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( Educacao) - Deficiencia Visual

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Educação Deficiencia Visual

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1 A DEFICINCIA VISUAL Objetivos Gerais Estetrabalhotemcomoobjetivoconceituaradeficinciavisual,bemcomodemonstrarseu processo histrico na humanidade e estatsticas sociais que envolvem a sociedade atualmente. Tambmdesumaimportnciaainformaosobreoprocessodeensinoaprendizagemno mbitoescolar,suasparticularidadesecuidadosnecessriosparaqueacrianadeficientevisual tenha as mesmas condies de desenvolvimento que uma criana vidente. Alm disso, abordaremos a legislao para deficientes, especificamente a lei que resguarda os deficientes visuais. O que deficincia visual? Ostermosdficitvisualvisosubnormal,baixaviso,visoresidualeoutros,referem-sea umareduodaacuidadevisualcentralouaumaperdasubtotaldocampovisual,devidaaum processo patolgico ocular ou cerebral (Faye, 1972). Assim,acrianacomdficitvisualentendidacomoaquelaquesofredeumaalterao permanentenosolhosounasviasdeconduodoimpulsovisual.Istocausaumadiminuioda capacidadedevisoqueconstituiumobstculoparaoseudesenvolvimentonormal,necessitando por isso de uma ateno particular para as suas necessidades especiais. A OMS considera que existe deficincia visual quando a acuidade Visual de ambos os olhos, com correo, igual a 0,3. A maioria dos pases considera cegueira quando a acuidade visual, com correo,igualouinferiora0,1,ouseexisteumareduodocampovisualinferioradezgraus. Abaixo deste nvel, muitos cegos possuem resduos visuais que lhes permitem, por exemplo, ler e escrever, geralmente com tinta. Parasituaroleitor,estabeleceremosdentrodadeficinciavisualdoisgrandesgrupos, atendendo a definies funcionais. Um deles, aquele que engloba indivduos comdeficincia visual, de viso subnormal, de baixa viso, com amblope (embora no na sua definio oftalmolgica), etc., compreende as pessoas que, apesar de uma reduo considervel da sua capacidade visual, possuem resduos que possibilitam ler e escrever com tinta, de forma habitual e, inclusive, obter xito total em determinadastarefasdavida.Osegundo,oqueenglobaoscegosouinvisuais,compreendeas pessoasquenotmnenhumresduovisualouque,tendo-o,apenaslhepossibilitaorientar-seem 2 direoluz,percebervolumes,coreselergrandesttulos,masnopermiteousohabitualda leitura/escrita, mesmo a negro. Caracterizao consideradocegoaquelequeapresentadesdeausnciatotaldevisoataperdada percepoluminosa.Namedicinaduasescalasoftalmolgicasestabelecemaexistnciadedois grupamentosdedeficientesvisuais:acuidadevisual(ouseja,aquiloqueseenxergaadeterminada distncia) e campo visual (a amplitude da rea alcanada pela viso). O termo cegueira no significa, necessariamente, total incapacidade para ver. Na verdade, sob cegueirapoderemosencontrarpessoascomvriosgrausdevisoresidual.Englobaprejuzosdessa aptido a nveis incapacitantes para o exerccio de tarefas rotineiras. Uma pessoa considerada cega se corresponde a um dos critrios seguintes: a viso corrigida do melhor dos seus olhos de 20/200 ou menos, isto , se ela pode ver a 20 ps (6 metros) o que uma pessoadevisonormalpodever a200ps (60metros),ouseodimetromaislargodo seucampo visualsubentendeumarconomaiorde20graus,aindaquesuaacuidadevisualnesseestreito campopossasersuperiora20/200.Essecampovisualrestritomuitasvezeschamado"visoem tnel"ou"empontadealfinete",e aessasdefinieschamam alguns"cegueiralegal"ou"cegueira econmica". Nesse contexto, caracteriza-se comoindivduo comviso subnormal aquele que possui acuidade visual de 6/60 e 18/60 (escala mtrica) e/ou um campo visual entre 20 e 50. Pedagogicamente,delimita-secomocegoaqueleque,mesmopossuindovisosubnormal, necessitadeinstruoemBraille(sistemadeescritaporpontosemrelevo)ecomopossuidorde visosubnormalaquelequeltiposimpressosampliadosoucomoauxliodepotentesrecursos pticos. Alguns Cegos Famosos Existemmuitaspessoascegasquesetornaramfamosas,graasasuasatividadespessoaise profissionais,suaarte,assuasobrasliterrias,oseucantoeemmuitasoutrasreas.Seriatarefa impossvel relacionar