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N.° 169 S. Paulo, 9 de Janeiro de 1915 ANIMO IV 8B§k ««*¦;¦¦ '¦" 0 FIM PO PINHEIRO 1 AFOGAPO NO NILO

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N.° 169 S. Paulo, 9 de Janeiro de 1915 ANIMO IV

8B§k

««*¦;¦ ¦ '¦"

0 FIM PO PINHEIRO

1

AFOGAPO NO NILO

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Í^BO PIRRALHO

.

t\Sociedade Mutua de Pecúlios por NASCIMENTOS, CASAMENTOS e MORTALIDADE

Approvada e autorizada a funccionar em toda a Republica pelos decretos Ns. 10.470 e 10.706

PECÚLIOS PAGOS MAIS DE 350«000$000

Todos os que se inscreverem até 31 de Dezembro do 1914, nas sérios de casamento

receberão os pecúlios um anno depois da inscripçâo.

J)epois da inscripçâo os mutualistas podem casar quando quizerem.

Quem se inscrever nas sêvl^lte nascimento, até o fim do corrente anno, será chamado 10

mem depois da inscripçâo e receberá de unia só vez o pecúlio que lhe couber.

õ nascimento pode dar-se em qualquer tempo.

Todo o sócio que propuzer outro para a sua sério terá a seu credito a importância de

cinco contribuições. Depois de completas as séries, por cada oito chamadas feitas, a sociedade

dispensará as contribuições dos mutualistas para as duas chamadas immediatas.

Sede Social: RUA S. BENTO N. 47 (sob.) ¦ Caixa Postal, U - Telephone, 2588-—s SÃO PAULO —s-

üiü^iSilSiüSi^SüS %&

Ym3EW

IT

Das marcas mais conhecidasSão estas que causam fé:As mais fortes, mais queridas,São marcas tfenctult e gerliet

São os melhores da praça!Pasmem todos! Vejam só!Pois custam quasi de graçaOs autos jferliei' e Renault.

s3BE SSSSi^3EEEEHE3 ===3 r^Ô

Pedidos: CASA ANTUNES DOS SANTOS - Rua Direita N. 41

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S. Paulo, 9 de Janeiro de 1915Numero 169

^^4-^ h

X, câ» ~A

Semanário lllustradode Importância

: : : : : evidente

R e cl eu o ç èi. oRUA 15 DE NOVEMBRO, 50-B

ÂJj Caixa do Correio,

NOVO RUMO0 discurso pronunciado pelo conse-

lheiro Rodrigues Alves, por occasiãodo almoço que lhe offereccu a políticapaulista, teve no actual momento re-

publicano uma excepcional significação-As palavras do venerando presiden-

telde São Paulo affirmaram nobremen-te toda a repulsa com que o nossoEstado viu desenrolar-se a escândalo-sa aventura do quatriennio Hermes,e foram além — disseram o que SãoPaulo pensa do dr. Wenceslau Braz,o regenerador desassombrado cio regi-mem.

Necessário se tornava que uma vozautorisada, representando o pensa-mento dos paulistas, desabafasse, nomomento em que os desabafos não sãomais perigosos para a ordem e são u-tilissimos para encorajar os icleaes doregeneração nacional.

O conselheiro Rodrigues Alves sa-tisfez perfeitamente essa aspiração po-pular que abrangia, em nossa Capitalcomo no interior, todos os coraçõesrealmente paulistas.

Estamos agora desoppressos e vin-gados.

Bem claro ficou que São Paulo re-ceberia de frente a scelerada interven-cão que projectaram, bem claro ficouque São Paulo condemnou a acção ne-fanda do caudilhesco figurão PinheiroMachado no governo da .Republica,bem claro ficou que São Paulo agiucom efficacia para a mutação do tor-pe scenario d'injustiças e crimes quedurante quatro annos infamou a nos-sa reputação de paiz civilisado.

Nós do Pirralho, que devemos a vi-da do nosso jornal á sua attitude deviolento campeão na lucta presidenci-ai de 1911, que com a nossa celebreampanha de satyra e caricatura con-

tra os capitães clovnescos e os coro-nelissimos burros de briosas fictícias,nos impuzemos ao publico não só d'a-qui e do Rio como também do restodo Brasil — regosijamo-nos franca-mente com a approvação que traz aa palavra solenne do grande estadistapara a tradição mantida durante qua-tro annos de existência.

Nós também desafiamos a interven-ção federal, nós também durante osquatros annos negros que se foram,lutamos semana a semana com todaa nossa coragem cie moços, pela jus-tiça espesinhada e abatida.

O dr. Wenceslau, recebemol-o confi-antes de que trazia comsigo um pro-gramma de nova era.

E, agora que o celebre banquete daRoüsserie, declarou de acção commu-mente patriótica e accorde os governosda Republica e de São Paulo, um no-vo alento nos anima e consola.

Ao dr. Carlos Guimarães que tãosabiamente governou na ausência doConselheiro Rodrigues Alves, não po-demos deixar de enviar também umvoto de firme approvação e solidarie-dade, pela brilhante energia que sem-pre manteve nas questões politicas a-gitaclas.

Aelle, pois, ao venerando conselhei-ro, ao dr. Bernarclino de Campos e aodr. Wenceslau Braz, os nossos applau.sos pelo novo rumo dado aos negóciosdo paiz.

COISAS DA RUA

«Um dia foi um rei que jurou nummomento matar um grão de trigo earremessou-o ao vento»... assim co-meça com grande e suave singeleza,a formosa e lendária bailada allemã.

E tudo passou...Na terra, a suecessão dos dias con-

tinuou na sua marcha inglória detudo envelhecer.

O mesmo sol de sempre, sempre omesmo monótono céo, as mesmas noi-tes, as mesmas estrellas, as mesmasborrascas, tudo tudo correndo a suamarcha natural.

Só morriam as ílorcs cuja existen-cia ephemera offuscava por un instantea vista dos mortaes, evocando-lhes ámente com a vida que lhe é própria,o adorno cios túmulos.

Folgava o Rei germânico. O audazgrão de trigo que uma corrente lhefizera um dia bater em cheio nas fa-ces, elle o matara. Suas regias mãos,haviam-n'0 enterrado. Elle morrerajulgava o Rei...

Um dia, gallopando de volta dacaça a alimaria real espanta, e rodo-pia. O séquito pára. O Rei, refreia oanimal, abandona a sela e desce echegando bem perto, do logar em queo grão de trigo jazia, olha-o e con-templa-o, e, ó espanto, alçando-a folhacomo um sabre.., vivo, muito vivo ainda.

E assim termina a bailada... «Eesse rei que vencera o orbe todo ini-migo, eil-o ajoelhado aos pés de umgrão cie trigo...

Eu também já fui um clia, o Reida bailada allemã e um affecto forteque tive na vida, foi um audaz grãode trigo. Um dia, jurei mattal-o. Fiztudo para conseguir esse intento.

Volveram sobre a terra os dias e...julguei-o morto, muito morto, roidotalvez pelos vermes do esquecimento...

Mas... quando eu menos esperava,um dia destes, na Rua, que era o lo-gar onde eu havia enterrado o meugrão de trigo, um dia encontrei oamor que eu enterrara, pretendendomatal-o, e... encontrei-o, alçando oglaudio da paixão, como um sabre,intimando-me ao novo affecto...

E eu, que vencera aquelie coração,que fui Rei daquella alma, ajoelhei-meentão, na suave adoração, daquellenovo amor, forte e sábio, puro e sin-cero como já o houvera sido nos tem-pos em que fui Rei, nos tempos emque amei...

Assim me f a liou com olhos scintil-lantes, o meu caro Febronio, naquella.tarde suave de janeiro, alentada pelaluz mortiça do sói ngonisante.

Marcus Priscus

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m O PIRRALHO ®

AS CARTAS D'ABAM 0 PIQUESc==>.

