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ANNO XIX RIO DE JANEIRO, 3 UE JUNHO DE I9I0 0 Rio Nu ,'?'••• <*? i*' '. »,'¦ ¦¦¦¦•— NUM. 1702 Semanário Humorístico Illustrado ENUMERO AVULSO E cd 200 réis <=* Redacção, eseriptorio e officinas- Rua do Hospício N. 218 - Telephone Norte 3515 ²"V?ejo que a senhora é feliz e que anda por cima. ²Como se engana!... Eu para manter a linha da felicidade tenho que ficar justamente por bai-ío. Q «* n ELIXIR DE NOGUEIRA Do pharmaceutico e chimico JOÃO DA SILVA SILVEIRA PELOTAS - RIO GRANDE DO SUL Grande depurativo do sangue. Único que cura a "Syphllis" Vonde-se om todas ao Pbarmacifii e Drogarias. ¦ ¦ s

0 Rio NuJANEIRO, 3 UE JUNHO DE I9I0memoria.bn.br/pdf/706736/per706736_1916_01702.pdfdo pagamento dos prêmios e por isso na mesma sobrecarta em que for enviada a com-posição virá

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ANNO XIX RIO DE JANEIRO, 3 UE JUNHO DE I9I0

0 Rio Nu,'?'••• <*?i*''.

»,'¦ ¦¦¦¦•—

NUM. 1702

Semanário Humorístico IllustradoENUMERO AVULSO E

cd 200 réis <=*

Redacção, eseriptorio e officinas- Rua do Hospício N. 218 - Telephone Norte 3515

"V?ejo que a senhora é feliz e que anda por cima.Como se engana!... Eu para manter a linha da felicidade tenho que ficar

justamente por bai-ío.

Q «*

n

ELIXIR DE NOGUEIRA Do pharmaceutico e chimico JOÃO DA SILVA SILVEIRAPELOTAS - RIO GRANDE DO SUL

Grande depurativo do sangue. Único que cura a "Syphllis"Vonde-se om todas ao Pbarmacifii e Drogarias.

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(-)O RIONU(-) 3 de Junho de 1910

/-" 3( E5_ÍPiEID>nü-n¥_:J—s r—l

J do iO IIIO \l

TUNDADO EM 180S

ASSIGNATURASAnno... 12*000 | Semestre.. 7*000

Exterior: Anuo 20*000Numero avulso, 200 réis

Nos Eslados e no interior, 300 réisE3_S_

Toda a correspondência, seja deque ospecle for, deve ser dirigida aogerente desta folha.

Os nossosConcursos

Fica aberto até 20 de Julho o primeiro con-curso dc-sie .111110.

Será de monólogos, scenas cômicas e canço-netas, obedecendo ás seguintes condições:

a) -- o assumpto, que fica a escolha dos au-tores, será tratado em verso alegre, mas quepossa ser dito em publico ;b) — não poderá exceder a 150 versos, qual-quer que seja a forma escolhida — quadras, sex-tllhas, oitavas ou dc-cimas;c) -- tratando-se de cançonetas indicará a mu-sica correspondente ;d) - as composições destinadas ao concursoserão enviadas em sobrecarta fechada, com en-dereço ao gerente deste jornal, contendo a in-dicação -- "Para o concurso d'0 Rio Nu." Po-dem ser assignadas com pseudonvmos, mas éindispensável que a redacção tenha conheci-mento do nome do autor, para a formalidadedo pagamento dos prêmios e por isso namesma sobrecarta em que for enviada a com-posição virá em envolucro separado a decla-ração do nome. do trabalho e a assignatura doautor, só para os ejjcitos do prêmio ;e) - os- trabalhos recebidos serão submettidosao julgamento de uma com missão composta deautores theatraes conhecidos ; o que for cias-sificado em i° logar terá o prêmio de 20$ooo,recebendo o 2"1 preferido o prêmio de 10S000;os ;° e 4° escolhidos terão o prêmio de jjooocada um;f) -- os trabalhos enviados ficarão pertencendoao Rio Kit, que os poderá publicar embora nãotenham sido premiados.

O praso de encerramento é longo para quepossam concorrer os leitores dos Estados.

Julgado este, abriremos em seguida o con-curso de modinhas.

7Qla 1_ I? OImposto de honra vai lançar em breve,

desde o operário á tropa,o governo da Pátria para o juroser pago — o juro, apenas

daquillo que se deveaos ranzinzas banqueiros lá da Europa —

umas cifras pequenaspara evitar que um pavilhão extranho

nos faça um arreganho,tremulando nos mastros do Thesuuro —coisa que imporia, dizem, num desdouro...O caso é serio, a affronla mui provável.Por isso, é natural,

Não só aqui no Rio,como do sul ao norte,

toda a imprensa e'ogia a aeção louváveldo governo central

e acha que o nosso brioexige um sacrifício de lul sortep'ru nos salvar da humilhação, da morte.Vão, pois, soffrcr desconlos

lauto os que ganham contos,como os que tem mesquinhos vencimentos.E' preciso salvar da garra udunca

estu terra que nuncapassou iamais, tão crilicos moinados.

Ministros, congressistas,o próprio Presidente,lltteratos, artistas.afinal Ioda a gente,cedendo uma parcella

do vencimento ganho em cada mezfica salvo o Brazil por esla vez

e o credor enche 11 guelasem se queixar do empreitimo que fez.Eu o tributo pagarei com gosto,

como os mais infelizes...Tudo a Pátria merecee porque me pareceque sendo 'd'honra' o imposto

só náo devem pagal-o... us inerclrizcs.

A zelosa policiainterrompeu a marcha de uma peça

que fazia a deliciado zé povinho c tinha graça à Bessa

O empresário Loureirodirigiu-se ligeiro

á Justiça, em «sabida» petiçãoe conseguiu de magistrado austero

um despacho severodeterminando a representação.

A policia, com tudo,bute o pé, fica brava

e o Loureiro perdeu o tempo e tudoque do «reclame» conseguir contava..E' que essa peça tem, creiam vocês,

Aza negra, talvez.

Um perneta ricaçomandou dar aos >collegas», em desdita,

por esmola — o bagaçoda uma herança deixada pela tia.

E para isto fez fila :poz annuncios nas folhas, retratou-se

e no marcado diauma turba correu, como se fossereceber do esmoler boa fatia...

Mas que de illusào IEm vez do generoso mutilado

apparece, apressado,domingo no Passeio«perfeito» mocetão,

e, caminhando rápido no meiodos convidados entra no portão,

se installa no terraço,e quando «.'ire os cordõesda bolsa apanha um masso

c a cada pobre entrega dez tostões...Houve quasi protestos,um clamor traçando.

Muitos fizeram desabridos gestose a t a, no "Outro Mundo"

devia ter sentido a orelha quentepelo que ouviu por causa do parente,..

Musa, alegre, brejeira,Suspende um pouco a troça!A Libania morreu segunda-feira.Deixa um vácuo profundo

na zona em que se faz a brincadeira...Com certeza ella vai, logo que possa,promover .,casamentos» no Outro Mundo.

PADRE AMARO.

