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03Março / Abril - 2012
Índice
Palavra do Presidente
Palavra do Secretário
Editorial
Memória Vascular
Raio-X
Especial
Entrevista
Informangio
Eventos
Imagem Vascular
Encontro e Convenção Nacional
Defesa profissional ou defesa do exercícioda Medicina?
Homenagem mais que merecida
05
06
07
48
46
36
32
51
54
Dr. Carlos Eduardo Virgini
Dr. Sergio Silveira Leal de Meirelles
Dr. Julio Cesar Peclat de Oliveira
Dr. José Luís Camarinha do Nascimento Silva
Carlos Eduardo Virgini Magalhães
Dr. Paulo Roberto Mattos da Silveira
Diretoria da Coopangio
Quem acha vive se perdendo.Por isso agora eu vou me defendendo. Da dor tão cruel desta saudade
Anestesia para cirurgia endovascular
Encontro Regional traz Parodi e Coselli
Evolução do CFM
Meio século de docência do Hospital Universitário Pedro Ernesto
Artigo Científico
Interface
Câmara Técnica
Educação Continuada
Coopangio
Giro nas Entidades Médicas
13
09
18
25
30
31
Almar de Assumpção Bastos
Rogério Sarmento
Alberto Coimbra Duque
Pé diabético: Fatores de prevalência
Responsabilidade civil do médico: Atendimento médico durante viagens aéreas
Ainda há espaço para a Propedêutica Vascular?
Afinal, médicos e população de mãos dadas
AMB assume o Certificado de Atualização Profissional
Caso de infecção de endoprótese torácica
22
Drs. Adilson Toro Feitosa, José Ricardo Brizzi Chiani, Tiago Coutas de Souza e Juliana Amaral Tinoco
PresidenteCarlos Eduardo Virgini
Vice-PresidenteAdalberto Pereira de Araújo
Secretário-Geral Sergio Leal de Meirelles
Vice-Secretário Felipe Francescutti Murad
Tesoureiro-Geral Leonardo Silveira de Castro
Vice-Tesoureiro Marcus Humberto Tavares Gress
Diretor Científico Arno von Ristow
Vice-Diretor Científico Carlos Clementino Peixoto
Diretor de Eventos Rossi Murilo da Silva
Vice-Diretor de Eventos Maria de Lourdes Seibel
Diretor de Publicações Científicas Julio Cesar Peclat de Oliveira
Vice-Diretor de Publicações Científicas Marcos Arêas Marques
Diretor de Defesa Profissional Marcio Leal de Meirelles
Vice-Diretor de Defesa Profissional Átila Brunet di Maio Ferreira
Diretor de Patrimônio Breno Caiafa
Vice-Diretor de Patrimônio Eduardo de Paula Feres
Presidente da gestão anterior Manuel Julio Cota Janeiro
Revista de Angiologia e de Cirurgia Vascular
Março/Abril 2012
DEPARTAMEnToS DE GESTãoRelacionamento SUSJoé Gonçalves Sestello,Luiz Alexandre Essinger,Paulo Eduardo Ocke Reise Rubens Giambroni Filho
InformáticaBernardo Senra Barros e Vivian Marino
Projetos InstitucionaisMarco Antonio Alves Azizi e Tereza Cristina Abi Chain
Pós-GraduaçãoFelipe Borges Fagundes e Rita de Cassia Proviett Cury
Educação ContinuadaBernardo Massièri e Cristina Ribeiro Riguetti
DEPARTAMEnTo CIEnTífICoDoenças Arteriais Celestino Affonso Oliveira, Luiz Henrique Coelho e Raimundo Senra Barros
Doenças Venosas João Augusto Bille, José Amorim e Maria Lucia Macaciel
Doenças Linfáticas Antonio Carlos Dias Garcia Mayall, Francisco Martins e Lilian Camara
Métodos Diagnósticos não Invasivos Carmen Lucia Lascasas, Clóvis Bordini Racy Filho e Luiz Paulo Brito Lyra
Angioradiologia e Cirurgia Endovascular Cristiane F. de Araújo Gomes, Leonardo Lucas e Marcelo da Volta Ferreira
Cirurgia Experimental e Pesquisa Ana Cristina Marinho, Monica Rochedo Mayall e Nivan de Carvalho
Microcirculação Mario Bruno Lobo, Patricia Diniz e Solange Chalfun de Matos
Trauma Vascular Fúlvio Toshio de S. Lima Hara, Rodrigo Vaz de Melo e Rogério A. Silva Barros
Fórum Científico Ana Asniv Hototian, Helen Cristian Pessoni e Luis Batista Neto
DIREToRIAS SECCIonAISCoordenaçãoGina Mancini de Almeidanorte Eduardo Trindade Barbosanoroeste - 1 Eugenio Carlos de Almeida Tinoconoroeste - 2 Sebastião José Baptista MiguelSerrana - 1 Eduardo Loureiro de AraújoSerrana - 2 Célio Feres Monte Alto JuniorMédio Paraíba 1 Luiz Carlos Soares GonçalvesMédio Paraíba 2 Marcio José de Magalhães PiresBaixada LitorâneaAntonio Feliciano NetoBaia de Ilha Grande Sergio Almeida NunesMetropolitana 1 Edilson Ferreira FeresMetropolitana 2 Simone do Carmo LoureiroMetropolitana 3 Nova Iguaçu: Rafael Lima da SilvaMetropolitana 4 São Gonçalo: José Nazareno de AzevedoMetropolitana 5 Duque de Caxias: Alexandre Cesar Jahn
ConSELho CIEnTífICoAntonio Rocha Vieira de Mello, Alda Candido Torres Bozza, Carlos José Monteiro de Brito, Henrique Murad, Ivanésio Merlo, José Luís Camarinha do Nascimento Silva, Luis Felipe da Silva, Marcio Arruda Portilho, Marília Duarte Brandão Panico, Paulo Marcio Canongia e Paulo Roberto Mattos da Silveira
Jornalista ResponsávelGiselle Soares
Projeto Gráfico e Diagramação Julio Leiria
Coordenação, Editorial e GráficaSelles & Henning Comunicação IntegradaAv. Mal. Floriano, 38 - sala 202 2º andar - Centro - CEP: 20080-007Rio de Janeiro - RJTel.: (21) [email protected]
Contato para anúncios: Sra. Neide Miranda (21) 2533-7905 - (21) 7707-3090 - ID 124*67443 - [email protected]
Órgão de divulgação da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional RJ:
Praça Floriano, 55 - sl. 1201 - CentroRio de Janeiro - RJ - CEP: 20031-050Tel.: (21) 2533-7905 / Fax.: 2240-4880 www.sbacvrj.com.br
Textos para publicação na Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular devem ser enviados para o e-mail: [email protected]
Expediente
Palavra do Presidente
nossa gestão mal começou e já enfrentamos um desafio – organizar o XXVI
Encontro de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro. O evento já
tradicional na agenda científica do país representa sempre o primeiro teste
de todas as novas Diretorias a cada biênio. A organização do evento se iniciou ainda em
2011 com a Diretoria passada e se continuou até poucos dias atrás. O trabalho rendeu
frutos – sucesso de público com mais de 500 inscritos, programa científico de alto nível,
participação de convidados nacionais e internacionais de grande prestígio como Jose-
ph Coseli e Juan Carlos Parodi.
O Encontro Carioca exigiu toda a nossa atenção nestes primeiros meses do ano e
agora passada a correria da organização do evento e todos os seus detalhes, podemos
nos dedicar a outras frentes dentro da SBACV-RJ.
Além do Encontro Carioca, o Rio de Janeiro também sediou a primeira Convenção Na-
cional da SBACV no biênio 2012-2013. Participaram da reunião os presidentes das Regio-
nais, a Diretoria Executiva Nacional e o Conselho Superior da SBACV. Lá estava o Dr. Emil
Burihan ativo e engajado como nunca – só podemos lamentar essa perda irreparável.
A Convenção ocorreu em um momento econômico delicado da Nacional, e este tema
dominou boa parte das reuniões. Diversas Regionais ofereceram ajuda ao presidente da
Nacional em um movimento de solidariedade e compromisso com a SBACV. Foi reitera-
da na Convenção a necessidade da contratação imediata de uma auditoria independente
e isenta, como foi decidido na AGO em São Paulo para avaliar as contas das duas últimas
gestões. Mais que isso, ficou claro que em nossa Sociedade não há espaço para falsos
imperadores e castelos de areia, que não há lugar para votos de cabresto e que é impres-
cindível a transparência e a responsabilidade com o patrimônio que é de todos os sócios.
A Convenção Nacional consolidou a renovação da SBACV que se iniciou nas elei-
ções de outubro. Foi lá em São Paulo que a Câmara de Representantes e o Conselho
Superior exerceram papel fundamental na manutenção do respeito institucional e aos
estatutos da SBACV, e mostraram porque são tão importantes para o bom funciona-
mento da nossa Sociedade.
Apesar da situação que exigirá muito trabalho da Diretoria Nacional, em nenhum
momento os participantes deixaram de ser otimistas quanto ao futuro da nossa Socie-
dade. Enganaram-se os alarmistas de conveniência que apostaram na divisão. O Rio de
Janeiro foi testemunha nesta Convenção que a SBACV continua mais viva e mais unida
do que nunca!
...em nossa
Sociedade não há
espaço para falsos
imperadores e
castelos de areia...
05Março / Abril - 2012
Encontro e
Convenção Nacional
Carlos Eduardo Virgini - Presidente da SBACV-RJ
Palavra do Secretário
Quando cursamos a faculdade de Medicina, no auge de nossa juventude, ali-
mentamos uma série de sonhos sobre como serão nossas carreiras, que es-
pecialidades seguiremos e que obstáculos enfrentaremos.
Após a formatura, gradativamente vamos percebendo que na realidade, além de al-
gumas das dificuldades que imaginamos, enfrentamos outras tantas, de tamanho igual
ou maior, que tudo aquilo que pensamos que nos aguardaria durante a graduação.
Uma das maiores dificuldades se refere à entrada no mercado, não pela ideia de
precisar reunir muitas economias para montar um consultório, como imaginávamos
durante a graduação: em minha opinião a dificuldade se concretiza em dois pontos. O
primeiro é a falta de atratividade do serviço público, tanto no que tange à remuneração,
quanto às condições de trabalho, ao sucateamento dos serviços. O segundo ponto é a
relação – ou falta de relação – com as operadoras de planos de saúde. Escrevendo estas
palavras, lembrei do título de um dos filmes nacionais de maior bilheteria nos últimos
tempos: “Tropa de Elite 2: o inimigo agora é outro”.
Nossos “inimigos” são muito diferentes do que pensávamos encontrar. Não reque-
rem de nós apenas a bravura e a determinação que imaginávamos necessárias para o
início de nossas carreiras: requerem união. Requerem que nossa Sociedade seja forte e
representativa o suficiente para se fazer ouvir, para ter voz tanto diante dos responsá-
veis pelos serviços públicos em nosso estado, quanto diante das entidades e empresas
que conduzem a Medicina Suplementar.
Por isso decidi dedicar esta mensagem a esse tema, que foi determinado por nosso
presidente, Dr. Carlos Eduardo Virgini, como prioridade em sua gestão: a participação
ativa da SBACV-RJ em todas as discussões sobre as condições de trabalho de angiologis-
tas e de cirurgiões vasculares no Estado do Rio de Janeiro. Nossa Secretaria está atenta
aos agendamentos das reuniões pertinentes, e também bastante envolvida com os pro-
jetos em curso. Em breve todos os associados da SBACV-RJ tomarão conhecimento das
ações que estão sendo desenhadas para alcançarmos a visibilidade que almejamos.
Finalmente, não posso deixar de mencionar o 26º Encontro Regional de Angiologista
e de Cirurgia Vascular, que nossa Regional realizou no final de março. O resultado alcan-
çado, as presenças de colegas renomados, a participação dos conferencistas estrangei-
ros que ajudaram a abrilhantar nosso evento, foram fruto da dedicação de muitas pes-
soas. Nossa Secretaria-Geral agradece, sem nominar ninguém para evitar que alguma
injustiça seja cometida, a todos.
Defesa profissional ou
defesa do exercício da Medicina?
Sergio Silveira Leal de Meirelles - Secretário-Geral da SBACV-RJ
Nossos “inimigos”
são muito
diferentes do
que pensávamos
encontrar.
06 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
Editorial
Acabamos de participar do principal evento regional de nossa Sociedade. Orga-
nizar este evento gera um aprendizado para a Diretoria, que só tem aumen-
tando com o tempo.
Este aprendizado vem transformando o Encontro do Rio de Janeiro em um dos
maiores do Brasil.
Destacamos nesta edição a homenagem aos ex-Diretores de Publicação Científica.
Esta singela homenagem, foi a maneira que encontramos de dizer “muito obrigado” a to-
dos eles, pois entendemos que a gratidão é um sentimento que devemos buscar sempre.
Lembramos o Prêmio Rubens Carlos Mayall, que levará um dos autores do artigo
premiado ao VEITHsymposium. Encaminhem seus Relatos de Casos e concorram.
Nesta edição apresentamos na seção Interface, um atualizadíssimo e excelente ar-
tigo de revisão sobre anestesia em cirurgia endovascular, escrito pelo Dr. Rogério Sar-
mento, anestesista do INCA e Membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Aneste-
siologia (SBA).
Na seção Imagem Vascular apresentamos um caso desafiador, cujos autores são: Dr.
Adilson Toro Feitosa, Dr. José Ricardo BrizziChiani, Dr. Tiago Coutas de Souza e Dra. Julia-
na Amaral Tinoco, muito bem documentado, sobre infecção de endoprótese torácica.
Dr. Almar Assunção nos brinda com um resumo de sua monografia para Membro
Titular da SBACV, a respeito dos fatores de prevalência do pé diabético.
Apresentamos também, entre outros artigos, uma entrevista exclusiva com o Presi-
dente do CFM.
A revista, a partir deste número, apresenta duas novidades: a lombada quadrada,
como padrão de encadernação e uma nova mudança, desta vez mais sutil em sua capa.
Esperamos que gostem!
Curtam a sua revista!
...a gratidão é um
sentimento que
devemos buscar
sempre.
Homenagem
mais que merecida
Dr. Julio Cesar Peclat de Oliveira - Diretor de Publicações Científicas da SBACV-RJ
07Março / Abril - 2012
08 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
Rogério Sarmento - Anestesiologista, corresponsável pelo CET HCI do Inca e membro da comissão científica da Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ)
InTRoDUÇão
Apesar da técnica para cirurgia endovascular ter como prin-
cipais objetivos as reduções da morbimortalidade peropera-
tória, das taxas de complicação e do período de internação, o
paciente continua sendo o mesmo da cirurgia convencional, e
consequentemente os mesmos cuidados devem ser tomados.
Os pacientes submetidos à cirurgia vascular normalmente
apresentam idade avançada, são portadores de patologias car-
diovasculares, pulmonares, renais, e desta forma são considera-
dos de alto risco para qualquer procedimento cirúrgico.
A isquemia miocárdica e o infarto agudo do miocárdio conti-
nuam sendo as maiores causas de morbidade e mortalidade nos
pacientes submetidos à cirurgia vascular. A doença da artéria co-
ronária (DAC) está presente em 50 a 70% destes pacientes1,2.
AVALIAÇão PRÉ-oPERATÓRIA
Apesar de possuírem inúmeras comorbidades, segundo os
guidelines da American College of Cardiology e da American
Heart Association3 para a avaliação do paciente cardiopata para
cirurgias não cardíacas, os pacientes que necessitam de uma
avaliação mais invasiva para serem submetidos a uma cirurgia,
já teriam esta indicação independente da cirurgia, ou seja, o
conceito de realizar um cateterismo cardíaco com ou sem co-
ronarioplastia somente para colocar este paciente em melhores
condições para ser operado, não apresenta mais fundamento.
