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VEDAS: Professor, o que faz no seu tempo livre para relaxar da rotina do laboratório e das aulas? É possível levar esse hobby para dentro do trab-alho? Cairasco: Pois é. Infelizmente o chamado “tempo livre” é cada vez mais escasso. Devo confessar que gosto muito de dançar e de desenhar, tam-bém de ler sobre artes e a evolução da cultura e do pensamento humanos. Dançar já foi incor-porado à rotina do Campus, na medida em que coordeno há mais de uma década e meia, pela As-sessoria Cultural, a Oficina de Danças Caribenhas. Quando a Oficina é oferecida dou aulas, junto com minha esposa Cássia Maria, sobre tudo de salsa, e, em menor proporção merengue, cumbia e mambo. Temos muita procura e a atividade é aeróbica, terapêutica e extremamente relaxante. Em alguns períodos ainda conseguimos montar coreografias próprias e já fizemos apresentações, por exemplo, na Celebração dos 40 anos da FMRP, no Show Méd, Curso de Verão do Departamento de Fisiologia e no SESC. Quanto ao desenho, bom, eu rabisco a toda hora. Sempre o fiz. Também é extremamente terapêuti-co. Este hobby foi trazido também ao Laboratório, às minhas aulas e palestras. Ensinar conceitos, na minha visão, se facilita muito com o desenho, com a ilustração. A versão cotidiana disto são os livros. Mas o problema é esquematizar, desenhar, usar recursos visuais e carecer de conteúdo. Tem que acoplar as duas coisas. Uso muito obras da arte, imagens, inclusive produções próprias para

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Entrevista: Prof. Dr. Norberto CairascoDepartamento de Fisiologia

ilustrar minhas aulas e palestras. Nada disto nos isenta de leituras copiosas para fazer as

histórias que contamos, além de pala-táveis, verdadeiras. Incentivo muito os meus alunos a valorizarem a parte es-tética de seus trabalhos e apresenta-

ções. Fundei no nosso Laboratório a Oficina da Vinci: Fazendo Arte em

Laboratório de Neurociência; or-ganizamos em 2003 o Simpósio Neuro-Arte, e no ano passado re-alizamos o “International Sympo-

sium NEWroscience 2008. Contemporary Neurosci-

ence, Epilepsies and the Arts.” Te-mos até à presente 11 capas de revis-

tas internacionais de trabalhos de nosso laboratório, certamente um incentivo adicional, mas baseado

em nossa preocupação estética, nada conflitante com a seriedade e rigor da ciência.

VEDAS: Qual a importância neurofisiológica de ex-ercer alguma atividade que agrade para os estudos e até para a vida profissional do futuro médico? Cairasco: De maneira geral qualquer atividade profissional, por agradável que seja para quem a executa, justamente por ser realizada com vigor, é extenuante. Agora, atividade física, artes, leituras, representam válvulas de escape e são excelentes ansiolíticos. Por exemplo, é possível que tenha saído numa terça-feira, cansado, com enxaqueca do laboratório e naquela noite, meio a reboque, tenha iniciado a oficina de Danças Caribenhas e ao final de hora e meia de exercício aeróbico tenha me sentido absolutamente recuperado. Outro exemplo podem ser as leituras acima mencionadas, que uso muitas vezes em longas viagens de avião, combi-nadas com desenhos, como um ótimo passatempo relaxante. Escuto com muito pesar sempre depoimentos de alunos que fizeram cursinho e deixaram de fazer aquilo que mais gostavam. Entraram na Faculdade e não conseguiram repor este tempo perdido. De-pois como profissionais liberais, como docentes ou pesquisadores não acham espaço para encaixar qualquer outra atividade que não seja a da sua área de atuação. A distribuição do tempo depende de nós e de prioridades que damos para ele. Pes-soalmente trabalho em várias frentes simultanea-mente, e isto gera mais dificuldades para a admin-istração deste tempo. Exercitar várias destas vertentes depende de de-cisões individuais, e ainda de suporte dado pela Universidade e por Fundações de apoio à pesquisa como FAPESP, CNPq, CAPES, FAEPA. A desejável Unidade do Conhecimento, como Edward Wilson define no seu conceito de Consiliência, envolve convergência das Humanidades com as Ciências

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Naturais e as Artes. O exercício da Medicina está absolutamente atrelado a este perfil.

VEDAS: Sabemos que o clima da USP é muito sisu-do. É possível trazer mais humor e mais cor para a Universidade sem que ela perda a qualidade?Cairasco: A universalidade da Universidade impli-ca em visões potencialmente diferentes de mundo, visões decorrentes de nossas origens, nem sempre iguais, culturais, étnicas, sócio- econômicas e sócio-políticas. Com o decorrer dos séculos houve avanço nas tecnologias, propiciaram-se novas descobertas, mas ao mesmo tempo o potencial de destruição de nosso planeta também passou a ser considerável. A competitividade, o consumismo, a obsolescência rápida, típica do mundo contemporâneo, são avas-saladores. Diante deste cenário, o universitário genuíno, por definição, deveria ter como princípios norteadores atos solidários, preocupação social, não como slo-gan oportunista, mas como tarefa diária incessante e natural. Penso que o que você chama de sisudez da Universidade, fala do grande castelo inatingível em que ela às vezes é transformada. A separação entre Universidade e Sociedade somente fala de nossa dificuldade para lidar com as exclusões, com a disparidade de oportunidades. Sermos mais hu-manos dentro da Universidade trará enormes bene-fícios para a sociedade. Parece-me também que o grande problema para que a USP tenha essa cara de sisuda é conseqüência da própria interpretação que as pessoas dentro da Universidade têm da vida, das pessoas em volta. Como são as relações humanas dentro da Univer-sidade? Eu creio que o segredo está na percepção do outro. Sentir que somos iguais entre todos, mas, conscientes do privilégio pelo muito que temos den-

tro da Universidade deveria nos fazer felizes. E isto deveria se refletir no humor do dia a

dia das pessoas. Tem tanto garoto por ai que sonha em fazer Universidade e ora por desestímulo na família ora por razões outras acha que este sonho é in-

atingível. De fato, o quanto fazemos na Universidade para manter ou modificar esta imagem? Particular-mente me sinto sempre muito feliz

com o que faço, com a profissão que escolhi, com as conquistas,

sobre tudo de crescimen-to pessoal, em busca das

verdades através da ciência e das artes. Transmito essa feli-cidade no meu dia a

dia e considero essa minha pequena contribuição individual.

VEDAS: Qual a importância do sono na ma-nutenção da memória? É inteligente virar a noite estudando para prova do dia seguinte?Cairasco: Tecnologias mais recentes têm permit-ido avaliar a expressão gênica e de proteínas em seletivas populações neuronais e circuitos cere-brais que envolvem, entre outras áreas, córtex pré-frontal, hipocampo, córtex entorrinal, minu-tos ou mesmo horas após cada uma das fases do sono. Muitas destas pesquisas têm demonstrado que o sono nas suas fases REM e não REM, e a associação entre áreas cerebrais e expressão ou não de proteínas são eventos fundamentais para processos de formação, evocação, consolidação e re-consolidação da memória. Pesquisadores brasileiros como Sidarta Ribeiro (UFRN) e Ro-drigo Neves Romcy-Pereira (UFES) estudam com rigor estas questões. A resposta simples à sua pergunta sobre se é inteligente virar a noite sem dormir antes de pro-va do dia seguinte é evidentemente um grande NÃO! Além da questão aguda, a perda substancial e repetida de tempo de sono tem efeitos deletérios sobre o organismo, aumentando significativa-mente o aparecimento, sobretudo durante o en-velhecimento de obesidade, diabetes, hiperten-são e perda de memória. É fundamental salientar também que a memória é potenciada pelas tarefas diárias, por exemplo, motoras ou sensoriais, durante a vigília. Ao se fa-lar em memória, relacionada ou não ao sono, pre-ga-se nos dias de hoje o quanto as descobertas do indivíduo são mais importantes que a fixação de informações via memorização. Certamente a memorização de objetos, nomes, lugares, circun-stâncias é fundamental para elaborar histórias com começo, meio e fim. Na minha visão de educador por várias décadas, descoberta ou con-strução de mundo por crianças ou jovens, deverá vir com informações contextuais e históricas. Senão teremos uma opção pedagógica que ex-plica parte da precariedade de raciocínio e fluxo de idéias de nosso tempo. Sem dúvida a pobreza de léxico explica conteúdos fracos, dificuldade de conceituar e de abstrair. Para piorar, a hiper-mí-dia e a hiper-informação trazem, além de muitos benefícios indiscutíveis, probabilidade maior de perda de foco, o que naturalmente prejudica o processamento das informações. Nessa linha, no seu excelente livro “A Arte de Esquecer” o Profes-sor Ivan Izquierdo, da PUC de Porto Alegre, uma das maiores autoridades do mundo em memória, comenta sobre a importância da neurobiologia do esquecimento como um conjunto de eventos adaptativos, e fala, por exemplo, sobre como ex-ercer a arte de esquecer para fazer uso de infor-mações relevantes.

