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FOLHA DE ROSTO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” <> <> <> <> < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA BRASILEIRA <> <> POR: IZABEL CRISTINA GONÇALVES DE OLIVEIRA <> <> <> Orientadora PROFª ADÉLIA ARAUJO Rio de Janeiro 2011

< GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

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Page 1: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

FOLHA DE ROSTO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

<>

<>

<>

<>

< GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA BRASILEIRA

<>

<>

POR: IZABEL CRISTINA GONÇALVES DE OLIVEIRA

<>

<>

<>

Orientadora

PROFª ADÉLIA ARAUJO

Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO VEZ DO MESTRE

<>

<>

<>

<>

<

<> GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA BRASILEIRA

<>

<>

Monografia apresentada à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão

de Recursos Humanos

Por: Izabel Cristina Gonçalves de Oliveira

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus e a professora Janaina Abreu (Ferramentas de RH) por fazer me apaixonar cada vez mais por esta área.

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DEDICATÓRIA

Dedico está monografia para meu pai Sergio Cirilo Lima de Oliveira; minha mãe Rosemary de Souza Gonçalves de Oliveira e meus irmãos Sergio Junior e Adriana Gonçalves. E em memória: Biraciá Maria de Souza Gonçalves

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EPIGRAFE “Toda empresa tem duas estruturas organizacionais. Uma é a que está escrita. A outra é o relacionamento diário com seus funcionários”. GENEN, Harolda; MOSCOW, Alvin

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RESUMO

A escolha deste tema para o projeto se refere a analisar que um

sistema de gestão de pessoas integrado e estratégico direcionado para a

gestão de competências favorece maior sinergia entre suas partes:

funcionários e empresa. Desta forma, se o sistema de gestão de pessoas é

articulado com as estratégias organizacionais e com as expectativas das

pessoas, ele ganha legitimidade e credibilidade por agregar valor tanto para a

organização como um todo, quanto para as pessoas que com ela mantêm

relação de trabalho. Não obstante algumas limitações e a necessidade de

aprimoramento no sistema de gestão de pessoas acredita-se que importantes

avanços foram efetuados nos últimos dez anos em relação a avaliar o

desempenho das competências desenvolvidas por cada pessoa dentro de uma

empresa. Esses avanços dentro da área de gestão de pessoas, dizem respeito

a analisar as competências que cada funcionário possui para se desenvolver

dentro do ambiente de trabalho em uma empresa. Nesse caso, a competência

é a transformação de conhecimentos, aptidões, habilidades, interesse, vontade,

etc. em resultados práticos.

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METODOLOGIA

A monografia foi estruturada em pesquisa exploratória, utilizando a

pesquisa bibliográfica como fonte de coleta de dados. Uma vez que se exigiu

este tipo de pesquisa prévia, para justificar os objetivos e contribuições da

própria pesquisa, não esquecendo a importância de um estudo comparativo. A

pesquisa utilizou instrumentos metodológicos. Foram utilizados como fonte de

consulta autores como Ana Cristina Limongi França; Edwar Abreu Gonçalves,

Philippe Zarifian, Rogério Leme, dentre outros. Também foi feita uma

exposição simplificada e prática, desenvolvendo o presente trabalho através de

uma amostragem textos e periódicos de revistas, ao tema em questão para que

possa ser feito uma possível reflexão e um estudo mais aprofundado e uma

futura conclusão final.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPITULO I – GESTÃO DE PESSOAS: ORIGEM E DEFINIÇÃO 14

CPAITULO II – HISTORIA DO TERMO COMPETÊNCIA 31

CAPITULO III – DISTINÇÃO ENTRE GESTAO DO CONHECIMENTO E

GESTAO DE PESSOAS

44

CAPITULO IV – GESTÃO DE PESSOAS: TALENTO, CAPITAL HUMANO

E INTELECTUAL

57

CONCLUSÃO 66

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 71

BIBLIOGRAFIA CITADA 73

ÍNDICE 74

FOLHA DE AVALIAÇÃO 75

ANEXOS 76

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INTRODUÇÃO

Na era da Informação, da Tecnologia surgiram as equipes de gestão

com pessoas, dentro das empresas que substituem os departamentos de

recursos humanos. Esses Recursos Humanos podem ajudar a impulsionar a

estratégia organizacional, oferecendo uma base para tornar-se mais eficiente e

eficaz. De certa forma, este tipo de setor de Recursos Humanos também

podem contribuir para o envolvimento e comprometimento dos funcionários,

transformando-os em agentes empreendedores, parceiros e fornecedores para

a organização, além de criar uma organização mais inovadora. Entretanto com

o avanço da Tecnologia, as empresas precisam de muita mas pra se

desenvolverem, não se aceita mas apenas bons funcionários, é preciso que

estes funcionários sejam cada vez mas capazes de criar, de desempenar

novas funções.

Dentro das empresas a área de Recursos Humanos é uma das áreas

mais afetadas pelas recentes mudanças que estão acontecendo no mundo

moderno. As empresas começaram a perceber que as pessoas constituem o

elemento central que introduz a inteligência nos negócios e a racionalidade nas

decisões. Atualmente tratar as pessoas como recursos organizacionais é um

desperdício de talentos e de massa produtiva. Assim, hoje se fala em Gestão

de Pessoas e não mais em recursos humanos, exatamente para proporcionar

essa nova visão das pessoas, não mais como meros funcionários remunerados

em função do tempo de disponibilidade à organização, mas como parceiros e

colaboradores do negócio da empresa.

A relevância de uma competência, ou grupo de competências,

dependerá do que é esperado em função da estratégia organizacional,

levando-se em consideração, também, as competências diante da própria

empresa em que se trabalha. Mesmo sendo possível haver uma significativa

dominância de uma competência sobre as demais, no desempenho de

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10determinadas atividades, nenhuma será, isoladamente, suficiente para que se

obtenha o melhor rendimento na execução do trabalho. Sendo assim todas as

competências deverão ser avaliadas.

A respeito da sua aplicabilidade, tanto a gestão do conhecimento

quanto à gestão por competências encontra-se em fase de consolidação no

cenário mundial. Competência é a transformação de conhecimentos, aptidões,

habilidades, interesse, vontade, etc. em resultados práticos. Ter conhecimento

e experiência e não saber aplicá-los em favor de um objetivo, de uma

necessidade, de um compromisso, significa não ser competente. Competência

é, portanto, resultante da combinação de conhecimentos com comportamentos.

Conhecimentos que incluem formação, treinamento, experiência,

autodesenvolvimento e comportamentos que englobam habilidades, interesse,

vontade da pessoa em questão diante do trabalho desempenhado na empresa.

Sendo assim, depois do que foi exposto acima, questiona-se: Quais as

contribuições e inovações para a gestão de pessoas inseridas pelo modelo de

gestão por competências?

A própria evolução do homem dentro da sociedade, as pessoas e seus

conhecimentos, habilidades e competências passaram a ser a principal base

da nova empresa. A antiga Administração de Recursos Humanos cedeu lugar

para o entendimento de uma nova abordagem que foi a Gestão de Pessoas.

Nesta nova forma de pensar as pessoas deixaram de ser simples recursos

humanos organizáveis para serem seres dotados de personalidade,

inteligência, conhecimentos, habilidades, competências, aspirações e

percepções.

A existência de inovações dentro do departamento de recursos

humanos que cerca o mundo empresarial, faz a diferença na hora de driblar a

concorrência. Ou seja, a equipe que administra, planeja ou mesmo aquele

simples colaborador. Todos têm um papel fundamental no desenvolvimento da

empresa, principalmente num momento onde se fala tanto na sociedade do

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11conhecimento, ou na chamada sociedade pós-capitalista. Antes, porém, volta-

se para os novos desafios competitivos em um mercado marcado pela

mudança e pelas inovações contínuas. Os resultados desse novo

direcionamento refletem diretamente na competitividade e no lucro.

Em relação à avaliação do desempenho das pessoas em uma empresa

é uma apreciação das atividades realizadas, metas e resultados, potencial de

desenvolvimento de cada pessoa. A avaliação de desempenho é um processo

que serve para julgar ou estimar o valor, a excelência e as qualidades de uma

pessoa e, sobretudo, qual é a sua contribuição para o negócio da organização.

A avaliação do desempenho recebe denominações variadas como avaliação do

mérito, avaliação de pessoal, relatórios de progresso, avaliação de eficiência

individual ou grupal etc. Varia enormemente de uma organização para outra.

Na realidade, a avaliação do desempenho é um processo dinâmico que

devolve o avaliado e seu gerente e representa uma técnica de direta o

imprescindível na atividade administrativa de hoje. É um excelente meio pelo

qual se localizam problemas de supervisão e gerência, de integração das

pessoas à organização, de adequação da pessoa ao cargo, de localização de

possíveis dissonâncias ou carências de treinamento e, conseqüentemente,

estabelecer os meios; e programas para eliminar ou neutralizar tais problemas.

No fundo, a avaliação do desempenho constitui um poderoso meio de

resolver problemas de desempenho e melhorar a qualidade do trabalho e a

qualidade de vida dentro das organizações. O desempenho humano no cargo é

extremamente contingencial variando de pessoa para pessoa e de situação

para situação, pois depende de inúmeros fatores condicionantes que o

influenciam poderosamente. O valor das recompensas e a percepção de que

as recompensas dependem de esforço determinam o volume de esforço

individual que a pessoa estará disposta a realizar.

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12A escolha deste tema justifica-se pela necessidade em esclarecer que

a freqüente utilização do termo competência no campo da gestão

organizacional fez com que este adquirisse variadas conotações..

O significado de competência que tem adquirido forças nos últimos

tempos está relacionado com uma condição diferenciada de qualificação e

capacitação das pessoas para executar seu trabalho, desempenhar suas

atividades. Inicialmente mais aplicado a pessoas; num segundo momento

passou a ser usado também como requisitos de bom desempenho de equipes,

unidades e da empresa. Ter conhecimento é saber utilizar informações, idéias

e noções de domínio das pessoas; acúmulo de saber, aprendizado,

experiência. Conhecimento sempre foi um valor importante. Porque quem o

tem em maior quantidade possui mais potencial de realização, possui mais

possibilidades de aplicá-lo nas diversas situações de vida e no trabalho, com

mais chances de satisfação das necessidades e sucesso. Quem tem mais

conhecimento é, potencialmente, mais competente. Mas se tomar efetivamente

competente implica colocar o conhecimento em prática de forma a alcançar

objetivos, obter resultados.

Qualquer organização, que deseja promover uma transformação em

seu ramo de negócios, deve usar todo o seu conhecimento para identificar as

idéias revolucionárias e as opções estratégicas não convencionais, que

possam ser adaptadas e colocadas em prática. Por isso, cada vez mais, líderes

e consultores das empresas falam do conhecimento como sendo o principal

ativo das organizações e como sendo a chave da vantagem competitiva

sustentável.

O objetivo geral desta pesquisa é identificar as contribuições para a

gestão do modelo por competências para o sistema de RH. E os objetivos

específicos desta pesquisa serão: identificar as características da gestão de

pessoas ao longo dos últimos 50 anos; descrever o modelo de gestão de

competências; analisar o impacto das competências para o RH.

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13Um sistema de gestão de pessoas integrado e estratégico favorece

maior sinergia entre suas partes. Desse modo, os vários processos de gestão

do sistema reforçam-se mutuamente e garantem ao sistema maior efetividade,

coerência e consistência. Ao mesmo tempo, se o sistema de gestão de

pessoas está articulado com as estratégias organizacionais e com as

expectativas das pessoas, ele ganha legitimidade e credibilidade por agregar

valor tanto para a organização como um todo, quanto para as pessoas que

com ela mantêm relação de trabalho. Não obstante algumas limitações e a

necessidade de aprimoramento no sistema de gestão de pessoas acredita-se

que importantes avanços foram efetuados nos últimos dez anos. Esses

avanços não estão concentrados somente no sistema de gestão, mas também

nos aspectos metodológicos utilizados para sua concepção e implementação.

O foco da pesquisa reside no estudo dos impactos do modelo de

gestão por competências na gestão de pessoas. A construção do referencial

teórico está limitada ao campo de estudo de gestão e da Administração. Esta

monografia possui a seguinte estrutura metodológica:

No capítulo I - Origem e conceito de Gestão de Pessoas; ressaltando

os fatores do comportamento que são analisadas na gestão de pessoas;

No capitulo II História do termo competência; destacando o

entendimento sobre mapeamento de competências, uso de métodos e técnicas

para avaliar as competências de cada pessoa dentro de uma empresa; bem

como a própria utilização da certificação como um processo de avaliação das

competências.

No capítulo III – Distinção entre gestão do conhecimento e a gestão por

competência, destacando como ponto principal entre ambos os tipos de gestão,

a avaliação da competência através do desempenho;

No capítulo IV – Gestão de pessoas: talento, capital humano e

intelectual;

A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das

competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental para o

desenvolvimento da gestão de pessoas em uma empresa.

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14

CAPÍTULO I

GESTÃO DE PESSOAS: ORIGEM E DEFINIÇÃO

Este capitulo abordará a origem e o conceito de gestão de pessoas,

destacando os fatores que são responsáveis pelo comportamento na gestão de

pessoas. Comportamento que pode ser avaliado no desempenho de cada

funcionário.

A Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência de

organizações bem-sucedidas e pelo aporte de capital intelectual que simboliza,

mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da Informação.

Com a globalização dos negócios, o desenvolvimento tecnológico, o forte

impacto da mudança e o intenso movimento pela qualidade e produtividade,

surge uma eloqüente constatação na maioria das organizações: o grande

diferencial, a principal vantagem competitiva das empresas decorre das

pessoas que nelas trabalham (ZENONE, 2003).

Surge, portanto, uma nova visão: as pessoas como agentes proativos e

empreendedores. São as pessoas que geram e fortalecem a inovação e que

produzem, vendem, servem ao cliente, tomam decisões, lideram, motivam,

comunicam, supervisionam, gerenciam e dirigem os negócios das empresas.

