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E o segundo semelhante a este é : Amarás a teu próximo como a ti mesmo. J)'estes dous Mandamentos depende^ toda a Lei e os Proplietas. (S. Matheus. Cap. XXII). Caridade: eis a virtude predilecta de Jesus, áquella que mereceu todos os afagos, todos^os carinhos de seu meigo coração. Se a humildade foi a primeira virrüde que Elle plantou na Terra, pelo seu nascimento envolto nas sublimidades da mais Ínfima condição aos olhos dos ho- mens, tendo-se em vista a grandeza de elevação de seu espirito; a caridade foi a jóia que Elle hurilou dia a dia de sua existência terrestre dando-lhe todos os traços dos mais acabados contornos para tornai a a obra prima de sua sa- grada missão. A vida de Jesus está comprehendida entre esses dous infinitos de perfeição e de transcedental concepção : a humil- dade e a caridade, por isso ha de ser sempre durante toda a eternidade sobre a Terra considerad a como o mais su- blime exemplo de amor a Deus e aos homens. Se pela mais pura humildade só- mente, pôde-se amar verdadeiramente a Deus, porque por essa virtude pôde erguer-se o homem pelo desprendi- mento de todos os preconceitos, puri- ficando-se de todas as inpurezas de paixões que o prendem as cousas terre- nas e o impedem de subir pelo pensa- mento radiante de júbilo e de luz aos pés do Creador; assim também pela caridade perfeita, por essa virtude su- blime que nasce do amor de si proprío e termina na abnegação por seu seme- lhante, que manda amar o seu próximo como a si mesmo, e que constitue o se- gundo mandamento de Deus, tão gran- de como o primeiro, pôde o homem ai- cançar esse outro infinito de amor que se chama humildade. Subir pela humildade aos pés do Eterno Senhor, e descer pela caridade aos corações de seus semelhantes, eis os extremos de amor, eis a sublimidade dos ensinamentos do Divino Mestre, o humilde e amantissimo Jesus. A humildade absoluta é a maior prova de amor a Deus; a caridade per- feita é a maior prova de amor aos nos- sos semelhantes; o conjunto das duas virtudes, d'esses dous infinitos que se abraçam, constitue a perfeição. Amar a Deus sobre todas as cousas e ao próximo como a si mesmo, eis os dous grandes mandamentos como disse Jesus; eis toda a lei e os proplietas. Não se pôde amar a Deus sem amar- se o próximo, porque o nosso espirito e os dos nossos semelhantes são a obra predilecta do Creador, em que Èíle col- locou a scentelha divina capaz de apre- ciar a sua Grandeza pelas maravilhas da creação e de adoral-o pelo seu amor de Pae Extremosissimo. Não se pôde amar o próximo sem amar-se a Deus, que é o centro de todas as attracções, o centro de todas as virtudes, e se a caridade nos constitue a todos irmãos perante o Pae Celestial, a responsabili- dade que deriva-se . da liberdade que Elle concede a cada um de nós na mar- cha ascendente do progresso, nos impõe o amor que a Elle devemos pelas graças que nos aufere n'esse mesmo pro- gredir. A vida de Jesus foi um código de vir - tudes das quaes as mais salientes foram a humildade e a caridade, e que Elle pessoalmente veio offerecer aos homens em seu amor infinito para provar-lhes a possibilidade de as praticar. Cada pa- rabola por Elle citada, cada sentença por Elle proferida- cada ensinamento por Elle desvendado e justificado, cada accidente minimo de sua existência sobre a Terra, éum rasgo de humildade ou de caridade e uma prova irrefutável de verdadeiro amor. Se fosse possível con-substanciar todos os seus actos por palavras que expri- missem perfeitamente o ideal que os determinava, póde-se dizer que Jesus foi na Terra o symbolo da humildade e da caridade. Os séculos passarão; passarão a Terra e os mundos, mas não passarão os exemplos c ensinamentos de Jesus, pois que elles constituem a doutrina da perfeição, e de todas as verdades. Foi por bem comprehender a grandio- sidade d'essa sublime virtude do Divino Mestre que Paulo, o grande apóstolo da caridade, disse no capitulo XIII de sua 1? epístola aos Corinthios, em ar- roubo de eloqüência religiosa difficil de ser imitada: —« Se eu fallar as linguas dos ho- mens, e dos Anjos e não tiver caridade, sou como o metal, que soa, ou como o sino que tine. E se eu tiver o dom de prophecia, e conhecer todos os mysterios, e quanto se pôde saber: e se tiver toda a fé, até ao ponto de transportar montes e não tiver caridade, não sou nada. E se eu distribuir todos os meus bens em o sustento dos pobres, e se entre- gar o meu corpo para ser queimado; se todavia não tiver caridade, nada d'isso me aproveita. A caridade é paciente, é benigna: a caridade não é invejosa, não obra teme- raria, nem precipitadamente, não se en- soberbece. Nao é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a in- justiça, mas folga coma verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo soífre. A caridade nunca jamais hade acabar ou deixem de ter logar as prophecias, ou cessem as lagrimas, ou seja abolida a sciencia ; porque em parte conhece- mos, e em parte prophetisamos. Agora pois permanecem a Fé, a Es- perança, a Caridade: estas trez virtu- des: porém a maior d'ellas é a Ca- ridade.—» Foi ainda na comprelrtmsão da gran- diosidade d'essa virtude e de sua eleva- ção moral, que o mesmo Paulo, esse apóstolo devotado da caridade, em en- thusiasmo divino de amor a seus seme- lhantes e de humildade perante Deus, emittio em sessão do grupo José este luminoso pensamento, que é uma gemma brilhante de seu puríssimo co- ração : —« Caridade! Caridade! Caridade! Laço mysterioso que liga toda a huma- nidade; symbolo de Amor, sombra de Deus, magestosa virtude que representa a união, o amor de todos os homens, eu te venero !»— Ao preito de veneração de Paulo á sublime virtude da caridade, nossos co- rações se abrem aos eífluvios de seu amor e em pausa de admiração contem- pia o ideal da sacratissima doutrina de Jesus. Se a attracção universal é a grande lei que preside a todos os phenomenos da natureza physica, desde o movimen- to regularisado do planeta que gyra nos espaços infinitos, até o do átomo cir- cumscripto dentro de um outro espaço também infinito, o amor é a grande lei universal de todas as attracções da or- dem espiritual, desde as humanidades de todos os mundos até o homem como espirito independente e responsável, gyrando dentro de orbitas traçadas pelos raios crescentes por seu próprio esforço, em sua evolução, constante para a felicidade. A primeira d'estas leis manifesta-se pelo movimento da matéria sob mil formas complicado: gravidade, cohesão, aífinidade, calor, electricidade, luz, tra- balho physico emfim; a segunda, sua homologa no mundo espiritual, mani- festa-se por , todas as virtudes em que se desdobra o amor, como vínculos entre todos os homens e o seu Creador: humildade, amor sacratissimo de mãe, amor puríssimo de~p_£ e de irmão, a fé, a-^spérançar-a^carrdírder-Ovpfògresso moral emfim de toda a humanidade. Sempre a mesma unidade presidindo a todas as concepções do mundo physico e do mundo espiritual. E se grandes são os deslumbramen- tos com que se adorna a sciencia huma- na que se limita aos conhecimentos da matéria tangível sob milhões de formas por que se apresenta para ser prescuta- da e analysada, como estupendiosissima não deve ser a natureza espiritual da substancia intangível que tem por agen- te a força poderosíssima do amor na sua mais pura idealisação partido do cora- ção extremosissimo do Pae Celestial, Creador do Universo. Imaginae a matéria sem a attracção universal e tereis o Cahos. Imaginae o mundo espiritual sem o amor e tereis o Erro, a negação de todas as verdades, o incomprehensivel, isto é, alguma cousa que não é nada e que noentando não pôde existir. Nada pára no Universo; tudo se move sob leis sabias determinativas de uma evolução constante para a perfei- ção : se a matéria precisa de uma força para a dominar, para a reger, para obri- gal-a a essas transformações successivas e constantes que constituem o seu pro- gresso, o espirito precisa também de uma torça ou poder capaz de vencer a immobilidadeque lhe poderia suggerir a sua vontade, para o conduzir por todas as transformações de progresso moral e intellectual á maior perfeição, ao ideal emfim longínquo da matéria | ao infinito, e essa força ou poder é o