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Em 2009, às segundas e quartas, você podia encontrar McGyver ( Fernando Sadano) ,da 57ª turma,

em seus compromissos com o Feliz-Idade; quinzenalmente, tem suas re-uniões na Liga de Cardio, além do fute-bol com os amigos e os ensaios para o Show Med 2009. Mas toda terça-feira, das 18h45min às 19h35min, é certeza que estava na sala 1E do Bloco Didáti-co da Medicina, local onde ocorrem as aulas do Cursinho Popular da Medici-na (CPM). Como ele, outros 30 alunos da USP, a maioria do curso de Medic-ina, ministraram suas aulas para alu-nos de baixa renda de Ribeirão Preto. Um projeto do PET, sem fins lucrativos, cujo objetivo é fornecer para a popula-ção de baixa renda de Ribeirão Preto e cidades vizinhas os conhecimentos

exigidos nos principais vestibulares do país. Em comum, todos os profes-sores têm o prazer em ensinar outras pessoas e a vontade de fazer algo que possa mudar, ao menos um pouco, a sociedade em que vivemos. “Desde o cursinho, tirava dúvidas das pes-soas e já pensava em participar de um cursinho popular quando entrasse na

para uma platéia”, ressaltou McGyver . “É um cursinho de alta qualidade, tão bom quanto qualquer outra escola que eu já tenha estudado”, relata a aluna Íris, do CPM, que já teve a opor-tunidade de estudar em outros cursin-hos pré-vestibulares da cidade. Isso comprova que nossos voluntários não deixam nada a desejar em relação a

faculdade” destaca o aluno também do segundo ano Ícaro (Bozo). Talvez nem todos os voluntários se dêem conta dos benefícios que possam ad-vir dessa atividade, mas diversos tra-balhos apontam que o envolvimento em atividades desse âmbito, nas quais os alunos de graduação assumem pa-pel ativo na busca do conhecimento e depois são encarregados de transmiti-lo, são capazes de desenvolver suas habilidades de comunicador e educa-dor, qualidades imprescindíveis para qualquer médico que deseja estabel-ecer uma boa relação médico-pacien-te. Alguns professores ainda destacam que aprenderam a ser mais respon-sáveis, organizados. “Sempre fui um pouco confuso, e não se pode ser as-sim quando você tem de explicar algo

outros professores de cursinhos de Ribeirão Preto.O CPM também ajuda os professo-res voluntários a perceber nuances de didática dos próprios docentes da faculdade. “Inevitavelmente fa-zia comparações entre o modo de lecionar de cada professsor e via que a didática influênciava e muito na vontade de estudar, bem como na compreensão do assunto”, nos conta Paulo Henrique Nasser, o Shrek, do terceiro ano, que tam-bém percebe que essa atividade trará contribuições para a futura carreira: “Acredito que com rela-ção à carreira médica o fato de lecionar em um cursinho ajuda na desenvoltura e no relacionamento interpessoal, que são atualmente grandes obstáculos enfrentados pelos médicos que passam a vida atrás de uma mesa.” Com dois anos de ex-istência, o CPM se concretiza hoje como uma das possibilidades de atividade extracurricular para os alunos da FMRP e de outros cur-sos do campus. De forma ímpar, permite que eles desenvolvam habilidades pouco abordadas du-rante a graduação, mas que são de extrema importância para a práti-ca médica futura. E, para a popu-lação, oferece uma possibilidade de acesso ao ensino superior, uma possibilidade real de ascensão so-cial por meio da educação. “É um cursinho de alta qualidade, tão bom quanto qualquer outra escola que eu já tenha estudado”, relata a aluna Íris, do CPM, que já teve a oportunidade de estudar em out-ros cursinhos pré-vestibulares da cidade.

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Opções de carreira não faltam para o graduado em Medicina: fazer pós-graduação e depois ser docente ou pesquisador de alguma Instituição de Pesquisa, seguir carreira militar, ad-ministrar um hospital e até mesmo fazer alguma especialização em um programa de residência. Você já tinha pensado nessa última?

A maioria dos estudantes entra na faculdade já projetando qual especial-idade cursará na residência e quando se deparam com outras possibilidades ficam perdidos, indecisos, ansiosos. É comum não saber onde encontrar informações confiáveis sobre todas essas opções. A VEDAS! foi atrás de-las pra você! Nessas matérias, encon-trará alguns detalhes sobre possíveis caminhos alternativos a serem trilha-dos a partir das melhores fontes: ver-dadeiros profissionais que seguiram essas carreiras. Nesta matéria, em es-

pecial, focamos na docência e na me-dicina sem fronteiras, além de introduz-irmos a indústria farmacêutica.

- O Grupo PET-FMRP já fez dois simpósios sobre carreira médica. O primeiro foi o “Quem mexeu no meu esteto?” – um trocadilho com o best-seller “Quem mexeu no meu queijo?” - que buscou trazer aos alunos de graduação em medicina algumas “luzes” (ou novas dúvi-das, afinal, elas também podem orientar o caminho). Esse sucesso de 2007, que trouxe esclarecimentos aos alunos sobre como lidar com indústrias farmacêuticas, convênios médicos e como desen-volver seu marketing pessoal, retornou em 2009 delineando melhor aos expectadores aspectos importantes de três grandes opções de carreira: carreira militar, a docência (com a qual temos muito con-tato na faculdade mas mesmo assim pouco sabemos) e, novamente, alguns aspectos importantes da medicina privada – desta vez dan-do um importante enfoque no Sistema Único de Saúde no sentido de estabelecer paralelos com esta.

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A carreira docente ba-seia-se no tripé uni-

versitário ensino-pesquisa-extensão, ou seja, formar novos profissionais, gerar novos conhecimentos e ofe-recer retorno a comunidade.Ser docente envolve car-acterísticas e habilidades,

como a ética (profissional, pessoal e em pesquisa), a formação profissional e científica sólida, a curiosidade e a capacidade para desenvolver novas tecnologias.Mas afinal, como se tornar um reno-mado professor da Universidade de São Paulo? Além das competências já citadas, há um longo caminho a ser trilhado, iniciando muitas vezes já na graduação (veja o box). Envolve também a participação na administ-ração e planejamento das atividades relacionadas à universidade como um todo. Neste caso, pode contar com benefícios salariais, dependendo do cargo ocupado (diretor da escola, presidente de comissões acessórias à congregação, chefes de departamen-to).

É um grande desafio conciliar todas estas atividades e o ensino. A Prof. Dra. Margaret de Castro, do De-partamento de Clínica Médica, no Simpósio “Quem mexeu no meu esteto? II”, do grupo PET, afirmou que “a tarefa da docência deve ser mais formativa do que informa-tiva, preparando o aluno para que, no futuro enquanto médico, possa desenvolver educação continuada, atualizando-se constantemente”. O docente tem, portanto, em suas mãos, a tarefa de preparar jovens para aprender a aprender, gerando profissionais com a curiosidade e a perseverança de continuar a se aprimorar cada vez mais, de forma a buscar sempre avanços não so-mente na Medicina, mas nas ciên-cias como um todo.

