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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO SESSÃO: 039.2.54.O DATA: 14/03/12 TURNO: Vespertino TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD LOCAL: Plenário Principal - CD INÍCIO: 14h TÉRMINO: 19h15min DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO Hora Fase Orador Obs.:

 · Ata da 39ª Sessão, da 2ª Sessão Legislativa Ordinária, da 54ª Legislatura, em 14 de março de 2012 Presidência dos Srs.: Inocêncio Oliveira, 3º de Secretário. Paulo

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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 039.2.54.O DATA: 14/03/12 TURNO: Vespertino TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD LOCAL: Plenário Principal - CD INÍCIO: 14h TÉRMINO: 19h15min

DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO Hora Fase Orador

Obs.:

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Ata da 39ª Sessão, da 2ª Sessão Legislativa Ordinária, da 54ª Legislatura, em 14 de março de 2012 Presidência dos Srs.:

Inocêncio Oliveira, 3º de Secretário. Paulo Magalhães, Amauri Teixeira, § 2º do artigo 18 do Regimento Interno

ÀS 14 HORAS COMPARECEM À CASA OS SRS.: Marco Maia

Rose de Freitas

Eduardo da Fonte

Eduardo Gomes

Jorge Tadeu Mudalen

Inocêncio Oliveira

Júlio Delgado

Geraldo Resende

Manato

Carlos Eduardo Cadoca

Sérgio Moraes

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I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A lista de presença registra na

Casa o comparecimento de 336 Sras. Deputadas e Srs. Deputados.

Está aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos

trabalhos.

O Sr. Secretário, o ilustre Deputado Marçal Filho, procederá à leitura da ata

da sessão anterior.

II - LEITURA DA ATA

O SR. MARÇAL FILHO, servindo como 2° Secretário, procede à leitura da ata

da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.

III - EXPEDIENTE

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Antes de dar prosseguimento à

sessão, esta Mesa dá conhecimento ao Plenário do seguinte:

Ato da Mesa nº 27, de 2012

Dispõe sobre o número de membros das

Comissões Permanentes.

A Mesa da Câmara dos Deputados,

regulamentando a Resolução nº 12, de 2012, e tendo em

vista o disposto no parágrafo único do artigo 15,

RESOLVE:

Art. 1º O número de membros efetivos das

Comissões Permanentes fica estabelecido a forma do

Anexo.

Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; membros: 42;

Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática; membros: 42; Constituição e

Justiça e de Cidadania; membros: 66; Defesa do Consumidor; membros: 21;

Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; membros: 18; Desenvolvimento

Urbano; membros: 18; Direitos Humanos e Minoria; membros: 18; Educação e

Cultura; membros: 32; Finanças e Tributação; membros: 33; Fiscalização Financeira

e Controle; membros: 20; Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; membros:

18; Minas e Energia; membros: 32; Relações Exteriores e de Defesa Nacional;

membros: 33; Seguridade Social e Família; membros: 36; Trabalho, de

Administração e Serviço Público; membros: 26; Turismo e Desporto; membros: 21;

Viação e Transportes; membros: 30; Amazônia, Integração Nacional, e de

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Desenvolvimento Regional; membros: 20; Legislação Participativa; membros: 18;

Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; membros: 20.

Art. 2° As vagas referentes à redistribuição pela

aplicação da Resolução n° 12, de 2012, ficam destinadas

ao Partido Social Democrático, em conformidade com o

acordo firmado na reunião de Líderes no dia 06 de março

de 2012.

Art. 3° Este Ato da Mesa entra em vigor na data de

sua publicação.

Art. 4° Revogam-se as disposições em contrário.

Sala de Reuniões, 14 de março de 2012.

Assinam: Marco Maia, Presidente; Rose de Freitas, Primeira Vice-Presidente;

Eduardo da Fonte, Segundo Vice-Presidente; Eduardo Gomes, Primeiro Secretário;

Jorge Tadeu Mudalen, Segundo Secretário; Inocêncio Oliveira, Terceiro Secretário;

Júlio Delgado, Quarto Secretário.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Passa-se ao

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

Concedo a palavra ao ilustre Sr. Deputado Marcon.

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O SR. MARCON (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero

anunciar que está aqui conosco o Deputado Estadual do PT do Rio Grande do Sul

Nelsinho Metalúrgico, que esteve aqui hoje na posse do novo Ministro Pepe Vargas.

Obrigado.

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O SR. LAEL VARELLA (DEM-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

quero dar meu pronunciamento como lido e solicito a V.Exa. divulgação nos órgãos

de comunicação da Câmara dos Deputados.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - V.Exa. será atendido.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, marcada para o último dia 6 de

março, a votação do projeto do Código Florestal foi novamente adiada, e, no

momento, encontra-se num impasse enquanto os produtores rurais de Minas Gerais

e de todo o Brasil aguardam ansiosos o seu desfecho. Com efeito, a proposta

elaborada pelo Relator Deputado Paulo Piau que está pronta para ser votada

apresenta um surpreendente nível de consenso de 95% com o texto do Senado.

Sobre isso, queremos fazer um apelo ao bom senso e à razão, pois nesse

contexto de aparente consenso parece ainda existir grande conflito de interesses. A

questão principal reside nas atividades agrícolas consolidadas em APPs,

representando nada menos do que 33 milhões de hectares que a agricultura

perderá, segundo estimou um dirigente do Ministério do Meio Ambiente. Para outros

técnicos, tal área atingirá 60 milhões de hectares.

Se de um lado a Ministra Isabela Teixeira e outros ambientalistas não

aceitam o que chamam de desfiguração do Código aprovado no Senado, por outro,

precisamos avaliar as consequências sociais e econômicas da dita “figuração” dada

pelo Senado. Afinal, serão os produtores dessas áreas jogados na rua da amargura?

Ou irão constituir novas favelas nas periferias das cidades, exatamente como

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aconteceu com os índios e os agricultores da tristemente lembrada Raposa Serra do

Sol?

E a produção dessas áreas? Qual será o impacto nos milhares de

Municípios do interior do Brasil? Sr. Presidente, a área pretendida é gigantesca,

maior do que o Estado de São Paulo, ou até mesmo do que Minas Gerais. E o pior,

são as melhores terras para a plantação. O quanto tudo isso vai encarecer a cesta

básica dos brasileiros?

A Campanha Paz no Campo vem fazendo um apelo ao bom senso e à

razão evocando o princípio da precaução, pois ainda há tempo para desfazer

tamanho desastre. Como se diz na minha terra, paciência e caldo de galinha não

fazem mal a ninguém.

Nesse sentido, passarei a ler trecho do artigo de dois doutores

experimentados e respeitados nessa matéria. Um deles é o Dr. Evaristo Eduardo de

Miranda, doutor em ecologia, pesquisador da EMBRAPA, e o outro é o Dr. José

Maria da Costa, advogado, magistrado aposentado, doutor e mestre em direito pela

PUC-SP. Tal artigo se encontra publicado no site Migalhas sob o título A votação do

Código Florestal e o princípio da precaução — o parto difícil do novo Código

Florestal:

“O Ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, em

palestra proferida em São Paulo no início de março deste

ano, previu uma enxurrada de ações judiciais com a

aprovação do novo Código Florestal. A razão principal é

simples: dezenas de milhões de hectares de terras

agrícolas, ocupadas em sua imensa maioria de acordo

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com as exigências para o desmatamento da legislação de

seu tempo, ficarão na ilegalidade. Milhões de hectares de

cultivos, pomares, florestas plantadas e pastagens

deverão ser arrancados para cumprir a nova legislação.”

Sr. Presidente, o artigo termina evocando o princípio da precaução:

“A regularização das atividades agrossilvipastoris

até 2008 em APPs dará segurança jurídica aos

agricultores. A proposta do Código Florestal elaborada

pelo Relator Deputado Paulo Piau, para ir à votação na

Câmara dos Deputados, apresenta um surpreendente

nível de consenso de 95% com o texto do Senado. Sua

versão conteria cerca de 540 itens entre artigos, incisos e

parágrafos, contra 571 da versão aprovada no Senado

Federal. Desse total, cerca de 510 itens (95%) foram

aprovados pelas duas Casas.

Nesse contexto de aparente consenso, qual a

razão de tanto conflito? Por que a Ministra Isabela

Teixeira e outros ambientalistas não aceitam o que

chamam de ‘desfiguração do Código aprovado no

Senado’? A questão principal está nas atividades

agrícolas consolidadas em APPs.

Até a figura da reserva legal reconhece

diferenças entre biomas. As APPs não. Para seus

dispositivos, o Brasil inteiro é uma coisa só. Exigir, porém,

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a mesma faixa de vegetação para um riacho intermitente

na caatinga, ou que desce encachoeirado a Serra do Mar,

ou que escoa quase imperceptível como um arroio pela

pampa gaúcha, ou que forma um pequeno igarapé na

Amazônia, é ignorar a diversidade do meio ambiente no

Brasil. Cada bioma pede critérios específicos para o

regime de uso e proteção de suas APPs. E os Estados

devem participar da avaliação e do esforço para recompor

as APPs de forma adequada, considerando a ocupação

das terras, as tecnologias empregadas e o contexto

morfopedológico. Recompor sim, mas recompor bem.

O próprio princípio da precaução, tão invocado

em outras situações, sugere que o Governo avalie a

situação das APPs ocupadas de longa data, para só

depois propor sua recuperação, com critérios técnicos,

onde for necessária, por meio de programas bem

organizados de assistência técnica aos pequenos

agricultores. Se não for assim, na enxurrada futura de

ações judiciais, talvez só reste aos advogados invocar a

legislação de proteção da fauna selvagem em prol da

defesa dos agricultores, estes, sim, desantropizados e

ameaçados de extinção.”

Sr. Presidente, peço a transcrição do artigo nos Anais desta Casa.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR

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A votação do Código Florestal e o princípio da precaução O parto difícil do novo Código Florestal

Evaristo Eduardo de Miranda José Maria da Costa O Ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, em palestra proferida em São

Paulo, no início de março deste ano, previu uma enxurrada de ações judiciais com a

aprovação do novo Código Florestal. A razão principal é simples: dezenas de

milhões de hectares de terras agrícolas, ocupadas em sua imensa maioria de acordo

com as exigências para o desmatamento da legislação de seu tempo, ficarão na

ilegalidade. Milhões de hectares de cultivos, pomares, florestas plantadas e

pastagens deverão ser arrancados para cumprir a nova legislação.

A proposta do novo Código Florestal, tanto a votada originalmente na Câmara

dos Deputados, como a aprovada pelo Senado, equaciona em parte a questão da

exigência de reserva legal nas propriedades rurais. Mas o projeto agrava, e muito, a

situação das atividades agrossilvipastoris praticadas nas chamadas Áreas de

Preservação Permanente, colocando na ilegalidade cerca de 5 milhões de

produtores rurais. Daí a previsão meteorológica do Ministro Marco Aurélio de uma

“enxurrada de ações judiciais”, fundadas no direito adquirido, na irretroatividade da

lei, no direito de propriedade, etc.

Os problemas atuais de ordenamento territorial e de uso legal das terras no

Brasil são o resultado de um processo, por cujo intermédio, nos últimos anos, um

número significativo de áreas foi destinado à proteção ambiental e ao uso exclusivo

de algumas populações, enquanto uma série de medidas legais restringiu

severamente a possibilidade de remoção da vegetação natural, exigindo sua

recomposição e o fim das atividades agrícolas intensivas nessas áreas, mesmo se

exploradas há séculos.

Legalidade e legitimidade no uso das terras

No final do século passado, por iniciativa do Executivo (por meio de medidas

provisórias e decretos), surgiram os conceitos de Reserva Legal (RL) e de Áreas de

Preservação Permanente (APPs), verdadeiras exclusividades de nossa legislação,

que muitos consideram a mais avançada do mundo em matéria ambiental.

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A legislação define, como reserva legal, uma porcentagem da área da

propriedade rural, entre 20% e 80%, que deve permanecer recoberta por vegetação

natural, por ser considerada necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à

conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da

biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas. Além disso, as Áreas

de Preservação Permanente, cobertas ou não por vegetação nativa, têm a função

ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a

biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, de proteger o solo e assegurar o

bem-estar das populações humanas. Ou seja, o agricultor brasileiro foi designado

como responsável por garantir todas essas funções ecológicas, geológicas,

genéticas, ambientais e sociais, por meio de sua propriedade rural e em sua

propriedade rural, assumindo todos os ônus daí decorrentes. Não é pouco.

Assim, a partir de meados da segunda metade do século passado, foram

consideradas APPs: (i) as faixas marginais dos rios, riachos, córregos, lagos, lagoas

e reservatórios de água artificiais; (ii) as encostas de morros e áreas declivosas; (iii)

os manguezais, as restingas, as nascentes e olhos d’água; (iv) os locais de

reprodução de espécies da fauna selvagem; (v) diversas outras situações. Em

contraposição ao que assim se fixou, é de se dizer que a ocupação agrossilvipastoril

de muitos desses locais já ocorrera bem antes da invenção das APPs, ao longo da

história do Brasil.

Ao se entender que as definições de APPs aplicavam-se não apenas às áreas

futuras a serem ocupadas pela agricultura, mas também às ocupações tradicionais,

milhões de agricultores e um número enorme de cadeias produtivas foram colocados

na ilegalidade.

Ficaram na ilegalidade, por estarem em áreas consideradas de preservação

permanente, em que pese à legitimidade histórica da atividade produtiva, (i) a

rizicultura de várzea no RS, SP e MA, (ii) a criação de búfalos nas várzeas do AP,

AM e PA, (iii) o plantio de café em áreas de relevo da BA, MG, SP e PR, (iv) os

reflorestamentos em áreas de declive em SP, RJ, MG, ES e TO, (v) o plantio de

macieiras em SC, (vi) a vitivinicultura em SP, SC e RS, (vii) toda a pecuária

tradicional no Pantanal, considerado integralmente como uma APP, (viii) a pecuária

leiteira e a pecuária de corte nas serras e regiões montanhosas em SP, MG, ES e

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NE, (ix) a cana de açúcar em várias situações topográficas em SP, RJ e, sobretudo,

no NE, (x) parte da citricultura na BA, SE e SP, (xi) os pequenos ruminantes de

criação extensiva no semiárido nordestino, (xii) as instalações para criação de

suínos e aves em SC, MG, PR e SP, (xiii) os projetos de irrigação no NE, SU e SE,

(xiv) a produção de flores no CE, MG e SP, (xv) o plantio de tabaco em SC e BA,

(xvi) o cultivo de milho e de feijão em quase todo Brasil, além de diversas outras

atividades agrícolas.

A consolidação não consolidada das APPs no Código Florestal

Na versão do Código Florestal aprovada na Câmara, as atividades

agropecuárias desenvolvidas até 2008 em APPs seriam consolidadas, com a

proibição de novos desmatamentos. O Senado manteve essa consolidação no caput

do artigo 62: “Nas Áreas de Preservação Permanente é autorizada, exclusivamente,

a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em

áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008.”

A questão estaria resolvida, se o mesmo Senado não impusesse, nos

parágrafos desse artigo, outras condições: os agricultores devem arrancar cultivos e

pomares, retirar o gado e recuperar a vegetação nativa em faixas de 15 a 500

metros de cada lado dos rios e riachos. O que se dá com uma das mãos, retira-se

com a outra.

Ao longo de toda a rede hidrográfica dos rios de Mato Grosso, São Paulo,

Minas Gerais e Santa Catarina, da Amazônia e do Nordeste, isso pode representar a

perda de mais da metade das áreas produtivas. Para quem tem diversos riachos na

propriedade, isso pode inviabilizar toda a sua produção e o futuro da propriedade.

Metade dos 40.000 hectares de plantios de banana no Vale do Ribeira, em São

Paulo, estarão na ilegalidade e deverão ser arrancados. É também o caso dos

projetos de irrigação instalados ao lado dos rios, frutos de enormes investimentos

públicos e privados, os quais deverão ser desativados.

Um dirigente do Ministério do Meio Ambiente estimou que a agricultura

perderá 33 milhões de hectares. Para outros técnicos, seriam 60 milhões de

hectares. As consequências sociais e econômicas precisam ser avaliadas, mesmo

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que alguns ambientalistas defendam o que chamam de “desantropização” das áreas

agrícolas, principalmente na Amazônia.

O drama de milhões de pequenos agricultores

Estudos da EMBRAPA indicam, com base no Censo Agropecuário do IBGE,

que, quanto menor a propriedade rural, pior sua situação. Os pequenos utilizam a

totalidade das terras para produzir e sobreviver. Para a Lei 8.629/93, pequenas

propriedades são imóveis entre um e quatro Módulos Fiscais (MFs), e a dimensão

destes é definida pelo INCRA para cada Município.

É certo que, em parte do Brasil, o projeto do Senado propõe que essa perda

de terras produtivas se limite ao máximo de 20% da propriedade com menos de

4MFs. Ora, ao longo dos rios estão os terrenos mais férteis. Na maioria dos casos,

esses 20% de terras férteis garantem de 50% a 80% da renda do produtor, como

ocorre ao longo do Rio São Francisco e no entorno de milhares de açudes e

barragens do Nordeste brasileiro.

Uma pesquisa da EMBRAPA Gestão Territorial verificou, com base no INCRA

e no Censo Agropecuário do IBGE de 2006, que os imóveis com até quatro MFs

constituem 89% dos estabelecimentos agropecuários do País, ocupam 11% do

território e contribuem com 50% da produção agropecuária. E o Ministério do Meio

Ambiente defende a retirada da agricultura das APPs, mas não quer dimensionar o

alcance social e econômico dessa medida em seu potencial de “desantropização”.

O princípio da precaução

A regularização das atividades agrossilvipastoris até 2008 em APPs dará

segurança jurídica aos agricultores. A proposta do Código Florestal elaborada pelo

Relator Deputado Paulo Piau, para ir à votação na Câmara dos Deputados,

apresenta um surpreendente nível de consenso de 95% com o texto do Senado. Sua

versão conteria cerca de 540 itens entre artigos, incisos e parágrafos, contra 571 da

versão aprovada no Senado Federal. Desse total, cerca de 510 itens (95%) foram

aprovados pelas duas Casas.

Nesse contexto de aparente consenso, qual a razão de tanto conflito? Por que

a Ministra Isabela Teixeira e outros ambientalistas não aceitam o que chamam de

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“desfiguração do Código aprovado no Senado”? A questão principal está nas

atividades agrícolas consolidadas em APPs.

Até a figura da reserva legal reconhece diferenças entre biomas. As APPs

não. Para seus dispositivos, o Brasil inteiro é uma coisa só. Exigir, porém, a mesma

faixa de vegetação para um riacho intermitente na caatinga, ou que desce

encachoeirado a Serra do Mar, ou que escoa quase imperceptível como um arroio

pela pampa gaúcha, ou que forma um pequeno igarapé na Amazônia, é ignorar a

diversidade do meio ambiente no Brasil. Cada bioma pede critérios específicos para

o regime de uso e proteção de suas APPs. E os Estados devem participar da

avaliação e do esforço para recompor as APPs de forma adequada, considerando a

ocupação das terras, as tecnologias empregadas e o contexto morfopedológico.

Recompor sim, mas recompor bem.

O próprio princípio da precaução, tão invocado em outras situações, sugere

que o Governo avalie a situação das APPs ocupadas de longa data, para só depois

propor sua recuperação, com critérios técnicos, onde for necessária, por meio de

programas bem organizados de assistência técnica aos pequenos agricultores. Se

não for assim, na enxurrada futura de ações judiciais, talvez só reste aos advogados

invocar a legislação de proteção da fauna selvagem em prol da defesa dos

agricultores, estes, sim, “desantropizados” e ameaçados de extinção.

* Evaristo Eduardo de Miranda é doutor em ecologia, pesquisador da

EMBRAPA.

** José Maria da Costa é advogado e magistrado aposentado. Doutorando e

mestre em direito pela PUC-SP

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O SR. SIMÃO SESSIM (PP-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu

gostaria mais uma vez de parabenizar o jornal O Globo pela forma isenta, corajosa,

responsável e oportuna como vem tratando as questões relacionadas aos interesses

do povo fluminense.

Na edição do último domingo, dia 11, o matutino carioca voltou a chamar a

atenção da opinião pública para a questão da distribuição dos royalties do petróleo,

que voltará à pauta dos debates nesta Casa do povo.

Adverte para o perigo que correm Estados e Municípios produtores, se esta

Casa mantiver a fórmula aprovada, no ano passado, pelo Senado Federal.

O que estão querendo, na verdade, é de fato congelar e até decrescer a

Receita, de forma que os Estados e os Municípios produtores de petróleo fiquem

apenas com o ônus e os danos do provável aumento de produção, e não mais com

o bônus adicional.

Tem razão o editorialista de O Globo quando classifica de discriminatório,

desrespeitoso e injusto o que estão querendo fazer com os Estados e Municípios

produtores de petróleo.

Por essas e outras razões é que peço a V.Exa. a transcrição deste

pronunciamento.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu gostaria mais uma vez de

parabenizar o jornal O Globo pela forma isenta, corajosa, responsável e oportuna

com que vem tratando as questões relacionadas aos interesses do povo fluminense.

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Na edição do último domingo, dia 11, o matutino carioca voltou a chamar a

atenção da opinião pública para a questão da distribuição dos royalties do petróleo,

que voltará à pauta dos debates nesta Casa do povo.

O Globo, Sr. Presidente, adverte para o perigo que correm os Estados e

Municípios produtores, se esta Casa mantiver a fórmula aprovada, no ano passado,

pelo Senado Federal, atendendo a pressões de Governadores de Estados não

produtores, ávidos que estão para pôr as mãos, o quanto antes possível, em parte

da receita que se destina ao Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo.

O que estão querendo, na verdade, é, de fato, congelar e até decrescer a

receita, de forma a que os Estados e Municípios produtores de petróleo fiquem

apenas com o ônus e os danos do provável aumento de produção e não mais com o

bônus adicional.

Tem razão o editorialista de O Globo quando classifica de discriminatório,

despeitoso e injusto o que estão querendo fazer com os Estados e Municípios

produtores de petróleo.

Por essas e outras razão é que peço a V.Exa., que preside os trabalhos, o

obséquio de fazer constar nos Anais desta Casa o artigo Caminho para o equilíbrio

nos royalties, publicado na página de Opinião do matutino do Rio de Janeiro, no

sentido de deixar registrada a indignação de um veículo do porte de O Globo, que

mantém o seu compromisso com a verdade, com a decência e com a ética, que

devem conduzir as propostas que digam respeito às leis, que também devem ser

preservadas, para o bem de todos e felicidade geral da Nação brasileira.

Muito obrigado, senhor presidente.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR

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Caminho para o equilíbrio nos royalties

A questão dos royalties do petróleo e gás voltará à pauta da Câmara dos

Deputados, por decisão da Mesa Diretora da Casa, atendendo a pressões políticas

de Governadores de Estados não produtores. Tais governantes desejam pôr as

mãos, o quanto antes, em uma parte da receita que se destina hoje aos chamados

Estados e Municípios “confrontantes” — terminologia adotada por eles para

descaracterizar a plataforma continental como região produtora vinculada aos entes

federativos — à produção de óleo e gás no mar. Pela fórmula aprovada no Senado,

a receita atual seria “congelada” e até passaria a decrescer, em seguida, de modo

que os Estados e Municípios produtores ficariam apenas com o ônus do aumento de

produção e não mais com o bônus adicional.

Além de discriminatório, desrespeitoso e injusto com esses entes federativos

— Rio de Janeiro e Espírito Santo, principalmente, com São Paulo também

figurando na lista a partir deste ano —, os royalties e as participações especiais

fogem, pela fórmula do Senado, ao conceito que os inspira, deixando de ser uma

compensação financeira para as localidades que devem arcar com a infraestrutura

em terra na qual se apoia toda a atividade da indústria petrolífera. Quem tiver dúvida

sobre o impacto em terra (para o bem e para o mal) da atividade petrolífera no mar

deveria visitar a cidade de Macaé, no Norte Fluminense, ou alguns dos Municípios

vizinhos.

O que suscitou essa discussão em torno da distribuição das receitas de

royalties foi a perspectiva de um salto na produção de petróleo em decorrência de

prováveis novas descobertas na chamada camada do pré-sal. Como houve

mudança no modelo de exploração, com o regime de partilha substituindo o de

concessão nas futuras áreas do pré-sal, o Governo Federal pretendeu inicialmente

concentrar na União todas as receitas de royalties desses novos blocos,

desencadeando uma polêmica capaz de causar um retrocesso institucional, quase

uma dissensão federativa. Os atuais Estados e Municípios produtores quase foram

massacrados por um movimento dentro do Congresso que atropelou os princípios

mais básicos da lei. O então Presidente Lula teve que usar seu poder de veto para

reabrir negociações com o Congresso.

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Na tentativa de assegurar o equilíbrio federativo, Governadores dos Estados

do Rio, Espírito Santo e São Paulo haviam negociado com o Presidente Lula um

acordo, pelo qual a fatia das unidades federativas não produtoras aumentaria

significativamente nas áreas que forem licitadas pelo regime de partilha, mas sem

que os produtores fossem alijados da distribuição dos recursos.

Essa fórmula não mexeria com a receita já contratada, e, portanto, inserida,

como é óbvio, no planejamento orçamentário de Estados e Municípios no curto e

médio prazos. Para Municípios do Norte Fluminense, uma mudança radical na

fórmula de repartição das receitas dos royalties os desorganizaria financeiramente.

Em contrapartida, para a imensa maioria dos Municípios não produtores a receita

adicional não terá qualquer relevância.

O Deputado Carlos Zarattini (PT-SP), Relator indicado na Câmara para dar o

parecer sobre o projeto aprovado no Senado, é favorável a que se busque um

acordo nos moldes do negociado pelo então Presidente Lula. É de fato o caminho

para o entendimento.

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O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, estive

com o Ministro da Justiça e expus a situação dos Defensores Públicos da União.

Nós temos apenas 470 Defensores Públicos da União; necessitamos de

outros 150, que estão aprovados. É necessário que eles sejam nomeados, e mesmo

assim não se resolve a situação da Defensoria Pública da União. Achamos

importante a abertura de novo concurso para que tenhamos a presença dos

Defensores, uma vez que são eles a fazer a verdadeira defesa daqueles que não

têm condições de ter um advogado.

Ao mesmo tempo, o Ministro, muito sensível, disse que estaria estudando

também a situação não apenas dos Defensores, mas também dos técnicos que

trabalham na Defensoria Pública da União.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, ao afastar-se, ontem, da Liderança do Governo, o Deputado Cândido

Vaccarezza relatou o seu desempenho nesta Casa, na condição de porta-voz do

Poder Executivo, quando demonstrou, à saciedade, constante esforço para manter

alinhada a base de sustentação do Planalto, no contexto de heterogênea

composição, da qual fazem parte diversificadas siglas, entre as quais o PMDB, do

qual me honro de haver sido fundador, ao lado do inolvidável Ulysses Guimarães.

No ensejo, quase todas as facções a ele expressaram reconhecimento, pelo

trabalho despendido.

Neste registro, cumpro o dever de igualmente reenfatizar a minha admiração

ao eminente homem público.

O seu substituto, Deputado Arlindo Chinaglia, possui cabedal imenso de

experiências, notadamente por haver desempenhado a elevada missão de conduzir

os destinos desta Casa, fazendo-o com autoridade e coerência e se mantendo numa

linha de austeridade que lhe permitiu projetar-se merecidamente, no seio de seus

pares e da própria opinião pública do País.

Ascendendo agora com um enorme lastro de tirocínio para comandar a

aliança situacionista, não lhe faltarão engenho e arte para conviver com os

contrários, nas discussões mais veementes.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao afastar-se, ontem, da Liderança do

Governo, o Deputado Cândido Vaccarezza relatou o seu desempenho nesta Casa,

na condição de porta-voz do Poder Executivo, quando demonstrou, à saciedade,

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constante esforço para manter alinhada a base de sustentação do Planalto, no

contexto de heterogênea composição, da qual fazem parte diversificadas siglas,

entre as quais o PMDB, do qual me honro de haver sido fundador, ao lado do

inolvidável Ulysses Guimarães.

No ensejo, quase todas as facções a ele expressaram reconhecimento, pelo

trabalho despendido com vistas a assegurar a aprovação de importantes matérias,

consubstanciando políticas públicas relevantes, tanto na gestão passada, confiada a

Lula da Silva, quanto agora, sob a clarividente visão de Dilma Rousseff, ontem

agraciada com a Medalha Bertha Lutz, em solenidade levada a efeito no Senado

Federal.

Neste registro, cumpro o dever de, igualmente, reenfatizar a minha admiração

ao eminente homem público, cuja postura retilínea fê-lo tornar-se acatado por seus

pares, sobretudo pelo inabalável propósito de buscar a união das legendas em

temas polêmicos, sob as vistas atentas da Oposição aguerrida, vigilante em apontar

equivoco nos textos governamentais.

O seu substituto, Arlindo Chinaglia, possui cabedal imenso de experiências,

notadamente por haver desempenhado a elevada missão de conduzir os destinos

desta Casa, fazendo-o com autoridade e coerência e se mantendo numa linha de

austeridade que lhe permitiu projetar-se, merecidamente, no seio de seus pares e da

própria opinião pública do País.

Ascendendo, agora, com um enorme lastro de tirocínio, para comandar a

aliança situciacionista, não lhe faltarão engenho e arte para conviver com os

contrários, nas discussões mais veementes que aqui forem travadas, em torno de

proposições originárias do Palácio do Planalto, particularmente as medidas

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provisórias, agora dentro do rito preconizado por decisão emanada do Supremo

Tribunal Federal, em deliberação de enorme ressonância entre nós.

Se dele sempre recebi nímias gentilezas, não me dispensaria de enaltecer —

como ora o faço convictamente — ser ele um legislador com notável acervo de

vivência para conciliar discordâncias de interesses entre os que têm assento neste

Plenário Soberano, composto por 513 mandatários do povo brasileiro.

A ele auguro atuação proficiente, voltada sobretudo para o interesse da

coletividade e o consequente prestigio da instituição a que pertencemos.

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O SR. CARLOS SOUZA (PSD-AM. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, quero fazer uma reclamação e, ao mesmo tempo, uma

reivindicação no que diz respeito aos nossos projetos de lei. Refiro-me aos nossos

projetos de lei porque, infelizmente, não vemos os nossos projetos, que são

trabalhados com nossa assessoria, com a Assessoria Técnica, serem pautados na

Casa para que sejam apreciados no plenário.

Aproveito a oportunidade para falar sobre a medida adotada pelo Supremo

Tribunal Federal, que quer diminuir a avalanche de medidas provisórias que chegam

à Casa. Precisamos ter espaço na pauta da Câmara dos Deputados a fim de vermos

os nossos projetos serem apreciados, o que, infelizmente, não acontece.

Não sou contra as medidas provisórias, mas também não pode haver uma

enxurrada de medidas provisórias aqui, sem urgência e sem relevância,

prejudicando a todos nós Parlamentares. Infelizmente, é o que está acontecendo.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que o meu pronunciamento seja divulgado

pelos órgãos de comunicação da Casa.

Muito obrigado.

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O SR. CABO JULIANO RABELO (Bloco/PSB-MT. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero fazer aqui uma honrosa homenagem aos policiais que

estiveram junto conosco no XIV Curso de Formação de Educadores Sociais do

Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência — PROERD, que foi

realizado em Quedas do Iguaçu, onde tivemos a honra de ter como Coordenador o

Tenente-Coronel Dabul, o Coordenador-Facilitador Capitão Perovano, a

Coordenadora-Adjunta Primeiro-Tenente Marília, o Pedagogo Soldado Ribeiro, os

policiais de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Rio Grande do Sul e

Paraná, que estiveram junto conosco, e os nossos mentores, que nos ensinaram

muito, Segundo-Sargento Marcos, Segundo-Sargento Renato, Cabo Moura, Cabo

Ferreira, que foi o nosso mentor da Equipe Azul, Cabo Jeovai, Soldado Matilde, e os

mentores auxiliares: Lopatiuk, que é o fotógrafo, e Dirlei.

Estes aqui, Sr. Presidente, são policiais que formam outros policiais que vão

para a sala de aula ensinar os nossos filhos a dizer “não” à droga e à violência. Hoje

teremos, inclusive, uma votação para chamarmos para uma audiência pública o

PROERD, que é o melhor programa educacional.

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O SR. GERALDO SIMÕES (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o Sr. Augusto Júnior, membro da PM da Bahia, divulgou uma carta na minha região

criticando, segundo ele, a minha posição favorável ao Governo da Bahia em relação

à greve.

Naquele momento, Sr. Presidente, eu me posicionei pelo fim da greve por

causa do grave sofrimento por que passavam 14 milhões de baianos. Eu registrava

os avanços, que ninguém pode esconder, dos ganhos salariais e das condições de

trabalho durante o período do Governador Jaques Wagner e, ao mesmo tempo,

pedia ponderação ao Governo nas negociações com aquela categoria.

No pós-greve, já visitei soldados presos em Itabuna e conversei com

familiares de policiais daquele Município, sempre procurando uma solução para

reduzir ou até para pôr um fim às prisões e para a possibilidade de punição da

corporação, a pedido da justiça, contra os policiais grevistas e quero dizer que não

me arrependo, de forma nenhuma, do que fiz. Apoio o fim da greve com o fim das

punições...

(O microfone é desligado.)

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, recebi, em meu gabinete, carta de um

soldado da Polícia Militar baiana manifestando sua indignação com o tratamento

recebido pelos policiais grevistas.

Como a referida carta foi tornada pública e divulgada nos meios de

comunicação da Bahia, particularmente nos blogs de minha região, considero que

também devo dar uma resposta pública.

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Neste sentido, faço uso desta tribuna, nosso meio privilegiado de

comunicação, para divulgar minha resposta.

CARTA A QUE SE REFERE O ORADOR

Carta aberta em resposta ao soldado da PM da Bahia

Ao Senhor Augusto Júnior

Caro Augusto,

Na atividade política estamos acostumados a receber muitas cartas de apoio,

mas também algumas de desafetos. As últimas, na maioria das vezes, apenas com

intenção provocadora. Pelo teor de sua carta, creio que não é caso. Acredito que o

que moveu sua indignação foi realmente a solidariedade com a classe. No entanto,

posso e tenho do direito de discordar e expressar minha posição. Não faria isto se

considerasse que os motivos de sua missiva fossem apenas provocação.

Seu primeiro argumento contra mim, já no parágrafo inicial, foi contra o

posicionamento de solidariedade ao Governador Jaques Wagner, acusando-me de

proferir um discurso de ódio.

Agradeço que, mesmo com sua indignação, o senhor reproduziu o discurso

em sua carta. Discurso que foi proferido na Tribuna da Câmara dos Deputados. Fica

evidente e é muito claro para qualquer leitor que meu discurso é um apelo ao

entendimento e ao acordo, onde me manifesto apenas contra o uso de armas,

tumultos e violação à lei, como forma de reivindicação econômica. Entendimento

que deve ser a principal forma de negociação, principalmente nesta época que

vivemos, desde 1986, em um dos regimes mais democráticos de todo o mundo.

Podemos ter divergências, debates acirrados e até greves, mas, desde que

os governos civis voltaram a predominar no País, principalmente através de eleições

democráticas, não existem justificativas para que determinado setor da sociedade

use da força das armas para impor seus pontos de vistas e conseguir suas

reivindicações.

O senhor reconheceu todo o passado de luta do PT e de seus militantes

contra a ditadura Militar. Naquela época, o movimento sindical, os trabalhadores,

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arriscavam não só o emprego, como a liberdade, a integridade física e a própria vida

ao lutar por liberdade, democracia e melhores condições de vida. Creio que o senhor

é bastante jovem e não viveu aquele período, caso contrário não compararia a

conjuntura de extrema violência daquela época com a situação que vivemos

recentemente. Não tenho a mínima dúvida que a repressão durante a ditadura era

extremamente mais violenta, e comparar a tortura sistemática que se fazia na época

aos opositores ao regime, à atual situação política e manutenção da ordem

democrática, é um exagero imperdoável que salta à vista de qualquer pessoa bem

intencionada.

Nosso Governo Estadual e o Governo Federal são intransigentes no que

tange aos direitos humanos e contra a tortura. Isso é de conhecimento geral.

Também considero as avaliações feitas de nossos Governos, chegando a

afirmar que temos práticas piores que a da ditadura militar, uma afirmação muito

perigosa. Espero que ela esteja sendo originada apenas da falta de vivência e

conhecimento e que não seja sua opção pela ditadura militar como forma de

Governo.

Considero necessário esclarecer que, tanto no Estado, como na União, um

governo democrático tem que trabalhar para todos, buscando equiparações e

melhorias de condições de vida de maneira harmoniosa para o conjunto da

sociedade. Isto sem ferir os marcos legais e buscando a equidade social e

econômica. Esta tem sido nossa conduta.

Hoje é consenso entre toda a população brasileira que recuperamos o salário

mínimo, chegando aos patamares máximos alcançados em nossa história,

promovemos a melhoria de vida de mais de 30 milhões de pessoas, que

ascenderam socialmente, estamos retirando da extrema miséria mais de 16 milhões

de pessoas e nossa política econômica gerou milhões de empregos, quando em

todo o mundo se previa o fim do emprego regular.

Para resumir, enquanto a maioria dos países do mundo vive uma dramática

crise econômica, com os trabalhadores se empobrecendo e a desigualdade

aumentando, o Brasil se mantém em crescimento e a população melhora suas

condições de vida.

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Infelizmente, distorções salariais ainda persistem e são inerentes ao sistema,

mesmo o mais democrático possível. Mas nossa intenção é buscar reduzi-las. Nesse

sentido, estamos promovendo aumentos reais para aqueles setores que foram

prejudicados ou mesmos abandonados pelos governos anteriores.

Hoje temos no Brasil e na Bahia governos que respeitam o diálogo, e aí está

o exemplo do Governador Jaques Wagner, que, atendendo às reivindicações da

Polícia Militar, sancionou a lei que institui a Gratificação por Atividade Policial (GAP)

IV e V para os policiais militares e a que reajusta em 6,5%, retroativo a janeiro deste

ano de 2012, os vencimentos de todos os servidores públicos estaduais.

A implementação da GAP de forma escalonada obedece a um calendário que

começa em novembro deste ano e termina em 2015, e o reajuste de 6,5%, que será

pago nos dias 29 e 30 deste mês de março, incluindo as diferenças de janeiro e

fevereiro.

A GAP IV será paga em novembro de 2012 e abril de 2013, e a GAP V será

escalonada em 2014 e 2015. Ao final, os ganhos chegarão a 38,89% para soldados

e a 37,11% para sargentos, maiores contingentes da tropa. Os futuros reajustes

anuais incidirão sobre o soldo e a GAP.

No reajuste geral estão incluídas as tabelas por categoria, de forma a

assegurar que nenhum vencimento básico fique abaixo do salário mínimo em vigor,

equiparação que passou a ser cumprida pelo Governo a partir de 2007, atendendo

uma reivindicação histórica do funcionalismo.

Para concluir, manifesto que respeitamos o direito de greve, mas o que se

questiona é o direito de policiais armados fazerem esse tipo de manifestação, sem

manter uma parte do efetivo nas ruas, como determina a lei.

Em minha militância como sindicalista, sofremos repressão e violência. No

entanto, sempre mantínhamos grupos de trabalhadores garantindo as atividades

essenciais, mantendo as pesquisas que estavam sendo desenvolvidas e a

integridade do patrimônio das instituições, em meu caso, da CEPLAC, onde

trabalhava. Cheguei inclusive a ser demitido duas vezes, no Governo autoritário de

Figueiredo e no de Fernando Collor, que também tinha rasgos de autoritarismo. Nas

duas vezes, fui readmitido em função do apoio da categoria.

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No caso específico da greve da Polícia Militar, nossa posição ficou muito clara

no artigo citado pelo senhor. Condenamos de forma veemente qualquer ato de

vandalismo que põe em risco a segurança da população.

No entanto, sem alarde, no pós-greve, tenho defendido, em reuniões com o

Governo Estadual, que as punições sejam suspensas, que as prisões sejam revistas

e que nosso Governo e a justiça atuem sem propósitos revanchistas e vingativos.

Inclusive defendo compreensão e tratamento justo, considerando as circunstâncias,

a todos os líderes grevistas.

Defendo e continuarei defendendo a valorização da Policia Militar e de todas

as categorias profissionais e continuamos defendendo o dialogo e a democracia,

porque essa é também e a nossa luta.

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O SR. VALMIR ASSUNÇÃO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna fazer um registro da

homenagem feita pelo Senado Federal ontem a cinco mulheres guerreiras,

lutadoras, símbolos de luta no nosso País, entre elas a Presidenta Dilma Rousseff e,

sobretudo, a Ana Alice, uma professora da Universidade Federal da Bahia, do

Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher — NEIM, organização

importante para as questões femininas.

Ana Alice, ao longo dos anos, sempre apoiou e ajudou na organização dos

Acampamentos das Mulheres Trabalhadoras Rurais — este ano foi realizado o 11º

Acampamento —, uma mulher guerreira, lutadora, que fortalece a luta das mulheres

trabalhadoras, brasileiras, sobretudo do Estado da Bahia, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Senado Federal, ontem, fez uma

bela homenagem a cinco mulheres guerreiras e símbolos da luta feminista do nosso

País. Foram agraciadas com o Diploma Bertha Lutz 2012 Ana Alice Costa, Maria

Prestes, Rosali Scalabrin, Eunice Malty, além da nossa Presidenta Dilma Rousseff.

A homenagem aconteceu durante sessão solene em comemoração ao Dia

Internacional da Mulher.

Bertha Lutz foi uma das pioneiras do feminismo no Brasil, uma grande líder na

luta pelo direito das mulheres brasileiras ao voto, conquista esta que este ano

completa 80 anos. O diploma criado em seu nome homenageia as mulheres por

meio do reconhecimento do protagonismo das premiadas na luta pela transformação

social e igualdade de gênero.

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Desta forma, destacar a atuação da Presidenta Dilma é oportuno, ela, que

aos 16 anos iniciou sua vida política ao integrar organizações que combateram a

ditadura militar, sendo presa e torturada; ela, que ainda lutou pela anistia dos

perseguidos e exilados pelo regime militar; ela, que hoje se tornou a primeira

presidenta mulher do Brasil, sem dúvida, é um símbolo da luta feminista por

equidade de gênero e pela consolidação das mulheres como protagonistas na

política brasileira.

Não menos importante, parabenizo Ana Alice Alcântara Costa, grande

companheira baiana de Caravelas, que também lutou contra a ditadura militar em

nosso País. No Brasil, logo após a temporada de estudos na Universidade Nacional

Autônoma do México, reconhecida pelo seu caráter marxista, participou do Grupo

Feminista Brasil Mulher, o primeiro grupo feminista do Estado da Bahia.

Ao ingressar na Universidade Federal da Bahia como professora do

Departamento de Ciências Políticas, Ana Alice criou, juntamente com outras

professoras, o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher — NEIM, onde

articula movimentos sociais em defesa do direito da mulher. Não esqueçamos que a

criação da Delegacia de Atendimento à Mulher — DEAM foi fruto da discussão do

NEIM, hoje coordenado pela Profa. Cecília Bacellar. Cito também a criação do

Centro Humanitário de Apoio à Mulher — CHAME, que trata da prevenção do tráfico

de mulheres e do combate ao turismo sexual.

A contribuição de Ana Alice nos estudos feministas e na articulação de

movimentos sociais urbanos e rurais para a luta dos direitos das mulheres é

fundamental. Falo da valiosa participação e formulação, junto às mulheres do MST

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da Bahia, dos Acampamentos de Mulheres Trabalhadoras Rurais, desde o seu

início.

Segundo a militante do MST da Bahia, Fabya Reis, Ana Alice é companheira

do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e, desde a primeira construção

do Acampamento de Mulheres Trabalhadoras da Bahia, está sempre presente. “É

uma pessoa que se coloca na prática, cumpre um papel tanto na academia, quanto

na prática, junto aos movimentos sociais”, disse Fabya.

Este ano, as mulheres camponesas realizaram o 11º Acampamento de

Mulheres Trabalhadoras Rurais da Bahia, que reuniu cerca de 500 mulheres entre 8

e 11 março, no Parque de Exposições, em Salvador. Na semana da jornada de lutas

das mulheres, a atividade cumpriu o papel de formação política das mulheres sobre

a questão de igualdade de gênero, a violência do agronegócio, os direitos

trabalhistas, a soberania alimentar e a preservação do meio ambiente.

Segundo a própria Secretária de Mulheres do Estado da Bahia, Lúcia

Barbosa, “é importante fortalecer a busca pela igualdade de gênero. Ana Alice,

nossa premiada baiana, deu importante contribuição neste sentido”.

E, por falar em camponesas, outra homenageada foi Maria Prestes. Filha de

camponeses, Altamira Sobral (nome verdadeiro) foi forjada nas lutas clandestinas no

antigo Partido Comunista Brasileiro. Pela causa, conheceu e militou junto a Luiz

Carlos Prestes, com quem se casou e viveu por mais de 40 anos. A atuação de

Maria foi decisiva no translado do arquivo soviético sobre Prestes para o Brasil, hoje

preservado no Arquivo Nacional.

Outra mulher homenageada foi Rosali Scalabrin. Desde os 10 anos, vive,

convive e trabalha com camponesas da Região Norte do Brasil. No Acre, a convite

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da Comissão Pastoral da Terra, colaborou na organização sindical dos

trabalhadores, numa região ainda tão marcada por conflitos envolvendo a terra. Ela,

que lutou junto a Chico Mendes, hoje contribui na Coordenadoria da Mulher da

Prefeitura de Rio Branco.

Por fim, o Diploma Bertha Lutz também foi concedido a Eunice Malty, primeira

Senadora da República, sendo precursora no enfrentamento neste espaço por vezes

ainda machista.

Parabenizo a todas, especialmente à companheira Ana Alice, nossa

representante da Bahia, e à Presidenta Dilma. Através delas, expresso a alegria e a

disposição na luta pela equidade de gênero, contra a violência contra as mulheres,

por um Brasil cada vez mais feminista, logo mais democrático.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que divulgue este pronunciamento pelo

programa A Voz do Brasil e demais meios de comunicação da Casa.

Muito obrigado.

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O SR. AMAURI TEIXEIRA (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

tivemos hoje a posse do nosso colega Pepe Vargas no Ministério do

Desenvolvimento Agrário. Quero declarar aqui mais uma vez a minha confiança na

Presidenta Dilma, o meu apoio irrestrito e integral, mas quero também apelar para a

Sra. Presidenta: a Bahia é o maior Estado do Nordeste; foi o Estado que mais lhe

deu votos. Peço a ela que tanto nas obras quanto na composição política faça o

equilíbrio político e federativo.

A Bahia merece mais, Sr. Presidente. A Bahia merece ser tratada com mais

contemplação. A Bahia merece uma maior presença neste Governo. A Bahia

merece ser contemplada com mais obras, com mais recursos, pelo seu papel no

desenvolvimento do Nordeste e também pelo seu papel político, inclusive na vitória

da Presidenta Dilma.

Então, reitero o meu apelo, Presidenta Dilma: tenha equilíbrio federativo e

político na composição do seu Governo.

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O SR. FERNANDO MARRONI (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero destacar a importância da decisão da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária a respeito dos aditivos no fumo

comercializado no nosso País.

Importante pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz detectou que de 30%

a 36% dos adolescentes entre 13 anos e 15 anos já provaram o cigarro. E o objetivo

das indústrias é, com esses aditivos, cativar os jovens para o consumo do cigarro.

Penso que essa medida é da maior importância em nosso País para o

combate ao tabagismo e às doenças derivadas do tabagismo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, o meu pronunciamento versa sobre a proibição de

aromatizantes e sabores nos cigarros.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aqueles que nos assistem pela TV

Câmara, quero destacar, nesta Casa, a importante decisão tomada ontem pela

Agência Nacional de Vigilância Sanitária que baniu a inclusão de aditivos

aromatizantes e de sabor nos cigarros vendidos no Brasil. A partir dessa decisão,

válida para os produtos nacionais e também para os importados vendidos no País,

os cigarros com substâncias destinadas a melhorar o sabor devem deixar as

prateleiras do comércio brasileiro.

Ficou estabelecido um prazo de um ano e meio para que as empresas

fabricantes de cigarros adaptem suas unidades produtivas às restrições e retirem

definitivamente de circulação o fumo aromatizado e com sabor.

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Esta medida tomada pela ANVISA é um acerto, uma vez que a inclusão de

aditivos, visando tornar mais palatável o fumo, vinha sendo cada vez mais comum,

com crescente oferta de cigarros com sabores que vão do chocolate ao cravo. O

objetivo claro dessa estratégia das indústrias do fumo é atrair novos fumantes,

sobretudo os jovens. Segundo pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz com

17 mil estudantes, de 30% a 36% dos adolescentes entre 13 anos e 15 anos já

provaram cigarro. A maioria desses jovens (60%) começou a fumar com o estímulo

dos cigarros com aditivo.

Tenho convicção de que a decisão da ANVISA é absolutamente benéfica.

Isso porque tende a reduzir o apelo que os cigarros com aditivos de sabor exercem

sobre o público jovem, mais propício a experimentar e adquirir o vício.

Como resultado, espera-se uma diminuição no número de novos fumantes e,

consequentemente, menos pessoas com complicações de saúde decorrentes do

tabaco. Para que se tenha ideia do tamanho do impacto que o cigarro tem sobre a

saúde pública, o Brasil gasta cerca de R$ 400 milhões por ano com o tratamento

médico de fumantes vítimas de doenças derivadas do tabagismo.

Dessa forma, vejo como uma relevante decisão da ANVISA proibir o uso de

aditivos nos cigarros, diminuindo os possíveis atrativos da indústria de cigarros que

estimulam a aceitação do fumo e levam ao vício. Espero que essa medida, aliada às

crescentes campanhas nacionais de conscientização dos riscos do tabagismo,

reduza o número de fumantes no Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. MANATO (PDT-ES. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu quero

registrar que nesta segunda-feira estive lá no escritório, na Serra, com o Vereador

Miro, de Itaguaçu, e recebi uma grande notícia: o Miro, por iniciativa dos seus

colegas, por iniciativa da população de Itaguaçu, é pré-candidato à convenção do

PTdoB para Prefeito daquele Município.

Miro é um vereador muito atuante, Sr. Presidente, e se destacou pelas

emendas que conseguiu aprovar, levando para o Município equipamentos agrícolas,

calçamentos, estradas vicinais, caminhos do campo. Na função de vereador, ele

teve uma atuação brilhante. Temos certeza de que o PTdoB de Itaguaçu e os outros

partidos aliados vão considerar essa hipótese de o Vereador Miro ser candidato a

Prefeito, e vão lhe dar total apoio.

Nós já o estamos apoiando. Em maio estaremos lá para colocar o seu nome à

disposição da convenção e, se Deus quiser e nos der saúde, no período eleitoral

andaremos por todo o Município para dizer quem é o nosso querido Vereador Miro,

que, com certeza, vai ser um excelente Prefeito para a cidade de Itaguaçu.

Parabéns, Miro, por essa decisão acertada de ser pré-candidato a Prefeito na

convenção do PTdoB! Parabéns, Itaguaçu!

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. AUDIFAX (Bloco/PSB-ES. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, a atividade portuária no nosso Brasil anda cada vez mais

forte. O Espírito Santo representa aproximadamente 25% da atividade portuária no

nosso País, e o nosso Ministro dos Portos, juntamente com a nossa Presidenta, está

estudando a construção de um porto de águas profundas no Estado.

Vimos aqui nesta tarde defender que esse porto de águas profundas seja

construído no nosso Município, Serra, perto do Porto de Praia Mole. Considerando

as questões econômicas, considerando as questões geográficas e de logística da

nossa cidade, entendemos que o porto de águas profundas a ser construído no

Espírito Santo deva ficar no Município da Serra, ao lado do Porto de Praia Mole.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. WELITON PRADO (PT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

inicialmente, quero cumprimentar a todos.

Venho à tribuna para dizer que hoje é o primeiro dia da greve nacional dos

servidores da educação em defesa do piso salarial nacional. A paralisação se dará

por 3 dias.

Muitos Estados, como Minas Gerais, não pagam o piso para os trabalhadores

da educação, e os servidores estão realmente mobilizados. Deixo aqui registrada a

nossa solidariedade.

Foi discutido, inclusive, com o Presidente Marco Maia a possibilidade de se

criar uma comissão para debater outro índice, porque os Governadores não querem

o INPC para a correção do piso. Nós aprovamos uma nota de repúdio ao

Governador de Minas Gerais, que está coordenando esse movimento dos

Governadores.

Sr. Presidente, aproveito ainda para pedir a V.Exa. que considere lido e

divulgado no programa A Voz do Brasil pronunciamento em que trato do grande

problema que a imprensa está trazendo em relação à segurança dos parques do

Brasil. A revista Veja informou que 13 pessoas morreram em 4 anos. E temos um

projeto que garante e disciplina a fiscalização em todos os parques do País.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

A segurança nos parques do Brasil tem ganhado a mídia nas últimas

semanas, especialmente com a infeliz morte de uma adolescente de 14 anos no

Parque Hopi Hari, o maior parque de diversões do Brasil, no dia 24 de fevereiro. É

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inclusive neste grande parque que foi desenvolvido um projeto de lazer para as

crianças, a atração Parkid, que é um playground gigante para 400 crianças.

Segundo a revista Veja, em 4 anos, 13 pessoas morreram em parques de

diversão no Brasil por falhas de manutenção ou inspeção. Dados do Hospital das

Clínicas de São Paulo, divulgados na Internet, apontam que, dos aproximadamente

350 casos atendidos por dia no Pronto-Socorro Infantil, 30% decorrem de acidentes

em playgrounds, e 50% das visitas ao Pronto-Socorro Infantil são devidos a

machucados oriundos de quedas.

Portanto, torna-se fundamental que existam normas de segurança e de

manutenção em brinquedos dos parques. Com esse objetivo, tramita na Câmara dos

Deputados um projeto de lei, de minha autoria, que trata destas normas de

segurança e de manutenção em brinquedos dos parques infantis localizados em

áreas de uso coletivo e em estabelecimentos de educação infantil e de ensino

fundamental.

O projeto de lei estabelece que os responsáveis pelos parques devem

providenciar a vistoria anual dos brinquedos, em todo mês de janeiro, por

engenheiro legalmente habilitado, assim como a manutenção preventiva, a cada

mês de julho.

A proposta busca garantir que nossas crianças estejam mais seguras na hora

do lazer e aprendizado e que tenham garantido o direito de brincar. As atividades

desenvolvidas nesses espaços são essenciais na área pedagógica, de

aprendizagem e desenvolvimento das crianças, como coordenação motora e

socialização. Assim, devem ser construídos e mantidos em conformidade com as

determinações da NBR 14.350 (Segurança de Brinquedos de Playground), da

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Associação Brasileira de Normas Técnicas. Essas normas da ABNT são baseadas

em normas inglesas, que são as mais rígidas do mundo. Assim, indicam como deve

ser um parque, nos mínimos detalhes, como ângulos dos brinquedos, fixação, tipos

de piso e materiais adequados como plástico, aço ou ferro galvanizado, pintura

atóxica e madeira tratada.

O projeto determina também que as correções apontadas no laudo de vistoria

deverão ser providenciadas no prazo de 1 mês, sob pena de interdição do parque

infantil, e ainda que o laudo técnico da vistoria deve ficar disponível durante 1 ano

nas dependências dos estabelecimentos para fiscalização dos serviços executados.

Além da vistoria anual, os responsáveis devem providenciar que os parques

infantis passem por manutenção preventiva, semestralmente, com revisão de

parafusos, aperto de peças soltas e troca de peças que apresentarem defeito;

reforço dos pontos de solda dos brinquedos metálicos; conserto dos encaixes e da

pintura dos brinquedos construídos em madeira. Os estabelecimentos que

descumprirem a lei serão obrigados a pagar multa, aplicada por brinquedo irregular,

e poderão ser fechados enquanto durar a fiscalização. Portanto, não pode haver

negligência no que diz respeito à segurança das crianças e adolescentes nesses

equipamentos.

No ambiente escolar, o parque é um dos mais importantes meios de

aprendizagem, de desenvolvimento motor, intelectual e social das crianças. As

crianças são convidadas a participar de brincadeiras saudáveis e ao ar livre.

Também praticam atividade física. Além de ser um instrumento lúdico, é um meio de

lazer e aprendizado.

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Nesse sentido, vamos lutar para que o Projeto de Lei nº 138, de 2011, seja

aprovado pela Câmara dos Deputados, contribuindo com a luta pelos parques e

playgrounds mais seguros para as nossas crianças.

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O SR. GERALDO RESENDE (PMDB-MS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, primeiro eu gostaria de fazer uma cobrança às forças de segurança

pública do Estado de São Paulo. No dia 8 de março, em plena reunião política do

Partido Pátria Livre — PPL, no Guarujá, dois motoqueiros adentraram a reunião e

assassinaram covardemente o Sr. Ricardo Joaquim Augusto de Oliveira, que era

Presidente municipal do partido e pré-candidato a Vice-Prefeito da cidade, numa

possível coligação com a atual Prefeita Maria Antonieta de Brito. Faço esta cobrança

tendo em vista amigos comuns que hoje estão no PPL.

Em segundo lugar, quero elogiar a iniciativa do Governo Federal no combate

à obesidade infantil. Neste momento, 22 mil escolas públicas em todo o País e mais

de 1.938 Municípios começam a ser examinados pelos agentes comunitários de

saúde, com o objetivo de prevenir a obesidade infantil, o que acho uma bela medida.

PRONUNCIAMENTOS ENCAMINHADOS PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no dia 8 de março passado, quatro

pistoleiros, encobertos com capacetes, em duas motos, invadiram uma reunião

política do Partido Pátria Livre (PPL), no Guarujá, no Estado de São Paulo, e

assassinaram Ricardo Joaquim Augusto de Oliveira, Presidente municipal do partido

e pré-candidato a Vice-Prefeito da cidade.