Folhinha d'0 Rio NuJUNHO

Tem 30 dias, quatro domingos c váriosdias santos, para delicia dos empregadospúblicos.

Os santos do mez são Ires patuscos deprimeira ordem : Santo Antônio, festejado a13, São João, a 24 e São Pedro, a 29.

São amigos das crianças e prolecloresdos namorados, principalmente o primeiroque até se deixa afogar uo poço para facili-tar casamentos demorados. Todos esses sau-tinhos, emquanto os ledelhos queimam ro-dlnhas e accendem pistolas, juntam osnamorados até mais tarde — meia noite pelomenos — para a leitura da buena dlcha e osalto na fogueira.

Bons santos, os de Junho. Como asnoites em que Imperam são frias elles unemmuito os casados, no intuito de não falta-rem petizes para os festejarem com as tia-diecionaes barraqiiiuhas e a queima de bus-cas pés e pistolas...

' A mulher nascida em Junho gostarámuito de piano, passeios, políticos e outrascoisas deliciosas que começam por p.

O homem será dado a conquistas, razãoporque andará sempre ás voltas com pannosde água e sal na cabeça e nas costas e outrasparles do corpo envoltas em gazes... nãoasphyxiantes.

CARTÕES P OS TAES

Temos á venda uma interessante col-lecção de cartões postaes alegres, nítida-mente impressos, representando scenasadmiráveis de gosto c de variedade.

Custa cada collecçào, que se compõede 10 postaes, apenas 2^000; pelo cor-reio, 2^500.

Pedidos a ALFREDO VELLOSO —Rua do Hospicio, 128.

I f" 1 L. II u"~*

Está á venda o N. 15 dos Contos Rápidosintitulado : O Consolador

Estou achando o senhor agora maisdisposto...

E' verdade, pequena, e devo isto aomilagroso Peitoral de Angico Pelotense.

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¦=285 :I de J""llü de |91fi

Pelos TheatrosO caso da Aguiu Negru nào sahiu muito

a feição do Loureiro. Montando a peça comespalhafatoso reclame, o popular emprezarioreservara para si o papel cie «águia,» mas apolicia, que não é pacca, cortou-lhe as azas,com habeiis-corpiis e tudo.

Dizem agora que a opereta voltará áscena... em Lisboa com outro nome o AzarNegro.

í-ir Escrevem-nos de Lisboa dizendo quea nossa velha amiga Mediiia (ez ahi comsuecesso o papel ile Marquez. nos Sinos deCorncville,

Bem nos informara dona Palmyra que asua collega era doudinha para fingir dehomem.

titr Fracassou por completo a tentativapara renovação do theatro da Natureza, comoperas lyricas.

Parece que o pessoal não se satisfizeracom a chuva e queria mais água...

Mas Deus não dorme,t*' O pessoal artilheiro que opera no

Spinelli tem feito uni suecesso onça. Passa-mos uma noite pela porta do Circo e veri-ficamos o delirio da platéa quando o Chico deMesquita matava como podia a Filha do Mar.

Quasi que as 17 pessoas da assistênciafaziam o theatro vir abaixo.

Arte é ali!*& A actriz Enunn de Souza pede-nos

que declaremos não ser ella a inviolávelda peça que com esse titulo se representouno Trianon. A senhora Ennna acha que issode inviolabilidade é muito bom para cartasdo correio, quando o pessoal não avança.

ttítr Duque e Qaby voltaram radiantes daBahia, onde foram festejados extraordina-riamente.

Pouco se demoraram aqui pois tem com-promissos em penca e serviço de sobra paradar ás pernas.*3T o Alexandre, do Trianon. querendoapanhar um pouco da sorte que o Loureirotem tido e, vendo que a Águia Negra não iaiá das pernas, montou no seu theatrinhoo Zebre com o nome de Águia.

E dizem que o Mounet Sully é arara...BT A dramaturga Guilhermina Rocha

está ruminaudo nova pecinha para augmentara sua bagagem.

Será publicada logo que se esgotem asedições da Resaca e do Dominó Preto, o queno máximo demorará, nove annos e meio.

HOMEM DE FERRO.

Au Biiou de Ia Mode ¦- °rande deP°sitode calçados, poratacado e a varejo. Calçado nacional e estran-geiro para homens, senhoras e crianças. Pre-ços baratissimos, rua da Carioca n. 80 — Te-lephone 3.660.

"UMA AVENTURA"

Da Casa Editora Cupido & C, estabe-lecida na ilha de Venus, acaba de sair áluz uma collecção de vistas illustrandoa narração da aventura do Zé Nabo comuma «illustre cavalheira» que pelo nomeparece ter nascido mesmo para o Zé.

UMA AVENTURA, que é o titulo daobra, está admirável mente impressa e sóa gravura que illustra a capa é um deli-cioso aperitivo. .. Vende-se a i ,t>ooo oexemplar; pelo Correio ilhjoo.

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_«i anfitriã ^h8* sr0^ ^fflj >

maiica mairrijAP» ?**¦

(-) O RIO NU (-)

E' dever de todo homem chie, de todohomem que sabe reunir o mil ao agradável,lazer uma visita á Alfaiataria Guana-bara, á rua da Carioca n. 34, para se cer-tilicar da verdade incontestável: é ali que seencontra a maior variedade em fazendas paraternos e em roupas feitas, tudo muito bemacabado, manufacturado a capricho e porpreços que desafiam qualquer concurrente.

Enviam-se instrucçoes e acceitam-se pedi-dos do interior, dando-se agencia.

1511.-1... por «fllti...A.' UxaVciqintélle»

Desprezas, hoje, o meu amor... porquanto,Amantes não te faltam... qual mais rico,E, tristemente, eu, na bagagem, fico..,Por minhas faces, rola, ardente, o pranto 1...

Commigo mesmo, emhirro, e mesmo inticoDés que adormeço, até que me levanto.—

E, furibundo, eu vocifero e grito...Causando, em torno a mim, tremendo espanto!

Por outro... ou outros mais, tu me desprezas;Não vais á minha missa, Adá... Não rezas,Por esse, o que te vota immensa estima...

Porém, só peço a Deus, que: — Ao teu marido...Futuro: — O amor. gostoso e bem comprido,Não venhas a pagal-o... inda por cima...

RABANETE.

m:\m\mmi\m\m\m

69 Está prompto !

Romance sensual

[vn<3| Acha-se á venda este extraordina-rio romance, que virá augmentar a

Bibliotheca d'0 Rio Nu, que, como ésabido, se compõe do que de melhorexiste uo gênero realista I

O 69 é o melhor estimulantepara os leitores que chegam á idadeem que deveras se aprecia e se dá ojusto valor aquillo que faz as deliciasda mocidade...

O enredo do 69 differe comple-tamente de todos os romances queO Rio Nu tem editado constituindoportanto uma novidade sensacionalpara os apreciadores do gênero... es-cabroso !

O 69 é emfim um bello romance,com cento e tantas paginas de lei-tura, além de bellas illustrações, eus-tando apenas1$000 réis o exemplar.

Pelo Correio, 1SÕ00

Suecesso garantido!

Que "Balentão"!...

