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Redação AULA 1: A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA ESCRITA A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e compreender o que se lê. Segundo Ângela Kleiman, a leitura precisa permitir que o leitor apreenda o sentido do texto, não podendo transformar-se em mera decifração de signos linguísticos sem a compreensão semântica dos mesmos. Nesse processamento do texto, tornam-se imprescindíveis também alguns conhecimentos prévios do leitor: os linguísticos, que correspondem ao vocabulário e regras da língua e seu uso; os textuais, que englobam o conjunto de noções e conceitos sobre o texto; e os de mundo, que correspondem ao acervo pessoal do leitor. Numa leitura satisfatória, ou seja, na qual a compreensão do que se lê é alcançada, esses diversos tipos de conhecimento estão em interação. Logo, percebemos que a leitura é um processo interativo. Quando citamos a necessidade do conhecimento prévio de mundo para a compreensão da leitura, podemos inferir o caráter subjetivo que essa atividade assume. Conforme afirma Leonardo Boff, cada um lê com os olhos que tem. E interpreta onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender o que alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Para a escrita a leitura torna-se imprescindível para que através da ampliação dos conhecimentos, obtenção de informações básicas, obtenção de informações específicas, abertura de novos horizontes e saberes, sistematização do pensamento, aumento do vocabulário e melhor entendimento dos conteúdos o escritor possa escrever um texto que atinja de fato o leitor, tendo assim informatividade, criatividade, progressão, coesão, coerência e clareza. DICAS DE LEITURA 1 “Qualquer um de nós, senhor de um assunto, é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a redação, ao contrário do que muita gente pensa. Há apenas uma falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem.” J. Mattoso Câmara Jr.

 · Web viewlinguagem.” CASSIRER, Ernst. Linguagem e Mito. Tradução de J. Guinsburg e Miriam Schnaiderman. São Paulo: Editora Perspectiva, 1972, p. 55. PROPOSTA Você deve valer-se

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Redação

AULA 1: A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA ESCRITA

A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de

fato, interpretar e compreender o que se lê. Segundo Ângela Kleiman, a leitura precisa permitir que o leitor

apreenda o sentido do texto, não podendo transformar-se em mera decifração de signos linguísticos sem a

compreensão semântica dos mesmos.

Nesse processamento do texto, tornam-se imprescindíveis também alguns conhecimentos prévios

do leitor: os linguísticos, que correspondem ao vocabulário e regras da língua e seu uso; os textuais, que

englobam o conjunto de noções e conceitos sobre o texto; e os de mundo, que correspondem ao acervo

pessoal do leitor. Numa leitura satisfatória, ou seja, na qual a compreensão do que se lê é alcançada,

esses diversos tipos de conhecimento estão em interação. Logo, percebemos que a leitura é um processo

interativo.

Quando citamos a necessidade do conhecimento prévio de mundo para a compreensão da leitura,

podemos inferir o caráter subjetivo que essa atividade assume. Conforme afirma Leonardo Boff, cada um

lê com os olhos que tem. E interpreta onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para

entender o que alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo.

Para a escrita a leitura torna-se imprescindível para que através da ampliação dos conhecimentos,

obtenção de informações básicas, obtenção de informações específicas, abertura de novos horizontes e

saberes, sistematização do pensamento, aumento do vocabulário e melhor entendimento dos conteúdos o

escritor possa escrever um texto que atinja de fato o leitor, tendo assim informatividade, criatividade,

progressão, coesão, coerência e clareza.

► DICAS DE LEITURALembre-se de que, quem não lê, tem dificuldades de escrever, porque não possui um repertório.

Dessa maneira, leia os temas que são manchetes de jornais, revistas e portais de internet. Além disso, leia

crônicas, contos, artigos, editoriais, livros, blogs, etc.

Jornais Revistas Sites Blogs

1

“Qualquer um de nós, senhor de um assunto, é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a redação, ao contrário do que muita gente pensa. Há apenas uma falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem.”

J. Mattoso Câmara Jr.

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Além disso, assistir a filmes ajuda muito a refletir determinados assuntos e, assim desenvolver o

senso crítico. A cada aula ficará sugerido um filme que o ajudará a desenvolver o tema proposto ou

apenas servirá como discussão do assunto abordado.

GÊNERO: RESUMOO resumo é a apresentação concisa e frequente seletiva do texto,

pondo em destaque os elementos de maior interesse e importância.

