8
Ano XXIV Nº 290 outubro de 2013 M aior seria a produção ficcional de Helena Silveira (1911-1984) se o jornalismo não a tivesse absorvido. De início, premida por necessidades financeiras, em consequência do fim de casamento frustrado, e depois pelo gosto ao ofício, a autor a faria longa carreira na imprensa como cronista social inovador a e c rític a cinematográf ica. Além dos registros de acontecimentos relacionados com a alta s ociedade, deixou numerosas crônicas no gênero propriamente dito, onde sua s ensibilidade artística reciclou material descartável do cotidiano, para plasmar minúsculas peças literárias resplendentes. Parte desses textos foi reunida no livro “Carneiro branco, sombra azul” (1954). Outros tantos estão esparsos nas páginas da ”Folha da Manhã” e da “Folha da Noite”, na qual assinou durante muito tempo uma crônica quase que diár ia a partir de 1947. Desde muito jovem principiou a escrever contos, mantidos guardados, talvez temendo comparação com a irmã, Dinah Silveira de Queirós, que iniciara brilhante carreira de escritora com o romance “Floradas na serra” (1939). Entretanto, por indiscrição do jornalista Mariano Costa, foi surpreendida pela publicação em página inteira da “Folha da Manhã”, da sua história curta “Vida”, ilustrada por Belmonte. A partir daí divulgaria outras produções no suplemento literário do mesmo jornal, inc entivada pelo s eu editor Rui Bloen. Mais ou menos pela mesma época, teve o conto “Meu violino e Débora “ divulgado no jornal carioca “A Manhã”, por iniciativa do Ribeiro Couto. A publicação veio acompanhada de comentário elogioso do escritor, destacando: “...que Helena Silveira só tem vinte e poucos anos ( e) estreia em nossa literatura com uma personalidade própria e um estilo próprio.” Graças ao sucesso inicial alcançado, a autora foi procurada, em 1943, por Edgard Cavalheiro, então diretor, em São Paulo , da editora Globo de Porto Alegre. Recebeu proposta para a edição dos contos já publicados, acrescidos de outros inéditos. Surgiria assim, no ano seguinte, a coletânea “ A humilde espera”, que foi considerado a estreia do ano por Tristão de Atay de. Na mesma esteira, outras críticas favoráveis saudaram o lançamento. A nota destoante partiu de Mário da Silva Brito, condenando o excesso de adverbiações dos textos, carentes , na s ua opinião, de burilamento, embora reconhecesse o talento da escritora. Esta, entretanto não era HELENA SILVEIRA, FICCIONISTA EVENTUAL Rui Ribe iro adepta do es tilo enxuto, nem da restrição do uso dos advérbios, adjetivos e metáforas, mantendo- se fiel à sua forma de narrar na nova seleção de histórias cur tas publicadas em 1953, sob o título de “Mulheres,frequentemente”. A obra foi agraciada com o prêmio Antonio de Alcântara Machado, da Academia Paulista de Letras e Afonso Arinos, da Academia Bras ileira de Letras. Anos mais tarde, a contista revelaria que se inspirara na fase da própria insegurança e solidão que atravessava para compor criaturas em descompasso com a vida, na permanente busca de referência e identidade. São constantes nas tramas presenças de “viúvas de marido vivo” e de figuras femininas solitárias, como em “A sombra dança” na qual a mulher tem por companhia apenas sua sombra. Da mesma forma, o trauma de casamento desastroso também se refletiria nas histórias, onde os homens são sempre vistos através das mulheres. Daí o acerto dos títulos dado aos dois volumes que reúnem os contos. A pedido da irmã Dinah, Helena Silveira escreveu seu único romance “Na selva de São Paulo” (1966), que definiu como de “ costumes”, e no qual sintetiza .”... determinados “tipos –padrões “ de pequenos grupos entediados que se atiram ao prazer como a um vício.” Mesmo que destaque se tratar de obra de ficção, é de se deduzir que alguns personagens foram decalcados de figuras reais, conhecidos mercê de seu ofício de cronista social. Muitos aparecem com seus nomes próprios, “. ..para que se situe bem, no tempo, na paisagem, a ação.” Outros estão registrados sob disfarce, mas facilmente identificáveis, como é o caso do costureiro Denner. Para Lygia Fagundes Telles, a autora registrou “...doloridos flagrantes de uma sociedade doente, em “...real e simbólico documento de uma época em que o dinheiro e o poder inverteram os valores humanos de tal maneira que se for mou uma espéc ie de c asta dentro da qual só sobrevivem os hipócritas e os corrompidos.” Desfilam pela narrativa figurões da nobreza agrária decadente, de permeio a representantes da nobreza da indústria da imigração, além de artistas, intelectuais e novos ricos em busca de escalada social pelos meios habituais das ...”amabilidades, curvatura aos caprichos de todos os que detêm os postos para o ingresso nos chamados “top set”, incluindo presentes aos colunistas sociais em evidência e dispêndios elevados com recepções . Descrições minuciosas devassam o ambiente de reuniões festivas regadas a uísque importado e encontros informais em boates, clubes e bares de luxo, onde fervilham intrigas, futilidades, ambições, vaidades, ódios, egoísmos. Nas conversas também explodem palavrões, acolhidos como sinal de espírito de vanguarda. Personagem marcante no enredo, Sof ia Couto de Castro tem como único capital sua beleza, com a qual mantem fascinado banqueiro rico, que montou para ela sofisticado apartamento na Avenida São Luiz, decorado inclus ive com obr a do pintor Pedro Amér ico. O quadro representa Vênus deslumbrante saindo de banho matinal e teria pertencido a Dona Veridiana Prado. O toque de fantasia que recobre o retrato não disfarça o traço forte de realidade de “Na selva de São Paulo”. Antes, realça as características de um período da vida social da metrópole em toda a extensão de seus contrastes. Do legado de Helena Silveira constam ainda os relatos de viagem “Damasco e outros caminhos” (1957), reeditado com o nome de “Memória da terra assas sinada” (1976),“Os dias chineses” (1961) e a controvertida peça teatral “No fundo do poço” (1950),feita em conjunto com Jamil Almansur Haddad. Perpassam as páginas de “Paisagem e memória “(1983) - seu livro derradeiro – lembranças doces e amargas da menina órfã de mãe, criada pela tia-avó, da mocinha sonhadora, da mãe-de-família zelosa , da ficcionista de obra elogiada pelos mestres Grac iliano Ramos e Sérgio Milliet e, sobretudo, da jornalista que em mais de quarenta anos de ativ idade produziu quilômetros de es critos . Se juntados em linha reta, esses textos rodeariam o mundo, afirmaria a autora. Helena Silveira di vulg aç ão Rui Ribeiro é escritor, crítico literário, advogado e autor de Águas Fugazes.

º HELENA SILVEIRA, FICCIONISTA EVENTUAL · inclusive com obra do pintor Pedro Américo. O quadro representa Vênus deslumbrante saindo de banho matinal e teria pertencido a Dona

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: º HELENA SILVEIRA, FICCIONISTA EVENTUAL · inclusive com obra do pintor Pedro Américo. O quadro representa Vênus deslumbrante saindo de banho matinal e teria pertencido a Dona

Ano XXIV Nº 290 outubro de 2013

Maior seria a produção f iccional deHelena Silveira (1911-1984) se ojornalismo não a t ivesse absorvido.

