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03Março / Abril - 2012

Índice

Palavra do Presidente

Palavra do Secretário

Editorial

Memória Vascular

Raio-X

Especial

Entrevista

Informangio

Eventos

Imagem Vascular

Encontro e Convenção Nacional

Defesa profissional ou defesa do exercícioda Medicina?

Homenagem mais que merecida

05

06

07

48

46

36

32

51

54

Dr. Carlos Eduardo Virgini

Dr. Sergio Silveira Leal de Meirelles

Dr. Julio Cesar Peclat de Oliveira

Dr. José Luís Camarinha do Nascimento Silva

Carlos Eduardo Virgini Magalhães

Dr. Paulo Roberto Mattos da Silveira

Diretoria da Coopangio

Quem acha vive se perdendo.Por isso agora eu vou me defendendo. Da dor tão cruel desta saudade

Anestesia para cirurgia endovascular

Encontro Regional traz Parodi e Coselli

Evolução do CFM

Meio século de docência do Hospital Universitário Pedro Ernesto

Artigo Científico

Interface

Câmara Técnica

Educação Continuada

Coopangio

Giro nas Entidades Médicas

13

09

18

25

30

31

Almar de Assumpção Bastos

Rogério Sarmento

Alberto Coimbra Duque

Pé diabético: Fatores de prevalência

Responsabilidade civil do médico: Atendimento médico durante viagens aéreas

Ainda há espaço para a Propedêutica Vascular?

Afinal, médicos e população de mãos dadas

AMB assume o Certificado de Atualização Profissional

Caso de infecção de endoprótese torácica

22

Drs. Adilson Toro Feitosa, José Ricardo Brizzi Chiani, Tiago Coutas de Souza e Juliana Amaral Tinoco

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PresidenteCarlos Eduardo Virgini

Vice-PresidenteAdalberto Pereira de Araújo

Secretário-Geral Sergio Leal de Meirelles

Vice-Secretário Felipe Francescutti Murad

Tesoureiro-Geral Leonardo Silveira de Castro

Vice-Tesoureiro Marcus Humberto Tavares Gress

Diretor Científico Arno von Ristow

Vice-Diretor Científico Carlos Clementino Peixoto

Diretor de Eventos Rossi Murilo da Silva

Vice-Diretor de Eventos Maria de Lourdes Seibel

Diretor de Publicações Científicas Julio Cesar Peclat de Oliveira

Vice-Diretor de Publicações Científicas Marcos Arêas Marques

Diretor de Defesa Profissional Marcio Leal de Meirelles

Vice-Diretor de Defesa Profissional Átila Brunet di Maio Ferreira

Diretor de Patrimônio Breno Caiafa

Vice-Diretor de Patrimônio Eduardo de Paula Feres

Presidente da gestão anterior Manuel Julio Cota Janeiro

Revista de Angiologia e de Cirurgia Vascular

Março/Abril 2012

DEPARTAMEnToS DE GESTãoRelacionamento SUSJoé Gonçalves Sestello,Luiz Alexandre Essinger,Paulo Eduardo Ocke Reise Rubens Giambroni Filho

InformáticaBernardo Senra Barros e Vivian Marino

Projetos InstitucionaisMarco Antonio Alves Azizi e Tereza Cristina Abi Chain

Pós-GraduaçãoFelipe Borges Fagundes e Rita de Cassia Proviett Cury

Educação ContinuadaBernardo Massièri e Cristina Ribeiro Riguetti

DEPARTAMEnTo CIEnTífICoDoenças Arteriais Celestino Affonso Oliveira, Luiz Henrique Coelho e Raimundo Senra Barros

Doenças Venosas João Augusto Bille, José Amorim e Maria Lucia Macaciel

Doenças Linfáticas Antonio Carlos Dias Garcia Mayall, Francisco Martins e Lilian Camara

Métodos Diagnósticos não Invasivos Carmen Lucia Lascasas, Clóvis Bordini Racy Filho e Luiz Paulo Brito Lyra

Angioradiologia e Cirurgia Endovascular Cristiane F. de Araújo Gomes, Leonardo Lucas e Marcelo da Volta Ferreira

Cirurgia Experimental e Pesquisa Ana Cristina Marinho, Monica Rochedo Mayall e Nivan de Carvalho

Microcirculação Mario Bruno Lobo, Patricia Diniz e Solange Chalfun de Matos

Trauma Vascular Fúlvio Toshio de S. Lima Hara, Rodrigo Vaz de Melo e Rogério A. Silva Barros

Fórum Científico Ana Asniv Hototian, Helen Cristian Pessoni e Luis Batista Neto

DIREToRIAS SECCIonAISCoordenaçãoGina Mancini de Almeidanorte Eduardo Trindade Barbosanoroeste - 1 Eugenio Carlos de Almeida Tinoconoroeste - 2 Sebastião José Baptista MiguelSerrana - 1 Eduardo Loureiro de AraújoSerrana - 2 Célio Feres Monte Alto JuniorMédio Paraíba 1 Luiz Carlos Soares GonçalvesMédio Paraíba 2 Marcio José de Magalhães PiresBaixada LitorâneaAntonio Feliciano NetoBaia de Ilha Grande Sergio Almeida NunesMetropolitana 1 Edilson Ferreira FeresMetropolitana 2 Simone do Carmo LoureiroMetropolitana 3 Nova Iguaçu: Rafael Lima da SilvaMetropolitana 4 São Gonçalo: José Nazareno de AzevedoMetropolitana 5 Duque de Caxias: Alexandre Cesar Jahn

ConSELho CIEnTífICoAntonio Rocha Vieira de Mello, Alda Candido Torres Bozza, Carlos José Monteiro de Brito, Henrique Murad, Ivanésio Merlo, José Luís Camarinha do Nascimento Silva, Luis Felipe da Silva, Marcio Arruda Portilho, Marília Duarte Brandão Panico, Paulo Marcio Canongia e Paulo Roberto Mattos da Silveira

Jornalista ResponsávelGiselle Soares

Projeto Gráfico e Diagramação Julio Leiria

Coordenação, Editorial e GráficaSelles & Henning Comunicação IntegradaAv. Mal. Floriano, 38 - sala 202 2º andar - Centro - CEP: 20080-007Rio de Janeiro - RJTel.: (21) [email protected]

Contato para anúncios: Sra. Neide Miranda (21) 2533-7905 - (21) 7707-3090 - ID 124*67443 - [email protected]

Órgão de divulgação da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional RJ:

Praça Floriano, 55 - sl. 1201 - CentroRio de Janeiro - RJ - CEP: 20031-050Tel.: (21) 2533-7905 / Fax.: 2240-4880 www.sbacvrj.com.br

Textos para publicação na Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular devem ser enviados para o e-mail: [email protected]

Expediente

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Palavra do Presidente

nossa gestão mal começou e já enfrentamos um desafio – organizar o XXVI

Encontro de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro. O evento já

tradicional na agenda científica do país representa sempre o primeiro teste

de todas as novas Diretorias a cada biênio. A organização do evento se iniciou ainda em

2011 com a Diretoria passada e se continuou até poucos dias atrás. O trabalho rendeu

frutos – sucesso de público com mais de 500 inscritos, programa científico de alto nível,

participação de convidados nacionais e internacionais de grande prestígio como Jose-

ph Coseli e Juan Carlos Parodi.

O Encontro Carioca exigiu toda a nossa atenção nestes primeiros meses do ano e

agora passada a correria da organização do evento e todos os seus detalhes, podemos

nos dedicar a outras frentes dentro da SBACV-RJ.

Além do Encontro Carioca, o Rio de Janeiro também sediou a primeira Convenção Na-

cional da SBACV no biênio 2012-2013. Participaram da reunião os presidentes das Regio-

nais, a Diretoria Executiva Nacional e o Conselho Superior da SBACV. Lá estava o Dr. Emil

Burihan ativo e engajado como nunca – só podemos lamentar essa perda irreparável.

A Convenção ocorreu em um momento econômico delicado da Nacional, e este tema

dominou boa parte das reuniões. Diversas Regionais ofereceram ajuda ao presidente da

Nacional em um movimento de solidariedade e compromisso com a SBACV. Foi reitera-

da na Convenção a necessidade da contratação imediata de uma auditoria independente

e isenta, como foi decidido na AGO em São Paulo para avaliar as contas das duas últimas

gestões. Mais que isso, ficou claro que em nossa Sociedade não há espaço para falsos

imperadores e castelos de areia, que não há lugar para votos de cabresto e que é impres-

cindível a transparência e a responsabilidade com o patrimônio que é de todos os sócios.

A Convenção Nacional consolidou a renovação da SBACV que se iniciou nas elei-

ções de outubro. Foi lá em São Paulo que a Câmara de Representantes e o Conselho

Superior exerceram papel fundamental na manutenção do respeito institucional e aos

estatutos da SBACV, e mostraram porque são tão importantes para o bom funciona-

mento da nossa Sociedade.

Apesar da situação que exigirá muito trabalho da Diretoria Nacional, em nenhum

momento os participantes deixaram de ser otimistas quanto ao futuro da nossa Socie-

dade. Enganaram-se os alarmistas de conveniência que apostaram na divisão. O Rio de

Janeiro foi testemunha nesta Convenção que a SBACV continua mais viva e mais unida

do que nunca!

...em nossa

Sociedade não há

espaço para falsos

imperadores e

castelos de areia...

05Março / Abril - 2012

Encontro e

Convenção Nacional

Carlos Eduardo Virgini - Presidente da SBACV-RJ

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Palavra do Secretário

Quando cursamos a faculdade de Medicina, no auge de nossa juventude, ali-

mentamos uma série de sonhos sobre como serão nossas carreiras, que es-

pecialidades seguiremos e que obstáculos enfrentaremos.

Após a formatura, gradativamente vamos percebendo que na realidade, além de al-

gumas das dificuldades que imaginamos, enfrentamos outras tantas, de tamanho igual

ou maior, que tudo aquilo que pensamos que nos aguardaria durante a graduação.

Uma das maiores dificuldades se refere à entrada no mercado, não pela ideia de

precisar reunir muitas economias para montar um consultório, como imaginávamos

durante a graduação: em minha opinião a dificuldade se concretiza em dois pontos. O

primeiro é a falta de atratividade do serviço público, tanto no que tange à remuneração,

quanto às condições de trabalho, ao sucateamento dos serviços. O segundo ponto é a

relação – ou falta de relação – com as operadoras de planos de saúde. Escrevendo estas

palavras, lembrei do título de um dos filmes nacionais de maior bilheteria nos últimos

tempos: “Tropa de Elite 2: o inimigo agora é outro”.

Nossos “inimigos” são muito diferentes do que pensávamos encontrar. Não reque-

rem de nós apenas a bravura e a determinação que imaginávamos necessárias para o

início de nossas carreiras: requerem união. Requerem que nossa Sociedade seja forte e

representativa o suficiente para se fazer ouvir, para ter voz tanto diante dos responsá-

veis pelos serviços públicos em nosso estado, quanto diante das entidades e empresas

que conduzem a Medicina Suplementar.

Por isso decidi dedicar esta mensagem a esse tema, que foi determinado por nosso

presidente, Dr. Carlos Eduardo Virgini, como prioridade em sua gestão: a participação

ativa da SBACV-RJ em todas as discussões sobre as condições de trabalho de angiologis-

tas e de cirurgiões vasculares no Estado do Rio de Janeiro. Nossa Secretaria está atenta

aos agendamentos das reuniões pertinentes, e também bastante envolvida com os pro-

jetos em curso. Em breve todos os associados da SBACV-RJ tomarão conhecimento das

ações que estão sendo desenhadas para alcançarmos a visibilidade que almejamos.

Finalmente, não posso deixar de mencionar o 26º Encontro Regional de Angiologista

e de Cirurgia Vascular, que nossa Regional realizou no final de março. O resultado alcan-

çado, as presenças de colegas renomados, a participação dos conferencistas estrangei-

ros que ajudaram a abrilhantar nosso evento, foram fruto da dedicação de muitas pes-

soas. Nossa Secretaria-Geral agradece, sem nominar ninguém para evitar que alguma

injustiça seja cometida, a todos.

Defesa profissional ou

defesa do exercício da Medicina?

Sergio Silveira Leal de Meirelles - Secretário-Geral da SBACV-RJ

Nossos “inimigos”

são muito

diferentes do

que pensávamos

encontrar.

06 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

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Editorial

Acabamos de participar do principal evento regional de nossa Sociedade. Orga-

nizar este evento gera um aprendizado para a Diretoria, que só tem aumen-

tando com o tempo.

Este aprendizado vem transformando o Encontro do Rio de Janeiro em um dos

maiores do Brasil.

Destacamos nesta edição a homenagem aos ex-Diretores de Publicação Científica.

Esta singela homenagem, foi a maneira que encontramos de dizer “muito obrigado” a to-

dos eles, pois entendemos que a gratidão é um sentimento que devemos buscar sempre.

Lembramos o Prêmio Rubens Carlos Mayall, que levará um dos autores do artigo

premiado ao VEITHsymposium. Encaminhem seus Relatos de Casos e concorram.

Nesta edição apresentamos na seção Interface, um atualizadíssimo e excelente ar-

tigo de revisão sobre anestesia em cirurgia endovascular, escrito pelo Dr. Rogério Sar-

mento, anestesista do INCA e Membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Aneste-

siologia (SBA).

Na seção Imagem Vascular apresentamos um caso desafiador, cujos autores são: Dr.

Adilson Toro Feitosa, Dr. José Ricardo BrizziChiani, Dr. Tiago Coutas de Souza e Dra. Julia-

na Amaral Tinoco, muito bem documentado, sobre infecção de endoprótese torácica.

Dr. Almar Assunção nos brinda com um resumo de sua monografia para Membro

Titular da SBACV, a respeito dos fatores de prevalência do pé diabético.

Apresentamos também, entre outros artigos, uma entrevista exclusiva com o Presi-

dente do CFM.

A revista, a partir deste número, apresenta duas novidades: a lombada quadrada,

como padrão de encadernação e uma nova mudança, desta vez mais sutil em sua capa.

Esperamos que gostem!

Curtam a sua revista!

...a gratidão é um

sentimento que

devemos buscar

sempre.

Homenagem

mais que merecida

Dr. Julio Cesar Peclat de Oliveira - Diretor de Publicações Científicas da SBACV-RJ

07Março / Abril - 2012

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08 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

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Rogério Sarmento - Anestesiologista, corresponsável pelo CET HCI do Inca e membro da comissão científica da Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ)

InTRoDUÇão

Apesar da técnica para cirurgia endovascular ter como prin-

cipais objetivos as reduções da morbimortalidade peropera-

tória, das taxas de complicação e do período de internação, o

paciente continua sendo o mesmo da cirurgia convencional, e

consequentemente os mesmos cuidados devem ser tomados.

Os pacientes submetidos à cirurgia vascular normalmente

apresentam idade avançada, são portadores de patologias car-

diovasculares, pulmonares, renais, e desta forma são considera-

dos de alto risco para qualquer procedimento cirúrgico.

A isquemia miocárdica e o infarto agudo do miocárdio conti-

nuam sendo as maiores causas de morbidade e mortalidade nos

pacientes submetidos à cirurgia vascular. A doença da artéria co-

ronária (DAC) está presente em 50 a 70% destes pacientes1,2.