Consiste no trabalho de condensação de um texto capaz de reduzi-lo a

seus elementos de maior importância. Tem a finalidade de difundir o

mais amplamente as informações e permitir, a quem o lê, decidir sobre

a conveniência de consultar o texto completo. Sua extensão não deve

ir além de duzentas palavras.

NORMAS PARA UM BOM RESUMO1. Separar os dados essenciais secundários.

2. Selecionar as ideias principais.

3. Considerar o que deve ser anotado de acordo com o uso que se vai

fazer.

4. Relacionar os elementos destacados e condensá-los.

5. Não resuma antes de ler, de esclarecer o conteúdo, de sublinhar e fazer anotações na margem do texto.

6. Desenvolver o assunto com as próprias palavras, de maneira dissertativa, usando frases curtas.

7. Usar parágrafos para separar os elementos importantes e diferentes. 

8. Em cada parágrafo, deverá haver um só elemento importante manter a fidelidade

9. Deve manter fidelidade às ideias do texto, portanto, não acrescente suas opiniões.

►DICA DE FILME

http://www.infoescola.com/cinema/o-diabo-veste-prada/

Título original: (The Devil Wears Prada)Lançamento: 2006 (EUA)Direção: David FrankelAtores: Meryl Streep, Anne Hathaway, Emily Blunt, Stanley Tucci.Duração: 109 minGênero: Comédia

Andrea Sachs (Anne Hathaway) é uma jovem que conseguiu um emprego na Runaway Magazine, a mais importante revista de moda de Nova York. Ela passa a trabalhar como assistente de Miranda Priestly (Meryl Streep), principal executiva da revista. Apesar da chance que muitos sonhariam em conseguir, logo Andrea nota que trabalhar com Miranda não é tão simples assim.

http://www.adorocinema.com/filmes/diabo-veste-prada/

►PRODUZINDO O GÊNEROO texto a seguir faz parte da coletânea da prova de redação da UNESP 2012. A partir da leitura do texto abaixo, redija um resumo, com até 15 linhas, que apresente as funções da bajulação expostas no texto.

2

A importância do resumo para compreensão e

interpretação da coletânea

Com relação à coletânea, a técnica do resumo ajuda análise, fixação, organização das ideias, integração entre os subtemas abordados nos textos da coletânea e o tema principal da proposta, além de ajudar o aluno a captar os argumentos e contra-argumentos necessários para produção do texto.

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As reações do cérebro à bajulaçãoPesquisa mostra que se você for bajular alguém é melhor fazer elogios descarados

Não é o que os meritocratas convictos gostariam de ouvir. Uma pesquisa da escola de negócios da

Hong Kong University of Science and Technology indica que a bajulação tem um efeito marcante no

cérebro da pessoa bajulada. Mais surpreendente do que isso é a conclusão do estudo de autoria de Elaine

Chan e Jaideep Sengupta: quanto mais descarada a bajulação, mais eficiente ela é. A pesquisa deu

origem a um artigo no Journal of Marketing Research, intitulado Insincere Flattery Actually Works

(“Bajulação insincera de fato funciona”, numa tradução literal) e rapidamente chamou a atenção da

imprensa científica mundial.

Os autores são cautelosos ao afirmar que puxar o saco funciona, mas é nessa direção que sua

pesquisa aponta. Elaine e Sengupta criaram situações nas quais os pesquisados foram expostos à

bajulação insincera e oportunista. Numa delas, distribuíram um folder entre os pesquisados que detalhava

o lançamento de uma nova rede de lojas. O material publicitário elogiava o “apurado senso estético” do

consumidor. Apesar do evidente puxa-saquismo, o sentimento posterior das pessoas foi de simpatia em

relação à rede. Entre os participantes, a medição da atividade cerebral no córtex pré-frontal (responsável

pelo registro de satisfação) indicou um aumento de estímulos nessa região. O mesmo ocorreu em todas

as situações envolvendo elogios.

