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i
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM
BIOTECNOLOGIA VEGETAL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
PLANTAS MEDICINAIS VENDIDAS EM FEIRAS LIVRES EM PETRÓPOLIS E NOVA FRIBURGO , RJ
E ANÁLISE FITOQUÍMICA DE ESPÉCIES POTENCIAIS .
Feira do Centro, Petrópolis, RJ em 12 de agosto de 2006.
FERNANDA LEITÃO DOS SANTOS
ORIENTADORA : DRª SUZANA GUIMARÃES LEITÃO
ORIENTADORA : DRA. MARA ZÉLIA DE ALMEIDA
RIO DE JANEIRO
2009
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
FERNANDA LEITÃO DOS SANTOS
PLANTAS MEDICINAIS VENDIDAS EM FEIRAS LIVRES EM PETRÓPOLIS E NOVA FRIBURGO , RJ
E ANÁLISE FITOQUÍMICA DE ESPÉCIES POTENCIAIS .
________________________________________________________ Drª Suzana Guimarães Leitão Orientador
________________________________________________________ Drª Mara Zélia de Almeida Orientador
________________________________________________________ Drª Inês Machline Silva Membro da Banca Examinadora ________________________________________________________ Dr Davyson de Lima Moreira Membro da Banca Examinadora ________________________________________________________ Drª Maria Auxiliadora Coelho Kaplan Membro da Banca Examinadora
Rio de Janeiro, ___________________________
_________________________________________
Dr. Celso Luiz Salgueiro Lage
Programa de Pós Graduação em Biotecnologia Vegetal
Dissertação de Mestrado apresentada ao PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA VEGETAL da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
Leitão, Fernanda “Plantas medicinais vendidas em feiras livres em Petrópolis e Nova Friburgo, RJ e análise
fitoquímica de espécies” / Fernanda Leitão – Rio de Janeiro, 2009. xi + 113 p.il.
Dissertação de Mestrado do Programa de Pós Graduação em Biotecnologia Vegetal,
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Orientadora: Drª Suzana Guimarães Leitão
Orientadora: Drª Mara Zélia de Almeida
1. Etnobotânica urbana. 2. Feiras Livres. 3. Plantas medicinais. 4. Rio de Janeiro. 5. Erva-de-passarinho. 6. Struthanthus. 7. Mycobacterium tuberculosis
iv
AGRADECIMENTOS
Aos informantes de Petrópolis e Nova Friburgo, sem os quais este trabalho não seria
possível.
À minha família e amigos.
Às minhas orientadoras Prof. Suzana Leitão e Prof. Mara Zélia de Almeida.
À Prof. Fernanda Reinert, Prof. Eliana Tavares, Prof. Viviane Stern da Fonseca-Kruel e
Prof. Inês Machline Silva.
Aos amigos do laboratório e em especial à aluna Raquel Parente.
Aos amigos Pedro Fragoso e Sabrina Almeida pelas correções no abstract.
Aos professores da Banca Examinadora da dissertação e do projeto de tese: Dr Celso Luiz
Salgueiro Lage, Drª Celuta Sales Alviano, Dr Davyson de Lima Moreira, Drª Fernanda Reinert, Drª
Gilda Guimarães Leitão, Drª Inês Machline Silva, Drª Luci de Senna-Valle, Drª Selma Ribeiro de
Paiva e em especial à professora Drª Maria Auxiliadora Coelho Kaplan por ter sido também a revisora
desta dissertação.
Aos pesquisadores e especialistas das famílias botânicas Andréa Ferreira da Costa – UFRJ,
Berenice Chiavegatto – JBRJ, Carlos Henrique Reif – USU, Claudine Mynssen – JBRJ, Fátima
Regina Gonçalves Salimena –UFJF, Gustavo Heiden – JBRJ, João Marcelo Braga – JBRJ, Josafá
Carlos de Siqueira SJ – PUC/RJ, Lana da Silva Sylvestre – UFRRJ, Lucia Freire Carvalho – JBRJ;
Luiz José Soares Pinto – MN/UFRJ, Marcelo da Costa Souza – JBRJ, Marcelo Vianna Filho –
MN/UFRJ, Marcia Vignoli da Silva – UFRGS, Massimo Giuseppe Bovini – JBRJ, , Rafaela
Campostrini Forzza – JBRJ, Raquel Fernandes Monteiro – JBRJ, Roberto L. Esteves – UERJ, Sara
Lopes de Sousa Winter – JBRJ, pelas identificações taxonômicas e pela atenção dispensada.
Ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por permitir minha entrada em suas instalações,
principalmente no herbário, pelo contato com especialistas e pesquisadores nas famílias botânicas e
pelo depósito das espécies.
À equipe do Prof. Dr. Pedro Eduardo Almeida da Silva, Departamento de Patologia,
Laboratório de Micobactérias da FURG, RS, em especial à aluna de mestrado Tatiane Silveira Coelho
pelos ensaios biológicos.
Ao CNRMN/UFRJ – Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear Jiri Jonas, onde
foram realizadas as experiências no aparelho de Ressonância Magnética Nuclear.
Ao CNPq pela bolsa concedida.
v
L ISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APA - Área de Proteção Ambiental
BCG - Bacilo de Calmette-Guérin
BS - Sistemas Corporais Tratados
CBO - Classificação Brasileira de Ocupações
CCD - Cromatografia em Camada Delgada
CDCl3 - clorofórmio deuterado
CEASA – Centrais de Abastecimento
CID - Classificação Estatística Internacional para Doenças e Problemas Relacionados à Saúde da
Organização Mundial de Saúde.
CIDE - Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro
CIM - Concentração Inibitória Mínima
CNRMN/UFRJ – Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear Jiri Jonas
DMSO - Dimetilsulfóxido
FURG - Fundação Universidade Federal do Rio Grande
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IGG - Instituto Municipal de Geriatria e Gerontologia Miguel Pedro
IPNI - The International Plant Names Index
IR - Importância Relativa
JBRJ – Jardim Botânico do Rio de Janeiro
MABA - Microplate Alamar Blue Assay
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
MDR TB - Tuberculose resistente a múltiplas drogas
MG - Museu Goeldi
MIRR - Museu Integrado de Roraima
MMA – Ministéio do Meio Ambiente
MN/UFRJ – Museu Nacional do Rio de Janeiro
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
OADC - Ácido oléico, albumina, dextrose, catalase
OMS - Organização Mundial de Saúde
PARNASO - Parque Nacional da Serra dos Órgãos
PBV - Pós-graduação em Biotecnologia Vegetal
PH - Propriedades Farmacológicas indicadas pelos informantes
PMNF – Prefeitura Municipal de Nova Friburgo
vi
PUC/RJ - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
R – Herbário do Museu Nacional do Rio de Janeiro
RB - Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
RBR – Herbário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
REMA - Resazurin Microtiter Assay Plate
REMC - Reserva Ecológica de Macaé de Cima
RFA - Herbário da Universidade Federal do Rio de Janeiro
RMN -Ressonância Magnética Nuclear
RMP - rifampicina
RUSU – Herbário da Universidade Santa Úrsula
SEDET - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado do Rio de
Janeiro
SIDA - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
SUS - Sistema Único de Saúde
TAP - Termo de Anuência Prévia
TCE - Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro
TMS - tetrametilsilano
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora
UFP - Universidade Federal de Pernambuco
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
USU - Universidade Santa Úrsula
vii
L ISTA DE FIGURAS
FIGURA CAPA: Feira do Centro, Petrópolis, RJ em 12 de agosto de 2006 ......................................................... capa
FIGURA 1: A. Reprodução de Struthanthus marginatus e B. Reprodução de Struthanthus concinnus presentes na
Flora Brasiliensis .................................................................................................................................................... 8
FIGURA 2: Mapa das regiões do Rio de Janeiro...................................................................................................... 14
FIGURA 3: Imagens de satélite da Rua Manoel Lourenço Sobrinho, onde se localiza a Feira livre de Olaria, Nova
Friburgo, RJ ........................................................................................................................................................... 14
FIGURA 4: Imagens de satélite das feiras livres de Petrópolis, RJ, com destaque para a localização da feira do
Centro e do Alto da Serra ...................................................................................................................................... 15
FIGURA 5. Famílias botânicas mais representativas em número de espécies ........................................................ 27
FIGURA 6. Número de espécies por possíveis continentes de origem ................................................................... 43
FIGURA 7. Forma de obtenção das espécies indicadas pelos informantes de Petrópolis e Nova Friburgo, RJ
................................................................................................................................................................................ 43
FIGURA 8. Número de espécies indicadas em cada categoria de uso .................................................................... 45
FIGURA 9: Conjuntos de espécies indicadas em cada categoria de uso ................................................................. 46
FIGURA 10: Forma de preparação das espécies medicinais em número de espécies ............................................ 47
FIGURA 11: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em hexano de Struthanthus marginatus
(SMPAH) e S. concinnus (SCFOH). Eluentes: hexano (A) e hexano e acetato de etila (9:1) (B). Revelação:
Ácido Sulfúrico 20% seguido de aquecimento. Seta: mancha roxa com migração no campo cromatográfico de
0,66 ........................................................................................................................................................................ 62
FIGURA 12: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em diclorometano de Struthanthus
marginatus (SMPAD) e S. concinnus (SCFOD). Eluentes: diclorometano (A) e diclorometano e acetato de etila
(9:1) (B). Revelação: Ácido Sulfúrico 20% seguido de aquecimento. Setas: mancha marrom escura (migração no
campo cromatográfico de 0,48) e outra mancha marrom clara (migração no campo cromatográfico de 0,57).
................................................................................................................................................................................ 62
FIGURA 13: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em acetato de etila de Struthanthus
marginatus (SMPAA) e S. concinnus (SCFOA). Eluente: acetato de etila (A). CCD comparando os extratos em
acetato de etila e butanol de Struthanthus marginatus (SMPAA e SMPAB) e S. concinnus (SCFOA e SCFOB).
Eluentes: acetato de etila, acetona e água destilada (10:8:2) (B). Revelação: Ácido Sulfúrico 20% seguido de
aquecimento .......................................................................................................................................................... 63
FIGURA 14: Cromatografia líquida em coluna empacotada com gel de sílica do extrato em hexano de
Struthanthus marginatus ....................................................................................................................................... 67
FIGURA 15: Cromatografias em Camada Delgada (CCD) comparando as frações de SMH-1 a SMH-33 de
Struthanthus marginatus usando diferentes concentrações de solvente ............................................................... 70
FIGURA 16: A. SMH-13 (3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol); B. SMH-9 (Sitosterol) e SMH-24 (3-O-[6´-
O-n-acil-β-glucosil]-sitosterol) .............................................................................................................................. 74
FIGURA 17: Os comerciantes de plantas medicinais de Petrópolis, RJ .................................................................. 77
FIGURA 18: O comerciante de plantas medicinais de Nova Friburgo, RJ ............................................................. 78
FIGURA 19: As plantas ornamentais comercializadas em Petrópolis, RJ .............................................................. 78
viii
L ISTA DE TABELAS
TABELA 1: Pesquisadores e especialistas consultados que identificaram material botânico ................ 18
TABELA 2: Sistema de solventes para eluição da coluna cromatográfica do extrato em hexano de
Struthanthus marginatus (SMPAH) ..................................................................................................... 20
TABELA 3: Estudos relacionados à venda de plantas úteis em feiras e/ou mercados realizados no Brasil
................................................................................................................................................................ 25
TABELA 4: Perfil dos informantes das feiras livres em Petrópolis e Nova Friburgo ............................ 26
TABELA 5: Plantas úteis indicadas pelos informantes e vendidas nas feiras livres dos municípios de
Petrópolis e Nova Friburgo , RJ ............................................................................................................ 28
TABELA 6: Descodificação das categorias de uso das espécies úteis ................................................... 46
TABELA 7: Descodificação do modo de preparação das espécies medicinais ...................................... 47
TABELA 8: Descodificação das indicações dos informantes para as espécies medicinais .................... 49
TABELA 9: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por nome popular a cada estação do ano .. 53
TABELA 10: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por espécie a cada estação do ano ........... 54
TABELA 11: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por espécie (coluna da esquerda) e nome
popular (coluna da direita) no período de abril de 2005 a março de 2007 ........................................... 56
TABELA 12: Levantamento bibliográfico de pesquisas com espécies do gênero Struthanthus ............ 59
TABELA 13: Plantas indicadas para o tratamento do “pulmão”, “tosse” e “tuberculose” pelos
informantes de Petrópolis e Nova Friburgo,RJ ..................................................................................... 60
TABELA 14: Resultado do ensaio biológico realizado com as cepas de Mycobacterium tuberculosis –
H37RV (Cepa padrão – sensível a rifampicina - RMP) e cepa 35388 (resistente a rifampicina - RMP)
nos diferentes extratos de Struthanthus marginatus e S. concinnus, a 200 µg/mL, e as respectivas CIM
(200 a 0,39 µg/mL) ............................................................................................................................... 64
TABELA 15: Levantamento bibliográfico de pesquisas com espécies comercializadas em feiras livres
em Petrópolis e Nova Friburgo com atividade contra o Mycobacterium tuberculosis ......................... 66
TABELA 16: Atividade antimicobacteriana das frações do extrato hexanico de Struthanthus marginatus
(SMH) ensaiadas contra Mycobacterium tuberculosis, H37RV (cepa padrão – sensível à rifampicina) e
cepa 35388 (resistente à rifampicina), a uma concentração de 200 µg/mL, e as respectivas CIM (200 a
0,39 µg/mL) .......................................................................................................................................... 68
TABELA 17: Comparação dos valores de deslocamento químico (δ) 13C (ppm, TMS) de SMH-13,
SMH-9 e SMH-24 obtidos por RMN (100Hz) com os de 3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol
(FUKUNAGA et al. 1998), e Sitosterol (DELLA GRECA et al. 1990) e 3-O-[6´-O-n-acil-β-glucosil]-
sitosterol (GOMES & ALEGRIO 1998) .................................................................................................... 75
ix
RESUMO
(Plantas medicinais vendidas em feiras livres em Petrópolis e Nova Friburgo, RJ e
análise fitoquímica de espécies potenciais). A etnobotânica tem se destacado na busca do
conhecimento local, que pode resultar no desenvolvimento de novos fármacos de interesse médico ou
farmacêutico. Ainda hoje, em muitas regiões do país, as plantas medicinais são comercializadas em
feiras livres e mercados populares. Contudo, ainda são poucos os estudos realizados em ambientes
urbanos. O presente trabalho teve como foco a realização de um estudo etnobotânico em feiras livres
dos municípios de Petrópolis e Nova Friburgo, RJ. Quatro comerciantes de plantas medicinais foram
entrevistados entre abril de 2005 e agosto de 2008. Embora esse estudo tenha selecionado as barracas
que comercializam plantas medicinais, foi observada também a venda de plantas para outros usos:
abortivo, alimentar, condimentar, ornamental e ritualístico. As plantas indicadas pelos comerciantes
foram adquiridas e constituíram material testemunho dos herbários do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro e no da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os dados obtidos nas entrevistas foram
analisados com o cálculo da Importância Relativa e Saliência. Durante este trabalho os informantes
relacionaram 172 espécies, em 58 famílias botânicas. A família mais representativa em número de
espécies foi Asteraceae (30 espécies), seguida de Lamiaceae (14 espécies). A variação sazonal das
espécies comercializadas pelos informantes de Petrópolis foi analisada pelo cálculo da Saliência e
verificou uma maior comercialização das espécies indicadas para o tratamento de “Doenças do
aparelho respiratório” nos meses mais frios (outono e inverno). Durante o levantamento etnobotânico
verificou-se a comercialização de duas espécies de erva-de-passarinho com indicação para o
tratamento de tuberculose: Struthanthus marginatus (em Petrópolis) e S. concinnus (em Nova
Friburgo). Essas espécies foram adquiridas com os informantes e analisadas no laboratório de
Farmacognosia, UFRJ. Os ensaios biológicos realizados contra o Mycobacterium tuberculosis
evidenciaram a atividade nos extratos em etanol, em hexano e em diclorometano de Struthanthus
marginatus e S. concinnus e também no extrato em acetato de etila de S. concinnus. A Concentração
Inibitória Mínima (CIM) foi verificada e o valor mais baixo foi de 25 µg/mL para os extratos etanólico
e hexânico de S. concinnus. O extrato hexânico de Struthanthus marginatus foi fracionado em uma
cromatografia líquida em coluna empacotada com gel de sílica seguida por cromatografias em camada
fina. As frações obtidas nessa coluna também foram submetidas a ensaios contra o M. tuberculosis e a
grande maioria também apresentou atividade antimicobacteriana. A partir dessas frações foram
isoladas três substâncias: 3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol, sitosterol e 3-O-[6´-O-n-acil-β-
glucosil]-sitosterol. O presente estudo revelou o conhecimento que os comerciantes de plantas
medicinais das feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo possuem sobre as plantas que
comercializam e que a etnobotânica em feiras livres pode ser uma boa fonte para a pesquisa de novos
fármacos. Os resultados são promissores e indicam a relevância do trabalho.
x
ABSTRACT
(Medicinal plants sold in open-air fairs of Petrópolis and Nova Friburgo, RJ and
phytochemical analysis of potential species). Ethnobotany has been emphasized in the search of
local knowledge, which can result in the development of new drugs for medical or pharmaceutical
interest. Even today in many parts of the country, medicinal plants are traded in open-air fairs and
popular markets. However, there are few studies in open-air fairs and markets popular in Brazil. This
work has focused on ethnobotany in open-air fairs of Nova Friburgo and Petrópolis, RJ. Four herbs
merchants were interviewed between April 2005 and August 2008. Although this study has selected
the stalls which sell medicinal plants, was also the sale of plants to other uses: abortive, food,
condiments, ornamental and ritualistic. Plants indicated by merchants were bought and vouchers were
deposited in herbarium of Jardim Botânico do Rio de Janeiro and Universidade Federal do Rio de
Janeiro. The data obtained in the interviews were analyzed with the calculation of Relative Importance
and Salience. During this study the informants reported 172 species comprising in 58 families. The
most representative families were the Asteraceae (30 species) and the Lamiaceae (14 species). The
seasonal variation of species marketed by the herbs merchants of Petrópolis were analyzed by Salience
and the species indicated to treatment “diseases of the respiratory system” were more cited in the
colder months (autumn and winter). During the ethnobotanical survey two species of “erva-de-
passarinho” were indicated to treat tuberculosis: Struthanthus marginatus (in Petrópolis) and S.
concinnus (in Nova Friburgo). These species were collected with the merchants and analyzed in the
laboratory. The biological tests performed against Mycobacterium tuberculosis showed activity in
ethanol, hexane and dichloromethane extracts of Struthanthus marginatus and S. concinnus and in the
ethyl acetate extract of S. concinnus. The Minimium Inhibitory Concentration (MIC) was verified and
the lowest was 25 µg/mL to ethanolic and hexane extracts of S. concinnus. The hexane extract of
Struthanthus marginatus was fractionated into a liquid chromatography column packed with silica gel
followed by thin-layer chromatography. The fractions obtained from this column were also tested
against M. tuberculosis and most also showed antimycobacterial activity. From these fractions, three
substances were isolated: 3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol, sitosterol and 3-O-[6´-O-n-acil-
β-glucosil]-sitosterol. This study revealed the knowledge about medicinal plants that the herbs
merchants of Nova Friburgo and Petrópolis have and that ethnobotany in open-air fairs may be a good
source for the research of new drugs. The results are promising and indicate the relevance of this
work.
xi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS ......................................................................................................................................... 12
3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................................... 13
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................................... 23
5. CONCLUSÕES ..................................................................................................................................... 79
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................... 80
ANEXOS.................................................................................................................................................. 89
1
1. INTRODUÇÃO
A etnobotânica vem ratificando sua importância com o passar do tempo. O termo foi
utilizado pela primeira vez em 1895, por Harshberger para descrever a ciência como “o uso de plantas
por aborígines” (COTTON 1996). Mais recentemente, foi definida como “o estudo das plantas descritas
pelas sociedades humanas, as quais interagem com o ambiente natural” (MARTIN 2000) ou com uma
visão mais abrangente “o estudo de todas as sociedades humanas, do passado ou do presente, bem
como todos os tipos de interrelação, como a ecológica, a evolutiva e a simbólica” (ALEXIADES 1996).
A etnobotânica fortalece a troca de informações entre o saber popular e o científico,
estimulando a busca pelo conhecimento tradicional, a conservação dos recursos vegetais e o
desenvolvimento sustentável (ALBUQUERQUE 2002; HAMILTON et al. 2003; FONSECA-KRUEL et al.
2005). Esse tipo de pesquisa parte de um conhecimento empírico já existente e de reconhecida
utilização pela comunidade, e o submete à abordagem científica (AMOROZO 1996) e a pesquisa
científica, muitas vezes confirma a utilização popular (BRITO & BRITO 1993). Com isso, podem ser
identificados e desenvolvidos novos produtos a partir de plantas, tais como artesanatos, alimentos e
medicamentos (HAMILTON et al. 2003). A importância de pesquisar o conhecimento tradicional pode
ser ressaltada, visto que podem ser desenvolvidos fármacos, inseticidas e outros produtos industriais,
tendo por base o conhecimento tradicional (ALEXIADES 1996).
A etnofarmacologia e a etnobotânica têm se destacado na busca do conhecimento construído
localmente a respeito de seus recursos naturais, para o desenvolvimento de novos fármacos de
interesse médico ou farmacêutico, ou que tenham potencial de aplicação nesse setor (ALBUQUERQUE
& HANAZAKI 2006). Assim, funcionam como um verdadeiro atalho para a pesquisa e desenvolvimento
de novos fármacos (ELISABETSKY & SOUZA 2007). A medicina popular é muitas vezes a fonte para
novos medicamentos, o que foi confirmado quando se comparou as aplicações de 119 medicamentos
derivados de plantas superiores utilizados na medicina alopática contemporânea com os usos de suas
plantas de origem na medicina tradicional e foi possível afirmar que 74% possuiam uso tradicional
semelhante ou igual ao uso contemporâneo (SANTOS & ELISABETSKY 1999; FARNSWORTH 1989).
Pesquisas etnobotânicas objetivam, principalmente, conhecer as plantas de importância para
as comunidades locais. Assim, o pesquisador deve buscar o conhecimento da própria comunidade - o
conhecimento tradicional, inventariar a diversidade de espécies utilizadas e analisar sua importância,
especialmente em termos regionais. Os termos “conhecimento tradicional” e “conhecimento popular”
se referem ao saber das populações locais sobre o ambiente (MARTIN 2000). A Medida Provisória no
2.186-16, de 23 de agosto de 2001, definiu conhecimento tradicional associado à biodiversidade como
sendo toda a informação ou prática individual ou coletiva de comunidade indígena ou de comunidade
local, com valor real ou potencial, associada ao patrimônio genético (MMA 2005). E, comunidade
local, como “grupo humano, incluindo remanescentes de comunidades de quilombos, distinto por suas
2
condições culturais, que se organiza, tradicionalmente, por gerações sucessivas e costumes próprios, e
que conserva suas instituições sociais e econômicas” (MMA 2005).
A etnobotânica é a uma ferramenta para a conservação e o desenvolvimento sustentável
(HAMILTON et al. 2003), sua aplicação é necessária em paises em desenvolvimento, visto que a
população é intimamente ligada às plantas locais, atribuindo a elas importância econômica e cultural.
Outro ponto importante é que, em geral, esses países concentram uma alta biodiversidade. O Brasil é
uma fonte muito importante sob o ponto de vista etnobotânico, pois possui a maior parcela da
biodiversidade mundial, em torno de 15 a 20% (MDA 2006). A Mata Atlântica apresenta a maior
biodiversidade em espécies arbóreas por hectare do planeta, porém desde a colonização ela vem
sofrendo com a devastação, restando hoje menos de 8% do seu território original (CORRÊA 1995;
IBAMA 2009). Além disso, a biodiversidade brasileira freqüentemente está associada a uma rica
diversidade étnica e cultural, que detém um valioso conhecimento tradicional associado ao uso e
manejo de plantas medicinais.
Os estudos relacionados à medicina popular vêm merecendo cada vez mais atenção devido à
gama de informações que fornecem à ciência contemporânea. O interesse por plantas medicinais vem
aumentando por diversos fatores, dentre os quais, pode-se destacar a crença de que as plantas
medicinais não possuem efeitos colaterais e o baixo custo quando comparado aos medicamentos
comprados em farmácias (CALIXTO 2000; PARENTE & ROSA 2001; PINTO & MADURO 2003). No caso
de países em desenvolvimento a OMS (Organização Mundial de Saúde) reconhece que cerca de 80%
desta população utiliza práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde e 85% destes utilizam
plantas ou preparações destas (MDA 2006).
O aumento da procura por plantas medicinais, no entanto, muitas vezes, se reflete na
redução do número de indivíduos na natureza. O comércio de biorecursos, sem dúvida, provoca uma
forte pressão extrativista sobre as populações naturais, devido à grande aceitação das práticas médicas
tradicionais (ALMEIDA & ALBUQUERQUE 2002). O estudo dessas plantas pode trazer subsídios para a
sua exploração sustentável em seu ecossistema (SILVA et al. 2001).
