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Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

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Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013, n. 135. Vasco Teixeira. " Vasco Teixeira, coordenador do projeto Nanovalor apresenta a estratégia de desenvolvimento e aplicação da investigação da nanotecnologia nos produtos de muitas empresas portuguesas, gerando maior inovação e competitividade global."

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Page 1: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 1

nanotecnologia revoluciona a indústriaVasco Teixeira, Coordenador do Projeto NanoValor, apresenta a estratégia de desenvolvimento e aplicação da investigação da nanotecnologia nos produtos de muitas empresas portuguesas, gerando maior inovação e competitividade global.

nº 135 › Mensal › Dezembro 2013 › 2.20# (IVA incluído)

carlos setraPresidente da Edol

Luís marquesPresidente da ancpa

Paulo Lourençocountry Registration manager da Basf Portugal

PRodutoREs à EsPERa da PoRtaRia do PoRco PREto

Entrevista com

Embaixador da

arábia saudita

em Portugal

Page 2: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

› Head

2 › País €conómico | Dezembro 2013 Dezembro 2013 | País €conómico › 3

Editorial

1 – Nesta edição fomos descobrir o que se anda a fazer em Portugal em matéria de nanotecnologia, uma área científica da maior importância em-bora pouco referida habitualmente nas parangonas da comunicação social portuguesa. Mas, se é pouco mediatizada, já a sua divulgação junto das empresas industriais portuguesas cresce todos os anos de forma muito substancial, na medida em que cada vez mais empresas nacionais, curiosa-mente, ou talvez não, as que se situam em setores industriais tradicionais, recorrem em crescendo à nanotecnologia para os ajudar a serem mais ino-vadores nos produtos que lançam no mercado global e, consequentemen-te, a tornarem-se empresas mais competitivas internacionalmente.Quando o atual Presidente da República apela à mudança do modelo eco-nómico do país, onde se deverá naturalmente incluir a mudança do mode-lo tradicional de produção industrial, recorrendo cada vez mais à ciência e à investigação, no fundo introduzindo a inovação como motor permanen-te da mudança, da modernização e da competitividade, a nanotecnologia poderá e deverá constituir um elemento de enorme importância para a modernização e competitividade global das empresas portuguesas, visto que, quem não conseguir se globalmente competitivo, está condenado ao insucesso e a desaparecer.2- Nesta mesma edição publicamos uma importante entrevista com o Em-baixador da Arábia Saudita em Portugal. O diplomata sublinha a sua firme convicção de que as relações económicas e empresariais, turísticas e cultu-rais, entre os dois países, podem e devem aumentar substancialmente. E aponta razões muito pragmáticas para que isso aconteça. A Arábia Saudita é um grande mercado no Médio Oriente e com elevado poder de compra, além de constituir uma área onde existem muitos projetos de infraestru-turas e de estruturas diversas para edificar, logo, com boas oportunidades para as empresas portuguesas. Assim como para a exportação de produtos portugueses para aquele mercado, a começar na área dos produtos alimen-tares, aliás como vai acontecer agora com uma empresa de Guimarães que passará a exportar bacalhau para o mercado saudita.Presentemente, os mercados são globais, e as empresas portuguesas, cada vez mais, precisam de visionarem o globo e atuarem em conformidade. Os mercados do Médio Oriente são cada vez mais importantes, e não po-demos esquecer, muito pelo contrário, o principal país da região – Arábia Saudita – que agora possui uma representação diplomática em Lisboa ali-nhada com o propósito de contribuir de forma decisiva para o crescimento das relações económicas e turísticas entre os dois países.

JoRgE gonçaLvEs aLEgRia

inovação e internacionalização

Ficha técnicaPropriedadeEconomipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda.

sócios com mais de 10% do capital social› Jorge Manuel Alegria

contribuinte506 047 415

director› Jorge Gonçalves Alegria

conselho Editorial:› Bracinha Vieira › Frederico Nascimento› Joanaz de Melo › João Bárbara › João Fermisson› Lemos Ferreira › Mónica Martins› Olímpio Lourenço › Rui Pestana › Vitória Soares

Redacção› Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho› Jorge Alegria

Fotografia› Rui Rocha Reis

grafismo & Paginação› António Afonso

departamento comercial› Valdemar Bonacho (Director)

direccção administrativa e Financeira› Ana Leal Alegria (Directora)

serviços Externos› António Emanuel

moradaAvenida 5 de Outubro, nº11 – 1º Dto.

2900-311 Setúbal

telefone26 554 65 53

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delegação no BrasilJean ValérioAv. Romualdo Galvão, 773 - Tirol - Ed. Sfax - Sala 806CEP: 59020-400Natal - RGN - BrasilTel: 005584 3201.6613

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Pré-impressão e impressãoLisgráficaRua Consiglieri Pedroso, 90Queluz de Baixo2730-053 Barcarena

tiragem30.000 exemplares

depósito legal223820/06

distribuiçãoLogista PortugalDistribuição de Publicações, SAEd. Logista – Expansão da Área Ind. do PassilLote 1-A – Palhavã – 2890 AlcocheteInscrição no I.C.S. nº 124043

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Dezembro 2013 | País €conómico › 54 › País €conómico | Dezembro 2013

grande Entrevista

índiceMansour Saleh Al Safi, Embaixador da Arábia Saudita em

Portugal, concedeu uma importante e oportuna entrevista

à revista País €conómico, onde sublinhou o forte in-

teresse do seu país em aprofundar e aumentar as relações

económicas e empresariais entre o seu país e Portugal. Foi,

aliás, com um inusitado entusiasmo que proferiu a expres-

são «Portugal é um país magnífico», pois além de um exce-

lente clima «é um país seguro e onde se pode estar tranqui-

lamente», enfatiza o diplomata saudita. Espera contribuir

para aumentar os fluxos turísticos da Arábia Saudita para

Portugal, bem como ajudar a canalizar investimentos para

o nosso país, mas refere que também existem muitas opor-

tunidades de investimento e de negócios para empresas

portuguesas na Arábia Saudita, um mercado grande e com

elevado poder de compra, logo apetecível para aumentar as

exportações para aquela região do Médio Oriente.

pág. 20 a 25

A Nanotecnologia já começou a alterar o paradigma

de várias empresas portuguesas, modificando e in-

troduzindo novas soluções nos produtos de muitas

indústrias nacionais, mesmo, ou sobretudo, as dos

setores ditos tradicionais, como os têxteis, calçado,

construção ou no automóvel. Vasco Teixeira, Coorde-

nador do Projeto NanoValor, a entidade que tem por

missão divulgar o que se está fazendo ao nível da

nanotecnologia não apenas em Portugal mas igual-

mente na região espanhola da Galiza, sublinha que

a investigação nas universidades portuguesas é de

alto nível, e que as empresas portuguesas já intera-

gem em grande medida com os nossos centros de

investigação e já aproveitam os frutos da nanotecno-

logia para aumentar o valor dos produtos e conse-

quentemente a competitividade das empresas. Um

desses expoentes é o Instituto Internacional Ibérico

de Nanotecnologia, localizado em Braga, um grande

investimento dos governos português e espanhol e

que está a projetar a Península Ibérica para a lideran-

ça do setor na Europa.

pág. 06 a 17

ainda nesta edição…

19 superbrands promoveu 30 marcas de referência em Portugal

19 outmarketing completou um ano no Brasil

26 sonae sierra investe no Brasil

30 golfe ganha espaço no nordeste do Brasil

39 aciB distinguiu melhores empresas do minho

44 oBRasQB aposta na requalificação das cidades

46 suinicultura vive momentos de recuperação

50 Basf melhora a agricultura portuguesa

56 Externato abelhinha é modelo de educação e de valores

58 os bolos são uma arte para o meu Bolo

grande Plano

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Dezembro 2013 | País €conómico › 76 › País €conómico | Dezembro 2013

› gRandE PLano

Vasco Teixeira, Coordenador do Projeto NanoValor e de outros projetos na área das superfícies e nanomateriais, destaca valor da nanotecnologia como mais-valia para a indústria portuguesa

a nanotecnologia está a tornar as empresas mais competitivas

A Nanotecnologia está a revolucionar vários produtos que a indústria mundial tem

lançado nos últimos anos nos mercados internacionais. Portugal não foge à regra e

desde há vários anos que algumas universidades portuguesas, com destaque para a

Universidade do Minho, e vários institutos de investigação científica e tecnológica,

dedicam uma forte atenção e recursos ao desenvolvimento da nanotecnologia no nosso

país. Vasco Teixeira, Professor Associado na Universidade do Minho, é o Coordenador do

projeto NanoValor, um projeto que tem como principal missão divulgar o conhecimento

gerado pelo setor da nanotecnologia, tanto em Portugal como na vizinha Galiza,

sobretudo junto das empresas industriais, na firme convicção de que a nanotecnologia

é um grande indutor de inovação, capaz de contribuir para o desenvolvimento de

novos produtos, realinhar produtos já utilizados das designadas indústrias tradicionais,

e assim, tornar as empresas mais competitivas e capazes de se afirmarem no quadro

competitivo global. O responsável do NanoValor acredita também que o setor terá verbas

acrescidas no próximo quadro comunitário de apoio, podendo dessa forma continuar a

trilhar um caminho de investigação cada vez mais apurado, mas sempre alinhado com as

necessidades das empresas e da melhoria da sua competitividade.tExto › VALDEMAR BONACHO | FotogRaFia › CEDIDAs PELA UNIVERsIDADE DO MINHO E NANOVALOR

A Nanotecnologia é uma área da inves-tigação que pode ajudar as empresas a serem mais competitivas. Esta já é uma área do presente ou será somente do futuro?A relevância da Ciência e da Tecnologia na

sociedade do conhecimento e da inovação

é hoje cada vez mais considerada como fa-

tor indispensável para a competitividade

das empresas e para o desenvolvimento

económico. A Nanotecnologia constitui

uma das áreas onde poderá existir um

maior grau de inovação, e com relação di-

reta com a vida quotidiana dos cidadãos.

Aliás, isso já acontece em situações rela-

cionadas com a microeletrónica, que deu

origem a produtos tecnológicos presen-

temente já comuns como sejam os com-

putadores portáteis, telemóveis, mas nos

quais a nanotecnologia ainda vai permitir

avanços mais significativos visto que tra-

balha a uma escala bastante mais pequena

do que a microeletrónica.

É, pois, uma área de futuro, embora com

forte influência no presente, na medida

em que as empresas poderão em parceria

com as universidades e os institutos tec-

nológicos e científicos, desenvolver uma

investigação de vanguarda e assim conse-

guirem inovar e serem mais competitivas

à escala global.

A Nanotecnologia abrange um conjunto de áreas de atividade muito vasta. Em Portugal, quais são as áreas onde têm

existido uma maior aposta?Na verdade, abrangemos praticamente

todas as áreas económicas, desde a farma-

cêutica e medicina, energia, alimentação,

eletrónica, entre várias outras. Acredita-

mos que a nanotecnologia poderá cons-

tituir um elemento muito importante na

medida em que pode desenvolver nano-

partículas e outros nanomateriais que po-

derão ser incorporados em produtos nas

tecnologias designadas como tradicionais.

Por exemplo, quando mencionamos a

indústria têxtil já não podemos referir as

fibras têxteis tradicionais, visto que mui-

tas empresas das áreas têxtil e do têxtil

técnico utilizam a nanotecnologia para

acrescentar valor aos seus produtos. A

título de exemplo, é possível adicionar

nanocápsulas num produto que com o

tempo vai libertando aromas ou princí-

pios ativos químicos e consequentemente

eliminando as bactérias, questão que de-

verá ter uma cada vez maior importância

na sua utilização hospitalar. Este é apenas

um exemplo aplicável à área têxtil, vários

outros poderia adiantar, como a utilização

de nanomateriais e nanodispositivos na

indústria automóvel, metalo-mecânica,

energia e mesmo no setor da saúde.

A indústria farmacêutica e médica está também a recorrer à nanotecnologia?A indústria farmacêutica, indústria quími-

ca, bem como a indústria da cosmética. É

de sublinhar que nas áreas médica e far-

macêutica, estamos a evoluir para novas

abordagens no diagnóstico e na terapêu-

tica. Temos o conceito de nanofármacos e

da nanomedicina. Mais uma vez, a título

de exemplo, quando uma pessoa faz uma

análise ao sangue, normalmente é extraí-

da uma quantidade apreciável de sangue,

que depois é enviado para um laboratório

clínico e por lá demora alguns dias até

ser feita a informação do resultado dessa

análise. Recorrendo à nanotecnologia, e

já existem vários projetos nesse sentido,

é possível produzir um microchip que

será ele próprio um laboratório sofistica-

do de análises clínicas (mas numa escala

manométrica) e que fará a análise a uma

pequena gota do sangue permitindo des-

de logo efetuar o despiste de várias doen-

ças. E são chips de custo bastante baixo,

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› gRandE PLano

descartáveis, logo, facilmente produzidos

e aplicados no mercado.

Europa está a apostar forte na nanotecnologia O termo Nanotecnologia surgiu em pri-meiro lugar no Japão, mas depois expan-diu-se para os Estados Unidos e para a Europa. Como está o Velho Continente na investigação nesta nova área da ciên-cia?Como referiu, no presente, é uma reali-

dade bem visível também nos Estados

Unidos e na Europa, e, neste caso, Portu-

gal está bem posicionado no desenvolvi-

mento da nanotecnologia. É verdade que

o termo Nanotecnologia surgiu no Japão.

Mas Richard Feynman nos EUA foi o pre-

cursor do conceito da Nanotecnologia,

embora não tenha utilizado este termo

na sua famosa palestra para a Sociedade

Americana de Física em 1959, onde apre-

sentou pela primeira vez as suas ideias

sobre este tema.

A palavra Nanotecnologia foi utilizada

pela primeira vez pelo professor Norio

Taniguchi em 1974 para descrever as tec-

nologias que permitam a construção de

materiais a uma escala manométrica. A

I&D na Europa encontra-se bem posicio-

nada, praticamente a par dos EUA e Japão.

A UE tem acompanhado o investimento

em I&D para programas de investigação

e inovação. O novo Programa-Quadro

de Financiamento para a Investigação e

Inovação - Horizonte 2020 - que se inicia

em janeiro de 2014 com um orçamento

de cerca de 80 mil milhões foi aprovado

há pouco e será o maior programa de fi-

nanciamento de ciência e inovação a nível

mundial. Contempla cerca de 6 mil mi-

lhões só para nanotecnologia, fotónica e

biotecnologia.

Qual é essa posição do nosso país no contexto europeu?Estamos num nível elevado, fruto da ex-

celência das universidades do Minho e do

Porto, onde existem centros de investiga-

ção de excelência, CENTI e INL também

juntamente com muitas empresas que

inovam neste domínio. Temos conseguido

apresentar projetos em concursos compe-

titivos a nível europeu onde concorreram

com grupos de outros países, nomeada-

mente da Alemanha e da Inglaterra, e te-

mos sido bem sucedidos.

Por exemplo, ao nível da Universidade do

Minho já conseguimos 75 projetos apro-

vados no âmbito do 7º Programa Quadro

europeu de investigação, com cerca de

duas dezenas na área da nanotecnologia,

com recursos na ordem dos 21 milhões de

euros, o que nos torna efetivamente uma

instituição de investigação e ensino supe-

rior de grande referência no nosso país e

já com créditos firmados a nível interna-

cional.

O desempenho das PME e outras em-

presas portuguesas que participam em

projetos europeus é semelhante à média

europeia.

Essa excelência que referiu a respeito da Universidade do Minho, e da impor-tante investigação que aqui se realiza constituíram fatores importantes para a decisão de localizar em Braga o INL – La-boratório Ibérico Internacional de Nano-tecnologia?Não é possível fazer uma afirmação cate-

górica de que assim tenha sido, mas a de-

cisão estratégica tomada pelos dois gover-

nos ibéricos certamente levou em linha de

conta o facto de naquela altura a região

norte já se ter sobressaído pela apresenta-

ção de um conjunto de projetos nacionais

e internacionais muito significativos na

área da nanotecnologia e cujo financia-

mento é muito competitivo.

Certamente, que além da importante

circunstância que mencionei, também a

noção de que o aprofundamento das ca-

pacidades instaladas na investigação da

nanotecnologia poderia contribuir para

reforçar em grande medida a competi-

tividade das empresas nacionais, e em

particular de toda esta região, onde aliás

se situam grande parte dos setores tra-

dicionais da indústria portuguesa assim

como grandes empresas de forte cariz tec-

nológico. Este fator deverá certamente ter

pesado igualmente na decisão que os dois

governos tomaram.

indústria têxtil tem recebido um forte apoio da nanotecnologiaApesar de já termos mencionado que a nanotecnologia já começou a contribuir

para a melhoria da competitividade da indústria têxtil, será possível que essa importância cresça nos próximos anos?É natural que assim seja e estou convicto

que essas empresas vão aumentar a sua

competitividade e capacidade de interna-

cionalização.

Posso referir, por exemplo, que participei

num projeto ligado a funcionalização de

fibras têxteis e a aplicação de nanoma-

teriais para as tornar hidrofóbicas (anti-

-sujidade) e para possuírem capacidade

bactericida. As empresas têm colaborado

connosco pois reconhecem a vantagem da

nanotecnologia.

E para a prossecução desse objetivo tam-

bém gostaria de destacar a importância

do papel do CENTI (onde a universidade

do Minho é um dos sócios fundadores),

localizado em Vila Nova de Famalicão, e

que é um centro de investigação tecnoló-

gico ligado à indústria têxtil e também do

calçado e couro, e de onde já começaram

a sair várias inovações aplicadas a este

importante sector da indústria nacional,

algumas já numa fase comercial.

Existem portanto exemplos concretos de aplicação da investigação da nanotec-nologia na indústria têxtil portuguesa, nomeadamente a que se localiza na re-gião norte do país?Felizmente, já existem várias empresas na

região norte que se têm integrado em pro-

jetos da Universidade do Minho, do CEN-

TI e do INL, para além do relacionamento

com outras universidades internacionais.