As condições cardíacas ativas que necessitam de uma melhor
avaliação e tratamento são: as síndromes coronarianas instáveis
(angina instável classe III ou IV, angina estável em um pacien-
te totalmente sedentário, ou IAM recente definido como entre
sete dias e um mês); insuficiência cardíaca congestiva classe IV
ou com piora recente; arritmias significativas (BAV de alto grau,
BAV de 2º grau Mobitz 2, BAVT, arritmias ventriculares sintomá-
ticas, arritmias supraventriculares com a frequência ventricular
Interface
Anestesia para
cirurgia endovascular
não controlada e bradicardias sintomáticas); e doenças valvula-
res severas (estenose aórtica severa com gradiente pressórico
médio maior do que 40 mmhg ou uma área valvar menor que 1
cm2, ou estenose mitral sintomática com dispneia progressiva,
síncope ou ICC).
Pacientes com critérios clínicos considerados intermediá-
rios, como angina estável, infarto miocárdico prévio, insuficiên-
cia cardíaca compensada, diabetes mellitus e insuficiência renal,
ou critérios considerados menores como idade avançada, ritmo
cardíaco não sinusal e hipertensão arterial sistêmica não contro-
lada serão liberados para cirurgia de acordo com a capacidade
funcional do paciente e com o tipo de cirurgia. Caso o paciente
apresente uma capacidade funcional maior do que 4 equivalen-
tes metabólicos (METS), caracterizada por conseguir subir um
andar de escada, correr pequenas distâncias ou participar de
atividades físicas moderadas como golf, boliche, dupla de tênis
sem precordialgia, cansaço ou outros sintomas podem ser ope-
rados sem outras avaliações.
O problema é que pacientes que irão se submeter à cirurgia
de revascularização periférica, sempre considerada de alto risco,
apresentam sintomas incapacitantes como claudicação ou dor
em repouso inviabilizando a avaliação da capacidade funcional
que passa a ser considerada desconhecida. Caso apresente mais
de três dos sintomas previamente mencionados, este paciente
deverá ser submetido a uma avaliação não invasiva (ecocardio-
grama ou cintilografia de stress) antes de ser operado.
Em caso de cirurgias de emergência os riscos e benefícios
devem ser pesados antes de se proceder com a cirurgia.
REDUÇão DA MoRBIDADE E MoRTALIDADE
PERIoPERATÓRIA
Mangano e cols em 19964 e Poldermans em 19995 mostraram
uma redução da morbimortalidade por complicações cardiovas-
09Março / Abril - 2012
culares, em pacientes betabloqueados submetidos a cirurgias
não cardíacas, levando a uma “euforia” quanto ao uso destas
drogas no preparo dos pacientes a serem submetidos à cirurgia
vascular pelo risco de problemas coronarianos. Os mecanismos
de cardioproteção propostos para os betabloqueadores seriam:
redução da frequência e da contratilidade cardíaca, um desvio
para fontes energéticas mais eficientes, efeitos antiarrítmicos,
propriedades antirrenina e angiotensina e efeitos anti-inflama-
tórios promovendo estabilização da placa de ateroma.
Desde então, uma série de trabalhos foram publicados na
literatura, alguns a favor e outros contra o uso desta droga na
diminuição da morbimortalidade em cirurgias não cardíacas.
Em 2008, o POISE, um estudo prospectivo, randomizado e mul-
ticêntrico6, avaliou mais de oito mil pacientes submetidos à ci-
rurgia não cardíaca, os quais foram usados betabloqueados com
metoprolol no pré-operatório, e por 30 dias no pós-operatório
ou não betabloqueados. Apesar de haver uma diminuição na
incidência de IAM no grupo do metoprolol, houve um aumen-
to considerado estatisticamente significativo de mortalidade e
de AVE também neste grupo. O POISE recebeu muitas críticas,
principalmente em relação às altas doses de metoprolol utiliza-
do, mas direcionou ainda mais as indicações do uso de betablo-
queadores no peroperatório. O consenso atual é que os beta-
bloqueadores devem ser continuados em pacientes já usuários
para tratar angina, arritmias cardíacas ou hipertensão arterial
sistêmica. Podem ser benéficos se iniciados em pacientes com
doença coronariana conhecida a serem submetidos à cirurgia
vascular, ou em pacientes com mais de um risco para doença co-
ronariana que serão submetidos à cirurgia vascular. Ou seja, os
pacientes submetidos à cirurgia arterial ainda são um subgrupo
em que os betabloqueadores podem oferecer algum benefício.
Os efeitos das estatinas na diminuição do LDL com conse-
quente redução na morbimortalidade cardíaca são conhecidos
e levaram a investigações sobre a redução da mortalidade pe-
rioperatória com o uso desta droga, por levar à estabilização da
placa de ateroma. Poldermans e cols7 mostraram uma redução
de 4,5 vezes no risco de mortalidade perioperatória com usuá-
rios de estatinas quando comparados a não usuários. Hindler e
cols8 conduziram uma meta-análise para analisarem o tema e
observaram uma redução de 44% na mortalidade com os efeitos
protetores das estatinas.
O uso de estatinas no perioperatório deve ser continuado
em pacientes que já fazem uso e serão submetidos a cirurgias
não cardíacas e provavelmente exerce um efeito benéfico em
pacientes com fatores de risco para doença coronariana que
também serão submetidos à cirurgia não cardíaca. Estes efeitos
benéficos das estatinas, não se dariam somente pela diminuição
de colesterol, mas por efeitos vasodilatadores, antitrombóticos
e, principalmente, anti-inflamatórios. Estes, juntos, são deno-
minados efeitos pleiotrópicos e seriam os responsáveis pela es-
tabilização da placa de ateroma.
Um grupo de drogas ainda não tão estudado quanto os be-
tabloqueadores e as estatinas, são os agonistas alfa 2, porém os
poucos estudos realizados, mostram resultados promissores.
Wallace e cols9 conduziram um estudo prospectivo, duplo cego
e concluíram que a clonidina reduz a mortalidade pós-operatória
em pacientes com fatores de risco para doença coronariana, re-
sultado semelhante à meta-análise conduzida por Wijeysundera
e cols10. A recomendação atual é que os agonistas alfa 2 podem
exercer um efeito benéfico no controle perioperatório da hiper-
tensão arterial sistêmica em pacientes com doença da artéria
coronária conhecida ou com pelo menos um fator de risco. O
POISE II11 é um estudo em andamento que avaliará, justamente
os efeitos da clonidina e da aspirina no período peroperatório, e
certamente nos trará algumas respostas sob os benefícios deste
grupo de drogas.
nEfRoPATIA PoR ConTRASTE
A técnica cirúrgica endovascular vem se desenvolvendo
com o objetivo de diminuir a morbimortalidade perioperatória,
a taxa de complicações e o período de internação hospitalar.
Na contramão desta evolução, uma patologia ocasionada por
lesões renais pelo contraste acaba atrapalhando a evolução de
pacientes que se submeteram a um procedimento menos inva-
sivo. A nefropatia por contraste é definida como um aumento na
creatinina sérica de 0,5 mg/dl ou proporcional de 25% em rela-
ção à creatinina prévia em pacientes expostos ao contraste, sem
outras causas envolvidas. Sua incidência pode variar de 3,3% a
8% em pacientes sem doença renal preexistente a 12% a 26%
em pacientes com doença renal prévia ou diabetes mellitus12. A
apresentação tende a ser não oligúrica e transitória, com o pico
da creatinina ocorrendo três dias após a exposição e retornando
ao normal em duas semanas, na maioria dos casos. Porém uma
minoria de pacientes desenvolve insuficiência renal severa, com
1% necessitando de diálise. Apesar de ser um percentual mui-
to pequeno, a morbidade e mortalidade deste grupo são muito
10 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
Interface
O tipo e o volume de contraste administrado apresentam
papéis fundamentais no desenvolvimento da nefropatia. Os
contrastes comercialmente disponíveis são todos derivados de
benzenos triiodados e são classificados de acordo com sua ioni-
zação, osmolaridade e estrutura. Apesar de também serem hi-
drossolúveis, os contrastes não iônicos não se dissociam na água,
fato que ocorre com os iônicos tendo uma importante relação
com a toxicidade osmótica do agente. Estes são classificados
em hiperosmolares, iso-osmolares e hipo-osmolares. Em 1990,
agentes com moléculas diméricas, contendo dois anéis benzeno
foram produzidos, estes acumulavam as vantagens de não pos-
suírem ionicidade, com baixa osmolaridade e alta hidrossolubi-
lidade. Alguns estudos evidenciaram uma menor incidência de
nefropatia por contraste com o uso destes agentes20,21.
O volume máximo de contraste é motivo de controvérsia,
enquanto alguns recomendam o máximo de 3 ml/kg para todos
os pacientes, outros autores utilizam 5 ml/kg dividido pela crea-
tinina sérica como valor máximo22.
TÉCnICA AnESTÉSICA
Ao se programar uma técnica anestésica para determinado
procedimento cirúrgico, alguns fatores devem ser levados em
consideração, tais como: estímulo álgico do procedimento, co-
morbidades do paciente, tempo do procedimento e uso de dro-
gas no peroperatório que possam influenciar a técnica.
A técnica endovascular tem como principal vantagem a
necessidade de pequenos acessos cirúrgicos, muitas vezes
11Março / Abril - 2012
altas, com uma mortalidade intra-hospitalar de 30% e 80% de
mortalidade em dois anos13. A etiologia da nefropatia por con-
trate é multifatorial e pode ser resumida na tabela 114.
A detecção dos pacientes de risco e a prevenção são as me-
lhores formas de evitar a nefropatia por contraste. Solomon e
cols15, demonstraram os efeitos benéficos da pré-hidratação
com solução salina a 0,45% em pacientes com disfunção renal
prévia, sendo superior à associação de fluidos com diuréticos de
alça ou manitol. A solução de salina à 0,9% se mostrou superior
do que à 0,45%, especialmente em mulheres, diabéticos e em
pacientes que receberam mais do que 250 ml de contraste16. A
hidratação parece ser mais benéfica se administrada após o pro-
cedimento, com um volume de aproximadamente 1-2 ml.kg.h
por 6 a 12 horas no pós-operatório.
Apesar de alguns estudos demonstrarem um efeito benéfico
da N-acetil cisteína na prevenção da nefropatia por contraste17,18,
os autores têm certa precaução na universalização do seu uso,
pela falta de uniformidade dos pacientes. Moore e cols19 não evi-
denciaram uma diminuição na incidência da patologia com o uso
de N-acetilcisteína em pacientes submetidos à correção endovas-
cular de aneurisma de aorta abdominal.
Outras medidas estudadas podem ser resumidas na tabela 2.
TABELA 1 - FATorEs imPLiCADos nA PAToGênEsE DA nEfRoPATIA PoR ConTRASTE
Vasoconstrição exagerada Adenosina Endotelina Feedback tubuloglomerular Ação direta do contraste na musculatura vascular lisa
Reperfusão e radicais livres
Alterações na pressão intrarrenal
Agregação de hemáceas na circulação medular
Injúria direta nas células tubulares
Fatores sistêmicosHipovolemiaAnemiaOutras toxinas renais
TABELA 2 - rEsumo DAs mEDiDAs ProFiLáTiCAs
Benéficas Hidratação N-acetilcisteína Hemofitração
Em estudo Antagonistas da adenosina Antagonistas do canal de cálcio Estatinas
Sem benefício Diuréticos Dopamina Fenoldopan Hemodiálise
12 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
apenas punções, o que possibilita sua realização sob aneste-
sia local. A meu ver o grande fator limitador da anestesia local
para procedimentos endovasculares, é a necessidade frequente
de imobilidade, fundamental para uma visualização adequa-
da das lesões a serem tratadas. No tratamento de aneurismas
de aorta, períodos de apneia são decisivos na localização ideal
para liberação da endoprótese, logo uma técnica que permita
BIBLIoGRAfIA
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view of monitored anesthesia care with local anesthesia vs. general
or local anesthesia. Cardiovasc. Surg. (Torino) 2011; 52(4):567-77.
a associação da anestesia local com uma sedação que não tire a
cooperação do paciente, seria o ideal. Estudos realizados, mos-
tram uma superioridade da anestesia loco regional em relação à
anestesia geral, principalmente para tratamento de aneurisma
endovascular23,24,25, mas uma boa interação entre a equipe, além
da manutenção da normovolemia e da normotermia são tão ou
mais importantes do que a técnica escolhida.
Interface
Almar de Assumpção Bastos - membro titular da SBACV, membro titular do CBC (TCBC) em Cirurgia Vascular, especialista em Cirurgia Vascular pela SBACV/AMB, especialista em Cirurgia Geral pelo CBC/AMB, Chefe de Clínicas do Departamentode Cirurgia Vascular do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE)
RESUMo
O pé diabético constitui-se em uma das complicações mais
importantes do diabetes mellitus. É encontrado em todas as
classes sociais, porém apresenta maior incidência na população
mais humilde, obviamente devido à maior carência de recursos
financeiros, mau acompanhamento clínico, desconhecimento da
gravidade do problema e suas consequências. Entretanto estatís-
ticas demonstram que 15% a 25% dos pacientes diabéticos irão
apresentar algum tipo de lesão ao longo da vida, independente do
bom acompanhamento de sua doença e inspeção do pés1.
Este estudo teve por objetivo avaliar os principais fatores de
prevalência do pé diabético em pacientes atendidos no ambula-
tório de Angiologia e Cirurgia Vascular do Instituto Estadual de
Diabetes e Endocrinologia (IEDE). A população estudada cons-
titui-se de 76 pacientes portadores de pé diabético, entre 240
pacientes diabéticos atendidos no período de março a agosto de
2011. A coleta de dados foi realizada através de anamnese, exa-
me clínico e avaliação do prontuário dos pacientes, descreven-
do fatores de risco associados, gravidade das lesões segundo a
classificação de Wagner e complicações.
A prevalência do pé diabético entre os 240 pacientes dia-
béticos de nosso ambulatório foi de 31,6%. A maior parte dos
pacientes era do sexo masculino (55,2%), apresentando idade
entre 38 a 89 anos (média de 64 anos). Dentre os fatores de risco
associados, a hipertensão arterial sistêmica (89,4%) e a dislipi-
demia (52,6%) foram os mais frequentes. No critério de gravida-
de, a maioria das lesões enquadrou-se no grau 2 da classificação
de Wagner com 44,7%, seguido do grau 1 com 29,0%.
PALAVRAS-ChAVE
Pé diabético, diabetes mellitus, fatores de prevalência, classifi-
cação de Wagner, doença arterial periférica e neuropatia periférica.
Artigo Científico
Pé diabético:
Fatores de prevalência*
13Março / Abril - 2012
*o presente texto constitui-se de um resumo do artigo original.
ABSTRACT
The diabetic foot is in one of the major complications of diabetes
mellitus. It’s found in all socia classes, however with higher inciden-
ce in the population most humble, obviously due to lack of finan-
cial resources, poorly clinical monitoring and lack of seriousness of
the problem and its consequenceses. However, statistics show that
15%-25% of diabetic patients will experience some type of injury
throughout life, regardless of proper monitoring of their disease and
inspection of the feet 1. It can be defined as a set of trophic changes
and skeletal muscle that affects the feet of patients with diabetes
mellitus, leading to ulcers and deformities are difficult to resolve.
This study aimed to evaluate the main factors of the diabetic foot
prevalence in patients treated at the clinic of Angiology and Vascular
Surgery at the State Institute of Diabetes and Endocrinology (IEDE).
