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61% 61% o& MI1M111,11411 1 kA I I -II w,1 I i I iý 111 HN 1111 ýJ i'] Montepio Deposite as suas i /1economias nos bancos ! para serem aplicadas em actividades produtivas contribuindo assim para a Reconstrução Nacional a',. L ,A NOSSA CAPA: Ofensisw da produtmdacae Oloseacr $serleo: M.radeí, Mam'ases.: Cliele do k«decçio 1ehi-: Uns Devid; - à : Albino Ma,;aiô, Alvos " s. Colan de Sila. Cres Co nod. Jo~ Seplste LuIs David. Mendes Obrei,.. Nenciso Cestehir.: Sec rie de &*do8: Of6110. Tbe: Fo*ef:l Rísodo R~1gel. Kok Nem. Nalta Uee. A" ~ Afoo (cOlabe.dor)' Mqn.ei.: Engsio Aldosso: Congedee eb e tais: WiIfred &'~chet. Pietro Petruc;: Popr..edade Tempogrfl.ce; O' cies. Redcçio e S.nsços Cioneis: Av. Ahmed Sekon Touné. 1078-A e I(Prdio Insisto>. teIfons 26191. 26192, 26093. Cai.. Post.l 2917- "MAPUTO - Repiblica topela de Moçambio,. A Escola de Regentes Agrícolas do Chimoio, que no passado se dedicou a formaýr técnicos para servir as empresas agrícolas capitalistas, está hoje já, profundamente alterada' nos nos seus objectivos. Este ano formou «dez professores» que tem como tarefa «formar mais 50 pessoas», como afirmou no encer ramento do curso o Governador de Manica. Estes «dez comandantes» estão armados com a linha política da FRELIMO, de forma a poderem contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento de agricultura, que é a base da nossa econoia, Em qualquer país capitalista ou neocolonizado, principalmente desertores ou traidores seriam *fuziados ou apodreceriam no fundo das masmorras. Não é assim na República Popular de Moçambique onde esses indi os vivem e reeducam-se: constroem as suas próprias casas, as suas ldeias, al3 suas machambas, as suas escolas e hospitais, transformando-se, transformando a naturezaý que os rodeia. É isto o que sucede no Centro de Reeducação dos Vacilantes na Província do Niassa que, lutando ainda com dificuldades, caminha para a autosuficlncia. PÁA PINA POR PÁGINA Cartas dos leitores '2 Semana a Semana nacional 6

ahmtem19761128psimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document... · 2007-08-03 · Panda e Mabota; PROV1NCIA DE MANICA: Chimoio, Espungabera ... estou vacilante entre o se,

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MontepioDeposite as suasi /1economias nos bancos ! para serem aplicadasem actividades produtivascontribuindo assim para a Reconstrução Nacionala',. L

,A NOSSA CAPA: Ofensisw da produtmdacaeOloseacr $serleo: M.radeí, Mam'ases.: Cliele do k«decçio 1ehi-: Uns Devid; - à: Albino Ma,;aiô, Alvos " s. Colan de Sila. CresCo nod. Jo~ Seplste LuIs David. Mendes Obrei,.. Nenciso Cestehir.: Sec riede &*do8: Of6110. Tbe: Fo*ef:l Rísodo R~1gel. Kok Nem. Nalta Uee. A" ~Afoo (cOlabe.dor)' Mqn.ei.: Engsio Aldosso:Congedee eb e tais: WiIfred &'~chet. Pietro Petruc;: Popr..edadeTempogrfl.ce; O' cies. Redcçio e S.nsços Cioneis: Av. Ahmed Sekon Touné.1078-A e I(Prdio Insisto>. teIfons 26191. 26192, 26093. Cai.. Post.l 2917-"MAPUTO - Repiblica topela de Moçambio,.A Escola de Regentes Agrícolas do Chimoio, que no passado se dedicou aformaýr técnicos para servir as empresas agrícolas capitalistas, está hoje já,profundamente alterada' nos nos seus objectivos. Este ano formou «dezprofessores» que tem como tarefa «formar mais 50 pessoas», como afirmou noencer ramento do curso o Governador de Manica. Estes «dez comandantes» estãoarmados com a linha política da FRELIMO, de forma a poderem contribuir deforma decisiva para o desenvolvimento de agricultura, que é a base da nossaeconoia,Em qualquer país capitalista ou neocolonizado, principalmente desertores outraidores seriam *fuziados ou apodreceriam no fundo das masmorras. Não é assimna República Popular de Moçambique onde esses indi os vivem e reeducam-se:constroem as suas próprias casas, as suas ldeias, al3 suas machambas, as suasescolas e hospitais, transformando-se, transformando a naturezaý que os rodeia. Éisto o que sucede no Centro de Reeducação dos Vacilantes na Província do Niassaque, lutando ainda com dificuldades, caminha para a autosuficlncia.PÁA PINA POR PÁGINACartas dos leitores '2Semana a Semana nacional 6

FPIM controlam base de Mavu-«Cancioneiro do Lázios,em Moçambique - Conversa- .ções FRELIMO-P.C. Cubano-Seminario de ReeducaçãoSemana a Semana internacional . . . . . . lOGuiné-Conakry celebra 22 deNovembro - Congresso doKC. Português1Jornais e Revistas . 14Factos e crítica . . 16Divulgação Científica - . 18Angola: do sangue e das balasnasce a força que ergue umpais . ....... 20Escola Agrícola do Chimoio . .27Ofensiva da produtividade . 34 Quanto melhor a classe operária se organiza maisagressivo se torna o inimig?Centros de Reeducação (1). 42Os vacilantes reeducam-seII Conferência da O.M.M. 50Comunicado Final - Estatutos e ProgramaA partir de Genebra, . . 58Timor-Leste: Um ano de independência . . . . 62PODE COMPRAR «TEMPO» NAS SEGUINTES LOCALIDADES:PROYINCIA DE MAPUTO: Namaacha. Manhiça, Moambe, Incoluane.X;navane e Boa~; PROVNCIA DE GAZA: Xýi Xai. Chicual ncuala Chibuto,Ch6kwê, Massíígir Manjacaze, Caniçado, Mabäaone e Nhamavila: PROVINCIAINHAMBANE: Inhambane, Quissico-Zavala, Ma ixe, Homoíne, Morrumbene.Mambone. Panda e Mabota; PROV1NCIA DE MANICA: Chimoio, Espungaberae Mianca: PROVINCIA DE SOFALA: Beira, Dondo ý Marromeu; "PROVíNCIADE TETE: Tète, Songo, Angónia, Mutararã, Z6bué, Moatize e Múgoé;PROVINCIA DE ZAMBÉZIA: Quelimane, Pebane, Gilê, Ile, Maganír da Costa,Namacurra, Chinde, Luabo, Alto Molocué, Lugea, Gúru6, Mocuba e Macuse;PROVINCIA DE NAMPULA: Nampula, Nacala, Angochie, Lumbo. Murrupula,Meconta e Mossuril; PROVINCIA DE CABO DELGADO: Pemba, Moclmboa daPraia e Montepuez; PROVINCIA DO NIASSA: Lichinga e Marrupa. EMANGOLA:, Luanda, Lubango, Huambo, Cabinda, Bengueta e Lobito. EMPORTUGAL: Lisboa.CONDIÇOES DE ASSINATURA:Província$ de Maputo, Gaze o Inhambane: 1 ano (52 números)-760$00; 6 meses(26 números) 38000; 3, meses (13 números)- 1905$00. Outras províncias, por viaar'ea: 1 ano: (52 números) -84$1,; 6 meses (26 números) -420$00; 3 meses (13números) -210$00. O pedido de assinatura deve ser acom-

,4utomobieismo pode ciaZ um de!asfre, ou é um desastre?

Há tempos fizeram-se algumas corridas na pista do A.T.C.M.,, corridas quetraziam ao local grande públicopara ver meia dúzia de corredores que à partida têm os seus carros com aclassificação final, pois mais poten. tes comandam logo a classificação. Claro,corridas como estas tiram lo.. go a vontade ao público de ir as. sistir a mais emuitas vezes espera.se horas para se ver começar a prova. Tudo isto, falta deorganização e pon. tualidade dos organizadores das provas.Em seguida, os responsáveis e vo.luntários organizadores do automobilismochegaram à conclusão que corridas como estas deviam parar, pois o público nãoia com tantaafluência.At. falou-se em seguida em treinar corredores novos, para haver mais inscriçõesde carros. Até aqui está tudo muito lógico, Mas, o que acontece:Tomaram a iniciativa de um critério que inclui várias provas, como as de: Perícia,quilómetro de arranque e provas de pista.Aqui os corredores novos e com carros normais perderam as esperanças, poisapareceram logo os oportunstas que se inscreveram com duas marcas de carros.Para provas de perícia (carros pequenos), p r o v a de quilómetro de arranque eprova de pista com as suas «bombas», B.M.W., Alfas, etc. Este critério era paracriar adeptos e animação aos novos corredores para em provas de automobilismovermos grandes inscrições de corredores. Vamos e temos que ser desportistas.Note-se que os desIortistas estive. ram presentes no critério pois alinharamsempre com o mesmo carro.Não vamos culpar só a organização, pois o programa do critério teve o parecer decertos corredores mais veteranos.Quanto à Organização faço um apelo: Para corridas de automóveis é precisomuita segurança, não é ad. missível que se vejam corridores em pista sem:capacete. Isto foi visto no sábado, dia 6. Os carros partiram ao sinal da bandeira, eos corredores não levavam capacetes. \Mesmo em caso de acidente, ou deincêndio, que é muito vulgar em provas de automobilismo, e visto nestas provasentrarem corredores sem experiência em pista, mais falta faz uma ambulância ouum extintor para primeiros socorros. Não quero ser muito pessimista mas estouconvencido que provas destas, muitas provocam acidentes.- Mais vale prevenir do que remediar. E é esta a esperança de que algo semodifique no nosso automobi-\Ai ýP 9

lismo a razão de. ser deste apontamento.Porque, fiquem bem cientes; nós vimos.J. M. Teixeira«0 homem sem cabea»Anda sem cabeça Fala sem cabeça Ri sem cabeça Grita bem alto mas não temcabeça Ergue o punho até lá! Mas não tem mãos O homem sem cabeçaCorre muito para chegar primeiro ao [destino

Para fazer parar Mas nunca consegue! Duvida sempre Ignora tudo É chamadosempre mas não ouve Porque não tem cabeça Tem sorte de tudo mas menos de[uma0 PovoÉ condenado à morte mas nunca [aprendeJá gritou em todo o mundo Já abalouJá matouJá agitouJá falouMas não foi ouvido A não ser o camuflado o duvidoso [tambémMas nunca se arrependeu É varrido em todos os cantos pelo [ventoO homem sem cabeça.Vitorino MahumaneO meu pedido també'mNão foi a primeira vez que li um artigo na imprensa (desta vez uma cartaintitulada O Meu Pedido) onde me pareceu que o que estava lá es-crito não era, realmente, o que o autor queria dizer.Este começa por confessar-se sinceramente entusiasmado com a linha progressistado «TEMPO», em 1972. Aborda o caso dos Padres Brancos e, por ai abaixo,escreve de muitas coisas e dos leitores «religiosos», assim- mesmo, entre comasmas parece que, segundo ele, a questão religiosa está magnificamente defini. dana Constituição da República; embora, como afirma ainda, traduzida na LeiFundamental de um Estado Laico, como se, além de Roma, existissem muitosestados religiosos por a.Mas o que mais me intrigou não sei se foi o se, na prática, souber assumir aresponsabiidie de responder por aquilo que se comprometeu a «garantir»... aindaestou vacilante entre o se,. claramenste duvt«oso, ou o «garantir», entre comas e,portanto, não menos duvidoso.Também, quanto a mim, não serd-assim tão impossível e muito pelo contrário, encontrar um perito marxistá queseja competente em teologia das religiões, pois o profundo conhecimento destasleva, infalivelmente, à eleição do marxismo. Por via das dúvidas escrevi«profundo conhecimento» e conheço pessoalmente alguns dos tais peritos quepassaram por essa escola.Mas não nos preocupemos mais, 0 autor parece pessoa mais que preocupada.Preocupa-se com a falha (redonda, segundo ele) da Igreja Católica ou queapodreça a ordem estabelecida, para além de profetizar 'a Igreja está cheinha deprofetas) a crise marxista, não sem deixar de servir-se das massas e do povo,como argumento, mas com letra minúscula, claro.A redacção do «TEMPO», em\nota abaixo, fica aguardando a colobora. çãoprometida.Como leitor tenho um pedido a fazer:Na próxima carta, por favor, seja um pouquinho mais claro, que o «TEMPO»,agora, é escrito para o Povo. Com letra grande, como escreveu Padres Brancos.Ciclo (o tal «não

diocesano», entre comas), 'Igreja, Deus, Destino, Igreja Católica e Direcção,Revista e Redacção, pois se cada um vê as coisas pelas lentes que resolveu usarnem por isso a realidade é distorcida.Vítor TomásOs desespezadosÉ do conhecimento geral que são os interesses que movimentam os homens:Interesses colectivos, individuais, egoístas e sublimes. Por isso, se estes interessessão atacados os seus representantes, defendem-os e no caso de serem, derrotadosficam numa situação desesperada. Na vida duma sociedade. Exemplo:desesperados no nosso Pais.1. - No nosso Pais existem a mudança das tarefas que muitos não encaram comouma mudança, mas sim uma despromoção nas suas'responsabilidades, essesindivíduos relaxam completamente a disciplina, esquecem da vida passada quedefenderam pelo seu custo da vida a nossa Organização, a FRELIMO.2.1- Existem elementos que durante a colonização assumiram por interior eexterior a vida dó inimigo, e como a vida na República Popular de Moçambiquerequer a destruição completa da velha sociedade, esses indivíduos caem na rotinae nada interessa pela vida nova em Moçambique.3.' - Outros porque não foram nomeados como membros das ComissõesAdministrativas nas Empresas, sentem-se considerados incapazes: mesmo nastarefas que vinham cumprindo, mal cumprem porque os seus interesses não foramalcançados.4. - Outros que a vida que eles levavam era de prostituição, alcoolis. mo, preguiçae desprezo pelo Povo. E, esta vida está colocada em comba-- p6ç.J

te no nosso Pais; logo os seus adeptos caem na desesperança.5.°O- Ainda outros que durante o processo da luta armada, tanto no interior comono eçterior da FRELIMO possuiam as estruturas nas suas mentalidades;alcançando a Independência foram instaladas as estruturas populares.Estes elementos entram em contradição antagónica e fracassam caindo na rotina;um tipo dos desesperados.6.o - O tipo mais sentido é do fun. cionalismo Público; em que sempre serfuncionário era um exemplo vi-vo de privilégio, de orgulho perante o Povo de uma identificação com a classeopressora. Encontrando nesta fase em que o trabalhador público deve assumir osnovos objectivos do novo Aparelho de Estadq que visa a destruição do desprezopelo Povo e servir o Povo com todo o coração. Muitos funcionários s ã odesesperados preferem trabalhar nas firmas privadas. Alegando o problema dovencimento, deixando o principal à rectaguarda.A quem sezve a Empresa 9e eesa 2ino & 7íehosA Revoluoto é um processo que reJeita t o d a s as ideias e tendêcias impuras.Esse processo não convive com aqueles que desprezam o povO, esse processorejeita todas as ideias reaccionárias cujas características é parar a corrida deste.Não é por acaso, que ap6s o povo moçambicano ter ascendido ao po-- pig. 4

der, assistimos a uma sistemática sabotagem económica que se caracteriýa'pelafuga de técnicos e divisas, isso é. uma realidade que não surpreende ninguém e,para aqueles que sempre sabem definir o que é uma luta de classes, previram istohá muito tempo, pois não há coexistência entre o poder populare os exploradores.D nesta perspectiva que irei caracterizar o conceito das empresas privadas aquiem Moçambique que, anteriormente foram concebidas para explorar ostrabalhadores. Nestas, ao verificarem-se manobras de sabotagem económicaperpetrada pelos gerentes capitalistas, estes são suspensos e ao mesmo temponomeadas as COMISSÇõES ADMINISTRATIVAS em sua substituição. Estassão constituídas pelos trabalhadores. Nós, o povo moçambicc4no, ao verificarmoseste gesto positivo do nosso GOVERNO, ficamos satisfeitos, pois é um passo emfrente que materializa o poder dos trabalhadores: operários e camponeses. Masdentro desta iniciativa do GOVERNO, há que salientar, por parte das empresasque sofreram a mudança da gerência anterior, em substituição, ficandoCOMISSÕES ADMINISTRATIVAS, aspectos negativos que se caracterizampelo liberalismo por parte de alguns trabalhadores destas empresas. É dentro destecontexto que irei caracterizar o n 1 v e 1 de liberalismo no seio da empresaTERESA LINO & FILHOS que se reflecte pela atitude que alguns motoristasdesta empresa assumém.Num momento em, que Moçambique atravessa uma crise económica e que o.sector dos transportes colec. tivos não fica à margem desta, alguns motoristas daTERESA LINO & FILHOS deixam passageiros nos apeadeiros, argumentandoque a carreira é de Xinavane, Maulane ou Vundiça, pois não podem levarpassageiros de Michafutene, só podem ir com passageiros daquelas localidadespor mais que o machimbombo não esteja superlotado. Eu penso que isso nãopodia ser,, sobretudo as carreiras que circulam em sentido descendente.Há auda, mais que isto, uma ati. tude que, acho ser incorrecta, pois não beneficiaem nada tanto a empresa assim como os utentes daquela empresa. É o caso dosmachibombos que circulam de manhã em sentido o.sc4ndente até, mais ou menos,às 7 horas não levam nenhum passageiro indo vazio até Michajutene, de lálevando os que vem ao trabalho na cidade.Então pergunto: será que naquele período não há passageiros que querem viajarem sentido ascendente?Não há trabalhadores que pegam às 7 horas naquelas zonas depois do Benfica?Agradecia que a Comissão Administratva respondesse a estas perguntas, pois eupenso que isso é uma f o r m a de sabotagem económica à empresa e forma deopressão aos que naquele período querem-se servir daquelas carreiras. Ascarreiras vão vazias para Michafutene queimando diesel de graça, quando hápassageiros que se acumulam nos apeadeiros e não podem seguir o seu destino.E mais agradecia que os camaradas da Comissão administrativa procurassemengajar os motoristas, com atitudes reaccionárias, na Revolução moçambicana emcurso, pois se eles nWo tomarem consciência Revolucio,níria aquela os rejeitará.É um pro. cesso que não tem amigo nem irmão, só é amigo dele'quem não se opõeã sua evolução e àquilo que ele quer: servir o povo e só mais nada.As saudações Revolucionárias

José Gomes Machaieieeutados t&abaehado esA luta dos trabalhadores Não só hoje se desencadeia Tem as suas fortes raízes Nasprofundezas dum ontem distante Tem seus alicerces Num antigo mtro remotoSempre enquadrada determinante[menteNuma incessante luta de classes Com um propósito digno e justo A libertaçãototal Das grilhetas do capitalismo A fim de usufruir Duma economia própria Livreda dependência estrangeira Muitos trabalhadores Nesta longa e dura jornada Quese sucede ao longo de anos Numa sequência gloriosa ora drás[ ticaFicaram a meio da brilhante, rota Tombados pela injustiça capitalista' Mas suasarmas não pararam de ma[ traquearJá nas mãos dos seus homónimos Que as tomnaram ainda operantes Do chãoencharcado de sangue da [revoltaNas diversas frentes de produção Muitos trabalhadores Tombaram com glória Deterem s i do pró.resistência ope[rã riaMas sobretudo com esperanças De que a chama que acenderam Seria futuramentealastrada Já em fogo abrasador Contra a injustiça no trabalho Estamos poisInegavejmante engajados Num cenário velho Onde quem representa são os povosOs povos que somos nós todos Operários a todos os níveis Cuja peça em cena Éýa luta de classes E cujas passagensOs trabalhadores querem se sobrepor Aos capitalistas Suprimindo assim asegregação Em todos Os sectores de labor A luta é dura e renhida Mas não é dedesanimar Pois não é de hoje a sua origem É remota quanto a exploração do(homem pelo homem E todos os trabalhadores devem se [unirE alastrá-la até aos trabalhadores [de amanhãPara a implontação duma economia [própriaLivre do capitalismo E livre da dependênci estrangeiraJuvenal Bucuane5«TEMPO» n. 321 - pág. 5

Terça-feira, 16DELEGAÇÃO AMERICANA EM MOÇAMBIQUE-Com o objectivo deestabelecer contactos com o Governo do nosso Pais, chegou a Maputo umadelegação norte-americana, 'chefiada pelo senador Dick Clark.A sua chegada, Dick Clark referiu que esperava ter encontro com o PresidenteSamora Machel, com o Vice-Presidente da FRELIMO, Marcelino dos Santos, ecom o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Joaquim Chissano. com a finalidadede se inteirar da situação da África Austral, particularmente no que se refere àsituação no Zimbabwe e Namíbia.CINEMA MOÇAMBICANO NO FESTIVAL DE LEiPZIG-Dois filmesmoçambicanos, «Mapai» e «Moçambique-Um ano de independência», produzidospelo Instituto Nacional do Cinema, serão apresentados no décimo nono festivalinternacional de Leipzig, que decorre a partir do dia 17 naquela cidade da RDA,segundo informa a AIM.

Durante uma conferênéia de imprensa, o vice-presidente do Comité Organizatvodesta semana do filme e documentário, Karl Eduard Von Schnitzler, e o directorRonald Trisch, declararam que dez dias antes do início do festival estavaminscritos 61 países e várias organizações como a Liga Antifascista do Chile, aOrganização para a Libertação da Palestina, as Nações Unidas e a UNESCO.Quarta-feira, 17MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS EM GENEBRA - OMinistro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique partiu para Genebra, ondedecorre a conferência sobre a colónia britânica da Rodésia do Sul, a fim de seinteirar sobre o andamento das negociações.A partida, Joaquim Chissano rafirmou,uma vez mais, o apoio à luta armada do povo do Zimbabwe contra o regime ilegalde lan Smith.DEVERA FICAR CONCLUIDA EM1979 A PONTE DA UNIDADE--A «Ponte da Unidade», que ligará a RepúblicaPopular de Moçambique à República Unida da Tanzania, custará aos doisTEMPO, .." ;. - e. Ç , épaíses mais de dois mil contos e dever& ficar concluída em 1979, segundo revelao Jornal «Noticias». Esta decisão foi tomada pelo grupo de trabalho conjunto dasdelegações governamentais dos dois países que esteve reunido em Pemba, naprimeira fase preliminar das conversaçoes.Foi já constituído um grupo de tra balho e uma Comissão Técnica, que ficarãodirectamente ligados a esta obra e subordinados a uma estrutura que éformada pelos Ministros das Obras Públicas da Tanzania e de Moçambique.Quinta-feira, 18CRIADAS MILICIAS POPULARES NO BAIRRO MASSAMBA (BEIRA)-Numa reunião de massas, orientada pelo responsável provincial do Departamentode Mobilização e Organização, as populações do Bairro de Massamb, cidade daBeira, decidiram criar mil cias populares,Esta decisão, que tem por finalidade garantir a segurança das populações daquelazona residencial, f tomada depois de apresentada a questão da existência debandidos, que actuavam facilmente devido à falta de iluminação.Sexta-feira, 19A C O R D O DE COOPERAÇAO MOÇAMBIQUE - SUÉCIA- F o i assinadoum acordo de cooperação entre Moçambique e a Suécia, que prevê ofinanciamento por parte daquele país de projectos e empreendimentosmoçambicanos, incluindo a aquisição de materiais e apoio técnico num montantede setenta milhões de coroas, o que corresponde a cerca de quinhentos mil contosem moeda moçambicana.Assinaram o referido contrato, por parte da República Popular de MoçambiqueýFilipe Ferreira, chefe de gabinete do Ministério do Desenvolvimento e,Planificação Económica, e em representação da Suécia, Thord Palmelund, chefedo Departamento de Cooperação Bilateral do Ministério dos NegóciosEstrangeiros daquele país.ACORDO CULTURAL INLD-RCP -.O

Instituto Nacional do Livro e do Disco e a Guozi Shudian, organismo estatal daRepública Popular da China para o controlo da exportação de livros epublicações, assinaram em Maputo umcontrato sobre a importação e exporta-, ção de livros, publicações e discos.Em representação da Guozi Shudian rubricou o contrato o Conselheiro daEmbaixada da R. P. C' em Moçambique, tendo durante a cerimónia sidosalientada 'a importância do acto, visto tratar-se, da consolidação dos laços deamizade existentes entre os dois povos, amizade essa forjada durante os anos daluta .armada de libertação.Domingo, 21ENCERRAMENTO DO CURSO DE RECICLAGEM DE PROFESSORESPRIMARIOS-Terminou o Curso de Reciclagem de Professores do EnsinoPrimário que, durante cerca de um mês, decorreu na Namaacha.A realização deste curso teve como objectivo o aperfeiçoamento e actualizaçaodos métodos de trabalho dos instrutores, bem como procurar a forma maiscorrecta de tomar homogénea a metodologia de trabalho nos dez centrosexistentes no país.Segunda-feira, 22MÉDICOS SOVIÉTICOS CHEGAM AMAPUTO Chegou a Maputo a segunda'delegação de médicos especialistassoviéticos, que vêm trabalhar em Moçambique no cumprimento do acordo decooperação estabelecido entre o Governo do nosso País e o Governo da URSS1PREPARATIVOS DO II! CONGRESSO- Estão a decorrer em diversasprov;ncias os trabalhos preparativos do III Congresso da FRELIMO,nomeadamente em Cabo Delgado, Zambézia e Sofala.Na primeira daquelas prov;ncias, o responsável de Informação e Propagandareuniu com os membros do Grupo Dinamizador de distrito de Mecufi, enquanto oresponsável da Eduicação e Cultura orientou outra reunião no distrito de Chiure.Na província da Zambézia, os respohsáveis da Saúde estudaram medidas a tomarpara o saneamento do meio ambiente. Em Marromeu, província de Sofala,terminou também uma reunião em que participaram 50 delegados e que estudoutemas relacionados com a realização do III Congresso.

PLM CONTROLAM BASE DE MAVUEo Combates na zona de Pafúivam a registar-se intensos combates na zona compreendida entre Pafuri eChicualacuala, combates estes iniciados na sexta-feira, depois de as tropasrodesianas terem sido recha çadas em Pafuri.Embora o exército racista continuasse as suas tentativas de avanço, tendo paraisso reforçado as suas hostes com material pesado e efectivo militar, as ForçasPopulares de, Libertação de Moçambique continuavam a rechaçar estas tentativasde avanço. determinadas a expulsar o inimigo de territbrio nacional.SOLDARIEDADE PARA COMO POVO MOÇAMBICANO

Face às agressões \de que o nosso País está a ser vítima por parte do regimeminoritário que dirige a colónia britânica da Rodésia do Sul, dirigente de partidose países amigos têm endereçado ao Presidente da FRELIMO e Presidente daRepública Popular de Moçambique. Samora Machel, mensagens de repúdio pelasacções terroristas dirigidas por lan Smíith de solidariedade para 'com o Povomoçambicano e com a justa luta do Povo do Zimbabwe.Entre as últimas mensagens recebidas, estão a de Fidel Castro, PrimeiroSecretário do Partido Comunista Cubano, e Olvaldo Dorticos Torrado, Presidenteda República de Cuba, em que se afirma:«O Partido Comunista de Cuba, o governo revolucion rio e o povo _ubano,tiveram conhecimentq, com indignação da notícia da invasão contra o território dovosso país, por parte das forças do regime racista de lan Smith.«Este novo ataque contra Moçambique, constituí outra brutal manobra doregime racista rodesiano, para sufocar a crescente luta dos patriotas do Zimbabwecontra o odioso sistema de opressão e impedir o apoio aos verdadeirosrepresentantes desse povo, por parte de países que, como Moçambique, sesolidarizam e opoiam a justa luta que levam a cabo.«Reiteramo-vos, nesta ocasião, e por seu intermédio, á FRELIMO e ao povoirmão de Moçambique, a solidariedade, do nosso Partido, Governo e Povo».Por sua vez o Presidente do Conselho de Ministros da República Árabe eDemocrática do Sara, Mohamed Lamine Ould Ahmed, enviou a seguintemensagem ao Chefe de Estado Moçambicano.«O povo da República Árabe e Democrática do Sara e a sua vanguardarevolucionária, a Frente POLISÁRN., condenam energicamente a agressão àRepública Popular de Moçambique por tropas do regime racista de Salisbúria. Onosso povo solidariza-se com o povo irmão de Moçambique e o seu governorevolucionário e apresentam as suas sentidas condolências ás famílias dosmártires que tombaram na defesa da República Popular de Moçambique.«Temos fé na vitória final dos povos africanos».Também o Secretário-Geral da OSPAA, Youssef Elsebai, dirigiu a seguintemensagem ao Presidente Samora Machel:«A OSPAA condena veementemente a bárbara invasão de Moçambique, poucotempo depois do massacre de centenas de refugiados do Zimbabwe, pelo regimeminoritário branco da Rodésia. A coincidência da recente agressão com aconferência de Genebra desmascara claramente as reais intenções de Smith e dosseus patrões imperialistas, que se opõe à verdadeira independência e á paz emantém o poder á custa da violência cada vez maior. A OSPAA apela para que acomunidade internacional manifeste a sua .condenação firme e apoio material epolítico às forças que rechaçam a agressão».CONVERSAÇOES FREIMNO - P. C. CUBANOTiveram in;cio na tarde do passado dário, entre a delegação do Partido Coãbado,na Sede Nacional do Partido, | munista Cubano, em visita de amizade i Maputo,conversações a nível Parti- 1 ao nosso Pa;s a convite do Comité CenTEMPO ,. -páFPLM RECIDE AVAr

lnformaçc seguinte, a

EM!SEMANA -A SEMANAtrai da FRELIMO, e uma representação da vanguarda. revolucionária do povo,moçambicano.Entre as questões a serem abordadas situam-se as relacionadas com o reforço.,das relações fraternais entre os povos e partidos da República Popular deMoçambique.e da República Socialista de Cuba, além de aspectos ligados àcooperação bilateral a vários domínios, no âmbito da solidariedade militante einternacionalista dos povos de ambos os países.A delegação moçambicana, chefiada por óscar Monteiro, Secretário NacionalAdjunto do Departamento das Relações Exteriores, membro do Comité Executivoda FRELIMO e Ministro de Estado na Presidência, integra José Júlio, da SedeNacional do Partido, Félix Amane, do Estado Maior General das F.P.L.M., eBaptista Cosme, quadro do Partido e Directór Nacional da CooperaçãoInternacional a n;vel governamental. A delegação visitante é chefiada por RaúlVaidez Vivo, responsável do Departamento de Relações Exteriores do ComitéCentral do Partido Comunista de Cuba, e integra Rosária San Pedro, responsáveldo Departamerto de Africa e Médio Oriente do Comité Central do referido Partidoe pelo Embaixador de Cuba em Moçambique, Narciso Martin Mora Diaz.«POVO CUBANO SOLIDARIZA-SE COM A LUTA DO POVOMOÇAMBICANOO Povo de Cuba solidariza-se por completo com a luta do Povo moçambicano, ealegra-se rofndamente pela vitoriosa resistência aos ataques imperialistas atravésdo regime ilegal, racista e fascista de Smith - afirmou RaúlValdez Vivo a sua chegada a-Maputo.Depois de referir que a sua delegaçãoveio a Moçambique para «responder a um convite do Comité Central daFRELIMO, estreitar as relações de amizade e de camaradagem existentes entre osdois povos», Raul Valdez Vivo falou da solidariedade do povo cubano para com opovo moçambicano face aos ataques dos racistas. E a dado passo destacou:O Povo de Cuba considera como suaa causa do Povo heróico de Moçambique que, encabeçado pelo Presidente SamoraMachel, defende tão dignamen-te a sua independência nacional contra a Africa Austral. Agora é uma fase que osataques do imperialismo, neste caSO pensamos que vai conduzir à vitória fidasforças racistas e fascistas da Ro- nal de todos os povos desta região do désia. (.*.)E, vemos esta luta como par- continente. te do processo revolucionário em todaO "CANCIONEIRO DO LAZIO" ACTUOU EM MOÇA MBIOUEO conjunto musical italiano «Carfcioneiro do Lázio». esteve alguns dias a actuarem Moçambique sob os auspícios do Ministério da Educação e Cultura da RPM eda Embaixada da Itália em Maputo. Este conjunto musical actuou recentementena Somália e na Tanzania. Depois de Moçambiue partirão para a Zâmbia.O «Cancioneiro do Lázio» o um agrupamento que se aprofundou no estudo damúsica tradicional italiana, tendo' todavia alterado' ou modificado a letra de várias

canções dando-lhe um conteú-do temático relativo aos problemas políticos esociais da Itália actual.«Nós fazemos música como povo»-afirmou um dos elementos do Cancioneiro durante um encontro com aInformação moçambicana na embaixada da Itália. Por outro lado afirmou que setratava de um conjunto profissional,e não de um agrupamento comercial.Durante a sua estada em Moçambique o «Cancioneiro do Láizo» teveoportunidade de actuar para a população do distrito de Zavala (Quissico) que p o rsua vez também apresentou as suasconhecidas canções e músicas com timbilas.. «Foi a primeira oportunidade de troca de experiências musicais directas com opovo, com a verdadeira cultura musical africana, especialmente da deMoçambique» - frisou um dos elementos do conjunto, acrescentando que talfacto não tinha sido possível nos ou-Vo final do espectculo, enquanto a ssislência aplaudia de pé, o Minis. ro. daJustiça da República Popular le Moçambique, acompazhado pelo ncarregado deNegõcios. da Embaiada de Itália em Moarnbique, sutu- ao palco para cumprmentar os omponentes do conjnto.tros países africanos visitados, onde se limitaram a contactar com músicos dacidade influeciados por música anígo-americana, Na Itália o «Cancioneiro deLázio» fez espectáculos nas fábricas,

nas praças 'públicas, nas aldeias e vilas das- regiões campesinas, onde recolhemotivos para as suas canções e músicas.Em Moçambique, nomeadamente no Maputo este conjunto musical italiano fezum espectáculo de gala, actuou para os operários numa fábrica da Matola e fezum espectáculo para estudantes na Escola Secundária Josina Ma-.Tiveram ainda um encontro com elementos da Direcção Nacional de Culturä ecom músicos locais para um troca de experiências. O «Cancioneiro de Lázio» foiformado em 1972, sendo a sua pequena embaixada, entre músicos e técnicos,composta por 12 pessoas.SEMINARIO NACIONAL DE REEDUCAÇÃOTeve inicio no passado sábado dia 20 de Novembro no Centro de Formação dasForças Policiais de Michafutene, na Província do Maputo, o Primeiro SeminárioNacional dos Serviços de Reeducação. Participam neste Seminário, que tem aduração de cinco dias, delegações d todos os Centros de Reeducação doPaís,elementos das es truturas do rtido e do Governo a nível provincial e aindarepresentantes dos diversos Ministérios.Abriu o seminário o Comissário Político Nacional e Ministro do Interior ArmandoGuebuza que em improviso teceu os objectivos do Seminário, que tem em vista abusca de melhores formas da formação do homem novo e construção de umasociedade nova em Moçambique. Armando Guebuza historiou também empormenor os vestígios e os reflexos da sociedade colonial decadente, inculcadosna mentalidade do nosso povo, os quais constituem hoje em dia uma das maispesadas heranças para a FRELIMO.

