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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS FELIPE AZEVEDO MORETTI LUCAS GOMES CARO TERAPIAS COMPLEMENTARES NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO: ACUPUNTURA, EXERCÍCIO FÍSICO TERAPÊUTICO, MASSOTERAPIA E RELAXAMENTO

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

FELIPE AZEVEDO MORETTILUCAS GOMES CARO

TERAPIAS COMPLEMENTARES NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO: ACUPUNTURA, EXERCÍCIO FÍSICO

TERAPÊUTICO, MASSOTERAPIA E RELAXAMENTO

Campinas 2006

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FELIPE AZEVEDO MORETTILUCAS GOMES CARO

TERAPIAS COMPLEMENTARES NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO: ACUPUNTURA, EXERCÍCIO FÍSICO

TERAPÊUTICO, MASSOTERAPIA E RELAXAMENTO

Campinas 2006

Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de curso de Graduação em Fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, sob orientação temática da Profª Me. Conceição Aparecida A. S. Reis e orientação metodológica do Prof° Me. Paulo Moacir Godoy Pozzebon.

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FELIPE AZEVEDO MORETTILUCAS GOMES CARO

TERAPIAS COMPLEMENTARES NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO: ACUPUNTURA, EXERCÍCIO FÍSICO

TERAPÊUTICO, MASSOTERAPIA E RELAXAMENTO

Trabalho julgado e aprovado pela Comissão Examinadora em __/__/__.

______________________________________________________________Apreciação da orientadora temática

Profª Ms. Conceição Aparecida A. S. Reis

______________________________________________________________Apreciação do orientador metodológico

Prof° Ms. Paulo Moacir Godoy Pozzebon-PUC-Campinas

_____________________________________________________________Apreciação do convidado

Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de curso de Graduação em Fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, sob orientação temática da Profª Me. Conceição Aparecida A. S. Reis e orientação metodológica do Prof° Me. Paulo Moacir Godoy Pozzebon.

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Felipe Azevedo Moretti

Lucas Gomes Caro

Dedico os esforços deste trabalho a toda minha família (especialmente aos meus pais e irmãs) e também ao grande amigo Marcelo Tannus Mesquita – exemplo de companheirismo e de um bom médico.

Dedico este trabalho a minha família, aos meus grandes amigos que fiz na faculdade e a todos que colaboraram de forma direta ou indireta com o trabalho.

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AGRADECIMENTOS

À Professora Conceição, pelo importante papel que desempenha junto com os alunos do curso.

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De Tudo ficaram três coisas

Fernando Pessoa

A certeza de que estamos sempre começando,

A certeza de que é preciso continuar,

A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.

Portanto devemos:

Fazer da interrupção um caminho novo,

Da queda um passo novo de dança,

Do medo, uma escada,

Do sonho, uma ponte e

Da procura um encontro.

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RESUMO

A depressão é um problema relevante de saúde pública e necessita de arsenal terapêutico mais

variado. Na prática clínica, a equipe de saúde tem centrado suas ações contra a depressão,

basicamente em reduzidas ofertas, como a medicamentosa e a psicoterapêutica. Outras

possibilidades terapêuticas devem ser buscadas, principalmente na área não medicamentosa,

reduzindo os efeitos colaterais gerados por tal intervenção, possivelmente minimizando os gastos

com saúde e favorecendo uma abordagem multidisciplinar para tal problema. Nesta perspectiva,

quatro técnicas - acupuntura, exercício físico, massagem e relaxamento - foram estudadas, como

possibilidades de tratamento da depressão. Realizou-se uma revisão bibliográfica em bancos de

dados como: “Pubmed”, Biblioteca Cochrane, “Scielo”, “Lilacs”, livros didáticos, internet, entre

outros. A metodologia utilizada para a busca cruzou palavras como acupuntura, exercício físico,

massagem e relaxamento com depressão, transtornos do humor e síndromes depressivas. Os

resultados mostram um potencial promissor na utilização de tais intervenções no tratamento da

depressão e o exercício físico parece ser a estratégia de maior credibilidade científica. Conclui-se

porém, que mais estudos são necessários para que claras orientações e um consenso de tratamento

sejam estabelecidos.

Palavras-Chaves: Depressão, acupuntura, exercício físico, massagem e relaxamento.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Antidepressivos Tricíclicos.........................................................................................25

Quadro 2 - Antidepressivos Atípicos .............................................................................................26

Quadro 3 - Antidepressivos ISRS...................................................................................................26

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 - Meridiano do Pulmão...............................................................................................32

Ilustração 2 – Meridiano do Coração.............................................................................................32

Ilustração 3 - Meridiano do Pericárdio ou Triplo Aquecedor.........................................................33

Ilustração 4 – Meridiano Vaso-Governador...................................................................................33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estudos com bons resultados de acupuntura na depressão...........................................37

Tabela 2 - Indicativos do tratamento de massagem em pacientes com sintomas de

depressão........................................................................................................................................74

Tabela 3 - Indicativos do tratamento de relaxamento em pacientes com sintomas da

depressão........................................................................................................................................75

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OMS - Organização Mundial de Saúde

CID - Classificação Internacional de Doenças

ISRS - Inibidores Seletivos de Recaptura da Serotonina

IMAO - Inibidores da Monoamino Oxidase

TDM - Transtorno Depressivo Maior

MTC- Medicina Tradicional Chinesa

AC – Acupuntura Científica

5 HT – Serotonina

NE – Norepinefrina

ACSM - “American College of Sports Medicine” - Colégio Americano de Medicina Esportiva

SNC – Sistema Nervoso Central

FC – Freqüência Cardíaca

PA – Pressão Arterial

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................................13

1 DEPRESSÃO.............................................................................................................................15

1.1 Definição.......................................................................................................................15

1.2 Aspectos Históricos......................................................................................................16

1.3 Classificação.................................................................................................................17

1.4 Epidemiologia...............................................................................................................19

1.4.1 Sexo................................................................................................................19

1.4.2 Idade...............................................................................................................20

1.4.3 Estado Civil....................................................................................................20

1.5 Etiologia e fisiopatologia..............................................................................................20

1.5.1 Fatores Neurobiológicos................................................................................20

1.5.2 Fatores Genéticos...........................................................................................22

1.5.3 Fatores Psicossociais......................................................................................23

1.6 Tratamento....................................................................................................................23

1.6.1 Farmacoterapia...............................................................................................24

1.6.2 Eletroconvulsoterapia.....................................................................................27

1.6.3 Fototerapia.....................................................................................................27

1.6.4 Tratamento psicossocial.................................................................................28

2 ACUPUNTURA E DEPRESSÃO............................................................................................29

2.1 Introdução.....................................................................................................................29

2.2 Fisiologia da técnica na depressão................................................................................31

2.3 Como utilizar a acupuntura em casos de depressão......................................................35

3 EXERCÍCIO FÍSICO...............................................................................................................42

3.1 Introdução.....................................................................................................................42

3.2 Fisiologia do Exercício na depressão............................................................................45

3.2.1 Mecanismos psicológicos dos exercícios físicos...........................................45

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3.2.2 Mecanismos fisiológicos dos exercícios físicos.............................................45

3.3 Como utilizar o exercício na depressão........................................................................47

4 MASSAGEM..........................................................................................................................52

4.1 Introdução..................................................................................................................52

4.2 Efeitos fisiológicos da massagem na depressão.........................................................54

4.2.1 Os efeitos da massagem sobre o Sistema Nervoso .....................................55

4.2.2 A influência da massagem nas Substâncias Neuroendócrinas.....................55

4.2.3 Influências autônomas..................................................................................57

4.2.4 Efeito placebo...............................................................................................58

4.3 Massagem como tratamento da depressão..................................................................58

5 RELAXAMENTO....................................................................................................................63

5.1 Introdução....................................................................................................................63

5.1.1 Meditação.....................................................................................................64

5.1.2 Relaxamento muscular progressivo.............................................................65

5.1.3 Hipnose.........................................................................................................66

5.1.4 Sistemas de biofeedback...............................................................................67

5.1.5 Respiração.....................................................................................................67

5.1.6 Concentração.................................................................................................68

5.2 Efeitos fisiológicos do relaxamento.............................................................................69

5.3 Relaxamento como tratamento da depressão...............................................................71

CONCLUSÃO..............................................................................................................................77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................79

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INTRODUÇÃO

A depressão é citada por muitos como sendo a doença do século. Segundo a Organização

Mundial da Saúde, neste início do século XXI, a depressão representa a quarta maior causa

de perda de anos de vida sadios. Além disso, é classificada como sendo a doença que mais

incapacita o ser humano e gera um risco de vida por suicídio de até 15% (ZUNKEL, 2003,

p. 116).

Apesar dos inúmeros medicamentos antidepressivos e das demais técnicas de tratamento,

um grande percentual dos pacientes com transtorno mental acaba procurando, ou até

prefere algum tipo de ajuda complementar ao tratamento convencional. (JORM et al., 2002,

p. S85). Este autor cita que numa amostra da população australiana, 57% dos entrevistados

escolheu vitaminas e fitoterapia como sendo útil para o tratamento da depressão,

comparado com 29% que escolheu a alopatia. O estudo evidencia a importância que deve

ser dada para outros tipos de tratamento que não só o convencional. Recentemente tem se

dado maior importância para a opinião do paciente, no que diz respeito ao seu próprio

tratamento; sendo essa opinião um requisito importante para o sucesso terapêutico (JORM

et al., 2002, p. S85).

O uso de técnicas complementares exige, assim como num plano de tratamento padrão, um

rigoroso critério de elegibilidade e precisa de tantas pesquisas quanto às desenvolvidas com

medicamentos, com eletroconvulsoterapia, com fototerapia e outros.

Nesta perspectiva surgiu um dos objetivos deste Trabalho de Conclusão de Curso: realizar

uma revisão bibliográfica de modalidades terapêuticas que podem ser utilizadas no campo

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da Fisioterapia e que, segundo suas bases conceituais, podem possivelmente favorecer o

paciente deprimido: Acupuntura, Exercício Físico, Massagem Terapêutica e Relaxamento.

Esta revisão bibliográfica foi realizada em bancos de dados como: “Pubmed”, Biblioteca

Cochrane, “Scielo”, “Lilacs”, livros didáticos, internet, entre outros. Na consulta por artigos

indexados as palavras-chaves principais utilizadas foram: acupuntura, massagem, exercício

físico, atividade física, relaxamento, técnicas de relaxamento, depressão, transtornos do

humor e transtornos depressivos.

Pelo limitado número de artigos e pela intenção de traçar-se uma abordagem mais ampla

nas mais diversas síndromes depressivas utilizou-se como critério de exclusão somente os

transtornos depressivos de caráter bipolar.

