estima-se que em média 4 0 % do tempo de um operador é gasto percorrendo trechos com o veículo vazio. Realizando um ciclo entre uma estocagem e uma separação, sua produtividade pode aumentar de 35 a 4 0 % .

• Expedição - Já com o operador no setor de expedição, ele pode começar a colocar os componentes no veículo transportador. Durante a operação de carregamento, o supervisor do setor de expedição vai conferindo a carga embarcada, através do código de barras. Esta informação é transmitida ao computa-dor que disponibiliza a informação processada ao solicitante sobre seu pedido despachado. Com o processo de expedição automatizado, o levantamento dos dados no depósito torna-se preciso, garantin-do a eficácia no atendimento dos pedidos e atualização do inventário.

• Gerenciamento do pátio - Otimiza o fluxo de veículos que estão no pátio, facilitando, assim, o gerenciamento de todos eles.

• Contagem do Inventário - Pode-se ter uma seqüência de carregamento por destino dirigindo o plano de carga do veículo. Além disso, usando o banco de dados do computador, pode-se verificar se os pedidos seguiram completos ou se existe alguma falta. A estas funções do CDRF pode-se acrescentar ainda a contagem cíclica do inventário. A contagem cíclica do inventário seria a conferência do inven-tário naquele instante (balaço geral), ou seja, a compilação a todo instante dos relatórios de entrada e saída que encaminha a posição naquele momento dos materiais estocados no almoxarifado.

Uma outra ferramenta tecnológica que pode ser adicionada ao processo é o EDI. Ela tem como finalida-de a interação entre parceiros em tempo real. O fluxo de informações e documental se processa de uma forma eletrônica, com pouca interferência ou manuseio humano, conforme será abordado com mais detalhes posteriormente. Com o EDI pode-se notificar o cliente não apenas que seu pedido foi despa-chado, mas exatamente quando foi, qual a transportadora responsável, qual a previsão de chegada e o que consta no pedido.

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Benefícios proporcionados pela CDRF

As operações de recebimento, armazenagem e distribuição podem ser muito beneficiadas com o uso de um sistema de coleta de dados por radiofreqüência. Algumas das principais características que propor-c ionam estes benefícios são:

• atualização das transações em tempo real: é uma das características mais poderosas oferecidas pela CDRF. Terminais de coleta de dados portáteis ou instalados em veículos estão on-line via radiofreqüência e podem fazer transações de inventário com o host, em tempo real. A coleta de dados em tempo real é muito importante, pois fornece informações sempre atualizadas para a administração sobre níveis de estoques e pedidos;

• eliminação de cabos: em muitos casos, o preço dos cabos e da mão-de-obra de instalação justifica um sistema CDRF em termos de custo. Ele pode reduzir significativamente os custos operacionais e torna as operações muito mais flexíveis, sem a limitação condicionada pelos cabos;

• redução dos custos: os custos podem ser reduzidos significativamente;

• a entrada manual de ciados é minimizada ou completamente eliminada, porque eles entram no sistema no momento em que são "escaneados";

• a produtividade dos funcionários aumenta, porque os usuários podem acessar o banco de dados para obter as informações necessárias;

• os níveis de estoques podem ser reduzidos, porque todas as transações são informadas ao banco de dados do host no momento em que ocorrem; a gerência tem uma visão precisa dos níveis de estoque e mantém quantidades adequadas dos produtos;

• o tempo ocioso da produção é minimizado porque o host está sempre atualizado sobre a localização dos materiais;

• e provavelmente a mais importante: o atendimento ao solicitante pode ser melhorado pelo fornecimento de informações precisas sobre o tempo de espera e a situação do seu pedido.

Tecnologia do código de barras A tecnologia do código de barras surgiu com o principal objetivo de minimizar ou eliminar problemas como erros e procedimentos demorados, servindo como ferramenta complementar muito eficiente a outras tecnologias empregadas.

• O código de barras e a leitura óptica são tecnologias de identificação automática que facilitam a coleta e a troca de informações logísticas.

• O código de barras é a tecnologia de colocação de códigos legíveis por leitores ópticos que decodificam a leitura e transmitem os dados ao computador.

• Entre os padrões mais difundidos tem-se: o Código Universal de Produto ( U P C - Universal Product Code) e o EAN .UCC* .

'Sistema EAN. UCC é um conjunto de padrões, que possibilita a gestão etlciente de cadeias de suprimentos globais e multissetoriais, identificando com exclusividade produtos, unidades logísticas, localizações, ativos e serviços. Fie facilita os processos de comércio eletrônico, propondo soluções estruturadas para mensagens eletrônicas e viabilizando a total rastreabilidade das ofx^raçòes. I:AN (Furopean Article Numbering) é a entidade internacional que administra o sistema de numeração de produtos e locais, os códigos de barras e a linguagem de negócios FANCOM dentro de padrões aceitos internacionalmente.

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• O padrão de codi f icação compõe-se de uma numeração alfanumérica legível e de sua simbolização em barras verticais, que é decodificada por leitores ópticos.

• Cada identificação é única no mundo, a identificação da informação é instantânea e a linguagem, comum no intercâmbio de informações entre parceiros comerciais.

S E A C A U T O M A C A O

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Exemplos de etiquetas diversas de código de barras

O código de barras é a tecnologia de identificação mais utilizada no mundo por ser de fácil acesso e baixo custo de implementação. Isto se deve também pela sua imensa utilidade correspondente a um fluxo de informação em tempo real e pela evolução das características do material onde as etiquetas vão registradas. As etiquetas são elaboradas com papéis e plásticos mais resistentes e duráveis e equipa-mentos de leitura e impressoras mais sofisticados.

O código de barras básico impresso em caixas de embalagens é chamado UPC/EAN e representa apenas um dos cerca de 250 tipos de códigos de barras desenvolvidos ao longo dos anos. Códigos de barras como esse são denominados de códigos de barras lineares, uma vez que são formados por um conjunto de barras e espaços colocados lado a lado. Existem dezenas de simbologias de códigos de barras, o que resultou em uma padronização por segmento de mercado.

O s mais util izados entre os códigos de barras lineares são: " U P C / E A N " , " C O D E 1 2 8 " , " C O D E 3 9 " , " C O D E 9 3 " , "2 de 5 Intercalado". A capac idade normal de dados varia de 8 a 106 caracteres, sendo que alguns códigos de barras restringem-se apenas a números, enquanto outros util izam informa-ções alfanuméricas. As normas desses códigos de barras são publ icadas pela A I M e, atualmente, estão sendo desenvolv idas pela ISO. A I M Brasil é uma entidade sem fins lucrativos ou político-partidários que promove, divulga e desenvolve o mercado brasileiro de A I D C - Automação de Identif icação e Coleta de Dados (A IM, 2004).

Existem dois tipos de códigos de barras em utilização: o código linear ou unidimensional (1D) e o código bidimensional (2D). Nos códigos de barras lineares (1 D), o maior problema é a impossibilidade de aumentar o volume de informações necessárias nos processos. Hoje, as grandes aplicações estão caminhando para os códigos bidimensionais (2D) e, dependendo do segmento, já estão sendo padroni-zadas simbologias para suas aplicações.

• Códigos de Barras Lineares ou 1 D: são empregados em muitas aplicações onde simples códigos numé-ricos ou alfanuméricos podem fornecer a chave para um banco de dados de "produtos". A limitação mais óbvia é a quantidade de dados que podem ser armazenados em um código de barras lineares, embora

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possam existir outros problemas com o substrato onde o código de barras foi impresso, resultando em contraste insuficiente ou pouca receptividade da tinta, fazendo com que a qualidade do código de barras fique aquém da ideal (AIM, 2004).

• Códigos de Barras Bidimensionais ou 2D: uma nova área de crescimento no mundo dos códigos de barras são as versões bidimensionais. Há vários tijx>s de códigos 2D disponíveis e como eles não contêm apenas barras e espaços, utiliza-se um nome mais correto para tais simbologias. As simbologias 2D proporcionam um meio de armazenamento de grandes quantidades de dados em um espaço muito pequeno, independentemente se você considerar simbologias do tipo stacked(códigos de barras lineares colocados uns sobre os outros), do tipo matricial (formada por uma matriz de elementos claros e escuros, círculos, quadrados ou hexágonos), ou do tipo packet (um conjunto de símbolos lineares aleatoriamente dispostos em uma página).

Exemplos desses três tipos são os seguintes: "PDF417", " C O D E 49", " C O D E 16K" (empilhados), "Code One", "MaxiCode", "Data Matrix", "Código A/led', "Código Q R " (matriz), e "Super Code" (pacote). As normas para cada uma dessas simbologias podem ser obtidas junto à A I M Brasil ou encontram-se em desenvolvimento. Várias dessas normas já foram encaminhadas à ISO para padronização. As simbologias 2D têm uma grande vantagem sobre os códigos de barras lineares, pois elas podem armazenar grandes quantidades de dados. Símbolos individuais podem armazenar cerca de 7000 caracteres numéricos ou 4200 alfanuméricos. Muitas dessas simbologias também são capazes de utilizar um dispositivo denominado "adição estruturada" que permite a divisão de mensagens entre vários símbolos, proporcionando um espaço de armazenamento praticamente infinito. A desvantagem das simbologias 2D é a necessidade de um scanner especial. As simbologias do tipo "matriz" requerem um scanner baseado em sistema de visão para ler os dados, embora algumas das simbologias stacked possam ser lidas com um scanner de rasterização a laser (AIM, 2004).

O código iluminado em toda sua extensão por luz. geralmente, laser vermelho

0 reflexo da luz retorna ao leitor

>> \

i r n i

i r i x t i l

J j ^ V j l

Espaço 8arra

0 leitor/coletor decodifica as barras em números e armazena a informação

Barras escuras contrastam do fundo claro em intensidades de reflexão

Barras e espaços são convertidos em "zeros" e "uns" e traduzidos para linguagem de computador

Ilustração do funcionamento da coleta de dados

Fonte: httpyAvww.planntfnet.com.br/patri_codigo.htm

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U m outro componente importante da tecnologia de identificação automática é o processo de leitura óptica, o qual se constitui no elemento que capta as informações do código de barras (scanners).

• U m scanner lê os dados do código de barras e converte esses dados em informações úteis.

• Os scanners manuais são pistolas a laser (não-contato) ou canetas ópticas (contato).

• Os scanners fixos são automáticos (não-contato).

• Nos scanners cie cartão (contato), as tecnologias de contato exigem que o dispositivo de leitura toque o código de barras; isso reduz os erros de leitura, mas diminui a flexibilidade.

A tecnologia de pistola a laser é a mais utilizada por sua flexibilidade, condição importante nas opera-ções internas de armazéns.

A tecnologia de coleta de dados via radiofreqüência associada à tecnologia VVMS, que será analisada mais adiante, pode dar uma grande contribuição ao setor construtivo no que diz respeito à redução dos estoques, acuracidade das informações sobre o fluxo de materiais no desenvolvimento da obra e redu-ção de custos. Os estoques de materiais e componentes dos canteiros e almoxarifados estarão sempre com informações atualizadas e precisas, conduzindo a uma maior exatidão das disponibilidades e, conseqüentemente, a uma redução dos estoques de segurança. Sendo o maior problema das empresas construtoras hoje a carência de espaços físicos para implantação dos canteiros, esses benefícios se rever-tem de uma importância fundamental.

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TECNOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO POR RADIOFREQÜÊNCIA - RFID

Introdução A Tecnologia de Identificação por Radiofreqüência - RFID (Radio Frequency Identification) é um siste-ma de última geração que pode ser considerado uma evolução do sistema tradicional empregando o código de barras. É considerado como um fator competitivo na coleta e armazenamento de dados que garantirá a visibilidade de produtos na cadeia de suprimentos. A RFID é uma tecnologia de identifica-ção que utiliza a radiofreqüência e não a luz, como no caso do sistema de código de barras, para capturar dados. A tecnologia surgiu inicialmente na década de 1980 como uma solução para os siste-mas de rastreamento e controles de acesso.

Os sistemas RFID consistem basicamente em três componentes: Antena, Transceiver {com decodificador) e Transponder(normalmente chamado de RF Tagou simplesmente Tag), composto [Dela antena e pelo microchip.

A antena é o meio que ativa o Tag para trocar/enviar informações (processo de leitura ou escrita) através de um sinal de rádio. As antenas são fabricadas em diversos formatos e tamanhos com configurações e características diferentes, cada uma para um tipo de aplicação. Existem soluções onde a antena, o transceiver e o decodificador estão no mesmo invólucro, recebendo o nome de "leitor". O leitor, atra-vés do transceiver, emite freqüências de rádio que são dispersas em diversos sentidos no espaço desde alguns centímetros até alguns metros, dependendo da potência de saída e da freqüência de rádio utili-zada. Não difere muito de um leitor de código de barras em termos de função e de conexão ao restante do sistema. Entretanto, o leitor opera pela emissão de um campo eletromagnético (radiofreqüência), que é a fonte que alimenta o transponder, que por sua vez responde ao leitor com o conteúdo de sua memória. Ao contrário de um leitor laser, por exemplo, para código de barras, o leitor não precisa de campo visual para realizar a leitura do Tag, podendo ler através de diversos materiais como plásticos, madeira, vidro, papel, cimento, etc.

Quando o Tag passa pela área de cobertura da antena, o campo magnético é detectado pelo leitor. O leitor então decodifica os dados que estão codificados no Tag, passando-os para um computador que realiza o processamento. Este tijx> de configuração c utilizado, por exemplo, em aplicações portáteis.

Os transponders (ou RF Tag) estão disponíveis em diversos formatos (pastilhas, argolas, cartões, etc.), tamanhos e materiais utilizados para o seu encapsulamento, que podem ser o plástico, vidro, epóxi, etc. O tipo de Tag também é definido conforme a aplicação, ambiente de uso e performance. Existem duas categorias de RF Tag: Ativos e Passivos. Os RF Tag ativos são alimentados por uma bateria interna e tipicamente permitem processos de escrita e leitura. Já os RF Tag passivos operam sem bateria, sendo que sua alimentação é fornecida pelo próprio leitor através das ondas eletromagnéticas. O custo dos RF Tag ativos são maiores que o dos RF Tag passivos, além de possuírem uma vida útil limitada de no máximo 10 anos (os passivos têm, teoricamente, uma vida útil ilimitada). Os Tags passivos geralmente são do tipo só leitura (read-only), usados para curtas distâncias.

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Circuito integrado

Bobina (Cu) Capacitador Placa de silício

Núcleo ferrute (FeO's) > Cápsula

Antena de cobre Chip

Modelo de etiqueta Tag - microchip RFID

Fonte: jm.pinheirotfprojetoderedes.com.br

As etiquetas eletrônicas colocadas nos produtos são dotadas de um microchip, que pode ser rastreado por ondas de radiofreqüência, e uma resistência de metal (ou carbono) é utilizada como antena. Para transmissão de dados, as etiquetas respondem a sinais de rádio de um transmissor, enviando de volta informações quanto a sua localização e identificação.

É um sistema de identificação automática que executa leitura, gravação ou alteração de dados em etiquetas chamadas inteligentes. Essa tecnologia permite o uso das etiquetas sem a necessidade de uma linha de visão direta entre a antena do leitor e o transponder (etiqueta inteligente - microchip). São etiquetas ou microchips inteligentes cuja leitura é feita pela passagem deste microchip eletrônico atra-vés de um portal, independentemente rio contato físico ou visualização óptica São lírios passivamente à medida que os produtos passam através de um campo magnético. É um processo mais rápido do que a utilização de scanners. Nessa tecnologia os transponders refletem a energia eletromagnética emitida pelo ponto de controle na forma de um código específico que pode ser capturado e decodificado, sendo depois este sinal encaminhado para um sistema supervisor (GASNIER , 2003).

Vantagens do RFID Ao contrário do código de barras, as etiquetas inteligentes podem ser lidas em blocos, ou seja, todas de uma só vez, contendo dispositivos anticolisão para que os sinais de cada um dos produtos não interfi-ram na leitura. As etiquetas admitem gravação de dados, o que permite inserir, ao longo da produção ou transporte de um produto, novos dados de informação, alterando seu status.

Ilustração da transmissão de dados da RFID

Fonte: jm.pinheiroeprojetoíleredes.com.br

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Para o caso de recebimento em um armazém, as etiquetas inteligentes são colocadas na embalagem que contém os itens. As embalagens são identificadas e entram no armazém ou almoxarifado em carrinhos que carregam várias embalagens. Ao entrar no portal, cada embalagem é identificada e individualmen-te registrada no computador. Depois, carrega-se sua posição no estoque de forma automática, em con-junto com a informação de conteúdo da embalagem e uso por data.

Para o caso de expedição, o sistema permite que um separador monte vários pedidos em um único carrinho. O computador automaticamente informa qual embalagem a separar escolhendo a seqüência ótima de separação e minimizando o tempo de percurso. Os carrinhos estão ligados ao sistema de radiofreqüência e cada um pode transportar várias embalagens, sendo que cada embalagem possui um transportei (etiqueta inteligente, ou seja, um microchip) de identificação por radiofreqüência (RFID). Isto para o caso da construção civil é muito significativo, levando-se em conta que a todo momento vários solicitantes, relacionados a várias especialidades de tarefas, pedem os mais variados tipos de materiais. Sendo assim, as atividades de um canteiro de obras são beneficiadas com ganhos significati-vos em eficiência e produtividade, e entre estas:

• eliminação de contagem e recontagem de materiais no almoxarifado. Depósitos, almoxarifados, caminhões, áreas de retaguardas e gôndolas podem ter antenas instaladas que podem automática e continuamente rastrear os produtos e manter o verdadeiro controle perpétuo de inventário;

• monitoramento contínuo do estoque de materiais a cada ponto do canteiro, que pode eliminar a falta de itens, gerando reposições automaticamente;

• o monitoramento permitirá medir anomalias no canteiro aumentando a habilidade de identifi-car a subtração (roubo) de materiais;

• as etiquetas possuem os microchips ultraíinos que proporcionam uma ampla cobertura de leitura e não precisam de bateria, uma vez que são alimentados diretamente pelos leitores;

• os microchips são seguros e invioláveis, já que o único identificador é programado a laser no processo de fabricação;

• permitir a solicitação de materiais em blocos ou grupos de pedidos sem a necessidade da leitura individualizada.

Outros benefícios importantes a considerar são: as operações de compra e venda, na entrega da indús-tria para atacadistas, distribuidores e varejistas; operações com produtos que requeiram cuidados espe-ciais como temperaturas extremas, tóxicos, etc., onde existe a dificuldade do contato. Nestas situações podem contar com a tecnologia que proporciona o benefício da identificação a distância sem a mani-pulação dos compartimentos que isolam os produtos ou o contato mais direto.

Poderá, inclusive, ocorrer o desenvolvimento de novos campos de aplicação para essa tecnologia, como usar esses dispositivos para monitorar uma ou muitas variáveis ambientais, garantindo a integri-dade dos produtos com relação à variação de temperatura, unidade do ar e níveis de poluição. Também será possível estabelecer parâmetros para registrar armazenagem ou transporte em temperaturas muito altas ou baixas, exposição a produtos tóxicos, reagentes, etc. (MATSUBAYASHI , 2003).

Utilização do sistema

Esta tecnologia vem sendo utilizada em sistemas de pedágios ("Sem Parar"), controles de acessos e de bagagens em aeroportos. A aplicação onde a etiqueta inteligente pode contribuir mais fortemente é

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na cadeia de suprimento, conferindo visibilidade aos produtos. Os clientes potenciais para essa tecnologia são os setores varejistas, construção civil, automotivos e de produtos de consumo de rápi-da movimentação.

U m outro tipo de utilização da tecnologia é na distribuição através de "paletes inteligentes" para uma empresa de serviços de locação de paletes, por exemplo. Os paletes possuem etiquetas inteligentes que fornecem uma identidade única para o equipamento. A informação das etiquetas é registrada pelos leito-res estáticos de radiofreqüência, montados em portas e esteiras transportadoras, assim como em leitores portáteis semelhantes nos centros de serviços. Os dados obtidos, associados com as informações de trans-porte, como identificação da carga, número de referência de envio e destino, são transmitidos para o aplicativo de acompanhamento via rede local de radiofreqüência. Do banco de dados da aplicação, relatórios de indicadores-chave de performance são gerados e podem ser remotamente avaliados pelos usuários finais via web, ficando à disposição dos clientes para monitoramento de suas movimentações.

Para o caso específico de varejistas, por exemplo, o sistema efetuará um reabastecimento inteligente de prateleiras, bastando que cada produto a ser comercializado tenha integrado a si um chip operado por radiofreqüência. O u seja, quando o produto sai da prateleira, esta "sabe" quando é hora de reabastecer, sendo que os caixas calculam o preço com a simples passagem do carrinho por um sensor e o custo total dos itens do carrinho do consumidor é logo fornecido. As informações de radiofreqüência enviadas para as prateleiras - ligadas a uma rede de computadores - disparam um sinal automático quando é necessário reabastecer, melhorando o controle de estoque da loja. Por outro lado, sensores registram o custo total dos itens do carrinho e o descontam automaticamente da conta bancária eliminando as filas.

O futuro na área da tecnologia de informação é sempre próximo e os produtos mudam com uma velocidade espantosa, alguns chegando a ter um ciclo de vida de meses. Com relação à radiofreqüência já existem equipamentos com uso combinado da radiofreqüência com a tecnologia de reconhecimento de voz, permitindo aos operadores desempenhar funções com as mãos livres e em ambientes agressivos para displays, como câmaras frigoríficas. Para estes casos, a tendência é não falar apenas em comunica-ção de dados e, sim, de um conjunto de tecnologias, como integrando dados, voz, captura de código de barras e imagens.

A importância da radiofreqüência na logística das empresas é evidenciada quando se analisa pelo pró-prio ponto de vista da logística, ou seja: o maior objetivo da logística é armazenar e distribuir o produto certo, no momento certo, no lugar certo, ao cliente certo, com eficiência e confiabilidade, e ainda garantir à empresa o menor custo possível, com qualidade, produtividade, sem erros, sem retorno, sem perdas. Uma tarefa difícil, porém pode ser atingida através da informação de qualidade e em tempo real, e a tecnologia que pode proporcionar esta qualidade é, sem dúvida, com o uso de equipamentos portáteis com comunicação via radiofreqüência.

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SISTEMA DE GERENCIAMENTO DO ARMAZÉM - WMS

Introdução Sistema de Gerenciamento do Armazém - VVMS {Warehousing Management System) é uma poderosa ferramenta estratégica para o gerenciamento de aImoxarifados, depósitos, armazéns ou Centros de Dis-tribuição (CD). O sistema VVMS é bastante utilizado hoje, tanto que é considerado uma ferramenta básica para a gestão das atividades de armazenagem, envolvendo o controle de entrada e saída de materiais, endereçamento, realização do FIFO, controle de estoque e outras atividades, ou seja, tem uma função primordial que é coordenar, controlar e registrar todos os movimentos físicos do estoque, desde o recebimento até o despacho no armazém.

A principal finalidade do sistema é dirigir, monitorar e controlar o local e a quantidade do estoque, além de ser responsável pelas operações que afetam a quantidade e o local do estoque. Segundo Moura (1998), W M S são pacotes de software que estão interessados na realização de dois objetivos da armaze-nagem, que consistem em maximizar a produtividade com a minimização da utilização do espaço, equipamentos e mão-de-obra. O W M S é uma solução desenvolvida para gerenciar operacionalmente todas as atividades de um armazém ou áreas de armazenagem, como: seqüência de atividades operacionais em um armazém, processo de inventário, recebimento de materiais, separação de pedi-dos, transferências de estoque, PEPS (Primeiro que Entra é o Primeiro que Sai), etc.

Muitas soluções W M S só gerenciam entradas, saídas e saldos dos produtos em estoque, movimentações estas totalmente integradas com outros módulos, através de um mesmo banco de dados que |x?rmite a distribui-ção da informação em temjx) real, tão logo acontece a movimentação. Mas um VVMS pode ser muito mais que isso. Além de controlar tais informações, uma solução W M S pode gerenciar o processo da portaria quando da chegada de um veículo, gerenciar o pátio de veículos, identificar a entrada no estoque, controlar um mesmo item em mais de um local no mesmo estoque, ou em estoques diferentes, apoiar o processo de inventário geral e rotativo, monitorar os recursos operacionais (empilhadeiras, pessoas, etc.), apontar produ-tividade operacional, possibilitar uma rota de separação inteligente, entre inúmeras outras funcionalidades.

Dossa t n r m a , c m f u n ç ã o r ias nerr»«;«;idadps í Ip r a d a n e g o c i o , t o r n a - v m u i t o i n t e r e s s a n t e e v i á v e l u m a

determinada solução de W M S e, com isso, a acuracidade das informações dos estoques. A possibilidade da informação em tempo real para rastreamento de um determinado pedido, além das informações gerenciais que podem ser fornecidas pela solução VVMS, incrementam o potencial oferecido por essa Tecnologia da Informação à disposição das empresas.

Definição do WMS Pode ser definido como a implementação de técnicas avançadas e tecnologia para otimizar todas as funções de um armazém, almoxarifado ou canteiro de obras em geral, ou seja, é a integração do software com hardware de forma a otimizar espaços, equipamentos, controle do inventário e recursos de mão-de-obra e equipamentos.

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O VVMS é a máxima automação do processo de armazenagem. Ele inclui o computador, que é o centro de processamento, os dispositivos periféricos, como impressoras, terminais e recursos de código de barras e coletores de dados radiofreqüência para dar maior produtividade à operação e aos recursos humanos.

O W M S é tanto software quanto capacidade do sistema de computação, gerenciando o fluxo de mate-riais e pessoas num processo de armazenagem. Ele otimiza o trabalho das pessoas, a movimentação do inventário e o fluxo de informação dentro do armazém e por toda a cadeia de distribuição. A platafor-ma do computador pode ser um minicomputador, mas normalmente é um PC. Ele permite entregar o produto certo, na quantidade certa, na hora certa ( BANZATO, 1998).

Servidor Infra-estrutura de radiofreqüência

R . A J . L IU Coletores de dados e Estações de trabalho computadores de bordo

O sistema WMS com os coletores, radiofreqüência, software e as estações de trabalho

Fonte: http:/Av\vw.o|x*nwms.com.bf/

Sistema de operação do WMS O s objetivos básicos do sistema de gerenciamento são: identificar e coordenar o trabalho que precisa ser feito e facilitar a realização do trabalho de forma a maximizar o seu desempenho, ou seja, maximizar a produtividade com redução de tempo e recursos humanos. As questões básicas importantes para o gerenciamento de um armazém ou almoxarifado são fundamentalmente: Identidade (qual o estoque que temos?), Local (onde está?), Quantidade (quanto de cada item está estocado?). Existem outras ques-tões relacionadas com a idade do estoque, condição, status e lote ou número do lote.

Considerações:

• o sistema mantém num banco de dados as informações relativas a cada item de linha (peso, tamanho, fragilidade, etc.), com o objetivo de alocar endereços de estocagem;

• a outra estrutura principal de banco de dados é um mapa dos locais que mantêm as informa-ções sobre identidade e as características de cada local, assim como seus relacionamentos espaciais.

O s bancos de dados devem fornecer várias informações às demais partes do sistema e precisam responder às consultas ou produzir relatórios. As informações fornecidas podem ser relacionadas ao local e ao códi-go do item. É capaz de controlar a compatibilidade entre os produtos para efetuar o armazenamento, os endereços, número de série do produto, a validade, produtos diferentes ou mesmo produto com série diferente armazenados no mesmo endereço, reposição automática e gerenciamento de kits, entre outros.

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O W M S pode proporcionar rastreabilidade das operações, à medida que registra todas as operações efetuadas dentro do armazém, o que ajuda na identificação de possíveis erros e, também, no aprimora-mento dos processos operacionais. Ele pode permitir, ainda, a avaliação da performance dos recursos humanos, já que fornece registros dos processos executados e o tempo gasto por operador na busca dos itens por ocasião do atendimento dos pedidos.

U m sistema manual de gerenciamento do armazém usa papel e técnicas manuais para tentar otimizar as operações de armazenagem. U m sistema computadorizado de administração do armazém é a integração da tecnologia do código de barras, equipamentos de comunicação via radiofreqüência, hardware, software, voltados ao armazém.

Funções do WMS

Em geral o W M S executa funções básicas como:

• gerenciamento do inventário do recebimento no almoxarifado até a expedição;

• gerenciamento da força de trabalho para todas as movimentações do inventário;

• atendimento e verificação dos pedidos;

• preparação e liberação da expedição; e

• gerenciamento do banco de dados do inventário em tempo real.

U m computador central na matriz da empresa recebe a solicitação dos pedidos dos diversos canteiros de obras e encaminha aos fornecedores por meio do Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI) ou Internet. No momento do atendimento desses pedidos pelos fornecedores, todas as informações são descarregadas no computador do canteiro da obra que solicitou o pedido específico o qual roda o W M S .

Com relação à necessidade de expedição, o processo se inverte. O u seja, quando é solicitado um material para o emprego na obra é feita a leitura da sua identificação (código de barra) e automatica-mente o sistema dá a baixa, mantendo o inventário sempre atualizado em tempo real. Para grandes construtoras com várias obras em andamento, uma das vantagens é a possibilidade de utilizar o poder de barganha com os fornecedores. Pois, materiais de uso comum nas obras, podem ser comprados em grandes lotes, conduzindo a possibilidade de um sistema de parceria com o fornecedor e, conseqüen-temente, a um maior comprometimento do mesmo. Isso ocorrendo a entrega poderá ser programada, evitando estoques excessivos nos canteiros.

As funções gerais executadas pelo sistema W M S , além de priorizar a carga de trabalho diária, são basi-camente nessa ordem:

Recebimento -identif ica e registra os recebimentos no inventário por unidades de estocagem -> atualiza o inventário físico ->gera etiquetas -»dcsigna automaticamente locais de estocagem -> confirma guarda acurada.