No fundo, as organizações são conjuntos de pessoas. Também se pode

observar que se necessita de novas formas de gerir pessoas e competências

dentro de uma empresa.

As empresas, de forma natural e espontânea, estão alterando sua

forma de gerir pessoas para atender às demandas e pressões provenientes do

ambiente externo e interno. Essa reação natural e espontânea tem padrões

comuns que caracterizam um novo modelo de gestão de pessoas (ZENONE,

2003). Como modelo é mais eficiente para se compreender e atuar sobre a

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15realidade organizacional, ele estará presente em todas as empresas. É por

esse motivo que as empresas inseridas em contextos mais exigentes, quer em

função de seu setor de atividade econômica, quer em função do papel que

exercem junto às do mesmo gênero, estão praticando a gestão de pessoas que

utilizam conceitos de competência, complexidade e espaço ocupacional,

conscientes ou não desse fato (ZENONE, 2003).

A existência de inovações dentro do departamento de recursos

humanos que cerca o mundo empresarial, faz a diferença na hora de driblar a

concorrência. Ou seja, a equipe que administra, planeja ou mesmo aquele

simples colaborador. Todos têm um papel fundamental no desenvolvimento da

empresa, principalmente num momento onde se fala tanto na sociedade do

conhecimento, ou na chamada sociedade pós-capitalista (VALERIANO, 2002).

Antes, porém, volta-se para os novos desafios competitivos em um mercado

marcado pela mudança e pelas inovações contínuas. Os resultados desse

novo direcionamento refletem diretamente na competitividade e no lucro.

Qualquer organização, que deseja promover uma transformação em

seu ramo de negócios, deve usar todo o seu conhecimento para identificar as

idéias revolucionárias e as opções estratégicas não convencionais, que

possam ser adaptadas e colocadas em prática. Por isso, cada vez mais, líderes

e consultores das empresas falam do conhecimento como sendo o principal

ativo das organizações e como sendo a chave da vantagem competitiva

sustentável (VALERIANO, 2002).

Os Recursos Humanos podem ajudar a impulsionar a estratégia

organizacional, oferecendo-lhe uma base para tornar-se mais eficiente e eficaz.

De certa forma, os Recursos Humanos também podem contribuir para o

envolvimento e comprometimento dos funcionários, transformando-os em

agentes empreendedores, parceiros e fornecedores para a organização, além

de criar uma organização mais inovadora.

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16O sucesso de uma organização depende cada vez mais do

conhecimento, habilidades, criatividade e motivação de sua força de trabalho.

O sucesso das pessoas, por sua vez, depende cada vez mais de

oportunidades para aprender e de um ambiente favorável ao pleno

desenvolvimento de suas potencialidades (CHIAVENATO, 2004).

Neste contexto, a promoção das pessoas em todos os aspectos do

trabalho destaca-se como um elemento fundamental para a obtenção da

sinergia entre equipes. Pessoas com habilidades e competências distintas

formam equipes de alto desempenho quando lhes é dada autonomia para

alcançar metas bem definidas.

Os desejos e necessidades das pessoas da organização quando

corretamente identificados e utilizados na definição das estratégias, dos planos

e das práticas de gestão organizacionais, promovem o desenvolvimento, a

atração e retenção de talentos humanos, bem como um clima organizacional

participativo, possibilitando o alcance do alto desempenho da organização e o

crescimento das pessoas.

A gestão por competências propõe-se a alinhar esforços para que as

competências humanas possam gerar e sustentar as competências

organizacionais necessárias à consecução dos objetivos estratégicos da

organização. Esse modelo de gestão japonês, parcial ou integralmente adotado

por inúmeras empresas, certamente as tornou mais eficazes e permitiu que

fossem, temporariamente, mais competitivas (KAPLAN; NORTON, 2004).

Entretanto, esse modelo foi concebido para atender às estratégias do governo

japonês, na busca de atualização tecnológica, aumento da produtividade e,

conseqüentemente, da competitividade, mas quando adotado pelas

organizações não ultrapassava o plano tático. Assim, pouco contribuiu para o

desenvolvimento de estratégias que alinhassem a gestão da empresa com as

exigências do mercado.

Page 17: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

17A sustentação da competitividade não se dá por intermédio de um

sistema composto de elementos que podem ser copiáveis pela concorrência,

mas sim pelo desenvolvimento estratégico que leva uma empresa a manter seu

posicionamento no mercado, até que ela mesma possa superá-lo. Então, é

necessário que cada gesto reformule a estratégia da sua organização e, ao

fazê-lo, estará definindo que atividades serão exercidas para diferenciá-las da

concorrência (ZENONE, 2003).

A formulação da estratégia determinará que competências

organizacionais são necessárias para o alcance dos objetivos da organização.

A partir daí serão definidas as competências humanas, já que tudo será posto

em prática pelas pessoas que compõem a organização: Dutra argumenta que:

São as pessoas que, ao colocarem em prática o

patrimônio de conhecimentos da organização,

concretizam as competências organizacionais e fazem

sua adequação ao contexto. Ao utilizarem, de forma

consciente, o patrimônio de conhecimento da

organização, as pessoas validam-no ou implementam as

modificações necessárias para aprimorá-lo. A agregação

de valor das pessoas é, portanto, sua contribuição efetiva

ao patrimônio de conhecimentos da organização,

permitindo-lhe manter suas vantagens competitivas no

tempo (2008, p. 24).

Como se pode perceber, utilizar o modelo de seleção por competências

é mais complexo do que a simples adoção de uma das muitas definições que

vêm sendo propostas para o termo. Na fase inicial do processo seletivo, o

selecionador terá que: Identificar as competências funcionais necessárias para

o bom desempenho de cada posição em aberto; definir os meios de atração

convenientes, de acordo com as fontes disponíveis; escolher as técnicas de

avaliação pertinentes ao que se necessita selecionar; e fazer o alinhamento de

todos os procedimentos com a estratégia da organização.

Page 18: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

18

Uma das diferenças entre o modelo tradicional de seleção e o de

seleção por competência é que, conforme Rabaglio salienta, o segundo está

mais fundamentado em fatos concretos e mensuráveis:

Pesquisas indicam que o método tradicional de

entrevistas, principalmente aquele baseado na intuição do

selecionador como indicador do candidato certo, não

garante uma contratação de sucesso. Uma qualidade

essencial da seleção por competências é o fato de não se

basear na intuição para a escolha do candidato, mas sim

em fatos concretos e mensuráveis como o

comportamento (2001, p. 33).

Apesar de Rabaglio afirmar que a intuição não deve servir de base

para a seleção, considera-se importante esclarecer que ela jamais estará

ausente. É uma capacidade do selecionador, que deve ser aprimorada de

forma analítica e compreensiva ao longo da sua experiência, associada à

observação do comportamento dos candidatos conforme afirmado e, assim,

constitui-se em uma vantagem da aplicação do modelo de seleção por

competências, em relação ao modelo tradicional.

1.1 FATORES DO COMPORTAMENTO NA GESTÃO DE PESSOAS

Dentre os fatores que determinam o comportamento humano e suas

relações, pode-se destacar: reação individual ao meio ambiente e fatores que

condicionam as reações individuais como, por exemplo, os padrões de

convicção e organização social (NEWMAN, 1991 apud, ZENONE, 2003).

Na relação individual ao meio ambiente, o individuo pratica um ato

porque a satisfação que obtém da sua realização é maior do que o desconforto

e o sacrifício envolvidos, todavia, isto não significa necessariamente que as

Page 19: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

19pessoas se comportem de maneira racional, baseada em uma análise lógica.

Os hábitos e a inércia desempenham importante papel. O momento da decisão

será influenciado por um ou dois fatores do que por uma cuidadosa análise de

todos os aspectos. Ao contrário, os prós e os contras são importantes para o

indivíduo, e ele reage de acordo com isso. A tarefa da administração, é criar

condições capazes de permitir que os atos escolhidos pelos empregados, em

virtude da satisfação pessoal neles encontrada, conduzam aos melhores

resultados para a empresa em geral (NEWMAN; 1991, apud, ZENONE, 2003).

Todavia, os fatores condicionantes das reações individuais surgem

como a maneira pela qual um indivíduo reage a determinadas instruções e

medidas destinadas a motivá-lo são geralmente difíceis de prever e de explicar.

As atividades e o comportamento humano são muito complexos e de difícil

compreensão. E para isso as reações do indivíduo são em parte, determinadas

por suas necessidades e características pessoais. Sua necessidade biológica

por tais coisas como: alimento e abrigo influenciam suas reações, mas a renda

da maioria das pessoas leva-as além dos requisitos mínimos dessa espécie

pelo desejo de segurança, sociabilidade e atualização (NEWMAN; 1991, apud,

ZENONE, 2003).

De certa forma o comportamento individual está igualmente

condicionado pelas convicções de cada um. Por isso, pode-se dizer que o

indivíduo possui convicções a respeito de todos os domínios alcançados por

sua percepção. As convicções e as reações de um indivíduo são fortemente

influenciadas pelo círculo social a que pertence. Esses grupos informais se

constituem onde quer que haja uma associação de pessoas. O indivíduo deve

se entregar à motivação compreendendo perfeitamente os efeitos dessas

influências sobre o comportamento do indivíduo. Sendo assim, as

necessidades e características pessoais, os preconceitos e os grupos sociais

influem na maneira pela qual o indivíduo reage a um pedido ou a uma sugestão

(NEWMAN; 1991, apud, ZENONE, 2003).

Page 20: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

20As organizações não existem no vácuo e nem funcionam ao acaso.

Como sistemas abertos às organizações operam através de mecanismos de

cooperação e de competição com outras organizações. Em sua interação com

o ambiente, elas dependem de outras organizações e lutam contra outras

organizações para manterem seus domínios e mercados. A estratégia

organizacional constitui o mecanismo através do qual a organização interage

com o seu contexto ambiental.

A estratégia define o comportamento da organização em um mundo

mutável, dinâmico e competitivo. A estratégia é condicionada pela missão

organizacional e pela visão do futuro; e pelos objetivos principais da

organização. O único integrante racional e inteligente da estratégia

organizacional é o elemento humano: a cabeça e o sistema nervoso da

organização (FAISSAL, 2005).

As organizações não são criadas a esmo. Elas existem para fazer

alguma coisa, todas as organizações têm uma missão a cumprir. Missão

significa uma incumbência que se recebe. A missão representa a razão da

existência de uma organização. Significa a finalidade ou o motivo pelo qual a

organização foi criada e para o que ela deve servir. A missão envolve os

objetivos essenciais do negócio e está geralmente focalizada fora da empresa,

ou seja, no atendimento a demandas da sociedade, do mercado ou do cliente.

Uma grande visão pode servir como um propósito útil mesmo que seja

entendida por apenas algumas pessoas fundamentais. Mas o poder real de

uma visão é revelado apenas quando a maioria dos envolvidos em uma

empresa ou atividade tem um entendimento comum de seus objetivos e

direção. Esse senso compartilhado de um futuro desejável pode ajudar a

motivar e coordenar os tipos de ações que provocam transformações

(FAISSAL, 2005).

Compreender e comprometer-se com uma nova direção nunca é uma

tarefa fácil, especialmente no caso de grandes empresas. Pessoas inteligentes

Page 21: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

21cometem erros o tempo todo, e o fracasso total não são raros, até mesmo em

empresas conhecidas. Os gerentes não se comunicam direito e

freqüentemente isso acontece em grandes proporções ou eles

inadvertidamente enviam mensagens inconsistentes. Em qualquer um dos

casos, o resultado final é o mesmo: a interrupção da transformação. De acordo

com o entendimento de Kotter:

O fracasso na comunicação da visão quase sempre é

atribuído a capacidades intelectuais limitadas dos

funcionários subordinados ou a uma generalizada

resistência humana às mudanças, e dessa forma à

aceitação das informações sobre a mudança. Embora

esses dois fatores possam ser relevantes, nenhum dos

dois está relacionado ao problema mais básico (1997,

apud, CARBONE, 2006, p. 87).

O desenvolvimento de uma visão de transformação com freqüência

exige que os integrantes da coalizão administrativa passem algumas centenas

de horas reunindo informações, estudando-as, considerando alternativas e

finalmente tomando decisões. Uma das razões principais para que a criação da

visão seja um exercício tão desafiador é que aqueles que estiverem na

coalizão administrativa têm de responder a todas essas perguntas por si

mesmos e isso exige tempo e muita comunicação. A tarefa puramente

intelectual, a pane: que poderia ser feita por um consultor de estratégias, é

muito difícil, mas essa quase sempre é a parte menos importante do exercício

geral.

No século XX, o desenvolvimento de profissionais de negócios era feito

nas salas de aula e no trabalho centralizado na administração, isto é, as

pessoas eram ensinadas a planejar, fazer orçamentos, organizar, designar

pessoal, controlar e resolver problemas. Somente na última década boa pane

da atenção se transferiu para o desenvolvimento de líderes pessoas que

Page 22: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

22podem criar e transmitir visões e estratégias (KOTTER, 1997, apud,

CARBONE, 2006, p. 88).

Como a gerência trata principalmente do status quo e a liderança trata

principalmente da mudança, no próximo século será muito mais capaz de criar

líderes. Sem líderes suficientes, a visão, comunicação e o empowerment que

representam o núcleo de uma transformação simplesmente não acontecerão

de forma satisfatória ou rápida o bastante para atender as necessidades e

expectativas da sociedade.

As organizações bem-sucedidas do século XXI terão de se parecer

mais com incubadoras de liderança. O desperdício de talentos se tornará cada

vez mais caro em um mundo de rápidas transformações. Desenvolver essa

liderança, por sua vez, demandará estruturas mais satisfatórias e enxutas

associadas a culturas menos controladoras e que assumam mais riscos.