í^ ¦*v^ RELIGIÃO ESPIRITA

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nraça o que de graça k Órgão do Espiritismo Religioso\ PUBLICAÇÃO MENSAL —- DISTRIBUIÇÃO GRATUITA \

Não colloqueis a tampada de~baixo do alqueire.

(S. Matheüs, cap. v, v. 15).¦réus, cap. x, v. S).

REEfA-CTOR-CHEFE, L. DA ROCHA BARROS.—Coi.laboradores diversos—Da terra e do espaço

ANNO I CIDADE DO RIO DE JANEIRO — 25 DE MAIO DE 1898 NUM. 6

EXPEDIENTEToda a corresponden.-

cia deve ser dirigida, aoRedáctor-Chefe, rtia doOo_xsell_eiro Barros n. 9.

CARIDADE—Mas os Phariseus, quando ouviram

que Jesus tinha feito calar a boccaaosSadduceus, se ajuntaram em conselho :

e um d'elles que era Doutor da Lei,tentando-o, lhe perguntou:—Mestre,qual.é o grande Mandamento da Lei?

Jesus llie disse :—Amarás ao Senhorteu Deus de todo o teu coração, e detoda a tua alma e de todo o teu enten-dimento.

Este é o máximo e o primeiro Man-damento.

E o segundo semelhante a este é :— Amarás a teu próximo como a ti

mesmo.J)'estes dous Mandamentos depende^

toda a Lei e os Proplietas.(S. Matheus. Cap. XXII).

Caridade: eis a virtude predilecta deJesus, áquella que mereceu todos osafagos, todos^os carinhos de seu meigocoração.

Se a humildade foi a primeira virrüdeque Elle plantou na Terra, pelo seunascimento envolto nas sublimidadesda mais Ínfima condição aos olhos dos ho-mens, tendo-se em vista a grandeza deelevação de seu espirito; a caridade foia jóia que Elle hurilou dia a dia de suaexistência terrestre dando-lhe todos ostraços dos mais acabados contornospara tornai a a obra prima de sua sa-grada missão.

A vida de Jesus está comprehendidaentre esses dous infinitos de perfeição ede transcedental concepção : a humil-dade e a caridade, por isso ha de sersempre durante toda a eternidade sobrea Terra considerad a como o mais su-blime exemplo de amor a Deus e aoshomens.

Se pela mais pura humildade só-mente, pôde-se amar verdadeiramentea Deus, porque só por essa virtude pôdeerguer-se o homem pelo desprendi-mento de todos os preconceitos, puri-ficando-se de todas as inpurezas depaixões que o prendem as cousas terre-nas e o impedem de subir pelo pensa-mento radiante de júbilo e de luz aospés do Creador; assim também só pelacaridade perfeita, por essa virtude su-blime que nasce do amor de si proprío

e termina na abnegação por seu seme-lhante, que manda amar o seu próximocomo a si mesmo, e que constitue o se-gundo mandamento de Deus, tão gran-de como o primeiro, pôde o homem ai-cançar esse outro infinito de amor quese chama humildade.

Subir pela humildade aos pés doEterno Senhor, e descer pela caridadeaos corações de seus semelhantes, eisos extremos de amor, eis a sublimidadedos ensinamentos do Divino Mestre, ohumilde e amantissimo Jesus.

A humildade absoluta é a maiorprova de amor a Deus; a caridade per-feita é a maior prova de amor aos nos-sos semelhantes; o conjunto das duasvirtudes, d'esses dous infinitos que seabraçam, constitue a perfeição.

Amar a Deus sobre todas as cousas eao próximo como a si mesmo, eis osdous grandes mandamentos como disseJesus; eis toda a lei e os proplietas.

Não se pôde amar a Deus sem amar-se o próximo, porque o nosso espirito eos dos nossos semelhantes são a obrapredilecta do Creador, em que Èíle col-locou a scentelha divina capaz de apre-ciar a sua Grandeza pelas maravilhasda creação e de adoral-o pelo seu amorde Pae Extremosissimo. Não se pôdeamar o próximo sem amar-se a Deus,que é o centro de todas as attracções,o centro de todas as virtudes, e se acaridade nos constitue a todos irmãosperante o Pae Celestial, a responsabili-dade que deriva-se . da liberdade queElle concede a cada um de nós na mar-cha ascendente do progresso, nos impõeo amor que a Elle devemos pelas graçasque nos aufere n'esse mesmo pro-gredir.

A vida de Jesus foi um código de vir -tudes das quaes as mais salientes forama humildade e a caridade, e que Ellepessoalmente veio offerecer aos homensem seu amor infinito para provar-lhes apossibilidade de as praticar. Cada pa-rabola por Elle citada, cada sentençapor Elle proferida- cada ensinamentopor Elle desvendado e justificado, cadaaccidente minimo de sua existênciasobre a Terra, éum rasgo de humildadeou de caridade e uma prova irrefutávelde verdadeiro amor.

Se fosse possível con-substanciar todosos seus actos por palavras que expri-missem perfeitamente o ideal que osdeterminava, póde-se dizer que Jesusfoi na Terra o symbolo da humildadee da caridade.

Os séculos passarão; passarão a Terrae os mundos, mas não passarão osexemplos c ensinamentos de Jesus,

pois que elles constituem a doutrina daperfeição, e de todas as verdades.

Foi por bem comprehender a grandio-sidade d'essa sublime virtude do DivinoMestre que Paulo, o grande apóstoloda caridade, disse no capitulo XIII desua 1? epístola aos Corinthios, em ar-roubo de eloqüência religiosa difficil deser imitada:

—« Se eu fallar as linguas dos ho-mens, e dos Anjos e não tiver caridade,sou como o metal, que soa, ou como osino que tine.

E se eu tiver o dom de prophecia, econhecer todos os mysterios, e quantose pôde saber: e se tiver toda a fé, atéao ponto de transportar montes e nãotiver caridade, não sou nada.

E se eu distribuir todos os meus bensem o sustento dos pobres, e se entre-gar o meu corpo para ser queimado; setodavia não tiver caridade, nada d'issome aproveita.

A caridade é paciente, é benigna: acaridade não é invejosa, não obra teme-raria, nem precipitadamente, não se en-soberbece. Nao é ambiciosa, não busca osseus próprios interesses, não se irrita,não suspeita mal. Não folga com a in-justiça, mas folga coma verdade. Tudotolera, tudo crê, tudo espera, tudosoífre.