A MIA MALATTIA — O JOTA JOTA

O Baçú

Minho* querito inleitore.Mi sento pri-

mére di tutto in-zina acoscenzia,a brigaçó di spri-cá p'rus signoroso motive chá ionon scrivi a mi-gna preciada in-ffolaboraçó.

O motive fuiche io a settima-

na passata mi dexê pigá una malattiaindisgraziata, gapaze di amatà un re-gimento di bersagliere intirigno.

Mi faeeva a doiore na a gabeza,na as gosta, na a barfigula, na asgambia, i tambê inzima dus pé direttoi du dedo dus pés isquerdimo.

Intó io, che .stavo nu migno salóalavorando, mi dexé pega o garadurai fui s'imbora p'ra gaza mia.

Assi che io intrê a Gurmeligna mia parlo:

Eli! paio! o signore stá c'oacara di cimitero!!...

Che cimitero nó nada! Vá pigáruccubacca na vó!

Ma a Gurmeligna non quizi asabédi nada i mando cumpra un litro di

fio Joekey Club

ü».

O joekey Domingos jzevttziva raon-tado no Goytaeaz, o veneedor< do Çrandeprêmio Joekey Club.

olio di risco i mi fiz bebê tutto inti-rigno.

Intó io bibi.Ma che speranza! non fiz infetto

nisciuno!Aóra io dissi p'ra Gurmeligna di

manda xamá mecliatamento un vete-rináro.

Mezza-óra disposa stava in gaza oJota Jota.

-- Intó sô Bananére? che fui isso,mi dissi o Jota Jota.

Eh! dottore! stó scangagliato.Istu non é nada. Vamos a vê.

Intò o dott. Jota Jota mi aparpótutto interigno, mi scuitô o goraçó,mi iscuitô tambê as gosta i disposami mando butá a lingua p'relli.

Dexa di bringadêra dottore!...Non é bringadêra! Dexa vê a

lingua....Io butê a lingua p'relli.Sabi che fui che dissi aquillo indis-

graziato ?... Dissi che a ínigna linguastava sudicía !

Eh! porca miséria! io non quibrêa gara delli pur causa da Gurmelignaco Garluccio chi acudiro elli, sinopalavria di Deuse che io quibrava!

Disposa illo butô um gronometroimbaix'o o migno braccio i mi dissiche io teilia quarantas quattro gradodi febbra.

Gabado o inzamo illo mi dissi cheio tenia a febbra, marella, a pesteburboniga, a bixiga, cumprigada comindigesto i dolorc di denti, i tambêuna ingogestó cerebrale.

Porca miséria! stó morto midissi io.

Ma che morto né nada! vasorunhes non guebra, mi aparlô JotaJota.

Aóra illo mi aricetô maise di quin-dici rimedios índifferenti. Tenia unochi era pretto, pretto piore du rubbú.Otro era azzurro uguali co cielo diNapule. Tenia otro marello, otro vir-meglio, otro colore di burro quanosfugi etc. etc.

Tê tambê a dieta sô Bananére.Vucê non podi mangíá ne o fijó,

né garne di vacca...I di bôio?Tambê non podi.

I picadigno c'oa ponimarolla in-goppa?

Tambê non podi.I o macheroni co forma ggio in-

taliano ?Tambê non podi.

T a pulenta c'o pon intaliano?Tambê non podi.Eh! intô vá prantá batata, dot-

tore. O signore penza che mi dexamurrê de fame?

Aóra io piguê o Jota, Jota i mandeelli s'iml)ora, mecliatanienti.

Intó io mande o Garluccio xamá ocelebro dottore Baçú.

Uh! aquillo si chi é o dottore!Illo xigô, mi butô a mó inzima a

gabeza i pronto! iogiá stavo sarado.Aóra illo mi dê tambê unas purçó

di rodelligna di papelo i mi dissi p'rabutá dentro du gopo d?acua i bibê.

I a dieta dottore"?Non podi bibê ne gaffé ne arcol.Uh che bó! Caffé io non bebo

mesimo che io non gusto i arcol tambêio non bebo pur causa chi é moltoforte.

Io só bebo pinga, vino intaliano, ecc.Evviva o Baçú.

Juó Bananére.

Dr. Meirellc; Reis Filho

Foi nomeadoconsultor juridi-co da Secretariado Interior odistineto moço,dr.MeirellesKe-is Filho, que hadias deixou ocargo de seere-tario da presi-delicia no quaj

deu brilhantes provas de intelligencia e acti-vidade.

Applaudimos vivamente a escolha que o

governo de São Paulo houve por bem fazere como amigos do dr. Meirelles Keis Filhoapresentamos-lhe enusivas felicitações comos votos tle muita felicidade.

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O PI LiEALHO c

R flOSSfl "EfiQUETE" SOBÇE FRflDIQUE JVÍEflDESFRIiRh^OS OCTRVIO AUGUSTO

l.°Será Fradique Mendes um typo represen-

tativo de vida superior?Resposta:

Não. Nem de vida inferior. É um typorepresentativo de vida fictícia, futil apezarde erudita.

9 o—( e

Hera Fradique Mendes um elegante per-feito ?

Eesposta:Não, porque a erudição acima mencio-

nada lhe tira o dom supremo da elegância

pe feita, que é a ignorância.Não ha contradicçâo com a resposta ante-

rior, porque ahi digo que Fradique Mendesé o typo representativo da vida futil, postoque, por erudito, perdesse elle a faculdadeessencial da elegansia perfeita, que é, comoaílirmei, a invejável ignorância de tudo, prin-cipalmente a ignorância de si mesmo.

Como sabeis, Fradique Mendes se preoc-ciipavà com o seu eu, e com esta predispo-sição, cria-se psychologo, e apto á critica.

E, como quem se julga apto á critica,

persuade-se, com lógica inabalável, apto áereação, o personagem de Eça chegou, porcaisa d'aquella illusão bovariana de quefala um moderno, á conclusão de que deviafazer versos, e fel-os. Fel-os sem apagar a

gloria de Leconte de Lisle, e sem fazer mala Baudelaire, de quem, por falta de affini-dade espiritual, se proclamava admirador.

Já alguém com maldade lacônica, quiz ca-ractorisar esse homem, de mármore com uma

phrase sibilante, e chamou-o caixeiro viajante.Injustiça lamentável.. Nenhum caixeiro via-

jante teve ainda a ousadia de imitar Lecontee admirar Baudelaire, modéstia que tem tra-zido certa tranquillidade a espíritos graves.

Fazeis muita questão que eu vos fale daelegância de Fradique. Pois não é a elegan-cia uma questão puramente visual ? E quemé capaz de ver Fradique ? Eça não se preoc-cupou com que nós o víssemos, como vemoso Maia, o João da Ega, aquella criada doPrimo Bazilio, e o venerando ancião queperambula nos «Maias». Eça não quiz queo víssemos, quiz que o admirássemos, a elleEça, e não a Fradique.

Fraqueza, não tenho duvida, do grandeescriptor. Ninguém se immortaliza nos seuspersonagens. Procurae Shakspeare nas suasobras. Não o achareis se o procurardes comoquem procura Eça cm Fradique.

Vede o liei Lear. E' o apogeu da arte huma-na. Vede Hamlet. E' Byron phophetisado, éBaudelaire, é Shelley, é Anatole France, é Ma-chado de Assis, mas não é Shakspeare. Lem-brae-vos de Othelo. Representa todas as pai-xões, todas as revoltas da alma contra a fa-

talidade do amor, representa o homem emacção contra si mesmo, mas náo representaShakspeare.

A Tempestade, o drama mais pes-soai, mais subjective, do menos pessoaldos gênios, nada tem concretamente da pes-soa de Shakspeare, e não é mais do que aobjectivação dramática d'esse espirito fabu-lista que o obrigava a procurar os assump-tos nas brumas do norte, nas paisagens poe-ticas e históricas de Verona, na lendáriaVeneza, na longínqua Roma, na remotaGrécia.

