32
1 SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA - SOBRATI INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA-IBRATI MESTRADO PROFISSIONAL EM TERAPIA INTENSIVA-MPTI KALINE NOLETO SILVA SOUSA APLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO

ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

1

SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA - SOBRATI

INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA-IBRATI

MESTRADO PROFISSIONAL EM TERAPIA INTENSIVA-MPTI

KALINE NOLETO SILVA SOUSA

APLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO

TERESINA - PI

2016

Page 2: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

2

KALINE NOLETO SILVA SOUSA

APLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: REVISÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentada ao Programa de Pós-Graduação à nível de Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, servindo como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.

Orientador: Ms. Leyla Gerlane de Oliveira

Adriano

TERESINA - PI

2016

Page 3: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

3

KALINE NOLETO SILVA SOUSA

APLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: REVISÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentada ao Programa de Pós-Graduação à nível de Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, servindo como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.

Orientador: Ms. Leyla Gerlane de O. Adriano

Aprovada em: / /

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________Prof. Ms. Leyla Gerlane, de Oliveira Adriano

Orientador -IBRATI

___________________________________________Prof. Dra. Vicença Maria Azevedo de Carvalho Gomes

Examinador-IBRATI

___________________________________________Prof. Dr. Marttem Costa de Santana

Examinador-IBRATI

___________________________________________Prof. Dr. Edilson Gomes de Oliveira

Examinador-IBRATI

Page 4: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

4

RESUMO

Os cuidados pós uma parada cardiorrespiratória pode reduzir a mortalidade precoce

devido à instabilidade hemodinâmica e disfunção orgânica múltipla, e a tardia devido

ao dano cerebral. A maioria dessas mortes pós PCR ocorrem nas primeiras 24 horas

de retorno à circulação espontânea. A Hipotermia Terapêutica tem um efeito

neuroprotetor no tratamento após parada cardíaca, reduzindo dano isquêmico

cerebral produzido nos insultos neurológicos. Este estudo tem como objetivo de

conhecer a técnica de Hipotermia Terapêutica, bem como seus benefícios no

paciente pós PCR e analisar a evolução/prognóstico desses pacientes. Trata-se de

uma revisão Integrativa, de caráter exploratória e abordagem qualitativa, realizada

na base de dados LILACS e SCIELO, obtendo 10 artigos para estudo publicados de

2008 a 2016. O presente estudo permitiu concluir que a Hipotermia Terapêutica

representa um grande tratamento capaz de reduzir a mortalidade, assim como,

melhorar os desfechos neurológicos melhorando no prognóstico dos pacientes pós-

parada cardiorrespiratória, apesar de que as taxas de mortalidade ainda prevalecem.

Palavras-chave: Hipotermia, parada cardíaca, PCR e Enfermagem.

Page 5: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

5

ABSTRACT

Post-cardiorespiratory arrest care may reduce early mortality due to hemodynamic

instability and multiple organ dysfunction, and delayed mortality due to brain damage.

Most of these post-PCR deaths occur within the first 24 hours of spontaneous

circulation. Therapeutic Hypothermia has a neuroprotective effect in the treatment

after cardiac arrest, reducing cerebral ischemic damage produced in the neurological

insults. This study aims to know the technique of Therapeutic Hypothermia, as well

as its benefits in the post-PCR patient and to analyze the evolution / prognosis of

these patients. It is an integrative review, exploratory and qualitative approach,

carried out in the LILACS and SCIELO database, obtaining 10 articles for study

published from 2008 to 2016. The present study allowed to conclude that

Therapeutic Hypothermia represents a great treatment capable of Reduce mortality,

as well as improve neurological outcomes by improving the prognosis of post-

cardiorespiratory arrest patients, although mortality rates still prevail.

Keywords: Hypothermia, cardiac arrest, CRP and Nursing.

Page 6: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................07

2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................09

2.1 HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PCR..................................09

2.2 MECANISMOS DE AÇÃO DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA...........................10

2.3 PROTOCOLO DE HIPOTERMIA TERAPÊUTICA..............................................11

3 METODOLOGIA.....................................................................................................13

4 RESULTADOSE DISCUSSÕES.............................................................................15

4.1 APLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA.......................................17

4.2 PERFIL DOS PACIENTES PARA HT E DESFECHO DESSES PACIENTES…18

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................20

6 REFERÊNCIAS.......................................................................................................21

Page 7: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

7

1.0 INTRODUÇÃO

A Parada cardiorrespiratória (PCR) é uma emergência médica definida como a

cessação súbita e inesperada das funções vitais, caracterizada pela ausência de

batimentos cardíacos, ausência de movimentos respiratórios e irresponsividade a

estímulos, tudo isso ocorrendo simultaneamente em um indivíduo (RECH; VIEIRA,

2010).