De início, premida por necessidades f inanceiras,em consequência do f im de casamento frustrado,e depois pelo gosto ao of ício, a autora faria longacar reira na imprensa como cronis ta soc ialinovadora e c rítica cinematográf ica. Além dosregistros de acontecimentos relacionados com aalta sociedade, deixou numerosas crônicas nogênero propr iamente dito, onde sua s ensibilidadeartística reciclou material descartável do cotidiano,para plasmar minúsculas peças literár iasresplendentes. Parte desses textos foi reunida nolivro “Carneiro branco, sombra azul” (1954).Outros tantos estão esparsos nas páginas da”Folha da Manhã” e da “Folha da Noite”, na qualassinou durante muito tempo uma crônica quaseque diár ia a partir de 1947. Desde muito jovempr inc ipiou a esc rever contos , mantidosguardados, talvez temendo comparação com airmã, Dinah Silveira de Queirós, que inic iarabrilhante carreira de escritora com o romance“Floradas na ser ra” (1939). Entretanto, porindisc rição do jornalis ta Mar iano Costa, foisurpreendida pela publicação em página inteirada “Folha da Manhã”, da sua história curta “Vida”,ilustrada por Belmonte. A partir daí divulgar iaoutras produções no suplemento literário domesmo jornal, incentivada pelo seu editor RuiBloen. Mais ou menos pela mesma época, teve oconto “Meu violino e Débora “ divulgado no jornalcarioca “A Manhã”, por iniciativa do Ribeiro Couto.A publicação veio acompanhada de comentárioelogioso do escritor, destacando: “ ...que HelenaSilveira só tem vinte e poucos anos (e) estreia emnossa literatura com uma personalidade própriae um estilo próprio.”

Graças ao sucesso inicial alcançado, a autorafoi procurada, em 1943, por Edgard Cavalheiro,então diretor, em São Paulo , da editora Globode Porto Alegre. Recebeu proposta para a ediçãodos contos já publicados, acrescidos de outrosinéditos. Surgiria assim, no ano seguinte, acoletânea “ A humilde espera”, que foi consideradoa estreia do ano por Tristão de Atay de. Na mesmaesteira, outras críticas favoráveis saudaram olançamento. A nota destoante partiu de Mário daSilva Br ito, condenando o excesso deadverbiações dos tex tos , carentes , na suaopinião, de burilamento, embora reconhecesse otalento da escr itora. Esta, entretanto não era

HELENA SILVEIRA, FICCIONISTA EVENTUALRui Ribeiro adepta do es tilo enxuto, nem da restrição do uso

dos advérbios, adjetivos e metáforas, mantendo-se f iel à sua forma de narrar na nova seleção dehistórias cur tas publicadas em 1953, sob o títulode “Mulheres ,f requentemente” . A obra f oiagraciada com o prêmio Antonio de AlcântaraMachado, da A cademia Paulista de Letras eAfonso Arinos, da Academia Bras ileira de Letras.Anos mais tarde, a contis ta revelar ia que seinspirara na fase da própria insegurança e solidãoque atravessava para compor c riaturas emdescompasso com a vida, na permanente buscade referência e identidade. São constantes nastramas presenças de “viúvas de marido vivo” ede f iguras femininas solitárias, como em “A sombradança” na qual a mulher tem por companhiaapenas sua sombra. Da mesma forma, o traumade casamento desastroso também se ref letiria nashis tórias, onde os homens são sempre vis tosatravés das mulheres. Daí o acerto dos títulosdado aos dois volumes que reúnem os contos.

A pedido da irmã Dinah, Helena Silveiraescreveu seu único romance “Na selva de SãoPaulo” (1966), que def iniu como de “costumes”, eno qual sintetiza .”... determinados “tipos –padrões“ de pequenos grupos entediados que se atiramao prazer como a um vício.” Mesmo que destaquese tratar de obra de f icção, é de se deduzir quealguns personagens foram decalcados de f igurasreais, conhecidos mercê de seu of ício de cronistasocial. Muitos aparecem com seus nomespróprios, “. ..para que se situe bem, no tempo, napaisagem, a ação.” Outros estão registrados sobdisfarce, mas facilmente identif icáveis, como é ocaso do costureiro Denner. Para Lygia FagundesTelles, a autora registrou “...doloridos f lagrantesde uma sociedade doente, em “...real e simbólicodocumento de uma época em que o dinheiro e opoder inverteram os valores humanos de talmaneira que se formou uma espéc ie de castadentro da qual só sobrevivem os hipócritas e oscorrompidos.” Desf ilam pela narrativa f igurões danobreza agrár ia decadente, de permeio arepresentantes da nobreza da indús tr ia daimigração, além de artistas, intelectuais e novosricos em busca de escalada social pelos meioshabituais das ...”amabilidades, curvatura aoscaprichos de todos os que detêm os postos parao ingresso nos chamados “top set”, inc luindopresentes aos colunistas sociais em evidência edispêndios elevados com recepções . Descriçõesminuciosas devassam o ambiente de reuniõesfestivas regadas a uísque importado e encontrosinformais em boates, clubes e bares de luxo, onde

fervilham intrigas, futilidades, ambições, vaidades,ódios , egoísmos . Nas conversas tambémexplodem palavrões, acolhidos como sinal deespírito de vanguarda. Personagem marcante noenredo, Sof ia Couto de Castro tem como únicocapital sua beleza, com a qual mantem fascinadobanqueiro rico, que montou para ela sofisticadoapartamento na Avenida São Luiz , decoradoinclus ive com obra do pintor Pedro Amér ico. Oquadro representa Vênus deslumbrante saindo debanho matinal e teria pertencido a Dona VeridianaPrado. O toque de fantasia que recobre o retratonão disfarça o traço forte de realidade de “Naselva de São Paulo” . A ntes , realça ascaracterísticas de um período da vida social dametrópole em toda a extensão de seus contrastes.

Do legado de Helena Silveira constam aindaos relatos de v iagem “Damasco e outroscaminhos” (1957), reeditado com o nome de“Memória da terra assassinada” (1976),“Os diaschineses” (1961) e a controvertida peça teatral“No fundo do poço” (1950),feita em conjunto comJamil Almansur Haddad. Perpassam as páginasde “Paisagem e memória “(1983) - seu liv roderradeiro – lembranças doces e amargas damenina ór fã de mãe, criada pela tia-avó, damocinha sonhadora, da mãe-de-família zelosa ,da f icc ionis ta de obra elogiada pelos mestresGrac iliano Ramos e Sérgio Milliet e, sobretudo,da jornalista que em mais de quarenta anos deativ idade produziu quilômetros de escritos . Sejuntados em linha reta, esses textos rodeariam omundo, af irmaria a autora.

Helena Silv eira

di vulgação

Rui Ribeiro é escritor, crítico literário,advogado e autor de Águas Fugazes.

Page 2: º HELENA SILVEIRA, FICCIONISTA EVENTUAL · inclusive com obra do pintor Pedro Américo. O quadro representa Vênus deslumbrante saindo de banho matinal e teria pertencido a Dona

Página 2 - outubro de 2013

Rosani Abou Adal

Rosani Abou Adal é escritora, jornalista e vice-presidente doSindicato dos Escritores de São Paulo.

Política é um despertadorde paixões. Faz grandesamizades e grandes ini-

mizades. Reúne antigos desaf etose separa amigos. Uns fazem políti-ca com o f ígado. Outros usam o co-ração. Estes, são sonhadores. E háaqueles que se servem da astúcia...São terríveis . Armam jogadas, trai-ções, rasteiras –tudo em nome desua “causa”. Tudopara chegar aopoder. E aí, com opoder nas mãos,mos tram-se porinteiro. Revelamo espírito e aalma. Às vezes ,surpreendem nobom sentido. Àsvezes, decepcio-nam. E ass im apolítica segue com seu teatro espe-tacular na marcha do tempo.

Graciliano Ramos, nascido emQuebrângulo, Alagoas, Velho Graçaou Mestre Graça como o chamavamcarinhosamente, é um dos mais no-táveis escritores da moderna prosabrasileira. Foi prefeito de Palmeirados Índios nos anos de1929 e 1930.Enviou dois relatórios de sua gestãoao governador do Es tado. A o verestes dois relatórios, o poeta e edi-tor Augus to Frederico Schmidt en-cantou-se com o “estilo” do prefeito.Achou que ele devia ter um roman-ce na gaveta. Interessou-se emeditá- lo. Viu em um dos relatóriosuma linguagem nada burocrát ica,mas criativa e com “o fel da ironia.”