The study population consisted of 76 patients with diabetic
foot, 240 diabetic patients treated between March and August
only serve 2011. A data collection was carried out by history, clini-
cal examination and evaluation of records of patients, describing
risk factors, severity of the lesions according to Wagner’s classifi-
cation and complications.
The prevalence of diabetic foot among 240 diabetic patients
who sought our clinic was 31.6% (76 patients). Most patients with
diabetic foot were male (55,2%), with an average age of 64 ye-
ars (38-89 years). Among the risk factors associated with systemic
hypertension (89,4%) and dyslipidemia (52,6%) were the most
frequent. The criterion of gravity, most of the injuries is part of the
grade 2 of Wagner’s classification with 44,7%, followed by a de-
gree with 29,0%.
KEY WORDS
Diabetic foot, diabetes mellitus, factors of prevalence, Wagner
classification, peripheral arterial disease and peripheral neuropathy.
InTRoDUÇão
O diabetes mellitus (DM) constitui-se em uma doença meta-
bólica crônica, decorrente da falta e/ou incapacidade de a insuli-
na exercer adequadamente seus efeitos, com distúrbios no me-
tabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. Sua incidência
vem aumentando devido ao crescimento e ao envelhecimento
populacional, urbanização, crescente prevalência de obesidade
e sedentarismo, e maior sobrevida do paciente com DM2.Segun-
do a Federação Internacional de Diabetes, o maior crescimento
absoluto na prevalência desta doença ocorrerá nos países em
desenvolvimento, como o Brasil3.
Entre as complicações do diabetes encontram-se as lesões
crônicas nos vasos sanguíneos (angiopatia) e nervos (neuropa-
tia). Estas complicações crônicas são diretamente condiciona-
das à duração do diabetes, à presença de hipertensão arterial, ao
mau controle glicêmico, ao tabagismo, entre outros fatores5.
Dentre estas complicações uma das mais graves é o pé diabé-
tico. Em nosso Serviço, dividimos o pé diabético em isquêmico,
infeccioso, neuropático e misto, sendo este o mais comumente
encontrado7. O pé isquêmico pode ser subdividido em macro-
angiopático, geralmente produzido por comprometimentos
arteriais tronculares, com lesões cutâneas habitualmente loca-
lizadas nos pododáctilos ou sede de traumas, muito dolorosas,
geralmente sem sinais de infecção. A úlcera é pálida, com pouco
tecido de granulação, bordos irregulares e eventualmente ne-
cróticos e com dificuldade de cicatrização; e microangiopático,
lesões geralmente proximais, em pé ou perna, sem relação com
pontos de pressão ou traumas, extremamente dolorosos, tam-
bém com fundo pálido e pouco tecido de granulação. Neste a
circulação troncular arterial geralmente está preservada.
O pé infeccioso apresenta lesões purulentas, com ou sem
formação de abscessos, presença de eritema, dor local e sinais
sistêmicos de infecção.
O pé neuropático apresenta lesões localizadas em pontos de
pressão, normalmente indolores pela diminuição da sensibilidade
dolorosa. São pés aquecidos, bem vascularizados, com úlceras de
bordos elevados, hiperceratóticos, com fundo apresentando bom
tecido de granulação, que quando localizadas na planta do pé re-
cebem a denominação de “mal perfurante plantar”. A progressão
da neuropatia diabética pode levar a um colapso completo da
“arquitetura” do pé, com subluxações e luxações articulares, re-
absorção óssea, osteopenia e fraturas espontâneas. A essa grave
complicação chamamos “osteartropatia de Charcot”.
Segundo Deluccia o pé diabético é provocado principalmen-
te pela neuropatia periférica (90% dos casos), doença arterial
periférica e deformidades provocando um quadro de infecção,
ulceração e/ou destruição de tecidos profundos. A neuropatia
periférica diabética é um distúrbio neurológico periférico, tanto
sensitivo-motor quanto autonômico, sendo a forma mais grave
e incapacitante do pé diabético8.
Esta neuropatia periférica é a lesão de maior impacto, pois,
juntamente com a doença vascular periférica e com as altera-
ções biomecânicas que conduzem à pressão plantar anormal,
propicia o aparecimento das lesões do pé diabético. Trabalhos
estatísticos indicam que o pé diabético é responsável por 50% a
70% das amputações não traumáticas em membros inferiores e
15 vezes mais frequentes entre os diabéticos
MÉToDoS
O instrumento de pesquisa foi a avaliação clínica dos pacien-
tes, fatores de risco associados, complicações do diabetes melli-
tus e classificação das lesões do pé diabético segundo Wagner
(tabela A).
A presença ou ausência de fatores de risco associados e com-
plicações, foram catalogadas segundo anamnese, exame físico e
avaliação dos prontuários de 76 pacientes portadores de pé dia-
bético em um universo de 240 pacientes diabéticos atendidos.
As variáveis investigadas foram idade, sexo, hipertensão arterial,
tabagismo, dislipidemias e obesidade. Pacientes hipertensos fo-
ram assim classificados pela anamnese, aferição dos níveis pres-
sóricos e uso de anti-hipertensivos. Assim como os dislipidêmicos
por exames laboratoriais e uso de estatinas. Para determinação
da obesidade foi utilizado o IMC, segundo fórmula de Quetelet
(IMC=peso em quilogramas dividido pela altura em metros); e
classificado como: IMC baixo (menor que 20), normal (de 20-24),
sobrepeso (de 25-29), obeso (maior ou igual a 30)12.
RESULTADoS
A prevalência de pé diabético nesse estudo foi de 31,6% no
universo de 240 pacientes diabéticos. Vale lembrar que toda
população estudada constitui-se de pacientes diabéticos, o que
difere dos últimos trabalhos realizados nos quais é avaliada a
presença de pé diabético na população em geral, encontrando
prevalência entre 4% e 10%13. Também devemos levar em con-
sideração que os pacientes que nos procuram no ambulatório
de Angiologia e Cirurgia Vascular vêm sob encaminhamento de
Artigo Científico
14 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
outros ambulatórios do hospital, o que talvez explique o índice
mais alto de pé diabético encontrado em nosso estudo; já que a
literatura fala de índices em torno de 15% a 25%1.
A idade, que variou de 38 a 89 anos (média de 64 anos), foi
semelhante com a encontrada na literatura14, 15. Quanto ao sexo,
encontramos 42 pacientes do sexo masculino (55,2%), contra 34
pacientes do sexo feminino (44,8 %).
Entre os fatores de risco, dos 76 pacientes portadores de pé
diabético, 68 (89,4%) eram hipertensos; 36 pacientes (47,3%) eram
tabagistas; 40 pacientes (52,6%) eram dislipidêmicos e 16 pacien-
tes eram obesos (21,0%), como mostrado na tabela A. Ou seja, a
hipertensão arterial sistêmica foi o fator mais presente; resultado
também encontrado por outros autores como Pitta e col16.
Entre as complicações crônicas associadas ao DM, a doença
arterial periférica (DAP) foi a de maior prevalência com 81,5%
das complicações; a doença cerebrovascular (DCV) foi encontra-
da em 47,3%; a doença coronariana (DC) em 23,6% e a nefropa-
tia em 17,1% dos pacientes. (Tabela B)
Em relação à gravidade das lesões, segundo a classificação
de Wagner (Tabela C), encontramos o grau 2 em 34 pacientes
(44,7%); grau 1 em 22 pacientes (29,0%); grau 3 em 14 pacientes
(18,4%); grau 0 em 4 pacientes (5,2%) e grau 4 em 2 pacientes
(2,7%). Não houve pacientes com lesão grau 5.(Tabela D)
TABELA A – FATorEs DE risCo
fatores de risco nº % Válida
Hipertensão arterial
sistêmica 68 89,4%
Tabagismo 36 47,3%
Obesidade 16 21,0%
Dislipidemia 40 52,6%
TABELA B – ComPLiCAçõEs CrôniCAs
Complicações crônicas nº % Válida
DAP 62 82,0%
DCV 36 47,3%
DC 18 23,6%
Nefropatia 13 17,1%
Doença arterial periférica; doença cérebro vascular; doença coronariana
TABELA C – CLAssiFiCAção DE WAGnEr
Graus Características
0 Pé em risco, presença de fissura interdigital
ou no calcâneo, sem infecção aparente
1 Úlcera superficial, sem envolvimento de
tecidos subjacentes
2 Úlcera profunda envolvendo músculos, liga-
mentos, sem abscesso e sem osteomielite
3 Úlcera profunda com celulite, abscesso,
possivelmente com focos de osteomielite
e gangrena do subcutâneo
4 Gangrena úmida localizada e pododáctilo
5 Gangrena úmida em todo o pé
DISCUSSão
No Brasil estima-se que em 2025 possam existir cerca de 11
milhões de diabéticos17. Até 2002 esta doença atingiu aproxi-
madamente 7,6% da população brasileira entre 30 e 69 anos de
idade, sendo que aproximadamente 50% dos portadores desco-
nheciam o seu diagnóstico e 24% dos conhecedores da sua pa-
tologia não realizavam qualquer tipo de tratamento28. Segundo
definição do Consenso Internacional sobre pé diabético, este se
caracteriza por infecção, ulceração e/ou destruição dos tecidos
profundos associados a anormalidades neurológicas e doença
vascular periférica nos membros inferiores18. Em 1992, em le-
vantamento feito pelo Ministério da Saúde, sua prevalência no
Rio de Janeiro foi de 7,46 % e em São Paulo de 8,89%19.
As lesões, ulcerações no pé diabético, que geralmente ocorrem
mediante trauma, são complicadas por infecção e podem chegar
até a amputação quando não ministrado tratamento adequado e/
ou este é retardado. Após uma amputação de membro, 50% dos
diabéticos sofrem amputação do outro membro em 5 anos20.
TABELA D – DisTriBuição DAs LEsõEs sEGunDo
A CLAssiFiCAção DE WAGnEr
Grau da lesão nº % Válida
0 4 5,2%
1 22 29,0%
2 34 44,7%
3 14 18,4%
4 2 2,7%
5 0%
Total 76 100%
15Março / Abril - 2012
O fator mais relevante para o surgimento das úlceras nos
membros inferiores é a neuropatia diabética, que afeta 50% dos
indivíduos com diabetes mellitus com mais de 60 anos21. A neuro-
patia pode estar presente antes da detecção da perda da sensibili-
dade protetora, resultando em maior vulnerabilidade a traumas e
acarretando um risco de ulceração sete vezes maior22.
Os mecanismos de lesão dos membros inferiores, quais se-
jam neuropatia diabética (ND), doença arterial periférica (DAP),
ulceração ou amputação, afetam a população diabética duas ve-
zes mais que a não diabética, atingindo 30% naqueles com mais
de 40 anos de idade23.
Estima-se que 15% dos pacientes com diabetes mellitus
desenvolverão lesão no pé ao longo da vida, podendo esta in-
cidência chegar a 28% no período de dois anos e meio,segundo
alguns autores como Veves e col1.
Em dados colhidos durante curso de capacitação da Rede
Básica, Caiafa & Canongia27 registraram, a partir de 1.070 pacien-
tes, uma prevalência de 67,25% para o sexo feminino. Já Jorge
et al, em uma análise de 70 casos de pé diabético em pacientes
internados em um hospital escola não observou diferença esta-
tística quanto ao sexo. No entanto, a Federação Internacional de
Diabetes28 estima para o ano de 2025 um número de mulheres
10% maior que o dos homens acometidos pela doença.
O tabagismo é considerado como importante fator de ris-
co para o desenvolvimento do pé diabético, sendo verificado
na maioria das séries uma razão de prevalência de quase duas
vezes entre os que fumam. No entanto, segundo Skyler29, ape-
sar do tabagismo ser fator de risco inquestionável para doença
vascular periférica e amputação entre indivíduos não diabéticos;
entre os pacientes diabéticos existem variações nas evidências
quanto uma relação entre o tabaco e úlceras e amputações.
ConCLUSão
Adoções de medidas preventivas e educacionais são deter-
minantes na prevenção das complicações do diabetes mellitus,
entre elas o pé diabético. Para se atingir essa prevenção e detec-
tar precocemente a possibilidade de ulceração no pé diabético,
é necessário manter a atenção nos fatores predisponentes e na
evolução ou não da classificação de risco, pois, o que determi-
nará o aparecimento ou não de úlcera nos pés de portadores de
DM é o diagnóstico de sua doença,o acompanhamento adequa-
do de sua evolução clínica e a adesão às orientações sobre os
cuidados com os pés.
BIBLIoGRAfIA1-Veves A, Murray HJ,Young MJ et al.The risk of foot ulceration in diabetic patients with high foot pressure: a prospective study.Diabetologia,1992:35:660-663.2-Internacional Diabetes Federation. Diabetes, one of the most challenging health problems in the 21st century. http://www.eatlas.idf.org, acessado em 03.09.2011.3-Moreira FAL, Oliveira FA. Fatores de risco para o desenvolvimen-to do pé diabético em sujeitos atendidos pelo programa de saúde da família (PSF) (Monografia). Uberaba:Faculdade de Medicina do Triangulo Mineiro;2004.4-Duque AC,Bastos AA,Mello KS.Classificação das lesões do pé dia-bético no IEDE.Comissão de padronização do pé diabético.Bol do IEDE,março de 2005.5-DeLuccia, N. D. Doença Vascular e Diabetes. J.Vasc. Br., p. 49-59, v.2 nº 1, 2003.6-Gadzik J.Quetelet’s equation, upper weight limits and BMI prime.http://www.surgicalassociateofwestport.com/HTML/Surgical%20Assoc%20BMI%20Website.htmn, acessadoem 03.09.2011.7-Lavery LA,Armstrong DG,Wunderlich RP, et al.Diabetic foot syn-drome: evaluating the prevalence and incidence of foot pathology in Mexican Americans and non-Hispanic whites from a diabetes ma-nagement cohort. Diabetes care,2003;26:1435-1438.8-Cal Solari MR, Castro RF, Maia RM, et al. Análise retrospectiva dos pés de pacientes diabéticos do ambulatório de diabetes da Santa Casa de Belo Horizonte, MG. ArqBrasEndocrinol Metab,2002;46;173-176.9-Jorge BH, Borges MF, Brito VN, et AL. Análise clínica e evolução de 70 casos de lesões podais infectadas em pacientes diabéticos. Arq. Bras.Endocrinol.Metabol.1999;43:366-372.10-Pitta GBB, Castro AA, Soares AMMN, et al. Perfil dos pacientes portadores de pé diabético atendidos no Hospital Escola José Car-neiro e na Unidade de Emergência Armando Lages. J. Vasc. Bras. 2005; 4:56-64.11-Imai SV. Identificação dos pés de risco dos diabéticos de uma unidade de saúde da família (Monografia) (Londrina): Universidade Estadual de Londrina; 2004.23p.12-Grupo de trabalho internacional sobre pé diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília:Secretaria de Estado do Distrito Federal;2001.13-Duque AC, Bastos AA, Duque FLV, Duque LAC. Pé Diabético. Brito CJ.Cirurgia Vascular-Cirurgia Endovascular-Angiologia.Rio de Janeiro.Livraria e Editora RevinterLtda;2008.p.785-800.14-Duque AC, Bastos AA, Mello KS. Redução nas amputações de coxa. Ver.de Ang.e Cir. Vascular.2005;17(1):10-12.15-Bora SF, Barbosa MAR, Ferraz CHL e col. Prevalência do pé dia-bético nos pacientes atendidos na emergência de um hospital públi-co terciário de Fortaleza. Rev. Bras.Clin.Méd., 2010; 8:1-5.16-Young MJ,Boulton AJ,Macleod AF et al.Multicentre study of the prevalence of diabetic peripheral neuropathy in United Kingdom hospital clinic population.Diabetologia,1993;36:150-154.17-Gregg EU,Sorlie P,Paulose-Ran R et al.Prevalence of lower extre-mity disease in the US adult population with more than 40 years of age with and without diabetes: national health and nutrition exami-nation survey. Diabetes Care, 2004; 27:1591-1597.18-Caiafa JS, Canongia PM. Atenção integral ao paciente com pé diabético: um modelo descentralizado de atuação no Rio de Janei-ro. J.Vasc. Bras.2003,2:75-8.3.19- International Diabetes Federation. Diabetes, one of the most challenging health problems in the 21st century. http://www.eatlas.idf.org, acessado em 03.09.2011.20-Skyler J. Diabetes Mellitus: antigos pressupostos e novas reali-dades. In: Bowker JH, Pfeifer MA, organizadores. O pé diabético.Rio de Janeiro.Editora DiLivros.2002.p.3.11.
