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Diagnóstico Social
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Introdução
Após a adesão ao Programa Rede Social, e com a criação do Conselho Local de
Acção Social de Carrazeda de Ansiães (CLASCA), assumiu-se um compromisso
de promover o desenvolvimento social local, envolvendo toda a comunidade, de
forma a resolver, com maior eficiência e eficácia, os problemas sociais do
concelho, através de parcerias efectivas entre as várias entidades presentes.
Para a concretização destes objectivos é necessário construir um Plano de
Desenvolvimento Social (PDS) para o concelho, um plano onde constam os
objectivos prioritários para a promoção do desenvolvimento local, e que devem ser
negociados, conhecidos e assumidos por todos.
O Diagnóstico Social, documento que aqui se apresenta, é uma componente do
Plano de Desenvolvimento, uma vez que para apresentar soluções e prioridades é
fundamental conhecer a realidade: identificar e interpretar os problemas presentes,
saber quais os grupos mais vulneráveis, as causas dos problemas, as
potencialidades e os recursos existentes para a sua resolução.
A passagem do Pré-Diagnóstico para o Diagnóstico foi feita através da
actualização dos dados recolhidos, da inclusão de dados e abordagens em falta e,
por fim, através dos resultados obtidos no âmbito dos grupos de trabalho e da
reflexão conjunta e participada que os vários parceiros fizeram relativamente aos
problemas elencados.
O Diagnóstico foi elaborado através de uma abordagem sectorial de problemáticas
específicas, que já tinham sido alvo de uma primeira abordagem ao nível do Pré-
Diagnóstico, abrangendo as seguintes áreas: Demografia; Educação; Saúde;
Habitação; Emprego; Actividades Económicas; Acção Social; Segurança; Cultura,
Desporto, Património e Associativismo.
Relativamente às metodologias utilizadas, na primeira parte do Diagnóstico foi
privilegiada a análise documental e bibliográfica, recorrendo-se, em especial, a
publicações estatísticas do Instituto Nacional de Estatística (INE), e foram também
realizados questionários e entrevistas a entidades e a grupos sociais ou sectores
cuja informação ou não estava publicada ou não existia um levantamento actual.
Diagnóstico Social
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Na segunda parte do Diagnóstico, relativa à análise estratégica, desenvolveram-se
técnicas participativas de reflexão e de recolha de opinião.
Um diagnóstico é construído para ser suporte da acção, por isso, é necessário
garantir que os actores a implicar participem activamente, por um lado, para o
conhecerem, por outro lado, para se responsabilizarem pelos seus resultados e
consequências, garantido posteriormente intervenções adaptadas e realistas para
a resolução dos problemas.
O presente diagnóstico ao fornecer dados objectivos e ao retratar de forma global,
nos seus diversos sectores, a realidade concelhia, serviu de base à reflexão e
permitiu aos parceiros e convidados dos vários grupos de trabalho compreender
melhor a abrangência e complexidade dos fenómenos e encontrar perspectivas de
solução.
Assim, foram constituídos 10 grupos de trabalho temáticos, integrando agentes
locais provenientes das autarquias, associações, serviços públicos e grupos
profissionais, bem como indivíduos da população-alvo em análise.
Os diversos grupos foram divididos pelas seguintes áreas de análise:
Demografia/População; Educação; Agricultura; População Idosa; População com
Deficiência; Alcoolismo e Toxicodependência; Menores em Risco; População de
Etnia Cigana; Desenvolvimento Sócio-Económico e Emprego.
Acabado este trabalho, foi realizada uma reunião com todos os parceiros onde
foram apresentados os resultados dos vários grupos e construída a grelha FOFA
(Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) para o concelho. Nesta grelha
estão enunciadas as áreas prioritárias para o concelho, os seus principais
constrangimentos e recursos ao dispor, bem como as principais ameaças e
potencialidades existentes.
Assim, o Diagnóstico Social desenvolveu-se de acordo com a lógica da
metodologia investigação-acção, na medida em que não se limitou a descrever os
problemas existentes, analisando também as suas possíveis causas e
estabelecendo as relações e conexões entre os problemas e as dinâmicas sociais
existentes no concelho, bem como as suas tendências de evolução.
Diagnóstico Social
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Por outro lado, e uma vez que o objectivo é planear o futuro, foram tidas em conta
as potencialidades e recursos que o concelho oferece, bem como as fraquezas e
ameaças que atravessa, permitindo-nos perspectivar e escolher os caminhos a
seguir, os meios que teremos para os trilhar e os obstáculos que teremos que
enfrentar.
Diagnóstico Social
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1. Um Olhar sobre Carrazeda de Ansiães
1.2. Localização Geográfica e um Pouco da sua História
O concelho de Carrazeda de Ansiães pertence ao distrito de Bragança, em relação
qual se situa no seu extremo sul, fazendo fronteira com o distrito de Vila Real para
Ocidente e com o de Viseu já para sul, na outra margem do Douro, e insere-se na
Região de Trás-os-Montes e Alto Douro (ver Mapa N.º1, em anexo).
O concelho tem uma área total de aproximadamente 280 Km2, cerca de 7 640
residentes, e é composto por 19 freguesias e 45 aldeias, e uma densidade
populacional de 27,2 hab/km2.
Terra de grandes tradições na história de Portugal, Carrazeda de Ansiães situa-se
numa área planáltica, prolongamento da longa meseta ibérica, com altitudes
compreendidas entre os seiscentos e os setecentos metros. O rio Douro, bem
como o seu afluente – rio Tua, marcam de forma indelével a paisagem de todo o
concelho, a sua economia e, nomeadamente, a viticultura que beneficia
decisivamente desse facto.
Depreende-se, assim, que Carrazeda possui uma estrutura paisagística
dicotómica: por um lado, o Planalto, caracterizado também por Terra Fria, por
outro, os vales dos rios Douro e Tua, que são as faixas da Terra Quente.
Carrazeda é também terra de povoamento muito remoto. Os seus primeiros
habitantes terão chegado a estas terras por volta do período Calcolítico, ou seja,
Idade do Cobre. Por todo o concelho, abundam vestígios arqueológicos que
comprovam a precocidade do seu povoamento.
A própria formação do concelho é muito remota. O primeiro foral recebeu-o a vila
de Ansiães no século IX por Fernando Magno, ainda Portugal estava longe de ser
independente. Esta acção foi posteriormente repetida, com sucessivas
confirmações outorgadas pelos primeiros reis portugueses, nomeadamente D.
Afonso Henriques (supõe-se que em 1160), D. Sancho em 1198 e por D. Afonso II
em 1219.
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Na crise dinástica de 1383-85, Ansiães alinhou ao lado daquele que mais tarde fora
eleito rei de Portugal. D. João I, para considerar tão nobre acto, doou-a a Vasco
Pires Sampaio e seus sucessores, pelo seu apoio na luta contra Castela.
Em 1734 a sede do concelho é transferida para o lugar de Carrazeda, dando
origem à actual vila.
Muitos são ainda os monumentos de valor arquitectónico no concelho: no exterior
das muralhas do Castelo encontra-se a Igreja de S. João Baptista de estilo
românico e no interior a Igreja de S. Salvador, que remonta ao séc. XII, e está
classificada como Monumento Nacional.
As igrejas das freguesias de Linhares e Marzagão, o Solar de Selores e as vistas
panorâmicas de que são exemplo os miradouros do Alto da Senhora da Graça
(Samorinha), Senhora da Saúde (Mogo) e Senhor da Boa Morte (Castanheiro) são
lugares a não perder. A Pedra Bulideira em Ribalonga, as Fragas do Cachão da
Rapa, os vestígios arqueológicos de arte rupestre, nomeadamente, as Antas de
Vilarinho da Castanheira e Zedes, com símbolos da época paleolítica, são
elucidativos da procura do Homem por esta zona estratégica.
Por fim, resta dizer, neste olhar muito geral sobre Carrazeda, de que se trata de um
concelho predominantemente rural, com grande prevalência do sector primário
como fonte geradora de trabalho e riqueza. As principais produções são: nas zonas
da encosta do Rio Douro, o vinho, em que se destaca o “vinho tratado” e o azeite.
Nas zonas de planalto, a batata, os cereais e a fruta, nomeadamente, a maçã.
Diagnóstico Social
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1.2. Breve Caracterização das Freguesias O Município de Carrazeda de Ansiães é constituído por dezanove freguesias e
vinte e seis aldeias anexas, o que perfaz um total de quarenta e cinco localidades:
Sedes de Freguesia Aldeias Anexas Amedo Areias Beira Grande Belver Mogo de Ansiães Carrazeda de Ansiães Samorinha Castanheiro Fiolhal, Foz-Tua, Tralhariz Fontelonga Penafria, Besteiros Lavandeira Linhares Alegria, Arnal, Campelos, Carrapatosa Marzagão Luzelos Mogo de Malta Parambos Misquel, Venda Nova, S. Pedro Pereiros Codeçais Pinhal do Norte Brunheda, Felgueira, Sentrilha Pombal Paradela, S. Lourenço Ribalonga Seixo de Ansiães Coleja, Sr.ª da Ribeira Selores Alganhafres Vilarinho da Castanheira Pinhal do Douro Zedes
Amedo
Amedo é uma das dezanove freguesias do concelho e fica a cinco Km a Norte da
sede deste.
Habitantes 340 Famílias Clássicas 122 Alojamentos Familiares 264 Área Territorial 13,8 Km2 Densidade Populacional 24,5 hab/km2 Fonte: INE, Censos 2001
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A actividade agrícola e pecuária são praticamente actividades económicas únicas,
tal como na generalidade das restantes freguesias do concelho, numa zona
planáltico-montanhosa como aquela onde se situa.
Beira Grande
A freguesia de Beira Grande dista 9 Km da vila de Carrazeda de Ansiães. Situa-se
no cimo de uma montanha sobranceira ao rio Douro, a cerca de 5Km.
Habitantes 194 Famílias Clássicas 85 Alojamentos Familiares 123 Área Territorial 16,9 Km2 Densidade Populacional 11,4 hab/Km2
Fonte: INE; Censos 2001
A actividade económica é essencialmente a agricultura, onde, e devido à sua
localização, a produção do afamado Vinho do Porto tem um peso essencial.
Belver
Belver situa-se a 2Km para Nordeste da vila de Carrazeda de Ansiães. Inserida na
zona planática, situa-se numa elevação, pois, já o termo Belver parece indicar que
se trata de um local de belos panoramas. Tem bem perto, sua aldeia anexa, o
Mogo de Ansiães, aldeia que nos dá referências de povoação muito antiga.
Habitantes 361 Famílias Clássicas 126 Alojamentos Familiares 217 Área Territorial 8,6 Km2 Densidade Populacional 42 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
A actividade principal é a agro-pecuária, com abundância de castanha, noz, vinho,
cereal, batata, alguns pomares, principalmente de maçã, e gado ovino. Existem
também, para além de alguma outras pequenas empresas, quatro oficinas
tradicionais de tanoaria.
Diagnóstico Social
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Carrazeda de Ansiães
Carrazeda de Ansiães é uma vila de características rurais e é a sede do concelho.
A história da freguesia está ligada à do concelho medieval de Ansiães. De facto,
quando Ansiães era uma vila próspera, antiga, e muito importante na defesa da
linha fronteiriça que o Douro constituiu por diversas vezes, Carrazeda era apenas
um lugar pouco povoado.
Com a escassez de água registada no Castelo de Ansiães, os acessos difíceis,
com a linha de defesa estratégica a alterar-se e a sair fora dos limites do concelho,
a vila entra em decadência e abandono, acabando por ser transferida a sede de
concelho para o lugar de Carrazeda em 6 de Abril de 17341, nascendo assim a vila
e o concelho de Carrazeda de Ansiães.
Habitantes 1 605 Famílias Clássicas 522 Alojamentos Familiares 751 Área Territorial 11,6 Km2 Densidade Populacional 138,4 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
Dedicando-se a diversas actividades e já com alguns serviços à disposição de todo
o concelho, é a agricultura que ainda tem um peso considerável na economia local.
Castanheiro do Norte
A freguesia de Castanheiro do Norte fica a 9 Km de Carrazeda, situa-se na
margem esquerda do rio Tua e na margem direita do rio Douro, para oriente da
sede do concelho.
Com um passado muito antigo, aparece referenciada nos forais do antigo concelho
de Ansiães, ao qual pertencia.
1 1. Tavares, Virgílio, Conheça a Nossa Terra Carrazeda de Ansiães, Edição do Autor, 1999.
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Habitantes 586 Famílias Clássicas 241 Alojamentos Familiares 383 Área Territorial 12,9 Km2 Densidade Populacional 45 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
A ocupação básica dos habitantes de Castanheiro é a agricultura, onde a vinha e a
oliveira predominam.
Fontelonga
Freguesia situada a 3 Km para sudeste da vila de Carrazeda, cujo passado está
também muito ligado à antiga vila de Ansiães, concelho ao qual pertenceu.
Habitantes 355 Famílias Clássicas 157 Alojamentos Familiares 221 Área Territorial 11,1 Km2 Densidade Populacional 31,9 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
Também aqui a actividade principal é a agricultura, onde a maçã, o vinho, o azeite,
a amêndoa, o cereal e a castanha constituem as principais produções.
Lavandeira
Lavandeira fica situada a 7 Km de Carrazeda, a 2 Km da aldeia de Selores e na
encosta sul do monte onde está implantado o Castelo de Ansiães.
Habitantes 184 Famílias Clássicas 77 Alojamentos Familiares 195 Área Territorial 13,5 Km2 Densidade Populacional 13,6 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
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A agricultura continua a marcar-se como a actividade principal, com a produção de
vinho, trigo, milho, azeite e maçã.
Linhares
Linhares é a sede de freguesia e tem quatro aldeias anexas. Situa-se a 10 Km da
sede do concelho, na margem direita do rio Douro.
Rodeada de elevações como o Pico de Linhares e o Monte da Serra, o seu termo é
muito antigo.
Vestígios do passado tem imensos, como as célebres pinturas rupestres do
Cachão da Rapa ou Valeira, as sepulturas cavadas nas rochas, o sítio do Castelo,
ou ainda os machados de pedra polida que por lá têm aparecido.
Habitantes 574 Famílias Clássicas 236 Alojamentos Familiares 334 Área Territorial 27,4 Km2 Densidade Populacional 21 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
A freguesia tem a segunda maior área territorial do concelho e actividade quase
única é a agricultura, produzindo batata, vinho, azeite, fruta e amêndoa, bem como
a existência de algumas matas de pinheiros e sobreiros.
Marzagão
Situada a sul da sede do concelho, do qual dista cerca de 5 km, tem nas suas
proximidades o Castelo de Ansiães, ao qual a sua história está ligada, e fica na
margem direita do rio Douro, estendendo-se a sua povoação em terreno plano com
a altitude de 674 metros.
Habitantes 320 Famílias Clássicas 132 Alojamentos Familiares 195 Área Territorial 16,5 Km2 Densidade Populacional 19,3 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
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A actividade básica continua a ser a agricultura, onde merece destaque a produção
de maçã, o vinho e o azeite.
Mogo de Malta
A freguesia fica situada numa zona planáltica, prolongamento daquela onde se
situa a vila de Carrazeda, da qual dista apenas 4 Km. A sua povoação vive paredes
meias com a aldeia de Mogo de Ansiães, confundindo-se até nos extremos dos
seus povoados.
Habitantes 141 Famílias Clássicas 45 Alojamentos Familiares 90 Área Territorial 11,3 Km2 Densidade Populacional 12,5 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
A população dedica-se essencialmente à agricultura, com a produção de batata,
cereal, vinho, castanhas e maçã.
Parambos
Parambos dista da sede do concelho cerca de 7 Km para o ocidente, e situa-se na
margem esquerda do rio Tua.
Habitantes 314 Famílias Clássicas 116 Alojamentos Familiares 163 Área Territorial 10,5 Km2 Densidade Populacional 29,7 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
A actividade agrícola regista-se também nesta povoação como o principal meio de
riqueza, produzindo batata, vinho, azeite, castanha, maçã e outras frutas e a
existência de alguns rebanhos.
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Pereiros
Fica a cerca de 12 Km da vila de Carrazeda, nas encostas declivosas que vão dar
ao rio Tua.
O seu passado está ligado ao antigo concelho de Freixiel, do qual fez parte até á
sua extinção no séc. XIX (1836).
Habitantes 310 Famílias Clássicas 118 Alojamentos Familiares 235 Área Territorial 14,6 Km2 Densidade Populacional 21 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
Tendo na agricultura a sua actividade principal, produz amêndoa, batata, azeite e
vinho. A silvicultura, actividade outrora rentável, está neste momento quase
inactiva devido aos incêndios que têm desbastado as matas que envolvem a
freguesia.
Pinhal do Norte
Freguesia que se situa a 12 Km para oeste da sede concelho.
O seu povoamento é provavelmente muito antigo, remonta certamente a épocas
pré-históricas, a avaliar pelas inscrições rupestres que por lá se têm descoberto.
Habitantes 315 Famílias Clássicas 144 Alojamentos Familiares 263 Área Territorial 16,9 Km2 Densidade Populacional 18,6 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
A agricultura, com a produção de amêndoa, azeite, vinho e cereal, é a actividade
dominante. Existem também pomares de abrunheiros e matas de pinheiros e
sobreiros que os incêndios de verão não têm perdoado.
Diagnóstico Social
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Pombal
Pombal dista da vila em cerca de 10 Km, fica situada na margem esquerda do rio
Tua, num vale, com encostas muito declivosas.
Habitantes 404 Famílias Clássicas 174 Alojamentos Familiares 275 Área Territorial 16,8 Km2 Densidade Populacional 24 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
Azeite, batatas, cortiça, madeira de pinho, frutas, vinho generoso e de consumo,
são os produtos que os habitantes da freguesia tiram da agricultura, sua principal
actividade.
De registar nesta freguesia, para além de outras actividades que vão ganhando
folgo, a sua marca cultural no concelho através do FARPA (Festival de Artes do
Pombal de Ansiães), promovido pela Associação Recreativa e Cultural de Pombal
de Ansiães, que começa a ser já uma tradição cultural no concelho, apresentando
há já alguns anos um Programa Cultural (música, teatro, pintura) que tem merecido
a presença de centenas de espectadores do concelho e fora do concelho.
Por fim, não podíamos deixar de referir as Caldas de S. Lourenço, cujas águas
termais, famosas na cura de doenças de reumatismo e da pele, são a razão da
visita de muitos turistas.
Ribalonga
Ribalonga fica a cerca de 12 Km para sudoeste de Carrazeda. Situa-se a meio de
uma vale profundo, rodeada por elevados cumes e montes com encostas muito
inclinadas, com socalcos de vinha do tão famoso Vinho do Porto. Está na margem
direita do Douro e esquerda do Tua, e muito perto da confluência dos dois rios.
Sobre o seu passado, podemos certamente afirmar que esta povoação já existe
como lugar habitado já desde a pré-história, a avaliar pelas pinturas rupestres do
Cachão da Rapa.
Diagnóstico Social
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Habitantes 115 Famílias Clássicas 52 Alojamentos Familiares 117 Área Territorial 8,5 Km2 Densidade Populacional 13,5 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
É a freguesia menos populosa do concelho, ainda mais se atendermos que a ela
não corresponde mais nenhuma anexa.
De clima imensamente quente no Verão, situada em pleno Douro Superior, a
agricultura, sendo a sua actividade básica, tem na vinha a principal fonte de
riqueza. Produz-se também azeite, amêndoa, figos e laranjais.
Seixo de Ansiães
Seixo de Ansiães fica a 10 Km para sul sudeste da sede do concelho, no cimo de
uma elevação na margem direita do rio Douro.
Habitantes 367 Famílias Clássicas 165 Alojamentos Familiares 277 Área Territorial 22,1 Km2 Densidade Populacional 16,6 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
Seixo de Ansiães é a terceira freguesia com maior área territorial do concelho.
Também aqui a agricultura é a actividade quase exclusiva dos seus habitantes,
com a produção de vinho, azeite, maçã, laranja, amêndoa e batata.
Diagnóstico Social
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Selores
Esta freguesia fica situada a cerca de 6 Km para sul-sudeste da vila de Carrazeda,
e a 7 Km a Norte da margem direita do rio Douro.
Habitantes 171 Famílias Clássicas 74 Alojamentos Familiares 126 Área Territorial 8,2 Km2 Densidade Populacional 20,9 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
Não sendo esta freguesia a excepção, tem como actividade principal a actividade
agrícola, com a produção de batata, vinho, maçã, azeite e milho e alguma
pastorícia.
Vilarinho da Castanheira
Vilarinho da Castanheira dista cerca de 15 Km para Es-Sudeste de Carrazeda de
Ansiães, paredes meias já com o concelho de Torre do Moncorvo. É sede de
freguesia, mas a aldeia de Vilarinho já foi outrora vila sede de um concelho
medieval.
Teve Pelourinho, Castelo com Alcaide, Casas Brasonadas, das quais ainda hoje
restam alguns exemplares.
Teve o 1.º foral dado por D. Afonso II em 1218, que foi sucessivamente
confirmado, primeiro por D. Dinis em 1287, depois por D. Pedro I em 1363 e, por
fim, por D. Manuel em 1514. Demonstra-se aqui a importância que a vila tivera.
No entanto, povoamento do território parece ser ainda de tempos muito mais
remotos visto existirem por lá antas pré-históricas.
Habitantes 772 Famílias Clássicas 316 Alojamentos Familiares 574 Área Territorial 29,1 Km2 Densidade Populacional 26,5 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
Diagnóstico Social
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A seguir à freguesia de Carrazeda de Ansiães, Vilarinho da Castanheira é aquela
que regista maior numero de residentes. Por outro lado, esta freguesia é a maior
em área territorial de todo o concelho.
No entanto, também aqui a agricultura é a actividade principal, onde a vinha, nas
encostas do Douro, tem um peso crucial. Existe também uma significativa
produção de azeite, de figos e amêndoas.
Zedes
Zedes dista 6 Km da sede do concelho e fica situada num planalto.
As indicações sobre esta freguesia são muito remotas, sendo uma das muitas
aldeias do concelho medieval de Ansiães.
A sua arqueologia e toponímia são anteriores à nacionalidade, e podemos afirmar
que já é povoada desde a pré-história, como o comprovam a Anta ou Dólmen a
“Casa da Moura”, como lhe chamam.
Habitantes 214 Famílias Clássicas 90 Alojamentos Familiares 152 Área Territorial 10 Km2 Densidade Populacional 21,2 hab/Km2
Fonte: INE, Censos 2001
A agricultura é também a actividade principal nesta freguesia. O vinho, o azeite, a
batata, a amêndoa, a castanha e a maçã, são os produtos mais representativos.
Diagnóstico Social
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2. População e Demografia
2.1 – A Região de Trás-os-Montes e Alto Douro
Situado na região de Trás-os-Montes e Alto Douro (TMAD), o concelho de
Carrazeda de Ansiães sofre dos mesmos constrangimentos que os restantes
concelhos da região, que nas últimas três décadas conheceu transformações
demográficas, sociais e económicas muito significativas, no entanto, insuficientes
para contrariar as dinâmicas de esvaziamento e envelhecimento populacional e
recuperar dos atrasos estruturais com que se debate desde há muito tempo.
Efectivamente, TMAD tem vindo a sofrer ao longo dos últimos 40 anos uma quebra contínua e acentuada da população. Depois de ter visto o seu potencial
demográfico aumentar, desde 1864 a 1960, em mais de 40%, a região começou a
perder população a um ritmo assustador, em apenas quatro décadas perdeu cerca
de 232 000 indivíduos, o que representa uma diminuição de cerca de 34% do
potencial demográfico que dispunha no início dos anos 60.2
Este processo de esvaziamento demográfico vem atingindo mais duramente os
concelhos rurais mais pequenos e mais afastados dos principais corredores de
transportes e comunicações (IP4 e IP3), como é o caso do concelho de Carrazeda
de Ansiães, onde se distribuem os centros e eixos urbanos mais importantes e
polarizadores da região.
Na verdade, a par do esvaziamento de muitas freguesias rurais mais isoladas, o
peso dos aglomerados urbanos tem crescido progressivamente, graças a um
processo de concentração nas sedes dos concelhos, a um ritmo muito lento e com
uma expressão territorial muito desigual. Este processo adquire maior expressão
nas capitais de distrito ou cidades de média dimensão, com melhores
acessibilidades, aonde se encontram os níveis superiores de hierarquia dos
serviços públicos, de serviços administrativos supramunicipais e do ensino
superior.3
2 Cepeda, Francisco e Ramos, Luís, “Trás-os-Montes e Alto Douro no Limiar do Século XXI: O Desafio do Desenvolvimento” in III Congresso de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2002. 3 Ibid.
Diagnóstico Social
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TMAD é um território essencialmente rural, com ocupação humana em regra pouco
densa e suportada por aglomerados de pouca dimensão.
A baixa densidade demográfica e a insuficiente massa critica empurram TMAD para uma condição cada vez mais marginal num espaço nacional e europeu marcado pelas forças centrífugas e da metropolização. Por outro lado,
aumentam as assimetrias internas em matéria de desenvolvimento económico e
social e diminui a capacidade de conservação e valorização dos recursos naturais
e de mobilização das energias necessárias ao desenvolvimento da região.4
O declínio populacional traduz-se naturalmente numa perda do seu peso
demográfico no contexto regional e nacional. Em 1864 a região de TMAD
representava 13% da população do continente e 31% da população da região
Norte, esta importância relativa começou a decrescer significativamente a partir de
1960, e, em 2001 os residentes na região já só representam 4,3% dos portugueses do continente e 12 % da população da região Norte.
De 1960 a 1991 o grupo dos jovens (0-14 anos) passou de 34,2% para 20,7% e o
grupo dos 65 e mais anos aumentou de 6,6% para 16,5%.
O índice de envelhecimento (número de idosos por cada 100 jovens) continua a
crescer, tendo já ultrapassado os 100% por volta de 1995.
O esvaziamento demográfico e o envelhecimento da população, com o
alargamento da faixa etária com idades superiores a 65 anos, e a diminuição da
população em idade fértil e potencialmente activa, contribuíram igualmente para a
forte diminuição dos índices de natalidade.
4 Ibid.
Diagnóstico Social
19
2.1 – Dinâmicas Sócio-Demográficas e Sócio-Familiares no
Concelho de Carrazeda de Ansiães
População Residente, sua Evolução e Estrutura Demográfica
Carrazeda de Ansiães é o exemplo vivo do que no ponto anterior referimos. De
facto, sendo um concelho rural, com efectivos populacionais muito baixos, tem
vindo a sofrer um contínuo processo de desertificação e envelhecimento da
população, tratando-se de um dos concelho onde estas problemáticas se fazem
sentir com mais intensidade.
Este processo tem vindo a ser sentido há várias décadas, sendo o decréscimo populacional na ordem dos 17,2% de 1991 para 2001, e de 33% nos últimos 20
anos. O fenómeno do duplo envelhecimento da população, constituído pela
diminuição do peso relativo da população jovem e pelo aumento considerável da
população idosa, tem vindo a ser sentido de forma muito preocupante.
De facto, o concelho de Carrazeda de Ansiães é um dos concelhos menos
populosos da sub-região do Douro (NUTS III), foi aquele que apresentou a maior
diminuição de população residente em toda a sub-região nos últimos dez anos e foi
o segundo, de toda a região Norte que, em termos percentuais, perdeu mais
população.
Diagnóstico Social
20
Quadro N.º1 – População Residente em 1991 e 2001, e a sua Evolução, por
Freguesia
Freguesias População Residente em
1991
População Residente em
2001
Variação entre 1991 e 2001 (%)
Amedo 411 340 - 17,3 Beira Grande 260 194 - 25,4 Belver 365 361 - 1,1 Carrazeda Ansiães 1299 1605 23,6 Castanheiro 761 586 - 23 Fontelonga 435 355 - 18,4 Lavandeira 346 184 - 46,8 Linhares 769 574 - 25,4 Marzagão 323 320 - 0,9 Mogo de Malta 163 141 - 13,5 Parambos 420 314 - 25,2 Pereiros 415 310 - 25,3 Pinhal do Norte 448 315 - 29,7 Pombal 519 404 - 22,2 Ribalonga 171 115 - 32,7 Seixo de Ansiães 484 367 - 24,2 Selores 246 171 - 30,5 Vilarinho da Castanheira 1096 772 - 29,6 Zedes 304 214 - 29,6
TOTAL 9235 7642 - 17,2
Fonte: INE; Censos 2001
Pela observação do quadro, constata-se que, à excepção da sede do concelho,
que viu a sua população crescer, as restantes freguesias sofreram uma forte
diminuição da população de 1991 para 2001. A freguesia da Lavandeira foi aquela
que mais sofreu este fenómeno, tendo visto a sua população reduzida quase para
metade nos últimos dez anos.
Por outro lado, se pararmos para observar esta evolução ao nível dos grupos
etários, a situação torna-se ainda mais alarmante, como se demonstra nos quadros
que se seguem.
Diagnóstico Social
21
Quadro N.º2 -. População Residente em 1991 e 2001, segundo os Grupos Etários,
por Freguesias
População Residente Em 1991 Em 2001
Freguesias
Total 0-14 15-24 25-64 65 ou mais
Total 0-14 15-24 25-64 65 ou mais
Amedo 411 90 49 183 89 340 48 53 156 83 Beira Grande 260 38 37 128 57 194 12 26 96 60 Belver 365 81 46 177 61 361 59 60 155 87 Carraz. Ansiães 1299 338 187 624 150 1605 279 250 820 256 Castanheiro 761 159 133 333 136 586 75 81 270 160 Fontelonga 435 71 56 190 118 355 28 42 142 143 Lavandeira 346 82 44 154 66 184 15 26 85 58 Linhares 769 144 79 349 197 574 59 67 247 201 Marzagão 323 63 42 139 79 320 44 34 160 82 Mogo de Malta 163 41 20 76 26 141 14 24 63 40 Parambos 420 88 79 184 69 314 42 41 152 79 Pereiros 415 75 74 191 75 310 40 36 145 89 Pinhal do Norte 448 64 48 234 102 315 26 18 145 126 Pombal 519 65 68 257 129 404 36 36 176 156 Ribalonga 171 21 27 78 45 115 5 10 51 49 Seixo de Ansiães 484 87 57 229 111 367 43 30 170 124 Selores 246 44 29 114 59 171 15 20 69 67 Vilarinho Cast. 1096 227 163 508 198 772 85 92 392 203 Zedes 304 66 49 130 59 214 24 33 101 56
TOTAL 9235 1844 1287 4278 1826 7642 949 979 3595 2119
Fonte: INE, Censos 2001
Gráfico N.º 1
Evolução da População Residente no Concelho de Carrazeda de Ansiães segundo os Grandes Grupos Etários (1991-2001)
1844
1287
4278
1826
949 979
3595
2119
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
0-14 15-24 25-64 65 ou +
Grupos Etários
N.º
de R
esid
ente
s
19912001
Diagnóstico Social
22
Quadro N.º3 -. Variação da População Residente, por Grupos Etários e
Freguesias, entre 1991 e 2001
Variação entre 1991 e 2001 (%) Grupos Etários
Freguesias
0-14 anos 15-24 anos 25-64 anos 65 ou mais Amedo - 46,7 8,2 -14,8 - 6,7 Beira Grande - 68,4 - 29,7 - 25,0 5.3 Belver - 27,2 30,4 - 12,4 42,6 Carrazeda Ansiães - 17,5 33,7 31,4 70,7 Castanheiro - 52,8 - 39,1 - 18,9 17,6 Fontelonga - 60,6 - 25,0 - 25,3 21,2 Lavandeira - 81,7 - 40,9 - 44,8 - 12,1 Linhares - 59,0 - 15,2 - 29,2 2,0 Marzagão - 30,2 - 19,0 15,1 3,8 Mogo de Malta - 65,9 20,0 - 17,1 53,8 Parambos - 52,3 - 48,1 - 17,4 14,5 Pereiros - 46,7 - 51,4 - 24,1 18,7 Pinhal do Norte - 59,4 - 62,5 - 38,0 23,5 Pombal - 44,6 - 47,1 - 31,5 20,9 Ribalonga - 76,2 - 63,0 - 34,6 8,9 Seixo de Ansiães - 50,6 - 47,4 - 25,8 11,7 Selores - 65,9 - 31,0 - 39,5 13,6 Vilarinho da Castanh. - 62,6 - 43,6 - 22,8 2,5 Zedes - 63,6 - 32,7 - 22,3 -5,1
TOTAL - 48,5 - 23,9 - 16,0 16,0
Fonte: INE, Censos 2001
Como se pode constatar o grupo etário dos jovens (0-14 anos) teve, nos últimos
dez anos, um decréscimo no concelho de quase 50%, representando
actualmente este grupo etário apenas 12,4% da população residente (949
indivíduos). Por outro lado, o grupo etário com 65 anos ou mais tem um peso no
total da população residente de 27,8% (2119 residentes). Destes, 44,8% (949 residentes) são idosos com 75 ou mais anos.
O saldo é negativo em todas as freguesias, mesmo na sede do concelho, embora
seja esta a freguesia com o valor negativo mais baixo. Freguesias como
Lavandeira, que perdeu mais de 80% da sua população jovem, ou Ribalonga que
Diagnóstico Social
23
viu diminuir os seus jovens em cerca de 76%, são os exemplos mais marcantes do
fenómeno do envelhecimento da população, que marca todo o concelho.
Concomitantemente, a população em idade fértil e potencialmente activa sofre
também um acentuado declínio, sendo este muito maior no grupo dos adultos
jovens (15-24 anos) que, à semelhança da população mais jovem, reflecte a
diminuição dos efectivos da geração da década de oitenta, altura em que a
substituição de gerações deixou de ser assegurada. A população dos 25-64 anos,
embora tenha um crescimento negativo, ele é de longe muito menor ao dos dois
grupos anteriores, o que demonstra que esta população acompanha a evolução
dos idosos, apresentando estes valores de crescimento na ordem dos 16%.
