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[MOCHA: [MOCHA: CHA DA' ZAMBIZIA JÁ NAU 1 [SCRAVO Litografia, Tipografia, Encadernação e Embalagem Àv, Ahmed Sekou Touré. 1078-A e B (Prédio Invicta). Telefones 26191/2/3 C.P. 2917 MAPUTO gpí A NOSSA CAPA: 1 Festival Nacional de Jogos Escolares De 7 a 12 de Janeiro realizou-se o I Festival Nacional de Jogos Escolares que ficará sendo um dos grandes acontecimentos deste ano e cuja preparação durou meses. Nessa fase preparatória participaram milhares de estudantes de todo o país e outros tantos milhares estiveram no dia 7 na sessão de abertura que contou com a presença do Presidente Samora e do Ministro de Educação e Cultura, Na Zambézia muitas empresas prodütoras de chá foram intervencíodas pelo governo moçambicano. As empresas de chá ocupam, histori- Graça Machel além de outros membros do Partido e Governo. Esse festival, o primeiro do género, foi uma base para a massificação do desporto nacional cuja vanguarda começam a ser as escolas Página ................ 58 camente, um lugar importante na medida em que elas foram um dos lugares onde o trabalho assalariado se confundia com o Chibalo. Nelas houve grandes transformações se bem que muitos dos velhos problemas continuem Página ............... 25 PMINA POR PÁGINA Cartas dos leitores. 2 Semana Nacional. . 8 Semana Internacional 12 Presidente Samora recebe Corpo Diplomático .... 16 Aniversário da Fundação doPCT. . 20 Entrevista com Rosa Coutinho . 22 Emochá .... 25 Nutrição: Escolha dos Alimentos . . . 30 Entrevistas com Deputados da Assembleia Popular.... 32 Retrospectiva 77: Educação . . .. 42 Estatutos e Programa da OJM.... 47 Poupança. Factos e Crítica. * 52 e 54 I Festival Nacional de Jogos Escolares . 58 . PODE COMPRAR «TEMPO» NAS SEGUINTES LOCALIDADES. PROVINCIA DE MAPUTO: Nanacha. Mýnhiça, Moamba, Incoluane, Xinavane e Boane; PROVINCIA DE GAZA: Xai-Xai, Chicualacuala, Chibuto, C , sp . Môss;n;r. ManIcaze, Caniçado, Mabalane w Nhamavila; PROVÍNCIA DE

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Litografia, Tipografia, Encadernação e EmbalagemÀv, Ahmed Sekou Touré. 1078-A e B (Prédio Invicta). Telefones 26191/2/3 C.P.2917 MAPUTO gpí

A NOSSA CAPA: 1 Festival Nacional de Jogos EscolaresDe 7 a 12 de Janeiro realizou-se o I Festival Nacional de Jogos Escolares queficará sendo um dos grandes acontecimentos deste ano e cuja preparação duroumeses. Nessa fase preparatória participaram milhares de estudantes de todo o paíse outros tantos milhares estiveram no dia 7 na sessão de abertura que contou coma presença do Presidente Samora e do Ministro de Educação e Cultura,Na Zambézia muitas empresas prodütoras de chá foram intervencíodas pelogoverno moçambicano. As empresas de chá ocupam, histori-Graça Machel além de outros membros do Partido e Governo.Esse festival, o primeiro do género, foi uma base para a massificação do desportonacional cuja vanguarda começam a ser as escolasPágina ................ 58camente, um lugar importante na medida em que elas foram um dos lugares ondeo trabalho assalariado se confundia com o Chibalo. Nelas houve grandestransformações se bem que muitos dos velhos problemas continuemPágina ............... 25PMINA POR PÁGINACartas dos leitores. 2 Semana Nacional. . 8 Semana Internacional 12 PresidenteSamora recebe Corpo Diplomático . . . . 16 Aniversário da Fundação doPCT. . 20Entrevista com RosaCoutinho . 22Emochá .... 25 Nutrição: Escolha dosAlimentos . . . 30 Entrevistas com Deputados da AssembleiaPopular. . . . 32 Retrospectiva 77: Educação . . .. 42 Estatutos e Programada OJM. . . . 47Poupança. Factos e Crítica.* 52 e 54I Festival Nacional deJogos Escolares . 58.PODE COMPRAR «TEMPO» NAS SEGUINTES LOCALIDADES.PROVINCIA DE MAPUTO: Nanacha. Mýnhiça, Moamba, Incoluane, Xinavanee Boane; PROVINCIA DE GAZA: Xai-Xai, Chicualacuala, Chibuto, C , sp .Môss;n;r. ManIcaze, Caniçado, Mabalane w Nhamavila; PROVÍNCIA DE

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INHÂMBANE: lnhambane, Quissico-Zavala. Maxixe, Homofne, Morrumbene.Mrmbóne, Penda e Mabote: PROVINCIA DE MANICA: Chimoio, Espungaberae Manica: PROVINCIA DE SOFALA: Beira, Dondo e Marromeu; PROVINCIADE TETE: Tete, Songo, Angónia, Mutarara, Zóbué, Moatize e Mágoé;PROVÍNCIA DE ZAMBÉZIA: Quelimane, Pebane, Gilé, Ile, Maganja da Costa,Namacurra. Ch;nde. Luabo, Alto Molocué, Lugela, Gúrué, Mocuba e Macuse;PROVÍNCIA DE NAMPULA: Nampula. Nacala, Angoche, Lumbo, Murrupula,Meconta e MossuiI, PROVÍNCIA DE CABO DELGADO: Perba, Mocimboa daPraia e Montepuez; PROVÍNCIA DO NIASSA. lichinga e Marrupa. EMANGOLA- Luanda, Lubango. Huanbo, Cabinda, Benquela e Lobito. EMPORTUGAL; Lisboa.CONDIÇÕES DE ASSINATURA:PROVÍNCIAS DF MAPU'Tó. GAZA EF INHAMBANE: 1 ANO (52NÜMEROS) 940100; 5 MESES (25 NÚMEROS) 470~00; 3 MESES (1NÚIMEROS) A3560. OUTRAS PROVíNCIAS. POR VIA AÉREA. 1 ANO (52NÚMEROS) ,l70o0fao; MESES (26 NÚME RO1) SóSSOOS 3 MESES (18NÚMEROS) 8580O. O PEDIDO DE ASSINATURA DEVE SERACOMPANHADO DN IMPORTÂNCIA RESPECTIVA... .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..Director: Luís David: Rodacçiso; Albino Magaia, Alvas Gomes, Antônio Matase,Calane da Silva, Carios Cardoso. Luís David, Mendes de Oliveira, Narciso Cas.tanheira: Secreitria da Redacçio: Ofélia Tembe: Fotogrfia: Ricardo Range[, KokNam. Naila Ussene, Armindo Afonso (colaborador); Maquetiaçio: EugénioAldasse; Correspondeates Int.rnacionais: Wilfred Burchett, Pietro Petruchi,Augusta Conchiglia (Angola): Berrada Abderrazak (França) Tony Avirgan(Tanzania) Renato Soares (Portugal); Agéncia AIM e ANGOP; Colaboraçãoeditorial com a revista «Tercer Mundos propriedade: Tempogréfica - Oficinas,Redacção e Serviços Comerciais: Av. Ahmed Sekou Touré. 1078.A e 8 (PrédioInvicta). Tels. 2619112/; C.P. 2917- Maputo República Popular de Moçambiaue.

A IGREJADESMOBILIZANDOFui no dia 17/12/77 assistir 'a um casamento de pessoas conhecidas na Localidadede Malehice-Chibuto. Não falarei do que se terá passado no interiorda Igreja, na medida em que não entrei.Porém, finda a cerimónia religiosa acompanhamos os noivos até à casa da noiva.Chegada a altura dos «conselhos» foi designado um elemento para proceder àleitura da Éí-L.bliq cap. 2, versículo 21, que fala de quazsquer coisas que teriam sido proferidaspor S. Mateus: Dado não estar bem dentro da matéria, irei, porém, apontar oulocar certas passagens que tanto me impressionaram (de aspecto negativo).O citado elemento começou por dizer que Deus fez primeiro o homem ao qual,pouco tempo depois, deu-lhe (ao homem) um sono bastante profundo,conseguindo assim (Deus) ex trair parte- das costelas (do homem) para com elas

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fabricar a mulher que passaria ser companheira do homem. Que, portanto, aonoivo cabia-lhe a responsabilidade de considerar, amar, tratar e guiar bem a suamulher. Que o noivo era a cabeça do comboio e a mulher, vagão! Que como sesabe a locomotiva é que puxa o vagão e, portanto o vagao deverá ir sempre onde alocomotiva vai, seja para fora dos carris ou não.Disse mais adiante que o casal, estando a caminhar para um determinado local, selhes deparar um pequeno riacho a mulher deveria servir de ponte, deitando-se debarrigapara baixo para o homem passar por cima dela e depois do outro lado dorio puxar a mulher. Isto quer dizer que sempre que houver, vá lá, uma pequenadiscussão (na qual a mulher tenha razão) ela não deve manifestar-se, não deveexpor as suas razões, em suma não deve abrir sequer a boca. Entende-se bem tudoisto hoje?O que mais me comoveu, foi a passividade de muitas mulheres presentes, queperante tal alocução até batiam palmas! Depois foi a intervenção de vários gruposda juventude que, em pequenos discursos repisavam as palavras do homem de S.Mateus versiculo 21.Ora num momento como este que atravessamos, penso que o que o homem daBíblia falou1~1 ciwrv N. - wplg. 2qP!

constitui uma falta de mobilização nele e consequentemente de muitos dospresentes.O artigo 21.o da nossa constituição diz: A emancipação da mulher constitui umadas tarefas essenciais do Estado. Na R. P. M. a mulher é igual ao homem emdireitos e deveres e em igualdade no campo político, económico, social e cultural.O artigo 19.1 diz uma certa passagem que na R.P.M. as actividades dasinstituições religiosas devem conformar-se com as leis do Estado.Acho bastante certo, certíssimo até. A Igreja não deve mobilizar o povo porqueessa tarefa cabe unicamente ao Partido e Governo.Há bem pouco tempo que se realizou a I Conferência da O.J. M. estrutura políticaque deverá ser respeitada.Portanto, o objectivo principal desta minha carta é para com ela apelar aosresponsáveis dos Grupos Dinamizadores no sentido de mobilizarem certaspessoas que continuam obstinadas nas «façanhas de Deus» de tirar costelas aoshomens para depois fabricar mulheres.Fazer-lhes compreender o que nos ensina a ciência porque para isso existe matériasuficiente.Finalmente, peço a contribuição construtiva e não destrutiva esta por partedaqueles que vossivelmente se acharam lesados.Francisco Joaquim NgwenhaXAI-XAI- - GAZALOBOLO

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Quero debruçar-me sobre este problema: Tenho acompanhado muitas vezes noscomícios, rádio e a Revista «Tempo» esta questão que faz parte da nossa vidacomum.Ao que escreveu o camarada Pedro Samussone Banze, euacho que está errado quando diz que nós estamos a gritar que «Abaixo o lobolo» eainda continua.Talvez o camarada Banze não acompanha a evolução exploradora que se verificaneste sentido.Nas três províncias do Sul do Save o Lobolo propriamente dito já desapareceu.Digo isso porque não é assim que é denominado.O seu nome apropriado é Gratificação. O lobolo já foi baptizado. Lembro o tempodos padres. Depois de um rapaz ser Cristianizado perdia o nome da infãn" cia queera imediatamente substituído por outro. Quando era Maxanissani Xipanelapassava a ser Francisco dos Santos. O Tuenduane Mapulasse passa a ser ErnestoJoão de Deus, quan do é Hlecuassane Mapeje toma o nome de Maria daConceição Imaculada.O lobolo por sua vez está. no conteúdo colonial. É evidente que nunca foi abaladopelo colonialismo porque era concorrência entre os feudais.O genro e o sogro eram ambos aspirantes ao feudalismo. Dai que surge o lobolo.UM queria tornar-se dono da mulher por tanto dono de fonte de riquezas enquantoo fornecedor exige uma compensação.Agora com a libertação da mu ther que definiu muito bem qual seria o papel damulher na sociedade, vemos as manobras de sencadeadas pelos possuidores dejovens do sexo feminino. Não estão de acordo em encher de terra ou tapar essespoços de riquezas.Por isso propagam a linguagem de «Gratificação».Ora analisemos essa gratificação: Em primeiro lugar pede-se a mão de entrada ouseja a «legalização de namoro». Neste acto o pai da Miúda pede 500$00 a1500$00 c_,nforme o critério dafamília. Depois disto segue-se a lista das aquisições de material que constitui osagradecimentos.1. Em dinheiro exige-se de 5 000$00 a 10 000$00 de gratificação de se ter criadoa menina e instrui-la.2. Fato e um par de sapatos do sogro.3. Vestido, capulana e lenço para a sogra.4. O tio-avô por seu turno precisa de 500$00 em compensação de Xissingo ouLicolecole.5. A tia também da rapariga, muitas vezes «conselheira», como é denominada,vem com as suas exigências.Somando estas despesas as das bodas de casamento o que é por muitas vezes umaobrigação dos pais aliás sogros somam-se dezenas de contos, dinheiro esse quepodia sustentar aquele novo lar. Não sei se esses pais estão conscientes de queestão a ser injustos com as suas próprias filhas, porque sabotam a economia quepodia sustentar o novo lar.Lamento bastante esta posição intransigente tomada pelos neo-feudais.

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A gratificação deve ser coisa voluntária, como não deixa de o fazer um qualquerfilho bem educado. A gratificação não é nenhuma obrigação mas sim umcumprimento de humanismo.David Lucas José CuambeEscola Primária de InharrimeINHAMBANENAMOROÀ Revista «Tempo» peço um pouco de espaço para também contribuir com asminhas pou cas ideias sobre o namoro.Para começar vou dizer que de tudo quanto eu tenho lido e ouvido, parece-me quenão se tem abordado o problema aoTEMPO W. 380 -pão. 3NTEMPO N." 380 --pfm. 3

fundo o que às vezes faz com que o problema seja encarado com pouco interessepela maioria.Sem dar rodeios vou entrar no assunto. A-questão do namoro é uma das questõesda vida humana e em particular na vida da Juventude.Regra geral, é necessário que os jovens de ambos os sexos tenham liberdade paraos fins de namoro. Mas devemos ter em conta que o Partido pode-nos fornecerdados concretos de orientação sobre este problema.Podemos dizer que aquando da II Conferência da O.M.M. foi feita a proposta deser 18 anos a idade mínima para o casamento para jovens de sexo feminino.Não obstante continuamos ver casamentos prematuros embora em pequena escalaporque os pais começam a ser compreensíveis.Nós sabemos muito bem que o namoro é o período de tempo que começa logoapós a confissão de um jovem ao outro, confissão que revele as aspirações entreos dois até ao dia do casamento. Este período é caracteri zado pelos repetidosencontros dos dois onde discutem problemas que dizem respeito à sua vida.Estudo que lhes leva a saber, em dados gerais, a vida do seu pretendente e teremcerteza de que não estão a enganar-se.Por isso estes jovens, quando se abraçam é porque para eles há bastanteconfiança. Não se percebe o impedimento. Porém, devemos ter em conta que hácertos casos escandalosos, praticados por alguns dos nossos jovens quecaprichosamente levam o namoro a torto e a direito.Para salientar esta questão, vi uma jovem que em plena cena pública, deixou-seabraçar por três homens dos quais recebia como compensação bolachas e bilhetespara ir ao cinema. Outro facto oposto é de um milícia naTEMPO N. 380 - pág. 4vila de Morrumbene ter impeado um casal recém-casado de abraçar-se sobpretexto de combater a prostituição.A outra questão é esta: se não há idade para início de namoro vamos deixar aJuventude para que por si se guie? Se voltarmos um pouco para a ciência vamosconstar que a puberdade e a adolescência são uma fase humana em que odesenvolvimento físico desperta grandes emoções no cérebro da criança. Mesmo

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sem dar ao luxo de fazer inúmeras perguntas dentro de si. existe um mundo deincompreensões. Tanta coisa sem explicação acaba por desviar a criança ou entãopor encolher os ombros.A explicação não surge de um momento para outro. É onde a criança tentando dasua iniciativa, descobrir o enigma, lança-se ao precipício.Foi por isso que nos tempos do colonialismo houve uma gran de repressão sobreos jovens. Havia ordens sistemáticas de afastar os jovens de sexos diferentes,como solução para evitar a corrupção sexual ou a prostituição.Daí que surge o problema de os jovens se encontrar alienados dos seus problemas.É por isso que ainda se fala de autorizar o namoro e coisas parecidas.O que é necessário é a consciencialização da Juventude sobre aquilo que está apassar no seu seio.Esta campanha está presentemente a ser desenvolvida pela O.M.M.Precisa de ajuda, porém de O.J.M.David Lucas CuambeEscola Primária de InharrimeINHAMBANE«VOU MORRERSOLTEIRO»Com este título, do artigo em carta, publicado na revista, «Tempo» n.o 377 de25/XII/77, vou tentar dar resposta ao Camarada T. HEBERT, a seguir à N. da R.do mesmo artigo.Sou quase velho com 54 anos de idade.Os meus pais eram burgueses costumavam lobolar raparigas para trabalhar comocriadas, das quais quando já estavam crescidas, passavam a casar com quem aspretendesse.Em 1940 entenderam-se oferecer-me uma dessas. Recusei redondamente. Elesnão desanimaram, seguiram-se outras duas, uma por sua vez. O resultado foisempre o mesmo. 1947 casei-me cdm uma do meu desejo, embora contra a suavontade, mas por fim acaba-, ram por se convencer, dado que as más qualidadesque lhes eram atribuídas não foram verdadeiras. Alguns anos faleceu, deixando-me com alguns filhos.Não desanimei, portanto tornei a casar-me com outra. No princípio esta foirecebida com acolhimento. Passado certo tempo começaram a aborrecer-se e afalar mal dela.Vivíamos separados por causa das tarefas que eram diferentes. Um dia foi visitar-lhes, quando voltou, veio contar-me o que se passara com eles, o que chegou achorar, implorando a sua má sorte.Eu disse-lhe: Minha querida. Casei-me contigo, não para satislazer os desejos dosmeus pais, mas sim para viver comigo e constituirmos um lar. Se viveres bemcomigo, verás que os meus pais passarão a gostar muito de ti como a falecida.Com estas palavras ficou conformada.

Os meus pais passaram a amd-la cada vez mais. Até esta data výemos rodeadosdos filhos, tantôl da primeira mãe como desta segunda, num lar puramen feliz.

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Cdnarada Hebert continue viver amando muito a sua mulherzinha, respeitandotambém os pis. Embora eles sejam severoý como os meus, verás que cedo outarde ficarão convenci dos, cumprindo assim um dever de amor filial.M.T.E.MAPUTO«MUKUNHA WA M'RIPA» OU UM ASSIMILADO TARDIOAo entrarmos numa loja falei para com o empregado em minha língua materna oMacua e disse «OKICIVELA EPASTA ILA» - gostei desta pasta.Ao ouvir-me assim um colega meu que me acompanhava saiu rapidamente da lojaquase nervoso.Depois pôs a rir-se de mim porque falei «dialecto» e que se continuasse com talatitude já não passearia com ele.Por isso eu apelo à juventude que é a seiva da nossa Nação; que devemos sersinceros. Não podemos enganar o nosso povo alegando que eu sou de Maputo,Beira enquanto é simples natural de Chimoio ou Namapa, que não sei falar macuanem lomwé, etc. Essa atitude é muito errada, é acção de banditismo, corrupção.Porque corre perigo de negar o seu próprio pai.Severino NitosMocímboa da PraiaCABO DELGADONR - Os leitores poucohabituados a este género de problemas, provocadospor complexos de inferio ridade, podem estranhar que o autor desta carta' depoisde fazer o relato do que se passou passe a dizer que «não podemos enganar onosso povo ale gando que eu sou de Ma-puto, Beira enquanto é simples natural deChi moio ou Namapa». Esta mos no domínio das hierarquias de nascimento,problema colonial que jul gávamos ultrapassado.Nas pequenas vilas e ci dades os indivíduos de Maputo, Beira e Namapa eramolhados como criaturas de outras esferas principalmente se soubes sem falar oportuguês. Eram os tais «muripa wa m'kunha» como se diz em macua e que podeser tra duzido p o r assimilado mas que à letra significa «branco-preto».Devemos (e isto é diri: gido a Maputo) evitar sem pre a mania de pensar que seum indivíduo é negro automaticamente fala a nossa língua materna co mo fazemmuitos criados de mesa qúe falam em ronga ou em changane sem se preocupar emsaber se o cliente os compreende ou não. Isto são restos de tribalismo. Masquando a pessoa com quem fala mos nos compreende não há vergonha nenhumaem falarmos na língua materna tanto mais que é ela um dos veículos onde vamosbuscar elementos da cultura moçambicana. A atitude do amigo deste leitor éerrada porque é movida por complexos de inferioridade, manias de querer dar nasvistas, ma nias de senhor. Em resu-mo são atitudes de um «mukunha wa m'ripa».MAZIONE EM NAMPULAFoi no dia 14/2/77. Desloquei-me ao distrito de Malema, Círculo Malaia e quandolá cheguei fiquei muito admirado com o que me disseram. Existe lá uma religiãoque nunca ouvi falarem dela, chamada SIONI e os seus membros são chamadosSionistas. Mas esta religião se alguem nunca ouviu logo fica surpreendido se

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ouvir a falarem as suas leis. Um Sionista não pode ir para Hospital, mesmo queesteja muito ferido porque e pecado e nem pode apanhar vacinas e nem nada demedicamentos. E quando vêem que um dos membros está mal levam-no paraigreja e rezam a Deus para aquela pessoa ficar melhor.E se porventura um dos membros a mulher ter filho o pai da criança terá queesperar até acabar 8 dias sem ver o seu filho ou filha. E só depois de esses dias éque pode ver o seu filho. Mas até aqui a tarefa ainda não acabou é preciso esperarmais 120 dias sem pegar o seu filho e nem pode comer a comida feita pela mulhere nem pode beber água que a mulher tirou ao po ço. E nem a mulher não podeentrar onde o homem dorme. E depois quando acaba os 120 dias é que o homemdeverá organizar-se comprar galinhas e farinha de milho e tem que levar o filhopara igreja depo¿s o padre convida os seus membros. Depois de rezaremcomeçam amas sar a farinha e depois de comerem é que o pai poderá começar apegar o seu filho.Agora pergunto eu:Isto é uma religião ou obscu rantismo?Uma pessoa chega de envelhecer sem conhecer como se apaTEMPO N.- 380 - p*g. 5

nha injecção, mas quando levarem para igreja fica bom, mas como?José Artur Namicoio NAMPULAN.R.Os «mazione» são umaseita religiosa originalmente da Africa do Sul e que se infiltrou em Moçambiquedevido aos contactos frequentes que os moçambicanos m a n t ê m com aquelepais. Uma das características desta seita cristã e que aglutina crendices esuperstições tradicionais -facilitando a sua assimilação por indivíduos da nossapopulação. Se perguntássemos a um dos ziones de que nos fala este leitor porque ,que depois do parto ho mem e mulher não podem dormir juntos diriam que éporque a mulher estz «quente». Quente num sentido de q u e carrega consigoimpurezas que podem prejudicar o homem. Pela surpresa do leitor que nosescreveu a carta acima concluímos que esta crendice não existe na província deNampula mas já é fre quente em Gaza, Maputo e Inhambane. Por aqui podemostambém conclu Ir que os ziones transferem para todo o paiscrendices regionais.Menos fanáticos e provocadores que as Testemu nhas de Jeovã os zionesnem por isso deixam de originar o mesmo fanatismo que aqueles inclusiva menteservindo de propa gadores de um regresso às cavernas como quando se recusam air ao hospital para tratamento preferindo fazer rezas.CRIANÇAS NÃO PODEM COMPRAR GÉNEROSHá dias ouvi, na Ródio que na Loja do Povo do circulo de Zimpeto uma criançacom menos de catorze anos não podia lormar bicha, porque há pessoas que têmcinco ou mais de cinco crianças e assim prejudicam quem não tem filhos.Suponhamos que uma família tem cinco filhos e o mais velho ter treze anos, osegundo onze, o terceiro nove, e o quarto sete, e o quinto tem cinco anos. Quem

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não tem filhos compra doi quilos de arroz o que tem cinco lilhos também compradois quilos de arroz? Eu acho que estamos a cometer uma injustiça, para com ascrianças. Nas nossas car reiras para Michafutene, uma criança com cinco anospaga meio bilhete, e com sete pagabilhete Inteiro. Na Loja do Povo uma criança com treze anos não pode comprarporque não como. Alinal quem tem mais direito de comer? Eu acho que são ascrianças. Peço desculpa pelos er ros.António Navarro MatosNR - Só o aumento daorganização poderá acabar com aquilo a que este leitor chama injustiça.De facto não são só comerciantes que açambarcam produtos. Muitas famílias (pai,mãe, filhos) vão, às bichas para comprarem coisas que não consomemimediatamente. Por isso muitas lojas do povo dificultam ou mes mo impedem queas crianças vão lá comprar pois é necessário que a mercadoria dê para todos.Por isso é que é ,necessário formar cooperativas. Nas cooperativas sabe-sequantas pessoas é que há na família e fornece-se comida que dê paratoda a família.NOVA TOPONÍMIAÈ pela primeira vez que escrevo para a revista Tempo desejando contribuir-paraeliminação de certas insuliciências em alguns sectorés.Já loi há mais de 8 (meses) meses que a antiga toponímia da cidade foi abolida,mas não completamente em toda a cidade; mas o caso que leva lazer a minhaobservação através desta carta -é duma rua que actual mente com a novatoponímia t conhecida por, Valentim Sit, este nome rendendo o de um aw>TEMPO N" 379 - p&g. 6

tigo assassino conhecido por marechal 'Gomes da Costa, cujo o nome ficaragravado naquela rua como honra àquele grande militar servidor do colonialismo.E o nosso povo jd livre precisou de honrar os seus heróis atribuindo o nome V.Siti à rua em causa.Mas, nisto, tenho visto, parece, certa desconsideração das vitórias do nosso povopelo uso desnecessdrio de nomes abolidos na história de Moçambique, comoexemplo, temos a Empresa Electricidade de Moçambique e.e.Eu sou morador desta rua beneficidrio de dgua e luz por aquela Empresa, o queem todos os documentos por eles me passados hd uso abusivo de nomes que noslembram dos nossos grandes assassinos. Isto. é bastante lamentáveLE pergunto eu, quando e onde é que empregaremos os nomes dos nossos heróis?MangaveMAPUTON.R.Contactámos a Electricidade de Moçambique e foi-nos dito que o registo de nomes e ruas nos recibosé feito por computador que já está programado. Era necessário mudar essaprogramação mas faltam técnicos para levar a cabo esse trabalho.QUE É EMULAÇÃO SOCIALISTA