Eis alguns trechos . “Havia emPalmeira dos Índios inúmeros pre-feitos. Os cobradores de impostos,o comandante do Destacamento, ossoldados, outros que desejassemadministrar. Os f iscais, esses, resol-viam questões de polícia e advoga-vam... encontrei obstáculos dentroda prefeitura e fora dela – dentro umaresistência mole, suave, de algodãoem rama; fora, uma campanha sor-na, oblíqua, carregada de bilis... Dosfuncionários que encontrei em janei-ro do ano passado restam poucos:saíram os que faz iam política e osque não f aziam coisa nenhuma...

POLÍTICA E LITERATURARaymundo Farias de Oliveira

Perdi vários amigos, ou indivíduosque possam ter semelhante nome.Não me f izeram f alta. Há descon-tentamento. Se a minha estada naprefeitura por esses dois anos de-pendesse de um plebiscito, talvezeu não obtivesse dez votos...”

Como se vê, Graciliano Ra-mos estabeleceu, com imensas di-

f iculdades, algumaordem na adminis-tração municipal dePalmeira dos Índi-os. E os tais rela-tór ios revelaramseu arrebatamentoliterário que ecoariaem suas obras li-das, com vivo inte-resse, até hoje.Posicionou-se con-tra a política de Ge-tulio Vargas e f oi

preso e deportado para o Rio de Ja-neiro. Na ilha em que f icou, escre-veu “Memórias do Cárcere”, que vi-rou f ilme com extraordinário suces-so de bilheteria. Militou no PartidoComunista.Sua obra literária (VidasSecas, Angústia, Caetés, que foi oprimeiro livro publicado, e outros)retrata a paisagem e sofrimento doser tanejo nordestino – vítima, atéhoje, da inclemência do c lima e daexploração dos “ coroneis” da terrae da política paternalista.

O autor alagoano foi o home-nageado da Festa Literár ia deParaty (11ª Edição), que aconteceude 3 a 7 de julho. Mes tre Graçamorreu em 20 de março de 1953,no Rio de Janeiro,vítima de câncerno pulmão. Tive a honra de conhe-cer seu neto, Ricardo Ramos Filho,já falecido , quando diretor da UBE,aqui em São Paulo.

Penso que a atuação polít icade Graciliano Ramos guardou per-feita simetria com sua atuação ar-tística no mundo sensível da f icção.Acho que fez política e literatura como coração, sonhando com um mun-do mais solidário, fraterno e justo.

Raymundo Farias de Oliveira éescritor e procurador do

Estado aposentado.

di vulgação

Graciliano Ramos

Biografias Autorizadas?

Sou a favor da publicação de biografias e, desde já, autorizo a publi-cação da minha.

Sou contra a difamação, as fofocas veiculadas em colunas fúteis,nos periódicos ou na internet, pois são vazias de conteúdo, nada acres-centam e nada fazem em prol da nossa Cultura e das nossas Letras.Também sou contra a perseguição dos paparazzi em busca de deslizesda vida alheia e que fotografam pessoas famosas sem autorização.

Você é a favor ou contra a publicação de biografias?Devem ser autorizadas ou poderão ser publicadas sem autorização?A Ministra Cármen Lúcia também quer ouvir opiniões a respeito e,

portanto, determinou a realização de audiência pública, nos dias 20 e 21de novembro, das 9 às 13 horas, para discutir a necessidade de autoriza-ção para a publicação de biografia.

As entidades e pessoas interessadas em participar deverão encami-nhar requerimento, até o dia 12 de novembro, para o [email protected].

Page 3: º HELENA SILVEIRA, FICCIONISTA EVENTUAL · inclusive com obra do pintor Pedro Américo. O quadro representa Vênus deslumbrante saindo de banho matinal e teria pertencido a Dona

Página 3 - outubro de 2013

A capa de Ve redas daCam inhada* de CaioPorf ír io Carneiro é

chamativa e bem inspira o que vaipor dentro nas páginas do livro. Anarrativa é poética e só falta mesmorepar ti- la em versos , coisa quequalquer leitor pode imaginar, oufazer, assim como a ponho aqui:

FUGA(Fragmento)Sem ninguém por perto. / Sem

ninguém olhando./ Sem ventosoprando./ Sem chuva caindo./

O silêncio nesta ruadeserta,/ nestas casasfechadas que me olham,/nesse tempo parado e quecorre mudo,/ nes taneutralidade total, é maisacolhedor./ (p. 45) CaioPorfírio Carneiro

Correspondo com umescritor e poeta espanhole sempre intercambiamosopiniões sobre a escritura.Um dia ele me escreveu:

“A prosa é um dosmeus admirados luxos ,desde o dia em que tive asorte de aprender que se aoescrever não se deixa de ver o querodeia a gente e o instala na fértilgeograf ia dos sentimentos, pois, issovai fazer possível pouco menos quetudo. Floreal Rodrigues de la Paz

Agora me parece que a prosade Caio Porf ír io Carneiro é umdesses luxos, usando palavras eimagens para desc rever e narrar assensações que lhe ocorrem nas“veredas da caminhada”.

Entretanto no livro vem tambémpáginas de poes ia em versosespontâneos , livres, de todos ostamanhos, na harmonia da lír ica.Versos como do poema “Decisão”que a gente pode colocar em linhasseguidas e f ingir que seja prosa:“Quero ir para o Oeste./ É por ali./Por aqui?/É. / É muito longe?/ Nãosei.” (p.29) A liás , is to poder iatambém ser um diálogo!

Por estas coisas, podemos dizerque Veredas da Caminhada é umliv ro de todos os gêneros . Porexemplo, o texto intitulado “A roseira”é um conto dialogado, é a his tóriade uma rosa, de um espinho de rosa,de uma roseira, etc . Desde aprimeira página o autor def ine o livro

As Veredas de CaioPorfírio Carneiro

Teresinka Pereira como “de contos ” e diz muitocategoricamente: “ conto é contoquando conto é”... “Conto é a artedo implícito.” E nesse ponto estou deacordo com ele: é o autor que def ineo gênero do livro, e se ele diz que éconto, é porque é. Mas a opiniãocontrária é que até mesmo o títulodo livro parece anunciar poesia...Mas os contos têm temas e narrativasde caminhadas pelas veredas, dedos encontros de personagensnestas caminhadas, como em “FlorSilvestre” onde um homem ofereceuma flor da beira da estrada a umamulher e ela a guarda numa caixaespecial de colecionar pétalas e

folhas para lembranças.Um dos contos mais

interessantes é o “AReforma”, que a caminhadado personagem serviu paraque ele aceitasse a ideia dereformar a casa, umaimposição da mulher. Outroainda mais f or te é “OPacote”, dinheiro achadonuma caminhada na rua eusado imediatamente parapagar suas dívidas, quandoao voltar para casa opersonagem f ica sabendoque era o dinheiro da

vizinha, que estava desesperadacom a perda!

Cada conto apresenta em suasíntese uma caminhada pela veredade aventuras com a exper iênc iaemocional dos acontecimentos navida de algum per sonagem que podeser o própr io autor ou seusconhec idos. Tudo muito simples,c laro, ins tint ivo, mas compredominância da ética.

Veredas da Caminhada não éum liv ro de estreia, pelo contrário,está celebrando os cinquenta anosda estreia do autor em publicação.Caio Porf írio Carneiro tem mais detrinta liv ros publicados, pelos quaisrecebeu importantes prêmios comoo “Af onso Ar inos” da A cademiaBrasileira de Letras e o prêmio Jabutida Câmara Bras ileira do Livro.Veredas da Caminhada tambémmerece um prêmio.

* Carneiro, Caio Por f írio:Veredas da Caminhada.São Paulo:R.G. Editores, 2011.

Teresinka Pereira é poeta,tradutora e presidente da

International Writers

Os filisteus andavam na terra seca.Hom ens, m ulheres, crianças ajuntavam no grupoe cantavam uma canção de antes de Cris to.Socavam uvas com os pés , para fazerem o vinhoe com emoravam o jovem Davi.Davi com seu es tilingue acertou o gigante Goliascom a ajuda de Deus .Davi chegou num a carruagem e entrou na aldeia dos filis teus .Dançaram , beberam vinho e aportaram na aldeia com o fes tejo.Depois apanharam flores em três dimensões e ofereceram ao Cris to.Uma chuva de prata caiu na cabeça dos homens.