Conclui-se, assim, que estamos perante o envelhecimento da própria população
activa.
O progresso do envelhecimento, quer no topo da pirâmide etária, pelo considerável
aumento de 16% do número de idosos na última década, quer, sobretudo, na base
da pirâmide, que viu os seus valores diminuírem praticamente para metade no
mesmo período, assume no concelho de Carrazeda de Ansiães um ritmo muito
acima da média da região, como se mostra no quadro que se segue.
Quadro N.º4 -. Variação da População Residente, por Grupos Etários, no
Concelho de Carrazeda de Ansiães, Região do Douro, na Região de Trás-os –
Montes e Portugal, entre 1991 e 2001
População Residente Variação entre 1991 e 2001
Grupos Etários
Zona Geográfica
Variação Total 0-14 15-24 25-64 65 ou mais
Carrazeda de Ansiães -17,2 -48,5 -23,9 -16,0 16,0 Douro -7,1 -32,2 -20,2 0,7 18,9 Alto Trás-os-Montes -5,1 -34,6 -15,9 0,1 24,7 Portugal 5 -16 -8,1 11,8 26,1 Fonte: INE, Censos 2001
Através da análise do quadro anterior, podemos verificar que o concelho de
Carrazeda de Ansiães regista, por um lado, valores muito acima da média, pela
negativa, na variação total da população, com menos 17,2% de população em dez
Diagnóstico Social
24
anos, e, por outro lado, regista igualmente valores muito acima da média na
diminuição dos grupos etários mais jovens.
Densidade Populacional
Relativamente à densidade populacional, que traduz a relação entre o efectivo da
população e a área que ocupa (normalmente expressa em Km2), o concelho de
Carrazeda de Ansiães apresentava, em 2001, uma densidade populacional de 27,2
habitantes por Km2.
Quadro N.º5 - Densidade Populacional por Freguesia, 2001
Freguesias Densidade Populacional (Hab. Por Km2)
Amedo 24,5 Beira Grande 11.4 Belver 42 Carrazeda Ansiães 138,4 Castanheiro 45 Fontelonga 31,9 Lavandeira 13,6 Linhares 21 Marzagão 19,3 Mogo de Malta 12,5 Parambos 29,7 Pereiros 21 Pinhal do Norte 18,6 Pombal 24 Ribalonga 13,5 Seixo de Ansiães 16,6 Selores 20,9 Vilarinho da Castanh. 26.5 Zedes 21,2 TOTAL 27,2
Fonte: INE, Censos 2001
Como se pode constatar, o concelho, e a generalidade das freguesias, à excepção
da sede do concelho, tem uma densidade populacional muito baixa. Agora vejamos
como se posiciona o concelho relativamente à sub-região do Douro (NUTSIII) e à
região Norte.
Diagnóstico Social
25
De facto, o concelho regista uma densidade populacional muito inferior à média da
região onde se insere.
Indicadores Demográficos
Em termos de grandes traços caracterizadores das dinâmicas sócio-demográficas,
o último Anuário disponível (Anuário Estatístico da Região Norte de 2002, do INE)
dá-nos alguns Indicadores Demográficos, relativos ao ano de 2001, que de seguida
se mostram em quadro.
Quadro N.º6 – Indicadores Demográficos em 2001
Carrazeda de Ansiães
Douro Norte Portugal
Taxa de Natalidade 8,3 9,5 11,4 10,9 Taxa de Mortalidade 16,1 12,5 8,7 10,2 Taxa de Crescimento Natural -7,8 -3,0 2,6 0,7 Taxa de Nupcialidade 5,3 6,1 6,2 5,7 Taxa de Divórcio 0,4 1,3 1,4 1,8 Taxa de Fecundidade 36,2 37,5 42,8 43,2 Nados-vivos fora do casame. 20,6 15,6 14,8 23,8 Casamentos Católicos 55,0 70,8 74,0 62,5 Índice de Envelhecimento 183,4 115,7 81,9 103,6 Fonte: Anuário Estatístico da Região Norte de 2002
Gráfico N.º 2Densidade Populacional no Norte, Douro e Carrazeda de Ansiães
27,2
53,9
173,2
Carrazedade Ansiães
Douro
Norte
Diagnóstico Social
26
Como podemos verificar, a realidade mostrada no quadro anterior não é muito
animadora. De facto, Carrazeda de Ansiães apresenta a taxa de natalidade mais
baixa relativamente às três dimensões territoriais elencadas no quadro. Por outro
lado, regista uma taxa de Mortalidade bastante superior às restantes,
apresentando, por exemplo, em relação à região Norte valores 7,4% acima desta.
Destes dois indicadores resulta uma taxa de crescimento natural, onde os valores
se evidenciam no concelho de Carrazeda de Ansiães, com valores bastante
negativos, e com uma posição relativamente à sub-região do Douro de menos
4,8%, embora esta região também registe uma taxa de valores negativos.
Dados curiosos são os valores registados no concelho relativamente aos nados-
vivos fora do casamento, cujos valores são superiores à média da região Norte e
da sub-região do Douro e os valores que dizem respeito à percentagem de
casamentos católicos, que se posicionam muito abaixo da média das outras
regiões com que se compara no referido quadro.
Por fim, o índice de envelhecimento apresenta valores muito acima da média
nacional (cerca de 80% mais) e muito acima da região e sub-região onde se insere,
cerca de mais 100% relativamente ao Norte e de mais 67,7% relativamente ao
Douro.
Famílias
Atente-se agora à análise das famílias do concelho, particularmente no que se
refere às formas que assumem ou tendem a assumir.
Para efeito da caracterização das famílias, e de acordo com os conceitos utilizados
pelo INE, os agregados familiares distribuem-se de acordo com as seguintes
categorias: famílias clássicas, famílias institucionais e núcleos familiares.
As famílias clássicas são entendidas, segundo o INE, como o conjunto de
pessoas que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco (de
direito ou de facto) entre si, podendo ocupar a totalidade ou parte do alojamento.
Considera-se também como família clássica qualquer pessoa independente que
ocupe uma parte ou a totalidade de uma unidade de alojamento.
Diagnóstico Social
27
A família institucional define-se como o conjunto de pessoas residentes num
alojamento colectivo que, independentemente da relação de parentesco entre si,
observam uma disciplina comum, são beneficiários dos objectivos de uma
instituição e são governados por uma entidade interior ou exterior ao grupo.
Por núcleo familiar entende-se um conjunto de pessoas dentro da família clássica,
entre as quais existe um dos seguintes tipos de relação: casal com ou sem filho(s)
solteiro(s), pai ou mãe com filho(s) solteiro(s), avós com neto(s) solteiro(s) e avô ou
avó com neto(s) solteiro(s).
O concelho, segundo o censos de 2001, tem um total de 2 992 famílias clássicas,
4 famílias institucionais e 2 322 núcleos familiares. O quadro que se segue dá-
nos conta da distribuição destes valores pelas dezanove freguesias do concelho.
Quadro N.º 7 - Famílias Clássicas, Famílias Institucionais e Núcleos Familiares por Freguesia
Famílias Freguesias Clássicas Institucionais
Núcleos Familiares
Amedo 122 - 93 Beira Grande 85 - 62 Belver 126 - 107 Carraz. Ansiães 522 1 458 Castanheiro 241 - 173 Fontelonga 157 1 100 Lavandeira 77 - 56 Linhares 236 - 180 Marzagão 132 - 106 Mogo de Malta 45 1 40 Parambos 116 - 97 Pereiros 118 - 97 Pinhal do Norte 144 - 109 Pombal 174 - 132 Ribalonga 52 - 41 Seixo de Ansiães 165 - 122 Selores 74 - 52 Vilarinho Cast. 316 1 230 Zedes 90 - 67 TOTAL 2 992 4 2 322 Fonte: INE, Censos 2001
Diagnóstico Social
28
Analisando os dados por freguesia verifica-se que a freguesia de Carrazeda de
Ansiães é aquela que mais se destaca relativamente ao número de famílias e
núcleos familiares, seguida pelas freguesias de Vilarinho da Castanheira, Linhares
e Castanheiro, respectivamente. Mogo de Malta e Ribalonga são as freguesias
com menor número de famílias e núcleos familiares.
O conjunto de quadros que se segue (N.º7/8/9), permite-nos configurar a estrutura
familiar no concelho de Carrazeda de Ansiães no período intercensitário 1991-
2001.
Quadro N.º8 - Famílias Clássicas segundo o Estado Civil, no Concelho, em 2001
Casado (a) Total Solteiro (a) Legalmente “De
facto”
Viúvo (a)
Separado (a)
Divorciado (a)
2992 195 2024 61 659 17 36
Fonte: INE, Censos 2001
Da análise do quadro anterior podemos constatar que o estado civil da maioria das
famílias do concelho é o de casado legalmente, correspondendo este grupo a
67,6% do total de famílias, ao qual se juntarmos os casados “de facto”, soma este
grupo um total de aproximadamente 70%. De seguida, surge-nos o grupo dos
viúvos(as), representando 22% das famílias. Os solteiros correspondem apenas a
6,5% das famílias e os separados e divorciados representam, no seu todo, 1,7% do
total das famílias.
Quadro N.º9 - Famílias Clássicas segundo a Dimensão (pessoas) em 1991 e 2001
Dimensão Total C/1 C/2 C/3 C/4 C/5 C/6 C/7 C/8 C/9 C/10
ou + 1991 3229 641 950 630 559 263 111 43 21 5 6 2001 2992 698 1063 557 435 160 50 20 6 3 -
Fonte: INE, Censos (1991, 2001)
Da análise do quadro N.º8 podemos, em primeiro lugar, constatar que houve um
decréscimo no número de famílias, acompanhando este o decréscimo dos
efectivos populacionais, havendo no ano de 2001 menos 237 famílias do que em
1991.
Diagnóstico Social
29
Por outro lado, cresceram as famílias com 1 e com 2 pessoas (acompanhando a
tendência nacional). Estas famílias representavam em 1991 49,3% das famílias
clássicas e em 2001 representam já 58,8% do total das famílias clássicas. Por
outro lado, as famílias com 5 ou mais pessoas diminuíram nos últimos 10 anos.
Em 1991 estas famílias representavam 14% das famílias clássicas, em 2001 esse
valor cai para os 8%.
Vendo mais de perto as famílias com 1 ou 2 pessoas, segundo o tipo de família na
base de estrutura etária, e centrando-nos nas pessoas com idade igual ou superior
a 65 anos, a situação é a seguinte:
Quadro N.º 10 – Famílias Clássicas, com 1 e com 2 Pessoas, Tendo na Base da
Estrutura Etária Pessoas com Idade Igual ou Superior a 65 anos
1 Pessoa com 65 ou mais
anos
2 Pessoas ambas ou 1 delas com idade igual ou
superior a 65 anos
Freguesias
Masc. Fem Total N.º de Famílias Amedo 6 14 20 24 Beira Grande 4 12 16 20 Belver 3 13 16 25 Carraz. Ansiães 13 36 49 57 Castanheiro 13 39 52 46 Fontelonga 7 17 24 40 Lavandeira 6 12 18 16 Linhares 16 30 46 70 Marzagão 5 16 21 31 Mogo de Malta 1 3 4 10 Parambos 3 12 15 27 Pereiros 4 15 19 34 Pinhal do Norte 8 16 24 47 Pombal 10 24 34 51 Ribalonga 3 5 8 15 Seixo de Ansiães 8 23 31 50 Selores 5 14 19 21 Vilarinho Cast. 15 48 63 51 Zedes 5 12 17 23 TOTAL 135 361 496 658
Fonte: INE, Censos 2001
Diagnóstico Social
30
Efectivamente, o quadro anterior mostra-nos um cenário em que, para além de nos
dar conta do envelhecimento da população, nos demonstra que existe um grande
número de famílias compostas apenas por uma só pessoa idosa: existem no
concelho 496 idosos a morar sozinhos e, destes, 73% são mulheres.
Estas famílias correspondem a 16,6% do total de famílias clássicas no concelho,
às quais, se juntarmos as famílias com 2 pessoas em que ambas ou uma delas
têm idade igual ou superior a 65 anos, temos um peso de 38,6% no total de
famílias.
Tratam-se de dados que merecem reflexão por parte das autarquias e instituições
que operam ao nível da acção social, pois, estamos perante um grupo muito
vulnerável à pobreza, já de si com grandes necessidades de apoio social, mas que,
pelo facto de se encontrarem a viver sozinhos, sem retaguarda familiar, são um
fenómeno a merecer ainda mais atenção.
Quadro N.º11 - Famílias Clássicas, segundo o Tipo de Família em 1991 e 2001, no Concelho de Carrazeda de Ansiães
Com 1 Núcleo
Ano
Sem Núcleo Casal
sem Filhos
Casal com
Filhos
Pai com
Filhos
Mãe com
Filhos
Avós com
Netos
Avô com
Netos
Avó com
Netos
Com 2
Núcleos
Com 3 ou +
Núcleos
1991 703 862 1318 35 182 32 1 21 73 2 2001 736 945 1015 34 165 20 - 13 62 2 Fonte: INE, Censos (1991,2001)
O quadro N.º9 dá-nos a evolução no tipo de famílias de 1991 para 2001.
Destacam-se, de entre os restantes valores, os dados referentes à evolução das
famílias clássicas sem núcleo, tendo passado este grupo de um peso de 26,7% no
total da famílias clássicas em 1991 para 31,5% em 2001. As famílias
monoparentais não cresceram significativamente no período em análise. Em 2001
foram recenseados 232 núcleos familiares deste tipo, sendo estes maioritariamente
constituídos por mãe com filho(s).
Diagnóstico Social
31
3. Educação
O factor educação é frequentemente abordado enquanto indicador de um
desenvolvimento social integrado, ao mesmo tempo que lhe é atribuído um papel
crucial enquanto mecanismo para o processo de modernização.
Neste capítulo tentaremos mostrar o panorama sócio-educativo do concelho.
3.1 – Níveis de Instrução e Estabelecimentos de Ensino
No concelho de Carrazeda de Ansiães, segundo os censos de 2001, o 1.º ciclo
básico constitui o nível de ensino atingido pela maioria da população residente, com 46,8% (que contempla os indivíduos que tenham concluído um
qualquer nível de ensino, os que não completaram e os que frequentam
determinado nível de ensino), o ensino secundário foi atingido apenas por 7,7% da
população residente, muito abaixo da média nacional que está nos 15,7%, e o
ensino superior apenas atinge 5,1% dos residentes, em contraponto com os 10,8%
registados a nível nacional. No mesmo período, 19,6% da população do concelho
não tinha atingido qualquer nível de ensino, a média nacional não ultrapassa os
12,5%.
Quadro N.º12 - População Residente segundo o Nível de Ensino Atingido
Homens Mulheres Total Níveis de Ensino
N.º % N.º % N.º %
Sem Nível de Ensino 602 16,1% 916 22,8% 1518 19,6%
Pré-Escolar 53 1,4% 64 1,6% 117 1,5%
1.º Ciclo 1828 48,8% 1807 45,0% 3635 46,8%
2.º Ciclo 473 12,6% 383 9,5% 856 11,0%
3.º Ciclo 356 9,5% 265 6,6% 621 8,0%
Secundário 300 8,0% 301 7,5% 601 7,7%
Médio 4 0,1% 10 0,2% 14 0,2%
Superior 130 3,5% 267 6,7% 397 5,1%
TOTAL 3746 100,0% 4013 100,0% 7759 100,0%
Fonte: Censos 2001
Diagnóstico Social
32
Gráfico N.º 3População segundo o Nível de Ensino
602
53
1828
473356 300
4130
3746
916
64
1807
383265 301
10
267
4013
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
Sem Nívelde Ensino
Pré-Escolar 1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo Secundário Médio Superior TOTAL
Nível de ensino
Nº h
abita
ntes
Homens N.ºMulheres N.º
Do quadro e gráfico anteriores, constatamos também que o grupo das mulheres é
maioritário de entre o grupo dos que não atingiram qualquer nível de ensino, 22,8% em
contraponto com 16,1% de homens. Relativamente aos níveis de ensino atingido, o
grupo das mulheres está sempre em número mais reduzido do que o dos homens, à
excepção do ensino superior, em que as mulheres superam os homens em 3,2%.
É ainda de registar o facto do ensino médio ter uma expressão quase nula no concelho.
Taxa de Analfabetismo
Relativamente à taxa de analfabetismo (relação entre a população com 10 ou mais
anos que não sabe ler nem escrever e a população com 10 ou mais anos), nos últimos
10 anos ela diminuiu cerca de 2,5% no concelho, contudo continua-se a registar valores
muito acima da média nacional e regional (Norte), que, em 2001, era de 9% e 8,3%
respectivamente.
Diagnóstico Social
33
Quadro N.º13 - Taxa de Analfabetismo em 1991 e 2001
Total de Residentes (em 2001)
Analfabetos com 10 ou mais anos (2001)
Taxa de Analfabetismo
Total Homens Mulheres Total
Homens Mulheres Em 1991 Em 2001
7 642 3 693 3 949 1 219 450 769 19,7 17,2 Fonte: Censos 2001
Como podemos verificar no quadro anterior, o concelho de Carrazeda de Ansiães
apresenta, em 2001, uma taxa de analfabetismo na ordem dos 17,2%.
O número de mulheres que não sabe ler nem escrever é muito superior ao dos
homens, representando elas 63% do total dos analfabetos, ou seja, existem mais
13% de mulheres analfabetas do que homens. Esta discrepância é a norma no
país, sendo a única diferença os valores, já que a discrepância nacional era, no
mesmo período censitário, de 5,2%.
3.2. – Estabelecimentos de Ensino, População Estudantil e
Pessoal Docente
Relativamente aos estabelecimentos de ensino, alunos matriculados e pessoal
docente, o concelho de Carrazeda de Ansiães contabiliza, no ano lectivo
2004/2005 um total de 40 estabelecimentos de ensino (menos 3 que o ano
lectivo anterior), que reuniam aproximadamente 1 027 estudantes, distribuídos por
um espectro escolar que vai desde o ensino pré-escolar até ao ensino secundário e
profissional.
Diagnóstico Social
34
Quadro N.º14 – Estabelecimentos de Ensino, Alunos Matriculados e Pessoal
Docente, segundo o Ensino Ministrado (2004/2005)
Ed. Pré-Escolar Ens. Básico Público Privado
* 1.º
Ciclo 2.º
Ciclo 3.º
Ciclo
Ens. Secundário
Ens. Profissional
Total
Estabelec. de Ensino
5 2 29 1 1 1 1 40
Alunos Matriculados
60 87 246 160 212 154 108 1027
Pessoal Docente
8 5 56 25 57 24 175
Fonte: Agrupamento Vertical de Carrazeda de Ansiães
* Questionário da Rede Social às IPSS’s (ensino pré-escolar privado) e Escola Profissional
3.3 – Ensino Básico
No presente ano lectivo (2004/2005), existem 5 escolas públicas de Ensino Pré-
Escolar, 29 escolas do 1.º Ciclo, 1 escola do 2.º Ciclo, e uma escola do 3.º Ciclo
(as escolas do 2.º Ciclo e 3.º Ciclo e Secundário funcionam todas no mesmo
espaço físico – Escola E.B.2, 3 +S de Carrazeda de Ansiães). Esta rede escolar
está organizada no Agrupamento Vertical de Carrazeda de Ansiães.
Relativamente ao Ensino Pré-Escolar, para além das já referidos 5
estabelecimentos público, existem mais 2 estabelecimentos particulares, um
assegurado pela Santa Casa da Misericórdia de Carrazeda de Ansiães, outro pelo
Centro Social e Paroquial da Fontelonga, ambos com uma área de influência além
das freguesias onde se inserem, aceitando crianças de todo o concelho.
Dos 147 alunos neste nível de ensino, 4 têm Apoio Educativo Especial (menos 5
alunos que no ano lectivo anterior).
Diagnóstico Social
35
Quadro N.º 15 – Estabelecimentos de Ensino Pré-Escolar no Concelho e N.º de
Alunos por Estabelecimento, no ano Lectivo de 2004/2005
Estabelecimentos de Ensino N.º Alunos Jardim de Infância de Carrazeda de Ansiães (público) 21 Jardim de Infância de Mogo de Malta (público) 11 Jardim de Infância de Vilarinho da Castanheira (público) 9 Jardim de Infância de Seixo de Ansiães (público) 8 Jardim de Infância de Castanheiro do Norte (público) 11 Jardim de Infância da Santa Casa da Misericórdia de C. A. (privado) 66 Jardim de Infância do Centro Social e Paroquial da Fontelonga (privado) 21
Total 147
Fonte: Agrupamento Vertical de Carrazeda de Ansiães e Questionário da Rede Social às
IPSS´s, 2004/2005
O 1.º Ciclo, onde estão agrupados os quatro primeiros anos do ensino escolar
básico, é constituído por 29 estabelecimentos de ensino distribuídos pelas 19
freguesias do concelho.
Diagnóstico Social
36
Quadro N.º 16 – Escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico e N.º de Alunos no
concelho de Carrazeda de Ansiães, Ano lectivo 2004/05
N.º de Alunos por Anos de Escolaridade Escolas 1.º ano 2.º ano 3,º ano 4.º ano
Total de Alunos
Areias 1 4 1 1 7 Beira Grande - 1 2 - 3 Belver - 1 1 2 Carrazeda de Ansiães 22 33 15 27 97 Samorinha - 1 1 1 3 Castanheiro do Norte 3 2 - 3 8 Foz-Tua 1 2 2 1 6 Tralhariz 1 1 2 - 4 Fontelonga 2 - 2 3 7 Lavandeira 2 3 1 - 6 Linhares - 1 1 1 3 Arnal 1 1 1 4 7 Campelos 1 - 3 2 6 Marzagão 1 1 1 1 4 Luzelos - - 1 1 2 Mogo de Malta 4 2 2 1 9 Parambos - - 2 1 3 Misquel - 1 1 2 4 Pereiros - - 2 1 3 Codeçais 2 3 - - 5 Pinhal do Norte 1 1 2 2 6 Brunheda - 1 - 1 2 Pombal 2 - 4 2 8 Paradela - 1 1 1 3 Seixo de Ansiães 4 - - 3 7 Coleja - - 2 - 2 Selores 2 1 - 1 4 Vilarinho da Castanheira 10 7 3 2 22 Zedes 3 1 - 1 5
Total 62 68 53 64 247 Fonte: Agrupamento Vertical de Carrazeda de Ansiães, Dezembro de 2004
Como se pode constatar, no presente ano lectivo, o 1.º Ciclo conta com 247 alunos
distribuídos por 29 escolas e um corpo docente de 56 professores (neste número
estão incluídos os professores dispensados da componente lectiva).
Diagnóstico Social
37
Trata-se, de facto, de um número de alunos muito baixo atendendo ao número de
estabelecimentos existentes, a população estudantil, em especial neste nível de
ensino, tem registado um diminuição contínua ao longo dos últimos anos. A grande
maioria das escolas, cerca de 93%, têm menos de 10 alunos, e cerca de 55% têm
5 ou menos alunos.
Do ano lectivo passado para este ano lectivo fecharam duas escolas (Amedo e
Pinhal do Douro), contudo, o n.º de alunos no 1.º ciclo subiu, embora que muito
ligeiramente, tendo mais 6 alunos. Comparando os últimos quatro anos lectivos
registamos um decréscimo no número de alunos na ordem dos 15%.
Segundo informações do Agrupamento Vertical, neste ano lectivo apenas se
registou 1 abandono escolar ao nível do 1.ºCiclo Básico.
No que se refere aos Apoios Educativos Especiais, existem 16 crianças neste
nível de ensino a receber este tipo de apoio.
Quanto ao 2.ºCiclo do Ensino Básico (5.º e 6.º ano de escolaridade) ele é
assegurado na sua totalidade pela E.B.2,3 + S de Carrazeda de Ansiães, que,
neste ano lectivo, tem 160 alunos (menos 8 alunos que no ano anterior).
Quadro N.º17 - N.º de Alunos, por Turma e Sexo, no 2.º Ciclo Básico, no Ano
Lectivo 2004/05
N.º de Alunos Turma Masc. Fem. Total 5.º A 13 7 20 5.º B 12 8 20 5.º C 12 8 20 5.º D 10 3 13 6.º A 19 8 27 6.º B 14 6 20 6.º C 10 10 20 6.º D 12 8 20
TOTAL 102 58 160 Fonte: Agrupamento Vertical de Carrazeda de Ansiães, Dezembro de 2004
Diagnóstico Social
38
O 2.º Ciclo é composto por 8 turmas, 4 do 5.º ano e 4 do 6.º ano, com uma média
de 20 alunos por turma. Os rapazes estão em maioria neste nível de ensino,
correspondendo a cerca de 64% dos alunos matriculados.
Estão a receber Apoios Educativos Especiais 11 alunos, 6 do sexo masculino e
5 do sexo feminino.
No anterior ano lectivo abandonaram a escola 3 alunos do 2.º Ciclo (2 do sexo
feminino e 1 do sexo masculino).
O 3.º Ciclo é assegurado pela já referida E.B.2,3 + S de Carrazeda de Ansiães,
que tem matriculados no presente ano lectivo 212 alunos (menos 12 alunos que
no ano anterior), divididos por 9 turmas e um total de 57 professores, juntamente
com o secundário.
Quadro N.º18 - N.º de Alunos, por Turma e Sexo, no 3.º Ciclo Básico, no Ano
Lectivo 2004/05
N.º de Alunos Turma Masc. Fem. Total 7.º A 16 11 27 7.º B 9 11 20 7.º C 15 12 27 8.º A 5 13 18 8.º B 10 10 20 8.º C 11 13 24 8.º D 11 8 19 9.º A 13 16 29 9.º B 17 11 28
TOTAL 107 105 212 Fonte: Agrupamento Vertical de Carrazeda de Ansiães, Dezembro de 2004
Neste nível de ensino, 2 alunos (sexo masculino) estão com Apoios Educativos Especiais.
Relativamente ao abandono escolar, registaram-se 3 alunos (2 do sexo masculino
e 1 do sexo feminino).
Diagnóstico Social
39
3.4 - Ensino Secundário
O ensino secundário é assegurado pela E.B.2,3 + S de Carrazeda de Ansiães e
conta, no presente ano lectivo, com 154 alunos (menos 11 alunos que no ano
anterior), divididos pelos diferentes anos de ensino e cursos da seguinte forma:
Quadro N.º19 - N.º de Alunos, por Curso e Sexo, no 10.º Ano do Secundário, no
Ano Lectivo 2004/05
N.º de Alunos Curso Masc. Fem. Total
Ciências e Tecnologias 16 18 34 Ciências Sociais e Humanas 16 7 23 Tecnologias e Informática 4 10 14 Tecnologias e Administração 3 6 9 TOTAL 39 41 80
Fonte: Agrupamento Vertical de Carrazeda de Ansiães, Dezembro de 2004
Quadro N.º20 - N.º de Alunos, por Curso e Sexo, no 11.º e 12.º Anos do
Secundário, no Ano Lectivo 2004/05
N.º Alunos no 11.º Ano N.º Alunos no 12.º Ano Cursos Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total
Ciências e Tecnologias 12 12 24 9 21 30 Humanidades 3 6 9 - 11 11 Total 15 18 33 9 32 41 Fonte: Agrupamento Vertical de Carrazeda de Ansiães, Dezembro de 2004
No que se refere à presença das mulheres no ensino secundário, e como se pode
verificar nos quadros anteriores, refira-se que estas estão em maioria,
representando cerca de 69% do total dos alunos neste nível de ensino e, se
atendermos apenas ao número de mulheres no 12.º ano, estas representam já
78% dos alunos. Estes dados vêm de encontro aos números apresentados na
alínea relativa ao ensino superior que nos indica que 71% dos indivíduos com
certificação escolar de grau superior residentes no concelho são do sexo feminino.
De facto, parece que as mulheres encontram maiores motivos de valorização
pessoal no ensino do que os homens, que mais facilmente conseguem entrar no
Diagnóstico Social
40
mercado de trabalho com poucas habilitações. O insucesso e o abandono escolar
parecem ser cada vez mais um problema do sexo masculino, ao qual convém estar
atento no sentido de tomar medidas capazes de contrariar esta situação.
Por outro lado, a tendência para os chamados cursos de ”letras”, associados
normalmente ao sexo feminino, parece estar a regredir. Embora se registe um
maior número de mulheres do que homens no 11.º e 12.º anos nos cursos de
humanidades, no 10.º ano esta situação é já invertida, estando as mulheres em
muito menor número, tendo já preferido cursos ligados às ciências e tecnologias. É
ainda de salientar que, actualmente, a grande maioria dos alunos no ensino
secundário (72%) estão em cursos do grupo das Ciências e Tecnologias, o que se
pode compreender de acordo com as novas exigências do mercado de trabalho, e
o que nos demonstra uma adaptação positiva dos jovens a esse factor.
Destes alunos, apenas 1 recebe Apoios Educativos Especiais.
É neste nível de ensino que verifica uma maior taxa de abandono escolar, devido,
provavelmente, ao aumento do grau de exigência, ao qual muitos alunos não
conseguem responder, como veremos nos valores relativos ao insucesso escolar,
por variadíssimos factores educativos, sócio-familiares, culturais e económicos.
Assim, de acordo com o Agrupamento Vertical, desistiram dos estudos no ano
lectivo passado 17 alunos, dos quais 14 eram do 10.º ano.
3.5 – Insucesso Escolar
A taxa de retenção escolar traduz-se na percentagem de alunos, matriculados no
final do ano lectivo, que não reuniram as condições para poderem transitar para o
ano curricular seguinte. Esta taxa, juntamente com a taxa de desistência ou
abandono escolar (que se traduz na percentagem de alunos que não são avaliados
por terem deixado de frequentar a escola no decorrer do ano lectivo), representam,
por si só, marcas distintivas do maior ou menor insucesso da educação escolar.
Ao nível do 1.º ciclo, a taxa de retenção escolar é muito pouco significativa,
rondando os 3,5%, segundo informações do Agrupamento Vertical, o mesmo se
Diagnóstico Social
41
aplicando relativamente ao abandono, havendo-se registado apenas 1 caso no ano
lectivo anterior.
Relativamente ao outros níveis de ensino, o cenário muda de figura, como nos
comprova o quadro que se segue.
Quadro N.º21 - Taxas de Retenção Escolar no 2.º e 3.º Ciclo do Ensino Básico e
Secundário, no Ano Lectivo 2003/04
Retenção Níveis de Ensino
Total de Alunos N.º %
5.º Ano 90 19 21,1%
6.º Ano 72 14 19,4%
7.º Ano 76 16 21,1%
8.º Ano 70 21 30,0%
9.º Ano 74 11 14,9%
10.º Ano 75 39 52,0%
11.º Ano 44 7 15,9%
12.º Ano 26 12 46,2%
Total 527 139 26,4% Fonte: Agrupamento Vertical de Carrazeda de Ansiães, Dezembro de 2004
De facto, as taxas de retenção são, de um modo geral, muito elevadas, sendo a
média, nos vários níveis de ensino, de 26,4%. Nestes valores, destaca-se pela
negativa, a taxa de retenção registada no 10.º ano, em que 52% dos alunos não
tiveram aproveitamento escolar, bem como a taxa de retenção verificada no 12.º
anos, onde 46,2% dos alunos ficaram retidos.
São, efectivamente, valores preocupantes aos quais, se juntarmos os valores do
abandono escolar, especialmente no secundário, onde a taxa de abandono ronda
os 10,3%, nos obrigam a reflectir no sentido de os podermos compreender e
encontrar soluções.
Diagnóstico Social
42
3.6 – Acção Social Escolar
No que se refere aos apoios escolares (auxílios económicos em livros, alimentação
e transportes), a autarquia de Carrazeda de Ansiães, assegura apoio em livros a
todos os alunos do 1.º Ciclo Básico e, nos restantes níveis de ensino, é dado
isenção de pagamento de transportes a alunos com carências económicas.
Até ao momento da realização do presente documento, registavam-se, segundo
informações dos serviços de acção social da autarquia, 31 pedidos de isenção de
pagamento de transportes, dos quais 16 foram já deferidos, 2 foram indeferidos, 1
desistiu, 2 deixaram de estudar, 10 não entregaram ainda a documentação
necessária.
Relativamente ao Serviço de Acção Social Escolar (SASE), encontram-se, no
presente ano lectivo, 276 alunos abrangidos (menos 35 do que no ano lectivo
anterior) por este sistema, dos quais 221 estão no Escalão A e 55 no Escalão B.
Para além destes, existem ainda 8 alunos a receber Bolsa de Mérito, que é
atribuída a alunos do secundário, de famílias carenciadas, cuja média no 10.º e
11.º ano seja no mínimo de 15 valores e no 9.º de 4 valores.
Importa salientar que, além do 1.º Ciclo, em que a totalidade dos alunos recebe
apoio escolar, nos restantes níveis de ensino são mais de metade os alunos a
receber auxílios económicos.
3.7 – Ensino Profissional
Para além da Escola E.B.2,3+S de Carrazeda de Ansiães, existe também no
concelho uma Escola Profissional para alunos de nível Secundário, abrangendo, no
presente ano lectivo (2004/05), um total de 108 alunos, distribuídos pelos três
anos de ensino que compõem o ensino secundário (10º, 11º e 12º anos).
Durante o presente ano lectivo, 2004/2005, a Escola Profissional tem a funcionar 5 cursos de áreas diversas, como se mostra no quadro que se segue.
Diagnóstico Social
43
Quadro N.º 22 – N.º de Alunos do Ensino Profissional, por Cursos, Níveis de
Escolaridade e Sexo, no Concelho de Carrazeda de Ansiães, 2004/2005
Nº Alunos Curso Níveis de
Escolar.