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1 DEPRESSÃO

Este capítulo tem por finalidade elucidar os aspectos básicos da depressão, trazendo a tona

os tópicos mais freqüentes encontrados em livros e textos que abordam o tema depressão

como foco principal.

1.1 Definição

De uma forma geral, as pessoas normalmente experimentam uma ampla faixa de humores,

que podem variar entre normal, elevado ou deprimido e têm um repertório igualmente

variado de expressões afetivas. Elas sentem-se no controle, mais ou menos, de seus

humores e afetos. Os transtornos do humor constituem um grupo de condições clínicas

caracterizadas pela perda deste senso de controle e uma experiência subjetiva de grande

sofrimento (KAPLAN, 2003, p. 493).

Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), através da Classificação Internacional

de Doenças (CID - 10), a depressão, em seus episódios típicos, implica em um humor

deprimido, perda de interesse e prazer nas atividades, energia diminuída e processos de

culpa ou negativismo (BALLONE, 2006).

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1.2 Aspectos Históricos

A depressão tem sido registrada desde a Antigüidade e descrições do que hoje chamamos

de transtornos do humor, podem ser encontrados em muitos textos antigos. Cerca de 400

a.C., Hipócrates usou os termos “mania” e “melancolia” para perturbações mentais.

(KAPLAN, 2003, p. 493).

Os gregos acreditavam que as pessoas com temperamento melancólico secretavam “bile

negra”, que enegrecia o humor por meio da sua influência no cérebro, dando início assim às

teorias biológicas dos transtornos do humor (KAPCZINSKI; QUEVEDO; IZQUIERDO,

2000, p.119).

Em 1854, Jules Falret descreveu uma condição chamada de folie circularie, na qual o

paciente experimenta humores alternados de depressão e mania. Em 1882, o psiquiatra

alemão Karl Kahlbaum, usando o termo “ciclotimia”, descreveu a mania e a depressão

(KAPLAN, 2003, p. 493).

Contudo, só no início do século passado, técnicas mais sofisticadas de estudo do cérebro e

dos seus mecanismos abriram caminho a novas disciplinas, como a neuropsicologia e a

neurobiologia, tendo-se começado a suspeitar que a depressão era acompanhada de

determinadas alterações biológicas e, portanto, passível de ser combatida eficazmente com

fármacos.

Descobertas sucederam-se a um ritmo vertiginoso e por volta dos anos 50 os primeiros

fármacos antidepressivos começaram a ganhar espaço no tratamento da depressão

(PFIZER, 2006).

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1.3 Classificação

As síndromes depressivas são constituídas por quadros de diversas etiologias, como a

depressão unipolar, a depressão recorrente, a depressão bipolar, o transtorno distímico,

entre outros; possuindo em sua maioria, como pano de fundo, o humor triste (MELLO,

2005, p. 1).

A depressão pode ser classificada de diversas maneiras e por diferentes escalas de

avaliação. Dentre as escalas avaliativas, provavelmente, o “padrão ouro”, seria a escala

HAMILTON – de onde saíram diversas outras, como o DSM – IV, o Inventário BECK,

entre outras.

Como já citado anteriormente, as síndromes depressivas são constituídas por quadros de

diversas etiologias, gerando as mais diversas classificações. Segundo o CID - 10

(Classificação Internacional de Doenças), existem alguns tipos de episódios depressivos:

leve, moderado, grave sem sintomas psicóticos, grave com sintomas psicóticos, episódio

depressivo não especificado, entre outros.

Outra forma de classificar um episódio de depressão é por meio do DSM-IV (“Diagnostic

and Statistical Manual of Mental Desorders”). Segundo essa escala, para uma pessoa ser

classificada como portadora de um Episódio Depressivo Maior, por exemplo, ela precisa

apresentar cinco ou mais dos sintomas a seguir, numerados de 1 a 9, sendo cada sintoma

equivalente a 1 ponto, durante um período de 2 semanas consecutivas. Lembrando que os

ítens (1) ou (2) precisam, necessariamente, estar presentes na contagem dos 5 pontos.

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(1) Humor deprimido;

(2) Perda de interesse ou prazer (anedonia);

(3) Significativa perda de peso, quando não está em dieta, ou ganho de peso /

diminuição ou aumento do apetite;

(4) Insônia ou hipersonia;

(5) Agitação ou retardo psicomotor;

(6) Fadiga ou perda de energia;

(7) Sentimento de desvalia ou inadequação, ou culpa excessiva;

(8) Diminuição da capacidade para pensar e se concentrar, ou indecisão;

(9) Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

Apesar das inúmeras escalas de avaliação e das diversas ferramentas classificatórias, a

sintomatologia depressiva varia muito de um indivíduo para outro, cabendo ao médico

avaliar as suas diversas facetas. O diagnóstico é fundamentalmente clínico, sendo poucos os

exames complementares que acusam alguma alteração. O clínico responsável por

diagnosticar um quadro de depressão é o Psiquiatra; sendo que as demais especialidades

médicas e profissionais da saúde devem, contudo, estar aptos para levantarem suspeitas e

encaminharem o paciente para um especialista, caso seja necessário.

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1.4 Epidemiologia

O transtorno depressivo é um quadro relativamente comum, com uma prevalência durante a

vida de aproximadamente 15%, chegando até 25% em mulheres (KAPLAN, 2003, p. 494).

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, neste início do século XXI, a depressão

é a quarta maior causa de perda de anos de vida sadios. Além disso, é classificada como

sendo a doença que mais incapacita o ser humano e gera um risco de vida por suicídio de

até 15% (ZUNKEL, 2003, p. 116).

A depressão é um grande problema de saúde pública que não deve ser negligenciado. Um

dado que demonstra a grandiosidade do problema é o valor anual que os Estado Unidos

chegam a gastar no combate à doença: U$ 44 bilhões (ZUNKEL, 2003, p. 117). Mesmo

assim, aproximadamente metade dos pacientes com transtorno depressivo não recebe

nenhum tipo de tratamento específico (KAPLAN, 2003, p. 494).

1.4.1 Sexo

Uma observação quase universal, independente de país ou cultura, é a prevalência duas

vezes maior da depressão unipolar no sexo feminino. Segundo a Profª. Drª. Carmita H. N.

Abdo o risco de depressão, ao longo da vida, é de 10 a 25% para o sexo feminino e de 5 a

12% para o sexo masculino (ABDO, 2005, p. 1).

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1.4.2 Idade

A idade média de início para o transtorno depressivo maior é 40 anos. Porém, os

transtornos depressivos podem ocorrer independente da idade, estando presentes também,

na infância e na população idosa. Segundo o Prof. Dr. Paulo Bertolucci existe um elevado

número de pacientes idosos (27%) que apresenta, na verdade, um quadro subsindrômico

(BERTOLUCCI, 2005, p.1), que também merece sua devida atenção.

1.4.3 Estado Civil

Em geral, a depressão unipolar ocorre mais freqüentemente em pessoas que não têm

relações interpessoais íntimas ou são divorciadas ou separadas (KAPLAN, 2003).

1.5 Etiologia e Fisiopatologia

Sua etiologia geralmente é multifatorial, devendo ser considerados fatores neurobiológicos,

genéticos e psicossociais.

1.5.1 Fatores Neurobiológicos

Não há dúvida de que a grande causa dos transtornos depressivos ocorrem pelo

desequilíbrio bioquímico de alguns neurotransmissores centrais. Esses neurotransmissores

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são substâncias que fazem a ligação entre uma célula nervosa e outra, atuando como

mediadores na condução de informações como, por exemplo, mediando informações de

alegria, prazer e tristeza.

A noradrenalina e a serotonina são os dois neurotransmissores mais envolvidos na

fisiopatologia dos transtornos do humor. Há também alterações em níveis dopaminérgicos,

e evidências recentes apontam uma desregulagem, também, da acetilcolina. Atualmente se

sabe, por exemplo, que todos os antidepressivos clinicamente eficazes aumentam a

concentração dos neurotransmissores nos receptores pós-sinápticos, inibindo a sua

recaptura para dentro do neurônio pré-sináptico. Essa observação levou a hipótese de que a

depressão seja causada por alguma deficiência em determinados neurotransmissores, sendo

os antidepressivos um recurso para tratar esse desequilíbrio (JACOBSON, 1997, p. 104).

Com relação aos fatores neuroendócrinos, a literatura descreve diversas alterações. Os

principais eixos neuroendócrinos de interesse nos transtornos do humor são o adrenal, da

tireóide e do hormônio do crescimento. Outras anormalidades descritas incluem secreção

noturna diminuída de melatonina e níveis basais diminuídos de hormônio folículo-

estimulante. No que diz respeito ao eixo adrenal, existe uma correlação entre hipersecreção

de cortisol e depressão (uma das observações mais antigas na psiquiatria biológica). Sabe-

se, por exemplo, que aproximadamente metade dos pacientes com depressão maior

apresenta hipersecreção de cortisol, que retorna ao normal quando a depressão se

normaliza. Já no eixo da tireóide, é notável a relação entre alterações de sintomas afetivos

quando presente um determinado transtorno da tireóide. Por fim, com relação ao hormônio

do crescimento, pesquisas apontam que pacientes deprimidos têm uma estimulação

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embotada da liberação deste hormônio; liberação esta induzida pelo sono, que muitas vezes

apresenta-se desregulado nestes pacientes (JACOBSON, 1997, p. 104).

Esses problemas relacionados ao sono (insônia inicial e terminal, despertares múltiplos,

hipersonia) são sintomas comuns e clássicos da depressão. Algumas alterações do sono

podem ser identificadas por meio do eletroencefalograma, que geralmente aponta um início

de sono atrasado e alterações nas fases do sono delta anormal, latência encurtada dos

movimentos oculares rápidos, entre outras.

1.5.2 Fatores genéticos

A genética é sem dúvida um fator significativo no desenvolvimento de um transtorno do

humor (KAPLAN, 2003, p. 498). Porém, existe um componente genético mais poderoso

para a transmissão do transtorno bipolar I do que para a transmissão do transtorno

depressivo.

Algumas evidências recentes confirmam que eventos cruciais da vida, em particular a

morte ou a perda de uma pessoa amada, podem preceder o início da depressão. No entanto,

menos de 20% dos indivíduos que experimentam perdas tornam-se clinicamente

deprimidos. Estas observações falam fortemente a favor de um fator predisponente:

possivelmente genético ou psicossocial (EBERT; LOOSEN; NURCOMBE, 2002, p. 288).