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No Sonho de uma noite de verão vede co-mo se espande, em liberdade extrema, esse

gênio amigo da fábula, e inimigo da falsi-dade. Nem uma vez, porém, vem-lhe á menteo propósito de embasbacar o espectador coma sua própria personalidade.

Como que o rei do theatro moderno ca-

prichava em mostrar a scena, attenuando eesgarçando a silhueta, demasiado actual, doactor.

E não penseis que é só Shakspeare, entreos ápices da esthetica humana, entre ostlieoremas fundamenta es do bello real, quesegue essa norma, sem querer, sem sentir,sem se preoecupar comnosco, porque, afinal,ambicionar impor-se por meio de seus per-sonagens inveridicos nada mais é que a cons-ciência, embora momentânea, da própriafraqueza, da quasi nullidade na arte e navida humana.

Se quizerdes exemplos menos remotos,

podeis lembrar-vos de Flaubert, que eraemtanto violentamente pessoal em sua exis-tencia particular e pachorrentamente mysan-

thropo, de Balzac que pintou tantos caracte-res e não se pintou a si mesmo, de Goethe,o assombro da philosophia esthetica do se-culo passado, que, tendo representado todosos seus altos ideaes em Fausto, tendo n'elleencarnado toda a sua duvida pungente, todoo seu desespero, que é o desespero humano,nunca se lembrou, entretanto, de fazer doFausto uma simples succursal da sua pessoa,um mero reclame da sua personalidade.

Que Eça de Queiroz se tivesse esquecidode si próprio, a ponto de querer reprodu-zir-se a si mesmo n'uma das suas creações,é fraqueza sinceramente lamentável! E'me-diocridade contra a qual protestam as suasoutras obras, que certamente ainda terãovida, quando já Fradique estiver archivado,para bem da minha tranquillidade de medi-tativo sem elegância, e para mal do vosso

jornalismo petulante, porém original e amável.Voltando naturalmente á interrogação que

me fazeis (se Fradique Mendes é um ele-gante perfeito) não serei tão cruel para coma ereação, que alguns, com perversidadesem malicia, dizem predilecta de Eça de

Quei: oz, que vos vá confirmar n'elle a ele-

gancia, perfeta ou imperfeita.Para mim Fradique Mendes não é elegante,

nem deselegante, nem superior, nem inferior,nem bello, nem feio, nem futil, nem gravo,por uma razão muito simples : é que ellenão existe !

3.Em caso de resposta negativa, qual é o

typo ideal de homem ?Resposta:

Não é por affectação que me confesso algoembaraçado, ante a perspectiva de manifestar-me sobre o typo ideal de homem.

Sinceramente vos asseguro que prefeririaque me perguntasseis qual é o typo ideal demulher, porque, tendo eu tido a desgraça denão ser consultado ao nascer, percebi queera homem quando comecei a me preoecuparcom o typo ideal de mulher, pouco caso fa-zendo dos meus companheiros de infortúnio,isto é dos homens.

E' provável que, se fosse*mulher, vos dis-sesse promptamente que o meu typo idealde homem não seria nunca o de Fradique,

por não ter este nem a coragem de ser diffe-rente de todo o mundo, nem a covardia sym-

pathica de ser com todos parecido.Se fosse mulher, nunca perdoaria a um lio-

mem o ser medíocre, odial-o-ia menos se ovisse criminoso que se o visse banal.

Não que Fradique seja banal. E' apenasimpotente para manter essa immensa super.'o-ridade, que é a mola real da sua existência,illusão que o torna futuo, impertinente esem a fibra necessária para entrar na v i

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quotidana, encaral-a e domal-a embora ásvezes derrotado, ás vezes baleado, raas nun.ca de braço dado com a popularidade fácil,com a futilidade victoriosa (victoriosa porqueé a futilidade de todos) com a eterna estrei-teza cerebral da maioria.

Vejo que insistis commigo para que vosdiga o meu typo ideal de homem.

Pois bem, o Lomem que eu admiraria semrestricçôes, que eu havia de venerar seriaquem, mais forte que Zarathustra (oqual, aliás, renegou-se a si próprio voltandoentre os seus semelhantes) tives.se a energia

inquebrável de se contentar de si mesmo, desaber para sempre que nada podia acharentre nós de equiparavel ao seu próprio ser, eque tudo na sociedade é falso, é medíocre,é futil, é injusto, é insupportavel.

Está claro que me retiro ao typo ideal,como dizeis. sendo que ideai signirica paramim aquillo que a idea pura forma ao seconcretizar n'uma aspiração. Isso é synoni-mo de impossivel, de não existente.

Alguns eleitos conseguiram attingir umcomeço d'esse ideal, e é a elles que vae to-da a minha admiração e todo o meu respei-

to. E' áquelles que viram um dia, (e cVissose convenceram para sempre) que tudo en-tre nós é tão vil, tão corriqueiro, e tão pe-noso, que o melhor era se retirarem nellespróprios, encolherem se como pérolas entreconcha*, desprezando a humanidade, e nãoquerendo com ei'a nenhum contacto sério.

Vedes pois que o typo ideal de homemé qualquer cousa, para mim, de inexistente-de abstracto, mas, felizmente tereis percebidoque não me falta, ás vezes, admiração sincera e respeito commovido por certos typosnão ideaes, porém excepcionaes.

|4ota Política

Teve enfim final desfecho, o já ce-lebre caso do Rio.

Sem duvida nenhuma, estamos depleno accordo com o eminente sena-dor Ray Barbosa quando pouco antesdo illustre senhor presidente da Re-publica cumprir o habeas-corpus con-cedido ao Snr. Nilo Peçanha, chamouesse casu precidcncial de um caso na-cional.

De facto. A nação inteira acompa-nhou com vivo interesso a successãopresidencial no pequeno estado doRio e vio com enthusiasmo desusadoa serie de victorias quo, contra doisgovernos ia alcançando o illustre Dr.Nilo Peçanha.

Houve um instante, em que a causado estadista fluminense perigou.

S. Exia. depois cie brilhante cam-panha democrática pelo interior doseu estado; depois de uma brilhantevictoria eleitoral, sentiu perigar a suacausa.

A gentalha da Snr. Oliveira Botelho,chefiada por um tal Ponce do Leonacolytado por um tal Figueira d'Almei-da. se reunio em congresso apuradore. . . reconheceu presidente do estado,o tenente Sodré, hermista e... nadamais.

Nesse ponto então, o Snr. Nilo Pe-çanha, experimentado nas luctas poli-ti cas e convicto de quo a sua causaera a causa do Direito e da Justiça,não desanimou o batendo ás portasdo Supremo Tribunal, obteve a con-íirmaçào dos seus direitos o reconhe-cimento da Verdade e da Justiça.

Até alii, nada de novo; o que ns-sombrou, o que se constituio em sur-presa para toda gente, foi o presidenteda Republica destes Brazis mandardar posse ao Snr. Nilo, cumprindoassim a ordem de habeas-corpus queo Supremo lhe havia concedido.

Tão desacostumado estava já o po-vo brazileiro dessas boas normas dapratica do regimem republicano, queao se ler a noticia de que o Snr.\\,Tenceslau cumpriria o habeas-corpusparecia que se estava sonhando, tãoanormal era esse cumprimentode um dever constitucional.

Felizmente a quadra negra passoue o honrado estadista que preside osctuaes destinos do Brazil entrou peloabom caminho e vae na sua reservadae digna marcha de escravo da Lei ecultuaclor cia Justiça.

Ao illustre estadista Dr. Nilo Peça-nha, por cuja causa aqui nos batemos,enviamos o melhor cios nossos abraçoscom a quasi certeza que agora temos,de que após quatro annos de eclipscedo regimem republicano, estamos noreato caminho democrático e liberal,da Liberdade e da Justiça!

D.

O ESTADO DE S. PAULOCompletou mais um anno de exis-

tência no dia 4, O Estado de S. Paulo,o grande jornal diário que se publicasob a clirecçfio sabia de Júlio cie Mes-quita

A elle, como a Nestor Pestana, eAmadeu Amaral os dois valorosos e-lementos cio possante matutino, os nos-sos cumprimentos effusivos.

