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Direito Processual Penal Professor : Flávio Martins www.professorflaviomartins.net.br Pegas as letras das músicas. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO PENAL PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL Artigo 5º, LIV, CF Art. 5º, LIV, CF - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; É o conjunto de direitos e garantias, sem expresso ou implícitos na Constituição, aplicáveis ao processo. Somados alguns princípios, tem-se o devido processo penal (e.g.: isonomia, contraditório). E.g. de princípio expresso: princípio do contraditório . E.g. de princípio implícito: ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo (Nemo tenetur se detegere) esse princípio está implícito no princípio da legalidade. E.g. 2: o direito de recorrer . Tanto o STF, quanto o STJ têm entendido que o direito de recorrer é um direito constitucional, implícito no devido processo legal. A prisão não é mais pressuposto recursal , tanto que o artigo 598, do CPP foi revogado. Assim, os dispositivos que afirmam que deve o réu estar preso para recorrer são considerados inconstitucionais. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO Art. 5º, LV, CF. LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Contraditório é a soma da comunicação obrigatória + reação possível . Comunicação obrigatória: as partes devem ser comunicadas de tudo o que acontece no processo. E.g.: se uma parte juntou prova, a outra deve se manifestar. Reação é possível: se a parte quiser reagir, pode. Se não quiser, deve arcar com sua inação.

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Direito Processual Penal

Professor: Flávio Martins

www.professorflaviomartins.net.br Pegas as letras das músicas.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO PENAL

PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL Artigo 5º, LIV, CF Art. 5º, LIV, CF - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido

processo legal;É o conjunto de direitos e garantias, sem expresso ou implícitos na Constituição,

aplicáveis ao processo. Somados alguns princípios, tem-se o devido processo penal (e.g.: isonomia, contraditório).

E.g. de princípio expresso: princípio do contraditório.E.g. de princípio implícito: ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo

(Nemo tenetur se detegere) esse princípio está implícito no princípio da legalidade. E.g. 2: o direito de recorrer. Tanto o STF, quanto o STJ têm entendido que o direito de recorrer é um direito constitucional, implícito no devido processo legal. A prisão não é mais pressuposto recursal, tanto que o artigo 598, do CPP foi revogado. Assim, os dispositivos que afirmam que deve o réu estar preso para recorrer são considerados inconstitucionais.

PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIOArt. 5º, LV, CF.LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral

são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;Contraditório é a soma da comunicação obrigatória + reação possível.Comunicação obrigatória: as partes devem ser comunicadas de tudo o que acontece no

processo. E.g.: se uma parte juntou prova, a outra deve se manifestar.Reação é possível: se a parte quiser reagir, pode. Se não quiser, deve arcar com sua

inação.

PRINCÍPIO DA DA AMPLA DEFESAArt. 5º, LV, CF.LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral

são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;Trata-se da defesa técnica e da autodefesa.Defesa técnica: é feita por um defensor. É indispensável, tanto que se o réu comparecer

sem advogado, o juiz nomeará um defensor público.Autodefesa: é aquela feita pelo réu. No processo penal é dispensável.A ampla defesa é ao mesmo tempo o direito de presença e o direito de audiência.Direito de presença: o réu tem o direito de estar presente em todos os atos processuais.

E.g.: o réu tem o direito de estar presente na audiência em que serão ouvidas as testemunhas (caso Fernandinho Beira-mar que foi para outro estado participar da audiência em que seria ouvido uma testemunha). No que tange ao interrogatório via videoconferência, ele é constitucional, uma vez que só pode ser feito em casos excepcionais.

Direito de audiência: trata-se do direito de se manifestar.

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PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIAArt. 5º, LVII, CF.LVII, CF - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença

penal condenatória;Pode ser chamado também de estado de inocência ou de estado de não culpabilidade.Antes da sentença penal condenatória transitada em julgado o réu será considerado

inocente.Consequências: A prisão processual é excepcional o réu só permanecerá preso se o caso for

realmente necessário. E.g: governador do Distrito Federal só foi preso porque ameaçou testemunhas. E.g.: Roger Abdel Massis foi solto porque não está mais na medicina e era nessa área que ele abusava de mulheres.

O uso de algemas é excepcional Súmula vinculante 11, STF. Segundo essa súmula, as algemas só podem ser utilizadas em 3 casos: resistência, risco de fuga ou risco à incolumidade física, seja do preso, seja de terceiros. Segundo o STF, o descumprimento dessa súmula traz como conseqüências: nulidade da prisão, responsabilidade civil e disciplinar do funcionário que fez isso e responsabilidade civil do Estado.

LEI PROCESSUAL NO TEMPO

E.g.: Prostituição no Brasil não é crime. Se daqui a uma semana uma nova lei determinar que a prostituição será crime, essa lei não retroage.

A lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu.

Princípio do efeito imediatoA lei processual penal é regida pelo princípio do efeito imediato, também chamado de

tempus regit actum. Assim, a nova lei processual será aplicada a todos os processos em curso, não importando se beneficia ou não o réu. E.g.: Lei n.º 11.900/09, que criou o interrogatório via videoconferência essa lei é ruim para o réu, porque atenua o direito de presença, mas essa nova lei processual pode (e está sendo) aplicada aos processos em andamento. No entanto, os atos processuais já realizados permanecerão válidos.

CONTAGEM DE PRAZO

PRAZO PENAL

Prazo penal conta o dia do começo. Prazo penal é improrrogável.E.g.: A é condenado por uma contravenção penal a uma pena de 5 dias de prisão

simples e é recolhido à prisão na noite de segunda-feira. Esta noite será contada.

PRAZO PROCESSUAL PENAL

Prazo processual penal começa a contar no próximo dia útil . Prazo processual penal é improrrogável.E.g.: se o advogado é intimado na sexta-feira, o prazo começa a contar na segunda-

feira.

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E.g: prazo de 5 dias, em que o advogado é intimado na segunda-feira. O prazo final será na segunda-feira, não obstante terminar no sábado.

SISTEMAS PROCESSUAIS

SISTEMA ACUSATÓRIO

No Brasil é adotado esse sistema. O processo é público – artigo 5º, LX, CF e artigo 93, IX, CF.Art. 5º, LX , CF- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a

defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;Art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e

fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

Há o contraditório e a ampla defesa. Livre apreciação da prova – artigo 155, CPP. O juiz dirá quanto vale cada prova.Art. 155, CPP.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida

em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.        

Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.

O órgão acusador é diferente do órgão julgador. No Brasil, o órgão acusador é o Ministério Público e o órgão julgador é o juiz.

SISTEMA INQUISITO

O processo é sigiloso; Não há contraditório, nem ampla defesa; A confissão é a rainha das provas O órgão acusador é o mesmo do órgão julgador.

INQUÉRITO POLICIAL

Inquérito policial não é processoO inquérito policial é um procedimento administrativo destinado à colheita de provas.

CARACTERÍSTICAS

1) ESCRITOO inquérito policial é escrito. Até mesmo as provas orais (e.g.: acareação) e visuais

(e.g.: reconhecimento) serão escritas.