A caridade nunca jamais hade acabarou deixem de ter logar as prophecias,ou cessem as lagrimas, ou seja abolidaa sciencia ; porque em parte conhece-mos, e em parte prophetisamos.

Agora pois permanecem a Fé, a Es-perança, a Caridade: estas trez virtu-des: porém a maior d'ellas é a Ca-ridade.—»

Foi ainda na comprelrtmsão da gran-diosidade d'essa virtude e de sua eleva-ção moral, que o mesmo Paulo, esseapóstolo devotado da caridade, em en-thusiasmo divino de amor a seus seme-lhantes e de humildade perante Deus,emittio em sessão do grupo José esteluminoso pensamento, que é umagemma brilhante de seu puríssimo co-ração :

—« Caridade! Caridade! Caridade!Laço mysterioso que liga toda a huma-nidade; symbolo de Amor, sombra deDeus, magestosa virtude que representaa união, o amor de todos os homens, eute venero !»—

Ao preito de veneração de Paulo ásublime virtude da caridade, nossos co-rações se abrem aos eífluvios de seuamor e em pausa de admiração contem-pia o ideal da sacratissima doutrina deJesus.

Se a attracção universal é a grandelei que preside a todos os phenomenosda natureza physica, desde o movimen-to regularisado do planeta que gyra nosespaços infinitos, até o do átomo cir-cumscripto dentro de um outro espaçotambém infinito, o amor é a grande leiuniversal de todas as attracções da or-dem espiritual, desde as humanidadesde todos os mundos até o homem comoespirito independente e responsável,gyrando dentro de orbitas traçadaspelos raios crescentes por seu próprioesforço, em sua evolução, constantepara a felicidade.

A primeira d'estas leis manifesta-sepelo movimento da matéria sob milformas complicado: gravidade, cohesão,aífinidade, calor, electricidade, luz, tra-balho physico emfim; a segunda, suahomologa no mundo espiritual, mani-festa-se por , todas as virtudes em quese desdobra o amor, como vínculosentre todos os homens e o seu Creador:humildade, amor sacratissimo de mãe,amor puríssimo de~p_£ e de irmão, a fé,a-^spérançar-a^carrdírder-Ovpfògressomoral emfim de toda a humanidade.Sempre a mesma unidade presidindo atodas as concepções do mundo physicoe do mundo espiritual.

E se grandes são os deslumbramen-tos com que se adorna a sciencia huma-na que se limita aos conhecimentos damatéria tangível sob milhões de formaspor que se apresenta para ser prescuta-da e analysada, como estupendiosissimanão deve ser a natureza espiritual dasubstancia intangível que tem por agen-te a força poderosíssima do amor na suamais pura idealisação partido do cora-ção extremosissimo do Pae Celestial,Creador do Universo.

Imaginae a matéria sem a attracçãouniversal e tereis o Cahos. Imaginae omundo espiritual sem o amor e tereis oErro, a negação de todas as verdades, oincomprehensivel, isto é, alguma cousaque não é nada e que noentando nãopôde existir.

Nada pára no Universo; tudo semove sob leis sabias determinativas deuma evolução constante para a perfei-ção : se a matéria precisa de uma forçapara a dominar, para a reger, para obri-gal-a a essas transformações successivase constantes que constituem o seu pro-gresso, o espirito precisa também deuma torça ou poder capaz de vencer aimmobilidadeque lhe poderia suggerira sua vontade, para o conduzir portodas as transformações de progressomoral e intellectual á maior perfeição,ao ideal emfim longínquo da matéria

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RELIGIÃO ESPIRITA—25 DE MAIO DE 1S9S

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amor, o laço de união entre Deusetodos os espíritos por Elle creadoscomo seus filhos.

O trabalho é a manifestação da forçasobre a matéria; a caridade é a mani-festação do amor sobre o espirito.

Ha mil formas sob as quaes se paten-tea o trabalho; assim como ha mil for*mas pelas quaes se pàtentea a cari-dade.

Luz, effeito deslumbrante do trabalhophysico ; caridade deslumbrante virtudegerada do amor do Pae Celestial.

. Se todas as virtudes são reflexos daluz divina, a caridade é a própria luzdivina.

Ha luz nos risos de alegria virtuosa,como luz nas lagrimas da piedade, doarrependimento sincero e de todos ossentimentos em que a alma trescalantede amor, respira na atmosphera purissi-ma da humildade.

As lagrimas movidas pela caridade,são pérolas clelüz ; se escaldam os olhos,que as vertem, illuminam o coraçãoque as recebe. Ellas sáritificàm os bonspensamentos e só por si constituemuma prece tácita que Deus escuta erecebe em seu coração misericordioso:felizes aquelles que sabem orar pelaslagrimas sinceras, ungidas pelo maispuro amor e podem receber o consoloque encerra uma lagrima de cari-dade.

(Continua.)

oi-mOr:ilM

Algumas pessoas teem man-dado nos perguntar se Lydia ficoucurada da pretensa loucura dia-gnosticadaao começo da enfer-midade por seu distineto medicoassistente. Cumpre-nos declararcategoricamente que sim ; comose deprehende da commuuicaçãode Eomualdo em sessão cuja actavae publicada em outro logardesta folha, e sem remédios depliarmacia desde que principia-ram os trabalhos espiiiticQs.

Lydia, pois, ficou completamen-te curada, e na integridade de suasfaculdades mentaes, tornámos aafiançar, desde que vio se livrede seus obce.ssores até á sua des-èncarnaçâo que deu se pouco de-pois,a 27 de julho como fora pre-dieta pelo glorioso espirito deJosé em sessão de 27 de junho(ver o wAdiiReliuiuo Espirita)]permettindo-lhe o seu perfeitoestado assistir ainda a algumassessões espiritas antes de mor-rer.

Não temos attestado medicocom todos os requisitos legaes dofacultativo que ao principio aassistio, como é fácil de prever,nem de outro lambem enérgica-mente materialista, que familiar-mente acompanhava a cura visi-tando-a quasi quotidianamente ¦;mas,corroboram o que afiançamosos attesfcados verbaes dignos detoda a fé, de todas as pessoas defamilia de Lydia e do outras co-nhecidas que a visitavam con-stantemente por interesse deamizade e de viva curiosidade.

F&ATERiriSACiOAOS ESPIRITAS

No dia 11 de Maio corrente reunidosas 7 horas da noute na casa da ruaJosé Bonifácio n. 33 A os espiritas se-guintes: José Lourenço de Carvalho,Ernesto Telles Mattozo. Manoel Perei-ra de Souza Dutra, Henrique Rodri-gues Vieira, João da Silva Torres eLeopoldo da Rocha Barros. foi consti-tuido e installado na mesma casa ogrupo espirita religioso—Amor e Cari-dade—sob a presidência espiritual dePedro o apóstolo, e auxiliado por Paulotambém apóstolo e vários espíritos ele-vados, com o fim principal de trabalhosde desobcessão ; tendo-se obtido comopedra fundamental do novo templo, queassim ergue-se ern louvor cá sagrada dou-trina de Jezus, a graça da conversãode um infeliz perseguidor de um irmãoencarnado, que por esse motivo seachava entrevado e hoje está em francaconvalescencia dos effeitos que ficaramde tão demorada enfermidade.