Artigo Científico
16 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
18 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
Câmara Técnica
Responsabilidade civil do médico:
Atendimento médico durante viagens aéreas Alberto Coimbra Duque - Diretor da Câmara Técnica de Responsabilidade Civil da SBACV-RJ e Sócio Titular da SBACV
Muitos médicos já foram chamados para realizar um
atendimento médico durante viagens aéreas. Ape-
sar de não ser uma situação frequente, a atuação do
médico é motivo de apreensão para uns e orgulho para outros.
Neste artigo iremos tecer algumas considerações sobre o assun-
to, sob a visão médico legal.
Durante uma viagem de avião, a famosa frase: “Existe um mé-
dico a bordo” durante o voo, gera sentimentos variados. Para os
passageiros, o médico que se apresenta é um heroi. Já o médico
geralmente fica apreensivo, sem saber se atenderá o paciente de
forma adequada. Sim, porque ao responder o chamado, aquela
pessoa que você nunca viu já é o seu paciente, querendo ou não.
Esta situação é o que se denomina, no jargão aeronáutico,
de “in-flight emergency”. Neste momento, muitos colegas ficam
na dúvida sobre o que fazer, pois sabem que poderão ser chama-
dos para tarefas aquém do seu conhecimento.
ConsiDErAçõEs EPiDEmioLóGiCAs E hisTóriCAs
A utilização do avião como meio de transporte comercial so-
mente “decolou” na década de 70. Até então as viagens aéreas
ou eram uma excentricidade ou eram muito caras. Os pilotos
eram vistos como homens destemidos e dotados de inteligência
superior e muito experientes. Os passageiros eram poucos e a
população mundial mais jovem. Com o aumento dos negócios
internacionais, havia a necessidade de se viajar para lugares
distantes. O avião tornou-se o meio de transporte ideal nes-
te contexto global. Os primeiros aviões
comerciais eram cargueiros americanos
à hélice, oriundos da IIª Grande Guerra,
adaptados para uso civil, como o C-47 e
DC-3. Eram lentos e barulhentos. Depois
vieram os movidos à hélice turbo propul-
sora, mais eficazes. Com a era do jato, o
transporte aéreo comercial se ampliou.
Os aviões modernos voam a altitude de
10 mil pés a 900 km/hora e com capacida-
de para cerca de 300 passageiros. Estima-
se que cerca de dois bilhões de passagei-
ros usem os voos comerciais a cada ano,
e cerca de 100 mil usem voos privados.
Mesmo assim, existem poucos estudos
sobre incidentes aéreos relacionados às
viagens em aviões1. No Brasil, o site da
Infraero2 informa que em janeiro de 2010
trafegaram mais de 13 milhões de passa-
geiros perfazendo uma estimativa anual
como foram os raros relatos de embolia pulmonar e trombose
venosa profunda durante ou logo após viagens aéreas. Em 2000,
a Federação Aeronáutica Americana (FAA) relatou que a maioria
dos eventos médicos não são sérios e incluem episódios de des-
maios, tonturas, hiperventilação e vômitos. Destes, 70% foram
atendidos por profissionais de saúde, sendo 40% médicos, 25%
enfermeiras e 5% por técnicos em saúde. O estudo mostrou que
o diagnóstico e o tratamento foram corretos em 80% dos casos,
confirmados pelos exames feitos após o pouso da aeronave4.
Podemos concluir que o atendimento médico será na
maioria das vezes para casos simples e de fácil tratamento.
Recomendo que os médicos anotem os dados do paciente,
o motivo da avaliação e a conduta adotada, guardando es-
tes informes por cinco anos. Como é obvio, ao responder o
chamado da aeromoça no avião, seu compromisso com o pa-
ciente é total e obrigatório, até o desembarque do mesmo no
aeroporto de destino.
19Março / Abril - 2012
de 120 milhões de passageiros em 2010, um aumento de 30%
em dez anos.
Determinar a incidência de eventos médicos durante o voo é
difícil porque não existe legislação específica, nem no Brasil e nem
no Exterior, que exija a comunicação compulsória de um evento
médico aéreo, nem para as autoridades de saúde, nem para a
ANAC (Associação Nacional de Aviação Civil). Algumas empresas
preenchem relatórios internos enquanto outras somente anotam
fatos relevantes no livro do capitão (Captain’s log). Aparentemen-
te as pessoas aceitam que a presença de um médico é capaz de
resolver todos os problemas de saúde, haja visto o exemplo da
nave espacial Enterprise, da ficção Jornada nas Estrelas: a nave
estelar, com cerca de mil tripulantes, tinha um médico a bordo, o
Dr. MacCoy, apelidado de “Bones” (Magro, na versão portuguesa)
para resolver todos os problemas da tripulação3. Nas modernas
aeronaves de hoje, não existem normas e nem equipamentos es-
peciais para atendimento médico.
o QUE DEVE SER fEITo?
Em 1989, dois estudos separados, analisaram os eventos aé-
reos anuais em dois aeroportos norte americanos, detectando
a incidência de 1 a cada 33.600 passageiros e o outro 1 a cada
39.600 passageiros, o que significaria uma média de 33 casos
de eventos médicos intravoo (EMIV) por dia4. A quantidade de
eventos graves é provavelmente baixa, pois os eventos com
morte ou parada cardíaca são noticiadas em jornais e revistas,
BIBLIoGRAfIA1. Comitê em Ciência e Tecnologia: Voos aéreos e saúde. Londres e Reino Unido. Nov.18,2000;2. www.infraero.com.br. Movimento mensal, janeiro, 2010;3. Star Trek: Wikipédia.com, 2012;4. Cummins RO, Schubach JA. Frequency and types of medical emergency among comercial air travelers. JAMA 1989, 261:1295-9.
Aparentemente as
pessoas aceitam que
a presença de um
médico é capaz
de resolver todos os
problemas de saúde...
Imagem Vascular
Caso de infecção
de endoprótese torácica
Paciente masculino portador de aneurisma da aorta
torácica descendente medindo 8 cm de diâmetro.
Foi implantada endoprótese torácica há 1 ano, com
controle no 10º mês sem problemas. No 12º mês de implante
ocorreu hematêmese, sendo realizada nova angio-TC que re-
velou fístula aorto-esofageana e imagens aéreas periprótese.
O paciente foi internado, sendo feita exclusão do esôfago ini-
cialmente, com paciente em precário estado geral. Apresen-
tou novo sangramento importante durante a internação, sen-
do feita cirurgia de emergência, com toracotomia e contenção
com balão de látex Coda, com exposição da endoprótese e da
fístula esofageana.
Autores: Drs. Adilson Toro Feitosa, José Ricardo Brizzi Chiani, Tiago Coutas de Souza e Juliana Amaral Tinoco
23Março / Abril - 2012
24
nestes tempos atuais em que a simplificação das ações
tornou-se um imperativo, há necessidade de que se-
jam feitas algumas reflexões para que não se adotem,
em nome desta atitude simplista, comportamentos precipitados
que possam conduzir à complexidade sob risco de complicação.
Na Medicina moderna, dois fatores têm contribuído para
que o profissional enverede por este arriscado caminho: um de-
les, de natureza técnica, representado pelo progresso nos meios
de diagnóstico complementar e o outro, de natureza econômica
e social, representado pela aviltante remuneração da consulta
médica ou pela má gestão do serviço público. Mas, antes de ana-
lisarmos estes dois fatores e sua influência sobre o trabalho do
médico, vejamos o que a pergunta do título significa.
Entende-se, em Medicina, por Propedêutica um conjun-
to de técnicas que são utilizadas para que haja elaboração de
uma base a partir da qual o médico se orienta para chegar a
um diagnóstico. Estas técnicas envolvem informações orais,
representadas pela anamnese, e dados do exame físico. Este
conceito, ainda que parcial, está contido na Wikipédia (Google)
e com ele consegue-se estabelecer o diagnóstico provisório de
uma morbidade o qual, muitas vezes, pode se transformar em
definitivo. Isto acontecia com relativa frequência com os nos-
sos antigos mestres, o que nos fazia vibrar de admiração pela
destreza que possuíam para diagnosticar apenas ouvindo e
examinando o paciente.
É claro que a Propedêutica, em um conceito mais amplo, não
dispensa o concurso dos exames complementares que auxiliam
na obtenção de um diagnóstico final de certeza. Esta é a lógica
do procedimento que o médico deve adotar na sua rotina coti-
diana. Primeiro ouvir (e muito!) para depois utilizar os demais
sentidos visando investigar o que se passa na estrutura corpórea
do seu paciente e, finalmente, recorrer aos métodos modernos
de diagnóstico para que o trabalho inicial da pesquisa de uma
Educação Continuada
Ainda há espaço para a
Propedêutica Vascular?
Dr. Paulo Roberto Mattos da Silveira - Angiologista
25Março / Abril - 2012
doença se consolide de forma objetiva e clara.
Agora, analisemos os dois fatores anteriormente citados
como promotores da descaracterização deste passo a passo
para que seja alcançado o diagnóstico de uma doença. Come-
cemos pelo grande progresso que os exames complementares
alcançaram nas últimas décadas. Hoje em dia, tanto a pesqui-
sa bioquímica quanto os métodos de imagem são capazes de
identificar com relativa alta precisão processos inflamatórios e
infecciosos, distúrbios metabólicos, alterações anatômicas em
órgãos e em outros componentes estruturais do corpo huma-
no, dispensando assim, em grande parte dos casos, aquela mi-
nuciosa investigação semiológica básica. No entanto, a relação
custo-benefício, em geral, pode ser questionada quando estes
métodos investigatórios são usados prematuramente para
diagnosticar casos relativamente simples em que a anamnese e
o exame físico teriam semelhante precisão. Mas, isto é a moder-
nidade pedindo passagem!
O segundo fator nos parece mais grave porque envolve algo
que ainda possui incomensurável valor no exercício da profissão:
A relação médico-paciente. Aqui se começa a análise com uma
inevitável pergunta: Como pretender que esta relação seja man-
tida dentro dos padrões recomendáveis, que incluem, de início,
uma conversa mais prolongada com o paciente - na qual, além
das queixas, deveriam ser abordados seus hábitos, emoções,
relacionamentos familiares e sociais, gostos etc. - se o que se
remunera ao médico pelo tempo dispensado na consulta não é
condizente com os anos de estudos empreendidos, com o traba-
lho que realizou para o seu aprimoramento especializado, sem
considerar ainda as despesas com os custos de sua estrutura de
atendimento (secretária, aluguel da sala, condomínio, impostos,
aparelhagem específica etc.)? Isto relativo à área da Medicina
privada. E na área pública? O excesso da demanda nos serviços
dos hospitais aliado à falta de material adequado e à desorgani-
26 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
zação da estrutura administrativa também se constitui em fator
que denigre o trabalho médico. E o que resta como recurso para
driblar estas situações enumeradas acima? A busca do caminho
mais curto para se chegar o quanto antes possível à confirmação
de uma suposição diagnóstica inicial, o que na maioria das vezes
é fácil de se alcançar mediante o uso de imediato dos exames
complementares, sem considerar ainda a proteção que eles con-
ferem ao médico quanto a uma eventual acusação de erro por
negligência. No entanto, com isso o ato médico, tanto a nível
privado quanto público, se torna certamente muito mais onero-
so. Aqui, é o desperdício que pede passagem!
Focando especificamente na área vascular, entendemos que
a anamnese e o exame físico inicial são básicos para a orientação
quanto aos exames complementares considerados necessários
para o diagnóstico de certeza sobre um caso em pauta. É claro
que o duplex scan veio para auxiliar muito o diagnóstico da in-
competência valvar no sistema superficial, facilitando inclusive
a condução do ato operatório. É claro que a angiotomografia
chegou para mostrar estenoses multisegmentares ou a loca-
lização de uma placa estenosante única em segmento arterial
cujo sopro não se torna audível, e assim permitindo sua correção
endovascular com relativa precisão. São exames que se torna-
ram menos agressivos que os seus precedentes (flebografia e
arteriografia). Mas, nem por isso alguns deles, especialmente os
que utilizam contraste, por mais modernos que sejam, são des-
tituídos de riscos. No entanto, até o momento de serem requisi-
tados, eles devem ser precedidos de uma competente avaliação
do paciente, que inclui o registro de suas queixas, comorbida-
des, antecedentes patológicos, medicamentos em uso etc. e
uma completa análise do estado das veias e dos pulsos arteriais
nas extremidades, seja por palpação, percussão, ausculta e pela
realização de provas funcionais, sem deixar de lado um exame
minucioso da superfície cutânea (estado da pele, temperatura
e coloração). Por isso, não se pode desprezar uma rotina pro-
pedêutica que contemple o mínimo necessário para que
se estabeleça a hipótese diagnóstica inicial, ponto de
partida para o raciocínio sobre o que deve ser solicitado
como exames complementares, bem como o que deve
ser estabelecido como conduta terapêutica inicial.
Sem isto, corre-se o risco de ser um meio especialis-
ta ou, no mínimo, um médico que desprezou a história
da sua profissão, cujo começo se deu pelo uso dos sen-
tidos humanos naturais e nem por isso muitos doentes
deixaram de ser beneficiados com o alívio ou a cura dos
seus males. Hipócrates que o diga!
noTA Do AUToR
Este texto constitui uma homenagem à memória do
Prof. Dr. Emil Burihan, um incansável defensor do retor-
no da prova de exame prático no paciente como uma das
etapas do concurso para obtenção do Título de Especialis-
ta da SBACV. Segundo sua abalizada opinião, este seria
o melhor momento para avaliar se o candidato era pos-
suidor das condições mínimas exigidas para o exercício da
especialidade na vida prática cotidiana. De fato, esta sua
visão tinha um alto grau de coerência para o julgamento
em questão, mas normas do Conselho Federal de Medicina
tornaram, nos tempos atuais, por questões éticas, impra-
ticável a manutenção desse tipo de avaliação nos concur-
sos médicos.
Coopangio
Afinal, médicos e
população de mãos dadas
30 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
Diretoria da Coopangio
o fim da economia como a conhecemos”; “Década
terá crise grave”. Economistas, sociólogos e cien-
tistas políticos não discutem, no momento, outra
coisa: Para aonde vamos? Que mundo é este que está a nascer? A
liberdade de trocas, o direito à propriedade, o estado democrático
de direito, sem dúvida haverão de persistir. Mas, o consumismo ir-
responsável e predatório terá, de alguma forma, que ser contido.
O motivo? responde André Lara Resende (um dos criadores do
Real). O fato de que atingimos os limites físicos do planeta e os
padrões de desenvolvimento a que estamos acostumados (por
meio do aumento da produção e do consumo de bens materiais)
esbarram nesses limites. Ninguém se arrisca a prever como será
essa “nova sociedade”. Esperamos que venha a ser livre, demo-
crática, atenta às exigências do meio
ambiente, dos direitos humanos e de
um justo convívio social. De qualquer
forma, todos concordam que quanto
melhor nos prepararmos para essa
“ruptura” menos traumática ela será.