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1.5.3 Fatores psicossociais

Cada indivíduo, ao longo de sua vida, acumula diversas experiências negativas e positivas.

Uma pessoa que tenha perdido o controle sobre como lidar de maneira equilibrada com

suas experiências sócio-ambientais pode vir a manifestar sintomas depressivos. Este é um

modelo que afirma que o comportamento humano e o ambiente podem influenciar o nosso

estado de humor.

Uma observação clínica, já muito relatada, é que acontecimentos vitais estressantes, muitas

vezes, precedem episódios de transtornos do humor (KAPLAN, 2003, p. 499).

Dentre as teorias psicossociais, existem correntes com diferentes visões, como a teoria da

psicanálise, teoria comportamental, teoria humanista, entre outras.

1.6 Tratamento

Segundo Kaplan (KAPLAN, 2003) o tratamento dos transtornos do humor deve ser dirigido

para os seguintes objetivos: em primeiro lugar, deve-se garantir a segurança do paciente

(propiciando um bom vínculo terapeuta – paciente); em segundo lugar, uma completa

avaliação diagnóstica; em terceiro, um plano de tratamento que aborde não apenas os

sintomas imediatos, mas também o bem-estar futuro do paciente.

Kay e Tasman (KAY; TASMAN, 2002, p.306) enfatizam que o tratamento deve voltar-se

para a redução e eliminação dos sintomas depressivos, com restauração integral do

funcionamento psicossocial. A melhoria do funcionamento adaptativo após o episódio

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depressivo deve ser um dos objetivos associados. O estabelecimento de uma relação

funcional entre paciente, família e terapeuta, promove geralmente uma melhor recuperação

e fundamenta, além da conduta, o melhor tratamento para o paciente.

A literatura de psiquiatria estudada apresenta as seguintes práticas de tratamento do

paciente deprimido: farmacoterapia, eletroconvulsoterapia, fototerapia e o tratamento

psicossocial.

1.6.1 Farmacoterapia

O enfoque farmacológico revolucionou o tratamento dos transtornos depressivos e afetou

dramaticamente o curso dos transtornos de humor, além de reduzir os custos que impõem à

sociedade (KAPLAN, 2003, p. 517).

As principais drogas terapêuticas para o tratamento da depressão são os antidepressivos e a

escolha do tratamento com um medicamento específico - em uma determinada situação

clínica - baseia-se principalmente na determinação da resposta terapêutica prévia à

medicação, na consideração dos possíveis efeitos colaterais, na história de resposta à

medicação em parentes de primeiro grau e na presença de doenças clínicas gerais

concorrentes ou de transtornos psiquiátricos comórbidos que possam indicar uma opção

específica de tratamento com antidepressivos.

Quando a medicação antidepressiva é iniciada exige-se a monitorização cuidadosa da dose

e das respostas iniciais, a revisão do tratamento com o paciente logo após seu início, o

aumento gradual da dose até níveis terapêuticos e a revisão semanal da resposta clínica

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durante o tratamento. O objetivo final da farmacoterapia é a remissão completa dos

sintomas.

Há vários tipos de medicações antidepressivas. Estas incluem medicações mais novas -

principalmente inibidores seletivos de recaptura de serotonina (ISRS), tricíclicos e

inibidores da mono-amino-oxidase (IMAO). Os ISRS - e outras medicações mais recentes

que afetam neurotransmissores como dopamina e norepinefrina - geralmente têm menos

efeitos colaterais que os tricíclicos e geralmente são mais bem toleradas pelos pacientes.

Embora algumas melhoras possam ser vistas nas primeiras semanas, as medicações

antidepressivas têm de ser tomadas regularmente por 3 ou 4 semanas (em alguns casos até 8

semanas) antes que ocorra o efeito terapêutico integral. Além disso, o médico pode ter que

experimentar vários antidepressivos antes de achar a medicação ou combinação de

medicações mais eficaz.

Seguem-se abaixo alguns quadros com as diferentes categorias de antidepressivos, doses

recomendadas, entre outras informações.

ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS

Nome do Sal Nome Comercial Apresentação Dose média*

AMITRIPTILINA AmitriptilinaAmytrilTryptanol

cp. de 25 mgcp. de 25 mgcp. de 25 e 75 mg

25 a 125 mg/dia

CLOMIPRAMINA Anafranil cp. de 25 e 75 mg 25 a 225 mg/dia

IMIPRAMINA ImipraImipramineTofranil

cp. de 25 mgcp. de 25 mgcp. de 25, 75 e 150 mg

25 a 300 mg/dia

MAPROTILINA** Ludiomil cp. de 25 e 75 mg 25 a 150 mg/dia

NORTRIPTILINA Pamelor cp. de 25, 50 e 75 mg 25 a 100 mg/dia

* - as doses dos tricíclicos são extremamente variáveis tendo em vista a sensibilidade pessoal.

Quadro 1 – Antidepressivos Tricíclicos Fonte: http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=209&sec=39

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ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS

Nome do Sal Nome Comercial Apresentação Dose média

AMINEPTINA Survector cp. de 100 mg 100 a 300 mg/dia

VENLAFAXINA Efexor cp. de 37,5 e 75 mg 75 a 150 mg/dia

MIRTAZAPINA Remeron cp. de 30 e 45 mg 30 a 45 mg/dia

TIANEPTINA Stablon dr. de 12,5 mg 25 a 50 mg/dia

REBOXETINA Prolift cp de 4 mg 8 - 16 mg/dia

FLUVOXAMINA Luvox (breve) .. ..

Quadro 2 – Antidepressivos Atípicos Fonte: http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=209&sec=39

ANTIDEPRESSIVOS INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPITURA DE SEROTONINA

Nome do Sal Nome Comercial Apresentação Dose média

CITALOPRAM Cipramil cp. de 20 mg 20 a 60 mg/dia

FLUOXETINA DepraxEuforFluxeneNortecProzacVerotina

cp. de 20 mgcp. de 20 mgcp. de 20 mgcp. de 20 mgcp. de 20 mgcp. de 20 mg

20 a 60 mg/dia20 a 60 mg/dia20 a 60 mg/dia20 a 60 mg/dia20 a 60 mg/dia20 a 60 mg/dia

FLUVOXAMINA Luvox cp. de 100 mg 100 a 300 mg/dia

NEFAZODONA Serzone cp. de 100/ 150 mg 300 a 500 mg/dia

PAROXETINA AropaxPondera

cp. de 20 mgcp. de 20 mg

20 a 60 mg/dia

SERTRALINA NovativTolrestZoloft

cp. de 50 mgcp. de 50 mgcp. de 50 mg

50 a 100 mg/dia

Quadro 3 – Antidepressivos ISRS Fonte: http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=209&sec=39

É importante lembrar também, que os medicamentos ansiolíticos (calmantes) ou sedativos por

vezes são prescritos juntamente com os antidepressivos; entretanto, não são eficazes quando

tomados isoladamente para um transtorno depressivo (Associação Brasileira de Psiquiatria,

2006).

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1.6.2 Eletroconvulsoterapia

A terapia eletroconvulsiva geralmente é usada quando o paciente não responde à

farmacoterapia ou não tolera a farmacoterapia ou quando a situação clínica é tão severa que

exige a melhora rápida.

Dentre todas as eletroconvulsoterapias realizadas nos Estados Unidos, de 80 a 90% são para

o tratamento do transtorno da depressão maior. Esta terapia é indicada para casos de

depressão severos, incluindo casos com aspectos psicóticos. E é particularmente útil para

eliminar impulsos suicidas agudos em pacientes que necessitam de um rápido combate aos

sintomas (KAPLAN, 2003, p. 521).

1.6.3 Fototerapia

A fototerapia é um tratamento que vem sendo usado em pacientes com transtornos do

humor de padrão sazonal (LEPPÄMÄKI, 2002, p. 316). Pode ser usada sozinha ou em

associação com a farmacoterapia.

Consiste na exposição de pacientes com Transtorno Depressivo Maior (TDM) à iluminação

de 2500 lux de 1 a 2 horas ao despertar. Foi desenvolvida como um novo tratamento para

pacientes que manifestam TDM com padrão sazonal, que geralmente se manifestam nos

países nórdicos, nos períodos de inverno, que tem pouca luminosidade.

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1.6.4 Tratamento Psicossocial

Dentre a literatura consultada verificou-se que a maioria dos autores indicam a prática

medicamentosa associada à psicoterapia, obtendo, com isso, uma intervenção mais efetiva e

prevenindo as recidivas. Além disso, algumas pessoas com formas mais leves de depressão

podem evoluir bem somente com psicoterapia tão somente.

Dentre os tratamentos psicossociais incluem-se tratamento psiquiátrico de apoio,

psicoterapia interpessoal, terapia cognitiva, terapia comportamental, psicoterapia dinâmica

breve e terapia conjugal e familiar. Elas têm por objetivo: redução ou eliminação dos

sintomas ativos da depressão, prevenção de recaídas ou recorrências e restauração do

funcionamento psicossocial.

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2 ACUPUNTURA E DEPRESSÃO

2.1 Introdução

A palavra “acupuntura” vem do Latim e se refere simplesmente ao ato de “penetrar com um

instrumento pontiagudo”. Tal técnica originou-se na China, no período pré-histórico e vem

sendo usada por mais de dois mil anos na China e no Japão (FILSHIE; WHITE, 2002, p. 3).

A referência literária mais antiga está no livro de medicina interna do Imperador Amarelo,

datada do segundo ou terceiro século antes de Cristo. A acupuntura chegou ao Japão no

século VI da era Cristã e foi introduzida na Europa por Rhijine (1683), que havia aprendido

no Japão essa arte terapêutica. Como terapia foi se difundindo muito lentamente na Europa.

As primeiras publicações sobre acupuntura, européias e americanas, só apareceram no

início do século XIX. Apesar de seu uso já mais difundido na metade do século XX, foi só

na década de 70 que a atenção pública se voltou para essa terapia e veio a ser amplamente

exercida. Filmes mostrando procedimentos cirúrgicos sob anestesia propiciada pela

acupuntura, vindos da China, logo após a visita do presidente Nixon ao país em 1972,

incitaram a imaginação pública. Foi então, nessa época, que se iniciaram as mais amplas

pesquisas sobre a acupuntura e seus diversos efeitos, principalmente no que diz respeito ao

controle da dor.