AVALIAÇão PRÉ-oPERATÓRIA

Apesar de possuírem inúmeras comorbidades, segundo os

guidelines da American College of Cardiology e da American

Heart Association3 para a avaliação do paciente cardiopata para

cirurgias não cardíacas, os pacientes que necessitam de uma

avaliação mais invasiva para serem submetidos a uma cirurgia,

já teriam esta indicação independente da cirurgia, ou seja, o

conceito de realizar um cateterismo cardíaco com ou sem co-

ronarioplastia somente para colocar este paciente em melhores

condições para ser operado, não apresenta mais fundamento.

As condições cardíacas ativas que necessitam de uma melhor

avaliação e tratamento são: as síndromes coronarianas instáveis

(angina instável classe III ou IV, angina estável em um pacien-

te totalmente sedentário, ou IAM recente definido como entre

sete dias e um mês); insuficiência cardíaca congestiva classe IV

ou com piora recente; arritmias significativas (BAV de alto grau,

BAV de 2º grau Mobitz 2, BAVT, arritmias ventriculares sintomá-

ticas, arritmias supraventriculares com a frequência ventricular

Interface

Anestesia para

cirurgia endovascular

não controlada e bradicardias sintomáticas); e doenças valvula-

res severas (estenose aórtica severa com gradiente pressórico

médio maior do que 40 mmhg ou uma área valvar menor que 1

cm2, ou estenose mitral sintomática com dispneia progressiva,

síncope ou ICC).

Pacientes com critérios clínicos considerados intermediá-

rios, como angina estável, infarto miocárdico prévio, insuficiên-

cia cardíaca compensada, diabetes mellitus e insuficiência renal,

ou critérios considerados menores como idade avançada, ritmo

cardíaco não sinusal e hipertensão arterial sistêmica não contro-

lada serão liberados para cirurgia de acordo com a capacidade

funcional do paciente e com o tipo de cirurgia. Caso o paciente

apresente uma capacidade funcional maior do que 4 equivalen-

tes metabólicos (METS), caracterizada por conseguir subir um

andar de escada, correr pequenas distâncias ou participar de

atividades físicas moderadas como golf, boliche, dupla de tênis

sem precordialgia, cansaço ou outros sintomas podem ser ope-

rados sem outras avaliações.

O problema é que pacientes que irão se submeter à cirurgia

de revascularização periférica, sempre considerada de alto risco,

apresentam sintomas incapacitantes como claudicação ou dor

em repouso inviabilizando a avaliação da capacidade funcional

que passa a ser considerada desconhecida. Caso apresente mais

de três dos sintomas previamente mencionados, este paciente

deverá ser submetido a uma avaliação não invasiva (ecocardio-

grama ou cintilografia de stress) antes de ser operado.

Em caso de cirurgias de emergência os riscos e benefícios

devem ser pesados antes de se proceder com a cirurgia.

REDUÇão DA MoRBIDADE E MoRTALIDADE

PERIoPERATÓRIA

Mangano e cols em 19964 e Poldermans em 19995 mostraram

uma redução da morbimortalidade por complicações cardiovas-

09Março / Abril - 2012

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culares, em pacientes betabloqueados submetidos a cirurgias

não cardíacas, levando a uma “euforia” quanto ao uso destas

drogas no preparo dos pacientes a serem submetidos à cirurgia

vascular pelo risco de problemas coronarianos. Os mecanismos

de cardioproteção propostos para os betabloqueadores seriam:

redução da frequência e da contratilidade cardíaca, um desvio

para fontes energéticas mais eficientes, efeitos antiarrítmicos,

propriedades antirrenina e angiotensina e efeitos anti-inflama-

tórios promovendo estabilização da placa de ateroma.

Desde então, uma série de trabalhos foram publicados na

literatura, alguns a favor e outros contra o uso desta droga na

diminuição da morbimortalidade em cirurgias não cardíacas.

Em 2008, o POISE, um estudo prospectivo, randomizado e mul-

ticêntrico6, avaliou mais de oito mil pacientes submetidos à ci-

rurgia não cardíaca, os quais foram usados betabloqueados com

metoprolol no pré-operatório, e por 30 dias no pós-operatório

ou não betabloqueados. Apesar de haver uma diminuição na

incidência de IAM no grupo do metoprolol, houve um aumen-

to considerado estatisticamente significativo de mortalidade e

de AVE também neste grupo. O POISE recebeu muitas críticas,

principalmente em relação às altas doses de metoprolol utiliza-

do, mas direcionou ainda mais as indicações do uso de betablo-

queadores no peroperatório. O consenso atual é que os beta-

bloqueadores devem ser continuados em pacientes já usuários

para tratar angina, arritmias cardíacas ou hipertensão arterial

sistêmica. Podem ser benéficos se iniciados em pacientes com

doença coronariana conhecida a serem submetidos à cirurgia

vascular, ou em pacientes com mais de um risco para doença co-

ronariana que serão submetidos à cirurgia vascular. Ou seja, os

pacientes submetidos à cirurgia arterial ainda são um subgrupo

em que os betabloqueadores podem oferecer algum benefício.

Os efeitos das estatinas na diminuição do LDL com conse-

quente redução na morbimortalidade cardíaca são conhecidos

e levaram a investigações sobre a redução da mortalidade pe-

rioperatória com o uso desta droga, por levar à estabilização da

placa de ateroma. Poldermans e cols7 mostraram uma redução

de 4,5 vezes no risco de mortalidade perioperatória com usuá-

rios de estatinas quando comparados a não usuários. Hindler e

cols8 conduziram uma meta-análise para analisarem o tema e

observaram uma redução de 44% na mortalidade com os efeitos

protetores das estatinas.

O uso de estatinas no perioperatório deve ser continuado

em pacientes que já fazem uso e serão submetidos a cirurgias

não cardíacas e provavelmente exerce um efeito benéfico em

pacientes com fatores de risco para doença coronariana que

também serão submetidos à cirurgia não cardíaca. Estes efeitos

benéficos das estatinas, não se dariam somente pela diminuição

de colesterol, mas por efeitos vasodilatadores, antitrombóticos

e, principalmente, anti-inflamatórios. Estes, juntos, são deno-

minados efeitos pleiotrópicos e seriam os responsáveis pela es-

tabilização da placa de ateroma.

Um grupo de drogas ainda não tão estudado quanto os be-

tabloqueadores e as estatinas, são os agonistas alfa 2, porém os

poucos estudos realizados, mostram resultados promissores.

Wallace e cols9 conduziram um estudo prospectivo, duplo cego

e concluíram que a clonidina reduz a mortalidade pós-operatória

em pacientes com fatores de risco para doença coronariana, re-

sultado semelhante à meta-análise conduzida por Wijeysundera

e cols10. A recomendação atual é que os agonistas alfa 2 podem

exercer um efeito benéfico no controle perioperatório da hiper-

tensão arterial sistêmica em pacientes com doença da artéria

coronária conhecida ou com pelo menos um fator de risco. O

POISE II11 é um estudo em andamento que avaliará, justamente

os efeitos da clonidina e da aspirina no período peroperatório, e

certamente nos trará algumas respostas sob os benefícios deste

grupo de drogas.

nEfRoPATIA PoR ConTRASTE

A técnica cirúrgica endovascular vem se desenvolvendo

com o objetivo de diminuir a morbimortalidade perioperatória,

a taxa de complicações e o período de internação hospitalar.

Na contramão desta evolução, uma patologia ocasionada por

lesões renais pelo contraste acaba atrapalhando a evolução de

pacientes que se submeteram a um procedimento menos inva-

sivo. A nefropatia por contraste é definida como um aumento na

creatinina sérica de 0,5 mg/dl ou proporcional de 25% em rela-

ção à creatinina prévia em pacientes expostos ao contraste, sem

outras causas envolvidas. Sua incidência pode variar de 3,3% a

8% em pacientes sem doença renal preexistente a 12% a 26%

em pacientes com doença renal prévia ou diabetes mellitus12. A

apresentação tende a ser não oligúrica e transitória, com o pico

da creatinina ocorrendo três dias após a exposição e retornando

ao normal em duas semanas, na maioria dos casos. Porém uma

minoria de pacientes desenvolve insuficiência renal severa, com

1% necessitando de diálise. Apesar de ser um percentual mui-

to pequeno, a morbidade e mortalidade deste grupo são muito

10 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular

Interface

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O tipo e o volume de contraste administrado apresentam

papéis fundamentais no desenvolvimento da nefropatia. Os

contrastes comercialmente disponíveis são todos derivados de

benzenos triiodados e são classificados de acordo com sua ioni-

zação, osmolaridade e estrutura. Apesar de também serem hi-

drossolúveis, os contrastes não iônicos não se dissociam na água,

fato que ocorre com os iônicos tendo uma importante relação

com a toxicidade osmótica do agente. Estes são classificados

em hiperosmolares, iso-osmolares e hipo-osmolares. Em 1990,

agentes com moléculas diméricas, contendo dois anéis benzeno

foram produzidos, estes acumulavam as vantagens de não pos-

suírem ionicidade, com baixa osmolaridade e alta hidrossolubi-

lidade. Alguns estudos evidenciaram uma menor incidência de

nefropatia por contraste com o uso destes agentes20,21.

O volume máximo de contraste é motivo de controvérsia,

enquanto alguns recomendam o máximo de 3 ml/kg para todos

os pacientes, outros autores utilizam 5 ml/kg dividido pela crea-

tinina sérica como valor máximo22.

TÉCnICA AnESTÉSICA

Ao se programar uma técnica anestésica para determinado

procedimento cirúrgico, alguns fatores devem ser levados em

consideração, tais como: estímulo álgico do procedimento, co-

morbidades do paciente, tempo do procedimento e uso de dro-

gas no peroperatório que possam influenciar a técnica.

A técnica endovascular tem como principal vantagem a

necessidade de pequenos acessos cirúrgicos, muitas vezes

11Março / Abril - 2012

altas, com uma mortalidade intra-hospitalar de 30% e 80% de

mortalidade em dois anos13. A etiologia da nefropatia por con-

trate é multifatorial e pode ser resumida na tabela 114.

A detecção dos pacientes de risco e a prevenção são as me-

lhores formas de evitar a nefropatia por contraste. Solomon e

cols15, demonstraram os efeitos benéficos da pré-hidratação

com solução salina a 0,45% em pacientes com disfunção renal

prévia, sendo superior à associação de fluidos com diuréticos de

alça ou manitol. A solução de salina à 0,9% se mostrou superior

do que à 0,45%, especialmente em mulheres, diabéticos e em

pacientes que receberam mais do que 250 ml de contraste16. A

hidratação parece ser mais benéfica se administrada após o pro-

cedimento, com um volume de aproximadamente 1-2 ml.kg.h

por 6 a 12 horas no pós-operatório.

Apesar de alguns estudos demonstrarem um efeito benéfico

da N-acetil cisteína na prevenção da nefropatia por contraste17,18,

os autores têm certa precaução na universalização do seu uso,

pela falta de uniformidade dos pacientes. Moore e cols19 não evi-

denciaram uma diminuição na incidência da patologia com o uso

de N-acetilcisteína em pacientes submetidos à correção endovas-

cular de aneurisma de aorta abdominal.

Outras medidas estudadas podem ser resumidas na tabela 2.

TABELA 1 - FATorEs imPLiCADos nA PAToGênEsE DA nEfRoPATIA PoR ConTRASTE

Vasoconstrição exagerada Adenosina Endotelina Feedback tubuloglomerular Ação direta do contraste na musculatura vascular lisa

Reperfusão e radicais livres

Alterações na pressão intrarrenal

Agregação de hemáceas na circulação medular

Injúria direta nas células tubulares

Fatores sistêmicosHipovolemiaAnemiaOutras toxinas renais

TABELA 2 - rEsumo DAs mEDiDAs ProFiLáTiCAs

Benéficas Hidratação N-acetilcisteína Hemofitração

Em estudo Antagonistas da adenosina Antagonistas do canal de cálcio Estatinas

Sem benefício Diuréticos Dopamina Fenoldopan Hemodiálise

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12 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular

apenas punções, o que possibilita sua realização sob aneste-

sia local. A meu ver o grande fator limitador da anestesia local

para procedimentos endovasculares, é a necessidade frequente

de imobilidade, fundamental para uma visualização adequa-

da das lesões a serem tratadas. No tratamento de aneurismas

de aorta, períodos de apneia são decisivos na localização ideal

para liberação da endoprótese, logo uma técnica que permita

BIBLIoGRAfIA

1- Hertzer NR: Basic data concerning associated coronary disease in

peripheral vascular patients. Ann Vasc Surg 1987; 1:616-620.

2- L’Italien GJ, Cambria RP, et al: Comparative early and late cardiac

morbidity among patients requiring different vascular surgery pro-

cedures. J. Vasc. Surg. 1995; 21:935-944.

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a associação da anestesia local com uma sedação que não tire a

cooperação do paciente, seria o ideal. Estudos realizados, mos-

tram uma superioridade da anestesia loco regional em relação à

anestesia geral, principalmente para tratamento de aneurisma

endovascular23,24,25, mas uma boa interação entre a equipe, além

da manutenção da normovolemia e da normotermia são tão ou

mais importantes do que a técnica escolhida.

Interface

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Almar de Assumpção Bastos - membro titular da SBACV, membro titular do CBC (TCBC) em Cirurgia Vascular, especialista em Cirurgia Vascular pela SBACV/AMB, especialista em Cirurgia Geral pelo CBC/AMB, Chefe de Clínicas do Departamentode Cirurgia Vascular do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE)

RESUMo

O pé diabético constitui-se em uma das complicações mais

importantes do diabetes mellitus. É encontrado em todas as

classes sociais, porém apresenta maior incidência na população

mais humilde, obviamente devido à maior carência de recursos

financeiros, mau acompanhamento clínico, desconhecimento da

gravidade do problema e suas consequências. Entretanto estatís-

ticas demonstram que 15% a 25% dos pacientes diabéticos irão

apresentar algum tipo de lesão ao longo da vida, independente do

bom acompanhamento de sua doença e inspeção do pés1.

Este estudo teve por objetivo avaliar os principais fatores de

prevalência do pé diabético em pacientes atendidos no ambula-

tório de Angiologia e Cirurgia Vascular do Instituto Estadual de

Diabetes e Endocrinologia (IEDE). A população estudada cons-

titui-se de 76 pacientes portadores de pé diabético, entre 240

pacientes diabéticos atendidos no período de março a agosto de

2011. A coleta de dados foi realizada através de anamnese, exa-

me clínico e avaliação do prontuário dos pacientes, descreven-

do fatores de risco associados, gravidade das lesões segundo a

classificação de Wagner e complicações.

A prevalência do pé diabético entre os 240 pacientes dia-

béticos de nosso ambulatório foi de 31,6%. A maior parte dos

pacientes era do sexo masculino (55,2%), apresentando idade

entre 38 a 89 anos (média de 64 anos). Dentre os fatores de risco

associados, a hipertensão arterial sistêmica (89,4%) e a dislipi-

demia (52,6%) foram os mais frequentes. No critério de gravida-

de, a maioria das lesões enquadrou-se no grau 2 da classificação

de Wagner com 44,7%, seguido do grau 1 com 29,0%.