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Escrevo esta simplesmente para dar o meu parecer do modo como a informaçãodeve escrever os novos termos que apare-cem. O exemplo Mais cócretÍo da palavra emulaç4o sgouoetf Fui ao Hotel NacalaJantgOr quando esperava do arta~ receram três homens a 49nt0 à minha esquerda.4 L lq da conversa um por' !to, outro «eu nãoCde Tt o que é a emulaçaosocialita» Um lhe disse que a eMUlaQ4 a competição e o outro 40al que era umdesafio para vai quem ganha. ApronW~'V4 1 cisse que eu não açcIrOjá que <emulação fosse CompO $40 o desafio. Disseram te Mos A jornal só se fala da'càm de emulação socialista não s explica o que é osso». disso$5¢ lhes:vamos dar um ewptý .. dois concorrentes no mq.04cs Cada um deles qier 0fht4arer o título de campeo. O que cOn tece no meto da conc*rr4cai Uma motorizadaarre * tatõ ro da. O outro'não se intorea4 fa da do companheiro 91. sle i e ainda,melhor para, e1 nhar facilmente a taç lação acontece o contr4«o Enquanto *ueum çom nl,4pr operdrio supnhamo ,It4eJ se em elevar o seu -0 '; pnro4J , sional ea sua proa $0l44e também se preocupao M Ç $r balho do seu colega. aoe.r ferircorre a socorrdo daUxid aquilo que estava a /a,4 resumo diríamos quo é oestimulo que se Ia* ao lhor trabalhador para U orlar ânimo no traba~ho.>F'Oi assim que eu expliquei o Oeles doiscolegas que não shbo'm tão bem comoeu.'posso dizer que eles diziam iudo isto na base do dicionario. Só porqueencontraram essas palavras logo as aplicam como viram.Esta é uma das situações que ý;,f%#;formação devia evitar. E coo evitar?Penso que antes de escreve, rom cada termo político novo r #am de explicar nomesmo ¶ugar onde esta aparece pois não 0 esqueçamos que os ázcionáo40Ò queutilizam não explican 9Oísas na base de nossos interes* mas sim no interesse daOe exploradora. Com isso queig dizer que têm definição capiAbraham Bernardo DembaElemento das F.P.L.M.NAMPULAN.R.A Rádio Moçambiquemantém um programa diário intitulado «O SENTIDO DAS PALAVRAS» emque não só explica as novas palavras que vão se popularizando em Moçambique como também explica aquelas que são usadas todos os dias mas quemuitos dos seus ouvintes não conhecem ounão conhecem bem.A «Tempo» tinha umasecção intitulada «O SEN TIDO CORRECTO DAS PALAVRAS» que, porrazões várias tivemos de in terromper mas que retomaremos em momentooportuno.A sua observação é justa e agradecemos.TEMPO N., 379 - p*a. 7I

=SEMANA A SMN

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alfabitização:VISITA DE UMA BRIGADA AS PROVINCIASRecentemente., uma, brigada 1k VAI Teta. Afirmou que Tete é umada uirecçao Nacional de Alta betização visitou quatro pro vincias do País. Entreelas. as provínciqs de Tete e Nias sa.Tal visita destinou se a in formar, naquelas províncias, do resultado do CursoNacional de Formação de Respon sáveis e Instrutores de Alfabe tização, além defornecer os documentos de apoio aos cursos a realizar futuramente, e, ao mOesmotempo, estudar as formas de sanar determinados problemas que afectam os centros modelos de alfabetização. Mas não só.Como diriam dois elementos afectos àquela brigada, à Re portagem do JornalNotícias houve uma preocupação em formar correspondentes que oi ligação comos emissores provinciais programassem e di fundissem o processo evolu tívo daalfabetização do País.Um outro elemento da mes ma brigada informou que os alunos das escolassecundárias do Niassa têm se distinguido pelo apoio que prestam no campio daalfabetização.Fazendo mais declarações a respeito da alfabetização outro elemento falou daprovíncia de(O Secretariado Provisório da Organizaçao Nacional de Jor nalistas efectuoureuniões du rante os dias 5 e 6 com jor nalistas representantes da Or ganizaçãonos Õrgãos de ln formação e responsáveis dos grupos de trabalho para implementação das recomendações do Seminário Nacional da Informação, e preparaçãoda 1 TEMPO N.' 380 - pág. 8das províncias que atingiu um grau muito elevado naquele sector. Grau elevado ecom êxito porque, em parte, as estruturas políticas da província têm criado boascondições para que a alfabetização corra da melhor maneira. Como, por exemplo,a existência de aulas de educação política.E esta alfabetização permite que os alunos adquiram certos conhecimentos parainterpretação de fenômenos que verificam dia a dia.Saliente-se que a brigada de senvolveu - também - um trabalho de recolha deestatís"ticas sobre a alfabetização. Estatísticas essas que hão-de fazer com que seconheça a situação das províncias no campo da alfabetização.A referida brigada deu, a conhecer que no início do mês de Junho do ano correntehaverá uma campanha sobre a alfabetização. Campanha que abrangerá - numaprimeira fa se - os centros de produção organizados. Mais tarde alastrar-se-á nosoutros locais que justifiquem a alfabetização de adultos.)RGANIZAÇAO NACIONALConferência Nacional da ONJ.As reuniões serviram para o estudo e discussão sobre a forma de, ao nível de cadaórgão de informação, os rePresentantes eleitos da ONJ desenvolverem as tarefasde levarem à prática as medidas recomendadas pelo Seminário da Informaçãorealizado em Setembro do ano passado, Emrelação aos grupos de trabalho formados por jornalistas e trabalhadores ligadosaos diversos órgãos de Informação foram definidos prazos para a realização e

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apresentação dos trabalhos que estão a desenvolver relacionados com:elaboração de uma proposta de Programa e Estatutos da ONJ a apresentar naConferência; criação de condições, preparação e apoio á realização da 1 Conferência daONJ; recrutamento, formação e reciclagem dos trabalhadores da Informação;aceitação popular da informação; estudo da pas sagem dos jornais diários umformato a tablóide e estudo da criação de um jornal mensal; desenvolvimento ecriação de

especulação:D.T.I. FAZ TEATRO DE DENÚNCIAUm grupo de Agitação e don» instalou-se na sua banca'ropaganda do Departamento Jo Trabalho Ideológico do Partido (D.T.I.) fez umaencena;ão sobre especulação, no pasgado sábado, nos bazares de Kipamanine eCentral em Maputo.O referido grupo - que integrava vinte e dois elementos-destacou um, para fazer papel de vendedor e os restantes de compradores. 0«vende-pondo-se a vender produtos que raramente aparecem no mercado - e os outrosvinte e um formaram uma bicha para comprá-los.O «vendedor» vendeu ao primeiro da bicha, por um preço muito alto um dosprodutos. O primeiro da bicha reclamou. Fez barulho disse que era especulação.Os restantes do grupo também metem-se na dis-cussão. A população, que am bém tinha entrado na bicha por desconhecer queaquilo era uma encenação, também participa na discussão. Junta-se muita gente. O «especula dor» sante-se mal.Alguém corre a avisar as estruturas políticas do local. Elementos dessasestruturas aparecem e carregam com o especulador e os seus produ tos àsautoridades.Estava feita a encenação Teatro ao vivol Teatro em que os actores não sedistinguem dos espectadores. Foi conse guido o objectivo da encena ção:despertar a população pa ra o combate contra os espe culadores.Esta campanha-teatro não fica por aqui. Brevemente esten der-so-é até ao distritode Ma tola.BANCO POPULAR DE DESENVOLVIMENTO primeira dependênciaFoi aberta em Maputo a primeira dependência do Banco Popular deDesenvolvimento no passado dia 5, que funciona nas antigas instalações doextinto Banco Pinto & Sotto Mayor da baixa. A abertura desta dependência doBPD re sulta da transferência de depósitos individuais do ex tinto Banco citadotendo-se, verificado, durante os dois úl timos dias da semana, a ocorrência deinúmeras pessoas que foram ali efectuar depósitos.Segundo foi revelado durante a abertura da primeira de pendência do BancoPopular de Desenvolvimento, abrirão brevemente, também nas instalações quepertenciam ao Banco Pinto & Sotto Mayor, mais unidades do novo Banco criadode acordo com as medidas legislativas aprovadas pela Comissão Permanente da

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Assembleia Popular. En tretanto, e nas instalações dos antigos BCCI, BCA e CasaBancária, bem assim como nas instalações que pertenciamaos extintos Instituto de Crédito de Moçambique e Monte pio de Moçambiquevem funcionando normalmente aquilo que é agora o Banco Popular deDesenvolvimento.De realçar que tanto em Maputo, como nas restantes províncias não se fez notarqualquer manifestação de alerta ou de anorma!idade por parte dos depositantesem re lação às medidas tomadas. Este facto deve-se à enorme campanha deesclarecimento sobre as recentes medidas de reestruturação da Banca, levadas acabo tanto pelas estruturas do Banco de Moçambique, como pelos actuaisresponsáveis do Banco Popular de Desenvolvimento. A confirmar este fact6notou-se, conforme referimos acima, uma normalidade nos serviços bancários portodo o país, havendo em oposição uma subida de salientar no que respeita apessoas que acorreram aos bancos para depositar.JORNALISTAScondições para um melhor trabalho de coordenação entre os órgãos de informaçãoe as estruturas do Partido e Governo. Foi ainda deccTdo criar uma comissão quetem como tarefa realizar uma exposição sobre a Informação durante a LutaArmada que deverá funcionar durante a 1 Conferência .da ONJ.O Secretariado provisório da ONJ decidiu ainda realizar com cada Órgão deInformação uma reunião para apresentação dos representantes da Organização, eindicar as suas tarefas, bem assim como asque cabem a todos os jornalis tas durante a fase que vai pra ceder a realização,prevista pa ra o mês de Fevereiro deste ano, da 1 Conferência da ONJ. Duranteestas reuniões foi ainda aprovada uma proposta se, gundo a qual cada órgão de loformação deve contribuir comum subsidio mensal para e Organização. Por outro lado, foi dado a conhecer queao nível dos órgãos de informação os seus trabalhadores já apresentarampropostas de uma contribuição individual mensal para a ONJ.TEMPO N,° 380 - Pg. 9DE

APELO IO ARQUIVO HISTÓRICODurante a semana passada o Arquivo Hist6riýo de Moçambique lançou umimportante apelo para que a n el nócional, e em todas as estruturas do aparelho deEstado, empresas nacionalizadas, etc., se proceda,à recuperaão e recolha dedocumentação do tempo colonial.:Este departamento da Universidade du6àaýdo Mondlane lan çou de novo esteapelo na medi4a.etqn ,l'lb queiní' -.mera documentação colonial, que sqrv 'l| paraapoiar a reconstituição da história da luta do *,vb mocambktano, vem sendodestruída, por vezes queimad. Por exemplo, sabe-se que dos Serviços de Fazendaem a ueto, e durante a campanha de recolha de papel, velho, sairam resmas depapel de documentação colonial que hóie se encontra des truída. Estas atitudes,umas vezes tomadas inconscientemente, são outras vezes forma esquerdista demanifesta ção contra os «vestígios coloniais»,.

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____ão_______contra _________________ 1i jAPrecisa complet< Seu quadro com .2 REPOTERES 1 MA UETISTANo seu apelo o Arquivo Histórico salienta a forma como sectores de trabalho dealgumas províncias souberam responder a esta necessidade de recolha dadocumentação colonial. Contudo e dado saber-se que grande parte deste materialse encontra arquivado e armazenado em condições deficientes e que podemcausar a destruição da documentação, o Arquivo Histórico salienta que osserviços públicos devem-no contactar com a maior brevidade para da rem contadas suas dificuldades no envio do material. Verifica-se ainda que acontecedeterminadas estruturas quando enviam documentos coloniais, não inclui aquelesque es tão um pouco danificados. Também em relação a esta atitude o apelo frisaque existe no A.I.M. uma secçáo de reestruturação que pode reparar e reconstituirdocumentos que se encontram detiorados.os seguintes elementos:1 AR WIVISTASe tem 18 anos ou idade superior e com habilitações mínimas a G.' classe,contacte a no s secç&o de pessoal até ao próx*o dia 17.Nst&s"n dada preferca aos mcandidatos que se mctr. desempregados.liL,~., ,I 1 ~TEMPO N 380 -pág. 10Mpo

SEMANA A SEMANALORD CARVER EM MAPUTO«Não temos intenção alguma de abandonar as propostas anglo-americanas». (LordCarver, Marechal de Campo britânico e Comissário-Residente Designado para aRodésia).Com o relativo «vazio» que caracterizou o plano diplomático internacional nosúltimos tempos, nomeadamente, a fraca movimentação em torno das propostasanglo-americanas, começou a pôr-se com grande insistência a hipótese de a Grã-Bretanha e s t a r a preparar a arena internacional para uma legitimização da«solução interna» de Ian Smith, Foi sem dúvida esta uma das questões que LordCar-ver veio esclarecer nesta sua visita a Maputo, a convite do governo moçambicano.Com efeito, logo à sua chegada a Maputo lhe foi posta esta questão central naproblemática rodesiana tendo Carver afirmado em tom categórico: «Não temosintenção alguma de abandonar as propostas anglo-americanas». Carver chegou àcapital moçambi cana ao princípio da tarde dodia 6 deste mês acompanhado pelo tenente-general Prem Chand, reprsentante doSecretário-Geral das Nações Uni das para a Rodésia, o homem nomeado paraencabeçar uma força militar das Nações Unidas durante o período de transição

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para um Zimbabwe independente. Um comunicado da presidência da Repúblicaemitido após as primeiras conversações entre Carver, Prem ChandA direita, Lord Carver, Comissário-Residente Designado para a Rodésia à suachegada a Maputo. A esquerda Prem Chand, representante do Secretário-Geraldas Nações Unidas para o perodo de transição na Rodésia.e o presidente Samora Machel estabelecia que «o encontro surge no âmbito dasdecisões tomadas pelos chefes de estado da Linha da Frente de apoio ao princípiode negociar com a potência colonial as modalidades que conduzam à transferênciade poderes para o povo do Zimbabwe e à independência nacional, tendo comobase os aspectos positivos das propostas ang l oamericanas».No dia 9 de mani, ao deixar Maputo a caminho de Pretória - e posteriormente umavisita ao Botswana - Carver diria aos jornalistas que os encontros com opresidente Samora tinham contribuido para tomar claros os pontos de vista deMoçambique e que. entre as duas partes, havia acordo sobre diversos pontos nasituação rodesiana. Ficou também acordado.,que deve ria haver o mais depres sapossível um encontro entre a Frente Patriótica e representantes dos govemosbritânico e norte-americano. Carver dis se ainda que houve acordo sobre oprincípio de a ONU estar presente na Rodésia durante a período de transição.No que respeita à comSosição das forças milires da ONU, Prema.380 -pãg. 11TEMPO N.

LANA A SEM,Chand afirmou que «ainda é muito cedo para sefalar no assunto».N e s t a s conversaçõesMoçambique reafirmou «o seu apoio à luta de libertação do povo do Zimbabwe»,segundo um comunicado da Presidência da República divulga do no fim dosencontros.1A LUTA ARMADA E A «SOLUÇAO INTERNA»DE SMITHA batalha diplomáticaa nível internacional, ori entada essencialmente para uma consolidação doisolamento do regime de Smith, é somente um dos tres componentes da questãoroaesiana. Os outros dois são a Luta Armada de Libertaçao Nacional (ocomponente principal) e a «solução interna» de Ian Silm.Quanto a este último,os encontros entre Smitfi, Muzorewa, Sithole e Cnirau entraram num impassedevido a diver gencias em1 torno (la quantidade de assentos para os colonos numparlamento pós - «independencia ».Desde o início das con

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versações q ti e Smith quer um terço dos lugares no parlamento para os colonos.A razao dis so e simples. A Constituição a ser aprovada por ele e pelos fantochesestabeleceria q u e ne nhumn dos seus artigos poderá ser eliminado ou modificados e m u m a miaioria de dois terços Mais um do parlamento.Logo nenhuma lei cons titucional de fundo coml relevo para as garantiaseconómicas e po liticas dos colonos - poderia ser eliminada sem TEMPO N.- 380- pág. 12Dois aspectos das conversações entre o Presidente Samora, Lord Carver e PremChand. Negociações na base dos pontos positivos das própostas anglo-americanas.

COMUNICADO FINALA convite do Governo da República Popular de Moçambi que esteve em Maputo,de 6 a 9 de Janeiro de 1978 uma delegação conjunta chefiada pelo marechal de-campo «lord» Carver Comissário residente designado para a colónia da Rodésiado Sul, e pelo tenente"general Prem Chand, repre sentante do Secretário-Geral dasNações Unidas. «1 -A delegação conjunta manteve conversações com umadelegação moçambicana, chefiada por Sua Excelência o Presidente da República,Samora Moisés Machel.«2-As conversações foram profundas e abertas, tendoambas as delegações reconhecido o seu grande valor e constatado os seguintespontos:-«Uma vontade unânime em pôr termo, o mais rapida mente possível, ao regimeilegal, minoritário e racista e instalar os mecanismos da transição conducente àindepen dência total e completa do Zimbabwe;- «A necessidade de reatar rapidamente as conversa ções entre o Governobritânico e a-Frente Patriótica, na base das chamadas propostas anglo americanas.«3-A República Popular de Moçambique, no cumprimento do seu deverinternacionalista, reafirma o seu apoio à luta de libertação do Povo do Zimbabwe,dirigida pela Frente Patriótica, pela conquista da independência total e com pleta,por um Zimbabwe unido, democrático, estável e prós pero para todos os seuscidadãos, independentemente da raça, cor ou. credo».a aprovação desses mes Frente Patriótica, os morteiros seguindo s e tica calculaque 400 desmos colonos, seus guerrilheiros pene- um ataque com armas lises 500 homens foramNo dia 30 do mês pes- traram no perímetro da geiras. Lá dentro encon- postosfora de combale sado Muzorewa e Sitho base, até 100 metros dos travam-sedesprevenidos e acrescenta que os guer le afirmaram que não se- edifíciosprincipais, e uns 500 soldados rode irilheiros des.truíram 20> ria possível«vender» es bombardearam-nos com sianos. A Frente Patri] aviões, 2 blindados,18 se esquema aos seus seguidores pelo que con cordavam só com uma margemde vinte por #cento do parlamento pa- Ara os colonos. Smith re jeitou esta contra-pro posta de Muzorewa e SitQiole e asconversaçõs chegaram a um beco sem saída. No entanto elas prosseguiram a

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partir de terçafeira passada espe rando-se que este assunto continue a dominar ocenário do plano inter no de Smith.Quanto à Luta Arma da o exército de Smith r e c e b e u recentemente um golperelativamente duro. Notícias anteriores, agora confirmadas pela i.'rente Patriótica,estabelecem uma forte derrota militar para os rodesianos na base aérea de GrandeReef, uma base de grande valor es tratégico para o exérci Robert Mugabe eJoshua Nkomo, os dois dirigentes da Frente Patriótica, sem os quais não poder torodesiano. Segundo a haver .solução durável para o Zimbabwe.TEMPO N.' 380 -p0,'13

IANA A SEMcamiões, 12 carros, tan que durou cerca de meia ríodo das chuvas os ques degasolma e o ar hora. guerrilheiros intensifisenal de armas. O ata- ICom a entrada no pe- 1 cam as suas acções e nasQUE PREPARA SMITH?Um exército constituido por zimbabweanos está a receber treino militar na Africado Sul. O objectivo desta manobra é Nbanganine Sithole apresentar este exércitocomo seu. no processo de transferência de poderes em Zimbabwe.Lord Carver, o alto comissário designado pela Inglaterra para Zimbabwe, e PremChand das Nações Unidas abandonaram Maputo, depois de nesta cida de teremestabelecido conversações que revelaram vontade efectiva de «instalar osmecanismos de transição condu.centes à Independencia total e completa de Zimbabwe.Os resultados destas conversaçõeslembram-nos uma informal e curta con versa mantida durante uma recepção emLagos, entre o embaixador da Inglaterra e o Presidente Samora duran TEMPO N.'38n - pág. 14te a sua visita à Nigéria. O embaixador inglês pedia que o Presidente Samorarecebesse Lord Carver porque «tem necessidade do seu conselho, e era bom falarcom ele». Antes, porém, o Presidente Samora havia colocado algumas questões aque o embaixador respondeu que o problema era «acabar com o rebelde». Mas,«há duas situações:. a situação de colónia e de rebeldia». Porque Smith «é rebeldefoi por isso que a Grã-Bretanha designou um alto comissário Smith é umelemento profundamente negativo». Foi assim que o Presidente SaCombatentes zímbabweanos. Uma vitória militar considerével-hà base-dè GrandReef.últimas semanas não tem havido dia que o regime de Smith não divulgue amorte de soldados do seu exército.Como a batalha diplomática a nível internacional depende da actividadeguerrilheira quanto mais esta for intensificada maiores as chances de os.combatentes atingirem os seus objectivos. Ontem no sudeste asiático e nas ex-colómas portuguesas, h o j e n o Zimbabwe, esta continua a ser uma das leisfundamentais das lutas (anti-imperialistas) de libertação nacional.Carlos cardusomora definiu o problema. Tanto o embai xador da Inglaterra como o dos EstadosUnidos concordaram. Agora tivemos a vinda de Lord Carver que confirmou essa

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preocupação de resolver o problema da colónia como o da rebeldia ilegal dosracistas.Estes resultados, não o podemos esquecer, foram adquiridos essencialmente pelarevolta do povo de Zimbabwe contra o regime ilegal, e fundamentalmente pelaLuta Armada que dinamizou todo o processo.Prova concreta do que dizemos é o facto de o Ministro das Finanças de Smith, tersido obrigado a reconhecer no passado dia 6 que «economicamente estamos emmuito mau estado. Há uma alta taxa de desempregado no país. Isto afecta maisnegros do que brancos... e menos que façamos alguma coisa que

pare e guerra e dá confiança aos homens de negócios, nós estamos emproblemas». O que disse este homem do regime ilegal confirma claramente opoder da Luta Armada levada a cabo pela Frente Patriótica. O próprio lan Smith,durante as conver3ações que está a man ter com os fantoches, declarou: «estouaqui porque não quero que a guerra vá para a frente».Contudo, é necessário observarmos que lan Smith voltou a reafirmar o seu desejode «manter as forças de seguranga rodesianas. porque elas podem servir aqualquer governo negro». Ele admitiu ainda que «tos brancos pensamracialmente. Isto é um facto da vida aqui». (na Rodésia).Todas estas afirmações foram feitas durante as conversações que Smith está amanter com Sithole, Muzorewa, e Chirau - e em diálogo com eles -. sobre aformação de um governo de que ve nham a fazer parte estes fantoches.Trata-se pois da resposta de Smith. Ele quer formar o mais rapidamente possívelum governo aceite pelos seus trás'fantoches. Quer garantir uma plata forma deunidade com Sithole, Muzore wa e Chirau, para se opôr a qualquer plano detransferência de poderes que envolva a Frente Patriótica. Tenta fazer aceitar aestes seus três homens que aceitem o seu exército assassino como deles - parapoder continuar a enfren tar os guerrilheiros da Frente Patriótica,MuzorewaSmithSítholee não permitir que se constituam no exército de Zimbabwe livre e indepen dente.É aqui que cabe noticiar uma recente visita de Sithole á África do Sul onde seencontrou com os responsáveis mili tares sul-africanos. Como resultado, es, tão aser treinados na Africa do Sul zimbabweanos recrutados por Sithole paraconstituirem o seu exército - a ser integrado também no exército de Zim babweindependente.Um plano audacioso este, que poderá num futuro talvez próximo destituir dequalquer acção positiva «a presença das Nações Unidas na Rodésia durante operíodo de transição». Isto quando a presença das Nações Unidas deve significar a presença de suas Forças de Seguran çaque garantam estabilidade social pa ra o processo de transferência de pode respara a maioria.Em Moçambique o imperialismo para tentar evitar a tomada de poder pelaFRELIMO organizou o confronto racial armado entre, civis. Foram as tentati vasdo 7 de Setembro e 21 de Outu bro.

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Na Rodésia vemos desenvolverem se as mesmas manobras. Principalmente agoraque a Luta Armada criou condi çes para a possibilidade de uma trans ferência depoderes com a presença de Forças de Segurança das Nações Uni das. O objectivoimediato é fazer parar a Luta Armada antes de estar definido o processo dessatransferência de pode res, para dela excluir a Frente Patrióti ca.Para tal, Smith esté a travar con versações com Sithole, Muzorewa e Chi rau, nãopondo de lado a organização de um conflito civil armado entre os fantoches e oszimbabweanos que fazem a Luta Armada - é aqui surge a explicação para otreinamento dos homens de Sithole na África do Sul.TEMPO N. 380 -pág. 16

PRESIDENTE SAMORARECEBE CORPO DIPLOMÁTICONa sexta-feira, dia 6, o Presidente Samora recebeu os representantes do corpo diplom ático acreditado nó nosso país que lhe foi desejarum bom Ano Novo. Nesse encontro o Presidente da República proferiu umamensagem após a qualse seguiu uma recepção.Porque o discurso proferido é uma síntese da actividade diplomática empreendida-durante o ano 1977 e uma síntese das vitórias do povo moçambicanotranscrevemos na í"ntegra as palavras do Presidente Samora nesse encontrocom os diplomatas:Excelentíssimos Senhores Embaixadores eMembros do Corpo DiplomáticoMinhas SenhorasMeus SenhoresAs palavras calorosas e solidárias que o vosso Decano acaba de proferir, traduzema grande corrente de amizade e apoio que a República Popular de Moçambiquegoza junto de todos os Estados e Povos. As causas justas, a causa da liberdade, dajustiça, da paz, do progresso, da cooperação, suscitam sempre o apoio, a simpatiae a amizade dos Homens de boa vontade, de Humanidade.As palavras amigas do Excelentíssimo Senhor Decano exprimem ainda os laçosprofundos de amizade e fraternidade que unem o grande Povo tanzaniano aonosso, e ligam os nossos Estados. A cooperação entre a República Unida daTanzania e a Re pública Popular de Moçambique tem-se desenvolvido nointeresse e vantagem de ambas as partes e certamente que os progressosrealizados no projecto da Ponte da Unidade simbolizam a vontade dos dois ladosem continuamente estreitar as relações mútuas e fecundas que nos unem.ExcelênciasO ano que terminou foi um ano de avanço impetuoso do Povo moçambicano, nasua marcha Ir reversível rumo ao Socialismo.O III Congresso da FRELIMO foi um momen to decisivo na luta do nosso Povo.Nele foi criado o Partido de Vanguarda Marxista-Leninista, nele se traçou aestratégia e táctica a serem seguidas para a edificação das bases políticas,ideológicas e mate TEMPO. N. 380 - pg. 10

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riais da Sociedade Socialista. As Directivas Econó micas e Sociais aí aprovadas,indicam-nos a rota segura para superarmos a grave crise económica do colonial-capitalismo e para lançarmos os alicerces duma economia desenvolvida socialista.As organizaçoes democráticas de massas têm-se implantado em todas as regiões,locais de trabalho e residência. A Conerência da OJM e o Seminário daInformação são pontos de partida para ampliar o movimento. Os Conselhos deProdução têm associa do os trabalhadores à vida da empresa, têm-nos educadonum sentido de responsabilidade, criando as condiçoes propícias para que numfuturo próximo se constitua a Central Sindical.As eleições gerais de Deputados que caracteri zaram a última fase do ano findo,constituíram um momento extraordinário de consolidaçao do Poder PopularDemocratico. Mais de três milhões de elei toes, ou seja num país de jovens comoo nosso, a quase totalidade dos cidadaos maiores de dezoito anos, livrementeescolheram os seus Deputados da Localidade à Nação. Vinte e sete mil e quarentatraoalinadores e trabalhadoras foram eleitos Deputados nas 1 027 Assembleiasconstituídas nos diver sos níveis. A recente Sessão da Assembleia Popularestabeleceu já as bases do novo sistema adminis trativo que efectuará o exercícioda Ditadura Democrática Revolucionária pelas massas trabalhado rasMoçambicanas.O nosso Éstado reforçou o controlo sobre sec tores-chave da economia com anacionalização dos seguros, do chá, da refinação de petróleos, e a cria ção denovas empresas estatais nestes e outros sec tores vitais. O movimento das aldeiascomunais desenvolveu-se duma maneira poderosa, tendo já atin

gido cerca de 100 000 famílias no vale do Limpopo. Igualmente as Lojas do Povoe as Cooperativas de Consumo têm-se estendido a um ritmo muito rápi do.A lei da socialização da medicina, o decreto relativo à protecçao da maternidade,vieram juntar se às grandes conquistas sociais que nestes curtos dois anos o nossoPovo já realizou. Com orgulho poaemos salientar nas nossas vitórias o sucesso dacampanha nacional de vacinações que já atingiu mais de sete milhões decompatriotas, sobretudo nas zonas rurais, nas ditas zonas abandonadas elongínquas. Na educação, o facto de termos aumen tacto para o triplo o número decrianças escolarizadas, atesta a capacidade de realização do Povo or ganizado.A situação económica e do abastecimento tem melhorado sensivelmente, emboraainda se mani feste a sabotagem e sintamos os efeitos da fuga de técnicosestrangeiros, da pilhagem colonial, das desvastações causadas pela guerracolonial-imperialista de agressão que assolou a nossa Pátria durante dez anos.Assim, as nossas exportações de Janeiro a Outubro deste ano aumentaram em1344 942 contos relativamente a igual período de 1976, isto é um aumentosuperior a 38,6 por cento.Estamos todavia muito longe de termos recuperado a situação. A aplicação dassanções decretadas pelas Nações Unidas contra o regime ilegal minoritário eracista da colónia Britânica da Rodésia do Sul, reduziram muito substancialmenteos rendi mentos do nosso Pais em moeda convertível, agravaram seriamente onosso desequilíbrio cambial. A acrescentar-se estas dificuldades o nosso País