E não são apenas empresas da área têxtil,

mas igualmente empresas de outros se-

tores industriais que estão a aproveitar a

investigação da nanotecnologia para ino-

Sensor multicamada baseado em filmes finos de óxidos transparentes condutores para deteção de microorganismos patogénicos (p.ex. E. Coli)Resultados do projeto NanoMediag: “NanoMeDiag-Nanobioanalytical platforms for improved medical diagnosis of infections caused by pathogen microorganisms”. Portugal-Spain International Nanotechnology Laboratory Nanotechnology Projects Call *– Coordenador - Portugal: Vasco Teixeira*; Coordenador Spain: Josep Samitier Marti

Sistema de deposição por plasma IBAD de filmes nanoestruturados por PVD (Deposição Física de Vapores) assistido por canhão de iões. Um dos vários equipamentos disponíveis no Centro de Física da Universidade do Minho para produção de nanoestruturas.

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Dezembro 2013 | País €conómico › 1110 › País €conómico | Dezembro 2013

› gRandE PLano

varem nos seus processos e se tornarem

mais competitivas.

Como já tive a oportunidade de referir

nesta entrevista, existem empresas do se-

tor têxtil que já recorrem à nanotecnolo-

gia para incorporarem nanomateriais nas

suas fibras, por exemplo, para a libertação

de aromas. Sem pretender ser exaustivo,

adianto exemplos protagonizados por em-

presas desta região, como são os casos pa-

radigmáticos da Success Gadget, ligada ao

grupo têxtil Sonix, de Barcelos, ou ainda

deste concelho a empresa Smart Innova-

tion, empresas dedicadas exclusivamente

a nanotecnologia que apostam na inova-

ção colaborando ativamente com a Uni-

versidade do Minho. Temos ainda várias

start-ups criadas a partir de resultados de

investigação na Universidade do Minho.

Outra empresa, como a TMG Automotive

que incorporam nanopartículas em com-

ponentes para o interior de automóveis.

Mas aqui na região Norte há dezenas que

já utilizam a nanotecnologia o que eviden-

cia o carater inovador e visão estratégica

destas empresas que se associaram desde

há muitos anos em projetos com a Univer-

sidade do Minho.

Empresas procuram cada vez mais as universidadesO que nos está a querer dizer é que as empresas estão a apostar na inovação e a nanotecnologia poderá constituir uma ferramenta de grande valor para gerar mais-valias, novos produtos, enfim, uma maior competitividade ao nosso setor industrial?Não tenha qualquer dúvida de que assim

é. Aliás, são as próprias empresas em cada

vez maior número que procuram as uni-

versidades – e a Universidade do Minho

é reconhecida pela sua forte ligação e re-

lacionamento com as empresas e com a

indústria nacional – para que possamos

ajudar a gerar inovação e valor para as so-

luções e produtos das próprias empresas.

Gostaria de sublinhar que os nossos inves-

tigadores já conhecem bem a realidade e

as necessidades da nossa indústria, fruto

justamente dessa forte relação e colabo-

ração que as empresas têm empreendido

com as universidades e institutos tecnoló-

gicos, estando por isso alinhados com as

necessidades da própria indústria e já na

procura das soluções de inovação que lhes

permita ultrapassar limitações e assim

surgirem com soluções e produtos novos,

ou seja, com maior competitividade no

mercado global onde se inserem.

Dando mais um exemplo, atualmente,

existem mais de duas dezenas de empre-

sas das áreas têxtil e de polímeros com

contatos e ações concretas relacionadas

com as instituições que estão ligadas à

investigação e desenvolvimento em nano-

tecnologia, o que é já bastante significati-

vo, embora ainda tenhamos como é óbvio

um longo caminho para percorrer. Mas, já

foi um passo importante, onde ganham as

empresas, a própria economia nacional,

mas também no que concerne ao cresci-

mento do emprego qualificado na medida

em que estamos a formar anualmente um

número significativo de pessoas nas áreas

da nanotecnologia e dos nanomateriais.

Com a recessão económica que o país tem atravessado, com reflexo natural na atividade das empresas, não existe o ris-co de muitas dessas pessoas qualifica-das poderem emigrar, e assim assistir-se a uma “fuga” de cérebros do nosso país?A emigração, no caso que estamos a abor-

dar, constitui uma fuga de talentos, preci-

samente quando o país não consegue pa-

gar o justo valor de salário a alguém que

é muito bom e que se especializou numa

área de grande exigência, além de poder

criar um imenso valor para uma empre-

sa ou para uma instituição. Realmente

existe esse risco, pois lá fora esta área é

muito bem remunerada, mas acredita-

mos que com esta crescente ligação entre

as universidades e as empresas, vamos

conseguir gerar mais-valias económicas

que permitirão a todo este conjunto de

pessoas altamente especializadas encon-

trarem oportunidades de trabalho em

Portugal, o que aliás já está a suceder, é

preciso afirmar que as pessoas formadas

nas áreas das nanotecnologias que saem

das universidades portuguesas conse-

guem facilmente encontrar trabalho e in-

tegrar projetos aliciantes. Todos temos a

Quem é vasco teixeira?Vasco Teixeira é Professor Associado na Universidade do Minho desde 1989. Foi

Pró-Reitor para a Investigação na Universidade do Minho de outubro 2009 a no-

vembro de 2013. Investigador em nanotecnologia, materiais inteligentes e nano-

sensores, engenharia de superfícies e revestimentos finos. É autor e co-autor de

mais de 110 artigos científicos publicados em revistas internacionais ISI, editor

de 3 volumes de revistas científicas ISI, 5 capítulos de livros, 4 Prémios de Mérito/

Inovação Industrial e Empreendedorismo Tecnológico e proferiu mais de 25 pa-

lestras convidadas em conferências internacionais. É Editor-in-Chief do Journal of

Nano Research (revista que tem como Editor honorário o Prémio Nobel Sir Harry

Kroto). Na sua investigação aplicada sempre procurou integrar colaborações com

empresas de modo a que os domínios de I&D pudessem contribuir para o desen-

volvimento de novas competências técnicas na indústria. Liderou e participou em

vários projetos nacionais e europeus de I&D e Inovação. É coordenador do projeto

NanoValor, sendo fundador e moderador de fóruns internacionais de discussão

ligados a nanotecnologia (NanoNet e NanoTechNews Forum) e engenharia de su-

perfícies e tecnologia industrial de vácuo (PVD Coatings Forum).

Mentor tecnológico e sócio fundador de empresas de base tecnológica na área de

nanotecnologias, engenharia de superfícies e revestimentos técnicos para a indús-

tria dos moldes de injeção e metalomecânica. Galardoado com 3 Prémios de Inova-

ção/Melhor Plano de Negócios e de Empreendedorismo. Distinguido com o Prémio

Janus em 2010 pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP), Brasil. ‹

responsabilidade de promover o emprego

qualificado atraindo e fixando jovens gra-

duados especialistas.

nanotecnologia com verbas reforçadas no Qca 2014-2020Referiu há pouco que as universidades, através dos seus grupos de investigação, e as próprias empresas portuguesas, conseguiram a aprovação de diversos projetos através dos fundos comunitá-rios. Agora que se aproxima a entrada em vigor do próximo quadro comunitário de apoio, quais são as expetativas da ciência e da nanotecnologia portuguesa face ao QCA 2014-2020?Estamos plenamente convencidos de que

teremos mais oportunidades e que as de-

vemos aproveitar de forma inteligente e

eficiente, contribuindo para o desenvolvi-

mento económico sustentável do país. A

nanotecnologia constitui igualmente uma

aposta da União Europeia, que dedicará à

ciência uma verba global na ordem dos 80

mil milhões de euros (um aumento de 30

mil milhões face ao quadro de referência

anterior), no qual estará destinada à área

da nanotecnologia, nanoeletrónica e ma-

teriais emergentes valores na ordem dos

6 mil milhões de euros, quando no qua-

dro que está agora a terminar dispusemos

na União Europeia de 3,5 mil milhões de

euros. O programa europeu - Horizonte

2020 - será certamente muito importan-

te para o progresso e competitividade

europeia na área da nanotecnologia. É,

pois, um avanço muito significativo, e

que saudamos naturalmente. As PME têm

um significativo potencial de inovação e

a capacidade intrínseca necessária para

a introdução de descobertas tecnológicas

revolucionárias no mercado. Foi assumi-

do o compromisso de garantir uma forte

participação das PME no Horizonte 2020

o que é uma excelente oportunidade para

as nossas empresas.

Qual o contributo da NanoValor na dina-mização da nanotecnologia em Portugal e no próprio espaço territorial do norte de Portugal e da Galiza?O NanoValor é um projeto que conside-

ro muito importante, na medida em que

possui a missão de divulgar as potenciali-

dades e a importância da nanotecnologia,

principalmente no relacionamento com

as empresas da região norte de Portugal

e com a vizinha região espanhola da Ga-

liza, visto que se trata de um projeto com

financiamento específico de cariz ibérico

para estas duas euro-regiões transfrontei-

riças.

Reforço este ponto. O NanoValor está so-

bretudo a levar o conhecimento gerado

pelas universidades e centros de investi-

gação na área da nanotecnologia às em-

presas e à indústria nacional, bem como a

ambos os lados da região transfronteiriça.

Aliás, temos realizado vários seminários,

muitos até com caráter informal, tanto

no norte de Portugal como na região da

Galiza, para fazer chegar às empresas a

informação sobre o que está a ser feito na

área da nanotecnologia e de como pode-

remos agregar valor para a atividade das

empresas.

Essa mensagem, diga-se em abono da ver-

dade, tem sido muito bem recebida e com-

preendida, sendo natural que cada vez

mais empresas tenham interesse em se re-

lacionarem com o setor universitário e de

investigação, porque sabem que podere-

mos constituir uma importante ferramen-

ta no seu próprio processo de inovação

e competitividade. O projeto NanoValor

vincula as suas ações na perspetiva de que

o conhecimento em nanotecnologia gera-

do terá de contribuir para além do fomen-

to da competitividade das empresas e sua

internacionalização, promover o emprego

qualificado atraindo e fixando talento de

jovens graduados e cientistas com reco-

nhecimento internacional e incentivar

ações de empreendedorismo que possam

contribuir para a criação de novos postos

de trabalho. ‹

Page 7: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 1312 › País €conómico | Dezembro 2013

› gRandE PLano

Paulo Freitas, Diretor-Geral Adjunto do ILN – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia

«Este é um mundo de Excelência»

A criação do INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia é fruto de um

protocolo assinado em 2005 pelos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Português e da Educação e Ciência de Espanha. No entender de Paulo Freitas, Diretor-

Geral Adjunto do INL «esta é a prova de que Portugal e Espanha estão empenhados em

apostar fortemente na cooperação científica e tecnológica, nomeadamente nas áreas das

nanociências e nanotecnologia.tExto › VALDEMAR BONACHO | FotogRaFia › CEDIDAs PELO INL

Em entrevista à PAÍS€CONÓMICO afirmou que está or-

gulhoso por estar ligado a um dos centros de investigação

científica existentes no país. «Os anos 2009 e 2010 foram

anos de construção intensiva, em 2010 começámos a instalar aqui

os primeiros investigadores e equipamentos. Os investigadores

sentem-se aqui como peixe na água, porque o INL é um laborató-

rio que está preparado para receber cerca de 400 pessoas (agora

temos uma centena), e os investigadores são cerca de setenta, gen-

te de todo o mundo, e investigadores portugueses serão à volta de

quinze», referiu Paulo Freitas, para a este propósito realçar que

desde o início deste projeto «tivemos sempre a liberdade de esco-

lher as melhores pessoas, independentemente da nacionalidade».

Paulo Freitas diz que o recrutamento destes cientistas torna-se

muito mais fácil depois de conhecerem o INL, cujo investimento

rondou os 100/110 milhões de euros. «Este projeto foi muito bem

seguido, andámos sempre muito perto daquilo que foi projetado

na empreitada, tendo havido somente um desvio de um por cen-

to, o que é muito bom», referiu o nosso entrevistado.

nanotecnologia é a área mais avançada do inLTendo como áreas principais de investigação a Nanotecnologia,

a Nanoelétrica e Eletrónica, Controlo Ambiental e Alimentar, e

Nanoestruturas e Nanomanipulação, o INL pretende (entre os

variadíssimos projetos que tem em mãos) desenvolver até mea-

dos de 2015 biossensores para a deteção de células tumorais

circundantes e nanamarcadores para a aplicação em imagio-

logia com aplicação à medicina. «Neste momento a Nanoele-

trónica é área mais avançada do INL. As áreas que são agora

mais promissoras para nós são as que estão ligadas a apli-

cações da Nanotecnologia na área da Saúde e aplicações na

área Alimentar. É nestas áreas que o INL é mais requisitado, e

desde o princípio que a orientação tem sido esta», sublinhou

o diretor-geral adjunto do INL que aproveitou para esclarecer

que estas áreas foram selecionadas porque já existia muito

trabalho realizado nestes campos, quer em Espanha, quer em

Portugal.

Segundo Paulo Freitas, «estamos a ser bem sucedidos na área

da Nanoeletrónica e um exemplo claro é agora a Nanium, an-

tiga Qimonda, localizada aqui perto de Braga. Já transferimos

tecnologia para clientes de fora do país e neste momento há

parte das coisas que foram aqui desenvolvidas ou em colabo-

ração com o INL, que vão passar a uma fase de produção. Eu

diria que este á um caso de sucesso. Depois, contactámos com

grandes grupos empresariais, por exemplo o caso da CUF,

que tem uma abrangência grande. Temos tentado encontrar

pontos de contacto basicamente e em particular com algumas

destas companhias, começámos por prestação de serviços em

áreas onde somos realmente muito fortes, pois temos equi-

pamentos que outros não têm. A parte das cortiças tem sido

uma outra área onde temos estado muito ativos», revelou o

diretor-geral do INL.

Paulo Freitas tem a consciência que fazer muito mais do que

tem sido feito num projeto que tem apenas dois anos e meio,

não é tarefa fácil, e refere também que é difícil transmitir

às comunidades que os rodeiam o que se está a fazer. Mas

diz que o trabalho até agora levado a cabo pelo INL é extre-

mamente positivo, e que continuarão a trabalhar sempre na

procura da excelência. ‹

Page 8: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 1514 › País €conómico | Dezembro 2013

› gRandE PLano

João Duque, Presidente do ISEG – Instituto Superior de Economia e Finanças

«Há cem anos que formamos gerações de líderes e profissionais»

Em entrevista que concedeu à País €conómico o presidente do ISEG realça que a

sua instituição está no caminho certo, continuando a formar alunos que se revelam,

em Portugal e internacionalmente, excelentes economistas e excelentes gestores. João

Duque recorda que um aluno no ISEG só consegue obter o seu diploma se demonstrar

que é um excelente economista ou um excelente gestor. «De outra forma não conseguirá

o seu diploma», adverte este conceituado académico, também professor catedrático de

Finanças, que deseja acima de tudo que os seus alunos sejam verdadeiros cidadãos do

mundo. Neste encontro com os jornalistas, João Duque destaca o sucesso de trinta anos

do MBA ISEG, «que pretende preparar o líder da mudança». tExto › VALDEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIs

como unidade de ensino e investigação, o ISEG tem por

missão contribuir, no domínio das ciências económicas,

financeiras e empresariais, para o avanço da fronteira

do conhecimento científico, para o desenvolvimento económico

e social do país e para a sua afirmação internacional através de

realizações de ensino e investigação, da prestação de serviços à

comunidade e do intercâmbio científico e cultural internacional,

de estudantes e docentes investigadores. «No ISEG promovemos

uma abordagem plural do ensino e da investigação», sublinhou

João Duque.

Em termos de oferta, o ISEG disponibiliza 7 licenciaturas, uma

das quais em parceria com a Faculdade de Motricidade Humana;

vários mestrados e doutoramentos; dezenas de cursos pós-gradua-

ção e o MBA ISEG.

Porque é que o MBA ISEG, que entra este ano na sua 30ª edição, é

visto como a formação certa para aqueles que aspiram a uma mu-

dança profissional profunda? João Duque diz que mais do que um

enriquecimento profissional, o ISEG pretende com este MBA que

os seus alunos obtenham um crescimento pessoal decorrente da

aquisição intensa de um leque variado de competências técnicas,

mas também relacionais e individuais.

«Queremos com este MBA preparar o líder da mudança, isto

porque serão eles a criar as oportunidades do futuro», chama

a atenção o presidente do ISEG, para a este propósito lembrar

também que as transformações profundas a que temos assisti-

do, configuram um momento único para o surgimento de líderes.

Aliás, na mensagem que dirigiu enquanto diretor do MBA ISEG,

João Duque escreve que o MBA ISEG é a formação certa para os

irrequietos e sonhadores, (..) para os que querem sair da “zona de

conforto” e para os que se imaginam a liderar organizações.

