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SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E DA ADMINISTRACÃO r::r:::r:J FUNPACÃO DE ECONOMIA E ESTATfsTICA I n'.' Siegfried Emanuel HeuMr . ESTUDO SOBRE A .INDÚSTRIA DE INF RM ,. MATICA DO RIO GRANDE DO SUL: AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Daisy Dias Schralnm Zeni PORTOAL~GRE, $~TEMBRO DE 1993

ESTUDO SOBRE A .INDÚSTRIA DE INF RM MATICAcdn.fee.tche.br/digitalizacao/estudo-sobre-industria-informatica... · INTRODUÇÃO . 1-HISTÓRICO . 2 - ... Recursos humanos na automação

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SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E DA ADMINISTRACÃO

r::r:::r:J FUNPACÃO DE ECONOMIA E ESTATfsTICA

In'.' Siegfried Emanuel HeuMr

. ESTUDO SOBREA .INDÚSTRIA DE

INF RM,.MATICA

DO RIO GRANDE DO SUL:AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Daisy Dias Schralnm Zeni

PORTOAL~GRE, $~TEMBRO DE 1993

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GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SULAlceu Collares

Governador

SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E DA ADMINISTRAÇÃOWalter Meucei Nique

Secretário

I :::J :::J :::J FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATISTICA

n, , Siegfried Emanuel Heuser

CONSE LHO DE PLANEJAMENTO; Presiden ta: Dilma Vana Rousseff', Membros: Hélio Henkin,Gervásio Rodrigo Neves, Manoel Luzardo de Almeida, Achyles Barcelos da Costa, Nery SantosFilho.

CONSELHO CURADOR; Dante Carlos Schuch, Dora Elisabeth Saikoski Miorando e JoséCarlos Machado Baialardy.

PRESIDENTA:Dilma Vana Rousseff

DIRETOR T~CNICO:Octavio Augusto Camargo Conceição

DIRETORA ADMINISTRATIVA:Moema Kray

CENTRO DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAISMarinês Zandavali Grando

CENTRO DE CONTABILIDADE SOCIAL E INDICADORESAdalberto Alves Maia Neto

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃOMarilene Brunel Ludwig

CENTRO DE PROCESSAMENTO DE DADOSJúlio Cesar Berleze

CENTRO DE EDITORAÇÃOElisabeth Kurtz Marques

CENTRO DE RECURSOSSelmar Afonso Hertzberg

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SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E DA ADMINISTRAÇÃO

r:::r::r::J FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATfSTICA

In.'.' Siegfried Emanuel Heuser

ESTUDO SOBREA INDÚSTRIA DE

INFORM,MATICADO RIO GRANDE DO SUL:AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Daisy Dias Schralnm Zeni

PORTO ALEGRE, SETEMBRO DE 1993

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Zeni, Daisy Dias Schramm, 1930 -Estudo sobre a indústria de informática do Rio Grande do Sul :

automação industrial I Daisy Dias Schramm Zeni. - Porto Alegre :Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser. 1983. -IOOp.

1. Indústria eletrônica - Rio Grande do Sul. 2. Informática. 3. Mi-croeletrônica - Indústria - Rio Grande do Sul. I. Título.

CDU 681.3: 67 (816.5)

Catalogação na publicação: Ivete Lopes FigueiróCRB - 509

Tiragem: 600 exemplares

Toda a correspondência para esta publicação deverá ser endereçada à:

FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTAT(STICA Siegfried Emanuel HeuserRua Duque de Caxias, 1691 - Porto Alegre - RSCEP 90.010-283 - Fone: (051) 225-9455

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AGRADECIMENTOS

A autora agradece à Fundação de Amparo àPesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS)pelo financiamento para a reali zação deste estudo.

Igualmente estende seus agradecimentos aoscolegas C/arisse Chiapini Castilhos, Guilherme G. deF. Xavier Sobrinho, Maria Lucrécia Calandro, RaulLuis Assumpção Bastos e Ricardo Brinco, quegentilmente leram e fizeram sugestões à versão pre-liminar do texto. Os erros que porventura tenham per-manecido são de exclusiva responsabilidade da autora.

Expressa também o seu reconhecimento àSusane Haas, colega com quem compartilhou apesquisa de campo, pelo incentivo e companheirismo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .

1 - HISTÓRICO .

2 - CLASSIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE AUTOMAÇÃOINDUSTRIAL .2.1 -Automação de manufatura .2.2 - O segmento de controle de processos .

3 - OBJETIVOS E BENEFÍCIOS DA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

4 - PANORAMA INTERNACIONAL .4.1 - Principais usuários .4.2 - Os novos modelos de organização da produção .4.3 -Políticas nacionais de desenvolvimento da automação industrial

5 - PANORAMAS NACIONAL E GAÚCHO .5.1 - Resumo histórico .5.2 - Estrutura da indústria de automação industrial no Brasil e no

Rio Grande do Sul .5.3 - A composição dos custos de produção .5.4 - O mercado de matérias-primas e de componentes .5.5 - Recursos humanos na automação industrial .5.6 - Automação industrial: nível tecnológico .

6 - INFLuENCIA DA POLÍTICA NACIONAL DE INFORMÁTICA

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .

ANEXOS .Anexo 1 - Principais tipos de robôs industriais .Anexo 2 - Principais tipos de sensores utilizados em equipamentos

de automação industrial .Anexo 3 - Tipos de ploters utilizados em equipamentos de automa-

ção industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .....Anexo 4 - Relação das empresas produtoras de equipamentos para

automação industrial, por tipo de equipamentos e localiza-ção, no Brasil .

Anexo 5 - Alíquotas do Imposto de Importação incidentes sobreequipamentos de automação industrial no Brasil .

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Anexo 6 - Número de unidades, valor líquido e preço médio dacomercialização dos equipamentos de automação indus-trial no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

Anexo 7 - Avaliações sobre a decisão de investir em um sistema defabricação flexível 95

Anexo 8 - Empresas entrevistadas do segmento de automação indus-trial no Rio Grande do Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

BIBLIOGRAFIA 97

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INTRODUÇÃO

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Entre as atividades favorecidas pelo desenvolvimento da tecnologiamicroeletrônica, a partir do final da Segunda Guerra Mundial, encontram-se as dosegmento de automação industrial. De fato, foi a criação dos microprocessadorese dos circuitos integrados de mem6ria e seus contínuos aperfeiçoamentos quepermitiram a programação e a acionamento dos vários equipamentos produzidospor essa indústria, bem como sua integração nos mais diversos tipos de plantasindustriais.

Em decorrência da nova base técnica, foi possível desenvolver uma novaconcepção de máquina, com amplos e precisos movimentos. E a miniaturizaçãodos componentes, por sua vez, propiciou que os novos bens de capital adquirissemsignificativa flexibilidade. Em conseqüência, houve uma verdadeira revoluçãotanto no processo quanto na organização da produção, assim como na qualidadee na variedade dos produtos.

As mudanças que ocorreram no setor industrial extinguiram grande partedas "barreiras à entrada", tornando ultrapassado o conceito de "economias deescala" e de volume ótimo dos lotes a produzir. Também a automação digital fezdiminuir os custos em todas as etapas de fabricação, incluindo insumos, matérias--primas, mão-de-obra, etc., e determinou o obsoletismo dos processos rígidos deprodução, relegando ao passado o operário" apertadorde parafusos", substituindo-opelo operário poli valente.

Outra conseqüência dessas transformações no setor industrial foi ogrande aumento de produtividade registrado nas denominadas "indústriasflexíveis" .

Porém nem tudo é positivo no atual processo por que passa a economiamundial. A face negativa dessa transformação evidencia-se no aumentosignificativo do desemprego no setor industrial. A nova planta automatizada édiferente da planta anterior, de fabricação em massa, intensiva tanto em capitalcomo em mão-de-obra. Nessa nova planta, s6 há lugar para as máquinas e para umnúmero reduzido de operários com alta qualificação técnica.

Apesar desse aspecto restritivo ao emprego proporcionado pelaautomação de base microeletrónica, o processo de transformação do setor indus-trial em âmbito mundial segue seu curso de maneira inexorável. Nesse contexto, oBrasil, país do grupo dos recentemente industrializados, terá dificuldades emcompetir com a indústria internacional em termos da cornpetitividade de seusprodutos. A médio ou longo prazo, o País terá que modernizar suas indústrias,automatizando-as pelo menos em alguns setores estratégicos ao seu desenvolvi-mento econômico-social.

Estudar o comportamento das empresas produtoras de equipamentos deautomação digital a níveis nacional e gaúcho, cujos produtos vêm sendo os

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indutores das transformações que têm ocorrido no setor industrial nos dois níveisacima citados, justifica plenamente a elaboração desta pesquisa.

Para levar a bom termo o presente estudo, foi necessário superar algumasdificuldades relacionadas com o processamento dos dados. Isto porque os dadosrelativos às empresas do Rio Grande do Sul foram obtidos através de pesquisa decampo, enquanto os atinentes ao Brasil se originaram do Departamento deInformática e Automação Industrial (DEPIN).

A incompatibilidade dos dados em questão prende-se principalmente adois fatores: em primeiro lugar, o parque industrial gaúcho de automação industrialé formado, em grande parte, por pequenas empresas, e, por desconhecer-se quantasdestas estão registradas no DEPIN, torna-se impossível precisar quais têm seusdados processados na vala comum do item "outras", no relatório desse órgão.

Em segundo lugar, nem todos os empresários responderam os váriositens dos questionários apresentados. Alguns preferiram omitir informaçõesreferentes ao faturamento, ao capital realizado e até mesmo sobre o percentual dofaturamento destinado à P&D, alegando que era norma da firma guardar sigilo sobreos referidos dados.

Outro aspecto que impediu a análise exaustiva do setor refere-se ao fatode serem pontuais os dados levantados sobre o Rio Grande do Sul pela pesquisa decampo. Foram obtidas somente informações relativas ao ano de 1989.

A falta de uma série temporal tornou impossível efetuar projeções dasdi versas variáveis, fato que reduz, em parte, a profundidade do trabalho. Entretanto,dentro dos limites apontados, procurou-se efetuar uma análise criteriosa dos dadosobtidos. Vale, inclusive, chamar atenção para o pioneirismo deste estudo, uma vezque o segmento de automação industrial do Rio Grande do Sul, até então, não haviasido o foco de um estudo específico.

Quanto aos dados que serviram de base a esse relatório, foram assimobtidos:

a) os relativos ao Rio Grande do Sul foram colhidos através de umapesquisa de campo, que resultou em visitas a 16 empresas(relacionadas no Anexo 8) e na entrega de questionários, dos quais13 foram devolvidos.

b) as informações de âmbito nacional e internacional foram obtidasmediante o estudo de textos sobre o segmento de automação indus-trial e de periódicos especializados .

•••A estruturado trabalho compreende diversos itens, os quais são descritos

a seguir, ainda que sucintamente.O primeiro item trata de um pequeno histórico, focalizando a automação

industrial atra vês dos tempos, desde os primeiros mecanismos de que se tem notíciaaté a situação atual. Aponta >t ligação dos aperfeiçoamentos mais marcantes dos

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equipamentos com as mudanças de base técnica. O segundo item relaciona osdiversos tipos de produtos e classifica-os de acordo com o processo de produção aque estão vinculados.

O desenvolvimento, a nível mundial, da automação de base digital, aintegração dos equipamentos desenhando o novo" chão de fábrica" e a flexibilidadeda produção propiciada pelos mesmos estão descritos no terceiro item.

O quarto item desenha o panorama internacional do segmento emestudo, onde são apontados os novos modelos de organização industrial que secaracterizam pelo gradualismo na automação das fábricas e pelas mudanças noperfil do operário, descrevendo-se, também, em rápidos traços, a filosofia dojust-in-time/kanban.

Nesse item, mostra-se a necessidade de reciclagem da mão-de-obra, paraque esta possa operar os novos equipamentos digitais programáveis. Esse quartoitem é complementado por uma explanação sobre as políticas nacionais dedesenvolvimento da automação industrial em vários países.

O quinto item trata da análise do segmento de automação industrial aníveis nacional e gaúcho, sendo estudados a estrutura desse setor e seu desempenhoem termos de comercialização no País. É procedido um resumo da história dodesenvolvimento do mesmo no Brasil e, em especial, no Rio Grande do Sul. Faz-se,também, um exame dos custos de produção dos equipamentos de automaçãoindustrial, bem como do mercado de matérias-primas e componentes. Um outroponto que merece especial atenção nesse quinto item é a avaliação do níveltecnológico dos produtos do setor e o seu grau de complexidade.

Os benefícios da política nacional de informática, que manteve o segmentode automação industrial ao abrigo da reserva de mercado, são descritos conformeanálises realizadas pelos empresários gaúchos no sexto item deste estudo. As formaspelas quais esses industriais se preparam para enfrentar a nova fase que se aproxima,que marca o fim da referida reserva, estão explicitadas também nesse item.

Um último item refere-se às principais conclusões do estudo.

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1 - HISTÓRICO

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A automação de unidades industriais com equipamentos de basemicroeletrônica é, atualmente, sinônimo de modernização. Realmente, a grandeflexibilidade que esses equipamentos propiciam no processo de produção marcauma nova etapa de desenvolvimento no setor industrial a nível mundial.

O segmento que produz tais equipamentos faz parte da indústria deinformática, indústria dinâmica criada somente após a Segunda Grande Guerra, masque vem apresentando um crescimento acelerado em todo seu conjunto.

A automação industrial, entretanto, vem sendo desenvolvida há longoperíodo, com outros tipos de máquinas apoiadas em outras técnicas, que foram sesucedendo até chegar na base atual da microeletrõnica.

Foi durante a Renascença que surgiram os primeiros equipamentosutilizados como substitutos do trabalho humano na elaboração de manufaturas.Ilustrações dessa época já

"(... ) mostram primitivas mandriladoras com eixo onde selocaliza a ferramenta cortante, acionada por uma roda de águae um carro porta-peças com quatro rodas, puxado por cordas,deslocando um canhão de bronze fundido ao longo do eixo, detal forma que a rotação da ferramenta gerasse por corte umasuperfície cilíndrica no fundo" (ABIMAC, 1989, p. A-18).

Bem mais tarde, com a invenção da máquina a vapor, apareceram asprimeiras máquinas-ferramentas, concebidas tendo em vista a execução de tarefassimilares às efetuadas nos dias de hoje pelos equipamentos mais modernos(usinagem, mandrilação, prensagem, fresagem, etc.).

Essas máquinas-ferramentas pioneiras foram desenvolvidas na In-glaterra, tendo permanecido praticamente uma exclusividade desse país a produçãode tal tipo de equipamentos até a metade do século XIX. Já na época, era tal suaimportância para o desenvolvimento industrial que o governo baixou uma leiproibindo as exportações, a fim de garantir à Grã-Bretanha uma posição dehegemonia na economia industrial que começava a despontar.

No início deste século, com a generalização dos usos industriais daeletricidade e as melhorias introduzidas nos mecanismos de automação, difundiu-serapidamente o uso de máquinas-ferramentas. Em decorrência, registraram-se signi-ficativos ganhos de produtividade, ao mesmo tempo em que eram criadas ascondições técnicas para a implantação do processo de produção em série, que viriaa se tornar a marca registrada da então nascente indústria automobilística.

As famílias de máquinas-ferramentas "universais" e de "produção"começaram a ser produzidas após a Segunda Guerra Mundial. Estas últimascaracterizavam-se pelo alto grau de automatismo e pela baixa versatilidade, en-

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quanto as "universais" se mostravam bem mais versáteis, mas com menor dose deautomatisrnos e, portanto, oferecendo uma menor produtividade.

Com o desenvolvimento da microeletrónica, entretanto, mudanças pro-fundas marcaram a concepção dos equipamentos de automação industrial. Essanova base tecnológica propiciou incorporar, nas máquinas produzidas pelosegmento em pauta, atributos há muito perseguidos. Assim, na década de 70,ocorreu a conjunção das qualidades de máxima flexibilidade e máxima pro-dutividade, com a criação do comando numérico computadorizado (CNC),inovação que revolucionou o setor de máquinas-ferramentas. Esse tipo deequipamento veio aperfeiçoar o comando numérico simples (CN), lançado nomercado norte-americano em 1957.

Os CNCs, assim como os CNs, são equipamentos que monitoram asmáquinas-ferramentas, Dentre as vantagens que os mesmos oferecem, comparativamenteao acionamento efetuado por um operário, devem ser citados a rapidez, a precisão, oacabamento, etc., que, juntamente com a diminuição dos custos de mão-de-obra, tomamos produtos mais competitivos e determinam ganhos de produtividade.

Foi também na década de 70 que surgiram novas tecnologias de deformaçãoe de corte, como a eletroerosão, que deu origem a um novo ramo de máquinas--ferramentas, e o corte a laser de perfis de chapa.

Esse breve resumo é suficiente para demonstrar que o desenvolvimentodo setor de máquinas-ferramentas se confunde, antes de mais nada, com a própriaevolução da base tecnológica incorporada: a tecnologia do vapor, a eletrornecânica,a eletroeletrónica e, atualmente, a microeletrõnica.

Outro ponto interessante a destacar refere-se aos países que, sucessivamente,detiveram a liderança mundial na produção de máquinas-ferramentas. Até fins doséculo XIX, conforme já citado, foi a Inglaterra que ocupou esse posto, passandodepois os EUA a serem o país líder até a década de 50. Já nos anos 60 e 70, a Alemanhadesfrutou dessa posição, tendo sido suplantada, a partir dos anos 80, pelo Japão(ABlMAC, 1989, p.A-19/A-20).

É preciso observar, entretanto, que o setor de automação industrial nãoestá restrito apenas ao universo das máquinas-ferramentas, cabendo destacartambém, pela sua grande relevância para o desenvolvimento da indústria, oschamados sistemas de controle e automação de processos.

"No início do século, as medidas de temperatura, pressão,tluxo e nível já eram freqüentes nas instalações industriais. Pormotivos técnicos, os instrumentos que tomavam essas medidaseram posicionados diretamente sobre o ponto de medida equalquer sistema de controle automático para processoscontínuos era pneumático e totalmente descentralizado, obri-gando os operadores a percorrerem toda a instalação, indo deinstrumento a instrumento, verificando as medidas erealizando as respectivas correções no processo em an-damento." (MARTUCCI, ZERBlNI, s.d., p.590).

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Com o constante aumento das escalas de produção, tornou-sepraticamente impossível controlar as assim denominadas variáveis contínuas.Tentou-se solucionar o problema através da implantação das "salas de controlecentral", que, mediante linhas de pressão, recebiam os dados originários dos pontosde medida. Todavia esse tipo de transmissão de informações não era muitoconfiável, ocorrendo freqüentes erros de medição, que determinavam a necessidadede inúmeras operações corretivas, quando não prejudicavam, irremediavelmente,o andamento do processo.