Hoje em dia, devido a esta ampla expansão da acupuntura para o Ocidente e devido a uma

cultura atual de ciência baseada em evidências pode-se colocar a acupuntura dividida em

dois grandes pilares: acupuntura segundo a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e a

Acupuntura Científica (AC). A MTC exerce a acupuntura conforme os ensinamentos de

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antigos mestres, que passaram seus conhecimentos ao longo de milhares de anos, sendo

suas teorias baseadas num equilíbrio energético regido pelo Yin e pelo Yang (forças

opostas com a finalidade de se equilibrarem entre si). A inserção de agulhas pelo corpo

teria a finalidade de ajudar na restauração da energia vital, que estaria desbalanceada no

caso de uma doença. Sendo assim, os melhores pontos deveriam ser selecionados para a

restauração de uma homeostase individual – pontos que teriam uma indicação variável

conforme o estado de desequilíbrio. Os pontos de acupuntura agrupados entre si, formariam

segundo a MTC, meridianos (trajetos imaginários) ao longo do corpo, responsáveis por

conduzirem nossa energia vital.

Já a AC baseia-se em princípios neurofisiológicos, anatômicos e muitas vezes exclui as

teorias tradicionais chinesas. Para estes adeptos a aplicação das agulhas gera componentes

neuroquímicos, psicológicos e hormonais, responsáveis pelo controle sintomatológico ou

cura de algumas doenças. Esta corrente diversas vezes tenta traçar um elo entre a MTC e as

informações disponíveis na medicina ocidental, como por exemplo, tentando correlacionar

os meridianos com os trajetos nervosos ou com o trajeto de vasos da anatomia humana;

muitas vezes questiona a real existência de uma energia percorrendo os meridiano; tenta

traçar protocolos de tratamento, baseados em evidências e não por meio de diagnósticos

firmados pela MTC. Porém, são inúmeros os estudos que acabam correlacionando a MTC e

a AC, por isso esse capítulo irá se ater numa mescla destas duas correntes.

É interessante pontuar, também, que a terminologia utilizada pela MTC difere totalmente

dos termos usados pela medicina ocidental. Por exemplo: “Pulmão” na MTC está

relacionado com doenças de pele; “Rim” não diz respeito ao trato urinário e sim ao sistema

genital; “Baço” regula as funções digestórias. Existe até um órgão “Triplo Aquecedor”, que

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não existe na anatomia moderna (LIAO, 1973, NEEDHAM, 1980 apud FILSHIE, 2002, p.

13). A justificativa para esta grande diferença reside no fato da MTC se basear em antigos

manuscritos que datam de tempos cujas constatações de funcionamento do corpo, muitas

vezes, eram feitas por intuição, e a anatomia interna humana norteava-se primordialmente

pela palpação e observação.

2.2 Fisiologia da técnica na depressão

Existem algumas evidências sugerindo que a acupuntura é capaz de acelerar a síntese e o

restabelecimento da serotonina (5–HT) e da norepinefrina (NE) no Sistema Nervoso

Central (HAN, 1986 apud SMITH; HAY, 2004, p. 2 e JORM et al., 2002, p. 10). Estas

substâncias seriam capazes de amenizar alguns dos sintomas da depressão, pois segundo

HAN (1986), essas monoaninas são o principal fator etiológico no desenvolvimento da

depressão.

Já segundo a MTC a acupuntura, nos casos de depressão, funciona ajudando no reequilíbrio

energético de certos órgãos e meridianos, que costumam estar afetados conforme os

diferentes distúrbios emocionais. No distúrbio da tristeza, por exemplo, o órgão e o

meridiano afetado costuma ser o “Pulmão”. No distúrbio da preocupação excessiva o órgão

de choque, assim como o meridiano acometido, costuma ser o “Baço Pâncreas”. Problemas

de alegria, por sua vez, estão intimamente relacionados com o Coração. Segundo Filshie

(2002) o principal órgão que regula as atividades mentais é o coração (FILSHIE; WHITE,

2002, p. 299) e nos casos de depressão tal entidade tende a estar acometida.

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Segue-se abaixo alguns meridianos que podem estar acometidos em casos de depressão.

Ilustração 1 – Meridiano do Pulmão Fonte: Filshie; White, 2002, p. 525

Ilustração 2 – Meridiano do Coração Fonte: Filshie; White, 2002, p. 531

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Ilustração 3 – Meridiano do Pericárdio ou Triplo Aquecedor Fonte: Filshie; White, 2002, p. 537

Ilustração 4 – Meridiano Vaso-Governador Fonte: Filshie; White, 2002, p. 543

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Além do método tradicional da acupuntura, realizado somente com agulhas, existem outras

técnicas que tem basicamente os mesmos princípios: eletro-acupuntura (pequenas correntes

elétricas são adicionadas às agulhas), aurículo acupuntura (aplicação de sementes ou

pequenas agulhas em pontos do pavilhão auditivo), laser acupuntura (aplicação de laser

terapêutico de baixa potência nos pontos de acupuntura), Do-in (dígito pressão nos

acupontos), entre outros. Cada técnica pode ter objetivos específicos para cada um dos

diferentes quadros de depressão, porém, segundo Smith (SMITH; HAY, 2005, p. 02), são

poucos os estudos que comparam esses diferentes estilos de acupuntura, principalmente

quando aplicados à depressão.

É importante lembrar, também, que talvez o efeito mais reconhecido da acupuntura, em

todo seu campo de atuação, seja o seu efeito analgésico, amplamente demonstrado a partir

da liberação de opiáceos como a endorfina. Estas evidências de que a acupuntura liberaria

substâncias químicas (com características moleculares semelhantes às drogas analgésicas)

naturalmente existentes no organismo humano, passaram a ser descobertas na década de 70;

e hoje em dia, sabe-se que por meio da acupuntura é possível estimular a produção de

algumas monoaminas e neuropeptídeos, entre elas as endorfinas, as encefalinas, as

dinorfinas, a serotonina e a norepinefrina (BIRCH; FELT, 2002, p. 197). Bruce Pomeranz,

um dos pesquisadores mais respeitados no setor, já documentou 17 linhas de evidências que

sustentam a afirmação de que a acupuntura libera endorfinas que promovem analgesia

(POMERANZ, 1996 apud BIRCH, 2002, p. 200). Seguem abaixo algumas evidências de

Bruce Pomeranz, comprovando a ação da acupuntura:

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Quatro antagonistas opiáceos diferentes conseguem bloquear o efeito de analgesia

produzido pela acupuntura. Microinjeções de anticorpos da endorfina bloqueiam o

efeito de analgesia produzido pela acupuntura;

Camundongos com deficiência genética de receptores dos opiáceos mostram pouca

analgesia com acupuntura;

Ratos com deficiência de produção de endorfina mostram pouca analgesia por

acupuntura.

2.3 Como utilizar a acupuntura em casos de depressão

Os efeitos analgésicos gerados pela acupuntura; já listados acima e que possuem certas

propriedades sedativas podem ser uma possibilidade terapêutica em alguns casos de

depressão – principalmente nas depressões com traços de ansiedade. Além do que, muitos

pacientes com dor crônica apresentam, também, uma baixa do humor, portanto, melhorar a

dor destes pacientes pode significar uma melhora de humor. Já se sabe, por exemplo, que a

grande maioria dos pacientes com dor crônica e depressão respondem positivamente ao

tratamento com antidepressivos tricíclicos. Várias hipóteses tentam explicar estes

resultados clínicos e evidências falam não só a favor do efeito antidepressivo, mas também,

do efeito “analgésico” dos tricíclicos (MONKS, 1999 apud FIGUEIRÓ; ANGELOTTI;

PIMENTA, 2005, p. 205).

Um grande potencial da técnica de acupuntura é o seu forte efeito placebo, que utilizado de

forma coerente pode favorecer bastante o paciente deprimido. Isto porque, por ser uma

técnica de certa forma invasiva e por possuir uma carga “mística” arraigada em suas

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teorias, o paciente, muitas vezes, pode induzir a sua própria melhora. Num estudo

desenvolvido no Departamento de Psiquiatria da Universidade de Mainz (Alemanha), 70

pacientes com depressão maior foram randomizados em 3 diferentes grupos. O Grupo 1

recebeu somente mianserina (90 – 120 mg / dia); o Grupo 2 recebeu mianserina (90 – 120

mg / dia) mais acupuntura verdadeira (acupuntura em pontos específicos para o tratamento

da depressão – realizado por acupunturistas treinados) e o Grupo 3 recebeu mianserina (90

– 120 mg / dia) mais acupuntura placebo (aplicação de agulhas onde não existem pontos de

acupuntura - escolhidos aleatoriamente). O grupo que evoluiu melhor e teve maiores

reduções dos sintomas da depressão foi o Grupo 3 (acupuntura placebo). Posteriormente

veio o Grupo 2, que recebeu acupuntura verdadeira, e por último, o Grupo 1, que recebeu

tratamento somente com antidepressivo (RÖSCHKE, 2000).

Além desse forte efeito placebo gerado pela acupuntura, que em certos casos pode ser

utilizado a favor do terapeuta, certos autores indicam boas perspectivas para a aplicação de

tal técnica em casos de depressão. Seguem-se abaixo (tabela 1) alguns estudos que colocam

a acupuntura como um recurso válido na depressão. E os tratamentos utilizados nestes

estudos podem servir de base para aqueles que eventualmente utilizem a acupuntura em

casos de depressão.

Tabela 1 – Estudos com bons resultados de acupuntura na depressão.

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LUO,

1988

Análise comparativa / metodologia: 241 pacientes deprimidos receberam ou eletro-acupuntura ou amitriptilina. Estudo randomizado.

Resultados: Os dois grupos tiveram uma melhora significativa da doença, sem qualquer diferença nos índices de recorrência a longo prazo.

Tratamento com acupuntura: Os pontos VG-20 e Yintang foram eletroestimulados. A corrente utilizada foi de 3-5mA, com uma freqüência de 2 Hz e tempo de estimulação de 45 minutos.

Número de sessões semanais: 6 sessões semanais durante seis semanas.

XIUJUAN,

1994

Análise comparativa / metodologia: 20 pacientes deprimidos tratados com acupuntura e 21 tratados com amitriptilina. Estudo randomizado.

Resultados: Melhora no quadro da depressão, do sono e ansiedade (sintoma que evolui melhor no grupo de acupuntura). Os dois grupos tiveram uma melhora significativa da doença.

Tratamento com acupuntura: Pontos VG-12, 14 e 24; VC-14 e 17; VB-20 e PC-6 – estimulados bilateralmente, além de pontos auxiliares dependendo do diagnóstico. Todos os pacientes receberam estimulação elétrica de 80 e 100Hz nos pontos VG-20, VG-24 e VB-20.

Número de sessões semanais: 6 sessões semanais durante seis semanas.

ALLEN,

1998

Análise comparativa / metodologia: 38 mulheres randomizadas em três grupos: G1 = acupuntura para depressão, G2 = acupuntura para controle sintomatológico, G3 = lista de espera. Estudo parcialmente duplo-cego e randomizado.