Outra constante na vida do médi-co é sua relação com a Indústria Farmacêutica, já que a terapia alopa-

ta é a mais usada para tratar diversas doenças tanto sistêmicas quanto psíquicas. Nas própri-as palavras de quem está dentro do ramo, “a indústria farmacêutica, por seu caráter inova-dor, vem continuamente oferecendo soluções em saúde para que os médicos possam preve-nir, curar ou pelo menos amenizar os transtor-nos causados por doenças, permitindo que os pacientes tenham melhor qualidade de vida”, relata, em entrevista, Sérgio Z. Perelman, ger-ente da farmacêutica Torrent.Sérgio relata ainda os benefícios que um mer-cado de remédios competitivo trás ao profis-sional médico: “Outro ponto positivo é que a indústria tem cada vez mais se utilizado de seu

poder de comunicação com a classe médica e farmacêutica para oferecer a estes educação continuada, o que permite e facilita o continuo conhecimento das novidades que sempre sur-gem na área da saúde.”De fato, muitos congressos aos quais os médi-cos freqüentam são patrocinados pela Indús-tria e neles você irá ganhar muitos “brindes”, desde canetas até mesmo presentes mais elab-orados, como viagens para outros congres-sos internacionais. Essa, que era uma prática muito mais disseminada há pouco tempo, está ficando cada vez mais rara devido a maior fis-calização da Anvisa.Questionado se os médicos são pressionados a prescrever remédios de marca, o gerente da Torrent diz: “Não devemos subestimar o médico, que estudou por mais de 8 anos para

ter total domínio sobre sua atividade. Como profissional liberal ele pode e deve pre-screver a seu paciente o que achar conveniente.” Está dado o recado.

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Há quem, após a residência, ou mesmo após a formatura, queira logo fazer a diferença. Porém, qual a melhor forma de se aventurar nesse mundo? Uma opção que vem logo à mente é aquela de ir romper fronteiras, parar de repente na África ou em países em

guerra, junto a uma organização denominada Médicos Sem Fronteiras (MSF). No entanto, embora a organização seja muito reconhecida, ela é pouco conhecida. Você sabia, por exem-plo, que o trabalho junto aos MSF NÃO É voluntário?A organização busca “profissionais qualificados, experientes, motivados e flexíveis, capazes de se adaptar a outros contextos e culturas e viver em condições às vezes difíceis”, o que justifica a existência de um processo de seleção para atuar junto de seus programas. Nesse sentido, o médico que se vincula ao grupo é um contratado da organização, com carteira as-sinada e direitos trabalhistas. Essa medida se justifica: “isso é necessário porque atuamos em contextos difíceis e quanto maior a dedicação e a estabilidade de nossos profissionais, maior é o compromisso com o trabalho e melhor é o desenvolvimento dos projetos”.Mas e se meu perfil não se adequar?Há muitas outras formas de fazer a diferença. Um erro muito comum é o de se achar que ap-enas a África tem crianças doentes. O próprio MSF atua no Brasil, com programas em vários estados. Pense um pouco no interior do país, ou nos grandes centros, nas áreas mais pobres. Com os seus conhecimentos mais a sua força de vontade, você pode intensificar seu poder de médico e mudar o mundo começando com a sua vizinhança.

MSF Médicos Sem Fronteiras é uma organização médico-humanitária internacional, inde-pendente e comprometida em levar ajuda às pessoas que mais precisam. Também é missão de MSF tornar públicas as situações enfrentadas pelas populações atendidas (...). A orga-nização foi criada em 1971, na França, por jovens médicos e jornalistas, que atuaram como voluntários no fim dos anos 60 em Biafra, na Nigéria. Enquanto a equipe médica socorria vítimas em uma brutal guerra civil, o grupo percebeu as limitações da ajuda humanitária inter-nacional: a dificuldade de acesso ao local e os entraves burocráticos e políticos faziam com que muitos se calassem frente aos fatos testemunhados. MSF surge, então, como uma organização médico-humanitária que associa socorro médico e testemunho em favor das populações em risco.

Saiba mais em www.msf.org.br

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A partir da 57ª turma, o curso de Medicina da FMRP tem um novo currículo. Alterações são ne-cessárias para a adequação do conteúdo e práti-

cas médicas à necessidade da população. Nesta re-forma, mudanças profundas, como a criação de eixos longitudinais de Atenção à Saúde da Comunidade e Formação Humanística e Bioética, além das chamadas áreas verdes, são criticadas por muitos, são defendi-

das por poucos e entendidas por menos ainda. A fim de esclarecer um pouco o que realmente mudou e, o mais importante, o porquê houve essas mudanças, Vedas entrevistou o Prof. Dr. Luiz E. A. Troncon, do Departamento de Clínica médica e ex-presidente da Comissão de Graduação, para ter um panorama geral deste processo de reforma acadêmica (Confira a en-trevista completa no site do PET!).

RefoRma

CuRRiCulaR

No internato, (...) os alunos chega-vam por vezes despreparados, sem os conceitos da importância da aten-ção básica e sem conhecer nada das bases do funcionamento do siste-

ma público de saúde brasileiro.

Afinal, o que mudou?Principais mudanças que ocorreram e que estão previstas:

Eixos paralelos: Atenção à Saúde da Comuni-dade e Formação Humanística e Bioética.

Maior carga horária para Embriologia, com in-tegração a outras disciplinas: Biologia Celular, Molecular, Tecidual e do Desenvolvimento.

Áreas verdes.

Divisão da Farmacologia em Básica e Clínica, no segundo e no terceiro ano, respectivamente.

Introdução à Comunicação com o Paciente no segundo ano.

Aumento de carga horária de Semiologia Geral.

Criação de disciplinas integradas no ciclo Clíni-co, por Sistemas (Cardiovascular, Respiratório, Digestivo, entre outros).

Férias rotativas (junto com estágios) no Inter-nato.

Currículo Novo

Iniciação à Saúde.

Formação Humanística e do Saber Médico (I, II e III).

Disciplinas próximas, mas dissociadas: Biolo-gia Celular, GMTD, Histologia e Embriologia.

Períodos livres não organizados.

Farmacologia ensinada uma única vez no se-gundo ano.

Pouco tempo para anamnese durante a Se-miologia Geral.

Férias fixas no fim/início do ano.

Currículo Antigo

Visite!Confira a entrevista do Prof. Dr. Luiz E. A. Troncon na íntegra em

www.fmrp.usp.br/pet

É difícil avaliar o efeito da mudança, pois o que se espera são mudanças não só no perfil de conhecimentos, mas de atitudes frente aos mei-

os de prover atenção à saúde das pessoas.

Hilda Satie Sutofoi quem escreveu esta matéria!

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Entrevista Prof. Dr. Luiz TronconDepartamento de Clínica MédicaEx-chefe da Comissão de Graduação da FMRP

VEDAS: O que levou a reforma curricular? Como se deu a elaboração do plano de reestruturação curricular?Troncon: Historicamente, o movimento para a reestrutu-ração curricular iniciou-se na década de 1970, motivado, em grande parte, por insatisfações de alunos e profes-sores. Foi realizado um inquérito em que estudantes, do-centes e ex-alunos responderam a questões sobre o cur-rículo e que culminou em um seminário para a discussão do perfil do médico a ser formado por nossa escola. A pergunta norteadora “Que médicos iremos formar?” levou ao estabelecimento dos objetivos do curso de Medicina. Essa discussão levou ainda à reforma aprovada em 1992 e iniciada em 1993.Em 2001, houve um processo de revisão das mudanças curriculares, pois muitos docentes viram-se insatisfeitos com estas mudanças. Em 2005, quando já eu estava na Comissão de Graduação, foi realizado um movimento de re-avaliação das disciplinas, que visava apenas verificar a qualidade no ensino. Entretanto, após o início desta re-visão, viu-se a necessidade de realizar intervenções no currículo, revendo o projeto pedagógico do curso, cuja versão atual encontra-se no site da Comissão de Gradu-ação.