Melhor do que ninguém, João Duque sabe interpretar de um

modo muito especial a saída do país de largas dezenas de licencia-

dos e mestrados em Economia, Gestão e Finanças. «É uma situa-

ção que obviamente me preocupa, porque não tem existido um

retorno de gente dessa nem de gente vinda de outros países, mas

por outro lado a aceitação destas pessoas por parte de organiza-

ções internacionais de prestígio significa que estamos a falar de

gente muito qualificada, que um dia, quando regressar a Portugal,

vem mais preparada e ainda mais apta para colaborar no desen-

volvimento do seu país. Eles regressam mais fortes, mais amadu-

recidos, com uma maneira diferente de enfrentarem e ajudarem

Portugal a resolver os seus problemas. E esta é a parte positiva que

quero destacar», salienta com esperança o presidente do ISEG.

um corpo docente de excelênciaJoão Duque costuma dizer que o presidente do ISEG é o que

menos peso tem nesta instituição académica. «Sou o presiden-

te, estou grato àqueles que me elegeram e confiaram em mim,

mas reconheço que dentro de todo este processo não serei tão

importante assim. Importantes são os elementos que formam

o nosso Corpo Docente e os muitos colaboradores que ao longo

dos anos souberam com a sua sabedoria e o seu empenhamento

prestigiar o ISEG. São esses que eu gosto de recordar», enfatizou

João Duque, que aproveitou o ensejo para destacar a excelência

do Corpo Docente do ISEG. «Temos inscrito cerca de 4500 alunos,

Page 9: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 1716 › País €conómico | Dezembro 2013

› gRandE PLano

e o Corpo Docente é composto por cerca de 250 professores, dos

quais 170 são professores internos, todos muito qualificados que

nos ajudam a oferecer um ensino de excelência», aproveitou para

sublinhar João Duque.

O ISEG tem conseguido ao longo dos anos conquistar um espaço

de vanguarda no ensino da economia, gestão e finanças, desta-

cando-se pelo facto de ter formado e continuar a formar vultos

de um brilhantismo ímpar. «Este é o maior reconhecimento do

trabalho que temos vindo a desenvolver há décadas», frisou João

Duque, referindo também que em qualquer parte que estejam, os

economistas e gestores formados no ISEG transportam consigo a

grande responsabilidade de terem feito a sua formação num Es-

cola com o prestígio da sua. «Um aluno do ISEG é essencialmente

um agente de mudança e de transformação na empresa onde tra-

balha, transpondo para ela o seu saber e a sua liderança», deixou

claro o presidente do ISEG.

na lista Eduniversal 2013O ensino da Economia é muito levado a sério em cinco escolas

portuguesas, e o ISEG faz parte desse número, está na lista Eduni-

versal 2013, e este facto mereceu da parte de João Duque um repa-

ro especial. «Isto significa que Portugal continua a desempenhar

um lugar de destaque na formação de executivos, e no que diz

respeito ao ISEG que ela continua a ser uma escola conhecida e

respeitada não só em Portugal como em todo o mundo», observou

João Duque, que questionado sobre a investigação levada a cabo

por esta escola, não hesitou na resposta. «O ISEG tem um peso

importante no campo da investigação e investe muito nesta ver-

tente. Somos uma escola de topo que não pode deixar de investir

na investigação para se manter na vanguarda do ensino», referiu

João Duque para afirmar logo de seguida que uma das muitas

prioridades do ISEG é «a promoção de uma abordagem plural do

ensino e da investigação» e o «incentivo ao desenvolvimento de

sinergias entre áreas científicas».

investir forte na educação e investigaçãoJoão Duque fez questão de lembrar que no ISEG os códigos de

ética dos seus professores e alunos são encarados com extrema

seriedade e que o mérito e empenho são ingredientes fundamen-

tais para a obtenção da excelência na educação e investigação.

«Quanto maior for a nossa exigência, maior será também o nosso

reconhecimento cá dentro e lá fora. Esta é uma realidade, também

fruto do grande investimento que temos vindo a fazer de há mui-

tos anos a esta parte», referiu.

A crise em que o país está mergulhado também foi um tema

abordado nesta entrevista ao presidente do ISEG, mas João Duque

pareceu-nos muito sereno e confiante em relação a esta situação,

muito embora tivesse lembrado que as restrições orçamentais são

sempre um factor que tem influência no funcionamento regu-

lar das instituições de ensino superior. «Somos uma escola com

boa saúde financeira, mas não deixamos de reconhecer que as

restrições orçamentais podem por em causa muita coisa, nomea-

damente a qualidade do ensino. Essas restrições em muitos casos

podem conduzir a uma perda de qualidade ao nível do corpo do-

cente, e essa é também uma preocu-

pação de algumas universidades»,

recordou João Duque, que entretan-

to quis deixar bem sublinhado que

o ISEG é bem gerido e que a situa-

ção financeira é estável.

O ISEG é uma escola de referência

e crescer dentro dela envolve a par-

ticipação em múltiplas atividades

culturais, que vão desde exposi-

ções, palestras, atividades musicais

e, como não podia deixar de ser, a

aprendizagem de línguas estrangei-

ras. «No ISEG, para além do portu-

guês os alunos têm à sua disposição

a aprendizagem de seis línguas es-

trangeiras: Inglês, francês, alemão,

castelhano, russo e mandarim.

E o interesse pela aprendizagem

destas línguas é muito visível, nomeadamente pelo russo e o man-

darim», referiu João Duque, que sublinharia a propósito que este

interesse é perfeitamente normal numa escola com as caracterís-

ticas do ISEG, já que o mundo dos negócios necessita de pessoas

que falem suficientemente estas línguas, ou que pelo menos se

façam entender minimamente nos contactos que realizam com

aqueles países», acrescentou o presidente do ISEG, que em breve

terminará o seu mandato à frente dos destinos desta escola, uma

referência nacional e internacional na formação de quadros mé-

dios superiores nas áreas da gestão e da economia, com uma forte

formação nestas áreas, que desde sempre tem defendido o lema:

“Liberdade de aprender e liberdade de ensinar”. ‹

Page 10: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 1918 › País €conómico | Dezembro 2013

améRico amoRimO Presidente da Galp Energia, da Corticeira Amorim, e de um vasto conglomerado de empresas, voltou a ser considerado o homem mais rico de Portugal. Com investimentos altamente produtivos e rentáveis, fruto da perspicácia e grande competência empresarial, o empresário é presentemente um empreendedor global estendendo os seus negócios em praticamente todos os continentes do mundo. ‹

João aLBuQuERQuEO Presidente da ACIB – Associação Comercial e Industrial de Barcelos está a dinamizar intensamente uma associação que congrega 40 mil empresas, mas cuja influência se estende a toda a região do Minho, e conforme foi recentemente noticiado, vai contribuir para a internacionalização de várias indústrias têxteis, moda e calçado daquela região para o estado brasileiro da Bahia. ‹

caRLos toRREsO Presidente da Resul é um empresa de forte visão estratégica e está presente em cada vez mais mercados externos. A compra da empresa canadiana Horton Automation consolidou a capacidade tecnológica da Resul e reforçou a aposta em mercados mais exigentes e sofisticados, isto enquanto prossegue a forte campanha de penetração da elétrica portuguesa em África. ‹

› a aBRiR

Franck deschodtO Administrador da Agap2 comandou o

processo final da aquisição da Adentis, uma

empresa especializada em computação

e eletrónica industrial e que permitirá

à tecnológica nacional chegar a uma

faturação anual de 130 milhões de euros já

em 2014. A Agap2 desenvolve a atividade

em vários mercados, possuindo escritórios

em Portugal, Suíça, Holanda, Bélgica,

Alemanha, França e Espanha. ‹

andreia santosÉ a nova consultora da Companhia Própria,

empresa especializada em Formação

Profissional e de Consultoria de Recursos

Humanos. A nova elemento da empresa

abraça agora as responsabilidades

pela gestão dos clientes dos mercados

internacionais, sobretudo em países como

o Brasil, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde,

Angola e Moçambique. ‹

Pedro FreitasO escritor escreveu um novo livro durante

apenas 12 horas numa sessão pública que

ocorreu num shopping da cidade do Porto,

onde muitos interessados não apenas

puderam seguir a evolução da escrita do

autor como tiveram a oportunidade de

intervir com a apresentação de sugestões. O

último livro do escritor, “In Sexus Veritas” já

vai na sua segunda edição. ‹

subindo na Pirâmide

› notícias

Vítor Ramalho esteve em Madrid em reunião da UCCI

secretário-geral da uccLa partilha experiênciaO Secretário-Geral da UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa), Vítor

Ramalho, esteve presente no IX Encontro de Diretores de Relações Internacionais e Coor-

denadores da UCCI (União das Cidades Capitais Ibero-americanas), tendo tido a oportu-

nidade de proferir uma intervenção subordinada ao tema “Perspetivas atuais da Coope-

ração Internacional na Ibero-América. Organizações”, e onde deu a conhecer a UCCLA,

o seu âmbito, os projetos e trabalhos desenvolvidos ao longo dos 28 anos de existência.

O responsável pelas cidades capitais de língua portuguesa aproveitou a sua presença na

reunião que decorreu na Casa da América na capital espanhola para recordar algumas das

ações desenvolvidas em concertação com as cidades associadas, desde a cultura, educação,

saúde, passando pela formação, planificação e requalificação urbana.

Vítor Ramalho, a finalizar a sua intervenção, afirmou que «passo a passo e a partir de

pequenos passos, acabaremos por encontrar objetivos comuns, culturais, económicos e

outros, de partilha de interesses entre cidades dos diferentes países ibero-americanos e

lusófonos, com vantagens recíprocas». ‹

urbanmint no Harrods de LondresDepois de mobilarem alguns dos mais luxuosos hotéis da capital britânica, as poltronas

do Munna e os aparadores da Ginger & Jagger, produzidos pela empresa portuguesa Ur-

banmint, com sede na Maia, estão agora também à venda nos armazéns Harrods, em Lon-

dres, considerados os mais importantes na capital inglesa e dos mais conhecidos espaços

comerciais do mundo.

A Munna e a Ginger & Jagger vão colaborar com o “The Studio at Harrods”, um estú-

dio de design de interiores especializado em projetos residenciais de luxo em todo o

mundo. Segundo Paula Sousa, CEO da Urbanmint, «as marcas portuguesas precisam de

visibilidade» e esta parceria com o Harrods permite estar numa das «melhores montras

mundiais». ‹

outmarketing no BrasilA Outmarketing, empresa de Outsourcing de Marketing especializada no setor das Tec-

nologias de Informação, acabou de celebrar um ano de atividade no Brasil. Neste período,

a empresa de matriz portuguesa conquistou dez clientes, entre eles a Service One (per-

tencente ao Top3 dos parceiros SAP Business One no Brasil), a ALOG, a Linx e a Allen (o

principal parceiro da Microsft, Adobe, Symantec e McAfee no Brasil). Além do Brasil, a

Outmarketing desenvolve projetos em Angola, Moçambique, Bélgica, Espanha, estados

Unidos, França, Polónia e Reino Unido. ‹

Superbrands elegeram 30 marcas portuguesas

Benfica e sporting entre as eleitasA edição dos Superbrands 2013 elegeu as 30 marcas portuguesas de reconhecida no-

toriedade e prestígio junto do público nacional. Destaque para a novidade da presença

este ano do Sporting, marca que acrescenta à do Benfica que já figurou na edição do ano

passado.

Para além dos dois populares clubes desportivos, figuraram também nos prémios Su-

perbrands 2013 no setor da banca a American Express, a Caixa Geral de Depósitos, o

Montepio, o Multibanco e o Millennium Bcp, enquanto no setor segurador, as menções

foram para a Tranquilidade e a Médis. Na área alimentar, os destaques foram, uma vez

mais, para a Branca de Neve e a Cartuxa.

Receberam também os prémios Superbrands os CTT, EDP, Meo, Remax, Lacoste, Vista

Alegre, Ambar, Avon e Bimby.

A Superbrands é uma organização internacional independente que se dedica à identifica-

ção e promoção de Marcas de Excelência em 89 países, e identifica e seleciona as marcas

que, em cada marcado, estão a atuar acima e para lá das concorrentes na sua área de

atuação. ‹

Exportações recorde para o BrasilAs exportações portuguesas para o Brasil atingiram um valor recorde durante o mês de

Outubro, cifrando-se em 154,9 milhões de dólares, o valor mensal mais elevado do ano

e superando em 75% o valor alcançado no mesmo mês do ano passado. Nos primeiros

dez meses deste ano, o total das exportações portuguesas para o Brasil atingiram os 899,2

milhões de dólares, mais 11,6% do que no período homólogo de 2012. ‹

Page 11: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 2120 › País €conómico | Dezembro 2013

› gRandE EntREvista

Mansour Saleh Al Safi, Embaixador do Reino da Arábia Saudita em Portugal, quer reforçar o relacionamento económico, empresarial, turístico e cultural entre os dois países

arábia saudita quer aumentar relações empresariais com Portugal

Portugal é um país magnífico! Palavras que vão muito para além da mera cortesia

pelo facto de ser actualmente o Embaixador do Reino da Arábia Saudita em Portugal.

Mansour Saleh Al Safi, chegou há pouco mais de cinco meses a Lisboa, e já se encantou

pelo nosso país. É com um brilho nos olhos que nos refere que «Portugal é um país

magnífico». O Embaixador pretende catapultar as relações económicas, empresariais,

turísticas e culturais entre os dois países «para novos horizontes». Em primeiro

lugar, pretende aumentar exponencialmente o grau de conhecimento das realidades,

potencialidades e oportunidades de comércio, negócios e investimentos entre os

dois países, e deseja dar um forte contributo para aumentar decisivamente os fluxos

turísticos da Arábia Saudita para Portugal. O mais alto representante diplomático do país

liderado pelo Rei Abdullah bin Abdel-Aziz al-Saud em Portugal pretende igualmente

contribuir para o crescimento do relacionamento cultural, científico e tecnológico entre os

dois países, bem como no que respeita ao intercâmbio universitário e estudantil.tExto › JORGE ALEGRIA | FotogRaFia › RUI ROCHA REIs

Acabou de assumir recentemente as responsabilidades pela Embaixada da Arábia Saudita em Lisboa. Como avalia o momento actual das relações económi-cas e empresariais entre a Arábia Saudi-ta e Portugal?Temos que admitir que as relações co-

merciais entre o Reino da Arábia Saudita

e Portugal são ainda muito modestas e

aquém do que ambas as partes desejam.

O volume das trocas comerciais entre os

dois países, em 2012, era apenas de cerca

de 1.022.915.253,00 euros. Portugal im-

portou 890.211.563,00 Euros e exportou

132.702.690,00 Euros. O Reino da Arábia

Saudita importa sobretudo de Portugal,

mármore, couros e peles, papel e pasta

de papel, transformadores eléctricos e

equipamentos de construção. Quanto às

exportações sauditas para Portugal são

principalmente produtos energéticos como

produtos petrolíferos, derivados do petró-

leo e produtos químicos.

Estamos a trabalhar para que esta realida-

de se modifique nos próximos tempos, no-

meadamente após a assinatura do Acordo

Geral de Cooperação entre os dois países

e na iminência de concluir o acordo para

evitar a dupla tributação e mútua protec-

ção dos investimentos.

E também através da agilização do pro-

cesso de concessão de vistos de entrada

no Reino da Arábia Saudita. Gostaria de

referir também que nos últimos anos fo-

ram realizadas algumas visitas comerciais

ao Reino da Arábia Saudita por parte de

empresários e representantes das empre-

sas portuguesas.

Desde o início de 2013 foram concedidos

pela Embaixada 1197 vistos de visita e de

trabalho.

Nos últimos anos existem registos de um aumento das exportações para a Arábia Saudita, mas também o aumento das ex-portações sauditas para Portugal. Como é que se poderá incrementar o comércio entre os dois países? Quais são os secto-res económicos da Arábia Saudita para onde as empresas portuguesas poderão aumentar as suas exportações para o seu país?

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Dezembro 2013 | País €conómico › 2322 › País €conómico | Dezembro 2013

› gRandE EntREvista

Existem, de facto, diversos sectores eco-

nómicos do Reino da Arábia Saudita para

onde as empresas portuguesas poderão

aumentar as suas exportações, uma vez

que o Reino assiste a um grande desen-

volvimento em vários sectores. Para além

disso, o mercado saudita é um mercado

aberto e a importância da economia sau-

dita destaca-se pelos seguintes factos:

• O Reino ocupa o primeiro lugar a nível

mundial no que se refere às reservas,

produção e exportação do petróleo.

• O Reino ocupa o quarto lugar a nível

mundial no que se refere às reservas do

gás.

• O Reino é o maior produtor de petroquí-

micos no mundo árabe.

• O Reino foi classificado como uma das

vinte maiores economias do mundo.

• O Reino ocupa o nono lugar a nível

mundial no que se refere à estabilidade

económica.

• O Reino ocupa a décima quinta posição

entre os maiores exportadores de bens.

• O Reino ocupa a vigésima primeira po-

sição entre os maiores importadores de

bens no mundo.

• O Reino ocupa a vigésima oitava posição

entre os maiores importadores de servi-

ços no mundo.

• O Reino ocupa a sétima posição no índi-

ce de desenvolvimento do comércio de

retalho à escala mundial.

• O Reino representa uma das maiores

economias no Médio Oriente.

• O Reino é o principal contribuinte no

desenvolvimento das economias dos

países do terceiro mundo.

• O Reino é membro da Organização

Mundial do Comércio e de muitos ou-

tros organismos internacionais, regio-

nais e árabes.

sector agro-alimentar com muitas oportunidadesO sector agro-alimentar português en-contra-se em franco desenvolvimento. Pode perspectivar-se o reforço das ex-portações portuguesas para a Arábia Saudita, ou mesmo, em alguns casos, em investimentos portugueses no seu país?Certamente, o sector agro-alimentar pode

colaborar para o aumento das exportações

portuguesas para o Reino da Arábia Sau-

dita podendo, também, até haver investi-

mentos portugueses neste sector dentro

da Arábia Saudita. Como disse, o Reino

da Arábia Saudita tem um mercado livre

e aberto, um poder de compra elevado,

oferece privilégios aduaneiros, permite ao

investidor a plena propriedade dos projec-

tos com a livre transferência do capital e

dos lucros.

Quais são os sectores produtivos – além do tradicional sector petrolífero - da Ará-bia Saudita que poderão aumentar as suas exportações para Portugal?

Os sectores mais significativos são os pro-

dutos petroquímicos, os produtos de plás-

tico, as tâmaras, alguns metais, etc.