2) INQUISITIVONo contraditório não há contraditório, nem ampla defesa.

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O artigo 5º, LV, CF fala de contraditório e ampla defesa em processo judicial e administrativo. No entanto, como dito, o inquérito policial não é processo.

Assim, a presença do advogado não é obrigatória. No entanto, tal presença é recomendável.

E.g.: o delegado vai ouvir o indiciado. Este não precisa ser avisado das provas que serão produzidas, pois não se trata de processo.

3) SIGILOSOO inquérito policial é sigiloso, de sorte que tal sigilo será assegurado pela autoridade

policial.Artigo 20, CPP.Art. 20, CPP.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação

do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.Parágrafo único.  Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a

autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior.

O inquérito policial é sigiloso para garantir a intimidade do acusado, pois não tem-se um réu, nem um acusado, mas sim um suspeito.

E.g.: mãe que foi acusada de ter dado mamadeira com cocaína para o filho, que morreu. A mãe foi torturada na cadeia e depois descobriu-se que o que havia na mamadeira era leite.

O inquérito policial não é sigiloso para: Juiz; Ministério Público, que por ser, em regra, o titular da ação penal, é o maior

interessado no inquérito. Ademais, o Ministério Público é o maior controlador da polícia; Advogado: artigo 7º, XIV, EOABArt. 7º, XIV, EOAB - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem

procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos;

SÚMULASúmula vinculante 14: o advogado tem sempre acesso aos autos da investigação.

Isso vale para o inquérito policial, mas também para outras investigações, e.g.: CPI.Contra o ato ou decisão que desrespeita súmula vinculante cabe RECLAMAÇÃO

para o STF.Artigo 103 –A, CF.Art. 103-A, § 3º, CF. Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula

aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

4) O INQUÉRITO POLICIAL É DISPENSÁVEL PARA O INÍCIO DA AÇÃO PENAL

Para começar a ação penal, não é necessário o inquérito. Assim, o promotor pode denunciar sem o inquérito e a vítima pode oferecer queixa sem o inquérito.

No entanto, as provas são indispensáveis, pois são condições da ação.

INQUÉRITOS EXTRAPOLICIAIS

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Existem inquérito policiais que não feitos pela polícia.Comissão parlamentar de inquérito (CPI): é uma investigação feita pelos

parlamentares. Artigo 58, §3º, CF.Art. 58, § 3º, CF - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de

investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

A CPI não pode decretar prisões, salvo prisão em flagrante. Mas as prisões em flagrantes podem ser feitas por qualquer um do povo.

A CPI pode decretar a quebra do sigilo bancário e fiscal, sem necessitar de autorização judicial.

A CPI investiga fato certo (fato preciso, concreto) por prazo determinado (tal prazo pode ser prorrogado).

1/3 de parlamentares é necessário para criar uma CPI, independentemente da Casa (Assembléia Legislativa do Estado, Câmara de Vereados, Câmara de Deputados Federais). E.g.: são 513 deputados federais e 1/3 equivale a 171.

A CPI tem poderes instrutórios de juiz, ou seja, pode produzir as mesmas provas que um juiz pode produzir. E.g.:pode requisitar documentos.

A CPI NÃO pode decretar interceptação telefônica Artigo 5º, XII, CF.Art. 5º, XII, CF - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações

telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Encerrada a CPI, o relatório é enviado ao Ministério Público, que apurará eventual responsabilidade penal, eventual responsabilidade civil.

INCOMUNICABILIDADE DO PRESO

Artigo 21, CPP.Art. 21, CPP.  A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos

autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.

Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.

A incomunicabilidade do preso prevista no artigo 21, CPP não foi recepcionada pela Constituição de 1988.

REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD): artigo 52, LEP.

É uma punição disciplinar imposta ao preso.Refere-se ao:

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Preso provisório, e.g.: casal Nardoni pode ser colocado no RDD. Preso condenado

Somente o juiz pode decretar o Regime Disciplinar Diferenciado.

PRAZO: até 360 dias, podendo ser prorrogado em caso de nova falta grave. E.g.: Fernandinho Beira-mar foi colocado no RDD por 360 dias, mas não pôde continuar porque não praticou nenhuma falta grave. O prazo máximo é 1/6 da pena.

O Regime Disciplinar Diferenciado cabe: Crime doloso dentro da prisão, e.g.: homicídio, tráfico de drogas; Preso perigoso: é o preso que coloca em risco o estabelecimento ou a sociedade. Envolvimento com o crime organizado. E.g.: faz parte do Comando Vermelho ou do

Primeiro Comando da Capital (PCC).

CARACTERÍSTICAS Celas individuais: na cela estará apenas e tão-somente o preso; Duas visitas semanais (fora as crianças); Duas horas por dia de banho de sol.

13/03/10

FORMAS DE INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL

As formas de instauração variam de acordo com o tipo de ação penal.

1) AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

Se o crime for de ação penal pública incondicionada, a instauração do inquérito policial é obrigatória, ou seja, é um dever legal.

Portaria: neste caso, o inquérito policial foi instaurado de ofício. Artigo 5º, I, CPP.Art. 5o, CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:I - de ofício;

Requisição: do Ministério Público ou do juiz. Trata-se de uma exigência do parquet ou do magistrado. Nesses casos, eles souberam da existência do crime antes da instauração do inquérito policial. Neste caso, dispensa-se a portaria. Artigo 5º, II, CPP.

Art. 5o, CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a

requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

Requerimento: do ofendido ou de seu representante legal.

Auto de prisão em flagrante: substitui a portaria. Artigo 304, CPP.Art. 304, CPP. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e

colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao

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interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.

§ 1o  Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.

§ 2o  A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.

§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste.

Se o inquérito for instaurado por meio de portaria, deve-se impetrar um Habeas Corpus. Neste caso, o delegado de polícia é o coator. O Habeas Corpus deve ser dirigido para o juiz de 1º grau.

Se o inquérito for instaurado por requisição do Ministério Público ou do juiz, deve-se impetrar Habeas Corpus. Neste caso, os coatores são o Ministério Público ou o juiz (requisitaram a instauração do inquérito), de sorte que o Habeas Corpus irá para o Tribunal de Justiça.

2) AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA

O delegado só pode instaurar o inquérito policial se o ofendido autorizar. Assim, não pode instaurar de ofício.

Representação do ofendido: autoriza a instauração do inquérito policial. Artigo 5º, §4º, CPP.

Artigo 5º, § 4o, CPP. O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.

E.g.: crime de estupro é de ação penal pública condicionada. Ainda que o estupro seja um crime hediondo, o delegado não pode instaurar o inquérito policial sem a representação da vítima, sob pena de trancamento da ação penal.

Quem irá propor a ação penal é o Ministério Público, por meio de denúncia.

3) AÇÃO PENAL PRIVADA

O delegado só pode instaurar o inquérito policial se o ofendido autorizar. Assim, não pode instaurar de ofício.