A PCR está associada a uma elevada morbidade e mortalidade. Os casos de PCR

intra-hospitalar, não ultrapassam os 20% e esta taxa diminui para menos da metade

nos casos de PCR extra-hospitalar. Apesar das melhorias nos últimos anos no

Suporte básico e avançado de vida, a mortalidade e as sequelas neurológicas após

recuperação da circulação espontânea (RCE) continuam sendo elevados,

comprometendo a longo prazo a qualidade de vida desses pacientes (ABREU et al.,

2011).

Um grupo de doenças que geralmente levam a uma PCR são as doenças

cardiovasculares, que atualmente encontra-se entre as maiores causas de morte no

mundo Ocidental. Os danos decorrentes de uma PCR são arrasadores, resultando

em Hipóxia generalizada dos sistemas, dentre os quais o Sistema Nervoso Central

(RODRIGUES et al., 2015).

Os cuidados pós uma parada cardiorrespiratória pode reduzir a mortalidade precoce

devido à instabilidade hemodinâmica e disfunção orgânica múltipla, e a tardia devido

ao dano cerebral. A maioria dessas mortes pós PCR ocorrem nas primeiras 24 horas

de retorno à circulação espontânea (ROSC) (RAVETTI et al., 2009).

Nesse sentido, nos últimos anos diversas técnicas têm sido aperfeiçoadas para

tentar dar o melhor prognóstico aos sobreviventes. Dentre as medidas tomadas,

estão as medidas farmacológicas, o suporte ventilatório e o uso de Hipotermia

Terapêutica (HT) que é considerada como mais um instrumento nessa batalha pela

vida, mostrando-se eficaz na redução da mortalidade e das sequelas neurológicas

(RODRIGUES, et al., 2009). Definindo a Hipotermia Terapêutica (HT), ela é a

redução controlada da temperatura central dos pacientes com objetivos terapêuticos

pré-definidos (FILHO et al., 2009).

Page 8: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

8

Diante dos estudos clínicos, a Hipotermia Terapêutica tem um efeito Neuroprotetor

no tratamento após parada cardíaca, reduzindo dano isquêmico cerebral produzido

nos insultos neurológicos (STORN, 2014). Este tratamento vem sendo usado há

mais de 50 anos em cirurgias cardíacas e, mais recentemente, em cirurgias

neurológicas. Nos últimos anos o tema voltou a ter grande impulso e tornou-se a

terapêutica bem estabelecida no tratamento pós PCR em adultos (FILHO et al.,

2009).

Sendo assim, viu-se a necessidade de se trabalhar esse tema, tendo em vista que

após o levantamento de várias temáticas, esse despertou o interesse por ser um

método que possa preservar a função neurológica após uma PCR, devido ao grande

número de casos e por tanto acometer sequelas neurológicas. Portando, o presente

estudo tem como objetivo de conhecer a técnica de Hipotermia Terapêutica, bem

como seus benefícios no paciente pós PCR e analisar a evolução/prognóstico

desses pacientes.

Page 9: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

9

2.0REFERENCIAL TEÓRICO

2.1HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PCR

Historicamente a hipotermia terapêutica (HT) tem sido usada para proteção cerebral

desde a década de 1940. Nos anos 80, foi gradualmente caindo em desuso por

causa de técnicas muito trabalhosas e efeitos colaterais associados, como

coagulopatia, infecção, instabilidade do ritmo cardíaco, lesões cutâneas de pressão

e tremores. Muitas drogas farmacológicas (Barbitúricos) foram estudadas quanto à

sua eficácia de se proteger o cérebro em sobreviventes pós-parada cardíaca,

Acidente Vascular Encefálico e injúria cerebral traumática. Após isso, nos anos 90, a

falta de processo com esses agentes farmacológicos levou a um renovado interesse

na Hipotermia Terapêutica (SOUSA; LEITE; SAMPAIO, 2010).

Os pacientes admitidos no hospital após uma PCR pré-hospitalar geralmente

demonstram importante lesão neurológica anóxica e alta mortalidade. Nos últimos

anos surgiram vários estudos em modelos experimentais demonstrando que a lesão

neurológica após anóxia global grave é reduzida quando aplicada a HT (FILHO et

al., 2009). Alguns minutos após a PCR nos sobreviventes ocorrem, uma sequência

de eventos conhecida como Síndrome pós-ressuscitação, está caracterizada pelo

comprometimento do sistema cardiovascular, neurológico, pulmonar, renal e

metabólico. A síndrome pós-ressuscitação compreende, a falência de perfusão

cerebral, com diminuição do aporte de oxigênio para o cérebro seguida de uma

reoxigenarão cerebral, o que determina a lesão (RODRIGUES et al., 2015).