«A tarefa de reeducar não é só dos Centros de Reeducação, mas de todo o povoem geral, guiado e orientado pela FRELIMO, porque o povo é que nos mostrouque este ou aquele indivíduo são marginais, drogados ou prostitutos» - afirmou adado passo o Mintro do Interior acrescentando que a tafa de ree ar noMoçambique lie i dte de hoje aparece como uma e ia, realização econquista novas orquanto «na guerra nós reeducávamos os transviados e osdesviados da nossa linha, mas hoje já não os podemos reeducar totalmente .dessaforma, porque as nossas condi-ções com a independência nacional sofreram alterações profundas».Citando depois alguns exemplos das várias formas de exploração deixadas pelocolonialismo, aquele responsável afirmou que o «chibalo», a prostituição ocristianismo e a assimilação eram as principais armas da civilização colonialdecadente em Moçambique.DEFINIR CAUSAS DO CRIMEE SABER QUE REEDUCAÇÃONÃO É PUNIÇÃOAinda durante o seu improviso e referindo-se a determinados indivíduos queainda hoje defendem valores co!oniais em Moçambique, Armando Guebuzaafirmou:-Estes indivíduos trocam até a §ua nacionalidade por questões económicas.Fogem hoje para Portugal, país onde nunca viveram e amanhã querem já voltarpara trabalhar em Moçambique como contratados, para melhor serem pagos,esquecendo-se de que não se pode trocar de pátria e nacionalidade como porexemplo se troca o número da camisola no campo de futebol».- Por isso - continuou - os valores que nós defendemos só poderão serconcretizados pela materialização prática dos princípios que hoje aquiafirmamos.Armando óuebuza afirmou ainda que para o bom funcionamento dos Serviços deReeducação não basta apenas escangalhar os vestígios deixados pela sociedadeconial no nosso pais, adiantando qu torna necessário tamrnémliquidar lores feudais legados pela sociedad ,radicional para que se p-o-sa atrofiar todos estes valores negativos e se construa na pátria uma sociedadesocialista que sirva a aliança operária-camponesa.Debruçando-se sobre a actuação e tarefas dos Centros de Reeducação, escla*receu, que para um combate' intenso contra a criminalidade não basta apenas aacção levada a cabo pela Forças Policiais para deter o individuo, pois é precisoantes de mais conhecer as causas e raízes do crime para que então se possacombatê-lo. «Combater o crime é combater o capitalismo» -acrescentou, dizendopor outro lado que os Centros de Reeducação devem travar um combate intensocontra as causas do crime e transformar o homem agressor em servidor real dasociedade a que ele próprio pertence, devem também combater ainda a reacçãoque a pouco e pouco vai encontrando a sua morte e destruição.Esclarecendo que o significado exacto que deve ter a reeducação hoje emMoçambique, Armando Guebuza exp!icou que reeducação não é sinónimo depunição;-O que se pretende da reeducaçäo.

--afirmou o Ministro do Interior - é tirar os valores negativos que pululam namentalidade das pessoas e transformá-las e m valores positivos,, revolucionáriosúteis ao nosso povo; isto é dar ao Homem possibilidades e tarefas para elecontribuir para a criação e edificação da sociedade nova,-O Centro de Reeducação deve ser pois para estes indivíduos um centro difusor daciência e técnica e criar neles um espírito de desafio pela domino ção da naturezaao serviço do homem. Para este efeito far-seá nos Centros, cursos deaprendizagem de determinadas profissões, desenvolver-se-ão exercícios físicos eactividades produtivas, onde as pe ssas produzirão por si e para sociedademoçambicana revolucionária em geral. finalizou Armando Guebuza.e

Terça-feira,. 16GOVERNO S U E C O CONTINUARA A APOIAR LIBERTAÇÃO DEAFRICA«0 governo tenciona continuar a dar crescente apoio à luta de libertaçãona Africa Austral», afirma uma declaração oficial sobre política externa emitidapelo gabinete sueco, que tomou posse em 10 de Outubro último, e divulgada nacapital moçambicaría pela Embaixada daquele país, segundo revela a AIM.No que respeita ao apoio aprestar pela Suécia ao desenvolvimento e cooperaçãointernacionais, afirma-se no mesmo documento que «o objectivo de contribuircom um por cento do produto nacional bruto» para aquele efeito, «deve serencarado apenas como umprimeiro passo».CONSTRUÇÃO DO MAUSOLÉU DEMAO TSETUNG- Milhares, de operários e soldados chineses iniciaram, na Praçada Paz Celestial em Pequím, a construção do mausoléu dedicado aoPresidente Mao Tsetung.Quarta-feira, 17VENEZUELA CORTA RELAÇõES COMPRETÕRIA - Segundo notícias provenientes de Nova lorque, o Presidente CarlosAndré Pe rez, da Venezuela, disse na véspera, durante a 31.' sessão 'daAssembleia Geral das Nações Unidas, que o seu país decidira cortar todas asrelações -comerciais com a África doSul.O Presidente -da Venezuela acrescentou que esta decisão do seu governo foitomada como protesto contra a política do «apartheid» levada a cabo pelasautoridades racistas de Pretória.Quinta-feira, ,18CEE AJUDA LESOTHO -O MercadoComum Europeu ofereceu uma ajuda de emergência ao Lesoto, a fim de restaurara economia afectada pelo encerramento das fronteiras com o estado fantoche doTrahskei, segundo informou o ministro holandês dos Negócios Estrangeiros, MaxVan Der Stoel.Falando em nome de nove paísesmembros da CEE, aquele diplomata deK1[MP - p. a. 0

clarou ao Parlamento da Comunidade Europeia que esta oferta tinha sido feita porsi, durante conversações tidas em Bruxelas com o Embaixador do Lesoto.300 CONVENÇõES SOBRE TRABALHO- A Organização Internacional doTrabalho (OIT) estabeleceu um total de 300 convenções internacionais erecomendações que estabelecem objectivos políticos e regras de base no tocanteaos direitos do homem, fundamentais no trabalho e noutras questões queinteressam aos trabalhadores, segundo indica um relatório publicado pelaOrganização.Sexta-feira, 19'COOPERAÇAO CABO VERDE-SENEGAL- O Conselho governamental doSenegal aprovou um tratado de amizade e duàs convenções, sobre a circula'ção depessoas entre Cabo Verde e o Senegal.Nos termos do acordo de amizade, foi decidida a criação de uma comissão mistade cooperação entre os dois países, com vista a aumentar as ligações nos campospolítico, económico, cultural e técnico.ESCALADA MILITAR NO INDICOO projecto de resolução política da próximasessão do Comité do Congresso Indiano condena a construção de uma base militarem Diego Garcia, sublinhando que tal base se situa dentro de uma escalada dapresença militar dos Estados Unidos no Oceano Indico.Esta presença, acrescenta o projecto de resolução, é contrária aos interesses dospovos dos países ribeirinhos. O Comité aprovou igualmente a resolução daAssembleia Geral das Nações Unidas, de fazer do Oceano Indico uma zona depaz.,Sabado, 20APROVADA NOVA CONSTITUIÇAO ARGELINA - O Povo argelino aprovou;por esmagadora maioria a nova Constituição Nacional, segundo indicam osresultados do referendo, que embora sendo ainda parciais, apontam umapercentagem de 96 por cento de <sim», no total de inscritos nos cadernoseleitorais.Segundo os últimos números oficiais, a participação dos eleitores foi de 99,88 porcento e destes, 95,88 por cento responderam «sim», o que dá o resultado de 96 porcento na totalidade.PRESAS CEM PESSOAS NA CATALUNHA- Mais de cem pessoas forampresas quando participavam numa Assembleia da «Liga ComunistaRevolucionária», organizaçýão de esquerda radical, implantada essencialmente nopais Basco.A maioria dos presos terão sido enviados para a prisão, enquanto outros seencontravam ainda no Comissariado da Polícia de São'Sebastião.Domingo, 21JORNALISTA SUL-AFRICANO CONDENADO A SEIS ANOS DE PRISÃO-Segundo noticias provenientes d e Pretória, o jornalista sul-africano AnthonyHoliday foi condenado a seis anos de prisão pelas autoridades racistas, acusado depropaganda a favor do Congresso Nacional Africano da Africa do Sul (ANC) e doPartido Comunista.

No-decorrer do julgamento, Holiday denunciou o facto de ter sido torturadoaquando da, sua detenção em Julho último, tendp o juiz alegado que «não estavaem posição de responder à denúncia».ADMISSAO DE ANGOLA NA ONUOs Estados Unidos poderão, modificar a sua posição relativamente à admissão daRepública Popular de Angola nas Nações Unidas, nao vetando de novo a entradadeste País naquela organização mundial, segundo anunciaram círculos norte-americanos.Segunda-feira, 22BANDIDOS DA UNITA TREINADOS PELOS SUL-AFRICANOS- Segundorevelou na capital zambiana um representante da SWÂPO, M. Muyongo, osracistas sul-africanos estão a dar preparação militar a bandoleiros da UNITA nabase de Grooffontein, a norte da Namíbia.*É a partir do território da Namlbia, ocupado ilegalmente pelo regime racista sul-africano, que os assassinos da UNITA planeiam provocações contra a RepúblicaPopular de Angola.

GUINÉ- CONAKRY CELEBRA 22 DE NOVEMBROO povo da Guiné-Conakry comemorou no passado dia 22 o 6.0 aniversário da giavitória sobre a invasão imperialista do seu pais, invasão essa feita através de umacoligação entre tropas coloniais portuguesas estaciõnadas na Guiné-Bissau,serviços secretos ingleses, franceses, alemães e norte-americanos, assim comofantoches guineenses. Qual a missão dos invasores? Nesse ano de 1970 aFRELIMO, o MPLA e o PAIGC-que tinham'campos qe treino rna Guiné-Conakry- infligiam pesadas derrotas ao colonialismo português e, por isso, aoimperialismo, A missão dos invasores era portanto atacar o PAIGC na suarectaguarda segura, assassinar Sekou Touré, derrubar o seu governo popular ePartido- O Partido Democrático da Guiné (PDG) - e instalar em Conakry umgoverno neo-colonial completamente enfeudado ao imperialism o e chefiado poresses fantoches guineenses.A invasão começa cerca das 2 horas da madrugada do dia 22, noite bastanteescura que envolve centenas de milharde cidadãos guineenses em profundorepouso e enfraquecidos pelo Ramadan muçulmano (mês de jejum). Em Bissau,Antônio de Spinola - na altura governador da Guiné-Bissau e comandante-em-chefe das forças armadas portug u e s a s naquele território - recrutara oficiaisportugueses e agentes-da PIDE/ /DGS para a «operação Guiné 554/70», tais comoAlpoim Galvão de Meio, Abílio Pires e Matos Rodrigues, assin. como centenas detropas portuguesas que acabariam por constituir o grosso das forças invasoras.Tudo isso foi feito com o oonhecimento de, Rui Patrício, então ministro dosnegócios estrangeiros do governo de Caetano. Por seu tur n o os serviços secretosingleses, americanos, franceses e alemães recrutaram os seus agentes dentro e forada Guiné-Conakry. A maior parte desses traidores foi recrutada no seio doexército guineense, nomeadamente, alguns quadros superiores e o próprio. chefedo Estado Maior das Forças Armadas da Guiné. Também foram recru-Focé Berete, embaixador da Gúiné

-Conakry em Moçambique: «Estamo,, prontos a combater como os moçambicanos quiserem».tados exilados guineenses e vários militantes» do PDG - que durante a noite dainvasão faziam sinais de luzes para guiar as tropas invasoras-assim como o chefeda central eléctrica e alguns cidadãos estrangeiros que tinham ido para a Guinétrabalhar como cooperantes. Um deles, o alemão Thiessen Haussen, foi mortopelos invasores porque estes o confundiram com Amilcar Cabral cujo carro eraidêntico àquele que Haussen guiava quando foi metralhado (um Wolkswagenazul). O aeroporto internacional de Gbessia-Conakry, onde se encontravam osMIGs, os campos militares Boiro e AI-,' many Samory, as residências de SekouTouré e de Amílcar Cabral, as sedes dos comités do PDG e a do PAIGC, a centraleléctrica e o pequeno porto de Belle-Vue são os alvos das tropas invasoras quechegam à capital guineehse transportados por barcos de patrulha e dedesembarques portugueses. Todas essas tropas vestiam o uniforme do exércitoguineense e os soldaios e mercenários brancos tinham as caras pintadas de negropara melhor confundirem a população, Alguns destes alvos foram alcançados peloinimigo. A. resi-dência secundária de Sekou Touré foi completamente incendiada. As tropasinvasoras pensavam ter morto o presidente guineense mas este não se encontravaem casa mas sim no palácio onde ficara a trabalhar até de madru.gada. Também foi incendiada a casa de Amilcar Cabral mas este não seencontrava em Conakry no dia da invasão.Por causa da traição de oficiais doexército, de alguns funcionários do estado e «militantes» do PDG, gerou-se aconfusão no seio do exército guinense e na população. Só às primeiras horas demanhã é tque a contra-ofensiva pôde ser organizada. Pela Rádio o PresidenteSekou-Touré fez um apelo de mobilização geral e então foi posta em execução acontra-ofensiva. Oficiais fiéis passaram para o posto de comando, e milhares demilitantes e populares (milícias) dirigiram-se às sedes do partido para se armareme fazerem frente aos invasores. Em pouco tempo estes são encurralados noscampos Samory e Boiro e Pouco depois começam a fugir em p4nico para os seusbarcos. Muitos deles não conseguiram chegar lá e os seus cadáveres foram maistarde encontrados ao longo de Conakry. A invasão falhara.Dois dias depois António de Spínola envia as'suas tropas e dezenas demercenários para invadir território guinense mais uma vez, desta feita, ao nortenas regiões fronteiriças de. Koundara e Gaoual. Porém todo o povo estavaorganizado e não houve mais surpresas. Dos quinhentos ou seiscentos soldadosinvasores nenhum escapou O imperialismo açabava de ver destruído mais um dosseus planos cuidadosamente orquestrados para impedir que a revolução africanacoiltinuasse a alastrar pelo continente. Um pormenor importa focar aqui parademonstrar até que ponto .o imperialismo faz uso dos governos neo-coloniaisafricanos. A pedido do presidente Houphouet: Boigny da Costa do Marfim o PDGenviou uma delegação de cinco membros ao congresso do partidodirigente,'daquele pa's, pouco tempo antes do dia da invasão. Durante o seudiscurso ao congresso Houphouet Boigny disse que as relações do seu país com aGuiné-Conacry estaripm comple tamente normalizadas «antes do fim do ano». O

governo guinense não compreendeu o significado daquelas palavras na altura. Sódepois da invasão é que «EMPO» n.- 321 -pág. 1i

ficou tudo esclarecido. O governo neo-colonial da Costa do Marfim sabia dos1planos da invasão e tinha a certeza de Sue breve- haveria um governo fantochem Conacry. Por isso o presidente BoiSny fez esse discurso sobre as futuras oasrelações entre os dois países. a'ambêm o, governo senegalense, chefiajlo pelo«francês» Leopold Senghor, iaJ ia da invasão. 0 próprio Senghor disseum elemento do governo de Conakryuns dias -depois da invasão que sabia de uma invasão contra a Guiné-Conakrymas que não esperava «ser tão cedo».O dia 22 de Novembro de 1970 ficouna Africa como mais uma contribuição para a revolução africana, desta feitaexecutada pelo povo da Guiné-Conakry.Por causa da dimensão africana da vitória do povo a assou a}j' onsiderar o dNvernro como a comemorativada luta contra o imperialismo epela independência africana.«ESTAMOS PRONTOS A COMBATERCOMO OS MOÇAMBICANOS, QUISEREM»No passado dia 20 Fodé Bereté, embaixador da Guiné-Conakry em Moçambique,deu uma conferência de imprensa para anunciar os festejos do 22 de Novembro.Depois da conferência perguntamos a Fodé qual era a posição do país face àsconstantes agressões rodesianas ao nosso país. O embaixador afirmou: «O nossoponto de vista é que a nossa independência estará sempre hipotecada enquanto aAfrica inteira não for libertada. Portarto as agressões con*tra a Re>ública Popularde Moçambique são também agressões contra a Guiné-Conakry., Estamos a serigualmente tingidos e por isso estamos prontos a j ombater como osmoçambicanos quierem. Pensamos'quea liberdade, a iridependência e a luta sãosó uma. É por isso que nos pusemos à disposição doMPLA e do povo angolano quando Angola foi Invadida. Só lamentamos estartão longe de Moçambique mas estamos preparados a sermos chamados de lon,ge.Mas agora gostaria de perguntarquem é que agride *Moçambique? São os mesmos que agrediram a Guiné, aArgélia, o Vietname, e que foram recha-, çados em Angola e Moçambique. Estasagressões são o prý.ongamento do co...ddo: o r os agres«TEMPO» n.o321 , 12soros de ontem. Não há muito tempo a reacção guineense,_,oçan angolana, areacêargelina e congo ,todos eSAreaccionários hoje na eurt,.a for ' em uma frenteque se propõe li...réfr os nossos países da liberdade.p õad detro dePopanto está tudo montado dentod plano imperialista. Como foi na Asiaimperialisio pretende acender uma rande fogueirana África. Estas agresSos nãopartem somenta de lan Sith mas sim de todas as forças capitalis14as na ÁfricaAustral;* desse modo conSíe.ns agredidos tal qual Mofae moçambicana contra ,oregime minoritário de Salisbúria' são parte integrante da luta do continente

africano contra o racismo, contra os regimes minoritários, e contra oimperialismo. As agressões imperialistas são sempre locais mas as suas intensõese consequências são gerais. Por isso é a África inteira que deve responsabilizar-por um apoio autêntico aos povos zimbabweano e moçambicano. A Guiné-Conakry sempre esteve e continuará a estar enquadrada nessa responsabilidadetanto no campo diplomático como no da ajuda material aos povos em luta. ParaMoçambique, e apesar da distância que o separa da Guiné-Conakry, este paiscontinua a ser rectaguarda segura da nossa revolução.COMEMORAÇÃO EM MAPUTOO sexto aniversário da vitória do povo da Guiné-Conakry contra a invasãoimperialista foi assinalado no nosso País com umä recepção, que teve lugar numdos clubes da capital, oferecida pelo Embaixador daquele país em Moçambique.Presentes à cerimónia, o Ministro deEstado na Presidência, José Oscar Monteiro, assim como membros do CorpoDiplomático acreditado no nosso País,além de numerosos convidados.-MENSAGEM DO PRESIDENTE SAMORANa mesma ocasião, o Presidente Samora Machel enviou a seguinte mensagem aoPresidente Sekou Touré:«A FRELIMO, o povo moçambicano ea República Popular de Moçambique convosco celebra hoje na jornada africanade luta anti-imperialista a vossa vitória gloriosa contra a agressão colo-nial-imperialista de 22 de Novembro de 1970.«Então os colonialistas portugueses. batidos pelas forças do PAIGC, oimperialismo, que perdem a República dauiné, decidiram combinar as suas força eexplorando traidores ao seu Povo e mráveis, desencadearam um ataque de g9 nde envergadura contra a República, aGuiné, com objectivos de destruir a se da rectagurda segurado apoio à 1 daGuiné-Bissau, destruir as conqui s populares do povo da Repúblida Guiné,restaurar no vosso país o capitalismo, a exploração e a opressão, de novo -integrara vossa pátria na esfera da subserviência ao imperialismo. Fracassaram porquenão se tratava de derrubar um homem ou uma direcção, tratava-se sim de destruiras conquistas duramente ganhas pelo povo da Guiné. sob a direcção do P.D.G. Aagressio colonial-imperialista foi esmagada pelas massas populares, organizadas edirigidas pelo P.D.G. ,e guiadas por si. A brutalidade do crime não conseguiu sermais forte que o povo unido por uma linha correcta.«Vivemos hoje uma situação idêntica na República Popular de Moçambique, denovo coloníalistas e imperialistas pretendem generalizar e transferir Ó conflitopara evitar a derrota, de novo pretendem alargar a fogueira para fora do seuterritório. Serão derrotados. A revolução moçambicana alimenta-se dossofrimentos do seu povo e consolida-se nas vitórias que conquista, A nossasolidariedade para com o. povo de Zimbabw, cresce, o ódio para com o inimjgpnumenta -em cada crime que é comtido contra o nosso povo. O povo do .imabwe'vencerá, o colonialismo não .4n ampo e não pode sobreviver, deitan o leha secapor cima da fogueira que' odevora.

«Fraternal e calorosamente saudamoso P.D.G., o povo e o governo da República de Guiné que, com a vitória sobre aagressão, criou condições para novas vitórias, acelerando o processó de libertaçãoda Africa, e fazemos votos para que consolidem e ampliem continuamente asvossas vitórias populares e prossigarm a- construço da vossa nova sociedade.Saudações, fraternais e revolucionátias»IANA A SE/N

TERMINOU NO DIA 14 O OffAVO CONGRESSO DO PCP e Presentedelegação da Freimo chefíada por Armando PangueneTerminou no dia 14 em -Lisboa o VIII Congresso do Partido ComunistaPortugués que se debruçou sobre teses subordinanas ao tema «Socialismo atravésda Democracia». Este congresso teve a presença de cerca de 50 delegações deoutros partidos de entre os quais a FRELIMO que foi representada por umadelegação chefiada por Armando Panguene, membro do Comité Central daFrelimo, e vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros.Segundo declarações prestadas em Maputo no regresso de Lisboa, ArmandoPanguene disse que «tivemos a impressão de que era um Congresso de um Partidoque está a, actuar na legalidade há muitos anos e não, corno acontece na realidade,de um partido que há pouco mais de dois anos saiu da clandestinidade».O VIII Congresso -do PCP analisando as tarefas que se pusera cumprir e que jáforam alcançadas mencionou «a queda do fascismo, o fim da guerra colonial, adescolonização, a limitação do poder dos monopólios e a reforma agrária quecolocou nas mãos dos camponeses um quinto da área agricola de Portugal».Como tarefas para o presente o Congresso apontou a necessidade de salvar ademocracia ante a difícil fase de consolidação do novo regime democrático.Assim o PCP propõe-se bloquear o regresso do fascismo, continuar a construçãoda democracia, defender as conquistas da revolução nomeadamente asnacionalizações, a reforma agrária e as comissões de controlo da indústria e docomércio pelos trabalhadores. Numa das suas intervenções Alvaro Cunhal, que foireeleito por unanimidade Secretário Geral do Partido, disse que havia umanecessidade de os socialistas (no poder) e outros democratas unirem-se aoscomunistas pois esta é a única alternativa para o actual impasse do governo deMário Soares. «A democracia não poderá ser construída sem os comunistas emuito menos contra os comunistas» diria o Secretário Geral doPCP:AS DELEGAÇOES DAS EX-COLÓNIAS"O MPLA o PAIGC e a FRELIMO estiveram representadas no VIII Congresso doPCP sendo este um aspecto relevante na linha de coerência daquele partido devanguarda em Portugal. O seu princípio de solidariedade total e incondicionalcom os povos das colónias,saúde-se o PCP «que na dura e longa luto contra o fascismo assumiu, no meio degrandes dificuldades, uma posição clara e consequente de luta contra ocolonialismo situando-se sempre na vanguarda do povo português no apoio aocombate p e i a 1 independência nacional dos povos de Angola, Cabo Verde, Gui.né, Moçambique e S. Tomé e Princi. pe».