Pelas características do crime, tudo leva a crer que a ação foi planejada com

o único intuito de eliminar esta liderança política. Na ocasião, Carlinhos da Prainha,

outro companheiro e pré-candidato a vereador no Guarujá, foi baleado, mas foi

hospitalizado e hoje não corre nenhum risco.

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Joaquim foi secretário de governo do Município, participando da gestão da

Prefeita Maria Antonieta de Brito, candidata que vai encabeçar a chapa, onde

possivelmente o PPL estará coligado.

Quero, além de me solidarizar com a esposa e os três filhos de Joaquim,

afirmar que estarei vigilante, para que as investigações deste bárbaro crime ocorram

com a celeridade exigida pela sociedade e pela classe política. Acredito que Ricardo

Joaquim foi assassinado por forças que residem no submundo da sociedade.

As regiões portuárias, como é o caso de Guarujá, responsável por 40% do

movimento de contêineres/mês do Porto de Santos, são locais muito vulneráveis a

toda sorte de criminalidade. Talvez este brutal assassinato tenha sido motivado por

interesses de criminosos que foram contrariados. Sendo assim, é dever desta Casa

exigir e gestar uma investigação célere e exitosa.

Muito obrigado pela atenção.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na semana passada, estudantes de

22 mil escolas públicas, em 1.938 Municípios no País, começaram a ser examinados

por agentes de saúde, com o objetivo de prevenir e combater a obesidade infantil.

Esta foi a primeira etapa da ação do Programa Saúde na Escola. Desta forma,

gostaria de parabenizar a iniciativa do Governo Federal, que atinge alunos de 5 a 19

anos. A meta de atender mais de 5 milhões de alunos é ousada e louvável.

Por ser médico, tenho profunda preocupação com as patologias que se

originam da obesidade, como hipertensão, doenças cardíacas, diabetes, colesterol

elevado, além da síndrome metabólica. A obesidade infantil pode significar uma vida

inteira de problemas de saúde. Acredito que, quando o Estado se propõe a entrar

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em determinado debate, a questão é priorizada e ganha vulto de política pública. A

obesidade é certamente uma epidemia. Basta comparar imagens gravadas pela

televisão, na década de 1960, e o que podemos acompanhar andando pelas ruas,

nos dias de hoje.

A obesidade está intimamente ligada à má alimentação e à ausência de

atividades físicas. A escola é o ambiente mais adequado para discutir este tema. É

nos colégios que se constrói o aparato de conhecimento que gera a modificação de

condutas. Desta forma, pode nascer dos jovens a cultura de uma vida saudável.

Sabemos que as mesmas crianças que cobram dos pais, por terem sido

instruídas nas escolas, o uso do cinto de segurança nos carros podem levar para as

suas casas e capilarizar a informação de uma alimentação rica e práticas de lazer,

jogos, passeios e atividades esportivas.

Semana passada, milhares de crianças tiveram seus peso e altura verificados

para o cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC), que indica se a criança está

obesa ou não. Em 2009, foi verificado que uma em cada três crianças, desta faixa

etária, estava acima do peso. No levantamento realizado este ano, serão analisados

também a visão e a audição dos estudantes.

Esta foi apenas a primeira etapa do Programa Saúde na Escola, que durará o

ano inteiro e atenderá 53 milhões de alunos, em 2.495 Municípios. Aqueles

diagnosticados com problemas de saúde serão encaminhados para uma Unidade

Básica. Já quem tiver alguma deficiência na visão receberá óculos.

Em Estado de Mato Grosso do Sul, já venho trabalhando para atender a

demanda da obesidade. No ano passado, enviamos correspondências para todos os

Municípios do Estado, informando a abertura de programa para cadastramento de

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“Academias da Saúde”. A unidade é um espaço preparado para receber e promover

eventos de atividades físicas e alongamentos. A ação do Ministério da Saúde prevê

o repasse para edificação e custeio das atividades desse equipamento público.

Por meio de nossa intervenção, conseguimos priorizar 22 Municípios do

Estado, de modo a receber a “Academia da Saúde”, sendo que as primeiras

parcelas para o início das construções das obras já se encontram nas contas das

administrações municipais, cabendo aos prefeitos a responsabilidade da execução.

Só para Dourados, viabilizamos duas unidades, uma no Parque Ambiental do

Córrego Rego d’Água e outra no Jardim Flórida. Além disso, disponibilizei para o

Município, por meio de minhas emendas individuais, 2 milhões de reais para a

construção de mais 10 unidades. Atualmente a população está mobilizada e

debatendo onde serão os melhores pontos para a implantação desta melhoria.

Logo, é com a mudança de hábitos e com políticas públicas que vamos

proporcionar mais qualidade de vida para a população. Pensar assim é deixar os

números de lado e trabalhar com o foco no ser humano.

Muito obrigado pela atenção.

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O SR. MARÇAL FILHO (PMDB-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, quero inicialmente cobrar do Governo Federal o diálogo

com os aposentados e pensionistas que ficou acertado no final da legislatura

passada. Os aposentados que ganham acima de um salário mínimo não tiveram

nenhum reajuste, estão aí à deriva, e até agora essas negociações não iniciaram.

Então, queremos fazer este apelo e também pedir aos Líderes partidários

desta Casa, ao Presidente da Câmara, Deputado Marco Maia, que coloquem em

votação o Projeto de Lei nº 4.434, de 2008, do qual sou Relator, que recupera as

perdas salariais dos aposentados que ganham acima de um salário.

É imprescindível esse projeto, no sentido de fazer com que os aposentados e

pensionistas do nosso País possam ser justiçados.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, quero registrar hoje desta tribuna

um fato lamentável que está ocorrendo na educação sul-mato-grossense. Os

estudantes de ensino a distância da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul —

UFMS estão enfrentando problemas com a falta de professores.

Os alunos passam no vestibular, fazem a matrícula e criam um pacto com a

Universidade: “receber uma boa formação profissional”. É o que deveria acontecer

nas instituições públicas de ensino superior, mas na UFMS (Universidade Federal de

Mato Grosso do Sul) a situação é bem diferente.

Em virtude do não pagamento dos salários dos professores, conteudistas e

tutores (presenciais e a distância) desde novembro de 2011, o resultado será a

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impossibilidade de cumprimento da grade curricular e o risco de os alunos não

conseguirem colar grau neste ano.

O início das aulas só se dará se houver o pagamento dos funcionários pela

Universidade. “Já estamos quase no final de março, e sequer as aulas iniciaram”.

Fatalmente o sonho de possuir o título de graduação, para esses alunos, vai

demorar um pouco mais.

O Ministério Público Federal foi acionado e, em ação civil pública

encaminhada à Justiça, requereu a abertura de concurso público para o suprimento

das vagas. Faço um apelo à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul para que,

em conjunto com o Ministério da Educação, possa solucionar tais problemas quanto

antes, porque os únicos prejudicados serão os estudantes.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. NELSON MARQUEZELLI (Bloco/PTB-SP. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, peço a V.Exa. considere lido pronunciamento em que trato da

reunião da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo — FIESP sobre os

importados brasileiros, quando foi levantado que a China é um dos países que mais

estão invadindo o comércio no Brasil.

Trata-se de um pronunciamento para que a Casa pense sobre o assunto.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Federação das Indústrias do Estado

de São Paulo realizou importante reunião onde os representantes do setor produtivo

e sindicalistas traçaram uma radiografia sobre o processo de desindustrialização em

vários setores produtivos, em especial os setores metalúrgicos, têxtil, de

alimentação, borracha e brinquedos.

Ficou constatado que a República Popular da China tem infestado o Brasil

com produtos de baixa qualidade e preços aviltantes, com práticas de dumping, o

que está destruindo a indústria nacional.

Esta programada para o dia 4 de abril uma grande manifestação pública em

todo o Brasil, mostrando ao Governo brasileiro que precisamos dar um basta a esse

processo de desindustrialização. As consequências já são imensas, com péssimos

resultados para a indústria brasileira. A Produção Industrial Mensal, divulgada pelo

IBGE, trouxe uma redução de 2,1% em comparação do mês de janeiro de 2012

contra dezembro de 2011.

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Precisamos fazer uma cruzada para reduzir as altas taxas de juros cobradas

pelos bancos, trazer o câmbio para números compatíveis com o mercado

internacional e forçar junto aos organismos internacionais investigações contra a

China.

Os chineses só nos compram commodities, causando um desequilíbrio na

balança comercial brasileira que já alcança o total de 31 bilhões de dólares, o maior

déficit da balança comercial do País desde 1989.

Felizmente, Sr. Presidente, os empresários e os trabalhadores estão

começando a entender que os nossos problemas podem e devem ser solucionados

através do diálogo franco e aberto, e a manifestação programada para o próximo dia

4 de abril, poderá ser um marco histórico nas relações trabalhistas.

Como empresário e homem público, apoio sob todos os aspectos a

manifestação do dia 4 de abril.

Muito obrigado.

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O SR. MARCON - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MARCON (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, peço a V.Exa. considere lido e divulgue na mídia da Casa discurso em

que registro a mobilização iniciada ontem pelo Movimento dos Atingidos por

Barragens — MAB, cuja reivindicação diz respeito à renovação das concessões nas

hidrelétricas no Brasil.

O MAB defende que haja licitação e controle público. Eles fazem outra

denúncia: mais de 70% dos agricultores atingidos por grandes represas de água,

usinas, não tiveram nenhuma concessão, foram jogados na rua.

Muito obrigado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Movimento dos Atingidos por

Barragens — MAB está promovendo nesta semana, em todo o País, a sua Jornada

Nacional de Lutas, através de ações em diversas estatais, como a ELETROBRAS e

a ELETRONORTE.

O objetivo da atividade é denunciar a dívida do Estado brasileiro com os

atingidos por barragens e cobrar uma resposta. Nos últimos 30 anos, o Movimento

calcula que mais de 1 milhão de pessoas tiveram suas vidas transformadas devido à

construção de barragens e 70% delas não receberam quaisquer tipos de

compensação.

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O MAB pauta a necessidade da criação de um órgão voltado especificamente

para efetivar os direitos dos atingidos por barragens, com aporte de recursos que

permita ao Estado o pagamento da dívida histórica com a população atingida.

A Coordenação do Movimento entende que o Estado brasileiro planeja as

hidrelétricas, concede as licenças ambientais, libera financiamentos públicos para

construir as obras. Porém, até hoje o Estado não tem uma política de tratamento

para as populações atingidas.

Outra pauta do Movimento diz respeito à renovação das concessões do setor

elétrico que estão para vencer até 2015. Em uma luta conjunta com os eletricitários,

o MAB se coloca a favor da renovação, pois boa parte desses recursos — que

incluem geração, transmissão e distribuição, em um negócio que chega a

representar R$ 30 bilhões por ano — estão nas mãos de empresas estatais e

correm o risco de serem privatizados se forem feitos os leilões. Para a Coordenação

Nacional do MAB, a participação dos sindicatos de eletricitários e engenheiros na

defesa dos direitos dos trabalhadores e na luta contra a privatização da energia no

Brasil tem sido mito importante.

No dia de hoje, 14 de março, está sendo lançado aqui na Câmara a Frente

Parlamentar dos Atingidos por Barragens, que será mais um instrumento dessa luta

que é de todos nós.

Obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre

Deputado Chico Alencar.

O SR. CHICO ALENCAR (PSOL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, saudando o Ministério Público Federal pela iniciativa em investigar

ações de sequestro, violência inominável, crimes hediondos praticados pelo Coronel

Sebastião Curió à época da Guerrilha do Araguaia, quero registrar nos Anais da

Casa um pronunciamento sobre a importância da recuperação da memória, da

verdade histórica, através de um artigo que eu consegui publicar no jornal O Globo,

no sábado passado, intitulado Página infeliz da nossa história, que não pode ser

passagem desbotada na memória das nossas novas gerações. Estou parafraseando

dois xarás: Francis Hime e Francisco Buarque de Hollanda.

Pelo direito à memória, à verdade e à justiça, sempre, a Câmara vai trabalhar

nesse sentido, sob a coordenação da Deputada Luiza Erundina, na Subcomissão

Parlamentar vinculada à Comissão de Direitos Humanos. Estamos lá nessa batalha.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todas e todos que assistem a esta

sessão ou nela trabalham, ao aplaudir a decisão do Ministério Público Federal de

ajuizar processo contra o Coronel da Reserva do Exército Sebastião Curió, acusado

de sequestrar militantes políticos durante a Guerrilha do Araguaia (1972-1975), no

Pará, registro nos Anais da Casa a íntegra do artigo de minha autoria publicado no

jornal O Globo no último sábado, 10 de março de 2012:

“Página infeliz da nossa história

Chico Alencar

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“Somos o que fazemos. Mas somos,

principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.”

(Eduardo Galeano)

“Brasileiro não tem memória”, diz o senso comum.

Entretanto, um povo só avança em civilização

conhecendo sua própria história, caminho dialético de

cruzes e luzes. Esquecer períodos dessa trajetória é

postura obscurantista e perigosa: quem não se recorda do

passado corre o risco de revivê-lo.

Os crimes de perseguição, tortura, assassinato e

desaparecimento de presos políticos, cometidos pela

ditadura civil-militar implantada com o golpe de 1964,

foram hediondos. Ninguém pode ser conivente com eles.

Quando se alega que também houve prática “terrorista”

por parte daqueles que se insurgiram contra a ditadura,

igualando-os aos torturadores, omite-se importante

aspecto: enquanto o governo militar agia, sem

legitimidade para tanto, sobre pessoas imobilizadas, os

que ousavam resistir ao regime pagaram seus atos com

prisão, sevícias cruéis, exílio ou morte. Já foram

violentamente punidos, sem limites. Seus algozes, por

outro lado, até ascenderam na hierarquia do serviço

público ou no mundo empresarial!

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Não há revanchismo: ninguém quer torturar

torturadores, realizar prisões ilegais e negar direito de

defesa, mas fazer valer o direito à memória coletiva e à

justiça. Passado é o que passou e o que, sendo

devidamente lido e relido, nos constitui. A máquina de

terror montada pela ditadura, com o uso de instalações e

recursos públicos, não pode ser “página infeliz” virada,

arrancada ou lida às pressas. Nem “passagem desbotada

na memória das nossas novas gerações”, como alerta a

denúncia poética de Chico Buarque e Francis Hime.

A sociedade brasileira tem o direito irrenunciável de

conhecer quem ordenou a tortura e torturou, quem

montou a estratégia da violência oficial contra opositores,

quem a financiou, quem praticou atos tão covardes que

nem mesmo o regime, embora os tenha organizado

“cientificamente” e exportado know-how para ditaduras

vizinhas, os assumiu.

A consciência democrática não compreenderia a

adesão da oficialidade contemporânea a processos

espúrios, que só desonraram seus estamentos. Que

corporativismo seria aquele que defendesse como seu

“patrimônio” práticas que atentaram contra os mais

elementares direitos das pessoas? Ou que corroborasse,

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passadas três décadas, escandalosas mentiras

palacianas?

O princípio humanista garante que as famílias que

não tiveram sequer o direito de sepultar seus entes

queridos, ou que viveram o drama indizível de sabê-los

nas masmorras, sofrendo todo tipo de agressão,

conheçam seus carrascos. Para usar, se desejarem, o

direito de acioná-los judicialmente. Os protagonistas da

repressão encapuzada devem ter a hombridade de

reconhecer que praticaram atrocidades, caminhando

assim para o que em direito se chama de “arrependimento

eficaz”, como ocorreu na África do Sul.

A nação reverencia a luta dos que nos trouxeram a

democracia, ainda que com suas limitações atuais,

inclusive os jovens que pegaram em armas contra o

governo de exceção, em inglória batalha. Os que

resistiram ao arbítrio pela via institucional reconhecem a

coragem e o sacrifício dessa geração. A chamada

“transição pelo alto”, pactuada e negociada, aconteceu

também porque alguns arriscaram suas próprias vidas

para romper o círculo de ferro do regime militar.

A Comissão Parlamentar da Verdade, que já tarda,

e suas similares nos Legislativos devem atuar dentro

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deste viés humanista: com firmeza, serenidade e visão de

processo histórico.

(Chico Alencar é Professor de História e Deputado

Federal — PSOL-RJ)”

Agradeço a atenção.

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O SR. SANDRO ALEX (Bloco/PPS-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, foram aprovados hoje, na Comissão de

Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, dois requerimentos de minha

autoria: um convidando o Sr. Marco Antônio Raupp, Ministro da Ciência, Tecnologia

e Inovação, e o outro convidando o Sr. Paulo Bernardo, Ministro das Comunicações,

para que eles possam expor as informações sobre ações prioritárias planejadas por

esses Ministérios para o ano de 2012.

O Ministro Marco Antônio Raupp comparecerá à Comissão no dia 28, às 10

horas da manhã, e o Ministro Paulo Bernardo, no dia 20, às 14h30min. Os dois

requerimentos são de minha autoria e já foram aprovados. Então, vamos poder ouvir

os Ministros naquela Comissão.

Da mesma forma, foi deliberado que continua a Subcomissão de Rádio

Digital. Agradeço a todos os Deputados que queiram se juntar a essa discussão

importante para o Brasil e para as emissoras AM.

Muito obrigado.

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O SR. DR. ALUIZIO (Bloco/PV-RJ. Sem revisão do orador.) - Exmo. Sr.

Presidente, Srs. Parlamentares, a segurança dos trabalhadores da indústria do

petróleo tem sido tema recorrente em meus pronunciamentos e, portanto, um dos

principais focos do meu mandato.

Na Subcomissão da Saúde do Trabalhador, chamamos atenção para as

condições de insegurança observadas em algumas plataformas de petróleo,

principalmente na Bacia de Campos. Vários incidentes têm ocorrido, todos

noticiados pela imprensa, e o dia de ontem nos reservou um novo evento: um

incêndio na Plataforma SS-39 da empresa Queiroz Galvão, no campo de Albacora, a

139 quilômetros de Macaé, culminou com adernamento de 3 graus na referida

plataforma.

Sr. Presidente, o acidente ocorre justamente quando o SINDIPETRO-Norte

Fluminense realiza um movimento para lembrar um dos maiores acidentes na

indústria de petróleo no Brasil, que foi o afundamento da P-36, em 15 de março de

2001, portanto, há 11 anos, quando 11 trabalhadores morreram.

Aproveito para me solidarizar com as famílias dos trabalhadores petroleiros,

que perderam a vida.

Para concluir, insisto na participação desses mesmos trabalhadores, cujas

vidas e famílias estão sob constante risco, numa discussão tripartite, envolvendo

também o Estado brasileiro, a indústria do petróleo e os trabalhadores, para decidir

as questões de segurança nas plataformas de trabalho.

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O SR. DR. UBIALI (Bloco/PSB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, estive em Vitória, no Espírito Santo, nesta segunda-feira,

em missão oficial, representando a Câmara dos Deputados, a convite do

Governador Renato Casagrande, para o lançamento de um programa de

desenvolvimento do cooperativismo daquele Estado, o que sem dúvida os coloca em

destaque nacionalmente.

O Brasil precisa dar mais importância e tratar com critérios de

desenvolvimento as nossas cooperativas. Nós sabemos da importância das

cooperativas na criação de emprego, mobilização de recursos, criação de

investimentos produtivos, contribuindo para a economia em todos os setores, o que

é extremamente importante para um país em desenvolvimento ameaçado pela

desindustrialização. Se isso não bastasse, nós sabemos da capacidade reconhecida

de distribuição de renda na essência do movimento cooperativista.

Por isso, Sr. Presidente, é extremamente importante que sejam tomadas

políticas públicas como essa que permite o desenvolvimento das cooperativas.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, estive em Vitória, no Espírito Santo, nesta segunda-feira, em

missão oficial, representando a Câmara dos Deputados, a convite do Governador

Renato Casagrande, para o lançamento de um programa de desenvolvimento do

cooperativismo daquele Estado, o que sem dúvida os coloca em destaque

nacionalmente.

O Brasil precisa dar mais importância e tratar com critérios de

desenvolvimento as nossas cooperativas. Nós sabemos da importância das

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cooperativas na criação de emprego, mobilização de recursos, criação de

investimentos produtivos, contribuindo para a economia em todos os setores, o que

é extremamente importante para um país em desenvolvimento, ameaçado pela

desindustrialização. Se isso não bastasse, nós sabemos da capacidade reconhecida

de distribuição de renda na essência do movimento cooperativista.

A cooperativa ao ser uma associação autônoma de pessoas que se unem

voluntariamente para atender suas necessidades e aspirações comuns, econômicas,

sociais e culturais, por meio de empreendimento de propriedade comum e de gestão

democrática, passa a ser a melhor relação entre o capital e o trabalho e a forma

mais prática e econômica de geração de emprego e renda.

Tendo como princípios a autoajuda, o espírito de responsabilidade, a

democracia, a igualdade, a equidade e principalmente a solidariedade, sempre

regido por princípios éticos de honestidade, transparência, responsabilidade social e

interesse pelo ser humano, um pelo outro, e, sendo uma associação voluntária e

acessível permite, com pouco capital individual, mas com a força do trabalho

coletivo, atingir objetivos de crescimento com garantias de serviço prestado com

qualidade.

Destacamos que a cooperativa, ao ter o controle democrático pelo associado,

a participação econômica do associado, a autonomia e a independência

acompanhada de educação, formação e informação do que é cooperativa, muda a

visão individual de um negócio não cooperativista para a visão coletiva participativa

desse sistema.

Há de se lembrar que está na essência do cooperativismo a cooperação entre

elas e o interesse pela comunidade como um todo. As cooperativas, em suas várias

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formas, promovem a mais plena participação no desenvolvimento econômico e

social de todos os povos.

Com a globalização, criou-se novos desafios, problemas e oportunidades para

as cooperativas, o que não tem tido em nosso País uma compreensão que possa

fazer a expansão do cooperativismo para que haja as mais sólidas manifestações de

solidariedade humana em âmbitos nacional e até internacional, facilitando uma

distribuição mais equitativa dos benefícios da globalização.

O que precisamos fazer? Devemos promover o potencial das cooperativas e

desenvolver capacidades de recursos humanos e conhecimento dos valores,

vantagens e benefícios do movimento cooperativo por meio de educação e

formação, promover seu potencial comercial, inclusive facilitar suas capacidades

empresariais e gerenciais através de cursos e planejamentos estratégicos de

negócio, fortalecer sua competitividade como também lhes propiciar acesso a

mercados e instituições financeiras em condições favoráveis, aumentando a

poupança e os investimentos destinados a este segmento, pois só assim poderemos

melhorar o bem-estar social e econômico delas. Somente as cooperativas poderão

eliminar todas as formas de discriminação, contribuindo para o desenvolvimento

humano sustentável, criando e expandindo setores específicos para atender as

necessidades econômicas e sociais da comunidade, em que, pela iniciativa privada

capitalista, não há interesse de atuar.

Somente assim teremos um equilíbrio entre o setor privado, o setor público e

o cooperativismo. Uma sociedade equilibrada requer a existência de fortes setores

públicos e privados como também de um forte setor social cooperativo, mutualista, e

outros setores sociais e não governamentais.

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O Governo precisa criar políticas de apoio ao cooperativismo e para isso criar

uma estrutura institucional que facilite o registro de cooperativas de modo rápido,

simples, disponível e eficiente. Deverá adotar políticas públicas que possam

capacitar as cooperativas para atender as necessidades de seus membros e da

sociedade, inclusive as necessidades de grupos desfavorecidos, com vista a sua

inclusão social. Deverá ainda adotar medidas para a supervisão de cooperativas de

modo apropriado a sua natureza e as suas funções, que respeitem sua autonomia e

sejam conformes à lei e à prática nacionais e não sejam menos favoráveis do que as

aplicadas às outras formas de empresa e organização social. Digo isto porque a

cooperativa, por ser de administração democrática e transparente, acaba tendo

custos institucionais maiores e uma necessidade intrínseca de documentação de

todos os seus atos e a consequente tributação dos mesmos, o que nem sempre

acontece com essas outras formas de empresas.

As políticas públicas deverão facilitar a associação de cooperativas e

estruturas cooperativas, para atenderem as suas necessidades, incentivando a

criação de cooperativas que tenham importante papel a desempenhar ou serviços

que não estariam disponíveis de outra forma.

Será fundamental que essas políticas contemplem o desenvolvimento de

programas de recursos humanos, pesquisas e serviços de consultoria gerencial,

assim como acesso ao financiamento e investimento em situações especiais e

favorecidas.

O suporte aos serviços de contabilidade e de auditoria, de informação

gerencial, de informação e de relações públicas, de consultoria sobre tecnologia e

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inovação, de assessoria jurídica e fiscal, de apoio à comercialização é fundamental

para o sucesso do negócio e deve também estar contemplado nessas políticas.

É clara a necessidade de benefícios fiscais, empréstimos, subsídios, acesso a

programas de obras públicas e disposições especiais de compras governamentais

para as cooperativas, dada a sua natureza de transparência e documentação de

seus negócios, o que nem sempre há nas outras formas de associação comercial.

A participação das mulheres no movimento cooperativo, particularmente no

âmbito de gerenciamento e liderança, deve ser incentivada, pois o cooperativismo

pressupõe equidade e ausência de preconceito.

É de extrema importância também que promovamos medidas que assegurem

a observância das melhores práticas de trabalho nas cooperativas, e a formação

continua nos princípios e nas práticas cooperativistas, sempre adotando medidas

que propiciem segurança e saúde no local de trabalho, ofereça formação e outras

formas de assistência para melhorar o nível de produtividade e de competição na

qualidade de seus produtos e serviços. Tudo dentro do princípio de Filadélfia, de que

“trabalho não é produto”.

Somente as cooperativas podem promover o importante papel na

transformação de atividades frequentemente marginais de sobrevivência, que são

algumas vezes referidas como economia informal, em trabalho legalmente protegido,

plenamente integrado no contexto da vida econômica, o que sem dúvida transforma

o cooperativismo em uma forma fundamental para políticas públicas de sucesso.

Obrigado.

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A SRA. FÁTIMA BEZERRA (PT-RN. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, quero aqui expressar todo o meu apoio e minha solidariedade aos meus

colegas professores do Rio Grande do Norte e de todo o Brasil que, liderados pela

CNTE, realizam uma paralisação nacional, nos dias 14, 15 e 16.

Essa mobilização faz parte da luta pela aprovação do PNE, por mais recursos

para a educação e pela defesa dos 10% do PIB para a educação. Essa mobilização

nacional faz parte da luta pelo cumprimento da Lei do Piso Salarial aprovada por

unanimidade nesta Casa.

Esta luta, Sr. Presidente, pretende na verdade envolver a sociedade porque

infelizmente muitos Estados — Estados inclusive considerados ricos — não estão

pagando o piso salarial do magistério.

Então a mobilização vem no sentido de envolver a sociedade, que precisa

abraçar essa luta. A agenda de valorização do magistério deve ser também de

valorização do País.

Obrigada, Sr. Presidente.

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O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

quero dar como lido o nosso pronunciamento contra o corte de direitos dos

trabalhadores do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, porque eles vêm sofrendo

um verdadeiro ataque contra os seus direitos: o corte da insalubridade que lhes é

paga e devida.

O Instituto Emílio Ribas é considerado o segundo melhor do mundo e o

melhor do Brasil em doenças infecciosas e parasitárias, um centro para onde

acorrem todos os brasileiros com doenças infecciosas. Estamos atacando aqui essa

medida do projeto de melhoria de qualidade da gestão pública, do Governo Alckmin,

para aumentar receitas e reduzir despesas em cima da insalubridade dos

trabalhadores, cujos salários, inclusive, podem ser cortados em 25%.

Sr. Presidente, entendemos que isso é um atentado contra os direitos dos

trabalhadores e uma lógica de privatização das duas portas do SUS.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna manifestar nossa

solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras do Instituto de Infectologia Emílio

Ribas, considerado hoje o segundo melhor hospital do mundo em doenças

infecciosas e parasitárias. Esses trabalhadores sofrem agora mais um ataque a seus

diretos por parte do Governo de São Paulo. Desrespeitando um acordo firmado pelo

SINDSAÚDE e a Secretaria de Gestão Pública, o Governador Geraldo Alckmin está

cortando o adicional de insalubridade dos funcionários.

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Os cortes começaram na área administrativa e agora atingem os profissionais

da saúde. Nesta quinta-feira, dia 15 de março, haverá um grande ato em frente à

Secretaria da Saúde em São Paulo, na expectativa de que o quadro seja revertido.

É importante explicitar que o adicional de insalubridade é um direito desses

trabalhadores pelo fato de executarem atividades em locais que os colocam em

contato direto e permanente com pessoas portadoras de doenças infeccionas —

muitas vezes ainda não diagnosticadas, o que aumenta o risco de exposição dos

trabalhadores. O Emílio Ribas recebe pacientes portadores inclusive de patologias

desconhecidas, provenientes de unidades de saúde de todo o País.

Seus trabalhadores atendem pessoas com moléstias infectocontagiosas e

manipulam materiais contaminados com sangue e outras secreções de pacientes. E,

por se tratar de agentes biológicos, não é possível falar em limites de tolerância ou

eliminar-se completamente a insalubridade decorrente desse contato. A análise do

risco biológico nesses casos não é quantitativa, e sim qualitativa.

Agora, no entanto, o Emílio Ribas decidiu reduzir o adicional de insalubridade

dos profissionais da saúde para o grau mínimo e, em alguns casos, cortá-lo por

completo. A medida faz parte do projeto de melhoria na qualidade da gestão pública,

que visa ao aumento de receitas e à redução de despesas, implementado pelo

Governo Alckmin. A questão da insalubridade, no entanto, como dissemos, não é

quantitativa. E, independentemente disso, há mais de 20 anos o Instituto foi

classificado insalubre em seu grau máximo. Isso não mudou.

O problema é que há trabalhadores que há décadas recebem o grau máximo

de insalubridade, que agora está sendo revisto pela Secretaria de Saúde. Tudo isso

num quadro em que a remuneração já é extremamente rebaixada, e o Governo se

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dá ao luxo de cortar direitos. Para algumas pessoas, o corte do adicional pode

significar uma perda de 25% de seus salários. Ou seja, estamos falando de algo

muito significativo, Sras. e Srs. Deputados.

Para piorar, tal política de ajuste fiscal está combinada com medidas que

apontam para a privatização do Emílio Ribas. Os trabalhadores temem que o

Governo esteja enxugando os gastos do Instituto para então privatizá-lo. Vale

lembrar que o primeiro passo já foi dado neste sentido, com a aprovação pelo

Governo, na Assembleia Legislativa de São Paulo, do projeto que autoriza que todo

hospital público reserve até 25% dos seus leitos para os planos de saúde. A

institucionalização da porta dupla — em que, em uma porta, o hospital atende

gratuitamente o público geral e, na outra, os “clientes pagos” — é devastadora para

o SUS e representa uma violação do direito à saúde, através do atendimento

diferenciado.

Enfim, Sr. Presidente, ao quadro do Emílio Ribas, que já era de condições de

trabalho inadequadas, com falta de funcionários, somam-se agora o corte de direitos

e as medidas privatizantes.

Manifestamos aqui então nosso mais veemente repúdio a esta política do

Governo tucano de São Paulo e nossa solidariedade aos profissionais da saúde de

todo o Estado.

O PSOL está junto com vocês nesta luta!

Muito obrigado.

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O SR. COSTA FERREIRA (PSC-MA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, fechados os cálculos pela Companhia Nacional

de Abastecimento — CONAB, o Maranhão contabiliza uma safra recorde de grãos

para o período 2011/2012. A safra maranhense deve ser de 3 milhões, 530 mil

toneladas, um acréscimo de 7,7% em relação à safra passada.

As culturas que compõem a safra recorde são soja, milho, algodão, arroz e

feijão. A soja teve aumento de 12,8%; a cultura de algodão, de 15%, e a safra de

milho, outro recordista, computa aumento de mais de 11%.

Dois fatores foram decisivos para isso: o aumento da área cultivada em 9,4%

e o incremento da produção pelo uso de tecnologias.

O volume geral da produção posiciona o Estado do Maranhão como o

segundo maior produtor de grãos do Norte e Nordeste e o décimo entre todos os

Estados do País. Esses dados, de acordo com a CONAB, são um seguro indicativo

do desenvolvimento do Estado do Maranhão, que movimentou em exportações mais

de 206 milhões de dólares em 2011.

O ponto negativo diz respeito à queda da safra de arroz (2,7%) e feijão (17%),

a base do prato do brasileiro, mormente o nordestino. Nada indica ser um padrão,

mas uma queda circunstancial.

Em todo caso, a Governadora Roseana Sarney, maior incentivadora da

agricultura estadual, tomará as medidas necessárias para o perfeito equilíbrio da

produção de alimentos no Estado.

A produção de alimento figura entre as principais preocupações da ONU,

considerando o aumento da população mundial, que já passa dos 7 bilhões —

número que exige, por si só, produção colossal de alimento. Outro fenômeno social

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relevante diz respeito à ascensão de milhões de pessoas a classes mais elevadas, o

que projeta significativo aumento do consumo de alimentos.

O Brasil figura como um dos protagonistas da produção de alimentos e

caminha para a liderança, posto hoje ocupado pelos Estados Unidos. A avaliação do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com base no Relatório Brasil –

Projeções do Agronegócio 2010/2011 a 2020/2021, também indicam que a produção

brasileira de grãos deve ter um aumento em torno de 23% até 2021, sobre uma área

acrescida de 9,5%.

Segundo o MAPA, contribui para esse aumento de perspectiva a nova

fronteira agrícola do País, constituída pelos Estados do Maranhão, Piauí, Bahia e

Tocantins — o preço mais baixo do hectare e a fertilidade do solo são os maiores

atrativos —, realidade que deve ampliar a produção de carnes, grãos, legumes e

celulose, entre outros itens.

Portanto, o Maranhão está no caminho do desenvolvimento.

Ficam, dessa forma, minhas congratulações a todos os que contribuem para a

obtenção dos bons resultados que o Estado alcançou.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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A SRA. JANETE CAPIBERIBE (Bloco/PSB-AP. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, registro o empenho do Governo do Amapá para levar a

Internet banda larga por fibra ótica ao Estado. Trabalho por isso desde 2007, junto

com o Governador Camilo, que era Deputado Estadual.

Serão investidos 32 milhões de reais para implantar a fibra ótica do Município

de Calçoene até a Guiana Francesa, onde a empresa Oi terá parceria com a France

Telecom ou a Guyacom. De Calçoene a Macapá, a Oi alugará a rede da

ELETRONORTE.

No dia 25 de janeiro, o Governador Camilo assinou convênio com a Oi. O

Governo do Estado vai financiar metade do projeto por incentivo fiscal com redução

no ICMS, o que já tem aprovação do Conselho Nacional de Política Fazendária —

CONFAZ.

As licenças estão sendo providenciadas, e a Oi garante que a rede estará

pronta ainda este ano e ficará disponível para 90% da população estadual.

Obrigada.

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O SR. JONAS DONIZETTE (Bloco/PSB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero dar apoio a uma importante medida que foi tomada ontem na área

da saúde: a proibição de acréscimos de substâncias aromáticas que trazem sabor

aos cigarros. Nós sabemos que essa é uma maneira de cativar principalmente os

mais jovens para ingressarem no mundo dos fumantes. Depois que a pessoa dá

esse passo, o passo de volta é muito difícil.

O Estado de São Paulo foi pioneiro no País ao abolir o fumo em lugares

fechados, ao propiciar um ambiente mais saudável para a população. O Brasil

acompanhou esse caminho. Hoje isso já vale para todo o Brasil.

Medidas como essa, que inibem que mais pessoas se viciem no fumo, são

muito positivas para a saúde da população, principalmente quando resguardamos a

nossa juventude.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência tem o prazer de

citar, visitando a Casa, o Vereador Cícero Gomes da Silva, Presidente da Câmara

Municipal de Ribeirão Preto, a quem saúdo neste instante, por intermédio do nosso

grande colega Roberto de Lucena.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre

Deputado Gonzaga Patriota, do PSB de Pernambuco.

O SR. GONZAGA PATRIOTA (Bloco/PSB-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaríamos de registrar que o Sr. Julianeli

Tolentino, Reitor da UNIVASF, está fazendo convênios com universidades

americanas para estudantes e professores da Universidade do Vale do São

Francisco.

Quero aproveitar para agradecer, Sr. Presidente, aos Deputados do Nordeste,

pois hoje, dos 154 membros, 106 Deputados, a grande maioria, estiveram presentes

à reunião da bancada nordestina, na qual tratamos dos problemas da dívida de

agricultores e fruticultores.

O Sr. Ivan Pinto, que representa os fruticultores do Vale do São Francisco, fez

uma exposição, e a Presidente Dilma vai receber os coordenadores estaduais, para

que possamos resolver, de uma vez por todas, essas dívidas dos agricultores de

frutas do Nordeste.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estreitar relações com outras

instituições e possibilitar o intercâmbio do ensino e da pesquisa são alguns objetivos

da Universidade Federal do Vale do São Francisco, ao estabelecer parcerias como a

que acaba de ser conveniada, por meio de cooperação técnica com a Universidade

de Washington, dos Estados Unidos da América.

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A expectativa é de que outras parcerias possam ser firmadas ainda este ano:

representantes da Ohio State University e da State University of New York já

programam uma visita à instituição situada no Semiárido nordestino.

“O objetivo é facilitar ações como o intercâmbio de alunos de graduação e

pós-graduação, além de professores, para adquirir novos conhecimentos que serão

usados aqui”, enfatiza o Reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco,

Julianeli Tolentino.

Para o representante da Universidade de Washington, Orlando Baiocchi, o

convênio estimula a interação entre as instituições. “O que já estamos fazendo,

quando recebemos dois alunos de computação da UNIVASF, selecionados para

intercâmbio por meio do programa Ciências sem Fronteiras”, pontua.

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O SR. EDINHO BEZ (PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

meus colegas Parlamentares, chamo a atenção das autoridades municipais,

estaduais e federal para a grande mobilização dos professores que está programada

em todo o Brasil.

Jamais vi, li ou ouvi alguém se manifestar contra a educação. No entanto, dá

para contar nos dedos aqueles que realmente fazem pela educação.

Eu mesmo tenho refletido, nos últimos tempos, sobre o assunto educação.

Inclusive, na data de ontem, recebi de um ex-professor universitário uma sugestão

com o título Educação, o ser humano e o mundo, que estou neste momento

analisando. A sugestão é do queridíssimo e reconhecido economista e professor

José Müller.

Vamos todos refletir! Ainda há tempo. Vamos evitar que se desmotive ainda

mais essa classe tão importante.

Eu fui professor, meu caro Presidente Inocêncio Oliveira, por 4 anos. Em

função de outras atividades deixei o magistério, mas temos de reconhecer que a

categoria é importante para o Brasil.

Muito obrigado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na qualidade de Coordenador do

Fórum Parlamentar Catarinense e ex-professor, tomo a palavra nesta oportunidade

para falar sobre a educação brasileira que está sob olhares atentos da população.

Chamo a atenção das autoridades municipais, estaduais e federal sobre a grande

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mobilização para uma paralisação dos professores que está programada em todo o

Brasil.

Quase 4 anos após o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionar a lei que

instituiu o piso nacional do magistério, professores preparam, a partir desta quarta-

feira, uma mobilização nacional para cobrar o cumprimento da lei.

Em todos os Estados e no Distrito Federal, os professores prometem parar as

atividades nas escolas por 3 dias e promover a maior mobilização da história do

País pela valorização da educação.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que

reúne os sindicatos da categoria, está programando a maior manifestação pela

educação que o Brasil já teve.

Segundo os organizadores da mobilização, a paralisação deve atingir escolas

públicas das redes estaduais e municipais e, se as demandas não forem cumpridas,

em algumas localidades o protesto pode resultar em greve.

No dia 27 de fevereiro deste ano, o Ministério da Educação anunciou o novo

piso nacional do magistério, segundo reajuste de 22% calculado com base no Fundo

de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB).

Segundo levantamento da CNTE, apenas os Estados de São Paulo,

Pernambuco, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Goiás e o Distrito

Federal pagam aos seus professores o piso nacional de R$ 1.451,00, definido pela

lei.

Precisamos trabalhar para que haja ampla mobilização pela valorização da

educação.

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Em Goiás, Rondônia e Piauí a paralisação teve início em fevereiro. Já no

Distrito Federal a mobilização foi iniciada na última segunda-feira, para cobrar a

equivalência do salário dos professores com outros servidores distritais.

Além da luta nacional pelo salário de R$ 1.451,00, os professores cobram

ainda que 10% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas do País,

seja investido em educação. A meta do Governo Federal no Plano Nacional de

Educação (PNE) é estipular esse valor em 7% do PIB.

Não podemos aceitar que em um país que já se tornou a sexta economia

mundial, a educação ainda não seja tratada com prioridade.

Esse é o momento de repensarmos o papel do educador, senão daqui a

poucos anos não vai mais haver professor em sala de aula, porque o interesse pela

carreira está cada vez menor.

A categoria ainda luta para que os Estados cumpram com outra norma

definida pela lei do piso: que um terço da carga horária dos docentes seja destinada

para atividades extraclasse, como cursos de capacitação, correção de provas e

preparação de conteúdos. Sobre esse dispositivo, levantamento dos sindicatos

aponta que apenas Acre, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Paraíba,

Rondônia e Sergipe seguem a regra.

Encerro manifestando a minha solidariedade aos professores deste Brasil

afora, lembrando que tenho citado em minhas palestras que a educação é realmente

a base de tudo na vida.

Jamais vi, li ou ouvi alguém se manifestar contra a educação, no entanto, dá

para contar nos dedos aqueles que realmente fazem pela educação.

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Eu mesmo tenho refletido nos últimos tempos sobre o assunto educação.

Inclusive, na data de ontem, recebi do meu ex-professor universitário uma sugestão

com o título Educação, o ser humano e o mundo, que estou neste momento

analisado. A sugestão é do queridíssimo e reconhecido economista e professor José

Müller.

Vamos todos refletir! Ainda há tempo.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PAULO FEIJÓ (Bloco/PR-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

no meu pronunciamento, reproduzo um artigo do Senador Aécio Neves, publicado

na Folha de S.Paulo. Faço isso porque acho muito oportuno esse artigo, que trata da

altíssima concentração de recursos e de poderes do Governo Federal.

O Estado brasileiro está cada vez menos federalista, o que tem trazido sérios

transtornos a Estados e Municípios. Os Estados estão endividados, e com dívidas

impagáveis. Então, é preciso bom senso e ponderação do Governo Federal, para

que não aumente essa concentração de recursos e de forças.

Aécio Neves é um homem público muito experiente. Foi Presidente desta

Casa, Governador do Estado de Minas Gerais por duas vezes e é hoje Senador da

República. Enfim, um homem público de muito conceito junto ao povo brasileiro.

Este é o meu pronunciamento.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, senhoras e senhores, crianças,

jovens e pessoas com deficiência que me ouvem, veem e leem pela Rádio Câmara,

pela TV Câmara, pela Internet e por redes sociais e que, inclusive, me acompanham

pela Língua Brasileira de Sinais — LIBRAS, em particular, ilustres cidadãos do meu

Estado, Rio de Janeiro, a quem tenho o orgulho de aqui representar, encontro-me

em meu quarto mandato como Deputado Federal e tenho a plena consciência do

quanto, ao longo de todos estes anos, tem sido complexa a atuação parlamentar

principalmente no tocante à defesa dos interesses dos Municípios e à intermediação

da relação destes com o Governo Federal.

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Tal dificuldade se deve principalmente ao processo de desequilíbrio e

desarmonia entre os entes federativos, sendo um dos principais temas a respeito

deste assunto, sem sombra de dúvidas, a relação entre Municípios, Estados e

União, notadamente ao longo dos últimos anos.

Por isso, nobres colegas de Parlamento, gostaria de registrar, no plenário da

Câmara dos Deputados, o conteúdo de artigo assinado pelo Senador Aécio Neves,

do PSDB de Minas Gerais, publicado no jornal Folha de S.Paulo, que vai ao

encontro de minhas preocupações em relação ao que precisamos resgatar em torno

do assunto federalismo.

Em seu artigo publicado nesta segunda-feira, o Senador Aécio Neves

observa:

“O governo que tudo pode, e só ouve o que lhe

interessa, simplesmente dá de ombros diante de Prefeitos

já incorporados à paisagem dos protestos inúteis sobre a

Esplanada dos Ministérios, mobilizados por migalhas de

recursos”.

Trata-se de uma verdade inconteste e demonstra

bem a compreensão correta do Senador Aécio Neves do

quanto é difícil exercer na plenitude o mandato de

Deputado Federal de forma proativa, produtiva, na busca

de recursos e na defesa de posições dos Municípios

como também de seus interesses.

E continua o Senador Aécio Neves em seu artigo publicado no jornal Folha de

S.Paulo:

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“O País fica a cada dia menos federalista e mais

concentrador. Trata-se de crônica doença do Estado

brasileiro, que se adensou perigosamente como nunca

antes na nossa história.”

O Senador Aécio Neves levanta, ainda, outro debate, sobre o papel que o

Governo Federal tem exercido junto aos Estados, “engolfados por dívidas

impagáveis com a União”, como bem avalia, independentemente de partidos. O

Senador lembra que mesmo depois de mais de uma década de pagamentos

substantivos, o valor nominal dessa dívida é maior hoje do que era no início do

financiamento.

Em seu artigo, o Senador Aécio Neves enfatiza:

“Se é importante que o desenvolvimento seja

estimulado por financiamentos mais baratos para todos,

como justificar que os Estados, responsáveis por

investimentos em saúde, educação e segurança, sejam

penalizados pelo Governo com encargos financeiros nas

alturas?

Como a União, ao mesmo tempo, incentiva o

investimento privado e penaliza o investimento público?

Por que o Governo Federal não usa, na correção

das dívidas dos Estados com a União, o mesmo

indexador que usa para corrigir as suas?”

Faço das palavras do Senador Aécio Neves as minhas palavras e conclamo

todos a abrirem debate, no Congresso Nacional, a respeito do princípio do pacto

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federativo, do federalismo, como forma de realinharmos as relações entre

Municípios, Estados e União com equilíbrio, respeito de posições divergentes e

harmonia.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Vou conceder a palavra, por 5

minutos, ao ilustre Deputado Claudio Cajado, que tem uma reunião importante agora

sobre o Código Florestal.

Tranquilizo os inscritos que vamos conceder-lhes a palavra por 1 minuto.

Concedo a palavra ao ilustre Deputado Claudio Cajado, por 5 minutos.

O SR. CLAUDIO CAJADO (DEM-BA. Sem revisão do orador.) - Muito

obrigado, Sr. Presidente.

Quero cumprimentar as Deputadas e os Deputados no plenário e dividir o

meu pronunciamento em dois momentos.

Primeiro, Presidente, quero relatar o pífio desempenho da indústria nacional,

puxado em função do baixíssimo crescimento do Brasil. A indústria brasileira

cresceu meros 1,6%, enquanto o Brasil, apenas 2,7%.

Obviamente que são dados estarrecedores. O Governo Federal,

principalmente conduzido pela área econômica, forçou muito a mão no que se refere

ao controle da inflação, errando na dosagem e prejudicando a indústria nacional.

Isso ficou claro com o baixíssimo crescimento. Nesse rastro, está trazendo prejuízos

enormes à indústria brasileira.

Nós precisamos levar em consideração, Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, que, em 2010, a indústria teve um crescimento de 10,4% e, no ano

passado, de apenas 1,6%. Obviamente, essa participação reduziu-se enormemente

na economia, tendo a indústria nacional participado com meros 14,6% em relação

ao produto interno bruto, menos do que o agronegócio e por fatores vários, como

questão cambial — real valorizado em relação ao dólar — e problema grave de

infraestrutura e logística. Tudo isso está trazendo um prejuízo grave à indústria

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nacional, sem contar com o acesso aos produtos importados, o que se tornou

enormemente danoso aos produtos produzidos em nosso País.

Portanto, nós estamos tirando emprego e renda do nosso País para dar aos

países que importam. Esses estão em processo de importação crescente em

relação ao prejuízo da indústria nacional.

Eu queria também alertar, Sr. Presidente, para o fato de que também

colabora com esse baixo desempenho a elevada carga tributária que está sendo

imposta à indústria nacional. E nós não temos hoje acesso a crédito. Os

empresários que querem produzir têm dificuldades para obter crédito, ao qual só têm

acesso alguns poucos e amigos do poder, porque a recursos que são liberados pelo

BNDES pouquíssimos têm acesso — aliás, sempre os mesmos ao longo da história

brasileira. Isso traz um enorme prejuízo a quem quer produzir neste País.

E mais: nós não podemos deixar de levar em consideração que as medidas

tomadas pelo Governo de desoneração aqui e acolá em alguns setores, como

indústria automobilística, não causam um impacto no conjunto da indústria nacional.

Portanto, eu quero aqui chamar a atenção para que o Governo elabore uma

política industrial consequente e responsável, que atenda aos empresários

brasileiros que queiram produzir e gerar emprego neste País. A continuar do jeito

que está, nós vamos ver um retrocesso, vamos voltar aos idos de 1950, quando

estávamos num processo de desenvolvimento industrial e não na época presente,

em que deveríamos estar, cada vez mais, de forma crescente com a produção

industrial no País.

Por último, para encerrar, cito outro fator, a questão do PAC. O PAC, que

disseram que iria ser um alavancamento enorme da indústria nacional, está

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empacado, continua empacado. O Governo disse que já executou 21%, mas, pelos

dados do SIAFI disponibilizados pelo Orçamento, apenas 4,3% foi executado do

PAC.

No ano passado, tive a oportunidade de estar na Comissão de Orçamento e

denunciei claramente que o PAC, por diversas questões, questões de projeto e

fiscalização, não consegue deslanchar, o que traz no bojo prejuízo à indústria

nacional.

O segundo tema, Sr. Presidente — peço a V.Exa. que me dê mais 1 minuto

apenas —, diz respeito ao desprestígio que a Bahia está tendo. Eu vejo V.Exa.,

Deputado Inocêncio, na Mesa e fico com inveja de Pernambuco, porque

Pernambuco nunca esteve tão à frente, como está agora, da Bahia entre os Estados

nordestinos. A Bahia disputava com Pernambuco e sempre vencia. Hoje não. V.Exa.

pode se orgulhar de dizer que Pernambuco bate todos os índices da Bahia.

Nós perdemos agora o Ministro das Cidades, perdemos o Ministro do

Desenvolvimento Agrário e perdemos o Presidente da PETROBRAS, todos baianos.

Esperamos que o Governo consiga compensar isso com os recursos que colocamos

ano passado no Orçamento da União.

(O microfone é desligado.)

O SR. CLAUDIO CAJADO - Muito obrigado, Sr. Presidente, para concluir.

Isso traz, sim, um impacto negativo não apenas no prestígio do nosso Estado,

mas, acima de tudo, na viabilização de recursos que o Estado possivelmente deixará

de receber. Infelizmente eu não vejo ninguém aqui falando disso. Eu vejo muitos

colegas de outros partidos, do PT, da base do Governador Jaques Wagner, do

Governo Federal, mas ninguém saiu em defesa da Bahia e do povo baiano pela

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perda de prestígio que está havendo com as exonerações pela Presidente da

República dos Ministros baianos.

Nós não podemos aceitar passivamente. Isso trará prejuízos. Eu vou esperar,

Presidente, que o tempo fale do que nós aqui estamos alertando: a Bahia, perdendo

prestígio, perderá recursos e investimentos, o que prejudicará a nossa população.

Estarei alerta, denunciando e apresentando os dados, durante este ano de

2012.

Muito obrigado.

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O SR. WALDENOR PEREIRA (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, diferentemente do que há pouco o Deputado Claudio Cajado destacou

no seu pronunciamento, o Estado da Bahia, no mês de fevereiro, experimentou o

maior crescimento industrial do Brasil. A Bahia cresceu 13,7%, enquanto o Brasil, de

forma geral, cresceu 1,8% e o Nordeste teve um crescimento médio de 4,1%.

Eu queria recomendar ao nobre colega conterrâneo Claudio Cajado a leitura

dos últimos dados do crescimento industrial brasileiro, em especial da Bahia, em que

vai verificar que o nosso Estado experimentou em fevereiro o maior crescimento

industrial do Brasil, 13,7%, contra 4,1% do Nordeste e 1,8% do crescimento

nacional. Os dados relativos a essa matéria devem ser de fato destacados para

fazer o devido debate de qualidade e de conteúdo.

Quero, Sr. Presidente, rapidamente, parabenizar o Deputado Afonso

Florence, que hoje deixou o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

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O SR. CHICO LOPES (Bloco/PCdoB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero ressaltar que hoje, no gabinete do Presidente do Senado,

Senador José Sarney, foi entregue um trabalho feito pela equipe especial sobre a

reestruturação do Código de Defesa do Consumidor.

Essa comissão de alto nível, como ficou conhecida, tento a frente o

Desembargador Antonio Herman Benjamin, apresentou um anteprojeto de código

que contempla a atualização do comércio eletrônico, o superendividamento dos

consumidores e a conciliação e desjudicialização do processo civil.

Nós, que militamos nessa área, Sr. Presidente, achamos importante que esse

anteprojeto de lei entre agora em discussão, no sentido do debate amplo e

democrático, para melhorar cada vez mais.

Obrigado.

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O SR. GLAUBER BRAGA (Bloco/PSB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero destacar a importância da Comissão

da Verdade, proposta pelo Poder Executivo, aprovada pelo Congresso Nacional e

sancionada pela Presidente Dilma Roussef em novembro último. A Comissão dá

prosseguimento ao caminho aberto pela Lei nº 9.140, de 1995, por meio da qual se

deu o reconhecimento da responsabilidade do Estado brasileiro por crimes

cometidos durante a última ditadura. Se a Lei nº 9.140 propiciou o pagamento de

reparações a vítimas da repressão, a Comissão da Verdade irá — tenho fé —

oferecer ao Brasil o esclarecimento histórico daquelas práticas arbitrárias,

hediondas, cometidas sob responsabilidade do Estado.

Nunca é demais ressaltar que a Comissão, a se instalar no próximo mês, não

tem caráter revanchista ou persecutório, como temem alguns. Composta de modo

legítimo e transparente, ela irá acolher a experiência de mais de 40 comissões da

verdade realizadas mundo afora, inclusive em nossa vizinhança, como é o caso do

Chile, do Peru, da Bolívia e dos outros 3 membros plenos do MERCOSUL:

Argentina, Paraguai e Uruguai.

Não tenho dúvida de que, em que pesem suas limitações, evidentes e já

fartamente apontadas, a Comissão cumprirá um papel pedagógico e será um marco

na defesa dos direitos humanos em nosso País. Ela é de interesse não apenas dos

familiares das vítimas, mas também do Parlamento, das Forças Armadas, da

sociedade como um todo.

Por isso, repudio com veemência — com veemência, Sr. Presidente! —

manifestações inadequadas e desrespeitosas feitas por alguns militares, que

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afrontam a Comandante em Chefe das Forças Armadas e o processo democrático

brasileiro.

Destaco, por outro lado, o trabalho que vem sendo realizado pela Deputada

Luiza Erundina, minha companheira de PSB, que há quase 3 décadas acompanha a

luta de famílias em busca de informações sobre parentes mortos e desaparecidos na

última ditadura. Erundina atuou em defesa da verdade e da justiça como Prefeita de

São Paulo e continuará agindo com o vigor e a dignidade que a caracterizam na

condição de presidente da Subcomissão que acompanhará, no âmbito da Comissão

de Direitos Humanos e Minorias desta Casa, os trabalhos da Comissão da Verdade.

Destaco, ainda, a iniciativa de criação do Grupo de Trabalho Justiça de

Transição, por procuradores da República, que irá conduzir investigações com base

na tese de que crimes como sequestro e ocultação de cadáveres são permanentes,

portanto, imprescritíveis.

Iniciativas como essa honram as nossas leis, a nossa República. Elas

prestam um serviço de fundamental importância à nossa sociedade, à nossa

democracia, e irão permitir que o Brasil finalmente vire essa página, pois esse

“passado” ainda não passou, Sr. Presidente: o véu de silêncio impede a cicatrização

das nossas feridas.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. ALEX CANZIANI (Bloco/PTB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, gostaria de fazer dois registros rápidos.

O primeiro é a respeito da vinda do Ministro Aloizio Mercadante, nesta manhã,

à Câmara dos Deputados, onde teceu comentários a respeito das suas ações, das

suas metas à frente do Ministério da Educação. Nós acreditamos que ele está no

caminho correto — tem boas ideias, está preparado — e fará um grande trabalho em

prol da educação brasileira.

Outro assunto sobre o qual eu gostaria de dizer algumas palavras é a saída

do nosso Líder Cândido Vaccarezza. Quero parabenizar pelo grande trabalho

S.Exa., pessoa respeitosa, pessoa que ouvia os líderes e os demais Deputados,

pessoa que procurou e construiu uma base de apoio à Presidente Dilma. Então, ao

Deputado Cândido Vaccarezza nossa gratidão. Fui seu Vice-Líder durante um ano e

pouco. Quero agradecer-lhe por todo o apoio que nos deu e pelo trabalho que fez

em prol do Governo e do País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA (PDT-AP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, hoje pela manhã, a Comissão de Trabalho deu uma grande contribuição

quanto à difusão dos direitos fundamentais das mulheres, de crianças e de idosos. E

aproveito a presença neste plenário da Deputada Flávia Morais, Relatora do projeto,

para ressaltar o nosso compromisso com essa questão.

Trata-se de um belíssimo projeto, que obriga órgãos públicos a divulgar todos

os direitos constitucionais fundamentais das mulheres, idosos, crianças e

adolescentes. É uma homenagem da Comissão de Trabalho a essas categorias da

população.