Ainda ontem plantei flores na tardepara poder dormirmas não quero vê-lasorvalhadas ou murchas

Tenho dó das mãos que sabemflorir canteiros ecobrir-se deoutono

SUBJETIVA IIEunice Arruda

Eunice Arruda é escritora, poeta e pós-graduada emComunicação e Semiótica pela PUC-SP.

Oblação da PoetaMarta Gonçalves

Marta Gonçalves é escritora, poeta e membro dogrupo literário da Associação de Cultura Luso-Brasileira.

Page 4: º HELENA SILVEIRA, FICCIONISTA EVENTUAL · inclusive com obra do pintor Pedro Américo. O quadro representa Vênus deslumbrante saindo de banho matinal e teria pertencido a Dona

Página 4 - outubro de 2013

Já o conhecia como dramaturgo consagrado, quando co-

meçamos a trabalhar juntos, na re-dação da revista Realidade. Ele eraum homem calmo, discreto, voz pau-sada. Fumava, sempre com piteira.Observador, atento à aventura hu-mana, trouxe para a imprensa seuimperturbável espírito de indagaçãoe sua crença inabalável no ser hu-mano. “O homem é fundamental. Elefaz a história. Transforma o mundoe se transforma a si mesmo. Abrecaminhos, é dono da sua verdade”.

Como repórter especial, escre-veu perf is memoráveis, como os deÉrico Veríssimo, Sergio Buarque deHolanda e Antonio Houaiss, e redi-giu matér ias antológicas, como “Ocanavial esmaga o homem”, “Presoaté o f im da vida” e “Frente de tra-balho no Ceará”. Editava seus tex-tos como se lapidasse diamantes.

Ele chegou à redação trazidopelo então diretor da revista, seuamigo Paulo Mendonça. Sentou-senuma mesa ao lado da minha. Con-versávamos muito – e logo nos tor-namos amigos. Um dia, para minhasurpresa, pediu que eu f izesse o pre-fácio para um livro da Editora Glo-bal, com sua peça “O Incêndio”. Ahistória transcendia os padres pré-Medellin, os coronéis do antigo PSDe os delegados da UDN; transcen-dia até a história da repressão nointerior brasileiro. Era uma vigorosadenúncia do f anatismo, daintransigência, da intolerância.

Nas peças de sua primeira li-nha de dramaturgia, Jorge escreviasobre o passado, para falar do pre-sente e torná-lo mais compreensí-

Jorge de Andrade

CEHC/Grupo de Debates NOÉTICAwww.noetica.com.br

Saiu o Volume nº 9 da coleção PALAVRASESSENCIAIS que trata do tem a ÁTRIO DOSGENTIOS.

Com coordenação de João Barcellos e selo daEdicon, com apoio do Centro de Estudos doHumanismo Crítico (Portugal) e do Grupo deEstudos Noé tica, vá r ios inte lectuaislatinoamericanos  discutem os dogmas místicos esua relação social.

João Barcellos coordena,  também, a coleçãoDEBATES PARALELOS, hoje com 8 volum es .

EDICON: Te l.: (11) 3255-1002.

Rodolfo Konder

Rodolfo Konder é jornalista, es-critor, Diretor da ABI em SãoPaulo e membro do Conselho

Municipal de Educação .

vel. Depois, com “Milagre na cela”, “Azebra” e “O incêndio”, ele passou aescrever sobre o presente, para dis-cutir e esclarecer o futuro. Para a te-levisão, levou os mesmos instrumen-tos analíticos impecáveis, com “Osossos do Barão” e “O grito”.

Nos anos 90, quando Jorge jánão es tava mais entre nós, levadopelas forças incontroláveis do desti-no para o outro lado das f lorestas dotempo, felizmente pude prestar home-nagem ao amigo ausente, como Se-cretário Municipal de Cultura. Dei aoArquivo Multimeios, do Centro Cultu-ral de São Paulo, o nome de sala Jor-ge de Andrade.

A Sala abriga mais de 600 mildocumentos. Arquitetura, Artes Grá-f icas, Artes Plásticas, Fotografia, Ci-nema, Comunicação de Massa, Lite-ratura, Música e especialmente ArtesCênicas (circo, dança, teatro) – estátudo ali. A memória artística da nossamaior metrópole está ali, preservada.A lembrança do amigo envolve e pro-tege o que temos de melhor em nos-sa história paulistana. Assim seja.

di vulgação

Jorge de Andrade

CARTAS(Para todos aqueles que ainda escrevem cartas)

Emanuel Medeiros Vieira

Quem escreve cartashoje? Não, não falo demeras mensagens

eletrônicas . Estou falando de cartasescri tas com paixão. Cartascarregadas de afeição. Refiro-meàquelas que são postadas noscorreios. Quando enfrentamos filas,compramos e colamos se los.Quem escreve e recebe respostasdestas cartas, sabe como é bomchegar às nos sas cas as nocrepúsculo de cada dia e encontraruma dessas missivas de amigo.Não, não falo de convites, cartasinstitucionais, propagandas decurs inhos , de prospectosimpessoais oferecendo remédiospara calvície, gorduras e todos osinfortúnios da alma e do espírito.Falo de cartas e am igos e deam adas . Carta, para m im , é aquelaque contém pele, carne,sentimentos. Nesta crônica queriadefender, como um Má rio deAndrade reencarnado, arestauração do hábito de redigircartas . Mesmo que fragmentárias ,trôpegas, curtas. Carta onde a genteleva algo de nós próprios. Nostempos da impessoalidade, datecnologia, da obsessão do lucro,onde o Deus m ercado imperaescrever cartas pode não ser algo

Emanuel Medeiros Vieira éescritor, poeta, professor

e crítico literário.

napoleônico, mas faz muito bem àalma. VIVA A EPISTOLOGRAFIA!Deixemos o pessimis mo paratempos melhores... Os indivíduosmorrem, porém a sabedoria queconquistaram ao longo de suasvidas não. A humanidade guardatoda a sua sabedoria, e cada um fazuso da sabedoria daqueles que oprecederam, como salientou LeonTols toi. Amigo: escreva cartas!Termino com a iluminada ClariceLispector, que também amava ascartas: “Até chegar à rosa foi umséculo de coração batendo”.

di vulgação

Mário de Andrade

Page 5: º HELENA SILVEIRA, FICCIONISTA EVENTUAL · inclusive com obra do pintor Pedro Américo. O quadro representa Vênus deslumbrante saindo de banho matinal e teria pertencido a Dona

Página 5 - outubro de 2013

Aos 19 anos de idade, LêdoIvo desce da natal Maceió,

e do Recife, onde se formou intelec-tualmente, para o Rio de Janeiro, ter-ra de sua adoção definitiva. Na ba-gagem, As Imaginações, poemas es-critos a partir dos 16, que publicariano ano seguinte, ainda estudante daFaculdade Nacional de Dire ito. Bri-lharia tam bém com o cont ista e ro-ma ncista, cro nista e mem oria lista,ensaísta e t radutor.