A HT promove indução intencional de uma temperatura corporal mais baixa que o

normal com fins terapêuticos, seguida da manutenção desta temperatura por um

tempo determinado, e um reaquecimento gradual. Isso é alcançado através de

medidas invasivas e não invasivas, com o objetivo de preservar os tecidos da lesão

secundária, que é ocasionada por períodos de isquemia, seguida novamente de

perfusão, através da influência na cascata inflamatória, proporcionando a redução

do metabolismo e consequentemente a diminuição da demanda de oxigênio (FILHO

et al., 2009).

Page 10: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

10

O tratamento e a recuperação neurológica da PCR utilizando-se a HT é

recomendado pelo Advanced Life Support Task Force of the International Liaison

Committee on Ressucitation (ILCOR), além de fazer parte do protocolo das diretrizes

do Advanced Cardiovascular life Support (ACLS) para pacientes adultos que

sofreram PCR por fibrilação ventricular, similar à realizada pelo ILCOR

(RODRIGUES, et al., 2015). Considera-se a Hipotermia leve de 34°C a 36°C,

Hipotermia moderada 30° C a 34°C e Hipotermia profunda <30°C, esta última

apresentando resultados mais significativos quanto à proteção cerebral.

2.2 MECANISMOS DE AÇÃO DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA

A isquemia neuronal pós-PCR pode persistir por várias horas pós ressuscitação. A

hipotermia tem ação neuroprotetora contra vários mecanismos bioquímicos

deletérios, tornando-se o primeiro tratamento eficaz em reduzir o dano neurológico

isquêmico em pacientes pós-PCR (RECH; VIEIRA, 2010).

Os mecanismos de ação da Hipotermia Terapêutica envolvem múltiplos fatores,

dentre eles: redução do metabolismo cerebral de ativação e basal, diminuição da

cascata inflamatória que segue os eventos cerebrais traumáticos, proteção contra

isquemia neural e de células miocárdica. Além disso, redução da pressão

intracraniana, e manutenção da função mitocondrial (ANJOS, et al., 2008).

Outro mecanismo envolvido na neuroproteção por meio da HT parece ser a

estimulação de efeitos anticoagulantes. A ativação da coagulação, forma fibrina e

bloqueia a microcirculação, sendo assim, possui função importante no

desenvolvimento da injúria de isquemia perfusão (ABREU; GONÇALVES, 2011).

No que se refere ao sistema respiratório, ocorre uma queda de consumo de

oxigênio associada à redução da produção de gás carbônico, levando a uma

diminuição do quociente respiratório. A supressão da atividade epiléptica é mais um

provável efeito benéfico da hipotermia tendo em vista que as crises convulsivas ou

não, geram aumento no consumo de oxigênio pelo cérebro.

A diminuição do débito cardíaco reduz o fluxo plasmático renal. Além disso, ocorre

aumento da diurese com a queda da temperatura em virtude da menor reabsorção

Page 11: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

11

tubular de sódio (ANJOS et., 2008). No quadro 1 abaixo segue outros mecanismos

benéficos da HT nos pacientes recuperados de uma PCR.

Quadro 1. Mecanismos benéficos da HT

1. Redução do consumo cerebral de oxigênio2. Supressão de reações químicas associadas com lesões de reperfusão3. Redução da liberação de cálcio intracelular4. Modulação da apoptose5. Modulação da resposta Inflamatória6. Proteção de membranas lipoprotéicas

2.3 PROTOCOLO DE HIPOTERMIA TERAPÊUTICA

Em 2010, o ILCOR (International Liaison Committee on Ressucitation), estabelece a

hipotermia dentre os cuidados após RCE (Recuperação da circulação espontânea)

de eventos extra-hospitalares e mantém a recomendação para controle de

temperatura ideal de 32°C a 34°C (BERNOCHE et., 2016). A recomendação das

diretrizes do ILCOR é a aplicação de HT a todos os pacientes que retornam

inconscientes após uma PCR em FV extra-hospitalar, devendo ser resfriados a 32°C

a 34°C por 12 a 24 horas. Esse resfriamento também pode ser benéfico para

pacientes com PCR em outros ritmos cardíacos, sempre que não houver

contraindicação (FILHO et al., 2009).

Não se deve realizar HT em pacientes em choque cardiogênico após o retorno da

circulação espontânea ou em pacientes com coagulopatia primárias ou gestantes. A

terapia trombolítica não se constitui como contraindicação para realizar HT, o que é

importante citar, visto que muitas das causas de PCR atendidas têm como causa

base coronariopatia (FILHO et al., 2009). Os critérios de seleção para os pacientes

que se favorecem da HT assim como os critérios de exclusão desses pacientes

estão descritos no quadro 2 abaixo.