Na terça-feira a Comissão realizará a primeira de uma série de audiências

públicas. A primeira será sobre o tema Trabalho decente, uma questão de gênero,

também envolvendo a problemática da inserção da mulher no mercado de trabalho e

a proteção de seu espaço.

Muito obrigado.

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A SRA. FLÁVIA MORAIS (PDT-GO. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero solidarizar-me com esta mobilização

nacional dos professores pela aplicação da Lei nº 11.738, de 2008, que cria o piso

salarial da categoria no País.

Em meu Estado, Goiás, os professores da rede estadual estão em greve

desde o dia 6 de fevereiro, justamente porque a lei que criou o piso no Estado

achatou o plano de carreira dos nossos professores. Então, solidarizo-me com esse

movimento, que tenta valorizar essa categoria que é tão importante para o País.

Apresentei hoje, na Comissão de Trabalho, requerimento para promover uma

audiência pública para discutirmos e resolvermos de vez essa questão, que é uma

conquista dos professores e que, muitas vezes, Prefeitos e Governadores sentem-se

inviabilizados de pô-la em prática. Precisamos equacionar isso para fazer valer essa

lei, que é um direito do professor brasileiro.

Obrigada, Presidente.

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O SR. ELIENE LIMA (PSD-MT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

quero registrar o nosso apoio à greve dos professores. É interessante chamar a

atenção para esse movimento, pois um País que caminha para estar entre as

primeiras economias do mundo em alguns anos, podendo chegar à terceira

economia do mundo, não pode se situar no Programa Internacional de Avaliação de

Alunos na 13º pior posição em 65 países avaliados.

Queremos aqui manifestar nosso apoio à greve dos professores, nesses 3

dias, articulados pela CNTE, tendo também como foco o Plano Nacional de

Educação.

Aproveito, Sr. Presidente, para dizer que vou apresentar à Mesa projeto de lei

que dispõe sobre a oferta e a prática comerciais referentes à venda coletiva de

produto ou serviço.

A popularização do uso de tecnologias avançadas de computação de dados e

de comunicação traz uma nova realidade ao campo das relações de consumo. A

utilização da Internet como meio de veiculação de publicidade e como espaço de

comércio de produtos e serviços faz surgirem novas modalidades de compra e

venda que, naturalmente, reclamam uma regulamentação que proteja o consumidor

de práticas abusivas.

Era isso, Sr. Presidente.

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O SR. EDSON SILVA (Bloco/PSB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, estamos entregando à Comissão de Constituição e Justiça, da qual

somos titulares, requerimento provocando audiência pública para discutir as

decisões tomadas pelo Conselho Nacional de Trânsito — CONTRAN.

Trata-se de uma instituição pública encastelada, que toma decisões sem ouvir

a população, como esta última de proibir a placa indicativa de um fotossensor. Mas o

Brasil continua sendo o País com o maior índice de acidentes e mortes no trânsito.

O CONTRAN é uma instituição que não está correspondendo, não está

encontrando soluções para a violência do trânsito. Essa decisão muito estranha,

pois anula uma lei que está no Código de Trânsito Brasileiro. Uma resolução anular

uma lei aprovada nesta Casa é estranho. O CONTRAN visa mais faturar com as

multas do que intimidar a violência no trânsito do Brasil.

Queremos, em audiência pública, questionar isso.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. FRANCISCO ESCÓRCIO (PMDB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, demais Deputados, venho a esta tribuna trazer um tema que está me

afligindo. Parte da imprensa diz que o PMDB encontra-se em crise, que o PT faz a

crise dentro do PMDB. Isso não é verdade, isso não existe. Existem, sim, aqueles

que querem fazer com que isso aconteça.

Na condição de Vice-Líder do PMDB, parabenizo os Parlamentares Renan

Calheiros e Henrique Eduardo Alves pela condução da Liderança, tanto no Senado

quanto na Câmara. Também parabenizo nossa querida Presidente Dilma.

Quero dizer ao PT que, nesta Casa, somos irmãos. Tanto que, perto da

bancada do PT, informo que se trata de um conjunto harmônico dentro desta Casa.

Obrigado.

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O SR. HENRIQUE OLIVEIRA (Bloco/PR-AM. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, antecipo-me à data de amanhã, 15 de março, para parabenizar a

comunicação do nosso Estado pelo aniversário do Diário do Amazonas. Desde sua

criação, em 1986, o Diário tem realizado muito bem o seu papel de informar à

população sobre o cotidiano de Manaus.

Graças ao grande empreendedor amazonense Cassiano Anunciação, hoje

contamos com a prestação de serviços de um dos maiores grupos de comunicação

do Norte do Brasil, a Editora Ana Cássia.

Os índices só confirmam a competência, o engajamento e o compromisso

que o jornal tem para com os manauenses. Além de levar a notícia todos os dias, a

cada minuto, ao cidadão, a Rede Diário de Comunicação emprega hoje

aproximadamente 250 pessoas, além dos jornaleiros que vendem as suas

publicações nas ruas da cidade.

Por isso, é com orgulho que os parabenizo pelos 26 anos de serviços bem

prestados ao povo do Amazonas. Torço pelo sucesso de todos que compõem o

Grupo.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna hoje parabenizar o

jornal impresso Diário do Amazonas, lá do meu Estado, pelo seu aniversário de 26

anos. Desde a sua criação, em 1986, o Diário tem realizado muito bem o seu papel

de informar à população sobre o cotidiano de Manaus.

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Graças ao grande empreendedor amazonense Cassiano Anunciação, hoje

contamos com a prestação de serviços de um dos maiores grupos de comunicação

do Norte do Brasil: a Editora Ana Cássia.

O Diário do Amazonas foi um desbravador em nosso Estado, nobres colegas.

Foi o primeiro jornal impresso a publicar edições às segundas-feiras, o que não

existia antes, e, não satisfeito, inovou ao levar ao leitor edições totalmente coloridas.

Devido às modificações no editorial, no final da década de 90, passou a ser líder de

vendas em Manaus.

Ora, caros colegas, como não reconhecer o talento dessa equipe e de seu

idealizador!

O Diário gerou frutos. Em 2008, lançou o jornal DEZ Minutos. O tabloide

popular, com 16 páginas, de alta qualidade, vendido a R$0,25, foi adotado pela

população e virou líder de vendas na região. Atualmente, o DEZ Minutos é o 12º

jornal mais vendido do Brasil.

E para democratizar ainda mais a informação, o grupo investiu em mídia

eletrônica e lançou o portal de notícias D24am.com. São aproximadamente 100 mil

acessos diários.

Segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC), órgão que confirma a

tiragem dos principais jornais do País, o Diário do Amazonas ocupa a liderança do

segmento na Região Norte, com venda média, durante a semana, de 12 mil

exemplares. Aos domingos, esta circulação gira em torno de 25 mil exemplares.

Os índices só confirmam a competência, o engajamento e o comprometido

que o jornal tem para com os manauenses.

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Além de levar a notícia todos os dias, a cada minuto, ao cidadão, a Rede

Diário de Comunicação emprega aproximadamente 250 pessoas, além dos

jornaleiros que vendem as suas publicações nas ruas da cidade.

Por isso, é com orgulho que os parabenizo pelos 26 anos de serviços bem

prestados ao povo do Amazonas. Torço pelo sucesso de todos que compõem o

grupo.

É o que tenho a dizer.

Obrigado.

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O SR. DR. JORGE SILVA (PDT-ES. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

venho manifestar o meu apoio à Associação Feminina de Educação e Combate ao

Câncer, entidade beneficente de assistência social em saúde que completa 60 anos

este ano. A entidade é fundadora e mantenedora do Hospital Santa Rita de Cássia,

referência em oncologia no Estado do Espírito Santo.

Essa entidade, no final de 2011, perdeu seu título de filantropia. Não tenho

dúvida de que, se isso continuar, teremos grandes problemas para atender a

população portadora de câncer, visto que o Hospital Santa Rita, através dessa

associação, realizou cerca de 133 mil sessões de radioterapia e 45 mil sessões de

quimioterapia e prestou 72 mil atendimentos ambulatoriais a pacientes do SUS.

PRONUNCIAMENTOS ENCAMINHADOS PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo hoje esta tribuna para solicitar

a especial atenção de meus nobres pares para o Projeto de Lei nº 3.148, de 2012,

de minha autoria.

Gostaria de colocar em relevo a importância desse projeto como medida que

vem aperfeiçoar a legislação vigente, impedindo mais um abuso a que tem-se

sujeitado o bolso do cidadão brasileiro.

Oferecemos esse projeto a fim de proibir que os cartórios cobrem

emolumentos pelo cancelamento de protestos de títulos ou documentos de dívida.

Tal medida se impõe como de justiça, porque o cidadão que

momentaneamente se vê impossibilitado de adimplir suas obrigações não pode, por

essa circunstância, ser apenado diversas vezes com sanções monetárias, que é o

que vem ocorrendo atualmente.

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Ora, quando o credor leva um título ou documento a protesto, paga custas ao

cartório, mas quando o devedor vai cumprir essa obrigação, tais custas já lhe são

imputadas a título de ressarcimento.

Porém, mesmo já tendo pago as despesas cartorárias que deram causa ao

credor, se após esse pagamento o devedor desejar limpar seu nome na praça, terá

que se sujeitar a pagar de novo, para que o cartório anote a baixa do protesto.

Obviamente, tem havido um bis in idem nessa situação. Por que o cartório

tem direito de cobrar duas vezes pelo mesmo ato? Isso constitui verdadeiro

enriquecimento sem causa dos cartórios e é fato que contraria os mais comezinhos

princípios de equidade pelos quais se deve pautar a lei.

O projeto de nossa autoria vem corrigir essa distorção, modificando o art. 26

da Lei nº 9.492, de 10 de setembro de 1997, e acrescentando inciso ao art. 3º da Lei

nº 10.169, de 29 de dezembro de 2000. Essas modificações passam a

explicitamente impedir essa cobrança em duplicidade, garantindo que os cartórios

não podem pretender receber emolumentos sobre cancelamentos de protestos.

Tais cancelamentos devem decorrer normalmente do simples pagamento da

obrigação, já tendo sido pago o serviço do notário público ao início, quando da

realização do protesto.

Por ser medida muito simples, mas que pode muitas vezes constituir

importante economia para o cidadão que está lutando com dificuldades para pagar

suas dívidas, requeremos o apoio de nossos insignes pares a fim de que o Projeto

de Lei nº 3.148, de 2012, seja aprovado e possamos ajudar os brasileiros e

brasileiras a conseguirem um tratamento legal adequado nessas circunstâncias.

Conto com o apoio de todos e de todas.

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Muito obrigado.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaríamos, nesta oportunidade, de

fazer inserir na agenda do Parlamento brasileiro um importante tema relacionado ao

processo eleitoral: o necessário e inadiável aperfeiçoamento das normas

processuais eleitorais.

Nesse escopo, falarei hoje sobre uma importante alteração no conteúdo

processual da Lei de Inelegibilidades, a Lei Complementar nº 64, de 1990, alterada

pela Lei Complementar nº 135, de 2010, esta última denominada popularmente de

Lei da Ficha Limpa.

A sociedade ainda está a comemorar o julgamento do Supremo Tribunal

Federal que, em decisão histórica, entendeu constitucional a Lei da Ficha Limpa.

Forçoso é louvar igualmente a atuação deste Congresso Nacional, que, em

2010, aprovou, por unanimidade, a lei gestada no seio da nossa sociedade. Por

ocasião de sua apreciação, foi exercida uma intensa mas legítima pressão sobre

este Parlamento, que sabiamente ouviu os anseios do povo brasileiro.

Mesmo com a importante aprovação da lei, não se pode dar como conclusos

os trabalhos, pois é ínsito à tarefa do legislador o contínuo aperfeiçoamento das

normas jurídicas.

Nesse contexto, apresentamos o Projeto de Lei Complementar nº 126, de

2012, que altera a Lei de Inelegibilidades para ajustar o procedimento de notificação

do candidato cujo registro de candidatura tenha sido porventura indeferido.

Antes de tudo, convém esclarecer que, além de estabelecer cláusulas de

inelegibilidade, levando em conta a vida pregressa dos candidatos, o diploma legal

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também prescreve normas processuais, com o objetivo de definir as regras do

processo a ser julgado pela Justiça Eleitoral.

É, portanto, no âmbito desse conjunto de regras processuais contidas na Lei

de Inelegibilidades que opera a proposição por nós apresentada.

O móvel da proposição de nossa autoria é possibilitar que um candidato que

teve seu registro indeferido exerça sua defesa com plenitude e não tenha limitada

sua cidadania passiva em face de mera tecnicidade processual.

Registre-se que um dos pilares da Justiça Eleitoral é a celeridade processual.

Dentre os ramos do Poder Judiciário é, sem dúvida, o mais célere. E assim deve

continuar.

Obviamente, não se pretende comprometer a agilidade e a celeridade

processuais, mas é imprescindível compatibilizá-las com o direito constitucional da

ampla defesa.

O prazo de recurso contra sentença judicial que indefere o registro de

candidatura é de apenas 3 dias corridos. Nossa proposição, é bom que se diga, não

pretende a dilação desse prazo. O que se busca, na verdade, é a mudança na forma

de notificação do candidato.

Propomos que seja obrigatória a intimação pessoal do advogado do candidato

constituído nos autos, para que, a partir de então, tenha eficácia a sentença judicial.

Impende ressaltar que não se trata de qualquer privilégio, mas de uma

formalidade processual que busca o equilíbrio de forças, valorizando a manifestação

da defesa no processo.

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Não temos dúvidas de que, havendo fundamento legal para a inelegibilidade,

deve ser obstada a participação do candidato nos pleitos, mas que lhe seja

garantido, em termos viáveis, o sagrado direito de defesa.

O fato é que, na prática, há consideráveis riscos de que o candidato não

tenha tempo hábil para preparar sua defesa técnica, especialmente diante de prazo

tão exíguo.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o grande dilema da Justiça sempre foi

o de compatibilizar o contraditório e a ampla defesa com a celeridade processual.

Pois é justamente essa compatibilização o objetivo de nosso projeto de lei.

Ao tempo em que divulgamos essa proposição de nossa autoria — o Projeto

de Lei Complementar nº 126, de 2012 —, Sr. Presidente, conclamamos os nobres

pares a aprofundarem os debates em torno do necessário e inadiável

aperfeiçoamento das normas processuais eleitorais brasileiras.

Era o que tínhamos a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. NILTON CAPIXABA (Bloco/PTB-RO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero dar como lido discurso dispondo que, à

época do Presidente Getúlio Vargas, aproximadamente há 70 anos, foi incentivada a

exploração da borracha na Amazônia. Ao explorador da borracha foi dado o nome

de soldado da borracha. Pois bem, essas pessoas, mais ou menos 4 mil, estão

abandonadas na Amazônia.

Na época, 65 mil pessoas vindas do Nordeste e de todo o País foram para a

Amazônia explorar a borracha, mas agora eles estão velhos, a maioria sem

aposentadoria, sem uma casa para morar.

Tramita nesta Casa a Proposta de Emenda à Constituição º 556, de 2002, que

prevê a justiça tão esperada para essa categoria de trabalhadores, hoje quase em

extinção.

Portanto, gostaria que meu pronunciamento fosse publicado nos órgãos de

comunicação de Casa e que a Presidente da República se sensibilizasse com a

situação dessa população.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, peço a gentileza da atenção de todos

para um assunto que é de interesse nacional bem como, em especial, de interesse

da população amazônica.

Há aproximadamente 70 anos o Governo de Getúlio Vargas encaminhou para

a Amazônia um grande número de trabalhadores nordestinos para trabalharem na

exploração da borracha, no aclamado esforço de guerra denominado Batalha da

Borracha.

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Inseridos num projeto geopolítico impulsionado pelo Governo, 65 mil

nordestinos migraram dos seus Estados e marcharam para o extremo oeste

amazônico com o ideal de lutar e servir a Pátria, de ajudar nossa Nação a combater

o fascismo e nazismo europeu.

Durante o período da guerra, aproximadamente 50% desse contingente,

segundo dados da CAETA (Comissão Administrativa de Encaminhamento de

Trabalhadores para Amazônia), pereceram nos cantos mais recônditos da selva

amazônica, vitimados pelas doenças locais e perigos que a região oferecia. Foram

submetidos a um sistema de produção bastante parecido com a escravidão, o

famoso sistema de barracão.

Esquecidos e alvos da falsa propaganda do Governo, esses homens foram

deixados em péssimas condições. Esses bravos militares da borracha enfrentaram

com suas rudes valentias toda uma cadeia de perigos, sem a presença de médicos,

de moradias adequadas ou de condições sanitárias mínimas e privados de proteção

trabalhista ou da presença do Estado. Esses personagens com poucas reservas de

vitaminas, resultado da grande seca que, em 1942, assolou o Nordeste, deixaram

seus lares, famílias e suas terras natais na esperança de viverem dias melhores.

Aqui na Casa há uma década tramita a Proposta de Emenda à Constituição nº

556, de 2002, de autoria da Senadora amazonense Vanessa Grazziotin, que dá

nova redação ao art. 54 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Tal

proposta, em seu bojo, prevê a justiça tão esperada a essa categoria de

trabalhadores hoje quase em extinção.

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Essa classe despontou o pioneirismo, desbravando uma região inóspita, na

época trazendo os pilares do desenvolvimento para toda a Região Norte,

contribuindo para a formação das cidades, assim como para o efetivo da guerra.

Os soldados da borracha cumpriram todos os acordos e contratos

estabelecidos pelo Governo Getúlio Vargas e pelos Estados Unidos da América e

recebem na atualidade vencimentos que nem de longe podem garantir uma mínima

qualidade de vida. Espalhados ao longo da Amazônia brasileira, muitos ainda vivem

em péssimas condições habitacionais. Uma parcela considerável herdou dos

seringais sequelas e doenças crônicas causadas por acidentes, picadas de cobras,

epidemias e pela violência engendrada no sistema de trabalho sobre-humano. São

vítimas da falta de saúde e de qualidade de vida existentes no Brasil de hoje.

A aprovação desse projeto vem fazer o exercício da justiça no Brasil,

principalmente em um país marcado estruturalmente por agudas desigualdades

sociais. Tal feito reconhecerá todos os esforços, sacrifícios e todo o trabalho sobre-

humano realizado por esses grandes brasileiros.

Destaco que 90% da categoria morreu sonhando em receber os direitos tão

esperados e os 10% restantes lutam contra as doenças e debilidades que a velhice

impõem, batalham contra o tempo ao seu desfavor, pois possuem idade bem

avançada, e torcem com a esperança de que essa PEC seja aprovada.

Levando em consideração a importância e relevância dessa matéria, peço

encarecidamente aos colegas presentes, e em caráter de urgência, o apoio

necessário para aprovação de tal projeto.

Na Amazônia, antes da vinda de outras formas de organização e produção,

como a implantação da agricultura mecanizada, os projetos de colonização, a

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mineração, as estradas, a infraestrutura, enfim, a presença do Estado como um

todo, esses homens já se encontravam lá.

Estou falando de brasileiros na terceira idade, de personagens que fazem

parte da população tradicional e que são parte da história de nosso País.

O apelo que faço é por aqueles que não podem gritar, por aqueles que não

podem falar, pelos que não podem ser ouvidos e principalmente por aqueles

homens que, sem hesitar, ouviram o chamado do Governo brasileiro, que foram

apresentados à Nação antes do grande encaminhamento para a Região Norte e

hoje não conseguem ser ouvidos, lembrados e respeitados pelas nossas

autoridades.

Em Rondônia, os soldados da borracha chegaram nas décadas de 40 e 60.

Hoje esses trabalhadores tiveram seus nomes incluídos no livro dos Heróis da

Pátria, em Brasília, decorrência da relevância do trabalho. Uma homenagem justa.

Peço urgentemente a apreciação dessa matéria e enfatizo a necessidade de

sua aprovação!

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O SR. RONALDO NOGUEIRA (Bloco/PTB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero dar como lido, e peço que ele receba a devida publicidade,

pronunciamento em que manifesto meu apoio à iniciativa do Governo Federal de

implantar o Sistema Nacional de Cruzamento de Dados dos Servidores Públicos.

Após a implantação do sistema, Sr. Presidente, o Governo prevê uma

economia na faixa de 7 bilhões de reais por ano. É uma ferramenta eficiente no

sentido de inibir a existência de funcionários fantasmas, bem como de funcionários

que percebam acima do teto constitucional e ainda acumulem acima de três funções

ou empregos públicos.

Com isso, o Governo dá uma demonstração de eficiência e de competência,

pois poderá moralizar a administração pública.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para falar a

respeito da iniciativa do Governo Federal de implantar o Sistema Nacional de

Cruzamento de Dados dos Servidores Públicos. Com essa ferramenta será possível

identificar servidores que percebem acima do teto de 26 mil reais e que acumulam

mais de duas funções e emprego no serviço público federal. A estimativa é de que

em torno de 28 mil servidores estejam nesta situação, recebendo mais de duas

remunerações no serviço público.

Quando o sistema estiver implantado em todo o País, o Governo espera

economizar em torno de 7 bilhões de reais por ano com a folha de pagamento do

pessoal ativo e inativo das três esferas.

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A previsão é de que até o final do ano esteja funcionando em todos os

Estados e nos 50 maiores Municípios, pois quem tem mais de um cargo tende a

optar pelo da esfera federal ou estadual. A irregularidade será constada no momento

em que o servidor assumir um novo cargo ou passar a receber um beneficio

previdenciário.

O Ministério do Planejamento publicou no Diário Oficial da União portaria que

dá o ponto de partida para melhorar a qualidade no cadastro dos servidores e

facilitar o cruzamento de dados do funcionalismo público da União, dos Estados e

dos Municípios.

Todos os aprovados em concurso público que já ocupam outro cargo passível

de acumulação nos Governo Federal, Estadual ou Municipal e nos Poderes

Legislativo e Judiciário, além das empresas estatais, deverão informar, no ato da

posse, os dados referentes ao seu vínculo funcional ou benefício recebido.

O Congresso deve apoiar essas medidas que o Governo vem

implementando, pois além de moralizar a administração pública, também irá

culminar com uma reengenharia do serviço público, definindo as carreiras recíprocas

e serviços essenciais de Estados, com um plano de cargos e salários equânime e

em níveis para as categorias.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao último

orador deste período, o ilustre Deputado Paulo Pimenta. Passaremos depois aos

discursos de 5 minutos, com o ilustre Deputado Fernando Torres.

O SR. PAULO PIMENTA (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, após praticamente 1 ano à frente da bancada gaúcha,

passarei hoje a coordenação para o Deputado Renato Molling.

Quero publicamente agradecer a cada um dos 31 Deputados e Deputadas e 3

Senadores pelo trabalho que desenvolvemos de maneira conjunta nesse período

com o Governador Tarso Genro, a Assembleia Legislativa, a Prefeitura da Capital e

as demais Prefeituras do Estado do Rio Grande do Sul.

O ano foi de muitas conquistas para o nosso Estado, fundamentalmente em

função dessa unidade e da maneira cordial, independentemente de questões

partidária, como atuamos em favor do Estado.

Muito obrigado a todos.

Desejo muito sucesso ao Deputado Renato Molling.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo, com muita satisfação, a

palavra ao ilustre Deputado Fernando Torres, do PSD da Bahia.

Antes, porém, por motivo superior, vou me retirar do plenário por 5 minutos.

Vou, com o Deputado Estadual Sebastião Oliveira, candidato à Prefeitura de Serra

Talhada, minha terra natal, fazer uma visita. Em seguida, voltarei para presidir o

restante da sessão.

Passo a presidência dos trabalhos ao Sr. Deputado Paulo Magalhães.

O Sr. Inocêncio Oliveira, 3º Secretário, deixa a

cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Paulo

Magalhães, § 2° do art. 18 do Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (Paulo Magalhães) - Com a palavra o Deputado

Fernando Torres.

O SR. FERNANDO TORRES (PSD-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Deputado Inocêncio Oliveira é quem mais entende nesta Casa da

bacia leiteira brasileira e pernambucana, é conhecedor de tudo o que acontece na

bacia leiteira brasileira, e tive o prazer de muito aprender com S.Exa.

Mas, Deputado Paulo Magalhães, que, para minha sorte, está presidindo a

sessão neste momento, hoje vou falar do seu tio, o saudoso Antonio Carlos

Magalhães. Na época de Antonio Carlos Magalhães, a Bahia tinha quatro importante

Ministérios.

Vejo aqui o Deputado Paulo Maluf, ex-Governador de São Paulo, que briga

bastante pelo seu Estado, que tem nove Ministérios, enquanto a Bahia tem apenas

um.

Acredito que o Governador Jaques Wagner precisa seguir o exemplo do

Deputado Paulo Maluf e do saudoso Antonio Carlos Magalhães. Não brigar de forma

suja e antidemocrática, mas brigar pelo direito que a Bahia tem.

E a Bahia é um Estado em que a Presidente Dilma Rousseff — isto não é

para ser dito, não é para olhar a quantidade de votos por Estado, porque para o

Presidente eleito todos os Estados, sejam aqueles em que ganhou, sejam aqueles

em que perdeu, têm o mesmo valor — teve uma vitória esmagadora, robusta. A

Presidenta saiu da Bahia com uma vitória esmagadora.

Hoje, Sr. Presidente, a Bahia não tem nada. A Bahia perdeu o Presidente da

PETROBRAS, José Sérgio Gabrielli, que saiu da empresa prematuramente — ele ia

sair para ser candidato a Governador do Estado, mas não este ano; perdeu o

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competentíssimo Ministro das Cidades, o ex-Ministro Mário Negromonte, e, agora,

na semana passada, perdeu o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso

Florence. Não tem mais o que perder.

Peço, então, à bancada baiana, que está calada — e vejo aqui o meu amigo

Deputado Valmir Assunção —, que, mesmo sendo aliada ao Governador Jaques

Wagner exponha a S.Exa. o que a Bahia precisa. A Bahia precisa de Ministérios

importantes, precisa de recursos que possam ajudar o Governador a administrar o

Estado.

Ocupo, portanto, esta tribuna para manifestar minha insatisfação com o

Governo Dilma Rousseff e dizer que a Bahia tem saudade de Antonio Carlos

Magalhães.

Conheci o Deputado Paulo Magalhães quando eu ainda era Vereador, e

Paulo Magalhães era o meu Deputado Federal. O saudoso Antonio Carlos ainda era

vivo. Nessa época, a Bahia tinha voz, a Bahia cobrava, a bancada baiana cobrava

do Governo Federal o seu direito. Hoje, vejo que a bancada baiana está quieta,

Deputado Valmir Assunção. Nossa bancada precisa ser sacudida, precisa ser

acordada. Somos aliados da Presidente Dilma Rousseff, mas precisamos acordar,

dizer que a Bahia precisa ser lembrada, como o Estado de São Paulo.

Como disse, o Estado de São Paulo tem 9 Ministérios; o Rio Grande do Sul, 7

Ministérios; e a Bahia, apenas um. Então, a Bahia precisa ser lembrada.

O Governador Jaques Wagner tem de exercer a sua função de Governador,

de líder do Estado e cobrar da Presidente Dilma o que a Bahia tem direito. E esse

direito inclui, no mínimo, 4 ou 5 Ministérios — no mínimo —, para igualar-se ao

tempo do saudoso Antonio Carlos Magalhães.

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Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

Durante o discurso do Sr. Fernando Torres, o Sr.

Paulo Magalhães, § 2° do art. 18 do Regimento Interno,

deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr.

Amauri Teixeira, § 2° do art. 18 do Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Por permuta, tem a palavra o

Deputado Paulo Magalhães.

O SR. PAULO MAGALHÃES (PSD-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, entendo perfeitamente a aflição da bancada

baiana, que cobra do Governo Federal mais cargos para os baianos. E tenho

certeza de que a Presidente Dilma Rousseff, cuja história é de firmeza, de gratidão e

de lealdade, principalmente para com o povo brasileiro e, em particular, para com o

povo baiano, não vai faltar nem com a Bahia, nem com os baianos, na composição

do alto escalão de seu Governo.

Portanto, tenho certeza de que a Presidente Dilma não faltará com a Bahia,

nem com os baianos, trazendo valores do nosso Estado para compor o seu Governo

e ajudá-la na luta para melhorar a condição de vida do povo brasileiro.

O Governador Jaques Wagner, tenho também certeza, está atento,

lembrando à Sra. Presidente que a Bahia e os baianos, que lhe deram mais de 2,7

milhões de votos de frente, devem ter o reconhecimento, a gratidão, o respeito e a

amizade dessa grande Presidente, que, dando prosseguimento ao trabalho de Luiz

Inácio Lula da Silva, está melhorando a condição de vida do povo mais carente do

Brasil.

Estou, por tudo isso, certo de que Sra. Presidente convocará baianos

qualificados para comporem os Ministérios.

Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - O próximo inscrito é o Deputado

Alfredo Kaefer, do PSDB do Paraná, a quem peço desculpas. Pensei que S.Exa. já

havia se pronunciado.

O SR. ALFREDO KAEFER (PSDB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, abordo hoje um assunto da minha cidade, da

minha região.

Sou de Cascavel, oeste do Paraná, a quinta maior cidade do Estado,

localizada em uma região onde a agricultura e o agronegócio têm peso importante.

Somos grandes produtores de milho e de soja e os maiores produtores de frango e

de suíno. Contribuímos maciçamente para a balança de pagamentos e a

exportação.

No entanto não temos tido o reconhecimento adequado por aquilo que

produzimos. Refiro-me especialmente a uma obra importante para Cascavel que vai

servir também para o oeste do Paraná. Nossa cidade, de aproximadamente 300 mil

habitantes, precisa de um anel viário que alivie o tráfego entre as várias cidades que

estão entre Curitiba e o norte do Paraná, Foz do Iguaçu, Mato Grosso, e assim por

diante.

Há 30 anos a região anseia pela construção desse anel. Parte dele, o

Contorno Oeste, foi iniciado há mais de 10 anos. Trata-se de uma obra que

capenga, que anda mas não vai adiante, de uma estrada para a qual nem faltam

tantos recursos, mas que está sendo usada como pista para rachas em fins de

semana. Há poucos dias, um jovem perdeu a vida por causa da situação no

Contorno, um trajeto de apenas 17 quilômetros, mas que não está concluído.

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Isso é uma vergonha, Deputado Nelson Padovani — V.Exa. também é de

Cascavel. Somos quatro Deputados Federais representando Cascavel, cidade de

riqueza pujante, e não conseguimos recursos para complementar essa obra, em

tese tão simples.

Quando vamos conseguir obras mais importantes? Quando vamos conseguir

a construção do anel viário como um todo, se sequer um trecho conseguimos

concluir? Isso é um desaforo, uma ofensa para uma região tão próspera e produtiva,

que abriga as maiores cooperativas do Brasil, cidade de tanto muito progresso.

Quanto dinheiro se arrecada em imposto e não vem para a nossa cidade?

Faço aqui o registro: o anel viário é uma obra importante para a nossa cidade,

para toda a região oeste do Estado, mas ela está abandonada, sem ser concluída

pelo Ministério do Transporte e pelo DNIT.

Mas outro assunto também me traz à tribuna, caro Deputado Abelardo

Lupion, um assunto do qual tenho sido crítico constante. Semana passada usei esta

tribuna para abordá-lo. Três itens destroem a nossa economia: câmbio, juros altos e

impostos extorsivos. Há muitos anos, na Comissão de Finanças, desde a época do

Presidente Henrique Meirelles até agora, com o Alexandre Tombini, alertamos sobre

a necessidade de se fazer alguma coisa com o câmbio. Quem sabe, ainda que

tarde, seja possível recuperá-lo.

A indústria cresceu 1,6% em 2011, e o PIB, 2,7%, por causa dessa situação.

É urgente que se enfoque a indústria nacional, pois é ela que produz, é ela que

transforma o produto, é ela que gera emprego e renda. Se não resolvermos o

problema do câmbio, se não baixarmos as taxas de juros, para que se tornem

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competitivas, se não reduzirmos a nossa carga tributária, mercados se perderão e a

nossa economia terá grande prejuízo.

É o alerta que faço. Espero que nossa autoridade monetária tome as devidas

providências para que o setor produtivo seja realmente considerado relevante e

tenhamos produção plena, exportação a todo vapor e fortalecimento cada vez maior

do agronegócio.

Muito obrigado.

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O SR. CLEBER VERDE (PRB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, o Maranhão é um dos Estados com o maior número de

assentamentos do País.

Antigamente existia a COLONE, que funcionava no Município de Zé Doca,

mas a companhia foi extinta e seus funcionários, infelizmente, na época do então

Presidente Collor, foram demitidos — posteriormente foram anistiados, graças à Lei

de Anistia, e voltaram a trabalhar, principalmente no INCRA, no Município de

Pindaré-Mirim. Mas esse escritório do INCRA foi fechado, então solicitamos ao

INCRA que nos dê a oportunidade de abrir um escritório no Município de Zé Doca,

considerando a grande quantidade de funcionários oriundos da antiga COLONE, o

número de assentamentos naquele Município e sua posição estratégica, numa

região central do Estado do Maranhão. Esse escritório vai oportunizar o contato mais

direto com os problemas dos assentamentos do Estado.

Portanto solicito ao Presidente do INCRA que proceda à abertura de um

escritório do INCRA no Município de Zé Doca.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Com a palavra o Deputado Audifax,

por 5 minutos.

Lembro às Sras. e aos Srs. Deputados que o tempo concedido a V.Exas. na

tribuna será improrrogável.

O SR. AUDIFAX (Bloco/PSB-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Presidente, assim como na semana passada, o pronunciamento que farei será em

relação à poluição na Grande Vitória.

Primeiro, Deputado César, que é do nosso Estado, registro que fiquei

impressionado. Concordo com os Deputados da Bahia que estão reclamando a

perda de Ministros. A bancada do Espírito Santo não vai reclamar da perda de

Ministros, mas de outras coisas, porque o que estamos perdendo no Governo

Federal são receitas; reclamo da falta de investimento, das obras paradas. Quanto a

isso, vamos reclamar de acordo com a nossa caminhada no dia de hoje.

Sr. Presidente, venho aqui falar sobre a poluição na Grande Vitória. Denunciei

isso na semana passada e fiquei de trazer os números nesta semana. Hoje, trago os

números e sobre eles quero discorrer. Dou aqui um testemunho: encontrei-me com

um casal no avião que disse estar deixando a cidade de Vitória para vir morar em

Brasília, em função da poluição naquela capital.

O Deputado Paulo Foletto, aqui presente, disse-me que os seus três filhos,

que moravam em Colatina e hoje estão morando em Vitória, também passaram a ter

problemas respiratórios. É verdade!

Você, da Grande Vitória, que está nos assistindo, sabe o que estou querendo

dizer. São muitos os casos de rinite, de asma, de bronquite e de sinusite decorrentes

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da poluição naquela região, causada por minério. Hoje, nossa população sofre com

o pó escuro.

Os números comprovam, conforme eu disse no início da minha fala na tarde

de hoje. Somente na cidade de Vitória, os maiores casos de internação, por incrível

que pareça, Sr. Presidente, decorrem de doenças do aparelho respiratório, quase

15%, ganhando dos casos de doenças dos aparelhos circulatório e digestivo.

No Município de Serra, minha cidade, houve muitos problemas decorrentes

de doenças respiratórias. Em 2007, tivemos 105 mortes causadas por doenças

respiratórias; em 2008, 120; em 2009, 156 casos, e os números crescem ano após

ano.

Tive acesso aos dados da Secretaria de Saúde do Estado e pude verificar

que, em se tratando de bronquite, foram 505 casos em 2009; em 2010, foram 478

casos; e, no ano passado, foram 742 problemas decorrentes de doenças

respiratórias. Falei de bronquite aguda, mas, se observarmos o caso de bronquite

NE — o Deputado Cesar, que é médico, pode me ajudar a definir o que é bronquite

NE —, tivemos 67 casos em 2009; em 2010, 88; e, em 2011, 114 casos.

Na sessão passada, fiz uma denúncia em relação à Vale, Deputado Cesar.

Mas nós queremos, sim, que as grandes empresas se instalem no nosso Estado. No

entanto, precisamos estar atentos à qualidade de vida da nossa população, Sr.

Presidente.

Queremos, sim, que a nossa Grande Vitória se desenvolva economicamente,

mas é preciso que o desenvolvimento econômico busque, em primeiro lugar, a

qualidade de vida. Não faz sentido verificar casos de doenças respiratórias

causadas pelo minério de ferro ou pelo pó escuro que hoje entra em nossas casas.

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Ademais, só os gastos nos últimos 3 anos para recuperar as pessoas que sofriam

com doenças respiratórias chegaram a quase 52 milhões de reais.

Sr. Presidente, na próxima semana, voltarei a falar deste assunto, trazendo

outros números que revelam a ação das grandes empresas instaladas nas nossas

cidades.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Antes de conceder a palavra ao

Deputado Valmir Assunção, a Deputada Sueli Vidigal fará uma brevíssima

comunicação. S.Exa. dispõe de 1 minuto, tempo improrrogável, tanto para quem

falará por 5 minutos quanto para quem falará por 1 minuto.

A SRA. SUELI VIDIGAL (PDT-ES. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente,

quero registrar nos Anais desta Casa que estou de posse do espelho da emenda

referente ao Plano Plurianual.

Tive a oportunidade, por meio da Emenda nº 24930006, de apresentar a

proposta de implantação do Porto Público de Praia Mole, no Município de Serra, no

Estado do Espírito Santo. Trata-se de uma obra com custo total de R$ 400 milhões,

com início previsto para 15 de abril de 2012 e término em 15 de dezembro de 2015.

Os custos referentes ao primeiro ano são de R$ 100 milhões e os custos dos

anos seguintes são de R$ 300 milhões.

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O SR. JOSÉ STÉDILE (Bloco/PSB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, eu gostaria de informar que foram reiniciados os trabalhos da Comissão

de Viação e Transportes. Dois grandes temas vão tomar conta da Comissão este

ano.

Um deles diz respeito à exigência do CONTRAN de emplacamento dos

tratores em todo o Brasil e à proibição de manobrar tratores para quem não possui

carteira D. Na nossa opinião, trata-se de um exagero, pois essa medida vai atingir

diretamente o pequeno produtor que conseguiu, a duras penas, um trator ou uma

máquina agrícola.

O outro tema refere-se à cadeia produtiva de automóveis, que o Governo vem

privilegiando em detrimento do transporte público e gratuito. Vamos trabalhar

bastante nessa área, para que o transporte público e gratuito tenha valor no nosso

País e assim possamos dar qualidade ao transporte de passageiros nas nossas

cidades.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Concedo a palavra ao Deputado

Valmir Assunção. S.Exa. dispõe de 5 minutos.

O SR. VALMIR ASSUNÇÃO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, trouxe um pronunciamento escrito para ler da tribuna, mas vou dá-lo

como lido.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tramita nesta Casa projeto de decreto

legislativo que suspende resolução do Conselho Federal de Psicologia que

estabeleceu que os profissionais da área não podem tratar a homossexualidade

como doença ou transtorno em todo o País.

Se esse projeto de decreto legislativo for aprovado, representará um

retrocesso. Mas há outras medidas nesta Casa em que se pretende retroceder,

como a PEC 215, que trata que querem aprovar para restringir a demarcação de

terras indígenas. Há uma série de ações que visam retirar direitos adquiridos em

decorrência das lutas sociais que se iniciaram neste País.

Solicito a V.Exa. que considere como lido meu pronunciamento, Sr.

Presidente, porque preciso falar sobre a posse do novo Ministro do Desenvolvimento

Agrário.

O Deputado Federal Pepe Vargas, em substituição ao ex-Ministro Afonso

Florence, da Bahia, agora é o Ministro do Desenvolvimento Agrário. Temos debatido

muito nesta Casa e, ao longo do ano passado, a Oposição acusou o PT de viver em

busca de cargos.

Eu sou do PT da Bahia. Mais um Ministro do nosso partido, Afonso Florence,

sai do Ministério e passa a exercer suas funções como Deputado Federal nesta

Casa.

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Nós, da Bahia, Deputado Luiz Alberto, não estamos discutindo Ministérios,

não. Não estamos discutindo cargos, não. Não é esse o debate que nós, do PT, os

Deputados da Bahia e o Governador Jaques Wagner, estamos fazendo. O que nós

esperamos — eu, particularmente — é que a Presidenta Dilma Rousseff possa, cada

vez mais, ajudar a desenvolver o Estado da Bahia, o que não significa nomear

Ministros.

Desenvolver o Estado da Bahia significa liberar recursos para construirmos o

aeroporto em Vitória da Conquista e a ponte em Ilhéus; significa liberar mais

recursos para construirmos uma nova linha férrea e tirarmos aquela que existe em

Camaçari; significa investirmos na infraestrutura de Salvador, das pequenas e

grandes cidades do Estado. Queremos fazer o que se fez em relação às

universidades federais — no passado, havia apenas uma universidade federal na

Bahia; o Presidente Lula construiu outras três e mais duas estão sendo implantadas

no Estado.

O que queremos é o carinho e a atenção da nossa Presidenta em relação ao

Estado da Bahia e ao Nordeste, para reduzir as desigualdades regionais. E é isso o

que estamos pedindo. Não se trata simplesmente de termos mais ou menos

Ministros, mais ou menos cargos. Até porque a Presidenta não pode simplesmente

dividir os cargos por votação ou por tamanho ou importância de Estado, mas

considerando objetivos estratégicos.

Sr. Presidente, a Oposição, que diz que nosso Governador Jaques Wagner

não luta por Ministérios ou por cargos, se algum dia chegar ao Governo, vai ficar

brigando por cargos. Nós brigamos por desenvolvimento para o nosso Estado; por

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mais infraestrutura para o nosso Estado; por mais recursos para fortalecermos o

nosso Estado.

É por isso que estamos aqui e é por isso que brigamos, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

PRONUNCIAMENTOS ENCAMINHADOS PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje tomou posse o novo Ministro do

Desenvolvimento Agrário, o Deputado Pepe Vargas. A solenidade, que aconteceu

nesta manhã no Palácio do Planalto, trouxe uma série de debates que precisamos

destacar desta tribuna.

Inicialmente, parabenizo o Ministro Pepe Vargas por sua compreensão acerca

da importância da reforma agrária, principalmente diante do nosso desafio de

erradicar a pobreza no Brasil. O Plano Brasil sem Miséria precisa incorporar as

políticas de reforma agrária, se quiser, realmente, erradicar a pobreza no País.

Lembremos que, no campo, vivem 46,7% do total de pessoas extremamente

pobres. São justamente os indígenas, os quilombolas, os ribeirinhos, os sem-terra,

os marisqueiros, que têm necessidades diferentes, necessidades que envolvem o

investimento público em crédito, o incentivo ao cooperativismo, a criação de

agroindústrias, assistência técnica, demarcação de terras e reforma agrária.

Nesse sentido, a obtenção de terras é política fundamental, pois é o princípio

da reforma agrária. A qualificação dos assentamentos instituídos é política não

conflitante com a obtenção de terras. Pelo contrário, é complementar!

Dados do INCRA, levantados a partir da auto-declaração dos proprietários de

terra, revelam que 130 mil proprietários de terras concentram 318 milhões de

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hectares. Em 2003, eram 112 mil proprietários com 215 milhões de hectares. Mais

de 100 milhões de hectares passaram para o controle de latifundiários, que

controlam em média mais de 2.400 hectares.

Erradicar a pobreza no campo é democratizar o acesso à terra, é dar

condições de produção para as famílias de modo a terem alternativas de

desenvolvimento e construção de cidadania no meio rural. Para tanto, desconcentrar

a estrutura fundiária – de índices vergonhosos para um País como o Brasil, que

remontam à ditadura militar – tem que ser prioridade zero do novo Ministro, do nosso

Governo.

Isso significa um giro da pauta para colocar a reforma agrária na centro das

políticas governamentais. Ela precisa de atenção, orçamento, estruturação dos

órgãos responsáveis. Falo do INCRA em especial. Um técnico do INCRA, hoje,

recebe menos que um técnico lotado no Ministério da Agricultura, por exemplo. É um

absurdo!

Em recentes matérias veiculadas na imprensa, o Presidente Celso Lacerda

corretamente avaliou que a demora em estruturar o INCRA no Brasil, inclusive com a

nomeação de seu Presidente, foi um entrave para a reforma agrária. Priorizar a

reforma agrária é também priorizar e valorizar os funcionários do INCRA, que

precisam de melhor estrutura, segurança, melhores salários para exercer o trabalho

hercúleo de executar a reforma agrária.

Também destaco, Sras. e Srs. Deputados, a urgente necessidade de

assinatura da portaria que estabelece os novos índices de produtividade rural.

A atualização dos índices é uma reivindicação histórica dos movimentos

sociais e sindicais do campo. A lei já prevê a periodicidade da atualização dos

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índices. É inadmissível, com tantos avanços na agricultura, com tantas notícias de

recordes em safras, com tantos créditos que o Estado dá ao agronegócio, que

continuemos com os mesmos índices de 1975, da ditadura militar. Assinar essa

portaria, o que não depende do Congresso Nacional, é afirmar que promover a

cidadania no campo é prioridade de nosso Governo.

Por fim, tenho esperança de podermos dar uma guinada na reforma agrária

no País a partir deste ano. Os resultados de 2011 não podem se repetir, se

quisermos avançar. É preciso ter coragem; é preciso dialogar com o conjunto dos

movimentos sociais do campo; é preciso que levantemos a reforma agrária como

pauta prioritária do País.

Parabéns ao Ministro Pepe Vargas. Temos muito trabalho pela frente!

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a divulgação deste

pronunciamento no programa A Voz do Brasil e nos meios de comunicação da Casa.

Muito obrigado.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último período, a sociedade

brasileira avançou no reconhecimento de alguns direitos da população LGBT. É o

caso da decisão do STF que reconhece o direito à união civil de casais do mesmo

sexo. A tarefa do Congresso Nacional é legislar em favor de tal decisão e aprovar

projeto que criminalize a homofobia no Brasil.

Por outro lado, os casos de violência contra essa população, ocasionados

pelo preconceito, são crescentes e preocupantes. É dever desta Casa é estabelecer

legislação que proteja a população LGBT, mas parece que estamos andando na

contramão da democracia, do respeito às diferenças e do combate ao preconceito.

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Muito me surpreendeu o Projeto de Decreto Legislativo nº 234, de 2011, que

tramita nesta Casa. Pretende-se, com o referido projeto, sustar a aplicação do

parágrafo único do artigo 3º e o art. 4º da Resolução nº 001, de 1999, do Conselho

Federal de Psicologia. Citados dispositivos da resolução proíbem os profissionais da

área de tratar como transtorno ou problema psicológico o fato de uma pessoa ser

homossexual. Eles também proíbem a oferta de qualquer forma de tratamento ou

cura à homossexualidade.

Segundo o projeto, o Conselho extrapolou seu poder regulamentar ao

restringir o trabalho dos profissionais e o direito da pessoa de receber orientação

profissional para que possa mudar sua orientação sexual, como se fosse um

problema a ser resolvido.

Ora, esse tipo de manifestação, atrasada, chega a ser absurda. Impõe à

sociedade um único tipo de sexualidade, baseado em questões religiosas e

fundamentalistas. Esse tipo de prática, em que se prevê o redirecionamento sexual

pelo simples fato de considerar uma anomalia ser homossexual, não condiz com o

Estado Democrático e muito menos com o conjunto dos direitos humanos.

O Conselho Federal de Psicologia ter reconhecido, ainda em 1999, que ser

homossexual não é um transtorno é uma vitória de boa parte da população que não

se sentia anormal, mas apenas com orientação sexual diferente. Como bem disse o

Presidente do órgão, Humberto Verona, em entrevista para a Folha de S. Paulo,

“estão lá normas éticas para combater uma intolerância histórica”.

O projeto está na Comissão de Seguridade Social e Família e audiências

públicas devem ser realizadas para o seu debate. Eu, na condição de Parlamentar e

cidadão brasileiro, espero que esta Casa não retroceda para a idade média com a

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aprovação de projeto desse tipo, que intervém de maneira danosa no principio de

autonomia de um conselho de classe em sua função de regulamentar, orientar,

fiscalizar e disciplinar a profissão.

Sr. Presidente, solicito que este pronunciamento seja divulgado no programa

A Voz do Brasil e nos meios de comunicação da Casa.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Concedo a palavra ao Deputado

Biffi.

O SR. BIFFI (PT-MS. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado.

Sr. Presidente, quero fazer dois registros. O primeiro diz respeito a um grupo

de empresários do setor de condutores elétricos: Adilson Lopes, Omar Fernandes, o

Argentino, e Marcos Martins, que visitam esta Casa, cuja presença muito nos honra.

O segundo registro é sobre a mobilização dos trabalhadores em educação

iniciada hoje e que vai até sexta-feira, em defesa da fixação, no PNE, de 10% do

PIB para a educação; da validação do piso salarial de 1.450 reais e o efetivo

cumprimento por parte das Prefeituras; e, por último, da jornada de trabalho.

Trata-se de um importante movimento em defesa da escola pública.

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O SR. MIRIQUINHO BATISTA (PT-PA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero dar como lido pronunciamento que trata

de indicação que fiz à Ministra da Cultura, Ana de Hollanda, sugerindo o registro do

queijo do Marajó, o queijo de búfala, como patrimônio cultural imaterial brasileiro, em

razão da particularidade da técnica de sua fabricação.

Marajó, região em que há grande criação de búfalos, utiliza uma técnica típica

para a produção do queijo de búfala.

Quero, portanto, prestar esta homenagem a Marajó.

Muito obrigado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, demais presentes neste plenário,

senhoras e senhores que acompanham esta sessão pela TV Câmara, pela Rádio

Câmara ou pela Internet, bom dia.

Disse a historiadora Helena Pignatari que “um povo sem história é um povo

sem memória”. Ter conhecimento sobre o nosso passado e de grande importância,

pois é o passo que vai possibilitar um futuro melhor.

Pensando nisso, apresentei hoje à Casa indicação dirigida à Ministra da

Cultura, Ana de Hollanda, na qual sugiro que o Ministério faça o registro do queijo do

Marajó, o queijo de búfala, e de sua técnica de fabricação como patrimônio cultural

imaterial brasileiro.

A Ilha do Marajó, localizada no Estado do Pará, entre os Rios Amazonas e

Tocantins e o Oceano Atlântico é a maior ilha fluviomarinha do mundo.Devido às

suas características naturais, a ilha configurou-se como território propício à criação

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de búfalos, que lá chegaram em 1895 pelas mãos de fazendeiros portugueses e

franceses. E o leite das fêmeas desses animais deu origem a um queijo

característico e famoso na região.

Por sua leveza, o “Marajó”, como é chamado pelos paraenses, é considerado

o queijo favorito dos habitantes daquele Estado e de muitas regiões vizinhas.

Produzido artesanalmente em recipientes de madeira ou plástico, o queijo fica

estocado por 28 dias antes de ser liberado para consumo.

De sabor mais agradável ao paladar por ser feito com leite cru, e não

pasteurizado, os benefícios do queijo de Marajó para a saúde dos consumidores são

muitos, uma vez que ele possui 33% menos colesterol do que os outros queijos e

contém gorduras não saturadas que fazem bem ao organismo.

O surgimento de um queijo típico como esse pode levar muitos anos — quem

sabe, séculos. No Brasil, o queijo mineiro, que também é feito com leite cru e teve

origem na Serra da Canastra, em Minas Gerais, já está registrado. É esse

reconhecimento que buscamos para o queijo de Marajó, de forma a certificá-lo com

denominação de origem e valorizá-lo como produto típico nacional.

Temos conhecimento de que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional — IPHAN vem realizando levantamento sobre os bens culturais do Marajó.

Assim, sugerimos que aproveite a ocasião para preservar a tradição do queijo de

búfala lá fabricado, bem como da técnica empregada em sua fabricação, como

salvaguarda dessa importante manifestação cultural do povo do Pará e do nosso

País.

Precisamos valorizar nossa cultura e nossa identidade.

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Para concluir, Sr. Presidente, peço a V.Exa. a divulgação deste

pronunciamento no jornal impresso da Casa, na Rádio Câmara, no site da Câmara

dos Deputados e, principalmente, no programa A Voz do Brasil.

Era o que eu tinha a dizer.

Meu muito obrigado.

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O SR. ASSIS MELO (Bloco/PCdoB-RS. Sem revisão do orador.) - Presidente,

quero dar como lido pronunciamento sobre a assinatura de importante acordo, na

última sexta-feira, entre o sindicato dos trabalhadores metalúrgicos de Betim e

região e a Fiat Automóveis. Cerca de 2.600 trabalhadores da área de logística

deixarão de ser terceirizados e serão incorporados ao quadro da empresa.

A empresa já deveria ter terceirizado a logística há mais de 15 anos. Mas

somente agora, a partir de um movimento dos trabalhadores — em torno de

quatrocentos —, após uma greve de 2 dias, foi possível assinar esse acordo inédito

em nosso País. É uma forma de qualificar e valorizar cada vez mais o trabalhador e

acabar de uma vez por todas com a terceirização no Brasil.

São exemplos desse tipo, Presidente, que devemos deixar registrados nesta

Casa. É assim que se valoriza o trabalho e se desenvolve o nosso País.

Muito obrigado, Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na última sexta-feira, o Sindicato dos

Metalúrgicos de Betim e a Fiat Automóveis assinaram um acordo inédito na história

da indústria brasileira. Na negociação com os empresários, os trabalhadores

pactuaram que 2,6 mil funcionários terceirizados sejam incorporados ao quadro

funcional da montadora. Contratados das empresas Ceva Logistics e Syncreon,

esses trabalhadores prestam serviços de logística interna na planta da Fiat.

O acordo permite que os terceirizados recebam todos os benefícios que

atualmente os contratados diretos pela firma possuam, como a Participação nos

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Lucros e Resultados (PLR). Além disso, segundo estimativa do Sindicato, os

trabalhadores terão reajuste em cerca de R$ 350,00.

A conclusão do processo de transferência vai acontecer até o dia 1º de junho.

A Fiat anunciou que todos os terceirizados serão convidados para se transferir,

tendo seus empregos garantidos. Com o processo de “desterceirização”, a empresa

vai contar com 18.700 empregados diretos.

Durante o processo de terceirização interna na Fiat, que se iniciou na área de

logística em 1997, com a chegada da empresa holandesa TNT Logistics, inúmeros

prejuízos foram contabilizados pelos trabalhadores. Nos últimos 15 anos, os

funcionários terceirizados não tiveram os reajustes salariais negociados pelo

Sindicato e ainda perderam direitos como o PLP, entre outros.

Quero ressaltar que a assinatura ocorreu após paralisação que durou 2 dias.

Cerca de quatrocentos trabalhadores, dos atuais 2 mil contratados da Ceva,

cruzaram os braços há aproximadamente 15 dias, em protesto contra as más

condições de trabalho. Para manter a atividades do setor, a Fiat recorreu a

trabalhadores que cumprem outras funções na fábrica para suprir a lacuna, a fim de

não ver interrompido o funcionamento de suas linhas de montagem de automóveis e

comerciais leves.

Podemos observar, Sr. Presidente, que quando existe unidade e luta da

classe trabalhadora, conseguimos avançar com a ampliação de direitos. Sabemos

dos males trazidos com a terceirização, que, no meu entendimento, sacrifica o

direito dos trabalhadores, num processo de precarização que vai na contramão de

todos os documentos internacionais aos quais o País se obrigou.

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Para concluir, devemos lembrar que o Brasil é signatário de termos de

compromisso na Organização Internacional do Trabalho (OIT), com o objetivo de

promover o trabalho decente. Além disso, está em curso a I Conferência Nacional de

Emprego e Trabalho Decente (CNETD), realizada de forma tripartite e coordenada

pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), cujo desfecho está previsto para maio

de 2012.

Era o que gostaria de dizer, Sr. Presidente.

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O SR. JÚLIO CAMPOS (DEM-MT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Srs. Deputados, fiquei estarrecido ao ler no jornal O Estado de S.Paulo, edição do

dia 11 de março, a informação de que índios da etnia munduruku venderam os

direitos sobre suas terras na Região Amazônica por 120 milhões de dólares para

uma ONG internacional, a irlandesa Celestial Green Ventures, considerada líder no

mercado mundial de crédito de carbono. A venda desses direitos ao grupo permite

que a ONG tenha domínio sobre o território indígena, o que é um atentado contra a

segurança nacional.

Quero nesta oportunidade deixar registrado nos Anais da Casa meu protesto

e pedir uma providência urgente à Sra. Presidente da República, ao Ministro da

Justiça e ao representante do Ministério Público Federal, isto é, uma investigação

profunda dessas tribos indígenas que se dizem brasileiras mas vendem suas terras

para ONGs internacionais sem nenhum vínculo com a cidadania brasileira.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, fiquei estarrecido ao ler na Agência

Estado, no dia 11 de março, a informação de que índios da etnia munduruku

venderam seus direitos sobre terras na Região Amazônica, no Município de

Jacareacanga, Pará. A área vendida é 16 vezes maior do que a cidade de São

Paulo. O valor pago foi R$ 120 milhões, ao grupo estrangeiro Celestial Green

Ventures, empresa irlandesa tida como líder no mercado mundial de créditos de

carbono.

A venda dos direitos concede ao grupo, por meio de contrato, vantagens

sobre a biodiversidade local, e além disso eles passam a ter domínio sobre esse

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território indígena. Os índios ficarão impedidos de plantar ou extrair madeira dessas

terras pelos próximos 30 anos.

Conforme apontou a Agência Estado, esse mercado de carbono não tem

regras claras. Ele geralmente compensa emissões de gases de efeito estufa de

grandes empresas poluidoras, sobretudo na Europa, além de negociar a cotação

desses créditos. Conforme informações da própria FUNAI, existem mais de 30

contratos feitos entre índios e estrangeiros.