Com As Imaginações, a briu -seao poeta pouco mais que adolescen-te um a porta de ouro. Sua “estréiadeslumbrante” (Mário de Andrade) foivibrantemente saudada pela fina-florde nossa intelectualidade. Depois vi-eram Ode e Elegia, Acontecimento doSoneto, Ode ao Crepúsculo, A Jau-la, Ode à Noite, Cântico, Ode Equa-torial, Linguagem, Um Brasi leiro emParis, O Rei da Europa. Então surgeMag i as , p o n to al to e di v iso r d eágu as. M as a o b ra con t in ua : OsAmantes Sonoros, Estação Central ,Finisterra, O Soldado Raso, A NoiteMi steriosa, Ca laba r, Ma r Oce an o,Crepúsculo Civil, Curral de Peixe, ORumor da Noite, Plenilúnio. Reuniu-a a Topbooks numa brochura de maisde mi l página s – Poesia Comp leta(1940-2004). Enfim, como fecho pro-visório, Réquiem (Contra Capa, Rio,2008). Provisório porque já surgemnovidades, a exemplo de Mormaço,lançado por essa editora em come-ços de 2013, mas primeiro conheci-do na versão espanhola, Calima, de2011. Registro a homenagem de An-tonio Miranda, que publicou em 2012,em Brasíl ia, com o selo Poexíl io, porele criado, o l ivro Poesia Breve, e -bo ok e ed ição im pre ssa de trin tae xem p l are s, co m i l ust raçõe s d eZenilton de Jesus Gayoso Miranda ee stu do crít i co de An ton io Ca rlo sSecchin.

Os l i vro s da p rim e i ra p arteestade iam uma poética do e xcessoe banham-se em águas de um certosu rre a li sm o. (Be m o d i sse Iva nJun quei ra no exce lente pre fáci o aPoesia Completa.) Não, decerto, deum surrealismo ortodoxo (se é lícitoo sintagma, que cheira a oximoro...).O Au tor não pratica a escrita a uto-m át i ca p u ra e si m pl e s: oespontaneísmo agita nesse barco osseus estan dartes, mas o consci entenão deixa de aí exercer, ao fim e aocabo, a sua vigilância, diria mesmo oseu comando.

Anderson Braga Horta

DEUS NA POESIA DE LÊDO IVOCom exce sso, no caso, quer-se

aludir à desenfreada volúpia verbal,à riqu eza polisse mântica, não ape-nas à extensão, ao volume dos ver-sos. Ron aldo Costa Ferna ndes, emensaio, na Revista Brasileira (n.º 56,2008 ), sali enta, referind o-se à acu-sação de prolixidade, que “o proble-ma não é a extensão do verso, massua vacuidade ou não”, e que, nes-te “poeta caudaloso”, isso “que po-deria ser defeito é virtude”.

O Poeta mesmo o reco nhecia,no fragmento final de “O Desembar-que”, poema em prosa de Mar Oce-ano: “Meu rein o é o excesso, e sserival incomparável do rigor e da me-dida.” E n os versos iniciais de “Pro-montório” (Curral de Peixe): “Semprebusquei a profusão da s chu vas / eceleb rei o exce sso.”

É esse um traço mais perceptí-vel nos poemas da primeira fase; apartir de Lingu agem, mais a centua-damente a partir de Um Brasileiro emParis, que lhe é como um prolonga-mento, começa ele a infletir para con-trole maior do jorro poético; em Ma-gias (para mim o seu livro maior, oque apresen ta o mais num eroso econsistente bloco de po emas n otá-veis), atinge o equilíbrio ideal entrefluxo e contenção. O poeta amadu-rece. É uma sensível mudança, masnão lhe desfigura a essência. O jor-ro continua.

Lêdo é um enamorado da lin-guagem (que nomina um de seus li-vros), o que fica de logo patente najá assinalada relação volúpica entreo poeta e as palavras. Adora uma va-ga bu nd ag em p elo s se us cam po s,chegando a tematizar no poema aci-dentes como a metáfora, o anacoluto,a diérese (título de poema em Curralde Peixe). Senh or de grande voca-bulário, aprecia a combinação de pa-l avras díspa res, n isso i ncl uíd a aadjetivação improvável.

Tempo e eternidade –para usaro binômio de Jorge de Lima e MuriloMendes, poetas com os quais LêdoIvo te m afinidade s– frequen tam doinício ao fim esta poesia inquieta, deenvolta com sua gran de ob sessão:Deus. O silêncio de Deus. Os cami-nhos de Deus. A desnecessidade deDeus. A necessidade de Deus. O in-cômodo de Deus. A procura de Deus.Va le a pe na uma ol had a na lgu nsponto s desse ca minho tortuoso.

Nos primeiros livros Deus é ape-nas um coadjuvante bem-comporta-do, quase um figurante. De repente,em Finisterra, dá sinal de si e “é comoos morcegos: / voando à noite entre

os espaços estrelados / procura chu-p ar o sa n gu e d o s h om en s / qu eenegrecem os dias com os seus pe-cados” (“Nossa Se nhora das Corren-tes”). Adiante, sem “Os Anjos da Igre-ja do Rosário”, “uma luz vermelha /no sa crário e scuro / g uarda o cora-ção / do Deus invisível / que suspen-de os anjos / e deforma os homens”.Já surge, então, como um persona-gem incômodo, mas aind a não setornou protagonista. Em A Noite Mis-teriosa, torna-se objeto de dúvida naboca de u m “Soneto Erradi o”: “Nãosei se sou a caça ou o caçador. /....Não se i se Deus e xiste ou se é, natarde, /como o barco que passa soba ponte,/ e seja apenas um rumor defonte/ a água da sede que em meuslábios arde.” E é nesse livro que as-sume o primeiro plano: toda a seçãoterceira,

“Vida de Sempre”, lhe pertence.São 32 poemas seguidos em que lheca be a p arte p rin ci pa l. E E le a í,multíplice, é “algo cinti lante/ como acauda de um cometa”, “o esquilo queat ravessa a estrad a/ o m usg o q ueesverdeia o portão/ a flor aberta an-tes do tempo/ no jardim onde as co-bra s se e scond eram”. Torn a-se d ra-mático e é “O Intruso” que se escon-de “no estábulo” ou “no porão juntoa o s ra to s”; o u a ssum e ,ant iteticamente, de sde o papel do“galpão o nde nos abrigamo s” até odo “an imal que avança sobre nós /no pesadelo”. Vive entre bich os re-pugn antes ou peço nhento s, rastejaco mo u m verme e “and a n a la macom o um goi amum”, oculta -se “nopântano,/ entre os borrachudos”: pro-testo do Poeta ante o s abismo s daVida, que não po de compree nder?E “está em nada” e “está em tudo”.Liricamente, “Deus e dois são cinco/ na tabuada / do mais puro amor”; esó Ele “l impa e lava / tudo com a água/ da límpida cisterna / que é a vidaeterna”; mas “não cheira a incenso./ É no estrume fresco / e na alga vis-cosa / que devemo s ver / os si naisdivinos / com os olhos de quando /éra mos meni nos”. Mesmo t rata ndode Autor/Ator de tão majestoso por-te, não deixa de fazer piada: Em “OPecado Original”, por terem Adão eEva comido o fruto proibido é quehoje “pagamos os motéis com o suordo nosso ro sto”. En tre acei tação erecusa, entre sinceridade absoluta ealgo de pose, entre pureza e humor,Deus é o fio de seu drama, num con-junto poemático de grande força.

Nos livros seguintes, Deus con-tinuará desempenhando um impres-

si onan te p apel . Em Ma r Oce an o,assusta-o um “De us crue l q ue e n-venena os fungos” e cujos embaixa-dores “são form igas, corujas, ra tose mo rcegos”. O Poeta, que e m “OTuri sta” (Deus é o “grand e turista”)declarava invejar “as gaivotas / quebicam a água cinzenta / – as gaivo-tas que não precisam de Deus”, emRumo r da No ite di rá: “Não precisode nada. / Só preciso de Deus” (“ANecessidade”). Esse Deus qu e “é osilêncio / que habita as galáxias” (“ORefém”, de Crepúsculo Civil). Em “AInte rp e l ação”, pág in a s a di a n te ,Deus diz: “Eu sou a Linguagem.”

A procura de Deus é o mergu-lho ontológico. Indagar do divino éperquirir o sentido da vida. É esse ocaminho de angústia do poeta LêdoIvo. E é um dos veios mais opulen-tos de sua corn ucópica poesia.