Quadro 2. Critérios de inclusão

1. Idade: 18 a 75 anos2. PCR presenciada

Page 12: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

12

3. Tempo de reanimação < 45 minutos4. Ausência de resposta adequada aos estímulos5. Acesso ao atendimento primário entre 5 e 15 minutos após o início da PCR6. Intervalo de tempo pós PCR de até 12 horas

Critérios de exclusão

1. Portadores de coagulopatias-exceto as induzidas2. Choque Cardiogênico3. Choque séptico4. Discrasias Snaguíneas5. Recorrência de PCR prolongada após admissão6. Portadores de doença terminal7. Gestantes

Existem diversas técnicas para indução da Hipotermia, o corpo pode ser resfriado

por meio de equipamentos especiais ou de injeções de substâncias salinas geladas.

Dentre os métodos, destaca-se o resfriamento externo/superfície, infusão de fluidos

resfriados e extracorpóreo/central. Os fluidos endovenosos, como soro fisiológico e

ringer lactato, resfriados a 4°C, também são técnicas bastantes implementadas

(ANJOS, et al. 2008).

Dados sugerem que a HT deve ser instituída o mais breve possível após o retorno

da circulação espontânea. Quando iniciada até 6 horas após reversão da PCR, a HT

determina melhor prognóstico neurológico bem como de mortalidade (RECH;

VIEIRA, 2010). Após a fase de Indução de HT no paciente, a temperatura deve se

manter constante com a menor oscilação possível mantendo de 32°C a 34° C

durante as 24 horas. Durante a HT é sugerido a não alimentação desse paciente. Na

12ª hora após o início do tratamento deve se reavaliar a necessidade do uso de

bloqueados neuromusculares e interrompe-los ou reduzi-los caso não haja

evidências de tremores. Essa fase é conhecida como fase de Manutenção. E por

final, na fase de Reaquecimento, inicia após 24 horas do início da infusão do

resfriamento e de ser lenta, em uma velocidade de 0,2° C a 0,4°C por hora durante

12 horas, até que se atinja temperatura entre 35°C e 37°C (SOUSA; LEITE;

SAMPAIO, 2010).

Page 13: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

13

3.0 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão Integrativa, de caráter exploratória e abordagem qualitativa.

Para Silveira e Galvão (2005), a Revisão Integrativa determina o conhecimento atual

sobre uma temática específica, já que é conduzida de modo a identificar, analisar e

sintetizar resultados de estudos independentes sobre o mesmo assunto,

contribuindo, pois, para uma possível repercussão benéfica na qualidade dos

cuidados prestados ao paciente. Pontua-se, então que o impacto da utilização da

revisão integrativa se dá não somente pelo desenvolvimento de políticas, protocolos

e procedimentos, mas também no pensamento crítico que a prática diária necessita

(SOUSA; SILVA; CARVALHO, 2010).

Para a elaboração da revisão integrativa foram percorridas as seguintes fases:

identificação do tema, amostragem ou busca na literatura no banco de dados

escolhido, leitura dos artigos, categorização dos estudos, avaliação dos estudos,

interpretação dos resultados e a síntese do conhecimento evidenciado nos artigos

analisados ou apresentação da revisão integrativa.

A busca de dados consistiu primeiramente identificando as palavras-chaves

cadastradas nos Descritores em Ciências da Saúde-DECS, que foram as palavras:

HIPOTERMIA, PARADA CARDÍACA, PCR e ENFERMAGEM. Após a identificação

das palavras chaves, foi empregado o fundamento de dados LILACS (Literatura

Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), onde a análise foi feita a

partir do emprego dos seguintes descritores: “ Hipotermia Parada Cardíaca”,

resultando em 75 artigos. Após refinamento dos 75 artigos, foram selecionados 8

artigos para estudo. Outro fundamento utilizado também foi o SCIELO (Scientific

Electronic Library Online) a disposição da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e

disponível no Google acadêmico utilizando os descritores “ Scielo and Hipotermia

PCR Enfermagem”, resultando em aproximadamente em 350 artigos, porém

Page 14: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

14

selecionando apenas 2 artigos para estudo, totalizando em 10 artigos no final para

estudo publicados de 2008 a 2016.

Os critérios de inclusão utilizados foram: aderência temática, artigos científicos,

dissertação de mestrado, trabalho de conclusão de curso, resenhas publicadas em

revista científica, bem como textos na íntegra, disponíveis na língua portuguesa e

dos últimos dez anos. Após a seleção dos artigos foi iniciada a leitura na íntegra e

interpretativa tido como problema de pesquisa e as informações mais relevantes,

adotado os fichamentos. Para um melhor enquadramento dos artigos na temática,

foi adotado um formulário para cada artigo, a fim de obter informações sobre: título

do artigo, mês e ano do artigo, estado, revista de publicação, autores, tipo de

abordagem, objetivos e contribuições para o estudo e em seguida lançado em uma

planilha com as informações mais pertinentes a respeito.