Requerimento do ofendido: autoriza o delegado a instaurar o inquérito policial. Artigo 5º, § 5º, CPP. O requerimento do ofendido é diferente da queixa-crime. A queixa-crime é necessária para instaurar a ação penal privada.

Artigo 5º, § 5o, CPP. Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

PRAZO PARA ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

Artigo 10, caput, CPP.

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Art. 10, CPP.  O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

Indiciado preso: 10 dias. Indiciado solto: 30 dias.(Lembrar da hora que o delegado chega na delegacia 10h30)

Art. 10, § 3o , CPP. Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.

Se o indiciado estiver solto, o delegado pode requerer ao juiz a prorrogação do prazo. O Após ouvir o Ministério Público, o juiz admitirá ou não o encerramento, e o magistrado fixará um prazo para encerramento. A partir daqui o prazo é judicial, e não legal. Pode prorrogar quantas vezes o magistrado permitir.

Se o indiciado estiver preso, o prazo é improrrogável.O excesso de prazo para o inquérito policial quando o indiciado está preso, a prisão se

torna ilegal, de forma que deve haver relaxamento da prisão em flagrante. Artigo 5º, LXV, CF.

Art. 5º, LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

EXCEÇÕES DO PRAZO

Crime de competência da Justiça Federal: 15 dias, prorrogáveis por mais 15 dias, se o indiciado estiver preso. Artigo 56, Lei n.º 5.010/66. Considerando que essa lei não fala acerca do prazo para encerramento de inquérito no caso de indiciado solto, aplica-se o Código de Processo Penal (30 dias).

Tráfico de Drogas (Lei n.º 11.343/06): se o indiciado estiver preso, o prazo será de 30 dias. Se o indiciado estiver solto, o prazo será de 90 dias. Qualquer um desses prazos podem ser duplicados (prorrogar por uma única vez) pelo juiz. Não se pode prorrogar mais de uma vez.

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO EM CRIME DE AÇÃO PENAL PÚBLICA

Artigo 10, §1º, CPP.Art. 10,§ 1o, CPP. A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e

enviará autos ao juiz competente.O delegado declarará encerrada a investigação por meio de um relatório, que resumirá

tudo o que for feito. Tal relatório deve ser enviado ao juiz.Se for crime de ação penal pública, o magistrado abrirá vista ao Ministério Público.Se for crime de ação penal privada, aplica-se o artigo 19, CPP.Art. 19, CPP.  Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão

remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.

COMPORTAMENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Oferecer denúncia: se entender que há indícios de autoria e prova de materialidade.

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Requerer diligências complementares: E.g.: pedir para ser ouvida uma testemunha. Artigo 16, CPP. Neste caso, o juiz determinará que o inquérito policial vá para o delegado e, posteriormente, retorna para o Ministério Público.

Art. 16, CPP.  O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.

Requerer o arquivamento do inquérito policial: E.g.: se não há provas do crime. Deve-se requerer ao juiz.

O juiz pode: Concordar com o arquivamento e arquivar por decisão judicial; Remeter os autos para o Procurador Geral (chefe do Ministério Público): se

entender que não é caso de arquivamento. Artigo 28, CPP. Trata-se do princípio devolutivo do inquérito policial

Art. 28, CPP.  Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

O Procurador-Geral tem três possibilidades: Oferecer denúncia: se entender que tem base para a ação. Designar outro membro do Ministério Público para oferecer denúncia em seu lugar :

se entender que tem base para a ação, mas não quer oferecer a denúncia pessoalmente. Neste caso, ele pode designar qualquer outro promotor, que não aquele que requereu o arquivamento da ação penal. Esse qualquer outro, DEVE oferecer denúncia, porque neste caso não atuará de acordo com a sua convicção pessoal, mas atuará como longa manus do Procurador Geral.

Insistir no requerimento de arquivamento: não é o Procurador Geral que arquivará pessoalmente. Neste caso, ele requererá ao juiz, que está obrigado a arquivar o inquérito policial.

O INQUÉRITO POLICIAL FAZ COISA JULGADA MATERIAL?

Em regra, não. Pode haver ação penal por um fato que já tenha inquérito policial arquivado, desde que surja PROVA NOVA que traga base para a ação penal. Essa prova nova não poderia existir quando do arquivamento do inquérito. Ademais, quando surgir a prova nova, não pode estar extinta a punibilidade. Súmula 524, STF.

Exceções (quando a decisão de arquivamento do inquérito policial faz coisa julgada material, ou seja, quando a decisão de arquivamento não permite que seja revertida):

Quando o arquivamento foi fundado em atipicidade do fato: nesse caso, o juiz decidiu o mérito, portanto faz-se coisa julgada material.

Quando o arquivamento foi feito com fundamento na prescrição.

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO EM CRIME DE AÇÃO PENAL PRIVADA

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Artigo 19, CPP.Art. 19, CPP.  Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão

remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.

O inquérito policial ficará à disposição do ofendido durante 6 meses, para a propositura da queixa-crime.

Se o ofendido não promover a queixa, haverá o escoamento do prazo decadencial.A vítima pode pedir ao juiz uma cópia do inquérito policial IMPORTANTE!

AÇÃO PENAL

AÇÃO PENAL PÚBLICA

Titular: Ministério Público. Denúncia: é a petição inicial.

AÇÃO PENAL PRIVADA

Titular: ofendido, representante legal ou cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (“CADI”).

Queixa – crime: é a petição inicial.

AÇÃO PENAL PÚBLICA SE DIVIDE EM:

Incondicionada: o Ministério Público pode denunciar independentemente de autorização da vítima. E.g.: crimes contra a dignidade sexual, quando a vítima é menor de 18 anos ou quando é vulnerável (ser menor de 14 anos; alienado mental; quem de outro modo não poderia oferecer resistência, e.g.: alguém que tomou o “Boa noite cinderela”). Artigo 225, parágrafo único, CP.

Condicionada: o Ministério Público só pode denunciar se houver autorização da vítima.

Representação do ofendido; E.g.: crime de estupro. Artigo 225, caput, CP. Requisição do Ministro da Justiça. E.g.: crimes contra a honra do Presidente

da República ou chefe de governo estrangeiro. Artigo 145, CP.Tanto a representação, quanto a requisição não deflagram a ação penal. Elas somente

autorizam que o Ministério Público promova a denúncia.

AÇÃO PENAL PRIVADA SE DIVIDE EM:

Comum ou exclusivamente do privado Personalíssima Subsidiária

E.g.: crimes contra a honra.Sempre que a lei silenciar sobre a ação penal, ela será pública incondicionada.

AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA

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Somente quem pode ajuizar a queixa é o ofendido pessoalmente.O representante legal, nem o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão no caso de

morte podem ajuizar essa ação. E.g.: artigo 236, parágrafo único, CP induzimento a erro essencial ao casamento

ou ocultação de impedimento ao casamento.Art. 236, CP - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou

ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:Pena - detenção, de seis meses a dois anos.Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode

ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.