N.º Turmas M F
Total de Alunos
Técnico de Instalações Eléctricas 12.º ano 1 17 1 18 Animador Sócio-Cultural/Assistente Familiar 12.º ano 1 5 8 13 Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho 11.º ano 1 10 8 18 Técnico de Contabilidade 11.º ano 1 8 10 18 Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho 10.º ano 1 10 11 21 Técnico de Electrotecnia 10.º ano 1 20 0 20
Total - 6 71 37 108
Fonte: Escola Profissional / Questionário da Rede Social, 2004
Existem actualmente, no Ensino Profissional, 108 alunos, dos quais 71 são do sexo
masculino (65,7%) e 37 do sexo feminino (34,3%), distribuídos por seis turmas.
Relativamente à evolução do número de alunos no ensino profissional, fazendo a
retrospectiva desde que a Escola Profissional foi criada, a situação está exposta no
gráfico seguinte.
01020304050607080
2001/02 2002/03 2003/04 2004/05
Gráfico N.º 4Evolução do N.º de Alunos no Ensino Profissional, por
Sexo
FemMasc.
Fonte: Escola Profissional / Questionário da Rede Social, 2004
Como se pode verificar, ao longo dos quatro anos em funcionamento, o número de
alunos na Escola Profissional de Carrazeda de Ansiães tem sido estável, sofrendo
apenas um ligeiro aumento relativamente à fase de arranque e no presente ano
lectivo. Salienta-se, ainda, a maior presença do sexo masculino ao longo dos anos
e o seu progressivo aumento.
Diagnóstico Social
44
No que diz respeito aos cursos ministrados, é de registar o seu aumento em
número e em diversidade no ainda curto tempo de existência desta Escola. Assim,
nos primeiros 2 anos de funcionamento existiam 2 cursos a funcionar: Técnico de
Instalações Eléctricas e Animador Sociocultural/Assistente Familiar. No terceiro
ano de funcionamento, para além dos 2 cursos atrás referidos, existiam já mais 2:
Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho e Ambiente e Curso Técnico de
Contabilidade. No presente ano lectivo, continuam a funcionar estes 4 cursos e
acrescentou-se mais 1: Técnico de Electrotecnia.
Até ao momento ainda não é possível ter dados acerca de retenção escolar neste
tipo de ensino, uma vez que os alunos transitam sempre de ano, tendo 3 anos de
financiamento para concluir todos os módulos do curso em que estão inscritos. Ao
fim desses 3 anos, se o curso ainda existir, podem continuar a fazer os módulos
que deixaram para trás, no entanto, sem apoios financeiros. Uma vez que ainda
não foi extinguido nenhum dos cursos já realizados, ainda não há dados sobre o
não aproveitamento escolar.
Relativamente ao abandono escolar, atenda-se ao quadro que se segue:
Quadro N.º23 - Evolução do Abandono Escolar no Ensino Profissional
Abandono Escolar Anos Lectivos Total de Alunos N.º Alunos %
2001/02 79 22 27,8 2002/03 98 9 9,2 2003/04 90 4 4,4 Total 267 35 13,1
Fonte: Escola Profissional / Questionário da Rede Social, 2004
Como se pode verificar, a taxa de abandono escolar tem vindo a diminuir
acentuadamente. De facto, no primeiro ano de funcionamento a Escola Profissional
registou um abandono na ordem do 27,8%, no ano seguinte essa taxa descia para
9,2% e, no último ano lectivo apenas 4 alunos (4,4%) abandonaram a escola.
Diagnóstico Social
45
0 20 40 60 80
2001/02
2002/03
2003/04
Gráfico N.º 5Proveniência Geográfica dos Alunos em Ensino
Profissional
Outros ConcelhosConcelho de Carrazeda
Fonte: Escola Profissional / Questionário da Rede Social, 2004
À excepção do ano lectivo 2002/03, em que o número de alunos do concelho
superou o número de alunos provenientes de outros concelhos, nos outros dois
anos em análise, a maioria dos alunos eram de fora do concelho.
3.8 – Ensino Recorrente e Educação Extra-Escolar
O combate ao analfabetismo e aos baixos níveis de escolaridade, que afectam
essencialmente a população concelhia adulta, tem vindo a ser efectuado
fundamentalmente através da realização de algumas acções de Educação de
Adultos (EA). Para os adultos pouco escolarizados o Ministério da Educação
oferece dois tipos de respostas institucionais de formação: o Ensino Recorrente
(ER) e a Educação Extra-Escolar (EEE).
O 1.º e 2.º Ciclo do E.R. são dinamizados pela Extensão Escolar e o 3.º Ciclo e
Secundário estão sob administração da Escola E.B.2,3+S de Carrazeda de
Ansiães.
Ensino Recorrente – Alfabetização/1.º Ciclo
Este tipo de ensino oferece como resposta educativa a criação de cursos de
alfabetização destinados à população com mais de 15 anos com necessidades
Diagnóstico Social
46
educativas ao nível da aquisição de competências mínimas de escrita, leitura e de
cálculo. Permite a certificação/obtenção da escolaridade mínima de 4 anos.
Ao longo da última década foram efectuados cursos de alfabetização do 1.º ciclo
em várias localidades do concelho, vejamos, através do gráfico que se segue, qual
o cenário nesse período.
Gráfico N.º6N.º de Formandos Inscritos e Certificados no 1.º Ciclo do Ensino
Recorrente
22
28 27
2119
30
25
31
24
17
107
5
10
2 3 3 2 3 2 31
0
5
10
15
20
25
30
35
1993
/94
1994
/95
1995
/96
1996
/97
1997
/98
1998
/99
1999
/00
2000
/01
2001
/02
2002
/03
2003
/04
N.º Formandos InscritosCertificações
Fonte: Ensino Recorrente/Questionário da Rede Social, 2004
Verifica-se que o número de formandos certificados é muitíssimo inferior ao
número inicial de formandos inscritos: 84% dos inscritos inicialmente não obteve
certificação, o que poderá ser sinónimo de alguma desmotivação e desistência.
Relativamente à evolução no número de alunos, não se consegue ver uma
tendência geral, havendo altos e baixos ao longo da década em análise, no
entanto, parece registar-se uma certa tendência decrescente a partir de 2000/01,
contando o presente ano lectivo (2004/05) com 15 formandos inscritos.
Diagnóstico Social
47
Gráfico N.º7Formandos no 1.º Ciclo do E.R., por Sexo
9
13
11
17
10
17
56
10
6
4
13
1516
4
9
13
20
25
14
11
6
0
5
10
15
20
25
30
1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04HomensMulheres
Fonte: Ensino Recorrente/Questionário da Rede Social, 2004
As mulheres estão em maioria nesta resposta educativa, correspondendo a 57,5%
dos alunos inscritos. Nos primeiros anos em análise o número de homens estava
equiparado ao número de mulheres, sendo que de 1996/97 a 1998/99 estes
superaram até o número de mulheres, no entanto, a partir desta data o sexo
feminino prevalece de forma clara.
Este facto deve-se, provavelmente, à existência de maior analfabetismo junto da
população feminina.
Ensino Recorrente – Alfabetização/2.º Ciclo
Os cursos de alfabetização/2.º Ciclo destinam-se à população com 15 anos à data
do início do curso e visam a certificação da escolaridade mínima de 6 anos.
Ao longo da última década funcionaram no concelho, embora não tenhamos dados
acerca de alguns anos lectivos, como se pode verificar no gráfico abaixo exposto,
cursos de 2.º Ciclo do Ensino Recorrente.
Diagnóstico Social
48
Gráfico N.º8N.º de Formandos Inscritos e Certificados no 2.º Ciclo do Ensino
Recorrente
69
26
1013
42 39
12
41
16
5 510
29
6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1993
/94
1994
/95
1995
/96
1996
/97
1997
/98
1998
/99
1999
/00
2000
/01
2001
/02
2002
/03
2003
/04
N.º Formandos InscritosCertificações
Fonte: Ensino Recorrente/Questionário da Rede Social, 2004
À semelhança do que acontece com os cursos do 1.º Ciclo, também neste nível de
ensino o número de formandos certificados é baixo em relação ao número inicial,
no entanto, não se compara na amplitude do fenómeno. Efectivamente, neste nível
de ensino, 43% dos inscritos não obtêm certificação (no 1.º Ciclo este número
atingia os 84%).
Diagnóstico Social
49
Gráfico N.º9Formandos no 2.º Ciclo do E.R., por Sexo
38
13
7 6
1815
2
31
13
3
7
24 24
10
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1993
/94
1994
/95
1995
/96
1996
/97
1997
/98
1998
/99
1999
/00
2000
/01
2001
/02
2002
/03
2003
/04
HomensMulheres
Fonte: Ensino Recorrente/Questionário da Rede Social, 2004
O número de mulheres é ligeiramente maior que o dos homens (53% de mulheres),
estando em maior prevalência, tal como acontecia nos cursos do 1.º Ciclo, a partir
de meados da década em análise.
No presente ano lectivo (2004/05) registam-se 21 formandos inscritos no curso de
E.R. de 2.º Ciclo.
Ensino Recorrente – 3.º Ciclo
O terceiro Ciclo do Ensino Recorrente destina-se a indivíduos com mais de 15
anos, que possuem certificação ao nível da escolaridade básica de 6 anos e visa a
conclusão e obtenção da escolaridade obrigatória (9 anos de escolaridade).
Este nível de ensino tem vindo a ser ministrado pela Escola E.B.2,3+S.
O ano lectivo passado registaram-se 14 alunos inscritos, e no presente ano lectivo
(2004/05) não houve inscrições suficientes para promover a realização de cursos.
Diagnóstico Social
50
Também neste nível de ensino é notório o absentismo escolar e grandes taxas de
desistência. Vem, aliás, destes factores, o reduzido número de certificações neste
tipo de ensino.
Ensino Secundário Recorrente
O Ensino Secundário Recorrente faz parte da oferta formativa da Escola E.B.2,3+S
de Carrazeda de Ansiães. Destina-se a alunos com idade igual ou superior a 18
anos, que tenham certificação da escolaridade de 9 anos e visa a conclusão e
obtenção de certificação do ensino secundário (12 anos de escolaridade).
No presente ano lectivo estão inscritos 34 alunos neste tipo de ensino, dos quais
16 são do sexo feminino e 18 são do sexo masculino.
Educação Extra-Escolar
A educação extra-escolar oferece como resposta educativa a criação de cursos
sócio-educativos e sócio-profissionais e actividades de animação sócio-cultural,
destinados à população com mais de 15 anos, com o objectivo de oferecer
formação cultural, formação para a cidadania e formação para o trabalho.
Ao longo da última década foram desenvolvidos variados cursos.
Diagnóstico Social
51
35
30
3535
2825
1211
64
51
60
55
1412
42
25
0
10
20
30
40
50
60
7019
93/9
419
94/9
519
95/9
619
96/9
719
97/9
819
98/9
919
99/0
020
00/0
120
01/0
220
02/0
320
03/0
4
Gráfico N.º10Número de Formandos e Certificados no Ensino Extra-Escolar
N.º FormandosCertificações
Fonte: Ensino Extra-Escolar/Questionário da Rede Social, 2004
Nos anos lectivos 1999/00, 2000/2001 e 2001/02 não foram encontrados registos.
Neste tipo de cursos, e como se pode verificar no gráfico acima exposto, o número
de certificações é muito maior que nos cursos de ensino recorrente atrás
analisados, sendo que 84% dos inscritos obteve certificação. Tais valores devem-
se certamente à diferença dos objectivos, teores e duração dos cursos.
As mulheres são definitivamente maioritárias nesta resposta educativa,
representando cerca de 73% dos formandos inscritos.
Diagnóstico Social
52
1817 1718
28
12
19
45
60
14 13
29
0
10
20
30
40
50
60
1993
/94
1994
/95
1995
/96
1996
/97
1997
/98
1998
/99
1999
/00
2000
/01
2001
/02
2002
/03
2003
/04
Gráfico N.º11Formandos no Ensino Extra-Escolar, por Sexo
HomensMulheres
Fonte: Ensino Extra-Escolar/Questionário da Rede Social, 2004
Neste ano lectivo (2004/05) estão previstos 3 cursos extra-escolares, que deverão
decorrer entre os meses de Abril e Junho: 1 curso de Iniciação aos Bordados na
freguesia da Lavandeira e outro similar na freguesia do Pombal e 1 cursos de
Educação Musical na freguesia de Carrazeda de Ansiães.
3.9 – Ensino Superior
Segundo os dados apurados nos censos de 2001, o concelho de Carrazeda de
Ansiães registava um total de 182 indivíduos detentores de uma certificação de
nível superior, sendo este grupo constituído maioritariamente pelo sexo feminino,
71% de mulheres e 29% de homens. Registe-se ainda que, neste período
censitário, encontravam-se a frequentar o ensino superior 183 indivíduos.
Diagnóstico Social
53
Quadro N.º24 – Distribuição da População com Ensino Superior, por Sexo e
Áreas de Estudo
Áreas de Estudo Homens Mulheres Total Formação de Professores e Ciências da Educação
5 62 67
Artes 1 - 1 Letras e Ciências Religiosas 6 12 18 Ciências Sociais e do Comportamento 3 9 12 Jornalismo e Informação 1 1 2 Comércio e Administração 7 6 13 Direito 5 6 11 Ciências da Vida - 1 1 Ciências Físicas 1 6 7 Matemática e Estatística 1 3 4 Ciências Informáticas 1 - 1 Engenharia e Técnicas Afins 2 3 5 Arquitectura e Construção 2 1 3 Agricultura, Silvicultura e Pescas 12 4 16 Ciências Veterinárias 1 - 1 Saúde 3 10 13 Serviços Sociais - 3 3 Serviços aos Particulares 2 2 4
Total 53 129 182 Fonte: INE, Censos 2001
No que se refere às áreas de estudo, salienta-se a área da Formação de
Professores e Ciências da Educação, com 52% da população que completou o
ensino superior, sendo constituída maioritariamente por mulheres. O sexo feminino
está, aliás, presente maioritariamente na generalidade das áreas de estudo, à
excepção da área de Agricultura, Silvicultura e Pescas que tem uma população
predominantemente masculina.
Diagnóstico Social
54
4. Saúde
A saúde, tal como é definida pela Organização Mundial de Saúde, é entendida não
só como a ausência de doença mas como um estado completo de bem estar físico,
mental e social. Os serviços de saúde têm como objectivos gerais a promoção da
saúde, a prevenção da doença, a recuperação e a reabilitação.
O estado de saúde pública é considerado, entre outros, um factor que serve para
avaliar o grau de desenvolvimento de uma comunidade.
Quadro N.º25 - Síntese dos Principais Indicadores de Saúde em 2001 – Dados
Comparativos
Concelho de Carrazeda de
Ansiães
Douro
Alto Trás-os-
Montes
Portugal
Período
Tx. Média Mortalidade Infantil
6,8 7,2 7,5 5,7 1997/01
Tx de Mortalidade 16,1 12,5 13,2 10,2 2001 Médicos por 1000 Habitantes
0,4 1,3 1,6 3,2 2000
Consultas por Habitante.
2,5 3,5 3,1 3,8 2001
Consultas Médicas nos Centros de Saúde
19 064
614 656
523 924
27 652 305
2001
N.º de Hospitais (oficiais + particulares)
-
3
4
217
2001
N.º de Centros de Saúde
1 20 15 392 2001
N.º de Extensões dos C. de Saúde
-
67
92
1953
2001
N.º de Camas de Internamente (Hospitais + C. Saúde)
-
706
863
43 368
2001
Fonte: INE, Anuário Estatístico da região Norte 2001 e 2002
Da análise do quadro anterior é possível observar que, no período de 1997 e 2001,
Carrazeda de Ansiães apresentava uma taxa média de mortalidade infantil
ligeiramente inferior às sub-regiões do Douro e Alto Trás-os-Montes, no entanto
superior à média nacional. No que se refere à taxa de mortalidade, o concelho
Diagnóstico Social
55
apresenta valores muito acima da média das restantes regiões com que se
compara, devendo-se esse facto, provavelmente, ao elevado índice de
envelhecimento registado no concelho.
Relativamente aos valores registados ao nível do número de médicos e de
consultas médicas, Carrazeda de Ansiães apresentava, em 2001, taxas mais
baixas que os restantes territórios com que se compara. No entanto, é de referir
que, em 2003, o Centro de Saúde tem ao seu serviço 5 médicos (em 2000, período
onde foi calculada a taxa presente no quadro anterior, eram apenas 3).
O concelho de Carrazeda de Ansiães apenas tem ao seu dispor Cuidados de
Saúde Primários, sendo este tipo de cuidados assegurados pelo Centro de Saúde,
integrado na rede oficial de Centros de Saúde do Sistema Nacional de Saúde, que
não possui qualquer extensão.
Os Cuidados de Saúde Diferenciados são assegurados pelos Hospitais de
Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança.
No entanto, o concelho tem algumas infra-estruturas complementares de saúde,
que funcionam em regime diurno, sem internamentos, como se pode observar no
quadro que se segue.
Quadro N.º26 - Síntese das Infra-estruturas Complementares de Saúde no
Concelho, em 2004
Infra-estruturas Complementares N.º Farmácias 2 Clínicas de Saúde Privadas 2 Consultórios de Medicina Dentária 2 Laboratórios de Análise 3
Fonte: Questionário da Rede Social
O Centro de Saúde de Carrazeda de Ansiães tinha, em 2004, 7 596 utentes, e um
total de 32 pessoas ao serviço, de entre as quais, 5 médicos, 13 enfermeiros, 5
auxiliares de acção médica, 8 administrativos e um Técnico de Saúde Ambiental.
Diagnóstico Social
56
O Centro de Saúde funciona todos os dias, em horário permanente, tendo a
funcionar um Serviço de Atendimento Permanente (SAP), que registou , no ano
de 2004, 14 101 atendimentos.
Relativamente às consultas, observemos o quadro que se segue.
Quadro N.º 27- Consultas Médicas Efectuadas no Centro de Saúde de Carrazeda
de Ansiães, por Especialidades, em 2004
Total Clínica Geral Planeamento Familiar
Saúde Infantil e Juvenil
Saúde Materna
23 264 20 864 443 1 347 345
Fonte: Questionário da Rede Social – Centro de Saúde de Carrazeda de Ansiães, 2004, com
actualização em Janeiro de 2005
Como se pode constatar, cerca de 90% das consultas efectuadas no Centro de
Saúde são consultas de Clínica Geral, o que mostra a importância desta
especialidade no movimento do Centro de Saúde. De entre as outras
especialidades, aquela que ganha maior relevo é a da Saúde Infantil e Juvenil.
Para além destas especialidades, o Centro de Saúde tem, actualmente (2005), ao
serviço da população, fisioterapia, estomatologia, para os grupos mais
carenciados, e nutricionista, não havendo ainda dados estatísticos acerca destes
serviços, uma vez que começaram há muito pouco tempo.
Vejamos agora alguns indicadores de saúde, registados pelo Centro de Saúde do
concelho.
Quadro N.º 28- Nascimentos, Mortalidade Infantil e Óbito Registados nos anos
2000, 2001, 2002 e 2003
Ano Nascimentos Mortalidade Infantil
Óbitos
2000 54 0 75 2001 63 0 89 2002 53 0 101 2003 38 1 116 2004 40 0 100
Fonte: Questionário da Rede Social – Centro de Saúde de Carrazeda de Ansiães, 2003, com actualização em Janeiro de 2005
Diagnóstico Social
57
Como se pode verificar, o número de nascimentos nos últimos 5 anos tem sido mais
ou menos estável, denotando-se, no entanto, um decréscimo a partir de 2002.
Nasceram no concelho, neste período, 248 indivíduos, numa média de 50
nascimentos por ano. Relativamente à mortalidade infantil, ela é praticamente nula.
Quando olhamos para o número de óbitos, a realidade inverte-se, assistindo-se a
um aumento contínuo e gradual ao longo dos cinco anos em análise, à excepção do
último ano em que o número de óbitos foi inferior ao ano anterior. Ao longo destes 5
anos faleceram no concelho 481 indivíduos, uma média de 96 óbitos por ano, o que
nos indica uma saldo natural bastante negativo, com o número de mortes a superar,
em quase o dobro, o número de nascimentos.
Quadro N.º29 - Causas de Morte em 2003
Causas de Morte % Insuficiência cardio-respiratória 31,9% Senilidade 15,9% Indeterminada 15,9% Neoplasia 8,7% Paragem cardio-respiratória 8,7% AVC 7,2% Enfarte do miorcárdio 4,3% Traumatismo 2,9% Insuficiência cardio-vascular 1,4% Afogamento 1,4% Sepsis 1,4% Fonte: Questionário da Rede Social – Centro de Saúde de Carrazeda de Ansiães, 2004
As causas de morte assinaladas pelo Centro de Saúde põem a Insuficiência
Cardio-Respiratória como causa de morte mais frequente em 2004 (cerca de
32% das mortes - situação que também acontecia em 2003, como consta no pré-
diagnóstico), seguida pela Senilidade e morte de causa Indeterminada.
Existem 5 médicos de família no Centro de Saúde, pelos quais se distribuem 7 546
utentes, havendo uma média de 1509 utentes por médico de família.
Por fim, e finalizando este capítulo, resta salientar que o Centro de Saúde de
Carrazeda de Ansiães se encontra a funcionar em edifício novo, pelo que comporta
muito boas condições físicas.
Diagnóstico Social
58
5. Emprego
De acordo com os censos 2001, dos 6 693 residentes em idade activa (com 15 ou
mais anos), apenas 2 543 têm actividade económica, ou seja, apenas 38% dos
residentes em idade activa, e destes, encontravam-se desempregados 263
indivíduos (10% dos “activos”), 93 homens e 170 mulheres.
Quadro N.º 30 - População Residente, com 15 ou mais Anos, segundo a Condição
Perante a Actividade Económica (sentido lato), em 1991 e 2001
Em 1991 Em 2001 Condição Perante a Actividade Económica H M Total % H M Total %
População Empregada 2000 619 2619 33,3 1498 782 2280 34,1 População Desempregada 101 126 227 2,9 93 170 263 3,9
Estudantes 373 420 793 10,1 229 281 510 7,6 Domésticas 12 1466 1478 18,8 3 750 753 11,3 Reformados 862 1021 1883 23,9 1015 1261 2276 34,0
Incapacitados Permanentes para o
Trabalho
94
72
166
2,1
129
100
229
3,4
Outros 363 347 710 9,0 249 133 382 5,7
População sem Actividade Económica
TOTAL 3805 4071 7876 100 3216 3477 6693 100 Fonte: INE, Censos 1991 e Censos 2001
Quadro N.º 31- . População Activa e População Sem Actividade Económica, em
1991 e 2001
Em 1991 Em 2001 H M Total % H M Total %
Pop. Activa 2101 745 2846 36,1 1591 952 2543 38 Pop. sem Actividade 1704 3326 5030 63,9 1625 2525 4150 62 Total 3805 4071 7876 100 3216 3477 6693 100 Fonte: INE, Censos 1991 e Censos 2001 Nota: em 1991 a entrada na vida activa era a partir dos 12 anos de idade; em 2001 refere-se à população residente com 15 ou mais anos
Diagnóstico Social
59
Gráfico N.º 12População em Idade Activa Residente no Concelho, por Sexo e
Condição perante a Actividade Económica
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
População Activa População sem Actividade
HomensMulheres
Verifica-se que o “grupo dos activos” que suporta, quer o peso dos seus
ascendentes idosos, quer o encargo dos seus descendentes – crianças e jovens, é muito reduzido. Temos 38% de população activa para 62% de população sem actividade económica.
De entre a população sem actividade económica, a proporção das mulheres é
significativamente superior à dos homens: cerca 60% dos indivíduos sem actividade
económica são mulheres. Por outro lado, este grupo é constituído maioritariamente
por reformados (55%). Aliás, se compararmos os valores de 2001 com os de 1991,
verificamos que foi a população reformada aquela que mais viu subir os seus
valores (de um peso de 23,9% na população com 15 ou mais anos, passa para 34%
em 2001).
O grupo dos estudantes e das domésticas regista uma quebra neste período, em
especial o das domésticas (-7,5%), que continua a ser, no entanto, o grupo que, a
seguir aos reformados, regista um maior peso dentro da população sem actividade
económica.
Se analisarmos a evolução registada entre 1991 e 2001, verifica-se que, mesmo
sendo “os activos” um grupo tão reduzido, houve um pequeno aumento na taxa de
Diagnóstico Social
60
actividade (relação entre a população com actividade económica e a população
com 15 ou mais anos), de 2,5%, neste período intercensitário.
Quadro N.º32 - Taxa de Actividade em 1991 e 2001 no Concelho de Carrazeda de
Ansiães, no Douro e Alto-Trás-os-Montes
Carrazeda de Ansiães
Douro Alto Trás-os-Montes
H M Total H M Total H M Total Taxa de Actividade em 1991 46,9 15,7 30,8 49,2 24 36,3 47,6 24 35,7 Taxa de Actividade em 2001 43,1 24,1 33,3 49,5 30 39,4 46,8 28,5 37,4 Fonte: INE, Censos 2001
Como se pode constatar no quadro anterior, o aumento registado na taxa de
actividade deve-se na sua totalidade ao aumento dos activos femininos (de 1991
para 2001 a taxa de actividade feminina sobe no concelho 8,4%), registando-se, por
outro lado, uma diminuição da taxa de actividade nos homens. Se a este
resultado se juntar a diminuição da proporção de inactivos femininos e o aumento
da de inactivos masculinos (ver Quadro N.º22, página anterior), é possível concluir
que há uma alteração na composição da mão-de-obra, no sentido de uma maior
participação feminina, face a 1991, acompanhando, aliás, a tendência das regiões
com que se compara no quadro acima representado, bem como a tendência
nacional.
Importa, contudo, registar também que, apesar de ter havido um aumento da mão-
de-obra feminina, ela continua a ser muito menor em comparação com a média da
sub-região do Douro e do Alto Trás os- Montes.
Vejamos agora como é que esta mão-de-obra de distribui pelos três grandes
sectores de actividade.
Diagnóstico Social
61
Quadro N:º33 - População Residente Empregada, segundo o Sector de Actividade Económica e Sexo
Homens Mulheres Total Sector de Actividade N.º % N.º % N.º %
Primário 601 40,1 199 25,4 800 35,1 Secundário 359 24,0 69 8,8 428 18,8 Terciário 538 35,9 514 65,7 1052 46,1 Total 1498 100 782 100 2280 100
Fonte: INE, Censos 2001
Gráfico N.º 13População Empregada segundo o Sector de Actividade Económica e Sexo
0
10
20
30
40
50
60
70
Primário Secundário Terciário
Sector de Actividade
Popu
laçã
o Em
preg
ada
(%) Homens
Mulheres
Total
Como se pode verificar no quadro anterior, no concelho de Carrazeda de Ansiães, e
de acordo com os censos 2001, o sector terciário é aquele que emprega mais
população (cerca de 46%), seguido pelo sector primário (35%). A indústria tem um
peso muito pouco significativo no emprego do concelho, empregando o sector
secundário apenas 18% da população.
Analisando a população empregada por sectores segundo o género, verificamos
que, relativamente aos homens, o sector primário é o que tem mais peso (40% dos
Diagnóstico Social
62
homens empregados trabalham neste sector), quando olhamos para o grupo das
mulheres verificamos que elas estão maioritariamente no sector terciário (65,7%
das mulheres empregadas trabalham no sector terciário).
Vejamos agora qual foi a evolução da situação da população empregada por
sectores de actividade de 1991 para 2001.
Quadro N.º 34 - População Empregada por Sector de Actividade em 1991 e 2001
Sector Primário Sector Secundário Sector Terciário N.º % N.º % N.º %
1991 1483 57,0 364 14,0 772 29,0 2001 800 35,0 428 19,0 1052 46,0
Fonte: INE, Censos 1991 e 2001
Como se pode verificar no quadro atrás exposto, nos últimos dez anos o concelho
assistiu a uma grande alteração na distribuição da sua população empregada e,
portanto, do peso dos diversos sectores na economia local. Assim, o sector
primário, que em 1991 empregava mais de metade da população activa do
concelho, vê o seu peso cair de 57% para 35%, ao passo que o sector terciário, que
empregava, em 1991, 29% da população empregada do concelho, emprega
actualmente 46% da mesma. Estamos perante a terciarização da economia,
acompanhando a tendência nacional, continuando, no entanto, apesar de um
aumento de 5% no período intercensitário em análise, a ter uma industria com
pouca importância empregadora.
No que se refere à população empregada por situação na profissão, atenda-se ao
quadro que se segue.
Diagnóstico Social
63
Quadro N.º35 - População Residente Empregada segundo a Situação na Profissão
e Sexo
Homens Mulheres Total Situação na Profissão N.º % N.º % N.º %
Empregador 290 19,4 129 16,5 419 18,4 Trabalho por Conta Própria 220 14,7 76 9,7 296 13,0 Trabalho Familiar não Remunerado 13 0,9 29 3,7 42 1,8 Trabalho por Conta de Outrém 968 64,6 536 68,5 1504 66,0 Membro Activo de Cooperativa -- 0 -- 0 -- 0 Outra Situação 7 0,5 12 1,5 19 0,8 Total 1498 100 782 100 2280 100 Fonte: INE, Censos 2001
Como se pode constatar, a maioria da população empregada (66%) trabalha por conta de outrém. Existem 419 residentes que são empregadores, e destes
apenas 30% são mulheres. A trabalhar por conta própria estão 296 residentes,
grupo também maioritariamente masculino, representando as mulheres apenas
25,6%. O trabalho familiar não remunerado tem, segundo os censos de 2001, muito
pouca expressão, representa apenas 1,8% da população residente empregada, no
entanto, nesta situação as mulheres são maioritárias, sendo este grupo constituído
em cerca de 70% pelo sexo feminino.
Quadro N.º 36 - População Empregada segundo a Situação na Profissão, em 1991
e 2001
Situação na Profissão 1991 2001 Empregador 162 419 Trabalhador por Conta Própria 1006 296 Trabalhador Familiar não Remunerado 138 42 Trabalhador por Conta de Outrém 1289 1504
Fonte: Censos 1991 e Censos 2001
Atendendo ao peso de cada uma das situações perante a profissão da população
empregada relativamente ao número total desta população em cada um dos anos
em análise, constatamos que o peso da população empregada em situação de
empregador passou de 6,2%, em 1991, para 13%, em 2001. Por outro lado, os
trabalhadores por conta própria passam de um peso relativo de 38% para 13%
Diagnóstico Social
64
neste período. Estes valores reflectem-se ao nível do peso dos trabalhadores por
conta de outrém, que passam de uma importância relativa na população empregada
de 49% para 60%.
Relativamente à situação da população com actividade económica face ao emprego
no concelho (ver Quadro N.º25, página anterior), aquando das operações para os
censos 2001 estavam desempregados 263 indivíduos, dos quais 170 eram
mulheres e 93 homens, correspondendo no total a cerca de 10% dos activos.
Quadro N.º37 - População Desempregada por Situação face ao Desemprego
Homens Mulheres Total Situação perante o Desemprego N.º % N.º % N.º %
Á Procura de 1.º Emprego 30 32,3 84 49,4 114 43,3 À Procura de Novo Emprego 63 67,7 86 50,6 149 56,7
Total 93 100 170 100 263 100 Fonte: INE, Censos 2001
Através do quadro anterior, o número de pessoas desempregadas à procura de 1.º
emprego está muito próximo do número de desempregados à procura de novo
emprego, embora este último grupo seja relativamente maior.
Como já anteriormente se referiu o desemprego no concelho é maioritariamente
feminino e se atendermos à população desempregada à procura de 1.º emprego,
constatamos que destes cerca de 74% são mulheres.
Quadro N.º38 - Taxa de Desemprego, por sexo, em Carrazeda de Ansiães, no
Douro e no Alto Trás-os-Montes, em 1991 e 2001
Carrazeda de Ansiães
Douro Alto Trás-os-Montes
H M Total H M Total H M Total Taxa de Desemprego em 1991 4,8 16,9 8,0 4,1 12,4 7,0 4,0 10,4 6,2 Taxa de Desemprego em 2001 5,8 17,9 10,3 4,9 13,4 8,2 5,6 13,4 8,6 Fonte: INE, Censos 2001
Segundo os Censos 2001, a taxa de desemprego no concelho de Carrazeda de
Ansiães era, nesse período censitário, de 10,3%, superior às taxas registadas no
Douro e no Alto Trás-os-Montes, que eram de 8,2 e 8,6 respectivamente, como se
pode verificar no quadro acima exposto. Comparando os dados da sub-região onde
Diagnóstico Social
65
se enquadra o concelho, com a sub-região de Trás-os-Montes e com os dados do
concelho, com a situação nacional, deparamo-nos com taxas de desemprego muito
superiores à média do país, que, no mesmo período, se situava nos 6,8%.
Constatamos também que o desemprego é maioritariamente feminino nas três
zonas territoriais em análise, tal como sucede aliás em relação à média nacional.
No entanto, o concelho de Carrazeda de Ansiães apresenta uma maior incidência
do desemprego feminino que os restantes territórios: em Carrazeda a taxa de
desemprego nas mulheres é maior em 12,5% do que nos homens, nas duas sub-
regiões com que se compara é maior em cerca de 8% e quando olhamos para os
valores nacionais, essa diferença não ultrapassa os 3,5%.
Quanto à evolução da taxa de desemprego de 1991 para 2001, podemos constatar
que aumentou no concelho, neste últimos dez anos, em cerca de 2,3%, um
aumento ligeiramente superior ao verificado no Douro (que aumentou em 1,2%) e
semelhante ao verificado na sub-região de Trás-os-Montes (2,4%). Todos estes
territórios em análise viram as suas taxas de desemprego aumentar muito acima da
média nacional, que de uma taxa de desemprego de 6,1% em 1991 passa para
6,8% em 2001.