Esse problema, essa negociação sombria na Região Amazônica virou

epidemia. Empresários estrangeiros têm cooptado indígenas e se aproveitado de

sua pouca informação.

Este é um problema gravíssimo, que deve merecer a intervenção rápida e

enérgica da Presidente da República, pois se trata de uma questão de segurança

nacional, e a segurança nacional é considerada uma das atribuições exclusivas e

fundamentais do Estado moderno, inseparável à sua composição. Tem por

finalidade garantir, em todos os lugares, momentos e circunstâncias, a integridade

do território, além da proteção da população e da preservação dos interesses

nacionais contra todo tipo de ameaça e agressão.

A Presidência da República tem que acionar a FUNAI, órgão tutelar e

competente, para que se ofereça denúncia ao Ministério Público Federal. Se não

houver uma atuação enérgica, o País será tomado por estrangeiros e teremos pouca

autonomia sobre o território nacional. Só essa empresa, a Celestial Green Ventures,

disse ter efetuado 16 negócios com indígenas, sobre uma área correspondente a

200 mil quilômetros quadrados.

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A Constituição tem sido infringida em seu art. 231, que afirma que, embora os

índios tenham a posse permanente e mantenham usufruto exclusivo das riquezas do

solo, dos rios e dos lagos em suas terras, elas são patrimônio da União. Como bem

público de uso dos índios, as terras indígenas são inalienáveis, sua utilização é de

exclusividade dos índios e elas não podem ser objeto de utilização de outros, senão

dos indígenas, para habitação, desenvolvimento de suas atividades produtivas,

terras imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu

bem-estar e necessárias para sua reprodução física e cultural, segundo seus usos,

costumes e tradições.

Ainda há que se fazer menção à cooptação de índios. Muito bem reza o

Estatuto do Índio, a Lei n° 6.001, de 1973, art. 8°, que “são nulos os atos praticados

entre o índio não integrado e qualquer pessoa estranha à comunidade indígena

quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente”.

Que as devidas providências sejam tomadas urgentemente, devido ao

desrespeito à soberania nacional, que tem sido violado no que determina a

Constituição Federal, que enfatiza que as terras indígenas fazem parte e são

exclusivas do território nacional.

Ainda conforme o Estatuto do Índio, art. 18 e seu § 1º:

“Art. 18. As terras indígenas não poderão ser

objeto de arrendamento ou de qualquer ato ou negócio

jurídico que restrinja o pleno exercício da posse direta

pela comunidade indígena ou pelos silvícolas.

§ 1º Nessas áreas, é vedada a qualquer pessoa

estranha aos grupos tribais ou comunidades indígenas a

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prática da caça, pesca ou coleta de frutos, assim como de

atividade agropecuária ou extrativa.”

As terras indígenas versadas pela Constituição Federal de 1988 fazem parte

de um território estatal brasileiro, sobre o qual incide, com exclusividade, o Direito

nacional.

Sem mais, Sr. Presidente, agradeço a oportunidade.

Page 147:  · Ata da 39ª Sessão, da 2ª Sessão Legislativa Ordinária, da 54ª Legislatura, em 14 de março de 2012 Presidência dos Srs.: Inocêncio Oliveira, 3º de Secretário. Paulo

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O SR. LUIZ ALBERTO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente

Amauri Teixeira, Sras. e Srs. Deputados, quero primeiro parabenizar o Município

Governador Mangabeira, do Recôncavo Baiano, que completa hoje 50 anos de

emancipação política. Parabenizo sua Prefeita, Domingas Souza da Paixão, do

Partido dos Trabalhadores, os membros da Câmara de Vereadores, na figura do

Vereador Professor Borges, e toda a população do Município.

Sr. Presidente, quero também comentar o que acontece hoje na Bahia, porta

de entrada do Nordeste brasileiro.

Antes do Presidente Lula, a Bahia vivia um caos social sem tamanho. A

Oposição quer agora fazer polêmica argumentando que a Bahia perde prestígio com

a saída de alguns Ministros baianos da equipe da Presidenta Dilma. Ora, Sr.

Presidente, em governos passados, antes do Presidente Lula e também durante o

Governo Lula, a Bahia já detinha alguns cargos na Esplanada dos Ministérios, e

mesmo assim nunca deixou de liderar os piores indicadores sociais do nosso País.

Por exemplo, na posse do nosso Governador Jaques Wagner, tínhamos mais de 2

milhões de analfabetos com 15 anos de idade ou mais. A Bahia foi o Estado que

inscreveu a maior quantidade de famílias no programa Bolsa Família, o que revela a

grande pobreza e miséria em que vivia nossa gente. Foi também, Sr. Presidente, o

Estado que mais implantou o Programa Luz para Todos, o que indica a Bahia ter

maior quantidade de trabalhadores rurais e de famílias rurais sem energia elétrica.

Esse discurso de que precisamos de cargos é uma falácia; precisamos é de

investimentos sociais e de desenvolvimento sustentável no Estado.

Nosso companheiro Deputado Valmir Assunção disse que a Bahia viveu

durante 50 anos com uma única universidade federal. Hoje, estamos a caminho de

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implantar cinco novas universidades federais, além de mais escolas técnicas. Ou

seja, nosso Estado está investindo em educação. O que precisamos, Sr. Presidente,

é acelerar cada vez mais.

A Presidenta Dilma Rousseff assumiu o compromisso de combater as

desigualdades regionais e de continuar combatendo a pobreza — aliás, está

expressa em seu programa a prioridade ao combate da miséria e da pobreza

extrema em nosso País —, e a Bahia é foco dessa preocupação, num trabalho

conjunto com o Governador Jaques Wagner, Presidente Amauri Teixeira, que tem

travado uma verdadeira batalha, viajando por vários países para atrair investimentos

para o Estado.

O resultado desse esforço surge agora, no Indicador de Produção Industrial

Mensal, que mostrou que a produção industrial mensal na Bahia, no último mês de

fevereiro, em comparação com os meses anteriores, dezembro e janeiro, cresceu

mais de 13%. Este é o foco que queremos dar: no desenvolvimento da Bahia. Não

queremos comemorar aqui a Bahia ter o maior número de assistidos pelo programa

Bolsa Família. Ao contrário, vamos comemorar quando a Bahia começar a reverter

esse quadro e sua população pobre, nas áreas rural e urbana, não precisar mais do

programa de transferência de renda, um programa exitoso do nosso Governo.

Tenho certeza absoluta de que a Presidente Dilma sabe exatamente quais

são as reivindicações e as demandas do Estado necessárias a que possamos

garantir o desenvolvimento sustentável do nosso povo e cumprir nosso importante

papel no combate às desigualdades regionais do nosso País, já que somos, como

eu disse, a porta de entrada do Nordeste brasileiro, Região que precisa ser olhada

com mais tranquilidade e atenção.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Vamos iniciar agora o Grande

Expediente.

Concedo a palavra por 1 minuto ao Deputado André Moura.

O SR. ANDRÉ MOURA (PSC-SE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

ocupo este espaço para deixar registrado meu pronunciamento, em que exalto a

cultura do meu querido Sergipe, em especial no dia de hoje, em que a literatura, por

meio do livro Viagem na Argila, do poeta Jozailto Lima, engrandece ainda mais o

nosso Estado.

Viagem na Argila chega ao mercado literário com 142 poesias e, segundo o

próprio autor, revela um lado autoral mais maduro. Retrato aqui, com um parêntese,

o lado jornalístico de Jozailto, que, todas as segundas-feiras, na redação do

Seminário Cinform, nos provoca enquanto cidadãos para lermos os seus textos

embasados dos editoriais, fazendo análises da política sergipana e brasileira.

O poeta Jozailto já venceu diversos concursos de poesias, mas eu quero aqui

parabenizá-lo pelo lançamento do livro que ocorre hoje à noite, o que engrandece

muito a literatura e a cultura do Estado de Sergipe.

Parabéns, Jozailto! Parabenizo a cultura sergipana.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os que estão acessando a Internet e

redes sociais, além daqueles que sintonizam a Rádio e a TV Câmara em todo Brasil,

em especial a população do Estado de Sergipe, a quem me orgulho de aqui

representar.

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Venho a este espaço, onde se prega a democracia como essência, para

exaltar a cultura, em especial a do meu querido Estado, Sergipe, que hoje, quarta-

feira, escreve mais uma página bonita em sua literatura com o lançamento do livro

Viagem na Argila, do poeta e jornalista Jozailto Lima, que nos seus 51 anos

apresenta seu quarto livro de poesias.

Viagem na Argila chega ao mercado literário com 142 poesias e, segundo o

autor, revela um lado autoral mais maduro. O lirismo e o ceticismo são uma marca

registrada de Jozailto. Abro parênteses para registrar seu lado jornalístico, que todas

as segundas-feiras à frente da redação do semanário Cinform, provoca-nos

enquanto cidadão com os textos embasados dos editoriais, fazendo análises da

política sergipana e brasileira.

Mas, voltando às tantas qualidades do homem das

letras, Jozailto Lima, foquemos mais uma vez na poesia,

permitindo e me apropriando da critica publicada com o

merecido valor na imprensa de Sergipe, que diz: trata-se

de um evento ao qual todos os amantes da expressão

literária devemos prestigiar, pois é importantíssimo para a

vida Cultural de Sergipe.

Jozailto Lima é natural de Várzea do Poço, na região de Jacobina, no Estado

da Bahia, sendo radicado em Aracaju, há mais de 20 anos, onde se formou e tem

contribuído pontualmente para a realização do bom jornalismo sergipano.

O poeta já venceu diversos concursos de poesia, entre eles o Prêmio Santo

Souza de Poesia, com as obras: A Flor de Bronze, Plenespanto e Retrato Diverso.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a escolha do dia para o lançamento

do livro de poesias Viagem na Argila não foi aleatório, pois hoje é comemorado o Dia

Nacional da poesia e aniversário de nascimento do poeta Castro Alves. E aqui faço

minhas reverências a Jozailto e a todos os poetas do Brasil, lembrando que tudo

conspira a seu favor.

Parabéns por escolher Sergipe para destilar o melhor que o ser humano pode

perpetuar que é a palavra!

O lançamento do livro Viagem na Argila, de Jozailto Lima, ocorre logo mais,

às 19 horas, no Museu da Gente Sergipana, em Aracaju.

Peço a V.Exa., Sr. Presidente, que meu discurso fique registrado nos Anais

da casa e que seja amplamente divulgado pelos órgãos de comunicação deste

Parlamento.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. VALDIR COLATTO (PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, utilizo o microfone para registrar nossa preocupação com a votação do

Código Florestal brasileiro. Precisamos votar logo o novo Código. Há um clamor no

País para que demos logo essa diretriz para a agricultura e a pecuária, e também

para as cidades, que estão carecendo de uma legislação melhor para todos nós.

Documentos demonstram o impacto que haverá na agricultura brasileira se

não aprovarmos o Código Florestal tal como ele saiu desta Casa, com a Emenda nº

164 mantendo o art. 62, §§ 1º, 2º e 3º. Assim daremos tranquilidade aos produtores.

Não podemos aprovar o Código como ele veio do Senado, e precisamos votá-

lo ainda esta semana. É esse o interesse desta Casa. Doze partidos já sinalizaram

nesse sentido, e o Líder do PMDB também está convicto de que esta Casa quer e

precisa votar a matéria. Dará todo o seu apoio.

Precisamos que toda a Casa se mobilize para a votação do Código Florestal.

Obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

primeiro quero parabenizar o Ministro Afonso Florence, que deixou hoje o Ministério

do Desenvolvimento Agrário, pelo trabalho desenvolvido nesse período. Em pouco

mais de 1 ano, avançaram bastante no MDA as metas superiores, acima do

planejado. Desejo ao Ministro que assume, Pepe Vargas, um bom trabalho.

E aproveito para fazer outro registro.

O Conselho de Sanidade Agropecuária do Paraná está discutindo uma nova

lei estadual de agrotóxicos. E, quando se pensa em uma nova lei, sempre se

imagina que ela fará a defesa da saúde pública. Mas não, não é isso. O Conselho de

Sanidade Agropecuária do Paraná vai discutir como consumir ainda mais

agrotóxicos, vai facilitar a inscrição de novos produtos. Posso dizer que a atual lei é

mais restritiva do que aquela que se deseja. E, ao fazer essas restrições, ela ajuda a

evitar a intoxicação, a contaminação humana e ambiental.

Mas agora querem rever essa lei e torná-la, vamos dizer assim, entre aspas,

“mais frouxa”. Essa lei “mais frouxa” vai favorecer as grandes empresas produtoras

de veneno.

Ora, enquanto no Brasil e no mundo se discute saúde ambiental e humana e

se procuram alternativas para a produção agrícola sem uso de agrotóxicos, no

Paraná querem rever a lei justamente para permitir a entrada de mais agrotóxicos.

Até sabemos que a origem disso só pode estar num governo do PSDB ou do

DEM, e lá no Estado o atual Governo é do PSDB e do DEM, que se preocupam com

um setor mínimo da sociedade e não com a maioria do povo, que acaba sendo

contaminada. Com o discurso de aumentar a produção e elevar a receita do

comércio exterior, contaminam o meio ambiente.

Obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Passa-se ao

V - GRANDE EXPEDIENTE

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O SR. EMILIANO JOSÉ - Sr. Presidente, quero apenas dar como lido dois

pronunciamentos.

O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - O próximo orador inscrito é o

Deputado Leandro Vilela, do PMDB de Goiás, mas, enquanto S.Exa. se posiciona,

V.Exa. pode fazer breve comunicação.

O SR. EMILIANO JOSÉ (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o primeiro dos meus pronunciamento é para saudar o companheiro

Pepe Vargas, pela posse no Ministério do Desenvolvimento Agrário. Ao mesmo

tempo, saúdo o querido companheiro Afonso Florence pela gestão. O segundo é

relativo a irregularidades no Município de Pedro Alexandre, no Nordeste da Bahia,

cometidas pelo Prefeito Pedro Pereira Gomes.

Sr. Presidente, agradeço a V.Exa. e ao Deputado a gentileza.

PRONUNCIAMENTOS ENCAMINHADOS PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero saudar, pela posse, no dia de

hoje, o Deputado e companheiro Pepe Vargas, que assume o Ministério do

Desenvolvimento Agrário — MDA. Sabemos que as políticas do Governo Lula para a

agricultura familiar estão em boas mãos, que terão continuidade as políticas

destinadas a melhorar a vida de milhões de brasileiros que trabalham no campo e

que são responsáveis por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.

Desde os primeiros dias do Governo Lula, em 2003, e agora, sob a presidência de

Dilma, a agricultura familiar vem recebendo um tratamento diferenciado, garantindo

a melhoria efetiva das condições de vida dos pequenos que lidam com a terra.

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O MDA tem sido o instrumento essencial de execução dessa nova política.

Soube o Governo diferenciar agricultura familiar do agronegócio — e diferenciar não

significou, em nenhum momento, excluir o agronegócio, mas compreender que era

fundamental tratar de modo desigual os desiguais. Era necessária uma política

específica, própria, voltada aos que tinham pouca terra, aos que viviam da pequena

propriedade, aos que não tinham nenhuma terra, aos quilombolas, aos ribeirinhos,

aos que durante séculos foram deserdados pelas políticas públicas e atacados

duramente pela grilagem. Isso mudou. Agora, Pepe Vargas dará continuidade a

essa nova política, que tem mudado a vida de milhões de brasileiros e brasileiras.

Quero, também, e de modo muito especial, destacar o trabalho do nosso

Ministro, Deputado Afonso Florence, companheiro de partido, que saiu hoje do cargo

para dar lugar a Pepe Vargas. Antes de falar rapidamente do trabalho dele, no

entanto, destaco seus compromissos essenciais, políticos, com a luta por uma Brasil

que seja de todos, um Brasil que continue o processo de revolução democrática que

estamos experimentando, desde que o Presidente Lula tomou posse, em 2003, e

que segue agora, no terceiro mandato do nosso projeto, com a Presidenta Dilma à

frente.

Essa lição de compromisso com o projeto político da revolução democrática

foi dada, inclusive, no seu discurso de despedida e de saudação ao novo Ministro.

Como evidente, não havia nenhum ressentimento e, ao contrário, houve a

manifestação da vontade política de colaborar decisivamente com o Governo da

Presidenta Dilma na Câmara Federal.

O balanço apresentado por Afonso Florence no momento de despedida é

impressionante, e seguramente ao companheiro Pepe Vargas não será difícil dar

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sequência ao trabalho realizado. As sementes jogadas nesse pouco mais de um ano

de trabalho já frutificaram. Pepe seguirá adiante e, como já disse, tem todas as

condições de fazer também um excelente trabalho a favor da agricultura familiar.

No seu balanço, em nenhum momento chamou exclusivamente para si os

méritos. Destacou sempre o trabalho de equipe e, principalmente, que para tudo o

que fizera havia recebido a orientação e determinação da Presidenta Dilma.

Destacou o companheirismo que o unia ao novo Ministro e declarou-se orgulhoso de

ter podido servir ao Governo durante pouco mais de um ano na condição de

Ministro.

Durante sua gestão, destacou que o MDA contribuiu decisivamente com o

Plano Brasil sem Miséria Rural, que persegue a estratégia da inclusão produtiva

rural. A meta era chegar a 27 mil famílias de agricultores familiares recebendo

assistência técnica. Tal meta foi superada em 10 mil, chegando, portanto, a 37 mil

famílias, evidenciando a capacidade e a determinação do MDA, sob a direção do

Ministro Afonso Florence.

Aqui não é o lugar de balanço exaustivo. Só lembro alguns poucos pontos

gerais para destacar o quanto esse baiano realizou à frente do MDA. Como se disse,

contribuiu decisivamente para levar à frente o Plano Brasil sem Miséria Rural, como

o fez em relação à reforma agrária, ao Programa Nacional de Crédito Fundiário, ao

Programa Arca das Letras, ao Programa Terra Legal, ao Plano Safra da Agricultura

Familiar, ao fortalecimento do cooperativismo e do desenvolvimento territorial e,

também, de políticas afirmativas para as mulheres e negros, além do

desenvolvimento de ações voltadas ao fortalecimento de programas solidários no

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plano internacional. Isso constitui, a traços largos, um sucinto registro do muito que o

Ministro Afonso Florence fez à frente do MDA.

Volta à Câmara para continuar na estrada, na mesma estrada. A estrada da

revolução democrática que vem sendo conduzida agora pela Presidenta Dilma e

pelo nosso Partido, o PT, que conjuntamente com os partidos aliados vem

promovendo mudanças profundas na vida de milhões de brasileiros — os 30 milhões

que saíram da pobreza extrema, os 40 milhões que ascenderam às camadas

médias. Afonso Florence, aqui na Câmara, continuará a contribuir decisivamente

para pensar o Brasil, para pensar a Bahia, pensar a política e agir. Agir para

continuar as mudanças no País e na nossa terra, a Bahia.

Digo com muito orgulho: parabéns, Afonso, pelo trabalho à frente do MDA! A

Bahia está orgulhosa de você, assim como o Brasil.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, retorno a esta tribuna para denunciar

as irregularidades que vêm sendo praticadas pelo Prefeito Pedro Pereira Gomes, do

Município de Pedro Alexandre, no nordeste baiano. Com 16.995 habitantes,

conforme o Censo do IBGE realizado em 2010, a cidade possui uma área de

1.146,32 quilômetros quadrados toda ela na região do Semiárido.

O Índice de Desenvolvimento Humano local é da ordem de 0,535, o que o

coloca na posição de sexto Município mais pobre da Bahia e um dos 100 mais

carentes do Brasil. Se fosse um país autônomo, Pedro Alexandre estaria entre os

países africanos de Cabo Verde (IDH 0,534) e Guiné Equatorial (IDH 0,538).

Nessa pequena cidade, conforme já tive a oportunidade de expor aos

senhores em pronunciamento anterior, feito perante esta Casa Legislativa, a miséria

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se alastra. Falta saneamento básico e coleta de lixo domiciliar, o atendimento na

rede de saúde é precário e inadequado.

Faltam também empregos em Pedro Alexandre. Além da pecuária extensiva,

da agricultura de subsistência e do comércio local, poucas opções restam aos

jovens sertanejos, senão migrar para Salvador ou mesmo São Paulo, em busca de

melhores condições de sobrevivência.

É por demais evidente que um Município vivendo em tais condições, seu povo

mergulhado em tanta miséria, reclama uma prefeitura que tenha por principal

objetivo minorar essa situação de tanta pobreza. Mas, infelizmente, e de modo

incompreensível, o Prefeito nunca age no sentido de melhorar um pouco que seja a

vida dos pobres de Pedro Alexandre.

Mesmo em uma situação social tão alarmante, o Prefeito Pedro Gomes tem

acentuado a pobreza na sociedade local, ao não pagar, sem qualquer justificativa

plausível, o novo salário mínimo nacional, nem tampouco o piso nacional dos

professores, tendo ainda cortado diversas gratificações devidas aos servidores

públicos municipais.

A conquista do salário mínimo universal aos trabalhadores do campo e das

cidades, da iniciativa privada e do setor público, não pode ser desprezada por

pretexto algum. Como poderão os servidores municipais garantir o sustento digno de

suas famílias sem que percebam ao menos o salário mínimo? Como pode um gestor

recusar-se a cumprir uma norma nacional de tamanha relevância, com reflexos

inclusive na economia municipal? Trata-se de situação de indiscutível gravidade. E,

por obviedade, de completo desrespeito à lei.

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Em face dessa realidade, colocamos nosso mandato à disposição dos

servidores públicos de Pedro Alexandre, para mediar essa grave situação e

possibilitar uma solução rápida e que garanta o cumprimento dos direitos e garantias

do funcionalismo municipal.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Com a palavra, pela ordem, o

Deputado Givaldo Carimbão.

O SR. GIVALDO CARIMBÃO (Bloco/PSB-AL. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, pelo seja dado como lido pronunciamento sobre a

Campanha da Fraternidade da CNBB, que este ano traz o tema Fraternidade e

Saúde Pública. Acho de grande importância a cada ano a CNBB trazer um tema

para discutir com a população católica do Brasil.

O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - V.Exa. será atendido.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com muita alegria e entusiasmo que

saúdo a Campanha da Fraternidade de 2012, que desde o distante ano de 1964

mobiliza os católicos de todo o Brasil em torno de um tema sugerido pela

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A Campanha da Fraternidade tem o fim

de despertar a solidariedade de fiéis e da sociedade em relação a um problema

concreto que atinja o povo brasileiro, propondo reflexões, apresentando propostas e

buscando soluções.

Este ano, Sr. Presidente, o tema da Campanha é A Fraternidade e a Saúde

Pública, e o lema é Que a saúde se difunda sobre a terra!

Que tema realmente oportuno, Sr. Presidente! Pois a saúde é o maior

patrimônio das pessoas, e sua carência, tanto no corpo quanto no espírito, pode

levar a profundas crises e traumas, que todos nós, como cidadãos e agentes

públicos temos o dever de prevenir.

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É muito bem-vinda, portanto, mais essa iniciativa da CNBB com o objetivo de

levar a uma reflexão a respeito de como anda a saúde física e espiritual do povo

brasileiro, e de se verificar o que pode ser modificado, ou até mesmo mantido e

melhorado, para melhor benefício material e espiritual da população.

A solenidade de lançamento e abertura da 49ª Campanha da Fraternidade na

Quarta-Feira de Cinzas, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

(CNBB), em Brasília, foi dirigida pelo Secretário-Geral da entidade, D. Leonardo

Steiner, contando com a participação do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e

outros convidados.

Nas palavras de D. Leonardo Steiner, que faço questão de ressaltar aqui, Sr.

Presidente, “a Campanha da Fraternidade é um tempo especial para a conversão do

coração, através da prática da oração, do jejum e da esmola, como processo de

abertura necessária para sermos tocados pela grandeza da vida nova que nasce da

cruz e da ressurreição”.

Precisamos reconhecer que a saúde pública no Brasil teve significativos

avanços nas últimas décadas, como o aumento da expectativa de vida da

população, a drástica redução da mortalidade infantil, a erradicação de algumas

doenças infecto-parasitárias e a eficácia da vacinação e do tratamento da AIDS,

elogiada internacionalmente. No entanto, existem pontos que ainda não são

completamente sanados pelo Governo em relação à saúde. Com a Campanha da

Fraternidade de 2012, a Igreja deseja sensibilizar a todos sobre uma das feridas

sociais mais agudas de nosso País: a dura realidade dos filhos e filhas de Deus que

enfrentam as longas filas para o atendimento à saúde, a demorada espera para a

realização de exames, a falta de vagas nos hospitais públicos e a falta de

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medicamentos. Sem deixar de mencionar a situação em que se encontra a saúde

indígena, dos quilombolas e da população que vive nas regiões mais afastadas.

Outro ponto que merece ser destacado é uma terrível chaga que tem se

abatido sobre a população brasileira em praticamente todas as cidades, até mesmo

as mais distantes, atingindo mesmo as zonas rurais. Trata-se, Sr. Presidente, de

uma enfermidade espiritual concretizada pelo uso indiscriminado de drogas ilícitas.

Hoje vivemos uma verdadeira epidemia mundial de consumo de drogas, e o Brasil

não escapa dessa triste situação. O uso indiscriminado do álcool tem feito um

tremendo estrago nas famílias, com sua fatal colheita de terríveis males: crimes,

violência, incontáveis acidentes no trânsito que ceifam os que abusam das bebidas e

mesmo pessoas inocentes. Isso tudo sem falar nas inúmeras doenças resultantes do

uso exagerado de bebidas alcoólicas. Adolescentes começam cedo a usar as

bebidas alcoólicas, preparando, muitas vezes, o terreno para uma vida adulta de

vícios quase intolerável e muito custosa para a sociedade.

Quero ainda destacar, Sr. Presidente, o efeito que o álcool tem, segundo os

médicos e especialistas, em abrir as portas para outras drogas que trazem

verdadeira aflição à sociedade, como a maconha, a cocaína, e outras. É preciso

educar com firmeza os jovens para que do álcool não passem para outras drogas

mais sérias e de efeito arrasador.

Existe outra chaga ainda pior que tem causado trágicos efeitos às famílias.

Trata-se do crack, uma droga relativamente nova, mas que já tem mostrado os

males que é capaz de causar. Em pouco tempo, essa droga se tornou uma

verdadeira epidemia que tem tirado o sossego das famílias, da Igreja e das

autoridades.

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Esse abuso de drogas atualmente em voga no mundo constitui, sem dúvida,

uma doença espiritual, com reflexos terríveis na carne! Uma doença espiritual que

se reflete nas ações dos jovens adolescentes e adultos de todo o país, gerando

milhares de pessoas que se sentem inutilizadas, incapazes de vencer o vício.

Pessoas que, muitas vezes, não vivem, mas apenas vegetam em função de doses

cada vez maiores do crack. Essa droga destrói os neurônios e promove a

degeneração dos músculos do corpo, causando a aparência esquelética no

indivíduo: ossos da face salientes, pernas e braços finos, e costelas aparecendo. As

pessoas que utilizam o crack, mesmo poucas vezes, correm risco de sofrer infarto,

derrame, problemas respiratórios e problemas mentais sérios. A gravidade do crack

é maior porque sua dependência se instala em pouco tempo no organismo.

Infelizmente, Sr. Presidente, temos no presente momento milhões de jovens,

crianças, adolescentes e adultos dependentes químicos, pessoas que necessitam

de uma ação coordenada do Estado, das autoridades, das famílias. Soma-se a essa

ação conjunta de toda a sociedade, a força da Igreja Católica, que vem muito

oportunamente chamar a atenção para essa questão crucial, nesse período

quaresmal, com a Campanha da Fraternidade de 2012.

Segundo o Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde, o objetivo geral da

Campanha da Fraternidade de 2012 é “refletir sobre a realidade da saúde no Brasil

em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das

pessoas na atenção dos enfermos e mobilizar por melhoria no sistema público de

saúde, notadamente o SUS”.

Além do objetivo geral, o Coordenador da Pastoral da Saúde cita outros seis

objetivos específicos para a Campanha de 2012:

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a) disseminar o conceito de bem viver e sensibilizar para a prática de hábitos

de vida saudável;

b) sensibilizar as pessoas para o serviço aos enfermos, o suprimento de suas

necessidades e a integração na comunidade;

c) alertar para a importância da organização da pastoral da saúde nas

comunidades;

d) difundir dados sobre a realidade da saúde no Brasil e seus desafios, como

sua estreita relação com os aspectos socioculturais de nossa sociedade;

e) despertar nas comunidades a discussão sobre a realidade da saúde

pública, visando à defesa do SUS e a reivindicação do seu justo financiamento; e

f) qualificar a comunidade para acompanhar as ações da gestão pública e

exigir a aplicação dos recursos públicos com transparência, especialmente na

saúde.

Ao longo dos últimos anos, houve mudança no conceito de saúde: de

caridade para direito, e é lamentável que esse direito esteja sendo transformado em

negócio, muitas vezes um negócio direcionado unicamente para o lucro. É preciso

aproveitar a oportunidade temática da Campanha da Fraternidade 2012 para nos

lembrarmos de que, segundo a Constituição Federal, a saúde é direito de todos e

dever do Estado.

No aspecto demográfico, a expectativa de vida no Brasil apresentou evolução

significativa nas últimas décadas. Segundo o IBGE, em 2008 a esperança de vida

dos brasileiros, ao nascer, chegou a 72 anos, 10 meses e 10 dias. Com a melhoria

das condições de vida no Brasil, o número de idosos aumentou e hoje chega a 21

milhões de pessoas. Já o número de crianças e jovens tem diminuído, tendo em

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vista que a taxa de mortalidade infantil ainda é alta, na faixa de 19,88 óbitos por mil

nascidos vivos em 2010. Já o índice de fecundidade por casal caiu para 1,8 filhos

nos dias de hoje.

Tudo isso reflete no campo da saúde.

Dados indicam que, se não for implantada uma política agressiva de

prevenção de doenças e de promoção de vida saudável, haverá uma população de

idosos com vários problemas de saúde, o que poderá transtornar o sistema de

saúde e dificultar seu financiamento.

Essa projeção aponta para o necessário trabalho de identificação precoce dos

fatores de risco para doenças, como problemas cardiovasculares, hipertensão

arterial, tabagismo, diabetes, sedentarismo, obesidade, dislipidemias (colesterol e/ou

triglicérides aumentados) e doenças relacionadas a dependência química.

Essas doenças estão relacionadas às grandes preocupações atuais na saúde

pública no Brasil, organizadas em 5 temas: doenças crônicas não transmissíveis

(doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, cânceres, doenças renais

crônicas e outras); doenças transmissíveis (AIDS, tuberculose, hanseníase,

influenzae ou gripe, dengue e outras); fatores comportamentais de risco modificáveis

(tabagismo, dislipidemias por consumo excessivo de gorduras saturadas de origem

animal, obesidade, ingestão insuficiente de frutas e hortaliças, inatividade física e

sedentarismo); dependência química e uso crescente e disseminado de drogas

lícitas e ilícitas (álcool, crack, oxi, e outras); causas externas (acidentes e violências).

Algumas dessas doenças estão ligadas a mudanças de hábitos e

comportamentos sociais. Atualmente, 48,1% da população brasileira estão acima do

peso, sendo 15% obesos. Isso influencia o aparecimento de várias outras doenças.

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Pesquisas indicam que a família está substituindo a alimentação tradicional na dieta

do brasileiro (arroz, feijão, hortaliças), pela comida industrializada, comida pronta,

mais calórica e menos nutritiva, com reflexos no equilíbrio do organismo, podendo

resultar em enfermidades, por exemplo, no descontrole da pressão arterial. Esses

são dados que alarmam, mas que compensa sejam trazidos à reflexão neste

período, em que diversas correntes cristãs se dedicam a essa reflexão.

Relacionado a hábitos e estilo de vida ainda está o tabagismo. Todos

sabemos que 90% dos casos de câncer de pulmão estão associados a esse uso. A

prática regular de exercícios físicos, também, está longe de fazer parte da rotina dos

brasileiros. Em 2008, somente 10,2% da população com 14 anos ou mais tinha uma

atividade física regular.

Outras doenças são ainda mencionadas na proposta da Campanha da

Fraternidade de 2012, como as renais, que matam 15 mil pessoas por ano no Brasil,

consumindo cerca de R$ 1,4 bilhão ao ano. Dos 150 mil pacientes que deveriam

estar em diálise, apenas 70 mil conseguem receber o tratamento, sendo essa,

portanto, uma área que exige mais investimentos para atender à demanda.

Com referência à AIDS, a expansão da epidemia continua estável. Há uma

redução dos casos em crianças menores de 5 anos. Os resultados confirmam a

eficácia da política de diminuição da transmissão do HIV de mãe para filho e de

outras medidas de prevenção, como a ampliação do diagnóstico do HIV/AIDS.

Quero saudar e parabenizar a Igreja Católica, que, como sempre, procura se

associar à sociedade, em busca de somar esforços para oferecer informações

atualizadas, visando à superação dos preconceitos e do estigma em relação à

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hanseníase, antigamente chamada de lepra. Segundo o Ministério da Saúde, cerca

de 47 mil novos casos são detectados a cada ano.

Finalmente, Sr. Presidente, a saúde pública é conceituada como um conjunto

de discursos, práticas e saberes que objetivam o melhor estado de saúde possível

das populações, levando-se em conta fatores como a concepção do papel de Estado

nos campos econômico e social e a concepção das responsabilidades individual e

coletiva. Esse processo é resultante de diversas questões sociais, políticas,

econômicas, ambientais e biológicas. Dentre as sociais, destacam-se a urbanização,

industrialização, condições de moradia, saneamento básico, nutrição e alimentação,

escolarização, recreação e lazer, acesso aos serviços de saúde, trabalho, emprego

e renda.

Apesar do avanço que foi a criação do SUS, o Brasil ainda está longe dos

países que contam com um sistema público e universal. Os recursos destinados à

saúde pública em todo o País são insuficientes. Seria necessário regulamentar os

repasses à saúde no Congresso Nacional.

Assim, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, embora a situação da saúde

pública no Brasil venha melhorando, ainda há muito a fazer para que pessoas não

fiquem sem assistência, sem leito em um hospital, sem vaga em uma UTI, sem

tratamento adequado para doenças que já têm cura; para que nenhum brasileiro

tenha sua vida ceifada antes do tempo, seja porque faltou um atendimento, ou um

aparelho, um acompanhamento; enfim, para que se efetive o direito garantido pela

Constituição, de saúde a todos, principalmente à mulher, ao idoso, à criança, ao

indígena, aos quilombolas.

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Unimo-nos à Campanha da Fraternidade de 2012, parabenizando a

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela escolha do tema, desejando que

alcance seus objetivos junto ao Governo e à população, conscientizando sobre a

importância de priorizar a saúde pública no Brasil.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Com a palavra, pela ordem, o

Deputado Mauro Benevides.

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, no meu pronunciamento registro os 55 anos de

emancipação política de Mulungu, Município que integra o Maciço de Baturité, no

Estado do Ceará.

Muito obrigado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desde ontem, o Município de

Mulungu, situado no Maciço de Baturité, comemora mais um aniversário de

emancipação política, dentro de extensa programação, com a participação de

autoridades e dos segmentos representativos da comunidade, impregnados todos

do sentimento de enaltecer um evento de inquestionável significação cívica para a

nossa unidade federada.

O Prefeito Municipal José Mansueto, além do Vice, Vereadores, Secretários e

demais autoridades incumbiram-se de comandar as inaugurações, objetivando pôr

em evidência um acontecimento destinado a destacar 55 anos de esforço

permanente em prol do desenvolvimento de uma cidade que contribuiu, sobretudo

nas minhas eleições majoritárias para Senador, com votação expressiva, permitindo

alçar-me ao Parlamento Nacional, de que fui Presidente, no período compreendido

entre 91-92, ungido pela unanimidade dos meus pares, sendo, por isso, o primeiro

cearense a chefiar o Poder Legislativo brasileiro.

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Representações das comunas adjacentes como Aratuba, Pacoti,

Guaramiranga, Palmacia e Baturité fizeram questão de comparecer às festividades,

dando, assim, uma conotação regional a uma efeméride que se acha inserida em

nossos fastos historiográficos, tornando merecida a relembrança a que ora procedo,

nesta tribuna.

Em mais de meio século de existência, a aprazível urbe vivencia fase

auspiciosa de progresso e desenvolvimento, graças, sobretudo, ao esforço de sua

gente e à visão progressista de seus dirigentes, impregnados de projetar Mulungu

diante do povo cearense.

Se não fora a pauta dos nossos trabalhos, teria experimentado o prazer de

assistir às festividades, tributando, pessoalmente, o preito de minha solidariedade a

algo que fala bem de perto do dinamismo de uma gente valorosa, integrada ao

esforço do Governador do Estado, Cid Ferreira Gomes, de impulsionar o progresso

e bem-estar da comunidade.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Concedo a palavra ao Deputado

Leandro Vilela, do PMDB de Goiás.

O SR. LEANDRO VILELA (PMDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, nobres colegas Parlamentares, antes de iniciar meu pronunciamento,

gostaria de registrar meus cumprimentos ao Prefeito da minha terra natal, a cidade

de Jataí, Humberto Machado, que se faz presente aqui nesta tarde e que, em

audiências com vários Ministros da República, está fazendo grande esforço com o

objetivo de buscar recursos e investimentos que se traduzam significativamente em

mais melhorias da qualidade de vida da população jataiense.

Jataí é uma cidade extremamente importante do sudoeste goiano, com 10%

da produção de Goiás e 1% da produção nacional de milho. E essa forte presença

no agronegócio e na agroindústria se deve ao talento desse extraordinário Prefeito,

engenheiro civil que há 3 mandatos administra muito bem e conduz os destinos de

minha terra natal.

Portanto, meus cumprimentos ao Prefeito Humberto Machado, esse grande

líder, e também a toda a população jataiense.

Mas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, os dados sobre o

crescimento da economia divulgados na semana passada pelo IBGE, são motivo de

preocupação. No ano passado, o País cresceu apenas 2,7%, um tombo

considerável se compararmos com o crescimento de 7,5% vistos no ano anterior, em

2010.

A equipe econômica tenta minimizar o fraco resultado. As autoridades

monetárias chegaram a culpar a crise europeia pelo fraco desempenho por aqui —

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e, de fato, elas não deixam de ter certa razão. Mesmo assim, a verdade é que os

dados divulgados decepcionam.

É bom lembrar que o próprio Governo chegou a sonhar com um crescimento

de 5% e estabeleceu como meta para o ano passado um crescimento de 4%.

Nada disso se concretizou. O resultado do PIB de 2011 é ainda mais

preocupante, se levarmos em conta o péssimo desempenho da inflação no ano. A

inflação foi de 6,5%, muito acima da meta, que era de 4,5%.

O que isso significa? Que o Brasil cresceu pouco, com inflação alta, jogando

por terra a tese da equipe econômica de admitir a inflação um pouco mais alta para

garantir um crescimento maior. Não funcionou.

Outro fator preocupante nos dados divulgados pelo IBGE é a queda na

participação da indústria na composição do PIB. A fatia industrial caiu para pouco

mais de 14%, voltando ao nível visto apenas na década de 50. De lá para cá, a

participação industrial na economia nunca chegara a um nível tão baixo como em

2011.

O peso do câmbio, com o real sobrevalorizado, os custos tributários e

energéticos e a mais alta taxa de juros do mundo contribuem para esse processo e

precisam ser urgentemente combatidos. Caso contrário, teremos de concordar com

o Sr. Paulo Skaf, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo,

segundo quem “o Brasil vive um processo de desindustrialização”.

É preciso agir para que, em 2012, o Brasil volte a apresentar um crescimento

robusto e não coloque em risco os grandes avanços econômicos e sociais

alcançados nos últimos anos.

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Várias ações se mostram necessárias. Algumas delas têm sido alardeadas

por representantes do Governo, mas é preciso que saiam do papel e passem para a

vida real.

A primeira é a aceleração na queda da taxa de juros, que beneficia toda a

rede da cadeia produtiva. O Banco Central acertou ao aumentar o nível de corte da

Taxa SELIC, e é preciso que essa tendência se confirme nas próximas reuniões do

Comitê de Política Monetária.

Medidas para aumentar o crédito, reduzir impostos para investimentos e

novas ações para segurar a supervalorização do real também são fundamentais. O

Ministro da Fazenda tem falado insistentemente nesse assunto; e algumas medidas

foram tomadas, embora se tenham mostrado insuficientes até agora.

Por fim, é preciso, de forma urgente e vigorosa, que o País retome os

investimentos. Em 2011, houve forte retração nesse setor, e isso pesou

decisivamente no pífio desempenho do PIB brasileiro.

O Congresso Nacional tem insistido, por intermédio de suas bancadas, na

importância de não deixar cair o nível de investimentos públicos no País.

A propósito, Sr. Presidente, ressalto o papel decisivo da então Ministra-Chefe

da Casa Civil e hoje nossa Presidente da República, Dilma Rousseff, que criou e

comanda o Programa de Aceleração de Crescimento — PAC, que, sem dúvida

nenhuma, tem sido extremamente importante para garantir o crescimento do PIB e

manter os investimentos públicos.

Importantes decisões a nossa Presidente tem tomado. Infelizmente, a equipe

econômica, em alguns momentos — acredito eu, contrariando até a vontade do

Governo —, vem com algumas medidas que impedem um maior volume de

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investimentos públicos em nosso País, com uma dose muito amarga de remédio

para tentar conter a inflação, o que ocasionou uma redução drástica desses

investimentos.

O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. me permite um aparte, Deputado Leandro

Villela?

O SR. LEANDRO VILELA - Concedo um aparte ao nosso ex-Senador e

colega Mauro Benevides.

O Sr. Mauro Benevides - Deputado Leandro Villela, a essa altura do

pronunciamento que faz na tarde de hoje, V.Exa. se reporta ao Produto Interno

Bruto, que, no exercício de 2011, imponderavelmente se posicionou bem aquém das

nossas expectativas. O PIB de um país emergente como o Brasil — integrante,

portanto, do conjunto do G-20 — chegar a apenas 2,7% é algo que demonstra

inequivocamente que teremos de investir mais significativamente, para impulsionar a

expansão das nossas atividades produtivas. Ontem, ao falar no Senado, o Ministro

da Fazenda Guido Mantega chegou a prognosticar, para este exercício de 2012, um

PIB em derredor de 4,5%. Naturalmente, S.Exa. criou uma expectativa, trazendo,

portanto, ânimo novo a todos nós, para que passemos a acreditar que efetivamente

haverá novos investimentos, como os que V.Exa. pleiteia, para darem um impulso

maior às atividades produtivas do País. Portanto, V.Exa., ao focalizar esse tema,

certamente vai levar ao Governo o apelo do seu Estado e da sua bancada, para que

possamos construir um país que efetivamente cresça dentro daqueles parâmetros

que façam com que alcancemos — quem sabe? — 6% ou 7%, garantindo o quinto

ou o sexto lugar entre as grandes nações na presente conjuntura. Cumprimento

V.Exa. pelo discurso que profere na tarde de hoje.

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O SR. LEANDRO VILELA - Muito obrigado, Senador Mauro Benevides.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todo esse trabalho feito pela equipe

econômica buscando o superávit primário não quer dizer que superávit primário alto

se traduz em crescimento econômico. Muito pelo contrário, superávit primário alto é

sinônimo de investimento e crescimento baixo. E isso tem trazido algumas

consequências ao Brasil, pois, como o Senador Mauro Benevides acabou de dizer, o

PIB de outros países emergentes, como a Índia, a China e o Chile, alcançou um

crescimento superior ao do nosso País.

Outro ponto crucial que deve ser observado diz respeito ao fundamental apoio

à agropecuária. Se a indústria recuou a índices de seis décadas atrás, o setor da

agropecuária, mais uma vez, não decepcionou e foi quem segurou o crescimento.

Os dados são os seguintes: para um crescimento geral da ordem de 2,7%, a

agropecuária cresceu 3,9%, bem acima da média, ou seja, mais uma vez puxou

para cima o crescimento do Brasil; no mesmo período, o crescimento do setor de

serviços ficou dentro da média, com 2,7%; e a indústria ficou abaixo, com

crescimento de apenas 1,6%.

Qual a razão desse crescimento acima da média do setor agropecuário? De

acordo com o IBGE, isso se deveu a dois fatores: o aumento da produção e,

principalmente, o aumento da produtividade no campo, que culminou com uma nova

supersafra de grãos, em 2011.

Nesse ponto, mais uma vez, quero referenciar o papel importante e a

competência do produtor rural brasileiro, que busca, importa, traz e aplica

tecnologias extremamente avançadas, fazendo com que o nosso País alcance os

mais altos índices de produtividade no campo.

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Esse dado, sem dúvida nenhuma, extremamente importante se deve à

vontade, à decisão, à competência, ao trabalho e à labuta do produtor rural, do

homem do campo.

O Sr. Valdir Colatto - V.Exa. me concede um aparte?

O SR. LEANDRO VILELA - Concedo um aparte ao grande colega e nobre

Deputado Valdir Colatto, que também tem atuado de forma decisiva e importante no

Código Florestal Brasileiro, assunto de que vou falar a seguir.

O Sr. Valdir Colatto - Deputado Leandro Vilela, companheiro do PMDB de

Goiás, o nosso partido se orgulha da atuação de V.Exa. na Casa. Parabéns pelo

pronunciamento que faz nesta oportunidade sobre assuntos da economia brasileira.

Com certeza, se olharmos a economia como um todo, veremos que a agricultura e a

pecuária se destacam como nenhum outro setor no superávit da balança comercial,

chegando a 33% do emprego e a 43% do PIB brasileiro, direto ou indireto. Parece-

nos, porém, que falta uma política agrícola para o Brasil se desenvolver ainda mais e

dar as devidas respostas. É a multiplicação do dinheiro, dos recursos. A agricultura

não troca o dinheiro, não troca os valores, não troca a riqueza de mão. Ela gera

riqueza. Planta-se soja, milho, arroz; criam-se suínos, aves, bovinos; multiplicam-se

recursos, que se espalham por cada canto deste País. Acho que V.Exa. fala desse

reconhecimento ao produtor brasileiro, um homem heroico, que está lá no campo, às

vezes, incompreendido e discriminado, porque não há uma política agrícola para o

País. Com certeza, temos de buscar essas saídas. A Casa tem de fazer legislações

que ajudem o produtor, aliviando a pressão que ele tem na questão trabalhista, na

questão ambiental, na questão de infraestrutura. O nosso agricultor faz a sua parte

da porteira para dentro. Em relação ao que está além da porteira, onde está o

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problema, temos de resolver. Sei que V.Exa. também vai falar sobre o Código

Florestal, que a Casa quer votar e que o Brasil precisa que seja votado. Com

certeza, fizemos um bom trabalho, um trabalho acertado com a Câmara e o Senado.

Com relação aos dois projetos, 94% dos artigos coincidem; 6% não. Mas

precisamos resgatar o que a Câmara votou na Emenda 164, consolidando as áreas

que estão ocupadas principalmente pelos ribeirinhos e pequenos produtores. Tenho

um documento de técnicos brasileiros ilibados e de reconhecimento intocável, que

mostra que o Brasil, só nas APPs, se não forem mantidas as áreas consolidadas, vai

perder 11 milhões e 600 mil hectares que estão sendo utilizados para agricultura e

pecuária. É impossível o Brasil enfrentar uma diminuição de produção dessas. É

preciso que nos debrucemos sobre isso. Sempre fazemos um apelo à Presidente

Dilma no sentido de que para que mande levantar esse assunto. Está aí a

EMBRAPA, está aí o Ministério da Agricultura. É preciso levantar o impacto da

implantação desse novo código que os ambientalistas querem impor, de todas as

maneiras, à produção brasileira. Para os ambientalistas, se isso acontecer, não vai

alterar nada. Agora, para os produtores, sim. E não podemos deixar que os

agricultores brasileiros sejam reféns do ambientalismo, do cartório ambiental. Os

agricultores têm de pedir licença para tudo o que forem fazer — para plantar milho,

feijão, arroz, produzir comida — para os ambientalistas, que nunca plantaram um pé

de feijão e não sabem como se faz isso. Então, Sr. Presidente, o Deputado Leandro

Vilela faz um belo pronunciamento e, com certeza, vai falar mais profundamente

sobre esse assunto. Que esta Casa se conscientize de que precisamos votar o

Código Florestal o mais rápido possível — hoje. Se não der, na semana que vem

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mas não pode passar desse período, para que o Brasil tenha uma legislação

ambiental, e o produtor brasileiro possa trabalhar em paz. Obrigado pelo aparte.

O SR. LEANDRO VILELA - Obrigado, Deputado Valdir Colatto, por sua bela

intervenção.

Sr. Presidente, quero dizer que isso significa que, apesar da crise

internacional e apesar do pessimismo de alguns setores, os agropecuaristas

brasileiros continuaram investindo e acreditando no País.

Em que pesem as condições desfavoráveis de infraestrutura, a existência de

uma matriz energética cara e, em muitos lugares, pouco confiável, o setor

agropecuário não decepcionou e fez sua parte. É preciso, portanto, continuar

apostando na força do campo, ampliar o apoio e os investimentos nesse setor e não

deixar que qualquer tipo de medida possa prejudicar o ritmo de crescimento da

agropecuária brasileira.

Nesse contexto, a votação do Código Florestal ganha um peso muito

importante. Ninguém aqui defende o desmatamento desenfreado. Não podemos

permitir agressões ao meio ambiente, mas é preciso ter em mente que essa

importante votação não pode prejudicar esse setor que, a cada ano, se mostra mais

e mais importante para a economia — a agropecuária brasileira.

Sras. e Srs. Deputados, quero ainda relembrar o trabalho feito por um colega

nosso que deixou aqui grandes amigos e muita saudade: Moacir Micheletto, um

grande amigo nosso, que morreu no ano passado, vítima de acidente de trânsito.

Moacir Micheletto fez um grande trabalho, estudou muitos anos e se preparou para

que esse Código estivesse em discussão nesta Casa.

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Aproveito para enviar minhas saudações à família desse grande

companheiro, desse grande amigo, que deu uma parcela de contribuição

extraordinária a esta Casa e a este País, relembrando o trabalho que realizou na

condição de Presidente da Comissão Especial, juntamente com o Relator, o

Deputado Aldo Rebelo, na elaboração do Código Florestal brasileiro, que, acredito,

deverá ser votado por esta Casa brevemente.

Quero, antes de concluir o meu pronunciamento, Sr. Presidente, conceder um

aparte ao grande companheiro e amigo Deputado Francisco Escórcio.

O Sr. Francisco Escórcio - Deputado Leandro Vilela, muito obrigado pelo

adjetivo “grande”. V.Exa. é generoso. Mas quero dizer que o “grande” está aí na

tribuna. Conheço V.Exa. há muito tempo, sei da sua vida e de parte da sua história.

Quero parabenizá-lo pelo brilhante tema que V.Exa. aborda neste momento para o

Brasil. De fato, precisamos nos debruçar sobre esse assunto e olhar com carinho

para o Estado de V.Exa., um Estado digno de aplauso e de elogios deste País

inteiro, um Estado que era praticamente um cerrado, que não tinha nada e hoje

produz um volume incalculável de grãos e de riqueza para este Brasil. Meus

parabéns, meu querido amigo do PMDB. Eu, na qualidade de Vice-Líder do PMDB,

de maranhense e de quem também que ama o Estado de Goiás, porque fui criado

aqui em Brasília, só posso dizer: parabéns a V.Exa. pelo pronunciamento da tarde

de hoje.

O SR. LEANDRO VILELA - Obrigado, companheiro e amigo Deputado

Francisco Escórcio, pelo seu aparte.

Sr. Presidente, quero aqui trazer alguns dados importantes em relação à

discussão do Código Florestal Brasileiro.

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Primeiro, ressalto que em nenhum outro país do mundo o proprietário rural,

ao adquirir a sua propriedade, automaticamente já paga a reserva florestal, que varia

de 20% a 80%, conforme a região ou Estado brasileiro. Isso só ocorre no Brasil. Os

outros países têm biomas, áreas adquiridas pelo Governo e transformadas em

reservas, atendendo ao interesse nacional. Aqui é diferente: quem paga a reserva é

o proprietário rural.

Outros dados importantes: no nosso País, de acordo com o Ministério do Meio

Ambiente, 61% das reservas estão intactas, enquanto que, na Europa, apenas 0,3%

estão preservadas; nos Estados Unidos, em torno de 7% estão preservadas. E eles

ficam, sem dúvida alguma, estimulando que entremos num debate e não façamos

aquilo que deve ser feito em favor do nosso País. Com receio de quê? Com receio

de que possamos aumentar ainda mais nossos volumes de produção e índices de

produtividade e sermos ainda mais agressivos e competitivos com eles nesse setor.

Daí, sem dúvida alguma, a importância de refletirmos sobre esses temas,

sobre esses dados. Apenas 29% das áreas das terras brasileiras estão sob a

produção da agricultura e da pecuária, contra 61% de reservas ainda intactas no

nosso Brasil. E isso sem falar da consciência que hoje existe, sem dúvida nenhuma,

entre os produtores rurais no sentido de preservar, de recuperar, de proteger as

reservas, as matas ciliares, as nascentes, os cursos d’água.

Sr. Presidente, ressalto a importância da discussão que está acontecendo

nesta Casa e que virá mais uma vez a este plenário, para que possamos

definitivamente votar o Código Florestal Brasileiro.

Há alguns pontos importantes, como relatado pelo companheiro Valdir

Colatto, a exemplo da consolidação de áreas abertas, constante na emenda que

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aprovamos nesta Casa e alterada pelo Senado, que precisa ser mais uma vez

adequada por nós, para permitir avanços para esse setor, que continua a contribuir

muito com o País. Ele gera riqueza e empregos, produz alimentos para abastecer a

mesa de milhares e milhares de brasileiros, para exportar e para conseguirmos obter

o avanço e o crescimento do PIB, o superávit primário da balança comercial e

também para que possamos, com essa produção, levar o Brasil a continuar

avançando na questão social e tirar milhares e milhares de irmãos brasileiros do

patamar abaixo da linha de pobreza.

Portanto, Sr. Presidente, a Câmara dos Deputados precisa desenvolver o

debate sobre o novo Código Florestal com muita racionalidade e bom senso,

respeitando o meio ambiente, mas de uma forma que não prejudique o setor

produtivo, a geração de riquezas e empregos, e a produção de alimentos.

O Brasil precisa continuar crescendo economicamente, distribuindo riquezas e

combatendo as desigualdades sociais. Muito tem sido feito, temos de admitir, mas

não podemos sair do rumo.

E, aí, mais uma vez, ressalto o trabalho da Presidente Dilma Rousseff e

cumprimentá-la pela atuação brilhante frente ao Governo do nosso País.

O Congresso Nacional tem um papel importante e vai cumpri-lo. Estaremos

vigilantes, atuando fortemente e cobrando com vigor as medidas necessárias para

que continuemos no rumo certo.

Ao encerrar, quero cumprimentar os nobres colegas e parabenizá-los pelo

esforço coletivo que têm feito para que possamos continuar contribuindo com esse

processo de desenvolvimento e aprimoramento do País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Antes de passar a palavra ao

Deputado Abelardo Lupion, do DEM, concedo a palavra ao ilustre Deputado Luiz

Nishimori, que fará uma breve comunicação pelo tempo de 1 minuto, improrrogável.

Em seguida, os Deputados Onofre Santo Agostini e Arnaldo Jardim farão

brevíssimas comunicações.

O SR. LUIZ NISHIMORI (PSDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último dia 11 de março transcorreu o

primeiro ano da tragédia que devastou o nordeste do Japão em decorrência do

terremoto seguido por um tsunami.

Em pouco tempo vimos que os japoneses conseguiram uma reconstrução

rápida e de qualidade. E apesar dos incidentes, como o vazamento radioativo, a

população está conseguindo se reerguer aos poucos.

Quero apenas deixar registrado o meu apoio a todos os cidadãos do sol

nascente, assim como aos muitos nipo-brasileiros e decasséguis que saíram do

nosso Brasil e estão vivendo no Japão.

Gostaria de estender esse comunicado aos órgãos de comunicação desta

Casa.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. ONOFRE SANTO AGOSTINI - Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Tem V.Exa. a palavra por 1 minuto.

O SR. ONOFRE SANTO AGOSTINI (PSD-SC. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, não vou pedir o início da Ordem do Dia. Ainda quero fazer

o registro, com muito alegria, da presença do Prefeito do Município de Ponte

Serrada, Antoninho Rossi, que faz uma visita ao Congresso Nacional, acompanhado

do Presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, Deputado Sandro

Tarzan, que também se encontra no plenário.

Eu faço este registro com muita alegria.

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O SR. ARNALDO JARDIM - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO JARDIM (Bloco/PPS-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, nosso pronunciamento é sobre a situação do etanol, esse

combustível verde e amarelo, renovável, fundamental, referência para o mundo.

Neste ano de Rio+20, ano de sustentabilidade, mais do que nunca

precisamos intensificar a produção do nosso etanol, para que signifique estabilidade

de preço, disponibilidade de oferta.

Então, fazemos uma análise, neste pronunciamento, da Medida Provisória

556 — que veio a esta Casa, neste instante está sendo analisada pelo Relator e virá

a plenário —, que acaba estabelecendo a incidência da CIDE, que é exatamente a

contribuição sobre o desenvolvimento econômico.

Nós estamos analisando as consequências que isso terá, alertando que o

Prorenova, do BNDES, ainda não saiu do papel, para a renovação dos canaviais, e

avançando num conjunto de ideias propostas para dinamizar, fortalecer a ampliação

da produção do nosso álcool combustível, do nosso etanol, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, após um ano em que as conversas

entre Governo e o setor sucroenergético se concentraram na garantia do

abastecimento do mercado interno, prejudicado pela quebra de safra, problemas

climáticos e dificuldades financeiras das empresas, o momento agora é de

estabelecer medidas estruturais e estruturantes para alicerçar um crescimento

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sustentável e duradouro deste setor estratégico, tanto no aspecto energético, como

no econômico e no ambiental.