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alber ga cerca de 40 000 refugiados zimbabweanos, e tem de fazer face àsagressões, devastações, pilhagem e massacres da soldadesca racista rebelde.Este é o tributo que oferecemos à liberdade da nossa Pátria, à solidariedade comos Povos oprimi-ExcelênciasA República Popular de Moçambique, Estado que constrói o Socialismo, Estadoafricano, Estado Não-Alinhado, Estado membro da comunidade in ternacional,não se tem poupado a esforços pela causa da liberdade e independência dosPovos, da Paz, amizade e cooperação entre os Estados.No ano de 1977, duma maneira significativa, reforçámos os laços de aliançanatural que nos unem ao campo Socialista, promovemos os laços de amizade ecooperação que nos unem à África e aos-outros países amigos.Celebrámos com a União Soviética, no ano de jubileu da grande RevoluçãoSocialista de Outubro, um tratado de Amizade e Cooperaçao, que consolida eamplia os laços profundos que nos unem e de fine uma perspectiva segura para odesenvolvimen to, naturalmente vantajoso, da cooperação muit or: me que entrenós já se estabeleceu. A visita que o Presidente do Soviete Supremo da URSSefectuou à nossa Pátria, constitui uma magnífica manifesta ção dos laços, íntimosde fraternidade e cooperação que unem os nossos Partidos, Povos e Estados.Momento de alegria, de calorosa amizade e fra ternidade de armas foi também oencontro que tivemos com o Camarada FIDEL CASTRO RUZ, Se cretário-Geraldo Partido Comunista Cubano, -Presidente do Conselho de Estado da Repúblicade Cu ba. A sua visita à Beira e a que efectuámos a Cuba, estabeleceram basesmuito firmes para o desenvolvimento rápido da cooperação e ajuda mútua entre osnossos Partidos, Povos e Estados. O Tratado de Amizade, Cooperação e Ajudafirmado solenemente entre os nossos Estados traça a rota segura e exal tante parao reforço dos nossos laços. Cuba, porque País pequeno, País que até muitorecentemente vi veu a humilhação da dominação estrangeira e conheceu a misériae atraso impostos pela exploração imperialista, é um exemplo vivo e concreto,pelos progressos realizados, da superioridade do siste ma Socialista.Com carinho e respeito profundo, com senti mentos de maior fraternidade,fraternidade forjada nas horas difíceis de luta, a FRELIMO e o PovoPresidente Samorausando da palavraperante o corpo diplomático acreditado naRepública Popular deMoçambique.TEMPO N.° 380 -pág. 17

moçambicano, a República Popular de Moçambique, receberam o CamaradaARISTIDES PEREIRA, Se cretário-Geral do PAIGC, Presidente da República deCabo Verde. Durante a sua estada pudemos alargar os campos de cooperaçãopartidária e estatal entre os dois Países, para benefício mútuo.Aqui recebemos também Sua Exceléncia o Te nente-General OLUSEGUNOBASANJO, Chefe do Governo Militar Federal da Nigéria, Comandante-Chefe

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das Forças Armadas da Nigéria e igualmente tivemos ocasião de efectuar umavisita oficial a esse Estado irmão. As relações entre a República Popu lar deMoçambique e a Nigéria têm-se estreitado continuamente. Uma mesmapreocupação nos ani ma em relação aos problemas fundamentais do Con tinentecomo o testemunham a similitude de posições tomadas na questão do Zimbabwe,Namíbia e África do Sul. Igualmente os dois países estão em penhados emestreitar a sua cooperação.Por ocasião da conferência de Maputo, organi zada pelas Nações Unidas, tivemoso prazer de ter connosco em. Moçambique o Primeiro-Ministro da JamaicaMICHAEL MANLEY. A seu convite efec tuámos posteriormente uma visitaoficial à Jamaica Os nossos dois países, apesar de separados por Oce anos eContinentes, partilham uma mesma trincheira de combate contra o imperialismo ea miséria, e a cooperação entre nós e exigida pela nossa pró pria sobrevivência. Omesmo podemos dizer sobre a nossa visita à República Cooperativa da Guiana, aconvite do Primeiro Ministro FORBES BURMHAN.Outros ilustres visitantes foram recebidos pelo nosso Estado. Queria apenassalientar pela sua im portância, a visita do Secretário-Geral das Nações Unidas.Com relevo muito especial queria ressaltar os resultados obtidos, quer no reforçoda amizade já longa, quer no da cooperação exemplar, a visita oficial queefectuamos aos Reinos da Suécia, da No ruega, da Dinamarca e à República daFinlândia. Durante os anos difíceis da guerra de libertação, num acto de coerênciademocrática, estes países foram capazes de romper com laços tradicionais que osuniam a potências coloniais, para generosa-mente se engajarem na justa causa de libertação dos Povos oprimidos. Acooperação existente foi ampliada duma maneira significativa e sobretudo emcampos que permitem o nosso Povo começar a edificar as bases duma indústriapesada, ponto de partida fundamental para a ruptura com o subde senvolvimento ea miséria.Tivemos ocasião durante este ano de ter um encontro com o PresidenteMOUAMAR KHADAFI da Libia. Sentimos nele e no seu Povo uma identidadede análise e acção na luta comum contra o colonialismo, o imperialismo, oracismo e o sionis mo. Discutimos ainda questões essenciais para que numamútua cooperação, encontrássemos melhores meios de conduzirmos os nossosPaíses na via do desenvolvimento e progresso. Igualmente e com o mesmosucesso discutimos com o Presidente HOUARI BOUMEDIENE da Argélia e oPresidente IGNATIUS ACHEAMPON( do Ghana.Recebemos no nosso Pais uma importante Con ferência organizada pelas NaçõesUnidas, conferência que isolou os regimes racistas e exprimiu o TEMPO N. 380 -pág. 18apoio unanime da comunidade internacional a justa luta dos Povos do Zimbabwee Namíbia.Neste ano ainda diríglmo-nos à Assembleia Ge ral das N açoes Unidas eexpusemos à comunidade internacional o apreço que temos pela sua solidariedadee a nossa pre. upaçao que nos domina face à agressividade crescente dos regimesracistas. As Nações Unidas, o Conselho de Segurança, a Assembleia Geral temconstantemente tomado uma posi çao firme de condenação das agressões de que

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so mos vítimas, apoio ao reforço da nossa capacidade defensiva, apoio areconstrução das zonas devasta das pela soldadesca racista.Durante a nossa estada nas Nações Unidas ti vemos ocasião de discutir franca ecordialmente com o Presidente JAMES CARTER dos Estados Uni dos daAmérica e constatámos que para além das divergencias decorrentes das diferentesperspecti vas políticas, é possível desenvolver uma acção comum positiva, querno campo da cooperaçao mu tuamente vantajosa, quer na procura de soluçõesconducentes ao desanuviamento e à Paz na Africa Austral e no Oceano indico.Durante este ano, de maneira significativa deApós o discurso seguiu-se a apresentação de cumprimentos e desejos de bom anonovo. Neste encontro o Presidente da República ofereceu uma recepção aosdiplomatas.senvolvemos a cooperação fraternal com numerosos Estados Africanos. Assim foicom Angola, Argé lia, Botswana, Cabo Verde, Congo, Egipto, Ghana, Repúblicada Guiné Bissau, República da Guiné, Libia, Lesoto, Nigéria, Suazilândia, SãoTomé e Príi cipe, Madagáscar, Tanzania e Zâmbia.A cooperação com os, Estados Socialistas, nossos aliados naturais, tem-seampliado e numerosos são já os projectos concretos em vias de realização. Este éo caso da União Soviética, República Popular da China, República DemocráticaAlemã, República Popular da Bulgária, República de Cuba, República Popul.arDemocrática da Coreia, República Socialis ta da Roménia e República Socialistada Hungria. Importantes acordos foram já assinados com estes paises; com váriosdentre eles foram criadas comissões mistas a alto nível, para implementar a cooperação.Temos desenvolvido a cooperação com nume rosos outros Estados. Sempretender enumerar de maneira exaustiva, salientaria a República da índia, aRepública do Paquistão, a República do Iraque, os

Emiratos Arabes, o Koweit, a República Federal Alemã, o Reino da Holanda, aRepublica da Itália, a Grã-Bretanha.As organizações internacionais da família das Nações Unidas, o PNUD, aUNICEF, a FAO, a OMS, têm apoiado os nossos esforços de reconstruçãonacional. Igualmente devemos mencionar neste campo o Fundo Africano deDesenvolvimento, o Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico da Africa,a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e o Commonwealth.Ratificámos este ano o Acordo Geral de Coope ração com Portugal, o primeiroque assinámos ain. da na fase de transição e esperamos que este venha a seraplicado da maneira exemplar que os seus autores o conceberam.Com todos os Estados, para além das diferentes opções políticas, sem ingerencianos assuntos inter nos, no respeito mútuo e igualdade absoluta, com vantagemmútua, desejamos desenvolver relações fraternais de amizade e cooperação,relações políticas, diplomáticas, -comerciais, culturais, destinadas a consolidar aPaz e trazer a prosperidade aos nossos Povos.ExcelênciasO ano de 1977 foi testemunha, no seu conjunto, de progressos significativos daluta dos Povos pela liberdade, pela justiça, progresso e Paz. Intensifi cou-se a

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acção de solidariedade para com a luta dos. Povos sujeitos à dominação eagressão colonialista e racista. A República de Djibuti conquistQu aIndependência Nacional. O Povo do Panamá iniciou o processo de recuperação dasua soberania e direitos no canal. Desenvolveram-se as acções conducentes àextensão do desanuviamento a todas as zonas, de maneira a torná-la umatendência principal nas relações internacionais; paralelamente começaram-se aentrever perspectivas para deter a corrida à nuclearização do Oceano indico.Restam todavia graves zonas de preocupação. Novas e bárbaras conquistascoloniais são empre endidas contra a República Democrática de TimorLeste e aRepública Democrática do Sara. O fascismo abate-se ainda duma maneira.selvagem, sobre o heróico Povo do Chile. O Povo de Porto Rico, ainda não podeexercer o seu direito à autodeterminação e independência nacional.Israel continua a manter ilegalmente a sua ocu pação de territórios Árabes. ARepública Popular de Moçambique reafirma o seu apoio à luta dos Povos Arabescontra o sionismo e especialmente à luta do Povo Palestino pela recuperação dosseus direitos Nacionais inalienáveis. Consideramos ser urgente que a Conferênciade Genebra, com a participação da OLP, recomece os setis trabalhos.As agressões imperialistas contra os Estados soberanos da Africa continuam. Édisso testemunha a invasão do Benin, o assassinato do nosso querido companheiroo Presidente MARIEN N'GOUABI, a tentativa fraccionista de golpe de Estadoem Ango la, as sucessivas agressões e invasões de que esse País irmão é vítima.O imperialismo tem provocado ainda divisões e intrigas no nosso Continente queconduzem a conflitos fratricidas, prejudicam gravemente os interes-ses dos Povos Africanos e desviam os nossos esfor ços da tarefa principal: alibertação da Africa Austral.A África do Sul racista intensifica os massacres e a repressão, prossegue a suacorrida aos armamen tos e ultimamente, graças à cumplicidade e apoioimperialistas, e apesar de condenações tão hipocri tas como tardias, habilitou se atornar-se potência nuclear. Estamos seguros, como provam os factos, que o Povosul-africano dirigido pelo Congresso Nacional Africano, derrubará a obominaçãodo «apartheid», edificará uma Pátria livre e democrática, uma Pátria próspera paraos homens generosos de todas as raças que habitam esse grande País.Na Naníbia, o Povo dirigido pela SWAPO coi tinua a desfechar poderosos golpescontra os ocu pantes colonialistas. As vitórias populares forçam já o colonialismoa aceitar o princípio da independència. Todavia a potência colonial desejapreservar sob novas formas a sua dominação, promovenau soluçoes fantoches,recusando-se a negociar "jm a SWAPO, mantendo as tropas de ocupação.e procurando desmembrar o território. As soluções antipopulares âó conduzem aoprolongamento inútil da guerra e serão sempre aniqulladas. As iniciativas dascinco potências só serão úteis e eficazes, se elas tomarem em conta esta realidadee se situarem no quadro das Nações Unidas.A luta do Povo de Zimbabwe sob a direcção da Frente Patriótica tem alcançadograndes êxitos, que combinados à acção internacional, nomeadamente as sançõesisolaram e enfraqueceram o r e g i m e ilegal, minoritrio e racista. Os massacreshorrosos que se multiplicam e tornam prática regular e deliberada, as agressõesque se sucedem, ex primem bem o desespero de um regime, que procu ra a sua

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salvação na liquidação física da população e na generalização da guerra. Éespecialmente da responsabilidade da potência colonial travar o processo emcurso de genocídio e internacionalização da guerra, remover o único obstáculo àsolução ne gociada da guerra: o regime ilegal, minoritário e ra cista. A partir daí épossível, tomando como base os aspectos positivos da chamada proposta anglo-ame ricana, encontrar as vias rápidas e seguras condu centes à independêncianacional.Cumprindo o mandato da OUA, em conjunto com os outros Estados da «Linha daFrente», pros seguiremos a nossa missão histórica em relação a África Austral.Em todas as circunstâncias, como no passado, a República Popular deMoçambique, cumprirá o seu dever internacionalsta.ExcelênciasDesejamos que o ano que se inicia seja portador de Paz, amizade e cooperaçãoentre os Estados desejamos particularmente que ele veja desenvol ver-se boasraleções entre a Rpública Popular de Moçambique e os vossos Países.Transmitimos os melhores votos de boa saúde, felicidade e prosperidade aosvossos Povos, aos vossos Governos, aos vossos eminentes Chefes de Esta do epessoalmente a Vossas Excelências e suas fa mílias.A Luta Continua!TEMPO N 380 --pã9. 19

Oitavo aniversáriodo Partido Congolês de TrabalhoRECORDAR MARIEN N'GOUADI RELEMBRAR A LUTA DO POVOCONGOLÊSO Partido Congoles do Trabalho, completou, no passado dia 31 de Dezembro,oito anos da sua existência. Dentro deste contexto o embaixador da RepúblicaPopular do Congo em Moçambique, Medard Momengoh, concedeu um conferência de imprensa àlnformação nacional e estrangeira.Aquele representante do Governo Congolês no nosso País começou por dizer que«de 29 a 31 de Dezembro de 1969 teve lugar em Brazzaville, capital política daRepública Popular do Congo, o Congresso constitultivo de um PartidoRevolucionário de Vanguarda, Congresso ao fim do qual foi criado o PartidoCongolês do Trabalho e proclamada a Re pública Popular do Congo. Hoje o nossoheróico povo, o Povo Congolês celebra o Oitavo Aniversário da Fundação do seuEstado Maior de Combate, o Partido Congolês de Trabalho».Marien N'Gouabi, o ex-Presidente do Congo assa em Março de 1977. «Ele tinhaas qualidades nec para um condutor de homens, um guia revolucio nâmico» -palavras do embaixador congolês çambique, Medard Momengoh.Falar do Partido Congolês do Trabalho é falar, simultaneamente, do seu ex-Presidenite Marien N'Gouabi. Isto porque o Partido foi fundado e dirigido poraquele destacado dirigente africano durante cerca de sete anos e meio. Pois, comodiria Medard Momengah: «Neste dia do aniversário da Fundação do nossoPartido, o facto que sensibiliza particularmente a atenção de cada congolês e decada um dos nossos amigos em todo o mundo, é a ausência liTEMPO N.' 380 -pág. 20

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sica daquele que, durante nove anos consagrou a sua vida a lazer do Congo umdos países anti-imperialistas consequentes do mundo, aquele que distinta eclaramente engajou o Congo numa orientação Marxista-Leninista: trata-se dosaudosíssimo Camarada Presidente Marien N'Gouabi» :O perfil político de ex-Presiden te Congolês foi caracterizado, assim, peloembaixador congolês «0 Camarada Marien N'Gouabi tinhaas qualidades necessárias condutor de homens, um gui lucionário dinâmico em terciências. Ele aspirava a rev< socialista, caracterizada po; truturações sociaisradicais lição de toda a exploração mem pelo homem. O Pres' Marien N'Gouabitinha um consciência de honra e do, ele amava o proletariado, o, poneses, asmassas trabalha Havia nele um alto sentime compaixão pelos sofriment<

ýs um sentimento de amor í futuro radioso da Repúpopular do Congo, à qual ele'grou a sua vida».d compreende-se que de 5 a e Dezembro de 1975, sob a idência de MarienN'Gouabi, tido Congolês do Trabalho lu-se em Brazzaville, com visestudar ediscutir o processo 4icalizaçáo da revolução conia. Isto é, reestruturar, readi,ar,restaurar a autoridade artido e do Estado, sistemao controlo a todos os níveis, r asmedidas de interesse de ia a incitar os trabalhadores nentar a produção, aplicar ascas de depuração, etc.ýas acç§s radicais, como diembaixador Medard Momentiveram como objectivo«a transformação salutar e uma ração do movimento revolurio na RepúblicaPopular dote-se que este movimento de ,alização abrangeu as cidades, napo, as fábricas, oatelier, oescritório, a escola, isto é todos os sectores da vida congolesa: a economia, aeducação, a cultura, a justiça, a imprensa, etc.Este'processo de radicalização, sàliente-se teve a participação das massaspopulares e organizações de base das estruturas do Partido-segundo palavras do embaixador congolês.No entanto, a radicalização do processo revolucionário, as conquistasrevolucionárias, fizeram com que os inimigos internos e externos da revoluçãocongolesa assassinassem cobardemente, o Presidente Mariei N'Gouabi. Isto nomês de Março de 1977.DEPOIS DE N'GOUABIA morte de Marien N'Gouabi em vez de provocar o pânico e um certo retrocessoda revolução congolesa, como esperavam os inimigos da mesma, fizeram comque aquele acto. macabro fosse uma fonte de inspiração para a conti nuação deluta contra os opositores de classe.Assim, O Comité Militar do Partido cede o lugar deixado por:eral Joachim Yhomby-Opango, actual PreSidente daRepública Popular do Congo: continuador com a obra de Marien N'Gouabi,Marien N'Gouabi, ao Coronel Joa chim Yhomby Opango. «A comunicação feita a2 de de Novembro de 1977 aos quadros políticos e administrativos do nosso paíspelo Presidente do Comité Militar do Partido, o Coronel Joachim Yhomby-

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Opango, e a série de decisões dinamicas que se seguiram, deixam entrever oinício de uma etapa qualitativamente nova do processo revolucionário no Congo».Com isso digamos que no Congo o contexto actual estct na ratificação daeconomia, como vista a aumentar a produção material do nosso país. Issoconduziu a reestruturação dos órgãos do Partido e do Estado e as medidasdinâmicas que foram tomadas, foram-no em nome dos interesses superiores dopovo trabalhador e para o avanço da revolução prole-tária congolesa».A POLÍTICA EXTERNA CONGOLESAO Partido Congolês do Trabalho e a-República Popular do Con go tem secaracterizado desde a longa data por uma política externa anti-imperialista,anticolonia lista anti-apartheid e anti-racial. Assim o Partido e Governo daque lepaís apoiam a luta de liberta ção dos povos de Zimbabwe, Namíbia, Africa do Sul,Timor-Leste e Sahara dirigidos pelos seus le gítimos representantes que são,respectivamente, a Frente Patriótica, a SWAPO, o ANC, a FRETILIN e aPOLISARIO.«Quer dizer que nós continuamos a apoiar, de modo incondicional, semnegociatas, todas, as causas justas na África, na América Latina e em todo oMundo».Por outro lado o Partido e Go verno Congoleses condenam as agressões cometidaspelo regime de Ian Smith contra a República Popular de Moçambique,consideram retrógrado «o jacto de se querer separar contra a história e oprogresso, a ilha de Mayote do conjunto das Comores».TTEMPO N.° 380 -oa. 21

Rosa CoufimlhoUMACONVERSAPersonalidade política portuguesa que o golpe de Estado em Portuagal e o processo de descolo nização revelou, o Almirante Ro.sa Coutinho ' conhecedor e grande admirador dos processos revolucionários quese vivem em Angola e Moçambique.Na conversa que com ele tivemos abordamos comotema principal a importancia da realização do 1 Congresso do MPLA-Partido doTrabalho no caminho da verdadeira libertação deAngola e da Africa Austral.A crise política portuguesa que Rosa Coutinho considera «essencialmente, umacrise entre a burguesia», foi o ponto final na nossa conversa.Afastado das Forças Armadas Portuguesas em situação de reserva, Rosa Coutinhoencontra'se presentemente de passagem por Moçambique onde viveu muitos anos,ligado à marinha. Foi afastado da marinha depis de ter pertencido à Junta deSalvação Nacional que tomou a direcção do golpe de Estado em 25 de Abril deTEMPO N. 380 - pág. 221975 em Portugal. Ele mesmo, participou depois disso como Alto Comissárioportuguês em Angola no processo de desco lonização daquele país. Hojeencontra-se afastado de um exército que pretende manter uma «neutralidade»

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política. Afastado por um processo que os jornais portugueses falaram muito,puseram muito emdúvida, e até chegaram a dizer que se tratava de uma caute losa imposição dosamericanos através da NATO. Falámos com Rosa Coutinho- não com o amigo que os ocidentais dizem ser ele das ex-colónias portuguesas,mas com a personalidade que é, no apoio à luta dos povos contra o imperialismo.Esteve recentemente em Angola onde assistiu ao Primeiro .Congresso do MPLA - Partido doTrabalho. Presentemente está em Moçam bique onde veio colher as ex" periênciasque o povo vive no processo de Reconstrução Nacional: Aldeias Comunais,cooperativas agrícolas, organiza» ção operária, etc. Regressará a Portugali paísque foi nece-

ariamente tema da nossa con ersa: a a actual crise políti a em Portugal.IGOLA«Quanto a mim e evolução ýolítica da revolução angolana, :aracterizada pelarealização lo 1 Congresso do MPLA >artido do Trabalho não consritui qualquersurpresa para im observador atento visto ir ierirse perfeitamente nas opieiões edeclarações há muito expressas pelo Presidente kgostinho Neto e pelos princiaisdirigentes angolanos». O Almirante Coutinho, que assistiu ao Congresso doMPLA - Partido do Trabalho, ,isitou alguns locais e contac" ou com muitaspessoas em ngola, embora nos tivesse di" o que foram contactos rápidosde certo modo superficiais. Contudo foi para ele claro o aminho bem vincado eobjectivo que o povo angolano se gue para construir e reconstruir o país.cEvidentemente que o MPLA como Movimento de Libertação tinha comoprincipal objectivo a conquista da liberdade e independência nacional, queconstituíam o grande factor de mobilização de todos os seus militantes,simpatizantes e aderentes».Conquistada a Independência utras tarefas se apresentaram ao Movimento e aoPovo aw golano, que são essencialmef e a Rèconstrução Nacional e a e umaentrada segura no caminho para o socialismo que o Congresso demonstrou ser aúnica via para uma completa libertação do homem angolano e para umaverdadeira IndePendência nacional».Quando lhe falámos na qran de transformacão nue o MPLA- Partido do -Trabalho poderá vir a impor em benefício de to-da a sociedade angolana - e segundo o nosso interlocutor essa demarcação começaa tor narse agora muito mais nítida e consolidada ao fim de dois anos deIndependência -, a resposta que obtivemos foi a de que se trata efectivamente deum rompimento total com a dependência imperialista. «0 MPLA define-se agoracomo Partido Marxista-Leninista com o fim da criação de novas es truturassociais na base do so" cialismo científico. Isso significa necessariamente umamaior homogeneidade de formação ideológica, ,ma maior exigência norecrutamento e for mação de quadros, e uma mai or disciplina interna que sereflectiiá ao nível do aparelho de Estado e de toda a adminis tração política».ü Imagem criada destas visitas - Rosa Coutinho refe ria-se à que acaba de fazeragora, e à que fez durante o ano passado a Angola -, é que se iniciou a grande tare

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fa da Reconstrução Nacional que tem por objectivo atingirse em 1980 os níveis deprodução global equivalentes aos de 1973. É uma tarefa que ne cessita demobilização consciente de todo o Povo angolano pois o esvaziamento de qua drossuperiores e intermédios causado pelo êxodo dos anti gos «imigrantes»portugueses deixou todo o aparelho de produção desorganizado e danifi cado,necessitando de recupe ração Imediata e urgente».AFRICA AUSTRALO reforço da frente antiim Derialista e neocolonialista na África Austral com areali7a ção do 1 Conaresso do MPLA- Partido doTrahalho, e o III Congresso da FRELIMO durante o ano de 1977contribuíram de forma activa para uma contra ofensiva cada vez mais arroqante por parte do imperia lismo. A África do Sulencon tra-se agora entalada entre Moçambique e Angola. Contudo isto significaigualmente maior sacrifício, maiores investidas e agressões contra estas duasretaguardas seguras.(Quanto a mim, este comi nlo escolhido pelo MPLA é du ro e difícil e exige muitade dicação e sacrifício. Mas, é o único caminho que oferece ga rantias para ofuturo. Ele con duzirá a uma total reestrutu ração da sociedade permitindo aintegração do povo angolano na sua totalidade no processo de construção do país,e con quista das suas verdadeiras liberdades no caminho para o socialismo - quenão é certa mente um caminho fácil».Falámos igualmente da ex periência ao nível dos grandes investimentos políticosfeitospelo imperialismo em países colonizados a quem foram da das independências. Éa histó ria da Independência dos pai ses anteriormente colonizados que nos mostraque não exis te outra via para se adquirir uma verdadeira consciência e dignidadenacionais. Todos devem ter consciência que uma indepedência apenas formal,mais não significa do que a perpetuação dos laços de comple ta dependênciaeconómica e cultural com o sistema imperia lista mundial. E típico o exemplo daLibéria, pais fricano independente há mais de 140 anos. Ele é possuidor teórico,da maior frota mercante mundial, mas o seu nível social, rendimento per capita(rendimento Individual anual de cada cida dão em média), percentagem deanalfabetismo etc., não se diferencia de qualquer país reRosa Coutinho quando em 1975 chegava a Portugat vindo da reunião dos Não-Alinhados em cima, onde chefiou a delegação portuguesa. Um processo dedescolonização que valeu a Portugal o estatuto de convidado naquele Movimento,e no qual o-. Almirante Coutinho teve activa participação.TEMPO N. 380 -pág. 23

centemente colonizado ou ne ocolonizado».Rosa Coutinho nesta altura travou connosco algumas com parações. Dizia-nos eleque imaginássemos Moçambique, ou ou mesmo Angola, nas mãos de fantoches:«umas duzentas mil pessoas viveriam bem, não teriam falta de nada, mas o resto,a grande maioria da população viveria nas mesmas condições do tempo colonial».E a partir desta base que o nosso interlocutor analisa a presente situação na