PALAVRAS-ChAVE

Pé diabético, diabetes mellitus, fatores de prevalência, classifi-

cação de Wagner, doença arterial periférica e neuropatia periférica.

Artigo Científico

Pé diabético:

Fatores de prevalência*

13Março / Abril - 2012

*o presente texto constitui-se de um resumo do artigo original.

ABSTRACT

The diabetic foot is in one of the major complications of diabetes

mellitus. It’s found in all socia classes, however with higher inciden-

ce in the population most humble, obviously due to lack of finan-

cial resources, poorly clinical monitoring and lack of seriousness of

the problem and its consequenceses. However, statistics show that

15%-25% of diabetic patients will experience some type of injury

throughout life, regardless of proper monitoring of their disease and

inspection of the feet 1. It can be defined as a set of trophic changes

and skeletal muscle that affects the feet of patients with diabetes

mellitus, leading to ulcers and deformities are difficult to resolve.

This study aimed to evaluate the main factors of the diabetic foot

prevalence in patients treated at the clinic of Angiology and Vascular

Surgery at the State Institute of Diabetes and Endocrinology (IEDE).

The study population consisted of 76 patients with diabetic

foot, 240 diabetic patients treated between March and August

only serve 2011. A data collection was carried out by history, clini-

cal examination and evaluation of records of patients, describing

risk factors, severity of the lesions according to Wagner’s classifi-

cation and complications.

The prevalence of diabetic foot among 240 diabetic patients

who sought our clinic was 31.6% (76 patients). Most patients with

diabetic foot were male (55,2%), with an average age of 64 ye-

ars (38-89 years). Among the risk factors associated with systemic

hypertension (89,4%) and dyslipidemia (52,6%) were the most

frequent. The criterion of gravity, most of the injuries is part of the

grade 2 of Wagner’s classification with 44,7%, followed by a de-

gree with 29,0%.

KEY WORDS

Diabetic foot, diabetes mellitus, factors of prevalence, Wagner

classification, peripheral arterial disease and peripheral neuropathy.

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InTRoDUÇão

O diabetes mellitus (DM) constitui-se em uma doença meta-

bólica crônica, decorrente da falta e/ou incapacidade de a insuli-

na exercer adequadamente seus efeitos, com distúrbios no me-

tabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. Sua incidência

vem aumentando devido ao crescimento e ao envelhecimento

populacional, urbanização, crescente prevalência de obesidade

e sedentarismo, e maior sobrevida do paciente com DM2.Segun-

do a Federação Internacional de Diabetes, o maior crescimento

absoluto na prevalência desta doença ocorrerá nos países em

desenvolvimento, como o Brasil3.

Entre as complicações do diabetes encontram-se as lesões

crônicas nos vasos sanguíneos (angiopatia) e nervos (neuropa-

tia). Estas complicações crônicas são diretamente condiciona-

das à duração do diabetes, à presença de hipertensão arterial, ao

mau controle glicêmico, ao tabagismo, entre outros fatores5.

Dentre estas complicações uma das mais graves é o pé diabé-

tico. Em nosso Serviço, dividimos o pé diabético em isquêmico,

infeccioso, neuropático e misto, sendo este o mais comumente

encontrado7. O pé isquêmico pode ser subdividido em macro-

angiopático, geralmente produzido por comprometimentos

arteriais tronculares, com lesões cutâneas habitualmente loca-

lizadas nos pododáctilos ou sede de traumas, muito dolorosas,

geralmente sem sinais de infecção. A úlcera é pálida, com pouco

tecido de granulação, bordos irregulares e eventualmente ne-

cróticos e com dificuldade de cicatrização; e microangiopático,

lesões geralmente proximais, em pé ou perna, sem relação com

pontos de pressão ou traumas, extremamente dolorosos, tam-

bém com fundo pálido e pouco tecido de granulação. Neste a

circulação troncular arterial geralmente está preservada.

O pé infeccioso apresenta lesões purulentas, com ou sem

formação de abscessos, presença de eritema, dor local e sinais

sistêmicos de infecção.

O pé neuropático apresenta lesões localizadas em pontos de

pressão, normalmente indolores pela diminuição da sensibilidade

dolorosa. São pés aquecidos, bem vascularizados, com úlceras de

bordos elevados, hiperceratóticos, com fundo apresentando bom

tecido de granulação, que quando localizadas na planta do pé re-

cebem a denominação de “mal perfurante plantar”. A progressão

da neuropatia diabética pode levar a um colapso completo da

“arquitetura” do pé, com subluxações e luxações articulares, re-

absorção óssea, osteopenia e fraturas espontâneas. A essa grave

complicação chamamos “osteartropatia de Charcot”.

Segundo Deluccia o pé diabético é provocado principalmen-

te pela neuropatia periférica (90% dos casos), doença arterial

periférica e deformidades provocando um quadro de infecção,

ulceração e/ou destruição de tecidos profundos. A neuropatia

periférica diabética é um distúrbio neurológico periférico, tanto

sensitivo-motor quanto autonômico, sendo a forma mais grave

e incapacitante do pé diabético8.

Esta neuropatia periférica é a lesão de maior impacto, pois,

juntamente com a doença vascular periférica e com as altera-

ções biomecânicas que conduzem à pressão plantar anormal,

propicia o aparecimento das lesões do pé diabético. Trabalhos

estatísticos indicam que o pé diabético é responsável por 50% a

70% das amputações não traumáticas em membros inferiores e

15 vezes mais frequentes entre os diabéticos

MÉToDoS

O instrumento de pesquisa foi a avaliação clínica dos pacien-

tes, fatores de risco associados, complicações do diabetes melli-

tus e classificação das lesões do pé diabético segundo Wagner

(tabela A).

A presença ou ausência de fatores de risco associados e com-

plicações, foram catalogadas segundo anamnese, exame físico e

avaliação dos prontuários de 76 pacientes portadores de pé dia-

bético em um universo de 240 pacientes diabéticos atendidos.

As variáveis investigadas foram idade, sexo, hipertensão arterial,

tabagismo, dislipidemias e obesidade. Pacientes hipertensos fo-

ram assim classificados pela anamnese, aferição dos níveis pres-

sóricos e uso de anti-hipertensivos. Assim como os dislipidêmicos

por exames laboratoriais e uso de estatinas. Para determinação

da obesidade foi utilizado o IMC, segundo fórmula de Quetelet

(IMC=peso em quilogramas dividido pela altura em metros); e

classificado como: IMC baixo (menor que 20), normal (de 20-24),

sobrepeso (de 25-29), obeso (maior ou igual a 30)12.

RESULTADoS

A prevalência de pé diabético nesse estudo foi de 31,6% no

universo de 240 pacientes diabéticos. Vale lembrar que toda

população estudada constitui-se de pacientes diabéticos, o que

difere dos últimos trabalhos realizados nos quais é avaliada a

presença de pé diabético na população em geral, encontrando

prevalência entre 4% e 10%13. Também devemos levar em con-

sideração que os pacientes que nos procuram no ambulatório

de Angiologia e Cirurgia Vascular vêm sob encaminhamento de

Artigo Científico

14 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular

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outros ambulatórios do hospital, o que talvez explique o índice

mais alto de pé diabético encontrado em nosso estudo; já que a

literatura fala de índices em torno de 15% a 25%1.

A idade, que variou de 38 a 89 anos (média de 64 anos), foi

semelhante com a encontrada na literatura14, 15. Quanto ao sexo,

encontramos 42 pacientes do sexo masculino (55,2%), contra 34

pacientes do sexo feminino (44,8 %).

Entre os fatores de risco, dos 76 pacientes portadores de pé

diabético, 68 (89,4%) eram hipertensos; 36 pacientes (47,3%) eram

tabagistas; 40 pacientes (52,6%) eram dislipidêmicos e 16 pacien-

tes eram obesos (21,0%), como mostrado na tabela A. Ou seja, a

hipertensão arterial sistêmica foi o fator mais presente; resultado

também encontrado por outros autores como Pitta e col16.

Entre as complicações crônicas associadas ao DM, a doença

arterial periférica (DAP) foi a de maior prevalência com 81,5%

das complicações; a doença cerebrovascular (DCV) foi encontra-

da em 47,3%; a doença coronariana (DC) em 23,6% e a nefropa-

tia em 17,1% dos pacientes. (Tabela B)

Em relação à gravidade das lesões, segundo a classificação

de Wagner (Tabela C), encontramos o grau 2 em 34 pacientes

(44,7%); grau 1 em 22 pacientes (29,0%); grau 3 em 14 pacientes

(18,4%); grau 0 em 4 pacientes (5,2%) e grau 4 em 2 pacientes

(2,7%). Não houve pacientes com lesão grau 5.(Tabela D)

TABELA A – FATorEs DE risCo

fatores de risco nº % Válida

Hipertensão arterial

sistêmica 68 89,4%

Tabagismo 36 47,3%

Obesidade 16 21,0%

Dislipidemia 40 52,6%

TABELA B – ComPLiCAçõEs CrôniCAs

Complicações crônicas nº % Válida

DAP 62 82,0%

DCV 36 47,3%

DC 18 23,6%

Nefropatia 13 17,1%

Doença arterial periférica; doença cérebro vascular; doença coronariana

TABELA C – CLAssiFiCAção DE WAGnEr

Graus Características

0 Pé em risco, presença de fissura interdigital

ou no calcâneo, sem infecção aparente

1 Úlcera superficial, sem envolvimento de

tecidos subjacentes

2 Úlcera profunda envolvendo músculos, liga-

mentos, sem abscesso e sem osteomielite

3 Úlcera profunda com celulite, abscesso,

possivelmente com focos de osteomielite

e gangrena do subcutâneo

4 Gangrena úmida localizada e pododáctilo

5 Gangrena úmida em todo o pé

DISCUSSão

No Brasil estima-se que em 2025 possam existir cerca de 11

milhões de diabéticos17. Até 2002 esta doença atingiu aproxi-

madamente 7,6% da população brasileira entre 30 e 69 anos de

idade, sendo que aproximadamente 50% dos portadores desco-

nheciam o seu diagnóstico e 24% dos conhecedores da sua pa-

tologia não realizavam qualquer tipo de tratamento28. Segundo

definição do Consenso Internacional sobre pé diabético, este se

caracteriza por infecção, ulceração e/ou destruição dos tecidos

profundos associados a anormalidades neurológicas e doença

vascular periférica nos membros inferiores18. Em 1992, em le-

vantamento feito pelo Ministério da Saúde, sua prevalência no

Rio de Janeiro foi de 7,46 % e em São Paulo de 8,89%19.

As lesões, ulcerações no pé diabético, que geralmente ocorrem

mediante trauma, são complicadas por infecção e podem chegar

até a amputação quando não ministrado tratamento adequado e/

ou este é retardado. Após uma amputação de membro, 50% dos

diabéticos sofrem amputação do outro membro em 5 anos20.

TABELA D – DisTriBuição DAs LEsõEs sEGunDo

A CLAssiFiCAção DE WAGnEr

Grau da lesão nº % Válida

0 4 5,2%

1 22 29,0%

2 34 44,7%

3 14 18,4%

4 2 2,7%

5 0%

Total 76 100%

15Março / Abril - 2012

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O fator mais relevante para o surgimento das úlceras nos

membros inferiores é a neuropatia diabética, que afeta 50% dos

indivíduos com diabetes mellitus com mais de 60 anos21. A neuro-

patia pode estar presente antes da detecção da perda da sensibili-

dade protetora, resultando em maior vulnerabilidade a traumas e

acarretando um risco de ulceração sete vezes maior22.

Os mecanismos de lesão dos membros inferiores, quais se-

jam neuropatia diabética (ND), doença arterial periférica (DAP),

ulceração ou amputação, afetam a população diabética duas ve-

zes mais que a não diabética, atingindo 30% naqueles com mais

de 40 anos de idade23.

Estima-se que 15% dos pacientes com diabetes mellitus

desenvolverão lesão no pé ao longo da vida, podendo esta in-

cidência chegar a 28% no período de dois anos e meio,segundo

alguns autores como Veves e col1.

Em dados colhidos durante curso de capacitação da Rede

Básica, Caiafa & Canongia27 registraram, a partir de 1.070 pacien-

tes, uma prevalência de 67,25% para o sexo feminino. Já Jorge

et al, em uma análise de 70 casos de pé diabético em pacientes

internados em um hospital escola não observou diferença esta-

tística quanto ao sexo. No entanto, a Federação Internacional de

Diabetes28 estima para o ano de 2025 um número de mulheres

10% maior que o dos homens acometidos pela doença.

O tabagismo é considerado como importante fator de ris-

co para o desenvolvimento do pé diabético, sendo verificado

na maioria das séries uma razão de prevalência de quase duas

vezes entre os que fumam. No entanto, segundo Skyler29, ape-

sar do tabagismo ser fator de risco inquestionável para doença

vascular periférica e amputação entre indivíduos não diabéticos;

entre os pacientes diabéticos existem variações nas evidências

quanto uma relação entre o tabaco e úlceras e amputações.

ConCLUSão

Adoções de medidas preventivas e educacionais são deter-

minantes na prevenção das complicações do diabetes mellitus,

entre elas o pé diabético. Para se atingir essa prevenção e detec-

tar precocemente a possibilidade de ulceração no pé diabético,

é necessário manter a atenção nos fatores predisponentes e na

evolução ou não da classificação de risco, pois, o que determi-

nará o aparecimento ou não de úlcera nos pés de portadores de

DM é o diagnóstico de sua doença,o acompanhamento adequa-

do de sua evolução clínica e a adesão às orientações sobre os

cuidados com os pés.

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Artigo Científico

16 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular

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18 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

Câmara Técnica

Responsabilidade civil do médico:

Atendimento médico durante viagens aéreas Alberto Coimbra Duque - Diretor da Câmara Técnica de Responsabilidade Civil da SBACV-RJ e Sócio Titular da SBACV

Muitos médicos já foram chamados para realizar um

atendimento médico durante viagens aéreas. Ape-

sar de não ser uma situação frequente, a atuação do

médico é motivo de apreensão para uns e orgulho para outros.

Neste artigo iremos tecer algumas considerações sobre o assun-

to, sob a visão médico legal.

Durante uma viagem de avião, a famosa frase: “Existe um mé-

dico a bordo” durante o voo, gera sentimentos variados. Para os

passageiros, o médico que se apresenta é um heroi. Já o médico

geralmente fica apreensivo, sem saber se atenderá o paciente de

forma adequada. Sim, porque ao responder o chamado, aquela

pessoa que você nunca viu já é o seu paciente, querendo ou não.

Esta situação é o que se denomina, no jargão aeronáutico,

de “in-flight emergency”. Neste momento, muitos colegas ficam

na dúvida sobre o que fazer, pois sabem que poderão ser chama-

dos para tarefas aquém do seu conhecimento.