Segundo os pesquisadores, a bajulação funciona devido a um fenômeno cerebral conhecido como

“comportamento de atraso”. A primeira reação ao elogio insincero é de rejeição e desconsideração. Apesar

disso, a bajulação fica registrada, cria raízes e se estabelece no cérebro humano. A partir daí, passa a

pesar subjetivamente no julgamento do elogiado, que tende, com o tempo, a formar uma imagem mais

positiva do bajulador. Isso vale desde a agência de propaganda até o funcionário que leva um cafezinho

para o chefe. “A suscetibilidade à bajulação nasce do arraigado desejo do ser humano de se sentir bem

consigo mesmo”, diz Elaine Chan. A obviedade e o descaramento do elogio falso, paradoxalmente,

conferem lhe maior força. Segundo os pesquisadores, é a rapidez com que descartamos os elogios

manipuladores que faz com que eles passem sem filtro pelo cérebro e assim se estabeleçam de forma

mais duradoura.

Segundo Elaine e Sengupta, outro fator contribui para a bajulação. É o “efeito acima da média”.

Temos a tendência de nos achar um pouco melhor do que realmente somos, pelo menos em algum

aspecto. Pesquisas com motoristas comprovam: se fôssemos nos fiar na autoimagem ao volante, não

haveria barbeiros. Isso vale até para a pessoa com baixa autoestima. Em alguma coisa, ela vai se achar

boa, nem que seja em bater figurinha.

Mas se corremos o risco de autoengano com a ajuda do bajulador, como se prevenir?

“Desenvolvendo uma autoestima autêntica”, diz Elaine. A pessoa equilibrada, que tem amor-próprio, é

mais realista sobre si mesma, aceita-se melhor e se torna mais imune à bajulação.

(As reações do cérebro à bajulação. Época Negócios, março de 2010, p. 71.)

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AULA 2: LEITURA DO TEMA

►TEORIA DA COMUNICAÇÃO

EMISSOR

CÓDIGO / CANAL

RECEPTOR

CONTEXTO

A leitura de um texto faz parte de um processo de decodificação, em que a construção dos

significados é feita com o uso de signos linguísticos, sejam eles verbais ou não-verbais. Se você está

diante de um signo e ele não significar nada para você, então não há comunicação. Se não compreender o

que está lendo, então as palavras escritas não tem significado para você. Agora, um signo só vai significar

se você puder interpretá-lo. A necessidade de interpretar diz respeito a que um signo não significa por si

mesmo. Ele é significado no contexto do uso que se faz dele: em um código e em uma situação. As

condições que você tem para interpretar o que está lendo individualmente são diferentes das condições

que teria se estivesse lendo com outros.

Teoria da Comunicação (adaptado) Pro-funcionário – Curso técnico de informação para funcionários da educação. Brasília 2006

►DIFERENÇA ENTRE ASSUNTO E TEMAA leitura atenta da coletânea é fundamental para o aluno distinguir o assunto do tema. Em uma

prova de redação, a compreensão e interpretação da coletânea é a primeira avaliação do candidato. Uma

leitura desatenta da coletânea pode fazer com que o aluno tangencie, fuja parcialmente e até totalmente

ao tema proposto. Sendo assim vamos começar abordando a diferença entre assunto e tema, para depois

na próxima aula discutirmos os tipos de leitura necessários para desenvolver uma boa argumentação e

não delimitarmos o tema proposto.

ATENÇÃO: Assunto é um conceito mais amplo. Trata-se, pois, de uma referência genérica. O assunto pode

até ser um fato específico, mas, diferente do tema, não é uma discussão direcionada. Veja o exemplo:

Assunto como referência genérica: “Terrorismo”4

QUEM RECEBE A MENSAGEM

DECODIFICA, COMPREENDE, PENSA, INTERPRETA

PENSA, CODIFICA E TRANSMITE A MENSAGEM

QUEM TRANSMITE A MENSAGEM

http://rpjr.wordpress.com

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Assunto como fato específico: “Os ataques ao World Trade Center, em Nova York, no dia 11 de

setembro de 2001”

Tema: “A intolerância no mundo contemporâneo.”

Em um tema como “a intolerância no mundo contemporâneo”, é possível falar sobre terrorismo, e

até usar como exemplo os ataques às torres gêmeas. No entanto, se o candidato se restringir a falar

somente disso, estará tangenciando e, assim, fugindo parcialmente ao tema, pois há várias outras causas

para a intolerância no mundo em que vivemos. Para não correr esse risco, destaquem sempre as palavras

e conceitos mais importantes do tema. A cada parágrafo escrito, releiam, e certifiquem-se de que vocês

estão falando exatamente da problemática proposta, e não de assuntos aleatórios, que simplesmente se

assemelham ao que foi pedido.

