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Direito Penal III- Parte Especial Professor Vilmar Antonio da Silva professorvilmar.wordpress.com [email protected] O Título I da Parte Especial do Código Penal cuida somente dos crimes contra a pessoa e está dividido em 6 capítulos: I- Dos crimes contra a vida II- Das lesões corporais III- Da periclitação da vida e da saúde IV- Da rixa V- Dos crimes contra a honra VI- Dos crimes contra a liberdade individual Segundo Nélson Hungria, todos os crimes, ao final, ofendem a pessoa, com exceção dos crimes contra interesses específicos do Estado.

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Direito Penal III- Parte EspecialProfessor Vilmar Antonio da Silva

[email protected]

O Título I da Parte Especial do Código Penal cuida somente dos crimes contra a pessoa e está dividido em 6 capítulos:

I- Dos crimes contra a vidaII- Das lesões corporaisIII- Da periclitação da vida e da saúdeIV- Da rixaV- Dos crimes contra a honraVI- Dos crimes contra a liberdade individual

Segundo Nélson Hungria, todos os crimes, ao final, ofendem a pessoa, com exceção dos crimes contra interesses específicos do Estado. Os que estão previstos no Título I são os que mais imediatamente afetariam a pessoa.

HOMICÍDIO é a morte de um Homem por outro Homem. É a

eliminação da vida de uma pessoa, praticada por outra pessoa. O homicídio é o crime por excelência. (Nelson Hungria e Heleno Cláudio Fragoso, Comentários ao Código Penal, Forense, 1.979)

ARTIGO 121: MATAR ALGUÉM. Pena: Reclusão de 6 à 20 anos.

Mas o que é matar? É tirar a vida...

O que é vida?

Vida, neste caso, é a vida extra-uterina, pois o ataque à vida intra-uterina seria outro crime ( Artigos 124 à 126 CP, aborto)

Mas não é qualquer vida extra-uterina. Tem que ser alheia, pois se o ataque for à própria vida, não seria homicídio, mas sim suicídio, o que no Brasil não se configura crime.

Também não se pode pensar no ataque que a mãe faz à vida do filho que está nascendo ou que acabou de nascer, estando ela sob influência do estado puerperal, pois neste caso, teríamos um infanticídio.( Artigo 123 CP)

Pode-se matar por várias formas:

COMISSIVA: Tiro, facada, paulada, pedrada, afogamento, atropelamento, com uso

de fogo, explosivo, agentes químicos, empurrando (de navio, de avião, de barranco, etc...

OMISSIVA: A mãe que não alimenta o filho para vê-lo morrer. A filha que não ministra insulina ao pai, diabético, para herdar seus bens. Ambos exemplos são crimes comissivos por omissão. Há o caso do salva-vidas que não socorre o afogado (Omissivo próprio).

A morte se verifica através da parada total e irreversível das funções encefálicas, segundo o Conselho Federal de Medicina (Res. 1480/97) que prevê que para se reconhecer tal estado, a pessoa tem que estar em coma aperceptivo, comausência de atividade motora supra espinhal e apnéia)

Não importa o estado físico e de saúde da vítima. Se acabou de nascer ou se só tem alguns minutos ou segundos de vida. Se alguém atirar no melhor amigo ou na pessoa mais amada, que arde dentro do carro em chamas, terá cometido homicídio.

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO

Previsto no § 1° do artigo 121, premia com uma redução de 1/6 à 1/3 a pena do agente, se reconhecido no caso, qualquer causa que demonstre ter sido o crime cometido em circunstâncias que não denotem ser o agente um ser tão repulsivo assim, ou seja, é como se fosse um reconhecimento da sociedade de que, não obstante o agente ter cometido crime, sua conduta até que não atingiu tão profundamente a paz social...

Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral:

Valor social: Capez diz ser aquele que corresponde ao interesse coletivo, como por exemplo, o agente que mata por amor a pátria, eliminando um traidor em tempos de guerra.

Valor moral: Seria o caso do agente que mata sua amada que ardia no carro em chamas, ou do filho que desliga a máquina que mantém vivo o pai canceroso e cheio de dores.

OU SOB O DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO, LOGO APÓS INJUSTA PROVOCAÇÃO:A emoção deverá ser violenta, ou seja, cheia de ímpetos, de raiva, de energia.

Deverá ser logo após uma injusta provocação, ou seja, não poderá transcorrer tampo suficiente para que o ânimo do homicida volte ao normal.

A provocação também deverá ser injusta, sem motivos.

O que causa esta violenta emoção difere de pessoa para pessoa

O homicídio pode ser qualificado:

I- mediante paga ou promessa de recompensa, ou outro motivo torpe.

Mediante paga é o crime de pistolagem, tão comum no Nordeste do Brasil, em tempos não tão distantes. O pagamento0 antecede o crime.

Na promessa de recompensa, esta vem após a execução do crime. Seria o caso do assassino

que mata em troca de um emprego, ou de uma noite de sexo com sua musa. É o homicídio mercenário.

... OU OUTRO MOTIVO TORPE.

Torpe é aquilo que é mais asqueroso ainda, mais desprezível, vil, ignóbil, abjeto, repugnante.

Vingança, por si só, não poderá ser considerado motivo torpe: um filho que mata o assassino de seu pai, não agiu de modo imoral, torpe, que contrastasse com a moralidade média.

Já para o noivo que mata simplesmente

devido ao término do relacionamento, incidirá em tal qualificadora.

MOTIVO FÚTIL:

Fútil significa frívolo, mesquinho, insignificante, com clara desproporção entre o motivo e a gravidade do crime.

Se o motivo torpe revela uma maldade quase imensurável no homicida, o motivo fútil revela um alto grau de prepotência, intolerância, egoísmo e mesquinharia.

São exemplos de homicídio por motivo fútil: matar por causa de uma fechada no trânsito, pequenas discussões familiares, pelo

fato da vítima ter rido do homicida; porque olhou feio (Capez)

Uma furada de fila, uma olhada pra namorada; por ter derrubado cerveja, sem querer, na roupa nova do homicida...

Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de

que possa resultar perigo comum.

COM EMPREGO DE VENENOVeneno é toda substância capaz de colocar em perigo a vida ou a saúde do Homem, através de ação química, bioquímica, ou mecânica.

A vítima não poderá saber que está sendo envenenada, pois é esta "sorrateiridade" que qualifica a conduta. Se o veneno for ministrado mediante violência, e isto obviamente causar grave sofrimento à vítima, poderá ser aplicada a qualificadora de meio cruel.

FOGO OU EXPLOSIVO:

Se o agente atear fogo à vítima, responderá pela qualificadora de

emprego de fogo. Se atear fogo em um barraco, localizado em densa favela, para matar seu morador, responderá pela qualificadora de emprego de maio de que possa resultar perigo comum.

O uso de explosivo é quando se emprega substância que atua com detonação ou estrondo. É a matéria capaz de causar rebentação (E. Magalhães Noronha)

ASFIXIA:

Pode se chegar à esta qualificadora quando a vítima é estrangulada, enforcada, esganada, afogada, soterrada ou sufocada.

Pode também a vítima ser asfixiada por gases asfixiantes, como o CO2, por exemplo, ou colocada em lugares sem a renovação de oxigênio, como um cofre por exemplo, ou enterrada viva.