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África Austral-a partir da alteração da correlação de forças na Áfri ca Austral comas independências de Angola e Moçambique.«Angola e Moçambique são presentemente dois países na primeira linha da frenteno combate contra a dominação imperialista».«Se isso vos traz certamente um enorme prestígio internacional - prossegue oAlmi rante Coutinho -, pela influência que exercem e pelo exemplo que mostrama muitos pai ses na África, Ásia, América e Europa - que ainda não tiveramcoragem de enveredar pelo caminho da rebelião contra a dominação de que sãovitimas -, em contrapartida isso tornavos os alvos preferidos dos ataques edéstabilização de que são constantemente ob. jecto».A CRISE PORTUGUESAEntrevistado após a queda do Governo que dirigia, Mário Soares afirmou sobre assuas negociações com o Fundo Mo netário Internacional que «o empréstimo, novalor de 800 milhões de dólares, I vital para este país. Estou certo de que istodeverá ser feito». Actualmente o Secretário Geral TEMPO N. 380 - pág. 24do Partido Socialista Portu guês foi indicado pelo Presidente da República paraformar um novo governo.ligando os dois factos ante riormente citados a crise polí tica e económica queneste momento vive Portugal encon tramos que, se o investimen to a que se refereMário Soares provocou e terá acelerado a queda do seu Governo, a for mação deum novo governo virá certamente a impor ou pres sionar a imposição do tão discutido e inaceitado investimen to do Fundo Monetário Internacional (FM). Aliás,a afirma ção de Mário Soares indica mesmo isso.Rosa Coutinho considera por seu lado «que a actual situação de crise que se viveem Portugal é essencialmente uma crise entre a burguesia».Analisando a crise o Almirante Coutinho vê nos diferentes interesses doscapitalistas portugueses face ao investimento do FMI em Portugal a pedrafundamental em torno da qual giram neste momento os interesses dos principaisPartidos portugueses: o PS representando a pequena burguesia com apoio decertas camadas das massas trabalhadoras; o PCP que reforça e consolida o seuapoio de classe entre o proletariado e classe camponesa organizada; o CDS(Centro Democrático Social) representan te dos interesses do capitalismo ligadoaos monopólios internacionais; PPD (Partido Popular Democrático) que agregaos chamados pequenos capitalistas, pequenos accionistas etc.«As massas trabalhadoras embora com as naturais dificul dades continuam o seuprocesso de organização e consciencialização mostrando-se cada vez mais unidas.Como exem plo, existe o crescimento continuo da organização Intersindical queapesar de todos os ataques que vem sofrendo há mais de dois anos, mostra-se cadavez mais forte e consci ente».«A crise regista-se entre sectores da burguesia sendo principalmente devida àtomada de consciência por alguns destes sectores de que será o próprioimperialismo através das exigências feitas pelos credores - entre eles o FMI -, queprocura apressar a sua morte».Esse sector da burguesia, cujo meio de acumulação ca pitalista residia naexistência do império colonial ficou com«A actual sizuaç de crise que se

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vive em Portugaessencialmente uma crise entrea burguesia».as suas raízes cortadas virtude das consequências Revolução de Abril; ficandoturalmente destinada à ext ção. Essa extinção aproxii se. Mas, é com choque q elaverifica que são aquel que julgava aliados que sul tamente aparecem a apresi a sualiquid¥ão, por um pi cesso que se assemelha ao Atanazia».«A burguesia dependente i sistema imperialista, desigr damente as posições liberios quadros assalariados sul riores, os industriais e comi ciantes com capacidade debrevivência a uma integraç1 europeia, procuram dominar situação apressando aexti ção dos seus rivais de clas! (burguesia nacional colonial ta), e procurando atépara i so o apoio dos trabalhadores«E esta a situação de h passe criada em Portugi principalmente em face i umaclasse trabalhadora cai vez mais consciente, e qt parece não estar dispostaconsentir que se mantenha ( atinja uma situação semelhi te à que caracteriza as chmadas democracias burguesi ou seja: a burguesia a gove nar com os votos doprolet riado».E

o CHA DA ZAMBÉZIA JA NO É CHA-ESCRAVOA Zambézia é a Província Moçambicana produtora de chá. Historicamentefalando as empresas de chá foram adubadas p'elo sangue dos trabalhadoresassalariados do campo e num processo que pouco diferia do chibalolE' isso que se depreende do trabalho do nosso corresponderte naquela província,Né Afonso, que nos relata um pouco do passado daquelas empresas e descreve oque sucedeu, as transformações operadas, após a intervenção estatal e queculminou com a criação da EMOCHÁ a qual engloba as empresas ouabandonadas ou aquelas cujo fun cionamento era deficiente.Neste mesmo número da Revista chamamos a atenção parra a entrevista com umdos deputados à Assembleia Popular (depoimentos a partir da pág. 32) o qual éum trabalhador de uma das empresas de chá. Ele adianta mais elementos sobre oestado actual das mesmas bem como sobre o seu passado.A propaganda inimiga incidiu muito, num certo período, na baixa de produçãoque se verificava na produção de chá. leste texto que se segue podemos, também,saber quais as razões que determinaram essa quebra na produção que tantosatisfaz os nosso inimigos.

Por despacho inter-ministerial foram intervencionadas em 3 de Agosto do anopassado 20 Empresas privadas de produção de Chá com cerca de'17 fábricas, porse terem verificado graves anomalias na sua gestão, nomeadamente situações desabotagem económica que privaram o nosso pais de milhares de contos.Das 23 Empresas até então privadas, apenas três não foram intervencionadas. Sãoelas a Chá Madal, sediada na região de Tacuane e Chá Oriental ligada à SenaSugar Estates, sediada em Milange e Chá Zambézia, ligada à Companhia daZambézia sediada no Gurué.

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Outro aspecto fundamental, é o facto de o despacho inter-ministerial de 3 deAgosto ter criado uma Comissão Administrativa do Sec tor do Chá que, comoprincipal tarefa, iria desde então criar todas as condições para a formação daEmpresa Moçambicana de Chá E.E. (EMOCHA).Outra das tarefas de assinalar, é o facto de essa Comissão Adninistrativa do Sectordo Chá passar a controlar a Comercialização de todo o Chá produzido naRepública Popular de Moçambique, Inclusivamente o das Empresas nãointervencionadas. TEMPO N. 380> - pág. 26ALGUNS ASPECTOSHISTORICOSO processo colonial começou a fazer sentir a sua acção no sector Chazeiro hámais de cinco dezenas de anos na Província da Zambézia, nomeadamente nasregiões do Gurué, Milange, Tacuane e Socone. O Chá é introduzido emMoçambique, mas a sua produção requeria esforços extraordinários quer em mão-de-obra, quer em financiamentos.A usurpação das terras aos camponeses marca decididamente o inicio de maisuma fase da exploração económica colonial.Nas regiões altíssimas do Gurué, Socone, Milange e Tacuane, as melhores terrassão arrancadas aos moçambicanos para que fossem transformadas em plantaçõesde tipo colonial, caracterizadas pela monocultura e pela exploração esclavagistade'mão-de-obra.Para as mais altas encostas; são abertas estradas sobre pedras. Ainda hoje se notanitidamente que as referidas estradas foram abertas com picaretas, o que exigiaum trabalho violentíssimo. Claro que o chicote acompanhava o trabalhoquotidiano dos escravos.Essencialmente na região de Gi rué, vão surgindo as primeira grandes empresasde produção d Chá propriedade de grandes coli nialistas que, utilizam todos omeios (com apoio das estrutura administrativas colonial e trad cional) para odesenvolviment das suas plantações. Para iss usaram o suborno, o «recrut'mento» para o trabalho forçad< o chicote e outros processos.Nas décadas de 50 e 60, o desei volvimento destas Empresas grande, sob o pontode vista p( ltico e económico. A sua influêi cia sobre as autoridades coloniai égrande também, bem como sua autonomia. As próprias reg ões produtivasganham um desei volvimento contraditório: de ur lado, a palácio colonial, situadomeia encosta, luxuoso; de outi lado a cabana sem quaisquer coi diçes de vida.ALGUNS ASPECTOS ECONõMICOS DAS EMPRESA DE CHA COLONIAISO Empresário colonialista, o c lono, não possuia quaisquer c nhecimentos deplanificação ec nómica. A terra produzia, e a e

cravização permitia-lhes adquirir lucros em pouco tempo.Consequentemente, todos os trabalhos destas Empresas, desde a formação dasplantações e montagem das fábricas não obedecia a métodos e formas científicas.As plantações são criadas ao acaso. Abrem-se plantações em terrenos menospropícios e abandonam-se terrenos mais propícios. As condições dos solos nãosão estudadas. Outros aspectos agronómicos são desconhecidos. Mas de umaforma empírica, as plantações desenvolvem-se devido às ricas condições naturais

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das regiões, à mão-de-obra gratuita, e ao domínio destas empresas sobre aestrutura colonial.As fábricas não obedecem de forma alguma a uma forma racio. nal de produção.A produção do Chá em grande parte das fábricas não obedece a um circuito planificado.As máquinas não estão dispostas de uma forma racional o que obriga a que o chá,em produção, tenha que dar voltas dentro da fábrica que roubam bastante tempo.A própria contabilidade das Empresas não era regular - para impedir um controloeficiente por parte do fisco. Contas atrasadas em cinco anos e mais foramencontradas pela Comissão Adii-nistrativa do Sector do Chá, facto este que permitiu muitas manobras desabotagem económica.Isto para não focarmos já aspectos da comercialização.Por outro lado estas empresas pouco investiam, senão nada.Grande parte das fábricas trabalham ainda com máquinas caducas.Claro que, com uma mãode-obra gratuita (ou quase) o investimento poucoimportava.Todos estes pontos negativos agravaram a situação dessas empresas privadas.A quebra da cotação da libra nos anos 60 foi o primeiro golpe rude nestasempresas. Como a sua comercialização era liberal e dependente do comprador, aque bra da cotação da libra afectou em grande a situação económica das mesmas,factor esse que não se reflectiu nos lucros dos patrões sempre garantidos, mas simnos trabalhadores que se viram privados de vencimentos.Por outro lado, o desenvolvi mento da Luta Armada de Libertação Nacional veiodesenvolver a consciência de classe dos traba lhadores e criar transformações nasformas de actuação das autoridades coloniais junto das massas trabalhadoras.Reflectia-se na estrutura das plantações o êxito da Luta Armada. As Empresas iniciam nova fase de sabotagem, criando nova crise sem que a anterior, a da baixa decotação da libra, estivesse sanada.Desta forma, e a partir de 1972, adivinhando a vitória do Povo Moçambicano,inicia-se a terceira fase crítica. Os grandes golpes de- sabotagem dão lugar a tudo quanto se devia fazer para desenvolvimento dasEmpresas. Surgem então empresários que exportam o Chá, independentemente dasua qualidade, e vão receber o dinheiro fora de Moçambique. Estes casos, paraalém de permitirem a saída de divisas do país, fazem com que os mercadosinternacionais comecem a duvidar da qualidade do Chá Moçambicano, já, que eleé negociado independentemente da sua qualidade. Verdh de é que os colonialistaspretendiam criar estas situações, portan to estavam a roubar as nossas riquezasconscientemente, tentando que os compradores deixassem de acreditar naqualidade dos nossos produtos.Todos estes factos dão origem a crises de falência, graves prejuízosirregularidades nos pagamentos aos trabalhadores e consequen temente a fuga detécnicos.Empresas como a de MUCO CHÁ são abandonadas (planta ções e fábricas). Asmáquinas estragam-se, as plantações não são

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Os trabalhadores das empresas de chá agrupadas na EMOCHÁ têm aumentado asua produção ultrapass a n d o, alguns deles, as metas diárias de colheitaatribuídas a cada um.TEMPO N. 380 -pég. 27

podadas nem recebem qualquer outro tratamento, o mato cresce entre as plantas, eos trabalhadores ficam sem vencimento durante meses.Outras empresas entram em falência técnica, factos estes agravados por tantos ediversos atentados à economia das mesmas que se reflecte na economia nacional.A partir destes dados, que reflectem apenas uma pequena par te do todo, pode oleitor fazer uma ideia do trabalho que espera a EMOCHA.ESTRUTURA DA EMOCHAAntes da Intervenção Estatal junto das 20 empresas chazeiras, já existia umaComissão junto do Banco de Moçambique que controlava a situação de algumasEm presas abandonadas com grandes débitos para com aquele Banco.Formada a Comissão Administrativa do Sector de Chá, esta veio abarcar todas asresponsabilidades.Esta Comissão está sediada no GURUÉ, região onde se situam 17 das 20Empresas intervencio nadas.Eín Quelimane, Nacala e Maputo existem Delegações. Em QueUmane e Nacala,por serem portos de exportação e Maputo por oferecer condições para trabalhosdiversos, tais como contactos internacionais com compradores de Chá, aquisiçãode peças e sobressalentes, contactos com estruturas diversas, etc...Em cada uma das regiões produtivas (GURU., MILANGE, TACUANE ESOCONE) existem filiais com responsabilidades definidas nos diversos sectores.Cada uma das 20 empresas intervencionadas tinha oficinas próprias. Dado que otrabalho desenvolvido pelas mesmas era idêntico, e para maior controlo dasituação, está em estudo a criação de uma oficina Central. Entretanto, existe já umdepartamento oficinal que controla o trabalho a desenvolver nas diversasempresas.De uma forma semelhante a criação de um Departamento de Aprovisionamentogarantirá um stock de peças e sobressalentes que poderão permitir ofuncionamento pleno das unidades fabris continuamente. Este Departamento deAprovisionamento estará liTEMPO N.° 380 - pãg. 28gado à aquisição de diversos materiais necessários à Empresa.No campo, o Chá colhido é enviado para a unidade fabril mais próxima dado quetodas as plantações pertencem a uma só estrutura. Isto permite uma econc -iia detempo e uma menor amortização, na medida em que o trabalho das unidadesfabris depende da quantidade de chá colhido nas plantações mais próximas Destaforma, já não se fala em Plantações da Chá Moçambique ou da Chá Junqueiro,das planta ções da Chá Namuli ou Duarte e Nunes, MUCOCHA ou MITILILE,ALVERCA ou MAULACALA. Fala-se sim, em unidades de uma mesma Empresa.Falar da Estrutura agora cria da, implica que se fale no sector financeiro.

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Até à nomeação da Comissão Administrativa, todo o sector fil nanceiro destasEmpresas funcio nava de forma independente. Assim a contabilização e acomercialização diziam respeito a cada uma das Empresas.Actualmente, estes sectores estão Centralizados.Os próprios métodos de trabalho são outros.

Por exemplo, no sector de Co mercialização estão a ser criadas as condiçõesnecessárias para um rápido contacto com os compra dores. Para tal utilizam-seapare lhos de Rãdio para contactos enre a Sede e as Delegações, pre vendose amontagem de uma linha de telex para contactos com os compradoresinternacionais.Mas para se sentir a necessida de destes métodos é necessário ter-se a noção dasformas de ac tuação coloniais.Como é do conhecimento geral, os principais compradores de Chá são aInglaterra. seguida da Ho landa e Estados Unidos. O Chá é vendido na Inglaterraem leilões o que quer dizer que o seu preço é variável, segundo a sua qualida de.Outros países como o Sri Lank, a Indonésia, a india, são concorrentes directos. Éportanto necessário ultrapassar estes concorrentes. Durante todo o regimecolonial, o preço do nosso chá estava submetido aos com pradores, devido àmorosidade dos contactos efectuados com os compradores e até porque não haviaplanificação que permitisse a discussão dos preços oferecidos.Com rapidez suficiente será possível discutir esses preços com os principaismercados e contac tar compradores diversos para os mesmos lotes.-Actualmente, já se estão a uti lizar TELEX internacionais e os resultados têmsido nitidamente positivos. Este processo permite contactar-se com os mercadosem apenas poucas horas quandg durante o regime colonial eram necessários dias.«0 Chd é uma das maiores riquezas do nosso país e, necessariamente, tem de darresutados positivos. O comprador nãa pode estar à espera das nossas acções. Porisso temos que produzir chá de boa qualidade, e ter contactos rápidos e eficientescom os nossos principais mercados» ' disse-nos Victor Serra Ventoso, um dosresponsáveis da Comissão Adminis, trativa do Sector de Chá.Toda esta estrutura faz parte do esqueleto de uma Empresa Es tatal, EMPRESAMOÇAMBICANA DE CHÁ, (EMOCHA-).Nas regiões de produção é este nome, «EMOCHA», que anda de boca em boca.PRODUÇÃOO III Congresso da FRELI MO, Partido de Vanguarda das Classes TrabalhadorasMoçambicanas, definiu como meta a atin gir na Campanha de 1978S no sec tor doChá 19.000 toneladas.Quando perguntámos aos té cnicos e responsáveis se seria pos sível atingir se estameta, respon deram-nos que no ano de 1976, a produç4o atingira as 16.000 toneladas prevendose que na actual campanha se atinjam as 17.000 a 17.500 toneladasde Chá, mesmo depois de um longo período de seca que para além de ter atrasadoo início da Campanha afectou um pouco a planta.Mas para que isto seja possível, é necessário que todos os trabadores daEMOCHA se engajem resolutamente nas suas tarefas.O Chá é colhido e tratado manualmente.

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Cada trabalhador do campo, colhe em média 45 quilogramas de Chá por dia.Uma forma de Emulação existente na futura Empresa faz com que alguns dostrabalhadores de Chá consigam colher cerca de 100 quilogramas diários.O excesso em quilos colhido para além dos 45 quilogramas, dá ao trabalhador odireito de receber uma percentagem monetária. No entanto o trabalho político adesenvolver no seio de todos os trabalhadores poderá originar êxitos aindamaiores.As dificuldades são imensas. Verificam-se erros quotidianamente que ensinam osresponsáveis a criar novas condições de trabalho. No entanto, sem triunfalismos,quem conheceu as Empresas Privadas intervencionadas e começa a conhecer oesqueleto da EMOCHA, vê que, ali, a política está no comando, defendem-se osinteresses do Povo Moçambicano. Há erros que serão ultra" passados pelo próprioprocesso.Moçambique necessita de 600 toneladas de Chá para consumo interno. Tudoquanto se produzir a mais, e são muitos milhares de toneladas, é para exportação.Para tal é necessário um maior engajamento dos trabalhadores e mais, é precisoformar técnicos moçambicanos.FABRICAESCOLAA formação de técnicos moçam bicanos para este importante sector económiconacional é uma das maiores preocupações da Comis são Administrativa do Sectordo Chá, e portanto preocupação da EMOCHA.Uma fábrica de medidas mais reduzidas, irá funcionar a curto prazo como Escolapara a forma ção de «Tea-Makers» nacionais. Grande parte dos «Tea-Makers»existentes são estrangeiros.Para tal, foram montadas na minifábrica máquinas de diversos tipos para que osnovos té cnicos ali formados, possam avançar para qualquer uma das ou trasunidades fabris sem dificuldades de maior.PROBLEMAS SOCIAISDOS TRABALHADORESAs condições de vida dos traba, lhadores do Chá são francamente miseráveis. Estafoi a mais pesada das heranças deixadas pelo colonialismo português nas plantações diversas.Desde a nudez, à falta de abrigo pode verificar-se de tudo.As casas para os trabalhadores são péssimas: sem condições sa nitárias,pequeníssimas, e extre mamente desprotegidas.Os trabalhadores de campo andam rotos e descalços.A assistência sanitária era de ficientissima tendo-se dado já grandes passos nocampo da me dicina preventiva.Falar deste problemas sociais seria gastar todo um trabalho apenas com problemassociais, aliás não isolados de outras si tuações nos diversos pontos do pais.O decreto que intervencionou as empresas determinou como uma das tarefas daComissão Adminis trativa, o estudo da situação social dos trabalhadores, porforma a que se desenvolva um trabalho de melhoramento das suas condi ções devida.Os primeiros passos estão dados.

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Aquisição de capas para a chuva, desenvolvimento da defesa contra a doença noseio dos trabalhado res, alfabetização, sabendo-se que está em estudo a nível detoda a nação a criação de uma casa-tipo para os operários de calmpo das-ais diversas plantações do pais.TEMPO N.' 380 -pég. 29

nutrição:ESCOLHA DOS ALIMENTOSTerminamos o último apontamento dedicado à nutrição por explicar que osaliinentos não tinham todos eles a mesma função numa dieta alimentar, dai anecessidade de termos uma alimentação variada. Entre as funções que osalimentos têm no nosso organismo destacamos três: a construção dIo nosso corpo(da nossa car ne, do nosso sangue, dos nosos ossos, da nossa pele) para nos darforça e para protecção do nosso organismo das doenças.Iremos agora enquadrar os alimentos que conhecemos e usamos em cada umadestas funções. Comecemos pelos alimentos que servem para construir o nossocorpo. Falámos já no leite, quando falámos da alimentação infan til. Também têmessa propriedade os ovos todos os tipos de peixe e de carne. Peixe do mar ou.peixe do rio. Do mar, ainda, caranguejos, camarões, e outros mariscos. Quanto àcarne - carne de boi, porco, cabrito, coelho, galinha, pato, carne de caça, de todo otipo de animais normalmente usados para comer.A partir da carne desses animais o nosso organismo irá fabricar nova carne, anossa.Mas, não só o leite, a carne e o peixe tem essa pýopriedade. Há outros alimentosque têm a mes.ma função. São eles: o feijão, a ervilha, o amendoim, a castanha decaju, alguns tipos de gafanhotos, matumanas.Porque como explicámos no úl timo trabalho essa função de renovação do nossosangue, da nossa pele, da nossa carne, são funções permanentes no nosso corpo,precisamos comer todos os dias, pelo menos um desses alimientos.Para dar força, sabemos, o melhor alimento é a farinha de milho. É o quechamamos de upswa ou chima. Este alimento comemos todos os dias, e eleconstitui a maior parte da alimentação das populações no nosso pais. Outrosalimentos que também têm essa função de nos dar força, TEMPO N.° 380 -pég.30e que as populações também usam em Moçambique são: o arroz, a mapira, amexoeira, as batatas, a batata doce e a mandioca.Porque precisamos trabalhar todos os dias, o trabalho da maior parte de nós,moçambicanos, é um trabalho manual, que mais do que qualquer outro exigeforça, esses alimentos deverão continuar a ser, como são, base da nossaalimentação.Há para além destes já citados outros tipos de alimentos que numerosas vezes têmsido recomen dados pelo Partido às populações: são as hortaliças e são as frutas.São esses alimentos que têm mais vitaminas. Vitaminas são as tais substânciasque servem para proteger o nosso corpo das doenças. A função desses alimentos éportanto proteger o nosso corpo da doença.

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Frutas, conhecemos. São: a laranja, a toranja, a tangerina, a banana, o limão, amanga, a papaia, a maçã de caju, e muitas outras.Hortaliças são as folhas de mandioca, as folhas de abóboras, as folhas de feijão, orepolho, as couves, os tomates, a cacana, ascenouras, o nabo, a alface, e outras também.Em cada dia também devemos comer um destes alimentos que servem paraproteger o nosso organismo das doenças. Se comermos todos os dias alimentosdestes três grandes grupos, primeiro vamos ser muito mais saudáveis, vamos termuito mais saúde. Ao mesmo tempo vamos ficar com muito mais possibilidadesde resistir às doenças. As doenças vão ter muito mais dificuldade em entrar nonosso corpo.Se todos precisamos comer estes alimentos - dissemos várias vezes nosapontamentos anteriores - eles são absolutamente indispensáveis às crianças e aosjovens, que estão a crescer, precisam estudar bem.Mas, verifiquemos, é isso que fazemos? Comemos estes alimentos que sãoindicados como necessários todos os dias?Não ainda. Em especial alimentos do primeiro grupo - do gru po de alimentos queservem para r.nnqtriir ou reconstruir o nossoAlimentos qw, dão forçaMILHO ARROZ N1APIRýkMEXOEIRA BATATA BATA DOCEMANDIOCAAlinientos qi-le prot(ý,.,em o corpo da doença:FRUTAS HORTALIÇAS (folhas demandima, de abobora, de feij:io r(ýoolho, emoura, {ý1face, toinat(ýcacana, nabo, ete).

AlmnosL qufe erv[J ei paacntri o eoturèó' oéé ç nos (,(.)rpo] EovoPEIE(omrdoro MAICSe crnge.caaroCRE (bi poccbiogaihptceh ,cç-EIJmcorpo - a grande parte da nossa população é muito' raro comer. Fruta também, emespecial as po pulações das cidades, é raro co merem. Hortaliças, há zonas on, deo caril para acompanhar a farinha (de milho ou mandioca) é feito com algumasdas folhas apon tadas (mandioca, abóbora, feijão). Os outros tipos de hortaliçasplan tamos, em alguns sítios, mas não comemos ainda. São só para vender.Carne de boi, ovos, leite, peixe são alimentos caros, porque existem em pequenasquantidades no nosso país, tem que ser importados, temos que nos sujeitar aospreços que nos exigem. Vai ser difícil em pouco tempo conseguirmos gadosuficiente para servir toda a população. São realidades objectivas, que nãopodemos fu gir a elas. Mas, há alternativa. A lista dos alimentos indica essaalternativa. Carne, não é necessário ser de boi. Pode ser de galinha, de pato, de

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coelho por exemplo. Há directivas políticas para que nas nossas cooperativas deprodução, nos nossos quintais, nas nossas ald ias, organizemos e desenvolvamb sa produção dessas peque nas espécies. Essa directiva do Partido saiu exactamentedessa realidade - não termos possibilidade de conseguir rapidamente produção decarne de boi para to da a população, termos por outro lado necessidade deintroduzirmos a carne na nossa alimenta çao diária,As vezes existe o boi, existe o porco, existe o cabrito -- não comemos porquestões de tabus alimentares, por questões de religião por questões de falta dehábito. Embora custe - são muitos anos de tradição é preciso arranjar coragempara romper com esses tabus, com essa atitude passiva de dizer não estouhabituado, não vou começar agora. Em especial os jovens têm que usar da forçapolítica para provocar a ruptura. Porque eles sabem as dificuldades que sentemnas escolas, no trabalho, veem como seus pais envelhe ceram novos de idade, suamãe tem trinta anos, parece ter cinquenta.Plantar árvores de frutos - cada um plantar uma árvore de frutos - foi directiva jálançada para as crianças das escolas. Não foi cumprida em muitos sítios, mesmonas zonas rurais, onde há espaço de sobra. Precisa ser. Papaeiras, bananeiras,abacateiras, goiabeiras, mangueiras, dão em todo o país praticamente. Há zonasonde se dão pessegueiros, macieiras, uvas. Laranjeiras, dão-se em quase todo olado, como limoeiros. E preciso começar a in centivar as crianças nesta práticacomo na de fazer hortas, que são fáceis de tratar, acompanhar.E, é preciso, como para a car-ne, ganharmos o hábito de dar aos nossos filhos, nós mesmos comermos, estestipos de alimentos.O princípio de só tendo uma população com saúde poderemos construir umaeconomia forte, não é um slogan. E uma realidade, que não há maneira de fugir aela. Doente, fraco, ninguém trabalha, convenientemente, pelo menos. Para ter umapopulação com saúde - dissemos já, também habituá-la a ter uma dieta com pleta,a comer bem é sempre a primeira condição, o primeiro passo importante.Dissemos no primeiro trabalho desta série - se os efeitos da mánutrição não severificam de um dia para o outro, não conseguimos aperceber-nos de um dia parao outro que nossos filhos, ou nós mesmos, estamos doentes de má-nutrição, osbenefícios de uma alimentação melhorada, completa, não se irão notar de um diapara o outro, também. É porém um investimento rico, a médio prazo, esse decriarmos novos hábitos de alimentação.Por isso essa batalha pela ali mentação completa não é uma batalha da Saúde, éuma batalha de todos, que devemos assumir se queremos assumir outras, como ado aumento de produtividade, a da luta contra o analfabetismo, contra a fome, e amiséria, que dela dependem, em grande parte.TEMPO N. 380 -pág. 31

CONVERSA COM DEPUTADOSEu sei todos os acontecimentos antigosAuto - apresentação: O meu nome é Mponda Macanjira.