COISAS DE ARTEOCTAVIO AUGUSTO

Responde hoje à nossa etiquete sobreFraclique Mendes, o dr. Octavio Au-gusto Inglez de Souza.

Octavio Augusto foi um dos primei-ros amigos bons do Pirralho, teuclodeixado collaboração em prosa everso nos primeiros números cia nossa

revista, ívuma brilhante phase litteraria que ella leve.

De regresso de longas viagens pelaEuropa e pela America, Octavio Au-gusto, por essa epocha. firmara no Rioa sua reputação de escriptor admirávele cie critico sagaz e mordente.

Afastou-se depois da actividacle litte-raria, entregando-se simplesmente aoseu meüer de engenheiro e industrial.

Com grata emoção, publicamos hojea sua pagina sobre Fraclique e a quês-tãor cia existência superior.

É provável que uma das primeirasconferências d'este anno da Sociedadede Cultura Artistica, seja feita por ei-Io, quo ja foi convidado a falar sobreAraripe Júnior.

VITA NÜOVA

Eu não sou mais o lieroe de mil victoriasOue o peito expunha ás lanças inimigas,Embriagado de sonhos e de gloriasSupportando misérias e fadigas.

São sou mais personagem das historiasDe amor e de seu séquito de entrigas;Puz de lado as conquistas illusorias,Quebrei lanças, viseiras e lorigas.

Hoje sou um burgnez equilibradoCheio de preconceitos e temores,fiue censura e lastima o seu passado.

Longe da luta horrifica e assassinaMo tenho mais rivaes, nem coniendores,Com excepção do vendeiro lá da esquina...

Jacintho Góes

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O PIERALHO

"PIRRALHO" SOCIAL

A semana correu quasi semdiversões. Alguns dias de chu-va, outros de sói, noites enlua-radas, outras escuras e feias,commemorações muito intimasdo Natal em família, muitas cas-tanhas na intimidade regadaspelo bom vinho português.

Sem duvida alguma, na épocade fim de anno, a festa maissympathica, a mais suave dascommemorações é o reveillon.E a festa da esperança e, comotal, do regosijo. Em . geral,nessa occasião, toda gente éabyssinia; atira pedras no solque morre . ..

Mas, este anno, muita razãoteve toda gente de se regosijarcom a morte do 1914. Basta quecom olhar piedoso volvamos asnossas vistas para o Velho Mun-do, e veremos por certo comlagrimas nos olhos, a orphan-dade e a miséria, a fome e osangue, cobrindo o verniz decivilisação que fazia as naçõesòra envolvidas nesse pavorosocontlicto europeu, como sendoas mais cultas do mundo.

Não basta esse sinistro fruotodo fatídico 014 para nos encherde tristeza. Seguindo-o, veio acrise, a tão decantada assassinados prazeres e das diversões,veio o estado de sitio, veio tam-bem para nós o luto, o desgosto,a magoa, fructos talvez da iiru-cubaca que o Marechal deitou

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nesta infeliz terra .,.Muita razão por isso teve o

povo, para no dia 3L de Dezem-bro, á meia noite, se agarrarmalucamente em todos os postesda Light e numa anciosa ne-vrose de felicidade saudar comum tilintar infernal, ao ladodos longos e estridentes apitosde machinas, ao anno que nascia.

Que o anno que acaba de nas-cer nos seja fagueiro, quê ellenos traga, minhas gentis leito-ras, a paz e a ventura, a feliei-dade e o amor.

Hc ^k: ik.Realiza-se hoje, e vae por certo

marcar uma época, o pomposobaile promovido pela alma ge-nerosa de uma distineta com-missão de cavalheiros em bene-ficio das creanças belgas.

Dizem bem o que vae ser afesta de hoje, os nomes das se-nhoras que adherirara a essebello movimento de caridade ecujos nomes os nossos prezadoscollegas do Estado ãe S. Paulopublicaram.

A festa vae-se realizar nopomposo Theatro Municipal epara isso* a commissão direetorado festival preparou convenien-temente um tablado na plateado sumptuoso edifício, ornamen-tou-o brilhantemente, auxiliadapelos bellissimos elieitos de luzesque tem o theatro, estando o

M.LLE MARGARIDA MAGALHÃES CASTRO

LANTERNA MÁGICANaturalismo e arte dos ambientes

Estabeleceu-se o romance no século passado como forma de ex-pansão intelleetual, ao lado da poesia e do theatro que de temposimmemoriaes mantinham o ar superior de exclusivas formulas detrabalho liiterario.

As tentativas dos g egos, de Gervantes, de Scarron não haviamimposto ao gosto das épocas de florescimento artístico, a alluredo seu tom de historia commum, chata portanto pela composiçãoanedoctica dos factos da existência — e do Dom Quichotte se tiroumais a importância da lição satyriea do que o valor palpitante dapintura.

Veiu talvez Le Sage inflammar no theatro e no romance deaventuras reaes a extranha vivacidade do gênio gaulez e fazel-osum viver, o outro modificar-se. E do Gil Blas e do Diablè boiteuxoomo do Turcaret datou o almrguezamento das maneiras inspiradasde cantar a vida.

Ao grande movimento lançado pela mão bruta de Balzac, —havendo como que uma vontade contemporânea de reproduzir a ver-dade humana nos livros, que rebentou em Inglaterra nas floressimples de Dickens, George Elliot e Charlotte Brontê, e em Françanas complicações das telas psychicas de Stendhal — suecedeu operíodo de firmeza soberana da nova arte. Flaubert illustrou-o coma maravilha da sua paciência de artifice, e Miiupassant, mais doque nenhum, o representou.

Chamou se a essa maneira, fixada já em formulas, tendo um pas-sado prodigioso que >ó Balzac bastava para honrar, tendo uma

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Bl^^ QPlh-BALH... Z^^Bg

palco artisticamente transformado em bos-

quês onde servirão a ceia aos convidadose onde se forão ouvir duas optimas or-chestras.

Deante disso affirmamos desde já, o êxitoda festa de hoje.

JÜC 2AC JÜC

O baile conimemorativo do anniversariodo sympatliico Club Concórdia, por motivodo festival de hoje no Theatro Municipal,íicou transferido para o dia 19 do corrente.

Não desmerecendo dos bailes anteriores,podemos afíirmar desde já, que o baile doanniversario da velha associação dansante,

Os nossos instantâneos

vae ser magnífico, dados os esforços que jávem de ha muito empregando para que talaconteça, a distincta D;rectoria do sympa-thico Concórdia.

^IC Jij£. "Tfv*

M.lle ha de nos perdoar esta advertência:Num salão de baile, quando se desamarra

casualmente a fita do sapato e o cavalheironão vê, M.lle nunca deve pedir licença paiair ao quarto da toilette, mas sim pedir aocavalheiro que lhe amarre os cordões dosapato. È muito chie e distineto. o cava-lheiro ajoelhar-se e cumprir esse coinesinhoprincipio de delicadeza. Deixar o cavalheirosó, na sala, para ir ao quarto de toilette, éque se não faz, M.lle.

M.iy a regra adoptada é esta: Quando agente se dá com uma Mademoiselle e, ellase casa com um cavalheiro nosso desconhe-cido. no primeiro encontro que se tenhacom essa senhora, na rua, não se a cum-primenta, emquanto não se for conhecidodo marido.

Pratique esse costume que é finamentearistocrático.

ÜC 2JC -2j£.

M.r. .. vae nos perdoar também esta ad-vertencia:

Emboia em S. Paulo, ainda não haja esserequinte de gentileza e de chie que é tãocominum nos grandes centros europeus, acha-mos que aqui como lá, um cavalheiro nuncadeve se dirigir em primeiro logar a umasenhora ou senhorita, na rua, para cumpri-mental-a. Deve partir delia, a iniciativadesse gesto de delicadeza.