todaselas. Maso Centrode Referncias FASTERdesejadestacar umafigura brasileira que tem dado muito de si para a causa das pessoas cegas:DORINA NOWILL (Lder no Campo da Cegueira) Dorinaseunome.Peloanode1936,comapenas17anosdeidade,tomavachcom algumas colegas de escola, quando sentiu o impacto de uma "cortinade sangue" descendo pelos seus olhos.Determinadaqueeranodesistiudeestudare,apesardasmuitasdificuldades,acabou 3 formando-secomoprofessoraprimria.Segundosuasprpriaspalavras,"nessapocaoslivrosemBraille eram rarssimos, tanto que fui primeira aluna cega a matricular-se em curso para estudantes de viso normal. Formei-me professora e atravs de uma bolsa de estudos especializei-me nos EUA".Em1946,cercadadeamigosepessoasinteressadas,organizouaFundaoparaoLivrodo Cego no Brasil - hoje conhecida como Fundao Dorina Nowill para Cegos, com o objetivo principal deproduziredistribuirgratuitamentelivrosemBraille.Paratanto,recebeutambmoapoiodo governo e a ajuda financeira e tcnica da American Foundation for the Overseas Blind. HojeaFundaoDorinaNowillparaCegosdispedemodernaimprensaBraille,que distribuilivrosparacercade800escolas,paraentidadesdeatendimentoeparatrsmilcegos individuais. Livros em Braille so doados tambm a muitas bibliotecas municipais.Almdessetrabalhodevalorincalculvelparaoensinodaspessoascegas,aFundao mantmumprojetochamadoLivroFalado,ondevoluntriosgravamlivrosemfitascasseteeem CDs. Casada, me de cinco filhos, av de 12 netos, Dorina Nowill tem vencido barreiras incontveis. Ocupouimportantescargosemorganizaesinternacionaisdecegos.FoiinclusivePresidentedo ConselhoMundialparaoBem-EstardosCegos,hojeUnioMundialdosCegos.Um dia Dorina recebeu de rico Verssimo uma carta em que dizia: "Dorina, sua vida um romance que eu gostaria de ter escrito. Criaturas como voc - com seu esprito e sua coragem - constituem um enorme crdito para a raa humana". Ray Charles Ray Charles Robinson, considerado um dos maiores gnios da msica afro-americana, nasceu emAlbanynodia23deSetembrode1930,foiumpianista,cantordemsicasouleumdos principais responsveis pela introduo do ritmo gospel nas msicas de R&B. RayCharles,noeracegodenascena,asuavisocomeouadeteriorar-seapartirdos5 anosdeidade, ataos7 anos,onde aperdeucompletamente. Charlesnuncasoube aocertoacausa do seu problema, apesar de que h fontes que sugerem que a sua cegueira foi fruto de um glaucoma, outrasadiantamqueRaycomeouaperderavisodevidoaumainfecocausadapelaguacom sabo, que no foi devidamente tratada e evoluiu. Ele freqentou a Escola para Cegos e Surdos de St Augustine, na Flrida. Enquanto l esteve, aprendeuaescrevermsicaeatocarvriosinstrumentosmusicais,ondedesenvolveuoseudom, peloqualaindahojeconhecidoerelembrado.Naescolaapenasaprendeumsicaclssica,mas queria tocar aquela msica que na altura ouvia no rdio, jazz e blues. Depois da morte dos seus pais, Raynovoltouescola,mudando-separaJacksonville,ondeduranteumanotocoucomoutras 4 bandas no Ritz Theatre, ganhando 4$ por noite. Mudou-se ento para Orlando e depois para Tampa, onde comeou a tocar com uma banda chamada de Flrida Playboys, foi nessa altura que comeou a ganhar a sua reputao de tocar com culos de sol. A Histria da Deficincia Ahistriadadeficinciavisualnahumanidadecomumatodosos tiposdedeficincia. Sendoqueosconceitosforamevoluindoconformeascrenas,valoresculturais,concepesde homem e transformaes sociais que ocorreram nos diferentes momentos histricos.Na antiguidade, aspessoascomdeficinciamental,fsicaesensorialeramapresentadascomoaleijados,mal constitudas,dbeis,anormaisoudeformadas.Percebemosento,comodegeneraodaraa humana, que essas pessoas eram abandonadas ou eliminadas. J na Idade Mdia, com o apogeu do cristianismo, as pessoas deficientes passam a ser alvo de proteo, caridadee compaixo aomesmo tempo emque se justifica a deficincia pela angstia dos pecadosoucomopassaporteindispensvelnoreinodoscus.Surgemassim,asprimeiras instituiesasilaresouconfinamentos (conventos,hospcios)tinhamamissodedarassistnciae proteo s pessoas deficientes. O sculo XV foi de horror para os deficientes e seus familiares, pois a Igreja