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Eu sei todos os acontecimentos antigos, direi tudo quanto saiba. Falarei do que vie for necessarzo fatar.Daquilo que não vi, não falarei nada.A minha idade. não sei.Sou do tempo dos alemães.Do tempo da guerra dos alemães. Eu era um rapazinho e vivia em Gamba-Gamba-Nhada, perto de Bilibiza-Mahate. Vivemos, e depois da guerra mudámos paraMecula onde vivemos entre 4, 5 a 6 anos. Depois mudamos daqui, e descemosparaas terras de Quepeje.- Qual a província?- Província de Lichinga.-E agora onde vive?-Agora vivo no distrito de Mavago.-O que é que faz, actualmente?-Actualmente não tenho outraocupação, o meu trabalho é fazer machamba e orientar o trabalho da Frelimo.- Vive numá aldeia comunal?-Sim, vivo na Aldeia Comunal.-Começou por, dizer que é dotempo da guerra dos alemães.Gostaríamos que contasse então a história da sua vida a partir daí, a partir do queviuai.- No tempo dos alemães eu ainda era criança, pequenino, por tanto não vivi nada.O que vivi foi a vida dos portugueses. A vida dos portugueses vivi muito, fuioprimido, carregando machíla, apanhando palmatÓTEMPO N. 380 - pãg. 32Mponda Macanliraria. Só essa vida é que eu vivi, porque já era adulto, a vida dos alemães não vivi.A vida dos portugueses posso dizer que foi muito má, levei tantaporrada.- O que fazia antes do início daLuta Armada de Libertação Nacional em Niassa? Trabalhouem quê?- Antes do inicio da Luta de Libertação a minha vida era de andar de um lado paraoutro.Isto é, fazer pequeno negócio, a fim de conseguir pagar o imposto aosportugueses. Quando apareceu a Luta de Libertação o meu objectivo agora era deme libertar a mim próprio esair da escravidão.- Disse-nos que sofreu palmatória, porrada, machila... Porque eles batiam? Podefalar-nos um pouco mais do comportamento deles, como eles castigavamo nosso Povo?Porque eles batiam... As coisasdos portugueses não tinham motivos... Se você fez macham-

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ba, e eles encontrarem a machamba um pouco suja, é mo tivo para porrada. Se tunão tens força para carregar a machila - levas porracia, se an dares com poucaforça e caires quando chegares ao rio, por falta de força, porrada. Essas eramrazões que bastavam para os portugueses baterem.Porque eles diziam que nós eramos escravos e macacos,. Eles diziam: os escravose os macacos sempre que cometem qualquer coisa têm que levar por rada, porqueeles não têm outro fim.Disse que trabalhou como comerciante, trabalhou no chibalo. Onde trabalhouprimeiro no chibalo, ou como comerciante?-O trabalho forçado continuavasempre. Fazia aquele negócio para conseguir pagar o impos to, mas o trabalhoforçado continuava. É que apesar de não ganharmos nada no trabalho forçado,eles não deixavam deèxigír o imposto.- Com o desencadear pela FRELIMO da Luta de Libertação e a implantação dasáreas libertadas a vida das populações na Província do Niassa sofreutransformação radical. É dessa transformação que gostávamos que nos falasse.Quais os traços essenciais dessa transformação?-Desde que começou a Luta Armada, estivemos a lutar. ,A lu ta fez-se em duasfrentes uma frente, as Forças Populares de Libertação, e uma frente, o Povo. OPovo e as Forças Populares estavam e actuavam juntos, desde o principio. AsForças eram peixe e o Povo a água que as Forças Popularesbebiam.Nessas duas frentes estávamos unidos e juntos avançávamos. O trabalho principal das Forças Populares erade combater, e da populaçáo, transportar o material.

DA ASSEMBLEIA POPULAR (2)Nesta fase -os colonialistastentavam bombardear, mas na da conseguiam, tentavam assassinar pessoas, masnada conseguiam, tentavam abrir barrigas de gente e estender ao Sol os corpos,mas não conseguiam.Por causa da força da FRELI MO e da população unida namesma tarefa.- E como essas transformaçõesse reflectiam na sua própria vida?-No tempo da luta armada nãohavia tempo para nós vivermos descansados. A única oportunidade que havia devivermos bem era nós estarmos junto à FRELIMO. Ao lado dos portu gueses oúnico trabalho era o de fugir de um lado para outro, a fugir dos portugueses.Portan to a minha vida estava na FRELIMO, onde vivia bem. De vestir obtia daFRELIMO, de comer obtia da FRELIMO, da força da, FRELIMO. Ao lado dosportugueses só conheciasofrimento.somos independentes. Agoraqual é a sua vida?

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-Agora que a FRELIMO alcançou a liberdade, agora a nossa via está boa, ascrianças estão satisfeitas, os velhos como eu estão satisfeitos. E aqueles quederam filhos estão satis feitos porque a escravatura jáacabou.Se é que me perguntam acerca desta satisfação, digo que até hoje estou na alegria,porque continuamos a caminhar unidos pela FRELIMO, na mes ma cirecção quea Linha da FRELIMO traçou. Por isso continuo muito satisfeito.- Porque a seu ver foi escolhidopara a Assembleia Popular?- A maneira como me escolheram não sei. Só a população é que deve saber, comome esco lheram a mim. Não sei, não seio que viram...- Quais são para si os principaisproblemas que afectam ainda- A FRELIMO lutou até conse- a vida do nosso Povo, e sobreguir libertar todo o nosso pais, os quais a Assembleia Popular,Nas ~eas libertadas Povo e Forças Populares estávamos unidos.se devia começar por debruçar?- As nossas preocupações aquiviemos são duas: Primei ro, devemos considerar a agricultura, para podermosdesen volver o nosso país. Em segundo lugar a técnica, isto é, a formação detécnicos moçan.bicanos para reparação de ca: ros, fabricação de roupa, açu car, enxadas. Estasdevem ser para mim as preocupações prioritárias a nível da Nação.Em segundo lugar, a Educação das crianças. Ensinar as crianças para que elassaibam ler e escrever, poderem conti nua a estudar. Esse é para mim um grandeproblema. Ainda com as crianças as mais pe quenas, há o problema dos infantários. Os problemas das crianças são muito importan tes porque serão elas aconti nuar a guiar a FRELIMO nofuturo.- A nossa conversa foi curta porque temos ainda que conversar com os outrosdeputados. Gostaríamos de poder ficar a falar consigo muitas horas porque, viveumuito, conheceu muito, tem muito para nos ensinar.Havemos de fazê-lo noutra altura. Antes de terminar gostaríamos de perguntar sealém do que lhe pedimos quer acrescentar mais alguma coisa?- Não, já falei tanto, e não tenhomais nada a dizer. Só apenas uma palavra. Agora que me encontro com vocêssinto-me muito satisfeito porque vocês me põem muitas perguntas sobre ossofrimentos, e pude contar o que se passou. E quero dizer que agora sou felizporque agora sou um moçambicano livre. durmo bem numa casa que não entrafrio.TEMPO N. 380 -pâg. 33

Trabalhaores das plantações de chá ja vivem melhor(2.') Notas autobiográficas

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-Chamo-me Mascarenhas Neves Albérto. Sòu preparador de chá. Nasci nalocalidade de Nauela, distrito do Alto Molocué, e resido no distrito do Gurué,Província da Zambézia.A partir de 1951, entrei na Escola da Missão Evangélica de Naueia e conseguifazer lá a terceira rudimentar, em 1959. Em 1961 fui matricular-me na Escola daMissão Sagrada de Nauela, onde em 1961 consegui fazer a quarta classe.Não tendo possibilidade de continuar a estudar devido a encontrar-me como órfãode pai, dirigi-me ao chefe da localidade para pedir uma autorização para deslocar-me ao distrito 4e Mocuba. Nesse momento, o tal chefe do posto não me concedeuaw torização. Aliás ele obrigou-me a ir para o contrato obrigatório. Infelizmenteeu mostrei-lhe a dificuldade de que não podia, porque eu saia naquele momentoda escola e queria ir para as oficinas aprender um serviço.Ele não autorizou e deu um castigo, porque eu negava ir trabalhar no serviçoforçado.Em 1961, no mesmo ano aliás, com a minha teimosia, de lá ir pedindo cada vezmais, chamou-me de malandro, mas cedeu-me autorização de oito dias para o dis-trito do Alto-Molocué, onde fiquei empregado no mês de Agosto como auxiliar debalcão. Fiquei lá durante doisanos.Desloquei-me e fui pediroutra autorização para Nova Freixo, aliás Cuamba. Só trabalhei lá una semana,pois estive doente. Regressei outra vez para o meu distrito, na localidade deNauela, e pedi uma autorização paraTEMPO N.° 380 - pág. 34o distrito de Pebane, onde não consegui arranjar um emprego. Em 1963 soube deque o meu pai estava em Mitange, estivera preso aqui em Xai-Xai. Mas, quandolá cheguei ele já tinha morrido. Mesmo assim dirige-me para lá a fim de recolhersuas coisas mas não consegui trazer. Em 1964, em 22 de Abril dirigi-me paraGurué onde fiquei como auxiliar de escritório da fábrica. Passados alguns anos,em 1965, fui casar. Depois disso voltei, continuei a trabalhar, e em 1975 com afuga dos técnicos fiquei nomeado para o serviço agrícola como chefe da Secção.E no mesmo ano, também fui transferido, mais uma vez, como chefe da fábrica.Em 1976 fiquei escolhido para vir participar num curso na Escola do Partido.Preparação político-militar. Além disso fiquei escolhido para o GrupoDinamizador, secretário do Grupo Dinamizador do local de trabalho. Nestemomento encontro-me como um adjunto-técnico, na formação da técnica depreparação do chá, na medida em que alguns técnicos são es-Mascarenhas Neves Albertotrangeiros. Também a parte política: Sou elemento do Comité Provincial epertenço também à Assembleia Distrital e à Assembleia Popular.-Poderá falar-nos da vida nasescolas das missões onde estudou? Como é que as crianças eram alienadas pelareligião?A partir de 1951, nós antes deirmos lá para os estudos; em primeiro lugar tínhamos que participar na missa. Issofoi já na missão evangélica de Nauela. Também na missão católica fazíamos isso,

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mas depois das lições. Rezávamos e depois íamos embora. Também éramosobrigados a fazer uns trabalhos: carregávamos barro e fa zíamos telhas para seremvendidas à população.-Os trabalhadores das plantações do chá eram os trabalhadores mais exploradosno nosso país. Quais as transformações que já existem, na vida dos trabalhadoresdas plantações?Posso dizer que neste momento a transformação é grande, a vida é muito diferente do que no passado, namedida em que todos os trabalhadores que vinham trabalhar nas empresas eramobrigados. Agora não são. Os transportes que os levavam vinham mais cheios, àvolta de cem trabalhadores.Trabalhavam no serviço força do e não eram bem tratados.Quem não conseguisse trabalhar cortavam o dia e às vezes perdia quinze diasmesmo que tivesse trabalhado. Neste momento noto eu uma coisa: ostrabalhadores estão bem organizaaos. No outro tempo havia uns elementos queeram os ca patazes hoje, esses já foram eliminados. Neste momento ostrabalhadores trabalham em brigadas. Têm chefe de brigada e este também trabalha.Estão formados em pelotões.Têm chefes de secções. Não há um elemento que anda atrás do outro. Esses taiselementos podemos dizer que eram parasitas porque viviam à custa dos outros. Ostrabalhadores estão a trabalhar mais organizados e são mais estimados. Eles jánão são oprimidos.

Embora ainda bastante dura a vida dos trabalhadores das plantações de chámelhorou um pouco.Agora temos serviço de saúde gratuito. Nos outros tempos pagávamos e ostrabalhadores e as suas famílias, não podiam nem sequer ter direito a curativo.Agora neste momento estamos a ver uma grande diferença.- Quanto ganhavam os trabalhadores das plantações?Os trabalhadores da parteagrícola ganhavam cinco escudos por dia. Em 1974, em Abril, é que passaram aganhar 42$50 Agora já começaram a ganhar o salário integral que são 48$50.Descontando a alimentação sãotrinta e cinco e quinhentos.Quando atingem os quilos estipuiados, por meio da tarefa,também ganham prémio.-E as casas onde vivem os tralhadores são melhores?Têm os acampamentos. Emalguns acampamentos as estruturas têm verificado, cada vez que fazem visita, queas casas encontram-se em péssimas condições.-Havia meses do ano em que amaioria dos trabalhadores não tinham trabalho, e não ganhavam. E agora qual é asituação?

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Os trabalhadores do campono momento em que eles pedem a licença, são-lhes dados trinta ou noventa dias, eno momento em que não trabalhamnão ganham.Não sei se estou a explicarbem. Havia colheita. Quantosmeses era a colheita?Neste momento a partir deNovembro até Maio é que temos muita colheita, em que muitos trabalhadores vãoparaa colheita.-Nos meses em que não hd colheita o que é que os trabalhadores fazem? Têmtrabalho ld?No tempo colonial ficavam desempregados e sem saldrio.- Vão para a limpeza e váriosserviços. Por exemplo neste momento em que temos muito serviço, em váriossectores, às vezes trabalham numa unidade 1.200 trabalhadores. Quhndo chega otempo das podas não é preciso muitos trabalhadores, portanto naquele momentoos responsáveis diminuem aqueles elementos que querem des cançar. Mastambém não são marcados. Quando são dado licença, portanto trinta dias ounoventa dias, não ganham.-No tempo colonial eles tinhamalimentação também. Eu estive ló na última vez em 1974 e a alimentação eramuito insuficiente. Agora está melhor esse aspecto?- Naturalmente neste momentoposso dizer que a direcção da nova empresa está muito preocupada na medida emque tem percorrido os vários distritospara ver se encontra o feijão para as várias unidades. Mas também tem havidofracasso na medida em que não há transportes, e não por onde en contrar. Mas diaa dia as estruturas estão preocupadas pararesolver esse problema.- Sobre a Produção. O que seproduzia antigamente e o queagora produzimos?-A partir de 1975, embora aquelas empresas estivessem sob controlo dos patrões, houve umas certas empresas,que aliás estavam já abandonadas.Mas com a organlzaçao co gabinete de gestao e com o íman ciamento do Bancode Moçambique, os trabalhadores licaram mobilizados, e a partir de 1976aumentou a Produção. E as fábricas não conseguem jalaborar.Nos tempos passados, umbom trabalnadorso atingia por volta de trinta quilos. k.ste era chamado um bomtrabalnador.Mas com a consciencialização, neste momento que se explcou a emulaçao muiosdos traoa lhaaores atingem os 50 quilos, alem daqueles quilos estipula dos por

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«tarefa». Alguns cregam a atingir 140 quilos, por dia. Podemos dizer que aumentou mais a produção e as fábricas já não conseguem absorver.- Quais são para si as prioridades a nível nacional, os problemas nacionais que aAssembleia Popular deveria tratarprioritariamente?- Na minha opinião, a nível danação, é o problema da saúde, que falta instalar nas zonas urbanas. Mas já seiperfeitamente que este problema já está a ser estudado. E a mesma coisa pa ra oproblema da educaçao. E tambem o problema de transportes - nas empresas etambém transporte de pessoas, car reiras. Em muitas partes na aificuldades. Etambém nas liga ções das estradas. Algumas já estão desistidas na medida em quenão há possibilidades de fazer ligação. E a população também encontradificuldades em como viajar. Esse também TEMPO N. 380 - pág. 35

será um problema que deviaser resolvido.-Para -ter-minar. Disse-nos aoprincipio que a sua prolissão era de «provador de cdM». Poderia explicar-nos oque faz umprovador de chá?- Um provadQr de chá é a pessoaque compreende a parte do de-partanento fabril. Desde a parte do murchamento, da rolagem, da estufa e daselecção. Até no último tempo - saber aquela folha que está bem murcha, se estálaminada ou se realmente tem bons licores. Essas são as formas de ser provadorde chá.$Para chegar a carpinteiro..Eu chamo-me Daniel Laima, trabalho no lugar da Agricultura, no distrito deMontepuez, Província de Cabo Delgado. Trabalho como carpinteiro. Vivo naAldeiaComunal de Macate.- Pode falar-nos da vida na aldeiacomunal e, em especial do seu trabalho como carpinteiro lána aldeia comunal?- Eu só trabalho lá no sector equando chego em casa faço os meus trabalhos de casa e descanso.- E na carpintaria, o que faz?-Lá quando há obras fazemoscaixas. No caso de não haver obras só fazemos mobílias para arrumar nas casasdo 1istado.- Não participa também na leitura de portas, janelas, e outras coisas que sãoprecisas para as

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casas na aldeia comunal?-Sim, participo. Faço portas, ja nelas, camas.- Pode-nos contar em traços gerais a sua vida passada?- Eu desde a minha nascença es tive na escola, estudei durante dois anos,transferi-me, fui aprender esse serviço de car pinteiro em 1969, até 70, paguei aocarpinteiro, depois fui pedir serviço ao sector da agricultura, em 1971, até agora.- (o processo referido pelo De putado Daniel Laima para a suaTEMPO N,* 380 - pág. 38formação profissional é um p r o c e s s o frequentemente usado, pelo menos naProvíncia de Cabo Delgado, não só em relação aos carpinteiros, mas também emrelação aos costureiros e ou, tras profissões. Se uma pessoa quer aprender o ofíciooferece-se como «aprendiz» na casa de um «mestre». Durante um pe ríodo que vai de uma dois anos faz a sua aprendizagem em casa do «mestre». Normalmente, em vezda aprendizagem, faz ele o serviço todo, ou quase todo. O mestre limita-se adesempenhar onde ele deve cortar a madeira, pregar, colar, ele executa. Apesar defazer o serviço todo ele, o aprendiz, não tem salário, não recebe nenhum dinheiropelo seu trabalho. No fim desse período de aprendizagem, quando o mestre acharque ele já sabe, que ele já está preparado, então ele ainda tem que pagar umaquantia (que varia entre 1 conto, e 1 conto e quinhentos, dois contos) ao mestre.Só depois desse processo, e de efectuar esse pagamento, ele pode considerar-se eser cpnsiderado como profissional, abrir sua «loja» ou arranjar emprego comdireito a salário. Mais tarde ele será também «mestre», terá os seus aprendizes,.. Oprocesso conduz, claro, a que haja indivíduos que trabalham os dois anos comoaprendizes e, a partir daí nunca mais voltem a ter necessidade de trabalhar, bas"tando-lhe para isso comprar com o primeiro dinheiro que recebem ferramentas ouuma máquina de costura, conformeDahiel Laimao caso, e aceitar um aprendiz cada dois anos. Encontramos, na mesma Provínciade Cabo Delgado, casos de «mestres» mais ambiciosos, para os quais o sistemadescrito não satisfez. Em vez de comprarem uma md quina, e terem um aprendiz,já tinham comprado três e quatro máquinas, e tinham três e quatro «aprendizes».Três ou quatro empregados trabalhando de graça para os seus clientes,continuando a ser para o mestre todos os lucros.Um deles houve que nos explicou claramente os seus objectivos. É que com trêsou quatro máquinas, para além de ganhar muito mais dinheiro, ele seria sempre ocostureiro mais procurado, porque era o que tinha possibilidades de entregar asencomendas com mais rapidez, era o que poderia lazer um desconto, quandoquisesse, era o que poderia comprar mais peças de pano quando os panoschegavam à cantina, etc, etc.Esse.processo é muito semelhante ao usado na Europa na idade média.O seu estudo permite compreender alguns aspectos de como nasceu umaburguesia detentora dos meios de produção, como nasce uma classe explorada poressa burguesia, como se desenvolve o processo de exploração).

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- Quais, são as principais dificuldades que as populações que vivem na aldeiacomunal ondevive, na região, encontram?- 0 problema principal que seencontra ali é o da fome. A população limpou as suas ma chambas, mas não temsemente para semear nas suas ma chambas. E ao mesmo tempo as crianças faltamà escola por causa da fome. Eles tentam ir no mato arranjar lenha, ir à cidade paravender a lenha, para conseguirem comprar umquilo de farinha. Outro prol ma grande é a nudez, també- Que pensa deve ser feito jára superar esses problemas- Na minha maneira de ver paresolver esse problema, é não deixar as populações li par as machambas sem termentes. As sementes dev sair nas mãos do Estado, e serão cultivadas e salvasfim da colheita..Até na tropa havia discriminaçãiChamo-me Afonso João,sou mecanico, trabalho numa fábrica de Ceramzca, em Quet.imane, na Provínciada Zambézia. Na infância estive numa escola - de Nossa Senhora do Livramento -onde está a funcionar agora o Hospital de Quelimane. Daí fui para a «Missão daSagrada Família». Depois de fazer a 4.a ctasse estive a trabalhar no escritório deum solicitador, em 1957. Depois em 1958 fui outra vez para a Missão onde entãofuncionava uma escola profissional,onde comecei aprender o serviço de mecânico. Em 1959 fui para o Monteiro eGiro.Em 1964, segundo as leis coloniais fui abrangido e tive que cumprir o serviçomilitar. Desde Março de 1964 estive aqui em Boane, e depois estive naCompanhia de Caçadores de Quelimane, daí a Companhia avançou, em 19 65,para a Província de Niassa. Zstive la na altura da Lu ta de Libertação até passar àdisponibilidade. Depois voltei outra vez para Quelimane, para a fábrica deCerâmica, onde trabalho até hoje. Neste momento 7,ém de ser mecânico, souencarregado-geral da fábrica.-Pode falar-nos da vida de ummoçambicano na tropa -colonial?ble m.paarasóimse emcdaí nooNós, onde eu estava, em Valadim, no Niassa, passámos momentos muito difíceis.Porque houve companheiros que desertaram das fileiras do exér, cito colonial paraa FRELIMO, e essa deserçao foi um motivo para sermos ameaçados multas vezes,pelo próprio comandante. Passámos bocados muito complcados. Apesar daprópria lei que dizia que éramos iguais nós não, éramos tratados como iguais.

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Mesmo na tropa colonial a vida de um moçambicano era igual a-quela quesepassava cáfora.Como se processava essa discriminação?O facto de estarem lá, emcontacto diário com a actividade dos guerrilheiros, com as populações que oscontactavam essa própria discriminação de que os soldados moçambicanos eramalvo, actuariam como factores de consciencialização?Mesmo dentro das casernas havia separações. Multas das vezes havia ... Lembro-me do caso de um companheiro meu, com boas notas, não foi promovido a cabosó porque não era branco. Quanto ao facto de poder ganhar consciência política,penso que não. Porque ali nós limítavamo-nos a cumprir aquilo que nosmandavam fazer. O-Passemos ao seu local de trabalho. Pode falar-nos das transformações já aíverificadas, problemas que ainda não tenham conseguido resolver e constituampreocupações dostrabalhadores.- No meu local de trabalho ...No tempo colonial vivemos bocados mesmo horríveis. Tinhamos ali chefes quepor uma pequen-a coisa, ele castigava os trabalhadores, chegava ao ponto dotrabalhador trabalhar quase no fim do mês para en tão o chefe pegar no cartão erasgar. Descontar dias era frequente. O mínimo era três dias, descontavam de trêsa quinze dias. Essa coisa neste momento não se verifica. Eis então atransformação que estamos averificar.Quais são a seu ver os principais problemas do momento,a nível do pais?-Eu acho que os companheirosque falaram aqui atrás já disseram quais eram os problemasAtonso JoSoTEMPO N. 380 -pág. 37resto os planos, isso tudo, nun ca assistíamos. Nós tomávamos consciência dadiscriminação, mas não tomávamos consciência política. Nunca chegávamos amanifestar aquilo que sentíamos, porque quem quisesse manifestar-se eraimediatamen te neutralizado.

principais, e que seriam prioritários, no sector da saúde, no sector do ensino, nosector de transportes. Nesse sector dos transportes também eu queria frisar... Nósno ano passado, na Província da Zamnbézia, de pois de muito se produzir, essesprodutos ficaram estragados por falta de escoamento. Agora temos sim alguns carros que nos vieramapoiar, mas, a questão das estradas também é um problema que devia sersolucionado, porque temos distritos que até neste momento não se pode lá ir porfalta de ligação.- Como pensa que pode ser solucionado o problema?

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- Lá nas reuniões houve um estudo com a Direcção Nacional de Estradas, esegundo os planos deles, eu acho que esse problema está entregue e eles estão a estudar para solucionar.ASSEMBLEIA POPULARRegulamento interno da Assembleia PopularI-PRINCIPIOS missão Permanente e Comissões de Trabalho, bem comoosdireitos, deveres e tarefas dos seus deputados.ARTIGO 1.0A Assembleia Popular é o órgão supremo do poder do Estado DemocráticoPopular na República Popular de Moçambi que. As suas actividades têm por basea vontade do Povo Moçambicano de prosseguir a Revolução DemocráticaPopular/, sob a direcção da FRELIMO.ARTIGO 2.°1 -Os órgãos da Assembleia Popular devem realizar as suas sessões e todas assuas actividades observando os princípios e normas estabelecidas na Constituiçãoda Repú blica Popular de Moçambique.2-A Assembleia Popular deve realizar as suas actividades de acordo com oseguinte princípio:Engajamento total ao serviço do interesse das massas, com' a sua participaçãoactiva e para a vitória da Revolução De mocrática Popular.ARTIGO 3.@O presente Regulamento Interno estabelece as regras de trabalho e funcionamentoda Assembleia Popular, da sua CoTEMPO N. 380 - pág. 38,1i-AS SESSÕES DA ASSEMBLEIA POPULAR ARTIGO 4.1. A Assembleia Popular reúne se ordinariamente duas vezes por ano eextraordinariamente quando a reunião for re querida nos termos do artigo 42.' daConstituição.2. A primeira sessão da Assembleia Popular eleita terá lugar até vinte dias após asua eleição, em data a determinar pelo Presidente da República.ARTIGO 5.01. As sessões da Assembleia Popular são públicas.2. O Presidente da República, ou o membro da Comissão Permanente por eledesignado para presidir à sessão, pode interditar a presença na AssembleiaPopular a pessoas que perturbem o seu funcionamento.3. O Presidente da República poderá determinar que as sessões da AssembleiaPopular decorram sem carácter público devendo, neste caso, os participantesmanterem sigilo rigoroso sobre o que se tiver passado nas sessões.