A direcção terrena ficou assim cons-tituida:

Presidente—L. da Rocha Barros.Vice-presidente—João da Silva Tor-

res.Secretario—Manoel Pereira de Souza

Dutra.Se houver opportunidade será publi-

cada a acta d'essa deslumbrante ses-são de installação d'esse grupo com asdescripções feitas pelo médium vidente.

SESSÕES ESPIRITAS( Continuação)

Escolhido o grugo religioso a quedeva filiar-se aquelle que procura ins-truir-se e praticar na sacratissima dou-trina de Jesus, por conselho e indica-ção que haja pedido humildemente aoseu anjo de guarda e d'elle recebido ainspiração, deve despir de seu entendi-mento toda idéa de adiantados conheci-mentos sobre essa mesma doutrina,julgando-se sempre humilde pela igno-rancia, mas, cheio de bons desejos depoder merecer a instrucção que a Jesusapiouver dar-lhe por intermédio deseus mensageiros e na altura e conve-niencia do seu progresso intellectual.Assim também arrancar de seu coraçãotodas as más paixões que certamente cimpossibilitarão de receber qualquergraça, e entre essas paixões as maisperigosas são o orgulho, o egoísmo, oódio e a vingança.

Todo aquelle que entra em umasessão espirita religiosa deve sempreter em mente que se acha em um tem •pio, tanto mais respeitável para si pro-prio, quanto maior for a pureza de seucoração, pois que Jesus disse que omaior tempTo era aquelle de um cora-ção puro.

O desejo, a vontade, a vehemenciaqne teem todos aquelles que se iniciamno espiritismo para receberem graças,quer aspirem ao progresso moral paraconfortarem-se pela paz de coração,quer ao progresso intellectual para be-berem conhecimentos novos de que sejulgam sequiosos, tem sempre um li-mite que lhes traça a própria humil-dade, e lembrem-se todos esses que seiniciam no espiritismo, que Deus nadafica a dever a ninguém: que se a pu-nição que merecemos pelas faltas com-mettidas são sempre reduzidas á cen-tisima parte por sua misericórdia iníi-nita, também por sua infinita bondadeElle recompensa a mil qualquer bôaacção que praticamos: e lendo em nos-sos corações a bôa vontade e sinceri-dade que tivermos em trabalhar em suasacratissima Vinha pela humildade eesforços de querermos ser bons, Elledará a instrucção cie que precisarmose as graças que merecermos para nosfortalecer e auxiliar cada vez mais emnosso progresso moral e intellectual.

Todo aquelle que tiver a presumpçãode poder alcançar qualquer cousa emsessões espiritas, ainda mesmo que sejauma obra de caridade, confiando só ouprincipalmente em seu esforço próprio,terá as mais cruéis decepções comoprêmio de sua vaidade.

A doutrina espirita c a religião dahumildade e da caridade. Não cessare-mos pois de recommendar a todosaquelles principiantes de bôa vontade,como a desejamos para nós e a pedi-mos constantemente em prece vehe-mente ao bondoso Jesus, humildade,muitissima humildade em todos e paratodos os actos nossos espirituaes.

—« Onde se achem dous ou três con-gregados em meu Nome, abi estou euno meio d'elles»—disse Jesus. ( S. Ma-theusCap. XVIII.)

As sessões espiritas religiosas, quesão sempre reuniões celebradas emNome de Deus e sob a protecção imme-diata de Jesus e de bons espíritos,podem pois se compor de um numeroillimitado de pessoas sempre superiora dous, não convindo que uma só sejulgue em estado especal de praticar omesmo que se pratica nas sessões, nãosó por faltar assim o caracter de frat3r-nidácle que é o . verdadeiro symbolo deamor ao próximo, a que Jesus quiz screferir, como pelo perigo a que se impõeuma fó pessoa que não tenha conheci-mento exacto das mediumnidades quepossa ter e dos gráos de sua morali-dade e fé, arriscando-se assim, se formédium somnambulico, por exemplo, aser tomado por um máo espirito quemoleste o seu organismo, causando-lhemesmo grave enfermidade como castigo

á sua afouteza.Se illimitado pôde ser o numero de

pessoas reunidas, em sessão, contudoum pequeno numero é preferível paraobtenção de bons resultados, pela diffi-culdade de uma concentração perfeitaCm um numero crescido e pela heterro-geneidade proveniente dos gráos demoralidade e de crença espirita entremuitas pessoas. Temos obtido grandesgraças de admiráveis conversões emsessões compostas de três pessoas sim-plesmentc, presidente, médium e secre-tario, e quasi nada alcançado emgrandes reuniões, apesar mesmo dapresença de alguns fervorosos crentes,pelo prejuízo que trazem ás mesmasreuniões os descrentes e fracos espi-ri tas.

Se as preces erguidas em commumpor muitos irmãos reunidos teem oin-fluxo que lhes transmitte uma verda-deira fraternidade, e são como forçasdevidas á somma de acções parciaes ecumulativas, aquellas erguidas por umpequeno numero podem ter a inten-si-dade da fé, capaz de remover os maio-res obstáculos e produzirem effeitossorprehendentes.

Parece pois que para trabalhos diffi-ceis, em que a fé deve entrar como ele-mento primordial de bom êxito, comosão principalmente os desobeessõas te-nazes, as sessões devem ser constituídaspor um pequeno numero de crentes:emquanto que para os trabalhos maisfáceis como os de propaganda, porexem-pio, podem ser admittidas muitaspessoas.

Sefosse possivel haver sempre nasreuniões de muitos crentes a grandeconcentração e a fé vehemente, mara-yilhas então se apresentariam, mas, in-felizmente parece que as acções doscrentes se destroem pelas dos descreu-tes, pois que, já o dissemos algures,o maior inimigo da fé é a descrença enas sessões onde existem descrentespbtem-se resultados diametralmenteoppostos aos que se desejam, e o reme-dio é receber-se tudo com verdadeirahumildade, reconhecendo-se como dignode instrucção o que fô.r dado.

Como principio pois de pratica deespiritismo póde-se considerar comoprejudicial aos resultados que se ambi-

cionam, mesmo nas sessões grandes fienropaganda, a admissão de mais §descrente, ainda mesmo que p ,monstrar boa vontade de instdoutrina.

Imaginae o que seria detra na qual se admitt;como fhjura auxiliar c-jínão soubesse nem o ]accidentes nem a msos; ou que em urna asseu.~ .fica destinada'ã discussão de poruuma determinada sciencia, pretendes-discutir üm conviva ou membro adven-ticio que ignorasse completamente amesma sciencia?!

Tal acontece sem contradicção nasreuniões espiritas quando a ellas com-parecem pessoas descrentes, completa-mente alheiadas dos rudimentosda dou-trina, desprovidas muitas vezes do boavontadee só dominadaspelacuriosida.dede saberem o que nas mesmas sessõesse passa.

Esse nosso juizo sobre pessoal resumido dos grupos, cabalmente demoiT-strado pelos factos, foi sustentado porinstrucções que ainda ha pouco tempoforam dadas pelo luminoso espirito dePaulo para organisação do grupo—Amor e Caridade.—recentemente con-stituido para trabalhos principalmentedc desobcessões, e para o qnal elle in-dicou como conveniente o numero ma-ximo de seis crentes.