A Arábia Saudita possui estabilidade polí-

tica e económica

A Arábia Saudita é o maior país do Gol-fo Arábico, e em termos económicos, é o maior produtor e exportador mundial de petróleo. Neste momento, para quem pretende investir no seu país, quais são os sectores mais interessantes para o in-vestimento estrangeiro?De entre os sectores mais interessantes

para o investimento estrangeiro, deixan-

do de fora o sector do petróleo e seus de-

rivados e as indústrias principais, pode-se

investir nos sectores de construção civil,

estradas, caminhos-de-ferro, aeroportos,

turismo, produtos alimentares, serviços,

áreas tecnológicas, telecomunicações.

De entre as diversas vantagens do investi-

mento no Reino da Arábia Saudita pode-

mos referir as seguintes:

• O Reino constitui um mercado enorme

e livre.

• O Reino possui um elevado poder de

compra.

• O Reino goza de estabilidade política.

• O Reino possui infra-estrutura moderna.

• O Reino possui, a preços reduzidos, as

matérias-primas e a energia.

• A estrutura demográfica do Reino ca-

racteriza-se por uma elevada camada

jovem.

• No Reino não existem impostos sobre o

rendimento das pessoas.

• O Reino disponibiliza os créditos e fi-

nanciamento necessários para os projec-

tos industriais.

• Isenção aduaneira para os equipamen-

tos e matérias-primas.

• É permitida ao investidor estrangeiro a

plena propriedade dos projectos.

• Livre transferência do capital e dos lu-

cros.

investimento estrangeiro é bem-vindoComo é que a Arábia Saudita encara o investimento estrangeiro e quais os mecanismos de apoio que possibilita a quem pretende investir com segurança no país?O Regulamento do Investimento Estran-

geiro oferece, aos investidores estrangei-

ros, vários incentivos para fomentar os

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Dezembro 2013 | País €conómico › 2524 › País €conómico | Dezembro 2013

› gRandE EntREvista

investimentos estrangeiros nos diferentes

sectores do desenvolvimento.

Ao abrigo deste Regulamento, os capitais

estrangeiros gozam dos mesmos privi-

légios e incentivos que os capitais nacio-

nais, todos eles abrangidos pelo Regime

de Protecção e Incentivo às Indústrias

Nacionais.

Por outro lado, após a adesão do Reino da

Arábia Saudita à Organização Mundial do

Comércio, abriram-se as portas do investi-

mento aos capitais estrangeiros em múlti-

plos sectores.

Como é que as empresas portuguesas podem contribuir para o desenvolvimen-to de sectores da Arábia Saudita como as infra-estruturas rodoviárias, aero-portuárias, portuárias, transportes, am-biente, entre outros?Já existem, de facto, algumas empresas

portuguesas que operam nalguns des-

tes sectores no Reino da Arábia Saudita.

As empresas portuguesas possuem uma

enorme experiência e alta notoriedade na

execução dos trabalhos nos referidos sec-

tores a que podemos também acrescentar

o sector da dessanilização da água.

Queremos dar a conhecer o Reino da arábia saudita aos portuguesesExiste alguma iniciativa a breve prazo que tenha como objectivo aumentar a visibilidade das potencialidades e das oportunidades económicas e empresa-riais da Arábia Saudita em Portugal?Nos próximos tempos a Embaixada inten-

sificará os seus esforços para dar a conhe-

cer, em Portugal, as potencialidades e opor-

tunidades económicas e empresariais da

Arábia Saudita, como também os eventos

mais relevantes que se costuma realizar no

país, e que incluem, feiras internacionais,

conferências, fóruns, workshops, etc.

Tenciona, igualmente, dar a conhecer aos

empresários e às empresas sauditas, os

eventos económicos mais importantes

que se realizam em Portugal. Dará a co-

nhecer as áreas económicas mais relevan-

tes em que a parte portuguesa pode parti-

cipar como também as oportunidades de

investimento que podem ser aproveitadas

do lado saudita, mormente na área do tu-

rismo.

Portugal possui relações estratégicas privilegiadas com outros países de lín-gua portuguesa, como são, o Brasil, An-gola, Moçambique, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste. Esses conhecimentos e relacionamen-tos podem constituir uma mais-valia no relacionamento da Arábia Saudita com Portugal?Sem dúvida, as relações estratégicas e eco-

nómicas privilegiadas que Portugal possui

com outros países de língua portuguesa

podem constituir uma mais-valia no rela-

cionamento da Arábia Saudita com Portu-

gal, pois estamos a falar de uma área de

relacionamento de aproximadamente 11

milhões de quilómetros quadrados e com

mais de 225 milhões de habitantes.

Portugal é um país magníficoO turismo é também um sector que ainda regista um crescimento pequeno entre

os dois países. Como é que os fluxos tu-rísticos entre a Arábia Saudita e Portu-gal poderão crescer?Portugal é um dos destinos turísticos mais

atraentes no mundo tendo em conta as

enormes potencialidades que o país pos-

sui, com especial destaque para o clima,

paisagens, praias, monumentos, como

também o turismo de conferências, mas

antes de tudo isto, é o carácter nobre do

povo português, hospitaleiro e que sabe

acolher bem os turistas.

A Embaixada fará tudo o que esteja ao seu

alcance para dar a conhecer aos cidadãos

sauditas as referidas potencialidades tu-

rísticas de Portugal para que seja possível

aumentar o número de turistas sauditas

que pretendem visitar este magnífico

país.

Esperamos também que haja facilidades

concedidas pelo lado português a este pro-

pósito.

Portugal está a postar no imobiliário de luxo, oferecendo condições privilegia-das a quem investir nesse sector deste país. Os cidadãos da Arábia Saudita po-derão ter interesse em investir no imobi-

liário turístico em Portugal?Em Portugal existe um excelente clima

para o investimento e numerosas opor-

tunidades para realizar frutíferos investi-

mentos.

As iniciativas que foram anunciadas para

atrair os investidores ao sector imobiliá-

rio, nomeadamente ao imobiliário de luxo,

e as vantagens e incentivos oferecidos,

atrairão o interesse do investidor saudita

convencendo-o a investir ou fomentar o

seu investimento em Portugal. Haverá um

esforço para fazer chegar estes dados ao

investidor e cidadão saudita.

Relações entre os dois povos não são apenas economia, comércio e investi-mentos, é também cultura e amizade en-tre os povos. Como poderemos aumentar o conhecimento e o relacionamento cul-tural entre a Arábia Saudita e Portugal?Com certeza que será possível aumentar

esse relacionamento. E existem privile-

giados laços culturais e amizade entre

Portugal e o mundo árabe em geral tendo

em conta o relacionamento histórico e a

influência da civilização arabo-islâmica na

cultura portuguesa. O reforço das relações

culturais entre o Reino da Arábia Saudita

e Portugal passa também pelo estreita-

mento da colaboração entre as universi-

dades, centros de pesquisa e instituições

culturais nos nossos dois países amigos,

como também a participação mútua nos

diferentes eventos culturais e científicos,

levados a cabo nos dois países, bem como

o intercâmbio estudantil através de bolsas

de estudo.

Como é que pretende contribuir para o desenvolvimento e o crescimento nas relações entre os nossos dois países?As relações entre o Reino da Arábia Sau-

dita e Portugal assistem a um constante

desenvolvimento havendo uma clara

coordenação entre os dois países nos or-

ganismos internacionais concretizando

assim a vontade recíproca de elevar as re-

lações ao patamar pretendido pelos altos

dirigentes dos nossos dois países amigos.

Neste contexto, farei tudo o que estiver ao

meu alcance para estreitar as relações bi-

laterais entre o Reino da Arábia Saudita

e Portugal levando-as para novos horizon-

tes em todos os campos, mormente a nível

económico e cultural. ‹

Page 14: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 2726 › País €conómico | Dezembro 2013

tExto › JEAN VALéRIO

[email protected]

nEgócios Em Pauta

› LusoFonia BRasiL

Empresa portuguesa investe mais de 1 bilião de reais no BrasilA empresa portuguesa Sonae Sierra, proprietária de shoppings

em vários países, anunciou a inauguração de um novo grande es-

tabelecimento no Brasil, no estado de Goiás, onde investiu 150

milhões de euros (aproximadamente 470 milhões de reais). Com

267 lojas e 78 mil metros quadrados, o novo espaço criará mais de

6.300 empregos, segundo avalia a empresa.

O empreendimento denominado “Passeio de Águas Shopping”,

está em uma área com 1,6 milhões de habitantes. O presidente

da Sonae Sierra, Fernando Oliveira, avalia que o projeto “reforça

o grande compromisso” com o “estratégico” mercado brasileiro.

A empresa do grupo Sonae e do britânico Grosvenor já investiu

mais de 351 milhões de euros (1,09 biliões de reais) no Brasil nos

últimos dois anos, onde agora controla doze shoppings.

A empresa portuguesa faturou 5,1 milhões de euros nos primei-

ros nove meses do ano, 70% menos do que no mesmo período

de 2012. Além do Brasil, a Sonae Sierra tem 21 shoppings em

Portugal, cinco na Itália, três na Alemanha, um na Grécia e outro

na Roménia e também presta serviços para outras companhias no

Chipre, na Croácia, no Marrocos e na Colômbia.

Portugal e França na copa: bom para o BrasilA Embratur, empresa pública brasileira que controla as políticas

públicas do turismo nacional, comemorou a classificação das se-

leções de França e de Portugal à Copa de 2014. Ambos os países

fazem parte dos principais emissores de turistas para o Brasil. A

meta da Embratur é bater o recorde de sete milhões de turistas

na Copa do Mundo, sendo 600 mil somente nos 30 dias em que

o torneio é realizado, entre os meses de Junho e Julho do ano que

vem. A França é um mercado em expansão. E a emissão de turis-

tas para o Brasil cresce a um ritmo de 5% ao ano. No ano passado,

218 mil franceses passaram pelo Brasil.

selecão de Portugal pode ficar em campinasA seleção portuguesa já negoceia para ficar hospedada em Cam-

pinas, no interior de São Paulo, no Mundial no Brasil. Portugal

treinaria no Estádio Moisés Lucarelli, da Ponte Preta, e ficaria no

luxuoso hotel Royal Palm Plaza. Dois fatores influenciam a pos-

sível escolha de Portugal. Localização estratégica de Campinas,

a cerca de 100 km de São Paulo e o aeroporto internacional de

Viracopos – o trajeto até ao hotel e o estádio leva menos de 30

minutos. Outro ponto que facilitou as negociações foi o fato do

proprietário do Royal Palm Plaza ser o empresário português ra-

dicado em Campinas Armindo Dias, 82 anos.

nestlé abre 3 mil vagas na EuropaA Nestlé lançou programa de três anos que oferecerá 10 mil em-

pregos em período integral para pessoas com menos de 30 anos

e outras 10 mil vagas para trainees na Europa, antecipando-se à

esperada queda da população em idade ativa no continente. A

companhia acredita que até 15% de 93 funcionários na Europa se

aposentando até 2024. E pretende abrir 3.220 vagas na Espanha,

na Grécia, em Portugal e na Itália.

Reeleito, presidente da aBiH quer mais portugueses no BrasilCom eleição em chapa única, o empresário Enrico Fermi foi ree-

leito por aclamação para mais um mandato à frente da Associação

Brasileira da Indústria de Hotéis Nacional. A eleição de escolha

para presidente da ABIH no Brasil ocorreu em Brasília, onde fica

a sede da entidade. Enrico fermi é hoteleiro, proprietário do Na-

tal Praia Hotel, em Natal, Rio Grande do Norte. O presidente foi

reeleito para mais um mandato em reconhecimento ao trabalho

que fez para reerguer a atuação da ABIH em todos os Estados do

brasil.

Fermi à coluna destacou que direcionou suas energias no fortale-

cimento institucional da ABIH, principalmente junto aos órgãos

do Governo gestores do turismo e no Congresso Nacional, onde

hoje a entidade é muito respeitada, sendo convocada para partici-

par de todas as discussões temáticas e decisões sobre a política do

turismo. Uma das metas de Fermi para 2014 é o fortalecimento da

captação de turistas lusitanos. A Associação quer ampliar a vinda

de portugueses, angolanos e moçambicanos para o Brasil.

Page 15: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 2928 › País €conómico | Dezembro 2013

› LusoFonia BRasiL

taP amplia laço político com o Brasil na abearA TAP Portugal aumentou a representatividade política no Brasil

ao se tornar a primeira companhia estrangeira a integrar a Asso-

ciação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), entidade criada no

ano passado para representar as companhias domésticas. Junto

com a TAM Cargo, que aderiu recentemente, agora são seis as

empresas que integram o grupo, incluindo as quatro fundadoras

– Avianca, Azul, Gol e TAM.

A presença da TAP na Abear aproxima politicamente a estatal

lusa do país no momento em que há chaces de capitais brasileiros

poderem garantir a privatização da empresa. A TAP é atualmente

a companhia que mais voa entre o Brasil e a Europa, partindo de

Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Fortaleza, Natal, Porto Alegre,

Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, acrescentando Ma-

naus e Belém a partir de junho de 2014. A estatal portuguesa pla-

neja elevar em 10% a operação brasileira, em receita e transporte

de passageiros.

Em 2012, a TAP transportou 1,5 milhões de passageiros entre a

Europa e o Brasil, ou 55% do tráfego internacional da companhia,

cuja malha lista 50 destinos em toda a Europa e 14 em África. A

frota da TAP tem 55 aviões Airbus e mais 16 aviões ao serviço

da PGA, companhia regional adquirida em 2007, totalizando 71

aeronaves.

novos rumores dão conta da venda da aLEO jornal Brasil Econômico divulgou que a francesa Total Lubrifi-

cantes está a um passo da compra da mineira Ale Combustíveis,

quarta empresa no ranking do Sindicato Nacional das Empresas

Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), com

faturamento de 9,9 biliões de reais. A Ale estaria “arrumando a

casa” para a venda, reduzindo custos com o desligamento de altos

executivos da companhia. Além disso, já tem pronto um planeja-

mento para 2014, que inclui o acréscimo de mais 240 postos de

combustível no país – hoje são 1.800 – e um crescimento de 12%

nas vendas. A Ale não confirma a venda. Mas sabe-se que os con-

troladores da Ale já chegaram a negociar a companhia em outras

ocasiões. Rumores sobre a briga entre sócios e o interesse do seu

principal acionista, Marcelo Alecrim, em entrar para a política são

apontados como razões para a venda da empresa. Alecrim é dono

de 32% da rede.

mmx tem prejuízo de 1,2 biliões de reaisA MMX encerrou o terceiro trimestre de 2013 com prejuízo de

1,2 biliões de reais, contra perdas de 100,6 milhões registradas

um ano antes. O resultado foi influenciado principalmente pela

baixa contábil de 913 milhões de reais, ocasionada pela revisão

dos valores da unidade de Serra Azul e dos direitos minerários de

Bom Sucesso. A mineradora de Eike Batista fez uma provisão de

113,2 milhões de reais para o pagamento de multas à Usiminas

por não cumprimentos de contrato de movimentação referente

ao Porto Sudeste.

A unidade está passando por um processo de reestruturação e, em

novembro, 65% do projeto foi vendido para a holandesa Trafigura

e para o fundo árabe Mubadala por 400 milhões de dólares. As

receitas da MMX subiram 38% no terceiro trimestre frente ao

mesmo período de 2012, para 339 milhões de reais. O aumento

reflete o avanço de 13% no volume de vendas de minério de ferro

para 2,1 milhões de toneladas.

Eu quer menos financiamento do BEi na américa LatinaA União Europeia (EU) quer reduzir em 26,1% o volume de fi-

nanciamentos do Banco Europeu de Investimentos (BEI) para a

América Latina para os próximos sete anos, comparado ao perío-

do 2007-2013. A decisão gerou críticas. Oficialmente, as garantias

de financiamento do BEI para a região são insignificantes. Entre-

tanto, a sinalização que Bruxelas dá com esse anúncio inquieta o

setor, segundo a Associação EUBrasil, que promove as relações

bilaterais.

O montante oficial de garantias de financiamento cairiam de

2,912 biliões de euros para 2,150 biliões de euros. Somando várias

linhas de crédito, o BEI planejava financiar pelo menos 8 biliões

de euros em projetos de empresas europeias na América Latina e

na Ásia nos próximos sete anos. O BEI é o banco de investimento

de longo prazo da EU, com 60 biliões de euros de financiamento

em média, por ano, mais do que faz o Banco Mundial. Desse mon-

tante, 90% vai para projetos nos 28 países do bloco comunitário,

ficando uma pequena fração para o exterior.

O BEI tem estudo mostrando que as empresas europeias que

mais resistiram à crise tem sido as que já tinham uma presença

também fora, sobretudo em países com boa expansão económica

como é oc aso do Brasil e da China.

O BEI financiou com taxas baratas 35 projetos de investimento

no brasil num montante de 2,5 biliões de euros nos últimos seis

anos. São investimentos industriais de grandes empresas euro-

peias no país, como a Shell, Portugal Telecom, Pirelli, Michelin,

Fiat e várias outras.

chineses invadem PortugalChineses somaram quase 80% dos investidores que obtiveram vistos de residência em Portugal por meio de um programa implemen-

tado pelo governo em outubro do ano passado para atrair capital externo ao país. Um total de 318 vistos foram emitidos como parte de

um programa para atrair compradores de propriedades no país. Do total de vistos, 248 foram para chineses. O segundo maior grupo foi

formado por 15 investidores russos. Em terceiro ficaram empatados Angola e Brasil, com nove vistos para cada. Ao todo, Portugal atraiu

184 milhões de euros. Para ter o visto, o estrangeiro deve comprar uma propriedade de custo mínimo de 500 mil euros. Ou então investir

no mercado financeiro do país 1 milhão de euros ou abrir uma empresa que garanta a criação de dez empregos.