Ao final da década de 40, duas importantes inovações tecnológicasprovocaram grandes transformações na área de controle e de automação de processos:

- o aperfeiçoamento dos transmissores de medidas pneumáticos,possibilitando a geração de um sinal de pressão proporcional. Com isso,a grandeza no ponto a ser controlado era transformada em pressão etransferida por um duto ao painel central, podendo ser ali exatamentereprod uzida;

- a diminuição dos painéis de instrumentos de controle em função daminiaturização dos componentes incorporados.

Não obstante os grandes avanços técnicos registrados, persistia um sérioproblema a ser resolvido. O período decorrente entre o sensoriamento e a exibiçãodo valor medido no painel de controle era demasiado grande, tendendo a com-prometer o avanço da centralização. No início da década de 50, entretanto, essaquestão foi resolvida a partir da comunicação de entradas e saídas via sinaiseletrônicos.

Aumentada a rapidez na transferência dos sinais de comunicação entreo ponto a ser medido e a sala de controle, através da tecnologia eletrônica, surgiuum novo e também grave problema. O ruído elétrico causado pelo ambienteindustrial afetava as transmissões de sinais. Esse problema foi contornado pelo" (... )estabelecimento da norma de transmissão eletrônica de sinais de controle (comcorrentes de 4 mA a 20 mA) I" (MARTUCCI, ZERBINI, s.d., p. 591).

Os primeiros sistemas computadorizados foram introduzidos nos Es-tados Unidos no início da década de 60. Na época, contudo, não alcançaram osucesso esperado, para o que contribuíram os altos investimentos envolvidos emsua implantação (ao custo dos próprios equipamentos somavam-se os declimatização das salas e as significativas despesas de manutenção) e o fato de essessistemas estarem ainda sujeitos à ocorrência de falhas freqüentes.

I A transmissão em corrente de 4 a 20 mA minimizá os problemas associados ao ruído eletrônico,pois torna-se possível enviar os sinais a distâncias razoáveis, sem que sofram significativasinfluências do meio externo.

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Ao final da década de 60, tornaram-se disponíveis os minicomputadores,computadores de menor porte, mais baratos, mas que desempenhavam de maneirasatisfatória o gerenciamento dos equipamentos do "chão-de-fábrica". Com isso, naindústria, houve um aumento gradativo do uso de pequenos e médios controladoresde processo que utilizavam a técnica de controle digital direto. Essa tecnologia faziauso dos controladores analógicos, que eram distribuídos pelas plantas industriaispara fins de monitoramento das variáveis que ocupavam as malhas mais críticas,ou seja, o conjunto de condutores de temperatura, fluxo, pressão, etc., que precisamser controlados, sob a supervisão do computador.

Já na década seguinte, com o advento dos microprocessadores - que sebeneficiaram dos significativos avanços registrados na microeletrónica - e aevolução da tecnologia, que permitiu o surgimento dos conversores analógico-digitale digital-analógico - que possibilitaram a transmissão de sinais digitais -, ficoupraticamente resolvido o problema dos erros de comunicação, chegando-se a umnível excelente de precisão. Em razão disso, foi possível desenvolver os sistemasdistribuídos de automação e controle de operações industriais atualmente em uso.

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2 - CLASSIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOSDE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

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Observando-se os desenvolvimentos ocorridos no acionamento dasmáquinas-ferramentas e nos aparelhos controladores de variáveis contínuas antesdescritos, verifica-se que os equipamentos digitais de automação industrial seclassificam em dois ramos: o de controle de processos, que produz equipamentospara indústrias de processo de produção contínuo, e o de automação de manufatura,que dirige sua oferta às indústrias que utilizam processo discreto de fabricação(panor. Setor Inform., 1991, P.79).

2.1 - Automação de manufatura

A oferta do segmento de automação de manufatura compreende um amploleque de equipamentos que atendem a distintas formas de automação das plantasindustriais. De fato, estas podem variar desde a denominada automação rígida daprodução em série com alta produtividade até a automação chamada flexível, ondepredomina a fabricação de diversos lotes pequenos ou médios de produtos.

Dentre os equipamentos desse segmento, cabe destacar:- computer assisted design (CAD) - são computadores com recursos

gráficos, que permitem a elaboração de desenhos (animados ou não),utilizados no desenvolvimento das diversas etapas de um projeto, desdea concepção até a realização;

- computer assisted manufacturing (CAM) - que consiste na aplicaçãoda tecnologia digital para gerenciar e controlar as operações demanufatura;

- computer assisted engineering (CAE) - que se aplica à utilização docomputador no desenvolvimento da engenharia de um projeto;

- os robôs industriais (de acordo com a classificação da IntemationalOrganization for Standartization) - são manipuladores multifuncionaisreprogramáveis, utilizados principalmente em ambientes industriaisinsalubres e hostis e/ou que exigem extrema precisão na execução daatividade programada. Projetados para mover materiais, peças eferramentas, suas principais características são versatilidade e pro-gramabilidade e, uma vez programados, realizam as tarefas sem ainterferência de operadores humanos. São usados tanto nos processosrígidos de produção em série como nos flexíveis da produção depequenos e médios lotes. Como exemplos de utilização, podem sercitados: a soldagern, a pintura, a montagem, etc. na indústriaautomobilística; tarefas de movimentação de peças e alimentação dosaltos fomos .na indústria siderúrgica; e a manipulação de substâncias

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nocivas ao ser humano ou ao meio ambiente nas indústrias química epetroquímica. U ma relação dos tipos de robôs industriais maisutilizados encontra-se no Anexo I;

- outros equipamentos de tecnologia digital da automação de manufaturasão os sensores de visão, tato, posição, força, aproximação e velocidade(os diversos tipos de sensores estão relacionados e conceituados noAnexo 2); os atuadores, que são dispositivos que, através do controleremoto, efetuam movimentos em controle de processos, robôs, etc.; osindicadores digitais de posição por coordenadas, dispositivos quesinalizam a posição de determinado produto através de suascoordenadas; as estações de trabalho, que consistem em um conjunto deequipamentos necessários para assegurar serviços de telecomunicações;os traçadores gráficos digitais (plotters), que são unidades de saída queapresentam os dados em representação gráfica (os tipos de plotters e seusconceitos estão relacionados no Anexo 3), e as mesas digitalizadoras.

2.2 - O segmento de controle de processos

o segmento de controle de processos da indústria digital produz diversostipos de equipamentos e dispositivos que monitoram as malhas por onde transitamas variáveis que interagem no processo de produção contínuo. Em outras palavras,esses aparelhos controlam variáveis, como pressão, temperatura, nível, vazão,tensão, densidade, etc., em indústrias como a química, a siderúrgica, a petroquímica,de alimentos, de açúcar e álcool, de celulose e papel, etc., medindo-as, corrigindo-asou monitorando o comportamento das referidas variáveis.

Os principais equipamentos e dispositivos de automação industrial per-tencentes a essa classe de aparelhos são:

- controles de processos (CPs) - são dispositivos programados paraexecutar instruções de controle de máquinas e operações de processo.Esses equipamentos, também denominados controles lógicosprogramáveis (CLPs), possuem uma central processing unit (CPU),memória e módulos de entrada e saída, com interfaces específicas àaplicação a que estão destinadas;

- sistemas digitais de controle distribuído (SDCDs) - constituem-seem sistemas mais complexos do que os CLPs. As informações e o

. . 2controle de processos são efetuados por controles dedicados,

Controles dedicados são monitores específicos de cada variável a ser controlada em determinadoprocesso de produção. Devido a essa especificidade, tais dispositivos são mais precisos econfiáveis.

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distribuídos pela planta a ser gerenciada. Ligados em rede, essesequipamentos recebem instruções de um computador de médio ougrande porte, dependendo da extensão e da complexidade da rede a sercontrolada;

- sistemas de controle e supervisão - são dispositivos de seleção,controle, indicação, telemetria e supervisão de uma estação central e oscomplementares das estações distantes que utilizam um único canalinterconector para a transmissão de sinais de controle entre as referidasestações;

- unidade terminal remota (UTR) - é um dispositivo de entrada e saídade dados que atua como receptor e emissor em um sistema detelecomunicações;

- microcomputador industrial - computador projetado para resolverproblemas específicos de determinada indústria. Esse equipamentotem instruções ou programas especiais incorporados em sua memória;

- controlador de tráfego - é um computador utilizado no controle dotrânsito de veículos nas rodovias, ferrovias, linhas aéreas, etc.

O segmento de controle de processos abrange ainda outros equr-pamentos, como os transmissores digitais e os registradores de eventos.

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3 - OBJETIVOS E BENEFíCIOSDA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

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De uma maneira ampla, pode-se dizer que as organizações industriais,ao proporem a automatização de suas plantas, buscam obter aumentos nos níveisde produtividade e melhorias nos de competitividade. Esses objetivos podem seralcançados, principalmente, através da diminuição de custos e do aumento daqualidade dos produtos.

Com relação aos custos, deve-se ter presente que a automação in-formatizada, diferentemente da mecânica -- que estava centrada especialmente nadiminuição dos custos da mão-de-obra -, possibilita a redução dos custos dediversos outros itens. Com efeito, em razão principalmente da grande flexibilidadeintroduzida nos processos de produção, as mais diversas áreas e etapas defabricação do produto passam a estar integradas. Nessas condições,

- são sensivelmente reduzidas as imobilizações necessárias a nível dosestoques, tanto de matérias-primas como de produtos finais;

- há economia de energia e de matérias-primas;- ocorre diminuição do tempo de fabricação dos produtos;- verificam-se melhorias a nível de qualidade e de homogeneidade dosprodutos;

- é racionalizado o aproveitamento do capital, através do aumento dastaxas de utilização das máquinas e das instalações;

- são diminuídos os custos com mão-de-obra por unidade de produção(CEE, 1986, p.5).

Nesse ponto, cabe notar que, quando se fala em flexibilidade defabricação, pressupõe-se, geralmente, as rápidas modificações que podem serintroduzidas no produto. Entretanto há diversos outros critérios importantes aconsiderar para avaliar a flexibilidade de um sistema automatizado de produção,os quais se mostram, em sua maioria, interdependentes.

De acordo com a Comissão Econômica Européia (1986, p.24), o grau detlexibilidade de um sistema de produção deve ser avaliado tendo em conta osseguintes critérios:

- flexibilidade das máquinas - facilidade com que pode ser modificadaa regulagem das máquinas que compõem o sistema de produção no quediz respeito às ferramentas, montagem, posicionamento,programação, etc., para a fabricação de peças pertencentes a de-terminada família;

- flexibilidade de processo -possibilidade de produzir um dado conjuntode tipos de peças de diversas maneiras, utilizando, eventualmente,materiais diferentes;

- flexibilidade de encaminhamento - facilidade que tem o sistema, emcaso de falha de uma máquina, de encaminhar as peças para um outroequipamento, de modo a dar continuidade ao processo de produção;

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- flexibilidade do volume de produção - maleabilidade de operação dosistema, de modo a produzir um maior ou menor volume de produçãode maneira rentável;

- flexibilidade para expandir o sistema - rapidez com que se podeexpandir o sistema, de acordo com as necessidades e de maneiramodular;

- flexibilidade nas operações - possibilidade de modificar a ordem dasoperações segundo o tipo de peça;

- flexibilidade da produção - facilidade de produzir diversos tipos depeças, em pequenos ou grandes lotes;

- flexibilidade do produto - agilidade de passar da produção de umdeterminado produto para outro totalmente diferente, de maneiraeconômica e rápida.

Um outro aspecto da automatização flexível a ser ponderado refere-seaos distintos graus de automação possíveis de serem mantidos em um dado universode plantas industriais. De fato, como o processo de informatização de uma unidadeindustrial admite expansões graduais, de acordo com as necessidades de produçãoe mediante o crescimento por módulos, podem-se encontrar, ao mesmo tempo,fábricas totalmente automatizadas e outras dispondo de um setor apenas, ou mesmouma só máquina automática. Assim, segundo o grau de automatização, é possívelclassificar:

- unidade de fabricação flexível (UFF) - trata-se de um sistema de umasó máquina, geralmente um centro de usinagem ou de tomeamento,equipado com um depósito, muitos braços, um trocador automático debraços e ferramentas. Cada unidade pode funcionar sem supervisãototal ou parcial;

- célula de fabricação flexível (CFF) - consiste num módulo deduas oumais máquinas, geralmente centros de usinagem ou tomeamento, comdepósitos, braços e trocadores automáticos de braços e ferramentas paracada máquina. Todas as máquinas, assim como as operações executadaspela CFF, são controladas por um computador;

- sistema de fabricação flexível (SFF) - compõe-se de duas ou maisCFFs, ligadas por um sistema de transporte, (veículos dirigidos au-tomaticamente, guindastes comandados por computador, etc.), quedeslocam braços, peças e ferramentas de uma máquina a outra e destasao depósito, ou vice-versa. O conjunto do sistema é comandado por umcomputador, ligado ou não ao computador central da fábrica.

Quando o SFF abrange todos os setores da fábrica, está configurado umcomputer integrated manufacturing (ClM), ou seja, a "fábrica do futuro" totalmenteautomatizada, como mostra a figura a seguir.

Neste trabalho, o segmento de automação industrial a ser analisado é ode base tecnológica digital geograficamente localizado no Rio Grande do Sul.Entretanto, para melhor compreensão do desenvolvimento dessa indústria noEstado, toma-se necessário descrever o que está ocorrendo nessa área em âmbitosmundial e brasileiro.

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MODELO DO SISTEMA CIM

~ejador

Rede de comunicação

FONTE: GOBBA TO, Umberto (1990). Capacitação nacional do setorde bens de informática para automação industrial:avaliação e perspectivas. Campinas: UNICAMPlNücleo deEconomia Industrial e de Tecnologia.

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4 - PANORAMA INTERNACIONAL

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o grande crescimento da automação industrial observado nos paísesdesenvol vidos é, em última análise, conseqüência de um processo de interação entreo rápido desenvolvimento tecnológico do segmento em pauta e as exigências, cadavez maiores, de seu mercado usuário. As razões do mercado usuário, por sua vez,fundamentam-se no aumento da concorrência que se verifica entre as empresas,obrigando-as a buscarem soluções no sentido de melhorar a qualidade de seusprodutos, ampliar as linhas de oferta e tornar os preços mais competitivos. Nessecontexto, coloca-se a conveniência de, pelo menos em alguns setores industriais,as empresas optarem por um sistema flexível de produção, ou seja, adotarem umsistema de base microeletrónica (BNDES, 1990, p.2l3).

Atualmente, nos países desenvolvidos, a automação busca realizar aintegração dos sistemas de manufatura, cujo modelo ideal é a "fábrica do futuro",onde todos os sistemas, mesmo os mais complexos, se encontram interligados,envolvendo do projeto ao produto acabado. Entretanto há distintos caminhos aserem percorridos para a realização dessa meta. Esse fato pode ser facilmenteobservado quando se compara o desenvolvimento da automação industrial nosEstados Unidos e no Japão.

Assim, no início dos anos 80, os EUA partiram para a implantação da"fábrica do futuro" - CIM -, para o que vinham realizando vultosos investimentos.Porém os retornos dos investimentos demandaram um tempo de concretização bemmaior do que havia sido imaginado. Isto porque as modificações estruturais naempresa, tanto no "chão de fábrica" como na organização do trabalho, determinaramum período mais dilatado na maturação prevista desses investimentos (dois a quatroanos). Também o fato de, necessariamente, os equipamentos serem adquiridos dediversos fornecedores dificultava a troca de informações entre si.

Para evitar tais erros de previsão é que

"(...) as grandes empresas líderes em contabilidade e finanças nosEUA reconhecem a necessidade de modificar os métodostradicionais de avaliação de custos industriais. Para issoparticipam de uma cooperativa, criada há quatro anos,denominada Computer Aided Manufacturing-International Inc.(CAM-I) que vem desenvolvendo softwares padronizados paragerenciamento destes custos sob um novo enfoque para que sepossa aferir melhor os ganhos de produtividade decorrentes daAutomação" (KLlNGELHOEFER, 1989, p.9).

Sabe-se, entretanto, que, contornados esses primeiros obstáculos, amédio e longo prazos, a implantação dos CLMpode significar para as empresas maioresqualidade e flexibilidade ~ rápido atendimento aos clientes, entre outras vantagens.

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No Japão, por sua vez, a introdução da automação está seguindo umcaminho inverso. De fato, nesse caso, vem sendo praticada uma política degradualismo, em que é buscada a automação da planta industrial setor a setor,até alcançar a sua integração: Flexibles Manufacturing Systerns (FMS). Esseprocedimento envolve menores custos, melhores retornos e, o que é maisimportante, possibilita que pequenas e médias empresas participem do pro-cesso.

Os países ocidentais da Europa, emhora com investimentos menosexpressivos do que os EUA e o Japão, vêm igualmente concentrando esforços naautomação de suas manufaturas, para tomá-las mais competitivas, tendo em vistao mercado altamente concorrencial em que atuam.

Na prática, a Europa Ocidental segue o exemplo japonês deautomação gradual, ainda que a reestruturação de suas plantas industriaisvenha-se fazendo em ritmo mais lento. Com exceção do setor de rnicroeletrô-nica, cujas plantas são, em sua maioria, automatizadas, especialmente as queproduzem circuitos de alta integração, outros ramos, como, por exemplo, oautomohilístico e o aeronáutico, que nos EUA e no Japão têm um alto graude automação, têm na Europa apenas algumas fases do processo de produçãoautomatizadas. Essas etapas são, principalmente, a de usinagern, montagem eacabamento (Tabela 1).

Tabela 1

Evolução do mercado de FMS nos países desenvolvidos-- 1984 e 1990

UNIDADES

DISCRIMINAÇÃO1984 1990 (1)

TAXA MÉDIA ANUALDE CRESCIMENTO

(%)

Estados Unidos .Europa (2) .Japão ~ .

TOTAL .

4782

100229

155190220565

22,0015,0314,0416,26

FONTE DOS DADOS BRUTOS: KLINGELHOEFER, Eduardo (1989). Automação in-dustrial: um suporte à competitividade.Rio de Janeiro: BNDES, p.29.

(1) Dados relativos à RFA, França, Reino Unido e Itália. (2) Dadosestimados.

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Convém, entretanto, lembrar que a automação gradual e modularde uma planta industrial, para se buscar maior eficiência e competitividadedo produto, deve ser exaustivamente estudada e planejada. Pode acontecerque um mau planejamento termine por criar "gargalos" no fluxo de produção,resolvendo-se os problemas de um setor da fábrica, mas transferindo-se oucriando-se outros ainda mais sérios em um ou vários setores da empresa.

Um outro fator que tem determinado um ritmo mais lento na.implantaçãode equipamentos mais flexíveis nas manufaturas da Europa Ocidental está ligadoaos altos investimentos em software, uma vez que os sistemas de alta flexibilidadeexigem um grande e complexo volume de programas.