As conseqüências negativas de colocar pessoas com potencial em

pequenas caixas e sub-administrá-las irão apenas aumentar. As pessoas

precisam ser encorajadas a liderar, a princípio em pequena escala, tanto para

ajudar a organização a se adaptar às circunstâncias de mudança quanto para

ajudá-las a crescer. Dessa forma, através de milhares de horas de tentativa e

erro, instrução e encorajamento, elas atingirão seu potencial.

As questões que permeiam gestão de pessoas fascinam e são

extremamente importantes. O fascínio reside no fato de que envolve as

pessoas no trabalho e é importante porque os recursos humanos são a própria

organização. As pessoas tomam decisões, fixam objetivos e planejam,

produzem e vendem os produtos. O interessante é perceber como a forma de

administrar as pessoas faz a diferença, se todas as decisões correlatas

correspondem às perspectivas organizacionais permitindo atingir seus

objetivos.

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23Acredita-se que o que distingue a maioria das empresas bem

sucedidas é a maneira de como administram seu capital humano. O talento

para obter e sustentar vantagens competitivas está nas pessoas que formam a

força de trabalho e por isso é necessário saber como selecionar e desenvolver

futuros líderes, como redesenhar a empresa para melhor atender aos clientes,

como recompensar o bom desempenho, como liderar uma mão-de-obra

globalmente diversificada, como controlar os custos dos encargos trabalhistas

ao mesmo tempo em que se mantém o tratamento justo aos empregados

(FLEURY; FLEURY, 2006). Sendo assim, os maiores desafios sempre

envolvem a administração das pessoas nas empresas.

A busca pelas respostas está na análise das condições e das pessoas

envolvidas, assim sendo, deve-se entender o que considerar em uma análise

desse tipo, de maneira a permitir a tomada de decisões eficazes. O retorno

potencial das decisões sobre a força de trabalho pode igualar ou superar os

retornos de decisões tomadas sobre outros recursos da empresa.

Para um bom diagnóstico em gestão de pessoas é necessário

(FLEURY; FLEURY, 2006, p. 118):

a) Um levantamento das condições organizacionais, tanto internas

como externas, que são enfrentadas;

b) Planejar e determinar os objetivos na área de gestão de pessoas em

consonância com os objetivos organizacionais e todo o planejamento

estratégico corporativo;

c) Escolher as ações apropriadas para alcançar os objetivos desejados;

d) Avaliar os resultados constantemente. Não há como medir a eficácia

das ações, sem que haja uma avaliação de desempenho.

As atividades em gestão de pessoas são: recrutamento; seleção;

planejamento e administração de carreira em conjunto com o empregado;

treinamento e desenvolvimento do capital humano; remuneração, envolvendo

salários e benefícios; avaliação de desempenho.

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24Muitas empresas familiares, diante de sua falta de profissionalização,

assumem sua ação em gestão de pessoas de forma amadora. Não se pode

considerar ações que privilegiem aqueles que não têm competência para

assumir ou se manter em cargos, pelo simples fato de estar respaldado pelo

direito sucessório.

Os objetivos fundamentais a serem perseguidos e alcançados devem

ser o da eficiência, permitindo que as ferramentas disponíveis em gestão de

pessoas sejam realizadas da maneira correta; eficácia, que se alcance os

resultados esperados; efetividade, permitir a excelência nas ações

reiteradamente e, equidade, garantindo direitos iguais (Vasconcelos; Cyrino,

2000).

É preciso entender que um talento perdido pode ser um ganho para a

concorrência, ou pode assumir a posição de concorrente, fazendo com que sua

organização perca uma fatia de mercado importante. Competência não tem

uma relação direta com o direito de herança. Alocar o perfil adequado ao cargo

e as funções que serão desempenhadas garante o desempenho do papel que

se espera e faz com que a empresa seja vista com credibilidade,

principalmente por seus empregados.

A gestão por pessoas e por competências propõe-se

fundamentalmente a gerenciar o gap ou lacuna de competências

eventualmente existente na organização, procurando eliminá-lo ou minimizá-lo.

A idéia é aproximar ao máximo as competências existentes na organização

daquelas necessárias para a consecução dos objetivos organizacionais.

Nessa perspectiva, minimizar eventuais lacunas de competências

significa orientar e estimular os profissionais a eliminar as discrepâncias entre o

que eles são capazes de fazer competências atuais e o que a organização

espera que eles façam competências desejadas. A área de gestão de pessoas,

então, possui papel fundamental nesse processo, na medida em que seus

diversos subsistemas sejam eles: identificação e alocação de talentos,

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25educação corporativa, avaliação de desempenho, remuneração e benefícios,

entre outros podem promover ou induzir o desenvolvimento profissional e, por

conseguinte, a eliminação de gaps ou lacunas de competências (KAPLAN;

NORTON, 2004).

A partir da estratégia organizacional, então, a área de gestão de

pessoas pode orientar suas políticas, planos táticos e ações, integrando todos

os seus subsistemas em torno da aquisição das competências necessárias à

consecução dos objetivos organizacionais. Esse alinhamento entre a estratégia

organizacional e as práticas de gestão de pessoas, bem como a sinergia entre

as políticas e ações dos vários subsistemas de gestão de pessoas, gera o que

Tilles (1963, apud, CARBONE, 2006) denominou consistência interna da

estratégia, ou seja, um impacto positivo cumulativo dessas políticas e ações

sobre o desempenho organizacional.

Assim, a adoção de modelos de gestão baseados no conceito de

competência gera também impactos significativos em relação à condução dos

diversos processos de gestão de pessoas. A avaliação do desempenho

humano no trabalho, portanto, serve ao propósito de identificar, de um lado, os

picos de competências (superações do desempenho esperado) e, de outro,

eventuais lacunas de competências dos profissionais da organização, gerando

informações para a gestão dos diversos subsistemas de gestão de pessoas.

O subsistema educação corporativa, por exemplo, atua diretamente no

processo de desenvolvimento de competências humanas, promovendo a

socialização das competências existentes e provendo a organização de ações

de aprendizagem que permitam eliminar eventuais lacunas de competências.

Pode, também, agir por antecipação, desenvolvendo hoje competências que

serão necessárias apenas no futuro.

A aprendizagem representa o meio pelo qual são desenvolvidas as

competências humanas, enquanto o desempenho no trabalho representa uma

manifestação daquilo que a pessoa aprendeu ao longo de sua vida. Pode-se

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26dizer, então, que a competência é resultante da aplicação de conhecimentos,

habilidades e atitudes adquiridos pela pessoa em processos de aprendizagem

(CARBONE, 2006).

Assim, se a avaliação de desempenho indicar, hipoteticamente, que

funcionários ou equipes não expressam, no nível desejado pela organização, a

competência de "atender o cliente com cortesia e educação, considerando suas

expectativas e características", então cabe ao subsistema educação

corporativa prover uma ação de aprendizagem que tenha o desenvolvimento

dessa competência como um objetivo instrucional.

Com isso, na gestão por competências, o mapeamento das

competências humanas relevantes à organização passa a orientar o

subsistema educação corporativa em seus processos de identificação de

necessidades de aprendizagem, formulação de objetivos instrucionais,

definição de conteúdos de ensino, compartilhamento de competências entre as

pessoas e construção de trilhas de aprendizagem, entre outros, conforme

relatam Brandão e Carbone (2004). Le Boterf (1999, apud, CARBONE, 2006)

reforça esse entendimento, ressaltando que o desenvolvimento de

competências humanas depende essencialmente de três fatores: do interesse

da pessoa por aprender; de um ambiente de trabalho que Incentive a

aprendizagem; e do sistema de educação corporativa disponível ao indivíduo.

A identificação e alocação de talentos, por sua vez, outro Importante

subsistema de gestão de pessoas, obedece a uma lógica semelhante. Neste

caso, as competências mapeadas como relevantes à organização passam a

orientar a definição de perfis profissionais, os quais constituem as principais

referências em ações de recrutamento e seleção (CARBONE, 2006).

Assim, o processo de seleção e admissão de pessoas adequadas às

necessidades presentes e futuras da organização tem como referência básica

às competências que a organização espera que as pessoas manifestem no

trabalho, conforme sugere Dutra (2008). A alocação e movimentação interna de

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27pessoas, da mesma forma, passa a ter como principal critério à proximidade

entre as competências que as pessoas possuem e as competências exigidas

pelo papel ocupacional que exercerão. Dessa forma, o processo de orientação

profissional busca conciliar as necessidades organizacionais de competências,

as oportunidades profissionais existentes na organização e as aspirações de

crescimento do indivíduo.

Outros subsistemas de gestão de pessoas, como remuneração e

comunicação interna, por exemplo, agem como indutores do processo de

desenvolvimento de competências, gerando incentivos e estímulos à

aprendizagem. Quando valorizadas e remuneradas de forma variável, em

razão das competências que expressam no trabalho, as pessoas, na

expectativa de obterem maior reconhecimento ou retribuição, sentem-se

inclinadas ou predispostas ao desenvolvimento das competências valorizadas

pela organização.

O subsistema comunicação, por sua vez, pode valer-se de campanhas

de comunicação interna para estimular o autodesenvolvimento das pessoas,

informando os funcionários sobre os objetivos e metas organizacionais, as

competências desejadas pela organização e os benefícios para aqueles que

expressam tais competências no trabalho. Pode, ainda, divulgar metodologias

e disponibilizar ferramentas para compartilhamento de conhecimentos e

experiências, visando socializar o saber na organização (CHIAVENATO, 2005).

Sendo assim, entende-se que uma competência profissional resulta da

mobilização, por parte da pessoa, de uma combinação de recursos. E a pessoa

expressa a competência quando gera um resultado no trabalho, decorrente da

aplicação conjunta de conhecimentos, habilidades e atitudes; os três recursos

ou dimensões da competência. Gerenciar competências, por sua vez, de

maneira geral, significa planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes

níveis da organização, as competências necessárias à consecução de seus

objetivos (DUTRA, 2008). Atuando como uma abordagem complementar à

gestão por competências e tendo como objeto principal à dimensão cognitiva, a

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28gestão do conhecimento pode ser vista, de forma geral, como o conjunto de

processos destinados a identificar o conhecimento presente nas pessoas e

proporcionar condições para criação, transferência e utilização desse

conhecimento.

De acordo com Faissal (2005, p. 78), é preciso apresentar as

competências essenciais, que se constituem em um dos pilares do modelo.

I) Competências essenciais

Toda organização possui um conjunto de competências composto por:

requisitos indispensáveis para manter-se atuante no segmento em que está

situada; e outro grupo de fatores que a distingue das demais, perante o

mercado e clientes. Estas últimas são as competências essenciais da

organização. Algumas fazem parte da estrutura fixa da empresa, outras são

variáveis e têm que ser criadas ou remodeladas constantemente, em razão das

transformações que ocorrem nos cenários e nas necessidades dos clientes.

Assim, suas competências de produção com qualidade e baixo custo

sustentam a competência de distribuição; esta, por sua vez, sustenta a marca.

Segundo os proprietários, não há planos para alterar a estratégia até hoje

adotada. Nem o aumento da demanda foi capaz de sensibilizá-los, porque

receiam perder o controle da produção e da qualidade.

II) Competências organizacionais

As pessoas são responsáveis por colocar em prática o patrimônio de

conhecimentos da organização e, para atingir esse objetivo, precisam

encontrar um ambiente propício e com as características necessárias, para tirar

maior proveito dos recursos disponíveis. Como afirma Dutra (2008), na relação

entre pessoas e organizações existe "um processo contínuo de troca de

competências" (p. 24).

De um lado, existe a empresa transferindo os conhecimentos de que

dispõe e que lhe trazem vantagens competitivas; de outro as pessoas, que,

utilizando esses conhecimentos e contribuindo com suas competências

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29individuais, agregam valor ao patrimônio de conhecimentos da organização,

permitindo que esta possa manter seus diferenciais e desenvolvê-los. Este

intercâmbio de competências sugerido por Dutra (2008) implica uma dinâmica

entre duas categorias de competências: organizacionais e individuais.

Mesmo com classificações distintas, as competências organizacionais

e as individuais, estas também denominadas humanas ou profissionais,

apresentam correspondência entre si. Em razão desta correspondência, deve-

se observar cada conjunto de competências seja definido a partir da estratégia

organizacional, seguindo a ordenação em que estão aqui apresentadas.

Competências organizacionais, segundo Prahalad e Hamel (1990,

apud, FAISSAL, 2005, p. 61) dizem respeito à "atributos da organização, que

conferem vantagem competitiva a ela, geram valor distintivo percebido pelos

clientes e são difíceis de ser imitados pela concorrência".

A construção das competências organizacionais dependerá da

estratégia adotada pela empresa. Treacy e Wiersema (1995 apud, FAISSAL,

2005, p. 62) e Porter (1996, apud, FAISSAL, 2005, p. 62) propõem uma

classificação onde há três categorias distintas de estratégia competitiva que,

resumidamente, correspondem a:

a) Excelência operacional - ter o melhor processo em serviços,

produção, comercialização e distribuição; b) Inovação em produtos -

desenvolver padrões de tecnologia e qualidade que garantam a liderança no

segmento e influenciem o mercado; c) Orientação para clientes - diagnosticar o

máximo de informações sobre os clientes, manter relacionamentos e obter sua

preferência.

De acordo com as observações de Dutra (2008), a adoção da

estratégica determinará um conjunto de competências organizacionais típicas

que se enquadram em cada uma das categorias apresentadas.

III) Competências humanas

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30As competências humanas são representadas pelo conjunto de

conhecimentos, habilidades e atitudes que cada pessoa mobiliza ao executar

uma atividade. A partir desta premissa, pode-se subentender que as

competências humanas, quando avaliadas no contexto organizacional,

pressupõem a integração da sua aplicação em prol de um resultado esperado e

em consonância com a estratégia prevista.