Inércia governamental

Apesar de o Governo ter anunciado, no final do ano passado, um programa

de estocagem e um financiamento para ampliar a produção, pouco saiu do papel.

O Prorenova do BNDES, por exemplo, que faria um aporte de R$4 bilhões

para renovação do canavial, ainda peca pela falta de um melhor detalhamento, pois

é de difícil operacionalidade entre os agentes financeiros e os tomadores de

recursos, além de uma maior agilidade na sua liberação. Em relação à linha de

financiamento para estocagem, foi aprovada uma MP que estende este programa

por 5 anos, mas ainda não há definição quanto ao tamanho dos recursos, nem em

relação aos custos dessa operação.

Ou seja, o Governo anunciou, propagou e nada fez de concreto, além de

reduzir o teor da mistura de etanol na gasolina, uma medida simplória diante da

complexidade dos problemas enfrentados pelo setor sucroenergético. A mistura em

certas condições deve ser reduzida, como houve no ano passado para garantir a

disponibilidade do produto em um momento de escassez. Minha critica é no sentido

de que a velocidade da redução deve ser igual ao do aumento da mistura. Hoje, por

exemplo, temos uma grande disponibilidade de etanol anidro, muito dele importado

pelos produtores para garantir o abastecimento do mercado interno. Neste sentido, a

volta da mistura deveria acontecer agora, por questões ambientais e econômicas e

no momento decisivo da contratação de etanol anidro, onde as empresas definem

seu planejamento de safra, motivadas pelo cumprimento da Resolução nº 67 da

ANP — Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis.

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Reconhecimento ambiental

Pior que isso, acabou por lançar mão, dentro da MP nº 556, de alterações na

legislação sobre a CIDE-Combustíveis — Contribuição de Intervenção de Domínio

Econômico sobre combustíveis, que tem o potencial de comprometer ainda mais a

rentabilidade dos produtores, com graves implicações sobre a decisão de

investimento para a expansão da oferta do produto.

Diante disso, apresentei duas emendas sobre o tema nas quais defendo que

a CIDE deveria ser utilizada não apenas para regular os preços dos biocombustíveis

vis-à-vis os preços dos derivados de petróleo, mas como instrumento para aumentar

a competitividade dos primeiros (etanol, biodiesel, entre outros), no sentido de

incorporar as suas “externalidades” positivas no sistema de preços — que por

definição não são internalizadas no preço de venda para o consumidor final. Afinal,

são notórios os benefícios do uso de biocombustíveis no lugar dos derivados

fósseis.

O etanol de cana-de-açúcar, por exemplo, reduz em até 90% as emissões de

gases efeito estufa quando comparado às emissões da gasolina. Essa qualidade,

inclusive, lhe conferiu a classificação de combustível avançado pela EPA — Agência

Ambiental Americana. Estudos recentes apontam que o uso do etanol reduz gastos

públicos em redução de emissões de gases causadores do efeito estufa da ordem

de 0,20 centavos de dólar por litro de gasolina substituído por etanol, sem contar os

ganhos com saúde pública, com redução de internações e mortes por exposição à

poluição urbana. Pode parecer pouco, mas se levarmos em conta o consumo

americano beira os 60 bilhões de litros de combustível/ano, podemos ter uma ideia

do volume de recursos poupados pelo uso de biocombustíveis.

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Este seria o primeiro passo para evitar a comparação de desiguais, pois

mesmo com fortes oscilações na cotação do barril de petróleo, o preço da gasolina

na refinaria, com impostos, não sofre alterações desde 2005, enquanto os custos de

produção de etanol aumentaram cerca de 40%. Portanto, o processo de formação

de preços dos combustíveis é radicalmente diferente!

Tributação injusta

Em janeiro de 2002, a participação dos impostos sobre o preço da gasolina na

bomba era de 47%, percentual que foi caindo ao longo dos anos para os atuais 35%.

No mesmo período, a CIDE, que compõe o valor de bomba da gasolina, declinou de

14% para 2,6%, em outubro de 2011, do preço de venda ao consumidor. Em

contrapartida, os tributos embutidos no preço do etanol estão, hoje, em 31% (média

Brasil, exceto o Estado de São Paulo), o que coloca em xeque a sua

competitividade. Em suma, não há nenhum tipo de reconhecimento dos impactos

positivos do etanol sobre a economia, a saúde pública, a qualidade do ar, a geração

de empregos e de divisas para o País.

Há tempos também defendo a unificação da alíquota de ICMS do hidratado, a

exemplo do que fez o Estado de São Paulo, que reduziu a alíquota de 25% para

12%, o que aumentou a arrecadação, reduziu as fraudes e trouxe o mercado para a

formalidade. Outros Estados, embora timidamente, também criaram uma alíquota

diferenciada entre os produtos, como o Paraná, Goiás, Minas Gerais.

Além da formação de preços e medidas de incentivo tributário, precisamos de

políticas públicas capazes de garantir a estabilidade, previsibilidade e o

planejamento para os biocombustíveis. Isso só será possível com uma política de

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Estado clara e perene, para assegurar um crescimento sustentável da produção do

combustível do futuro.

Movimento Mais Etanol

No início de dezembro, foi lançado em Brasília o Movimento Mais Etanol. O

objetivo é consolidar políticas públicas e privadas necessárias para em 10 anos

dobrarmos a produção brasileira de cana-de-açúcar, passando das atuais 555

milhões de toneladas para 1,2 bilhão de toneladas de cana-de-açúcar em 2020, que

produzirão 51 milhões de toneladas de açúcar, 69 bilhões de litros de etanol e 13 mil

MW médios de bioeletricidade.

Nas projeções para o período, o PIB atual do setor, que é de US$48 bilhões,

passaria para US$90 bilhões; as exportações, de US$15 bilhões para US$26

bilhões; o setor, que emprega diretamente 1,2 milhão, criaria mais 350 mil vagas

diretas e 700 mil empregos indiretas, além de requalificar entre 20 a 25 mil

trabalhadores por ano; além de um volume de investimento que deve totalizar R$156

bilhões, destes R$110 bilhões para a área industrial e outros R$46 bilhões para a

área agrícola, fortalecendo a indústria nacional.

Entre as medidas apresentadas, destaco:

- Definirmos as linhas de financiamento específicas para a construção de

novas usinas;

- Ampliarmos o uso da bioletricidade, pelo seu aspecto complementar à

hidroeletricidade, mas que vem esbarrando nos preços baixos ofertados pelos

leilões de energia nova e problemas na definição de responsabilidades em relação à

conexão;

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- No transporte e logística é fundamental fortalecermos as parcerias público-

privadas e agilizarmos os modelos de concessão para investirmos na ampliação dos

chamados alcooldutos;

- Ampliarmos os contratos futuros por meio de uma regulamentação indutora

destes pela ANP;

- Buscarmos a vanguarda em pesquisa e tecnologia para desenvolver novas

variedades e ampliarmos a produtividade por hectare, além de avançarmos na

pesquisa rumo ao etanol celulósico. Para tanto, defendemos o estabelecimento de

uma EMBRAPA da Cana, órgão público criado para atender produtores de todas as

regiões do País e o fortalecimento do setor Cana do IAC — São Paulo.

Referência nos biocombustíveis

Sob os ombros dessa política de Estado, clara e perene, juntamente com o

compromisso do setor sucroenergético, reside a responsabilidade de preservarmos

a fabulosa história do etanol, construída nos últimos 35 anos, por meio da produção,

uso e pesquisa de biocombustíveis. O Governo precisa arregaçar as mangas para

retomarmos a nossa capacidade de investimentos na ampliação da produção de

etanol. Às vésperas da realização da Conferência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), precisamos nos apresentar como uma

referência mundial no combate às emissões de gases de efeito estufa com o nosso

etanol.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Eu peço um pouco mais de

paciência ao Deputado Abelardo Lupion para conceder a palavra, pela ordem, ao

Deputado Lelo Coimbra. Em seguida, V.Exa. inicia sua fala.

O SR. LELO COIMBRA (PMDB-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

São só 30 segundos, meu querido Lupion.

Quero registrar, Sr. Presidente, que no dia 12 de março foi comemorado o Dia

Nacional do Bibliotecário, uma categoria importante. Na condição de Secretário de

Educação, percebi, e já acompanhava à época, a importância desse segmento.

Na Prefeitura de Vitória hoje temos 75 bibliotecários que fazem parte do corpo

funcional e que buscam oferecer formas e alternativas através do trabalho com as

bibliotecas, oferecendo aos jovens, aos adolescentes oportunidades importantes de

conhecimento, trazendo luz aos conhecimentos existentes.

Por esse motivo, faço este registro e quero saudá-los, como forma de

reconhecimento por sua importância nessa atividade de grande relevância.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Concedo a palavra ao segundo

inscrito no Grande Expediente, Deputado Abelardo Lupion, do DEM do Paraná.

S.Exa. tem até 25 minutos.

O SR. ABELARDO LUPION (DEM-PR. Sem revisão do orador.) - Muito

obrigado, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Parlamentares, hoje vou usar o meu Grande Expediente para

conversar sobre o Código Florestal. Existe hoje muita gente satanizando o tema. Há

muita gente que, quando falamos em consolidação, nos acusa de radicalismo, que

estamos aqui tentando fazer com que haja anistia, o que é mentira; estão dizendo

que estamos nos preparando para derrubar a Amazônia, é mentira. Enfim, vou tentar

dirimir algumas dúvidas daqueles que estão nos ouvindo.

Nós, a Câmara Federal, aprovamos a consolidação das áreas de preservação

permanentes até 22 de julho de 2008 no Código Florestal, que foi para o Senado.

Por que 22 de julho de 2008? Porque a partir daí o Decreto nº 6.514 regularizou a

Lei dos Crimes Ambientais, que é a Lei nº 9.605.

A partir daí, qualquer ato contra o meio ambiente será punido. Sem essa lei

não haveria a mínima possibilidade de punição, porque não estavam

regulamentados ainda os crimes ambientais. Agora, enviamos para o Senado, que

fez algumas modificações boas e algumas desastrosas no texto da Câmara.

Se me perguntarem se o texto é o ideal para a produção e para o meio

ambiente, eu diria que é o primeiro passo que estamos dando para tentar ver qual é

o impacto de um Código Florestal na situação da área rural brasileira.

Quero mostrar alguns exemplos para cada um dos senhores. Aos imóveis

rurais que possuam as áreas consolidadas em área de preservação permanente

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com largura até 10 metros será admitida a manutenção das atividades

agrossilvopastoris, desde que haja a recomposição de 15 metros das faixas

marginais contados das bordas do leito regular.

Agora, quero mostrar o exemplo do que significa o que veio do Senado. Uma

propriedade com 4.2 módulos fiscais, ou seja, as áreas que já estão consolidadas,

cortadas por um curso de água de 2 metros de largura, terá de recompor 30 metros

na extensão das faixas marginais e poderá hipoteticamente produzir em apenas um

quarto da sua propriedade. Ou seja, os 4.2 módulos vão virar um módulo de

produção.

O outro exemplo são as propriedades que cercam as grandes cidades e que

produzem os hortifrutigranjeiros. Talvez seja a área mais afetada, e são

propriedades pequenas. Há propriedades de 20 mil metros quadrados produzindo

hortifrutigranjeiros.

Essas propriedades, com dois módulos fiscais cada, se houver um leito de

água de 1 metro de largura, serão todas perdidas, 100% perdidas. Isso em volta das

grandes cidades, atingindo aqueles que nos dão o repolho, que nos dão a alface,

que nos dão o mamão.

Os ribeirinhos do Nordeste e do Norte, e até do meu Paraná, vão desaparecer

e ficar na mais absoluta miséria, pois todos que vivem à beira dos rios por questão

óbvia de sobrevivência, com a exigência da recomposição, darão lugar à vegetação.

Gente, o mundo foi aberto pelos rios, o Brasil foi aberto pelos rios. Nós temos

de entender que o cidadão quando chegava a algum lugar fazia a sua casa à beira

d’água, a pocilga à beira d’água e o galinheiro à beira d’água por uma questão

óbvia, ele precisava puxar água dali.

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Nós fizemos um cálculo que mostra que mais de 400 mil ribeirinhos serão

expulsos das suas áreas. E tem gente que acha que é mais.

Quero agora mostrar a agricultura familiar, que tinha até quatro módulos

fiscais. Uma propriedade com quatro módulos cortada por um rio de 12 metros terá

que recompor as faixas marginais com a metade da largura do rio, na extensão de

todo o curso d’água.

O texto não é claro! A metade da largura do rio seria para cada lado ou não?

O texto não explica isso. O que vai acontecer? Insegurança jurídica. Estamos dando

uma arma para sermos punidos com ela, porque o texto não é claro. E nós não

podemos mexer, porque foi mexido aqui e no Senado. Precisamos resolver esse

assunto.

Uma propriedade com 100 hectares, ou seja, com dez módulos fiscais,

cortada por um curso d’água de 50 metros que tenha produção de arroz de várzea

terá que recompor 25 metros nas faixas de extensão do curso, perdendo toda a sua

produção nessa área.

O texto também não é claro. A metade do rio seria para que lado? Aqui se

aplicam ou não os 30 metros? A insegurança jurídica continua imperando.

Nas encostas ou parte delas, com declividade superior a 45 graus, bordas,

tabuleiros, chapadas, topo de morros, montes, montanhas, fica permitido apenas o

pastoreio em vegetação nativa. Acabou o Vale do Paraíba, em São Paulo! Acabou o

leite nas montanhas de Minas Gerais! O texto é claro: capim nativo. Não existe mais

capim nativo. Centenas de anos procurando, a nossa EMBRAPA fazendo pesquisa

para nós melhorarmos a produtividade dos nossos campos, serão perdidos? O

advento da brachiaria, do panicum, enfim, isso tudo será perdido? A lei é clara.

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Outro grande problema. Eu tenho aqui — me acusaram até de estar fazendo

uma revolução, que eu estava sendo radical — a Resolução do CONAMA nº 303,

está aqui na minha mão, que diz o que é APP. E aqui diz o seguinte:

“Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área

situada:

...........................................................................

IX - nas restingas:

a) em faixa mínima de 300 metros, medidos a partir da

linha de preamar máxima...;”

Ou seja, quem tem casa, terreno, a 300 metros do mar, está fora da lei. Só se

resolve esse assunto se consolidarmos o que já existe.

Toda a primeira quadra de qualquer cidade litorânea brasileira, inclusive o Rio

de Janeiro, está fora da lei. E se nós não consolidarmos essa excrescência feita pelo

CONAMA vai continuar valendo. Isso é uma excrescência! E vai continuar valendo.

Será que nós vamos admitir uma coisa dessa e não fazer a consolidação das

APPs? Será que nós vamos fazer uma lei olhando no retrovisor? Será que nós

vamos punir aqueles que, no princípio de anterioridade, no princípio do ato jurídico

perfeito, há 50, 60 anos estavam dentro da lei? Hoje, no ano de 2012, vamos punir

esse cidadão que deixou essa propriedade para os seus herdeiros? É isso que

estamos votando. Não é uma lei apenas, é a vida dos brasileiros que nós estamos

decidindo no Código Florestal, inclusive da área urbana.

O Sr. Valdir Colatto - V.Exa. me concede um aparte?

O SR. ABELARDO LUPION - Deputado Colatto, com muita honra.

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O Sr. Valdir Colatto - Deputado Lupion, muito obrigado pela oportunidade.

Parabéns pelo pronunciamento que esclarece ao Brasil o que não vamos votar nesta

Casa. Muita gente contesta a decisão sábia desta Casa, que aprovou a Emenda

164, consolidando as áreas urbanas e rurais do Brasil. Por quê? Porque a Área de

Preservação Permanente, segundo o Código Florestal hoje, a Lei nº 4.771

estabelece que será considerada Área de Preservação Permanente urbanas e rurais

de 30 metros a 500 metros, topo de morro, encosta, etc. E também nas cidades, o

rio não para na beira das cidades, ele a invade, e ali também há que se fazer a

preservação. V.Exa. coloca bem claro esses dados. Só para enriquecer o seu

pronunciamento, quero registrar que, no dia 26 de fevereiro de 2010, o Diário

Catarinense mostra a autuação de 15 mil residências na Lagoa da Conceição, em

Florianópolis. O Ministério Público autuou todos que moravam a 30 metros da areia.

Aqueles que já estavam construídos a 30 metros, e aqueles que não estavam

construídos a 300 metros, como determina a Resolução nº 303 do CONAMA, que

V.Exa. está mencionando. Então, é preciso que esta Casa saiba que, se nós não

votarmos aqui as áreas consolidadas, estaremos expulsando não sei quantos

milhares de agricultores, mas também milhares de pessoas que moram nas cidades.

O que nós temos de fazer, na verdade, é um trabalho para prevenir a poluição, o

esgoto que vai direto para os rios, e 60% dos Municípios brasileiros não têm

tratamento de esgoto. É isso que os países desenvolvidos fazem: tratar o esgoto e a

água, não deixar ir para lá e não afastar pouco mais ou pouco menos as pessoas.

Hoje nós estamos isolando os rios brasileiros, de 15 metros a 100 metros, e aqueles

que não foram ocupados de 30 metros a 500 metros. Isso é impossível. Para não

falar de todo o litoral a 300 metros. Santa Catarina perdeu mais de 3 bilhões de

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investimentos externos de hotéis que não vieram se instalar no Estado, porque

queriam se instalar perto da praia. O Deputado Jorginho Mello, que foi Presidente da

Assembleia, sabe disso, e foram embora para Cancun, porque queriam que

afastassem 300 metros da praia, mas eles queriam construir perto da praia. Esse é o

Brasil. Parabéns pelo seu pronunciamento. Nós precisamos que esta Casa conheça

esses dados.

O SR. ABELARDO LUPION - Obrigado, Deputado Valdir Colatto.

O Sr. Domingos Sávio - Permita-me um aparte, Deputado Abelardo Lupion?

O SR. ABELARDO LUPION - Ouço V.Exa., Deputado Domingos Sávio, com

muita honra.

O Sr. Domingos Sávio - Deputado Lupion, minhas primeiras palavras são

para dar meu testemunho de sua luta nesta Casa em defesa do produtor rural, do

trabalhador rural, mas em defesa do que é justo. E, neste caso especial, V.Exa. foi

extremamente feliz de já iniciar seu pronunciamento esclarecendo para o Brasil

inteiro as absurdas mentiras que tentam colocar na cabeça do cidadão mais incauto,

menos precavido, fazendo muitas vezes o jogo de colocá-lo contra os Deputados

que, a exemplo de V.Exa., lutam pelo trabalhador, pelo produtor e em defesa do

meio ambiente. Regulamentar o Código Florestal é muito bom para o meio ambiente

brasileiro, uma vez que, na nossa regulamentação, não estamos autorizando sair

por aí desmatando como querem dizer. Ao contrário, estamos deixando claros os

limites. Agora, essa matéria que V.Exa. aborda mais uma vez e que teve cerca de

400 votos a favor, neste plenário, e que qualquer cidadão de bom-senso haverá de

defender, que é o uso consolidado, é um princípio fundamental do Direito. Na

verdade, nós estamos garantindo o que a Constituição já garante para evitar a

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insegurança jurídica, para evitar a perseguição, para evitar abarrotar os tribunais no

Brasil de causas absurdas, tentando demolir casas, tentando destruir propriedades,

tentando trazer prejuízos. Aliás, já estão fazendo isso. Alguns promotores mais

afoitos estão tomando atitudes de mandar processar, de punir produtores rurais que

ali estão há 2, 3 séculos. Alguém que se instalou há mais de 1 século, que construiu

a sua casa, fez a sua plantação, cuidou do meio ambiente, tanto que está lá até

hoje, com o córrego fluindo, de repente ouve de alguém dizer: “Não, o CONAMA

agora disse que é 300 metros afastado da maré mais alta.” Então, tem que demolir

Copacabana inteira? É lógico que eles não vão demolir Copacabana, mas vão

impedir o desenvolvimento turístico em outras regiões do País. Assim fez também o

CONAMA com o entorno dos lagos artificiais, dizendo que a produção tem que se

afastar 100 metros da máxima cheia, como se nascesse água em toda a margem de

um lago artificial. Na nascente, são 50 metros; na beira de um lago artificial que já

inundou as terras mais baixas, as terras mais férteis, vêm mandar afastar 100

metros na máxima cheia? Uma aberração! Portanto, nós temos, sim, que votar o uso

consolidado. V.Exa. é um guerreiro nessa causa. O povo do Paraná tem motivo de

sobra para se orgulhar de V.Exa. No entanto, essa causa é de todo o Brasil. Não é

uma causa de ruralistas contra ambientalistas. Quem se posiciona assim não é

ambientalista, é “ambientaloide”. Essa é uma causa em defesa do Brasil, para

preservar o meio ambiente, mas respeitando o produtor rural, respeitando quem está

produzindo e precisa continuar trabalhando. Portanto, o uso consolidado equivale a

direito adquirido, direito de trabalhar, de produzir, de manter a sua casinha

construída há séculos, desde a época em que não havia energia elétrica, porque o

Brasil foi colonizado na proximidade dos rios e dos córregos. Não se pode sair

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demolindo tudo! Agora, ao aprovar o uso consolidado, não quer dizer que estejamos

aprovando desmatamento em beira de córrego e beira de rio. Nada disso. A lei é

clara: estabelece os limites de APP, respeitam-se os limites de APP, mas aquilo que

de 2008 para trás já estava ocupado tem que ser respeitado. Parabéns, Deputado

Abelardo Lupion!

O SR. ABELARDO LUPION - Muito obrigado, Deputado Domingos Sávio.

Deputado Moreira Mendes, com muita honra, ouço seu aparte.

O Sr. Moreira Mendes - Deputado Lupion, V.Exa. aborda hoje um tema que

domina e o trata com muita propriedade. Quero aqui aparteá-lo primeiro para

parabenizá-lo por trazer essa informação e ajudar a esclarecer este Brasil e,

sobretudo, a sociedade urbana, desinformada a respeito dessa questão. Lamento

profundamente que os que vivem na cidade não tenham noção da importância da

produção e do produtor rural. Quero dizer a V.Exa. que vivo numa região na

Amazônia que, por essa questão da consolidação das áreas ocupadas, das APPs,

vai ser a região mais prejudicada do País. Aliás, não tem sido diferente nessa

questão de meio ambiente. Estão colocando uma redoma de vidro em cima da

Amazônia, como se aquilo fosse algo intocável, esquecendo os quase 25 milhões —

vou repetir: 25 milhões — de brasileiros que vivem lá, que têm o mesmo direito de

qualquer outro cidadão sobre o resguardo da Constituição brasileira. Veja só: o

mundo vive uma situação em que se deve reconhecer a importância do meio

ambiente. Eu sou um desses. Eu acho que temos de mudar o nosso comportamento

com relação ao meio ambiente. O nosso produtor rural, que histórica e

tradicionalmente aprendeu a tratar o meio ambiente de uma forma, está tendo agora

que mudar seu conceito em relação a isso. E olha que nós todos estamos fazendo

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um esforço muito grande. Nessa mudança, de um lado, o produtor tem que dar

atenção especial ao meio ambiente — e ele sabe disso hoje —, de outro lado, a

sociedade brasileira tem que entender a importância do produtor. Quando se trata

de mudar regras, você tem que estabelecer uma transição. O que estamos pedindo

na consolidação da área ocupada é exatamente essa transição. Nós vamos passar

de um tempo que podia ocupar, e elas foram ocupadas, como disse meu

antecessor, há 100, 200, 300 anos, e agora estão querendo que ele saia de lá, como

se nada houvesse acontecido. Isso é um crime de lesa-pátria, é um estelionato que

se comete contra essas pessoas. Portanto, eu quero lhe parabenizar e dizer que,

nesta luta da consolidação das áreas ocupadas em APP, sem avançar um único

milímetro para um lado nem para outro, aquilo que está ocupado na produção deve

continuar na produção. Obrigado pelo aparte.

O SR. ABELARDO LUPION - Eu gostaria de mostrar a cada um dos

senhores aqui também, Deputado Inocêncio Oliveira, nosso Líder, produtor rural e

nelorista, que muito nos honra na classe, que houve uma publicação americana

infeliz, é verdade, de todas as entidades americanas, inclusive a Associação

Americana de Produtores de Soja, a American Soybean Association, que é a maior

entidade dos Estados Unidos, tem 27 Parlamentares eleitos por ela, que diz o

seguinte (isso é uma tradução juramentada feita pelo Deputado Bernardo):

“Fazendas aqui, florestas lá.” Diz ainda que os Estados Unidos têm que segurar o

Brasil, senão eles perdem a competitividade no mundo, têm que deixar o Brasil só

com florestas, não podem, sob hipótese nenhuma, dar moleza para o Brasil.

O que significa? Eles, americanos e europeus, estão jogando pesado e

bancando essas ONGs. O que nos deixa irritados é que há gente dentro desta Casa

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a serviço dessas ONGs. Estão inviabilizando regiões inteiras neste País, estão

fazendo uma propaganda antibrasileira, e a mídia está dizendo que nós estamos

destruindo a Amazônia, que nós estamos plantando soja na Amazônia, que nós

estamos produzindo cana na Amazônia. Mentira! Temos 60% do Brasil preservado

em matas e vegetação nativa. Produzimos em apenas 270 milhões de hectares.

Desses 270 milhões, num ufanismo, a Ministra me disse que vai tirar da área de

produção 33 milhões de hectares. Nós vamos comer, exportar e fazer o quê? Trinta

e três milhões de hectares da área produtiva do Brasil, o que já mexe com pouco

mais de 30% do Brasil.

Gente, temos que ter responsabilidade. Não podemos dizer mentira. Agora

fizeram a tal da pitonisa da Rio+20, que vai fazer as denúncias mundiais a respeito

do que estão fazendo no Brasil. É bom que faça, porque nós, da bancada da

agricultura, estaremos lá, todos os dias, para defender este País. Nós, da Frente

Parlamentar da Agricultura e da Pecuária, estaremos lá com um estande para

mostrar a realidade.

O código que nós fizemos, que nós estabelecemos na volta do Senado,

Deputado Inocêncio, foi revisado por 20 cientistas, muitos da própria EMBRAPA, e

mostrou exatamente a realidade. Não foi feito politicamente; foi feito cientificamente,

tecnicamente. A partir dali é que nós estamos trabalhando.

O que nós estamos tentando mostrar para o Brasil é que precisamos, sim,

preservar. Agora, precisamos, antes de tudo, produzir comida. É a agricultura e a

pecuária que sustentam este País, que dão superávit primário, que fizeram com que

o Brasil fechasse suas contas no azul. Agora chegou o momento da verdade. Não

podemos inviabilizar a produção.

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Há uma coisa que me deixa muito chateado: não existe cidade brasileira que

tenha 100% de canalização do seu esgoto doméstico.

A minha cidade Curitiba, conhecida como a capital verde do País, a capital

ecológica, joga muito do seu lixo doméstico no Rio Iguaçu e mata o Rio Iguaçu

quando passa por Curitiba.

Precisamos, sim, conscientizar as áreas urbanas de que é preciso

investimento em saneamento. É preciso investimento para que não poluamos os

rios.

Por exemplo, os paulistas. Onde nasce o Rio Tietê, ele é piscoso, bonito, é

um rio com muita vida. Quando ele chega em São Paulo, ele continua bonito,

piscoso. Agora, na hora em que ele sai de São Paulo, vira um lixo a céu aberto,

esgoto a céu aberto.

Precisamos conscientizar o Brasil inteiro da necessidade de preservarmos a

água. Agora, esse desafio não é destruindo ninguém.

Uma coisa que eu queria falar, para concluir meu raciocínio, é que lei se faz

daqui para a frente. Lei não pode reverter contra o cidadão. O princípio do direito

adquirido, o princípio da anterioridade, o princípio do ato jurídico perfeito tem que ser

preservado, tem que ser respeitado pela própria Constituição, Carta Magna do País.

Não temos o direito de não consolidar o que já foi feito no País, não temos o

direito de legislar para o passado, não temos o direito de punir aqueles que já se

foram e não temos o direito de fazer uma lei olhando pelo retrovisor. Nós temos, sim,

que fazer leis, mas fazê-las daqui para a frente, dando norte à nossa população, ao

nosso produtor rural, para onde ele deve seguir, nunca penalizando aquele que

alimenta o País, aquele que dá condições ao cidadão urbano, às vezes, esses

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homens de ONGs, de falar mal do produtor rural, mas com a barriga cheia, graças

ao trabalho do produtor rural.

O Sr. Newton Cardoso - Deputado, só 1 segundo.

O SR. ABELARDO LUPION - Pois não, Deputado Newton Cardoso.

O Sr. Newton Cardoso - Em aditamento às suas palavras, Deputado

Abelardo Lupion, esse documento juramentado não é segredo para ninguém, não

nos Estados Unidos. É um documento de defesa do povo norte-americano, contra o

Brasil. Evidentemente, neste País quem manda não somos nós, os ruralistas, não,

mas meia dúzia de Deputados do Partido Verde, infelizmente, contra 300 Deputados

da bancada ruralista. Esse pessoal não conhece cebola, alho, leite, vaca, boi; não

sabe da origem do homem da roça, como nós somos. Por tudo isso a nossa

Presidente precisa atentar para um fato gravíssimo: ela não pode votar a proposta

do Senado. Já avançamos muito nas áreas consolidadas. Precisamos ter coragem

nesta Casa, e para isso estamos unidos. O PMDB, por unanimidade, é contra o

parecer do nosso colega Deputado Paulo Piau, que queria, por A mais B, votar a

proposta do Senado. Os partidos políticos, todos eles, estão unidos para dar a esta

Casa uma prova de força, de coragem e de respeito ao homem do campo. Estamos

solidários com V.Exa., para darmos ao País um presente: o novo Código Florestal.

O SR. ABELARDO LUPION - Muito obrigado, Deputado Newton Cardoso.

Eu queria, nesse meu último minuto, Deputado Inocêncio, para não atrapalhar

o pronunciamento dos companheiros, concitar a Casa a ler — está no site do

Deputado Paulo Piau — o que nós estamos imaginando fazer. É uma coisa racional,

científica.

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Consolidando este País, podemos começar vida nova. Nós podemos, sim,

tratar do futuro. E precisamos, desesperadamente, que seja votado o Código

Florestal.

Já fechamos com 13 partidos da Casa para votar na semana que vem.

Queremos concluir o Código Florestal para que possamos voltar a trabalhar, dar

segurança jurídica ao nosso produtor rural e poder fazer um Brasil maior ainda.

Muito obrigado, Deputado Inocêncio.

Durante o discurso do Sr. Abelardo Lupion, o Sr.

Amauri Teixeira, § 2° do art. 18 do Regimento Interno,

deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr.

Inocêncio Oliveira, 3º Secretário.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Passaremos ao período de breves

comunicações.

Concedo a palavra, pela ordem, ao ilustre Deputado Amauri Teixeira, do PT

da Bahia.

O SR. AMAURI TEIXEIRA (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, volto a falar da Bahia.

Retorna a conviver conosco, para o nosso prazer, fortalecendo a bancada do

PT do Brasil e do PT da Bahia, o nosso colega e grande tribuno Afonso Florence,

ex-Ministro do Desenvolvimento Agrário.

Como a própria Presidenta afirmou hoje na solenidade de transmissão de

cargo, Afonso bateu, superou e antecipou as metas de 2013 para 2012. Como

S.Exa. mesma disse, desempenhou seu cargo com competência, compromisso e

lealdade.

Desejo ao meu amigo Afonso, rubro-negro, um bom retorno a esta Casa.

Quero dizer, Deputado Afonso, que não serão os cargos que nós da bancada

reclamaremos da Presidenta Dilma para demonstrar prestígio.

É claro que exigimos equilíbrio político. A Bahia não é um Estado qualquer! O

Nordeste não é uma região qualquer! O Nordeste tem a sua importância e quer ser

contemplado também com cargos, para ter representantes no Governo Federal a fim

de aplicar as políticas voltadas para a região. Nós queremos ter representantes da

Bahia para aplicar as políticas voltadas para o desenvolvimento da Bahia.

Queremos, sobretudo, Deputado Afonso, que a Presidenta continue

priorizando o Nordeste e a Bahia, como fez Lula. A Presidenta, no episódio das

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universidades, Deputado Emiliano José, que V.Exa. acompanhou, na sua

distribuição, de quatro universidades, destinou duas para a Bahia.

Precisamos iniciar a ponte que liga Ilhéus, duplicar a estrada Ilhéus-Itabuna,

concluir a Leste-Oeste, concluir o Porto-Sul e diversas outras obras importantes para

a Bahia.

Presidenta Dilma, nós da Bahia, que tanto apoio temos dado a V.Exa. e tanta

estima temos por V.Exa., queremos o reconhecimento através de recursos e obras

para desenvolver o nosso Estado e, cada vez mais, reduzir as desigualdades

regionais neste País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para uma breve intervenção,

concedo a palavra, pela ordem, ao ilustre Deputado Arnaldo Faria de Sá, do PTB de

São Paulo.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (Bloco/PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão

do orador.) - .Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, estamos aguardando

informações a respeito da reunião com os aposentados e o Governo para saber do

aumento real para os aposentados que ganham mais que um salário mínimo e

ficaram a ver navios.

Certamente sabemos qual é o jogo: empurrar com a barriga, não decidir,

propor uma política de recuperação a partir do ano que vem. Até porque neste ano

não votamos aqui o salário mínimo, não se abriu a discussão para podermos

engatar a questão de aposentados e pensionistas.

A Presidente Dilma, no ano passado, com a folga que tinha na Maioria

parlamentar, impediu que neste ano, no próximo e no subsequente tenhamos

discussão e votação do salário mínimo.

Os aposentados que ganham mais que um salário são altamente

prejudicados. A reclamação é muito grande. Tenho certeza de que teremos a

oportunidade de fazer essa reclamação mais vezes aqui.

Ao mesmo tempo, quero cumprimentar a Dra. Marisa Santos, que, a partir de

amanhã, assume a coordenação do Juizado Especial Federal de São Paulo e tenho

certeza lhe dará grandes avanços.

Obrigado, Presidente Inocêncio Oliveira.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para uma breve intervenção,

concedo a palavra, com muita satisfação, ao ilustre Deputado Arnaldo Jardim, do

PPS de São Paulo.

O SR. ARNALDO JARDIM (Bloco/PPS-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, integro mais uma vez a

Comissão de Minas e Energia, que agora está sob a presidência do querido e

experiente Deputado Simão Sessim. Essa tem sido uma dinâmica importante.

Nosso pronunciamento, Sr. Presidente, elenca aquilo que, no meu entender,

deveriam ser as prioridades de ação no importante setor de energia. Refiro-me às

concessões do setor elétrico, à retomada dos leilões para a exploração de petróleo e

à necessidade de nos debruçarmos sobre o marco regalório da mineração, além de

outras questões mais.

Finalmente, comunico que hoje, como primeira resolução, foi aprovado

requerimento de nossa autoria. Receberemos brevemente na Comissão de Minas e

Energia a Presidente da PETROBRAS, Maria das Graças Foster, que apresentará

seus planos para empresa.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil precisa de definições e ações

no setor de energia, fator determinante para sustentar seu crescimento econômico.

Concessões do setor elétrico.

A proximidade do vencimento das concessões de geração, transmissão e

distribuição de energia, que poderia ser uma oportunidade ímpar para retomarmos o

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debate em torno de questões como a modicidade tarifária, a garantia e segurança no

fornecimento e a desoneração tributária, está sendo perigosamente negligenciada

pelo Governo Federal.

Em 2011, o debate em torno das concessões do setor elétrico não avançou

no Congresso Nacional por culpa do próprio Governo, principalmente do Ministro

Edison Lobão e da Presidenta Dilma Rousseff.

Em entrevista recente, o Ministro Lobão afirmou, pasmem, que é preciso

“tomar uma decisão com rapidez, pois o assunto foi debatido à exaustão com a

Presidenta e os Ministros envolvidos”. Essa afirmação deixa clara a disposição do

Governo Federal de trabalhar pela prorrogação dos contratos, mas para isso será

necessário alterar a legislação, que estabelece que ao fim dos contratos seja feita

uma licitação. O assunto está sendo tratado como “fato consumado”, mesmo com a

existência, há tempos, de uma comissão constituída para tratar o tema no âmbito do

Conselho Nacional de Política Energética.

Entre os contratos de concessão de energia elétrica que expiram a partir de

2015 estão os de 112 usinas hidrelétricas, que representam 28% da geração

elétrica, os de 9 linhas de transmissão, que totalizam 72 mil quilômetros, ou 82% da

malha existente, e os de 37 distribuidoras de energia elétrica, ou seja, 40% do

mercado.

Parte do custo das tarifas serve para amortizar os investimentos em

construção de ativos do setor energético, feitos décadas atrás. Tempo suficiente

para amortizá-los.

Existem caminhos, alternativas para se relicitar, prorrogar ou renovar, mas

neste instante, mais do que discutir caminhos, quero resgatar sua finalidade. Afinal,

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não há dúvidas de que neste momento devemos buscar o barateamento do custo da

energia. (Confiram mais no artigo Energia barata e estável: procura-se!)

Este debate deve ser priorizado pela Câmara dos Deputados, que pode

ampliá-lo para uma revisão de encargos, mudanças tributárias, a unificação e

redução do ICMS, no sentido de promover uma redução significativa do custo da

energia no País. (Saibam mais no artigo Baratear a Energia já!)

Ausência de leilões.

Outro ponto que merece destaque é a letargia com que tem sido tratada a

questão do petróleo, particularmente as novas rodadas de licitação de áreas de

exploração. Vale lembrar, por exemplo, que o Campo de Tupi, que agora começa a

operar comercialmente, é uma área leiloada em 2001. Isso nos dá uma ideia clara

do tempo necessário para um campo se tornar comercialmente viável. Portanto,

quando postergamos as rodadas licitatórias, estamos comprometendo os

investimentos no setor e semeando a insegurança quanto à ampliação da produção.

O Conselho Nacional de Política Energética já deliberou sobre a necessidade de

novas licitações. É urgente definirmos as áreas e as respectivas datas, para que os

leilões sejam efetivamente realizados.

Com relação aos derivados de petróleo, o ano foi caracterizado por grandes

subsídios aos preços da gasolina e do diesel, um desrespeito ao acionista da

PETROBRAS pela diminuição do valor de mercado da empresa. Isso provocou um

recorde de importações de gasolina e, além disso, causou uma distorção no

mercado de etanol, cujo aumento de produção é uma exigência para que se atenda

à demanda interna e externa. (Vejam mais no artigo Etanol: definir seu futuro já!)

Leilões de Energia.

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O ano de 2011 também serviu para revelar as fragilidades dos leilões de

energia, que precisam de uma revisão no modelo, para que se estabeleçam leilões

específicos por fonte de energia e regionalizados, sob o risco de aumentarmos a

dependência de uma única fonte de energia.

Digo isso por causa da participação crescente da energia eólica na nossa

matriz energética, que atualmente responde por 0,4% total, e deve saltar para 50,7

gigawatts até o final da década. Embora a energia eólica deva ser saudada, por ser

renovável e ter custos de geração reduzidos, ela tem a característica de fonte “não

firme”, com geração concentrada no Nordeste e no Sul, o que expõe uma fragilidade

no fornecimento de energia.

Mineração.

Mais uma faceta do descaso com que tem sido tratado este setor estratégico

reside na ausência de um debate mais profundo sobre o novo marco regulatório

para o setor de mineração. O Governo Federal anunciou, mas acabou não enviando

a proposta para a apreciação do Congresso Nacional.

Agenda positiva.

O ano de 2011 caracterizou-se por um imobilismo que não pode ser repetido

em 2012! É imperioso que essas questões estratégicas sejam efetivamente

debatidas no âmbito do Legislativo, para podermos apresentar à sociedade uma

agenda positiva, capaz de baratear o custo da energia, de assegurar seu

fornecimento e de garantir novos investimentos em geração, transmissão e

distribuição, a fim de podermos manter o crescimento econômico em tempos de

crise global.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para uma breve intervenção, pela

ordem, concedo a palavra ao ilustre Deputado Benjamin Maranhão, do PMDB da

Paraíba.

O SR. BENJAMIN MARANHÃO (PMDB-PB. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, quero comunicar à Casa que hoje apresentei a Proposta de

Emenda à Constituição nº 146, de 2012, que dá nova redação à alínea “b” do inciso

II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para estender a

estabilidade provisória no emprego à trabalhadora que realizar uma adoção.

O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias já dá esse direito à mãe

durante o período de gestação e nos 5 meses seguintes ao parto. O que

pretendemos é dar o mesmo direito de igualdade à mãe adotante, para que ela

também tenha pelo menos 5 meses de estabilidade no emprego.

Sr. Presidente, esse é um incentivo ao nobre ato da adoção. E essa

adequação do texto constitucional se coaduna com a realidade social deste

momento. A legislação estaria atendendo aos anseios da sociedade.

Era essa a importante comunicação que eu queria fazer neste mês de março,

o mês das mulheres. Estamos propondo uma legislação para valorizar as mulheres

brasileiras.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para uma breve intervenção,

concedo a palavra, pela ordem, ao ilustre Deputado Jorginho Mello, do PSDB de

Santa Catarina.

O SR. JORGINHO MELLO (PSDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Quero registrar que está ocorrendo em Santa Catarina reunião para o

planejamento da cultura. Encontra-se no Estado, hoje, o Secretário de Cultura

Henilton Menezes e amanhã estará a Ministra Ana de Hollanda. Santa Catarina está

sediando a reunião de todos os Estados do Brasil para discutir o planejamento da

cultura no Brasil.

E lá, Deputado Onofre, nós temos o grande pleito de Santa Catarina, que é

neste momento a recuperação da Ponte Hercílio Luz, que é um patrimônio nosso e

cartão postal do nosso Estado.

Portanto, eu quero cumprimentar o Ministério da Cultura, o Governo de Santa

Catarina, que está dando todas as condições para que essa reunião possa

transcorrer na mais perfeita ordem, e que a Ministra e os demais participantes

possam ter uma bela estada, porque Santa Catarina é um Estado que acolhe e é

belo por natureza.

Não tenho dúvida, Sr. Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, que o pleito

de Santa Catarina como os outros pleitos vão ser atendidos.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, pela ordem, ao

Deputado Vanderlei Macris.

O SR. VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, quero lembrar que nos visitam, hoje, nesta Casa, o

Vereador João Carlos, Presidente da Câmara de Bragança Paulista, acompanhado

do ex-Secretário Municipal, Sérgio, e participante da administração de Bragança

Paulista.

É o registro que faço da presença dessas ilustres figuras de Bragança

Paulista ao nosso Parlamento.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, pela ordem, ao

ilustre Deputado Zoinho, do PR do Rio de Janeiro.

O SR. ZOINHO (Bloco/PR-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, volto novamente a esta tribuna para fazer um

apelo ao Governador Sérgio Cabral pela medida que adotou de expulsar os 13

bombeiros no Estado do Rio de Janeiro.

Essa medida foi pesada, Sr. Presidente. Essa mancha de expulsão nas

costas daqueles policiais vem interferir até na convivência deles, no dia a dia com a

família. Os amigos dos filhos, na escola, gozam das crianças dizendo que o pai foi

expulso da corporação, e simplesmente porque eles estavam reivindicando seus

direitos. É um momento justo para reivindicar direitos, melhores condições de

trabalho, melhores salários.

Sr. Presidente, eu volto a fazer um apelo ao Governador do Estado para que

reveja essa decisão. No momento em que este Congresso fala em tantas anistias, o

Governo do Estado do Rio de Janeiro vem penalizando os trabalhadores do Corpo

de Bombeiros, da Polícia Civil e da Polícia Militar.

Então, eu deixo aqui mais uma vez o meu repúdio pela atitude do Sr.

Governador. Peço a ele que reveja essa atitudes, porque isso é uma covardia que

se está fazendo com milhares, com centenas de pais, de trabalhadores, fazendo

terrorismo para que o movimento enfraqueça.

Sr. Presidente, eu que já fui metalúrgico sempre defendi o trabalhador,

sempre briguei por melhores salários. E esse partido que está aí hoje sempre apoiou

os movimentos grevistas. Eu lamento que o Governador venha a perseguir esses

trabalhadores.

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Então, deixo aqui mais vez o meu repúdio. Peço que esta Casa vote o projeto

de anistia, para que esses policiais sejam anistiados, porque isso é uma injustiça

que estão comentando com aqueles trabalhadores.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Page 217:  · Ata da 39ª Sessão, da 2ª Sessão Legislativa Ordinária, da 54ª Legislatura, em 14 de março de 2012 Presidência dos Srs.: Inocêncio Oliveira, 3º de Secretário. Paulo

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, pela ordem, ao

ilustre Deputado Heuler Cruvinel, do PSD de Goiás.

O SR. HEULER CRUVINEL (PSD-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uso esta tribuna hoje para falar de um

assunto importante para o nosso País: o Código Florestal.

Após meio século do atual Código Florestal, o Brasil e o mundo têm

aprendido, a duras penas, a respeitar o meio ambiente. A aprovação do novo Código

Florestal não só possibilitará um modelo atualizado e autossustentável de

desenvolvimento para o País, mas também dará ao produtor rural a base legal para

a continuidade de sua produção, alavancando o tão necessário incremento do

superávit de nossa balança comercial, ainda mais neste momento crucial em que

nosso País amarga uma retração galopante nos índices de nossas exportações.

Os números nos mostram que, dos 840 milhões de hectares de terra no

Brasil, somente 251 milhões estão produzindo. Somente 30% de nossas terras

encontram-se em produção em nosso País. Se não consolidarmos as áreas já em

produção, o País perderá 85 milhões de hectares, reduzindo drasticamente a vital

contribuição econômica do agronegócio brasileiro, que é hoje responsável por 33%

do PIB, 42% das exportações totais e 37% dos empregos gerados.

O agronegócio obteve um crescimento sustentável nas últimas décadas, em

termos financeiros, fato que o torna o setor mais importante da nossa economia,

cujos excelentes resultados resumem sua relevância para o bolso das pessoas,

especialmente na estabilização do preço da cesta básica.

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Sabemos que o novo Código Florestal ainda é alvo de críticas, debates e

polêmicas, mesmo depois de aprovado em uma Comissão Especial nesta Casa, que

durou mais de 1 ano e fez 67 audiências públicas por todo o País.

Entretanto, não podemos deixar de refletir os aspectos socioeconômicos

quanto à extensão das APPs.

Estamos reunidos nesta Casa procurando arduamente soluções para que o

progresso no campo não atropele o meio ambiente, ou a equivocada visão de como

se deve preservar o meio ambiente não emperre o desenvolvimento do campo.

Não se trata de uma queda de braço entre ambientalistas e ruralistas.

Queremos preservar a terra com inteligência e usá-la sem negligência.

O bem-estar do planeta depende da preservação do meio ambiente tanto

quanto depende do alimento na mesa dos 7 bilhões de pessoas em todo mundo.

Então, é hora de mostrarmos nossa força e maturidade enquanto sexta

economia mundial: sem cartilhas ditadas por quem não pode dar o exemplo, mas ao

contrário deles, buscando aprovar um modelo de desenvolvimento agrícola

autossustentável, aliando nossas vocações naturais para celeiro e bioma do mundo.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, após meio século do atual Código

Florestal, o Brasil e o mundo têm aprendido, à duras penas (mudanças climáticas

desordenadas que afetam a economia e a sociedade), a respeitar o meio ambiente.

Nesse contexto, a aprovação do novo Código possibilitará não só um modelo

atualizado e autossustentável de desenvolvimento para País, mas também dará ao

produtor rural a base legal para continuidade de sua produção, alavancando o tão

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necessário incremento do superávit de nossa balança comercial, ainda mais neste

momento crucial em que nosso País amarga uma retração galopante nos índices de

nossas exportações.

Os números nos mostram que dos 840 milhões de hectares de terra no Brasil,

somente 251 milhões estão produzindo (menos de 30% do total de área do País). Se

não consolidarmos as áreas já em produção, o País perderá 85 milhões de ha dos

251 citados, reduzindo drasticamente a vital contribuição econômica do agronegócio

brasileiro que é, hoje, responsável por 33% do PIB, 42% das exportações totais e

37% dos empregos gerados.

O agronegócio obteve um crescimento sustentável nas últimas décadas, em

termos financeiros, fato que o torna o setor mais importante da nossa economia,

cujos excelentes resultados resumem sua relevância para o bolso das pessoas,

especialmente na estabilização do preço da cesta básica.

Sabemos que o novo Código Florestal Brasileiro ainda é alvo de críticas,

debates e polêmica, mesmo depois de aprovado em uma Comissão Especial nesta

Casa, a qual durou mais de 1 ano e fez 67 audiências públicas por todo o País.

É claro que todo esse processo tem seu lado positivo, afinal, reflete bem o

momento democrático vivido pela Nação. Mas não deve e não pode de modo algum

estar divorciado de sua imprescindível repercussão econômica.

Sabemos que há 50 anos o Código Florestal estabelece limites de uso da

propriedade rural, obrigando o respeito à vegetação existente na terra, dado que é

constitucionalmente bem de interesse comum a todos os brasileiros. Entretanto, não

podemos deixar de refletir os aspectos socioeconômicos quanto à extensão das

APPs.

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Dadas às transformações que hoje repercutem em dois setores

aparentemente em choque, estamos reunidos nesta Casa procurando arduamente

soluções para que o progresso no campo não atropele o meio ambiente, ou a

equivocada visão de como se deve preservar o meio ambiente não emperre o

desenvolvimento no campo.

É claro que sob uma ótica mais simplista, eu diria até mais oportunista, fica

fácil erguer a bandeira da preservação, do respeito à natureza. Mas é preciso

lembrar que o debate é bem mais sério, mais profundo e requer bom senso de

ambas as partes nele inseridas.

Não se trata de uma queda de braço, colocando em lados opostos da mesa

os chamados ruralistas e ambientalistas. Não se trata de quem tem mais ou menos

razão. A questão é encarar o desafio para que possamos encontrar o equilíbrio entre

preservar a terra com inteligência e usá-la sem negligência!

O bem-estar do planeta depende da preservação do meio ambiente tanto

quanto depende do alimento na mesa de cada um de seus mais de 7 bilhões de

habitantes. Sob esse ponto de vista não é exagero dizer que a reforma do Código

Florestal Brasileiro passa a ser tema de interesse mundial, já que nossas reservas

são hoje consideradas a parte saudável do ecossistema do nosso planeta.

Serve-nos de alerta a conclusão de que as partes menos saudáveis desse

ecossistema global foram danificadas por erros históricos cometidos por outros

países, os mesmos que hoje não ficam nem um pouco acanhados em nos

apresentar uma cartilha do que devemos e do que não podemos fazer em prol da

preservação do planeta. Desabafo à parte, se eles erraram e hoje dependem de nós,

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ao contrário deles, não podemos falhar agora, pois somos a última fronteira e não

teremos a quem recorrer no futuro.

Voltando à discussão interna, facilmente percebo que a conduta do homem

do campo está sendo manipulada como uma espécie de bode-expiatório na questão

ambiental.

Será que a lógica da posse da propriedade como direito individual e absoluto

sobre um determinado pedaço de terra trabalha somente a favor da ideia do lucro

imediato e contra o bem comum e o interesse coletivo?

Seria do interesse do agricultor o enfraquecimento do meio ambiente, logo ele

que vive da terra e se orgulha tanto em contribuir com o sustento da Nação?

Será que ele, o agricultor, com toda a simplicidade de sua natural formação

ética e moral sobre a importância da lavoura para a sobrevivência de sua própria

família, invadiria as APPs de maneira irresponsável?

Estou certo que não! Por isso me coloco em defesa do agricultor, do direito à

propriedade e sua função social correspondente, de modo que este possa trabalhar

e produzir, com responsabilidade, para o bem comum, ampliando nossas fronteiras

agrícolas e, assim, mantendo nossa competitividade no mercado exterior,

conquistando novas divisas para o nosso País.

É hora de mostrar nossa força e maturidade enquanto sexta economia

mundial: sem cartilhas ditadas por quem não pode dar o exemplo, mas ao contrário

deles, buscando aprovar um modelo de desenvolvimento agrícola autossustentável,

aliando nossas vocações naturais para celeiro e bioma do mundo.

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O Sr. Inocêncio Oliveira, 3º Secretário, deixa a

cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Marco

Maia, Presidente.

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O SR. SIBÁ MACHADO - Sr. Presidente, peço 1 minuto.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputado, se lhe conceder 1 minuto eu

terei de conceder 1 minuto para vários oradores que querem fazer uso da palavra.

O SR. SIBÁ MACHADO - Só um registro.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vou conceder 1 minuto só para V.Exa.

O SR. SIBÁ MACHADO (PT-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Peço

que V.Exa. considere como lido na íntegra artigo da Ministra Belchior, sob o título O

Brasil reaprendeu a pensar o futuro, publicado na Folha de S.Paulo de hoje,

contendo um brilhante balanço do sucesso do Plano de Aceleração do Crescimento.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ Nº 1, DE PÁGS. 1 A 3#)

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Encontra-se presente o Sr. Paulo

Adalberto Alves Ferreira, representante do Estado do Rio Grande do Sul, eleito pelo

PT, que tomará posse em virtude do afastamento do titular.

Convido S.Exa. para prestar o compromisso regimental, com o Plenário e as

galerias de pé.

(Comparece à Mesa o Sr. Paulo Adalberto Alves Ferreira e presta o seguinte

compromisso):

“PROMETO MANTER, DEFENDER E CUMPRIR A CONSTITUIÇÃO,

OBSERVAR AS LEIS, PROMOVER O BEM GERAL DO POVO BRASILEIRO E

SUSTENTAR A UNIÃO, A INTEGRIDADE E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL”.

Pelo Brasil! (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Declaro empossado o Sr. Paulo

Adalberto Alves Ferreira. (Palmas.)

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O SR. JILMAR TATTO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero dar as boas-vindas ao Deputado Paulo Ferreira, membro do

Partido dos Trabalhadores. Está aqui prestigiando sua posse a Ministra Tereza

Campello. É uma satisfação vê-la. Parabéns pelo trabalho que V.Exa. desenvolve

junto ao Ministério.

Desejo boa sorte e muito trabalho ao Deputado Paulo Ferreira, líder partidário

e grande comandante do Rio Grande do Sul. Vamos trabalhar juntos. Está de

parabéns o povo do Rio Grande do Sul por ter eleito um Deputado do naipe de

Paulo Ferreira.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Seja bem-vindo, Deputado Paulo

Ferreira.

Temos também a presença da esposa do Deputado Paulo Ferreira, a Ministra

Tereza Campello, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do

nosso Governo Federal. Seja bem-vinda à Câmara dos Deputados, Sra. Ministra

Tereza Campello.

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VI - ORDEM DO DIA

PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - A lista de presença registra o

comparecimento de 336 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Há um requerimento, aqui, de inversão

de pauta. Tentamos construir um entendimento, um acordo para votarmos hoje a

Medida Provisória nº 550, de 2011, e deixaríamos a MP 549 para a próxima semana.

O SR. CLAUDIO CAJADO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Era esta, Sr. Presidente, se V.Exa. me permite, a indagação que eu faria à Mesa:

houve acordo?

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Houve acordo.

O SR. CLAUDIO CAJADO - Então, votaremos apenas a Medida Provisória nº

550/11?

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Na sessão ordinária. Eu propus um

entendimento, um acordo. Há dois ou três projetos aí que são de interesse do

Parlamento e que nós votaríamos numa sessão extraordinária; a Lei Geral da Copa

e o Código Florestal ficariam para a próxima semana. Então, nós não votaríamos

hoje também nem a Lei Geral da Copa. Estamos construindo um entendimento, um

acordo para a votação dessas duas matérias na próxima semana.

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O SR. RONALDO CAIADO (DEM-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, antes de V.Exa. dar continuidade, gostaria de pedir a atenção de

V.Exa. e da Mesa no sentido de dar resposta à questão de ordem que nós

formulamos. Ela é fundamental para que eu possa apresentar, ou o partido possa

apresentar, os destaques. Espero obter uma resposta e saber qual vai ser a decisão

de V.Exa. sobre uma matéria que foi aprovada, a Emenda 164, que está superposta

com o art. 35, que fala do mesmo assunto, que penaliza os pequenos cursos d'água.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vou analisar a sua questão de ordem,

que já está pronta, e assim que eu tiver condições vou responder-lhe.

O SR. RONALDO CAIADO - Agradeço a V.Exa., Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) – Passa-se à apreciação da matéria sobre

a mesa e da constante da Ordem do Dia.

Requerimento de preferência:

“Sr. Presidente, requeremos a V.Exa., nos termos

do art. 117, inciso XVI, combinado com o art. 160 do

Regimento Interno, preferência para discussão e votação

das matérias constantes da Ordem do Dia desta sessão

na seguinte ordem: 1) Medida Provisória nº 550/2011,

renumerando-se os demais itens.”

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação o requerimento.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - As Sras. e os Srs. Parlamentares que

forem favoráveis permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADO.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Item 1.

Medida Provisória nº 550, de 2011

(do Poder Executivo)

Discussão, em turno único, da Medida Provisória nº

550, de 2011, que altera a Lei nº 10.735, de 11 de

setembro de 2003, que dispõe sobre o direcionamento de

depósitos à vista captados pelas instituições financeiras

para operações de crédito destinadas à população de

baixa renda e a microempreendedores, e dá outras

providências. Pendente de parecer da Comissão Mista.

As emendas de nº 2, 3, 4, 5, 12, 14 e 20 foram

retiradas pelos autores.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para oferecer parecer, pela Comissão

Mista, à Medida Provisória nº 550, de 2011, e às emendas a ela apresentadas,

concedo a palavra à Deputada Mara Gabrilli. (Pausa.)