Nesse ponto, cabe um parêntese para destacar a importância do software noprocesso de automação industrial. De fato, o trânsito das informações de entrada e saídaentre os equipamentos de uma fábrica automatizada depende da disponibilidade desoftware adequado. Como não é possível adquirir todas as máquinas necessárias àautomação de uma unidade industrial de um mesmo fornecedor, muitas vezes os váriosequipamentos em atividade têm dificuldade em trocar informações entre si. Em vistadisso, nos EUA, a General Motors (GM), uma das empresas pioneiras na implantaçãode processos de fabricação flexível, criou um protocolo para padronizar a comunicaçãoentre os distintos sistemas que fazem parte da planta, recebendo esse protocolo o nomede Manufaeturing Automation Protocol (MAP).3

Do desenvolvimento desse protocolo - posteriormente aperfeiçoadopela BOEING -, chegou-se ao MAPIfOP Users Group," padrão InternationalStandard Organization (ISO), que atraiu grande número de usuários, entre estes aFord, Chrysler, HP, IBM, Motorola. Os europeus, por sua vez, criaram seu próprioprotocolo - compatível com o MAP -, denominado Communication Networkfor Manufacturing Applications (CNMA).

Quanto aos países do Leste Europeu, suas manufaturas são pouco au-tomatizadas, decorrência do baixo patamar tecnológico das indústrias locais deinformática e de microeletrônica, Não obstante, na URSS e na Tcheco-Eslováquia,é significativa a utilização de FMS em suas fábricas.

Na Ásia, com exceção do Japão (já referido anteriormente), não se observa aexistência de plantas industriais automatizadas com a mesma intensidade verificada nospaíses desenvolvidos. Mesmo entre os Tigres Asiáticos, onde a informática e a microele-trônica têm apresentado um grande crescimento, o parque de equipamentos de automaçãoindustrial ainda é pouco expressivo. Isso não tem afetado, entretanto, a competitividade

3 "A General Motors, por ser uma das pioneiras no CIM (e por isso talvez a que enfrentou maisdificuldades), resolveu tomar a iniciativa na criação de uma padronização para comunicação devários sistemas envolvidos numa planta industrial." (KLINGELHOEFER, 1989, p.9).

4 "O TOP é um protocolo padrão ISO para comunicação em escritórios, processamento de dados,engenharia e processamento de textos." (KLINGELHOEFER, 1989, p.9).

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de sua indústria. Esse quadro, todavia, poderá ser revertido, principalmente naCoréia do Sul, uma vez que se vem constatando o gradual encarecimento da suamão-de-obra, determinando uma perda relativa de rentabilidade. Assim, para queesse país mantenha sua representatividade no comércio internacional, a automaçãode suas manufaturas tenderá a crescer e, ao que tudo indica, de forma acelerada.

Cabe acrescentar ser o Japão o maior fornecedor de equipamentos paraa automação da manufatura nos países asiáticos, tendo em vista que as indústriaslocais desses bens ainda são pouco desenvolvidas.

A mão-de-obra barata e abundante dos países recentemente in-dustrializados aliada ao atraso em relação à microeletrónica constituem motivosponderáveis para o atraso no desenvolvimento do processo de automatização emodernização de seus setores industriais. Outro fator que corrobora no mesmosentido reside na escassez do capital disponível para investimentos queacompanham o processo de automatização que se observa a nível mundial. Todaviadeve-se ter presente que, cada vez mais, a cornpetitividade da produção estaráintimamente ligada aos processos flexíveis de fabricação e que o acompanhamentodas inovações nessa área, ainda que de modo lento e gradual, é condição básicapara levar a bom termo as políticas de desenvolvi menta industrial de qualquer país.

Entre os países recentemente industrializados, destacam-se o Brasil, oMéxico, a Argentina, a índia e a China como os que mais têm envidado esforços nosentido de modernização de suas fábricas. Contudo o reduzido custo da mão-de-obraaliado ao baixo desenvolvimento da microeletrônica comprometem os resultados deseus esforços (KLINGELHOEFER, 1989, p.l3).

Tabela 2

Valor da comercialização de equipamentos de automaçãoindustrial em alguns países -- 1989

PAÍSESVALOR

(US$ bilhões)

EUA .Japão .RFA .França .Inglaterra .Itália , .Brasil (l) .Coréia do Sul (2) .

11 60010 7004 5002 3002 1002 000

0,379O, 175

FONTE: BNDES (1990). Microeletrônica e informática: uma abordagem sobo enfoque do complexo eletrônico. Rio de Janeiro, p.181.

(1) Os dados para o Brasil referem-se a 1988. (2) Os dados para a.Coréia do Sul referem-se a 1986.

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Na Tabela 2, confirma-se o discutido anteriormente: Japão e EUA lideramo mercado de automação industrial, bem distanciados das demais nações. Entre ospaíses europeus, sobressai a Alemanha como principal absorved ora de equipamentosdo referido setor. No que se refere às nações recentemente industrializadas, constata-seque, embora na Coréia do Sul o desenvolvimento da microeletrônica esteja em umpatamar mais alto do que no Brasil, o mercado brasileiro de automação tem apresentadoresultados mais significativos. Entretanto deve-se ponderar que os dados computadospara os dois países apresentam uma defasagem de dois anos, o que, nessa área de rápidodesenvolvimento, deve ser levado em consideração.

4.1 - Principais usuários

A nível industrial, entre as plantas que se caracterizam por processo deprodução discreto e que são usuárias dos equipamentos de automação industrial, des-tacam-se, em âmbito mundial, a automobilística, a eletrônica e a de bens de capital.

A indústria automobilística é uma das maiores consumidoras dos pro-dutos de automação industrial, bastando dizer que, somente nos EUA, em 1987,mais de 50% do total de robôs em atividade na economia norte-americana(KLINGELHOEFER, 1989, p.lS) operava em suas plantas. Deve-se ressaltar quea contribuição da indústria automobilística para a criação de tecnologias deautomação de processos discretos de produção é bastante expressiva. Cabe recordarque a difusão do Manufacturing Automation Protocol, ou seja, "a padronização paraa comunicação dos vários sistemas envolvidos numa planta industrial"(KLINGELHOEFER, 1989 p.9) tem sido uma constante nessa indústria, o mesmoacontecendo com sua participação em projetos de equipamentos de automação cadavez mais complexos, como robôs com sensores visuais, etc.

Certos setores da indústria eletrônica, por sua vez, necessitam ser,obrigatoriamente, automatizados. As plantas produtoras de circuitos integrados dealta escala de integração, por exemplo, pela natureza de seu processo de fabricação,exigem ambientes automatizados com elevado grau de complexidade.

Assim, na etapa de projetos, o emprego de CAD/CAM/CAE tornou-seimprescindível, o mesmo acontecendo com as demais etapas de produção(produção das foto máscaras, processamento do circuito integrado e en-capsulamento). A inserção de componentes nas placas de circuitos impressos, nospaíses onde a microeletrônica é desenvolvida, é efetuada em processo automáticocontrolado por computador. Esse método de produção flexível permite produtosdiversos em elevada ou baixa escala.

Também nas áreas de telecomunicações e de processamento de dados,constata-se a crescente automação das plantas industriais, indicando que a indústriaeletrônica vai se tomando, gradativamente, uma das principais usuárias dos equi-pamentos de automação industrial.

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Quanto à indústria de bens de capital, esta vem sofrendo as trans-formações estruturais viabilizadas pela microeletrõnica e que afetam tanto seusprodutos, que se tornaram mais sofisticados e precisos, como seus processos deprodução. De fato, esse setor já utiliza em suas plantas toda a espécie deequipamentos de automação digital: máquinas-ferramentas com CN e CNC, robôs,FMS, etc., caracterizando-a como uma das grandes usuárias desses produtos.

Por outro lado, indústrias como a química, petroquírnica, papel e celu-lose, farmacêutica, siderúrgica, etc., que se caracterizam por operar com processoscontínuos de produção, também vêm gradativamente automatizando suas fábricas.Nessas plantas, observa-se, principalmente, a utilização de controle de processos .

• ++

o mercado mundial de equipamentos de automação industrial estárepresentado na Tabela 3. Verifica-se ali que, de acordo com as estimativasefetuadas pela International Data Corporatio n, vem ocorrendo um grandecrescimento na participação das plantas automatizadas (FMS e CIM). A conso-lidação dessa tendência dá-se, em boa medida, pelas interligações de equipamentosde automação industrial adquiridos isoladamente, passando a formar sistemas maiscomplexos. Também é significativo o crescimento estimado para os controles deprocessos, que tem sua justificativa na grande variedade de aplicações e custorelativamente baixo.

Tabela 3

Mercado mundial de automação industrial-- 1985 e 1990

DISCRIMINAÇÃO 1985 % 1990 (l) %(US$ milhões) (US$ milhões)

Controlador de processotipo CLP ................ 904 8 2 334 6

Máquinas-ferramentas CN .... 469 13 1 945 5Robôs ..................... 565 5 2 334 6Outros CPs ................ 2 373 21 10 892 28Equipamentos transportado-

res de materiais ........ 017 9 1 945 5Equipamentos de teste ..... 356 12 3 890 10"So f twa r e " p2ra sistemas AI 226 2 778 2Plantas automatizadas ..... 3 376 30 14 782 38

TOTAL .................. 11 300 100 38 900 100

FONTE: KLINGELHOEFER, Eduardo (1989). Automação industrial:um suporte àcompetitividade. Rio de Janeiro: BNDES, p.34.

(1) Dados estimados.

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Vem ocorrendo, também, uma crescente substituição de máquinas--ferramentas convencionais por modelos gerenciados por CNCs. Quanto à quedade participação no mercado de equipamentos para automação industrial dasmáquinas-ferramentas com controle numérico (MFCN), esta deve-se ao grandecrescimento dos CPs - de 21% em 1985 para 28% em 1990 - e das plantasautomatizadas - 30% em 1985 para 38% em 1990.

Tendo como parâmetro a complexidade dos equipamentos, constata-seque os fabricantes japoneses produzem equipamentos de menor porte, os quais são,em grande número, exportados para os Estados Unidos - principalmente MFCNe robôs. Os EUA, por sua vez, em função das fortes demandas tanto doDepartamento de Defesa como da indústria aeroespacial, fabricam máquinas demaior porte e de natureza mais complexa.

Outra tendência estabelecida está associada ao aperfeiçoamento dossensores óticos, possibilitando a maior difusão de robôs para montagem em plantasindustriais, onde operam na movimentação e encaixe de peças e/ou partes deprodutos - como, por exemplo, automóveis - com a máxima precisão. Cabe,entretanto, observar que, na atualidade, a maior demanda por robôs é, ainda, paraas funções de solda e pintura, áreas que, além de exigirem precisão e ótimoacabamento, são comprovadamente insalubres.

Os vultosos investimentos em automação industrial, principalmente naindústria automobilística norte-americana, da década de 70 e início dos anos 80cederam lugar, nos países industrializados, a um processo de reestudo, que resultou nogradualismo da automação das plantas industriais e na criação de uma nova forma deorganização da produção, procurando adequar-se aos novos equipamentos.

As novas máquinas, por sua vez, têm apresentado uma aceleradaevolução tecnológica, ainda que a nível de cada ramo se revele um desenvolvimentoespecífico. Um traço comum, no entanto, pode ser identificado no fato de ossistemas de CAD, os robôs, os CNCs, etc. exigirem, cada vez mais, softwaresdedicados e interfaces efetivas para comunicação entre si. Esse fato onerasignificativamente a automação das indústrias, vindo a constituir-se em um freio àmaior difusão dos automatismos.

Note-se que as implicações da modernização das indústrias nos paísesdesenvolvidos tem feito aumentar o gap de cornpetitividade em relação aosmanufaturadosdos países de industrializaçãorecente. Embora a necessidade urgente deinformatizaçãode suasplantas, estesúltimosdeparam-se com sérias limitaçõesnão sódeordem financeiracomo também de capacitação tecnológica. Esses problemas abrangemtanto a oferta como a demanda por esses equipamentos. No que concerne à oferta, asindústrias locais não têm acesso à tecnologia mais moderna, uma vez que os países queas dominam não têm interesseem cedê-las,e, em conseqüênciade diversos fatores,entreestes o baixo nível educacional existentenesses países, os mesmos não conseguem criartecnologia própria. Em razão desse fato, a única saída seria a importação dos equi-pamentos, masa escassezdedivisase, muitasvezes,as leisque restringemas importaçõescriam sérios obstáculos à modernizaçãode seus parques industriais.

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4.2 - Os novos modelos de organização da produção

oconteúdo crescente e acentuado de "informação" reunido nos produtosindustriais caracteriza o novo paradigma tecnológico industrial. Esse novoparadigma tem determinado mudanças nos vários processos de organização dotrabalho, conduzindo, com freqüência, a cooperação entre os operários e osempresários em questões referentes aos projetos de produtos, ao processo deprodução e aos produtos propriamente ditos.

Essa nova relação entre trabalhadores e empresários é extremamentenecessária para o desenvolvimento de uma empresa industrial que pretenda mudarseu processo de produção tradicional para o de fabricação flexível. As razões dessanecessidade se fundamentam no fato de que o novo paradigma industrial requerque grande parte do corpo técnico e operacional da fábrica tenha pleno con-hecimento das diversas etapas de produção (mão-de-obra polivalente), o quesignifica que cada operário deva saber operar cada um dos equipamentos quecompõem o novo" chão de fábrica".

Dentre as novas formas de organização da produção que melhor seadaptam ao novo paradigma industrial, é aqui destacada a ác just-in-time (JIT).

O JIT (no momento certo) é uma filosofia de organização do trabalhocriada nos EUA e desenvolvida pelos japoneses que, juntamente com o kanban,monitoram a produção.

O kanban constitui, basicamente, um sistema de informação e planificação.As ordensde fabricaçãofluem nos dois sentidos,de setora setorda fábrica.Desse modo,os materiais e as peças são solicitados e encaminhados pelos diversos setores em umprocesso de fluxo contínuo, o que dispensa a formação de grandes estoques.

Os princípios do sistema just-in-time/kanban vêm sendo difundidosmundialmente, devido a sua eficácia no gerenciamento da indústria.

Cabe lembrar que, embora o sistema em questão seja anterior à indústriaautomatizada de base microeletrónica, é nesse tipo de indústria que o conjuntoJIT/kal1bal1 apresenta a sua melhor performance. Nesse caso, o JIT significamaximizar os ganhos com a automação, produzindo o indispensável, na quantidadenecessária, no momento adequado e com controle de qualidade autõnorno.Í Aotimização obtida pelo JIT é aumentada quando se organiza o lay-out em forma deD, o que propicia a um único operador o controle de mais de uma máquina.

Caracteriza-se, assim, o JIT por romper com o princípio taylorista deorganização industrial, devolvendo ao operário o conhecimento de todo o processode produção do bem que está sendo fabricado. Em vista disso, a eficiência de uma

5 Explicações sobreojust-in-time e okanban estão aprofundadas nos textos de Mário Salerno (1985)e de Eduardo Klmgelhoçfer (1989).

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planta automatizada está fortemente condicionada a uma mudança de mentalidadetanto do empresário quanto da mão-de-obra operária.

As tecnologias de automação flexível têm propiciado mudanças de forteimpacto tanto nos setores tradicionais como nos novos ramos industriais. Esse novopadrão propicia o estabelecimento de pequenas e médias empresas em certos setores.especialmente nos complementares às empresas de maior porte dou mais avançadas emtermos de tecnologia, desde que estas apresentem certo grau de flexibilidade na produção.

Percebe-se, assim, que deve haver um perfeito entendimento entreclientes e fornecedores no que se refere à qualidade e à quantidade dos componentescontratados, determinando maior interação entre as empresas.

O novo modelo permite, a custos relativamente baixos, programar erealizar, em curto espaço de tempo, mudanças substanciais nos planos de produção.de modo a criar com a máxima eficiência um número significativo de diferentesprodutos, mantendo, entretanto, o padrão de qualidade.

Observa-se, assim, que um alto grau de produtividade pode ser alcançadomesmo em pequenas e médias plantas. Esse fato determinou modificações, inclu-sive, nas barreiras à entrada de novas empresas no mercado, pondo em destaque as

'.1 6economias ue escopo .Ressalte-se, também, que o surgimento de empresas pequenas e médias

com alto grau de cornpetitividade representa mudanças no padrão de eficiência,tanto as concernentes aos aspectos organizacionais como aos ad ministrati vos. Essasmodificações se realizaram concomitantemente, afetando os componentes da es-trutura, da conduta e do desempenho das organizações industriais, naqueles paísesonde a automação tem se difundido mais amplamente.

As marcantes transformações ora em curso no interior do setor industrialdos países desenvolvidos, como a progressiva automação de suas plantas, vêmsendo favorecidas, em boa medida, pela existência de um dado conjunto de fatoressócio-econômicos, a saber:

- alto grau de profissionalização, o que significa que os técnicos eoperários são cuidadosamente preparados para desempenhareficientemente suas funções;

- elevados níveis dos cursos técnicos e universitários;- grandes mercados, tanto internos como externos;- ampla disponibilidade de financiamentos de longo prazo a cu .tos

relati varnente baixos na grande maioria desses países; e- significativo apoio governamental para P&D.

As economias de escopo "( ... ) dizem respeito aos ganhos que a firma é capaz de obter, na medidaem que possui flexibilidade em suas estruturas técnica (de produção) e gerencial, o que permiteobter com rapidez diferentes perfis de produto e adaptar-se prontamente às exigências de mercado,especialmente quanto à estratificação e diversificação de sua demanda" (colaboração doEconomista Ronaldo Hprrlcin JI"., técnico da FEE).

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Todos esses elementos possibilitam que o desenvolvimento tecnológicode seus equipamentos seja do mais alto nível e determinam graus significati vos dequalidade do produto e sua conseqüente competiti vidade.

Nesse contexto, quando uma planta industrial decide automatizar sualinha de produção, é preciso, antes de mais nada, que tenha presente a obrigatorieda-de de reciclar sua força de trabalho. Trata-se de uma adaptação às novas funções,que deve transformar um operário apertadorde parafusos em um operário operadorde máquinas programáveis e tlexíveis.

Um outro aspecto a ser observado é o de que nem todos os trabalhadoresconseguirão absorver os conhecimentos necessários ao desempenho de suas novasfunções e que, portanto, certos postos de trabalho ficarão vagos. O preenchimentodessas vagas nem sempre é obtido facilmente, em função do novo perfil exigido dooperário. É nesse ponto que pode ocorrer um sério problema, caso o sistemaeducacional do país em questão não esteja preparado para formar trabalhadorescapazes de desempenhar as novas tarefas criadas pela automação industrial.