Page 15: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

15

4.0RESULTADOS E DISCUSSÕES

A seguir, estão relacionados os dados encontrados e organizados no Quadro

3 no qual se pode visualizar as publicações referentes à temática proposta

associados aos seus respectivos objetivos e contribuições de estudo.

Quadro 3. Estado de ênfase dos estudos elegidos

TÍTULO AUTOR ANO REVISTA OBJETIVOS/CONTRIBUIÇÕES

Hipotermia terapêutica após parada cardíaca:

preditores de prognóstico

LEÃO RN, et al. 2015

Rev. Bras. Ter.

Intensiva

Procurou-se determinar a validade de diferentes marcadores que podem ser utilizados na detecção de pacientes com mau prognóstico durante um protocolo de hipotermia.

Terapia de controle da

temperatura pós-parada

cardiorrespiratória

BERNOCHE C, et al.

2016 Rev. SOCESP

A temperatura do controle da temperatura (TCT) oferece mecanismos neuroprotetores, limitação da lesão miocárdica e redução da resposta inflamatória sistêmica.

O uso de hipotermia e

desfechos após ressuscitação

cardiopulmonar em 2014.

STORM C. 2014 Rev. Bras. Ter.

Intensiva

Identificou-se, em estudos realizados em animais, que o desfecho e o dano histopatológico ao tecido cerebral, devidos à hipóxia após parada cardíaca são reduzidos pelo uso de Hipotermia leve.

Papel neuroprotetor da

hipotermia terapêutica pós paragem cardio-

respiratória

ABREU A, et al.

2011 Rev. Bras. Ter.

Intensiva

Avaliar a evolução dos doentes submetidos a Hipotermia após paragem cardiorrespiratória.

Page 16: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

16

Hipotemria terapêutica em pacientes pós-

parada cardiorrespiratória:mecanismos de

ação e desenvolvimento

do protocolo assistencial.

RECH TH; VIEIRA SRR.

2010 Rev. Bras. Ter.

Intensiva

Revisar aspectos referentes aos mecanismos de ação da hipotermia e seus efeitos em pacientes críticos reanimados pós-parada cardiorrespiratória e propor um protocolo assistencial simples, que possa ser implantado em qualquer unidade de terapia intensiva.

Estudo de pacientes

reanimados pós-parada

cardiorrespiratória intra e extra-

hospitalar submetidos à

hipotermia terapêutica

RAVETTI CG, et al.

2009 Rev. Bras. Ter.

Intensiva

Conhecer as características dos pacientes submetidos a um protocolo operacional padrão institucional de atendimento a pacientes reanimados após episódio de parada cardiorrespiratória incluindo a aplicação de Hipotermia terapêutica.

Hipotermia terapêutica pós-

reanimação cardiorrespiratóri

a: evidências e aspectos práticos

FILHO GSF, et al.

2009 Rev. Bras. Ter.

Intensiva

Rever os principais aspectos clínicos relativos à Hipotermia terapêutica.

Abordagem do paciente

reanimado, após parada

cardiorrespiratória

PEREIRA JCRG.

2008 Rev. Bras. Ter.

Intensiva

Rever a evidência científica relativa à abordagem do paciente reanimado após PCR.

Parada cardiorrespiratóri

a Cerebral: assistência de enfermagem

após reanimação.

SOUSA SFM; SILVA GNS.

2013 Rev. Ciência Saúde Nova

Esperança

Conhecer a assistência de enfermagem prestada aos pacientes após reanimação cardiorrespiratório cerebral.

Benefícios na prevenção de

lesão neuronal pós-parada

cardiorrespiratória na hipotermia

terapêutica: breve revisão.

RODRIGUES JHS

2015 Rev. Eletrônica Gestão &

Saúde

Motivados pelos pequenos avanços e a elevada mortalidade, faz-se necessário para o esclarecimento de profissionais da área da saúde em especial ao de serviços da terapia intensiva acerca dos

Page 17: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

17

benefícios da Hipotermia terapêutica.

Fonte: Base de dados LILACS e SCIELO.

Considerando a análise dos artigos selecionados nesta revisão integrativa,

obteve-se algumas informações para melhor sintetizar a temática, pôde-se delimitar

duas categorias por similaridade de conteúdo, são elas: Perfil dos pacientes para HT

e desfecho desses pacientes; e Aplicabilidade da Hipotermia Terapêutica.

4.1APLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA

Os achados de estudos experimentais sugerem que o início precoce da hipotermia

terapêutica após parada cardíaca seria um tratamento seguro e benéfico em termos

de redução da mortalidade e melhora no desfecho neurológico (LEÃO et al.,2015).

