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11/02/2015 Autoimagem e publicidade: até que ponto chegar pelo "corpo ideal"? Resumo das disciplinas UOL Vestibular http://vestibular.uol.com.br/resumodasdisciplinas/atualidades/autoimagemepublicidadeatequepontochegarpelocorpoidealandreiamartins.htm 1/4 Autoimagem e publicidade: até que ponto chegar pelo "corpo ideal"? Andréia Martins Da Novelo Comunicação 24/10/2014 06h00 Imprimir Comunicar erro Getty Images (http://celebridades.uol.com.br/album/2014/10/21/veja-as-transformacoes-do-rosto- de-renee-zellweger.htm#fotoNav=1) Antes e depois do rosto da atriz Renée Zellweger (http://celebridades.uol.com.br/album/2014/10/21/veja-as-transformacoes-do-rosto-de- renee-zellweger.htm#fotoNav=1) A imagem corporal é a ideia que cada pessoa tem sobre o seu corpo e ela tem papel central na construção da nossa identidade. É através do nosso corpo e de seus movimentos, postura, odores e gostos que projetamos nossa autoimagem aos outros e ao mundo. Essa construção é um processo permanente, que envolve fatores físicos, emocionais e sociais. Exemplo de transformação bastante comentado na segunda quinzena de outubro foi a atriz Renée Zellweger (http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas- noticias/redacao/2014/10/22/plasticas-e-transtorno-mental-podem-ser-as-causas- do-novo-rosto-de-atriz.htm) . Direto ao ponto: Ficha-resumo Segundo o psicanalista francês Jacques Lacan (1901-1981), a formação da imagem corporal começa na infância, no que ele descreve como "estádio do espelho", ou fase do espelho. De acordo com a teoria, essa fase se estende dos seis meses aos dois ou três anos de idade, quando a criança passa se perceber como um corpo unificado, e não mais fragmentado, completado pela mãe. Nessa idade, se colocada em frente a um espelho, a criança se reconhece como indivíduo, iniciando a sua construção do “eu”. Em seus estudos, o norte-americano J.K. Thompson, professor de psicologia na Flórida (EUA) e referência no tema imagem e corpo, elencou três componentes para a formação do conceito de imagem corporal. O primeiro, o componente perceptivo, está ligado à percepção da nossa própria aparência física; o segundo, o subjetivo, envolve aspectos como satisfação com a aparência, o nível de preocupação e ansiedade a ela associada; e o último, o comportamental, que destaca as situações que as pessoas evitam por sentirem-se desfavoráveis devido à sua aparência corporal. Atualidades Related Searches Benign Paroxysmal Positional Vertigo Vestibular Disorders Association Vestibular Neuronitis Cause Of Vertigo Vertigo Symptoms Solution Real

Autoimagem e publicidade

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11/02/2015 Autoimagem e publicidade: até que ponto chegar pelo "corpo ideal"? ­ Resumo das disciplinas ­ UOL Vestibular

http://vestibular.uol.com.br/resumo­das­disciplinas/atualidades/autoimagem­e­publicidade­ate­que­ponto­chegar­pelo­corpo­ideal­andreia­martins.htm 1/4

Autoimagem e publicidade: até queponto chegar pelo "corpo ideal"?Andréia MartinsDa Novelo Comunicação 24/10/2014 06h00

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Getty Images

(http://celebridades.uol.com.br/album/2014/10/21/veja-as-transformacoes-do-rosto-

de-renee-zellweger.htm#fotoNav=1)

Antes e depois do rosto da atriz Renée Zellweger(http://celebridades.uol.com.br/album/2014/10/21/veja-as-transformacoes-do-rosto-de-renee-zellweger.htm#fotoNav=1)

A imagem corporal é a ideia que cada pessoa tem sobre o seu corpo e ela tem

papel central na construção da nossa identidade. É através do nosso corpo e de

seus movimentos, postura, odores e gostos que projetamos nossa autoimagem aos

outros e ao mundo. Essa construção é um processo permanente, que envolve

fatores físicos, emocionais e sociais.

Exemplo de transformação bastante comentado na segunda quinzena de outubro

foi a atriz Renée Zellweger (http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-

noticias/redacao/2014/10/22/plasticas-e-transtorno-mental-podem-ser-as-causas-

do-novo-rosto-de-atriz.htm).