No pouco limpo e muitíssimo acanhadoaposento (commum de sete) palestravam,jovialmente, os muito bãos amigos e muirespeitáveis patrícios: Manei da Horta,Zé da Porcalhóta, Jaquim d'Agrélla, amaisôitros; cujos nomes, não vem ao caso...nem á peilo, citar...

inútil seria dizer que «a ordem do dia»(ou, antes, a «ordem da noites) era a SantaTerrinlia...

liste, falava, tristemente, dos proves dusbélhinlius:

Cóitaditos d'ellesl... O que não terãoassufrldo, pur lá?...»

Outro, da sua Maria ; que lá se ficara,com um no sueco, ôilro no papo...»

Ainda outro, da mana «casadõira:»«Não tibésse.o raio da cachopa, dado pur lácáiquér máo passo...» Outro, ainda, referia-se, com mágoa sincera, ao mano mais nòbo:

Um filho isvanjador e pttrberso; quósmódus nâim parcia sèrfilhu du mesmo pai,»etc. etc...

Por ultimo, entraram a arrebatar, mo-desta e largamente, seus quixotescos feitos,de balentia e de cura/e...

Dentre elles, destacaremos o seguinte;de lavra e authoria do Jaquim d'Agrélla :

«Numa cáiquér véiz, lá me ia êu,niuntu açucegadu e na Santa Paz de NóssuSinhõr, a caminho p'rá Feira...

Mais, bai senão cuandu, au metter porum atalhiuho... açurgem, na minha frenti,tres ladrões; armadas, dabantajadus vaca-marres !...

Cáiquér ôitro, que não fosse este filhodu meu pai, era capaiz de arrebirál-o as-sentu... Mais, cá o Jaquim... não éi homep'ra ter mêdu dõitru vrutu, ingual ai élli!...

Puz-mi a currêr, inté um atalhinhu,qu'habia alli ó pertu ; plu cual sómenti pudiaintrar i passar gente em bicha... quéru êudezer, cá na minha: — uns impurrandu ósôitrus, pulas varandas d'atraiz...

Em m'atôpandu a certas alturas, aparei-me. Ospôis, agarrandu, c'o ambaPas mões,o páo ferradu, á laia duma lança de lancêiru,isperei a chigada dus vandidos...»

E... óspôis?... Ao despôis?.,.» —Interrogaram, anciosamente, os «petricios.» —

Au despois, us trèiz safardanas, quebinham á frente, foram istrepassadus, dumaassentada, p'lu páo balente!... Os ôitros,pagando-se, tòdus de mêdu, pediram-me, p'luamor de Deus, qu'os não afurasse...»

E... esse páo balente, tu inda otãens?...—(Interrogou, o Zé da Porcalhóta.)

Ora se tãinhul... Haid'ir cunimigup'rá cóba fria !...

Ei êsti, qu'êu tãinhu... aqui... aintrias pernas...»

E segurava o rijo e avantajado páo fer-rado; a achad'armas, de suas másculas vi-ctorias...

PICA-PAO.

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¦Ms- (-) O RIO NU (-)3 de Junho de 1910

M ISbeatro ò'0 Mio 5lwAS FESTAS

(Conto-monologo de Arthur Azevedo.)

Era o Alfredo casadoCom formosa mulher, nova e sadia,

Mas não a merecia :Andava enamorado,

Como um velho babão lascivo e tolo,De uma reles coristaCon, pietençôes a artista,

Que trabalhava no llieatro Apollo.

Fazia versos máos o pobre diabo,E era empregado num pequeno banco :Não podia dar-se ares de nababo,Não podia mostrar-se muito franco,

Pois o que ali ganhavaPara os gastos da casa mal chegava ;

Mas o parvo suppunhaQue do Apollo a corista lhe quizesse

Nào por vil interesse,E o seu carnal desejo en, versos punha,

Convencido de que ellaCon, tal moeda se satisfizesse.

Escusado é dizer que elle da'bellaNada mais conseguira,Tangendo a sua iyra,Senão coisas vulgares,

Sorrisos ternos, languidos olhares,-Porque já não ha hitisaQue ás coristas-seduza— <

Já lá se vai o tempo em que uni soneto.Embora não tivesse chave de ouroNo ultimo verso do ultimo terceto,

Tinha a chave que abria,Depois de longo e petinaz namoro, tO duro peito da mulher mais fria.

A misera poesia,'Por tantos explorada,

Hoje é moeda desvalorisada. ••¦'-, ¦ ¦

O visionário AlfredoVai uma noite ao theatro muito cedoE faz chegar ás mãos da semi-arti.sta,

Dentro de um ramllhete, •Perfumado bilhete,' : ...Pedindo uma entrevista.

E no dia seguinte, á hora do ensaio,Vai ter con, ella e diz : — Daqui, não saio,Emquanto uma resposta-não. me deres,O' tu que és a mais linda das mulheres,

Flor das musas do Apollo!

Abre a typa uma bolsa de velitidoQue traz a tiracolo.

Dessas em que as niadamas guardam tudo:Lencinhos, luvas, pó de arroz, bilhetes,

Pentinhos, alfinetes',E dinheiro miúdo;Dois retalhos de seda

Tira de dent.fi;.sorridente e prompta, 'E do Alfredo aos attonitos ouvidosEstas palavras murmura segreda :--Qual mais te agrada destes dous vestidos?-

Elle o melhor aponta.—Pois vai compral-o e traze-ni'o. A respostaTerás então daquelle bilhetinho

A' calida proposta...Encontras a fazenda no Godinho.Quatorze metros bastam. Adetisinho! —E a corista fiífpu que nem um raio,Porque a estavam chamando para o ensaio.

Após ligeiro pasmo,Perdeu o Alfredo todo o enthusiasmo,

Por ver, naquelle instante,Que, para a amada se tornar amante,

O metro dos seus versos'Não era ainda bastante :

Ella exigia metros bem diversos :Metros de seda cara,Que custar deveriam...

Quanto? — Os olhos da cara!E os lábios seus tremiam !

Para a ingrata o Painazo era o armarinho,E o Apollo era o Oodiuliol

Metteu, desilludido, na algibeiraOs retalhos. Sahiu. Foi para o banco,E, inspirado, nervoso, num arranco,Passou a mais feroz descilç.uleiiaNa exigente corista em verso manco.A' noite, em vez de lhe mandar fazenda,

Na fôrma da encommenda,Atandou-Ihe a versalhada.

Leu-a a corista e deu multa risada.Andou de mão em máo a poesia,E foi lida por toda a companhia.Alfredo, esse dormiu tianquillamente,

Aliviado e contente,Durante a noite inteira.

Foi a esposa a primeiraQue da cama se ergueu. (Eu cá duvidoHaja no niundo uma mulher casada.

Embora muito honrada,Que não reviste os bolsos ao marido,Quando este ainda se acha recolhido...)Tinha do Alfredo a esposa taes trabalhos,E por isso encontrou os dois retalhos.

Quando elle despeitou, ella, sorrindo,Rosto sereno, olhar sereno e lindo,

Lhe disse : — Finalmente,Alfredo, minha vida,Vais dai-me de presente

Um vestido de seda ! Agradecida !Que bellas festas de principio de anno !Não imaginas como estou contente ITer um vestido assim era o nien plano!Duas amostras vêm — naturalmentePara escolher: pois bem... prefiro esta...