Dados sugerem que a HT deva ser instituída o mais breve possível após o retorno

da circulação espontânea, mas parece haver benefício mesmo quando o seu início é

retardado em até 6 horas. Um estudo experimental testou o impacto do início

imediato da HT comparado ao início retardado por 1 horas pós-ressuscitação no

desfecho de ratos submetidos à anóxia cerebral. O achado foi um melhor resultado

funcional em ratos resfriados imediatamente. É fundamental integrar as equipes da

UTI e da emergência, para que a transferência para a UTI possa ser agilizada e a

indução iniciada de forma rápida (RECH; VIEIRA, 2010).

Existem diversas técnicas testadas para resfriamento: bolsas de gelo, circulação

extracorpórea, infusão gelada na artéria carótida, capa contendo soluções bastante

geladas (- 30°C), lavagem pleural, lavagem peritoneal, cateteres resfriados, infusão

de líquido gelado, manta com circulação de ar gelado, entre outros. O resfriamento

ideal deve ser o que atinja de modo mais rápido a temperatura alvo sem oferecer

lesões com esse procedimento. Uma das técnicas com redução de temperatura

mais rápida é a imersão em água gelada, que reduz cerca de 9,7° por hora em

média, porém esta estratégia é pouco prática para uso rotineiro (FILHO et al., 2009).

No estudo de Ravetti et al. (2009), para evitar demora no início da terapêutica, o leito

foi previamente preparado com colchão térmico com sensor de temperatura

esofágica para receber o paciente, Todos os pacientes foram submetidos à

Page 18: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

18

reanimação inicial visando corrigir agressivamente hipotensão, hipovolemia,

hipoxemia e hipoglicemia. O objetivo da temperatura foi de 32°c a 34°c, alcançados

com a infusão de 30 ml/kg de NaCl 0,9 % ou ringer lactato a 4° a 8° C, aplicação de

gelo em dobras cutâneas e utilização de colchão térmico até atingir a temperatura

desejada. Caso a temperatura não tivesse sido alcançada, repetia-se a infusão

intravenosa de solução cristalóide gelada em 4 horas.

Segundo Filho et al. (2009), um método promissor é o que usa cateteres

intravasculares com propriedade de resfriar o sangue através de circuito interno que

permite circulação de líquido gelado e troca constante de temperatura como sangue,

reduzindo a temperatura central em cerca de 1,4°C por hora. A aplicação de bolsas

de gelo se mostrou eficaz reduzindo 0,9° por hora de aplicação. Provavelmente, o

método mais prático e ágil seja a infusão de líquido gelado (4°C) por via venosa. A

infusão de líquidos gelados provavelmente é a mais promissora por ser rápida,

prática, segura e de baixo custo

No comentário de Storm (2014), ele afirma que a implantação da HT varia

amplamente nos diferentes países, ou mesmo nos diferentes hospitais, embora

nunca tenham sido relatados, de forma significante, efeitos colaterais graves e com

risco à vida pelo uso dessa abordagem terapêutica. Ainda permanece em aberto três

questionamentos: (1) qual subgrupo se beneficia mais da HT?; (2) por quanto tempo

manter o resfriamento?; e (3) qual deve ser a temperatura alvo ideal? Os resultados

de estudos de HT são na verdade, neutros. Uma conclusão não pode ser obtida a

partir dos dados de estudo de HT, se a melhor temperatura deva ser alvo ou

individual. A Sociedade Alemã de Terapia Intensiva e Medicina de Emergência

publicou um consenso sobre os resultados do estudo de HT com a forte

recomendação de que continue utilizando a faixa de 32°C a 34°C como uma

temperatura confiável. Esse fato também foi apoiado pelo atual consenso da ILCOR,

que recomenda seguir as diretrizes ainda válidas para tratamento após parada

cardíaca.

4.2 PERFIL DOS PACIENTES PARA HT E DESFECHO DESSES PACIENTES

No estudo de Abreu et al. (2011), foram incluídos 12 doentes, com média de 64 anos

de idade, sendo a maioria do sexo masculino. O tempo de PCR foi de 12,5 minutos

Page 19: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

19

e o tempo até o retorno a circulação espontânea-RCE (duração de manobras de

SAV) foi de 7 minutos. O ritmo predominante de RCE foi ritmo sinusal em 75 % dos

casos, fibrilação auricular em 16,6% e outros ritmos supra-ventriculares em 8,3%

dos casos. O tempo decorrido desde a RCE até o início da HT foi 120 minutos, o

tempo para alcançar a temperatura corporal alvo, foi cerca de 240 minutos e a

duração da hipotermia foi de 27 horas. Todos os pacientes alcançaram a

temperatura alvo, e a temperatura mínima foi de 32,2°C. Para alcançar a

temperatura foram administrados 5,3 ± 2,9 L de fluidos arrefecidos por paciente e

em outros, arrefecimento externo. Verificou-se sobrevida com total recuperação

neurológica em todos pacientes cujo local de PCR foi intra-hospitalar com

incapacidade moderada a grave.