Neste caso, se o ofendido morre, extingue-se a punibilidade do agente. Assim, embora o Código Penal estabeleça que a extinção da punibilidade se dá com a morte do agente, a exceção ocorre quando o ofendido morre e ninguém mais poderá ingressar com a ação penal privada personalíssima.

AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

Neste caso, o crime é de ação penal pública. Assim, a titularidade da ação penal é do Ministério Público, que deve oferecer denúncia.

Prazo para o Ministério Público oferecer denúncia: (O PRAZO É METADE DO INQUÉRITO)

5 dias, se o indiciado estiver preso; 15 dias, se o indiciado estiver solto.Se o Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo de 5 ou 15 dias, significa que

ele ficou inerte. A inércia ocorre quando no prazo legal o Ministério Público não faz NADA. Se no prazo legal o Ministério Público, em vez de oferecer denúncia, requerer diligências ou requerer o arquivamento, ele não ficou inerte. IMPORTANTE!

Havendo a inércia do Ministério Público, o particular pode ajuizar queixa. A queixa só poderá ser oferecida findo o prazo para o parquet oferecer a denúncia, ou seja, a partir do 6º ou do 16º dia.

Na ação penal privada subsidiária, o particular terá 6 meses para ajuizar a queixa. Dentro dos 5 ou 15 dias: só o Ministério Público poderia oferecer denúncia. O

particular não pode ajuizar queixa. Após os 5 ou 15 dias: o Ministério Público continuará devendo oferecer denúncia.

Os deveres não sofrem decadência. Nos 6 meses, há uma legitimação concorrente, de sorte que o Ministério Público poderá oferecer denúncia e o particular poderá ajuizar queixa.

Se o ofendido não oferecer a queixa em 6 meses, haverá decadência da queixa. Qual é a decadência que não extingue a punibilidade? A decadência da queixa

subsidiária, porque o Ministério Público poderá e deverá oferecer denúncia a qualquer tempo.Na ação penal privada comum, se o ofendido não ajuizar a queixa, haverá extinção da

punibilidade do agente.Se o Ministério Público oferecer denúncia antes de o particular ajuizar queixa, a ação

será penal pública.Se o ofendido ajuizar queixa antes de o Ministério Público oferecer denúncia, o juiz

somente receberá ou rejeitará a queixa após ouvir o parquet. Neste caso, o Ministério Público poderá, em 3 dias:

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Aditar a queixa subsidiária: neste caso, o Ministério Público acrescentará algo à queixa;

Nada faz; Repudiar (afastar) a queixa subsidiária e oferecer denúncia substitutiva . Aqui a

ação já começa pública e não se transformou em pública. Isso se dá porque, até esse momento, o juiz não recebeu a denúncia (momento de início da ação penal). O autor da ação será o Ministério Público.

A ação penal privada subsidiária só nasce quando o Ministério Público adita a queixa subsidiária ou quando nada faz. Na verdade, ela só nasce quando o juiz recebe a queixa subsidiária, que poderá se dar nos dois casos citados. Se o juiz receber a queixa, o autor da ação é o ofendido. Aqui, o Ministério Público agirá como custus legis e terá como poderes de parte:

Interpor recurso pela acusação, ainda que o ofendido não tenha interposto. Propor meios de prova Em caso de negligência do ofendido, pode retomar a ação como parte principal. Aqui

ele retoma a posição de autor. Neste caso, no meio, a ação se torna pública.Nesses três casos acima, o Ministério Público tem poderes que não tem na ação penal

pública. IMPORTANTE!Se o ofendido for negligente na ação penal privada subsidiária, o Ministério Público

assumirá a ação. Trata-se da REVERSÃO DA TITULARIDADE. Aqui há a transformação da ação penal privada em pública. Essa assunção só existe na ação penal privada subsidiária.

Artigo 29, CPP.Art. 29, CPP.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for

intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

20/10/10

PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA

1) OBRIGATORIEDADE

O Ministério Público é obrigado a oferecer a denúncia, quando tiver elementos probatórios para tal.

2) INDISPONIBILIDADE

O Ministério Público não pode desistir da ação penal, ou seja, se começar o processo, deve ir até o fim, ainda que seja para pedir a absolvição.

No final do processo, o promotor pode pedir a absolvição do réu, se entender que este é inocente. Isso se dá porque o Ministério Público é custus legis (fiscal da lei).

O Ministério Público não pode desistir dos recursos interpostos.

3) OFICIOSIDADE

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A titularidade da ação penal pública foi atribuída a um órgão oficial, qual seja, o Ministério Público. Artigo 129, I, CF.

Art. 129, CF. São funções institucionais do Ministério Público:I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

4) INTRANSCENDÊNCIASomente pode ser processado criminalmente o autor da infração penal. Não se pode

processar criminalmente, por exemplo, o herdeiro. E.g.: motorista de ônibus que mata alguém. Não se pode processar criminalmente a empresa de ônibus.

PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA

1) OPORTUNIDADEA vítima oferece a queixa se quiser.

2) DISPONIBILIDADEA vítima pode desistir da ação penal.

3) INDIVISIBILIDADEHavendo dois ou mais criminosos, a vítima deve oferecer a queixa contra todos. Assim,

ou processa todos, ou não processa ninguém.

4) INTRANSCENDÊNCIASomente pode ser processado criminalmente o autor da infração penal.

AÇÃO PENAL NO CRIME DE LESÃO CORPORAL

Artigo 129, CP.Art. 129, CP. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:Pena - detenção, de três meses a um ano.Lesão corporal de natureza grave§ 1º Se resulta:I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;II - perigo de vida;III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;IV - aceleração de parto:Pena - reclusão, de um a cinco anos.§ 2° Se resulta:I - Incapacidade permanente para o trabalho;II - enfermidade incuravel;III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;IV - deformidade permanente;V - aborto:Pena - reclusão, de dois a oito anos.Lesão corporal seguida de morte§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado,

nem assumiu o risco de produzí-lo:

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Pena - reclusão, de quatro a doze anos.Diminuição de pena§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral

ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Substituição da pena§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela

de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;II - se as lesões são recíprocas.Lesão corporal culposa§ 6° Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de dois meses a um ano.Aumento de pena§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, §

4º. § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. § 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou

companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as

indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). § 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime

for cometido contra pessoa portadora de deficiência.

TIPOS DE LESÃO CORPORAL

Lesão corporal culposa: o agente age com imprudência, negligência ou imperícia. A ação penal é pública condicionada à representação. Artigo 88, da Lei n.º 9.099/95.

Lesão dolosa: é aquela em que o agente age com dolo, ou seja, ele queria o resultado ou assumiu o risco de provocá-lo. Somente a lesão dolosa tem gradações:

Lesão leve: é a regra geral. E.g.: pequenos cortes, pequenas escoriações. A ação penal é pública condicionada à representação. Artigo 88, da Lei n.º 9.099/95.

Lesão grave: uma das suas divisões é aquela que causa debilidade de membro, sentido ou função. e.g.: o marido bateu na mulher e ela ficou cega de um olho. A ação penal é pública incondicionada.