E' escusado explicarmos aqui as razõesmuito justas desse habito chie que todocavalheiro distineto deve praticar.

^kL ^k. lie

Hoje, com grande prazer, publicamos oretrato da dist neta e graciosa M.lle Mar-garida Magalhães Castro, um dos mais bri-

Os nossos instantâneos

lhantes elementos de encanto dos nossossalões e das nossas festas chies.

Vão fatalmente marcar uma época, asphotographias que iremos publicando, dadoo bom acolhimento que teve a nossa ideiadesde logo amparada pela boa vontade denos servir, que teem tido, todas as nossasamiguinhas.

He He He

M.lle M. P. e P.E' baixa e «mignon» e tem os olhinhos

muito apertados, pequenos e verdes.Os seus passos, sempre ligeiros e miúdos,

dão-nos perfeitamente a ideia do que é oseu espirito inquieto e travesso. E' norma-lista. Ha pouco regressou de uma cidadedo interior onde leccionava ha mezes, teu-do deixado, dizem as más línguas, um rapaz

historia portanto e, com ella, deturpações também e crises e paro-xismos — chamou-se a ella arte naturalista.

E ella domina o século inteiro como a mais legitima represen-tante de.-sa época de desespero philosophico que suecedeu comoreacção á «orada morbido-romantica dos Schiler e Goethe, Byrone Lamartine.

Ella creou uma esthética nova, não podendo dar como contri-buiçáo philosopliica mais do que e visão exacta dos homens e dascoisas — ponto de honra de todas as suas variações de agrupa-mentos.

A visão exacta era o fundamento mesmo d'essa estlietica — apura emoção da vida e só ella, a pura belleza da vida e só ella.

D'ahi para nós, filhos ainda d'esse período litterario e a ellemantidos por toda a corrente moderna dos romancistas que d'ellederivaram, — a necessidade de cultivar os estudos de ambiente,

para collocar com fidelidade e relevo as figuras humanas nos qua-dros naturaes que as rodeiam e seguem.

A arte dos ambientes é uma arte difficil que requer um atiladograu de cultura e uma curiosidade sempre accordada ás emoçõesdiversas que levantam em nós as espécies dilTerentes de conjumtosque encontramos.

A Balzac, esse possante evocador de sociedades inteiras, se devatalvez o desenvolvimento e o refinamento progressivo que ellatomou nos seus suecessores de realeza naturalista.

De ver, as estupendas collecções de interior e mobiliário, deriquezas de museu, de revelações de antigos castellos, de cidadese villages, que elle nos legou — verdadeiras monographias acom-palmando de perto a narração, colleando-a até fixal-a imperecivelna teia.

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12- O PIRRALHOr

BAILE NO INTERNACIONAL

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Um lindo gpupo apanhado pelo "O Pirralho5

da nossa distincta sociedade e que por látem fazenda, com o coração e o cérebro séria-mente trastornados.

Nas rodas sportivas, é muito conhecida anossa perfilada de hoje, principalmente noSkating, onde nos áureos tempos, a sua íi-gurinha de eximia patinadora foi sempremuito apreciada.

M.lle é como dizem os inglezes, umamodem girl sendo uma «levadinha da breca»conforme ella mesma o afíirma.

^li üc ücM.r J. M. F.

E' louro e rosado o nosso perfilado de"hoje.

Os seus olhos grandes e azues deixam-nosantever no brilho da luz que dispendem ofulgido espirito de que elles são janellas.

E' muito viajado e culto tendo grandesconhecimentos das coisas do Velho Mundoonde fez preparatórios e onde passou grandeparte da sua mocidade.

Muito joven ainda, o seu talento já fui-gura na melhor roda intellectual de S. Paulo,em cujo meio vive o sympathico quartan-nista de Direito.

Ainda ha pouco, por occasião da visitaá Faculdade de Direito do estadista francezM.r Caiüaux, o nosso perfilado fez-lhe uma

bonita saudação em francez, revelandograndes conhecimentos da historia políticada França e grande ardor na sympathia quevota á raça latina de que elle é adoradorincondicional.

Em política é rudemente liberal e nacio-n alista.

Em amor é nacionalista e cremos que,seja conservador embora sem credo definido.

E' elemento da nossa sociedade chie, tra-ja-se muito bem, tem um bellissimo espi-rito, é redactor de um dos maiores diáriosda America do Sul e herdeiro de um dosmais formosos nomes literários do jornalis-mo brasileiro, que a politica tem absorvido.

Esses elementos todos de que dispõem oJ. M. F. garantem-lbe o bellissimo futuroque terá por certo.

E é só.Ínterim

CARTAMi/riam, luz dos meus sonhos:Azul, muito azul, chegou-me ás mãos a

tua carta, que parecia um pedacinho de céo.Não quero em absoluto, ser o teu Mepliis-

tophele', nem tampouco, ser o doutor colle-cionador de borboletas, que levou o desaso-cego ao coração da ingênua Innocencia!..

Mas... minha querida Myriam, ha senti-mentos que a alma tropical, o espirito ar-dente de quem sente correr-lhe nas veias umsangue que entoa na sua carreira um hymnoá vida e ao Amor — náo podem sopitar.

Por isso, minha querida e adorável Myri-am foi que se me escaparam dos lábios paraa pena, aquellas ardorosas palavras da minhaultima carta. E eu te pedi perdão e, náome perdoaste. Mais uma vez, de joelhosa teus pés, supplice, peço-te a bençam doteu amor, acolhendo-me sob o pallio do teuperdão.

Não queres perder o teu paraiso, náo é?Pois bem, guarda-o para ti, só para ti, mi

Porque não falo da paysagern, cultivada já por poetas e roman-ticos, com luz ideal e intervenção desassombrada dos elementosambientes, cores, soes, luas, rochedos e mar.

Quanto mais se restringe a vida ás cidades e mais as suas tra-gedias e comédias se desembrulham na intimidade das salas e dosquartos de dormir, mais se precisa a importância dos interioresna arte naturalista e para elles converge a attenção acurada dosmodernos mestres da realidade e3ciipta.

De modo a serem já um luxo fino, como na luta abafada detodos os dias uma manhã domingueira de par lie de campagne ouuma curta estação d'aguas ou de praia, as gravuras de paysagernapuradas de tintas e contornos, com que um Maupassant sóe illu-minar cie tempo em tempo o .seu enredo.

Na paysagem como na revelação exacta e graduada do emoçãodos ambientes é ainda elle, o mestre perfeito do naturalismo, quedomina hoje não supplantado por moderno algum.

Siga-se pagina a pagina Fort comme Ia mort, Mont-Oriol ouessa genial aventura curta de Yvette, e veja-se com que prestigiose apresenta a concorrer com todas as épocas illustre da historiada arte, essa arte de reproduzir a vida como ella é, na decoração,certa de cada coisa, iclyllio, morte, festa, trágico amor ou banalexistência.

Oswald de Andrade

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O PIRRALHO

nba adorável Amiga, sciente de que esseteu egoísmo não é humano. Se calculassesque multidão de affectos, que tumultuar decaricias, que sensações novas, que doidososculos eu guardo para ti, só para ti, nãome prohibirias de f a liar no futuro. O futuroé mesmo esphinge, mas... como toda esphin-ge, tem um segredo que pode ser decifrado.

Mas não queres, por isso te obedeço. Nãodesejo nem um instante siquer, ser a tuatentação. ...

Não preferes como os anjos do ParaãiseLo.st exclamar sacrilegamente:

"lei nous sommes livres et mieux vaut Ialiberta dans les enfers que 1'esclavage dansles cieux..."

E o teu modozinho tão ach-ravelmenteauetoritario, tão docemente imperioso, deu-mebem claramente a idéia da tua energia. Obe-deçer- te-hei, minha, e só minha Myriam. Omeu ardor, teve a vida das rosas que meenviaste. A propósito disso, aproveito a op-portunidade para muito te agradecer as boassaudações de anno novo e os bollo.s botõesde rosas brancas.