Page 16: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 3130 › País €conómico | Dezembro 2013

› LusoFonia › Brasil

Investimento Imobiliário

campo de golfe e residência: negócio promissor no Brasil

Criado na Escócia, evoluído na Inglaterra, difundido na Europa e depois consolidado

nos Estados Unidos da América, o golfe hoje é universal. Um exporte que atrai

milhares de novos atletas e curiosos no mundo, a cada dia. No Brasil, a prática cresce

exponencialmente, alastrando-se principalmente em empreendimentos residenciais

horizontais de campo, onde figura, acima de tudo, como um elemento capaz de agregar

valor aos projetos do mercado imobiliário. Já existem mais de 80 campos de golfe

brasileiros consolidados, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. E a bola da vez agora

é o Nordeste do país, que concentra a maior parte dos atuais investimentos imobiliários

alinhados ao golfe.tExto › JEAN VALéRIO | FotogRaFia › CEDIDAs POR VáRIOs CAMPOs DE GOLfE BRAsILEIROs

o melhor de tudo é que esse “gla-

mour”, usufruído no passado

apenas pelos consumidores de

luxo, já está acessível aos clientes da clas-

se média. E ainda aos adeptos do golfe ou

investidores que procuram uma segunda

residência. Já pensou em ter uma residên-

cia de frente para um belo campo de gol-

fe? No Nordeste brasileiro, os Estados da

Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande

do Norte e Ceará largaram na frente, capi-

taneados por empresários que vislumbra-

ram no golfe uma série de oportunidades

de fazer negócios. Ao todo, a região possui

dez campos de golfe, mas outros dez estão

a caminho. Sempre agregados com em-

preendimentos imobiliários.

A Paraíba estreou o seu primeiro campo, o

Águas da Serra Golf Club, e começa a colo-

car o Estado na rota do golfe nacional. Foi

o oitavo campo para a prática do exporte

na Região do brejo Paraibano, o empreen-

dimento reúne condomínio de alto padrão

e completa área de lazer. A infraestrutura

conta com Club House, vestiários, lancho-

nete, restaurante, driving range, chipping

green e putting green (áreas de treino de

tacadas longas e curtas). O condomínio

possui 665 lotes de 450 m2 a 8.000 metros

quadrados. 60 lotes estão localizados ao

redor do campo.

No Ceará, o sol e a temperatura agradável,

que seriam condições perfeitas para um

domingo na praia, sinalizam para a fertili-

dade do golfe. Os adeptos do exporte con-

quistam espaço cada vez maior na capital.

O primeiro e único campo daquele Estado

está localizado no Parque do Cocó, em For-

taleza, onde o exporte começou a ser pra-

ticado há três anos. Depois do Cocó, pelo

menos três grandes empreiteiras estudam

investir na construção de novos campos

de golfe privados, desta vez associados a

empreendimentos residenciais. A Bahia

foi pioneira no Nordeste e hoje já possui

oito campos de golfe com estruturas de

primeiro mundo.

Há pelo menos cinco grandes resorts em

Salvador que agregam campos de golfe.

Construído entre o mar e o mangue e

inaugurado há mais de 10 anos, um deles

é o Ocean Course da ilha de Comandatuba,

cujo campo foi desenhado pelo arquiteto

norte-americano, Dan Blankenship. Mas é

a Costa do Sauípe a área que concentra a

maior parte dos empreendimentos baia-

nos, como o Iberostar Praia do Forte Golf

Club, o Club House e o Terravista Golf

Course, entre outros empreendimentos.

LAgO dAS gArçAS gOLf CLub: Oásis

no Brasil

O Rio Grande do Norte é apontado nacio-

nalmente como um dos melhores Estados

do brasil para se investir e morar. O Es-

tado passa por um momento de transfor-

mação, com investimentos de mais de 10

biliões de reais em obras de infraestrutu-

ra, que envolvem duplicação de estradas,

construção de novas vias e viadutos, novo

aeroporto Internacional de Cargas e Pas-

sageiros de São Gonçalo do Amarante (o

mais estratégico em localização da Amé-

rica Latina).

É neste cenário promissor, a menos de

20 quilómetros do novo aeroporto, num

oásis para novos negócios, que está sen-

do construído o Reserva Lago das Garças

Golf Club, o maior condomínio de campo

do Rio Grande do Norte. Ao todo, o em-

preendimento conta com mais de 400

Page 17: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 3332 › País €conómico | Dezembro 2013

hectares de terra boa. 400 lotes já estão

prontos e serão entregues ainda este ano

porque fazem parte da primeira etapa do

projeto. A segunda etapa compreenderá

um campo de golfe de 60 hectares e 18

buracos e mais de mil lotes residenciais.

O Reserva Lago das Garças Golf Club

será, finalmente, o primeiro grande em-

preendimento totalmente integrado com

a natureza e equipado com um campo de

golfe profissional do Estado. Em janeiro

será entregue a primeira fase do campo

de golfe, já com bater green e driving ran-

ge (local próprio para treino ou diversão

com tacadas). “Vamos surpreender, agre-

gar valor e entregar um empreendimento

de padrão superior. A estrutura ideal para

a prática do golfe no Estado. Que estará

acessível a todos”, declarou o empresário

Lauro Leite, um dos sócios e administra-

dor do projeto.

Especialista destaca diferenciais do RnPara realizar o estudo, a supervisão e a

implantação do campo de golfe dentro da

Reserva Lago das Garças, no Rio Grande

do Norte, foi contratada a empresa NGA

Golf, que acumula experiência em de-

zenas de empreendimentos do tipo no

Brasil. A NGA tem em seu comando Se-

bastião Neres, profissional que atua no

golfe desde os 10 anos de idade, hoje na

construção de campos.

Sebastião destaca como diferencial do

campo de golfe do RN a sustentabilidade

e integração total do equipamento espor-

tivo com a natureza. “O nosso campo no

Rio Grande do Norte é o maior aliado da

natureza. E na verdade ele já nasceu 50%

pronto. O restante será apenas modelado e

adaptado ao exporte”, destacou, Sebastião,

que avalia potencial no Rio Grande do

Norte de possuir mais outros 10 campos

do género. “Baseado no poder aquisitivo

da população, no volume de amantes do

golfe que Natal possui, nos atrativos natu-

rais do Estado, tenho convicção que este

empreendimento será bem sucedido. E de

que há muito mais espaço para crescer”.

A Confederação Brasileira de Golfe estima

que o Rio Grande do Norte já tenha mais

de 100 participantes ativos no exporte.

Hoje estes praticantes viajam para ou-

tros Estados, principalmente a Paraíba. A

previsão é de que o campo de golfe norte-

-rio-grandense seja entregue no início de

2014, em sua primeira etapa, quando todo

este público deverá ser levado para lá,

além dos golfistas nacionais. O campo do

Lago das Garças terá 7.200 jardas, 18 bu-

racos e será um dos mais longos do Brasil.

“Tecnicamente será desafiador. Agrega-

mos todos os níveis de golfistas. Facilitan-

› LusoFonia › Brasil

do para o iniciante e dificultando para o

profissional”, destacou.

Para a região Nordeste, Sebastião afirma

que a construção do novo campo será de

fundamental importância. “Isso promo-

ve toda a região. É bom para o turismo.

O brasileiro está viajando dentro do país.

E este conceito de condomínio de campo

com golfe é novo. Além disso, vamos se-

diar no Brasil a Olimpíada com a inclusão

do Golfe, que vai pegar fogo no nosso país.

Nos Estados Unidos, o golfe agrega 25

milhões de praticantes. No Brasil, temos

apenas 25 mil e um espaço enorme para

crescer”, conclui.

O golfe passa por um período de expan-

são no Brasil. Em 2016, no Rio de Janeiro,

o exporte voltará a fazer parte dos Jogos

Olímpicos após 112 anos de ausência. A

volta do golfe às Olimpíadas aumentou

o interesse da população e da mídia em

relação à prática. A Confederação Brasilei-

ra de Golfe informa que, o Brasil já soma

mais de 25 mil praticantes e 110 campos

de golfe. As regras do golfe, tal qual são

conhecidas hoje, foram definidas no sé-

culo XVIII, na cidade de Edimburgo, na

Escócia. Consiste em sair de um local

determinado, em campo aberto, e embo-

car a bola no menor número de tacadas

possível, em buracos estrategicamente

colocados em distâncias variadas. O jogo

normalmente é disputado num percurso

de 18 buracos.

Numa competição, quem totalizar o me-

nor número de tacadas ao término dos

18 buracos é o campeão. Neste formato,

uma única partida pode durar até quatro

horas. ‹

Page 18: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 3534 › País €conómico | Dezembro 2013

› EmPREsaRiado

Paulo Gil André, Managing Partner da Baker Tilly Portugal, sublinha que aposta em estar no “Best Five” da consultoria e auditoria no nosso país

a certificação financeira é fundamental para as empresas

É uma das mais novas empresas de auditoria e consultoria em Portugal, mas já ganhou

um forte relevo e credibilidade, conforme atesta o crescimento registado em pouco

mais de quatro anos de atividade no nosso país. Paulo Gil André, Managing Partner da

Baker Tilly Portugal, explica como aconteceu esse crescimento de uma empresa que

iniciou a sua atividade com cinco pessoas e hoje já tem 85 profissionais altamente

qualificados. As grandes e médias empresas são o target do negócio, onde a aposta no

designado triângulo Portugal-Angola-Moçambique assume uma relevância estratégica

no desenvolvimento e crescimento não apenas da Baker Tilly Portugal, como mesmo da

organização em termos globais.tExto › JORGE ALEGRIA | FotogRaFia › RUI ROCHA REIs

Como é possível a Baker Tilly Portugal afirmar-se e crescer no nosso país, onde no mercado estão as quatro grandes multina-cionais das áreas da auditoria e da consultoria?Lembro que a Baker Tilly Portugal começou a sua atividade no

nosso país há pouco mais de quatro anos. Na altura, começámos

a operação com apenas cinco pessoas, hoje já somos 85 e temos

crescido continuamente.

Esse percurso ascendente só foi possível pelo trabalho desenvol-

vido e sobretudo pelo forte compromisso que estabelecemos com

os clientes. Mas também se deve à nossa incessante procura da

diferenciação, tanto no mercado da auditoria como na área da

consultoria, um mercado fortemente concorrencial, onde como

disse estão presentes as quatro maiores empresas mundiais do

setor, além de outras empresas de referência internacional, mas,

mesmo assim, a Baker Tilly Portugal tem desempenhado um per-

curso notável de crescimento e afirmação, pois é nossa convicção

de que a dimensão, só por si, não é sinónimo de qualidade, esta

pode encontrar-se em organizações mais pequenas mas altamente

competentes e de enorme profissionalismo e eficácia nos serviços

que presta. É essa a marca impressiva da Baker Tilly Portugal e

que os nossos clientes, que cada vez são em maior número, reco-

nhecem e apreciam.

Quais são as áreas de atuação da Baker Tilly em Portugal?Atuamos fundamentalmente nas áreas da auditoria, consultoria

fiscal e de gestão, outsourcing, Project Finance e IT.

O aumento do número de pessoas integradas na Baker Tilly in-dicia que congregam pessoas mais experientes com pessoas com carreiras profissionais mais curtas. Como asseguram e

agregam valor aos serviços que prestam aos vossos clientes?Em cada área possuímos pessoas altamente especializadas e tec-

nicamente muito capazes, todas bastante capacitadas para resol-

verem as questões que se colocam à atividade de uma empresa

como a nossa.

A Baker Tilly tem a extrema preocupação de selecionar sempre os

melhores profissionais para trabalhar na nossa organização, mas

não dispensamos de colocar à frente das equipas responsáveis

por cada projeto as pessoas mais experientes e com uma carreira

profissional sólida e de provas dadas ao longo do seu percurso.

A Baker Tilly não tem um compromisso, digamos exagerado, com

a rentabilidade, o nosso maior compromisso é com a qualidade

dos serviços que prestamos aos clientes, é por isso que coloca-

mos sempre pessoas capazes e experientes à frente das equipas

e dos projetos onde nos empenhamos. É fundamentalmente essa

a nossa forma diferenciadora. Eu sempre digo que a Baker Tilly

não faz parte das designadas “Big Four”, mas certamente que faz

parte do que eu designo por “Best Five”, ou seja, as cinco melhores

consultoras e auditoras a atuar em Portugal. O nosso crescimento

e a aceitação pele mercado assim o confirmam.

certificação de contas dá maior credibilidade junto de entidades financeirasDe entre as áreas da vossa atuação qual tem sido a mais requi-sitada?Existem sobretudo quatro áreas que nos são muito requisitadas.

Naturalmente que a auditoria é uma das áreas mais solicitadas, e

Page 19: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 3736 › País €conómico | Dezembro 2013

embora o país assista a uma crise económica e financeira, esta é

uma área que continua a ter uma procura crescente. Já a área da

consultoria tem registado um período de menor procura, pois não

sendo uma questão obrigatória para as empresas, ao contrário da

auditoria � a partir de um determinado volume de negócios a cer-

tificação das contas de uma empresa é uma questão legalmente

obrigatória – e neste último caso procedemos à diversificação es-

pacial da nossa atividade, que consistiu no arranque da operação

em Moçambique e em Angola, o que já ocorre desde há dois anos,

e onde a componente da consultoria tem atingido patamares mui-

to relevantes. Como deve calcular, sendo países em desenvolvi-

mento e onde os serviços ainda não estão muito desenvolvidos,

logo existe um maior espaço para a intervenção de empresas com

as caraterísticas da Baker Tilly.É o que temos feito, e com assina-

lável sucesso.

auditor não é um fiscalAbordaremos a vossa intervenção nos mercados moçambicano e angolano um pouco mais à frente. Abordando agora a vossa intervenção na componente da auditoria, pensa que já está ultrapassada aquela fase em que as empresas olhavam para o auditor como se fosse uma espécie de um segundo fiscal do Fisco?Entendo claramente que essa fase está ultrapassada, e o manage-

ment das empresas está presentemente mais moderno e aberto à

intervenção da auditoria externa, até porque as gerações à frente

das empresas também se sucedem e no presente já estão ao co-

mando de muitas empresas pessoas com outra formação acadé-

mica, logo, com outra abertura e capacidade de entender as van-

tagens da intervenção de pessoas externas ao corpo profissional

das empresas. O auditor quando chega a uma empresa leva essen-

cialmente o papel de verificar e perceber se as contas da empresa

estão certas ou erradas e avaliar do grau da sua fiabilidade. Não

leva antecipadamente qualquer visão persecutória ou de entendi-

mento de que o que verdadeiramente interessa é verificar o que

eventualmente possa estar menos bem nas contas da empresa.

Qual é a principal vantagens das contas de uma empresa esta-rem certas e certificadas?Sobretudo a da credibilidade e da consequente confiança que

transmitem ao mercado e aos parceiros da empresa, mormente

as entidades bancárias.

Quando um dos fatores críticos do presente é, por exemplo, a

questão do financiamento, mormente de caráter bancário, é ab-

solutamente crítico que uma empresa disponha das suas contas

auditadas e certificadas por uma empresa de reconhecido know

how e mérito no mercado da auditoria. Sem essa certificação, as

contas de uma empresa não possuem a credibilidade necessárias

para passarem numa análise financeira nas entidades de crédito.

E sabe-se que presentemente o financiamento é um fato crítico

para muitas empresas, portanto, ter as suas contas auditadas e cer-

tificadas constitui um elemento essencial para a empresa perante

as instituições financeiras.

A Baker Tilly está a crescer nessa área ou tem diminuído o nú-mero de requisições de trabalho por parte das empresas?Nós estamos em contra ciclo com a generalidade do mercado,

pois registamos um bom crescimento nesta área. Não afirmamos,

obviamente, que somos melhores do que os nossos concorren-

tes, mas julgamos que a excelente receção do mercado à Baker

Tilly Portugal se deve precisamente à necessidade sentida por

esse mesmo mercado do surgimento de uma marca nova, que foi

justamente o que nos posicionou e diferenciou. Não é por acaso

que a nossa empresa já é consultada por muitas empresas que

quando precisam de irem ao mercado para encontrarem um novo

parceiro nas áreas da auditoria ou da consultoria, e sem que fi-

zéssemos um primeiro contato, já nos ligam a perguntar o que

poderemos oferecer em termos de serviços. E vamos ganhando

felizmente novos clientes fruto do nosso valor e da mais-valia que

o mercado sente quando qualquer empresa contrata os serviços

da Baker Tilly.

O ano fiscal da Baker Tilly acabou em Julho deste ano. Os resul-tados alcançados registaram crescimento?Sem dúvida nenhuma, pois a nossa faturação cresceu nesse perío-

do na ordem dos 27%.

grandes e médias empresas como clientesQuais são, em termos de grandeza, as empresas com quem mais trabalham em Portugal?São sobretudo as grandes e médias empresas, até porque, como

referi anteriormente, serem aquelas que pela sua dimensão da

atividade e volume de negócios têm obrigatoriamente de terem

contas auditadas e certificadas.

Para alcançar o crescimento na atividade desenvolvida, qual-quer empresa precisa de encontrar no mercado os melhores profissionais. As faculdades de economia e gestão são normalmente os locais de alforge das pessoas recrutadas para as empresas de audito-ria e consultoria. Como é que a Baker Tilly Portugal recruta os seus colaboradores?Como referi inicialmente temos registado um excelente cresci-

mento no número de profissionais ao serviço da Baker Tilly Por-

tugal nestes quatro anos e meio de atividade. Hoje já somos 85

pessoas e seremos certamente mais no futuro, pois se continuar-

mos a crescer, como esperamos, necessitaremos de recrutar mais

pessoas.

Como referiu, corretamente aliás, é nas principais faculdades de

economia e gestão que procuramos anualmente encontrar e re-

crutar os quadros de que necessitamos.

Anualmente fazemos sempre um roadshow pelas quatro princi-

pais faculdades portuguesas da área da economia e gestão, fazen-

do depois no período de Abril/Maio uma série de entrevistas e

questionamentos às pessoas que se nos dirigem. Efetuada essa

triagem, digamos assim, fazemos depois em Julho convites dire-

tos às pessoas que selecionámos e que entram depois na Baker

Tilly em Setembro.