E, quanto a nós médicos, como
vai a nossa “preparação”? Até quando
continuaremos na nossa arcaica rotina, a enriquecer empresários,
a coonestar um sistema claramente insatisfatório, que se acha
sob o questionamento permanente de todos os envolvidos. Até
quando permaneceremos inertes, enredados nessa teia de inte-
resses obscuros, ocupados em atender à fração mais abonada da
população e quase desatentos para os 150 milhões de brasileiros
que, dependentes exclusivamente da Medicina pública, penam
nas filas intermináveis e nas precárias instalações de um sistema
mal financiado, mal gerenciado e mal remunerado?
Quando nos voltaremos, médicos e população, para o esforço
sério e organizado da construção de um sistema de saúde universal,
igualitário, justo e democrático que a todos atenda sem distinção de
“ classe, padrão econômico, raça ou outra qualquer forma de discrimi-
nação; compatível, em suma, com as exigências do século XXI?
Ao menos para essa última pergunta parece já haver uma
resposta. As entidades médicas acabam de decidir, finalmente,
juntarem-se à sociedade civil organizada a fim de exigir dos nos-
sos representantes eleitos as medidas indispensáveis à Medicina
dos novos tempos.
Com efeito, em 3 de fevereiro foi lançada na sede da Associação
Médica Brasileira (AMB) a “Frente Nacional por Mais Recursos para
a Saúde”, apoiada pelas demais entidades médicas, pela Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB) e por várias outras instituições. A
Frente se propõe a coletar cerca de 1,5 milhão de assinaturas para
que seja apresentado ao Congresso Nacional um “projeto de lei de
iniciativa popular” – processo seme-
lhante ao da Lei da Ficha Limpa - vi-
sando garantir o investimento na Saú-
de Pública de 10% da receita bruta da
União. Para participar, basta acessar o
site do CFM, www.cfm.org.br, e impri-
mir o formulário a ser assinado.
Este é um passo importante para
a recuperação do setor público de saúde uma vez que, sem inves-
timento suficiente, não pode haver gestão eficiente ou remune-
ração adequada dos profissionais. É, também, uma oportunidade
rara de tomarmos em nossas mãos o destino da Saúde no Brasil;
influirmos no seu processo de financiamento; livrarmos a Medici-
na e os médicos do domínio das empresas mercantis; e colaborar-
mos de forma efetiva para que o povo brasileiro receba o atendi-
mento médico moderno e de qualidade que lhe é devido.
A campanha, portanto, merece o total apoio da Coopangio
e dos vasculares em geral, tradicionalmente atentos e participa-
tivos na luta por uma Medicina ética e de qualidade para toda a
população.
“Até quando
permaneceremos inertes,
enredados nessa teia de
interesses obscuros...”
o Conselho Federal de Medicina publicou nota em 14
de março de 2012, que revoga a Resolução CFM nº
1.772, que institui o Certificado de Atualização Profis-
sional para portadores dos títulos de especialista e certificado de
Giro nas Entidades Médicas
AMB assume o
Certificado de Atualização Profissional
áreas de atuação. A partir desta data, a atualização profissional
dos médicos deixa de ser obrigatória independente do ano de
concessão e passará a ser exclusiva da AMB, que emitiu o comu-
nicado reproduzido abaixo.
31Março / Abril - 2012
CoMUnICADo ofICIAL
A formação médica é longa e precisa ser bem feita, pois trabalhamos com nosso bem maior a saúde de todos.
Preocupa-nos a graduação na medicina com o elevado número de escolas médicas, várias delas formando médicos de maneira
inadequada.
Na pós-graduação com foco na residência médica, precisamos fortalecê-la e pautá-la de acordo com a prática médica moderna.
A Associação Médica Brasileira (AMB) abraça essa bandeira há muitos anos, culminando com o fato de ser a AMB e suas Sociedades
de Especialidades as principais responsáveis pela emissão de Título de Especialista.
Temos ido mais adiante quando introduzimos a atualização profissional que deverá ocorrer a cada 5 anos. Defendemos a boa
prática médica e o melhor para a saúde da população. Devemos valorizar o médico que se atualiza e recicla de maneira continuada.
Salientamos que o Título de Especialista nunca expira, mas a AMB protagoniza, coordena e valoriza a sua atualização. É o que
tem feito muitos países desenvolvidos e não deixaríamos que essa função fosse realizada fora da AMB, berço científico da medicina
brasileira, em conjunto com as suas Sociedades de Especialidades.
Dessa maneira, reiteramos que a atualização do Título de Especialista será conduzida pela AMB, de acordo com a atual política
de CNA/AMB (100 pontos em 5 anos, com não mais que 40 pontos/ano).
A AMB é também a casa do médico brasileiro e estará sempre lutando pelas boas causas desses profissionais e por melhorias
para a saúde do nosso Povo.
São Paulo, 20 de março de 2012
Associação Médica Brasileira
Em entrevista, Dr. Aldemir Humberto Soares, Secretário-
geral da AMB respondeu, entre outras, as seguintes questões:
o processo de certificação de atualização profissional será
mantido. Mantê-lo não poderá causar contestações judiciais?
Não, porque é uma opção da AMB e das Associações de Es-
pecialidade. O processo é voluntário e o médico participa se qui-
ser, por isso não há motivos para contestação. Do ponto de vista
da AMB, continuamos defendendo a necessidade da atualização
profissional dos médicos até como medida de apoio à sociedade.
o que será feito com os médicos que já somaram os pontos
necessários para obter o certificado?
Está sendo providenciado um certificado de atualização pro-
fissional e assim que o modelo estiver definido, será encaminha-
do os médicos que já obtiveram os pontos necessários. Como o
primeiro grupo teve seu prazo estendido até dezembro de 2012,
esse atraso não trará prejuízos.
Entrevista
Evolução
do CFM
Presidente do Conselho Federal de Medicina,
o cardiologista Roberto Luiz d´Avila,
concede entrevista exclusiva para a revista
da SBACV-RJ e fala sobre a evolução da
atuação do órgão e também sobre a sua
posição quanto à abertura de novas vagas em
cursos de Medicina e a falta de médicos em
determinadas regiões.
32 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
Roberto Luiz d´Avila - Presidente do Conselho Federal de Medicina
1. originalmente o CfM se limitava a regulamentar a prá-
tica da Medicina. hoje, o Conselho se mostra importante ator
nos movimentos políticos que envolvem os interesses dos
médicos. A que se deve essa evolução e qual o principal papel
do Conselho hoje?
Nossa entidade percebeu que seu escopo legal e representativi-
dade lhe permite ir além de debates técnicos e éticos, os quais tam-
bém são de extrema importância para a prática médica no Brasil
e para assegurar os parâmetros do bom atendimento. O CFM tem
longa trajetória em defesa da saúde dos brasileiros, por isso, nada
mais natural, que agregasse ao seu fazer diário esses importantes
ingredientes que são o agir e o pensar políticos. No nosso país, as
decisões são sempre antecedidas de um longo período de articu-
lações e negociações que podem mudar completamente o rumo
dos fatos. Os médicos não podem ficar de fora destes debates e
devem ser ouvidos. O Conselho Federal de Medicina espera, assim,
contribuir para a valorização de nossa classe e a qualificação da
assistência também neste espaço que, mesmo distante dos con-
sultórios e hospitais, tem grande repercussão sobre o cotidiano de
nossos colegas e dos pacientes.
2. o Governo estuda medidas para ampliar o número de
profissionais,pois acredita que este é insuficiente. Através do
estudo “Demografia médica no Brasil”, publicado em novem-
bro de 2011 pelo Conselho, se pode confirmar a carência de
profissionais? se não, o que tem causado a falta de médicos
em determinadas regiões brasileiras?
Trata-se de uma resposta que não é simples. Se formos ava-
liar os padrões estatísticos nacionais, temos a segurança de que
não faltam profissionais no país. Atualmente, contamos com cer-
ca de 370 mil médicos em condições de atender os brasileiros. O
grande problema é que a grande maioria deles se concentra nos
estados do Sul e do Sudeste, além das capitais e dos municípios
mais desenvolvidos ou da faixa litorânea nas outras regiões. As-
sim, admitimos a dificuldade de encontrar médicos em áreas dis-
tantes, de difícil provimento, na Amazônia, no Nordeste, e mes-
mo nas periferias de algumas grandes cidades, onde a violência
se impõe. Em nosso ponto de vista, há uma lacuna na esfera das
políticas públicas que precisa ser preenchida. Cabe ao Gover-
no estabelecer formulas que estimulem a migração e a fixação
dos médicos nestas áreas. Para isso, é importante oferecer-lhes
condições de trabalho, acesso à educação continuada, plano de
progressão funcional e remuneração coerente com a responsabi-
lidade e o compromisso exigidos. Percebemos que, aos poucos,
nosso alerta tem sido compreendido por importantes setores da
sociedade, inclusive da mídia. Esperamos que a gestão do SUS
tenha a mesma sensibilidade e adote medidas para colocar esse
desafio no passado.
3. o Conselho federal de Medicina propõe ao Ministério
da Saúde e ao Ministério da Educação o debate sobre a aber-
tura de novas vagas em cursos de Medicina e de novas escolas
médicas. Quais as preocupações do Conselho e quais propos-
tas sobre o assunto serão apresentadas?
Somos contrários à abertura indiscriminada de novos cursos
e de vagas em escolas médica de qualidade duvidosa. A experi-
ência mostra muitos desses estabelecimentos em atividade não
oferecem o mínimo aos seus estudantes que tornam-se, por sua
vez, vítimas de empresários que pensam apenas no lucro e não
se preocupam em oferecer a adequada formação aos futuros
profissionais. O que exigimos do Governo é que tenha um olhar
atento sobre esta questão e evite a proliferação desenfreada
dessas escolas caça-niqueis. Uma iniciativa importante no âm-
bito da Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação
era a avaliação feita pelo grupo coordenado pelo ex-ministro
Adib Jatene. Graças a este trabalho, inúmeras vagas foram
fechadas e escolas tiveram que se equipar. Pena que, recente-
mente, o Conselho Nacional de Educação (CNE) jogou por terra
esse esforço e permitiu que muitas dessas unidades reabrissem
essas vagas. Vemos isso como um ato inconsequente, que deve
ser revisto. Estendemos nosso apoio ao professor Jatene que
denunciou essa manobra que coloca em xeque a boa medicina
e o paciente em risco.
4. Após ampla negociação, o PEC 29 foi aprovado em ja-
neiro de 2011 com 15 vetos. o que a aprovação e os seus ve-
tos significam para saúde brasileira e para os profissionais do
Brasil?
O Brasil vive uma estranha contradição no que se refere à as-
sistência em saúde. De um lado, pode se orgulhar de possuir um
dos maiores modelos públicos com acesso universal do planeta.
Por outro lado, uma das maiores políticas sociais do mundo so-
fre com a falta de financiamento que impede que os avanços se
multipliquem e se consolidem. O volume de recursos investidos
no SUS está aquém das suas necessidades e, principalmente, das
possibilidades existentes dentro do caixa público. Em consequên-
cia, essa visão distorcida acentua as desigualdades no acesso,
impedindo que o Sistema Único alcance plenamente seus objeti-
vos. Tínhamos a esperança que em dezembro passado esta lógi-
ca fosse rompida com a aprovação no Senado Federal do projeto
que regulamenta a Emenda Constitucional 29 (EC 29). No en-
tanto, após 11 anos de tramitação e luta, assistimos uma vota-
ção que terminou sem garantir a injeção dos recursos esperados
pelas entidades médicas e pelos movimentos sociais para o SUS.
Não teremos os sonhados 10% das receitas correntes brutas da
União. Na prática, em 2012, o nível federal aplicará o empenha-
do em 2011 (R$ 72 bilhões) mais a variação do PIB de 2010 para
2011, somando cerca de R$ 86 bilhões. A medida equivale ao que
já é feito atualmente. Se os senadores tivessem tido a ousadia da
mudança, o cenário seria bem diferente. Se aprovado o projeto
em sua forma original – apresentada por Tião Viana - a saúde re-
ceberia incremento de R$ 35 bilhões, chegando a um orçamento
de R$ 107 bilhões. Com esse suporte, o país romperia definitiva-
mente com seu descompromisso histórico e ingressaria no rol das
nações que compreendem suas obrigações sociais, justamente
aquelas mais desenvolvidas. Enfim, 2012 já acena com um desa-
fio: retomar a luta pelo financiamento digno da saúde brasileira
para que a sociedade possa testemunhar a promessa constitucio-
nal e ver a luz do dia. Para nós, médicos, esse é um compromisso
que deve ser cumprido.
5. o Conselho federal de Medicina tem trabalhado em
conjunto com a fEnAM e a AMB, o que esta parceria repre-
senta para a classe médica?
Pela primeira vez, em muitos anos, vemos o alinhamento insti-
tucional das grandes entidades médicas nacionais. Cada uma tem
agregado seu conhecimento, sua expertise, seus argumentos em
prol da valorização da Medicina. No entanto, isso não significa
que suas identidades, características próprias, estejam se perden-
Entrevista
34 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
do em nome de uma unidade estratégica. Pelo contrário, pontos
divergentes existem e são respeitados por que entendemos nossos
compromissos históricos. Por outro lado, estamos alinhados con-
tra os adversários comuns.
6. o Ministério da Saúde tem planejado reformas na assis-
tência de Média e Alta Complexidade no SUS. De que maneira
o CfM vê a implantação das novas políticas?
Por meio de nossas comissões especiais e do trabalho realizado
pelos conselheiros do CFM, acompanhamos de perto as discussões
desenvolvidas pelo Ministério da Saúde. Temos oferecido nossas
contribuições e argumentos na tentativa de construir consensos
que permitam o avanço da prática médica no Brasil. Essa é nossa
missão e continuaremos firmes, em busca de resultados satisfató-
rios para todos.
“Pela primeira vez, em
muitos anos, vemos o
alinhamento institucional das
grandes entidades médicas
nacionais.”
35Março / Abril - 2012
Especial
36 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
Encontro Regional
traz Parodi e Coselli
Após a edição histórica realizada no ano passado em
comemoração ao jubileu de prata, o Encontro de An-
giologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro voltou
a superar as expectativas, reunindo pela primeira vez no Brasil,
importantes expoentes da Cirurgia Vascular mundial. O XXVI
Encontro, realizado entre os dias 22 e 24 de março, no Windsor
Hotel, na Barra da Tijuca, congregou cerca de 550 participantes
e contou com a presença de cinco convidados internacionais,
entre eles os Drs. Juan Carlos Parodi e Joseph S. Coselli.
Além dos convidados já citados, o Encontro foi abrilhantado
pela participação dos Drs. Mark Farber, Lynne Farber e Christian
Bianchi, que dividiram mesas com especialistas brasileiros, na
já tradicional troca de informações promovida pelo Encontro. A
programação científica deste ano incluiu sócios que antes não
tinham participado do Encontro como palestrantes, na iniciativa
de inclusão proposta pela Diretoria Científica.
37Março / Abril - 2012
Segundo Dr. Arno von Ristow, Diretor Científico da SBACV-
RJ, a programação científica foi elaborada em conjunto, num
trabalho realizado em parceria entre a Diretoria Científica e a
Presidência. Dr. Arno se reuniu com o Vice-Presidente da Regio-
nal, Dr. Adalberto Pereira, diversas vezes para melhor definição
e escolha dos convidados estrangeiros e dos temas a serem
abordados. “Todos os convidados têm um peso muito grande, e
nós estamos muito felizes por terem vindo”, disse Dr. Arno.