Resultados: 64% das mulheres tiveram uma remissão total de sintomas. O G1 evolui significativamente melhor que o G2 e um pouco melhor que o G3.

Tratamento com acupuntura: Seguindo os padrões da MTC.

Número de sessões semanais: 2 sessões semanais nas 4 primeiras semanas e uma sessão semanal nas 4 semanas posteriores.

RÖSCHKE,

2000

Análise comparativa / metodologia: 70 pacientes foram randomizados em três grupos: G1 = tratamento com miaserina; G2 = miaserina + acupuntura; e G3 = miaserina + acupuntura placebo. Estudo randomizado.

Resultados: O G3 (acupuntura placebo) evoluiu melhor e teve maiores

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reduções dos sintomas da depressão; posteriormente veio o G2 (acupuntura verdadeira).

Tratamento com acupuntua: Estimulação bi-lateral dos pontos: C-7; CS-6; E-40; B-15, 17 e 18; P-1; -5 e 6. Duração de 30 minutos por sessão.

Número de sessões semanais: 3 vezes por semana durante quatro semanas.

GALLAGHER,

2001

Análise do estudo / metodologia: 33 mulheres do estudo de Allen foram entrevistadas depois de 6 meses para verificar a efetividade da técnica a longo prazo.

Resultados: Das mulheres que obtiveram remissão total da doença 24% acabou tendo uma recidiva depois de 6 meses. Índice semelhante a outras técnicas consagradas, o que indicaria um bom resultado a longo prazo.

MANBER,

2004

Análise comparativa / metodologia: 61 grávidas com depressão maior foram randomizadas em três grupos: G1 = acupuntura para depressão, G2 = acupuntura para controle sintomatológico e G3 = massagem. Estudo duplo-cego e randomizado.

Resultados: G1 teve uma melhora de 69%, G2 melhorou 47% e o G3 melhorou 32%. O resultado do G1 se assemelha com resultados obtidos com medicamentos e psicoterapia em grávidas deprimidas.

Tratamento com acupuntura: Seguindo os padrões da MTC; sessões com duração de 25 a 30 minutos.

Número de sessões semanais: 2 sessões semanais inicialmente e uma sessão por semana posteriormente.

Apesar destes estudos favoráveis, certos autores afirmam que a acupuntura ainda não se

mostrou um recurso realmente efetivo no tratamento de tal patologia. Num estudo de Smith

e Hay (SMITH; HAY, 2005), seguindo os padrões da biblioteca Cochrane (centro de

grande credibilidade na execução de revisões bibliográficas, de análises sistemáticas e

meta-análises), os autores colocam que ainda são poucas as evidências que comprovem e

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que façam desta intervenção uma terapêutica realmente reconhecida para casos de

depressão (SMITH; HAY, 2005, p. 09). Segundo esta revisão, a acupuntura ainda não se

mostrou superior a acupuntura placebo, não demonstrou ser mais eficaz que medicamentos

e não se sabe se acupuntura mais medicamento é mais efetiva que acupuntura mais placebo.

Com isso, são poucas, também, as evidências para delinear uma clara orientação de como

utilizar a acupuntura na depressão, porém, seguem-se abaixo algumas práticas e sugestões

que podem trazer alguns benefícios para os acupunturistas que venham a tratar pacientes

deprimidos.

Segundo a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) o principal órgão que regula as atividades

mentais é o coração (FILSHIE; WHITE, 2002, p. 299), portanto, muitas aplicações de

acupuntura para o tratamento da depressão (conforme a MTC) utilizam o meridiano do

coração e o seu associado: o pericárdio (Circulação-Sexo), além de um meridiano que se

estende sobre o cérebro e a medula espinhal: o Vaso-Governador. A MTC descreve

diversos casos de depressão devido a uma estagnação do Qi (energia vital que percorre o

nosso organismo) e esta estagnação pode ser oriunda de um mau bombeamento sanguíneo

(do Shue) – função específica do coração. Portanto, uma alternativa terapêutica pode ser a

aplicação de acupuntura ao longo destes meridianos. Ver ilustrações de 1 a 4 para verificar

o trajeto dos meridianos que podem estar alterados em casos de depressão.

Dois pontos muito utilizados em pesquisas para tratar síndromes depressivas são o VG20

(ponto mais alto do meridiano Vaso Governador) e o Yintang (ponto localizado entre as

sobrancelhas).

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Em casos de eletroacupuntura a corrente elétrica que passa pelas agulhas é uma corrente

não contínua que pode ser relativamente lenta (2 – 10 Hz) ou rápida (80 – 150Hz) e a

associação de freqüências baixas e altas tende a ter resultados mais favoráveis do que a

utilização de somente uma das duas (ULETT; HAN; 1998, p. 129). A justificativa para isso

parece ser a liberação de mais de um tipo de neuropeptídeo (MA, 2003, p. 42) e isso pode

ser vantajoso, também, nos casos de depressão.

Para seleção dos pontos listados na tabela 1, e mesmo para localizar qualquer acuponto é

importante lembrar que exames quantitativos das propriedades elétricas da pele fornecem a

demonstração mais objetiva da validade científica dos pontos de acupuntura

(BERGSMANN, 1973; REICHMANIS, 1975; BECKER et al., 1976; OLESON, 1983 apud

STUX; HAMMERSCLA, 2005, p. 113). Nos anos 70, Matsumoto mostrou que 80% dos

pontos de acupuntura podiam ser detectados como pontos de baixa resistência. Descobriu-

se que a resistência elétrica dos pontos de acupuntura ia de 100 a 900 kOhm, ao passo que

a resistência elétrica dos não-pontos de acupuntura ia de 1100 a 11.700 kOhm (STUX;

HAMMERSCLA, 2005, p. 114).

No Departamento de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo (FMUSP), por exemplo, o método utilizado para detectar os

pontos de acupuntura com mais precisão é o Ryodoraku (aparelho utilizado para mapear a

impedância ou resistência elétrica da pele). Integrantes do Departamento de Dor da FMUSP

colocam que segundo Nakatani os pontos detectados pelo Ryodoraku indicam a existência

de um processo patológico, resultado da liberação de substâncias algogênicas nas

terminações nervosas do tegumento pesquisado (ANDRADE FILHO, 2005). Essas

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substâncias algogênicas promoveriam uma despolarização da membrana axonal e

conseqüentemente reduziriam a resistência elétrica tegumentar (ANDRADE FILHO, 2005).

Como demonstrado no estudo de Röschke (RÖSCHKE, 2000), a acupuntura pode ser um

recurso que utilizado de forma associada à tratamentos padrões pode trazer benefícios

terapêuticos adicionais, potencializando, por exemplo, o efeito dos antidepressivos.

Cabe lembrar que trabalhar em conjunto com um psiquiatra pode ser uma alternativa bem

interessante e em alguns casos primordial. Com isso pode-se discutir a eleição criteriosa

dos pacientes que eventualmente se beneficiarão somente com a acupuntura, verificar as

possibilidades de utilizar-se antidepressivos mais acupuntura, averiguar possíveis reduções

em dosagens medicamentosas (em função da associação com a acupuntura) e deixar a cargo

do psiquiatra os casos que possivelmente não se beneficiarão com o uso da acupuntura.

Apesar dos poucos estudos bem elaborados, controlados e com casuísticas importantes a

acupuntura parece ser uma técnica promissora no tratamento da depressão. E para maiores

conclusões e para claras orientações de tratamento mais estudos se fazem necessários.

3 EXERCÍCIO FÍSICO

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3.1 Introdução

O exercício físico sempre existiu na história da humanidade. Estudos antropológicos e

evidências históricas relatam a existência desta prática desde a cultura pré-histórica, como

um componente integral da expressão religiosa e cultural (VAISBERG, 2005, p. 5). Um

bom exemplo são os Jogos Olímpicos – prática desportiva com caráter de celebração e

culto aos Deuses que ocorre há mais de 2700 anos.

Um outro aspecto também muito importante do exercício físico, quando realizado de forma

planejada, estruturada e repetitiva, é a sua capacidade de atuar no condicionamento físico,

aumentando ou mantendo a saúde e a aptidão física. Esta forma de atuação também pode

ser encontrada na história das civilizações; como na Idade Média em que os exercícios

foram a base da preparação militar dos soldados, que durante os séculos XI, XII e XIII

lutaram nas Cruzadas empreendidas pela Igreja.

Porém, uma atenção recente, fruto de diversos estudos atuais, relaciona o exercício físico

com a prevenção, conservação e conseqüente melhora da saúde.

Estudos epidemiológicos e experimentais evidenciam uma correlação positiva entre a

prática da atividade física e diminuição da mortalidade, sugerindo um efeito positivo no

risco de desenvolver enfermidades cardiovasculares, no perfil dos lipídeos plasmáticos, na

manutenção da integridade óssea, no controle de enfermidades respiratórias e do diabetes,

além de menor prevalência de câncer. Também são relatados benefícios psicológicos como

melhora na função cognitiva, humor, diminuição da ansiedade e depressão (MC ARDLE et

al., 1998; MAZZEO, 1998; NIEMAN, 1999; POWERS et al., 2000; WILMORE, COSTIL,

2001 apud VAISBERG, 2005, p. 06).

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Independente da idade, o exercício físico terapêutico regular produz melhoras fisiológicas

mensuráveis. O Colégio Americano de Medicina Esportiva (“American College of Sports

Medicine” – ACSM), por exemplo, coloca dentre os benefícios diretos e indiretos do

exercício físico terapêutico:

Melhoria da função cardiovascular e respiratória;

Redução dos fatores de risco para doenças das artérias coronárias;

Diminuição de incidentes mortais provocados por doença cardiovascular;

Diminuição da incidência de doença das artérias coronárias, cancro do cólon e

diabetes tipo II;

Diminuição da massa gorda e manutenção ou aumento da massa muscular;

Aumento da massa óssea e/ou prevenção da sua perda (prevenção da osteoporose);

Aumento da força muscular;

Aumento da resistência de tendões e ligamentos;

Aumento do metabolismo em repouso;

Melhoria da função imunitária;

Atraso de certos processos do envelhecimento;

Aumento da sensação de bem-estar e da auto-estima;

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Melhoria dos estados de depressão e ansiedade.