Diagnóstico Social
66
Quadro N.º39 - Desempregados Inscritos no Centro de Emprego de Mirandela, por
Freguesia, em Maio de 2004
Freguesias Masc. Fem. Total %
Amedo 4 7 11 3,7%
B. Grande 4 6 10 3,4%
Belver 2 4 6 2,0%
Car. Ansiães 25 67 92 31,3%
Castanheiro 3 14 17 5,8%
Fontelonga 0 3 3 1,0%
Lavandeira 0 6 6 2,0%
Linhares 6 10 16 5,4%
Marzagão 5 12 17 5,8%
M. Malta 0 3 3 1,0%
Parambos 12 9 21 7,1%
Pereiros 6 6 12 4,1%
P. Norte 3 11 14 4,8%
Pombal 9 10 19 6,5%
Ribalonga 1 0 1 0,3%
Seixo Ansiães 1 6 7 2,4%
Selores 4 2 6 2,0%
V. Castanheira 5 7 12 4,1%
Zedes 9 12 21 7,1%
Total 99 195 294 100,0% Fonte: Centro de Emprego de Mirandela
Quadro N.º40 - Desempregados Inscritos no Centro de Emprego , segundo o
Grupo Etário, em Maio de 2004
Idades N.º % Menos de 25 anos 53 18,0
25 a 49 anos 181 61,6 50 e mais anos 60 20,4
Total 294 100,0 Fonte: Centro de Emprego de Mirandela
Em Maio de 2004, estavam registados no Centro de Emprego de Mirandela 294
pessoas com residência em Carrazeda de Ansiães (no Pré-Diagnóstico, onde os
Diagnóstico Social
67
dados eram relativos a Dezembro de 2002, o número de inscritos era de 187,
menos 107 que nesta data).
A freguesia de Carrazeda de Ansiães é a que regista um maior número de
inscritos, 31,3% do total de pessoas inscritas, seguida, mas com grande distância
de valores, pelas freguesias de Parambos e Zedes, que não deixam de apresentar
valores elevados atendendo ao número de residentes que possuem. De facto,
estas taxas significam que em Parambos, dos 109 “activos” residentes (dados dos
Censos 2001), 19% estão desempregados, valor que na freguesia de Zedes atinge
os 37,5%. A freguesia de Carrazeda de Ansiães tem uma taxa de desemprego,
segundo os mesmos cálculos, de cerca de 13%.
Analisando estes valores por faixa etária constatamos que 61,6% do total de
desempregados inscritos têm entre 25 a 49 anos de idade.
Quadro N.º41 -. Desempregados Inscritos no Centro de Emprego por Nível de
Instrução, em Maio de 2004
Habilitações Literárias N.º % Não Sabe Ler 22 7,5 Lê e Escreve 12 4,1 4 Anos de Escolaridade 112 38,1 6 Anos de Escolaridade 71 24,1 9 Anos de Escolaridade 38 12,9 12 Anos de Escolaridade 17 5,8 Bacharelato 2 0,7 Licenciatura 20 6,8 Mestrado - 0,0 Doutoramento - 0,0 Total 294 100,0
Fonte: Centro de Emprego de Mirandela
Relativamente ao nível de instrução dos desempregados inscritos, constatamos
que este é baixo, sendo que 49,7% possui habilitações até ao 4.º ano de
escolaridade, e deste cerca de 11,6% não possui qualquer nível de escolaridade. A
partir do 12.º, e com este nível de ensino inclusive, a proporção de desempregados
inscritos é apenas de 13,3%.
Diagnóstico Social
68
No entanto, comparando estes dados com os dados de Dezembro de 2002 (dados
que constavam no Pré-Diagnóstico), constatamos que o número de desempregados
inscritos com o 12.º ano e mais habilitações passou de 16 para 39 e o peso dos
inscritos com licenciatura duplicou, passando de um peso relativo de 3,2% para
6,8% (de 6 para 20 pessoas inscritas), neste período.
Diagnóstico Social
69
6. Actividades Económicas
Segundo os mais recentes números relativos ao tecido empresarial do concelho,
focados no Anuário Estatístico da Região Norte 2002, do INE, operavam em
Carrazeda de Ansiães, em Dezembro de 2001, 746 empresas e, dentro destas,
existiam, no mesmo período, 71 sociedades.
Comparando com os dados relativos ao ano anterior, Dezembro de 2000, e
segundo a mesma fonte (Anuário Estatístico da Região Norte de 2001), verifica-se
que houve uma diminuição do número de empresas, menos 40, neste período de
um ano ( em 200 existiam 786 empresas), e um aumento no número de sociedades,
havendo em 2001 mais 13 sociedades que em 2000.
Relativamente às sociedades, destacam-se as sociedades ligadas ao comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis, motociclos e bens de uso pessoal e doméstico (17 sociedades), seguidas das sociedades ligadas
aos transportes, armazenagem e comunicações (14 sociedades), das sociedades
ligadas à indústria transformadora (11) e, por fim, as sociedades com actividade na
agricultura, produção animal, caça e silvicultura (8). Estas quatro áreas de
actividade correspondem a cerca de 70% do total das sociedades. As restantes
áreas de actividade distribuem entre si os restantes 30% das sociedades, tendo
todas elas um peso pouco significativo.
Verifica-se que o sector primário, sobretudo a “agricultura, produção animal, caça
e silvicultura”, é ainda uma actividade com um peso preponderante,
representando 23,7% das empresas com sede no concelho, valor próximo das
duas sub-regiões comparadas, mas muito acima da média nacional, que é de 7,9%.
Quando analisamos os números das sociedades sediadas no concelho verificamos
que o peso deste sector diminui relativamente às empresas, no entanto, ele revela-
se superior ao peso médio relativos que tem no Douro e muito acima do peso médio
relativo registado em Trás-os-Montes e no país (ver Quadro N.º32, página
seguinte).
Diagnóstico Social
70
O conjunto das 71 sociedades com sede no concelho de Carrazeda de Ansiães
empregavam, em Dezembro de 2001, 265 activos, menos 40 activos que no
mesmo período do ano de 2000.
Quadro N.º42 - Número de Empresas com sede no Concelho de Carrazeda de
Ansiães, no Douro, no Alto Trás-os-Montes e Portugal (31.12.2001)
Carrazeda de Ansiães
Douro Alto Trás-os-Montes
Portugal CAE
N.º % N.º % N.º % N.º % Agricultura, produção animal, caça e silvicultura + pescas
177
23,7
3 733 19,7
4 717
22,2
87 241
7,9
Indústrias Extractivas 1 0,1 48 0,3 71 0,3 2 062 0,2 Indústrias Transformadoras 76 10,2 1 307 6,9 1 358 6,4 117 386 10,6 Produção e Distribuição de Electricidade, gás e água
-
-
4 0,0
9
0,0
372
0,0
Construção 91 12,2 2 492 13,2 2 422 11,4 187 597 16,9 Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis, motociclos e bens de uso pessoal e doméstico
239
32,0
6 588 34,8
7 174
33,7
385 465
34,7
Alojamento e restauração (restaurantes e similares)
68
9,1
1 911 10,1
2 603
12,2
97 114
8,7
Transportes, armazenagem e comunicações
33
4,4
759 4,0
725
3,4
32 821
3,0
Actividades financeiras 10 1,3 537 2,8 529 2,5 37 556 3,4 Act. Imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas
25
3,4
899 4,7
916
4,3
108 278
9,8
Administração pública, defesa e segurança social obrigatória
Educação
Saúde e acção social
Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais
Famílias com empregados domésticos
Organismos internacio. e outras instituições extraterritoriais
26
3,5
671
3,5
743
3,5
54 598
4,9
TOTAL 746 100 18 949 100 21 267 100 1 110 490 100 Fonte: Anuário Estatístico da Região Norte 2002, INE 2003
Diagnóstico Social
71
Quadro N.º43 - Número de Sociedades com Sede no Concelho de Carrazeda de Ansiães,
no Douro, no Alto Trás-os-Montes e em Portugal (31.12.2001)
Carrazeda de Ansiães
Douro Alto Trás-os-Montes
Portugal CAE
N.º % N.º % N.º % N.º % Agricultura, produção animal, caça e silvicultura + pescas
8 11,3 265 8,3 98 3,3 7597 2,5
Indústrias Extractivas 1 1,4 33 1,0 39 1,3 961 0,3 Indústrias Transformadoras 11 15,5 357 11,2 369 12,5 43535 14,1 Produção e Distribuição de Electricidade, gás e água - - 3 0,1 9 0,3 343 0,1 Construção 4 5,6 349 10,9 338 11,4 37601 12,2 Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis, motociclos e bens de uso pessoal e doméstico
17 23,9 1065 33,3 1103 37,4 98419 31,9
Alojamento e restauração (restaurantes e similares) 4 5,6 269 8,4 267 9,0 28782 9,3 Transportes, armazenagem e comunicações 14 19,7 303 9,5 263 8,9 18929 6,1 Actividades financeiras 2 2,8 23 0,7 18 0,6 2083 0,7 Act. Imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas
7 9,9 309 9,7 240 8,1 48881 15,8
Administração pública, defesa e segurança social obrigatória
Educação
Saúde e acção social
Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais
Famílias com empregados domésticos
Organismos internacio. e outras instituições extraterritoriais
3
4,2
221
6,9
208
7,0
21550
7,0
TOTAL 71 100 3197 100 2952 100 308681 100 Fonte: Anuário Estatístico da Região Norte 2002, INE 2003
6.1 - Sector Primário
No que se refere às Árvores de Fruto vendidas pelos viveiristas com destino ao concelho
de Carrazeda de Ansiães, no período entre 2001 e 2002, segundo o Anuário Estatístico da
Região Norte 2002, foram vendidas um total de 25.920 árvores de fruto, das quais 18.550
(71,5% do total de árvores de fruto compradas no concelho) foram Macieiras, o que
demostra o peso relativo da produção de maçã no concelho. Depois das macieiras
aparecem com árvores mais vendidas neste período, embora com muito menor peso, as
2.300 Oliveiras, as 1.750 Amendoeiras, os 1.350 Castanheiros e 910 Cerejeiras. Além
Diagnóstico Social
72
destas árvores de fruto mencionadas, todas as outras têm um peso relativo muito pouco
significativo.
Relativamente à Produção de Azeite manifestada em 2001, foram declarados 6 lagares
em laboração, 1.574 toneladas de azeitona oleificada e 2.841 hl de azeite obtido.
Comparando estes valores com a média registada na sub-região do Douro, verifica-se que
o peso relativo da produção de azeite do concelho de Carrazeda de Ansiães é de cerca de
5% na sub-região.
A Produção de Vinho expressa em mosto em 2001 foi, segundo a mesma fonte
estatística, de 44 029 hl, dos quais 24 672 hl (56% do total de vinho produzido) eram de
qualidade VLQPRD, 15 919 hl VQPRD (36,2%), 2 102 hl de Vinho Regional (4,8%) e
1334 hl de Vinho de Mesa (3%). Analisando agora o peso relativo da produção de vinho
no concelho na sub-região do Douro onde se insere verificamos que Carrazeda de Ansiães
apenas contribui com 2,6% para a produção total do Douro.
Em 1999, segundo os dados do Recenseamento Geral da Agricultura do INE, haviam no
concelho de Carrazeda de Ansiães 1.909 explorações agrícolas, distribuídas por uma
área agrícola de 8299 hectares, dos quais 7.947 hectares correspondem a SAU (Superfície Agrícola Utilizada – constituída pelas terras aráveis limpas e sob-coberto de
matas e florestas, culturas permanentes e pastagens permanentes), como podemos
verificar no quadro que se segue.
Diagnóstico Social
73
Quadro N.º44 -. Número de Explorações Agrícolas, Área e Superfície Agrícola
Utilizada (SAU) em 1989 e 1999, por Freguesia
Em 1989 Em 1999 Freguesias N.º
Explorações
Área Agrícola
(ha)
SAU (ha)
N.º Exploraçõe
s
Área Agrícola
(ha)
SAU (ha)
Amedo 80 512 255 76 364 362 Beira Grande 88 637 572 88 625 602 Belver 72 232 209 49 246 242 Carrazeda Ansiães 110 550 446 79 443 420 Castanheiro 163 732 613 126 502 483 Fontelonga 123 642 565 100 562 553 Lavandeira 90 338 279 65 174 170 Linhares 200 791 667 184 627 597 Marzagão 129 821 623 97 453 407 Mogo de Malta 40 185 143 28 207 142 Parambos 103 443 302 81 283 273 Pereiros 96 352 243 82 197 196 Pinhal do Norte 139 438 343 120 ... 371 Pombal 172 593 535 150 .... 515 Ribalonga 65 421 245 73 .... 335 Seixo de Ansiães 180 835 754 134 729 689 Selores 71 232 206 63 287 277 Vilarinho da Castanh. 235 1208 892 256 1008 992 Zedes 43 217 175 58 365 319
Total 2199 10182 8070 1909 8299 7947 Fonte: INE, RGA 1999
Como se pode constatar no quadro anterior, Carrazeda sofreu uma diminuição de
290 explorações no período que vai de 1989 a 1999. Todas as freguesias perderam
explorações agrícolas à excepção de Vilarinho da Castanheira, que ganhou 21
explorações nesse período de 10 anos, e a freguesia de Zedes que regista em 1999
mais 15 explorações que em 1989.
Diagnóstico Social
74
Quadro N.º45 - Tipo de Explorações Agrícolas, Número de Explorações, Áreas e
SAU, em 1989 e 1999 no Concelho de Carrazeda de Ansiães
Em 1989 Em 1999 Tipo de Explorações N.º de
Explor
Área (há)
SAU (ha)
N.º de Explo
r
Área (ha)
SAU (ha)
Pousio sob-coberto de matas e florestas - - 8070 - - 7947 Superfície total 2199 13335 8070 1909 13296 7947 Terra arável limpa com culturas temporárias 1431 1539 8070 967 1074 7947 Terra arável limpa com pousio 235 123 8070 371 224 7947 Terra arável limpa com horta familiar 1958 144 8070 1411 156 7947 Culturas temporárias sob-coberto de matas e florestas
1 .. 8070 .. .. 7947
Pastagens permanentes sem culturas sob-coberto 15 6,1 8070 1 .. 7947 Total de culturas sob-coberto de matas e florestas 16 7,8 8070 1 .. 7947 Culturas permanentes sem culturas sob-coberto 2167 5178 8070 1872 5642 7947 Culturas permanentes com culturas temporárias x x 8070 63 12 7947 Superfície agrícola não utilizada 915 2112 8070 264 352 7947 Total de terra arável limpa 2034 1806 8070 1569 1455 7947 Outras formas de utilização das terras 294 169 8070 559 1169 7947 Culturas permanentes com pousio x x 8070 - - 7947 Matas e florestas com culturas sob-coberto 1417 2983 8070 1370 3838 7947 Superfície Agrícola Utilizada (SAU) 2195 8070 8070 1908 7947 7947 Pastagens permanentes em terra limpa 957 1035 8070 716 833 7947 Total de culturas permanentes 2167 5221 8070 1872 5657 7947 Culturas permanentes com pastagens permanentes - - 8070 2 .. 7947 Culturas permanentes com horta familiar 141 9 8070 46 3 7947 Fonte: INE, RGA 1999
Relativamente à utilização da terra, constatamos que a área total das explorações
agrícolas é, de acordo com o último recenseamento (1999), de 13296 hectares,
ocupando a SAU cerca de 60% dessa área. A fracção da superfície agrícola não
utilizada, entendida como a área não explorada mas susceptível de recuperação,
representa, neste período, apenas 2,6% da área total das explorações, verificando-
se um elevado decréscimo neste tipo de superfície em relação ao ano de 1989 que
representava 15,8% da área total das explorações.
As culturas temporárias ocupam 13,5% da SAU, e assiste-se a uma significativa
diminuição da superfície reservada a este tipo de cultura (menos 465 hectares).
Diagnóstico Social
75
Segundo o último RGA, são utilizados no concelho 1168 ha em culturas
temporárias, dos quais 654 ha (56%), divididos por 664 explorações, se destinam à
produção de cereais para grão. Por ordem de importância surgem de seguida,
neste tipo de culturas, as culturas forrageiras, com 307 explorações numa área de
279 ha, e a batata, com 554 explorações e ocupando uma área de 181 ha. As
restantes culturas temporárias existentes têm uma importância muito insignificante
no concelho.
Em 1999 apuraram-se 7 947 hectares de SAU , menos 123 hectares que em 1989,
representando as culturas permanentes a maior fracção (71,2%) e
correspondendo a 98% das explorações. Durante o período entre os dois
recenseamentos, as culturas permanentes viram diminuir o número de explorações,
menos 295 explorações em dez anos, mas viram aumentar a área em 436 hectares.
Efectivamente, é neste tipo de cultura que o concelho tem apresentado uma maior
evolução, como se pode confirmar através da análise do quadro que se segue:
Quadro N.º46 - Evolução da Área Ocupada Pelas Culturas Permanentes
1979 1989 1999 Var. 79/89(%)
Var. 89/99 (%)
Var. 79/99(%)
N.º de Explorações 2 497 2 167 1 872 -13,20 -13,20 -25,00 Área (ha) 3 350 5 223 5 658 55,90 8,30 69,00 Fonte: Plano Estratégico de Desenvolvimento de Carrazeda de Ansiães
Como se pode constatar assistiu-se, nos últimos vinte anos, a uma franca expansão
das áreas de produção de culturas permanentes, com uma variação positiva de
1979 para 1999 de 69%, ao mesmo tempo que se assiste a uma diminuição do
número de explorações, menos 25% no mesmo período, o que indicia uma certa
tendência para o emparcelamento.
Relativamente ao tipo de culturas permanentes presentes no concelho, atenda-se
ao quadro que se segue:
Diagnóstico Social
76
Quadro N.º47 - Principais Culturas Permanentes
Culturas Permanet.
Frutos Frescos
Citrinos
Frutos Sub-
Tropicais
Frutos Secos
Olival
Vinha
Viveiros
Explo 1 872 378 222 4 749 1 492 1 782 3 Área 5 658 491 57 0 628 1 892 2 588 1
Fonte: INE, RGA 1999
A vinha e o olival apresentam-se como as principais culturas permanentes na
região, ocupando cerca de 80% da área abrangida por este tipo de cultura.
Com a excepção do olival, todas as restantes culturas registaram aumentos da área
e da produção. O decréscimo do olival (de 39,7% para 33,4% de área ocupada de
1989 para 1999), verificado a partir do início da década de 90, uma vez que entre
1979 e 1989 registou um aumento de 38,4%, parece ficar a dever-se à substituição
do olival por vinha e/ou amendoal, assim como ao arranque de árvores que serviam
de bordadura às vinhas da Região Demarcada do Douro.
A vinha é, definitivamente, a cultura permanente com maior aposta por parte dos
agricultores do concelho. A área ocupada por esta cultura aumentou 43,5% entre
1979 e 1999. A valorização dos vinhos do Douro e Porto, o aparecimento de novos
produtores engarrafadores e a associação desta cultura ao turismo têm constituído
o motor de crescimento da vinha na região do Douro e, por inerência, no concelho
de Carrazeda de Ansiães.
Nos frutos frescos predomina a macieira que, a par da vinha, tem registado uma
evolução técnica acentuada, apresentado-se como uma cultura de futuro no
concelho. A existência de uma Cooperativa de produtores de maçã (FRUCAR)
demonstra a importância deste produto no concelho.
Os citrinos têm pouca expressão económica, representando apenas 1% da área
ocupada.
Nos frutos secos, onde predomina a amendoeira, a área de plantação aumentou
também ao longo da última década, representando, em 1999, cerca de 11% da área
ocupada.
Diagnóstico Social
77
As matas e florestas sem culturas sob-coberto (superfícies cobertas com árvores
ou arbustos florestais, quer se trate de povoamentos puros quer de povoamentos
mistos) assumem a segunda posição na composição da SAU (48,3%), e registaram
também, entre os dois momentos censitários, uma diminuição do número de
explorações (menos 47) e um aumento da dimensão da área (mais 855 hectares).
As terras aráveis limpas representam cerca de 18,3% da SAU, e viram diminuir nos
dez anos em estudo quer o número de explorações, menos 465, quer o número de
hectares, menos 351.
Relativamente ao efectivo animal, atenda-se ao quadro que se segue:
Quadro N.º48 - O Efectivo Animal
N.º Explorações N.º Efectivos
Bovinos 68 301
Suínos 187 648
Ovinos 70 5221
Caprinos 26 1033
Equídeos 852 897
Coelhas 165 491
Aves 313 1697
Colmeias 35 573
Total 1716 10861 Fonte: INE, RGA 1999
No seu conjunto, as explorações pecuárias têm pouco significado na estrutura de
produção agrária do concelho, no entanto, deve-se salientar que, a par com o
decréscimo do número de explorações com efectivos animais no último período
intercensitário, assistiu-se a um aumento dos efectivos por exploração, o que indicia
uma evolução positiva na dinâmica do sector.
“O relativo isolamento face aos mercados pecuniários, inexistência de indústrias
fortes e competitivas no sector, inexistência de produtos tradicionais de renome,
dificuldades de mão-de-obra, podem ajudar a aplicar o progressivo desinteresse na
actividade pecuária”. (Plano Estratégico de Desenvolvimento de Carrazeda de
Ansiães, pp.80-81)
Diagnóstico Social
78
Quanto às características dos produtores agrícolas vejamos os quadros que se
seguem.
Quadro N.º49 - Forma de Exploração da SAU pelo Produtor Agrícola
Conta Própria Arrendamento Outras Formas
N.º Explorações 1 895 46 49
SAU 7 583 258 109
Fonte: INE; RGA 1999
Quadro N.º50 - Natureza Jurídica do Produtor
Produtor Singular
Autónomo Empresário
Sociedades
N.º Explorações 1 753 142 14
SAL 5 982 1 626 337
Fonte: INE; RGA 1999
Quadro N.º51 - Tipo de Contabilidade Agrícola
Contabilidade Organizada
Registo de Receitas e Despesas
Outra Situação
N.º Explorações 37 111 1 761
SAL 726 1137 6 083
Fonte: INE; RGA 1999
Observa-se que a esmagadora maioria dos produtores (95%) são produtores
singulares (por conta própria), e destes, apenas 7,5% são empresários. Foram
recenseadas apenas 14 sociedades agrícolas.
Em termos de contabilidade agrícola, reflecte-se o panorama atrás exposto,
registando-se apenas 2% de produtores com contabilidade organizada, valores
muito abaixo dos valores registados pela região do Douro (3,6) ou da região Norte
(5,2), se bem que se tratam também eles de valores muito baixos. Estes valores
reflectem as características da produção agrícola do concelho e a rentabilidade da
maior parte das explorações.
Diagnóstico Social
79
Quadro N.º52 - . Número de Produtores Agrícolas Singulares segundo a Idade e
Sexo no Concelho de Carrazeda de Ansiães, em 1898 e 1999
1989 1999 Produtor Singular
N.º N.º
Número de produtores singulares 2178 1895
Produtores singulares masculinos 1806 1497
Produtores singulares femininos 372 398
Produtores singulares com idade entre 15 e 24 anos 10 8
Produtores singulares com idade entre 25 e 34 anos 78 55
Produtores singulares com idade entre 35 e 44 anos 255 180
Produtores singulares com idade entre 45 e 54 anos 434 333
Produtores singulares com idade entre 55 e 64 anos 649 485
Produtores singulares com idade igual ou superior a 65 anos 752 834
Fonte: INE, RGA 1999
Como se pode verificar, foram declarados, em 1999, no âmbito do Recenseamento
Geral de Agricultura, 1 895 produtores singulares, menos 283 que em 1989. Os
produtores singulares masculinos representam cerca de 80% dos produtores
singulares, tendo as mulheres um peso relativo pouco significativo nesta actividade.
Trata-se de uma população muito envelhecida, pois, como se pode constatar no
quadro anterior, cerca de 44% dos produtores agrícolas singulares têm 65 ou mais
anos, e cerca de 70% têm mais de 54 anos. Os produtores jovens, com idades
compreendidas entre os 15 e os 44 anos, representam apenas 12,8% do total de
produtores singulares.
Diagnóstico Social
80
Quadro N.º53 - . Produtores Singulares segundo as Habilitações Literárias no Concelho, em 1989 e 1999
1989 1999 Habilitações Literárias do Produtor
Singular N.º % N.º %
Não sabe ler nem escrever 452 21,7 298 15,7
Sabe ler e escrever 387 18,6 405 21,4
1.º Ciclo 1163 55,9 934 49,3
2.º Ciclo 79 3,8 108 5,7
3.º Ciclo x 0,0 50 2,6
Ensino secundário não agrícola x 0,0 8 0,4
Ensino secundário agrícola x 0,0 30 1,6
Politécnico/superior não agrícola x 0,0 11 0,6
Politécnico/superior agrícola x 0,0 51 2,7
Total 2 081 100 1 895 100,0
Fonte: RGA 1999
Revela-se também uma baixo nível de instrução nesta população: dos 1 895
produtores agrícolas singulares inquiridos, 1 637 (86,4%) não ultrapassavam o 1.º Ciclo como nível de escolaridade, e destes 18,2% são analfabetos e 30,8% sabem
ler e escrever mas não têm certificação escolar.
Há, contudo, a salientar a franca evolução sofrida nos últimos dez anos em análise.
Efectivamente, enquanto que em 1989 não havia registo de produtores singulares
com habilitações superiores ao 2.º ciclo, em 1999, este grupo correspondia já a 8%
dos produtores singulares. Saliente-se ainda que, no último recenseamento,
registaram-se 30 produtores com o ensino secundário agrícola e 51 com o
politécnico/superior agrícola, demonstrando uma certa evolução positiva na
dinâmica deste sector, no sentido de procurar saber técnico-científico que, há dez
anos atrás era completamente inexistente.
Diagnóstico Social
81
Quadro N.º54 - Formação Profissional Agrícola do Produtor Singular
Formação Profissional Agrícola N.º de Produtores Singulares
Exclusivamente Prática 1 824
Curta duração 13
Longa Duração 30
Longa e Curta Duração 9
Completa 19
Total 1 895
Fonte: INE, RGA 1999
Completando o que já foi referido, o quadro anterior traça-nos o panorama da
formação profissional dos produtores agrícolas singulares. Assim, de acordo com
o último recenseamento agrícola, cerca de 96% dos produtores singulares tinham
formação profissional agrícola exclusivamente prática, sendo que apenas 1%
dos produtores tinham formação profissional agrícola completa.
Quadro N.º55 - Tempo de Actividade Agrícola
Tempo de Actividade Agrícola
N.º Produtores Singulares
Tempo Parcial 1 843
> 0- < 25% 633
25 - < 50% 500
50 - < 75% 426
75 - < 100% 284
Tempo Completo 52
Fonte: INE, RGA 1999
Apenas 52 produtores agrícolas singulares (2,7%) se dedicam a tempo inteiro à
actividade agrícola. A esmagadora maioria trabalha na agricultura a tempo parcial e
destes cerca de 60% trabalha menos de 50% do tempo considerado completo.
Trata-se, efectivamente, de uma actividade a tempo parcial.
Diagnóstico Social
82
Quadro N.º56 - Actividades Remuneradas Exteriores à Exploração
Actividades Remuneradas Exteriores à Exploração
N.º de Produtores Singulares
Actividade Principal 438
Sector Primário 129
Sector Secundário 95
Sector Terciário 214
Actividade Secundária 89
Sector Primário 64
Sector Secundário 8
Sector Terciário 17
Fonte: INE, RGA 1999
Através do quadro anterior, constatamos que, apesar de apenas 52 produtores
singulares se dedicarem a tempo inteiro, somente 527 produtores (num universo
1895) têm remunerações exteriores à exploração. Destes, 438 (23% dos
produtores singulares) têm como actividade principal outra que não a sua
exploração, empregando o sector terciário cerca de metade destes produtores.
Produtores com actividades secundárias remuneradas exteriores à exploração
registaram-se 89, correspondendo, na sua maioria, a actividades ligadas ao sector
primário.
Os dados apresentados ao longo deste sub-capítulo vêm de encontro à ideia de que
a agricultura é um parente menor dentro dos sectores económicos. Prevalece o
conceito de que apenas é preciso saber “lavrar” as terras para se ser produtor,
saber este que se aprende somente com a prática. A falta de visão empresarial, a
quase inexistência de uma gestão agrícola profissionalizada, os baixos níveis de
escolarização e saber técnico, o pouco tempo dedicado às explorações que,
indiciam ser de pequenas dimensões e concomitantemente de baixos rendimentos,
num mundo global, cada vez mais competitivo, não fazem revelar um futuro muito
promissor para o sector primário no concelho. É no entanto de salientar o
surgimento de novos produtores, principalmente ao nível da vinha, mas também da
maçã, nos últimos anos, com saber fazer aliado ao saber técnico e uma visão
estratégica de negócio para as suas explorações. Contudo, são ainda uma minoria
dentro de um panorama não muito promissor.
Diagnóstico Social
83
As dificuldades que atravessam o sector agrícola, que condicionam a sua desejável
evolução, são realçadas nos quadros que se seguem e que nos permitem fazer
uma melhor avaliação da situação actual.
Quadro N.º57 - Evolução dos Índices de Preços dos meios de Produção e Preço do
Gasóleo
Ano Bens e Serviços de Consumo Corrente
Bens e Serviços de Investimento
Preço do Gasóleo (Euros/100l)
1996 103,1 102,1
1997 101,1 106,1
1998 97,5 108,9
1999 97,3 111,3 31,46
2000 100,8 116,7 42,10
2001 109,2 118,2 42,02
Variação 96/01 (%) 5,92 15,77
Fonte: INE, Índices de Preços dos Meios de Produção (Base de 1995) e Preço do Gasóleo, in Plano Estratégico de Desenvolvimento de Carrazeda de Ansiães, 2003
Quadro N.º58 - Evolução do Índice de Preços de Produtos Agrícolas
ANO
TOTAL
Vinho de
Mesa
Vinho de Qualidade
Azeite
Frutos Frescos
Maçã
Frutos de
Casca Rija
Produtos Animais
Ovinos
1996 102,00 106,00 100,50 141,90 105,40 101,40 83,80 103,20 108,10
1997 102,60 76,20 101,40 88,70 98,20 107,80 89,00 102,40 109,20
1998 103,90 117,80 107,30 82,50 142,30 147,20 71,70 96,70 97,30
1999 99,00 134,40 116,70 69,90 129,10 149,70 67,60 92,30 92,00
2000 103,80 113,70 124,60 65,00 112,40 128,80 67,30 102,00 95,10
2001 110,50 85,80 129,20 58,10 128,70 129,70 93,30 108,40 113,10
Variação 8,33 -19,06 28,56 -59,06 22,11 27,91 11,34 5,04 4,63 Fonte: INE, Índices de Preços dos Produtos Agrícolas (Base de 1995), in Plano Estratégico de Desenvolvimento
de Carrazeda de Ansiães, 2003
Como se pode constatar, os custos de produção têm apresentado uma evolução
crescente, com uma variação de 16% no que se refere aos custos de investimento.
Por seu lado, os preços dos produtos agrícolas registam, de uma forma geral,
crescimentos muito inferiores aos valores do investimento e variações anuais
Diagnóstico Social
84
significativas. Apenas os vinhos de qualidade e os frutos frescos, nos quais se
inclui a maçã, registaram crescimentos superiores, em oposição ao azeite que
desde 1996 assiste a uma variação negativa do seu preço que ronda os 60%.
Esta situação reflecte a dificuldade de realização de investimentos na agricultura,
tendo ainda a considerar a dependência das condições climatéricas na previsão das
receitas das explorações.
Desta forma, a necessidade de procurar alternativas que possam complementar os
rendimentos da actividade agrária e também a valorização dos produtos do
concelho, assume uma importância vital.
6.2 - Sector Secundário
O concelho de Carrazeda de Ansiães é um concelho tipicamente rural, sendo a
indústria quase inexistente e com pouca ou nenhuma tradição.
Analisando os dados referentes à Indústria Transformadora, com dados de 2000
e de 2001 (Anuário Estatístico da Região Norte 2001 e 2002) constata-se que
existem 76 empresas em 2001, menos 9 que em 2000, que operam no concelho, e
11 sociedades no mesmo período, empregando estas um conjunto de 52 trabalhadores, com especial incidência no âmbito das “Indústrias alimentares, das bebidas e do tabaco” (63,6% do total das sociedades e 65,4% do total de
empregados neste sector).
Para além das 7 sociedades existentes no concelho relativas à indústria alimentar,
de bebidas e tabaco, existe uma sociedade ligada à actividade “Indústrias da
madeira e da cortiça e suas obras” e 3 sociedades no âmbito das “Indústrias
metalúrgicas de base e de produtos metálicos”.
6.3 - Sector Terciário
A sector terciário é o sector que no concelho assume maior importância
empregadora. De facto, o sector do comércio e serviços empregava, em 2000,
segundo o Anuário Estatístico da Região Norte 2002, cerca de 50% do total dos
trabalhadores por conta de outrém, e cerca de 78% das mulheres empregadas
por conta de outrém encontravam-se, nesse período, a trabalhar neste sector.
Diagnóstico Social
85
Quadro N.º59 -.Trabalhadores por Conta de Outrém no Concelho, segundo o
Sector de Actividade e Sexo, em 2000
Total Primário Secundário Terciário
HM H M HM H M HM H M HM H M
Em 2000 360 270 90 9 7 2 171 153 18 180 110 70
% 2,5 1,9 0,6 47,5 42,5 5,0 50,0 30,6 19,4 Fonte: INE, Anuário Estatístico da Região Norte, 2002
Os censos de 2001 reforçam esta realidade ao analisar a população residente
empregada segundo o sector de actividade económica. Segundo esta fonte, dos
2280 residentes empregados 1052 (46,1%) trabalhavam, neste período censitário,
no sector dos serviços.
A área comercial assume uma importância relativa no concelho e caracteriza-se
pelo elevado número de estabelecimentos, especialmente os que estão ligados à
restauração e venda de produtos alimentares, de reduzida dimensão tanto ao nível
do número de trabalhadores que empregam como ao nível da área de venda ao
público.
Nos dias 10, 20 e último dia de cada mês, a sede do concelho adquire uma certa
animação, decorrente da realização das feiras mensais, que desempenham um
papel fundamental na vida social e económica da vila.