Em outro estudo de Leão et al. (2015), foram admitidos 70 pacientes e 67

concluíram o protocolo de hipotermia, sendo que 27% dos pacientes eram do sexo

feminino (n=18). Dentre os casos de parada cardíacas, 69% ocorreram fora do

hospital. As principais causas de parada cardíaca foram Infarto Agudo do Miocárdico

(26 pacientes) e Insuficiência Respiratória (18 pacientes). A média de idade foi 62,6

± 13 anos. Apresentaram incialmente Fibrilação Ventricular 25 pacientes, 26

Assistolia e 10 Atividade Elétrica Sem Pulso. Todos os pacientes com AESP tiveram

desfecho fatal até os 6 meses. Dentre os pacientes com desfecho favorável, 8

pacientes tinham FV como ritmo inicial. Aqueles com Fibrilação atrial, apresentaram

associação com maior probabilidade de sobrevivência e melhor desfecho

neurológico em comparação aos pacientes que tinham inicialmente outros ritmos.

Em Belo Horizonte entre os anos de 2007 e 2008, Ravetti e colaboradores (2009),

incluíram 26 pacientes internados com episódio de PCR na UTI. Os pacientes

tinham em média 63 ± 18,0 anos (mediana 64,5 anos). O sexo masculino foi

predominante, representado por 92,3% dos casos, o que demonstra um alto índice

na população masculina. O local da PCR foi extra-hospitalar em 8 casos, no Pronto

Socorro em 3 casos, durante a internação no hospital fora da UTI em 13 casos e no

bloco cirúrgico em 2 casos. O ritmo de parada cardiorrespiratória foi FV em 7

pacientes, Assistolia em 11, AESP em 5 pacientes e o ritmo não foi determinado em

3 pacientes. O intervalo entre a PCR e o ritmo à circulação espontânea foi em média

12,0 ± 5,0 minutos e o tempo requerido para alcançar a temperatura alvo desde a

admissão foi em média 5,0± 4,0 horas.

Page 20: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

20

Dos 26 pacientes, 5 tiveram alta hospitalar, 2 foram transferidos a outras instituições

e 2 permaneceram internados no apartamento, 14 evoluíram á óbito na UTI,

representando mortalidade de 54% intra UTI, e 3 tiveram o mesmo desfecho durante

internação no andar, representando uma mortalidade de 66% intra-hospitalar,

número considerável, tendo em vista que apenas 7% e 10% dos pacientes que

inicialmente ressuscitados após PCR extra-hospitalar de causa cardíaca sobrevivem

e receberam alta hospitalar com bom resultado neurológico e 18 % após PCR intra-

hospitalar, sem uso de HT.

No cenário da medicina intensiva, um estudo prospectivo realizado por Storm et al.

(2008), avaliou 52 pacientes com média de idade de 62 anos submetidos a

hipotermia após recuperação da circulação espontânea pós PCR, seus dados foram

comparados a um corte histórico tratados em período prévio a recomendação formal

do uso de hipotermia. O grupo submetido à hipotermia teve significativamente menor

tempo de internação na UTI e de permanência na Ventilação mecânica, bem como

melhores desfechos neurológicos em até 1 ano (FILHO et al., 2009).

Rech e Vieira (2010) também citam o marco na HT depois da publicação em 2002

de dois estudos que consolidaram o uso da HT, ao randomizaram pacientes

comatosos sobreviventes pós PCR fora do hospital, mantidos num período de

hipotermia leve (entre 32°C e 34°C) durante 12 e 24 horas. Estes tiveram menor

mortalidade com maior taxa de desfechos neurológicos favoráveis quando

comparados aos pacientes normotérmicos.