de forma radical impeasentenademortepormeiodeapedrejamento,castraooufogueiraaospecadorese possudos por espritos malignos, entre eles os deficientes e bruxos. A partir do sculo XVII, a sorte dos deficientes comea mudar, com as grandes navegaes e descobertasdeoutroscontinentes,quecontriburamparaodesenvolvimentodacincia,da tecnologia,damedicinaedaeducao.Assim,nosculoXVII,mdicosepedagogoscomeama planejaraeducaodepessoascomdeficincia,desafiandoosconceitosvigentesnapoca, acreditando nas possibilidades desses indivduos at ento considerados ineducveis. No sculo XIX, surgiu a idia de capitalismo mercantil e de diviso social do trabalho, onde o ensinoespecialcriouomodelodeparadigmadainstitucionalizaodoindivduocomvnculo permanente, passando a pensar nessas pessoas, com certa ateno, pois so segregadas ou separadas dasdemaispessoastidascomonormais.Surgemento,instituiesespeciaisparaabrigartais pessoas,queprecisavamsegundooentendimentodapoca,sereducadasforadocontextosocial, poisasociedadeseencontravaextremamentedistantedeaceitaressaspessoasemseuspadresde humanidade.AidiadesegregaoperdurouatmeadosdosculoXX,quandoocorremgrandes discusses referentes definio de respeito aos direitos humanos. 5 Nesta mesma poca prolifera na Europa e nos Estados Unidos, escola com a mesma proposta educacional, sendoqueumnovo sistemacomcaracteresem relevoparaescritaeleituradecegos desenvolvidoporLouisBraille.Assim,oprocessodeensino-aprendizagemdaspessoascegas deslancha, possibilitando-lhes maior participao social. OsculoXXcaracterizou-sepeloinciodaobrigatoriedadeeexpansodaescolarizao bsica,detectando-sequenumerososalunos,sobretudoosqueapresentavamdeficincias,tinham dificuldadesemseguiroritmonormaldaclasseeconseguirumrendimentoigualaorestantedas crianasdesuaidade.entoqueseaplicaadivisodotrabalhoeducaoenascemespaos diferentes paraeducar, comdiversos segmentos da sociedade como educao, esporte e lazer, numa prtica denominada Integrao. Devidolutademovimentossociais,osdeficientesvisuaiscomeamaserincludosna sociedade. A humanidade vivencia um perodo de conscientizao das diferenas, entretanto, mesmo com tantas polticas pblicas de incluso a populao que tem problemas visuais temdificuldade de serinseridanessecontexto. Issoporqueoprocessodeurbanizaodosgrandesepequenoscentros, no idealizado com o objetivo de reduzir as diferenas existentes. Aolongodahistriadahumanidade,observa-sequemuitascondiessociaistmsido consideradascomodeficientes,refletindo,normalmenteestefatoumjulgamentosocial,quevai requintandoesofisticandoamedidaqueassociedadesvosedesenvolvendo tecnologicamentee cientificamente, em funo de valores, crenas e atitudes. Causas da deficincia visual Ascausasdadeficinciavisualpodemsercongnitas,adquiridas,infecciosas,nutriciionais ou traumticas freqentes so: Durante a gravidez: yToxoplasmose; yCatarata congnita; yGlaucoma congnito; yAlbinismo. Fatores durante o nascimento: yPrematuridade; 6 yIctercia. Fatores aps o nascimento: yCatarata congnita (de nascena) ou adquirida; yGlaucoma congnito ou adquirido; yAcidentes; yOxigenoterapia (no controlada); ySenilidade; yDesnutrio; yAlteraes retinianas relacionadas hipertenso arterial ou diabetes. Segundoestudodesenvolvidoentre1996e1997comtrsinstituies,duasdeSalvadoreumade SoPaulo,totalizando174crianascegas,foiconstatadoqueoglaucoma,aretinopatiada prematuridade e a rubola foram as causas previnveis ou tratveis mais freqentes da cegueira. Outroaspectofortementerelacionadocegueiracaudapordoenasestrelacionadoaofator econmico e ao acesso s melhores condies de vida: Enquanto nos pases desenvolvido o que mais causaacegueiraaquestohereditria.Jnospasesemdesenvolvimentosoasquestesdas doenas que podero ocasionar a cegueira. Diantedestesdadospode-seafirmarque a aopreventivado sistemade sadefundamentalpara que a cegueira secundariamente. Curiosidades ou caractersticas da existncia da Deficincia Visual Cerca de 20% das crianas do ensino fundamental apresentam algum tipo de problema visual. Osprofessores podemcolaborar,observando,emseusalunos,comportamentosquepossamindicar dificuldades visuais e