Depois daquelle triste desengano,O Alfredo enveredou no bom caminho,E a senhora, modelo das honestas,

- Teve esse anno de festasUm vestido de seda... Mal sabiaQue a uma corista reles o devia!.

BIBLIOTHECADAS

ALCOVAS GALANTESAcham-se á venda, em nosso.escriptorio,

os seguintes livros dessa collecção : Viciosas,yirgens. Avariadas.e Amor por todos os...

Todos esses livros são muito bem escri>ptos e primorosamente illustrados com pho-togravuras a cores, tiradas do natural.-' - Preço : 1Í000 cada exemplar;' pelo Cor-reio-, 1|500. A collecção dos tres, pelo Cor-reio-, 4J000.-Pedidos a

ALFREDO VELLOSOKua do Hospício X. 2 1 8 - ltio «Ir •laiieiro

Álbum brejeiroEtelvina á dona dn Hotel:

A sua casa é detestável! Esta noitechoveu até en, cima da minha cama!

Será possível ?Pergunte a meu marido, que ficou

com as costas todas molhadas !* *

Na noite do casamento, Eugenia começaa se despir, com um sans façon extraordi-parlo, deante do noivo.

Este, um pouco desconcertado, pergun-ta-lhe:

Tu não tens acanhameuto de le despitassim deante de un, homem?

A mama ao despedir-se de mim,disse-me:

«Minha filha, ha duas coisas que tensde bolar de parte quando estiveres na câmaranupcial. Uma é a vergonha...

Hcin ? !! exclamou o noivo, cada vezmais embalucado, e a outra ?...

A outra, ella me affirmou, que nummomento dado você se incumbiria de m'adizer...

JACINTHO PRAZERES.

Agmi Japonez.»

Nâo ha outra que torne a pelle maismacia. Dá ao cabello a côr que se deseja.E' tônico, faz crescer o cabello e extipara caspa. — Ruas: Andradas, 43 a 470Hospicio, 164 e 166.

R e mi ni se ene ia sO Felicio Fructuoso dos Ramos, era, a

esse tempo (quão longe vão, um e outro !...)o que se podia chamar: — Un, pandegào degrande força /..,.'.

Mas... Era um pandegào correcto!...Justo é tíizel-o,. aqui, em merecido preitodè . camaradagem, á sua sempre — vivamemória... .

Ora, certo dia... (ou noite) o nossosempre lembrado ex-companheiro de... lutas;recordando-se de que uma das suas innu-meras futuras, fazia annos, enviou-lhe oseguinte Postal Aberto:

— «Rosinha I Meu doce Amor!...¦ Teus annos, nós festejamos!!

Aceita, essa branca flor,Offerecida, por:

Ramos.»Saudosos tempos !...' . .i1""' PICA-PÁO.

Gonorrhéas, corrimentos, flores brancas e todas asmoléstias dos órgãos genito-urinarios cura em 3dias com a

INJECCÃO MARINHOo

faz cessar rapidamente as dores, o corrimento cedeem 24 horas.

R. 7 DE SETEMBRO 186

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GALERIA ARTÍSTICA

(4a Série).'« . ¦ V*iv"' 1

1.3 vf-;-/

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ANNO II

ONiode Janeiro, 2 - H de Junho de 1916

semanário da bicharia

i:m»i.i»ii:vh:Toda a correspondência deve ser dirigi-

cia para a Rua do Hospício n. 218, ao JuquI-ulia, palpiteiro mór.

Contra factos...De sexta-feira a segunda-feira acer-

íamos: na dezena 52, com que ganhouO Gallo, logo no primeiro desses dias,

Sabbado vencemos na centena 564com que triuinphou o Leão no 5" pre-mio; na dezena 61 com que o mesmoimperial bichinho estourou no antigo ena dezena 32 com que deu o Camello no4" prêmio.

Segunda-feira ganhamos: na dezenayi no antigo, que indicamos como «pro-vavel»; na dezena 69 com que O Porcobrilhou no Rio e nas dezenas 56, 19 e 89terminação do Gato, Cachorro e Urso,nos 3", 4° e 5" prêmios.

Hão de convir qne é' muita victoriapara poucos dias, apenas.

CHAPINHA DA ROSINHA

Para esta semana mandou-nos a po-pular Rosinha os seguintes palpites:

&

í ia—

259-760 309-512 437-839

105- 307 343-544 675-776

Leiam sempre O Bichinho. Quantagente perde ensejo de endireitara vidapor um descuido fácil de ser evitado,como o de se deliciar com a interes-sante leitura de um jornal indispensávelcomo este.

Os bichos com urucubacaPorco, Cachorro, Burro,

Pavão, Carneiro e Vacca

-s»LsP JL \^ Ji y

NUM. 37

inhoNa berlinda.

Ml Ir li

Miippiuiiiuiito do mo \i;

Depois de ler O BichinhoO Zé Povo lica alertae no querido joguinhoganha sempre pela certa.

Palpites do Chininha

liste nosso correcto amigo confec-cionou para este numero a petisqueiraque se segue :

¦*•>.ÍM»f if~\f\ *''"'' '¦-'1 1 '''tf

189 - 290 323-924 015 - 416

IsÊÈÈÊ

996 - 395Dilecto amigo leitor,Da vida o escuro caminhoacharãs cheio de flor,jogando neste bichinho.

Não nos cansamos de aconselhar aoleitor: leia, leia as tabellas A'0 Bichinho,meio pratico, infallivel de ganhar, semesforço.

Tia Carlota, a corcundinha do Mat-toso, dispoz para esta vez o pessoal da se-guinte maneira:

369-771 429-532 245-848

Dezenas prováveis para ossete lados t

13 -31- 47 - 53 - 77

Ritinha de Maxambomba, trouxe-nos hoje pela manhã os tiros infalliveisque ahi vão:

185-987 233-436 401 - 603

083-28% 327-928 450-852

lgga_-ij_

A _',taírr

155-554 161-763 685-967

Estão cotados para prevê:Jacaré, Águia, Porco, Pavão e Cobra

Leiam sempre as nossas tabellas.Ellas ofterecém o meio pratico de se ga-ii liar pela certa.

319-518 07S-880 700 - 998

Leiam sempre as nossas tabellas. Pelocuidado com que são organisadas ellasofterecém consideráveis elementos paraum feliz resultado.

CORRESPONDÊNCIA

Isis — Camello pelos quatro lados atésabbado.

Juno — Vamos ver.Aspazia — (Bangú) Cerque o tigre até

segunda-feira.JUQUINHA.

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- —*,—

Estatística dos bichos premiados no mez de Maio de 1916Dias ANTIGO Num. da sorte MODERNO : Centena j RIO Centena SALTEADO 2o Prem. 3o Prem. 4o Prem. 5o Prem.

