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i UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA VEGETAL DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PLANTAS MEDICINAIS VENDIDAS EM FEIRAS LIVRES EM PETRÓPOLIS E NOVA FRIBURGO, RJ E ANÁLISE FITOQUÍMICA DE ESPÉCIES POTENCIAIS. Feira do Centro, Petrópolis, RJ em 12 de agosto de 2006. FERNANDA LEITÃO DOS SANTOS ORIENTADORA: DSUZANA GUIMARÃES LEITÃO ORIENTADORA: DR A . MARA ZÉLIA DE ALMEIDA RIO DE JANEIRO 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM

BIOTECNOLOGIA VEGETAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PLANTAS MEDICINAIS VENDIDAS EM FEIRAS LIVRES EM PETRÓPOLIS E NOVA FRIBURGO , RJ

E ANÁLISE FITOQUÍMICA DE ESPÉCIES POTENCIAIS .

Feira do Centro, Petrópolis, RJ em 12 de agosto de 2006.

FERNANDA LEITÃO DOS SANTOS

ORIENTADORA : DRª SUZANA GUIMARÃES LEITÃO

ORIENTADORA : DRA. MARA ZÉLIA DE ALMEIDA

RIO DE JANEIRO

2009

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FERNANDA LEITÃO DOS SANTOS

PLANTAS MEDICINAIS VENDIDAS EM FEIRAS LIVRES EM PETRÓPOLIS E NOVA FRIBURGO , RJ

E ANÁLISE FITOQUÍMICA DE ESPÉCIES POTENCIAIS .

________________________________________________________ Drª Suzana Guimarães Leitão Orientador

________________________________________________________ Drª Mara Zélia de Almeida Orientador

________________________________________________________ Drª Inês Machline Silva Membro da Banca Examinadora ________________________________________________________ Dr Davyson de Lima Moreira Membro da Banca Examinadora ________________________________________________________ Drª Maria Auxiliadora Coelho Kaplan Membro da Banca Examinadora

Rio de Janeiro, ___________________________

_________________________________________

Dr. Celso Luiz Salgueiro Lage

Programa de Pós Graduação em Biotecnologia Vegetal

Dissertação de Mestrado apresentada ao PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA VEGETAL da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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FICHA CATALOGRÁFICA

Leitão, Fernanda “Plantas medicinais vendidas em feiras livres em Petrópolis e Nova Friburgo, RJ e análise

fitoquímica de espécies” / Fernanda Leitão – Rio de Janeiro, 2009. xi + 113 p.il.

Dissertação de Mestrado do Programa de Pós Graduação em Biotecnologia Vegetal,

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Orientadora: Drª Suzana Guimarães Leitão

Orientadora: Drª Mara Zélia de Almeida

1. Etnobotânica urbana. 2. Feiras Livres. 3. Plantas medicinais. 4. Rio de Janeiro. 5. Erva-de-passarinho. 6. Struthanthus. 7. Mycobacterium tuberculosis

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AGRADECIMENTOS

Aos informantes de Petrópolis e Nova Friburgo, sem os quais este trabalho não seria

possível.

À minha família e amigos.

Às minhas orientadoras Prof. Suzana Leitão e Prof. Mara Zélia de Almeida.

À Prof. Fernanda Reinert, Prof. Eliana Tavares, Prof. Viviane Stern da Fonseca-Kruel e

Prof. Inês Machline Silva.

Aos amigos do laboratório e em especial à aluna Raquel Parente.

Aos amigos Pedro Fragoso e Sabrina Almeida pelas correções no abstract.

Aos professores da Banca Examinadora da dissertação e do projeto de tese: Dr Celso Luiz

Salgueiro Lage, Drª Celuta Sales Alviano, Dr Davyson de Lima Moreira, Drª Fernanda Reinert, Drª

Gilda Guimarães Leitão, Drª Inês Machline Silva, Drª Luci de Senna-Valle, Drª Selma Ribeiro de

Paiva e em especial à professora Drª Maria Auxiliadora Coelho Kaplan por ter sido também a revisora

desta dissertação.

Aos pesquisadores e especialistas das famílias botânicas Andréa Ferreira da Costa – UFRJ,

Berenice Chiavegatto – JBRJ, Carlos Henrique Reif – USU, Claudine Mynssen – JBRJ, Fátima

Regina Gonçalves Salimena –UFJF, Gustavo Heiden – JBRJ, João Marcelo Braga – JBRJ, Josafá

Carlos de Siqueira SJ – PUC/RJ, Lana da Silva Sylvestre – UFRRJ, Lucia Freire Carvalho – JBRJ;

Luiz José Soares Pinto – MN/UFRJ, Marcelo da Costa Souza – JBRJ, Marcelo Vianna Filho –

MN/UFRJ, Marcia Vignoli da Silva – UFRGS, Massimo Giuseppe Bovini – JBRJ, , Rafaela

Campostrini Forzza – JBRJ, Raquel Fernandes Monteiro – JBRJ, Roberto L. Esteves – UERJ, Sara

Lopes de Sousa Winter – JBRJ, pelas identificações taxonômicas e pela atenção dispensada.

Ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por permitir minha entrada em suas instalações,

principalmente no herbário, pelo contato com especialistas e pesquisadores nas famílias botânicas e

pelo depósito das espécies.

À equipe do Prof. Dr. Pedro Eduardo Almeida da Silva, Departamento de Patologia,

Laboratório de Micobactérias da FURG, RS, em especial à aluna de mestrado Tatiane Silveira Coelho

pelos ensaios biológicos.

Ao CNRMN/UFRJ – Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear Jiri Jonas, onde

foram realizadas as experiências no aparelho de Ressonância Magnética Nuclear.

Ao CNPq pela bolsa concedida.

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L ISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APA - Área de Proteção Ambiental

BCG - Bacilo de Calmette-Guérin

BS - Sistemas Corporais Tratados

CBO - Classificação Brasileira de Ocupações

CCD - Cromatografia em Camada Delgada

CDCl3 - clorofórmio deuterado

CEASA – Centrais de Abastecimento

CID - Classificação Estatística Internacional para Doenças e Problemas Relacionados à Saúde da

Organização Mundial de Saúde.

CIDE - Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro

CIM - Concentração Inibitória Mínima

CNRMN/UFRJ – Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear Jiri Jonas

DMSO - Dimetilsulfóxido

FURG - Fundação Universidade Federal do Rio Grande

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IGG - Instituto Municipal de Geriatria e Gerontologia Miguel Pedro

IPNI - The International Plant Names Index

IR - Importância Relativa

JBRJ – Jardim Botânico do Rio de Janeiro

MABA - Microplate Alamar Blue Assay

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário

MDR TB - Tuberculose resistente a múltiplas drogas

MG - Museu Goeldi

MIRR - Museu Integrado de Roraima

MMA – Ministéio do Meio Ambiente

MN/UFRJ – Museu Nacional do Rio de Janeiro

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego

OADC - Ácido oléico, albumina, dextrose, catalase

OMS - Organização Mundial de Saúde

PARNASO - Parque Nacional da Serra dos Órgãos

PBV - Pós-graduação em Biotecnologia Vegetal

PH - Propriedades Farmacológicas indicadas pelos informantes

PMNF – Prefeitura Municipal de Nova Friburgo

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PUC/RJ - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

R – Herbário do Museu Nacional do Rio de Janeiro

RB - Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro

RBR – Herbário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

REMA - Resazurin Microtiter Assay Plate

REMC - Reserva Ecológica de Macaé de Cima

RFA - Herbário da Universidade Federal do Rio de Janeiro

RMN -Ressonância Magnética Nuclear

RMP - rifampicina

RUSU – Herbário da Universidade Santa Úrsula

SEDET - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado do Rio de

Janeiro

SIDA - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

SUS - Sistema Único de Saúde

TAP - Termo de Anuência Prévia

TCE - Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro

TMS - tetrametilsilano

UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora

UFP - Universidade Federal de Pernambuco

UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

USU - Universidade Santa Úrsula

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L ISTA DE FIGURAS

FIGURA CAPA: Feira do Centro, Petrópolis, RJ em 12 de agosto de 2006 ......................................................... capa

FIGURA 1: A. Reprodução de Struthanthus marginatus e B. Reprodução de Struthanthus concinnus presentes na

Flora Brasiliensis .................................................................................................................................................... 8

FIGURA 2: Mapa das regiões do Rio de Janeiro...................................................................................................... 14

FIGURA 3: Imagens de satélite da Rua Manoel Lourenço Sobrinho, onde se localiza a Feira livre de Olaria, Nova

Friburgo, RJ ........................................................................................................................................................... 14

FIGURA 4: Imagens de satélite das feiras livres de Petrópolis, RJ, com destaque para a localização da feira do

Centro e do Alto da Serra ...................................................................................................................................... 15

FIGURA 5. Famílias botânicas mais representativas em número de espécies ........................................................ 27

FIGURA 6. Número de espécies por possíveis continentes de origem ................................................................... 43

FIGURA 7. Forma de obtenção das espécies indicadas pelos informantes de Petrópolis e Nova Friburgo, RJ

................................................................................................................................................................................ 43

FIGURA 8. Número de espécies indicadas em cada categoria de uso .................................................................... 45

FIGURA 9: Conjuntos de espécies indicadas em cada categoria de uso ................................................................. 46

FIGURA 10: Forma de preparação das espécies medicinais em número de espécies ............................................ 47

FIGURA 11: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em hexano de Struthanthus marginatus

(SMPAH) e S. concinnus (SCFOH). Eluentes: hexano (A) e hexano e acetato de etila (9:1) (B). Revelação:

Ácido Sulfúrico 20% seguido de aquecimento. Seta: mancha roxa com migração no campo cromatográfico de

0,66 ........................................................................................................................................................................ 62

FIGURA 12: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em diclorometano de Struthanthus

marginatus (SMPAD) e S. concinnus (SCFOD). Eluentes: diclorometano (A) e diclorometano e acetato de etila

(9:1) (B). Revelação: Ácido Sulfúrico 20% seguido de aquecimento. Setas: mancha marrom escura (migração no

campo cromatográfico de 0,48) e outra mancha marrom clara (migração no campo cromatográfico de 0,57).

................................................................................................................................................................................ 62

FIGURA 13: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em acetato de etila de Struthanthus

marginatus (SMPAA) e S. concinnus (SCFOA). Eluente: acetato de etila (A). CCD comparando os extratos em

acetato de etila e butanol de Struthanthus marginatus (SMPAA e SMPAB) e S. concinnus (SCFOA e SCFOB).

Eluentes: acetato de etila, acetona e água destilada (10:8:2) (B). Revelação: Ácido Sulfúrico 20% seguido de

aquecimento .......................................................................................................................................................... 63

FIGURA 14: Cromatografia líquida em coluna empacotada com gel de sílica do extrato em hexano de

Struthanthus marginatus ....................................................................................................................................... 67

FIGURA 15: Cromatografias em Camada Delgada (CCD) comparando as frações de SMH-1 a SMH-33 de

Struthanthus marginatus usando diferentes concentrações de solvente ............................................................... 70

FIGURA 16: A. SMH-13 (3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol); B. SMH-9 (Sitosterol) e SMH-24 (3-O-[6´-

O-n-acil-β-glucosil]-sitosterol) .............................................................................................................................. 74

FIGURA 17: Os comerciantes de plantas medicinais de Petrópolis, RJ .................................................................. 77

FIGURA 18: O comerciante de plantas medicinais de Nova Friburgo, RJ ............................................................. 78

FIGURA 19: As plantas ornamentais comercializadas em Petrópolis, RJ .............................................................. 78

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L ISTA DE TABELAS

TABELA 1: Pesquisadores e especialistas consultados que identificaram material botânico ................ 18

TABELA 2: Sistema de solventes para eluição da coluna cromatográfica do extrato em hexano de

Struthanthus marginatus (SMPAH) ..................................................................................................... 20

TABELA 3: Estudos relacionados à venda de plantas úteis em feiras e/ou mercados realizados no Brasil

................................................................................................................................................................ 25

TABELA 4: Perfil dos informantes das feiras livres em Petrópolis e Nova Friburgo ............................ 26

TABELA 5: Plantas úteis indicadas pelos informantes e vendidas nas feiras livres dos municípios de

Petrópolis e Nova Friburgo , RJ ............................................................................................................ 28

TABELA 6: Descodificação das categorias de uso das espécies úteis ................................................... 46

TABELA 7: Descodificação do modo de preparação das espécies medicinais ...................................... 47

TABELA 8: Descodificação das indicações dos informantes para as espécies medicinais .................... 49

TABELA 9: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por nome popular a cada estação do ano .. 53

TABELA 10: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por espécie a cada estação do ano ........... 54

TABELA 11: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por espécie (coluna da esquerda) e nome

popular (coluna da direita) no período de abril de 2005 a março de 2007 ........................................... 56

TABELA 12: Levantamento bibliográfico de pesquisas com espécies do gênero Struthanthus ............ 59

TABELA 13: Plantas indicadas para o tratamento do “pulmão”, “tosse” e “tuberculose” pelos

informantes de Petrópolis e Nova Friburgo,RJ ..................................................................................... 60

TABELA 14: Resultado do ensaio biológico realizado com as cepas de Mycobacterium tuberculosis –

H37RV (Cepa padrão – sensível a rifampicina - RMP) e cepa 35388 (resistente a rifampicina - RMP)

nos diferentes extratos de Struthanthus marginatus e S. concinnus, a 200 µg/mL, e as respectivas CIM

(200 a 0,39 µg/mL) ............................................................................................................................... 64

TABELA 15: Levantamento bibliográfico de pesquisas com espécies comercializadas em feiras livres

em Petrópolis e Nova Friburgo com atividade contra o Mycobacterium tuberculosis ......................... 66

TABELA 16: Atividade antimicobacteriana das frações do extrato hexanico de Struthanthus marginatus

(SMH) ensaiadas contra Mycobacterium tuberculosis, H37RV (cepa padrão – sensível à rifampicina) e

cepa 35388 (resistente à rifampicina), a uma concentração de 200 µg/mL, e as respectivas CIM (200 a

0,39 µg/mL) .......................................................................................................................................... 68

TABELA 17: Comparação dos valores de deslocamento químico (δ) 13C (ppm, TMS) de SMH-13,

SMH-9 e SMH-24 obtidos por RMN (100Hz) com os de 3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol

(FUKUNAGA et al. 1998), e Sitosterol (DELLA GRECA et al. 1990) e 3-O-[6´-O-n-acil-β-glucosil]-

sitosterol (GOMES & ALEGRIO 1998) .................................................................................................... 75

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ix

RESUMO

(Plantas medicinais vendidas em feiras livres em Petrópolis e Nova Friburgo, RJ e

análise fitoquímica de espécies potenciais). A etnobotânica tem se destacado na busca do

conhecimento local, que pode resultar no desenvolvimento de novos fármacos de interesse médico ou

farmacêutico. Ainda hoje, em muitas regiões do país, as plantas medicinais são comercializadas em

feiras livres e mercados populares. Contudo, ainda são poucos os estudos realizados em ambientes

urbanos. O presente trabalho teve como foco a realização de um estudo etnobotânico em feiras livres

dos municípios de Petrópolis e Nova Friburgo, RJ. Quatro comerciantes de plantas medicinais foram

entrevistados entre abril de 2005 e agosto de 2008. Embora esse estudo tenha selecionado as barracas

que comercializam plantas medicinais, foi observada também a venda de plantas para outros usos:

abortivo, alimentar, condimentar, ornamental e ritualístico. As plantas indicadas pelos comerciantes

foram adquiridas e constituíram material testemunho dos herbários do Jardim Botânico do Rio de

Janeiro e no da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os dados obtidos nas entrevistas foram

analisados com o cálculo da Importância Relativa e Saliência. Durante este trabalho os informantes

relacionaram 172 espécies, em 58 famílias botânicas. A família mais representativa em número de

espécies foi Asteraceae (30 espécies), seguida de Lamiaceae (14 espécies). A variação sazonal das

espécies comercializadas pelos informantes de Petrópolis foi analisada pelo cálculo da Saliência e

verificou uma maior comercialização das espécies indicadas para o tratamento de “Doenças do

aparelho respiratório” nos meses mais frios (outono e inverno). Durante o levantamento etnobotânico

verificou-se a comercialização de duas espécies de erva-de-passarinho com indicação para o

tratamento de tuberculose: Struthanthus marginatus (em Petrópolis) e S. concinnus (em Nova

Friburgo). Essas espécies foram adquiridas com os informantes e analisadas no laboratório de

Farmacognosia, UFRJ. Os ensaios biológicos realizados contra o Mycobacterium tuberculosis

evidenciaram a atividade nos extratos em etanol, em hexano e em diclorometano de Struthanthus

marginatus e S. concinnus e também no extrato em acetato de etila de S. concinnus. A Concentração

Inibitória Mínima (CIM) foi verificada e o valor mais baixo foi de 25 µg/mL para os extratos etanólico

e hexânico de S. concinnus. O extrato hexânico de Struthanthus marginatus foi fracionado em uma

cromatografia líquida em coluna empacotada com gel de sílica seguida por cromatografias em camada

fina. As frações obtidas nessa coluna também foram submetidas a ensaios contra o M. tuberculosis e a

grande maioria também apresentou atividade antimicobacteriana. A partir dessas frações foram

isoladas três substâncias: 3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol, sitosterol e 3-O-[6´-O-n-acil-β-

glucosil]-sitosterol. O presente estudo revelou o conhecimento que os comerciantes de plantas

medicinais das feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo possuem sobre as plantas que

comercializam e que a etnobotânica em feiras livres pode ser uma boa fonte para a pesquisa de novos

fármacos. Os resultados são promissores e indicam a relevância do trabalho.

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x

ABSTRACT

(Medicinal plants sold in open-air fairs of Petrópolis and Nova Friburgo, RJ and

phytochemical analysis of potential species). Ethnobotany has been emphasized in the search of

local knowledge, which can result in the development of new drugs for medical or pharmaceutical

interest. Even today in many parts of the country, medicinal plants are traded in open-air fairs and

popular markets. However, there are few studies in open-air fairs and markets popular in Brazil. This

work has focused on ethnobotany in open-air fairs of Nova Friburgo and Petrópolis, RJ. Four herbs

merchants were interviewed between April 2005 and August 2008. Although this study has selected

the stalls which sell medicinal plants, was also the sale of plants to other uses: abortive, food,

condiments, ornamental and ritualistic. Plants indicated by merchants were bought and vouchers were

deposited in herbarium of Jardim Botânico do Rio de Janeiro and Universidade Federal do Rio de

Janeiro. The data obtained in the interviews were analyzed with the calculation of Relative Importance

and Salience. During this study the informants reported 172 species comprising in 58 families. The

most representative families were the Asteraceae (30 species) and the Lamiaceae (14 species). The

seasonal variation of species marketed by the herbs merchants of Petrópolis were analyzed by Salience

and the species indicated to treatment “diseases of the respiratory system” were more cited in the

colder months (autumn and winter). During the ethnobotanical survey two species of “erva-de-

passarinho” were indicated to treat tuberculosis: Struthanthus marginatus (in Petrópolis) and S.

concinnus (in Nova Friburgo). These species were collected with the merchants and analyzed in the

laboratory. The biological tests performed against Mycobacterium tuberculosis showed activity in

ethanol, hexane and dichloromethane extracts of Struthanthus marginatus and S. concinnus and in the

ethyl acetate extract of S. concinnus. The Minimium Inhibitory Concentration (MIC) was verified and

the lowest was 25 µg/mL to ethanolic and hexane extracts of S. concinnus. The hexane extract of

Struthanthus marginatus was fractionated into a liquid chromatography column packed with silica gel

followed by thin-layer chromatography. The fractions obtained from this column were also tested

against M. tuberculosis and most also showed antimycobacterial activity. From these fractions, three

substances were isolated: 3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol, sitosterol and 3-O-[6´-O-n-acil-

β-glucosil]-sitosterol. This study revealed the knowledge about medicinal plants that the herbs

merchants of Nova Friburgo and Petrópolis have and that ethnobotany in open-air fairs may be a good

source for the research of new drugs. The results are promising and indicate the relevance of this

work.

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xi

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS ......................................................................................................................................... 12

3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................................... 13

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................................... 23

5. CONCLUSÕES ..................................................................................................................................... 79

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................... 80

ANEXOS.................................................................................................................................................. 89

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1

1. INTRODUÇÃO

A etnobotânica vem ratificando sua importância com o passar do tempo. O termo foi

utilizado pela primeira vez em 1895, por Harshberger para descrever a ciência como “o uso de plantas

por aborígines” (COTTON 1996). Mais recentemente, foi definida como “o estudo das plantas descritas

pelas sociedades humanas, as quais interagem com o ambiente natural” (MARTIN 2000) ou com uma

visão mais abrangente “o estudo de todas as sociedades humanas, do passado ou do presente, bem

como todos os tipos de interrelação, como a ecológica, a evolutiva e a simbólica” (ALEXIADES 1996).

A etnobotânica fortalece a troca de informações entre o saber popular e o científico,

estimulando a busca pelo conhecimento tradicional, a conservação dos recursos vegetais e o

desenvolvimento sustentável (ALBUQUERQUE 2002; HAMILTON et al. 2003; FONSECA-KRUEL et al.

2005). Esse tipo de pesquisa parte de um conhecimento empírico já existente e de reconhecida

utilização pela comunidade, e o submete à abordagem científica (AMOROZO 1996) e a pesquisa

científica, muitas vezes confirma a utilização popular (BRITO & BRITO 1993). Com isso, podem ser

identificados e desenvolvidos novos produtos a partir de plantas, tais como artesanatos, alimentos e

medicamentos (HAMILTON et al. 2003). A importância de pesquisar o conhecimento tradicional pode

ser ressaltada, visto que podem ser desenvolvidos fármacos, inseticidas e outros produtos industriais,

tendo por base o conhecimento tradicional (ALEXIADES 1996).

A etnofarmacologia e a etnobotânica têm se destacado na busca do conhecimento construído

localmente a respeito de seus recursos naturais, para o desenvolvimento de novos fármacos de

interesse médico ou farmacêutico, ou que tenham potencial de aplicação nesse setor (ALBUQUERQUE

& HANAZAKI 2006). Assim, funcionam como um verdadeiro atalho para a pesquisa e desenvolvimento

de novos fármacos (ELISABETSKY & SOUZA 2007). A medicina popular é muitas vezes a fonte para

novos medicamentos, o que foi confirmado quando se comparou as aplicações de 119 medicamentos

derivados de plantas superiores utilizados na medicina alopática contemporânea com os usos de suas

plantas de origem na medicina tradicional e foi possível afirmar que 74% possuiam uso tradicional

semelhante ou igual ao uso contemporâneo (SANTOS & ELISABETSKY 1999; FARNSWORTH 1989).

Pesquisas etnobotânicas objetivam, principalmente, conhecer as plantas de importância para

as comunidades locais. Assim, o pesquisador deve buscar o conhecimento da própria comunidade - o

conhecimento tradicional, inventariar a diversidade de espécies utilizadas e analisar sua importância,

especialmente em termos regionais. Os termos “conhecimento tradicional” e “conhecimento popular”

se referem ao saber das populações locais sobre o ambiente (MARTIN 2000). A Medida Provisória no

2.186-16, de 23 de agosto de 2001, definiu conhecimento tradicional associado à biodiversidade como

sendo toda a informação ou prática individual ou coletiva de comunidade indígena ou de comunidade

local, com valor real ou potencial, associada ao patrimônio genético (MMA 2005). E, comunidade

local, como “grupo humano, incluindo remanescentes de comunidades de quilombos, distinto por suas

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condições culturais, que se organiza, tradicionalmente, por gerações sucessivas e costumes próprios, e

que conserva suas instituições sociais e econômicas” (MMA 2005).

A etnobotânica é a uma ferramenta para a conservação e o desenvolvimento sustentável

(HAMILTON et al. 2003), sua aplicação é necessária em paises em desenvolvimento, visto que a

população é intimamente ligada às plantas locais, atribuindo a elas importância econômica e cultural.

Outro ponto importante é que, em geral, esses países concentram uma alta biodiversidade. O Brasil é

uma fonte muito importante sob o ponto de vista etnobotânico, pois possui a maior parcela da

biodiversidade mundial, em torno de 15 a 20% (MDA 2006). A Mata Atlântica apresenta a maior

biodiversidade em espécies arbóreas por hectare do planeta, porém desde a colonização ela vem

sofrendo com a devastação, restando hoje menos de 8% do seu território original (CORRÊA 1995;

IBAMA 2009). Além disso, a biodiversidade brasileira freqüentemente está associada a uma rica

diversidade étnica e cultural, que detém um valioso conhecimento tradicional associado ao uso e

manejo de plantas medicinais.

Os estudos relacionados à medicina popular vêm merecendo cada vez mais atenção devido à

gama de informações que fornecem à ciência contemporânea. O interesse por plantas medicinais vem

aumentando por diversos fatores, dentre os quais, pode-se destacar a crença de que as plantas

medicinais não possuem efeitos colaterais e o baixo custo quando comparado aos medicamentos

comprados em farmácias (CALIXTO 2000; PARENTE & ROSA 2001; PINTO & MADURO 2003). No caso

de países em desenvolvimento a OMS (Organização Mundial de Saúde) reconhece que cerca de 80%

desta população utiliza práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde e 85% destes utilizam

plantas ou preparações destas (MDA 2006).

