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Turma e Ano: Master A (2015) – 16/03/2015 Matéria / Aula: Direito Processual Civil / Aula 05 Professor: Edward Carlyle Silva Monitor: Alexandre Paiol AU LA 05 CONTEÚDO DA AULA: Processo: Pressupostos processuais. Competência: conceito e busca da competência PROCESSO 3) Pressupostos Processuais (art. 267, IV CPC): Então para o código, os chamados pressupostos processuais se subdividem em pressupostos de constituição ou pressupostos de desenvolvimento válido e regular do processo . Na doutrina a terminologia utilizada é outra, os pressupostos de constituição são chamados de pressupostos de existência, os pressupostos de desenvolvimento válido e regular do processo são chamados de pressupostos de validade. Em primeiro lugar precisamos examinar os pressupostos de existência do processo, o que precisa possuir o processo para que você possa considerálo existente. Existindo o processo nós vamos examinar quais os requisitos necessários para que ele seja considerado válido. O problema é o seguinte, na doutrina você tem uma infinidade de teorias acerca de pressupostos processuais, você tem varias correntes de pensamento acerca dos pressupostos. Vou colocar um apanhado geral das teorias. No RJ e alguns outros lugares tem uma teoria bem simples que é do Alexandre Câmara.

: Processo: Pressupostos processuais. Competência ......1.1) Conceito Clássico (Liebman ) – Competência é a medida de jurisdição 1.2) Competência é um limite – Competência

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Turma e Ano: Master A (2015) – 16/03/2015

Matéria / Aula: Direito Processual Civil / Aula 05

Professor: Edward Carlyle Silva

Monitor: Alexandre Paiol

AULA 05CONTEÚDO DA AULA: Processo: Pressupostos processuais. Competência: conceito e busca da competência

PROCESSO

3) Pressupostos Processuais (art. 267, IV CPC):

Então para o código, os chamados pressupostos processuais se subdividem em

pressupostos de constituição ou pressupostos de desenvolvimento válido e regular do processo. Na doutrina a terminologia utilizada é outra, os pressupostos de constituição são chamados de pressupostos de existência, os pressupostos de desenvolvimento válido e regular do processo são chamados de pressupostos de validade.

Em primeiro lugar precisamos examinar os pressupostos de existência do

processo, o que precisa possuir o processo para que você possa considerá­lo existente.

Existindo o processo nós vamos examinar quais os requisitos necessários para que ele seja

considerado válido.

O problema é o seguinte, na doutrina você tem uma infinidade de teorias acerca

de pressupostos processuais, você tem varias correntes de pensamento acerca dos

pressupostos. Vou colocar um apanhado geral das teorias.

No RJ e alguns outros lugares tem uma teoria bem simples que é do Alexandre

Câmara.

Você tem a teoria tradicional, clássica, adotada pelos autores de SP, Nelson

Nery, Teresa Arruda Alvim, discípulos desses autores adotando, Marcelo Abelha Rodrigues,

Luis Rodrigues Wambier. E você tem ainda em SP, uma teoria do Dinamarco.

Segue um quadro das correntes

Correntes: Pressupostos de Existência

Pressupostos de Validade

Alexandre Câmara

Partes, demanda e órgão jurisdicional.

Partes capazes ­ capacidade de ser parte; capacidade de estar em juízo; capacidade postulatória. Demanda regularmente proposta: arts. 282, 283 e 39, I CPC Órgão jurisdicional ­ investido de jurisdição.

Escola Paulista (corrente clássica) ­ Nelson Nery, Tereza Arruda Alvim, PUC/SP

Petição inicial, Jurisdição, citação e capacidade postulatória. (advogado é indispensável)

Petição inicial apta ­ requisitos dos arts. 282, 283, 39, I CPC

Imparcialidade do juizcapacidade processualLegitimidade processual •Citação Válida(art. 214 CPC)

Dinamarco Propositura de uma demanda perante um órgão jurisdicional investido de jurisdição

Demanda regularmente proposta ­ arts. 282, 283, 39, I CPC Plena capacidade judiciária do autor Capacidade judiciária do réu

Embora utilize terminologias diferentes, os pressupostos são basicamente os mesmos.

A teoria dominante é a teoria clássica, teoria tradicional, aqui tem certos detalhes

que você precisa tomas cuidado.

Primeiro deles, boa parte dos autores colocam a citação válida como sendo

pressuposto de validade do processo, por quê? Porque de acordo com o art. 214 do CPC:

Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu.