Em 2004 fal ece a esposa doPoeta, Maria Leda. Dessa perda re-sulta o Réquiem, belo volume rica-me nte il ustrad o com p in tu ra s deGonçalo Ivo, fi lho do casal, e um de-senho de Gianguido Bonfanti. Nes-se poema quase final, a dor impera.Desarvoradamente o começa: “Aquiestou, à espera do silêncio.” Sob oalude da dor como que cessa a bus-ca: “Nada sabemo s, a não ser quehá uma noite / pura e vazia à nossaespera. Uma noite intocável / alémdo fogo e do gelo, e de qualquer es-pe rança. ” E prossegu e, em fun dolamento: “Somente a morte ensinaque os anjos não existem. // Tudo oque pe rdi, perdi para sempre ”, atéche gar a o termo d esamp arado deseu “l ongo caminh o entre do is na-das”. Reivindico, porém, para fechoentre dúbio e luminoso da jornada –a do Poeta e a nossa – estas pala-vras de nauta que insiste em man-ter os olhos descerrados ante o En-coberto Mar:

.... e agora, diante do oceanoexato e visível, diante do

grande mar prosódico,nada se i sobre a tra vessia.

Após tantas viagens, esta é aúl tima fronteira

que me cabe transpor.

Anderson Braga Horta é poeta,adv ogado, tradutor e membro da

Associação Nacional de Escritores.

di vulgação

Lêdo Iv o

Page 6: º HELENA SILVEIRA, FICCIONISTA EVENTUAL · inclusive com obra do pintor Pedro Américo. O quadro representa Vênus deslumbrante saindo de banho matinal e teria pertencido a Dona

Página 6 - outubro de 2013

Na a pre se n tação da saldravias, em dezembro 2010,os poetas aldravistas anuncia-ram que as aldravias não seri-am fô rmas, inscritas a penasnuma proposição sintética dese is versos un ivoca bul are s,mas formas abertas às mais di-versas experiências p oéticasque tenham como prioritária apalavra. Ficava claro que nãoanunciávamos unicamente umnovo tipo de “poema”, mas pro-púnhamos uma nova “poesia”que expressasse a atualidadede qualquer tempo (aquela dapragmática sensação do pre-sente eterno), em que a atitudepróp ri a da con st rução da smetonímias faz emergir a forçada palavra do meio do caldo vi-sual que, nesta a tualid ade,inunda os meios de comunica-ção e, reiteradamente, cobra aveiculação das ideias através doque esta segunda década do XXIacostumou a chamar de novasnarrativas.

Acontece que na reflexãoaldravista da abertura do sécu-lo XXI, a narrativa é a estruturabásica de qualquer texto. Sejanuma aldravia, encadeamentode seis versos univocabulares,seja num romance, sucessãode eventos em torno de umtema, a narrativa dá estrutura aoque será reconhecido como tex-to. Não são novas narrativas asq ue p re se nci a mo s na sveiculações dos novos meios –são novos envelopes textuais àsestruturas narrativas básicas –evocação, conflito e resolução.

Historicamente a narrativa,o ato de relatar, constitui a for-ma básica das relações soci-ais, uma vez que aquele quepresencia um acontecimentosente-se no dever de relatá-loaos demais, seja para simples-mente dar ciência, seja paraconstruir alerta. O primeiro casotem cunho noticioso e o segun-do didático.

Como os discursos soci-ais são recortados por relaçõesde pode r, os relatos simplesdão lugar para relatos elabora-dos para conquistarem finalida-des didáticas específicas – nasfam íl ias, para garantirem que asregras internas não sejam con-taminadas por regras externas;nas religiões, para garantiremse us do gma s; no s e sta do s,

para garantirem seus domínios.Todos estes e stamentos, emtodos os tempos, elegem algumparadigma l iterário, de cujas nar-rativas constroem seus heróispara ditarem as diretrizes a se-rem seguidas pelas novas ge-rações – o avô é o herói famili-ar; um profeta, um pajé, um pas-tor será o porta-voz de uma di-vindade; um rei , uma rainha, umpresidente, um general será umherói nacional.

Entre os tantos exemploshistóricos de relatos, podemoscitar os dos livros sagrados eas epopeias. Os livros sagra-dos, cada civi l ização à sua ma-neira, constroem relatos da cri-ação do mundo e das lutas pe-las organizações sociais; asepopeias (seja Gilgamesh daMesopotâmia ou Odisseia daGrécia) são poemas que rela-tam feitos na construção de he-róis; mitos qu e são tomadoscomo exemplo de força e po-der.

Imaginando a possibil ida-de de um relato poético instau-rar a construção não de um he-rói, persona divinizada, mas deum tema heróico, grandioso,capaz de enlevar uma palavrada simples condição de palavrasimples à de palavra grávida desentidos heróicos e grandiosos,apresentamos a possibil idadede construção de um conjuntode aldravias temáticas, ao qualse designará por aldravipeia,con j un to d e 2 0 a l d ra via sdedicadas a uma palavra, quedeverá aparecer ou ser aludidaem todas as al dravias desseconjunto.

Não se trata de uma novanarrativa, mas de uma nova for-ma, ou um novo texto, capazde pôr em destaque um concei-to, um nome, um lugar, um sen-timento, uma sensação, explo-rando a polifonia, isto é, a mul-tidão de sentidos que explodemde cada palavra de uma l íngua.

As possibil idades de ex-ploração de sentidos diferentesde uma palavra são experimen-tadas cada vez que nós perce-bemos universos discursivos di-ferentes. Azul para o universodiscu rsivo de um aero nautapode ter sentido de céu aberto;mas pode ser possibilidade deemprego, se assumir o sentidode empresa aérea; pode repre-sentar a monotonia de uma lon-ga viagem, a estabil idade de umvoo sem turbulência, o poder do

pássaro, a alegria da vastidãodo céu ou a tristeza de ser mi-núsculo nessa mesma vastidão;o pavor de ter azul acima enegritude na barriga do avião.Que dizer então de multidão desentidos de azul nas religiões,n os sím bo l os n a ci o na i s einstitu cion ais, nos esp orte s,na s artes, nos se ntim ento s.Não importa a palavra; todas sãopoli fônicas; todas têm inúmerossentidos. Para construir umaaldravipeia, basta experimentaruma palavra em lugares e situ-ações diferentes, compondo 20aldravias a partir de uma mes-ma palavra.

O nome aldravia foi suge-rido por Andreia Donadon Lealem 2010 e agora, inspirada emtra nsmutações, con junto dealdravias dedicadas à palavrapedra, de Gabriel Bicalho, pu-b li ca d o em 20 11 no li vroGerminais, primeiro l ivro mun-dial de aldravias, essa invento-ra de palavras propõe aldravipeiapara designar o conjunto de 20(vinte) aldravias dedicadas auma palavra. Em 20 aldravias,uma palavra poderá ser experi-mentada em 20 diferentes uni-versos discursivos.

AldravipeiaAndreia Donadon Leal

LÁGRIMASI

apaixonadastorrenteslacrimais

olhossaudadepoesia

IIcompreensão

lacrimaisversos

carpidosdesafinam

linométricasIII

finochoro

finíssimalágrima

orvalhadaalma

IVfio

aquosofiapo

sentimentalfiníssimo

choroV

líquidolacrimal

transbordadorou

alegriaVI

lágrimasinundação

devastadorade

almatransborda

VIIquenteslágrimas

evaporam-severãofinda

primaveraVIII

lágrimasregamfloressobresolo

pedregosoIX

seu solhos

molhadosespargem

almaressecada

Xchorofingido

palavrasmolhadaslágrimas

cenográficasXI

tristezaparticular

alegriapública

comunicadolacrimal

XIIsonhos

lágrimasvêm

evão?