O aumento da procura por plantas medicinais, no entanto, muitas vezes, se reflete na

redução do número de indivíduos na natureza. O comércio de biorecursos, sem dúvida, provoca uma

forte pressão extrativista sobre as populações naturais, devido à grande aceitação das práticas médicas

tradicionais (ALMEIDA & ALBUQUERQUE 2002). O estudo dessas plantas pode trazer subsídios para a

sua exploração sustentável em seu ecossistema (SILVA et al. 2001).

Uma das fontes de informação para a pesquisa etnobotânica é o estudo de feiras livres e

mercados populares, pois nelas são encontradas informações sobre o uso de muitas plantas medicinais,

ornamentais, alimentares, dentre outros produtos que possuem um valor estritamente regional

(MARTIN 2000; NGUYEN 2005). Nenhum estudo econômico dos recursos biológicos está completo

sem uma investigação das plantas e animais vendidos nos mercados locais (MARTIN 2000). As pessoas

requerem espécies vegetais para realizar necessidades biológicas, culturais e econômicas, e, quando

são retiradas do contato diário com a natureza, passam a depender de uma estrutura organizada de

troca, como um mercado, para obter essas plantas (BYE & LINARES 1983).

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Estudos etnobotânicos em ambientes urbanos têm aberto portas para um conhecimento que

raramente é registrado e catalogado, e permitirá, inclusive, possibilidades futuras para testes clínicos

de plantas medicinais selecionadas. Esse conhecimento etnobotânico urbano certamente pode

enriquecer as práticas profissionais e o estilo de vida da população das cidades (BALICK & LEE 2001).

Um exemplo é a descoberta de novas espécies de plantas comestíveis relatadas em mercados

mexicanos (BYE & LINARES 1983).

Alguns pesquisadores que se dedicaram a estudar mercados e feiras-livres apontaram

questões interessantes neste tipo de pesquisa. Conhecer a quantidade, o preço e a disponibilidade das

mercadorias (MARTIN 2000), o volume de plantas que é vendido ao longo do ano e se existe variação

sazonal dos produtos e plantas comercializados (MARTIN 2000; ALBUQUERQUE et al. 2007). Os

estudos em feiras e mercados ainda são escassos e a metodologia ainda está em desenvolvimento

(ALBUQUERQUE et al. 2007).

Os comerciantes de plantas medicinais encontrados em feiras livres e mercados populares

geralmente não constituem uma comunidade tradicional distinta por suas condições culturais,

organizada tradicionalmente por gerações sucessivas e costumes próprios. Os comerciantes

aprenderam sobre as plantas medicinais com seus pais e familiares, porém se utilizam da mídia

(televisão, rádio,...) e de revistas e livros para continuar esse aprendizado (ALBUQUERQUE et al. 2007).

O conhecimento deles é difundido na sociedade, porém, por serem pessoas que comercializam as

plantas, reúnem um grande conhecimento popular. Os compradores os consideram como especialistas

locais, muitas vezes se consultando com eles. O especialista-local é uma pessoa reconhecida pela

comunidade como tendo um profundo conhecimento sobre os usos de plantas nativas e/ou

introduzidas na manufatura de remédios e promovendo curas (GAZZANEO et al. 2005). Embora a CBO

(Classificação Brasileira de Ocupações), no item “6320 - Trabalhadores florestais polivalentes”,

classifique como erveiro aquele profissional apto a “Manejar recursos naturais, produzir mudas,

realizar manutenção de plantas e manipular plantas medicinais, além de guiar pessoas em florestas e

campos e disponibilizar serviços e produtos” (MTE 2002), popularmente, também são denominados

erveiros os comerciantes de plantas medicinais das feiras livres.

Ainda hoje nas regiões mais pobres do país e até mesmo em grandes cidades brasileiras,

plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais

residenciais (MACIEL et al. 2002). Contudo, poucos são os estudos em ambientes urbanos realizados

em feiras livres e mercados populares no Brasil (BERG 1984; SILVA et al. 2001, ALMEIDA &

ALBUQUERQUE 2002; PINTO & MADURO 2003, ALBUQUERQUE et al. 2007). No Rio de Janeiro apenas

cinco estudos desta natureza foram realizados na região metropolitana (SANTOS & SILVESTRE 2000;

STALCUP 2000; AZEVEDO & SILVA 2006; MAIOLI -AZEVEDO & FONSECA-KRUEl 2007; SILVA 2008) e

um trabalho na região do Médio Paraíba (PARENTE & ROSA 2001) (TABELA 3, pág. 25).

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As “Ervas-de-passarinho”

Alguns levantamentos etnobotânicos em feiras livres e mercados no Brasil observaram a

comercialização de espécies popularmente denominadas erva-de-passarinho com indicação medicinal

(STALCUP 2000, SILVA 2008). As espécies de erva-de-passarinho (Mistletoes) são consideradas

místicas em muitas culturas, são também utilizadas como alimento, tintura e medicamentos (GEILS et

al. 2002; AUKEMA 2003). São ainda utilizadas na decoração de festas santas (muitas vezes ligadas ao

Natal) e como modelos para novos fármacos (NICKRENT 2001; GEILS et al. 2002). O gênero Viscum

(Viscaceae), do hemisfério norte é geralmente associado a lendas e superstições antigas (JOLY 1983).

A infestação por erva-de-passarinho também causa prejuízos econômicos e ambientais, pois reduzem

o crescimento, a sobrevivência e a reprodução do hospedeiro, além de deixá-lo mais suscetível a

doenças e injúrias (GEILS et al. 2002).

O nome popular “erva-de-passarinho” é dado, principalmente, a algumas espécies das

famílias Loranthaceae e Viscaceae, dentre outras (GEILS et al. 2002; AUKEMA 2003; REIF DE PAULA

2004; MARTINS et al. 2006). O termo “erva-de-passarinho” ou em inglês “mistletoe” designa tanto

uma categoria taxonômica, quanto uma forma de vida e, seu uso é restrito a Ordem Santalales (KUIJT

1990; REIF & ANDREATA 2006). A maioria destas plantas possui visco em suas sementes que a

permite fixar-se na planta hospedeira, após serem ingeridas e secretadas por pássaros (NICKRENT

2001; GEILS et al. 2002; AUKEMA 2003). Os membros da Ordem Santalales são hemiparasitas

(NICKRENT 2001), que não são completamente dependentes de seus hospedeiros, realizam fotossíntese

(pelo menos em uma porção do ciclo de vida), obtendo água e outros nutrientes no xilema do

hospedeiro (DEEKS et al. 1999; NICKRENT 2001). As plantas parasitas atacam seus hospedeiros com

um ou mais haustórios, que são raízes modificadas que servem de ligação morfológica e fisiológica

entre o parasito e o hospedeiro (JOLY 1983; NICKRENT 2001).

As ervas-de-passarinho são normalmente parasitas indesejáveis de espécies com importância

econômica, dentre elas mangueira (Anacardiaceae), ipê (Bignoniaceae), cafeeiro (Rubiaceae), mate

(Aquifoliaceae), assa-peixe (Asteraceae) etc. (MARTINS et al. 2006).

No estado do Rio de Janeiro ocorrem “ervas-de-passarinho” classificadas em três famílias

Eremolepidaceae, Loranthaceae e Viscaceae; englobando 10 gêneros, 49 espécies e 6 variedades (REIF

& ANDREATA 2006).

A Ordem Santalales possui seis famílias e a maior delas é Loranthaceae, que possui 74

gêneros e 900 espécies, a segunda é Viscaceae que possui apenas sete gêneros com 480 espécies

(NICKRENT 2001).

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Família Loranthaceae

As espécies de Loranthaceae são generalistas em relação aos hospedeiros, sendo

hemiparasitas de espécies de gimnospermas e angiospermas (DEENI & SADIQ 2002). Crescem tanto

sobre plantas selvagens como nas cultivadas, nestas últimas é comum encontrarmos espécies do

gênero Struthanthus (JOLY 1983). No Brasil ocorrem cerca de 8 gêneros e 123 espécies de

Loranthaceae (REIF DE PAULA 2004).

As plantas da família geralmente têm filotaxia oposta ou alterna, com folhas coloridas e

brilhantes, são diclamídeas (apresentam cálice e corola), bissexuais e as flores apresentam co-

adaptação à polinização por pássaros (JOLY 1983; NICKRENT 2001). Os frutos passam pelo trato

intestinal, sendo eliminados com as fezes, eventualmente caem sobre um tronco, onde germinam

(JOLY 1983).

A classificação de Engler reunia Viscaceae e Loranthaceae em uma mesma família, em

classificações posteriores (Cronquist e APG), porém, são separadas em grupos diferentes, devido a

características como deiscência da antera, formato do pólen, desenvolvimento do saco embrionário e

número de cromossomos (NICKRENT 2001).

Preparações com folhas e caules de várias plantas da família Loranthaceae são utilizadas na

medicina tradicional (FERNÁNDEZ et al. 1998). Estudos vêm demonstrando as atividades biológicas de

algumas espécies da família, tais como os efeitos antiviral, antitumoral, imunomodulador e

antiinflamatório (FERNÁNDEZ et al. 1998).

Os estudos químicos realizados com Loranthaceae restringem-se a poucas espécies

espalhadas pelo mundo e os principais tipos de substâncias encontrados nas famílias Loranthaceae e

Viscaceae são terpenos, lignanas, flavonóides, além da descrição da presença de carboidratos, ácidos

graxos, ácidos aminados, fenilpropanóides, taninos e alcalóides (GUIMARÃES 2006).

Gênero Struthanthus

As plantas do gênero são epífitas parasitas sobre ramos e caules de Gimnospermas,

Dicotiledôneas e Monocotiledôneas arborescentes, formam emaranhados sobre as copas dos

hospedeiros, com raízes adventícias e folhas crassas, sempre opostas (REIF DE PAULA 2004). As ervas-

de-passarinho do gênero Struthanthus (Loranthaceae) são usadas no tratamento de várias enfermidades

na medicina popular, algumas destas relacionadas às vias respiratórias e a atividades antimicrobianas.

A cultura popular refere-se à maceração de espécies do gênero para o combate da pneumonia (REIF DE

PAULA 2004). Estudos de triagem fitoquímica com Struthanthus vulgaris Mart. revelaram a presença

de flavonóides, taninos e saponinas nas folhas e no extrato hidroetanólico, e a presença de flavonóides,

proantocianidina (taninos condensados) e saponinas, mas em quantidades aparentemente diferentes

nas frações em acetato de etila, n-butanol e água (VIEIRA et al. 2005). O trabalho também tratou da

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atividade antimicrobiana de S. vulgaris, e foi observada a inibição do crescimento de algumas

amostras de bactérias Gram positivas e Gram negativas pelo extrato hidroetanólico. O extrato não

inibiu, nas condições testadas, o crescimento das leveduras Candida albicans e Saccharomyces

cerevisiae (VIEIRA et al. 2005) (TABELA 12, pág. 59).

Pesquisadores que fizeram o levantamento das plantas medicinais utilizadas na Nicarágua

observaram que a decocção das folhas ou da planta toda de Struthanthus cassythoides Millsp. ex

Standl. é indicada para dores, febre, problemas respiratórios e pulmonares, erupções e feridas na pele,

também foi observada a presença de alcalóides nesta espécie (COE & ANDERSON 1996). Já

Struthanthus angustifolius (Griseb.) Hauman é utilizada por “Criollos” (comunidade do Chaco

argentino que é descendente dos primeiros colonos espanhóis) do Noroeste da Argentina para retenção

da placenta na forma de decocto junto com as plantas Erythroxylon coca Lam. (Erythroxylaceae) e

Tripodanthus acutifolius (Loranthaceae) (SCARPA 2004).

A espécie Struthanthus orbicularis (H.B. & K.) Eichl. possui uso popular na região noroeste

da Colômbia. A decocção das folhas ou dos ramos é utilizada para o tratamento de picada de cobra na

forma de banho (uso tópico) (OTERO et al. 2000a). Foram realizados extratos com 74 espécies de

plantas utilizadas popularmente para mordida de cobra na região (OTERO et al. 2000b). S. orbicularis

apresentou proteção parcial da cobaia quando se injetava o extrato da planta (dose de 2 mg/rato) em

conjunto com o veneno da cobra Bothrops atrox, com taxa média de sobrevivência das cobaias de

60% em 48h (OTERO et al. 2000b). O extrato de S. orbicularis também apresentou 100% de

neutralização do efeito hemorrágico causado pelo veneno de Bothrops atrox (OTERO et al. 2000c). A

hemorragia é o sinal mais relevante causado por esse tipo de veneno de cobra.

A espécie Struthanthus venetus Blume é utilizada na medicina popular para tosse e como

agente hipoglicêmico. O extrato metanólico das folhas secas produziu uma diminuição significativa da

pressão arterial e da taxa cardíaca em ratos anestesiados (LORENZANA-JIMÉNEZ et al. 2006).

Struthanthus marginatus (Desr.)Bl (FIGURA 1 A).

Os ramos da espécie Struthanthus marginatus são cilíndricos e os râmulos quadrangulares,

os racemos com as flores sésseis, agrupadas em tríades (DIAS DA SILVA 1926, REIF DE PAULA 2004).

Segundo a Farmacopéia Brasileira (DIAS DA SILVA 1926), a folha é curtamente peciolada, geralmente

oval, de vértice obtuso ou levemente obtuso-acuminado, de base amplamente obtusa ou sub-

cordiforme e margem cartilaginosa. O limbo mede geralmente de 5 a 8cm de comprimento, podendo,

porém, atingir até 11cm, e de 3 a 6cm de largura, é coriáceo, plano ou arqueado brilhante na parte

superior e um tanto opaco na inferior, de cor verde escura ou glauco-verde, com a nervura mediana

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saliente inferiormente e as demais pouco pronunciadas. O pecíolo é plano-convexo ou côncavo-

convexo e mede de 0,8 a 1,5 cm, na média de comprimento. As folhas secas são inodoras e de sabor

fracamente adstringente e amargo. Empregada na Farmacopéia Brasileira como extrato fluido das

folhas (DIAS DA SILVA 1926). Distribui-se no Brasil (PB, PE, BA, MG, RJ); Perú, Panamá e Costa

Rica (REIF DE PAULA 2004; REIF & ANDREATA 2006). Marginatus significa marginado, com bordo

cartilaginoso das folhas (REIF DE PAULA 2004).

A erva-de-passarinho (Struthanthus marginatus) que parasitava uma trombeteira (Datura

suaveolens, Solanaceae) foi responsável por dois casos de intoxicação por chá em Xerém (RJ)

(MARTINS et al. 2006). Foi feito um cromatograma e os resultados revelaram a presença de atropina

tanto no extrato da trombeteira como no da erva-de-passarinho. Traços de outros alcalóides foram

detectados em ambos os extratos. Segundo os autores, em uma primeira avaliação o resultado sugere

que Struthanthus marginatus assimilou substâncias presentes da composição química da trombeteira.

O processo certamente envolve haustórios, que penetram e se estabelecem nos tecidos da planta

hospedeira, em região ainda não esclarecida, como o córtex, tecido de reserva ou vasos condutores

(MARTINS et al. 2006) (TABELA 12, pág. 59).

Os resultados encontrados em um trabalho realizado com uma espécie de Loranthaceae

sugerem que a atividade antimicrobiana e a presença de metabólitos secundários são variáveis e

parcialmente dependentes da espécie de planta do hospedeiro (DEENI & SADIQ 2002). Os

pesquisadores realizaram extratos etanólicos de plantas de Tapinanthus dodoneifolius (DC) Danser

que cresciam sobre 14 hospedeiros diferentes e realizaram uma triagem para a atividade

antimicrobiana contra 11 organismos (Aspergillus niger, Agrobacterium tumefaciens, Bacillus sp.,

Candida sp., Corynobacterium pyogens, Escherichia coli, E. coli hemolítica, Proteus sp.,

Pseudomonas sp., Salmonella sp., e Staphylococcus aureus) e testes para metabólitos secundários

(alcalóides, antraquinonas, flobataninos, saponinas e taninos). A presença de algumas substâncias e a

atividade antimicrobiana variou de acordo com o hospedeiro (DEENI & SADIQ 2002).

Struthanthus marginatus apresentou alcalóides, saponinas, taninos, flavonóides, catequinas,

açúcares redutores, polissacarídeos, proteínas e ácidos aminados nos extratos hidroalcólicos de caule,

folhas e haustórios, esteróides e triterpenóides nos extratos hidroalcólicos de caule e folhas, e ácidos

orgânicos apenas nos extratos hidroalcólicos dos haustórios (PISSINATE 2006). A separação

cromatográfica e a avaliação por Cromatografia em Camada Delgada (CCD) permitiu a reunião das

frações em quatro grupos F-CH2Cl2, F1-AcOEt, F2-AcOEt, F-MeOH. Os ensaios biológicos com as

frações F-CH2Cl2, F1-AcOEt e F2-AcOEt testadas de S. marginatus, frente ao carcinoma de Ehrlich,

mostraram boa atividade citotóxica, sendo que os valores de IC50 se encontram-se na faixa entre 50 e

25 µg/mL (PISSINATE 2006).

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Essa espécie de erva-de-passarinho é utilizada popularmente para tratamento de doenças do

trato digestório e muito consumida pela comunidade do estado do Maranhão (ANDRADE et al. 2008).

Ela foi indicada por três informantes durante o trabalho etnobotânico realizado nas feiras livres de

Madureira e na CEASA, município do Rio de Janeiro. A planta é utilizada na forma de xarope,

maceração ou batido no liquidificador para o tratamento dos pulmões, tosse, bronquite e gripe (Inês

Machline Silva, comunicação pessoal em 27-08-2008).

A. B.

FIGURA 1: A. Struthanthus marginatus e B. Struthanthus concinnus. Representações da

Flora Brasiliensis. Fonte: CRIA 2005.

Struthanthus concinnus Mart. (FIGURA 1B).

Os ramos da espécie Struthanthus concinnus são delgados e longos, cilíndricos, densamente

lenticelados, medindo 50-150 cm de comprimento. As inflorescências são axilares em espigas

unitárias ou binárias, as masculinas de 4-5 cm de comprimento e as femininas de 2-3 cm; flores

sésseis, agrupadas em tríades, de coloração verde-amareladas. As folhas são opostas e alternas,

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pecioladas, ovado-lanceoladas, ápice muito agudo e base arredondada, bordos íntegros, glabras em

ambas as faces, nervura principal levemente deprimida na face superior, medindo 4-8 cm de

comprimento e 1,5-2,5 cm de largura. Os frutos são bagas elipsóides, de 5-6 mm de diâmetro, muito

viscosos, os quais ao serem ingeridos pelos pássaros são disseminados para outras árvores, tanto pelas

defecções como diretamente pelos seus bicos, que em suas superfícies facilmente se aderem. Floresce

durante o mês de outubro (LORENZI 1949; REIF DE PAULA 2004). Concinnus significa elegante, belo,

harmonioso (REIF DE PAULA 2004).

Struthanthus concinnus é a espécie de erva-de-passarinho mais disseminada no país (SC,

PR, SP, RJ, ES, MG, MS, GO, PA, AM), ocorrendo principalmente parasitando Citrus e outras

árvores frutíferas (LORENZI 1949). É mais freqüente na região sul do país (LORENZI 1949) e muito

comum nas regiões serranas do estado do Rio de Janeiro (REIF & ANDREATA 2006). Apesar da vasta

distribuição no país, não foi encontrado trabalho referente à fitoquímica da espécie na bibliografia

consultada, embora o uso popular seja difundido, como observado no trabalho etnobotânico realizado

em uma feira livre no bairro da Tijuca, Zona Norte do município do Rio de Janeiro, RJ (STALCUP

2000). Esse trabalho encontrou a espécie S. concinnus sendo comercializada, com a indicação de uso

na forma de sumo batido no liquidificador para o tratamento de problemas do pulmão e tuberculose

(STALCUP 2000).

Tuberculose

A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis,

que foi isolada e descrita pela primeira vez em 1882, pelo famoso microbiologista Robert Koch

(MADIGAN et al. 2000; NEWTON et al. 2000), é um bacilo aeróbico obrigatório, de crescimento lento

(tempo de geração superior a 20 horas) (FLYNN 2004; TORTORA et al. 2006). O crescimento das

células pode resultar em filamentos ramificados, que em dimensões bacterianas se assemelham ao

micélio dos fungos, daí o nome Mycobacterium (Myco = fungo) (MADIGAN et al. 2000; TORTORA et

al. 2006).

Mycobacterium tuberculosis é classificado como resistente a álcool e ácido, pois as células

coradas com carbol fucsina não podem ser descoradas com ácido ou álcool, devido à constituição

incomum da parede celular, rica em lipídios, chamados ácidos micólicos, característica importante na

identificação taxonômica do gênero (MADIGAN et al. 2000; TORTORA et al. 2006). A grande

quantidade de lipídios pode também ser responsável pela resistência a estresses ambientais, como

ressecamento. Os bacilos podem sobreviver por semanas em escarro seco (TORTORA et al. 2006).

A tuberculose é mais comumente adquirida através da inalação de gotículas contendo

bactérias viáveis vindas de um indivíduo com infecção pulmonar ativa, os indivíduos afetados podem

espalhar a doença simplesmente tossindo ou falando com indivíduos não afetados (MADIGAN et al.

2000; TORTORA et al. 2006). Os macrófagos dos indivíduos saudáveis tornam-se ativados pela

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presença dos bacilos, e em geral os destroem (TORTORA et al. 2006).

A maioria das pessoas saudáveis irá combater uma infecção potencial com macrófagos

ativados, especialmente se a dose infectante for baixa. Se a infecção progredir, o hospedeiro isola os

patógenos em uma lesão fechada, denominada tubérculo (que dá nome à doença) (MADIGAN et al.

2000; TORTORA et al. 2006). A doença pode ser interrompida nesse ponto, as lesões lentamente

cicatrizam, tornando-se calcificadas (MADIGAN et al. 2000; TORTORA et al. 2006). Estas áreas de

lesão do tecido podem ser vistas em exames de Raios-X (MADIGAN et al. 2000; TORTORA et al. 2006).

Em indivíduos com baixa resistência, as bactérias não são efetivamente controladas e pode ocorrer

uma infecção pulmonar aguda, trazendo uma extensa destruição do tecido pulmonar, o espalhamento

da bactéria por outras partes do corpo (MADIGAN et al. 2000), em conseqüência, o paciente apresenta

perda de peso, tosse (frequentemente com escarro sanguinolento) e uma perda geral de vigor

(TORTORA et al. 2006), causando até a morte (MADIGAN et al. 2000). Antigamente a tuberculose era

conhecida como tísica (fraquesa) (TORTORA et al. 2006).

Fatores como idade, desnutrição, estresse, desequilíbrio hormonal e grandes aglomerações

de pessoas podem ser causadores de uma predisposição para a reinfecção, reduzindo a eficiência do

sistema imunológico e permitindo a reativação de infecções dormentes (MADIGAN et al. 2000). No

ano 2000, muitos casos de tuberculose nos Estados Unidos resultavam em parte da elevada incidência

da doença em pacientes com SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) (MADIGAN et al.

2000).

Atualmente, os pacientes são tratados com as drogas isoniazida, rifampicina e a

pirazinamida, se a resistência ou outro problema ocorrer, esses medicamentos podem ser

suplementados com outros antimicobacterianos (TORTORA et al. 2006). Não houve uma evolução

significativa nos medicamentos utilizados no tratamento da tuberculose. A rifampicina, que ainda é

considerada uma droga tuberculostática importante, foi introduzida há um quarto de século, em 1966

(CANTRELL et al. 1998; CANTRELL et al. 2001; TORTORA et al. 2006), porém ainda é indicada como a

mais eficaz das drogas contra tuberculose, sendo um componente-chave em seu tratamento (WHO

2003; LEMUS et al. 2004).

A falta de adesão do paciente durante o longo tratamento é um dos fatores que tem

selecionado linhagens de bacilos resistentes às drogas (MADIGAN et al. 2000; NEWTON et al. 2000;

CANTRELL et al. 2001; TORTORA et al. 2006). A terapêutica prolongada é necessária porque o bacilo

da tuberculose cresce muito lentamente e muitos antibióticos são efetivos somente contra as células

em crescimento. Além disso, o bacilo pode ser ocultado por longos períodos nos macrófagos

(TORTORA et al. 2006). Linhagens resistentes de Mycobacterium tuberculosis têm surgido e o fracasso

do tratamento é freqüente, especialmente em países em que os cuidados básicos de saúde são

deficientes em prover esse tipo de tratamento longo e caro (JANIN 2007).

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Como prevenção, destaca-se a vacina BCG (Bacilo de Calmette-Guérin), uma cultura viva

de Mycobacterium bovis que foi tornada não-virulenta pelo longo cultivo em meios artificiais. A

vacina está disponível desde o século XX e é uma das mais utilizadas (FLYNN 2004; TORTORA et al.