► PRATICANDOLeia o poema abaixo de Manuel Bandeira e responda às questões propostas:

O bicho

Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,

Não era um gato

Não era um rato

O bicho, meu Deus, era um homem.

1) Qual é o assunto desse poema?

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

2) Qual é o tema proposto por Manuel Bandeira?

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

►TIPOS DE FUGA

TOTAL: o aluno aborda um assunto completamente diferente do que foi proposto, não chegando nem

mesmo a fazer uma alusão ao tema. Esse tipo de fuga é muito comum quando as bancas exibem um texto

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não-verbal (uma charge, um cartum, um quadro, uma fotografia), fazendo com que o candidato não

consiga interpretar o que está sendo proposto, ou interpreta de forma equivocada.

PARCIAL: o aluno aborda o que foi proposto, mas de maneira muito superficial, tangenciando o tema,

ampliando-o demais, ou restringindo-o. Esse é o tipo de fuga mais comum, para evitá-la é necessário fazer

uma boa leitura da coletânea, atentando-se para a diferença entre assunto e tema.

►DISSERTAÇÃO DIAGNÓSTICA

O tema abaixo foi proposto pela FGV em 2009, para o curso de Direito. É comum nas provas da

instituição, a banca trabalhar com textos verbais e não-verbais, chamados de ‘mensagens-estímulo’,

pertencentes a diferentes áreas do conhecimento (arte, filosofia, história, literatura, etc). O tema não é

explicitado na proposta, o que exige ainda mais do candidato uma leitura atenta da coletânea para que o

tema proposto seja depreendido de forma coerente.

Dessa maneira, use os conhecimentos adquiridos nesta aula, e faça uma dissertação em prosa

com base na proposta da FGV 2009. Neste primeiro momento, o professor fará um diagnóstico da sua

leitura e escrita, para que você saiba os principais pontos a serem trabalhados no decorrer do curso.

FGV 2009Observe atentamente as mensagens-estímulo que se seguem, pois são a base para o desenvolvimento da

proposta de Redação.

Texto I“No princípio criou Deus o céu e a terra. A terra, porém estava vazia e nua; e as trevas cobriam a

face do abismo; e o espírito de Deus era levado por cima das águas.

Disse Deus: Faça-se a luz. E fez-se a luz. E viu Deus que a luz era boa; e dividiu a luz das trevas.

E chamou à luz dia, e às trevas, noite; e da tarde e da manhã se fez o dia primeiro.

Disse também Deus: Faça-se o firmamento no meio das águas, e separe umas águas das outras

águas. E fez Deus o firmamento, e dividiu as águas, que estavam por baixo do firmamento, das águas que

estavam por cima do firmamento. Chamou Deus ao firmamento do céu; e da tarde e da manhã se fez o dia

segundo.”

Bíblia Sagrada. Tradução do Padre Antonio Pereira de Figueiredo. Erechim. RS.: EDELBRA (Editora e Livraria Brasileira, Ltda.)

Texto II (imagem)

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Redação

MAGRITTE, René. L’échelle de feu (Escala de Fogo), 1939. 27 x 34 cm. Coleção Edward James Foundation, Chichester, Inglaterra. In: Magritte – signos e imagenes. Barcelona: Editorial Blume, 1978. p. 236.

Texto III “Tudo é teu, que enuncias. Toda forma

nasce uma segunda vez e torna

infinitamente a nascer. O pó das coisas

ainda é um nascer em que bailam mésons.

E a palavra, um ser

esquecido de quem o criou; flutua,

reparte-se em signos — Pedro, Minas Gerais, beneditino —

para incluir-se no semblante do mundo.

O nome é bem mais do que o nome: o além-da-coisa,

coisa livre de coisa, circulando.

E a terra, palavra espacial, tatuada de sonhos,cálculos.”

ANDRADE, Carlos Drummond de. “Origem – a palavra e a terra”, parte V. In “Lição de Coisas”. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1977, p. 325.

Texto IV “Ora, é preciso atribuir ao som da linguagem função idêntica à da imagem mítica, a mesma tendência para

persistir. Também a palavra, como o deus ou o demônio, não é para o homem uma criatura por ele próprio

criada, mas se lhe apresenta como algo existente e significativo por direito próprio, como uma realidade

objetiva. Tão logo a faísca haja saltado, tão logo a tensão e a emoção do momento tenham se

descarregado na palavra ou na imagem mítica, enceta-se, em certa medida, uma peripécia do espírito; sua

excitação, enquanto simples estado subjetivo, extinguiu-se, desabrochou na conformação do mito ou da

linguagem.”