Num comício, Armando Panguene diria que não há contradições entre osoperários portugueses e os operários moçambicanos, que não há contradiçõesentre os camponeses moçambicanos e os camponeses portugueses que não há-Geral do Partido Comunista Português, num comino Pavilhão dos Desportos, emLisboahoje países independentes, vem desde sempre. A FRELIMO, c o m o dissemosatrás, foi representada ,por uma delegação chefiada por um membro do ComitéCentral, Armando Panguene, que era também portador de uma mensagem para oCongresso. Nessa mensagem à FRELIMÒ reafirma a sua convicção de que «oPartido Comunista Português, principal obreiro das conquistas dos trabalhadoresportugueses, tem um papel decisivo a desempenhar no avanço e consolidação dademocracia em Portugal». A dado passo dessa mensagemcontradições entre os operários e camponeses de ambos os povos.No seu regresso a Maputo aquele membro do Comité Central referindo-se àsexperiências colhidas no Congresso do PCP disse que «podemos garantir a todosque a nossa delegação relatará estas impressões à Direcção da FRELIMO. Sãograndes ensinamentos, grandas referências para as nossas actividadas».«TEMPO» 321- pág li

LANA A SEMVigilância. Pidesca dentro do exércitoDentro das Forças Armadas existe de novo hoje em dia um serviço deinvestigação policial sobre as actividades e simpatias políticas dos soldados, que éuma perfeita reedição dos métodos da PIDE.Não é em vão que fazemos esta afirmação. Chegou ás nossas mãos uma fotocópiade um impresso que está a ser novamente utilizado p e l o exército e que dá pelonome de «Anexo 8 (suspeitos e activistas) à ficha de identificação n.' ...» e queestá referenciado como o impresso SPEME- Mod. 696-1 da 2., REPEMEFichaSV.Tal impresso tem a finalidade de cias.sificar as informações sobre os soldados considerados como politicamentesuspeitos. Para além dos dados mateoais de ident!ficação do soldado, a ficha d e sc o aos pormenores como «companhias habituais» que o soldado investigadocostuma frequentar e «comportamento civil e político de familiares imediatos». Oimpresso em causa, assinalado como «Confidencial», possui ainda um l o n g oespaço para a classificação da actividade do soldado «suspeito ou activista»segundo os padrões de «normal» e «anormal», É bom de ver que «anormal» éaquele soldado que defenda posições antifascistas.Mas o mais curioso é que este impres.so não 6 novidade. Ele é a cópia do que já era utilizado antes do .25 de Abril coma finalidade de perseguir os soldados antifascistas. Durante o poríodo entre o 25de Abril e o 25 de Novembro a utilização desta ficha pidesca foi suspensa. Hoje,depois do 25 de Novembro, eis que de novo se recorre aos métodos da outrasenhora, eis que se reinstauram processosutiliados pelo regime fascista.Exemplos destes vêm confirmar que a

experiência acumulada pela PIDE está a ser utilizada pelas autoridades para reac.tiverem a polícia política, virada, é claro.contra os antifascistas.É necessário que, por todo o lado, selevante uma onda de protesto contra esta provocatória actuação das autoridades,impedindo a formação de uma nova polícia politica, exigindo a punição rigorosados fascistas o defendendo as conquistas o aliberdade do povo.(In. «Voz do Povo», Portugal)TEMPO» . &. pãg. 14Eleições Americanas:a grande burlada. democracia burguesaA propoganda americana procura apresentar a luta política entre os partidos daburguesia monopolista americana pelo poder, como se se tratasse duma lutabaseada na «Liberdade e Igualdade» asseguradas pela dita democracia americana.Ora a realidade, que não pode ser camuflada pelos burocratas e os apologistas'dosistema burguês, demonstrou que por detrás da fachada se esconde a ditaduraferoz da classe capitalista dos grandes monopólios que oprimem e exploram asmassas trabalhadoras americanas.O Partido- Democrata, e os monopólios que se escondem por detrás dele,escolheram como candidato Jimmy Carter, conhecido por falsificar o escrutíniopara a sua primeira campanha eleitoral, afim de poder ser eleito governador doEstado da Geórgia. Cartar não é senão um instrumento nas mãos dum grupopreciso de monopolistas que ele representa.As massas trabalhadoras americanas não esperam nada desta campanha elei. toral.O povo americano tem cada vez mais consciência de que não é ele que elege, massim os grandes monopolistas e financeiros. A burguesia monopolista partilhouentre si, antes da campanha, os papéis que lhe iam caber e calculou tudo para queà cabeça do pais fosse colocado aquele que mais lhe interessa. É o que acontecena actual campanha cuja encenação necessitou de somas astronómicas,exactamente como as anteriores. Em 1952 foram dispendidos na campanhaeleitoral 140 milhões de dólares, em 1960 300 milhões, em 1972 400' milhões e,segundo as previsões, este ano serão gastas somas ainda, maiores.É claro que montantes destes são inaCessíveis a um simples operário outrabalhador americano, pelo que o direito de ser eleito pertence somente aos ricos.Um candidato que queira ser eleito para a Câmara dos Representantes deve gastarpelo menos 70 mil dólares-e um candidato a governador 1 milhão, Isto demonstraa toda a gente que as massas americanas não têm a possibilidade detomar parte na direcção do pais e nenhum operário da indústria ou da agricu. turafaz parte do Congresso americano, se bem que lá estejam 177 monopolistas ebanqueiros e 49 latifundiários.Ao povo amricano pouco lhe importa quem será o eleito para o cargo depresidente porque a sua situação não mudará e o sistema capitalista só continuaráa intensificar a sua opressão a exploração. O que preocupa o povo são as dezenas

de milhares de dólares que ainda será obrigado a pagar para as despesas doséandidatos à Casa Branca.Toda a algazarra feita pela burguesia americana à volta da campanha eleitoraldestinase a camuflar a essência dos programas eleitorais dos 2 partidos. Osobjectivos comuns .de Carter e Ford visam servir o melhor possivelios interessesdo grande capital, isto é, enganar e pilhar ao máximo as largas massastrabalhadoras americanas, prosseguir a política de opressão, agressão e guerra doimperialismo americano.(Extraído de um artigo lido na Rádio Tirana).(ln «Voz do Povo» Portugal)O 25 de Abrilvoltou à ruaDezenas de milhares de pessoas manifestaram-se nas ruas de Lisboa exigindo alibertação total do major Otelo Saraiva de Carvalho.A manifestação que partiu do Parque Eduardo VII foi rodeada à saida por umforte dispositivo policial. Carrinhas da polícia de choque e de soldadosdispunham-de na Praça Marquês de Pombal e junto do Hotel D. Carlos. Esta forçapolicial não fez esnrecer a comnatividade dos manifestantes que gritavam«Liberdade total para Otalo já», «Spinoia, pides fascistas. todos para a prisão», e«Otelo ao lado do Povo».A abrir a maninfestação, a maior regiatada -em Usboa após o 25 de Novembro.um painel do GDUP da Setenave, à qual se seguiam os GDUPS da Mocar. daIntento, do IkNEC, dos TLP, além dos GDUPS de Agronomia, de Ciãnl.as, deAlvaiade, de Alcántara, do Bairro 2 de Maio, de Casal Ventoso, de Belém. deBenfica e do Seixal, entre outros,

«Queremos quem nos deu a liberdade» lia-se num dos cartazes empunhados pelosmanifestantes que foram saudados por psssoas que dos passeros assistiam àpassagem da manifestação a caminho do Estado Maior do Exército.Lisboa viu Voltarás suas ruas a força do 25 de Abril de .1974, exactamente paramilhares de pessoas exigiram a libertação de Otelo.O majorOtelo Saraiva de Carvalho está preso pela segunda vez após o 25 de Abrilde que foi o principal obreiro. Se na primeira a decisão, pertenceu quase emexclusivo a Eanes, então chefe de Estado Maior do Exército, não há dúvidas queesta segunda prisão tem também o seu aval qualificado. Afinal, o Presidente daRepública 6 também o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas...«A prisão de Otelo, declarou.nos um militar, é o resultado da política de retirarargumentos à direita, malhando na esquerda», enquanto outro nos referia: «paranão ceder à direita o actual poder político-militar bate na esquerda. Otelo,acrescentou, é hoje uma moeda de troca, e a sua prisão cohstitui uma provocaçãosemelhante-á da bomba na Rádio Renascença em 4 de Novembro de 1975. Com a sua prisãoo poder pensa adquirir maior espaço de manobre face á direita, no que se engana,e dai eu considerar que os 20 dias foram de certa maneira negociados ...»Só que não será deste modo que o po. der cala a boca à direita. Antes pelo con.trário: o poder mete-se na boca sanguinária da direita.

. Nos meios militares considera.se que esta «porrada» sobre teo é das maioresprevistas face ao RDM. De resto, o pró. prio Otelo protestou contra a mesma,considerando que não haver motivo para punições. Contrariamente ao que algunsjornais noticiaram Otelo não pediu que a amnistia de 13 de Outubro o abrangess,antes acentuou na sua exposição à hi. rarquia militar que a pena era legalmenteabrangida por talamnistia. E como a hie. rarquia anda tão preocupada com alegali. dada pluralista e democrática, sublinhou a desatenção.Não há dúvidas, poisque a prisão de Otelo constitui hoje uma provocação àesquerda, pelo que não surpreende que tantos sectores tenha protestado Indi-vidualmente contra a decisão de Rocha Vieira.Mas como diria Luís Moita, membro da CNUP: «Se a prisão de Otelo é umaprovocação, devemos deixar bem claro que a esquerda não responde aprovocações! Mas lutaremos consequentemente para a libertação de Otelo».(in. «Gazeta da Semana», Portugal)Deolinda Almeidainspiradora da organizaçEio da MulherMoçambicanaNessa altura ela tinha os seus frescos vinte anos: magra, concentrada, grandesolhos pensativos por detrás dos seus óculos e um severo cabelo curto.Encontramo-nos durante uma conferência Pan-Africana da Mulher em Bamakoem 1965. Deolinda Almeida era de Angola. Mas chegou à Conferênciaproveniente do Congo Brazavilie. A sua família era de pobres camponeses queconheciam o valor de uma boa educação. E quizeram que Deolinda tivesse umaboa educação.Naqueles tempos no entanto, debaixo do dominio dos colonialistas portuguesesuma boa educação era uma coisa quase impossível para os angolanos -custavamuito dinheiro ir á escola.Deolinda estudou o ensino primário e depois o ensino secundário. Aqui ela tomouconhecimento com outras pessoas jovens que lhes fizeram ver que a vida nãopoderia estar ausente como estava se toda a gente fizesse alguma coisa contra odomínio colonial.Ela tomou-se membro da organização de combatentes e ajudou os soldados comomensageira trazendo comida e socorros médicos para as várias unidades. «Nessesdias não poderia ser comparado a um exército», diz Deolinda. «Os nossossoldados não tinham nada, absolutamente nada. frequentemente nem roupasuficiente para protegerem os seus córpos do sol abrasador ...»Um dia, Deolinda foi enviada numa longa, difícil e aventurosa jornada. Os seuscamaradas tinham decidido que a inteligente e dinámica rapariga não haviapossibilidades de ser pessoa capaz defugir às suas responsabilidades no sentido de aprender mais de modo a quepudesse prestar ainda melhor assistência aos combatentes. Por vias tortuosas deviagem Deolinda foi trazida do interior para Luanda de onde ela devia partir paraos Estados Unidos, Ela ganhou o dinheiro da compra do bilhete lavando pratos,lim. pando quartos, fazendo trabalhos casuais e quietamente suportando muitashumilha. ções e comportando-se com habilidade.

Nos Estados Unidos trabalhou como criada durante o dia: à tardinha ia á escola eaprendeu inglês, dactilografia, estenografia e alargou os seus conhecimentosgerais. Depois disto ela efectuou a mesma perigosa jornada de regresso. De voltaao seu pais colaborou na organiza ção da luta contra o analfabetismo nas área'libertadas. Ao céu aberto, os seus alunos, adultos e crianças, aprenderam em vozbaixa o que Deolinda lhes disse acerca do mundo e acerca do seu próprio país.Deolinda também organizou a juventude. Ela não só ensinava mas tambémcolaborava na luta de libertação de todas as maneiras que podia. Incentivou asmulheres e ensinou-lhes a escrever e levar a cabo várias tarefas que poderiamajudar a aliviar as suas vidas.Mais tarde foi enviada para Brazaville para dirigir o trabalho da informaçãoradiofõnica do estrangeiro e para velar pelos refugiados. Então, viajou comorepresentante do seu país para a conferência das mulheres em Mali onde aencontrei.Isso passou-se há onze anos, Quando ouvi a proclamação da República Popular deAngola, imediatamente recordei Deolinda e estava feliz pela sua memória. Deamigos comuns que recentemente vieram a Berlim vindos de Africa ouvi:«Deolinda não morreu».Perder a vida pouco antes da libertaçãodo país. Muitas vezes viajava deBrazaviãle para a sua terra para desenvolver tarefas ligadas à luta de libertação.Um dia, ela e mais outras cinco mulheres, caíram numa emboscada preparadapelo inimigo. Foi assassinada por mercenários portugueses. Precisamente algumassemanas m,s tarde chegou a Angola a época para a qual Deolinda tinha lutado atéao seu último sopro de vida. O seu nome não serã esquecido.(In «News», República Popular Alemã) «TEMPO. n.o 321- pg. 15"o (

FACTOS E CRITICAPassou-se na 2.a Conservatória do Registo Civil em Maputo. Um casal pretendiaregistar o seu filho e dirigiram-se aquela repartição a fim de ali legalizarem asituação. Já lá tinham estado no dia anterior, mas a mãe não estava presente peloque tiveram de voltar no dia seguinte.Voltaram. Chegaram às 7.30 para não terem problemas de esperar na bicha, massaíram só às 10.30. Traziam bilhetes de identidade, certidões, tudo o que tinham:de documentos para que não os fizessem voltar de novo a casa. Quando chegou a,sua vez a funcionária fê-los (convidou-os) a sentar. Sentaram-se e esperaram quea funcionária terminasse a conversa com a sua colega. Depois voltaram a esperarporque a funcionária saiu lá para dentro - talvez para falar com outra colega,talvez não. Esperaram. Tinham dç cumprir o seu objectivo: registar a criança.Quando a funcionária voltou de novo e se sentou, perguntou qual era o nome quepretendiam dar à criança, qual era a data de nascimento, números dos Bilhetes deIdentidade.dos pais, etc, etc. Tudo "bem, mas o nome ..... O pai disse que acriança deveria chamar-se EDUARDO KONGWA ALI. E,quando disse o nome do filho a funcionária até parece que deixou de respirar: -«Não sei.... tenho de ,falar com o Director». Veio o Di-

rector-saber qual era o nome. O pai repetiu. O Director disse: NÃO. O pai repetiu,o Director retorquiu, até que acabou por declarar «É que vocês vêm para aqui epõem nomes de àrvores e animais aos vossos filhos»!!!Disto é que o pai não gostou e respondeu: «Mas se não fosse esse nome, o senhorDirector não estava aqui». Mas aquele nome-KONGWA -é que o Director nãoconhecia, e por isso opunha-se interferindo que a criança não deveria ter o «tal»nome. O pai no entanto é que não cedia: «Tem de ser esse nome, não saio daqui».Então oDirector, a funcionária, não sabiam que KONGWA, era o nome doprimeiro campo de treino dos guerrilheiros da FRELIMO no Tanzania, que tinhasido de KONGWA que tinha partido o primeiro grupo de guerrilheiros quecomeçou a Luta Armada de Libertação Nacional em 25 de Setembro de 1964?Isto é que o pai não admitia. Aliás, não admitiu: passaram-lhe a cédula n. 265266em nome de Eduardo Kongwa Ali.Passaram a Cédula, mas o Director ficou em dúvida. E a burocracia .... Aburocracia ainda domina a cabeça a muita gente que se senta nas repartições àcusta de nomes como o de Kongwa.A língua Portuguesaem MoçambiquGuilherme de Melo, célebre jornalista que trabalhou em Moçambique autor deartigos que alienaram milhares de pessoas, artigos subordinados ao genérico«Folhas,TEMPOn no 321 - pág. 16Dispersas» escreveu, recentemente em Portugal no-pasquim em que se colocou(que por acaso tem o nome de «O TEMPO») um artigo sobre Moçambique. Esseartigo falaBurocracia e nomesdo «padrão que não morrerá». No seu estilo fluente e floreado Guilherme de Melozanga-se connosco por alterarmos a designação das ruas e das praças. Zanga-sepor darmos um sabor moçambicano às designações geográficas e toponímicas.Mas acrescenta, em conclusão triunfante, que podemos tentar apagar a presençado «coloniaUsmo português» (Guilherme de Melo nega este colonialismo)podemos tentar apagar as marcas dos «bandidos» (também não considera oscolonialistas bandidos) mas não poderemos apagar o grande padrão que ficou emMoçambique: a líingua portuguesa! Essa ficará como prova de uma acçãocivilizadora etc., etc. e talPois bem. O defeito de todos os Guilhermes de Melo é verem as coisas paradas.Não há movimento na visão que têm do mundo. O português ficou emMoçambique e daqui não sairá. É verdade e ainda bem que é assim. Ganhamosum instrumento de luta, uma língua susceptível de ser falada de Norte a Sul comounificadora nas comunicações, tão unificadora, como a produção. Mas os Melosnão é isto que vêem. Reportam-se logo para as línguas moçambicanas e numamanifestação tip i c a de racismo acham que é uma derrota nossao facto deutilizarmos a língua de Salazar como língua oficial.Só que essa mesma língua que serviu a Salazar para fazer discur sos fascistas,essa mesma língua que serviu para oprimir, (quem não sabia falar português nãoera gente) essa mesma língua que serviu para humilhar («não se diz ôvos, diz-se

ovos com «o» aberto percebeu?») essa língua, enfim, é a língua de Eça de Queirósque é estudado nas nossas escolas, é a língua de Zeca Afonso, que é tocado nanossa Rádio, é a língua de Teresa Anderson que é lida pela nossa juventude. Tudogente que incomoda escrivinhadores fascistas em Portugal.

Essa lingua é a língua do Povo português nosso aliado natural tão oprimido comonó o fomos. Esse mesmo povo que os Meios ainda ajudam a oprimir.Mas há mais: é que estamo-nos nas tintas para a vernaculidade do português, tal equal o povo português não fala português vernáculo, coimbrão. Como instrumentode luta que é, a língua portuguesa vai e está a adaptárse às nossas necessidades.Quando as nossas crianças dizem «o papá te perguntou '-onde estavas» os Meiostorcem o narir e dizem o que é isso? P, português. Quando nas provínciasnortenhas o povo diz «os colonialistas aos vingavam» aí os Meios perguntam:«vingar como?». Lá, vingar em português já significa maltratar. Quando as nossasForças Populares falam de não fazer vingacão os coimbrãos revêem rapidamentea gramática e concluem que essa derivação não existe. Aqui em Moçambique éum facto. Quando nas reuniões se diz que «companheiros vamos evitar fazerfudjo» os Melos dizem que já é demais. Mesmo quando um bom pequeno burguêsnegro em Maputo diz «eh pá, estou tchonado» os Meios não sabem que essepequeno burguês, seu irmão ideológico, está falando de um estado crónico de todoo nosso povo. Não tem dinheiro.Assim como nacionalizamos ostratocode venda ao jMaus modos favoritismo e prepotência no trato com os clientes, é o que temacontecido em muitos estabelecimentos de' venda ao público.Por exemplo, nas bombas de gasolina tem-se verificado várias discussõesprovocadas pelos bombistas, que alegando trabalhar dentro da lei, fazem delas oque bem lhes apetece. Narramos seguidamente um dos vários factos que se têmverificado nesses postos de venda de combustíveis.1prédios .e os hospitais também es tamos nacionaizando o português. Isto tudo sãocoisas que um Guilherme de Melo devia saber. É homem letrado, leu muitoslivros. Não nacionalizamos por decreto, não. As leis que regem as línguas violamconstantemente todas as gramáticas, todas as regras rígidas, padronizadas. Oportuguês é uma língua viva. As línguas moçambicanas são línguas vivas. Aacção que se exerce é uma acção recíproca. «Aprendém» do português como oportuguês «aprende» delas Mamana, capulana,. matope etc., originalmente nãosão palavras portuguesas.Finalmente é necessário frizar que, como disse o Secretário do Departamento d eInformação e Propaganda da Frelimo, o que se fala em Moçambique, fora doportuguês, também são línguas «até prova em ontr#Al». O que caracteriza umalíngua? É a flexibilidade, o movimento, a constante assimilação de novos termos,a constante alteração de significações das palavras velhas, a permanente criação,de n o v s vocábulos. A adaptação sintática a novos modos de dizer. A prova deque isto não acontece com as línguas moçambicanas jamais será obtida.

eComo é do conhecimento geral, as bombas da cidade não funcionam aos sábadose domingos pelo que há necessidade de os automobilistas abastecerem osautomóveis na sexta-feira, dia em que se nota um grande aglomerado- de viaturaspara o abastecimento. Aconteceu há três semanas ter chegado um indivíduo comuma motorizada para abastecê-la numa das bombas do A.T.C.M., situada emfrente ao Museu, na zona da Polana. A sua frente, encontravam-se dois carros,faltando ainda cinco minutoa para o encerramento das bombas, pelo que teve deaguardar a sua vez. Entretanto, um dos trabalhadores que processava à venda degasolina aproximou-se da motorizada, já com a tampa do tanque aberta, eintroduziu a mangueira para meter gasolina. Nessa altura, um outro trabalhadorchegou-se ao pé da bomba que estava a ser utilizada pelo primeiro, e fechou-asem dar qualquer satisfação.Seguidamente dirigiu-se ao interior dos estabelecimentos da garagem, semdemonstrar qualquer intenção de rectificar o erro por ele cometido. O proprietárioda motorizada procurou as causas da sua atitude, pelo que limitou-se a dizer queestava na hora de fechar o estabelecimento, e que se quizesse gasolina, quepedisse por favor. A estas palavras, o cliente não se deixou intimidar, tendoafirmado que não tinha nada que pedir favor, pois tratava-se de um dever dopróprio empregado, no desempenho correcto do seu trabalho.Desenrolou-se u m a discussão prolongada, após a qual o referido trabalhadoracabou por abastecer a notorizada, intimidado pelo facto de aquele cliente terprometido processá-lo, caso não o fizesse, pois na altura que chegou às bombas,faltavam ainda cinco minutos para o encerramento.A atitude daquele empregado, leva a deduzir o seguinte: não fechou as bombaspor questão de cumprimentos de horários, mas sim para dar largas ao seu espíritode prepotência.Por outro lado, sabese que existem bombas onde se vende gasolina aos sábados edomingos, mas, em alguns casos, somente aos amigos. Favoritismo. Isto acontecepor exemplo, numa garagem situada na Av. Karl Marx, próximo da fábrica detabacos Velosa. E também acontece com algumas casas de comércio de génerosalimentícios.n«TEMPO, L:« 321,- pãg. 17

Uma das frentes de combate-em que o povo moçambicano hoje se encontra engajado, é a luta contra aignorância e o obscurantismo.Assim, há toda a conveniência em se explicar ao nosso povo, em bases científicas,certos fenómenos naturais que se atribuem a «swikuembus» isto é, a «demónios»,«espíritos malignos», etc.Existem em Moçambique diversos tipos de doenças que atingem os nossosanimais domésticosQuando as pessoas comem acarne proveniente de animais doentes, essas pessoas p o d e mtambém, ficar doentes.

Há, pois, a necessidade de conhecermos profundamente o ciclo biológico,, isto é,como nasce, vive, reproduz-se e morre cada parasita que provoca as diversasdoenças nos nossos animais domésticos a fim de podermos aplicar, correctamente,a estratégia de combate contra esses parasitas («parasitas» é todo o ser que vive àcusta de outro, prejudicando-o).Vamos pois hoje iniciar a divulgação científica de uma série de doenças e dosparasitas que provocam essas doenças, a maneira como vivem esses parasitase o modo de combatê-los.Alguns criadores de gado, tradicionais, sabem que, quando enviam o seu gadopara abate, no Matadouro, alguma parte das«TEMPO» n., 321 - pé9. Iscarnes desses animais são rejeitadas pelo inspector, com a ndicação de queaquelas carnes são impróprias para consumo humano. \E qual é o motivo que leva a inspector a rejeitar essas carnes?O inspector rejeita as carnes de animais atingidos por certas doenças (zoonoses);as carnes portadoras de parasitas que, directa ou indirectamente atingirão aspessoas; as carnes- que podem provocar alterações graves na saúde das pessoaspodendo, até, provocar a morte, dessas pessoas. É o caso do que se chama «toxi-infecções alimentares», que se traduzem em «dores de barriga» com diarreira,dores abdominais, fraqueza, prostração, horas ý depois de as pesgoas" teremcomido carnes impróprias para consumo humAn:o.Para se evitar que os animais fiquem doentes, é necessário que o criador de gadofaça o seguinte: vacinar os animais; desparasitá-los; dar-lhes banhos carracicidas(para matar as carraças), pelo menos de 7 em 7 dias; empregar higiene ao lidarcorti os animais.Se todo o criador de gado tradicional tomasse as medidas de que se acabou defalar, o inspector não podia rejeitar as carnes desses animais, para consumohumano.O inspector sanitário é um defensor da saúde pública.A inspecção sanitária não é uma simples mão de obra, mas sim uma funçãocientífica e, acima de tudo, um dever social.Representa um grave perigo para a saúde das pessoas quando os animais sãoabatidos e consumidos sem se ter feito a devida inspecção.Há doenças que se transmitem ao homem quando se comem carnes provenientesde animais atacados por essa doenças. Entre vários exemplos, podemos citar atuberculose.Em 100 crianças que horrem atacadas de tuberculose, 12 dessas crianças terãocontraído a doença por terem bebido leite extraído de vacas com tuberculoseImagine-se quantas pessoas não ficariam doentes se, num casamento, porexemplo, os convidados consumissem carne de um boi 'que tinha sido atacado dedoença contagiosa!Há, portanto, a necessidade de criarmos a consciência de que os animais devemser inspeccionados antes de serem consumidos e só assim evitaremos contrairmuitas doenças.Há doenças em que o Homem é o responsável por elas aparecerem nos nossosanimais domésticos. O homem é que transmite a doença ao animal.

Em vez de ser o homem a defender a saúde do animal, não, ele é que transmite adoença ao animal.Hoje, falaremos desta doença em que o homem é o culpado pelo seu aparecimentonos animais. Por falta de higiene. Essa doença chama-se CISTICERCOSE.Houve recentemente uma campanha organizada pelo Ministério da S a ú d e. Foi acampanha para a construção de latrinas.Muita gente, no campo ou zonas rurais, não construiu a sua latrina. Preferem irfazer as suas necessidades fisiológicas no capim.Isso demonstra falta de higie-

ne. Mas não é só: prejudicam, também, os nossos animais domésticos,principalmente o bovino e o suíno-o boi e o porco.E como é que defecar nas pastagens pode prejudicar os «bois» e os «porcos»?O Homem tem dentro da barriga uns parasitas chamados TÉNIAS. Vivem nabarriga das pessoas, no intestino delgado.As ténias põem ovos. E s s e s ovos saem com as fezes, para o exterior. Quando aspessoas defecam na latrina, não há problemas* Mas quando defecam no capimque o nosso gado come, o que é que vai acontecer?Os ovos da ténia são muito resistentes. Nas pastagens, chegam a resistir 159 dias.Dentro desses ovos há um embrião.O animal come o capim com acueles ovos, o embrião liberta-se,quando c h e g a no estômago do boi ou do porco, fura a parede do estômago eentra na corrente sanguinea indo colocar-se, depois,em variados órgãos e tecidos, preferindo os músculos, Depois cresce, transforma-se numa larva e passa a ter o nome de cisticerco. Cada cisticerco já tem a cabeçada futura ténia. O homem quando come carne crua ou mal cozinhada - g ost a m os muitode comer carne em sangue ou pregos mal passados, não gostamos?- ohomem quando come carne crua ou mal cozinhada ingere cisticercos vivos quequando chegam ao intestino libertam-se e fixam-se na parede da mucosa dointestino, cresce e «fabrica» outros ovos que, junto com as fezes, saem para oexterior e contaminam as pastagens. , Aqui está o ciclo biológico do cisticercoque parasita o boi e o porco (bovinos e suínos) e que é causada pela falta dehigiene do homem.As medidas para combater esta doença são as seguintes:NAO, DEFECAR NAS PASTAGENS E UTILIZAR SEMPRE AS LATRINAS.Chattely »«~TEMPO» n., 32'- pág, I

ANGOLA: o SANGUE E DAS BAJo Decse isóiaV*tzras do massacre de Canhala efectuado há pouco tempo contra uma a SuZ deAngola e onde foram bárbaramente assassinadas por agentes do cismo e doimperialismo cerca de 300 pessoasÉ preciso compreender. Compreender bem que em Sabizanga e no Moxico, emCuambo-Lubango e no Bié o povo foi triturado, barbaramente assassinado. Oimu)erialismo continua com uma sede enorme do sangue dos povos. E então do

sangue angolano saciou-se bastante. Chegou a comer os próprios corpos sugados,,enfeitou as suas geleiras com pedaços de membros humanos como aperitivoesnecial para os seus banquetes. Imperialismo canibalista.O povo angolano sabe isso. Daí a sua raiva enorme contra os agentes doimperialismo, contra todos aqueles que impediram a independência, c o n t r atodos aqueles que estão a impedfir o avanço da revolução em Angola.O petróleo será angolan6y 0* café, o algodão, o minério e os Caminhos de Ferroserão angolaos. O povo está a organizar-se para Isso. O povo angolano vaiEm pleno campo, ;xks aldeias, sina fez sobrenas vilas e cidades aftolanas ain- terra e do pov< da são visíveis as marcas profun-Enquanto o ii das que a agressão militar assas- desesperada e a«TEMPO, n.- 321 - pg. 20vencer mais esta guerra contra a exploração do homem pelo homem.Angola luta! Ali a começar em Cabinda até chegar ao Cunene, há que lançarsemente à terra, limpar cafezeiros, plantar cana e cortá-la, criar gado, extrairpetróleo, arrancar o minério das montanhas, peneirar diamantes, pescar na costa eno alto mar, reconstruir todas aquelas pontes que o inimigo destruiu, abrir novoscaminhos e estradas Para ir levar aquilo que o povo necessita e trazer os produtosda colheita para comerciar em beneficio desse povo.Angola é um fruto que está a amadurecer rapidamente e vai servir para o novoangolano matar a sua fome de séculos de opressão, humilhação e ocupaçãoestrangeira.Do sangue e das balas, dos longos 14 anos de guerra popular prolongadacomeçam já a a a s e e r flores.todo o corpo da zer ressuscitar os movimentos angolano, fantoches utilizandodeterminadonperialismo tenta país africano neocolonizado e so,gressivamente fa- bretudo ogoverno racista sul-

1S RASCE A FORCA Ou ERGUIE UM PAISeuiãio áCofté Ceabdl do MPA ,-africano, que ocupa ilegal e ferozmente a Namíbia, para rearmar alguns gruposde bandidos e assassinos que têm as suas bases precisamente nesses países, aRepública Popular de Angola. o seu povo e o seu governo vão organizando o paíse avançando na reconstrução nacional.Por outro lado entre o dia 23 e 29 de Outubro esteve reunido em Luanda o ComitéCentral do MPLA no seu 3.o Plenário, reunião política de importância históricapara o avanço da revolução angolana. Segundo revelou-na altura um jornalangolano esta foi uma reunião muito importante, não só pelo jacto de ter sido aprimeira após a proclamação da Independência Nacional como, das resoluçõestorr-udas.Entre as importantíssimas, resoluções os históricos documentos referem-se àsituação política geral, analisando-a previamente, tratam sucessivamente dequestões ideológicas, de orientação e organização, das relações Movimento-E s t ad o e desenvolvem questões relacionadas com a realização do I Congresso doMPLA.