Então alguns autores colocam a citação válida como pressuposto de validade

por força do art. 214. Só que já vou adiantar para vocês, alguns autores só mencionam a

citação aqui, então ela seria um pressuposto processual de existência, partindo da ideia de que

enquanto o réu não for citado não existe relação processual, não existe processo. Quem adota

a ideia de que a citação é pressuposto processual de existência, diz basicamente o seguinte:

se o réu não foi citado, a relação processual não foi angularizada, se ela não foi angularizada

não existe processo. Só que tem um detalhe, de acordo com a teoria da formação gradual do

processo, o processo primeiro se forma entre o autor e o juiz, por força do art. 263 do CPC.

Art. 263. Considera­se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída,

onde houver mais de uma vara. A propositura da ação, todavia,

só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219

depois que for validamente citado.

Só existe a angularização do processo perante o réu, quando ele é citado nos

termos do art. 219. Então na verdade já existe processo antes da citação do réu, é que existe

processo entre autor e o juiz, o réu ainda não participa, mas que já existe processo. Tanto

assim, que pode ser concedida de a antecipação de tutela, pode ser deferida uma liminar, pode

ser extinto até com resolução do mérito se for caso de prescrição ou decadência, e o juiz já

verificar logo na petição inicial. Então por conta da teoria da formação gradual do processo, o

processo existe antes mesmo da citação do réu. Não é isso que os adeptos dessa corrente

defendem, se você entender que a citação válida é um pressuposto de validade, vai dar o

mesmo problema, se o réu não foi citado o processo não é válido, não tem nada a ver. Vários

atos podem ser praticados antes da citação do réu, pode ter antecipação de tutela, pode ter

decisão liminar, pode ter indeferimento da inicial, pode ter deferimento da inicial, com a prática

de algum outro ato, vários atos podem ser praticados. E o processo é valido

independentemente de o réu ser ou não citado.

Segundo a Teoria da Formação Gradual do Processo, existe processo

primeiro para o autor com a distribuição ou despacho. Já em relação ao réu, o processo

somente se forma com a citação. Diante disso, a citação não é mais considerada um

pressuposto processual de existência (exceto para a corrente clássica).

Por outro lado, há quem entenda que a citação válida é um pressuposto

processual de validade (art. 214 CPC). Porém, se o réu comparecer voluntariamente o

processo será válido sem a citação, o que torna este entendimento também ultrapassado.

Então modernamente o que se defende é que a citação não é pressuposto processual de existência nem de validade.

No Sul do País alguns autores como: Araken, Marinoni e Ovídio Batista usam

também outra forma de chamar os pressupostos processuais. (objetivos, subjetivos e formais)

Pressupostos Processuais Objetivos x Subjetivos

OBJETIVOS (dizem respeito basicamente aos elementos objetivos da demanda: pedido e causa de pedir)

Pedido Causa de Pedir Nexo causal entre ambos Cumulação de pedidos – Exige­se a compatibilidade entre esses pedidos

SUBJETIVOS (dizem respeito ao juiz ou as partes)

Em respeito ao JUIZ

Jurisdição Competência Imparcialidade

Em respeito as PARTES

Capacidade de ser parte Capacidade de estar em juízo Capacidade postulatória

Além desses pressupostos processuais, alguns outros autores gostam de falar

sobre pressuposto processual formais, que basicamente diz respeito à forma do processo (atos

processuais realizados no processo).

Alguns autores espalhados pelo pais usam essa terminologia abaixo:

Pressupostos Processuais Intrínsecos x Extrínsecos:

Pressupostos Processuais Intrínsecos ­ são aqueles verificados na petição inicial (dentro do processo).

Pressupostos Processuais Extrínsecos ­ são aqueles verificados fora da petição inicial (fora do processo) ­ litispendência e coisa julgada, sendo também denominados

de negativos ou impedimentos processuais, pois não podem existir, sob pena de extinção do

processo sem resolução do mérito.

Vamos começar a falar agora de competência

COMPETÊNCIA

Primeiro lugar, quando eu examinei com vocês a jurisdição, eu disse que a

jurisdição é uma das formas através das quais o Estado exerce o poder. Poder é uno e

indivisível, mas esse poder em que ser exercido através de diferentes maneiras, de diferentes

funções.