I ¦Camello 26432 Touro 883 Urso 490 Carneiro 501 701 695 918Camello 33129 Cobra 136 Coelho 139 Borboleta 088 739 717 976

3Borboleta 45415 Jacaré 958 Urso 289 Jacaré 807 290 033 492Coelho 16540 Gato 356 Avestruz 702 Jacaré 612 753 041 514Elephante 25817 Veado 495 Cobra 333 Tigre 363 186 327 007

7Leão 136864 Camello 829 Vacca 998 Gato 989 213 460 140Gallo 25649 Cabra 221 Tigre 887 Veado 976 797 250 701

10 Cabra 7123 Macaco 266 Avestruz 802 Urso 614 183 287 89511 Gallo 16152 Cachorro 317 Borboleta 013 Águia 090 670 121 64912 Touro 191882 Porco 171 Pavão 873 Carneiro 379 903 470 146131415 Coelho 27537 Veado 694 Coelho 337 Elephante 826 496 991 19216 Peru 48079 Camello 731 Elephante 848 Borboleta 508 761 241 98917 Jacaré 14457 Peru 480 Camello 429 Carneiro 862 502 931 30618 Avestruz 77002 Ur.so 589 Coelho 338 Águia 374 053 361 02119 Coelho 15337 Cabra 121 Vacca 29S Elephante 762 401 252 40520 Águia 160808 Coelho 539 Touro 081 Camello 111 634 556 1832122 Perii 49177 Elephante 445 Peru 479 Águia 738 882 000 44623 Tigre 15388 Cavallo S43 Burro 409 Gallo 631 413 ! 903 61624 Tigre 4238S Peru 680 Pavão 674 Gallo 723 884 j 018 01625 Gato 26853 Elephante 247 Águia 605 Burro 615 020 518 17626 Gallo 22652 Tigre 785 Pavão 773 Águia 975 285 560 59227 Leão 49761 Cabra 522 Elephante 845 ! Cavallo 529 442 132 5642829 Urso 75591 Coelho 438 Porco 669 ! Leão 963 456 019 48930 Gallo 0252 Carneiro 126 Urso 389 i Águia 663 649 951 69631 Macaco 9367 Pavão 075 Elephante 645 Macaco 713 839 i 029 235

íNo próximo numero publicaremos a tabeliã do me^ die JwmÈm ém ifij,

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;t de Junho de 1916 ri£l (-> o Rio NU (-> a _

Versos de diversos— No* recenol baliaroltoi Jj us utí,,,

Mit.julhütíii lie Azeredo.n

Abandonemos, Cândida, n Avenida.A qual, de ha multo já, nos enfastia!...Vé : — tão formoso, explcndecente dia,De uni seini-iuoito, ao coração, dá vida !..

Ao campo... rumo ao campo!... Vem, querid,Deixemos esse auitiiente, que alrophia...Vamos ouvir, lidenles, a harmoniaDa passarada alácre e divertida I...

Dos corações que pulsam, mutuamente,No mesmo affecto vivo, nlfecto ardente,Sendo, a floresta, a confidente grata:

Vamos, nós dois unidos, braço a braço,Falar do nosso amor; fitando o espaço...

«Nos recessos balsamicos da matta.»ESCARAVELHO.

"CULTODE VENUS"

O romance de maior suecesso publi-cado em rodapé no Rio Nn, depois reuni-do em volume e do qual se esgotaramvarias edições, está de novo impresso.Desta vez, porém, «Culto de Venus» foieditado a capricho, trazendo deliciosasgravuras a illustrarem o texto e uma capamaravilhosamente impressa a tres cores;foi, além disso, cuidadosamente revistopelo próprio autor.

Está á venda a i$ooo o exemplarpelo Correio, 1^500.

Pedidos a ALFREDO VELLOSO -Rua do Hospicio, 218.

FOLHETIM 81=£5ks

1==vsintiH'

— POR —

DE NOVAES \

Escreva ao miserável para que venhaaqui hoje ás 10 horas da noite. Diga-lhe

que não estou em casa e que a senhoraestá anciosa por cahir nos braços delle.

Sinhá quiz protestar com indignação.Alonso mostrou-lhe a lamina do punhalna cava do collete e rematou:

— Ande com isso que tenho pressa.Ella obedeceu.

Dentro de cinco minutos a carta estavaem mãos do marido.

Alonso leu, guardou-a no bolso e paraevitar que o plano fosse burlado, trancouSinhá no quarto, levando a chave.

Um portador seguro conduziu a corres-

pondencia a destino e Alonso, céleretomou um bonde para o centro, concer-tando o seu plano de vingança...

O PROFESSOR

A Carlola estava com treze annos c, de-vido ,is vontades que todos lhe faziam eracasa, mal sabia ler, tinha uma letra disforme,dizia mal as palavras.O pai, aborrecido com isso, não queren-do matricular a menina em escola publica,receioso de que ella adquirisse mãos costu-

mes, chamou um professor particular, oLobato que, mediante módica retribuiçãocomeçou a instruir a menina.

O mestre era 11111 rapaz pobre, estudanteem uma das faculdades de direito e dotadode bons costumes.

As primeiras lições foram assistidas porpessoas da casa, mas sabidos os modosatlenciosos do professor não houve receio dedeixalo a sós com a aluinna.

O certo è que ao cabo de pouco tempo aCarlota apresentava animadores progressos,o que enchia de satisfação a família.

Não obstante a timidez do professor,Carlota entrou a namoral-o, provocando-ocom olhares, sorrisos e encontros de pés porbaixo da meza.

Vendo o risco que aquillo corria, orapaz quiz se despedir, mas sentia que uniaattracçáo irresistível o arrastava para juntode Carlota.

Animou-se e um dia, autorizado por ella,pediu a discípula cm casamento.

A família, sabedora das qualidades ho-nestas do rapaz, não oppoz a menor duvida,de sorte que, apoz curto noivado,realisaram-se as bodas.

Carlota estava radiante, recebendo osabraços das amigas e os parabéns dos co-nhecidos, emquanto o rapaz conversavatimidamente com o sogro, ambos sentadosno clássico sofá.

Despedidos os convidados foram osnoivos para o quarto, onde o Lobato entroumais acanhado do que a noiva.

Apagadas as luzes, caindo em silencio acasa, o rapaz não sabia como dar começoaquelle exercício — elle que era exímio pro-fessor.

Jorge á hora marcada compareceu naantiga pensão.

Entrou sorrateiramente para a sala de

jantar, a procura de Sinhá. Tudo estavaem silencio.

De súbito appareeeu na sala a figura dohespanhol. O rapaz teve um estreme-cimento e receiou a situação. Alonso,aiiéctando a maior calma, tratou Jorgecom a máxima amabilidade. Estranhoumuito a ausência a que elle se entregarae, pretextando mostrar umas modificações

que havia feito nos antigos aposentos deD. Encarnação e as filhas, convidou-oa descer ao porão. Jorge estava intriga-dissimo e nem teve coragem de indagarde Sinhá. O coração batia-lhe soffrego.

— Venha, meu amigo, falou o hespa-nhol. .

Jorge desceu com elle, sentindo um

grande' arrependimento de haver acce-dido ao convite de Sinhá.

No porão a desordem era geral. Alonsoencaminhou-se com Jorge para o quarto,que estava- ás escuras e fechou a porta achave.

O'rapaz quiz gritar, prevendo que ia

A Carlota suspirava na cama, sollrcga,cheia de desejos.