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O SR. CLAUDIO CAJADO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, posso interromper, para ver se fazemos acordo sobre os destaques a

serem apresentados?

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - É claro, Deputado, mas espere primeiro

a Deputada Mara Gabrilli apresentar o relatório dela.

O SR. CLAUDIO CAJADO - Pois não.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Depois discutiremos os destaques. É só

o tempo de Mara chegar até aqui.

Logo depois da votação da medida provisória vamos também tratar das

votações posteriores da sessão extraordinária. (Pausa.)

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A SRA. MARA GABRILLI (PSDB-SP. Para emitir parecer. Sem revisão da

oradora.) - A Presidenta da República adotou a Medida Provisória nº 550, de 17 de

novembro de 2011, para “alterar a Lei nº 10.735, de 11 de setembro de 2003, que

dispõe sobre o direcionamento de depósitos à vista captados pelas instituições

financeiras para operações de crédito destinadas à população de baixa renda e a

microempreendedores”, além de determinar outras providências que estarão na

esfera da competência e atribuição dos Ministérios da Fazenda e de Ciência,

Tecnologia e Inovação, e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da

República, bem como do Conselho Monetário Nacional.

O objetivo do disciplinamento contido na MP é o de prover uma linha de

crédito para aquisição de produtos de tecnologia assistiva destinados às pessoas

com deficiência.

A linha de crédito subsidiada ora proposta facilitará a equiparação de

oportunidades das pessoas com deficiência — das quais 24,6 milhões de pessoas

pesquisadas recebem até 1 salário-mínimo —, permitindo que pessoas que recebem

até 10 salários-mínimos mensais possam ser tomadoras de crédito da parcela dos

recursos oriundos dos depósitos à vista captados por bancos comerciais, bancos

múltiplos com carteira comercial e Caixa Econômica Federal, exclusivamente para a

aquisição de produtos de tecnologia assistiva.

Para tanto, a MP determina que a União concederá subvenção econômica,

sob a forma de equalização de taxas de juros e outros encargos financeiros em

operações de crédito efetuadas por instituições financeiras públicas federais, com a

finalidade exclusiva de aquisição de bens e serviços de tecnologia assistiva

destinados às pessoas com deficiência.

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Por último, a MP estabelece que a metodologia e os limites da equalização

anual por instituição financeira interessada em operar com o programa em questão

serão definidos anualmente, mediante portaria do Ministério da Fazenda, ficando

limitados a R$ 25 milhões anuais.

Passo à leitura do voto.

É com muita honra que busquei e recebi a incumbência de relatar a presente

medida provisória, sobre a qual apresento agora o meu voto. Trago à consideração

dos nobres Deputados e Deputadas que para uma mulher tetraplégica como eu

estar aqui, na tribuna da Câmara dos Deputados, relatando uma matéria tão cara às

pessoas com deficiência foi preciso percorrer um longo caminho. Em muito estamos

colhendo o fruto do empenho da coragem e do carinho de milhões de pessoas que,

direta ou indiretamente, lutam pelos direitos das pessoas com deficiência.

É importante recuperar parte dessa história, para que fique registrado em

nosso relatório o contexto em que se recebe a presente medida provisória.

São muitas as causas que explicam a exclusão a que historicamente foram

submetidas as pessoas com deficiência, nos mais diversos países do mundo; a

segregação que lhes era imposta, a invisibilidade a que estavam submetidas, o

assistencialismo como modelo único de abordagem governamental para sua tutela,

o preconceito que o desconhecimento de suas potencialidades invariavelmente

ocasiona, tudo contribuiu para a exclusão dessas pessoas que, por muito tempo,

não gozaram do convívio social, não importa em que parte do mundo estivessem.

A despeito de muitas dessas questões sociais persistirem ainda hoje, a partir

da segunda metade do Século XX o engajamento político de diversas minorias e o

alcance de seus pleitos junto a órgãos governamentais e internacionais culminou

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com o avanço significativo no tratamento social, inclusive da pessoa com deficiência.

Ao fim da Segunda Guerra Mundial observou-se um evidente aumento no número

dessas pessoas com deficiência adquirida tardiamente, tornando a questão da

deficiência, ainda que por linhas tortas, mais visível às famílias e à sociedade como

um todo.

Nos mais diversos países eclodiram movimentos políticos em defesa do

direito das pessoas com deficiência, notadamente nos anos 70, contribuindo-se

decisivamente para as mudanças de paradigmas relativos à deficiência, tanto nas

respostas governamentais quanto nas relações interpessoais. Na verdade, o que se

pretendia era mudar radicalmente o lugar da pessoa com deficiência na sociedade,

para que passasse a ser protagonista de sua própria história.

Na década de 80, a questão da deficiência ganha evidência junto aos

organismos internacionais. A eleição do ano de 1981 pela ONU como o Ano

Internacional da Pessoa Deficiente, tendo como tema “Participação Plena e

Igualdade”, constituiu-se em um marco representativo desse movimento.

No Brasil também se expandia a consciência de que as dificuldades das

pessoas com deficiência advinham, primordialmente, da maneira como a sociedade

as tratava. Na tendência dos movimentos internacionais, que enfatizavam a busca

pela igualdade de direitos e de oportunidades, as pessoas com deficiência

conquistaram espaço importante no texto da Constituição Federal de 1988, com

tratamento próprio e reconhecimento dos direitos de cidadania, inclusive com

previsão de adoção de medidas que garantam sua efetividade e inclusão social.

O SR. PAUDERNEY AVELINO - Presidente, eu gostaria que V.Exa. pedisse

a atenção do Plenário, porque essa medida provisória é extremamente importante e

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emblemática, e até com certa emoção nós estamos ouvindo a Deputada Mara

Gabrilli ler o seu parecer. Portanto, nada mais justo que este Plenário ouvir o

parecer que a Deputada Mara Gabrilli está lendo, porque ele é simbólico, é

emblemático, neste momento histórico da nossa Câmara dos Deputados. (Palmas.)

A SRA. MARA GABRILLI - Obrigada, Deputado.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Muito bem. Faço minhas as suas

palavras, embora nós tenhamos uma grande maioria prestando atenção, de forma

concentrada, e poucos barulhentos conversando aqui, não prestando atenção.

Então, isso vale para os poucos barulhentos.

O SR. PAUDERNEY AVELINO - Quero pedir a solidariedade do silêncio, em

favor da Deputada Relatora.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputada Mara, por favor.

A SRA. MARA GABRILLI - Na década de 80, a questão da deficiência ganha

evidência junto a organismos internacionais.

A década de 90 foi profícua no desenvolvimento de legislações mundo afora

que, se por um lado alcançavam positivamente a tutela das pessoas com

deficiência, por outro careciam de efetividade prática. De outro lado, muitos países

adotavam definições, conceitos e práticas ultrapassadas que, embora estivessem

impregnadas de boas intenções, não logravam a efetiva emancipação das pessoas

com deficiência.

Nesse ponto identificou-se a necessidade de engajar a comunidade

internacional em um movimento de reafirmação do ideal de inclusão das pessoas

com deficiência, estabelecendo critérios, conceitos e obrigações definitivas que de

fato contribuíssem para a emancipação dessas pessoas.

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É nesse movimento que, em 2006, aprova-se a Convenção Internacional da

ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Esse tratado de direitos

humanos pretendeu garantir os direitos dessas pessoas, instando os países

membros a adotarem todas as medidas necessárias para remover as barreiras que

impedem sua inclusão social em igualdade de condições com as demais pessoas.

Este Congresso Nacional brasileiro ratificou a Convenção Internacional sobre

os Direitos da Pessoa com Deficiência, bem como o seu Protocolo Facultativo, por

meio da Resolução nº 186, de 9 de julho de 2008. Um ponto importantíssimo: essa

convenção foi internalizada em nosso ordenamento jurídico com status de emenda

constitucional, nos termos do § 3º do art. 5º da Constituição Federal de 1988. Essa

conquista histórica do movimento das pessoas com deficiência deu nova força à luta

pela inclusão dessas pessoas.

Conceitos de enorme relevância, como acessibilidade, desenho universal,

tecnologia assistiva e ajudas técnicas, ganharam novo tratamento a partir da

Convenção Internacional. As Leis nº 10.048 e nº 10.098, ambas de 2000,

regulamentadas pelo Decreto Federal nº 5.296, de 2004, ganham novo escopo, já

que tais normas buscavam a inclusão pela via de práticas e conceitos que foram

profundamente alcançados pela Convenção.

Ainda assim, vivemos um momento em que os caminhos definidos pela

comunidade internacional — e adotados pelo Estado brasileiro com a ratificação da

Convenção — ainda não foram trilhados. Ainda faltam as políticas públicas, os

recursos aplicáveis e a quebra de paradigma que beneficiará não apenas a

população com deficiência, mas toda a sociedade. É preciso, enfim, aproveitarmos o

momento em que estamos, no qual o esclarecimento sobre a realidade dessas

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pessoas, suas potencialidades e suas necessidades são tão maiores, e no qual a

legislação constitucional está posta, para darmos um salto de inclusão e cidadania.

É nesse contexto que surge a presente Medida Provisória nº 550, de 2011.

Ela é uma das ações previstas no Programa Viver Sem Limites, lançado pela

Presidenta Dilma no final do ano passado como um conjunto de ações do Governo

Federal destinadas às pessoas com deficiência. De acordo com o Governo Federal,

serão R$ 7,6 bilhões aplicados até 2014.

O Viver Sem Limites é lançado justamente quando contamos com um

Parlamento mais plural, composto inclusive por Deputados e Deputadas com

deficiência — e também por outros que, sem deficiência alguma, engajam-se de

coração na causa. Nunca antes tivemos um número tão grande de Parlamentares

com algum tipo de deficiência. Particularmente, causa-me orgulho o fato de eu

mesma ser a primeira tetraplégica eleita para um mandato na Câmara Federal. Não

parece ser uma feliz coincidência; o Brasil está pronto para a inclusão das pessoas

com deficiência e, mais que isso, demanda a atenção do Poder Público.

Em seu art. 20, a Convenção Internacional determina que os Estados-partes

deverão tomar medidas efetivas para facilitar “às pessoas com deficiência o acesso

a tecnologias assistivas, dispositivos e ajudas técnicas de qualidade (...), tornando-

os disponíveis a custo acessível”. O acesso à tecnologia assistiva é fator

indispensável para a inclusão das pessoas com deficiência.

Vejam como é importante: para se locomover até o plenário, esta Relatora foi

transportada em uma cadeira de rodas; trata-se de uma tecnologia assistiva. Em

seguida, registrei minha presença em plenário com auxílio de um terminal composto

por um computador e uma webcam. O computador possui um software que, pela

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webcam, faz a leitura do movimento dos meus olhos e da minha expressão facial;

novamente, uma tecnologia assistiva. Para apresentar este relatório na tribuna da

Câmara dos Deputados, fiz uso de uma plataforma elevatória, incorporada em nosso

plenário como mecanismo para garantir a acessibilidade de qualquer pessoa com

impedimento grave de mobilidade; mais uma vez, uma tecnologia assistiva.

Talvez, se houvesse uma outra tecnologia assistiva, meu assessor Luís não

precisaria estar segurando o papel para eu poder ler.

Não é preciso esforço para compreender a relevância da tecnologia assistiva

para a emancipação da pessoa com deficiência.

O SR. ESPERIDIÃO AMIN - Vamos requerer, para que V.Exa. possa dar-nos

esta emoção de ouvi-la mais vezes, vamos requerer ao Sr. Presidente um

teleprompter.

A SRA. MARA GABRILLI - Muito obrigada, Deputado Esperidião Amin.

Não é preciso esforço para compreender a relevância da tecnologia assistiva

para a emancipação da pessoa com deficiência. Se eu sou Deputada e desempenho

minhas atribuições parlamentares com afinco é porque tenho acesso às tecnologias

que anulam meu impedimento motor. O mesmo benefício poderá ser gozado por

milhões de brasileiros que precisam de uma cadeira de rodas motorizada, um

computador adaptado com leitor de telas, um automóvel adaptado e muito mais.

Embora já exista previsão legal para o fornecimento de tecnologia assistiva

para garantir a acessibilidade da pessoa com deficiência, entendemos que são

necessárias medidas adicionais para que as pessoas com deficiência, em especial

aquelas consideradas de baixa renda, possam ter acesso a bens, serviços,

metodologias e estratégias que ampliam sua autonomia e independência,

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possibilitando o efetivo exercício de direitos de cidadania. Nesse sentido, a presente

medida provisória certamente contribuirá para a ampliação da participação social da

pessoa com deficiência.

Da análise da constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa:

A edição da medida provisória sujeita-se ao disposto no art. 62 da

Constituição Federal, que estabelece, como pré-requisitos vitais, o atendimento dos

critérios de relevância e urgência.

A MP trata de assunto de clara relevância, pois a inclusão das pessoas com

deficiência é um valor social de mérito constitucional.

Verifica-se também a urgência da medida. O pleito por acesso a crédito

subsidiado para aquisição de tecnologia assistiva é bastante antigo, e a maior parte

da população com deficiência não possui recursos para acessar crédito bancário

não subsidiado.

A Medida Provisória nº 550/2011 não fere a Constituição Federal, tampouco

se caracteriza como injurídica, enquadrando-se sem problemas no ordenamento

jurídico pátrio. Em relação à técnica legislativa, os dispositivos da medida provisória

estão em conformidade com os preceitos da Lei Complementar nº 95, de 26 de

fevereiro de 1998.

Tal entendimento acima exposto também se aplica às emendas

apresentadas, de nºs 1 a 21, apresentadas, a serem apreciadas pelo Plenário, pois

nelas não constatamos quaisquer vícios de inconstitucionalidade, injuridicidade ou

técnica legislativa.

Da compatibilidade e adequação financeira e orçamentária:

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A Resolução nº 1, de 2002, do Congresso Nacional, em seu art. 5º, § 1º,

dispõe que o exame de compatibilidade orçamentária e financeira das medidas

provisórias “abrange a análise da repercussão sobre a receita ou a despesa pública

da União e da implicação quanto ao atendimento às normas orçamentárias e

financeiras vigentes, em especial a conformidade com a Lei Complementar nº 101,

de 4 de maio de 2000 (LRF), a lei do plano plurianual, a lei de diretrizes

orçamentárias e a lei orçamentária da União”.

O confronto das disposições da matéria em análise com as normas

orçamentárias e financeiras vigentes não revela impedimento passível de prejudicar

a conformidade orçamentária e financeira da medida provisória.

Do mérito das emendas apresentadas:

Em que pese terem sido inicialmente apresentadas 21 emendas à MP 550/11,

na verdade somente deveremos manifestar-nos sobre o mérito de 13 delas, porque

deixaremos de nos pronunciar em relação às Emendas retiradas, de nºs 2, 3, 4, 5, 6,

12, 14 e 20.

Em relação à Emenda nº 1, de autoria do Deputado Romário, que prevê a

possibilidade de utilização dos recursos subvencionados para aquisição, construção

ou reforma de habitação própria destinada à pessoa com deficiência, é preciso

apontar o trabalho consistente e multiplicador que o Deputado Romário vem

desempenhando em nosso Parlamento.

Em diversas ocasiões já pudemos observar o Deputado Romário lutando

pelas pessoas com deficiência, fosse no aprimoramento de leis e medidas

provisórias aprovadas aqui — e cito as alterações feitas ao regime do Benefício de

Prestação Continuada, BPC, em que sua atuação junto ao Governo, ao Relator da

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matéria e a este Plenário foi fundamental —, fosse organizando eventos de

conscientização ou trabalhando pela Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das

Pessoas com Deficiência, cuja Presidente se encontra aqui, Rosinha da Adefal;

Romário vem mostrando a que veio: é um aguerrido entusiasta de nossa causa;

como pai, é também a sua causa.

Há um ponto específico em que a emenda do Deputado Romário acena para

uma importante realidade: o texto da medida provisória já permite a destinação de

linha de crédito subvencionada para reforma da habitação da pessoa com

deficiência, mas será preciso que o ato do Poder Executivo de regulamentação da

linha abarque esse importante elemento de inclusão. Pensemos em pessoas com

deficiência adquirida, como um jovem que ao sofrer um acidente se torna

paraplégico. Em casos como esse, é muito frequente que a família identifique da

noite para o dia que sua residência não é acessível. A reforma desse ambiente é,

sim, um serviço de tecnologia assistiva e poderá ser contemplada pela linha.

Como a adaptação de espaços para a garantia da mobilidade pessoal já

constitui uma categoria de recursos de tecnologia assistiva, não se vislumbra a

necessidade de incluir, no texto da lei, previsão explícita para que esse tipo de

recurso seja assim considerado. De fato, é necessário trabalhar, junto ao Governo

Federal, para inclusão das adaptações feitas em residências na regulamentação

dessa lei, qual seja, no Rol de Produtos e Serviços a que se refere esse diploma

legal. Comprometo-me com o autor da emenda a buscar junto ao Poder Executivo o

reconhecimento dessa demanda, e parabenizo-o pela iniciativa.

A Emenda nº 7, de autoria da Deputada Carmen Zanotto, pretende equiparar

a pessoa com transtorno do espectro autista à pessoa com deficiência física, para os

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fins dessa medida provisória. A autora da emenda claramente busca reconhecer a

luta desse segmento — notadamente das famílias que possuem membros autistas

—, que é sistematicamente excluído das políticas públicas de atenção às pessoas

com deficiência. Chamo a atenção deste Congresso Nacional para esta questão:

precisamos reconhecer as necessidades e carências dessa comunidade, que em

muito continua invisível à luz das políticas públicas.

O não acolhimento da emenda se explica até mesmo para respeitar seu

mérito. Importa registrar que a Convenção Internacional, ao conceituar pessoas com

deficiência como “aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física,

mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,

físicas ou atitudinais, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade

em igualdade de condições com as demais pessoas”, não menciona nenhum tipo de

deficiência explicitamente.

Ainda nesse sentido, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas

adotou a Resolução nº 62/139, de 18 de dezembro de 2007, que estabelece o dia 2

de abril como o Dia Mundial de Consciência sobre o Autismo. A referida Resolução

define autismo como uma deficiência de desenvolvimento de longo prazo, que se

manifesta durante os 3 primeiros anos de vida e resulta de uma desordem

neurológica que afeta o funcionamento do cérebro, afetando principalmente

crianças, e que se caracteriza por impedimentos na interação social, problemas com

comunicação verbal e não verbal, e atividades, interesses e comportamentos

repetitivos e restritos.

Assim, o não acolhimento da Emenda nº 7 é mesmo um respeito à

comunidade autista e suas famílias: não se discute que autismo é deficiência e,

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portanto, estão contemplados pela MP 550, de 2011. Mas o diagnóstico feito pela

nobre Deputada Carmen Zanotto persiste, e é urgente que este Congresso Nacional

se debruce sobre o tema: pessoas com transtorno do espectro autista continuam

desassistidas por nossas políticas públicas, e julgamos imprescindível o

desenvolvimento de políticas específicas que visem à sua plena inclusão social.

Nesse diapasão, devem ser consideradas ações de conscientização sobre o

autismo, estratégias de rastreamento com vistas ao diagnóstico, atendimento

multidisciplinar da pessoa com autismo, inclusive com atenção à educação, e a

oferta de serviços específicos nos casos em que o autista demande atendimento

especializado.

As Emendas nº 9, de autoria do nobre Senador Francisco Dornelles, e nº 10,

do nobre Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, pretendem modificar o art. 2º da

MP 550 com o propósito de estender a subvenção econômica às demais instituições

financeiras, incluindo os bancos privados.

A despeito de acreditar que a enorme capilaridade de agências dos grandes

bancos privados, distribuídas por todo o território nacional, seria um importante

elemento no sentido de assegurar o acesso de um maior número possível de

mutuários à linha de crédito ora criada, há uma questão substantiva, da própria

natureza comercial dessas instituições privadas, que poderia determinar a

prevalência por um perfil de tomador diferente daquele originalmente pretendido. Por

essa razão, não acatamos as referidas emendas. (Pausa.)

A linha de crédito poderá ser tomada por pessoas físicas com renda entre 1 e

10 salários-mínimos. Obviamente, pessoas com renda de 8, 9 ou 10 salários

mínimos apresentam um perfil de tomador de crédito bastante mais atrativo para

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bancos comerciais, notadamente no que diz respeito à capacidade de adimplir as

obrigações financeiras contratadas. Por isso, a ampliação da subvenção aos bancos

comerciais poderia distorcer e até mesmo comprometer os objetivos originais da

medida.

Ainda assim, é de se observar que os bancos comerciais podem, sim,

conceder crédito, nos termos do art. 1º da MMP 550. Não haverá subvenção

econômica, mas autorização para o uso dos recursos previstos no art. 1º da Lei nº

10.735, de 2003. O esforço a ser empreendido agora é: demonstrar às instituições

financeiras privadas a relevância e o valor social de se oferecer tal linha de crédito.

As Emendas nº 11, de autoria do nobre Deputado Antonio Carlos Magalhães

Neto, e nº 13, do nobre Deputado Guilherme Campos, têm o objetivo de permitir a

elevação do valor subvencionado para R$ 40 milhões e R$ 50 milhões,

respectivamente.

O aumento do valor subvencionado é uma ideia extremamente meritória, mas

chamamos a atenção dos nobres Relatores para o fato de que é preciso garantir,

sobretudo, a possibilidade da majoração futura do valor. Quer dizer, mais importante

do que aumentar o atual valor, fixado em R$ 25 milhões, seria permitirmos que com

o passar do tempo esse valor seja revisto, observadas as exigências orçamentárias

e a Lei de Responsabilidade Fiscal, de modo a se adequar às eventuais oscilações

do preço de mercado, ao surgimento de novas tecnologias e à ampliação do

universo de beneficiados pela medida.

Uma observação relevante é a de que os R$ 25 milhões subvencionados

deverão ser correspondentes a um crédito efetivamente oferecido de R$ 100

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milhões. Trata-se de um valor relevante, e certamente um início promissor para essa

medida.

Dessa forma, a despeito de as emendas não terem sido acolhidas em sua

redação, acreditamos que o espírito das iniciativas está presente, na forma do

projeto de lei de conversão, com a previsão de que o valor da subvenção poderá ser

majorado nos exercícios fiscais subsequentes.

A Emenda nº 18 foi acatada na forma do PLV, uma vez que o modelo de

“custos efetivamente menores para aqueles tomadores de renda mais baixa” se

coaduna com os objetivos da MP 550.

As Emendas nº 8, 15 e 16, de autoria dos nobres Deputados Guilherme

Campos, Romário e Antônio Carlos Magalhães Neto, estabelecem o teto de taxas de

juros máximas a serem cobradas do mutuário entre 4% e 8% ao ano.

A intenção dos autores das emendas é meritória, porque pretendem garantir

que os juros observem um teto adequado à finalidade da linha de crédito. Ainda

assim, por razões de ordem técnica, a fixação da taxa de juros no texto da lei é

opção que se desaconselha em função da imprevisibilidade dos fatores

macroeconômicos que influenciam a definição das taxas de juros. Situações de

crises econômicas, como as vividas hoje na Europa, demonstram que é preciso ser

prudente na definição de parâmetros econômicos que oscilam no longo prazo.

Ficamos, dessa forma, com o entendimento de que a limitação de taxas de

juros deve ficar ao encargo do Conselho Monetário Nacional e do próprio Ministério

da Fazenda, não acolhendo as Emendas 8, 15 e 16.

A Emenda nº 17, de autoria do Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto,

mostra-se bastante oportuna, pois visa tornar mais democrático o processo de

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escolha dos bens e serviços de tecnologia assistiva que serão contemplados para a

aquisição via linha de crédito. O autor pretende que haja participação de instituições

da sociedade civil que atuam na defesa dos interesses da pessoa com deficiência no

processo.

Importa destacar que a Convenção Internacional prevê a garantia da

participação das pessoas com deficiência na vida política e pública, assegurando-se

um ambiente em que possam participar efetivamente na condução das questões

públicas, seja diretamente, seja por meio de seus representantes, inclusive naquelas

que lhe dizem respeito diretamente. Um dos mais arraigados mantras do segmento

é o slogan “Nada sobre nós, sem nós”.

Dessa forma, acolhemos parcialmente a emenda do autor, garantindo-se que

o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência — CONADE

será consultado e ouvido pelos Ministérios para a definição dos produtos e serviços

contemplados pela linha de crédito. O CONADE foi constituído com a finalidade de

defender os interesses da pessoa com deficiência e representá-los no processo de

definição, planejamento e avaliação das políticas públicas destinadas a esse

segmento.

A Emenda nº 19, de autoria do nobre Deputado Guilherme Campos, pretende

estabelecer facilitação na obtenção de financiamento pelas pequenas e

microempresas que tenham como objeto a fabricação de artigos de tecnologia

assistiva destinados às pessoas com deficiência.

Tal emenda não foi acatada por fugir ao escopo da presente medida

provisória. Ainda assim, entendemos fundamental rever-se o modelo de estímulo à

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indústria nascente em tecnologia assistiva e o fomento às instituições tecnológicas

ligadas às universidades e aos centros de pesquisa. (Pausa.)

A Emenda nº 21, que pretende estabelecer a obrigatoriedade de o Ministério

da Fazenda, em seu portal na Internet, publicar informações detalhadas sobre a

concessão de subvenção será acatada parcialmente, pois pretende garantir a

transparência no uso dos recursos subvencionados.

A fim de aprimorá-la, incluímos a previsão de divulgação anual da subvenção

econômica concedida, por instituição financeira, no formato e na periodicidade

indicados em ato do Ministro da Fazenda, indicando o valor total das operações, e a

quantidade de operações por instituição financeira e por Unidade da Federação.

Por fim, é preciso destacar que a elaboração deste relatório se deve muito à

contribuição dos ilustres Deputados Eduardo Barbosa e Otávio Leite, Parlamentares

que fazem de seu mandato um instrumento de luta pela valorização e pela inclusão

social das pessoas com deficiência. Muitas das alterações acatadas pela Relatora

estavam previstas em emendas apresentadas pelos Deputados Otávio Leite e

Eduardo Barbosa, que, em um ato de absoluto desprendimento e cordialidade,

assinaram comigo o requerimento de retirada das emendas que elaboramos

conjuntamente. Ao fazerem isso, suas contribuições deixam de constar neste

relatório da maneira apropriada, mas é imperioso registrar que esses Deputados,

juntamente com diversos outros, são parceiros de primeira ordem em nossa luta

pelos direitos das pessoas com deficiência.

Da mesma forma, agradeço à Deputada Rosinha da Adefal, ao Deputado

Walter Tosta, ao Deputado Mandeta, aos colegas de militância que engrandecem o

Parlamento, bem como a todos os demais Parlamentares que integram a Frente

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Parlamentar do Congresso Nacional em Defesa dos Direitos das Pessoas com

Deficiência, com os quais compartilho este momento.

Agradeço também aos Deputados Duarte Nogueira e Bruno Araújo, e ao

Deputado Cândido Vaccarezza, pelo engajamento no esforço para que eu fosse

designada Relatora.

Em razão de todo o exposto, opinamos pela adequação financeira e

orçamentária da Medida Provisória nº 550, de 18 de novembro de 2011, bem como

das 13 emendas apresentadas.

Quanto ao mérito, votamos pela aprovação da Medida Provisória nº 550, de

18 de novembro de 2011, com o acolhimento integral da Emenda nº 18, acolhimento

parcial das Emendas nºs 11, 13, 17 e 21, e rejeição das Emendas nºs 1, 7, 8, 9, 10,

15, 16 e 19, na forma do projeto de lei de conversão anexo. (Palmas.)

PARECER ESCRITO ENCAMINHADO À MESA

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ Nº 2, DE PÁGS. 1 A 28#)

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O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, vou pedir que a Relatora aceite uma

sugestão.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Sim, Deputado.

O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero cumprimentá-la pelo belo trabalho. A Deputada Mara, mais uma

vez, mostra sua militância e sua luta. Quero cumprimentá-la por, como sempre,

realizar um belo trabalho, e quero deixar uma sugestão para a redação do § 1º do

art. 2º.

No art. 2º está dito que a União fica autorizada a conceder subvenção

econômica a instituições financeiras oficiais federais.

O § 1º diz que “a subvenção de que trata o caput fica limitada a 25 milhões de

reais por ano”.

Pela redação, como ela está, a União fica limitada a conceder até 25 milhões.

Acho que V.Exa. poderia aceitar como sugestão — até porque vi no seu

parecer que há uma tendência a tentar entender assim — acrescentar ao final que

os 25 milhões são para cada instituição. Então, a União fica autorizada a

subvencionar o Banco do Brasil em 25 milhões, a Caixa Econômica Federal, em 25

milhões.

Parece-me que para o conjunto das instituições 25 milhões pode ser um

começo, mas pode não alcançar, especialmente nos momentos iniciais de aplicação

da lei, a demanda do mercado.

Se V.Exa. aceitar a ideia, poderemos fazer apenas um acréscimo pequeno

para a discussão com os Líderes partidários.

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A SRA. ROSINHA DA ADEFAL (Bloco/PTdoB-AL. Pela ordem. Sem revisão

da oradora.) - Sr. Presidente, gostaria de cumprimentar a Deputada Mara Gabrilli

pelo brilhante relatório, por sua postura na Câmara dos Deputados, por toda defesa

não apenas da pessoa com deficiência, mas de todo o povo brasileiro.

Parabéns pelo seu relatório. Tenho certeza de que vamos aprovar ainda hoje

esta medida provisória que só vai melhorar a inclusão da pessoa com deficiência na

sociedade.

Meus parabéns!

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O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Pela ordem. Sem

revisão do orador.) - Sr. Presidente, inicialmente, eu quero cumprimentar a

Deputada Mara Gabrilli pelo excelente trabalho que realizou.

Nós, do Democratas, tivemos a oportunidade de contribuir com algumas

emendas, e a Relatora foi extremamente sensível em acatar boa parte delas.

Queria dialogar com a Relatora e com a Liderança do Governo, porque isso

pode, inclusive, gerar um acordo que evita um destaque que seria votado

nominalmente pelo Democratas.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Só um instante, Deputado Antonio

Carlos Magalhães Neto.

Líder Arlindo Chinaglia, o Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto está

propondo um acordo para a votação da medida provisória. Então, é importante que

V.Exa. escute o que está sendo dito pelo nobre Deputado.

Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, a Emenda

18 foi acatada integralmente pela nobre Relatora. Nós estamos propondo a seguinte

redação para o § 8º do art. 2º:

“Na definição da taxa e encargos a que se refere o

inciso I do § 6º deste artigo, deverá ser considerada pelo

Ministério da Fazenda a renda do tomador do

financiamento, com previsão de custos efetivos menores

para aqueles de renda mais baixa.”

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O propósito da emenda é que o pobre possa tomar o recurso a uma taxa

menor. Ela faz justiça social e, evidentemente, promove um equilíbrio econômico de

acordo com a capacidade financeira daquele que está tomando o recurso.

Ora, Sr. Presidente, vale lembrar que aproximadamente dois terços dos

portadores de deficiência no Brasil ganham até dois salários mínimos ou pertencem

a famílias que ganham até dois salários mínimos. Na maioria, são pessoas pobres e

que têm dificuldade de acesso a recursos. Por isso, nada mais justo do que nós

estabelecermos na lei a previsão de uma taxa menor para essas pessoas mais

pobres.

O que eu gostaria de propor, Líder Arlindo Chinaglia? Que acrescentássemos,

nessa redação do § 8º — é claro que a Relatora também tem de aceitar —, uma

vírgula no final, dizendo o seguinte: “Com previsão de custos efetivos menores para

aqueles de renda mais baixa, conforme resolução”.

Eu acho até que é redundante, porque, na prática, o Ministério da Fazenda é

quem iria estabelecer. Mas, se der conforto ao Governo a previsão de que essa

definição da taxa se dará conforme resolução do próprio Ministério, da minha parte

não há problema.

Em contrapartida, eu retiro o destaque da emenda, Sr. Presidente, que prevê

uma taxa de 8% para o financiamento.

A Relatora argumentou a possibilidade de mudanças macroeconômicas no

País. É algo que nós consideramos como razoável e equilibrado. Seria objeto de um

destaque para votação nominal. Mas, se o Governo concordar com a redação desta

emenda, em homenagem ao grande trabalho realizado pela Relatora, em

homenagem aos milhares de portadores de deficiência do Brasil, às entidades que

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representam esses portadores, às famílias dessas pessoas, muitas das quais eu

tenho o prazer e o orgulho de conhecer e defender, eu quero aqui dizer que faremos

um acordo para votar rapidamente a matéria e votar à unanimidade.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Muito bem.

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O SR. ARLINDO CHINAGLIA - Presidente…

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Líder, depois eu vou passar…

O SR. OTAVIO LEITE - Sr. Presidente, eu queria uma elucidação.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Nós temos oradores inscritos para

discutir a matéria. Então, peço a V.Exas. que…

O SR. OTAVIO LEITE - Perfeito, mas é uma questão importante e relativa ao

texto.

O SR. RUBENS BUENO - Sr. Presidente, é questão também de uma

proposta de acordo com a Relatora, em homenagem à Relatora.

O SR. OTAVIO LEITE (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na esteira do raciocínio do Deputado Miro Teixeira, que apresentou uma

ponderação muito válida, eu queria sugerir à Relatora e solicitar uma atenção

especial da Liderança do Governo, sobre o § 1º e o § 2º do art. 2º.

No § 1º, está-se fixando no valor de 25 milhões de reais por ano a tal

subvenção que essa regra jurídica vai criar. O § 2º estabelece que esse valor fixado

poderá ser majorado nos exercícios fiscais subsequentes. Então, há uma

contradição entre o § 1º e o § 2º, com o primeiro estabelecendo um valor absoluto,

específico e fixo, já projetado para os anos vindouros.

A sugestão que faço é de que pudesse a Relatora incluir no texto, no seu § 1º,

o seguinte: “A subvenção de que trata o caput fica limitada, no mínimo, a 25

milhões”. Isso vai permitir uma coerência com o objetivo do § 2º, que é apontar para

o Executivo Federal a possibilidade de oferecer mais dotações vindouras, para que

esse programa possa avançar e mais deficientes possam usufruir de tecnologia

assistida.

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Era esta a ponderação: incluir a expressão “no mínimo” antes do valor de 25

milhões. “A subvenção de que trata o caput fica limitada no mínimo...” Então, limita-

se por baixo, e não por cima. Por cima, os anos vindouros vão dizer, se o programa

for adiante, se podem ser colocados mais recursos, e por aí vai. Abre-se uma janela

para que prospere a ideia, e não se limite doravante, ad infinitum, a 25 milhões, o

que necessitaria de uma nova lei alterando essa que nós estamos por votar.

Então, colocaríamos a expressão “no mínimo” e deixaríamos o § 2º tranquilo

para prosperar no futuro.

Obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputado Rubens Bueno.

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, apenas uma homenagem à Deputada Mara Gabrilli,

Relatora desta Medida Provisória nº 550.

Nós temos aqui um destaque apresentado pela Deputada Carmen Zanotto,

que está em viagem oficial pela Casa.

Li o relatório de S.Exa., o qual destaca que o autista nunca foi considerado

nas políticas públicas do Brasil. Essa desconsideração com o autista está inclusive

premiada em um projeto aprovado no Senado. Esse projeto aprovado no Senado

fala que a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com

deficiência para todos os efeitos legais.

Então, eu estou pedindo a S.Exa. que considere essa proposta da Deputada

Carmen Zanotto, porque é querer tratar na rede pública alguém que não é

considerado. Ou vamos continuar vendo o autista isolado de políticas públicas no

Brasil.

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O SR. SIBÁ MACHADO (PT-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, só para colaborar com essa discussão.

O Deputado Miro Teixeira e o Deputado Otavio Leite fazem referência a um

problema que acho que a Relatora já resolveu. Como está na proposta do Governo,

há um valor de referência, que são 25 milhões. Mas S.Exa. coloca aqui, no nosso

entendimento, o que é o autorizativo do Governo. Então, os 25 milhões de reais,

Deputado Miro Teixeira, são, na verdade, um valor de referência, porque o Governo

pode trabalhar com o valor que quiser a cada lei orçamentária.

Está dito aqui que o Governo pode trabalhar com qualquer valor através da

Lei Orçamentária, que é lei. Não precisa o Congresso Nacional estar preocupado em

votar outra coisa. Assim sendo, colocar 25 milhões por instituição financeira fica

meio dúbio.

Então, acho que a Relatora já resolveu esse assunto. Nós gostaríamos de

insistir com o texto que S.Exa. apresentou.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputada Mara Gabrilli, V.Exa. quer falar

sobre as proposições?

A SRA. MARA GABRILLI (PSDB-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, quando se trata do segmento da pessoa com deficiência, com certeza,

eu sempre vou me esmerar para favorecer esse segmento de alguma forma.

Portanto, aquelas sugestões que engrandecerem a medida provisória, é claro

que eu acato com toda força. Agora, eu sei que há limites e situações que podem

inviabilizar determinados artigos da medida provisória.

Então, ficarei aqui de guardiã da medida provisória para aquelas sugestões

que virão.

Eu acho que temos que discutir.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Muito bem.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Está iniciada a discussão da matéria.

Há Deputados inscritos para discutir a matéria.

Para falar contrariamente: Domingos Sávio, Duarte Nogueira, Otavio Leite,

Nelson Marchezan Junior e Walter Feldman.

Quem está no plenário para falar contrariamente? (Pausa.)

Todos querem falar a favor.

Há vários oradores inscritos para falar a favor da matéria.

Nós podíamos passar a discussão dos destaques para depois, que são mais

polêmicos. Há três destaques apresentados aqui. Pode ser? (Pausa.) O.k.

Está encerrada a discussão.

Passa-se à votação.

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O SR. OTAVIO LEITE - Sr. Presidente, me permita?

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Eu dou a V.Exa. tempo depois, para falar

sobre a matéria.

O SR. OTAVIO LEITE - Obrigado, mas eu não aquiesci. Eu estou inscrito e

gostaria de falar. Se V.Exa. vai me dar um tempo, então aguardo o tempo.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - V.Exa. está inscrito para falar

contrariamente. V.Exa. vai falar contrariamente à matéria?

O SR. OTAVIO LEITE - Não. Houve um entendimento, houve acolhimento de

emendas, e há um discernimento neste instante, favorável à matéria, mas ainda há

uma ponderação que queremos expressar.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Eu dou 1 minuto a V.Exa.

O SR. OTAVIO LEITE - Queria ter uns 3 minutinhos para poder dar uma

palavra sobre o conjunto da obra. Posso?

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Eu lhe dou agora 3 minutos.

O SR. OTAVIO LEITE - Daqui mesmo?

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Daí mesmo.

O SR. CLAUDIO CAJADO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, V.Exa. elencará quais destaques serão...

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vou elencar agora na sequência.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputado Otavio Leite com a palavra.

O SR. OTAVIO LEITE (PSDB-RJ. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr.

Presidente.

Não sei se todos os colegas sabem, mas já há números disponíveis no IBGE

sobre o censo que acaba de ser concluído, a tabulação. E, no que diz respeito às

pessoas com deficiência, os números são realmente de chamar a atenção: 23% da

população brasileira têm algum tipo de deficiência, têm dificuldade média ou grande

ou total incapacidade para alguma atividade, seja o deficiente físico, o cidadão com

deficiência auditiva, com deficiência visual ou com deficiências intelectual e mental.

É um percentual significativo. Desses 23%, se extrairmos aqueles que efetivamente

têm graves dificuldades, estaremos falando de 8% da população brasileira, que é um

número muito grande. E certamente, todos sabem, a grande maioria é pobre.

O que há hoje como demanda fundamental das pessoas com deficiência? É a

oportunidade. O que quer, por exemplo, a mãe de um deficiente? E aqui, na semana

passada, fazíamos louvor justo e merecido às mulheres como um todo. Mas, se há

uma demonstração de amor ao semelhante, não há algo maior do que o amor da

mãe de um deficiente, que abdica da sua vida para se dedicar plenamente ao seu

filho. E o que ela quer para o seu filho? Autonomia, independência.

Com a tecnologia avançando e as chamadas Tecnologias Assistivas as

oportunidades se abrem para que aquele cidadão deficiente, de qualquer idade,

possa usufruir de meios para empatar um pouco a partida, para ir a campo, para ter

mais autonomia e mais independência, que são o que fundamentalmente interessa

para a liberdade e fruição dos bens civilizatórios dos direitos como um todo na

sociedade.

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Então, esse projeto tem o condão de oferecer um valor para equalização de

taxas de juros para que aqueles tomadores até 10 salários mínimos possam adquirir

cadeiras mecânicas com bateria, prótese de titânio e outros indicadores de

Tecnologia Assistiva mais modernos, para melhor se comportar e melhor usufruir de

todas essas oportunidades e do mundo como um todo.

Portanto, o que estávamos aqui ponderando em relação a essa matéria é

justamente a possibilidade de se criar uma dotação específica com essa finalidade.

Isso faz parte do bojo de uma série de iniciativas que o Governo está tomando.

Vamos acompanhar. Há uma Frente Parlamentar suprapartidária que cuida dessa

matéria. Vamos acompanhar detalhe de todas as dotações que estão relacionadas a

políticas e programas das pessoas com deficiência, porque sabemos que a

execução orçamentária tem sido muito precária nesse campo, vide a rede SUAS,

que atende na ponta as pessoas com deficiência pelo País como um todo. Várias

emendas foram vetadas nesse aspecto, e ainda estamos com valores congelados

que deveriam merecer muito mais aporte do Governo Federal.

Rendo todas as homenagens à Deputada Mara Gabrilli pela inteligência, pela

capacidade, pela sabedoria de acolher emenda, de convergir para um texto que é

fundamental para o País. Queremos avançar nessa questão.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputado ACM, podemos encerrar a

discussão? (Pausa.)

O SR. CLAUDIO CAJADO (DEM-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, se V.Exa. me permite discutir um pouco a matéria, quero apenas

parabenizar a Deputada Mara Gabrilli.

É unânime neste Plenário a intenção de votarmos esse projeto. Aliás, acho

que o Governo Federal teve um surto ao enviar essa medida provisória. Digo surto

porque, de tantas medidas provisórias que vêm de encontro aos interesses do povo

brasileiro, esta, Presidente, vai ao encontro do interesse maior de um segmento da

população brasileira.

Vinte e cinco milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência física, ou

seja, 14,6% da população. Desses, 40% ganham até um salário mínimo e 60% —

desses 25 milhões de brasileiros que têm algum tipo de deficiência — ganham até

dois salários mínimos. Portanto, uma margem enorme da população carente, com

esta medida provisória que estabelece incentivos a essas Tecnologias Assistivas,

passa a ingressar plenamente na cidadania.

O Democratas, portanto, como já foi exposto aqui, deseja fazer o acordo para

que nós votemos à unanimidade, atendidos esses pré-requisitos que achamos

convenientes.

Disseram que não devemos inserir um percentual, no caso, 8%, para limitar

os juros a serem cobrados nos empréstimos, mas isso está contido na própria

proposta que foi enviada. A mensagem do Executivo estipula os 8%. Ou seja,

estando na mensagem, não haveria problema. Mas, se houver o acordo por parte da

Liderança do Governo, Presidente, nós retiraremos o destaque, conforme exposto

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pelo Deputado ACM Neto, e o votaremos à unanimidade, para podermos apresentar

à sociedade brasileira essa inovação da Tecnologia Assistiva, que beneficiará

pessoas portadoras de alguma deficiência e também as mais carentes dentre elas.

Muito obrigado.

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O SR. DELEY - Sr. Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Pois não, Deputado Deley.

O SR. DELEY (PSC-RJ. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

Quero parabenizar a Deputada Mara e V.Exa. Esta Casa hoje realmente avança

muito nesse segmento tão importante, para o qual esta Casa sempre precisa ter um

olhar de muito carinho e muita atenção.

Eu entendo que estamos avançando e nós, do PSC, ficamos felizes por

estarmos participando desse avanço, e eu particularmente, Sr. Presidente, porque,

quando fui Secretário de Esportes de Volta Redonda, idealizamos o maior encontro

de portadores de deficiência, através da OLIMPEDE, a Olimpíada da Pessoa

Deficiente, que é realizada anualmente com o apoio do Ministério do Esporte.

É um segmento que nós acompanhamos muito de perto. Nós sabemos que

essa medida provisória realmente é um avanço. E tudo o que se faz dentro desse

segmento realmente vem resgatar todas as injustiças cometidas ao longo dos anos.

Realmente é um segmento que precisa de oportunidades. Essa medida provisória

dignifica e traz a esta Casa realmente um coroamento de todo o nosso trabalho.

Então, é importantíssimo que todos os partidos tenham esse pensamento.

Que aprovemos essa medida provisória, a fim de que possamos melhorar cada dia

mais o segmento dos portadores de deficiência no nosso País.

Parabéns, Presidente! Parabéns a todos os partidos envolvidos nisso!

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Muito bem.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Está encerrada a discussão.

Passa-se à votação.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Antes da votação, eu passo a palavra ao

Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, pela Liderança dos Democratas, pelo

prazo de 5 minutos.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Como Líder. Sem

revisão do orador.) - Sr. Presidente, agradeço-lhe a oportunidade.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, é evidente que todos nós hoje

estamos satisfeitos com a votação de uma medida provisória tão importante, depois

do trabalho brilhantemente realizado pela Deputada Mara Gabrilli, grande Relatora

da matéria. O mérito desta medida provisória já foi aqui bastante celebrado.

Estamos chegando inclusive a entendimento com o Governo para aperfeiçoar o

texto.

Essa deve ser a postura de Relatores de medidas provisórias na Casa. A

Deputada Mara se limitou a tratar da matéria, não trouxe contrabandos para a

medida provisória. E soube dialogar com autores de diversas emendas, acatando

contribuições que eram justas e razoáveis para o texto do projeto de conversão que

vai ser aprovado nesta Casa.

Por falar em medida provisória, Presidente Marco Maia, há uma grande

expectativa de nossa parte, dos democratas especialmente, sobre qual vai ser o

procedimento do Congresso Nacional — e então me dirijo a V.Exa. como Presidente

da Câmara e ao Senador José Sarney como Presidente do Senado e Congresso —

diante da nova interpretação que foi dada pelo Supremo Tribunal Federal no que se

refere às medidas provisórias.

Quantas vezes aqui chamamos a atenção para o fato de que esta Casa não

observava o preenchimento dos requisitos de admissibilidade das medidas

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provisórias! E agora vem o Supremo e determina que, para a medida provisória ter

enquadramento constitucional, ela tem que passar pelo exame da Comissão Mista,

que vai exatamente refletir sobre a existência ou não dos requisitos de

admissibilidade para sua edição.

A pergunta que se impõe é: ora, e se essa Comissão não se reunir? E se a

Comissão não funcionar? E se a Comissão não deliberar? Na minha opinião, é claro,

a decisão do Supremo determina que, em caso de não pronunciamento da

Comissão, a medida provisória é inconstitucional. A Comissão é obrigada a se

pronunciar.

Contudo, acho que a decisão do Supremo provoca a adoção de outra medida

nesta Casa. Eu dialogo com o Líder do Governo, Deputado Arlindo Chinaglia, que já

presidiu a Câmara. É fundamental nós resgatarmos as PECs, as propostas de

emenda à Constituição que tramitam na Casa e que propõem mudanças no rito das

medidas provisórias. Vamos constituir imediatamente um grupo de trabalho para se

debruçar sobre o tema, um grupo que se dedique à importância da discussão da

matéria, para termos aqui um rito racional, que permita o equilíbrio entre Câmara e

Senado e, sobretudo, faça com que a apreciação das medidas provisórias respeite a

Constituição Federal e aconteça de forma juridicamente perfeita, de modo que o

Executivo não supere o Legislativo, não suprima o Legislativo nas suas prerrogativas

de tratar de matérias que são próprias de projeto de lei mas acabam, muitas vezes,

sendo tratadas no bojo de medidas provisórias.

Presidente Marco Maia, compreendo que esta semana é atípica, porque

existem mudanças importantes acontecendo, como a da Liderança do Governo. É

natural que o novo Líder precise de um tempo para tomar pé das coisas, mas é

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fundamental que na semana que vem o Líder Arlindo Chinaglia possa trazer ao

debate dos demais Líderes da Casa — e esta é uma demanda da Oposição — uma

previsão do tratamento que será dado pelo Governo à votação do Código Florestal.

Havia um acordo, elaborado no ano passado, para que o Código fosse votado

nos dias 6 e 7 deste mês, isto é, na semana passada. A pedido do Relator, o que é

justo e razoável, o Código não foi votado. O Relator pediu uma semana de prazo.

E o Código seria votado ontem, quando vencia o prazo de uma semana

solicitado pelo Relator. Mas, em função das circunstâncias atípicas que já relatei

aqui, foi feita pelo Presidente da Casa uma solicitação para que a matéria não fosse

examinada nesta semana. Muito bem. Nós concordamos. Porém não vejo razões

nem motivos para o Código não ser votado já na semana que vem.

E como o Código não é a única matéria espinhosa tramitando na Casa — e

algumas outras interessam muito ao Governo —, é fundamental que o novo Líder

possa trazer uma previsão para a votação do Código. Não adianta imaginarmos que

essa matéria ficará em aberto, porque ela não é uma matéria da Oposição; ela

interessa a todos os partidos e tem o apoiamento de Parlamentares de diversas

bancadas, é uma matéria que consta das prioridades da Câmara Federal.

Nós não estamos aqui para votar apenas as prioridades do Executivo. E por

isso já antecipo uma cobrança e um apelo ao novo Líder do Governo: que traga um

calendário com data fixada para a votação do Código Florestal, a fim de que

possamos avançar na deliberação das outras matérias que estão pendentes nesta

Casa.

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O SR. MARÇAL FILHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MARÇAL FILHO (PMDB-MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero apenas cumprimentar a Relatora Mara Gabrilli.

Ano passado eu apresentei um projeto no mesmo sentido, na mesma direção,

e o Governo enviou para cá uma medida provisória.

O relatório é muito bem feito. Nós precisamos incluir cada vez mais as

pessoas com deficiência. Sabemos de todas as dificuldades não só das pessoas

com deficiência, mas também de seus familiares.

Creio que hoje a Câmara Federal marca um gol de placa. Sem dúvida, este é

um momento histórico e emblemático para todos nós desta Casa, que podemos dar

a nossa contribuição a pessoas que tanto precisam. Elas são poucas, mas precisam

muito do poder público, e nós cada vez mais temos de facilitar as coisas tanto para

elas quanto para seus familiares.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Encerrada a discussão.

Passa-se à votação.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação o parecer da Relatora na

parte em que manifesta opinião favorável quanto ao atendimento dos pressupostos

constitucionais de relevância e urgência e de sua adequação financeira e

orçamentária...

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O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, quero orientar.

O SR. AMAURI TEIXEIRA - Sr. Presidente, posso fazer um registro enquanto

a Deputada Mara Gabrilli se desloca até o plenário?

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Não, não, não. Só um pouquinho, gente.

Só um pouquinho.

A Deputada Mara Gabrilli vai fazer uso da palavra? (Pausa.)

Então, por favor.

Estamos em votação.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Para orientar.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Na hora de orientar eu chamo V.Exa.

O SR. AMAURI TEIXEIRA - Só para fazer um registro.

O SR. BRUNO ARAÚJO - O PSDB quer orientar, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Estou esperando a Deputada Mara

Gabrilli, que queria fazer uma correção em seu relatório, ou alguma alteração.

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A SRA. MARA GABRILLI - Sr. Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Pois não, Deputada.

A SRA. MARA GABRILLI (PSDB-SP. Sem revisão da oradora.) - É que

houve aqui uma proposta da bancada do PSDB que foi acolhida, então o art. 2º, §

1º, sofreu uma modificação e ficou assim: “A subvenção de que trata o caput fica

limitada a 25 milhões de reais por ano, observado o § 2º deste artigo”. O “observado

o § 2º deste artigo” foi acrescentado.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Foi acrescentado. O.k.? (Pausa.)

O.k.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para orientar.

Como vota o PT?

O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero cumprimentar a Deputada Mara Gabrilli e dizer que este tema

deve merecer de todos nós do Parlamento a mais alta prioridade. Aliás, a presença

da Deputada Mara Gabrilli neste Parlamento mostra a potencialidade que tem todo

portador de deficiência de ter uma vida absolutamente feliz, ativa, de participar

integralmente da sociedade.

Mas esta sociedade não pode virar as costas para as necessidades especiais

de atenção que têm os portadores de deficiência. Por isso, quando se apresenta um

programa de subvenção como este, mediante o qual o povo brasileiro inteiro vai

proporcionar um valor para um conjunto de pessoas que precisam ter outros

mecanismos de acesso para poder viver com conforto, com igualdade de

oportunidades, o que é a grande demanda de todo portador de deficiência, quando

se implementa uma política pública como esta, estamos dando um passo decisivo

neste tema fundamental.

A bancada do PT encaminha o voto “sim”, Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PMDB?

O SR. MARCELO CASTRO (PMDB-PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, o PMDB, em primeiro lugar, quer parabenizar a Deputada Mara

Gabrilli pelo brilhante, profundo e exaustivo relatório que apresentou hoje à tarde.

O assunto é da mais alta relevância, e hoje nós iremos, a unanimidade do

PMDB, e espero que a do Plenário, votar esta medida tão importante para as

pessoas portadoras de deficiência.

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Serão alcançadas por esta medida famílias, pessoas com renda de até dez

salários mínimo, que terão subsídio do Governo para adquirir seus equipamentos e

poder levar uma vida o mais normal possível.

O PMDB vota “sim” a esta medida provisória tão importante.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSB? (Pausa.)

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (Bloco/PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão

do orador.) - Sr. Presidente, nosso partido participou, junto com a Deputada Mara

Gabrilli, da elaboração desse texto. Inicialmente eu queria cumprimentar V.Exa.,

Deputado Marco Maia, por ter tido a sensibilidade de designar a Deputada Mara

Gabrilli para relatar esta matéria extremamente importante.

E, já que estamos discutindo a valorização das pessoas com deficiência, para

permitir que tenham crédito para matérias assistivas, o que é extremamente

importante, a partir de agora nós já votamos aqui em plenário a possibilidade de a

pessoa que recebe o LOAS poder suspendê-lo para entrar no mercado de trabalho e

retomá-lo a qualquer momento. Que a gente consiga agora convencer o Governo a

melhorar a renda per capita. Vinte e cinco por cento do salário mínimo de renda per

capita acabam impedindo muitas pessoas com deficiência de ter o benefício. E

importante que a gente discuta rapidamente a renda per capita.

A bancada do PSB/PTB/PCdoB vota “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSDB?

O SR. BRUNO ARAÚJO (PSDB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o primeiro registro é sobre a atenção de V.Exa. na designação da

Deputada Mara Gabrilli. Quero referir também o Deputado Duarte Nogueira, que no

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final do ano passado iniciou esse processo, bem como o ex-Líder do Governo,

Cândido Vaccarezza, que trabalhou no sentido de nós consolidarmos essa relatoria.

As nossas homenagens a quem mostra ao Brasil que, apesar de todas as

dificuldades estruturais... Nós vemos no relatório da Deputada Gabrilli a importância

da causa e o seu zelo e compromisso com ela.

Eu acho que toda a Casa está atendida. O PSDB, absolutamente envaidecido

com a qualidade do relatório, mais uma vez reconhece a designação feita por V.Exa.

O que aqui se construiu hoje é um exemplo da compreensão que o Congresso

Nacional tem dessa temática.

Por isso, Deputado Marco Maia, nossas homenagens à Deputada Mara

Gabrilli, à sensibilidade de S.Exa. É sobretudo uma honra nós termos no PSDB

Deputados temáticos como a Deputada Mara Gabrilli, o Deputado Otavio Leite, o

Deputado Eduardo Barbosa, que zelam por esses direitos de forma absolutamente

contundente, fazendo deles o principal motivo de seus mandatos.

Fica neste registro nosso agradecimento à Mesa e nossos parabéns a essa

grande Deputada.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Muito obrigado, Deputado Bruno Araújo.

Como vota o PSD?

O SR. MOREIRA MENDES (PSD-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, primeiro quero ressaltar o brilhante trabalho da Deputada Mara

Gabrilli. Ela está de parabéns. É um exemplo para o Brasil a sua determinação, a

sua vontade.

O texto da medida provisória é de grande alcance social e merece a

aprovação desta Casa. O PSD vai encaminhar favoravelmente à admissibilidade,

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mas já se antecipa e lembra que lá na frente vai apresentar um destaque, quando da

discussão do texto.

Mas esta medida provisória, que cria linhas de crédito específicas, merece o

apoio de todos, pela sua relevância e importância sobretudo para os portadores de

necessidades especiais.

O PSD orienta sua bancada a votar “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PR?

A SRA. GORETE PEREIRA (Bloco/PR-CE. Pela ordem. Sem revisão da

oradora.) - Sr. Presidente, além de parabenizar a Deputada Mara Gabrilli, eu

gostaria de dizer, até como fisioterapeuta que sou, que o Brasil inteiro, toda a

categoria de pessoas portadoras de deficiência, esperava desta Casa a aprovação

de uma medida provisória deste nível, que resultará em maiores facilidades.

Eles sempre diziam assim: “Ninguém pensa na gente”.

Os deficientes físicos, considerado qualquer tipo de deficiência, são hoje 23%

no Brasil, mas ninguém pensa neles na hora das votações. Esta Casa, com esta

demonstração, com esta medida provisória, vai fazer com que a aparelhagem seja

mais acessível para essas pessoas, o que tem cunho social e humano

extraordinário.

Parabéns, Deputada Mara!

Parabéns, Câmara dos Deputados!

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PP? (Pausa.)

Como vota o Democratas?