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31

CAPÍTULO II

HISTÓRIA DO TERMO COMPETÊNCIA

Este capitulo descreverá a história do termo competência, destacando

o mapeamento de competências, métodos, técnicas e instrumentos e também

uma avaliação do domínio de competências por meio de certificação.

No final da Idade Média, o termo competência pertencia

essencialmente à linguagem jurídica. Dizia respeito à faculdade atribuída a

alguém ou a uma instituição para apreciar e julgar certas questões. Por

extensão, o termo veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade

de alguém se pronunciar a respeito de determinado assunto e, mais tarde,

passou a ser utilizado também para qualificar o indivíduo capaz de realizar

certo trabalho (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001; ISAMBERT-JAMATI, 1997,

apud, CARBONE, 2006).

Com a Revolução Industrial e o advento do taylorismo, o termo

competência foi incorporado à linguagem organizacional, sendo utilizado para

qualificar a pessoa capaz de desempenhar eficientemente determinado papel.

A partir da década de 1970, o interesse pelo assunto estimulou o debate

teórico e a realização de pesquisas. Muitos autores procuraram criar definições

próprias para o termo, chamando a atenção para variados aspectos da

competência. Gilbert (1978, apud, CARBONE, 2006), por exemplo, um dos

primeiros a discutir a utilização desse conceito, ressalta que a competência

humana é expressa em função do desempenho da pessoa no trabalho, o que

envolve não apenas o comportamento que o indivíduo adota, mas também

suas conseqüências, no tocante a realizações.

A freqüente utilização do termo competência no campo da gestão

organizacional fez com que este adquirisse variadas conotações, sendo, não

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32raras vezes, empregado de diferentes maneiras, conforme relatam Brandão e

Guimarães (2001) e McLagan (1997, apud, CARBONE, 2006). É possível, no

entanto, perceber a existência de duas grandes correntes, conforme sugere

Dutra (2008). A primeira, representada, sobretudo por autores norte-

americanos (BOYATZIS, 1982, e MCCLELLAND, 1973 apud, CARBONE,

2006), entende a competência como um estoque de qualificações

(conhecimentos, habilidades e atitudes) que credencia a pessoa a exercer

determinado trabalho.

A segunda representada principalmente por autores franceses (LE

BOTERF, 1999, e ZARIFIAN, 1999, apud, CARBONE, 2006), associa a

competência não a um conjunto de qualificações do indivíduo, mas sim às

realizações da pessoa em determinado contexto, ou seja, àquilo que ela produz

ou realiza no trabalho (DUTRA, 2008).

A competência é entendida não apenas como o conjunto de

conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para exercer determinada

atividade, mas também como o desempenho expresso pela pessoa em

determinado contexto, em termos de comportamentos e realizações

decorrentes da mobilização e aplicação de conhecimentos, habilidades e

atitudes no trabalho. Nessa perspectiva, então, as competências humanas são

reveladas quando as pessoas agem ante as situações profissionais com as

quais se deparam (ZARIFIAN, 1999, apud, CARBONE, 2006) e servem como

ligação entre as condutas individuais e a estratégia da organização.

Assim, agregam valor econômico e valor social a indivíduos e a

organizações, na medida em que contribuem para a consecução de objetivos

organizacionais e expressam o reconhecimento social sobre a capacidade das

pessoas.

O conhecimento corresponde a informações que, ao serem

reconhecidas e integradas pelo indivíduo em sua memória, causam impacto

sobre seu julgamento ou comportamento. Refere-se ao saber que a pessoa

Page 33: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

33acumulou ao longo de sua vida, algo relacionado à lembrança de conceitos,

idéias ou fenômeno (BLOOM et al., 1979; DAVIS; BOTKIN, 1994, apud,

CARBONE, 2006). A habilidade está relacionada à aplicação produtiva do

conhecimento, ou seja, capacidade da pessoa de instaurar conhecimentos

armazenados em sua memória e utilizá-los em uma ação.

Gagné et al (1988, apud, CARBONE, 2006) destacam que as

habilidades podem ser classificadas como intelectuais, quando abrangerem

essencialmente processos mentais de organização e reorganização de

informações, e como motoras ou manipulativas, quando exigirem

fundamentalmente uma coordenação neuromuscular. A atitude, por sua vez,

refere-se a aspectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho (DURAND,

2000, apud, CARBONE, 2006). Diz respeito a um sentimento ou à

predisposição da pessoa, que determina a sua conduta em relação aos outros,

ao trabalho ou a situações.

Na indústria de serviços, por exemplo, é muito comum dirigir-se do

empregado à manifestação do seguinte comportamento: "atende o cliente com

receptividade e cortesia, considerando suas expectativas e características".

Outros autores (BRANDÃO et al., 2001; BRUNO FARIA; BRANDÃO, 2003), por

opção metodológica, descrevem o recursos ou dimensões da competência, ou

seja, os conhecimentos, habilidades e atitudes que se pressupõem sejam

necessários para que a pessoa possa apresentar determinado desempenho no

trabalho.

Em geral, a adoção de um ou outro critério para descrição de

competências ocorre em razão do uso que se pretende dar à descrição.

Quando utilizadas em instrumentos de avaliação do desempenho no trabalho,

por exemplo, as competências são descritas sob a forma de comportamentos

passíveis de observação como referenciais de desempenho, para que o

avaliador possa mensurar o desempenho do avaliado a partir dos

comportamentos que este adota no trabalho (FAISSAL et al., 2005). Quando

utilizadas na formulação de ações de treinamento, por sua vez, então se faz

Page 34: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

34necessário descrever não apenas os comportamentos desejados, os quais

constituirão os objetivos instrucionais do treinamento, mas também os

conhecimentos, habilidades e atitudes correspondentes, os quais constituirão

os conteúdos educacionais a serem ministrados.

Embora se tenha analisado a competência como um atributo

relacionado a um indivíduo, é possível associar esse conceito não apenas a

pessoas, mas também a equipes de trabalho ou mesmo a organizações.

Zarifian (1999, apud, CARBONE, 2006) sustenta que não se deve

desconsiderar a perspectiva da equipe no processo produtivo, de forma que

uma competência pode ser um atributo associado a um grupo de trabalho, e

não apenas a um de seus membros. Isso porque, em razão das relações

sociais que se estabelecem no grupo e da sinergia entre as competências de

seus membros, em cada equipe de trabalho se manifesta uma competência

coletiva, que representa mais do que a simples soma de competências

individuais (LE BOTERF, 1999, apud, CARBONE, 2006).

Prahalad e Hamel (1990, apud, CARBONE, 2006), por sua vez, tratam

do conceito no nível organizacional, referindo-se à competência como uma

capacidade da organização que a torna eficaz, permitindo a consecução de

seus objetivos estratégicos. Para esses autores, competências organizacionais

essenciais são atributos da organização, que lhe conferem vantagem

competitiva, geram valor distintivo percebido pelos clientes e são difíceis de ser

imitados pela concorrência. Por exemplo, a capacidade de miniaturização da

Sony, fabricante de eletrônicos, e o design de motores leves e eficientes da

Honda, fabricante de automóveis e motocicletas, são exemplos de competência

organizacional citados por esses autores (CARBONE, 2006).

É possível, então, classificar as competências como humanas ou

profissionais que são aquelas relacionadas a indivíduos sendo pequenas

equipes de trabalho e organizacionais que são aquelas inerentes à organização

como um todo ou a uma de suas unidades produtivas, ressaltando-se que as

competências humanas, aliadas a outros recursos e processos, dão origem às

Page 35: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

35competências organizacionais (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001, apud, DUTRA,

2008).

Dependendo da abordagem teórica adota ou da finalidade a que se

destina, existem diversas outras tipologias e possibilidades de classificação das

competências. Em razão da natureza do papel ocupacional desempenhado

pelas pessoas, por exemplo, as competências humanas podem se

classificadas como técnicas e gerenciais, como sugere Cockerill (1994, apud,

CARBONE, 2006). Em razão de sua singularidade, as competências

organizacionais podem ser classificadas como básicas (aquelas que

representam atributos necessários ao funcionamento da organização, mas não

distintivos em relação à concorrência) e essenciais (aquelas que representam

atributos de caráter distintivo, que diferenciam a organização das demais),

conforme sugere Nisembaum (2000).

E quanto à sua relevância ao longo do tempo, conforme proposto por

Sparrow e Bognanno (1994, apud, CARBONE, 2006), as competências podem

ser classificadas como emergentes (aquelas cujo grau de importância tende a

crescer no futuro), declinantes (aquelas cujo grau de importância tende a

diminuir no futuro), estáveis (as que permanecem relevantes ao longo do

tempo) e transitórias (aquelas que se fazem importantes apenas em momentos

críticos, crises e transições).

2.1 MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS: MÉTODOS, TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

O mapeamento tem como propósito identificar o gap ou lacuna de

competências, ou seja, a discrepância entre as competências necessárias,

para concretizar a estratégia corporativa e as competências internas existentes

na organização. O passo inicial desse processo consiste em identificar as

competências (organizacionais e humanas) necessárias para a consecução

dos objetivos da organização.

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36

Para essa identificação, geralmente é realizado primeiro uma pesquisa

documental, que inclui a análise do conteúdo da missão, da visão de futuro,

dos objetivos institucionais de outros documentos relativos à estratégia da

organização. Dois, realiza-se a coleta de dados com pessoas-chave da

organização, geralmente especialistas ou membros da diretoria, para que tais

dados sejam cotejados com a análise documental, conforme proposto por

Bruno Faria e Brandão (2003). Podem ser utilizados, ainda, outros métodos e

técnicas de pesquisa social, como, por exemplo, observação participante ou

não participante, grupos focais e questionários estruturados, como sugerem

Guimarães e colaboradores (2001) e Santos (2001).

É importante, que os comportamentos descritos para representar

competências sejam objetivos e passíveis de observação no trabalho,

indicando as pessoas o desempenho esperado. Quando a descrição não é

clara nem objetiva, as pessoas tendem a dar a cada competência a

interpretação que melhor lhes convém. A descrição de uma competência,

portanto, representa um desempenho ou comportamento esperado, indicando

o que o profissional deve ser capaz de fazer.

De acordo com (1997, apud, Carbone p. 58). Para obter boas

descrições de competências, deve-se fazer da seguinte forma:

a) utilizar verbos que expressem uma ação concreta, ou

seja, que representem comportamentos passíveis de

observação no ambiente de trabalho, como, por exemplo,

analisar, organizar, selecionar, comunicar, avaliar,

estabelecer, elaborar, desenvolver e formular, entre

outros; b) submeter as descrições das competências à

crítica de pessoas-chave da organização, visando

identificar inconsistências e inadequações; c) realizar

validação semântica das competências descritas, visando

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37garantir que todos os funcionários compreendam da

mesma forma o comportamento descrito.

Após a descrição de competências, é possível, então, discutir as

principais técnicas de pesquisa e procedimentos utilizados para identificar

competências relevantes à consecução dos objetivos organizacionais.

Geralmente primeiro é realizada uma análise dos documentos que compõem o

planejamento estratégico da organização.

Essa análise de conteúdo da estratégia organizacional, realizada por

meio da interpretação dos textos presentes no documento, objetiva identificar

categorias, descrever objetivamente o conteúdo de mensagens e distinguir

indicadores que permitam fazer inferências a respeito de competências

relevantes para a concretização dos objetivos da organização, conforme

sugerido por Guimarães et al (2001).

A entrevista constitui outra técnica de pesquisa bastante aplicada ao

mapeamento de competências. Geralmente é utilizada para cotejar a

percepção dos entrevistados com os dados apurados na análise documental,

visando identificar as competências relevantes à organização. Neste caso, o

entrevistador seleciona as pessoas a serem entrevistadas entre aquelas que

possuem maior conhecimento da estratégia, dos negócios, dos produtos, dos

processos e da cultura da organização.

Depois, formulam um roteiro de perguntas e agenda as entrevistas. Ao

iniciar a coleta de dados, o entrevistador deve expor ao respondente os

objetivos do trabalho e a importância de sua colaboração, bem como garantir o

anonimato para quaisquer declarações, dando caráter pacificador cooperativo à

entrevista. Como a falta de confiança tem efeitos negativos sobre a entrevista,

deve-se valorizar a participação do respondente, aceitar e respeitar seus

pontos de vista, buscar uma relação de empatia e evitar a tendência de projetar

no interlocutor suas idéias e sentimentos, conforme descrito por Lodi (1991).

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38É recomendável gravar os depoimentos e registrar notas que facilitem

a compreensão das respostas. Findas as entrevistas, as respostas devem ser

transcritas e analisadas, conforme recomendado por Richardson et al (1999,

apud, CARBONE, p. 55), visando identificar e descrever de forma objetiva e

sistemática as competências mencionadas pelos entrevistados como

relevantes à organização. Na análise do conteúdo das entrevistas, interpreta-se

o discurso do entrevistado, procurando identificar aspectos subjacentes às

respostas.

É importante ainda, verificar a freqüência com que cada competência é

mencionada nas entrevistas, visto que, em investigações dessa natureza, o

número de menções feitas a respeito de determinado item é um indicativo da

sua relevância. Quando nem o pesquisador nem os profissionais objetos do

estudo dispõem de tempo para entrevistas individuais, uma alternativa é

realizar uma entrevista coletiva, também denominada grupo focal ou focus

group. Em um grupo focal, o entrevistador atua como um moderador,

estimulando e coordenando a discussão dos participantes a respeito de

determinado tema, a fim de obter os dados desejados.

De acordo com Mattar (1996, apud, CARBONE, p. 68), os grupos

devem possuir entre oito e 12 participantes, pois um número superior a esse

pode dificultar a expressão de todos os componentes, enquanto número inferior

de participantes pode não gerar idéias ou manifestações suficientes. É

recomendável, também, que os participantes do grupo tenham características

demográficas e socioeconômicas semelhantes, para que haja identificação e

integração entre eles, facilitando a discussão (MATTAR, 1996, apud,

CARBONE, p. 73).