Expedição —castreia todo o inventário por local -*faz listagem de separação -designa e direciona as atividades de separação ->verifica cada item no pedido -x:alcula os pedidos para embalagem —»gerencia as necessidades de rotulação —»gera seqüência de expedição —^direciona a entrega do pedido às docas -»gera documentos de expedição -^atualiza o computador principal para faturamento.

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Benefícios logísticos do WMS A utilização do W M S fornece muitos benefícios logísticos, entre estes:

• Redução dos custos operacionais

U m W M S irá melhorar significativamente a produtividade da mão-de-obra no canteiro de obras. Ele está sempre tentando reduzir o tempo de movimentação associado à execução de uma tarefa ou de uma série de tarefas, resultando num aumento de produtividade do operador, ou seja, é por meio da eliminação de passos improdutivos ou de valor não-agregado que o responsável pelo almoxarifado executa sua função. O W M S reduz o tempo de busca e minimiza a oportunidade de má separação devido aos altos níveis de acuracidade do inventário.

• Operação em tempo real

A tecnologia do código de barras e radiofreqüência associado à tecnologia W M S é que proporcionam as operações em tempo real. Em vista disso, o sistema pode apoiar reduções de lead time, tanto para o processamento de pedidos quanto para o gerenciamento de inventário. Esses benefícios, por sua vez, podem apoiar melhor o serviço ao solicitante e um giro mais rápido no inventário, os quais fornecerão economias financeiras às operações do armazém.

• Alguns dos principais benefícios gerais são: erros reduzidos; melhor acuracidade do inventário; maior produtividade; papelada de trabalho reduzida; melhor utilização do espaço; eliminação de inventários físicos; melhor controle de carga de trabalho; melhor gerenciamento de mão-de-obra; suporte às necessidades de EDI; suporte a programas de conformidade ao cliente de valor agregado.

O que produz o sucesso do W M S está fundamentalmente na acuracidade dos dados envolvidos e que são utilizados para tomar decisões de gerenciamento de inventário. Grande parte dos pacotes conta com suporte da coleta de dados por código de barras. O software também funciona com Comunicação de Dados por Radiofreqüência (CDRF), que elimina o tempo gasto e a maior possibilidade de erros, quando a obtenção e transferência desses dados é feita manualmente. Estas técnicas de informações permitem ao software gerenciar todas as atividades do armazém, do almoxarifado e do canteiro de obras, desde o recebimento do inventário até a expedição dos pedidos e também atualiza o computa-dor central sobre expedições e condição do inventário.

Os ganhos com produtividade e acuracidade dos dados em relação ao fluxo de materiais estão ligados ao seu atual grau de automatização, ou seja, à tecnologia de informação desenvolvida, e de imediato pode-se mensurar ganhos como:

• melhor acompanhamento na produtividade das equipes envolvidas com a armazenagem;

• redução dos tempos de recebimento, armazenagem, separação e carregamento de pedidos;

• maior agilidade no atendimento ao solicitante;

• diferencial competitivo no mercado;

• redução de avarias e erros no atendimento;

• melhorias no ambiente de trabalho, principalmente no que tange à segurança do trabalho;

• redução de custos diretamente ligados à gestão dos processos logísticos da empresa.

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Considerações relacionadas à implantação do sistema na construção civil Não se pode deixar de apresentar também alguns impactos que surgem em um processo de implementação da tecnologia:

• investimentos em treinamentos e qualificação profissional do quadro de pessoal envolvido, aliado a um processo de conscientização das vantagens da implantação;

• investimento considerável em equipamentos e Sistemas Especialistas de Informação;

• em muitos casos reestruturação dos departamentos ligados diretamente aos processos logísticos da empresa;

• investimentos em infra-estrutura para suportar processos automatizados;

• riscos de investimento em soluções que não atendam a necessidades da empresa devido à falta de planejamento ou acompanhamento de pessoas não especializadas.

Tecnologia de informação no WMS

A obtenção de dados, como parte da função de movimentação de materiais dentro de um armazém, almoxarifado ou canteiro de obra, é feita através do código de barras, leitores e receptores-transmisso-res de radiofreqüência que contam e identificam materiais em movimento no sistema. Os leitores de códigos de barras captam as informações que são transmitidas por rádio para possibilitar um fluxo mais ágil e preciso dessas informações. Com as informações fluindo eletronicamente, além da agilidade e a eliminação quase completa de erros de digitação, o sistema permite também uma resposta tão rápida quanto precisa e em tempo real.

Terminais de coletas de dados por rádio instalados nas empilhadeiras ou carrinhos manuais desempe-nham um importante papel na movimentação e armazenagem de materiais. Utilizando scanners portá-teis e manuais, os ciados do código de barras são inseridos nos terminais e comunicados ao computador do armazém. Através dos terminais, as operações de movimentação e armazenagem são capazes de manter ligações em tempo real com o computador principal, resultando numa entrada de dados acurada, rastreamento, verificação da localização, despacho, pessoal e equipamentos. O resultado são melhorias na produtividade e exatidão do banco de dados.

Embora os coletores de dados tenham tido tradicionalmente seu maior impacto no controle de inventá-rio, a característica móvel on-line 6a tecnologia, acoplada à maior sofisticação de software e capacida-des de estocagens, sugere que a tecnologia terá um papel significativo em fornecer conexões de radiofreqüência (RF) às redes de área local ligadas às redes maiores, que controlam a cadeia de supri-mentos, aí incluindo fornecedores e solicitantes.

WMS integrado ao Sistema de Radiofreqüência Quando se investe em um sistema de comunicação via RF, espera-se velocidade de informações, que para alguns negócios é de fundamental relevância. Mas muitos não investem num sistema de RF, num primeiro momento, pensando que o mesmo já faz parte da solução VVMS. U m W M S pode gerenciar as atividades de armazenagem sem estar integrado a um sistema de comunicação em tempo real, o que para alguns casos é o mais viável, dependendo do porte operacional. Porém, em muitas situações a integração do Sistema de Gerenciamento de Armazém com o sistema de comunicação em tempo real (CDRF) promove benefícios que se justificam quantitativa e qualitativamente.

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Durante as atividades operacionais de um armazém, inúmeras perdas crônicas (perdas pequenas, po-rém contínuas) podem ser evitadas racionalizando a necessidade de pessoal operacional, equipamen-tos, etc., tais como (BANZATO, 2004):

• o Sistema de RP possibilita, em algumas situações, que o operador, quando estoca uma carga, volte com material a ser separado, eliminando o retorno vazio em aproximadamente 3 0 % das vezes (dependendo do planejamento de atividades);

• a informação em tempo real permite o "inventário rotativo gratuito", isto é, aquele que ocorre durante o processo de separação, por exemplo, já que o operador foi separar determinado item a ser inventariado, o sistema indica que aquele é o melhor momento para realizar a contagem;

• a RF evita que erros concretizem-se e somente depois sejam identificados, pois caso o operador cometa algum erro, no mesmo instante o sistema bloqueará a próxima tarefa a ser transmitida para o mesmo;

• a distribuição das atividades para o pessoal operacional é mais adequada e se autobalanceia em função das incertezas que surgem;

• a rastreabilidade da fase do ciclo do pedido - o mesmo possibilita um fornecimento de infor-mação mais acurado e rápido ao solicitante;

• o monitoramento da equipe é feito em tempo real, possibilitando gerenciamento mais eficaz dos recursos humanos.

Estes benefícios, que podem ser traduzidos em fatores quantitativos e qualitativos, fazem com que determinadas empresas viabilizem a implementação de um sistema W M S integrado ao Sistema de RF.

Escolha do Sistema W M S

Para justificar um investimento em W M S , principalmente com o uso de radiofreqüência, quando o valor de investimento é bem mais alto, é necessário fazer uma boa avaliação da complexidade dos processos logísticos, do valor agregado implícito dos materiais a serem controlados, do fluxo de caixa de custos/benefícios a serem atingidos, do tamanho e porte das operações, entre outros fatores. A em-presa deve se informar dos benefícios que uma ferramenta W M S poderá agregar ao seu modelo de negócios e, também, deve planejar e especificar os requisitos funcionais necessários para atingir os benefícios esperados. Outro aspecto importante é a necessidade de fazer uma pesquisa de mercado, objetivando identificar os principais fornecedores desta tecnologia, além de marcar visitas e entrevistas com outras empresas que implantaram o sistema.

Síntese dos benefícios proporcionados pelo Sistema W M S

• Controlar a portaria, recebimento, movimentação, estocagem, pickinge expedição de produ-tos, com mais agilidade e acuracidade nos processos.

• Reportar todas as atividades dc armazenagem e distribuição com maior velocidade e segurança.

• Endereçamento automático e otimizado por regiões de armazenamento ou características de produtos (curva ABC).

• Otimizar o trabalho do pessoal operacional e administrativo.

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• Gerenciamento pró-ativo (sistema que informa ao operador a tarefa a ser executada).

• Melhora a produtividade dos recursos do armazém.

• Permitir a rastreabilidade total dos processos e produtos.

• Ter confiabilidade e eficiência no controle de estoques de produtos.

• Permitir o controle de lotes (FIFO, por exemplo).

• Informações seguras, contínuas, integradas e em tempo real (se utilizar RP).

• Apoio ao processo de EDI.

• Possibilitar o controle de lote (fabricação, data de vencimento, lote logístico).

• Permitir o controle de produtos serializados (n° de série).

• Dar subsídios para assistência técnica através do controle de série do produto.

• Agilizar e otimizar o processo de inventário e auditoria dos estoques.

• Oferecer melhor nível de serviço aos clientes internos e externos.

• Dar subsídios para avaliação de performance dos recursos humanos.

• Obter maior eficiência na tomada de decisão.

• Melhorar ainda mais a imagem da empresa perante o mercado.

• Visualização de operações e monitoramento em tempo real.

• Variedade de informações gerenciais que possibilita identificar pontos de gargalo da operação.

• Disponibilizar informações para o pleno gerenciamento do almoxarifado, depósito, armazém ou centro de distribuição.

• Gerenciamento de múltiplos estabelecimentos.

• Integração entre os sistemas da organização, fornecedores e clientes.

• Segurança por usuário e controle de acessos.

• Solução integrada de gestão de estoques, faturamento de serviços, controles fiscais e emissão de Livro da Junta Comercial (para operador logístico e armazém geral).

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INTERCÂMBIO ELETRÔNICO DE DADOS - EDI

Introdução Intercâmbio Eletrônico de Dados - EDI (Electronic Data Interchange) é a sigla utilizada para se referir a um fluxo eletrônico de transações de um computador a outro, ou seja, é a tecnologia de conexão entre computadores de duas ou mais organizações, em que as interações ocorram diretamente entre sistemas. Sem dúvida, é um dos usos mais significativos da tecnologia de informação sob o ponto de vista estra-tégico. Constitui-se de um mecanismo importante para transferência de dados (transações) entre os membros de uma cadeia de suprimentos como empresas construtoras e seus vários fornecedores.

As empresas e fornecedores que estão ligados a essas redes não somente precisam do harchvarc necessá-rio, como também necessitam dos softwares e sistemas internos, que sejam compatíveis com seus par-ceiros de transações.

Por meio da utilização de um computador, acoplado a um modem e a uma linha telefônica e com um software específico para comunicação e tradução dos documentos eletrônicos, o computador do cliente/ empresa é ligado diretamente ao computador do parceiro. Ordens ou pedidos de compras, assim como outros documentos padronizados (ex.: projetos), são enviados sem a utilização de papel. Os dados são compactados (para maior rapidez na transmissão e diminuição de custos), criptografados e acessados somente por uma senha especial. O EDI é grande viabilizador nos relacionamentos de negócios que precisam ser precisos, rápidos e seguros. Documentos específicos que são tratados em processos de repo-sição contínua, pagamento contra nota fiscal entre muitos outros ti|)os de documentos que fazem parte de uma transação comercial podem ser efetuadas via EDI, permitindo que essas transações sejam executadas rápida e sigilosamente e as decisões tomadas dc uma forma ágil, garantindo a melhor resposta.

No contexto da iniciativa ECR, que será analisada posteriormente, implementar EDI é mais que uma tecnologia. É uma nova dinâmica no relacionamento entre a empresa e seus diferentes parceiros de negócios que simplifica toda a rotina de papéis e procedimentos, integra processos, reduz custos e aumenta a produtividade. O EDI diminui custos diretos e indiretos e simplifica os procedimentos neces-sários para a troca dc arquivos diversos entre o contratante e seus clientes. O serviço é taxado pelo volume de bytes transmitidos.

Através do EDI, documentos são transmitidos e recebidos independentemente do horário, distância e dos sistemas de computação utilizados. O resultado é um fluxo de informações mais rápido, seguro e preciso, no qual as informações vão e voltam sem qualquer interferência e com toda segurança.

Requisitos básicos para utilização do EDI Os documentos que geralmente envolvem as transações comerciais entre parceiros de negócios e que trafegam em uma rede de EDI são ordens de pagamentos, pedidos de compras ou serviços, faturas, notas fiscais e outras informações de ordem comercial entre empresas. Evidentemente, são transações onde o

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sigilo é fundamental e a ambigüidade não é permitida. Para que isso ocorra é necessário atender a dois requisitos essenciais (S IMPRO, 2000):

• Confiabilidade - o sistema por onde um documento de EDI trafega precisa garantir a sua inte-gridade, desde o momento em que é emitido até seu resgate no destino final.

• Formalização do acordo - para que a mensagem que trafega no sistema seja considerada docu-mento válido para acionar os devidos procedimentos comerciais, é preciso um acordo prévio entre parceiros para a especificação de seu conteúdo. Uma das maneiras de viabilizar o acordo entre parceiros do EDI é através da adoção de padrões de mensagens.

A justificativa principal para o estabelecimento de padrões de mensagens está na facilidade com que uma empresa pode incorporar novos parceiros aos sistemas de EDI já implantados. A criação de um padrão único e sua adoção ampla no ambiente de negócios promove a compatibilidade das mensa-gens, simplificando os procedimentos comerciais dos usuários que possuem EDI com parceiros de dife-rentes segmentos do mercado, tanto nacionais como estrangeiros. Com objetivo de disseminar a forma EDI de transações, foram estabelecidos padrões às comunicações de dados. São mais usuais o padrão europeu - EDIFACT, e o americano - ANS I X I 2 . O padrão americano transmite hoje mais de 200 tipos de documentos, como os recursos à disposição das empresas mostrados abaixo:

• X I2 .1 850 - ordens de compras

• X12.2 810 -fatura

• X I2 .7 840 - szolicitação de cotação

• X12.8 843 - resposta a uma solicitação de cotação

• X12.9 855 - reconhecimento de ordem de compra

• X 12.10 856 - pré-notificação de embarque

• XI2.12 861 - aviso de recebimento

• X I 2.14 830 - programação

• X I 2.15 860 - notificação de mudança de ordem de compra.

Histórico do EDI Foi mencionado acima o Padrão Internacional para intercâmbio Eletrônico de Dados (EDIFACT), que significa Electronic Data Interchange For Administration, Commerce and Transport. Para se compreen-der o significado do EDIFACT é necessária a apresentação de um breve histórico a respeito do EDI, que teve seu início na década de 1970 com a indústria de transporte, buscando uma solução para o excesso de papel nos processos administrativos (SIMPRO-BRASIL, 2000).

O EDI foi desenvolvido para atender às necessidades de comunicação eficiente entre parceiros comer-ciais, usufruindo as vantagens oferecidas pelas modernas tecnologias de informação. Deve se conside-rar que no mundo dos negócios a comunicação tradicional ocorre de duas formas: comunicação não-estruturada (mensagens, memorandos e cartas) e comunicação estruturada (pedidos de compras, aviso de despachos, faturas e pagamentos). O EDI abrange o intercâmbio de mensagens estruturadas, enquan-to as aplicações de Correio Eletrônico tratam das comunicações não-estruturadas.

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Em uma mensagem estruturada, tal como um pedido de compra, o dado é formatado seguindo um padrão preestabelecido, faci l i tando a transferência eletrônica entre sistemas de computadores. Freqüentemente denominada como comunicação "apl icação a apl icação", o objetivo é de realizar uma operação automática que possibilite a troca de dados entre parceiros comerciais.

No início da implementação do EDI foram desenvolvidos formatos para atender, isoladamente, às ne-cessidades individuais de cada empresa. Em pouco tempo, os usuários perceberam a possibilidade de um aproveitamento mais significativo e mais abrangente para a tecnologia. Novos padrões industriais foram então desenvolvidos para atender às necessidades com horizontes mais amplos. Entretanto, as empresas envolvidas em comércio com diversos setores industriais ainda enfrentavam barreiras e, con-seqüentemente, a necessidade de padrões nacionais tornou-se clara.

Por volta de 1985 surgiram dois padrões que tiveram larga aceitação, que foram:

• Padrão A N S I A S C X.12 (American National Standards InstituteAccredited Standards Commiltee) - Instituto Nacional Americano de Padrões - Comitê Credenciado de Padrões, surgido na Amé-rica do Norte; e

• Padrão G T D I (Guidelines for Trade Data Inlerchange) - Orientações para Intercâmbio de Da-dos Comerciais, surgido na Europa.

Embora atendessem às necessidades domésticas, a existência desses dois padrões, significantes, porém diferentes, foi criando dificuldades para o comércio internacional. Vários países abordaram este tema em um encontro do Grupo de Trabalho da O N U para Facilitação dos Procedimentos de Comércio Internacional (United Nations Working Party on the Fácilitation of International Trade Procedures -ISSO/ECEAVPA), comitê responsável pela simplificação dos procedimentos dispendiosos e pelo desen-volvimento da documentação padronizada.

Em 1986 a ISSO/ECE aprovou o padrão EDIFACT, que significa Intercâmbio Eletrônico de Dados para Administração, Comércio e Transporte. Segundo o S I M P R O - Brasil (2000), o conceito é simples: "um único padrão internacional para o EDI, suficientemente flexível para atender às necessidades do gover-no e da indústria privada". No entanto, não foi simples atingir esse objetivo, pois, em 1987, três eventos ocorreram, marcando o início do processo formal de desenvolvimento do EDIFACT. A UM/ECE indicou relatores do EDIFACT para América do Norte, Europa Ocidental e Europa Oriental; a sintaxe EDIFACT foi adotada pela ISSO e pela UM/ECE e a primeira mensagem foi adotada para teste. Em 1992, a A N S I ASC X.12 decidiu, em votação plenária, orientar para o EDIFACT o desenvolvimento de suas futuras mensagens, após a versão 4 do padrão nacional americano.

Redes de Valor Adicionado VANs (Value Added Network Service)

As redes que c a r r e g a m i n f o r m a ç õ e s F D I r h a m a m - s e serviços d e Rede d e V a l o r A d i c i o n a d o V A N s (Value Added Network Ser\'ices), que são usualmente gerenciados por terceiros (provedores) em vez de serem gerenciados pelos parceiros. Os clientes e fornecedores que estão ligados a essas redes não somente precisam do hardware necessário, como também do softwaree sistemas internos que sejam compatíveis com os parceiros, para que possam obter todas as vantagens do EDI.

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Síntese do sistema EDI

O EDI, quando comparado ao e-commerce, apresenta algumas vantagens. Deve-se observar que ambos podem ser considerados como o uso de tecnologias de computação e de comunicações para a realiza-ção de negócios. Entre as vantagens do EDI podem ser citadas:

• maior segurança nas comunicações entre parceiros;

• dispõe de formato-padrão para as transações, com um completo conjunto de mensagens;

• as VANs (value added network), básicas para o EDI, são muito seguras;

• maior rapidez quando se tem um alto volume de transações, processadas em servidores de grande porte ou mesmo em mainframes.

Embora os serviços de EDI venham sendo oferecidos por empresas privadas há alguns anos, em um ambiente informalmente denominado de flexibilização do monopólio dos serviços de telecomunica-ções, a liberalização completa desse mercado somente se concretizou com a Lei n ° 9295, que regula-menta a concessão de serviços públicos de telecomunicações, sancionada em julho de 1996. Esta Lei define como serviço de valor adicionado a atividade caracterizada pelo acréscimo de recursos a um serviço de telecomunicações que lhe dá suporte, criando novas utilidades relacionadas ao acesso, ar-mazenagem, apresentação, movimentação e recuperação de informações, não caracterizando explora-ção de serviços de telecomunicação. Essa Lei assegura a qualquer interessado a utilização da rede pública de telecomunicações para a prestação de serviços de valor adicionado.

A ocorrência no ambiente empresarial de uma grande variedade de sistemas proprietários (provedores de serviços privados) e de várias opções de padrões e protocolos no campo das tecnologias de informa-ção e comunicação, abriu um amplo potencial de mercado para a atuação de firmas provedoras de serviços de valor adicionado VANs ( value added networks). As VANs são empresas que atuam na área de desenvolvimento de EDI e são também provedoras de acesso a esses serviços; além disso, essas empresas oferecem uma grande variedade de outros serviços baseados em redes de valor adicionado.

Existe uma demanda expressiva por parte de grandes empresas que instalaram plataformas centralizadas no passado e que recentemente precisaram migrar para ambientes fragmentados, que necessitaram ser interligadas em redes locais, regionais ou globais, as várias dimensões de seus negócios. Isso fez com que as VANs acumulassem uma considerável capacitação tecnológica na área de compatibilização e interconexão de sistemas, redes e equipamentos, o que lhes permite aplicar esses mesmos conceitos no desenvolvimento de sistemas de EDI.

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As VANs atuam como intermediárias no tráfego e armazenamento de mensagens de um ou mais siste-mas de EDI, oferecendo também o serviço de conversão de protocolos, gateways e tradutores de men-sagens, de modo a permitir a integração do EDI com os diferentes sistemas internos dos parceiros de uma rede. As mensagens originadas em uma empresa são endereçadas eletronicamente para a "caixa postal" do parceiro, que pode estar armazenada tanto no computador do destinatário final como no servidor do provedor de serviço de EDI, onde ficam depositadas até ser resgatadas a qualquer tempo pelo parceiro. O u seja, o mesmo procedimento dos provedores de serviços de Internet.

Para garantir a confiabilidade da operação, as VANs costumam ter um sistema de protocolagem, de tal forma que, quando a mensagem é depositada na caixa postal do destinatário, o sistema remete automa-ticamente para a empresa que enviou a mensagem uma informação certificando que a operação foi realizada. Normalmente, o tráfego de mensagens é efetuado fora dos horários de maior fluência, para evitar problemas de congestionamento da rede (SIMPRO-BRASIL, 2000).

Para simplificar as operações, o provedor de serviços pode desenvolver um sistema de tradução de men-sagens para um formato próprio, permitindo a um usuário ter acesso a qualquer um dos seus parceiros através de um procedimento-padrão e de uma única conexão externa. A mensagem assim transmitida, ao passar pelo sistema do provedor do serviço, é convertida para o formato adotado no ambiente do parceiro ao qual se destina. Nessa solução, o software tradutor não está armazenado no computador do usuário nem no do seu parceiro, mas na própria rede, ou seja, no servidor do provedor de EDI.

Empresas com um grande número de parceiros também têm dado preferência para a contratação de VANs que planejam, desenvolvem e implantam o sistema EDI. Além disso, configuram a rede de dados e participam, junto com a empresa, do desenvolvimento de novas aplicações internas geradas a partir do EDI. Se isso não bastasse, realizam os testes de operação dos sistemas, além de treinar e oferecer assistência técnica aos parceiros de uma rede. Isto torna muito mais atraente a contratação e utilização desses provedores em vez de os parceiros assumirem essa função integralmente.

O projeto de um sistema EDI é quase sempre desenvolvido sob medida, o que requer não só o domínio da tecnologia, como também o aprendizado sobre os processos de negócios envolvidos nas transações comerciais entre os parceiros de uma rede. As VANS têm sido pressionadas a participar também na fase de comercialização do sistema de EDI junto aos parceiros de negócios de uma empresa líder (hub), visando aumentar o número de adesões à rede. Sendo assim, entende-se que a função fundamental das VANs é absorver a complexidade dos sistemas, permitindo que os usuários concentrem-se em seus negócios e não no suporte ao negócio.

Benefícios proporcionados pelo EDI na construção civil O EDI reduz o fluxo de papéis, diminui a necessidade de conferências e manipulações de documentos, simpli-fica os controles e padroniza os processos de entrada e saída de documentos, garantindo a total integridade dos dados. Com o EDI, o fornecedor programa a entrega dos itens, enviando ao transportador os dados da nota fiscal e este, por sua vez, emite o conhecimento da carga e a fatura de cobrança pelo serviço. Na outra ponta do processo, o cliente receberá via EDI as informações dos itens a serem entregues, acelerando em muitas horas o tempo parado de um caminhão no pátio da empresa à espera de que seja elaborada a documentação.

O EDI faz com que o relacionamento entre cliente e fornecedor evolua de tal forma que o processo de interação fique totalmente automatizado. O responsável pelo almoxarifado do canteiro de obras pode ter os menores estoques possíveis e estar sempre tranqüilo, pois sabe que quando seu estoque atingir o ponto mínimo estipulado, o fornecedor será acionado pelo sistema para novas entregas, não permitin-do a falta. Deve-se ressaltar que o EDI constitui uma ferramenta muito importante para a manutenção da parceria numa iniciativa ECR, sendo importante na condução da informação e, conseqüentemente, na relação de parceria entre as partes envolvidas.

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Os materiais e componentes de um almoxarifado ou até mesmo estocados em canteiros podem ser monitorados através de códigos de barras e, à medida que vão sendo empregados na obra, também vão sendo contabilizadas suas saídas do inventário, [x>r meio do W M S . Quando é atingido um estoque míni-mo (estoque de segurança) preestabelecido, essa informação é imediatamente transmitida ao fornecedor via EDI que irá efetuar o ressuprimento.

A implementação dessas tecnologias irá trazer um grande benefício para as empresas construtoras, pois reduzirá os estoques nos canteiros de obras a quantidades mínimas e haverá a garantia permanente do fornecimento de materiais e componentes.

Além da agilização da documentação necessária à transação de cargas entre empresas, o EDI pode ser empregado para ligar diretamente o programa de produção do cliente aos programas de embarque dos fornecedores e transportadoras, permitindo a entrega de materiais seqüenciados de acordo com as necessidades atuais do cliente.

Outra vantagem que pode se obter com o emprego dessa tecnologia de informação é agregá-la a um sistema de localização via satélite GPS {Global Positioning System), e permitir o uso do conceito de "estoques sobre rodas", em que cada caminhão que se movimenta entre o cliente e o fornecedor é inventariado como estoque em mãos, pois seus dados, tanto de conhecimento da carga como de previ-são de partida e chegada, são precisos e monitorados a cada momento.

Benefícios estratégicos do uso do EDI

Pode-se dizer que existem três tipos de benefícios do uso do EDI, quais sejam:

Benefícios diretos: nessa categoria encontram-se a acuracidade, economia de redigitação (única entra-da de dados), economia de postagem, redução de custos de manuseio das informações, melhores servi-ços ao cliente, menores tempos de processos (por exemplo, ciclo de pedido/atendimento/cobrança mais rápida), menores custos de transportes, economias de capital por menores estoques.

Benefícios indiretos: nessa categoria, o EDI pode facilitar mudanças em políticas de estoques, reduzin-do os níveis de estoques; integração com o sistema JIT, o qual praticamente impõe o uso do EDI.

Benefícios através dos usos estratégicos: são os mais significativos, ainda que, em geral, sejam difíceis de perceber. Por exemplo, o compartilhamento de informações pode levar a uma posição mais forte, com maior participação no mercado; contatos diretos com clientes e fornecedores permitem conhecê-los e atendê-los melhor em suas necessidades.

Modelo de análise para adoção do EDI

Pode-se apresentar um modelo interessante para avaliar as possibilidades e necessidades de uso de um EDI, considerando-se os seguintes fatores:

Força do comprador: é a força que uma organização pode exercer sobre seus fornecedores, ou seja, uma companhia dominante pode impor o uso do EDI. A tendência é a criação de laços muitos fortes com poucos fornecedores integrados por EDI. A parceria de uma empresa com poucos fornecedores pode trazer menores custos, melhor suporte para decisões, reduções de tempo de ciclo, melhoria de qualidade, pois haverá mais fidelidade.

Tipo de produto ou serviço: melhorar a eficiência de transações com clientes (pedidos e faturas), em que há um grande número e alta freqüência de transações. Como uso estratégico pela diferenciação e integração, efetuando o fornecimento de preços e pedidos diretos para clientes especiais. Melhorar o controle das frotas de transportes, usando o EDI para acompanhar as rotas de transportes de seus produtos.

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Natureza cia transação: a natureza da transação determina a importância e a exatidão necessária nas informações, bem como velocidade das informações entre empresas. Ligações entre fabricantes e clien-tes, integração just-in-timee integração de programas de produção são exemplos em que a natureza da transação proporciona benefícios estratégicos aos parceiros do processo.

Estrutura organizacional e processos: as ligações EDI com fornecedores e clientes alteram a estrutura organizacional da empresa, assim como funções, com reduções e mesmo eliminações de departamen-tos. É comum em empresas que empregam EDI ocorrer a redução de estrutura em departamentos de compras, ou nas áreas de vendas. Uma observação importante é de que uma companhia sem um bom sistema interno de informações não estará habilitada a implantar EDI.

Ciclo de pedidos: O uso do EDI pode provocar redução dos níveis de estoques, redução do tempo de atendimento aos pedidos de clientes. As empresas fornecedoras, encorajando seus clientes a implantar EDI, podem colocar as ordens de pedidos com mais freqüência e em menores quantidades, reduzindo seus níveis de estoques.