Na reunião foram também estabelecidas as resoluções sobre a organização efuncionamento do Comité Central, sobre a unidade no seio do MPLA sobre asFAPLA, sobre as resoluções da Lei Constitucional, sobre o Poder Popular, sobreos fundamentos das relações MPLA-Estado e da reestruturação do aparelho deEstado. A encerrar a série de documen-tos, foram também aprovados um programa de acção e uma resolução final.Nesta histórica reunião estiveram presentes 32 membros, que fizeram cerca de200 intervenções. O Comité Central-<Iecidiu convocar o Primeiro CongressoOrdinário do MPLA para o 3. trimestre de 1977 e propôs que, na sua Ordem detrabalhos se inscreva a questão da formação do Partido de vanguarda da classeoperária.As Organizações de massas foram também analisadas e decidiu-se modificar aconcepção e organização da OMA (Organização da Mulher Angolana), de modo afazer participar cada vez mais a mulher nos organismos do Movimento e tornar aJMPLA (Juventude do Movimento Popular para a Libertação de Angola) emorganismo do. Partido.Tendo ainda em vista a experiência de Luanda, na organização e funcionamentodos primeiros órgãos do Poder Popular decidiu-se continuar o processo eleitoralnas Provincias em que o MPLA e a economia se organizarem satisfatoriamente.Por outro lado, algumas estruturas do Estado foram modificadas, introduzindo-sealterações, nomeadamente na Lei Constitucional, na composição do Conselho daRevolução e do Governo. Ao Presidente da República foi atribuída, a capacidadede chefe do Gov eno, até agora exercida pelo Primeiro Ministro.Sob a orientação de vice-primeiro-ministfýs agruparam-se ministérios e seretariasde Estado, segundo as suas afinidades. Foram extintos os Ministérios da'TEMPO» n.- 321 - pãg. 21

Informação e da Administração Interna, passando os meios de comunicação sociala ser controlados pelo Departamento Político do MPLA e concentrados em algunsórgãos de informação, actualmente existentes.Os ComisSários Provinciais passam a estar ligados organicamente ao PrimeiroMinistro, tendooutrossim o Comité Central recomendado a revisão administrativa do país que doponto de vista geográfico, político ou militar dificulta a gestão e o controlo.TERCEIRA REUNIÃO PLENARIA DO C. C. DO MPLAA fim de darmos ao leitor a possibilidade de conhecer em linhas gerais asimportantes deci-sões políticas do Comité Central do MPLA vamos em seguida publicar odocumento emanado no final dessa reunião, que transcrevemos da revista«Novembro»novo órgão de informação angolano que começou a sua publicaçãoprecisamente no dia 11 de Novembro, primeiro aniversário da proclamação daindependência de Angola.Segue-se o texto:A -TERCEIRA REUNIÃO PL.UNÁRIA DO COMITÉ CENTRAL DO MPLA,realizada em Luanda de 23 a 29 de Outubro, teve lugar nas vésperas do primeiroaniversário da proclamação da Independência e do vigésimo aniversário da

fundação do nosso Movimento. Esta feliz coincidência confere àquela reunião umsignificado histórico, ao mesmo tempo que a agenda discutida dava o sentido decontinuidade, avanço e aprofundamento, de um mesmo e único processo delibertação cujo protagonista essencial foram e são as massas populares angolanas.Considerados no seu conjunto os problemas examinados e as consequentesresoluções aprovadas, testemunham, por si mesmo, o fecundo e glorioso caminhorealizado pelo nosso povo, sob a direcção do MPLA, no decurso das duas últimasdécadas, assim como as grandes e complexas tarefas a realizar e as dificuldades asuperar para a consolidação da Independência.Duas guerras de libertação foram realizadas durante este percurso. A primeira,realizada à custa de enormes sacrifícios e com inapreciável tributo de centenas demilhar de combatentesque entregaram as suas vidas, nas, várias Frentes, nasprisões e campos de concentração, ao longo de 14 anos de luta armada, queculminou, vitoriosamente, com a expulsão dos colonialistas portugueses e afundação da República Popular de Angola.Os imperialistas norte-americanos, a reacção internacional, os governos africanoslacaios do imperialismo e os racistas sul-africanos, desesperados, frente aofracasso dos seus esforços para frustrar a Independência de Angola, mediante aactividade contra-revolucionária da reacção interna, tentaram afogar em sangue arecém-nascida República Popular de Angola.Decidido a defender a sua Independência e a preservar a sua integridadeterritorial, de Cabinda ao Cunene, o povo angolano enquadrado pela suavanguarda - o MPLA - teve de conduzir uma segunda guerra de LibertaçãoNacional, durante a qual derrotou os exércitos invasores da África do Sul e doZaire. No dia 27 de Março, quando as últimas forças sul-africanas retiraram donosso território, afirmava-se, de modo Irreversível, a Independência política donosso País e, no solo angolano, reafirmava-se um, dos maiores ensinamentosrevolucionários do nosso tempo: um povo unido e decidido a lutar pela suaindependência, conduzido acertadamente pela sua vanguarda revolucionária eactuando em estreita aliança com os países socialistas, com a Classeýoperária e omovimento revolucionário mundial, pode enfrentar e vencer, as forças coligadasdo imperialismo «TEMPO» .. 321 - pl9. 22e da reacção mundial, por mais poderosas que sejam.A aparição da República Popular de Angola no concerto mundial das nações,pronunciando-se pelo respeito e aplicação dos princípios da Carta da ONU e daOUA, estabelecimento e manutenção de relações diplomáticas com todos ospaíses do mundo, na base do respeito mútuo pela soberania nacional e

pela integridade territorial, não agressão e não ingerência nos assuntos internos,igualdade e reciprocidade de vantagens e coexistência pacifica entre estados comregimes sociais diferentes, não coroou apenas os duros e longos anos de enormessacrifícios de um Povo, mas também uma vitória de todas as forças democráticasamantes da paz e do progresso social.A presença em África de uma nova República Popular é, pois, una enormeconquista do movimento de libertação nacional dos povos em luta contra oimperialismo internacional. Esta vitória do nosso povo contribui para que, em

estreita aliança com os países africanos recentemente independentes, como aRepública Popular de Moçambique, a República da Guiné-Bissau, a República deCabo Verde e a República Democrática de São Tomé e Príncipe, se fortaleçam eampliem as perspectivas da luta pela libertação nacional e social em África.O Comité Central do MPLA considera como um facto particularmente importantepara os povos em luta contra os imperialismo a expressão real da solidariedadeinternacionalista dos países da comunidade socialista e dos p a í s e s anti-imperialistas da África que, com uma correcta compreensão do carácter de classeda libertação nacional e conscientes de que a contradição principal da nossa épocaé a que opõe as forças do socialismo às do imperialismo internacional, inimigocomum de todos os povos, não vacilaram em conceder o seu apoioincondicional, moral e material. Esta solidariedade não pode afastarnos doprincípio de contar, sobretudo, com as nossas forças, o que implica umamobilização e um engajamento cada vez maiores do nosso Povo nas tarefas dareconstrução nacional.Mas a conquista da independência política de modo algum significa que secompletaram as tarefas de libertação nacional. Durante os vinte anos da sua«TEMPO» n,ý 321 -p ág 2

Milhares de jovens e adultos angolanos têm respondido prontamente ao apelo doMPLA para o engajamento me determinados trabalhos agrícolas como porexemplo .para o corte de cana d açúcar e colheita do caléexistência o nosso Movimento educou várias gerações de quadros e militantes,todo o povo, no principio de que, sem independência económica não háindependência. Portanto, a obra da etapa de libertação nacional apenas terminarácom a recuperação de todas as riquezas do pais em favor do nosso povo, com aconstrução de uma economia cujo único dono seja o Povo angolano. Encontramo-nos, portanto, na segunda fase de libertação nacional que, com todo o rigor,podemos considerar também de reconstrução nacional.NÃO AO CHAMADO«SOCIALISMO AFRICANO»SIM, AO SOCIALISMO CIENTÍFICOSemelhante propósito apenas é realizável mediante o exercício real e efectivo dopoder político e a escolha da única via de desenvolvimento que expressa osinteresses das massas populares, de todas as classes exploradas, e constitui oúnico caminho, frente às intenções de dominação neo-colonial do imperialismo.Esta via única é o socialismo.Como disse o Camarada Presidente Agostinho Neto, para o MPLA apenas existeum socialismo, o socialismo de Marx, Engels, Leníne, o socialismo cíentífico.Portanto, para o MPLA, o socialismo não é o chamado «socialismo africano»,mas o que se refere, inequivocamente, à liquidação da exploração do homem pelohomem.Este é o grande objectivo estratégico da revoluçãoangolana. Para ele nos encaminhamos, servindo-nos das leis do desenvolvimentosocial, impulsionando um processo objectivo, que se realiza, de modo concreto ematerial, na realidade e cujas etapas não podem ultrapassar-se, no plano

puramente subjectivo, pelo voluntarismo da vanguarda. Ao nosso Movimento éestranho o verbalismo e o radicalismo pequeno-burguês, próprio dos que nãoassimilaram convenienteJEMPO,ý n. 321- pig. 24mente o essencial da doutrina e método marxista-leninista.O Comité Central ýonsidera que, apenas depois decompletadas as principais tarefas da reconstrução nacional, teremos criado aspremissas que, objectivamente e no plano subjectivo - quer dizer no plano daconsciência social e da organização --- possibilitar-nos-ão dar inicio à etapa daconstrução socialista propriamente dita.Portanto, a nossa principal obrigação da hora presente é actuar com energia eeficácia para curar as feridas da guerra; pôr em funcionamento os sectoreseconómicos paralisados; resgatar, para o nosso povo, os bens e empresasabandonadas ou cujos donos pratiquem actos de sabotagem; garantir a soberanía eintegridade territorial da Nação e a segurança do Estado; organizar o partido deVanguarda; organizar a classe operária e todo o povo; liquidar o analfabetismo einiciar um vasto plano de preparação de quadros nacionais; resolver, nofundamental, as necessidades mais vitais das massas - acumuladas durante séculose aumentadas pelas consequências da guerra.Tendo sido esclarecido o, objectivo final do processo revolucionário angolano, oComité Central chama a atenção dos militantes para o facto de, tudo o quefaçamos, as transformações revolucionárias que realizemos, todas as actividadesque desenvolvamos tenham em conta este objectivo, para que constantementedele nos aproximemos.O inimigo principal da nossa revolução continua sendo o imperialismo mundial,encabeçado pelo imperíalismo americano, que professa um ódio de morte emrelação ao nosso País.As forças sociais da sociedade angolana, cujos interesses se identifiquem oucoincidam, no essencial. com os objectivos da reconstrução nacional, agrupam-seno MPLA e integram a classe operária, o campesinato, a pequena-burguesia, e osintelectuais revolucionários.

à classe operária cabe o papel hegemónico, dada a sua situação objectiva nasociedade, as suas potencialidades revolucionárias e a sua missão histórica. Aclasse operária é, por tudo isso, a legítima depositária da doutrina do socialismocientífico; a classe operária e o seu aliado natural, o campesinato, são as forçasmotrizes da revolução angolana. Todo o campesinato, que constitui a imensamaioria do povo, é a força principal e a classe operária, a classe dirigente.O Comité Central considera que as diversas resoluções e outros documentos,aprovados nesta reunião plenária, se fundamentam e expõem, de modo correcto, amaior parte das principais tarefas do MPLA, do Conselho da Revolução, doGoverno, das organizações de massas e dos trabalhadores em geral, paraimpulsionarmos as tarefas da reconstrução nacional. O Comité Central consideraque o Declaração final da Segunda Conferência Nacional da UNTA constitui umdocumento importante, que expressa as tarefas da classe operária, nesta fase.Resumindo os pontos essenciais abordados, as principais tarefas da presente etapada reconstrução nacional podem agrupar-se e enunciar-se do seguinte modo:

Dinamizar e planificar os sectores paralisadosda economia, pondo em funcionamento as fábricas e empresas, cujo interesse sesubordine ao interesse nacional, reconstruindo as vias de comunicação,restabelecendo os transportes e estabelecendo correctas relações de intercâmbiocom os camponeses;- Ampliar e consolidar o sector estatal da economia, mediante o confisco dos bensabandonados, a intervenção, nacionalização ou aquisição - no momento e nascondições que as circunstâncias o exijam ou possibilitem - das empresas ou sec.tores económicos fundamentais:- Submeter o sector privado a um rigoroso controlo, mediante a planificaçãocentralizada da economia nacional: fixação e regulamentaçãodas normas de emprego, salário e preços:As FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola) continuam aorganizar-se a apetrechar-se cada vez melhor a fim de defender as suas fronteirasda invasão e ameaça constante dos racistas e agentes do imperialismo- Desenvolver as forças produtivas do Pais, avançando na liquidação do atrasosócio-económico.eliminando o desemprego e desenvolvendo a iniciativa criadora dostrabalhadores;- Dar prioridade à solução dos problemas da alimentação, da saúde e da educaçãodas massas, principalmente do campo avançar na solução das condições dehabitação, em primeiro lugar das populações que durante a Luta de LibertaçãoNacional foram forçadas a abandonar as suas áreas, integrando-se na luta ourefugiando-se nas matas, e a reintegração dos angolanos que se tenham refugiadonos países limítrofesque agora regressem ao País;- Reestruturar o actual aparelho do Estado, modernizando as suas estruturas edemocratizandoo seu funcionamento.NO QUE SE REFEREA DEFESA DO PAíS E DA REVOLUÇÃO- Culminar a constituição das FAPLA como fqrças armadas dotadas de modernoarmamento e meios de combate, de férrea disciplina revolucionária e profundaeducação político-ideológica, fiéis à Pátria angolana, ao MPLA e a todo o Povotrabalhador. Prepará-las para garantir a defesa da soberania nacional e daintegridadeterritorial do nosso País;Continuar a criação e prestar especial atençãoao aperfeiçoamento dos órgãos de Segurança do Estado, fazendo delesinstituições eficazes e altamente poiitizadas, cujos membros se caracterizem peloseu amor às massas populares, fiéis às leis e ao respeito dos direitos dos cidadãosangolanos.Tomar as medidas necessárias para exercer umefectivo controlo das nossas fronteiras, até segarantir a sua inviolabilidade.NO PLANO POLÍTICO E IDEOLóGICO

- Organizar e aprofundar a organização revolucionária das massas, especialmentedas massas trabalhadoras, através dos Sindicatos, da Juventude, dos Pioneiros edas Mulheres;- Aperfeiçoar as realizações da instalação dosórgãos do Poder Popular, com vista à sua extensão a todo o País;Desenvolver um vasto plano de preparação político--ideológico das.massas e,prioritariamente, dos militantes do MPLA com a abertura de escolas de formação política;Elevar, progressivamente, o nível de informaçãodas massas e melhorar o conteúdo geral da imprensa escrita e falada, garantir asua cobertura nacional. Estender, logo que. possível, a Televisão às restantespartes do País elevando continuamente a sua qualidadee estética e o rigorideológico da programação;Manter uma luta sistemática e consequente pelodesenvolvimento da consciência e unidade nacionais, pela liquidação dotribalismo, do regionalismos e do racismo.«TEMPO» np 321-.- pág. li

Aspecto interior da primeira ,Lja do Povo aberta em Luan. daEstd neste momento em curso a dinamízação da allabetização em toda aRepública Popular de Angola, o que é con. sidprada uma outra frente de combateNO PLANO DE EDUCAÇÃOE CULTURA- Lutar para a liquídação do analfabetismo:- Preparar, por todos os meios possíveis, tanto noPais como no exterior, quadros nacionais, em todas as esferas da nossa sociedade;-.Resgatar e popularizar as manifestações positivas da nossa cultura e dos váriosgrupos étnicos que compõem o nosso Povo, preservar e desenvolver estudos daslínguas nacionais, com a inclusão do Português como idioma veicular;-Elevar, progressivamente, a qualidade dos espectáculos que sê ofereçam ao nossoPovo, especialmente os filmes; proibir a exibição de filmes que façam a apologiada socied.de de consuimo«TEMPO» n.s 321 - #1.6. 14e reproduzam a sua ideologia burguesa, promovam o racismo e outras formas dediscriminaçãoe difundam a política do imperialismo;Desenvolver a prática massiva do desporto, estabelecendo uma organização eregime de participação baseada na experiência dos países socialistas;O Comité Central salienta, de entre as tarefas imediatas da revolução angolana, apreparação e a realização do Congresso do MPLA, acontecimento históricocujasresoluções irão exercer uma influência decisiva na reforço -do seu papel devanguarda, no desenvolvimento sócio-económico, na e 1 e v a ç ã o daconsciência das massas, na unidade da Nação, no avanço geral da nossa RepúblicaPopular no plano interno, e no sucessivo estreitamento dos seus vínculosfraternais e solidários com o campo socialista, com os países anti-imperialistas de

África, com o Mo,vimento de Libertação Nacional e com o movimento operáriomundial;0 Comité Central exprime o seu inteiro acordo ao trabalho desenvolvido pelo«Èureau» Político, na aplicação da linha política do Movimento,Nurante a2.Guerra de Libertação e na solução dos principais problemas relacionados com aconstrução económica, a consciencialização, das massas e a política exterior daRepública Popular de Angola.Especial distinção deve fazer-se à abnegada e esclarecida condução do camaradaAgostinho Neto, Presidente do MPLA e da República P'opular de Angola. Emtorúio do camarada Agostinho Neto e do «Bureau» Político que ele encabeça, seune, em coesão, o Comité Central do MPLA, convencido de que tal unidade ecoesão de todo o Movimento com as massas populares, constitui um dos pilaresda Revolução Angolana.O Comité Central do MPLA expressa o seu reconhecimento a todo o PoyoAngolanQ pela sua dealdade à causa da libertação nacional, pela sua firmeza,heroismo e espírito de sacrifício.O Comité Central exprime o seu apoio total e incondicional e a sua solidariedade,militante aos povos e combatentes da Namíbia, Zimbabwe, África do Sul, TimorLeste, Sahara Ocidental, Costa dos Somalis, Repúblíca das Comores e recomendaao Governo que prossiga na política d&,apoio concreto à luta de libertaçãodos'Povos da Ãfrica Austral.O Comité Cefitral rende tributo de respeito e gratiý1ão a todos os filhos do PovoAngolano que oferece ram as suas vidas pela Independência da Nação Angolana,pelo bem-estar e felicidade do nosso Povo.Perante eles, e apenas p>erante eles, se curvam as nossas bandeiras de combate. Apouco dias do primeiro aniversário da Independência e do vigésimo aniversário dafundação do MPLA, o Povo Angolano encontra-se melhor preparado paracontinuar e acabar, vitoriosamente, as tarefas da reconstrução nacionalNesta certeza fundamentam-se e renovam-se as nossar polavras de ordem: ALUTA CONTINUAA VITORIA É CERTAO COMITÉ CENTRAL DO MPLAe

Escola Agrícola do ChimoloDEZ COMANDANTES DEZ PIROFESSORESGovernador Molane acompanhado pelos dez alunos que terminaram o curso deRegentes Agricolas este ano. «Cada um de vós deve levar a tareia de formar mais50 pessoas»Este ano a Escola de Regentes Agrícolas de Chimoio formou dez regentesagrícolas: «são dez comandantes, são dez professores» afirmaria o GovernadorMolan quando na sessão de encerramento do ano lectivo daquela, escola se dirigiaaos alunos. A Escola Agrícola, caracterizada no passado pela forh de técnicospara servir as empresas agr íolas

capitalistas, encontra-se hoje profundamente alterada quanto aos seus objectivos».Cada um de vós deve levar a tarefa de formar mais 50 pessoas». Esta, a palavra deordem lançada pelo Governador de Manica' aos novos técnicosEm conjunto com os alunos pudemos apreendera modific~ da escola, da luta ao nível de ideiasque se desenvolveu na escola com a vinda de estudantes das zonas libertadas, dasua organização para duma escola ao serviço do capitalismo se transformar numaescola ao serviço das massas camponesas. «Temos de contar com as nossaspróprias forças, não há adubos, não há pesticidas, temos de resolver isso.... temosigualmente de combater no sentido de levar as massas a ultrapassar a fase daagricultura tradicional, e como tal devemos nós próprios ter uma forte consciênciapolítica», como nos disse um dos finalistas que se formou este ano.«TEMPO» n. 321- plé. 27

Aspecto da confr4ternização de fim do ano lectivo da Escola Agricola deChimoio. Em primeiro plano o Director da Escola acompanhando o Governadorda Província de Manica José Moiane: «Esta escola é exemplar em toda a província. São alunos que estão para servir o povo»dentro da definição de que a«a agricultura é a base da nossa economia e a indústria o seu factor dinamizador»que se situa a importância da Escola Agrícola de Chimoio. Ali serão formadostécnicos de agricultura que armados da linha política da FRELIMO contribuirãode uma maneira decisiva para o desenvolvimento da nossa agricultura, para orevigoramento.das capacidades produtivas dos camponeses. «As massas camponesas, sem dúvidaas mais exploradas, exigem de todos nós um esforço colectivo no sentido de aslevar a usufruir de um nível de vida aceitável, tirando-as da miséria, da nudez e dafome», afirmaram os finalistas na sua mensagem de fimde curso.Na verdaçle a afirmação citada,quando vem de estudantes acabados de formar numa escola que até há bem poucoservia os grandes latifundiários capitalistas reflecte q u e pesadas transformaçõesse operaram no seio daquela escola. «TEMPO» n.' 321- plg. 20«Não irão mais fazer o que eu quero, o que tu queres, mas o que nós queremos!»frisou o Governador de Manica salientando bem o facto de que a ESCOLA deveservir os operários e camponeses, e que os técnicos agora formados deverãoimplementar as orientações do Partido, levar até aos camponeses aquilo quedurante cinco anos aprenderam de forma a combater «o obscurantismo no seio dasmassas,a, mentalidade que as populações têm de que quando não se produz há feitiço.Devem ensinar às populações que não existe feitiço. Que o que existe é a ciência»como diria ainda o Governador de Manica.O QUE ERAA ESCOLAA Escola de Regentes Agrícolas foi criada no ano lectivo de 1967/

/68. Abriu-se aquela escola fundamentalmente para formar técnicos agrícolas quepudessem apoiar os grandes latifundiários colonialistas. Na verdade, só nametrópole existiam duas ou três daquelas escolas pelo que a quantidade detécnicos ali formados não era suficiente para fornecerem as colónias, e isto aliadoao facto de muitos desses técnicos não desejarem vir fazer carreira colonial -contradições do próprio sistema.Abriu-se então a Escola de Regentes Agrícolas no Chimoio. Em Chimoio porqueprecisamente naquela zona imperavam as grandes farmas, -havia um colonatocom dezenas de colonos - feitos patrões de dezenas de trabalhadores- através de um bilhete de barco para Moçambique. Em suma, havia tradição noChimoio dos senhores de terras, de uma certa técnica agrícola já avançada -digamos que na verdade essa técnica era mais copiada da Rodésia do quepropriamente criada pelas neces-

sidades que os con4ecimentos agrícolas dos colonos impunham.Abriu-se a escola em Chimoio e era preciso gente para a frequentar, gente paraensinar. Professores foram recrutados entre os técnicos que existiam na zona.Alunos foi mais dificil. Distanciados dos grandes centros urbanos os meninos-da-cidade não desejavam por algum modo sujar as suas mãos de futuros patrões naterra. Assim, encheu-se a escola essencialmente dos meninos-da-cidade quetinham sido expulsos de todas as escolas, dos filhos de latifundiários que lhespretendiam transmitir os seus poderes, de alguns estudantes desejosos de fazercarreira, mas de fracos recursos financeiros para frequentarem a Universidade, epor fim de alguns estudantes de Chimoio de entre os quais se contavam algunsassimilados, q u e mesmo assim sofriam a discriminação racial.«Sabemos o que era. esta escola- disse o Governador Moiane. «Estava cheio de vícios, drogados, surumaespecialmente. Tinha essa fama». Na verdade, pouco tempo depois de estar emfuncionamento a Escola Agrícola abortaria os seus males. Os pomarescuidadosamente preparados para o ensino eram destruidos, os tractores eramgripados, e ao lado dos campos de milho e outras culturas cresciam bem adubadose regados - portentosos pés de suruma. Para além disto a indisciplina reinava:professqres agredidos, motins semanais nos bares de Chimoio, violações àsmulheres das populações vizinhas à escola, etc. etc.. A Escola de RegentesAgrícolas ganhou a fama dos seus alunos- símbolo da sociedade colonial-burguesa decadente.Daí que ao terminarem o curso, os primeiros regentes agrícolas entregaram-selogo às grande companhias agrícolas - Sena Sugar, Boror, empresa do MADALetc. Ou-tros, porque o curso dava equivalência ao sétimo ano dos Liceus- e isso significava um melhor emprego, uma melhor posição dentro da sociedadeexploradora empregavam-se em Bancos, ou então entravam para a faculdade deagronomia -o que para o estudante colonial significava um certo prestígio, umaforma de manifestar a sua situação de privilégio dentro da sociedade.Era isto a Escola de Regentes Agrícolas de Chimoio. Quando se formava umtécnico nãoera para sujar as mãos na terra, mas sim para meter as mãos entre

papelada dirigindo uma empresa, pondo os seus conhecimentos ao serviço daexploração colonial e capitalista. E, não pensemos que houve excepções, quehouve este ou aquele aluno que se empenharam em trabalhar pela agricultura. AEscola de Regentes Agrícolas de Chimoio não teve excepções até ao ano osado.Todos saíam para serviremProfessores e alunos: Com estes novos professores eles além de ezemplifcarem,trabalham connosco. Isso dantes não se passava...» «TEMPO» n.- 321 . pág. 21

a classe exploradora, a classe de que provinham e à qual estavam ligadosideologicamente. Um aluno do ,4.° ano completa-nos, «a razão era evidente. Estecurso era reservado a pessoas de alto nível. A maior parte das pessoas não eraaceite. Os filhos dos camponesesnão podiam vir a, esta escola>.A LUTADE IDEIASJúlio Barros, um aluno tambémdo 4.° ano diz-nos, «eu cheguei à escola depois do 25 de Abril. Havia racismo,liberalismo, indisciplina, vícios.... houve uma altura em que a escola estava paraser fechada.Foi quando apareceram os alunos das zonas libertadas». Logo após o início doano lectivo que se seguiu à investidura do Governo de Transição em 1974,nasceram fortes contradições na Escola Agrcola. Nessa altura os trabalhadoes daEscola- a escola tem trabalhadores que apoiam os trabalhos agrícolas, fazem amanutenção do internato, das máquinas, etc - resolvram não permitir quecontinuassem a ser desprezados e humilhados pelos «senhores» estudantes. Aícomeçaram as contradições.Por outro lado muitos alunospressentindo um futuro de trabalho àrduo começaram a abandonar a escola. «Esteano houve menos trequêocia de alunos, mas por divergências políticas este anoeramos 20 divididos em três turmas no curse de Regentes Agrícolas.» Para alémdo curso de Regentes Agrícolas há um curso básico D.T. - onde estão inscritoscerca dee 70 alunos vindos na sua maior parte das zonas libertadas.A vinda de alunos das zonas libertadas traria uma nova vitalidade para a escola.Primeiramente -aqueles estudantes são filhos de camponeses, depois vinhamhabituados a viver organizadamente, pelo que, necessariamente. nasceram algunschoques entre estes eos antigos alunos da escola.«Como os meus companheirosacabaram de dizer - diz Gerafe Salde do 1." ano do D.T. - vinhamos das zonaslibertadas com disciprna revolucionária. Encontramos companheiros com outradisciplina e assim organizamo-nos novamente. Não podemos dizer que«TEMPO n 3,ý - I>&g. 30nós é que estavamos correctos., ziamos essa disciplina. ContinuaTentamo-noscorrigir e corrigir mos a criticar». O aparecimento aos outros. Nas zonaslibertadas destes alunos, a introdução da sua os trabalhos eram colectivos. Aquiorganização, que ao princípio vivia muitas vezes não eram colectivos: paralela à

organização - já podre Aqui muit,,03 vezes não eram co- - da escola, acabou porchocar lectivos: trabalhos agrários, lim- frontalmente com as ideias erradas peza,ete.» de alguns estudantes.Por sua vez Júlio Macedo; tam- «Os cursos eram diferentes bém vindo das zonaslibertadas, e Júlio Barros do 4." Ano dos R.A. igualmente aluno'do primeiro anorefere-se ao curso do «DT» onde do «DT», acrescenta: «Nós nas zo- estavaminscritos os alunos das nas libertadas onde estudavamos, zonas libertadas e aocurso a que os trabalhos eram colectivos. Quem ele pertence, Regentes Agrícolasnão narticinava era criticado. Tra- (RA) «Estavamos nara vivr sena-Governador Molane: «Vocês devem combater o obscurantismo no seio das mas.sas, a mentalidade que as populações tém de que quando não se produz hd feitiço.Devem ensinar às populações que não existe feitiço. Que o que existe é a ciência»

António Jahei; aluno do 4.1 ano: «Este Mauricio Karímo: aEstamos dispostoscurso era reservado a pessoas de alto a apoiar as massas camponesas que nível. Amaior parte das pessoas não são as mais exploradas, e por isso há eram aceites.Os filhos dos campone- esta voluntariedade em nós querermos ses não podiamvir a esta escola. A es. ir trabalhar com o Ministério da Agri. cola era um centrode burgueses» cultura»Alexandre LuIs, finalista: «participa. mos também na colheita de citrinos, emesmo nas outras colheitas, além de apoiarmos as machambas comunais destazona - no Chiongo principalmen. te»rados»- a escola é um internato-escola. «No princípio houve contradições: elesacordavam cedo; dava-se o toque de silêncio e eles iam logo para dentro; elesfaziam ginástica. Nós não estavamos habituados a nada disso. Então houve umesforço ,de ambas as partes» .A partir da altura em que nasceram as contradições entre a vida dos alunos daszonas libertadas e os que já estavam na escola, elas tinham de se resolver.Nesta altura mesmo, ainda prossegue o combate contra os velhos hábitos. GeraldoAugusto, também do l. ano diz-nos a este respeito, «temos criticado porqueverificamos falhas. Alguns estão a compreender e a seguir a linha, outros nãoseguem. Por exemplo, ainda há os que nos trabalhos agrários, que são práticas,não praticam».E, prossegue Geraldo Augusto: «Também na organização: alguns não queremestar organizados. Temos dito para trabalharem colectivamenté e isso nãoacontece. Ainda encontramos, aqui alguns que são bêbados, alguns chegamatrasados às horas marcadas, alguns estão nas populações à procura deaguardente. Temos criticado e muitos estão a compreender».* A luta entre ideias novas e velhas, a luta entre a existência de vestígios dasociedade, colonial-burguesa e a introdução, das condiç5es para a criação de umanova organização, desenvolve-se. «Nóssaímos de uma sociedade em que realmente era caracterizada por esses vícios.Nos da cidade, os vícios não se deixam de um dia para outro. E certo que temosalguns companheiros que mantêm isso, mas o seu número tem reduzido bastantemesmo na ordem dos 80 ou 90 por cento.. João Adrião que acaba de tirar o curso,

diz-nos ainda: «Os alunos das zonas liberta-' das foram una das nossas bases para-nos orgarnizarmos. Aprendemos deles a organização política e administrativa».ORGANIZACÃODA ESCOLAA escola agrícola que como dissemos funciona como escola-internato incluinumerosos edifícios com salas de aula, secretaria, casas para os professores, casasdos trabalhadores, parque de máquinas e as camaratas dos alunos. Diariamente epara além das aulas teóricas, os alunos têm trabalhos agrícolas (agrários) noscampos que circundam a escola, algum trabalho de pecuária dado que existetambém na escola uma criação de porcos e de gado. Todas as tarefas que ali sefazem são agora executadas colectivamente entre professores e alunos, embora,como nos disseram, ainda existam algumas deficiências na organização.Em princípio a escola recebeu orientações do Ministério da Educação e Culturaquanto à organização. «Nós recebeunos essas orientações, mas como a escola teminternato nós aproveitamos em ,concreto a forma como os alunos das zonaslibertadas se organizavam nas suas escolas: responsáveis de grupo de disciplina,de turma, etc». Por seu lado Maurício Karimo, também finalista volta um poucoatrás para nos explicar como ultrapassaram a desorganização herdada:«recentemente o Partido colocou aqui na escola um Director para a suaorientação. Entretanto foi eleito o Chefe Geral dos Alunos- temos dois cursosdiferentes e cada um tem o seu Chefe Geral de alunos - e depois há osresponsáveis de turma. Também nos organizamos para quando os trabalhadoresda limpeza e outros, saem de folga: nessas alturas -são os alunos que garantem alimpeza, a manutenção do refeitório.... » Esta tarefa, nova na escola, criou deinicio alguma desorientação no seio dos alunos, principalmente nos alunos quenão estavam habituados a fazer a manutenção do seu local de trabalho - a escola.No entanto hoje, conforme nos testemunharam os alunos, estes trabalhos jádecorrem normalmente. «A e1ei,-o de qualquer aluno é feita democráticamente»acrescenta Alexandre Luís, também finalista.O Grupo Dinamizador que de início era apenas constituído por traTEMPO, n. 3'-- pág.