2006). Embora o uso da vacina seja difundido, estima-se que um terço da população mundial esteja

infectada com a doença e que pelo menos três milhões de pessoas morrem da doença a cada ano

(MADIGAN et al. 2000; NEWTON et al. 2000; CANTRELL et al. 2001; COPP 2003; WHO 2003;

OKUNADE et al. 2004; TORTORA et al. 2006). Em todo o mundo, mais de 90% dos casos de

tuberculose e das mortes ocorrem nos países em vias de desenvolvimento (LALL & MEYEN 1999;

WHO 2003). O número de casos aumenta cerca de 2% ao ano, e o crescimento mundial da tuberculose

resistente a múltiplas drogas (MDR TB) se tornou um grande problema de saúde pública (LEMUS et al.

2004; TORTORA et al. 2006; JANIN 2007). Dessa forma, se faz necessário um esforço para a busca de

novos tratamentos (LALL & MEYEN 1999; TOSUNA et al. 2004) principalmente devido ao aumento do

número de micobactérias resistentes aos medicamentos (COLLINS & FRANZBLAU 1997; LALL &

MEYEN 1999). Desde a metade da década de 90, esta doença infecciosa foi o foco de renovado

interesse científico, e nos últimos dez anos a pesquisa com Mycobacterium tuberculosis obteve alguns

progressos (JANIN 2007). Produtos naturais de diversas estruturas químicas têm exibido atividade

antimicobacteriana e são importantes no desenvolvimento de novos medicamentos contra tuberculose

(COPP 2003; OKUNADE et al. 2004).

Dentre os trabalhos que tem como foco a busca de novos fitofármacos para o tratamento da

tuberculose, pode-se destacar a pesquisa com os extratos de 44 espécies vegetais utilizadas

tradicionalmente para tuberculose na Turquia contra Mycobacterium tuberculosis H37Ra com o

método Alamar Blue (MABA) (TOSUNA et al. 2004). Destes extratos, seis plantas: Salvia aethiopis L.

(Lamiaceae), S. sylvatica L., Chelidonium majus L. (Papaveraceae), Pinus brutia Ten. (Pinaceae),

Ulmus glabra Hudson (Ulmaeceae) e Urtica dioica L. (Urticaceae) inibiram o crescimento da

micobactéria na concentração de 50 µg/mL (TOSUNA et al. 2004).

As plantas utilizadas na medicina tradicional na província de Manus, Papua Nova Guiné

para afecções respiratórias também foram analisadas na busca por uma possível atividade

antimicobacteriana (CASE et al. 2006). A importância da informação etnobotânica é ressaltada nesse

trabalho, visto que o resultado indicou que espécies relacionadas popularmente com a tuberculose

possuem maior potencial contra o Mycobacterium do que as citadas para outros problemas

respiratórios (CASE et al. 2006).

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2. OBJETIVO

Relacionar as plantas medicinais comercializadas em feiras livres nos municípios Petrópolis e

Nova Friburgo, RJ, com foco nas espécies utilizadas popularmente para o tratamento de tuberculose.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar as espécies medicinais comercializadas nas feiras livres de Petrópolis e

Nova Friburgo.

• Verificar possíveis variações na sazonalidade da comercialização destas plantas.

• Analisar quantitativamente os dados obtidos sobre o uso popular destas plantas.

• Relacionar as espécies comercializadas para tuberculose e doenças afins.

• Estudar do ponto de vista fitoquímico as espécies comercializadas para tuberculose:

Struthanthus marginatus e S. concinnus.

• Analisar o perfil cromatográfico dos extratos ativos de Struthanthus marginatus e S.

concinnus a fim de estabelecer possíveis diferenças qualitativas na composição química das duas

espécies.

• Avaliar possíveis atividades antimicobacterianas em ambas as espécies.

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13

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de Estudo

O estudo foi realizado durante o período de abril de 2005 até agosto de 2008, em feiras

livres nos municípios de Petrópolis e Nova Friburgo, ambas localizadas na região serrana do estado do

Rio de Janeiro (FIGURA 2, pág. 14). Essa região possui 16 municípios, representando 5% da população

total do estado do Rio de Janeiro, RJ (TCE 2005a,b).

O município de Petrópolis localiza-se nas coordenadas 22º 30`18``S e 43º 10`43``W,

apresenta 775 km2 de área territorial e cerca de 306 mil habitantes (IBGE 2005). O clima, segundo

Köppen, é do tipo Cwb - tropical de altitude, com verões frescos e chuvas típicas desta estação, sendo

que nos pontos mais altos a estação seca é pouco pronunciada; a temperatura média anual varia, de 13°

a 23° C, sendo a pluviosidade média de 1.500 a 2.600mm (IBAMA 2004).

A cobertura vegetal de Petrópolis é constituída por 13% de floresta ombrófila densa, 35% de

vegetação secundária, 37% de campos ou pastagens e 10% de área urbana (CIDE 2003; TCE 2005b).

Apresenta três importantes unidades de conservação: o Parque Nacional da Serra dos Órgãos

(PARNASO), a Área de Proteção Ambiental (APA) de Petrópolis e a Reserva Biológica do Tinguá

(IBAMA 2004).

O município de Nova Friburgo localiza-se nas coordenadas 22º 16`55``S e 42º 31`52`` W,

apresenta 933 km2 de área territorial, e cerca de 177 mil habitantes (IBGE 2005). O Clima, segundo

Köppen, é do tipo Cwb - tropical de altitude, com temperatura média anual de 18º C, variando entre

13º e 24º, a altitude é de 846 metros (PMNF 2006).

A cobertura vegetal de Nova Friburgo constitui-se por 33% de floresta ombrófila densa,

38% de vegetação secundária, 25% de campos ou pastagens, 2,1% de área urbana e 1,2% de área

degradada (CIDE 2003; TCE 2005a). Apresenta duas importantes unidades de conservação: o Parque

Estadual dos Três Picos e a Reserva Ecológica de Macaé de Cima (REMC).

As feiras livres estudadas foram a Feira de Olaria em Nova Friburgo e as Feiras do Centro e

do Alto da Serra em Petrópolis. A Feira de Olaria se localiza na Rua Manoel Lourenço Sobrinho,

também conhecida como Rua da Feira, no bairro de Olaria em Nova Friburgo (FIGURA 3, pág.14). A

Feira do Centro se localiza na Av. Visc. Souza Franco, próximo a Rodoviária do Centro de Petrópolis

e a Feira do Alto da Serra localiza-se na continuação da Rua Teresa, no bairro do Alto da Serra

(FIGURA 4, pág. 15).

Outras feiras livres dos municípios de Petrópolis (Feira da Praça Pasteur, Feira da Rua

Francisco Manoel - Mosela, Feira da Rua Henrique Rafaer -Bingen) e Nova Friburgo (Coopfeira -

Praça do Suspiro) foram visitadas durante o levantamento etnobotânico prévio, porém foi verificado

que em nenhuma delas existia a comercialização de plantas medicinais (SANTOS 2006).

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FIGURA 2: Mapa das regiões do Rio de Janeiro. Fonte: SEDET (Secretaria de Estado de

Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado do Rio de Janeiro)

http://www.sedet.rj.gov.br/06Investir/IMAGE/Mapa_REGI%D5ES.jpg

FIGURA 3: Imagens de satélite da Rua Manoel Lourenço Sobrinho, onde se localiza a Feira

livre de Olaria, Nova Friburgo, RJ. Fonte: Google Earth em 27 de julho de 2008.

Petrópolis

Nova Friburgo

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15

FIGURA 4: Imagens de satélite das feiras livres de Petrópolis, RJ (esquerda), com destaque

para a localização da feira do Centro (acima direita) e do Alto da Serra (abaixo direita,

onde se podem ver as barracas da feira). Fonte: Google Earth em 23 de julho de 2008.

Centro

Alto da Serra

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16

3.2 Etnobotânica

3.2.1 Visitas às feiras e entrevistas

As feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo, RJ foram visitadas para a seleção dos

informantes. Essa seleção foi feita de forma não-probabilística, centralizando no grupo específico de

comerciantes de plantas para fins medicinais em feiras livres, já que esses comerciantes normalmente

detêm um grande conhecimento sobre as espécies que comercializam (ALEXIADES 1996;

ALBUQUERQUE & LUCENA 2004). Os comerciantes podem ser considerados especialistas locais,

pessoas que são identificadas pela população como conhecedoras das plantas medicinais (GAZZANEO

et al. 2005). Embora esse estudo tenha selecionado os comerciantes de plantas para fins medicinais,

foi observada a comercialização de plantas para outros usos em suas barracas, como espécies

abortivas, alimentares, condimentares, ornamentais e ritualísticas.

O acesso ao conhecimento popular foi consentido por cada informante, e para o registro

formal desse consentimento foi desenvolvido um Termo de Anuência Prévia (TAP), que leva em

consideração a realidade local dos informantes (ANEXO 1).

A pesquisa de campo foi iniciada no período da monografia do bacharelado em Biologia

Vegetal (UFRJ) (SANTOS 2006) e se estendeu até o mestrado, ou seja de abril de 2005 até agosto de

2008, nas feiras livres dos municípios de Petrópolis e Nova Friburgo, RJ. Utilizaram-se técnicas de

observação direta e listagem livre para obtenção de informações sobre as dez espécies mais

comercializadas pelos informantes (WELLER & KIMBALL ROMNEY 1988; BERNARD 1989). Foram

realizadas entrevistas complementares com aplicação de formulários semi-estruturados (ALEXIADES

1996; ALBUQUERQUE & LUCENA 2004) (ANEXOS 2 e 3). A técnica de listagem livre foi repetida

periodicamente uma vez a cada estação do ano, durante dois anos, aos mesmos três informantes de

Petrópolis, resultando em um total de 24 entrevistas.

3.2.2 Análise dos dados etnobotânicos

A partir da listagem - livre foi calculada a saliência dos dados de acordo com Quinlan

(2005). Nesse cálculo, é estabelecido um valor numérico de acordo com a posição de cada planta.

Logo, a primeira planta citada pelo informante recebe o maior valor, e as próximas recebem valores

em ordem decrescente (QUINLAN 2005). Quando a planta foi citada por mais de um informante os

valores foram somados, e o resultado foi dividido pelo número de informantes total. Assim, foi

estabelecido um ranking final que levou em consideração a ordem em que as plantas foram citadas

pelos informante e também quantos informantes citaram a planta.

O cálculo da saliência foi realizado para cada estação do ano, a partir de seis listagens livres

(três informantes e dois anos de coleta de dados), a fim de avaliar se houve variação sazonal das

espécies mais comercializadas pelos informantes. O cálculo também foi realizado reunindo todas as 24

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listagens livres para uma avaliação total de quais plantas eram as mais comercializadas pelos

informantes nos dois anos de coleta de dados. Como verificou-se que os nomes populares, muitas

vezes englobavam mais de uma espécie, os cálculos foram realizados levando em consideração o

nome popular e o científico. O cálculo da saliência foi realizado no programa de computador Visual

Anthropac-Freelists 4.0 (QUINLAN 2005) e para facilitar a observação, as tabelas de saliência foram

organizadas em ordem decrescente de valores.

A partir dos dados levantados sobre as espécies medicinais foram realizados cálculos de

Importância Relativa (IR) (BENNETT & PRANCE 2000). Para esses cálculos, consideram-se tanto as

Propriedades Farmacológicas indicadas pelos informantes (PH) como os Sistemas Corporais Tratados

(BS) para cada espécie.

Para cada espécie medicinal é calculado o IR, obedecendo à fórmula: IR = PH rel + BS rel.

Sendo que:

PH rel é o número de propriedades farmacológicas (PH) indicadas para a espécie, dividido

pelo número de propriedades atribuídas à espécie mais versátil (que apresentou o maior valor de PH);

BS rel é o número de sistemas corporais tratados (BS) pela espécie, dividido pelo número de

sistemas corporais tratados pela espécie mais versátil (que apresentou o maior valor de BS).

O PH rel da espécie mais versátil é 1 e o BS rel da espécie mais versátil também é 1, assim,

os valores de IR são sempre entre 0 e 2. O trabalho original (BENNETT & PRANCE 2000) trasforma o

IR em porcentagem, porém os trabalhos posteriores mantém os dados com valores entre 0 e 2

(ALMEIDA & ALBUQUERQUE 2002; MAIOLI -AZEVEDO & FONSECA-KRUEL 2007; POSSE 2007; SILVA

2008), e o mesmo foi feito no presente trabalho. Para os Sistemas Corporais, adotou-se a Classificação

Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (OMS 1993).

3.2.3 Material botânico

O material botânico indicado pelos informantes foi adquirido (comprado) e identificado com

base em literatura especializada, comparações em herbários e consulta a pesquisadores e especialistas

sobre famílias botânicas (TABELA 1, pág. 18), e foi depositado no Herbário do Jardim Botânico do Rio

de Janeiro (RB) e no Herbário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (RFA) (TABELA 5, pág. 28).

A classificação botânica utilizada seguiu Cronquist (1988) e a nomenclatura botânica foi corrigida

conforme o The International Plant Names Index (IPNI 2004).

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TABELA 1: Pesquisadores e especialistas consultados que identificaram material botânico.

Famílias Pesquisadores e especialistas

Amaranthaceae Josafá Carlos de Siqueira SJ – PUC/RJ

Asteraceae Roberto L. Esteves – UERJ e Gustavo Heiden – JBRJ

Bombacaceae Massimo Giuseppe Bovini – JBRJ

Bromeliaceae Andréa Ferreira da Costa – UFRJ, Rafaela Campostrini Forzza – JBRJ e Raquel

Fernandes Monteiro – JBRJ

Dennstaedtiaceae (PVSS) Claudine Mynssen - JBRJ

Equisetaceae (PVSS) Lana da Silva Sylvestre – UFRRJ

Euphorbiaceae Luiz José Soares Pinto – MN/UFRJ

Heliconiaceae João Marcelo Braga – JBRJ

Loranthaceae Carlos Henrique Reif – USU

Malvaceae Massimo Giuseppe Bovini – JBRJ

Melastomataceae Berenice Chiavegatto – JBRJ

Moraceae Marcelo Vianna Filho – MN/UFRJ

Myrtaceae Marcelo da Costa Souza – JBRJ

Pteridaceae (PVSS) Claudine Mynssen – JBRJ, Lana da Silva Sylvestre – UFRRJ e Sara Lopes de Sousa

Winter – JBRJ

Selaginellaceae (PVSS) Claudine Mynssen - JBRJ

Solanaceae Marcia Vignoli da Silva – UFRGS e Lucia Freire Carvalho – JBRJ

Urticaceae Marcelo Vianna Filho – MN/UFRJ

Verbenaceae Fátima Regina Gonçalves Salimena –UFJF

3.2.4 Questionário voltado para atividade antimicobacteriana

Durante o levantamento etnobotânico geral (TABELA 5, pág. 28) foram observadas espécies

utilizadas para o trabamento do sistema respiratório e com o intuito de selecionar espécies potenciais

para a pesquisa em laboratório de acordo com os objetivos deste trabalho, foi desenvolvido um

formulário específico para buscar plantas indicadas popularmente para tratamento de “tosse”,

“problemas pulmonares” e “tuberculose”, que podem ser indicativos de uma possível atividade

antimicobacteriana (ANEXO 4). Para analisar esses dados também foi realizado o cálculo da saliência

de acordo com Quinlan (2005), com auxilio do programa de computador ANTHROPAC 4.0

(QUINLAN 2005) e para facilitar a observação, a tabela foi organizada em ordem decrescente de

valores.

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19

3.3 Análises fitoquímicas

3.3.1Extração do material vegetal

Partes aéreas de Struthanthus marginatus (Loranthaceae) foram adquiridas em 31/07/2007,

com um dos informantes de Petrópolis, e folhas de S. concinnus, em 13/09/2007 com o informante de

Nova Friburgo. Esse material foi seco à temperatura ambiente, à sombra e triturado em moinho,

resultando em 579,26 g de fragmentos das partes aéreas de S. marginatus e 262,20 g de fragmentos

das folhas de S. concinnus. O material vegetal foi extraído com etanol 96º GL, utilizando um

percolador. Os extratos etanólicos resultantes foram posteriormente concentrados sob pressão reduzida

em evaporador rotativo.

Os extratos etanólicos de Struthanthus marginatus (rendimento de 14,49%) e S. concinnus

(rendimento de 12,65%) foram repartidos entre água e solventes de polaridade crescente, gerando

partições em hexano, diclorometano, acetato de etila, n-butanol e em água. Os solventes foram

concentrados sob pressão reduzida em evaporador rotativo.

3.3.2 Cromatografia em camada delgada (CCD)

Para as cromatografias em camada delgada dos extratos de Struthanthus marginatus e S.

concinnus utilizou-se cromatoplacas de gel de Sílica 60 F254 (0,22 mm de espessura) da Merck sobre

alumínio e como fase móvel hexano, diclorometano, e mistura de hexano ou diclorometano e acetato

de etila na proporção de 9:1. Para as cromatografias em camada delgada dos fracionamentos do extrato

hexânico de S. marginatus foi utilizado como adsorvente a mesma placa e como fase móvel o solvente

ou misturas de solventes mais próximos de sua extração.

As amostras foram diluídas e aplicadas nas placas de cromatografia com o auxilio de um

capilar de vidro, a 1,5 cm de distância da borda inferior da placa e cerca de 1 cm entre as amostras. As

placas foram colocadas em posição vertical e inclinadas em direção a uma das paredes da cuba de

vidro, que já continha o solvente de grau P.A. ou mistura de solventes e a cuba foi vedada. Após o

desenvolvimento da cromatografia as placas foram retiradas da cuba e a distância percorrida pela fase

móvel foi marcada. As placas foram visualizadas sob luz UV em ondas curtas (254 nm) e ondas longas

(366 nm) no Spectronline Model CC-80, Spectronics Corporation e reveladas com a solução de ácido

sulfúrico a 20% em etanol, aquecidas em placa de aquecimento. As placas reveladas foram

digitalizadas na impressora HP-PSC 1410 All-in-One ou HP Deskjet F4180 All-in-One, utilizando o

programa Adobe Photoshop CS2.

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3.3.3 Cromatografia com fase líquida em coluna de gel de sílica

A cromatografia em coluna foi realizada com parte do extrato hexânico (5,9 g) de

Struthanthus marginatus (SMPAH) em coluna de vidro de 4 cm de diâmetro e o adsorvente ocupou 45

cm de altura. O adsorvente utilizado foi o gel de sílica 60 Merck, 230 – 400 mesh e como fase móvel

foram utilizados os solventes hexano, acetato de etila e metanol (solventes com grau P.A.), aumentado

os níveis de polaridade, seguindo a ordem estabelecida na tabela 2.

A amostra solubilizada em uma quantidade mínima de hexano foi colocada na parte superior

da coluna com auxílio de uma pipeta e foi coberta com uma pequena quantidade de sílica. A fase

móvel foi adicionada e foram coletadas frações de aproximadamente 300 mL. O processo de

cromatografia em coluna foi acompanhado por cromatografias em camada delgada (CCD).

TABELA 2: Sistema de solventes para eluição da coluna cromatográfica do extrato em

hexano de Struthanthus marginatus (SMPAH).

Frações Eluente (fase móvel) Proporção

1 Hexano 100%

2-6 Hex/AcOEt 5%

7-8 Hex/AcOEt 10%

9-14 Hex/AcOEt 15%

15-16 Hex/AcOEt 20%

17 Hex/AcOEt 30%

18-19 Hex/AcOEt 40%

20 Hex/AcOEt 50%

21-22 Hex/AcOEt 60%

23-24 Hex/AcOEt 70%

25 Hex/AcOEt 80%

26 Hex/AcOEt 90%

27-28 AcOEt 100%

29 -30 AcOE/MeOH 25%

31-32 AcOE/MeOH 50%

33-34 AcOE/MeOH 75%

35 MeOH 100%

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3.3.4 RMN (Ressonância Magnética Nuclear)

As experiências de RMN de 1H e 13C foram realizadas em espectrômetro Bruker 400MHz

do Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear Jiri Jonas (CNRMN/UFRJ). O tetrametilsilano

(TMS) foi utilizado como referência interna. As substâncias foram dissolvidas em aproximadamente

0,6 mL de clorofórmio deuterado (CDCl3) para as análises. Os deslocamentos químicos foram

medidos em partes por milhão (ppm) da freqüência aplicada e as constantes de acoplamento medidas

em Hertz (Hz).

3.4 Ensaio de atividade Antimicobacteriana

Os ensaios biológicos para determinação da atividade antimicobacteriana dos extratos e

frações de Struthanthus marginatus e de S. concinnus foram realizados utilizando a cepa padrão de

Mycobacterium tuberculosis (H37RV ATCC no 27294) e uma cepa resistente à rifampicina (35388) em

uma concentração fixa dos extratos de 200 µg/mL e depois foi realizada a Concentração Inibitória

Mínima (CIM). Os ensaios foram realizados pela aluna de mestrado Tatiane Silveira Coelho da equipe

do Dr. Pedro Eduardo Almeida da Silva, Departamento de Patologia, Laboratório de Micobactérias da

FURG, RS.

3.4 .1 Ensaios de triagem

Para a suspensão bacteriana, foram utilizados tubos de vidro estéril com rosca contendo

pérolas de vidro para cada cepa e pesados, individualmente, na balança de precisão. Depois, colônias

de bactérias foram transferidas para cada tubo com o auxílio de palitos estéreis. Foi novamente

realizada a pesagem e calculada a diferença, em cada 0,001 g de cepa, adiciona-se 1mL de água

destilada estéril. Inicialmente, coloca-se 500 µL de água, agita-se no vórtex e completa o restante com

água, agitando outra vez. Essa suspensão de células é realizada conforme a escala 1,0 de Mac Farland.

O inóculo da cepa foi preparado a partir desta suspensão, em uma proporção de 1:20 em meio 7H9

líquido.

Os ensaios foram realizados com base em literatura especializada (PALOMINO et al. 2002)

com pequenas modificações. Foi utilizada uma microplaca de 96 orifícios em fundo U. Nos poços da

periferia foi adicionado 200 µL de água destilada estéril, para evitar a rápida evaporação do meio

líquido quando incubado na estufa. No centro da placa, foi adicionado 100 µL de meio de cultura 7H9

associado a OADC (Ácido oléico, albumina, dextrose, catalase), 100 µL do extrato e 100 µL do

inóculo bacteriano, de maneira que o extrato estará a uma concentração de 200 µg/mL. Dois controles

foram realizados, um positivo pra a cepa, para medir a viabilidade (com apenas 100 µL de meio e 100

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µL de inóculo bacteriano) e um negativo para o meio, para testar a esterilidade (com apenas 200 µL de

meio). A microplaca foi incubada por sete dias numa estufa a 37° C.

3.4.2 Concentração inibitória mínima para extratos vegetais (CIM)

Após a triagem foram selecionados os extratos que apresentaram atividade

antimicobacteriana, para avaliar a concentração inibitória mínima (CIM), ou seja, a menor

concentração que inibe o crescimento do Mycobacterium tuberculosis (NEWTON et al. 2000). Ajusta-

se os extratos, mantidos na geladeira em DMSO, para uma concentração de 800 µg/mL. A suspensão é

preparada da mesma maneira que na triagem.

Para a preparação do meio, é obedecida a proporção de 10% de complemento OADC em

7H9. Adicionou-se 200 µL de água destilada estéril nos poços da periferia com o propósito de evitar a

rápida evaporação do meio líquido 7H9.

Em seguida, em todos os poços de CIM foi adicionado 100 µL do meio 7H9 enriquecido

com 10% de OADC, 100 µL do extrato, partindo-se de uma concentração de 200 µg/mL no primeiro

poço até 0,39 µg/mL no último (microdiluição 1:2) e por último, 100 µL do inóculo bacteriano. Dois

controles foram realizados, um positivo para a cepa (viabilidade) e um negativo para o meio

(esterilidade). Após isso, a placa foi incubada na estufa a 37º C por sete dias.

3.4.3 Leitura

Passada a incubação, acrescentou-se 30 µL de resazurina a 0,02% em cada poço de triagem

e CIM, permanecendo por mais dois dias na estufa (37° C). A interpretação dos resultados se dá a

partir da reação de oxi-redução da resazurina, que modifica da cor azul para rosa quando ocorre

crescimento bacteriano, ou seja, apresenta a cor azul quando oxidado e rosa quando reduzido. A

resazurina é um indicador de viabilidade celular, age como um aceptor de elétrons na oxidação da

glicose pela glicose oxidase (PALOMINO et al., 2002). Deve ser observada coloração rosa para o

controle da suspensão bacteriana indicativo de viabilidade celular e azul para os demais controles.

Os métodos de coloração que utilizam indicadores de oxidação-redução, como a resazurina

(Resazurin Microtiter Assay Plate - REMA), têm sido utilizados de forma bem sucedida para

determinar a Concentração Inibitória Mínima (CIM) de rifampicina e outras drogas anti-tuberculose

(PALOMINO et al. 2002; LEMUS et al., 2004).