Valor incorporado ao produto: significa incorporar informações ao produto, diferenciando-o; é o caso de empresas fornecedoras ou transportadoras que desenvolvem um sistema de informações que permite aos clientes terem detalhes das localizações dos embarques dos produtos e do tempo esperado de liberação, o que só é possível com o EDI.

Força do fabricante: é a força que uma empresa tem sobre seus clientes; assemelha-se à força do com-prador, porém com sentido inverso.

Considerações importantes para implantação do EDI Algumas considerações são muito significativas quando se quer efetuar a implantação de um sistema EDI e devem ser tratadas aqui. São elas:

1. Completo entendimento do sistema.

2. Integração de aplicações: essa é a parte mais difícil e representa os custos mais altos de um programa do EDI, já que implica, em geral, modificações em sistemas, caso já existam.

3. Acordo entre parceiros quanto aos critérios e padrões a serem utilizados. U m dos maiores problemas do EDI é a mudança rápida que vem ocorrendo e as decorrentes dificuldades para se ter padrões de operação.

4. Conectividade técnica: essa é a parte mais simples de resolver, seja com redes próprias, seja com redes de comunicação fornecidas por terceiros (VAN - Value Added Network). As redes que carregam informação EDI chamam-se serviços de rede de valor adicionado (VAN) e são usual-mente gerenciadas por terceiros em vez de pelos próprios parceiros que trocam informações.

5. Questões organizacionais: EDI provoca alterações organizacionais que precisam ser tratadas, tais como o que fazer com as pessoas e estrutura quando todo o trabalho passa a ser eletrônico.

6. Alavancagem dos investimentos em EDI: usar o sistema o mais freqüentemente possível, come-çando com uma aplicação de maior chance de sucesso e evoluir para outras aplicações.

ECR e EDI O ECR é uma filosofia ou uma iniciativa de integração de negócios entre empresas parceiras, ou seja, é uma estratégia de empresas clientes com empresas fornecedoras para trabalharem em conjunto, colocan-

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do foco na eficiência da cadeia de suprimentos como um todo (visão sistêmica). É uma forte aliança entre essas empresas parceiras, em que ambas torcem pelo sucesso uma da outra, para ter o seu sucesso.

Já o EDI é a ferramenta que impulsiona ou possibilita essa aliança, essa integração. É a automação dos processos industriais. O ECR projeta, redesenha os processos comerciais e posteriormente automatiza através do EDI para o menor custo possível, buscando redução do desperdício de tempo e dinheiro. Deve-se considerar que o ECR não é restrito apenas às grandes empresas, porém uma grande restrição às empresas de pequeno e médio porte se deve aos custos de implantação de um sistema EDI. Para contornar esse problema e possibilitar a parceria da iniciativa ECR, de forma a manter intercâmbio de dados com fornecedores, estas pequenas e médias empresas podem utilizar a Internet. É uma alternativa viável, em relação ao serviço EDI, porém com as limitações impostas pela mesma, como a insegurança quanto ao sigilo dos dados transacionados.

EDI Nova Geração Começa a ser empregada uma nova geração de EDI, que é uma nova forma de processar o sistema através da utilização da Internet. O grande problema da utilização da Internet no intercâmbio de transações comerciais entre empresas parceiras sempre foi a desconfiança com a segurança e o sigilo dessas transações, uma vez que o acesso à rede é totalmente aberto, ou seja, qualquer pessoa tem acesso a ela. Este fato sempre exigiu uma grande complexidade para efetivação de sistemas de segurança, fazendo com que as empresas buscassem o EDI tradicional como uma forma mais segura de efetuar suas transações.

Conforme foi visto, o intercâmbio eletrônico de dados é a prática adotada onde existem empresas prestadoras de serviços de EDI, as VANs, que recepcionam, armazenam e enviam aos destinatários as mensagens através de uma infra-estrutura de telecomunicações própria. Como essa infra-estrutura aten-de a um número relativamente pequeno de clientes, seu custo de manutenção é alto, sendo repassado para os clientes. Usando a Internet como meio de transmissão para as mensagens de EDI, o custo cai consideravelmente, uma vez que a infra-estrutura é compartilhada por milhões de pessoas e empresas. A substituição do meio de transmissão tradicional pela Internet traz uma potencial redução de custos muito grande. Com relação à segurança de transmissão, esta fica por conta da tecnologia V P N (Virtual Private Network), que garante um túnel para tráfego de dados protegido contra invasões.

Com o aumento da segurança da Internet através do uso de VPNs, a utilização da rede em relação ao EDI vem aumentando significativamente, reduzindo o custo das empresas. Portanto, solucionado o problema de segurança e sigilo das informações, o EDI nova geração tem enormes chances de se tornar a opção mais atraente, uma vez que seus custos são bem menores.

A nova geração para serviços de Intercâmbio Eletrônico de Dados apresenta a possibilidade de integração automática entre quaisquer plataformas e sistemas de gestão, permitindo o tráfego de documentos inde-pendentemente do protocolo adotado. O Intercâmbio Eletrônico de Dados realizado pela Internet é desenvolvido através da simples utilização de um browser, com códigos e formatos padronizados. O u seja, a conectividade é feita via browser. Essas novidades possibilitam a agilização e o barateamento dos processos de e-business e demais relações comerciais entre sua empresa e seus fornecedores, compra-dores, instituições bancárias, representantes, franquias, filiais ou prestadores de serviços. Ele pode se destinar a empresas que possuem um sistema interno de gestão (MWS , MRP, ERP, etc.), que recebe os documentos via caixa-postal e pode automaticamente atualizar seu sistema. Para este serviço é necessá-ria apenas a instalação de um software de controle, o qual fará a checagem da caixa-postal automatica-mente em períodos determinados pelo usuário.

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PLANEJAMENTO DAS NECESSIDADES DE MATERIAIS E PLANEJAMENTO DOS RECURSOS DE MANUFATURA - MRPI E MRPII

Introdução O Planejamento das Necessidades de Materiais - MRP I (Materials Requirements Planning) original sur-giu ao longo dos anos de 1960. O MRP I permite que as empresas calculem quantos materiais de deter-minado tipo são necessários e cm que momento. Para isso, ele utiliza os pedidos em carteira, assim como uma previsão para os pedidos que a empresa acha que irá receber, ou seja, através do seu banco de dados ele organiza um histórico de pedidos e com isso elabora previsões prováveis de pedidos para a empresa. O MRP I verifica todos os ingredientes ou componentes que serão necessários para concreti-zar esses pedidos e, dessa forma, garantindo que sejam providenciados no tempo adequado.

O MRP I é um programa que permite determinar, com base na decisão de elaborar um programa de produção de itens ou conjunto de itens, o que, quando e quanto comprar de materiais e conjuntos acabados. É um sistema que simplifica a gestão de estoques e o sistema de programar a produção otimizando os recursos físicos da organização. Todavia, o MRP I não trata dos problemas de avaliar as capacidades, ou seja, se a quantidade de máquinas, ferramentas e pessoas é suficiente para cumprir os programas em seus respectivos prazos. Para resolver esse problema foram criadas novas fórmulas que, incorporadas ao MRPI , permitiram o cálculo das necessidades dos recursos de manufatura - MRPI I .

Isso ocorreu no fim da década de 1980, quando o sistema e o conceito do Planejamento das Neces-sidades de Materiais se expandiu e foi integrado a outras áreas da empresa, e não somente à manufatura. Deixou de ser apenas um sistema de planejamento de materiais e transformou-se em um sistema mais amplo. Passou a administrar também a planta e os recursos humanos empregados na fabricação do produto, assim como o planejamento da distribuição. Deixou de ser um processamento local e pas-sou a usar o conceito das redes locais; esta versão ampliada do MRP I passou a ser conhecida como MRP I I (Manuíacturing Resources Planning) - Planejamento dos Recursos de Manufatura. O MRP I I permite que as empresas avaliem as implicações da futura demanda da empresa, ou seja, dentro do novo conceito e das novas funções introduzidas. O MRP I I ganhou, assim, efetiva importância como ferramenta. Fatores adicionais importantes foram: planejamento de longo prazo; planejamento de recursos em nível superior; plano mestre de produção; planejamento de capacidade cm nível macro e detalhado; controle do chão de fábrica.

Rara o caso da construção civil, sabe-se que a manufatura não apresenta padrões contínuos e repetitivos de produção, ou seja, cada projeto de produto (edificação) apresenta cspccificidades próprias. Isso torna a maneira de programar os itens ou conjunto de itens bem mais complexa. Porém, sugere-se que possa ocorrer uma espécie de aproximação de padronização, enquadrando os empreendimentos de uma deter-minada empresa construtora em categorias como: padrão de qualidade para classe de renda tipo A, com dois dormitórios; padrão de qualidade para classe de renda tipo A, com dois dormitórios e uma suíte; padrão de qualidade para classe de renda tipo A, com um dormitório e duas suítes; padrão de qualidade para classe de renda tipo B, com dois dormitórios; etc. O u seja, enquadrar os padrões em categorias as

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quais se possam estabelecer um programa aproximado de itens ou conjunto de itens e, dessa forma, se possa alimentar o sistema MRP. Deve-se ressaltar que essa padronização referida não quer dizer projetar sempre as mesmas plantas, evidentemente. A padronização refere-se aos quantitativos de materiais e com-ponentes empregados na construção, possibilitando "explosão" do produto e a utilização do sistema.

Definições do MRPI e MRPII Essas duas siglas nào se referem a automações, mas sim a conceitos e softwares para administração das atividades relacionadas à produção e administração de materiais. O termo Materials Requirements Planning (MRPI) diz respeito a sistemas destinados a planejar, programar e controlar o uso de materiais nos processos produtivos. O termo Manufacluring Resources Planning (MRPII) |x>ssui maior abrangência, referindo-se aos sistemas de admi-nistração integrada de todos os recursos produtivos envolvidos na fabricação de um determinado produto (ou num determinado número de prcxlutos), inclusive, evidentemente, a administração de materiais. São na reali-dade softwares como quaisquer outros, mas que, pela complexidade que envolvem e pelo fato de atenderem e se integrarem às operações industriais, são muitas vezes classificados como automação industrial.

No caso da construção civil, os sistemas M R P seriam mais compatíveis para empresas construtoras cujas obras apresentem uma certa padronização, como construções industrializadas, conjuntos habitacionais, pontes, grandes armazéns, etc.

Diferenciação entre MRPI e MRPII O MRP I é uma abordagem lógica e de fácil entendimento para o problema de determinar o número de peças, componentes e materiais necessários para produzir um determinado produto. Ele também pro-porciona a programação que especifica quanto cada um desses materiais, peças e componentes deve ser encomendado ou produzido, através de uma verificação do que existe em disponibilidade no depósito ou almoxarifado da empresa.

O MRP I original planeja somente materiais, contudo, como a capacidade e a velocidade dos computa-dores aumentaram muito nos últimos anos e as aplicações se expandiram, o mesmo aconteceu com o MRPI . Ele logo considerou outros recursos em vez de somente materiais; agora, o MRP também aborda planejamento dos recursos de manufatura como mão-de-obra e ferramental, evoluindo para o MRPI I (DAV ISe ta l . , 2001).

O MRP I é o desmembramento de um produto final em seus componentes, por níveis de importância, formando uma árvore que permite determinar a quantidade necessária de cada componente em função da quantidade do(s) produto(s) final(ais). Por outro lado, o MRPI I é uma sofisticação do MRP I que além das necessidades de matéria-prima, determina quais recursos em termos de máquinas, ferramental e mão-de-obra são necessários para produzir determinada quantidade de um produto final.

Operacionalização do MRPI O MRP I é uma técnica que permite determinar as necessidades de compras dos materiais que serão utilizados na fabricação de um certo produto. O sistema levanta os quantitativos dos diversos materiais e, primeiramente, faz a checagem nos estoques; caso não haja disponibilidade, gera ordens de produ-ção ou compras. Ou seja, ele tem como objetivo gerar ordens de produção e/ou solicitações de com-pras baseados em uma previsão de consumo dos materiais - Plano Mestre de Produção (PMP).

Esse sistema de produção é conhecido como sendo do ti|x> "Push". Os processos push são aqueles execu-tados em antecipação às necessidades efetivas. No período de execução de um processo push, a demanda não é conhecida c deve ser prevista. Os processos push também podem ser definidos como processos especulativos, porque respondem a uma especulação (ou previsão), e não a uma demanda real. Ao con-

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trário do Ponto de Pedido (processos Pullj, em que a ordem é emitida independentemente de uma deman-da (previsão) futura, ou seja, o processo de produção é executado por uma exigência de atendimento de um pedido já consolidado, quer dizer, o pedido efetivado é que está puxando a produção.

O MRP I é muito eficiente, pois, se não houver uma previsão de demanda, nada é gerado, mesmo que o estoque esteja zerado. Nesse caso, a construção civil tem uma peculiaridade, pois a demanda é total-mente conhecida, uma vez que o projeto estabelece os quantitativos a serem empregados e o produto certamente será executado. Ocorre que, se o produto tem um certo grau de padronização, o sistema M R P já sabe quais os materiais e componentes que serão utilizados (por metro linear, por metro quadra-do, metro cúbico, etc.), bastando se adequar à metragem envolvida para o porte da edificação a ser executada e por fases de execução. O programa poderá ser adaptado por fases de execução, ou seja, planejamento dos materiais de infra-estrutura, supra-estrutura, acabamento, cobertura e, evidentemen-te, levando-se em consideração padrões qualitativos e quantitativos.

Por outro lado, o MRPI só funciona se houver uma previsão confiável, o que nem sempre é fácil na prática. A indústria automobilística, por exemplo, trabalha muito com previsões, mas também é muito sensível a qualquer mudança da política econômica. E estas mudanças, se feitas em cima da hora e em quantidades significativas, causam enormes problemas no processo produtivo. Em vista disto o MRPI tem que fazer algo mais do que a simples explosão do produto acabado e descer nível a nível até chegar às matérias-primas para fazer os ajustes necessários. Muito disso é conseguido graças a informações adicionais incluídas na estrutura dos produtos, tais como componentes alternativos, seqüência de montagem, etc.

Isso não se aplica ao caso de edificações, já que é impossível uma determinada obra mudar suas previsões, como, [>or exemplo, o edifício passar de comercial para residencial; de garagem para comercial; etc. Nestes casos, a padronização, que é totalmente adequada ao que foi implantado no sistema para aquele ti|X> de edificação, teria que ser totalmente refeita. A "explosão do produto", que nada mais é do que a derivação do produto (edificação) em seus vários materiais, peças e componentes constituintes, para cada tipologia de edifí-cio é diferente e, caso fosse feita essa alteração, comprometeria todo o planejamento efetuado no sistema.

A partir da lista de materiais, que é obtida com base na estrutura analítica do produto, também conhecida por "árvore do produto" ou "explosão do produto" (referido anteriormente), e em função de uma deman-da dada, o computador calcula as necessidades de materiais que serão utilizados e verifica se há estoques disponíveis para o atendimento. Se não há material em estoque (almoxarifado) na quantidade necessária, ele emite uma solicitação de compra - para os itens que serão comprados - ou uma ordem de fabricação - para os itens que são fabricados internamente, no caso de indústrias manufatureiras seriadas.

Antes de se entender a operacionalização MRP I , MRPII , ERP (que será analisada posteriormente), deve-se entender antes as questões relacionadas à Produção, ou seja, é necessário fazer uma análise do Planejamento e Controle da Produção (PCP) e ressaltar os objetivos e funções do mesmo em um sistema produtivo gcncrico ( TUB INO , 1099).

As atividades do PCP são desenvolvidas por um departamento de apoio à produção, dentro da gerência industrial. O PCP está encarregado da coordenação e aplicação dos recursos produtivos, de forma a atender aos planos estabelecidos em níveis Estratégico, Tático e Operacional.

Para os planos estabelecidos em Nível Estratégico são definidas as políticas estratégicas de longo prazo na empresa e, nesse nível, o PCP participa na formulação do Planejamento Estratégico da Produção (PEP). O PEP gera um plano de produção para determinado período (longo prazo), como, por exemplo, estimativa de vendas, o qual prevê os tipos e quantidades de produtos que se espera vender no horizon-te do Planejamento estabelecido.

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No Nível Tático são estabelecidos os planos de médio prazo para a produção e, nesse nível, o PCP desenvolve o Planejamento Mestre de Produção, obtendo o Plano Mestre de Produção ( PMP ) de produ-tos finais. O P M P é detalhado no médio prazo, a partir do plano de produção (gerado no PCP), com base nas previsões de vendas de médio prazo ou nos pedidos já confirmados.

Nível Tático (Médio Prazo)

PCP Plano de produção PMP PCP Plano de produção PMP

No Nível Operacional são preparados e acompanhados os programas de curto prazo de produção. O PCP desenvolve a programação da produção administrando estoques, seqüenciando, emitindo e libe-rando as ordens de compras, fabricação e montagem, bem como executa o Acompanhamento e Con-trole da Produção (ACP).

Nível Operacional (Curto Prazo)

A programação da produção estabelece no curto prazo quanto e quando comprar, fabricar ou montar cada item necessário à composição dos produtos finais, com base no PMP e nos registros de controle de estoques.

O ACP, através da coleta e análise dos dados, busca garantir que o programa de produção emitido seja executado convenientemente. O ACP tem como funções, além das informações de produção úteis ao PCP, também a função de coleta de dados, como: índice de defeitos, horas/máquina, horas/homem, consumo de materiais, índice de quebras, etc., para outros setores do sistema produtivo. Quanto mais rápido os problemas de produção forem identificados, mais efetivas serão as medidas corretivas visando ao cumprimento do programa de produção.

Deve-se ressaltar que o PCP tem como um dos objetivos básicos estruturar e dar consistência às infor-mações dentro dos três níveis, isto é, o PMP, gerado pelo Planejamento Mestre de Produção, só será viável se estiver compatível com o Planejamento Estratégico de Produção que envolve, por exemplo, aquisição de equipamentos, negociação com fornecedores, etc. Da mesma forma a programação de fabricação de determinado componente será efetivada de forma eficiente se a capacidade produtiva do setor responsável pela mesma tiver sido equacionada no Planejamento Mestre da Produção, com a definição do número de turnos, recursos humanos e materiais alocados, etc.

Informatização do planejamento da produção

As funções de planejamento, acompanhamento e controle da produção estão sendo desenvolvidos através da informatização do fluxo de informações, via soítwares, como M R P s evoluindo para ERP de finalidades muito mais abrangentes.

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A partir do uso do Plano Mestre de Produção (PMP) , um sistema de Planejamento de Necessidades de Materiais (MRP) pode então criar programas identificando as peças específicas e os materiais necessários para produzir os itens finais requeridos, o número exato necessário e as datas que estes pedidos deveri-am ser feitos, recebidos ou completados dentro do cic lo de produção.

Mais uma vez se considera o caso de uma empresa construtora que lança dois empreendimentos, por exemplo: construção de um edifício comercial de doze pavimentos com o subsolo de garagens; o outro edifício residencial também de doze pavimentos, com apartamentos de três dormitórios, sendo duas suítes. Observa-se que é bem possível uma empresa adotar uma certa padronização em suas constru-ções, em especial em edifícios comerciais, onde o nível de exigência de diversificações não é muito grande. Estas referidas padronizações dizem respeito a: os tipos de vedação internas e externas; materi-ais utilizados em acabamentos; tipos de revestimentos; louças sanitárias; metais sanitários; entre outros.

Para essas duas obras procura-se fazer a "explosão do produto" em todos os seus constituintes. Isso é facilitado quando da elaboração do orçamento e pelo histórico da empresa de construções semelhantes anteriormente executadas. Posteriormente, com a relação de todos os constituintes do produto, alimen-ta-se (informa) o sistema que está conectado a um sub-sistema, o W M S , o qual lhe informa todos os itens em estoque. É efetuada a verificação: os componentes necessários para as diversas etapas da obra que constam no estoque são automaticamente solicitados; para os que não constam, são imediatamente emitidas ordens de compras nas quantidades necessárias.

A seguir será mostrado o esquema de funcionamento do MRP I :

Fluxograma do funcionamento do sistema MRP

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Propósitos, Objetivos e Filosofia do MRP Os propósitos principais de um sistema M R P são controlar níveis de estoque, planejar as prioridades de operação para os itens e planejar a capacidade, de modo a carregar o sistema de produção. Estes propósitos podem ser ampliados como segue:

Estoques - encomendar a peça certa; encomendar a quantidade certa; e encomendar na hora certa.

Prioridades - encomendar com a data certa e manter a data válida.

Capacidade - planejar para uma carga completa; planejar uma carga acurada; e planejar um tempo adequado para visualizar uma carga futura.

Os objetivos do gerenciamento de estoques sob um sistema M R P são melhorar o serviço aos clientes, minimizar o investimento em estoques e maximizar a eficiência da operação de produção.

A filosofia do planejamento das necessidades de material ó que os materiais deveriam ser expedidos (ou apressados), quando sua falta atrasasse a programação da produção global, e, atrasados, quando a programação os identificassem como adiantados no tempo.

Benefícios proporcionados pelo Sistema MRP Quando as empresas mudam de sistemas manuais ou computadorizados já existentes para um sistema do tipo MRP, elas experimentam vários benefícios, como:

• Formação de preços mais competitivos.

• Preços de vendas mais baixos.

• Níveis de estoque mais baixo.

• Melhor serviço ao cliente.

• Respostas mais rápidas às demandas do mercado.

• Maior flexibilidade para mudar o programa mestre de produção.

• Custos de setup reduzidos.

• Tempo ocioso reduzido.

O MRP proporciona uma visão prévia aos gerentes da programação planejada, antes de os pedidos serem realmente liberados, diz quando expedir e quando protelar, atrasar ou cancelar pedidos, muda as quantidades dos pedidos, adianta ou atrasa datas de entrega dos pedidos e ajuda a planejar as capacidades. Ao passarem a utilizar sistemas MRP, muitas empresas anunciaram uma redução de 40% nos investimentos em estoque.

O M R P é um sistema de gerenciamento de materiais que pode operar interligado a um sistema ERP, o qual é um sistema mais amplo, e onde são coletadas todas as informações referentes aos materiais. O programa informa todos os detalhes do processo, desde a necessidade e compra de materiais, guarda no almoxarifado, sua instalação na unidade construída e muito mais. Ele permite uma logística eficaz e total rastreabilidade de todos os processos envolvidos na edificação.

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PLANEJAMENTO DOS RECURSOS EMPRESARIAIS - ERP

Introdução Devido à necessidade de reduzir os níveis de estoque, surgiram os primeiros sistemas de MRP I (Materials Requirements Planning). Estes sistemas ofereciam uma visão integrada dos materiais necessários à pro-dução, baseados no inventário disponível e nos períodos de reabastecimento.

Nos anos 1980, o MRP I evoluiu para MRPI I (Manufacturing Resource Planning), que tomava como base, além dos materiais, outros recursos essenciais à produção, tais como mão-de-obra, máquinas, etc., porém ainda se restringindo ao ambiente da manufatura. Aperfeiçoando ainda mais a solução, foi criado o ERP (Enterprise Resource Planning). Além de permitir a gestão da manufatura, o ERP permitiu controlar toda a empresa, da produção às finanças, integrando e sincronizando todos os departamen-tos. Graças a esta evolução, hoje é possível documentar e contabilizar todos os processos da empresa, gerando uma base de dados única, sem as redundâncias encontradas nos sistemas anteriores, em que aplicações M R P e financeiras não eram integradas entre si. As informações chegam de maneira mais clara, segura e imediata, o que proporciona um controle maior de todo o negócio, e, principalmente, de seus pontos vulneráveis: custos, controle fiscal e estoques.

Ainda que os sistemas M R P tenham sido um passo extremamente importante para as organizações cm termos de eficiência no planejamento dc produção e materiais, logo se percebeu que a satisfação do cliente e a lucratividade não estavam envolvidas no sistema. Como cada vez mais o mercado exige esses elementos, eles precisavam ser incorporados ao processo. Assim, aspectos relacionados a finanças e a administração em geral, estimativas de vendas, processamento de pedidos, controle de qualidade e distribuição deveriam fazer parte do processo, surgindo então um conceito mais amplo, o Planejamento dos Recursos Empresariais - ERP. O u seja, um sistema mais abrangente, integrador e com base de dados única. O Planejamento dos Recursos Empresariais - ERP é uma importante tecnologia de informação caracterizada por um sistema transacional que vem contribuindo para que a logística se torne cada vez mais eficiente e efetiva numa cadeia de suprimentos e, de forma mais abrangente, na geração de valor para as empresas. São sistemas orientados à montagem de uma rede estratégica para administração da empresa, atendendo aos princípios dc agilidade, integração e transparência.

O que vem a ser o ERP? São pacotes de softwares de gestão empresarial integrados, com outros recursos de automação e informatização (por exemplo, W M S , MRP, etc.), que abrangem todos os processos da empresa. Este sistema tecnológico avança em relação ao modelo mais tradicional, em que cada processo era desen-volvido internamente sem integração com os demais. Portanto, diz mais respeito à logística já que sua concepção tem por principal característica a integração dos diversos setores da empresa através de uma base de dados única.

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Vendas e Distribuição

Representantes . . h — \ de vendas xi h e serviços

Apoio a serviços

Diretoria e Acionistas

Gerenciamento de recursos humanos

Funcionários

Finanças e Controlador ia

Pessoal

1 administrativo

k = o Manufatura

Pessoal do cháo de fábrica

Gerenciamento de materiais

Recursos da empresa gerenciados pelo sistema ERP

A intenção do ERP é planejar e monitorar todos os recursos da empresa, ou seja, produção, marketing, finanças e engenharia, recursos humanos, através de um sistema fechado que gere análises financeiras. Isso é agora concebido pelas empresas como sendo um sistema que permite a todos, compradores, equipe de marketing, produção, contadores, trabalhar com um mesmo plano, usando os mesmos números, sen-do capaz de simular um plano e testar estratégias alternativas, tudo com uma base de dados única.

Última geração em planejamento empresarial As empresas produtoras desta tecnologia aplicada a Sistemas de Informação Operacionais, Gerenciais e Estratégicos (Suporte a Decisão) estão crescendo em todo o mundo, onde o ERP tem marcado uma nova fase dentro das empresas, integrando todos os seus processos. A tecnologia ERP tem a prerrogativa de utilizar o conceito de base de dados única, pois todos os seus módulos de acesso ou subsistemas estão num único software. Entre os módulos oferecidos para a integração encontram-se os de gestão de materiais (MRP) , gestão de estoques ( W M S ) , controladoria, finanças, gestão de pessoal, comercial, dis-tribuição, entre outros. Na página seguinte é apresentada uma figura que mostra um software ERP oferecido no mercado com suas diversas áreas de abrangência:

São sistemas de gestão empresarial aplicados não apenas a grandes empresas, pois existem pacotes de todos os tamanhos e para vários orçamentos. O s custos de aquisição e implementação desses pacotes variam com o tamanho da empresa (número de usuários e instalações) e de sua operação. Visam basica-mente fazer com que dentro do contexto de uma empresa todos atuem de uma forma integrada, sincro-nizada.

Há uma grande ênfase das empresas no fluxo de caixa. A agilização das atividades logísticas leva a uma rapidez da geração de caixa pelas empresas. Dentro de uma estrutura global em que os fluxos de capital são extremamente rápidos através da agilização da informação (Internet, por exemplo), cada vez menos as empresas podem contar com os esquemas clássicos de financiamentos bancários - demorados, com-plexos e escassos. Elas vão depender da geração e da melhoria da administração dos seus próprios recursos, obtendo liquidez e agilização das operações, mantendo ou criando uma estrutura acionária que lhe permita crescer, ou, na pior das hipóteses, sobreviver. A rápida transformação de pedidos em faturamento, a redução do investimento em estoques, em processos e inventários finais, a conexão via EDI e Internet com bancos agilizando transações, a interação com fornecedores criando condições de um fluxo de caixa mais preciso, portanto mais confiável, são os instrumentos necessários para a implan-tação e o funcionamento de um sistema ERP.

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Planejamento de produto

MRP

Ordem de produção

Capacidade de produção

Análise de crédito

Estoque e custo Contas a receber

Ordem de serviço Contas a pagar

Inventário Banco

Custos Fluxo de caixa

Fornecedor Contabilidade

Cotação Relatórios gerenciais

Produto Pedido de venda Pedido de compra Livros fiscais

Estrutura Distribuição Importação GIA

Processo de fabricação Faturamento Recebimento Equipamento

Número de série Plano de vendas Controle de qualidade Depreciação

ENGENHARIA VENDAS INDUSTRIAL FINANCEIRO

GESTÃO EMPRESARIAL INTEGRADA

Sistema ERP o as diversas áreas de gerenciamento e monitoramento

Definição para um Sistema ERP Pode-se atribuir uma definição para o sistema ERP como sendo complexos sistemas centralizados que gerenciam os dados para o processo global dentro de uma empresa, que inclui contabilidade, finanças, suprimentos, produção, vendas, gerenciamento dos recursos humanos, etc., ou seja, permite gerenciar toda a cadeia logística, desde o planejamento da produção até o trans|X)rte. Cada recurso financeiro ganho ou gasto, cada item produzido ou vendido é contabilizado no sistema ERP (GASNIER e REZENDE, 2002).

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Esse tipo de sistema visa resolver problemas de integração de todas as informações das empresas, possibilitando que estas empresas façam uma revisão em seus processos, eliminando atividades que não agregam valor. Tais informações antes operavam com muitos sistemas, constituindo numa malha desagregada e complexa, tornando-se difícil uma gestão global integrada. Uma empresa do ramo de construção civil, por exemplo, se enquadra perfeitamente dentro desse perfil, em que o gerenciamento, na maioria das vezes, é bem ramificado em vários setores de manufatura (canteiros de obras) e onde as informações, em vista disso, são muito fragmentadas, tanto no aspecto interno quanto externo.