aplicando testes de avaliao da viso;Acrianacegaoucombaixavisodevefreqentarclassecomum,poisraciocinacomo qualquercriana.Ousodoculosimportanteparaqueacriananoperca avisonofuturo,por isso devemos observar quando a criana: yReclamadedordecabeaoulacrimejandoduranteouapsesforovisual(naescola,TV, leitura); yAperta ou arregala os olhos para ver melhor;7 yAproxima-se da TV ou do livro para ler; yEvita brincadeiras ao ar livre; yApresenta desinteresse na leitura; yIrritaes constantes nos olhos; yPisca muito; yAproximao do papel junto ao rosto quando escrevem ou lem; yMovimenta a cabea de maneira descompensada para ler ou escreve, como se procurasse um melhor ngulo para enxergar; yModificaes fsicas na rea dos olhos (pupilas brancas, vesguice, etc.); yDificuldade em realizar atividades que exijam coordenao olho/mo (voso-motora); yEvita, com freqncia, brincadeiras ao ar livre, interferindo nos aspectos scio-interacionais; yApresenta desinteresse em atividades grficas. Estatsticas sobre a Deficincia Visual - Segundo Censo Demogrfico 2000-IBGE yMaisde314milhesdepessoasemtodoomundosofremdedeficinciasvisuais,sendo46 milhes delas cegas.yNo Brasil, 80% das pessoas portadoras de deficincia visual possuem baixo poder aquisitivo. yOCenso2000contabilizou148milcegosnoBrasil,57milapenasnoNordeste.ABahia, com15,4milpessoas,osegundoestadobrasileirocommaiornmerodedeficientes visuais. Perde apenas para So Paulo, onde vivem 23,9 mil cegos. yNo Brasil, a falta de dadosestatsticos e confiveis dificulta a avaliao real da extenso dos problemas visuais da nossa populao As implicaes da deficincia visual no processo de desenvolvimento e aprendizagem Crianascomdeficinciavisual,quedesdeosprimeirosmesesdevidativerema oportunidadedeparticiparemdeprogramasque as auxiliemnoprocessodesociabilizao,queno foramsuperprotegidasequevivenciaramsuasaespedaggicas,teroumdesenvolvimento praticamentesemelhanteaodasdemaiscrianas.Assim,paraqueelasnoapresentemdefasagens importantesnoprocessodedesenvolvimentoeaprendizagemesigamevoluindosuashabilidadese 8 competnciascomoosdemaisalunosdapr-escola,primordialcompreenderoqueadeficincia visual tem de caractersticas nesse nvel de desenvolvimento. Aconstruodalinguagemdeterminadapelamaturaobiolgicadoserhumanoeda qualidade da mediao das relaes e interaes com o meio em que vive. Para Piaget, a linguagem a construo do sistema de significao, que depende da possibilidade que a criana tem de interagir compessoaseobjetos,almdeagir,deperceberecoordenarsuasaesnotempo-espao, compreendendo sua causalidade e, principalmente, a qualidade da interao e solicitao do meio. So as experincias significativas, contextualizadas, vividas e internalizadas pela criana que formamaimagemmental.Alinguagemsurgequandoacrianarepresentaporimagemaquiloque vivenciou, organizou e estruturou no perodo sensrio-motor. Acrianaqueenxergarealizaessadiferenciaopelaobservaovisual,estabelecendo relaesautomticasentreoqueouveev.Acrianacomdeficinciavisualnecessitatocaroque ouve, agir e fazer coisas junto, compreender como as pessoas agem, para poder identificar, perceber e assim poder imitar. Assim, necessita de pessoas disponveis em casa e na escola para, inicialmente, dar sentido a suas percepes e aes.Ortega (1994) diz que a criana comdeficincia visual tem prejuzoem relao linguagem pr-verbal em situaes que a linguagem visual e a linguagem corporal so elementos determinantes da comunicao. Assim, com relao imitao verbal e respostas s indicaes verbais, as crianas com deficincia visual no se diferenciam das crianas videntes. Comoavisoumsentidointegradorprimrio,suaausncianoofereceumapercepoe informaoglobalizada,responsvelpelafunodesntesenaorganizaodasexperinciasena formao das imagens. Assim, Fraiberg (1982) afirma que a criana cega internaliza posteriormente opronomeeu,vistoqueaauto-refernciaestligadaadificuldadedediferenciar-sedeterceiros para a formao da auto-imagem e auto-representao.Paiseeducadoresdevematentar-separaaformadecomunicaoeexpressodascrianas comdeficinciavisualqueutilizamocorpo,comoseestefalasse. Paraisso,utilizama agitaode