N'essas reuniões limitadas a poucoscrentes, com o fim de trabalhos difficeisque exigem concentração rigorosa eabundância de fé, é falta gravíssimaacfmittir-se neophitos, por mais boavontade que pareçam testemunhar, aqual muitas vezes é uma disfarçadavaidade de quererem assistir a sessõesque julgam superiores por qualquer mo-tivo a seu juizo a quaesquer outras,como se todos os homens não fossemigualmente filhos de Deuse peranteElletodos humildes servos seus.

Não é raro encontrar-se pessoas queavaliam da importância das sessões es-piritas edos grupos respectivos pelo gráointellectual e posição social dos mem-bros que as freqüentam ; esquecendo-sede que o mérito moral de cada um de-pende, não da instrucção ou de recursosmateriaes. mas, do cultivo das virtudes,e q"ue muitas vezes sob a casca grossa'de um ignorante ou modesto trabalha-dor, se acha um coração bem formado,emquanto que sob as louçanias de umafascinante instrucção ou de uma sedu-ctora e fallaz importância social, seabrigam as mais torpes paixões e o^ seusdonos são comparáveis aos sepulchros,como o disse Jesus, brancos e límpidospor fora e por dentro cheios-dc vermese empesteados pela podridão.

Esses taes devem freqüentar muito emuito essas sessões que lhes repugnam,uma vez que sejam puramente religiosase Scãs, até se julgarem humilhados eizemptosd'essa repugnância, porque issonão é senão uma vaidade filha directado egoísmo, do orgulho, da posição so-ciai que oecupam, ou do gráo de adian-tamento intellectual a que julgam terchegado e que assim lhes abafada gran-de virtude da humildade, única quepôde exaltar o homem aos olhos deDeus.

Estudem todo;; esses que se julgammelhores que seus irmãos em Deus—essas considerações que ahi ficam, ana-lysem com todo o rigor para si propnose izempção de animo, os seus actosn'essas emergências, prescrutando emseus corações as paixões que os motivame sem duvida lá encontrarão os elemen-tos dos maiores inimigos do progressohumano, o egoísmo e orgulho , os ante-muraes da caridade e humildade.

Fazemos a observação da exclusão denoviços no espiritismo nas reuniões dctrabalhos difficeis, não aos crentes, queisso o sabem perfeitamente, mas comoensinamento e desculpa previa aos

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EELIGIÃO ESPIRITA—25 DE MAIO DE 1898

principiantes que possam ver n'esse acto"*^q falta de "benevolência e intolerância¦s irmãos mais adiantados na dou-

(Contínua)

fjY í\íiroipi,-ríj da sessão do grupo—José—ce-

..orada no dia 6 de Julho de 1896,com o fim de continuar-se a executaras instrucções dadas pelo espiritoprotector de André Gonçalves da Graçana sessão &o mesmo griipo do dia 21de Junho do mesmo anno, cuja acta foipublicada no ir. 4 da Religião Espi-rila.

As 1 horas da notite presentes osmembros do grupo, os médiuns P. e L.e a irmã M. L, recentemente conver-tida á religião espirita, o presidentedepois de erguer a prece inicial, abre asessão em nome de Deus.

O mediam L, obtém a seguinte com-municação escripta:

Meus filhos,Que a grBça de Dons seja còmvosco.Trabalhae com fé, pois que não está

longe a victoria, e as alegrias, os can-ticos sublimes deverão dar júbilo aostraba'hadores da bôa -ausa.

Deus Omnipotente está sempre comseus filhos amados, aquelles que n'Ellecrêem e esperam.

Sede firmes em vossas crenças; con-stantes em vossos trabalhos e Elle vosamparará e recompensará.

Nós vos ajudaremos, filhos nfuitoamados de nossos corações, e Jezus es-tara também còmvosco para vos ajudar.

Amor, caridade, fé e esperança, su-blimes virtudes que enchem a alma dedoces alegrias do ceu, enchei os co-rações d'esses trabalhadores humildesda Vinha do Senhor!

José, Romualdo, Justas, Paulo,Clara, Maria, Vicente de Paula,André.

O médium P. faz a seguinte descri-pção de videhcia.

— Vejo em torno de nós muitos es-pintos adiantados.

Distingo junto á presidência José,Romualdo, Justus, Paulo, Daniel, An-dré, Carlos. •

Dous espíritos atrazados se achamdentro do circulo formado pela con-centração; um é preto e já idoso, ooutro é pardo o regula meia idade.

Depois d^ssa exposição oral, o mes-mo médium P. toma o lápis e recebea seguinte com municação '¦:

Paz, meus amidos.Venho prevenir-vos de que necessi-

taes hoje mais do que nunca ter muitaconcentração e toda a bôa vontade,pois os irmãos que se acham hoje juntode vós são um pouco endurecidos enão conhecem o amor por seus seme-lhantes. Trabalhae cheios de fé e deamor e nós vos auxiliaremos. Fazeique vossos pensamentos não saiam deDeus, para que vossos trabalhos cor-ram bem.

Deus vos abençoe.Vosso amigo

Oscar.Erguida uma prece pelos espíritos

soffredores, manifesta-se depois d'ellae pelo mesmo médium P. um infelizque dá um grande murro na mesa efazendo esforços como de quem querse livrar de que o amarrem, cruza ospulsos sobre a mesa como verdadeira-mente maniatado e da mesma forma ospés, e, enraivecido diz :Arre. .. Não pude fazer a bôa....não pude fazer o que queria.

O presidente o saúda em nome de'Deus e pergunta-lhe :Que mal querieis nos fazer, meuirmão ?

Queria atirar com essa porcaria

no chão e ver se é bom ciicomnodar agente.--E porque encommodaes aquellairmã que soffre tantos máos tratos vos-SOS?

Eu não encommodo ninguém.O presidente doutrina-o no sentido

de perdoar a essa irmã que elle tantoatormentava, de qualquer falta que ellahouvesse commettido prejudicando-o,assim como Jezus perdoou a todos queo maltrataram, e não fazer tanto malcomo elle fazia essa irmã padecer.Qual Jezus. Jezus não está cáem nossas conversas.

O presidente continua a dar-lhe con-solhos no mesmo sentido, e o espiritoenfurecido a fazer esforços para livrar-se dos laços que o amarravam.

Mo desamarrem, diz elle, com arde desanimado e como de quem temtençãoocculta, quero brincar um pou-co com esse sujeitinho (Oscar).

O presidente diz que elle estavapreso em nome de Deus e por actode sua misericórdia para lhe impedirde commetter maiores males.

Então, é Elle que está me pren-dendo aqui ?

E dizem que Elle c bom !...Eu não ia fazer mal nenhum a ou-

tro, é em ti mesmo, (voltaudo-se para opresidente) e n'esse sujeitinho (diri-gindo-se a alguém 'no espaço, sem du-vida o Oscar).

Queria soccal-os bem, Que maltenho eu feito e os meus companhei-ros?

E' por causa d'essa porcaria. Ah, nãopoder eu sahir daqui!.. .

O ¦ presidente recommenda-lhc deacalmar-se e prometter fazer o bem enão o ma!.

Nunca fiz o bem.O presidente procura provocar-lhe o

amor filial, fallando-lhc de sua mãe epedindo-lhe de lembrar-se dos coiise-lhos que sem duvida ella lhe haviadado quando pequeno.Qual mãe, nunca tive mãe (diz oespirito com um arremeço de quemainda estava encolerisado).