Só que o problema é quando ele atribuir, ele investe de jurisdição os juízes, não

pode permitir que os juízes decidam a seu bel prazer a relação jurídica que melhor lhes

aprouver. Então um juiz do RJ não pode decidir um conflito entre partes domiciliadas e cujo

objeto esteja em Salvador. Não pode se envolver para decidir um divorcio envolvendo duas

pessoas que estão domiciliadas, cujos filhos estão domiciliados, cujos bens estão localizados

em Porto Alegre no RS. Então o juiz tem que ficar delimitado dentro de determinados limites

nos quais ele possa exercer a jurisdição. O Estado tem que restringir a atuação jurisdicional do

juiz a determinados limites. Por isso o termo competência é definido classicamente pelo

Liebmen como sendo medida da jurisdição. É um conceito clássico do Liebman, vários autores

o adotam, é medida da jurisdição.

Modernamente, no entanto, você tem a doutrina falando que medida é um termo

matemático, farmacêutico, é melhor falar em limites, então quando você fala em limites,

normalmente o conceito dado, competência nada mais é do que os limites dentro dos quais o

órgão ou órgãos jurisdicionais podem exercer a jurisdição, estabelecidos pela lei e pela

constituição. Então, trata­se aí de partir da ideia de limites, de limitar a atuação do órgão

jurisdicional.

1) Conceito:

1.1) Conceito Clássico (Liebman) – Competência é a medida de jurisdição

1.2) Competência é um limite – Competência são os limites dentro dos quais o órgão jurisdicional pode exercer a jurisdição de maneira adequada, sendo estabelecidos pelas leis e pela constituição.

1.3) Competência é um poder – Competência é o poder de exercer a jurisdição dentro de determinados limites estabelecidos pelas leis e Constituição.

No âmbito federal, principalmente pela jurisprudência dos tribunais superiores,

outra distinção é feita, por vezes a competência é examinada como sendo a competência em

sentido abstrato e competência em sentido concreto.

Competência em sentido abstrato ­ conjunto de atividades jurisdicionais atribuídas a um órgão ou grupo de órgãos pela Constituição ou pelas leis.

Competência em sentido concreto ­ relação de adequação legítima entre o órgão jurisdicional e a atividade por ele realizada.

Para você definir qual o juízo competente, qual o juiz que vai julgar a sua causa,

você precisa passar pelo que se chama de busca do juízo competente. Essa de busca do juízo competente vai ocorrer em fases. Dependo do autor que você adote essa busca do juízo

competente pode ser em numero grande de fases ou então em numero simples de fases. O

professor Edward adota a do Athus Gusmão Carneiro que é um número mais simples, são 4

fases para busca do juízo competente.

2) Busca da competência:

2.1) 1ª Fase: Jurisdição Interna X Jurisdição externa

1ª fase é definir se a hipótese é de jurisdição interna, ou seja, se o juiz brasileiro

pode julgar aquela causa, ou se a hipótese é de jurisdição internacional, se o juiz de outro país

poderia julgá­lo.

2.2) 2ª Fase: Competência Comum X Competência Especial

Definindo que a competência é de jurisdição interna, que o juiz brasileiro pode

julgar, você passa para a segunda fase que é definir se a hipótese é de jurisdição especial, (ou seja, militar, eleitoral, ou trabalhista) ou se ela é hipótese de jurisdição comum, (que pode ser federal ou estadual). Então no segundo momento você precisa definir se o órgão competente para julgar aquela causa é de jurisdição especial ou de jurisdição comum.

2.3) 3ª Fase: Foro competente (CPC)

Sendo competência da jurisdição comum, passamos para a 3ª fase da busca do

juízo competente, em que é a definição de qual é o foro competente para o julgamento da

causa. Quando eu falo em foro competente estou querendo saber, em linhas bem básicas, qual

é o município, qual é a cidade, qual é o local em que a demanda deverá ser proposta. Se você

for examinar em termos técnicos, na justiça estadual você está querendo saber qual é a comarca em que a demanda estará sendo ajuizada. É a comarca da capital do Estado do RJ,

é comarca de Duque de Caxias, qual é cidade, qual é o município. Se você falar em termos de justiça federal, você estará falando em subseção judiciária. É subseção da capital, Duque de Caxias, Macaé, Campos. Você quer saber qual é cidade, qual é o município que demandas

está sendo ajuizada.

No que diz respeito ao foro competente a definição da comarca, da cidade, do

local, normalmente é feita pelas normas do CPC, essa é a regra. A regra é de que o CPC,

algumas leis, a constituição é que devem definir qual é o foro competente. O CPC é como regra

quem define o foro competente para o ajuizamento demanda, tem exceções, tem hipóteses na

constituição, em leis extravagantes. Só que vejam, ele está definindo qual é o foro, a comarca,

a subseção judiciária. A comarca possui inúmeras varas competentes para o julgamento da

causa.