João Adrião, finalista: «Temos de con- Gerafe Salde do 1.* ano do Curso Bátarcom as nossas próprias forças, não sico (D.T.). Aluno vindo do Centro hdadubos, não hd pesticidas, temos de Educacional de Namono em Cabo Dei.resolver isso.., temos igualmente de gado: «Vínhamos das zonas libertadascombater no sentido de levar as mas. com disciplina revoluclondrla. Não po. sasa ultrapassar a fase da agricultura demos' dizer que nós é que estdvamostradicional, .e como tal devemos nós correctos. Tentamo-nos corrigir e cor.próprios ter uma forte consciência po. rigir os outros» litica»Júlio Macedo, aluno do 1 ano do DT, vindo da escola de Chiúre em C a b oDelgado: «Quem participava era criticado. Trazíamos essa disciplina. Con.tinuamos a criticaAo lado: Convite para uma lesta dos Finalistas da Escola Agrcola em 1973.Mentalidade colonialista e capitalista. Hoje a escola estd a ser limpa dessesvestígios

balhadores também foi reestruturado e neste momento os alunos e professorestambém fazem parte dele. Com a transformação da escola as relações entreestudantes e as populações melhoraram. «Fazemos reuniões de esclarecimentojunto às populações, ao nível da escola debatemos os nossos proble mas, porexemplo este ano discuti-mos a construção de uma oficina para as nossas máquinaÍ\eý alfaias agrícolasporque não tinhamos condições de lhes fazer uma boa manutenção. Houve algunsproblemas porque não tinhamos professor de construções, mas entretanto velo umprofessor da RDA e neste momento já temos a nossa oficina construída.»Alexandre Luis prossegue: «participamos também na colheita de citrinos, emesmo noutras colheitas, além de apoiarmos as machambas comtuais, desta zona- no Chiongo principalmente».As relações entre professores e alunos que dantes eram caracterizadas pela faltade respeito mútuo alteram-se: «dantes os problemas da escola eram resolvidos poreles, os alunos nunca participavam na vida da escola. Mas agora já temos acesso adiscutir todos os problemas, os nossos problemas e os problemas da escola emgeral. Depois João Adrião conclui: «As relações com os professores que vieramdos países socialistas são muito boas. Eles e n s ina m-n o s com gosto, abrem-nos aos problemas e há boas relações. Anteriormente nesta escola isto eradiferente, havia racismo, dava-se notas na base da discriminação racial e Isso jánão se verifica hoje».Um outro aluno do 3.o Ano, José Pacheco completa o seu colega: «No que serefere ainda às relações entre professores e alunos posso acrescentar que dantesnós trabalhos agrícolas os professores mandavam e nós faziamos. Com

Geroldo Augusto, vindo do Centro Edu- Júlio Barros do 4.* ano dos Regentescacin de Namono e aluno do pri- Agrícolas falando sobre o processo de melroano do DT: «Temos criticado luta que se desenvolveu na escola com porqueverificamos falhas... ainda en. a chegada dos alunos das zonas liber. contramosaqui alguns que são bêba. tadas: «No princípio houve contradi. dos, algunschegam atrasados, alguns ções: eles acordavam cedo; dava-se estão naspopulações à procura de o toque de silêncio e eles iam logo paaguardente.Temos criticado e muitos ra dentro; eles faziam gindstica. Nós estão acompreender» não estdvamos habituados a nada dis,so. Então, houve um esforço de ambasas partes»Antonieta Ferrào também finalista. A escola tem a frequência de 6 alunas: «Nãoexiste distinção na execução dos trabalhos e os nossos colegas apoiam-nos muito.Por exemplo dantes esta escola não admitia alunas internadasestes novos professores eles além de exemplificarem, trabalham conaosco. Istodantes não se passava e os alunos tinham campo para sabotarem logo ostrabalhos».Na Escola Agrícola estão também 6 alunas. As relações entre alunos e alunas nopassado eram caracterizada pela discriminação sexual, peloý espírito machista ede adulação da mulher da sociedade burguesa. Antonieta Ferrão, também finalistadiz-nos sobre as actuais relações com' os seus colegas: «Há boas relações entre

nós. Não existe distinção na execução dos trabalhos e os nossos colegas apoiam-nos muito. Por exemplo dantes esta escola não admitia alunas internadas, masagora já podemos estar Internadas, temos uma casa para nós».Q REGENTE AGRICOLAEste ano conforme dissemos, a Escola Agrícola de Chimoio formou dez RegentesAgrícolas. Pela primeira vez dez Regentes Agrícolas puseriam-se à disposição doMinistério da Agricultura para serem distribuídos pelas províncias onde sejammais necessários. Este ano pela primeira vez não apareceu nem se manifestou oespírito do medo pelo trabalho fora do gabinete, fora da gestão de empresa. António Jahei, membro do Grupo Dinamizador e aluno do 4.o Ano-estàbe lece umacomparação: «Antigamen-te os alunos escolhiam o seu caminho. A partir do ano passado alguns já seofereceram para trabalhar no Ministério da Agricultura e a partir daqui todosqueremos, ir para o Ministério da Agricultua. Penso que isso resulta da elevaçãoda consciência política dos alunos.' Dantes havia a vocação burguesa de preferiras empresas capitalistas que pagavam b em, mas que não respondiam àsnecessidades reais do país».«Ganhamos consciência de que Moçambique precisa de muitos técnicos no, ramoagrícola - diz-nos o ,finalista Maurício Karimo. «Estamos dispostos a apoiar asmassas camponesas que são as mais exploradas e por isso há esta voluntariedadeem nós de querermos ir trabalhar com o Ministério da Agricultura que é quemdirige a nível nacional o desenv'olvimento da base da nossa economia».Quisemos ouvir ainda a opinião dos finalistas sobre qual deve ser o papel doRegente Agrícola noapoio aos camponeses, uma vez que na sessão deencerramento deste ano lectivo o Governador José Moiane lançou a palavra deordem aos finalistas de formarem cada um pelo menos mais 50 pessoas, ]ý JoãoAdrião que nos responde: «Atendendo às circunstânia3 que o paií atravessa o RAdeve ,ser um técnico polivalente: parte agrária e parte agro-pecuária. Deste modoa nossa missão será trabalhar em vários sectores, trabalhar mesmo nas fábricas,pa-ra modificar a nossa agricultura elevando o nível de produtividade».«Tèmos de contar com as nossas própias forças, não há adubos, não há pesticizlas,temos de resolver is.so. A produtividade é difícil de se elevar, e devemos debaterbastante isso porque temos falta de matérias primas, não temos instrumentos 4eprodução suficientes. Dai c nosso esforço. Temos igualmenti de combater nosentido de levai as massas a ultrapassar a fase tradicional e como tal devemos nóspróprios ter uma forte consciencialização política».Por fim o finalista João Adrião diz-nos: O facto de termos de viver com aspopulaç,es não é um obstáculo, Est2mos conscientes disso. Temos de contactar deperto com as populações cainponesas desempenhando uma mirsão dupla: políticae técnica. Como tal, teremos de aprofundar sistematicamente os nossosconhecimentos científicos e políticos. Sobre este aspecto devo dizer ainda que asnossas au-las eram orientadas neste sentido. Estudamos as resoluções do ComitéCentral sobre as Aldeias Comunais, aprendemos organização, funcionamento- eaplicação de tarefas, distribuição das casas,, tudo sobre Aldeias Comunais».P

«TEMPO» n.o 321 .- pig. Ui

OUANTO MELHOR A CLASSE I]MAIS AGRESSIVOSE TORNANa nossa tarefa de organização em conselhos de produção encontraremos trêstipos de dificuldades: Primeiro: as nossas próprias insuficiências, Limitados comofomos a instrumentos passivos de produção falta-nos o conhecimento do nossopapel no processo de produção, de como funciona a nossa unidade de produção noseu todo, falta-nos a experiência de planificação, faltam-nos os conhecimentostécnicos, científicos e profissionais.Segundo: As dificuldades que nos irá procurar criar o inimigo. A medida quedesenvolvemos a nossa organização, a nossa consciência política, de classo eprofissional, o nossoAspecto do plendrio realizado no passado fim de semana, em que participaramelemêntos das estruturas política, administrativa e organizacional das 45 empresasonde foi desencadeada a campanha de organização dos trabalhadores«TEMPO» . .' 321 - pág. 34grau de responsabilidade, mais o inimigo desenvolve a sua agressividade. Oinimigo vai por todos os meios dividir-nos desmobilizar-nos, lançar entre nós oespírito da desconfiança, o espírito de «não sermos capazes», dificultar o nossotrabalho de organização,Por último: as dificuldades inerentes à própria luta, A transformação dasestruturas caducas e velhas, dos métodos de gestão e administração capitalistasnas estruturas revolucionárias, democráticas e populares que pretendemosimp!ementar é uma transformação radical, Como já o temos dito não somoscapazes nem nos serve e interessa a gestão capitalista. Os nossos interesses e osnossos métodos são antagónicos. Por isso haverá luta sem tréguas entre asestruturas velhas e as estruturas novas que estamos a imDlementar, Foram algunsdos aspectos eauacionados pelo Ministro de Indústria e Comércio no inicio doplenário realizado no passado fim-de-semana com a participação das estruturasPolítica administrativa e organizacional das 45 em'resas do Maouto onde-enquadrada na ofensiva da produtividade - foi desencadeado o processo deorganização dos trabalhadores em conselhos de produção.A intenção do plenário foi a síntese das exoeriênçias já adquiridas no processo,discussão colectiva para correcção de dificuldades e anomalias encontradas noesquema proposto de organização e defi-ição, como superá-las, como avançar noprocesso de organização.O método de trabalho proposto para o plenário foi de que cada uma das estruturasde cada uma das empresas deveria apresentar um relatório breve que focassequatro tópicos, préviamente sugeridos pela comissão dinamizadora, e que eram:1) O que pensa da impleinentação dos conselhos de produção? 2) Quais asdificuldades que encontra na articulação das três estruturas? 3) O que pensa sobreas competências dos chefes de secção e dos conselhos de produção de secção?,4)Que sugere para alteração do esquema proposto?

Porque no decorrer dos trabalhos se verificou que os relatórios, porque muitoidênticos, muito vagos e superficiais, não estavam a ser uma contribuição efectivapara que do plenário resultasse qualquer contribuição realmente válida o métodofoi alterado, passando os elementos da comissão a ampliar a recolha de dados porintermédio de perguntas que eram feitas aos participantes, depois da leitura dosseus relatórios.Aí já foi possível encontrar algumas dificuldades fundamentais na implementaçãodas estruturas, como a confusão de competências entre as três estruturas,dificuldades na articulação entre as estruturas política e organizacional, nadefinição do tipo de relações entre os CPS e os chefes de secção, na planificação eaplicação dos programas de cada unidade de produção (como os CP estavam ainterpretar as suas responsabilidades).Porque isso não eram porém questões não previstas na estrutura organizacionalproposta, mas revelaram, pelo contrário, o não esclarecimento completo ouinsuficiente ou a não assimilação do que havia sido proposto, resolveu a comissãoefectuar nova e mais pormenorizada exposição do esquema proposto, atribuiçõese tarefas dos conselhos de produção. Finda a exposição, e para aclaramento ecompreensão definitivos dos objectivos foi dada a oportunidade a todosos.participantes de exporem quaisquer dúvidas que permanecessem,Na próxima edição referir-nos-emos a mais alguns aspectos do plenário.No prosseguimento da divulgação de trabalhos efectuados nas diversas empresasonde as novas estruturas estão a ser implementadas publicamos hoje os efectuadosnas empresas Mogás e Fapacar, onde os trabalhadores referiram suas principaisdificuldades e preocupações.

INIMIGOORGANIZAOFENSIVA DAPROUTIIDADE«Mogás» é uma empresa que se dedica essencialmente ao fabrico de gases, emespecial oxigénio (medicinal e industrial) azoto (liquido e gasoso) dióxido decarbono e protóxido de azoto (unt anestésico). Para além disso, dedica-se ainda aofabrico de electrodos para soldadura, e à importação e venda de equipamentodiverso (como máquinas para soldadura).Tem 159 trabalhadores e, na empresa funciona o mesmo Grupo Dinamizadordesde Março de 1975. ] uma empresa privada, constituída como sociedadeanónima. Para além da empresa no Maputo tem filiais na Beira, em Tete e emNacala.A Mogás, atingiu o máximo da sua produção em 1973. De então para cá aprodução tem baixado bastante. A razão fundamental a falta de mercado paracolocação dos seus produtos, que pela sua natureza não são susceptíveis dearmazenar por muito tempo.Essa falta de mercado tem por sua vez origem na baixa de produção dos seusconsumidores habituais (Cometal-Mometal, Caminhos de Ferro, Cifel, Metalo-Mecânica) que, por diminuição das

suas proprias activicdactes prociutivas, diminuíram substancialmente as suasnecessidades e, assim, as suas encomendas.Na visita que fizemos à Mogás estivemos em primeiro lugar reunidos com o GDda empresa., Ao nosso pedido que referissem as principais dificuldades epreocupações dos trabalhadores da empresa, os elementos do GD referiramessencialmente dois pontos.Primeiro -a questão das ma. térias-primas. As matérias-primas com que laboramsão normalmente importadas da Africa do Sul, onde a empresa as ia buscar no seupróprio camião. Segundo nos disseram esse sistema esteve para lhes ser interdit9.Acontece porém que importando de comboio (a restante alternativa) os produtoscorrem o risco de se deteriorarem (no caso dos gases se evaporarem) 'p e 1 ocaminho. Posta a questão foi-lhes autorizado manter o antigo sistema por umperíodo de mais um ano. Não sabem porém se findo esse período lhes seráconcedida nova autorização.Ainda no que respeita a matérias-primas têm também dificuldades com aramepara-fabrico de electródos, pois Os boletins de importação fo r a m indeferidos.A outra grande preocupação dos trabalhadores advém da complexidade datecnologia da fábrica, cuja manutenção exige técnicos altamente especializados.Os técnicos dos postos chave do funcionamento da empresa são es-trangeiros, correndo assim a empresa riscos de sofrer forte abalo caso essestécnicos se forem embora da empresa ou do país.Embora sejam problemas sérios, nenhum deles é no entanto dramático a curto-prazo. O facto de constituírem preocupação dos trabalhadores denota no entanto obom índice da sua consciencialização.Um outro sinal bastante positivo que 1 encontramos nesta empresa foi o seuperfeito estado de limpeza. Os trabalhadores fizeram questão em que visitássemoscada uma das secções para nos mostrarem e explicarem o seu funcionamènto. Emtodas elas a higiene é uma constante.Problemas de indisciplina estão também, segundo pnos disseram os trabalhadores,praticamente sanados. Havia alguns atrasos. Acontecia frequentemente muitostrabalhadores largarem o trabalho meia, hora antes da hora da saída para irem paraos balneários. Havia trabalhadores que interrompiam o trabalho e se reuniam emgrupos a conversar. Havia o espírito de departamentalismo- se numa das rampasde enchimento das garrafas de gás não havia trabalho para fazer, e noutra estavamsobrecarregados, os trabalhadores da primeira negavam-se a ajudar os segundos«porque.isso não era trabalho da sua secção». Havia certas manifesta5ções deracismo em relação aos trabalhadores estrangeiros.No entano todas essas dificul,TEMPO, no 321- pág. 35

OFENIVA DA PRODUTIVIDADEdades, que já vinham dimmumico pouco a pouco, deixaram - segundo nosdisseram --abruptamente de se notar desde o discurso do Camarada Presidente nopassado dia 13 de Outubro, e da subsequente reunião do G.D. com todos ostrabalhadores para estudo e discussão do discurso.,O único problema latente é o

de reajustamento do salário mínimo dos trabalhadores que, segundo nos informouo G.D., apesar de sua solução se vir arrastando há muito tempo, está em vias deencontrar resolução favorável aos justos anseios dos trabalhadores.Quando visitamos a Mogás jáhaviam sido escolhidos os elementos para os «Conselhos de Produção deSecção». O método aí usado foi o de serem os traa~badores de cada secção aindigitar os elementos que deveriampertencer a esses organismos.No dia seguinte proceder-se-ia à escolha de entre esses elementos escolhidos paraos CPS, quais os que deveriam formar o «Conselho de Produção de Unidade deProdução».Tivemos oportunidade de falarcom alguns trabalhadores escolhidos para os conselhos de produção de secção.Ernesto Nhassengo é um doselementos do CPS da secção de «oxigénio». Sobre as preocupações especificas dasua secção referiu-nos a necessidade dos trabalhadores da mesma secçãoestudarem o complexo processo de fabricação do oxigénio, póis embora látrabalhassem, os conhecimentos eram até agora privilégio dos técnicos.«Já iniciamos o processo. Quando não fabricamos estudamos a parte teórica, queé a de que temos mais necessidade. Há na sec«TEMPO» n.- 321 - p6g. U1Aspecto da fábrica de electrodos para soldaduraGrupo Dtnamizador da MogdsTrabalhadores escolhidos para os CPS. Da esquerda para a direita: Ernesto]Nhassengo, Manuel Mandjane, António Henrique Costa e Xavier Rossene Nha.muanzo,ção um técnico português que nos tem dado muita colaboração nesse nosso desejode aprendermos. Quando produzimos vemos na prática o que aprendemos nateoria. Sentimos muita necessidade e estamos mobilizados para aprendermos. Éessa agora a nossa preocupação central».Manuel Mandjane é do CPS da secção de acetileno.«0 problema imediato da nossa secção é a falta de matérias-primas. É o primeiroproblema que vamos estudar».Antônio Henrique Costa é do CPS da secção de vendas e armazém.«Também para nós a preocupação maior é a de matérias-primas. Vamos tentarestudar de forma organizada o problema».

Xavier Roissene Nhamuanzo é da secção de expediente.«Na nossa secção o primeiro problema a estudarmos é o da cobrança. Temosmuita dificuldade na cobrança. Muitos clientes têm contas por pagar, outrosforam-se embora e deixaram dívi. das, as suas empresas continuam mas nãoquerem pagar ..»Salientamos que dois dos quatro elementos haviam referido c o m o principalpreocupação o mesmo problema: a falta de matérias-primas. E referiram-no comose de dois problemas se tratasse, enquanto era o mesmo problema.A secção de oxigénio só se iriab

SOFENSIVA DA PRODUTIVIDADE«Fapacar» é - como muitãs outras - uma empresa quase intacta no que respeita àsrelações sociais e de produção capitalistas. Apesar de estar a atingir valores deprodução nunca antes verificados, apesar de a maioria dos chefes de secção teremsido substituídos por trabalhadores moçambicanos, a opressão-explora ção dostrabalhadores, a sua iLitegração no processo de produção como simplesinstrumentos executantes, mantém-se quase intactas.Porque - c o m o diferença essencial em relação ao que acontecia antes - agora ostrabalhadores podem falar, as contradições que os, opõem como produtores àentidade patronal, não s ã o caladas. Os trabalhadores contam-nas como assentem.Passamos.um dia na Fapacar. Visitamos as diversas secções da fábrica em plenalaboração, falámos conr os trabalhadores, com os elementos do GrupoDinamizador, com os trabahadores escolhidos para os CPS, com a gerên-preocupar com o problema das matérias-primas quando elas faltassem nessasecção? E a secção de acetileno não tem diante si a perspectiva de um dia ficarpor qualquer motivo sem os técnicos estrangeiros?Tinham-nos referido antes o problema do departamentalismo como uma das suasdificuldades na questão das rampas de enchimento das garrafas. Alertamo-lospara o facto desse problema poder subsistir, embora sob outras formas.Compreenderam-nos. E compreenderam também de imediato o papel(coordenador e planificador) do CPUS.cia, com o responsável técnico da fábrica.Fapacar é uma das duas fábricas de papel existentes em Moçambique, Tem 175trabalhadores (efectivos) e é uma empresa privada, que pertence aos proprietáriosda «Spanos». Para além de papel de diversos tipos (em especial papel para sacosde cimento e papel de embrulho conhe,cido por «papel cáqui») fabrica tambémcartão.As suas matérias-primas são importadas da Suazilândia e da Finlândia (pasta depapel) e são adquiridas no pais (desperdícios«Através das discussões das dificuldades e planos em cada secção essasdificuldades, as soluções encontradas ou que tivermos para propor e planos vãopor cada CPS ao CPUP. Ai todos os CPS vão ficar sensibilizados para osproblemas de cada uma das secções. E, depois, a nível de cada secção o seu CPSsensibilizará todos os trabalhadores da secção. E as preocupações, bem como adefinição de prioridades, vão ser assumidas por todos os trabalhadores».de papel). Não tem tido até agora grande problema. A única dificuldade actual emrelação a matérias-primas é com «feltro» para as máquinas, produto que deveriater chegado ao Maputo no dia 14, e que se não chegou deve estar para chegar.A produção da empresa depois de ter baixado bastante em 1974, e especialmenteem 1975 (decaindo para 50 %o) tem vindo a ser normalizada. De Janeiro a Outubro deste ano, embora bastante irregular nos primeiros meses, a produção médiafoi de 130 toneladas por mês, tendo sid : ,2hMdquina de fabrico de papel em laboração«TEMPO» n.o 321- plc. 87

OFENSIVA DA PRODUTIVIDADEbaixa em Maio (78 ton.) e a mais alta em Outubro (278 ton. - a maior produção desempre da empresa),Segundo o técnico responsável, a meta de produção a atingir é de 550 ton./mês,que esperam conseguir à partir de Janeiro de 1977. (O consumo médio do pais éde cerca de 1000 ton./mês).Em vias de ser superado o problemade baixa de produção, muitos outrossubsistem no entan to. Ou pelo que nos disseram directamente os trabalhadores edemais elementos da empresa, ou pelo que pudemos depreender das diversasconversas que com eles tivemos, pudemos constatar as dificuldades que passamosa enumerar. Não foi nossa preocupação colocá-las sob qualquer ordem deimportância ou prioridades, porque isso só os trabalhadores da empresa competefazer. Um no entanto se destaca, queé a falta de organização dos trabalhadores. Foi frequente os trabalhadoresapresentarem sob a mesma questão pontos de vista m u i t o distintos,contraditórios nalguns casos, denotando pouca ou nenhuma reflexão e discussãocolectiva na maioria'deles. E, destacamo-lo porque é essa insuficiência que deixacampo para o desenvolvimento de outras e impede que as superem.DIFICULDADES DO GRUPO DINAMIZADOROutra dificuldade é o pouco «dinamismo» do Grupo Dinamizador da empresa.Por diversas situações ficou evidente que, embora pelo que nos pareceuinconscientemente, na prática o GD serve mais de veículo de transmissão dasdecisões e arbitrariedades da entidade patronal para os trabalhadores, como«factos consumados», do que para orientar «TEMPO» n.' 321 - pg. N0correctamente os trabalhadores na afirmação e realização dos seus anseios e nasua justa luta.Consubstanciando. P o r exemplo: uma das dificuldades que haviam sidoapontadas pelo GD como problemas da empresa foi de que «a parte feminina dafábrica» tinha baixado muito a sua produtividade «por falta de consciênciapolítica». Mostraram-nos os gráficos que a gerência lhes tinha dado, deram-nos osnúmeros. Pedimos para falar com as trabalhadoras. As r a z õ es p o r elasapontadas são porém bem distintas da apontada pelo GD. O seu trabalho éescolher e empilhar as folhas de papel em resmas. Explicaram-n o s e mostraram-nos que, para além da secção antes ter tido sempre entre 35 a 40 trabalhadoras eagora só ter 24, a razão porque passaram em determinada altura a fazer menosresmas foi porque a sua tarefa passou a ser muito mais dificultada com o facto deterem passado a chegar à secção de muitas mais folhas estragadas (sujas e comvincos) o que as obrigava a ver uma por uma com muito mais cuidado.A nossa conversa com as trabalhadoras foi :na presença de elementos do GD.Ficaram surpreendidos e disseram-nos que não s a b i a m dessas circunstâncias.Perguntamos-lhes se quando a gerência lhes tinha fornecido esses elementos nãotinham falado com as trabalhadoras para ver o que se passava. Ainda o nãotinham feito....Um outro exemplo: Referindo-se aos arbitrários «aumentos» que a administraçãoda empresa resolveu -fazer hâ meses atrás, o G. D. insurgia-se essencialmentecontra o facto de os aumentos terem sido diferentes e desconexos. Havia

trabalhadores que foram aumentados 100 escudos, outros 250, outros 500.Posteriormente apercebemo-nos que a intenção (em principio aceitável) daentidade patronal foi ajustar os salários mínimos para 2100 escudos.Posteriormente também, foi-nos dito, que a grande maioria dos trabalhadores compiores salários (incluindo todas as trabalhadoras) ganhava antes 2000 escudos eque portanto o ajustamento foi conseguido com um aumento de 100 escudos.Aquilo que as trabalhadoras em parti-cular, e os trabalhadores em geral, nos apontam como razão do seudescontentamento foi que um aumento desses era sentido por eles como uminsulto e mais uma humilhação do patrão, e que teriam antes preferido ficar comoestavam. O GD não mostrou. porém saber desse justo sentimento dostrabalhadores. Ainda em relação aos «aumentos», o GD -que, antes, ao enumerar,os «males» da empresa referiu o «veteranismo»- se insurgia contra o facto detrabalhadores entrados há p o u c o tempo, apesar de fazer de igual modo asmesmas tarefas, receberem o mesmo salário que outros que estavam na empresahá anos...Actuações como estas conduzem naturalmente a que os trabalhadores se sintamdesamparados, encaren o seu GD não como um instrumento defensor d o s seusanseios, mas como um instrumento de conciliação entre os seus interesses e osinteresses antagónicos da entidade patronal. Conduz ao isolamento e dificuldadede mobilização do GD e a que os trabalhadores não encontrem a via correcta paraa destruição das relações de produção existentes, que eles têm consciência, são osprincipais responsáveis pela sua exploração.AUMENTOSE PROMOÇOES ARBITRARIASAinda no âmbito das principais dificuldades e preocupações dos trabalhadores daFapacar merece maior aprofundamento essa questão do reajuste dos salários.Esse «reajuste» não se limitou aos trabalhadores que aUferiam menores salários.Houve muitos «reajustes» absolutamente arbitrários, s e n d o os beneficiadoscom os maiores aumentos os trabalhadores anteriormente menos desfavorecidos.Enquanto;,, houve trabalhadores que foram aumentados os tais 100 escudos,outros h o u v e que passaram de vencimentos de 20 para 32,5 contos, de 12 para18 contos, de 7,5 para 12 contos.D e s s e s «ajustes» resultaram ainda casos numerosos de trabalhadores com asmesmas tarefas e responsabilidades passarem a auferir três, quatro, cinco saláriosdiferentes, casos de «ajudan-k

T rabalhadores dos CPS. Da esquerda para a direita: Jeremias Fondo, J<Wachane, Benjamim Lázaro Cumbane, Fernando" Cândido Chenguvo. primeirosproblemas a debater nas acções são as contradições entre lhadores e os chefes desecção.Trabalhadoras da Fapacar: «consideramos o aumento que o patrão nos saláriocomo uma ofensa, mais uma maneira de nos humilhar»tes» passarem a receber o mesmo que seus «mestres», etc.

Nem os trabalhadores, nem o GD, nem - segundo nos disse o GD - os chefes desecção foram ouvidos ou consultados n e st a questão dos aumentos. Segundo oGD o único a ser ouvido foi o encarregado geral da fábrica.A gerência disse que não estavã a par desse problema, só ali estava há mais oumenos um ano (os aumentos foram há três meses), e que a responsabilidadedesses reajustamentos - portanto quem poderia falar disso era a direcção (que lánão esta. va, nem está regularmente).Ainda absolutamente arbitrá-' ria foi, no dizer dos trabalhadores e do responsáveltécnico da fábrica, a escolha de elementos que foram promovidos a chefes desecção. Arbitrária e errada.Segundo nos disse o responsável técnico a maioria dos elementos escolhidos são ariível de conhecimentos e de v o n ta d e de aprender fraquíssimos. Tem-nodemonstrado na prática -e no curso de elevação de nível técnico organizado naempresa. Há trabalhadores que no curso se estão a mostrar muito mais capazes einteressados, e i s s o vai inevitavelmente criar choques, a curto-prazo.o QUl DIVIDE E ENFRAQUECE OS TRABALHADORESPara além destas questõe tas outras dividem e enfrac os trabalhadores. Além dsignações de «mestres» e dantes», ouvimos referir «trabalhadores simples»,lhadores sindicalizados», lhadores eventuais», e ouDe entre os explorados são todos- os mais expl são os «trabalhadores sim] os«trabalhadores event Particularmente esta modE de «trabalhadores eventu umaforma de exploração rada. Em princípio seriar tratados como «eventuais» dohouvesse um trabalho visto ou esporádico. Aconte em vez de se processar assi laassiduidade com que sã tratados (neste momento gundo .'fomos informados de 20a trabalhar com esse tuto), se t o r n a demasiac dente que a intenção é: 1; ro -garantir o seu trabaLh as obrigações inerentes a contrato, depois - garantirtrabalho a um preço muit rior (um carpinteiro ou u dreiro contratado nesse rrecebe, segundo nos infor.GD, cerca de 1750. escudos pormês).Outras dificuldades na empresa são roubos, indisciplina (faltase dispensas em exagero).As tabalhadoras referiram-se auma outra questão. O patrão havia-lhes prometido dar chá, e açúcar para o lanchea partir do dia .1 deste mês. Até agora tem-se limitado porém a pôr água a ferver.Também os trabalhadores dos turnos da noite disseram que só recebem águaquente com açúsé Elias car.Um dos Também já discutida com a en>5 traba- tidade patronal e que ainda nãofoi resolvida foi a questão de essearranjar um transporte para os trabalhadores, muitos deles morando bastante longeda fábrica(que se situa em Benfica).Uma outra grande dificuldadedos trabalhadores da Fapacar é a recusa em aprender, o desinteresse em adquirirnovos conhecimentos técnicos e científicos. Defez no pois da sua chegada àfábrica,

há dois meses, e de constatar o fraco nível de conhecimentos técnicos e científicosdos trabalhadores, o novo responsável técnico propôs-se efectuar um curso paraelevação desse nível de conhecies mui- mentos. Pediu aos trabalhadores ueceminteressados para se inscreverem. Las de- Dos 175 só houve 84 que se ins«aju-creveram. Desses 84 só restam a de hoje no curso onze elementos. Os «traba-outros tem vindo a desistir uns «traba- atrás dos outros. tras- que CONSELHOS DE PRODUÇ.O orados ENUMERAMples» e 'SUAS PREOCUPAÇÕES uais».ilidade Como todas as empresas enais» é quadradas na campanha das nodesca-vas estruturas organizativas dos a con- trabalhadores, a Fapacar também quan- játem os seus conselhos de proimpre- dução de secção. ce que Embora na alturaem que visim, pe- tamos a empresa os conselhos de .o con- produção nãotivessem iniciado há, se- as suas actividades, os trabalhacerca dores escolhidos(por indicação e esta- e proposta do GD) já tinham nalo evi- turalmente tambémpensado nos rimei- problemas a que cada um na sua to sem secção deveria darprioridade. o seu. Qualquer dos quatro trabalhadoo seu res escolhidos para. osCPS com infe- quem falamos definiu comoj'prim pe- meira tarefa aconsciencíalS.äção regime dos trabalhadores da sua secção nou o para anecessidade de participa«TEMPO» n.o 321- pãg. 19

Grupo DinamizadorOFENSIVA DA PRODUTIVIDADEção activa de todos os trabalhadores no curso de elevação dos conhecimentostécnicos e científicos.O trabalhador Jeremias Fondo, da secção de «alimentação da máquina», apontouainda como preocupações específicas da sua secção, que deveriam estudar e su-perar, ,os hábitos de indisciplina (que se manifestam pelo abandono dos postos detrabalho, desleixo na execução das tarefas e desrespeito pelo chefe de secção).Salientou também que era também problema da secção a actuação do própriochefe, nem sempre comprensível para os trabalhadores.«É frequente o chefe mandar-nos fazer um trabalho, interromper a meio paramandar fazeroutro, interromper outra vez. O chefe é que sabe qual é o trabalho mais urgente,mas quando muda um trabalhador devia explicar-lhe porque o faz. E nóspoderíamos compreender. Mas ele não faz isso, não explica nem discute com ostrabalhadores».José Elias Wachane, da secção de «cartão» disse-nos que também ostrabalhadores da sua sec\ção tinham problemas com o chefe de secção.A"CADEIA" DAS MATÉRIAS- PRIMASUma das principais dificuldades na quase totalidade das nossas fábricas é, peloque temos constatado, a falta de matérias-primasO problema é bastante sério e tem sido a causa directa da baixa de produção demuitas dessas fá-bricas. Algumas tem no solucionado com o racionamento daprõdução mas, se isso tem como vantagem a não paralização das fábricas, é noentanto uma falsa solução, quando se vive uma fase em que o aumento deprodução é de facto um factor decisivo para a reconstrução nacional.