O presidente procura ainda commo-vei-o por esse lado seasivel e diz.

Não vos lembraes d'esscs conse-lhos porque vosso coração está endu-recido pelos vossos desregramentos,mas, em breve vos lembrareis d'elles.

Qual endurecido! •.. Minha mãeera uma peste que me regeitou.

O presidente toma por assumpto dedoutrinação o perdão que todo o filhodeve concedei1 a uma mãe que delinqueem seu prejuízo, e a piedade com quedeve agazalhal-a em seu seio.

Qual piedade, diz o espirito; seella não teve piedade me engeitaudo,eu hei de ter d'ella ?

Sim, diz o presidente. E' ahi queestá o mérito de quem vence o ódio eas más paixões, pagando com o bem aquem nos fez mal.

Fazer bem a quem nunca me fez,qual, historia.

O presidente chama a attencão doespirito para a clemência de Jesus sup-portando todos os soífrimcntos a bemda regeneração da humanidade e dandoo perdão a todos aquelles que o maltra-taram.

Elle soffreu porque foi tolo.Elle assim o fez para nos dar o

exemplo sublime da piedade e para nossalvar do erro.

Estou vendo todos salvos, diz oespirito em ar de mofa.

O presidente continua a doutrinar eo espirito começa a mostrar-se inquietoe depois afílicto, como se um agentephysico o encommodassc.

Agora tenho uma porção de gafa-nhotos, interrompe o espirito a doutri-nação do presidente, e voltando-se paraalguém no espaço diz:Sahi, pirralho. (Oscar)

Se eu estivesse com as mãos soltas, tedava uns cascudos.

O presidente diz ao espirito que essacreança ( Oscar) era um mensageiro deDens e que vinha investido de sufíí-ciente poder para provar a infinita mi-sericordia do Senhor e o seu poler in-finito.

O espirito dá mostras de admirado, ecomo se alguma cousa extraordinária sepassasse em si.

E este pirralho ( Oscar) ain ia teveo desaforo de dizer «se queres te desa-marro».

N'esse instante os braços do médiumpendem verticalmente, como demons-trando a libertação completado espiritod'esse infeliz, e contudo,- sem polererguei-os como se uma força superiorainda os dominasse por anniquila-mento.

Agora é que não me amarrammais, diz o espirito om um certo ar desatisfação.

O presidente chama a attencão doespirito para o facto extraordinário deestar elle desamarrado, e no entanto,impotente para fazer o mal que queria eainda mais, incapacitado de levantar ospróprios braços.

Não quero mais nada. Quero ir-meembora. Não está nu agradando maisesta festa, diz o espirito, dando mostrasde achar-se outra vez encommodado.Não podereis vos retirar, diz opresidente, e tereis de ficar para vermuita cousa ainda em vosso beneíicio ;olhae.

Tire essa porcaria d'áqüi, diz oespirito voltando o rosto, contrariado, ecomo se dirigindo a alguém no 2S-paço. Não quero ver mais nada. Forambuscar uma porção de historias e tudoestá fedendo, diz elle soprando pelasnarinas como se sentisse máo cheiro.Não quero mais nada.

O presidente diz ao espirito que pres-tasse bem attencão a tudo que esse me-nino (Oscar) lhe mostrava; que, em-balde elle voltasse o rosto, havia semprede ver, porque elle via com os olhos doespirito e não com os olhos materiaes.

Oh!.. .Mas, isto é horrível.Onde é que este menino ( Oscar) vac

buscar tanta cousa?Mas. afinal, diga-me, porque tanta,

cousa? Porque tudo isto ?.. .Não,(como tomando uma resolução) Logovi a causa ; distrahi-me e esqueci queestava entre essa gente. Pois saib imque pouco me importo com ella, (Lyiia)contanto que me deixem irembor\

—Já dissemos ao nosso irmão quenosso desejo é o de não poderdes sahird'aqui sem o arrependimento de vossasfaltas e a graça de Deus.

Irmão, não ; diz o espirito com arsobranceiro, e depois de algum tempocomo empregado em meditação o duvidadiz :

Quem é esta mulher queestáaqui?Não a conheço. Deixe-me. ( como se di-rigindo a alguém que se lhe houvesseapresentado.

Reconhecei vossa mãe, diz o pre-sidente, eu vos exhorto a fazel-o.

Mãe?!...não conheci nenhuma.O presidente diz-lhe que uma mãe

sempre deve despertar a attencão deum filho, principalmente se ella é in-feliz e haja commettido faltas.

Que os affectos de uma mãe são di-vidas que um filho não pôde pagarsenão com o maisentranhado amor.

Eu, não ; que não devo nada ; nemo leite me deo.

Não a conheço, (como se dirigindoaquella que se lhe apresentara) Váembora.

Depois de algum tempo como de lutaatroz em seu coração, o espirito conti-nuou com ar de desdém do qual trans-pirava também cruel soffrimento:—Ora, ora !... agora temos chorami-gas, temos choro.Mulher, vá se embora,não esteja a me amolar.

Eu não creio que sejas minha mãe.Uma mãe não regeita um filho, (com

emphase) Uma fera não faz o que fi-zeste! Atiraste-me a umi nraça pu-blica e agora o que queres? Que teperdoe ? !... Perdão porqu i ?

Perdoae a essa que se prostra dejoelhos a vossos pés. meu irmão, e con-fessa a su i falta, diz o presidente, sequizerdes ser também perdoado.

O espirito ouve essa supplicá do pre-sidente, com ar de contricção, e depoisde um momento, como se fosse feridopor um raio de arrependimento ex-clama :

Ai !... Ei !... M is, que veiovossê fazer aqui também ?

Por essa não... esperava agora.Sim.. . E' verdade (como recordan-

do-se), é verdade que aceusava-te agora... que me tinhas engeitado, e eu...enfeitei uma creança !... (commo-vido).

E o que viesfes fazer aqui ?... (paraalguém do espaço) Sim. E' verdade queeu não queria receber como minha filha!Que eu abandonei mãe e filha, por jul-gar que não era minha filha !

Como tudo isto pólo vir diante demeus olhos!

Como tudo se ajuntou para vir seapresentar diante de meus oüio^!Todos temos o momento supremoda prestação de contas a Deus, diz opresidente, o vosso chega neste moinen-to. meu irmão.

Desgraçado !... Desgraçado ! ex-clama o infeliz.

Curvae-vos á justiça de Deus. Re-correi á sua misericórdia c obtereis operdão.—Mas, se eu não tenho,... diz ellecomo fali and-, a alguém no espaço.

Sim, Não duvido de Sua .Existência,porque esses íactos se apresentam di-ante de meus olhos ; mis, se não sintonada no meu coração, diz elle com arde cauzar dó. Sim, eu tenho mesmoque desculpai-a por prece. Que alguémme perdoe !

O espirito é arrebatado e o médiumfica em extasi.

O presidente ergue"uma supplicá aoSenhor pedindo um raio de luz paraesse infeliz irmão e a Jesus c a Maria agraça de intercederem por elle juntoao Pae Celestial.