VEDAS: Por que houve a implementação dos eixos longi-tudinais de Fundamentos Humanísticos, Atenção à Saúde da Comunidade e áreas verdes?Troncon: A criação dos eixos longitudinais vem ao en-contro da necessidade de iniciar precocemente o estu-dante na problemática da saúde, bem como contextuali-zar os alunos dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e de aprimorar a formação humanística. Coaduna-se com a tendência atual de planejamento curricular em Medicina de contemplar aspectos específicos da formação com ativ-idades continuadas, ao longo de todo o curso, formando assim eixos de disciplinas encadeadas.Anteriormente, houve a tentativa da implementação da disciplina de Iniciação à Saúde, que deveria durar dois anos, a princípio. Entretanto, esta perdeu espaço para outras disciplinas e ficou muito reduzida, não atendendo aos propósitos para que foi criada.A disciplina de Atenção à Saúde da Comunidade, longitu-dinal, ou seja, com duração em todos os anos, visa dar maior e melhor visão sobre a atenção básica à saúde da população. Essa necessidade pode ser explicada por dados estatísticos: 90% das doenças podem ser diagnosticadas e tratadas na atenção primária, sendo lógico investir um tempo considerável no seu estudo. Além disso, trata-se também de dar oportunidade aos estudantes de conhecer o funcionamento do sistema público (SUS), no qual cerca de 75% dos médicos irão trabalhar.Em 1992, foram implantadas as disciplinas de Fundamen-tos Humanísticos do Saber Médico I, II e III, que visavam dar noções de filosofia, sociologia, antropologia e história da medicina com enfoque na necessidade do profissional

de saúde e através de discussões, ou seja, com a par-ticipação ativa do aluno. Entretanto, estas disciplinas tornaram-se cursos teóricos completamente isolados. Além disso, a falta de docentes levou a situações in-usitadas, como a ausência de continuidade, pois após FHSM I, com os conteúdos de filosofia, o segundo ano não tinha FHSM II, que deveria ser relativo a antro-pologia e sociologia. Após isso, no terceiro ano, havia FHSM III, História da Medicina, sem conexão com as disciplinas que a precediam.Surgiu então a idéia de ancorar estes temas ao re-dor da Bioética, para discutir estas ciências dentro de um contexto médico, levando a incorporação destes conceitos pelos alunos de maneira progressiva e con-tínua, até o quarto ano. No internato, espera-se que dentro de cada estágio do 5o e do 6o anos haja es-paço para estas discussões, dialogando com os con-teúdos destes.Em relação às áreas verdes, pretende-se propiciar tempo para que o estudante possa realizar outras atividades formativas, sendo estas as mais diversas. A escola entende a necessidade deste tempo para o de-senvolvimento de atividades extracurriculares, como iniciações científicas, monitorias, ligas, ou simples-mente para que possa descansar.Espera-se que estas mudanças levem os alunos a um pensamento mais humanizado, com bases éticas for-talecidas e com conhecimento do Sistema Único de Saúde.

VEDAS: O que realmente mudou em relação às out-ras turmas? Quais as expectativas em relação às tur-mas que se formarão com o novo currículo?Troncon: No internato, existem as disciplinas Medic-ina Comunitária I e o Estágio Integrado. Os alunos chegavam por vezes despreparados, sem o concei-tos da importância da atenção básica e sem conhecer nada das bases do funcionamento do sistema públi-

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co de saúde brasileiro. Neste ponto, espera-se que os alunos após a mudança curricular cheguem com estas bases mais sólidas.Em relação à ética, espera-se que os alunos incorporem melhor os conceitos pertinentes, de forma contínua e progressiva. Entretanto é difícil avaliar o efeito da mu-dança, pois o que se espera são mudanças não só no perfil de conhecimentos, mas de atitudes frente aos meios de prover atenção à saúde das pessoas. Exam-es como o Teste de Progresso avaliam o aprendizado cognitivo, mas as mudanças comportamentais só po-dem ser avaliadas pelo acompanhamento contínuo do professor e por mudanças do perfil dos egressos,para o que estamos longe de ter boas condições de avalia-ção. Espera-se que estas mudanças ocorram também no perfil de domínio de habilidades clínicas, devido a criação da nova disciplina de Introdução à Comunica-ção com o Paciente e com o aumento da carga horária da Semiologia Geral.

VEDAS: Que outras mudanças ainda não foram imple-mentadas, mas estão dentro do plano de reforma cur-ricular, tanto para a primeira a partir da reforma (57) quanto para os próximos anos?Troncon: Estão previstas mudanças na etapa clínica (3o. e 4o. anos) e no Internato (5o e 6o anos). O ob-jetivo é entrosar melhor as disciplinas, promovendo maior integração dos conteúdos, para que haja mel-hor aproveitamento. Por exemplo, na etapa clínica, está prevista a criação de novas disciplinas integradas, como atualmente o são as de “Sistemas” (Cardiovascu-lar, Respiratório, Digestivo, etc...) e melhor articulação entre as disciplinas já existentes (por exemplo “Clínica e Técnica Cirúrgica” e “Sistema Digestivo”). No inter-nato, está previsto o rodízio dos períodos de férias e dos demais estágios, incluindo o optativo do 5o. ano. Esse sistema já é utilizado em outras escolas do es-tado, com boas experiências. Este esquema propicia mais oportunidades de prática, pois cobre os períodos de outubro, novembro, dezembro e janeiro. Os alunos ajudam no serviço, de modo que a sua ausência em massa nos períodos de férias, como vinha acontecen-do, aumentava a sobrecarga dos médicos residentes, assistentes e docentes. Isso leva a necessidade de au-mentar o número de profissionais responsáveis pelo atendimento, o que nos períodos regulares, fora das férias, pode limitar a atuação dos internos.(etapa clínica – Ver acima)As críticas da 57ª turma sobre as alterações do currículo são desejáveis, pois apontam distorções e imperfeições deste e vão ajudar a coordenação do curso a aprimora-lo. Em uma escola grande e complexa como a nossa, é difícil centralizar e focar nos problemas que devem ser melhorados, pois é difícil gerir um currículo em um ambiente com uma grande diversidade de visões.

VEDAS: Qual a aceitação dos docentes diante destas mudanças?Troncon: Os docentes são, em geral, sensíveis a mu-danças, tanto para o lado positivo como para o nega-tivo. De início, tendem a encara-las como perdas de autonomia e espaço para atuar, mas com o tempo, pas-sam a ver as vantagens, embora freqüentemente têm reações imprevisíveis. A expectativa é a aceitação, pois estas mudanças visam a melhora do ensino.A perda de carga horária que é bastante citada é, na

verdade, uma reorganização de folgas e períodos livres que antes estavam espalhados pelos cursos. Deste modo, a perda total de carga horária para a criação dos eixos, por exemplo, não é de 30% (três períodos em dez), mas de 15 a 20% no máximo. Outros cortes foram feitos ou porque o conteúdo era irrelevante para a formação do médico generalista, ou seja, muito espe-cializado, ou tratavam-se de repetições.O objetivo é integrar os conteúdos desde o básico, racionalizando-os. Nem todas as disciplinas tiveram redução de carga horária. Por exemplo, a Embriolo-gia teve sua carga horária aumentada, devido à ne-cessidade expressada na clínica, pois os docentes rec-lamavam que os alunos precisavam de conceitos mais sólidos sobre malformações e transtornos do desen-volvimento embrionário.

VEDAS: Quais as maiores falhas o senhor enxerga nes-ta primeira tentativa de implementação da reforma?Troncon: Tenho a impressão de que há ainda muito a progredir no que se refere à metodologia de ensino e aprendizado. Deveria haver menos aulas teóricas, me-nos “provinhas” após as aulas e avaliações periódicas mais abrangentes. O ideal seria haver avaliações glo-bais, abrangentes, integrando temas, sendo conduzi-das pela instituição e não pelas disciplinas. Durante a avaliação que a Comissão de Graduação fez do período de 2001 a 2005, concluiu-se que havia um excesso de aulas teóricas, refletindo a preocupação de cobrir todo o campo de cada área do conhecimento. Isto é muito difícil de se conseguir, há até um adágio que diz que “É impossível ensinar tudo para todos”. Há necessidade de escolher temas mais importantes e gerais. Os outros aparecem na prática, em que o aluno se depara com um caso diferente e vai estudar. O excesso de aulas teóricas diminui o rendimento, enquanto aulas práti-cas, discussões em pequenos grupos e trabalhos em projetos propiciam melhor fixação do conteúdo, além de permitir a aquisição de outras habilidades impor-tantes na formação profissional, como o trabalho em equipe, liderança, gerenciamento, etc.

VEDAS: Quais os novos apontamentos para a educa-ção médica na faculdade e no Brasil?Troncon: Não tenho dúvida de que somos uma escola muito boa, mas isso não significa que não precisamos melhorar. Por diversas fontes e pontos de convicção, podemos afirmar que nossa escola está no primeiro pelotão das escolas médicas brasileiras. Temos bons estudantes e bons professores, infraestrutura suficien-te e um bom processo educacional que, de modo geral, é levado a sério por todos, os docentes em tempo in-tegral têm razoável disponibilidade para atender aos alunos. No cenário nacional, nota-se, como aqui, uma grande preocupação de formar médicos sintonizados com as necessidades de saúde da população, que, em sua imensa maioria, é atendida no sistema público. O que interessa, porém, é que os alunos por nós forma-dos sejam bons profissionais para atuar neste campo e também bem preparados para seguir na trajetória profissional que cada um escolher.