Com o objectivo de apoiar a actividade comercial e industrial do concelho foi criada
a ACICA (Associação Comercial e Industrial de Carrazeda de Ansiães), fundada em
1990, conta actualmente com 137 sócios, na sua maioria ligados ao comércio.
Segundo os dados existentes na Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães,
existem actualmente cerca de 110 estabelecimentos comerciais ligados à área de
alojamento e restauração. Destes, a grande maioria são cafés e tabernas,
estabelecimento que se podem encontrar por todo o concelho, seguidos pelos
restaurantes, que se situam quase exclusivamente em Carrazeda de Ansiães.
Residenciais são 4, duas situadas na sede do concelho, uma na Sr.ª da Ribeira
(freguesia do Seixo de Ansiães) e uma em Vilarinho da Castanheira. Existe também
Diagnóstico Social
86
um Hotel Rural (em Pombal de Ansiães) e uma Quinta da Turismo Rural (Vilarinho
da Castanheira).
Para além destes estabelecimentos existem, no mesmo levantamento, cerca de 180
outros estabelecimentos comerciais e de serviços distribuídos por diversas áreas,
onde o comércio por grosso e a retalho têm um peso preponderante.
6.4 - Dados Globais
Relativamente ao volume de vendas nas sociedades sediadas no concelho, em
Dezembro de 2001, segundo os dados do Anuário Estatístico da Região Norte
2002, somava um total de 16.7 milhões euros/3.4 milhões de contos, um valor
muito baixo que posiciona Carrazeda de Ansiães em 5.º lugar, a contar de baixo
para cima, de entre os 19 concelhos da sub-região do Douro.
No volume de vendas das sociedades salientam-se as sociedades ligadas ao
“Comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis, motociclos
e bens de uso pessoal e doméstico“ (25%), seguidas das sociedades ligadas à
industria transformadora (21,6%). As demais sociedades vão distribuindo entre si,
todas elas com um peso muito inferior às duas anteriormente referidas, o valor
restante.
Em 2002 registaram-se, segundo a mesma fonte estatística, 6 constituições de
novas sociedades, muito menos que as registadas em 2001, altura em que se
constituíram 13 novas sociedades.
É na sede do concelho que se desenvolve a maior parte da actividade empresarial e
a onde se desencadeia o maior número e volume de negócios, e estes acontecem
especialmente nas áreas do comércio e indústria extractiva. Nas restantes
freguesias a vida económica é pouco significativa.
Diagnóstico Social
87
Quadro N.º60 - Principais Actividades Económicas por Freguesia
Freguesias
Distância à Sede
População (picos
populacionais)
Tecido Económico
Amedo
3 Km 1950 (796 hab.) Tem como principal actividade uma agricultura de subsistência, com produções de frutas diversas, hortaliças, amêndoa, azeite e vinho; tem um lagar de azeite desactivado; tem vários lagares de vinho e fornos de cozer pãp (particulares); a indústria é inexistente e o comércio pouco significativo
Beira Grande
11 Km 1940 (496 hab.) A actividade económica exclusiva é a agricultura que atravessa, à semelhança das circundantes zonas de montanha, momentos mais difíceis; produz vinho do Porto, maçã, algum azeite e, cada vez menos, amêndoa; as matas de sobreiros e pinheiros já foram uma importante fonte de rendimento mas, com os incêndios verificados ao longo dos últimos anos, perderam a sua vitalidade; possui um lagar de azeite e moinhos desactivados; a indústria é inexistente e o comércio pouco significativo.
Belver
3 Km 1950 (549 hab.) A principal actividade é a agro-pecuária (gado ovino); produz, com abundância, castanha, noz, vinho, cereais e maçã; a indústria e o comércio têm-se desenvolvido, embora lentamente; possui uma fábrica de blocos, oficinas de tanoaria, serração e marcenaria, oficinas de mecânica e um posto de abastecimento de combustível.
Carrazeda Ansiães
Sede do concelho
1950 (1 464 hab.) Possui diversas actividades e serviços de apoio, carcaterísticos das sedes de concelho, mas é a agricultura (destacando-se a pecuária) que tem o maior peso na economia local; o comércio tradicional é uma referência para todo o concelho; realiza 3 feiras por mês; a construção civil e obras públicas tem sofrido um leve impulso; possui 3 agências bancárias e unidades hoteleiras.
Castanheiro
9 Km 1950 (1 364 hab.) A principal actividade é a agricultura com plantações de vinha (vinho do Porto) e de Oliveiras; a indústria e o comércio são quase inexistentes, havendo uma oficina de pirotecnia e alguns cafés e mercearias; possui também alguns lagares de azeite e fornos de cozer pão; a estação da linha do Douro e da linha do Tua da CP, em Foz Tua, conferem-lhe alguma vitalidade.
Fontelonga
5 Km 1940 (843 hab.) As principais actividades são a agricultura, com produções de maçã, vinho, azeite, amêndoa, cereais e castanha, e a pecuária, com rebanhos de cabras e ovelhas; as restantes actividades não são significativas e possuem características rudimentares e tradicionais.
Lavandeira
8 Km 1960 (504 hab.) A agricultura é a actividade principal, com produções de vinho, trigo, milho, azeite e frutas, em especial a maçã; as restantes actividades não têm muita significância, existindo alguns cafés/mercearias, carpintarias e um lagar de azeite.
Linhares
8 Km 1950 (1 676 hab.) A actividade quase única e básica é a agricultura, muito tradicional; produz em abundância batatas, vinho, azeite e alguma fruta (amêndoa e maçã) e tem muitas matas de sobreiros e pinheiros; possui algumas actividades comerciais muito tradicionais e alguns lagares de azeite desactivados.
Marzagão
5 Km 1950 (789 hab.) A actividade básica é a agricultura e os produtos principais são a fruta, especialmente a maçã (com imensos pomares), o vinho, o azeite e cereais (trigo e milho); possui também matas de pinheiros e de sobreiros; a pecuária é pouco utilizada como actividade lucrativa, apesar de usarem muito os animais nos trabalhos agrícolas; não existe indústria e o comércio é muito tradicional e rudimentar; recorrem a freguesias vizinhas para fazer o azeite e ferrarem os animais.
Mogo de Malta
5 Km 1940 (305 hab.) A principal actividade económica é a agricultura, produzindo batatas, cereais, vinho, castanhas e maçãs; possui alguma pecuária; o comércio é pouco expressivo e a produção industrial resume-se à manufacturação de rendas e colchas.
Parambos
5 Km 1900 (696 hab.) A agricultura é a base da economia local, produzindo batatas, vinho, azeite, castanhas, maçãs e outras frutas; existem também alguns rebanhos; o comércio é pouco significativo e a indústria pouco desenvolvida, existindo algumas oficinas de serração, de serralharia e de mecânica; existe uma fábrica de estofos.
Pereiros
12 Km 1900 (798 hab.) A actividade principal é a agricultura, produzindo em quantidade considerável amêndoa, batatas, azeite e vinho; há muita resina, cortiça e madeira de castanho e pinheiro, que têm vindo a ser ameaçadas pelos incêndios que têm devastado as matas que circundam a freguesia; o comércio é muito tradicional, destacando-se os cafés e as mercearias; a indústria e manufactureira e tradicional (artesanato).
Pinhal do Norte
17 Km 1900 (825 hab.) A agricultura é a actividade com maior significância, com boas produções de amêndoa, azeite, algum vinho, cereais e bons pomares de abrunheiros, bem como matas de pinheiros e sobreiros; as restantes actividades não têm significado e são muito artesanais.
Pombal
22 Km 1866 (880 hab.) Apresenta uma agricultura de subsistência, pouco mecanizada devido ao declive do terreno; produz azeite, batatas, cortiça, madeira de pinho, frutas, vinho generoso e de consumo; nos últimos anos, com apoios comunitários, tem explorado parcelas maiores, com platações de vinha de benefício e de árvores de frutos secos como avelãs; o comércio e a indústria são muito menos significativos e bastante artesanais.
Ribalonga
10 Km 1950 (540 hab.) A actividade económica básica é a agricultura; a vinha é a principal fonte de rendimento, produzindo ainda muito azeite, amêndoa, figos e laranjas; a indústria é inexistente e o comércio não vai além de pequenos estabelecimentos tradicionais, como café e mercearia.
Seixo de Ansiães
9 Km 1930 (1 265 hab.) A agricultura é a actividade quase exclusiva, produzindo grandes quantidades de vinho (na sua maior parte generoso), azeite, maçãs, amêndoa e batata; o comércio cinge-se a alguns cafés e mercearias e a indústria é muito rudimentar e artesanal.
Selores
6 Km 1960 (532 hab.) A actividade praticada é a agricultura, com produções abundantes de batata, vinho, maçã, azeite e milho; as restantes actividades são diminutas, existindo ainda algum comércio (cafés e mercearia) e alguma pecuária.
Vilarinho Castanh.
14 Km 1950 (1 560 hab.) A agricultura, em particular o vinho do Porto, é a principal fonte de riqueza; produz ainda azeite, figos, amêndoa e maçã; a mecanização, à semelhança das restantes freguesias, é muito reduzida.
Zedes
6 Km 1960 (392 hab.) A agricultura persiste em ser a actividade principal, com produções de vinho, azeite, cereais, batata, amêndoa, castanha e maçã; existe alguma pecuária, com gado ovino, caprino e bovino; o comércio tem pouco significado e a indústria resume-se a algumas oficinas de carpintaria e serralharia mecânica e à manufacturação de cobertores e colchas de lã.
Fonte: Plano Estratégico de Desenvolvimento para Carrazeda de Ansiães, 2003
Diagnóstico Social
88
No comércio intracomunitário, aparece apenas declarada uma empresa em 2001,
no entanto, não aparecem dados sobre as expedições e as chegadas.
Não se regista qualquer empresa a trabalhar no comércio extracomunitário.
Relativamente ao sector do Turismo, o Anuário Estatístico da Região Norte de
2002 apresenta-se igualmente sem quaisquer dados relativamente a este sector no
concelho. No entanto, sabemos existirem 5 unidades hoteleiras no concelho, como
se referiu no sub-capítulo anterior, que não aparecem nas estatísticas porque não
se encontram classificadas pelo DGT (Direcção-Geral do Turismo), embora uma
delas, o único hotel existente, esteja em fase de classificação.
As unidades hoteleiras existentes são de pequena dimensão e estão geralmente
associadas à actividade de restauração e a sua exploração apresenta uma natureza
familiar.
No plano dos movimento bancários (Anuário 2002; INE 2003), o concelho tinha,
em 2001, 2 agências bancárias e uma Caixa de Crédito Agrícola Mútuo, com um
volume de depósitos na ordem dos 99 milhões de euros/19.8 milhões de contos,
dos quais 15.4 milhões euros/3 milhões de contos ((15,5%) foram depósitos de
emigrantes. Neste caso, o concelho demonstra precisamente o inverso do que
acontecia em relação ao volume de vendas das sociedades. De facto, em relação
ao volume de depósitos, Carrazeda de Ansiães situa-se no 5.º lugar, a contar do
topo, comparativamente com o volume de depósitos registados nos 19 concelho da
sub-região do Douro. O volume de créditos concedidos no mesmo ano foi de 62.6
milhões de euros/ 12.5 milhões de contos, dos quais 10.4 milhões de euros/2
milhões de contos (16,6%) tiveram a habitação como destino.
Em 2001 a Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães teve receitas e despesas anuais na ordem dos 9.3 milhões de euros/1.8 milhões de contos. Nas despesas,
3.3 milhões de euros/660 mil contos (35,5%) são despesas correntes e 6 milhões de
euros/1.2 milhões de contos são despesas de capital (64,5%), das quais 4.5
milhões de euros (75% das despesas de capital) se destinaram a investimentos.
Por fim, resta, neste capítulo destinado à caracterização sócio-económica do
concelho, registar alguns dados fornecidos pelo INE ao nível do Poder de Compra
Concelhio (INE, Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio, Número V, 2002).
Diagnóstico Social
89
Segundo este estudo, o Indicador per Capita (IpC) (Número índice que compara o
poder de compra regularmente manifestado nos diferentes concelhos e regiões, em
termos per capita, com poder de compra médio do País, a que foi atribuído o valor
100) do concelho de Carrazeda de Ansiães tem um valor de 43,51, valor bastante
abaixo da média da sub-região do Douro (NUTS III) onde este índice se cifra em
61,66.
Comparando este indicador com a média registada nas sete regiões NUTS III que
compõem a região Norte (NUTS II), constatamos que a região do Douro se situa em
penúltimo lugar com os valores mais baixos, cabendo, neste “ranking” o último lugar
à região do Tâmega (53,55).
O valor médio do poder de compra per capita na região Norte é de 85,58, quase o
dobro do poder de compra do concelho de Carrazeda de Ansiães, muito acima da
média verificada na região do Douro, o que reflecte as disparidades existentes entre
os concelhos que a compõem. Se por um lado, tem municípios com elevado poder
de compra per capita, como os do grande Porto que no seu conjunto atingem um
valor médio de IpC que ultrapassa em 22% a média do país, integra também
concelhos com poder de compra per capita muito reduzido.
Apenas a título de informação, é de referir este estudo nos mostra que a região de
Lisboa é a que apresenta, segundo o IpC, um poder de compra mais elevado, que
ultrapassa a média do país em 47,9% (mais 104% que a média de Carrazeda de
Ansiães).
Relativamente à Percentagem do Poder de Compra (PPC), segundo o INE, esta
define-se como um indicador, inferido do indicador per capita de poder de compra,
que se propõe medir o peso do poder de compra de cada concelho e região no total
do país que toma o valor de 100. A PPC reflecte não só a distribuição do poder de
compra pelo país, mas também, e concomitantemente, a distribuição da população.
Segundo o mesmo estudo sobre o poder de compra concelhio acima referido, a
estrutura do poder de compra do país por regiões do NUTS II salienta o predomínio
da região de Lisboa com um peso de 38% no total nacional do poder de compra,
logo seguida da Região Norte acima dos 30%. A Região centro representa mais de
18% deste todo. Com contributos mais modestos, surgem o Alentejo, com quase
6%, e o Algarve que se fica pelos 4%.
Diagnóstico Social
90
A análise da estrutura do poder de compra por regiões NUTS III mostra-nos a
região do Douro com um peso de 1,33% no total do poder de compra nacional,
tratando-se da região com menor peso no poder de compra do País em toda a
Região Norte, logo seguida da região do Alto Trás-os-Montes. A percentagem de
poder de compra de Carrazeda de Ansiães é de 0,03%.
A distribuição espacial da PPC ilustra, de forma muito evidente, as assimetrias
regionais do País, reflectindo a concentração, quer do poder de compra, quer da
população, nas duas grandes cidades portuguesas e suas envolventes sub-
urbanas, assim como mais geralmente na faixa litoral. Poucos são os concelhos do
interior capazes de assumir algum relevo no total nacional do poder de compra.
Diagnóstico Social
91
7. Acção Social
7.1. Equipamentos de Apoio Social
Em termos de serviços e equipamentos a prestar apoio social à população do
concelho de Carrazeda de Ansiães, identificaram-se os seguintes:
Quadro N.º61 - . Serviços e Equipamentos Existentes em Carrazeda de Ansiães,
por Área de Intervenção, População Alvo e Número Existente no Concelho, em
2003
Áreas de Intervenção
Serviços e Equipamentos
População Alvo Existentes no
Concelho
Creche
Resposta Social de âmbito sócio-educativo destinada a crianças
dos 4 meses aos 3 anos de idade, proporcionando às crianças
condições adequadas ao desenvolvimento harmonioso e global e
cooperando com as famílias em todo o seu processo educativo.
1
Pré-Escolar
Jardim de
Infância
Equipamento vocacionado para o desenvolvimento da criança dos
3 aos 6 anos de idade, proporcionando actividades educativas e
actividades de apoio à família.
7
Infância e Juventude
C.A.T.L.
Resposta que se destina a proporcionar actividades de animação
sócio-cultural a crianças, tendencialmente, a partir dos 6 anos e a
jovens, nos períodos disponíveis das responsabilidades,
escolares, de trabalho e outras.
3
Centro de Dia
Resposta social desenvolvida em equipamento , que consiste na
prestação de um conjunto de serviços que contribuem para a
manutenção dos idosos no seu meio sócio-familiar.
4
Lar de Idosos
Equipamento de alojamento colectivo, de utilização temporária ou
permanente, para idosos.
4
Idosos
Apoio
Domiciliário
Resposta social que consiste na prestação de cuidados
individualizados e personalizados, no domicílio, a indivíduos e
famílias quando, por motivos de doença, deficiência ou outro
impedimento, não possam assegurar, temporária ou
permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas
e/ou actividades da vida diária
5
Fonte: Questionário da Rede Social aplicado às IPSS’s do concelho e Serviço Local de Segurança Social, Dezembro de 2003 a
Fevereiro de 2004
Diagnóstico Social
92
Do levantamento efectuado no que concerne aos serviços e entidades que
desenvolvem actividades de apoio social à comunidade, foram identificadas as
seguintes:
Quadro N.º62 - .Instituições/Organizações de Solidariedade Social do Concelho de
Carrazeda de Ansiães, por Natureza Jurídica, Localização e Serviços/Valências,
em 2003
Natureza Jurídica
Instituição/Organização Localização Serviço/Valência
Santa Casa da Misericórdia
Carrazeda de
Ansiães
Creche; Jardim de Infância; Lar de
Idosos; Centro de Dia; Apoio
Domiciliário.
Centro Social e Paroquial da Fontelonga
Fontelonga
Jardim de Infância; CATL; Centro de
Dia; Lar de Idosos; Apoio Domiciliário.
Centro Social e Paroquial de Mogos
Mogo de Malta
Jardim de Infância; CATL; Centro de
Dia, Lar de Idosos; Apoio Domiciliário.
Centro Social e Paroquial do Pombal
Pombal
Centro de Dia e Apoio Domiciliário
IPSS’s
Centro Social e Paroquial de Vilarinho da Castanheira
Vlarinho da
Castanheira
CATL; Centro de Dia; Lar ; Apoio
Domiciliário.
ONG
Cruz Vermelha Portuguesa – Núcleo de Carrazeda de
Ansiães
Carrazeda de
Ansiães
De momento sem sede e sem plano
de actividades.
Instituições Públicas
Serviço Local de Segurança e Solidariedade Social
Carrazeda de
Ansiães
Regimes; Acção Social; RMG/RSI
Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo
de Carrazeda de Ansiães
Carrazeda de
Ansiães
Intervenção ao nível da protecção e
promoção de crianças e jovens em
situação de risco
Outras Entidades
Equipe de Intervenção Precoce
Carrazeda de
Ansiães
Resposta destinada a crianças até
aos 6 anos que apresentem
deficiência ou risco de atraso grave,
através de medidas de apoio
integrado no âmbito da educação,
saúde e acção social.
Fonte: Questionário da Rede Social aplicado às IPSS’s do concelho e Serviço Local de Segurança Social, Dezembro de 2003 a Fevereiro de 2004
Diagnóstico Social
93
Como se pode constatar nos quadros acima expostos, o concelho está coberto por
uma rede de serviços de apoio social que vão desde o apoio à infância e à
juventude até à população idosa. Relativamente às entidades que levam a cabo
estes serviços, foram identificadas 9 organismos, dos quais 5 se referem a IPSS’s.
É de registar que não existem no concelho respostas direccionadas para a
população com deficiência.
Para melhor explanarmos a situação do concelho ao nível da acção social,
passaremos à descrição e análise por áreas de intervenção.
Diagnóstico Social
94
7.2. Infância e Juventude
Analisando os equipamentos e serviços destinados a crianças e jovens, verifica-se
que existem no concelho um total de 11 serviços/equipamentos: 7 Jardins de
Infância, 3 Centros de Actividades de Tempos Livres (CATL) e 1 Creche.
Quadro N.º63 - Serviços e Equipamentos de Apoio à Infância e Juventude
existentes no Concelho de Carrazeda de Ansiães, 2003
Designação do Equipamentos
Localização Serviço N.º Utentes
Carrazeda de Ansiães Jardim de Infância 21
Mogo de Malta Jardim de Infância 11
Seixo de Ansiães Jardim de Infância 9
Castanheiro Jardim de Infância 8
Rede Pública do Pré-Escolar
Vilarinho da Castanheira Jardim de Infância 11
Total de Utentes 60
Creche 45 Santa Casa da Misericórdia
Carrazeda de Ansiães Jardim de Infância 66
Total de Utentes 111
Jardim de Infância 21 Centro Social e Paroquial da Fontelonga
Fontelonga
CATL (s/ refeição) 10
Total de Utentes 31
Centro Social e Paroquial de Mogos
Mogo de Malta
CATL (s/ refeição)
15
C/ refeição 5 Centro Social e Paroquial de Vilarinho da Castanheira
Vilarinho da Castanheira
CATL S/ refeição 10
Total de Utentes 15
TOTAL GLOBAL DE UTENTES 232 Fonte: Questionário da Rede Social aplicado às IPSS´s, Agrupamento Vertical de Carrazeda de Ansiães e Serviço Local de
Solidariedade e Segurança Social de Cª Ansiães, de Dezembro de 2003 a Fevereiro de 2004, com actualização em Dezembro de 2005.
Os serviços de apoio à infância e juventude existentes em Carrazeda de Ansiães
abrangem um total 232 crianças e jovens.
A Rede Pública do Pré-Escolar, no ano lectivo 2003/2004, é constituída por um
total de 5 equipamentos, distribuídos por 5 freguesias das 19 existentes no
Diagnóstico Social
95
concelho, e possui um total de 60 crianças em idade pré-escolar, o que
corresponde a uma taxa de cobertura de 0,9%.
O concelho de Carrazeda de Ansiães possui 4 instituições particulares de
solidariedade social (IPSS´s) que disponibilizam serviços e equipamentos de apoio
à infância e juventude, abrangendo um total de 172 crianças e jovens.
Constata-se que apenas 6 freguesias dispõem de equipamentos/serviços
destinados a esta população mais jovem, embora as IPSS´s acima referenciadas
tenham uma área de abrangência além dos limites das freguesias onde estão
situadas, havendo, pelo menos em algumas delas, um serviço de transporte para as
crianças que residem longe do equipamento. No entanto, é também de realçar que
equipamentos destinados a crianças dos 0 aos 3 anos (Creche) existe apenas um
no concelho.
Relativamente às crianças e jovens abrangidos pela acção social escolar, tal como
já foi referido no capitulo da Educação, todos os alunos do 1.º Ciclo recebem apoio,
por parte da autarquia, na aquisição dos livros escolares. Nos restantes níveis de
ensino, a maioria das crianças/jovens a frequentar a escola estão abrangidas pela
acção social escolar : de um total de 526 alunos (somando os alunos do 2.º Ciclo,
do 3.º Ciclo e do Secundário), 276 (52,5%) recebem auxílios económicos, dos
quais 221 (80% do total de alunos abrangidos pela acção social escolar) se situam
no Escalão A e 55 no Escalão B.
Para além destes, registam-se 8 alunos a receber Bolsas de Mérito. Tratam-se de
alunos carenciados e com excelente aproveitamento escolar.
Na área de intervenção infância e juventude destaca-se ainda o trabalho
desenvolvido no âmbito da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens
(CPCJ) de Carrazeda de Ansiães (criada através da portaria n.º387/2003), tendo
como objectivo primordial a protecção dos direitos das crianças e jovens em perigo
(até aos dezoito anos de idade), garantindo o seu bem-estar e desenvolvimento
integral, quando os pais, representantes legais ou quem tenha a sua guarda de
facto, ameaçam a sua segurança, saúde, formação, educação e desenvolvimento
integral (Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, Lei 147/99).
Diagnóstico Social
96
Em 2003 foram instaurados 28 processos pela CPCJ de Carrazeda de Ansiães
envolvendo 32 crianças/jovens, cujas idades vão desde os 0 anos até aos 18 anos
de idade.
Quadro N.º64 - Crianças/Jovens Acompanhados pela CPCJ em 2003, segundo a
Faixa Etária e Sexo
0-2 anos 3-5 anos 6-9 anos 10-12 anos
13-15 anos
16-18 anos Grupo Etário
E Sexo M F M F M F M F M F M F
1 1 1 2 5 6 3 4 4 4 1 Nº de Crianças/Jovens 2 3 11 7 8 1
TOTAL 32
Fonte: CPCJ de Carrazeda de Ansiães
Como se pode constatar no quadro acima exposto, a grande maioria das
crianças/jovens acompanhadas pela CPCJ situam-se nas faixas etárias que vão dos
6 aos 15 anos, idades que correspondem à faixa etária abrangida pela escolaridade
obrigatória, a que certamente não estará alheio o facto da problemática dominante
dos processos ser o abandono e absentismo escolar.
Analisando os dados segundo os sexo, constata-se que 46,9% são crianças/jovens
do sexo masculino e 53,1% são do sexo feminino.
As problemáticas assinaladas (no seu todo 39, uma vez que cada processo pode
ter mais que uma problemática associada), apontam sobretudo para o absentismo e abandono escolar (cerca de 46% do total de processos), seguidas pela
negligência (18%) e pelos maus tratos físicos e psicológicos (15,4%).
Relativamente ao tipo de famílias com que residem os menores em
acompanhamento, trata-se, na grande maioria, de famílias nucleares (64,3%),
dentro das quais 4 famílias são extensas. A seguir a este tipo de famílias surgem,
por ordem de prevalência, as famílias monoparentais (25%), dentro destas, apenas
uma família é monoparental masculina. As restantes famílias (10,7%) são famílias
reconstituídas.
O principal meio de vida das famílias dos menores com processo na CPCJ, e
falando apenas em relação às 21 famílias (de um total de 28 famílias) das quais se
detém esta informação, é, para cerca de metade destes agregados, o rendimento
Diagnóstico Social
97
proveniente do trabalho. Os restantes agregados têm como principal meio de vida, e
distribuídos quase de igual forma segundo os meios que a seguir se enumeram, o
Subsídio de Desemprego, o Rendimento Social de Inserção ou Pensão.
7.3. População Idosa
Como já foi referido várias vezes no presente relatório, a população do concelho
está a envelhecer a um ritmo galopante, devido fundamentalmente a dois factores:
por um lado, a diminuição (que no concelho é de quase 50% nos últimos dez anos)
da população jovem e, por outro lado, o aumento da esperança de vida que faz com
que o grupo etário dos 65 anos ou mais tenha assistido, no último período
intercensitário, a um aumento de 16% dos seus efectivos.
Os idosos representam actualmente cerca de 27,8% da população residente no
concelho, contando este grupo etário com um total de 2119 residentes.
Por outro lado, a este grupo etário é associado um conjunto crescente de
necessidades, consequência da alteração dos modos de vida e da recomposição
das estruturas familiares, bem como das inerentes vulnerabilidades económicas, de
saúde, e outras, que fazem deste grupo um grupo de risco face à pobreza e à
exclusão social, merecendo, desta forma, especial atenção por parte das entidades,
instituições e organizações que trabalham no domínio da acção social.
Destinados a esta população existem no concelho de Carrazeda de Ansiães os
seguintes serviços e equipamentos:
Diagnóstico Social
98
Quadro N.º65 - . Serviços e Equipamentos de Apoio à População Idosa
Designação da Entidade
Localização Serviço/Equipamento Lista de Espera
Capacidade Utentes (N.º)
Centro de Dia --- 20 10
Lar de Idosos 70 50 51
Santa Casa da Misericórdia
Carrazeda de Ansiães
Apoio Domiciliário --- 100 75
Total de Utentes 136
Centro de Dia -- 10 6
Lar de Idosos 6 15 21
Centro Social e Paroquial da
Fontelonga
Fontelonga
Apoio Domiciliário -- 18 18
Total de Utentes 45
Centro de Dia -- 30 6 Centro Social e Paroquial do
Pombal
Pombal
Apoio Domiciliário -- 25 20
Total de Utentes 26
Centro de Dia -- 10 5
Mini-Lar de Idosos -- 12 12
Centro Social e Paroquial do
Mogos
Mogo de
Malta
Apoio Domiciliário -- 30 30
Total de Utentes 47
Centro de Dia - 10
Lar de Idosos 10 - 15
Centro Social e Paroquial de
Vilarinho da Castanheira
Vilarinho da Castanheira
Apoio Domiciliário 8 - 10
Total de Utentes 35
Numero Global de Utentes 289 Fonte: Questionário da Rede Social às IPSS’s, Dezembro de 2003 a Fevereiro de 2004, com actualização em Dezembro de 2005
Como se pode constatar, existem, actualmente no concelho, cinco IPSS’s a prestar
serviços de apoio à população idosa, abrangendo um total de 289 utentes, 13,6%
da população idosa residente no concelho. Segundo a Carta Social (DEPP, 2000), a
Diagnóstico Social
99
média da população abrangida por este tipo de valências no continente situa-se em
11,4%, e a média do Distrito de Bragança em 14,8%.
A análise do quadro permite-nos também concluir que a oferta de equipamentos
com valências na área dos idosos é feita na totalidade por organizações particulares
sem fins lucrativos, não existindo no concelho qualquer estabelecimento com fins
lucrativos a prestar este tipo de respostas.
Os 289 utentes dos serviços acima expostos dividem-se pelas valências de Centro de Dia (37 utentes), Lar de Idosos (99 utentes) e Apoio Domiciliário (153
utentes).
O Apoio Domiciliário é a resposta que abrange um maior número de idosos (quase
53% do total global de utentes). No entanto, analisando os dados relativos à
capacidade do equipamento e às listas de espera existentes, podemos constatar
que a resposta “Lar” é a única com lista de espera, dos dados apurados, há pelo
menos 86 idosos a aguardar vaga para integrarem esta resposta. A taxa de
utilização (calculada com base na capacidade instalada e o número de idosos que
abrange) desta valência é na ordem dos 100%. A valência de Apoio Domiciliário,
tema igualmente a sua capacidade de resposta quase preenchida, apresentando
uma taxa de utilização de cerca de 84%.
A valência de Centro de Dia é a resposta menos procurada pela população idosa
do concelho, apresentando uma Taxa de Utilização na ordem dos 46%.
Analisando as taxas de cobertura (calculada com base na capacidade de resposta
e os efectivos populacionais deste grupo etário) dos equipamentos e serviços de
apoio à população idosa, constata-se que, como já acima foi referido, o conjunto
destas valências abrange 13,6% da população idosa residente no concelho.
Desagregando a taxa de cobertura por valência, observa-se que 1,7% da
população idosa do concelho frequenta Centros de Dia, 4,6% está
institucionalizada em Lar e 7,2% tem Apoio Domiciliário.
Diagnóstico Social
100
7.4. População com Deficiência
Segundo a Organização Mundial de Saúde, e partindo do ponto de vista da saúde,
considera-se Pessoa Portadora de Deficiência (PPD) aquela que apresente, em
carácter permanente, perda ou reduções da sua estrutura, ou função anatómica,
fisiológica, psicológica ou mental, que gerem incapacidades para certas actividades,
dentro do padrão considerado normal para o ser humano.
Relativamente à classificação das deficiências, estas podem ser congénitas
(nascidas com) ou adquiridas, podendo ser de diferentes tipos: Motora, Paralisia
Cerebral, Mental, Visual, Auditiva e Múltipla.
Segundo os Censos 2001, existem no concelho de Carrazeda 725 indivíduos com deficiência (aproximadamente 9,5% do total da população residente no concelho).
Destes, 335 (46,2%) foram considerados como não tendo grau atribuído e a 390
(53,8%) foi-lhes atribuído grau de incapacidade, com especial destaque para os
indivíduos com grau de incapacidade entre 60% a 80% (20,8% do total da
população residente com deficiência).
Quadro N.º66 - População Residente com Deficiência segundo o Tipo de
Deficiência e Sexo, por Grau de Incapacidade Atribuído
Total Auditiva Visual Motora Mental Paralis.Cerebr.
Outra Defici.
Grau de Incapacidad
e HM H HM H HM H HM H HM H HM H HM H Total 725 383 73 39 164 69 221 130 111 62 14 8 142 75
Sem Grau Atribuído
335 177 43 21 86 40 86 51 46 24 6 4 68 37
Inferior a 30%
82 42 3 2 14 4 31 19 18 10 1 1 15 6
De 30 a 59% 157 81 11 6 35 14 56 32 23 13 1 1 31 15 De 60 a 80% 94 45 6 3 23 7 32 17 18 10 1 1 15 6
Superior a 80%
57 38 10 7 6 4 16 11 6 4 4 1 15 11
Fonte: INE, Censos 2001
No que concerne ao tipo de deficiência, salientam-se os 221 indivíduos com “deficiência motora” (30,5% do total de indivíduos com deficiência) e os 164 indivíduos com “deficiência visual” (22,6%), a “deficiência mental” representa
Diagnóstico Social
101
também um peso considerável de 15,3% no total da população com deficiência.
Foram ainda contabilizadas 142 pessoas com “outra deficiência”.
Relativamente ao género, observa-se que a deficiência se distribui quase
igualitariamente pelos géneros, sendo que 52,8% das pessoas com deficiência do
concelho são homens e 47,2% são mulheres.
Quadro N.º67 - População Residente com Deficiência, segundo o Tipo de
Deficiência e o Grupo Etário
Tipo de Deficiência Total Grupo Etário
Auditiva Visual Motora Mental Paralisia Cerebral
Outra Defic.
N.º
%
0-9 2 3 3 3 - 6 17 2,4
10-19 - 15 7 9 2 6 39 5,4
20-29 2 12 7 17 1 10 49 6,8
30-39 2 10 6 16 2 15 51 7
40-49 6 6 13 15 2 18 60 8,3
50-59 12 25 35 18 2 27 119 16,4
60-69 16 36 53 15 - 30 150 20,7
70-79 18 43 67 10 2 20 160 22
80-89 12 8 26 8 3 10 67 9,2
90 ou mais anos
3 6 4 - - - 13 1,8
Total 73 164 221 111 14 142 725 100
% 10,1 22.6 30,5 15,3 1,9 19,6 100
Fonte: INE, Censos 2001
Segundo os dados disponíveis, cerca de 60% das pessoas com deficiência
residentes no concelho situam-se nas faixas etárias que vão dos 50 aos 79 anos de
idade. Dentro deste grupos etários, destacam-se os indivíduos com idades
compreendidas entre os 60 e os 69 anos de idade, representando 20,7% do total de
Diagnóstico Social
102
indivíduos com deficiência, e o grupo etário dos 70 aos 79 anos de idade, cujo peso
percentual é de 22%.