ConsiDErAçõEs EPiDEmioLóGiCAs E hisTóriCAs

A utilização do avião como meio de transporte comercial so-

mente “decolou” na década de 70. Até então as viagens aéreas

ou eram uma excentricidade ou eram muito caras. Os pilotos

eram vistos como homens destemidos e dotados de inteligência

superior e muito experientes. Os passageiros eram poucos e a

população mundial mais jovem. Com o aumento dos negócios

internacionais, havia a necessidade de se viajar para lugares

distantes. O avião tornou-se o meio de transporte ideal nes-

te contexto global. Os primeiros aviões

comerciais eram cargueiros americanos

à hélice, oriundos da IIª Grande Guerra,

adaptados para uso civil, como o C-47 e

DC-3. Eram lentos e barulhentos. Depois

vieram os movidos à hélice turbo propul-

sora, mais eficazes. Com a era do jato, o

transporte aéreo comercial se ampliou.

Os aviões modernos voam a altitude de

10 mil pés a 900 km/hora e com capacida-

de para cerca de 300 passageiros. Estima-

se que cerca de dois bilhões de passagei-

ros usem os voos comerciais a cada ano,

e cerca de 100 mil usem voos privados.

Mesmo assim, existem poucos estudos

sobre incidentes aéreos relacionados às

viagens em aviões1. No Brasil, o site da

Infraero2 informa que em janeiro de 2010

trafegaram mais de 13 milhões de passa-

geiros perfazendo uma estimativa anual

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como foram os raros relatos de embolia pulmonar e trombose

venosa profunda durante ou logo após viagens aéreas. Em 2000,

a Federação Aeronáutica Americana (FAA) relatou que a maioria

dos eventos médicos não são sérios e incluem episódios de des-

maios, tonturas, hiperventilação e vômitos. Destes, 70% foram

atendidos por profissionais de saúde, sendo 40% médicos, 25%

enfermeiras e 5% por técnicos em saúde. O estudo mostrou que

o diagnóstico e o tratamento foram corretos em 80% dos casos,

confirmados pelos exames feitos após o pouso da aeronave4.

Podemos concluir que o atendimento médico será na

maioria das vezes para casos simples e de fácil tratamento.

Recomendo que os médicos anotem os dados do paciente,

o motivo da avaliação e a conduta adotada, guardando es-

tes informes por cinco anos. Como é obvio, ao responder o

chamado da aeromoça no avião, seu compromisso com o pa-

ciente é total e obrigatório, até o desembarque do mesmo no

aeroporto de destino.

19Março / Abril - 2012

de 120 milhões de passageiros em 2010, um aumento de 30%

em dez anos.

Determinar a incidência de eventos médicos durante o voo é

difícil porque não existe legislação específica, nem no Brasil e nem

no Exterior, que exija a comunicação compulsória de um evento

médico aéreo, nem para as autoridades de saúde, nem para a

ANAC (Associação Nacional de Aviação Civil). Algumas empresas

preenchem relatórios internos enquanto outras somente anotam

fatos relevantes no livro do capitão (Captain’s log). Aparentemen-

te as pessoas aceitam que a presença de um médico é capaz de

resolver todos os problemas de saúde, haja visto o exemplo da

nave espacial Enterprise, da ficção Jornada nas Estrelas: a nave

estelar, com cerca de mil tripulantes, tinha um médico a bordo, o

Dr. MacCoy, apelidado de “Bones” (Magro, na versão portuguesa)

para resolver todos os problemas da tripulação3. Nas modernas

aeronaves de hoje, não existem normas e nem equipamentos es-

peciais para atendimento médico.

o QUE DEVE SER fEITo?

Em 1989, dois estudos separados, analisaram os eventos aé-

reos anuais em dois aeroportos norte americanos, detectando

a incidência de 1 a cada 33.600 passageiros e o outro 1 a cada

39.600 passageiros, o que significaria uma média de 33 casos

de eventos médicos intravoo (EMIV) por dia4. A quantidade de

eventos graves é provavelmente baixa, pois os eventos com

morte ou parada cardíaca são noticiadas em jornais e revistas,

BIBLIoGRAfIA1. Comitê em Ciência e Tecnologia: Voos aéreos e saúde. Londres e Reino Unido. Nov.18,2000;2. www.infraero.com.br. Movimento mensal, janeiro, 2010;3. Star Trek: Wikipédia.com, 2012;4. Cummins RO, Schubach JA. Frequency and types of medical emergency among comercial air travelers. JAMA 1989, 261:1295-9.

Aparentemente as

pessoas aceitam que

a presença de um

médico é capaz

de resolver todos os

problemas de saúde...

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Imagem Vascular

Caso de infecção

de endoprótese torácica

Paciente masculino portador de aneurisma da aorta

torácica descendente medindo 8 cm de diâmetro.

Foi implantada endoprótese torácica há 1 ano, com

controle no 10º mês sem problemas. No 12º mês de implante

ocorreu hematêmese, sendo realizada nova angio-TC que re-

velou fístula aorto-esofageana e imagens aéreas periprótese.

O paciente foi internado, sendo feita exclusão do esôfago ini-

cialmente, com paciente em precário estado geral. Apresen-

tou novo sangramento importante durante a internação, sen-

do feita cirurgia de emergência, com toracotomia e contenção

com balão de látex Coda, com exposição da endoprótese e da

fístula esofageana.

Autores: Drs. Adilson Toro Feitosa, José Ricardo Brizzi Chiani, Tiago Coutas de Souza e Juliana Amaral Tinoco

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23Março / Abril - 2012

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24

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nestes tempos atuais em que a simplificação das ações

tornou-se um imperativo, há necessidade de que se-

jam feitas algumas reflexões para que não se adotem,

em nome desta atitude simplista, comportamentos precipitados

que possam conduzir à complexidade sob risco de complicação.

Na Medicina moderna, dois fatores têm contribuído para

que o profissional enverede por este arriscado caminho: um de-

les, de natureza técnica, representado pelo progresso nos meios

de diagnóstico complementar e o outro, de natureza econômica

e social, representado pela aviltante remuneração da consulta

médica ou pela má gestão do serviço público. Mas, antes de ana-

lisarmos estes dois fatores e sua influência sobre o trabalho do

médico, vejamos o que a pergunta do título significa.

Entende-se, em Medicina, por Propedêutica um conjun-

to de técnicas que são utilizadas para que haja elaboração de

uma base a partir da qual o médico se orienta para chegar a

um diagnóstico. Estas técnicas envolvem informações orais,

representadas pela anamnese, e dados do exame físico. Este

conceito, ainda que parcial, está contido na Wikipédia (Google)

e com ele consegue-se estabelecer o diagnóstico provisório de

uma morbidade o qual, muitas vezes, pode se transformar em

definitivo. Isto acontecia com relativa frequência com os nos-

sos antigos mestres, o que nos fazia vibrar de admiração pela

destreza que possuíam para diagnosticar apenas ouvindo e

examinando o paciente.

É claro que a Propedêutica, em um conceito mais amplo, não

dispensa o concurso dos exames complementares que auxiliam

na obtenção de um diagnóstico final de certeza. Esta é a lógica

do procedimento que o médico deve adotar na sua rotina coti-

diana. Primeiro ouvir (e muito!) para depois utilizar os demais

sentidos visando investigar o que se passa na estrutura corpórea

do seu paciente e, finalmente, recorrer aos métodos modernos

de diagnóstico para que o trabalho inicial da pesquisa de uma

Educação Continuada

Ainda há espaço para a

Propedêutica Vascular?

Dr. Paulo Roberto Mattos da Silveira - Angiologista

25Março / Abril - 2012

doença se consolide de forma objetiva e clara.

Agora, analisemos os dois fatores anteriormente citados

como promotores da descaracterização deste passo a passo

para que seja alcançado o diagnóstico de uma doença. Come-

cemos pelo grande progresso que os exames complementares

alcançaram nas últimas décadas. Hoje em dia, tanto a pesqui-

sa bioquímica quanto os métodos de imagem são capazes de

identificar com relativa alta precisão processos inflamatórios e

infecciosos, distúrbios metabólicos, alterações anatômicas em

órgãos e em outros componentes estruturais do corpo huma-

no, dispensando assim, em grande parte dos casos, aquela mi-

nuciosa investigação semiológica básica. No entanto, a relação

custo-benefício, em geral, pode ser questionada quando estes

métodos investigatórios são usados prematuramente para

diagnosticar casos relativamente simples em que a anamnese e

o exame físico teriam semelhante precisão. Mas, isto é a moder-

nidade pedindo passagem!

O segundo fator nos parece mais grave porque envolve algo

que ainda possui incomensurável valor no exercício da profissão:

A relação médico-paciente. Aqui se começa a análise com uma

inevitável pergunta: Como pretender que esta relação seja man-

tida dentro dos padrões recomendáveis, que incluem, de início,

uma conversa mais prolongada com o paciente - na qual, além

das queixas, deveriam ser abordados seus hábitos, emoções,

relacionamentos familiares e sociais, gostos etc. - se o que se

remunera ao médico pelo tempo dispensado na consulta não é

condizente com os anos de estudos empreendidos, com o traba-

lho que realizou para o seu aprimoramento especializado, sem

considerar ainda as despesas com os custos de sua estrutura de

atendimento (secretária, aluguel da sala, condomínio, impostos,

aparelhagem específica etc.)? Isto relativo à área da Medicina

privada. E na área pública? O excesso da demanda nos serviços

dos hospitais aliado à falta de material adequado e à desorgani-

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26 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

zação da estrutura administrativa também se constitui em fator

que denigre o trabalho médico. E o que resta como recurso para

driblar estas situações enumeradas acima? A busca do caminho

mais curto para se chegar o quanto antes possível à confirmação

de uma suposição diagnóstica inicial, o que na maioria das vezes

é fácil de se alcançar mediante o uso de imediato dos exames

complementares, sem considerar ainda a proteção que eles con-

ferem ao médico quanto a uma eventual acusação de erro por

negligência. No entanto, com isso o ato médico, tanto a nível

privado quanto público, se torna certamente muito mais onero-

so. Aqui, é o desperdício que pede passagem!

Focando especificamente na área vascular, entendemos que

a anamnese e o exame físico inicial são básicos para a orientação

quanto aos exames complementares considerados necessários

para o diagnóstico de certeza sobre um caso em pauta. É claro

que o duplex scan veio para auxiliar muito o diagnóstico da in-

competência valvar no sistema superficial, facilitando inclusive

a condução do ato operatório. É claro que a angiotomografia

chegou para mostrar estenoses multisegmentares ou a loca-

lização de uma placa estenosante única em segmento arterial

cujo sopro não se torna audível, e assim permitindo sua correção

endovascular com relativa precisão. São exames que se torna-

ram menos agressivos que os seus precedentes (flebografia e

arteriografia). Mas, nem por isso alguns deles, especialmente os

que utilizam contraste, por mais modernos que sejam, são des-

tituídos de riscos. No entanto, até o momento de serem requisi-

tados, eles devem ser precedidos de uma competente avaliação

do paciente, que inclui o registro de suas queixas, comorbida-

des, antecedentes patológicos, medicamentos em uso etc. e

uma completa análise do estado das veias e dos pulsos arteriais

nas extremidades, seja por palpação, percussão, ausculta e pela

realização de provas funcionais, sem deixar de lado um exame

minucioso da superfície cutânea (estado da pele, temperatura

e coloração). Por isso, não se pode desprezar uma rotina pro-

pedêutica que contemple o mínimo necessário para que

se estabeleça a hipótese diagnóstica inicial, ponto de

partida para o raciocínio sobre o que deve ser solicitado

como exames complementares, bem como o que deve

ser estabelecido como conduta terapêutica inicial.

Sem isto, corre-se o risco de ser um meio especialis-

ta ou, no mínimo, um médico que desprezou a história

da sua profissão, cujo começo se deu pelo uso dos sen-

tidos humanos naturais e nem por isso muitos doentes

deixaram de ser beneficiados com o alívio ou a cura dos

seus males. Hipócrates que o diga!

noTA Do AUToR

Este texto constitui uma homenagem à memória do

Prof. Dr. Emil Burihan, um incansável defensor do retor-

no da prova de exame prático no paciente como uma das

etapas do concurso para obtenção do Título de Especialis-

ta da SBACV. Segundo sua abalizada opinião, este seria

o melhor momento para avaliar se o candidato era pos-

suidor das condições mínimas exigidas para o exercício da

especialidade na vida prática cotidiana. De fato, esta sua

visão tinha um alto grau de coerência para o julgamento

em questão, mas normas do Conselho Federal de Medicina

tornaram, nos tempos atuais, por questões éticas, impra-

ticável a manutenção desse tipo de avaliação nos concur-

sos médicos.

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Coopangio

Afinal, médicos e

população de mãos dadas

30 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

Diretoria da Coopangio

o fim da economia como a conhecemos”; “Década

terá crise grave”. Economistas, sociólogos e cien-

tistas políticos não discutem, no momento, outra

coisa: Para aonde vamos? Que mundo é este que está a nascer? A

liberdade de trocas, o direito à propriedade, o estado democrático

de direito, sem dúvida haverão de persistir. Mas, o consumismo ir-

responsável e predatório terá, de alguma forma, que ser contido.

O motivo? responde André Lara Resende (um dos criadores do

Real). O fato de que atingimos os limites físicos do planeta e os

padrões de desenvolvimento a que estamos acostumados (por

meio do aumento da produção e do consumo de bens materiais)

esbarram nesses limites. Ninguém se arrisca a prever como será

essa “nova sociedade”. Esperamos que venha a ser livre, demo-

crática, atenta às exigências do meio

ambiente, dos direitos humanos e de

um justo convívio social. De qualquer

forma, todos concordam que quanto

melhor nos prepararmos para essa

“ruptura” menos traumática ela será.

E, quanto a nós médicos, como

vai a nossa “preparação”? Até quando

continuaremos na nossa arcaica rotina, a enriquecer empresários,

a coonestar um sistema claramente insatisfatório, que se acha

sob o questionamento permanente de todos os envolvidos. Até

quando permaneceremos inertes, enredados nessa teia de inte-

resses obscuros, ocupados em atender à fração mais abonada da

população e quase desatentos para os 150 milhões de brasileiros

que, dependentes exclusivamente da Medicina pública, penam

nas filas intermináveis e nas precárias instalações de um sistema

mal financiado, mal gerenciado e mal remunerado?

Quando nos voltaremos, médicos e população, para o esforço

sério e organizado da construção de um sistema de saúde universal,

igualitário, justo e democrático que a todos atenda sem distinção de

“ classe, padrão econômico, raça ou outra qualquer forma de discrimi-

nação; compatível, em suma, com as exigências do século XXI?

Ao menos para essa última pergunta parece já haver uma

resposta. As entidades médicas acabam de decidir, finalmente,

juntarem-se à sociedade civil organizada a fim de exigir dos nos-

sos representantes eleitos as medidas indispensáveis à Medicina

dos novos tempos.

Com efeito, em 3 de fevereiro foi lançada na sede da Associação

Médica Brasileira (AMB) a “Frente Nacional por Mais Recursos para

a Saúde”, apoiada pelas demais entidades médicas, pela Ordem

dos Advogados do Brasil (OAB) e por várias outras instituições. A

Frente se propõe a coletar cerca de 1,5 milhão de assinaturas para

que seja apresentado ao Congresso Nacional um “projeto de lei de

iniciativa popular” – processo seme-

lhante ao da Lei da Ficha Limpa - vi-

sando garantir o investimento na Saú-

de Pública de 10% da receita bruta da

União. Para participar, basta acessar o

site do CFM, www.cfm.org.br, e impri-

mir o formulário a ser assinado.