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Segundo o psicanalista francês Jacques Lacan (1901-1981), a formação da imagem

corporal começa na infância, no que ele descreve como "estádio do espelho", ou

fase do espelho. De acordo com a teoria, essa fase se estende dos seis meses aos

dois ou três anos de idade, quando a criança passa se perceber como um corpo

unificado, e não mais fragmentado, completado pela mãe. Nessa idade, se colocada

em frente a um espelho, a criança se reconhece como indivíduo, iniciando a sua

construção do “eu”.

Em seus estudos, o norte-americano J.K. Thompson, professor de psicologia na

Flórida (EUA) e referência no tema imagem e corpo, elencou três componentes

para a formação do conceito de imagem corporal. O primeiro, o componente

perceptivo, está ligado à percepção da nossa própria aparência física; o segundo, o

subjetivo, envolve aspectos como satisfação com a aparência, o nível de

preocupação e ansiedade a ela associada; e o último, o comportamental, que

destaca as situações que as pessoas evitam por sentirem-se desfavoráveis devido

à sua aparência corporal.

Atualidades

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11/02/2015 Autoimagem e publicidade: até que ponto chegar pelo "corpo ideal"? ­ Resumo das disciplinas ­ UOL Vestibular

http://vestibular.uol.com.br/resumo­das­disciplinas/atualidades/autoimagem­e­publicidade­ate­que­ponto­chegar­pelo­corpo­ideal­andreia­martins.htm 2/4

O grande dilema do mundo moderno é adequar essa imagem corporal aos padrões

estéticos difundidos pela sociedade. Uma pessoa com peso ideal ou malhada é

sinônimo de pessoa saudável? Nem sempre. No entanto, a ideia de saúde que se

fortaleceu no século 20 foi a da cultura da “boa forma” e da exibição do corpo

impulsionada pelo boom da indústria do fitness e pelos modelos de comportamento

e beleza adotados pela indústria da publicidade.

Magreza x obesidade: efeitos de diferentes consumos pelocorpoQuando falamos de corpo, consumimos não só alimentos, mas padrões,

comportamentos, roupas e atitudes sempre buscando a (auto) imagem dita ideal.

Nessa busca, obesos sofrem por serem considerados “fora do padrão”; jovens

insatisfeitas com sua aparência e peso recorrem a dietas inadequadas e acabam

desenvolvendo transtornos alimentares em busca de uma magreza exagerada. Há

quem recorra a cirurgias plásticas para alterar o corpo, muitas vezes, sem

necessidade, ou em busca da eterna juventude.

No final de outubro, a atriz Renée Zellweger chamou atenção e virou notícia em

todo o mundo após aparecer em um evento com uma aparência completamente

diferente (http://mulher.uol.com.br/beleza/noticias/redacao/2014/10/21/renee-

zellweger-aparece-irreconhecivel-cirurgioes-comentam-as-mudancas.htm),

levantando especulações sobre o uso de intervenções como plástica e botox.

Especialistas levantaram inúmeras possibilidades para explicar a mudança radical

da atriz, como perda de peso em excesso, redução do volume de cabelo, aplicação

de botox, retirada de pele e bolsas das pálpebras superiores, inserção de próteses

no rosto, entre outros procedimentos. A atriz divulgou um comunicado no qual se

diz "feliz" pelas pessoas terem reconhecido que ela está diferente e que ela está

cuidando da saúde como nunca.

Nessa discussão, duas práticas ligadas à construção da nossa imagem corporal

não podem ficar de fora: a dieta e o exercício físico, comportamentos saudáveis

quando feitos com equilíbrio, prazer e acompanhamento profissional, mas que às

vezes tornam-se inimigos da saúde.

A decisão de fazer uma cirurgia plástica ou uma dieta costuma estar relacionada à

insatisfação com nosso corpo. No entanto, quando feita de modo radical, a dieta

pode levar a transtornos alimentares devido a maus hábitos como beber apenas

água, pular refeições, tomar remédios, entre outros.

Não à toa, transtornos alimentares como a anorexia e bulimia são, hoje,

considerados também reflexos de uma distorção da imagem corporal. Esses

transtornos são caracterizados por um padrão de comportamento alimentar

gravemente perturbado, um controle patológico do peso corporal e por distúrbios da

percepção da imagem corporal. No caso da anorexia nervosa, a pessoa desenvolve

um medo de ganhar peso mesmo estando abaixo ou com o peso considerado ideal.