Uma das fontes de informação para a pesquisa etnobotânica é o estudo de feiras livres e
mercados populares, pois nelas são encontradas informações sobre o uso de muitas plantas medicinais,
ornamentais, alimentares, dentre outros produtos que possuem um valor estritamente regional
(MARTIN 2000; NGUYEN 2005). Nenhum estudo econômico dos recursos biológicos está completo
sem uma investigação das plantas e animais vendidos nos mercados locais (MARTIN 2000). As pessoas
requerem espécies vegetais para realizar necessidades biológicas, culturais e econômicas, e, quando
são retiradas do contato diário com a natureza, passam a depender de uma estrutura organizada de
troca, como um mercado, para obter essas plantas (BYE & LINARES 1983).
3
Estudos etnobotânicos em ambientes urbanos têm aberto portas para um conhecimento que
raramente é registrado e catalogado, e permitirá, inclusive, possibilidades futuras para testes clínicos
de plantas medicinais selecionadas. Esse conhecimento etnobotânico urbano certamente pode
enriquecer as práticas profissionais e o estilo de vida da população das cidades (BALICK & LEE 2001).
Um exemplo é a descoberta de novas espécies de plantas comestíveis relatadas em mercados
mexicanos (BYE & LINARES 1983).
Alguns pesquisadores que se dedicaram a estudar mercados e feiras-livres apontaram
questões interessantes neste tipo de pesquisa. Conhecer a quantidade, o preço e a disponibilidade das
mercadorias (MARTIN 2000), o volume de plantas que é vendido ao longo do ano e se existe variação
sazonal dos produtos e plantas comercializados (MARTIN 2000; ALBUQUERQUE et al. 2007). Os
estudos em feiras e mercados ainda são escassos e a metodologia ainda está em desenvolvimento
(ALBUQUERQUE et al. 2007).
Os comerciantes de plantas medicinais encontrados em feiras livres e mercados populares
geralmente não constituem uma comunidade tradicional distinta por suas condições culturais,
organizada tradicionalmente por gerações sucessivas e costumes próprios. Os comerciantes
aprenderam sobre as plantas medicinais com seus pais e familiares, porém se utilizam da mídia
(televisão, rádio,...) e de revistas e livros para continuar esse aprendizado (ALBUQUERQUE et al. 2007).
O conhecimento deles é difundido na sociedade, porém, por serem pessoas que comercializam as
plantas, reúnem um grande conhecimento popular. Os compradores os consideram como especialistas
locais, muitas vezes se consultando com eles. O especialista-local é uma pessoa reconhecida pela
comunidade como tendo um profundo conhecimento sobre os usos de plantas nativas e/ou
introduzidas na manufatura de remédios e promovendo curas (GAZZANEO et al. 2005). Embora a CBO
(Classificação Brasileira de Ocupações), no item “6320 - Trabalhadores florestais polivalentes”,
classifique como erveiro aquele profissional apto a “Manejar recursos naturais, produzir mudas,
realizar manutenção de plantas e manipular plantas medicinais, além de guiar pessoas em florestas e
campos e disponibilizar serviços e produtos” (MTE 2002), popularmente, também são denominados
erveiros os comerciantes de plantas medicinais das feiras livres.
Ainda hoje nas regiões mais pobres do país e até mesmo em grandes cidades brasileiras,
plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais
residenciais (MACIEL et al. 2002). Contudo, poucos são os estudos em ambientes urbanos realizados
em feiras livres e mercados populares no Brasil (BERG 1984; SILVA et al. 2001, ALMEIDA &
ALBUQUERQUE 2002; PINTO & MADURO 2003, ALBUQUERQUE et al. 2007). No Rio de Janeiro apenas
cinco estudos desta natureza foram realizados na região metropolitana (SANTOS & SILVESTRE 2000;
STALCUP 2000; AZEVEDO & SILVA 2006; MAIOLI -AZEVEDO & FONSECA-KRUEl 2007; SILVA 2008) e
um trabalho na região do Médio Paraíba (PARENTE & ROSA 2001) (TABELA 3, pág. 25).
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As “Ervas-de-passarinho”
Alguns levantamentos etnobotânicos em feiras livres e mercados no Brasil observaram a
comercialização de espécies popularmente denominadas erva-de-passarinho com indicação medicinal
(STALCUP 2000, SILVA 2008). As espécies de erva-de-passarinho (Mistletoes) são consideradas
místicas em muitas culturas, são também utilizadas como alimento, tintura e medicamentos (GEILS et
al. 2002; AUKEMA 2003). São ainda utilizadas na decoração de festas santas (muitas vezes ligadas ao
Natal) e como modelos para novos fármacos (NICKRENT 2001; GEILS et al. 2002). O gênero Viscum
(Viscaceae), do hemisfério norte é geralmente associado a lendas e superstições antigas (JOLY 1983).
A infestação por erva-de-passarinho também causa prejuízos econômicos e ambientais, pois reduzem
o crescimento, a sobrevivência e a reprodução do hospedeiro, além de deixá-lo mais suscetível a
doenças e injúrias (GEILS et al. 2002).
O nome popular “erva-de-passarinho” é dado, principalmente, a algumas espécies das
famílias Loranthaceae e Viscaceae, dentre outras (GEILS et al. 2002; AUKEMA 2003; REIF DE PAULA
2004; MARTINS et al. 2006). O termo “erva-de-passarinho” ou em inglês “mistletoe” designa tanto
uma categoria taxonômica, quanto uma forma de vida e, seu uso é restrito a Ordem Santalales (KUIJT
1990; REIF & ANDREATA 2006). A maioria destas plantas possui visco em suas sementes que a
permite fixar-se na planta hospedeira, após serem ingeridas e secretadas por pássaros (NICKRENT
2001; GEILS et al. 2002; AUKEMA 2003). Os membros da Ordem Santalales são hemiparasitas
(NICKRENT 2001), que não são completamente dependentes de seus hospedeiros, realizam fotossíntese
(pelo menos em uma porção do ciclo de vida), obtendo água e outros nutrientes no xilema do
hospedeiro (DEEKS et al. 1999; NICKRENT 2001). As plantas parasitas atacam seus hospedeiros com
um ou mais haustórios, que são raízes modificadas que servem de ligação morfológica e fisiológica
entre o parasito e o hospedeiro (JOLY 1983; NICKRENT 2001).
As ervas-de-passarinho são normalmente parasitas indesejáveis de espécies com importância
econômica, dentre elas mangueira (Anacardiaceae), ipê (Bignoniaceae), cafeeiro (Rubiaceae), mate
(Aquifoliaceae), assa-peixe (Asteraceae) etc. (MARTINS et al. 2006).
No estado do Rio de Janeiro ocorrem “ervas-de-passarinho” classificadas em três famílias
Eremolepidaceae, Loranthaceae e Viscaceae; englobando 10 gêneros, 49 espécies e 6 variedades (REIF
& ANDREATA 2006).
A Ordem Santalales possui seis famílias e a maior delas é Loranthaceae, que possui 74
gêneros e 900 espécies, a segunda é Viscaceae que possui apenas sete gêneros com 480 espécies
(NICKRENT 2001).
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Família Loranthaceae
As espécies de Loranthaceae são generalistas em relação aos hospedeiros, sendo
hemiparasitas de espécies de gimnospermas e angiospermas (DEENI & SADIQ 2002). Crescem tanto
sobre plantas selvagens como nas cultivadas, nestas últimas é comum encontrarmos espécies do
gênero Struthanthus (JOLY 1983). No Brasil ocorrem cerca de 8 gêneros e 123 espécies de
Loranthaceae (REIF DE PAULA 2004).
As plantas da família geralmente têm filotaxia oposta ou alterna, com folhas coloridas e
brilhantes, são diclamídeas (apresentam cálice e corola), bissexuais e as flores apresentam co-
adaptação à polinização por pássaros (JOLY 1983; NICKRENT 2001). Os frutos passam pelo trato
intestinal, sendo eliminados com as fezes, eventualmente caem sobre um tronco, onde germinam
(JOLY 1983).
A classificação de Engler reunia Viscaceae e Loranthaceae em uma mesma família, em
classificações posteriores (Cronquist e APG), porém, são separadas em grupos diferentes, devido a
características como deiscência da antera, formato do pólen, desenvolvimento do saco embrionário e
número de cromossomos (NICKRENT 2001).
Preparações com folhas e caules de várias plantas da família Loranthaceae são utilizadas na
medicina tradicional (FERNÁNDEZ et al. 1998). Estudos vêm demonstrando as atividades biológicas de
algumas espécies da família, tais como os efeitos antiviral, antitumoral, imunomodulador e
antiinflamatório (FERNÁNDEZ et al. 1998).
Os estudos químicos realizados com Loranthaceae restringem-se a poucas espécies
espalhadas pelo mundo e os principais tipos de substâncias encontrados nas famílias Loranthaceae e
Viscaceae são terpenos, lignanas, flavonóides, além da descrição da presença de carboidratos, ácidos
graxos, ácidos aminados, fenilpropanóides, taninos e alcalóides (GUIMARÃES 2006).
Gênero Struthanthus
As plantas do gênero são epífitas parasitas sobre ramos e caules de Gimnospermas,
Dicotiledôneas e Monocotiledôneas arborescentes, formam emaranhados sobre as copas dos
hospedeiros, com raízes adventícias e folhas crassas, sempre opostas (REIF DE PAULA 2004). As ervas-
de-passarinho do gênero Struthanthus (Loranthaceae) são usadas no tratamento de várias enfermidades
na medicina popular, algumas destas relacionadas às vias respiratórias e a atividades antimicrobianas.
A cultura popular refere-se à maceração de espécies do gênero para o combate da pneumonia (REIF DE
PAULA 2004). Estudos de triagem fitoquímica com Struthanthus vulgaris Mart. revelaram a presença
de flavonóides, taninos e saponinas nas folhas e no extrato hidroetanólico, e a presença de flavonóides,
proantocianidina (taninos condensados) e saponinas, mas em quantidades aparentemente diferentes
nas frações em acetato de etila, n-butanol e água (VIEIRA et al. 2005). O trabalho também tratou da
6
atividade antimicrobiana de S. vulgaris, e foi observada a inibição do crescimento de algumas
amostras de bactérias Gram positivas e Gram negativas pelo extrato hidroetanólico. O extrato não
inibiu, nas condições testadas, o crescimento das leveduras Candida albicans e Saccharomyces
cerevisiae (VIEIRA et al. 2005) (TABELA 12, pág. 59).
Pesquisadores que fizeram o levantamento das plantas medicinais utilizadas na Nicarágua
observaram que a decocção das folhas ou da planta toda de Struthanthus cassythoides Millsp. ex
Standl. é indicada para dores, febre, problemas respiratórios e pulmonares, erupções e feridas na pele,
também foi observada a presença de alcalóides nesta espécie (COE & ANDERSON 1996). Já
Struthanthus angustifolius (Griseb.) Hauman é utilizada por “Criollos” (comunidade do Chaco
argentino que é descendente dos primeiros colonos espanhóis) do Noroeste da Argentina para retenção
da placenta na forma de decocto junto com as plantas Erythroxylon coca Lam. (Erythroxylaceae) e
Tripodanthus acutifolius (Loranthaceae) (SCARPA 2004).
A espécie Struthanthus orbicularis (H.B. & K.) Eichl. possui uso popular na região noroeste
da Colômbia. A decocção das folhas ou dos ramos é utilizada para o tratamento de picada de cobra na
forma de banho (uso tópico) (OTERO et al. 2000a). Foram realizados extratos com 74 espécies de
plantas utilizadas popularmente para mordida de cobra na região (OTERO et al. 2000b). S. orbicularis
apresentou proteção parcial da cobaia quando se injetava o extrato da planta (dose de 2 mg/rato) em
conjunto com o veneno da cobra Bothrops atrox, com taxa média de sobrevivência das cobaias de
60% em 48h (OTERO et al. 2000b). O extrato de S. orbicularis também apresentou 100% de
neutralização do efeito hemorrágico causado pelo veneno de Bothrops atrox (OTERO et al. 2000c). A
hemorragia é o sinal mais relevante causado por esse tipo de veneno de cobra.
A espécie Struthanthus venetus Blume é utilizada na medicina popular para tosse e como
agente hipoglicêmico. O extrato metanólico das folhas secas produziu uma diminuição significativa da
pressão arterial e da taxa cardíaca em ratos anestesiados (LORENZANA-JIMÉNEZ et al. 2006).
Struthanthus marginatus (Desr.)Bl (FIGURA 1 A).
Os ramos da espécie Struthanthus marginatus são cilíndricos e os râmulos quadrangulares,
os racemos com as flores sésseis, agrupadas em tríades (DIAS DA SILVA 1926, REIF DE PAULA 2004).
Segundo a Farmacopéia Brasileira (DIAS DA SILVA 1926), a folha é curtamente peciolada, geralmente
oval, de vértice obtuso ou levemente obtuso-acuminado, de base amplamente obtusa ou sub-
cordiforme e margem cartilaginosa. O limbo mede geralmente de 5 a 8cm de comprimento, podendo,
porém, atingir até 11cm, e de 3 a 6cm de largura, é coriáceo, plano ou arqueado brilhante na parte
superior e um tanto opaco na inferior, de cor verde escura ou glauco-verde, com a nervura mediana
7
saliente inferiormente e as demais pouco pronunciadas. O pecíolo é plano-convexo ou côncavo-
convexo e mede de 0,8 a 1,5 cm, na média de comprimento. As folhas secas são inodoras e de sabor
fracamente adstringente e amargo. Empregada na Farmacopéia Brasileira como extrato fluido das
folhas (DIAS DA SILVA 1926). Distribui-se no Brasil (PB, PE, BA, MG, RJ); Perú, Panamá e Costa
Rica (REIF DE PAULA 2004; REIF & ANDREATA 2006). Marginatus significa marginado, com bordo
cartilaginoso das folhas (REIF DE PAULA 2004).
A erva-de-passarinho (Struthanthus marginatus) que parasitava uma trombeteira (Datura
suaveolens, Solanaceae) foi responsável por dois casos de intoxicação por chá em Xerém (RJ)
(MARTINS et al. 2006). Foi feito um cromatograma e os resultados revelaram a presença de atropina
tanto no extrato da trombeteira como no da erva-de-passarinho. Traços de outros alcalóides foram
detectados em ambos os extratos. Segundo os autores, em uma primeira avaliação o resultado sugere
que Struthanthus marginatus assimilou substâncias presentes da composição química da trombeteira.
O processo certamente envolve haustórios, que penetram e se estabelecem nos tecidos da planta
hospedeira, em região ainda não esclarecida, como o córtex, tecido de reserva ou vasos condutores
(MARTINS et al. 2006) (TABELA 12, pág. 59).
Os resultados encontrados em um trabalho realizado com uma espécie de Loranthaceae
sugerem que a atividade antimicrobiana e a presença de metabólitos secundários são variáveis e
parcialmente dependentes da espécie de planta do hospedeiro (DEENI & SADIQ 2002). Os
pesquisadores realizaram extratos etanólicos de plantas de Tapinanthus dodoneifolius (DC) Danser
que cresciam sobre 14 hospedeiros diferentes e realizaram uma triagem para a atividade
antimicrobiana contra 11 organismos (Aspergillus niger, Agrobacterium tumefaciens, Bacillus sp.,
Candida sp., Corynobacterium pyogens, Escherichia coli, E. coli hemolítica, Proteus sp.,
Pseudomonas sp., Salmonella sp., e Staphylococcus aureus) e testes para metabólitos secundários
(alcalóides, antraquinonas, flobataninos, saponinas e taninos). A presença de algumas substâncias e a
atividade antimicrobiana variou de acordo com o hospedeiro (DEENI & SADIQ 2002).
Struthanthus marginatus apresentou alcalóides, saponinas, taninos, flavonóides, catequinas,
açúcares redutores, polissacarídeos, proteínas e ácidos aminados nos extratos hidroalcólicos de caule,
folhas e haustórios, esteróides e triterpenóides nos extratos hidroalcólicos de caule e folhas, e ácidos
orgânicos apenas nos extratos hidroalcólicos dos haustórios (PISSINATE 2006). A separação
cromatográfica e a avaliação por Cromatografia em Camada Delgada (CCD) permitiu a reunião das
frações em quatro grupos F-CH2Cl2, F1-AcOEt, F2-AcOEt, F-MeOH. Os ensaios biológicos com as
frações F-CH2Cl2, F1-AcOEt e F2-AcOEt testadas de S. marginatus, frente ao carcinoma de Ehrlich,
mostraram boa atividade citotóxica, sendo que os valores de IC50 se encontram-se na faixa entre 50 e
25 µg/mL (PISSINATE 2006).
8
Essa espécie de erva-de-passarinho é utilizada popularmente para tratamento de doenças do
trato digestório e muito consumida pela comunidade do estado do Maranhão (ANDRADE et al. 2008).
Ela foi indicada por três informantes durante o trabalho etnobotânico realizado nas feiras livres de
Madureira e na CEASA, município do Rio de Janeiro. A planta é utilizada na forma de xarope,
maceração ou batido no liquidificador para o tratamento dos pulmões, tosse, bronquite e gripe (Inês
Machline Silva, comunicação pessoal em 27-08-2008).
A. B.
FIGURA 1: A. Struthanthus marginatus e B. Struthanthus concinnus. Representações da
Flora Brasiliensis. Fonte: CRIA 2005.
Struthanthus concinnus Mart. (FIGURA 1B).
Os ramos da espécie Struthanthus concinnus são delgados e longos, cilíndricos, densamente
lenticelados, medindo 50-150 cm de comprimento. As inflorescências são axilares em espigas
unitárias ou binárias, as masculinas de 4-5 cm de comprimento e as femininas de 2-3 cm; flores
sésseis, agrupadas em tríades, de coloração verde-amareladas. As folhas são opostas e alternas,
9
pecioladas, ovado-lanceoladas, ápice muito agudo e base arredondada, bordos íntegros, glabras em
ambas as faces, nervura principal levemente deprimida na face superior, medindo 4-8 cm de
comprimento e 1,5-2,5 cm de largura. Os frutos são bagas elipsóides, de 5-6 mm de diâmetro, muito
viscosos, os quais ao serem ingeridos pelos pássaros são disseminados para outras árvores, tanto pelas
defecções como diretamente pelos seus bicos, que em suas superfícies facilmente se aderem. Floresce
durante o mês de outubro (LORENZI 1949; REIF DE PAULA 2004). Concinnus significa elegante, belo,
harmonioso (REIF DE PAULA 2004).
Struthanthus concinnus é a espécie de erva-de-passarinho mais disseminada no país (SC,
PR, SP, RJ, ES, MG, MS, GO, PA, AM), ocorrendo principalmente parasitando Citrus e outras
árvores frutíferas (LORENZI 1949). É mais freqüente na região sul do país (LORENZI 1949) e muito
comum nas regiões serranas do estado do Rio de Janeiro (REIF & ANDREATA 2006). Apesar da vasta
distribuição no país, não foi encontrado trabalho referente à fitoquímica da espécie na bibliografia
consultada, embora o uso popular seja difundido, como observado no trabalho etnobotânico realizado
em uma feira livre no bairro da Tijuca, Zona Norte do município do Rio de Janeiro, RJ (STALCUP
2000). Esse trabalho encontrou a espécie S. concinnus sendo comercializada, com a indicação de uso
na forma de sumo batido no liquidificador para o tratamento de problemas do pulmão e tuberculose
(STALCUP 2000).
Tuberculose
A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis,
que foi isolada e descrita pela primeira vez em 1882, pelo famoso microbiologista Robert Koch
(MADIGAN et al. 2000; NEWTON et al. 2000), é um bacilo aeróbico obrigatório, de crescimento lento
(tempo de geração superior a 20 horas) (FLYNN 2004; TORTORA et al. 2006). O crescimento das
células pode resultar em filamentos ramificados, que em dimensões bacterianas se assemelham ao
micélio dos fungos, daí o nome Mycobacterium (Myco = fungo) (MADIGAN et al. 2000; TORTORA et
al. 2006).
Mycobacterium tuberculosis é classificado como resistente a álcool e ácido, pois as células
coradas com carbol fucsina não podem ser descoradas com ácido ou álcool, devido à constituição
incomum da parede celular, rica em lipídios, chamados ácidos micólicos, característica importante na
identificação taxonômica do gênero (MADIGAN et al. 2000; TORTORA et al. 2006). A grande
quantidade de lipídios pode também ser responsável pela resistência a estresses ambientais, como
ressecamento. Os bacilos podem sobreviver por semanas em escarro seco (TORTORA et al. 2006).
A tuberculose é mais comumente adquirida através da inalação de gotículas contendo
bactérias viáveis vindas de um indivíduo com infecção pulmonar ativa, os indivíduos afetados podem
espalhar a doença simplesmente tossindo ou falando com indivíduos não afetados (MADIGAN et al.
2000; TORTORA et al. 2006). Os macrófagos dos indivíduos saudáveis tornam-se ativados pela
10
presença dos bacilos, e em geral os destroem (TORTORA et al. 2006).
A maioria das pessoas saudáveis irá combater uma infecção potencial com macrófagos
ativados, especialmente se a dose infectante for baixa. Se a infecção progredir, o hospedeiro isola os
patógenos em uma lesão fechada, denominada tubérculo (que dá nome à doença) (MADIGAN et al.
2000; TORTORA et al. 2006). A doença pode ser interrompida nesse ponto, as lesões lentamente
cicatrizam, tornando-se calcificadas (MADIGAN et al. 2000; TORTORA et al. 2006). Estas áreas de
lesão do tecido podem ser vistas em exames de Raios-X (MADIGAN et al. 2000; TORTORA et al. 2006).
Em indivíduos com baixa resistência, as bactérias não são efetivamente controladas e pode ocorrer
uma infecção pulmonar aguda, trazendo uma extensa destruição do tecido pulmonar, o espalhamento
da bactéria por outras partes do corpo (MADIGAN et al. 2000), em conseqüência, o paciente apresenta
perda de peso, tosse (frequentemente com escarro sanguinolento) e uma perda geral de vigor
(TORTORA et al. 2006), causando até a morte (MADIGAN et al. 2000). Antigamente a tuberculose era
conhecida como tísica (fraquesa) (TORTORA et al. 2006).
Fatores como idade, desnutrição, estresse, desequilíbrio hormonal e grandes aglomerações
de pessoas podem ser causadores de uma predisposição para a reinfecção, reduzindo a eficiência do
sistema imunológico e permitindo a reativação de infecções dormentes (MADIGAN et al. 2000). No
ano 2000, muitos casos de tuberculose nos Estados Unidos resultavam em parte da elevada incidência
da doença em pacientes com SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) (MADIGAN et al.
2000).
Atualmente, os pacientes são tratados com as drogas isoniazida, rifampicina e a
pirazinamida, se a resistência ou outro problema ocorrer, esses medicamentos podem ser
suplementados com outros antimicobacterianos (TORTORA et al. 2006). Não houve uma evolução
significativa nos medicamentos utilizados no tratamento da tuberculose. A rifampicina, que ainda é
considerada uma droga tuberculostática importante, foi introduzida há um quarto de século, em 1966
(CANTRELL et al. 1998; CANTRELL et al. 2001; TORTORA et al. 2006), porém ainda é indicada como a
mais eficaz das drogas contra tuberculose, sendo um componente-chave em seu tratamento (WHO
2003; LEMUS et al. 2004).
A falta de adesão do paciente durante o longo tratamento é um dos fatores que tem
selecionado linhagens de bacilos resistentes às drogas (MADIGAN et al. 2000; NEWTON et al. 2000;
CANTRELL et al. 2001; TORTORA et al. 2006). A terapêutica prolongada é necessária porque o bacilo
da tuberculose cresce muito lentamente e muitos antibióticos são efetivos somente contra as células
em crescimento. Além disso, o bacilo pode ser ocultado por longos períodos nos macrófagos
(TORTORA et al. 2006). Linhagens resistentes de Mycobacterium tuberculosis têm surgido e o fracasso
do tratamento é freqüente, especialmente em países em que os cuidados básicos de saúde são
deficientes em prover esse tipo de tratamento longo e caro (JANIN 2007).
11
Como prevenção, destaca-se a vacina BCG (Bacilo de Calmette-Guérin), uma cultura viva
de Mycobacterium bovis que foi tornada não-virulenta pelo longo cultivo em meios artificiais. A
vacina está disponível desde o século XX e é uma das mais utilizadas (FLYNN 2004; TORTORA et al.
2006). Embora o uso da vacina seja difundido, estima-se que um terço da população mundial esteja
infectada com a doença e que pelo menos três milhões de pessoas morrem da doença a cada ano
(MADIGAN et al. 2000; NEWTON et al. 2000; CANTRELL et al. 2001; COPP 2003; WHO 2003;
OKUNADE et al. 2004; TORTORA et al. 2006). Em todo o mundo, mais de 90% dos casos de
tuberculose e das mortes ocorrem nos países em vias de desenvolvimento (LALL & MEYEN 1999;
WHO 2003). O número de casos aumenta cerca de 2% ao ano, e o crescimento mundial da tuberculose
resistente a múltiplas drogas (MDR TB) se tornou um grande problema de saúde pública (LEMUS et al.