Por fim, vendo que o marido não perdia0 acanliainento, decidiu-se ella a iniciar ocombate. Abraçou-o, beijou-o e só cnlâo,ganhando coragem lembrou-se o Lobato deque a «pátria esperava que cada um ciim-prisse o seu dever».

Na manhã seguinte, quando elle abriuos olhos, já a miillierzinha eslava a sua es-pera para «resfrescar o entulho» do incêndioda véspera. E com tanta arte ella se havianesses misteres que o professor reconheceuser verdade o afíirinado de que ha aluninasque dão quináus nos mestres...

J. PEREIRA.

Licor TibainaO melhor purifica-— dor do sttngae --

GRANADO & C. - Rua Io de Março, 14

«Senhorita illustrada desejaencontrar um moço nas mesmascondições que lhe ensine gui-tarra».

(Do Jornal do Brasil).

Essa menina bizarra,si for incauta,

em vez de aprender guitarra,acaba tocando flauta...

Acha-se á venda : O magistral Conto Ra-pido N. 14, intitulado — Roçando...

Scenas verdadeiras e... quentes, conta-das por um escovado.

ser victima de um attentado. Logo porémquatro braços possantes o agarraram,emquanto o hespanhol o amordaçava.

Não se incommode, disse o maridode D. Sinhá. Trata-se, apenas, de fazerno amigo aquillo que o senhor acha quedeve praticar com as mulheres dos outros.

Jorge esbugalhou os olhos, com as-sombro.

Os homens que o detinham—e eramdois pretos reforçados—tiveram um risode mofa.

Em seguida Jorge foi atirado sobre acama e livre das roupas com que vierateve de sujeitar-se ao contacto dos pos-santes crioulos, gemendo como umavitella virgem.

A operação foi curta. Ao terminar,enjoado de si mesmo. Jorge teve umavontade irresistível de chorar.

Agora, vae-te! Eu podia exigir quepassasses recibo, mas tenho pena de ti.Vai-te.

Apanhando-se na rua, Jorge correupresto ao quarto, afflicto por tomarbanho e se limpar daquellas immun-dicies.

(Continua)

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0=_ (-)O RIONU(-) :i de Junho de 1910

A Bella Octavia

Ao redor da meia, cheia de iguariasfinas, vinhos capilosos e flores raras, homenstodos elegantes, de alta posição social.

O Visconde reunira os seus mais Íntimose dava-lhes aquella cela opipara, para fes-tejar o seu septuagesivo anniversario na-talicio.

Já passara da meia noite. A conversa,que primeiro versou sobre politica, passaraagora para confissões de amor. Isto acontecesempre entre homens, mesmo velhos, embo-ra só para recordações, como succedia na-quelle momento,

Todos narraram aventuras dos seus an-tigos tempos e quando tocou a vez do Vis-conde, elle disse:

Meus velhos amigos, sobre as minhasrecordações, só tenho uma digna de nota emesmo si delia me lembro é porque teve epllogo ainda não ha 8 dias, deixando-me aliás,uma penosa sensação. Ali! quando melembro !...

Calou-se. O seu rosto tornou-se triste.O seu olhar perdeu-se no espaço.

Então ? Vamos a historia, disse umvelho senador, o mais alegre da roda.

Ha trinta e tantos annos, proseguiu oVisconde, ainda nos áureos tempos da Mo-narchia, fazia eu parte da firma Qttevèdo,Azevedo ói C. commissartos de café, a ruada Quitanda, quando um bello dia se instai-lou um «atelier» de costuras em frente ánossa casa. Entre as costureiras havia umarapariga dos seus 25 annos, que era a mara-vilha das maravihas. Chamava-se Octavia —a "bella Octavia"—como diziam, e nuncaum epitheto foi tão bem empregado.

Uns olhos hypnotisadores, boca de car-min, adorável, dentes, que eram puríssimaspérolas, corpo... Emfim, faz-me até mal estara descrevel-a. Basta que vocês saibam queera para todos os effeitos a bella Octavia,mesmo entre as suas camaradas. Jtilguem-n'a,pois. Já sei, exclamou o risonho senador,temos que constatar um crime?

Não, disse o velho Visconde, não niegabo de ter sido eu o primeiro, si bem quenão fiz a sua conquista como vocês talvezsupponham, com muita facilidade.

Agora accrescentem só isto: Depoisque ella foi minha, constatei qualidades en-cantadoras : o seu moral correspondia per-feitamente ao seu physico. Imaginem pois,como não a amei!...

O Visconde esteve calado um momentoe só depois de beber um cálice de licor pro-seguiu:

Entretanto, o dia da separação che-gou. Fui obrigado a partir para Europa. Ne-gocios. Eu a levaria de bom grado; ella

porem, não me quiz acompanhar. I ossujaum verdadeiro pavor pelo mar. Com grandemagoa deixei-lhe entre mãos o stilficieiitepara montar um natelicr» chie e parti. I ro-camos algumas cartas, durante muito tempo;depois não tive mais noticias delia.

Só agora, depois de trinta annos, hacoisa de uma semana, veiu o criado me an-nuncinr uma visita. Uma senhora, desconhe-cida desejava falar-me. Mandei-n entrar.Dahi a pouco vejo apparecer ua minha frenteuma velhota encarqullliada, com cara debruxa, ridictilamentc vestida e dirigir-se amim com voz roufenha :

Então, não me conhece?Eu, porem, levantara-me mal humorado

e ia despedir a importuna, quando ella medisse estas palavras:Esqueceu-se da sua bella Octavia?

Horror? Confesso que dei um pulo deespanto, emquanto ella continuava :

Sou eu e bem mudada, hein ? Tenhopassado o diabo ! O meu «atelier» depressavoou e dahi para cá a minha vida tem sidoum stipplicio. Casei-me aos 28 annos comum homem que quiz explorar a minha belle-za e a minha juventude. Batia me e um diadesapparecett deixando-me 3 filhos. E quefiz então ? Nem vale a pena contar! Chegueiás ultimas. Quando hoje de manhã, me re-cordei do passado, me lembrei do senhor ecomo sei que está um alto personagem e tembastante influencia em todos os meios, nãohesitei em vir lhe pedir um favor...

Completamente desorientado eu aindaolhava aquella que havia sido a bella Octaviae quando fiz menção de puxar a carteira, ellam'o impediu com um gesto de dignidade :

— Náo ! Dinheiro nào ! Não é uma es-mola que venho pedir a um homem queamei. Jamais ! somente com as suas relaçõese a sua influencia bem podia me arranjar umlogar honesto em qualquer casa de alugarquartos por hora. ..

O Visconde calou-se. Todos os presen-tes ficaram também calados e só o velho se-nador commentou :

— Eu sou o único talvez que possa serir deste desfecho. A única mulher que ameimorreu aos vinte e tres annos, em plenofrescor da mocidade, radiosamente bella !...

JACINTHO PRAZERES.