A febre das dietas atinge especialmente as adolescentes, que aderem à prática sem

estimar suas consequências. Essas dietas são facilmente encontradas na internet e

compartilhadas nas redes sociais, hoje, o principal meio de exposição da

autoimagem entre esse público

(http://tecnologia.uol.com.br/noticias/bbc/2014/10/16/analise-as-redes-sociais-estao-

mudando-a-percepcao-do-corpo.htm). 

Sobre essa questão, Phillippa Diedrichs, pesquisadora do Centro para Pesquisa em

Aparência da Universidade do Oeste da Inglaterra, vê uma ligação entre redes

sociais e a preocupação com o chamado “look”. Para ela, “quanto mais tempo se

passa no Facebook, maior a probabilidade das pessoas se enxergarem como

objetos". Esse excesso de exposição e interação -- nem sempre positiva com a

opinião alheia-- favorece a ansiedade.

Na opinião de Diedrichs, a resposta para amenizar a ansiedade com relação à

aparência é defender uma diversidade maior na mídia, pois não há apenas uma

forma de ser saudável e não há uma aparência ideal.

Page 3: Autoimagem e publicidade

11/02/2015 Autoimagem e publicidade: até que ponto chegar pelo "corpo ideal"? ­ Resumo das disciplinas ­ UOL Vestibular

http://vestibular.uol.com.br/resumo­das­disciplinas/atualidades/autoimagem­e­publicidade­ate­que­ponto­chegar­pelo­corpo­ideal­andreia­martins.htm 3/4

Na outra ponta do consumo, temos o problema da obesidade

(http://educacao.uol.com.br/disciplinas/biologia/obesidade-excesso-de-gordura-

gera-diversos-riscos-a-saude.htm), acúmulo de gordura no corpo. A obesidade é um

dos principais desafios de saúde pública do século 21 e o problema é grave quando

falamos de obesidade infantil.

Crianças com sobrepeso e obesidade são mais propensas a desenvolver diabetes e

doenças cardiovasculares ainda jovens e, numa idade mais avançada, doenças

crônicas associadas à alimentação

(http://educacao.uol.com.br/disciplinas/biologia/obesidade-excesso-de-gordura-

gera-diversos-riscos-a-saude.htm). Além desses problemas, uma pesquisa

realizada em 2014 pela Faculdade de Medicina da UNESP, em Botucatu (SP),

encontrou evidências de que o excesso de peso pode, a longo prazo, aumentar o

risco de desenvolver osteoporose.

No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que, para resolver

o problema, é preciso vencer um adversário de peso: a propaganda

(http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/publicidade-linguagem-para-

convencer.htm). Segundo a OMS-Europa, a propaganda de alimentos nocivos a

crianças se mostrou "desastrosamente eficaz" em estimular a obesidade, em

especial com o uso das redes sociais para promover alimentos ricos em gorduras,

sódio e açúcar, mas pobres em vitaminas, minerais e outros micronutrientes

saudáveis. Daí a necessidade de, detectar o problema durante a infância para

tentar reverter esse quadro, evitando o consumo frequente de alimentos calóricos e

gordurosos.

A pressão sobre o corpo femininoO culto do corpo e a exigência de um padrão de beleza não é um dilema do mundo

moderno.  Ele está relacionado com o ideal de beleza grego, para quem o belo

estava associado à aptidão física e a um modo de vida do cidadão grego. O homem

belo tinha valores, era culto e politizado, e o conceito de beleza estava mais ligado

ao sexo masculino.

Como elenca o filósofo e professor francês Gilles Lipovetsky, a visão da mulher não

foi sempre ligada à beleza. “Nas pinturas pré-históricas, as mulheres são retratadas

com enormes seios e nádegas, símbolo de fecundidade e não de beleza. Na cultura

grega, obcecada pela definição da beleza absoluta e marcada por uma cultura

homossexual, Apolo certamente é mais importante do que Vênus. Por fim, na

cultura cristã, a beleza da mulher é considerada perigosa, ‘a porta do diabo’”.