Lesão gravíssima: é aquela que ocasiona, dentre outras coisas, perda de membro, sentido ou função. E.g.: marido que joga ácido no rosto da mulher e ela perde a visão. E.g. 2: mulher que corta o pênis do marido (há perda da função sexual). A ação penal é pública incondicionada.

Segundo o Superior Tribunal de Justiça (STJ) também se aplica à violência doméstica ou familiar contra a mulher.

Lesão culposa do trânsito: Regra: Ação Penal Pública condicionada à representação. Exceção:

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Motorista embriagado, participando de racha ou dirigindo a mais de 50km por hora acima do limite para a via: Ação Penal Pública incondicionada.

AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA

REGRA: Ação Penal privada.

EXCEÇÕES: Crime contra a honra do Presidente ou chefe de governo estrangeiro : Ação

Penal Pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça. Crime de injúria racial ou injúria qualificada (artigo 140, §3º, CP): Ação Penal

pública condicionada à representação. Crime contra a honra de funcionário público no exercício de sua função: Há

duas possibilidades, de sorte que depende da vontade de vítima:- Ação Penal privada- Ação Penal pública condicionada à representação.

AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE PESSOAL IMPORTANTE!

ESTUPROEstupro é a prática de qualquer ato libidinoso, com violência ou grave ameaça. E.g.:

conjunção carnal.O sujeito passivo desse crime pode ser tanto a mulher, quanto o homem.

ASSÉDIO SEXUALO assédio sexual ocorre em relações em que subordinação hierárquica. E.g.: chefe e

secretária.A relação entre professor e aluno não é assédio sexual.

REGRA: Ação Penal pública condicionada à representação.

EXCEÇÕES: Crime praticado contra menor de 18 ano ou se a vítima é vulnerável (vítima

menor de 14 anos ou vítima que por qualquer razão não pode oferecer resistência, e.g.: vítima que está em coma; vítima que está embriagada; vítima doente mental): Ação Penal pública incondicionada.

Súmula 608, STF: se no crime contra a dignidade sexual houver violência real (se produzir, ao menos, lesão corporal) a ação penal é pública incondicionada.

CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

1) DECADÊNCIA

É a perda do direito de queixa ou representação pelo decurso do prazo.

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O prazo é de 6 meses, contados do conhecimento da autoria do crime.E.g.: “A” é ameaçado no dia 08/03/10. O último para ajuizar a queixa-crime é no dia

07/09/10. Apesar de esse ser feriado, o prazo aqui é penal, que é improrrogável.

2) PEREMPÇÃO

É a extinção da punibilidade decorrente da inércia do querelante.Só ocorre em ação penal privada.Artigo 60, CPP.I) Art. 60, CPP.  Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-

á perempta a ação penal:I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo

durante 30 dias seguidos;Nesse caso, o querelante não dá andamento ao processo por 30 dias seguidos.

II) Art. 60, II, CPP - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;

Em caso de morte do querelante, o CADE (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão) não dá andamento ao processo por 60 dias seguidos.

III) Art. 60, III, CPP - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;

Duas hipóteses: o querelante não comparece em ato que deveria estar presente. o querelante na ação penal privada, diferentemente do Ministério Público na ação

penal pública, não pode pedir a absolvição do réu.

IV) Art. 60, IV, CPP - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

Ocorre quando o querelante é pessoa jurídica e se extingue sem deixar sucessores.

3) RENÚNCIA

É um ato que acontece antes da queixa. É um ato unilateral, ou seja, não precisa de aceitação. Comunica-se entre os co-autores, de modo que se a vítima

renunciar para um, deverá renunciar para todos. Pode ser expressa (a vítima manifesta o seu desejo de renunciar)

ou tácita (a vítima pratica um ato incompatível com o desejo de processar. E.g.: namora o ofendido, é madrinha de casamento do ofendido).

4) PERDÃO DO OFENDIDO

É um ato que acontece depois da queixa, ou seja, durante o processo. É um ato bilateral, de modo que precisa de aceitação.

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Comunica-se entre os co-autores, de modo que se a vítima perdoar um, deverá perdoar todos. No entanto, só aproveita o perdão quem o aceitar.

Pode ser expresso (a vítima manifesta o seu desejo de perdoar) ou tácito.

REPARAÇÃO DO DANO

A vítima tem duas ações para buscar a reparação do dano.

1ª – EXECUÇÃO CIVIL DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA

A vítima deve esperar o trânsito em julgado da sentença penal condenatória para depois executá-la no juízo cível.

Assim, a vítima espera o processo criminal acabar e leva a sentença penal condenatória (depois de transitada em julgado, ou seja, irrecorrível) no juízo cível.

Problema: a demora para a sentença penal transitar em julgado.O juiz, na sentença penal condenatória, deve fixar um valor mínimo da reparação

do dano. Assim, a sentença penal tem certeza, exigibilidade e liquidez.A execução civil pode ser ajuizada contra o condenado; os seus herdeiros, nos limites

da herança (se o condenado morreu). O responsável civil não pode ser executado. E.g.: motorista de ônibus que mata alguém a empresa não pode ser executada no âmbito civil, porque ela não pôde se defender no processo penal.

Art. 63, CPP.  Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.

Parágrafo único.  Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido.

28/03/10

2ª – AÇÃO CIVIL EX DELICTO

Art. 64, CPP.  Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. 

Parágrafo único.  Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela.

Art. 65, CPP.  Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Art. 66, CPP.  Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.

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Art. 68, CPP.  Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o

e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.

É uma ação de conhecimento serão discutidos todos os fatos e todo o direito relacionados à infração. Assim, deve-se produzir provas.

HIPÓTESES DE CABIMENTO

Art. 67, CPP.  Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.

Se a vítima tiver urgência na reparação do dano: a vítima pode ajuizar a ação civil ex delicto no dia seguinte ao cometimento do crime e requer antecipação da tutela.

Extinção da punibilidade: e.g.: o crime prescreveu e não deu tempo de transitar em julgado a sentença penal condenatória. Assim, não é possível fazer a execução civil da sentença penal.

Inquérito policial arquivado

Absolvição penal: E.g.: “A” praticou um crime e é absolvido no processo penal. Via de regra, a absolvição não impede a ação civil ex delicto. Exceções:

- Reconhecimento da inexistência material do fato. Artigo 386, I, CPP. Essa absolvição faz coisa julgada no processo civil.

        Art. 386, CPP.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:

        I - estar provada a inexistência do fato;

- Reconhecimento da não autoria. Artigo 386, IV, CPP. Essa absolvição faz coisa julgada no processo civil.

Art. 386, CPP.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:

        IV –  estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; 

- Excludente da ilicitude, via regra. Essa absolvição faz coisa julgada no processo civil.

Art. 386, CPP.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:

VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; 

COMPETÊNCIA

Competência é a medida da jurisdição.

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COMPETÊNCIA DE JURISDIÇÃO / DE JUSTIÇA

É aquela que serve para descobrir qual é a Justiça competente.