Este é um passo importante para

a recuperação do setor público de saúde uma vez que, sem inves-

timento suficiente, não pode haver gestão eficiente ou remune-

ração adequada dos profissionais. É, também, uma oportunidade

rara de tomarmos em nossas mãos o destino da Saúde no Brasil;

influirmos no seu processo de financiamento; livrarmos a Medici-

na e os médicos do domínio das empresas mercantis; e colaborar-

mos de forma efetiva para que o povo brasileiro receba o atendi-

mento médico moderno e de qualidade que lhe é devido.

A campanha, portanto, merece o total apoio da Coopangio

e dos vasculares em geral, tradicionalmente atentos e participa-

tivos na luta por uma Medicina ética e de qualidade para toda a

população.

“Até quando

permaneceremos inertes,

enredados nessa teia de

interesses obscuros...”

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o Conselho Federal de Medicina publicou nota em 14

de março de 2012, que revoga a Resolução CFM nº

1.772, que institui o Certificado de Atualização Profis-

sional para portadores dos títulos de especialista e certificado de

Giro nas Entidades Médicas

AMB assume o

Certificado de Atualização Profissional

áreas de atuação. A partir desta data, a atualização profissional

dos médicos deixa de ser obrigatória independente do ano de

concessão e passará a ser exclusiva da AMB, que emitiu o comu-

nicado reproduzido abaixo.

31Março / Abril - 2012

CoMUnICADo ofICIAL

A formação médica é longa e precisa ser bem feita, pois trabalhamos com nosso bem maior a saúde de todos.

Preocupa-nos a graduação na medicina com o elevado número de escolas médicas, várias delas formando médicos de maneira

inadequada.

Na pós-graduação com foco na residência médica, precisamos fortalecê-la e pautá-la de acordo com a prática médica moderna.

A Associação Médica Brasileira (AMB) abraça essa bandeira há muitos anos, culminando com o fato de ser a AMB e suas Sociedades

de Especialidades as principais responsáveis pela emissão de Título de Especialista.

Temos ido mais adiante quando introduzimos a atualização profissional que deverá ocorrer a cada 5 anos. Defendemos a boa

prática médica e o melhor para a saúde da população. Devemos valorizar o médico que se atualiza e recicla de maneira continuada.

Salientamos que o Título de Especialista nunca expira, mas a AMB protagoniza, coordena e valoriza a sua atualização. É o que

tem feito muitos países desenvolvidos e não deixaríamos que essa função fosse realizada fora da AMB, berço científico da medicina

brasileira, em conjunto com as suas Sociedades de Especialidades.

Dessa maneira, reiteramos que a atualização do Título de Especialista será conduzida pela AMB, de acordo com a atual política

de CNA/AMB (100 pontos em 5 anos, com não mais que 40 pontos/ano).

A AMB é também a casa do médico brasileiro e estará sempre lutando pelas boas causas desses profissionais e por melhorias

para a saúde do nosso Povo.

São Paulo, 20 de março de 2012

Associação Médica Brasileira

Em entrevista, Dr. Aldemir Humberto Soares, Secretário-

geral da AMB respondeu, entre outras, as seguintes questões:

o processo de certificação de atualização profissional será

mantido. Mantê-lo não poderá causar contestações judiciais?

Não, porque é uma opção da AMB e das Associações de Es-

pecialidade. O processo é voluntário e o médico participa se qui-

ser, por isso não há motivos para contestação. Do ponto de vista

da AMB, continuamos defendendo a necessidade da atualização

profissional dos médicos até como medida de apoio à sociedade.

o que será feito com os médicos que já somaram os pontos

necessários para obter o certificado?

Está sendo providenciado um certificado de atualização pro-

fissional e assim que o modelo estiver definido, será encaminha-

do os médicos que já obtiveram os pontos necessários. Como o

primeiro grupo teve seu prazo estendido até dezembro de 2012,

esse atraso não trará prejuízos.

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Entrevista

Evolução

do CFM

Presidente do Conselho Federal de Medicina,

o cardiologista Roberto Luiz d´Avila,

concede entrevista exclusiva para a revista

da SBACV-RJ e fala sobre a evolução da

atuação do órgão e também sobre a sua

posição quanto à abertura de novas vagas em

cursos de Medicina e a falta de médicos em

determinadas regiões.

32 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

Roberto Luiz d´Avila - Presidente do Conselho Federal de Medicina

1. originalmente o CfM se limitava a regulamentar a prá-

tica da Medicina. hoje, o Conselho se mostra importante ator

nos movimentos políticos que envolvem os interesses dos

médicos. A que se deve essa evolução e qual o principal papel

do Conselho hoje?

Nossa entidade percebeu que seu escopo legal e representativi-

dade lhe permite ir além de debates técnicos e éticos, os quais tam-

bém são de extrema importância para a prática médica no Brasil

e para assegurar os parâmetros do bom atendimento. O CFM tem

longa trajetória em defesa da saúde dos brasileiros, por isso, nada

mais natural, que agregasse ao seu fazer diário esses importantes

ingredientes que são o agir e o pensar políticos. No nosso país, as

decisões são sempre antecedidas de um longo período de articu-

lações e negociações que podem mudar completamente o rumo

dos fatos. Os médicos não podem ficar de fora destes debates e

devem ser ouvidos. O Conselho Federal de Medicina espera, assim,

contribuir para a valorização de nossa classe e a qualificação da

assistência também neste espaço que, mesmo distante dos con-

sultórios e hospitais, tem grande repercussão sobre o cotidiano de

nossos colegas e dos pacientes.

2. o Governo estuda medidas para ampliar o número de

profissionais,pois acredita que este é insuficiente. Através do

estudo “Demografia médica no Brasil”, publicado em novem-

bro de 2011 pelo Conselho, se pode confirmar a carência de

profissionais? se não, o que tem causado a falta de médicos

em determinadas regiões brasileiras?

Trata-se de uma resposta que não é simples. Se formos ava-

liar os padrões estatísticos nacionais, temos a segurança de que

não faltam profissionais no país. Atualmente, contamos com cer-

ca de 370 mil médicos em condições de atender os brasileiros. O

grande problema é que a grande maioria deles se concentra nos

estados do Sul e do Sudeste, além das capitais e dos municípios

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mais desenvolvidos ou da faixa litorânea nas outras regiões. As-

sim, admitimos a dificuldade de encontrar médicos em áreas dis-

tantes, de difícil provimento, na Amazônia, no Nordeste, e mes-

mo nas periferias de algumas grandes cidades, onde a violência

se impõe. Em nosso ponto de vista, há uma lacuna na esfera das

políticas públicas que precisa ser preenchida. Cabe ao Gover-

no estabelecer formulas que estimulem a migração e a fixação

dos médicos nestas áreas. Para isso, é importante oferecer-lhes

condições de trabalho, acesso à educação continuada, plano de

progressão funcional e remuneração coerente com a responsabi-

lidade e o compromisso exigidos. Percebemos que, aos poucos,

nosso alerta tem sido compreendido por importantes setores da

sociedade, inclusive da mídia. Esperamos que a gestão do SUS

tenha a mesma sensibilidade e adote medidas para colocar esse

desafio no passado.

3. o Conselho federal de Medicina propõe ao Ministério

da Saúde e ao Ministério da Educação o debate sobre a aber-

tura de novas vagas em cursos de Medicina e de novas escolas

médicas. Quais as preocupações do Conselho e quais propos-

tas sobre o assunto serão apresentadas?

Somos contrários à abertura indiscriminada de novos cursos

e de vagas em escolas médica de qualidade duvidosa. A experi-

ência mostra muitos desses estabelecimentos em atividade não

oferecem o mínimo aos seus estudantes que tornam-se, por sua

vez, vítimas de empresários que pensam apenas no lucro e não

se preocupam em oferecer a adequada formação aos futuros

profissionais. O que exigimos do Governo é que tenha um olhar

atento sobre esta questão e evite a proliferação desenfreada

dessas escolas caça-niqueis. Uma iniciativa importante no âm-

bito da Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação

era a avaliação feita pelo grupo coordenado pelo ex-ministro

Adib Jatene. Graças a este trabalho, inúmeras vagas foram

fechadas e escolas tiveram que se equipar. Pena que, recente-

mente, o Conselho Nacional de Educação (CNE) jogou por terra

esse esforço e permitiu que muitas dessas unidades reabrissem

essas vagas. Vemos isso como um ato inconsequente, que deve

ser revisto. Estendemos nosso apoio ao professor Jatene que

denunciou essa manobra que coloca em xeque a boa medicina

e o paciente em risco.

4. Após ampla negociação, o PEC 29 foi aprovado em ja-

neiro de 2011 com 15 vetos. o que a aprovação e os seus ve-

tos significam para saúde brasileira e para os profissionais do

Brasil?

O Brasil vive uma estranha contradição no que se refere à as-

sistência em saúde. De um lado, pode se orgulhar de possuir um

dos maiores modelos públicos com acesso universal do planeta.

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Por outro lado, uma das maiores políticas sociais do mundo so-

fre com a falta de financiamento que impede que os avanços se

multipliquem e se consolidem. O volume de recursos investidos

no SUS está aquém das suas necessidades e, principalmente, das

possibilidades existentes dentro do caixa público. Em consequên-

cia, essa visão distorcida acentua as desigualdades no acesso,

impedindo que o Sistema Único alcance plenamente seus objeti-

vos. Tínhamos a esperança que em dezembro passado esta lógi-

ca fosse rompida com a aprovação no Senado Federal do projeto

que regulamenta a Emenda Constitucional 29 (EC 29). No en-

tanto, após 11 anos de tramitação e luta, assistimos uma vota-

ção que terminou sem garantir a injeção dos recursos esperados

pelas entidades médicas e pelos movimentos sociais para o SUS.

Não teremos os sonhados 10% das receitas correntes brutas da

União. Na prática, em 2012, o nível federal aplicará o empenha-

do em 2011 (R$ 72 bilhões) mais a variação do PIB de 2010 para

2011, somando cerca de R$ 86 bilhões. A medida equivale ao que

já é feito atualmente. Se os senadores tivessem tido a ousadia da

mudança, o cenário seria bem diferente. Se aprovado o projeto

em sua forma original – apresentada por Tião Viana - a saúde re-

ceberia incremento de R$ 35 bilhões, chegando a um orçamento

de R$ 107 bilhões. Com esse suporte, o país romperia definitiva-

mente com seu descompromisso histórico e ingressaria no rol das

nações que compreendem suas obrigações sociais, justamente

aquelas mais desenvolvidas. Enfim, 2012 já acena com um desa-

fio: retomar a luta pelo financiamento digno da saúde brasileira

para que a sociedade possa testemunhar a promessa constitucio-

nal e ver a luz do dia. Para nós, médicos, esse é um compromisso

que deve ser cumprido.

5. o Conselho federal de Medicina tem trabalhado em

conjunto com a fEnAM e a AMB, o que esta parceria repre-

senta para a classe médica?

Pela primeira vez, em muitos anos, vemos o alinhamento insti-

tucional das grandes entidades médicas nacionais. Cada uma tem

agregado seu conhecimento, sua expertise, seus argumentos em

prol da valorização da Medicina. No entanto, isso não significa

que suas identidades, características próprias, estejam se perden-

Entrevista

34 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

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do em nome de uma unidade estratégica. Pelo contrário, pontos

divergentes existem e são respeitados por que entendemos nossos

compromissos históricos. Por outro lado, estamos alinhados con-

tra os adversários comuns.

6. o Ministério da Saúde tem planejado reformas na assis-

tência de Média e Alta Complexidade no SUS. De que maneira

o CfM vê a implantação das novas políticas?

Por meio de nossas comissões especiais e do trabalho realizado

pelos conselheiros do CFM, acompanhamos de perto as discussões

desenvolvidas pelo Ministério da Saúde. Temos oferecido nossas

contribuições e argumentos na tentativa de construir consensos

que permitam o avanço da prática médica no Brasil. Essa é nossa

missão e continuaremos firmes, em busca de resultados satisfató-

rios para todos.

“Pela primeira vez, em

muitos anos, vemos o

alinhamento institucional das

grandes entidades médicas

nacionais.”

35Março / Abril - 2012

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Especial

36 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

Encontro Regional

traz Parodi e Coselli

Após a edição histórica realizada no ano passado em

comemoração ao jubileu de prata, o Encontro de An-

giologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro voltou

a superar as expectativas, reunindo pela primeira vez no Brasil,

importantes expoentes da Cirurgia Vascular mundial. O XXVI

Encontro, realizado entre os dias 22 e 24 de março, no Windsor

Hotel, na Barra da Tijuca, congregou cerca de 550 participantes

e contou com a presença de cinco convidados internacionais,

entre eles os Drs. Juan Carlos Parodi e Joseph S. Coselli.

Além dos convidados já citados, o Encontro foi abrilhantado

pela participação dos Drs. Mark Farber, Lynne Farber e Christian

Bianchi, que dividiram mesas com especialistas brasileiros, na

já tradicional troca de informações promovida pelo Encontro. A

programação científica deste ano incluiu sócios que antes não

tinham participado do Encontro como palestrantes, na iniciativa

de inclusão proposta pela Diretoria Científica.

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37Março / Abril - 2012

Segundo Dr. Arno von Ristow, Diretor Científico da SBACV-

RJ, a programação científica foi elaborada em conjunto, num

trabalho realizado em parceria entre a Diretoria Científica e a

Presidência. Dr. Arno se reuniu com o Vice-Presidente da Regio-

nal, Dr. Adalberto Pereira, diversas vezes para melhor definição

e escolha dos convidados estrangeiros e dos temas a serem

abordados. “Todos os convidados têm um peso muito grande, e

nós estamos muito felizes por terem vindo”, disse Dr. Arno.

Diversos associados foram convidados a se apresentarem

abordando o tema de seu bom grado. A proposta, por se tratar

uma novidade, não gerou o retorno esperado, mas a Diretoria

Científica acredita que esta é a melhor forma de se estabelecer

a grade, e que os sócios irão se habituar. “Eles não estão acos-

tumados com esse tipo de convite. Sempre que era feito o en-

contro, o convite de participação já especificava o assunto a ser

abordado, e isso nem sempre é o melhor. O ideal é que você

pergunte o que o especialista gostaria de apresentar, talvez algo

que esteja trabalhando”, explicou Dr. Arno. A iniciativa de con-

vidar os sócios para integrarem a mesa tem como objetivo ele-

var o nível científico da Regional e aproximar os associados, que

nem sempre tiveram a oportunidade de participar.

Como nos últimos cinco anos, o primeiro dia do Encontro

foi reservado para os residentes, que tiveram a oportunidade

de simular casos reais e ter seus artigos apresentados para uma

banca composta por experientes especialistas, que avaliaram e

premiaram o melhor trabalho. A programação científica come-

çou na manhã do dia 23, com a mesa “Controvérsias na isquemia

crítica”, presidida pelo Dr. Emil Burihan, que deixou sua última

contribuição para a Sociedade a qual tanto se dedicou, vindo a

falecer uma semana depois de sua participação no Encontro Re-

gional (veja homenagem ao Dr. Burihan na seção Memória Vas-

cular). A primeira mesa abordou seis diferentes subtemas e foi

encerrada para dar início a cerimônia de abertura, que contou

com a presença, além da Diretoria da SBACV-RJ, do Dr. Antonio

Luís de Medina, representando a Academia Nacional de Medi-

cina, da Presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio

de Janeiro, Dra. Marcia Rosa e do Presidente da Nacional, Dr.