2004; TORTORA et al. 2006; JANIN 2007). Dessa forma, se faz necessário um esforço para a busca de
novos tratamentos (LALL & MEYEN 1999; TOSUNA et al. 2004) principalmente devido ao aumento do
número de micobactérias resistentes aos medicamentos (COLLINS & FRANZBLAU 1997; LALL &
MEYEN 1999). Desde a metade da década de 90, esta doença infecciosa foi o foco de renovado
interesse científico, e nos últimos dez anos a pesquisa com Mycobacterium tuberculosis obteve alguns
progressos (JANIN 2007). Produtos naturais de diversas estruturas químicas têm exibido atividade
antimicobacteriana e são importantes no desenvolvimento de novos medicamentos contra tuberculose
(COPP 2003; OKUNADE et al. 2004).
Dentre os trabalhos que tem como foco a busca de novos fitofármacos para o tratamento da
tuberculose, pode-se destacar a pesquisa com os extratos de 44 espécies vegetais utilizadas
tradicionalmente para tuberculose na Turquia contra Mycobacterium tuberculosis H37Ra com o
método Alamar Blue (MABA) (TOSUNA et al. 2004). Destes extratos, seis plantas: Salvia aethiopis L.
(Lamiaceae), S. sylvatica L., Chelidonium majus L. (Papaveraceae), Pinus brutia Ten. (Pinaceae),
Ulmus glabra Hudson (Ulmaeceae) e Urtica dioica L. (Urticaceae) inibiram o crescimento da
micobactéria na concentração de 50 µg/mL (TOSUNA et al. 2004).
As plantas utilizadas na medicina tradicional na província de Manus, Papua Nova Guiné
para afecções respiratórias também foram analisadas na busca por uma possível atividade
antimicobacteriana (CASE et al. 2006). A importância da informação etnobotânica é ressaltada nesse
trabalho, visto que o resultado indicou que espécies relacionadas popularmente com a tuberculose
possuem maior potencial contra o Mycobacterium do que as citadas para outros problemas
respiratórios (CASE et al. 2006).
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2. OBJETIVO
Relacionar as plantas medicinais comercializadas em feiras livres nos municípios Petrópolis e
Nova Friburgo, RJ, com foco nas espécies utilizadas popularmente para o tratamento de tuberculose.
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Identificar as espécies medicinais comercializadas nas feiras livres de Petrópolis e
Nova Friburgo.
• Verificar possíveis variações na sazonalidade da comercialização destas plantas.
• Analisar quantitativamente os dados obtidos sobre o uso popular destas plantas.
• Relacionar as espécies comercializadas para tuberculose e doenças afins.
• Estudar do ponto de vista fitoquímico as espécies comercializadas para tuberculose:
Struthanthus marginatus e S. concinnus.
• Analisar o perfil cromatográfico dos extratos ativos de Struthanthus marginatus e S.
concinnus a fim de estabelecer possíveis diferenças qualitativas na composição química das duas
espécies.
• Avaliar possíveis atividades antimicobacterianas em ambas as espécies.
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3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área de Estudo
O estudo foi realizado durante o período de abril de 2005 até agosto de 2008, em feiras
livres nos municípios de Petrópolis e Nova Friburgo, ambas localizadas na região serrana do estado do
Rio de Janeiro (FIGURA 2, pág. 14). Essa região possui 16 municípios, representando 5% da população
total do estado do Rio de Janeiro, RJ (TCE 2005a,b).
O município de Petrópolis localiza-se nas coordenadas 22º 30`18``S e 43º 10`43``W,
apresenta 775 km2 de área territorial e cerca de 306 mil habitantes (IBGE 2005). O clima, segundo
Köppen, é do tipo Cwb - tropical de altitude, com verões frescos e chuvas típicas desta estação, sendo
que nos pontos mais altos a estação seca é pouco pronunciada; a temperatura média anual varia, de 13°
a 23° C, sendo a pluviosidade média de 1.500 a 2.600mm (IBAMA 2004).
A cobertura vegetal de Petrópolis é constituída por 13% de floresta ombrófila densa, 35% de
vegetação secundária, 37% de campos ou pastagens e 10% de área urbana (CIDE 2003; TCE 2005b).
Apresenta três importantes unidades de conservação: o Parque Nacional da Serra dos Órgãos
(PARNASO), a Área de Proteção Ambiental (APA) de Petrópolis e a Reserva Biológica do Tinguá
(IBAMA 2004).
O município de Nova Friburgo localiza-se nas coordenadas 22º 16`55``S e 42º 31`52`` W,
apresenta 933 km2 de área territorial, e cerca de 177 mil habitantes (IBGE 2005). O Clima, segundo
Köppen, é do tipo Cwb - tropical de altitude, com temperatura média anual de 18º C, variando entre
13º e 24º, a altitude é de 846 metros (PMNF 2006).
A cobertura vegetal de Nova Friburgo constitui-se por 33% de floresta ombrófila densa,
38% de vegetação secundária, 25% de campos ou pastagens, 2,1% de área urbana e 1,2% de área
degradada (CIDE 2003; TCE 2005a). Apresenta duas importantes unidades de conservação: o Parque
Estadual dos Três Picos e a Reserva Ecológica de Macaé de Cima (REMC).
As feiras livres estudadas foram a Feira de Olaria em Nova Friburgo e as Feiras do Centro e
do Alto da Serra em Petrópolis. A Feira de Olaria se localiza na Rua Manoel Lourenço Sobrinho,
também conhecida como Rua da Feira, no bairro de Olaria em Nova Friburgo (FIGURA 3, pág.14). A
Feira do Centro se localiza na Av. Visc. Souza Franco, próximo a Rodoviária do Centro de Petrópolis
e a Feira do Alto da Serra localiza-se na continuação da Rua Teresa, no bairro do Alto da Serra
(FIGURA 4, pág. 15).
Outras feiras livres dos municípios de Petrópolis (Feira da Praça Pasteur, Feira da Rua
Francisco Manoel - Mosela, Feira da Rua Henrique Rafaer -Bingen) e Nova Friburgo (Coopfeira -
Praça do Suspiro) foram visitadas durante o levantamento etnobotânico prévio, porém foi verificado
que em nenhuma delas existia a comercialização de plantas medicinais (SANTOS 2006).
14
FIGURA 2: Mapa das regiões do Rio de Janeiro. Fonte: SEDET (Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado do Rio de Janeiro)
http://www.sedet.rj.gov.br/06Investir/IMAGE/Mapa_REGI%D5ES.jpg
FIGURA 3: Imagens de satélite da Rua Manoel Lourenço Sobrinho, onde se localiza a Feira
livre de Olaria, Nova Friburgo, RJ. Fonte: Google Earth em 27 de julho de 2008.
Petrópolis
Nova Friburgo
15
FIGURA 4: Imagens de satélite das feiras livres de Petrópolis, RJ (esquerda), com destaque
para a localização da feira do Centro (acima direita) e do Alto da Serra (abaixo direita,
onde se podem ver as barracas da feira). Fonte: Google Earth em 23 de julho de 2008.
Centro
Alto da Serra
16
3.2 Etnobotânica
3.2.1 Visitas às feiras e entrevistas
As feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo, RJ foram visitadas para a seleção dos
informantes. Essa seleção foi feita de forma não-probabilística, centralizando no grupo específico de
comerciantes de plantas para fins medicinais em feiras livres, já que esses comerciantes normalmente
detêm um grande conhecimento sobre as espécies que comercializam (ALEXIADES 1996;
ALBUQUERQUE & LUCENA 2004). Os comerciantes podem ser considerados especialistas locais,
pessoas que são identificadas pela população como conhecedoras das plantas medicinais (GAZZANEO
et al. 2005). Embora esse estudo tenha selecionado os comerciantes de plantas para fins medicinais,
foi observada a comercialização de plantas para outros usos em suas barracas, como espécies
abortivas, alimentares, condimentares, ornamentais e ritualísticas.
O acesso ao conhecimento popular foi consentido por cada informante, e para o registro
formal desse consentimento foi desenvolvido um Termo de Anuência Prévia (TAP), que leva em
consideração a realidade local dos informantes (ANEXO 1).
A pesquisa de campo foi iniciada no período da monografia do bacharelado em Biologia
Vegetal (UFRJ) (SANTOS 2006) e se estendeu até o mestrado, ou seja de abril de 2005 até agosto de
2008, nas feiras livres dos municípios de Petrópolis e Nova Friburgo, RJ. Utilizaram-se técnicas de
observação direta e listagem livre para obtenção de informações sobre as dez espécies mais
comercializadas pelos informantes (WELLER & KIMBALL ROMNEY 1988; BERNARD 1989). Foram
realizadas entrevistas complementares com aplicação de formulários semi-estruturados (ALEXIADES
1996; ALBUQUERQUE & LUCENA 2004) (ANEXOS 2 e 3). A técnica de listagem livre foi repetida
periodicamente uma vez a cada estação do ano, durante dois anos, aos mesmos três informantes de
Petrópolis, resultando em um total de 24 entrevistas.
3.2.2 Análise dos dados etnobotânicos
A partir da listagem - livre foi calculada a saliência dos dados de acordo com Quinlan
(2005). Nesse cálculo, é estabelecido um valor numérico de acordo com a posição de cada planta.
Logo, a primeira planta citada pelo informante recebe o maior valor, e as próximas recebem valores
em ordem decrescente (QUINLAN 2005). Quando a planta foi citada por mais de um informante os
valores foram somados, e o resultado foi dividido pelo número de informantes total. Assim, foi
estabelecido um ranking final que levou em consideração a ordem em que as plantas foram citadas
pelos informante e também quantos informantes citaram a planta.
O cálculo da saliência foi realizado para cada estação do ano, a partir de seis listagens livres
(três informantes e dois anos de coleta de dados), a fim de avaliar se houve variação sazonal das
espécies mais comercializadas pelos informantes. O cálculo também foi realizado reunindo todas as 24
17
listagens livres para uma avaliação total de quais plantas eram as mais comercializadas pelos
informantes nos dois anos de coleta de dados. Como verificou-se que os nomes populares, muitas
vezes englobavam mais de uma espécie, os cálculos foram realizados levando em consideração o
nome popular e o científico. O cálculo da saliência foi realizado no programa de computador Visual
Anthropac-Freelists 4.0 (QUINLAN 2005) e para facilitar a observação, as tabelas de saliência foram
organizadas em ordem decrescente de valores.
A partir dos dados levantados sobre as espécies medicinais foram realizados cálculos de
Importância Relativa (IR) (BENNETT & PRANCE 2000). Para esses cálculos, consideram-se tanto as
Propriedades Farmacológicas indicadas pelos informantes (PH) como os Sistemas Corporais Tratados
(BS) para cada espécie.
Para cada espécie medicinal é calculado o IR, obedecendo à fórmula: IR = PH rel + BS rel.
Sendo que:
PH rel é o número de propriedades farmacológicas (PH) indicadas para a espécie, dividido
pelo número de propriedades atribuídas à espécie mais versátil (que apresentou o maior valor de PH);
BS rel é o número de sistemas corporais tratados (BS) pela espécie, dividido pelo número de
sistemas corporais tratados pela espécie mais versátil (que apresentou o maior valor de BS).
O PH rel da espécie mais versátil é 1 e o BS rel da espécie mais versátil também é 1, assim,
os valores de IR são sempre entre 0 e 2. O trabalho original (BENNETT & PRANCE 2000) trasforma o
IR em porcentagem, porém os trabalhos posteriores mantém os dados com valores entre 0 e 2
(ALMEIDA & ALBUQUERQUE 2002; MAIOLI -AZEVEDO & FONSECA-KRUEL 2007; POSSE 2007; SILVA
2008), e o mesmo foi feito no presente trabalho. Para os Sistemas Corporais, adotou-se a Classificação
Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (OMS 1993).
3.2.3 Material botânico
O material botânico indicado pelos informantes foi adquirido (comprado) e identificado com
base em literatura especializada, comparações em herbários e consulta a pesquisadores e especialistas
sobre famílias botânicas (TABELA 1, pág. 18), e foi depositado no Herbário do Jardim Botânico do Rio
de Janeiro (RB) e no Herbário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (RFA) (TABELA 5, pág. 28).
A classificação botânica utilizada seguiu Cronquist (1988) e a nomenclatura botânica foi corrigida
conforme o The International Plant Names Index (IPNI 2004).
18
TABELA 1: Pesquisadores e especialistas consultados que identificaram material botânico.
Famílias Pesquisadores e especialistas
Amaranthaceae Josafá Carlos de Siqueira SJ – PUC/RJ
Asteraceae Roberto L. Esteves – UERJ e Gustavo Heiden – JBRJ
Bombacaceae Massimo Giuseppe Bovini – JBRJ
Bromeliaceae Andréa Ferreira da Costa – UFRJ, Rafaela Campostrini Forzza – JBRJ e Raquel
Fernandes Monteiro – JBRJ
Dennstaedtiaceae (PVSS) Claudine Mynssen - JBRJ
Equisetaceae (PVSS) Lana da Silva Sylvestre – UFRRJ
Euphorbiaceae Luiz José Soares Pinto – MN/UFRJ
Heliconiaceae João Marcelo Braga – JBRJ
Loranthaceae Carlos Henrique Reif – USU
Malvaceae Massimo Giuseppe Bovini – JBRJ
Melastomataceae Berenice Chiavegatto – JBRJ
Moraceae Marcelo Vianna Filho – MN/UFRJ
Myrtaceae Marcelo da Costa Souza – JBRJ
Pteridaceae (PVSS) Claudine Mynssen – JBRJ, Lana da Silva Sylvestre – UFRRJ e Sara Lopes de Sousa
Winter – JBRJ
Selaginellaceae (PVSS) Claudine Mynssen - JBRJ
Solanaceae Marcia Vignoli da Silva – UFRGS e Lucia Freire Carvalho – JBRJ
Urticaceae Marcelo Vianna Filho – MN/UFRJ
Verbenaceae Fátima Regina Gonçalves Salimena –UFJF
3.2.4 Questionário voltado para atividade antimicobacteriana
Durante o levantamento etnobotânico geral (TABELA 5, pág. 28) foram observadas espécies
utilizadas para o trabamento do sistema respiratório e com o intuito de selecionar espécies potenciais
para a pesquisa em laboratório de acordo com os objetivos deste trabalho, foi desenvolvido um
formulário específico para buscar plantas indicadas popularmente para tratamento de “tosse”,
“problemas pulmonares” e “tuberculose”, que podem ser indicativos de uma possível atividade
antimicobacteriana (ANEXO 4). Para analisar esses dados também foi realizado o cálculo da saliência
de acordo com Quinlan (2005), com auxilio do programa de computador ANTHROPAC 4.0
(QUINLAN 2005) e para facilitar a observação, a tabela foi organizada em ordem decrescente de
valores.
19
3.3 Análises fitoquímicas
3.3.1Extração do material vegetal
Partes aéreas de Struthanthus marginatus (Loranthaceae) foram adquiridas em 31/07/2007,
com um dos informantes de Petrópolis, e folhas de S. concinnus, em 13/09/2007 com o informante de
Nova Friburgo. Esse material foi seco à temperatura ambiente, à sombra e triturado em moinho,
resultando em 579,26 g de fragmentos das partes aéreas de S. marginatus e 262,20 g de fragmentos
das folhas de S. concinnus. O material vegetal foi extraído com etanol 96º GL, utilizando um
percolador. Os extratos etanólicos resultantes foram posteriormente concentrados sob pressão reduzida
em evaporador rotativo.
Os extratos etanólicos de Struthanthus marginatus (rendimento de 14,49%) e S. concinnus
(rendimento de 12,65%) foram repartidos entre água e solventes de polaridade crescente, gerando
partições em hexano, diclorometano, acetato de etila, n-butanol e em água. Os solventes foram
concentrados sob pressão reduzida em evaporador rotativo.
3.3.2 Cromatografia em camada delgada (CCD)
Para as cromatografias em camada delgada dos extratos de Struthanthus marginatus e S.
concinnus utilizou-se cromatoplacas de gel de Sílica 60 F254 (0,22 mm de espessura) da Merck sobre
alumínio e como fase móvel hexano, diclorometano, e mistura de hexano ou diclorometano e acetato
de etila na proporção de 9:1. Para as cromatografias em camada delgada dos fracionamentos do extrato
hexânico de S. marginatus foi utilizado como adsorvente a mesma placa e como fase móvel o solvente
ou misturas de solventes mais próximos de sua extração.
As amostras foram diluídas e aplicadas nas placas de cromatografia com o auxilio de um
capilar de vidro, a 1,5 cm de distância da borda inferior da placa e cerca de 1 cm entre as amostras. As
placas foram colocadas em posição vertical e inclinadas em direção a uma das paredes da cuba de
vidro, que já continha o solvente de grau P.A. ou mistura de solventes e a cuba foi vedada. Após o
desenvolvimento da cromatografia as placas foram retiradas da cuba e a distância percorrida pela fase
móvel foi marcada. As placas foram visualizadas sob luz UV em ondas curtas (254 nm) e ondas longas
(366 nm) no Spectronline Model CC-80, Spectronics Corporation e reveladas com a solução de ácido
sulfúrico a 20% em etanol, aquecidas em placa de aquecimento. As placas reveladas foram
digitalizadas na impressora HP-PSC 1410 All-in-One ou HP Deskjet F4180 All-in-One, utilizando o
programa Adobe Photoshop CS2.
20
3.3.3 Cromatografia com fase líquida em coluna de gel de sílica
A cromatografia em coluna foi realizada com parte do extrato hexânico (5,9 g) de
Struthanthus marginatus (SMPAH) em coluna de vidro de 4 cm de diâmetro e o adsorvente ocupou 45
cm de altura. O adsorvente utilizado foi o gel de sílica 60 Merck, 230 – 400 mesh e como fase móvel
foram utilizados os solventes hexano, acetato de etila e metanol (solventes com grau P.A.), aumentado
os níveis de polaridade, seguindo a ordem estabelecida na tabela 2.
A amostra solubilizada em uma quantidade mínima de hexano foi colocada na parte superior
da coluna com auxílio de uma pipeta e foi coberta com uma pequena quantidade de sílica. A fase
móvel foi adicionada e foram coletadas frações de aproximadamente 300 mL. O processo de
cromatografia em coluna foi acompanhado por cromatografias em camada delgada (CCD).
TABELA 2: Sistema de solventes para eluição da coluna cromatográfica do extrato em
hexano de Struthanthus marginatus (SMPAH).
Frações Eluente (fase móvel) Proporção
1 Hexano 100%
2-6 Hex/AcOEt 5%
7-8 Hex/AcOEt 10%
9-14 Hex/AcOEt 15%
15-16 Hex/AcOEt 20%
17 Hex/AcOEt 30%
18-19 Hex/AcOEt 40%
20 Hex/AcOEt 50%
21-22 Hex/AcOEt 60%
23-24 Hex/AcOEt 70%
25 Hex/AcOEt 80%
26 Hex/AcOEt 90%
27-28 AcOEt 100%
29 -30 AcOE/MeOH 25%
31-32 AcOE/MeOH 50%
33-34 AcOE/MeOH 75%
35 MeOH 100%
21
3.3.4 RMN (Ressonância Magnética Nuclear)
As experiências de RMN de 1H e 13C foram realizadas em espectrômetro Bruker 400MHz
do Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear Jiri Jonas (CNRMN/UFRJ). O tetrametilsilano
(TMS) foi utilizado como referência interna. As substâncias foram dissolvidas em aproximadamente
0,6 mL de clorofórmio deuterado (CDCl3) para as análises. Os deslocamentos químicos foram
medidos em partes por milhão (ppm) da freqüência aplicada e as constantes de acoplamento medidas
em Hertz (Hz).
3.4 Ensaio de atividade Antimicobacteriana
Os ensaios biológicos para determinação da atividade antimicobacteriana dos extratos e
frações de Struthanthus marginatus e de S. concinnus foram realizados utilizando a cepa padrão de
Mycobacterium tuberculosis (H37RV ATCC no 27294) e uma cepa resistente à rifampicina (35388) em
uma concentração fixa dos extratos de 200 µg/mL e depois foi realizada a Concentração Inibitória
Mínima (CIM). Os ensaios foram realizados pela aluna de mestrado Tatiane Silveira Coelho da equipe
do Dr. Pedro Eduardo Almeida da Silva, Departamento de Patologia, Laboratório de Micobactérias da
FURG, RS.
3.4 .1 Ensaios de triagem
Para a suspensão bacteriana, foram utilizados tubos de vidro estéril com rosca contendo
pérolas de vidro para cada cepa e pesados, individualmente, na balança de precisão. Depois, colônias
de bactérias foram transferidas para cada tubo com o auxílio de palitos estéreis. Foi novamente
realizada a pesagem e calculada a diferença, em cada 0,001 g de cepa, adiciona-se 1mL de água
destilada estéril. Inicialmente, coloca-se 500 µL de água, agita-se no vórtex e completa o restante com
água, agitando outra vez. Essa suspensão de células é realizada conforme a escala 1,0 de Mac Farland.
O inóculo da cepa foi preparado a partir desta suspensão, em uma proporção de 1:20 em meio 7H9
líquido.
Os ensaios foram realizados com base em literatura especializada (PALOMINO et al. 2002)
com pequenas modificações. Foi utilizada uma microplaca de 96 orifícios em fundo U. Nos poços da
periferia foi adicionado 200 µL de água destilada estéril, para evitar a rápida evaporação do meio
líquido quando incubado na estufa. No centro da placa, foi adicionado 100 µL de meio de cultura 7H9
associado a OADC (Ácido oléico, albumina, dextrose, catalase), 100 µL do extrato e 100 µL do
inóculo bacteriano, de maneira que o extrato estará a uma concentração de 200 µg/mL. Dois controles
foram realizados, um positivo pra a cepa, para medir a viabilidade (com apenas 100 µL de meio e 100
22
µL de inóculo bacteriano) e um negativo para o meio, para testar a esterilidade (com apenas 200 µL de
meio). A microplaca foi incubada por sete dias numa estufa a 37° C.
3.4.2 Concentração inibitória mínima para extratos vegetais (CIM)
Após a triagem foram selecionados os extratos que apresentaram atividade
antimicobacteriana, para avaliar a concentração inibitória mínima (CIM), ou seja, a menor
concentração que inibe o crescimento do Mycobacterium tuberculosis (NEWTON et al. 2000). Ajusta-
se os extratos, mantidos na geladeira em DMSO, para uma concentração de 800 µg/mL. A suspensão é
preparada da mesma maneira que na triagem.
Para a preparação do meio, é obedecida a proporção de 10% de complemento OADC em
7H9. Adicionou-se 200 µL de água destilada estéril nos poços da periferia com o propósito de evitar a
rápida evaporação do meio líquido 7H9.
Em seguida, em todos os poços de CIM foi adicionado 100 µL do meio 7H9 enriquecido
com 10% de OADC, 100 µL do extrato, partindo-se de uma concentração de 200 µg/mL no primeiro
poço até 0,39 µg/mL no último (microdiluição 1:2) e por último, 100 µL do inóculo bacteriano. Dois
controles foram realizados, um positivo para a cepa (viabilidade) e um negativo para o meio
(esterilidade). Após isso, a placa foi incubada na estufa a 37º C por sete dias.
3.4.3 Leitura
Passada a incubação, acrescentou-se 30 µL de resazurina a 0,02% em cada poço de triagem
e CIM, permanecendo por mais dois dias na estufa (37° C). A interpretação dos resultados se dá a
partir da reação de oxi-redução da resazurina, que modifica da cor azul para rosa quando ocorre
crescimento bacteriano, ou seja, apresenta a cor azul quando oxidado e rosa quando reduzido. A
resazurina é um indicador de viabilidade celular, age como um aceptor de elétrons na oxidação da
glicose pela glicose oxidase (PALOMINO et al., 2002). Deve ser observada coloração rosa para o
controle da suspensão bacteriana indicativo de viabilidade celular e azul para os demais controles.
Os métodos de coloração que utilizam indicadores de oxidação-redução, como a resazurina
(Resazurin Microtiter Assay Plate - REMA), têm sido utilizados de forma bem sucedida para
determinar a Concentração Inibitória Mínima (CIM) de rifampicina e outras drogas anti-tuberculose
(PALOMINO et al. 2002; LEMUS et al., 2004).
23
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Etnobotânica
A partir do estudo de campo realizado, pode-se afirmar que as feiras de Petrópolis e Nova
Friburgo, RJ ocorrem em ruas e praças, ao ar livre. As feiras livres funcionam apenas em um ou dois
dias na semana, e por isso, as barracas são montadas e desmontadas apenas nos dias de
funcionamento. A comercialização é principalmente de produtos hortifrutigranjeiros
(aproximadamente 80% das barracas). Embora esse estudo tenha selecionado as barracas que
comercializam plantas medicinais, foi observada também a venda de plantas para outros usos:
abortivo, alimentar, condimentar, ornamental e ritualístico.
As barracas de comercialização de plantas medicinais normalmente se encontram em um
dos extremos da feira-livre, estão bem caracterizadas e diferenciadas das demais quanto à arrumação,
forma de apresentação e preço das plantas. Foram encontrados três informantes nas feiras livres de
Petrópolis e um informante na feira livre de Nova Friburgo (TABELA 4, pág. 26), sendo duas mulheres
e dois homens, cujas idades variam entre 38 e 71 anos. Todos residem na cidade onde trabalham. Dois
dos informantes afirmam não passar o conhecimento sobre as plantas, pois, segundo eles, “ninguém
mostra interesse em aprender”. Segundo os informantes, eles aprenderam sobre as plantas medicinais
com parentes próximos (mãe ou esposo), em livros ou com “a vida”, que pode significar que o
aprendizado se deu com a sua função de comerciante de plantas medicinais (TABELA 4, pág. 26).