Volta o espirito de novo ao melium eexclama :

Oli !... Ai, ai, oh !... neste mo-mento... neste instante... em que fuiarrebatado a essas alturas !.. . MeuDeus!... Eu sei, Senhor, que sou umdesgraçado !... Qie sou um mi-sero !...

Que nada mereço !... Mas, Vós mefizestes ver tanta cousa indo a esse logara que me levastes!... Tirae-me doabysmo aonde me despenhava ! Erguei-me • Quero ser bom ! Quero trabalharpara o bem coma mesma força com quefazia o mal !... Perdoae-me, meu Deus-perdoae-me !

O presidente ergue a prece dos arre-pendidos, e depois delia, o èspirito,máiscalmo então, diz :

I)3in. Eu vou-me embora.Me desculpem o mal que en desejava

fazer. Desculpem as palavras (pie eudisse. Deus é bom ! Sim.

Elle deu-me luz pira me guiar, mas.é impossível que quem se acostumou aomal possa rapidamente mudar para obem.

O presidente pede a Jesus para darforças a esse irmão para elle seguir dehoje em diante sempre no caminho dobem.

O espirito agradece e diz :Depois direi quem sou e vos con-

tarei a minha historia. Adeus.Retira-se na graça do Senhor.Em seguida manifesta-se pelo mesmo

médium P. um outro espirito com lin-guagem incorrecta e sotaque como denegro africano, que era o espirito deque o médium vidente fizera menção, oqual se exprime logo em começo da se-guinte forma :

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J

EELIGIÃO ESPIEITA —25 DE MAIO DE 1898

Uô. Sae tudo,vae embora. Eu só-zinho é que não fica, isso é que não ;eu também qué i, aonde é esse carni-nho ?

E' o caminho do ceu, diz o presi-•dente.Caminho di ceu não é feito pra

gente. vae pra ceu quando gente ébom.

O presidente explica com toda a bran-•dura a esse infeliz o que era a vida,comparando-a com uma viagem que•todos nós temos de fazer até chegar aum ponto onde existe a felicidade ; queesse caminho se bifurca ; um seguindosempre para o bem, e o outro para omal; que aquelle que errar o caminhoterá de voltar até encontrar o bom eseguir por elle.

Volta pratraz, diz o espirito.Oh! elles fizeram isso ? Boa compa-

nheiro que deixa zotro no caminho evolta para traz. E agora onde é caminhobom ?

E' o de, Jesus Christo, meu irmão,¦diz o presidente, e explica-lhe como sedeve entender o caminho de JüsusChristo.

O espirito ouve tudo com attenção e¦diz :

Nosso Sinhô Jezu Christo ?!Eu creio em Nosso Sinlió Jezu Chris-

to e em Deus.Eu, eh ! continua elle com espanto,

cousa tudo que eu fiz está appare-¦cendo 1 Como panella está tudo quebra-do ahi ?

Mas, sinho moço eu não queria verisso não.

Sim, diz o presidente, não verásmas verás um mensageiro de Deus.

E\ sim sinhô. Que é mensageiro ?O presidente explica-lhe dizendo que

é um creado de Deus, e que elle embreve o veria. Diz-lhe que nós todossomos irmãos e filhos de Deus.

Mas eu não sou filho d'EUe. Vos-semecô é branco, é filho d'Elle, maseu preto, não.

O presidente diz-lhe que se lembre-de S. Benedicto que era preto, filho deDeus e até foi santo; que elle tambémpoderia sei-o seguindo sempre o cami-nho do bem.

Apezar de S. Benedicto ser preto!Está caçoando. Eu ser santo ? . . .S. Benedicto é bom, mas eu não soubom, sou máo.

O presidente explica-lhe o que era ocorpo e a alma e de como a alma dosmortos pôde se corresponder com as dosvivos da terra.

Alma !... diz elle com ar ame-drontado, eu não quero saber dessa&cousa, não sinhô ; porque meus pra-cero quando morre vem fali ar e eu nãogosto d'isso não.

O presidente continua a dar-lhe ex-plicações sobre a morte, e diz que ellejá tinha morrido.

Eu já morri? diz elle com espan-to, como está aqui e tenho corpo ? (rin-do-se) eu estou gostando de vossemecê.

Gariha assim a confiança do espi-rito, o presidente explica-lhe em lih-guagem apropriada á sua intelligenciao que era a vida, o que era o somno,a morte, o desprendimento da almaou espirito no somno e na morte.

A gente sonha ? diz o espirito comoprova de sua attenção. Está perceben-do pouco i pouco isso. Esse não é meucorpo que esta ahi? (apalpando-se).Não enxerga nada.

O presidente recommenda-lhe de terfé em Deus que tudo pó.ie e Elle lhedará a vista se pedir com fé.

Mas, eu creio n'Elle. Pede só pravê, não é ? Vamo vê.

O presidente ergue uma supplica aoSenhor para dar luz a esse infeliz ir-mão e elle exclama admirado :

Ah!... Que luz esse que vemahi ?... Tão bonito!... Vem chegando(como se visse alguém

E' S. Benedicto que vem até avós, irmão.

Esse é branco e S. Benedicto épreto.

Pouco depois exclama admirado:Como é que ficou preto ?!... Ah,

ellft disse que ficou preto para eu ver.Ora, quem havia de dizer que depois

de morta a gente passa por tudoisso! (com admiração): Que casa eessa ? Eu estava n'outra casa.

Estava çom gente de minha côr.-— Sim, diz o presidente, estáveis em

outra casa e fazendo mal a uma irmã.Estava fazendo mal ? (admirado)

Pensei que estava junto de minha par-ceira.

O presidente conta-lhe o mal queelle lhe fazia.

E' verdade diz elle sentido; o queé preciso a gente fazer ?

Agora estou percebendo. Espera...deixa ouvir o que el.e está dizendo(como se prestasse attenção a alguémno espaço). Sim, meu Senhor... Peloamor de Deus, vossê me perdoe, eunão sabia, estava fazendo mal a vossê,minha parceira (Lydia). Perdão pelomal que eu estava fazendo.

Afinal extremamente commovido ex-clama:

S. Benedicto me leva. Quero veresse caminho que leva-nos para o ceu !

O presidente pede a Benedicto parareceber em seu seio amantissimo esseseu guiado e dar-lhe forças para elleseguir sempre nelo caminho da virtude.

Meu S. Benedicto, diz o espi-rito, auxiliae-me para que Deus possase compadecer de mim !

Ah! ... como é bonito ! exclamacheio de admiração : uma porção deluz... tão bonito I Olha, lá longe umaporção de cousas... Eu tenho vontadede ir lá... o que é preciso fazer paraeu ir lá?

São os anjos que vos chamam.Ah ! esses meninos estão me cha-

mando.... tão bonito!... Mas, queporção de gente.... S. José está medando uma cruz, (beijando), muitoobrigado.

O presidente manda-o seguir comBenedicto na paz do Senhor.

--Sim.... eu.'vou me embora...sim... adeus todos, (parte).

Erguida ao Senhor uma supplica emintenção d'esse irmão, manifesta-seainda pelo médium P. o espirito denosso amigo e protèctor André Graçae da seguinte forma :

Que a bíSmdita paz de Nosso Se-nhor Jezus Christo seja comvosco.

Amados filhos.De dia para dia accumulaes cada

vez mais os vossos thezouros no ceo.E' assim qne Jezus deseja ver seu

rebanho trabalhando na sua santa vi-nha para se fortificar no amor e nacaridade.