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Etnobotânica

A partir do estudo de campo realizado, pode-se afirmar que as feiras de Petrópolis e Nova

Friburgo, RJ ocorrem em ruas e praças, ao ar livre. As feiras livres funcionam apenas em um ou dois

dias na semana, e por isso, as barracas são montadas e desmontadas apenas nos dias de

funcionamento. A comercialização é principalmente de produtos hortifrutigranjeiros

(aproximadamente 80% das barracas). Embora esse estudo tenha selecionado as barracas que

comercializam plantas medicinais, foi observada também a venda de plantas para outros usos:

abortivo, alimentar, condimentar, ornamental e ritualístico.

As barracas de comercialização de plantas medicinais normalmente se encontram em um

dos extremos da feira-livre, estão bem caracterizadas e diferenciadas das demais quanto à arrumação,

forma de apresentação e preço das plantas. Foram encontrados três informantes nas feiras livres de

Petrópolis e um informante na feira livre de Nova Friburgo (TABELA 4, pág. 26), sendo duas mulheres

e dois homens, cujas idades variam entre 38 e 71 anos. Todos residem na cidade onde trabalham. Dois

dos informantes afirmam não passar o conhecimento sobre as plantas, pois, segundo eles, “ninguém

mostra interesse em aprender”. Segundo os informantes, eles aprenderam sobre as plantas medicinais

com parentes próximos (mãe ou esposo), em livros ou com “a vida”, que pode significar que o

aprendizado se deu com a sua função de comerciante de plantas medicinais (TABELA 4, pág. 26).

A comparação entre o presente trabalho e os demais realizados em feiras livres e mercados

no Brasil, mostra que, apesar do pequeno número de informantes (4), essa pesquisa apresenta o

segundo maior número de espécies identificadas (172) (TABELA 3, pág. 25 e TABELA 5, pág. 28).

Ainda, comparando o presente trabalho com outros realizados em feiras livres e mercados no estado

do Rio de Janeiro, verifica-se uma grande semelhança entre as espécies utilizadas - 17% de espécies

comuns com o trabalho de Parente e Rosa (2001), 30% com o de Azevedo e Silva (2006) e Maioli-

Azevedo e Fonseca-Kruel (2007), 32% com o de Stalcup (2000) e 40% com o de Silva (2008). A

pesquisa realizada em feiras livres na zona norte e zona sul do município do Rio de Janeiro também

revelou uma semelhança entre as espécies comercializadas nos trabalhos realizados no estado

(STALCUP 2000; PARENTE & ROSA 2001; AZEVEDO & SILVA 2006; MAIOLI -AZEVEDO & FONSECA-

KRUEL 2007), sugerindo que algumas plantas são preferencialmente utilizadas pela população do

estado do Rio de Janeiro. A semelhança entre o grupo de espécies comercializadas deve-se,

provavelmente, ao fato de serem espécies cultivadas e o extrativismo realizado no mesmo bioma

(Mata Atlântica), além dos aspectos culturais e tradicionais regionais (MAIOLI -AZEVEDO & FONSECA-

KRUEL 2007).

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Dentre as espécies comuns às pesquisas no estado do Rio de Janeiro (SANTOS & SILVESTRE

2000; STALCUP 2000; PARENTE & ROSA 2001; AZEVEDO & SILVA 2006; MAIOLI -AZEVEDO &

FONSECA-KRUEL 2007; SILVA 2008) e o presentre trabalho, destaca-se uma única espécie comum a

todas as pesquisas, que foi a samambaia “abre-caminho” (Lygodium volubile Sw., Schizaeaceae), isso

porque o trabalho de Santos e Silvestre (2000) considerou somente as pteridófitas comercializadas nas

feiras livres do Rio de Janeiro e Niterói. As outras espécies presentes em todos os demais trabalhos,

exceto o de Santos e Silvestre (2000), foram o funcho (Foeniculum vulgare Mill., Apiaceae), picão

preto (Bidens pilosa L., Asteraceae), arnica (Solidago chilensis Meyen, Asteraceae), melão-de-São-

Caetano (Momordica charantia L., Cucurbitaceae), macaé (Leonurus sibiricus L., Lamiaceae), poejo

(Mentha pulegium L., Lamiaceae), alecrim (Rosmarinus officinalis L., Lamiaceae), sete sangrias

(Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. F. Macbr, Lythraceae), guiné (Petiveria alliacea L., Phytolacaceae),

lágrima de Nossa-Senhora (Coix lacryma-jobi L., Poaceae) e capim-cidreira (Cymbopogon citratus

(DC.) Stapf, Poaceae). Essas espécies são cultivadas ou ruderais, muito utilizadas na medicina popular

e algumas já foram analisadas em pesquisas científicas.

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TABELA 3: Estudos relacionados à venda de plantas úteis em feiras e/ou mercados realizados no Brasil.

Referência Local de Estudo Bioma (Fonte: IBAMA)

Cat. N. inf.

N. spp.

Spp. com

Material Testemunho (Herbário) Método

Berg (1984) Mercado Ver-o- peso, Belém, PA Amazônia * s/r ~167 13 Museu Goeldi (MG) Não descrito

Stalcup (2000) Feira livre da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ Mata Atlântica M, R 4 151 55 Museu Nacional RJ (R) Entrevistas

Santos & Silvestre (2000) Feiras livres do Centro do Rio de Janeiro e Niterói, RJ

Mata Atlântica M, R 10 8 PVSS

2 Jardim Botânico RJ (RB) Entrevistas

Parente & Rosa (2001) Feira livre de Barra do Piraí, RJ Mata Atlântica M 2 101 29 Universidade Rural do Rio de Janeiro

(RBR)

Entrevistas

Almeida & Albuquerque (2002)

Feiras de Caruaru, PE Caatinga M 20 114 18 Universidade Federal de Pernambuco

(UFP)

Entrevistas

Pinto & Maduro (2003) Feiras livres e bancas de rua de Boa Vista, RR

Amazônia M 5 100 13 Museu Integrado de Roraima (MIRR) Questionários

Azevedo & Silva (2006) Feiras livres e Mercado da Zona Oeste do Rio de Janeiro, RJ

Mata Atlântica M, R s/r 127 49 Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro (RBR)

Entrevistas

Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel (2007)

Feiras livres da Zona Sul e Zona Norte, Rio de Janeiro, RJ

Mata Atlântica M, R 54 104 53 Jardim Botânico RJ (RB) e Universidade

Santa Úrsula (RUSU)

Entrevistas

Silva (2008) CEASA e Mercado de Madureira, RJ Mata Atlântica M,R,C 22 265 69 Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro (RBR) e Jardim Botânico RJ (RB)

Entrevistas

Presente Trabalho Feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo, RJ

Mata Atlântica ** 4 172 X Jardim Botânico RJ (RB) e Universidade

Federal do Rio de Janeiro (RFA).

Entrevistas

Legenda - Cat. – categorias de uso: M – medicinal; R – ritualística; C - condimentar; * cinco seções presentes no mercado (artesanato; plantas medicinais e mágicas; vegetais e raízes; frutas; e horticultura e plantas ornamentais). ** medicinal, abortivo, alimentar, condimentar, ornamental e ritualístico. N. inf. – Número de informantes: s/r – sem referência. N. spp. – Número de espécies citadas no trabalho: PVSS – Planta vascular sem sementes; Spp. com – número de espécies em comum com o presente trabalho.

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TABELA 4: Perfil dos informantes das feiras livres em Petrópolis e Nova Friburgo.

M R O J

Sexo F F M M

Idade 68 anos 38 anos 71 anos 65 anos

Feira livre que trabalha Alto da Serra Centro e Alto da

Serra

Centro Olaria

Município Petrópolis Petrópolis Petrópolis Nova Friburgo

Há quantos anos

comercializa pl. medicinais?

17 anos 22 anos 50 anos 3 anos

Aprendeu com o esposo a mãe a vida em livros

Ensina para “somente para os

fregueses”

“ninguém quer

aprender”

“dois

conhecidos”

“ninguém, filhos não

querem pois são crentes”

Origem Sapucaia, RJ Petrópolis Petrópolis Nova Friburgo

Durante este trabalho os informantes relacionaram 172 espécies, sendo 171 plantas distribuídas em

59 famílias botânicas e uma espécie de fungo, destacando-se as medicinais com 84% das espécies

comercializadas (TABELA 5, pág. 28). A família mais representativa em número de espécies foi Asteraceae

(30 espécies), seguida de Lamiaceae (14 espécies) e Solanaceae (6 espécies) (FIGURA 5, pág. 27).

O trabalho realizado durante a monografia da mesma autora levou em consideração apenas um ano

de coleta das espécies comercializadas nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo, relacionando 116

espécies úteis, distribuídas em 47 famílias botânicas (SANTOS 2006). Observa-se que a continuidade do

trabalho por mais dois anos permitiu uma melhor identificação e maior quantidade de espécies

comercializadas. As famílias mais representativas em número de espécies no trabalho prévio também foram

Asteraceae e Lamiaceae, porém foram seguidas por Verbenaceae e Malvaceae (SANTOS 2006).

As famílias Asteraceae e Lamiaceae costumam ser as mais representativas em número de espécies

em trabalhos etnobotânicos (STALCUP 2000; PARENTE & ROSA 2001; DI STASI et al. 2002; HANLIDOU et al.

2004; GAZZANEO et al. 2005; AZEVEDO & SILVA 2006, PILLA et al. 2006, PINTO et al. 2006; MAIOLI -

AZEVEDO & FONSECA-KRUEL 2007; POSSE 2007; SÁ 2007; SILVA 2008). Essas famílias possuem um grande

número de espécies (cerca de 22.750 e 6.700, respectivamente), muitas das quais são cosmopolitas e

conhecidas mundialmente como plantas medicinais, o que pode explicar sua alta representatividade em

trabalhos de etnobotânica (DI STASI et al. 2002). A literatura indica que Lamiaceae, Asteraceae, Poaceae,

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Fabaceae e Malvaceae dominam as listas de plantas medicinais exóticas, sendo comuns tanto em regiões

temperadas quanto nos trópicos (BENNETT & PRANCE 2000). Além disso, Asteraceae e Lamiaceae são

famílias ricas em óleos voláteis o que pode justificar a ampla utilização na medicina popular ao redor do

mundo (MENEZES & KAPLAN 1992; SIMÕES & SPITZER 2004).

FIGURA 5. Famílias botânicas mais representativas em número de espécies.

As espécies comercializadas nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo são originadas de

diferentes continentes. Das 121 espécies para as quais foi possível verificar a origem, 77 espécies eram

provenientes do continente americano, 23 da Europa, 22 da Ásia, 14 da África e uma espécie da Oceania. Da

mesma forma o trabalho realizado no Mercado de Madureira e na CEASA verificou que praticamente

metade das plantas vendidas era americana, sendo depois seguidas pelas asiáticas, africanas e européias

(FIGURA 6, pág. 43) (SILVA 2008).

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TABELA 5: Plantas úteis indicadas pelos informantes e vendidas nas feiras livres dos municípios de Petrópolis (P) e Nova Friburgo (N), RJ (páginas 28 a 42).

Legenda: Usos (Med - medicinal, Rit - Ritual, Abo - Abortiva, Ali - alimentar e Con – condimentar, Orn - Ornamental); Parte usada (Fl- flores; Fo - folhas, Fr - Frutos, R - Ramo, Br - Brotos, Ra - Raiz, Ri - Rizoma, Cs - casca, S-semente, TP - toda a planta, PA - Parte Aérea); Hb- Hábito (H - herbáceo, A - arbóreo, Ar - arbusto, T - trepadeira); C- Caráter (N - Nativa ou E - Exótica); Poss. Orig. – possível origem (Am - América, As - Ásia, Af - África, Eu - Europa, Oc - Oceânia); Obt. - Obtenção (C- Cultivo, E - Extrativismo, CE - Cultivo e Extrativismo). PVSS – Planta vascular sem semente; *Indicada pelos 3 informantes de Petrópolis; ** indicada pelos 4 informantes (Petrópolis e Nova Friburgo).

FAMÍLIA / Espécie nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

ACANTHACEAE

Pachystachys lutea Nees

Camarão 0,3 Med colesterol Fl H E Am C chá P RB 454848

ALISMATACEAE

Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli*

Chapéu de couro 1,1 Med rins, cistite, ácido úrico, má circulação e cansaço nas pernas

Fo H N Am C chá P RB 454850

ALOACEAE

Aloe arborescens Mill. Babosa 0,9 Med para o cabelo, câncer e diabetes Fo H E Af C bate no liquid. ou em bebida alcoólica

P RB 468905

Aloe vera L. Babosa 0,9 Med para o cabelo, câncer e diabetes Fo H E As, Af, Eu

C garrafada ou bate no liquid.

P RB 454916

AMARANTHACEAE

Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze.

Terramicina 0,3 Med inflamação H N Am E chá P RB 468906 e RFA 34485

Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen

Novalgina, Terramicina ou Penicilina

0,7 Med dor de cabeça, abaixar a pressão e antiinflamatório

Fo Ar N Am C chá P RB 454957

ANACARDIACEAE

Schinus terebinthifolius Raddi

Aroeira 1,0 Med, Rit Inflamação (de ovário), banho de descarrego, varize arrebentada e hemorragia

Fo, R, PA

A N Am CE chá, no álcool ou banho

P, N RB 454851

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FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

ANNONACEAE

Annona muricata L. Graviola 0,6 Med, Ali emagrecer, colesterol e para comer (alimentação)

Fo A E Am C chá P RB 468907

APIACEAE

Foeniculum vulgare Mill.**

Funcho 1,2 Med, Con calmante, tempero, dor de barriga, gases e coração

R H E Eu C chá P, N RB 454852 e RFA 34498

APOCYNACEAE

Geissospermum laeve (Vell.) Miers

Pau pereira 1,0 Med fígado, estômago, diabetes e impotência Fo, Cs E chá, com vinho ou em água

P RB 468908

Indet. Agoniada 0,7 Med, Abo mulher quando está esperando neném para dar leite, quando o "regulamento" está atrasado, para descer (abortiva)

P

ARACEAE

Pistia stratiotes L. Santa Luzia 0,3 Med para a vista H N Am C bate no liquid. P RB 454853

Xanthosoma sp. Taioba 0,3 Med, Ali para comer e é bom para o intestino H C na alimentação P

Zantedeschia aethiopica (L.) Spreng.

Copo de leite Orn Fl H E Af C P

ASTERACEAE

Achillea millefolium L. Camomila ou Mil em Rama

0,3 Med calmante H E As, Eu C P RB 454854

Achillea sp. Artemisia 1,2 Med, Abo estomago, rins, infecção na urina e no útero, menstruação atrasada e é abortivo

Fo, Fl H chá P RB 454858

Achyrocline satureioides DC.

Macela (do campo), Marcela ou Camomila do mato

0,6 Med calmante, para meningite e clarear o cabelo Fl H N Am E chá (bebe ou banho) ou faz o travesseiro

P RB 468909

Ageratum conyzoides L.*

Erva de São João 1,3 Med, Abo para gripe, resfriado, tosse, problemas de memória e é abortivo

H N Am CE chá ou xarope P RB 454855

Artemisia absinthium L. Losna 0,9 Med problema de estômago, diabetes e coração Fo Ar E Eu, As, Af

C chá P RB 468910

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FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

Artemisia annua L. Marcelão 0,3 Med estômago H E As chá P RB 454856

Artemisia sp. Cânfora 0,3 Med para pancada R H Eu C no álcool (de cereal) e passa

P RB 454857

Baccharis dracunculifolia DC.

Alecrim do campo / mato

0,3 Med, Rit dor muscular e banho de descarrego R H N Am C coloca no álcool e passa

P RB 468911

Baccharis elaeagnoides Steve. Ex. Sch. Bip.

Alecrim do mato Rit banho H N Am E N RB 454863

Baccharis myriocephala DC.**

Carqueja 1,1 Med fígado, diabetes, diminuir o açúcar, colesterol e emagrecer

Fo, PA H N Am CE chá ou em cachaça P, N RB 454861 e 454864

Baccharis usteri Heering

Carqueja doce 0,6 Med colesterol, diabetes R H N Am E chá P RB 454859

Bidens pilosa L. Picão preto 1,0 Med hepatite, erisipela, fígado, "terícia" (icterícia) R H N Am CE chá P, N RB 454865 e RFA 34486

Cynara scolymus L.* Alcachofra 1,0 Med, Ali problemas de figado, colesterol, hemorróideas, emagrecer e a flor cozinha

para salada

PA, Fl, Fo

H E Eu C chá e cozinha a flor P RB 454866

Elephantopus mollis Kunth.

Erva grossa 0,5 Med tosse e pneumonia Fo H N Am C chá ou xarope P RB 468912

Erechtites valerianifolius (Link ex Spreng.) DC.

Capichoba 0,3 Med, Ali hemorróidea e salada Fo H Am P RB 454867 e RFA 34488

Helipterum manglesii (Lindl.) Benth.

Rondante Orn R H E Oc P RB 454868 e RFA 34487

Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron.*

Cardo-santo /Dente de Leão

1,8 Med gripe, bronquite, tosse, pneumonia, fígado, colesterol, pressão alta e "bronsite"

("Bronsite" = "dor na junta dos ossos")

R, Fo, Ra

H N Am CE chá, xarope, bate no liquid.; compressa

ou emplastro

P RB 454870, 454871 e 454873

Mikania hirsutissima DC.

Cipó-cabeludo 0,9 Med aumenta o hormônio, rins e infecção T N Am E chá N RB 454875

Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker*

Guapo 0,7 Med resfriado, gripe e tosse TP, R T N Am C chá ou xarope P RB 454877

Pterocaulon virgatum (L.) DC.

Quitoco H Am E P RB 454878

Solidago chilensis Meyen*

Arnica 1,6 Med pancada, dor nos ossos, no braço e no corpo, reumatismo, para cicatrizar; machucado,

torcicolo, tombo

Fo H N Am CE sumo; chá (bebe e banho); em álcool e

passa

P RB 454879

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FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

Sonchus cf. oleraceus L. Serralha 0,4 Med manchas de pele, as brancas (vitiligo) H E Eu C chá (bebe ou passa) P RB 468913

Stifftia chrysantha Mikan

Ifa ou esponjinha Orn R P RB 454881

Vernonia aff. petiolaris DC.

Assapeixe 0,3 Med pneumonia Br, R Ar N Am xarope ou bate no liquid.

P RB 454883

Vernonia phaeoneura Toledo

Assapeixe 0,4 Med pulmão, pneumonia Br, Fo Ar CE chá, xarope ou sumo P RB 454884 e 454886

Vernonia sp. Assapeixe 0,3 Med gripe Ar chá ou xarope P RB 454885, RB 469120

Indet. 1 Marcelinho 0,3 Med dor de barriga (principalmente de neném) Fo, Fl C chá P RB 468914

Indet. 2 Necroton, Boldo do Chile ou Erva de Bugre

0,6 Med fígado e emagrecer R C chá P RB 468915

Indet. 3 Ponta livre 1,0 Med dor no peito, pontada, coração, gripe com dor no peito

R C chá N RB 468916

Indet. 4 Bardana 0,4 Med, Ali problemas de memória e fazer conserva R, Ra Ar E Eu C P RB 468917

BIGNONIACEAE

Jacaranda cf. macrantha Cham.

Carobinha roxa 0,5 Med alergia, para o sangue e anemia Ar Am E N RB 454887

Jacaranda cf. puberula Cham.

Carobinha 0,7 Med coceira, alergia e depurativo do sangue Fo Ar N Am E chá ou banho P RB 454888

Jacaranda sp. Para raio ou Carobinha graúda

0,3 Med, Rit depurativo do sangue e para banho de descarrego E P RB 468918

Indet. Ipê-roxo 0,3 Med câncer Cs E chá ou garrafada P

BIXACEAE

Bixa orellana L. Urucum 0,7 Med, Con, Orn

câncer, colesterol, coração, tempero (coloral) ou para enfeitar, fazer artesanato

Fr, Fo, S

Ar N Am C chá ou em água P, N RB 468920

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FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

BOMBACACEAE

Ceiba speciosa (A.St.-Hil. A.Juss. & Cambess.) Ravenna

Algodão 0,9 Med, Abo inflamação, para o ouvido, e para abortar Fo, Ra, S

N Am P RB 454889

BRASSICACEAE

Brassica rapa L. Flor do Bloco 0,3 Med calmante H E Eu C chá P RB 468921 e RFA 34480

BROMELIACEAE

Aechmea fasciata Baker Bromélia Orn TP H N Am CE P

Neoregelia sp. Bromélia Orn TP H P RB 468922

Tillandsia usneoides L. Barba de velho 0,6 Med rins e para crescer o cabelo H C P RB 468923

Vriesea heterostachys (Baker) L. B.Sm.

Bromélia Orn TP P RB 468924

Vriesea psittacina (Hook.) Lindl.

Gravatá ou espadinha Orn TP H Am CE P

BUDDLEJACEAE

Buddleja sp. Babasco 0,7 Med inflamação, machucado, dor Fo, Fl Ar N Am E chá (bebe e banho) P RB 454872

CAESALPINACEAE

Bauhinia forficata Link*

Pata de vaca 0,4 Med baixar o açúcar; diabetes Fo A N Am CE chá P RB 454911

Bauhinia microstachya J. F. Macbr (ou Macbride)

Pata de vaca 0,3 Med açúcar no sangue T Am E N RB 454912

Bauhinia variegata L. Pata de vaca 0,3 Med açúcar no sangue A E Am C N RB 454913

Cassia cf. occidentalis L. Fedegoso Ar E Am E P RB 468925 e RFA 34489

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FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

Senna macranthera (Coll) H.S.Irwin & Barneby

Acácia 0,3 Abo aborto Fo, Cs Am chá P RB 454958

CAPRIFOLIACEAE

Sambucus nigra L.* Sabugueiro 0,8 Med para sarampo, gripe, catapora, coceira de catapora Ar E Eu C chá ou xarope P RB 454890

CECROPIACEAE

Cecropia sp. Embaúba A P RB 468943

CHENOPODIACEAE

Chenopodium ambrosioides L.

Santa Maria ou Mastruz 0,3 Med pulmão, verme e para pulga Fo H N Am C chá, xarope, esfarela as folhas ou bate no

liquid.

P RB 454891

CONVOLVULACEAE

Ipomoea batatas (L.) Lam.

Batata doce 0,3 Med antiinflamatório H N Am C chá (bebe ou banho) P RB 468926

COSTACEAE

Costus spiralis Roscoe Cana do brejo 0,3 Med rins H E Am C chá P RB 454892

CRASSULACEAE

Kalanchoe brasiliensis Cambess.**

Saião 1,7 Med estômago, gastrite, úlcera, gripe, pulmão, pneumonia, bronquite, machucado e infecção

Fo H N Am C chá, xarope, bate no liquid. ou mastiga as

folhas

P, N RB 454893

Kalanchoe cf. pinnata (Lam.) Pers.

Erva da Fortuna Orn H C P RB 468927

Indet. Bálsamo 0,6 Med gastrite e catarata C sumo P RB 468928

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FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

CUCURBITACEAE

Apodanthera smilacifolia Cogn.

Cipó-Azogue 0,4 Med reumatismo e problema de coluna Fo T Am E coloca no álcool, passa com algodão

N RB 454894

Momordica charantia L. Melão de São Caetano 0,9 Med, Ali gripe, diabetes, matar piolho, os frutos podem ser comidos

Fo, R, Fr

T E As, Af CE chá (bebe ou passa), em álcool, cachaça

ou vinagre

P RB 454895

Sechium edule (Jacq.) Sw.

Chuchu-branco 0,3 Med abaixa a pressão T E Am C chá P RB 468929

CUSCUTACEAE

Cuscuta racemosa Mart.

Cipó-chumbinho 0,3 Med tosse T N Am E xarope P RB 454896

DENNSTAEDTIACEAE (PVSS)

Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon

Samambaia 0,3 Med reumatismo H E chá P RB 468930 e RFA 34483

EQUISETACEAE (PVSS)

Equisetum hyemale L. Cavalinha 0,9 Med rins, inflamação e câncer na próstata H Am C chá P RB 454897

EUPHORBIACEAE

Chamaesyce prostrata (Aiton) Small

Quebra pedra miuda 0,2 Med rins e cálculo H Am E chá P RB 454898

Phyllanthus tenellus Roxb.

Quebra pedra ou Erva-pombinha

0,4 Med pedra nos rins, inflamação nos rins TP H E chá P RB 454899

Ricinus sp1 Mamona branca 0,3 Med solta o intestino S Ar E P RB 468931

Ricinus sp2 Mamona roxa 0,3 Med solta o intestino S Ar E P RB 468932

Indet. Marmelinho 0,3 Med rins R C chá P RB 468933

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FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

FABACEAE

Desmodium adscendens (Sw.) DC.

Amor do campo ou Carrapichinho

1,2 Med rins, inflamação nos rins, ovários, dentes, garganta e qualquer tipo de inflamação

Fo, PA, R

H N Am E chá P, N RB 454914 e 454915

HELICONIACEAE

Heliconia rostrata Ruiz & Pav.