Conto-te agora, a vida que elles tiveram.No dia em que o-; recebi, enchi d'agna o

vaso branco que possuo na minha mesa edepois de muito e muito acariciai-os com omeu amoravel olhai', deixei-os sobre o vasoe parti. Ao outro dia, talvez o calor doambiente, talvez a frescura da água, fize-ram-n'os desabrochar, todos, todis elles. Eeu então, passei todo o dia a lhes contar todoa minha historia de amor, os meus anhelos,os meus sonhos. . ..

Mas, as rosas desabro hadas viveram sóesse dia.

Pela manhã do outro dia, ao entrar naminha sala, vi o chão coberto de pétalasbrancas, brancas como os sentimentos bons.

CONSELHEIRO RODRTGUES ALVES

^*k.

Dois aspectos do banquete offerecido pela Commissão Directora.do Partido Republicano Paulista ao egrégio biusileiro

No vaso, nem uma rosa ficou. O vendaval....da descrença talvez, não poupou nem uma.Só ficaram os aculeos e. . . as folhinhas ver-des, muito verdes, evocativas da Esperança.

A Esperança e a tua prohibição de queeu falle no Futuro, estavam com certeza, noteu lindo ramalhete de anno bom. . . .

Bem, esta carta, ao contrario cia tua, faz-me mal. Longe de mim a descrença e odesalento.

Adeus. Digo-te, bem perto do teu ouvido— só pnra ti — apertando-te muito de en-contro ao coração:'Amemo-nos assim com crença e com cora-

gem" e. . . partamos para o Reino Encanta-do.. .

Teu.MARIO

BANQUETE POLÍTICO

O Conselheiro Rodrigues Alves tendo de um lado os drs. Carlos Guimarãese Rubião Júnior e do outro os drs. Xavier de Toledo e Bernardinode Campos.

A uma águia prisioneiraComprehendo, águia amiga, a tris-

teza do teu olhar, que é saudade ciastuas montanhas, dos espaços azues quepercorreste nos dias felizes.

Em vão, num forte desejo de vôo,experimentas as tuas poderosas azasque já se sentem cansadas d?esta im-mobilidade, a que te forçaram; insen-sivelmente te comparo a esses tempe-ramentos robustos que uma paralysiasúbita prendeu a uma cadeira de en-fermo, a essas almas sonhadoras quea vida, tão impiedosa e cruel quantoos homens que te aprisionaram, asphi-xiou-lhes todos os sonhos, infiltran-do-lhes uma grande, uma immensatristeza muito irman da tua.

Sabes de uma cousa, minha doce ir-ma, eu também quando mergulho oolhar no infinito sinto na minhaalma desejos de espaços, de uma ou-tra vida e na imposibiliclade do meuser, fico a voar com os olhos estesgrandes espaços azues.

Talvez seja por isto. que eu com-prehendo dolorosamente a tua tristeza,,pobre águia, minha boa irmã.

TT

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O PIRRALHO

~1

"Pirralho" Carteiro j.~z.^

M«-João Baptista k75\1LPompeu J.or: Obrigado pelas siias boas-fes-tas. Ketribuimos.

Metropoli ta n a:Gratos pelas boas-fes-tas.

M.«- Orlando Cor-rêa Vasques: Defnerecebeu a sua carta deboas-festas e nos ti ans-mittiu os seus bons vo-tos. Muito gratos e, ásordens.

m I

Calouro enfeitado B: Buy Blas, conti-nua, infelismente, enfermo. Quando e-lle sarar,naturalmemte fará o perf'1 da M.lle.

IW.r le Peintre Albert Federmann: Be-òebenios com prazer os seus bons votos defeliz anno novo. Ketribuimos com o mesmoprazer.

M.r Júlio Starace: Não sabemos como agra-decer ao bom e ta'entoso artista, a carta tãogentil que nos enviou pela passagem do an-no novo. Fazemos-lhe os mais ardentes v>tos para qne dentro em bieve S. Paulo possapossuir muitos outros monumentos de ailte

como os que já possue, produzidos pelo seufino espirito de artista.

M.He Yaya: Não podemos satisfazei a. Pe-ça outra coisa. Gratos. Eetribuimos.

M.He Jacyra: Isso só com M.Ues Cecy ouDolly. Elias é que são as previlegiadas. Anão ser que MU'' queira também brincar(ommigo... ás ordens.

M.He Brigida: Como vae indo? Ha tantotempo não a vemos! Ainda é nossa bôa ami-guinha? Porque não nos manda alguma coisa;nem que seja intriga, não faz mal. Que malfaz ímii brincadeira inofensiva?

M He Gaby: É. Não. Sim. Vi. Soube. É só.Adeus.

M.He Caipirinha: Cornelio Pires recebeua sua carta e fi ou muito agradecido pelaofferto dos ver.-os, que vae aproveitar. SiM.11'', foi mesmo como diz, as suas confe-reneias, não perca a que brevemente será an-nunciadi. Cornelio não responde em versosporque anda desinspirado...

Gostou muito desta quadrinha:

« Eu conheci ria morena

que sò de amor si findo!

parecia úa açuscena,tão branca que ella fico

M.lle Yvette: Vá á outra conferência deCornelio Pires. Por aqui nada de novo. É só*

A POSSE DO CONSELHEIRO RODRIGUES ALVES

Sf/,,: .¦¦. • '¦•¦ '. .-, ;,: * ¦ ¦• -.. .', ..- • ¦ '. r ,:'•:;, MskMíi-í-":"'-* ¦-, 'i "' . •

, i^¦ '¦ "' -"'.•",•"; ,->.Kt.-',-

M.He Dolly: Perdoe-me não lhe ter res-pondido sua carta, no ultimo numero. Comosabe na sexta feira estiveram fechadas asnossas offícinas e, por esse motivo, quinta-feira, foi necessário ficar prompto o jornal.

A sua carta que sò me chegou ás mãosquarta-feira de tarde, não ponde pois, terresposta no n.° passado. Achei muito espi-rito na sua carta.

Porque não gostou da minha ingênua per-gunta? Quer mais... do que aquillo? Oh!não seja exigente, minha amiguinha-.. 0 ne-dar não cáustica ninguém. Ao- contrario,muita vez, arrefece. Cáustica é a indiferen-ca de quem a gente ama.

Porque também eu não hei de me divertir?Castigo de pirralhas é sempre muito agra-

davel. Quem sabe se os pirralhos tambémas castigam!... De facto ando agora comcrença e com vontade de sonhar e é por is-so que mantenho correspondência comsigo.

Vou pedir ao meu anjo que me ensinemesmo as diversas cores

Como deve ser agradável eu, ao lado D'ellaaprender coisas tão boas!... Já lhe cacetieimuito: E sò e... adeus. Sempre ás suasordens.

M.Me Tinoca: Procure o Dr. Corrêa daSilva habillisimo advogado. Em penhorasentão é perito. Elle tem escriptorio na ruaQuinze 50 B, sala 7. É sò.

AZAMBUJA - Administrador

Café-Concerto

O Diário Popular não gostou dodiscurso do conselheiro Rodrigues Al-ves, mas louvou muito o menu servi:do no banquete.

Abatamos a opinião do orgam dascosinheiras.

Que tal si eu publicasse um li-vro com este titulo — As aventurasdo Manoel da venda.

0 titulo é de grande suecosso.-- Então eu publico só o titulo.. .

* *

O ILLUSTRE ESTADISTA EM COMPANHIA 1)0 DR. CARLOS GrüIMARÃES A QÜEM

APRESENTA SEUS AGRADECIMENTOS E LOUVORES

Eutào em dois dias três desastresna Central, hein?

E' isso, o homem diz que é ar-rojado.