Além do desemprego causado pela inadequação do operário às novasfunções, muitos trabalhadores deverão perder seus postos, substituídos pelosequipamentos de automação da indústria. Esses problemas já ocorreram em paísesdesenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha, França, podendo se esperar que,na maioria dos países em desenvolvimento, esse problema adquira contornos bemmais graves, caso a política industrial vise à modernização de suas fábricas, semque seja preparado com certa antecedência o sistema técnico-educacional do paíse a política de emprego não seja direcionada no sentido de incentivar a criação denovos postos de trabalho nos diversos setores da economia.

Com referência ao desemprego tecnológico, deve-se ter presente que aautomação das pl.antas industriais nos países desenvolvidos incentiva odesenvolvimento da indústria produtora de equipamentos para automação. Mesmoque essas empresas, por sua vez, sejam automatizadas, são, todavia, fontes decriação de novos empregos à mão-de-obra liberada pelas demais indústrias.

Essa suplementação de postos de trabalho poderá não ocorrer no Brasil,caso a maioria das empresas do segmento de automação industrial feche suas portasem decorrência da liberação do mercado nacional e a modernização do parqueindustrial seja efetuada por intermédio de importação de equipamentos.

4.3 - Políticas nacionais de desenvolvimento da automaçãoindustrial

O crescimento e a diversificação do setor industrial estão estreitamente ligadosàs políticas nacionais de desenvolvimento. Estímulos dados à P&D, políticas fiscaisbaseadas em compras estatais, isenção ou redução de alguns impostos e financiamentos

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de longo prazo, ampliação dos mercados mediante políticas salariais e creditícias,etc. são algumas das características de uma política industrial eficaz.

Em pesquisa efetuada pela CEE7 em 1986, envolvendo os países-membrose Estados Unidos, Japão e Canadá, ficou constatado que, de um modo geral, as políticasnacionais de desenvolvimento voltadas para a automação industrial visam:

a) elevar o nível de conhecimento dos usuários dos FMS, através deprogramas especiais de ensino;

b) promover a P&D nas universidades e nos institutos de pesquisa, assimcomo na indústria;

c) reforçar as possibilidades de produzir localmente os elementos dosFMS ou mesmo FMS completos;

d)favorecer uma ampla difusão dos FMS na indústria.Nesse quadro, o que varia é a ordem das prioridades. Assim, nos países

de menor expressão quanto ao aspecto sócio-econômico, os itens mais destacadossão o a), o b) e o d), não importando a ordem, enquanto, nos de desenvolvimentotécnico avançado, a maior importância é dada ao item c).

Também são várias as modalidades de financiamento e execução dessaspolíticas. Assim, em alguns países, as pesquisas e financiamentos são bancados porfundos públicos. Em outros, por sua vez, as políticas em questão são concebidaspara serem executadas e financiadas em conjunto pelo poder público e a iniciativaprivada. Neste último caso, encontram-se Canadá, Estados Unidos, Japão, Ale-manha, Reino Unido, França e Itália.

As políticas que visam ao desenvolvimento da automação industrial,dependendo do país, podem ser específicas ao setor ou estarem incluídas em umelenco de medidas que abrangem também outros setores.

Assim, podem ser encontrados programas tais como:- específicos para o desenvolvimento da robótica, CAD/CAM, CLP, etc.;- programas de desenvolvimento da informática, onde o apoio à

automação industrial é apenas um item entre outros;- programas onde o apoio ao desenvolvimento dos FMS é indireto e se

insere em um conjunto de medidas que visam à modernização daindústria em geral, sem se referir especificamente à automação.

Observe-se também que o tipo de apoio varia de país a país e de caso acaso, podendo apresentar-se sob a forma de:

- subvenções seletivas (projetos de P&D, estudos de factibilidade, in-vestimentos em sistemas pilotos, investimentos em geral). Via de regra,as empresas ou instituições interessadas candidatam-se a obter taissubvenções, sendo os pedidos avaliados, caso a caso, pelos órgãosfinanciadores;

7 Esse item foi inteiramente baseado no trabalho efetuado pela CEE (1986).

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- ajudas indiretas através de medidas fiscais especiais, tais comoempréstimos a juros baixos, altas amortizações do custo dos in-vestimentos, empréstimos reembolsáveis unicamente se o investimentotiver êxito, etc.

Verifica-se, assim, que, mesmo nos países mais ricos, a presença doEstado, quer na área de P&D, quer na área de financiamento aos empreendimentos,ê atuante e definitiva. É de entendimento comum que uma indústria moderna ecompetitiva ê a base para a estabilidade e o desenvolvimento econômico de umpaís.

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5 - PANORAMAS NACIONAL E GAÚCHO

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Para enfrentarem em igualdade de condições a concorrência, asempresas do setor industrial são quase que obrigadas a investir maciçamente emP&D, seja dos seus produtos, seja dos processos de produção.

A alta qualidade e os preços competitivos dos produtos são motivos debusca constante por parte das empresas mais dinâmicas. Atualmente, a indústriamoderna vem obtendo acréscimos de qualidade e diminuição de custos a partir daincorporação de equipamentos de automação industrial de base microeletrônicaque, entre outras vantagens, eliminam desperdícios, flexibilizam e diminuem otempo de produção, reduzem o tamanho dos lotes a serem fabricados, dos índicesde rejeição e do chamado "retrabalho" das peças, ou seja, a volta daquelas con-sideradas acabadas ao setor de usinagem para retificação.

As desvantagens em termos de custos e qualidade da indústria brasileiraem relação aos países altamente industrializados estão claramente explicitadas noQuadro 1. Na verdade, esse problema ultrapassa a fase de fabricação dos bens,refletindo-se nos gastos com assistência técnica, cujo percentual sobre ofaturamento é de 2,7% no Brasil, contra 0,12%, em média, na CEE e nos EUA emenos de 0,05% no Japão.

Outro ponto a destacar refere-se ao tamanho dos lotes produzidos noBrasil e no grupo de países que serve de comparação no Quadro 1. A produçãoflexível propiciada pelos equipamentos de automação industrial de tecnologiadigital permite produzir pequenos lotes a custos baixos, o mesmo não ocorrendocom os métodos tradicionais de fabricação, com os quais a diminuição dos custosdepende, em grande parte, do volume de bens produzidos.

A automação industrial no Brasil, dentro de seus limites de país deindustrialização recente, tem evoluído de maneira positiva, embora lenta. Esse fato,entretanto, é facilmente compreendido quando se sabe que a automação de umaunidade industrial, além de representar montantes significativos de capital, aindaexige uma mão-de-obra com maior qualificação no que tange ao nível de formaçãoprofissional- dois bens escassos no País.

Além disso, são também necessárias mudanças expressivas na filosofiade organização da empresa, seja nas relações capital/trabalho, seja na maioraproximação com os fornecedores. Um outro aspecto que não deve ser negligen-ciado se refere ao tluxo das informações no interior da empresa. Estas devem fluirnos dois sentidos do processo de produção, desde o setor de projetos até o deexpedição do produto acabado. É através desse esquema de organização que seobtém as vantagens oferecidas por um sistema flexível de fabricação, ou seja,melhor qualidade e maior homogeneidade do produto, maior flexibilidade deprodução, menores estoques de peças e de produtos acabados, etc.

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Quadro

Desempenho da indústria a níveis mundial e brasileiro--1989

DISCR1MINAÇÃO BRASIL MÉDIACEE E EUA

JAPÃO

índices de(produtos

rejeiçãop/milhão) 25 000 200 10

Gastos com assistênciatécnica sobre fatu-ramento (%) . 2,7 0,12 menos de 0,05

Tempo médio de entregado produto (dias) .. 35 2 a 4 2

Rotatividade do esto-que (vezes/ano) .... 8 60 a 70 150 a 200

Tamanho dos lotesproduzidos . 100 a 1000 20 a 50 a 10

"S~tup" médio (nrirm to s) 80 10 5

Retrabalho (% das pe-ças) . 30 2 0,001

Outro fator que vem influindo decisivamente, desde 1990, para que oritmo da automação da indústria brasileira seja refreado está associado à recessãopor que passa a economia nacional, em razão, principalmente, da política econô-mica seguida pelo Governo. Esse fato tem resultado na queda generalizada dosinvestimentos, pois os juros altos e a queda da demanda tornam as aplicaçõesfinanceiras mais atrativas ao empresário do que os investi mentos em equipamentos.

A indústria brasileira produtora de equipamentos para automação indus-trial, por comercializar seus produtos quase que exclusivamente no mercadonacional, é uma das mais atingidas pela conjuntura econômica que atravessa o País,caracterizada por baixos investimentos, principalmente, em bens de capital.

Ainda assim, em termos de receita, a participação da automação indus-trial no total da indústria de informática, no período compreendido entre 1987 e1990, foi significativa, variando em torno de 6%. Note-se que, no período de 1987a 1989, esse segmento somente foi ultrapassado pelos de processamento de dadose teleinformática,

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Se a Tabela 4 for analisada em relação ao valor comercializado, constata-seque o bom desempenho de 1989 (US$ 464 milhões) não foi repetido em 1990 (US$ 341milhões). Explica-se essa queda da comercialização pela crise de liquidez no mercadonacional, retido nos bancos em função da medida de política econômica tomada peloGoverno, em março de 1990. De maneira geral, o comportamento irregular do segmentoem pauta, registrado nos quatro anos destacados, decorre das oscilações do desempenhoda indústria do País, fato que vem ocorrendo desde o início da década de 80.

Tabe la 4

Comercialização bruta dos segmentos da indústria de informática no Brasil- 1987-90

(US$ milhões)

1987 1988 1989 1990SEGMENTOS

Valor Valor Valor Valor

Processamento de dados .... 2 578 64,2 3 373 64,2 4 337 60,5 3 719 )C

Te le informática .. 617 15,4 945 18,0 1 394 19,5 1 478 23,0"Software" 208 5,2 240 4,6 389 5,4 351 5,5Microe l e t r ôn i.c a 242 6,0 327 6,2 469 6,5 310 4,9Instrumentação digital 77 1,9 88 1,7 110 1,5 135 2,1Automação industrial 294 7,3 281 5,3 464 6,5 34 I 5,4

TOTAL 4 016 100,0 5 254 100,0 7 163 100,0 6 334 100, O

FONTE DOS DADOS BRUTOS: PANORAMA DO SETOR DE INFORMÁTICA (1991). Brasília: SCT/DEPIN, v.l, p.78. (Sé-r ie s z s ce c t s c í ce s ) .

Cabe esclarecer, entretanto, que o futuro desse setor ainda é bastanteincerto. Tendo presente a instabilidade econômica por que passa o País, amodernização da indústria e o crescimento do segmento em questão dependerãodos rumos que tomarem a política industrial e a política específica para o setor.

Investimentos no desenvolvimento tecnológico dos equipamentos eaperfeiçoamentos nos processos de produção e de gestão, visando reduzir os custosde fabricação, poderão significar a conquista de novos espaços no mercado in-ternacional, especialmente tendo presente as possibilidades que se poderão abriratravés do MERCOSUL.

Esta última hipótese é bem viável, tendo em vista que os produtos deautomação industrial produzidos tanto a nível nacional como estadual são bemaceitos nos mercados do Cone Sul.

Deve-se, nesse ponto, registrar que a indústria de equipamentos paraautomação industrial no Brasil é predominantemente formada por empresas decapital nacional. A Tabela 5 mostra bem esse fato, apresentando também a quedadas vendas registradas em 1990, com base na variável relativa à comercializaçãolíquida das empresas.

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Tabela 5

Comercialização líquida do setor de automação industrialno Bras i1- 1988-90

(US$ milhões)

COMERCIALIZAÇÃO LÍQUIDATIPOS DE EMPRESAS

1988 1989 1990

Brasileira de capital nacionalBrasileira .

233 4551 202

390 7531 580

277 707780

TOTAL . 234 657 392 333 278 487

FONTE: PANORAMA DO SETOR DE INFORMÁTICA (1991). Brasília: SCT/DEPIN,v. 1, p.78. (Séries Estatísticas).

NOTA: A classificação por tipos de empresas obedece à do DEPIN.

Ainda que a indústria nacional dessa área seja incipiente, sua produção ébem diversificada e, na média, seus produtos têm bom nível técnico. Segundo oDEPIN, os equipamentos desse setor podem ser classificados em três categorias, asaber:

- controles de processos;- automação da manufatura;- eletrônica auto motiva.Na categoria controle de processos, conforme já visto, estão incluídos

os produtos utilizados nas indústrias de processo contínuo de produção, tais como:controladores de pressão, de temperatura, de fluxo, etc. A automação demanufatura compreende os bens empregados em indústrias de processo discretode produção, como os controles numéricos computadorizados, aos quais se acoplammáquinas-ferramentas, CAD, etc.

Os produtos da categoria eletrônica automotiva são utilizados emveículos terrestres, navais e aeroespaciais A ignição e a injeção eletrônica, oscomputadores de bordo, alguns sensores, etc. fazem parte dessa família demáquinas.

A produção desses equipamentos, no Brasil como um todo e no RioGrande do Sul em particular, teve início por volta de 1988, com uma defasagem deaproximadamente 10 anos em relação aos Estados Unidos e ao Japão.

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5.1 - Resumo histórico

A história da automação industrial no Brasil começou entre as décadasde 50 e 60, com o surgimento da instrumentação eletrônica analógica em algumasindústrias de processo.

A fabricação desses equipamentos era, até então, inexistente no País.Nessas condições, empresas representantes de organizações estrangeiras as-seguravam a manutenção e a reposição de peças. Em 1953, diversos professores doDepartamento de Conversão e Controle do Instituto Tecnológico de Aeronáutica(ITA) foram enviados ao Exterior para realizarem seu doutorado e formarem ocorpo de pesquisadores do pós-graduação dessa área no País.

Quinze anos após, em 1968, a Universidade Federal do Rio de Janeirodeu início às atividades de graduação e pós-graduação em automação. No inicio de1970, O Serviço de Aprendizagem Industrial (SENAI) implantou o primeiro cursotécnico para manipulação de controles de processos; e, em 1971, a UniversidadeEstadual de Campinas criou os cursos de mestrado e doutorado no seu De-partamento de Energia Elétrica.

Por volta de 1972, quando nos Estados Unidos era lançado o primeirosistema digital de controle distribuído, era criada no Brasil a Comissão deCoordenação das Atividades de Processamento Eletrônico (CAPRE), com a finali-dade de propor e adotar medidas racionalizadoras dos investimentos governa-mentais no setor.

Entre 1973 e 1974, foram instalados controladores automáticoscomputadorizados na Companhia Siderúrgica Paulista (COSIP A) e na CompanhiaSiderúrgica Nacional.

. Professores' da área de automação criaram, em 1975, a FundaçãoSociedade Brasileira de Automática (SBA), que possibilitou a consolidação dopós-graduação em automação no País. Em 1976, o CNPq financiou um estudosobre o mercado de instrumentação e a viabilidade de promover a fabricaçãonacional desses instrumentos. Nesse mesmo ano, foi realizado o I Congresso daSociedade Brasileira de Automática, onde foram discutidas as diretrizes para odesenvolvimento da automação no País. Também nesse ano, o Instituto dePesquisas Tecnológicas (IPT) deu início às pesquisas na área de automação,com a instalação do Laboratório de Controle Numérico.

O Conselho de Comércio Exterior (CONCEX) criou, em 1976, oprimeiro instrumento oficial que configurava uma reserva de mercado. Atravésda Resolução n? 106, esse órgão estabeleceu a necessidade de anuência préviada CAPRE para a emissão de guias de importação de computadores eperiféricos.

Em 1977, o Instituto Brasileiro de Petróleo (lBP) e a Agência Brasileirade Intercâmbio Técnico promoveram, em conjunto, o Seminário de Automação deProcessos Industriais. Nesse seminário, foram discutidas as possibilidades de sepassar a produzir equipamentos de instrumentação no Brasil.

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Um ano mais tarde, com base em um estudo elaborado pela Comissão deInstrumentação do IBP, o Conselho de Desenvolvimento Industrial do Ministério deIndústria e Comércio (CDIIMIC) convocou o empresariado nacional para apresentarprojetos de produção de instrumentos de controle de processo no Brasil.

Ainda em 1978, realizou-se o I Simpósio sobre Instrumentação, pro-movido pela Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP), de cujosestudos resultaram as seguintes considerações sobre a implantação, no País, daprodução de instrumentos para automação industrial:

a) a demanda do novo setor teria por base o poder de compra do Estado;b) o empresariado nacional teria que trabalhar contra o tempo, pois a

obsolescência dos produtos nessa área ocorre de maneira rápida;c) para queimar etapas, teria que haver importação de tecnologia;d) deveriam ser criados cursos para formação de mão-de-obra es-

pecializada, então praticamente inexistente;e) teria que ser resolvido o problema da ausência de fornecedores de

componentes, a fim de que a nova indústria não fosse levada àverticalização da produção, considerada suicida, uma vez que ovolume de investimentos em máquinas, pessoal qualificado eaquisição de tecnologia seria significativamente aumentado, se asnovas empresas tivessem que produzir as peças e componentes paraa fabricação de seus equipamentos.

No I Simpósio de Automação de Processos Industriais, promovido peloIBP em Belo Horizonte, em 1979, foi recomendada a implantação, no País, decomputadores para controle de processos. Nesse mesmo ano, o CNPq publicou aprimeira listagem de protótipos produzidos nos laboratórios das universidadesbrasileiras.

Ainda em i979, a Secretaria Especial de Informática (SEI) substituiu aCAPRE na assessoria e formulação da Política Nacional de Informática, assimcomo na sua coordenação e execução.

Em 1980, foram escolhidas pelo CDI as empresas que iriam produzir oscontroles de processo, e a Secretaria Especial de Informática, tendo por objetivodifundir o controle numérico computadorizado, também promoveu um semináriosobre esses equipamentos.

Nesse mesmo ano, foi fundada a Sociedade Brasileira de ComandoNumérico (SOBRACON), tendo como propósito a difusão das técnicas ligadas àautomação industrial. E a SEI criou a Comissão Especial nº 005/80 de controle deprocesso, visando ao desenvolvimento e à consolidação da indústria nacional decontroles de processo.

Também em 1980, no Rio Grande do Sul, surgiram as primeiras empresasindustriais dedicadas à produção de bens de tecnologia digital para automaçãoindustrial. Deve-se observar, contudo, que muitas dessas empresas já operavam nomercado gaúcho com produtos de tecnologia eletrornecânica. Dentre essas, cabedestacar:

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- Viação Aérea Riograndense S/A (VARIG), fundada em 1927 e que, nadécada de 80, passou a produzir equipamentos aviónicos, tanto embarcadoscomo de apoio, sendo sua produção predominantemente cativa;

- CCE Engenharia Ltda., fundada em 1972 e fabricante de controladoresde demanda de energia, turbinas hidráulicas, estufas, gerenciadores dePCHs, telemetria e transdutores de deslocamento;

- IBRACON Controles Eletrônicos Ltda., criada em 1978 e dedicada àprodução de indicadores-controladores digitais, indicadores digitaisportáteis e registradores digitais de eventos;

- Chronos - Produtos Eletrônicos Ltda., criada em 1979, fabricante decontroladores para bombas de gasolina e outros controladores;

- BCM Automação Industrial, fundada em 1980, com produção centradaem controladores programáveis e conversores de freqüência.