Page 21: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

21

5.0CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo permitiu concluir que a Hipotermia Terapêutica representa um

grande tratamento capaz de reduzir a mortalidade, assim como, melhorar os

desfechos neurológicos melhorando no prognóstico dos pacientes pós-parada

cardiorrespiratória, apesar de que as taxas de mortalidade ainda prevalecem. Ficou

evidenciado que a Hipotermia terapêutica está indicada para os pacientes

inconscientes com circulação espontânea após parada cardiorrespiratória extra-

hospitalar e quando o ritmo inicial for FV ou TV sem pulso. Os estudos elencaram

grandes benefícios também em outros ritmos cardíacos. A maioria dos estudos

citaram utilizar o protocolo da ILCOR como referência, porém foi observado a falta

de implementação de protocolos institucionais ajudando nas rotinas assistenciais,

tendo em vista que, a aplicação da HT não seja uma prática rotineira. Em relação as

formas de resfriamento utilizadas foram as mais diversas possíveis, adaptadas a

realidade de cada instituição, dentre elas: infusão de cristaloides através da infusão

de Ringer lactado a 4°, Soro fisiológico; resfriamento extracorpóreo, por meio de

bolsas de gelo, mantas e colchões térmico e resfriamento por meio das sondas,

através de lavagem nasal, gástrica, dentre outras. Portanto os resultados obtidos,

indicam um melhor prognóstico as vítimas pelos diversos mecanismos benéficos que

a HT possa proporcionar ao paciente, porém, ainda carece de muitas evidências,

principalmente no meio médico, tendo em vista que é uma prática médica.

Page 22: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

22

6.0 REFERÊNCIAS

ABREU, A. et al. Papel neuroprotetor a hipotermia terapêutica pós paragem cardiorrespiratória. Revista Bras. Ter. Intensiva. 2011; 23(4): 455-461. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbti/v23n4/a10v23n4.pdf. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.

ANJOS, CN; et al. O potencial da hipotermia terapêutica no tratamento do paciente crítico. Mundo Saúde (1995); 32(1): 74-78, jan. –mar. 2008. Disponível em: http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/58/74a78.pdf. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.

BERNOCH, C; et al. Terapia de controle da temperatura pós-parada cardiorrespiratória. Revista SOCESP.2016; 26 (1):27-33. Disponível em: http://www.socesp.org.br/upload/revista/2016/REVISTA-SOCESP-V26-N1.pdf. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.

FILHO, GSF; SENA, JP; LOPES, RD. Hipotermia terapêutica pós-reanimação cardiorrespiratória: evidências e aspectos práticos. Rev. Bras. Ter. Intensiva. 2009; 21(1): 65-71. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2009000100010. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.

LEÃO, RN; et al. Hipotermia terapêutica após parada cardíaca: preditores de prognóstico. Rev. Bras. Ter. Intensiva. 2015;27(4):322-332. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbti/v27n4/0103-507X-rbti-27-04-0322.pdf. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.

PEREIRA, JCRG. Abordagem do paciente reanimado, pós parada cardiorrespiratória. Rev. Bras. Ter. Intensiva. 2008; 20(2):190-196. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbti/v20n2/13.pdf; Acesso em: . Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.

RAVETTI, CG; SILVA, TO; MOURA, AD; CARVALHO, FB. Estudo de pacientes reanimados pós-parada cardiorrespiratória intra e extra-hospitalar submetidos à pesquisa terapêutica. Rev. Bras. Ter. Intensiva. 2009;21(4): 369-375. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2009000400006. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.

Page 23: ibrati.orgibrati.org/sei/docs/tese_1008.docx · Web viewAPLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 KALINE

23

RECH, TH; VIEIRA, SRR. Hipotermia terapêutica em pacientes pós parada cardiorrespiratória: mecanismos de ação e desenvolvimento assistencial. Rev. Bras. Ter. Intensiva. 2010; 22(2):190-196. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2010000200015. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.

RODRIGUES, JHS; et al. Benefícios na prevenção de lesão neuronal pós-parada cardiorrespiratória (PCR) na hipotermia terapêutica: breve revisão. Revista Eletrônica Gestão & Saúde.2015; 6(2):1774-85. Disponível em:

SILVEIRA, RCCP; GALVÃO, CM. O cuidado de enfermagem e o cateter de Hickman: a busca de evidências. Revista Acta Paul Enfermagem.2015; 18(3): 276-84. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v18n3/a08v18n3.pdf. Acesso em: Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.

SOUSA, RM; LEITE, TOS; SAMPAIO, A. A utilização do protocolo de hipotermia terapêutica ao paciente pós- pcr.

SOUSA, MT; SILVA, MD; CARVALHO, R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Revista Einstein. 2010; 8: 102-6. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/eins/v8n1/pt_1679-4508-eins-8-1-0102.pdf. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.

SOUSA, SFM; SILVA, GNS. Parada cardiorrespiratória cerebral: assistência de enfermagem após a reanimação. 2013; 11(2):143-57. Disponível em: http://www.facene.com.br/wp-content/uploads/2010/11/Parada-cardiorrespirat%C3%B3ria-cerebral.pdf. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.

STORM, C. O uso da hipotermia e desfechos após ressuscitação cardiopulmonar em 2014. Rev. Bras. Ter. Intensiva.2014; 26(2):83-85. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbti/v26n2/0103-507X-rbti-26-02-0083.pdf. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017.