Meus filhos, eu venho depor meu ra-milhete de flores sobre a efígie santade Maria, que por sua intercessão ce-lebram-se todas essas maravilhas.

Guiados pelo carinhoso Romualdo epor esses bons espíritos, vós tendeschegado quaci ao meio da viagem.

Pois bem, não quero deixar que passedespercebido esse conjuncto harmonio-so sem que vos empreste um poucode meu auxilio.

Estou satisfeitíssimo por vos ver as-sim trabalhando na seara bemdita doSenhor, e é cheio de júbilo que n'estemomento levanto os olhos para o ceudando graças ao Senhor.

Continuae, meus filhos, n'essa obragrandiosa; ide accumulando vossosthezouros lá em cima, e quando tiver-des deixado esse fardo sobre a terra,lá os encontrareis.

Bemdito sejaes, Pae de Misericórdia,que permittis aos vossos humildes fi-lhos tanta graça !

Deus vos abeuçôe.Eu saio para deixar que outro amigo

vos venha fallar.Tomae o meu nome.

O médium L. Toma o lápis e escre-ve—-André—

Continuando a concentração neces-saria, assim se manifestou o nosso ami-go e protèctor Romualdo pelo mesmomédium P.

Paz.Tivestes hoje uma maior tarefa, mas

também será maior o vosso galardão.Comquanto não estivesse muito se-

gura a vossa concentração, comtudo ostrabalhos correram perfeitamente e euestou muitíssimo satisfeito. Dizendo-vos, eu, fallo por todos.

Não podeis imaginar quão felizes sesentem os vossos guias, por terem vistohoje estes dous espíritos deixarem ocaminho do mal.

Agora pouco falta. Conforme vosdisse, restavam trez espirito?, depoisdo ultimo que se manifestou, que erammais perigosos. Quanto aos outroseram espíritos folgazões, que tinhamalli encontrado um divertimento, e queapoz a sahida d'esses, abandonariam apresa sem muito trabalho. Com effeito,manifestaram-se hoje os dous que erammais necessários; açora, depende oresto de passes magnéticos, água flui-dica e alimentação leve e nutritivapara o levantamento do organismo.

E'necessário também que junto d'ellase façam preces e* falle-se ao seu es-pirito na matéria, afim de a despertardo lethargo em que tem estado ; e nodia em que ella (Lydia) se levantar,então fareis lá (casa de Lydia) umasessão em acção de írraças ao NossoBom Pae Celestial e á Nossa Mãe San-tissima, que, sempre bôa como ç, temnos vindo auxiliar.

Perguntando o presidente se a irmãLydia deveria assistir á sessão, Ro-mualdo disse que sim.

Por hoje, continuou elle, dae gra-ças a Deus, porque muito ja traba-lhastes.

Não quero abusar do vosso médium.Que a Paz do Senhor fique comvosco,

e que o manto da Puríssima Virgemvos cubra.

Romualdo.Feita a prece de agradecimento a

Deus, á Virgem Santíssima, aos nos-sos anjos de guarda e aos bons espi-ritos nossos protectores, foi encerradaessa maravilhosa sessão as 9 1/2 horasda noute.

Recebida no grupo — Caridade nasTrevas—em sessão do dia 4 de Agostode 1896.

Caridade.Gloria in altíssimo Deo et in terra

pax hominibus bona voluntatis.Meus bem amados.Enthezourae os vossos thezouros nos

céus onde a traça nem a feirugem oscorroem : assim disse Jezus.

Eu vol-o affirmo que o que fizerdesde bem sobre a Terra, lá o encontra-reis: nor isso. não vacilleis um ins-tante no caminho que haveis de tri-lhar.

Que importam as glorias d'esta vida,que importa o ouro vil de que vosservis, se elle não vos accompanha paraa eternidade ? Antes o repaitaes comos vossos irmãos, do que sirva de obs-taculo á vossa felicidade.

Aqui, onde existe a dôr e a lagrima,qual o sentimento que ennobrece maisos vossos corações que a caridade ? !

Qual o lampejo de alegria que des-ponta nas faces dos que soffrem, que agratidão, de receberem a esportula be-nefica que lhes suavisa os soffrimen-tos?!

Se procurardes onde exercer a cari-dade, encontrareis á farta por essas vie-Ias sombrias, tristes choças escuras,onde nem de leve penetra a luz do sol;onde ao despontar da manhã não haum triste lume, nem á meza um poucode pão duro para mitigar a fome. E sepenetrardes mais, vereis na alcova tristeenxerga coberta por uma esteira velha

que serve de lençol e colxão ao niPa"""tempo!

Quadros tristes que ao vel-ração confrange-se, e os oi'chem de lagrimas e os lábiobrem para .dar uma palav-ção e de conforto, dizemmeus irmãos, soarei cresignação as torturpJezus, o Grande M."do os olhos para o céo: não _.vive o homem, mas de toda a pai„sahida dos lábios de Deus!

Ao afastarmos, cheios de alegria, porver calar-se as nossas palavras no ama-go de seus corações, macerados peladôr, deparamos a dous passos com es-pectaculo diverso.

Rico palacete, situado no centro de.um jardim, onde as flores odoriferasdespedem seus aromas, asjanellas aber-tas deixam penetrar o ar tepido. Er tudoalegria n'esta casa, sô reina o prazer.Entremos ; o que vemos ?

A meza está repleta de convivas,farta, cheia de iguarias e apetitososmanjares. As garrafas de vinho sãoabertas aos pares; todos bebem e riem ;não comem, porque os seus estorna-gos estão fartos; entretanto, os crea-dos lhes mudam os pratos, e da mesauns após outros vão para o interiorpara darem-se aos porcos, e nem selembram siquer n'essa abastança, dapobre vizinhança, que tem os olhos averter!

Homens cruéis, mulheres fementidas,pensaes acaso que isso dura toda avida?

Não, mais tarde, quando a esta Terravoltardes n'outra vida, haveis de sentircomo elles. as dores da agonia; e entãochorareis prantos de amargura, que sevão perder no ar ao sopro da ventania.

Basta por hoje.Eu voltarei sempre que puder e não

abusarei um instante siquer do pobreapparelho, que se presta com amor.

Serei seu companheiro por esse ca-'mi nho inteiro até a casa do Senhor.

Que a Virgem Puríssima vos cubracom o seu sacratissimo manto.

Mas, quem sois, amigo, que tãobons conselhos nos daes, inquire opresidente.Que Jezus n'este recinto baixe asua paz.

Luiz Nicolau Fagundes Varella.

PENSAMENTOS

ígftáií*-*

A alma tranquilla é como um ban-quete continuo.

O filho sábio alegra a seu pae, e oinsensato despreza até sua mãe.

*•

O ouvido que ouve as reprehensoesda vida, terá a sua morada no meiodos sábios.

Todo o arrogante é a abominação doSenhor: ainda quando estiver com umamão sobre outra não é innocente.

O principio do bom caminho é pra-ticar a justiça.

Melhor é o pouco com justiça doque o muito com iniqüidade.

Para o lisongeiro a adivinhação seacha nos lábios do Rei.

Possue a sabedoria pois que ella émelhor do que o ouro, e adquire a pru-dencia pois que ella é mais preciosaque a prata.

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Offlc. de obras do Jornal do Brasil