Colar de princesa Orn Fl Ar N Am C P

IRIDACEAE

Watsonia sp. Palma ou Bate sonha Orn TP H Af P RB 468934

LAMIACEAE

Glechoma hederacea L. Erva-terrestre 0,3 Med gripe H E Eu, As C xarope P RB 468935

Leonotis nepetaefolia Schimp. ex Benth.

Cordão de frade 0,6 Med diarréia, diabetes H E Am, Af

C P RB 454900

Leonurus sibiricus L. Macaé 1,4 Med problemas de intestino, intestino solto, dor de barriga, derrame, estômago, fígado, controla a pressão alta e

baixa

H E As CE chá P, N RB 454901

Mentha pulegium L. Poejo 0,6 Med resfriado, principalmente para as crianças, gripe, bronquite e pulmão

R, Fo H E As, Eu C chá ou xarope P, N RB 454902

Mentha x piperita L.* Elevante ou Hortelã 1,6 Med, Con, Abo

dor de cabeça, sinusite, gripe, calmante, vermes, tempero e abortivo

R H E Eu C chá, xarope ou inalação.

P RB 454903 e RFA 34477

Ocimum cf. basilicum L.**

Manjericão 0,4 Med, Con, Rit

pressão, problema do coração, tempero de carne e para banho de descarrego

R H E As, Af C chá, xarope ou banho

P, N RB 454904 e RFA 34491

Ocimum cf. selloi Benth.

Alfavaca anis 0,3 Med calmante Fo Ar N Am C chá ou xarope P RB 454905 e RFA 34509

Ocimum gratissimum L. Alfavaca (roxa) 0,9 Med, Con, Ali

gripe, tosse com pigarro, antidepressivo, tempero, faz quentão e para fazer pão

R, S, Fo Ar E As, Af C chá ou xarope P RB 454906 e RFA 34479

Origanum sp. Manjerona 0,3 Med, Con resfriado e tempero chá ou xarope P RB 468936

Plectranthus sp. Boldo 0,3 Med fígado C chá P RB 468937

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FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

Rosmarinus officinalis L.*

Alecrim 0,6 Med, Con, Rit

baixar a pressão, calmante, tempero e defumador

Fo, R H E Eu C chá P RB 454907 e RFA 34505

Salvia officinalis L.* Salvia 1,1 Med, Con Problemas/ angina de coração, calmante, dor de cabeça, abaixa a pressão e tempero

Fo H E Eu C chá P RB 454908

Tetradenia riparia (Hochst.) L. E. Codd

Alfazema fêmea 0,6 Med, Rit calmante, banho de descarrego, defumador, fazer incenso, e faz essência de igreja

H E Af CE chá P RB 454909 e RFA 34494

Thymus vulgaris L. Tomilho Con tempero, coloca na comida Ar E Eu P RB 468939

LAURACEAE

Cinnamomum zeylanicum Blume

Canela 0,4 Med, Ali gripe, tira catarro, faz quentão e doce Fo A E As C xarope N RB 468940

Laurus nobilis L.** Louro 0,8 Med, Con abaixar a pressão, evitar derrame, quando está "empachado", se sentindo cheio e tempero

A E As C chá P, N RB 454910 e RFA 34495

LORANTHACEAE

Struthanthus concinnus Mart.

Erva-de-passarinho 1,4 Med anemia, tosse, catarro, tuberculose, pneumonia, ecsema, para quem é fumante

Fo T N Am E chá ou xarope N RB 454917, RB 469119 e RFA 34484, RFA 34507

Struthanthus marginatus (Desr.) G. Don

Erva-de-passarinho 0,7 Med Para tratar o pulmão, pneumonia e tosse Fo T N Am E chá, xarope ou bate no liquid.

P RB 468941 e RFA 34490

LYTHRACEAE

Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. F. Macbr**

Sete sangrias 1,3 Med colesterol, depurativo / circulação do sangue, má circulação, coração, pressão alta, pressão, desentupir

veias e diarréia

H N Am CE chá P, N RB 454918, 454919 e

RFA 34493, 34497

MALVACEAE

Gossypium herbaceum L. Algodão 0,3 Med inflamação Fo Ar Af chá P RB 454920 e RFA 34496

Gossypium hirsutum L. Algodão 0,6 Med inflamação e para bronquite Fo, S Ar E Am chá ou torra e seca as sementes

P RB 468942

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FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

Malva parviflora L. Malva 0,9 Med Inflamação (ovário, dente,...) Fo, R H E Eu, As, Af

chá (bebe ou bochecha)

P RB 454921

Malva sylvestris L.* Malva (de banho) 1,2 Med inflamação no ovário, útero, nos dentes, nos rins, garganta ou de qualquer tipo

R, Fo H E Eu C chá (bebe ou bochecha), passa no

local

P RB 454922 e RFA 34506

Sida planicaulis Cav. Vassoura (preta) 1,0 Med circulação, afina o sangue, evitar derrame, quem teve derrame, colesterol e queda de cabelo

H Am E chá e banho P RB 454923 e RFA 34492

MELASTOMATACEAE

Miconia chartacea Triana

Branda-fogo 1,2 Med Erisipela, quando fica escuro (erisipela), febrite, ferida / inchação nas pernas

Fo Ar Am E chá (bebe, coloca os pés ou banho)

P RB 454924

MORACEAE

Clarisia cf. ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossberg

Espinheira santa 1,2 Med gastrite, estômago, abaixa a pressão, úlcera, queima gordura e azia

R, Fo Ar Am CE chá P, N RB 454925 RB 454926 e RFA 34508

Morus alba L. Amora (preta) 1,1 Med, Ali colesterol, emagrecer, tira a gordura do sangue, repor o hormônio, menopausa e faz

geléia

Fo CE chá P, N RB 468944 e RFA 34481

Sorocea aff. hilarii Gaudich

Espinheira santa 0,8 Med gastrite, úlcera, diabetes e emagrecer Ar E chá P RB 468945

Sorocea guilleminiana Gaudich

Espinheira santa 1,2 Med estomago, gastrite, úlcera, abaixa a pressão, diabetes e emagrecer

Fo Ar E chá P, N RB 468946 e RFA 34482

Sorocea sp. Espinheira santa 1,0 Med gastrite, úlcera, diabetes, estômago, azia e emagrecer

Fo, R Ar E chá P RB 469121

MYRTACEAE

Eucalyptus sp1 Eucalipto 0,7 Med sinusite, dor e dor de cabeça Fo A chá ou em álcool para inalar ou passar

P RB 454927

Eucalyptus sp2 Eucalipto 0,4 Med sinusite, gripe A CE P RB 468947

Eucalyptus sp3 Eucalipto 0,3 Med sinusite Fo A E inalação ou travesseiro

P RB 468948

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38

FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

Eugenia uniflora L. Pitanga 0,6 Med febre e colesterol Fo Ar N Am CE chá P, N RB 468949 e RB 468950

Syzygium cumini (L.) Skeels

Jamelão 0,3 Med colesterol Fo A E Af C chá P RB 454928 e RFA 34500

NYCTAGINACEAE

Mirabilis jalapa L. Maravilha H E Am P RB 454929

ORCHIDACEAE

Dendrobium nobile Lindl.

Pendoba Orn TP H E As C P

Indet. Orquídea cheirosa Orn E P RB 468951

PHYTOLACACEAE

Petiveria alliacea L.* Guiné (piu piu) 0,3 Med, Rit dor de cabeça, banho de descarrego H N Am, Af

C chá ou tintura P RB 454930 e RFA 34510

PIPERACEAE

Piper sp1 Desata nó 0,3 Med, Rit anestesia os dentes e banho de descarrego E P RB 454931

Piper sp2 Jaborandi 0,6 Med para o cabelo e é anestésica Fo, Ra, TP

H E banho N RB 454932

Piper sp3 João borandi ou Jaborandi

0,3 Med lavar a cabeça, para esticar o cabelo e parar de cair chá e passa P RB 468952

PLANTAGINACEAE

Plantago australis Lam.**

Trançagem 1,3 Med inflamação em qualquer lugar / por dentro, problemas de coluna, antibiótico, infecção na

garganta

TP, Fo H N Am E chá P, N RB 454933 e RFA 34476

Plantago major L. Trançagem 1,0 Med inflamação no corpo todo e para garganta, dentes, ossos

H E As, Eu chá P RB 454934 e RFA 34478

POACEAE

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39

FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

Coix lacryma-jobi L. Lágrima de Nossa Senhora

0,3 Med, Rit rins e descarrego H E As E P RB 454935

Cortaderia sp. Pluma Orn R H E Am C P RB 454936 e RFA 34470

Cymbopogon citratus (DC.) Stapf

Capim-cidreira 0,4 Med calmante, para dormir H E As C chá P RB 454937

Imperata cf. brasiliensis Trin.

Raiz de sapê 0,3 Med açúcar no sangue R H N Am E chá N RB 468953

POLYGONACEAE

Polygonum persicaria L.

Erva de bicho 0,9 Med, Rit coceira, alergia, hemorróidea e banho R H E Eu CE banho ou banho de assento

P RB 454938 e RFA 34475

PTERIDACEAE (PVSS)

Adiantum raddianum Pr.

Avenca 0,3 Med, Orn para tosse R, TP H N Am C chá ou xarope P RB 454939 e RFA 34474

Adiantum sp. Avenca Orn H E Eu P RB 468954

ROSACEAE

Rosa sp. Rosa branca 1,2 Med Inflamação (no útero), lavar a vista, intestino Fl H E As C chá ou em água, para intestino - chá

com Magnésia

P RB 454940

Rubus rosifolius J. Smith

Moranguinho do mato 0,3 Med rins Ra, Fo, TP

Ar Am E chá P RB 454941 e RFA 34473

RUBIACEAE

Indet. Fél da Terra 0,3 Med para sangue E chá P RB 454874

RUTACEAE

Citrus aurantium L. Laranja da Terra 0,4 Med, Ali resfriado, gripe Fo A E As C xarope N RB 468955

Ruta graveolens L.* Arruda 1,2 Med, Rit gripe, queda de cabelo, vista, piolho, banho de descarrego

Fo H E Eu C chá (passa ou bebe), xarope ou bate no

liquid.

P RB 454942 e RFA 34472

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40

FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

SCHIZAEACEAE (PVSS)

Lygodium volubile Sw. Abre-caminho Rit banho de descarrego H N Am E P RB 454943 e RFA 34471

SELAGINELLACEAE (PVSS)

Selaginella sp. Musgo ou samambaia Orn TP H P RB 468956

SOLANACEAE

Lycopersicon esculentum L.

Tomatinho do mato 0,6 Med, Ali varize, infecção geral, também come Fo, R, Fr

C chá P RB 468957

Nicotiana sp. Fumo Fo H Am C P RB 468958

Solanum americanum Mill.

Erva moura Ali a frutinha quando está roxa pode comer H N Am E P RB 454944

Solanum cernuum Vell. Panacéia 1,3 Med rins, fígado, inflamação, câncer na próstata e quando está enjoado

Ar N Am CE chá P RB 454945, RB 468959, RB 468960 e RFA 34504

Solanum lycocarpum A. St. -Hil.

Fruta de Lobo 0,3 Med diabetes Fr Ar N Am E chá, em álcool de cereal ou come o

fruto

P

Solanum paniculatum L. Jurubeba 0,6 Med fígado e diabetes Fo, S, Fr

Ar N Am E chá, em vinho ou garrafada

P RB 468962, RB 468963, RB 468964, RB 468965 e RFA 34501, RFA 34502

TRAPAEOLACEAE

Tropaeolum majus L. Chaga de São Sebastião ou de Cristo, Capuchinho ou Sete Chagas

0,4 Med estômago, gastrite e alimentação H E Am E xarope P RB 454946

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FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

URTICACEAE

Boehmeria sp. Paripedra 0,3 Med problema de rins R H C chá P RB 468966

Phenax sonneratii (Poir.) Wedd.

Paripedra ou Pariataria 0,4 Med rins, pedra nos rins TP H Am C chá P RB 454947 e RFA 34499

Pilea nummularifolia Griseb

Dinheiro em penca Orn H N Am C P RB 454948

VERBENACEAE

Aloysia gratissima (Gilles & Hook) Tronc.

Alfazema macho 0,3 Med, Rit calmante, banho de descarrego, defumador, fazer incenso Am C chá P RB 454949

Bouchea cf. laetevirens Schauer

Gervão (roxo) 0,5 Med problemas de sangue, limpar o sangue, para anemia C chá P RB 454950

Lantana camara L. Cambará 0,3 Med, Rit tosse e vento virado (rezar criança) Ar N Am P RB 454952

Lippia alba (Mill.) N. E. Br**

Capim-cidreira, Cidreirão, Erva-cidreira, Melissa ou Pau-Cidreira

0,5 Med calmante, para dormir, insônia quando está nervoso

Fo, R Ar N Am C chá P, N RB 454953 e 454951

Stachytarpheta cayennensis Valh*

Gervão roxo 1,3 Med sangue, depurativo/limpar o sangue, quando o sangue está fraco, anemia, ácido úrico, rins, colesterol

Ar N Am CE chá ou em vinho P RB 454954

VITACEAE

Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis

Insulina ou Mãe boa 0,9 Med diabetes, dor e dor nas pernas Fo T N Am C chá, no álcool ou em compressa

P RB 454955

WINTERIACEAE

Indet. Casca d´anta, Casca Sagrada ou Para tudo

1,0 Med intestino solto, dor de barriga, hemorróidea e gota

Cs, Fo E chá ou em água P

ZINGIBERACEAE

Alpinia zerumbet (Pers.) B.L. Burtt. & R.M.Sm.

Colônia 0,9 Med dor na coluna, problemas de pressão e dor no corpo

Fo, Fl H E As C chá P RB 454956

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FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.

Obt Forma de preparo Mun Voucher

Indet. Pacová 1,0 Med coluna, "astrose", artrose, reumatismo, colesterol e pressão

Ri, Fo; TP, Ra

H C chá, banho, em vinho, em álcool e

passa

P, N RB 468967, RB 468968

Curcuma longa L. Açafrão 0,3 Med, Con colesterol, tempero (para macarrão, batata) Ri H E As chá P RB 468969

Zingiber officinale Roscoe

Gengibre 0,6 Med, Con, Ali

garganta, gripe, faz quentão, coloca ralado no bolo, tempero

Ri H E Am, As

C chá, xarope, garrafada ou

mastiga

P

FUNGO - BASIDIOMYCOTA - APHILLOPHORALES

Orelha (olho) de pau 0,3 Med qualquer tipo de ferida E queima o pó e coloca na ferida

P

INDETERMINADAS

Indet. 1 Cipó-suma 0,8 Med problemas de sangue, limpa o sangue, pereba e furúnculo

Cs E garrafada com vinho branco ou cachaça

P

Indet. 2 Língua de vaca 0,3 Med antiinflamatório Fo E chá P

Indet. 3 Cura-tombo 0,4 Med tombo que inflama e inflamação Fo E chá ou banho N

Indet. 4 Cipó-cravo Cs E garrafada P

Indet. 5 Cipó suma roxa 0,4 Med problemas no sangue, limpa o sangue Cs P

Indet. 6 Suma roxa 0,3 Med depurativo do sangue E P

Indet. 7 Cachalau 0,4 Med gripe e resfriado Fl C chá ou xarope N

Indet. 8 Unha de gato 0,5 Med reumatismo, reumatrose, problema de coluna R E chá P

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43

FIGURA 6. Número de espécies por possíveis continentes de origem.

FIGURA 7. Forma de obtenção das espécies indicadas pelos informantes de Petrópolis e Nova

Friburgo, RJ.

14%

50%

36%

Cultivo e Extrativismo Cultivo Extrativismo

77

23 2214

10

10

20

30

40

50

60

70

80

90

América Europa Ásia África Oceania

mer

o d

e es

péc

ies

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44

Em trabalhos de etnobotânica realizados em mercados, um dos pontos relevantes é o conhecimento

da forma de obtenção das espécies vegetais comercializadas (ALBUQUERQUE et al. 2007). Neste estudo, os

informantes indicaram a procedência de grande parte das espécies citadas (145 espécies), sendo metade

cultivada por eles mesmos (50%), outras são extraídas da mata (36%) e algumas vezes os informantes podem

coletar na mata e cultivar ao mesmo tempo (14%) (FIGURA 7, pág. 43). Na feira livre de Barra do Piraí, RJ

também foi observada a predileção pela obtenção de espécies medicinais cultivadas (44%) (PARENTE &

ROSA 2001) e nas feiras e mercados do Rio de Janeiro também existe um equilíbrio entre o cultivo e o

extrativismo (AZEVEDO & SILVA 2006). Nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo os próprios

comerciantes cultivam ou coletam as plantas, o que não ocorre em outras feiras, onde os comerciantes

contam com fornecedores das plantas que comercializam, ou revendem plantas compradas em mercados de

abastecimento, tais como o CEASA (STALCUP 2000; MACÍA et al. 2005; AZEVEDO & SILVA 2006; MAIOLI -

AZEVEDO & FONSECA-KRUEL 2007).

No presente trabalho, observou-se que o extrativismo é uma atividade realizada pelo gênero

masculino. Quando a informante é do sexo feminino a coleta é realizada na mata por um parente próximo

(esposo ou pai). A mesma situação foi observada na feira livre do bairro da Tijuca, município do Rio de

Janeiro. As informantes preferiam ir coletar na mata com a presença do irmão ou de um parente masculino,

por não considerarem seguro irem sozinhas (STALCUP 2000). De acordo com o observado e segundo alguns

informantes, o gênero feminino, porém, é quem mais compra nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo,

o que também foi descrito no Mercadão de Madureira (SILVA 2008) e nas feiras livres de Barra do Piraí

(PARENTE & ROSA 2001).

A categoria de uso com maior número de espécies citadas foi a “Medicinal”, com 145 espécies,

sendo que 108 foram exclusivas desta categoria (FIGURA 8, pág. 45 e TABELA 6, pág. 46). As categorias

seguintes foram: ornamentais (18 espécies), ritualística (15 espécies), alimentares (13 espécies),

condimentares (12 espécies) e abortivas (6 espécies). As plantas comercializadas muitas vezes possuem mais

de uma categoria de uso. A maioria é comercializada como medicinal, mas também possui outros usos

(ritualístico, condimentar, alimentar e abortivo), com exceção da categoria ornamental, que possui 16

espécies exclusivas, de um total de 18 espécies (FIGURA 8, pág. 45 e FIGURA 9, pág. 46). A categoria

medicinal também foi a mais numerosa nas feiras livres do município do Rio de Janeiro (MAIOLI -AZEVEDO

& FONSECA-KRUEL 2007), na feira livre de Barra do Piraí, RJ (PARENTE & ROSA 2001) e no Mercadão de

Madureira e na CEASA, RJ (SILVA 2008). No estudo realizado com feiras na Bolívia constatou-se também

que os comerciantes não fazem distinção entre as plantas, elas são vendidas como medicinais, mas muitas

vezes possuem também caráter ritualístico (MACÍA et al. 2005). Segundo Silva (2008), o limite entre as

categorias medicinal, ritualística e condimentar é, muitas vezes, tênue.

Neste estudo, também foram avaliadas as diferentes formas de utilização das espécies medicinais

citadas. As formas de preparação foram o chá (106 espécies), xarope (26 espécies), em banho (13 espécies),

em bebida alcoólica como em vinho, cachaça, garrafada (12 espécies), “fazendo o sumo” que é feito socando

a planta ou batendo a mesma no liquidificador (12 espécies), “passando a planta com álcool no local

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45

machucado” (9 espécies) ou colocando a planta em água na temperatura ambiente (4 espécies), além de

outros tipos de preparação (16 espécies) (FIGURA 10, pág. 47; TABELA 5, pág. 28 e TABELA 7, pág. 47).

Muitas vezes uma mesma espécie possui mais de uma forma de preparo, sendo utilizada como chá ou

xarope, por exemplo. Os informantes, quando perguntados sobre o modo de preparo do chá, relataram que a

planta fresca deve ser colocada em água fervente (infusão) e a planta seca deve ser fervida junto com a água

(decocção). O “chá” é uma forma de preparo bastante difundida no Brasil, e muito citada em levantamentos

etnobotânicos urbanos, como o da feira livre de Barra do Piraí, RJ, onde a maioria (51%) das espécies era

utilizada na forma de chá (PARENTE & ROSA 2001), bem como nos mercados da CEASA (68,2%), no

Mercado de Madureira (75,5%), RJ (SILVA 2008) e na feira livre do bairro da Tijuca, RJ (47%) (STALCUP

2000). A utilização do chá também é a mais citada no trabalho realizado com dois grupos de fitoterapia do

estado do RJ (48%) (POSSE 2007). Além disso, alguns trabalhos indicam que o decocto é a principal forma

de utilização pela comunidade (PILLA et al. 2006; MONTEIRO et al. 2006).

FIGURA 8. Número de espécies indicadas em cada categoria de uso.

145

18 15 12 136

108

16

2 1 1 10

20

40

60

80

100

120

140

160

Medicinal Ornamental Ritual Condimentar Alimentar Abortiva

mer

o d

e es

péc

ies

Espécies indicadas em cada categoria Espécies exclusivas de cada categoria

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FIGURA 9: Conjuntos de espécies indicadas em cada categoria de uso.

TABELA 6: Descodificação das categorias de uso das espécies úteis.

Categoria de uso Elucidação do uso popular

Medicinal Plantas para curar doenças de acordo com a Classificação Estatística Internacional para

Doenças e Problemas Relacionados à Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS,

1996) – ver Tabelas 4 e 6.

Ornamental Plantas usadas para fazer arranjo, para enfeitar, colocar no jardim e em vasos.

Ritual Plantas utilizadas para banho, banho de descarrego, defumador, fazer incenso, essência de

igreja, para mau olhado e “vento virado” (rezar criança).

Condimentar Plantas usadas como tempero, tempero de carne, macarrão, batata e colorau.

Alimentar Planta usada na salada, na alimentação, faz quentão, coloca ralado no bolo, para fazer pão

(broa), conserva, doce e geléia.

Abortiva Plantas para abortar, para “descer”. Essas plantas foram inseridas no Capítulo 15

(Gravidez, parto e puerpério) da Classificação Estatística Internacional para Doenças e

Problemas Relacionados à Saúde (OMS 1996).

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FIGURA 10: Forma de preparação das espécies medicinais em número de espécies.

TABELA 7: Descodificação do modo de preparação das espécies medicinais.

Modo de preparação

indicada

Elucidação do modo de preparo indicada

Chá Planta colocada em água fervente ou colocada junto com a água até a ebulição

Xarope Feito com açúcar queimado ou mel, formando uma calda, a planta pode ser colocada diretamente no

açúcar, na forma de chá ou ferve o chá junto com o açúcar.

Banho Plantas com uso tópico, em que o chá é utilizado no banho.

Bebida alcoólica ou

garrafada

Plantas preparadas com vinho ou cachaça.

Sumo Planta “socada” ou batida no liquidificador com água ou leite.

Álcool Planta colocada em álcool ou álcool de cereais que é passada no local machucado.

Água Planta colocada na água em temperatura ambiente.

Outros Plantas que são mastigadas; que as folhas são “esfareladas” (rasuradas); que é feita inalação;

travesseiro; tintura ou xampú.

106

26

13 12 129

4

16

0

20

40

60

80

100

120

Chá Xarope Banho Bebidaalcoólica

Sumo Álcool Água Outros

mer

o d

e es

péc

ies

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As espécies estudadas foram incluídas em 17 categorias das 21 categorias possíveis da

Classificação Estatística Internacional para Doenças e Problemas Relacionados à Saúde da Organização

Mundial de Saúde (OMS 1996). No presente estudo, uma espécie de planta pôde estar presente em mais de

uma categoria, de acordo com a indicação do informante. A categoria com maior número de espécies citadas

foi “Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra

parte” (40 espécies), seguida por “Doenças do aparelho circulatório” (35 espécies) e “Doenças do aparelho

digestivo” (32 espécies) (TABELA 8, pág. 49).

A categoria “Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não

classificados em outra parte” possui uma grande quantidade de espécies, porque foram incluídas aí

indicações como inflamações não especificadas, dor de cabeça, dores não especificadas e tosse (TABELA 8,

pág. 49). Na Feira de Caruaru, PE, os transtornos do sistema circulatório, digestivo e afecções e dores não

definidas também obtiveram destaque (ALMEIDA & ALBUQUERQUE 2002). As mesmas categorias também

obtiveram destaque no Mercado de Madureira e na CEASA, a categoria “doenças do aparelho circulatório”

devido ao grande número de espécies para pressão alta e problemas cardíacos; as “doenças do aparelho

digestivo” devido à úlcera, gastrite e má digestão e os “sintomas ou sinais anormais de exames clínicos e de

laboratório” porque muitas espécies também foram indicadas como antinflamatórias em geral (SILVA 2008).