JUSTIÇA DO TRABALHO

A Justiça do Trabalho NUNCA julga matéria penal (posição do Supremo Tribunal Federal em uma ADIn).

Crimes contra a organização do trabalho, crime de falso testemunho e crime de desacato contra funcionário da Justiça Trabalho serão julgados pela Justiça Federal.

JUSTIÇA ELEITORAL

A Justiça Eleitoral julga: Crimes eleitorais; Crimes conexos.

JUSTIÇA MILITAR

A Justiça militar julga: Crimes militares, mas não os conexos.A Justiça militar não é competente para julgar o crime doloso contra a vida

praticado por militar contra civil. Nesse caso, a competência é do Tribunal do Júri.

JUSTIÇA FEDERAL

Art. 109, CF. Aos juízes federais compete processar e julgar:I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem

interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei,

contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o

constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

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VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas.§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde

tiver domicílio a outra parte.§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em

que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

Regra: julga os crimes praticados contra a União (Administração direta e Administração indireta).

Administração indireta:- Autarquias (e.g.: crimes contra o INSS, por exemplo apropriação indébita

previdenciária).- Empresa pública federal (e.g.: Caixa Econômica Federal).

Essa regra não vale para as sociedades de economista mista (E.g.: Banco do Brasil; Petrobras).

Crimes praticados por ou contra funcionário público federal no exercício da função

- Crime praticado por funcionário público federal: E.g.: corrupção passiva policial rodoviário federal pede dinheiro para liberar o veículo.

- Crime praticado contra funcionário público federal. E.g.: atirar em policial rodoviário federal.

Crime político: a lei brasileira não define o que é crime político. Pode ser definido como aquele crime que possui motivações políticas.

Crime à distância: é aquele que conduta e resultado ocorrem em países diferentes. E.g.: tráfico internacional de drogas; contrabando e descaminho.

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Crime praticado a bordo de navio ou avião: não importa o navio, nem o avião. E.g.: o indivíduo está voando pela companhia Pantanal aerolinhas e dentro do avião pratica um crime.

IMPORTANTE! A Justiça Federal não julga contravenção penal. E.g.: acontece uma contravenção penal a bordo de um avião, a competência será da Justiça Comum.

Crime contra o sistema financeiro

Crime de permanência de estrangeiro. Se o estrangeiro é expulso do Brasil e aqui permanece, ele pratica crime.

Crime contra direitos indígenas. Não se trata de crime praticado contra um índio, que, em regra, será julgado pela Justiça Estadual. No entanto, se praticar crime contra uma coletividade indígena, a competência será da Justiça Federal. E.g.: invade aldeia indígena e expulsa os índios.

Crimes contra a organização do trabalho

Nos crimes contra direitos humanos, o Procurador-Geral da República poderá pedir ao Superior Tribunal de Justiça o deslocamento da competência para a Justiça Federal. E.g.: caso da irmã Dorothy, que foi assassinada no Pará e o Procurador-Geral da República pediu o deslocamento da competência para a Justiça Federal. No entanto, o STJ negou o pedido.

JUSTIÇA ESTADUAL

A Justiça estadual tem competência residual, ou seja, julga o que não for de competência da Justiça Eleitoral, da Justiça Militar e da Justiça Federal.

COMPETÊNCIA HIERÁRQUICA / COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

Algumas pessoas, pelas funções públicas que exercem, têm o direito de que o processo tramite em instâncias diferenciadas.

Prefeito: a competência é do Tribunal de Justiça. No entanto, se for se for crime federal, a competência será do Tribunal Regional Federal.

Governador: a competência é do Superior Tribunal de Justiça. Presidente: a competência é do Supremo Tribunal Federal. Deputado Federal / Senador: a competência é do Supremo Tribunal Federal. Juiz Estadual / Membro do Ministério Público Estadual: Tribunal de Justiça.

Encerrado o mandato da autoridade, o processo descerá para a comarca onde o crime aconteceu.

ESSA COMPETÊNCIA SE COMUNICA PARA OS CO-AUTORES?

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A competência por prerrogativa de função se comunica entre co-autores e partícipes. Na verdade, aqui se aplica o artigo 77, CPP. E.g.: caso do mensalão, que atualmente tem co-réu que é ex-deputado federal. Atualmente, o caso do mensalão está sendo processado no Supremo Tribunal Federal.

Art. 77, CPP.  A competência será determinada pela continência quando:I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;

COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA E JÚRIA competência por prerrogativa de função prevalece sobre o Júri, se estiver prevista na

Constituição Federal, em atendimento ao princípio da especialidade.Frise-se que a competência para julgar prefeito, governador, presidente, deputado

federal, senador, juiz estadual ou Ministério Público estadual está na Constituição Federal.

COMPETÊNCIA TERRITORIAL

Tem como finalidade descobrir qual é o foro competente.Em regra, a competência se dá no lugar do resultado. Artigo 70, CPP. No entanto,

há exceções na jurisprudência.E.g.: A, em São Paulo, manda uma carta-bomba para B, que está em Campinas. A

competência será de Campinas (local do resultado).Art. 70, CPP.  A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se

consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

Se o crime não for consuma, competente será o lugar do último ato de execução.Art. 70, § 1o, CPP.  Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se

consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.

§ 2o  Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.

§ 3o  Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Na ação privada o ofendido pode oferecer a queixa: No lugar do resultado; No domicílio do acusado.Art. 73, CPP.  Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro

de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

Se não sabe o local do crime, competente será o local do domicílio do acusado. E.g.: encontrou-se um cadáver boiando no rio, mas não se sabe onde ocorreu o homicídio.

Art. 72, CPP.  Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.

§ 1o  Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.

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§ 2o  Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.

Tratando-se de crime permanente ou continuado, que passa por várias cidades, competente é o lugar da prevenção.

Prevenção: é o lugar do juiz que primeiro decidiu.Art. 71, CPP.  Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em

território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

24/04/10

Professor Madeira professormadeira.worldpress.com

Estudar lei seca, jurisprudência STF e STJ, súmulas e muitos testes.

CONEXÃO E CONTINÊNCIA

A) NATUREZA JURÍDICA: Código de Processo Penal – é causa de determinação da competência (colocar este

na PROVA) Doutrina – é causa de modificação da competência.

B) HIPÓTESES:

Artigo 76 – CONEXÃOArt. 76, CPP.  A competência será determinada pela conexão:I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo,

por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;

I – arrastão após jogo de futebol; ataques do PCC (cai na prova); rixa

II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;

II – homicídio + modificação de local de crime

III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.

III – receptação + furto

Artigo 77 - CONTINÊNCIAArt. 77, CPC.  A competência será determinada pela continência quando:I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; Concurso de agentes

II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.