VEDAS: Apesar da reforma curricular, nossa faculdade foi bastante criticada em relação a métodos de avalia-ção. O que o senhor pode comentar a respeito? O que

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Entrevista Ac. Claudimar AmaroGraduando em Medicina e graduado em Ciências Biológicas - Modalidade Médica pela FMRP-USPMembro do Departamento de Ensino do Centro Acadêmico Rocha Lima

VEDAS: O que levou a reforma curricular? Como se deu a elaboração do plano de reestruturação curricular?Claudimar: A reforma curricular é feita nas escolas a partir de duas forças fundamentais. Existe de um lado a conjuntura externa de adequação contínua do ensino médico (adaptação a novas metodologias de ensino, aprimoramento do conhecimento, adequação da forma-ção às políticas governamentais em saúde, etc) do outro lado as conjunturais internas (adaptação a política da instituição, pressões departamentais, força de docentes que ministram ou administram as disciplinas e, é claro, os “chatos” dos alunos que sempre reclamam dos pro-cessos que eles “acham” falhos: ou por simples com-paração e contatos com outras faculdades, afinal estas trocas foram os embriões das pesquisas multicêntricas; ou porque se “juntam”, estudam os temas, e vêem que o que lhes é colocado na sala de aula não está de acordo com princípios básicos em educação médica).Na somatória destas, as nossas mudanças se concen-tram mais em torno de correção das falhas, quando este propósito se somam a algumas das outras forças exter-nas ou internas, principalmente internas apoiadas por grupo de docentes - ou mais antenados com as práticas mais contemporâneas de Educação Médica, ou por con-textos políticos mesmo. Assim, o plano de reestruturação mais corriqueiro que vi-venciei foi em cima de disciplinas problemas, apenas ulti-mamente venho vivenciando esta modificação curricular mais ampla. Mas mesmo assim o que vejo não é uma dis-cussão embasada em literatura médica ou experiências mais amplas e comprovadas, quanto mais uma análise

do todo curricular para se formar um médico mais ad-equado as demandas sociais. O que vejo são mais boas intenções em se copiar ou adaptar coisas que estão dando certo em outro lugar, o que também fazemos a princípio para tentarsugerir proposta, algo até muitas vezes adequadamente pro-posto para com fim educativo melhor, mas sem um embasamento e uma discussão mais aprofundada. Isto fica mais claro quando tentamos analisar o “por que mudar para este caminho”, e o “como mudar”.Quando discutimos o primeiro existe praticamente um consenso mas quando partimos para o segundo... Mui-tas vezes isto fica meio no ar, acerta-se uma idéia do que é feito em outro lugar, e isto vira a concretização de uma mudança que ninguém nega que é necessária deixando a introdução desta muitas vezes subjetivada,

já está sendo feito para mudar esta realidade?Troncon: Desconheço essa crítica, mas concordo que devemos melhorar o esquema de avaliação. Como já foi dito antes, o ideal seria haver avaliações globais, abrangentes, integrando temas, sendo conduzidas pela instituição e não pelas disciplinas. Há também a neces-sidade de avaliar melhor as habilidades clínicas e o de-sempenho prático. Um bom modelo é o teste de pro-gresso. Outro exemplo é a avaliação terminal do sexto ano, que foi re-implantado este ano e que focaliza mais as habilidades clínicas práticas. Outro método que seria interessante é desenvolver a capacidade de o aluno se auto-avaliar, como em um portfólio reflexivo. Entretanto este é um método muito trabalhoso. Não sei se vai ser fácil, mas certamente temos por onde melhorar.

VEDAS: Considerações finais?

Troncon: Agradeço a oportunidade de expressar estas idéias para a Revista Vedas e gostaria de finalizar sa-lientando o bom trabalho que a Comissão Coordenado-ra do curso de Medicina e a Comissão de Graduação da FMRP, da qual não faço mais parte, vem fazendo para o aperfeiçoamento do nosso curso médico.

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personalizada que acaba necessitando de muito mais tempo para se adequar ao fim esperado, se conseguir-mos alcançá-lo depois de mais tantas e tantas modifica-ções para corrigir as falhas. Muitas vezes as discussões e estudos que fazemos junto ao departamento de ensino, por mais embasadas que estejam, acabam sendo desprestigiadas e algumas par-tes se vêem encaixadas naquela proposta de tal profes-sor ou professores, de uma forma diminuída, pois além do docentes serem “o detentores do saber” e nós apenas os que querem complicar o processo, o próprio “detentor do saber” não sabe, ou melhor, não se preparou e não se propõe a se preparar para se modificar em torno da proposta que ele mesmo fez, por exemplo: imaginemos uma mudança entre a visão pontual e disciplinar da sua antiga matéria, da forma que aquele docente sempre pensou e pensa, e trabalhou e trabalha, por tantos e tantos anos, para uma visão transdisciplinar e integral em torno do tema que irá trabalhar. Isto exige a re-formulação de sua visão do próprio entendimento como profissional, pesquisador e facilitador do saber mas ele já se acha “sabedor e capaz” o suficiente, nunca preci-sou disto e talvez não precise, e se estagna como pas-sador de conteúdos em torno do tema e dentro da re-alidade que vive e que o satisfaz, e vai tentar aplicar assim mesmo a proposta. Resultado: ficamos com uma proposta atualizada e uma realidade prática um tanto ultrapassada, mesmo os fins estando claros os meios utilizados não o permitem de ser alcançado, ou seja, uma proposta por mais que desenhada brilhantemente com um sólido auxílio da “Teoria da Complexidade” (Ed-gar Morin), por pecar no planejamento, se vê desfigu-rada por uma “Educação Bancária” (Paulo Freire), eu-femismaticamente falando.

VEDAS: Por que houve a implementação dos eixos lon-gitudinais de Fundamentos Humanísticos, Atenção à Saúde da Comunidade e áreas verdes?Claudimar: A idéia de Humanidades na Medicina não é nem um pouco moderna, desde os textos hipocráticos, da influência das condições sociais no processo saúde-doença colocadas por Rudolf Virchow ou mesmo o sim-ples olhar atento do real objetivo da medicina, que é o bem estar do homem, do humano, nos levaria a buscar entender melhor o que seria esta “Condição de Homem” e a relação subjetividade-sociabilidade que ele vivência em seu processo de saúde ou doença. Existiria alguma outra forma de pensar isto sem utilizar o conjunto de saberes das ciências humanas, biológicas e a filosofia? Isto é ainda mais necessário se além de entender, se desejar intervir neste complexo humano, logo fazer medicina. Não é claro?Modificações tentando trazer de volta esta amplitude na profissão médica são sugeridas mundialmente como solução para um biologicismo-tecnológicista trazido pelo século XX onde o raciocino sobre o bem estar do hu-mano da forma descrita anteriormente foi substituído ideologicamente pelos avanços tecnológicos em méto-dos diagnósticos e terapêuticos tendo como bandeiras principais o sucesso terapêutico a doenças graves e a sobrevida. Mas esta proposta além de não conseguir compensar seu alto custo teve como limitação de sua real ineficácia o desrespeito que vemos em na cultura mundial em torno do humano e da ética e a falha do despreparo do profissional. Este último, ao qual só cab-eria interpretar a realidade através de um único prisma,