As causas da falta de matérias-primas são diversas. Em relação às matérias-primasadquiridas no exterior, elas faltam porque: ou porque por sabotagem ou boicote(descaradamente ou como repentina «nekligência») não nos enviam as matérias-primas ou se atrasam a enviá-las, ou porque a sua importação não tem sidoautorizada.Em relação às matérias-primas produzidas ou transformadas no nosso país asituação é mais complexa. Como o processo de baixa de produção e deprodutividade, pararalização,. encerramento ou sabotagem da grande maioria das.TEMPO» n.- 321 - póg. 40unidades de produção no período transitório entre a derrocada do eolonialismo e aproclamação da Independência, desencadeou-se uma reacção em cadeia queconduziu a um estado caótico de desajustamento que hoje se verifica.A empresa «a» adquiria matérias à empresa «b» para laborar. Com a baixa deprodução ou, paralização da empresa «b», ou porque a empresa «b» nãoconseguiu por seu lado importar matérias-primas, a empresa «<a» foiautomaticamente obrigada a baixar a sua produção ou, em alguns casos (se não, ha v i a hipótese de diversificar a origem dos materiais) a parar. Se as empresas«c», «d» e «e», necessitavam dos produtos da empresa «a» para laborar,consequentemente, baixaram também a sua produção....Ultrapassadas as causas que levaram à crise, foi iniciado após a Independência oprocesso de restabelecimento e normalização a nível de cada empresa. Mas,porque esse processo não foi sim'ultênco e igualmente fácil a nível de todas asempresas, se algumas delas conseguiram voltar à normalidade rapidamente, amaioria continua aiuda pateando e sem conseguir ar-rancar de novo de modo, definitivo.Mas, como vimos, basta um dos elos de uma cadeia de empresas interdependentesna questão de matérias-primas estar mal, para emperrar toda a cadela, nasempresas sujeitas a essa interdependência (que são quase a totalidade) éparticularmente dificultado o superar da crise.A única solução correcta e definitiva para este problema será um moroso masnecessário processo de planificação, abrangendo todas as empresas, a nívelnacionalO primeiro passo desse processo é necessariamente o recenseamento daspotencialidades e necessidades imediatas, a médio e a longo prazo. O que temos,que metas podemos atingir com o que temos, o que podemos desenvolver a partirdo que temos e que necessitamos.Esse processo foi naturalmente iniciado desde o Governo de Transição. Adesorganização 4ue, como vimos, caracteriza todas as nossas unidades deprodução tem-no contudo tornado particularmente dii nda hoje, o máximo deelementos que a grande maioria das unidades de produão consegue fornecerquando se lhe perguntaGrupo Dinamizador "

«Ele não colabora connosco no trabalho. I s s o aconteceu com quase todos ostrabalhadores que foram promovidos a chefes na nossa empresa. Antes, como

trabalhadores, trabalhavam. Agora foram promovidos a c h e f e s acham que jánão devem trabalhar».Como outras dificuldades da secção de «cartão» o mesmo trabalhador referiu anecessidade de estudarem e proporem ao patrão a construção de uma estufa parasecagem do cartão. O cartão é seco ao sol. Se chove ou não há calor o cartão -nãoseca. Outro problema é o da segurança dos trabalhadores.«Deram-nos umas sapatilhas, mas isso foi há muito tempo e já se rasgaram. Erabom trabalharmos com botas».'a sua capacidade de produção e as suas poteucialidades são os números referentesaos máximos de produção conseguidos sob o regime colonialista.Ora sabemos - a prática mostrou-o em todos os países onde se-Instaurou o controlo da produção pelos produtores, a via socialista-que as metas «capitalistas» são largamente superáveis, quando os trabalhadorestem como único patrão o Povo a que pertencem, e quando há planificação.Criadas agora com os «conselhos de produção» as condições para que o controlooperário se efective, através de um progres-sivo e profundo processo detransformação das relações de produção a nível de cada unidade de produção,cabe-lhes pois como uma das tarefas imediatas e urgentes o estudo profundo dasreais capacidades e potencialidades, das suas unidades de produção, de acordocom as suas próprias capacidades e as capacidades dos seus instrumentes deprodução.-Só detendo esses dados, e de acordo com as necessidades e prioridades por si jáclaramente definidas, poderá o Governo planificar, executar e coordenar oprocesso de produção a nível de todas as unidades de produção,,a nível nacionaLParticularmente no que respeita ao problema das matérias-primasBenjamim Lázaro Cumbane, da secção da «máquina» apontou-nos comoprincipais dificuldades específicas da secção a indisciplina (que se materializa pormuitas faltas e atrasos, abuso desregrado de dispensas, alcoolismo) e a limpeza.Esse é aliás um problema generalizado a toda a empresa.Em relação ao chefe de secção apontou-nos como maior dificuldade a suainsuficiência em conhecimentos técnicos referentes à máquina com quetrabalham.Po r fim, Fernando Cândido Chenguvo, da secção de «oficinas» referiu tambémcontradições dos trabalhadores da secção com o chefe (que também desde que échefe deixou de trabalhar) e flagrantes injustiças salariais, resultantes do talreajustamento. «O patrão prometeu-nos recti-(que não é senão só um dos múltiplos aspectos a considerar na planificação) sãoigualmente necessários dados completos extraídos do ciclo de produção de cadaunidade de produção.Que matérias-primas necessita determinada unidade de produção para cumprir asmetas estabelecidas, onde normalmente as obtém, a que -custo, -que quantidadesde matérias-primas necessita p a r a produzir uma quantidade de produtos, a quecusto saiem os produtos, esses produtos vão servir para quê, qual o seu destino, seservem de matérias-primas a outras unidades de produção, quais os excedentes, seos houver ... Estas e toda uma série de outras são perguntas que precisam respostacorrecta e precisa.

Só também com estes dados será possível planificar e coordenar, realizar qualquerplano coordenado. Por isso a sua obtenção é também uma tarefa imediata dos«conselhos de produção».Do seu estudo poderão resultar e resultarão certamente situações como,porexemplo:Se verificar que há matérias-primas normalmente importadas que poderão estak aser ou vir a ser facilmente produzidas n o nosso país. Há matérias-primas queimportamos de determinados países que poderemos adquirir com van-ficar a situação, mas até agora nada'fez a esse propósito».Como é fácil de verificar, os problemas e dificuldades dos trabalhadores d e s t aempresa são muitos. Como dissemos acima, na origem da dificuldade em superá-los está essencialmente a falta de organização e discussão colectiva entre ostrabalhadores. Todos os trabalhadores com quem falamos se mostraramconvencidos de que as novas estruturas organizativas agora criadas são o caminhopara a resolução de todos estes pequenos e grandes problemas que dividem ostrabalhadores, enfraquecem e alieniam a sua luta comum. As condições estão defacto criadas.tagem de outros. Poderemos diver, sificar as origens importando de países comquem possamos negociar conjuntos de produtos. ou em termos de troca, compaíses aliados e amigos.Há unidades de produção importantes e prioritárias que utilizam matérias-primasadquiridas no nosso país que poderiam elevar largamente a sua produção, e baixaro preço dos seus produtos, se a produção dessas matérias fosse intensificado demodo planificado.Há unidades de produção que com matérias-primas importadas, fabricam produtossem muito interesse para nóf ou para exportar, que poderiam ser reconvertidaspara o fabrico de outros produtos utilizando matérias-primas fáceis dé obter nonosso pais. Outras em que se fabricam produtos com matérias-primas que nãotemos e importamos, e que poderiam passar a fabricar produtos muitosemelhantes com matérias-primas que temos ou poderemos facilmente obter nonosso país.E muitas outras situações.Só com essa acção será possível reidisciplinar a- cadeia das matérias-primas, todoo processo de produção, reconvertê-lo de máquina opressora e exploradora numaarma de libertação.«TEMPO» n.o 321 - p49, 41

,çdEMPO,, n.- 321 - pé9. 42

~MI 11Ao lado: Reunião Geral no Centro de Reeducação dos desertores(Vacilantes) na Província do Niassa, Este lugarestá também reservado para as sessões culturaisAlguns reeducandos que sabiam fabricar cestos já ensinaram a profissão a outros.Estes cestos e outros utensílios fabricados pelos vacilantes são depois vendidospela direcção do Centro revertendo o dinheiro para para a melhoria do CentroW No número anterior dissemos aue não era fácil

reeducar o homem para a nova sociedade. Não é fácil a um drogado, a umbandido, a um alcoólico, a um criminoso, a um burlão, a um prostituto ou a umaprostituta fazer com que ele assuma uma nova consciência no sentido de o tornarapto a viver na NovaSociedade que se pretende em Moçambique.Não é fácil reeducar um traidor da revolução ouum desertor--um vacilante como os companheiros de armas da FRELIMO lheschamam. Não é fácil e,digamos mesmo, que é ousado.Todavia a vanguardao política do povo moçambicano, a FRELIMO, está nestemomento empenhada numa tareff4 ao mesmo tempo grandiosa e exaltante dereeducar cidadãos que, por vários motivos, foramarrastados para o campo do inimigo.Num qualquer outro país capitalista ou neocolonizado esses indivíduos,principalmente os traidores e desertores, ou seriam fuzilados ou apodreceriam emcadeias fétidas e sem ventila~i.Mas na República Popular de Moçambique não éassim. Traidores e desertores - caso por exemplo da maioria dos elementos de umCentro de Reeducação do Niassa a que nos iremos reportar - vivem ere«TEMPO» n." 321- Plq. 43

ducam-se: constroem as suas própris casas, as suas laates a Prov a 4o Niasssaanapai a autoaldeis, as suas machamb, as suas escolas e hospi- sufl~lbela, contudotUm a~nda multas dificuldades. tais e vão transformando a pouco e pouco anatureza 0 calado e o vestuári é escasso, às -vezes faltam que os rodelamedicaments e aindaprecsam de abastedmento deConstruindo uma nova vida, eles próprios se vão alimentos, pois as grandesmachambas de milho e transformando. O Centro de BeeducaCão dos v arrozsó este amo serão devdameate aproveitadas.Chegámos ainda cedo ao Centro dos Vacilantes depois de muitas horas 'deviagem por picadas do Niassa. Ali perto corre um rio que abastece de água todaaquela zona.É o comandante que nos recebe. A nossa frente erguem-se casas simétricas,algumas ainda em construção vendo-se homens empilhando blocos de adobeargiloso: era já uma brigada de reeducandos que se encontravam a trabalhar.As outras brigadas encontravam-se naquele momento na machamba, na horta, nacarpintaria, na fundição, na feitura de cestos, na limpeza, na pesca, na cozinha enoutras inúmeras tarefas em que estão empenhados os 316 reeducandos que seencontram naquele centro.O comandante é um veterano da luta de libertação nacional. Alguns dosdesertores que ali estão lembram-se dele do tempo da luta.É portanto o camarada comandante Rafael C'hingana que a nosso pedido dá logoa seguir uma explicação de como funciona aquele centro:-Damos todos os dias esclarecimento político aos que desertaram, ajudamos eensinamos o desenvolvimento do serviço aqui. Isto não é nenhuma prisão.

Não. Estamos aqui e roeducr, para eles ficarem a compreender e voltaram para anossa linha politica,- Temos aqui, portanto, da manhã vão trabalhar às 11 horas voltam, aloa às 14horas continuam o serviço, às 16 horas mgressm. Depois Um sesso culéstdançam, cantam, jogam futebol etc.- Aqui andam livres ninguém toma conta ou anda atr~s das pessoas. Cada umtrabalha à vontada. Só basta indicar tarefas e eles trabalham sozinhos. Ososmaradas podem passear aqui, ver as actividades que eles fazem, Osreeducandos vieram para aqui em Agosto de 1975.- Fomos nós que fundámos este tro. Aqui tudo era mato. Temos actualmente 316reeducandos. Tivemos alguns problemas no inicio do centro, Actualmente oprincipal problema é que faltam roupas, farda para usar. Quanto à produçãopodemos dizer que no ano passado começámos atrasados e só produzimos arroz,27 sacos, mas também produzimos algum milho, fizemos machamba demandioca. Este ano já preparamos machambas. desbravamos 47 hectares. Temosmachambas em duas partes.-Os reeducandos tm também aulas políticas. Há um programa. Eles têm es-Alguns reeducandos abrindo mais uma /rente de produção na machamba doCentro. Os reeducandos desbravaram 46 hectares para machambas de milho earroz na presente campanha agrícola«TEMPO» n. 321 -'pg. 44a aulas duas ves por smana, Nas suas aulas os reeducandos costumam pôrproblemas para discutir. Os reeducandos estio organizados em grupos. Quandosurge algum problema entre eles, depois o chefe do grupo começa por resolver,quando não consegue resolver, traz até à direcção do centro. Alguns problemassão resolvidos por eles sozinhos. Por exemplo, um reeducando fale mal paraoutro, esses problemas são resolvidos pelo próprio grupo. Nas aulas políticas fala-se sobre a história da FREUMO e dos motivos que levaram muitos reoducandos' adesertar, da conquista da independência, o que queremos para o nosso pais, arazão porque eles estão aqui no centro, dizemos que o governo precisa dales maistarde para ajudar a construir o pais.- Ainda dentro do trabalho da produção temos a carpintaria, fundição, outrosfazem cestos, alguns pescam para abastecimento do centro pois temos um rio aquipróximo.Pergunta: Algum dos reeducandos fugiu daqui?-Fugiram no início, no ano passado. Agora nunca mais isso aconteceu, já estãohabituados à vida aqui no Centro. Ao principio fugiram porque ainda não estavamconsciencializados.UM ,CENTROAINDA EM ORGANIZAÇÃOO Centro de Reeducação dos Vacilantes é um centro ainda em construção.Verificámos isso quando fomos percorrer toda a zona de actividade do Centro.As casas ainda estão em construção, os 47 hectares de terreno acabaram de serdesbravados e ainda é preciso arrancar os troncos e raízes das grandes árvoresderrubadas.Estradas abertas pelos reeducandos ligam os diversos sectores do centro.

Embora na carpintaria, na feitura de cestos e outras tarefas os reeducandos maiscapacitados ensinam os outros colegas, acontece que ainda não existe uma escolae professor para os reeducandos analfabetos.Esse problema vai ser resolvido em breve. Estamos a construir a escola e havemosde arranjar aqui entre nós professores- explica um reeducando com quemcontactamos.0 facto deste Centro de Reeducação

tivado no centro, Proximamente 2rão aumentar na e cultivo de tabacoPreparando a «chima» (farinha de milho) que juntamente c com carne ou mesmopeixe irá servir para mais uma releiçnão estar ainda num mais adiantado estado de organização deve-se por um lado aoquantitativo de reeducandos ser muito menor do que por exemplo o do Centro deSacudzo em Sofala, sobre o qual nos debruçamos no número anterior, e por OutroO de estar relativamente distante de um centro urbano, aliado ao difícil acessorodoviário que dificulta o respectivo transporte.Quando da nossa visita a este Centro, encontravam-se várias brigadas dereeducandos a arranjar grandes troços, da picada, construindo pequenas pontes demadeira, prevenindo-se já da chegada das Chuvas, cuja queda em quantidadeprovoca normalmente o corte da picada. Os reeducandos estão organizados emgrupos. Cada grupo possui um chefe estandoa vigilância mais a cargo dospróPrios reeducandos do que das diminutas lorças populares ali estacionadas.Se se falasse ou se raciocinasse em termos de prisão para estes Centros veriamOJque seria completamente impossível a meia dúzia de militares vigiar mais de trêscentenas de reeducandos.-Neste Centro a_çtualmente não existem apenas traidores e desertores mas tam-bém alguns bandidos e pelo 'menos um drogado que veio de 'um outro Centro.Este último ainda não consegue engajar-se em trabalhos que exijam mais esforçofísico, mas a sua recuperação física e mental, embora lenta, estáa progredirAs Forças Populares ali estacionadas engajam-se também nos trabalhos do Centroao lado dos reeducandos dando na prática um confributõr valioso através dopróprio exemplo para uma melhor avaliação e compreensão polítia do valor dotrabalho colectivo e dos efeitõb que este tem na transformação das mentalidades.Contando com as própoias forças elesvão-se transformando e- dominando a natureza que os rodeia em seu benefício.Neste sentido eles já desbravaram terrenos enormes, fizeram uma grande horta,plantaram tabaco e arroz, cortaram árvores e das árvores arranjaram madeira coma qual fizeram e estão a fazer mobília de que necessitam.Há um aspecto particular a acentuarque é o da sanidade a higiene. Já na visita ao Centro de Reeducação em Sofalatínhamos verificado a higiene existente.Aqui no Centro dos Vacilantes, no Niassavoltámos a verificar o mesmo asseio.Contudo, no aspecto sanitário, os reeducandos ainda têm problemas com a saúdeprincipalmente no que diz respeito ao paludismo, à bilhargiose e àsdiarreias.

O Paludismo e a Bilharziose são doenças endémicas em quase todo o país e aProvíncia do 'Niassa não é nenhuma excepção. Como irá frisar mais adiante oenfermeiro do Centro, que também é um reeducando, às vezes os medicamentosesgotam-se e devido à falta de transpor. tes demora muito o seu reabastecimento.CONTACTOCOM DESERTORES E TRAIDORESComo já frisámos, num pa:s capitalista traidores e desertores apodreceriam emcadeias sem nenhuma esperança no futuro e quando soltos, se fossem soltos,seriam marginalizados da sociedade, No nosso seio isto não está a acontecer.Esses indivíduos são reeducados e, à medida que o seu engajamento se torna cadavez mais lúcido, ele está-se a transformar num novo elemento ou mesmo numnovo quadro disposto a servir 0 seu povo e o seu pais. A sociedade recupera umdos seus filhos.Os depoimentos que se seguem eque obtivemos em contactofranco e aberto com os reeducandos dão-nos já uma perspectiva daquilo queesses indivíduos foram e no que estão a transformar-se.No caso por exemplo do régulo Catur vemos toda a mentalidade de um feudal queestá agora numa fase ainda de dúvidas que a alienaçao colonialista e feudal lheprovocou, mas com vontade de descobrir e começar a participar na construçãoduma sociedade que não tem mais espaço para regulados ou outro qualquer tipode feudalismo ou opressão.UM DIABO QUE PASSOUUandele Calavete Inzu é um desertor que abandonou os seus companheiros dearmas em 1972. Contactámos com ele quando juntamente com outros seuscolegas desbravava um terreno.«TEMPO» n. 321 - pág. 48

Ex.régulo de Catur: um co- Comandante do Centro de Francisco Vidal, o encarre-nhecido traidor do povo mó- Reeducação dos Vacilantes: gado da horta e damacham- çambicano: «A reeducação 316 reeducandos sob a sua ba de tabaco doCentro, para mim é uma escola» direcçãoUm reeducando que também é enfermeiro do centro. Ele já fazia enfermagemantes de vir para a reeducação.Pergunta: Quando saiu e para onde é que foi?- Fui para o Malawi. Estive lá em 73 e 74 e antes do acordo de Lusaka entrei outravez.P. - Quando foi para o Malawi levou a arama?- Não! Não levei a arma.P. -- Quando voltou qual era a sua ideia?- Quando voltei a minha ideia era de continuar. Aliás não sei o que é que me fezsair da FRELIMO. As vezes há un diabo que passa dentro da cabeça, aldraba aideia.P. -Acha que está outra vez a conseguir entrar dentro da linha da FRELIMO?- Neste momento eu tenho a certeza de que sim. Já estou mesmo recuperado etenho a certeza de que estou para entrar numa sociedade nacional.P. - Quando saiu para o Malawi com quem deixou a arma?

- A arma quando eu sai eptava com meu amigo que sabia utilizar aquela arma. Eufui para o hospital, do hospital é que eu dei saltada para o MalawiManuel Simango- não é da familia do Simango reaccíonário- foi combatente aquina provncia do Niassa.P. - Estamos a ver que está a produzir. Pode-nos dizer qual é a razão por que estáneste. Centro de Reeducação?Estou aqui devido às dificuldades da guerra que me fez desviar da linha políticada FRELIMO. Como sabe na guerra há multas dificuldades. O inimigo obrigou-me a trabalhar com ele. Quando eu fui aprisionado eu devia ter regressado para aFRELIMO mas como o inimigo ameaçou a minha família eu não regressei. Eu seique tive possibilidades de regressar e não regressei. Agora estou aqui para serrecuperado.P. -O que é que acha deste novo modo de vida em conjunto aqui?-Viver em conjunto permita , 1na gente trabalhar em colectivo. Há vantagem emviver a vida colectiva porque um pessoa sozinha não pode fazer um grandeserk<TEMPO» n.o 321- pág. 46viço. Em conjunto a gente pode fazer um servir mais e melhor, para desenvolver o.país. Aqui estamos a aprender uns com outros. Há vantagens de nós trabalharmosem conjunto.O TRATAMENTONO CENTRO DE REEDUCAÇÃOErnesto Boeiro, Muganga, estava a tratar da machamba no momento em que oabordamos.A razão por que estamos aqui é porque fizemos erros.P. - Mas que erros?-Sai da FRELIMO em 1970, estava no Malawi. No Malawi depois fui apanhado efui vendido à PIDE. Estive na cadeia 4 anos e depois a FRELIMO veilo-me'libertar. Foi o Governo do Malawi que me vendeu à PIDE.P. - Aqui neste Centro qual é o tratamento que tem recebido?-Neste campo temos bom tratamento, trabalhamos e vivemos de boa maneira.Temos aqui aulas políticas para nós povo moçambicano começarmos a ter ideiasboas, ideias novas, melhorar o nosso comportamento.No mesmo local um outro reeducando respondeu às nossas perguntas!-Chamo-me Jaime Zebelo. Sou da Província do Niassa. Estou aqui no Centro acumprir a tarefa do povo. Estive antes na zona libertada e agora estou aqui outravez a combater.P.- Nunca fugiu da FRELIMO, nunca fez erros?-. Desertei da FRELIMO, reconheço que é um erro. Desertei em 1970, depois fuicapturado pelo inimigo. Quando apanhamos a nossa independência tornei a voltarpara a FRELIMO. Agora estou aqui a ser reeducado, cumpro tarefas de produção.Sou bem tratado.A REEDUCAÇÃO É'PENSAR DE UMA -MANEIRA MELHORChegámos depois a uma horta junto ao rio. Ali um reeducando já mais idoso queos outros explica-nos primeiro o modo como trabalham na horta. Diz depois queutilizam enxadas e regador e trabalham em conjunto. Sobre este ponto salientou:

- Trabalhar juntos cria unidade. Conseguimos a unidade também porque umapessoa só não pode fazer isto tudo,Domingos Frarcisco Vidal, que é da Província de Teta diz que está ali porque opovo o denunciou como um indivíduo que andava sempre com a tropa colonial,portuguesa. Actualmente também é o encarregado da machamba de tabaco que alise está a experimentar. Este reeducando ao contrário da grande maioria do camponão é um desertor das tropas Forças Populares.Perto, um outro reeducando que trabalhava' também na horta diz:- Fugi em 1973. Quer dizer eu acabei o treino em Nachingwea e fui enviado parauma base no interior do pais. Fugi depois por causa da fome.P. - Quando fugiu, fugiu com alguém ou sozinho? Levou as armas consigo?- Fugi com três camaradas. Levámos as nossas armas P.M. e munições, Levámosessas armas e fomos entregar no quartel do inimigo.P.- Como é que o tratam aqui?- Tratam-me bem. Nunca me bateram e quando estamos doentes somos bemtratados. Quando há medicamentos é para todos, quando falta, falta também paratodos.P.- Todos vocês falam aqui que estão a ser reeducados ou mesmo que jáestão recuperados. Mas para você o que é isto de reeducação?- Reeducação quer dizer pensar de uma maneira melhor.RÉGULO DO CATUR:A HISTÓRIA DA SUA TRAIÇÃOO régulo Catur, da região do Catur, não é nome desconhecido para muitosmoçambicanos. A propaganda colonialista serviu-se bastante dele quando se veioapresentar às autoridades fascistas para

efeitos de luta contra a FRELIMO, pois diziam eles que o régulo Catur tinhafugido para se juntar à FRELIMO, e a abandonara porque na FRELIMO,matavam e maltratavam o povo.Encontramo-lo por mero acaso quando dialogávamos com alguns reeducandos esomente o reconhecemos quando.disse o seu nome. Estava naquele momento atrabalhar numa machamba de mandiocas.-Chamo-nu Manuel Mussa Catur.P. - Estamos a recordar-nos deste no" me! Você trabalhou na FRELIMO não?-Trablhei na FRELIMO sim senhor. A gente ia levar material de guerra. issodesde 1964 até 1970. Houve um problema em 1970 na época das chuvas- sobre otransporte de material. Então fui para o hospital no Malawi e no Malawi ogovemo do Malawi veio-ma amarrar mais. Prendeu-me durante três meses a 28.dias na prisão. Eles queriam que eu deixasse Moçambique e estar lá, ser como umchefe lá, um régulo lá no Malawi. Porque lá no Malawi ficava o mau tio o Catur,outro. Quando ele morreu aquele governo queria que eu ficasse lá, Eu disse aquinão fico! Mas também não podia já regressar a Moçambique. Prenderam-me outravez. Como eu dizia que era da FRE-Imagem da sessão cultural que os reeducandos apresentaram aos visitantes doCentro. Músicas e danças de toda a parte do país foram executadas ali,sendo os instrumentos musicais Jeitos pelos próprios reeducandos

LIMO disseram para trazer os grandes aqui para vir testemunhar. Eu chamava,eles não vinham, eu chamava eles não vinham até quatro meses mais.- Dali tiram-me da prisão e fiquei um pouco lá no Malawi. Agora ali eu chameium chefe e disse que tinha chamado muito e não tinham vindo. Depois tinhamedo de andar sozinho e mesmo para a Tanzania já não podia chegar. Então dalido Malawi eu regressei para aqui para Moçambique.P.- Ficou aonde?- Fiquei na minha própria casa ali no Catur.P. - Mas quando chegou aqui a PIDE ou o exército colonial sabiam que vocêestava cá?-Quando cheguei, assim como quando parti para o Malawi eu era régulo aqui.Quando voltei eles mais me levaram e puseram-me 14 dias na prisão da PIDE.Depois tiraram-me. Disseram-me: você era régulo agora na mesma vai continuar.P. - Então foi nessa altura em que você começou a dar informações, a dizer ondeestava. a FRELIMO, por onde é que entrava, onde recebia armas, isso tudo não é?- Não, isso eu não fiz. Eles quando me'prenderam apenas me perguntaram porquetinha saído daqui. E eu disse: vocês portugueses, a vossa tropa vinha para o meioda povoação, para o meio da população, encontrava uma pessoa a amassar massapara comer e diziam você, esta massa vai entregar à FRELIMO lá no mato. Agente respondia mas esta comida é para eu comer mais os meus filhos. Elesmatavam mesmo ali! E depois eu disse-lhes a elev. dgora mataram pessoas porcausa de comida e então a gente vai ficar sem comer? É por isto que eu saí para oMalawi. Quando regressei e eles perguntaram-me eu disse que sai por causadaquilo. Eles depois disseram, a gente sabia que você transportava armas, nãopegava armas senão a gente ia perguntar multas coisas. E assim me deixaram.P.-Nós já ouvimos fa ar quz. você era régulo. Mas o que é isso dei ser régulo?Podía-nos explicar?-Esse nome de régulo é muito antigo e foi trazido pelos portugueses, nós na nossalíngua chamamos «Muinhe», Esses muínhe não trouxe os portugueses. Desdemuito que os nossos grandes tinham. Agora se morrer um, um muinhe morrer, setem famíla dele ali, ou filho ou irmão, ou sobrinho entra para aquele lugar.P. - E o que é que a pessoa faz 4uando tem esse lugar?.- Faz por exemplo julgamento. Por exemplo ,se alguma pessoa roubar'coisa dodono chama aquele gente para resol«TEMPO» n.o 321 - pãg. 47

A pequena fundição do centro. O fole é feito com peles de animais de caça. Estesantigos desertores aperfeiçoam.se hoje na fundição e fabricação de instrumentosde trabalho, assumindo criadoramente a palavra de ordem de «contar com aspróprias f.rças».ver. Se na verdade roubou dizemos devolve lá as coisas do dono. O régulo é umchefe.P. - Você já trabalhou para a FRELIMO; já sabe qual é a política da FRELIMO.Você gosta de ser régulo?-O régulo agora já está abaixado, isso já não é nada. Gosto é de ser moçambicanomesmo. Quem fez a coisa que eu fiz, na verdade fiz coisas palermas. Se eu

encontrasse mesmo à FRELIMO nquele tempo não podia eu mesmo vir aqui. Masna verdade eu me afastei da FRELIMO.P. --Mas ainda a propósito do régulo. Quando os portugueses. vinham e diziamque tinham de ir pagar o contrato, pagar imposto, quem é que dava essas ordens láno Catur por exemplo?- Eram os- régulos. Esse governo vinha'e dizia, é preciso dizer ao povo que épreciso esforçar o imposto. Com medo também fazíamos isso na verdade.Chamávamos mais outros chefes pequenos e dizíamos para dizer o povo que temdi arranjar dinheiro para pagar imposto.- Aqui agora estou, na reeducação. Reeducação é uma escola, E fica uma pessoa apensar. Na verdade eu, aquele coisa que eu estive a fazer, hum, aquela coisa nãoprestava. Mas agora esta linha é que devemos saber e esta ideia está-nos a entrar.«TEMPO» ý. 321 - pág. 4#P - Como é que entrou essas novas ideias aqui no centro?- Esta ideia começou-me a chegar porque começo a pensar o sofrimento dosnossos antigos, os tios e avós e como sofriam com o governo passado. E agoracomo chegou o nosso governo e estamos a ver que a sua, maneira é boa, querjuntar a todos e fazer avançar Moçambique. O único problema que temos'aqui éporque eàtamos longe da família, sentimos falta da família.UM ENFERMEIRO REEDUCANDOFALA DOS PROBLEMAS DO CENTROEle é da Província de Nampula, do distrito de Angoche. Bebia muito e teveproblemas lá na cidade de Angoche. Chama-se Manuel Graffi e por terconhecimentos de enfermagem é actualmente o encarregado do posto sanitário doCentro de Reeducação dos vacilantes.P.- Onde é que aprendeu' enfermagem?- Eu aprendi em Angoche em 1957.P.- Porque pensa que está aqui?-Estou aqui para ser reeducado.p.- Considera que precisava de ser reeducado?- Sim senhor.P. - Quais são os casos mais frequentes de doenças que aparecem aqui?- É paludismo. bilharziose intestinal diarreia, dores de cabeça. e muitas outraldoenças. Mas há muito é paludismo.P. - Vocês têm falta de comprimidoi aqui?- Muito até. Temos muita falta.. E falt de transporte para trazer esses medicamentos.SESSÃO CULTURALSeguiu-se depois da visita a todo campo uma sessão cultural, extraordiná ria, ondese pode assistir a vários, cor juntos quer de dança, quer de tocadore de música (osinstrumentos musicais fc ram fabricados no próprio centro) que exibiram numterreiro construído para efeito. Danças e cantares de várias Prc víncias do paísforam ali interpretada o que ,também constitui um grande factc de unidade ecompreensão política.Companheitos da Rádio Moçambiq tiveram oportunidade de gravar essE cançõese músicas que certamente sera transmtIdas aos ouvintes.