As diretrizes da Política de Informática para a Automação Industrialforam publicadas pela SEI em 1981, no Relatório nº 005 da Comissão Especial deControle de Processos (CECP).

Nesse ano, a SEI convidou as empresas de capital nacional paraapresentarem projetos para a fabricação de medidores registradores de tarifaçãodiferenciada de energia elétrica.

Também em 1981, no Rio Grande do Sul, foi fundada a empresa IMSIndústria de Micro Sistemas Eletrônicos Ltda., especializada na fabricação decontroladores automáticos para fator de potência (CAFP).

A convocação, pela SEI,das empresas nacionais para apresentarem projetosde controladores programáveis e sistemas digitais de controle distribuído ocorreu em1982, através dos Comunicados nºs 004 e 005. E, em seu Boletim Informativo nº 7,aquela secretaria publicou a relação de empresas nacionais fabricantes de CPs queestavam habilitadas a fornecer equipamentos e serviços a empresas públicas. Do RioGrande do Sul, constavam duas empresas na listagem da SEI:

- DIGICON S/A Controles Eletrônicos para Mecânica, criada em 1975e fabricante de traçadores gráficos, mesas digitalizadoras, controladoreslógicos programáveis e indicadores digitais de posição;

- Balanças Ferrando SI A.Entretanto diversas outras empresas do ramo de automação industrial

foram sendo criadas no Estado em 1982, incluindo-se entre estas:- Aeroeletrônica - Indústria de Componentes Aviónicos SI A, produtorade equipamentos de eletrônica automotiva (aviônicos);

- Altus Sistemas de Informática Ltda., dedicada à produção de con-troladores lógicos programáveis e comandos numéricos;

- Equipamentos Científicos Industriais Ltda. (ECn, fabricante de con-troladoresde processo microprocessado, analógicos e indicadoresdigitais;

- Metrixer Automação e Informática SI A, especializada na produção demedidoras digitais de superfície de couros, controladores digitais parapintura automática, controladores gerenciadores para automação demanufatura de parafusos e sistemas de costura industrial assistidos porcomputador;

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- STI Informática SI A, fabricante de instrumentação industrial einstrumentação náutica. Observe-se que essa empresa teve, em 1991, amaioria de suas ações compradas pela Digitei SIA Indústria Eletrônica,empresa gaúcha do ramo de teleinforrnática.

Através do Comunicado nº 10 da CACEX, a importação de instrumentosanalógicos, pneumáticos e eletrônicos de controles de processo precisaria passarpela anuência prévia da SEI.

O ano de 1983 foi de muitas realizações para a Secretaria Especial deInformática no que concerne à automação industrial. De fato, foi fundado o CentroTecnológico para Informática, com o objetivo principal de promover a interação entrea indústria e a Universidade. Foi também criada a Comissão Especial nº 12/83 -Automação de Manufatura -, visando estudar os aspectos sociais, econômicos etecnológicos advindos da implantação da automação nos diversos ramos industriais,bem como definir o processo de absorção e desenvolvimento de tecnologia emCAO/CAM e robótica.

Ainda nesse ano, a SEI - juntamente com a Sociedade dos Usuários deComputadores e Equipamentos Subsidiários (SUCESU) - promoveu o I Con-gresso Nacional de Automação Industrial (CONAI) em São Paulo. Além disso,através do Comunicado n? 41, a CACEX ampliou a lista de bens de informática einstrumentação analógica que necessitavam da anuência prévia da SEI para suaimportação.

Registre-se que, no ano de 1984, a SEI - em conjunto com a Secretariade Tecnologia Industrial (STI) - emitiu o Comunicado nº 001/84, que trata dodesenvolvimento e da comercialização de sistemas de computação gráfica e deapoio à engenharia (CAD/CAE). Posteriormente, nesse mesmo ano, os dois or-ganismos acima referidos enunciaram o Comunicado nº 002184, que trata dodesenvolvimento e da comercialização dos sistemas de robótica.

Foi ainda em 1985, em29 de outubro, que o Congresso Nacional aprovoua Lei nº 7.232 (Lei de Informática), a vigorar até outubro de 1992 e que dispõesobre a Política Nacional de Informática.

A criação da Associação Brasileira de Controle de Processos eAutomação Industrial (ABCPAI), a partir de um grupo de 40 empresas, ocorreuainda em 1985.

Também em 1985, foram realizados o II Congresso Nacional de Automa-ção Industrial e o I Simpósio de Robótica no Brasil, pela SOBRACON.

O I Plano Nacional de Informática e Automação (PLANIN) foi aprovadopelo Congresso Nacional em 17 de abril de 1986, através da Lei nº 7.463/86. E,nesse mesmo ano, foi realizado o II Simpósio de CAD/CAM, pela SOBRACON.

Também em 1986, a CACEX emitiu o Comunicado n? 171, que redefiniuos produtos de informática que necessitavam da anuência prévia da SEI para seremimportados. Nesse comunicado, ficou explicitado que os CNCs e todainstrumentação analógica que fizesse parte de máquinas-ferramentas importadasnão necessitariam da aprovação da SEI para serem importados.

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Cabe assinalar que o VII Seminário de Comando Numérico, a IV JornadaInternacional de Automação Industrial e o 11 Simpósio de Robótica aconteceramem 1987, promovidos pela SOBRACON.

Foi em 18 de dezembro de 1987 que a Lei n2 7.646, que trata da proteçãoda propriedade intelectual de programas de computador, foi aprovada pelo Con-gresso Nacional. E, nesse mesmo ano, em 18 de novembro, foi criada pela SEI aComissão de Automação Industrial (CEAI), através da Portaria n2 468.

Também em 1987, foi fundada a empresa gaúcha Apex do Brasil -Eletrônica e Informática Ltda., para produzir equipamentos de controle de pro-cessos industriais. E a regulamentação da Lei 7.646/87, pelo Decreto n? 96.036 de12 de maio (Lei do Software), aconteceu no ano de 1988.

No Seminário de Exportação de Informática, promovido pela SEI, emjulho de 1989, foi discutida uma política de exportação para esse setor. Desseseminário, resultou um documento, no qual era previsto que 5% do faturamentobruto das empresas do setor seriam obtidos com vendas no mercado internacional.Essa meta, entretanto, não foi atingida naquele ano, nem nos subseqüentes.

Em agosto daquele mesmo ano, o Conselho Nacional de Informática eAutomação (CONIN) aprovou o II PLANIN. A lei que autorizou a execução doreferido plano, todavia, só foi sancionada pelo Presidente Fernando Collor de Melloem outubro de 1991.

Devido ao atraso na aprovação do II PLANIN, em novembro de 1989, oCongresso Nacional prorrogou a vigência do I PLANIN por seis meses.

O Projeto ClM-Brasil foi criado pela SEI juntamente com a Financiadorade Estudos e Projetos (FINEP), como resultado do Encontro Nacional de Projetos CIM,com o objetivo de promover a integração entre universidades--eentro de pesquisas-empresas fabricantes e.usuárias dos projetos ClM em desenvolvimento no País.

Em abril de 1990, tanto a SEI como o CONIN foram rebaixados nahierarquia da Administração Federal. A SEI passou a ser subordinada à Secretariade Ciência e Tecnologia (SCT), e o CONIN deixou de ser um órgão integrado porministros de Estado para ser composto por técnicos, sob a presidência do Secretáriode Ciência e Tecnologia.

Em maio do mesmo ano, teve início a remodelação do II PLANIN pelaSCT. Estava prevista, no novo documento, a liberação das importações de 60produtos, até então protegidos pela reserva de mercado. Entre esses equipamentos,constavam alguns da área de automação industrial, todos com tecnologia jádefasada (microprocessador de oito bits). A citada liberação entraria em vigor apartir de janeiro de 1991.

Em 31 de maio de 1990, pela quarta vez, o I PLANIN teve seu prazo de validadeampliado. O Congresso Nacional prorrogou-o para até 26 de agosto do mesmo ano.

Em 12 de abril de 1990, foi aprovada a Lei n2 8.032, que, entre outrosdeterminantes, manteve os incentivos fiscais relativos ao Imposto de Importação(lI) e ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os bens amparados pelaLei de Informática (7.232/84).

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Em 6 de fevereiro de 1991, foi publicada no Diário Oficial da União aPortaria do Departamento do Comércio Exterior (DECEX), que relacionava osequipamentos da indústria de informática, cujas importações estavam liberadas,assim como as alíquotas de importação que vigorariam no período de 1991 a 1994.Essa portaria foi revogada em 29 de abril daquele ano e substituída por outra domesmo órgão, com nova lista de liberações, na qual também constavam produtosde automação industrial.

Com o objetivo de diminuir os custos das máquinas e equipamentosindustriais, e assim torná-los mais acessíveis ao parque industrial do País,possibilitando o início do processo de modernização pretendido pelo Governo, oMinistro da Fazenda, Marcílio Marques Moreira, encaminhou ao Presidente daRepública, em 27 de junho de 1991, um Projeto de Decreto, no qual constava umarelação de 900 itens que seriam beneficiados com a isenção do Imposto sobreProdutos Industrializados. Dentre esses, constavam os equipamentos de automaçãoindustrial digital.

Em 10 de julho de 1991, o CONIN aprovou a formação das duasprimeiras joint-ventures da indústria de informática em que a sócia estrangeira édetentora da tecnologia, fato que, até então, não era permitido pela política deinformática que norteava o setor. Embora essas duas joint-ventures não per-tencessem à área de automação industrial, abriram um novo precedente, quepossibilitará às demais empresas do ramo constituírem associações desse tipo.

A aprovação do 11PLANIN pela Câmara de Deputados ocorreu em 17de setembro de 199 I, três anos após a entrada em vigor de sua pri meira versão. Emrelação ao I PLANIN, o projeto aprovado abrandou as restrições às empresasestrangeiras, orientando-se pela Lei de Informática que então estava sendo votadana Comissão de Ciência e Tecnologia da própria Câmara. As empresas brasileirasde capital nacional, entretanto, ficaram protegidas por alguns mecanismos, dentreesses, a prioridade das compras do Governo de equipamentos de informática dasempresas de capital totalmente nacional.

No mesmo dia da aprovação do 11PLANIN pela Câmara de Deputados,o Ministério da Economia divulgou no Diário Oficial da União os novos valoresdas alíquotas do Imposto de Importação dos equipamentos de automação industrial(ver Anexo 4).

Em 25 de setembro de 199 I, a Câmara de Deputados aprovou o Projetode Lei nQ 5.804 de 1990, que regulamenta a nova Lei de Informática. A nova leiconfirma a data de 29 de outubro de 1992 para o fi m da reserva de mercado para osetor, com a liberação das importações e a produção dos itens anteriormenterestritos; os bens de informática ficarão isentos do IPI até 1999; () acesso aosincentivos fiscais ficará condicionado à aplicação de 5% da receita bruta dasempresas de informática em P&D; as empresas brasileiras de capital nacionalpoderão associar-se a empresas estrangeiras, sob o regi me jurídico de joi l1t - Vi' mu-res, desde que mantenham o controle de, no míni mo, 5 I% do capital com direito avoto; as empresas estrangeiras poderão usufruir dos benefícios previstos na nova

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Lei a partir de 29 de outubro de 1992, desde que comprovem junto ao CONINinvestimentos em programas progressivos de exportações e em P&D.

Em 16 de outubro de 1991, o Presidente Fernando Collor de Mellosancionou a lei relativa ao 11PLANIN.

A nova Lei de Informática - Lei nº 8.248 - foi sancionada pelaPresidência da República em 23 de outubro de 1991. Foi vetado, entretanto, o itemque dava ao CONIN a responsabilidade de analisar cada uma das propostas dejoint-ventures, bem como dos projetos de fabricação de bens da informática. Essesencargos foram delegados ao Departamento de Informática e Automação - órgãosucessor da SEI e subordinado à Secretaria de Ciência e Tecnologia. Tudo indicaque esse fato caracterize o início do esvaziamento do CONIN.

Da leitura desse pequeno resumo, que desdobra os fatos mais importantesda história da indústria de automação industrial brasileira desde o início de suaimplantação, do ano de 1980 até meados de 1992, constata-se que a ação go-vernamental apresentou características distintas quanto às políticas implementadaspara seu desenvolvimento.

Durante a década de 80, essa indústria foi beneficiada pela reserva demercado, assegurada, de início, por atos normativos da SEI, e, após 1986, pela Leide Informática. A partir de 1990, entretanto, observou-se uma abertura gradual domercado, determinada pela nova política industrial, fato que causou sérios trans-tornos ao setor, tendo em vista que o início da liberação do mercado nacional estavaprevisto para outubro de 1992 e que as empresas nacionais não estavam aindatotalmente preparadas para enfrentar a concorrência estrangeira.

5.2 - Estrutura da indústria de automação industrial no Brasile no Rio Grande do Sul

Observando-se a participação das empresas produtoras deequipamentos para automação industrial, constata-se que o mercado ofertante éaltamente concentrado. As cinco maiores empresas dessa área faturaram 50,1 %do total comercializado em 1990, e as 10 primeiras, 66,7% (Tabela 6).

A concentração do setor, entretanto, não impediu a formação de pequenasempresas, que se caracterizavam por serem de propriedade de um pequeno grupode pessoas - predominantemente engenheiros -, com pouco capital financeiro eelevada formação profissional.

Em 1989, cerca de 69,8% do número de estabelecimentos do setor deautomação industrial estavam localizados no Estado de São Paulo. Essa constataçãovem demonstrar que, além da concentração da comercialização, ocorreconcentração geográfica das unidades de produção. O Rio Grande do Sul, segundocolocado, juntamente com Minas Gerais, está bem distanciado de São Paulo, comapenas 7,5% do total de estabelecimentos.

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Tabela 6

Participação das 10 maiores empresas do segmentode automação industrial no mercado,

no Bras í lc-c- 1990

(%)

COMERCIALIZAÇÃO BRUTAEMPRESAS

Sobre o Total Acumulado

CMW (SP) .Villares Control (SP) .Elebra Controles (SP) .Metal Leve Controles (SP) .S'i stema (MG) .Romi (SP) .Ecil P&D (SP) .Maxitec (SP) .Altus (RS) .Atos (SP) .

14,113,88,56,96,83,93,53,52,92,8

14,127,936,443,350,154,057,561,063,966,7

FONTE: PANORAMA DO SETOR DE INFORMÁTICA (1991). Brasília: SCT/DEPIN,v. 1, n.1, p.76. (Séries Estatísticas).

Com relação ao mercado usuário, o Rio Grande do Sul ocupava o quintolugar em comercialização em 1989, o qual equivalia a 4,1 % do total do País. Osinvestimentos em automação industrial do Estado, no que concerne às vendas dosetor, eram superados pelos de São Paulo (58,3%), Bahia (12,1 %), Rio de Janeiro(8,8%) e Minas Gerais (4,3%).

Note-se que o Rio Grande do Sul, que, em 1988, tinha o segundo maiormercado usuário do País (9,6%), sendo então somente superado por São Paulo(53,3%), caiu para o quinto lugar, enquanto a Bahia, que se constituía no quintomercado nacional dessa área em 1988, passou a ocupar o segundo lugar em 1989.Essa ascensão do mercado baiano é devida, em grande parte, ao Pólo Petroquímicode Camaçari e ao centro industrial de Aratu, onde se registra um grande aumentona automação digital de diversas plantas.

O desempenho mais discreto do Rio Grande do Sul, nesse segmento,reflete as dificuldades com que o setor industrial gaúcho (Gráfico 2) vem en-frentando a atual crise econômica. Na verdade, apesar de a crise ser nacional, asparticularidades do parque industrial do Rio Grande do Sul parecem ter sido maisdesfavoráveis ao segmento de automação industrial. É o que se conclui dasentrevistas efetuadas com os empresários locais.

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GRÁFICO 1

COMPOSIÇÃO GEOGRÁFICA DAS MATRIZES DAS EMPRESASDE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL NO BRASIL -1989

RS (7.5%::

FONTE: PANORAMA DO SETOR DE INFORMÁTICA (1991). Brasília:SCTIDEPIN, v.l, n.l, p.78. (Séries Estatí ticas).

GRÁFICO 2

DISTRIBUIÇÃO no MERCADO USUÁRIO DE EQUIPAMENTOSDE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL, POR PERCENTUAL

DE FATURAMENTO, NO BRASIL - 1988-89

60:~f

50 ::::

!~i[40 ~~~l~

30 .:::;~~

20 l~~~

10 ~~.::::::;.

O.;.:

SP

•• 1988 1"";,:::;,:$ 1989

PA se PE BS OU

FONTE: PANORAMA DO SETOR DE INFORMÁTICA (1991). Brasília:SeTIDEPIN, v.l, n.l, p.78. (Séries Estatísticas).

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Dos empresários entrevistados, foram obtidas as mais diversasexplicações sobre a performance decIinante do mercado de automação industrialno Estado. Dentre essas, por serem as mais citadas, cabe destacar:

a) o Rio Grande do Sul é um mercado bastante conservador com relaçãoàs novas tecnologias, demonstrando uma abertura lenta a projetos deautomação industrial. Porém, timidamente, o empresariado gaúchoestaria conscientizando-se da necessidade de modernizar-se, sob orisco de perda de cornpetitividade. O caráter conservador de parte dosempresários precisará sofrer fortes mudanças, tendo em vista anecessidade de as firmas tornarem-se mais competitivas diante daabertura do mercado nacional determinada pelo Mercado Comum doSul (MERCOSUL). As empresas que não diminuírem seus custos defabricação e não melhorarem a qualidade de seus produtos nãogozarão, por certo, das vantagens que serão proporcionadas pelaampliação dos mercados. E esse patamar de cornpetitividade só seráalcançado com a modernização de seus estabelecimentos industriais;

b) os usuários têm preferência por fornecedores de outros estados,principalmente São Paulo, por haver nesse estado organizaçõestradicionais de grande porte, cujo nome significa, em voz corrente,sinônimo de qualidade. Essa preferência de parte dos usuáriosgaúchos por produtos do centro do País, discriminando a produçãoindustrial do Estado, configura um sério problema. Com a criação doMERCOSUL, a tarefa de conquistar o mercado usuário será bem maisárdua do que até então, visto que, além das grandes empresasbrasileiras, as organizações do Rio Grande do Sul terão que competircom as internacionais.

