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3° Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e BiodieselRealização: Universidade Federal de Lavras e Prefeitura Municipal de Varginha
ALIMENTAR E OLEAGINOSO.
Valéria Saldanha Bezerra, Embrapa Amapá, [email protected]
Luiza Amélia Monteles Ferreira, bolsista CNPq, [email protected]
Sylvia Suzana Correa Pereira, bolsista CNPq, [email protected]
Marcelo de Jesus Veiga Carim, IEPA, [email protected]
RESUMO
o inajá (Maximiliana maripa (Aubl.) Drude) é uma palmeira de ocorrência em todo estuário
amazônico e no Estado do Amapá. Sua rápida regeneração depois de derrubada e queima da
vegetação, devido às suas características botânicas, permitem uma disseminação por todos os
tipos de cobertura florística e os mais variados tipos de solo. Neste trabalho objetivou-se
avaliar o potencial alimentar e oleaginoso de seus frutos, por meio de caracterizações física
de seu fruto e físico-química do mesocarpo. Os frutos do inajá apresentaram diâmetros menor
de 28,74mm e maior de 55,09mm. O peso médio dos frutos foi de 26,61g, distribuídos em
mesocarpo (7,95g), epicarpo (7,1Ig) e endocarpo (l1,63g), representando cerca de 29,87%,
26,72% e 43,71 % do fruto, respectivamente, As avaliações físico-químicas revelaram um
elevado teor de sólidos solúveis totais (21%), e de acidez total titul'ável (mL NaOI-1 lN), I:mS'a relação SST/ ATT apresentou um índice reduzido (8,3). Os teores de proteína (7,06%) e de
extrato etéreo (28,64%) observados no mesocarpo indicam que o inajá pode ter um potencial
aproveitamento na alimentação humana e animal, representado como um alimento energético,
assim como matéria-prima de caráter oleífero.
Palavras-Chave: Inajá, físico-química, caracterização.
o inajá (Maxirni1iana rnaripa2006 SP-01731
11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111149-1 - 30 I -
3° Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e BiodieselRealização: Universidade Federal de Lavras e Prefeitura Municipal de Varginha
1- INTRODUÇÃO r ,
o inajá é uma palmeira monocaule, alcançando de 3,5 a 20m de altura que ocorre em
toda a região Norte do Brasil e principalmente no estuário amazônico, sendo freqüente em
ambientes muitos distintos, desde áreas abertas até matas úmidas (MlRANDA et aI., 200 I ).,
de solos argilosos a arenosos (REVILLA, 2002), encharcados a bem drenados. Devido ao
fato de seu meristema apical se localizar bem abaixo do solo, as palmeiras jovens persistem
mesmo após a mata ser cortada e queimada, prática comum entre os agricultores da
Amazônia. Além da resistência a sucessivas queimadas, o elevado vigor de regeneração, a
capacidade de fornecimento de uma grande quantidade de sementes, essa palmeira é
encontrada em abundância, principalmente em áreas degradadas no Estado do Amapá.
O potencial industrial do inajá está no óleo comestível obtido da amêndoa do fruto,
podendo alcançar até 60% (MlRANDA et ai, 2001). Tanto amêndoa como a polpa do fruto
podem representar como matéria-prima para indústria de cosméticos, saboarias ("sabão
vegetal") e alimentícias. Os frutos são fonte de fósforo, magnésio, ácidos graxos, podendo
alcançar até 15% de óleo A polpa pode ser consumida in natura ou cozida acompanhada de
farinha de mandioca, apresentando sabor doce é geralmente utilizada no preparo de mingaus
para pessoas debilitadas. Também a polpa pode ser a base de uma bebida denominada
"vinho" que é composta com uma mistura de água e açúcar. O óleo extraído do inajá é
semelhante ao do babaçu em qualidade e no uso, apresentando sabor picante e de cor
vermelho-alaranjado, podendo alcançar até 23% de rendimento com equipamentos rústicos
(SHANLEY & MEDINA, 2005).