Licor TibainaO melhor purifica-¦*- dor do snngtte «¦>

GRANADO & C. - Rua Io de Março, 14

COMO ESTAVA COMO ESTOU

PEITORAL DE ANGICO PELOTENSE

Não ha em todo o mundo medica-mento mais efficaz contra tosses, resinados,influenza, coqueluches, bronchites, etc, doque o Peitoral de Angico Pelotense, verda-deiro especifico contra a tuberculose nosprimeiros gráos. E' o melhor peitoral domundo. O Peitoral de Angico Pelotensenão exige resguardo. Vende-se em todas aspharmacias e drogarias.

Depósitos: Pelotas, Ed. C. Sequeira;Rio, Drog. Pacheco; S. Paulo, Baruel &C; Santos, Drog. Colombo.

^t Galeria Artística %,1 «i * nino* aos leitores <|tie tcnliimifalia ile ali|iiiitiis estampas da iiossiit.iilerlit Artística, e t| 111*1 raIII comple-tnr n colIvcçAo). <|iiiM>m nosso escrl|t-(«rio e\istem e\ piores de todo*os miiiierns do ItIO \I drsili* o Inl»cio da piililicnerto ilcssn t-nln-in. po.(lindo sei* odijnlrlilos sem niitjmcuto

di* |n*cv<»-

Subsídios para umdiecionario theatral

(CONTINUAÇÃO)

11.Leonardo — Tempo houve em que elle

quiz por abaixo a popularidade do Brandão,sobrepujando o nas momices com que davaconta do recado dos papeis que lhe cahiainnas unhas. Os processos do Brandão eramos de enterrar o ehapéo até as orelhas emostrar a fralda da camisa que ás vezes jádevia estar na tina da lavadeira. Os doLeonardo consistiam numa risadinlia capado-çal e no inevitável mexer da barriga. Entreas duas manifestações de recursos artísticoso publico se dividia e o theatro nacional es-trebttchava.

Teve época, como se vé, o Leonardo.De todos os seus grandes papeis, porem oque ficou memorável é o do Fandangiiassú,umacreação digna de Zacconi.

Leopoldo Frúcs — O Adonis do Theatro.Adonis ou D. João. Náo toca guitarra comoo amante dalmperia mas canta de uma feiçãoirresistível. Dizem que a sua collecção deconquistas, «o seu museu» tem specimensde raro estirpe: bonequinhas de biscuit,como a senhora Atizenda ; sopranos, como asenhora Rentini, trágicas como a senhoraLucilia.

E' doutor, como o Christiano, mas nàogosta de falar nos autos; gosta mais de con-versar em logares mais macios.

Lucilia Peres — Pulou de ingênua a pri-meirissima actriz, sem concurrencia, comocertas mocinhas que arranjam nomeação deauxiliares de ensino sem terem passado doA. B. C.

O Dias Braga, que conhecia o nossopublico, fel-a metter-se na pelle da Tosca.A Lucilia gostou e atirou-se depois á Damadas Camelias, a Zazá, emfim ao repertóriode gente de tutano.

Sabe expirar no theatro. Dizem que erasublime quando cahia nos braços do Mar-zullo, no antigo Pavilhão e hoje anda pelonorte morrendo, como a flexuosa MargaridaOautier, nos hombros do Fróes.

Affirinam que não se conforma com asposições inferiores e gosta sempre de estarpor cima.

Luiza Caldas — E1 suceulenta no maxixe;asseguram mesmo que ella acha que o thea-tro já não existiria si não fossem as per-nadas de lado...

O defeitosinho do olho dá-lhe agradávelencanto.

O Alfredo Silva explicou outra vez noMiinchen que aquillo foi picada de Cupido namenina do olho da pequena.

Apezar do defeito a Luiza Caldas vêlonge...

JOÃO CAETANO.

Acha-se á venda : O magistral Conto Ra-pido N. 14, intitulado — Roçando...

Scenas verdadeiras e... quentes, conta-das oor um escovado.

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II de Junho de 1010(-) O RIO NU (-)

Contrasta

dell.-iou

Elles e.Ella5... fflAVISO— 0 "Rio Nu" não tem repórter ai-

gtim nus zonas pura dar ou não darnotas nesta secçao ; todo aquelle quese apresentar como tal é um inlrujüoe deve ser tratado como merece.

Na zona chieDepois da morte da Libanla, maioral da

casa de rendez-votts da zona Hospício ZG,assumiu a gerencia da mesma a sua filhaAlyosotis.

Agora com a nova direcçtio, o negocioprogredirá forçosamente I

'ir Disse-nos o Arnaldo Perna Molle,crupier dos Excêntricos, que náo podendosustentar a Idalina Alma do Inferno com asdespezas de ceias que a mesma faz e dasquaes o Bahiano já reclamou o pagamento,vai arranjar um tabolelro para essa funecio-naria vender as queijailinhas e quindins queelle prepara, já estando incumbido de tirar alicença na Prefeitura o Major Giló.

Que cavaçao!. . .ser Apezar de ter dado o desespero com

a nossa ultima nota. a Marianna maioral dacasa de rendez-vous, ila zona Hospício 214,continua a tirar os freguezes das funecio-nanas que freqüentam aquella espelunca.

Tome vergonha, dona Marianna: Issonão é decente para uma maioral!

O que mais nos admira é que o mar-diante não ponha uni paradeiro nessa coisa !

*dr Depois que a Prazeres da zona Mar-recas 32, deixou o Andrade Lapiulia, essafunecionaria tem andado de um azar pavo-roso.

Porque será?...*»" A Bemvinda Gaivota, da zona Marre-

cas, disse-nos que a Prazeres faz tudo...que lhe pedirem...

Você, Bemvinda é muito má lingua 1Que tem você que a Prazeres goste de satis-fazer todas as vontades c todos os... vi-ciados?

tíf As funecionarias Adelia Égua Cansa-da, Odette Facada, Augusta Repinica e MariaAmélia, na semana passada juntaram-se edesandaram a lingua no Andrade.

O «ira teve mesmo de comprar umabicycletta e dar o fora !

n~ca~ Hospedaram-se na Pensão MeiraLima, sabbado ultimo: Andrade Lapiulia,Chico Navalhada, Antonico da Carmelia.

Estes rufinos foram tomar ar por algumtempo naquella aprazível chácara.

E' pena não ficarem por lá eternamente !«3-Disse-nos o Paulo Pianeiro.dos Excen-

tricôs, que a Angela Fallabosta fora se em-penhar com o Arnaldo Perna Molle paraajudar a Idalina Alma do Inferno na vendadas queijadinhas e quindins, allegando queainda possue um taboleiro que trouxe doRio Grande do Sul, aonde ella vendia...ciís... cús!. ¦ ¦

Só assim você, sua viciada, poderá ar-ranjar os nickes para o café...

i» A Lina Ferreira, ex-cotista pertegtteza,continua a não fazer uso da água.

Este mez a funecionaria ainda náo tomouum só banho.

Vá saindo... livra !«r A Antonietta da zona Cattete ficou

satisfeitíssima quando soube que o AndradeLapinha fora dar um gyro na chácara dazona Frei Caneca.

Assim vingou-se das jóias que esse rtifi-no lhe surrupiou e para disso se certificarfoi visital-o naquella chácara !

«" A Catita Pata Larga anda planejandodar uma surra na Idalina Alma do Inferno.