A comparação entre o presente trabalho e os demais realizados em feiras livres e mercados
no Brasil, mostra que, apesar do pequeno número de informantes (4), essa pesquisa apresenta o
segundo maior número de espécies identificadas (172) (TABELA 3, pág. 25 e TABELA 5, pág. 28).
Ainda, comparando o presente trabalho com outros realizados em feiras livres e mercados no estado
do Rio de Janeiro, verifica-se uma grande semelhança entre as espécies utilizadas - 17% de espécies
comuns com o trabalho de Parente e Rosa (2001), 30% com o de Azevedo e Silva (2006) e Maioli-
Azevedo e Fonseca-Kruel (2007), 32% com o de Stalcup (2000) e 40% com o de Silva (2008). A
pesquisa realizada em feiras livres na zona norte e zona sul do município do Rio de Janeiro também
revelou uma semelhança entre as espécies comercializadas nos trabalhos realizados no estado
(STALCUP 2000; PARENTE & ROSA 2001; AZEVEDO & SILVA 2006; MAIOLI -AZEVEDO & FONSECA-
KRUEL 2007), sugerindo que algumas plantas são preferencialmente utilizadas pela população do
estado do Rio de Janeiro. A semelhança entre o grupo de espécies comercializadas deve-se,
provavelmente, ao fato de serem espécies cultivadas e o extrativismo realizado no mesmo bioma
(Mata Atlântica), além dos aspectos culturais e tradicionais regionais (MAIOLI -AZEVEDO & FONSECA-
KRUEL 2007).
24
Dentre as espécies comuns às pesquisas no estado do Rio de Janeiro (SANTOS & SILVESTRE
2000; STALCUP 2000; PARENTE & ROSA 2001; AZEVEDO & SILVA 2006; MAIOLI -AZEVEDO &
FONSECA-KRUEL 2007; SILVA 2008) e o presentre trabalho, destaca-se uma única espécie comum a
todas as pesquisas, que foi a samambaia “abre-caminho” (Lygodium volubile Sw., Schizaeaceae), isso
porque o trabalho de Santos e Silvestre (2000) considerou somente as pteridófitas comercializadas nas
feiras livres do Rio de Janeiro e Niterói. As outras espécies presentes em todos os demais trabalhos,
exceto o de Santos e Silvestre (2000), foram o funcho (Foeniculum vulgare Mill., Apiaceae), picão
preto (Bidens pilosa L., Asteraceae), arnica (Solidago chilensis Meyen, Asteraceae), melão-de-São-
Caetano (Momordica charantia L., Cucurbitaceae), macaé (Leonurus sibiricus L., Lamiaceae), poejo
(Mentha pulegium L., Lamiaceae), alecrim (Rosmarinus officinalis L., Lamiaceae), sete sangrias
(Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. F. Macbr, Lythraceae), guiné (Petiveria alliacea L., Phytolacaceae),
lágrima de Nossa-Senhora (Coix lacryma-jobi L., Poaceae) e capim-cidreira (Cymbopogon citratus
(DC.) Stapf, Poaceae). Essas espécies são cultivadas ou ruderais, muito utilizadas na medicina popular
e algumas já foram analisadas em pesquisas científicas.
25
TABELA 3: Estudos relacionados à venda de plantas úteis em feiras e/ou mercados realizados no Brasil.
Referência Local de Estudo Bioma (Fonte: IBAMA)
Cat. N. inf.
N. spp.
Spp. com
Material Testemunho (Herbário) Método
Berg (1984) Mercado Ver-o- peso, Belém, PA Amazônia * s/r ~167 13 Museu Goeldi (MG) Não descrito
Stalcup (2000) Feira livre da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ Mata Atlântica M, R 4 151 55 Museu Nacional RJ (R) Entrevistas
Santos & Silvestre (2000) Feiras livres do Centro do Rio de Janeiro e Niterói, RJ
Mata Atlântica M, R 10 8 PVSS
2 Jardim Botânico RJ (RB) Entrevistas
Parente & Rosa (2001) Feira livre de Barra do Piraí, RJ Mata Atlântica M 2 101 29 Universidade Rural do Rio de Janeiro
(RBR)
Entrevistas
Almeida & Albuquerque (2002)
Feiras de Caruaru, PE Caatinga M 20 114 18 Universidade Federal de Pernambuco
(UFP)
Entrevistas
Pinto & Maduro (2003) Feiras livres e bancas de rua de Boa Vista, RR
Amazônia M 5 100 13 Museu Integrado de Roraima (MIRR) Questionários
Azevedo & Silva (2006) Feiras livres e Mercado da Zona Oeste do Rio de Janeiro, RJ
Mata Atlântica M, R s/r 127 49 Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (RBR)
Entrevistas
Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel (2007)
Feiras livres da Zona Sul e Zona Norte, Rio de Janeiro, RJ
Mata Atlântica M, R 54 104 53 Jardim Botânico RJ (RB) e Universidade
Santa Úrsula (RUSU)
Entrevistas
Silva (2008) CEASA e Mercado de Madureira, RJ Mata Atlântica M,R,C 22 265 69 Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (RBR) e Jardim Botânico RJ (RB)
Entrevistas
Presente Trabalho Feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo, RJ
Mata Atlântica ** 4 172 X Jardim Botânico RJ (RB) e Universidade
Federal do Rio de Janeiro (RFA).
Entrevistas
Legenda - Cat. – categorias de uso: M – medicinal; R – ritualística; C - condimentar; * cinco seções presentes no mercado (artesanato; plantas medicinais e mágicas; vegetais e raízes; frutas; e horticultura e plantas ornamentais). ** medicinal, abortivo, alimentar, condimentar, ornamental e ritualístico. N. inf. – Número de informantes: s/r – sem referência. N. spp. – Número de espécies citadas no trabalho: PVSS – Planta vascular sem sementes; Spp. com – número de espécies em comum com o presente trabalho.
26
TABELA 4: Perfil dos informantes das feiras livres em Petrópolis e Nova Friburgo.
M R O J
Sexo F F M M
Idade 68 anos 38 anos 71 anos 65 anos
Feira livre que trabalha Alto da Serra Centro e Alto da
Serra
Centro Olaria
Município Petrópolis Petrópolis Petrópolis Nova Friburgo
Há quantos anos
comercializa pl. medicinais?
17 anos 22 anos 50 anos 3 anos
Aprendeu com o esposo a mãe a vida em livros
Ensina para “somente para os
fregueses”
“ninguém quer
aprender”
“dois
conhecidos”
“ninguém, filhos não
querem pois são crentes”
Origem Sapucaia, RJ Petrópolis Petrópolis Nova Friburgo
Durante este trabalho os informantes relacionaram 172 espécies, sendo 171 plantas distribuídas em
59 famílias botânicas e uma espécie de fungo, destacando-se as medicinais com 84% das espécies
comercializadas (TABELA 5, pág. 28). A família mais representativa em número de espécies foi Asteraceae
(30 espécies), seguida de Lamiaceae (14 espécies) e Solanaceae (6 espécies) (FIGURA 5, pág. 27).
O trabalho realizado durante a monografia da mesma autora levou em consideração apenas um ano
de coleta das espécies comercializadas nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo, relacionando 116
espécies úteis, distribuídas em 47 famílias botânicas (SANTOS 2006). Observa-se que a continuidade do
trabalho por mais dois anos permitiu uma melhor identificação e maior quantidade de espécies
comercializadas. As famílias mais representativas em número de espécies no trabalho prévio também foram
Asteraceae e Lamiaceae, porém foram seguidas por Verbenaceae e Malvaceae (SANTOS 2006).
As famílias Asteraceae e Lamiaceae costumam ser as mais representativas em número de espécies
em trabalhos etnobotânicos (STALCUP 2000; PARENTE & ROSA 2001; DI STASI et al. 2002; HANLIDOU et al.
2004; GAZZANEO et al. 2005; AZEVEDO & SILVA 2006, PILLA et al. 2006, PINTO et al. 2006; MAIOLI -
AZEVEDO & FONSECA-KRUEL 2007; POSSE 2007; SÁ 2007; SILVA 2008). Essas famílias possuem um grande
número de espécies (cerca de 22.750 e 6.700, respectivamente), muitas das quais são cosmopolitas e
conhecidas mundialmente como plantas medicinais, o que pode explicar sua alta representatividade em
trabalhos de etnobotânica (DI STASI et al. 2002). A literatura indica que Lamiaceae, Asteraceae, Poaceae,
27
Fabaceae e Malvaceae dominam as listas de plantas medicinais exóticas, sendo comuns tanto em regiões
temperadas quanto nos trópicos (BENNETT & PRANCE 2000). Além disso, Asteraceae e Lamiaceae são
famílias ricas em óleos voláteis o que pode justificar a ampla utilização na medicina popular ao redor do
mundo (MENEZES & KAPLAN 1992; SIMÕES & SPITZER 2004).
FIGURA 5. Famílias botânicas mais representativas em número de espécies.
As espécies comercializadas nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo são originadas de
diferentes continentes. Das 121 espécies para as quais foi possível verificar a origem, 77 espécies eram
provenientes do continente americano, 23 da Europa, 22 da Ásia, 14 da África e uma espécie da Oceania. Da
mesma forma o trabalho realizado no Mercado de Madureira e na CEASA verificou que praticamente
metade das plantas vendidas era americana, sendo depois seguidas pelas asiáticas, africanas e européias
(FIGURA 6, pág. 43) (SILVA 2008).
28
TABELA 5: Plantas úteis indicadas pelos informantes e vendidas nas feiras livres dos municípios de Petrópolis (P) e Nova Friburgo (N), RJ (páginas 28 a 42).
Legenda: Usos (Med - medicinal, Rit - Ritual, Abo - Abortiva, Ali - alimentar e Con – condimentar, Orn - Ornamental); Parte usada (Fl- flores; Fo - folhas, Fr - Frutos, R - Ramo, Br - Brotos, Ra - Raiz, Ri - Rizoma, Cs - casca, S-semente, TP - toda a planta, PA - Parte Aérea); Hb- Hábito (H - herbáceo, A - arbóreo, Ar - arbusto, T - trepadeira); C- Caráter (N - Nativa ou E - Exótica); Poss. Orig. – possível origem (Am - América, As - Ásia, Af - África, Eu - Europa, Oc - Oceânia); Obt. - Obtenção (C- Cultivo, E - Extrativismo, CE - Cultivo e Extrativismo). PVSS – Planta vascular sem semente; *Indicada pelos 3 informantes de Petrópolis; ** indicada pelos 4 informantes (Petrópolis e Nova Friburgo).
FAMÍLIA / Espécie nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
ACANTHACEAE
Pachystachys lutea Nees
Camarão 0,3 Med colesterol Fl H E Am C chá P RB 454848
ALISMATACEAE
Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli*
Chapéu de couro 1,1 Med rins, cistite, ácido úrico, má circulação e cansaço nas pernas
Fo H N Am C chá P RB 454850
ALOACEAE
Aloe arborescens Mill. Babosa 0,9 Med para o cabelo, câncer e diabetes Fo H E Af C bate no liquid. ou em bebida alcoólica
P RB 468905
Aloe vera L. Babosa 0,9 Med para o cabelo, câncer e diabetes Fo H E As, Af, Eu
C garrafada ou bate no liquid.
P RB 454916
AMARANTHACEAE
Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze.
Terramicina 0,3 Med inflamação H N Am E chá P RB 468906 e RFA 34485
Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen
Novalgina, Terramicina ou Penicilina
0,7 Med dor de cabeça, abaixar a pressão e antiinflamatório
Fo Ar N Am C chá P RB 454957
ANACARDIACEAE
Schinus terebinthifolius Raddi
Aroeira 1,0 Med, Rit Inflamação (de ovário), banho de descarrego, varize arrebentada e hemorragia
Fo, R, PA
A N Am CE chá, no álcool ou banho
P, N RB 454851
29
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
ANNONACEAE
Annona muricata L. Graviola 0,6 Med, Ali emagrecer, colesterol e para comer (alimentação)
Fo A E Am C chá P RB 468907
APIACEAE
Foeniculum vulgare Mill.**
Funcho 1,2 Med, Con calmante, tempero, dor de barriga, gases e coração
R H E Eu C chá P, N RB 454852 e RFA 34498
APOCYNACEAE
Geissospermum laeve (Vell.) Miers
Pau pereira 1,0 Med fígado, estômago, diabetes e impotência Fo, Cs E chá, com vinho ou em água
P RB 468908
Indet. Agoniada 0,7 Med, Abo mulher quando está esperando neném para dar leite, quando o "regulamento" está atrasado, para descer (abortiva)
P
ARACEAE
Pistia stratiotes L. Santa Luzia 0,3 Med para a vista H N Am C bate no liquid. P RB 454853
Xanthosoma sp. Taioba 0,3 Med, Ali para comer e é bom para o intestino H C na alimentação P
Zantedeschia aethiopica (L.) Spreng.
Copo de leite Orn Fl H E Af C P
ASTERACEAE
Achillea millefolium L. Camomila ou Mil em Rama
0,3 Med calmante H E As, Eu C P RB 454854
Achillea sp. Artemisia 1,2 Med, Abo estomago, rins, infecção na urina e no útero, menstruação atrasada e é abortivo
Fo, Fl H chá P RB 454858
Achyrocline satureioides DC.
Macela (do campo), Marcela ou Camomila do mato
0,6 Med calmante, para meningite e clarear o cabelo Fl H N Am E chá (bebe ou banho) ou faz o travesseiro
P RB 468909
Ageratum conyzoides L.*
Erva de São João 1,3 Med, Abo para gripe, resfriado, tosse, problemas de memória e é abortivo
H N Am CE chá ou xarope P RB 454855
Artemisia absinthium L. Losna 0,9 Med problema de estômago, diabetes e coração Fo Ar E Eu, As, Af
C chá P RB 468910
30
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
Artemisia annua L. Marcelão 0,3 Med estômago H E As chá P RB 454856
Artemisia sp. Cânfora 0,3 Med para pancada R H Eu C no álcool (de cereal) e passa
P RB 454857
Baccharis dracunculifolia DC.
Alecrim do campo / mato
0,3 Med, Rit dor muscular e banho de descarrego R H N Am C coloca no álcool e passa
P RB 468911
Baccharis elaeagnoides Steve. Ex. Sch. Bip.
Alecrim do mato Rit banho H N Am E N RB 454863
Baccharis myriocephala DC.**
Carqueja 1,1 Med fígado, diabetes, diminuir o açúcar, colesterol e emagrecer
Fo, PA H N Am CE chá ou em cachaça P, N RB 454861 e 454864
Baccharis usteri Heering
Carqueja doce 0,6 Med colesterol, diabetes R H N Am E chá P RB 454859
Bidens pilosa L. Picão preto 1,0 Med hepatite, erisipela, fígado, "terícia" (icterícia) R H N Am CE chá P, N RB 454865 e RFA 34486
Cynara scolymus L.* Alcachofra 1,0 Med, Ali problemas de figado, colesterol, hemorróideas, emagrecer e a flor cozinha
para salada
PA, Fl, Fo
H E Eu C chá e cozinha a flor P RB 454866
Elephantopus mollis Kunth.
Erva grossa 0,5 Med tosse e pneumonia Fo H N Am C chá ou xarope P RB 468912
Erechtites valerianifolius (Link ex Spreng.) DC.
Capichoba 0,3 Med, Ali hemorróidea e salada Fo H Am P RB 454867 e RFA 34488
Helipterum manglesii (Lindl.) Benth.
Rondante Orn R H E Oc P RB 454868 e RFA 34487
Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron.*
Cardo-santo /Dente de Leão
1,8 Med gripe, bronquite, tosse, pneumonia, fígado, colesterol, pressão alta e "bronsite"
("Bronsite" = "dor na junta dos ossos")
R, Fo, Ra
H N Am CE chá, xarope, bate no liquid.; compressa
ou emplastro
P RB 454870, 454871 e 454873
Mikania hirsutissima DC.
Cipó-cabeludo 0,9 Med aumenta o hormônio, rins e infecção T N Am E chá N RB 454875
Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker*
Guapo 0,7 Med resfriado, gripe e tosse TP, R T N Am C chá ou xarope P RB 454877
Pterocaulon virgatum (L.) DC.
Quitoco H Am E P RB 454878
Solidago chilensis Meyen*
Arnica 1,6 Med pancada, dor nos ossos, no braço e no corpo, reumatismo, para cicatrizar; machucado,
torcicolo, tombo
Fo H N Am CE sumo; chá (bebe e banho); em álcool e
passa
P RB 454879
31
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
Sonchus cf. oleraceus L. Serralha 0,4 Med manchas de pele, as brancas (vitiligo) H E Eu C chá (bebe ou passa) P RB 468913
Stifftia chrysantha Mikan
Ifa ou esponjinha Orn R P RB 454881
Vernonia aff. petiolaris DC.
Assapeixe 0,3 Med pneumonia Br, R Ar N Am xarope ou bate no liquid.
P RB 454883
Vernonia phaeoneura Toledo
Assapeixe 0,4 Med pulmão, pneumonia Br, Fo Ar CE chá, xarope ou sumo P RB 454884 e 454886
Vernonia sp. Assapeixe 0,3 Med gripe Ar chá ou xarope P RB 454885, RB 469120
Indet. 1 Marcelinho 0,3 Med dor de barriga (principalmente de neném) Fo, Fl C chá P RB 468914
Indet. 2 Necroton, Boldo do Chile ou Erva de Bugre
0,6 Med fígado e emagrecer R C chá P RB 468915
Indet. 3 Ponta livre 1,0 Med dor no peito, pontada, coração, gripe com dor no peito
R C chá N RB 468916
Indet. 4 Bardana 0,4 Med, Ali problemas de memória e fazer conserva R, Ra Ar E Eu C P RB 468917
BIGNONIACEAE
Jacaranda cf. macrantha Cham.
Carobinha roxa 0,5 Med alergia, para o sangue e anemia Ar Am E N RB 454887
Jacaranda cf. puberula Cham.
Carobinha 0,7 Med coceira, alergia e depurativo do sangue Fo Ar N Am E chá ou banho P RB 454888
Jacaranda sp. Para raio ou Carobinha graúda
0,3 Med, Rit depurativo do sangue e para banho de descarrego E P RB 468918
Indet. Ipê-roxo 0,3 Med câncer Cs E chá ou garrafada P
BIXACEAE
Bixa orellana L. Urucum 0,7 Med, Con, Orn
câncer, colesterol, coração, tempero (coloral) ou para enfeitar, fazer artesanato
Fr, Fo, S
Ar N Am C chá ou em água P, N RB 468920
32
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
BOMBACACEAE
Ceiba speciosa (A.St.-Hil. A.Juss. & Cambess.) Ravenna
Algodão 0,9 Med, Abo inflamação, para o ouvido, e para abortar Fo, Ra, S
N Am P RB 454889
BRASSICACEAE
Brassica rapa L. Flor do Bloco 0,3 Med calmante H E Eu C chá P RB 468921 e RFA 34480
BROMELIACEAE
Aechmea fasciata Baker Bromélia Orn TP H N Am CE P
Neoregelia sp. Bromélia Orn TP H P RB 468922
Tillandsia usneoides L. Barba de velho 0,6 Med rins e para crescer o cabelo H C P RB 468923
Vriesea heterostachys (Baker) L. B.Sm.
Bromélia Orn TP P RB 468924
Vriesea psittacina (Hook.) Lindl.
Gravatá ou espadinha Orn TP H Am CE P
BUDDLEJACEAE
Buddleja sp. Babasco 0,7 Med inflamação, machucado, dor Fo, Fl Ar N Am E chá (bebe e banho) P RB 454872
CAESALPINACEAE
Bauhinia forficata Link*
Pata de vaca 0,4 Med baixar o açúcar; diabetes Fo A N Am CE chá P RB 454911
Bauhinia microstachya J. F. Macbr (ou Macbride)
Pata de vaca 0,3 Med açúcar no sangue T Am E N RB 454912
Bauhinia variegata L. Pata de vaca 0,3 Med açúcar no sangue A E Am C N RB 454913
Cassia cf. occidentalis L. Fedegoso Ar E Am E P RB 468925 e RFA 34489
33
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
Senna macranthera (Coll) H.S.Irwin & Barneby
Acácia 0,3 Abo aborto Fo, Cs Am chá P RB 454958
CAPRIFOLIACEAE
Sambucus nigra L.* Sabugueiro 0,8 Med para sarampo, gripe, catapora, coceira de catapora Ar E Eu C chá ou xarope P RB 454890
CECROPIACEAE
Cecropia sp. Embaúba A P RB 468943
CHENOPODIACEAE
Chenopodium ambrosioides L.
Santa Maria ou Mastruz 0,3 Med pulmão, verme e para pulga Fo H N Am C chá, xarope, esfarela as folhas ou bate no
liquid.
P RB 454891
CONVOLVULACEAE
Ipomoea batatas (L.) Lam.
Batata doce 0,3 Med antiinflamatório H N Am C chá (bebe ou banho) P RB 468926
COSTACEAE
Costus spiralis Roscoe Cana do brejo 0,3 Med rins H E Am C chá P RB 454892
CRASSULACEAE
Kalanchoe brasiliensis Cambess.**
Saião 1,7 Med estômago, gastrite, úlcera, gripe, pulmão, pneumonia, bronquite, machucado e infecção
Fo H N Am C chá, xarope, bate no liquid. ou mastiga as
folhas
P, N RB 454893
Kalanchoe cf. pinnata (Lam.) Pers.
Erva da Fortuna Orn H C P RB 468927
Indet. Bálsamo 0,6 Med gastrite e catarata C sumo P RB 468928
34
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
CUCURBITACEAE
Apodanthera smilacifolia Cogn.
Cipó-Azogue 0,4 Med reumatismo e problema de coluna Fo T Am E coloca no álcool, passa com algodão
N RB 454894
Momordica charantia L. Melão de São Caetano 0,9 Med, Ali gripe, diabetes, matar piolho, os frutos podem ser comidos
Fo, R, Fr
T E As, Af CE chá (bebe ou passa), em álcool, cachaça
ou vinagre
P RB 454895
Sechium edule (Jacq.) Sw.
Chuchu-branco 0,3 Med abaixa a pressão T E Am C chá P RB 468929
CUSCUTACEAE
Cuscuta racemosa Mart.
Cipó-chumbinho 0,3 Med tosse T N Am E xarope P RB 454896
DENNSTAEDTIACEAE (PVSS)
Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon
Samambaia 0,3 Med reumatismo H E chá P RB 468930 e RFA 34483
EQUISETACEAE (PVSS)
Equisetum hyemale L. Cavalinha 0,9 Med rins, inflamação e câncer na próstata H Am C chá P RB 454897
EUPHORBIACEAE
Chamaesyce prostrata (Aiton) Small
Quebra pedra miuda 0,2 Med rins e cálculo H Am E chá P RB 454898
Phyllanthus tenellus Roxb.
Quebra pedra ou Erva-pombinha
0,4 Med pedra nos rins, inflamação nos rins TP H E chá P RB 454899
Ricinus sp1 Mamona branca 0,3 Med solta o intestino S Ar E P RB 468931
Ricinus sp2 Mamona roxa 0,3 Med solta o intestino S Ar E P RB 468932
Indet. Marmelinho 0,3 Med rins R C chá P RB 468933
35
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
FABACEAE
Desmodium adscendens (Sw.) DC.
Amor do campo ou Carrapichinho
1,2 Med rins, inflamação nos rins, ovários, dentes, garganta e qualquer tipo de inflamação
Fo, PA, R
H N Am E chá P, N RB 454914 e 454915
HELICONIACEAE
Heliconia rostrata Ruiz & Pav.
Colar de princesa Orn Fl Ar N Am C P
IRIDACEAE
Watsonia sp. Palma ou Bate sonha Orn TP H Af P RB 468934
LAMIACEAE
Glechoma hederacea L. Erva-terrestre 0,3 Med gripe H E Eu, As C xarope P RB 468935
Leonotis nepetaefolia Schimp. ex Benth.
Cordão de frade 0,6 Med diarréia, diabetes H E Am, Af
C P RB 454900
Leonurus sibiricus L. Macaé 1,4 Med problemas de intestino, intestino solto, dor de barriga, derrame, estômago, fígado, controla a pressão alta e
baixa
H E As CE chá P, N RB 454901
Mentha pulegium L. Poejo 0,6 Med resfriado, principalmente para as crianças, gripe, bronquite e pulmão
R, Fo H E As, Eu C chá ou xarope P, N RB 454902
Mentha x piperita L.* Elevante ou Hortelã 1,6 Med, Con, Abo
dor de cabeça, sinusite, gripe, calmante, vermes, tempero e abortivo
R H E Eu C chá, xarope ou inalação.
P RB 454903 e RFA 34477
Ocimum cf. basilicum L.**
Manjericão 0,4 Med, Con, Rit
pressão, problema do coração, tempero de carne e para banho de descarrego
R H E As, Af C chá, xarope ou banho
P, N RB 454904 e RFA 34491
Ocimum cf. selloi Benth.