A exemplo do que ocorre na entrevista individual, o entrevistador deve

formular um roteiro de perguntas, assim como definir os procedimentos para

registro dos dados, o tamanho e a composição do grupo. É importante, ainda,

que a reunião ocorra em ambiente agradável, que estimule a informalidade e a

participação das pessoas. Para mapeamento de competências, a discussão

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39realizada pelo grupo deve ser transcrita e analisada, visando identificar as

competências mencionadas pelos entrevistados como relevantes à

organização.

Para identificar o comportamento competente dentro de determinado

ambiente de trabalho, o pesquisador pode optar também pela observação. Esta

técnica constitui-se em um exame detalhado do fenômeno ou objeto estudado,

ou seja, neste caso, das competências relevantes ao trabalho de indivíduos e

equipes. Uma das principais vantagens da observação, no processo de

mapeamento de competências, refere-se à possibilidade de o investigador

verificar detalhes do desempenho de pessoas e equipes, identificando dados

que poderiam ser omitidos pelos elementos pesquisados, caso a coleta fosse

realizada por meio de entrevistas ou questionários.

O questionário, por sua vez, talvez seja a técnica de pesquisa mais

utilizada para realizar o mapeamento de competências relevantes a

determinado contexto ou estratégia organizacional. A formatação desse

instrumento de pesquisa geralmente exige a aplicação prévia de uma ou mais

das técnicas já relatadas (análise documental, observação e entrevista), com o

objetivo de identificar elementos para compor os itens do questionário.

Neste caso, o pesquisador identifica, por meio de análise documental,

observação ou entrevistas, competências supostamente relevantes para a

organização. Depois, ordena e edita tais competências as quais deverão

compor os itens do instrumento, eliminando aquelas que representam

ambigüidades, duplicidades e irrelevâncias, conforme descrito por Brandão et

al (2001). Para elaboração dos enunciados e itens do questionário, Rocha e

Christensen (1997), Viegas (1999, apud, CARBONE, p. 75) e Richardson et al

(1999, apud, CARBONE, p. 75) recomendam evitar a utilização de frases

longas ou com múltiplas idéias, bem como de expressões técnicas, ambíguas,

extremadas ou negativas.

Page 40: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

40O passo seguinte consiste em definir a escala mais adequada para os

respondentes do questionário avaliar o grau de importância das competências.

Brandão et al (2001), por exemplo, utilizaram uma escala do tipo diferencial

semântico, também conhecida como escala de Osgood, que utiliza adjetivos de

significados opostos em seus extremos.

Independentemente da escala de avaliação utilizada, é fundamental

realizar uma validação semântica do questionário antes de sua aplicação,

visando verificar se o enunciado, a escala e os itens do instrumento são

inteligíveis aos respondentes.

O diagnóstico de competências, no entanto, conforme comentado,

pressupõe também inventariar as competências internas já disponíveis na

organização, com o propósito de identificar o gap ou lacuna de competências,

ou seja, a discrepância entre as competências necessárias para concretizar a

estratégia corporativa e as competências internas existentes na organização. A

identificação das competências já existentes na organização geralmente é

realizada por meio de instrumentos de avaliação de desempenho. Como a

competência humana é expressa em função do desempenho da pessoa no

trabalho, então os mecanismos e instrumentos de gestão de desempenho

servem também ao propósito de identificar as competências disponíveis na

organização.

2.2 AVALIAÇÃO DO DOMÍNIO DE COMPETÊNCIAS POR MEIO DE CERTIFICAÇÃO

A certificação constitui um processo de avaliação de competências

humanas, por meio do quais as organizações buscam reconhecer e atestar até

que ponto pessoas ou equipes de trabalho expressam possuir determinadas

competências profissionais. Essa avaliação, em síntese, significa comparar o

trabalho realizado pelas pessoas com padrões de desempenho previamente

definidos, conforme relatam Brandão e Guimarães (2001).

Page 41: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

41

Como o desempenho da pessoa representa uma expressão ele suas

competências, ou seja, uma manifestação daquilo que ela é capaz de realizar,

então algumas organizações propõem-se a atuar como entidades

certificadoras, aplicando testes, simulações e avaliações de desempenho para

certificar, dentro de determinada indústria ou área de conhecimento, as

competências expressas pelas pessoas.

É o caso, por exemplo, do National Skills Standards Board (NSSB),

organização não-governamental americana que se propõe a estabelecer

normas e padrões de certificação profissional, em conjunto com associações

de classe, sindicatos, educadores e profissionais de recursos humanos, para

certificar as competências de indivíduos dentro de 15 grandes setores da

economia norte-americana (transportes, telecomunicações, finanças e

mineração, por exemplo), conforme relatado por Tucker e Ruzzi (2000, apud,

CARBONE, p. 77).

Na América Latina, há iniciativas semelhantes na área de certificação

de competências, como aquelas promovidas pelo Instituto Técnico de

Capacitação e Produtividade (Intecap), da Guatemala, que desenvolve

programas de avaliação de competências profissionais, visando reconhecê-las

e certificá-las em nível nacional e pelo Instituto Salvadorenho de Formação

Profissional (Insaforp), de EI Salvador, que desenvolveu um sistema nacional

de certificação profissional para prover ao mercado de trabalho daquele país

informações consistentes sobre o que os indivíduos são capazes de realizar no

trabalho (OIT, 2000, apud, CARBONE, p. 60).

Apesar de iniciativas como essas e da crescente atuação de entidades

certificadoras, a maioria das organizações adota sistemas próprios para

certificar as competências de seus funcionários, utilizando geralmente

instrumentos de avaliação do desempenho humano no trabalho. Como a

competência humana é expressa em função do desempenho da pessoa, então

os mecanismos e instrumentos de gestão do desempenho profissional servem

Page 42: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

42também ao propósito de identificar as competências que os funcionários

expressam no trabalho.

Para avaliação do desempenho profissional existem diversas

abordagens, métodos e instrumentos já validados e amplamente utilizados.

Entre os modelos e métodos contemporâneos de gestão do desempenho, que

possuem aceitação mais ampla tanto no meio acadêmico como no ambiente

organizacional, é possível destacar o balanced scorecard (KAPLAN e

NORTON, 1997) e a avaliação 3600, também denominada avaliação por

múltiplas fontes (EDWARDS e EWEN, 1996, apud, CARBONE, p. 76).

O balanced scorecard (BSC), modelo gerencial desenvolvido por

Kaplan e Norton (1997, p. 44), propõe-se a orientar o desempenho da

organização e de seus funcionários não apenas na ótica do resultado

econômico financeiro como é comum nos modelos tradicionais de avaliação do

desempenho por resultados, mas sim a partir de medidas de desempenho em

quatro diferentes perspectivas: financeira, clientes, processos internos, e

aprendizagem e crescimento.

Esse modelo objetiva alinhar iniciativas individuais, departamentais e

organizacionais em torno dos objetivos estratégicos da organização, mediante

a utilização de indicadores de curto, médio e longo prazos utilização do BSC

tem sido bastante difundida, sobretudo porque esse modelo permite equilibrar

medidas de curto prazo com aquelas de longo prazo; Indicadores financeiros

com os não financeiros; e desempenho Individual com o coletivo.

A avaliação 360°, por sua vez, é constituída por uma rede de pessoas

que registram e recebem feedbacks de diferentes fontes de avaliação como

superior hierárquico, pares, subordinados, clientes, fornecedores e outros

eventuais atores envolvidos no processo produtivo, conforme relatam Edwards

e Ewen (1996, apud, CARBONE, p. 78). Baseia-se no pressuposto de que a

avaliação realizada por múltiplas fontes oferece um resultado mais fidedigno

sobre o desempenho das pessoas, na medida em que está menos sujeita a

Page 43: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

43obstáculos, comuns em modelos convencionais de avaliação unilateral,

baseados apenas na percepção do superior hierárquico cm relação ao

desempenho do subordinado.

Outra alternativa para identificar as competências humanas existentes

na organização é a utilização de instrumentos de auto-avaliação, por meio dos

quais o próprio profissional indica o nível de importância das competências

para o desempenho do seu papel ocupacional, assim como o grau em que ele

domina ou expressa tais competências. Um instrumento proposto por Borges-

Andrade e Lima (1983), por exemplo, permite o mapeamento do gap ou lacuna

de competências, ponderando a relação entre a carência por parte da pessoa

de determinada competência e a importância dessa competência para o papel

ocupacional ou para o contexto organizacional no qual a pessoa está inserida.

Page 44: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

44

CAPÍTULO III

DISTINÇÃO ENTRE GESTÂO DO CONHECIMENTO E GESTAO POR COMPETÊNCIA

Esre capitulo descreverá sobre a distinção entre gestão de

conhecimento e gestão de competência, destacando a relação entre a gestão

de pessoas e a avaliação da competência através do desempenho

A gestão por competências figura como alternativa aos modelos

gerenciais tradicionalmente utilizados pelas organizações (Brandão e

Guimarães, 2001 apud, CARBONE, 2006,). Tendo como pressuposto que o

domínio de certas competências aquelas raras, valiosas, difíceis de serem

desenvolvidas confere à organização um desempenho superior ao de seus

concorrentes, essa abordagem busca direcionar esforços para desenvolver

competências fundamentais à consecução dos objetivos organizacionais

(DURAND, 2000; PRAHALAD; HAMEL, 1990, apud, CARBONE, 2006).

Muitos autores adotam denominações diferentes para expressar

concepções semelhantes. É comum na literatura sobre o assunto, por exemplo,

a utilização de termos como gestão de competências, gestão baseada em

competências, gestão de desempenho baseada em competências e gestão de

pessoas baseada em competências, que, apesar das diferenças de ordem

semântica, representam essencialmente a mesma idéia conforme sugerido por

Le Boterf (1999, apud, CARBONE, 2006).

De acordo com Barney e Hesterly (1996, apud, CARBONE, 2006, p.

29), distingue-se pela crença em pressupostos de equilíbrio e maximização da

teoria econômica neoclássica. Esses autores dividiram a economia das

organizações em quatro principais correntes, cada uma focalizando uma

grande questão: economia dos custos de transação, teoria da agência,

Page 45: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

45economia da cooperação e administração estratégica. Elas serão descritas a

seguir:

a) Economia dos custos de transação.

No âmbito da economia dos custos de transação, argumenta-se que o

custo de gerenciar as trocas econômicas através dos mercados pode ser mais

alto do que dentro das fronteiras de uma organização. Ou seja, a existência

das empresas pode ser justificada pela sua maior eficiência em termos de

custos. Isso ocorre em razão da assimetria das informações no mercado, além

da tendência ao oportunismo e à racionalidade limitada dos agentes

econômicos.

b) Teoria da agência.

Os sócios de uma firma concordam acerca de como esta deve ser

gerenciada. Da mesma forma que a primeira abordagem, a teoria da agência

tem sido alvo de discussão nos dias de hoje, pois também utiliza como ponto

de partida as preocupações relacionadas aos custos de transação como

oportunismo, racionalidade limitada e assimetria de informações.

Entretanto, a sua ênfase recai sobre os conflitos existentes entre os

interesses dos executivos e os objetivos dos proprietários da empresa que são

os acionistas. Os objetivos das duas primeiras abordagens são os mesmos: a

busca de produtividade e eficiência para as organizações (FLEURY; FLEURY,

2006).

c) Economia da cooperação.

Segundo esta corrente, as empresas podem cooperar de formas

distintas, como, por exemplo, por meio de alianças estratégicas ou de conluio

tácito. Os incentivos para cooperar seriam os seguintes: as economias de

escala, o menor custo de entrada em novos mercados e em novas indústrias, a

aprendizagem com os parceiros, a possibilidade de redução da incerteza

estratégica, o gerenciamento de custos, o compartilhamento de riscos e a

facilidade de realizar acordos tácitos.

d) Administração estratégica.

Page 46: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

46Entre as quatro correntes citadas, a administração estratégica,

principalmente à luz do debate existente entre as teorias do paradigma SCP

(Structure-Conduct-Perfonnance) e a teoria baseada em recursos.

A teoria baseada em recursos, tem foco no ambiente interno das

empresas, principalmente em relação aos processos e recursos. Os recursos

são representados, sobretudo, pelos conhecimentos e pelas competências das

pessoas que trabalham na organização (BARNEY e HESTERLY, 1996; HEENE

e SANCHEZ, 1996 apud, CARBONE, 2006). No final da década de 1950, os

economistas Mason (1959, apud, CARBONE, 2006) e Bain (1956, apud,

CARBONE, 2006) realizaram um estudo para subsidiar iniciativas reguladoras

antitrustes por parte do governo norte-americano, com o objetivo de proteger a

sociedade contra possíveis abusos de preços.

Esse estudo serviu de base para a construção do modelo das cinco

forças competitivas que são os clientes, fornecedores, novos entrantes,

produtos substitutos e rivalidade da indústria, de autoria de Porter (1989 apud,

CARBONE, 2006,), de onde surgiu à escola estratégica de posicionamento.

Esse autor, no entanto, utilizou as abordagens de Mason (1959, apud,

CARBONE, 2006) e Bain (1956, apud, CARBONE, 2006) de forma invertida,

em favor do posicionamento monopolista das empresas dentro de um

segmento de mercado isso como estratégia para a realização de desempenho

econômico acima da média das empresas, ou seja, de vantagem competitiva

(VASCONCELOS e CYRINO, 2000).

A escola de posicionamento está fundamentada em uma visão de fora

para dentro da empresa. Esta deve adaptar a sua estratégia às variáveis do

ambiente externo. Isso significa que a conquista de vantagem competitiva

depende exclusivamente da capacidade de a empresa proteger-se de

possíveis ameaças. Estas podem ser provenientes dos concorrentes atuais, de

novos entrantes no mercado, dos próprios clientes, bem como dos

fornecedores. Decorre daí a proposta de criação de barreiras monopolistas,

como forma de garantia da manutenção da superioridade de desempenho

Page 47: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

47(BARNEY; HESTERLY, 1996; GHOSHAL; BARTLETT, 1998, apud,

CARBONE, 2006).