Certamente é o que voltará a acontecer em 2014, embora natural-

mente ainda não esteja definido a quantidade de pessoas de que

precisaremos no próximo ano.

valorizamos muito os recursos humanosAs pessoas quando entram na Baker Tilly são certamente enca-minhadas e valorizadas profissionalmente. Quais são as políti-cas internas prosseguidas pela empresa para acrescentar valor aos seus profissionais?A Baker Tilly considera os seus recursos humanos o melhor ati-

vo da empresa. Como já referi, dispomos de um corpo de profis-

sionais com conhecimentos e experiência muito significativos, a

par com outras pessoas que vieram recentemente das faculdades

portuguesas e que possuem igualmente um sólida formação aca-

démica, sem prejuízo da necessidade de adquirirem experiência,

mais conhecimentos e um acompanhamento constante dos part-

ners e quadros mais experimentados.

Nós damos muita importância àquilo que designamos por Self

Development, ou seja, a possibilidade da pessoa poder por ela

própria evoluir profissionalmente, nomeadamente com a desig-

nada formação On Job (no local de trabalho), mas igualmente no

proporcionar a melhoria na língua inglesa (que é presentemente

a língua universal dos negócios), ou ainda da nossa comparticipa-

ção nos custos de inscrição em cursos para técnico oficial de con-

tas, questão fundamental para a qualificação e atuação dos pro-

fissionais que desenvolvem a sua atividade nessa área específica.

aposta no triângulo Portugal-angola-moçambiqueA Baker Tilly Portugal é a responsável pela operação das suas congéneres em Angola e Moçambique. Como surgiu a oportuni-dade de entrarem nesses mercados?A hipótese surgiu devido ao fato de constituírem mercados em as-

censão económico, é certo, mas fundamentalmente por razões de

ordem cultural e linguística. Angola e Moçambique não tinham

uma presença direta da Baker Tilly, eram servidas pelas nossas

congéneres da África do Sul, no caso de Moçambique, e da Namí-

bia, no caso de Angola. Era a situação possível mas longe da ideal.

Então, com a ascensão económica desses países e com a ida em

larga escala de empresas portuguesas e de algumas multinacio-

nais de outros países que já eram nossos clientes em Portugal, em

conjugação com a Baker Tilly International decidimos avançar

› EmPREsaRiado

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Dezembro 2013 | País €conómico › 3938 › País €conómico | Dezembro 2013

› EmPREsaRiado

ACIB e Casa de España distinguiram melhores empresas do Minho

continental mabor e celoplás as melhoresA Continental Mabor, indústria de pneus, implantada em Famali-

cão, e a Celoplás, fabricante de plásticos sediada em Barcelos, fo-

ram as empresas vencedoras dos Prémios Excelência às Melhores

Empresas do Minho, uma iniciativa promovida pela ACIB – Asso-

ciação Comercial e Industrial de Barcelos, e pela Casa de España,

e cuja cerimónia de atribuição de prémios contou com a presença

do secretário de Estado adjunto e da Economia.

Além da multinacional alemã fabricante de pneus, as empresas

Suavecel – indústria transformadora de papel, de Viana do Caste-

lo, e a Coindu, de Braga, foram igualmente premiadas, ocupando o

segundo e o terceiro lugar na categoria Grandes Empresas, sendo

que na categoria de Pequenas e Médias Empresas (PME’s) lide-

rada pela Celoplás, ficaram a Givec e a Jom, respetivamente nos

segundo e terceiro lugares do pódio.

De referir que em 2013 a Celoplás, vencedora na categoria de

PME�s e com 25 anos de atividade, conta com uma faturação de

22,5 milhões de euros, dando emprego a 137 trabalhadores, 25%

dos quais licenciados.

Este evento organizado pela ACIB e pela Casa de España aconte-

ceu pela primeira vez na região do Minho pretendeu distinguir

as mais de 100 mil empresas numa região que gera um volume

de negócios de cerca de 28 mil milhões de euros e milhares de

postos de trabalho.

Segundo João Albuquerque, presidente da ACIB, «este prémio

simboliza o reconhecimento do trabalho desenvolvido pelas em-

presas existentes numa das regiões mais dinâmicas do País, que

se orgulha de possuir um dos menores indicadores nacionais de

desemprego e cujo nível de empreendorismo representa um enor-

me peso na indústria nacional».

criar 500 novas empresas em dois anosEntretanto, poucos dias antes deste evento, a Associação Comer-

cial e Industrial de Barcelos realizou o Seminário 2020 que con-

tou com a presença do secretário de Estado do Emprego, Octávio

de Oliveira, e aproveitou a ocasião para lançar um programa de

apoio ao microcrédito no distrito de Braga, o qual prevê a con-

cessão até 20 mil euros por projeto, tendo como objetivo apoiar a

criação de 500 novas empresas e mais de dois mil novos postos de

trabalho nos próximos dois anos.

Aliás, o presidente da ACIB, João Albuquerque, no lançamento

deste novo programa teve a oportunidade de referir que a ACIB

«anualmente forma cerca de três mil pessoas com o perfil de

serem candidatos à criação da sua própria empresa, sendo que

este programa representa uma medida de estímulo à criação de

emprego e ao empreendorismo entre as populações com maiores

dificuldades de acesso ao mercado de trabalho, facilitando-se não

só o acesso ao crédito, como a prestação de apoio técnico à conso-

lidação dos projetos empresariais».

Este programa é criado em parceria com a CASES, Cooperativa

António Sérgio para a Economia Social, a qual ficará responsável

pela análise e validação dos projetos apresentados, bem como pelo

acompanhamento do dossier de negócio a apresentar à Banca. ‹

para a abertura de operações próprias em Angola e em Moçam-

bique.

Em Angola decidimos entrar com um parceiro local, em virtude

de constituir um mercado com uma economia mais avançada,

onde a direção da operação pertence à componente angolana,

mas onde desempenhamos o papel de responsabilidade nas ope-

rações das áreas onde somos especialistas.

Já quanto a Moçambique decidimos abrir diretamente a Baker Ti-

lly Moçambique, sob a nossa responsabilidade, e é uma operação

que está a correr muito bem e em bom crescimento. Já temos uma

equipa de 12 pessoas, entre portugueses residentes que estão lá,

outros que vão lá consoante as necessidades de realização de pro-

jetos e de alguns moçambica-

nos que já integrámos. Temos

tido uma forte procura de tra-

balho não apenas da parte de

empresas portuguesas, como

igualmente de parte de empre-

sas sul-africanas, indianas, chi-

nesas, australianas e de vários

outros países da área da Ásia e

do Pacífico.

Moçambique é um país de for-te potencial económico?Sem dúvida que sim, as taxas

de crescimento da economia

moçambicana são elevadas,

mas é preciso não esquecer

de que o ponto de partida do

PIB moçambicano é bastante

baixo. Por outro lado, gostaria

também de referir que aqueles

que eventualmente pensarem

que chegam lá e em muito pou-

co tempo podem retirar fortes

lucros, devem mudar de pensa-

mento. É preciso as empresas

terem os pés bem assentes na

terra. O investimento em Áfri-

ca, mesmo em países em ex-

pansão económica e com um

bom ambiente de negócios, é

sempre com uma perspetiva de

longo prazo. A Baker Tilly está

disponível para ajudar os bons

projetos empresariais para se-

rem implementados em Mo-

çambique e em Angola, pois

temos profissionais em ambos

os países de elevada qualidade

e com forte conhecimento dos

respetivos mercados.

Como perspetiva o futuro da Baker Tilly em Portugal?O nosso futuro passa claramente pelo reforço da aposta no triân-

gulo Portugal-Angola-Moçambique. Portugal é muito importante,

pela atividade própria que gera, mas igualmente pela captação

de recursos humanos altamente qualificados, muitos dos quais

intervém depois em Angola e Moçambique. Naturalmente que

integraremos cada vez mais profissionais desses países nas opera-

ções locais, mas é ainda necessário o apoio de profissionais portu-

gueses. A nossa empresa pretende crescer em todos os segmentos

de atuação, em todas as áreas, e teremos sempre os profissionais

mais qualificados para responderem às solicitações e exigências

dos clientes. ‹

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Dezembro 2013 | País €conómico › 4140 › País €conómico | Dezembro 2013

› EmPREsaRiado

Carlos Setra, Presidente do Laboratório EDOL

«apesar das dificuldades, há muita vontade de ir em frente»

Carlos Setra já leva mais de trinta anos à frente dos destinos do Laboratório Edol e

não se recorda de uma crise que tanto tenha afetado o setor farmacêutico como esta.

Este empresário sabe que a solução para enfrentar as atuais dificuldades passa por

uma posição forte da sua empresa no mercado externo, e afirma que «há anos que

essa é a nossa preocupação». O Laboratório Edol exporta para cerca de vinte países,

representando as vendas para o exterior cerca de 10 por cento da sua produção. Em

entrevista que concedeu à País €conómico, Carlos Setra não esconde que as suas

ambições no que concerne às exportações são mais exigentes. «Queremos atingir 50 por

cento no mercado externo, e estamos a trabalhar para isso. Ainda muito recentemente

conquistámos os mercados dos Camarões, Benim e Costa do Marfim, e outros surgirão

em breve», sublinhou o patrão do Edol que, garante, ter uma vontade muito grande de

levar a sua empresa para a frente, apesar de reconhecer que a situação não está fácil.tExto › VALDEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIs

moçambique e Angola são dois mercados onde o Edol

deposita fundadas esperanças, mas os últimos aconte-

cimentos que têm envolvido aqueles países africanos

deixam Carlos Setra muito preocupado. «Penso que estas situa-

ções vão ser normalizadas muito em breve, mas não deixam de

nos preocupar», lembrou o presidente do Edol, recordando tam-

bém que a sua empresa neste momento está a vender mais para

Moçambique do que para Angola. «Moçambique tem um merca-

do já regulado e Angola ainda não tem», observou.

O Laboratório Edol está a exportar para Moçambique especiali-

dades farmacêuticas, produtos de oftalmologia, dermatologia e

dermocosmética, e até ao momento os resultados das vendas para

este país são muito animadores. «Apesar da situação que neste

momento se vive naquele país, estamos esperançados que tudo

se resolverá muito em breve e que estes acontecimentos não irão

afetar muito os nossos negócios com este mercado. É uma ques-

tão de tempo », referiu o presidente Carlos Setra, um homem que

ainda muito recentemente conviveu com outras situações seme-

lhantes na Líbia e Iraque, que também são bons mercados para

o Edol.

«Julgo que o que se está a passar em Angola e Moçambique são

tempestades num copo de água, que serão ultrapassadas em de-

vido tempo, e não escondemos que estamos a contar com estes

dois mercados para consolidarmos a posição do Edol no mercado

externo», sublinhou o nosso entrevistado, com tempo para afir-

mar a sua esperança de que em 2013 e 2014 as exportações do

Edol continuarão a subir. «Poderá ser uma subida ligeira, mas será

sempre uma subida», garantiu Carlos Setra.

Edol com uma boa frente externaO Laboratório Edol está a prever para 2013 um volume de fatu-

ração de 14 milhões de euros, mas em 2014 esse volume deverá

crescer. «Estamos a trabalhar afincadamente para que isso venha

a acontecer, e os esforços que estamos a desenvolver no mercado

externo são a prova disso. Neste momento o Edol exporta para

Moçambique, Angola, Cabo Verde, Marrocos, Líbia, Iraque, Líba-

no, Etiópia e África Francófona, para além dos recentes mercados

dos Camarões, Benim e Costa do Marfim, onde estamos a deposi-

tar muitas esperanças», referiu Carlos Setra, que não se esqueceu

do Brasil.

«É um sonho de há muitos anos. Já fiz imensas viagens de negó-

cios ao Brasil com a intenção de abrirmos uma frente naquele

país de expressão portuguesa, mas os resultados até agora têm

sido infrutíferos. Está posta de parte a construção de uma uni-

dade produtiva naquele país, por não dispomos de meios finan-

ceiros para o fazer, e a solução passaria por encontrarmos um

parceiro fiável que se interessasse em colocar os nossos produtos

no Brasil. Temos trabalhado muito para encontrarmos esse par-

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Dezembro 2013 | País €conómico › 4342 › País €conómico | Dezembro 2013

ceiro, mas até agora nada conseguimos. Mas ainda não desisti do

Brasil », refere o presidente do Laboratório Edol.

Nesta entrevista com Carlos Setra abordaríamos a questão da

falta de medicamentos em algumas farmácias, carência que é

atribuída ao facto de muitas empresas de produtos farmacêuticos

estarem a dar prioridade ao mercado externo em detrimento do

mercado interno.

medicamentos do Edol não faltam nas farmáciasComo é seu apanágio, Carlos Setra foi muito frontal. «Pela parte

que nos diz respeito, garanto que não há falta de medicamentos

do Edol nas farmácias portuguesas, nem nunca faltam. É claro

que poderão existir situações em que esses medicamentos faltem

um dia ou dois, mas isso tem a ver com o circuito de distribui-

ção, pois temos um abastecimento regular do mercado». O nos-

so entrevistado faz uma brevíssima pausa para prosseguir o seu

discurso.

«O que se passa com algumas multinacionais é que os preços para

o exterior são superiores aos preços praticados no mercado inter-

no. Mas eu tenho a possibilidade de colocar no mercado interno

o pouco que produzo e ainda mando para os mercados externos.

Mas esta situação também se prende com a falta de poder econó-

mico de algumas farmácias, embora estas à indústria não se atra-

sem muito nos seus pagamentos. Isso não está em causa. Temos

dificuldades em receber dos hospitais porque o Estado não está a

pagar com regularidade, uma regularidade que nos permita fazer

contas com o Estado.

Mas o que é lamentável é que, no caso concreto do Edol, andamos

a pagar os nossos impostos quando o Estado tanto nos deve», su-

blinhou Carlos Setra, para a este propósito comentar. «Nós temos

de pagar atempadamente o IVA, o IRC, o IRS, a Previdência e

outros impostos, mas o Estado não cumpre com este rigor (lon-

ge disso), causando-nos prejuízos por vezes irreparáveis, já que

na indústria farmacêutica há registo de empresas que foram à

falência por não poderem suportar esta situação. Seria mais ho-

nesto que o Estado fizesse contas connosco», acrescentou o nosso

entrevistado, que deixou um aviso. «A indústria farmacêutica não

consegue suportar esta situação por muito mais tempo, até por-

que nós temos uma média de preço muito baixa na venda das

especialidades farmacêuticas».

sucesso assenta na qualidade dos recursos humanosO Laboratório Edol tem 61 anos de história, sendo um dos mais

antigos e prestigiados laboratórios do País. Carlos Setra sente or-

gulho neste facto, não escondendo a satisfação que tem por estar

à frente de uma empresa de tão grande gabarito. Mas sabe reco-

nhecer a ajuda preciosa que tem tido por parte da equipa que faz

parte do Edol.

«Conheço o Edol há cerca de 40 anos e há mais de trinta que sou o

presidente desta empresa. Tem sido um percurso árduo, recheado

de coisas boas e menos boas. Mas não posso esquecer o quanto

devemos às pessoas que ao longo dos anos vestiram a camisola

da Edol, e à empresa deram toda a sua inteligência, toda a sua

dedicação, contribuindo deste modo para o seu engrandecimento.

E eu gosto de deixar bem claro este meu reconhecimento. Hoje

trabalham aqui 130 pessoas, 60 por cento deles licenciados em

diversos áreas, gente na sua maioria jovem e disposta a ajudar

Edol a ir para a frente», resumiu com alguma emoção o presiden-

te Carlos Setra.

Pugnar pela Qualidade e inovaçãoUma das grandes preocupações do presidente da Edol é a quali-

dade dos seus produtos em áreas determinantes como a Oftalmo-

logia, Dermatologia e Dermocosmética. «Ao longo dos anos temo-

-nos mantido na liderança destas áreas de negócios e estou capaz

de afirmar que não há um só português que uma vez na sua vida

não tivesse já utilizado produtos com a marca Edol. E esta cons-

tatação enriquece o nosso historial. No entanto, queremos prosse-

guir o trabalho até agora desenvolvido nas vertentes da qualidade

e da inovação, procurando estar sempre na linha da frente nestas

áreas. Sabemos que hoje em dia a área da I&D constitui o coração

de uma empresa como a nossa, mas sabemos que esta é uma área

de fortes investimentos, por vezes incompatíveis com a realidade

financeira de algumas empresas da indústria farmacêutica, que vê

com regularidade o preço dos medicamentos a baixarem», subli-

nha Carlos Setra, um homem que não sabe esconder a sua grande

preocupação social.

«Sempre defendi que deveria haver uma maior equidade em

matéria de comparticipação na compra de medicamentos. Não é

justo uma pessoa com uma reforma pequena pagar pelos medi-

camentos o mesmo que paga uma pessoa com uma boa reforma.

Quem menos aufere, menos devia pagar, embora também defen-

da que quem mais ganha deveria pagar mais pelos medicamen-

tos, muito embora, em sede de IRS, ele depois tivesse direito a

uma compensação», destaca Carlos Setra.