0-S QUATRO JONGLEURS

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O PIRRALHO

A propósito do incêndio do Poly

A Prefeitura e a Directoria do ServiçoSanitário estão succumbidas: um povorosoincêndio, pavoroso e patriótico — no dizer

de um collega da manhã — destruio o velho

Polytheama, essa magestosa obra de folha

de fiandres que era o orgulho desta nossa

Capital Artistica. Sem mosaicos, sem mar.

mores, sem estufas, sem colunnas e sem ta.

peçarias, o barracão da rua de S. João não

tinha inveja do Municipal. Muito modesto,habitado por pulgas puro-sangue e por uma

interminável família de ratos, ria-se a bomrir do luxo asiático e do ouro espalhado

pelo tecto e pelas paredes do collosso do

pontífice da architectura Nacional, dizendo,com os seus botões: — Sou pobre mas tenhoacústica; o Scala, de Milão, não é mais boni-to do (pre eu e no emtanto é o preferido.

Como o Scala, o "Polytheama" teve diasde brilho extraordinário: a elite paulistadisputava-lhe, com empenho, frisas, cámáro-tes, cadeiras e polèiro. As casacos, o swoIcivg e os decotes durante vinte e três annosangmentaram, internamente bem ente ndidoessa casa anti estliefica que nós estávamoshabituados a chamar de theatro. Nuncaninguém, á saida dos espectadores, teve aidéia de traçar umas linhas ligeiras parareferir-se ao const aste, ao riduculo, daqael-Ias casacas, daquelles decotes, daquelles car_tolas luzidias ao lado daqellas altas paredesde folhas de fiandres e de telhas de zinco

que constituiram o casco do mais popular eapreciado "theatro," de S. Paulo.

E por isso elle vingou, viveu e teve sue.cesso abrindo os braços, com a mesma sem.cerimonia, a Mascagni e a Frank-Brown; aToscanini e ao illusionista Onofroff; a SarabEernhadt e a Pimpinela...

Equiparava todos os artistas; não íáziadistinção entre a companhia Lyrica e o circode Cavallinhos.

Não distinguia artistas, mas sabia distin-guir theatro de botequim...

Não havia espectaculo, mas também assuas portas náo se abriram para dar ingres-so aos noctivagos para o seu bar. Nesseponto seguia á risca o progamma que osnossos bi-savós religiosamente observavam.

Isso de theatro com annexos mais ou .me-nos immoraes é para os modernos.

E por ser assim, por não se conformar comessas cousas, uma tarde chuvosa, resolveudesapparecer, recorrendo ao fogo sem preci-sar, portanto, da acção da Prefeitura ou doSanitário.

E o incêndio foi formidável; o Polytheamamorreu heroicamente, resistindo aos ataques-aguerridos dos bombeiros.

O seu casco desappareceu nas chammascom a rapidez do relarapego, — facto esse

que muito inqjressionou a laboriosa colônia

portugueza por saber que a esquadra que

seu pais vae enviar contra a AUemanha étoda couraçada com.... folhas de fiandres,idênticas as do Polytheama.

Stiunirio Gama

T40TRS FÚNEBRES

Qual, o Dr. Alcântara é que não-é mais do P. E. C.

pPois não te lembras? elle foi

um dos candidatos do Dr. Olavo e doCoronel Eusebio na eleição municipal,e mesmo agora ha forte empenho nasua indicação pelo 1.° districto.

E com que elementos conta?Alem desses proceres que citei,

elle tem comsigo toda a Turquia pau-listana.

Vedeta .

Um aspecto do enterro dodr. Clovis Glyeerio

A política nos bairrosConsolação

Um diaio2;o:— E aquella historia do Capito...

então o Baptista não é mais do Al-cantara?

Lapa

Era muito bão. eu ganhava unscobres.

E' verdade que o coronel desejafazer a paz com o Franchini?

Aperfeitamente. .. os meu amigoestão trabaiano, pra;iso. Elles já de-vão muitas aguiada no juiz mais atéasora. . . não saiu sangue!

E o Oscar?0 Oscá passa telegramma p'ro

os seu 6 inleitó vota cum o Franchi-ni, nas vespa das inleição...

Zéca.

O POPULARISSIMO PROTESTA

/?. ALVES:PIRRALHO:

É possível? 0 meu discurso excommodou?Não faça caso, conselheiro é o órgão da Pandía,

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~Anno I EIO DE JANEIRO, Sabbado 9_de_Janeiro de_19ir) Num. II

TROÇAS M SIMM-00

O debatido e complicado caso doEstado do Rio foi, sem nenhuma du-vida, a principal e mais interessantetroça cia semana. Principal por terabsorvido completamente a attençâopublica, interessante pelo alto interesseque tem despertado entre os decifra-dores de charadas e apreciadores cielogogryphos. Porque a controvertidaquestão política fluminense é bem uniacharada cuja solução final parece sertão difficil quanto a cia quaclraturado circulo... E sentem-n'o bem osamigos do illustre Dr. Nilo Peçanha,desse mesmo honrado político que fa-voreceu, nos últimos dias "cia sua bri-lhante interinidade no mais alto postodo Governo da Republica e nos pri-meiros do seu cordato successor, oesbulho do Dr. Edwiges de Queirozdo cargo para, que fora legalmenteeleito e reconhecido, e para o exercíciodo qual estava garantido também porum habeas-corpas, menos efficaz ao queparece do que o obtido pelo actualinquilino cio Ingá.. .

O mal disfarçado descontentamentopelo acto acertado do sr. Presidenteda Republica convocando extraordina-riamente o Congresso Nacional, afimcie que este delibere como constitu-cionalmcnte lhe compete sobre o in-trincado caso político fluminense, deixabem perceber que não estão muitotranquillos esses paladinos do respeitoincondicional aos a restos do supremoTribunal Federal, dessa mesma egrégiae Suprema Corte que nos tempos omi-nosos do suecessor do snr. AlfonsoPenna concedeu medida idêntica aosmembros do Conselho Municipal, deque fazia parte o nosso talentoso col-lega Pedro do Couto, medida comque, apezar cie serem divinas as deci-soes do Supremo, nada conseguiramos intendentes cariocas...

Mas atinai, esta política fluminense,só mesmo de troca deve ser tomada.O snr. Alfredo Backer, eleito peloapoio do sr. Nilo, contra a autoridadedeste dentro em pouco sc rebella, efaz eleger pelos seus amigos, absolutamaioria em todos os municípios, o sr.Edwiges de Queiroz. E o sr. Nilo, porsua vez, manda que seus amigos ele-jam o sr. Oliveira Botelho, sendo esteempossado pela, força federal. Passamos tempos e a mésmissima historia serepete, et si cette chamou vousembête...

•**

A convocação extraordinária doCongresso Nacional veiu trazer umallivio, uma enorme consolação aosiimumeros pães da pátria ameaçadosda inqualificável violência cie se veremprivados das suas queridas visitas aoMonroe e... do subsidio, talvez aindamais querido... É uma espécie deprorogação cie mandato, não sob oponto cie vista financeiro, muito maisimportante nestes terríveis tempos decrize....

Para os deputados (e não são poucos),de que a Câmara terá a. ventura dever-se livre na próxima legislatura, ecujas caras, coitados, na sessão deencerramento mettiam dó, tal o seuar cie irreprimível tristeza, (si não fosseindiscreção citaríamos o nome do sr.Dyonisio de Cerqueira, ou cio sr. Ti-burcio de Carvalho...), esse caso pi-minense que motivou a sessão extra-ordinária a insta llar-se no próximodia, 9, si não existisse mister seriainvental-o... A quelqtie chose malheurest bon. . .

A fuga de Albino Mendes da Casade Detenção hontem descoberta, foi aultima da semana. O intellígente fal-sario, e hábil Litographo, proporcio-nou-nos a agradável impressão de umacousa sensacional e nova... Tão novae tão sensacional que a policia ficou

tonta, como tontos andam ainda osreporters policiaes que se sentem in-capazes de reconstituir a fuga em seusinteressantes detalhes. Algo cie novo,pois, ainda é possível para, a inexgot-tavel imaginação humana, mào gradoa habitual descrença do nosso pobreespirito blasé...