Deve-se ressaltar, por outro lado, que o trabalho de integração dos processos ocorre antes da implementação do software, cujo módulo de modelagem só deverá ser executado para definir a hierar-quia empresarial após haver total clareza e definição dos processos estratégicos e de suas interfaces. As grandes empresas precisam de sistemas ERP, pois estes permitem que elas desenvolvam processos de negócios padrão, integrando ciados entre departamentos e funções, assim como executando transações básicas sem erros.

Requisito fundamental para implantação da tecnologia ERP

Com estas considerações feitas acima se pode observar que o sistema ERP é, na verdade, uma evolução dos sistemas MRP, ou seja, é como se fosse o sistema MRPI I só que abrangendo todos os demais depar-tamentos da empresa de uma forma global e não somente a produção. Para grandes empresas manufatureiras, sob o ponto de vista comercial , como o controle dos produtos que a empresa comercializa, ou seja, desde a entrada do pedido até a sua saída, o ERP acompanha todo o processo. Desde a geração das necessidades de aquisição, passando pelo pedido, recebimento do material, até o pagamento e a contabilização, proporciona redução do tempo de processo de informações e do custo de pessoal e melhor qualidade da informação. Empresas que possuem diferentes sistemas rodando em departamentos diferentes, ao implantar um sistema ERP integram os mesmos, fac i l i tando a operacionalização e a customização e evitando a redundância de informações.

Agregar novos módulos é fácil porque não é necessário criar novo banco de dados. Porém, existe um grande obstáculo que é a conscientização dos usuários. Os usuários têm que entender os procedimen-tos do sistema integrado, pois normalmente estão acostumados somente com a informação do seu departamento. É necessário um amplo trabalho com as pessoas para conscientizar da mudança.

A implementação de um sistema ERP, como ocorre em toda tecnologia de informação, não garante sucesso para as empresas, por si só. Existem muitos casos em que o projeto fica comprometido, sendo a causa principal, quando isso acontece, o problema no gerenciamento das mudanças organizacionais, ou seja, no processo de trabalho, na conscientização do usuário para as mudanças que advirão, no treinamento e qualificação e nos benefícios que ela trará como um todo, principalmente.

O treinamento é a chave do sucesso. Quando uma empresa experimenta o sistema ERP no piso da fábrica, os supervisores c os operadores cm geral ficam preocupados com o uso do sistema. Após terem recebido o treinamento tanto com relação ao funcionamento do sistema como ao entendimento das informações que ele fornece, percebem o quanto o sistema torna suas tarefas mais fáceis. Porém, num primeiro momento todos são contra a mudança, já que isso implica alteração de rotina e, conseqüente-mente, um novo esforço de treinamento e qualificação. Quando não encaram como uma perspectiva de desemprego.

Geralmente, durante a escolha e implementação do sistema ERP, leva-se em conta apenas os requisitos técnicos e financeiros, subestimando o fator humano. A presença de consultores e especialistas contra-tados para facilitar a implementação desses sistemas causa desconforto em alguns setores da empresa. Algumas pessoas têm hábitos difíceis de ser abandonados, ou seja, resistências, relutâncias, paradigmas

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e vícios são obstáculos naturais encontrados em qualquer setor que envolva pessoas e se queira efetuar mudanças. Sendo assim, a melhor forma de se iniciar uma implementação é disponibilizar a informa-ção acurada e o tempo sobre o que está acontecendo e sobre o que irá acontecer, minimizando surpre-sas e incertezas. Sendo também fundamental o engajamento da diretoria, pois seu comprometimento com a implementação transmite confiança, dando a idéia fundamental da prioridade necessária aos envolvidos com o processo (GASNIER e REZENDE, 2002).

Sistema ERP na Construção Civil O sistema ERP pode ser utilizado em qualquer ramo de atividade empresarial, incluindo nesse pacote, é claro, a construção civil. É uma excelente opção que as construtoras têm a sua disposição para contro-lar e gerenciar a execução das obras, em qualquer etapa do estágio de trabalho.

O programa opera em rede totalmente integrada, como foi definido acima, podendo ser constituído por módulos como: Segurança, Sistema Organizacional, Estruturação, Valores e Custos, Planejamento, Replanejamento, Plano de Execução, Compras, Controle de Execução, Administração de Estoques, Contas a Pagar e Receber, Saldo de Caixa, Situação das Obras, sendo também indicado para empresas que estão implantando as normas ISO 9000. Uma grande vantagem do sistema é o módulo relacionado à apropriação de custos, que mostra o que a obra está realmente gastando. Isso é conseguido devido à facilidade com que o programa faz o rateio dos custos de serviços, materiais e folhas de pagamentos referentes a várias obras, especificando qual o rateio que deve ser feito entre os canteiros. Entre os recursos mencionados, destacam-se como muito importantes:

• Permite cruzar os dados referentes aos gastos e recebimentos com o próprio orçamento em si. Os valores orçados e projetados são registrados no fluxo de caixa, assim como o que será recebido e gasto, o que obriga o gerente de obra replanejar os custos até o fim dos trabalhos, os quais terão de ficar automaticamente vinculados ao volume orçado. O gerente terá condições de saber, a qualquer momento, onde está ganhando e onde está perdendo na obra, podendo efetuar o trade-off. O u seja, perde em determinadas tarefas ou atividades, porém, é possível compensar os custos em outras, de forma que atinja um benefício global num período especí-fico da construção.

• Não permite, por exemplo, que as compras de materiais sejam efetuadas quando os valores das mesmas forem superiores aos valores estipulados no orçamento prévio.

• A intcgralidade proporcionada pelo sistema permite que a sede da empresa esteja conectada permanentemente com todos os seus canteiros, unificando o banco de dados e eliminando erros e evitando redundâncias, como a compra já efetuada de um determinado tipo de mate-rial, ser novamente feita devido a um outro pedido.

O ERP tem um sistema de informações com abrangência ampla para identificar c planejar os recursos necessários de uma empresa, como receber, produzir, expedir e contabilizar os pedidos de clientes, entre outras funcionalidades. Inclui soluções na área financeira, distribuição, manufatura, recursos hu-manos, gerenciamento de armazéns e transporte. Integração dos processos internos, confiabilidade de informações, obtenção de dados gerenciais para que sejam tomadas decisões e a unificação de opera-ções em diferentes plantas são suas principais vantagens. Pode-se afirmar que é a espinha dorsal da tecnologia da informação dentro das empresas.

Resumindo, as principais vantagens da utilização do sistema são a integração das diversas áreas da empresa, otimização e automatização dos processos do negócio e agilidade na execução de tarefas, o que reduz erros e retrabalhos, resultando, como conseqüência, na redução de custos e aumento da

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produtividade. Sào aplicativos que compartilham de uma base de dados única, proporcionando assim uma integração dos dados das diferentes áreas da organização, evitando a redundância. Ressaltam-se vantagens como:

• Integração e padronização de processos: com a integração, as informações dispersas pelo fluxo de processos passam a ter mais visibilidade. Por exemplo, um estoque de um determinado material que se encontre fragmentado em vários canteiros de obras. O sistema integrado per-mite a visibilidade do quantitativo total desse material estocado em tempo real, enquanto os sistemas convencionais isolados somente fornecem essa informação quando um processo de consolidação dos dados for implementado manualmente. O ERP padroniza os processos exis-tentes entre várias unidades, aumentando as suas eficiências.

• Eliminação de redundância: com a integração, as informações repetitivas deixam de ser digitadas. Por exemplo, o cadastro de produtos sendo básico em todos os processos da empresa, como estoques, preços, vendas, planejamento da produção, etc., não é raro que as organizações apresentem múltiplas bases de produtos dispersos por vários departamentos, como o de vendas e marketing, planejamento de produção, manufatura e financeiro. Para o caso da construção, informações relativas aos fluxos de materiais, mão-de-obra e serviços dos diversos canteiros, nos sistemas convencionais normalmente são encontrados no departamento financeiro, pesso-al, produção e nos próprios canteiros, muitas vezes gerando redundâncias de informações.

• Redução do tempo nas operações: a visão global e por processo permitirá que lançamentos individualizados ocorram uma única vez, a partir da definição do responsável pela informa-ção. Além de reduzir o tempo, essa prática dá uma característica mais confiável à informação existente. Os lançamentos da entrada de materiais no estoque permanecerão disponíveis e visíveis a todos os interessados em tempo real. Essa função alimenta e atualiza todos os proces-sos afetados.

• Eficiência: associado a uma revisão de processos, o ERP pode tornar as atividades da empresa mais eficientes por meio da redução de tempo desnecessário, tarefas supérfluas e melhoria nos controles. Redução de tempos de entrega, redução de estoques, conseqüentemente, redução de custos na cadeia logística, conduz a cadeias eficientes.

• Adaptação às mudanças de processos: a maioria das empresas de ERP desenvolve seus produtos para responder rapidamente às necessidades do mercado, sendo assim, podem reagir satisfatoriamente às suas mudanças.

O ERP inclui soluções na área financeira, distribuição, manufatura, recursos humanos, gerenciamento de projetos, gerenciamento de armazéns e transporte, entre outros. A integração dos processos internos, confiabilidade de informações, obtenção de dados gerenciais para tornar possível a tomada de decisões e a unificação de operações em diferentes plantas são vantagens significativas que recomendam a im-plantação dessa tecnologia.

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ESTRATÉGIA DO SISTEMA DE PARCERIA - ECR

Introdução A estratégia do sistema de parceria que é efetivada com objetivo de melhorar o fluxo produtivo das empresas é conhecida no setor manufatureiro como Resposta Eficiente ao Consumidor - ECR (Efficient Consumer Response). Essas parcerias podem ser consideradas como implementações de iniciativas rela-cionadas aos sistemas de informações numa cadeia de suprimentos. Na verdade se trata de uma filosofia que visualiza a cadeia de suprimentos como um fluxo integrado e único de todas as funções do negó-cio. Ela envolve e proporciona um vínculo muito estreito entre clientes e fornecedores. É uma estratégia bastante utilizada no setor varejista na qual distribuidores ou atacadistas e fornecedores trabalham em conjunto para proporcionar maior valor ao consumidor e minimização de custos. Os produtos são identificados com códigos de barras, há intenso uso do EDI e Internet, padronização dos transportes e, o mais importante, uma forte aliança entre parceiros comerciais. Entre algumas vantagens do ECR estão: suprimento garantido de produtos; o aumento das opções de produtos; a redução de itens em falta; a diminuição dos custos de estoque; um relacionamento de confiança mútua entre parceiros; e o maior conhecimento do cliente da empresa.

A exemplo de outros países, surgiu no Brasil o conceito ECR - Resposta Eficiente ao Consumidor, que é um esforço conjunto entre fornecedores e clientes para identificar oportunidades de melhorias nas práticas comerciais e no uso de novas tecnologias. O objetivo básico é melhorar o desempenho de toda a cadeia de abastecimento, visando melhor atender e beneficiar o consumidor final.

Cada vez mais as empresas têm trabalhado com margens operacionais muito baixas, pois os consumi-dores vêm aumentando o seu nível de exigência e querendo mais qualidade e menor custo. Outro aspecto são as pressões competitivas entre as empresas que também influenciam sobremaneira nas referidas margens. Ao mesmo tempo e contrastando com tudo, o custo de fazer negócios e gerir empre-sas continua a crescer. A necessidade de implementação de tecnologias cada vez mais avançadas e em contínua evolução, insumos cada vez mais escassos e caros, faz com que estes custos tenham uma significação muito grande no aspecto gerencial.

Como resultado dessas pressões competitivas as empresas encontram-se num grande dilema. Como poderão agregar valor ao consumidor e manter lucrativos seus negócios, apesar de tantas pressões?

Deve-se ressaltar que o valor ao consumidor é criado por meio de melhores produtos, preços baixos, maior variedade e conveniência, melhor disposição de produtos, etc. Para que se possa oferecer isso aos consumidores, os clientes e os fornecedores devem operar em parcerias e conse-guir economia por meio: de melhoria de eficiência; giros mais rápidos de estoques; melhores níveis de inventários; maior variedade de produtos; e perdas de produtos reduzidas, ou seja, maximizar o nível de serviço ao cliente.

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Resposta Eficiente ao Consumidor, proporciona a garantia de ressuprimento continuo do cliente. Para que isso seja possível é necessário coordenar um conjunto de atividades em sintonia através de um amplo sistema de monitoramento entre as empresas parceiras.

Fatores que podem ser favorecidos pelo ECR Fornecedores que prestam um serviço de entrega de baixa qualidade geram custos indesejáveis para os clientes. O serviço ao cliente, assim corno seu desempenho, é um conjunto de atividades envolvidas na distribuição física do fornecedor até a empresa consumidora. Sendo assim, alguns aspectos devem ser enaltecidos ( FLEURY et al., 2000):

• o comércio que não tenha uma total disponibilidade de produtos corre o risco de incorrer em custos pela falta do produto, ou seja, vendas perdidas ou, no caso particular da construção civil, ocorre a descontinuidade produtiva - tarefas interrompidas por falta de material;

• quanto menor a consistência do prazo de entrega do fornecedor, maior serão os estoques de segurança e, por conseqüência, maiores os custos com a manutenção de estoques;

• os fatores tempo de cic lo de pedidos e freqüência de entrega estão relacionados ao tamanho do lote de ressuprimentos e, conseqüentemente, ao nível de estoque de segurança. Estes, caso não sejam devidamente balanceados, também implicam maiores custos. Ciclo de pedidos é o tem-po praticado entre o pedido e o recebimento do produto (lead time).

Sendo o ECR uma ferramenta relacionada ao serviço ao cliente, ou seja, que maximiza o nível de serviço ao cliente, ele pode proporcionar excelentes resultados com relação à fidelidade desses clientes. Pesquisas relacionadas apontam que o nível de serviço ao cliente é uma variável de decisão de compra com uma importância cada vez maior para o comércio, quando comparada com as demais variáveis como produto, preço, promoção e propaganda.

O que se pode definir como ECR O termo ECR pode ser definido como uma estratégia e uma iniciativa entre parceiros comerciais (siste-ma de parceria) - o cliente e o fornecedor. Eles trabalham juntos para eliminar custos excedentes da cadeia de abastecimentos e onde ambos tiram vantagem dessa parceria. Na realidade, ECR é mais uma filosofia, ou talvez uma postura de negócios, na qual as empresas se dispõem a compartilhar problemas, dificuldades e informações, implantando em conjunto as melhores soluções possíveis dentro de seu contexto operacional e estratégico. Tem como objetivo precípuo a integração dos processos logísticos e comerciais ao longo de toda a cadeia de suprimentos, com base na eficiência individual de ambas as partes. Podem ser obtidos benefícios significativos quanto à diminuição dos custos operacionais e admi-nistrativos, redução dos níveis de estoques e dos custos em mantê-los, otimização da produção, incre-mento em vendas, melhorias na relação indústria/varejo e, por sua vez, varejo/consumidores.

INFORMAÇÃO

Consumidor

PRODUTOS

Ciclo do relacionamento do ECR Fonte: hl(|>:/A\wv.cop|)c.í(l.ufrj.lx/|)csquis»Vcel/iniOfnie/iní6.|xlisse.irch='CCR'

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O objetivo final do ECR é a criação de um sistema eficaz, no qual clientes e fornecedores trabalhem em conjunto como aliados comerciais a fim de maximizar a eficiência das suas transações comerciais e minimizar custos. O fornecedor se compromete a garantir o ressuprimento do seu cliente em troca do fornecimento garantido do seu produto para esse mesmo cliente. Os parâmetros de negociação entre os parceiros são previamente definidos e não há desgaste nem perda de tempo a cada compra ou pedido. É feita a formalização dos procedimentos que irão ser desenvolvidos na parceria ao longo do tempo nas transações com relação ao transporte, qualidade dos produtos, preços, freqüência das entregas, pontos de ressuprimentos, entre outros.

A construção civil no sistema de parceria e a tecnologia de informação

Deve-se entender que hoje o foco de uma empresa construtora não é mais a exclusividade da execução da obra. Aos poucos esse horizonte vai sendo totalmente ampliado. As empresas estão deixando de ser meramente executoras de obras, são mais empreendedoras, e estão desenvolvendo outros negócios em paralelo; a construção, propriamente dita, é apenas mais uma das fases de todo o processo. Em vista disso, a tecnologia de informação que era direcionada apenas aos processos administrativos e financei-ros da obra, em si, com a ampliação do escopo passou a ter uma maior abrangência. A tecnologia de informação passou a ser também uma facilitadora da interação com projetistas, clientes e fornecedores, ou seja, passou a ser a integradora dos agentes internos e também dos agentes externos de todo o sistema. Para que se possa encaminhar uma maior eficiência, produtividade e nível de serviço é neces-sário que ela atue também nos processos de relacionamentos de todos os parceiros ou agentes dessa cadeia produtiva. Partindo dessa premissa, surge a necessidade de usar ferramentas de colaboração interativa, as quais estão inseridas na iniciativa ECR. O ECR nada mais é do um acordo entre parceiros que desenvolvem uma confiança mútua em suas transações comerciais e em que ambos irão se benefi-ciar dessa relação.

Informações rápidas e precisas fluem por um processo menos burocrático e sem papéis entre o depósito, armazém dos fornecedores ou indústria e o canteiro de obras ou setor de logística da empresa construtora, com o mínimo de perda e interrupções, internamente ou entre os elos da cadeia de suprimentos.

O ECR pode ser bastante impulsionado por ferramentas tecnológicas de telecomunicações como o EDI (Electronic D,it<i lnterch<mge), Internet, código de barras e leitores, VVMS, ou seja, tecnologias que de-pendendo do negócio irão maximizar as atividades que envolvem transações de reposição de produtos e de controles de estoques.

Apenas para melhor elucidar, considera-se uma situação de um almoxarifado central de uma grande construtora. Supondo que esse almoxarifado tem implantado um sistema de gerenciamento de arma-zém ( W M S ) o qual efetua o controle rigoroso do inventário, de tudo que entra (compras) e sai (utilizado nas obras), os quantitativos de cada um dos itens, etc. Suponha-se também que a empresa, em vista da grande variedade de itens que compra e em grandes quantidades, efetuou sistemas de parcerias com fornecedores (ECR), através de acordos formais (contratos) prévios, preestabelecendo parâmetros e re-gras para a parceria. Esses parâmetros prevêem quantitativos de estoques mínimos para os diversos produtos, que quando atingidos são automaticamente transmitidos aos respectivos fornecedores via EDI. Ou seja, quando é atingido o ponto de ressuprimento (estoque mínimo) previamente acordado no contrato, dispara o "alarme" para o fornecedor que imediatamente providencia o ressuprimento, den-tro das características estabelecidas - Estoque Gerenciado pelo Fornecedor. Caso a parceria fornecedor/ cliente não utilize o sistema EDI, o departamento de compras da empresa construtora poderá transmitir a esse fornecedor suas necessidades de materiais via sistema Internet, quando atingido o ponto de ressuprimento - Estoque Gerenciado pelo Cliente.

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Deve-se considerar que todo esse gerenciamento em ambas as situações anteriores pode ser efetuado automaticamente quando as tecnologias código de barras, leitores e radiofreqüência estiverem traba-lhando associadas ao sistema W M S . O sistema W M S saberá exatamente quando o ponto de ressuprimento foi atingido para cada um dos itens em estoque e ele irá disparar o "alarme" informando o fornecedor.

Apesar da identificação dos produtos com código de barras e do intercâmbio eletrônico de dados, em fim de toda a tecnologia que possa ser empregada, os benefícios são muito limitados sem que haja uma forte relação de parceria entre parceiros de transação. Essa parceria deve-se traduzir numa confiança mútua e duradoura. A empresa construtora deve confiar os quantitativos de materiais que serão utiliza-dos em suas obras dentro dos padrões de custos, quantidades, qualidade, formas de entregas, etc., previamente estabelecidos quando do contrato de parceria.

Princípios básicos do ECR Segundo a Associação ECR do Brasil (1997), existem alguns princípios básicos que devem ser respeita-dos para o sucesso desta tecnologia de informação:

• Foco constante no provimento de um melhor produto, uma melhor qualidade, um melhor sortimento, um melhor serviço de ressuprimento, uma melhor conveniência com menos custo através da cadeia de suprimentos.

• Comprometimento dos líderes do negócio determinados a alcançar a decisão de lucrar medi-ante as alianças lucrativas do ganha-ganha, ou seja, "Meu cliente ganhando eu estarei ganhan-do" - " O sucesso do meu cliente é o meu sucesso".

• Informações precisas e no tempo certo devem ser utilizadas para dar apoio a decisões efetivas de marketing, produção e logística.

• Os produtos devem fluir com a maximização dos processos, de adição de valor desde a produ-ção/embalagem até a entrega ao cliente, assegurando que o produto certo esteja no lugar certo, no momento certo, na quantidade e qualidade adequadas e a um preço justo.

• Indicadores de desempenho consistentes aliados a sistemas de recompensa direcionados para a eficiência de todo o processo.

Estratégias e ferramentas que dão suporte ao ECR

Essa iniciativa do ECR está transformando as relações de negócios entre integrantes da cadeia logística e apoiando-se em estratégias e ferramentas que permitem responder às necessidades crescentes e variadas dos consumidores. São estratégias focadas na relação entre indústrias fornecedoras e seus clientes, cli-entes estes que se enquadram perfeitamente bem no perfil da indústria da construção civil, dependendo das especificidades de cada obra e de cada empresa, assim como do entendimento das necessidades e da criatividade dos parceiros.

Entre as estratégias tem-se:

• Introdução eficiente de produtos: maximiza a eficiência do desenvolvimento e da introdução de novos produtos. As táticas de introdução eficiente de produtos presumem trabalho conjunto entre fornecedores e clientes, visando otimizar investimento, pesquisa, desenvolvimento e lan-çamento de produtos. O ritmo de introdução de novos produtos tem aumentado muito nos últimos tempos, por várias razões, como modificação freqüente de tecnologia, fontes de supri-

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mentos mais baratas, mudança de hábitos dos consumidores, imitação dos produtos líderes, alongar a vida útil do produto. O método proposto no ECR de introdução de novos produtos segue cinco etapas que são, respectivamente: cliente e fornecedor concordam quanto ao pro-duto a ser testado para distribuição; preparação do teste; implementação do teste; avaliação; e decisão. A inovação dessa metodologia é que o cliente envolve-se em todas as etapas do teste e, conseqüentemente, está comprometido com o resultado. Seu interesse é total nesse processo e faz parte do novo tipo de relacionamento simbiótico entre fornecedor e cliente. O lança-mento de um novo componente hidráulico, por exemplo, pode ser feito através da parceria entre um fornecedor e um grande empreendimento de uma grande construtora. Essa constru-tora, baseada na parceria, irá lançar o produto com indiscutíveis vantagens econômicas e técnicas, enquanto a fornecedora se beneficiará dos apelos de marketing.

• Sortimento eficiente de produtos: essa estratégia é mais direcionada para relação entre varejis-tas e fornecedores cujo objetivo é otimizar estoques, prateleiras e espaços da loja, objetivando encontrar o mix ideal de mercadorias que satisfaça às necessidades dos consumidores. As táticas de sortimento definem a variedade de produtos oferecidos, assim como os critérios para inclu-são e eliminação de SKUs (Stock Keeping Units) da categoria. Sortimento é geralmente julgado como sendo uma importante forma de executar diferenciação de fornecedor. Uma decisão que é estrategicamente correta para um fornecedor não significa ser aplicável para outro den-tro da mesma categoria. Essa estratégia do sortimento eficiente é definida como um processo colaborativo entre o fornecedor e o distribuidor, com objetivo de determinar o nível de oferta ótimo de um produto, dentro de uma categoria, que atinja o objetivo de satisfação do consu-midor e melhore os resultados do negócio. A ferramenta utilizada para a estratégia é o gerenciamento de categoria. Essa ferramenta visa reduzir o espaço que não agrega valor e o uso não comprovado (como gerador de resultado) do espaço da área de vendas. Busca-se obter uma composição ótima das diversas categorias de produto da loja e da composição de produ-tos dentro da categoria. A idéia dessa estratégia é fazer com que tanto o fornecedor quanto o canal conheçam o perfil de seus clientes, cruzando as informações dos produtos em forma de matriz. O objetivo final é aumentar a rotação de estoques dos produtos e incrementar o volu-me de vendas por metro quadrado. U m fornecedor, por exemplo, que lenha muitas variedades dos mesmos itens de componentes como opção, pode ser muito vantajoso para empresas que trabalhem em suas construções pelo sistema de condomínio, onde existe a particularidade da customização das residências.

• Promoção eficiente: busca a maximização da eficiência de todo o sistema de promoção de vendas do cliente/fornecedor em relação a outros clientes. As táticas de promoção definem os critérios utilizados para promoverem vários componentes das categorias desde o fornecedor ao consumidor final: segmentos, marcas, SKUs, etc. Para qualquer manual de marketing, toda pro-moção de vendas, para ser eficiente, tem que ser simples, ser de fácil compreensão pelas pessoas que vão participar dela, ter um início e final determinado, ser de curta duração e sustentar as vendas de uma linha de produtos ou de um produto. Essa promoção [xxle ser feita tanto pelo fornecedor para seu cliente, varejista, revenda ou distribuidor, como pelo distribuidor ou reven-da para seu consumidor final. Essa estratégia visa simplificar os acordos promocionais entre os integrantes da cadeia de distribuição e negociar um preço, chamado de desconto contínuo. Significa repartir os ganhos derivados da simplificação e da redução de gestão das promoções de amlx>s os lados, além dos ganhos nas demais áreas (estratégias). Quanto maior a eficiência obtida pelos integrantes, maior poderá ser o desconto contínuo acordado. Aqueles que forem mais agressivos na implementação do ECR tendem a obter melhores acordos.

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• Reposição eficiente de produtos: otimiza a eficiência da reposição dos produtos nos almoxarifados ou canteiros. Otimizar o tempo e o custo do sistema de reposição, baseando-se na demanda real, reduzindo o nível de estoque e os tempos de ciclo (lead time) ao longo de toda a cadeia. As táticas para garantir eficiência na reposição dos materiais e componentes incluem ações que deverão ser tomadas para redução dos custos ao longo de toda a cadeia de suprimentos. Isso significa gerenciar o complexo fluxo de materiais, otimizando os processos envolvidos, desde a previsão de sua colo-cação específica na obra, processamento do pedido, transações de pagamento, manuseio de pro-dutos e movimentação, e, ainda, a completa gestão dos estoques nos depósitos.

O que o cliente deseja do fornecedor, depois de concluída a negociação e colocado seu pedido de compra, é o recebimento do produto, na hora certa, no local certo, na quantidade certa e na qualidade certa. A estratégia de reposição eficiente é a ligação de toda a cadeia de distribuição do ECR em um único fluxo por meio de elementos, os quais serão apresentados como:

• recebimento eletrônico no canteiro: todo o processo de recebimento de mercadoria é informatizado por meio de software que esteja interligado com os fornecedores. O fornecedor, após sair a mercadoria do depósito ou fábrica, notifica, por meio do software, o cliente com informações da remessa;

• sistema de inventário perpétuo: o controle permanente do estoque do canteiro ou da empresa em geral é mantido por meio da leitura por código de barras nas saídas dos materiais dos almoxarifados, assim como do recebimento eletrônico;

• leitura por código de barras: para que a reposição seja feita com precisão pelo fornecedor, é necessá-rio, além do código de barra para identificação correta do material que foi baixado do estoque e do software adequado, também o estabelecimento dos critérios de estoques mínimos, de quantitativos, formas de entrega, etc., preestabelecidos. Para emissão de um pedido automatizado ao fornecedor, é importante que estes dispositivos já sejam conhecidos.

• pedido emitido por computador: a emissão automatizada de pedido por computador, transmitida via EDI, é uma condição vital dessa estratégia. Isso vai permitir que a gestão do canteiro fique focada em outras atividades que agreguem mais valor e não percam tempo nem atenção com verificação de mate-riais existentes e emissão manual de pedidos.

Entre as ferramentas:

As principais ferramentas que dão suporte à visão global do ECR e das estratégias são, entre outras, as seguintes:

• Gerenciamento de categoria: forma de os responsáveis pelo suprimento das obras gerenciarem categorias de materiais e componentes para maximizar a eficiência e a lucratividade.

• Reposição contínua: metodologia baseada na mentalidade just-in-time para esse segmento de consumo de materiais.

• Custeio baseado em atividade: forma de entender os custos e a rentabilidade associados aos produtos, serviços, canais, clientes e processos da empresa.

• Benchmarking das melhores práticas: maneira de as empresas compararem suas performances em certas áreas com as melhores práticas da indústria da construção civil.

• Intercâmbio Eletrônico de Dados: pedido acompanhado por EDI, ou seja, automação das transações entre parceiros por computador e movimentação de mercadorias realizada por leitura óptica e recebimento eletrônico.

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• Internet: ferramenta importante para o caso da não-utilização do EDI, mesmo levando-se em conta suas limitações quanto ao sigilo documental.

Desenvolvimento do ECR No sistema ECR o comprador dispara um pedido de compra automaticamente para o fornecedor (caso do estoque gerenciado pelo fornecedor), toda vez que o estoque atinge o ponto de ressuprimento (estoque mínimo). Os parâmetros de negociação entre ambos (cliente e fornecedor) já estariam defini-dos previamente e não haveria desgaste nem perda de tempo a cada compra ou pedido. Para movimen-tar o estoque, o computador do cliente/empresa construtora controlaria as mercadorias recebidas no canteiro, assim como baixaria as saídas, por meio de leitores de códigos de barras. É formada uma grande cadeia de suprimentos.