CASSIRER, Ernst. Linguagem e Mito. Tradução de J. Guinsburg e Miriam Schnaiderman. São Paulo: Editora Perspectiva, 1972, p. 55.

PROPOSTA Você deve valer-se dos textos, verbais e pictórico, oferecidos como mensagens-estímulo para

elaborar sua Redação. Sugere-se, mas não se obriga, que elas sejam lidas na sequência em que ora 7

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aparecem: a primeira alegorizando a criação e a nomeação do mundo sob o ponto de vista místico; as

duas seguintes apresentando a disposição do homem feito artista a partir das coisas criadas; e a última

refletindo este processo conjugando mito e linguagem.

Elabore um texto dissertativo que tenha como eixo temático as mensagens-estímulo oferecidas.

Sugere-se que esse eixo seja mito e linguagem. Seja o mais coeso e coerente possível, discutindo, de

maneira convincente, o raciocínio que vier a desenvolver. Dê um título ao seu texto que sintetize a tese por

você defendida.

► PRATICANDOFaça um resumo em, no máximo, duas linhas, das ideias contidas nas coletâneas.

Texto I: _____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

Texto II:_____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

Texto III:_____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

Texto IV:_____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

Assunto em comum entre os textos: _____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

Tema:_____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

AULA 3: ANÁLISE TEXTUAL E RESENHA CRÍTICA

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Aumentar a nossa competência linguística é um dos requisitos básicos para que nos tornemos cada

vez mais aptos ao ato da escrita. Diante disso, devemos sempre buscar maneiras novas para o

aperfeiçoamento dessa técnica, como desenvolver o

hábito pela leitura de bons livros, a prática de nos

mantermos informados sobre acontecimentos

diversos perante a sociedade que nos cerca, dentre

outros. Tal medida contribui para o nosso

crescimento, tanto pessoal quanto profissional. 

►PRINCIPAIS TIPOS DE ANÁLISES

1. ANÁLISE TEXTUALÉ a leitura que tem por objetivo uma visão global, tais como o vocabulário, autor, época em que foi

escrito, estilo, ou seja, um levantamento dos elementos importantes do texto.

2. ANÁLISE TEMÁTICA É a apreensão do conteúdo ou tema, isto é, identificação da ideia central e das

secundárias, processos de raciocínio, tipos de argumentação, exemplos, problematizações, intervenções,

enfim, o desenvolvimento do pensamento do autor.

3. ANÁLISE INTERPRETATIVAEstá relacionada à associação de ideias do autor, considerando as ideologias vigentes, contexto

científico, filosófico, histórico; além da análise crítica do texto.

►TIPOS DE LEITURA

Leitura geral● Captar a tendência geral do texto

● Obter uma visão ampla do conteúdo do texto

● Ler, reler, anotar, resumir o texto

Leitura crítica● Reflexão, avaliação e comparação com o que se leu antes

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"Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam."

(Leonardo Boff, 1997, p. 9)

POR QUE CRIAR O HÁBITO DA LEITURA?

● AMPLIAR OS CONHECIMENTOS

● OBTER INFORMAÇÕES BÁSICAS E ESPECÍFICAS

● SISTEMATIZAR O PENSAMENTO

● AUMENTAR O VOCABULÁRIO

● ENTENDER MELHOR OS CONTEÚDOS

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● Depreender as informações implícitas que o autor induz nas relações que faz outros textos, autores,

ideologias.

► GÊNERO: A RESENHA

Resenha-resumo:É um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo, de um filme, de uma peça de

teatro ou de um espetáculo, sem qualquer crítica ou julgamento de valor. Trata-se de um texto informativo,

pois o objetivo principal é informar o leitor.

Resenha-crítica:É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação

sobre ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e

negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de

opinião.

Quem é o resenhistaA resenha, por ser em geral um resumo crítico, exige que o

resenhista seja alguém com conhecimentos na área, uma vez

que avalia a obra, julgando-a criticamente.

Objetivo da resenhaO objetivo da resenha é divulgar objetos de consumo cultural

tais como livros, filmes peças de teatro, etc. Por isso a

resenha é um texto de caráter efêmero, pois "envelhece"

rapidamente, muito mais que outros textos de natureza

opinativa.