Alfavaca anis 0,3 Med calmante Fo Ar N Am C chá ou xarope P RB 454905 e RFA 34509
Ocimum gratissimum L. Alfavaca (roxa) 0,9 Med, Con, Ali
gripe, tosse com pigarro, antidepressivo, tempero, faz quentão e para fazer pão
R, S, Fo Ar E As, Af C chá ou xarope P RB 454906 e RFA 34479
Origanum sp. Manjerona 0,3 Med, Con resfriado e tempero chá ou xarope P RB 468936
Plectranthus sp. Boldo 0,3 Med fígado C chá P RB 468937
36
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
Rosmarinus officinalis L.*
Alecrim 0,6 Med, Con, Rit
baixar a pressão, calmante, tempero e defumador
Fo, R H E Eu C chá P RB 454907 e RFA 34505
Salvia officinalis L.* Salvia 1,1 Med, Con Problemas/ angina de coração, calmante, dor de cabeça, abaixa a pressão e tempero
Fo H E Eu C chá P RB 454908
Tetradenia riparia (Hochst.) L. E. Codd
Alfazema fêmea 0,6 Med, Rit calmante, banho de descarrego, defumador, fazer incenso, e faz essência de igreja
H E Af CE chá P RB 454909 e RFA 34494
Thymus vulgaris L. Tomilho Con tempero, coloca na comida Ar E Eu P RB 468939
LAURACEAE
Cinnamomum zeylanicum Blume
Canela 0,4 Med, Ali gripe, tira catarro, faz quentão e doce Fo A E As C xarope N RB 468940
Laurus nobilis L.** Louro 0,8 Med, Con abaixar a pressão, evitar derrame, quando está "empachado", se sentindo cheio e tempero
A E As C chá P, N RB 454910 e RFA 34495
LORANTHACEAE
Struthanthus concinnus Mart.
Erva-de-passarinho 1,4 Med anemia, tosse, catarro, tuberculose, pneumonia, ecsema, para quem é fumante
Fo T N Am E chá ou xarope N RB 454917, RB 469119 e RFA 34484, RFA 34507
Struthanthus marginatus (Desr.) G. Don
Erva-de-passarinho 0,7 Med Para tratar o pulmão, pneumonia e tosse Fo T N Am E chá, xarope ou bate no liquid.
P RB 468941 e RFA 34490
LYTHRACEAE
Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. F. Macbr**
Sete sangrias 1,3 Med colesterol, depurativo / circulação do sangue, má circulação, coração, pressão alta, pressão, desentupir
veias e diarréia
H N Am CE chá P, N RB 454918, 454919 e
RFA 34493, 34497
MALVACEAE
Gossypium herbaceum L. Algodão 0,3 Med inflamação Fo Ar Af chá P RB 454920 e RFA 34496
Gossypium hirsutum L. Algodão 0,6 Med inflamação e para bronquite Fo, S Ar E Am chá ou torra e seca as sementes
P RB 468942
37
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
Malva parviflora L. Malva 0,9 Med Inflamação (ovário, dente,...) Fo, R H E Eu, As, Af
chá (bebe ou bochecha)
P RB 454921
Malva sylvestris L.* Malva (de banho) 1,2 Med inflamação no ovário, útero, nos dentes, nos rins, garganta ou de qualquer tipo
R, Fo H E Eu C chá (bebe ou bochecha), passa no
local
P RB 454922 e RFA 34506
Sida planicaulis Cav. Vassoura (preta) 1,0 Med circulação, afina o sangue, evitar derrame, quem teve derrame, colesterol e queda de cabelo
H Am E chá e banho P RB 454923 e RFA 34492
MELASTOMATACEAE
Miconia chartacea Triana
Branda-fogo 1,2 Med Erisipela, quando fica escuro (erisipela), febrite, ferida / inchação nas pernas
Fo Ar Am E chá (bebe, coloca os pés ou banho)
P RB 454924
MORACEAE
Clarisia cf. ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossberg
Espinheira santa 1,2 Med gastrite, estômago, abaixa a pressão, úlcera, queima gordura e azia
R, Fo Ar Am CE chá P, N RB 454925 RB 454926 e RFA 34508
Morus alba L. Amora (preta) 1,1 Med, Ali colesterol, emagrecer, tira a gordura do sangue, repor o hormônio, menopausa e faz
geléia
Fo CE chá P, N RB 468944 e RFA 34481
Sorocea aff. hilarii Gaudich
Espinheira santa 0,8 Med gastrite, úlcera, diabetes e emagrecer Ar E chá P RB 468945
Sorocea guilleminiana Gaudich
Espinheira santa 1,2 Med estomago, gastrite, úlcera, abaixa a pressão, diabetes e emagrecer
Fo Ar E chá P, N RB 468946 e RFA 34482
Sorocea sp. Espinheira santa 1,0 Med gastrite, úlcera, diabetes, estômago, azia e emagrecer
Fo, R Ar E chá P RB 469121
MYRTACEAE
Eucalyptus sp1 Eucalipto 0,7 Med sinusite, dor e dor de cabeça Fo A chá ou em álcool para inalar ou passar
P RB 454927
Eucalyptus sp2 Eucalipto 0,4 Med sinusite, gripe A CE P RB 468947
Eucalyptus sp3 Eucalipto 0,3 Med sinusite Fo A E inalação ou travesseiro
P RB 468948
38
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
Eugenia uniflora L. Pitanga 0,6 Med febre e colesterol Fo Ar N Am CE chá P, N RB 468949 e RB 468950
Syzygium cumini (L.) Skeels
Jamelão 0,3 Med colesterol Fo A E Af C chá P RB 454928 e RFA 34500
NYCTAGINACEAE
Mirabilis jalapa L. Maravilha H E Am P RB 454929
ORCHIDACEAE
Dendrobium nobile Lindl.
Pendoba Orn TP H E As C P
Indet. Orquídea cheirosa Orn E P RB 468951
PHYTOLACACEAE
Petiveria alliacea L.* Guiné (piu piu) 0,3 Med, Rit dor de cabeça, banho de descarrego H N Am, Af
C chá ou tintura P RB 454930 e RFA 34510
PIPERACEAE
Piper sp1 Desata nó 0,3 Med, Rit anestesia os dentes e banho de descarrego E P RB 454931
Piper sp2 Jaborandi 0,6 Med para o cabelo e é anestésica Fo, Ra, TP
H E banho N RB 454932
Piper sp3 João borandi ou Jaborandi
0,3 Med lavar a cabeça, para esticar o cabelo e parar de cair chá e passa P RB 468952
PLANTAGINACEAE
Plantago australis Lam.**
Trançagem 1,3 Med inflamação em qualquer lugar / por dentro, problemas de coluna, antibiótico, infecção na
garganta
TP, Fo H N Am E chá P, N RB 454933 e RFA 34476
Plantago major L. Trançagem 1,0 Med inflamação no corpo todo e para garganta, dentes, ossos
H E As, Eu chá P RB 454934 e RFA 34478
POACEAE
39
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
Coix lacryma-jobi L. Lágrima de Nossa Senhora
0,3 Med, Rit rins e descarrego H E As E P RB 454935
Cortaderia sp. Pluma Orn R H E Am C P RB 454936 e RFA 34470
Cymbopogon citratus (DC.) Stapf
Capim-cidreira 0,4 Med calmante, para dormir H E As C chá P RB 454937
Imperata cf. brasiliensis Trin.
Raiz de sapê 0,3 Med açúcar no sangue R H N Am E chá N RB 468953
POLYGONACEAE
Polygonum persicaria L.
Erva de bicho 0,9 Med, Rit coceira, alergia, hemorróidea e banho R H E Eu CE banho ou banho de assento
P RB 454938 e RFA 34475
PTERIDACEAE (PVSS)
Adiantum raddianum Pr.
Avenca 0,3 Med, Orn para tosse R, TP H N Am C chá ou xarope P RB 454939 e RFA 34474
Adiantum sp. Avenca Orn H E Eu P RB 468954
ROSACEAE
Rosa sp. Rosa branca 1,2 Med Inflamação (no útero), lavar a vista, intestino Fl H E As C chá ou em água, para intestino - chá
com Magnésia
P RB 454940
Rubus rosifolius J. Smith
Moranguinho do mato 0,3 Med rins Ra, Fo, TP
Ar Am E chá P RB 454941 e RFA 34473
RUBIACEAE
Indet. Fél da Terra 0,3 Med para sangue E chá P RB 454874
RUTACEAE
Citrus aurantium L. Laranja da Terra 0,4 Med, Ali resfriado, gripe Fo A E As C xarope N RB 468955
Ruta graveolens L.* Arruda 1,2 Med, Rit gripe, queda de cabelo, vista, piolho, banho de descarrego
Fo H E Eu C chá (passa ou bebe), xarope ou bate no
liquid.
P RB 454942 e RFA 34472
40
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
SCHIZAEACEAE (PVSS)
Lygodium volubile Sw. Abre-caminho Rit banho de descarrego H N Am E P RB 454943 e RFA 34471
SELAGINELLACEAE (PVSS)
Selaginella sp. Musgo ou samambaia Orn TP H P RB 468956
SOLANACEAE
Lycopersicon esculentum L.
Tomatinho do mato 0,6 Med, Ali varize, infecção geral, também come Fo, R, Fr
C chá P RB 468957
Nicotiana sp. Fumo Fo H Am C P RB 468958
Solanum americanum Mill.
Erva moura Ali a frutinha quando está roxa pode comer H N Am E P RB 454944
Solanum cernuum Vell. Panacéia 1,3 Med rins, fígado, inflamação, câncer na próstata e quando está enjoado
Ar N Am CE chá P RB 454945, RB 468959, RB 468960 e RFA 34504
Solanum lycocarpum A. St. -Hil.
Fruta de Lobo 0,3 Med diabetes Fr Ar N Am E chá, em álcool de cereal ou come o
fruto
P
Solanum paniculatum L. Jurubeba 0,6 Med fígado e diabetes Fo, S, Fr
Ar N Am E chá, em vinho ou garrafada
P RB 468962, RB 468963, RB 468964, RB 468965 e RFA 34501, RFA 34502
TRAPAEOLACEAE
Tropaeolum majus L. Chaga de São Sebastião ou de Cristo, Capuchinho ou Sete Chagas
0,4 Med estômago, gastrite e alimentação H E Am E xarope P RB 454946
41
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
URTICACEAE
Boehmeria sp. Paripedra 0,3 Med problema de rins R H C chá P RB 468966
Phenax sonneratii (Poir.) Wedd.
Paripedra ou Pariataria 0,4 Med rins, pedra nos rins TP H Am C chá P RB 454947 e RFA 34499
Pilea nummularifolia Griseb
Dinheiro em penca Orn H N Am C P RB 454948
VERBENACEAE
Aloysia gratissima (Gilles & Hook) Tronc.
Alfazema macho 0,3 Med, Rit calmante, banho de descarrego, defumador, fazer incenso Am C chá P RB 454949
Bouchea cf. laetevirens Schauer
Gervão (roxo) 0,5 Med problemas de sangue, limpar o sangue, para anemia C chá P RB 454950
Lantana camara L. Cambará 0,3 Med, Rit tosse e vento virado (rezar criança) Ar N Am P RB 454952
Lippia alba (Mill.) N. E. Br**
Capim-cidreira, Cidreirão, Erva-cidreira, Melissa ou Pau-Cidreira
0,5 Med calmante, para dormir, insônia quando está nervoso
Fo, R Ar N Am C chá P, N RB 454953 e 454951
Stachytarpheta cayennensis Valh*
Gervão roxo 1,3 Med sangue, depurativo/limpar o sangue, quando o sangue está fraco, anemia, ácido úrico, rins, colesterol
Ar N Am CE chá ou em vinho P RB 454954
VITACEAE
Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis
Insulina ou Mãe boa 0,9 Med diabetes, dor e dor nas pernas Fo T N Am C chá, no álcool ou em compressa
P RB 454955
WINTERIACEAE
Indet. Casca d´anta, Casca Sagrada ou Para tudo
1,0 Med intestino solto, dor de barriga, hemorróidea e gota
Cs, Fo E chá ou em água P
ZINGIBERACEAE
Alpinia zerumbet (Pers.) B.L. Burtt. & R.M.Sm.
Colônia 0,9 Med dor na coluna, problemas de pressão e dor no corpo
Fo, Fl H E As C chá P RB 454956
42
FAMÍLIA / Espécie Nome popular IR Usos Detalhamento de usos Parte Hb C Poss. Orig.
Obt Forma de preparo Mun Voucher
Indet. Pacová 1,0 Med coluna, "astrose", artrose, reumatismo, colesterol e pressão
Ri, Fo; TP, Ra
H C chá, banho, em vinho, em álcool e
passa
P, N RB 468967, RB 468968
Curcuma longa L. Açafrão 0,3 Med, Con colesterol, tempero (para macarrão, batata) Ri H E As chá P RB 468969
Zingiber officinale Roscoe
Gengibre 0,6 Med, Con, Ali
garganta, gripe, faz quentão, coloca ralado no bolo, tempero
Ri H E Am, As
C chá, xarope, garrafada ou
mastiga
P
FUNGO - BASIDIOMYCOTA - APHILLOPHORALES
Orelha (olho) de pau 0,3 Med qualquer tipo de ferida E queima o pó e coloca na ferida
P
INDETERMINADAS
Indet. 1 Cipó-suma 0,8 Med problemas de sangue, limpa o sangue, pereba e furúnculo
Cs E garrafada com vinho branco ou cachaça
P
Indet. 2 Língua de vaca 0,3 Med antiinflamatório Fo E chá P
Indet. 3 Cura-tombo 0,4 Med tombo que inflama e inflamação Fo E chá ou banho N
Indet. 4 Cipó-cravo Cs E garrafada P
Indet. 5 Cipó suma roxa 0,4 Med problemas no sangue, limpa o sangue Cs P
Indet. 6 Suma roxa 0,3 Med depurativo do sangue E P
Indet. 7 Cachalau 0,4 Med gripe e resfriado Fl C chá ou xarope N
Indet. 8 Unha de gato 0,5 Med reumatismo, reumatrose, problema de coluna R E chá P
43
FIGURA 6. Número de espécies por possíveis continentes de origem.
FIGURA 7. Forma de obtenção das espécies indicadas pelos informantes de Petrópolis e Nova
Friburgo, RJ.
14%
50%
36%
Cultivo e Extrativismo Cultivo Extrativismo
77
23 2214
10
10
20
30
40
50
60
70
80
90
América Europa Ásia África Oceania
nú
mer
o d
e es
péc
ies
44
Em trabalhos de etnobotânica realizados em mercados, um dos pontos relevantes é o conhecimento
da forma de obtenção das espécies vegetais comercializadas (ALBUQUERQUE et al. 2007). Neste estudo, os
informantes indicaram a procedência de grande parte das espécies citadas (145 espécies), sendo metade
cultivada por eles mesmos (50%), outras são extraídas da mata (36%) e algumas vezes os informantes podem
coletar na mata e cultivar ao mesmo tempo (14%) (FIGURA 7, pág. 43). Na feira livre de Barra do Piraí, RJ
também foi observada a predileção pela obtenção de espécies medicinais cultivadas (44%) (PARENTE &
ROSA 2001) e nas feiras e mercados do Rio de Janeiro também existe um equilíbrio entre o cultivo e o
extrativismo (AZEVEDO & SILVA 2006). Nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo os próprios
comerciantes cultivam ou coletam as plantas, o que não ocorre em outras feiras, onde os comerciantes
contam com fornecedores das plantas que comercializam, ou revendem plantas compradas em mercados de
abastecimento, tais como o CEASA (STALCUP 2000; MACÍA et al. 2005; AZEVEDO & SILVA 2006; MAIOLI -
AZEVEDO & FONSECA-KRUEL 2007).
No presente trabalho, observou-se que o extrativismo é uma atividade realizada pelo gênero
masculino. Quando a informante é do sexo feminino a coleta é realizada na mata por um parente próximo
(esposo ou pai). A mesma situação foi observada na feira livre do bairro da Tijuca, município do Rio de
Janeiro. As informantes preferiam ir coletar na mata com a presença do irmão ou de um parente masculino,
por não considerarem seguro irem sozinhas (STALCUP 2000). De acordo com o observado e segundo alguns
informantes, o gênero feminino, porém, é quem mais compra nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo,
o que também foi descrito no Mercadão de Madureira (SILVA 2008) e nas feiras livres de Barra do Piraí
(PARENTE & ROSA 2001).
A categoria de uso com maior número de espécies citadas foi a “Medicinal”, com 145 espécies,
sendo que 108 foram exclusivas desta categoria (FIGURA 8, pág. 45 e TABELA 6, pág. 46). As categorias
seguintes foram: ornamentais (18 espécies), ritualística (15 espécies), alimentares (13 espécies),
condimentares (12 espécies) e abortivas (6 espécies). As plantas comercializadas muitas vezes possuem mais
de uma categoria de uso. A maioria é comercializada como medicinal, mas também possui outros usos
(ritualístico, condimentar, alimentar e abortivo), com exceção da categoria ornamental, que possui 16
espécies exclusivas, de um total de 18 espécies (FIGURA 8, pág. 45 e FIGURA 9, pág. 46). A categoria
medicinal também foi a mais numerosa nas feiras livres do município do Rio de Janeiro (MAIOLI -AZEVEDO
& FONSECA-KRUEL 2007), na feira livre de Barra do Piraí, RJ (PARENTE & ROSA 2001) e no Mercadão de
Madureira e na CEASA, RJ (SILVA 2008). No estudo realizado com feiras na Bolívia constatou-se também
que os comerciantes não fazem distinção entre as plantas, elas são vendidas como medicinais, mas muitas
vezes possuem também caráter ritualístico (MACÍA et al. 2005). Segundo Silva (2008), o limite entre as
categorias medicinal, ritualística e condimentar é, muitas vezes, tênue.
Neste estudo, também foram avaliadas as diferentes formas de utilização das espécies medicinais
citadas. As formas de preparação foram o chá (106 espécies), xarope (26 espécies), em banho (13 espécies),
em bebida alcoólica como em vinho, cachaça, garrafada (12 espécies), “fazendo o sumo” que é feito socando
a planta ou batendo a mesma no liquidificador (12 espécies), “passando a planta com álcool no local
45
machucado” (9 espécies) ou colocando a planta em água na temperatura ambiente (4 espécies), além de
outros tipos de preparação (16 espécies) (FIGURA 10, pág. 47; TABELA 5, pág. 28 e TABELA 7, pág. 47).
Muitas vezes uma mesma espécie possui mais de uma forma de preparo, sendo utilizada como chá ou
xarope, por exemplo. Os informantes, quando perguntados sobre o modo de preparo do chá, relataram que a
planta fresca deve ser colocada em água fervente (infusão) e a planta seca deve ser fervida junto com a água
(decocção). O “chá” é uma forma de preparo bastante difundida no Brasil, e muito citada em levantamentos
etnobotânicos urbanos, como o da feira livre de Barra do Piraí, RJ, onde a maioria (51%) das espécies era
utilizada na forma de chá (PARENTE & ROSA 2001), bem como nos mercados da CEASA (68,2%), no
Mercado de Madureira (75,5%), RJ (SILVA 2008) e na feira livre do bairro da Tijuca, RJ (47%) (STALCUP
2000). A utilização do chá também é a mais citada no trabalho realizado com dois grupos de fitoterapia do
estado do RJ (48%) (POSSE 2007). Além disso, alguns trabalhos indicam que o decocto é a principal forma
de utilização pela comunidade (PILLA et al. 2006; MONTEIRO et al. 2006).
FIGURA 8. Número de espécies indicadas em cada categoria de uso.
145
18 15 12 136
108
16
2 1 1 10
20
40
60
80
100
120
140
160
Medicinal Ornamental Ritual Condimentar Alimentar Abortiva
nú
mer
o d
e es
péc
ies
Espécies indicadas em cada categoria Espécies exclusivas de cada categoria
46
FIGURA 9: Conjuntos de espécies indicadas em cada categoria de uso.
TABELA 6: Descodificação das categorias de uso das espécies úteis.
Categoria de uso Elucidação do uso popular
Medicinal Plantas para curar doenças de acordo com a Classificação Estatística Internacional para
Doenças e Problemas Relacionados à Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS,
1996) – ver Tabelas 4 e 6.
Ornamental Plantas usadas para fazer arranjo, para enfeitar, colocar no jardim e em vasos.
Ritual Plantas utilizadas para banho, banho de descarrego, defumador, fazer incenso, essência de
igreja, para mau olhado e “vento virado” (rezar criança).
Condimentar Plantas usadas como tempero, tempero de carne, macarrão, batata e colorau.
Alimentar Planta usada na salada, na alimentação, faz quentão, coloca ralado no bolo, para fazer pão
(broa), conserva, doce e geléia.
Abortiva Plantas para abortar, para “descer”. Essas plantas foram inseridas no Capítulo 15
(Gravidez, parto e puerpério) da Classificação Estatística Internacional para Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde (OMS 1996).
47
FIGURA 10: Forma de preparação das espécies medicinais em número de espécies.
TABELA 7: Descodificação do modo de preparação das espécies medicinais.
Modo de preparação
indicada
Elucidação do modo de preparo indicada
Chá Planta colocada em água fervente ou colocada junto com a água até a ebulição
Xarope Feito com açúcar queimado ou mel, formando uma calda, a planta pode ser colocada diretamente no
açúcar, na forma de chá ou ferve o chá junto com o açúcar.
Banho Plantas com uso tópico, em que o chá é utilizado no banho.
Bebida alcoólica ou
garrafada
Plantas preparadas com vinho ou cachaça.
Sumo Planta “socada” ou batida no liquidificador com água ou leite.
Álcool Planta colocada em álcool ou álcool de cereais que é passada no local machucado.
Água Planta colocada na água em temperatura ambiente.
Outros Plantas que são mastigadas; que as folhas são “esfareladas” (rasuradas); que é feita inalação;
travesseiro; tintura ou xampú.
106
26
13 12 129
4
16
0
20
40
60
80
100
120
Chá Xarope Banho Bebidaalcoólica
Sumo Álcool Água Outros
Nú
mer
o d
e es
péc
ies
48
As espécies estudadas foram incluídas em 17 categorias das 21 categorias possíveis da
Classificação Estatística Internacional para Doenças e Problemas Relacionados à Saúde da Organização
Mundial de Saúde (OMS 1996). No presente estudo, uma espécie de planta pôde estar presente em mais de
uma categoria, de acordo com a indicação do informante. A categoria com maior número de espécies citadas
foi “Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra
parte” (40 espécies), seguida por “Doenças do aparelho circulatório” (35 espécies) e “Doenças do aparelho
digestivo” (32 espécies) (TABELA 8, pág. 49).
A categoria “Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não
classificados em outra parte” possui uma grande quantidade de espécies, porque foram incluídas aí
indicações como inflamações não especificadas, dor de cabeça, dores não especificadas e tosse (TABELA 8,
pág. 49). Na Feira de Caruaru, PE, os transtornos do sistema circulatório, digestivo e afecções e dores não
definidas também obtiveram destaque (ALMEIDA & ALBUQUERQUE 2002). As mesmas categorias também
obtiveram destaque no Mercado de Madureira e na CEASA, a categoria “doenças do aparelho circulatório”
devido ao grande número de espécies para pressão alta e problemas cardíacos; as “doenças do aparelho
digestivo” devido à úlcera, gastrite e má digestão e os “sintomas ou sinais anormais de exames clínicos e de
laboratório” porque muitas espécies também foram indicadas como antinflamatórias em geral (SILVA 2008).
O tratamento de inflamações diversas foi também indicado para a maioria (41,2%) dos produtos
comercializados em Boa Vista, RR (PINTO & MADURO 2003)
As plantas indicadas para aborto foram inseridas no Capítulo 15 (Gravidez, parto e puerpério) da
Classificação Estatística Internacional para Doenças e Problemas Relacionados à Saúde da OMS (1996)
(TABELA 5, pág. 28; TABELA 6, pág. 46 e TABELA 8, pág. 49). Porém, foi observado que a comercialização
dessas espécies é diferente das espécies medicinais, algumas vezes as plantas para aborto são
comercializadas por encomenda, com um preço mais alto, e geralmente os informantes não dizem que elas
são abortivas, utilizando termos como “para descer”, ou “para regulamento atrasado”. Por isso, essas plantas
foram colocadas na categoria de uso “Abortivas”.
49
TABELA 8: Descodificação das indicações dos informantes para as espécies medicinais.