Em linhas gerais, para o caso cia construção civil, a empresa construtora é que dá início à cadeia de distribui-ção no momento em que seus materiais vão sendo "consumidos" na obra e vão sendo baixados dos esto-ques. As informações relativas a essas solicitações de compras são compartilhadas com todos os componen-tes da cadeia em tempo real. Quando o estoque do fornecedor é baixado por leitores de códigos de barra, o grande atacadista começa um processo de ressuprimento pelo fabricante e o fabricante inicia o processo de produção. O u seja, se o pedido de um produto chega pelo EDI (ou Internet), o software automaticamente faz uma comparação da previsão (já predeterminada) com o pedido real colocado e envia o alerta para todas as pessoas-chave que necessitam da informação. Em síntese, as mercadorias somente serão demandadas pelo fornecedor e produzidas pelo fabricante quando o consumidor (empresa construtora) fizer seu jx?dido.

A cadeia de distribuição moderna do segmento de produtos de consumo de massa deve ser uma cadeia ágil na movimentação do fluxo de mercadorias e eficiente na transmissão de informações entre os inte-grantes. Para que isso seja possível é de vital importância a introdução do sistema EDI como mecanismo propulsor das informações. O u seja, a adoção da tecnologia de automação dos processos geralmente apresenta-se associada à adoção da tecnologia do intercâmbio eletrônico de dados - EDI, em sua moda-lidade financeira e mercantil. Enquanto a financeira esta voltada para transações bancárias como transfe-rência de fundos entre varejo e bancos, a mercantil intermedeia a troca de informações entre varejo e fabricante. Deve-se ressaltar que hoje cresce muito a utilização da Internet nessas duas modalidades.

A transmissão eletrônica, em tempo real, dos materiais consumidos na obra para o fornecedor visa desencadear a rápida reposição do estoque consumido, e isto constitui um dos fundamentos principais do movimento ECR. Em circunstâncias ideais, em que há disponibilidade cie produto em estoque do fornecedor ou o lead timeé inferior a um dia, o fornecedor imediatamente coletará o item de reposição no estoque e o embarcará num veículo no mesmo dia para o cliente. A figura a seguir caracteriza de forma sucinta um sistema ECR:

Fornecedor Canteiro de Obras

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A otimização de múltiplos setores das empresas, e entre as empresas, conduz a uma variedade crescente de tarefas para a logística. À logística, sendo resfx>nsável pelo fluxo geral dos materiais e produtos e das informa-ções dentro das organizações e entre fornecedores, entregadores e clientes, é fundamental que tenha um desempenho eficiente para tornar possível a Resposta Eficiente ao Consumidor. Esta é a visão do ECR.

Benefícios do ECR Segundo a Associação ECR do Brasil, as economias alcançadas pelo ECR resultam de três fatores: a redução dos custos operacionais em toda a cadeia e os ganhos financeiros derivados da redução dos estoques e da depreciação pelo aumento da produtividade dos ativos fixos. Através de estudo efetuado pela mesma entidade, concluiu-se que os ganhos quantificados com a implantação das estratégias do ECR (reposição, sortimento, promoção e introdução eficiente dos produtos) para a indústria e para uma parte significativa do varejo vêm sendo da ordem de aproximadamente 10% do faturamento do setor varejista. A indústria concentrou 60,6% dos ganhos com o ECR, enquanto o varejo deteve 39,4%.

Além desses benefícios tangíveis, existem importantes benefícios intangíveis para os consumidores, dis-tribuidores e fornecedores, que ressaltarão as diferenças competitivas entre estes e outros varejista não tradicionais, ou seja:

Clientes varejistas: aumentam opções de produtos e conveniências, redução de itens em falta.

Empresas construtoras: melhoria do relacionamento com o fornecedor, ressuprimento certo.

Entre as vantagens mais significativas relacionadas à construção civil podem ser destacadas algumas, como:

• As empresas construtoras terão a garantia da colocação dos materiais e componentes na hora certa, na quantidade certa, na qualidade certa e no local solicitado sem necessidades de gran-des estoques. Por outro lado, os fornecedores têm a garantia da colocação de seus produtos no mercado.

• O relacionamento com os projetistas é muito facilitado. Quando o projetista entrega seu proje-to, ele o disponibiliza na base de dados. No momento que surgir uma dúvida em relação a qualquer detalhe do projeto, essa dúvida é questionada e lançada para o projetista no sistema que a registra imediatamente. O esclarecimento da dúvida também é registrado no sistema, ficando tudo documentado para um questionamento futuro. Isso facilita a todos os envolvidos no processo, encurtando prazos na elaboração de projetos, assim com na solução de proble-mas e, conseqüentemente, na execução da obra.

• A maior vantagem, sem dúvida, da implementação desse sistema é a contribuição que ele dá com o aumento da eficiência de processos e produtividade nos canteiros, com reflexos eviden-tes na redução de custos das obras.

Obstáculos para implementação do ECR Entre os obstáculos à implementação em todos os estágios de evolução do ECR encontram-se:

/. Falta de liderança: para ser possível implementar o ECR, são necessários comprometimentos e forte liderança da alta direção. Não será suficiente que os líderes digam que eles acreditam. Será necessário expressar o comprometimento mediante investimentos, o engajamento de to-dos no processo, promoção e contínua reafirmação dos valores do ECR.

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2. Resistência a mudanças: é relacionada à resistência do ser humano a qualquer tipo de mudan-ça, mesmo aquelas comprovadamente benéficas.

3. Falta de confiança: as grandes barreiras no estreitamento das relações entre as empresas são a falta de confiança e o espírito de rivalidade. Essas barreiras culturais devem ser superadas para que o fluxo de informações em toda a cadeia seja o mais eficiente possível.

4. Aspectos tecnológicos: um grande investimento em tecnologia é necessário. O movimento em direção ao modelo ECR demandará constantes atualizações nas tecnologias utilizadas. Outro aspecto importante será a habilidade na utilização correta da tecnologia disponível.

5. Dificuldades em focar o consumidor, outro obstáculo é o não-reconhecimento, em tempo hábil, das mudanças nos hábitos dos consumidores.

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ESTRATÉGIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO

Introdução As empresas da indústria da construção, em especial do subsetor edificações, sempre foram considera-das como um exemplo de desperdício e ineficiência, explicado pelo fato da alta taxa de retorno dos negócios imobiliários. Com as novas exigências competitivas e do mercado consumidor, que está cada vez mais atento aos seus direitos, a construção civil brasileira vem passando por um processo bastante significativo de reestruturação produtiva nos últimos anos. Deve-se ressaltar que a velocidade e o ritmo de adoção dessas mudanças são bastante diferenciados entre as diversas cidades e regiões do Pais, observando-se mais intensamente nos grandes centros. U m grande número de empresas passou a adotar novas metodologias construtivas, assim como novas metodologias administrativas, embasados na utili-zação de novas tecnologias e de novas formas de gestão da produção e da força de trabalho, tudo isso procurando se adequar a essa nova realidade.

É importante observar, entretanto, que as inovações tecnológicas na construção civil não excluem ne-cessariamente materiais e sistemas construtivos tradicionais. Estas inovações cumprem a função de dar maior flexibilidade aos projetos e à produção, apresentando-se como possibilidades que servem como opção a determinadas situações ou a determinados nichos de construção. Essas tendências, embora não sejam avassaladoras, tendem a ganhar espaço em certos segmentos da indústria sem, entretanto, mudar por completo o padrão construtivo do setor que continua ainda apegado a modelos antigos.

Essa reestruturação produtiva mencionada está mais ligada à utilização de novos coni|x>nentes e novas técnicas construtivas e de gestão da produção, encaminhando ao processo de industrialização. A industrialização da construção civil é uma evidência percebida em especial nos canteiros de obras dos grandes centros urbanos. Isso se deve às exigências competitivas e de mercado mais contundentes, mas também a fatores como: a carência de espaços para montagem de canteiros nos meios urbanos; a urgência sempre presente na entrega dos produtos finais; e também devido à necessidade de redução de custos. Optar por sistemas construtivos industrializados significa decidir-se, em última análise, |X)r uma obra mais eficaz e mais rápida. Sabe-se que obras demoradas significam mais custos administrativos, que são fixos, além de gastos não previstos. Sem considerar evidentemente situações que requerem obrigatoriamente necessidades do urgência.

A industrialização se processa através da transferência de algumas etapas de atividades de manufatura que seriam confeccionadas no próprio canteiro e que são eliminadas, passando a ser fornecidas por terceiros. O u seja, a responsabilidade da empresa em relação à produção no canteiro de obras é dimi-nuída e parte desta é transferida para que sejam realizadas por fornecedores com especialização em determinadas atividades - terceirização. Pode-se dizer que uma determinada etapa de manufatura, com a terceirização, passa a ser considerada como um componente do produto final e será suprido por fornecedores externos. É a horizontalização do processo produtivo. A horizontalização consiste na estratégia que prevê que a empresa construtora irá comprar de terceiros o máximo possível dos compo-nentes do produto final de que necessita.

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O desenvolvimento da industrialização G visível uma forte tendência à utilização de sistemas construtivos baseados na pré-fabricaçâo de ele-mentos antes produzidos no próprio canteiro, transformando o processo de construção em sistemas de montagem. Com isso, a construção pré-fabricada de concreto, em especial, vem se consolidando como a forma mais viável e mais difundida para se promover a industrialização da construção. Deve-se dizer que essa tendência se iniciou já na Segunda Guerra Mundial, onde a opção pelos grandes painéis pré-fabricados de concreto se constituía como a opção técnica e econômica mais viável às necessidades de reconstrução rápida da Europa. Abaixo pode ser observado o exemplo de uma seqüência de montagem de uma edificação com técnica construtiva da pré-fabricação em concreto.

Pré-fabricação cm concreto - industrialização (seqüência de montagem: pilares, vigas, lajes e vedação)

Fonte: empresas Pré-fabricar Construções e CP! Engenharia

As realizações em larga escala na área de habitação ocorridas naquela época criaram, no entanto, um paradigma que associou a construção pré-fabricada, durante muito anos, à uniformidade, monotonia e rigidez na arquitetura, ou seja, flexibilidade "zero". Seria muito restrita nos dias de hoje uma definição de industrialização baseada nos padrões do pós-guerra europeu. Hoje, esses padrões vêm sendo revisa-dos em profundidade nos seus próprios países de origem, desde o final dos anos 1980. Por sua vez, o desenvolvimento de sistemas e componentes construtivos mais leves, buscando conferir um maior valor agregado, praticidade e "densidade tecnológica" aos produtos, parece ser uma tendência dominante para o futuro do segmento de pré-fabricados de concreto (CAMPOS , 2005).

Novas técnicas construtivas que vêm sendo empregadas, como os painéis arquitetônicos de fachadas já acabados e de vedação interna duplas (ocas), facilitam a execução das tubulações, assim como banheiros pré-fabricados; tudo isso tem como fundamento as necessidades de maximização da eficiência produtiva.

8 cm, 10 cm, 12 cm

Fonte: w\vw.e|>0tec.com.l>r

Banheiros pré-fabricados

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A utilização dos banheiros pré-fabricados é um exemplo bem recente da técnica construtiva baseada na pré-íabricação, reafirmando a tendência da industrialização da construção. Com essa inovação ficou fácil e rápido resolver a construção de banheiros em grandes empreendimentos, onde é necessária a construção de 50, 100 ou 200 deles em uma única obra. As paredes hidráulicas vêm com todas as instalações necessárias, como a elétrica, água fria, água quente e sanitária, todas prontas e testadas de fábrica, além disso, impermeabilizadas e azulejadas. Esse sistema apresenta uma série de vantagens sobre a construção convencional, como (EPOTEC, 2005):

• Alta resistência à carga e impacto.

• Excelente isolamento térmico e acústico.

• Impermeabilização garantida.

• Conceito de shaft horizontal.

• Caixa de descarga econômica e embutida.

• Bacia de saída horizontal, suspensa.

• Piso do boxe elevado.

• Maior conforto e espaço interno com melhor aproveitamento.

A administração da produção e o controle dos processos no canteiro, particularmente no que se refere às relações comerciais com terceiros e às entregas dos diversos insumos, desde projetos até materiais e serviços, são amplamente favorecidos dentro de tal metodologia. A adoção de novas práticas não impli-ca necessariamente o emprego da pré-fabricação total, mas ainda assim é evidente que a transformação da obra num local de montagem de partes pré-fabricadas é uma alternativa que pode contribuir decisi-vamente para melhorar o controle dos cronogramas e da produtividade em canteiros. A produção de grande parte dos componentes é feita fora do local da obra, segundo contratos específicos os quais estão submetidos aos seus próprios cronogramas, e isso racionaliza sobremaneira o desenvolvimento produ-tivo no canteiro de obras.

Deve-se entender que o canteiro de obras na construção civil aproxima-se cada vez mais de um proces-so de industrialização seriada, em que os métodos construtivos estão fundamentados em modelos logísticos mais padronizados com operações mais repetitivas e automatizadas. Podem ser citados como exem-plos: a pré-industrialização e construção seca {dry consiruciiort), onde vigas, pilares, painéis de facha-das, "pele de vidro", painéis internos para paredes ocas de gesso acartonado que substituem as paredes de alvenaria (drywal l ) , alvenaria estrutural e até banheiros são elementos pré-moldados, tornando-se, assim, componentes do produto final. É o caso também das estruturas metálicas, que substituem as estruturas de concreto armado; da argamassa semipronta, adquirida em embalagens, que substitui a argamassa "rolada" no canteiro; do concreto usinado; entre outras.

Apenas para exemplificar e ilustrar a forte tendência da industrialização da construção será mostrado a seguir o projeto de um conjunto residencial com características sociais (baixa renda) na cidade de São Paulo, que obteve o 2o Prêmio Nacional de Pré-Fabricados de Concreto para Estudantes de Arquitetura no ano de 2004. O projeto abrange um total de 536 unidades divididas em 134 módulos dispostos como ilustra a figura seguinte, totalizando uma área construída de 30.391,20 m2 (VITRUVIUS, 2005).

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Vísla aérea do Conjunto Residencial em São Paulo, Brooklin, Jardim Edilh

Conforme pode ser observado na figura da página seguinte, os módulos consistem em duas grades de pórticos (1, 2 e 3) paralelas de quatro pavimentos que fazem o papel de pilares e vigas sustentando as lajes (6) e concluindo o papel de superestrutura. A vedação é composta f>or dois tipos de painéis de concreto pré-fabricado, um deles fechando os pórticos (4) e outro fechando a frente e os fundos de cada módulo (5).

A montagem consiste basicamente em três fases: lajes moldadas in loco; superestrutura (pórticos e lajes pré-fabricados) e fechamentos (painéis pré-fabricados). Tais peças, por serem leves e possuírem dimen-sões reduzidas, possibilitam o rápido e eficiente desenvolvimento da obra, pois não exigem equipa-mentos de grande porte para manejá-las e transportá-las.

Perspectiva explodida dos módulos

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Peças propostas

8. Caixilhos de alumínio 10- Divisões internas (sugestões): 12. Pergolado de madeira 9. Brises/venezianas de alumínio * Dr>rwal1

11. Elementos vazados cerâmicos

Peças constituintes dos módulos que formam o conjunto residencial

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A unitização dos materiais e componentes desse processo é também um fator de extrema importância, pois irá exigir equipamentos compatíveis como empilhadeiras, gruas com maior capacidade, etc. A mão-de-obra na construção civil também começa a sofrer transformação, aproximando-se cada vez mais da mão-de-obra do processo de industrialização seriada, passando a necessitar de qualificação, ou seja, o operário da construção civil está evoluindo de um peão de obra para um montador industrial.

A possibilidade de produção padronizada de edifícios industrializados, quer em suas partes fundamen-tais, quer na sua totalidade e com maior abrangência, pode se tornar uma realidade bastante viável. A indústria da construção civil, com essa perspectiva, certamente dará um grande salto, superando num curto espaço de tempo a defasagem tecnológica do setor e alcançando um nível de industrialização equivalente àquele do setor manufatureiro seriado.

A industrialização no Brasil Existem diferenças bastante significativas entre a realidade da construção de edifícios no Brasil e os países mais desenvolvidos, como os europeus; isso se deve as especificidades inerentes do País, já ana-lisadas anteriormente. Porém, pode-se perceber que todo aquele ambiente experimentado no auge da aplicação das técnicas de pré-fabricação na Europa, após a Segunda Guerra Mundial, também vêm sendo observado ao longo do desenvolvimento da pré-fabricação no País, mesmo que ainda sem gran-de contundência. Na época da reconstrução da Europa, destruída pela Segunda Grande Guerra, o grande ícone foi o painel pré-fabricado de concreto. No entanto, uma definição de industrialização nos dias de hoje seria muito restrita se fosse embasada apenas nos modelos de pré-fabricação do pós-guerra. Tais modelos tiveram sua aplicabilidade com vultoso sucesso e com todos os méritos no auxílio da reconstrução, porém os tempos são outros. A evolução dos sistemas estruturais e da tecnologia vem fazendo com que os mesmos estejam passando por uma profunda revisão metodológica.

A tendência de industrialização de ciclo aberto e a política de produção de componentes deram mar-gem ao aparecimento, no final da década de 1980 e início dos anos 1990, daquilo que se convencionou chamar na Europa de a "segunda geração tecnológica" no campo da industrialização da construção. Trata-se dos Sistemas Construtivos de Ciclo Aberto, ou seja, aqueles constituídos em suas partes funda-mentais pelo emprego de elementos pré-fabricados de várias procedências, passando a ser a marca desta segunda geração (CAMPOS , 2005).

No Brasil o que sempre foi mais empregado, em termos de industrialização da construção, foram os sistemas fechados de pré-moldados, ou seja, construções pré-prontas, compactas, mais ou menos pa-dronizadas e montadas em conjunto único e com uma possibilidade de flexibilidade construtiva muito restrita, como galpões industriais, armazéns, depósitos, etc., conforme figura abaixo.

Galpões industriais e armazéns prc-fabricados - sistemas fechados Fonte: Empresa Prc-fabricar Construções

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Segundo Campos (2005), " é impossível não reconhecer, porém, a influência que os sistemas abertos (segunda geração da industrialização) vêm exercendo no mercado brasileiro há pelo menos uma déca-da". Deve ser entendido como sistema aberto aquele tipo de industrialização baseada no emprego intensivo de componentes complementares à execução de um determinado produto, abrindo a possibi-lidade de uma grande flexibilização construtiva. Não fosse assim, afirma o mesmo autor, como explicar a reconversão de várias das empresas brasileiras, até então produtoras de sistemas pré-fabricados fecha-dos para galpões industriais, em fabricantes de componentes para sistemas abertos, tais como: lajes alveolares, painéis arquitetônicos ou painéis de vedação externa, estruturas baseadas no conceito de pré-íormas, entre outros produtos?

Pré-fabricação aplicada por completo em um edifício comercial (1) e apenas painéis arquitetônicos de fachada não-estruturais maciços em edifício comercial (2) - sistemas abertos

Porém, ainda assim existe um grande horizonte a ser perseguido, ou seja, há no Brasil um grande abismo separando a realidade da indústria da construção civil e a possibilidade de aplicação de siste-mas pré-fabricados e procedimentos industrializados de forma mais abrangente. As demandas existen-tes, mesmo se tratando do imenso déficit habitacional existente no País, foram e seguem sendo encara-das sob a óptica das formas tradicionais de se construir.

Para Campos (2005), "partindo-se do pressuposto de que não são os fatores estritamente tecnológicos que representam o maior obstáculo à difusão da pré-fabricação no Brasil, chega-se à conclusão que uma visão de futuro sobre a pré-fabricação no país deva contemplar inicialmente:"

• A demonstração da validade desta ferramenta para a superação das demandas existentes, to-mando como exemplo as experiências ocorridas nos países desenvolvidos.

• A apresentação de obras nacionais e internacionais que tenham um caráter inovador e que tragam uma contribuição objetiva no sentido de aplicação dos novos conceitos inerentes à construção pré-fabricada em concreto (Industrialização de Ciclo Aberto).

• O rompimento do estigma que no passado associou a construção pré-fabricada à uniformida-de, à monotonia e à rigidez na arquitetura.

• A demonstração de que, para além da qualidade arquitetônica, as novas obras pré-fabricadas possuem qualidades intrínsecas relativas ao nível de acabamento e ao atendimento das exigên-cias de conforto do usuário final.

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• A consideração de que existem novas tecnologias à base de cimento, tais como o CAD (concre-to de alto desempenho) e os compósitos; inovações tecnológicas aplicadas na execução de obras recentes e emblemáticas.

O Brasil dispõe hoje, sem qualquer dúvida, de um parque produtor de pré-fabricados, cuja experiência e a capacitação técnica se equiparam às dos países mais desenvolvidos, permitindo o desenvolvimento de produtos extremamente adequados a estas demandas. A falta de disseminação do uso de sistemas pré-fabricados abertos, baseados na utilização de componentes pré-fabricados com um alto valor agre-gado, é hoje mais uma questão cultural do que o fruto de uma limitação tecnológica. Porém, em face dos desafios colocados pela economia globalizada e as crescentes necessidades de se construir com rapidez, qualidade e economia, alguns destes componentes pré-fabricados passaram a ser oferecidos no mercado nacional já há alguns anos, como é o caso dos painéis arquitetônicos com e sem acabamentos e banheiros prontos, para citar apenas dois exemplos.

Entraves da disseminação da industrialização Mesmo com a chegada de novos produtos pré-fabricados ao mercado com inquestionáveis benefícios relacionados à produtividade, redução de cronogramas e dos custos, a existência de um representativo parque produtor já instalado no País na área da pré-fabricação, o qual é fornecedor habitual de compo-nentes para a construção de edifícios industriais, comerciais e habitacionais, ainda assim o processo de industrialização praticamente só é percebido nos grandes centros.

Pode-se entender que isso é um fator fundamentalmente cultural, conforme foi mencionado anterior-mente, porém, se existe a falta de cultura industrializada, é necessário que haja uma maior informação e divulgação dessa cultura operacional. E tudo começa com o planejamento e o projeto, seja o arquitetônico, seja o executivo. É diante desta realidade que devem ser colocadas as possibilidades para a adequação e o desenvolvimento de novos elementos pré-fabricados para a indústria da construção civil, com base nas potencialidades e na real capacidade já instalada no País. Para isso, deve ser quebra-da a barreira do "se está dando certo para que mudar", ou seja, quebrar a barreira, inerente ao homem, de ser, num primeiro momento, contrário a qualquer tipo de mudança.

As estruturas pré-fabricadas de concreto no Brasil tiveram seu impulso efetivo no meio técnico, inician-do sua trajetória rumo a uma maior difusão, em meados dos anos 1980. U m grande divulgador dessa tecnologia operacional foi o programa dos CIEP's (Centros Integrados de Educação Pública) no Rio de janeiro, que em 1986 empregou pré-fabricados de concreto, em projeto assinado por Oscar Niemeyer. O u seja, o arquiteto Oscar Niemeyer, com renome mundial, graças a sua competência, capacidade inovadora e proatividade, foi o responsável por mais esse feito.

Deve-se considerar em um sistema de industrialização aberta, com relação à cultura da construção de edifícios no Brasil, que é necessária a conscientização dos projetistas e, com isso, sejam derrubadas barreiras que envolvem paradigmas tradicionalistas relacionados à elaboração de projetos. Além da retaguarda normativa, sobre a qual obrigatoriamente deve apoiar-se uma industrialização de ciclo aber-to, também se pressupõe aquilo que se chama de projeto aberto, envolvendo componentes funcional-mente unitários, porém componentes de um todo, de um produto.

Tradicionalmente, entende-se como elemento industrializado desde as peças mais simples como pilares e vigas até os mais diferentes painéis, lajes de piso, etc. A derivação qualitativa do conceito de elemento até o de componente sugere a individualização das partes de uma edificação em subsistemas, tais como cobertu-ra, vedações, fundações etc. Os subsistemas, constituídos como agrupamentos de elementos, tendem a ser unidades auto-suficientes de desenvolvimento e agregação, unidades funcionalmente unitárias e indepen-dentes entre si, com respeito à função e possibilidades de desenvolvimento. Dentro desta visão, o compo-

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nente construtivo seria resultado da decomposição do organismo arquitetônico em unidades auto-suficien-tes ou unidades de projeto. Sendo assim, o significado adquirido pela expressão "sistema construtivo" em nossos dias eqüivale ao conjunto de componentes entre os quais se possa atribuir ou definir uma relação, coordenados dimensional e funcionalmente entre si, como estrutura organizada {CAMPOS, 2005).

E é sob essa óptica que o projetista tem que administrar a elaboração do produto a ser desenvolvido, mudan-do um paradigma cultural enraizado na concepção construtiva brasileira. Ainda que, segundo Campos (2005), sendo mais um aspecto cultural do que uma limitação tecnológica, surge a questão recorrente: não se constrói com base em sistemas industrializados por que não há soluções tecnológicas ou não há soluções tecnológicas por que não se constrói em larga escala empregando os pré-fabricados de concreto?

Portanto, partindo-se do conhecimento, do espírito de inovação e da conscientização das necessidades e dos benefícios proporcionados, certamente abrangência da industrialização será expandida com a abertura cada vez maior de novos campos para sua atuação.

Logística na industrialização - Painéis pré-fabricados de vedação externa O planejamento logístico é uma palavra-chave quando se pensa em adotar painéis pré-fabricados de vedação externa em um edifício. Não devem ocorrer improvisações, visto que os painéis permitem que a fachada seja executada praticamente junto com a estrutura, reduzindo muito o tempo que uma facha-da de alvenaria convencional consumiria no cronograma. Limpeza, encunhamento, chapisco, emboço e revestimento, etapas típicas de uma fachada em alvenaria convencional, são procedimentos elimina-dos no novo processo, assim como a tradicional imagem da platibanda pronta para descer o balancim.

A logística de montagem é fundamental para essa técnica industrial. O sistema requer pessoas mais qualificadas, em vez de quantidade, e que podem ser trazidas pelo próprio fornecedor, conforme o contrato (sistema de parceria e terceirização). U m exemplo desses profissionais qualificados com fun-ção de extrema importância no desenvolvimento da produção é o sinaleiro da grua. Ele será o grande responsável pela agilidade e segurança da montagem, evitando manobras arriscadas da grua e ditando o ritmo do serviço. O próprio planejamento de utilização da grua é um item que ganha uma grande importância logística, pois pode haver outros componentes pré-fabricados que precisem de içamento, tais como banheiros prontos, por exemplo, além das atividades diárias atendidas por este equipamento.

O acesso de caminhões à obra é outra exigência do processo. Apesar de necessitar de espaço físico para descarga, este é bastante reduzido e, por outro lado, não é fixo, ou seja, a descarga se dará no setor da própria montagem, a qual é variável. Ninguém deve imaginar que a descarga de painéis possa ser feita na rua, com a grua transportando peças pesadas sobre os pedestres. Outro aspecto de extrema impor-tância diz respeito à entrega programada dos componentes que seguem os preceitos do just-in-time, o qual libera espaço no canteiro, exige menos funcionários fixos e mantém a obra organizada e limpa.

O projeto é o fator de fundamental importância para o bom gerenciamento e o desenvolvimento da produ-ção. Deve existir uma grande preocupação com a compatibilidade dos projetos. Não devem existir diferen-ças de linguagens entre as áreas de arquitetura, estrutura, vedação e instalações; tem que haver muita integração. Os arquitetos devem fazer a modulação adequada e levar suas idéias antes para os fornecedores parceiros, inclusive para definição dos acabamentos e obter sugestões técnicas dos especialistas no assunto.

No Brasil ainda existem muitas dificuldades para a leitura de projetos com uma visão sistêmica, confor-me já analisado anteriormente. Os projetos devem ser processos muito anteriores à execução da obra e nessa fase de elaboração deve ocorrer muita interação entre os agentes, especialmente quando relacio-nados a sistemas de painéis pré-fabricados. Qualquer diferença por menor que seja, e a peça poderá estar perdida. Por isso, é necessário trabalhar muito na compatibilização de projetos.

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Na montagem, os painéis arquitetônicos permitem o rápido fechamento das fachadas, com revestimento e caixilhos incorporados. A peça vai pronta para a obra, racionalizando os serviços complementares e facilitando a administração do empreendimento. Com a eliminação de etapas de execução, cai o custo fixo com mão-de-obra e diminui o número de empreiteiros e interlocutores. Limpeza, redução de pessoal e espaço no canteiro - pois, conforme foi mencionado anteriormente, o sistema admite aplicação do conceito just-in-time -, estas são algumas vantagens evidentes da opção pelos painéis pré-fabricados. Ao mesmo tempo, o prazo de colocação é reduzido e o cronograma físico-financeiro, otimizado.

Além da velocidade de montagem, este é um sistema mais seguro, pois evita a necessidade de bandejas, balancins e operários em situação de risco. Durante a instalação, os níveis de barulho são mínimos e o entulho na obra é praticamente inexistente.

O sistema de fachadas arquitetônicas representa também a redução de gastos com manutenção, porque os painéis são fabricados sob rígido controle de qualidade e dentro das especificações técnicas do projeto. Assim, não há excesso de material (desperdício) nem falta de insumos (perda da qualidade). O processo de fabricação traz ainda benefícios ao desempenho dos painéis, principalmente com relação ao conforto termoacústico e à segurança ao fogo. Na figura abaixo são apresentadas obras executadas com essa tecnologia construtiva.

Obras dc edifícios residenciais e comerciais executadas com painéis arquitetônicos rontc: www.mctalio.com.br

A fixação dos painéis arquitetônicos às estruturas (de concreto ou de aço) é feita através de inserts metálicos embutidos nos painéis (chapas, tubos, peças especiais de montagem). Trata-se de sistemas especif icamente desenvolvidos para cada obra, levando-se em consideração as especificidades das estruturas e distribuição das cargas. A equipe de engenharia desenvolve tipos de fixação que propi-c iam agil idade na montagem e segurança no processo. Pode-se utilizar inseris de aço com tipo de aço que oferece maior resistência à corrosão. Da mesma forma, galvanização a quente e a frio deixam os sistemas de fixação devidamente protegidos em função da elevada expectativa de vida intrínseca ao produto.