Por esta reconfortadora certeza, quenos c dada, pela audaciosa fuga deAlbino Mendes, quasi enviaríamos aorebelde e ingrato hospede do sr. MeiraLima os nossos cumprimentos pela-sua admirável argúcia, o que apenasnão fazemos pelo respeito que nosinspira, a policia do sr. Aurelino Leale, sobretudo, pela, absoluta, convicçãoda inferioridade da nossa, inventiva,em confronto com a do celebre moe-cleiro-f also...

Fausto Brazil.

Rio, 9 de .laneiro.

>-S4-?*-í*-*íç-£-*H$-*

ENQllÈTE SENSACIONAL*=^5Í5^

Não é possível, nos nossos dias, umsuicídio verdadeiramente original ebello? Um appello aos intellectuaes.

Oscar Lopes, o poeta e conteur ad-miravel, está com certeza atacado dasclouctrinas exóticas do empolgante ar-tista do uJardim dos Suplícios"... Obrilhante chronista, após a confessadaleitura de um livro cie Quincey em

que se estuda o assassinato sob o pon-to de vista da belleza da sua execu-

ção, lamenta, pela primeira columna deum dos grandes diários cariocas, emscintillantes períodos, a pobresa de i-maginação, a insufficiencia de mise-en-scene de uns tristes vinte e nove sui-cidios (excusez du peu...) ocorridos nes-ta adiantada e nobre Capital da Repu-blica- durante o mez de Dezembro.

i

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¦ ¦

El^sO PIERALHO... NO RIO

EE30e=30

Desejaria o elegante auctor dos Im-

punes, que esses corajosos candidatos

á Morte, na apresentação dessas ma-

cabras candidaturas, lhes despertassem

emoções fortes pela sua originalidadeou elegância requintada, Aié ahi, esta-

mos de pleno accordo com o poetasuavíssimo das Medalhas e Lejendas.O que não podemos, é dar o nosso as-

sentimento á condemnação lavrada porOscar Lopes contra o nosso super ei-

vilisado século achando-o incapaz de

lhe offerecer "a perfeição encantadorade PetromV ou a ucalma acadêmica

de Sócrates".

àh! Isso não. E' uma grave injusti-ca contra a qual deve protestar com

vigorosa indignação a imaginativa dos

esthetas, dos cultores da belleza con-

temporaneos, para os quaes, nestas li-

nlias, appellamos.

O conceito de Oscar Lopes, humilhaa intelectualidade do século XX. Não

achará, então, a phantasia raffinée dos

nossos artistas formas de suicidio assaz

bellas e originaes para se compararemá cie Petronio. ou de Sócrates?

Neste caso. seria evidente a deca-dencia da nossa raça e os allemães la-riam bem em tentar o seu completoanniquillamento...

Mas, não! Não tem razão Oscar Lo-

pes... pelo menos na nossa modesta opi-nião, que esperamos seja apoiada oucontradictada pelos nossos íntellectua-es e artistas, com a resposta, que será

publicada na integra, á seguinte en-

quête, certo muito innocente e ditada

por intuitos de perfeição e de belleza.

Não é possivel, nos nossos tempos,

um suicidio verdadeiramente original

e bello?

Ha il COLOMBO }} ás 5 CORRESPONDÊNCIA

Então, meu caro Viriato, quando dás,

novamente, signal de vida no mundo das

lettras, perguntou o PausilippoVQuando o «Kosmos» ou o «Fafasinho»

reapparecerem, pois são as únicas revistas

dignas dos meus trabalhos, respondeu o autordos Minaretes, soprando o charuto com

aplomb.O Baptista Júnior, que ua mesa ao lado

hebia « Oxygeneé », caliiu desmaiado ...

Quem é aquelle abonecado cavalheiro,de olheiras pintadas e bigodes escorrendo

brilhantina, que naquella mesa do canto

está douctrinando sobre complicados proble-mas poéticos, para as gargantas insaciáveisdo Amorim e do Cahet?

Ah ! É o poeta do chamiço

:ii í:

Corte Real:— O' Bilac: Você, depois quefoi eleito príncipe, parece haver deixado do

fazer a corte ás damas d'aqui.BUac: — É . . . agora só faço curte real.

Vês aquella irrequieta saracura que estásentada áquella mesa, com um vestido corde rosa ?

Vejo. Porque?Chama-se Sahara. Sempre que a vejo

fico doente de . . . amor.Pois olha: pelo seu aspecto, acho que

a Sahara cura....

Depois da guerra, o que poderá seraproveitado do Kaiser ?

A cinza,

Chegaste atrazado.Achas?Pois está claro, já são 5 e 20.Vejo que és de opinião inteiramente con-

traria ás das minhas namoradas, Todas cilasacham que eu gosto de andar adeantado ...

_ E ... minha irmã, também ?

Olegario Mariano Não podemos publicaros seus versinhos por não termos tempo

para os corrigir. Talvez arranje isso com o

seu mestre Luiz Edmundo.

Carlos Magalhães Publicaremos, com

muito gosto, os seus interessantes versos, á

razão de cinco mil reis a linha (Corpo 8,)

Dyonisio Cerqueira Tenha paciência,mas nada podemos fazer pela sua canditaturaá renovação do seu mandato. Cabida, a 15de Novembro ultimo, a maléfica arvore dohermismo, acreditamos não podem nem de-vem os seus fruetos sobreviver-lhe, nem mes-mo com uma pintura de opposicionismo de

ultima hora.. .

-£-£-^£-£rfeM:

PERFIS

Bueno Monteiro

Pelle tostada, olhitos de sabiá,

Hábitos complicados de pagé,Filho da fértil terra do café,

Nunca, na sua vida, tomou chá.

Quando este Bueno appareceu por cá,

Logo arranjou na imprensa um fincapè.

E quiz na lettras levantar banze,

Mas ficou preso dentro dum patuá.

Hoje tomou feições de ermo sagüi,

Anda pulando aqui, saltando ali,

Sempre tristonho, sempre jururú...

Coitado do Monteiro! Causa dó

Vel-o assim sorumbatico, assim só,

Chupando uma castanha de caju.

D'Axil.0

il)if;

LEIAMno próximo numero "Ono Rio" - Novas e s

Pirralho...ensacionaes

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pela grande casa, «Ficlict» dc Paris, c idêntica á dos grandes estabelecimentos do mundo.Esses compartimentos fecham-se por meio de uma fechadura d- toda segurança com chaves especiaes e

chaves de controle que exige sempre a dupla intervenção do locatário o do Banco para a, abertura, ou fechamento

do compartímento.Cada compartímento tem seu segredo Systema de combinação «Fichet» com três botões que permitte formar

um segredo que annula completamente o uso da chave de abertura a vontade do possuidor do compartímento.

Este systema. de combinações «Fichet» é o mesmo adoptado em geral em todos os grandes estabelecimentos

da França.Os cofres de locação acham-se depositados na caixa forte

situada, no sub-solo do Banco, e a sua construcção garante amais completa segurança.

A caixa forte acha-se aberta á disposição do Publicodas i) 1/2 ás 17 horas, todos us dias úteis.

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O Pirralho tem um excel/eqte programma de reformas para o pro-

ximo anno de 1915. .Conservando o seu caracter de revista leve, Moraria e humorística,

iniciará, no emtanto, secções de interesse variado, procurando exiender o

seu publico aos que se preoccupam com as questões vitaes do estado e

do paiz — lavoura, com mércio, industria, etc.

Promoverá novas enquétes, visto o grande successo da iniciada en-

tre intellecíuaes e mundanos da nossa cidade sobre a personalidade de

fradique Mendes e a questão da vida superior.

Desenvolverá a secçõo "Pirralho Social"; augmeqtará a reportagem

pho7ograph,ica; publicará collaboraçces inéditas dos nossos melhores ho-

mens de letras; entrevistará, sobre variado assumpto, as figuras do dia.

Âssignatura anntial 15$000

Redacção: Rua 15 de Novembro, 50-B