Quadro N.º68 - População Residente Deficiente no Concelho, com 15 ou mais
anos, Segundo o Tipo de Deficiência e Sexo, por Condição perante a Actividade
Económica
Tipo de Deficiência Total Condição perante a actividade económica Auditiva Visual Motora Mental Paralisia
Cerebral Outra Defici.
N.º %
População com Actividade Económica
9 27 20’ 6 1 19 82 11,9
População Empregada 9 25 17 5 1 17 74 10,7 População desempregada - 2 3 1 - 2 8 1,2
População sem Actividade Económica
62 127 195 98 12 114 608 88,1
Estudantes - 9 3 3 1 1 17 2,5 Domésticos 8 13 12 5 1 7 46 6,7
Reformados, aposentados ou na reserva
45 80 120 47 2 72 366 53,0
Incapacitados permanentemente para o
trabalho
5 17 54 34 7 23 140 20,3
Outros 3 6 - 4 1 3 39 5,7 TOTAL 71 154 215 104 13 133 690 100
Fonte: INE, Censos 2001
Como se pode constatar no quadro anterior, a grande maioria da população
deficiente, com 15 ou mais anos, residente no concelho, não tem actividade
económica, representando este grupo 88,1% do total das pessoas com deficiência.
Destes, a grande parte situa-se no grupo dos “Reformados, aposentados ou na
reserva” (53%). Salienta-se também a proporção de indivíduos “incapacitados
permanentemente para o trabalho” (20,3%).
Os valores apresentados ao longo deste sub-capítulo destinado à população com
deficiência, são valores que devemos ter em conta quando analisamos a realidade
social. A população com deficiência é um grupo vulnerável à pobreza e à exclusão,
e a sua vulnerabilidade estende-se à família, pois, necessita de grande
disponibilidade para dar apoio à pessoa com deficiência, com consequências sérias
ao nível da economia familiar: as despesas, pelo menos em determinados tipos de
deficiência, são maiores e o rendimento familiar é, à partida mais reduzido, uma vez
que cerca de 88% dos portadores de deficiência não têm actividade económica e,
como é sabido, as pensões e reformas são muito baixas; por outro lado, é muitas
Diagnóstico Social
103
vezes necessário que um elemento da família não trabalhe para prestar o apoio
necessário à pessoa com deficiência.
A agravar toda esta realidade, está o facto de não existir em todo o concelho
qualquer equipamento ou serviço destinado a este grupo, que, pelo que já foi dito,
deveria ser prioritário no domínio da acção social.
7.5. População de Etnia Cigana
A população de etnia cigana é também um grupo de risco a analisar, de grande
vulnerabilidade face à pobreza e exclusão social, inserem-se numa cultura de
marginalização, sendo muito difícil a sua integração social.
No concelho de Carrazeda de Ansiães, residem actualmente, e segundo dados da
Divisão de Acção Social da Câmara Municipal e do Questionário aplicado ao grupo
pela equipa técnica da Rede Social, cerca de 113 indivíduos de etnia cigana,
divididos por 28 Núcleos Familiares.
Quadro N.º69 - População de Etnia Cigana, Residente no Concelho de Carrazeda
de Ansiães, por Escalão Etário
0-14 anos 15-24 anos 25-64 anos 65 ou +
Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.
Total
19 26 14 11 19 20 1 3
45 25 39 4
113
Fonte: Questionário da Rede Social, Setembro/Novembro de 2004
À semelhança do que acontece na generalidade das comunidades ciganas, trata-
se de uma população muito jovem, 40% da população de etnia cigana residente
no concelho tem idades compreendidas entre os 0 (zero) e os 14 anos, que
compensam a proporcional falta de idosos (existem apenas 4 idosos dentro desta
comunidade).
Comparando esta realidade com a realidade concelhia, as diferenças são radicais.
Segundo os censos de 2001 a população jovem do concelho representa apenas
12,4% da população residente e o grupo etário com 65 ou mais anos tem um peso
de 27,8% .
Diagnóstico Social
104
A diferença entre o índice de envelhecimento no concelho e neste grupo
específico é assim abismal: no concelho o índice é de 183,4, na comunidade
cigana é de 8,8.
Na realidade, os Ciganos casam-se mais cedo que os não ciganos, o que se traduz
num maior número de filhos por casal e uma maior fecundidade das mulheres, pelo
que o crescimento demográfico é maior do que entre os não ciganos.
Na comunidade cigana de Carrazeda de Ansiães apurou-se, através do já citado
questionário, que cerca de 50% das mulheres com filhos tiveram o primeiro filho
com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos.
Por outro lado, alguns autores assinalam que a esperança de vida é em geral mais
baixa que no resto da população não cigana.
Analisemos, de seguida, as famílias: a sua tipologia, dimensão e estado civil.
Quadro N.º70 – Tipologia das Famílias de Etnia Cigana Residentes no Concelho
Isolada 3
2
2
Monoparental Mãe com filhos Pai com filhos
-
19
18
Nuclear C/ filhos S/ filhos
1
2
2
Extensa Avós com netos
Avó com netos Avô com netos
1
Alargada 2 núcleos
3 ou + núcleos 1
Reconstituída 1
Institucional 1
Fonte: Questionário da Rede Social, Setembro/Novembro de 2004
Diagnóstico Social
105
Como podemos verificar, o tipo de famílias que prevalece na comunidade em
estudo é a família nuclear, representando esta 68% do total das famílias, e, à
exepção de uma família que ainda não tem filhos, todas as restantes são nucleares
com filhos. O número de famílias isoladas é muito baixo, apenas 3 pessoas vivem
nesta situação. Existem duas famílias monoparentais, duas famílias extensas, uma
família reconstituída e uma família institucional.
Quadro N.º71 – Famílias de Etnia Cigana segundo o Estado Civil e o Sexo do
Representante
Casado Total
Solteiro
Legalmente “De Facto”
Viúvo
Separado
Divorciado
HM H HM H HM H HM H HM H HM H HM H
28 2 1 1 7 1 13 - 5 - 1 - 1 -
Fonte: Questionário da Rede Social, Setembro/Novembro de 2004
O estado civil da grande maioria das famílias de etnia cigana é o de casado (71%),
embora apenas 35% destes estejam casados legalmente. Efectivamente, as
“uniões de facto” têm uma grande prevalência nesta comunidade, correspondendo
a 65% dos casados (na população não cigana do concelho este grupo representa
apenas 3% dos casados). Este tipo de “união” regista-se, na sua totalidade, nos
casais mais jovens (da 2.ª e 3ª geração). O grupo dos viúvos, aliás, das viúvas, é
representado por 5 núcleos familiares, existe apenas um solteiro, um separado e
um divorciado.
Quadro N.º72 – Agregados de Etnia Cigana com Filhos Menores, por Número de
Filhos
C/ 1 Filho Menor 5
C/ 2 5
C/ 3 8
C/ 4 3
Total 21
Fonte: Questionário da Rede Social, Setembro/Novembro de 2004
Diagnóstico Social
106
Quadro N.º73 – Famílias de Etnia Cigana segundo a Dimensão (n.º de pessoas)
C/1 C/2 C3 C/4 C/5 C/6 C/7 C/8 C/9 C/10 ou + Total
3 3 6 4 6 3 1 - 1 1 28
Fonte: Questionário da Rede Social, Setembro/Novembro de 2004
Na comunidade cigana de Carrazeda de Ansiães mais de metade das famílias com
filhos têm 3 ou mais filhos menores de idade, o que se revela na dimensão das
famílias, onde também podemos constatar as diferenças entre esta comunidade e
a comunidade dominante.
De facto, enquanto que a nível concelhio as famílias com 1 e 2 pessoas
representavam em 2001 58,8% do total das famílias, no grupo de etnia cigana este
tipo de famílias representa apenas 21% do total de famílias. Por outro lado, as
famílias com 5 ou mais pessoas representam neste grupo cerca de 43% das
famílias ao passo que no concelho elas representam apenas 8%.
Estamos perante grandes diferenças na estrutura demográfica e estrutura familiar o
que é demonstrativo das diferenças culturais que separam os dois grupos.
É na freguesia de Carrazeda de Ansiães que residem grande parte dos indivíduos
de etnia cigana do concelho (84%).
A comunidade cigana de Carrazeda de Ansiães reside, na sua grande maioria, em
Barracas, num acampamento situado em terreno cedido pela Câmara, sem
quaisquer condições de habitabilidade e salubridade.
Diagnóstico Social
107
Quadro N.º74 - População de Etnia Cigana Residente no Concelho de Carrazeda
de Ansiães, Indivíduos e Núcleos Familiares, por Tipo de Alojamento e Condições
de Habitabilidade
Barracas Habitação Definitiva Sem Condições de habitabilidade
Localidade/Freguesia
Indivíduos Núcleos Famil.
Indivíduos Núcleos Famil.
Indivíduos Núcleos Famil.
Carrazeda de Ansiães 74 17 16 5 85 19
Zedes - - 13 4 3 2
Marzagão-Luzelos - - 3 1 - -
Fontelonga-Penafria - - 5 1 5 1
TOTAL 74 17 37 11 93 22
Fonte: Inquérito da Rede Social, Setembro a Novembro de 2004
Nota: Não está contabilizada a pessoa em situação de institucionalização.
Como se pode constatar, cerca de 67% do total dos residentes de etnia cigana
reside em barracas, todas elas situadas no mesmo acampamento, na freguesia
de Carrazeda de Ansiães.
Existem 37 indivíduos a residir em habitações definitivas, no entanto, só 18 destes
indivíduos (7 núcleos familiares) possuem condições de habitabilidade.
84% dos indivíduos de etnia cigana residentes no concelho, 22 dos 28 núcleos
familiares existentes, não possuem condições de habitabilidade.
Quadro N.º75 - Indivíduos de Etnia Cigana Sem Condições de Habitabilidade, por
Localidade de Residência e Faixa Etária
Faixas Etárias Localidade
0-14 15-24 25-64 65 ou +
Carrazeda de Ansiães 37 20 26 2
Zedes - - 1 1
Marzagão-Luzelos - - - -
Fontelonga-Penafria 3 - 2 -
TOTAL 40 20 28 3
Fonte: Inquérito da Rede Social, Setembro a Novembro de 2004
Diagnóstico Social
108
Analisando os indivíduos de etnia cigana por condições de habitabilidade e faixa
etária, verificamos que existem no concelho 40 crianças a viver sem as mínimas
condições de habitabilidade, praticamente metade do total da população a viver
nestas condições. Importa ainda referir que 32 destas crianças vivem em barracas,
onde a falta de condições significa não ter luz, nem casa-de-banho, existência de
grandes infiltrações de água, inexistência de qualquer isolamento térmico, sem
segurança, sem quartos próprios para dormir, sendo na maioria dos casos o
mesmo espaço e a mesma cama para todo o agregado, em suma, sem as mínimas
condições de salubridade.
Relativamente ao regime de habitação e tipo de alojamento a situação é a
seguinte:
Quadro N.º76 – Regime da Habitação dos Alojamentos Familiares na Comunidade
de Etnia Cigana
Renda 1
Própria 7
Emprestada 2
Coabitada 1
Acampamento 16
Institucional 1
Total 27
Fonte: Inquérito da Rede Social, Setembro a Novembro de 2004 Quadro N.º77 – Tipo de Alojamentos Familiares na Comunidade de Etnia Cigana
Clássico 9
Barraca 16
Casa Rudimentar de Madeira -
Móvel -
Quarto ou Divisão de Casa -
Sem Abrigo -
Outra 3
Total 28
Fonte: Inquérito da Rede Social, Setembro a Novembro de 2004
Diagnóstico Social
109
Através da análise dos dois quadros anteriores constatamos que apenas 7 núcleos
familiares possuem casa própria, dois núcleos residem em habitação emprestada e
um está em regime de coabitação. A maioria das famílias (60%) residem no já
citado acampamento.
O tipo de alojamento vem de encontro ao que atrás se referiu: 9 famílias vivem em
alojamentos clássicos, 16 vivem em barracas e 3 em outro tipo de alojamento (são
casas tipo armazém, espaços exíguos e sem divisões).
Relativamente ao Principal Meio de Vida dos membros desta comunidade,
podemos afirmar que a sua grande maioria depende dos subsídios eventuais (RSI;
Subsídios de Desemprego e outros), do Abono de Família e Abono Complementar
e Pensões.
Os rendimentos provenientes do trabalho, quando existem são irregulares, pois
dependem de trabalhos pontuais, essencialmente agrícolas, que surgem na época
das colheitas (apanha da maçã, vindima e apanha de azeitona).
Existem também alguns agregados que retiram algum rendimento, também ele
instável, da venda de sucata e de cestaria-.
Quadro N.º78 - Receitas/Rendimentos dos Agregados Familiares
Provenientes do Trabalho 12
Abonos de Família 12
Abonos Complementares 5
Pensões 10
Reformas -
Subsídios 5
RSI 7
Outros - Fonte: Inquérito da Rede Social, Setembro a Novembro de 2004
Há, efectivamente, uma grande dependência pública por parte desta comunidade
em todos os sentidos (habitação, rendimentos, etc.) e muitos poucos recursos
pessoais e grupais para sair desta situação.
44% do total das famílias vivem com a ajuda do RSI e do Subsídio de
Desemprego.
Diagnóstico Social
110
Não têm trabalhos estáveis, nem contínuos, vivem “o dia-a-dia”, e os trabalhos que
lhes eram característicos, tais como: recolha de sucata e venda ambulante não
regulada, são cada vez mais difíceis. Por vezes trabalham na agricultura, à jeira,
trabalhos de carácter eventual, que surgem, especialmente, no período das
colheitas, como já foi referido.
O nível de instrução é muito baixo, à semelhança do que se passa na generalidade
das comunidades ciganas.
Segundo os dados apurados pelo inquérito aplicado, a taxa de analfabetismo
(pessoas com 10 ou mais anos que não sabem ler nem escrever) na comunidade
ronda os 66% que, juntando ao número de pessoas que sabem ler e escrever mas
não têm qualquer nível de escolaridade, alcança os 74%. Apenas 7,8% da
população cigana atingiu o 1.º Ciclo e regista-se apenas uma pessoa com o 2.º
ciclo, não se contemplando mais ninguém para além deste níveis mencionados.
O Absentismo Escolar e o Abandono Escolar precoce também são uma
realidade visível nesta comunidade, embora se tenham desenvolvido esforços para
o combater e, segundo informações do Agrupamento Vertical de Carrazeda de
Ansiães, neste momento, ao nível do 1.º Ciclo Básico, todas as crianças de etnia
cigana estão a ir à escola, no entanto, o absentismo ronda actualmente os 90%.
Para os ciganos a família é a chave de transmissão de valores e de educação dos
filhos. Em geral, delega-se muito pouco na escola, a educação é entendida como
algo que se realiza fundamentalmente na família que, à partida, já não coloca
expectativas na escolarização, ou, quando aceita integrar um processo educativo
fá-lo numa perspectiva minimalista, apenas para dotar as crianças dos elementos
mínimos – aprender a ler, a contar e a escrever. A escola é também muitas vezes
considerada como um espaço alheio e adverso à sua cultura. Por outro lado, as
rotinas escolares não são percebidas pelas crianças ciganas que são socializadas
em contextos de liberdade, espontaneidade e de improviso, criando depois
dificuldades na aceitação do professor como figura de autoridade, porque só
respeitam a hierarquia familiar.
Diagnóstico Social
111
Esta é uma problemática que necessita necessariamente de reflexão e estudo no
sentido de repensar a “escola para todos”, a escola multicultural, capaz de
conhecer e reconhecer as diferenças culturais dos seus alunos e dotada dos meios
necessários para cumprir estes objectivos.
Continuando na análise dos dados do inquérito, das 34 pessoas que frequentaram
o ensino normal ao nível do 1.º ciclo, 27 (79,4%) abandonaram sem concluir.
Também no ensino recorrente, e segundo os resultados do mesmo inquérito, das
21 pessoas desta etnia que o frequentaram, apenas 5 (23,8%) concluíram com sucesso.
É de registar ainda que foram contabilizados 20 indivíduos (26% da população
cigana com 10 ou mais anos) que nunca frequentaram a escola, dos quais 75%
são mulheres. 70% dos inquiridos que nunca frequentaram a escola situam-se na
faixa etária dos 25 aos 64 anos de idade.
Actualmente frequentam a Pré-Escola 3 crianças desta comunidade, no 1.º ciclo
estão 18 crianças e apenas 1 no 2.º ciclo e 1 no 3.º ciclo.
Relativamente à formação profissional, 3 inquiridos, do sexo masculino,
afirmaram ter frequentado um curso de cestaria, dos quais 2 praticam, ainda que
de forma irregular, essa actividade. Actualmente encontra-se um elemento do sexo
feminino a frequentar um curso de formação profissional em compotas e doçaria.
Olhando agora para a relação da comunidade cigana com a saúde e a doença
verificamos o que já a literatura sobre o tema nos indicava. A saúde não é, para os
ciganos, pese embora a generalização aqui feita, um assunto que os preocupe
desde que não produzam manifestações de doença. Os ciganos têm muito medo
da doença e da morte e têm pouca consciência que estas se podem prevenir.
Há crianças que ainda crescem sem vacinação adequada devido à ignorância com
respeito à função das vacinas, terror ao processo e à má organização dos pais,
que esquecem datas e prazos.
Por outro lado, algumas crianças terão também deficiente alimentação e nutrição,
por ausência de horários e hábitos saudáveis na organização das refeições.
Diagnóstico Social
112
A sujidade, o abandono em relação ao vestuário e aos cuidados com o corpo,
continuam a ser um elemento frequente, para além da falta de salubridade e
higiene nas habitações.
Por outro lado, o ambiente de liberdade em que a criança cigana é educada, de
“ficar na rua sem supervisão”, pode também ser causa de um maior nível de
acidentes ou lesões.
Na comunidade cigana de Carrazeda constatou-se, através da inquirição, que
existem 15 agregados familiares com doenças crónicas (55% do total dos
agregados). A anemia, a epilepsia e a má circulação são algumas das doenças
mais referenciadas.
Constatou-se também que existe uma enorme taxa de pessoas com deficiência, cerca de 18,7% da população cigana, o que corresponde ao dobro da taxa
presente no concelho (9,5%). Ao contrário de que se constata nos valores dos
Censos 2001, em que 60% das pessoas com deficiência no concelho tinham mais
de 50 anos, na comunidade cigana a população com deficiência é muito jovem,
85,7% situam-se nas faixas etárias que vão dos 0 aos 39 anos.
No que concerne ao tipo de deficiência, dos 21 indivíduos com deficiência, 7 têm
deficiência auditiva (33,3%). A deficiência mental surge a seguir como o tipo de
deficiência com maior incidência neste grupo, registando-se 5 indivíduos. A
deficiência visual e motora também estão presentes, representando cada uma
14,3% das pessoas com deficiência. Há uma situação de paralisia cerebral e dois
indivíduos com outro tipo de deficiência.
Relativamente às famílias, esta problemática atinge 12 dos 27 núcleos inquiridos
(44% das famílias), sendo que existem 4 famílias com 2 deficientes e 1 família com 3 ou mais deficientes.
Mais de metade das mães da comunidade têm filhos falecidos, na sua maioria
(80%) tinham menos de 1 ano de idade à data do óbito.
40% das mulheres com filhos admitiram nunca terem ido a consultas durante a
gravidez e 12% diz apenas ter ido a consultas com o último(s) filho(s). No entanto,
às consultas de saúde infantil, praticamente todas as mulheres responderam que
Diagnóstico Social
113
sim, embora 26% apenas o fizesse somente quando a criança se apresentava
doente.
73% das mulheres dizem ter dado as vacinas aos filhos, 19% afirma ter dados as
vacinas apenas aos últimos filhos e 2 mulheres admitem que nunca deram as
vacinas. Contudo, quando interrogadas sobre se elas próprias tinham levado
vacinas, praticamente 100% afirmaram que não.
Ainda acerca da saúde materno infantil, cerca de 31% das mulheres tiveram
situações de interrupção involuntária da gravidez e regista-se a mesma taxa
para as situações de gravidezes de risco.
Ao nível do planeamento familiar, no que respeita à contracepção, a realidade
nesta comunidade também não é muito animadora. Cerca de 70% das mulheres
em idade fecunda não fazem qualquer tipo de contracepção, embora grande parte
assuma não querer ter mais filhos. Parece-nos que a falta de informação, algum
constrangimento em falar do assunto com os técnicos de saúde, certos mitos que
ainda persistem relativamente à consequências do uso de contraceptivos e
também alguma repulsa em “tomar comprimidos” e falta de organização para o
cumprimento dos horários, serão as causas mais frequentes para este valores.
Por fim, resta salientar que o local do parto para as mulheres desta comunidade
reparte-se quase com igual valor entre o hospital e a casa: 48,6% dos partos foram
feitos em casa e 51,4% no hospital.
Relativamente aos dados atrás expostos há que salientar que, como era de
esperar, os cuidados de saúde, tais como as vacinas, o acompanhamento médico
e a realização dos partos em meio hospitalar têm sofrido uma clara evolução, tal
como no resto da comunidade não cigana. Efectivamente, a preocupação com a
saúde é muito mais evidente nas famílias mais jovens.
Em jeito de conclusão, resta dizer que os ciganos são socialmente encarados
como um grupo problemático e conflituoso, a comunidade não cigana não
compreende o seu modo de vida, pois, vivem na dependência, não trabalham,
portanto, para a maioria das pessoas “eles vivem assim porque assim o querem”.
Por outro lado, os Ciganos vivem caracteristicamente em comunidades muito
Diagnóstico Social
114
fechadas, com regras muito próprias, e uma cultura que choca muitas vezes com a
cultura dominante, principalmente na forma como o trabalho é entendido.
Para os Ciganos, o trabalho é uma necessidade e não um fim em si mesmo. A
forma de entender o trabalho transcende o âmbito laboral e tem reflexos na sua
forma de entender a vida. Preferem ocupações que lhes permitam um controle
sobre a organização do seu trabalho e uma certa independência, pois, necessitam
de dispor de tempo livre para se ocuparem dos assuntos sociais que, para eles,
são vitais. A sua filosofia de trabalho alia muitos valores da sua anterior vida
nómada: liberdade, trabalho em família, conceito de riqueza não cumulativo,
polivalência, etc. Para os Ciganos é muito difícil não só sentirem-se submetidos ao
cumprimento de um horário como admitir a dependência laboral face a outras
pessoas5.
A população da etnia cigana residente em Carrazeda de Ansiães é, em suma, um
grupo destruturado e marginal, extremamente pobre (com recursos muito
escassos) e sofrendo de exclusão social em todos os domínios em que ela pode
acontecer.
7.6. Segurança Social
Segundo os censos de 2001, existiam, no concelho, nesse período censitário, 2499 pensionistas/reformados (32,7% da população residente), 67 indivíduos a receber
subsídio de desemprego (27 homens e, 40 mulheres) e 18 indivíduos abrangidos
pelo Rendimento Mínimo Garantido (12 homens e 6 mulheres), a receber Apoio
Social registavam-se 35 residentes, dos quais 20 eram do sexo masculino.
Os dados fornecidos pelo Serviço Local de Segurança Social, em Agosto de 2004,
dizem-nos que existiam no concelho, nessa altura, 12 processos de Rendimento
Social de Inserção (RSI)”6 , abrangendo um total de 38 indivíduos (0,5% da
5 Associação Secretariados General Gitano, “Actuar com a Comunidade Cigana - Orientações para a Intervenção em Toxicodependência a partir dos Serviços de Assistência” 6 Trata-se de uma prestação pecuniária do regime não contributivo, de montante indexado ao valor da pensão social, sendo calculado em função do rendimento e da composição do agregado familiar.
Diagnóstico Social
115
população residente), sendo a freguesia de Carrazeda de Ansiães aquela que
contém uma maior número de processos e de indivíduos abrangidos.
Quadro N.º79 - Processos Activos de Rendimento Social de Inserção no Concelho
de Carrazeda de Ansiães, por Freguesia, em Agosto de 2004
Processos Activos Freguesias
N.º Indivíduos Abrangidos
Amedo - -
Beira Grande 1 3
Belver - -
Carrazeda Ansiães 5 18
Castanheiro - -
Fontelonga - -
Lavandeira - -
Linhares - -
Marzagão 1 4
Mogo de Malta - -
Parambos (Misquel) 2 5
Pereiros - -
Pinhal do Norte - -
Pombal - -
Ribalonga - -
Seixo de Ansiães 1 1
Selores - -
Vilarinho da Castanheira 1 5
Zedes 1 3
TOTAL 12 38
Fonte: Serviço Local de Carrazeda de Ansiães
Analisando os titulares por sexo, verificamos que se repartem de igual forma pelo
sexo masculino e feminino e, relativamente às faixas etárias, situam-se entre as
faixas que vão dos 25 aos 59 anos de idade.
A atribuição pecuniária é de carácter temporário e pressupõe um programa de inserção sócio-profissional, do qual o idoso está dispensado.
Diagnóstico Social
116
Quadro N.º80 - Titulares do RSI por grupo Etário, em Agosto de 2004
Sexo Grupos Etários
Masc. Fem.
Total
« de 19 anos
20 – 24
25 – 29 2 2
30 – 34 2 2
35 – 39 2 2
40 – 44 1 1
45 – 49 1 1
50 – 54 2 1 3
55 – 59 1 1
60 – 64
65 – 69
70 – 74
75 – 79
80 – 84
Total 6 6 12
Fonte: Serviço Local de Carrazeda de Ansiães
No quadro que se segue, constatamos que 75% das famílias abrangidas pelo RSI
são famílias nucleares com filhos.
Quadro N.º81 - Titulares do RSI por Tipo de Agregado Familiar
Tipo de Agregado Familiar Total
Nuclear sem filhos 1
Nuclear com filhos 9
Mulher com filhos 1 Monoparental
Homem com filhos
Família alargada
Mulher Isolados
Homem 1
Total 12
Fonte: Serviço Local de Carrazeda de Ansiães
Diagnóstico Social
117
O escalão de rendimentos dos agregados beneficiários e o valor da prestação são-
nos demonstrados nos quadros que se seguem.
Quadro N.º82 - Beneficiários do RSI, segundo o Escalão de Rendimento, em
Agosto de 2004
Escalão de Rendimento
0-50€ 50-100€ 100-200€ 200-300€ 300-400€ 400€ e +
% de Beneficiários
30% - - 30% 30% 10%
Fonte: Serviço Local de Carrazeda de Ansiães Nota: Só temos informação dos rendimentos de 10 titulares
Quadro Nº83 - Beneficiários do RSI, segundo o Valor da Prestação, em Agosto de
2004
Valor da Prestação
0-50€ 50-100€ 100-200€
200-300€
300-400€
400€ e +
Total
N.º de
Beneficiários
16,7% 50,0% 8,3% 16,7% 8,3% 0,0% 100%
Fonte: Serviço Local de Carrazeda de Ansiães
Como se pode verificar, 60% dos beneficiários têm rendimentos entre 200€ e os
400€ e o valor da prestação para quase 50% dos beneficiários situa-se entre os
50€ e os 100€, apenas 25% dos beneficiários auferem prestações acima dos 200€.
Diagnóstico Social
118
8. Habitação e Habitação Social
Segundo os censos 2001, existem actualmente no concelho de Carrazeda de
Ansiães 4.955 alojamentos familiares, registando-se, no último período
intercensitário, um decréscimo de 1% (menos 50 alojamentos). Regista-se
igualmente, no mesmo período, uma diminuição no n.º de edifícios (menos 75
edifícios).
Quadro N.º84 - Famílias, Alojamentos Familiares e Edifícios em 1991 e 2001
(variação %)
Famílias Clássicas
Alojamentos Familiares
Edifícios
1991 3229 5005 4912
2001 2992 4955 4837
Variação (%) -7,4 - 1 - 1,5
Fonte: INE, Censos 2001
O decréscimo registado a nível habitacional está intimamente ligado à diminuição
dos efectivos populacionais e, concomitantemente, à diminuição do número de
famílias, menos 237 entre 1991 e 2001.
Vejamos como é que esta realidade se distribui pelas dezanove freguesias do
concelho:
Diagnóstico Social
119
Quadro N.º85 - N.º de Alojamentos Familiares e N.º de Famílias, por Freguesia, em
1991 e 2001 (variação %)
Famílias Clássicas Alojamentos familiares Freguesias 1991 2001 Var. (%) 1991 2001 Var. (%)
Amedo 145 122 -15,8 222 264 +18,9 Beira Grande 108 85 -21,3 175 123 -29,7 Belver 127 126 0,0 230 217 -5,6 Carrazeda Ansiães 409 522 +27,6 604 751 +24,3 Castanheiro 253 241 -0,5 403 383 -5,0 Fontelonga 160 157 -19,3 233 221 -5,1 Lavandeira 113 77 -31,8 154 195 +26,6 Linhares 296 236 -20,3 375 334 -10,9 Marzagão 120 132 +1 211 185 -7,6 Mogo de Malta 57 45 -21 86 90 +4,6 Parambos 141 116 -17,7 213 163 -23,5 Pereiros 133 118 -11,3 218 235 +7,8 Pinhal do Norte 162 144 -11,1 234 163 +12,4 Pombal 190 174 -8,4 310 275 -11,3 Ribalonga 66 52 -21,2 132 117 -11,4 Seixo de Ansiães 181 165 -8,8 310 277 -10,6 Selores 92 74 -19,5 132 126 -4,5 Vilarinho da Castanheira 374 316 -15,5 604 574 -5,0 Zedes 102 90 -11,8 159 152 -4,4
TOTAL 3.229 2.992 -7,4 5.005 4.955 -1,0 Fonte: INE, Censos 2001
O número de alojamentos familiares diminuiu em 13 das 19 freguesias, salientado-
se, em termos negativos, a este nível, a freguesia de Beira Grande que registou
uma variação percentual de -29,7%, seguida pela freguesia de Parambos, com uma
variação de -23,5% alojamentos nos últimos 10 anos.
Dentro das freguesias que registaram aumentos no número de alojamentos,
destaca-se a sede do concelho, com mais 24,3% de alojamentos familiares,
acompanhando o aumento registado no número de famílias clássicas (+27,6%).
Contudo, em primeiro lugar neste “ranking” situa-se a freguesia da Lavandeira que,
ao contrário do que se faria esperar, uma vez que foi a freguesia que se destacou
na perda da população e, como se pode verificar no quadro anterior, teve um
decréscimo de 31,8% no número de famílias clássicas, regista um aumento de
alojamentos na ordem dos 26,6%.
Diagnóstico Social
120
Analisando os Alojamentos segundo a forma de ocupação, veja-se o Quadro que se
segue, observa-se que, dos 4.921 Alojamentos Clássicos contabilizados, 2.925
(59,4%) são utilizados como residência habitual, 1.392 (28,3%) são de Uso Sazonal ou Temporário e os restantes 604 (12,3%) estão vagos.
Quadro N.º86 - Alojamentos Familiares segundo a Forma de Ocupação, 2001
Forma de Ocupação N.º Alojamentos %
Residência Habitual 2.925 59,4
Residência de Uso Sazonal ou Temporário 1.392 28,3
Vagos 604 12,3
Total de Alojamentos Familiares 4.921 100
Fonte: INE, Censos 2001
Quadro N.º87 - Regime de Ocupação dos Alojamentos Clássicos Ocupados
como Residência Habitual, 2001
Regime de Ocupação Total Geral Ocup.
Proprietário Arrendamento Outros
Concelho de Carrazeda de
Ansiães
2 925 2 728 154 43
Fonte: Censos 2001
Quadro N.º88 - Alojamentos Familiares Ocupados, em Edifícios principalmente
Residenciais, por Tipo de Alojamento, 2001
Tipo de Alojamento N.º
Com 1 aloja. 2807
Com 2 Aloja. 73
Com 3 ou + Aloj. 36
Alojamentos Clássicos
Total 2916
Barracas 11
Outros 23
Alojamentos não Clássicos
Total 34
Fonte: INE, Censos 2001
Diagnóstico Social
121
Analisando o Regime de Ocupação dos Alojamentos Clássicos Ocupados como
Residência Habitual, verificamos que a esmagadora maioria dos alojamentos é
ocupada pelo proprietário (93,3%), o Arrendamento tem pouca expressão no
concelho, existindo apenas 154 alojamentos nesta situação (5,3%).
Relativamente ao Tipo de Alojamentos Familiares Ocupados, dos 2950 alojamentos
familiares ocupados como residência habitual, situados em edifícios principalmente
residenciais, 2916 (98,8%) são alojamentos clássicos, e 34 (1,1%) são
alojamentos não clássicos, dos quais 11 alojamentos são Barracas e 23 respeitantes a Outros alojamentos não clássicos (por Outros alojamentos não
clássicos, entende-se, local que, sem qualquer intervenção directa do homem no
sentido de o adaptar funcionalmente para habitação, estava a ser utilizado como
alojamento de um ou mais indivíduos, no momento censitário. Ex.: grutas, vãos de
escada, etc.)
Registe-se ainda que no concelho foram contabilizados 7 alojamentos colectivos,
dos quais 2 são Hotéis e similares e 5 são Convivências.
Atenda-se agora aos dados relativos às instalações existentes nos alojamentos
familiares ocupados, que se expõem nos quadros que se seguem.
Diagnóstico Social
122
Quadro N.º89 - Alojamentos Familiares, Ocupados como Residência Habitual,
segundo Instalações Existentes (Electricidade e Sanitárias) nos Alojamentos, por
Freguesia, 2001
Instalações de Electricidade
Com Retrete no Alojamento Freguesias
Com Elect.
Sem Elect.