A utilização de técnicas inovadoras dos acabamentos proporciona aos projetos variedade e acaba-mentos diferenciados e duráveis. As cores são criadas por intermédio da ad ição de pigmentos inorgânicos e estáveis, bem como pela utilização de agregados coloridos, oferecendo total liberdade de escolha do acabamento, sem limitações. Outra opção de destaque é o revestimento com granito e mármore. As pedras são incorporadas aos painéis durante o processo produtivo, o que propicia larga vantagem técnica em compa ração aos sistemas convenc iona i s , amp l i ando as possibi l idades arquitetônicas de seu projeto.

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Detalhes da montagem e detalhes da fixação dos painéis

Parafuso

Painel

Pedra branca, areia, cimento branco com acabamento lavado.

Cimento cinza, areia marrom, pigmento marrom, pedras de granito mistas, com acabamento lavado.

Cimento cinza, areia branca, pedrisco de pedra rosa. com acabamento lavado e jateado.

Exemplos de acabamentos incorporados nos painéis arquitetônicos (textura)

Fonle: www.meljlica.com.br

Devido à alta massa específica do concreto utilizado na fabricação dos painéis, o resultado final em termos de isolamento acústico é excelente, garantindo um conforto incompatível em razão da expressiva taxa de redu-ção de transmissão de ruído. ( ) s painéis apresentam algumas características vantajosas como (METÁLICA, 2005):

• Isolamento térmico: a composição dos painéis com revestimento interno de drywallconfere ao conjunto uma excelente condição de isolamento térmico, trazendo vantagens expressivas aos sistemas de ar-condicionado através da redução de carga térmica.

• Manutenção reduzida: a qualidade e a durabilidade dos painéis el iminam os custos decorren-tes de patologias indesejáveis, bem como o comprometimento da imagem do construtor em face desses problemas. A manutenção dos painéis consiste apenas em limpeza periódica (em torno de 5 anos) por meio de lavagem com água sob pressão e sabão neutro.

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• Estanqueidade: a fim de permitir a total impermeabilização do prédio, um rejuntamento de silicone é realizado entre os painéis arquitetônicos. Este rejuntamento consiste na colocação de um corpo de apoio de dimensão apropriada na junta entre os painéis arquitetônicos (assim como entre painéis e caixilhos), o qual terá como função definir a profundidade de aplicação de produto e complementar a vedação com um cordão de silicone. Vale anotar que estas juntas são efetuadas com produto de cor especialmente desenvolvida para cada obra e aprovada pelo cliente, conforme projetos de apresentação.

• Resistência ao fogo: os painéis são não-combustíveis, com uma capacidade inerente de resis-tência ao fogo. Estes podem também ser utilizados como cobertura de proteção para aço.

Portanto, se houver a preocupação prévia com a compatibilização entre os projetos das várias discipli-nas, o planejamento logístico for adequado e todos os agentes forem eficientes em suas tarefas, a obra com fachada de painéis de vedação pré-fabricados irá se desenvolver com:

• redução dos prazos de entrega da obra e cumprimento completo do cronograma;

• eliminação quase total de perdas e desperdícios, relacionadas à etapa de vedação;

• mais organizada e limpa com maior produtividade;

• exigir muito menos operários envolvidos;

• total sincronia do processo de fabricação, transporte e montagem das peças, maior velocidade de montagem;

• qualidade comprovada;

• redução de serviços complementares como formas, escoramentos, andaimes, etc.;

• redução dos prazos de entrega;

• menor custo de manutenção pós-entrega;

• apropriação de etapas;

• inovação das superfícies de revestimento;

• redução de improvisações no canteiro;

• maior controle de qualidade e prazos durante todo o processo de produção;

• maior facilidade para planejamento e controle de obras;

• maior durabilidade com menores custos de manutenção;

• melhor desempenho termoacústico e resistência ao fogo (redução dos prêmio de seguro);

• alta resistência à fadiga;

• facilidade para futuras ampliações da obra.

Logística na industrialização - Lajes pré-fabricadas

A evolução da industrialização e racionalização do processo construtivo, conforme se observou, vem

138 Logística Aplicada à Construção Civil - como melhorar o fluxo de produção na obra

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gradativamente provocando mudanças na maneira de construir, e um dos elementos estruturais que mais evoluíram foram as lajes. Hoje a velocidade e a busca de qualidade, além do desafio de vencer vãos cada vez maiores para obter espaços sem interferências de pilares e vigas, fizeram com que projetistas e construtores buscassem soluções adequadas às novas exigências.

A evolução da laje pré-fabricada, cada vez mais utilizada em obras rápidas, como supermercados e grandes centros de distribuição, empregada com pilares, vigas e painéis de fechamento pré-fabricados também, transforma o canteiro de obras numa linha de montagem industrial. Aliado a tudo isso, a cres-cente utilização de sistemas de pré-tensionamento agregam maior valor às lajes, fazendo com que seu uso se dissemine, tendo como resultado peças com maior capacidade |X)rtante para vãos e cargas maiores.

Lajes pré-fabricadas podem ser divididas em dois grandes blocos - as que vencem pequenos vãos, usadas em residências e pequenas obras, e as produzidas para edificações de grande porte com vãos maiores. As primeiras utilizam elementos pré-fabricados (vigotas e nervuras treliçadas pré-fabricadas), mas têm parte da execução moldada in loco.

Lajes nervuradas para pequenos vãos

Lajes para pequenos vãos mais comuns são as lajes nervuradas que se compõem de vigotas pré-fabricadas (sem treliças) de concreto armado, intercaladas com blocos de concreto ou cerâmico. As vigotas possu-em formato de um "T " invertido. Depois da montagem é lançada uma camada de concreto chamada capa de solidarização, que faz com que a laje se transforme num conjunto único, conforme figura abaixo (MEDE IROS , 2005).

Armadura de distribuição

capa - 3 cm capa - 4 cm capa - 4 cm capa - 4 cm capa - 4 cm capa - 4 cm lajota 7 cm lajota 7 cm lajota 3 cm lajota 10 cm lajota 12 cm lajota 16 cm

Lajes pré-fabricadas mistas com vigotas sem treliças

Lajes para vãos um pouco maiores são executadas com vigas ou vigotas protendidas de fábrica.

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Lajes com nervuras treliçadas

Este sistema de vigotas pré-fabricadas vem sendo substituído pelo sistema treliçado, em que as nervuras pré-moldadas são executadas com armaduras treliçadas (figura abaixo). Deve-se ressaltar que ambos os sistemas não devem ser caracterizados rigidamente como lajes pré-moldadas, mas sim como lajes mistas, visto que parte da laje é moldada in loco. Mesmo assim o sistema conserva a vantagem principal dos pré-moldados, que é a redução da quantidade de fôrmas. Isto acontece porque os elementos empregados apresentam grande capac idade portante por ocasião da moldagem do restante da laje, reduzindo assim a quantidade de fôrmas e escoramentos em relação a um sistema convencional . Quando são executadas de forma nervurada, adquirem ainda a vantagem da redução significativa do concreto e armaduras.

• • • • u n c o n • • • o 1 • • • o

• • • • • • • • • • • • p z o q 3

Lajes pré-moldadas com vigotas Lajes pré-moldadas com nervuras treliçadas

Por estas razões o emprego de lajes nervuradas pré-moldadas tem ganhado cada vez mais a prefe-rência dos construtores. Considerando-se ainda que o material util izado na confecção das lajes (concreto, aço e fôrmas) corresponde a uma grande parcela do total ut i l izado no edi f íc io , a ot imização das lajes repercute dc forma majoritária na ot imização da estrutura de um edifício. Dev ido a esse fato surgiu no mercado uma série muito grande de alternativas para execução de lajes pré-moldadas com nervuras.

H

Detalhes da laje treliçada com nervuras pré-moldadas executadas com armaduras treliçadas

Parâmetros que definem a laje treliçada mostrada acima:

• Altura total da laje ( H ) .

• Espessura da capa de concreto (Hf).

• Intereixo de nervuras (bf).

• Espessura das nervuras (bw).

Hf '4 ou 5 cm

Armadura treliçada

Nervura ou alma

bf

Bloco de enchimento

de concreto

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• Tipo de material de enchimento.

• Altura da treliça {HT).

O s elementos constituintes de uma laje treliçada são os seguintes:

• Elemento pré-moldado com armadura treliçada.

• Concreto lançado in loco para formação das nervuras e capa.

• Material de enchimento inerte.

O elemento pré-moldado da nervura da laje treliçada empregado é constituído de dois elementos (ver figura anterior):

• Armadura treliçada.

• Sapata de concreto.

• Vantagens - O mercado oferece uma série de alternativas para execução de lajes pré-moldadas com nervuras. Os elementos pré-moldados empregados na laje nervurada apresentam boa capacidade portante no momento da moldagem do restante da laje, reduzindo assim a quantidade de fôrmas e escoramentos em relação ao sistema convencional. Quando as lajes treliçadas são executadas de forma nervurada, apresentam significativa redução do volume de concreto e armaduras. Seus benefícios são inegáveis do ponto de vista de criação de plantas livres, facilidade de montagem, alta rigidez e baixo consumo de materiais.

• Desvantagens - A execução da laje nervurada deve ser cuidadosa, pois pode apresentar trincas depois de pronta em razão da falta de aderência da capa de concreto. Quando executada sem os elementos pré-fabricados, a laje treliçada tem como desvantagem a baixa produtividade e a utilização intensiva de mão-de-obra. O trabalho de armação é demorado e há dificuldade de concretagem.

Pré-lajes ou lajes acabadas

Lajes para edificações de grande porte são lajes pré-fabricadas de concreto que podem servir de pré-lajes ou de lajes acabadas. As lajes pré-fabricadas são empregadas em edificações em que pilares e vigas são moldados in loco, recebendo depois capa de solidarização de concreto armado com tela soldada. Em outro tipo de aplicação, tais como plantas industriais, grandes supermercados, mezaninos de áreas comerciais etc., são utilizadas como lajes pré-fabricadas alveolares, junto com vigas, pilares e até fecha-mentos pré-moldados (figuras).

Lajes alveolares sendo montadas Fonte: Empresa Precon

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• Vantagens - As peças chegam prontas na obra e são içadas até os pavimentos. Esse processo de mon-tagem industrial aumenta a rapidez de execução da obra, libera espaço no canteiro, pois dispensa estocagem de material, elimina desperdícios, reduz a necessidade de escoras e oferece boa produtivida-de. As lajes pré-fabricadas contam com controle de qualidade no processo industrial. Durante a produ-ção, são controladas a umidade, cura, temperatura, adições ou tensão das cordoalhas, o que resulta em peças sem deformações e com textura e coloração uniformes. Atualmente, as lajes pré-fabricadas mais usadas são alveolares (mais leves) e já vêm protendidas de fábrica.

• Desvantagens - A modulação das peças pré-fabricadas ainda não foi adotada pelo mercado como um todo. Por isso, é importante o construtor administrar os elementos a serem utilizados em cada tipo de obra. A estrutura pré-fabricada também tem movimentação diferente da tradicional entre os seus vários componentes. Se os elementos não forem utilizados de modo compatível, podem gerar patologias inesperadas. O s custos iniciais dos pré-fabricados também são mais altos, e a escolha depende das necessidades específicas de cada obra ou da conjuntura econômica.

Logística na industrialização - Alvenaria estrutural

Antes de ser abordado o tema "Alvenaria Estrutural" é interessante fazer algumas considerações relacio-nadas à construção de uma edificação executada com estrutura de concreto e alvenaria convencional. O procedimento rotineiro é: primeiramente a infra-estrutura de fundações; posteriormente, executar o "esqueleto" estrutural de concreto armado e lajes. Após a execução da terceira ou quarta laje (ver figura à direita) começa a ser executada a alvenaria de vedação de bloco cerâmico no pavimento mais inferi-or, uma vez que é necessário esperar a cura efetiva do concreto para a desforma. N o piso acima da alvenaria já executada, os blocos de vedação já devem estar providenciados para início dessa tarefa nesse pavimento e assim sucessivamente. Deve-se observar nesse ínterim que a penúltima laje ainda deve estar escorada e a preparação de fôrmas da laje e vigas superior devem ser providenciadas, assim como tubulação elétrica parcialmente colocada nas fôrmas das lajes.

Estas são etapas sucessivas a serem complementadas ainda, ajxSs a alvenaria de vedação integralizada, |xjlas instalações hidrossanitárias, de telefonia e outras, em geral exigindo "quebras" das alvenarias. Seguindo-se as etapas de revestimento, esquadrias e pintura. O u seja, cada etapa tem uma rígida dependência física e tem|X>ral de outra, determinando o prazo final da construção. As fotos abaixo mostram uma construção convencional de um prédio, com estrutura reticular em concreto armado e alvenaria de vedação convencionais.

Exemplo de construção com estrutura reticular em concreto armado e alvenaria de vedação convencionais Fonte: tmpresj Tcknc

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O avanço da tecnologia do aço e do concreto, associado ao desenvolvimento dos softwares de cálculo, tem resultado em estruturas cada vez mais esbeltas e, por conseqüência, mais deformáveis. O reflexo disso está na grande quantidade de patologias construtivas, como paredes fissuradas, por exemplo. Deve-se considerar que a tecnologia do aço e do concreto avançaram bastante nos últimos anos, porém, os blocos de vedação cerâmicos continuam sendo os mesmos. Estes fatos geram grandes preocupações e problemas aos construtores por vários motivos, entre os quais retrabalhos, perdas, atrasos em cronogramas, etc.

Esses aspectos todos motivaram estudiosos a buscar alternativas que viessem minimizar tais problemas, e as alternativas vieram através da alvenaria de vedação racionalizada. Muitas construtoras, reconhe-cendo vantagens nessa tecnologia de vedação, passaram a adotá-la, com emprego de blocos modulares de concreto ou cerâmicos, com estrutura vazada na vertical e, em vista disso, mais resistentes. Outro aspecto muito importante e que se torna uma grande virtude é o fato de essa estrutura vazada se cons-tituir na passagem das tubulações. Isso evita a quebra da alvenaria que gera perda de material e de tempo, assim como entulhos.

Mesmo considerando que estes fatos todos já seriam um grande avanço na construção tradicional, porém não parou por aí, avançando ainda mais com a utilização de blocos modulares de maior resis-tência, que simplesmente eliminaram a estrutura reticulada de concreto armado tradicional, passando essa tecnologia construtiva a se chamar de Alvenaria Estrutural. Pode-se dizer, portanto, que alvenaria estrutural é a técnica construtiva que utiliza paredes com dupla função: como elemento de vedação; e, também, com capacidade portante, resistente às cargas verticais e horizontais impostas à edificação.

O sistema construtivo da alvenaria estrutural apresenta uma série de vantagens, sendo que a maioria delas relaciona-se aos aspectos logísticos, e entre estas podem ser citadas:

• a simultaneidade de etapas interdependentes e intervenientes;

• pode dispensar integralmente as fôrmas;

• utiliza muito menos aço;

• permite acabamentos de menor espessura, em face da precisão dimensional e da modulação dos blocos utilizados;

Edifício alvenaria estrutural (acabado) e edifício alvenaria estrutural (em execução)

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• maior produtividade e menor tempo de execução, pois elimina retrabalhos;

• gera menos entulho, pois não necessita quebrar paredes para tubulações;

• redução do número de especialidades de mão-de-obra e em menor quantidade;

• oferece mais segurança ao operário, que trabalha sempre por dentro da construção;

• construção que consome menos tempo e é bem mais econômica;

• rapidez - obra mais rápida e limpa, com menos desperdício.

• racionalização - induz a racionalização de diversas atividades. Ex.: instalações elétricas e hi-dráulicas. Ver alguns detalhes nas figuras abaixo:

Detalhes executivos

Fonte: fmpres.i Bloc.ius Pré-fabricados

A alvenaria estrutural, para que apresente todas as suas virtudes e vantagens, deve seguir alguns requisi-tos fundamentais, tais como:

• Exige projeto eficiente: elaboração de projeto estrutural por profissional experiente.

• Exige compatibilização entre projetos: compatibilização prévia de projetos complementares.

• Exige planejamento acurado.

• Modulação de paredes adequada - múltiplo de 20 cm, evitando a utilização de compensadores e blocos cortados.

• Previsão prévia de paredes sujeitas à remoção - arquitetônico/estrutural.

• Treinamento prévio da mão-de-obra braçal.

• Armazenamento adequado dos blocos no canteiro de obras.

• Equipamentos compatíveis com a movimentação dos blocos.

• Detalhamento de juntas de dilatação entre paredes e lajes nos projetos estruturais.

A seguir serão apresentadas as características dos blocos mais utilizados na construção civil. Entre os tipos de blocos tem-se: bloco cerâmico, bloco sílico-calcário e os blocos de concreto, utilizados na alvenaria estrutural.

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Bloco cerâmico

• Baixa eficiência sistêmica no prisma (cerca de 3 0 % contra 9 0 % do bloco de concreto).

• Baixa resistência à tração.

• Medidas pouco regulares.

• Processo artesanal de fabricação, sem um controle rígido de qualidade.

Bloco sílico-calcário

• Alto teor de alumínio conferindo características expansíveis ao produto.

• Poucos fornecedores.

• Limitações de resistência para projetos mais arrojados.

Bloco de concreto: o bloco de concreto é o componente modular de alvenaria que melhor atende às rígidas exigências ambientais e à demanda da sociedade por maior eficiência energética na produção.

Diversos tipos e módulos de blocos de concreto

Fonte: Construtor.1 Veloz - construção & incorporação

• Componente modular industrializado de grande versatilidade, componível e modulável.

• Menor custo unitário de produção.

• Possui grande resistência aos esforços.

• Menor peso do elemento unitário.

• Menor consumo energético de transformação.

• Matéria-prima abundante.

• Ecologicamente correto.

• Possibilita maior velocidade na execução das alvenarias.

• Permite bom isolamento térmico e acústico em função do grande volume de vazios presentes em suas células.

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• Propicia menor espessura de revestimento.

• Fornecedores certificados - ABCP/PBQP-H.

• Alta resistência ao fogo.

• Variedades de cores e texturas.

• Maior durabilidade.

Compatibil ização de projetos e alvenaria estrutural

O processo de desenvolvimento de projetos de edificações pode acontecer de várias maneiras. Em alguns projetos, o grupo de projetistas envolvidos se preocupa em resolver os mais variados detalhes executivos, havendo uma forte interação entres eles e uma grande preocupação em solucionar as interferências entre a arquitetura, estrutura e instalações. O resultado desse processo é um projeto bem resolvido e com um grande nível de detalhamento das soluções executivas. Esses são chamados projetos racionalizados.

Em outros casos, o processo se desenvolve de maneira distinta, não havendo grande interação entre os projetistas, nem preocupação em resolver as interferências entre os subsistemas, deixando boa parte das soluções executivas para a própria obra. Isso caracteriza um projeto não-racionalizado.

Edifícios de alvenaria estrutural têm como característica possuir elementos que funcionam ao mesmo tempo como estrutura, vedação e instalações. Dessa forma, as paredes do edifício devem atender aos requisitos arquitetônicos, estruturais e de instalações simultaneamente, havendo uma forte interação entre esses subsistemas. Soluções para as instalações hidráulicas, elétricas, telecomunicações, etc., que incluam a execução de rasgos em paredes ou improvisos, não são possíveis, pois comprometem a segurança da edificação. Outras soluções devem ser pensadas, sendo necessárias consultas aos projetistas de instalações desde o início do projeto. Projetos de alvenaria estrutural têm, portanto, uma forte voca-ção em ser racionalizados desde sua concepção.

Vantagens do processo de industrialização

A industrialização deve constituir uma nova fase a ser considerada pela maioria das empresas constru-toras no Brasil. Evidentemente que essa afirmação é alicerçada em razões bastante convincentes, no que diz respeito às vantagens proporcionadas em relação à construção convencional. As construtoras que optarem por essa tendência construtiva poderão usufruir de todas as vantagens, porém, inevitavel-mente, terão dc sofrer um processo de reciclagem com uma adequação dos sistemas de logística dos canteiros e maior qualificação da mão-de-obra, em vista da nova concepção administrativo-operacional que a industrialização das etapas exige e também pela maior presença de terceiros no canteiro.

Vantagens logísticas Entre algumas das vantagens relacionadas à logística que podem ser obtidas com o processo de industria-lização estão, por exemplo:

• vantagem organizacional com a el iminação de tarefas de produção;

• mais agilidade e desempenho em atividades estruturais interdependentes - execução de lajes, vigas e pilares pré-moldados;

• redução substancial no cronograma de produção e diminuição nos prazos de execução;

• os cronogramas são atendidos e o planejamento é facilitado;

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• maior organização do canteiro com reflexos na limpeza;

• redução significativa nos acidentes de trabalho;

• velocidade no fluxo de materiais e serviços é muito aumentada;

• diminuição de estoques, pois o componente chega e praticamente já é montado;

• eliminação quase total de perdas e desperdícios na construção.

V a n t a g e n s c o m p e t i t i v a s

Por tudo que foi analisado, pode-se notar que a pré-fabricação ou industrialização da construção vem ganhando grande impulso e isso faz com que os canteiros de obras sofram modificações ou adequações em sua estruturas e maneira de operar. Com a gradativa utilização de gruas de maior capacidade, empilhadeiras, veículos transportadores de vários tipos, etc., são agora rotineiramente vistos em canteiros da construção de edifícios. A produção de peças em concreto pretendido, particularmente painéis alveolares para lajes, painéis arquitetônicos, vigas, pilares, etc., vem mudando radicalmente a paisagem desses can-teiros. Painéis pré-fabricados em concreto armado ou protendido têm sido utilizados no fechamento de estruturas de aço ou concreto, já se incorporando muitas vezes aos painéis os próprios materiais de acaba-mento. Dentre os sistemas inovadores de construção de paredes, destacam-se os painéis pré-fabricados em concreto celular, painéis sanduíche, paredes monolíticas em concreto normal ou celular, etc.

A otimização de todo esse processo construtivo, através de uma logística bem desenvolvida, já irá constituir certamente um diferencial competitivo para a empresa que se utilizar da industrialização, pois além dos ganhos em produtividade, custos e qualidade em relação ao desenvolvimento da obra, tem-se também vantagens como:

• modernidade com soluções inovadoras e criativas;

• versatilidade com soluções arquitetônicas personalizadas;

• durabilidade com redução de patologias e dos custos de manutenção;

• canteiros organizados e limpos;

• redução significativa no desenvolvimento dos projetos com conseqüente redução dos prazos de entrega;

• normalização com o uso de normas técnicas para o setor que garante qualidade estrutural e uniformidade;

• qualidade através do continuo desenvolvimento tecnológico;

• confiança, pois as grandes empresas produtoras de pré-fabricados são associadas à Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto (ABCIC), que tem histórico de mercado, dando ao construtor a segurança de lidar com empresas respeitáveis;

• resistência ao fogo; elementos pré-moldados como painéis de vedação possuem elevada resis-tência ao fogo, atestado em ensaios e casos reais, fazendo com que os custos com seguro tornem-se mais reduzidos;

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• regularidade dimensional, resultando em grandes reduções de custos em outras etapas da obra;

• desenvolvimento sustentável, poisos materiaiseos componentes podem ser facilmente reutilizados e reciclados.

• soluções com possibilidade de integração entre os diferentes sistemas construtivos;

• aspectos econômicos: evita investimentos, substituindo custos fixos por custos variáveis e redu-zindo e melhorando o controle dos custos;

• redução de problemas trabalhistas.

A industrialização através do uso dos pré-fabricados de concreto segue a tendência mundial, pois estes se mostram bastante flexíveis, trazem qualidade, baixo custo e velocidade à obra, fatos que vêm revolucio-nando os canteiros de obras. De acordo com os agentes do mercado, antes os canteiros eram marcados pela grande movimentação de materiais, pelo ritmo lento e pela falta de limpeza e desorganização. Hoje, por conta dos pré-fabricados, os canteiros tornaram-se um terreno para obras mais limpas e produtivas.

Com sistemas construtivos industrializados é perfeitamente possível manter o custo final da obra sob controle. Apesar de o sistema construtivo pré-fabricado ter preço inicial um pouco maior, os métodos tradicionais têm custos que não podem ser apropriados no orçamento. Por exemplo, comparem-se as despesas representadas por refeições, água e energia elétrica para um contingente de 100 homens ao longo de vários meses, com a mesma relação de despesas para apenas três funcionários. Sabe-se que a diferença é brutal, porém de difícil mensuração e apropriação de tais gastos, pois variam conforme a obra e a empresa. No caso da fachada com painéis pré-fabricados de vedação, por exemplo, a empresa construtora pode acertar com o mesmo fornecedor a compra dos painéis montados e instalados com os caixilhos, vidros e pintura. Não há possibilidade de surpresas. Além do custo e do prazo fechados em contrato, há controle dos vícios de construção, o que representa qualidade e economia para a obra. Sendo assim, com tudo que foi analisado, percebe-se que a industrialização da construção no Brasil tem uma perspectiva promissora e um campo bastante amplo a ser atingido.

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ESTRATÉGIA DA TERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS ( o u t s o u r c i n g )

Introdução O setor da construção civil no Brasil está se tornando cada vez mais competitivo na busca de melhores resultados quanto ao nível de serviço para o atendimento às necessidades do consumidor. Canteiros desorganizados e sujos, mão-de-obra desqualificada, bem como processos de controle ineficientes de um empreendimento imobiliário, são características que vêm sendo gradativamente alteradas nesse segmento industrial. Com as incorporadoras adotando uma estratégia enxuta e ágil no gerenciamento das suas atividades, a contratação de empresas especializadas em cada etapa de uma obra vem sendo uma opção constante para garantir um trabalho eficiente e dentro dos padrões de qualidade e de segurança estabelecidos pelas normas legais.

Muitas incorporadoras atualmente estão procurando transferir algumas etapas do processo construtivo e, em vista disso, não possuem toda a estrutura de uma construtora, preferindo contratar empresas especializadas em determinados segmentos da construção. Esse mercado funciona hoje de forma bastante especializada, com a incorporaclora gerenciando todo o processo, o que traz praticidade e redução de custos para essas empresas em razão de uma estrutura mais enxuta. Isso é a chamada terceirização, que é um instrumento usado desde o início das atividades voltadas para a construção, só que denominada de outra forma: empreitada.

A terceirização, conhecida também pela expressão em inglês de outsourcing, é a prática de contratar terceiros, ou seja, contratar especialistas não-integrantes dos quadros da empresa. Surgiu nos EUA, duran-te a Segunda Guerra Mundial e consolidou-se a partir da década de 1950, com o desenvolvimento acele-rado da indústria. No Brasil, a terceirização foi introduzida pelas fábricas multinacionais de automóveis, e se estendendo a todos os segmentos industriais, inclusive a construção civil, que também foi uma das pioneiras dessa prática.

A estratégia da terceirização da construção visa basicamente efetuar transferência de parte do processo produtivo, tradicionalmente realizado no canteiro de obras, para o setor de suprimentos (fornecedores), quer seja suprimento de serviços, onde se terceiriza apenas a mão-de-obra, quer seja suprimento de compo-nentes da produção da edificação (pré-moldados), podendo ser agregada a esse suprimento a mão-de-obra.

Um termo também muito empregado é o de "subcontratação"; embora exista uma certa diferença semântica com terceirização, ambas praticamente significam a mesma coisa. Subcontratação é a rela-ção que existe quando uma empresa (contratante) faz um acordo com outra empresa (contratada) para a produção de partes das atividades, componentes, ou montagens de um subproduto a ser incorporado em um produto final, que será comercializado pela empresa contratante e cujos riscos e garantias são de responsabilidade desse contratante. Já terceirização é a agregação de uma atividade-fim de uma empresa na atividade-meio de outra empresa. Mais explicitamente, a terceirização é a passagem de atividades e tarefas a terceiros, de maneira que a empresa possa concentrar-se em suas atividades-fim, ou seja, aquelas para a qual foi criada e que justifica sua presença no mercado, passando para terceiros

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(pessoas físicas ou jurídicas) as atividades-meio. Nesse caso, os contratados (terceiros) é que irão arcar com as responsabilidades dos riscos e garantias de suas atividades.

Nos últimos anos, a concorrência cada vez maior no setor vem fazendo com que as grandes e médias construtoras busquem alternativas para se tornar competitivas, e uma dessas alternativas é terceirização. Os primeiros passos dessa evidência já vêm sendo dados há alguns anos com a efetiva terceirização dos canteiros de obras e com o conseqüente enxugamento dos quadros operacionais das empresas. Isso pode ser desenvolvido através de um sistema de parceria fixo baseado em confiança mútua com os fornecedores e prestadores de serviços (ECR). Essa iniciativa passa, evidentemente, por um processo de seleção e fiscalização rígidos, num primeiro momento, de forma a garantir a manutenção da qualidade dentro dos padrões exigidos, até a efetivação da parceria propriamente dita.

Existem diversos motivos para que se terceirize os serviços de uma obra, porém o mais significativo é a transferência de uma determinada tarefa para uma organização especializada nela e que possua essa tarefa como atividade principal, assim com todo o know-how para proporcionar um serviço de quali-dade e a menores custos. Evidentemente, se o fornecedor de serviços e/ou materiais e componentes tiver uma atividade rotineira e repetitiva como, por exemplo, fabricante de pré-moldados, colocação de gesso, pintor, eletricista, instalador hidráulico, etc., certamente terá melhores condições de apresen-tar um serviço de melhor qualidade e a custos compatíveis. A empresa, ao terceirizar parte dos serviços, disponibilizará mais tempo para dedicar-se a outros setores que sob sua óptica venham a ser de maior responsabilidade ou mais estratégicos (core business).