O SR. CLAUDIO CAJADO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, com muita satisfação o Democratas orienta o voto “sim” e pede à sua

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bancada que acorra ao plenário para participar simbolicamente desta votação, pelo

gesto desta medida provisória, que representa um grande avanço.

Eu quero chamar a atenção, Sr. Presidente, para a força da

representatividade. A Deputada Mara Gabrilli representa um segmento importante

da sociedade brasileira, do povo brasileiro, e, através do seu esforço e de suas

ideias, proporcionou esse consenso para beneficiar a parcela da população

brasileira que representa. Portanto a força da representação popular se fará

presente neste momento na Câmara dos Deputados, quando nós, daqui a poucos

instantes, votarmos esta medida provisória, que, sem dúvida alguma, é um marco

importante para a cidadania plena e constitucionalmente assegurada, agora

regulamentada, para as pessoas com deficiência.

O SR. LÁZARO BOTELHO (PP-TO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente Marco Maia, o PP parabeniza a Deputada Mara Gabrilli e vota “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Pois não.

O PDT como vota?

O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Só um minuto, Deputado.

O PP vota “sim” e o PDT não votou ainda.

O PDT como vota?

O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Mas

eles captaram. (Pausa.)

A Deputada Mara Gabrilli melhorou muito a medida provisória com seu projeto

de lei de conversão. Eu insisto que 25 milhões apenas, este ano, para que as

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instituições oficiais tenham como teto para a subvenção dos necessitados eu acho

muito pouco. Deveria ser por cada instituição oficial, porque isso é teto.

Então nós estamos autorizando um teto. Autorizar um teto de 25 milhões para

o conjunto Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, Banco do Brasil, Caixa

Econômica Federal, neste País enorme, neste País de tantas necessidades, ainda

mais com as demandas reprimidas que temos no setor... Eu penso que no Senado

poderá ser feita a retificação de que esse teto é por cada instituição.

Cumprimentando a Relatora, Deputada Mara Gabrilli, nós vamos votar “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Bloco PV/PPS?

O SR. DR. ALUIZIO (Bloco/PV-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Exmo. Sr. Presidente, esta Casa tem hoje uma tarde brilhante, por oferecer à

sociedade brasileira, principalmente aos portadores de necessidades especiais,

nova perspectiva e expectativa de vida. A função do político é, acima de tudo,

oferecer qualidade de vida à população.

Falar da Deputada Mara Gabrilli também é uma redundância. Exaltá-la é uma

redundância.

Portanto, o Bloco PV/PPS agradece a oportunidade de participar desta

votação e vota “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSC?

O SR. EDMAR ARRUDA (PSC-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, nós, Deputados e Deputadas do PSC, partido que tem como missão o

ser humano em primeiro lugar — eu, particularmente, milito nessa área; fui

presidente de uma entidade de portadores de necessidades especiais —, temos que

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parabenizar o Governo pela medida provisória e a Deputada Mara Gabrilli pelo

brilhante trabalho que fez, melhorando, com seu relatório, a medida provisória.

Tenho absoluta convicção de que esse investimento feito com recursos da

União vai beneficiar de modo pragmático e direto milhões de brasileiros que

precisam de equipamentos para ter acessibilidade e poder ter uma vida o mais

normal possível.

Venho aqui dizer que o PSC vota “sim”, que apoia este projeto, porque aqui

nós estamos vendo o ser humano...

(O microfone é desligado.)

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PRB?

O SR. ACELINO POPÓ (PRB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PRB apoia a conveniência da iniciativa, que contribuirá sobretudo para

a inclusão social e profissional de mais de 45 milhões de brasileiros. Boa parte deles

recebe salário mínimo.

Em face do exposto, Sr. Presidente, a votação é pela aprovação da medida,

na forma do projeto de lei de conversão oferecido pela Relatora, a Deputada Mara

Gabrilli.

O PRB vota “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Pois não, Deputado.

Como vota o PSOL?

O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PSOL vota “sim”.

Esta medida provisória que prevê linha de crédito para aquisição de produtos

e tecnologia assistiva destinada a pessoas com deficiência é fundamental para

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garantir direitos sociais, civis e humanos de parcela significativa da população

brasileira, que é portadora de alguma deficiência.

Nós queríamos apenas ressaltar, parabenizando a Deputada Mara Gabrilli,

que, a concessão de subvenção econômica a instituições financeiras oficiais, que

esse montante poderia ser ampliado, porque as necessidades de equipamentos

apresentadas são certamente muito maiores do que o que está colocado como

subvenção. Isso vai gerar uma enorme demanda.

Mas não há dúvidas de que este é um passo importante para o atendimento

das pessoas com deficiência.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PMN?

O SR. DR. CARLOS ALBERTO (PMN-RJ. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, caríssima Deputada Mara Gabrilli, eu fui o formulador,

como Subsecretário de Estado do Governo do Rio de Janeiro, da política pública

Operação Lei Seca, que deu eficácia à Lei Federal nº 11.705.

No dia 19 de março, a política pública no Rio de Janeiro completará 3 anos.

Ao longo desses 3 anos, salvamos mais de 6 mil vidas. E se nós salvamos mais de

6 mil vidas foi porque nas nossas 7 equipes tivemos 30 cadeirantes, que fizeram um

trabalho extraordinário de conscientização e educação. Hoje essa política pública já

está implementada em 12 Estados da Federação brasileira.

Parabéns pelo seu trabalho, Deputada!

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota a Minoria?

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Pela ordem. Sem

revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, queremos, em primeiro

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lugar, agradecer a V.Exa. a indicação da nossa companheira, a Deputada Mara

Gabrilli, que teve um excepcional desempenho na relatoria desta medida provisória.

O tema é muito afeto ao trabalho dos nossos Deputados, como Otavio Leite,

Nilson Leitão, Eduardo Barbosa e a Deputada Bruna Furlan. Eu mesmo sou autor de

um projeto de lei que prevê isenções exatamente iguais àquelas que o Governo

mandou como iniciativa sua. Mas isso não importa.

O que importa é conseguirmos para as pessoas portadoras de necessidades

especiais uma legislação que as contemple, que consiga minimizar suas agruras, as

dificuldades por que passam.

Por último, quero citar que, no Estado de São Paulo, o ex-Governador José

Serra criou, quando foi Prefeito da Capital, Secretaria dedicada especialmente ao

atendimento dessas pessoas. A Deputada Mara Gabrilli foi a Secretária Municipal

por 2 anos, e certamente sua experiência, seu contato direto com as necessidades,

ajudou muito na elaboração de um relatório que atende diretamente aos anseios

dessas pessoas.

A Minoria se sente muito lisonjeada de poder encaminhar o voto “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Governo? (Pausa.)

O Governo vota “sim”.

O SR. ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente Marco Maia, votamos “sim”, mas eu gostaria de registrar que essa, eu

diria, bela medida provisória compõe um programa totalmente belo, o Viver sem

Limite.

Queremos cumprimentar a Presidenta Dilma Rousseff por essa bela iniciativa

e a Relatora Mara Gabrilli, que ofereceu de sua capacidade e de sua experiência de

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vida todo o vigor para que nós chegássemos a este momento em condições de

votar.

Que todos tenhamos a dimensão do benefício para aqueles que forem

comprar equipamento de tecnologia assistiva.

Se considerarmos que o juro para o consumidor hoje está em torno de 50%

ao ano, e se tomarmos como exemplo a resolução do Banco do Brasil que

estabelece, a partir da medida provisória, que ele será de cerca de 8%, então

veremos que haverá uma subvenção de 42% do total dos juros.

Cumprimento V.Exa. também, por ter pautado a matéria.

Votamos “sim”.

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A SRA. MARA GABRILLI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Pois não, Deputada Mara.

A SRA. MARA GABRILLI (PSDB-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, apenas quero fazer um agradecimento à Casa, a todos os Líderes, a

todos os Deputados, por se engajarem nesta causa e dela participarem.

Quero fazer um agradecimento especial a V.Exa., Presidente Marco Maia, por

se engajar e me apoiar como Relatora desta matéria, agradecimento este que

estendo a seu assessor Sérgio Sampaio, que muito me ajudou para que esta Casa

tivesse tecnologias assistivas, para que um dia eu pudesse vir relatar matéria de tal

importância.

Agradeço a V.Exa., Presidente Marco Maia, todo esse apoio. Este é um

marco para o Brasil e dele muitas conquistas virão, para os brasileiros com

deficiência poderem exercer sua cidadania.

Muito obrigada a todos. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Muito obrigado, Deputada Mara Gabrilli.

Faço um registro do trabalho realizado pelos servidores da Câmara dos Deputados,

que têm se empenhado à exaustão para garantir que todos os Deputados, que todos

os Parlamentares tenham o mesmo direito, o mesmo acesso, a mesma forma de

participação e de atuação nesta Casa. Isso é possível hoje graças ao trabalho, às

vezes anônimo, realizado pelos servidores da Câmara dos Deputados.

Na semana passada, recebi aqui o Presidente do Parlamento sueco com um

Deputado portador de deficiência, em cadeira de rodas. Ele transitou pela Câmara

dos Deputados livremente, acompanhando-nos em todos os momentos, sem

nenhuma limitação por sua condição de portador de deficiência. Quando eu o trouxe

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ao plenário e expliquei como a Deputada Mara Gabrilli fazia para votar, ele ficou

extremamente impressionado. Não imaginava que num Parlamento como o do Brasil

nós tivéssemos uma tecnologia tão avançada à disposição dos nossos Deputados

portadores de deficiência.

Eu queria pedir uma salva de palmas aos servidores da Câmara dos

Deputados responsáveis por esse trabalho. (Palmas.)

Quero dizer que V.Exa. foi muito bem na apresentação do seu relatório e

trouxe contribuições fundamentais para que a matéria possa avançar cada vez mais

no nosso País e assim possamos dar um bom atendimento aos nossos portadores

de deficiência.

Obrigado, e parabéns a V.Exa., Deputada Mara Gabrilli.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - As Sras. e os Srs. Parlamentares que

forem favoráveis a este projeto, por favor, permaneçam como se acham. (Pausa.)

Favoráveis à admissibilidade...

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vou ler de novo: em votação o parecer

da Relatora, na parte em que manifesta opinião favorável quanto ao atendimento

dos pressupostos constitucionais de relevância e urgência e de sua adequação

financeira e orçamentária.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Aqueles que forem pela aprovação

permaneçam como se acham. (Pausa.)

APROVADO.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Nós íamos para a votação do mérito,

mas o Deputado Bruno Araújo pediu a palavra como Líder.

Três destaques de emendas foram apresentados: um do PPS, um do

Democratas e um do PSD.

Pergunto se estão mantidos os destaques. (Pausa.)

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Com a palavra o Deputado Bruno Araújo.

O SR. BRUNO ARAÚJO (PSDB-PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez registro esse belíssimo

trabalho feito pela Deputada Mara Gabrilli.

Mas o que me traz aqui, hoje, Sr. Presidente? Venho falar dos produtos da

cesta básica brasileira, dos 13 itens básicos da alimentação da população brasileira,

aferidos há tantos anos pelo DIEESE.

Assistimos ao Partido dos Trabalhadores, através de importantes Líderes,

apresentar um projeto de lei — e o Brasil está nos assistindo — para retirar impostos

federais desses alimentos básicos para a população brasileira. O que não

entendemos, quem está em casa e seguramente os Srs. Parlamentares, é como um

partido que está no Governo — basta atravessar a Praça dos Três Poderes e pedir à

Presidenta Dilma que assine um decreto para reduzir esses impostos — apresenta

um projeto de lei, quando nós sabemos que aqui votamos projetos de lei que

tramitam há mais de 10, 20 anos na Casa. Será que é esse o interesse do Partido

dos Trabalhadores? Tenho certeza de que não.

Se a Presidenta Dilma não pôde atender ao Partido dos Trabalhadores, para

imediatamente retirar os impostos da cesta básica do povo brasileiro, nós

apresentamos. E mais: se um dia o PT copiou a gestão econômica de Fernando

Henrique Cardoso, se um dia o PT copiou o modelo de privatizações do PSDB, nós

não temos problemas em copiar as boas ideias, desde que não estejam

patenteadas. Nós copiamos o projeto de lei do PT e o oferecemos como emenda à

Medida Provisória nº 561. Portanto, temos uma grande oportunidade: que na

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discussão da Medida Provisória 561 não esperemos 3, 4, 5 anos para retirar o

imposto federal, como proposto pelo PT.

Não estamos convidando o PT para votar a medida provisória, estamos

dizendo que apoiamos o PT nessa decisão. E temos certeza de que essa unidade

dos dois partidos vai deixar à vontade e trazer toda a Câmara dos Deputados para

retirar o PIS, o PASEP, a COFINS, toda essa carga tributária desnecessária, da

alimentação básica da população brasileira.

Por isso, o convite de hoje — e aqui é um chamamento — é para que nós

troquemos a ideia do PT, de esperar 4, 5 anos pela aprovação de um projeto de lei.

Troquemos a ideia, se a Presidente não pôde atender à demanda do seu partido,

para que, no instrumento das medidas provisórias... E escolhemos uma medida

provisória que trata do Programa Minha Casa, Minha Vida, que, a exemplo do

Governo do PSDB de São Paulo, agora protege o direito das mulheres divorciadas.

Fazemos isso há muito tempo.

Tudo o que é bom e é para o bem da população brasileira precisa ser

copiado, como foi o Minha Casa, Minha Vida, na proteção das mulheres

desamparadas, e como agora nós fazemos, seguindo o exato texto proposto pelo

PT, para que não haja qualquer desconforto, para não dizerem que faltou uma

vírgula. A vírgula é exatamente a mesma proposta.

Portanto, Sr. Presidente, no prazo constitucional de trancamento das medidas

provisórias, na Medida Provisória 561, nós esperamos que os Líderes do PT façam

o encaminhamento pela aprovação da matéria, porque seguramente o PT, nesse

dia, estará encaminhando uma votação que vai contar com a unanimidade da

Câmara dos Deputados.

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Era isso, Sr. Presidente.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Muito obrigado, Deputado.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vou fazer uma correção para o

politicamente correto. Quando me referi às pessoas com deficiência, eu falei

portadores de deficiência. Mas são pessoas com deficiência. Não é, Deputada

Mara? (Pausa.)

O SR. HELENO SILVA (PRB-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Faça

a doação dessa cesta básica, Deputado, a uma associação.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação o projeto de lei de

conversão oferecido pela Relatora da Comissão Mista, ressalvados os destaques.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Aqueles que forem pela aprovação

permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADO.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Passamos aos destaques.

Destaque nº 1, para votação em separado da Emenda nº 7.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para falar a favor do destaque, Deputado

Rubens Bueno.

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero fazer um comentário breve.

Esta medida provisória que está sendo apresentada é num valor limitado, de

conceder subvenção econômica a essa situação, em que equaliza valores — e

também com relação a encargos financeiros — para atender às pessoas deficientes,

nesse relatório apresentado pela Deputada Mara Gabrilli. A defesa deste destaque é

de autoria da Deputada Carmen Zanotto, que, como eu já disse, não está presente

esta semana na Casa por estar em missão oficial.

Por isso eu registro, Sr. Presidente, que há um projeto já aprovado no

Senado. Vamos cobrar aqui das Lideranças, especialmente do Governo, que esse

projeto do Senador Paulo Paim chegue aqui, porque ali está premiada a questão do

autista.

Ouvi da Relatora, Deputada Mara Gabrilli, que dedica a sua vida a esta causa

— foram palavras dela, agora, aqui para nós —, que jamais faria uma injustiça com

relação aos autistas. Por isso, retiramos este destaque, em homenagem à Relatora

e ao seu trabalho, trazendo a mesma proposta para o embate, junto ao projeto do

Senador Paulo Paim, que já está aprovado no Senado e depende de aprovação

nesta Casa.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Pois não.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O destaque do Democratas foi retirado

também. É isso?

O SR. CLAUDIO CAJADO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Vamos retirar, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Então, o último destaque é do PSD, para

votação em separado da Emenda nº 19.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para falar a favor, o autor da emenda e

autor do destaque, Deputado Guilherme Campos.

O SR. GUILHERME CAMPOS (PSD-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, essa é uma emenda que nós já discutimos com a Relatora. S.Exa. teve

motivos, no geral, para negar a emenda colocada. Nós a destacamos,

principalmente, pelo fato de estarmos fomentando a indústria nacional no que

concerne à produção de equipamentos para pessoas com deficiência.

É uma emenda simples, objetiva e clara. Através de incentivos e de fomento à

pesquisa e à produção dos equipamentos, pela indústria nacional, nós estaremos

favorecendo e dando uma oportunidade a mais, uma opção a mais, aos portadores

com deficiência, de adquirirem produtos, o que, num círculo virtuoso, tanto

potencializa a indústria nacional quanto serve a todos os portadores de deficiência

do Brasil.

Por isso, Sr. Presidente, nós pedimos o apoio de todos os Parlamentares para

este destaque, que tem alcance social fantástico, dos dois lados: tanto para quem

precisa adquirir o equipamento quanto para aqueles que vão produzir, que, numa

escala maior, poderão atender a toda a população com deficiência do Brasil.

Eram essas as considerações, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Pois não.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para orientar.

Como vota o PT?

O SR. SIBÁ MACHADO (PT-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sobre o Destaque nº 19, Sr. Presidente, nós somos contra o destaque, pela seguinte

razão: o benefício dado pela medida provisória aos beneficiários não pode se

estender aos fabricantes, mesmo a pequenas e microempresas. Isso por quê?

Porque aí se dá a renúncia fiscal, é outra lógica. Foge completamente ao objetivo da

matéria.

Assim sendo, o PT encaminha o voto “não”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PMDB? (Pausa.)

Como vota o PSB? (Pausa.)

Como vota o PSDB? (Pausa.)

Como vota o PSD? (Pausa.) O PSD vota “sim”.

O SR. MARCOS MONTES (PSD-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, além de dizer que o PSD vota “sim”, eu quero aproveitar para

parabenizar a Deputada. Conheço profundamente essa história, como ex-Secretário

de Desenvolvimento Social de Minas Gerais, como médico e como pai de uma

cadeirante, e sei da importância da isenção e desse trabalho que a Deputada fez.

Por isso, meus parabéns, Deputada.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PR?

O SR. ANTHONY GAROTINHO (Bloco/PR-RJ. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, o PR vota “sim” e aproveita para comunicar que a sua

bancada, na sua grande maioria, vai reapresentar a CPI da CBF nesta Casa.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PP?

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O SR. JERÔNIMO GOERGEN (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Vota “sim”, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Democratas?

O SR. CLAUDIO CAJADO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

O DEM vota “não”, Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - DEM, “não”.

Como vota o PDT? (Pausa.)

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, para orientar pelo Bloco

PSB, a Deputada Luciana.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O PDT como vota?

O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Presidente, o BNDES já tem mecanismos de amparo à pequena e à média

empresas e não tem exclusão por atividade nesse caso. Então, já existe esse

amparo no BNDES.

Eu insisto apenas naquela questão inicial: o que o Governo poderia subsidiar,

a subvenção governamental, esta sim, poderia ser por entidade financeira oficial, em

vez de ser a União, no total de 25 milhões. Cada entidade, 25 milhões. Aí,

estaríamos avançando.

Neste caso, é uma boa intenção, mas que já está coberta pelo próprio

BNDES. Então, vamos votar “não”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Bloco PV/PPS?

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, na mesma linha: estamos tratando aqui de pessoa física.

Na mesma linha, apesar da boa intenção do destaque, da emenda apresentada, não

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se justifica nesta medida provisória e dentro desse relatório da Deputada Mara

Gabrilli.

Por isso, o Bloco PV/PPS vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O PSC como vota?

O SR. EDMAR ARRUDA (PSC-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, há nesse projeto um incentivo claro aos portadores de deficiência. Nós

não podemos, de forma alguma, fazer com que parte desses recursos, que, segundo

estimativa colocada no relatório da Deputada, devem chegar à casa dos 100 milhões

de reais, de financiamento em todo o Brasil... Parece um número grande, mas não é,

sabendo-se do número de pessoas que precisam e vão precisar desses recursos.

Como já foi dito, existe uma linha de crédito, o cartão BNDES, linha de crédito

através do BNDES, com uma taxa de juros de 6,75% ao ano. Portanto, já com um

subsídio considerável. Eu penso que não dá para misturarmos aqui as duas coisas.

Por isso, o PSC vota “não”, justificando que esses recursos, esse incentivo

deve ser exclusivamente para o portador de deficiência.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. CLAUDIO CAJADO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, pela ordem.

Tenho aqui em mão o teor da emenda. O Democratas, diante da justificativa

apresentada, vai mudar o voto para “sim”. A emenda pretende incentivar as

pequenas e microempresas que desejem fabricar tecnologia assertiva. Portanto, é

um benefício para que as pequenas empresas entrem nesse mercado que nós

estamos agora fomentando e acessando, para uma parcela da população que tem

deficiência e que não tem esses recursos.

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Portanto, nada mais justo do que incentivar a indústria nacional, de pequenas

e microempresas. Então, os democratas orientam o voto “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PRB?

O SR. HELENO SILVA (PRB-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, temos que parar, aqui na Câmara dos Deputados, com esse costume de

tentar dar um jeitinho às medidas provisórias, desvirtuando o seu objetivo.

A medida provisória é clara: o seu objetivo é o de abrir linhas de crédito para

os portadores de deficiência. A emenda caberia muito bem na Medida Provisória nº

549, que fala sobre isso. Não é o caso desta medida provisória.

Por isso, nós do PRB, para manter o texto e a coerência, votamos “não”, Sr.

Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSOL?

O SR. CHICO ALENCAR (PSOL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, estou aqui ao lado do autor da proposta, que é muito correta. Aliás,

volta e meia eu vejo aqui quase que uma sacralização das pequenas e

microempresas. Correto. Você democratiza a economia. Nós temos essa posição.

Neste caso, mais do que benemérito, de abrir linhas de financiamento para

essas pequenas e microempresas que produzam instrumentos e tecnologia para

portadores de pessoas com deficiência, é meritório, é justo, é correto. Eu não estou

entendendo o porquê dessa resistência.

O nosso voto é “sim”, porque se atende a dois polos fundamentais: ao

humano, que está dentro da visão da medida provisória, do projeto; e ao econômico,

para inclusive começar a ser quebrado o monopólio das grandes empresas.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PMN?

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O SR. DR. CARLOS ALBERTO (PMN-RJ. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, faço minhas as palavras do Deputado Miro Teixeira. E o

PMN vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota a Minoria?

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Pela ordem. Sem

revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu acho que há um equívoco na orientação do

PT. O PT deveria olhar bem o texto da emenda. A emenda diz assim: “Estabelece-

se facilitação na obtenção de financiamentos destinados às micros e pequenas

empresas”. Nada mais do que isso! É apenas “estabelece-se facilitação”. Nada mais.

É uma intenção, apenas uma orientação. É um rumo, é um azimute.

Por que votar contra algo tão bom, tão pertinente, tão útil à Nação, que

estimula essas pequenas empresas?

Votamos “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Governo? (Pausa.)

Como vota o PMDB?

O SR. MARCELO CASTRO (PMDB-PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, o PMDB, embora admitindo que a emenda seja meritória, entende

que esta medida provisória tem uma finalidade precípua, que é a de trazer recursos

subsidiados para as pessoas portadoras de deficiência.

Se pegarmos esses recursos, que são finitos, que têm um teto, e ainda

colocarmos empresas para receberem esses recursos, poderemos fazer, com a

melhor das intenções, uma coisa negativa para a finalidade da medida provisória.

Por essas razões, o PMDB vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Bloco?

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A SRA. LUCIANA SANTOS (Bloco/PCdoB-PE. Pela ordem. Sem revisão da

oradora.) - “Sim”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSDB?

O SR. OTAVIO LEITE (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, a intenção do eminente Deputado Guilherme Campos é muito legítima e

válida. É uma oportunidade legislativa que o eminente Deputado identificou como a

chance de fortalecer a ideia de que as pequenas e as microempresas brasileiras...

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - V.Exa. está falando em nome de quem,

Deputado?

O SR. OTAVIO LEITE - Pelo PSDB.

A SRA. IRACEMA PORTELLA (PP-PI. Pela ordem. Sem revisão da oradora.)

- Sr. Presidente, houve um engano. O PP vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O PP vota “não”.

O PSDB como vota?

O SR. OTAVIO LEITE (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Olha a fidelidade partidária. E eu a tenho plena. Esteja certo.

Mas, Sr. Presidente, eu aqui falava da legitimidade que possui o Deputado

Guilherme, de defender as pequenas e as microempresas — é uma vertente

importante do seu mandato. E o fez nesta oportunidade legislativa, que se

apresentou através de uma MP, para que se estendessem também linhas de

financiamento àquelas pequenas e microempresas que fabriquem artigos de

tecnologia “assistiva”. Aliás, são poucas no Brasil.

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Sabemos que há, nesse conjunto de propostas da Presidenta Dilma, outra MP

que versa sobre redução de carga tributária para importação de equipamentos de

tecnologia “assistiva”. Nada contra. É importante, facilita e traz oportunidades para

os deficientes, de terem independência e autonomia maior. Mas é fundamental

fortalecer a indústria brasileira. Isso é fundamental. E não está no texto nem desta

MP nem da outra MP. Mas haverá também outras emendas nas demais.

Quanto à ideia em si, ela é mais válida do que um preciosismo jurídico. Ou

seja, votaremos a favor, “sim”, à emenda do Deputado Guilherme Campos.

Obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Prorrogo a sessão por mais 1 hora.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O Governo quer falar?

O SR. ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, primeiro, nós queríamos ponderar que o texto...

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Líder, a vontade de cortar a sua palavra

é grande. (Riso.) Para acelerar a votação, Deputado Arlindo Chinaglia.

O SR. ARLINDO CHINAGLIA - Sr. Presidente, V.Exa. sempre foi muito

generoso comigo. Entendi o recado.

Mas qual é a questão sobre a qual se faz necessária a minha intervenção?

Quero chamar a atenção para o texto. Ele começa dizendo: “Estabelece-se

facilitação na obtenção de financiamentos destinados” etc. Há dúvida jurídica quanto

ao que quer dizer esse “estabelece-se”. Pode ser impositivo ou pode ser

autorizativo.

Segundo: o objeto da subvenção da medida provisória é a pessoa com

deficiência e não a empresa. É claro que poderia haver um aporte para a empresa,

mas qual é o problema? Como seria feito o controle, para beneficiar as pessoas com

deficiência mais pobres? Não há como fazer o controle.

Não queremos atribuir essa má intenção às empresas, mas queremos chamar

a atenção para o fato de que temos que legislar com esta dimensão, de que amanhã

o objeto específico, muito bonito, da medida provisória não se perca.

Por isso, encaminhamos “não” a esta emenda.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Muito obrigado, Deputado Arlindo

Chinaglia.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Aqueles que forem pela aprovação da

emenda permaneçam como se encontram. (Pausa.)

A EMENDA FOI...

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Aprovada. É evidente, Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vou repetir a votação.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - As Sras. e os Srs. Parlamentares que

forem pela aprovação da emenda permaneçam como se acham. (Pausa.)

A EMENDA FOI REJEITADA.

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O SR. GUILHERME CAMPOS (PSD-SP) - Peço verificação, Sr. Presidente.

O SR. SIBÁ MACHADO (PT-AC) - O PT pede verificação conjunta,

Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - A Presidência solicita às Sras.

Deputados e aos Srs. Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a

votação pelo sistema eletrônico.

Está iniciada a votação.

Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Aviso a V.Exas. que haverá sessão

extraordinária na sequência, ao final desta votação.

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O SR. CLAUDIO CAJADO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o partido Democratas pede a todos os seus membros que acorram

ao plenário, porque estamos em processo de votação nominal, e orienta a sua

bancada a votar “sim”.

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O SR. AMAURI TEIXEIRA (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, primeiro, quero lembrar que haverá outra votação nominal. Então, peço

a todos do PT e a todos os colegas... Lembro que haverá outra votação nominal

para a escolha do membro do Conselho Nacional do Ministério Público.

Segundo registro, Sr. Presidente: o Sindicato Nacional dos Procuradores da

Fazenda Nacional está fazendo uma campanha pela reforma tributária, já, e pelo

combate à sonegação. Dentre outros pontos da campanha, a simplificação do

sistema tributário, a redução da carga tributária e o fortalecimento da...

(O microfone é desligado.)

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Concedo a palavra ao Deputado Lincoln

Portela, para falar como Líder do Bloco PR/PTdoB/PRP/PHS/PTC/PSL/PRTB.

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PR-MG. Como Líder. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, os sete Senadores do Partido

da República tomaram uma posição agora, nesta tarde e noite, de rompimento com

o Governo Federal.

Quero deixar bem claro que não é uma posição da Câmara dos Deputados e

não é uma posição de partido. A Executiva Nacional do partido não se reuniu, o

partido ainda não foi ouvido em seus Estados, nem os nossos Parlamentares desta

Casa.

Então, quero deixar bem claro que respeito a posição dos Senadores, no

Senado Federal. Não conversei com eles para ter a definição sobre a motivação

deste posicionamento. E quero deixar bem claro, até mesmo ao nosso bloco e à

minha bancada, que nós aqui na Câmara dos Deputados, pelo fato de não ter sido

uma posição de partido, continuamos numa posição de independência e votaremos

como temos votado sempre, entendendo que os projetos que são bons para o Brasil,

que os projetos que são bons para a classe trabalhadora, que os projetos que são

bons para os menos favorecidos o Partido da República continuará votando de

acordo com a orientação que for mais clara para o Brasil.

Continuaremos na mesma posição, nesta posição de independência. Eu

estarei me reunindo com a nossa bancada. Por certo, na semana que vem

procurarei os Deputados Federais. E conversaremos, e dialogaremos sobre a

posição do Senado Federal. Mas, por ora, entendemos que devemos continuar

nesta posição de independência. Diga-se de passagem, independência essa que foi

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primeiramente pedida por este Parlamentar que vos fala. Quem mais defendeu a

posição de independência fui eu. E essa posição foi tomada após ter ouvido todos

os Parlamentares do partido. E, pelo menos com 90% dos Parlamentares desta

Casa, nós tomamos esta posição. Noventa por cento foram favoráveis.

Vamos ouvir o partido — os Deputados Federais, os nossos Vice-Líderes, os

nossos Presidentes de Comissão e os nossos Diretórios Estaduais. Vamos

conversar também com a Executiva Nacional.

Por ora, o Partido da República, na Câmara dos Deputados, continua numa

posição de independência, aberto ao diálogo, aberto para conversarmos com todos

os setores, para conversarmos com os nossos Senadores, para conversarmos com

a Executiva Nacional, para conversarmos com o Governo. Então, estamos nesta

posição, para deixar bem claro.

A própria imprensa tem-me procurado. Então, já estou fazendo este

esclarecimento de público, da tribuna desta Casa, para dizer que o Partido da

República continua, na Câmara dos Deputados, numa posição de independência.

Era o que eu tinha a dizer, em nome do partido na Câmara dos Deputados.

Obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para falar pela Liderança do Governo,

concedo a palavra ao Deputado Arlindo Chinaglia.

Vou encerrar a votação logo depois da fala do Deputado Arlindo Chinaglia.

O SR. ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, em nome do Governo, quero dizer que a bancada do PR é

fundamental para os projetos do Governo.

Quero cumprimentar e agradecer ao Líder Lincoln Portela e à bancada do PR

aqui na Câmara dos Deputados, porque, num exercício, eu diria, de paciência, no

exercício de fazer várias reuniões, como o Líder aqui relatou, creio que vai permitir

que possamos, a partir da Câmara dos Deputados, construir a melhor relação

possível com o PR, assim como a que temos com os vários partidos que compõem a

base.

Quis fazer este registro para, ao mesmo tempo, cumprimentar a bancada do

PR, através do seu Líder, e me colocar à disposição, para que possamos, nos

limites do Parlamento, fazer este debate da maneira mais clara, mais leal, como

sempre fizemos. E aqui nós já temos experiência de longa data.

Então, quero agradecer e cumprimentar o Líder Lincoln e me colocar à

disposição de S.Exa. e da bancada para fazer as tratativas.

Obrigado, Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O Deputado Ademir Camilo tem a

palavra. Já estava inscrito anteriormente. Depois, o Deputado José Airton Cirilo.

O SR. ADEMIR CAMILO (PSD-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero solicitar de V.Exa. uma informação: encontra-se na Mesa o

Requerimento de Urgência nº 4.473?

E informo a V.Exa. que, conversando com todos os Líderes, vimos que há

consenso para que se vote a urgência do PL nº 99, que regulamenta a profissão de

motorista. Posteriormente, poderíamos discutir o mérito da matéria.

Eu queria verificar com V.Exa. se isso vai constar da pauta da reunião

extraordinária e informar, mais uma vez, o consenso de todos os Líderes, assinado e

ratificado aqui no plenário, inclusive pelo Governo.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vai constar da pauta, Deputado.

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O SR. HELENO SILVA - Sr. Presidente, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Com a palavra o Deputado José Airton

Cirilo.

Vou chamar pela ordem de inscrição junto à Mesa, os oradores que estão

inscritos.

O SR. JOSÉ AIRTON (PT-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Eu

estou inscrito aí, Excelência. Vim para defender a medida provisória.

Sr. Presidente, tive o privilégio de ser o Relator do projeto de lei que criou a

Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que hoje

está vinculada à Secretaria de Direitos Humanos. E, para a criação da Secretaria

Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, fizemos um

debate caloroso, um debate extremamente rico, que deu uma contribuição muito

importante para que pudéssemos valorizar essas pessoas que são portadoras de

deficiência e que, ao longo dos anos, sofreram um processo continuado de

discriminação.

A Medida Provisória nº 550 é uma das medidas que o nosso Governo

apresenta para valorizar, para incentivar, para apoiar, para dar mais condições aos

portadores de deficiência do nosso País, que, historicamente, não tiveram o

reconhecimento, o apoio e a importância que merecem.

Por isso, nós entendemos que o apoio a esta medida provisória é um passo

muito importante, porque vai propiciar condições de financiamento, melhores

condições, para esse segmento ter a oportunidade de adquirir produtos,

equipamentos que vão minimizar o sofrimento dos deficientes no Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputado Heleno Silva, V.Exa. tem a

palavra.

O SR. HELENO SILVA (PRB-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Obrigado, Sr. Presidente.

Eu gostaria de registrar a reunião que tivemos hoje com a bancada do

Nordeste, na qual discutimos os problemas enfrentados pelos agricultores

nordestinos: as dívidas dos agricultores; a pressão do Banco do Nordeste; os leilões

de propriedades, de pequenas propriedades. A bancada do Nordeste discutiu e

produziu uma carta, que o coordenador da bancada do Nordeste, Deputado

Gonzaga Patriota, está enviando à Presidenta Dilma.

Não adianta mais falar com o Ministério da Fazenda, que não nos ouve; com

o Ministério da Integração Nacional, que não nos ouve. Nós precisamos fazer um

apelo à Presidenta Dilma, para que nos receba, para que receba uma comissão de

Deputados do Nordeste.

Sr. Presidente, são mais de 200 mil os produtores rurais cujas propriedades

estão indo a leilão. São pequenos produtores rurais. Eu não falo dos grandes. Será

um caos social e econômico na nossa região.

Quero fazer um apelo à Presidenta, em nome do coordenador Gonzaga

Patriota, para que receba uma comissão de Deputados do Nordeste, para

discutirmos, olho no olho, com a Presidenta, o problema dos produtores rurais do

Nordeste.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vou concluir a votação. (Pausa.)

O SR. CESAR COLNAGO - Sr. Presidente, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vou concluir a votação, Deputado.

Deputado Dr. Aluizio, V.Exa. tem a palavra.

O SR. DR. ALUIZIO (Bloco/PV-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Exmo. Sr. Presidente, enquanto esta Casa vota a brilhante Medida Provisória nº 550,

relembra-se em Macaé, hoje, o acidente da P-36, uma plataforma que afundou,

marcando toda a história da indústria do petróleo, não só no Brasil, mas também no

mundo, com a plataforma no fundo do mar, 11 trabalhadores mortos e a insatisfação

e a infelicidade de toda uma família do petróleo.

Por coincidência triste, ontem outra plataforma pega fogo na Bacia de

Campos. Agora, a SS-39, no Campo de Albacora, a 100 quilômetros da costa de

Macaé.

Para a infelicidade da sociedade brasileira, ainda não foi aprovado o Plano de

Contingenciamento Nacional. Portanto, fica daqui registrada a insatisfação desta

Casa com a falta desse Plano de Contingenciamento.

Muito obrigado, Excelência.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Encerrada a votação.

Votaram “sim”, 177; votaram “não”, 192. Total: 369.

REJEITADA A EMENDA.

Mantido o texto original.

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O SR. MARCELO AGUIAR (PSD-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, votei com o partido, o PSD.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Pois não.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Há sobre a mesa e vou submeter a votos

a seguinte

REDAÇÃO FINAL:

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Os Srs. Deputados que a aprovam

permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADA.

A matéria vai ao Senado Federal, incluindo o processado.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Com isso, está encerrada a Ordem do

Dia.

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O SR. ANTÔNIO ROBERTO (Bloco/PV-MG. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, votei conforme o partido.

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Quem votar na próxima votação nominal

consolida esta votação.

O SR. SALVADOR ZIMBALDI (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, votei com o partido.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vou encerrar esta sessão e convocar

sessão extraordinária, com a pauta que eu havia falado anteriormente. E vamos

costurar o acordo para a votação.

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O SR. ROGÉRIO CARVALHO (PT-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, votei com o meu partido.

O SR. JOSÉ GUIMARÃES (PT-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei com o meu partido, na votação anterior.

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PRONUNCIAMENTOS ENCAMINHADOS À MESA PARA

PUBLICAÇÃO

O SR. RENATO MOLLING (PP-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tramita nesta Casa o Projeto de Lei

Complementar nº 378, de 2006, de autoria do nobre Deputado Antonio Carlos

Mendes Thame. O objetivo da proposição é fixar um prazo de vigência para a

contribuição social de 10% paga pelos empregadores em caso de despedida sem

justa causa do empregado, instituída pelo art. 1º da Lei Complementar nº 110, de

2001.

O projeto foi aprovado por unanimidade pelos membros da Comissão de

Trabalho, de Administração e Serviço Público. Por sugestão do Relator, acolhida

pela Comissão, o parecer incorporou substitutivo que determina a imediata extinção

da referida contribuição social de que tratamos. Tal sugestão se deve ao fato de

que, na ocasião em que a Comissão analisou a matéria, o passivo que deu origem à

contribuição adicional já se extinguira. Também a Comissão de Finanças e

Tributação e a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania já se

manifestaram favoravelmente à iniciativa.

A acolhida que o projeto recebeu nas Comissões da Casa decorre da

percepção de que a permanência desse tributo é mais um peso para o nosso setor

produtivo.

Em 2001, os empregadores foram convocados pelo Estado brasileiro a

socorrer as finanças do FGTS. Na ocasião, a saúde financeira do Fundo estava

seriamente ameaçada, porque decisões judiciais que lhe impunham o dever de

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pagar diferenças apuradas nas contas vinculadas dos trabalhadores em razão de

expurgos inflacionários dos planos de estabilização econômica havidos antes do

Plano Real.

O direito assegurado aos trabalhadores projetou um rombo de bilhões de

reais nas contas do Fundo. Nessa hora grave, o empresariado nacional compareceu

solidariamente e ajudou de forma decisiva a pagar a conta, por meio da contribuição

de 0,5% sobre os depósitos mensais no FGTS durante um período de 60 meses e

do adicional de 10% sobre o saldo da conta do FGTS quando da rescisão do

contrato de trabalho. Esta última, sem prazo para terminar.

Não cabe aqui debater em profundidade o mérito do projeto, pois isso já foi

feito pelas Comissões a que foi distribuída a matéria e o será novamente pelo

Plenário da Casa. Porém é impossível não manifestar nossa indignação com a

prevalência dessa exação sobre os empregadores brasileiros.

No momento em que os empresários nacionais foram chamados ao esforço,

compareceram para colaborar com o País. Naquele momento, dizia-se, o FGTS não

suportaria o encargo financeiro e entraria em colapso.

Hoje, graças à estabilidade e ao crescimento econômico que logramos

experimentar na última década, a situação do Fundo é muito diversa. Desde o ano

de 2000, o FGTS apresenta arrecadação líquida positiva, e, já no início do ano de

2007, havia liquidado totalmente o passivo que deu origem à contribuição.

A arrecadação do FGTS, felizmente, continua prosperando. De acordo com

as demonstrações contábeis de 2010, o Fundo arrecadou mais de 61 bilhões de

reais (R$61.797.213.000,00). Dessa massa de dinheiro, destacamos que a

contribuição adicional respondeu por pouco mais de 2 bilhões (R$2.377.462,000,00),

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344

ou seja, 3,8% do total arrecadado. A arrecadação líquida foi recorde e superou a

cifra de 11 bilhões (R$11.906.903.000,00). As demonstrações contábeis relativas ao

ano de 2011 ainda não foram publicadas, mas acreditamos que, se não se repetir

um novo recorde arrecadatório, deverá ser mantida a tendência de alta verificada ao

longo da última década.

Assim, concluiu-se, com facilidade, que a permanência da contribuição

adicional não se justifica. A extinção desse tributo significaria uma perda de receita

de menos de 4%, percentual perfeitamente absorvível pelo FGTS, conforme se vê

pelos números citados acima.

Ora, o que temos, então, além de uma injustiça para com o empresário

nacional, que não negou sua colaboração quando o País dele precisou, é a

constatação de um Estado avaro, que pratica uma impiedosa exação mesmo

quando os valores arrecadados não são significativos para as suas necessidades de

financiamento.

Os recursos obtidos com a contribuição adicional, que ora são drenados das

empresas, pouco representam para a massa de valores arrecadados pelo Fundo.

Por outro lado, são preciosíssimos para a valorosa classe empresarial,

especialmente para aquelas indústrias que sobrevivem com um orçamento apertado

e em ambiente de elevada competição.

Citamos aqui, a título de exemplo, o setor moveleiro gaúcho, representado

pela Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul,

MOVERGS. Inclusive, na ultima semana, juntamente com a Conselheira da entidade

Maristela Longhi, fizemos uma visita ao Presidente da Câmara dos Deputados,

Marco Maia, a quem apelamos para que o projeto seja votado pelo Plenário desta

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Casa.

São 2,7 mil indústrias no setor moveleiro, a maioria pequena ou média, com

faturamento inferior a 600 mil reais por mês. Essas empresas trabalham com

faturamento baixo e margem de lucro apertadíssima. Um alívio na carga tributária é

fundamental para a sobrevivência desses estabelecimentos. Não é admissível, Srs.

Deputados, que a Lei Complementar nº 110, de 2001, continue a drenar recursos

dessa gente que necessita de cada real para investir apenas para entregá-los ao

bilionário FGTS, que desse dinheiro já não precisa.

Fazemos aqui também um apelo à Presidente Dilma Rousseff, lembrando seu

firme compromisso, traduzido no plano Brasil Maior, lançado em agosto de 2011, de

aliviar o peso dos encargos sobre a folha de pagamento e fortalecer a indústria

nacional. A propósito, pude ser o Relator nesta Casa da Medida Provisória nº 540,

de 2011, uma das propostas que fizeram parte do plano. O foco foram medidas de

desoneração de encargos, como forma de liberação das forças produtivas para

competir e crescer.

Pedimos o seu apoio, Presidente Dilma, para incorporar a revogação da

contribuição aqui tratada nas medidas de alívio previstas no Brasil Maior.

E pedimos também aos nobres colegas que nos apoiem nesta luta pela

aprovação do Projeto de Lei Complementar nº 378, de 2006, pois essa é uma causa

de elevado interesse para o País.

Peço que este discurso seja registrado nos órgãos de comunicação desta

Casa.

Muito obrigado.

Eram essas as minhas considerações.

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PR-PE. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aspiração histórica das populações do

interior de Pernambuco e bandeira de atuação deste Parlamentar, a Adutora do

Agreste está cumprindo etapas para ser concretizada, tendo sido realizada

audiência pública para a contratação das obras, conforme estabelece a legislação.

Megaempreendimento hídrico, considerado um dos maiores de todo o País, a

adutora irá universalizar o abastecimento d'água para uma população de 2 milhões

de pessoas de 68 Municípios e 80 localidades do agreste e sertão de Pernambuco.

Será alimentada pela transposição de águas da Bacia do Rio São Francisco

através de um canal de 287 quilômetros do chamado Eixo Norte. Os investimentos

orçamentários são da ordem de R$1,4 bilhão, sendo R$1,3 bilhão do PAC, através

do Ministério da Integração Nacional, e uma contrapartida de R$100 milhões do

Governo do Estado. Depois da realização de audiência pública, o próximo passo

será a contratação das obras, já garantidos os recursos orçamentários, o que deverá

ocorrer nos próximos meses.

Movido a eletricidade, o sistema hídrico irá realizar licitação para a parte

elétrica.

Incluída no Programa de Aceleração do Crescimento — Recursos Hídricos do

Governo Federal, esta obra insere-se no projeto de transposição de águas do Rio

São Francisco e integração das bacias do Nordeste, que irá beneficiar uma

população total de 12,5 milhões de habitantes nos Estados de Pernambuco,

Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Em Pernambuco, este será o maior empreendimento hídrico a ser executado

pelo Governo do Estado através da COMPESA. Por se tratar de um megaprojeto, a

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primeira etapa está dividida em três lotes. O primeiro lote prevê a construção de uma

estação elevatória e uma estação de tratamento, adutoras e reservatórios. Para o

segundo lote, haverá uma adutora de água tratada e estação elevatória, que irão

atender os Municípios de Arcoverde, Alagoinha, Venturosa, Pedra e Buíque. O

terceiro lote terá também uma adutora de água tratada e uma estação elevatória,

abrangendo as cidades de Tupanatinga, Itaíba, Águas Belas e Iati.

Na segunda etapa, serão implantados 250 quilômetros de adutora para

atender aos Municípios de Tacaimbó, São Caetano, Caruaru, Bezerros, Gravatá,

Brejo da Madre de Deus, São Vento do Uma, Lajedo, Cachoeirinha, Toritama e

Santa Cruz do Capibaribe.

O cronograma prevê que até 2014 as obras da Adutora do Agreste estarão

concluídas. Nesta última etapa serão atendidos os Municípios de Tacaimbó, São

Caetano, Caruaru, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe e cidades circunvizinhas.

A adutora irá percorrer, ao todo, 1.300 quilômetros de tubulações, para

garantir o abastecimento das populações nos próximos 30 anos. Os técnicos

explicam que haverá a adução de 4 mil litros por segundo através do Ramal do

Agreste, que deriva do Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco.

Este Ramal do Agreste é obra fundamental para que a adutora seja concretizada.

Quando estiver concluída, junto com a Adutora do Oeste e o Sistema

Pirapama, na Região Metropolitana do Recife, Pernambuco irá dispor de

infraestrutura hídrica privilegiada no cenário nacional, em condições de atrair

empreendimentos industriais de grande porte para gerar prosperidade e melhorar a

qualidade de vida das populações.

Eis, portanto, mais um empreendimento grandioso do Governo Federal em

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parceria com o Governo do Estado de Pernambuco, como parte do Programa de

Aceleração do Crescimento — Recursos Hídricos.

Desenvolvimentista, municipalista e adepto da interiorização e da

prosperidade nacional, sinto-me gratificado com a concretização do projeto da

Adutora do Agreste, cujas obras estão sendo tocadas e priorizadas pelos nossos

governantes federais e estaduais.

Muito obrigado.

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O SR. ROBERTO DE LUCENA (Bloco/PV-SP. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesta oportunidade, registro meu

contentamento com a maravilhosa reação de pessoas de diversos pontos do País,

demonstrada recentemente, contra os frequentes casos de maus-tratos em animais.

Graças a manifestações como a ocorrida no dia 22 de janeiro, a população

vai se tornando cada vez mais atenta, indignada e disposta a denunciar esse tipo de

abuso. Unidos sob o lema Crueldade Nunca Mais, milhares de cidadãos saíram às

ruas, em cerca de 170 cidades, a fim de chamar a atenção para o problema e

reivindicar mudanças na atual legislação que rege a matéria.

Entre as mudanças pretendidas, destaca-se maior severidade na aplicação de

punições aos praticantes desse crime brutal. A Lei nº 9.605/98, em vigor, já

estabelece, em seu art. 32, pena de detenção de três meses a um ano, além de

multa, para quem “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais

silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”. Essa pena pode ser

agravada de um sexto a um terço, caso o animal venha a morrer.

Entretanto, como acontece com tantas outras leis, essa acaba não sendo

posta em prática com todo o seu rigor, e, assim, mesmo quando é evidente a autoria

de delito, mesmo quando há condenação, é raro alguém cumprir a sanção prevista

integralmente.

Talvez a sensação de impunidade gerada dessa forma ajude a explicar a

preocupante multiplicação de comportamentos que agridem os princípios básicos de

civilidade e chegam ao ponto de desumanizar seus perpetradores. Exemplos não

faltam de episódios nos quais a violência empregada, até contra animais de

estimação, atinge grau de barbárie capaz de fazer duvidar da própria condição

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humana e embaçar a distinção entre homens e feras.

Nesse sentido, são emblemáticas as cenas veiculadas pela imprensa e pela

Internet do espancamento de um cãozinho da raça yorkshire, ocorrido na cidade de

Formosa, em Goiás, no entorno da Capital Federal, em novembro do ano passado.

O bichinho não resistiu aos ferimentos e morreu 2 dias após ter sofrido a agressão.

A crueldade de tal ato fica ainda mais patente quando se considera o

pequeno porte e o temperamento afável característicos dessa raça. Além disso,

deve-se levar em conta que o ataque foi desferido justamente por quem deveria

zelar pelo bem-estar do animal, sua dona, incapaz de se controlar mesmo na

presença da própria filha de apenas 3 anos de idade.

Segundo os vizinhos, os maus-tratos eram constantes. Por que, então, nunca

foram comunicados às autoridades? Quem sabe isso pudesse ter evitado o trágico

desfecho.

Infelizmente, agora não há meios de devolver a vida ao cãozinho, nem de

apagar as imagens chocantes da memória da criança, nem de impedir que o

sentimento de culpa venha se abater sobre a agressora. Só resta o consolo de

procurar extrair alguma lição desse triste acontecimento.

Convém lembrar que, em passado não muito remoto, a violência contra

mulheres e crianças, partindo, muitas vezes, de membros da família, era

considerada assunto a ser resolvido no âmbito doméstico. O enfrentamento da

questão apenas se tornou efetivo quando a sociedade passou a repudiar

publicamente ação de tamanha covardia.

Por analogia, a recente manifestação nacional de protesto contra os maus-

tratos em animais, cujo estopim foi a barbaridade cometida em Formosa, pode

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marcar o início de um processo de mudança também desse tipo de comportamento.

Clamando por maior rigor da legislação e alertando para a necessidade de maior

conscientização a respeito do problema, a beleza e a importância dessa

manifestação se evidenciam em seu caráter essencial de defesa da vida e de

respeito a todos os seres, sejam humanos, sejam animais.

Muito obrigado.

Que Deus abençoe o Brasil.

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O SR. FÁBIO SOUTO (DEM-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, um dos principais jornais do País traz, na edição

de hoje, matéria de página inteira que todos os eleitores brasileiros deveriam ler.

Acredito, no entanto, que a leitura acarretaria um sentimento de indignação e levaria

à reflexão sobre a validade ou não do voto nas eleições de 2010.

A notícia mostra que o Governo Federal abandonou sua principal promessa

de campanha para a área de segurança. A Presidência da República engavetou o

plano nacional de instalação das UPPs, as Unidades de Polícia Pacificadora. O

projeto, que fazia parte do PAC 2, simplesmente acabou. Prometeram a construção

de 2.883 postos de polícia comunitária em todo o Brasil, e até agora nenhum, repito,

nenhum real foi gasto na ação, segundo dados do próprio Governo. Ora, usaram de

demagogia para iludir o povo brasileiro. E trata-se de um setor tão carente, tão

necessitado de melhorias e de investimentos. Além de mentir e enganar a

população, não corrigiram as falhas na segurança pública, atormentando os

cidadãos, que, sem proteção, se agarram esperançosos a promessas esquecidas,

abandonadas e não cumpridas.

Trata-se de uma mentira vendida de forma muito cara para os brasileiros.

Talvez a iniciativa de criar as quase 3 mil UPPs nunca tenha feito parte dos reais

planos deste Governo, visto que o próprio Ministério da Justiça reconhece que a tal

proposta, feita na antiga gestão, encampada e alardeada na campanha de 2010, foi

calculada equivocadamente, ou seja, que o plano nacional de polícia comunitária era

impossível de ser implementado, portanto não seria, deveras, concluído. A Pasta

informou que, com base nos dados do projeto, não haveria sequer efetivo policial

para ocupar as bases pacificadoras em algumas cidades. Mentira que custou ao

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Brasil, talvez, a eleição de um Governo que não cumpre promessas, que não se

importa com a segurança da população.

Para construir as Unidades de Polícia Pacificadora em todo o Brasil, o

Governo Federal pretendia gastar cerca de R$ 1,6 bilhão. Nem 1 real desse

montante foi empenhado efetivamente até agora. E não o será. O programa foi

definitivamente abandonado. Diz-se que agora os recursos serão usados em ações

de combate ao crack e investimento no policiamento de fronteira, questões

realmente muito importantes, mas que não apagam o erro cometido.

Enquanto isso, nobres pares, os Estados que sofrem com o aumento contínuo

e desenfreado da violência são obrigados a apelar para a iniciativa privada para

garantir segurança à população. Foi o que aconteceu na Bahia, meu Estado. O

dinheiro estadual não foi suficiente para construir UPPs. Faltava tinta, material de

construção, móveis, bem como ainda falta verba para pagar mais dignamente os

policiais que trabalham pela segurança da população. Não esqueçamos a greve

recente que deflagrou o descaso com a classe policial.

Eu pergunto ao Governo Federal que tipo de atitude será tomada para

garantir segurança para a população brasileira. O povo acreditou na promessa, feita

de forma demagógica e descomprometida, e está, novamente, desamparado. As

UPPs são eficazes na redução de homicídios, na diminuição de casos de vítimas de

balas perdidas, no aumento do acesso a serviços públicos e privados nas áreas

atendidas. O Rio de Janeiro já vivencia esse clima de melhoria. Sabemos da força

desse instrumento de segurança. É preciso saber apenas se o Governo está

disposto a cumprir as promessas, se vai alentar a população, que está refém da

criminalidade, ou se vai fazer apenas o que lhe convém momentaneamente e vai

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continuar cortando gastos do Orçamento e ferindo áreas tão carentes.

Peço à população brasileira que enxergue a forma desrespeitosa como o

nosso País está sendo governado. A economia decaiu, a indústria quase parou, a

corrupção não tem fim, os serviços públicos estão cada vez mais precários, e agora

as promessas boas de governo não são cumpridas. Os cidadãos precisam acordar e

cobrar que se governe para o povo e para o futuro do País e não para o sucesso de

eventos momentâneos e para os interesses internacionais. Parece que a

preocupação com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos é maior que o

comprometimento com o bem-estar dos brasileiros.

Muito obrigado.

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A SRA. IRACEMA PORTELLA (PP-PI. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a escola desempenha um papel fundamental na

luta contra as drogas. No ambiente escolar, podem e devem ser desenvolvidos

projetos de prevenção e esclarecimento sobre os riscos que as crianças e os

adolescentes correm ao se envolverem com as drogas.

Infelizmente, estamos vivendo hoje no Brasil o que poderíamos chamar de

epidemia do uso do crack e de outras drogas. Trata-se de um problema que atinge

todo o País, desde os pequenos Municípios até os grandes centros urbanos.

Diante desse fenômeno que tem desafiado todos nós, os governos estaduais

e municipais vêm tomando providências em várias áreas, com a adoção de políticas

públicas para dar respostas concretas a milhares de famílias brasileiras que sofrem

com a dependência química.

É importante que essas boas práticas na luta contra as drogas sejam

divulgadas para que estados, municípios e Governo Federal possam trocar ideias,

experiências e impressões sobre as políticas públicas no setor.

Pensando nisso e na importância que a educação tem nessa batalha,

apresentei Projeto de Indicação nº 2.692/2012 ao Executivo, para que seja criado,

no portal do Ministério da Educação na Internet, um espaço destinado à

disseminação das melhores práticas de prevenção de drogas adotadas nos sistemas

de ensino estaduais e municipais.

Lamentavelmente, as ameaças a crianças e jovens brasileiros, relacionadas

ao uso e tráfico de drogas, começam na escola. E o consumo de drogas, entre as

quais, o crack, com seus conhecidos efeitos devastadores, tem crescido entre os

jovens.

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Para enfrentar essa realidade, Estados e Municípios têm procurado

estabelecer programas e ações, muitas vezes de forma isolada, sem que

experiências importantes cheguem ao conhecimento de gestores de outras

localidades, que poderiam se inspirar nos exemplos positivos.

O Decreto nº 7.179/2010, que Institui o Plano Integrado de Enfrentamento ao

Crack e outras Drogas, cria o seu Comitê Gestor, prevendo a integração e a

articulação de ações de vários setores. Esse processo pode se beneficiar

imensamente com a disseminação das experiências positivas.

Há experiências como o projeto Escola Legal, do Estado de Pernambuco,

iniciativa que é resultado de um convênio firmado entre o Tribunal de Justiça, o

Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e o Governo do Estado por meio de sua

Secretaria de Educação. A prevenção é a prioridade do Escola Legal.

O projeto tem como objetivo o enfrentamento da violência em que crianças e

adolescentes aparecem como vítimas ou autores. Nesse processo, a escola tem

papel estratégico, e a contribuição de professores, gestores, funcionários e pais é

fundamental para o sucesso do programa.

Para apurar e solucionar os conflitos, o Escola Legal faz uso da mediação.