o biológico, tratando quando muito uma doença de um órgão ao invés do Complexo Humano, tirando os Va-lores Humanos de suas atitudes e consequências e os substituindo por Valores Legais, tirando o Cuidar da arte médica e colocando o Tratar como objetivo, tirando as-sim o foco da Saúde para se contentar com a Doença. Esta é a realidade que ainda vemos na saúde, e não só de nosso país.Em nossa escola a tentativa de mudar esta realidade não é de hoje, esta proposta em relação a entender o homem em comunidade e pensar na saúde de uma forma mais integral tem seu germe logo cedo, nos primórdios do Departamento de Medicina Social trabalhando junto as doenças parasitárias da região, uma das causas da implantação da FMRP. Neste momento já se propõe algo mais humano, talvez nem tanto na proposta do intervir matando o “Barbeiro” nas casas de “pau a pique”, mas na elaboração do estudo que te obriga a se aproximar dos entendimento do estilo de vida, da interação social e ambiental no processo saúde doença, estudos que colo-cam o entendimento humano de uma forma diferenciada na resolução para o problema. É claro que a modificação do enfoque, de fracamente consciente para mais educativo e compromissado políti-ca e socialmente, como se propõe as modificações at-uais com o desenho transversal destes eixos, considero como uma evolução própria do pensamento da atividade médica e da educação médica que mesmo contra-he-gemônica da prática médica contemporânea vem sendo fomentada desde Virchow, entre outros, em busca de gerar uma massa crítica capaz de possibilitar uma quali-dade de vida melhor a toda a população e até mesmo ao próprio profissional (algo que não temos hoje). Fa-tos semelhantes acompanhamos na prática em aten-ção primária nas Escolas Médica do mundo todo, mas mesmo com todo este avanço as forças econômicas e a alienação dos profissionais, entre muitos, colocam-se fortemente em oposição aos benefícios que esta mudan-ça de mentalidade pode provocar e acabam contami-nando os estudantes, se não durante a graduação até a residência, apenas uma base sólida de ciências humanas pode mudar este fato.Na questão do ensino de humanidades a proposta em nossa faculdade também não é tão nova, modificações já implantadas nos anos 90 e até disciplinas anteriores colocadas como exemplares no livro mais relevante de Educação Médica publicado no Brasil pelo Prof. Eduar-do Marcondes da Faculdade de Medicina da USP são da FMRP-USP e de alguns professores que estiveram até pouco tempo a frente de disciplinas em nossa faculdade. Mas a grande falha que vejo eram a personificação das propostas em como tal ou tal docente via e acreditava que deveria ser apresentado o tema, assim com a saí-da de alguns e com a falta de atualização metodológica para acompanhar propostas de integração curricular ou mesmo as modificações da população de ingressantes elas foram se desarticulando e sumindo até a proposta atual as reorganizá-las através de um eixo.Esta visão transversal do humano é colocada mundial-mente a tempos, só estamos atrasados no que condiz a ciência médica por não tê-la colocado adequadamente antes em prática, é um desafio necessário fazer o médi-co ver a importância do valor da prática educativa em saúde na medicina e para isto valorizar sua atitude e a complexidade em se lidar com o humano ao invés de

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pensar que uma doença se trata através de uma se-quência de cortes em locais adequados ou uma substân-cia química ingerida na hora certa sem que se trabalhe o lado humano do paciente. Se nem em veterinária se faz assim porquê ainda vemos isto constantemente em qualquer tratamento de diabetes ou hipertensão?Esta visão óbvia que se fez presente tanto nas diretrizes curriculares nacionais e quanto no nosso projeto políti-co exigiu uma mobilização conjunta da coordenação de curso, dos docentes e discentes em elaborar atividades que possibilitem esta compreensão através destes eix-os onde todos têm consciência que não estão adequa-damente implantados no momento, isto é um fato, e até fracamente estruturados em alguns casos, mas não que estas falhas que encontramos hoje neguem toda o embasamento de como já disse do “por que colocar isto”, nosso problema hoje, por fatores que já coloquei é “como colocar”. Por isto ainda discutimos muito estes eixos e buscamos em conjunto uma estruturação mais adequada.Sobre áreas verdes, vivenciei pouco sobre a discussão, na verdade, da forma que vi justificada, “como um tem-po para o estudante fazer atividades culturais ou for-mativas em um horário fixo na semana”, acho a idéia bem ultrapassada para educação médica atual, está só tentando esconder ou diminuir problemas sérios não só da educação médica mas da educação atual. Com a carga horária que temos de aulas (de 36 horas se-manais com uma janela verde por semana), e acreditan-do-se que os estudantes deveriam estudar os conteúdos sugeridos e ministrados, e lembrando que eles também são humanos, é impossível admitir que em 4 horas por semana ele fará uma atividade, ainda mais atividades “recreativas e formativas” pois estudar, namorar, sair com amigos, jogar uma bola, visitar a família, ouvir uma música, ler um livro , é claro que já existe tempo sufi-ciente para isto nas noites e nos finais de semanas fi-cando a “área verde” para “as atividades recreativas e formativas”. A reestruturação de se adequar a carga horária, a met-odologia de ensino, uma avaliação formativa, o con-teúdo necessário para uma adequada educação médica integrada a capacidade reflexiva e autoformativa como homem e profissional médico, tudo isto em adequação com um conceito de ensino onde o “pensar” e prioritário ao “decorar” e de uma forma saudável ao estudante - por que hoje não é bem assim que as coisas estão - é muito mais difícil, mas muito mais necessário, e daria, sim, uma reestruturação curricular mais adequada e muito mais complexa para se fazer. Talvez por isto nos-sas reestruturações sejam mais pontuais em cima dos problemas. Para mim, a “área verde” serve apenas como respiro necessário para os estudantes mas, se como tenho visto, para garantir as “áreas verdes” durante a semana os estudantes vão ter atividades aos sábados, nem para respiro serve.

VEDAS: O que realmente mudou em relação às out-ras turmas? Quais as expectativas em relação às turmas que se formarão com o novo currículo?Claudimar: Infelizmente acredito que pouca coisa tenha realmente mudado. Na ASC o que acredito válido foi a criação do grupo de docentes e inclusão de profissionais não médicos na discussão dos temas, que culminou na criação de um grupo de profissionais que discutem e tor-nam menos personalizada a proposta. Interessante foi a

própria busca do grupo e apoio institucional a, por ex-emplo, visitas a outras escolas para conhecer na prática outras experiências e adequar a proposta a nossa reali-dade, algo que nunca tinha visto docentes fazendo para aplicar numa disciplina, só em pesquisa. Mas tirando as inovações ainda a serem consolidadas, de ida a comunidade e entendimento da dinâmica social na prática, a proposta em grande parte apenas agrupou algumas disciplinas que já existiam sem pensar na for-mação como um eixo de seis anos, tornando a proposta ainda uma colcha de retalhados. Uma modificação do aprendizado se pensando no conteúdo a ser dado no eixo em relação a sua adequação junto a maturidade do aluno e a temas trabalhados em outras disciplinas, outros eixos, ainda se faz necessário para ampliar dis-cussões e facilitar a educação de certos conhecimentos em assuntos negligenciados pelos estudantes.E outra coisa da qual tenho muito medo é que as par-tes ruins, quase unânimes nas outras faculdades em disciplina como esta, a qual chamo de “Zoologicismo da favela” possa ser trazido a nossa instituição junto com as inovações. Só para entenderem imaginem que eu leve 100(cem) estudantes para um zoológico e digo, observem os animais, contem quantos brinquedos tem em cada jaula, me diga o que achou da expressão dos animais e outras coisas assim.... Me digam quantos es-tudantes se tornaram biólogos ou veterinários devido a esta experiência, ou mesmo entenderam mais sobre o comportamento dos animais ou da relação de convívio entre eles, ou ainda quando nesta proposta se esperaria uma discussão aprofundada a relação entre o homem e a natureza demonstrada neste ambiente??? È, mas mui-tas escolas pretendem formar melhores médicos levan-do seus estudantes para tirar foto de celular de favela assim como aconteciam nossas visitas na pré-escola ao zoo... Só espero que não copiem isto delas...

VEDAS: Que outras mudanças ainda não foram imple-mentadas, mas estão dentro do plano de reforma cur-ricular?a. Para a primeira a partir da reforma (57)Claudimar: As grandes mudanças que merecem aten-ção, na minha opinião, são: a implantação das discipli-nas de oncologia do Básico e do Clínico, que na verdade havia sido sugerida como uma matéria integrada, única, mas por modificações já realizadas na grade foi dividida em duas, infelizmente; a separação em dois períodos da matéria de farmacologia proposta para se trabalhar mais solidamente a parte terapêutica dos fármacos, não acredito que isto vá acontecer mas espero que eu esteja enganado; uma proposta ainda não finalizada e ainda controversa de modificação do período de estágio do 5º ano que era fixo no final do ano e deve rodar de acordo com a turma como uma disciplina, isto faz com que as pessoas tenha que analisar as possibilidades de estágio, principalmente as que procuram outras faculdades ou hospitais, mais precocemente e, pelo ritmo de ensino que temos, pode dar problema; existe uma reformula-ção em horas e em disciplinas a serem cursadas no clíni-co mas que não trazem modificações integradoras muito radicais (radicais de ir na raiz do problema) a serem sentidas pelos estudantes apenas um leve potencial de integração que se acontecer pode trazer benefícios, na verdade foram retiradas algumas integrações temporais de disciplinas clínicas com a de patologia que haviam ficado a quem do desejado mas eram uma proposta

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muito interessante que acredito que tenha sido apenas mal trabalhada mas que ainda deve se concretizar den-tro das duas áreas (clínicas e patologias) para colabo-rar a valoração do ensino de ambas, e principalmento o aprendizado do estudante.Dentro do eixo de FH as propostas para os últimos anos que o departamento de ensino do CARL trazem para a discussão no grupo de trabalho do eixo sugere um prep-aro para a realidade médica desprotegida da academia, vivenciada pelos egressos de nossa faculdade junto com os egressos das outras cem escolas médicas de nosso país, uma realidade médica e em saúde dura, pouco abordada atualmente, mas elas ainda devem ser discu-tidas junto ao grupo e aprovadas, mas espero que saia do papel...