Ligado à Rede
Pública de Esgotos
Ligado a Sistema
Particular de Esgotos
Outros Casos
Retrete fora do
Alojamento mas no
Edifício
Sem
Retrete
Amedo 122 - 41 66 3 - 12 Beira Grande 84 1 13 63 1 - 8 Belver 123 3 51 52 2 4 17 Carrazeda Ansiães
513 9 411 69 7 10 25
Castanheiro 231 1 98 104 3 - 27 Fontelonga 136 - 104 8 1 1 22 Lavandeira 77 - - 56 6 - 15 Linhares 231 5 120 60 5 - 51 Marzagão 132 - 3 85 14 3 27 Mogo de Malta 45 - 21 18 -- - 6 Parambos 115 - 57 46 4 - 8 Pereiros 116 2 - 84 1 1 32 Pinhal do Norte 142 2 75 46 3 - 20 Pombal 173 1 102 49 2 - 21 Ribalonga 51 1 5 41 1 - 5 Seixo de Ansiães 163 - 105 45 3 - 10 Selores 73 1 2 53 3 2 14 Vilarinho da Casta.
311 5 213 44 2 24 33
Zedes 87 3 65 17 1 - 7 TOTAL 2 925 34 1 486 1006 62 45 360
Fonte: INE, Censos 2001
Como se pode observar, dos 2959 alojamentos familiares ocupados como
residência habitual, 34 (1,1%) não dispõem de instalações eléctricas e 360 não têm retrete (12,2%), destacando-se, a freguesia da Lavandeira com o maior
número de alojamentos sem retrete.
Relativamente aos alojamentos com retrete no alojamento, apenas 66% estão
ligados ao Sistema de Rede Pública de Esgotos, 44,6% tem Sistema Particular de Esgotos e 2,7% corresponde a Outros Casos.
Diagnóstico Social
123
As freguesias da Lavandeira e Pereiros não têm qualquer alojamento ligado à Rede
Pública de Esgotos porque, provavelmente estaria em execução a sua instalação.
Segundo dados da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, em Março de 2004,
apenas 3 localidades do concelho se encontravam em fase de conclusão
relativamente à Drenagem e Esgotos de Águas Residuais (Foz-Tua, Penafria e
Fiolhal), à excepção destas todas as localidades do concelho estão cobertas pelo
Sistema Público de Esgostos.
Relativamente à Rede Pública de Água e de Iluminação Eléctrica, actualmente,
todas as localidades do concelho estão cobertas a 100%.
Diagnóstico Social
124
Quadro N.º90 - Alojamentos Familiares, ocupados como Residência Habitual,
segundo Instalações Existentes (Água Canalizada, Banho ou Duche e Sistema de
Aquecimento) nos Alojamentos, por Freguesia, 2001
Água Canalizada Instalações de banho ou
Duche
Sistema de Aquecimento
Freguesias C/ Água Canaliz.
S/ Água Canaliz.
C/ Banho
S/ Banho
Aquec. Central
Lareira Aparelhos Fixos ou Móveis
(eléctricos, gás, etc.)
S/ Aquecim.
Amedo 118 4 104 18 5 113 4 - Beira Grande 84 1 73 12 8 70 6 1 Belver 120 6 109 17 17 106 3 - Carrazeda Ansiães
506 16 490 32 80 335 96 11
Castanheiro 228 4 180 52 6 176 45 5 Fontelonga 135 1 113 23 - 135 1 - Lavandeira 74 3 59 18 1 75 - 1 Linhares 222 14 181 55 4 227 5 - Marzagão 128 4 97 35 12 103 17 - Mogo de Malta 43 2 39 6 6 39 - - Parambos 115 - 100 15 1 103 11 - Pereiros 105 13 85 33 - 117 1 - Pinhal do Norte
137 7 122 22 2 142 - -
Pombal 168 6 146 28 1 171 2 - Ribalonga 51 1 44 8 4 39 7 2 Seixo de Ansiães
158 5 149 14 3 155 4 1
Selores 73 1 57 17 3 65 4 2 Vilarinho da Casta.
306 10 240 76 23 287 5 1
Zedes 87 3 80 10 3 84 3 - TOTAL 2 858 101 2 468 491 179 2 542 214 24
Fonte: Censos 2001
Através da análise do quadro anterior, podemos constatar que, e de acordo com os
Censos 2001, cerca de 97% dos alojamentos familiares ocupados como residência
habitual possui água canalizada, no entanto, existem ainda 101 alojamentos sem esta instalação, destacando-se a freguesia de Carrazeda de Ansiães, seguida
muito de perto pela freguesia da Lavandeira, com o maior número de alojamentos
nesta situação.
Diagnóstico Social
125
Relativamente à instalação de banho ou duche, dos 2.959 alojamentos familiares
ocupados como residência habitual contabilizados no concelho, 2.468 (83,4%)
possuem essa instalação e 491 (16,6%) não têm instalação de banho ou duche
no alojamento. Vilarinho da Castanheira é a freguesia que se destaca com maior
número de alojamentos sem este tipo de equipamento (76 alojamentos), seguida
pela freguesia do Castanheiro (52 alojamentos) e Carrazeda de Ansiães (32
alojamentos).
Observando os dados relativos ao sistema de aquecimento, verificamos que o
sistema utilizada na grande maioria dos alojamentos é a Lareira (85,9% dos alojamentos). Existiam no concelho, em 2001, 24 alojamentos familiares
ocupados sem qualquer tipo de aquecimento, situando-se a grande maioria deles
na freguesia de Carrazeda de Ansiães.
Quadro N.º91 - Edifícios Licenciados por Época de Construção
Época de Construção N.º de Edifícios
%
Antes de 1919 974 20,1
1919-1945 427 8,8
1946-1960 371 7,7
1961-1970 482 10,0
1971-1980 974 20,1
1981-1990 914 18,9
1991-2001 695 14,4
Total 4837 100
Fonte: INE, Censos 2001
Como se pode verificar no quadro anterior, existem no concelho, segundo os
Censos 2001, 4.837 edifícios licenciados, 20% destes foram construídos antes de
1919. A década de 70 e a década de 80 foram os períodos de maior construção,
39% dos edifícios licenciados forma construídos nestas duas décadas. No último
período intercensitário regista-se uma quebra de 4,5% nos edifícios construídos
relativamente à década anterior.
Diagnóstico Social
126
Quadro N.º92 - Edifícios segundo o Estado de Conservação, por Freguesia, 2001
Estado de Conservação Com Necessidade de Reparação
Freguesias
Total
Sem Necessidade
de Reparação
Total
Pequenas Reparação
Reparações Médias
Grandes Reparações
Muito
Degradado
Amedo 264 195 68 60 7 1 1 Beira Grande 123 75 48 29 14 5 -- Belver 215 179 35 31 4 - 1 Carrazeda Ansi. 675 538 136 109 19 8 1 Castanheiro 369 214 152 121 22 9 3 Fontelonga 222 78 136 55 55 26 8 Lavandeira 195 127 68 39 26 3 -- Linhares 331 143 187 78 55 54 1 Marzagão 182 60 117 62 37 18 5 Mogo de Malta 91 14 52 22 15 15 25 Parambos 163 33 129 55 56 18 1 Pereiros 230 59 168 57 77 34 3 Pinhal do Norte 263 85 148 51 48 49 30 Pombal 274 14 229 52 75 102 31 Ribalonga 115 66 38 19 5 14 11 Seixo de Ansi. 278 163 112 52 39 21 3 Selores 126 87 33 22 7 4 6 Vilarinho Casta. 570 137 322 139 105 78 111 Zedes 151 99 52 27 18 7 -- TOTAL 4 837 2 366 2 230 1 080 684 466 241
Fonte: INE, Censos 2001
Segundo os Censos de 2001, dos 4.837 edifícios existentes no concelho, apenas
2.366 (48,9%) se apresentam sem necessidade de reparação. 2.230 (46,1%)
edifícios apresentam necessidade de reparação, dos quais 1.080 (22,3%)
necessitam apenas de pequenas reparações, 684 (14,1%) carecem de reparações
médias e 466 (9,6%) necessitam urgentemente de grandes reparações. Edifícios
Muito Degradados, foram contabilizados 241, dos quais 111 (46% dos edifícios
muito degradados) se encontravam na freguesia de Vilarinho da Castanheira.
Diagnóstico Social
127
8.1 – Habitação Social
A habitação social do concelho de Carrazeda de Ansiães concentra-se
exclusivamente na sede deste, e reparte-se por 4 bairros, constituídos na sua
globalidade por 94 alojamentos, onde residem actualmente, segundo as
estimativas da Câmara Municipal e da Santa Casa da Misericórdia, cerca de 100 núcleos familiares.
Bairro da Misericórdia
Construído pela Santa Casa da Misericórdia de Carrazeda de Ansiães,
aproximadamente em 1970, é constituído por 6 Fogos, de tipologia T2, cuja renda
é de valor simbólico.
Actualmente, apenas 4 dos 6 alojamentos são Ocupados como Residência
Habitual. Os restantes 2 alojamentos têm uso Sazonal ou Temporário.
Bairro Dr. Francisco Sá Carneiro
Construído em 1981, este bairro é composto por 24 Fogos de tipologia T3. Trata-
se de um bairro a Custos Controlados, propriedade do extinto Fundo de Fomento
de Habitação (actual IGAPHE – Instituto de Gestão e Alienação do Património
Habitacional do estado), encontrando-se em curso o Protocolo de Transferência
desse património para a Câmara Municipal.
Dos 24 alojamentos existentes neste bairro, 11 encontram-se em Regime de
Renda Resolúvel, 2 são já Habitação Própria, os restantes 11 estão em Regime de
Arrendamento Social. Todos os alojamentos estão Ocupados como Residência
Habitual.
Bairro da Telheira
Concluído em 1991, este bairro viu o seu número de fogos aumentar em 2001, com
a construção de mais 2 habitações, o que perfaz um total de 32 fogos.
Diagnóstico Social
128
Financiado ao abrigo do DL N.º220/83, de 26 de Maio (a Custos Controlados), foi
vendido a 100%, na sua maioria a casal com filhos, residentes no concelho em
casa de familiares ou alugadas.
Os 32 fogos obedecem à seguinte tipologia: 8 T2; 22 T3 e 2 T4.
Bairro do Pereiro
O mais recente de todos, concluído em 2003, foi construído com o objectivo de
realojar os moradores do já extinto Bairro da Santa Águeda (construído em
1977/78 através do Programa C.A.R – Comissão de Alojamento de Retornados,
destinado à população regressada das ex-colónias portuguesas, contava com 24
fogos de pré-fabricação ligeira).
O Bairro do Pereiro foi construído a Custos Controlados e com base num Acordo
de Colaboração entre o IGAPHE, o Instituto Nacional de habitação e a Santa Casa
da Misericórdia de Carrazeda de Ansiães (Programa de Realojamento para
População Residente em Barracas).
A construção deste bairro contou também com um Acordo de Colaboração entre a
Santa Casa da Misericórdia de Carrazeda de Ansiães e a Câmara Municipal de
Carrazeda de Ansiães, a quem coube, o fornecimento dos projectos de execução e
acompanhamento da obra; os encargos financeiros relativos à instalação das infra-
estruturas gerais necessárias; apoio na selecção e realojamento das famílias
contempladas; demolição das barracas do Bairro de Santa Águeda.
O Regime de Arrendamento é a Renda Social e 100% dos alojamentos são
Ocupados como Residência Habitual.
Diagnóstico Social
129
Quadro N.º93 - Tipologia, N.º de Fogos, Núcleos Familiares e População
Residente no Bairro do Pereiro
Tipologia Nº de Fogos População Residente
Nº Núcleos Familiares
T1 5 7 7
T2 12 24 13
T3 11 41 11
T4 4 22 5
Total 32 94 36
Fonte : Santa Casa de Misericórdia de Carrazeda de Ansiães e Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, Março de 2004
Para finalizar este sub-capítulo, atenda-se ao quadro que se segue, que nos dá
alguns indicadores acerca do parque habitacional social concelhio.
Quadro N.º94 - Indicadores sobre a Habitação Social ou a Custos controlados no
concelho de Carrazeda de Ansiães
Estimativa da População Residente em Habitação Social 4%
Habitação Social Municipal Vendida 100%
Habitação Social Não Municipal Vendida 2%
Habitação a Custos Controlados 94%
Outros 6%
Fonte: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, Divisão de Acção Social, 2004
8.2 – Programas de Recuperação/Reabilitação de Habitações
Para além dos Bairros Sociais, existem no concelho, promovidos pela Câmara
Municipal, outros Projectos de Intervenção a nível habitacional que de seguida
expomos.
Diagnóstico Social
130
Projecto de Luta Contra a Pobreza na Área Social da Deficiência
Promovido pelo CRSS Bragança e levado a efeito entre 1989 e 1993, este projecto
teve como um dos objectivos efectuar Obras de Recuperação/Reabilitação em
habitações de pessoas portadoras de deficiência.
Entre 1991/1993, foram realizadas obras de recuperação em 72 Alojamentos
Familiares, abrangendo um total de 98 indivíduos (43% dos 228 das pessoas com deficiência Identificadas entre 1989 e 1992.)
Relativamente ao Tipo de Obras efectuadas, a maioria consistiu na construção de
instalações sanitárias (mais de 50%). Registaram-se também obras de instalação
de saneamento, água canalizada e electricidade e obras de recuperação da
cobertura e soalho.
Além destas obras de recuperação foram feitas 4 aquisições de casa própria (2 das
quais para reconstrução), 3 construções de raiz e 1 ampliação.
SOLARH
Programa de Apoio Financeiro, inicialmente criado pelo decreto-lei nº 7/99,
revogado pelo decreto-lei nº 39/2001, de 9 Fevereiro que regula o financiamento,
sob a forma de empréstimo a conceder pelo INH por uma única vez a cada
habitação - empréstimo não superior a 30 anos, garantido por hipoteca da
habitação a favor do INH, que abrange as benfeitorias que venham a ser
introduzidas para a realização de obras de conservação ordinária ou extraordinária
e de beneficiação em Habitação própria permanente.
No âmbito deste Programa, que teve o seu início em 1999, regista-se apenas 1 candidatura já aprovada, com obras concluídas, e uma candidatura à espera de
aprovação pelo INH (Instituto Nacional de Habitação).
Cerca de 40 processos não chegaram à fase de candidatura porque não cumpriam
os requisitos (a maioria pelo facto da casa não se encontrar legalizada).
Existem, actualmente, 5 processos incompletos, a tratar da documentação
necessária.
Diagnóstico Social
131
A adesão a este Programa não tem sido significativa. O facto de se tratar de um
empréstimo (mesmo que sem juros), «amedronta» as famílias com necessidade de
apoio, sobretudo por se tratar ou de pessoas idosas, ou de agregados familiares
com rendimentos incertos. De facto, o que tem acontecido é que tentam
«remediar» a situação precária da habitação através do Programa Específico Para
a Melhoria da Habitação, que muito embora com um financiamento inferior, é a
fundo perdido. Outro grande impeditivo, é o facto de a maior parte das casas com
necessidade de recuperação, não estarem legalizadas, ou se encontrarem de tal
maneira degradadas, que o financiamento seria insuficiente.
Programa Específico para a Melhoria da Habitação
Iniciativa da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, cujo Regulamento consta
em Diário da República nº77 de 31 de Março de 2000, Aviso nº 2456/2000, este
Programa visa dar resposta, mediante comparticipação a fundo perdido para a
realização de obras habitacionais, que possibilitem aos agregados familiares de
fracos recursos económicos, melhorar as condições de habitabilidade, salubridade
e conforto.
De facto, nem todos os potenciais necessitados cumprem os requisitos
necessários, sobretudo no que concerne à legalização da casa onde vivem. Uma
grande maioria das famílias, não tem a casa registada na Conservatória, que lhes
foi atribuída, sobretudo, por herança verbal, ou adquirida em negócio não redigido
a escrito.
A maior parte das obras realizadas, refere-se à cobertura, soalho e instalações
sanitárias.
Ano Nº Candidatos Nº Candidatos Apoiados Verbas Despendidas
2000 23 4 10 689,85€
2001 14 8 19 931,00€
2002 16 7 25 013,53 €
2003 6 3 9 847,98€
2004 12 9 26 812,20€
Total 71 31 92 294,56€
Fonte: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, Divisão de Acção Social, 2004
Diagnóstico Social
132
9. Justiça
Segundo o Anuário Estatístico da Região Norte de 2002, havia, em Janeiro de
2001, no concelho de Carrazeda de Ansiães, 326 processos cíveis pendentes, 19 processos penais e 15 processos tutelares.
No que diz respeito à Segurança Pública, esta é assegurado no concelho pela
Guarda Nacional Republicana, cujo posto se situa na sede do concelho.
Quadro N.º95 - Criminalidade Registada pela GNR no Concelho de Carrazeda de
Ansiães em 2003
Tipo de Crimes N.º
Crimes Contra as Pessoas 62
Crimes Contra o Património 54
Crimes Contra a Paz e a Humanidade -
Crimes Contra a Vida em Sociedade 48
Crimes Contra o Estado -
Crimes Previstos em Legislação Avulsa 19
TOTAL 183
Fonte: GNR de Carrazeda de Ansiães, 2004 Crimes C/ Pessoas: Homicídios, ofensas corporais, violência doméstica, injúria, etc. Crimes C/ Património: furtos, roubos, burlas, extorsão, abuso de confiança, etc. Crimes C/ Vida em Sociedade: incêndios, condução sob efeito de álcool, contrafacção,
falsificação, armas, etc. Crimes C/ Estado: desobediência, resistência, coacção, prisão ilegal, corrupção, peculato,
abuso de autoridade, etc. Crimes Previstos na Leg. Avulsa: estupefacientes, cheques s/ provisão, caça, jogo, condução
s/ habilitação, crimes fiscais, etc.
Segundo os dados disponíveis pela GNR relativamente à criminalidade, durante o
ano de 2003 verificou-se um total de 183 crimes, sendo que a maior parte deles
(33,9%) foram classificados como Crimes Contra as Pessoas, tratando-se
predominantemente de Crimes Contra a Integridade Física (61,3% dos crimes
registados como crimes contra as pessoas). É de salientar ainda em relação a este
crime (Crime Contra as Pessoas) que, segundo a mesma fonte, registou de 2002
para 2003 um aumento de 46,7%.
Em segundo lugar, pela sua predominância, aparecem os Crimes Contra o
Património que, no entanto, e ao contrário do que se verifica nos Crimes Contra
Diagnóstico Social
133
as Pessoas, registaram nos últimos 2 anos um decréscimo de 61,4%. Dentro deste
tipo de crimes o que mais se salienta é o Crime Contra a Propriedade (94,4% dos
Crimes Contra o Património registados em 2003).
São ainda de referir, pelo seu peso relativo, os 48 Crimes Contra a Vida em
Sociedade, tratando-se a maioria deles de Crimes de Perigo Comum.
De 2002 para 2003 houve um aumento no número de crimes, passando de 173
para 183 respectivamente.
Vejamos agora algumas características dos Agentes/Suspeitos de crimes.
Quadro N.º96 - . Agentes/Suspeitos de Crimes Registados no Ano de 2002 e
2003, por Sexo e Escalão Etário
N.º de Agentes/Suspeitos de Crimes, por Sexo e Escalão Etário em 2002
N.º de Agentes/Suspeitos de Crimes, por Sexo e Escalão Etário em 2003
Sexo Escalão Etário Sexo Escalão Etário
M F Menos de 16 anos
16 a 24 anos
26 e mais anos
M F Menos de 16 anos
16 a 24 anos
25 e mais anos
78 28 1 24 74 115 34 2 27 112
Fonte: GNR, 2004
Podemos concluir que o crime é maioritariamente perpetuado pelo sexo
masculino, as mulheres representam, em 2003, 29,6% (peso um pouco inferior ao
registado em 2002, em que as mulheres representavam 35,9% dos
agentes/suspeitos).
De 2002 para 2003 assistimos a um aumento do número de agentes/suspeitos de
crimes (mais 43 agentes/suspeitos), em especial no escalão etário dos 25 ou mais
anos.
Registam-se no concelho, 2 casos de agentes/suspeitos de crimes menores de
idade, mais 1 caso que em 2002, e 27 casos de agentes/suspeitos com idades
compreendidas entre os 16 e os 24 anos, mais 3 que em 2002.
Diagnóstico Social
134
Quadro N.º97 -. Lesados/Ofendidos Registados no Ano de 2002 e 2003, por Sexo
e Escalão Etários
N.º de Lesados/Ofendidos, por Sexo e Escalão Etário em 2002
N.º de Lesados/Ofendidos, por Sexo e Escalão Etário em 2003
Sexo Escalão Etário Sexo Escalão Etário
M F Menos de 16 anos
16 a 24 anos
26 e mais anos
M F Menos de 16 anos
16 a 24 anos
26 e mais anos
58 28 4 9 69 51 60 2 7 94
Fonte: GNR, 2004
Relativamente aos dados disponíveis acerca dos Lesados/Ofendidos, observa-se
um dado curioso no que se refere ao género dos Lesados, pois, em 2002 eles
eram maioritariamente do sexo masculino (67,4%), em 2003 passam a ser
maioritariamente do sexo feminino (54%).
Em consonância com o aumento do número de crimes e número de
agentes/suspeitos deles, verifica-se também um aumento global no número de
lesados/ofendidos, importa, contudo, realçar, que diminuiu o número de lesados
menores de idade e jovens.
Relativamente ao crime específico da Violência Doméstica, que consideramos ser
importante separa-lo dos outros crimes que têm a mesma classificação (Crimes
Contra as Pessoas), foram participados/notificados pela GNR 3 crimes deste tipo
em 2003, mais 1 que em 2002. Crime de Maus Tratos e Abuso Sexual de
Menores, registaram-se 2 participações/notificações em 2002, de 2003 não há
qualquer registo deste crime.
Atenda-se agora aos dados relativos à Sinistralidade Rodoviária.
Quadro N.º98 -. Número de Acidentes de Viação, por Tipo de Acidentes em 2002 e
2003
Acidentes de Viação 2002 2003
Colisões 46 53
Despistes 15 6
Atropelamentos 6 3
TOTAL 67 62
Fonte: GNR, 2004
Diagnóstico Social
135
Ocorreram, em 2003, 62 acidentes de viação no concelho, menos 5 que em 2002.
Analisando os dados de 2001 e 2002, verificamos que aumentaram as colisões,
mas diminuíram, para mais de metade, nesses dois anos, o número de despistes e
de atropelamentos.
Quadro N.º99 - . Principais Causas dos Acidentes de Viação Registados em 2002
e 2003
Causas % em 2002 % em 2003
Excesso de Álcool ou Estupefacientes 3 3
Cansaço - 3
Velocidade Excessiva 29,5 23
Não Cumprimento dos Sinais de Trânsito 16 12,5
Más Condições Climatéricas 1 3
Más Condições da Rodovia - -
Falta de Sinalização ou Sinalização Errada - 5
Distracção 22 19,5
Ultrapassagens Irregulares 4,5 8
Não Cumprimento das Regras de Prioridade 4,5 12,5
Outras. 19,5 10,5
Fonte: GNR, 2004
A Velocidade Excessiva é a causa com maior peso nos acidentes de viação
registados pela GNR (23% dos acidentes), apesar desse peso ter caído 6,5% de
2002 para 2003. A seguir, com maior preponderância, surge a Distracção, causa
de 19,5% do acidentes registados em 2003. Em pé de igualdade estão o Não
Cumprimento dos Sinais de Trânsito e o Não Cumprimento das Regras de
Prioridade, com 12,5%.
Diagnóstico Social
136
9. Cultura, Património, Desporto e Associativismo
A cultura assume uma importância fundamental no desenvolvimento e bem-estar
social. Constitui ainda um contributo fundamental para a preservação e valorização
do património e das tradições, bem como para a manutenção e fortalecimento da
identidade e coesão local e de efectivação da participação social.
Nesse sentido, no concelho de Carrazeda de Ansiães, as acções relacionadas com
a actividade cultural, desportiva e recreativa, têm vindo a merecer uma crescente
atenção.
Quadro N.º100 - Despesas da Câmara Municipal em Actividades Culturais em 1999, 2000 e 2001
Despesas Correntes (euros)
Património Publicações e Literatura
Jogos e Desportos Total de
Despes. Total
Total Museus Total Bibliotecas
Música
Artes Cénicas
Activi. Sócio-Cult.
Recintos Cult.
Total Recintos1999 305 579 305 579 6 400 - 5 018 - 3 517 2 713 202 243 - 26 885 26 885 2000 412 576 412 576 - - 10 934 - 3 536 848 217 665 150 116 105 51 187 20001 981 335 328 922 - - 31 674 10 639 4 220 5 906 183 747 - 26 087 - Fonte: Anuário Estatístico da Região Norte de 2001 e 2002
De facto, como se pode verificar no quadro anterior, a Câmara Municipal, assiste,
ao longo dos três anos em análise, um aumento gradual e contínuo das despesas
com a Acção Cultural. O grande aumento registado em 2001 deve-se,
essencialmente, aos gastos inerentes com a Biblioteca Municipal, equipamento
muito recente no concelho.
Quadro N.º101 - Número de Utilizadores e Documentos Consultados na Biblioteca Municipal de Carrazeda de Ansiães, 2003
Utilizadores e Documentos Emprestados na Biblioteca Municipal de C. A. N.º
N.º de Utilizadores 1026
Utilizadores que solicitaram empréstimo 42 Documentos Emprestados para o Exterior Documentos emprestados 491 Fonte: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, Divisão de Acção Social e Cultural, 2004
Ao nível de equipamentos desportivos, destacam-se no concelho os seguintes
equipamentos:
Diagnóstico Social
137
1 Complexo de Piscinas Municipais (descobertas);
1 Campo de Ténis;
4 Polidesportivos;
1 Campo de Volei;
1 Circuito de Manutenção;
1 Estádio de Futebol;
23 Campos de Futebol de Terra Batida, distribuídos por 23 localidades do
concelho.
Relativamente às iniciativas/actividades desportivas destacam-se alguns eventos
no concelho: os passeios todo-o-terreno das Amendoeiras em Flor, organizado
pelo município, bem como as provas desportivas motorizadas, no âmbito do
Campeonato Nacional de Motocross, organizado pelo Clube Douro Aventura e
integradas no campeonato nacional.
No que se refere a Espaços Culturais existentes no concelho, enumeram-se os
seguintes:
Quadro N.º102 - Espaços Culturais Existentes no Concelho, por Freguesia
Freguesias Espaços Culturais
Auditório do Centro de Apoio Rural:
Biblioteca Municipal :
Carrazeda de Ansiães
Salão dos Bombeiros Voluntários de Carrazeda de Ansiães
Mogo de Ansiães (Belver) Salão da Associação Cultural e Recreativa de Mogo de Ansiães
Castanheiro Centro Cultural - Escola Velha
Mogo de Malta Salão da Assoc. Cultural e Recreativa de Mogos
Parambos Salão do Sporting Club de Parambos
Pereiros – Codeçais Salão da Associação Cultural e Desportiva de Codeçais
Pombal Salão da Associação Recreativa e Cultural de Pombal de Ansiães
Seixo de Ansiães Salão do Centro Cultural e Recreativo de Seixo de Ansiães
Vilarinho da Castanheira Sede da Junta de Freguesia
Zedes Associação Cultural e Recreativa de Zedes - Sede da Junta de Freguesia
Fonte: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, Divisão de Acção Social e Cultural, 2004
Diagnóstico Social
138
Das associações culturais e recreativas existentes no concelho, destacam-se dois
Grupos de Teatro Amador, uma Banda Filarmónica e vários Grupos Tradicionais.
As Associações e Colectividades Desportivas, Culturais e Recreativas constituem
uma grande fonte dinamizadora da Acção Cultural. No concelho de Carrazeda de
Ansiães existem cerca de 27 Associações/Colectividades deste cariz, contudo,
algumas delas estão, de momento sem actividade.
Quadro N.º103 - Associações e Colectividades Desportivas, Culturais e
Recreativas, do Concelho de Carrazeda de Ansiães
Freguesias Designação da Associação
Amedo Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Areias
Beira Grande Associação Desportiva, Cultural e Recreativa de Beira Grande
Associação Cultural e Recreativa de Mogo de Ansiães Belver
Liga dos Amigos de Belver
Associação dos Zíngaros Carrazeda de Ansiães
Grupo Desportivo da E.B.2,3+S de Carrazeda de Ansiães
Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Tralhariz Castanheiro
Centro Cultural e Desportivo de Castanheiro
Fontelonga Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Fontelonga
Lavandeira Associação Cultural e Recreativa da Lavandeira
Associação Cultural e Recreativa de Linhares Linhares
Associação Desportiva de Campelos
Marzagão Centro Cultural e Recreativo de Luzelos
Mogo de Malta Centro Cultural e Recreativo de Mogos
Sporting Clube de Parambos Parambos
Associação Cultural e Desportiva de Misquel
Pereiros Associação Cultural e Desportiva de Codeçais
Grupo Desportivo e recreativo de Pinhal do Norte Pinhal do Norte
Sport Brunheda e Benfica
Associação Cultural e Recreativa de Pombal de Ansiães Pombal
Club Recreativo de Paradela de Ansiães
Centro Cultural e Desportivo de Seixo de Ansiães Seixo de Ansiães
Centro Cultural, Desportivo e Recreativo de Coleja
Selores Associação Cultural e Recreativa de Selores
Associação Cultural de Vilacastanheira Vilarinho da Castanheira
Associação Filarmónica Vilarinhense
Zedes Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Zedes
Fonte: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, Divisão de Acção Social e Cultura, 2004
Diagnóstico Social
139
Relativamente às actividades culturais, o concelho de Carrazeda de Ansiães
apresenta uma certa dinâmica na região, atendendo à sua relativa marginalização
em termos de roteiros culturais.
A realização do FARPA- Festival de Artes Culturais de Pombal de Ansiães –
organizado pela Associação Cultural e Recreativa de Pombal de Ansiães, que tem
vindo, há já alguns anos, a dinamizar um programa cultural que se mostra cada vez
mais consistente, ocupando uma semana dedicada a diversos tipos de
manifestações artísticas, com a participação de nomes consagrados a nível
nacional e internacional, e capaz de atrair um público que se vai tornando assíduo.
Há também a assinalar o Festival de Música Medieval, cuja promoção e
organização se deve à Câmara Municipal que, em 2002 deu início a este evento,
que constitui um importante cartaz de atracção turística.
O Festival Internacional de Marionetes e o Festival de Poesia Livre, ambos
também promovidos pela Câmara Municipal, são eventos culturais capazes de se
assumir na região, constituindo igualmente veículos de promoção turística.
Por fim, resta salienta a realização da Feira do Vinho, do Azeite e da Maçã que,
sendo uma feira económica e de promoção dos três produtos mais significativos do
concelho, está aliada a um cartaz de animação cultural, que atrai inúmeros
visitantes e mobiliza as gentes do concelho, constituindo também ela um óptimo
recurso estratégico quer cultural, quer económico e turístico.
O património cultura e arquitectónico do concelho é de uma riqueza única em toda
a região. Habitado desde tempos remotos, o concelho tem testemunhos
arqueológicos diversos, relativamente bem conservados, tendo sido inventariados,
até à data, 25 monumentos arqueológicos.
Em termos de património edificado, o concelho de Carrazeda de Ansiães possui 5
Monumentos Nacionais e 6 imóveis de interesse público. Destacam-se, o Castelo
de Ansiães, as gravuras rupestres da Rapa, os Pelourinhos e os diversos dólmens
existentes, nomeadamente o de Zedes e o de Vilarinho da Castanheira.
Neste sentido, está em curso, actualmente, um projecto de criação e dinamização
de roteiros culturais, promovido pelo Município.
Diagnóstico Social
140
O concelho Possui ainda uma estrutura termal: as termas de São Lourenço, com
águas quentes e sulfúreas, utilizadas para tratar doenças de pele, doenças
digestivas e problemas reumatismais, que possuem também um enorme potencial
turístico e cultural.
O património natural e paisagístico é imenso, estando identificados 11 locais de
grande interesse: Beira Grande, Amedo, Carrazeda, Selores, Vilarinho da
Castanheira, Castanheiro, Seixo de Ansiães, Mogo de Malta, Marzagão, Linhares e
Lavandeira.
Diagnóstico Social
142
1. Nota Introdutória
O Diagnóstico Social traçado permitiu evidenciar um conjunto de problemas que
atravessam o concelho. O acentuado e contínuo declínio demográfico, o
envelhecimento da população e a diminuição da população fértil e em idade activa,
o encravamento físico e as fracas acessibilidades do concelho, os baixos níveis de
escolarização e qualificação dos recursos humanos, o peso de um sector agrícola
pouco dinâmico, a insignificância da indústria e do turismo, os baixos níveis de
rendimento e poder de compra da população, a insuficiência de respostas sociais,
são alguns dos problemas mais importantes com que Carrazeda de Ansiães se
depara.
Após a aprovação do Pré-Diagnóstico foram promovidos e dinamizados grupos de
trabalho temáticos, onde, em ambiente informal se levaram à discussão as
diversas problemáticas, na tentativa de encontrar em conjunto os problemas
inerentes a cada tema, as suas causas possíveis e os recursos e potencialidades
existentes para os combater. Para os diferentes grupos de trabalho foram
convidados a participar os parceiros, de acordo com temas e o trabalho que
desenvolviam, mas também foram convidadas pessoas da sociedade civil que se
considerara importantes para o debate, pelas características pessoais ou
profissionais que reuniam.
Os grupos de trabalho dividiram-se pelos seguintes temas: Demografia/População;
Educação; Agricultura; População Idosa; População com Deficiência; Alcoolismo e
Toxicodependência; Menores em Risco; População de Etnia Cigana;
Desenvolvimento Sócio-Económico e Emprego.