O que deve constar numa resenha

O título

A referência bibliográfica da obra

Alguns dados bibliográficos do autor da obra resenhada

10

A LEITURA COMO ESTRATÉGIA PARA ARGUMENTAÇÃO

A leitura geral dos textos da coletânea possibilita ao aluno obter informações das quais necessita para estruturar seus

argumentos, a partir disso, o candidato deve selecionar, por meio de um resumo, os argumentos principais de cada

texto da coletânea. Após isso, o leitor deve verificar a consistência e a coerência dessas ideias, fazendo uma leitura

crítica dessas ideias principais, para assim selecionar os argumentos relevantes para sua tese/argumentação.

A importância da resenha para a dissertação

A resenha possibilita uma leitura crítica e profunda da coletânea, faz com que o leitor leia nas entrelinhas, buscando intenções discursivas e aspectos ideológicos, já que esse gênero além de caracterizar sucintamente a obra ou fato analisados, apresenta uma série de juízos de valor que procuram oferecer, ao leitor, uma avaliação ampla da qualidade e da validade da obra ou fatos analisados. Por esse motivo, as resenhas são textos argumentativos, uma vez que os juízos de valor devem vir acompanhados de argumentos que os sustentem.

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REENHA RESUMO

Redação

O resumo, ou síntese do conteúdo

A avaliação crítica

O título da resenha

O texto-resenha, como todo texto, tem título, e pode ter subtítulo, conforme os exemplos, a seguir:

Título da resenha: Astro e vilão

Subtítulo: Perfil com toda a loucura de Michael Jackson

Livro: Michael Jackson: uma Bibliografia não Autorizada (Christopher Andersen) - Veja, 4 de outubro, 1995

EXEMPLO DE RESENHA RESUMO/CRÍTICA

Um gramático contra a gramática

Gilberto Scarton

Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino (L&PM, 1995, 112

páginas) do gramático Celso Pedro Luft traz um conjunto de ideias que subverte a ordem estabelecida no

ensino da língua materna, por combater, veemente, o ensino da gramática em sala de aula.

Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na mesma

tecla - uma variação sobre o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as

noções falsas de língua e gramática, a obsessão gramaticalista, inutilidade do ensino da teoria gramatical,

relega a prática linguística, a postura prescritiva, purista e alienada - tão comum nas "aulas de português".

O velho pesquisador apaixonado pelos problemas da língua, teórico de espírito lúcido e de larga

formação linguística e professor de longa experiência leva o leitor a discernir com rigor gramática e

comunicação: gramática natural e gramática artificial; gramática tradicional e linguística; o relativismo e o

absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramáticos, dos linguistas, dos professores; o

ensino útil, do ensino inútil; o essencial, do irrelevante.

Essa fundamentação linguística de que lança mão - traduzida de forma simples com fim de difundir

assunto tão especializado para o público em geral - sustenta a tese do Mestre, e o leitor facilmente se

convence de que aprender uma língua não é tão complicado como faz ver o ensino gramaticalista

tradicional. É, antes de tudo, um fato natural, imanente ao ser humano; um processo espontâneo,

automático, natural, inevitável, como crescer. Consciente desse poder intrínseco, dessa propensão inata

pela linguagem, liberto de preconceitos e do artificialismo do ensino definitório, nomenclaturista e

alienante, o aluno poderá ter a palavra, para desenvolver seu espírito crítico e para falar por si.

Embora Língua e Liberdade do professor Celso Pedro Luft não seja tão original quanto pareça ser para

o grande público (pois as mesmas concepções aparecem em muitos teóricos ao longo da história), tem o

mérito de reunir, numa mesma obra, convincente fundamentação que lhe sustenta a tese e atenua o

choque que os leitores - vítimas do ensino tradicional - e os professores de português - teóricos,

gramatiqueiros, puristas - têm ao se depararem com uma obra de um autor de gramáticas que escreve

contra a gramática na sala de aula.http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php

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Redação

► PRODUZINDO O GÊNEROA coletânea de recortes de textos abaixo, retirados de fontes variadas, aborda a temática ‘Vício na

internet’. Tendo-a como apoio, redija o gênero textual solicitado.