Convém assinalar, entretanto, que, em média, cerca de 62% dos equi-pamentos de automação industrial gaúchos são vendidos em outros estados e noExterior (55,83 e 5,96% respectivamente), demonstrando que, fora do Estado, osprodutos rio-grandenses desse segmento são bem aceitos.f

Por outro lado, apesar de a participação do segmento de automaçãoindustrial no faturamento da indústria de informática do Rio Grande do Sul estarao redor dos 10,7% (Gráfico 3), seus equipamentos colocam-se nos níveis maisaltos em termos tecnológicos, em relação aos outros segmentos dessa indústria noEstado. Suas vendas só não foram maiores em razão de serem seus produtos bensde capital, ou seja, os mais atingidos pela crise que, de longa data, vemacompanhando o setor industrial.

o rol dos principais fabricantes de produtos para automação industrial, relacionados por tipo deequipamentos que produzem, consta no Anexo 4.

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Observe-se, entretanto, que a tendência desse setor é crescer de acordocom as necessidades que a indústria tenha de modernizar-se. É provável que aampliação do mercado pelo MERCOSUL seja salutar ao desenvolvimento dessesegmento no Estado; embora a concorrência se torne mais acirrada, haverá o fatorpositivo da ampliação do mercado sem os entraves burocráticos hoje existentes.

GRÁFICO 3

PERCENTUAL DO VALOR FATURADO, POR SEGMENTO, DAINDÚSTRIA DE INFORMÁTICA DO RIO GRANDE DO SUL - 1989

Processamento de dados (40.2 %)

Microeletrônica (17.8 %)

FONTE: Pesquisa de campo.

Outro aspecto levantado pela pesquisa, que diz respeito àcomercialização dos equipamentos de automação industrial do Rio Grande do Sul,refere-se à sua distribuição entre os setores público e privado:

- os fabricantes de controladores lógicos programáveis vendem, emmédia, 16% de sua produção ao setor público, sendo os principaisdemandantes de seus equipamentos as empresas geradoras de energia,siderúrgicas e telecomunicações, entre outras. Os restantes 84%destinam-se às unidades industriais do setor privado;

- os fabricantes de equipamentos para automação de manufaturasvendem somente à empresas privadas;

- quanto aos fabricantes de dispositivos para eletrônica automotiva, estesestão dirigindo suas vendas quase que exclusivamente para as montadorasde veículos, principalmente as estabelecidas em São Paulo, enquanto osprodutores de aviônicos destinam 35% de sua produção para o setorpúblico, e outros 65%, para clientes de fora do País, principalmente Itália.

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5.3 - A composição dos custos de produção

A exemplo de outros segmentos da indústria nacional, a automaçãoindustrial brasileira também pratica internamente preços superiores aos en-contrados no mercado internacional. Os custos altos relativos às matérias-primas eaos bens intermediários determinam os preços elevados e reduzem a competiti-vidade dos produtos nacionais, fato agravado a partir de outubro de 1992, face àconcorrência de produtos similares estrangeiros, em razão do fim da reserva demercado.

U ma análise do perfil dos custos de produção efetuada pelaAssociação Brasileira de Controladores de Processo e Automação Industrial em1990 levou a concluir que os principais fatores determinantes dos custoselevados são:

- reduzida escala de produção, em conseqüência do restrito mercadousuário; e

- alto custo dos insumos.O crescimento da produção do segmento em questão depende, entre

outros fatores, do ritmo do processo de modernização do parque industrial doPaís, tanto do setor privado como do estatal. Esse processo, por sua vez,dependerá da situação político-econômica nacional. Se a fase por vir for dedesenvolvimento, o segmento em pauta será estimulado pelo aquecimento dademanda; se, ao contrário, a recessão continuar ou se aprofundar, o segmentode automação industrial brasileiro continuará convivendo com problemas debaixa produção e altos custos, o que poderá resultar na falência de muitasempresas do setor.

Quanto aos elevados custos dos insumos, estes têm suas raízes emdiversos fatores. Dentre eles, pode-se apontar a situação de monopólio ou deoligopólio altamente concentrado dos fornecedores de laminados para circuitosimpressos, conectores, tubos catódicos e capacitores, onde uma ou duas empresasdominam o mercado, fixando preços. A liberação das importações poderá amenizaresse problema, pois esses fornecedores terão que se adaptar às novas condições daconcorrência.

Os custos de produção dos sistemas de automação industrial são tambémonerados pelos altos preços dos insumos provenientes do segmento demicroeletrônica, assim como dos periféricos. Os terminais de vídeo, as unidades dedisco, os monitores e os teclados, por exemplo, têm um diferencial de preços emrelação aos similares estrangeiros muito maior do que o dos equipamentos deautomação industrial e de outros produtos da indústria de informática (CNC, CLP,microcomputadores e outros) (GOBBATO, 1990, p.123).

No Gráfico 4, estão explicitados os itens que mais pesam na composiçãodos custos dos insumos, enquanto o Gráfico 5 mostra o peso relativo desses insumosnos preços médios finais dos equipamentos de automação industrial.

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GRÁFICO 4

COMPOSIÇÃO DO CUSTO DOS INSUMOS NOS PREÇOS MÉDIOSFINAIS DOS EQUIPAMENTOS DE AUTOMAÇÃO

INDUSTRIAL NO BRASIL - 1989

Circuitos impressos (13.0%)

Demais inswnos (50.0%)

FON1E: GOBBATO, Umberto (1990). Capacitação nacional dosetor de bens de ínformâtica para automação indus-trial: avaliação e perspectivas. Campinas: UNICAMPlNú-cleo de Economia Industrial e de Tecnologia. p.l l l.

GRÁFICOS

FORMAÇÃO DOS PREÇOS NO SEGMENTO DE AUTOMAÇÃOINDUSTRIAL, NO BRASIL - 1989

lnswnos (38.0%)

FONTE: GOBBATO, Urnberto (1990). Capacitação nacional dosetor de bens de Informática para automação indus-trial: avaliação e perspectivas. Campinas: UNICAMPlNú-cleo de Economia Industrial e de Tecnologia. p.lll.

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Observa-se que somente três itens - componentes microeletrônicos,circuitos impressos e conectores - equivalem a 50% dos custos de insumos.Esses componentes, em sua maioria, são adquiridos no Exterior e sobre osmesmos incide um alto imposto de importação, com aliquotas variando de 20%a50%.

Em média, a participação dos insumos na composição dos preços é de38%, não havendo, entretanto, homogeneidade em sua constituição. De acordo comos tipos de equipamentos produzidos, o peso relativo dos mesmos pode variar de25% a 50%.

É com base nos custos elevados dos insumos e componentes que asempresas da área de automação industrial formam seus preços. Segundo umgrande número de empresários entrevistados, um dos fatores que oneramsignificativamente os preços dos produtos da área em questão, conforme jácitado anteriormente, diz respeito às alíquotas de importação. Isto porque,além de altas, não estabelecem uma diferenciação entre insumos e componen-tes e produtos acabados. Mesmo com a diminuição gradual dessas aliquotas,como se propõe o Governo, o problema não estará resolvido, uma vez que opercentual de redução é, em sua maioria, igual tanto para insumos como parao bem final (Anexo 5).

Sobre a maioria dos componentes e insumos importados, incidemalíquotas de 50 a 40% (Quadro 2). Isso significa que tais bens chegam às empresaslocais custando duas vezes mais do que no seu país de origem.

Mesmo com os altos custos dos insumos e componentes, osequipamentos digitais de automação industrial nacionais vêm reduzindo seuspreços. Assim, no curto período de três anos (1988-90), os preços médios doscontroles de processo caíram 12% ao ano, e os equipamentos da eletrônicaautomotiva, 66%. Os equipamentos de automação de manufatura tiveram seuspreços aumentados em 2,41 % no mesmo período, em conseqüência da altaregistrada nas estações de trabalho (22,61 %), determinada, principalmente, peloexpressivo avanço tecnológico registrado nesses equipamentos. A média dospreços no segmento como um todo registrou a significativa queda de 65,93%ao ano (Anexo 6).

O acréscimo nos preços dos insumos e equipamentos adquiridos noExterior, segundo a aliquota do Imposto de Importação, está discriminado noQuadro 2.

Espera-se que, se o Governo compatibilizar as alíquotas de importação,atendendo às reivindicações do segmento em questão - menores alíquotas parainsumos e componentes e maiores para os produtos acabados -, a indústrianacional de automação industrial possa vir a capacitar-se para enfrentar a concor-rência internacional.

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Quadro 2

Composição dos custos para importação no Brasil-- 1989

(%)

ALÍQUOTASDISCRIMINAÇÃO

60 50 40 30 20

Preço FOB .................... 100 100 100 100 100Frete (107 FOB) . . . . . . . . . . . . . . 10 10 10 10 10Seguro (0,5% FOB) ............ 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5Preço ClF .................... 110,5 110,5 110,5 110,5 110,5Impos to de Importação ........ 66,3 55,3 44,2 33,2 22,1Imposto sobre Circulação de

Mercadorias e Serviços (17%) 30,1 28,2 26,3 24,4 22,5Despesas no porto (7% ClF) ., . 7,7 7,7 7,7 7,7 7,7Transporte local (1,5% CU) .. 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7

Preço total .................. 216,2 203,3 190,4 171,5 164,5

Diferencial de preço ......... 2,2 2,0 1,9 1,8 1,6

5.4 - O mercado de matérias-primas e de componentes

o setor de automação industrial brasileiro adquire as matérias-pri-mas e os componentes necessários à elaboração de seus produtos, de maneirageral, no mercado nacional, sendo o principal centro fornecedor o Estado deSão Paulo.

Os componentes eletrônicos de maior complexidade são adquiridos forado País, principalmente nos Estados Unidos, tais como os circuitos integrados dememória, microprocessadores, encoders e outros semicondutores.

Na amostra de 12 empresas gaúchas dessa área, privilegiadas por estapesquisa, constatou-se que as matérias-primas adquiridas no Estado são, es-pecialmente, bens da área metal-mecânica, peças plásticas injetadas, chapas e perfismetálicos, circuitos impressos, fios e conectores, transformadores, gabinetes ealguns componentes semicondutores de tecnologia mais simples.

Esse fato é facilmente compreendido, uma vez que o Brasil não contacom empresas do ramo da microeletrônica que produzam componentes semi-condutores de alta integração. Esse tipo de componente é importado,principalmente, por empresas paulistas, que os distribuem para o resto do País.

Em outros estados, as compras de matérias-primas e peças das empresasgaúchas do setor concentram-se em produtos da metal-mecânica, displavs, relés, com-

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ponentes mecânicos e eletrônicos de média complexidade, filmes e circuitosimpressos.

Também as empresas do Rio Grande do Sul compram os circuitosintegrados de memória, os microprocessadores e outros semi condutores deempresas estrangeiras, de países com uma forte indústria microeletrônica, comoEstados Unidos, Japão, Coréia, etc.

Os principais problemas apresentados pelos empresários entrevistadosno que tange à aquisição de matérias-primas e bens intermediários para a elaboraçãode seus produtos são os que seguem.

a) O nível de qualidade dos insumosEssee problema afeta tanto os insumos nacionais como os estrangeiros.

Parte significativa dos bens intermediários nacionais não passam por rigorosocontrole de qualidade nas empresas produtoras, apresentando, muitas vezes, defeitos.Esse fato obriga as empresas da indústria de bens para automação industrial atestarem atentamente todos os insumos utilizados na fabricação dos equipamentos,de forma a evitar falhas. Esse fato resulta em um número significativo de peçasrejeitadas, refletindo-se indiretamente no custo dos aparelhos.

Quanto aos componentes semicondutores estrangeiros, o problematambém está presente, ainda que não por falta de um controle de qualidade por partedos produtores, mas, sim, pelo tipo de seleção a que os mesmos são submetidos naorigem. Assim, os componentes que apresentam sérios defeitos são sumariamenterefugados; os rigorosamente perfeitos são canalizados para os setores militar eaeroespacial; e o restante é selecionado por qualidade em diversos níveis, cabendoaos países que não dominam a tecnologia microeletrónica receber os componentesdos níveis inferiores. Além disso, a importação de equipamentos de teste para essesprodutos enfrenta muitos entraves burocráticos, tornando-a muito demorada. Essesproblemas refletem-se no desempenho e no custo dos equipamentos nacionais.

b) O não-cumprimento dos prazos de entrega pelos fornecedoresCerca de 90% dos empresários gaúchos entrevistados apontaram a ir-

regularidade no cumprimento dos prazos de entrega das matérias-primas e peçascomo a causa de inúmeros transtornos.

Esse atraso desregula toda a programação da empresa, interrompendo,muitas vezes, o processo de produção e forçando a mesma, por sua vez, a nãoentregar seus produtos aos clientes nos prazos contratados.

c) A escala de produção relati vamente pequena dificulta a utilização detécnicas mais avançadas e automatizadas de fabricação

Ainda que pareça, à primeira vista, um paradoxo o fato de as empresasgaúchas produtoras de equipamentos para automação industrial não terem suasplantas automatizadas, existe uma explicação para tal.

Os investimentos em automação industrial exigem um montantesignificativo de recursos financeiros. E, embora esses equipamentos determinem aflexibilidade de produção, propiciando a fabricação em pequenos lotes, ummercado muito restrito não compensará os gastos com os investimentos.

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5.5 - Recursos humanos na automação industrial

Tal como ocorre nosdemais setoresda indústria de informática, a automaçãoindustrial, tanto no Rio Grande do Sul como no Brasil como um todo, conta com umgrande contingente de mão-de-obra altamente qualificada (Tabela 7).

Tabela 7

Média percentual, por grau de escolaridade, do pessoal ocupadono segmento de automação industrial, no Brasil

e no Rio Grande do Sul- 1989

LOCALIZAÇÃO 1" GRAU 2" GRAU SUPERIOR

Brasil .Rio Grande do Sul .

29,026,2

42,450,4

28,623,3

FONTE: PANORAMA DO SETOR DE INFORMÁTICA (1991). Brasília: SCT/DEPIN,v.1, n.1, p.82. (Séries Estatísticas).

Embora o percentual de empregados com nível superior no setor deautomação industrial do Estado seja inferior à média brasileira, ainda assim 23,3%representam uma alta média, se comparada à mesma variável referente ao total daindústria de transformação gaúcha (2,0%)9. Esse fato vem confirmar a importânciavital de uma mão-de-obra altamente qualificada para esse setor.

Com relação aos recursos humanos, são os seguintes os principaisproblemas apontados pelos empresários do setor entrevistados:

a) a oferta de mão-de-obra com a formação profissional requerida pelaindústria em pauta, ou seja, com alta qualificação, é ainda in-suficiente, tanto a nível de engenheiros como de técnicos;

b) a qualidade atual do ensino, tanto de grau técnico como universitário(graduação e pós-graduação) vem apresentando qualidade

9 Dados da RAIS (Anu. ~AIS: Reg.S. 1988, 1991).

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decrescente. A consequencia imediata é a necessidade detreinamento, na própria empresa, dos novos funcionários contratados;

c) conforme afirmação de alguns empresários, a instabilidadeeconômica, como a que passa o País, causa reflexos negativos naprodutividade da empresa. Dentre esses, pode ser citado o baixorendimento do operário quando constata a crescente taxa dedesemprego que ocorre na economia nacional;

d) a dificuldade de manter na empresa os empregados altamente qua-lificados, devido aos altos salários oferecidos pelas grandes empresas,principalmente de São Paulo.

De fato, as universidades e os centros de pesquisas brasileiros vêmsofrendo um processo gradual de sucateamento. Os periódicos cortes nas verbaspúblicas para a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico não permitem sequer aconservação de prédios e equipamentos e, portanto, muito menos a ampliação oucriação de novos institutos. Também os baixos salários oferecidos aos professorese pesquisadores têm desestimulado os profissionais da área a permanecerem emseus postos, optando por se empregarem no setor privado ou por criarem suaspróprias empresas.

O grande problema que se apresenta com o desmantelamento do sistemade ensino no País não afeta somente o segmento de automação industrial. A políticade modernização da indústria nacional não surtirá efeito algum, se não houver umsistema de ensino adequado a atender às propostas da referida política, com escolastécnicas suficientes para preparar os operários com as características necessárias àsexigências da nova indústria. Na verdade, é preciso formar a mão-de-obra antes deequipar a fábrica com os novos equipamentos.

5.6 - Automação industrial: nível tecnológico

Os equipamentos de automação industrial brasileiros, em sua maioria,têm um bom nível tecnológico, mesmo se comparados com os de mesmo grau decomplexidade produzidos em países tais como Estados Unidos, Alemanha, Japão,etc. Isso abrange tanto os destinados aos processos discretos de produção como osempregados nos processos contínuos. Os equipamentos da eletrônica auto motivativeram sua produção iniciada há apenas três anos, porém, sendo grande parte dosseus produtos destinada às multinacionais do ramo automobilístico, esses têm queter boa qualidade, de forma a atender aos elevados níveis de exigência daquelasorganizações. As empresas que produzem aviónicos para a indústria naval têmcerca de uma década de ati vidade, fabricando equipamentos de óti mo nível técnico.

O alto patamar tecnológico dos produtos nacionais do segmento emquestão muito tem a ver com os seus investimentos em P&D.

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De 1985 a 1989, a automação industrial brasileira despendeu ao redor de8% de seu faturamento líquido em P&D. Os baixos investimentos das empresas dosetor em 1990 (4,7%) têm ori§em na reduzida atividade econômica registrada noPaís, naquele ano (Tabela 8).1

Tabela 8

Participação percentual dos recursos aplicados em P&D sobre o faturamentobruto do segmento de automação industrial, no Brasil

e no Rio Grande do Sul- 1986-90

DISCRIMINAÇÃO 1986 1987 1988 1989 1990

Brasil .Rio Grande do Sul .

6,9 7,0 8,6 8,414,1

4,7

FONTE: PANORAMA DO SETOR DE INFORMÁTICA (1991). Brasília: SCT/DEPIN,v.1, n.1, p.39. (Séries Estatísticas).

A comparação entre o Brasil e o Rio Grande do Sul, relati va ao percentualdo faturamento gasto com P&D pelo segmento de automação industrial, ficaprejudicada por ser pontual a informação referente ao Estado, ou seja, trata-se dedados de 1989. Entretanto pode-se constatar que, naquele ano, o percentual emquestão despendido pelas empresas gaúchas da área foi bem mais significativo doque no restante do País: 14,1% e 8,4% respectivamente.

Mesmo quando comparado com o das indústrias dos EUA, algumas dealta tecnologia, o percentual do faturamento líquido despendido com P&D nosegmento de automação industrial gaúcho (14,1 % do faturamento) é bastanteexpressivo (Tabela 9), embora não tenha a mesma importância em valoresabsolutos.

10 Em março de 1990, ficaram retidos pelo período de 12 meses no Banco Central os depósitosbancários em cruzados novos de toda natureza. E, para a sua recuperação total, foi necessárioesperar mais um ano - a devolução dos depósitos retidos foi efetuada em 12 parcelas.