Número de spp.
indicadas
Capítulo do CID Indicações dos informantes
18 Algumas doenças infecciosas e parasitárias (A00 a B99) - Cap 1
dor de barriga, diarréia, intestino solto, para meningite, hepatite, erisipela, quando fica escuro (erisipela), infecção, infecção geral, tuberculose,
antibiótico, sarampo, catapora, coceira de catapora, vermes, pulga e piolho 6 Neoplasias (tumores) (C00 a D48) -
Cap 2 câncer e câncer na próstata
12 Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos
imunitários (D50 a D89) - Cap 3
alergia, anemia, para o sangue, depurativo do sangue, para limpar o sangue e quando o sangue está fraco
24 Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (E0 a E90) – Cap4
diabetes, para emagrecer, queima gordura, para baixar/diminuir o açúcar (no sangue) e para aumentar o hormônio
1 Transtornos mentais e comportamentais (F00 a F99) – Cap 5
antidepressivo
14 Doenças do Sistema nervoso (G00 a G99) - Cap 6
calmante, problemas de memória, para dormir, insônia quando está nervoso e para meningite
4 Doenças do olho e anexos (H00 a H59) - Cap 7
para a vista e catarata
1 Doenças do ouvido e da apófise mastóide (H60 a H95) - Cap 8
para o ouvido
35 Doenças do aparelho circulatório (I00 a I99) - Cap 9
circulação do sangue, má circulação, afina o sangue, coração, angina no coração, varize (arrebentada), hemorróidas, derrame, evitar ou quem teve derrame, controla a pressão alta e baixa, desentupir veias, para colesterol e
“febrite” 27 Doenças do aparelho respiratório (J00
a J99) - Cap 10 para gripe, gripe com dor no peito, resfriado, sinusite, pneumonia,
bronquite, pulmão, tira catarro, eczema (para quem é fumante = enfisema)
32 Doenças do aparelho digestivo (K00 a K 93) - Cap 11
fígado, estômago, intestino, soltar o intestino, gastrite, úlcera, azia, inflamação nos dentes, garganta, infecção na garganta, quando está
"empachado", se sentindo cheio e anestesia os dentes 11 Doenças da pele e do tecido
subcutâneo (L00 a L99) - Cap 12 para o cabelo, crescer o cabelo, queda de cabelo, manchas de pele, as
brancas (vitiligo), coceira, pereba e furúnculo
14 Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M00 a M99) -
Cap 13
cansaço/inchação/dor nas pernas, dor muscular, "bronsite" ("dor na junta dos ossos"), torcicolo, dor no pescoço, braço, dor nos ossos, reumatismo,
"astrose", "reumatrose", coluna, dor na coluna e gota 22 Doenças do aparelho geniturinário
(N00 a N99) - Cap 14 rins, cistite, ácido úrico, cálculo, pedra nos rins, inflamação nos rins/ovário/útero, infecção na urina/útero, impotência, quando o "regulamento" (de mulher) está atrasado, menstruação atrasada e
menopausa 6 Gravidez, parto e puerpério (O00 a
O99) - Cap 15 mulher quando está esperando neném para dar leite, para "descer"
(abortiva) e abortivo
0 Algumas afecções causadas no período perinatal (P00a P96) - Cap 16
0 Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00 a Q99) - Cap 17
40 Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório,
não classificados em outra parte (R00 a R99) - Cap 18
inflamação, antiinflamatório, tombo que inflama, hemorragia, gases, tosse, tosse com pigarro, "terícia" (icterícia), dor, dor no corpo, dor de cabeça,
dor no peito, pontada, febre, anestésica e quando está enjoado
6 Lesões, envenenamento e algumas outras consequencias de causas externas (S00 a T98) – Cap 19
para pancada, quando leva uma batida e fica doendo, para cicatrizar, para machucado, tombo, para ferida e ferida nas pernas
0 Causas externas de morbidade e mortalidade (V01 a Y98) - Cap 20
0 Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde (Z00 a Z99) – Cap 21
50
Os dados obtidos em campo foram analisados por metodologias quantitativas de Importância
Relativa (IR) (BENNETT & PRANCE 2000) e Saliência (QUINLAN 2005). Os cálculos de Importância Relativa
(IR) indicaram as plantas de nome popular cardo-santo ou dente-de-leão, ambas identificadas por especialista
da família Asteraceae, como a espécie Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron com o mais alto valor (1,8).
Em seqüência, apresentando IR maior que 70% observa-se o saião (Kalanchoe brasiliensis Cambess) com
1,7; arnica (Solidago chilensis Meyen) e elevante ou hortelã (Mentha x piperita L.) com 1,6; macaé
(Leonurus sibiricus L.) e erva-de-passarinho (Struthanthus concinnus Mart. ) com 1,4 (TABELA 5, pág. 28).
Todas as espécies (com exceção de Leonurus sibiricus L.) apresentam indicações relacionadas a afecções
respiratórias, pulmonares e doenças articulares, geralmente comuns na região serrana, com clima mais frio
que as cidades litorâneas. Como o cálculo de IR é baseado no número de Propriedades Farmacológicas
indicadas pelos informantes e Sistemas Corporais Tratados que cada espécie possui, o resultado apresentado
sugere que essas plantas são de grande importância para os consumidores, pois são utilizadas para o
tratamento de muitas doenças. Pode-se propor que a falta dessas espécies irá dificultar o tratamento de um
grande número de sintomas e doenças (TABELA 5, pág. 28).
O cálculo de IR pode ser encontrado em alguns trabalhos na literatura. A espécie que apresentou o
maior IR na CEASA do município do Rio de Janeiro foi Leonurus sibiricus, que também teve destaque no
presente trabalho, essa espécie é muito cultivada e comercializada em feiras e mercados no Brasil (SILVA
2008). Outros trabalhos relacionaram as espécies com valores de IR mais altos, porém nenhuma delas se
destacou no presentre trabalho (BENNETT & PRANCE 2000; ALMEIDA & ALBUQUERQUE 2002; MAIOLI -
AZEVEDO & FONSECA-KRUEL 2007). Pode-se observar que o cálculo de IR está relacionado com a
importância de uso regional das espécies medicinais, variando bastante entre os trabalhos etnobotânicos.
Utilizando os dados da listagem livre foi calculada a Saliência (QUINLAN 2005). O cálculo da
Saliência já foi utilizado para analisar as espécies citadas na listagem-livre por especialistas locais (ARAÚJO
et al. 2008; SILVA 2008) e neste trabalho, apresentou-se como o mais adequado para a avaliação da
sazonalidade, pois leva em consideração a ordenação da espécie na listagem livre e também o número de
informantes que citaram a espécie. Os informantes tendem a listar primeiro as espécies mais importantes e as
plantas mais conhecidas por eles são mais frequentemente listadas. Sendo assim, pode-se afirmar que em um
determinado grupo de pessoas, as primeiras plantas listadas são as mais importantes (SILVA 2008).
No cálculo da Saliência verificou-se que a planta de nome popular espinheira-santa obteve o maior
valor em todas as estações do ano (TABELA 9, pág. 53) e também para os dois anos de coleta (TABELA 11,
pág. 56). Os valores altos na Saliência, todos superiores a 0,50, podem indicar a grande importância que o
etnotaxon “espinheira-santa” possui para os informantes de Petrópolis. Contudo, quando é calculada a
Saliência com os nomes científicos das plantas observa-se que o resultado não é o mesmo, pois foram quatro
as espécies comercializadas com esse nome popular: Clarisia cf. ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossberg,
Sorocea aff. hilarii Gaudich, Sorocea guilleminiana Gaudich e Sorocea sp., todas da família Moraceae.
51
Sorocea sp. também obteve o valor mais alto de Saliência para os dois anos de coleta de dados (TABELA 11,
pág. 56) e na estação do outono (TABELA 10, pág. 54) e Clarisia sp. na primavera (TABELA 10, pág. 54). A
grande comercialização da espinheira santa pelos informantes, possivelmente se deveu a divulgação na mídia
dos efeitos anti-ulcerogênicos da espécie Maytenus ilicifolia Mart. ex. Reiss que possui o mesmo nome
popular. Como aconteceu com a população de Santo Antônio do Rio Grande em Minas Gerais, que começou
a utilizar a espécie Clarisia ilicifolia com o nome “espinheira-santa” após essa divulgação na televisão (SÁ
2007).
Outros trabalhos verificaram a influência da mídia no conhecimento difundido nas feiras livres e
mercados (STALCUP 2000; AZEVEDO & SILVA 2006; MAIOLI -AZEVEDO & FONSECA-KRUEL 2007; SILVA
2008) e segundo os informantes das feiras e mercados do município do Rio de Janeiro, muitas espécies
passam a ser consideradas medicinais à medida que “entram em moda”, por aparecerem nos meios de
comunicação de massa, tornando-se então muito procuradas (AZEVEDO & SILVA 2006). Como outro
exemplo da influência da mídia na utilização de espécies medicinais, pode-se destacar o que foi observado
no Mercado de Madureira, onde houve um aumento na comercialização da erva-de-São-João, Ageratum
conyzoides para o tratamento da depressão, após uma reportagem em programa de televisão sobre a espécie
Hypericum perforatum L., muito comercializado em todo o mundo para tratamento da depressão e conhecida
em diversos países como St. John Wort (SILVA 2008).
Assim como no presente trabalho, a utilização de outras espécies de espinheira-santa vem sendo
observada por alguns pesquisadores, dentre elas Clarisia ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossberg (Moraceae)
(SÁ 2007), Sorocea bonplandii Bailon (Moraceae) (PARENTE & ROSA 2001; COULAUD-CUNHA et al. 2004),
S. guilleminiana Gaudich (Moraceae) (MAIOLI -AZEVEDO 2004; AZEVEDO & SILVA 2006,) S. ilicifolia Miq.
(Moraceae) (DI STASI et al. 2002), Zollernia ilicifolia Vog. (Fabaceae) (COELHO et al. 2003). Esse fato pode
ser explicado por uma possível confusão dos coletores dessas plantas, já que algumas características
fenotípicas são bastante similares entre as espécies. Essa confusão dos informantes pode ser prejudicial aos
consumidores. O trabalho feito por Coulaud-Cunha e colaboradores (2004) mostrou que todos os 28
vendedores de plantas medicinais do município do Rio de Janeiro, RJ entrevistados comercializavam
Sorocea bonplandii Bailon como espinheira-santa. Segundo os autores, não existem estudos que verifiquem
a eficácia e segurança dessa espécie. Coelho e colaboradores (2003) realizaram diferentes estudos com
Zollernia ilicifolia Vog. (Fabaceae) e observaram diferenças nos constituintes químicos entre Z. ilicifolia e
os dois tipos de Maytenus pesquisados (M. ilicifolia e M. aquifolium). Além disso, estes pesquisadores
verificaram a presença de um glicosídeo cianogênico em Z. ilicifolia Vog., o que segundo eles alerta sobre a
utilização de outras espécies denominadas espinheira-santa.
Além da espinheira santa, outros nomes populares também correspondem a diferentes espécies
como pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link, B. microstachya J. F. Macbr e B. variegata L.), assapeixe
(Vernonia aff. petiolaris DC., V. phaeoneura Toledo e Vernonia sp.), malva (Malva parviflora L. e M.
sylvestris L.), dentre outras. O inverso também ocorre, algumas espécies possuem mais de um nome popular,
52
como Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen (novalgina, terramicina ou penicilina), Achillea millefolium L.
(camomila ou mil em rama), Achyrocline satureioides DC. (macela do campo ou camomila do mato), dentre
outras (TABELA 5, pág. 28).
Outro fato relevante é a presença de nomes populares relacionados aos nomes comerciais de
medicamentos industrializados, tais como “novalgina” e “penicilina” (Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen),
“terramicina” (P. glomerata e Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze.), “necroton” (Asteraceae - Indet. 2) e
“insulina” (Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis). Esse fato já foi observado em outros trabalhos
etnobotânicos, como o que relacionou espécies medicinais utilizadas pelos usuários do Sistema Único de
Saúde (SUS) no Instituto Municipal de Geriatria e Gerontologia Miguel Pedro (IGG). Nesse trabalho foram
observados nomes populares como “anador”, “novalgina”, “doril”, “mertiolate” e “elixir-paregórico”
(BRITTO 2006). A presença desses nomes populares pode ser devida à semelhança entre os efeitos
terapêuticos das drogas sintéticas em relação aos vegetais (BRITTO 2006). A denominação de plantas para
fins medicinais com nomes de especialidades farmacêuticas se deu no momento histórico que antecedeu a
virada do milênio, observando-se o retorno de práticas medievais baseadas, mais uma vez, numa terapia por
"analogia" (ALMEIDA 2003). Diferentemente da tradição empírica dos povos medievais, a analogia não é
feita pela morfologia externa do vegetal (Teoria das Assinaturas) ou mesmo pelas suas características de
crescimento e hábitat. Atualmente, os parâmetros são as atividades terapêuticas (ALMEIDA 2003).
O trabalho de Silva (2008) utilizou a Saliência para analisar os dados obtidos com informantes em
mercados no município do Rio de Janeiro (CEASA e Mercado de Madureira). Algumas das espécies que se
destacaram em ambos os trabalhos foram Echinodorus grandiflorus (chapéu-de-couro), Sorocea (no trabalho
de Silva 2008 se trata de S. cf. bonplandii - espinheira-santa) e Kalanchoe brasiliensis (saião) (TABELA 11,
pág. 56).
Na tabela 10 (pág. 54), destacaram-se as espécies indicadas pelos informantes para o tratamento de
“Doenças do aparelho respiratório”, que receberam uma marcação em cinza. Algumas dessas espécies estão
presentes nas primeiras colocações nas estações do outono e inverno, porém, nenhuma delas ficou entre as
cinco primeiras colocações na primavera e no verão, indicando que as espécies para o tratamento do sistema
respiratório são mais comercializadas em estações do ano mais frias. As espécies que são utilizadas no
tratamento do sistema respiratório e obtiveram altos valores de Saliência no outono e inverno e baixos
valores na primavera e verão, são Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron. (cardo-santo), Mikania laevigata
Sch. Bip. ex Baker (guapo ou guaco) e Kalanchoe brasiliensis Cambess (saião) (TABELA 10, pág. 54).
Outros pesquisadores já afirmaram que a dinâmica de oferta e procura das espécies e o saber local em feiras
livres e mercados podem ser influenciados pelas variações sazonais (MARTIN 2000; ALMEIDA &
ALBUQUERQUE 2002; ALBUQUERQUE et al. 2007; SILVA 2008) e que a avaliação sazonal da comercialização
de plantas é um dado importante na pesquisa etnobotânica em feiras livres (ALBUQUERQUE et al. 2007).
Contudo, não foi encontrado na literatura trabalho que avaliasse a variação sazonal de espécies medicinais
em feiras livres.
53
TABELA 9: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por nome popular a cada estação do ano.
Outono (abr/2005 e mai/2006) Inverno (jul/2005 e ago/2006) Primavera (nov/2005 e out/2006) Verão (fev/2006 e fev e mar/2007) Nome popular Saliência Nome popular Saliência Nome popular Saliência Nome popular Saliência Espinheira santa 0,62 Espinheira santa 0,68 Espinheira santa 0,60 Espinheira santa 0,53 Poejo 0,43 Malva 0,52 Chapéu de couro 0,30 Trançagem 0,50 Chapéu de couro 0,25 Cardo-santo 0,48 Carqueja 0,28 Arnica 0,30 Saião 0,43 Trançagem 0,43 Paripedra 0,28 Babosa 0,27 Cardo-santo 0,40 Chapéu de couro 0,35 Salvia 0,25 Carqueja 0,23 Carqueja 0,32 Saião 0,30 Arnica 0,22 Alcachofra 0,23 Pata de vaca 0,22 Guapo ou guaco 0,25 Saião 0,22 Erva de bicho 0,22 Guapo ou guaco 0,33 Carqueja 0,23 Erva-cidreira 0,20 Louro 0,20 Malva 0,32 Manjericão 0,15 Pata de vaca 0,18 Manjericão 0,20 Salvia 0,20 Bálsamo 0,15 Malva 0,18 Aroeira 0,20 Trançagem 0,22 Erva de bicho 0,13 Poejo 0,17 Arruda 0,20 Alecrim 0,13 Poejo 0,13 Unha de gato 0,17 Guapo ou guaco 0,17 Arruda 0,18 Pata de vaca 0,13 Graviola 0,17 Poejo 0,17 Aroeira 0,17 Alecrim 0,13 Trançagem 0,15 Alecrim 0,17 Capim-cidreira 0,05 Alfavaca 0,12 Sete sangrias 0,15 Graviola 0,17 Alcachofra 0,22 Ipê-roxo 0,12 Sabugueiro 0,15 Cardo-santo 0,17 Pau-pereira 0,10 Paripedra 0,12 Carqueja doce 0,15 Chapéu de couro 0,15 Pariparoba ou capeba 0,05 Amor do campo 0,12 Eucalipto 0,15 Rosa branca 0,15 Quebra-pedra 0,03 Arnica 0,10 Gervão roxo 0,13 Salvia 0,13 Picão roxo 0,02 Assapeixe 0,10 Alcachofra 0,13 Saião 0,13 Algodão 0,07 Sucupira 0,10 Quebra-pedra 0,13 Gervão 0,13 Carobinha 0,12 Funcho 0,08 Cavalinha 0,13 Pata de vaca 0,12 Cipó-suma 0,13 Cavalinha 0,08 Marmelinho 0,12 Carobinha 0,10 Branda-fogo 0,13 Marcelão 0,07 Carrapichinho 0,12 Jamelão 0,10 Carrapichinho 0,02 Arruda 0,07 Fruta de lobo 0,12 Paripedra 0,10 Melão de São Caetano 0,05 Abre-caminho 0,07 Alecrim da horta 0,10 Sabugueiro 0,10 Hortelã 0,12 Hortelã 0,05 Assapeixe 0,10 Sete sangrias 0,07 Eucalipto 0,07 Guiné 0,05 Alfavaca 0,10 Malva 0,05 Avenca 0,08 Vassoura preta 0,05 Santa maria 0,07 Barba de velho 0,05 Gervão roxo 0,03 Capim-cidreira 0,05 Cânfora 0,07 Capim-cidreira 0,05
Babosa 0,03 Hortelã 0,07 Carrapichinho 0,05 Gengibre 0,03 Manjericão 0,03 Vassoura 0,03 Gervão 0,02 Santa Luzia 0,03 Quebra-pedra 0,02 Insulina ou Mãe boa 0,03 Assapeixe 0,02 Mastruz 0,02 Algodão 0,02 Guapo ou guaco 0,02 Erva-cidreira 0,02 Erva de bicho 0,02
54
TABELA 10: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por espécie a cada estação do ano (páginas 54 e 55).
Outono (abr/2005 e mai/2006) Inverno (jul/2005 e ago/2006) Primavera (nov/2005 e out/2006) Verão (fev/2006 e fev e mar/2007)
Espécie Sal. Espécie Sal. Espécie Sal. Espécie Sal.
Sorocea sp. 0,45 Malva sylvestris L. 0,52 Clarisia sp. 0,43 Plantago australis Lam. 0,42
Kalanchoe brasiliensis Cambess. 0,43 Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron. 0,48 Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli
0,30 Clarisia sp. 0,32
Mentha pulegium L. 0,43 Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli
0,35 Baccharis myriocephala DC. 0,28 Solidago chilensis Meyen 0,30
Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron.
0,40 Clarisia cf. ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossberg
0,40 Salvia officinalis L. 0,25 Aloe sp. 0,27
Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker
0,33 Kalanchoe brasiliensis Cambess. 0,30 Solidago chilensis Meyen 0,22 Cynara scolymus L. 0,23
Baccharis myriocephala DC. 0,32 Sorocea sp. 0,28 Kalanchoe brasiliensis Cambess. 0,22 Polygonum persicaria L. 0,22
Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli
0,25 Plantago australis Lam. 0,27 Lippia alba (Mill.) N. E. Br 0,20 Sorocea sp. 0,22
Bauhinia forficata Link 0,22 Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker 0,25 Bauhinia forficata Link 0,18 Ruta graveolens L. 0,20
Cynara scolymus L. 0,22 Baccharis myriocephala DC. 0,23 Mentha pulegium L. 0,17 Laurus nobilis L. 0,20
Salvia officinalis L. 0,20 Plantago sp. 0,17 Sorocea sp. 0,17 Ocimum cf. basilicum L. 0,20
Malva sylvestris L. 0,20 Ocimum cf. basilicum L. 0,15 Annona muricata L. 0,17 Schinus terebinthifolius Raddi 0,20
Ruta graveolens L. 0,18 Crassulaceae -Indet. 0,15 Malva sylvestris L. 0,17 Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker
0,17
Schinus terebinthifolius Raddi 0,17 Polygonum persicaria L. 0,13 Indet. 8 0,17 Rosmarinus officinalis L. 0,17
Clarisia sp. 0,17 Rosmarinus officinalis L. 0,13 Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. F. Macbr
0,15 Annona muricata L. 0,17
Plantago australis Lam. 0,15 Bauhinia forficata Link 0,13 Phenax sp. 0,15 Mentha pulegium L. 0,17
Rosmarinus officinalis L. 0,13 Mentha pulegium L. 0,13 Sambucus nigra L. 0,15 Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron.
0,17
Miconia chartacea Triana 0,13 Ocimum gratissimum L. 0,12 Baccharis usteri Heering 0,15 Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli
0,15
Indet. 1 0,13 Phenax sp. 0,12 Eucalyptus sp2 0,15 Rosa sp. 0,15
Mentha x piperita L. 0,12 Bignoniaceae – Indet. 0,12 Cynara scolymus L. 0,13 Salvia officinalis L. 0,13
Malva parviflora L. 0,12 Desmodium adscendens (Sw.) DC. 0,12 Stachytarpheta cayanesis Valh 0,13 Bouchea cf. laetevirens Schauer 0,13
Jacaranda sp. 0,12 Solidago chilensis Meyen 0,10 Phyllanthus tenellus Roxb. 0,13 Kalanchoe brasiliensis Cambess. 0,13
Geissospermum laeve (Vell.) Miers 0,10 Sucupira * 0,10 Boehmeria sp. 0,13 Bauhinia forficata Link 0,12
Adiantum raddianum Pr. 0,08 Foeniculum vulgare Mill. 0,08 Equisetum hyemale L. 0,13 Baccharis sp. 0,12
Plantago sp. 0,07 Equisetum hyemale L. 0,08 Solanum lycocarpum A. St. -Hil. 0,12 Baccharis myriocephala DC. 0,12
55
Outono (abr/2005 e mai/2006) Inverno (jul/2005 e ago/2006) Primavera (nov/2005 e out/2006) Verão (fev/2006 e fev e mar/2007)
Espécie Sal. Espécie Sal. Espécie Sal. Espécie Sal.
Eucalyptus sp1 0,07 Vernonia phaeoneura Toledo 0,07 Desmodium adscendens (Sw.) DC. 0,12 Jacaranda cf. puberula Cham. 0,10
Gossypium herbaceum L. 0,07 Ruta graveolens L. 0,07 Euphorbiaceae - Indet 0,12 Syzygium cumini (L.) Skeels 0,10
Momordica charantia L. 0,05 Artemisia annua L. 0,07 Ocimum gratissimum L. 0,10 Sambucus nigra L. 0,10
Pariparoba ou capeba* 0,05 Lygodium volubile Sw. 0,07 Rosmarinus officinalis L. 0,10 Phenax sonneratii (Poir.) Wedd. 0,10
Phyllanthus tenellus Roxb. 0,03 Petiveria alliacea L. 0,05 Vernonia phaeoneura Toledo 0,10 Plantago sp. 0,08
Cymbopogon citratus (DC.) Stapf 0,03 Sida planicaulis Cav. 0,05 Chenopodium ambrosioides L. 0,08 Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. F. Macbr
0,07
Bouchea cf. laetevirens Schauer 0,03 Mentha x piperita L. 0,05 Plantago sp. 0,08 Tillandsia usneoides L. 0,05
Bidens pilosa L. 0,02 Cymbopogon citratus (DC.) Stapf 0,05 Plantago australis Lam. 0,07 Cymbopogon citratus (DC.) Stapf 0,05
Desmodium adscendens (Sw.) DC. 0,02 Vernonia sp. 0,03 Artemisia sp. 0,07 Desmodium adscendens (Sw.) DC. 0,05
Lippia alba (Mill.) N. E. Br 0,02 Zingiber officinale Roscoe 0,03 Mentha x piperita L. 0,07 Sida planicaulis Cav. 0,03
Aloe vera L. 0,03 Pistia stratiotes L. 0,03 Malva sylvestris L. 0,03
Bouchea cf. laetevirens Schauer 0,02 Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis
0,03 Phyllanthus tenellus Roxb. 0,02
Ocimum cf. basilicum L. 0,03 Vernonia phaeoneura Toledo 0,02
Polygonum persicaria L. 0,02 Malva sp. 0,02
Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker
0,02 Gossypium hirsutum L. 0,02
Malva sp. 0,02 Lippia alba (Mill.) N. E. Br 0,02
Legenda: * Espécie não encontrada para aquisição; as espécies marcadas em cinza foram indicadas para o tratamento de “Doenças do aparelho
respiratório”.
56
TABELA 11: Cálculo da Saliência segundo Quinlan (2005) por espécie (coluna da esquerda) e nome
popular (coluna da direita) no período de abril de 2005 a março de 2007 (páginas 56 e 57).