Diz a funecionaria que ha de tirar a forradas desfeitas que tem soffrido daquellafunecionaria.

LINGUA DE PRATA.

UO Collecção amorosa• editados pelo nh ,V«,ab.-ri n. 1 A ..„„.,.., ,|0 ,lm Prãtío," p,'lcj

tltStrui i ,!.. "_l I. .... ' .ipí.m

-.,.!.,

rc*. *.ipoiin.quc de melhor c»i>lc ncilo mundo11. '»'. Nollo Uo Noivado, cm que lio lurrjjas¦"-rípccm iie ti tu jioivaJo em 1)110 .1 noiva é t.lo

a noivo; 11, ;i Madamo miiu-i,.1 ila vida amorosa de uma mulber""',", em 1"" ''"•'. 11'ni.il n.lo leva .1 melhor parle..,¦ I. Cantil .Suznniia, Hlnvaumut lililorlnde uma dom-clla, que só deixou de o ser depois dehaver provado o amor por varloi modos que n.locomni-omclllani .1 ma virgindade 1 c n, 5, Sanei-wlcli I, n.irraf.\o minuciosa de uma recém-casada

que expõe n uma amiga ai peripécias daiscenasintlmasque .1 sujritoti o marido.Qualquer desses volumes, que le vendem juntos ouleparados, i r.iz.lo de SOO rói» cada 11,11, consliuicunia leitura amena, multo rccomniendada aos tnfrj.juctiJoi de todas" as idades, uão só pela linguagem alta-mente excitante em que elles s.lo escriptos, como tam*bem pelas lindes e suggestivas gravuras que os ornamc qut- sío mesmo du fazer resuscltar un. defunto.Os pedidos do Correio, nos quaes devem acompanharmais 300 réis para o porte de cada livro, devem ser

Alfredo Velloso -m"" mm -•2I!_. RIo de Janeiro__.

A collecção completa será enviadaa quem a pedir enviando a pj>""*V*quantia do 3$500 (trn dinheiro). l7—s-

Posta Restante

Camacho — Leia de manhã o 69; aomeio dia o Marchante e á noite as Rimas pi-cantes.

Verá como a vida lhe correrá deliciosa ealegre.

Castor — Lemos com toda boa vontadea sua «Vingança de Cupido». Fez-nos umbem admirável. Quando entramos na terceiratira já o somno nos havia empolgado, desorte que até nem sabemos como aquilloacaba, nem qual é a vingança. Sabemos^ tãosomente que é um porrete contra a inso-mia e que o amigo si arranjar coisinha igualpode fazer baixar o preço do chloroformio.

Samaritano — O assumpto do seu tia-balho é serio de mais. Mostramos ao gerentee elle achou que o artigo fazia um successono Diário Official ou no Jornal do Commercio.

Já vê que quando fizer trabalhinho iguala porta a bater é outra e um pouquinho maislarga... , ...

Sylvio — Si a menina e seria nao torce abarra, — contente-se navegar por fora, em-quanto a maré permittir. Tome cuidado,porém, com os peràtts das proximidades...

Activo — A coisa depende de geito. Jáse vê que o senhor para metter, por hypo-these, um jacaré na gaiola de um canário temde alargar a porta. ...

Vá com paciência que a victoria e certa.Carioca — Para isso não inflúe que o

pequira tenha cabresto. Quem lhe poz talpotoca na cachola merecia que o senhor lhemettesse outra coisa em sitio diíferente.

Garoto — Os versos não servem. Tenhapaciência e não desanime.

Roma não se fez num dia...Donato — Sairá no próximo numero, si

houver espaço.MONTEIRO, o Carteiro.

Pomada Seccativa de São LázaroA única que cura toda e qualquer ferida

sem prejudicar o sangue; allivia qualquerdor como a erysipela e o rheumatismo. Co-nhecida em todo o universo. Ruas dos An-dradas, 43 a 47 e Hospício, 164 e 166.

Meus VersostAo Rio Nu)

O" versos meus, fraqulnhos, mal rimadosQue aborrecei», por certo, a muita gente,Porque uão surgls sempre bem pensadosCheios de estylo saboroso e quente...P'ra vos compor, ó versos malfadadosUusco a «musa» por traz e pela frente,Andando por logares inspiradosFazendo tudo o que me vem á mente...Os bons autores sempre hei de reler— Os príncipes da arte de escreverDos quaes tento fazer o meu espelho.E se hoje, tenho aqui, logar honrosoTudo devo á bondade do VellosoE ao auxilio do mestre— Escaravelho I

JOTA E'SSE.

PHRASES FEITAS

Quem paga mal, paga duas vezes.A loura e esbelta Magdalena, para ter

sempre numerário na sua verba de «alfi-netes", exigia que o querido maridinho pa-gasse toda vez que tivesse desejos de versi a sua cara metade gostava mesmo delle. Omarido quiz protestar a principio, mas aMagdalena lhe fez ver que antes do casa-mento elle não tinha quem lhe desse beiji-nhos de graça, e o homem se convenceu deque a esposa tinha carradas de razão...

Como elle era muito curioso e fazia apergunta quasi todas as noites, a mulhernum gesto de generosidade marcou que aresposta custaria uma pratinha de doismil réis.

Viviam muito bem nesse regimen e aMagdalena andava sempre com a bolsa re-cheada, chegando a emprestar com jurosmódicos ao maridinho. Sempre que elle que-ria «conversa» punha a pratinha na palma damão da mulher e estava arranjado o negocio.

Certa noite, porem, tão dócil achou ellea voz da esposa que abusou no questionário,atigmentando as perguntas. A Magdalena iadando conta do recado como podia, mas acerto ponto reconheceu que o queridinho es-tava se excedendo e fechou a boca. O infeliz,supplicou, quasi fez carinha de choro, mas amulher disse que elle estava pagando maltanta resposta. O rapaz, que naquella noiteardia de curiosidade, poz-lhe logo nova pra-tinha na mão. Ahi abriram-se então de novoos lábios da Magdalena e ella num risinhode mofa, murmurou radiante :

E' isso mesmo, meu anjo — quem pagamal, paga duas vezes...

A phrase ficou como um dogma e Ma-gdalena teve dahi por diante muitas noitesem que ganhou duas e tres pratinhas...

J. REGATO.

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Page 11: 0 Rio NuJANEIRO, 3 UE JUNHO DE I9I0memoria.bn.br/pdf/706736/per706736_1916_01702.pdfdo pagamento dos prêmios e por isso na mesma sobrecarta em que for enviada a com-posição virá

(-) O RIO NU (-)=|E?3J 3 dc Junho de 191G

Bibliotheca ÍO RIO HODOIS CONTRA UMA — Primorosa série

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N. 5, A Viuva Alegre—N. 6, OMenino do Gouveia — N. 7, APulga — N. 8, O Correio do Amor

N. 9, Dolores—N. 10, FamiliaModerna — N. 11, Na Zona N. 12,O brinquedo — N. 13, O cachorro

N. 14, Roçando... — N. 15, O Con-solador — N. 16, A Telephonista—N. 17, A Costureira eN. 18, O Mar-chante.

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Alfredo Velloso

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Rua do Hospicio 218 - Rio de Janeiro

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