O tratamento de inflamações diversas foi também indicado para a maioria (41,2%) dos produtos

comercializados em Boa Vista, RR (PINTO & MADURO 2003)

As plantas indicadas para aborto foram inseridas no Capítulo 15 (Gravidez, parto e puerpério) da

Classificação Estatística Internacional para Doenças e Problemas Relacionados à Saúde da OMS (1996)

(TABELA 5, pág. 28; TABELA 6, pág. 46 e TABELA 8, pág. 49). Porém, foi observado que a comercialização

dessas espécies é diferente das espécies medicinais, algumas vezes as plantas para aborto são

comercializadas por encomenda, com um preço mais alto, e geralmente os informantes não dizem que elas

são abortivas, utilizando termos como “para descer”, ou “para regulamento atrasado”. Por isso, essas plantas

foram colocadas na categoria de uso “Abortivas”.

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TABELA 8: Descodificação das indicações dos informantes para as espécies medicinais.

Número de spp.

indicadas

Capítulo do CID Indicações dos informantes

18 Algumas doenças infecciosas e parasitárias (A00 a B99) - Cap 1

dor de barriga, diarréia, intestino solto, para meningite, hepatite, erisipela, quando fica escuro (erisipela), infecção, infecção geral, tuberculose,

antibiótico, sarampo, catapora, coceira de catapora, vermes, pulga e piolho 6 Neoplasias (tumores) (C00 a D48) -

Cap 2 câncer e câncer na próstata

12 Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos

imunitários (D50 a D89) - Cap 3

alergia, anemia, para o sangue, depurativo do sangue, para limpar o sangue e quando o sangue está fraco

24 Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (E0 a E90) – Cap4

diabetes, para emagrecer, queima gordura, para baixar/diminuir o açúcar (no sangue) e para aumentar o hormônio

1 Transtornos mentais e comportamentais (F00 a F99) – Cap 5

antidepressivo

14 Doenças do Sistema nervoso (G00 a G99) - Cap 6

calmante, problemas de memória, para dormir, insônia quando está nervoso e para meningite

4 Doenças do olho e anexos (H00 a H59) - Cap 7

para a vista e catarata

1 Doenças do ouvido e da apófise mastóide (H60 a H95) - Cap 8

para o ouvido

35 Doenças do aparelho circulatório (I00 a I99) - Cap 9

circulação do sangue, má circulação, afina o sangue, coração, angina no coração, varize (arrebentada), hemorróidas, derrame, evitar ou quem teve derrame, controla a pressão alta e baixa, desentupir veias, para colesterol e

“febrite” 27 Doenças do aparelho respiratório (J00

a J99) - Cap 10 para gripe, gripe com dor no peito, resfriado, sinusite, pneumonia,

bronquite, pulmão, tira catarro, eczema (para quem é fumante = enfisema)

32 Doenças do aparelho digestivo (K00 a K 93) - Cap 11

fígado, estômago, intestino, soltar o intestino, gastrite, úlcera, azia, inflamação nos dentes, garganta, infecção na garganta, quando está

"empachado", se sentindo cheio e anestesia os dentes 11 Doenças da pele e do tecido

subcutâneo (L00 a L99) - Cap 12 para o cabelo, crescer o cabelo, queda de cabelo, manchas de pele, as

brancas (vitiligo), coceira, pereba e furúnculo

14 Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M00 a M99) -

Cap 13

cansaço/inchação/dor nas pernas, dor muscular, "bronsite" ("dor na junta dos ossos"), torcicolo, dor no pescoço, braço, dor nos ossos, reumatismo,

"astrose", "reumatrose", coluna, dor na coluna e gota 22 Doenças do aparelho geniturinário

(N00 a N99) - Cap 14 rins, cistite, ácido úrico, cálculo, pedra nos rins, inflamação nos rins/ovário/útero, infecção na urina/útero, impotência, quando o "regulamento" (de mulher) está atrasado, menstruação atrasada e

menopausa 6 Gravidez, parto e puerpério (O00 a

O99) - Cap 15 mulher quando está esperando neném para dar leite, para "descer"

(abortiva) e abortivo

0 Algumas afecções causadas no período perinatal (P00a P96) - Cap 16

0 Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00 a Q99) - Cap 17

40 Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório,

não classificados em outra parte (R00 a R99) - Cap 18

inflamação, antiinflamatório, tombo que inflama, hemorragia, gases, tosse, tosse com pigarro, "terícia" (icterícia), dor, dor no corpo, dor de cabeça,

dor no peito, pontada, febre, anestésica e quando está enjoado

6 Lesões, envenenamento e algumas outras consequencias de causas externas (S00 a T98) – Cap 19

para pancada, quando leva uma batida e fica doendo, para cicatrizar, para machucado, tombo, para ferida e ferida nas pernas

0 Causas externas de morbidade e mortalidade (V01 a Y98) - Cap 20

0 Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde (Z00 a Z99) – Cap 21

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Os dados obtidos em campo foram analisados por metodologias quantitativas de Importância

Relativa (IR) (BENNETT & PRANCE 2000) e Saliência (QUINLAN 2005). Os cálculos de Importância Relativa

(IR) indicaram as plantas de nome popular cardo-santo ou dente-de-leão, ambas identificadas por especialista

da família Asteraceae, como a espécie Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron com o mais alto valor (1,8).

Em seqüência, apresentando IR maior que 70% observa-se o saião (Kalanchoe brasiliensis Cambess) com

1,7; arnica (Solidago chilensis Meyen) e elevante ou hortelã (Mentha x piperita L.) com 1,6; macaé

(Leonurus sibiricus L.) e erva-de-passarinho (Struthanthus concinnus Mart. ) com 1,4 (TABELA 5, pág. 28).

Todas as espécies (com exceção de Leonurus sibiricus L.) apresentam indicações relacionadas a afecções

respiratórias, pulmonares e doenças articulares, geralmente comuns na região serrana, com clima mais frio

que as cidades litorâneas. Como o cálculo de IR é baseado no número de Propriedades Farmacológicas

indicadas pelos informantes e Sistemas Corporais Tratados que cada espécie possui, o resultado apresentado

sugere que essas plantas são de grande importância para os consumidores, pois são utilizadas para o

tratamento de muitas doenças. Pode-se propor que a falta dessas espécies irá dificultar o tratamento de um

grande número de sintomas e doenças (TABELA 5, pág. 28).

O cálculo de IR pode ser encontrado em alguns trabalhos na literatura. A espécie que apresentou o

maior IR na CEASA do município do Rio de Janeiro foi Leonurus sibiricus, que também teve destaque no

presente trabalho, essa espécie é muito cultivada e comercializada em feiras e mercados no Brasil (SILVA

2008). Outros trabalhos relacionaram as espécies com valores de IR mais altos, porém nenhuma delas se

destacou no presentre trabalho (BENNETT & PRANCE 2000; ALMEIDA & ALBUQUERQUE 2002; MAIOLI -

AZEVEDO & FONSECA-KRUEL 2007). Pode-se observar que o cálculo de IR está relacionado com a

importância de uso regional das espécies medicinais, variando bastante entre os trabalhos etnobotânicos.

Utilizando os dados da listagem livre foi calculada a Saliência (QUINLAN 2005). O cálculo da

Saliência já foi utilizado para analisar as espécies citadas na listagem-livre por especialistas locais (ARAÚJO

et al. 2008; SILVA 2008) e neste trabalho, apresentou-se como o mais adequado para a avaliação da

sazonalidade, pois leva em consideração a ordenação da espécie na listagem livre e também o número de

informantes que citaram a espécie. Os informantes tendem a listar primeiro as espécies mais importantes e as

plantas mais conhecidas por eles são mais frequentemente listadas. Sendo assim, pode-se afirmar que em um

determinado grupo de pessoas, as primeiras plantas listadas são as mais importantes (SILVA 2008).

No cálculo da Saliência verificou-se que a planta de nome popular espinheira-santa obteve o maior

valor em todas as estações do ano (TABELA 9, pág. 53) e também para os dois anos de coleta (TABELA 11,

pág. 56). Os valores altos na Saliência, todos superiores a 0,50, podem indicar a grande importância que o

etnotaxon “espinheira-santa” possui para os informantes de Petrópolis. Contudo, quando é calculada a

Saliência com os nomes científicos das plantas observa-se que o resultado não é o mesmo, pois foram quatro

as espécies comercializadas com esse nome popular: Clarisia cf. ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossberg,

Sorocea aff. hilarii Gaudich, Sorocea guilleminiana Gaudich e Sorocea sp., todas da família Moraceae.

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Sorocea sp. também obteve o valor mais alto de Saliência para os dois anos de coleta de dados (TABELA 11,

pág. 56) e na estação do outono (TABELA 10, pág. 54) e Clarisia sp. na primavera (TABELA 10, pág. 54). A

grande comercialização da espinheira santa pelos informantes, possivelmente se deveu a divulgação na mídia

dos efeitos anti-ulcerogênicos da espécie Maytenus ilicifolia Mart. ex. Reiss que possui o mesmo nome

popular. Como aconteceu com a população de Santo Antônio do Rio Grande em Minas Gerais, que começou

a utilizar a espécie Clarisia ilicifolia com o nome “espinheira-santa” após essa divulgação na televisão (SÁ

2007).

Outros trabalhos verificaram a influência da mídia no conhecimento difundido nas feiras livres e

mercados (STALCUP 2000; AZEVEDO & SILVA 2006; MAIOLI -AZEVEDO & FONSECA-KRUEL 2007; SILVA

2008) e segundo os informantes das feiras e mercados do município do Rio de Janeiro, muitas espécies

passam a ser consideradas medicinais à medida que “entram em moda”, por aparecerem nos meios de

comunicação de massa, tornando-se então muito procuradas (AZEVEDO & SILVA 2006). Como outro

exemplo da influência da mídia na utilização de espécies medicinais, pode-se destacar o que foi observado

no Mercado de Madureira, onde houve um aumento na comercialização da erva-de-São-João, Ageratum

conyzoides para o tratamento da depressão, após uma reportagem em programa de televisão sobre a espécie

Hypericum perforatum L., muito comercializado em todo o mundo para tratamento da depressão e conhecida

em diversos países como St. John Wort (SILVA 2008).

Assim como no presente trabalho, a utilização de outras espécies de espinheira-santa vem sendo

observada por alguns pesquisadores, dentre elas Clarisia ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossberg (Moraceae)

(SÁ 2007), Sorocea bonplandii Bailon (Moraceae) (PARENTE & ROSA 2001; COULAUD-CUNHA et al. 2004),

S. guilleminiana Gaudich (Moraceae) (MAIOLI -AZEVEDO 2004; AZEVEDO & SILVA 2006,) S. ilicifolia Miq.

(Moraceae) (DI STASI et al. 2002), Zollernia ilicifolia Vog. (Fabaceae) (COELHO et al. 2003). Esse fato pode

ser explicado por uma possível confusão dos coletores dessas plantas, já que algumas características

fenotípicas são bastante similares entre as espécies. Essa confusão dos informantes pode ser prejudicial aos

consumidores. O trabalho feito por Coulaud-Cunha e colaboradores (2004) mostrou que todos os 28

vendedores de plantas medicinais do município do Rio de Janeiro, RJ entrevistados comercializavam

Sorocea bonplandii Bailon como espinheira-santa. Segundo os autores, não existem estudos que verifiquem

a eficácia e segurança dessa espécie. Coelho e colaboradores (2003) realizaram diferentes estudos com

Zollernia ilicifolia Vog. (Fabaceae) e observaram diferenças nos constituintes químicos entre Z. ilicifolia e

os dois tipos de Maytenus pesquisados (M. ilicifolia e M. aquifolium). Além disso, estes pesquisadores

verificaram a presença de um glicosídeo cianogênico em Z. ilicifolia Vog., o que segundo eles alerta sobre a

utilização de outras espécies denominadas espinheira-santa.

Além da espinheira santa, outros nomes populares também correspondem a diferentes espécies

como pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link, B. microstachya J. F. Macbr e B. variegata L.), assapeixe

(Vernonia aff. petiolaris DC., V. phaeoneura Toledo e Vernonia sp.), malva (Malva parviflora L. e M.

sylvestris L.), dentre outras. O inverso também ocorre, algumas espécies possuem mais de um nome popular,

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como Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen (novalgina, terramicina ou penicilina), Achillea millefolium L.

(camomila ou mil em rama), Achyrocline satureioides DC. (macela do campo ou camomila do mato), dentre

outras (TABELA 5, pág. 28).

Outro fato relevante é a presença de nomes populares relacionados aos nomes comerciais de

medicamentos industrializados, tais como “novalgina” e “penicilina” (Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen),

“terramicina” (P. glomerata e Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze.), “necroton” (Asteraceae - Indet. 2) e

“insulina” (Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis). Esse fato já foi observado em outros trabalhos

etnobotânicos, como o que relacionou espécies medicinais utilizadas pelos usuários do Sistema Único de

Saúde (SUS) no Instituto Municipal de Geriatria e Gerontologia Miguel Pedro (IGG). Nesse trabalho foram

observados nomes populares como “anador”, “novalgina”, “doril”, “mertiolate” e “elixir-paregórico”

(BRITTO 2006). A presença desses nomes populares pode ser devida à semelhança entre os efeitos

terapêuticos das drogas sintéticas em relação aos vegetais (BRITTO 2006). A denominação de plantas para

fins medicinais com nomes de especialidades farmacêuticas se deu no momento histórico que antecedeu a

virada do milênio, observando-se o retorno de práticas medievais baseadas, mais uma vez, numa terapia por

"analogia" (ALMEIDA 2003). Diferentemente da tradição empírica dos povos medievais, a analogia não é

feita pela morfologia externa do vegetal (Teoria das Assinaturas) ou mesmo pelas suas características de

crescimento e hábitat. Atualmente, os parâmetros são as atividades terapêuticas (ALMEIDA 2003).

O trabalho de Silva (2008) utilizou a Saliência para analisar os dados obtidos com informantes em

mercados no município do Rio de Janeiro (CEASA e Mercado de Madureira). Algumas das espécies que se

destacaram em ambos os trabalhos foram Echinodorus grandiflorus (chapéu-de-couro), Sorocea (no trabalho

de Silva 2008 se trata de S. cf. bonplandii - espinheira-santa) e Kalanchoe brasiliensis (saião) (TABELA 11,

pág. 56).

Na tabela 10 (pág. 54), destacaram-se as espécies indicadas pelos informantes para o tratamento de

“Doenças do aparelho respiratório”, que receberam uma marcação em cinza. Algumas dessas espécies estão

presentes nas primeiras colocações nas estações do outono e inverno, porém, nenhuma delas ficou entre as

cinco primeiras colocações na primavera e no verão, indicando que as espécies para o tratamento do sistema

respiratório são mais comercializadas em estações do ano mais frias. As espécies que são utilizadas no

tratamento do sistema respiratório e obtiveram altos valores de Saliência no outono e inverno e baixos

valores na primavera e verão, são Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron. (cardo-santo), Mikania laevigata

Sch. Bip. ex Baker (guapo ou guaco) e Kalanchoe brasiliensis Cambess (saião) (TABELA 10, pág. 54).

Outros pesquisadores já afirmaram que a dinâmica de oferta e procura das espécies e o saber local em feiras

livres e mercados podem ser influenciados pelas variações sazonais (MARTIN 2000; ALMEIDA &

ALBUQUERQUE 2002; ALBUQUERQUE et al. 2007; SILVA 2008) e que a avaliação sazonal da comercialização

de plantas é um dado importante na pesquisa etnobotânica em feiras livres (ALBUQUERQUE et al. 2007).

Contudo, não foi encontrado na literatura trabalho que avaliasse a variação sazonal de espécies medicinais

em feiras livres.

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TABELA 9: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por nome popular a cada estação do ano.

Outono (abr/2005 e mai/2006) Inverno (jul/2005 e ago/2006) Primavera (nov/2005 e out/2006) Verão (fev/2006 e fev e mar/2007) Nome popular Saliência Nome popular Saliência Nome popular Saliência Nome popular Saliência Espinheira santa 0,62 Espinheira santa 0,68 Espinheira santa 0,60 Espinheira santa 0,53 Poejo 0,43 Malva 0,52 Chapéu de couro 0,30 Trançagem 0,50 Chapéu de couro 0,25 Cardo-santo 0,48 Carqueja 0,28 Arnica 0,30 Saião 0,43 Trançagem 0,43 Paripedra 0,28 Babosa 0,27 Cardo-santo 0,40 Chapéu de couro 0,35 Salvia 0,25 Carqueja 0,23 Carqueja 0,32 Saião 0,30 Arnica 0,22 Alcachofra 0,23 Pata de vaca 0,22 Guapo ou guaco 0,25 Saião 0,22 Erva de bicho 0,22 Guapo ou guaco 0,33 Carqueja 0,23 Erva-cidreira 0,20 Louro 0,20 Malva 0,32 Manjericão 0,15 Pata de vaca 0,18 Manjericão 0,20 Salvia 0,20 Bálsamo 0,15 Malva 0,18 Aroeira 0,20 Trançagem 0,22 Erva de bicho 0,13 Poejo 0,17 Arruda 0,20 Alecrim 0,13 Poejo 0,13 Unha de gato 0,17 Guapo ou guaco 0,17 Arruda 0,18 Pata de vaca 0,13 Graviola 0,17 Poejo 0,17 Aroeira 0,17 Alecrim 0,13 Trançagem 0,15 Alecrim 0,17 Capim-cidreira 0,05 Alfavaca 0,12 Sete sangrias 0,15 Graviola 0,17 Alcachofra 0,22 Ipê-roxo 0,12 Sabugueiro 0,15 Cardo-santo 0,17 Pau-pereira 0,10 Paripedra 0,12 Carqueja doce 0,15 Chapéu de couro 0,15 Pariparoba ou capeba 0,05 Amor do campo 0,12 Eucalipto 0,15 Rosa branca 0,15 Quebra-pedra 0,03 Arnica 0,10 Gervão roxo 0,13 Salvia 0,13 Picão roxo 0,02 Assapeixe 0,10 Alcachofra 0,13 Saião 0,13 Algodão 0,07 Sucupira 0,10 Quebra-pedra 0,13 Gervão 0,13 Carobinha 0,12 Funcho 0,08 Cavalinha 0,13 Pata de vaca 0,12 Cipó-suma 0,13 Cavalinha 0,08 Marmelinho 0,12 Carobinha 0,10 Branda-fogo 0,13 Marcelão 0,07 Carrapichinho 0,12 Jamelão 0,10 Carrapichinho 0,02 Arruda 0,07 Fruta de lobo 0,12 Paripedra 0,10 Melão de São Caetano 0,05 Abre-caminho 0,07 Alecrim da horta 0,10 Sabugueiro 0,10 Hortelã 0,12 Hortelã 0,05 Assapeixe 0,10 Sete sangrias 0,07 Eucalipto 0,07 Guiné 0,05 Alfavaca 0,10 Malva 0,05 Avenca 0,08 Vassoura preta 0,05 Santa maria 0,07 Barba de velho 0,05 Gervão roxo 0,03 Capim-cidreira 0,05 Cânfora 0,07 Capim-cidreira 0,05

Babosa 0,03 Hortelã 0,07 Carrapichinho 0,05 Gengibre 0,03 Manjericão 0,03 Vassoura 0,03 Gervão 0,02 Santa Luzia 0,03 Quebra-pedra 0,02 Insulina ou Mãe boa 0,03 Assapeixe 0,02 Mastruz 0,02 Algodão 0,02 Guapo ou guaco 0,02 Erva-cidreira 0,02 Erva de bicho 0,02

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TABELA 10: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por espécie a cada estação do ano (páginas 54 e 55).

Outono (abr/2005 e mai/2006) Inverno (jul/2005 e ago/2006) Primavera (nov/2005 e out/2006) Verão (fev/2006 e fev e mar/2007)

Espécie Sal. Espécie Sal. Espécie Sal. Espécie Sal.

Sorocea sp. 0,45 Malva sylvestris L. 0,52 Clarisia sp. 0,43 Plantago australis Lam. 0,42

Kalanchoe brasiliensis Cambess. 0,43 Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron. 0,48 Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli

0,30 Clarisia sp. 0,32

Mentha pulegium L. 0,43 Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli

0,35 Baccharis myriocephala DC. 0,28 Solidago chilensis Meyen 0,30

Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron.

0,40 Clarisia cf. ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossberg

0,40 Salvia officinalis L. 0,25 Aloe sp. 0,27

Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker

0,33 Kalanchoe brasiliensis Cambess. 0,30 Solidago chilensis Meyen 0,22 Cynara scolymus L. 0,23

Baccharis myriocephala DC. 0,32 Sorocea sp. 0,28 Kalanchoe brasiliensis Cambess. 0,22 Polygonum persicaria L. 0,22

Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli

0,25 Plantago australis Lam. 0,27 Lippia alba (Mill.) N. E. Br 0,20 Sorocea sp. 0,22

Bauhinia forficata Link 0,22 Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker 0,25 Bauhinia forficata Link 0,18 Ruta graveolens L. 0,20

Cynara scolymus L. 0,22 Baccharis myriocephala DC. 0,23 Mentha pulegium L. 0,17 Laurus nobilis L. 0,20

Salvia officinalis L. 0,20 Plantago sp. 0,17 Sorocea sp. 0,17 Ocimum cf. basilicum L. 0,20

Malva sylvestris L. 0,20 Ocimum cf. basilicum L. 0,15 Annona muricata L. 0,17 Schinus terebinthifolius Raddi 0,20

Ruta graveolens L. 0,18 Crassulaceae -Indet. 0,15 Malva sylvestris L. 0,17 Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker

0,17

Schinus terebinthifolius Raddi 0,17 Polygonum persicaria L. 0,13 Indet. 8 0,17 Rosmarinus officinalis L. 0,17

Clarisia sp. 0,17 Rosmarinus officinalis L. 0,13 Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. F. Macbr

0,15 Annona muricata L. 0,17

Plantago australis Lam. 0,15 Bauhinia forficata Link 0,13 Phenax sp. 0,15 Mentha pulegium L. 0,17

Rosmarinus officinalis L. 0,13 Mentha pulegium L. 0,13 Sambucus nigra L. 0,15 Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron.

0,17

Miconia chartacea Triana 0,13 Ocimum gratissimum L. 0,12 Baccharis usteri Heering 0,15 Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli

0,15

Indet. 1 0,13 Phenax sp. 0,12 Eucalyptus sp2 0,15 Rosa sp. 0,15

Mentha x piperita L. 0,12 Bignoniaceae – Indet. 0,12 Cynara scolymus L. 0,13 Salvia officinalis L. 0,13

Malva parviflora L. 0,12 Desmodium adscendens (Sw.) DC. 0,12 Stachytarpheta cayanesis Valh 0,13 Bouchea cf. laetevirens Schauer 0,13

Jacaranda sp. 0,12 Solidago chilensis Meyen 0,10 Phyllanthus tenellus Roxb. 0,13 Kalanchoe brasiliensis Cambess. 0,13

Geissospermum laeve (Vell.) Miers 0,10 Sucupira * 0,10 Boehmeria sp. 0,13 Bauhinia forficata Link 0,12

Adiantum raddianum Pr. 0,08 Foeniculum vulgare Mill. 0,08 Equisetum hyemale L. 0,13 Baccharis sp. 0,12

Plantago sp. 0,07 Equisetum hyemale L. 0,08 Solanum lycocarpum A. St. -Hil. 0,12 Baccharis myriocephala DC. 0,12

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Outono (abr/2005 e mai/2006) Inverno (jul/2005 e ago/2006) Primavera (nov/2005 e out/2006) Verão (fev/2006 e fev e mar/2007)

Espécie Sal. Espécie Sal. Espécie Sal. Espécie Sal.

Eucalyptus sp1 0,07 Vernonia phaeoneura Toledo 0,07 Desmodium adscendens (Sw.) DC. 0,12 Jacaranda cf. puberula Cham. 0,10

Gossypium herbaceum L. 0,07 Ruta graveolens L. 0,07 Euphorbiaceae - Indet 0,12 Syzygium cumini (L.) Skeels 0,10

Momordica charantia L. 0,05 Artemisia annua L. 0,07 Ocimum gratissimum L. 0,10 Sambucus nigra L. 0,10

Pariparoba ou capeba* 0,05 Lygodium volubile Sw. 0,07 Rosmarinus officinalis L. 0,10 Phenax sonneratii (Poir.) Wedd. 0,10

Phyllanthus tenellus Roxb. 0,03 Petiveria alliacea L. 0,05 Vernonia phaeoneura Toledo 0,10 Plantago sp. 0,08

Cymbopogon citratus (DC.) Stapf 0,03 Sida planicaulis Cav. 0,05 Chenopodium ambrosioides L. 0,08 Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. F. Macbr

0,07

Bouchea cf. laetevirens Schauer 0,03 Mentha x piperita L. 0,05 Plantago sp. 0,08 Tillandsia usneoides L. 0,05

Bidens pilosa L. 0,02 Cymbopogon citratus (DC.) Stapf 0,05 Plantago australis Lam. 0,07 Cymbopogon citratus (DC.) Stapf 0,05

Desmodium adscendens (Sw.) DC. 0,02 Vernonia sp. 0,03 Artemisia sp. 0,07 Desmodium adscendens (Sw.) DC. 0,05

Lippia alba (Mill.) N. E. Br 0,02 Zingiber officinale Roscoe 0,03 Mentha x piperita L. 0,07 Sida planicaulis Cav. 0,03

Aloe vera L. 0,03 Pistia stratiotes L. 0,03 Malva sylvestris L. 0,03

Bouchea cf. laetevirens Schauer 0,02 Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis

0,03 Phyllanthus tenellus Roxb. 0,02

Ocimum cf. basilicum L. 0,03 Vernonia phaeoneura Toledo 0,02

Polygonum persicaria L. 0,02 Malva sp. 0,02

Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker

0,02 Gossypium hirsutum L. 0,02

Malva sp. 0,02 Lippia alba (Mill.) N. E. Br 0,02

Legenda: * Espécie não encontrada para aquisição; as espécies marcadas em cinza foram indicadas para o tratamento de “Doenças do aparelho

respiratório”.