Concurso formal

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C) FORO PREVALENTE (música do Flávio): foro de atração (artigos 78 e 79)Art. 78, CPC. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão

observadas as seguintes regras:  I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum,

prevalecerá a competência do júri; II - no concurso de jurisdições da mesma categoria: a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as

respectivas penas forem de igual gravidade;c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior

graduação; IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.Art. 79, CPC.  A conexão e a continência importarão unidade de processo e

julgamento, salvo:I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.§ 1o  Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu,

sobrevier o caso previsto no art. 152.§ 2o  A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido

que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.

O Júri atrai. E.g.: o homicídio atrai a ocultação de cadáver. Infância e Militar – separação. Jurisdição de igual categoria.

- 1º critério: crime com a pena mais grave. E.g.: um roubo em São Paulo, conexo a 08 furtos em Osasco. Os furtos vão para São Paulo.

- 2º critério: quantidade de atos- 3º critério: prevenção: prática de ato decisório anterior.

PRISÃO

MODALIDADES DE PRISÃO:

Civil: alimentos (03 prestações + as que se vencerem no curso da execução). Não cabe prisão do depositário infiel.

Administrativa: disciplinar do militar. Prisão disciplinar é “ninguém sai do quartel”. Penal: ocorre após o trânsito em julgado. Processual:

- Em flagrante- Preventiva- Temporária

PRISÃO EM FLAGRANTE

MODALIDADES:

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Código de Processo Penal (artigo 302):Art. 302, CPC.  Considera-se em flagrante delito quem:I - está cometendo a infração penal;II - acaba de cometê-la;III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,

em situação que faça presumir ser autor da infração;IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam

presumir ser ele autor da infração.

I e II – próprio: está cometendo ou acaba de cometer (não costuma cair) III – impróprio: o sujeito é perseguido logo após o cometimento do crime. *

enquanto durar a perseguição ele está em flagrante: não pode haver solução de continuidade (interrupção).

IV – presumido: o sujeito é encontrado logo depois, com instrumentos ou objetos que façam presumir ser ele o autor da infração.

E.g.: o Madeira é gay? Presumo que seja, pois foi encontrado logo depois da aula beijando o Flávio.

Leis Especiais:

Flagrante retardado, virtual ou ação controlada:- Lei do Crime Organizado: prende para desbaratar a quadrilha- Não precisa de autorização judicial.

Entrega vigiada:- Lei de Drogas: prende o agente quando vai pegar a droga (no aeroporto) e precisa de

autorização (pois há possibilidade de a PF reter a Droga até o juiz autorizar) e precisa conhecer o itinerário da droga.

Flagrante Preparado:- O sujeito tem sua vontade atingida. O sujeito é induzido a cometer o crime.- É crime impossível (súmula 145 do STF)

Flagrante Esperado:- Não atua na vontade do sujeito. E.g: o delegado faz uma interceptação e descobre que

chegará a droga amanhã.- É válido.

Atenção: No caso de tráfico de drogas, se o traficante tem a droga, o flagrante é esperado, mas se o traficante não tem a droga e vai buscar com outra pessoa, o flagrante é preparado.

FORMALIDADES DO FLAGRANTE

Artigo 304, CPP.

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Art. 304, CPP. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.

§ 1o  Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.

§ 2o  A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.

§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste.

Artigo 306, CPP.Art. 306, CPP.  A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão

comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou a pessoa por ele indicada.  

§ 1o  Dentro em 24h (vinte e quatro horas) depois da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as oitivas colhidas e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.

§ 2o  No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e o das testemunhas.

Se o preso em flagrante não disse o nome de seu advogado, o policial deve encaminha cópia do auto de prisão em flagrante para a Defensoria Pública, no prazo de 24 horas.

Também é o preso para entregar nota de culpa ao preso.

PRISÃO PREVENTIVA

REQUISITOS (artigo 312 do CPP):Art. 312, CPP. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem

pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.

Indícios suficientes de autoria Prova da existência do crime (materialidade)

FUNDAMENTOS (artigo 312 do CPP) Garantia da ordem pública: ordem pública não é sinônimo de clamor público. Para

o STF, significa probabilidade de reiteração de condutas criminosas. Garantia da ordem econômica Garantia da aplicação da lei penal: caso Suzanne, ela ia fugir para a Alemanha.

Significa que deve haver indícios concretos de fuga.

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Conveniência da instrução criminal: caso Maluf, numa interceptação telefônica constatou-se que ele estava tentando influenciar uma testemunha. Se tentar indevidamente influenciar a colheita da prova, será decretada a PP, mas encerrada a instrução, deve ser revogada.

CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE (artigo 313 do CPP)Art. 313, CPC. Em qualquer das circunstâncias, previstas no artigo anterior, será

admitida a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos: I - punidos com reclusão; II - punidos com detenção, quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo

dúvida sobre a sua identidade, não fornecer ou não indicar elementos para esclarecê-la; III - se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em

julgado, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 46 do Código Penal.IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da

lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.

Caput: crimes dolosos.+ IV – se violar medida protetiva de urgência.+01 fundamento+02 requisitos

PRISÃO TEMPORÁRIA

Lei n.º 7.960/89

Só existe no Inquérito Policial O juiz não pode decretar de ofício Prazo determinado: 05 dias prorrogáveis por mais 05. No caso de crime hediondo

ou assemelhado: 30 prorrogáveis por mais 30.*** A prorrogação somente se dá em casos de extrema e comprovada necessidade.

CABIMENTO

Artigo 1º.

Artigo 1°, Lei n.º 7.960/89 - Caberá prisão temporária:I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários

ao esclarecimento de sua identidade;III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na

legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:a) homicídio doloso b) seqüestro ou cárcere privado c) roubo

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d) extorsão e) extorsão mediante seqüestro f) estupro g) atentado violento ao pudor h) rapto violento i) epidemia com resultado de morte j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado

pela morte l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;m) genocídio n) tráfico de drogas o) crimes contra o sistema financeiro

I combinado com o IIIOu

II combinado com o III

(o III sempre tem que ter)

I II

Quando imprescindível.................................................. Quando o indiciado não tempara as investigações do IP residência fixa - ou indiciado não comprova indentidadeIII – rol taxativo de crimes (decorar pelo menos quatro)

- Quadrilha ou bando- Crime de epidemia com resultado morte- Crime contra o sistema financeiro- + 01 a sua escolha (não escolher entre os óbvios)

LIBERDADE PROVISÓRIA

Uma prisão em flagrante legal que vai gerar uma contracautela que é a liberdade provisória.

HIPÓTESES:

1) Réu se livra solto: não é preso. Há 03 hipóteses:-Artigo 321 do CPP: se não tiver pena de prisão ou se a pena de prisão for de no

máximo 03 meses.Art. 321, CPP.  Ressalvado o disposto no art. 323, III e IV, o réu livrar-se-á solto,

independentemente de fiança:I - no caso de infração, a que não for, isolada, cumulativa ou alternativamente,

cominada pena privativa de liberdade;

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II - quando o máximo da pena privativa de liberdade, isolada, cumulativa ou alternativamente cominada, não exceder a três meses.

- Artigo 69, parágrafo único do JECrim: no JECrim, se o agente concordar em comparecer a audiência de conciliação, ele se livra solto.