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Tabela 9

Percentual do faturamento líquido dedicado a P&D em indústriasselecionadas dos EUA-1990

INDÚSTRIAS PERCENTUAL SOBREFATURAMENTO LÍQUIDO

Aviões e mísseis .Computadores .Comunicações .Componentes eletrônicos .Instrumentos científicos .Fármacos .Veículos automotores .

13,712,09,17,97,56,25,0

FONTE: GOBBATO, Umberto (1990). Capacitação nacional do setor debens de informática para automação industrial: avaliaçãoe perspectivas. Campinas: UNICAMP/Núcleo de Economia In-dustriale de Tecnologia. p.139.

Constata-se a boa qualidade dos aparelhos de automação industrialfabricados no País, ao verificar-se que as máquinas-ferramentas CNC brasileirastêm grande aceitação no Exterior, sendo exportadas regularmente para os países doCone Sul e, inclusive, para os Estados Unidos e Alemanha. Ressalte-se que avantagem oferecida pela indústria nacional não está nos preços, mas na qualidadedo produto.

A tecnologia utilizada pelas empresas nacionais do ramo é licenciada emsua maioria. Entretanto muitas empresas, com o correr dos anos, foram adaptandoa tecnologia às condições nacionais e, atualmente, criam seus próprios modelos.

Observa-se nessas empresas a preocupação permanente de acompanharo desenvolvimento tecnológico mundial desses aparelhos, a fim de não permitirque aconteçam gaps diferenciadores, que implicariam a perda dos padrões dequalidade e a obsolescência do produto nacional dessa área.

As empresas gaúchas do setor produzem seus equipamentos com omesmo nível tecnológico do centro do País e são pioneiras na fabricação decomponentes eletrônicos para eletrônica embarcada.

Ressalte-se que a indústria de equipamentos para a eletrônica auto motivaé um dos ramos mais promissores para a atual e as próximas décadas. O uso deaparelhos eletrônicos digitais nos veículos tende a crescer de maneira explosiva,

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diversificando-se para abranger os mais diversos setores de comando do transporteautomotor.

As declarações dos empresários gaúchos que participaram da pesquisa,com referência à tecnologia, permitem chegar às seguintes conclusões:

a) a maioria das empresas que produzem para a automação industrialdesenvolvem tecnologia própria a partir ou não de tecnologialicenciada. As grandes empresas ainda a adquirem no Exterior,embora desenvolvam adaptações em seus laboratórios. As pequenase médias empresas do setor encontra mdificuldades para ter acesso àstecnologias de última geração, pois, além do preço alto, faltam linhasde crédito de longo prazo para o desenvolvimento da pesquisa. Agrande maioria das empresas gaúchas enfrenta o sério problemaprovocado pela escassez de recursos;

b) em média, as unidades produtivas do setor empregam cerca de 11pesquisadores. Não obstante, existem laboratórios com um e outroscom 27 empregados dedicados à pesquisa;

c) as empresas do Rio Grande do Sul destinam, em média, cerca de14,1% de seu faturamento para a pesquisa;

d) alguns empresários apontaram a escassez de mão-de-obra para apesquisa como um dos problemas que entravam o desenvolvimentode seus produtos.

Como já foi mencionado, os engenheiros e técnicos de alta formaçãoprofissional são escassos e cobram altos salários, e os equipamentos de laboratóriode última geração são inacessíveis à maioria das empresas nacionais, tanto pelospreços como pelas restrições do mercado em relação à disponibilidade dessesequipamentos para venda ou licenciamento da tecnologia.

Cabe destacar que os empresários do setor indagados sobre por quecontinuavam com suas matrizes aqui no Estado, uma vez que a maioria de seusfornecedores e seus compradores estavam alocados no centro do País, responderamque o capital humano do Rio Grande do Sul, tanto de nível superior como de níveltécnico, é o melhor do País. Ponderaram ainda que a formação de seus quadrostécnico e de pesquisa demandou muito tempo e dinheiro e que uma mudança parao centro do País significaria abrir mão de grande parte dos integrantes dessesquadros, o que acarretaria uma grande perda para a empresa.

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6 - INFLUÊNCIA DA POLÍTICANACIONAL DE INFORMÁTICA

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A política nacional de informática propiciou, entre outras coisas, que seimplantasse no País a indústria de automação industrial, tendo sido a reserva demercado o principal instrumento dessa política.

O segmento de automação industrial brasileiro, como já foi dito, iniciou suasatividades com uma defasagem de 10 anos em relação aos mesmos setores estabelecidosnos países desenvolvidos. Compreende-se, assim, a necessidade que teve o mesmo de serprotegido da concorrência internacional em seus primeiros anos de desenvolvimento ouaté que seus produtos atingissem um razoável nível de competitividade.

A maioria dos empresários gaúchos admite que a política nacional deinformática foi vital para a criação e o desenvolvimento do setor de automaçãoindustrial. Sem a reserva de mercado, grande parte dos mesmos não teria investidoem suas empresas e estariam, muitos deles, lecionando nas universidades ouempregados em multinacionais.

Assim como a política de informática e seu poderoso instrumento, areserva de mercado, propiciaram o nascimento e o desenvolvimento da automaçãoindustrial no País, o fim dessa proteção, em outubro de 1992, exige das empresasvárias providências para que a indústria em questão não desapareça, absorvida pelaconcorrência internacional.

As empresas gaúchas do setor estão preparando-se para essa nova fase,buscando atingir uma maior competitividade para seus produtos. Os empresários en-trevistados na pesquisa que serve de base a este trabalho pretendem alcançá-la através de:

- formação: de joini-ventures com empresas estrangeiras que detenham a tec-nologia de ponta para o aperfeiçoamento técnico de seus produtos. Sabe-se,entretanto, que uma firma estrangeira com destaque internacional somente teráinteresse em se unir a uma empresa nacional do ramo, via joim-venture, seessa empresa detiver uma boa parte do mercado nacional e se a mesma forcompetitiva Caso contrário, será mais interessante à organização estrangeiravender seus próprios produtos no País, outorgando, talvez, a concessão dasvendas à empresa nacional. Dessa maneira, a empresa doméstica passaria deprodutora a simples revendedora de equipamentos;

- investimentos mais fortes em P&D - por parte de empresários cujos produtossão, inclusive, exportados - procurando baixar os custos dos equipamentospara poderem concorrer também em preços com as organizações internacio-nais. Esses empresários pretendem, desse modo, aumentar o seu mercado, demaneira a ampliar a escala de produção.

Há empresários, também, que se mostram tranqüilos com o fim dareserva de mercado e a conseqüente liberação do mercado à concorrência es-trangeira. Segundo eles, seus equipamentos ocupam nichos pouco explorados anível mundial, além de os mesmos estarem perfeitamente adaptados ao ambienteindustrial brasileiro.

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7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Nos países altamente industrializados, vem ocorrendo um processo deautomação, de base microeletrônica, das plantas industriais, que, embora sejagradual e relativamente lento, se configura progressivo.

Diz-se relativamente lento, pois, desde a Segunda Guerra Mundial, como desenvolvimento admirável da microeletrónica, que marcou a mudança da basetécnica de eletromecânica para a eletroeletrônica, pressupunha-se que a automaçãoindustrial nos países avançados apresentasse um desenvolvimento acelerado, pro-vocando uma real revolução nos métodos de produção e nos próprios produtos.

Essa observação, entretanto, não quer significar que o segmento deautomação industrial, a nível mundial, não venha apresentando uma evoluçãotecnológica marcante. Bem ao contrário, os equipamentos (robôs, CNCs, CLPs,etc.) vêm registrando aperfeiçoamentos consideráveis e possibilitando que asindústrias automatizadas mostrem ganhos relevantes de produtividade e qualidadedo produto.

A automação flexível determinou mudanças profundas na organizaçãoindustrial. Os novos equipamentos tornaram possível fabricar pequenos lotes,evitando a formação de um grande volumede um mesmo bem em períodos de baixademanda, ou quando for conveniente variar os modelos dos produtos para atenderaos usuários, sem aumentar o custo por unidade produzida. Embora a automaçãode uma planta industrial signifique vultosa imobilização de capital, esse processopode ser efetuado de maneira paulatina e modular, abrindo a possibilidade demodernização para as médias e as pequenas empresas.

As organizações produtoras de equipamentos para automação industrialconcentram-se no Japão, na Alemanha e nos Estados Unidos. Com menorparticipação nesse mercado, encontram-se França, Itália e Grã-Bretanha.

Outro aspecto importante a destacar, relacionado com a automaçãoindustrial, refere-se às novas características da mão-de-obra e do emprego. De fato,a automação industrial baseada na tecnologia eletromecânica, com suas linhasrígidas de produção e fragmentação do trabalho, limitava o operário, de modo quesua função era circunscrita a uma pequena etapa do ptocesso de produção,desconhecendo, quase que completamente, o restante desse processo. 11Da maioriadeles, não era exigido alto nível de formação técnica.

II Charles Chap1in, em seu filme "Tempos Modernos" caracterizou muito bem o operário na linhade montagem de um sistema de automação industrial de base eletromecânica.

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As fábricas automatizadas de acordo com o esquema de Ford eram degrandes dimensões e empregavam em cada unidade centenas ou até milhares deoperários.A automação industrial de tecnologia eletroeletr6nica propiciou o sur-gimento de uma nova concepção de unidade industrial. O operário conhece quaseque a totalidade do processo de produção do bem a fabricar. Inclusive participa doplanejamento das etapas desse processo. Ele programa e se movimenta entre váriosequipamentos e necessita ter um elevado grau técnico profissional.

A automatização das fábricas com base na tecnologia digital, entretanto,vem expulsando grande parte dos operários de suas dependências, substituídos quesão pelos novos equipamentos. Desse modo, a automação progressiva das plantasindustriais aponta, para um futuro não muito distante, fortes mudanças na estruturade diversos setores da economia dos países onde esse processo está em andamento.Dentre estes, podem-se citar o sistema de ensino, a estrutura do emprego, talvezcom o inchamento do Setor Terciário para acolher os trabalhadores expulsos dosetor industrial, a previdência social, etc.

As novas empresas automatizadas do setor industrial não deverãoabsorver, por certo, os excedentes de trabalhadores liberados pelo Setor Primário,como era característico daindústria de base técnica eletromecánica, intensiva tantoem capital como em mão-de-obra.

Assim, o aumento do desemprego causado pela automação é um fato quenão pode e não deve ser ignorado pelos responsáveis pelas políticas econômica,educacional e industrial de qualquer país onde esse processo já esteja em curso.

As transformações estruturais da economia necessárias para resol ver osério problema concernente ao desemprego causado pela automação ainda estão nafase das discussões de grupos de estudiosos do tema. Tanto isso é real que, nospaíses onde a automação industrial está em etapa mais avançada, o aumento da taxade desemprego é um fato.

•••No grupo de países recentemente industrializados, destacam-se como

produtores de bens do segmento de automação industrial de base tecnológica digitalBrasil, México, Argentina, índia e China. Porém poucos equipamentos produzidospelos mesmos podem concorrer com os similares oriundos dos países avançados,seja em qualidade, seja em preços.

O setor de automação industrial brasileiro, entretanto, ainda quepequeno - não atendendo à totalidade das necessidades da indústria nacional -,é razoavelmente competitivo em qualidade dos produtos, perdendo, todavia, empreços para as empresas estrangeiras.

Cabe lembrar, ainda, que a formação do segmento de automação indus-trial no País foi possível graças à proteção que lhe foi dada pela política nacionalde informática, sem a qual este não teria podido se desenvolver, pois não teriacondições de concorrer com a indústria internacional.

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Observe-se que os equipamentos produzidos no País são de tecnologiade média e pequena complexidades, justamente os que têm maior mercado a níveismundial e nacional.

Com relação ao Rio Grande do Sul, 70% das empresas que se dedicam àprodução de equipamentos do segmento em questão foram fundadas por jovensengenheiros formados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Amaioria desses empresários desenvolveu seus protótipos no "fundo do quintal" epossuía mais conhecimento e coragem do que capital. Em razão desse fato, no iníciode sua" atividades, esse setor, no Rio Grande do Sul, era composto, principalmente, depequenas firmas. Após pouco mais de 10 anos, muitas delas se consolidaram, e,atualmente, seus produtos são bem conceituados no País e até fora dele.

Cabe registrar, entretanto, que, no Estado, há resistência por parte doscompradores em adquirir os produtos aqui produzidos. Entretanto deve-se ter emconta que o parque industrial gaúcho é pouco automatizado, ocupando, em 1989,o quinto lugar do País (4,1 %) na compra de bens de automação.

Outro ponto a observar reside no fato de que a maioria dos fornecedoresde matérias-primas e componentes, assim como compradores dos produtos gaúchosdessa área, estão localizados no centro do País, principalmente em São Paulo.

Assiín, distantes de seus fornecedores e compradores, as razõesprincipais para as empresas gaúchas do setor não abandonarem o Estado, trans-ferindo-se para o centro do País, estão em seus quadros técnicos de altacompetência, formados através dos anos com gastos significativos. São equipes deengenheiros e técnicos que, uma vez desfeitas, necessitarão de um longo processopara serem recompostas.

A participação declinante da indústria do Rio Grande do Sul naautomação de suas plantas, no País, tem diversas explicações. Dentre estas, asignificativa distância das empresas do Estado do grande mercado consumidor docentro do País, o fato de ser o parque industrial gaúcho extremamente conservadore os escassos investimentos industriais que têm se observado no Rio Grande do Sulnesses anos de crise, bem mais restritos do que no restante do Brasil, devido,principalmente, à escassez de recursos financeiros a entrarem na economia doEstado em conseqüência das más safras agrícolas dos anos de 1990 e 1991.

Com o fim da reserva de mercado, em outubro de 1992, para os produtosdo segmento em pauta, os empresários gaúchos do setor vêm- procurando associar-se,emjoint-ventures, com empresas estrangeiras, ou investir pesadamente em P&D, a fimde diminuírem os custos de seus equipamentos e melhorarem sua qualidade.

Esses esforços têm dado bons resultados, e os custos dos equipamentosproduzidos pelo setor, em âmbito nacional, têm diminuído significativamente. Emmédia, essa redução foi de 65,93% ao ano, entre 1988 e 1990.

Por outro lado, dada a instabilidade político-econômico-social por quepassa o País, que vem inibindo de maneira marcante os investimentos, é poucoprovável que as grandes organizações estrangeiras produtoras de bens de au-tomação industrial estabeleçam suas miais em território nacional. O que pode

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acontecer é a associação destas em joiru-ventures com empresas brasileiras queocupem um espaço significativo no mercado nacional, ou contratem empresasnativas para importar e revender seus produtos.

Sendo o mercado produtor gaúcho de bens para automação industrialformado por médias e pequenas empresas, é de se supor que serão poucas as queterão oportunidade de se associarem ao capital estrangeiro em condiçõesfavoráveis. Muitas delas, ao que tudo indica, serão alijadas do mercado ou setransformarão de produtoras em vendedoras de equipamentos produzidos pororganizações estrangeiras.

Outro fato a lamentar, caso se concretize a última hipótese, será osubaproveitamento do pessoal técnico altamente capacitado que criou e manteve,apesar das condições adversas de escassez de capital financeiro, o segmento deautomação industrial no País e, especificamente, no Rio Grande do Sul.

Quanto à ampliação do mercado para o segmento em pauta em funçãoda criação do MERCOSUL, há muitos aspectos a ponderar. Várias empresasbrasileiras, inclusive gaúchas, produtoras de equipamentos para automação indus-trial já vêm exportando para os países do Cone Sul que fazem parte desse mercado.Os referidos produtos têm. sido bem aceitos, e a queda de grande parte das barreirasburocráticas poderá facilitar a colocação desses equipamentos naqueles mercados.

Por outro lado, dependendo das regras a serem impostas para ofuncionamento do MERCOSUL e tendo em vista a abertura do mercado nacionalaos produtos estrangeiros com as implicações apontadas nos parágrafos anteriores,pode-se concluir que a concorrência tenderá a ser mais acirrada.

U ma coisa porém é certa, o destino das empresas do segmento em questãodependerá, em grande parte, das políticas econômica, industrial e educacional aserem seguidas pelo Governo.

A recessão por que passa o País vem reprimindo o mercado consumidor,inibindo, em conseqüência, os investimentos. Como o segmento de automaçãoindustrial produz bens de capital, é diretamente atingido pela política econômicavigente. Desse modo, somente o "aquecimento" da economia poderá estimular odesenvolvimento do setor.

Em meados de 1991, o Governo apresentou o projeto de política indus-trial que visava à modernização do parque industrial brasileiro. Entretanto nãoexplicitou quais as linhas de financiamento que estariam à disposição dosempresários para tal fim. É, pois, necessário liberar os recursos que possibilitarãoa pretendida modernização.

Outro ponto importante a ser definido diz respeito a uma política indus-trial específica para o complexo eletrônico, que contemple: a) a reestruturação dastarifas alfandegárias, tendo em conta o princípio da cadeia produtiva - menorestarifas para insumos e componentes e maiores para os produtos acabados; b) acriação de incentivos de apoio ao desenvolvimento do software, segmento deimportância vital para a integração dos equipamentos de automação industrial; c)a utilização do poder. de compra do Estado, de modo a induzir à capacitação

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tecnológica do setor e à melhoria do produto através da especificação do nível dequalidade internacional, bem como garantir parte da demanda mediante aelaboração de um cronograma anual de encomendas.

A política educacional, por sua vez, deverá destacar a formação damão-de-obra especializada, tanto de nível médio como superior, para desempenharsuas funções no segmento de automação industrial. Essa proposição somente setornará viável com o reaparelhamento das universidades, laboratórios e entidadesde ensino técnico de nível médio, bem como a criação de instituições de pesquisadedicadas ao estudo dos processos integrados de manufatura.

Concluindo, cabe destacar que, embora o setor industrial brasileiro contecom um grande contingente de mão-de-obra barata - a denominada competitivi-dade espúria -, a modernização do parque industrial do País constitui-se em umanecessidade a ser atendida a médio ou longo prazo. Os ganhos de produtividade equalidade do produto determinados pelos equipamentos de automação industrialde base tecnológica digital apontam essa tendência. A flexibilidade que caracterizaa indústria moderna - de produção, de processo, do produto, etc. - descrita nesteestudo transforma a empresa, acrescentando-lhe dinamismo, versatilidade e pro-porcionando ganhos significativos de qualidade e competitividade.

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ANEXOS

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Anexo 1

Principais tipos de robôs industriais

Robô seqüenciador: robô simples, cuja programação visa a umaseqüência de movimentos planejados.