O modelo de Porter recebeu muitas críticas, principalmente no que diz

respeito aos seus efeitos moralmente inaceitáveis de reduzir o bem-estar social

geral (AKTOUF, 2001; BARNEY; HESTERLY, 1996, apud, CARBONE, 2006).

Outra crítica refere-se a pouca importância que a escola de posicionamento

atribui aos processos internos, como a aprendizagem e a inovação (SANCHEZ;

HEENE, 1996, apud, CARBONE, 2006). É importante destacar que a teoria

baseada em recursos tem origem nos trabalhos da economista inglesa Penrose

(1959, apud, CARBONE, 2006), que enfatiza os limites e as possibilidades dos

recursos internos das firmas para a geração desequilíbrios de mercados, de

que as empresas possam obter vantagem competitiva. A partir das idéias de

Penrose (1959, apud, CARBONE, 2006), surgiram outros trabalho importantes,

como a análise das empresas feita por Wernerfelt (1984, apud, CARBONE,

2006), tendo como ponto de partida os seus recursos, ao invés de enfocar os

seus produtos.

Além disso, outro trabalho fundamental foi realizado por Barney (apud,

CARBONE, 2006, p. 41), em busca da construção de uma teoria completa,

com base em dois pressupostos:

a) heterogeneidade da firma: no âmbito das empresas, os recursos e

as capacidades (ou competências) podem variar de forma significativa;

b) Imobilidade dos recursos: essas diferenças podem ser estáveis.

A teoria baseada em recursos explica a diferença de desempenho

entre as empresas a partir da heterogeneidade de seus recursos. Isso significa

que, nesta perspectiva, as fontes básicas para a vantagem competitiva são os

recursos e as competências desenvolvidos e controlados pelas organizações,

elementos escassos, valiosos, de difícil e custosa imitação e substituição. Ou

seja, são recursos não perfeitamente transferíveis entre empresas (BARNEY,

1991, apud, CARBONE, 2006). Essas imperfeições do mercado de recursos

possibilitam a conquista de vantagem competitiva por parte das empresas.

Page 48: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

48No entanto, apesar da ênfase dada aos recursos internos das

empresas (conhecimentos e competências), a teoria baseada em recursos

pouco avança na compreensão dos processos internos de aprendizagem e

construção de conhecimento. Portanto, pode-se afirmar que as duas principais

correntes da administração estratégica não explicam a dinâmica dos ambientes

competitivos nem os desafios de criar e gerir as capacidades organizacionais.

A certificação constitui um processo de avaliação de competências

humanas, por meio do quais as organizações buscam reconhecer e atestar até

que ponto pessoas ou equipes de trabalho expressam possuir determinadas

competências profissionais. Essa avaliação, em síntese, significa comparar o

trabalho realizado pelas pessoas com padrões de desempenho previamente

definidos, conforme relatam Brandão e Guimarães (2001 apud, CARBONE,

2006).

Como o desempenho da pessoa representa uma expressão ele suas

competências, ou seja, uma manifestação daquilo que ela é capaz de realizar,

então algumas organizações propõem-se a atuar como entidades

certificadoras, aplicando testes, simulações e avaliações de desempenho para

certificar, dentro de determinada indústria ou área de conhecimento, as

competências expressas pelas pessoas. É o caso, por exemplo, do National

Skills Standards Board (NSSB), organização não-governamental americana

que se propõe a estabelecer normas e padrões de certificação profissional, em

conjunto com associações de classe, sindicatos, educadores e profissionais de

recursos humanos, para certificar as competências de indivíduos dentro de 15

grandes setores da economia norte-americana (transportes, telecomunicações,

finanças e mineração, por exemplo), conforme relatado por Tucker e Ruzzi

(2000, apud, CARBONE, 2006).

Na América Latina, há iniciativas semelhantes na área de certificação

de competências, como aquelas promovidas pelo Instituto Técnico de

Capacitação e Produtividade (Intecap), da Guatemala, que desenvolve

programas de avaliação de competências profissionais, visando reconhecê-las

Page 49: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

49e certificá-las em nível nacional e pelo Instituto Salvadorenho de Formação

Profissional (Insaforp), de EI Salvador, que desenvolveu um sistema nacional

de certificação profissional para prover ao mercado de trabalho daquele país

informações consistentes sobre o que os indivíduos são capazes de realizar no

trabalho (OIT, 2000, apud, CARBONE, 2006).

Apesar de iniciativas como essas e da crescente atuação de entidades

certificadoras, a maioria das organizações adota sistemas próprios para

certificar as competências de seus funcionários, utilizando geralmente

instrumentos de avaliação do desempenho humano no trabalho. Como a

competência humana é expressa em função do desempenho da pessoa, então

os mecanismos e instrumentos de gestão do desempenho profissional servem

também ao propósito de identificar as competências que os funcionários

expressam no trabalho.

Para avaliação do desempenho profissional existem diversas

abordagens, métodos e instrumentos já validados e amplamente utilizados.

Entre os modelos e métodos contemporâneos de gestão do desempenho, que

possuem aceitação mais ampla tanto no meio acadêmico como no ambiente

organizacional, é possível destacar o balanced scorecard (KAPLAN; NORTON,

1997) e a avaliação por múltiplas fontes (EDWARDS; EWEN, 1996, apud,

CARBONE, 2006).

O balanced scorecard (BSC), modelo gerencial desenvolvido por

Kaplan e Norton, propõe-se:

A orientar o desempenho da organização e de seus

funcionários não apenas na ótica do resultado econômico

financeiro como é comum nos modelos tradicionais de

avaliação do desempenho por resultados, mas sim a partir

de medidas de desempenho em quatro diferentes

perspectivas: financeira, clientes, processos internos, e

aprendizagem e crescimento (2004, p. 44).

Page 50: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

50

Esse modelo objetiva alinhar iniciativas individuais, departamentais e

organizacionais em torno dos objetivos estratégicos da organização, mediante

a utilização de indicadores de curto, médio e longo prazos utilização do BSC

tem sido bastante difundida, sobretudo porque esse modelo permite equilibrar

medidas de curto prazo com aquelas de longo prazo; Indicadores financeiros

com os não financeiros; e desempenho Individual com o coletivo.

A avaliação 360°, por sua vez, é constituída por uma rede de pessoas

que registram e recebem feedbacks de diferentes fontes de avaliação como

superior hierárquico, pares, subordinados, clientes, fornecedores e outros

eventuais atores envolvidos no processo produtivo, conforme relatam Edwards

e Ewen (1996, apud, CARBONE, 2006). Baseia-se no pressuposto de que a

avaliação realizada por múltiplas fontes oferece um resultado mais fidedigno

sobre o desempenho das pessoas, na medida em que está menos sujeita a

obstáculos, comuns em modelos convencionais de avaliação unilateral,

baseados apenas na percepção do superior hierárquico cm relação ao

desempenho do subordinado.

Outra alternativa para identificar as competências humanas existentes

na organização é a utilização de instrumentos de auto-avaliação, por meio dos

quais o próprio profissional indica o nível de importância das competências

para o desempenho do seu papel ocupacional, assim como o grau em que ele

domina ou expressa tais competências.

3.1 GESTÃO DE PESSOAS E A AVALIAÇÃO DA COMPETÊNCIA ATRAVÉS DO DESEMPENHO

No final dos anos 80 e início dos anos 90, o conceito de competências

foi desenvolvido para oferecer suporte a movimentos de qualificação

profissional em pequenas e médias empresas. A base desse conceito é o

deslocamento do foco que estava sobre o estoque de conhecimentos e

Page 51: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

51habilidades para a forma como a pessoa mobiliza seu estoque e repertório de

conhecimentos e habilidades em determinado contexto, de modo a agregar

valor para o meio no qual se inseria (FLEURY, FLEURY, 2006).

O conceito de competências foi proposto pela primeira vez em 1973,

por McClelland (FLEURY; FLEURY, 2006), na busca de uma abordagem mais

efetiva que os testes de inteligência nos processos de escolha de pessoas para

as organizações. O conceito foi rapidamente ampliado para dar suporte a

processos de avaliação e para orientar ações de desenvolvimento profissional.

Outro expoente na estruturação do conceito é Boyatzis (1982 apud, ZENONE,

2003), que, a partir da caracterização das demandas de determinado cargo na

organização, procura fixar ações ou comportamentos efetivos esperados.

A competência pode ser atribuída a diferentes fatores. De um lado

existe a organização, com o conjunto de competências que lhe é próprio. Essas

competências decorrem da gênese e do processo de desenvolvimento da

organização e são concretizadas em seu patrimônio de conhecimentos, que

estabelece as vantagens competitivas da organização no contexto que se

inseri.

Ao colocar-se organização e pessoas lado a lado, pode-se verificar um

processo contínuo de troca de competências. A organização transfere seu

patrimônio para as pessoas, enriquecendo-as e preparando-as para enfrentar

novas situações profissionais e pessoais, na organização ou fora dela. As

pessoas, ao desenvolverem sua capacidade individual, transferem para a

organização seu aprendizado, capacitando-a a enfrentar novos desafios.

Desse modo, são as pessoas que, ao colocarem em prática o

patrimônio de conhecimentos da organização, concretizam as competências

organizacionais e fazem sua adequação ao contexto. Ao utilizarem, de forma

consciente, o patrimônio de conhecimento da organização, as pessoas

validam-no ou implementam as modificações necessárias para aprimorá-lo

(FAISSAL, 2005). A agregação de valor das pessoas é, portanto, sua

Page 52: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

52contribuição efetiva ao patrimônio de conhecimentos da organização,

permitindo-lhe manter suas vantagens competitivas no tempo. As

competências impulsionam as organizações e seu uso constante as fortalece,

na medida em que se aprendem novas formas para seu emprego ou utilização

mais adequada.

Para autores como Mills et al (2002 apud, DUTRA, 2008) e Javidan

(1998 apud, DUTRA, 2008), os recursos articulados entre si formam as

competências organizacionais. Recursos e competências, entretanto,

diferenciam-se quanto a seu impacto, abrangência e natureza. Existem

recursos e competências importantes para a organização por serem fontes

para sustentar atuais ou potenciais vantagens competitivas, e existem recursos

e competências da organização que não apresentam nada de especial no

momento presente. Todos, entretanto, são recursos e competências da

organização; daí a importância de criar categorias distintivas. Esses autores

segundo entendimento de Dutra (2008) propõem as seguintes:

a) competências essenciais: fundamentais para a

sobrevivência da organização e centrais em sua

estratégia; b) competências distintivas: reconhecidas

pelos clientes como diferenciais em relação aos

competidores; conferem à organização vantagens

competitivas; c) competências de unidades de negócio:

pequeno número de atividades-chave (entre três e seis)

esperadas pela organização das unidades de negócio; d)

competências de suporte: atividades que servem de

alicerce para outras atividades da organização. Por

exemplo: a construção e o trabalho eficientes em equipes

podem ter grande influência na velocidade e qualidade de

muitas atividades dentro da organização; e) capacidade

dinâmica: condição da organização de adaptar

continuamente suas competências às exigências do

ambiente (p. 25).

Page 53: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

53

Inicialmente, as pessoas eram encaradas como um tipo de recurso na

construção de competências. A literatura recente considera como recursos os

conhecimentos e as habilidades que a organização adquiri ao longo do tempo.

Com base nessas considerações, não se pode pensar as

competências individuais de forma genérica e sim atrelada às competências

essenciais para a organização. As entregas esperadas das pessoas devem

estar focadas no que é essencial. Assim procedendo às pessoas estarão mais

bem orientadas em suas atividades, no seu desenvolvimento e nas

possibilidades de encarreiramento dentro da organização. Parâmetros e

instrumentos de gestão de pessoas estarão também direcionadas de forma

consistente e coerente com a finalidade estratégica da organização. Nessa

perspectiva, segundo Fleury e Fleury (2006):

O conceito de competência é pensado como o conjunto

de conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam

uma alta performance, acreditando-se que as melhores

performances estão fundamentadas na inteligência e na

personalidade das pessoas. Em outras palavras, a

competência é percebida como um estoque de recursos

que o indivíduo detém. Embora o foco da análise seja o

indivíduo, a maioria dos autores americanos aponta a

importância de alinhar as competências às necessidades

estabelecidas pelos cargos ou posições existentes nas

organizações (p. 53).

Tanto na literatura acadêmica como nos textos que fundamentam a

prática administrativa, a referência que baliza o conceito de competência é a

tarefa e o conjunto de tarefas prescritas de um cargo. Ainda, segundo

entendimento de Fleury e Fleury (2006) “a gestão por competência é apenas

um rótulo mais moderno para administrar uma realidade organizacional ainda

fundada nos princípios do taylorismo-fordismo” (p. 54).

Page 54: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

54

Lawler (1994 apud FLEURY e FLEURY, 2006), no entanto, contrapõe-

se a essa linha de raciocínio, mostrando que trabalhar com o conjunto de

habilidades e requisitos definidos com base no sistema de cargos, próprio do

modelo taylorista, não atende às demandas de uma organização complexa,

mutável em um mundo globalizado. Em tais situações, afirma o autor, as

organizações deverão competir não apenas por meio de produtos mas de

competências, buscando atrair e propiciar o desenvolvimento de pessoas com

combinações de capacidades complexas, para atender às suas core

competences.

A questão da origem das competências individuais é essencial para

caracterização das expectativas da organização em relação às pessoas. Muitas

pessoas e alguns teóricos compreendem a competência como o conjunto de

conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para que a pessoa

desenvolva suas atribuições e responsabilidades. Esse enfoque é pouco

instrumental, uma vez que o fato de as pessoas possuírem determinado

conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes não são garantias de que

elas irão agregar valor à organização.