A magnitude dessas melhoras depende de muitos fatores, incluindo estado inicial de

aptidão, idade, tipo e volume de treinamento. Por isso, é importante lembrar que quando se

pretende trabalhar com o exercício físico de forma terapêutica é preciso ter um bom

conhecimento dos aspectos gerais e da fisiologia do exercício, sabendo associar isto à

correta prescrição para cada indivíduo e para cada doença. Para isso deve-se estar atento a

determinantes como: intensidade, volume, freqüência e duração do exercício. Além disso,

outro cuidado igualmente importante refere-se à realização de uma avaliação física precisa,

para que seja elaborado um programa correto de exercícios, baseado no gasto energético,

idade, sexo, entre outros (FLETCHER, 1990, p. 2288).

Na última década foram realizados estudos controlados fundamentando a idéia de que os

exercícios físicos têm papel relevante na promoção de saúde mental. Os indivíduos mais

estudados são os de populações clínicas, portadoras de depressão - os quais, em geral, são

mais sedentários e apresentam menor capacidade de trabalho físico se comparados aos não

portadores da doença. Tem-se observado que ambas as populações se beneficiam dos

efeitos da prática de diferentes modalidades de exercício físico (MELLO, 2005, p. 205).

Frente às necessidades em entender a fisiologia do exercício, qual intensidade, freqüência,

volume e duração da atividade física necessária para o tratamento da depressão surgiram os

tópicos subseqüentes deste capítulo.

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3.2 Fisiologia do Exercício na depressão

Segundo Vaisberg (VAISBERG, 2005, p. 136) mecanismos psicológicos e fisiológicos tem

sido sugeridos para explicar os efeitos benéficos dos exercícios sobre a saúde e sobre

transtornos mentais. Embora poucas hipóteses tenham encontrado respaldo em estudos

randomizados e controlados, alguns dos mecanismos serão aqui mencionados:

3.2.1 Mecanismos psicológicos dos exercícios físicos:

a) Hipótese da distração: Sugere que o desvio (promovido pelos exercícios) de estímulos

não prazerosos ou de queixas somáticas dolorosas levem à melhora do afeto e do bem-estar;

b) Teoria da auto-eficácia: Propõe que confiança, na capacidade de se exercitar, está

fortemente relacionada à habilidade de realizar outras tarefas/comportamentos;

c) Hipótese da interação social: Postula que a interação social e o suporte mútuo entre os

praticantes é importante parcela dos benefícios causados pelo exercício físico à saúde

mental do indivíduo.

3.2.2 Mecanismos fisiológicos dos exercícios físicos:

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a) Hipótese das monoaminas: propõe que os exercícios otimizam a transmissão sináptica

aminérgica cerebral. Noradrenalina, dopamina e serotonina são aminas que agem no

despertar, na capacidade da atenção e também estão relacionadas aos transtornos

depressivos e distúrbios do sono;

b) Hipótese das endorfinas: as beta-endorfinas são produzidas endogenamente em

diferentes localizações do cérebro, liberadas durante a atividade física, estão relacionadas à

redução da dor e à potencialização do estado de euforia.

Além dessas diversas hipóteses a melhora do quadro do sono (benefício intimamente ligado

à prática regular de atividade física) parece ser um dos fatores implícitos relacionados à

diminuição dos sintomas da depressão.

Para esta melhora do padrão do sono algumas teorias são propostas, entre elas:

1- Termorregulatória: afirma que o aumento da temperatura corporal como conseqüência

do exercício, facilitaria o disparo do início do sono, graças a ativação dos mecanismos

de dissipação do calor e indução do sono, processos estes controlados pelo hipotálamo;

2- Conservação de energia: descreve que o aumento do gasto energético promovido pelo

exercício durante a vigília aumentaria a necessidade de sono a fim de alcançar um

balanço energético positivo, restabelecendo uma condição adequada para um novo

ciclo de vigília;

3- Restauradora ou compensatória: da mesma forma que a anterior, relata que a alta

atividade catabólica durante a vigília reduz as reservas energéticas aumentando a

necessidade de sono.

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Os benefícios da atividade física, em relação à qualidade de vida, são indubitáveis, e são

evidenciados sob o aspecto psicossocial, interferindo no estado de ansiedade e

depressão, elevando a autoconfiança e favorecendo assim sua reintegração social e

profissional além de motivar as mudanças dos hábitos de vida e o controle dos fatores de

risco” (YAZBEK et al., 1994, p. 81).

3.3 Como utilizar o exercício na depressão

O interesse em estudar os efeitos do exercício na depressão parece ter sido estimulado pelo

“feeling good phenomenon” (fenômeno do se sentir bem) causado pelo exercício

(COOPER, 1968, apud McCANN; HOLMES, p. 1142). Tal fenômeno, aparentemente, é

muito discutido nos dias de hoje. Pessoas narram com uma certa freqüência, por exemplo,

que vão se exercitar, pois não conseguem ficar muito tempo paradas, narram também que

são viciadas em exercícios ou que se sentem mal quando ficam apenas alguns dias sem se

movimentarem. Realmente tais percepções podem ser verdadeiras. Como descrito no

estudo de Lane e equipe (LANE et al. 2002, p. 733) existe realmente um benefício

imediato gerado pela prática do exercício, que pode ser percebido como uma redução do

nervosismo, da confusão e da depressão. Os participantes deste estudo foram submetidos a

duas sessões de exercícios resistidos (separadas por um intervalo de uma semana). As

avaliações consistiam de escalas de depressão e foram conduzidas logo após a primeira

sessão e logo após a segunda. Pode-se perceber uma melhora significativa do humor de

uma semana para a outra, demonstrando o potencial efeito de curto prazo gerado pelo

exercício na mudança do humor.

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Estudos epidemiológicos têm mostrado uma inversa relação entre atividade física e doença

mental. Indivíduos, por exemplo, que já foram fisicamente ativos e que tornam-se

sedentários tem uma chance 1.5 vezes maior de desenvolver depressão do que os que

continuam com as atividades físicas (BABYAK, 2005). Num estudo de Robert W. Motl e

equipe (MOTL et al., 2004) 4.594 adolescentes foram avaliados ao longo de 2 anos para

estabelecer uma relação entre a freqüência de atividades físicas e a ocorrência de

depressão. Os indivíduos foram avaliados por escalas de depressão no início, no meio e ao

término dos 2 anos; e eram solicitados, também, para que relatassem a freqüência com que

se exercitavam. Na primeira avaliação pode-se perceber que os indivíduos que se

exercitavam mais tinham menores pontuações nas escalas de depressão. Pode-se perceber,

ao longo das outras avaliações, que conforme a freqüência de atividades físicas aumentava

os sintomas depressivos melhoravam numa proporção de 1:3 e pode-se perceber, também,

que existe realmente uma relação inversa entre exercício físico e os sintomas de depressão

(ou seja, mais exercício menos depressão). Neste estudo os autores destacam a importância

do exercício como uma forma de prevenção primaria e secundária da depressão e

comentam que a atividade física tende a ser uma intervenção melhor tolerada pelos

pacientes, oferecendo menos efeitos colaterais e sofrendo menos preconceitos.

Num outro estudo com 1.870 adolescentes, verificou-se que indivíduos que se exercitam

numa freqüência de 3 a 5 dias por semana tendem a ter menores probabilidades de se

sentirem deprimidos do que aqueles que se exercitam de 0 a 2 vezes por semana. Além

disso, os estudantes que se envolvem em pelo menos seis sessões de atividades físicas por

semana estão menos sujeitos a pensamentos suicidas do que aqueles engajados em menos

que seis. Os autores concluem que uma freqüência maior de atividades físicas por semana

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esta inversamente relacionada com baixos riscos de depressão e de planejamentos suicidas

(BROSNAHAM et al., 2004, p. 818).

O exercício físico parece realmente ser uma ferramenta importante no que diz respeito a

tratar e prevenir a depressão. Num estudo desenvolvido por Michael Babyak e outros

(BABYAK et al., 2005) os autores concluem que o exercício físico é uma intervenção que

pode ser comparada a técnicas consagradas como a medicamentosa. Nesta pesquisa 156

pacientes com depressão maior foram randomizados em três grupos [Grupo 1 = exercício

físico; Grupo 2 = exercício mais antidepressivo (Sertralina) e Grupo 3 = combinação dos

dois] que receberam as terapêuticas por 4 meses e foram acompanhados por mais 6 meses.

Os resultados mostram que após os 4 meses os 3 grupos apresentaram melhoras

significativas e que a proporção de remissão (ausência) de sintomas foi estatisticamente

semelhante entre os grupos: 60,4% no grupo de exercício, 65,5% no grupo com

antidepressivo e 68,8% no grupo de Sertralina mais exercício. Porém, após o período de 10

meses os grupos que se exercitaram apresentaram menores índices de depressão e

melhores índices quanto à manutenção da remissão ou quase-remissão. Além disso, apenas

8% dos pacientes do Grupo 1 (exercício) que tinham obtido remissão tiveram uma

recidiva, comparado com 38% do grupo com medicação e 31% do grupo de medicação

mais exercício. Neste estudo os exercícios foram realizados numa freqüência de 3 vezes

por semana, utilizando 70% a 85% da capacidade cardiorespiratória – que foi calculada

após teste máximo de esforço cardíaco. E as sessões de exercício eram realizadas por 45

minutos ininterruptos, sendo 10 minutos destinados a aquecimento, 30minutos de exercíco

aeróbio contínuo (corrida ou bicicleta) e 5 minutos de desaquecimento.

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Na revisão bibliográfica sobre atividade física na depressão (PHILLIPS; KIERNAN;

KING, 2003) os autores colocam que apesar dos poucos estudos clínicos bem controlados

é possível afirmar que o exercício físico é uma estratégia tão ou mais eficiente que outras

intervenções como: medicação, psicoterapia, terapia de grupo, meditação, entre outros. Os

autores comentam, também, que os exercícios anaeróbios parecem ser tão efetivos quanto

os aeróbios no que diz respeito a tratar a depressão. Postula-se que a maior evidência de

que os exercícios não aeróbios também são eficazes na depressão corresponde ao estudo

de Singh e equipe (1997) aplicado em 32 comunidades. Foram utilizados nesta pesquisa

exercícios de levantamento de peso progressivo, numa freqüência de três vezes por semana

e num período de dois meses e meio. O treinamento foi implementado por meio da técnica

de levantar o máximo de peso possível em uma repetição, a partir desta referência o sujeito

era orientado a levantar 80% da “uma repetição máxima” em três séries de 10 repetições.