Diversos associados foram convidados a se apresentarem
abordando o tema de seu bom grado. A proposta, por se tratar
uma novidade, não gerou o retorno esperado, mas a Diretoria
Científica acredita que esta é a melhor forma de se estabelecer
a grade, e que os sócios irão se habituar. “Eles não estão acos-
tumados com esse tipo de convite. Sempre que era feito o en-
contro, o convite de participação já especificava o assunto a ser
abordado, e isso nem sempre é o melhor. O ideal é que você
pergunte o que o especialista gostaria de apresentar, talvez algo
que esteja trabalhando”, explicou Dr. Arno. A iniciativa de con-
vidar os sócios para integrarem a mesa tem como objetivo ele-
var o nível científico da Regional e aproximar os associados, que
nem sempre tiveram a oportunidade de participar.
Como nos últimos cinco anos, o primeiro dia do Encontro
foi reservado para os residentes, que tiveram a oportunidade
de simular casos reais e ter seus artigos apresentados para uma
banca composta por experientes especialistas, que avaliaram e
premiaram o melhor trabalho. A programação científica come-
çou na manhã do dia 23, com a mesa “Controvérsias na isquemia
crítica”, presidida pelo Dr. Emil Burihan, que deixou sua última
contribuição para a Sociedade a qual tanto se dedicou, vindo a
falecer uma semana depois de sua participação no Encontro Re-
gional (veja homenagem ao Dr. Burihan na seção Memória Vas-
cular). A primeira mesa abordou seis diferentes subtemas e foi
encerrada para dar início a cerimônia de abertura, que contou
com a presença, além da Diretoria da SBACV-RJ, do Dr. Antonio
Luís de Medina, representando a Academia Nacional de Medi-
cina, da Presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio
de Janeiro, Dra. Marcia Rosa e do Presidente da Nacional, Dr.
Calógero Presti.
A rigidez dos horários das apresentações e a garantia de es-
paço para o debate conquistaram os congressistas, que já não
hesitam em participar da discussão indo ao microfone posto
na plateia. Os congressistas participaram levantando questões
e apresentando suas opiniões sobre os temas abordados. Mais
que um simples canal de informações e atualizações, o Encontro
tem se tornado um ponto de encontro de especialistas, que tro-
cam informações e experiências.
O Presidente da Nacional, Dr. Calógero Presti, prestigiou
o evento e elogiou a sua organização. “Já se tornou um even-
to tradicional. O Encontro Carioca, assim como o encontro São
Paulo, é um evento que se impõe pela seriedade científica. Não
é evento político, é evento científico de altíssimo padrão e com
uma grande organização como eu pude ver aqui. Esse encontro
carioca é um exemplo aqui no Brasil”, disse Dr. Presti.
Um dos principais convidados do evento, Dr. Juan Carlos Pa-
rodi, esteve logo na primeira mesa, que encerrou com o tema
“Prostaglandina no tratamento da tromboangeíte e do ate-
roembolismo periférico”, apresentado por ele. Dr. Parodi e os
demais apresentadores tiveram oito minutos para realizar a sua
exposição, que ao final foi debatida pelos congressistas por 11
minutos. Na segunda mesa do dia, outro convidado de grande
prestígio internacional se apresentou. Dr. Joseph Coselli fechou
a mesa em que foram discutidos temas relacionados à aorta,
com a sua apresentação “Evolução do tratamento do aneurisma
da aorta torácia: meio século de evolução”. As mesas seguintes
do dia abordaram os temas patologia venosa, atualização te-
rapêutica, controvérsias em revascularização cerebral, técnica
endovascular de A a Z e atualização em imagem vascular. Neste
primeiro dia, a Bayer realizou ainda seu simpósio, com os temas
tratamento da TVP: abordagem tradicional e novas evidências;
e prevenção secundária de TEV: o que há de novo? A noite de
sexta-feira foi encerrada com uma confraternização, com direi-
to a show humorístico.
A programação de sábado começou logo cedo, às 07h15 com
o café da manhã com os especialistas. As cinco mesas do dia,
abordaram os temas trauma, tromboembolismo, tratamento
dos aneurismas de hipogástrica, acesso vascular, casos desafio.
O Simpósio Tecmedic abordou os temas Stent Multi layer - uma
grande novidade? E revisão da literatura mundial.
hoMEnAGEnS
Logo após a cerimônia de abertura, o Dr. Sergio S. Leal de
Meirelles, Secretário-Geral da SBACV-RJ, subiu à bancada e
prestou uma homenagem ao Dr. José Luís Camarinha do Nas-
cimento Silva, que foi reconhecido por sua constante atuação
e importante contribuição para a Sociedade. Atualmente mem-
bro do Conselho Superior da Nacional e do Conselho Científico
da Regional, Dr. José Luís foi Presidente da SBACV-RJ no biênio
Especial
38 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
1994-1995 e da SBACV de 2008 a 2009. Para Dr. Camarinha, a
homenagem representa de um lado a generosidade implícita
das pessoas, e de outro, o reconhecimento de toda a sua dedica-
ção, de toda uma vida.
Em seu discurso, Dr. Meirelles teve o apoio de imagens que
mostraram a longa trajetória do professor na defesa das especia-
lidades e ao lado de muitos colegas, que compartilharam deste
momento. O preito contou também com um vídeo, no qual o Dr.
Camarinha explicou a sua gratidão às especialidades: “Receber
uma homenagem de pessoas tão queridas, tão próximas, com
as quais eu convivo há mais de 30 anos, é uma grande emoção”.
Para ele, a participação na Sociedade é algo natural e ineren-
te à atuação dos médicos. “Eu não entendo a vida do médico
sem estar inserido com seus pares em uma sociedade médica.
A SBACV é sociedade atuante, que procura estar do lado cada
um, que procura defender os nossos interesses e, sobretudo, os
interesses de nossos pacientes, explicou ele.
Em forma de agradecimento pela contribuição que permitiu
que a revista da Regional chegasse ao atual modelo, que integra
conteúdo científico e jornalístico, a Diretoria da SBACV-RJ pres-
tou homenagem aos ex-Diretores de Publicação da revista. Dr.
Julio Cesar Peclat de Oliveira, atual Diretor de Publicações, fez a
entrega das placas. Dr. Peclat assumiu a revista em janeiro des-
te ano, e logo propôs mudanças no projeto editorial e gráfico.
Entre outras alterações, a revista conta agora com um número
maior de páginas, uma entrevista exclusiva a cada edição, além
da capa, que deixou para trás o modelo usado há anos.
Na oportunidade, os ex-Diretores de Publicação recordaram
sua gestão e comentaram a evolução constante da revista. Dr.
Luiz Alexandre Essinger, destacou a força da revista, que não
Visita aos expositores
“...a revista conta agora com
um número maior de páginas,
uma entrevista exclusiva
a cada edição, além da capa,
que deixou para trás o modelo
usado há anos.”
39Março / Abril - 2012
só se mantém como cresce a cada gestão. “Só o fato da revista
se manter já é interessante. Muitas publicações acabam sendo
deixadas por falta de patrocínio, de interesse para publicação
e por outros motivos também”, disse ele. “A revista foi criada
de forma muito carinhosa e cresceu rápido”, relembra Dr. Paulo
Marcio Canongia. “A Regional merece uma revista de excelên-
cia como a que recebi durante o último Encontro. Desejo muito
sucesso a esse jovem altamente promissor, Dr. Julio Peclat”, elo-
giou Dr. Ney Abrantes Lucas.
Dr. José Amorim de Andrade lembrou das mudanças da
Regional e relacionou a comunicação com força da Sociedade.
“Quanto mais intensa, vigorosa e multifacetada for a comuni-
cação, mais saudável e robusta será essa instituição”, falou.
“A revista continua sua evolução de acordo com o momento
que vivemos, sempre inovando o seu visual sem, no entanto,
perder a sua característica principal, que é informar e divul-
gar a nossa especialidade”, defendeu Dr. Marco Antonio Alves
Azizi. “A revista continua muito boa. É excelente o trabalho
realizado pelo Dr. Julio Peclat e sua equipe”, parabeniza Mar-
cio Arruda Portilho.
Receberam também a placa os Drs. Sergio Meirelles e Antonio
J. Monteiro.
Dr. Camarinha recebeu homenagem dos já antigos colegas
Ex-Diretores da Publicação foram homenageados Drs. José Amorim de Andrade e Paulo Marcio Canongia receberam a placa da Diretoria
Convidados
Internacionais
o Encontro de Angiologia e de Cirurgia Vascular há tem-
pos tem se mostrado como uma importante oportu-
nidade de intercâmbio de informações. A cada ano, a
lista de convidados internacionais se renova e são recebidos no
Rio de Janeiro importantes especialistas, vindos de diferentes
regiões do mundo. Este ano, o Encontro se superou ao trazer
cinco convidados internacionais, dentre eles os expoentes nas
especialidades, os Drs. Juan Carlos Parodi e Joseph S. Coselli. O
Presidente da SBACV-RJ, Dr. Carlos Eduardo Virgini e a Direto-
ria da Regional agrade-
cem em especial aos
esforços do Dr. Marcelo
Ferreira, que trabalhou
para que os conceitua-
dos convidados inter-
nacionais participassem
do Encontro.
Dr. Joseph Coselli,
chefe do Departamen-
to de Cirurgia da Baylor
College of Medicine,
participou do Encontro como palestrante dos temas: evolução
do tratamento do aneurisma da aorta torácia - meio século de
evolução; escolha seu veneno no reparo da aorta proximal -
aberto, híbrido ou puramente endovascular; e ainda foi modera-
dor de uma das mesas. “Ele é um dos cirurgiões cardiovasculares
mais famosos do mundo. É a pessoa que tem a maior experiên-
cia em aneurismas”, explicou Dr. Marcelo da Volta Ferreira.
Para Dr. Coselli um encontro que reúne a indústria é uma for-
ma de ajudar a introduzir novas tecnologias e avançar no cam-
po da cirurgia vascular.
“A importância de um
evento como este é reu-
nir alguns dos experts
mundiais para discuti-
rem entre si. Isso, além
da oportunidade de
educar os especialistas
com menos experiência
que queiram melhorar
o que fazem em relação
aos cuidados com a saú-
de da população”, disse ele.
Perguntado quais os desafios para se obter sucesso no trata-
mento de pacientes portadores de Aneurisma da Aorta Abdomi-
nal (AAA), Dr. Coselli respondeu: “Para citar alguns deles temos o
desenvolvimento contínuo da tecnologia, aparelhos melhores e
menores que são mais simples e seguros para serem usados. Exis-
tem também os desafios a longo prazo, que incluiriam os proble-
mas que ainda encaramos em alguns pacientes, particularmente
indolência e melhorias na durabilidade a longo prazo”.
Dr. Juan Carlos Parodi, pioneiro no tratamento endovascu-
lar dos aneurismas da aorta abdominal, apresentou os temas:
prostaglandina no tratamento da tromboangeíte e do atero-
Especial
“Este ano, o Encontro se superou ao
trazer cinco convidados internacionais,
dentre eles os expoentes nas
especialidades, os Drs. Juan Carlos
Parodi e Joseph S. Coselli.”
Dr. Joseph Coselli
41Março / Abril - 2012
embolismo periférico; vinte anos após a primeira publicação do
tratamento endoluminal de aneurismas; reversão de fluxo: por
que é o melhor sistema de proteção cerebral. “É uma figura his-
tórica da cirurgia vascular, ele foi o primeiro fazer uma cirurgia
de aneurisma. Ele é o atlas que carrega o mundo endovascular,”
define Dr. Marcelo da Volta Ferreira.
Para Parodi, um evento como este é importante, pois se dis-
cutem assuntos que ainda não estão nos livros. O especialista
acredita que o treinamento é essencial para se obter sucesso nas
cirurgias de AAA. “Todos os nossos jovens médicos e residentes
estão aprendendo muito rapidamente e realizando os procedi-
mentos em alguns meses”, disse ele.
O americano Christian Bianchi ministrou as palestras a endo-
prótese Gore C3 reposicionável; lições aprendidas em um hospi-
tal militar americano; e a equipe de preservação de membros.
Participou também como moderador, na mesa casos desafio.
“Eu acho que a liderança que vocês têm aqui no Brasil é incrível”,
elogiou Dr. Bianchi.
O Diretor do Centro de Doença da Aorta (UNC), do Pro-
grama de Cirurgia Vascular e Professor Associado de Cirurgia e
Radiologia, Dr. Mark A. Farber, participou como debatedor no
café da manhã com especialistas e como moderador na mesa
casos desafio, junto com outros colegas estrangeiros. “É mui-
to importante fazermos um evento como este. É preciso que as
informações cheguem aos médicos que não têm tanta prática”,
justificou ele.
Dra. Lynne Farber, dos Estados Unidos, professora assisten-
te da Universidade de Carolina do Norte, palestrou sobre a con-
duta nas complicações dos acessos venosos centrais.
Dr. Juan Carlos Parodi
Dr. Christian Bianchi
Dr. Mark A. farber
42 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
Especial
VI Encontro dos
Residentes do Rio de Janeiro
o já tradicional Encontro Regional de Angiologia e de
Cirurgia Vascular reserva, para seu primeiro dia, um
encontro entre residentes. Idealizado há mais de cin-
co anos pelo atual Diretor de Eventos da Regional, Dr. Rossi Mu-
rilo, o evento tem conquistado a cada edição mais participantes,
aproximando a Regional dos futuros especialistas e oferecendo
a eles a oportunidade de praticarem em simuladores e também
de apresentarem seus trabalhos. O VI Encontro de Residentes
aconteceu no dia 22 de março, no Windsor Hotel, e contou com
a participação de mais de 40 residentes.
Grupos de estudos práticos, assim pareciam as mesas com os
simuladores. Apesar de o aparelho ser manipulado por um só resi-
dente, a simulação era conduzida em conjunto, através das opini-
ões e argumentações daqueles que cercavam o aparelho. “É me-
lhor trocar de cateter”, aconselhavam os residentes que assistiam.
Os simuladores disponibilizados pelas indústrias têm pro-
gramadas várias lesões, diversos tipos de casos e doenças. O
residente escolhe o caso e o grau de dificuldade e inicia o pro-
cedimento, selecionando quais materiais serão usados. Para o
coordenador do Encontro, Dr. Bernardo Massière, é importan-
te que o profissional no início da sua formação tenha ideia das
dificuldades e os desafios que estão por vir nos próximos anos.
“A partir da simulação é possível avaliar o comportamento dos
materiais no corpo humano, em artérias com tortuosidades, e
como esse material se comporta em situações extremas e desa-
fiantes. Então o simulador acaba antecipando para o residente
os pontos que ele tem que desenvolver para poder crescer pro-
fissionalmente, tecnicamente”, explica Dr. Massière.
Para permitir que os residentes tivessem acesso a todos os
aparelhos, os participantes foram divididos em sete grupos, que
revezavam as mesas. Os responsáveis pelos simuladores expli-
cam que existem diferentes níveis de complexidade, que podem
ser alteradas de acordo com o desempenho de cada residente.
O aparelho também simula as condições clínicas do “paciente”,
que durante a simulação pode até ir a óbito. “O objetivo prin-
cipal do simulador é realmente acelerar o aprendizado do mé-
dico, porque ele tem a possibilidade de treinar primeiro numa
máquina para depois ir para um procedimento real”, destacou
Marcos Mattar, gerente de vendas e marketing para o Brasil da
linha vascular de cardiologia da Johnson.