ARTIGO 6.*Compete ao Presidente da República convocar e presidir às sessões daAssembleia Popular. O Presidente da República pode delegar a direcçãotemporária da sessão da Assembleia Popular num membro da ComissãoPermanente.ARTIGO 7.0

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A Comissão Permanente prepara as sessões da Assembleia Popular. Ela elabora oseu horário e proposta de agenda, baseando-se nas várias propostas formuladaspelos órgãos cori iniciativa das leis.ARTIGO 8.oAs propostas de Lei são da competência dos órgãos defi nidos no artigo 41.' daConstituição.ARTIGO 9.'1 -Nas suas sessões a Assembleia Popular aprova a agenda respectiva com basenas propostas apresentadas pela Co missão Permanente.2-Os pedidos de alteração da agenda no decurso das sessões podem serapresentados pelos órgãos mencionados no artigo 41.' da Constituição.ARTIGO 10.'1 -Nas sessões da Assembleia Popular, os pedidos de intervenção são em regrafeitos por escrito. O Presidente da República poderá aceitar pedidos deintervenção feitos oralmen te.2-Cabe ao Presidente da República encerrar a discussão dum ponto da agendaquando não hajam mais pedidos de in tervenção sobre o mesmo.3-Quando um assunto da agenda estiver profundamente discutido e não restaremdúvidas sobre a proposta apresentada os deputados poderão solicitar oencerramento da discussao. O Presidente da República encerra a discussão emcurso desde que a maioria dos deputados presentes votem a favor do pedido deencerramento.ARTIGO 11.0Após o encerramento da discussão de um ponto da agenda, procede:se à suavotação.III-VOTAÇÃO NA ASSEMBLEIA POPULARARTIGO 12.°1 -A votação dos projectos de leis e Resoluções da Assembleia Popular só podeser realizada estando presentes mais de metade dos seus membros.2- Os projectos de Leis e Resoluções da Assembleia Po pular sãó consideradosaprovados pela Assembleia Popular des de que mais de metade dos membrospresentes votem a seu favor.3-As alterações à Constituição necessitam da aprovação de dois terços dosmembros da Assembleia.ARTIGO 13.'1 -O Presidente da República Popular de Moçambique, ou um membro daComissão Permanente por ele designado, dirige a votação e constata os seusresultados.2-As votações podem realizar-se pelas seguintes formas.a) -Por braços levantados, o que constituirá a formanormal de votar;bi -Por escrutínio secreto.3-Compete ao Presidente da República determinar a forma de votação.IV - PUBLICAÇÃO E ENTRADA EM VIGOR DAS DECISÕES DA ASSEMBLUtA NPULAIARTIGO 14.0

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1 -As Leis e Resoluções aprovadas pela Assembleia Po pular são mandadospublicar pelo Presidente da República Po pular de Moçambique no Boletim daRepública.2 - As Leis entram em vigor quinze dias após a sua apro vação, salvo se aAssembleia Popular fixar outra data.V -COMI$SÃO PERMANENTE DA ASSEMBLEIA POPULARARTIGO 15.*Na sua primeira sessão, a Assembleia Popular elege, de entre os seus deputados,os membros e o secretário da Comis são Permanente da A.sembleia Popular, sobproposta do Comité Central da FRELIMO.AMOIGO l.o1 -,-Compete à Comissão Permanente da Assembleia Popular assumir as funçõesda Assembleia Popular no intervalo entre as sessies deste ktgão.2-. A kCt ~o Ptrmanente da Assembleia Popular exerce as suas activides deacordo com o disposto no artigo 45.° da Consltui daRepública.3-A tomisífiu Per"M nte responde perante a Assembleia PopularpilM ^asKtlvldades e é presidida pelo Presidentea 1 . TEMPO N.' 380 -pág. 39

ARTIGO 17.0A Comissão Permanente da Assembleia Popular deve aplicar rigorosamente aConstituição e os princípios definidos nos arti gos 1.' e 2.0 do presenteRegulamento.ARTIGO 18.01 -As deliberações da Comissão Permanente, no exercício das funções definidasno artigo 45.' da Constituição, tomam a forma de Lei ou de Resolução.2- As Leis da Comissão Permanente da Assembleia Popular têm a mesma força eobrigatoriedade das Leis da Assembleia Popular.3-As Leis da Comissão Permanente da Assembleia Popular devem ser submetidasa ratificação na sessão seguinte da Assembleia Popular.ARTIGO 19.0As Leis e Resoluções aprovadas pela Comissão Permanente da AssembleiaPopular são mandadas publicar pelo Presidente da República no Boletim daRepública.para a discussão de projectos de Lei e de Resolução e controlo da sua aplicação.2-Compete à Assembleia Popular escolher o presidente e o relator das comissõsde trabalho.ARTIGO 25.*As comissões de trabalho da Assembleia Popular devem, para a realização dassuas tarefas, estabelecer relações de estreita cooperação com o povo, os órgãosestatais competen tes e as organizações sociais. Todos os órgãos estatais têm odever de apoiar activamente as comissões de trabalho da Assembleia Popular.ARTIGO 26.*1 -As comissões de trabalho elaboram relatórios sobre os resultados das suasactividades apresentando-os à Assem bleia Popular ou, no intervalo entre as suassessões, à Comissão Permanente.

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2-Quando várias comissões de trabalho da Assembleia Popular tratem de ummesmo assunto, compete à Comissão Permanente coordenar os trabalhos dessasvárias comissões.ARTIGO 20.o ARTIGO 27.0Compete aos órgãos com iniciativa das leis, apresentar à Comissão Permanente daAssembleia Popular propostas de Leis e Resoluções.ARTIGO 21.0Compete à Comissão Permanente da Assembleia Popular preparar as sessões daAssembleia Popular, apoiar as comissões de trabalho e os deputados daAssembleia Popular no cumprimento das suas tarefas, bem como coordenarsempre que necessário, as suas actividades.ARTiGO 22.oCompete à Comissão Permanente da Assembleia Popular apoiar o Presidente daRepública na direcção das sessões da Assembleia Popular e na verificação dosresultados das votações.ARTIGO 23.Compete à Comissão Permanente da Assembleia Popular organizar a cooperaçãoe a troca de experiências entre a Assembleia Popular e as Assembleias ourepresentações congéneres de outros países.VI- COMISSOES DE TRABALHO DA ASSEMBLEIA POPULAR ARTIGO24.01 -Compete à Assembleia Popular criar comissões de trabalho para a realizaçãodas suas tarefas, designadamente TEMPO N.° 380 - pág. 40As comissões de trabalho da Assembleia Popular desen volvem as suasactividades com o objectivo de cumprirem as tarefas que lhes são atribuídas pelaAssembleia Popular, não podendo assumir responsabilidades que de acordo com aConstituição e as Leis, estejam atribuídas a outros órgãos.ARTIGO 28.Compete à Assembleia Popular ou, no intervalo entre as suas sessões, à ComissãoPermanente da Assembleia Popular deliberar sobre a publicação dos resultadosdas actividades das comissões de trabalho.VII -TAREFAS, DIREITOS E DEVERES D OS DEPUTADOS DAASSB4BLEIA POPULARARTIGO 29.*Os deputados da Assembleia Popular são mandatários de todo o povomoçambicano. Os deputados servem o povo e exprimem nas sessões daAssembleia Popular a vontade de todos os moçambicanos unidos e dirigidos pelaFRELIMO. Os deputados mobilizam a população na área da sua residência e doseu local de trabalho para uma participação activa na vida social.ARTI160 31.Constitui direito e dever dos deputdos da Assembleia Popular participaractivamente nos seus trabalhos. Os deputados trabalham com o objectivo deconsolidar a unidade e a inde

pendência nacionais, o progresso social e o poder de Estado, bem como elevar aprodução e produtividade no trabalho e re forçar a capacidade defensiva do país.

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ARTIGO 31.0Os deputados da Assembleia Popular devem realizar as suas tarefas em contactopermanente com o povo. Os deputados participam activamente nas acções ediscussões de massas, divulgam a linha política da FRELIMO e as decisões dosórgãos estatais e mobilizam as massas para o seu cumprimento. Os deputadosapoiam principalmente o trabalho colectivo no interes se do progresso social e damelhoria das condições de vida da população.ARTIGO 32.01 -Os deputados da Assembleia Popular devem estudar as experiências e aplicá-las no sentido de melhorar o trabalho da Assembleia Popular.2-Os deputados da Assembleia Popular devem ainda es tudar os problemas epreocupações do povo, procurando apoiar de imediato a sua resolução e canalizaros problemas principais para os órgãos competentes.ARTIGO 33.°1 -Os deputados da Assembleia Popular têm o direito de apresentar propostas eperguntas aos Ministros ou dirigentes de órgãos estatais. Estes devem examiná-lasrigorosamente e responder ao deputado oralmente ou por escrito no prazo de 30dias.2-Quando o deputado considerar a resposta insuficiente poderá pedir à ComissãoPermanente da Assembleia Popular que mande examinar o assunto de novo.ARTIGO 34.0Os deputados da Assembleia Popular têm o direito de par ticipar e intervir, semdireito a voto, nas discussões durante as sessões das Assembleias Provinciais,Distritais, de Cidade e Localidade.ARTIGO 351 -Os deputados da Assembleia Popular não podem ser de qualquer modoprejudicados por virtude do exercício das suas funções como deputados. Sempreque necessário devem ser dispensados do seu serviço para realizarem asactividades da Assembleia Popular.2-A Comissão Permanente da Assembleia Popular deverá ser devidamenteinformada sobre os problemas que resultem da aplicação do disposto no númeroanterior elaborando regulamentos para a sua resolução.ARTIGO 36.°Os deputados da Assembleia Popular devem manter rigoroso sigilo'e observar osprincípios da vigilância revolucionáríaquanto às informações de carácter confidencial que cheguem ao seu conhecimentopor virtude das funções que exercem.ARTIGO 37.01 -As despesas com o funcionamento da Assembleia Po pular e da sua ComissãoPermanente bem como as destinadas a assegurar aos deputados o exercício dassuas funções serão suportadas pelo Orçamento Geral do Estado.2-Compete aos Ministros de Estado na Presidência e das Finanças regular egarantir a execução do disposto no número anterior.ARTIGO 38.01 -Os deputados da Assembleia Popular respondem pe rante o povo e devemprestar-lhe contas das suas actividades.

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2-Compete à Assembleia Popular deliberar sobre a revo gaçcão dos mandatos dosdeputados caso estes percam a con fiança das massas ou deixem de preencher ascondições fixadas na lei.ARTIGO 39.Os deputados da Assembleia Popular podem renunciar ao seu mandato.ARTIGO 40.1 -Nos casos de revogação do mandato, renúncia ou morte do deputado, seráeleito um novo deputado.2- A Comissão Permanente da Assembleia Popular definirá o processo a seguirnesses casos, cabendo à Assembleia Popular deliberar sobre a aceitação dodeputado eleito.VIII - QUESTõES ORGANIZATIVASARTIGO 41.Deverão ser elaboradas actas das sessões da Assembleia Popular.ARTIGO 42.Compete ao Ministro de Estado na Presidência o cumpri mento das tarefasnecessárias à preparação e realização das sessoes da Assembleia Popular, daComissão Permanente da Assembleia Popular, das actividades das comissões detrabalho e dos deputados da Assembleia Popular. Para o efeito, o Mi nistro deEstado na Presidência deve criar no Ministério de Estado na Presidência ascondições políticas, organizativas, té cnicas e em quadros, a fim de apoiar asactividades da Assembleia Popular e dos seus órgãos.ARTIGO 432O presente regulamento entra imediatamente em vigor.TEMPO N. 380 -pág. 41

Rersetv 7L~As inovações organizacíonais no ensino, a formaçao de professores, otrabalho político e pedagógico, o exemplo encorajador de algumas escolas eoutros temas sobre a Educaçco em1977 numa série de declaraçõesprestadas por Teresa Velnso do Ministério de Educação e Cultura.Teresa Veloso, do Ministério de Educação e Cultura: «1977 foi um ano degrandes esforços»- -----------«No sector da EducaÇãO o ano de 1977 foi um ano de multo esforços por partedos responsáveis e professores das escolas passndo pelos responsáveis distritais,provinciais e a nível nacional. Foi um ano de muito trabalho e pensamos queobtivemos realmente muitos resultados.Neste ano continuou a fuga de professores sobretudo a nível CIo ensinosecundário. Centenas e centenas de professores abandonaram o país noseguimento de um processo que vinha decorreu do desde o Governo de Transição.No entanto verificamos que as es colas não fecharam; pelo contrário, o número dealunos tanto no ensino primário como secundário aumentou e as escolasconsolidaram-se, as suas estruturas, o seu trabalho pedagógico, o seu trabalhopolítico. Tudo isso, nós pode mos concluir, é o resultado da consciência que os

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profesWoros gradualmente vão assumndo do que a Educação na República Popular de Moçambique é uM sector muito importante».NOVAS ESCOLAS PRIMARIAS«As escolas primárias multiplicam-se por todo o país. Em todas as localidades,em todas as Aldeias Comunais surgem escolas pri márias. Desde o Governo deTransição e ao longo de todo o prmero ano de independência #4 populaçõescriaram muitas esc01 que não eram controladas. Port~z4o TEMPO N.° 380 - pã. 4.m 1977 as estruturas da Educa9ä0 preocuparam-se em chegar a asga escolas paraserem conne c$das, controladas e devidamen t# apoiadas. Fizemos um esforçobastante grande nesse sentido em 197b1.INOVAÇOES NO ENSINO PR.-PRIMARIO«Ao uivei do ensino pré-primário, pela primeira vez este ano, foram aplicadosprogramas elaborados por nós em Moçambique de acordo com a idade própriapara esse nível de ensino, dos cinco aos seis anos. Isto é muito importan te porqueno passado a pré-primária era frequentada por crianças 4os cU:co aos quinze anosde idade o que não permitia um bom rendimento. A pré-primária era uma classeobrigatória e assim uncionava como um impedimento para a criança que passava~costantemente a írepetir a pre. N uca chegava a entrar para a escola primária.Este ano, base ando-nos nas condições criadas em 1976, aplicámos o princípio deque a pré-primária não é a primeira classe dq ensino primário. It efectivamenteuma classe que Oeve ser frequentada poi todas as criallçaa daquela idade e paraese fim mobilizámos os pais expli «ad-hes o objectivo da pré. Es ti tralho deexplicação foi reL 1 pelos professores em con=om as estruturas do Par-O programa da pré é já um programa oncle aparecem os concei tos políticos depovo, Aldeia Comunal, vida colectiva, organizaçao e disciplina, conceitos quecontriuem para desenvolver a personaliaade moçambicana e o amor pelo povomoçambicano».ESCOLAS-MODELO«No ensino da pré criámos es colas-modelo em cada província onde o ensino foiaplicado com mais atenção para se poder tirar conclusoes. Sendo a primeira vezque aplicámos um programa ela borado pelo Ministerio de Educação e Cultura,feito por moçambicanos, fizemos muito esforços para ele ser adaptado ao nossomeio, aos nossos objectivos políticos de educação da criança; pa ra isso foipreciso experimentá-lo, ver quais os seus pontos positivos e corrigir os pontosnegati: vos. As escolas-modelo foram os centros dessa experimentação».REFORÇOE DESENVOLVIMENTO DAS ESTRUTURAS«Em 1977 preocupámo-nos em consolidar e desenvolver as estruturas daEducação. Em cada província, pela primeira vez tivemos responsáveis do ensinoda pré-primária, responsáveis provinciais com a tarefa específica de dinamizar eorientar o ensino da pré. Também fizemos um esforço pa-Educação:

UM ANO DE MUITOS

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Con. esta Retrospectiva da Educa çáo iniciamos a publica ção de textos recolhidosjunto aosministérios nos quais cada um deles faz uma análise do que foi o seu trabalhodurante o ano de 1977. Pela sua importância documental e informativa chamamosa atenção dos nossos leitores para esta e as próximas retrospectivas a publicar nospróximos números da «Tempo».ra colocar nos distritos responsáveis ou professores com conhecimento do ensinopré-primário pa ra apoiarem esse ensino mas não nos foi possível cobrir todos osdistritos por falta de quadros, por causa da vastidão de alguns desses distritos edevido à falta de transportes.Portanto não foi possível haver um apoio em todas as escolas mas avançou-se emtodas as províncias Todas elas tiveram professores com uma preparação especialpara o ensino pré-primário. Devido ao seu trabalho verificámos que, em muitoscasos, os pais compre enderam melhor qual o objectivoPor todo o país vão surgindo novas escolas primárias por inicia tiva das própriaspopulações.ESFORCOSdo ensino pré-primário e assim colaboraram com as estruturas na educação dosfilhos incluindo o apoio concreto na produção o que permitiu que nalgumasescolas pela primeira vez houvesse lanche diário para as crianças. Es taexperiência de 77 - apoio dos pais na produção agrícola - vai ser desenvolvida em78. . Em 78 também pensamos j, -'»r em cada distrito um professor comconhecimentos do ensino pré-primário e vamos melhorar a sua qualificação aomesmo tempo que fizemos uma recolha das experiências. Também vamos. melhorar os programas com indicações concretas para os professores, como usar osmateriais didác ticos partindo o mais possível do3 meios locais, como programaras aulas semana a semana, etc. Tudo isso são necessidades que os professoressentiram nas províncias no ano de 77 e em 78 pensamos que conseguiremossuperar algu. mas dessas dificuldades. Este en sino pré-primário é muitoimportante porque é a base de toda a educação. As crianças que fre quentamdevidamente a pré podem mais facilmente frequentar a escola primária e avançarmais rapidamente sem reprovações».UM MILHAO E TREZENTOS MIL ALUNOSNO ENSINO PRIMARIO«No ensino primário o número de alunos aumentou. Já em 1976 era bastanteelevado comparado com a frequência no tempo colonial; em 76 tivemos ummilhão de duzentos mil crianças eite ano de 77 frequentaram as escolas pri m"riasmaa e um m~ * treTeMPO N.° U0 - pie. 4qm

zentos mil. Verificamos portanto que a procura das escolas continua a ser muitogrande. Nalguns casos a frequência é tão grande que, temos de organizar turmascom 50, 60 e até 100 alunos o que do ponto de vista pedagógico não éaconselhável. Mas devido à falta de professores essa é a nossa situação actual. Noentanto isso já um grande avanço em relação ao passado em que as crianças nãopodiam ir à escola. Também no ensino primário reforçámos as estruturas a nível

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provincial. Pela primeira vez em 77 tivemos em cada província um responsávelprovincial do ensino prunario; um professor com a tarefa de dinamizar o ensinoprimário em toda a província, sob orientação do director provincial de educação ecultura».AS ZONAS DE INFLUÉNCIA PEDAGÓGICA«Em 1977 foram criadas em to do o país Zonas de Influência Pe dagógicaformadas por grupos de escolas de uma determinaaa área cujo centro permita avinda a pé das pessoas para encontros pero acos, enconcros para finsessencialmente pedagogicos e políticos. Os professores reúnem regular mente ediscutem a aplicaçao do programa, a preparação das lições e temas politicos.Através dessas Zonas de Influência Pedagogíca os responsáveis distritais eprovinciais conseguiram chegar mais taciimente aos problemas das escolas.Em todo o país foram criadas 905 dessas zonas que funcionam com maior oumenor reguiarcLa de».A ORGANIZAÇAO DAS ESCOLAS E O 8 DE MAa ÇO«Avançámos também na organizaçao das escolas- primárias e secundárias. Agoraestão definidas mais claramente as tarefas das comissões directivas.Um dos nossos objectivos foi organizar as escolas no sentido de os professoresparticiparem junto com os alunos e os trabalhadores das escolas nos váriostrabalhos da escola, planificação, trabalho prodtivo, etc.O 3.- Congresso da FRELIMO definiu concretamente as tarefas TEMPO N° 380 -pág. 44que temos na Educação e logo a seguir, no dia 8 de Março, o Ca maradaPresidente falou a todos os trabalhadores da Educação. As suas orientações, comoa ligação escola-comunidade, escola-produção, contribuiram para a consolidaçãoda consciência de que se deve estudar para servir o povo e não para finsindividuais. Por outro lado as medidas de 8 de Março clarificaram que é o Partido,é o Estado que definem.as tarefas dos quadros sem o que não pode haverplanificação. As medidas de 8 de Março constituiram um marco importante nesteano de 77 e servem de base para 1978».A FORMAÇÃO DE PROFESSORES«Em 1976 tínhamos formado apenas 850 professores primários num curso deseis meses. Em 77 conseguimos formar 1340 num curso de sete meses. Agoraestamos já a ctlar condições para formarmos em 78 1500 professores primáriosnum curso de nove meses. Também em 77 foram formados 65 professoresprimários com o curso do magistério primário. Neste momento estão a ser reciclados - até fins de Janeiro 6000 monitores que são os professores primários emmaior quantidade. Em 1976 tínhamos reciclado apenas 3000. Conseguimos em 77duplicar o número de professores reciclados porque além doscentros permanentes de formação e reciclagem de professores, usámos - emDezembro e próximo Janeiro - centros provisóriosem todas as províncias. Estescentros provisórios são escolas ou internatos que durante as férias estão vazios».O TRABALHO PEDAGóGICO«Um aspecto muito importante de 77 que é preciso realçar é a melhoria dotrabalho pedagógico dos professores e dos seus métodos de trabalho colectivo.Nós verificámos que nas escolas com mais de quatro professores o trabalho é

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preparado em conjunto. Nas escolas com menos professores o trabalhopedagógico é discutido nas Zonas de Influência Pedagógica. Este trabalhocolectivo contribui grandemente para superar o baixo nível pedagógico dos nossos professores.Sobretudo começa a consolidar-se nos professores a'preocupação de preparardevidamente as suas aulas, procurar livros e elevar os seus conhecimentos. Nósnão podemos pensar que vamos elevar o nível dos professores só através decursos. É necessário que cada um se engaje num esforço individual para ensinarcada vez melhor.Da parte das estruturas centrais conseguimos dar algum apoio através de textospolicopiados eedidas de 8 de Março, um marco na história do ensino em MoçamoD que.I- - . -

programas mais detalhados; isto no ensino secundário. Infelizmente no que diz.respeito ao ensino primário não conseguimos dar um grande apoio,principalmente devido a problemas de natureza técnica, impressão de livros,problemas da indústria gráfica, etc. No entanto osnovos livros de leitura do ensinosecundário, de todas as classes, foram distribuidos em 77 e foram usados. Para oensino -primário já estavam impressos um mlo mas não nos foi possível distribuí-los. Evidentemente que terão de ser melhorados e os professores em todas asescolas terão de contribuir para essa melhoria».EXEMPLOS ENCORAJADORES«Vemos multas escolas desenvolverem Iniciativas muito válidas de ligação com aprodução, trabalho esse realizado por alunos e professores, e também a ligaçãocom a comunidade. . o caso aa escola secundaria de Cambine que recebeu oprémio da emulação socialista das Asse"nbleias do 1'ovo. E o caso da esdolaprimária de Ulongwe (Tete) que produ. ziu milho, transformou-o em farinna e.assim todos os dias os alunos tiveram papa de milho. É o caso da escola «A LutaContinua» (Maputo) que apesar de estar numa cidade, produziu hortícolas novalor de 5U contos e começou a criação de galinhas. Él o princípio e devemosrealçar os sucessos alcançados.Também no campo da produção oficial houve orientações da Direcção Nacionalde E'aucação para que as escolas de artes e ofícios produzissem materialdidáctico: reguas, esquadros, modelos de sólidos geometricos e tudo o que énecessário para as caixas geométricas. Algumas. escolas de ram uma grandecontribuição neste campo».O TRABALHO POLÍTICO«O trabalho político nas escolas desenvolveu-se bastante este ano. A ligação comas estruturas do Partido intensificou-se e também a luta contra concepções erradascomo os casamentos pre maturos, ritos de iniciação, lobolo, poligamia, corrupçãono seio dos professores. Fizemos esse combate com o apoio das estru-turas da OMM e iniciámos tam. bém este ano a colaboração com a OJM. Noentanto este combate deve ser intenSificado em 78. Ainda verificamosmuitosproblemas neste campo e a reunião nacional do Ministério de Educação eCul tura permitiu que os responsáveis da Educação tenham agora Ideias mais

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claras sobre a natureza da luta que é necessário travar nas escolas pela formaçãodo Homem Novo».TODOS FORAM A EXAME«Pela primeira vez em 77 se fizeram provas trimestrais em todas as escolasprimárias e secundárias do pais, com regularidade e sob orientação das estruturascentrais.Pela primeira vez todos os alw nos das escolas primárias foram a exame o que nãoacontecia no passado quando os alunos eram, ou não, propostos a exame pelosprofessores. Este ano todos fizeram exame da 1.' à 4.o classe. E fizeram examesem provas impressas distribuídas em todo o pais. Isso permitiu, que cada alunotivesse uma folha de papel com a prova impressa, com os desenhos e os espaçospara poder fazer o exame correctamente. No passado as provas eram policopiadasnas próprias províncias e ha via dificuldade em obtermos as folhas em quantidadesuficiente; muitas vezes os alunos faziam exame através de exercícios copiadosno quadro».NOVOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO«No ensino secundário houve também uma melhoria na avaliação dosconhecimentos em relação ao ano passado. Quais são os critérios que devem serusados na elaboração das provas? É preciso definir claramente os objectivos, usaruma linguagem simples. O aluno deve saber claramente o que é que se pretende.Começou-se a discutir certas questões, conp a avaliação do trabalho produtivo doaluno, avaliação ao nível da consciência política que ainda nãoLevar todos a exame, um objectivo que em 1977 ganhou mais corpo.TEMPO N. 380 - pãg. 46

foi possível aplicar este ano. Mas para o ano vamos avançar com es tes novosaspectos, não só os COnhecimentos académicos.Alguns individuos conseguiram que certo número de alunos não fosse a examemas o nosso objec tivo é dinamizar cada ano o número de reprovações tentantolevar todos a exame».SOLIDARIEDADE CUBANA«É de realçar a ida de 1200 alunos moçambicanos para Cuba, um gesto desolidariedade do povocubano que nós apreciamos muito. Os pais compreenderam e aceitaram aseparação por dois ou três anos. Temos notícias que os nossos alunos estão muitoorga nizados e disciplinados. Valoriza mos muito este acto de solidarie dade dopovo cubano».ENSINO TÉCNICO E COLABORAÇÃO COM OUTROS MINISTÉRIOSUm aspecto que é muito importante, e que é uma prioridade do Ministério deEducação e Cul-Escolas de Artes e Ofícios, um papel importante na economia do pas.TEMPO N.' 380 - pág. 46tura, é o ensino técnico; o que herdãmos estava muito desorganzaao. :ste é umcampo vital pa ra o desenvolvimento económico. Agora estamos a desenvolvervárias acçoes com outros ministe rios. Qual o tipo de trabalho, qual o programa,

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quanto tempo ce iormação? Estas são questoes que pomos para um trabalho quevá ao encontro das necessidades dos outros ministerios.iýara o ano vamos ter cursos inteiramente novos, cursos inaustriais e comerciais,por exemplo, no ramo da construção civil.Também incentivámos a liga çao das escolas corja centros de produçao; porexemplo, a escola zb cLe Junno na Beira, a escola fiiicusLi'ial de Tete, a escolaincustrial de Nampula, ligaram-se a cen tros ae proauçao como os Caminhos deFerro.Do trabalho conjunto com outros ministérios podemos citar por exemplo olançamento da cam panha anti-palúdica nas escolas e o fornecimento de maioresconhecimentos sobre educação sanita ria aos professores».SALÁRIOS DOS PROFESSORES 1ritMARIOS«O Ministério de Educação e Cultura está a tentar rever o salário dos professoresprimários desde 1975. Mas tornou-se claro que era impossível aumentar ossalários dos monitores, que são em maior número, enquanto não houver umdesenvolvimento eco nómico do nosso país. Mesmo quando se trata de umaumeríto de 300 escudos isso passa a ser uma enorme quantia se multipli carmospor doze meses. São cen tenas de milhares de contos. As sim até 1980 aprioridade é para os sectores económicos.Alguns professores abandonam os alunos a meio do ano o que mostra a sua faltade consciência e de responsabilidade mas a mai or parte não faz isso e continuama dedicar-se à educação que é efec ti-yamente o sector central para a formação doHomem Novo.A fuga de pessoas de um lado para o outro atinge todos os mi nistérios mas oMinistério de Edu. caçao e Cultura particularmente. Mas temos boas pessoas,muito bs pessoas com muita consci ência».