braos,cabea,tronco,psemos.Essesmovimentospodemserutilizadosatmaistarde,mesmo aps a criana ter o domnio sobre a linguagem verbal. Aformacomoacrianaexplora,manipula,tateia,fazorastreamentottildosobjetos, comunicaseuinteresse,ateno,prazer,formadediscriminao,compreensoesignificadodos objetos, movimenta o corpo e as mos precisa ser contextualizada pela interao, pela comunicao e pelo brincar. O brincar muito importante nessa fase. Wallon (1989) diz que o brincar, o brinquedo e 9 abrincadeiraprimordialparaaorganizaopsquicaeparaodesenvolvimentocognitivodas crianas, pois o crebro se forma na ao contnua mediante a atividade ldica do beb ou da criana, de acordo com o meio em que vive. Assim, a criana com deficincia visual precisa estar tambm em contato com o ldico e sempre com o auxlio, no sentido de estimulao do professor, dos pais e dos colegas. Isso a ajudar a ter movimentos com segurana e independncia. As crianas com deficincia visual, algumas vezes, fazem uso do verbalismo em sua forma de comunicao, ou seja, utilizam de palavras abstratas, termos rebuscados que no possuem sentido ou conceitoreal.Istoporqueacrianapodeconfundirocontextodeumadeterminadapalavracom relaoaoseusignificado.Exemplo:saberquemoranumacasaeaconfundircomumalojapor causadasparedes.Paraevitaroverbalismo,importantequeacrianasejainformada constantemente sobre onde est, o que h ao seu redor, estimular que pea ajuda e faa perguntas. Assim,acrianacomdeficinciavisualdeveexploraromeio,utilizandodetodososseus sentidosdeformaintegrada,elaborarsignificados,atribuirsentidoseestarsempreemmovimento. Precisacoordenarseuesquemasensrio-motor,rastreandotatilmenteeintegrandoosdemais sentidos. As informaes tteis so fornecidas pela mo, por toda a pele, pela vibrao e a preenso do meio. O desenvolvimento ttil-cinestsico faz com que a criana mantenha se antene para diferenciar diferentesobjetose reconhec-los.Elepermitecomqueelaperceba as relaesdocorpoeposio noespao,movendo-secomseguranaeequilbrio.Atravsdessemovimento,htambma formao da imagem corporal, onde a criana com deficincia visual ter a oportunidade de conhecer seu prprio corpo e o do outro, tocando-se e sendo tocada. Isso a auxiliar a diferenciar-se, formar a conscinciadesiedooutronomundo,almdaformaodeconceitoseconstruodeseu conhecimentocomoumtodo.Aformaodeconceitosenvolveacapacidadedeperceber, discriminareobservarsemelhanasediferenas,reconheceronomeeafuno.Elasedatravs, noapenasdomovimentottil,mastambmcomoconjuntointeirodesensaes(audio,olfato, paladar e tato).Aaudioocanalquedesempenhaumpapelimportantssimonacomunicao, aprendizagem, aquisio de conhecimento e participao social. Porm, no quer dizer que a criana com deficincia visual desenvolva mais o sentido auditivo do que as outras crianas. Na verdade, ele osentidodeapoiodaspessoascegas,poisasomadediferentessonsauxiliaadecodificaodo ambiente,aorientaonoespaoeatuaoindependente.essencialqueasaladeaulanotenha rudos e sons desnecessrios para que a criana no se confunda no processo de aprendizagem. 10 Oolfatoeopaladarsoreceptoresetradutoresdosestmulosdenaturezaqumica.O primeiro tem a funo de antecipar, sinalizar e orientar a pessoa deficiente visual no ambiente.Algumascrianascomdeficinciavisualpodemterdificuldadescomrelaoaotnusmuscular baixoeequilbrio.Issopodeprejudicaroplanejamentodaaomotora.Osprofessoreseospais devemestimul-lasarealizaratividadesfsicasqueativamolabirintoefortaleamamusculatura, comosubir,correr,pular,escorregar,darcambalhotas,escalar,etc.Porque,elaspreferembrincar passivamente e sentadas. importante salientar que o planejamento escolar deve considerar a estrutura fsica que no devecontarriscosesimserdesafiadora,conterdiversostiposdeelementos,objetos,materiaise situaesnovasparaque acrianaconsiga assimilare relacionarosconceitosmediante suaprpria experincia,adquirindoeorganizandosuasnoesdetempoeespao,experinciassensoriaise percepo de sons para que ela possa adquirir autonomia. A criana, alm de saber onde est e como estrodeada,tambmnecessitaviveraaodoseuprpriocorpocomtodosossentidosdeforma integrada para poder formar seus