Então por exemplo: se o foro competente for a capital do Estado do RJ, para um

divórcio, você tem inúmeras varas de família teoricamente competentes, se for competência

para examinar um inadimplemento de um contrato, você tem inúmeras varas cíveis. Se você

quer examinar uma questão da fazenda pública, você tem inúmeras varas da fazenda pública.

Então, dentro foro do competente você pode ter inúmeros juízos teoricamente competentes. Se

for vara de juízo único é moleza, definido o foro definiu o juízo. só que quando você tem

inúmeras varas teoricamente competente para o julgamento da causa você para a:

2.4) 4ª Fase: Juízo competente (Vara) – Normas de organização e divisão judiciária do estado – regra: livre distribuição

4ª fase que é exatamente a definição do juízo competente para o julgamento da

causa, quando eu falo juízo competente, estou querendo falar em vara competente. É a 1ª vara

cível, é a 2ª vara de fazenda pública, qual é vara competente para o julgamento da causa? A

definição da vara competente para o julgamento da causa é dada pelas normas de organização

e divisão judiciária do Estado. A regra normal é que quando você se dirija ao código de

organização e divisão judiciária, ele considere que a competência será definida pela livre

distribuição, mas o código pode definir o seguinte, pode falar que divórcio só quem vai decidir é

a primeira vara de família da comarca de Macaé. Demandas envolvendo a fazenda pública do

Estado do TJ só quem vai decidir é a primeira vara de fazenda pública do Estado do RJ. Ela

pode definir seja em virtude da matéria, seja por qualquer outro critério, qual deva ser a vara

competente para o julgamento da causa. Então por ex. opção de nacionalidade no RJ, quem

faz é a primeira vara federal do RJ. Então você tem definição específica de qual venha ser a

vara competente para aquela causa especifica.

Vejam, se as normas de organização e divisão judiciária do Estado define que a

competência para o divórcio é da primeira vara de família do RJ, você pode tentar o seu

divórcio ser decidido pela segunda vara de família? Não, porque o código de organização e

divisão judiciária afirma expressamente que tem que ser a primeira, isso significa que quando a

competência é estabelecida pelas normas de organização e divisão judiciária do Estado que

normalmente falam de juízo competente, você está diante de competência de juízo.

Competência de juízo normalmente é competência absoluta, porque se o código falou que tem

que ser na primeira vara, você não pode tentar que seu processo corra por outra, a

competência é de natureza absoluta.

Crime de lavagem de dinheiro quem processo é quinta vara federal do RJ, só ela

pode processar, a competência é absoluta.

Agora quando a competência é de foro, é estabelecida pelo CPC. Então você

tem uma série de regras e de exceções que podem acarretar a modificação da competência.

Isso significa que quando a competência é de foro a regra é que a competência seja relativa.

Competência Relativa = foro competente (CPC)

Competência Absoluta = juízo competente (Código de organização e divisão judiciária ou Constituição)

Agora vamos falar mais detalhadamente de cada uma das 4 fases.

1ª fase: Jurisdição Interna x Jurisdição Externa (ou Internacional /

Estrangeira) ­ art. 88 e seguintes do CPC:

Como vamos decidir se o juiz Brasileiro tem competência para examinar aquela causa. O que caracteriza o interesse da justiça brasileira para examinar determinada causa ou não, é baseada em um principio que é chamando principio da efetividade.

Princípio da Efetividade ­ somente a decisão judicial que puder ser efetivada é que propicia ao juiz competência para o exame da causa. O juiz brasileiro só tem competência para decidir causas em relação as quais tenha condições de fazer cumprir a decisão judicial (produção de efeitos).

O legislador fala em relação a essas causas em:

Competência Internacional (é tradada no código de 1973 a partir do artigo 88

CPC)

DA COMPETÊNCIA INTERNACIONAL

Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:I ­ o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;II ­ no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;III ­ a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.Parágrafo único. Para o fim do disposto no no I, reputa­se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.

Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:I ­ conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;II ­ proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.

Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que Ihe são conexas.

Art. 88 CPC ­ Competência Concorrente:tanto o juiz brasileiro quanto o

estrangeiro podem processar e decidir determinada demanda.

Art. 89 CPC ­ Competência Exclusiva: juiz brasileiro (exclusão do juiz internacional).

Art. 89 CPC ­ Competência Exclusiva ­ somente a decisão proferida por juiz brasileiro poderá ser cumprida. Não há uma proibição que o juiz estrangeiro decida a causa,

mas esta não será efetivada no Brasil.

Fim da aula 05