2 - MATERIAL E MÉTODOS
Os frutos de inajá foram coletados na região do Pacuí, município de Macapá, Estado
do Amapá e foram levados ao Laboratório de Alimentos da Embrapa Amapá onde se avaliou
as características físicas dos frutos conforme metodologia recomendada por Vieira (2003) e
Cardoso (2003). Em seguida, os frutos foram descascados e retirados os mesocarpos que
foram analisados em triplicatas. As características fisico-químicas avaliadas foram realizadas conforme
metodologias sugerida por Nogueira et aI. (2005), como matéria seca (%) determinada
gravimetricamente em estufa a 65°C e a 105°C, durante 72 h e 2h, respectivamente; a acidez total
titulável determinada com NaOH lN, e leitura de pH utilizando peagâmetro marca METROHM; sólidos
solúveis totais (OBrix) com leitura em refratômetro Optical American; extrato etéreo ou teor de
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lipídeos por extração contínua com éter etílico em aparelho tipo Soxhlet e o teor de proteína
bruta determinado pelo método micro-Kjedahl.
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação aos parâmetros físicos, o inajá apresentou frutos com diâmetro menor
(28,74mm) inferior ao valor encontrado por Ferreira et al. (2005), (32,39mm), e o diâmetro
maior (55,09mm) bastante similar ao encontrado pelos mesmos autores (55,94mm). Em
relação ao peso médio, os frutos analisados apresentaram valores de fruto (26,61 g),
mesocarpo (7,95g) e endocarpo (l1,63g) inferiores aos encontrados por Ferreira et al. (2005),
(38,67g, 13,29g, 17,2g, respectivamente), tendo somente o epicarpo alcançado valor superior
(7,llg) aos encontrados pelos citados autores (7,78g) (TABELA 1).
TABELA 1 - Caracterização física do fruto de inajá (Maximiliana maripa (Aubl.) Drude)
Média Maior Menor Rendimento (%)
Diâmetro menor (mm) 28,74 38,20 '10,20
Diâmetro maior (mm) 55,09 65,8 )5,40
Peso do fruto (g) 26,61 32,98 21,10 100,00
Peso do mesocarpo (g) 7,95 15,34 4,59 29,87
Peso do epicarpo (g) 7,11 9,47 5,88 26,72
Peso do endocarpo (g) 11,63 16,16 8,77 43,71
De acordo com Shanley & Medina (2005), uma palmeira produz normalmente de 5 a 6
cachos por ano, com 800 a 1.000 frutos por cacho, então nas condições apresentadas na
TABELA I, a produção totalizaria 143kg de frutos por ano. Ferreira et aI. (2005) ao
avaliarem o rendimento de óleo extraído de frutos por prensagem a frio, observaram um
rendimento de 64% de óleo e que no caso em questão poderia reptesentar 91 ,5kg de óleo de
inajá por ano.
A polpa do inajá se apresentou com um elevado teor de sólidos solúveis totais
(SST) (21°Brix), e de acidez total titulável (ATT) (2,53mL NaOH 1N), mas a relação
SST/ ATT que é uma das melhores formas de avaliação do sabor, sendo mais representativo
que a medição isolada de açúcares ou da acidez (CHIT ARRA & CHIT ARRA, 1990),
apresentou um índice reduzido (8,3) (TABELA 2).
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o teor de proteína observado no mesocarpo (7,06%) (TABELA 2) representa
18,91% da ingestão diária desse componente de um homem adulto (37gIl00g) (FRANCO,
2001).
Na TABELA 2 observou-se que o teor de extrato etéreo (28,64%) obtido por
extração química foi inferior ao encontrado por Ferreira et al. (2005) ao extraírem fisicamente
o óleo do fruto inteiro (64%), mas este valor é ligeiramente superior ao encontrado por
Shanley & Miranda (2005) ao utilizarem equipamentos rústicos para retirada do óleo do fruto.
TABELA 2 - Caracterização físico-química de mesocarpo de inajá (Maximiliana
(Maximiliana maripa (Aubl.) Drude)
Média MenorMaior
Matéria seca (%)
pH
Sólidos solúveis totais - SST (OBrix)
Acidez total titulável - ATT (NaOH 1N)
SST/ATT
25,81
5,26
21,00
2,53
8,30
7,06
28,64
Proteína bruta (%)
Extrato etéreo (%)
26,84
5,22
21,00
2,99
7,02
7,36,29,37
24,98
5,29
21,00
1,96
10,71
6,71
27,87
4-CONCLUSÕES
O mesocarpo de inajá apresentou características físico-químicas que possibilitam o seu
aproveitamento na alimentação tanto humana quanto animal, representando um alimento
energético, assim como matéria-prima de caráter oleífero.
AGRADECIMENTOS
Á Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Amapá, FINEP e CNPq.
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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