Robô servocontrolado: robô com mais recursos do que o seqüenciador.Tem maior flexibilidade, podendo controlar o posicionamento, a velocidade e aaceleração do manipulador. Quanto ao tipo de arquitetura, esta pode variar desde abaseada em um único processador, que gerencia todas as suas funções, até o sistemade controle hierárquico, onde cada atuador é controlado por processador dedicado.

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Anexo 2

Principais tipos de sensores utilizados em equipamentos deautomação industrial

Sensor de contato: determina e controla a posição de dispositivos. Pode,por exemplo, ser utilizado como válvula de fim de curso.

Sensor de peças: usado em robôs que detectam a posição exata dedeterminada peça ou dispositivo. Pode controlar à distância, por detecção ótica,magnética, elétrica, térmica e acústica.

Sensor de proximidade: utilizado em robôs para determinar a distânciaentre um objeto e o próprio sensor, o que possibilita evitar obstáculos ou manipularas peças. A detecção pode ser ótica, elétrica, acústica, etc.

Sensor de tato: empregado em robôs, principalmente para detectar aforma de peças ou dispositivos.

Sensor de linha de solda: usado em robôs industriais para determinar alinha de soldagem entre duas peças.

Sensor de visão: utilizado em robôs industriais para reconhecer peças edeterminar sua posição na montagem.

Sensor de voz: usado em robôs, cuja finalidade é reconhecer e interpretarcomandos falados.

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Anexo 3

Tipos de plotters utilizados em equipamentos de automaçãoindustrial

Plotter de mesa: desenha sobre papel fixado sobre uma mesa, com adireção determinada por coordenadas cartesianas.

Plotter de tambor: com ele, o papel move-se durante a execução dodesenho. O papel em questão é padronizado, é bobinado e permite que o desenhose estenda em uma direção. Nesse tipo de plouer, a pena desloca-se em direçãotransversal ao movimento do papel.

Plotter de vídeo: plotter cujos desenhos são apresentados na tela de ummonitor. Dispõe de sinalizador eletrônico, que permite ao operador editarmensagens.

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Anexo 4Relação das empresas produtoras de equipamentos para automação industrial, por tipo

de equipamentos e localização, no Brasil ~ 1989

TIPOS DE EQUIPAMENTO FABRICANTES LOCALIZAÇÃO

Automação de manufaturaComando numérico computadorizado (CNC)

Indicador digital de posição por coor-denadas para máquinas-ferramentas

Robôs industriais

Estação de trabalho CAE/CAD/cAM

Terminal de vídeo gráfico

Mesa d i g i t a l i z ador a

Traçador gráfico digital (v p l o r r e r")

Sistema optoeletrônico de medição

Equipamento para controle estatístico dedados

Controles de processoControledor l ógi co p r og ramáve I (CLP)

Altus Sistemas de Informática Ltda. RSDiadur Indústria e Comércio Lt da . SPDigicon si A RSMaxitec S/A SPMCS Engenharia Ltda. SPIndústria Romi S/A SPZema Zselics Ltda. SP

Diadur Indústria e Comércio Ltda.Digicon S/AIBR Eletrônica Ltda.Se r vu s 'I'ec no logia Lt d a .

BCM Engenharia Ltda.DFV Automação e Robótica S/AEPP Indústria e Comércio de Máqui-

nas e Automat i z aç ão Ltda.lpso Automat i z aç ão Ltda.Villares=Control S./A.

Comi.c r o Informática Tecnologia Ltda.Compucad Comércio e Serviços Ltda.Compugraf Tecnologia e Sistemas Ltda.Digicon S/AHicad Sistemas Ltda.Itaú Tecnologia S/AProceda Tecnologia S/AScopus Tecnologia S/ASisgraph Si ATesis Informática S/AVillares - Con t r o l S/A.

Datanav Engenharia Lt d a .Videotek Sistemas Eletrônicos Ltda.

Di gicon S/AD'i g ig r a f Ltda.Stargraph Computação Gráfica Ltda.STI Informática S/A

Digicon S/ALapsen si Así s t e t Sistemas Teleinformática Ltda.Sma r Equipamentos Industriais Ltda.STR Hi c r o s s i s r erna s Ltda.Stargraph Computação Gráfica Ltda.Tecnológica Engenharia Lt d a .

Nina Eletrônica Industrial Ltda.Olsen Veiculos Ltda.

Di r e c ta Automação Ltda.STD Sistemas Técnicos Digitais S/A

Altus Sistemas de Informática Lt d a .Atos Automação Industrial Lt da .l.)CM Engenharia Lt.d a .Digicon S/A

SPRSSPSP

RSSP

SPSPSP

SPSPSPRSSPSPSPSPSPSPSP

SPSP

RSSPSPRS

RSPRSPSPRJSPRJ

SPPR

SCDF

RSSPRSRS

(continua)

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Relação das empresas produtoras de equipamentos para automação industrial, por tipode equipamentos e l oc a Li z aç ão , no Brasil - 1989

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TIPOS DE EQUIPAMENTOS FABRICANTES LOCALIZAÇÃO

Engeletro Automação Industrial Ltda . MGLnduma t i.c Equ i.p . Eletrônicos Ltda. SPMaxi tec S/ A SPMetal Leve Controles Eletrônicos Lt da . SPSAI Automação Industrial S/A SPVil lares - Co n t r o l S/A. SPWeg Acionamentos S/A SC

Sistema digital de controledistribuído Consip Engenharia S/A

DFV Automação e Robótica S/AECIL/P&D Sistemas de Controle S/AElebra Controles Ltda.Eurocontrol Instrumentação e

Sistemas Ltda.Unicontrol Sistema de Medição e

Controle Ltda.Indústrias Vil lares S/A

Sistema de controle e supervisão Automax Sistema Lns r r umen t a ç ão .eControle Ltda.BMS-MALCAutomação Informática S/ACBB Instrumentação e Controle Ltda.CMWEquipamentos S/ ACon s i p Engenharia S/AEsca Indústria e Comércio Ltda.Eurocontrol Instrumentação e Sistemas

Lt d a .Metal Leve Controles Eletrônicos Ltda.Micronal S/APaulo Abib Engenharia S/APHT Sistemas Eletrônicos Ltda .SAI Automação Industrial Lt da .Sisco Sistemas e Computadores S/ASma r Equipamentos Industriais Ltda.

Unidade terminal remota (UTR) AIT Automação Industrial Lr da .Calcon Tecnologia S/ACBB Instrumentação e Controle Ltda.CMWEquipamentos S/AELe b r a Controles Ltda.Hidrologia S/AMicrolab S/AS'i s co Sistemas e Computadores S/A

Controle digital de processo CBB Instrumentação e Controle Lt d a .ECl Equipamentos Cientificos e

Industriais Ltda.Ecil/P&D Sistemas de Controle S/AEcil S/A Produção de Sistemas de

Medição e ControleEu r oc on t r o l Instrumentação e

Sistemas Lt da .Hicom Eletrônica Lt da .Sma r Equipamentos Industriais Ltda.Taurus Eletrônica S/ATransmitel Lt d a .

Microcomputador industrial AIT Automação Industrial Lt da .Calcon Tecnologia S/ACBB Instrumentação e Controle Lt da .CCE Enge nh a r i a Lula.Da t a t.e k do Brasil Indústria e

Comércio Lr d a .Novoda t a Sistemas e Computadores S/ARifran Eletrônica Ltda.S'i s c o Sistemas e Computadores S/A

SPSPSPSP

SP

SPSP

SPMGSPSPSPSP

SPSPSPSPSPSPSPSP

SPBASPSPSPRJRJSP

SP

RSSP

SP

SPSPSPMGRJ

SPBASPRS

SPDFSPSP

{cou t i n113)

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92

Relação das empresas produtoras de equipamentos para automação industrial, por tipode equipamentos e localização, no Brasil - 1989

TIPOS DE EQUIPAMENTO LOCAL I ZAÇÂOFABRICANTES

Sistema digital de controlelongitudinal para fabricaçãode papel

Sistema digital de controletransversal para fabricação depapel

Sistema de automação de terminaisde despacho de combustível

Transmissor digi ta 1

Instrumento digital de mediçãode vazão

Terminal de vídeo semigráfico

Registrador de eventos

Controlador de demanda de energiae l é t r í.c e

Controlador de tráfego

Eletrônica au t omo t i.va

Computador de bo.rdo para veiculosaut cmot or e s

Contro~ador digital

Taurus Eletrônica si AVillares - Control S/A

Esca Indústria e Comércio Lt da . SPMavatic Automação e Controles Lt da . SPNatron Consultoria e Projetos S/A SP

Ahgora Integração de Sistemas deAutomação Ltda . SP

Esca Indústria e Comércio Ltda. SPMavatic Automação e Controles Ltda. SP

Brascontrol Indústria e Comércio Ltda. SPSisco Sistemas e Computadores S/A SPTecpet Automação de Terminais S/A RJ

Instrumentos Lince Ltda. RJSmar Equipamentos Industriais Ltda. SP

Conaut Controles Automáticos S/ A SPDigimat Instrumentação de Medição Ltda. SPEnginstrel Instrumentação Eletrônica

Pneumática Ltda. SPS?

Altus Sistemas de Informática Ltda .Datanav Engenharia Ltda.Digibyte Sistemas Digitais Ltda.Videotek Sistemas Eletrônicos Ltda .

CB Eletrônica Ltd a .CBB Instrumentação e Controle S/AHicom Eletrônica Ltda.Microcom Indústria Eletrônica Ltda.

Chronos Produtos Eletrônicos Ltda. RSEngetron Ltda. MGSrnar Equipamentos Industriais Ltda . SP

Digicon Si A RSSinatron Equipamentos Eletrônicos Ltda. RSTesc Tecnologia em Sistemas de Controle

Ltda. SP

AutomáticaVARIG si ABesson & Gobb i si A

Digi l.abPernaVARIG si ABesson & Gobbi S/ACeV Componentes Eletrônicos Lt d a .Aeroeletrônica Indústria de

Componentes Eletrônicos S/A

MGSP

RSSPSPSP

RJSPSPSP

SPRSRS

RJSPRSRSRS

RS

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Anexo 5

93

Alíquotas do Imposto de Importação incidentes sobre equipamentosde automação industrial no Brasi1-- 1992-94

(%)

MERCADORIASALÍQUOTA "AD VALOREM"

1992 1993 1994

Balanças ou dosadoras eletrônicas ....Outros aparelhos e instrumentos de pe-

sagem eletrônica de capacidade nãosuperior a 30kg o •••••••••••••••••••

Outros aparelhos e instrumentos de pe-sagem eletrônicos de capacidade su-perior a 30kg, mas não superior a5.000kg .oo ••••• oo ••••••••• o ••••••••

Estaç~o de trabalho com unidade deprocessamento com desempenho igualou superior a 20 MIPS e doisMFLDPS em dupla precisão .

Moni tor de vídeo ..... o •••••••••••••••

Unidade termí.na I remota (UTR) .... o •••

Multiplexador determinístico de dadosCompre~sor de dados ou concentrador/

/mu1tip1exador de terminais o.Co 1etor de dados ... o •••• o ••••••••••••

Placas de circuito impresso montadascom componentes elétricos e/ou ele-trônicos de máquina da posiçã08.471

Fonte de alimentação chaveada .Ignição eletrônica digital para veícu-

los automotores o •••••• o ••••••

Intertravamento vital digital paracontrole de tráfico de trens .

40 30 20

40 30 20

40 30 20

60 50 4050 50 4050 50 4060 50 40

50 50 4060 50 40

50 50 4040 30 20

40 30 30

50 50 40

FONTE: Gazeta Mercantil.

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Anexo 6Número de unidades. valor liquido e preço médio da comere i a l i z eç ão dos equipamentos

de automação industrial no Br a s i l - 1988-90

UNIDADES COMERCIALIZAÇÃO LÍQUIDA PREÇO MÉDIO(U5$ MILHÕES) (US$ 1 000) TAXA MÉDIA

CATEGORIAS E PRODUTOS ANUAL DECRESCIMEN~TO

1988 1989 J990 1988 1989 1990 1988 1989 1990

Categoria 1, controle deprocessosCont r o l ad o r programáve 1

(CP) 5 139 349 5 090 54,581 75,848 60,795 10,621 14,180 11,944 6,OSSistema digital de con-

t r o l e d i s t r i bu Ldo(SDCD) 52 37 136 56,556 95,553 30,655 1 087,615 Z 582,514 225,404 -54,48

Sistema de controle esupervisão (SCS) 148 54 83 20,738 59,216 69,151 140,122 1 096,593 833,145 143,84

Unidade terminal remota(UTR) 48 44 125 2,766 1,93 2,406 57,625 43,864 19,248 -42,21

Controlador digital deprocesso 1 228 1 822 2 402 5,5D6 8,522 4,155 4,484 4,677 1,730 -37,69

Ni c r oc ompu t ado r i nd u s>t r i a l 328 1 616 1 380 2,53 4,084 2,363 7,713 2,527 1,712 -52,88

Controlador de tráfego 23 40 228 0,381 0,176 0,193 16,565 4,400 0,846 -77,39Transmissor 1 801 3 421 3 474 3,874 8,539 4,633 2,151 2,496 1,334 -21,26Registrador eventos 2 0,044 22,000Outros 875 1 276 1 890 25,266 27,824 30,604 28,875 21,806 16,193 -25,12

Total da categoria 1 9 642 13 659 14 810 172,199 281,692 204,999 17,859 20,623 13,842 -11,96

Categoria 2, automação damanufaturaComando numér ico compu-

t ad o r i z ad o (CNC) 991 915 1 109 2S ,061 20,815 2,049 25,289 22,749 18,476 -14,52Estação de t r ab a 1 ho 98 176 110 5,59 10,102 9,433 57,041 57,398 85,755 22,61Traçador gráfico digital

("plottcr" ) 701 841 516 4,033 5,644 1,966 5,753 6,711 3,810 -18,62Mesa d i g i t e l i z.edo r a 656 906 775 1,668 2,098 1,678 2,543 2,316 2,165 -7,72Te rmi na I de vídeo s em i.r-

g r â f i c o 30 31 0,304 0,348 0,009 10,133 11,226 1,800 -57,85Lnd i cado r o i g i t a I de po-

s i ç ão 2 292 2 481 1 569 4,022 9,132 2,361 1,755 3,681 1,505 -7,40Slstema de robót ic a 3 2 8 0,304 0,209 0,063 10 1,333 104,500 7,875 -72,12Outros 1 591 1 380 1 050 4,117 4,521 2,226 2,588 3,276 2,120 -9,49

Total da categoria 2 6 362 6 732 5 142 45, I 52,87 38,226 7,089 7,854 7,434 2,41

Ca t e go r i a 3: o l e t r ón i c aautomot 1 v aComputador .tc bordo para

veículos automotores 2 0,076 0.068 12,667 34,000 63,84Controlador digi tal 2 033 5 264 0,542 0.931 0,267 0,177O~,I r os 46 310 390 643 588 600 1,522 7,374 6,083 0,033 0,019 0,010 -43,92

Tot ., ,la categoria 3 46 316 392 676 593 866 1,598 7,916 7,082 0,035 0,020 0,012 -4],21

TOTAL 62 320 413 067 613 818 218,898 342,478 250,307 3,512 0,829 0,408 -65,93

FONTE: PANOl{l\~L\ DO SETOR DE iNFORMÁTICA ( 1991) Br a s Ll i a : ser !OEPIN, v. 1 , n.1 (Séríes Es r a r Ls t i c a s )

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Anexo 7

Avaliações sobre a decisão de investir em um sistema defabricação f1exivel

Em setembro de 1984, em Sofia (Bulgária), um seminário promovidopela CEE, no qual foram apresentados estudos sobre sistemas de fabricação flexível(SFFs), chegou às seguintes conclusões:

a)a decisão de investir em um SFF deve fazer parte de uma discussãomaior, tendente a adotar os novos princípios de organização e degestão para o conjunto da empresa. Investir em um SFF é uma decisãode caráter estratégico para uma unidade fabril;

b)para que a implantação e a exploração de um SFF sejam bem-sucedidas,é necessário que todo o pessoal da empresa participe ativamente doempreendimento - tanto a nível do planejamento como dos programasde formação e reciclagem -, para que adquiram a competênciarequerida pelo novo sistema antes de sua entrada em operação;

c) para que o SFF não apresente problemas de compatibilidade quando,no futuro, se pretenda aumentar o grau de automação da fábrica vialigação a outros equipamentos, deve-se buscar a normalização detodos os elementos mecânicos, eletrônicos, programas decomunicação do SFF. Isso é de importância vital para que as modifi-cações posteriores se processem de forma rápida e eficiente;

d) os problemas que ocorrem na exploração de um SFF geralmente nãodecorrem de deficiências técnicas, mas, sobretudo, originam-se deinadequadas planificação e organização. Mesmo que a tecnologia dosSFFs se revele confiável, há certas áreas onde são necessáriosperiódicos investimentos em desenvolvimento para que se obtenhamplenas vantayens do SFF. Em particular, cabe mencionar a tecnologiados captores ,dos softwares e de redes de comunicação. Nessas trêsáreas principalmente, os avanços tecnológicos tendem a se sucederde forma cada vez mais rápida, determinando aperfeiçoamentosmarcantes nos sistemas de automação industríal.

Se o objetivo do empresário for explorar sistemas integrados com pouca outotal ausênciade intervenção manual e se o mesmo deseja produzir mercadoriasde altaqualidade em pequenas séries,um considerávelavanço se impõe nas áreas acimacitadas.

Captores são dispositivos que, conectados a instrumentos de medidas, convertem determinadosfenômenos, tais como temperatura, fluxo, pressão, etc., em uma grandeza mensurável (graus,m3js, ml/s, bares).

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Anexo 8

Empresas entrevistadas do segmento de automação industrialno Rio Grande do 8ul- 1989

Aeroeletrônica - Indústria de Componentes Aviõnicos SIAAltus Sistemas de Informática Ltda.Apex do Brasil Eletrônica e Informática Ltda.BCM Automação Industrial Ltda.Besson & Gobbi SI ACCE Engenharia Ltda.CeV Componentes Eletrônicos Ltda.Chronos - Produtos Eletrônicos Ltda.Digicon SI A Controles Eletrônicos para MecânicaECI Equipamentos Científicos Industriais Ltda.IBRACON Controles Eletrônicos Ltda.IMS Indústria de Micro Sistemas Eletrônicos Ltda.Metrixer Automação e Informática SI ASinatron Equipamentos Eletrônicos Ltda.STI Informática SI AViação Aérea Rio-Grandense (VARIG) SI A

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ESTUDO SOBREA INDÚSTRIA DE

DO RIO GRANDE DO SUL:AUTOMAÇÃO INDUSTRIALI::J ::J ::J FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATl8TICAn.::L.:J Siegfried Emanuel Heuser

Rua Ouque de Caxias, 1691 - 90.010-283 - Porto Alegre - RS - Fone: (051) 225-9455