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TABELA 11: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por espécie (coluna da esquerda) e nome

popular (coluna da direita) no período de abril de 2005 a março de 2007 (páginas 56 e 57).

Espécie Saliência Nome popular Saliência

Sorocea sp. 0,279 Espinheira santa 0,608

Kalanchoe brasiliensis Cambess. 0,271 Trançagem 0,325

Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron. 0,263 Saião 0,271 Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli

0,262 Malva 0,267

Baccharis myriocephala DC. 0,237 Carqueja 0,267

Clarisia sp. 0,229 Cardo-santo 0,263

Malva sylvestris L. 0,229 Chapéu de couro 0,262

Mentha pulegium L. 0,225 Poejo 0,225

Plantago australis Lam. 0,225 Guapo ou guaco 0,192

Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker 0,192 Pata de vaca 0,162

Bauhinia forficata Link 0,162 Arnica 0,154

Solidago chilensis Meyen 0,154 Salvia 0,146

Cynara scolymus L. 0,146 Alcachofra 0,146

Salvia officinalis L. 0,146 Paripedra 0,125

Rosmarinus officinalis L. 0,133 Arruda 0,112

Ruta graveolens L. 0,112 Alecrim 0,108

Clarisia cf. ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossberg 0,100 Manjericão 0,096

Plantago sp. 0,100 Erva de bicho 0,092

Ocimum cf. basilicum L. 0,096 Aroeira 0,092

Polygonum persicaria L. 0,092 Graviola 0,083

Schinus terebinthifolius Raddi 0,092 Gervão 0,079

Annona muricata L. 0,083 Carrapichinho 0,075

Desmodium adscendens (Sw.) DC. 0,075 Babosa 0,075

Aloe sp. 0,067 Sabugueiro 0,063

Phenax sp. 0,067 Hortelã 0,058

Sambucus nigra L. 0,063 Assapeixe 0,054

Lippia alba (Mill.) N. E. Br 0,058 Erva-cidreira 0,054

Mentha x piperita L. 0,058 Sete sangrias 0,054

Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. F. Macbr 0,054 Carobinha 0,054

Equisetum hyemale L. 0,054 Alfavaca 0,054

Ocimum gratissimum L. 0,054 Cavalinha 0,054

Laurus nobilis L. 0,050 Eucalipto 0,054

Bouchea cf. laetevirens Schauer 0,046 Louro 0,050

Phyllanthus tenellus Roxb. 0,046 Quebra pedra 0,046

Vernonia phaeoneura Toledo 0,046 Unha de gato 0,042

Indet. 8 0,042 Capim-cidreira 0,038

Baccharis usteri Heering 0,037 Rosa branca 0,037

Crassulaceae - Indet 0,037 Carqueja doce 0,037

Eucalyptus sp2 0,037 Bálsamo 0,037

Rosa sp. 0,037 Branda-fogo 0,033

Boehmeria sp. 0,033 Cipó-suma 0,033

Cymbopogon citratus (DC.) Stapf 0,033 Ipê-roxo 0,029

Indet. 1 0,033 Marmelinho 0,029

Miconia chartacea Triana 0,033 Fruta de lobo 0,029

Stachytarpheta cayanesis Valh 0,033 Jamelão 0,025

Baccharis sp. 0,029 Pau-pereira 0,025

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Espécie Saliência Nome popular Saliência

Euphorbiaceae - Indet 0,029 Sucupira 0,025

Bignoniaceae – Indet. 0,029 Alecrim da horta 0,025

Jacaranda sp. 0,029 Algodão 0,021

Malva parviflora L. 0,029 Avenca 0,021

Solanum lycocarpum A. St. -Hil. 0,029 Funcho 0,021

Geissospermum laeve (Vell.) Miers 0,025 Santa Maria 0,017

Jacaranda cf. puberula Cham. 0,025 Cânfora 0,017

Phenax sonneratii (Poir.) Wedd. 0,025 Abre-caminho 0,017

Sucupira * 0,025 Marcelão 0,017

Syzygium cumini (L.) Skeels 0,025 Pariparoba ou capeba 0,013

Adiantum raddianum Pr. 0,021 Vassoura preta 0,013

Chenopodium ambrosioides L. 0,021 Barba de velho 0,013

Foeniculum vulgare Mill. 0,021 Melão de São Caetano 0,013

Sida planicaulis Cav. 0,021 Guiné 0,013

Artemisia annua L. 0,017 Vassoura 0,008

Artemisia sp. 0,017 Santa Luzia 0,008

Eucalyptus sp1 0,017 Insulina ou Mãe boa 0,008

Gossypium herbaceum L. 0,017 Gengibre 0,008

Lygodium volubile Sw. 0,017 Picão roxo 0,004

Momordica charantia L. 0,013 Mastruz 0,004

Pariparoba ou capeba * 0,013

Petiveria alliacea L. 0,013

Tillandsia usneoides L. 0,013

Aloe vera L. 0,008

Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis 0,008

Malva sp. 0,008

Pistia stratiotes L. 0,008

Vernonia sp. 0,008

Zingiber officinale Roscoe 0,008

Bidens pilosa L. 0,004

Gossypium hirsutum L. 0,004

Legenda: * Espécie não encontrada para aquisição.

Durante o levantamento etnobotânico prévio (SANTOS 2006) verificou-se que a planta com o nome

popular erva-de-passarinho foi a única indicada para o tratamento da tuberculose. De acordo com os

objetivos do trabalho, plantas com este nome popular foram obtidas junto aos informantes em Petrópolis e

Nova Friburgo. Após a identificação taxonômica feita pelo pesquisador Carlos Henrique Reif (Universidade

Santa Úrsula - USU), verificou-se que a espécie comercializada como erva-de-passarinho em Petrópolis era

Struthanthus marginatus (Loranthaceae, RB 468941 e RFA 34490) (adquirida em 31/07/2007) e a espécie

comercializada em Nova Friburgo era S. concinnus (Loranthaceae, RB 469119 e RFA 34484) (adquirida em

13/09/2007). Essas espécies foram então selecionadas para a avaliação fitoquímica e para a realização dos

ensaios biológicos. A espécie S. concinnus também se destacou no cálculo da Importância Relativa,

alcançando 1,4 (TABELA 5, pág. 28).

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No levantamento bibliográfico foi observado que as espécies parasitas da família Loranthaceae

podem apresentar modificações em sua composição química e em sua atividade biológica conforme o

hospedeiro que habitam (DEENI & SADIQ 2002; MARTINS et al. 2006). A cultura popular refere-se à

maceração de espécies do gênero para o combate da pneumonia, porém tomando o cuidado de utilizar

plantas obtidas de hospedeiro que não tenha espinhos (REIF DE PAULA 2004). Além disso, os informantes

foram muito enfáticos ao descrever os cuidados com o tipo de hospedeiro em que se encontravam as espécies

de Struthanthus, ao afirmar que "não pode ser tirado da árvore que tem espinho, porque o espinho vira

veneno, pode dar caroço, alergia, e porque puxa o veneno do espinho" (Seu J). Dessa forma, foi solicitado

aos informantes que trouxessem material botânico dos hospedeiros das espécies de Struthanthus coletadas. O

espécime Struthanthus marginatus coletado estava parasitando o assapeixe, Vernonia sp. (RB 469120),

família Asteraceae e o espécime S. concinnus encontrava-se sobre a amora, Morus alba L. (RB 468944),

família Moraceae. Segundo os informantes, é preferível que o hospedeiro também seja uma espécie utilizada

no tratamento de tosse, bronquite, problemas pulmonares, dentre outros, como é o caso do assapeixe e da

amora.

A busca de informações que possam justificar essa observação sobre o cuidado com hospedeiros

com espinho levou a uma publicação sobre as plantas citadas na Bíblia Sagrada, que registra uma variedade

enorme de tipos de plantas com espinhos, entre esses, “kotz”, espinheiros, abrolhos, cardos, urtigas (LEITÃO

2007). Segundo a autora, o “kotz”, espinho utilizado na coroa de Cristo, é associado ao sofrimento como

conseqüência do pecado de toda a humanidade que ele estava redimindo na cruz (LEITÃO 2007). Além da

relação com sofrimento, o impedimento da utilização de hospedeiros com espinhos também pode estar

associada a metabólitos secundários tóxicos, como os presentes em famílias com espinhos, como Cactaceae,

Euphorbiaceae e Rutaceae.

Visto que o trabalho tem como foco a busca por plantas com possível atividade antimicobacteriana

foi desenvolvido um formulário voltado para ampliação das informações sobre plantas indicadas contra

tuberculose (ANEXO 4). Nesses formulários, respondidos por todos os informantes de Petrópolis e Nova

Friburgo, foram citadas 17 espécies vegetais. O cálculo da Saliência (QUINLAN 2005) foi realizado,

verificando-se que as plantas com maior valor de Saliência foram mastruz ou mentruz (Chenopodium

ambrosioides L.) com 0,400; assapeixe (Vernonia sp.) com 0,336; guapo (Mikania laevigata Sch. Bip. ex

Baker) com 0,330; saião (Kalanchoe brasiliensis Cambess.) com 0,273 e as ervas-de-passarinho

Struthanthus concinnus com 0,227 e S. marginatus com 0,225 (TABELA 13, pág. 60).

Contudo, se levarmos em consideração os nomes populares ao invés do científico, a “erva-de-

passarinho” passa ao primeiro lugar com saliência de 0,452, pois o etnotáxon reúne as duas espécies de

Struthanthus. O grande destaque indica a grande importância da erva-de-passarinho no tratamento de tosse,

doenças pulmonares e tuberculose. A existência de um etnotáxon “erva-de-passarinho” pode ser confirmada

pela fala de um dos informantes “erva-de-passarinho é tudo igual, o que muda é a planta que ela está em

cima” (Seu O, comunicação pessoal).

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TABELA 12: Levantamento bibliográfico de pesquisas com espécies do gênero Struthanthus.

Espécie Hospedeiro Uso popular Substâncias observadas Atividade in vitro ou in vivo Bibliografia

S. angustifolius Para retenção da placenta SCARPA

(2004)

S. cassythoides Dores, febre, problemas respiratórios e pulmonares, erupções e feridas na pele.

Alcalóides. COE &

ANDERSON

(1996)

S. concinnus Tratamento de problemas do pulmão e tuberculose

STALCUP (2000)

S. marginatus Mangifera indica (Anacardiaceae - mangueira)

Alcalóides, saponinas, taninos, flavonóides, esteróides e triterpenóides, dentre outros.

Atividade citotóxica frente ao carcinoma de Ehrlich.

PISSINATE (2006)

S. marginatus Datura suaveolens (Solanaceae - trombeteira)

Atropina e traços de outros alcalóides (detectados também no hospedeiro).

MARTINS et al. (2006)

S. orbicularis Mordida de cobra. Neutralização do veneno e do efeito hemorrágico causado pela cobra Bothrops atrox.

OTERO et al. (2000 a,b,c)

S. venetus Para tosse e como agente hipoglicêmico

Redução da taxa de pressão arterial e cardíaca

LORENZANA-JIMÉNEZ et al. (2006)

S. vulgaris Tipuana tipu (Fabaceae)

Taninos SALATINO et al. (1993).

S. vulgaris Psidium guajava (Myrtaceae - goiabeira)

Flavonóides, taninos, saponinas e prantocianidinas.

Ação antimicrobiana. VIEIRA et al. (2005).

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TABELA 13: Plantas indicadas para o tratamento do “pulmão”, “tosse” e “tuberculose” pelos informantes de Petrópolis e Nova Friburgo,RJ.

Família Espécie Nome popular Frequência (%) Saliência

CHENOPODIACEAE Chenopodium ambrosioides L. Mentruz ou Mastruz 54,5 0,400

ASTERACEAE Vernonia sp. Assapeixe 54,5 0,336

ASTERACEAE Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker Guapo 45,5 0,330

CRASSULACEAE Kalanchoe brasiliensis Cambess. Saião 54,5 0,273

LORANTHACEAE Struthanthus concinnus Mart. Erva-de-passarinho 27,3 0,227

LORANTHACEAE Struthanthus marginatus (Desr.) G. Don Erva-de-passarinho 45,5 0,225

CUCURBITACEAE Momordica charantia L. Melão-de-São-Caetano 18,2 0,164

ASTERACEAE Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron. Cardo-santo 18,2 0,117

LAMIACEAE Mentha pulegium L. Poejo 18,2 0,114

LAMIACEAE Ocimum gratissimum L. Alfavaca 18,2 0,091

ASTERACEAE Baccharis myriocephala DC. Carqueja 9,1 0,076

LAMIACEAE Ocimum cf. basilicum L. Manjericão 9,1 0,061

POACEAE Cymbopogon citratus (DC.) Stapf Capim-cidreira 9,1 0,061

LAMIACEAE Glechoma hederacea L. Erva-terrestre 9,1 0,045

ASTERACEAE Elephantopus mollis Kunth. Erva grossa 9,1 0,036

PTERIDACEAE (PVSS) Adiantum raddianum Pr. Avenca 9,1 0,023

MORACEAE Morus alba L. Amora 9,1 0,013

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61

4.2 Análises fitoquímicas e ensaios biológicos

Durante o levantamento etnobotânico prévio (SANTOS 2006) a erva-de-passarinho foi indicada

popularmente para o tratamento da tuberculose. Foi observado, então, que duas espécies são comercializadas

com este nome comum, sendo ambas adquiridas para análise fitoquímica. O material biológico de

Struthanthus marginatus e S. concinnus adquirido com os informantes em Petrópolis e Nova Friburgo foi

seco e triturado. O material resultante foi então utilizado para a preparação de extratos em etanol. Os extratos

etanólicos dessas espécies foram repartidos entre água e solventes de polaridade crescente gerando novos

extratos em hexano, diclorometano, acetato de etila e n-butanol. Foram realizadas cromatografias em camada

delgada (CCD) com todos esses extratos (FIGURA 11, pág. 62 a FIGURA 13, pág. 63).

Os resultados mostraram semelhanças entre os cromatogramas de ambas as espécies para todos os

eluentes ensaiados, com coincidência das migrações nos campos cromatográficos (Rf) para a maioria das

manchas. No entanto, também mostraram a presença de uma mancha roxa com migração no campo

cromatográfico de 0,66 no extrato em hexano de S. marginatus (SMPAH) que não está presente em S.

concinnus (FIGURA 11 B, pág. 62); e a presença de duas manchas no extrato em diclorometano de

S.concinnus (SCFOD), uma mancha marrom escura e com migração no campo cromatográfico de 0,48 e

outra mancha marrom clara com migração de 0,57 que não estão presentes no extrato de S. marginatus

(FIGURA 12 A, pág. 62). No extrato em acetato de etila foi possível verificar muitas manchas diferentes entre

os extratos das duas espécies (FIGURA 13 A e B). Já os extratos em butanol, foram muito semelhantes entre

as duas espécies (FIGURA 13 B, pág. 63).

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62

FIGURA 11: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em hexano de Struthanthus

marginatus (SMPAH) e S. concinnus (SCFOH). Eluentes: hexano (A) e hexano e acetato de etila (9:1) (B).

Revelação: Ácido Sulfúrico 20% seguido de aquecimento. Seta: mancha roxa com migração no campo

cromatográfico de 0,66.

FIGURA 12: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em diclorometano de

Struthanthus marginatus (SMPAD) e S. concinnus (SCFOD). Eluentes: diclorometano (A) e diclorometano e

acetato de etila (9:1) (B). Revelação: Ácido Sulfúrico 20% seguido de aquecimento. Setas: mancha marrom

escura (migração no campo cromatográfico de 0,48) e outra mancha marrom clara (migração no campo

cromatográfico de 0,57).

A B

A B

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63

FIGURA 13: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em acetato de etila de

Struthanthus marginatus (SMPAA) e S. concinnus (SCFOA). Eluente: acetato de etila (A). CCD

comparando os extratos em acetato de etila e butanol de Struthanthus marginatus (SMPAA e SMPAB) e S.

concinnus (SCFOA e SCFOB). Eluentes: acetato de etila, acetona e água destilada (10:8:2) (B). Revelação:

Ácido Sulfúrico 20% seguido de aquecimento.

Os extratos em etanol, em hexano, diclorometano, acetato de etila e n-butanol de Struthanthus

marginatus e S. concinnus foram avaliados quanto à sua ação antimicobacteriana pela equipe do Dr. Pedro

Eduardo Almeida da Silva da FURG, RS. Os extratos foram testados contra a cepa padrão de Mycobacterium

tuberculosis H37Rv e contra a cepa resistente à rifampicina (35388). Os resultados evidenciaram a atividade

nos extratos em etanol, em hexano e em diclorometano de Struthanthus marginatus e S. concinnus para

ambas as cepas, na concentração de 200 µg/mL e também no extrato em acetato de etila contra a cepa

resistente à rifampicina de S. concinnus (TABELA 14, pág. 64). A Concentração Inibitória Mínima (CIM) foi

então verificada e o valor mais baixo foi de 25 µg/mL para os extratos etanólicos de S. concinnus em ambas

as cepas, e para o extrato hexânico de S. concinnus contra a cepa resistente à rifampicina (TABELA 14, pág.

64). Esse resultado é relevante quando comparamos com o trabalho realizado com espécies utilizadas

tradicionalmente para tuberculose na Turquia, em que seis espécies apresentaram uma inibição do

crescimento de M. tuberculosis na concentração de 50 µg/mL (TOSUNA et al. 2004). O CIM da rifampicina

para a cepa padrão (H37Rv) é de 0,5 µg/mL (Tatiane Silveira Coelho – comunicação pessoal).

Existem outras metodologias para avaliar a ação antimicobacteriana, em outro artigo Cantrell e

colaboradores (1998) testaram extratos de 118 plantas da flora das Américas contra Mycobacterium

tuberculosis e M. avium e, quando os extratos apresentavam mais de 90% de inibição em uma concentração

de 100 µg/mL, esta atividade foi considerada alta.

A B

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64

TABELA 14: Resultado do ensaio biológico realizado com as cepas de Mycobacterium tuberculosis

– H37RV (Cepa padrão – sensível a rifampicina - RMP) e cepa 35388 (resistente a rifampicina - RMP) nos

diferentes extratos de Struthanthus marginatus e S. concinnus, a 200 µg/mL, e as respectivas CIM (200 a

0,39 µg/mL).

Struthanthus marginatus Struthanthus concinnus

Extrato em Cepa H37Rv

CIM µg/mL

Cepa 35388

CIM µg/mL

Cepa H37Rv

CIM µg/mL

Cepa 35388

CIM µg/mL

etanol sensível 100 sensível 200 sensível 25 sensível 25

hexano sensível 100 sensível 100 sensível 50 sensível 25

diclorometano sensível 100 sensível 200 sensível 50 sensível 50

acetato de etila resistente resistente resistente sensível 100

n-butanol resistente resistente resistente resistente

A presença de atividade antimicobacteriana em espécies de Struthanthus não havia sido relatada

anteriormente. Newton e colaboradores (2000) realizaram uma grande revisão bibliográfica sobre extratos de

plantas, e substâncias isoladas a partir destas, que foram ensaiadas contra o Mycobacterium. Nessa revisão,

são relacionadas cerca de 140 espécies. Contudo, nenhuma delas, pertence ao gênero Struthanthus ou à

família Loranthaceae. Outras espécies listadas no presente levantamento etnobotânico já foram ensaiadas

contra o Mycobacterium, e apresentaram atividade, tais como Bidens pilosa (Asteraceae), Cinnamomum

zeylanicum (Lauraceae), Momordica charantia (Cucurbitaceae), Salvia officinalis (Lamiaceae), Tetradenia

riparia (Lamiaceae) e Zingiber officinalis (Zingiberaceae) (NEWTON et al. 2000) (TABELA 15, pág. 66).

Outros trabalhos utilizaram a medicina popular como fonte de substâncias com atividade

antimicobacteriana. Por exemplo, o estudo realizado com espécies medicinais utilizadas tradicionalmente

para tratar doenças pulmonares na África do Sul e que foram ensaiadas contra Mycobacterium tuberculosis

(H37Rv) (LALL & MEYEN 1999). As espécies Chenopodium ambrosioides e Thymus vulgaris apresentaram

CIM de 0,5 mg/mL e também são comercializadas nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo (TABELA

15, pág. 66) (LALL & MEYEN 1999). Um estudo realizado em comunidades quilombolas de Oriximiná, PA

verificou que as espécies que haviam sido relacionadas pela comunidade para o tratamento de doenças

pulmonares obtinham mais sucesso nos ensaios de atividade antimicobacteriana do que as selecionadas

aleatóriamente (OLIVEIRA 2009).

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Esses estudos indicam que espécies da medicina tradicional possuem potencial para

desenvolvimento futuro de medicamentos úteis no controle da tuberculose (LALL & MEYEN 1999) e que as

feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo podem ser uma fonte de espécies com potencial

antimicobacteriano (TABELA 15, pág. 66).

Um trabalho foi realizado para avaliar a toxidez aguda do extrato hidroalcoólico de. S. marginatus

em roedores. O extrato de S. marginatus apresentou letalidade dependente da dose quando administrado por

via intra-peritonial (A DL50 do extrato administrado ip. à ratos foi 579,61 mg/Kg e à camundongos 461,34

mg/Kg). Entretanto, por via oral não houve letalidade até a maior dose administrada, indicando que pode não

existir toxidez nesta via de administração. Também não houve alteração significativa no peso dos animais, na

observação macroscópica dos órgãos e nos parâmetros bioquímicos analisados (ANDRADE et al. 2008).

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TABELA 15: Levantamento bibliográfico de pesquisas com espécies comercializadas em feiras livres em Petrópolis e Nova Friburgo com atividade contra

o Mycobacterium tuberculosis.

Família Espécie Extrato Atividade sobre M. tuberculosis Utilizada na medicina popular

Bibliografia

Asteraceae Artemisia annua diclorometano 77% de inibição em 0,1mg/mL CANTRELL et al. 1998

Asteraceae Bidens pilosa etanol 100 µg/mL Ruanda NEWTON et al. 2000

Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides* acetona 0,5 mg/mL África do Sul LALL & MEYEN 1999

Cucurbitaceae Momordica charantia* etanol Halo de inibição de 30mm na concentração de 500 µg/disco para M. smegmatis. Ativo contra M. tuberculosis em 500 µg.

NEWTON et al. 2000

Lamiaceae Salvia officinalis etanol ativo NEWTON et al. 2000

Lamiaceae Tetradenia riparia Diterpenediol isolado do extrato etanólico

Ativo contra M. tuberculosis entre 25 e 100µg/mL, dependendo da cepa

Ruanda NEWTON et al. 2000

Lamiaceae Thymus vulgaris acetona 0,5 mg/mL África do Sul LALL & MEYEN 1999

Lauraceae Cinnamomum zeylanicum aquoso Inibição completa do crescimento na diluição 1:640

NEWTON et al. 2000

Zingiberaceae Zingiber officinalis gingeróis isolados do extrato em diclometano

Variando entre 25 e 100 µg/mL NEWTON et al. 2000

Legenda: * espécie indicada pelos informantes de Petrópolis e Nova Friburgo para o tratamento do “pulmão”, “tosse” e “tuberculose”.

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FIGURA 14: Cromatografia com fase líquida em coluna empacotada com gel de sílica do

extrato em hexano de Struthanthus marginatus.

No sentido de isolar e identificar as substâncias ativas contra o Mycobacterium tuberculosis

no extrato em hexano de Struthanthus marginatus foi realizada uma coluna líquida em coluna

empacotada em gel de sílica desse extrato, dando origem às frações SMH-1 até SMH-33 (FIGURA 14,

pág. 67 e TABELA 16, pág. 68). As frações SMH que foram submetidas a ensaios in vitro contra M.

tuberculosis estão representadas na tabela 13 (pág. 60). De SMH-7 a SMH-33, quase todas as frações

apresentaram atividade na concentração de 200 µg/mL (TABELA 16, pág. 68). A CIM foi então

avaliada para todas as frações e o menor valor foi 25 µg/mL obtido para SMH-10 e SMH-14, para

ambas as cepas, e para SMH7 quando ensaiadas frente à cepa resistente a rifampicina (TABELA 16,

pág. 68).