COLETÂNEA

Quando se fala em vício, logo pensamos em drogas, cigarro, álcool, jogatina, entre outros. Porém,

o vício está ligado a uma questão mais ampla, ou seja, não se restringe a um ou dois aspectos, mas sim a

diversos. Há o vício em internet, diagnosticado quando as pessoas têm sua vida pessoal, profissional e

sentimental afetada pela permanência exagerada na internet.

(Texto adaptado de http://www.brasilescola.com/informatica/ciberviciado.htm)

Vício em internet é doença, defende psiquiatraEm editorial no American Journal of Psychiatry, Jerald Block, da Universidade de Saúde e Ciência

de Oregon, alega que o vício hoje é tão comum que deveria entrar na lista contida no Manual de

Estatística e Diagnóstico de Distúrbios Mentais – o principal livro de referência da Associação Americana

de Psiquiatria para categorizar e diagnosticar doenças mentais. Segundo o especialista, o vício em internet

tem quatro comportamentos principais: uso excessivo, frequentemente associado à perda da noção do

tempo ou negligência de impulsos básicos; sentimentos de irritação, tensão ou depressão caso o

computador esteja inacessível; necessidade de computadores melhores, mais software ou mais horas de

uso; e reações negativas como brigas, isolamento social e fadiga ligadas ao uso do computador.

(http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,OI2704377-EI4802,00.html)

Brasil está entre países que tratam viciados em internetAgnes Dantas

Tem gente que senta diante do computador para trabalhar ou fazer o dever de casa, dá uma

passadinha no MSN para ver quem está online, e entra no Orkut para saber se há novos posts e, de

repente, se dá conta de que se passaram 10, 12 horas de conexão à internet. Nem todo o mundo sabe,

mas existe uma linha tênue entre a mania de estar conectado e o vício em internet.

(http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2006/10/31/286471817.asp)

A doença da conexãoNinguém se surpreende ao ver a executiva Andiara Petterle entrar e sair de seu escritório com o

laptop em mãos. Como tantos profissionais, é, pela internet, que ela dá respostas rápidas a seus clientes

mais exigentes. Uma rotina normal, se não fosse tão difícil para essa gaúcha de 28 anos se desconectar.

O problema veio à tona há quatro anos, quando uma viagem com o marido se tornou um tormento diante

da impossibilidade de se conectar à internet no local.

(...) A compulsão por e-mails é uma extensão da dependência de internet, problema que se

manifesta também com jogos e compras on-line, salas de bate-papo e sites eróticos.

(Revista Veja, n.º 2001, 28 de março de 2007)

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Page 13:  · Web viewlinguagem.” CASSIRER, Ernst. Linguagem e Mito. Tradução de J. Guinsburg e Miriam Schnaiderman. São Paulo: Editora Perspectiva, 1972, p. 55. PROPOSTA Você deve valer-se

Redação

Internet cria novo tipo de viciado: como as drogas e o álcool, o computador pode causar

dependência, principalmente quando preenche carências e ansiedades "Ninguém se torna dependente de

uma coisa que não traz prazer. A internet é, sem dúvida, prazerosa e se torna dependência quando passa

a preencher uma carência, diminuir a ansiedade, aliviar uma angústia", diz o psiquiatra André Malbergier,

coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Hospital das Clínicas da

Universidade de São Paulo (USP).

(...) O tratamento também é semelhante ao que se submete um dependente de droga. Inclui psicoterapia

para tentar descobrir que conflitos pessoais levaram à dependência – parte dos viciados em internet,

dizem os especialistas, tem extrema dificuldade de relacionamento social. Em muitos casos, é preciso

tomar remédios que diminuam o impulso pelo computador.

(...) "Não podemos transformar a internet no vilão, porque o problema é o uso que nós fazemos dela", diz

Maluh Duprat, da PUC-SP. "A internet é um instrumento fundamental."

(http://www.gtpos.org.br/index.asp?Fuseaction=Informacoes&ParentId=349)

PROPOSTARedija uma resenha, em até 15 linhas, apresentando as informações principais sobre o tema Vício

na internet, abordado na coletânea de textos.

► AMPLIANDO O REPERTÓRIO

"Connected": An Autoblogography About Love,

Death & Technology" (EUA, 2011), dirigido por

Tiffany Shlain. Documentário investiga as

conexões às quais os seres humanos estão

sujeitos. Desde a internet, até as ligações entre

as pessoas.

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