Finda a sessão cultural e reunidos ti dos os 316 reeducandos o comissário Pi I;ticoque acompanhou os elementos c informação agradeceu a todos os reedi candosesta sessão cultural e incitou-( a prosseguirem na sua luta pelas novi ideias paraajudarem a reconstruir o pai

CELMOQUEna construção, nos grandes empreendimentos,na indústria,na electrfc adão,sinalizaçãoe iluminaçião ferroviaria, nas comunicações telefónicas A CELMOQUECONTRIBUIPARA 0 DESENVOLVIMENTO- DE MOÇAMBIQUESEDE E FABRICA NA BEIRA CAIXA POSTAL 1171 * TELEFONES721043/ 4 /5 ADMINISTRAÇÃO EM LQURENÇO MARQUES 0 CAIXAPOSTAL 1974 * TELEFONES 20275 /27125

Momento em que um dOS membros-da Comissáo Coordenadora Nacional daOMM, lia o Comunicado Final da II Conferência da OMM, na sessão deencerramento.Aspecto da sessão de encerramento da Se ?unda Conferência da OMM, que tevelugarno passado dia 17 de Novembro.Decorreu de 10 a 17 de Novembro, no edifício da Sociedade de Estudos na cidadedo Maputo, a 11 Conferência da Organização da Mulher Moçambicana.. A estaConferência., a primeira que se realizou num Moçambique livre e independente,estiveram presentes 170 delegadas vindas de todas as províncias do País, além devários elementos nertencentes aos quadros do Partido e Governo da RepúblicaPopular de Moçambique.«Este combate marca o início da luta da mulher moçambicana. Dizemos que é oinício do combate porque estão aqui reunidas mulheres que vêm das zonas ruraise das zonas urbanas do nosso país. Estão aqui mulheres que nunca se sentaram aunia mesa para; discutir os seus problemas, que nunca se sentaram a uma mesapara discutir a sua condição de oprimidas. Mesmo aquelas que já se sentaram nosbancos, nunca tiveram uma oportunidade como esta de discutir a sua condição deanalisar de uma maneira profunda e trocar experiências, de encontrar o inimigoreal, inimigo que oprime a sociedade, a sociedade que 'deve, ser destruida» -afirmou o Presidente Samora Machel,TEMPO, . 321 - 1g, 50a dado passo do improviso que fez, na sessão de encerramento da II Conferênciada OMM, tendo tansmitido aýnda a seguinte recomendação: N,oüqueremos que asdecisões da Conferência' se tornem numa letra morta. Queremos fazer das nossasdecisões, decisões dinâmicas e vivas».As sessões de trabalho tiveram início com a leitura e discussão dos relatórios detodas as províncias. Seguidamente foram formadas comissões de trabalho, que

conjuntamente procuraram a forma de-resolverem os problemas que foramlevantados, entre os quais estão os valores errados da tradição e os hábitosherdados do colonialismo, que constituem um en trave para o engajamento damulher na revolução. As comissões de trabalho, estudaram também a elaboraçãodos Estatutos e Programas da, OMM, bem como os problemas sociais na zonarural, na cidade e em geral.Após a sessão de encerramento, que teve lugar no passado dia 17, a OMMofereceu uma recepção no Hotel Polana, com a presença do Presidente SamoraMaehel, membros do Comité Central da FRELIMO e

do Governo da República Popular de Moçambique, onde foram apresentadospratos típicos das diversas zonas do País.Integrado no programa de trabalhos, as delegadas da OMM, avpresentaram aindana noite do passado dia 18, no Seminário Pio XII, uma sessão cultural queconstou de dançjs, poemas, peças de teatro e canções. Esta sessão contou com apresença de Marcelino dos Santos, VicePresidente da FRELIMO, membros dosComités Central e Executivo da FRELIMO, bem como do Conselho de Ministrose do Estado Maior General das Forças Populares de Libertação de Moçambique.Entretanto, durante a manhã e à tarde do mesmo dia, as delegadas à Conferência,visitaram alguns sectores fabris na cidade do Maputo e arrlnr s onde constataramas diversas formas de trabalho ali desenvolvido, bem como aí participação damulher nos mesmos.Seguidamente, divulgamos os Estatutos e Programas da OMM e o ComunicadoFinal da Segunda Conferência da OMM.COMUNICADOFINALPREAMBULOA II Conferência da Organização da Mulher Moçambican,.realizada pela primeira vez no território inteiramente Iiberao da RepúblicaPopular de Moçambique, no território em que se instala o poder operário e do seualiado fundamental a classe camponesa, leve lugar de 10 a 17 de Novembro de1976, na capital do País -- Maputo com a participação de mulheres de todas ascamadas sociais trabalhadoras, vindas de todas as Províncias de Moçambique,decidiu adoptar o Estatuto e Programada Organização da Mulher Moçambicana.1 - DEFINIÇÃO, PRINCIPIOS E OBJECTIVOSA Organização da Mulher Moçambicana é uma OrganizaçãoDemocrática de Massas, criada durante a Luta de Libertação Nacional. Pela suacomposição, objectivos e actividades, enraíza-se nas tradçes da Guerra Popular, eopera no quadro da LinhaPoltia da fiIRLNt.É a FRtLfIM que dirige o Povo Moçambicano na edificaçãodas bases da sociedade socialista, e assegura o desenvolvimento harmonioso dasociedade moçambicana, e cria as condições para o estabelecimento da igualdade,entre o homem e a mulher.

A Organização da Mulher Moçambicana participa aclivamente na construçãopolítica, económica, social e cultural das basesda Sociedade Moçambicana Socialista.Por isso as decisões e palavras de ordem da FRELIMO cons-tituem a linha deorientação para as actividades da Organização da Mulher Mocambicana para osseus órgãos directivos emembros.A participação da Mulher Moçambicana, no processo da lutade classe, no processo da produção e estudo colectivos, na indústria, nasmachambas estatais; nas cooperativas agrícolas e nas formas de trabalhocolectivo, assim como a realização do principio de, de cada um segundo as suascapacidades e a cada um segundo o seu trabalho, são os factores decisivos paraatingir aemancipação da mulher.A Organização da Mulher Moçambicana apoia a formaçãoe o desenvolvime das aldeias comunais e a luta pelo aumentoda produção e da proti nas empresas.A Organização da Mulher Moçambicana promove a participação activa da mulher na resolução a todos os níveis dos assuntos do Estado edos restantes sectores da Sociedade, criando assim as condições para aparticipação efectiva da mulher nadirecção do Estado e da Sociedade.A Organização da Mulher Moçambicana considera a lutapara a emancipação da mulher, como parte integrante da lutapara a ckí,stru5ão do Si«~ ,A Organização da Mulher Moçambicana luta resolutamente contra a ideologia- eprática colonial-capitalista e tradicional-feudai, que impedem a emancipação damulher e o reconhecimento«TEMPO» n 321- pág. 51

Elemento do nestacamento Feminino, uma das partlci. pantes à II Conferência daOMM, quando faza a leitura'dos Estatutos e Programas da OMM.da sua dignidade e personalidade.A Organização da Mulher Moçambicana apoia os princípios ; da OrgenizaçãoPan-Africana das mulheres, da Federação Democrática Internacional dasMulheres, e apoia decididamente a luta de todas as mulheres 'do mundo contra aopressão e a exploração colonial e. imperialista, e luta pela, emancipação e poruma vida sã e harmoniosa, fia liberdade e no progresso.A Organização da Mulher Moçambicana promove o estreitamento das relações deamizade e cooperação com as Organizações Democráticas e progressistas dasmulheres, em especial dos países socialistas, nossos aliados naturais e dos paísesafricanos. OBJECTIVOSA Organização da Mulher Moçambicana, luta pela emancipação da mulher,engajando-a na tarefa principal da edificação da base material e ideológica daSociedade Socialista.

2 - DOS MEMBROS2.1 - OUALIDADESPode ser membro 'da Organização da Mulher Moçambicana, toda a mulhermoçambicana, a partir dos 18 anos, sem distinção de raça, grupo étnico, níveleducacional, origem social, estado civil e religião, que observe o. Estatuto ePrograma da Organização da Mulher Moçambicana, e lute activamente pelamaterialização dos seus princípios e objectivos.,2.2 - DEVERESSão deveres dum membro da Organização da Mulher Moçambicana:a)- Engajar-se activamente na implementação das decisões das Conferências daOrganização da Mulher Moçambicana, e da Direcção da Organização daMulher Moçambicana.b) - Agir no sentido da aplicação da política da FRELIMO«TEMPO» n.- 321 - pBg. 12em cada empresa, em cada aldeia comunal, em cada bairro ou povoação, em cadaescola, e hos pital, em todos os lugares de trabalho e residência.Difundir a tinha política da FRELIMO no seio do povoe assumir completamente os seus interesses.c)- Participar activamente na construção das bases doSocialismo em Moçambique -- promovendo as formas colectivas de trabalho.Promover a participaçãode todas as mulheres no trabalho social.d)- Participar activamente na defesa e ampliação dasconquistas revolucionárias e na defesa da integridade e soberania da RepúblicaPopular de Moçam. bique.e)- Engajar-se activamente no combate contra as ideiasvelhas e reaccionárias, contra os valores negativos da sociedade tradicional, econtra os valores dasociedade colonial-capitalista.f) - Engajar novos membros para a Organização daMulher Moçambicana.g) - Pagar as quotas e contribuir materialmente para aOrganização da Mulher Moçambicana.2,3 - DIREITOSSão direitos dum membro da Organização da Mulher Moçam, bicana:a) Participar em todas as actividades da Organização.b) - Participar na discussão de todos os problemas do tra.balho, dentro das estruturas da Organização, e fazerpropostas e críticas construtivas.c) - Participar na eleição e ser eleito para os órgãosdirigentes.d) - Beneficiar da assistência moral e material de que aOrganização possa dispor.2.4 - DOS MEMBROS DA DIRECÇÃOa) - Só podem ser eleitos para órgãos da Direcção apartir do Distrito até à Nação, militantes da FRELIMO.b)- Todos os candidatos para órgãos da Direcção são

propostos pelos órgãos da FRELIMO nesse escalão.c) - Dos órgãos da Direcção pelo menos 50% devemprovir 'da classe operária e camponesa.2.5 - DEVERES DOS MEMBROS DA DIRCÇÃOOs membros dirigentes da Organização da Mulher Moçambicana têm o devet de:a) ..- Agir no sentido da aplicação da política da FRELIMOem cada empresa, em cada aldeia comunal, em cada bairro ou povoação, emcada local de trabalho e residência, em cada escola e hospital, em todos os lugesdifundir a Linha Política da FRELIMO no seio do povo e assumir completamenteos seus interesses.b)- Participar activamente na construção das bases dosocialis mo em Moçambique - promovendo as formas colectivas de trabalho.Promover a participação dasoutras mulheres no trabalho -social.c)- Conhecer e difundir os Estatutos e Programa da

Mulher Moçambicana, e aplicar as resoluções dosseus órgãos.d)- Estar 'sempre disposta a aprender das massas. e) -,Elevar constantemente oseu nível político. ideoló.gico e educacional.1) - Fazer crítica e autocrítica, desenvolver o espirito decrítica e autocrítica, no seio da Organização. g)- Ser exemplo no trabalho e nocomportamento.Graça Stmbine, membro da Comissão Coordenadora Nacional da OMM eMinistro da Educação e Cuttura da Rep íblica Popular de Moçambique, nomomento em que fazia a leitura do relatório da Comissão Coordenadora Nacionalda OMM, na 1.1 sessão de trabalhos da II Conterncla da OMM.2. Comissão Coordenadora Nacional3. Secretariado Nacional1. - CONFERNCIA NACIONALA Conferência Nacional é o órgão máximo da Organização da MulherMoçambicana, composta pelas delegadas designadas pelas ConferênciasProvinciais e reúne-se ordinariamente de 3 em 3 anos. Ela reúne-seextraordinariamente sempre que para isso for convocada pela ComissãoCoordenadora Nacional ou a pedido de pelo menos um terço das ComissõesCoofdenadoras Provinciais.É da competência da Conferência Nacional:a) Decidir sobre os objectivos e tarefas da Organização da MulherMoçambicana.b)- Aprovar os Estatutos e Programa da Organização daMulher Moçambicana.c)- Eleger os elementos da Comissão Coordenadora Nacional.d)- Aprovar o relatório da Comissão Coordenadora cessante e o seu relatório decontas.2. - COMISSÃO COORDENADORA NACIONAL

a)- A Comissão Coordenadora Nacional é composta por20 elementos eleitos pela Conferência.A Conferência elege ainda 5 elementos suplentes,que participam sem direito de voto.b)- A Comissão Coordenadora Nacional dirige a Organização da MulherMoçambicana no intervalo das Conferências Nacionais.c)- A. Comissão Coordenadora Nacional elege dentre osseus membros a Secrefária-Geral e os restantes mem,bros do Secretariado Nacional.d) - A Comissão Coordenadora Nacional reúne-se ordináriamente duas vezes porano, e extraordináriamente sempre que para isso for convocada pelo SecretariadoNacional ou por metade dos seus ,membros.3, - SECRETARIADO NACIONALa)- O Secretariado Nacional é composto pela Secretária-Geral mais um número desecretárias a definir pelaComissão Coordenadora.b) O Secretariado Nacional aplica as decisões da Comissão Coordenadora Nacional.Dirige as actividades da Organização da Mulher.Moçambicana, e representa-a juridicamente e no plano Nacional e Internacional.a -Ao nível Provincial existirão:1. Conferência Provincial2. Comissão Coordenadora Provincial3. Secretariado Provincial1.- CONFERENCIA PROVINCIALA Conferência Provincial é o órgão máximo a nível Provincial- Reúne-se uma vez por ano.«TEMPO» no 321- p g. 53

- . convocada nelo Secretariado Provincial.2. - COMISSÃO COORDENADORA PROVINCIALa) - A composição e o número dos membros da ComissãoCoordenadora Provincial, serão definidos pela própria Província.b) - A Comissão Coordenadora Provincial, dirige a Organização da MulherMoçambicana no intervalo dasConferências ,Provinciais.c)- A Comissão Coordenadora Provincial, reúne-se ordináriamente três vezes porano,-e extraordináriamente sempre que para isso for convocada pelo SecretariadoProvincial, ou por metade dos seus membros.d) - A Comissão Coordenadora Provincial, -elege dentre osseus membros, a Secretária Provincial e os restantes membros do SecretariadoProvincial.3. - SECRETARIADO PROVINCIALO Secretariado Provincial é composto pela Secretária Provincial e. 5 secretárias,competindo-lhe pôr 'em prática as decisões das Conferências Provinciais, e daComissão Coordenadora Provincial.

C.- Ao nível Distrital existirão:1. Conferência Distrital 2. Secretariado Distrital1 - CONFR NCIA DIS1RtTALA Conferência Distrital é o órgão máximo a nível Distrital.Reúne-se duas vezes por ano.2.- SECRETARIADO DISTRITALO Secretariado Distrital é composto pela Secretária Distrital e 4 secretárias,competindo-lhe pôr em prática as decisões das Conferências Distritais.D. -Ao nível de Localidade existirão:1. Conferência de Localidade2. Secretariado da Localidade1. .- A Conferência de Localidade é o órgão máximo, a nível da Localidade.- Reúne-se 4 vezes por ano.- A Conferência é convocada pelo Secretariadoda Localidade.2. - SECRETARIADO DA LOCAUDADEDirige o trabalho da Organização da Mulher Moçambicana no intervalo dasConferências.- - composta pela Secretária da Localidade e 3secretárias.- O Secretariado da Localidade deve instruir,apoiar e controlar as actividades das organizações de base.E- ORGANIZAÇÕES DE BASENas cidades e zonas rurais são formadas organizações de base da Organização daMulher Moçambicana a nível de bairro e povoação.Serão também formadas organizações de base nas empresas«TEMPO» n.o 321- pèg. 54em que o númew de trabalhadores justifique.As organizações de base organizam as mulheres nos locais de residência etrabalhn.As organizações de base elegem uma Direcção compostapor três membros e presidida por uma Secretária - Secretariado.5. - FINANÇASOs fundos da Organização da Mulher Moçambicana provêem da quotização dosmembros da Organização, dos donativos e de rendimentos próprios.6.- A MODIFKAÇAO DOS ESTATUTOSÉ da competência da Conferência Nacional.7. - PROGRAMAVivemos a etapa histórica da edificação da base material e ideológica dasociedade socialista.A classè operária e o seu aliado fundamental a classe camponesa conquistaram oPoder de Estado, destroem as velhas estruturas, edificam as novas estruturas doPoder Democrático. Em todos os níveis no nosso País intensifica-se a Luta deClasses contra o Poder decadente da burguesia e feudalismo, contra a suadominação ideológica e cultural da sociedade.

A Luta dos Povos Oprimidos, a Luta de Libertação da Africa Austral intensifica-se diàriamente.No Mundo inteiro são cada vez mnais numerosas as mulheres que se engajam nastarefas decisivas da destruição da velha sociedade e emancipação da Mulher.Estamos conscientes de que a libertação da Mulher só é pos. sivel e efectiva nasociedade socialista.A Luta iniciada durante a*Guerra Popular de Libertação prossegue hoje nasfrentes da luta de classes, da produção, da ciência e do internacionalismo. É nestequadro que situamos as nossas tarefas.Assim a Organização da Mulher Moçambicana tem as seguin tes tarefas:A Organização da Mulher Moçambicana mobilizatodas as mulheres para a aplicação. política da FRELIMO, as decisões dos órgãosdirigentes do Partido e do Estado e promove a actividade das mulheres narealização desta política.2. - A Organização da Mulher Moçambicana luta pela emancipação da Mulher,para que ela goze efectivamente os direitos e liberdades determinadas pelaConstituição da Repúblicaj Popular de Moçambique.3. - A Organização da Mulher Moçambicana nas suas organizações de baserealiza reuniões políticas em que serão discutidos problemas das mulheres e sãofeitas propostas para melhoramento da situação da Mulher na respectiva empresa,aldeia, bairro ou repartição.4. - A Organização da Mulher Moçambicana presta especial atenção à mulhertrabalhadora na agricultura, indústria, comércio, na educação, saúde e em todos osoutros sectores.a) - A Organização da Mulher Moçambicana promove aparticipação activa das mulheres no aumento daprodutividade em todos os sectores de trabalho.b)- Promove a formação e 'ualificaçãê-èducacional e

técnica das mulheres e luta pela realização dosseus direitos constitucionais.5. - A Organização da Mulher Moçambicana promove e organiza a educaçãopolítica das mulheres tendo como objectivoa) - Elevar o nível da consciênciapolitica.b) - Combater as ideias velhas e retrógradas e desenvolver a nova consciência doprocesso da luta paraedificação da nova sociedade moçambicana.c) - Educar os seus membros num espírito patriótico, socialista einternacionalista.6.- A Organização da Mulher Moçambicana mobiliza toda a sociedade para aprotecção à maternidade e infância, pro. põe e apoia as medidas estatais: ara esseefeito.A Organização da Mulher Moçambicana promove a educação sanitâria para omelhoramento da higiene, alimentação e bem-estar do povo em geral.7. - A Organização da Mulher Moçambicana conscien-

ora Machel, dirigindo algumas pt i recepção oferecida pelos delegada cia daOMM, na noite do passado Novembro, no Hotel Polana.sno seu papel no lar, como esposa, as gerações.ganização da Mulher Moçambicana pro-m sobre o papel da mulher na sw4 mobiliza-o sobre a necessidade de partcipação da Mulher. ganização da Mulher Moçambicana ecimento de creches,infantários e jar ilitem a educação colectiva das críanç, te a mulher dos encargosfamiliares pí nos vários sectores de produção. ganização da Mulher Moçambicanapro i cultura e personalidade moçambican, ode actividades musicais, arfes plásticMaputo. aos 17 de Novembro de 1976ESTA TUTOSE PROGRAMANo momento em que se constrói o poder operário campon s, no momento em quese edifica a base material e ideológica a ax a construção do Socialismo reuniu-seem Maputo, capital da República %pua de Moçambíque de 10 a Í7 de Novembrode 1976. a II Conferência da Organização da Mulher Moçambicana.Nela participaram cerca de 170 Delegadas vindas de todas as provincias do País,pertencendo a todas as camadas sociais e todos os sectores d, actividades,nomeadamente Aldeias Comunais, Cooperativas, Fábricas, DestacamentoFeminino, Serviços Públicos e Empresas. Também estava reoresentada a mulherorganizada nos locais de residência.A sessão de abertura que, leve fuga; no dia 10, foi presidida pelo CAMARADASAMORA MOISÉS MACHEL, PRESIDENTE DA FRELIMO e PRESIDENTEDA REPÚBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE; e contou com.i presença doCamarada Vice-Presidente da FRELIMO, Membros do Comité Central eExecutivo da FRELIMO, Membros d Conselho de Ministros da RepúblicaPopular de Moçambique e Membros do Estado Maior General das ForçasPopulares de Liber. fação de Moçambique.Na referida sessão, o CAMARADA PRESIDENTE DA FRELIMO." proferiu umimportante discurso, uma análise profunda do trabalho realizado DelaOrganização da Mulher Moçambicana desde a sua criaçãU e no qual traçouorientações de base para a II Conferência- e para o programa de acção daOrganização da Mulher Mo-. çambicana n.i fase actual.A II Conterência por unanimidade, adoptou, a intervenção do PRESIDENTE DAFRELIMO como o seu documento de base.As Forças Populares de Libertação de Moçambique e a Juventude da FRELIMOdirigiram Mensagens de saudações e apoio à II Conferência da Organização daMulher Moçambicana, que foram lidas durante a primeira sessão.Igualmente as Delegações em nome das suas Províncias sau. daram a 1iConferência.Foi iudo a seguir o relatório da Comissão Coordenadora Na. cional, resultado deum estudo e análise da situação a nível Nacional, da Organização da MulherMoçambicana.O relatório foi aprovado pela 1i Conferência e igualmente adoptado comodocumento de base.

Todas as sessões foram presididas por um membro do Comité Central daFRELIMOA agenda de trabalhos da Conferência consistiu na leitura e discussão doNrelatórios das diversas delegaçõps provinciais, após o Que foram constituídasComissões de estudo que incluirAm todas as participantes e que se debruçaramsobre os seguintes assuntos- Estatutos e Programa- 'Problemas Sociaisn no camponr&cidade* gerais«TEMPO» n,0 321 - prg. 55

Os trabalhos da Conferência, quer em Plenário quer nas várias comistões,decorreram num ambiente de franca camaradagem, espírito de crítica eautocrítica, entusiasmo e participação activa por parte das Delegadas.A II Conterência aprovou as resoluções das Comissões de Trabalho sobreEstatutos e Programa, e Problemas Sociais.A il Conterência revestiu-se de grande importância e significado pois que,analisando a situação da Organização da Mulher Moçambicdna desde a suacriação até à fase actual, pôde detectar as causas da ineficácia da Organização, edentro da estratégia definida pela FRELIMO, para integração da mulher noprocesso revolucionário foi capaz de encontrar métodos correctos para a suaimplementaçãoConstatou-se que, de 1964 a 1966, altura em. que o' Comité Central da FRELIMOdecidiu a criação do Destacamento Feminino já a mulher moçambicanaparticipava nas tarefas de apoio à Luta Armada como transporte de material,produção, saúde, segurança, etc,A criação do Destacamento Feminino integrando a mulher na tarefa principal - aLuta Armada - permite-lhe demonstrar na prática a su, capacidade de assumir edesenvolver todo o tipo de tarefas.O Destacamento Feminino permitiu acelerar o processo de, tomad- de consciênciadas -outras mulheres, na medida em que combatendo os valores negativos dasociedade tradicional, transmitia na pratica novos valores.O Destacamento Feminino teve pois um papel fundamental no combate pelatransformação da sociedade, ao participar activamente na batalha ideológica e declasse contra as concepções e prática decadentes tradicionais e burguesas.Correspondendo ao desenvolvimento do processo revolucio. nário e à tomada deconsciência crescente das mulheres, o Comité Central em Dezembro de 1972decide criar a Organização da Mulher Moçambicana que irá mobilizar, organizare unir todas as 'mulheres.Verificou-se que a IConferência da Organização da Mulher Moçambicanarealizada em Março de 1973, traçou orientações e definiu tarefa! concretas para amulher, que no entanto, não fo.ram postas em prática igualmente em todas asProvíncias.

Constatou-ýse que, se por um lado, as dificuldades na imple. mentação dasdecisões da 1 Conferência, foram devidas a vários condicionalismos ligados àscaracterísticas específicas de cada Província, po, outro lado, e sobretudo, estefracasso deveu-se à falta de iniciativa e ao isolamento em que se encontrava aDirec ção Máxima da Organização da Mulher Moçambicana.No entanto, se bem que as estruturas' da Organização da Mu. íher .Moçambicananão tenham sido devidamente implementadas senão em Cabo Delgado, oDestacamento Feminino foi capaz de superaí a passividade e inoperatividade daOrganizaçao da Mu. lher Moçambicana e realizar um trabalho positivo junto damu. lher moçambiana.- IICóm a vitória do Povo Moçambicano contra o colonialismo«TEM PO» .o 32 p - I 6g . 1português, que culminou com a instalação do Governo da FRELIMO esténdem-sea todo o País as conquistas do Poder Popular Democrático, já instaladas nas ZonasLibertadas. Neste processo os Grupos Dinamizadores desempenham um papelessencial.A 't-ref2 de mobilização da mulher oroaniza-se nos locais deresdêencia e trabalho através das Seccões da Organização da Mlher Moçambicana nos Grupos Dimamizadores.A Conferência constatou que,- durante o período do Governo 1 de Transição daFRELIMO, a mulher aderiu e participou entusiasfica e activamente em reuniõesde esclarecimento sobre a tinha Política da FRELIMO, em cursos d Alfabetizaçãoe outras tarefasde carácter prático.As mulheres moçambicanas enquadradas na Organização daMulher Moçambicana começaram a participar pela primeira ve na vida política doPaís e a procurar a solução dos seus próprio!problemas.Porém, a falta de conhecimentos claros dos objectivos diOrganização da Mulher Moçambicana, a falta de estudo polffticc e científicoprofundos, conduziram a actividade da mulher assinímotivada a duas situações:S- Desvio à linha traçada pela FRELIMO sobre a emancipação da mulher, com oseu engajamento apenas em tarefas de apoio, que perpetuavam a sua condição deelemento secundário, na sociedade.2.:- Desmobilização da mulher que não sente os seus problemas mais profundossolucionados atraves da participaçâo na Organização da Mulher Moçambicana.Esta situação deveu-se ao facto das Estruturas da Organização da MulherMoçambicana, a diversos níveis, terem sido toma[das de aWlto por elementosnacionalistas sem clareza ideológica ambiciosos e oportunistas, em resumo: apequena burguesia nacional Estes elementos. valendo-se do seu domínio naszonas urbanas pretendiam ser capazes de dar resposta aos problemas da zona. Elesconseguiram ainda, absorver ou neutralizar alguns quadros veteranos da luta,graças à dominação ideológica e cultural da burguesia nas zonas urbanas.