conceitos.Todaumaestruturafsicadeveserrevistapelaescola:aadaptaoderampas,banheiros, corrimoeiluminaoecontrastesquesigamasnormastcnicasuniversaisdeacessibilidade.No parquinhodevemsereliminadososobstculos areos,brinquedosdeestruturaduraoucortanteque possam machucar a criana em movimento.Faz-se necessria tambm, a sinalizao do ambiente por diferenciao de piso, comunicao verbalparasinalizaesemparque,ambienteaberto,elevadoresecomunicao braileemportase corredores.Porisso,seutempodeaprendizadomaiorqueodeumacrianavidente,afinala prioridadeaexperincia,ainvestigao, a relaoentreosbrinquedose asbrincadeiras,osjogos corporais e pedaggicos, alm da organizao de atividades dirias e a leitura de histrias infantis. Na educao infantil, a criana ter acesso ao espao ldico de literatura e arte. importante apermannciadacrianacomdeficinciavisualnaescolaporqueelaprecisainteragircomas demaiscrianasafimdeobservarcomoelasassimilamoreal.Jogoscomoosdeconstruo, elaborao de materiais com argila, massinha, pintura e desenhos em relevo permitiro que a criana deficiente visual perceba, compreenda, aprecie e utilize novas linguagens representativas. Atmesmoojogodecoresimportanteparaoconhecimentodacrianacomdeficincia visual,pois,emboraelanoasvisualize,precisartercinciadoquesocoresparapoderagradar algum de acordo com a preferncia dessa pessoa, por exemplo. 11 A criana com deficincia visual interessa-se por brincadeiras de faz de conta que so, muitas vezes,distintasdecrianasquenopossuemesse tipodedeficincia. Paraela,nointeressanteo estmulousadoatravsdovisual.Porisso,necessriocuidadoeatenonaescoladejogos simblicos.Elasgostamdebrincadeirasdedublagensdevoz,adivinhaesdesonsoudeobjetos atravs do tato, atividades mais passivas que permitam o controle da ao, etc.Ojogosimblicopodeiniciar-seporatividadesfsicasqueaauxiliaromuitoemsua montagemdemundo:comer,dormir, sermame, serpapai,cuidarda filhinha,fazercarinhos. Para depoisevoluirparabrincadeirasmaiselaboradas, de acordocoma interaoqueessacriana tenha comomeioemquevive.Lembrandoqueojogosimblicoessencialparaodesenvolvimento cognitivoeafetivodetodasascrianas.Nacrianacomdeficinciavisual,elepoderativara organizaodaspercepeseemoes,exercitarseupensamentopr-lgico,comunicar-nossua compreensodomeio,seussentimentos,desejos,fantasiaseaprenderalidarcomsuasemoese afeto. Louis Braille, um jovem cego, tornou possvel o acesso leitura por um sistema universal de leitura ttile escrita, chamado de braile. Esse sistema foi inventado por ele na Frana em 1825. Sua inspirao foi num sistema de comunicao de mensagens escritas durante noite nos acampamentos de guerra, o qual possua uma combinao de doze pontos denominado de comunicao Barbier. Braille reduziu seu sistema para seis pontos em relevo, colocados verticalmente no espao em duas colunas de trs pontos, onde os seis pontos formam sessenta e trs combinaes diferentes, que representamasletrasdoalfabeto,asvogaisacentuadas,ossinaisde pontuao,osnumerais,os smbolos matemticos, qumicos e as notas musicais. A leitura do braile feita da esquerda para a direita, com o movimento contnuo das mos e a habilidade ttil desenvolvida na ponta dos dedos, com leve presso. Algumas crianas, inicialmente, utilizam de sua lateralidade para a leitura, atravs da polpa do indicador da mo direita ou esquerda, conforme sua preferncia. Algumas pessoas utilizam as duasmos para leitura, outras o dedomdio ou anular, substituindo o indicador. Na escrita, o primeiro instrumento utilizado por pessoas com deficincia visual a reglete e o puno (espcie de lpis) para escrever o braile. Esse material tem a desvantagem de ser muito lento emvirtudedaperfuraodecadapontoedeexigirtimacoordenaomotora,queumacriana ainda pequena naturalmente no dispe. 