Na verdade, competência é colocar em prática o que se sabe em

determinado contexto, marcado geralmente pelas relações de trabalho, cultura

da empresa, imprevistos, limitações de tempo e de recursos etc (FLEURY;

FLEURY, 2006). Nessa abordagem, pode-se falar de competência apenas

quando há competência em ação, traduzindo-se em saber ser e sabe mobilizar

o repertório individual em diferentes contextos. Assim, a agregação de valor

não é atingir metas de faturamento ou de produção, mas melhorar processos

ou introduzir tecnologias.

Ao verificar-se o conceito de “competência” pode-se afirmar que na

educação, o conceito de competências está ligado à formação das pessoas, ao

desenvolvimento de habilidades e à estimulação de atitudes. No planejamento

estratégico, o conceito de competência foi introduzido por Prahalad (1990,

Page 55: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

55apud, RABAGLIO, 2001) e é utilizado como conjunto de habilidades e

tecnologia que permite a uma empresa oferecer um determinado beneficio ao

cliente, diferente do de sua concorrência. Esses autores mostram que a

aquisição de competências organizacionais é um aprendizado coletivo da

organização, passível de reprodução e compartilhamento. O argumento desse

autor está fundamentado na idéia de que as empresas só conseguirão atingir o

que estabelecem em sua estratégia se souberem identificar e desenvolver as

competências organizacionais necessárias.

As competências organizacionais e individuais estão totalmente

relacionadas e não é possível estabelecer as competências individuais sem

antes fazer uma reflexão sobre as competências organizacionais. “Organização

e pessoas, lado a lado, propiciam um processo contínuo de troca de

competências” (DUTRA, 2008). A compreensão do conceito de competência

depende do entendimento de que de um lado tem-se a organização com o seu

conjunto próprio de competências.

Estas se originam de um processo de desenvolvimento da organização

e são concretizadas no seu patrimônio de conhecimentos. Tal patrimônio, por

sua vez estabelece as vantagens competitivas da empresa no contexto em que

está inserida. De outro lado, tem-se as pessoas, com seu conjunto de

competências que pode ou não ser aproveitado pela empresa. Assim, a

empresa transfere seu patrimônio para as pessoas, enriquecendo-as e

preparando-as para enfrentar novas situações profissionais e pessoais dentro

ou fora da organização. As pessoas, por sua vez ao desenvolverem sua

capacidade individual, transferem para a organização seu aprendizado,

oferecendo assim melhores condições para enfrentar novos desafios.

As pessoas dentro de uma organização trabalham com um objetivo

comum, à medida que se desenvolvem as competências individuais e

organizacionais. As competências individuais fornecem estruturas e padrões

para o sistema de recursos humanos; auxiliam as pessoas a se alinharem com

Page 56: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

56a organização e a contribuírem para uma visão compartilhada que permite a

elas seguir a mesma direção.

Competência é um saber agir responsável e reconhecido, que implica

mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades que

agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo (FLEURY

e FLEURY, 2006). No caso brasileiro, o debate emerge da discussão

acadêmica, inicialmente fundamentado na literatura americana e pensando-se

competência como algo que o individuo tem. Segundo Zarifian (1999 apud

FLEURY e FLEURY, 2006), competência é a inteligência prática de situações

que se apóia nos conhecimentos adquiridos e os transforma com tanto mais

força quanto maior for a complexidade das situações.

A competência do indivíduo não é um estado, não se reduz a um

conhecimento ou know-how específico. Le Boterf (1995 apud FLEURY e

FLEURY, 2006) define competência como o entrecruzamento de três eixos,

formados pela pessoa (sua biografia, socialização), por sua formação

educacional e por sua experiência profissional. Competência é o conjunto de

aprendizagens sociais e comunicacionais nutridas a montante pela

aprendizagem e pela formação e a jusante pelo sistema de avaliações.

Page 57: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

57

CAPITULO IV

GESTÃO DE PESSOAS: TALENTO, CAPITAL HUMANO E INTELECTUAL

Este capítulo abordará sobre os pontos principais que caracterizam a

gestão de pessoas, no caso o talento, o capital humano, o capital intelectual e

a própria avaliação de competências.

Dentro do estudo da gestão de pessoas gerir talento humano está se

tornando indispensável para o sucesso das organizações. Ter pessoas não

significa necessariamente ter talentos. A diferença entre pessoa e talentos Um

talento é sempre um tipo especial de pessoa. E nem sempre toda pessoa é um

talento. Para ter talento a pessoa precisa possuir algum diferencial que a

valorize. Hoje, de acordo com Chiavenato (2004, p. 52) o talento envolve três

aspectos.

a) Conhecimento. É o saber, constitui o resultado de

aprender a aprender, aprender continuamente e aumentar

continuamente o conhecimento. b) Habilidade. É o saber

fazer, significa utilizar e aplicar o conhecimento, seja para

resolver problemas ou situações ou criar e inovar. c)

Competência. É o saber fazer acontecer. A competência

permite alcançar e superar metas e resultados, agregar

valor, obter excelência e abastecer o espírito

empreendedor.

Ainda segundo o entendimento de Chiavenato (2005, p. 53) “Talento

era o nome dado a uma moeda valiosa na antiguidade”. Atualmente, é preciso

saber atrair, aplicar, desenvolver, recompensar, reter e monitorar esse ativo

Page 58: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

58precioso para as organizações. Esse é um desafio para toda a organização e

não apenas para a área de RH.

A freqüente utilização do termo competência no campo da gestão

organizacional fez com que este adquirisse variadas conotações, sendo, não

raras vezes, empregado de diferentes maneiras. A competência é entendida

não apenas como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes

necessárias para exercer determinada atividade, mas também como o

desempenho expresso pela pessoa em determinado contexto, em termos de

comportamentos e realizações decorrentes da mobilização e aplicação de

conhecimentos, habilidades e atitudes no trabalho.

Nessa perspectiva, então, as competências humanas são reveladas

quando as pessoas agem ante as situações profissionais com as quais se

deparam e servem como ligação entre as condutas individuais e a estratégia da

organização. Assim, agregam valor econômico e valor social a indivíduos e a

organizações, na medida em que contribuem para a consecução de objetivos

organizacionais e expressam o reconhecimento social sobre a capacidade das

pessoas (CARBONE, 2006).

O conhecimento corresponde a informações que, ao serem

reconhecidas e integradas pelo indivíduo em sua memória, causam impacto

sobre seu julgamento ou comportamento. Refere-se ao saber que a pessoa

acumulou ao longo de sua vida, algo relacionado à lembrança de conceitos,

idéias ou fenômeno. A habilidade está relacionada à aplicação produtiva do

conhecimento, ou seja, capacidade da pessoa de instaurar conhecimentos

armazenados em sua memória e utilizá-los em uma ação (DUTRA, 2008).

A sustentação da competitividade não se dá por intermédio de um

sistema composto de elementos que podem ser copiáveis pela concorrência,

mas sim pelo desenvolvimento estratégico que leva uma empresa a manter seu

posicionamento no mercado, até que ela mesma possa superá-lo (ZENONE,

2003). Então, é necessário que cada gesto reformule a estratégia da sua

Page 59: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

59organização e, ao fazê-lo, estará definindo que atividades serão exercidas para

diferenciá-las da concorrência. A formulação da estratégia determinará que

competências organizacionais são necessárias para o alcance dos objetivos da

organização.

O conceito de talento humano conduz necessariamente ao conceito de

capital humano o patrimônio inestimável que uma organização pode reunir para

alcançar competitividade e sucesso. De acordo com Chiavenato (2004, p. 54) o

capital humano é composto de dois aspectos principais:

a) Talentos. Dotados de conhecimentos, habilidades e competências

que são constantemente reforçados, atualiza dos e recompensados. Contudo,

não se pode abordar o talento isoladamente como um sistema fechado.

Sozinho ele não vai longe, pois precisa existir e coexistir dentro de um contexto

que lhe permita liberdade, autonomia e retaguarda para poder se expandir.

b) Contexto. É o ambiente interno adequado para que os talentos

floresçam e cresçam. Sem esse contexto, os talentos murcham ou fenecem. O

contexto é determinado por aspectos como: desenho organizacional flexível,

com uma divisão do trabalho que coordene as pessoas e o fluxo dos processos

e das atividades de maneira integrada; cultura organizacional democrática e

participativa que inspire confiança, comprometimento, satisfação, espírito de

equipe e solidariedade; estilo de gestão baseado na liderança renovadora e no

coaching, com descentralização do poder, delegação e empowerment

(CHIAVENATO, 2005).

Assim, não basta ter talentos para possui capital humano. É preciso ter

talentos colocados em um contexto. Se o contexto é favorável e incentivador,

os talentos podem se desenvolver e crescer. Se o contexto não é adequado, os

talentos fogem ou ficam amarrados. A conjugação de ambos continente e

conteúdo proporciona o conceito de capital humano. E o conceito de capital

humano conduz ao conceito de capital intelectual.

Page 60: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

60O capital intelectual é um dos conceitos mais discutidos recentemente.

Ao contrário do capital financeiro que é basicamente quantitativo, numérico e

baseado em ativos tangíveis e contábeis, como o capital intelectual é invisível e

intangível. Daí a dificuldade em geri-lo de forma adequada. O capital intelectual

é composto por capital interno, capital externo e capital humano.

A qualidade do gerenciamento de uma empresa geralmente é

reconhecida como vital em sua operação eficaz. O gerenciamento fraco é um

contribuinte significativo para o fracasso dos negócios. O gerenciamento forte

pode aproveitar ao máximo qualquer idéia de negócios e fornecer os recursos

para fazê-la funcionar. Evidentemente, mesmo uma equipe gerencial altamente

competente não pode recuperar uma empresa que se baseou em um conceito

totalmente fraco ou que dispõe de recursos absolutamente inadequados

(FLEURY; FLEURY, 2006).

Para alguns novos empreendimentos, uma equipe pode ser mais forte

do que um empreendedor sozinho. Uma razão é que uma equipe pode fornecer

uma diversidade de talentos para atender a unia diversidade de necessidades

de pessoal. Isso acontece principalmente em novas empresas de alta

tecnologia. Uma equipe também pode fornecer mais segurança de

continuidade, no sentido de que a saída de um de seus membros seria menos

devastadora do que a saída de um único empreendedor.

A importância do gerenciamento para começar um negócio novo é

evidente nas atitudes de capitalistas de risco que examinam planos de

negócios. Uma revisão da equipe gerencial é um dos primeiros passos na

avaliação de um plano de negócios. A equipe gerencial inclui indivíduos com

responsabilidades de supervisão, por exemplo, um gerente financeiro que

supervisiona um pequeno grupo de escritório. A equipe também inclui outros

que desempenham papéis-chave nos negócios, embora eles não sejam

supervisores. Uma empresa nova, por exemplo, pode começar com apenas um

indivíduo conduzindo seu esforço de marketing. Devido à importância da

Page 61: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

61função de marketing, essa pessoa seria um membro-chave da equipe gerencial

(FLEURY; FLEURY, 2006).

O tipo de competência necessária em uma equipe gerencial depende

do tipo de negócio e da natureza de suas operações. Por exemplo, uma

empresa de desenvolvimento de software e um restaurante exigem diferentes

tipos de experiência de negócios. Qualquer que seja o negócio, a empresa

pequena precisa de gerentes com uma combinação apropriada de formação

educacional e experiência. Ao avaliar as qualificações daqueles que

preencherão suas posições chave, precisa-se saber se um candidato tem

experiência em um tipo correlato de negócios, se a experiência inclui quaisquer

responsabilidades gerenciais e se o indivíduo atuou alguma vez como

empreendedor.

Nem todos os membros de uma equipe gerencial precisam de

competência em todas as áreas. A compatibilidade pessoal e a cooperação dos

membros da equipe também são necessárias para a colaboração efetiva. Uma

equipe gerencial bem escolhida que possua comunicação pode dar uma

poderosa vantagem à empresa.

Além de identificar as posições-chave ou individuais, o empreendedor

deve elaborar cuidadosamente a estrutura organizacional. Os relacionamentos

entre as várias posições precisam ser entendidos. Embora tais

relacionamentos não precisem ser trabalhados em detalhes, é desejável ter

planos suficientes para permitir o funcionamento organizado do

empreendimento e evitar uma confusão de responsabilidades que predispõe ao

conflito.

O plano gerencial deve ser rascunhado de forma a favorecer o

crescimento dos negócios. Posições não preenchidas devem ser especificadas.

Descrições de cargo devem detalhar as tarefas e qualificações para tais

posições, e métodos para selecionar empregados de pontos chave devem ser

explicados. Em uma sociedade, os sócios precisam olhar adiante para a

Page 62: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

62possível dissolução da parceria. A posse de ações se houver, precisa ser

pensada cuidadosamente. Do mesmo modo, os arranjos de remuneração,

incluindo sistemas de bônus ou outros planos de incentivo para membros-

chave da organização, garantem exame minucioso e planejamento

(CARBONE, 2006).

O talento gerencial e profissional de uma equipe gerencial de um novo

negócio pode ser suplementado recorrendo-se à assistência externa. Isso pode

assumir várias formas. Como exemplo, um conselho ativo de diretores pode

oferecer conselhos e orientação para o grupo de liderança. Os diretores podem

ser indicados com base em sua experiência técnica ou empresarial, bem como

com base em seu investimento financeiro. Muitas empresas têm adotado a

gestão por competências como modelo de gestão, visando orientar seus

esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da

organização (individual, grupal e organizacional), as competências necessárias

à consecução de seus objetivos.

De acordo com Brandão e Guimarães (2001 apud, CARBONE, 2006),

trata-se de um processo contínuo, que tem como etapa inicial à formulação da

estratégia da organização, oportunidade em que definidos sua missão, sua

visão de futuro e seus objetivos estratégicos. Missão organizacional é o

propósito principal ou a razão pela qual uma organização existe. Visão diz

respeito ao estado futuro desejado pela organização, ou seja, aquilo que ela

deseja ser em um futuro próximo. Os objetivos estratégicos, por sua vez,

representam os desígnios a atingir, isto é, a situação a ser busca a pela

organização em um dado período de tempo.