Sua estratégia inclui a formação de comitês integrados por representantes dos

professores, pais de alunos, Conselho Tutelar e associações comunitárias.

Sempre que um caso chega ao conhecimento da escola, o comitê é acionado,

ouvindo as partes e aplicando o método da mediação. Não havendo solução, o

assunto é levado a outra instância: a Central Extrajudicial de Mediação e

Conciliação, cujo resultado deverá ser homologado pelo juiz da Vara da Infância.

O papel do comitê e da central de mediação se aplica aos casos de menor

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potencial ofensivo. Conflitos mais graves, como agressão física, estupro ou tráfico

de drogas dentro da escola, são encaminhados a outras esferas. Nessas situações,

o comitê também exerce um papel importante, fazendo a denúncia de modo a não

comprometer pessoas.

A divulgação de iniciativas como o projeto Escola Legal certamente nos

ajudará na luta contra as drogas, que deve contar com a participação de toda a

sociedade, em estreita parceria com o Poder Público.

Era o que tinha a dizer. Muito obrigada.

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O SR. ALFREDO KAEFER (PSDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quando uma comunidade inteira se une para

realizar uma obra é porque essa obra é importante para seu crescimento e

desenvolvimento. E foi o que aconteceu com a reivindicação da obra do Contorno

Oeste, no Município de Cascavel no Paraná.

Foram 30 anos de articulações para a realização da obra do Contorno Oeste,

que é apenas a primeira etapa do Anel Viário de Cascavel, que vai integrar as BRs

277 e 467 e as PRs 153 e 163. Esses contornos têm importância estratégica não

apenas para a região, mas também para todo o Brasil, considerando o escoamento

da safra e o fluxo de transporte que tem como eixo de entroncamento principalmente

Cascavel.

A obra estava prevista para ser concluída em 2 anos de trabalho, mas o

Presidente do DNIT, à época, queria que fosse concluída em 1 ano, ou seja, queria

entregá-la para a comunidade ainda em 2010. O acesso, com 17,3 quilômetros,

objetiva retirar o tráfego pesado do perímetro urbano de Cascavel, além de encurtar

a distância entre duas das mais importantes rodovias do Paraná. Um investimento

superior a R$40 milhões, parte disso assegurada no Orçamento da União de 2009.

O principal objetivo da obra é retirar o tráfego de caminhões que vem da

fronteira com o Paraguai e com a Argentina e do oeste e sudoeste do Paraná, com

destino ao noroeste do Estado e a Mato Grosso do Sul, oferecendo segurança para

os munícipes em todos os sentidos.

O que vemos hoje, 3 anos depois, é a expressão da má gestão federal, que

frustrou toda uma comunidade, uma vergonha trágica. Os fornecedores locais da

obra até hoje não receberam pelos produtos e serviços aplicados, os salários de

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mais de 70 funcionários continuam atrasados, e outros não receberam até hoje. As

empreiteiras alegam que aguardam os repasses do DNIT e afirmam que já pagaram

pelos serviços executados até agora.

O remanescente da obra importa em aproximadamente R$14 milhões, o que

corresponde a 27%, valor já assegurado no Orçamento Geral da União para 2011.

Foi dito na ocasião que a obra seria reiniciada, mas nada disso vem acontecendo.

O que poderia ter sido uma odisseia triunfante hoje encontra-se abandonada

a própria sorte, sem iluminação, sem sinalização de qualquer tipo, deteriorando-se

rapidamente, aguardando a boa vontade do Ministério dos Transportes, que não

toma a iniciativa.

O trágico é que a luta de um povo para obter do Governo um pouco de

atenção em termos de segurança, na verdade, vê preciosas vidas serem ceifadas

brutalmente, cidadãos que morrem em acidentes numa estrada que não existe

legalmente — apesar de ter consumido milhões de reais até agora, ela continua

inacabada e sem fiscalização. O que representou um benefício agora provoca

lágrimas e desespero pela ingerência federal. Uma obra que tem colaborado para o

aumento nos índices de acidentes e notícias trágicas no Brasil.

Jaz no local uma placa onde se lê: “Esta é uma obra do Governo Federal —

PAC — Programa de Aceleração do Crescimento — Ministério dos Transportes,

DNIT — Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes”.

Não cremos que essa seja a melhor maneira de prestigiar ou reconhecer o

esforço da população ordeira e dedicada de um Município pujante e gerador de

riqueza e renda para o PIB do Brasil.

A comunidade não aceita mais tamanha negligência.

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Por isso, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos na tribuna desta

Casa pedindo, com muita ênfase, uma solução urgente para a continuidade dessa

obra. Que o Governo Federal assuma o seu compromisso de entregar o Contorno

Oeste, como resposta ao que a laboriosa população de Cascavel e do oeste do

Paraná, que tanto contribui para o desenvolvimento do Brasil.

Muito obrigado.

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O SR. BIFFI (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e

Srs. Deputados, ocupo a tribuna desta Casa para comunicar a Paralisação na

Educação, que ocorrerá amanhã, quinta e sexta-feira nas escolas públicas de nível

básico de todo o País.

O protesto, Sr. Presidente, é contra o descaso de grande parte dos gestores

públicos, que não garantem a implantação das conquistas educacionais obtidas nos

últimos anos. Destaco a necessidade de cumprimento da Lei nº 11.738, que vincula

o piso salarial profissional nacional à carreira do magistério, e de aprovação de

projetos que estão em debate no Congresso Nacional, como o que amplia os

investimentos em educação para 10% do PIB e o que institui o novo Plano Nacional

de Educação (PNE 2011-2020).

Um País que, de forma plausível, vem consolidando seu espaço no cenário

político mundial não pode negligenciar as garantias, as conquistas e os debate sobre

o setor educacional.

Nesse sentido, e diante de temas tão importantes para o futuro do nosso

País, convido os nobres colegas de Parlamento e os cidadãos que nos

acompanham através da Rádio Câmara e da TV Câmara a se juntarem nesta

pontual mobilização, que visa a um Brasil mais justo, mais próspero e soberano,

sem desigualdades. Este é o momento de arregaçarmos as mangas e debatermos

os pontos fundamentais para a continuidade do desenvolvimento educacional em

nosso País.

Como membro da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos

Deputados e defensor de uma educação pública de qualidade, apoio a decisão da

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) de fazer esta

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paralisação nacional e, juntamente com a FETEMS (Federação dos Trabalhadores

em Educação de Mato Grosso do Sul), participarei das atividades que ocorrerão no

meu Estado.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado!

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O SR. WALTER FELDMAN (PSDB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o povo brasileiro mostrou a força da união ao

conquistar a Lei Ficha Limpa.

Nós, brasileiros, não podemos ser representados por cidadãos que visam

benefícios próprios. Devemos selecionar cada vez mais o perfil técnico e histórico

daquele que será pago com dinheiro público. Um servidor público está para servir o

povo, então que seja o mais bem preparado e representado.

Iniciamos bem ao estabelecermos como critério que, para ser candidato, o

cidadão seja “ficha limpa”, mas isso é muito pouco. Não devemos dar apenas o

pontapé inicial, devemos ir juntos até o final dessa batalha e lutar pelo progresso e

realizações por que o candidato foi eleito.

Qualquer candidato, mesmo que seja “ficha limpa”, se não cumprir com suas

promessas de campanha, será um candidato “ficha branca” durante o pleito de seu

mandato. O povo elegeu aquele que o representará e lhe deu uma missão. As

promessas devem ser transformadas em realidade, e cabe ao povo fiscalizar junto.

De nada adiantará um programa de governo bem elaborado se não for por completo

concretizado. O brasileiro não pode ser alimentado por falsas promessas. Muitos

são eleitos por falsos juramentos — ordem na Casa e progresso por todo o território

nacional!

Quem é alimentado por promessas é santo, e o nosso povo tem sede de

melhores dias. Para isso acontecer, é necessário que os gestores cumpram com as

obrigações. Então, quem ocupa ou vier a ocupar o cargo de Presidente da

República, de Governador ou de Prefeito e deixar de cumprir, até o final do mandato,

todo o programa de governo apresentado em campanha deverá ser declarado

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automaticamente inelegível.

Para que haja sucesso em qualquer meta que traçamos em nossa vida,

temos que fazer um planejamento e dar um passo de cada vez. Portanto, os

milhares de gestores deste nosso imenso Brasil deverão projetar cada ação e

desenvolvê-la com disciplina e cumprimento de prazos. Na prática, é uma forma

eficaz de se prestar contas em relação ao mandato, exercendo-o com coerência e

responsabilidade.

Com isso, as obras deixarão de ser ilustradas apenas no papel, passarão a

tomar dimensões, melhorando a qualidade de vida do nosso povo.

Vamos juntos aprimorar a qualidade dos nossos representantes, oferecer à

sociedade a possibilidade de acompanhar as ações tomadas para o cumprimento

das medidas necessárias a que haja avanço dos indicadores nas diversas áreas da

gestão pública, como saúde, educação, segurança e tantas outras.

O povo não pode ser penalizado por cidadãos incapacitados. Se o gestor foi

eleito, e não cumpriu com promessas, que seja punido. Responsabilidade eleitoral

já!

Obrigado.

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O SR. SANDES JÚNIOR (PP-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais de 640 mil usuários do Sistema Único de

Saúde começaram a receber a segunda remessa das Cartas SUS, uma ferramenta

desenvolvida pelo Governo Federal para avaliar a satisfação dos brasileiros sobre os

serviços públicos de saúde e unidades conveniadas ao SUS.

As correspondências estão sendo distribuídas nos 26 Estados e no Distrito

Federal, permitindo aos pacientes conferir o valor do procedimento realizado e,

ainda, fazer críticas ou elogios quanto ao atendimento recebido. Em caso de

incapacidade do usuário, a Carta SUS pode ser respondida por familiar ou pessoa

próxima do paciente.

As correspondências também são uma forma de controle social, uma vez que,

por meio delas, os usuários podem informar ao Ministério da Saúde possíveis

inadequações no atendimento ou cobranças proibidas pelos serviços prestados.

Essas cartas abrem um canal direto de comunicação entre o paciente e o

Governo Federal. E esse retorno dos pacientes diretamente ao Ministério da Saúde

é extremamente importante tanto para o acompanhamento quanto para a melhoria

da qualidade dos serviços oferecidos na rede pública de saúde.

Além de ter o objetivo de monitorar, avaliar e qualificar o SUS, as Cartas têm

um papel educativo ao reforçar mensagens de campanhas desenvolvidas pelo

Ministério da Saúde. Este mês, o foco é a prevenção à AIDS. Na primeira remessa,

as Cartas reforçaram a campanha de combate à dengue.

O Estado de São Paulo conta com o maior quantitativo de correspondências,

com mais de 25% delas. Em seguida, Minas Gerais, com cerca de 10%, Paraná,

Bahia e Rio de Janeiro.

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O envio da Carta SUS é mensal, pelos Correios e com porte pago, sem

despesas para o usuário. A expectativa do Ministério da Saúde é chegar a 1 milhão

de correspondências enviadas por mês, de acordo com demanda identificada pelo

Departamento de Regulação, Avaliação e Controle do Ministério da Saúde.

Além de um questionário para a avaliação dos serviços prestados, a Carta

SUS informa a data de entrada do paciente no hospital ou na unidade de saúde, o

dia da alta hospitalar e o motivo da internação. O usuário, ou familiar, ou pessoa

próxima, pode conferir se os dados informados sobre o procedimento conferem com

o atendimento oferecido, incluindo o custo total da internação.

Os endereços dos pacientes são obtidos por meio dos formulários de

Autorização para Internação Hospitalar, as AIHs, que integram o Sistema Nacional

de Informação Hospitalar. Esses formulários são, portanto, um instrumento essencial

para a gestão dos hospitais e o controle de gastos públicos em saúde.

Além de poder responder a Carta SUS pelos Correios, o usuário pode fazer a

avaliação, sem custos, por meio do Disque-Saúde, que usa o número 136. A ligação

pode ser feita de telefones fixos, públicos ou celulares, de qualquer local do País. E

pode ser feita ainda pelo sítio do Ministério na Internet.

Essa grande ação poderá mostrar ao Governo Federal uma verdadeira

“ressonância magnética” do atual atendimento. Com ela deverão ser feitas correções

na estrutura para que o Sistema Único de Saúde continue avançando na proposta

de dar atendimento melhor e universalizado aos brasileiros. Parabéns ao Ministro

Alexandre Padilha e a todos os servidores do Ministério por essa grande iniciativa.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

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O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (Bloco/PTB-SP. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero que se faça registrar nos

Anais desta Casa que no último dia 11 de março comemoramos o aniversário da

cidade de Angatuba, no nosso Estado de São Paulo.

Entre os dias 8 e 11 de março, foi realizada a festa de rodeio de Angatuba,

que animou toda a cidade. O evento foi uma comemoração pelos 140 anos do

Município. No primeiro e último dia da festa, houve show pirotécnico. No dia 8, dia

do show com o cantor Daniel, a entrada no recinto foi garantida mediante a entrega

de 1 quilo de alimento não perecível. Nossos cumprimentos ao Prefeito Carlos

Augusto Rodrigues de Morais Turelli e ao Presidente da Câmara Municipal de

Angatuba, Pio de Fátima de Camargo.

Também comemoraram data festiva, no dia 12 de março, as cidades de

Itapirapuã Paulista, Prefeito Luiz Gonzaga Dias Sobrinho; Nova Campina, Prefeito

Eliel Cardoso Santiago; Paraguaçu Paulista, Prefeito Carlos Arruda Garms; e São

Lourenço da Serra, Prefeito José de Jesus Lima.

Hoje, dia 13, comemoram data festiva as cidades de Macatuba, Prefeito

Coolidge Hercos Júnior; e Sarapuí, Prefeito César Dinamarco Corsi.

Amanhã, dia 14, será a vez de Batatais, administrada pelo Prefeito José Luis

Romagnoli, cidade de aproximadamente 57 mil habitantes, segundo dados do

CEPAM. Nossos cumprimentos aos Edis daquele Legislativo, na pessoa de seu

Presidente, Carlos Domingos Pupim.

Dia 16 será a vez da nossa querida São Sebastião. A cidade de São

Sebastião completa na próxima sexta-feira, dia 16 de março, 376 anos de

emancipação político-administrativa. Além da vasta programação cultural preparada

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especialmente para os munícipes, a administração municipal presta contas à

população com a entrega de obras e diversas inaugurações. Nossos cumprimentos

ao Prefeito Ernane Bilotte Primazzi e ao Presidente da Câmara Municipal, Artur

Ramirez Balut. Também no dia 16, comemora aniversário a cidade de Guareí,

administrada pelo Prefeito José Pedro de Barros.

E no dia 17 é a vez de Indiana, cidade de São Paulo administrada por Antonio

Poleto. Nossos cumprimentos a todos os munícipes.

Era o registro que eu tinha a fazer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

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O SR. PAUDERNEY AVELINO (DEM-AM. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, está ganhando repercussão no exterior o

anúncio oficial do chamado “pibinho” de 2,7% de crescimento em 2011. O jornal

inglês Financial Times publicou recentemente, com destaque, uma análise

interessante sobre o assunto, mostrando que o mundo começa a se desiludir das

perspectivas de crescimento do Brasil num futuro próximo.

A publicação começa comentando que, enquanto o crescimento econômico

da China segue o padrão de um condor, alçando-se a grandes altitudes nas

correntes ascendentes, mesmo ao passar o que se considera uma desaceleração, o

do Brasil nos últimos anos parece “o voo interrompido de uma galinha”. E acrescenta

que, justamente quando a nossa economia parece prestes a decolar, ela despenca

novamente, na medida em que um eventual superaquecimento obriga o Banco

Central a acionar os freios. É o que mostram os números do PIB de 2011. No fim de

2010, a economia brasileira estava crescendo a uma taxa anual de 7,5% por conta

de medidas de estímulo tomadas pelo Governo em 2009 para se contrapor à

recessão da crise financeira global. A isso se seguiu a prodigalidade política em

2010, ano de eleições presidenciais.

Estou acompanhando, passo a passo, o raciocínio do editor de economia do

Financial Times porque não teria reparos a fazer a uma avaliação de tamanha

fidelidade. Mas, com o crescimento veio a inflação, conclui o artigo, levando o Banco

Central a jogar a taxa básica de juros para cima rapidamente, só para descobrir, no

meio do ano, que a economia, que parecia tão forte havia apenas 6 meses, estava

de repente perdendo sustentação.

Os primeiros sinais de interrupção do crescimento já se manifestavam no

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terceiro trimestre de 2011, quando o Governo passou a prever que o PIB iria crescer

em torno de 3,5%. O desfecho de 2,7% não era esperado e somente pode ser

atribuído a uma mistura de altas taxas de juros, a uma taxa de câmbio que eleva

artificialmente o real em relação ao dólar, derrubando a indústria local ao estimular

importações baratas, e ao sentimento negativo da crise do euro.

É, pois, natural a reação até certo ponto desesperada da Presidente Dilma

Rousseff, criando a metáfora do “tsunami monetário”, já que continua aumentando a

entrada de dólares no País; o câmbio voltou a ser o foco de suas preocupações, o

COPOM fixou um corte maior para a SELIC e a produção industrial de janeiro sofreu

uma retração de 2,1%. E não faz sentido atribuir responsabilidade às grandes

potências por qualquer desses desmantelos. Apesar de inseridos numa economia

globalizada, precisamos compreender que cada país tem que fazer o seu dever de

casa. São as ineficiências todas do Brasil, a falta de planejamento e a improvisação

característica do processo decisório que impedem o País de crescer a taxas mais

altas. E tudo se vai repetir até que alguém comece a pensar em reformas

estruturais.

Era o que tinha a dizer.

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A SRA. ALINE CORRÊA (PP-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os meus cumprimentos. Nesta terça-feira, 13 de

março, em Limeira, São Paulo, participei, como presidenta de honra, da abertura da

12ª edição da ALJOIAS, maior feira de joias folheadas da América Latina. E trago

para esta tribuna parte do discurso que fiz em Limeira para, uma vez mais, enfatizar

que a força do trabalho é capaz de superar toda e qualquer crise.

Limeira, uma das mais importantes cidades do Estado de São Paulo,

atravessa uma crise no campo político, crise esta que tem gerado notícias negativas

em todo o País. Mas os empresários e os 40 mil trabalhadores do segmento de joias

folheadas provam que não há crise que resista à determinação e à perseverança de

quem faz.

Diferente de outras cidades que sucumbem às crises do campo político,

Limeira permanece forte. E cresce a cada dia, atraindo investimentos nacionais e

internacionais. E o segredo deste sucesso está na atitude de seu corpo empresarial.

Todos os empresários e empresárias do setor de joias de Limeira, assim como todos

os trabalhadores que impulsionam a progressista economia limeirense, projetando-a

no Brasil e no mundo, trazem dentro de si a essência dos vencedores.

Não existem fórmulas mágicas ou mirabolantes para explicar o sucesso de

uma pessoa, de uma empresa ou de toda uma cidade. O que existe é trabalho!

Muito trabalho. Homens e mulheres de Limeira movidos, é claro, pelo sonho e pela

paixão, trazem o contagiante brilho no olhar, de quem visualiza novos caminhos, de

quem enfrenta todos os desafios, de quem explora novas oportunidades e de quem

demonstra disposição para aprender, além de coragem, foco, capacidade de

adaptação, valores, espiritualidade e fé.

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O resultado de tudo atende pelo nome de Feira Internacional de Joias

Folheadas, Brutos, Máquinas, Insumos e Serviços. Desde o ano passado, a valorosa

classe empresarial limeirense, representada pela Associação Limeirense de Joias,

realiza duas feiras anuais para fazer frente à crescente demanda. Hoje, a cidade

responde por 60% da produção nacional deste segmento. Boa parte das peças

produzidas em Limeira começa a ganhar destaque também no cenário internacional.

E tenho grande orgulho de ter sido responsável por conquistar, no Governo

Federal, através da Secretaria de Políticas para as Mulheres, recursos para o

desenvolvimento do projeto Empresárias Exportadoras, que objetiva capacitar ainda

mais as mulheres do setor de joias folheadas, para aquecer, através de negócios

internacionais, as exportações das peças produzidas em Limeira. Nobres pares,

repito que acredito em quem faz. E quero deixar registrado nesta Casa de leis os

meus elogios aos diretores da ALJ e a todos os trabalhadores do imenso polo

produtivo de joias folheadas que fazem uma Limeira cada dia melhor.

Era o que tinha a destacar.

Obrigada a todos.

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A SRA. MANUELA D'ÁVILA (Bloco/PCdoB-RS. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, trago ao conhecimento desta

Casa artigo que publiquei no jornal Zero Hora no dia 8 de março, onde trato da

epidemia de crack que assola nosso País e seus impactos sobre a vida das

mulheres.

Passo a ler o artigo:

“As mulheres e o crack

A notícia de que as drogas tiram 17 mil pessoas do

trabalho somente no Rio Grande do Sul é um dado

alarmante. Dois lados dessa realidade são de igual

importância: os custos que a Previdência Social tem

durante o afastamento do trabalho e, mais importante, o

estrago que a drogadição provoca na vida de usuários e

de familiares.

Um recorte social nesse universo nos revela outro

quadro que impacta não apenas pelas estatísticas, mas

pela falta de expectativa de futuro que gera. Como

resultado da ineficácia ou inexistência de políticas

preventivas suficientes de combate ao crack, a cada ano

aumenta o número de mulheres dependentes dessa

droga que têm filhos nos hospitais de Porto Alegre. Não

há, no entanto, alternativas concretas oferecidas pelo

poder público de recuperação para as mães e seus filhos.

Os filhos de mães usuárias de crack nascem com

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graves problemas, como a atrofia de neurônios e a

síndrome da abstinência da droga. Há episódios, pela

falta de acompanhamento, de mulheres que fazem uso do

crack na véspera do parto. E existem outros: mães que

abandonam as crianças; bebês que vão para abrigos ou

ficam com parentes em razão da situação da mãe; e

crianças encaminhadas para adoção.

As estatísticas comprovam o agravamento da

situação: em 2009, houve 87 casos de mulheres de

diferentes idades, dependentes de crack e de outras

drogas, que tiveram bebês nos hospitais Fêmina e

Conceição. Essas unidades são 100% SUS e integram o

Grupo Hospitalar Conceição (GHC), instituição vinculada

ao Ministério da Saúde. Em 2010, foram 140 casos

nesses dois hospitais.

No Hospital Conceição, há oito leitos para atender

meninas e gestantes até 18 anos. No local, as usuárias de

drogas ficam internadas por até 90 dias para

desintoxicação e tratamento de doenças graves.

Posteriormente, elas são encaminhadas a comunidades

terapêuticas graças a uma parceria com o Ministério

Público. Essa iniciativa é fundamental, visto que faltam

leitos para pessoas com esse perfil no Brasil.

Para essas mães, é preciso um olhar especial, uma

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política pública que permita não só a sua plena

recuperação, como também sua reinserção no mercado

de trabalho e nas suas famílias. É preciso que ela tenha

condições de criar seu filho sem medo de recaídas

durante o período de adaptação, que tenha acesso à

saúde e creche, que tenha emprego.

Investir em prevenção é estratégico para evitar a

repetição da tragédia para muitas mulheres. Isso exige,

necessariamente, ações específicas e regionalizadas em

bairros com maior presença feminina, como Rubem Berta,

Sarandi, Restinga, Lomba do Pinheiro, Partenon, Santa

Tereza, Centro Histórico, Petrópolis, Vila Nova e Menino

Deus. Juntos, esses bairros somam quase 260 mil

mulheres. Por isso, no Dia Internacional da Mulher, é

preciso não só celebrar os grandes avanços que

conquistamos, mas ir além e detectar os desafios do

presente para superá-los. Porto Alegre tem tudo para ser

a capital das mulheres.”

Muito obrigada.

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O SR. AUGUSTO CARVALHO (Bloco/PPS-DF. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, foi dos mais pífios o crescimento

da economia brasileira no ano passado: sequer chegou aos 3%, com o que ficamos

na rabeira dos demais países do grupo dos BRICS.

A meio desse quase desastre, a indústria nacional foi responsável por

resultado ainda mais apequenado, num processo reducionista que, segundo as

últimas informações, prossegue neste início de 2012.

O empresariado segue o modelo mais elementar e menos custoso, que é o de

apelar ao Governo para que reduza os gastos constantes de sua planilha de custos.

E a primeira ideia que surge é a de desoneração da folha de pagamento.

Os senhores empresários não estão de todo errados quando falam em custos

elevados na produção de bens e serviços. Se formos examinar a planilha de cada

um desses bens, de cada um desses serviços, vamos encontrar em sua composição

gastos com salários, impostos e, último mas não menos importante, a taxa de lucros.

Ao que parece, essa taxa de resultados é considerada inarredável. Veja-se

que não se está pedindo aos senhores do capital que tenham prejuízo em seus

investimentos: seria pura idiotice. Mas reduzi-la, isto é bem possível. Bem possível

é, ainda, a redução desta carga tributária, a mesma que afeta, ademais das

empresas, todos os trabalhadores do País.

E os salários não representam parcela relevante desses custos. Comprovam-

no os próprios empresários, aos quais se propõe trocar os 20% de contribuição

previdenciária, percentual aplicado sobre a folha de salários, pelo pagamento de

2,5% sobre o faturamento global de cada companhia. Esse percentual, nas últimas

tratativas, já foi reduzido a 1,5%, recebendo a contraproposta patronal de 0,8%.

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Uma dedução imediata: 20% sobre a folha de pagamento é menos que 1% do

faturamento de cada empresa. Mais, ainda: percentual sobre salários é

relativamente fácil de controlar, portanto difícil de sonegar. Já o total de faturamento

é algo que qualquer contador, sem necessidade de maiores qualificações, pode

muito bem esconder no meio de uma centena de rubricas do orçamento da mesma

empresa.

Ora, se com o controle exercido sobre os salários — Relação Anual de

Informações Sociais (RAIS), Imposto de Renda e o mais — a sonegação é prática

mais usual, imagine-se, agora, sobre um faturamento que, no caso de nossas

companhias, é sempre uma obra de ficção.

Esse apelo ao Governo tem outro objetivo. Primeiro foram desoneradas as

indústrias de calçados, confecções e softwares. O resultado, pelo menos para as

empresas desses setores, deve ter sido bom em matéria de rentabilidade. Tanto que

agora se pensa estender tais medidas para as áreas têxtil, de movelaria, plásticos,

autopeças, máquinas e equipamentos elétricos.

Examinado o rol desses beneficiários, vamos perceber que são todos aqueles

setores de nossa área produtiva que enfrentam — e, ao que parece, estão perdendo

— a concorrência internacional, em especial a dirigida pela China. Mas, até por uma

questão de bom senso, por que, antes de sair correndo para debaixo das asas

governamentais, nossos empresários não se preocupam em aumentar os índices de

produtividade e a qualidade do que produzem? Esta, sim, é uma forma efetiva de

enfrentar e, seguramente, de vencer a concorrência, venha de que China vier.

Muito obrigado.

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O SR. ROGÉRIO CARVALHO (PT-SE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, trago à tribuna desta Casa assunto que reputo

de máxima importância e que me diz respeito em particular, ligado que sou ao

movimento sanitarista.

Trata-se, Sr. Presidente, do Índice de Desempenho do Sistema Único de

Saúde — IDSUS. É um indicador síntese, que faz uma aferição contextualizada do

desempenho do Sistema de Único de Saúde quanto ao acesso (potencial ou obtido)

e à efetividade da Atenção Básica, das Atenções Ambulatorial e Hospitalar e das

Urgências e Emergências.

Por meio da análise e do cruzamento de uma série de indicadores simples e

compostos, o IDSUS avalia o Sistema Único de Saúde que atende os residentes nos

Municípios, regiões de saúde, Estados, bem como em todo o País. Assim, o IDSUS

avalia com pontuação de zero a dez os Municípios, regiões, Estados e o País com

base em informações de acesso que mostram como está a oferta de ações e

serviços de saúde, e de efetividade, que medem o desempenho do sistema, ou seja,

o grau com que os serviços e ações de saúde estão atingindo os resultados

esperados.

É importante esclarecer que o Ministério da Saúde diz que “as notas do

IDSUS são feitas por meio dos Grupos Homogêneos. Apenas dentro deles, por

apresentarem características similares entre si, é possível traçar um paralelo

comparativo. Logo, foram formados 6 grupos que levaram em consideração a

análise concomitante de 3 índices: índice de desenvolvimento socieconômico

(IDSE), de condições de saúde (ICS) e de estrutura do sistema de saúde do

município (IESSM). Basicamente, os grupos 1 e 2 são formados por Municípios que

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apresentam melhor infraestrutura e condições de atendimento à população; os

grupos 3 e 4 têm pouca estrutura de média e alta complexidade, enquanto os grupos

5 e 6 não têm estrutura para atendimento.”

Sras. e Srs. Deputados, considero que os esforços para estabelecer sistemas

de avaliação são sempre bem-vindos. E não têm sido poucos e tampouco

superficiais os passos que o Brasil deu para construí-los, mantê-los e aprimorá-los.

Logo, parabenizo

Nada obstante, como todo processo de classificação, sofre de um equívoco

metodológico de utilização de indicadores compostos ou agregados para

hierarquizar cidades, regiões e Estados. A proposta central é de que a saúde é

multidimensional e deve ser avaliada matricialmente e não somando variáveis de

dimensões diferentes para chegar a um índice único. E, ainda pior, em corte

transversal, sem levar em conta a evolução de cada uma das variáveis ao longo do

tempo.

Acrescento também que o problema dos equívocos da avaliação foi a base de

dados utilizada pelo IDSUS, pois levou em conta o pactuado e a execução,

desconsiderando completamente a capacidade instalada.

Faço minhas as palavras do Dr. José Noronha:

“O IDSUS soma mortalidade infantil com acesso,

taxas de cesarianas, frequência de consultas pré-natais,

com cobertura nominal de PSF e mais outros tantos, para

chegar ao tal indicador único e classificar estados e

municípios. O resultado não podia ser outro. Atribui ao

SUS uma nota medíocre desprovida de significado lógico,

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que foi logo embalada pela grande imprensa como prova

contundente de seu fracasso. Uma das mais festejadas

administrações municipais por todos os indicadores que

utilizemos, a de Aracaju, sai mal na fita: tira nota mais

baixa do que prefeituras que sabidamente nunca tiveram

compromisso com a saúde pública. Outra que sempre

ilustrou trabalhos científicos sérios bem feitos e

documentados, a cidade de Belo Horizonte, também não

é o que imaginávamos. O Rio de Janeiro tira a nota mais

baixa entre as capitais. Qualquer observador menos

atento percebe a falácia da classificação”.

De fato, a Capital do Estado de Sergipe, Aracaju, é colocada no grupo

homogêneo 2 para só então ser avaliada. A formação de grupos de cidades visa

unificar cidades com características similares, mas isso foi aplicado de modo

equivocado no caso de Aracaju, diante dos indicadores sociais, econômicos e a

renda per capita da capital sergipana. Todavia, Aracaju foi colocada ao lado de

Capitais como Palmas, Boa Vista, Rio Branco, Porto Velho e Macapá. E neste grupo

a cidade de Aracaju obteve nota 5,55.

O Estado de Sergipe obteve nota 5,36, sendo que o levantamento apontou

que o Brasil possui IDSUS de 5,47.

A Região Sul teve pontuação de 6,12, seguida do Sudeste (5,56), Nordeste

(5,28), Centro-Oeste (5,26) e Norte (4,67).

Verifica-se, então, que o Estado de Sergipe possui o IDSUS acima da média

nordestina, estando na frente de Estados desenvolvidos dentro da região, como

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Pernambuco (5,29), Ceará (5,14) e está colado ao Estado da Bahia (5,38).

Por sua vez, levando em conta o IDSUS atribuído às 27 Unidades da

Federação, o Estado de Sergipe está na décima quarta posição.

Em geral, os Municípios do Estado de Sergipe obtiveram notas excelentes

quando são considerados individualmente e levando-se em conta somente alguns

indicadores, tais como (a) cobertura populacional estimada pelas equipes básicas de

saúde, (b) proporção de nascidos vivos de mães com 7 ou mais consultas de pré-

natal, (c) proporção de internações sensíveis a atenção básica, (d) proporção de

parto normal e (e) proporção de óbitos em menores de 15 anos nas UTI. Vide

tabelas em anexo.

Deve ser acentuado que, muitas vezes, a nota atribuída é a nota máxima e os

demais Municípios adquirem notas 9 ou 8.

Exemplifico. No indicador A do IDSUS (que mede o número de equipes de

saúde da família (ESF) de 40 horas semanais e o número de equipes da atenção

básica, formada por 60 horas semanais de clínica médica, ginecologia e pediatria

para cada 3 mil pessoas residentes no Município, no ano), temos 50 Municípios de

Sergipe com nota 10 e 8 com nota 9. Aliás, neste campo, somente 5 Municípios

tiveram nota abaixo de 7, sendo que a menor nota é do Município de Simão Dias -

4,77.

Sr. Presidente, o meu Estado de Sergipe possui 75 Municípios.

No indicador B do IDSUS (cobertura do atendimento pré-natal, identificando

situações de desigualdades e tendências que demandam ações e estudos

específicos; contribui na análise das condições de acesso e qualidade da assistência

pré-natal em associação com outros indicadores, tais como a mortalidade materna e

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infantil e número de casos de sífilis congênita), temos 17 Municípios com nota

superior a 7, sendo que a maior nota é 9,26 do Município de Itabaiana e a menor é

do Município de Indiaroba, 4,45. A média nesse quesito é, aproximadamente, 6.

No indicador C (percentual das internações sensíveis à atenção básica sem

UTI de residentes, dividido pelo total de internações clínico-cirúrgicas sem UTI por

residentes em determinado Município por período considerado), mais uma vez

temos inúmeros Municípios com nota máxima (26 Municípios com nota 10), sendo

que outros 31 têm notas acima de 7. Mas, esclareça-se: para apontar esses 31

Municípios, excluiu-se aqueles com a nota máxima.

Sr. Presidente, o IDSUS utilizado de forma fragmentada acaba não ajudando

muito na construção e na atualização de informações para o SUS. Três aspectos

são passíveis de revisão:

Primeiro, o ranqueamento, que pode cometer injustiças, pois estamos falando

de um sistema, de um conjunto de variáveis, e não apenas de um Município

isoladamente, por exemplo;

Segundo, a má utilização política desse tipo de resultado, principalmente em

ano eleitoral, que pode jogar a discussão para o campo do debate superficial;

E o terceiro aspecto é achar que, dessa forma, vai mostrar se o sistema está

bom ou ruim.

De qualquer modo, senhoras e senhores, não dá para negar que esse

indicador revela fragilidades do sistema, que precisam ser observadas para uma

possível revisão perante a comunidade acadêmica, gestores, profissionais de saúde

e sociedade.

Entretanto, finalizo este meu pronunciamento dizendo que as principais

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preocupações com o IDSUS são o suposto acoplamento dele com a transferência de

recursos, uma vez que cidades com os piores índices receberiam menos recursos,

gerando ciclo vicioso; e com as inferências politiqueiras espúrias sobre os Governos

Estaduais e Municipais, estabelecidas a partir do IDSUS.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. RUY CARNEIRO (PSDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo esta tribuna para chamar atenção deste

Parlamento e fazer um apelo ao Governador da Paraíba.

Inúmeros protestos têm sido realizados pela população nas redes sociais e

nos principais meios de comunicação do nosso Estado a propósito dessa situação.

A pequena cidade de Juru tem sofrido com graves acidentes de trânsito.

Localizado numa região serrana do sertão paraibano, o Município é cortado por uma

rodovia estadual, a PB -306, inaugurada em 21 de janeiro deste ano.

A estrada que dá acesso a Juru tem uma descida muito íngreme e em curva,

o que possibilita a ocorrência de acidentes, principalmente envolvendo caminhões

pesados. Na descida, muitas vezes, eles perdem o controle e acabam por se chocar

com pontos das vias públicas já dentro da cidade. Já ocorreram cinco acidentes com

vítimas fatais. Aliás, na última sexta-feira, um caminhão que transportava material de

construção se chocou com uma caminhonete. Da colisão resultou a morte de três

cidadãos juruenses.

Juru não aguenta mais conviver com essas tragédias. Diversas reuniões com

representantes da população foram realizadas. Vários requerimentos foram feitos

pelas autoridades locais pleiteando a construção de um desvio que transfira o

trânsito para fora da cidade, de modo a fazer com que a população tenha segurança

neste particular.

Infelizmente, as respostas não passaram de promessas. Falou-se em

construir uma caixa de brita, o que não resolveria o problema do excesso de

velocidade com que os caminhões adentram a cidade. Na verdade, o que se faz

necessário é desviar o tráfego para fora da cidade.

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A situação atingiu um nível tal que o povo de Juru já fala em quebrar a

estrada e construir o desvio de terra com as próprias mãos. A própria população

está se organizando pra levantar recursos para essa tarefa.

Portanto, deixo aqui, em nome da população de Juru, um veemente apelo no

sentido de que se inicie a construção do desvio o mais rapidamente possível, antes

que mais pessoas sejam injustamente vitimadas.

Muito obrigado.

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O SR. MÁRIO DE OLIVEIRA (PSC-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Supremo Tribunal Federal concluiu, no dia 8

de fevereiro do corrente ano, o julgamento do referendo da liminar concedida

parcialmente pelo Ministro Marco Aurélio em 19 de dezembro de 2011 na Ação

Direta de Inconstitucionalidade nº 4.638, ajuizada pela Associação dos Magistrados

Brasileiros, contra dispositivos da Resolução nº 135, de 13 de julho de 2011, do

Conselho Nacional de Justiça, que uniformizou normas relativas ao procedimento

administrativo disciplinar aplicável aos magistrados.

Após a análise do art. 12 da Resolução nº 135, os Ministros do Supremo

Tribunal Federal decidiram, por seis votos a cinco, que o CNJ pode iniciar

investigação contra magistrados independentemente da atuação das corregedorias

dos tribunais.

Devemos comemorar essa decisão histórica do Supremo Tribunal Federal

para a manutenção das competências e atribuições do Conselho Nacional de

Justiça. Trata-se de decisão muito importante para reafirmar a necessidade de

controle social constante sobre os Poderes constituídos.

O Conselho Nacional de Justiça é o órgão do Poder Judiciário, criado pela

reforma do Judiciário (Emenda Constitucional nº 45, de 2004) competente para o

controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do

cumprimento dos deveres funcionais dos magistrados, conforme estabelece o § 4º

do art. 103-B da Constituição Federal.

Logo após a aprovação da reforma do Judiciário, em 2005, julgando a ADIN

nº 3.367, que questionava a criação do CNJ, o Supremo Tribunal Federal considerou

que o caráter nacional do Conselho não ofende o princípio federativo, eis que o

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Conselho não é federal, mas nacional, e o Poder Judiciário, segundo o texto

constitucional, tem caráter nacional.

Segundo essa decisão do Supremo Tribunal Federal, a criação do Conselho

não feriu o princípio da separação dos Poderes, ao fundamento de que as decisões

do Conselho estão submetidas ao Supremo Tribunal Federal, em grau de recurso,

integrando o novo órgão o Poder Judiciário com funções exclusivamente

administrativas, sem interferência nas decisões judiciais.

Passado esse primeiro momento de questionamentos sobre o novo órgão

criado, o CNJ passou a desempenhar suas funções, em consonância com os

mandamentos constitucionais. Contudo, sua atuação plena, dissociada das pressões

estaduais, passou a causar descontentamento, principalmente para os magistrados

investigados e para as corregedorias dos tribunais.

Em diapasão com o princípio da separação dos Poderes, segundo o qual são

independentes e harmônicos entre si o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, criou o

Constituinte de 1988 um sistema de freios e contrapesos, na busca do equilíbrio

necessário ao atendimento do interesse público, ao lado do princípio da proteção

judiciária.

Esse sistema, magistralmente arquitetado pelo Constituinte originário, foi

aperfeiçoado pelo Constituinte derivado por meio de emenda ao texto constitucional.

Aprimorou-se com a criação de órgão de controle do Judiciário, o Conselho Nacional

de Justiça, que vem envidando esforços no combate à corrupção, à ineficiência e ao

corporativismo do Judiciário.

Congratulamo-nos, portanto, com o Supremo Tribunal Federal pela decisão

tomada em julgamento histórico que concluiu pela manutenção dos poderes do

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Conselho Nacional de Justiça, de forma a garantir, para as gerações futuras, um

Judiciário mais acessível, transparente e eficiente.

Sr. Presidente, solicito que meu pronunciamento seja divulgado pelos meios

de comunicação da Casa e no programa A Voz do Brasil.

É o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco/PR-MT. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, infelizmente utilizo a tribuna

desta Casa para chamar a atenção de todos para o crescente índice de acidentes

fatais nas rodovias de Mato Grosso. No último fim de semana foram registrados pela

Polícia Rodoviária Federal 31 acidentes, em que nove pessoas morreram e 14

ficaram feridas. A maior parte dessas ocorrências aconteceu nas BRs 163 e 364, e,

em 80% dos casos, havia carretas ou caminhões envolvidos.

Não é de hoje que reconhecemos que o grande tráfego de caminhões retarda

o trânsito e, na maioria das vezes, é o culpado pelos acidentes. De acordo com a

Pesquisa Nacional de Tráfego, realizada pelo Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes, o DNIT, no trecho de Rondonópolis a Cuiabá,

circulam, em média, 8 mil veículos por dia, a maioria veículos pesados.

É com o objetivo de diminuir os transtornos causados a todos que utilizam as

rodovias de nosso Estado que estamos trabalhando para que seja agilizada a

duplicação dessas rodovias, que estão entre as principais de nosso País e também

entre as mais violentas. No ano passado levei, juntamente com o Comitê Gestor

Pró-Rodovias, uma carta ao Ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. No

documento pedíamos prioridade ao trecho de 210 quilômetros entre Rondonópolis e

Cuiabá, justamente por causa do grande número de acidentes.

Estatísticas divulgadas pela Polícia Rodoviária Federal revelam que quase

50% dos acidentes de trânsito nas rodovias federais de Mato Grosso ocorrem na

BR-364. Os pontos mais críticos estão dentro das cidades. Os gráficos do órgão

mostram que os perímetros urbanos de Cuiabá e Rondonópolis concentram os

maiores números de acidentes do Estado.

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Caros colegas, infelizmente esse não foi o primeiro fim de semana nem será o

último com números tão alarmantes. É por isso que a população do Estado está

mobilizada em prol da agilidade no processo de duplicação dessas rodovias, que se

encontram sobrepostas no Estado. Esse é um desejo muito antigo de todos os mato-

grossenses.

Trechos dessa obra já estão em fase de conclusão. Cito a duplicação da

travessia urbana de Rondonópolis, Serra de São Vicente, Trevo do Lagarto, em

Rosário Oeste, e de Rosário Oeste a Nova Mutum. O investimento total é de

R$625,74 milhões. Foram liberados, até o ano passado, R$135,1 milhões e, neste

ano, R$138,7 milhões, pela LOA. Acredito que, com adequado empenho e eficiente

fiscalização, é possível que haja a destinação tempestiva de recursos, em benefício

da segurança do trânsito nessas rodovias.

No fim do ano passado, o Ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, deu

o primeiro passo para mudar nossa triste realidade. Em reunião foi assegurada a

liberação de R$177 milhões dos R$342 milhões necessários para quitar as dívidas

com empreiteiras e dar prosseguimento às obras da BR-163 no trecho que liga

Cuiabá a Santarém, no Pará.

A falta de pagamento estava emperrando a conclusão das obras da rodovia,

considerada uma das mais importantes do País. Assim que o Ministro tomou

conhecimento da situação, garantiu a liberação de recursos, para serem aplicados

nas obras. Paulo Sérgio Passos informou que o Ministério possui dinheiro em caixa.

Nesse sentido, eu me coloco mais uma vez à disposição do Governo

Estadual, do Governo Federal e da própria sociedade, para que, juntos,

encontremos soluções para mudar essa triste realidade.

Era o que tinha a dizer.

Obrigado.

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O SR. SANDRO MABEL (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero parabenizar desta tribuna os Ministérios

da Saúde e da Educação pelo lançamento de campanha que visa combater a

obesidade infantil em crianças e adolescentes.

Durante este ano, o objetivo é alcançar 10 milhões de alunos entre 5 e 19

anos em 55 mil escolas públicas de 2.500 Municípios que fazem parte dessa

iniciativa. Em Goiás, 99 escolas vão desenvolver esse trabalho que julgo

extremamente importante, pois a obesidade infantil está se tornando preocupante,

bem como o próprio ambiente escolar, que deve ser melhorado em todos os seus

aspectos.

A meu ver, o Ministro Alexandre Padilha tem feito um trabalho exemplar, com

programas essenciais para o povo brasileiro. Em relação a Goiás, o Ministro Padilha

tem atendido às nossas reivindicações, com a liberação de recursos para obras.

Recentemente, foram liberadas verbas para Goiânia, Senador Canedo, Aparecida,

entre outros Municípios.

Nesta Casa, tenho participado, constantemente, de debates que buscam

caminhos adequados para preservar o melhor convívio entre alunos, professores,

diretores e funcionários das instituições de ensino. É essencial que tenhamos uma

educação de qualidade. Sem isso, o caminho para o desenvolvimento se torna mais

longo.

Cuidar da saúde dos alunos é tão emergencial como garantir a segurança dos

estudantes e educadores, pagar bem os professores, melhorar as instalações das

unidades escolares e assim por diante.

Apresentei projetos que têm o objetivo de preservar vidas nas escolas, como

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a implantação de detector de metal e a definição de direitos e obrigações de cada

um nos estabelecimentos de ensino. Muitas palestras com educadores e

autoridades em segurança pública foram realizadas para que pudéssemos elaborar

as propostas.

O nosso trabalho, como Parlamentar, é apresentar opções para que o Brasil

cresça de forma justa e que a sociedade possa se beneficiar de todas as conquistas.

Temos que cobrar dos Governos investimentos em áreas prioritárias, como

educação, saúde e segurança pública.

Muito obrigado.

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O SR. MÁRIO NEGROMONTE (PP-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, 75 Municípios baianos estão em situação de

emergência por causa da seca, mas o número é ainda maior, pois alguns aguardam

prorrogação dessa condição, vencido o prazo de 90 dias permitido por lei para sua

decretação. Essa situação está longe de chegar ao fim, uma vez que há a previsão

de que a seca se estenda até o mês de maio. Uma calamidade como essa, Sr.

Presidente, não pode mais ser encarada apenas como uma fatalidade, um desastre

da natureza, que não pode ser previsto.

No final de 2011, a seca castigou a Bahia, sobretudo a região do semiárido.

Cento e vinte e três Municípios, quarenta e oito a mais do que agora, decretaram

estado de emergência. A população passa sede e dificuldade extrema, o gado e a

vegetação morrem, cem por cento da agricultura familiar ficam perdidos. O pequeno

agricultor amarga, além da perda da produção, dívidas que aumentam sem parar, as

quais ele se vê impedido de pagar. Precisamos tomar uma providência urgente para

enfrentar esses problemas de forma permanente. Precisamos de um PAC para a

seca, um PAC que garanta os recursos necessários para tomarmos medidas

preventivas e permanentes de enfrentamento da seca, como a construção de

barragens, poços artesianos, cisternas e aguadas.

Segundo dados da Empresa Baiana de Água e Saneamento (EMBASA), a

situação da barragem de Mirorós, que atende quatro cidades da microrregião de

Irecê, com mais de 200 mil habitantes, está em nível de alerta: o volume de água

está abaixo de 10% da capacidade desde outubro passado. Não podemos mais ser

pegos de surpresa pela estiagem dos rios. Já existe tecnologia eficiente para

monitorarmos a situação das nascentes, basta criarmos um sistema de informações

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sobre os potenciais dos mananciais, sobretudo das águas subterrâneas, como

salientou a Diretora do Instituto de Ciências Ambientais e Desenvolvimento

Sustentável da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Joana Angélica da Luz,

pesquisadora em recursos hídricos e do meio ambiente, em recente reportagem

publicada no jornal A Tarde, da Bahia. São os nossos cientistas preocupados com a

situação. Precisamos agir politicamente para proporcionar condições para que eles

possam empregar esse conhecimento em ações capazes de mitigar os problemas

da seca.

O semiárido nordestino é formado por 8 Estados, que abrangem mais de 86%

da área total dessa região climática, sendo o restante pertencente à Região

Sudeste. São quase um milhão de quilômetros quadrados no total, caracterizados

por longos períodos secos e chuvas ocasionais em poucos meses do ano.

Faço um apelo, não só aos meus companheiros da bancada do Nordeste, que

conhecem bem a realidade do semiárido, mas também aos companheiros das

outras regiões brasileiras, que eventualmente são assoladas pela seca: precisamos

tomar uma providência urgente, mas não apenas de forma emergencial. Precisamos

de uma decisão, de uma ação conjunta deste Parlamento, que nos permita encarar

esse problema de forma permanente e definitiva. Precisamos conviver com a seca e

enfrentar seus efeitos criando medidas de enfrentamento permanente, para proteger

essa população que tem suas vidas devastadas pelo fenômeno recorrente da seca.

Vamos criar, nobres colegas, um programa de convivência com a seca.

Precisamos de medidas de proteção para a agricultura, a pecuária, a economia

local, as condições de vida da população, o meio ambiente como um todo. O

fenômeno se repete e faz-se urgente um planejamento estratégico visando o

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desenvolvimento sustentável desses Municípios atingidos pela seca.

O Presidente Lula, de origem nordestina, soube o que é migrar e deixar para

trás uma vida inteira. Nesta semana, tomei conhecimento de um fato preocupante:

43 Municípios baianos registraram perda de arrecadação. O motivo: migração de

seus habitantes. Diminuiu assim o montante dos que recebiam do Fundo de

Participação dos Municípios, o que dificultará a administração dessas localidades.

Vamos criar condições para que o povo nordestino, valente e aguerrido, eu

diria até insistente, tenha oportunidade de ficar na terra que ama. Vamos criar

condições para que a população, que enfrenta as dificuldades decorrentes de longos

períodos de seca, possa sobreviver a ela de forma digna e feliz. Vamos mostrar que

o homem é capaz de ser parceiro da natureza, respeitando seus movimentos únicos,

sem prejudicá-la, mas sem deixar que ela nos prejudique.

Vamos dar cisternas, mas vamos também investir em tecnologia para que

esses sistemas funcionem. Nossos pesquisadores são criativos e inteligentes.

Vamos ouvir a classe científica para nos ajudar nesse propósito de criar um sistema

de convivência com a seca. Vamos dar alternativas para o pequeno produtor não

amargar uma dívida impagável. Vamos dar esperança para nosso povo sofrido.

Eu conclamo meus pares para que não nos deixemos sensibilizar apenas

quando a seca toma proporções catastróficas. Vamos manter um alerta permanente

e desenvolver um sistema que nos permita prevenir os danos causados por esse

temível fenômeno da natureza.

Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigado.

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O SR. PASTOR MARCO FELICIANO (PSC-SP. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uso desta tribuna para dar as

boas-vindas aos membros da Anistia Internacional, que acaba de instalar uma

missão permanente no Brasil.

Essa missão está a cargo do Sr. Átila Roque, que assume a direção do

escritório da Anistia Internacional no Brasil, instalado no Rio de Janeiro.

A Anistia Internacional é composta, no mundo todo, por aproximadamente 3

milhões de membros, que atuam de forma voluntária. Não são ligados a Governos,

nem são por eles subsidiados. Seus recursos advêm de doações da iniciativa

privada, sob rigorosa avaliação, com a finalidade de manter sua isenção. Esse

prestigioso órgão atua em defesa das minorias, dos direitos fundamentais do

cidadão, acompanhando a atuação das autoridades do País na persecução do bem-

estar social.

Muito obrigado.

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O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, um dos mais representativos exemplos da fase

promissora em que se encontra a economia brasileira é o Estado de Mato Grosso,

pelo ótimo desempenho na agricultura e na pecuária no correr dos últimos anos.

Maior produtor de soja do Brasil, a área plantada no Estado vai além de 6,9 milhões

de hectares, quase o território da Irlanda. A safra 2010-2011 chegou a 18,8 milhões

de toneladas; se exceder, como se espera, os 22 milhões de toneladas, a deste ano

deverá ser a quinta consecutiva com aumento de produção.

Desde a década de 1990, o Estado é o maior produtor nacional de soja e

algodão, o segundo de arroz e o terceiro de fibras. Dos 68,6 milhões de toneladas

de grãos da safra brasileira de 2009-2010, Mato Grosso respondeu por 27%, o que

corresponde a 7% da colheita mundial. Em pouco tempo, de acordo com dados do

IBGE, será nosso o título de maior produtor brasileiro de grãos, oleaginosas e fibras.

De 1985 para cá, a economia mato-grossense cresceu impressionantes

315%; a agricultura, em particular, registrou expansão de 114%. Em 2010, 60% das

exportações brasileiras couberam ao Estado. Em 2012, prevê-se a maior segunda

safra (a chamada “safrinha”) de milho da história: 9,8 milhões de toneladas (40%

mais que a anterior), colhidas em 2,2 milhões de hectares (o que corresponde a

acréscimo de 25% na área plantada). Relativamente à última safra de algodão, Mato

Grosso colheu 1,44 milhão de toneladas (47% da produção nacional), enquanto os

outros Estados, juntos, produziram não mais do que 1,60 milhão de toneladas.

Some-se a essas riquezas a cana-de-açúcar, o sorgo, o feijão, o arroz e o

café. Mencionem-se, pela relevância que têm na atividade agrícola, os Municípios de

Sorriso, Campo Verde, Nova Ubiratã, Sapezal, Sinop, Campo Novo do Parecis,

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Tapurah, Primavera do Leste, Pedra Preta, Itiquira, Diamantino, Nova Mutum,

Campos de Júlio, Alto Taquari e Lucas do Rio Verde.

Tão significativa quanto os recordes alcançados é a reserva financeira dos

produtores, cada vez mais independentes com relação aos créditos do Governo, aos

empréstimos bancários e às tradings, sucessoras do Estado no financiamento

agrícola. Segundo a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso, a

participação das empresas no funding da última safra foi de não mais do que 18%,

enquanto, há 7 anos, proviam quase metade dos recursos.

Tal capitalização decorre não apenas das sucessivas boas safras e dos

preços externos favoráveis. O rigor da lei contra novos desmatamentos, a grande

valorização das terras agricultáveis e o pagamento de dívidas pretéritas —

resultantes da aquisição de máquinas e da ampliação da área de plantio — frearam

investimentos e mantiveram mais dinheiro em caixa. Consolida-se, dessa maneira, o

desenvolvimento sustentável do agronegócio mato-grossense, após a preocupante

crise por que passou em meados da última década.

Como se comprova, Mato Grosso vive novo tempo, de prosperidade

econômica e de justiça social, sob a liderança do Governador Silval da Cunha

Barbosa, companheiro de lutas que dignifica o PMDB. Orgulhamo-nos de trabalhar

por nosso grande povo, patrimônio maior do Estado que amamos, em que a pujança

da economia e a força da produção agrícola haverão de assegurar a saúde, a

educação, o saneamento básico, a segurança pública e o transporte coletivo a que

têm direito todos os cidadãos mato-grossenses.

Esse, o sentimento com que cumprimentamos a FAMATO, Federação da

Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso, pelo admirável esforço que nos

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permite colher da terra não só os produtos que alimentam, mas também a justiça

que honra, a prosperidade que dignifica e a cidadania que engrandece o povo

brasileiro.

Muito obrigado.

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O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste sábado, 17 de março, comemoramos

os 151 anos da unificação italiana.

Quando os historiadores estudam as viagens de Colombo, a descoberta da

América, sempre se referem a ele como navegador genovês, e não italiano, como

poderíamos entender.

Essa divisão do que hoje — aliás, desde a década de 70 do século XIX —

temos o orgulho de chamar Itália não era nada de estranhar. Vale observar, nessa

linha de raciocínio, que a viagem de Colombo foi financiada pelos Reis de Aragão e

Castela e não da Espanha.

Mais de 300 anos depois de a América ser revelada ao mundo, essa divisão

persistia. Findo o poder napoleônico, o Congresso de Viena tentou redefinir as

fronteiras dos países da Europa, mas manteve a Itália subdividida.

Não tardou que, depois dessas decisões desastrosas, surgissem movimentos

que buscavam — e conseguiram — unificar o país.

É o instante em que nos orgulhamos de erguer a figura de Giuseppe

Garibaldi, já revolucionário dos Farrapos, daqui partindo para lutar por sua terra e

seu povo, levando consigo a nossa Anita, justamente conhecida como a heroína de

dois mundos.

Para o Brasil, essa unificação vem a representar avanços magníficos em

nossa economia. Tratados firmados ainda no Segundo Império trazem a nosso País

colonos italianos que se espalharam pelo Sudoeste e pelo Sul, ajudando a compor,

ativamente, o que podemos chamar, nos dias de hoje, de cultura brasileira.

E quanto mais teríamos a dizer, quantos “obrigados” teríamos que exclamar

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diante de um povo que se juntou ao nosso para ajudar a construir um magnífico

povo — nós, brasileiros — que, hoje, caminha para cumprir as promessas de seu

futuro. E a Itália, unida, não se quis fortalecer em armas ou em guerras, mas, sim, na

fraternidade universal de que aquele país é um símbolo imorredouro.

É como a Itália vive, sempre, sempre, no coração de cada brasileiro.

Muito obrigado.

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VII - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Nada mais havendo a tratar, vou

encerrar a sessão.

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - COMPARECEM MAIS OS SRS.:

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DEIXAM DE COMPARECER OS SRS.:

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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Encerro a sessão, convocando para

hoje, quarta-feira, dia 14 de março, às 19h15min, sessão extraordinária da Câmara

dos Deputados com a seguinte

ORDEM DO DIA

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(Encerra-se a sessão às 19 horas e 15 minutos.)