Calógero Presti.

A rigidez dos horários das apresentações e a garantia de es-

paço para o debate conquistaram os congressistas, que já não

hesitam em participar da discussão indo ao microfone posto

na plateia. Os congressistas participaram levantando questões

e apresentando suas opiniões sobre os temas abordados. Mais

que um simples canal de informações e atualizações, o Encontro

tem se tornado um ponto de encontro de especialistas, que tro-

cam informações e experiências.

O Presidente da Nacional, Dr. Calógero Presti, prestigiou

o evento e elogiou a sua organização. “Já se tornou um even-

to tradicional. O Encontro Carioca, assim como o encontro São

Paulo, é um evento que se impõe pela seriedade científica. Não

é evento político, é evento científico de altíssimo padrão e com

uma grande organização como eu pude ver aqui. Esse encontro

carioca é um exemplo aqui no Brasil”, disse Dr. Presti.

Um dos principais convidados do evento, Dr. Juan Carlos Pa-

rodi, esteve logo na primeira mesa, que encerrou com o tema

“Prostaglandina no tratamento da tromboangeíte e do ate-

roembolismo periférico”, apresentado por ele. Dr. Parodi e os

demais apresentadores tiveram oito minutos para realizar a sua

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exposição, que ao final foi debatida pelos congressistas por 11

minutos. Na segunda mesa do dia, outro convidado de grande

prestígio internacional se apresentou. Dr. Joseph Coselli fechou

a mesa em que foram discutidos temas relacionados à aorta,

com a sua apresentação “Evolução do tratamento do aneurisma

da aorta torácia: meio século de evolução”. As mesas seguintes

do dia abordaram os temas patologia venosa, atualização te-

rapêutica, controvérsias em revascularização cerebral, técnica

endovascular de A a Z e atualização em imagem vascular. Neste

primeiro dia, a Bayer realizou ainda seu simpósio, com os temas

tratamento da TVP: abordagem tradicional e novas evidências;

e prevenção secundária de TEV: o que há de novo? A noite de

sexta-feira foi encerrada com uma confraternização, com direi-

to a show humorístico.

A programação de sábado começou logo cedo, às 07h15 com

o café da manhã com os especialistas. As cinco mesas do dia,

abordaram os temas trauma, tromboembolismo, tratamento

dos aneurismas de hipogástrica, acesso vascular, casos desafio.

O Simpósio Tecmedic abordou os temas Stent Multi layer - uma

grande novidade? E revisão da literatura mundial.

hoMEnAGEnS

Logo após a cerimônia de abertura, o Dr. Sergio S. Leal de

Meirelles, Secretário-Geral da SBACV-RJ, subiu à bancada e

prestou uma homenagem ao Dr. José Luís Camarinha do Nas-

cimento Silva, que foi reconhecido por sua constante atuação

e importante contribuição para a Sociedade. Atualmente mem-

bro do Conselho Superior da Nacional e do Conselho Científico

da Regional, Dr. José Luís foi Presidente da SBACV-RJ no biênio

Especial

38 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

1994-1995 e da SBACV de 2008 a 2009. Para Dr. Camarinha, a

homenagem representa de um lado a generosidade implícita

das pessoas, e de outro, o reconhecimento de toda a sua dedica-

ção, de toda uma vida.

Em seu discurso, Dr. Meirelles teve o apoio de imagens que

mostraram a longa trajetória do professor na defesa das especia-

lidades e ao lado de muitos colegas, que compartilharam deste

momento. O preito contou também com um vídeo, no qual o Dr.

Camarinha explicou a sua gratidão às especialidades: “Receber

uma homenagem de pessoas tão queridas, tão próximas, com

as quais eu convivo há mais de 30 anos, é uma grande emoção”.

Para ele, a participação na Sociedade é algo natural e ineren-

te à atuação dos médicos. “Eu não entendo a vida do médico

sem estar inserido com seus pares em uma sociedade médica.

A SBACV é sociedade atuante, que procura estar do lado cada

um, que procura defender os nossos interesses e, sobretudo, os

interesses de nossos pacientes, explicou ele.

Em forma de agradecimento pela contribuição que permitiu

que a revista da Regional chegasse ao atual modelo, que integra

conteúdo científico e jornalístico, a Diretoria da SBACV-RJ pres-

tou homenagem aos ex-Diretores de Publicação da revista. Dr.

Julio Cesar Peclat de Oliveira, atual Diretor de Publicações, fez a

entrega das placas. Dr. Peclat assumiu a revista em janeiro des-

te ano, e logo propôs mudanças no projeto editorial e gráfico.

Entre outras alterações, a revista conta agora com um número

maior de páginas, uma entrevista exclusiva a cada edição, além

da capa, que deixou para trás o modelo usado há anos.

Na oportunidade, os ex-Diretores de Publicação recordaram

sua gestão e comentaram a evolução constante da revista. Dr.

Luiz Alexandre Essinger, destacou a força da revista, que não

Visita aos expositores

“...a revista conta agora com

um número maior de páginas,

uma entrevista exclusiva

a cada edição, além da capa,

que deixou para trás o modelo

usado há anos.”

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39Março / Abril - 2012

só se mantém como cresce a cada gestão. “Só o fato da revista

se manter já é interessante. Muitas publicações acabam sendo

deixadas por falta de patrocínio, de interesse para publicação

e por outros motivos também”, disse ele. “A revista foi criada

de forma muito carinhosa e cresceu rápido”, relembra Dr. Paulo

Marcio Canongia. “A Regional merece uma revista de excelên-

cia como a que recebi durante o último Encontro. Desejo muito

sucesso a esse jovem altamente promissor, Dr. Julio Peclat”, elo-

giou Dr. Ney Abrantes Lucas.

Dr. José Amorim de Andrade lembrou das mudanças da

Regional e relacionou a comunicação com força da Sociedade.

“Quanto mais intensa, vigorosa e multifacetada for a comuni-

cação, mais saudável e robusta será essa instituição”, falou.

“A revista continua sua evolução de acordo com o momento

que vivemos, sempre inovando o seu visual sem, no entanto,

perder a sua característica principal, que é informar e divul-

gar a nossa especialidade”, defendeu Dr. Marco Antonio Alves

Azizi. “A revista continua muito boa. É excelente o trabalho

realizado pelo Dr. Julio Peclat e sua equipe”, parabeniza Mar-

cio Arruda Portilho.

Receberam também a placa os Drs. Sergio Meirelles e Antonio

J. Monteiro.

Dr. Camarinha recebeu homenagem dos já antigos colegas

Ex-Diretores da Publicação foram homenageados Drs. José Amorim de Andrade e Paulo Marcio Canongia receberam a placa da Diretoria

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Convidados

Internacionais

o Encontro de Angiologia e de Cirurgia Vascular há tem-

pos tem se mostrado como uma importante oportu-

nidade de intercâmbio de informações. A cada ano, a

lista de convidados internacionais se renova e são recebidos no

Rio de Janeiro importantes especialistas, vindos de diferentes

regiões do mundo. Este ano, o Encontro se superou ao trazer

cinco convidados internacionais, dentre eles os expoentes nas

especialidades, os Drs. Juan Carlos Parodi e Joseph S. Coselli. O

Presidente da SBACV-RJ, Dr. Carlos Eduardo Virgini e a Direto-

ria da Regional agrade-

cem em especial aos

esforços do Dr. Marcelo

Ferreira, que trabalhou

para que os conceitua-

dos convidados inter-

nacionais participassem

do Encontro.

Dr. Joseph Coselli,

chefe do Departamen-

to de Cirurgia da Baylor

College of Medicine,

participou do Encontro como palestrante dos temas: evolução

do tratamento do aneurisma da aorta torácia - meio século de

evolução; escolha seu veneno no reparo da aorta proximal -

aberto, híbrido ou puramente endovascular; e ainda foi modera-

dor de uma das mesas. “Ele é um dos cirurgiões cardiovasculares

mais famosos do mundo. É a pessoa que tem a maior experiên-

cia em aneurismas”, explicou Dr. Marcelo da Volta Ferreira.

Para Dr. Coselli um encontro que reúne a indústria é uma for-

ma de ajudar a introduzir novas tecnologias e avançar no cam-

po da cirurgia vascular.

“A importância de um

evento como este é reu-

nir alguns dos experts

mundiais para discuti-

rem entre si. Isso, além

da oportunidade de

educar os especialistas

com menos experiência

que queiram melhorar

o que fazem em relação

aos cuidados com a saú-

de da população”, disse ele.

Perguntado quais os desafios para se obter sucesso no trata-

mento de pacientes portadores de Aneurisma da Aorta Abdomi-

nal (AAA), Dr. Coselli respondeu: “Para citar alguns deles temos o

desenvolvimento contínuo da tecnologia, aparelhos melhores e

menores que são mais simples e seguros para serem usados. Exis-

tem também os desafios a longo prazo, que incluiriam os proble-

mas que ainda encaramos em alguns pacientes, particularmente

indolência e melhorias na durabilidade a longo prazo”.

Dr. Juan Carlos Parodi, pioneiro no tratamento endovascu-

lar dos aneurismas da aorta abdominal, apresentou os temas:

prostaglandina no tratamento da tromboangeíte e do atero-

Especial

“Este ano, o Encontro se superou ao

trazer cinco convidados internacionais,

dentre eles os expoentes nas

especialidades, os Drs. Juan Carlos

Parodi e Joseph S. Coselli.”

Dr. Joseph Coselli

41Março / Abril - 2012

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embolismo periférico; vinte anos após a primeira publicação do

tratamento endoluminal de aneurismas; reversão de fluxo: por

que é o melhor sistema de proteção cerebral. “É uma figura his-

tórica da cirurgia vascular, ele foi o primeiro fazer uma cirurgia

de aneurisma. Ele é o atlas que carrega o mundo endovascular,”

define Dr. Marcelo da Volta Ferreira.

Para Parodi, um evento como este é importante, pois se dis-

cutem assuntos que ainda não estão nos livros. O especialista

acredita que o treinamento é essencial para se obter sucesso nas

cirurgias de AAA. “Todos os nossos jovens médicos e residentes

estão aprendendo muito rapidamente e realizando os procedi-

mentos em alguns meses”, disse ele.

O americano Christian Bianchi ministrou as palestras a endo-

prótese Gore C3 reposicionável; lições aprendidas em um hospi-

tal militar americano; e a equipe de preservação de membros.

Participou também como moderador, na mesa casos desafio.

“Eu acho que a liderança que vocês têm aqui no Brasil é incrível”,

elogiou Dr. Bianchi.

O Diretor do Centro de Doença da Aorta (UNC), do Pro-

grama de Cirurgia Vascular e Professor Associado de Cirurgia e

Radiologia, Dr. Mark A. Farber, participou como debatedor no

café da manhã com especialistas e como moderador na mesa

casos desafio, junto com outros colegas estrangeiros. “É mui-

to importante fazermos um evento como este. É preciso que as

informações cheguem aos médicos que não têm tanta prática”,

justificou ele.

Dra. Lynne Farber, dos Estados Unidos, professora assisten-

te da Universidade de Carolina do Norte, palestrou sobre a con-

duta nas complicações dos acessos venosos centrais.

Dr. Juan Carlos Parodi

Dr. Christian Bianchi

Dr. Mark A. farber

42 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

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Especial

VI Encontro dos

Residentes do Rio de Janeiro

o já tradicional Encontro Regional de Angiologia e de

Cirurgia Vascular reserva, para seu primeiro dia, um

encontro entre residentes. Idealizado há mais de cin-

co anos pelo atual Diretor de Eventos da Regional, Dr. Rossi Mu-

rilo, o evento tem conquistado a cada edição mais participantes,

aproximando a Regional dos futuros especialistas e oferecendo

a eles a oportunidade de praticarem em simuladores e também

de apresentarem seus trabalhos. O VI Encontro de Residentes

aconteceu no dia 22 de março, no Windsor Hotel, e contou com

a participação de mais de 40 residentes.

Grupos de estudos práticos, assim pareciam as mesas com os

simuladores. Apesar de o aparelho ser manipulado por um só resi-

dente, a simulação era conduzida em conjunto, através das opini-

ões e argumentações daqueles que cercavam o aparelho. “É me-

lhor trocar de cateter”, aconselhavam os residentes que assistiam.

Os simuladores disponibilizados pelas indústrias têm pro-

gramadas várias lesões, diversos tipos de casos e doenças. O

residente escolhe o caso e o grau de dificuldade e inicia o pro-

cedimento, selecionando quais materiais serão usados. Para o

coordenador do Encontro, Dr. Bernardo Massière, é importan-

te que o profissional no início da sua formação tenha ideia das

dificuldades e os desafios que estão por vir nos próximos anos.

“A partir da simulação é possível avaliar o comportamento dos

materiais no corpo humano, em artérias com tortuosidades, e

como esse material se comporta em situações extremas e desa-

fiantes. Então o simulador acaba antecipando para o residente

os pontos que ele tem que desenvolver para poder crescer pro-

fissionalmente, tecnicamente”, explica Dr. Massière.

Para permitir que os residentes tivessem acesso a todos os

aparelhos, os participantes foram divididos em sete grupos, que

revezavam as mesas. Os responsáveis pelos simuladores expli-

cam que existem diferentes níveis de complexidade, que podem

ser alteradas de acordo com o desempenho de cada residente.

O aparelho também simula as condições clínicas do “paciente”,

que durante a simulação pode até ir a óbito. “O objetivo prin-

cipal do simulador é realmente acelerar o aprendizado do mé-

dico, porque ele tem a possibilidade de treinar primeiro numa

máquina para depois ir para um procedimento real”, destacou

Marcos Mattar, gerente de vendas e marketing para o Brasil da

linha vascular de cardiologia da Johnson.

A verossimilhança dos simuladores demandava alta atenção dos residentes

Grupo de residentes opina sobre o caso que está sendo simulado

43Março / Abril - 2012

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ARTIGOS

Às 16h começaram as apresentação dos temas livres e rapi-

damente a sala se encheu. Tantos quiseram prestigiar as apre-

sentações, que a sala ultrapassou a sua capacidade de espec-

tadores, alocando os últimos que chegaram ao fundo. Foram

selecionados oito artigos para apresentação, dos quais o inti-

tulado “Qual a melhor via de acesso para o tratamento endo-

vascular da Síndrome de May & Thurner?”, do Centervasc-Rio,

recebeu a primeira colocação. O artigo apresentado pelo Dr.

Daniel M. F. Leal, foi o melhor avaliado pela comissão julgadora,

composta pelos Drs. Paulo Marcio Canongia, Adalberto Pereira

da Silva, Rossi Murilo da Silva e Bernardo Massièri. Na avaliação,

foi levada em consideração a relevância do tema e o aproveita-

mento do tempo oferecido para apresentação.