A terceirização, que está cada vez mais sendo utilizada, é também uma forma de reduzir gastos com recursos humanos, isto é, contratar profissionais especializados em determinadas tarefas necessárias na obra sem vínculo empregatício e proporcionar serviços mais qualificados. Ao analisar a necessidade de terceirizar um serviço, as empresas devem avaliar diversos pontos relacionados às suas atividades, como o custo real de cada atividade, a necessidade do controle direto sobre as mesmas, a possibilidade do desenvolvimento de know-how interno e redução esperada de custos.

Pré-requisitos para terceirização

Para a tomada de decisão da empresa com relação ao processo de terceirização é necessária uma avaliação bastante criteriosa para perceber se a empresa será efetivamente receptiva à terceirização ou não. Para isso, algumas considerações importantes devem ser analisadas e conscientizadas, como:

• Conhecer ou ter referências abonadoras do parceiro.

• Há a necessidade de um acordo formal com o parceiro sobre os direitos e deveres dos serviços a serem realizados e dos indicadores e metas, a partir dos quais ele será avaliado.

• Os dirigentes da empresa devem ser conscientes de que a terceirização é um processo de efetiva parceria e se não houver um relacionamento de confiança e respeito mútuo a mesma não vai adiante.

• A empresa tem que estar preparada para compartilhar informações, inclusive estratégicas, com o parceiro.

• A empresa tem que estar preparada para dividir atribuições e responsabilidades com os parceiros.

• A empresa tem que ter o total domínio dos custos, indicadores de produtividade e qualidade para possibilitar o acompanhamento, avaliação e orientação do parceiro.

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• A empresa deve ter o domínio das operações e dos procedimentos a serem terceirizados para que possa transferir para os terceiros com sucesso.

• O parceiro deve ter o conhecimento da importância e da abrangência dos serviços terceirizados.

• A empresa tem que estar consciente da necessidade de administrar o comportamento do pessoal no momento da transição, pois irá ocorrer uma profunda transformação no processo de trabalho.

• Há uma grande necessidade de apoio e monitoramento sistemático do processo, sob pena de comprometer todo o processo de terceirização.

• O contratante principal deve possuir no quadro funcional de sua empresa profissional habilita-do em segurança e saúde do trabalhador para fiscalizar, nesse âmbito, o parceiro.

Muitas empresa têm tido problemas com processos de terceirização por efetuarem a implementação de uma maneira pouco criteriosa, faltando consciência da importância do procedimento e, assim, resul-tando em fracasso.

Uma vez analisados os requisitos acima, havendo a conscientização de que somente assim potencializará o sucesso da parceria, pode-se dizer que a empresa está pronta para iniciar o processo. Somente após desenvolver esse processo de decisão é que deverá ser iniciada a avaliação para escolha de um parcei-ro. A terceirização é uma tarefa longa e árdua, que tem como fim a escolha de um prestador de serviços competente. Este deve ter como característica a compatibilidade e deverá compartilhar a construção de uma relação de mútua confiança, em que cada parte entende as dificuldades e necessidades da outra e onde o sucesso de um corresponderá ao sucesso do outro.

Avaliação do prestador de serviços Uma voz analisadas quais atividades do processo produtivo serão terceirizadas, a empresa irá pesquisar o mercado, selecionar e avaliar o prestador de serviço mais adequado. Entre as diversas características que devem ser levadas em consideração na avaliação, pode-se destacar:

• capacidade de absorver as atividades a serem terceirizadas, ou seja, competência e experiência;

• disponibilidade de recursos humanos e financeiros, equipamentos e instalações;

• uso de tecnologia e busca de aprimoramento, com relação às atividades terceirizadas;

• número de funcionários e técnicos habilitados para a prestação de serviços;

• potencial para desenvolver parceria (respeito, responsabilidade, credibilidade e comprometi-mento);

• flexibilidade na negociação de preços dos serviços e condições de faturamento dos serviços prestados.

Uma avaliação adequada depende de um conjunto de informações que poderão ser obtidas com os princi-pais clientes do prestador de serviços, sendo que a complementação se dará com o tempo, avaliando a evolução dos indicadores, durante a operação, ou seja, é conveniente contratar inicialmente apenas algu-mas operações para minimizar qualquer tipo de risco. Este processo deve ser realizado com alguns critérios.

A avaliação pode ser desenvolvida de uma forma bastante objetiva e criteriosa. C) processo de avaliação terá início após a condução da fase de pré-qualificação entre os prestadores de serviço atuantes no

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mercado. Deverá ocorrer uma interação com os mesmos, onde serão fornecidas informações da empre-sa contratante e solicitado o preenchimento de um questionário para que sejam analisadas as potencialidades das empresas a serem contratadas. Posteriormente, serão recebidas e avaliadas as res-postas, elaborada uma classificação das mesmas e a conseqüente escolha das pré-qualificadas para a fase seguinte. Nessa segunda fase, serão fornecidos mais detalhes além das informações já prestadas, assim como liberada a visita para o reconhecimento das operações que serão terceirizadas. Após o reconhecimento efetivo do contratante, e da operação, será solicitada uma proposta técnica e comerci-al, na qual deverá constar:

• equipamentos e instalações que serão utilizados;

• pessoal envolvido;

• custos unitários por operação, de acordo com o detalhamento solicitado;

• relação de clientes com operações semelhantes e que possam servir para obtenção de informa-ções e referências; e

• como parte integrante da proposta, os interessados deverão desenvolver e propor um projeto logístico próprio para o serviço, que contenha críticas e sugestões em relação à situação atual.

Deve-se ressaltar que a fase de pré-qualificação em muitos casos da construção civil é dispensada, principalmente para o caso de empresas contratantes que possuem experiência no mercado onde atuam, possuindo evidentemente bom conhecimento dos prestadores de serviço desse mercado. De posse das propostas, será realizada a avaliação técnica com base no conteúdo das mesmas, atribuindo-se o peso proporcional a cada um dos itens, levando-se em consideração a importância de cada um dos mesmos, e finalmente feita a tabulação para permitir uma comparação mais adequada.

Após a primeira fase de avaliação técnica, é preciso uma equalização para possibilitar uma comparação adequada, sendo normalmente necessária a solicitação de informações complementares aos concor-rentes. Finalmente, serão efetuadas a avaliação e comparação dos preços. A partir dos preços em con-junto com a avaliação técnica, será possível avaliar a disponibilidade dc indicadores que servirão como base para uma conveniente escolha.

Posteriormente à etapa de avaliação, em que os concorrentes foram classificados sob os aspectos técni-co e financeiro, é conveniente uma avaliação de aspectos intangíveis como confiança, afinidade, capa-cidade de formar parcerias, etc., caracterizando a etapa final do processo de terceirização.

Vantagens e desvantagens da terceirização A terceirização, como todo mecanismo que envolve recursos humanos, financeiros e serviços, apresen-ta vantagens e desvantagens. Cabe evidentemente à empresa contratante efetuar uma análise profunda de todos os seus processos e atividades a serem transferidas aos contratados e constatar a conveniência ou não da terceirização. Podem ser apontadas, entre outras, algumas vantagens e desvantagens da terceirização.

Vantagens:

• concentra a atenção em atividades mais estratégicas para a empresa;

• possibilita a melhoria da qualidade do produto final com esse foco;

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• facilita o controle de custos;

• melhora a qualidade dos serviços em geral;

• amplia o mercado para pequenas e médias empresas;

• reduz os estoques com conseqüente redução de custos;

• possibilita o crescimento da empresa sem grandes investimentos;

• diminui os custos fixos da empresa;

• possibilita a absorção de tecnologia sem custos extras;

• diminui os custos na manutenção e riscos de obsolência de equipamentos.

Desvantagens:

• aumento da dependência de terceiros;

• possibilidade de fornecedores não-qualificados com redução da qualidade do produto;

• dificuldade na busca do parceiro ideal e na formulação do contrato com o mesmo.

As empresas terceirizadas, conhecidas também como subempreiteiros, representam hoje um grande potencial para o sucesso dos empreendimentos da indústria da construção civil, especialmente no subsetor edificações. O crescimento e desenvolvimento dessas empresas podem ser considerados como principais fatores da retomada do crescimento do setor. No entanto, muitas empresas constru-toras não têm consciência disso e não dedicam atenção a esse agente que pode contribuir significati-vamente para a melhoria do produto e para o aumento da competitividade delas mesmas. Vendo de outra forma, não enxergam o subempreiteiro como um parceiro, o qual, com seu o crescimento e desenvolvimento, possibilita o mesmo para a empresa que o contrata. Isso já começou a mudar e algumas construtoras passaram a sentir a necessidade e a praticar a cultura da valorização do subempreiteiro e de seus operários. Com isso, estimulam a evolução e modernização do setor, fazendo com que a tradicional indústria da construção civil adquira o padrão de uma indústria desenvolvida e organizada como o setor industrial seriado.

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A LOGÍSTICA NO CANTEIRO DE OBRAS

Introdução O canteiro de obras pode ser definido como todo espaço que é destinado para efetivar a execução de um projeto de concepção de uma obra. De uma maneira mais formal, a Norma Regulamentadora 18 (NR-18) ( FUNDACENTRO, 1996) define como sendo a área de trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra. A NR-18 foi elaborada em conjunto por construtoras, trabalhadores e governo com objetivo de estabelecer diretrizes e exigências diversas, po-rém ainda pouco consideradas. Em relação a essa definição da NR-18, como cada obra apresenta suas especificidades, pode-se concluir que o canteiro de obras é uma estrutura bastante dinâmica e flexível, em que sua modificação quanto à concepção das obras irá gerar uma melhor solução para o mesmo. Até mesmo durante o desenvolvimento de uma obra específica, o canteiro pode assumir características distintas em função das etapas desse desenvolvimento, dos operários, materiais e equipamentos presen-tes nele.

A organização do canteiro de obras é fundamental para o bom desenvolvimento das atividades, para evitar desperdícios de tempo, perdas de materiais e falta de qualidade dos serviços executados. A logística tem uma responsabilidade muito grande nesse contexto, a qual deverá procurar dar sua contribuição na elaboração do planejamento, organização e projeto do hyout para que todo o processo de desenvolvi-mento da obra transcorra da melhor forma possível.

O projeto logístico de um canteiro tem uma influência muito grande nos tempos de deslocamentos e na movimentação de materiais, interfere na execução das atividades, assim como na produtividade como um todo. Apesar de toda essa influência bastante significativa no desenvolvimento de uma obra, ainda existe no Brasil pouca preocupação, por parte das empresas, com a elaboração de tal projeto. Projetos de canteiro bem planejados e com uma logística bem desenvolvida certamente podem proporcionar importantes melhorias no processo produtivo, como:

• promover a realização de operações seguras e salubres, não gerando descontinuidades produ-tivas por acidentes de trabalho;

• minimizar distâncias para movimentação de pessoal e material com conseqüente redução de tempos improdutivos;

• redução sensível com perdas de materiais devido ao excesso de movimentação, assim como com a deterioração dos mesmos;

• aumentar o tempo produtivo;

• evitar obstrução da movimentação de material e equipamentos;

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• a manutenção de um canteiro limpo e organizado consegue também manter a boa moral dos trabalhadores e, dessa forma, torna-os mais produtivos e colaborativos.

Segundo FERREIRA (1998), o projeto do canteiro de obras é definido como um serviço integrante do processo de construção, responsável pela definição do tamanho, forma e localização das áreas de trabalho, fixas e temporárias, e das vias de circulação necessárias ao desenvolvimento das operações de apoio e execução, durante cada fase da obra, de forma integrada e evolutiva, de acordo com o projeto de produção da obra, oferecendo condições de segurança, saúde e motivação aos trabalhadores e execução racionalizada dos serviços.

Conforme foi mencionado anteriormente, a estrutura de um canteiro de obras é dinâmica e flexível, sendo assim sua concepção será gerada pelas características de uma obra em particular. Ou seja, cada tipo de canteiro de obras corresponde a uma forma de organização com peculiaridades próprias, pois existem diferentes formas de transporte e movimentação de materiais e operários, tipos de equipamen-tos, tipos de técnicas construtivas, localização das instalações, etc. A seqüência de execução também irá variar conforme o planejamento, podendo existir várias frentes de serviço atuando ao mesmo tempo. Com tudo isso, pode-se concluir que quanto maior o cuidado em relação ao projeto e implantação do canteiro de obras, melhores as probabilidades de sucesso quanto aos aspectos de produtividade, quali-dade e, principalmente, segurança do trabalho.

O planejamento logístico do canteiro de obras

Quando se pensa no planejamento logístico do canteiro o que se quer, na verdade, é caracterizar o planejamento do layout e da logística das instalações provisórias, instalações de movimentação e armazenamento de materiais e instalações de segurança. O planejamento da logística deve ser integra-do ao planejamento do layout. O objetivo a ser atingido é o de garantir o fornecimento de insumos e de toda a infra-estrutura necessários para o perfeito funcionamento dos processos relacionados às instala-ções cie canteiro. Anteriormente ao planejamento logístico deve ocorrer uma fase de preparação prévia que subsidie a elaboração do planejamento propriamente dito, em que algumas atividades seqüenciais devem ser efetuadas, quais sejam (CARDOSO, 1996):

• o estudo criterioso e o entendimento de toda a estrutura da obra, através da revisão dos cader-nos de encargos e especificações, definição das fases de execução, avaliação das condições de início da obra e pedido de ligações com redes concessionárias;

• identificação dos pontos críticos e das interfaces das diversas etapas;

• com base no estudo efetuado é elaborado um planejamento de execução, estabelecendo diretrizes para o tratamento das interfaces técnicas e organizacionais.

Fundamentado nesse estudo prévio parte-se para concretização do projeto do canteiro com base no planejamento logístico. O planejamento logístico, dentro de seus conceitos, métodos, técnicas, proce-dimentos, procura alicerçar suas bases em princípios genéricos característicos como:

• a improvisação não é um pecado mortal, mas é um pecado muito grave, porém, com um bom planejamento a improvisação dentro do canteiro pode ser minimizada ou até eliminada;

• a armazenagem mais eficiente é aquela que não existe; caso não possa evitá-la, reduza-a;

• quando a armazenagem é inevitável, e quase sempre ela é, procure utilizá-la através do apro-veitamento cúbico e não linear ou metragem quadrada;

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• cleve-se observar que a armazenagem tem que ser bem dimensionada, bem localizada e ade-quada às características físicas do insumo a ser armazenado;

• o transporte mais eficaz é aquele que não existe, porém, se não puder evitá-lo, reduza-o o quanto possível;

• quando o transporte é inevitável, procure o meio mais adequado com relação ao que vai ser transportado e as condições desse meio em que vai se dar o transporte;

• o caminho mais curto entre dois pontos é em linha reta; procure aproximar-se dela quando desejar percorrer dois pontos;

• a força motora mais econômica é a da gravidade; utilizá-la sempre que possível;

• equipamentos de transporte circulando "em vazio" é tempo perdido e custo garantido; sempre que for transportar alguma coisa preveja cargas dc retorno;

• unitização de cargas a serem transportadas é garantia de redução de manuseio e de tempo, sem contar as perdas de materiais por quebras e extravios;

• ter a perfeita consciência dos tipos de materiais e processos a serem desenvolvidos num cantei-ro é estar consciente dos equipamentos de movimentação adequados e necessários e dos tipos e locais de armazenagem mais satisfatórios nesse canteiro;

• procurar sempre aqueles equipamentos de movimentação mais flexíveis, ou seja, que possam ser adaptáveis ao maior número possível de materiais e processos;

• obra organizada, limpa e segura possui um efeito psicológico motivacional ainda maior sobre o funcionário eficiente e um efeito de constrangimento sobre o funcionário relapso.

Não existem soluções prontas, ou rápidas e fáceis, para o problema do planejamento logístico de um canteiro, e isso se deve ao grande número de variáveis envolvidas e que tornam cada projeto, com suas peculiaridades inerentes, como sendo único. Porém, existem os princípios básicos que devem nortear esse planejamento, os quais, se considerados com critério e aplicados com uma boa dose de bom senso, podem levar os planejadores a uma solução bastante satisfatória.

O planejamento do canteiro deve envolver também o planejamento de instalações e procedimentos relacionados com a segurança em todos os aspectos. Tais instalações e procedimentos são bastante nume-rosos, merecendo, portanto, uma atenção especial ou um planejamento específico, porém totalmente integrado e nunca se afastando da caracterização do hiyout e da logística global do canteiro. Ao se carac-terizar o layoul das instalações provisórias, por exemplo, busca-se facilitar o acesso dos trabalhadores a estas instalações, de modo que sejam evitados percursos perigosos, que os leve a quedas ou a ser atingidos por equipamentos ou materiais. Da mesma forma, ao se planejar a logística das instalações provisórias, deve-se oferecer adequadas condições de ventilação, iluminação e higiene, ou seja, um ambiente total-mente salubre que não prejudique a saúde dos funcionários que ali irão desenvolver suas funções.

Projeto de um canteiro de obras

Sabe-se que no Brasil a preocupação com a elaboração do projeto do canteiro de obras ainda não atingiu o nível de importância que realmente merece, não constituindo uma prioridade. Porém, os engenheiros, construtores e empreendedores começam a reconhecer que um projeto bem desenvolvi-do, alicerçado em cima de estudos criteriosos do projeto do produto e do projeto da produção (ver item

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"Fases do Desenvolvimento do Processo de Projeto"), encaminhará o desenvolvimento de um empreen-dimento de uma forma mais eficiente, com maximização da produtividade, minimização das perdas e desperdícios e com maior segurança ao trabalhador.

O projeto do canteiro deve ser desenvolvido circunstanciado em fatores importantes que servirão para direcionar e encaminhar a elaboração do mesmo, portanto, genericamente esses fatores são:

• definição clara das diversas fases do desenvolvimento da obra;

• definição dos elementos que devem estar presentes no canteiro e suas características;

• priorização dos elementos previstos;

• análise do relacionamento entre esses elementos pré-definidos;

• estudo dos fluxos dos processos previstos;

• análise da alocação dos elementos no canteiro;

• elaboração do arranjo físico do canteiro; e

• avaliação do arranjo físico para cada uma das fases definidas.

Outro aspecto importante na elaboração do projeto de um canteiro de obras é a criação de algumas diretrizes básicas mais específicas necessárias, as quais visam dar forma ao seu encaminhamento. Tais diretrizes passam por uma seqüência de análises e definições que irão subsidiar o desenvolvimento do mesmo; entre estas podem ser citadas:

• definições quanto às tecnologias construtivas;

• definições quanto aos recursos físicos necessários;

• demandas por espaços dentro do canteiro;

• definição do plano estratégico de ataque da obra; e, finalmente,

• definição do layout do canteiro.

Somente após uma análise aprofundada dessas etapas apresentadas acima é que se pode partir para elaboração efetiva do projeto do canteiro, com subsídios suficientes para escolher a alternativa que melhor atenda às necessidades do empreendimento a ser executado.

Na verdade, um bom planejamento de canteiro constitui um fator fundamental para obtenção de um desempenho produtivo adequado, através da eficiência das operações, cumprimento de prazos, custos e qualidade da construção. Porém, a efetivação de um canteiro sob essa perspectiva ainda depende da criatividade e de certos condicionantes técnicos, podendo ser utilizados parâmetros como analogias de plantas bem-sucedidas {benchmarking), ou até mesmo pela tentativa e erro, esta menos recomendada. Ainda não existe um modelo fechado e padronizado que possa dar a diretriz conclusiva e direta para o planejamento de um bom canteiro, ou seja, cada caso é um novo caso. É importante ressaltar, no entanto, que, como foi visto, existem diretrizes básicas as quais devem ser consideradas; ainda assim, são necessários a criatividade e, principalmente, o bom senso embasado numa experiência técnica.

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Definições quanto às tecnologias construtivas diz respeito às técnicas construtivas a serem empregadas no desenvolvimento do produto, ou seja, se vai ser empregado alvenaria estrutural ou estrutura conven-cional, painéis arquitetônicos para revestimento de fachada, vedação interna de gesso acartonado, estrutura pré-moldada, lajes treliçadas, etc. Essa definição é fundamental para o dimensionamento dos equipamentos a serem empregados no canteiro, os recursos humanos e também para a definição do layout. Evidentemente que para definição das tecnologias construtivas deve existir uma justificativa que comprove os benefícios proporcionados pela medida tomada, e estas são tomadas por ocasião do pro-cesso de projeto das diversas disciplinas envolvidas.

Entre os argumentos que devem direcionar a implantação do canteiro, podem ser mencionados como exemplo: melhoria da qualidade do produto final; aumento da produtividade; flexibilidade no planejamento estratégico e cronograma da obra; melhor adequação das etapas construtivas; exigências relacionadas aos prazos de entrega das obras; o máximo aproveitamento do espaço físico; etc. Entre todos esses argumentos um vem se destacando muito, principalmente nos grandes centros, que é a exigüidade de espaços para a implantação dos canteiros. Este fato vem conduzindo e favorecendo a uma tomada de decisão por processos industrializados. Porém, a tomada efetiva de decisão somente ocorrerá com a conclusão positiva de vários estudos que devem ser concretizados:

• estudo de viabilidade: viabilidade econômica e viabilidade técnica;

• estudo do produto: características do produto a ser incorporado ao processo e fornecedores;

• estudo do processo: processo construtivo, processos de gestão, mão-de-obra, segurança do trabalho, organização do canteiro, prazos, projetos, protótipo e controle da qualidade;

• avaliações: patologias, manutenção, solução global da edificação e desempenho do sistema.

As definições quanto aos recursos físicos e humanos necessários são baseadas integralmente nas tecnologias a serem empregadas e também nos prazos de execução das diversas etapas. Uma vez definida a técnica construtiva passa-se a definir os equipamentos compatíveis com o desenvolvimento da mesma. Os equipamentos podem ser dimensionados conforme o tipo, quantidade, capacidade, etc., entre esses podem ser citados: equipamentos para transporte vertical de peças pré-moldadas, por exemplo; empilhadeiras; betoneiras; gruas; equipamentos de solda; veículos de movimentação de materiais espe-cíficos para determinados tipos de componentes pré-moldados; etc. Da mesma forma, pode-se relacio-nar a demanda por materiais e mão-de-obra. Inclusive, com base num planejamento preliminar, é possível que em alguma determinada fase da obra se possa diminuir o quadro de funcionários; que exista a possibilidade de contratações por curtos períodos de tempo; que se possa modificar o cronograma para evitar a existência de picos de material e mão-de-obra; etc.

As demandas por espaços dentro do canteiro também são reflexos das técnicas construtivas emprega-das. Ou seja, o planejamento para entrada/saída e localização dos equipamentos; definição das fases do canteiro; locais para estocagem; disponibilidade de áreas; demandas por áreas a cada fase do canteiro; áreas que podem ser reaproveitadas; etc.

Definição do plano estratégico de ataque envolve basicamente: o prazo da obra; o prazo das diver-sas etapas construtivas; um balanço entre os vários projetos; as técnicas construtivas previstas e suas interferências; a definição do plano estratégico de ataque. O u seja, de uma estratégia de execução da obra, com definição das etapas iniciais e da seqüência construtiva. Essa estratégia, que define a relação de precedência entre as atividades da construção, subsidiará a elaboração do cronograma de execução da obra.

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A definição do layout do canteiro é a fase complementar. Depois de subsidiado de todas as informações obtidas das análises e definições, as quais constituirão as diretrizes básicas do projeto do canteiro, parte-se para o desenvolvimento do layout.

Segundo S O U Z A (1997), inicialmente é necessário ter em mãos as plantas de topografia, subsolos, térreo e tipo, sempre com as delimitações do terreno. A anotação das condições presentes nos vizinhos, tais como níveis de piso, características de construções eventualmente existentes, etc., e nas vias de acesso ao terreno, como largura, declividade e tipo de calçamento da via, localização da rede de energia, entradas de água e pontos de coleta de esgoto, é bastante útil para as futuras decisões. Uma escala de 1:200 pode ser útil para as atividades iniciais relativas ao planejamento do canteiro, sendo desejável uma maior precisão quando da definição do layout, onde 1:100 seria recomendável. Note-se que, para facilidade de uma série de discussões que se fará necessária ao longo da elaboração do canteiro, recomenda-se a criação de um "quadriculado" regular (de lado, 2 m parece ser adequado) na mesma escala que o desenho.

Portanto, deve-se ter em mãos todas as definições preestabelecidas, como a localização do canteiro, prazo da obra, plano de ataque, cronograma físico, projeto da obra e es|)ecificações do processo. Os demais dados necessários ao desenvolvimento do projeto do canteiro podem ser calculados a partir dos primeiros.

Existem fatores importantes que devem ser considerados quando da concepção do projeto do canteiro, entre esses: acessibilidade e distância para transporte de materiais; interferência entre os fluxos de materi-ais e pessoas; custo de instalação; segurança no trabalho; flexibilidade; e qualidade na estocagem. Tudo isso sempre tendo em mente os princípios básicos que dizem respeito à minimização dos desperdícios de materiais e do tempo improdutivo, assim como de improvisações de mão-de-obra e equipamentos.

Podem ser citados exemplos de canteiros mal planejados e que, evidentemente, apresentam reflexos diretos em perdas. Entre os problemas que encaminham a essa situação podem ser apontados: a falta de definição do local apropriado para recebimento de insumos, causando movimentações desnecessárias; mal posicionamento dos estoques, gerando transportes em excesso; falta de unitização dos materiais a serem movimentados, gerando perdas de tempo e material; mal dimensionamento do sistema de trans-portes, provocando tempos de espera; maior consumo de materiais por falhas na estocagem; equipa-mentos de transportes inadequados, entre outros.

Definição logística do layout do canteiro de obras Conforme foi mencionado anteriormente, na etapa do planejamento e do projeto do canteiro a experi-ência e a criatividade dos planejadores são fundamentais para a definição adequada do layout do canteiro a ser implementado. É através desses dois quesitos que eles procurarão compatibilizar as neces-sidades operacionais da obra a ser desenvolvida com a disponibilidade de áreas para a organização do canteiro em cada uma de suas fases.

Além dos aspectos logístico-operacionais, outros dois aspectos deverão ser também considerados, tais como segurança e custos. Não existe a solução empacotada e pronta, mas sim a solução mais viável, embasada nas diretrizes preestabelecidas e na "bagagem" de profissionais experientes e competentes. Possibilidades estas que podem ser melhores ou piores em função do contexto e das peculiaridades quando do desenvolvimento da obra.

Sabe-se que as obras de construção civil podem ser de dois tipos: horizontais e verticais. As obras verticais, normalmente de edificações, são as que apresentam características operacionais mais complexas, tanto com relação à mão-de-obra ou multiplicidade de funções envolvidas quanto à grande diversidade de materiais utilizados. A mão-de-obra é mais diversificada, pois envolve muitas equipes de especialistas,

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como: pedreiros, carpinteiros, azulejistas, eletricistas, encanadores, operadores de equipamentos diver-sos, "gesseiros", etc.; e a diversidade dos materiais é muito grande: concreto, elementos pré-moldados, blocos, aços, vidros, esquadrias, ferragens, madeira, tintas, cerâmicas, gesso, eletrônicos, etc.

Esses fatores todos vêm tornar o processo construtivo das edificações mais complexo do que o das obras de infra-estrutura, por exemplo, e isso resulta em maiores dificuldades para planejamento e projeto de um canteiro. Sendo assim, para a organização e definição do layout de um canteiro de edificações verticais, que constitui o maior enfoque do trabalho desenvolvido, é necessária uma seqüência de análises prévias, entre as quais:

• análise do projeto arquitetônico do pavimento tipo, térreo e subsolo, além de plantas de situ-ação e localização: ao ser efetuada a análise destas plantas, deve-se levar em consideração também os aspectos que possam influenciar na definição dos níveis relacionados à segurança e higiene do trabalho, tais como passagem de rede de alta tensão em frente ao prédio, desníveis do terreno, preexistência de rede de esgoto, etc. É recomendável uma visita ao terreno para conferir in loco a veracidade e exatidão de todas estas informações;

• seleção das instalações provisórias: leva-se em conta os vários estágios de layout, incluindo a definição das suas dimensões mínimas e tipologia, isto é, material de que serão feitas, modula-ção, sistema construtivo, etc. Em obras onde o subsolo ocupa quase a totalidade do terreno, a existência de um layout permanente na fase inicial da construção é totalmente inviabilizada. Neste caso, é importante a agilização e a conclusão, tão cedo quanto possível, de espaços utilizáveis no nível do térreo. Estes devem ser aproveitados para locação de instalações provi-sórias e de armazenamento, com a finalidade de facilitar os acessos de veículos e pessoas, além de propiciar um caráter de longo prazo de existência para as referidas instalações;

• elaboração de um fluxograma dos processos: um fluxograma da seqüência cronológica dos pro-cessos a serem desenvolvidos, associados aos tipos de materiais empregados e à quantidade de transporte envolvida, é importante, pois contribui para o posicionamento de instalações de ar-mazenagens e processamentos. Além de outras informações, tais como o prazo de liberação de áreas do canteiro, por exemplo, desforma do pavimento térreo, início da alvenaria, etc. A análise da seqüência de execução da obra é fundamental, devendo-se em algumas situações até mesmo alterar a mesma, caso não seja possível obter um layout viável com a programação original;

• estimativa do pico máximo de operários na obra: esta etapa é necessária para o dimensionamento das áreas de vivência. É importante a elaboração de um histograma com a previsão de pessoal ao longo do desenvolvimento da obra, pois com isso se pode conhecer o pico máximo de operários para cada uma das etapas do processo construtivo, dimensionando as instalações conforme a necessidade exigir. Isso possibilita a indicação da perspectiva de desmobilização ou não de certos setores do canteiro para reaproveitamento em outras atividades mais necessá-rias naquele momento;

• proximidade e compatibilidade dos elementos do canteiro: é importante que se faça uma listagem para cada fase da obra de todos os elementos (equipamentos, materiais e locais de processamentos e estocagem) que serão empregados e o relacionamento entre cada um deles com relação a sua importância, aproximação e compatibilidade. Um canteiro de obras sofre mutações ao longo do desenvolvimento da obra devido à diferenciação de materiais, serviços, equipamentos e quantitativos de mão-de-obra envolvidos nas diversas etapas. Em vista disso, é importante que se observe com detalhes as principais fases e, através dessa perspectiva, seja elaborado o canteiro;

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• análise do quantitativo de todos os materiais previstos no orçamento: partindo da estimativa dos picos máximos de estocagem, são calculadas as áreas necessárias para armazenamento de cada material. Esta estimativa deve ser feita calculando-se a razão entre a quantidade total do material e o período em que ele será utilizado, observando-se a freqüência prevista de entregas na obra;

• estimativa da área ocupada por equipamentos estacionários: prever a área ocupada e princi-palmente uma posição eqüidistante o quanto possível dos locais previstos para sua utilização, evitando deslocamentos para novos posicionamentos. Inclui guincho, betoneira, rampa para descarga, bancadas de fôrmas e aço, cerra circular de madeira, etc.;

• prever as dimensões dos veículos que irão circular no canteiro e estudo das formas de descarga dos materiais na obra: é necessário conhecer as características dos veículos, tais como a largu-ra, altura e raio de manobra de caminhões, empilhadeiras, guinchos, etc., e analisar as melho-res formas da descarga dos insumos. Materiais paletizados, através de empilhadeiras; granéis, através de basculamento em locais adequados; calhas de descarga, etc.