X IIIlágrima

falao

quevoz

embargaXIV

lágrimadivina

orabrilho

oramistério

XVlágrimaalma

refletidaespelho

deespelho

XVIlágrima

cristalinasombra

demistériosinteriores

XVIIvela

choraslágrimas

deceras

crentesXVIIIlua

gerâniosciclos

lágrimasespinhos

fasesXIX

corposem

pousolágrima

semrosto

XXconcebida

noespíri tolágrimanasceágua

AldravipeiaJ. B. Donadon-Leal

Profa. Sonia Adal da CostaRevisão - Aulas Particulares - Digitação

Tel.: (11) 2796-5716 - [email protected]

J.B. Donadon Leal éDoutor em Semiótica pela

USP, Pós-Doutor emAnálise do Discurso pela

UFMG e membro daAcademia Municipalista

de Letras de Minas Gerais.

di vulgação

Andreia Donadon Leal

Page 7: º HELENA SILVEIRA, FICCIONISTA EVENTUAL · inclusive com obra do pintor Pedro Américo. O quadro representa Vênus deslumbrante saindo de banho matinal e teria pertencido a Dona

Página 7 - outubro de 2013

Lançamentos e Livros Concursos

Poemas: II Antologia - 2008 - CANTO DO POETA

Trovas: II Antologia - 2008 - ESPIRAL DE TROVAS

Haicais: II Antologia - 2008 - HAICAIS AO SOL

Débora Novaes de Castro

Opções de compra: Livraria virtual TodaCultura: www.todacultura.com.brvia telefax: (11)5031-5463 - E-mail:[email protected] - Correio:

Rua Ática, 119 - ap. 122 - São Paulo - SP - Cep 04634-040.

Antologias:

Poemas Devocionais: UM VASO NOVO...

Poemas: GOTAS DE SOL - SONHO AZUL - MOMENTOS- CATAVENTO - SINFONIA DO INFINITO –

COLETÂNEA PRIMAVERA - AMARELINHA - MARES AFORA...

Haicais: SOPRAR DAS AREIAS - ALJÒFARES - SEMENTES -CHÃO DE PITANGAS -100 HAICAIS BRASILEIROS

Trovas: DAS ÁGUAS DO MEU TELHADO

Notícias de PiracicabaHQ PRA V C!, Bate-papo com o caricatur is ta Eduardo Baptis ta,

o Baptistão, que fala sobre a prof issão de ilustrador a partir da sua experiênciapessoal, e mostra desenhos criados ao longo da vida e carreira, será realizadono dia 26 de outubro, sábado, às 15 horas, no Teatro do SESC.

Workshop de Caricatura, aula-demonstração de um desenho completo,do esboço inicial à arte f inal, com o ilustrador e caricaturista Baptistão, serárealizada no dia 27 de outubro, domingo, às 10 horas, na Tenda do SESC.

Os vencedores do 11º Salãozinho de Humor de Piracicaba, nacategoria de 7 a 10 anos, foi a estudante piracicabana Raíssa Pedroso daEscola Estadual Professor José Romão com caricatura de Chiquinha,personagem da Turma do Chaves. Lia Tricoli, do Instituto de Arte e CulturaGaratuja, de Atibaia, venceu na categoria 11 a 14 anos , com a versão docantor Pe Lanza.

O Sarau Literário Piracicabano, coordenado por Ana Marly de OliveiraJacobino, que será realizado no dia 19 de novembro, terça-feira, às 19 horas,na Biblioteca Munic ipal de Piracicaba, contará com a participação de JoséCarlos do Patrocínio e Ediana Maria Arruda Raetano (Grupo de Batuque deUmbigada e coordenadora do Grupo de Samba Lenço de Piracicaba).

O Ce ntro L iterário de Piracicaba realizará reunião no dia 30 denovembro, sábado, às 15h na Biblioteca Municipal. Aracy Duarte Ferrarifalará sobre vida e obra de Monteiro Lobato.

O Grupo Oficina Literária de Piracicaba realizará reunião no dia 6 denovembro, quarta-feira, às 19h30 na Biblioteca Municipal.

Grupo Escolar “Coronel Vaz” - Lem-branças, memóiras e fatos -, de Zina C. Bellodi,Dor ival Martins de Andrade, A ntonio PascoalAndré, Lucimari Missae Seto, com a colabora-ção de Zina Assirati Casemiro, Jabotical (SP),267 páginas.

A obra reúne fotos, documentos, depoi-mentos de ex-alunos, atas, notícias de jornaispara resgatar a memória deste estabelecimentode ensino que completou centenár iao de fun-dação.

Zina Bellodi: [email protected]

Enunciação Aforizante - um es tudodiscursivo sobre pequenas frases na impren-sa cotidiana, de Roberto Leise Baronas, 146páginas, Edufscar, São Carlos, SP.

O autor é Doutor em Linguística e LínguaPortuguesa pela Universidade Estadual PaulistaJúlio de Mesquita Filho e fez doutorado sandu-íche na Univversité de Paris XII.

A obra, organizada em c inco capítulos,apresenta um estudo discursivo sobre a pro-dução, circulação e transformação de peque-nas frases na imprensa brasileira.

Edufscar: w w w.editora.ufscar.br

Cerrado Deste rro, volume II, memóri-as, de Emanuel Medeiros Vieira, Edição doAutor, Salvador, BA, 382 páginas.

O autor é escritor, poeta, professor e crí-tico literário.

O prefácio é de Paulo Leonardo MedeirosVieira. A obra reúne narrativas e depoimentos.Na página 370, sessão depoimentos, está pu-blicado o texto Camarada de Verdade, deRosani Abou Adal.

Segundo Silvér io da Costa, “CerradoDesterro é um liv ro visceral. É uma viagemque ele faz no tempo, registrando as passa-gens mais signif icativas de sua existência.

Emanuel M ede iros Vie ira:[email protected]

XIV Concurso Literário de Poesias, promovido pela Prefeitura Muni-cipal de Casimiro de Abreu, através da Fundação Cultural Casimiro de Abreu,está com inscrições abertas até o dia 30 de janeiro de 2014 para poemainédito, com tema livre, escrito em língua portuguesa. Os interessados pode-rão inscrever apenas um trabalho, em cinco vias, digitados em papel brancoA4, de um só lado da folha em fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12e espaço 1,5. É obrigatório o uso de pseudônimo.

Premiação: primeiro colocado receberá R$ 500,00 (quinhentos reais) ecertif icado; segundo colocado receberá R$ 300,00 (trezentos reais) e certif i-cado; terceiro colocado receberá R$ 200,00 (duzentos reais) e um certif ica-do.

O resultado será divulgado no Dia Nacional da Poesia, 14 de março de2014. A premiação será entregue no dia 21 de março de 2014, durante even-to comemorativo ao Dia Mundial da Poesia, na Casa de Cultura EstaçãoCasimiro de Abreu, às 20 horas.

Os trabalhos deverão ser enviados para o XIV CONCURSO LITERÁRIODE POESIA - Fundação Cultural Casimiro de Abreu, Rua Salomão Ginsburg,168, Centro, Cas imiro de A breu – RJ - 28860-000. Edital:w w w.culturacasimiro.rj.gov.br/CONCURSO_LITERARIO_2013.html

Page 8: º HELENA SILVEIRA, FICCIONISTA EVENTUAL · inclusive com obra do pintor Pedro Américo. O quadro representa Vênus deslumbrante saindo de banho matinal e teria pertencido a Dona

Página 8 - outubro de 2013

Prof. Sonia

Notícias

Fábio Lucas foi laureado coma Medalha Santos Dumont 2013, ins-tituída pelo Governo do Estado deMinas Gerais. Também foi agraciadocom o Prêmio Guimarães Rosa, daUnião Brasileira de Escritores do Riode Janeiro, pelo Conjunto de Obras.

Fábio Lucas   lançou Caros Au-tores – Lygi a Fagundes Tell es ,Ignácio de Loyola Brandão, MárioQuintana e Jorge Amado, pela RGEditores, no dia 10 de outubro, Aca-demia Paulista de Letras.

Renata Pallottini tomou possena Academia Paulista de Letras, nodia 26 de setembro, para ocupar acadeira nº 20 que pertenceu ao aca-dêmico Hernâni Donato.

Alice Munro, escritora e con-tista canadense, foi agraciada como Prêmi o Nobel de Li teratura de2013. Ela é a 13ª mulher laureadacom o prêmio.