A entrevista ao presidente da Edol estava a chegar ao fim, mas

com tempo ainda para se falar sobre os objetivos futuros desta

empresa farmacêutica. «Queremos continuar a ser líderes de mer-

cado em Portugal nas nossas áreas de referência: Oftalmologia

e Dermatologia, e reforçar a nossa posição na Dermocosmética,

um mercado que auguramos de muito futuro para o Edol. Mas

– sublinho de novo – temos de ter os olhos postos no mercado

externo e tudo fazer para que o objetivo dos 50 por cento seja

atingido a médio prazo. Isto depende muito da evolução que hou-

ver em alguns mercados onde estamos presentes, na inovação que

fizermos a nível de novos produtos (embora isso custe muito di-

nheiro), e em continuarmos a descobrir novos mercados externos

interessados nos nossos produtos. E aqui estamos a falar também

no Brasil, uma vez que ainda não perdi a esperança de um dia

levar até lá os produtos do Edol». ‹

› EmPREsaRiado

Page 23: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 4544 › País €conómico | Dezembro 2013

› EmPREsaRiado

Pedro Alexandre, Diretor da OBRASQB

a Reabilitação urbana é a nossa grande arte

Aproveitando uma experiência acumulada de duas décadas de trabalho e de experiência

na área da construção, é, contudo, na área da reabilitação urbana, que a OBRASQB

aposta forte e tem desenvolvido um apurado know how. Pedro Alexandre, Diretor da

OBRASQB para a região sul, recebeu a País €conómico e sublinhou que a empresa já

conseguiu duas importantes obras em Lisboa em projetos disponibilizados pela Câmara

de Lisboa. No entanto, o responsável da OBRASQB salienta que a empresa dotou-se

de capacidade global para prestar um serviço completo e em função das necessidades

específicas de cada cliente, assegurando a própria certificação dos materiais e projetos

que fornece e execução para os clientes. “A sua obra em boas mãos” é o lema da novel

empresa que promete constituir um diferencial no mercado nacional.tExto › MANUEL GONÇALVEs | FotogRaFia › RUI ROCHA REIs E CEDIDAs PELAs OBRAsQB

aproveitando o know how e ex-

periência acumulada pela Boxe,

empresa de construção civil com

mais de 20 anos de atividade no mercado

nacional, os seus responsáveis decidiram

lançar em meados do corrente ano uma

nova empresa, designada por OBRASQB,

que se apresentou ao mercado com solu-

ções diferenciadoras dos seus mais diretos

concorrentes.

Como foi referido, a OBRASQB foi lança-

da em meados de 2013, com sede em Vila

Nova de Gaia, mas logo tratou também de

abrir uma delegação em Lisboa, situada

na zona do Campo Grande.

Segundo Pedro Alexandre, «o nosso ativo

mais precioso, o capital humano, os nos-

sos técnicos, contam também com vários

anos de experiência no mercado nacional

ao nível da arquitetura, engenharia e cons-

trução». Este responsável adianta também

que «estamos presentes em todas as fases

de qualquer tipo de construção de raiz,

reabilitação, remodelação, requalificação

ou manutenção, em qualquer dos casos

desde o projeto até à conclusão da obra».

O responsável da delegação em Lisboa sa-

lienta igualmente que «além da empresa

de construção civil, o nosso grupo insere

também um gabinete de projetos de ar-

quitetura e engenharia, realizamos proje-

tos de licenciamento e execução de todo

o tipo de obra. Em qualquer dos casos

acompanhando todo o processo junto das

entidades competentes, desde o primeiro

dia até ao seu licenciamento e conclusão

da construção». A OBRASQB também

está habilitada a executar peritagens e pa-

receres técnicos em imóveis, com identifi-

cação de patologias existentes e soluções a

adoptar para a sua resolução.

Bom portfólio de projetos em Lisboa e PortoSegundo Pedro Alexandre, a empresa está

muito apostada na área da reabilitação ur-

bana, estando envolvida em projetos quer

em Lisboa quer no Porto.

Por exemplos, na capital portuguesa, a

OBRASQB está já presente em bairros

históricos alfacinhas como são nos casos

do Bairro Alto e de Anjos. Já na cidade do

Porto, a empresa obteve obras na Baixa do

Porto, na zona do Bonfim ou ainda na pró-

pria Ribeira de Gaia.

O responsável da empresa adianta que,

no presente, «somos capazes a elaborar

os projetos e construímos à medida do or-

çamento que os nossos clientes dispõem,

com o compromisso de não ultrapassar o

estipulado».

Com o lema “A Sua Obra em Boas Mãos”,

a OBRASQB detém pois um conjunto de

trabalhos nas duas principais áreas me-

tropolitanas portuguesas que a colocam

em excelente posição para marcar a dife-

rença num mercado português altamente

concorrencial, principalmente no setor da

construção da reabilitação e recuperação

de imóveis antigos e degradados.

Porém, como sublinha Pedro Alexandre,

«sendo verdade que dispomos de um am-

plo portfólio de trabalhos realizados para

todo o tipo de construção, habitacional e

comercial, quer no setor privado, quer no

público, além de sermos cumpridores de

normas da boa construção, a OBRASQB

assegurará sempre produtos e serviços

de qualidade elevada a preços altamente

competitivos, acreditando por isso poder

vir a alcançar um excelente posiciona-

mento, para a marca, no mercado nacio-

nal a muito curto prazo».

A finalizar, o gestor da OBRASQB referiu

que a longa experiência de anos de atua-

ção no mercado fazem a empresa acre-

ditar que é este o caminho, sempre com

a apresentação de soluções integradas e

inovadoras, criando os chamados concei-

tos out the box que possam ir de encontro

às necessidades dos seus clientes. ‹

Page 24: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 4746 › País €conómico | Dezembro 2013

› agRicuLtuRa

Luís Marques, Presidente da ANCPA

«Produtores esperam ainda este ano publicação da portaria do Porco Preto»

Em entrevista à País €conómico o presidente da ANCPA afirmou que os produtores

de Raça Alentejana esperam com alguma expectativa a saída, ainda durante o ano

de 2013, da Portaria de Regulamentação da Designação Comercial – Porto Preto. Luís

Marques lembra que à semelhança do que já se passa em Espanha, «o Porco Alentejano

precisa urgentemente da publicação de um normativo dos produtos de Porco Preto,

precisa de uma portaria que regule o setor de produção de Porco Alentejano e estabeleça

regras quanto à rotulagem dos produtos que vão aparecer à venda junto do consumidor,

garantido por outro lado quer a raça, quer o regime de exploração».tExto › VALDEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIs

Esta entrevista ao presidente da

ANCPA coincidiu curiosamen-

te com o fim das negociações da

nova Política Agrícola Comum – PAC, pro-

cesso que foi por ele acompanhado muito

de perto e que mereceu da sua parte algu-

mas considerações.

«A nova PAC é um pacote de mais de 1100

milhões de euros anuais, o que é muito pa-

recido com os valores que dispúnhamos

no Quadro anterior sem correção finan-

ceira. Serão quase 8000 mil milhões de

euros até 2020, já que este pacote vigorará

entre 2014 e 2020. Esta verba vai permitir

ajudar os agricultores no seu rendimento

e vai permitir desenvolver de forma coesa

a agricultura portuguesa, procurando não

marginalizar os setores», salientou Luís

Marques, que diz que efeitos desta ajuda

são imediatos «porque o Ministério passa-

-nos uma mensagem e nós acreditamos

que não vai haver sobressaltos. «Ou seja,

vamos passar de uma quadro para o outro

de uma forma relativamente tranquila e

com uma transição assegurada, não vai

haver programas que param para reforçar

outros. Os nossos programas têm, de cer-

to modo, a possibilidade de evoluir de um

quadro para o outro, sendo a primeira vez

que este modelo nos é apresentado desta

maneira. Fiquei satisfeito com o desfecho

desta situação, muito embora não conheça

ainda com pormenor os passos da aplica-

ção», sublinhou o presidente da ANCPA.

Luís Marques referiu também a este pro-

pósito que «nós conhecemos a decisão eu-

ropeia, que vai ter de servir de chapéu à

decisão portuguesa. Há opções nacionais

(e são bastantes), mas que nós ainda não

conhecemos em toda a dimensão».

Que pode a Agricultura esperar desta

nova PAC? Luís Marques não hesitou na

resposta. «Nós queremos muita coisa, mas

compreendemos que o setor da Agricultu-

ra tem uma envolvente muito complexa.

Mas estamos a falar de muito dinheiro

que se for bem aplicado será uma ajuda

preciosa, se for mal aplicado gasta-se num

instante e não surtirá nenhum efeito po-

sitivo na agricultura portuguesa», alerta.

Luís Marques faz uma pausa no seu dis-

curso para lembrar que o porco tem esta-

do praticamente fora da Política Agrícola

Comum, «apenas tinha ligeiras medidas

de mercado que se foram esbatendo a

pouco e pouco. O Porco Alentejano explo-

rado como pecuário intensivo em com-

plemento com outras espécies pecuárias,

espera o reconhecimento desse sistema

de produção, como um sistema muito

interessante para Portugal, em primeiro

lugar em termos económicos, porque é

um valorizador de recursos endógenos, e

a maioria desses produtos são exportados.

Neste capítulo contribuímos muito para a

melhoria das contas públicas, valorizan-

do o que é endógeno e ao mesmo tempo

exportando. Mas ao mesmo tempo ocu-

pamos imenso território. Nós temos um

milhão de hectares de montado e o porco

é a espécie que melhor aproveita o mon-

tado», comentou o presidente da ANCPA.

governo está atento ao setorPerguntámos a Luís Marques se esta era

a grande oportunidade para se virar a

“página negra” em que o setor parecia

estar mergulhado. «Sem dúvida que é

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Dezembro 2013 | País €conómico › 4948 › País €conómico | Dezembro 2013

› agRicuLtuRa

uma boa oportunidade para se virar essa

“página negra”. Aliás, esta equipa que nos

governa desde há dois anos, para isso

tem contribuído. Tem havido, de facto, da

parte do Governo uma postura substan-

cialmente diferente daquele que existia

anteriormente. Temos visto da parte deste

Governo muita vontade de ajudar na pro-

moção e a dignificar a produção agrícola.

E este é um registo que faço com muito

agrado», respondeu Luís Marques, para

adiantar ainda que comparativamente ao

governo anterior «há agora uma interlo-

cução muito mais fácil e há uma procura

de trabalho em conjunto e uma procura

de entendimento muito maior. Há uma

postura substancialmente diferente deste

ministério, relativamente aos ministérios

anteriores, um entendimento da realidade

nacional».

aproveitar os ventos favoráveisHá um ano atrás, quando entrevistámos

em Évora o presidente da ANCPA, este

não escondia a sua preocupação perante a

crise que estava a afetar o setor suinícola.

«E continuo preocupado, embora o pano-

rama do mercado seja agora muito mais

favorável. Aconteceram coisas que deram

origem a essa melhoria da situação do

setor. Uma tem a ver com a persistência

dos produtores de Porco Alentejano, que

depois de terem estado três anos a perder

dinheiro ainda conseguem chegar a 2013

com um produto de grande qualidade

para oferecer e, finalmente, retomou ní-

veis de preço relativamente satisfatórios e

suficientes para assegurar a normalização

dos fatores e permitir ao setor que tenha

margem positiva e não deficitária como

acontecia. Por outro lado os fatores de

produção, nomeadamente os concentra-

dos, têm vindo a descer significativamen-

te o preço, o que faz com que os custos de

produção baixe alguma coisa e, como tal, a

margem possa ser um bocadinho melhor.

Isto no porco em termos gerais », salien-

tou o presidente da ANCPA.

Produtores esperam por portaria importanteLuís Marques aproveitaria para lembrar

que o Porco Alentejano é um setor com

características especiais dentro da suini-

cultura portuguesa. «E o Porco Alentejano

precisa urgentemente, à semelhança do

que se passa em Espanha, da publicação

dum normativo dos produtos de Porco

Preto, ou seja, precisa de uma portaria que

regule o setor. Sabemos que esta portaria

está no bom caminho e não escondo que

os produtores estão ansiosos para que

ela seja publicada quanto antes. Estamos

a falar da Portaria de Regulamentação

da Designação Comercial – Porco Preto,

que permitirá que os produtos cheguem

ao consumidor devidamente rotulados,

garantindo quer a raça quer o regime de

exploração. Com esta regulamentação

saberemos através dessa rotulagem que

estamos perante um produto Porco Preto

oriundo da Raça Alentejana. Esta portaria

vai repor junto do consumidor a verdade,

que é o rótulo ou a etiqueta, e ao mesmo

tempo vai dar instrumentos para que as

atividades económicas fiscalizem aquilo

que é ou não é Porco Preto, já que assis-

timos a uma utilização abusiva da desig-

nação Porco Preto e de produtos que não

têm nada a ver com Porco Preto. E isto

é altamente prejudicial, porque o setor

tem custos de produção muito mais altos,

tem uma especificidade própria e vive de

uma raça autóctone portuguesa. Estamos

fartos de ser usurpados e o consumidor

também. E a ANCPA tem marcado o ano

de 2013, trabalhando afincadamente para

que esta portaria, e não gostaríamos che-

gar ao final de 2013 sem que esta portaria

seja publicada. Vamos pois acreditar que

isso aconteça», detalhou Luís Marques.

Também há um ano atrás em entrevista à

P€, o presidente da ANCPA manifestava

a sua tristeza e preocupação por estar a

assistir ao abandono de alguns dos seus

associados. Será que esta situação favorá-

vel para o setor irá inverter o rumo dos

acontecimentos? Luís Marques reagiu à

questão.

«Nesta situação é muito mais fácil aban-

donar do que retomar, mas reconheço

que existe agora um enquadramento que

poderá entusiasmar as pessoas a regressa-

rem à atividade, o que seria ótimo. Mas

esse regresso não é feito sem dificulda-

des. Por exemplo, neste momento não

temos reprodutores para pormos à dis-

posição das pessoas. Estamos a precisar

de animais para que toda a gente possa

trabalhar e animais para responder aos

nossos compromissos comerciais. É que

nesta altura não temos reprodutores em

número suficiente. Nunca tínhamos pas-

sado por uma situação como esta, a não

ser nos primórdios da ANCPA, há vinte

anos atrás», recordou o presidente Luís

Marques, acrescentando entretanto que

«há condições para a retoma, e uma delas

é a colocação em vigor da Portaria de Re-

gulamentação da Designação Comercial –

Porco Preto». ‹

Page 26: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 5150 › País €conómico | Dezembro 2013

› agRo-industRia

Paulo Lourenço, Country Registration Manager da Basf Portugal

somos um parceiro no desenvolvimento agrícola em Portugal

A agricultura está em renascimento em Portugal. Paulo Lourenço, Country Registration

Manager da Basf Portugal, também acredita no potencial de desenvolvimento da

agricultura portuguesa e relembra que a Basf possui uma história centenária no

encontrar de soluções para a melhoria agrícola em termos mundiais e também em

Portugal.tExto › VALDEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIs

Assiste-se hoje em dia ao recrudesci-mento da agricultura portuguesa, bem secundada pelo surgimento de jovens agricultores com uma mentalidade di-nâmica, empreendedora e competitiva, empenhados em projectos agrícolas mo-dernos e inovadores propícios à produ-ção de alimentos de uma forma eficiente e sustentável. Que papel pode a BASF compartilhar com estes mesmos agricul-tores (que são a nossa esperança) para que estes objetivos se concretizem?Ser agricultor é a profissão mais impor-

tante do mundo, sem eles não haveria

alimentos.

O Agricultor é um dos nossos focos.

Na nossa estratégia de negócio procurar-

mos olhar através dos olhos dos nossos

clientes e parceiros e de com eles criar

soluções que vão ao encontro das suas ne-

cessidades.

Somos uma empresa movida pela inves-

tigação e desenvolvimento, pautamo-nos

pela busca e disponibilização de soluções

modernas e inovadoras, que vão para

além da protecção das culturas. Com a

nossa unidade de “Functional Crop Care”

iniciámos um novo caminho para as nos-

sas soluções agrícolas, estendendo o nosso

conhecimento no sentido de integrarmos

soluções de protecção de culturas de cariz

químico e biológico. Com a integração de

soluções que vão para além da protecção

das culturas, iremos contribuir para que

a agricultura do futuro tenha cada vez

mais melhores índices de sustentabilida-

de, indo neste sentido ao encontro das ex-

pectativas dos agricultores e da sociedade.

A introdução de soluções para melhorar

a gestão da água e nutrientes no solo, o

sistema AgBalance são exemplos das solu-

ções que disponibilizamos aos agriculto-

res para fazerem face aos desafios.

A BASF tem um compromisso com a Agri-cultura. Em que base é construído esse compromisso?A nível Mundial a área de negócio ligada

à protecção das culturas tem-se desenvol-

vido com muito sucesso. Acreditamos que

este se baseia no nosso compromisso de

desenvolver soluções que enfocam a ne-

cessidade de termos alimentos em quan-

tidade e qualidade para uma população

crescente.

Continuamos a expandir o nosso portfo-

lio, com soluções para a protecção das

culturas mas igualmente com soluções

que vão para além da componente da

protecção. A integração destas soluções

irá permitir-nos suportar os agricultores

na busca de uma gestão mais eficiente do

seu negócio.

Em 2012 aumentamos os custos associa-

dos à investigação e desenvolvimento

para 430 milhões de euros, o que corres-

ponde sensivelmente a 9% das vendas.

Para o período entre 2012 e 2016 o investi-

mento em I&D será de aproximadamente

2,5 mil milhões de €uros.

Em termos de negócio, o nosso objecti-

vo para 2020 é atingirmos 8 mil milhões

€uros em vendas. O nosso objectivo an-

terior de 6 mil milhões €uros para 2020,

esperamos que seja alcançado já em 2015.

Razões que levam a grande maioria dos agricultores portugueses continuarem a preferir produtos com a marca BASF? Pensam continuar a investir numa Agri-cultura mais segura e prometedora?A equipa de profissionais experientes,

competentes e dedicados num processo

constante de evolução. O portfolio de so-

luções inovadoras, eficazes e de elevada

qualidade e um serviço para responder às

necessidades dos nossos parceiros. Esta-

mos convictos de que uma protecção bem

pensada e arquitectada contribui para

ajudar as culturas a concretizarem todo

o seu potencial. Propomos estratégias in-

tegradas de Sustentabilidade, adaptadas

a distintas realidades. Esta forma de estar

provavelmente influencia os agricultores

na hora da tomada de decisão.