A verossimilhança dos simuladores demandava alta atenção dos residentes
Grupo de residentes opina sobre o caso que está sendo simulado
43Março / Abril - 2012
ARTIGOS
Às 16h começaram as apresentação dos temas livres e rapi-
damente a sala se encheu. Tantos quiseram prestigiar as apre-
sentações, que a sala ultrapassou a sua capacidade de espec-
tadores, alocando os últimos que chegaram ao fundo. Foram
selecionados oito artigos para apresentação, dos quais o inti-
tulado “Qual a melhor via de acesso para o tratamento endo-
vascular da Síndrome de May & Thurner?”, do Centervasc-Rio,
recebeu a primeira colocação. O artigo apresentado pelo Dr.
Daniel M. F. Leal, foi o melhor avaliado pela comissão julgadora,
composta pelos Drs. Paulo Marcio Canongia, Adalberto Pereira
da Silva, Rossi Murilo da Silva e Bernardo Massièri. Na avaliação,
foi levada em consideração a relevância do tema e o aproveita-
mento do tempo oferecido para apresentação.
O segundo lugar foi dado para o trabalho do Serviço de Cirur-
gia Vascular do Hospital Federal da Lagoa, com o artigo “Trata-
mento endovascular para exclusão de pseudoaneurisma e fístu-
la pós-trauma - Uma opção ao acesso aberto”, apresentado por
Daniel Lustoza. A terceira colocação ficou com o artigo “Trata-
mento endovascular da úlcera de aorta abdominal rota – Relato
de caso”, apresentado pela Cláudia Amorim, do Serviço de Cirur-
gia Vascular do Hospital Universitário Pedro Ernesto - UERJ.
Os resumos dos artigos apresentados podem ser apreciados
na próxima página.
Dr. Marcos Poleto, foi um dos residentes que manuseou o si-
mulador e se disse admirado com a fidelidade do aparelho. “Eu
acho que o espaço dessa simulação é fundamental para o cirurgião
em formação, para que nos momentos críticos, em que é preciso
tomar uma decisão, saibamos as possibilidades. É impressionante
como se parece com o procedimento real,” disse ele.
A residente Wanessa Franco também simulou um caso e fi-
cou impressionada. “É sensacional. Simula perfeitamente o que
é na prática. É a maneira perfeita para treinar”, concluiu. Foram
oferecidas aos residentes duas horas de simulação, em sete apa-
relhos diferentes.
NOVIDADES PARA OS RESIDENTES
Dr. Carlos Eduardo Virgini, Presidente da SBACV-RJ, fez a
abertura das apresentações dos Temas Livres, e aproveitou a
oportunidade para comunicar novidades para os residentes. Dr.
Virgini falou sobre a proposta de que todos os residentes se tor-
nem sócios; adiantou uma nova funcionalidade do site da Regio-
nal, que está sendo reformulado e que passará a disponibilizar
para os sócios artigos na íntegra; e sobre canal que será criado
no Youtube, que reunirá os vídeos dos Encontros Cariocas e das
palestras realizadas pela Sociedade.
O Presidente da Regional também anunciou que conta com
o apoio dos residentes nas produções científicas, tendo como
proposta inicial o levantamento da prevalência de pé diabético
no Rio de Janeiro. “Vamos contar com a participação de vocês
para levantar esses dados em cada hospital que vocês traba-
lham. A Regional precisa muito mais de vocês que vocês dela.
Participem da Sociedade”, disse Dr. Virgini.
Comissão julgadora
Sala cheia na hora da apresentação dos artigos
Dr. Carlos Eduardo Virgini pretende aproximar os residentes da Regional
44 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
PRIMEIRo CoLoCADo Qual a melhor via de acesso para o tratamento endovascular da Síndrome de May & Thurner?
Autores: Daniel M. F. Leal, Marcos G. Poletto, Bernardo Massière, Alberto Vescovi, Marcos Arêas Marques, Arno von Ristow e Antonio Luiz de Medina - Centervasc-Rio - Curso de Pós-Graduação em Cirurgia Vascular e Endovascular da PUC-Rio
objetivoA recanalização venosa nos pacientes com Síndrome de May & Thurner (SMT) por via femoral, frequentemente, é impossível. Avaliamos as taxas de sucesso na recanalização venosa em três vias de acesso.
Material e MétodosEstudo retrospectivo, avaliando a taxa de sucesso de restauração do fluxo venoso iliocaval esquerdo em portadores de obstrução venosa crônica associada à SMT, tratados no Centervasc-Rio, no período de março de 2002 a fevereiro de 2012, levando em consideração a via de acesso utilizada para o tratamento. Foram excluídos os casos associados com trombose venosa aguda. Realizada simultaneamente revisão da literatura no PubMed.
ResultadosForam realizadas 20 cirurgias no período, com as seguintes taxas de sucesso terapêutico: via femoral - 67% (8/12), via poplítea - 67% (2/3) e via jugular - 80% (4/5).
ConclusãoA via jugular foi a que apresentou a maior taxa de sucesso, sendo a melhor alternativa para a realização do procedimento em pacientes portadores de síndrome pós-trombótica.
SEGUnDo CoLoCADo Tratamento endovascular para exclusão de pseudoaneurisma e fístula pós-trauma. Uma opção ao acesso aberto
Autores: Daniel Lustoza, Joana Babo, Paulo Roberto Gonçalves, Átila Brunet Di Maio e Vasco Lauria - Cirurgia Vascular do Hospital Federal da Lagoa
objetivoApresentar o tratamento endovascular como uma alternativa ao acesso dos vasos subclávios.
Material e MétodosPaciente masculino vítima de trauma por PAF evoluiu com edema e tumoração em região supraclavicular. Foi atendido em serviço de emergência na ocasião do acidente e não foi identificada lesão vascular. O paciente vem encaminhado de outra unidade para resolução da complicação tardia.
ResultadosBoa exclusão do pseudoaneurisma e do pertuito da fístula. Follow up de sete meses com sucesso clínico.
ConclusãoA exclusão endovascular de lesões dos vasos subclávios é uma boa alternativa ao acesso tradicional, podendo ser utilizado mesmo em lesões vinculadas ao trauma.
TERCEIRo CoLoCADo Tratamento endovascular da úlcera de aorta abdominal rota - Relato de caso
Autores: Cláudia Amorim, Raphaella Gatts, Robert Eudes, Cristiane Araújo Gomes, Bernardo Barros, Cristina Rigueti, Felipe Fagundes, He-len Pessoni, Leonardo Castro, Monica Mayall, Salomon Amaral, Jaqueline Barreto, Eduardo Rodrigues Neto, Talitta Pires de Souza e Carlos Eduardo Virgini Magalhães - Hospital Universitário Pedro Ernesto - UERJ
objetivoRelato de caso de um paciente com úlcera penetrante de aorta abdominal rota contida.
MétodoPaciente de 65 anos, masculino, com quadro clínico de dor lombar de forte intensidade com dois anos de evolução. A TC de abdome com contraste identificou volumoso pseudoaneurisma de aorta abdominal que se estendia até a pelve com compressão renal. O paciente foi submetido a tratamento endovascular com endoprótese monoilíaca ocluindo o ponto de rotura e ponte ilíaco-femoral cruzada.
ResultadosO paciente evoluiu de maneira satisfatória, com desaparecimento da dor abdominal. Na TC de controle três meses após o procedimento observamos redução do hematoma e ausência de endoleaks.
Conclusão A úlcera penetrante de aorta é uma patologia incomum e ainda menos frequente no segmento abdominal. A rotura transmural está asso-ciada a um prognóstico reservado. Em apenas 8% destes pacientes a rotura apresenta-se tamponada o que pode facilitar sua abordagem, mas atrasar o seu diagnóstico.
46 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
Raio-X
Meio século de docência do
Hospital Universitário Pedro ErnestoCarlos Eduardo Virgini Magalhães - Coordenador da UDA de Cirurgia Vascular HUPE - UERJ e Presidente da SBACV-RJ
no próximo ano a Cirurgia Vascular no Hospital Univer-
sitário Pedro Ernesto faz 50 anos. Nomes como An-
tônio Luiz de Medina, Paulo Sergio Gomes da Costa,
José Carlos B. Cortes, Álvaro Medrado Camelier e Ricardo Antô-
nio Portugal, ajudaram a criar e a consolidar ao longo de tantos
anos o Serviço que, desde então, tem ensinado e influenciado
um grande número de cirurgiões de vários cantos do Brasil.
Esta história tem início em 1960, pelo Prof. Medina, com a
criação da Sessão de Cirurgia Vascular da 1ª Clínica Cirúrgica, na
época “comandada” pelo Professor Titular de Cirurgia Manoel
Cláudio da Motta Maia. Em 1963 enfim se estabeleceu oficial-
mente uma parceria entre dois nomes que já vinham seguindo
os passos do Prof. Medina: José Carlos Bastos Côrtes, mineiro de
além Paraíba, recém-saído do Serviço do Prof. Augusto Paulino,
e Álvaro Medrado Camelier, apresentado ao Prof. Medina por
Amélio Pinto Ribeiro e Algy de Medeiros. Dr. Côrtes recebeu a
Há tempos sem publicação, a seção Raio-X retorna à revista da SBACV-RJ. A seção tem como principal objetivo apresentar os
Serviços de Cirurgia Vascular do Estado do Rio de Janeiro e, de forma oportuna, publicamos nesta edição o atual perfil do Servi-
ço Unidade Docente Assistencial de Cirurgia Vascular do Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ), chefiado pelo Presidente
da SBACV-RJ, Dr. Carlos Eduardo Virgini Magalhães. O serviço comemora este ano o seu quinquagenário, em meio a reformas
em busca de melhorias.
chefia do Serviço em 1969 das mãos do Prof. Medina e até sua
saída em 2003 dedicou-se a formar cirurgiões vasculares - seu
maior legado à Cirurgia Vascular do nosso país.
Dr. Côrtes permaneceu como chefe até seu afastamento
compulsório da Universidade em junho de 2003, quando então
assumimos a coordenação do Serviço que já se chamava Unidade
Docente-Assistencial (UDA) de Cirurgia Vascular. Há alguns anos, a
criação da UDA de Cirurgia Vascular, que passou a reunir a Disciplina
da Faculdade de Ciências Médicas e o Serviço de Cirurgia Vascular
do HUPE-UERJ, procurou contemplar as necessidades docentes e
assistenciais, impossíveis de serem separadas em um Hospital Uni-
versitário, oficializando o que já existia na prática: a coordenação
única da Disciplina (Faculdade) e do Serviço (Hospital).
As atividades da UDA de Cirurgia Vascular estão divididas
entre o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) e a Policlí-
nica Piquet Carneiro (PPC-UERJ). No HUPE são realizadas as in-
ternações clínicas e cirúrgicas, procedimentos endovasculares, e
cirurgias de médio e grande porte. Na PPC-UERJ são realizadas
as cirurgias ambulatoriais (confecção de FAV e varizes de MIS)
e todo o atendimento ambulatorial. O ambulatório da Cirurgia
Vascular foi “batizado” como Ambulatório de Cirurgia Vascular
Álvaro Medrado Camelier, em homenagem aos 30 anos de sua
dedicação ao antigo PAM São Francisco Xavier, hoje Policlínica
Piquet Carneiro. O atendimento no ambulatório é dividido por
patologias em dias de atendimento diferentes:
47
- Carlos Eduardo Virgini;
- Felipe Borges Fagundes;
- Helen Cristian Pessoni;
- Cristiane Ferreira de A. Gomes;
- Leonardo de Castro;
- Bernardo Senra Barros;
- Monica Rochedo Mayall;
- Jaqueline Luisa W. Barreto;
- Salomon Amaral;
- Claudia Amorim (R3);
- Raphaella Gatts (R2);
- Robert Eudes (R2);
- Eduardo de Oliveira R. Neto (R1);
- Talita Cristiane P. de Souza (R1).
ATUALMEnTE fAzEM PARTE DA EQUIPE DE MÉDICoS
E RESIDEnTES DA UDA DE CIRURGIA VASCULAR:
- Doenças da aorta;
- Doenças da carótida;
- Pé diabético;
- Fístulas arteriovenosas;
- Revascularização infrainguinal;
- Triagem;
- Claudicação;
- Procedimentos endovasculares.
A divisão dos ambulatórios tem como objetivo organizar o
atendimento e priorizar a pesquisa em diferentes áreas da Cirur-
gia Vascular – uma experiência que vem dando certo com a im-
plementação de protocolos de acompanhamento de patologias
vasculares diversas.
O programa de Residência Médica em Cirurgia Vascular, re-
conhecido pelo MEC, funciona desde 1974, quando a Universida-
de ainda chamava-se UEG (Universidade do Estado da Guana-
bara). Tem duração de dois anos e conta com duas novas vagas a
cada ano (pré-requisito em Cirurgia Geral) além de uma vaga de
R3 em Cirurgia Endovascular. Passam pelo Serviço anualmente
cinco residentes de Cirurgia Vascular (dois R1, dois R2 e um R3),
residentes da Cirurgia Geral e de outras especialidades cirúrgi-
cas, além de pós-graduandos de outros programas cirúrgicos da
Universidade. Entre os diferenciais que oferecemos aos médi-
cos residentes estão um programa teórico de qualidade, treina-
mento com ultrassonografia vascular, o movimento de Cirurgia
Endovascular que vem crescendo sistematicamente desde que
foi implantado em 2006, e um site do Serviço no qual se mistura
educação continuada, organização administrativa e convivência
social (www.vascularuerj.wordpress.com).
Além da Residência Médica (pós-graduação latu sensu), a
UDA realiza atividades docentes na graduação, com aulas práti-
cas e teóricas para cursos de graduação médica, de fisioterapia e
de enfermagem, e atividades de pós-graduação (strictu sensu).
Nos últimos anos, a produção científica da UDA deu um salto
de qualidade através da reorganização da assistência e a criação
de parcerias entre a Cirurgia Vascular, laboratórios de pesquisa da
UERJ e a FAPERJ. Esta iniciativa entre a pesquisa básica e uma
especialidade cirúrgica começa agora a dar frutos importantes.
A filosofia de trabalho dentro da UDA de Cirurgia Vascular tem
como objetivos o ensino e a pesquisa, apoiados em um forte com-
promisso com uma assistência de qualidade e integrada ao SUS.
Finalizamos esta apresentação ressaltando o orgulho de
pertencer a esta Universidade e afirmando que nosso grupo
continua motivado como há 50 anos, quando a Cirurgia Vascular
apenas começava.
Dr. José Carlos B. Côrtes, Dr. Carlos Eduardo Virgini e
Dr. álvaro medrado Camelier
Março / Abril - 2012
48 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
Memória Vascular
“Quem acha vive se perdendo.Por isso agora eu vou me defendendo.Da dor tão cruel desta saudade.
Dr. José Luís Camarinha do Nascimento Silva
o tão falado e debatido calendário maia aponta o fim
do mundo para o dia 21 de dezembro de 2012.Será
que o nosso fim do mundo particular, o “armagedon
vascular”, estava programado para antes desta data fatídica?
Que ano mais terrível para todos nós.
No primeiro ato, retirou do nosso convívio o Professor Fer-
nando Duque, último dos nossos fundadores vivos. Escrevi na-
quela ocasião que com o desaparecimento do Professor Fernan-
do Duque encerrava-se a era da fundação e se iniciava a era da
continuidade da SBACV.
Graças ao espírito altaneiro daqueles que, em 1952, criaram
a Sociedade Brasileira de Angiologia, naquela ocasião ainda um
ramo da Medicina em busca de sua própria identidade, estes
primeiros 60 anos testemunharam a afirmação de duas espe-
cialidades médicas bem delineadas – a Angiologia e a Cirurgia
Vascular. Se existimos, a eles devemos o tributo.