O segundo lugar foi dado para o trabalho do Serviço de Cirur-

gia Vascular do Hospital Federal da Lagoa, com o artigo “Trata-

mento endovascular para exclusão de pseudoaneurisma e fístu-

la pós-trauma - Uma opção ao acesso aberto”, apresentado por

Daniel Lustoza. A terceira colocação ficou com o artigo “Trata-

mento endovascular da úlcera de aorta abdominal rota – Relato

de caso”, apresentado pela Cláudia Amorim, do Serviço de Cirur-

gia Vascular do Hospital Universitário Pedro Ernesto - UERJ.

Os resumos dos artigos apresentados podem ser apreciados

na próxima página.

Dr. Marcos Poleto, foi um dos residentes que manuseou o si-

mulador e se disse admirado com a fidelidade do aparelho. “Eu

acho que o espaço dessa simulação é fundamental para o cirurgião

em formação, para que nos momentos críticos, em que é preciso

tomar uma decisão, saibamos as possibilidades. É impressionante

como se parece com o procedimento real,” disse ele.

A residente Wanessa Franco também simulou um caso e fi-

cou impressionada. “É sensacional. Simula perfeitamente o que

é na prática. É a maneira perfeita para treinar”, concluiu. Foram

oferecidas aos residentes duas horas de simulação, em sete apa-

relhos diferentes.

NOVIDADES PARA OS RESIDENTES

Dr. Carlos Eduardo Virgini, Presidente da SBACV-RJ, fez a

abertura das apresentações dos Temas Livres, e aproveitou a

oportunidade para comunicar novidades para os residentes. Dr.

Virgini falou sobre a proposta de que todos os residentes se tor-

nem sócios; adiantou uma nova funcionalidade do site da Regio-

nal, que está sendo reformulado e que passará a disponibilizar

para os sócios artigos na íntegra; e sobre canal que será criado

no Youtube, que reunirá os vídeos dos Encontros Cariocas e das

palestras realizadas pela Sociedade.

O Presidente da Regional também anunciou que conta com

o apoio dos residentes nas produções científicas, tendo como

proposta inicial o levantamento da prevalência de pé diabético

no Rio de Janeiro. “Vamos contar com a participação de vocês

para levantar esses dados em cada hospital que vocês traba-

lham. A Regional precisa muito mais de vocês que vocês dela.

Participem da Sociedade”, disse Dr. Virgini.

Comissão julgadora

Sala cheia na hora da apresentação dos artigos

Dr. Carlos Eduardo Virgini pretende aproximar os residentes da Regional

44 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

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PRIMEIRo CoLoCADo Qual a melhor via de acesso para o tratamento endovascular da Síndrome de May & Thurner?

Autores: Daniel M. F. Leal, Marcos G. Poletto, Bernardo Massière, Alberto Vescovi, Marcos Arêas Marques, Arno von Ristow e Antonio Luiz de Medina - Centervasc-Rio - Curso de Pós-Graduação em Cirurgia Vascular e Endovascular da PUC-Rio

objetivoA recanalização venosa nos pacientes com Síndrome de May & Thurner (SMT) por via femoral, frequentemente, é impossível. Avaliamos as taxas de sucesso na recanalização venosa em três vias de acesso.

Material e MétodosEstudo retrospectivo, avaliando a taxa de sucesso de restauração do fluxo venoso iliocaval esquerdo em portadores de obstrução venosa crônica associada à SMT, tratados no Centervasc-Rio, no período de março de 2002 a fevereiro de 2012, levando em consideração a via de acesso utilizada para o tratamento. Foram excluídos os casos associados com trombose venosa aguda. Realizada simultaneamente revisão da literatura no PubMed.

ResultadosForam realizadas 20 cirurgias no período, com as seguintes taxas de sucesso terapêutico: via femoral - 67% (8/12), via poplítea - 67% (2/3) e via jugular - 80% (4/5).

ConclusãoA via jugular foi a que apresentou a maior taxa de sucesso, sendo a melhor alternativa para a realização do procedimento em pacientes portadores de síndrome pós-trombótica.

SEGUnDo CoLoCADo Tratamento endovascular para exclusão de pseudoaneurisma e fístula pós-trauma. Uma opção ao acesso aberto

Autores: Daniel Lustoza, Joana Babo, Paulo Roberto Gonçalves, Átila Brunet Di Maio e Vasco Lauria - Cirurgia Vascular do Hospital Federal da Lagoa

objetivoApresentar o tratamento endovascular como uma alternativa ao acesso dos vasos subclávios.

Material e MétodosPaciente masculino vítima de trauma por PAF evoluiu com edema e tumoração em região supraclavicular. Foi atendido em serviço de emergência na ocasião do acidente e não foi identificada lesão vascular. O paciente vem encaminhado de outra unidade para resolução da complicação tardia.

ResultadosBoa exclusão do pseudoaneurisma e do pertuito da fístula. Follow up de sete meses com sucesso clínico.

ConclusãoA exclusão endovascular de lesões dos vasos subclávios é uma boa alternativa ao acesso tradicional, podendo ser utilizado mesmo em lesões vinculadas ao trauma.

TERCEIRo CoLoCADo Tratamento endovascular da úlcera de aorta abdominal rota - Relato de caso

Autores: Cláudia Amorim, Raphaella Gatts, Robert Eudes, Cristiane Araújo Gomes, Bernardo Barros, Cristina Rigueti, Felipe Fagundes, He-len Pessoni, Leonardo Castro, Monica Mayall, Salomon Amaral, Jaqueline Barreto, Eduardo Rodrigues Neto, Talitta Pires de Souza e Carlos Eduardo Virgini Magalhães - Hospital Universitário Pedro Ernesto - UERJ

objetivoRelato de caso de um paciente com úlcera penetrante de aorta abdominal rota contida.

MétodoPaciente de 65 anos, masculino, com quadro clínico de dor lombar de forte intensidade com dois anos de evolução. A TC de abdome com contraste identificou volumoso pseudoaneurisma de aorta abdominal que se estendia até a pelve com compressão renal. O paciente foi submetido a tratamento endovascular com endoprótese monoilíaca ocluindo o ponto de rotura e ponte ilíaco-femoral cruzada.

ResultadosO paciente evoluiu de maneira satisfatória, com desaparecimento da dor abdominal. Na TC de controle três meses após o procedimento observamos redução do hematoma e ausência de endoleaks.

Conclusão A úlcera penetrante de aorta é uma patologia incomum e ainda menos frequente no segmento abdominal. A rotura transmural está asso-ciada a um prognóstico reservado. Em apenas 8% destes pacientes a rotura apresenta-se tamponada o que pode facilitar sua abordagem, mas atrasar o seu diagnóstico.

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46 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

Raio-X

Meio século de docência do

Hospital Universitário Pedro ErnestoCarlos Eduardo Virgini Magalhães - Coordenador da UDA de Cirurgia Vascular HUPE - UERJ e Presidente da SBACV-RJ

no próximo ano a Cirurgia Vascular no Hospital Univer-

sitário Pedro Ernesto faz 50 anos. Nomes como An-

tônio Luiz de Medina, Paulo Sergio Gomes da Costa,

José Carlos B. Cortes, Álvaro Medrado Camelier e Ricardo Antô-

nio Portugal, ajudaram a criar e a consolidar ao longo de tantos

anos o Serviço que, desde então, tem ensinado e influenciado

um grande número de cirurgiões de vários cantos do Brasil.

Esta história tem início em 1960, pelo Prof. Medina, com a

criação da Sessão de Cirurgia Vascular da 1ª Clínica Cirúrgica, na

época “comandada” pelo Professor Titular de Cirurgia Manoel

Cláudio da Motta Maia. Em 1963 enfim se estabeleceu oficial-

mente uma parceria entre dois nomes que já vinham seguindo

os passos do Prof. Medina: José Carlos Bastos Côrtes, mineiro de

além Paraíba, recém-saído do Serviço do Prof. Augusto Paulino,

e Álvaro Medrado Camelier, apresentado ao Prof. Medina por

Amélio Pinto Ribeiro e Algy de Medeiros. Dr. Côrtes recebeu a

Há tempos sem publicação, a seção Raio-X retorna à revista da SBACV-RJ. A seção tem como principal objetivo apresentar os

Serviços de Cirurgia Vascular do Estado do Rio de Janeiro e, de forma oportuna, publicamos nesta edição o atual perfil do Servi-

ço Unidade Docente Assistencial de Cirurgia Vascular do Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ), chefiado pelo Presidente

da SBACV-RJ, Dr. Carlos Eduardo Virgini Magalhães. O serviço comemora este ano o seu quinquagenário, em meio a reformas

em busca de melhorias.

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chefia do Serviço em 1969 das mãos do Prof. Medina e até sua

saída em 2003 dedicou-se a formar cirurgiões vasculares - seu

maior legado à Cirurgia Vascular do nosso país.

Dr. Côrtes permaneceu como chefe até seu afastamento

compulsório da Universidade em junho de 2003, quando então

assumimos a coordenação do Serviço que já se chamava Unidade

Docente-Assistencial (UDA) de Cirurgia Vascular. Há alguns anos, a

criação da UDA de Cirurgia Vascular, que passou a reunir a Disciplina

da Faculdade de Ciências Médicas e o Serviço de Cirurgia Vascular

do HUPE-UERJ, procurou contemplar as necessidades docentes e

assistenciais, impossíveis de serem separadas em um Hospital Uni-

versitário, oficializando o que já existia na prática: a coordenação

única da Disciplina (Faculdade) e do Serviço (Hospital).

As atividades da UDA de Cirurgia Vascular estão divididas

entre o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) e a Policlí-

nica Piquet Carneiro (PPC-UERJ). No HUPE são realizadas as in-

ternações clínicas e cirúrgicas, procedimentos endovasculares, e

cirurgias de médio e grande porte. Na PPC-UERJ são realizadas

as cirurgias ambulatoriais (confecção de FAV e varizes de MIS)

e todo o atendimento ambulatorial. O ambulatório da Cirurgia

Vascular foi “batizado” como Ambulatório de Cirurgia Vascular

Álvaro Medrado Camelier, em homenagem aos 30 anos de sua

dedicação ao antigo PAM São Francisco Xavier, hoje Policlínica

Piquet Carneiro. O atendimento no ambulatório é dividido por

patologias em dias de atendimento diferentes:

47

- Carlos Eduardo Virgini;

- Felipe Borges Fagundes;

- Helen Cristian Pessoni;

- Cristiane Ferreira de A. Gomes;

- Leonardo de Castro;

- Bernardo Senra Barros;

- Monica Rochedo Mayall;

- Jaqueline Luisa W. Barreto;

- Salomon Amaral;

- Claudia Amorim (R3);

- Raphaella Gatts (R2);

- Robert Eudes (R2);

- Eduardo de Oliveira R. Neto (R1);

- Talita Cristiane P. de Souza (R1).

ATUALMEnTE fAzEM PARTE DA EQUIPE DE MÉDICoS

E RESIDEnTES DA UDA DE CIRURGIA VASCULAR:

- Doenças da aorta;

- Doenças da carótida;

- Pé diabético;

- Fístulas arteriovenosas;

- Revascularização infrainguinal;

- Triagem;

- Claudicação;

- Procedimentos endovasculares.

A divisão dos ambulatórios tem como objetivo organizar o

atendimento e priorizar a pesquisa em diferentes áreas da Cirur-

gia Vascular – uma experiência que vem dando certo com a im-

plementação de protocolos de acompanhamento de patologias

vasculares diversas.

O programa de Residência Médica em Cirurgia Vascular, re-

conhecido pelo MEC, funciona desde 1974, quando a Universida-

de ainda chamava-se UEG (Universidade do Estado da Guana-

bara). Tem duração de dois anos e conta com duas novas vagas a

cada ano (pré-requisito em Cirurgia Geral) além de uma vaga de

R3 em Cirurgia Endovascular. Passam pelo Serviço anualmente

cinco residentes de Cirurgia Vascular (dois R1, dois R2 e um R3),

residentes da Cirurgia Geral e de outras especialidades cirúrgi-

cas, além de pós-graduandos de outros programas cirúrgicos da

Universidade. Entre os diferenciais que oferecemos aos médi-

cos residentes estão um programa teórico de qualidade, treina-

mento com ultrassonografia vascular, o movimento de Cirurgia

Endovascular que vem crescendo sistematicamente desde que

foi implantado em 2006, e um site do Serviço no qual se mistura

educação continuada, organização administrativa e convivência

social (www.vascularuerj.wordpress.com).

Além da Residência Médica (pós-graduação latu sensu), a

UDA realiza atividades docentes na graduação, com aulas práti-

cas e teóricas para cursos de graduação médica, de fisioterapia e

de enfermagem, e atividades de pós-graduação (strictu sensu).

Nos últimos anos, a produção científica da UDA deu um salto

de qualidade através da reorganização da assistência e a criação

de parcerias entre a Cirurgia Vascular, laboratórios de pesquisa da

UERJ e a FAPERJ. Esta iniciativa entre a pesquisa básica e uma

especialidade cirúrgica começa agora a dar frutos importantes.

A filosofia de trabalho dentro da UDA de Cirurgia Vascular tem

como objetivos o ensino e a pesquisa, apoiados em um forte com-

promisso com uma assistência de qualidade e integrada ao SUS.

Finalizamos esta apresentação ressaltando o orgulho de

pertencer a esta Universidade e afirmando que nosso grupo

continua motivado como há 50 anos, quando a Cirurgia Vascular

apenas começava.

Dr. José Carlos B. Côrtes, Dr. Carlos Eduardo Virgini e

Dr. álvaro medrado Camelier

Março / Abril - 2012

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48 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

Memória Vascular

“Quem acha vive se perdendo.Por isso agora eu vou me defendendo.Da dor tão cruel desta saudade.

Dr. José Luís Camarinha do Nascimento Silva

o tão falado e debatido calendário maia aponta o fim

do mundo para o dia 21 de dezembro de 2012.Será

que o nosso fim do mundo particular, o “armagedon

vascular”, estava programado para antes desta data fatídica?

Que ano mais terrível para todos nós.

No primeiro ato, retirou do nosso convívio o Professor Fer-

nando Duque, último dos nossos fundadores vivos. Escrevi na-

quela ocasião que com o desaparecimento do Professor Fernan-

do Duque encerrava-se a era da fundação e se iniciava a era da

continuidade da SBACV.

Graças ao espírito altaneiro daqueles que, em 1952, criaram

a Sociedade Brasileira de Angiologia, naquela ocasião ainda um

ramo da Medicina em busca de sua própria identidade, estes

primeiros 60 anos testemunharam a afirmação de duas espe-

cialidades médicas bem delineadas – a Angiologia e a Cirurgia

Vascular. Se existimos, a eles devemos o tributo.

Entretanto, não somente os fundadores são os responsá-

veis. Generosamente, aceitaram dividir esta honra com uma

incontável legião de abnegados que mantiveram a SBACV cada

vez mais forte, roubando tempo de suas famílias e de seus pa-

cientes, a fim de dirigirem nossa entidade e lutarem por todos

nós. Mal, portanto, se iniciara esta nova era, a da continuidade,

e 2012 nos reservara mais um duríssimo golpe. No dia 30 de mar-

ço, falece o Professor Emil Burihan.