Estamos ao lado dos agricultoresReconhece efectivamente que a lavoura portuguesa está a trilhar caminhos de futuro e que a BASF poderá continuar

Page 27: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 5352 › País €conómico | Dezembro 2013

a ser um parceiro de grande seriedade neste processo de crescimento?Estamos ao lado dos agricultores para

juntos enfrentarmos os desafios. Temos

plataformas de co-criação onde juntamen-

te com os nossos parceiros de negócio de-

batemos e desenvolvemos soluções para

fazermos face às tendências do futuro.

A experiência que fomos adquirindo ao

longo de 150 anos na indústria química

e 100 anos na agricultura, é colocada ao

dispor da lavoura.

Temos como um grande objectivo supor-

tar os agricultores no trilhar de um futuro

que passará pela utilização eficaz e efi-

ciente de soluções integradas de protecção

das culturas no sentido de salvaguardar a

produção de alimentos em qualidade e

quantidade a preços acessíveis nunca des-

corando numa gestão responsável dos ris-

cos associados às práticas agrícolas.

A Lei 26/2013, de 11 de Março, regula as actividades de distribuição, venda e aplicação de produtos fitofarmacêuticos para uso profissional e de adjuvantes de produtos fitofarmacêuticos e define os procedimentos de monitorização dos produtos fitofarmacêuticos, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva 2009/128/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Outubro, que esta-belece um quadro de acção a nível comu-nitário para uma utilização sustentável

dos pesticidas, através da redução dos riscos e efeitos da sua utilização na saú-de humana e no ambiente, promovendo o recurso à protecção integrada e a abor-dagens ou técnicas alternativas não quí-micas aos produtos fitofarmacêuticos. Considera esta lei uma evolução?A Directiva nº 2009/128/CE poderá ser

vista como uma evolução na vertente

de vir regulamentar a “utilização” dos

PF. Esta Directiva introduz um conjunto

obrigatório de práticas de uso em toda a

União Europeia, ficando ao encargo dos

Estados Membros o desenvolvimento de

Planos de Acção a nível nacional, tendo

como objectivo a redução do risco associa-

do ao uso de PF.

Fomentando o uso seguro e responsável

de PF, os Planos de Acção Nacional vêm

ao encontro do entendimento da Indus-

tria, de que o uso de PF, fundamental para

a produção de alimentos em quantidade e

qualidade, é compatível com a Agricultura

Sustentável.

Formação e informação são fundamentais

para assegurar o uso seguro e responsá-

vel dos PF, esta Directiva vem reforçar e

incrementar acções já implementadas e

desenvolvidas a nível Nacional no sentido

de assegurar uma utilização segura e com

menos riscos para o Homem e Ambiente.

Cumprindo as indicações do rótulo é ga-

rantir que os produtos são usados eficien-

temente e eficazmente, sendo o risco do

seu uso aceitável.

Esta lei traz mais responsabilidades aos agricultores portugueses, e maiores exi-gências? Esta lei permitirá alertar e sensibilizar

mais os agricultores e os outros elementos

da cadeia de valor no sentido de ajusta-

rem os seus comportamentos e processos

no sentido de uma prática agrícola cada

vez mais sustentável.

disponibilizamos soluções para a agriculturaA BASF orgulha-se de ser uma referên-cia no negócio agrícola, ajudando-o a moldá-lo no sentido de uma agricultura mais sustentável. Com parcerias doura-doras e com produtos e tecnologias de grande cunho inovador, sem esquecer os serviços de qualidade posto ao serviço de todos os seus clientes?A introdução de soluções inovadoras e

sustentáveis são requisitos pelos quais

nos seguimos. Disponibilizamos Soluções

para a Agricultura. Produtos para a Protec-

ção das Culturas continuam a ser o cerne

do nosso negócio agrícola, mas também

integramos soluções que temos de outras

áreas de negócio, aqui aproveitamos o fac-

to de sermos a maior indústria química do

mundo, serviços, tendo sempre em mente

as necessidades do Agricultor e as exigên-

cias da sociedade em termos de futuro.

Com a unidade de “Functional Crop Care”

promovemos a integração de soluções de

cariz biológico e químico, por forma a

desenvolvermos soluções para gestão de

solo, sementes e protecção das culturas.

Esta aproximação holística da gestão do

solo, sementes e protecção das culturas,

permitirá alcançar rendimentos mais ele-

vados e de forma sustentável.

A título de exemplo, na Europa estamos

focados em produtos inoculantes e nos

biológicos.

A tecnologia associada aos produtos ino-

culantes, baseia-se na fixação natural de

azoto para que as culturas leguminosas

tenham um começo de desenvolvimento

mais rápido e acentuado. A inoculação

com bactérias Rhizobium spp permite

› agRo-industRia

ter um acréscimo produtivo reduzindo

a necessidade de recorrer a fertilizações

azotadas.

Com o uso de produtos biológicos é pos-

sível gerir doenças, insectos e estimular o

desenvolvimento de culturas.

O projecto Smart Protection é o exemplo

onde a integração de soluções químicas e

biológicas permitem maior flexibilidade

no tempo de colheita, melhor gestão de

resíduos sem comprometer a qualidade

e quantidade da produção final. Este pro-

jecto tem aplicabilidade em morango e

tomate.

Utilização de nemátodos auxiliares para o

controlo de pragas. Aqui estamos a falar

do controlo de insectos sem termos de re-

correr a insecticidas, sendo o controlo fei-

to através de espécies de nemátodos que

parasitam os insectos. Algumas soluções

já estão em comercialização, mas mais

surgirão.

Para além de PF, fornecemos soluções

aquilo que acreditamos ser a integração

entre produtos, necessidades e serviços.

Em França temos um serviço de Aconse-

lhamento chamado ATLAS. Este serviço

de aconselhamento personalizado per-

mite ao agricultor seleccionar o produto

certo no momento certo, permitindo tirar

máxima rentabilidade da aplicação. Este

serviço resulta de uma parceria desenvol-

vida entre a BASF, os seus distribuidores e

Institutos Nacionais Franceses.

Em Portugal temos o 365DOC – Pelas

vinhas de Portugal, onde vamos desde o

aconselhamento personalizado, promo-

vendo junto dos nossos viticultores a uti-

lização de soluções resultantes da investi-

gação da empresa aplicada às condições

específicas das vinhas portuguesas, até ao

NÉCTAR diVINO.

O concurso NÉCTAR diVINO, prova cega

de vinhos entre viticultores 365DOC,

destina-se a aumentar a visibilidade dos

vinhos portugueses de qualidade tanto

em Portugal como no exterior. Os vinhos

e produtores vencedores são apresentados

a um conjunto de distribuidores alemães

num evento organizado pela BASF em

parceria com a Câmara de Comercio Luso

Alemã e, podem ainda ostentar nos seus

rótulos o selo NÉCTAR diVINO.

Outra cultura tradicionalmente impor-

tante a nível nacional é o Arroz. Para

esta cultura a BASF introduziu o sistema

Clearfield para fazer face à principal infes-

tante que afecta à cultura, o arroz-bravo,

comprometendo seriamente o binómio

produtividade e rentabilidade desta.

Page 28: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 5554 › País €conómico | Dezembro 2013

› agRo-industRia

O Clearfield é um sistema revolucionário

integrado para o controlo de infestantes.

Baseado no uso de variedades tolerantes

ao herbicida PULSAR 40, que associa um

comodo e excelente controlo de infestan-

tes, incluindo o arroz-bravo, incrementan-

do a qualidade e rendimento da cultura.

AgBalance é a nossa ferramenta para me-

dir a sustentabilidade dos sistemas, que

colocamos ao serviço da lavoura. É um

método concebido pela BASF, certificado

pela TÜV, DNV e NSF, que mede e avalia a

sustentabilidade do ciclo de vida dos pro-

cessos agrícolas e da cadeia de valor. São

avaliados mais de 200 factores, 69 indica-

dores para no final se obterem os valores

de associados aos 3 pilares da Sustentabi-

lidade, a Ecologia, Economia e Sociedade.

Temos implementada uma rede Europeia

de Quintas Modelo, com previsão de ex-

pansão. Estas são plataformas de co-cria-

ção entre os seus proprietários – agricul-

tores- e a BASF. Trabalhamos de perto e

o objectivo é demonstrar que a actividade

agrícola e a manutenção e criação de bio-

diversidade se complementam. Medidas

para manter e aumentar os índices de

biodiversidade são debatidas e implemen-

tadas sendo posteriormente avaliadas por

entidades independentes. O conhecimen-

to adquirido é posteriormente divulgado.

Uma das nossas parcerias é em Rawcliffe

Bridge com a família Hinchliffe.

Acreditamos que a formação adequada

é um instrumento de valorização profis-

sional e pessoal. Neste sentido criamos

plataformas de transferência de conhe-

cimentos e proporcionamos aos nossos

parceiros de negócio formação certificada

enquadrada na legislação em vigor.

Acredita que a agricultura tem futuro e que pode ser um contributo para ajudar Portugal a sair da crise?Acreditamos. O sector agrícola tem de-

monstrado possuir uma boa capacidade

de ambientação e espirito empreendedor.

Temos muitos exemplos na nossa fileira

de capacidade de adaptação às novas rea-

lidades dos mercados, circuitos de distri-

buição e hábitos de alimentação da socie-

dade moderna. Hemos uma identidade e

um património endógeno que nos permi-

tem fazer a diferença. Modelos de negócio

assentes nestas variáveis de diferenciação

permitem acrescentar valor e tornar-nos

uma referência Mundial. ‹

Page 29: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 5756 › País €conómico | Dezembro 2013

› Educação

Externato Abelhinha na Costa da Caparica é escola de excelência na formação humana e educativa

numa Rua calma perto do mar

O Externato Abelhinha, localizada numa tranquila zona da Costa da Caparica, destaca-

se pela sua já longa história na educação e formação de crianças de toda aquela zona

do concelho de Almada. Neste tempo natalício, e quando se aproxima (Janeiro) a data

de festejar o seu trigésimo terceiro aniversário, a País €conómico foi conhecer um

dos melhores projetos educativos deste país, alicerçado em sólidos valores humanos e

de formação altamente qualificada não apenas das quase sete centenas de crianças que

presentemente frequentam o Abelhinha, mas igualmente pelos milhares que ao longo da

sua rica história já passaram pelas instalações desta tradicional e prestigiada escola da

Costa da Caparica.tExto › MANUEL GONÇALVEs | FotogRaFia › RUI ROCHA REIs

a nossa reportagem foi recebida

pelas educadoras de infância,

respetivamente, Margarida Vi-

cente e Clara Capitão, que no dia-a-dia

são as responsáveis operacionais pela

boa condução dos destinos do Externato

Abelhinha, a histórica escola de ensino

da Costa da Caparica, onde os atuais 68

alunos se dividem pelas áreas de creche,

pré-escolar e do 1º ciclo.

Segundo as duas responsáveis do Externa-

to, para cuidar e dar resposta a todas as

necessidades das 68 crianças trabalham

na instituição duas professoras do primei-

ro ciclo, três educadoras, duas auxiliares,

uma cozinheira e um vigilante. A escola

possui também um autocarro próprio

com capacidade de 26 lugares que trans-

porta vários alunos das localidades vizi-

nhas e dos sítios mais distantes da própria

Costa da Caparica para o Externo e depois

de regressos às suas casas.

Margarida Vicente destaca, em primei-

ro lugar, que o Externato Abelhinha tem

prosseguido ao longo da sua história um

percurso de transmissão aos seus alunos

e crianças um conjunto de sólidos valo-

res humanos, tanto na sua componente

educativa, assim como nas componentes

social, cívica e cultural.

«É por isso que os nossos alunos saem da-

qui com excelente formação o que se refle-

te depois nas etapas seguintes de ensino,

mas também nos têm distinguido o eleva-

do apreço com que as crianças que têm

passado pelo Externato Abelhinha são en-

caradas fora da instituição, a começar no

ambiente familiar de cada um deles, mas

igualmente na sua própria inserção social

e comunitária. Damos aqui muita impor-

tância a atividades que visam a formação

cívica, moral e social dos nossos alunos,

ao mesmo tempo que desenvolvemos

um conjunto de ativiades de caráter cul-

tural, desportivo e de artes plásticas que

os ajudam a desenvolver e apurar as suas

melhores capacidades e aptidões nessas

vertentes», assegurou Clara Capitão.

A preocupação com a acessibilidade à

educação e à formação é constante no

Externato Abelhinha, o que tem levado

a instituição a colaborar com outras or-

ganizações de modo a prestar um apoio

social aos alunos que possam necessitar

desse apoio, mesmo de caráter económi-

co para poderem continuar a frequentar

a escola. «Em tempos de crise económica

como a que vivemos, por vezes surgem

alterações importantes nas circunstâncias

na vida económica das famílias, e pessoas

que anteriormente sempre tiveram uma

situação financeira estável, podem passar

momentaneamente por dificuldades. A

nossa escola, mesmo nessas circunstân-

cias, nunca deixa ninguém de fora, presta

apoio a essas famílias possibilitando que

as crianças possam continuar a frequen-

tar o Externato nas mesmas condições de

sempre», sublinhou Margarida Vicente.

Esta responsável acentuou a vertente da

formação educativa e moral do projeto es-

colar erigido há quase 34 anos na Costa da

Caparica, localizado como os seus respon-

sáveis gostam de sublinhar, numa “Rua

Calma Perto do Mar”, porque realmente

o Externato Abelhinha fica situado numa

pacata rua da área residencial da vila a

pouco mais de duas centenas de metros

do areal da Costa da Caparica, além de fa-

zer “paredes meias” com o parque urbano

da própria vila, podendo as crianças usu-

fruir desse pulmão verde da Costa da Ca-

parica como respirar esse ar puro a partir

do próprio páteo de recreio nas traseiras

do externato.

Margarida Vicente retorna ao projeto edu-

cativo para lembrar que os valores são

muito importantes, não sendo por acaso

que os alunos do primeiro ciclo tenham

ao longo do ano três seminários desig-

nados por “Encontros Filosóficos”, preci-

samente para nesses encontros com os

professores debaterem e absorverem os

valores mais importantes da sociedade e

da humanidade.

Por outro lado, adianta Clara Capitão,

além das atividades intrinsecamente de

caráter escolar, as crianças dispõe de um

vasto conjunto de atividades de lazer, de

artes plásticas e de índole desportiva, du-

rante todo o ano, onde poderão desenvol-

ver as suas capacidades e aptidões. As visi-

tas à vizinha praia da Costa no período de

Verão são habitualmente um must muito

apreciado pelos petizes, assim como as vi-

sitas de estudo que fazem com bastante

frequência ao longo do ano. E, last but not

the least, as festas de Natal e de Final de

Ano, onde em conjunto com as famílias

dos alunos tem a possibilidade de con-

fraternizarem e estreitarem os laços de

amizade e solidariedade, além do reforço

da identificação das famílias e dos alunos

com a própria instituição.

A terminar, ambas as educadoras subli-

nharam a importância da continuação

deste projeto do Externato Abelhinha,

pois lembram que cada vez é mais fre-

quente que antigos alunos que há décadas

iniciaram a sua formação na instituição,

voltam depois, já com os seus filhos para

que estes frequentem o externato. «Que

melhor prova da validade e da importân-

cia deste projeto do que quando recebe-

mos os filhos dos nossos antigos alunos,

que nos vêm confiarem os seus entes

queridos e que são o que de mais precioso

possuem?». A conclusão é inequívoca! ‹

Clara Capitão e Margarida Vicente

Page 30: Nanotecnologia revoluciona a indústria. Entrevista de Vasco Teixeira a revista País Económico, edição de dezembro de 2013

Dezembro 2013 | País €conómico › 5958 › País €conómico | Dezembro 2013

› a FEcHaR

David Ferreira e Sónia Gonçalves, sócios da empresa O Meu Bolo

desenhar bolos é uma arteTudo começou há alguns meses quando os arquitetos David Fer-

reira e Sónia Gonçalves, decidiram mudar o chip do seu negócio

e enveredar pela “arquitetura” gastronómica, ou seja, de conceber

e desenhar os enfeites para bolos. E se bem o pensaram, melhor

o decidiram, ao avançar com o negócio, inaugurando uma loja na

cidade da Guarda, de onde é originária Sónia Gonçalves.

O negócio na cidade mais alta de Portugal está a correr bem, com

uma procura cada vez maior. Seguiu-se este ano uma segunda loja

no Barreiro, e depois uma terceira em Lisboa, situada no Parque

das Nações. Nesta última, para além de venderem formas para os

confeites dos bolos, o local também serve de pastelaria onde se

vendem bolos e refeições ligeiras.

David Ferreira mostrou a loja do Barreiro, onde a arte dos arquite-

tos está bem evidente. «Hoje em dia, desenhar a culinária ligada

à doçaria é uma verdadeira arte, que está cada vez mais evoluí-

da e sofisticada, cada vez mais profissional. Foi essa evolução e

tendência que agarrámos e estamos a ajudar a evoluir no nosso

país», referiu o jovem empresário. Presentemente possuem cada

vez mais clientes, sobretudo aqueles que pretendem entrar no ne-

gócio da produção de bolos e recorrem à empresa O Meu Bolo

para lhes fornecer a arte decorativa que poderá tornar a produção

mais atrativa e competitiva para a venda no mercado.

Consolidar as lojas da Guarda, Barreiro e Lisboa, constitui a prio-

ridade atual, mas a dupla de arquitetos já olha para o futuro e

gostaria de avançar com o projeto de ter uma unidade industrial

para a produção das formas, podendo também dessa forma ex-

portar a produção para outros países, entre os quais Angola. «É

um projeto que estamos a apurar da sua viabilidade, mas se for

possível, avançaremos pois é um desafio considerável, mas bas-

tante aliciante», referiu o empresário barreirense, para quem a

possibilidade futura de ter uma presença direta em Angola, embo-

ra associado a um parceiro local, não está fora do seu horizonte. ‹

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