Apesar da palavra de ordem lançada no Seminário de Mocuba de FeVereiro de1975, para a purificação de fileiras, esta não se verifira no seio da Organização daMulher Moçambicana.Assim, a situação mantém-se sem grande alteração após a independência.O tipo de tarefas com que a Organizaýão da Mulher Moçambicana mobiliza asmulheres, se bem que por vezes se ligam a palavras de ordem 'emanadas daFRELIMO - combate ao lobõto, a poligamia a superstição, a prostituição, àmargínalidade, à especulação - são executadas mecanicamente, não sãopoliticamente aprofundadas, não contribuindo por isso para a elevação do nívelpolítico e ideológico da mulher.A níve! das cidades e dos locais de residência, o situação agrava-se pelaintrodução de valores da sociedade colonial e burguesia, através das tarefas detipo caritativo, da culinária e da

costura, que fornecem à mulher moçambicana de origem campo nesa um padrãode «promoção» pequeno- burguês.Transformava-se assim a Organização da Mulher Moçambicana numaorganização do tipo Associações de Beneficência das senhoras da burguesiacolonial.Apesar destes fracassos, verificou-se que a Organização da Mulher Moçambicanateve aspectos positivos na sua actuação iunto das mulheres.e A Organização da Mulher Moçambicana abriu novos horizontes ,à mulher deu-lhe perspectivas de participação na vida social a nível do seu Bairro, integrou-amesmo que deficientemente, na realidade nacional.A desvirtuação dos objectivos e tarefas da Organização da Mulher Moçambicana,consequéncia da falta de análise profunda que permitisse uma redefinição detarefas concretas na fase actual, deveu-se essencialmente à inoperatividade daDireção da Organização da Mulher Moçambicana.Não se verificou a valqrização da experiência adquirida durante a Luta deLibertdção Racional que provou que a -emancipação da mulher passanecessáriamente pela sua integração na tarefa. principal.Octinida a tarefa ção da base materiale, como sendo a criaonstrução do socialis-mo, a II Conferência, definiu a sualáctica para o novo combate e concluiu que aprioridade deve ser dada à integraço da mulher na prática dc trabalho produtivo.No entanto o combate já iniciado na fase da Luta Armada para a destruição dasideias velhas que entravam a emancipação da mulher, que a inibem de participarplenamente, ao lado do homem, na construção da sociedade nova, tem deprosseguir.Este combate é contra ,a mentalidade retrógrada e anticientífica nascida dasociedade tradicional feudal: a poligamia, o lobolo, os casamentos prematuros eforçados e todo o peso das tradições que relegam a mulher para o papel de servado homem.Por outro lado é o combate contra a despersonalização e alienýção da mulher,introduzidas pelo colonial capitalismo, que relegam a mulher para um planosecundário. A prostituição sob formas mais ou menos camufladas, a faltia de

responsabilidade no trabalho, como actividade social, a sujeição aos valores dasociedade do consumo, são manifestações desta despersonalização e alienacãoEste combate a dois níveis é indispensivel para criar as condições ideológicas quepermitam. a mulher participar em base de igualdade com o homem, na tarefaprincipal - a luta de classes, a luta pela produção e a lida çientífica. Impõe-sedesenvolver ainda o combate para que a mulher assuma e participe na formaprincipal da tarefa principal.O programa de acção de Organização da Mulher Moçambicana no seio dasmulheres deve ps visa .l;"-ue a mulher assuma a ideia '6 que a suaemancipação passa pela, sua intogru1 na pro.dução - base material da conrução da socwdade socialista.2;-Que a mulher se engaje nas tarefas de orgamização dessa produção e de toda avida soctial, forjando as relações sociais que caracterizarãoa sociedade nova.Nesta perspectiva e tomando em consideração a experinia colhida através doserros e vit6rias do passado, a (I Conferência da O. M. M. decidiu elaborarEstatutos, o definir um programa a fim de que a Organização se torne num braçoeficaz da FRELIMO, no enquadramento da mulher nas tarefas Revolucionárias ena luta pela Emancipação da Mulher.As novas Estruturas lerio de ser representativas da classe operária e camponesa,as classes revolucionárias capazes de asse gorar a construção da sociedadesocialista.A II Conferência considera ainda que .os resultados por ela alcançados,constituem um elemento impodante para o sucesso do i1 Congresso pelo trabalhoorganizativo a que ela conduzirá no seio da mulher.A II Conferência saúda a mulher operária, a mulher campoma organizada emcooperativas, a mulher soldado, a mulher ew. giajada activamente na luta declasses, em Moçambique e no Mundo Inteiro.Saúda particulamente, as molheres dos! Países Socialistas e as mulheres. que naÁfrica do Sul, na Namiíbia e no Zimbabwa, lutam pela Independência Nacional;as mulheres que na Palesitina, no Sara Ocidental, em Timor-Leste e no Chile,edificam a Independência e a democracia no meio das privações e do sofrimonto,lutam contra o expansionismo e o fascismo, pelo conquista dos direitos dos seusPovos; a Conferência saúda ainda as irmãs de Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verdee S. Tomé e Príncipe que connosco edificaram as nossas Pátrias hoje livres daexploraço e da opressão coloniais.Une-nos o combate pela nossa libertação, com o qualcontribuimos para aUbertaço da Humanidade.A II Conferência da OMM afirma a sua determinação em inaterializar a palavrade ordem da FRELIMO;«ENGAJAR A MULHER NA TAREFA PRINCIPAL - A EDIFICAÇÃO DABASE MATERIAL E IDEOLÓGICA PARA A CONSTRUÇÃO DA SO.CIEDADE SOCIALISTA».VIVA A FRELIMOVIVA O COMITÉ CENTRAL DA FRELIMO

VIVA O CAMARADA PRESIDENTE SAMORA MOISÉS MACHELVIVA A ORGANIZAÇÃO DA MULHER MOÇAMBICANAVIVA A LUTA PELA EMANCIPAÇÃO DA MULHER MOÇAMBICANAVIVA*A SOLIDARIEDADE INTERNACIONALVIVA A JUSTA LUTA DOS POVOS OPRIMIDOS VIVA A LUTA JUSTA DOPOVO DO ZIMBABWEVIVA A II CONFERNCIAVIVA A REVOLUÇÃO MOÇAMBICANAVIVA A REVOLUÇÃO SOCIALISTA.A LUTA CONTINUAINDEPENDENCIA OU MORTE VENCEREMOSM puto 17 de Novembro de -1976.«TEMPO» n. 321- P4g. 17

PARTIRDEGENEBRANo curto período de onze dias o exército rodesiane Ián Smith? Por outro lado,qual a sua inserçio na invadiu Moçambique três vezes atacando posições dasestratégia global do imperialismo para a Africa AusFPLM em várias zonas deTete e de Gaza. Qual o trai? São estas as questões que precisam de umasignificado desta provocação directa e frontal às resposta a curto prazo parapodermos prever os pasFPLM e ao povo moçambicano, e o que é que ela nos sosdo inimigo e, dessé modo combatê-lo com mais revela da estratégia política emilitar do regime de eficácia.O imperialismo foi obrigado a pressionar Smith a aceitar o plano Kissinger, adizer que aceitava o princípio do governo de maioria, e a conferência de Genebraé a expressão actual das pressões imperialistas. Por outro lado, ela significa quehouve um avanço da luta armada que é a face militar de um objectivo político: aindependência total e completa do Zim-babwe. Se a princgir inúmeras meses seguirr-f,zia surnte aos conteceagora. Ao longo das 4ltimas semanas esclareceram-se as posições das diversasforças representadas em Genebra,BREVE RESUMO DA CONFERÊNCIA«Os nacionalistas são estúpidos, pueris, insultuosos e arrogantes». Assim falavaSmith no passado dia 3 pouco antes de partir para a Salisbúria, deixando na mesade conver.ações o seu ministro dos negócios estrangeiros. Peter van der Byl. Ochefe do regime ilegal rodesiano mos-trava-se bastante nervoso, sem aquele vontade com que iniciara a sua actuaçã emGenebra uns dias antes. As razõe do seu nervosismo provêm do facto d ele não terconseguido levar a conferêr cia a basear as discussões no plano Kis singer comoele esperava, ele e o impe rialismo. Porém os seus planos não tei minaram nacapital suiça como veremo mais adiante.

Que exigiram os quatro nacionalistac Mugabe, Nkomo, Muzorewa e Sithole' 1dois primeiros - que haviam constituídDa esquerda para a direita: Robert Mugabe, Szlundika (secret áro da informaçãdo ANC) e Joshua Nkomo, presentes em Genebra. Mugabe e N omo formam aFrente Patriótica ,TEkPO,~ r, 3Ipág, 59A

j Frente Patriótica antes do começo da conferência -foram claros logo de início.Eles foram a Genebra negociar com a potência clonial, a Grã-Bretanha, uma datapara a i d tpendência do seu país. propuseram que a independência fosse declaradaa 1 de Setembro de 1977. Mais tarde mudaram a sua proposta para o dia 1 deDezembro desse ano. Quando este ponto estivesse acordado estariam dispOstOs adiscutir os pormenores jurídicos do governo de transição a estabe lecer. Noutroponto foram também bastante claros: as pastas da defesa e da lei e da ordemdeveriam ser entregues aos guerrilheiros e nunca a pessoas nomeadas pelo regimede Smith. Com estipontos b e m estabelecidos oassaram à fase das consultasorivadas rnm n r-proposta dp Kissinger ou desbaratar a conferência para depois argumentar q" éimpossível negociar com os nacion listas e apelar para uma ajuda do ocidente emnome da cruzada anti-comunista.A ESTRATÉGIA DE SMITHNa última semana de Outubro o jornal londrino «,Sunday Times»' tomouconhecimento de um documento que desmas-c) A Frente Rodesiana aceitou o plano Kissinger por causa das pressões queforam exercidas sobre ela. (Pressões da, América, Europa Ocidental e África doSul);d) Há mercadoria no valor de 60 milhões de dólares que a Podésia tem em«stock») e que "precisa de exportar. Seessa mercadoria não for exportada o g verno rodesiano não poderá suportar asdespesas da próxima sementeirae) Os caminhos de ferro rodesianosm a atirmar que Muzorewa estria di.s isto a repensar o sistema eleitoral sen0possível que viesse a aceitar o voto ialificado. Cedo a posição de Muzorewamaçou a ser apontada como amígu A sua chegada a Salisbúria lan Smith sse queMuýorewa era «o mais razoá1> dos nacionalistas como que a «naorar» oreverendo. Smith foi acusado procurar dividir ainda hnais os naciolistas mas o queé certo é que MuzoNa acabou por aceitar a proposta brilica para a data daindependência: 1 de arço de 1978 permitindo assim uma disão clara no lado dosnacionalistas. Ndabaningi Sithole manteve-se mais ou9 do ZIPA, portadores da única. va para a liberdade: a.luta armadanos apagado durante a conferência vina apoiar Muzorewa na sua aceitação caratoda a estratégia proposta britânica, partido, a Frente RedIvor Richard manteve a sua proposta tégia arquitectada änt sde o início e tem sidoacusado de se ta em que Snith dia praticamente unido a Smith. Foi-lhe Kissinger-e aperfeiç oposto que a Grã-Bretanha tomasse conferência de Genel nta daspastas da defesa e da lei e da qual faz parte a ordem durante o período de

transição de Genebra. Esse di ra que desse modo a potência colo- na sequênciade uma i assumisse efectivamente as suas res- à porta fechada entre nsabilidadesadministrativas do territó- e alguns rodesianos d . Ivor Richard, .ou melhor, ogoverno toral de Salisbúria. (' tânico, não aceitou. Esta posição tem ministro dogabinete Ssignificado muito específico no que- reunião Price afirmou ) daestratégia de Smith e do imperia- a) Os Estados Uni no. .apoiar um regime minN posição de lan Smith na conferência or causa da opinião de ser sumarizada noseguinte: ele foi p b) Se fosse estabe Genebra com duas intenções muito cla- demaioria» os UA ; ou discutir a aplicação integral da lésia excepto tropas;de Smíth e do seu lesiana. Uma estraes do dia 24- dase aceitar o plano oada até àdata dara. Uma estratégia própria conferência ocumento apareceu reunião efectuada TedSutton Price lo seu distrito eleiTéd Sutton Price é de Smith). Nessa que:idos não podem oritário na Rodésia pública mundial; lecido um governo dariamtudo à Ro-estão a operar a um nível bastante baixo e sofreram um golpe brusco recentemente: durante as conversações de Setembro entre Smith e Kissinger na África do SulVorster fechou a fronteira sul-african com a Rodésia: o fecho da fronteira d rouquatro dias. (No entanto esta nã foi mais do que uma dupla manobra Vorster. Porum lado pretendeu mostra ao mundo. a sua «boa vontade» em ver resolvido oproblema rodesiano, e por outro não deixou de enviar armamento paraSalisibúria).Em seguida Sutton Prica revelou o que o governo rodesiano pretendia fazer parasair da desastrosa situação. em que se encontra sem entregar o poder á maioria;1) O piano Kissinger implica o etabelecimento de lim governo interino com«ýTEMPO,, .,- 321-

de Genebra só provocará a contin da guerra. O governo britânico tenta sa guerra adestruição da revoluçã Africa Austral de mãos dadas co americanos e sul-africanos.O governo britânico conhece, pi timo, a segunda parte do plano r ano para umaajuda do ocidente, É a segunda parte que é preciso ar cuidadosamente.No curto período de onze dia Smith lançou duas provocações des das às FPLM,ao governo e ao povo çambicano. Mais uma vez matou c destruiu propriedade dopovo. Ma contrário do que acontecera no pa-as tropas. racistas fugiam sempr Moçambique logo que terminada missãocriminosa-desta vez elas directamente a bases do nosso braç mado. Por isso éóbvio que Smith tende uma de duas coisas: ele que as FPLM entrem noZimbabwe ou FRELIMO receba uma ajuda maciç homens e material béfico, dosseus dos socialistas A arma da sua estr é pois a internacionalização do co pasobreessa plataforma pression EUA e o ocidete a enviarem os se mens a material deguerra para terr rodesiano.V em G nto, província de Tete, destruída pelo inimigo rodesiano quando dainvasão utm símbolo do novo tipo de guerra levado a cabo pelo regime de Smith etambém Qs FPLM à penetração do iniraigo

uação A conr ncia de Genebra foi agora mado novo realismo cd regime deSmitta nes- adiada para o dia 20 de Dezembro; pró- e do imperialismo. ao na ximo.Durante as últimas semanas e até Porque é que o imperialismo ainda nãm os que a conferência recomece, lan Smith afastou. Smith, como se aprgoavacorrpassa a redobrar os seus esforços mili- afasu .mith a cm tã pouco t or úi-tares dentro do Zimbabwe e de Moçam- tanta segurança ainda há tão pouco ;rmodesi- bique. Faz isso para ganhar uma posição .po? Precisamente porque oimperialism essa mais forte na mesa das conversações. continua a ver emSmith uma arma a naliar or adsalto à jovem República Poalisar Por outro lado, em Salisbúria, ele e osseus ministr sa e r pular d Moçambique. Não nos esqueçaves ociar com os tais os de 'que no sul de Angola os stäresponsáveis» por eles escolhidos. O re- su-*ansitesfcaa s s agresgime rodesiano continua pois a desenvol- sões às opesa régião qual s lan v er asua estratégia dupla. Usar Genebra t m ne te ta é e u a r a ta usar os fantoches internos . ... 9scararMo-or estas razões na itivopara vaçã do movimento fantoche. UNITaivis e o pov » o oderá sair da ca- A revolução na África Austral prepara-sts, ao pitar' suiça. Através do seu programa «A pois para ter que enfrentar oimperia ssado Voz do Zimbabwe» o ZIPA á denunciou lismo mais uma vez nocampo da guerra re de todas estas manobras que se verificamsua em Genebra, já disse muito claramente através da luta aberta contra Smith-fram que não aceitaria nenhum compromisso Vorster ou também contra osemissáriol :o ar- com Smith ou com o imperialismo esta- de guerra doimperialismo: os mercená Spr- beecido em Genebra. já demasiado rios. Oscinco países da linha da frent que evidente que Smith nunca cederá volun-preparam a sua defesa em comum pansue a tariamente o poder á maioria. A indepença de dência do Zimbabwe serforçosamente fazer face ao inimigo comum (ger caixa alia- o resultado dacapitulação de Smith, ca- Esperemos que o resto de África não vej atégiapitulação essa a verificar-se no campo nabatlha da Africa Austral uma quest<nflito de batalha e nunca, progressivamente, ou da África Austral. Porque aqui sedeser lar os seja, através de concessões aos nacionaus ho- listas,rolam acontecimentos que vão determritório São á inúmeros os erros cometidos nar grande parte do futuro docontinentoem nome da boa fé em relaçãó ao cha- 'inteiro.«TEMPO» n.o 321 - Ié9

a duração de dois anos.Só depois deve ser declarad o governo de maioria.Porém, o proesso eleitoral não implica que seja usado o sufrágio universal. (Comefeito, na meama semana em que o. documento passou a ser internacionalmenteconhecido, lan Smith afirmou: «quanto a nós o governo de maioria não significa o

sistema de um-homem um-voto». E Peter van der Byl adiantou: «Soucategoricamente contra o sufrágio universal)2)O parlamento não chega a ser decomposto. Simplesmente entra num perfodo deespera. (E é a Ue aparece a manobra com toda aaza) SeÕ parlamento nã ac r aonstituição produzida pelo o rno int ino poderá rejeitá-la depois termi o prazode dois anos. (P ue é 'e siste no plano Kissiar e, mui especi camente, nessepra de dois nos?,A s..OOA A4n mtarn. aapastas militar e para-militar. 1 nestes dois pontqsque reside.toda a ambiguidadebritânica no processo. Com efeito a Grã-Bretanha parece querer dar a Smithtempo suficiente para, adaptar as suas estruturas poilticas e económicas à, novasituação sabendo muito bem o que isso significa: tudo menos independência realpara os zimbabweanos. A Grã-Bretanha está a colaborar com Smith e não com osnacionalistas. Ela está a fazer o jogo de Smith e do imperialismo ao pretenderdividir ainda mais o lado nacionalista. E as intenções são duas: ou recuperarSithole e Muzorewa totalmente, isto é, recuperá-los para uma aceitação integraldo nlano Kissinaer. ou abrir caminho na ori-nião pública internacional para que Smith possa negociar com os seus próprios«africanos responsáveis» sem criar um escândalo internacional. Assim o podercolonial foge às suas responsabilidades e ajuda construir as condições propícias aum alastramento da guerra na Africa Austral.O governo britânico sabe muito bem que nem Sithole nem Muzorewa nemnenhum zimbabweano negro que se enquadre nos «africanos responsáveis» deSmith têm alguma influência no seio dos combatentes. O governo inglês sabetambém que o ZIPA tem apoio incondicional do povo zirrbabweano. Portantosabe que qualquer compromisso divisionista a sairvos mercaaos extemos um pao os da de cerca de dois iliõí6d) d6laes; injecções decapital dos eros e muiti-nacionais d o ocident s equente fortalecimento doexértvo rmas«compradas» aos amercos franceses ingleses, israelitas, suk-afric nos cnolo doexército e forçau para-militae por parte de Smith; e, finalmente, uma maior fontede recrutamento para as forças armadas (mercados de mercenários),É este o esqueleto do documento,. o esqueleto do esquema Snithiano. Este foi aGenebra com tudo isto bem planeado. Por outro lado, na Rodésia, ministros dogoverno e membros do partido governamental têm também anunciado aos seusseguidores, e sem disso fazerem segredo, que o governo de maioria não sig_s0 direito aodtrudsÚordene o, propriedade e grau de íinstruçã>sQ ýEM GENEBRAEm Genebra Smith não conseguiu discutir o plano Kissingej porque nenhum dosnacionalistas o aceita. Smith tentou o segundo ponto do plano; desbaratar aconferência. Não o conseguiu intéiramente mas criou uma séria divisão entra osnacionalistas quando ele e Ivor Richard conseguiram com que Sith01e eMuzorewa aceitassem o dia 1 de Março de 1978 como data para a independênciado Zimbabwe. Isso está aquém doa dois anos pretendidos por Smith mas serve-o

mais a ele do que ao povo do Zimbabwe. Por outro lado a Grã-Bretanha nãoaceitou a responsabilidade administrativa dasn. 321- pág, 61

*8 de Novembro TIMOR- LESTE1 um ANO DE INDEPENDflNCJAPassaram doze meses sobre a proclamação da Independência da RepúblicaDemocrática de Timor Leste. Um ano de Independência e 15 meses de resistênciapopular contra os expansionistas indonésios apoiados pelo imperialismo forjaramo Povo maubere na conquista da sua Independência total.«Somos*os dirigentes de um país novo, a República Democrática de Timor Leste,a nossa Pátria. Vamos mostrar ao mundo a capacidade realizadora do nosso povo.Vamos traduzir na prática a disciplina revolucionária, baseada . na crítica eautocrítica, nas decisões autenticamente democráticas». Estas palavras doPresidente da FRETILIN e da RDTL, Xavier do Amaral, refletem hoje apenas aconfirmação- a confirmação de uma Luta justa, a confirmação de que a Luta dospovos pela sua liberdade e Independência nasce da luta pela liquidação daopressão, da exploraçãoa que o imperialismo submete os povos. Provou-o a luta dos povos da Indochina,provou-o a luta dos povos das ex-colónias pottuguesas no nosso continente.Prova-o hoje a Luta do povo maubere, do povo sariano, do p o v o zimbabweDezdias após a proclamação da Independência pela FRETILIN em Timor Leste estejovem país foi invadido pelas forças agrêssoras e expansionistas indonésiascomandadas pelo fascista Suharto. Desde esse dia, Timor Leste ficou isolado domundo. As tropas indonésias isolaram a ilha de Timor-fisicamente do resto domundo. Uma luta heróica de resistência imediatamente se opôs ao invasor.Hoje, a Luta do povo maubere não tem precedentes - nunca um povo esteve tãoenvolvido pelo inimigo, tão isolado do exterior, mas tão certo da sua vitória.Efectivamente no ano passa-do, na altura em que os indonésios vadiram Timor Leste, a luta da FRE LIN erapraticamente desconhecida, país em grandes áreas estava ocupa pelo inimigo, ocontacto com o exter era impossível, nas tribunas internac nais só os países queem 74, e 75 1 viam ascendido à Independência pi Luta Armada tinham a firmezade apo a Luta de Timor Leste. A guerra de sistncia em Timor Leste passava a u'Luta Popular Prolongada que opur um povo de 600 mil pessoas, a u clique militare fascista que domina país de 130 milhões de habitantes, c um exército invasorestimado em m de 35 mil homens bem equipados, subsidiados pelos EstadosUnidos América, Austrália, França, Inglaterrý seus cohparsas agressores.Em princípio, muito poucos acred vam que a FRETILIN pudesse organ e prepararum povo que isolado e E

nenhum apoio material, sem armas, não acreditavam que a FRETILIN pudesseopór o seu povo ao poderio indonésio? Era realmente algo de novo na história dasLutas de Libertação: nunca uma guerra popular prolongada havia começado comtão magros recursos. A nível interno havia que contar com as próprias forças dopovo e da FRETILIN. na altura um movimento-de libertação nascido um anoantes de uma Associação nacionalista que defendia apenas o direito à liberdade e

independência do povo de Timor Leste. No plano externo havia a que contar coma experiência da Luta dos povos, das ex-colónias portuguesas em Africa, e daIndochina.Hoje, um ano depois de proclamada a Independência da República Democráticade Timor Leste o panorama é radicalmente diferente no plano interno mais de 80por cento do território está libertado, as derrotas militares da Indonésia são jáadmitidas pelo próprio Subarto (há poucos meses o chefe do Governo fascistaindonésio admitiu que mais de 10 mil soldados indonésios perderam a vida emTimor Leste), nas zonas libertadas o p ovo reconstrói o país engajado naprodução, no trabalho sanitário, na educaço no p a n o externo a Indonésia nuncaesteve tá isolada, as Nações Unidas na semana passada voltaram a condenarvibrantemente a invasão indonésia, o Movimento dos Não Alinhados, de que aIndonésia é membro fundador, condenou a sua atitude expansionista. A justeza daLuta do Povo maubere ganhou a admiração simpatia e apoio dos povos egovernos amantes da paz. A Indonésia, o Governo fascista comandado porSuharto, de uma frente de combate -a invasão feita a Timor Leste - passou a tertrês, e qualquer delas é-lhe desfavorável: em Timor dia a dia perde terreno eganha derrotas militares; na própria Indonésia as contradições provocadas peloregime de opressão de. Suharto levaram o pais ao caos económico (o escândalo dafalência da companhia petrolifera Pertamina é apenas um pequeno indício)enquanto o povo diáríamente se manifesta contra a guerra de agressão, contra oregime que o oprime; a nível internacional a Indonésia está a conhecer oisolamento que ela própria impõíe ao povo maubere, em todas as tribunasinternacionais a sua agressão é condenada.As palavras do Presidente Xavier do Amaral» «a união faz a força, a força faz arevolução, a revolução liberta o homem», são em parte a explicação do segredodas vitórias da FRETILIN. Reduzidos às suas próprias forças, com meia dúzia dearmas trazidas pelos deser-e da República Dlemocrdtica de TImor Leste, cama«A todos os paísesanticolonialistas e anti-imperialiselo. e exijo em nome da militânciainternacionalista peraçãq em todos os campos».tores do« exército.-português, sem médicos, com uma grande falta de quadrostécnlicamente qualificados, e com o inimigo cupando largas áreas do país, aFRETILIN soube não só organizar-se como ultrapassar a impossibilidade dere.ceber qualquer apoio material por parte dos países amigos.A pouco e pouco, as áreas ocupadas pelo inimigo foram sendo reduzidas. Hojeluta-se fortemente perto de Baucau e Dili as duas principais cidades ocupadaspelos indonésios. Consolidando as áreas libertas da opressão indonésia, aFRETILIN e o seu Governo mantiveram a produção, organizaram os serviçossanitários, transformaram as áreas ocupadas pelo inimigo em pontos isola#dos.Enquanto que nas pequenas áreas ocupadas pelo invasor indonésio a vida se reduzao massacre e aos exercícios militares, nas zonas liber-tadas grandes campdnhas de alfabetização estão em marcha-em Setembrocontavam-se 40 mil adultos-a Cruz Vermelha de Timor Leste nasceu, enfermeirostransformaram a medicina tradicional na principal fonte de abastecimento demedicamentos, o petróeo começou a ser extraído para abastecimento a alguns

carros que apoiam os serviços. de saúde, a beterraba começou a ser transformadaem açúcar. E facto de extrema importância, sem qualquer técnico de electricidadeou electrónica, a rádio destruida pelos indonésios começou a funcionar no iníciodeste ano.'Sem dúvida que estas pequenas conquistas do povo maubere assumem umaimportância extrema se tomarmos em conta que foi o povo, um povo em Luta quesob a direcção da FRETILIN e sem qualquer apoio exterior, que

conseguiu construir e reconstruir a sua própria economia nas zonas libertadas.funca em Timor Leste se produziu açúcar a partir da beterraba, n u n c a se extraiupetróleo, nunca se fez a alfabetização, nunca o povo havia tido qualquer tipo deassistência médica. Hoje tem-na em plena guerra de libertação.Mas, a conquista que assume um aspecto mais invulgar, a grande vitória daFRETILIN é a rádio Maubere. Não é sem razão a rádio Maubere é hojeconsiderado pelo imperialismo o maior alvo. A imprensa ocidental pode pôr emdúvida a existência de zonas libertadas, a existência de campanhas de-alfabetização, as vitórias militares da FRETILIN, mas não pode pôr em causa aexistência de uma rádio que três vezes por semana transmite a voz do povomaubere. A rádio Maubere é aúnica ligação com o exterior que os indonésios e o imperialismo não podemsuster.a Há bem pouco tempo, os jornas australianos anunciaram em grandes títulos ediga-se com certo regozijo* o aprisionamento de um rádio transmissor que daAustrália apoiava a rádio Maubere. Pensava o imperialismo que tinha finalmentecalado a voz do Povo Maubere, que tinha esmagado a rádio Maubere. Mas a rádioMaubere continuou a transmitir. Em seguida proibiram que a TELECOM(empresa australiana de TELEX de que se servem os militanes da FRETILIN esimpatizantesesta Frente para comunicarem com os diplomatas da RDTL no exterior) fosseusada para transmissão de TELEX da FRETILIN. Falh-ou de novo esta tentati-.va: os trabalhadores australianos da referida empresa opuseram-se a que talUacontecesse.Usando como estratégia não só o isolamento físico da ilha de Timor como opróprio isolamento dos Ministros e diplomatas timorenses que se encontram noexterior alimentando a Frente Diplomática, o imperialismo pretendia ser únicatestemunha do massacre do povo maubere. Primeiramente, tentaram isolar a ilhapara. «em alguns dias» esmagar a FRETILIN e o povo maubere. Nãoconseguiram, e como tal deram segui«TEMPO» n.- 32' - p&Q. 64mento à segunda fase- do seu plano: controlando a imprensa ocidental que não sóapoiava o governo fascista da Indonésia, como também só divulgava asinformações provenientes de Djakarta (capital da Indonésia), e não permitindoque ninguém visitasse a ilha nem a missão da ONU o ano passado conseguiuvisitar mais do que duas cidades controladas pelos indonésios a Indonésia e seuspatrões imperialistas queriam deste mddo serem os únicos detentores deinformações sobre o que se passava em Timor.

Ambas as tentativas fracassaram. Primeiramente porque as organizações detrabalhadores na lnd3nésia de um lado não permitiram que por exemplo osmilitantes da FRETILIN na Austrália fossem perseguidos, por outro lado oPartido Comunista da Indonésia-na clan-destinidade - acompanhado pelos Partitidos e Governos revolucionários eprogressistas lançaram imediatamente uma campanha de desmascaramento, damanobra expansionista da Indonésia. Quan.do a Indonésia anunciou a anexaçãode Timor Leste a meio deste ano, já era tarde. Quando o fascista Suharto festejouno dia 16 de Agosto a independênci? do seu país e a anexação de Timor Leste,.nesse mesmo dia em ri Lanka, na 5.1 Conferência dos Não Alinhados, aIndonésia era condenada.-Dissemos que o apoio dos Partidos e Governos progressistas e revolucionários,que o apoio das organizações de trabalhadores da Austrália e do PartidoComunista da Indonésia pesaram muito nesta denúncia. Mas, verdadeiramenteaquilo que contribui de uma forma deci siva paraa denúncia da poliítica demassacre, violação, e opressão do Governo indonésio foi a rádio Maubere. Narádio Maubere ouve-se frequentemente a voz do Ministro da Informação daRDTL, Alarico Fernandes, comentando os ataques indonésios, informando asdecisões da FRETILIN, dando a situação militar do país, circunstanciando aforma como o povo se engaja na Reconstrução Nacional.Só o facto de a própria informação indonésia se ter referido frequentemen-te à rádio Maubere, constitui à partida prova de que a Indonésia não controlaTimor Leste. Mais, o facto de em Djakarta terem sido abatidas alguns dezenas depessoas por ouvirem com regozijo a rádio maubere é a prova final de uma derrotaque se aproxima e avoluma dia-a-dia.Há ainda aqueles que juntamente com Portugal advogam que Timor Leste ainda éuma colónia portuguesa, que uma vez terminada a guerra de libertação terá dehaver um referendo. Teoria reaccionária esta que* só nos vem provar comoPortugal se comprometeu com a invasão indonésia. Portugal assistiu impossível de sd e Agosto de 75 a 28 de Novembro - dia da proclamação da Independência daRDTL-,\s :agressões e violações de fronteira por parte da Indonésia à sua colónia.Quando os indonésios no dia 7 de Dezembro dó ano passado invadiram TimorLeste os portugueses abandonaram a ilha de Atauro deixando terreno livre aosinvasores. Agora advogam a teoria de que Timor Leste ainda é uma colóniaportuguesa para numa manobra oportunista se juntaram aos que cndenam eexpansionismo indonésio..A República Democrática de Timor Leste .é um pais independente, a sua luta jánão está isolada do mundo. A sua Luta está na boca do próprio povo indonésioque continua a apoloar materialmente os guerrilheiros das Forças Armadas deLibertação Nacional de Timor Leste (FALINTIL). Tal como um goto que seesconde, a clique militar fascista da Indonésia deixou ficar o rabo de fora. Suhartoquis esconder Timor Leste do mundo, mas como nos diz um ditàdo moçambicano,«o que se guar. da apodrece». A invasão indonésia a Timor Leste independentesob a direcção da FRETILIN, está podre. E, tal como o nosso corpo reage àdoença, o povo mauberê reagiu à invasão indonésia vacinando-se com aorganização, com e Revolução dentro do princípio de contar com as- 'suas

próprias forças. A luta pela independência totl e completa em Timor Leste éexemplar.Três vezes por semana o mundo pode ouvir a voz do Povo Maubere, «que comemoção e ardente brado de determinação grita ao mundo: KA7E KA MORIS,UKUN RASIK ANI INDEPENDÊNCIA OU MORTE VENCEREMOSI»- Na nossa próxima edição apresentaremos um trabalho desenvolvido sotire aresistência do povo Maubere, sua organização nas zonas libertadas, asSfim comoas principais; vitórias da FRE. TILIN na frente da batalha, e na frentediplomática.,«O direito dos povos à independência total e completa é um direito inalienável.Como um indivíduo também os oovos qozam do direito de liberdade.Essa liberdade passa necessariamente pela independência.-Mas, a independência só será verdadeira e eficaz quando é total e completa.Por isso, quando sé neqa ou se tenta negar essa liberdade, criam-se choques,surgem guerras que flagelam a humanidade ao longo de tempos.Eis a razão porque o povo maubere pegou em armas para escorraçar todos osvendilhões da nossa pátria, todos os traidores da nossa liberdade, todos os lcaiosdo colonialismo e imoerialismo todos os exploradores das nossas riquezas».PRESIDENTE XAVIER DO AMARAL

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produzireconomizardepositarpara desenvolver MoçambiqueAumentar a produtividade é PRODUZIR mais em menos tempo. ECONOMIZARé evitar despesas desnecessárias, gastar menos do que ganhamos.DEPOSITAR é garantir a segurança das nossas economias. As economias de cadaum depositadas no INSTITUTO DE CRÉDITO DE MOCAMBIQUEtransformam-se na força que contribue para a reconstrução nacional.