Transbasiliana,  36 MujeresPoetas de Brasil, antologia bilíngueeditada pela Casa del Poeta Perua-no, abriga poemas de Alice Ruiz, Ali-ce Spíndola, Ana Rüsche, AngélicaFreitas, Angélica Torres Lima, ArleteNogueira da Cruz, Astrid Cabral, Bru-na Beber, Cr is t iane Grando,Cris t iane Sobral, Darcy FrançaDenófrio, Denise Emmer, ElizabethHazin, Eunice Arruda, Fernanda Cruz,Jussara Salazar, Kori Bolivia, LeonorScliar-Cabral, Lilia Diniz, LinaTâmega Peixoto, Lourdes Sarmento,Lourdes Teodoro, Lucila Nogueira,Maria Abadia Silva, Marina Colasanti,My riam Fraga, Nina Reis, RenataPallottini, Suzana Vargas , Sy lv iaCyntrão, Vera Amer icano, VirnaTeixeira e Zélia Bora.

Sérgio Dário Machado, presi-dente da Academia Maçônica de Le-tras do Espírito Santo, e SebastiãoRibeiro Filho serão os homenagea-dos da 14ª edição da Quinta Cult,que será realizada no dia 31 de ou-tubro, na Praça de Alimentação doShopping Mestre Álvaro, na AvenidaJoão Palácios, 300, Serra (ES).

Ana Maria Machado foi laure-ada com o Prêmio Passo FundoZaffari & Bourbon 2013, com o ro-mance Infâmia.

A Câmara Brasileira do Livrodivulgou os três primeiros colocadosdo 55º Prêmio Jabuti das 27 catego-rias.  w w w.premiojabuti.org.br/resul-tado.

Marta Suplicy, ministra da Cul-tura, lançou edital destinado ao fo-mento, produção, difusão e distribui-ção de livros em formato acessívelcomo os audiolivros ou outro modoque permita o acesso de pessoascom def iciência visual ao seu conteú-do (acessibilidade).

A Ministra Cármen Lúcia de-terminou a realização de audiênciapública, nos dias 20 e 21 de novem-bro, das 9 às 13 horas, para discutira necessidade de autorização paraa publicação de biografia. Os inte-ressados em participar deverão en-caminhar requerimento até o dia 12.autorizacaodebiobraf [email protected].

O Site Vinicius de Moraes,lançado no dia 19, em comemoraçãoao centenário do seu nascimento,abriga fotos, discografia, textos deteatro, prosa, cr íticas e canções.w ww.viniciusdemoraes.com.br/

A Academia de Letras, Artese Ciências Brasil realizou no dia 12de outubro, no auditório do Institutode Ciências Humanas e Sociais daUFOP, reunião solene de posse deIlma de Castro Bar ros e Salgado,cadeira nº 33, patrono Pedro Nava;Miriam Stella Blonski, cadeira nº 34,patrono Josef Blonski, e Is raelQuirino, cadeira nº 35, patrono Cláu-dio Manuel da Costa, como membrosefetivos e, de Bruno Mól Crivellari, ca-deira nº2 como Membro Benemérito.

Raquel Naveira foi agraciadacom o Prêmio Guavira de Literaturada Fundação de Cultura de MS, nacategoria Poesia, com o livro SanguePor tuguês : raízes , formação elusofonia. Na categoria romance foilaureado João Gilberto Noll e, na ca-tegoria conto, Lucilene Machado.

Os Caminhantes de SantaLuzia, romance de Ricardo Ramos,foi lançado pela Biblioteca Azul. Aobra f oi laureada com o Prêmi oJabuti.

O Fundo Nacional de Desen-volvimento da Educação investiráR$ 1,127 bilhão, a partir do ano quevem, para a compra de livros didáti-cos, versões acessíveis e objetosdigitais de apoio destinados à edu-cação básica pública.

Ludimar de Miranda lançou olivro de poemas Embarque Literário,pela Daikoku Editora e Gráf [email protected]

di vulgação

O Prêmio Jor nal ís ticoVladimir Herzog de Anistia e Di-reitos Humanos realiza sessão so-lene de entrega das láureas no dia22 de outubro, no Memorial da Amé-rica Latina, em São Paulo. RosaniAbou Adal, jurada da primeira faseda categoria Jornal, também partici-pou da escolha dos vencedores dasnove categorias como representan-te da Associação Brasileira de Im-prensa . O Prêmio Especial VladimirHerzog 2013 homenageará PerseuA bramo (c riador do Prêmio,  i nmemoriam), Marco Antônio TavaresCoelho e Raimundo Rodr iguesPereira. O Prêmio é organizado pelaAssociação Brasileira de Imprensa(Representação em São Paulo)– ABI/SP, Associação Brasileira de Jorna-lismo Investigativo –ABRAJI, Centrode Informação das Nações Unidas noBrasil –UNIC Rio, Comissão Justiçae Paz da Arquidiocese de São Pau-lo, Escola de Comunicações e Artesda Universidade de São Paulo–ECA/USP, Federação Nacional dos Jorna-listas –FENAJ, Fórum dos Ex-Presose Perseguidos Políticos do Estado deSão Paulo, Instituto Vladimir Herzog,Conselho Federal da Ordem dos Ad-vogados do Brasil–OAB,Ouvidoria daPolícia do Estado de São Paulo eSindicato dos Jornalistas Profissio-nais no Estado de São Paulo.w ww.premiovladimirherzog.org.br/

José Aureliano dos Reis to-mará posse como membro titular daAcademia Taguatinguense de Letrasno dia 28 de outubro, sábado, a par-tir das 19 horas, no Espaço Culturalde Taguatinga (DF). A academia épresidida por Gustavo Dourado.

A Feira Internacional do Li-vro de Guadalajara, realizada de 30de novembro a 8 de dezembro, noMéxico, terá Israel como país home-nageado. David Grossman e MarioVargas Llosa abrirão a programaçãoliterária no dia 1 de dezembro.

Rosani Abou Adal representoua Associação Brasileira de Imprensana solenidade de entrega do PrêmioLíbero Badaró de Jornalismo, reali-zada em setembro no Instituto Cultu-ral Itaú. O prêmio é organizado pelarev ista e Portal Imprensa. Rosanitambém participou da votação f inaldo júri como representante da ABI.

O Clube Português, atravésdo Departamento Cultural, realizouem setembro o Sarau Fadista, como Grupo Fado Vadio. Na ocasião foilançado o livro Fado no Brasil: Artis-tas & Memórias, de Thais Matarazzo.

Cristina Jorge Dias lançouJogos pedagógicos e histórias devida, pela Edições Loyola. Parte davenda do livro será destinada ao Ins-tituto Gabi – Inclusão Social.

Me str e Wang lançou a HQinfantojuvenil As Crianças da Som-bra - Uma Aventura no País Miao,terceiro volume da coleção criada porBéka e Marko, colorida por MaëlaCosson, que f oi lançada no Brasilpela Editora Nemo.

Realidades Y Ficcione s -RyF, revista literária, Buenos Aires,Argentina, está selecionando colabo-rações para a edição de [email protected].

Carlos Vazconcelos, Mestreem Literatura Comparada pela UFC,lançou o romance Os Dias Rouba-dos. A obra foi laureada com o Prê-mio de Incentivo às Artes, de 2011,da Secult/CE. 

A 8ª Balada Literária homena-geará o cartunista Laerte.  O eventoserá realizado de 20 a 24 de novem-bro, na Vila Madalena, em São Pau-lo, pela Livraria da Vila e MarcelinoFreire, com patrocínio da FTD Edi-tora e apoio da Biblioteca Alceu Amo-roso Lima, Centro Cultural b_arco,Edith, Itaú Cultural e SESC Pinhei-ros.  w ww.baladaliteraria.com.br

A Editora Ideias & Letras, fun-dada em 2003, inaugurou a primeiralivraria em Campinas, R. Sacramen-to, 202, Centro. A livraria funciona desegunda a sexta, das 8h às 18, e aossábados, das 9h as 13h. 

Fábio Lucas

Indicador Profissional