Ao longo do tempo, as mulheres se livraram do excesso de roupas e do espartilho,

item que vai além de uma simples peça do vestuário quando se fala de padrões

para o corpo feminino. Do Renascimento ao início do século 20, os espartilhos

representaram um código social ao qual a mulher deveria se adequar. Para uns, a

peça que alongava o corpo feminino e reduzia seu contorno curvilíneo mostrava

submissão e disciplina. A partir da segunda metade do século 19, o espartilho

passou a ter função moral, atribuindo à mulher um aspecto mais respeitável.

Com a emancipação feminina, as mulheres conseguiram se libertar do uso

opressivo do espartilho. A peça voltou a ser usada, mas hoje, com materiais

flexíveis e ao gosto da mulher. No entanto, novos sofrimentos e sacrifícios

passaram a ser submetidos ao corpo feminino.

“A verdade é que a especialização de tipo físico e moral da mulher, em criatura

franzina, neurótica, sensual, religiosa, romântica, ou então, gorda, prática e caseira,

nas sociedades patriarcais e escravocráticas, resulta, em grande parte dos fatores

econômicos, ou antes, sociais e culturais, que a comprimem, amolecem, alargam-

lhe as ancas, estreitam-lhe a cintura, acentuam-lhe o arredondado das formas, para

melhor ajustamento de sua figura aos interesses do sexo dominante e da sociedade

organizada sobre o domínio exclusivo de uma classe, uma raça e de um sexo”,

escreveu o cientista social brasileiro Gilberto Freyre

(http://educacao.uol.com.br/biografias/gilberto-freyre.jhtm), em “Sobrados e

mucambos: decadência do patriarcado e desenvolvimento do urbano”.

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11/02/2015 Autoimagem e publicidade: até que ponto chegar pelo "corpo ideal"? ­ Resumo das disciplinas ­ UOL Vestibular

http://vestibular.uol.com.br/resumo­das­disciplinas/atualidades/autoimagem­e­publicidade­ate­que­ponto­chegar­pelo­corpo­ideal­andreia­martins.htm 4/4

Para a escritora e historiadora brasileira Mary Del Priore, a identidade do corpo

feminino corresponde ao equilíbrio entre a tríade beleza-saúde-juventude. No caso

do corpo feminino, os padrões para compor essa tríade mudam com o tempo. Como

escreve Liliany Samarão no artigo “O espetáculo da publicidade: a representação

do corpo feminino na mídia

(http://www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed_08/04LILIANY.pdf)”, “o corpo da mulher

foi submetido a um ritmo acelerado – e padronizado – de mudanças, seja nos

padrões, nas medidas, nos estilos, nas épocas históricas. O corpo é o efeito dos

discursos que dão consistência simbólica à vida social. (...) O corpo virou o capital

da mulher no século 21”.

Dentro dessa lógica e obsessão por corpos magros ou musculosos, nosso corpo

parece se aproximar cada vez menos de um corpo humano, para se tornar cada vez

mais um objeto de design.

 

DIRETO AO PONTO

A imagem corporal é a ideia que cada pessoa tem sobre o seu corpo e ela tem papel central na construçãoda nossa identidade. Essa construção é um processo permanente, que envolve fatores físicos, emocionaise sociais e nos acompanha ao longo da vida. O grande dilema do mundo moderno é adequar essa imagem corporal aos padrões estéticos impostos pelasociedade. A ideia de saúde que se fortaleceu no século 20 foi a da cultura da “boa forma” e da exibição docorpo impulsionada pelo boom da indústria do fitness e pelos modelos de comportamento e belezapropagados pela indústria da publicidade. Na busca pela aparência dita ideal, as pessoas recorrem a dietas radicais, tornam-se obcecadas pelamagreza extrema, recorrem a cirurgias plásticas nem sempre necessárias, para alterar partes do corpo quenão agradam – muitas vezes no julgamento dos outros -- ou para evitar os efeitos do tempo. O corpofeminino é o que mais sente a exigência dos padrões sociais. A reflexão que pode ser feita é a de até que ponto nos deixamos influenciar por esses fatores externos e atéonde estamos dispostos a ir para ter uma imagem física dita perfeita. A dieta, o exercício físico,intervenções cirúrgicas, a vaidade podem ser comportamentos saudáveis quando feitos com equilíbrio eacompanhamento profissional, mas não podem se tornar inimigos do nosso bem-estar e saúde.

 

Andréia Martins

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