Espécie Saliência Nome popular Saliência
Sorocea sp. 0,279 Espinheira santa 0,608
Kalanchoe brasiliensis Cambess. 0,271 Trançagem 0,325
Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron. 0,263 Saião 0,271 Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli
0,262 Malva 0,267
Baccharis myriocephala DC. 0,237 Carqueja 0,267
Clarisia sp. 0,229 Cardo-santo 0,263
Malva sylvestris L. 0,229 Chapéu de couro 0,262
Mentha pulegium L. 0,225 Poejo 0,225
Plantago australis Lam. 0,225 Guapo ou guaco 0,192
Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker 0,192 Pata de vaca 0,162
Bauhinia forficata Link 0,162 Arnica 0,154
Solidago chilensis Meyen 0,154 Salvia 0,146
Cynara scolymus L. 0,146 Alcachofra 0,146
Salvia officinalis L. 0,146 Paripedra 0,125
Rosmarinus officinalis L. 0,133 Arruda 0,112
Ruta graveolens L. 0,112 Alecrim 0,108
Clarisia cf. ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossberg 0,100 Manjericão 0,096
Plantago sp. 0,100 Erva de bicho 0,092
Ocimum cf. basilicum L. 0,096 Aroeira 0,092
Polygonum persicaria L. 0,092 Graviola 0,083
Schinus terebinthifolius Raddi 0,092 Gervão 0,079
Annona muricata L. 0,083 Carrapichinho 0,075
Desmodium adscendens (Sw.) DC. 0,075 Babosa 0,075
Aloe sp. 0,067 Sabugueiro 0,063
Phenax sp. 0,067 Hortelã 0,058
Sambucus nigra L. 0,063 Assapeixe 0,054
Lippia alba (Mill.) N. E. Br 0,058 Erva-cidreira 0,054
Mentha x piperita L. 0,058 Sete sangrias 0,054
Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. F. Macbr 0,054 Carobinha 0,054
Equisetum hyemale L. 0,054 Alfavaca 0,054
Ocimum gratissimum L. 0,054 Cavalinha 0,054
Laurus nobilis L. 0,050 Eucalipto 0,054
Bouchea cf. laetevirens Schauer 0,046 Louro 0,050
Phyllanthus tenellus Roxb. 0,046 Quebra pedra 0,046
Vernonia phaeoneura Toledo 0,046 Unha de gato 0,042
Indet. 8 0,042 Capim-cidreira 0,038
Baccharis usteri Heering 0,037 Rosa branca 0,037
Crassulaceae - Indet 0,037 Carqueja doce 0,037
Eucalyptus sp2 0,037 Bálsamo 0,037
Rosa sp. 0,037 Branda-fogo 0,033
Boehmeria sp. 0,033 Cipó-suma 0,033
Cymbopogon citratus (DC.) Stapf 0,033 Ipê-roxo 0,029
Indet. 1 0,033 Marmelinho 0,029
Miconia chartacea Triana 0,033 Fruta de lobo 0,029
Stachytarpheta cayanesis Valh 0,033 Jamelão 0,025
Baccharis sp. 0,029 Pau-pereira 0,025
57
Espécie Saliência Nome popular Saliência
Euphorbiaceae - Indet 0,029 Sucupira 0,025
Bignoniaceae – Indet. 0,029 Alecrim da horta 0,025
Jacaranda sp. 0,029 Algodão 0,021
Malva parviflora L. 0,029 Avenca 0,021
Solanum lycocarpum A. St. -Hil. 0,029 Funcho 0,021
Geissospermum laeve (Vell.) Miers 0,025 Santa Maria 0,017
Jacaranda cf. puberula Cham. 0,025 Cânfora 0,017
Phenax sonneratii (Poir.) Wedd. 0,025 Abre-caminho 0,017
Sucupira * 0,025 Marcelão 0,017
Syzygium cumini (L.) Skeels 0,025 Pariparoba ou capeba 0,013
Adiantum raddianum Pr. 0,021 Vassoura preta 0,013
Chenopodium ambrosioides L. 0,021 Barba de velho 0,013
Foeniculum vulgare Mill. 0,021 Melão de São Caetano 0,013
Sida planicaulis Cav. 0,021 Guiné 0,013
Artemisia annua L. 0,017 Vassoura 0,008
Artemisia sp. 0,017 Santa Luzia 0,008
Eucalyptus sp1 0,017 Insulina ou Mãe boa 0,008
Gossypium herbaceum L. 0,017 Gengibre 0,008
Lygodium volubile Sw. 0,017 Picão roxo 0,004
Momordica charantia L. 0,013 Mastruz 0,004
Pariparoba ou capeba * 0,013
Petiveria alliacea L. 0,013
Tillandsia usneoides L. 0,013
Aloe vera L. 0,008
Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis 0,008
Malva sp. 0,008
Pistia stratiotes L. 0,008
Vernonia sp. 0,008
Zingiber officinale Roscoe 0,008
Bidens pilosa L. 0,004
Gossypium hirsutum L. 0,004
Legenda: * Espécie não encontrada para aquisição.
Durante o levantamento etnobotânico prévio (SANTOS 2006) verificou-se que a planta com o nome
popular erva-de-passarinho foi a única indicada para o tratamento da tuberculose. De acordo com os
objetivos do trabalho, plantas com este nome popular foram obtidas junto aos informantes em Petrópolis e
Nova Friburgo. Após a identificação taxonômica feita pelo pesquisador Carlos Henrique Reif (Universidade
Santa Úrsula - USU), verificou-se que a espécie comercializada como erva-de-passarinho em Petrópolis era
Struthanthus marginatus (Loranthaceae, RB 468941 e RFA 34490) (adquirida em 31/07/2007) e a espécie
comercializada em Nova Friburgo era S. concinnus (Loranthaceae, RB 469119 e RFA 34484) (adquirida em
13/09/2007). Essas espécies foram então selecionadas para a avaliação fitoquímica e para a realização dos
ensaios biológicos. A espécie S. concinnus também se destacou no cálculo da Importância Relativa,
alcançando 1,4 (TABELA 5, pág. 28).
58
No levantamento bibliográfico foi observado que as espécies parasitas da família Loranthaceae
podem apresentar modificações em sua composição química e em sua atividade biológica conforme o
hospedeiro que habitam (DEENI & SADIQ 2002; MARTINS et al. 2006). A cultura popular refere-se à
maceração de espécies do gênero para o combate da pneumonia, porém tomando o cuidado de utilizar
plantas obtidas de hospedeiro que não tenha espinhos (REIF DE PAULA 2004). Além disso, os informantes
foram muito enfáticos ao descrever os cuidados com o tipo de hospedeiro em que se encontravam as espécies
de Struthanthus, ao afirmar que "não pode ser tirado da árvore que tem espinho, porque o espinho vira
veneno, pode dar caroço, alergia, e porque puxa o veneno do espinho" (Seu J). Dessa forma, foi solicitado
aos informantes que trouxessem material botânico dos hospedeiros das espécies de Struthanthus coletadas. O
espécime Struthanthus marginatus coletado estava parasitando o assapeixe, Vernonia sp. (RB 469120),
família Asteraceae e o espécime S. concinnus encontrava-se sobre a amora, Morus alba L. (RB 468944),
família Moraceae. Segundo os informantes, é preferível que o hospedeiro também seja uma espécie utilizada
no tratamento de tosse, bronquite, problemas pulmonares, dentre outros, como é o caso do assapeixe e da
amora.
A busca de informações que possam justificar essa observação sobre o cuidado com hospedeiros
com espinho levou a uma publicação sobre as plantas citadas na Bíblia Sagrada, que registra uma variedade
enorme de tipos de plantas com espinhos, entre esses, “kotz”, espinheiros, abrolhos, cardos, urtigas (LEITÃO
2007). Segundo a autora, o “kotz”, espinho utilizado na coroa de Cristo, é associado ao sofrimento como
conseqüência do pecado de toda a humanidade que ele estava redimindo na cruz (LEITÃO 2007). Além da
relação com sofrimento, o impedimento da utilização de hospedeiros com espinhos também pode estar
associada a metabólitos secundários tóxicos, como os presentes em famílias com espinhos, como Cactaceae,
Euphorbiaceae e Rutaceae.
Visto que o trabalho tem como foco a busca por plantas com possível atividade antimicobacteriana
foi desenvolvido um formulário voltado para ampliação das informações sobre plantas indicadas contra
tuberculose (ANEXO 4). Nesses formulários, respondidos por todos os informantes de Petrópolis e Nova
Friburgo, foram citadas 17 espécies vegetais. O cálculo da Saliência (QUINLAN 2005) foi realizado,
verificando-se que as plantas com maior valor de Saliência foram mastruz ou mentruz (Chenopodium
ambrosioides L.) com 0,400; assapeixe (Vernonia sp.) com 0,336; guapo (Mikania laevigata Sch. Bip. ex
Baker) com 0,330; saião (Kalanchoe brasiliensis Cambess.) com 0,273 e as ervas-de-passarinho
Struthanthus concinnus com 0,227 e S. marginatus com 0,225 (TABELA 13, pág. 60).
Contudo, se levarmos em consideração os nomes populares ao invés do científico, a “erva-de-
passarinho” passa ao primeiro lugar com saliência de 0,452, pois o etnotáxon reúne as duas espécies de
Struthanthus. O grande destaque indica a grande importância da erva-de-passarinho no tratamento de tosse,
doenças pulmonares e tuberculose. A existência de um etnotáxon “erva-de-passarinho” pode ser confirmada
pela fala de um dos informantes “erva-de-passarinho é tudo igual, o que muda é a planta que ela está em
cima” (Seu O, comunicação pessoal).
59
TABELA 12: Levantamento bibliográfico de pesquisas com espécies do gênero Struthanthus.
Espécie Hospedeiro Uso popular Substâncias observadas Atividade in vitro ou in vivo Bibliografia
S. angustifolius Para retenção da placenta SCARPA
(2004)
S. cassythoides Dores, febre, problemas respiratórios e pulmonares, erupções e feridas na pele.
Alcalóides. COE &
ANDERSON
(1996)
S. concinnus Tratamento de problemas do pulmão e tuberculose
STALCUP (2000)
S. marginatus Mangifera indica (Anacardiaceae - mangueira)
Alcalóides, saponinas, taninos, flavonóides, esteróides e triterpenóides, dentre outros.
Atividade citotóxica frente ao carcinoma de Ehrlich.
PISSINATE (2006)
S. marginatus Datura suaveolens (Solanaceae - trombeteira)
Atropina e traços de outros alcalóides (detectados também no hospedeiro).
MARTINS et al. (2006)
S. orbicularis Mordida de cobra. Neutralização do veneno e do efeito hemorrágico causado pela cobra Bothrops atrox.
OTERO et al. (2000 a,b,c)
S. venetus Para tosse e como agente hipoglicêmico
Redução da taxa de pressão arterial e cardíaca
LORENZANA-JIMÉNEZ et al. (2006)
S. vulgaris Tipuana tipu (Fabaceae)
Taninos SALATINO et al. (1993).
S. vulgaris Psidium guajava (Myrtaceae - goiabeira)
Flavonóides, taninos, saponinas e prantocianidinas.
Ação antimicrobiana. VIEIRA et al. (2005).
60
TABELA 13: Plantas indicadas para o tratamento do “pulmão”, “tosse” e “tuberculose” pelos informantes de Petrópolis e Nova Friburgo,RJ.
Família Espécie Nome popular Frequência (%) Saliência
CHENOPODIACEAE Chenopodium ambrosioides L. Mentruz ou Mastruz 54,5 0,400
ASTERACEAE Vernonia sp. Assapeixe 54,5 0,336
ASTERACEAE Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker Guapo 45,5 0,330
CRASSULACEAE Kalanchoe brasiliensis Cambess. Saião 54,5 0,273
LORANTHACEAE Struthanthus concinnus Mart. Erva-de-passarinho 27,3 0,227
LORANTHACEAE Struthanthus marginatus (Desr.) G. Don Erva-de-passarinho 45,5 0,225
CUCURBITACEAE Momordica charantia L. Melão-de-São-Caetano 18,2 0,164
ASTERACEAE Hypochaeris chillensis (Kunth) Hieron. Cardo-santo 18,2 0,117
LAMIACEAE Mentha pulegium L. Poejo 18,2 0,114
LAMIACEAE Ocimum gratissimum L. Alfavaca 18,2 0,091
ASTERACEAE Baccharis myriocephala DC. Carqueja 9,1 0,076
LAMIACEAE Ocimum cf. basilicum L. Manjericão 9,1 0,061
POACEAE Cymbopogon citratus (DC.) Stapf Capim-cidreira 9,1 0,061
LAMIACEAE Glechoma hederacea L. Erva-terrestre 9,1 0,045
ASTERACEAE Elephantopus mollis Kunth. Erva grossa 9,1 0,036
PTERIDACEAE (PVSS) Adiantum raddianum Pr. Avenca 9,1 0,023
MORACEAE Morus alba L. Amora 9,1 0,013
61
4.2 Análises fitoquímicas e ensaios biológicos
Durante o levantamento etnobotânico prévio (SANTOS 2006) a erva-de-passarinho foi indicada
popularmente para o tratamento da tuberculose. Foi observado, então, que duas espécies são comercializadas
com este nome comum, sendo ambas adquiridas para análise fitoquímica. O material biológico de
Struthanthus marginatus e S. concinnus adquirido com os informantes em Petrópolis e Nova Friburgo foi
seco e triturado. O material resultante foi então utilizado para a preparação de extratos em etanol. Os extratos
etanólicos dessas espécies foram repartidos entre água e solventes de polaridade crescente gerando novos
extratos em hexano, diclorometano, acetato de etila e n-butanol. Foram realizadas cromatografias em camada
delgada (CCD) com todos esses extratos (FIGURA 11, pág. 62 a FIGURA 13, pág. 63).
Os resultados mostraram semelhanças entre os cromatogramas de ambas as espécies para todos os
eluentes ensaiados, com coincidência das migrações nos campos cromatográficos (Rf) para a maioria das
manchas. No entanto, também mostraram a presença de uma mancha roxa com migração no campo
cromatográfico de 0,66 no extrato em hexano de S. marginatus (SMPAH) que não está presente em S.
concinnus (FIGURA 11 B, pág. 62); e a presença de duas manchas no extrato em diclorometano de
S.concinnus (SCFOD), uma mancha marrom escura e com migração no campo cromatográfico de 0,48 e
outra mancha marrom clara com migração de 0,57 que não estão presentes no extrato de S. marginatus
(FIGURA 12 A, pág. 62). No extrato em acetato de etila foi possível verificar muitas manchas diferentes entre
os extratos das duas espécies (FIGURA 13 A e B). Já os extratos em butanol, foram muito semelhantes entre
as duas espécies (FIGURA 13 B, pág. 63).
62
FIGURA 11: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em hexano de Struthanthus
marginatus (SMPAH) e S. concinnus (SCFOH). Eluentes: hexano (A) e hexano e acetato de etila (9:1) (B).
Revelação: Ácido Sulfúrico 20% seguido de aquecimento. Seta: mancha roxa com migração no campo
cromatográfico de 0,66.
FIGURA 12: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em diclorometano de
Struthanthus marginatus (SMPAD) e S. concinnus (SCFOD). Eluentes: diclorometano (A) e diclorometano e
acetato de etila (9:1) (B). Revelação: Ácido Sulfúrico 20% seguido de aquecimento. Setas: mancha marrom
escura (migração no campo cromatográfico de 0,48) e outra mancha marrom clara (migração no campo
cromatográfico de 0,57).
A B
A B
63
FIGURA 13: Cromatografia em Camada Delgada (CCD) dos extratos em acetato de etila de
Struthanthus marginatus (SMPAA) e S. concinnus (SCFOA). Eluente: acetato de etila (A). CCD
comparando os extratos em acetato de etila e butanol de Struthanthus marginatus (SMPAA e SMPAB) e S.
concinnus (SCFOA e SCFOB). Eluentes: acetato de etila, acetona e água destilada (10:8:2) (B). Revelação:
Ácido Sulfúrico 20% seguido de aquecimento.
Os extratos em etanol, em hexano, diclorometano, acetato de etila e n-butanol de Struthanthus
marginatus e S. concinnus foram avaliados quanto à sua ação antimicobacteriana pela equipe do Dr. Pedro
Eduardo Almeida da Silva da FURG, RS. Os extratos foram testados contra a cepa padrão de Mycobacterium
tuberculosis H37Rv e contra a cepa resistente à rifampicina (35388). Os resultados evidenciaram a atividade
nos extratos em etanol, em hexano e em diclorometano de Struthanthus marginatus e S. concinnus para
ambas as cepas, na concentração de 200 µg/mL e também no extrato em acetato de etila contra a cepa
resistente à rifampicina de S. concinnus (TABELA 14, pág. 64). A Concentração Inibitória Mínima (CIM) foi
então verificada e o valor mais baixo foi de 25 µg/mL para os extratos etanólicos de S. concinnus em ambas
as cepas, e para o extrato hexânico de S. concinnus contra a cepa resistente à rifampicina (TABELA 14, pág.
64). Esse resultado é relevante quando comparamos com o trabalho realizado com espécies utilizadas
tradicionalmente para tuberculose na Turquia, em que seis espécies apresentaram uma inibição do
crescimento de M. tuberculosis na concentração de 50 µg/mL (TOSUNA et al. 2004). O CIM da rifampicina
para a cepa padrão (H37Rv) é de 0,5 µg/mL (Tatiane Silveira Coelho – comunicação pessoal).
Existem outras metodologias para avaliar a ação antimicobacteriana, em outro artigo Cantrell e
colaboradores (1998) testaram extratos de 118 plantas da flora das Américas contra Mycobacterium
tuberculosis e M. avium e, quando os extratos apresentavam mais de 90% de inibição em uma concentração
de 100 µg/mL, esta atividade foi considerada alta.
A B
64
TABELA 14: Resultado do ensaio biológico realizado com as cepas de Mycobacterium tuberculosis
– H37RV (Cepa padrão – sensível a rifampicina - RMP) e cepa 35388 (resistente a rifampicina - RMP) nos
diferentes extratos de Struthanthus marginatus e S. concinnus, a 200 µg/mL, e as respectivas CIM (200 a
0,39 µg/mL).
Struthanthus marginatus Struthanthus concinnus
Extrato em Cepa H37Rv
CIM µg/mL
Cepa 35388
CIM µg/mL
Cepa H37Rv
CIM µg/mL
Cepa 35388
CIM µg/mL
etanol sensível 100 sensível 200 sensível 25 sensível 25
hexano sensível 100 sensível 100 sensível 50 sensível 25
diclorometano sensível 100 sensível 200 sensível 50 sensível 50
acetato de etila resistente resistente resistente sensível 100
n-butanol resistente resistente resistente resistente
A presença de atividade antimicobacteriana em espécies de Struthanthus não havia sido relatada
anteriormente. Newton e colaboradores (2000) realizaram uma grande revisão bibliográfica sobre extratos de
plantas, e substâncias isoladas a partir destas, que foram ensaiadas contra o Mycobacterium. Nessa revisão,
são relacionadas cerca de 140 espécies. Contudo, nenhuma delas, pertence ao gênero Struthanthus ou à
família Loranthaceae. Outras espécies listadas no presente levantamento etnobotânico já foram ensaiadas
contra o Mycobacterium, e apresentaram atividade, tais como Bidens pilosa (Asteraceae), Cinnamomum
zeylanicum (Lauraceae), Momordica charantia (Cucurbitaceae), Salvia officinalis (Lamiaceae), Tetradenia
riparia (Lamiaceae) e Zingiber officinalis (Zingiberaceae) (NEWTON et al. 2000) (TABELA 15, pág. 66).
Outros trabalhos utilizaram a medicina popular como fonte de substâncias com atividade
antimicobacteriana. Por exemplo, o estudo realizado com espécies medicinais utilizadas tradicionalmente
para tratar doenças pulmonares na África do Sul e que foram ensaiadas contra Mycobacterium tuberculosis
(H37Rv) (LALL & MEYEN 1999). As espécies Chenopodium ambrosioides e Thymus vulgaris apresentaram
CIM de 0,5 mg/mL e também são comercializadas nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo (TABELA
15, pág. 66) (LALL & MEYEN 1999). Um estudo realizado em comunidades quilombolas de Oriximiná, PA
verificou que as espécies que haviam sido relacionadas pela comunidade para o tratamento de doenças
pulmonares obtinham mais sucesso nos ensaios de atividade antimicobacteriana do que as selecionadas
aleatóriamente (OLIVEIRA 2009).
65
Esses estudos indicam que espécies da medicina tradicional possuem potencial para
desenvolvimento futuro de medicamentos úteis no controle da tuberculose (LALL & MEYEN 1999) e que as
feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo podem ser uma fonte de espécies com potencial
antimicobacteriano (TABELA 15, pág. 66).
Um trabalho foi realizado para avaliar a toxidez aguda do extrato hidroalcoólico de. S. marginatus
em roedores. O extrato de S. marginatus apresentou letalidade dependente da dose quando administrado por
via intra-peritonial (A DL50 do extrato administrado ip. à ratos foi 579,61 mg/Kg e à camundongos 461,34
mg/Kg). Entretanto, por via oral não houve letalidade até a maior dose administrada, indicando que pode não
existir toxidez nesta via de administração. Também não houve alteração significativa no peso dos animais, na
observação macroscópica dos órgãos e nos parâmetros bioquímicos analisados (ANDRADE et al. 2008).
66
TABELA 15: Levantamento bibliográfico de pesquisas com espécies comercializadas em feiras livres em Petrópolis e Nova Friburgo com atividade contra
o Mycobacterium tuberculosis.
Família Espécie Extrato Atividade sobre M. tuberculosis Utilizada na medicina popular
Bibliografia
Asteraceae Artemisia annua diclorometano 77% de inibição em 0,1mg/mL CANTRELL et al. 1998
Asteraceae Bidens pilosa etanol 100 µg/mL Ruanda NEWTON et al. 2000
Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides* acetona 0,5 mg/mL África do Sul LALL & MEYEN 1999
Cucurbitaceae Momordica charantia* etanol Halo de inibição de 30mm na concentração de 500 µg/disco para M. smegmatis. Ativo contra M. tuberculosis em 500 µg.
NEWTON et al. 2000
Lamiaceae Salvia officinalis etanol ativo NEWTON et al. 2000
Lamiaceae Tetradenia riparia Diterpenediol isolado do extrato etanólico
Ativo contra M. tuberculosis entre 25 e 100µg/mL, dependendo da cepa
Ruanda NEWTON et al. 2000
Lamiaceae Thymus vulgaris acetona 0,5 mg/mL África do Sul LALL & MEYEN 1999
Lauraceae Cinnamomum zeylanicum aquoso Inibição completa do crescimento na diluição 1:640
NEWTON et al. 2000
Zingiberaceae Zingiber officinalis gingeróis isolados do extrato em diclometano
Variando entre 25 e 100 µg/mL NEWTON et al. 2000
Legenda: * espécie indicada pelos informantes de Petrópolis e Nova Friburgo para o tratamento do “pulmão”, “tosse” e “tuberculose”.
67
FIGURA 14: Cromatografia com fase líquida em coluna empacotada com gel de sílica do
extrato em hexano de Struthanthus marginatus.
No sentido de isolar e identificar as substâncias ativas contra o Mycobacterium tuberculosis
no extrato em hexano de Struthanthus marginatus foi realizada uma coluna líquida em coluna
empacotada em gel de sílica desse extrato, dando origem às frações SMH-1 até SMH-33 (FIGURA 14,
pág. 67 e TABELA 16, pág. 68). As frações SMH que foram submetidas a ensaios in vitro contra M.
tuberculosis estão representadas na tabela 13 (pág. 60). De SMH-7 a SMH-33, quase todas as frações
apresentaram atividade na concentração de 200 µg/mL (TABELA 16, pág. 68). A CIM foi então
avaliada para todas as frações e o menor valor foi 25 µg/mL obtido para SMH-10 e SMH-14, para
ambas as cepas, e para SMH7 quando ensaiadas frente à cepa resistente a rifampicina (TABELA 16,
pág. 68).
68
TABELA 16: Atividade antimicobacteriana das frações do extrato hexanico de Struthanthus
marginatus (SMH) ensaiadas contra Mycobacterium tuberculosis, H37RV (cepa padrão – sensível à
rifampicina) e cepa 35388 (resistente à rifampicina), a uma concentração de 200 µg/mL, e as
respectivas CIM (200 a 0,39 µg/mL).
Frações Peso (g)
Cepa H37Rv
(200µg/mL.)
CIM
(µg/mL)
Cepa 35388
(200µg/mL.)
CIM
(µg/mL)
SMH2 0,2815 resistente resistente
SMH3 0,4052 resistente sensível 200
SMH4 0,1045 resistente resistente
SMH5 1,4875 resistente resistente
SMH6 0,2640 resistente resistente
SMH7 0,4835 sensível 200 sensível 25
SMH8 0,3136 sensível 200 sensível 50
SMH9 0,0523 resistente sensível 200
SMH10 0,0519 sensível 25 sensível 25
SMH11 0,0597 sensível 100 sensível 50
SMH12 0,2217 sensível 200 sensível 100
SMH13 0,0701 sensível 200 sensível 100
SMH14 0,0414 sensível 25 sensível 25
SMH15 0,0415 sensível 50 sensível 100
SMH16 0,0505 sensível 50 sensível 200
SMH17 0,0873 sensível 100 sensível 200
SMH18 0,0980 sensível 100 sensível 100
SMH19 0,0346 sensível 50 sensível 50
SMH20 0,0301 sensível 100 sensível 100
SMH 22 e 23 0,0381 sensível >200 sensível 200
SMH27 0,0947 sensível 200 sensível 200
SMH28 0,2161 sensível >200 sensível >200
SMH29 0,0711 sensível 200 sensível 200
SMH30 0,0795 sensível >200 sensível >200
SMH32 0,0539 sensível 200 sensível 200
SMH33 0,0393 sensível 200 sensível >200
69
As figuras 15 de A a O (pág. 70) mostram a análise por CCD do fracionamento de SMH por
cromatografia em coluna. Durante a evaporação da fração SMH-9 houve a formação abundante de
cristais sob a forma de agulha, que foram lavados com hexano e submetidos a análise por RMN 1H e 13C. O espectro de RMN 1H de SMH-9 (ANEXOS 5.1 a 5.3) apresenta sinais compatíveis com a
presença de um (ou mais) esterol (FIGURA 16B, pág. 74). A comparação dos valores de deslocamento
químico obtidos dos carbonos no espectro de RMN 13C com a literatura (DELLA GRECA et al. 1990)
confirma a presença do sitosterol como um dos componentes da fração, que, na verdade, trata-se de
uma mistura de, pelo menos, 2 esteróis (TABELA 17, pág. 75).