Apesar de não ter havido a participação que se esperava, os vários grupos foram
dinamizados, com a colaboração da equipa técnica de avaliação externa da UTAD,
e atingidos, de forma geral, os objectivos que se propunham. Apenas o grupo de
trabalho relativo ao Emprego não foi realizado por ausência da maioria dos
convidados, foi, no entanto, focado este tema no grupo que debatia o
Desenvolvimento Sócio-Económico.
Os resultados deste debates são apresentados no capítulo que se segue.
Diagnóstico Social
143
2. Grupos de Trabalho: Apresentação dos Resultados
Os grupos de trabalho realizados tinham objectivos de debate que se prendiam
com a construção de uma grelha onde teriam que constar os principais problemas,
de acordo com o tema, as suas causas fundamentais, as potencialidades
existentes no concelho, os grupos mais afectados pelos problemas, os dados que
traduzem a sua gravidade e as prioridades a adoptar para a sua resolução.
Apresenta-se, de seguida, os resultados de cada grupo de trabalho temático.
1. Demografia e População
Problemas
Envelhecimento da população;
Esvaziamento demográfico;
Diminuição da população em idade activa;
Diminuição da população jovem.
Causas Prováveis
Aumento da esperança de vida;
Mobilidade profissional;
Emigração;
Perificidade/interioridade;
Más acessibilidades;
Localização geográfica;
Sector primário em declínio;
Sector secundário quase inexistente.
Potencialidades Presentes (Recursos)
Produtos agrícolas de qualidade;
Existência de recursos naturais possíveis de explorar: pedra/granito;
Diagnóstico Social
144
Turismo.
Grupos mais Afectados
Idosos;
População em idade activa.
Dados que Traduzem a Gravidade do Problema
Índice de envelhecimento;
Evolução demográfica nas últimas décadas.
Prioridades
Dinamização do sector primário: promoção dos produtos locais;
Dinamização da actividade industrial;
Melhoria das acessibilidades.
2. Educação
Problemas
Abandono escolar precoce
Absentismo;
Insucesso Escolar;
Desmotivação;
Dificuldade de inserção dos jovens na vida activa.
Causas Prováveis
Sistema de ensino;
Sistema de valores;
Falta de acompanhamento familiar;
Falta de apoio escolar e psico-pedagógico;
Diagnóstico Social
145
Visão negativa do ensino profissional.
Potencialidades Presentes
Projecto de concentração do 1.º Ciclo na sede do concelho;
Escola Profissional;
Escola E.B.2,3+s;
Associação de Estudantes;
Associação de Pais e Encarregados de Educação.
Grupos Mais Afectados
Alunos do 3.º ciclo e secundário.
Dados que Traduzem o Problema
Níveis de escolarização da população;
Abandono escolar;
Absentismo escolar.
Prioridades
Trabalhar ao nível da motivação dos jovens.
3 Agricultura
Problemas
Comercialização;
Baixos níveis de escolaridade e falta de formação profissional dos
produtores agrícolas;
População muito envelhecida;
Falta de mão-de-obra;
Dimensão das explorações.
Diagnóstico Social
146
Causas Prováveis
Déficit de gestão;
Perificidade;
Subdivisão extrema das parcelas;
Estigma ao trabalho agrícola;
Instabilidade do trabalho/rendimentos agrícola.
Potencialidades Presentes
Qualidade dos produtos;
Turismo rural como complemento da agricultura;
Concentração da oferta (azeite e maçã)
Grupos Mais Afectados
Pequenos e médios agricultores.
Dados que Traduzem a Gravidade do Problema
Não escoamento do produto.
Prioridades
Potenciar os canais de distribuição e venda;
Melhorar os níveis de formação dos agricultores.
4.População Idosa
Problemas
Inadequação das respostas: desajustamentos entre as respostas que se
oferecem e as que são procuradas pela população;
Inadequação dos serviços às necessidades dos idosos;
Falta de redes primárias e de retaguarda familiar.
Diagnóstico Social
147
Causas Prováveis
Falta de recursos financeiros;
Falta de sinergias entre as instituições;
Falta de acompanhamento do organismo de tutela;
Baixo estatuto do idoso;
Falta de motivação/hetergeneidade dos grupos (dependência);
Política social feita de “cima para baixo”;
Despovoamento/Isolamento;
Socialização:
o Alteração dos modelos de família;
o Alteração dos comportamentos sociais – mudanças sociais;
o Modelo de sociedade onde o idoso não tem espaço.
Potencialidades Presentes
IPSS’s existentes no concelho;
Possibilidade de reajustamentos das valências;
Existência de várias Associações Culturais e Recreativas espalhadas pelo
concelho.
Grupos Mais Afectados
Idosos em situação de dependência.
Dados que Traduzem a Gravidade do Problema
Índice de envelhecimento;
Taxa de utilização por valência;
Taxa de cobertura das respostas sociais;
N.º de famílias compostas apenas por um elemento com 65 ou mais anos e
com 2 elementos em que pelo menos um deles tenha idade igual ou
superior a 65 anos;
Despovoamento;
Diagnóstico Social
148
Prioridades
Reforço das redes de apoio e desenvolvimento das sinergias, articulação e
coordenação das respostas entre as instituições de cariz social presentes no
concelho;
Inovação ao nível da gestão das IPSS’s;
Alteração dos modelos de acompanhamento e de entendimento da tutela.
5. População com Deficiência
Problemas
Ausência de respostas sociais;
Existência de barreiras arquitectónicas;
Dependência Económica – fracos recursos financeiros das pessoas com
deficiência.
Causas Prováveis
Alteração do modelo familiar/ausência de redes primárias;
Falta de associativismo;
Cultura/socialização/desvalorização do problema;
Critérios legais não aplicados (sector público);
Falta de informação, sensibilização e divulgação;
Passividade do grupo-alvo;
Falta de articulação dos serviços;
Dificuldade de inserção na vida activa;
Baixas prestações sociais;
Falta de competências profissionais;
Inadequação do sistema de ensino/formação profissional.
Potencialidades Presentes
Equipa de Intervenção Precoce;
Currículos Alternativos;
Diagnóstico Social
149
Apoios Educativos;
Ajudas Técnicas;
Escola Profissional;
Transporte para consultas;
IPSS’s;
Rede Social.
Grupos Mais Afectados
Pessoas com deficiência motora;
Pessoas com deficiência entre os 50 e os 79 anos de idade.
Dados que Traduzem a Gravidade do Problema
Ausência de respostas sociais;
Barreiras arquitectónicas;
População com deficiência segundo meio de vida (88,1% não tem actividade
económica);
Valor das pensões/reformas.
Prioridades
Criação/reforço das respostas sociais/equipamentos;
Campanhas de sensibilização, alerta e informação.
6. Alcoolismo e Toxicodependência
Problemas
Elevados padrões de consumo.
Causas Prováveis
Padrões culturais:
Diagnóstico Social
150
o “Tradução”/interpretação do álcool (consumo culturalmente e
socialmente aceite);
o Pressão do “grupo” (adolescência);
o Socialização familiar;
o Reprodução de comportamentos.
Demissão dos papéis parentais;
Não concentração do tratamento de doenças aditivas;
Integração da doença nos serviços de psiquiatria (estigma);
Distanciação dos serviços e das redes de suporte;
Falta de mecanismos de prevenção/de desenvolvimento de competências/
de articulação;
Falta de ocupação dos tempos livres para a população mais jovem.
Potencialidades Presentes
Centro de Saúde.
Prioridades
Investimento na área sócio-cultural;
Articulação dos serviços;
Acções de informação/prevenção;
Criação de uma Associação de Alcoólicos Anónimos.
7. Menores em Risco
Problemas
Absentismo e Abandono Escolar;
Negligência;
Maus tratos físicos e psicológicos.
Diagnóstico Social
151
Causas Prováveis
Política (definição e acompanhamento) e enquadramento legal;
Pobreza;
Má gestão familiar;
Interacção familiar (famílias disfuncionais);
Alcoolismo;
Desemprego;
Baixos níveis de escolaridade,
Potencialidades Presentes
CPCJ;
Acolhimento familiar.
Grupos Mais Afectados
Crianças/jovens dos 6 aos 15 anos de idade;
Crianças/jovens em ambiente de alcoolismo;
Crianças/jovens com debilidade mental;
Crianças/jovens de etnia cigana.
Dados que Traduzem a Gravidade do Problema
Instabilidade emocional e agressividade;
Insucesso escolar;
Abandono e absentismo escolar;
Nutrição inadequada.
Prioridades
Criação e dinamização de respostas sociais (CAT; Acolhimento familiar);
Colaboração/responsabilização efectiva dos serviços;
Diagnóstico Social
152
Apoio efectivo dos serviços de Saúde;
Escolas “mais atractivas”;
Potenciar os recursos das escolas.
8. População de Etnia Cigana
Problemas
Incompatibilização Cultural:
1. Inadequação do sistema de ensino:
o Absentismo Escolar;
o Abandono Escolar;
o Analfabetismo/Baixos níveis de escolaridade.
2. Inadequação do sistema de saúde:
o Atitude perante a doença.
3. Inadequação do sistema de habitação:
o Más condições de habitação;
o Ausência de infra-estruturas básicas.
4. Inadequação do modo de produção:
o Atitude perante o emprego;
o Dependência pública
Causas Prováveis
Socialização;
Inadequação das políticas sociais;
Inexistência de uma intervenção articulada/concertada entre os serviços.
Potencialidades Presentes
Rede Social.
Diagnóstico Social
153
Grupos Mais Afectados
População de etnia cigana dos 0 aos 24 anos de idade.
Dados que Traduzem a Gravidade do Problema
Abandono e absentismo escolar;
Tipo de habitação existente;
Tipo de infra-estruturas existentes;
Regime de ocupação das habitações;
Taxa de desemprego;
Taxa de analfabetismo;
Principal meio de vida;
Forma de utilização das estruturas de saúde.
Prioridades
Melhoria das condições habitacionais;
Combate ao absentismo/abandono escolar.
9. Desenvolvimento Sócio-Económico
Problemas
Baixa produtividade dos sectores económicos;
Falta de iniciativa empresarial;
Falta de oferta turística (alojamentos, informação e animação).
Causas Prováveis
Falta de associativismo;
Perificidade do concelho;
Envelhecimento da população e despovoamento;
Falta de informação e apoio ao nível da iniciativa;
Falta de promoção turística;
Diagnóstico Social
154
Baixos níveis de instrução;
Fraca exploração dos recursos naturais, paisagísticos e culturais.
Potencialidades Presentes
Roteiros culturais;
Produtos de qualidade;
Recursos naturais, paisagísticos e culturais;
Termas de S. Lourenço;
Incentivos existentes para o sector do turismo;
Centro de Apoio Rural;
Artesanato;
Gastronomia;
História e tradição;
Mercado Municipal;
Escola Profissional.
Grupos Mais Afectados
População em idade activa.
Dados que Traduzem a Gravidade do Problema
Volume de vendas;
Peso relativo dos sectores económicos;
Índice de envelhecimento;
Declínio demográfico.
Prioridades
Dinamização do associativismo;
Melhoria das acessibilidades;
Promoção do concelho e dos seus produtos;
Apoio e acompanhamento das iniciativas;
Diagnóstico Social
155
Melhor adequação do sistema de ensino/formação às necessidades do
mercado de trabalho.
No âmbito desta metodologia participativa os parceiros, e outras personalidades
convidadas, debateram e reflectiram sobre os vários temas atrás expostos. Desta
reflexão conjunta surgiram algumas conclusões que nos permitiram construir a
grelha FOFA (forças, oportunidades, fraquezas e ameaças) para o concelho.
Desta reflexão foi consensual priorizar quatro grandes eixos problemáticos:
a) Acção Social, que abrange fundamentalmente cinco problemáticas:
Menores em Risco; Alcoolismo; População Idosa; População de Etnia
Cigana e População com Deficiência.
b) Economia/Emprego
c) População
d) Educação/Formação
Diagnóstico Social
156
3. Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças Acção Social
Forças
Menores em Risco CPCJ; Acolhimento Familiar
Alcoolismo Projecto de Prevenção Primária
População Idosa IPSS’s Possibilidade de reajustamento das
valências. População de Etnia Cigana
Rede Social População com Deficiência
Equipa de Intervenção Precoce/ Apoio Educativos e Currículos Alternativos;
Ajudas Técnicas; Transporte para consultas; IPSS’s; Rede Social; Articulação do trabalho ao nível dos
serviços de acção social.
Fraquezas
Menores em Risco Respostas sociais insuficientes; Escassez de recursos técnicos e
financeiros. Alcoolismo
Elevados padrões de consumo; “Permissividade cultural”; Deficiente organização/articulação
dos serviços; Falta de mecanismos de prevenção.
População Idosa Inadequação das respostas/
desajustamentos entre a oferta e a procura;
Lacunas ao nível dos serviços prestados;
Falta de redes primárias e de retaguarda familiar.
População de Etnia Cigana Incompatibilização cultural.
População com Deficiência Ausência de respostas sociais; Barreiras arquitectónicas; Dependência económica da pessoa
com deficiência.
Oportunidades
O envolvimento em parcerias e articulação entre os serviços e instituições;
Definição de prioridades, no âmbito do PDS, e a articulação das acções;
Criação de uma Unidade de Apoio Integrado;
Criação de um Centro de Noite; Políticas Sociais activa; Criação de novos equipamentos sociais
e/ou adaptação de equipamentos já existentes com vista a dar resposta às necessidades emergentes;
Possibilidade de definir candidaturas e recorrer aos programas nacionais existentes na área.
Ameaças
Desmobilização dos parceiros; Aumento do índice de envelhecimento e
índice de dependência – aumento da procura de serviços de apoio à 3.ºª idade.
Diagnóstico Social
157
Acção Social
Perspectiva Analítica
No âmbito da diversidade de problemáticas da acção social foram priorizadas
quatro áreas que, pela sua gravidade e complexidade ou pelo número de pessoas
atingidas, se destacaram na urgência de reflexão para a procura de soluções.
A problemática dos menores em risco foi consensualmente destacada, não tanto
pelo número de situações presentes no concelho, que embora não seja elevado
também não é de minimizar, mas mais pela complexidade das situações e pelas
limitações na actuação. Os menores em risco têm, geralmente, como “background“
famílias disfuncionais, a viver situações de pobreza e exclusão, onde o alcoolismo
é também uma presença, o que se traduz em situações muito complexas e de
difícil resolução.
A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo de Carrazeda de
Ansiães (CPCJ), a funcionar desde Maio de 2002, foi criada com o objectivo de
responder e prevenir estas situações. Contudo, e apesar dos esforços e dos
resultados positivos atingidos, a CPCJ vê-se a par com uma série de
constrangimentos que dificultam a sua acção. A falta de recursos humanos
técnicos no concelho capazes de constituir uma verdadeira equipa interdisciplinar
com vista a prevenir e acompanhar as situações de crianças em perigo é um
enorme constrangimento à actuação desta entidade. A inexistência ou insuficiência
de equipamentos de apoio e de respostas sociais é outro obstáculo à resolução
dos problemas. Por fim, o enquadramento legal das CPCJ, a inexistência de
medidas legais a aplicar em situações de abandono escolar (a problemática mais
presente), a falta responsabilização/colaboração efectiva dos serviços (que
também se encontram com problemas de falta de meios técnicos e financeiros),
dificultam ainda mais a actuação desta comissão.
O Alcoolismo é outra das problemáticas presentes, e embora estando conotado
como um problema de saúde, o facto de estar na raiz, e ser ao mesmo tempo
causa, de muitos outros problemas sócio-familiares e de ter implicações ao nível do
Diagnóstico Social
158
comportamento humano, bem como o facto de ter questões culturais e de
mentalidade inerentes, foi aqui analisado como um problema social.
Embora não tenhamos nenhum levantamento rigoroso das situações de alcoolismo
no concelho, existe um levantamento, feito pela Técnica de Serviço Social da
autarquia, que, de Fevereiro de 1989 a Março de 1997 fez o registo dos
atendimentos realizados, destacando os casos que apresentavam problemas de
alcoolismo. Assim, de acordo com este registo, dos 536 atendimentos realizados,
223 indivíduos (podendo haver mais que um indivíduo em cada atendimento –
agregado familiar – com este problema) apresentavam situações de alcoolismo.
Destes indivíduos, 76% tratavam-se de homens e 24% de mulheres. 7,6% destes
eram menores de idade (dos 0 aos 17 anos). Analisando os dados por profissões,
destacam-se os jornaleiros agrícolas (37%), seguidos dos pensionistas (26%),
pelas domésticas (11%) e desempregados (9%). As habilitações literárias destes
indivíduos são muito baixas: 15% não sabe ler nem escrever; 15% não atingiram o
4.º ano e 21,5% têm o 1.º ciclo como o nível máximo de ensino atingido; 46%
respondeu não saber as habilitações que tem. Registaram-se 12 famílias com mais
do que um elemento alcoólico e 137 indivíduos com problemas financeiros.
De facto, os padrões de consumo são elevados, beber álcool, especialmente em
certos tipos de trabalho mais “braçais”, como é o caso do trabalho agrícola, é visto
com normalidade e até promovido: “o vinho dá força”. Os hábitos de consumo
estão muito enraizados e há uma grande falta de informação e, sobretudo, de real
compreensão sobre os seus malefícios. Esta realidade encontra-se sobretudo nas
gerações “mais velhas”, com níveis de escolaridade muito baixos, com trabalhos
instáveis, sobretudo na agricultura, e com poucos rendimentos.
Depois, há também o problema da reprodução de comportamentos, isto nas
gerações “mais novas”, a “pressão do grupo” (adolescência), e a tal permissividade
que a comunidade tem relativamente ao consumo de bebidas alcoólicas, que é, por
isso, muito facilitado e até aceite com normalidade.
A problemática que se segue diz respeito ao grande grupo dos idosos, que no
concelho corresponde já a cerca de 28% da população. O envelhecimento
demográfico, inerente ao aumento da esperança de vida, entre outros factores, tem
Diagnóstico Social
159
como consequência não só o aumento da população idosa, mas também o
aumento de pessoas a que podemos chamar “grandes idosos” ou, como já alguns
autores denominam, a “quarta idade”, que se refere às pessoas com 75 e mais
anos.
Esta nova realidade dá-nos conta e antecipa futuras dificuldades no que diz
respeito à capacidade de resposta das instituições, bem como no tipo e qualidade
de respostas necessárias, nomeadamente, nos serviços de apoio à terceira idade.
Será necessário melhorar a qualidade de vida da população residente no concelho
optimizando os serviços. Será também necessário combater o isolamento pessoal
e social da população idosa, preservando a sua autonomia e ligação aos espaços
que lhe são familiares, bem como combater a exclusão social a que muitos estão
votados. Há que repensar o estatuto do idoso e o papel que tem e o papel que
deveria ter no seio de uma sociedade mais solidária e mais justa.
É de relembrar que 16,6% das famílias do concelho são compostas por idosos a
viver sozinhos, às quais se juntarmos as famílias com dois elementos em que pelo
menos um deles tem 65 ou mais anos, o número sobe para 38,6% do total de
famílias residentes.
Para além da falta de retaguarda familiar, constatou-se também, no debate
realizado para este tema, que há um desajustamento entre a oferta e procura que
urge em corrigir. De facto, ao passo que algumas valência têm uma taxa de
utilização muito baixa, outras há em que a lista de espera é grande. Por outro lado,
a falta de meios financeiros e técnicos não permite muitas vezes prestar um serviço
que pense na pessoa idosa como um todo, com necessidades não só fisiológicas
mas também, e sobretudo, com necessidades afectivas e carências emocionais,
que precisam de resposta.
É necessário mobilizar a comunidade, dinamizar actividades sócio-culturais
capazes de envolver a população e o convívio inter-geracional, acções capazes de
promover o estatuto do idoso; Dinamizar o associativismo e o voluntariado,
promovendo redes de apoio informais e próximas do idoso; Articular as respostas
entre as instituições, procurando optimizar os equipamentos e serviços com vista à
Diagnóstico Social
160
melhoria das respostas. Estas foram algumas das prioridades lançadas no debate
e que importa reflectir.
A comunidade de etnia cigana residente no concelho é também apontada como
uma prioridade de acção pelos problemas de pobreza e exclusão social que
acarreta.
No sub-capítulo da 1.º parte do Diagnóstico dedicado a esta população traçamos o
retrato da situação presente. De facto, trata-se de um grupo destruturado, que
sofre de exclusão social em todos os domínios (económico, educação, emprego,
cidadania, cultura), e com poucos recursos pessoais e grupais para sair dessa
situação.
A maioria dos membros desta comunidade (84%) vivem sem as mínimas
condições de habitabilidade e salubridade, não têm empregos, a taxa de
analfabetismo é levada e os níveis de escolaridade são muito baixos, as crianças,
que correspondem a cerca de 40% da população cigana, faltam sucessivamente à
escola, o insucesso escolar é elevadíssimo, e a esmagadora maioria, quando não
abandona antes, não vai além do 1.º ciclo básico.
A melhoria das condições habitacionais e o combate ao absentismo e abandono
escolar foram as prioridades elegidas pelo grupo de trabalho.
A população com deficiência é outra problemática a merecer reflexão.
Efectivamente, foram recenseados, nos últimos censos, 725 pessoas com
deficiência no concelho, dos quais cerca de 54% têm grau de incapacidade
atribuído.
Esta população está completamente a descoberto ao nível de equipamentos de
apoio e, para além das respostas sociais relativas às pensões e reformas,
normalmente de valor muito baixo, não existem mais acções concretas de
acompanhamento e de inclusão social e promoção da igualdade de oportunidades
para estes cidadãos. As barreiras arquitectónicas e a falta de acessibilidade são
também problemas a considerar.
Torna-se prioritário reunir esforços no sentido de serem criadas respostas sociais e
equipamentos de apoio a esta população, bem como sensibilizar a comunidade
Diagnóstico Social
161
para este problema que, tal como se referiu relativamente aos idosos, se prende
também com o estatuto social que é atribuído ao cidadão com deficiência.
Diagnóstico Social
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Actividades Económicas
Forças
Produtos agrícolas de qualidade (vinho, azeite e maçã);
Concentração da oferta (maçã e azeite); Recursos naturais (Granito); Diversidade e qualidade do património
natural e paisagístico; Vasto património arqueológico; O Potencial turístico-fluvial dos rios Douro
e Tua; A inserção do concelho na Rota do Vinho
do Porto e na Rota do Azeite; A linha ferroviária do Tua; As termas de S. Lourenço; Artesanato; Gastronomia; História e cultura; Roteiros culturais; Centro de Apoio Rural; Mercado municipal; Escola profissional;
Fraquezas
Relativo encravamento físico do concelho e más acessibilidades;
Evolução demográfica negativa e envelhecimento da população;
Baixa produtividade dos sectores económicos (tecido produtivo muito débil);
Grande peso do sector primário e pouco peso do sector secundário na economia do concelho;
Iniciativa empresarial pouco dinâmica e falta de cooperação entre os empresários;
Taxa de actividade muito baixa; Baixos níveis de escolaridade e de
qualificação da população activa; Taxa de desemprego elevada, sobretudo
no sexo feminino; Déficit de oferta hoteleira; Insuficiente oferta de animação cultural,
desportiva e de lazer; Falta de oportunidades de emprego.
Oportunidades
III e IV Quadro Comunitário de Apoio; Plano de Desenvolvimento do Turismo no
Douro; Criação de novas infra-estruturas
rodoviárias – IC5; Dinamização das linhas férreas históricas; Inserção na Região Demarcada do Douro,
Património Mundial; A Concentração da população na sede do
concelho permite ganhar massa crítica e aproveitar economias de aglomeração;
Procura crescente de actividades de lazer e produtos turísticos ligados à natureza e cultura.
Ameaças
Concorrência em termos de investimento pelos concelhos limítrofes, com melhores acessibilidades;
Fraco peso negocial do concelho (distância dos lugares de decisão; baixo peso relativo dos sectores económicos e peso demográfico);
Esvaziamento populacional progressivo do espaço rural, provocando o isolamento e marginalização dos aglomerados mais distantes da sede do concelho e a redução dos níveis de qualidade de vida;
Tendência para o despovoamento, com reflexos negativos na ocupação do solo, na manutenção do território e no planeamento das infraestruturas, dos equipamentos e dos serviços públicos;
Redução da população activa e dificuldades crescentes na fixação dos recursos humanos mais qualificados;
Diminuição da produtividade e da competetividade da economia local;
Incapacidade de renovar o tecido produtivo e redução da capacidade de iniciativa/investim.
Diagnóstico Social
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Actividades Económicas
Perspectiva Analítica
O peso excessivo de um sector agrícola envelhecido, de carácter tradicional e
pouco produtivo e rentável, na economia do concelho, a insipiência da indústria e
do turismo, uma estrutura empresarial débil e pouco competitiva, associada à
reduzida dimensão das empresas, à baixa produtividade e à fraca capacidade de
iniciativa e investimento, numa região distante dos grandes centros de decisão e
mercados, bem como dos principais itinerários rodoviários, são alguns dos
problemas mais importantes do concelho.
Há necessidade de inverter esta situação e de promover e organizar o tecido
produtivo local, de apoiar o investimento produtivo em novos sectores de mercado
associados à valorização dos produtos locais.
Carrazeda de Ansiães possui, efectivamente, um quadro negro de problemas e
estrangulamentos, mas tem potencialidades impares: condições naturais e
paisagísticas excepcionais, um património histórico e arquitectónico singular,
produtos agrícolas de grande qualidade e aceitação no mercado, que, em conjunto,
formam interessantes motores de desenvolvimento de sectores e mercados que
ainda não estão a ser eficazmente explorados.
Diagnóstico Social
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População
Forças
Crescimento e concentração de população na sede do concelho;
Surgimento de novas actividades ligadas ao 3.º Sector capazes de fixar alguma população jovem e qualificada;
Níveis de criminalidade muito baixos, oferecendo o concelho “qualidade de vida” a sectores da população que sentem o desgaste dos grandes centros urbanos, e procuram alternativas de vida, prezando o sossego e a proximidade com a natureza e beleza paisagística.
Fraquezas
Acentuado envelhecimento da população;.
Saldos migratórios e fisiológicos negativos;
Diminuição da população em idade fértil e activa;
Quebra acentuada da população jovem; Fraca densidade populacional; Fraca capacidade para fixar “capital
humano” no concelho (e região), sobretudo jovens com formação média e superior;
Enclave geográfico do concelho e fracas acessibilidades – factores de “repulsa”.
Oportunidades
Criação de emprego no sector social, especialmente nos equipamentos ligados à 3.ª idade;
Atracção de novos residentes provenientes de centros urbanos com problemas de congestionamento.
Ameaças
Esvaziamento e Isolamento populacional progressivo de algumas aldeias mais afastadas da sede do concelho;
Continuação da tendência negativa na evolução demográfica.
Aumento do índice de envelhecimento e do índice de dependência;
Aumento da necessidade de assistência médica e dos serviços de apoio social;
Aumento da dependência da população das contribuições da Segurança Social;
Desequilíbrios ao nível da ocupação do território, da sua manutenção, do planeamento e ordenamento e das infra-estruturas;
Enfraquecimento do peso reivindicativo do concelho;
Diagnóstico Social
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População
Perspectiva Analítica
O declínio demográfico, o envelhecimento da população e o despovoamento, são,
sem dúvida, os principais problemas com que o concelho, e toda a região, se
debate actualmente e que se irá continuar a confrontar nos próximos anos.
As consequências deste declínio são inúmeras, podendo agravar
significativamente os problemas sociais e económicos já existentes. Da reflexão
feita em conjunto com os parceiros e baseados no Plano Estratégico de
Desenvolvimento para Carrazeda de Ansiães, retiraram-se algumas conclusões,
representadas na grelha acima exposta e referidas de seguida numa perspectiva
mais analítica.
A diminuição e o envelhecimento da população podem vir a ter um impacto
negativo na economia local: por um lado, a menor disponibilidade de mão-de-obra
refreará decisões de investimento na expansão/modernização do tecido
empresarial; por outro lado, a degradação dos índices de empregabilidade
diminuirá as perspectivas de emprego, favorecendo os fluxos migratórios
negativos.
Relativamente ao sistema social, as consequências previsíveis são também
preocupantes: a diminuição da população jovem faz prever implicações no sistema
de educação, que para se reajustar à diminuição de procura terá que encerrar
estabelecimentos de ensino e ver diminuir o seu corpo docente; o aumento da
população idosa reforçará a necessidade de assistência médica e hospitalar, bem
como dos serviços de apoio social e será mais dependente de pensões e reformas;
agravamento do desequilíbrio na pirâmide de idades (dificuldades de inserção
profissional dos jovens, diminuição da taxa de natalidade e índices de
nupcialidade), pondo em risco a coesão social e favorecendo os fluxos migratórios
negativos e o agravamento de fenómenos de marginalidade e exclusão social.
Por fim, o sistema territorial será também profundamente afectado: a desertificação
humana, com consequências negativas ao nível da densidade populacional, da
Diagnóstico Social
166
ocupação do solo e da manutenção do território, poderá provocar problemas
ambientais com a degradação do património natural da região; o despovoamento
acarretará desiquilíbrios ao nível da ocupação do território, do planeamento e
ordenamento do território e das infra-estruturas, criando problemas sérios em
matéria de abastecimento público, no acesso a bens e serviços, compremetendo a
viabilidade das comunidades e das actividades por elas desenvolvidas; a
diminuição do potencial demográfico levará ao enfraquecimento da
representatividade e do peso reivindicativo dos actores locais.
Este cenário pressupõe, evidentemente, que as principais dinâmicas de
transformação social, económica e territorial verificadas nos últimos anos se irão
manter e que, por outro lado, a acção dos poderes públicos, centrais e locais, e dos
agentes privados, bem como as políticas e os instrumentos de desenvolvimento
local não sofrerão alterações significativas nos próximos anos.
Torna-se imperativo prosseguir uma actividade sistemática que torne atraentes as
condições de vida e de trabalho, a par de razoáveis perspectivas de futuro, aos
residentes do concelho ou a quem nele se queira radicar. Este desígnio requer
ainda o estreitamento dos laços locais, o reforço da integração social e a promoção
da identidade cultural. Tratam-se de componentes fundamentais da ancoragem das
pessoas a um território e da manutenção do apego daqueles que embora nele não
residindo a ele se sentem, de algum modo, vinculados.
Este cenário deve servir de quadro de referência para o concelho, devendo orientar
a estratégia a formular e os objectivos a atingir num Plano de Desenvolvimento. O
concelho tem que saber aproveitar os seus recursos e capacidades para enfrentar
o desafio do desenvolvimento.
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Educação/Formação
Forças
Concentração das escolas do 1.º Ciclo e de infra-estruturas de apoio;
Existência de todos os níveis de ensino, à excepção do superior;
Existência de ensino profissional; Criação da Carta Educativa do concelho
de Carrazeda de Ansiães; Associativismo.
Fraquezas
Abandono escolar/Desmotivação; Absentismo escolar; Visão negativa do ensino profissional; Dificuldade de inserção na vida activa; Falta de acompanhamento psico-
pedagógico dos alunos com problemas sócio-familiares e de insucesso escolar;
Falta de acompanhamento das situações de abandono escolar;
Elevada taxa de analfabetismo (nos escalões etários mais elevados);
Baixos níveis de escolaridade da população residente.
Oportunidades
Certificação e validação de competências;
Aumento da mão-de-obra qualificada; Aumento do n.º de quadros superiores; Implementação de projectos inovadores
e investimento na melhoria da qualidade de ensino/formação profissional.
Ameaças
Baixa qualificação escolar e profissional da mão-de-obra local;
Indefinição das políticas educativas; Mercado de trabalho débil - dificuldades
de inserção dos jovens na vida activa – desmotivação.
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Educação/Formação
Perspectiva Analítica
O Diagnóstico traçado na primeira parte deste documento dá-nos conta que o
concelho apresenta uma taxa de analfabetismo elevada, níveis de escolaridade
muito baixos na população residente, abandono precoce do sistema escolar por
parte dos jovens, a quem falta motivação. Por outro lado, assiste-se a uma
população activa com níveis de qualificação profissional muito baixos, num mundo
onde a aposta nos recursos humanos é essencial para inverter as tendências das
actividades económicas, cada vez mais orientadas pela excelência na qualidade.
Efectivamente, em praticamente todos os temas debatidos em grupos de trabalho a
educação/formação esteve presente. O factor educação é um indicador de
desenvolvimento social integrado, tendo um papel crucial enquanto mecanismo de
mudança e modernização em todos os sectores sociais e económicos.
Importa, por isso, inverter a situação presente, apostando numa escola mais
atractiva e mais eficiente, perceber as causas da falta de motivação dos jovens e
combatê-las, criar espaços de lazer e tempos livres criativos e construtivos,
trabalhar para uma melhor adequação entre a formação profissional e as
necessidades do mercado de trabalho, bem como promover a
articulação/coordenação entre as empresas, Centro de Emprego e Formação
Profissional e a escola.
Diagnóstico Social
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Considerações Finais
Toda a estratégia pressupõe um momento prévio de análise, de diagnóstico. Traçar
um caminho implica conhecê-lo e perceber as melhores alternativas a tomar.
O planeamento da intervenção para o desenvolvimento social depende do
conhecimento da realidade do concelho, e é justamente essa a função deste
Diagnóstico Social.
O trabalho desenvolvido ao longo destes meses permitiu identificar os principais
problemas presentes no concelho, os constrangimentos à mudança, as ameaças
que existem e as oportunidades e de desenvolvimento que temos ao dispor.
Este documento representa, assim, o ponto de partida para a elaboração de um
Plano de Desenvolvimento, que deverá ser amplamente participado e do qual
deverão resultar consensos entre as entidades e os agentes locais envolvidos
neste processo.
Efectivamente, a participação e a articulação são factores essenciais para a
viabilidade e efectividade de qualquer mudança que se proponha. Tratam-se de
condições fundamentais para se garantir a representação das diversas
sensibilidades face aos problemas e objectivos, bem como para assegurar a
afectação dos recursos essenciais para a efectivação da mudança.
Diagnóstico Social
170
Bibliografia
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Diagnóstico Social
171
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