Suponha que determinada organização, por exemplo, tivesse, como

componente da sua visão de futuro, o "reconhecimento dos consumidores pela

excelência de seus produtos e serviços". Para que tal visão de futuro possa ser

concretizada em um dado período de tempo, é relevante estabelecer o objetivo

estratégico de "elevar o grau de satisfação dos clientes em relação aos

produtos e serviços oferecidos pela empresa" (DUTRA, 2008).

Page 63: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

63

A partir daí, seria possível definir, como indicadores de desempenho

relacionados a esse objetivo estratégico, o percentual de produtos entregues

dentro do prazo acordado com o cliente como pontualidade das entregas e o

percentual de clientes muito satisfeitos com os produtos e serviços da

empresa, os quais representariam medidas de eficiência e eficácia das ações a

serem adotadas pela empresa para concretizar sua visão de futuro.

A aprendizagem seja ela individual ou coletiva natural ou induzida, é o

meio pelo qual são desenvolvidas as competências humanas, enquanto o

desempenho da pessoa no trabalho representa uma manifestação da sua

competência, ou seja, uma expressão daquilo que a pessoa aprendeu.

(DUTRA, 2008).

Segundo Brandão e colaboradores (2001, apud, CARBONE, 2006, p.

68), "essas etapas permitiriam a formulação de planos operacionais e de

gestão e dos respectivos indicadores de desempenho e de remuneração de

equipes e indivíduos". Finalmente, há uma etapa de acompanhamento e

avaliação, que funciona como mecanismo de feedback, ou retroalimentação,

dentro de uma abordagem sistêmica, à medida que os resultados alcançados

são comparados com aqueles que eram esperados.

Nessa etapa, monitora-se a execução de planos operacionais e de

gestão e respectiva indicadora de desempenho, visando identificar e corrigir

eventuais desvios. Ao final do ciclo de produção, são apurados os resultados

alcançados e comparados com aqueles que eram esperados, dentro de um

processo de gestão do desempenho. Nessa oportunidade é que se verifica se

as ações adotadas pela organização foram eficazes no sentido de promover o

desenvolvimento da competência de "atender o cliente com receptividade e

cortesia, considerando suas expectativas e características" (FLEURY;

FLEURY, 2006).

Page 64: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

64É possível perceber, então, a relação de interdependência existente

entre a gestão por competências e a gestão de desempenho, até porque o

desempenho expressa, em última instancia, a competência de pessoas,

equipes e organizações. É necessário, portanto, a aplicação concomitante dos

pressupostos e processos subjacentes a essas duas tecnologias de gestão,

visando integrar e direcionar esforços em torno de objetivos e metas

organizacionais.

Um sistema de gestão de pessoas é sempre pensado para atender às

necessidades percebidas pela empresa e pelas pessoas que com ela mantêm

relação de trabalho. A concepção de sistemas dessa natureza e sua posterior

implementação representam uma proposta de transformação por abranger,

critérios de valorização das pessoas, posicionamento na estrutura de poder,

padrões de mobilidade entre carreiras e dentro das carreiras e acesso a

condições concretas, de desenvolvimento e reconhecimento profissional

(FLEURY; FLEURY, 2006).

A identificação e alocação de talentos, por sua vez, outro Importante

subsistema de gestão de pessoas, obedece a uma lógica semelhante. Neste

caso, as competências mapeadas como relevantes à organização passam a

orientar a definição de perfis profissionais, os quais constituem as principais

referências em ações de recrutamento e seleção (CHIAVENATO, 2005).

Assim, o processo de seleção e admissão de pessoas adequadas às

necessidades presentes e futuras da organização tem como referência básica

às competências que a organização espera que as pessoas manifestem no

trabalho, conforme sugere Dutra (2008).

A alocação e movimentação interna de pessoas, da mesma forma,

passa a ter como principal critério à proximidade entre as competências que as

pessoas possuem e as competências exigidas pelo papel ocupacional que

exercerão. Dessa forma, o processo de orientação profissional busca conciliar

as necessidades organizacionais de competências, as oportunidades

Page 65: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

65profissionais existentes na organização e as aspirações de crescimento do

indivíduo.

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66

CONCLUSÃO

Dentre o que foi exposto nesta pesquisa monográfica percebe-se que a

competência é entendida não apenas como o conjunto de conhecimentos,

habilidades e atitudes necessárias para exercer determinada atividade, mas

também como o desempenho expresso pela pessoa em determinado contexto,

em termos de comportamentos e realizações decorrentes da mobilização e

aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes no trabalho.

Nessa perspectiva, então, as competências humanas são reveladas

quando as pessoas agem ante as situações profissionais com as quais se

deparam e servem como ligação entre as condutas individuais e a estratégia da

organização. Assim, agregam valor econômico e valor social a indivíduos e a

organizações, na medida em que contribuem para a consecução de objetivos

organizacionais e expressam o reconhecimento social sobre a capacidade das

pessoas.

O conhecimento corresponde a informações que, ao serem

reconhecidas e integradas pelo indivíduo em sua memória, causam impacto

sobre seu julgamento ou comportamento. Refere-se ao saber que a pessoa

acumulou ao longo de sua vida, algo relacionado à lembrança de conceitos,

idéias ou fenômeno. A habilidade está relacionada à aplicação produtiva do

conhecimento, ou seja, capacidade da pessoa de instaurar conhecimentos

armazenados em sua memória e utilizá-los em uma ação.

A gestão por competências propõe-se a alinhar esforços para que as

competências humanas possam gerar e sustentar as competências

organizacionais necessárias à consecução dos objetivos estratégicos da

organização.

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67As organizações sempre fizeram significativas mudanças em seus

processos, geralmente envolvendo matérias primas, máquinas, tecnologias,

infra-estrutura ou mesmo funções administrativas, na intenção de incrementar o

lucro e diminuir o esforço humano. Para desempenhar tal função, observou-se

que na elaboração do perfil de competências, é fundamental o envolvimento

dos gestores das diversas áreas da organização, em parceria com os

especialistas de recursos humanos.

Na fase inicial dessa atividade é comum surgir uma lista com elevado

número de competências, direcionadas individualmente ao que lá sendo

analisado. A análise objetiva de todas as competências, em alinhamento com a

estratégia organizacional e em conjunto com a visão dos processos e políticas

adotados, resultará num conjunto adequado de competências profissionais,

para cada posição do quadro de empregados da organização.

As constantes mudanças globais influenciaram a sociedade, a

economia, a tecnologia e, conseqüentemente, os negócios, exigindo das

organizações grande capacidade de adaptação e a adoção de estratégias

eficazes para sustentar vantagens competitivas.

Sendo assim, a sociedade vem percebendo ao longo dos anos que

capital tecnologia e matéria-prima não são mais elementos privilegiados para

sustentar essas vantagens competitivas. Nos dias atuais, a vantagem

competitiva fundamental é a capacidade de converter, criativamente, as

informações adequadas em conhecimento que agregue valor às organizações.

É este valor agregado pelo conhecimento e pela capacidade de

criação, que é denominado por muitos autores como capital intelectual. Neste

caso, as pessoas à medida que colocam suas competências a serviço da

organização, torna-se condição necessária para a produção do capital

intelectual, permitindo a adoção de estratégias e sua transformação em

resultado efetivo.

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68A Gestão por Competências, muito mais do que uma forma de

administrar é uma filosofia de desenvolvimento de talentos nas empresas.

Através dela pode-se orientar as ações das pessoas no intuito de se construir

uma organização eficaz, ou seja, aquela que atinge as suas metas e seus

objetivos traçados.

No Brasil, grandes especialistas anunciaram esta nova filosofia e a

implantaram nas empresas. A base era definir um conjunto de competências

comportamentais que sustentariam a Cultura Organizacional e, a partir disto,

orientar os processos de Recursos Humanos como a avaliação de

desempenho e o recrutamento e seleção, para a utilização destas

competências como critérios e elementos de referência. Havia sido dado, neste

momento, um importante passo de um novo modelo de administração de

pessoas e desenvolvimento de talentos.

Mas a Gestão por Competências, como qualquer sistema dinâmico,

carecia de adaptações. Ela dava condições para a manutenção da eficácia

organizacional, mas isso só seria garantido com a manutenção, também, da

eficiência. Enquanto o modelo de Gestão por Competências comportamentais

começava a se instalar, ele mesmo gerava uma tendência de colocação dos

requisitos da eficiência em segundo plano. Na eficiência existem os seus dois

principais compostos oriundos de especificidade técnica: a produtividade e a

qualidade.

Surgiu então a necessidade de se gerir, não somente as competências

comportamentais, mas também as competências técnicas. A importância do

equilíbrio entre estes dois tipos de competências, adequando-se a cada

empresa, a cada cultura organizacional a cada tipo de produto pode ser visto

na resposta de um questionamento básico:

Em uma indústria, as competências técnicas deverão ter um tratamento

mais apurado na gestão, por ser, este tipo de empresa, composta de sistemas

de atividades técnicas de modos operacionais, de habilidades adquiridas de

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69aprendizados técnicos. Em uma empresa prestadora de serviços, as

competências comportamentais deverão ter um tratamento mais apurado na

gestão. As relações interpessoais são maiores que em uma indústria devido ao

maior contato com clientes externos, por exemplo.

Disto conclui-se que é fundamental, na Gestão por Competências,

levando-se em consideração não somente as competências comportamentais,

mas também as competências técnicas, atribuindo-se pesos e profundidades a

cada uma delas adequados ao perfil da empresa, sua cultura organizacional e

sua atividade. Ainda, estendendo-se um pouco mais, subdividindo as

competências comportamentais em essenciais (aquelas que são comuns a

qualquer indivíduo na empresa) e as específicas (aquelas que são atribuídas a

cada cargo específico). Em resumo, percebe-se que a Gestão por

Competências não é e jamais pode ser um modelo fixo, ela deve ser adequada

a cada empresa respeitando-se cada identidade organizacional.

A atuação das empresas orientadas para a responsabilidade social e

ambiental empresarial não implica que a gestão empresarial abandone os seus

objetivos econômicos e deixe de atender aos interesses de seus proprietários e

acionistas; pelo contrário, uma empresa é socialmente responsável se

desempenha seu papel econômico na sociedade produzindo bens e serviços,

gerando empregos, retorno para os seus acionistas dentro das normas legais e

éticas da sociedade.

A empresa é socialmente responsável quando internamente, aumenta

a produtividade no trabalho, cria maior motivação, auto-estima e orgulho dentre

os funcionários e se bem gerenciadas tornam primoroso o ambiente de

trabalho e determinam a melhoria significativa da qualidade de vida no

trabalho. Porém, com a aceleração das mudanças e o agravamento das

questões sociais, a prática da filantropia e do exercício de responsabilidade

social tornou-se um problema não mais do estado e dos governos locais. E

para as empresas, o social surge como um novo campo de oportunidades.

Page 70: < GESTÃO DE PESSOAS E COMPETÊNCIAS NA EMPRESA … · A conclusão finalizará o entendimento de que a avaliação das competências e do desempenho de cada funcionário é fundamental

70Este ganhou corpo quando os benefícios éticos se traduziram também

em resultados financeiros. As empresas deixaram de ser meramente lucrativas

e busca obter competitividade através a agregação de valor social aos seus

negócios. Mas cumprir o seu papel econômico não é o suficiente; a gestão das

empresas é responsável pelos efeitos de sua operação e atividades na

sociedade.

Com a crescente conscientização no sentido de assumir um papel mais

amplo dentro da sociedade as organizações tem procurado modificar a sua

estrutura funcional tanto interna quanto externamente. No âmbito interno da

empresa a responsabilidade social leva à constituição de uma cidadania

organizacional e, no âmbito externo, à implementação de direitos sociais.

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71

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72 TERRA, José C. Gestão do conhecimento. São Paulo: Negócio, 2000.

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73

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74

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ........................................................................................... 1

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... 3

DEDICATÓRIA ................................................................................................... 4

RESUMO ........................................................................................................... 6

METODOLOGIA ................................................................................................ 7

SUMÁRIO .......................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9

CAPÍTULO I ..................................................................................................... 14

GESTÃO DE PESSOAS: ORIGEM E DEFINIÇÃO .......................................... 14

1.1 FATORES DO COMPORTAMENTO NA GESTÃO DE PESSOAS ........ 18

CAPÍTULO II .................................................................................................... 31

HISTÓRIA DO TERMO COMPETÊNCIA ......................................................... 31

2.1 MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS: MÉTODOS, TÉCNICAS E INSTRUMENTOS ......................................................................................... 35 2.2 AVALIAÇÃO DO DOMÍNIO DE COMPETÊNCIAS POR MEIO DE CERTIFICAÇÃO ........................................................................................... 40

CAPÍTULO III ................................................................................................... 44

DISTINÇÃO ENTRE GESTÂO DO CONHECIMENTO E GESTAO POR COMPETÊNCIA ............................................................................................... 44

3.1 GESTÃO DE PESSOAS E A AVALIAÇÃO DA COMPETÊNCIA ATRAVÉS DO DESEMPENHO .................................................................... 50

CAPITULO IV ................................................................................................... 57

GESTÃO DE PESSOAS: TALENTO, CAPITAL HUMANO E INTELECTUAL . 57

CONCLUSÃO .................................................................................................. 66

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 71

BIBLIOGRAFIA CITADA .................................................................................. 73

ÍNDICE ............................................................................................................. 74

ANEXOS .......................................................................................................... 76

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Estudo sobre a gestão de pessoas e competências na empresa brasileira

Autora: Izabel Cristina Gonçalves de Oliveira

Data da entrega:

Avaliado por: Profª Adélia Araujo Conceito:

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ANEXOS

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