Entretanto, não somente os fundadores são os responsá-
veis. Generosamente, aceitaram dividir esta honra com uma
incontável legião de abnegados que mantiveram a SBACV cada
vez mais forte, roubando tempo de suas famílias e de seus pa-
cientes, a fim de dirigirem nossa entidade e lutarem por todos
nós. Mal, portanto, se iniciara esta nova era, a da continuidade,
e 2012 nos reservara mais um duríssimo golpe. No dia 30 de mar-
ço, falece o Professor Emil Burihan.
Professor Titular da Escola Paulista de Medicina, Emil Bu-
rihan montou um Serviço de Cirurgia Vascular que pode rivalizar
com quaisquer outros de quaisquer países, capaz de tratar toda
a gama da doença do aparelho circulatório e detentor de todas
as técnicas que surgiram em ritmo avassalador. Entretanto, o
Serviço de Cirurgia Vascular da EPM não atingiu seu ápice ape-
nas no aspecto assistencial. Sua mais completa vocação foi o en-
sino e a formação de novos especialistas, mestres e doutores. O
número de angiologistas e de cirurgiões vasculares que devem
parte ou o todo de sua formação, médica e acadêmica, a esta
disciplina é incontável.
Não há dúvida que esse marcante traço da disciplina de Cirur-
gia Vascular da EPM traz implícito o DNA do Professor Emil Bu-
rihan. Emil era um professor, no sentido mais estrito do termo.
Tinha a vocação do ensino nas suas veias, nas suas artérias e nos
seus linfáticos. Seu legado acadêmico é inestimável, com muitos
nomes de grande importância, mas pode bem ser representado
pelo Professor Fausto Miranda Jr., seu discípulo dileto e que hoje
ocupa o lugar que o mestre deixou vago com sua aposentadoria.
Que, por infelicidade,Meu pobre peito invade.”(Noel Rosa e Vadico – Feitio de Oração)
49Março / Abril - 2012
Na SBACV, o Professor exerceu a Presidência nos anos de
1975 a 1977. Não há atividade ligada ao ensino ou à formação
nesta Sociedade que não tenha um “sabor Burihan”.
Participou de todos os concursos de Título de Especialista,
desde o primeiro, em 1973. Atuou longamente como membro
da banca examinadora e nos últimos anos como Assessor Espe-
cial de Educação Continuada.
Em todos os congressos, jornadas, encontros ou reuniões cien-
tíficas da SBACV-SP e de outras Regionais, provavelmente foi o pri-
meiro a chegar. Em raríssimas ocasiões estive em algum Congres-
so, no Brasil ou no exterior, que lá não encontrasse o Professor.
Se o nome de Rubens Mayall personificava a Angiologia bra-
sileira em todo o mundo nas décadas de 50, 60 e 70, o nome Emil
Burihan preencheu esse espaço com brilhantismo e naturalidade.
No meio vascular dos continentes americano e europeu, o
nome de Emil Burihan jamais deixará de ser reconhecido por
todos, especialmente pelos grandes nomes internacionais de
nossas especialidades. Emil Burihan tornou-se, assim, sinônimo
da Angiologia e da Cirurgia Vascular brasileira. Homenagens em
vida foram inúmeras.
Por razões óbvias, a que mais me cala na alma, foi a que pres-
tamos ao mestre, no Congresso Pan-americano de Cirurgia Vascu-
lar, em 2002. Foi nosso primeiro homenageado brasileiro, ele que
jamais faltou a nenhum dos nossos Congressos Pan-americanos.
Na verdade, mal sabia ele, mas os verdadeiros homenageados
éramos nós, Enrico Ascher, Sergio Meirelles e eu, que nos sentía-
mos extremamente prestigiados e felizes pela aceitação daquela
tão singela homenagem e que tanto engrandecia o Congresso.
Conheci o professor Emil Burihan desde os tempos da minha
Residência Médica, no início dos anos 80. Contudo, tive o privilégio
de conviver intensamente com o mestre desde que ingressei como
membro da Comissão Científica da SBACV, em 2002, graças à ge-
nerosidade do Presidente Marcio Leal de Meirelles, até o término
da minha gestão à frente da SBACV, em 2009. Neste convívio pude
conhecê-lo melhor. Conhecer melhor o homem, eu que o via sem-
pre como o excelso mestre. E que homem Emil era! Espirituoso,
amável, amoroso e apaziguador. Sempre aberto ao diálogo, sem-
pre o contemporizador das eventuais rusgas que surgissem entre
nós, os “confinados” da banca examinadora, sujeitos às tensões
próprias da situação. Só não transigia nas questões filosóficas, so-
bre as quais tinhas seus pontos de vista irredutíveis – jamais admitiu
quaisquer atitudes que ferissem nossas próprias leis.
Outro aspecto importante e que todos cuidávamos era que
ninguém deveria referir-se ao São Paulo Futebol Clube com iro-
nia ou deboche. Nestas raras ocasiões, nas quais algum desavi-
sado transgrediu essa pequena regrinha de convivência, surgia
50 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro
a “fera” Emil. Houve uma ocasião na qual um certo palmeirense
tanto chateou o Professor, que não fora a intervenção rápida de
alguns de nós, ele teria se esborrachado na calçada, 20 metros
abaixo do andar do hotel onde palmeirenses e são-paulinos as-
sistiam a uma partida entre as duas agremiações.
Todos nós que com ele pudemos conviver e beber da sua
fonte, aprendemos muito. Eu, particularmente, poderia dizer
que ele foi um dos responsáveis pelo abrandamento da minha
personalidade, sempre aconselhando, como um pai.
Era assim que eu o via. Um pai. Sinto-me órfão pela segunda
vez em minha vida. Além de todas as qualidades, como estereó-
tipo do árabe, eu via nele figuras muito queridas com quem vivi
muitos anos, fruto do meu casamento com uma descendente de
família libanesa. O chamava de “iaiune”, palavra árabe que signi-
fica luz dos meus olhos. Muitas vezes, conversamos sobre
as tradições e os costumes das famílias dessa origem. Pen-
so que isto nos aproximou ainda mais.
A última oportunidade de estar com ele foi no 26º En-
contro de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Ja-
neiro, realizado há poucos dias do momento presente.
Neste evento, realizou-se a IV Convenção Nacional da
SBACV, presidida pelo Dr.Calógero Presti e uma reunião
do Conselho Superior da SBACV, que marcou meu ingres-
so nesta corte de notáveis, eu que de notável nada tenho.
Fui saudado pelo meu querido irmão Airton Frankini a
quem coube coordenar esta reunião e estava sentado ao
lado do Professor. Penso que, para o resto dos meus dias, trarei
sua imagem gravada na retina, aplaudindo-me, com os demais,
carinhosamente.
Que 2012 terrível!
Entretanto, tenho a mais absoluta certeza que, lá no céu, o
querido amigo e mestre não admitirá que esmoreçamos. Com
o empréstimo de sua força, com o seu exemplo e com os seus
ensinamentos, derrotaremos as intenções deste ano e a SBACV
continuará forte, coesa e representativa dos ideais firmados pe-
los nossos fundadores.
Emil, “iaiune”, isto não é um adeus. É um até breve.
Que Deus o acalente em seus braços e que a confraria vascu-
lar celeste, agora muito enriquecida, continue reunida e velando
por todos nós e pela SBACV terrestre.
Informangio
Convenção
Nacional
Notas de falecimento
Aconteceu no dia 22 de março, no Rio de Janeiro, a Con-
venção Nacional da Sociedade Brasileira de Angiologia
e de Cirurgia Vascular (SBACV). Dentre os assuntos de-
batidos, estava alteração da nota mínima da prova de título de
especialista, a agilização do projeto Diretrizes e a comemoração
dos 60 anos da Sociedade.
A reunião ocorreu durante o Encontro Carioca, o que permitiu
que a Convenção desfrutasse de toda a estrutura preparada para
o evento da Regional. Na Convenção, o Conselho Científico suge-
riu a instituição da nota mínima sete em todas as três fases do
concurso de título de especialista, e não apenas na primeira. Des-
ta forma, pretende-se evitar disparidades entre as notas.
Para tornar mais rápido o processo de elaboração do Projeto
Diretrizes, foi proposta a formação de pequenos grupos para re-
digir cada tema. Através desta divisão, busca-se tornar o debate
mais produtivo.
Outro tema abordado na Convenção foi a comemoração dos
60 anos da Sociedade, que tem festa marcada para o dia 30 de
novembro, em São Paulo. Dr. Ivanésio Merlo, Diretor de Publica-
ções da Nacional, falou sobre o livro que está sendo preparado
para a comemoração do sexagenário, que contará a história da
SBACV dividindo-a por décadas.
Dr. José Luís Camarinha do Nascimento, Conselho Superior
da Nacional, falou sobre as contas econômicas da sociedade,
apresentadas na Convenção. “Estamos atravessando um mo-
mento delicado, porém é um momento que todos nós, cada um
de nós, vamos ter que estar muito unidos para fazer a sociedade
conseguir atravessar essa fase com certa tranquilidade e chegar
a um porto seguro”, explicou ele.
A SBACV-RJ comunica, com grande pesar, o falecimento
do Professor Emil Burihan e do Dr. Rossino Baccarini
Neto, sócio efetivo da Regional.
O Professor Emil sempre foi um grande amigo de nossa Re-
gional, um verdadeiro pai que nunca se furtou de nos ajudar com
seus conselhos e sua sabedoria. Querido mestre, querido amigo,
nossa Sociedade fica irremediavelmente empobrecida, mas o
céu está em festa.
Você será eternamente o exem-
plo maior para todos nós - exemplo
de devoção à angiologia e à cirurgia
vascular.
Fiquem com Deus, ao lado de
tantos outros amigos que já nos deixaram.
A SBACV-RJ recebeu diversas mensagens de condolência e
as publicará no site da Regional.
Diretoria da SBACV-RJ
51Março / Abril - 2012
Dr. Adalberto Pereira toma posse no CBC
n o dia 03 de abril de 2012, tomou posse no Colégio Bra-
sileiro de Cirurgiões (CBC) o Vice-Presidente da SBA-
CV-RJ, Dr. Adalberto Pereira de Araújo. Dr. Adalberto
compõe agora a Diretoria da Seção Especializada do Núcleo
Central de Cirurgia Vascular do CBC.
Informangio
Primeira
Reunião Científica do ano
foi realizada no dia 19 de abril de 2012, no Centro de Con-
venções do CBC, a primeira Reunião Científica da Socie-
dade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do
Rio de Janeiro deste ano.
Os primeiros meses de 2012 foram dedicados ao Encontro
Regional, que devido à sua proporção, demanda grande atenção
da Diretoria da Sociedade. Agora, as atenções estão focadas nas
Reuniões Científicas, que em breve terão sua realização fora de
sede. Tradicionalmente realizada na última quinta-feira do mês,
a 528ª Reunião foi antecipada, devido à realização de eventos
no mês de abril.
Além dos pontos creditados pelo Conselho Nacional de Acre-
ditação para revalidação do título de especialista, a participação
na Reunião Científica pode render a um dos autores dos artigos
apresentados a ida ao VEITHsymposium, através do 1º Prêmio
Dr. Rubens Carlos Mayall. O regulamento do prêmio institui que
para concorrer, além de ser publicado na revista, o relato deve
ser apresentado em uma das Reuniões Científicas da Regional.
Nesta edição, foram apresentados os artigos “Tratamento
híbrido de aneurisma de arco aórtico”, “Síndrome de May Thur-
ner” e “Ecografia vascular nas fístulas arterio-venosas – Apre-
sentação de casos”.
Entrega de certificado aos novos sócios
Dr. Adalberto e sua família durante a sessão de posse
Drs. Carlos Peixoto, Carlos Virgini, Patrícia
Thorpe, Arno von Ristow e
Adalberto Pereira
SBACV no
Conselho Deliberativo da AMB
Parabéns aos aprovados
Pela primeira vez, a Sociedade Brasileira de Angiologia
e de Cirurgia Vascular (SBACV) fará parte do Conselho
Deliberativo da Associação Médica Brasileira. Quatorze
entidades foram eleitas para o fórum. Cerca de 30 pessoas par-
ticiparam da votação.
O Conselho Deliberativo existe desde 1951 e suas gestões
são de três anos. O diretor de defesa profissional da SBACV, Dr.
Fernando Macedo, será o representante do presidente da Socie-
dade, Dr. CalógeroPresti, no Conselho.
As entidades mais votadas e que ganharam cadeira no Con-
selho foram:
Cirúrgicas: Cirurgia Geral, Coloproctologia, Oftalmologia,
Ortopedia e Traumatologia, Urologia, Angiologia e Cirurgia Vas-
cular, Ginecologia e Obstetrícia.
Clínicas: Anestesiologia, Endocrinologia e Metabologia,
Gastroenterologia, Pediatria e Reumatologia.
SADT: Radiologia e Patologia Clínica.
*Fonte: Site da SBACV.
A Regional do Rio de Janeiro da SBA-
CV tem orgulho de listar os sócios que
foram aprovados no exame de suficiência
na categoria regular e especial para ob-
tenção do título de especialista em cirur-
gia Endovascular.
Parabéns a todos.
CATEGoRIA ESPECIAL:
Alexandre Maceri Midão
Alexandre Molinaro Corrêa
Hanry Barros Souto
Marco Antônio Mannarino T. Ribeiro
Roberto Young Júnior
CATEGoRIA REGULAR:
Cristiane Ferreira de Araújo Gomes
Fábio Monteiro Costa
Felipe Borges Fagundes
Helen Cristian Pessoni
Julio Diniz Amorim
Leonardo da Cruz Ren
Rodrigo Camarinha Rolim G. da Silva
Sergio Almeida Nunes
* A categoria especial é destinada
a médicos formados até 1994.
- Breno França Vieira
- Bruno Miana Caiafa
- Camila Beatriz Silva Magalhães
- Carla dos Santos Cavalcanti da Silva
- Diogo Ribeiro Alves
- Miquelina Imaculata di Candia
- Nirlan Neckir Zamprogno de Souza
Sejam bem-vindos.
Juntaram-se a Regional como sócios aspirantes os Drs.:
Novos sócios
53Março / Abril - 2012
InTERnACIonAIS
Vascular International Padova
Congress
Data: 28 a 30 de junho de 2012
Local: Europe meets Latin America -
Pádua, Itália
www.vipcongress2012.it
XXV World Congress of the
International Union of Angiology 2012
Data: 01 a 05 de julho de 2012
Local: Prague-Czech Republic
www.iua2012.org
World Trauma Congress 2012 X sBAiT
ConGRESS
Data: 22 a 25 de agosto de 2012
Local: Sulamerica Convention Center, RJ
XXIX Congresso Latino-americano de
Cirurgia Vascular (ALCVA)
Data: 03 a 06 de outubro de 2012
Local: Santa Cruz, Bolívia
XII Panamerican Congresson Vascular
and Endovascular Surgery
Data: 30 de outubro a 03 de novembro
Local: Rio de Janeiro, RJ
Local: Plaza São Rafael Hotel Porto
Alegre, RS
IX Encontro norte/nordeste 2012
de Angiologia, Cirurgia Vascular e
Endovascular
Data: 18 a 20 de outubro 2012
Local: Porto de Galinhas, PE
Sessões de Cirurgia Vascular
Data: Toda 3ª quinta-feira do mês das
19h às 21h
Local: Hospital Barra D’Or, RJ
nACIonAIS
XII Encontro Mineiro de Angiologia e
de Cirurgia Vascular
Data: 22 a 23 de junho de 2012
Local: Hotel Ouro Minas Belo Horizonte, MG
IV Simpósio de Escleroterapia da Rede
de hospitais São Camilo
Data: 23 a 24 de junho de 2012
Local: Auditório do Club Homs, SP
V Congresso Brasileiro de ecografia
Vascular
Data: 23 a 25 de agosto de 2012
Eventos
54 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional Rio de Janeiro