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TABELA 16: Atividade antimicobacteriana das frações do extrato hexanico de Struthanthus

marginatus (SMH) ensaiadas contra Mycobacterium tuberculosis, H37RV (cepa padrão – sensível à

rifampicina) e cepa 35388 (resistente à rifampicina), a uma concentração de 200 µg/mL, e as

respectivas CIM (200 a 0,39 µg/mL).

Frações Peso (g)

Cepa H37Rv

(200µg/mL.)

CIM

(µg/mL)

Cepa 35388

(200µg/mL.)

CIM

(µg/mL)

SMH2 0,2815 resistente resistente

SMH3 0,4052 resistente sensível 200

SMH4 0,1045 resistente resistente

SMH5 1,4875 resistente resistente

SMH6 0,2640 resistente resistente

SMH7 0,4835 sensível 200 sensível 25

SMH8 0,3136 sensível 200 sensível 50

SMH9 0,0523 resistente sensível 200

SMH10 0,0519 sensível 25 sensível 25

SMH11 0,0597 sensível 100 sensível 50

SMH12 0,2217 sensível 200 sensível 100

SMH13 0,0701 sensível 200 sensível 100

SMH14 0,0414 sensível 25 sensível 25

SMH15 0,0415 sensível 50 sensível 100

SMH16 0,0505 sensível 50 sensível 200

SMH17 0,0873 sensível 100 sensível 200

SMH18 0,0980 sensível 100 sensível 100

SMH19 0,0346 sensível 50 sensível 50

SMH20 0,0301 sensível 100 sensível 100

SMH 22 e 23 0,0381 sensível >200 sensível 200

SMH27 0,0947 sensível 200 sensível 200

SMH28 0,2161 sensível >200 sensível >200

SMH29 0,0711 sensível 200 sensível 200

SMH30 0,0795 sensível >200 sensível >200

SMH32 0,0539 sensível 200 sensível 200

SMH33 0,0393 sensível 200 sensível >200

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As figuras 15 de A a O (pág. 70) mostram a análise por CCD do fracionamento de SMH por

cromatografia em coluna. Durante a evaporação da fração SMH-9 houve a formação abundante de

cristais sob a forma de agulha, que foram lavados com hexano e submetidos a análise por RMN 1H e 13C. O espectro de RMN 1H de SMH-9 (ANEXOS 5.1 a 5.3) apresenta sinais compatíveis com a

presença de um (ou mais) esterol (FIGURA 16B, pág. 74). A comparação dos valores de deslocamento

químico obtidos dos carbonos no espectro de RMN 13C com a literatura (DELLA GRECA et al. 1990)

confirma a presença do sitosterol como um dos componentes da fração, que, na verdade, trata-se de

uma mistura de, pelo menos, 2 esteróis (TABELA 17, pág. 75).

A fração SMH-13 foi submetida a análise de RMN 1H e 13C (ANEXOS 5.9 a 5.15). A

comparação dos valores do deslocamento químico de 1H e 13C com a literatura mostra que esses são

idênticos aos de 3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol (TABELA 17, pág. 75 e FIGURA 16A, pág.

74), isolado anteriormente da espécie Hyphear tanakae, uma erva-de-passarinho japonesa (mistletoe),

da família Loranthaceae, mesma família de Struthanthus sp. (FUKUNAGA et al. 1998). Este e o

segundo registro de ocorrência desta substância na natureza. Outra substância com estrutura muito

parecida ao SMH-13 foi descoberta em 1973, o loranthol, lup-(30)-eno-3β,7β-diol (fórmula C30H50O2),

um novo triterpenóide pentaciclico isolado de Loranthus grewinkii, também pertencente à família

Loranthaceae e que parasita árvores no Paquistão (RAHMAN et al. 1973).

A fração SMH-13 apresentou atividade antimicobacteriana em ambas as cepas - 200 µg/mL

para cepa H37Rv e 100 µg/mL para a cepa resistente a rifampicina (TABELA 16, pág. 68). A literatura

mostra que os triterpenos originados de plantas possuem atividade de moderada a significativa contra

o Mycobacterium tuberculosis (CANTRELL et al. 2001).

Metabólitos secundários originados de terpenóides dominam a lista de produtos naturais

com atividade antimicobacteriana, possivelmente porque existem mais pesquisas com plantas

terrestres, que tendem a se especializar na biosíntese de terpenos, e também porque os derivados de

terpenóides são tipicamente lipofílicos, o que pode ajudar na penetração da parede celular do

Mycobacterium (COPP 2003). As substancias lipofilicas são significativamente mais ativas que seus

análogos polares (CANTRELL et al. 2001).

Existem alguns exemplos de triterpenóides do tipo lupano substituídos que apresentam

atividade antimicobacteriana. A inibição do crescimento celular, no entanto, pode variar bastante com

a estrutura, por exemplo: para o lupeol a CIM é de 27 µg/mL, para o ácido betulinico 29 µg/mL,

enquanto o acetato de lupeol, a lupenona e nor-lupanos se mostram inativos (COPP 2003). Em outro

trabalho, foi observado que muitos triterpenóides pentacíclicos com atividade antimicobacteriana entre

8 e >128µM têm sido isolados, sendo o mais ativo a zeorina, isolada de Sarmienta scandens

(Gesneriaceae), uma planta epífita do Chile. Essa substância apresentou CIM de 8 µg/mL (CANTRELL

et al. 2001).

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70

FIGURA 15: Cromatografias em Camada Delgada (CCD) comparando as frações de SMH-1

a SMH-33 de Struthanthus marginatus usando diferentes concentrações de solvente (A a E: eluentes

de 5% a 15 % de acetato de etila + hexano).

A B C

D E

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71

FIGURA 15 (cont.): Cromatografias em Camada Delgada (CCD) comparando as frações de

SMH-1 a SMH-33 de Struthanthus marginatus usando diferentes concentrações de solvente (F a I):

eluentes de 20% a 35 % de acetato de etila + hexano).

F G

H I

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72

FIGURA 15 (cont.): Cromatografias em Camada Delgada (CCD) comparando as frações de

SMH-1 a SMH-33 de Struthanthus marginatus usando diferentes concentrações de solvente (J a M):

eluentes de 50% a 80 % de acetato de etila + hexano).

L M

J K

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73

FIGURA 15 (cont.): Cromatografias em Camada Delgada (CCD) comparando as frações de

SMH-1 a SMH-33 de Struthanthus marginatus usando diferentes concentrações de solvente (N e O):

eluentes de 90% a 100 % de acetato de etila + hexano).

A fração SMH-24, também isolada durante a cromatografia empacotada com gel de sílica,

foi analisada no RMN de 1H e 13C. Os espectros de RMN de 1H e 13C de SMH-24 mostraram-se muito

semelhantes aos de SMH-9, revelando, porém, a presença adicional de sinais compatíveis com uma

porção n-acílica e uma porção glucosídica. A comparação desses dados com aqueles da literatura

(GOMES & ALEGRIO 1998) para o 3-O-[6´-O-n-acil-β-glucosil]-sitosterol revelam que trata-se da

mesma substância (TABELA 17, pág. 75 e FIGURA 16B, pág. 74). A fração SMH-24 não foi enviada

para realização dos ensaios biológicos porque não apresentou quantidade suficiente.

N O

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74

A

B

FIGURA 16: A. SMH-13 (3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol); B. SMH-9 (Sitosterol)

e SMH-24 (3-O-[6´-O-n-acil-β-glucosil]-sitosterol).

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75

TABELA 17: Comparação dos valores de deslocamento químico (δ) 13C (ppm, TMS) de

SMH-13, SMH-9 e SMH-24 obtidos por RMN (100Hz) com os de 3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-

3β,7β,15α-triol (FUKUNAGA et al. 1998), e Sitosterol (DELLA GRECA et al. 1990) e 3-O-[6´-O-n-acil-

β-glucosil]-sitosterol (GOMES & ALEGRIO 1998) (páginas 75 e 76).

C

3-O-n-acil-lup-

20(29)-eno-

3β,7β,15α-triol

SMH-13 Sitosterol SMH-9

3-O-[6´-O-n-

acil-β-glucosil]-

sitosterol

SMH-24 C

1 38,5 38,42 37,33 37,29 37,33 37,275 1

2 23,8 23,75 31,63 31,67 31,63 31,88 2

3 80,3 80,2 71,73 71,80 71,73 79,57 3

4 37,6 37,49 42,20 42,31 42,20 42,339 4

5 52,2 52,09 140,71 140,77 140,71 140,30 5

6 28,1 27,95 121,63 121,70 121,63 122,15 6

7 72,5 72,4 31,96 31,93 31,96 31,936 7

8 47,9 47,86 31,81 31,93 31,81 31,882 8

9 50,3 50,25 51,13 50,17 51,13 50,188 9

10 37,3 37,22 36,43 36,16 36,43 36,150 10

11 20,7 20,65 21,09 21,10 21,09 21,076 11

12 25,2 25,15 39,79 39,81 39,79 39,772 12

13 37,5 37,48 42,37 42,31 42,37 42,339 13

14 49,0 49,03 56,75 56,79 56,75 56,770 14

15 67,9 67,7 24,15 24,32 24,15 24,296 15

16 45,6 45,48 28,25 28,26 28,25 28,242 16

17 42,6 42,5 56,02 56,09 56,02 56,103 17

18 47,6 47,55 11,84 12,00 11,84 11,982 18

19 48,2 48,10 19,46 19,41 19,46 19,349 19

20 150,3 150,31 36,07 36,16 36,07 36,150 20

21 30,2 30,15 18,68 18,81 18,68 18,785 21

22 39,8 39,81 33,95 33,981 33,95 33,962 22

23 27,9 27,91 26,10 26,14 26,10 26,12 23

24 15,6 15,62 45,82 45,87 45,82 45,853 24

25 16,5 16,45 29,15 29,20 29,15 29,18 25

26 10,9 10,88 19,77 19,83 19,77 19,811 26

27 8,4 8,40 19,21 19,07 19,21 19,038 27

28 18,9 18,89 23,13 23,10 23,13 23,083 28

29 109,7 109,69 11,04 11,88 11,04 11,855 29

30 19,4 19,35 30

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76

C

3-O-n-acil-lup-

20(29)-eno-

3β,7β,15α-triol

SMH-13 Sitosterol SMH-9

3-O-[6´-O-n-

acil-β-glucosil]-

sitosterol SMH-24 C

parte ác. graxo parte glucosídica

CH3 14,1 101,10 101,2 1’

CH2 22,7 73,9 73,93 2’

24,9 76,4 76, 3’

29,2 70,10 70,15 4’

29,4 73,5 73,6 5’

29,5 63,20 63,24 6’

29,6 25,40 24’

29,7 parte n-acílica

31,9 174,10 174,62 1’’

34,8 34,21 34,24 2’’

C 173,7 24,90 24,96 3’’

29,70 29,55-29,71 4’’

22,70 22, 15’’

14,10 14,11 16’’

12,30 24’’

31,93

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77

FIGURA 17: Os comerciantes de plantas medicinais de Petrópolis, RJ.

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78

FIGURA 18: O comerciante de plantas medicinais de Nova Friburgo, RJ.

FIGURA 19: As plantas ornamentais comercializadas em Petrópolis, RJ.

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79

5. CONCLUSÕES

O presente estudo indica que os comerciantes de plantas medicinais das feiras livres de

Petrópolis e Nova Friburgo possuem conhecimento sobre as plantas que comercializam. O grande

número de espécies (172) indicado por poucos informantes (4) pode estar relacionado ao fato de

somente essas pessoas venderem plantas medicinais nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo e

os compradores referirem-se a eles como especialistas locais, consultando-os sobre que plantas

medicinais podem utilizar.

O cálculo da saliência mostrou-se uma boa forma para análisar a variação sazonal da

comercialização de espécies medicinais nas feiras livres e mercados. O presente estudo verificou uma

maior comercialização das espécies indicadas para o tratamento de “Doenças do aparelho respiratório”

nos meses mais frios (outono e inverno).

A “espinheira santa” foi o etnotáxon que mais se destacou no cálculo da saliência, contudo

são quatro espécies diferentes comercializadas com esse nome popular (Clarisia cf. ilicifolia , Sorocea

aff. hilarii , Sorocea guilleminiana e Sorocea sp., todas da família Moraceae). A grande

comercialização da espinheira santa, possivelmente se deveu a divulgação na mídia dos efeitos anti-

ulcerogênicos da espécie Maytenus ilicifolia (Celastraceae) que possui o mesmo nome popular.

A indicação popular do uso anti-tuberculose das duas espécies de Struthanthus foi

respaldada pelos ensaios biológicos. As ervas-de-passarinho da família Loranthaceae são de grande

interesse para a pesquisa, pois são utilizadas na medicina popular, apesar de não existirem muitos

estudos sobre sua fitoquímica ou farmacologia na bibliografia. Elas são de fácil avaliação fitoquímica

e também são comuns na natureza. Por seu hábito parasita são normalmente retiradas e eliminadas das

árvores pela população, assim, sua retirada para o consumo pode não representar risco ambiental.

O fracionamento do extrato hexânico de Struthanthus marginatus revelou a substância 3-O-

n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol, que foi registrada anteriormente apenas uma vez na natureza em

espécie de Loranthaceae, indicando uma possível semelhança química entre as espécies da família.

A etnobotânica em feiras livres mostrou-se como uma boa fonte para a pesquisa de novos

fármacos. Os resultados são promissores e indicam a relevância do trabalho. A continuidade desta

pesquisa deverá contribuir para o conhecimento de plantas com uso popular disseminado com pouca

bibliografia especializada. Além disso, os bons resultados obtidos a partir dos extratos e frações de

Struthanthus marginatus e S. concinnus contra as cepas de Mycobacterium tuberculosis e a ausência

de toxidez da espécie S. marginatus por via oral indicam a continuidade das pesquisas com estas

espécies.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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89

ANEXO 1

TERMO DE ANUENCIA PRÉVIA Prezado (a) Estamos nos dirigindo ao Senhor (a) com o objetivo de solicitar o seu consentimento

para participar de um estudo que trata das plantas comercializadas em feiras livres.

A sua participação neste estudo é livre, tendo, portanto a liberdade de recusar esta

proposta. Caso aceite, garantimos que em qualquer momento o senhor (a) poderá interromper

sua participação e retirar seu consentimento.

A sua valiosa participação se dará através de entrevista e questionário, a ser realizada

na feira livre que o senhor (a) trabalha.

Os depoimentos fornecidos nas entrevistas contribuirão para o conhecimento das

plantas comercializadas e suas utilizações pela população. Este trabalho, a princípio, não

possui fins econômicos. Porém, caso os resultados demonstrem potencial para virem a ser

utilizados para fins econômicos, os pesquisadores se comprometem a contactá-lo novamente a

fim de elaborar um contrato para repartição de benefícios de maneira justa.

Agradecemos a atenção dispensada.

_____________________________

Estando ciente do conteúdo deste termo de consentimento e do referido estudo, declaro estar de acordo em participar do mesmo na qualidade de entrevistado (a) e autorizo a utilização dos depoimentos. Declaro, ainda, que estou recebendo uma cópia deste termo de consentimento.

Petrópolis, de de .

_____________________________________

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ANEXO 2

90

No. Nome popular Indicação Parte usada

Forma preparação/ forma de uso

(infusão, xarope)

Modo de aplicação

(oral, banho, ...)

Dose (quantidade intervalo de tempo)

Preço Procedência (cultivada ou extraída/ de

onde?)

Observações (sobre uso e/ou

presença de flor ou fruto)

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

Feira: _______________________ Data: ____________ Local: _________________ Município: __________________ Entrevistado: ____________________________________________________________________

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91

ANEXO 3

Plantas úteis vendidas na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro

Informante:

Nome completo: ____________________________________ Idade: _____ Sexo: F M

Endereço e local onde mora: ______________________________________________________

Local de Nascimento: ____________________ Quanto tempo vive aqui? _________________

Qual a sua religião____________________________

Trabalha em outras feiras livres? sim não Qual (is)? ____________________________

Com quem o senhor(a) aprendeu sobre a utilização dessas plantas? ________________________

O senhor(a) tem passado o seu conhecimento a alguém? sim não Quem? ___________

1. Quais são as dez plantas mais vendidas na sua barraca?

P1. _______________________ P6. _______________________

P2. _______________________ P7. _______________________

P3. _______________________ P8. _______________________

P4. _______________________ P9. _______________________

P5. _______________________ P10. ______________________

2. O Sr.(a) utiliza na sua casa alguma destas plantas? Quais?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3. Atualmente, o Sr.(a) percebe alguma diferença em relação as plantas usadas e que vêm de mata?

Sim Não Como elas se apresentam?

na mesma quantidade

hoje têm mais plantas que antes

hoje têm menos plantas que antes

Outras _______________________

Data: ___________________ Local: _________________ Município: __________________

Nome da Feira livre: _______________________ Entrevistador:___________________

Folha

n.º: _____

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92

ANEXO 4

Questionário Tuberculose

1. O senhor vende plantas para tratar o pulmão?

Planta Modo de preparo

1.

2.

3.

4.

5.

2. O senhor vende plantas para tratar tosse?

Planta Modo de preparo Tosse seca, pigarro ou

tosse com catarro?

O senhor vende plantas para tratar Tuberculose?

Planta Modo de preparo Quanto tempo de

tratamento?

Data: ___________________ Local: _________________ Município: __________________

Nome da Feira livre: _______________________ Entrevistador:___________________

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93

ppm (t1)1.02.03.04.05.06.07.0

0

50

100

150

200

7.283

5.3705.357

3.5493.5383.525

2.2992.2892.284

2.0101.869

1.845

1.508

1.266

1.0210.943

0.927

0.858

0.8400.836

0.8180.693

ANEXO 5.1: Espectro de RMN de 1H de SMH-9 (CDCl3, TMS, 400 MHz).

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94

Hz (t1)200020502100

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

2077.7

69

2069.1

70

2062.6

62

2058.0

51

2056.3

39

2053.7

91

2051.6

66

2044.8

38

2037.9

56

2023.0

18

2014.3

39

2007.7

95

1999.3

25

ANEXO 5.2: Espectro de RMN de 1H de SMH-9 (CDCl3, TMS, 400 MHz) - expansão.

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95

Hz (t1)300350400

0

50

100

150

200

399.197

392.229

377.399

370.843

343.417

336.204

334.309

327.356

277.277

ANEXO 5.3: Espectro de RMN de 1H de SMH-9 (CDCl3, TMS, 400 MHz) – expansão (metilas).

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96

ppm (t1)50100150

0

500

1000

1500

2000

2500

3000145.856

140.775

138.313

129.302

121.703

116.482

71.80056.793

56.099

50.17045.871

42.315

39.810

37.290

36.166

33.981

31.93531.671

29.203

28.263

26.140

24.325

23.106

21.110

19.83519.41319.07318.81111.880

ANEXO 5.4: Espectro de RMN de 13C de SMH-9 (CDCl3, TMS, 100 MHz).

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97

ppm (t1)15.020.025.030.035.040.045.050.055.0

0

500

1000

1500

2000

2500

300056.793

56.099

50.170

45.871

42.315

39.810

37.290

36.166

33.981

31.935

31.671

29.72529.20328.263

26.140

24.325

23.106

21.110

19.835

19.413

19.073

18.811

11.880

ANEXO 5.5: Espectro de RMN de 13C de SMH-9 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 1.

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98

ppm (t1)20.025.030.035.0

0

500

1000

1500

2000

2500

300037.290

36.528

36.166

36.006

33.981

31.935

31.671

29.725

29.203

28.927

28.63728.263

27.966

26.140

25.419

24.325

23.106

21.110

19.835

19.413

19.073

18.811

ANEXO 5.6: Espectro de RMN de 13C de SMH-9 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 2.

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99

ppm (t1)15.020.025.0

0

500

1000

1500

2000

2500

300029.725

29.203

28.927

28.63728.263

27.966

26.140

25.419

24.325

23.106

21.110

19.835

19.413

19.073

18.811

12.773

12.007

11.880

ANEXO 5.7: Espectro de RMN de 13C de SMH-9 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 3.

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100

ppm (t2)0.01.02.03.04.05.06.0

0

50

100

ppm (t1)

ANEXO 5.8: Espectro de RMN de HSQC de SMH-9 (CDCl3, TMS, 400 MHz).

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101

ppm (t1)0.01.02.03.04.05.06.07.0

0

50000000

100000000

150000000

200000000

7.282

4.6924.607

4.5014.4894.473

2.297

1.697

1.336

1.296

1.266

1.086

0.994

0.8920.883

0.8600.8540.843

ANEXO 5.9: Espectro de RMN de 1H de SMH-13 (CDCl3, TMS, 400 MHz).

O

O

nOH

OH

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102

ppm (t1)3.504.004.50

0

5000000

10000000

15000000

4.692

4.607

4.501

4.4894.473

4.461

4.162

4.1504.134

4.122

3.816

3.8043.789

3.777

ANEXO 5.10: Espectro de RMN de 1H de SMH-13 (CDCl3, TMS, 400 MHz) – expansão.

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103

Hz (t1)350400

0

50000000

100000000

434.318

397.397

356.691

353.230

343.802341.454

337.117

ANEXO 5.11: Espectro de RMN de 1H de SMH-13 (CDCl3, TMS, 400 MHz) – expansão (metilas).

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104

ppm (t1)50100150

0

1000

2000

3000

4000

173.714

150.329

109.70480.254

77.37777.05976.741

72.462

67.814

52.11250.277

48.121

47.575

45.506

42.529

39.827

38.444

37.56437.50737.238

34.830

31.939

27.97227.926

25.16924.919

23.77822.70520.67419.41518.91916.47515.64410.9068.425

ANEXO 5.12: Espectro de RMN de 13C de SMH-13 (CDCl3, TMS, 100 MHz).

O

O

nOH

OH

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105

ppm (t1)1020304050

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

350052.112

50.277

49.03048.121

47.881

47.575

45.506

42.529

39.827

38.44437.56437.507

37.238

34.830

31.939

30.17429.69829.27327.97227.926

25.169

24.919

23.778

22.705

20.674

19.41518.919

16.475

15.644

14.136

10.906

8.425

ANEXO 5.13: Espectro de RMN de 13C de SMH-13 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 1.

O

O

nOH

OH

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106

ppm (t1)35.040.045.050.0

0

500

1000

1500

2000

2500

52.112

50.277

49.030

48.12147.881

47.575

45.506

42.529

39.827

38.444

37.564

37.507

37.238

34.830

31.939

ANEXO 5.14: Espectro de RMN de 13C de SMH-13 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 2.

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107

ppm (t1)27.5028.0028.5029.0029.5030.00

0

500

1000

1500

200030.174

29.698

29.482

29.372

29.273

29.186

27.972

27.926

ANEXO 5.15: Espectro de RMN de 13C de SMH-13 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 3.

O

O

nOH

OH

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108

ppm (t1)0.01.02.03.04.05.06.07.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

9.0

7.284

5.389

5.387

5.383

5.378

5.375

4.410

4.391

4.315

3.588

3.586

3.586

3.570

3.507

3.402

3.401

3.400

3.379

2.366

2.191

1.025

0.866

0.848

0.845

0.700

0.021

ANEXO 5.16: Espectro de RMN de 1H de SMH-24 (CDCl3, TMS, 400 MHz).

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109

ppm (t1)3.504.004.50

0.00

0.50

1.00

1.50

4.488

4.477

4.458

4.446

4.410

4.391

4.3164.315

4.2884.2864.285

3.5883.5863.5863.570

3.507

3.4263.425

3.4023.4013.400

3.379

3.3593.357

ANEXO 5.17: Espectro de RMN de 1H de SMH-24 (CDCl3, TMS, 400 MHz) - expansão.

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110

ppm (t1)0.700.800.901.001.10

0.0

5.0

10.01.025

0.950

0.934

0.917

0.901

0.885

0.866

0.848

0.8450.827

0.700

ANEXO 5.18: Espectro de RMN de 1H de SMH-24 (CDCl3, TMS, 400 MHz) – expansão (metilas).

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111

ppm (t1)50100150

0

50000000

100000000

150000000

200000000

174.629

173.627

173.449

140.308

122.156

101.201

79.574

73.93973.60270.150

63.246

56.770

56.103

50.188

45.853

39.772

38.90137.275

36.15034.24533.962

24.962

14.112

11.98211.855

ANEXO 5.19: Espectro de RMN de 13C de SMH-24 (CDCl3, TMS, 100 MHz).

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112

ppm (t1)50.055.060.065.070.075.080.0

0

50000000

100000000

79.574

76.038

73.93973.602

70.150

63.246

56.77056.103

50.188

45.853

ANEXO 5.20: Espectro de RMN de 13C de SMH-24 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 1.

Page 125:  · UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ... MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário MDR TB - Tuberculose resistente a múltiplas drogas

113

ppm (t1)20.025.030.035.040.0

0

50000000

100000000

42.339

39.772

38.901

37.275

36.736

36.150

34.245

33.962

31.936

29.341

29.18028.242

27.216

26.126

24.962

24.296

23.083

22.691

21.076

19.81119.349

19.03818.785

ANEXO 5.21: Espectro de RMN de 13C de SMH-24 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 2.

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