As conclusões destes autores quanto ao exercício físico como terapia na depressão são as

seguintes:

A literatura científica aparentemente suporta as afirmações de que o exercício

físico traz inúmeros benefícios para pacientes deprimidos. Mesmo assim

necessitam-se de mais estudos com uma metodologia apurada e com um período de

acompanhamento devido;

Atividades físicas de pelo menos 4 semanas podem melhorar significativamente o

humor e os sintomas de homens e mulheres com depressão;

Tais benefícios do exercício físico não estão confinados somente aos exercícios

aeróbios, mas também aos anaeróbios como musculação, treinamento de

flexibilidade e Yoga;

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Pouca ou nenhuma diferença foi encontrada entre os estudos que compararam a

intervenção farmacológica com a do exercício físico na depressão;

Mais estudos são necessários para determinar precisamente a quantidade mínima

ou ótima da freqüência de treinamento, intensidade, tempo e tipo de exercícios

necessários para a melhora adequada dos pacientes deprimidos.

Porém, apesar do exercício físico ser uma boa referência no diz respeito à prevenção e ao

tratamento da depressão, ainda são necessários mais estudos para que claras orientações -

quanto ao tipo de atividade física mais eficaz, número de sessões semanais com melhores

resultados, intensidade e duração do exercício – sejam estabelecidas.

Cabe salientar também, que o exercício físico – quando instituído como terapêutica - deve

ser bem tolerado pelo paciente, portanto, aqueles indivíduos que se encontram num estado

depressivo profundo podem não se beneficiar plenamente de tal intervenção, sendo assim,

uma outra técnica pode ser mais interessante.

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4 MASSAGEM

4.1 Introdução

A massagem sempre foi um dos meios mais naturais e instintivos de aliviar a dor e o

desconforto. É comum verificar que quando uma pessoa tem músculos doloridos, dores

abdominais, uma contusão ou um ferimento, o impulso instintivo é tocar e/ou esfregar essa

parte do corpo para obter alívio.

O toque como método de cura parece ter inúmeras origens culturais e é provável que a

massagem tenha começado quando habitantes das cavernas esfregavam suas contusões

(FRITZ, 2001 p. 12).

A massagem terapêutica tem fortes raízes na medicina popular chinesa, mas também possui

muitos aspectos em comum com outras tradições de cura, como a medicina indiana e a

medicina persa. Acredita-se que a arte da massagem tenha sido mencionada pela primeira vez

por escrito em cerca de 2760 a.C., no grande tratado de medicina chinesa conhecido como Nei

Chang e desde cerca de 500 a.C. vem sendo pesquisada e descrita extensamente em livros. A

literatura médica egípcia, persa e japonesa está cheia de referências à massagem. O médico

grego Hipócrates (460 a.C) advogava a massagem e os exercícios de ginástica constantemente

em suas terapêuticas. Asclepíades, outro eminente médico grego, confiava exclusivamente na

massagem em suas práticas (WOOD, 1984, p. 3).

Ao longo da história, a massagem foi usada como ferramenta terapêutica e seu valor foi

reconhecido por múltiplas e variáveis culturas. A fundamentação fisiológica em suporte ao uso

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da massagem tem progredido, indo de puramente empírica até algo mais científico (CDOF,

2006).

Os métodos de massagem terapêutica são simples e eficientes para produzir respostas

mediadas por meio do sistema nervoso, da interação com o sistema endócrino, do tecido

conectivo e dos sistemas circulatórios. Técnicas de massagem terapêutica são capazes de

substituir a farmacêuticas em casos de manifestações brandas de sintomas em determinadas

disfunções. Como suplemento de ajuda à terapia medicamentosa pode reduzir as dosagens e a

duração do uso de fármacos, diminuindo assim o risco de efeitos colaterais. O uso da

massagem para a ansiedade, a depressão e a dor crônica pode ser benéfica em conjunção com

um protocolo de tratamento multidisciplinar (FRITZ, 2001, p. 174).

As técnicas manuais de massagem são fisiologicamente específicas e bem definidas pelo modo de

aplicação (esfregar, tracionar, pressionar); pela velocidade e a profundidade da pressão

(sustentada ou lenta, rítmica, intervalada ou rápida); pela intensidade do toque (toque leve, toque

profundo e uma combinação dos dois); e pela parte do corpo do terapeuta usada para aplicar as

técnicas (dedos, mão, antebraço ou joelho). As técnicas de massagem terapêutica e outros tipos e

estilos de trabalhos corporais são meras variações da aplicação fundamental de manipulações,

que proporcionam estimulação sensorial externa e efeitos internos. Os benefícios das técnicas são

simplesmente o resultado de efeitos fisiológicos básicos desencadeados pelo estímulo tátil

(FRITZ, 2001, p. 151).

Portanto, tentaremos elucidar no tópico a seguir aspectos fisiológicos básicos da massagem que

podem ser útil na psicobiologia da depressão.

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4.2 Efeitos Fisiológicos da massagem na depressão

É importante lembrar que quando os pacientes são tocados, a sua psique também é tocada; é

literalmente impossível separar a psique do corpo. É comum que o tratamento físico seja capaz de

alterar o estado psicológico do paciente, em forma de alterações de humor, de uma nova

percepção da imagem corporal e em mudanças de comportamento.

Perls, fundador da psicologia da Gestalt, salientou que estimular as sensações (como por meio da

massagem) e aumentar a conscientização corporal contribuem para “alimentar” a psique,

promovendo uma melhor integração entre o corpo e a mente. Darbonne, terapeuta gestaltista e

rolfista, recomenda o uso da técnica de massagem para aumentar a consciência do corpo em prol

do crescimento pessoal (LEDERMAN, 2001, p. 177).

Os conceitos fundamentais que explicam os efeitos da massagem terapêutica baseiam-se no

princípio de que a massagem age diretamente nos tecidos moles ou fluídos corporais estimulando

o sistema nervoso, o sistema endócrino, as substâncias químicas do corpo, além de sua ação

como efeito placebo.

Nesta atuação da massagem sobre o Sistema Nervoso, sobre as substâncias químicas do corpo,

sistema endócrino e efeito placebo, as principais informações foram encontradas no livro de Fritz

(FRITZ, 2001, p. 151 a 157) intitulado: “Fundamentos da massagem terapêutica” e serão

abordados conforme o autor propõe em seu livro, falando sobre a atuação da massagem em cada

um dos sistemas e colocando, a seguir – após cada item - afirmações oriundas do autor sobre

evidências e pesquisas que demonstraram a eficácia da massagem, por exemplo, na modificação

de níveis de alguns neurotransmissores ou substâncias neuroendócrinas.

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4.2.1 Os efeitos da massagem sobre o Sistema Nervoso

Os efeitos da massagem ocorrem através do inter-relacionamento do Sistema Nervoso Central

(SNC) e periférico (e seus padrões de reflexo e múltiplos caminhos), além do sistema nervoso

autônomo (SNA) e do controle neuroendócrino.

O sistema nervoso responde aos métodos de massagem terapêutica por meio da estimulação

dos receptores sensoriais pelo toque. A estimulação sensorial da massagem interrompe um

padrão existente nos centros de controle do SNC, resultando numa mudança de impulsos

motores. Essa mudança nos impulsos motores acarretaria uma alteração da homeostase e

regularia os padrões vitais e a liberação de neurotransmissores.

Pesquisas atuais apontam que a maioria dos problemas no comportamento, humor e percepção

de estresse e dor, bem como outras desordens chamadas de mentais/emocionais, são causadas

pela desregulação ou falta das substâncias bioquímicas. A massagem regularia esses níveis

bioquímicos, melhorando os sinais de ansiedade, atenção e diminuindo os traços depressivos.

4.2.2 A influência da massagem nas Substâncias Neuroendócrinas

Algumas das principais substâncias químicas reuroendócrinas influenciadas pela massagem

são as seguintes:

Dopamina: Influencia a atividade motora e do humor.

Serotonina: Regula o humor e reduz a irritabilidade. Também modula o ciclo de sono/vigília.

Um baixo nível de serotonina tem implicação na depressão, distúrbios alimentares, problemas

de dor e desordens obsessivo-compulsivas.

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Epinefrina/Adrenalina e Norepinefrina/Noradrenalina: A epinefrina ativa mecanismos de

excitação no corpo, ao passo que a norepinefrina funciona mais no cérebro. Elas são as

substâncias químicas da ativação, da excitação, do alerta e do alarme; na resposta de luta e

fuga e em todos os comportamentos e funções de excitação simpática. Se os níveis dessas

substâncias químicas estão elevados, ocorre uma hiperatividade e uma hipervigilância - a

pessoa pode ter um padrão de sono perturbado, em particular uma falta de sono. Com baixo

nível dessas substâncias o indivíduo fica indisposto, sonolento, fatigado e subestimado.

Encefalinas/endorfinas: São substâncias que levantam o ânimo e que dão suporte à saciedade

e modulam a dor. A massagem aumenta os níveis disponíveis destas substâncias. A duração do

efeito da massagem, em função do esgotamento das encefalinas é de aproximadamente 48

horas.

Ocitocina: Ligada a sentimentos de atração, junto com suas funções mais clínicas durante a

gravidez e lactação.

Cortisol: Um dos hormônios liberados pelas glândulas supra-renais durante períodos de

estresse prolongado. Níveis elevados desse hormônio indicam aumento de estimulação

simpática.

Há evidências suficientes, também, que correlacionam o estresse à depressão – o que

justificaria o fato da aplicação de massagem em pacientes estressados e/ou deprimidos.

Hormônio do crescimento: Promove a divisão celular e em adultos tem sido implicado nas

funções de regeneração e reparação de tecidos. A massagem dinamiza, de forma indireta, a

disponibilidade do hormônio do crescimento, encorajando o sono e reduzindo o nível de

cortisol.

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Pesquisas tem demonstrado que a massagem terapêutica aumenta os níveis de dopamina,

serotonina, encefalinas, endorfinas e a ocitocina, além de reduzir os níveis sanguíneos e

salivares de cortisol. Esta informação é de grande relevância, visto que são hormônios

altamente relacionados com os pacientes deprimidos.

4.2.3 Influências autônomas

O SNA é mais conhecido por sua regulação da resposta simpática de “luta/fuga/medo” e da

resposta parassimpática de “relaxamento e restauração”. Os dois sistemas trabalham juntos

para manter a homeostase do corpo.

A excessiva ativação simpática esta relacionada à maioria das doenças provenientes do

estresse. O SNA é regulado por vários centros no cérebro, em particular o córtex cerebral, o

hipotálamo e a medula oblonga. O hipotálamo desempenha um papel importante na conexão

corpo/mente e é um dos principais componentes do sistema límbico.

O sistema límbico é um grupo de estruturas do cérebro, ativadas por excitação e

comportamento emocional, que influenciam os sistemas endócrino e autônomo. As respostas

límbicas são refletidas numa alteração geral do humor e em sentimentos de bem-estar e

angústia.