- Artigo 301 do CTB: se praticar um crime do CTB e parar para prestar auxílio não pode ser preso.

2) Liberdade provisória vedada: há casos em que a lei proíbe de toda maneira a liberdade provisória. Exemplo: tráfico de drogas. O STF, na ADIn do estatuto do Desarmamento disse que a lei não pode proibir de maneira total a liberdade provisória. Pouco tempo depois veio a Lei de Drogas e proibiu a liberdade provisória. Pouco tempo depois, num HC o STF, com o mesmo ministro, Levandowiski, disse que não há problema a lei vedar totalmente a liberdade provisória.

3) Com e sem fiança

08/05/10

LIBERDADE PROVISÓRIA

1) COM FIANÇA

A fiança é uma garantia real. É um valor ou um objeto que se dá como garantia de que o indivíduo vai comparecer a todos os atos do processo.

Pode ser arbitrada pelo: Delegado: pode arbitrar a fiança para crimes punidos com detenção ou prisão

simples. Prisão simples é a prisão que existe na lei de contravenções penais. Juiz: pode arbitrar a fiança para quaisquer infrações, salvo os crimes inafiançáveis.

CRIMES INAFIANÇÁVEIS

Racismo (também é imprescritível), e.g.: impedir que uma pessoa ingresse em um local por causa de sua cor;

Grupos armados contra o estado democrático (também é imprescritível; é um crime contra a Segurança Nacional);

Crimes hediondos (Lei n.º 8.072/90 e.g.: estupro; homicídio qualificado; latrocínio; extorsão seguida de morte; homicídio praticado em atividade praticada por grupo de extermínio (“chacina”); falsificação de produto com fins terapêuticos) e equiparados (tráfico, tortura e terrorismo “TTT”).

Tortura: torturar alguém para obter uma informação / torturar alguém que estava em seu poder (e.g.: bater muito no filho). É a intensidade que diferencia a tortura dos maus-tratos.

Crimes cuja pena mínima excede 2 anos (critério utilizado pelo Código de Processo Penal), e.g.: furto.

2) SEM FIANÇA

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Vinculação: é a obrigação de comparecer em todos os atos do processo.

Sem vinculação: é concedida pelo delegado. O agente “se livra solto”. Há três hipóteses mais freqüentes:

Lei n.º 9.099/95 (infrações de menor potencial ofensivo); Porte de drogas: o porte de drogas é crime. Crime de trânsito, quando há imediato socorre à vítima.

Com vinculação: se o indivíduo faltar em algum dos atos do processo, será preso.Será concedida pelo juiz. Há duas hipóteses (artigo 310, CPP): Excludente da ilicitude; Quando não estão presentes as condições que autorização a prisão preventiva.

Art. 310, CPP.  Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticou o fato, nas condições do art. 19, I, II e III, do Código Penal, poderá, depois de ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação.

Parágrafo único.  Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão preventiva (arts. 311 e 312).

Segundo o Supremo Tribunal Federal os crimes hediondos e equiparados admitem liberdade provisória sem fiança.

PROVAS

O sistema adotado no Brasil é o sistema da livre apreciação da prova. Assim, quem atribui valor às provas é o juiz o fará de forma fundamentada. Artigo 155, 1ª parte, CPP.

Art. 155, CPP.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 

Exceção: há um caso em que se adota o sistema da íntima convicção. Por esse sistema, o juiz pode julgar conforme suas impressões pessoais, inclusive contra as provas dos autos. E.g.: Tribunal do Júri.

O juiz não pode condenar alguém com base exclusivamente no inquérito policial , porque este não contraditório, nem ampla defesa. Artigo 155, 2ª parte, CPP.

Art. 155, CPP.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 

PROVA ILÍCITA

Artigo 157, CPP.Art. 157, CPP.  São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas

ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 

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§ 1o  São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 

§ 2o  Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.

§ 3o  Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 

É a prova que fere norma constitucional ou norma legal. Fere norma constitucional: e.g.: prova que fere a intimidade. Fere norma legal: e.g.: confissão mediante tortura.

Artigo 5º, LVI, CF.Art. 5º, LVI, CF - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;Esse direito não é absoluto, pois os direitos fundamentais são relativos.IMPORTANTE: É admissível a prova ilícita em favor do réu. Para o exame da

OAB, a prova ilícita jamais pode ser aceita contra o réu.

Se a prova ilícita ingressar no processo, será desentranhada e destruída.

O juiz que teve contato com a prova ilícita, não é obrigado a se declarar suspeito.

PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO

Também é chamada de “frutos da árvore envenenada”.Tudo que deriva de uma prova ilícita também será ilícito.E.g.: confissão mediante tortura de que cometeu um homicídio e de que tem cocaína em

casa. O delegado fala para o juiz que recebeu uma denúncia anônima de que na casa do indivíduo tem cocaína. Assim, o juiz dá ao policial um mandado de busca e apreensão para apreender a cocaína. Segundo essa teoria, a apreensão da cocaína é prova ilícita.

Exceções:

Quando não for evidente o nexo causal entre a prova ilícita e a prova derivada. Quando a prova derivada poderia ter sido produzida por uma fonte

independente (quando por meio de investigação regular, a prova seria de toda forma encontrada).

PROVAS EM ESPÉCIE

Prova pericial; Interrogatório; Confissão; Declarações do ofendido; Prova testemunhal; Prova documental; Acareação; Reconhecimento;

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Busca e apreensão.Esse rol é exemplificativo, de sorte que podem ser produzidas outras provas, desde que

lícitas. E.g.: retrato falado, reconhecimento fotográfico; gravação que a outra pessoa sabe que está gravando etc.

Tratando-se de gravação, ainda que a outra pessoa não saiba, prevalece o entendimento de que a prova é lícita.

PROVA PERICIAL

Art. 159, CPP.  O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.

§ 1o  Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 

§ 2o  Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.

§ 3o  Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. 

§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. 

§ 5o  Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:  I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a

quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com  antecedência  mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; 

II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. 

§ 6o  Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado  no  ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. 

§ 7o  Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.

É uma prova técnica.

Basta um perito oficial. Se não houver peritos oficias, o juiz nomeia duas pessoas idôneas, que tenham curso superior e habilitação para o exame.

A prova pericial não vincula o juiz. Assim, o juiz não é obrigado a concordar com o laudo da perícia.

As partes podem indicar assistentes técnicos depois de realizada a perícia.

Art. 158, CPP.  Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

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Corpo de delito: são os vestígios deixados pelo crime. Se o crime deixar vestígios, será obrigatório o exame de corpo de delito, direto ou indireto, e a confissão não pode suprir sua ausência.

Exame direto: é aquele feito diretamente sobre os vestígios. E.g.: exame necroscópico / autópsia.

Exame indireto: se for impossível a realização do exame direto, outras provas podem suprir sua ausência. E.g.: empurra alguém de um barco no mar, com várias testemunhas vendo. Considerando que o cadáver sumirá, as testemunhas são o exame indireto.