12 Aformamaisrpida,prticaefcilamquinadedatilografiabraile,queconstituda basicamente por seis teclas: trs teclas do lado direito e trs do lado esquerdo.O toque simultneo das teclas produz a combinao dos pontos em relevo, correspondendo ao smbolo elaborado. Crianascombaixavisononecessitamdeadaptaessignificativasnocurrculo,mas precisamqueoscontedossejam tratadosdeformaqueelaspossamparticipar ativamentedetodas asatividadesetarefasdesenvolvidaspelosdemaisalunos.Nogeral,oprofessordevesaberoque essa criana consegue ver, de que distncia, qual o tamanho de letras, figuras, o tipo de contraste que facilite sua visualizao e discriminao do material.Aoelaborarestratgiasdeadaptaodosobjetivos,da atividadeedomaterialdeformaque sirvaparatodos,oprofessorestarnaturalmenteincluindooalunodebaixavisonoprocesso pedaggico.Podeserpormeiodojogodeamarelinha,comotraadomaislargoecombastante contraste, por exemplo. At mesmo as crianas cegas podero jog-lo, desde que as bordas sejam em relevoehajadadosonoro.Jogoscombolasdealtocontrasteeguizotambmdarocondiesde igualdade s crianas. Oslivros tambmpodemserfacilmente adaptados. Para crianascombaixaviso,oslivros disponveisnomercadoquecontenhamqualidadedecontrastepodemserutilizados,almdelupas demesa ou de copo para compreenso das letras e pesquisa dos detalhes. Livros sensoriais tambm soexcelentesparaumafcilinterpretaoevisualizao,almdeestimularassensaes.Eles podem ser confeccionados em casa tambm com sucatas, tintas plsticas, gros, areia, pedrinhas, etc. Para a crianadeficiente, almdosexemploscitadosacima referenteaoslivrossensoriais, deextremaimportnciaqueoprofessorouquemestiverlendoolivroparaacriana,descrevaa imagem para que o aluno possa estabelecer relaes a partir das suas prprias experincias.Comoascrianascomdeficinciavisual temmenosoportunidadequeasoutrascrianasde desenvolveremnaturalmenteasnoesdequantidade,nmeroegeometria,precisamdemais oportunidades para explorar materiais concretos. O sorob um instrumento atualmente muito usado no Japo, Rssia e China em todo mbito escolar. No Brasil seu uso limitou-se na linha de educao escolar. Quando ele adaptado aos alunos comdeficinciavisual,contmcincopontasporeixoeborrachacompressorapara queascontas fiquem fixas, condicionando uma fcil leitura. Outrosrecursosmaisutilizadossoosjogosdepercurso,trilha,dama,dados,domins, bingos,quesoadaptados.Osjogosemateriaisdestinadosaconstrues,seriaes,classificaes, estabelecimentosderelaes,levantamentodehipteseseraciocniolgicocomo:blocoslgicos, 13 materialdourado,cuisinaire,tangram,bacoeoutrosadaptadosparacrianascegaspoderoser utilizados com sucesso por todas as crianas. Umagrandedesvantagemqueacegueiraacarretacomrelaoscrianasvidentes,a inacessibilidadedeumambientealfabetizador,quecontmimagens,smbolos,letrasenmeros.A crianavidente,desdequenasce,possuicontatocomessemundo.Porisso,precisa,omaiscedopossvel,teracessoaessemundoparadespertarsuacuriosidadettil.Paraisso,precisamde condiesfacilitadorascomo:seusbrinquedos,objetosdeusopessoalepertencesdevemser etiquetadoscomsmbolosemrelevoeembraile.Naescola,osmurais,osquadrosdeavisos,os calendrios, as agendas devem tambm estar em relevo e em braile. Ocontroledoambiente,organizaoeorientaodoespaopossuemrelaodiretacomo processo de desenvolvimento e aprendizagem que a grande limitao da deficincia visual impe. As crianas necessitam de auxlio, pontos de referncia, definies, descries e orientaes para poder moverem-se com autonomia no espao. Umaeducao consistente, qualitativa e uma aprendizagem significativa devem considerar a importnciadaintegraosensoriale,somenteporessecaminhoprprio,queacrianacega poderconheceromundo,elaborarnoeseconceitose,principalmente,obterodesenvolvimento da autonomia e independncia. Aspectos legais em defesa da pessoa cega enquanto cidad NaconstituiofederaldoBrasilde1988,foramcriadasvariasnormasdeproteoas pessoas portadoras de deficincia, citaremos algumas delas: - Proibio de qualquer discriminao referente a emprego ou salrio. -Secriouumpercentualdevagasdeempregospblicosdirecionadoespecificamenteaos portadores de deficincia.. -Ahabilitaoereabilitaodaspessoasportadorasdedeficinciaeapromoodesua integrao a vida comunitria. - A igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola. - A igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola. - Ao atendimento educacional especializado aos portadores de deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino. 14 Acriaodeprogramasdeprevenoeatendimentoespecializadoparaportadoresde