VEDAS: b. Para os próximos anosClaudimar: Para os próximos anos a consolidação de-stas modificações com a correção das falhas é o mais importantes e nelas se incluem as modificações de ad-equação das outras disciplinas como as agrupadas na Morfologia que ainda não se integraram adequada-mente; a de neuroanatomia e neurofisiologia que mes-mo agregadas no calendário e na divisão de temas, o que começou quando fiz o curso a 4 anos atrás, ainda não tem uma integração adequada; e a necessidade de se trabalhar as outras disciplinas que são consideradas estáveis mas tem métodos de ensino e avaliativos ai-nda muito falhos e que durante o movimento de reforma curricular permanecem escondidas. Lembremos que modificações de grande monta em mui-tas coisas ao mesmo tempo, como a de agora, ocorrem a cada 10 anos, aproximadamente, mas as disciplina por disciplina estão sempre em constante mudança. E quando tivermos uma visão mais dinâmica da educa-ção médica e do currículo médico as reformulações não precisarão de grandes mudanças e sofrerão grandes re-sistências, mas serão aceitas pelo entendimento do real processo educacional humano que é contínuo.

VEDAS: Qual a aceitação dos docentes diante destas mudanças?Claudimar: Qualquer mudança, como o próprio nome diz, traz a modificação de algo e no caso de uma discip-lina em nossa faculdade algo que algum docente geral-mente já faz há muito tempo e alguns até aprenderam assim e por isso ensinam assim. Mas assim como para se mudar uma técnica cirúrgica ou um procedimento, falando em “mediquez”, tem que se deixar a experiência de anos de lado para se render a evidências, e isto deve acontecer em termos de educação médica, mesmo mui-tos médicos não acreditando nisso. Passamos do tempo em que se somando uma graduação médica + uma pós-graduação em um tema científico for-mamos o mais adequado professor em medicina. A edu-cação pedagógica do docente para a área de saúde se faz hoje como uma adequação da formação em direção a outros saberes didáticos, teóricos e práticos, que ne-cessitam um comprometimento que vai além de cursos sobre técnicas de ensino. Considero que temas simples de sociologia e filosofia da educação são fundamentais para se analisar o papel de uma disciplina dentro de um contexto curricular mais amplo de forma a incorporar o saber tecnológico ao atitudinal, mas não é esta reali-dade que faz parte do dia a dia das faculdades de me-dicina, que fariam os professores se preocuparem mais

na sua educação permanente para o ato de educar e na visão de necessidade da adequação continua do currículo. Ainda vemos nas escolas médicas teorias ultrapassadas, por exemplos, sobre currículo serem defendidas e propagadas como verdades absolutas, ninguém nunca se propôs a ler Libâneo ou Sacristán - que mostram um currículo de uma forma menos territorialista e passiva - e então fica difícil de muitos docentes entenderem esta modificação necessária da realidade para a realidade, é a mesma coisa que passar pela clínica e não conhecer o Cecil ou o Har-rison, ou para os calouros anatomia sem Sobotta ou Netter, fica difícil mesmo. E olha que com os resumos e slides isto está quase acontecendo também no en-sino da clínica e da anatomia...

VEDAS: Qual a aceitação/expectativa dos discentes?Claudimar: A dificuldade de aceitação se inicia da mesma forma como a dos docentes, a mudança sempre é um pouco estranha, mas logo o motivo de recusa passa desta sempre inércia para dois pontos que considero mais importantes: ou a passividade extrema no ato de educacional ou a cegueira ilusória da complexidade da realidade.A primeira, uma passividade estática em esperar que não o torna capaz de parar para pensar o porquê de se mudar, e neste movimento de crítica e reflexão, entender as falhas e se predispor a ir buscar, nestes temas visando a sua própria formação e daí a ad-equação da disciplina. Já o segundo também só rec-lama que mudou mas tem uma visão tão superficial do que está ocorrendo que a crítica se faz por um movimento de massa social no desprestígio de temas como humanidades, sociedade, psicológico, entre outros, de uma forma a reproduzir simplesmente a pressão hegemônica de que o médico precisa con-hecer as doenças e saber tratar e acabou, a mesma visão que combatemos há tempos e já discutimos. É bom lembrar que para ambos o curso de medicina começa só no hospital e, além da desconsideração com os temas humanos e sociais, eles corroboram com o desprestígio das ciências biológicas básicas, tão básicas quanto as humanas no entendimento da relação homem-saúde e de qualquer idéia de enten-dimento e intervenção nesta.Estes dois movimentos para mim são os mais rel-evantes e preocupantes que levam um grande mon-tante de estudantes a criticar por criticar e que fazem ainda levam alguns pseudo-professores tentarem se justificar por não se comprometerem em aperfeiçoar as “suas disciplinas” dizendo: “Há... vocês não que-rem saber de nada e ainda reclamam...”. Acho que os estudantes deveriam se comprometer mais em entender aquilo que estão os mandando fazerem e por que estão fazendo. Isto ia mudar mui-ta coisa, afinal quantos conhecem o projeto políti-co pedagógico de nossa instituição ou pelo menos o perfil que a faculdade pretende para a educação dele, o porquê as disciplinas são dadas nestas or-dem, o porquê ao contrário de outras faculdades eu não posso escolher quando cursar tal e tal disciplina, quão relevante é tal ou tal assunto ou tema para a minha prática médica futura. Estas atitudes iam fazer com que eles entendessem melhor a sua formação, as necessidades de mudança e principalmente por mais que o curso não esteja satisfatório eles iriam

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saber direcionar o seu aprendizado para ser um bom profissional ao invés de dar um CRTL+C / CRTL+V do slide do professor para a mesma prova que é aplicada a mais de 5 anos na disciplina tal e na tal até se formarem.

VEDAS: Quais as maiores falhas o senhor enxerga nesta primeira tentativa de implementação da reforma?Claudimar: Como já falei a elaboração dos meios de como se implantar passa por um ponto crítico conhecido, acredito, desde o primeiro humano se propor a mudar o primeiro processo educativo, lá nas cavernas, neste mesmo ponto Morin retorna a Marx, a reforma necessita de um novo professor. Não falo de outro professor ou de um menos “usado”... uma nova visão de professor em cima dos saberes a serem trabalhados. O que me estranha é que muitos destes novos professor já existem em vários dos nossos velhos professores mas estes não se deixam expressar contra os professores velhos, na forma de entender e praticar sua arte médica. Por motivos mais diversos muitos de nossos professores entendem, apóiam e auxiliariam nestas novas práticas pois já tentaram aplicá-las em épocas onde a conjun-tura não permitia, aplicam em experiências menores em atividades extra-curriculares, fora da faculdade, ou em disciplinas optativas, outros sempre pensaram assim mas nunca haviam tido oportunidade de praticar, por hi-erarquia ou pressões escusas, ou forças extra terrenas, sei lá. O fato é que algo ainda os impedem de con-vidados a botar em prática agora, junto há uma opor-tunidade de levar adiante uma educação mais salutar e positiva tanto ao educador e ao educando, faz o que acreditam que deveriam fazer. Só as ciências humanas podem explicar tal fato.Outra falha que também já coloquei aqui é a da forma como foi estrutura a reforma e que culminaram com as faltas de preparação para o meio que seria efetuada. Na minha opinião, ao se pensar em eixo a graduação médica para o entendimento da relação entre as disci-plinas e a transdisciplinaridade dos saberes faz-se ne-cessário um tremendo esforço conjunto a que muitos, se não todos, docentes deveriam se integrar para elaborar o desenrolar de temas e discussões entre as disciplinas, não só integrando temporalmente ou durante aquele es-paço de 3 meses, mas se pensar como isto seria tratado ao longo de 6 anos, da formação a ligação entre a saber técnico e atitudinal, aonde o valor profissional se alia ao saber motor e ao valor na discussão dos temas, um verdadeiro esforço intelectual que exigiria um trabalho em cima de ementas, avaliações, desempenhos, entrev-istas, etc, uma verdadeira pesquisa científica em torno da formação do saber médico, algo que entendo que a realidade universitária vivenciada hoje não permitiria tão facilmente, mas uma pesquisa necessária que ainda tem muito a avançar em nossa escola, algo que vai mais além que entender a estatística em torno de um teste, como o Teste de Progresso, extremamente fundamental para se aperfeiçoar de forma eficaz o ensino de nossa escola para muito além dela e para se entender adequa-damente como, por exemplo, mudarem “as curvas” do Teste de Progresso.