A fração SMH-13 foi submetida a análise de RMN 1H e 13C (ANEXOS 5.9 a 5.15). A
comparação dos valores do deslocamento químico de 1H e 13C com a literatura mostra que esses são
idênticos aos de 3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol (TABELA 17, pág. 75 e FIGURA 16A, pág.
74), isolado anteriormente da espécie Hyphear tanakae, uma erva-de-passarinho japonesa (mistletoe),
da família Loranthaceae, mesma família de Struthanthus sp. (FUKUNAGA et al. 1998). Este e o
segundo registro de ocorrência desta substância na natureza. Outra substância com estrutura muito
parecida ao SMH-13 foi descoberta em 1973, o loranthol, lup-(30)-eno-3β,7β-diol (fórmula C30H50O2),
um novo triterpenóide pentaciclico isolado de Loranthus grewinkii, também pertencente à família
Loranthaceae e que parasita árvores no Paquistão (RAHMAN et al. 1973).
A fração SMH-13 apresentou atividade antimicobacteriana em ambas as cepas - 200 µg/mL
para cepa H37Rv e 100 µg/mL para a cepa resistente a rifampicina (TABELA 16, pág. 68). A literatura
mostra que os triterpenos originados de plantas possuem atividade de moderada a significativa contra
o Mycobacterium tuberculosis (CANTRELL et al. 2001).
Metabólitos secundários originados de terpenóides dominam a lista de produtos naturais
com atividade antimicobacteriana, possivelmente porque existem mais pesquisas com plantas
terrestres, que tendem a se especializar na biosíntese de terpenos, e também porque os derivados de
terpenóides são tipicamente lipofílicos, o que pode ajudar na penetração da parede celular do
Mycobacterium (COPP 2003). As substancias lipofilicas são significativamente mais ativas que seus
análogos polares (CANTRELL et al. 2001).
Existem alguns exemplos de triterpenóides do tipo lupano substituídos que apresentam
atividade antimicobacteriana. A inibição do crescimento celular, no entanto, pode variar bastante com
a estrutura, por exemplo: para o lupeol a CIM é de 27 µg/mL, para o ácido betulinico 29 µg/mL,
enquanto o acetato de lupeol, a lupenona e nor-lupanos se mostram inativos (COPP 2003). Em outro
trabalho, foi observado que muitos triterpenóides pentacíclicos com atividade antimicobacteriana entre
8 e >128µM têm sido isolados, sendo o mais ativo a zeorina, isolada de Sarmienta scandens
(Gesneriaceae), uma planta epífita do Chile. Essa substância apresentou CIM de 8 µg/mL (CANTRELL
et al. 2001).
70
FIGURA 15: Cromatografias em Camada Delgada (CCD) comparando as frações de SMH-1
a SMH-33 de Struthanthus marginatus usando diferentes concentrações de solvente (A a E: eluentes
de 5% a 15 % de acetato de etila + hexano).
A B C
D E
71
FIGURA 15 (cont.): Cromatografias em Camada Delgada (CCD) comparando as frações de
SMH-1 a SMH-33 de Struthanthus marginatus usando diferentes concentrações de solvente (F a I):
eluentes de 20% a 35 % de acetato de etila + hexano).
F G
H I
72
FIGURA 15 (cont.): Cromatografias em Camada Delgada (CCD) comparando as frações de
SMH-1 a SMH-33 de Struthanthus marginatus usando diferentes concentrações de solvente (J a M):
eluentes de 50% a 80 % de acetato de etila + hexano).
L M
J K
73
FIGURA 15 (cont.): Cromatografias em Camada Delgada (CCD) comparando as frações de
SMH-1 a SMH-33 de Struthanthus marginatus usando diferentes concentrações de solvente (N e O):
eluentes de 90% a 100 % de acetato de etila + hexano).
A fração SMH-24, também isolada durante a cromatografia empacotada com gel de sílica,
foi analisada no RMN de 1H e 13C. Os espectros de RMN de 1H e 13C de SMH-24 mostraram-se muito
semelhantes aos de SMH-9, revelando, porém, a presença adicional de sinais compatíveis com uma
porção n-acílica e uma porção glucosídica. A comparação desses dados com aqueles da literatura
(GOMES & ALEGRIO 1998) para o 3-O-[6´-O-n-acil-β-glucosil]-sitosterol revelam que trata-se da
mesma substância (TABELA 17, pág. 75 e FIGURA 16B, pág. 74). A fração SMH-24 não foi enviada
para realização dos ensaios biológicos porque não apresentou quantidade suficiente.
N O
74
A
B
FIGURA 16: A. SMH-13 (3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol); B. SMH-9 (Sitosterol)
e SMH-24 (3-O-[6´-O-n-acil-β-glucosil]-sitosterol).
75
TABELA 17: Comparação dos valores de deslocamento químico (δ) 13C (ppm, TMS) de
SMH-13, SMH-9 e SMH-24 obtidos por RMN (100Hz) com os de 3-O-n-acil-lup-20(29)-eno-
3β,7β,15α-triol (FUKUNAGA et al. 1998), e Sitosterol (DELLA GRECA et al. 1990) e 3-O-[6´-O-n-acil-
β-glucosil]-sitosterol (GOMES & ALEGRIO 1998) (páginas 75 e 76).
C
3-O-n-acil-lup-
20(29)-eno-
3β,7β,15α-triol
SMH-13 Sitosterol SMH-9
3-O-[6´-O-n-
acil-β-glucosil]-
sitosterol
SMH-24 C
1 38,5 38,42 37,33 37,29 37,33 37,275 1
2 23,8 23,75 31,63 31,67 31,63 31,88 2
3 80,3 80,2 71,73 71,80 71,73 79,57 3
4 37,6 37,49 42,20 42,31 42,20 42,339 4
5 52,2 52,09 140,71 140,77 140,71 140,30 5
6 28,1 27,95 121,63 121,70 121,63 122,15 6
7 72,5 72,4 31,96 31,93 31,96 31,936 7
8 47,9 47,86 31,81 31,93 31,81 31,882 8
9 50,3 50,25 51,13 50,17 51,13 50,188 9
10 37,3 37,22 36,43 36,16 36,43 36,150 10
11 20,7 20,65 21,09 21,10 21,09 21,076 11
12 25,2 25,15 39,79 39,81 39,79 39,772 12
13 37,5 37,48 42,37 42,31 42,37 42,339 13
14 49,0 49,03 56,75 56,79 56,75 56,770 14
15 67,9 67,7 24,15 24,32 24,15 24,296 15
16 45,6 45,48 28,25 28,26 28,25 28,242 16
17 42,6 42,5 56,02 56,09 56,02 56,103 17
18 47,6 47,55 11,84 12,00 11,84 11,982 18
19 48,2 48,10 19,46 19,41 19,46 19,349 19
20 150,3 150,31 36,07 36,16 36,07 36,150 20
21 30,2 30,15 18,68 18,81 18,68 18,785 21
22 39,8 39,81 33,95 33,981 33,95 33,962 22
23 27,9 27,91 26,10 26,14 26,10 26,12 23
24 15,6 15,62 45,82 45,87 45,82 45,853 24
25 16,5 16,45 29,15 29,20 29,15 29,18 25
26 10,9 10,88 19,77 19,83 19,77 19,811 26
27 8,4 8,40 19,21 19,07 19,21 19,038 27
28 18,9 18,89 23,13 23,10 23,13 23,083 28
29 109,7 109,69 11,04 11,88 11,04 11,855 29
30 19,4 19,35 30
76
C
3-O-n-acil-lup-
20(29)-eno-
3β,7β,15α-triol
SMH-13 Sitosterol SMH-9
3-O-[6´-O-n-
acil-β-glucosil]-
sitosterol SMH-24 C
parte ác. graxo parte glucosídica
CH3 14,1 101,10 101,2 1’
CH2 22,7 73,9 73,93 2’
24,9 76,4 76, 3’
29,2 70,10 70,15 4’
29,4 73,5 73,6 5’
29,5 63,20 63,24 6’
29,6 25,40 24’
29,7 parte n-acílica
31,9 174,10 174,62 1’’
34,8 34,21 34,24 2’’
C 173,7 24,90 24,96 3’’
29,70 29,55-29,71 4’’
22,70 22, 15’’
14,10 14,11 16’’
12,30 24’’
31,93
77
FIGURA 17: Os comerciantes de plantas medicinais de Petrópolis, RJ.
78
FIGURA 18: O comerciante de plantas medicinais de Nova Friburgo, RJ.
FIGURA 19: As plantas ornamentais comercializadas em Petrópolis, RJ.
79
5. CONCLUSÕES
O presente estudo indica que os comerciantes de plantas medicinais das feiras livres de
Petrópolis e Nova Friburgo possuem conhecimento sobre as plantas que comercializam. O grande
número de espécies (172) indicado por poucos informantes (4) pode estar relacionado ao fato de
somente essas pessoas venderem plantas medicinais nas feiras livres de Petrópolis e Nova Friburgo e
os compradores referirem-se a eles como especialistas locais, consultando-os sobre que plantas
medicinais podem utilizar.
O cálculo da saliência mostrou-se uma boa forma para análisar a variação sazonal da
comercialização de espécies medicinais nas feiras livres e mercados. O presente estudo verificou uma
maior comercialização das espécies indicadas para o tratamento de “Doenças do aparelho respiratório”
nos meses mais frios (outono e inverno).
A “espinheira santa” foi o etnotáxon que mais se destacou no cálculo da saliência, contudo
são quatro espécies diferentes comercializadas com esse nome popular (Clarisia cf. ilicifolia , Sorocea
aff. hilarii , Sorocea guilleminiana e Sorocea sp., todas da família Moraceae). A grande
comercialização da espinheira santa, possivelmente se deveu a divulgação na mídia dos efeitos anti-
ulcerogênicos da espécie Maytenus ilicifolia (Celastraceae) que possui o mesmo nome popular.
A indicação popular do uso anti-tuberculose das duas espécies de Struthanthus foi
respaldada pelos ensaios biológicos. As ervas-de-passarinho da família Loranthaceae são de grande
interesse para a pesquisa, pois são utilizadas na medicina popular, apesar de não existirem muitos
estudos sobre sua fitoquímica ou farmacologia na bibliografia. Elas são de fácil avaliação fitoquímica
e também são comuns na natureza. Por seu hábito parasita são normalmente retiradas e eliminadas das
árvores pela população, assim, sua retirada para o consumo pode não representar risco ambiental.
O fracionamento do extrato hexânico de Struthanthus marginatus revelou a substância 3-O-
n-acil-lup-20(29)-eno-3β,7β,15α-triol, que foi registrada anteriormente apenas uma vez na natureza em
espécie de Loranthaceae, indicando uma possível semelhança química entre as espécies da família.
A etnobotânica em feiras livres mostrou-se como uma boa fonte para a pesquisa de novos
fármacos. Os resultados são promissores e indicam a relevância do trabalho. A continuidade desta
pesquisa deverá contribuir para o conhecimento de plantas com uso popular disseminado com pouca
bibliografia especializada. Além disso, os bons resultados obtidos a partir dos extratos e frações de
Struthanthus marginatus e S. concinnus contra as cepas de Mycobacterium tuberculosis e a ausência
de toxidez da espécie S. marginatus por via oral indicam a continuidade das pesquisas com estas
espécies.
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Petrópolis. Secretaria - Geral de Planejamento. Disponível em:
http://mail.tce.rj.gov.br/sitenovo/develop/estupesq/gc04/2005/petropolis.pdf Acesso em 23 de
novembro de 2006.
TORTORA, G.; FUNKE, B.D.M; CASE, C.L. 2006. Microbiologia. 8ª Edição. Editora ARTMED, Porto
Alegre, 894p.
TOSUNA, F.; AKYÜZ KIZILAY , Ç.; SENER, B.; VURAL, M.; PALITTAPONGARNPIM, P. 2004.
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VIEIRA, M.C., SANTOS, M.H., SILVA , G., SIQUEIRA, M. 2005. Atividade antimicrobiana de Struthanthus
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WELLER, S.C. & KIMBALL ROMNEY, A. 1988. Systematic data collection. SAGE. Newbury CA. 95p.
WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. 2003. Treatment of Tuberculosis. Guidelines for National
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BIBLIOGRAFIA AUXILIAR
BONATO, P. S. Cromatografia gasosa, capítulo VIII. In: COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L. BONATO, P. S.
2006. Fundamentos da cromatografia. Campinas, SP. Editora da UNICAMP.
LOPES, J. L. C. Cromatografia em camada delgada, capítulo III. In: COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L.
BONATO, P. S. 2006. Fundamentos da cromatografia. Campinas, SP. Editora da UNICAMP.
RIZZINI , C. M.; AGAREZ, F. V. MEDEIROS, R. 2003. Glossário dos vegetais com flores. Fundação Bio-Rio,
Rio de Janeiro, RJ, 150 p.
VICHENEWSKI, W. Cromatografia por adsorção, capítulo IV. In: COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L. BONATO,
P. S. 2006. Fundamentos da cromatografia. Campinas, SP. Editora da UNICAMP.
89
ANEXO 1
TERMO DE ANUENCIA PRÉVIA Prezado (a) Estamos nos dirigindo ao Senhor (a) com o objetivo de solicitar o seu consentimento
para participar de um estudo que trata das plantas comercializadas em feiras livres.
A sua participação neste estudo é livre, tendo, portanto a liberdade de recusar esta
proposta. Caso aceite, garantimos que em qualquer momento o senhor (a) poderá interromper
sua participação e retirar seu consentimento.
A sua valiosa participação se dará através de entrevista e questionário, a ser realizada
na feira livre que o senhor (a) trabalha.
Os depoimentos fornecidos nas entrevistas contribuirão para o conhecimento das
plantas comercializadas e suas utilizações pela população. Este trabalho, a princípio, não
possui fins econômicos. Porém, caso os resultados demonstrem potencial para virem a ser
utilizados para fins econômicos, os pesquisadores se comprometem a contactá-lo novamente a
fim de elaborar um contrato para repartição de benefícios de maneira justa.
Agradecemos a atenção dispensada.
_____________________________
Estando ciente do conteúdo deste termo de consentimento e do referido estudo, declaro estar de acordo em participar do mesmo na qualidade de entrevistado (a) e autorizo a utilização dos depoimentos. Declaro, ainda, que estou recebendo uma cópia deste termo de consentimento.
Petrópolis, de de .
_____________________________________
ANEXO 2
90
No. Nome popular Indicação Parte usada
Forma preparação/ forma de uso
(infusão, xarope)
Modo de aplicação
(oral, banho, ...)
Dose (quantidade intervalo de tempo)
Preço Procedência (cultivada ou extraída/ de
onde?)
Observações (sobre uso e/ou
presença de flor ou fruto)
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
Feira: _______________________ Data: ____________ Local: _________________ Município: __________________ Entrevistado: ____________________________________________________________________
91
ANEXO 3
Plantas úteis vendidas na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro
Informante:
Nome completo: ____________________________________ Idade: _____ Sexo: F M
Endereço e local onde mora: ______________________________________________________
Local de Nascimento: ____________________ Quanto tempo vive aqui? _________________
Qual a sua religião____________________________
Trabalha em outras feiras livres? sim não Qual (is)? ____________________________
Com quem o senhor(a) aprendeu sobre a utilização dessas plantas? ________________________
O senhor(a) tem passado o seu conhecimento a alguém? sim não Quem? ___________
1. Quais são as dez plantas mais vendidas na sua barraca?
P1. _______________________ P6. _______________________
P2. _______________________ P7. _______________________
P3. _______________________ P8. _______________________
P4. _______________________ P9. _______________________
P5. _______________________ P10. ______________________
2. O Sr.(a) utiliza na sua casa alguma destas plantas? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3. Atualmente, o Sr.(a) percebe alguma diferença em relação as plantas usadas e que vêm de mata?
Sim Não Como elas se apresentam?
na mesma quantidade
hoje têm mais plantas que antes
hoje têm menos plantas que antes
Outras _______________________
Data: ___________________ Local: _________________ Município: __________________
Nome da Feira livre: _______________________ Entrevistador:___________________
Folha
n.º: _____
92
ANEXO 4
Questionário Tuberculose
1. O senhor vende plantas para tratar o pulmão?
Planta Modo de preparo
1.
2.
3.
4.
5.
2. O senhor vende plantas para tratar tosse?
Planta Modo de preparo Tosse seca, pigarro ou
tosse com catarro?
O senhor vende plantas para tratar Tuberculose?
Planta Modo de preparo Quanto tempo de
tratamento?
Data: ___________________ Local: _________________ Município: __________________
Nome da Feira livre: _______________________ Entrevistador:___________________
93
ppm (t1)1.02.03.04.05.06.07.0
0
50
100
150
200
7.283
5.3705.357
3.5493.5383.525
2.2992.2892.284
2.0101.869
1.845
1.508
1.266
1.0210.943
0.927
0.858
0.8400.836
0.8180.693
ANEXO 5.1: Espectro de RMN de 1H de SMH-9 (CDCl3, TMS, 400 MHz).
94
Hz (t1)200020502100
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
2077.7
69
2069.1
70
2062.6
62
2058.0
51
2056.3
39
2053.7
91
2051.6
66
2044.8
38
2037.9
56
2023.0
18
2014.3
39
2007.7
95
1999.3
25
ANEXO 5.2: Espectro de RMN de 1H de SMH-9 (CDCl3, TMS, 400 MHz) - expansão.
95
Hz (t1)300350400
0
50
100
150
200
399.197
392.229
377.399
370.843
343.417
336.204
334.309
327.356
277.277
ANEXO 5.3: Espectro de RMN de 1H de SMH-9 (CDCl3, TMS, 400 MHz) – expansão (metilas).
96
ppm (t1)50100150
0
500
1000
1500
2000
2500
3000145.856
140.775
138.313
129.302
121.703
116.482
71.80056.793
56.099
50.17045.871
42.315
39.810
37.290
36.166
33.981
31.93531.671
29.203
28.263
26.140
24.325
23.106
21.110
19.83519.41319.07318.81111.880
ANEXO 5.4: Espectro de RMN de 13C de SMH-9 (CDCl3, TMS, 100 MHz).
97
ppm (t1)15.020.025.030.035.040.045.050.055.0
0
500
1000
1500
2000
2500
300056.793
56.099
50.170
45.871
42.315
39.810
37.290
36.166
33.981
31.935
31.671
29.72529.20328.263
26.140
24.325
23.106
21.110
19.835
19.413
19.073
18.811
11.880
ANEXO 5.5: Espectro de RMN de 13C de SMH-9 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 1.
98
ppm (t1)20.025.030.035.0
0
500
1000
1500
2000
2500
300037.290
36.528
36.166
36.006
33.981
31.935
31.671
29.725
29.203
28.927
28.63728.263
27.966
26.140
25.419
24.325
23.106
21.110
19.835
19.413
19.073
18.811
ANEXO 5.6: Espectro de RMN de 13C de SMH-9 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 2.
99
ppm (t1)15.020.025.0
0
500
1000
1500
2000
2500
300029.725
29.203
28.927
28.63728.263
27.966
26.140
25.419
24.325
23.106
21.110
19.835
19.413
19.073
18.811
12.773
12.007
11.880
ANEXO 5.7: Espectro de RMN de 13C de SMH-9 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 3.
100
ppm (t2)0.01.02.03.04.05.06.0
0
50
100
ppm (t1)
ANEXO 5.8: Espectro de RMN de HSQC de SMH-9 (CDCl3, TMS, 400 MHz).
101
ppm (t1)0.01.02.03.04.05.06.07.0
0
50000000
100000000
150000000
200000000
7.282
4.6924.607
4.5014.4894.473
2.297
1.697
1.336
1.296
1.266
1.086
0.994
0.8920.883
0.8600.8540.843
ANEXO 5.9: Espectro de RMN de 1H de SMH-13 (CDCl3, TMS, 400 MHz).
O
O
nOH
OH
102
ppm (t1)3.504.004.50
0
5000000
10000000
15000000
4.692
4.607
4.501
4.4894.473
4.461
4.162
4.1504.134
4.122
3.816
3.8043.789
3.777
ANEXO 5.10: Espectro de RMN de 1H de SMH-13 (CDCl3, TMS, 400 MHz) – expansão.
103
Hz (t1)350400
0
50000000
100000000
434.318
397.397
356.691
353.230
343.802341.454
337.117
ANEXO 5.11: Espectro de RMN de 1H de SMH-13 (CDCl3, TMS, 400 MHz) – expansão (metilas).
104
ppm (t1)50100150
0
1000
2000
3000
4000
173.714
150.329
109.70480.254
77.37777.05976.741
72.462
67.814
52.11250.277
48.121
47.575
45.506
42.529
39.827
38.444
37.56437.50737.238
34.830
31.939
27.97227.926
25.16924.919
23.77822.70520.67419.41518.91916.47515.64410.9068.425
ANEXO 5.12: Espectro de RMN de 13C de SMH-13 (CDCl3, TMS, 100 MHz).
O
O
nOH
OH
105
ppm (t1)1020304050
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
350052.112
50.277
49.03048.121
47.881
47.575
45.506
42.529
39.827
38.44437.56437.507
37.238
34.830
31.939
30.17429.69829.27327.97227.926
25.169
24.919
23.778
22.705
20.674
19.41518.919
16.475
15.644
14.136
10.906
8.425
ANEXO 5.13: Espectro de RMN de 13C de SMH-13 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 1.
O
O
nOH
OH
106
ppm (t1)35.040.045.050.0
0
500
1000
1500
2000
2500
52.112
50.277
49.030
48.12147.881
47.575
45.506
42.529
39.827
38.444
37.564
37.507
37.238
34.830
31.939
ANEXO 5.14: Espectro de RMN de 13C de SMH-13 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 2.
107
ppm (t1)27.5028.0028.5029.0029.5030.00
0
500
1000
1500
200030.174
29.698
29.482
29.372
29.273
29.186
27.972
27.926
ANEXO 5.15: Espectro de RMN de 13C de SMH-13 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 3.
O
O
nOH
OH
108
ppm (t1)0.01.02.03.04.05.06.07.0
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
8.0
9.0
7.284
5.389
5.387
5.383
5.378
5.375
4.410
4.391
4.315
3.588
3.586
3.586
3.570
3.507
3.402
3.401
3.400
3.379
2.366
2.191
1.025
0.866
0.848
0.845
0.700
0.021
ANEXO 5.16: Espectro de RMN de 1H de SMH-24 (CDCl3, TMS, 400 MHz).
109
ppm (t1)3.504.004.50
0.00
0.50
1.00
1.50
4.488
4.477
4.458
4.446
4.410
4.391
4.3164.315
4.2884.2864.285
3.5883.5863.5863.570
3.507
3.4263.425
3.4023.4013.400
3.379
3.3593.357
ANEXO 5.17: Espectro de RMN de 1H de SMH-24 (CDCl3, TMS, 400 MHz) - expansão.
110
ppm (t1)0.700.800.901.001.10
0.0
5.0
10.01.025
0.950
0.934
0.917
0.901
0.885
0.866
0.848
0.8450.827
0.700
ANEXO 5.18: Espectro de RMN de 1H de SMH-24 (CDCl3, TMS, 400 MHz) – expansão (metilas).
111
ppm (t1)50100150
0
50000000
100000000
150000000
200000000
174.629
173.627
173.449
140.308
122.156
101.201
79.574
73.93973.60270.150
63.246
56.770
56.103
50.188
45.853
39.772
38.90137.275
36.15034.24533.962
24.962
14.112
11.98211.855
ANEXO 5.19: Espectro de RMN de 13C de SMH-24 (CDCl3, TMS, 100 MHz).
112
ppm (t1)50.055.060.065.070.075.080.0
0
50000000
100000000
79.574
76.038
73.93973.602
70.150
63.246
56.77056.103
50.188
45.853
ANEXO 5.20: Espectro de RMN de 13C de SMH-24 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 1.
113
ppm (t1)20.025.030.035.040.0
0
50000000
100000000
42.339
39.772
38.901
37.275
36.736
36.150
34.245
33.962
31.936
29.341
29.18028.242
27.216
26.126
24.962
24.296
23.083
22.691
21.076
19.81119.349
19.03818.785
ANEXO 5.21: Espectro de RMN de 13C de SMH-24 (CDCl3, TMS, 100 MHz) – expansão 2.
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