Relação dos elementos do canteiro correspondentes à produção Entre os vários elementos constituintes de um canteiro de obras de edificações podem ser encontrados elementos ligados à produção estacionaria (estocagem e processadores) e à movimentação de materiais (flexíveis e pouco flexíveis).

• Processadores:

- central de argamassa

- pátio de armação (corte/dobra/pré-montagem)

- central de fôrmas

- central de pré-montagem de instalações

- central de esquadrias

- central de pré-moldados

- almoxarifado de ferramentas

- almoxarifado de empreiteiros

• Estocagem

- estoque de areia

- estoque de argamassa intermediária

- silo de argamassa pré-misturada a seco

- estoque de cal em sacos

- estoque de cimento em sacos

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- estoque de argamassa industrializada em sacos

- estoque de tubos

- estoque de conexões

- estoque relativo ao elevador

- estoque de esquadrias

- estoque de tintas

- estoque de metais

- estoque de louças

- estoque de barras de aço

- estoque de compensado para fôrmas

- estoque de passarela para concretagem

• Transportes flexíveis e pouco flexíveis

- transporte horizontal f lexível: carr inho; " j e r i ca " ; porta-palete; " d u m p e r " b o b - c a t " ; empilhadeira

- transporte vertical pouco flexível: sarilho; talha; guincho de coluna; elevador de obras

- transporte pouco flexível: gruas com torre fixa; torre móvel sobre trilhos; torre giratória; torre ascensional

- guindastes sobre rodas ou esteiras

- bombas: de argamassa; de concreto

Definição das fases do canteiro (SOUZA, 1997) • Fase da infra-estrutura de fundações: normalmente nesta fase a mão-de-obra operacional não

necessita de alojamento, portanto a demanda por construções provisórias no canteiro é redu-zida. Quando existirem recuos do subsolo em relação ao alinhamento do terreno, esta área pode ser utilizada para o posicionamento de elementos do canteiro de uma forma provisória; quando não se dispõe deste espaço, várias outras soluções podem ser pensadas, como por exemplo: o uso de áreas não sujeitas ao movimento de terra; planejamento do movimento de terra em região próxima ao alinhamento do terreno, de maneira que se permita o posicionamento dos elementos de canteiro em tal região a ser futuramente modificada; uso da própria área interna à escavação; construção de plataformas suspensas a partir do alinhamento e com base na própria contenção para apoio de elementos do canteiro; etc. É bastante interessante nessa etapa a utilização de contêineres modulados para utilização como instalação provisória de abrigo, pela facilidade de remoção, deslocamento, etc.

• Fase da estrutura do subsolo: nesta fase pode ser feito o aproveitamento do layout da fase da infra-estrutura de fundações, porém agora começa a exigência por espaços maiores. Essa exi-

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gência se explica pelo fato da necessidade de abrigar insumos, equipamentos e a mão-de-obra, todos associados aos serviços de fôrmas e armaduras de concretagem, e espaço para os ele-mentos de apoio administrativo (almoxarifados, escritório técnico, etc.). É importante ainda compatibilizar o planejamento desta fase com a entrada de equipamentos para transporte ver-tical, que vai se iniciar já nas fases seguintes.

• Fase da supra-estrutura (torre): normalmente nesta fase o layout do canteiro já possui uma certa pré-definição, com um espaço maior devido à própria execução parcial da estrutura do subsolo. E à medida que vai evoluindo a construção dos andares-tipo, na mesma proporção, facilita-se a locação de espaços necessários, com acentuada abertura de novas possibilidades de espaços utilizáveis.

• Fase da alvenaria convencional: o início da execução da alvenaria requer a previsão de espa-ços maiores para estocagens (blocos, areia, cal, cimento) e do aumento simultâneo do número de operários na obra, além de prever um espaço para o processamento da argamassa. Tudo isto leva à necessidade de maiores espaços e maior demanda por transporte vertical.

• Fase dos revestimentos argamassados: quando a obra é executada da forma convencional, o início da etapa dos revestimentos argamassados representa normalmente o pico da necessida-de de espaços para o canteiro e cie demanda por transporte vertical. Esta fase, portanto, deve ser analisada cuidadosamente. Note-se que, algumas vezes, os três serviços que compõem esta fase podem não ocorrer simultaneamente.

• Fase das vedações (interna e externa) com painéis: esta fase é pouco influenciável, em relação às fases anteriores, no que diz respeito à previsão de espaços. Normalmente os pré-moldados não exigem grandes espaços para estocagem, pois além das formas regulares das peças, que podem ser estocadas ordenadamente, se for efetuado um fornecimento com base em princípi-os just-in-time não haverá necessidade de grandes quantitativos a serem estocados. O proble-ma pode ser maior para o caso dos painéis internos, porém, com a grande disponibilidade de espaços internos dos pavimentos-tipo, esse problema é minimizado. O que ocorre nesta fase é uma grande demanda por transporte vertical e horizontal também.

• Fase da finalização da obra: nesta fase a grande movimentação é relacionada aos serviços de acabamento, onde há uma circulação substancial de profissionais das mais variadas especiali-dades, porém sem grandes exigências de espaços e equipamentos de movimentação. É impor-tante já começar a adaptar o canteiro a uma estratégia de desmobilização, compatibilizando-o com o cronograma de entrega da obra.

• Para o caso de obras onde a industrialização é mais marcante, com praticamente toda estrutu-ra e vedações sendo efetuadas com pré-moldados, as exigências e complexidade do canteiro são bem menores.

Recomendações relacionadas aos elementos operacionais do canteiro Aqui serão indicadas algumas recomendações características quanto às áreas necessárias para alguns dos elementos mais utilizados nos canteiros, entretanto, o quantitativo de cada um destes elementos varia em função do tipo, tamanho e velocidade da obra em execução. Portanto, as recomendações aqui apresentadas servem apenas como uma referência básica ( SOUZA et ai., 1997):

• Almoxarifado de ferramentas para guarda de ferramentas de propriedade da construtora: o almoxarifado deve ser construído, de preferência, separado dos escritórios, porém nas suas

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proximidades e mantido limpo e arrumado. Deve também ficar próximo das entradas e ser localizado de modo a permitir uma fácil distribuição dos materiais pelo canteiro. O s depósitos são locais destinados à estocagem de materiais volumosos ou de uso corrente, podendo ser a céu aberto ou cercados, para possibilitar o controle.

VISTA FRONTAL VISTA LATERAL

OBSERVAÇOES

Pé-direito: 3,00 m Cobertura: FC4mm Janela J1: 1.0(V 1.00 Janela J2:60/80 Esp. Téc. Padrão Area útil: 104. 56 m> Área total: 133,52 m>

A Canteiro Construções Racionalizadas Ltda

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Almoxarifado convencional em canteiros

Fonte: www.cjnteiro.com.br

• Almoxarifado de empreiteiros: para guarda de ferramentas de propriedade do empreiteiro a localização deve ser próxima das entradas e em local de fácil acesso aos operários/equipamen-to de transporte relativos ao serviço específico do empreiteiro.

• Estoque de areia: próximo ao portão de acesso de materiais; evitar contato direto com terreno; prover delimitação quanto às laterais; evitar carreamento pela chuva e contaminação com terra, entulho e outros materiais; altura máxima do estoque sobre o terreno da ordem de 1,5 m; não estocar sobre laje (sobrecarga).

• Estoque de argamassa intermediária: próximo à betoneira de produção de argamassa; próximo ao equipamento para transporte vertical; área é função da demanda por argamassa intermedi-ária, recomendável ter duas "caixas" de estoque em lugar de uma com a soma das duas áreas (uso da mais antiga primeiro).

• Silo de argamassa pré-misturada: localização em posição que permita fácil posicionamento do silo, em área da ordem de 16 m2.

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• Estoque de sacos de cal: local fechado, próximo ao acesso de materiais (viabilizar descarrega-mento sob responsabilidade do fornecedor), isento de umidade; isolar os sacos do contato com o piso (estrados) e afastar das paredes do ambiente; procurar induzir política do "primeiro que entra é o primeiro que sai"; formar pilhas com no máximo 15 sacos de altura; área é função da demanda; usar o mesmo ambiente para estocagem de sacos de cimento.

• Estoques de sacos de cimento: local fechado, próximo ao acesso de materiais (viabilizar descar-regamento sob responsabilidade do fornecedor), isento de umidade; isolar os sacos do contato com o piso (estrados) e afastar das paredes do ambiente; procurar induzir política de "primeiro que entra é o primeiro que sai"; formar pilhas com no máximo 10 sacos de altura; área é função da demanda.

• Estoques de argamassa industrializada: local fechado, próximo ao acesso de materiais (viabilizar desçarregamento sob responsabilidade do fornecedor), isento de umidade; isolar os sacos do contato com o piso (estrados) e afastar das paredes do ambiente; procurar induzir política "primeiro que entra é o primeiro que sai"; formar pilhas com no máximo 10 sacos de altura; área é função da demanda.

n Estoques de tubos: local coberto, não necessariamente fechado e, se possível, ao lado do almoxarifado de ferramentas; criar "prateleiras" para organização do estoque e área com di-mensões em torno 2 x 7 m2.

• Estoques de conexões: local fechado, podendo ser utilizado o almoxarifado de ferramentas, caso seja de responsabilidade da construtora ou do almoxarifado do empreiteiro, se for o caso.

• Estoques de esquadrias: local fechado, área da ordem de 20 m2.

• Estoques de tintas: local fechado, área da ordem de 20 m2.

• Estoques de metais: local fechado, podendo ser utilizado o almoxarifado de ferramentas, quan-do de responsabilidade da construtora ou do almoxarifado do empreiteiro, se for o caso.

• Estoques de louças: local fechado, área da ordem de 20 m2.

• Estoques de barras de aço: pode ser ao ar livre; evitar contato com solo (britas + caibros trans-versais); delimitar "baias" para diferentes diâmetros; local próximo do processamento das barras; evitar estocagem sobre lajes (sobrecarga); ordem de grandeza de área 3 x 3 m2.

• Estoques de compensados para fôrmas: próximo ao portão de materiais e do local de confec-ção das fôrmas; evitar contato com solo e umidade (isolar do chão com caibros; cobrir com lona); formar pilhas com no máximo 75 chapas; área da ordem de 20 m2.

• Portão de materiais: largura não menor que 4,40 m e, se possível, criar mais de um portão para melhor acesso às diferentes partes do canteiro; observar localização do acesso definitivo ao subsolo do edifício; procurar posição que não conflite com serviços futuros da obra; no caso de canteiros com acesso direto a partir de mais de uma rua, observar largura e declividade das ruas para compatibilizar com equipamentos usados no fornecimento dos materiais.

• Portão de pessoal: localizar o portão de maneira que facilite o controle do acesso de pessoal e de maneira a se ter menor risco de acidentes.

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• Tapume: altura da ordem de 2,50 m; base em alvenaria para evitar degeneração da madeira por contato com a umidade; boa aparência, pois o tapume é o cartão de visitas da obra.

Recomendações relacionadas às áreas de vivência do canteiro • Alojamento: (NR-18) área de 3 nr para cada conjunto cama-armário com circulação incluída;

cama com mínimo 0,80 x 1,90 m2; proibido "treliche"; armários individuais com dimensões recomendadas de 1,20 x 0,30 x 0,40 m J ; não estar situado em subsolo ou porão; (NR-1367) área de 4 m2 por conjunto beliche-armários; área 3 0 % menor para o caso de cama simples-armário; distância entre camas para a circulação 0,80 m; não estar situado em subsolo ou porão; máximo de 4 trabalhadores por quarto; armários individuais de altura igual a 0,90 x largura e igual a 0,60 x profundidade; distância entre frentes de armários de 1,60 m; topo dos armários no máximo a 1,80 m do piso; presença de 1 bebedouro para cada 100 residentes no máximo; é obrigatório o fornecimento de água potável, filtrada e fresca no alojamento, na proporção de um bebedouro para cada grupo de 25 trabalhadores ou fração.

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VISTA LATERAL

OBSERVAÇÕES

Pé-direito: 3,00 m Cobertura: FC4mm Janela J1: 1.00/1.00 Madeira Janela J2: 60/80 Ferro Esp téc. padráo Área útil: 315,81 m> Área total: 328,68 m>

PLANTA BAIXA

CÓDIGO DATA PROJETO REV. ESCALA ÁREA OESCRÇAO CLIENTE POOOO-OO DDWUWAA PROJ 00 1:100 A L O J A M E N T O

Canteiro Construções Racionalizadas Itda

Alojamento utilizado cm canteiros

Fonte: \v\v\v.c.intciro.com.br

• Cozinha: (NR-18 e NR-1367) somente se houver preparo de refeições na obra; existência de pia; instalações sanitárias para funcionários da cozinha, sem comunicação direta (mas próxi-mo) da mesma; equipamento de refrigeração; recomenda-se não preparar refeições em obra; prever pequena área para preparos esporádicos.

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• Refeitório: (NR-18) capacidade para todos os trabalhadores; lavatório no interior ou nas proxi-midades do refeitório; local para aquecimento (não confecção) de refeições; não localizar em subsolo ou porão; não ter comunicação direta com as instalações sanitárias; (NR-1367) não localizar em subsolo ou porão; atender a pelo menos metade dos trabalhadores por vez; área de 1 m2 por trabalhador atendido; mesas com tampo lavável (ou toalhas plásticas); 1 bebedouro para no máximo 50 trabalhadores; aquecedor elétrico (banho-maria ou estufa); prever local para lavagem de utensílios

VISTA FRONTAL

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VISTA LATERAL

OBSERVAÇÕES

Pé-direito: 3,00 m Cobertura: FC4mm Janela J1: 1.00/1.00 Madeira Janela J2: 60/80 Ferro Esp. téc. padráo Area útil: 203,51 m> Area total: 235.71 m?

PLANTA- BAIXA

CÓDIGO DATA PROJETO APROVAÇÃO REV. ESCALA AREA DESCKÇtó CLIENTE

POOOO-OO C0UMUAA PRQJ 00 1:100 REFEITÓRIO ^Canteiro Construções Racionalizadas Ltda

Modelo de refeitório de um canteiro

Fonte: www.cjntciro.com.br

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• Ambulatório: necessário se tiver mais de 50 operários em atividade; porém, recomenda-se que mesmo com número inferior, exista uma sala com cama, mesa, cadeira e armário e que possua dimensões coerentes para um atendimento de emergência.

VISTA FRONTAL

CONSULTÓRIO

O O " U

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ESPERA

J1 •h *

J I A

3.66 I 1-B3 1.83 í) 7.32 9

7.50 8,70

PLANTA BAIXA

CÔOICO DATA PROJETO REV. ESCALA AREA DESCRIÇÃO POOOO-OO ODMMMAA PROJ oo 1 : 100 AMBULATÓRIO

VISTA LATERAL

OBSERVAÇÕES

Pé-direilo: 2,50 m Cobertura: FC4mm Janela J1 1.0CV1.00 Madeira Janela J2: 60/80 Ferro Esp. téc. padrão Área útil: 37,95 m' Área total: 54,46 m>

CLIENTE Construções Racionalizadas Ltda

Ambulatório usual em canteiros

Fonte: www.ainteiro.com.br

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• Instalações sanitárias: (NR-18) 1 lavatório, 1 vaso, 1 mictório, para cada 20 operários; 1 chuveiro para cada 10 operários; local do vaso com área mínima de 1 m2; local do chuveiro com área mínima de 0,80 m2; (NR-1367) 1 chuveiro, 1 lavatório, para cada 10 trabalhadores, 1 vaso, 1 mictório, para cada 15 trabalhadores; local do vaso com área mínima de 0,90 x 1,10 m2; local do chuveiro com área mínima de 0,90 x 1,10 m2; procurar associar as instalações sanitárias ao vestiário.

4000

MCCi 1 i LVdi! ô \

0857 0857 0857 0857 0571

Instalações sanitárias usuais para cantciro (mietórios c banheiros)

• Vestiário: (NR-18) armários individuais com cadeado, bancos com largura mínima de 30 cm; (NR-1367) armários individuais com altura igual a 0,80 x largura e igual a 0,50 x profundida-de; distância mínima entre frentes de armário de 1,60 m; 1 banco de comprimento igual a 1,0 de largura por 0,40 m de altura para cada chuveiro; eventual previsão de vestiário independente para empreiteiro.

• Lavanderia: (NR-18) ter cobertura, tanques em número adequado; (NR-1367) 1 tanque, 1 torneira, para cada 20 alojados, em local coberto; local para secar roupas coberto e ao ar livre, 1 mesa de passar com 1 tomada, para cada 20 trabalhadores.

Recomendações relacionadas aos elementos de apoio técnico e administrativo • Sala para engenheiro e estagiário, sala reuniões, sala para mestre e técnicos: criar dois diferen-

tes ambientes: "sala técnica" e "sala administrativa", sala técnica para engenheiro, mestre e estagiários juntos; com mesa para reuniões e prancheta; área da ordem de 25 m2; possibilidade de uso de contêineres; prever sanitário; boa visibilidade do canteiro como um todo, sala admi-nistrativa com área da ordem de 9 m2, eventual sala técnica para empreiteiro.

Vista externa e interna de contêineres utilizáveis para escritórios

1 7 0 Logística Aplicada à Construção Civil - como melhorar o fluxo de produção na obra

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• Portaria e guarita: a portaria da obra deve ficar junto à porta de acesso do pessoal e ser suficientemente ampla para manter um estoque de Equipamento Proteção Individual (EPI), a ser fornecido aos visitan-tes; o chefe da portaria, além de anotar o nome e a identidade dos visitantes, não deve permitir a sua entrada na obra, sem os Equipamentos de Proteção Individuais determinados (>elas normas da empre-sa, e deve consultar a administração ou gerência da obra para autorização do acesso aos visitantes.

Guarita com características moduláveis permitem transportar as guaritas montadas ou desmontadas; consegue-se dessa forma montar guaritas nas medidas desejadas

C o n d i ç õ e s d e t r a b a l h o e s e g u r a n ç a n o s c a n t e i r o s d e o b r a s N R - 1 8 ( P C M A T )

Mais do que cumprir a legislação existente, é um dever da alta administração das empresas proporcio-nar um ambiente de trabalho seguro e saudável, não só com o pensamento voltado para o bem-estar do funcionário, que é um fator indiscutível, como também para o bem-estar da própria empresa. A melhoria da segurança, saúde e meio ambiente de trabalho, além de aumentar a produtividade, diminui o custo do produto final, pois reduz as interrupções no processo, absenteísmo e acidentes e/ou doenças ocupacionais. A política de condições e de segurança do trabalho de uma empresa é parte integrante do processo de produção e deve ser um dos objetivos permanentes dessa empresa. Visa preservar o seu patrimônio humano e material, de clientes e de terceiros, e fundamentalmente a continuidade das atividades em padrões adequados de produtividade com qualidade de serviço.

A NR-18 é muito mencionada no presente trabalho pelo fato de que esta é a única das Normas Regulamentadoras dirigida especificamente à indústria da construção, constituindo a principal legislação brasileira no que diz respeito à segurança e condições de trabalho em canteiros de obra. A atual versão revisada da NR-18 foi publicada no Diário Oficial da União em 7/7/95, estando em vigor desde então. Uma nova e importante exigência incorporada na versão atual estabelece a necessidade de elaborar e implantar, em todos os estabelecimentos com vinte ou mais trabalhadores, um programa denominado de PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção).

U m dos principais avanços do novo texto da NR-18, Condições e Me io Ambiente de Trabalho na Indús-tria da Construção, publicada através da Portaria N ° 04 de 4/7/95, é a obrigatoriedade da elaboração pelas empresas do Programa de Condições e Me io Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT). A sua implementação permite um efetivo gerenciamento do ambiente de trabalho, do proces-so produtivo e de orientação aos trabalhadores, reduzindo o acentuado número de acidentes de traba-lho e doenças ocupacionais que há muitos anos insistentemente acompanham esse setor.

Conforme foi observado nos capítulos iniciais, inúmeras particularidades fazem parte da indústria da construção, envolvendo uma variedade de riscos, razão pela qual as medidas preventivas são mais difíceis e complexas. Podem ser destacadas algumas que se refletem mais no que diz respeito a progra-mas de treinamento ou conscientização, que é a questão da rotatividade, desqualificação da mão-de-obra e a participação significativa de empreiteiros.

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De um modo geral, os programas de segurança neste segmento industrial tem como prioridade a pre-venção dos acidentes graves e talais relacionados com quedas de alturas, soterramento, choque elétrico, máquinas e equipamentos sem proteção. É importante ser considerado também as questões ambientais, ergonômicas, educacionais e planos de manutenção preventiva voltados ao processo construtivo, bem como os problemas de saúde existentes em conseqüência das deficientes condições de alimentação, habitação e transporte dos trabalhadores.

Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção U m programa de segurança do trabalho tem por finalidade a prevenção de acidentes de trabalho e as suas conseqüências negativas sobre a saúde do trabalhador e da própria evolução das atividades operacionais da empresa. O PCMAT deve ser planejado em função das principais etapas de desenvolvi-mento da obra, desde os projetos até os serviços finais, considerando o risco de acidentes e doenças e a categoria profissional atuante em cada etapa. Para que seja mais bem entendido o PCMAT pode ser definido como um conjunto de ações que visam basicamente á segurança e saúde no desenvolvimento do trabalho e que inclui os trabalhadores do canteiro de obras, terceiros e o meio ambiente.

São obrigatórios a elaboração e o cumprimento do PCMAT nos estabelecimentos com 20 (vinte) traba-lhadores ou mais, contemplando os aspectos constantes na Norma e outros dispositivos complementa-res de segurança. Além disso, ele deve contemplar as exigências contidas na NR-9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA.

Segundo a NR-18, o PCMAT deve:

• contemplar as exigências contidas na NR-9;

• ser mantido no canteiro à disposição do órgão regional do Ministério do Trabalho - DRT;

• ser elaborado e executado por profissional legalmente habilitado na área de segurança do trabalho.

U m aspecto importante e que deve ser salientado é o fato de que a implantação do PCMAT nos cantei-ros é de responsabilidade exclusiva do empregador ou condomínio, e que o programa não é uma carta de intenções elaborada pela empresa, mas sim um elenco de providências a serem executadas em função do cronograma da obra. De acordo com a Norma Regulamentadora 18, a elaboração e implan-tação do PCMAT compreendem os seguintes documentos (ROUSSELET, 2005):

/. Memorial sobre as condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações, levando-se em consideração riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas respectivas medidas preventivas.

Para que este item seja atendido, o memorial deve:

• conter a identificação da empresa construtora e das principais empresas envolvidas no proces-so construtivo, endereço da sede, CEP, telefone, CGC, responsáveis técnicos, etc.;

• descrever a obra, levando-se em consideração suas características básicas e dimensões (finalidade do edifício, número de pavimentos, área total construída, área do terreno, área projetada na planta, etc.);

• apresentar, através de croqui, a localização do estabelecimento (obra), indicando os limites do terreno, propriedades vizinhas, vias de acesso, etc.;

• conter um cronograma das etapas da obra, incluindo número de trabalhadores previsto para cada uma das fases que compõem as etapas;

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• prever, através de cronograma, a instalação e permanência de máquinas, equipamentos e veí-culos de porte;

• identificar riscos ambientais por etapa e por função/atividade, considerando principalmente o agravamento do risco nas mudanças de fases da obra.

2. Projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas de execução da obra.

Segundo alguns especialistas, o projeto das proteções cabe ao engenheiro de segurança, que irá definir quais os tipos de proteções necessárias e quando deverão ser implantadas. Quanto ao projeto de cons-trução propriamente dito, este será de competência do engenheiro de obra, devendo ser elaborado com detalhes arquitetônicos e estruturais.

3. Especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas.

As especificações técnicas devem atender aos sistemas e equipamentos que compõem o item anterior. Quanto aos equipamentos de proteção individual (EPI), suas especificações devem ser efetuadas em função do risco e da atividade/fase/local onde os trabalhos estejam sendo executados.

4. Cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT.

Este cronograma deve ser elaborado atendendo às seguintes recomendações:

• ter perfeita correspondência com os cronogramas referentes às etapas/fases da obra, à quanti-dade de trabalhadores e à instalação e permanência dc máquinas, equipamentos e veículos de porte na obra;

• indicar, para os equipamentos e sistemas de proteção coletiva que forem projetados, quando deverão ser instalados, assim como o período em que permanecerão nos locais/atividades;

• indicar tarefas de manutenção e de inspeções para os equipamentos e sistemas de proteção coletiva, principalmente os que devem ser utilizados em caso de emergência, como os extinto-res de incêndio, por exemplo, devendo esse mesmo procedimento repetir-se em relação a máquinas, equipamentos e veículos de porte, em atividade na obra.

5. Layout inicial do canteiro de obras, contemplando a previsão do dimensionamento das áreas de vivência.

Recomenda-se indicar em croquis, de preferência em escala, as áreas de vivência em conformidade com o cronograma da obra. No layout devem constar ainda as áreas de acesso e de circulação de veículos, área para instalação de elevadores de materiais e de passageiros, almoxarifado e áreas para a administração.

6. Programa educativo contemplando a temática de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, com sua carga horária.

Esse programa engloba treinamentos e exercícios periódicos sobre segurança do trabalho, inclusive de prevenção e combate a incêndio, conforme determina a Disposição 18.28.1 da NR-18: "Todos os empregados devem receber treinamentos admissional e periódico, visando garantir a execução de suas atividades com segurança".

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É recomendado que, por ocasião da elaboração do PCMAT, não exista uma preocupação apenas com a transcrição dos itens salientados anteriormente. A preocupação maior deve ser respeitá-los e implementá-los. A qualidade do programa não é aferida pela quantidade de páginas que o compõem, e sim pelo conteúdo técnico, metas e estratégias para obtenção dos seus objetivos, prazos de execução e a deter-minação dos responsáveis para cada etapa ou tarefa. Esses itens é que permitirão uma análise profunda quanto à qualidade e consistência do PCMAT. A sua implantação de forma obrigatória passou a ser exigida em todos os estabelecimentos com mais de vinte trabalhadores desde 7.7.1997.

Experiências comprovam que o cumprimento das disposições da NR-18 resulta em benefícios conside-ráveis, tanto para os trabalhadores quanto para as próprias empresas.

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Logística Aplicada à Construção Civil Como Melhorar o Fluxo de Produção nas Obras

A logística é uma área de grande importância na administração e na estratégia competitiva de uma empresa. Vem sendo aplicada há muito tempo de uma forma contundente cm todo setor empresarial seriado e de serviços com resultados significativos. É impensável hoje uma grande empresa manufatureira bem sucedida no mercado abrir mão da tecnologia logística como ferramenta gestora de todo seu setor produtivo.

A construção civil, por outro lado, não vem reconhecendo essa importância e os reflexos são evidentes em todo setor construtivo. Houve-se falar muito em ineficiência, descumprimento de prazos, perdas, desperdícios, conseqüentemente, maximização de custos e niinimização do nível de serviço. Isto tudo é fruto de um mau gerenciamento do fluxo de suprimentos (materiais, serviços c mão-de-obra) em toda cadeia produtiva.

Com base nessas considerações, procurou-se elaborar um trabalho que viesse proporcionar uma orientação e maior entendimento do tema específico. O livro oferece uma abordagem atual e completa do planejamento, da tecnologia empregada, da organização e do controle das atividades logísticas na gestão da cadeia de suprimentos, porém com um foco específico para o setor da construção civil. Ou seja, aborda estas atividades com todas as especificidades do setor construtivo, mostrando como pode ser aplicada e as grandes vantagens que está ferramenta poderá oferecer.

O livro "Logística aplicada à construção civil" vai preencher uma lacuna importante para o setor da construção civil, dada a carência bibliográfica sobre o tema, assim como, irá atender a uma demanda, não só de profissionais da construção, como também, de outros profissionais c estudantes interessados 110 entendimento e nas vantagens proporcionadas pela logística.

2.1202 LOGIST