VEDAS: Quais os novos apontamentos para a educação médica na faculdade e no Brasil?Claudimar: Para mim o grande obstáculo a ser ultra-passado é se entender a educação médica como educa-ção pelos docentes, estudantes e pela comunidade para

a comunidade a que todos nós pertencemos, com equi-dade visando a igualdade, uma liberdade baseada na responsabilidade individual coletivizada. Seria deixar de lado a visão de ensinar/insignare, rela-cionado a “marcar com um sinal”, ou formar/formare, da idéia de “forma”, para educar/educare, remete a “conduzir”, ou instruir/instruere, “semear”. De Platão, por Comenius, por Rosseau, por Kant, por Hegel, por Morin, por Carl Rogers, por Gardner, por uma “paulada” de educadores e pensadores a necessidade de uma edu-cação onde o educador e educando trabalham de uma forma mais próxima e ativa por ambas as parte tem uma união excelente dentro do pensamento de Paulo Freire que se transportada para a educação em saúde e daí uma educação médica entre humanos e para huma-nos conseguimos colocar no chinelo qualquer discussão sobre método ativo ou passivo, PBL e tradicional, pois a atividade ou não do contexto educativo se faz pelo real vínculo entre os valores do educando e do educador de forma a permitir que a troca de saber flua livremente, de uma forma respeitosa, permitindo que ambas as partes se construam e se ensinem nos saberes que cada um possui: o educador médico com sua arte médica e de vida e o educando com sua curiosidade, vivências acu-muladas e expectativa “hormonal”. Resumindo em português claro, o estudante e o pro-fessor devem ser mais responsáveis em suas atitudes e ações conscientes de seu papel social e individual se permitindo sem pudores, melindres ou receios a trocar, trabalhar e ampliar seus saberes de uma forma respeito-sa e natural, para isto necessita-se mais de uma conver-sa sincera e uma discussão franca do que um datashow, mesa digital, manequim ou espaço físico privilegiado, a educação, e ainda mais a médica, tem de ser uma rela-ção humana valorizada pela liberdade de se pensar de forma crítica-reflexiva para se agir melhor consigo e em comunidade.

VEDAS: Apesar da reforma curricular, nossa faculdade foi bastante criticada em relação a métodos de avalia-ção. O que o senhor pode comentar a respeito? O que já está sendo feito para mudar esta realidade?Claudimar: Infelizmente a mudança do método de avaliação não foi questionada na reforma e em nossa faculdade ele fica muito a desejar. A avaliação como o próprio Prof. Troncon, de nossa faculdade, e a Profa. An-gélica Zeferino, da Unicamp, colocam em seus textos so-bre o assunto, deve ser algo normal dentro do processo educativo de forma a fazer parte através da reflexão so-bre o ensino por parte do educador e do educando. Ol-hando a nossa realidade isto também parece um sonho distante a se concretizar, não só na nossa faculdade, mas em muitas. Umas se dão melhor no papel que na prática, noutras os educadores fingem estaticamente utilizar os dados tanto quanto os estudantes, mas a re-alidade é ainda muito superficial, na maioria das vezes os docentes olham a avaliação deles pelos alunos para falar “Este curso está mal!” “Esta turma não gostou de mim!!!!” e os estudantes olham o “sistema júpiter” para dizer “Ufa... Passei!!!” Ou “Como ele não me deu nota naquela questão!!!!”. Nunca vi nota expressar sentimen-tos e nem deveria ver como um professor pode dar para alguém algo que já é dele! Para sair das tentativas individuais, como vimos sem-pre fazendo, a cada prova, de cada disciplina, vejo a construção de Centros de Educação Médica e Centros

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de Avaliação, que trabalhem individualmente, mas inte-grados, uma solução já defendida há algum tempo mun-dialmente que algumas escolas paulistas já estão organi-zando. O primeiro trabalharia do estudo do vestibular ao egresso entendendo as relações que ocorreram na educa-ção dos indivíduos e dos grupos de forma a articular e fun-damentar reestruturações objetivamente e de uma ma-neira mais concreta, mais eficaz e com menos impactos - psicológicos e físicos - para educandos e educadores. O segundo em paralelo com o primeiro iria trabalhar o cur-rículo atual e elaborar de acordo com objetivos, conteúdos e competências, habilidades e atitudes pretendidas trabal-haria na elaboração de diversos métodos avaliativos, suas aplicações e análise para termos um processo avaliativo sólido que tragam evidências válidas para o processo edu-cativo de discentes, docentes e institucional. Mas na minha humilde análise conjuntural, para isto ser implantado em nossa escola precisaria de uma transfor-mação em nosso entendimento do currículo, eixos, dis-ciplinas, aulas e avaliações, bem como de docência, fac-uldade, universidade que exigiria um arcabouço teórico muito mais amplo que o curso de humanidades que pre-tendemos para a nossa faculdade é capaz, só para en-tender o processo, imaginem para mudar.

VEDAS: Considerações finais?Claudimar: Acho sinceramente que falei demais. Gostaria apenas de agradecer a oportunidade e agradecer a todos os docentes e discentes, desta faculdade de out-ras e da ABEM (Associação Brasileira de Educação Médi-ca), em especiais, aos responsáveis por discutir Educação Médica, pelo seu empenho e amor pelo que fazem o que fazem, pelas amizades que por mais que truculentas nas objeções e nas defesas de pontos de vista, verdadeiras, nas discussões e na admiração e no respeito. Mas a todos que mesmo com os exemplos negativos me fizeram parar e refletir sobre o fato, ação ou atitude que me auxiliou a me instruir melhor e me aprimorar. Em especial, também, ao pessoal do Departamento En-sino do Centro Acadêmico “Rocha Lima”, nestes 6 anos de estudo e colaboração constantes, que me incentivou a não só questionar mas a me capacitar sobre o assunto, técnica e espiritualmente, e agir.

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O rei do pop foi dessa para a melhor e deixouna Terra muitos fãs tristes e milhares de dólares aos cirurgiões, que também ficaram

entristecidos, já que perderam um grande cliente, ou melhor, pequeno, já que Michael pesava apenas 51 Kg. O ídolo passou por 13 operações estéticas desde correções nasais até lipoaspiraçõezinhas de rotina.

O mundo se pergunta: por que morrestes, Michael?! Nós, da Vedas, nos perguntamos: do que morrestes, Michael?! A necrópsia revela: comprimidos de analgésicos semidissolvidos no estômago, várias costelas quebradas e quatro marcas de injeção (de Adrenalina) ao redor do coração. A tentativa de ressurreição foi em vão: Michael morreu de parada cardíaca.

A Vedas conversou com o Prof. Dr. Sérgio Britto Garcia, docente do Departamento de Patologia e Medicina Legal da FMRP, para saber o que o patologista de Michael encontrou. “Pelas notícias da mídia, sabemos que a morte do artista foi súbita, logo não deve existir nenhum achado na necropsia que valide causa mortis de Infarto Agudo do Miocárdio, por exemplo. Não dá tempo para o tecido cardíaco apresentar sinais de necrose e, nesse caso, na declaração de óbito, documento essencial para que o sepultamento seja

liberado, a causa de morte fica sendo indeterminada, já que todo morto tem parada cardíaca”. O Professor ainda complementa, “se a suspeita de que Michael usava analgésicos opióiodes for verdadeira, é possível que ele tenha tido uma parada cardiorrespira-

t tória, já que drogas como o Fentanil podem\ causar uma depressão central, levando a esse quadro. É importante lembrar que drogas como essa podem ser utilizadas como droga de abuso, já que causa modificações dos sentidos e também dependência. Muitos médicos, principalmente anestesistas, acabam morrendo devido ao uso ilícito dessas drogas.” Assim, podemos dizer que aprendemos muito com Michael: desde de como não mexer muito no nosso nariz até como não fazer uso ilícito de opióides.

Rest in Peace, Michael! Estudamos por você!

Aliás... Rezamos por você!

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