deficinciafsica,sensorialoumental,bemcomodeintegraosocialdoadolescenteportadorde deficincia,medianteotreinamentoparaotrabalhoeaconvivncia,eafacilitaodoacessoaos bens e servios coletivos, com a eliminao de preconceitos. Osprincpiosgeraisdaconstituiofederalsodisciplinadosemdiversasleisedecretos como(ECA)EstatutodaCrianaedoAdolescentecriadoem1990.A(LDB)queaLeide DiretrizeseBasesdaEducaoNacionalcriadaem1996,eodecreto3298criadoem1999onde regulamentaaleinumero7853de1989,dispondosobreapolticanacionalparaaIntegraoda Pessoa Portadora de Deficincia. Noqueserefereaoaspectoslegaispessoacega,nohnoBrasilumalei especificaque trate esta problemtica, mas o que se tem o Decreto lei n 3.298/99 que engloba todos as diferenas emumpatamarapenas,nolevandoemconsideraoasreaisespecificidadesquecadapessoaou grupo possa ter. Segundo a lei n 3.298/99 em seu artigo 3 considera que: I.Deficincia todaperdaouanormalidadedeumaestruturaoufuno psicolgica,fisiologiaouanatmicaquegereincapacidadeparaodesempenhode atividade, dentro do padro considerado normal para o ser humano; II.Deficincia permanente aquela queocorreu ou seestabilizou durante um perodo de tempo suficiente para no permitir recuperao ou ter probabilidade de que se altere, apesar dos novos tramentos; III.Incapacidade umareduoefetivaeacentuadadacapacidadedeintegraosocial, comnecessidade deequipamentos, adaptaes,meios u recursos especiais para que a pessoaportadoradedeficinciapossareceberoutransmitirinformaesnecessrias ao seu bem-estar pessoas e ao desempenho de funo ou atividade a ser exercida. Jnombitoeducacional,asnormasconstantesnaseoIIdoCaptuloVIIdestedecreto estabelece que: yOatendimentocrianacomdeficinciaobrigatrionoscursosregularesde estabelecimentos pblicos e particulares; 15 yOoferecimentodevagasparacrianacomdeficincia deve abranger todas asetapas doprocessodeescolarizao,desdeaeducaoprecoceatoensinomdio,a educao supletiva e a que visa a formao profissional; yAcrianacomdeficinciadeveterasseguradostodososbenefciosrecebidospelos demais alunos; yDevesergarantidaaincluso,nosistemaeducacional,daeducaoespecial,aser oferecidapreferencialmentenarederegulardeensinoparaoeducandocom necessidades educacionais especiais, dentre eles o aluno com deficincia; yAeducaoespecialdeveserflexvel,dinmicaeindividualizada,comaadaptao necessria de currculos, metodologias e procedimentos de avaliao; yOalunocomdeficinciadeverteracessohabilitaoprofissionalquelhe proporcione oportunidades de acesso ao mercado de trabalho; yA educao especial oferecida na rede regular de ensino dever contar com programas de apoio multiprofissional. Comoditoanteriormente,oDecreton3.298/99notrataclaramentesobreosdiversosgruposde diferenas,deixandodessamaneiraumalacunaabertaparainterpretaesquepodero ocasionar grandes equvocos. A LDBEN 9.394/96em seu Capitulo V trata sobre a educao especial (artigos 58,59 e 60), no qual a educao especial dever do Estado a partir da educao infantil. A lei prev a integrao dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) rede regular deensino,garantidapormeiodeapoiodeserviosespecializados,bemcomoorespeitoaritmose habilidades diferentes, por meio de currculos e tcnicas para atender s necessidades do aluno. Ao compara o Decreto n 3.298/99 e a LDBEN 9.394/96 no que se trata da educao e a incluso da pessoacomdeficincia,ambassogenricasenoavanaramnosentidopedaggicoelegalno mbitodadefesaegarantidadosdireitosdapessoadiferentequantosquestesdeseusdireitos enquantocidado,delegandoaesdesarticuladaseindividuaisdosEstadoseMuncipiosquantoa garantia ou no ao acesso aos direitos e deveresea necessidade reelaboarao das leis vigentes para que de fato a incluso ocorra. Referncias bibliogrficas: BARUERI.SecretriadoensinofundamentalDADEDepartamentodeapoioao desenvolvimento educacional. Apoio educao inclusiva. Barueri, 2003. 16 VYGOTSKY, L. S.A formao social da mente.So Paulo: Martins Fontes, 1989. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/txt/deficienciavisual.txt UNICEF - Manual: Aprendendo e ensinando a lidar com deficincias na comunidade