Professor Titular da Escola Paulista de Medicina, Emil Bu-

rihan montou um Serviço de Cirurgia Vascular que pode rivalizar

com quaisquer outros de quaisquer países, capaz de tratar toda

a gama da doença do aparelho circulatório e detentor de todas

as técnicas que surgiram em ritmo avassalador. Entretanto, o

Serviço de Cirurgia Vascular da EPM não atingiu seu ápice ape-

nas no aspecto assistencial. Sua mais completa vocação foi o en-

sino e a formação de novos especialistas, mestres e doutores. O

número de angiologistas e de cirurgiões vasculares que devem

parte ou o todo de sua formação, médica e acadêmica, a esta

disciplina é incontável.

Não há dúvida que esse marcante traço da disciplina de Cirur-

gia Vascular da EPM traz implícito o DNA do Professor Emil Bu-

rihan. Emil era um professor, no sentido mais estrito do termo.

Tinha a vocação do ensino nas suas veias, nas suas artérias e nos

seus linfáticos. Seu legado acadêmico é inestimável, com muitos

nomes de grande importância, mas pode bem ser representado

pelo Professor Fausto Miranda Jr., seu discípulo dileto e que hoje

ocupa o lugar que o mestre deixou vago com sua aposentadoria.

Que, por infelicidade,Meu pobre peito invade.”(Noel Rosa e Vadico – Feitio de Oração)

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49Março / Abril - 2012

Na SBACV, o Professor exerceu a Presidência nos anos de

1975 a 1977. Não há atividade ligada ao ensino ou à formação

nesta Sociedade que não tenha um “sabor Burihan”.

Participou de todos os concursos de Título de Especialista,

desde o primeiro, em 1973. Atuou longamente como membro

da banca examinadora e nos últimos anos como Assessor Espe-

cial de Educação Continuada.

Em todos os congressos, jornadas, encontros ou reuniões cien-

tíficas da SBACV-SP e de outras Regionais, provavelmente foi o pri-

meiro a chegar. Em raríssimas ocasiões estive em algum Congres-

so, no Brasil ou no exterior, que lá não encontrasse o Professor.

Se o nome de Rubens Mayall personificava a Angiologia bra-

sileira em todo o mundo nas décadas de 50, 60 e 70, o nome Emil

Burihan preencheu esse espaço com brilhantismo e naturalidade.

No meio vascular dos continentes americano e europeu, o

nome de Emil Burihan jamais deixará de ser reconhecido por

todos, especialmente pelos grandes nomes internacionais de

nossas especialidades. Emil Burihan tornou-se, assim, sinônimo

da Angiologia e da Cirurgia Vascular brasileira. Homenagens em

vida foram inúmeras.

Por razões óbvias, a que mais me cala na alma, foi a que pres-

tamos ao mestre, no Congresso Pan-americano de Cirurgia Vascu-

lar, em 2002. Foi nosso primeiro homenageado brasileiro, ele que

jamais faltou a nenhum dos nossos Congressos Pan-americanos.

Na verdade, mal sabia ele, mas os verdadeiros homenageados

éramos nós, Enrico Ascher, Sergio Meirelles e eu, que nos sentía-

mos extremamente prestigiados e felizes pela aceitação daquela

tão singela homenagem e que tanto engrandecia o Congresso.

Conheci o professor Emil Burihan desde os tempos da minha

Residência Médica, no início dos anos 80. Contudo, tive o privilégio

de conviver intensamente com o mestre desde que ingressei como

membro da Comissão Científica da SBACV, em 2002, graças à ge-

nerosidade do Presidente Marcio Leal de Meirelles, até o término

da minha gestão à frente da SBACV, em 2009. Neste convívio pude

conhecê-lo melhor. Conhecer melhor o homem, eu que o via sem-

pre como o excelso mestre. E que homem Emil era! Espirituoso,

amável, amoroso e apaziguador. Sempre aberto ao diálogo, sem-

pre o contemporizador das eventuais rusgas que surgissem entre

nós, os “confinados” da banca examinadora, sujeitos às tensões

próprias da situação. Só não transigia nas questões filosóficas, so-

bre as quais tinhas seus pontos de vista irredutíveis – jamais admitiu

quaisquer atitudes que ferissem nossas próprias leis.

Outro aspecto importante e que todos cuidávamos era que

ninguém deveria referir-se ao São Paulo Futebol Clube com iro-

nia ou deboche. Nestas raras ocasiões, nas quais algum desavi-

sado transgrediu essa pequena regrinha de convivência, surgia

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50 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

a “fera” Emil. Houve uma ocasião na qual um certo palmeirense

tanto chateou o Professor, que não fora a intervenção rápida de

alguns de nós, ele teria se esborrachado na calçada, 20 metros

abaixo do andar do hotel onde palmeirenses e são-paulinos as-

sistiam a uma partida entre as duas agremiações.

Todos nós que com ele pudemos conviver e beber da sua

fonte, aprendemos muito. Eu, particularmente, poderia dizer

que ele foi um dos responsáveis pelo abrandamento da minha

personalidade, sempre aconselhando, como um pai.

Era assim que eu o via. Um pai. Sinto-me órfão pela segunda

vez em minha vida. Além de todas as qualidades, como estereó-

tipo do árabe, eu via nele figuras muito queridas com quem vivi

muitos anos, fruto do meu casamento com uma descendente de

família libanesa. O chamava de “iaiune”, palavra árabe que signi-

fica luz dos meus olhos. Muitas vezes, conversamos sobre

as tradições e os costumes das famílias dessa origem. Pen-

so que isto nos aproximou ainda mais.

A última oportunidade de estar com ele foi no 26º En-

contro de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Ja-

neiro, realizado há poucos dias do momento presente.

Neste evento, realizou-se a IV Convenção Nacional da

SBACV, presidida pelo Dr.Calógero Presti e uma reunião

do Conselho Superior da SBACV, que marcou meu ingres-

so nesta corte de notáveis, eu que de notável nada tenho.

Fui saudado pelo meu querido irmão Airton Frankini a

quem coube coordenar esta reunião e estava sentado ao

lado do Professor. Penso que, para o resto dos meus dias, trarei

sua imagem gravada na retina, aplaudindo-me, com os demais,

carinhosamente.

Que 2012 terrível!

Entretanto, tenho a mais absoluta certeza que, lá no céu, o

querido amigo e mestre não admitirá que esmoreçamos. Com

o empréstimo de sua força, com o seu exemplo e com os seus

ensinamentos, derrotaremos as intenções deste ano e a SBACV

continuará forte, coesa e representativa dos ideais firmados pe-

los nossos fundadores.

Emil, “iaiune”, isto não é um adeus. É um até breve.

Que Deus o acalente em seus braços e que a confraria vascu-

lar celeste, agora muito enriquecida, continue reunida e velando

por todos nós e pela SBACV terrestre.

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Informangio

Convenção

Nacional

Notas de falecimento

Aconteceu no dia 22 de março, no Rio de Janeiro, a Con-

venção Nacional da Sociedade Brasileira de Angiologia

e de Cirurgia Vascular (SBACV). Dentre os assuntos de-

batidos, estava alteração da nota mínima da prova de título de

especialista, a agilização do projeto Diretrizes e a comemoração

dos 60 anos da Sociedade.

A reunião ocorreu durante o Encontro Carioca, o que permitiu

que a Convenção desfrutasse de toda a estrutura preparada para

o evento da Regional. Na Convenção, o Conselho Científico suge-

riu a instituição da nota mínima sete em todas as três fases do

concurso de título de especialista, e não apenas na primeira. Des-

ta forma, pretende-se evitar disparidades entre as notas.

Para tornar mais rápido o processo de elaboração do Projeto

Diretrizes, foi proposta a formação de pequenos grupos para re-

digir cada tema. Através desta divisão, busca-se tornar o debate

mais produtivo.

Outro tema abordado na Convenção foi a comemoração dos

60 anos da Sociedade, que tem festa marcada para o dia 30 de

novembro, em São Paulo. Dr. Ivanésio Merlo, Diretor de Publica-

ções da Nacional, falou sobre o livro que está sendo preparado

para a comemoração do sexagenário, que contará a história da

SBACV dividindo-a por décadas.

Dr. José Luís Camarinha do Nascimento, Conselho Superior

da Nacional, falou sobre as contas econômicas da sociedade,

apresentadas na Convenção. “Estamos atravessando um mo-

mento delicado, porém é um momento que todos nós, cada um

de nós, vamos ter que estar muito unidos para fazer a sociedade

conseguir atravessar essa fase com certa tranquilidade e chegar

a um porto seguro”, explicou ele.

A SBACV-RJ comunica, com grande pesar, o falecimento

do Professor Emil Burihan e do Dr. Rossino Baccarini

Neto, sócio efetivo da Regional.

O Professor Emil sempre foi um grande amigo de nossa Re-

gional, um verdadeiro pai que nunca se furtou de nos ajudar com

seus conselhos e sua sabedoria. Querido mestre, querido amigo,

nossa Sociedade fica irremediavelmente empobrecida, mas o

céu está em festa.

Você será eternamente o exem-

plo maior para todos nós - exemplo

de devoção à angiologia e à cirurgia

vascular.

Fiquem com Deus, ao lado de

tantos outros amigos que já nos deixaram.

A SBACV-RJ recebeu diversas mensagens de condolência e

as publicará no site da Regional.

Diretoria da SBACV-RJ

51Março / Abril - 2012

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Dr. Adalberto Pereira toma posse no CBC

n o dia 03 de abril de 2012, tomou posse no Colégio Bra-

sileiro de Cirurgiões (CBC) o Vice-Presidente da SBA-

CV-RJ, Dr. Adalberto Pereira de Araújo. Dr. Adalberto

compõe agora a Diretoria da Seção Especializada do Núcleo

Central de Cirurgia Vascular do CBC.

Informangio

Primeira

Reunião Científica do ano

foi realizada no dia 19 de abril de 2012, no Centro de Con-

venções do CBC, a primeira Reunião Científica da Socie-

dade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do

Rio de Janeiro deste ano.

Os primeiros meses de 2012 foram dedicados ao Encontro

Regional, que devido à sua proporção, demanda grande atenção

da Diretoria da Sociedade. Agora, as atenções estão focadas nas

Reuniões Científicas, que em breve terão sua realização fora de

sede. Tradicionalmente realizada na última quinta-feira do mês,

a 528ª Reunião foi antecipada, devido à realização de eventos

no mês de abril.

Além dos pontos creditados pelo Conselho Nacional de Acre-

ditação para revalidação do título de especialista, a participação

na Reunião Científica pode render a um dos autores dos artigos

apresentados a ida ao VEITHsymposium, através do 1º Prêmio

Dr. Rubens Carlos Mayall. O regulamento do prêmio institui que

para concorrer, além de ser publicado na revista, o relato deve

ser apresentado em uma das Reuniões Científicas da Regional.

Nesta edição, foram apresentados os artigos “Tratamento

híbrido de aneurisma de arco aórtico”, “Síndrome de May Thur-

ner” e “Ecografia vascular nas fístulas arterio-venosas – Apre-

sentação de casos”.

Entrega de certificado aos novos sócios

Dr. Adalberto e sua família durante a sessão de posse

Drs. Carlos Peixoto, Carlos Virgini, Patrícia

Thorpe, Arno von Ristow e

Adalberto Pereira

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SBACV no

Conselho Deliberativo da AMB

Parabéns aos aprovados

Pela primeira vez, a Sociedade Brasileira de Angiologia

e de Cirurgia Vascular (SBACV) fará parte do Conselho

Deliberativo da Associação Médica Brasileira. Quatorze

entidades foram eleitas para o fórum. Cerca de 30 pessoas par-

ticiparam da votação.

O Conselho Deliberativo existe desde 1951 e suas gestões

são de três anos. O diretor de defesa profissional da SBACV, Dr.

Fernando Macedo, será o representante do presidente da Socie-

dade, Dr. CalógeroPresti, no Conselho.

As entidades mais votadas e que ganharam cadeira no Con-

selho foram:

Cirúrgicas: Cirurgia Geral, Coloproctologia, Oftalmologia,

Ortopedia e Traumatologia, Urologia, Angiologia e Cirurgia Vas-

cular, Ginecologia e Obstetrícia.

Clínicas: Anestesiologia, Endocrinologia e Metabologia,

Gastroenterologia, Pediatria e Reumatologia.

SADT: Radiologia e Patologia Clínica.

*Fonte: Site da SBACV.

A Regional do Rio de Janeiro da SBA-

CV tem orgulho de listar os sócios que

foram aprovados no exame de suficiência

na categoria regular e especial para ob-

tenção do título de especialista em cirur-

gia Endovascular.

Parabéns a todos.

CATEGoRIA ESPECIAL:

Alexandre Maceri Midão

Alexandre Molinaro Corrêa

Hanry Barros Souto

Marco Antônio Mannarino T. Ribeiro

Roberto Young Júnior

CATEGoRIA REGULAR:

Cristiane Ferreira de Araújo Gomes

Fábio Monteiro Costa

Felipe Borges Fagundes

Helen Cristian Pessoni

Julio Diniz Amorim

Leonardo da Cruz Ren

Rodrigo Camarinha Rolim G. da Silva

Sergio Almeida Nunes

* A categoria especial é destinada

a médicos formados até 1994.

- Breno França Vieira

- Bruno Miana Caiafa

- Camila Beatriz Silva Magalhães

- Carla dos Santos Cavalcanti da Silva

- Diogo Ribeiro Alves

- Miquelina Imaculata di Candia

- Nirlan Neckir Zamprogno de Souza

Sejam bem-vindos.

Juntaram-se a Regional como sócios aspirantes os Drs.:

Novos sócios

53Março / Abril - 2012

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InTERnACIonAIS

Vascular International Padova

Congress

Data: 28 a 30 de junho de 2012

Local: Europe meets Latin America -

Pádua, Itália

www.vipcongress2012.it

XXV World Congress of the

International Union of Angiology 2012

Data: 01 a 05 de julho de 2012

Local: Prague-Czech Republic

www.iua2012.org

World Trauma Congress 2012 X sBAiT

ConGRESS

Data: 22 a 25 de agosto de 2012

Local: Sulamerica Convention Center, RJ

XXIX Congresso Latino-americano de

Cirurgia Vascular (ALCVA)

Data: 03 a 06 de outubro de 2012

Local: Santa Cruz, Bolívia

XII Panamerican Congresson Vascular

and Endovascular Surgery

Data: 30 de outubro a 03 de novembro

Local: Rio de Janeiro, RJ

Local: Plaza São Rafael Hotel Porto

Alegre, RS

IX Encontro norte/nordeste 2012

de Angiologia, Cirurgia Vascular e

Endovascular

Data: 18 a 20 de outubro 2012

Local: Porto de Galinhas, PE

Sessões de Cirurgia Vascular

Data: Toda 3ª quinta-feira do mês das

19h às 21h

Local: Hospital Barra D’Or, RJ

nACIonAIS

XII Encontro Mineiro de Angiologia e

de Cirurgia Vascular

Data: 22 a 23 de junho de 2012

Local: Hotel Ouro Minas Belo Horizonte, MG

IV Simpósio de Escleroterapia da Rede

de hospitais São Camilo

Data: 23 a 24 de junho de 2012

Local: Auditório do Club Homs, SP

V Congresso Brasileiro de ecografia

Vascular

Data: 23 a 25 de agosto de 2012

Eventos

54 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro

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