ESTATUTOS E PROGRAMA DA OJMO membro da OJM tem por obrigação, segundo os estatutos daquela organizaçãodemocrática de massas, «educar-se e educar os outros jovens de modo que nãopratiquem acções reprováveis e combater resolutamente as ideias erradas, oshábitos negativos e os vícios herdados da velha sociedade em especial otribalismo, o regionalismo e o racismo, o obscurantismo e a superstição, os ritosde iniciação, os casamentos prematuros e o lobolo, o banditismo, a corrupção e aimoralidade, contra o alcoolismo e a droga, os complexos de su perioridade dosrapazes em relação às raparigas, o liberalis-mo e o ultrademocratismo, o individualismo, o elitismo, a embição e o espírito desabe-tudo.»Os mesmos estatutos afirmam que pode ser membro da OJM todo o jovemmoçambicano com a idade compreendida en tre 14 e os 30 anos, sem distinção deraça, sexo, grupo étnico, nível educacional, origem e posição social, estado civil ereligião.Passamos a transcrever esses estatutos no seu texto completo:CAPíTULO 1DEFINIÇÃO, PRINCIPIOS EOBJECTIVOS

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Artigo 1., - A Organização da Juventude Moçambicana 'é a organizaçãodemocrática de massas de todos os jovens patriotas mo çambicanos.. AOrganização da Juventude Moçambicana é guiada na sua acção pela linha Políticada FRELIMO.ARTIGO 2." - A Organização da Juventude Moçambicana é a fiel continuadoradas tradições he róicas da Juventude Revolucionária de Moçambique, em especialdos jovens cumbatentes da FRE LIMO. Ela presta homenagem aos jovens queconsentiram os maiores sacrifícios, incluindo a própria vida, na luta contra o colonialismo português e o imperialismo, contra a discriminação, o di visionismo e asforças reaccioná rias internas.ARTIGO 3., - I- A Organiza. ção da Juventude Moçambicana tem como objectivocentral a edu cação patriótica e socialista dos jovens e dos continuadores ganhando-os assim para os objecti vos políticos e ideológicos da PRELIMO.2 - Na actual fase da Revolu ção Moçambicana, a O.J.M. mobi liza e organiza osjovens e con-tinuadores moçambicanos para que, com as restantes massas tra balhadoras,participem activamente na Reconstrução Nacional, na consolidacão do poderpopular democrático e na edificação das bases materiais e ideológicas daSociedade Socialista.ARTIGO 4.'1 - A Luta da Juven. tude Moçambicana por uma vida melhor é parteintegrante da luta dos jovens de todo o Mundo con tra a exploração, adiscriminação, a injustiça e a humilhação. A Organização da Juventude Moçam.bicana educa os jovens no espí rito do internacionalismo proletário, dasolidariedade e da amizade com os jovens de todo o Mundo.ARTIGO 5." - Podem ser mem bros da O.J.M. todos os jovens moçambicanoscom a idade compreendia entre 14 e os 30 anos, sem distinção de raça, sexo,grupo étnico, nível educacional, ori gem e posição social, estado civil e religiãoque:a) Aceitem e apliquem os Estatutos e Programa da O.J.M.b) Amem a sua Pátria e o seu Povo e lutem pela defesa e amplia ção das suasconquistas e na de fesa da integridade esoberania da República Popular deMoçambique.ARTIGO 6.0 - A adesão dos membros da O.J.M. faz-se numa base individual.a) O jovem interessado faz o pedido de admissão à respectiva organização debase.b) Após a apresentação do interessado à assembleia dos jovens activistas darespectiva organização de base, a sua admissão está aceite.ARTIGO 7.0 - São deveres dos membros da O.J.M.a) Conhecer e aplicar os Estatutos e Programa da O.J.M.b) Participar nas reuniões e nas tarefas promovidas pela sua organização de base.c) Educar-se e educar os outros jovens de modo que não pratiquem acçõesreprováveis e combater resolutamente as ideias erradas, os hábitos negativos e osvícios herdados da velha sociedade em especial o tribalismo, o re gionalismo e oracismo, o obscurantismo e a superstição, os ritos de iniciação, os casamentosprematuros e o lobolo, o banditismo, a corrupção e a imoralidade, contra o

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alcoolismo e a droga, os complexos de superioridade dos rapazes em relação àsraparigas, o liberalismo e o ultrademocratis mo, o individualismo, o elitismo,TEMPO N. 380 - pg. 47

a ambição e o espírito de sabe-tudo.b) Estudar e explicar aos ou tros jovens a política da Repúbli ca Popular deMoçambique e mobilizá-los para aplicarem as orien tações definidas pelo Partidoe pe lo Estado.e) Estar sempre vigilante contra os inimigos da Pátria e parti cipar activamente nadefesa e ampliação das conquistas revolucio nárias do Povo Moçambicano.f) Estudar e trabalhar de uma maneira exemplar, desenvolvendo o espíritocolectivo no trabalho e no estudo.g) Ser honesto, simples e amável com as outras pessoas. Ser sincero e fazer acritica e autocri tica.h) Lutar pela manutenção de relações de camaradagem e de respeito mútuo entreos jovens de ambos os sexos.i) Educar-se e educar os outros jovens no espírito de internacionalismo militante,de solidarieda de e de amizade com os jovens de todo o mundo.j) Engajar novos membros pa ra a O.J.M.k) Pagar regularmente as quo tas da O.J.M.1) Praticar e difundir a prática regular da Educação Física e dos Desportos.ARTIGO 8., - São direitos dos membros da O.J.M.a) Participar em todas as acti vidades da Organização.b) Participar no seio da sua es trutura, na discussão de todas as questões da vidada Organização, e apresentar propostas e críticas construtivas.c) Eleger e ser eleito para os órgãos dirigentes da O.J.M.d) Pedir esclarecimento sobre qualquer questão aos órgãos da O.J.M. a qualquernível.f) Beneficiar de assistência moral e material de que a Organização possa dispor.TEMPO N. 380 - pág. 48ARTIGO 9.0 - Aos membros da Organização que violem o Programa ou osEstatutos, que não cumpram as decisões da Organização abusem as suas funçõesna Organização, ou de qualquer forma prejudiquem o prestígio da Orga. nizaçãoserão aplicadas sanções.CAPITULO IIDOS MÉTODOS DE TRABALHOARTIGO 10.o - A Organização da Juventude Moçambicana é organizada segundoo principio do centralismo democrático. Isto significa que:a) Todos os órgãos da O.J.M. a todos os níveis, são eleitos democraticamente.b) Todos os órgãos da O.J.M. a todos os níveis, devem prestar contas do seutrabalho, periodicamente, à estrutura que os elegeu e às estruturas superiores.c) Os órgãos de escalão inferior subordinam-se às decisões dos órgãos do escalãosuperior. *d) A minoria deve subordinar-se à maioria e defender como suas as decisõestomadas pela maioria.

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ARTIGO 11., - As decisões dos órgãos da O.J.M. a todos os níveis devem sertomadas colectivamente.CAPITULO IIIDOS óRGAOS DA O.J.I.1 - Dos órgãos Centraisdor Nacional ou a pedido de 1/3 dos Conselhos Coordenadores Provinciais.ARTIGO 14.o - As decisões da Conferência Nacional só são válidas quando nelaestejam presentes pelo menos 2/3 dos seus delegados.ARTIGO 15.~É da competên cia da Conferência Nacionafa) Decidir sobre osobjectivos e as tarefas gerais da O.J.M. com base na linha política da FRELIMO.b) Aprovar e modificar o Programa, os Estatutos e outros documentosfundamentais da Orga nização.c) Aprovar o relatório do Conselho Coordenador Nacional cessante (e o seurelatório de contas).d) Eleger os membros do Conselho Coordenador Nacional.ARTIGO 16.o - 1. O Conselho Coordenador Nacional é o órgão máximo daO.J.M. no intervalo entre 2 Conferências Nacionais.2. O Conselho Coordenador Nacional é composto de quarenta elementos.3. O Conselho Coordenador Nacional reúne ordinariamente de 6 em 6 meses eextraordinariamente por iniciativa do Secretariado Nacional ou a pedido de 1/3dos seus membros.ARTIGO 17.o - Compete ao Conselho Nacional:ARTIGO 12.- - A nivel central a) Preparar em todos os seus a O.J.M. tem osseguintes órgãos:" aspectos a realização da Conferência Nacional.1. Conferência Nacional2. Conselho Coordenador Na cional3. Secretariado NacionalARTIGO 13.o - 1.° - A Conferência Nacional é o órgão máximo da O.J.M.2. - A Conferência Nacional reúne-se ordinariamente de 5 em5 anos.3.0 - A Conferência Nacional reúne-se extraordinariamente por iniciativa doConselho Coordena-b) Dirigir as actividades da O. J.M. no intervalo entre as Conferências Nacionais.c) Eleger de entre os seus memr bros o Secretariado Nacional.d) Designar membros para o Conselho Coordenador Nacional a fim de preencheras vagas que só verificarem.e) Aprovar o Regulamento Geral Interno da Organização.

A OJM combate os complexos de superioridade dos rapazes em relação àsraparigaý.ARTIGO 18." - Compete ao Se cretariado Nacional:a) Assumir as funções de direcção da O.J.M. no intervalo das Sessoes doConselho Coordenador Nacional.b) Aplicar as decisões do Con selho Coordenador Nacional.c) Representar a O.J.M. a nível Nacional e Internacional.II - DOS ÓRGÃOS LOCAISARTIGO 19." - A nível da Província funcionam os seguintes ór gãos:

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1. Conferência Provincial2. Conselho Coordenador Provincial3. Secretariado ProvincialARTIGO 20.0 - A nível de Dis trito funcionam os seguintes órgãos:1. Conferência Distrital2. Conselho Coordenador Distrital3. Secretariado DistritalARTIGO 21.° - A nível de Lo. calidade funcionam os seguintes órgãos:1. Conferência de Localidade 2. Secretariado de LocalidadeDÁS ESTRUTURAS DE ORGANIZAÇõES DE BASEARTIGO 22., - A nível dos Cír culos, ou seja dos locais de trabalho e deresidência (Fábricas, Cooperativas, Empresas, Escolas, Repartições, Unidades dasForças de Defesa e Segurança, Interna tos de Jovens, Bairros, CentrosDesportivos e outros locais), funcionam os seguintes órgãos: a) - Assembleia doCírculo c) - Secretariado do Círculoa) Nas escolas onde haja mais de um turno, nos locais de traba lho onde haja maisde uma secção Ou sector e nos locais de residência muito povoados o Círculo serã dividido em células, cada uma com um Secretariado de Célula.ARTIGO 23.0 - O Regulamento Geral Interno, tendo como base as disposiçõesestatutárias concer nentes aos órgãos centrais da O.J.M. pormenorizará asquestões referentes à composição, compe tência e periodicidade das reu nióes dosórgãos locais.DOS ORGAOS DA O.J.M.NAS FORÇAS DE DEFESAE SEGURANÇAARTIGO 24.' - 1. Os órgãos daO.J.M. no seio das Forças de De fesa e Segurança funcionam em estreitacoordenação com o Co missário Político das Forças de Defesa e Segurança. Elesconst.tuem-se e operam na base dos Estatutos e Programa da O.J.M. e das dírectivas doConselho Coordenador Nacional da O.J.M.2. As organizações de base daO.J.M. no seio das Forças de Defesa e Segurança cooperam estrei tamente com asorganizações de base da O.J.M. que lhe são geograficamente vizinhos.DA ORGANIZAÇÃO DOSCONTINUADORESMOÇAMBICANOSARTIGO 25." - A O.J.M. tem aresponsabilidade de organizar as crianças moçambicanas em todos os centroseducacionais e locais de residência criando para isso uma estrutura própria para oen quadramento dos continuadores.CAPITULO IVDOS FUNDOS DA O.J.M.

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ARTIGO 26." - Os fundos da O.J.M. provém das quotizações dos membros, dosdonativos e de rendimentos próprios da Organização.CAPITULO VDOS SIMBOLOS E SEDE DA O.J.M.ARTIGO 27.' - Os símbolos da O.J.M. são:1. A Bandeira da O.J.M.2. O Emblema da O.J.M.3. O Hino da Juventude Moçambicana.ARTIGO 28." - A Sede da O.J. M. é na cidade de Maputo, Capital da RepúblicaPopular de Moçam bique.CAPÍTULO VIDA ALTERAÇÃO DOS ESTATUTOS DA O.J.M.ARTIGO 29., - Qualquer alteração dos Estatutos da O.J.M. é da competência daConferência Nacional da O.J.M.TEMPO N. 380 - pág. 49

PROGRAMA DA OJMINTRODUÇAODurante cinco séculos o Povo moçambicano foi submetido a uma das formas maisbárbaras de exploração e opressão - a dominação colonial. Durante cinco séculosa Juventude e todo o Povo moambicano foram privados dos direitos maiselementares da pessoa humana. Unicamente nos restava o dever e a pena de serviros interesses dos opressores colonialistas e fascistas. O colonialismo português e oImperialismo tinham como objectivo central a exploração desenfreada do nossoPovo e da nossa Terra. Neste contexto tudo fizeram para nos manter no maioratraso e na ignorância mais absurda.Com a criação da FRELIMO, em 25 de Junho de 1962, e o desencadeamento daLuta Armada de Libertação Nacional, em 25 de Setembro de 1964, essa situaçãode dependência colonial começou a transformar-se duma maneira rápida eprofunda. Após 10 anos de luta árdua, o Povo moçambica. no, sob a direcção daFRELIMO, derrotou o colonialismo portu. guês, o Imperialismo, e conquistou aIndependência Política. Com o triunfo da Luta Heróica do Po vo moçambicano,dirigido pela FRELIMO, e com o consequente surgimento da República Popularde Moçambique estão sendo pro gressivamente abertas aos jovens moçambicanostodas as possibili. dades de um desenvolvimento har monioso da sua capacidade eda sua personalidade, para o desabrochar das suas potencialidades e talentos.Numa palavra estão sendo abortas perspectivas dum futuro progressivo, brilhantee fe liz para a Juventude do nosso Pais.Com efeito, o trabalho da Ju ventude e do Povo, na agricultura, na indústria etodos os outros sectores, servem agora, não aos colonialistas e outrosexploradores, mas sim ao próprio Povo. As escolas estão agora abertas paraTEMPO N 380 - pàg. 50todos os jovens e não apenas para uma minoria.

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O exército e a polícia não são já Instrumentos das classes expioradoras. Pelocontrário, eles de. fendem os interesses do Povo e da sua Juventude, defendem asconquistas revolucionárias, de,fendem a sua soberania e Integridade territorialcontra as agressões imperialistas.Por outro lado a Juventude Moçambicana outrora desprezada e humilhada, querpelos exploradores colonialistas quer pelos representantes do poder tradicionaleudal, vê-se hoje acarinhada e apoiada pelo Povo, pelo Partido e Estado, e vêaumentar sem cessar a sua participação em todos os sectores da vida social.TAREFAS DA JUVENTUDEMOÇAMBICANAA Juventude Moçambicana tem a grandiosa tarefa de continuar, ampliar econsolidar o processo revolucionário no nosso País. Aela está atribuída a missão sublime de participar na construção do socialismo emMoçambique. Mas para que a Juventude esteja-à altura das suas responsabilidades históricas, é necessário que esteja unida,organizada e guiada pela ideologia da FRELIMO. Nesse quadro a FRELIMO,Partilo de V4nguarda das classes tràbala~oras moçambicanas, decidiu criar umaorganização de todos os jovens patriotas moçambicanos. Essa Organização é aO.J.M.- ORGANIZAÇÃO DA JUVENTUDE MOÇAMBICANA.OBJECTIVOS DA O.J.M.A Organização da Juventude Moçambicana tem como objecti. vo central aeducação patriótica e socialista dos jovens e continuadores, moçambicanos,ganhando-se assim para os objectivos polticos e ideológicos da FRELIMO efazendo de cada jovem moçam< bicano um cidadão responsável progressista,instruído e são em corpo e em espírito.Na actual fase da revolução mo çambicana, a fase da Democraci Popular, aOrganização da Juven tude Moçambicana que, mobiliz os jovens para queparticipem ac. tivamente na Reconstrução Nacio nal, na consolidação do Poder PoA Conferôncia Nacional e o órgão maxirno da JM Reune-se em cinco anos.

pular Democrático e na edificação das bases materiais e ideológicasda Sociedade Socialista.Neste contexto, a O.J.M. tem asseguintes tarefas:1.° - A Organização da Juven.'tude Moçambicana une, mobiliza e organiza os jovens para aplicaçao correcta doPrograma da FRELIMO.2.0 - A Organização da Juventude Moçambicana luta pelo reforço contínuo daAliança Operá.ria-Camponesa que é o fundamento do Poder. Político no nossoPaís.3.0 - A Organização- da Juven.' tude Moçambicana promove e or. ganiza aeducação político-ideológico dos jovens nas tradições heróicas da lutarevolucionária do Povo moçambicano e dos outros Povos, no exemplo do trabalho

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dedicado dos operários, dos cam. poneses, e de outros trabalhadores devanguarda, no espírito da luta de classe - um dos grandes ideais do SocialismoCientífico.4.° - A Organização da Juventude Moçambicana mobiliza os jovens paraparticiparem de maneira activa e contínua no aumento da produção e daprodutividade, na agricultura, na indústria e noutras frentes da Luta Económica.Neste quadro a Organização da Juventude Moçambicana encoraja os jovens aparticipar na emu lação socialista e a desenvolver formas de trabalho colectivo em.; todos os sectores de actividade.-'- A Organização da Juven. t tude Moçambicana estimula os jovens aaumentarem continuamente os seus conhecimentos cul turais, técnicos ecientíficos co- ç mo forma de adquirirem uma con c cepção correcta dasociedade, da a natureza e assim aumentarem a sua actividade social e combate- srem de forma mais eficaz as ideologias reaccionárias. A Organiza- t Vão daJuventude Moçambicana g atribui uma importância decisiva o à alfabetização eaos cursos de o formação e reciclagem profissio- d nal. dos jovens. d6.o - A Organização da Juventude Moçambicana mobiliza os jo- t vens paraestarem sempre vigilan- p tes contra os inimigos da nossa c Pátria e da nossaRevolução e en- çi Doraja-os a participarem activa- n raente na defesa eampliação das la ýnqustas revolucionárias do Po- tu vo mnoçambicano, assimcomo pa. mra defenderem a soberania e in tegridade territorial da República Popular deMoçambique.7.0 - A Organização da Juventude Moçambicana promove, orga niza e desenvolveo trabalho voluntário dos jovens como forma concreta de aumentar a participa çãoda Juventude no processo revolucionário e como meio de for jar novos quadrospolíticos e té cnicos.8.0 - A Organização da Juven tude Moçambicana reconhece e assume as suasparticulares responsabilidades no enriquecimen to e difusão das formas e práticasculturais da nossa tradição na va. lorização e preservação dos tes temunhos emomentos da nossa história e. no desenvolvimento de formas de expressão comoa literatura escrita, as artes plásticas, a música, a dança e o teatro.9. - A Organização da Juventude Moçambicana em estreita iooperação com asestruturas competentes do Estado, com as estruturas Federativas e Associa. çõesDesportivas, promove, difunle e incentiva a educação física e prática de desportocomo actiidades formativas essenciais na ociedade moçambicana. 10.0c- AOrganização da Juven ude Moçambicana mobiliza e or. an za os jovens paraocuparem s seus tempos livres de maneira lectiva, alegre e salutar, através apromoção de foi'mas adequa as de recreação e convívios. 11.1 - A Organização daJuven'de Moçamlhcana assume uma osição de abertura e amizade fae a todos osjovens patriotas mo. c Imbicanos, sejam eles ou não c iembros da organização.Parale- t mente a Organização da Juven- 1 de Moçambicana educa os seus dembros no respeito para com asoutras pessoas idosas e para com a dignidade da mulher e prepara-os para uma vida familiar segun do os principios morais da socie daderevolucionária ,moçambica na.

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12." - A Organização da Juver, tude Moçambicana mobiliza e organiza os jovenspara um co.ijate .vigoroso contra as ideias erradas, os hábitos negativos e osvícios herdados da velha sociedade, em especial contra o tribalismo, oregionalismo e o racismo, contra o obscurantismo e a superstição, contra os ritosde iniciação, -o lo bolo e os casamentos prematuros contra o banditismo, acorrupção e a imoralidade, contra o alcoolis mo e a droga, contra os comple. xosde superioridade dos rapazes em relação às raparigas, contra o liberalismo e oultrademocratis. mo, contra o individualismo, o elitismo e o espírito de sabe-tudo.13. - A Organização da Juven. tude Moçambicana educa os jovens no espírito dointemaciona lismo militante, de solidariedade e de amizade para com os jovens detodo o Mundo e de apoio à Luta dos Povos oprimidos. Neste con texto, aOrganização da Juventude Moçambicana estabelece e desen. volve relações deamizade com organizações Revolucionárias e pro gressistas da Juventude doMundo inteiro.14.o - A Organização da Juven tude Moçambicana promove e organiza aformaçâo político-ideoló gica dos seus quadros e membros. 15.° - Visando aprossecução os seus objectivos, a-Organização la Juventude Moçambicana sob airecção do Partido, coopera es reitamente com as estruturas do Estado e das outrasorganizações e massas.TEMPO N.' 380 -- pág 51

POUPANÇA: DINHEIRO PRECISA EAntigamente muitos trabalhadores moçambicanos guardavam dinheiro nas can in,,;s. Guardar dinheiro numa cantina erau1a forma de se deixar explorar porque muitl vezes quando o trabalhador ia paralevantar o seu dinheiro o cantineiro obri qjava o a levantar em mercadoria (se nãotodo pelo menos uma parte dele). Guar Jar dinheiro numa cantina também eraforma de ganhar confiança do cantineiro que assim deixava ao trabalhador com#rar credito.Eri uma coisa errada esta. As razõesseo a ignorància dos mecanismos necessários para se guardar dinheiro numbanco.Para o comerciante e para o EstadoColonial era, no entanto, uma vantagem porque o cantineiro tinha sempre dinheiro para comprar géneros e comprando géneros movimentava o dinheiro, isto é,TEMPO N, 380 ~~. pj 52eas notas e as moedas não ficavam paradas no cofre ou nas gavetas. O di nheirodos lucros ia para um dos bancos. Assim o Estado Colonial não tinha problemasde não ver o dinheiro a cir cular ou seja não saber onde é que andavam as moedase as notas.Com este hábito de guardar dinheiro nas cantinas muitos trabalhadores perderamde vez as suas economias quando foi do 7 de Setembro, pois muitas cantinasforam arrombadas pela fúria popular enquanto que, simultaneamente, muitoscantineiros fugiam com todo o dinheiro que tinham - deles e alheio. No entanto,aqueles cujo dinheiro estava guardado no banco não perderam as suas economias.

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Ficou famosa a tentativa de arrombar o cofre da delegação do BCCI noXipamanine. A multidão foi lá com ma chados, serras, e alguns operários leva.DEPOISTAR

ram uma soldadura de oxigénio e tenta ram cortar o cofre com a chama. Todasessas tentativas foram inúteis porque o cofre do Banco em causa era muito seguro. E mesmo que tivesse sido roubado aqueles que tinham depositado lá sempre haveriam de obtêlo porque a partir do momento em que fazemos um depó sitoo banco passa, para todos os efeitos, a ser o responsável pelas nossas poupanças enão podemos sofrer as con sequências das desgraças que lhe acon tecem sejamelas roubo, incêndio ou des vio interno.DINHEIRO NO COLCHÃO NÃO ESTÁ SEGUROParalelamente com o hábito de guar dar dinheiro nas cantinas outros trabalhadores guardavam dinheiro dentro doEGUROcolchão, debaixo de um buraco cavado no soalho, num barrote lá de cima ao pédo telhado, etc. Que sucedia? Vinha um ladrão e roubava-o. Vinha um incên dioe devorava o dinheiro. Sempre que havia um grande incêndio nos subúrbios eranecessário agarrar alguém que ten tava, a todo o custo, desafiar as chamas para irbuscar dinheiro lá dentro guar dado onde de modo nenhum poderia ser tirado coma casa a arder. Quando não era o roubo ou o incêndio a devorar as poupançasmuitas vezes eram os ratos que roíam as notas de cinquenta, cem, quinhentos emil - por vezes até desa parecerem por completo.Dinheiro de pobre custa o suor do corpo. Dinheiro de pobre merece estar em lugarbem guardado. Mas os trabalhado res não sabiam onde guardá-loPLANIFICAR OS GASTOSOutra das razões que fazia e faz mui ta gente guardar dinheiro em casa é não sabernunca quanto dinheiro vai gastar ao longo da semana. E também sabe que osbancos não estão a toda a hora abertos. Daí que, como a qualquer altura vai precisar de dinheiro porque não estão osgastos planificados, a pessoa prefere tê lo em casa. Mas é um mau hábito, umhábito de esbanjamento.Para facilitar a vida dos depositantes os bancos para além dos dias de semana emque abrem de manhã passaram a abrir sexta feira das 18 (seis da noite) às 20 (oitohoras da noite). Assim, quem quer dinheiro para gastar no fim de semana pode irlá buscá-lo.O NOSSO BANCO'Os trabalhadores agora já têm os seus bancos.Esses bancos foram criãdos para ser vir o nosso pais. Mas um banco precisa de terdinheiro. Esse dinheiro para além daquele que é capital do banco vai bus cá lo aodinheiro dos depositantes. Ai guém poderá dizer que se é assim um dia destes voulá para tirar o meu dinheiro e eles dizem que não posso. E impossivel.is. to. ýuncaacontece. O nosso dinheiro quando está no banco não só está sem pre ao nosso

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dispor como também está seguro. O banco só não nos dá o nosso dinheiro quandovamos lá a levantá lo enquanto dissemos que o tínhamos depo sitado a prazo.Depósito a prazo é aquele que a gente faz e diz ao banco que este dinheiro só voupassar a levantá lo depois de seis meses ou depois de um ano. Se formos antes deseis meses ou antes de um ano para levantá lo o banco diz que não por que vocêdisse que só viria buscá lo de pois deste prazo. Ora para levantá lo sempreprecisamos de fazer o chamado de pósito à ordem- Quando o depósito é à ordemem qualquer altura podemos le vantar esse dinheiro.Os nossos bancos precisam que todos os trabalhadores depositem neles e dei xemde p6lo em casa a falta de trocos também é provocada pelo dinheiro que está emcasa. Tudo é seguro em casa menos dinheiro. E nós que o ganhámos é quesabemos quanto nos custa a ga nhálo. É duro. Precisa estar seguro.Guardar dinheiro chamase poupança. Não precisa ser muito.Mais vale guardar cinquenta escudos do que não guardar nada. ' preciso pen sarque na nossa vida sempre acontecem coisas imprevistas - mortes, doença, etc. enecessitamos estar prevenidos.Por isso é necessário fazer poupança e deixar de guardar dinheiro nas canti nas enos colchões.eTEMPO N.° 380 - pâg. 53

(IFACTOS E CRITICAUma aragem fresca e alegre percorre o nosso país, de Norte a Sul, desde a alturado fim do ano. Foi um fim de ano de festa e grande confraternização popularaquele que tivemos há poucos dias. Foi um fim de ano que calou uma cer taquantidade de «refilões» que refiiavam: «nao há festa nesta revolução»; «a gentenão pode dançar, só pode assistir às danças dos grupos culturais»; «esta revoluçãoesta a /wlr triste e séria deniais sem lesta». Agora, porém soprou este vento, quepromete nao parar, e que ao fim e ao ca l)o nao trouxe nada de novo apenasoficializou, apenas confir mou, apenas demonstrou.Lembramo-nos de uma visita que fizemos à Aldeia Comunal Pa lrice Lumumba,localizada perto da cidade de Xai Xai num sábado a, tarde. Isto foi em Agosto doano passado. Um grupo de camponeseS em volta de um gira dis (os dançava, batiapalmas, divertia-se, descansava do trabalho se lilanal, enquanto uns tantos, talvezcansados da dança, conversavanl sentados em esteiras e nuns t roncos de árvoresarrancadas pa ra datem lugar à construção de habitações. Nessa altura, como emtantas outras a que temos assistido no nosso pais e nas diversas províncias,comprovámos essa alegria que está na dança, que es ta nos momentos exterioresao trabalho dos camponeses, dos operários, do povo moçambicano. Nas cidadesera pior. Parece que havia uma onda de «não mostres alegria para parecer maisdisciplinado», de «cantar e mostrar alegria só nas reuniões»; de «esconde-escondenas salas escuras nzas flats do prédio - não vá alTEMPO N., 380 - pág. 54gum colega de trabalho ver». Ao fim e ao cabo, isto correspondia a uma acçãoque mostra bem uma certa mentalidade pequeno-burguesa - a burguesia gosta dese esconder para realizar os seus festins carregados de comida açambarcada, ou

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comprada aos preços da especulação dos seus negócios escuros. Agora, há dias,fomos assistir a um convívio organizado pelo Ios-pital Central de Maputo em ho menagem aos seus trabalhadores cooperantes.Havia comida, e enquanto se comia estava um conjunto musical, o «PoderPopular», dando som. Comia-se, mas havia ritmo nos corpos. Depois do pequenoespectáculo cultural o Ministro da Saúde dançou - tomou a iniciativa. Ninguémficou parado para apreciar, e tudo dançou.A alegria saiu fora do risco e da conversa profissional. "Os cooperantes trouxeram, para completar, a sua cultura ~ um grupo de cubanostomou conta dos microfones e do som, e cantou. Foi confraternização, com marcainternacionalista esta que acabou sendo oferecida aos cooperantes da saúde emMaputo- «nossos aliados de classe» como foi definido na abertura desta festa.Esta festa foi uma. O baile, a dança, que se começava a especular pelos cantosescuros de que não tinha nada com revolução,i. EC 4r Æ ." IIacaba de emprestar a esta un aragem fresca. Aliás, a coisa nã é nova. O que eranovo era hav< espectáculo com pessoas dança do no palco, e público contorce:do-se com ritmo nas cadeiras. A alegria esteve sempre com povo. Mesmo durantea opressã Mesmo durante a Luta Armadi Nessas horas livres em que as a masdescansavam e recuperavaidança o povo

forças dos alvos a libertar, havia festa, eram também confraternização, e era ummomento de ten são de guerra de libertação, de Independência ou Morte. Porqueesta coisa da festa é ao fim e ao cabo uma coisa do povo, uma questão de classe.Não foram os camponeses que pararam de dançar nos fins-de-semana. Não fo ramos operários que deixaram t dançar - alguém de ideias opos--Uísque! Há uísque em Maputo! A notícia caiu como uma bomba nos escritóriosdaquela boite. O chefe de compras, o segundo escriturário, o ter ceiro escriturário,até o encarregado de limpezas, ficaram boquiabertos. Os olhos lançaram umintenso brilho.O chefe de compras recompôs-se:-Não me diga ó Manelito! O segundo escriturário acrescentou:-Não me lixes Nelito! O terceiro escriturário fechou as ex clamações:- Não nos emperres o negócio, ó lito! Manuelito, Nelito, Lito, encheu o peito dear, rodou o pescoço. E, olhando para o chefe de compras, lançando os olhos so breo segundo escriturário, fixando com os olhos o terceiro escriturário, reforçou aafirmaçãobomba:-Seja o maior cão! Morra aqui ceguinho! O certo é que Maputo está agitado.O chefe de vendas lançou, desesperado:-Mataram-nos o negocio... O segundo escriturário acrescentou, de sesperadíssimo:-... da venda ..-O terceiro escriturário interceptou a frase, super desesperado:-... do uísque.Fez-se silêncio. Silêncio absoluto.

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Repentinamente, o silêncio foi interrom pido pelo chefe de vendas que, pesadamente, abandonava a sua mesa de traba lho. Entrou e cruzou uns tantos corredores indo abrir, violentamente, uma portatas ao da sua classe boatou, fez correr por ai palavras que chega ram a todas asnossas cidades: que dança sim, mas em espectáculo.Afinal, não era nada como os refilões nervosos andavam para ai a dizer. Osdançarinos pararam de dançar no palco. Dança o po vo.Alves Gomesque tinha a inscrição: «Gerente».A transpirar, apesar do ar condicionado que fazia carícias doces, quis dizer algo,mas o gerente adiantou:-Que maneiras são essas ó Francisco'?Francisco - o chefe da secção de vern das - afivelou um sorriso de moribunnJo.Passou o colarinho pela gravata est7ilo-boite e rematou:- Há uísque senhor gerente! Uíyýque! Dizem que Maputo está navegandri nastoneladas de uísque que chegaram .Tremeu o corpo do Gerente. Treneram os dedos do gerente. Caiu a cifýarrilha«Agio» que estava entre os dedos do ge rente. Ficou de boca aberta, demasiadamente aberta. Os olhos ganharam uma forma estranha.Estavam exageradamente af'ertos. Bal buciou:ó Francisco, não me dicja queE isso senhor Josefe.-.. não teremos mais ..- verdade senhor.-... negócio de uísque,.-Certamente senhor gerente.Explodiu de raiva o senhor gerente. Saltou da cadeira o senhor Josefe. Raivosamente, com a caraà bochechona a pin gar suor, apesar do war condicionado,de lirõu:-Não venderemo,s mais, a dois contos, o uísque que tem<,s nos armazéns!-Parece-me assim - Evidentemente ...-Quer dizet que mataram, assassina-Esta bicha é para quê, camarada?-Uisque!ram, destruí ram a nossa rede de negócio?-Fora d,e dúvidas;..- Maldilto seja esse uísque - gritou, hestericarAente, o senhor Josefe, gerente daboite «Vailá».-Calpna senhor gerente. Quando essa água qi eimante que anda por aí acabar,então r campo será nosso. Voltaremos a dominjr o mercado submarino do uísque.11--Senhor Tavares, está ao telefone o serilhor Sau Dade.êfa! Ressoou na sala, o desabafo can sido e irritado do senhor Tavares. E,s,imultaneamente, correu os olhos sobre as pernasespectáculo da sua secretária.Ficou agarrado, por momentos, à imagem tativante. A voz veluda da

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secretária'que anunciava pela segunda vez a chamada - despertou o damaravilhosa com templação. A passos largos, dirigiu-se ao telefone:--Alô! Sau Dade. Como vai isso? Esse Natal?-Não me arranjas umas.. - era o senhor Dade.-Ah! E por causa do uísque. Não te preocupes...- Obrigado ó Tavares. Os amigos reco nhecem se nos momentos difíceis.Olha, tenho pressa, pá. Até mais logoI - Puxa. Esses tipos são uns tubarões- soltou, cansado e furioso, *o senhor Tavares, enquanto devoivia o auscultadorno seu devido lugar.Não se passaram mais que vinte se gundos. O telefone - mais uma vez fez-seouvir. A secretária, depois de aten der, anunciou com um sorriso cúmplice:-É a Bebé!Alargou-se a cara do senhor Tavares. Desenrugou-se a cara do senhor Tavares.Surgiu o sorriso de apaixonado na cara do senhor Tavares. Suavemente, com oauscultador no ouvido, com o bocal na bo ca, sussurrou:-Bebé?Ela:- Sim...-Donde é que estás a falar?-Do serviço...TEMPO N. 380 -pág. 55

-Que se passa?- Nada de especial ...-piz então ...--E, que ...-E que o quê?-E que preciso de umas garrofas de...-Uísque! - Soltou, convencido que tinha advinhado o desejo dela.-Não. Garrafas de Javel.-Ah! - exclamou penalizado por se ter enganado.No entanto, remendou:--Se precisares de algumas garr afas de uísque eu arranjote.-Está bem. Mas não te esqueças tias garrafas de Javel.-O.K.Desligou, depois de ter dito «o metJ coração está no teu. «Ainda ouviu, do outrolado do telefone, o riso salff tante da Bebé» Ah Bebé - suspirou no pensamento.Mas, mais uma vez o telefone fez o habitual ring- ring.Desapareceu o sorriso de apaixonado do Senhor Tavares. Enrugou-se a cara dosenhor Tavares. Encolheuse a cara do Senhor Tavares. Fez-se áspero:- Quem fala?-E o camarada Tavares da Silva e Meio do Monte Blanco, gerente do super edirector da fábrica?...A aspereza cresc'eu:-Sim. Diga o que quer.

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-Fala o Francisco Dada - chefe da secção do expediente da repartição - o rnuDirector manda lhe cumprimentos.-Sim. Sim. Diga, diga-a aspereza dimin iu, ligeiramente.- que eu precisava dumas garrafas de uísque e...- Tá bem, tá bem. Apareça cá, amanhã, às 10 horas - e acrescentou, secamente: emande cumprimentos meus ao Director.Desligou, brutamente, e virou se para a secretária:-Quantas pessoas telefonaram hoje a pedir uísque?-Ora, só um momentinho senhor Ta vares. Deixe me contar. O senhor Cunha, osenhor Sebastião, o camarada Jossias, o senhor Gama ... Vinte e seis pessoas aotodo, senhor Tavares.-Seja. Então, diga às pessoas que telefonarem, que não estou cá. EntretanTEMPO- N.° 380 - pág. 56to, eu vou ver como anda o movimento lá em baixo ...IIIO carro travou, abruptamente, fazendo chiar as rodas.Seu estúpido. Seu malandro. Seu filho da mãe - lançou, o condutor do mesmo aopeão que já se encontrava longe por causa da sua corrida desenfreada. O condutorainda ficou a meditar: «Estes 'peões. Esses peões. Qualquer dia põeme a vidanegra». Passou os olhos em redor. Surpreendentemente, não viu ninguém alançarlhe olhares de curiosidade. Ninguém mesmo. Só viu gente a cor rer. Acorrer para uma bicha que crescia, insistentemente, naquele supermercado a200 metros. A curiosidade foi mais forte que a ocupação que tinha. Subiu os vidros do carro e decidiu satisfazer o bicho da observação que lhe nascera comaquela correria. «Talvez seja o bacalhau que disseram que havia de chegar» - pensou esperançado. «Ah. Que bom seria. Com este fim do ano ... » desabafoutentando esquecer a cena passada minutos antes.-Esta bicha é para quê camarada?perguntou, chegado ao local.- Uísque.- Uísque? Donde vem?-Não sei.Passou os olhos sobre a bicha. Mais uma vez, ficou surpreendido. Via-se, nabicha, muita gente de balalaica, gente de fato, com gravata e tudo. Muita gente fi-«Mais Lima garrafa, se faz favor»

na, portanto. Gente diferente das outras bichas. Notou pessoas saindo do supercarregando em cada mão uma garrafa de uísque. De longe, leu o rótulo, no seuinglês mal sabido: «Gleenwood. Donde vi rá? - repetiu, mentalmente, a perguntaque tinha feito momentos antes. Escutou uma conversa que se desenrolava nascostas dele:-E pá. ó Antoninho. Tu não traba lhas hoje?- Pedi ao chefe para sair. Disse-lhe que ia até ao hospital porque estava doente.-No entanto, estás aqui ...-Que remédio pá? Se não faço isso não compraria o uísque.-Está caro, hem? A 500 paus... Fogo!*.. - observou o outro ao chamado An 'oninflo.

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-Que queres, pá. Mas em todo o caso está mais barato do que ali no Manel.-No Manel? O Manel tem uísque, afi nal?..-Não sabias? O gajo já vem vendendo essa água queimante há uns meses.- Onde o tipo arranjará isso?-Não queiras saber. A curiosidade matou o gato.Calaram-se. Cada um ficou entregue aos seus pensamentos.De repente, o condutor do carro viu quea bicha se quebrava pelo meio. Viu al guns componentes da mesma a correremem direcção a uma esquina próxima. Ainda ouviu o grito aviso:-Há uísque naquela mercearia da esquina!O grito-aviso sensibilizou-o. Participouna corrida. Aquilo fez lhe recordar algo. Parecia no tempo em que andava na terceira classe. Quando roubavam mangas e depois eram perseguidos peloproprietário das mangueiras. Era divertido aquilo! Ofe gante, chegou ao sítio.Colocou se na bicha.Passados minutos reparou que a bicha an.. dava para trás. Esticou o pescoço a vere que se passava lá à frente. Um senhor gordo, terrivelmente gordo, com a camisatoda empapada de suor, metia na bicha, despreocupadamente quatro crianças.O condutor do carro indignou-se. Quis reclamar. Mas, olhando para a frente eolhando para trás, viu que os outros mantinham se impassíveis. Como nada esivesse acontecendo. A reclamação morreu lhe na garganta.- Há uísque na loja daquela esquina!- gritaram, sabe-se lá de onde.Novamente, a bicha dividiuse no meio. Novamente, as correrias. Novamente a nova bicha na loja da outra esquina.i ~ I$ « stonaladas deu ;que» que chegaran, a Maputo.Co "rerias para abict Ia, faltas e fugas ao . serviço, conversas de c, até sobrea qua lidade do uísque i preen, cheram, em aiguns s rectores, oquotidi iano da quadro festiva.O dono da loja dessa esquin la, olhava,de olhos abertos de admiraçã'o aquela linha de gente. Notou algo de especial.Não era gente do Xipamanine; não era gente do Chamanculo; não era gt nte deMafalala. Ainda de olhos abertos, desta vez, também, com a boca, ouviu di 'er doprimeiro da bicha:-Quero duas garrafas de uísque.-Uísque?! - perguntou admirado.--Sim, uísque. Disseram nos que h iviauísque aqui nesta loja - explicou o .ri meiro da bicha.-Não, não. Aqui não tenho uísque nt nhum.-Então ... - retorquiu, já sem espe ranças e olhando para os outros o pri meiro dabicha.

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Espanto! Como foi possível?Novamente, a correria, depois de aí guns minutos de atrapalhação. Novamen te naloja da esquina donde tinham saído. Só que, nesta Inja, já não havia uísque.Novamente, outra correria. Correria para o super. Novamente na bicha do su per.O condutor do carro que estava para atropelar um peão, ofegantíssimo, maldi zia-se: Porque é que fui meter me nisto? Porque é que não segui o meu caminho?ANTÓNIO -MATONSETEMPO N. 380 - pàg. 57

1.0) Festival Nacional de JogosPOvoUm Festival novo, cheio de alegria e emoção, no qual as crianças, muito avontade, apresentaram os seus números, enquanto eram entusiasticamenteaplaudidas por cerca de 10 mil, pessoas que no dia 7 de Janeiro foram assistir àabertura do 1.0 Festival Nacional de Jogos Escolares, que teve lugar no Estádio daMachava, no Maputo.À esta importante realização, destaque-se a presença do Presidente SamoraMachel, que levou àqueles jovensTEMPO N. 380 - pg. 58um grande estímulo e encoraiamento, para que continuem empenhados notrabalho de elevar o desporto ao nível das massas populares.Foi uma festa diferente, na qual participaram filhos de operários, camponeses, etrabalhadores da função pública, sem distinção de raça, cor, ou religião. No textoque se segue, encontraremos alguns pormenores sobre o que foi a aberturadaquele Festival.FÁ

Cobertura de Narciso Castanheira* IFotos de Naita Ussene e Armindo AfonsoTEMPO N.° 380 - pág. 59

ca a nivel dos outros sectores, permitindo assim criar as condições para o reforçoda nossa Unidade Nacional, tor nando o Povo mais apto a desempenhar as tarefasdo Partido e do Go verno, principalmente nadefesa intransigente da nossa pátria contra as agressões contínuas doimperialismo». Seguidamente, usou da palavra o Ministro da Educação e CulturaGraça Machel, que fazendo a apresentação dos partícipantes àquele Festival,referiu que neles estava representado o homem novo que, «sob a orientação daFRELIMO, sob o apoio incondicio nal das massas populares, e o nosso jovem, emparticular, está pronto a implementar as decisões do Partido em colabora ção comas estruturas do Ministério de Educação e Cultura, de modo a enraizar no nossopaís grandes experiências so bre o que é preparar o homem, o homem novo,aquele que física, mental, científica, política e ideologicamente é o pi lar daconstrução do socialismo no nosso país».Após esta intervenção, e tendo destacado a importância da presença de SamoraMachel no acto da abertura do Festival, o Ministro da Edw

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** nos movimento, oscilando o corpo ora para a esquerda, ora para a direita, epara frente. Ipresentaram, os participantes ao Festival, um dos números deginástica recreativa.caçao e Cultura solicitou ao Presidente Saniora Machel para que dirigisse algumaspalavras aos participantes, em particular, e aos presentes em geral.Samora Machel, começou por afirmar que o conteúdo político da realizaçãodaquele Festival, tinha já sido referido pelo Ministro da Educação e Cultura, e quese devia dar muita importância a o s participantes n o mesmo pois, pela primeiravez, vieram ao Maputo representar as restantes províncias do país. Ao referir-se àcidade do Maputó, o Presidente Samora Machel fez uma breve análise ao que estacidade representou no regime colonial, tendo feito, a dado passo, as seguintesobservaçoes: «tx-L o u r e n ç o Marques, antigo centro da reacção, antigo cen trode preparação da ex ploração, antigo centro dos preparativos para a humilhação edíscrimi nação do homem; antigo centro de banditismo; antigo centro do racismo,da divisão; antigo centro de preparação para criar os complexos de superioridadee de inferioridade no homem; centro onde preparavam e organizavam oanalfabetismo, a ignorância e a miséria, que se enrai zaram em todo o país».Terminando a sua íntervenção, o Presidente Samora Machel declarou aberto o 1."Festival Nacional de Jogos Esco lares.O FESTIVALAntes de -se avançar com o restante prograína daquele Festival de abertura, doiscontinuadores foram oferecer ao Presidente SQmora Maelze! e esposa, duascoroas de flores, er Izonrra da sua Tresença naquieIe importante e n e o n t r oEste gesto foz (1< o:. ;TFPO N.' 380 6

A presença do Presidente Samora marcou a grande importância daquele Festival.«É uma grande alegria para todos nós, vermos jovens de Cabo Delgado, Niassa,Nampula, Zambézia, Tete Manica, Sofala, Inhambane, Gaza. e Maputo. Istosignifica que a vitória está ganha, só necessita de ser enraizada» - disse SamoraMachel, a dado passo da sua intervenção.nhado pelos presentes que se voltaram todos para a tribuna de honra onde seencontrava o Presidente da FRELIMO e outros dirigentes do Partido e doGoverno.Depois um grupo de três estudantes apresentou-se diante da tribuna anunciando oinício do percurso desde aquele ponto até ao local onde está situada a pira, ondeforam acender a chama. Deram a volta ao campo de futebol, sobre a pista deatletismo, e subiram ao ponto alto onde está a referida pira. A chama foi acesa.Em principio um pouco fraca para depois se fazer em brasas altas.O inovimento começou: os grupos deixaram o campo de futebol eloram-secolocar na pista de eclismo, para depois retomarei Os setus lugares, novamente norelvado. coniforme a vez de cada grupo apresentar OS seus nuúmeros.Nessa altura, a Banda lilítar deixou de tocar os tambores, trompetes e saxofones,para dar luTEMPO N.' 380 -pág- 62

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gar à música de fundo OS t anteriormente gravada, e T, que serviu de maestropara o movimento no Acampo. çãoAs crianças começa- násti ram por apresentar exer que cícios ora de braços, ora tau de pernas, e mesmo mo- siasr vimentando o corpo in teiro, oscilando para umlado e para o outro; desfizeram as filas e forma- 4 ram, rodas, que giravam emsentidos opostos, etc. Os movimentos e r a m complicados, mas os continuadoresdemonstraram ali a sua capacidade d e organização, corrigindo as falhas que iamaparecendo sempre que as notassem, pois a sequência dos exercícios era muita.Enquanto um grupo fazia isto outros estavam já prontos para entrar e apresentaros seus números, ora simultaneamente, ora uns de cada vez. E é isso que estavar adar o espectáculo que todos aplaudiam entusiasticamente. enquanto que osparticipantes se mostravam num à vontade ao fazerem os seus movimentos.PEQUENOS GINASfase de apresentade números de gica aplicada, foi a mais deu àquela lesn ambientede enturio. Fazendo pinos,saltos mortais e as crianças mos! sua destreza no mentos. Os mais em idade, eraaplaudidos pela ( cia dada a fa com que faziar quer um daquele ou pinos. E pcmais acentuação habilidade aque quenos ginastas no fim da sua a( davam mais voque o normal a( tarem os saltos. chegaram até a i sar o limite dos demonstrandoque, embora o ofereça melhorei ções de seguranpoderão praticar exercícios em lugar, o que b a implementaçãc la modalidade n aszonas do pz não existam ainc' ções materiais sua prática.Ao mesmo ter, decorriam os ei de ginástica da, outros grup, caram-se nos quc

Passavam alguns mi nutos das 15 horas do dia 7 de Janeiro, quando deu entradano recinto de jogos do Estádio da Machava a Banda Militar que, executandovárias músicas do seu reportório, acompanhou o inicio e outras fases darcatzzaçao aa aoertura ojzczal do 1., Festival Nacional de Jogos Escolares.Momentos antes, tinha chegado àquele Estádio o Presidente da FRELIMO e daRepública Popular de Moçambique, Samora Machel, que com a sua presençatrouxe «um grande estímulo, um grande encorajamento para todos estes jo vensque saberão e luta rao por saber valorizar esta grande lição que o dirigentemáximo da Revolução Moçambicana nos dá, sendo o primei ro em todos osaspec tos» - conforme diria miiUs tarde Graça MaC«el, Ministro da Educa çao eCultura.Após a Banda Militar se ter colocado num can-Uma das delebações provinciais desfilando na abertura do Festival. Todas elasestavam identificadas com uma placa como a que se vê na foto.to, sobre a pista do atletismo, lá do outro lado começou a aparecer um grupo decrianças em Jormaiura, e que aos poucos estavam a sair do túnel que dá acesso aocampo a partir dos balneários. Começou o desfile. Eram cerca de 1700 estudantes,mais al-guns grupos em representação dos Conselhos de Produção, OMM, OJM, e aindauma companhia das Forças de Defesa e Segurança. Os alunos que encabeçavam o

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desfile, eram os 1200 estudantes que representaram as zonas de influênciapedagógica do Mapu-ii ' r ~~''Urn grupo em representação da OJM também desfilou naquele dia, num gesto deapoio ao Festival.TEMPO N.' 380 -pág. 60to. Tanto estes, como as crianças que em grupos, de 45 representavam as 10províncias do país, e que vinham a seguir, estavam vestidos com ja-1 tos dedesportistas, de cores diversas, dando, logo no princípio um tom colorido àqueleambiente.Os jovens marchavam ao som dos tambores da Banda e quando passavam emfrente à tribuna de honra colocavam-se em posição de saudação não deixando demanter a cadência, o que foi aplaudido pelos presentes. As delegações dasprovíncias estavam identificadas através de placa onde vinha o nome de cada umadelas e que foram transportadas pelas crianças mais pequeninas.Aquela linha colorida (o desfile) deu quase uma volta ao Estádio, indo-se colocarno interior do campo de fute' bol, sobre a relva, formando pequenos rectângulosque, de cima pare ciam canteiros de flores, já que o verde da relv dava o aspectode um jardim.Terminado o desfile, e já com todos os partici-1VJE 5P994YJA5SA~1

tos do retângulo jogan- nos parecidos com o, ba- mente por varios grupos. do àsestafetas. lé, nos quais os continua- Enquanto isso, a comOutros números sese- dores movim e n t ar a m panhia das Forças de guiram depois da ginás- paus epanos coloridos. Defesa e Segurança, entica aplicada, salientan- Houve tambémjogos de trava no v a m e n t e no do-se a apresentação de basquetebol e futebol,campo, para pouco deexercícios mais ou me- foram feitos simultanea- pois, ejuntamente com-ia à' 7 WA,os participantes, tomar as suas posições para a fase final daquele encontro, ondefoi entoado o Hino Nacional.Antes porém deu-se um outro espectáculo: primeiro foram largados pombos quesobrevoan do o Estádio desapareceram no ar; depois foram largados balões,fazendo com que houvesse um fInovinuízto descont rolado de crianças que saltaram das bancadas para correrem na tentativa de pegar os bales. E mes. Mo oscontinuadores que Participaramaz no Festival, n à o resistindo ao gesto de apanharos balões. lambm abandona rumu as suas posições e seguiram os demais.UM FESTIVAL DIFERENTE ....Alguém poderá afir mar que em MoçambiNo verde do relvado, os continuadores formaram 'rodas que giravam em sentidosopostos.E- 4

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Em cima: A capacidade de organização das crianças foi notável. Executavammovimentos complicados, formando uma posição para logo em seguida destruí-lae formar outra. De cima pareciam pequenas formigas coloridas, caminhando emvárias direcçõesAo lado: Ao som de música gravada, os continuadores foram apresentando osseus números. Na foto, momentn em que executavam movimentos de dançaparecida com o balé segurando bengalas.TEMPO N. 380 -pág. 63

No rosto das crianças, a vontade de continuar...que já muitos festivais daqueles tinham sido vistos. Um coisa é a apresentação deexercícios (exibição e outras tendências elitistas), e outra é ver una festa ondeparticipe o povo sem qualquer tipo de discriminação.Lembramos que no tempo colonial, todos os dias 10 de Junho de cada ano, osestudantes do ex-Lourenço M a r q u e s iam ao também ex-Estádio Salazar,apresentar números das. diversas modalidades desportivas. Quem participavanessas festas, e quem eram os assistentes?Participava n os filhos dos melhores colaboradores do regime colonial-fascista:aqueles que sabiam fazer isto ou a q u i 1 o. independente mente do seu comportamento moral ou político: os que tinha i possibílidades de comprar equi pamentopara se apreTEMPO N., 380 - pág. 64sentarem «impecáveis» no festival. E quase todos eles eram oriundos do ex-Lourenço Marquês.Era uma participação individualista, na qual reinava o espírito de elite. Mas comopor natureza o regime usava formas de tentar enganar ao povo e a opiniãointernacional q u e r e m o s tambem lembrar que em 1973. o então ConselhoProvincial de Educação Fisica e Desportos promoveu a participação de mais demil crianças dos subírbios do Maputo, que no dia 10 de Junho desso ano foramapresentar ginástica recreativa e aplicada. A maior parte dessas crianças fo ramnpreparadas sem o miínimo de condições. tais como a alimentação que tem efeitosparticulares no desenvolvimento das capacidades de un desportista. Os inolitoresque os treinavali, txigia o náXim7o dos seus alunos, dizendo«temos de dar bigode nesses tipos das escolas da cidade». Portanto, existiam todasas condições favoráveis para haver complexos de superioridade e de inferiori dadeentre os desportistas.Para falar dos assistentes, basta dizer que a entrada não era livre. Só entrava quemtivesse di nheiro, quer dizer, pagar para ir a uma festa. Era próprio do regime colonial-fascista, afastar as pessoas ao máximo dos locais onde houvesse grandesrealizações. E quem eram essas pessoas? As tais que não ti nham condiçõesmateriais para participar nelas, ou seja, a maioria do povo moçambicano que erahumilhada e explorada.No 1., Festival Nacional de Jogos Escolares, participaram continuadores semdiscriminação de espécie alguma,em representação das 10 províncias do nosso país. A selecção dos mesmos, nãofoi somente baseada na questão de saber bem esta ou aquela modalidade, mastambém o seu aproveitamento m o r a i, p ol t i c o e intelectual. Quer dizer: eles

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representam o tipo de homem novo que se está a criar em Moçambique. E a suaparticipação con j u n t a neste Festival, servirá para uma maior troca deexperiências, experiências essas que permitirão a rápida massificação do desportono seio das massas.Para se assistir a esta grande festa, não importou a roupa nova ou o dinheiro.Todos aqueles que quiseram e que tiveram oportunidade foram assistir. E a suapresença não foi só para assistir, mas também servir de estímulo, para que todosse sintam capazes de, a partir dali, começarem a praticar o desporto popular.Entretanto, no mesmo dia, houve jogos de basquetebol entre as delegações d a sprovíncias que vieram participar no Festival. Neles, também ficou marcada aquestão do companheirismo, combatendo o veletismo.No dia seguinte, à tarde, realizaram-se jogos da modalidade de atletisn2o, nosquais alguns continuadores demonstraram boas qualidades de atleta.No próximo número, publicaremos outros detalhes sobre outras realizaçõesverificadas no 1.,, Festival Nacional de Jogos Escolares.

I IEmEMPRESi AOÇAMBIC DE SEGUFE.E.rjF3nt rOS TRABALHADORES DA IEMOSIE NO MOMENTO DACOMEMORAÇÃO DO 1P ANIVERSARIO DA NACIONALIZAÇÃO DOSSEGUROS, SAUDAM TODOS OS TRABALHADORES ENGAJADOS NALUTA PELA CONQUISTA DA INDEPENDÊNCIA ECONOMICAýl')p! llllI II i Illl

p roduzireconomizardepositarpara desenvolver MoçambiqueAumentar a produtividade é PRODUZIR mais em menos tempo. ECONOMIZARé evitar despesas desnecessárias, gastar mènos do que ganhamos.DEPOSITAR é garantir a segurança das nossas economias. As economias de cadaum depositadas no BANCO POPULAR DE DESENVOLVIMENTOtransformam-se na força que contribue para a reconstrução nacional.