A massagem mostrou-se efetiva na regulação dos circuitos neurais límbicos às respostas

emocionais.

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4.2.4 Efeito placebo

Através da história, as pessoas souberam que o tratar em si influencia o curso de uma doença,

mesmo que não seja específico. Este fato é concebido como efeito placebo. É provável que

esse efeito placebo tenha como causa vários mecanismos, sendo que a maioria deles ainda não

é compreendida com clareza. O ambiente, atitudes e sugestões da pessoa que está oferecendo o

tratar e a confiança do paciente em sua eficiência agem conjuntamente para produzir o efeito

placebo. A atenção gentil e cuidadosa, enfocada no cliente, durante a massagem, pode operar

como um poderoso efeito placebo.

4.3 Massagem como tratamento da depressão

Segundo Lederman (LEDERMAN, 2001, p. 161) os estudos sobre os efeitos do toque na

mente e nas emoções dos pacientes são surpreendentemente raros. E a maioria das pesquisas

realizadas nessa área são oriunda das especialidades de enfermagem e psicoterapia.

Neste capítulo Ledeman afirma que o toque terapêutico já revelou ser útil durante o parto,

ajudando as mulheres a relaxar quando elas não reagiam a estímulos verbais. No

aconselhamento psicológico, descobriu-se que um breve toque social por parte do terapeuta

ajudava o paciente numa melhor exploração interior. O toque utilizado nessas circunstâncias

era mínimo: um aperto de mão, um tapinha no ombro ou um toque no braço - todos com

duração de apenas alguns segundos. Isto demonstra o quão importante é um singelo contato

físico, em pacientes emocionalmente abalados – de preferência um contato que expresse

conforto, segurança e confiança.

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O toque aprimora a eficiência do eixo hipófise supra-renal. A recepção de um toque

terapêutico neutro, estimulante e não ameaçador, constitui uma das maneiras mais importantes

para que os seres humanos e outros mamíferos elaborem uma resposta saudável ao estresse e à

ansiedade (WERNER, 2005, p. 208). Frente a essas evidências pode-se salientar que a

massagem parece ser um recurso interessante naqueles pacientes deprimidos que se encontram

em estados de estresse elevado ou com componentes de ansiedade importantes.

Além disso, a interpretação do toque por parte do paciente também deve ser levada em

consideração. A forma como o toque é interpretado pode depender da formação cultural e do

ambiente social do indivíduo, das suas experiências anteriores, expectativas quanto ao tipo de

toque (mais sutil, mais intenso etc), da natureza da relação entre o paciente e o terapeuta, entre

outros componentes (LEDERMAN, 2001, p. 175). Portanto, as experiências de toques

anteriores desempenham importantes papéis na forma como o paciente percebe a

manipulação; com isso um procedimento de massagem agradável para uns pode ser incomodo

para outros; fatos de fundamental importância para que os terapeutas antes de mais nada

averiguem se a técnica é realmente bem tolerada pelo paciente e também, para que conduzam

uma intensidade de manipulação cautelosa na hora da massagem.

Outro fator importante a se analisar em pacientes com depressão é a forma com que estes

pacientes visualizam mentalmente o próprio físico – a imagem corporal. Isto porque relações

anormais entre a psique e o corpo podem vir a tona em casos de doenças mentais. Pacientes

com anorexia/bulimia ou depressão, por exemplo, podem ter uma dissociação entre o corpo e a

mente. E nos pacientes que sofrem de depressão isso pode acontecer em função de dor auto-

infligida com o intuito de aumentar a conscientização do corpo ou o senso de realidade

(STARK, 1989). Estes indicativos justificam a intervenção da massoterapia em alguns

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pacientes deprimidos, pois é uma intervenção que tende a facilitar a conscientização corporal,

ajudando nesse processo de dissociação corpo/mente.

Segundo Lederman (LEDERMAN, 2001) a propriocepção profunda dos receptores

musculares e articulares dá origem à imagem interna do corpo e a estimulação tátil dá origem

à imagem externa do corpo. Esta afirmação é importante para que os massoterapeutas

priorizem uma estimulação tanto superficial quanto profunda nas suas sessões de massagem –

realizando também movimentos osteoarticulares passivos, alongamentos, contração voluntária

- melhorando a imagem interna e externa dos pacientes deprimidos. Além disso, Freud

(LOWEN, 1967) descreve a importância da estimulação tátil para o desenvolvimento do ego

(a psique): “O ego deriva basicamente das sensações corporais, sobretudo das que nascem da

superfície do corpo”.

Lowen afirma também que o prazer, por si só, representa um instrumento terapêutico muito

importante para a integração pessoal e a cura. E a massagem, assim como uma atividade física

ou um hobbie, pode ser também uma fonte de prazer. Lowen encara o prazer e a dor como

opostos. A dor produz contração muscular, supressão e fragmentação do corpo e da psique; ela

torna os movimentos abruptos e repentinos e pode alterar a motilidade autônoma dos órgãos

vitais, como interrupção respiratória ou freqüência cardíaca elevada. O prazer pode ser visto

como o oposto, promovendo expansão e integração; ele estimula o fluxo normal de

movimento e a motilidade autônoma, ambos importantes para a cura e o bem-estar.

Alguns autores comentam que massagem transfere a pessoa de um estado simpático para um

estado parassimpático. Isso acarreta várias modificações fisiológicas e químicas no corpo,

incluindo um aumento na secreção de serotonina e uma redução do cortisol (WERNER, 2005,

p. 208). E para esta “transferência” de um estado simpático (de maior excitação) para um

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estado mais parassimpático (de maior relaxamento) alguns autores apontam que a massagem

deve ser empregada por um período superior a 15 minutos (FRITZ, 2001, p. 184). Já segundo

Lederman (LEDERMAN, 2001, p. 203) a massagem pode provocar tanto um estado de

excitação como um estado de relaxamento, dependendo de algumas variáveis como a

intensidade do toque. Massagens vigorosas, com impulsos de alta velocidade e tratamento

forte e profundo tenderiam a iniciar uma resposta de excitação, por outro lado, a massagem

leve, com técnicas de sustentação e balançares suaves no corpo reduziriam a excitação

provocando um estado de relaxamento.

Do parágrafo anterior conclui-se que a quantidade de pressão aplicada é crítica para a

obtenção dos resultados desejados. Parece existir um efeito sedativo ou relaxante com

pressões leves para médias, porém a quantidade de pressão pode variar durante o tratamento e

de acordo com a rigidez muscular encontrada. Para conseguir efeitos mecânicos sobre adesões

por exemplo, a pressão precisa ser suficientemente forte para distorcer as estruturas

apropriadas (CDOF, 2006).

A direção mais comumente empregada de movimento na massagem, segundo a cinesiologia, é

a paralela às fibras musculares (quando o objetivo é o relaxamento). Já quando tratamos áreas

fibróticas, o movimento deve aplicar forças de tração nas estruturas envolvidas, com uma

pressão na direção da restrição; ou uma fricção profunda perpendicular à direção das fibras

afetadas - especificamente no local da patologia (CYRIAX, 2001, p. 504).

A duração de qualquer técnica de massagem depende do tamanho da área tratada, da patologia

envolvida e da tolerância do paciente. A freqüência de aplicação é a menos compreendida e

mais controvertida de todos os componentes. Existe uma ampla variação da freqüência

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adequada relatada na literatura. Em geral, se são obtidos resultados terapêuticos apropriados, a

diminuição da freqüência durante o curso do tratamento pode ser apropriada (CDOF, 2006).

Um aspecto muito delicado na prática da massagem são as áreas do corpo consideradas tabus.

Nem todas as áreas do corpo carregam o mesmo “peso” emocional e, portanto, a reação do

paciente pode diferir de acordo com a área manipulada. E quanto mais “carregada” for uma

área, mais o paciente se sente inseguro, ansioso, ameaçado e excitado quando ela é tocada –

eventos não desejados no tratamento de pacientes com depressão. De modo geral, as

superfícies dos extensores são menos sensíveis ou íntimas do que as áreas flexoras do corpo. A

rigor as áreas menos sensíveis ou tabus são o dorso dos antebraços e os ombros, além disso o

“tabu ventral” (áreas como barriga e peitos) é comumente observado na terapia manual - com

isso as superfícies dorsais tendem a ser mais confinadas ao tratamento da massagem. Os

maiores tabus da sociedade são com relação aos orifícios corporais, ou tão somente as regiões

próximas às genitálias, seios, boca, orelhas, olhos e narinas; portanto tais regiões devem ser

evitadas ou cuidadosamente abordadas.

Para finalizar, uma pesquisa realizada com 84 mulheres grávidas e que adquiriram os sintomas

depressivos demonstrou diminuição dos níveis de cortisol sanguíneo e elevação dos níveis de

dopamina e serotonina - após o tratamento pela massagem (FIELD et al, 2004). Foram

comparados também, os dados obtidos com um grupo controle e outro grupo que realizou

relaxamento muscular progressivo (N=28 por grupo) e os resultados encontrados

demonstraram que a massagem foi superior ao grupo controle e a técnica de relaxamento

(FIELD, 2004). Citou-se esta pesquisa, pois no capítulo seguinte abordar-se-á o relaxamento

como tratamento da depressão.

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5 RELAXAMENTO

5.1 Introdução

Apesar da origem relativamente nova dos procedimentos de relaxamento, seus antecedentes

históricos são antigos. Nos murais da Babilônia, encontram-se evidências do uso do relaxamento

e da hipnose e há notícias de que os Assírios realizavam notáveis tratamentos baseados em

"passes" ou induções médicas. Os Caldeus conheciam a astrologia e dedicavam-se a estudos de

ocultismo. Pesquisavam as forças internas do ser humano com fins medicinais e entre estes

estudos preponderava-se o relaxamento e o hipnotismo. Assim como os Caldeus, os egípcios, os

Astecas, Mayas, Quíchuas e Incas (civilizações antigas) já praticavam o relaxamento e o

hipnotismo (SANTOS, 2006).

Em 1890, mesmo havendo supor o abandono do relaxamento e da hipnose, Freud declarou num

artigo:

"A hipnose confere ao médico uma autoridade de tal ordem que é provável que nenhum padre ou

taumaturgo jamais a tenha possuído, pelo fato de ela concentrar todo o interesse psíquico do

hipnotizado na pessoa do médico (SANTOS, 2006)".

E não hesitou em recomendar a todos os médicos, inclusive aos médicos de família, essa forma

de terapia, que deveria ser situada no mesmo plano dos demais procedimentos terapêuticos e não

ser considerada um recurso último.

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As Técnicas do relaxamento constituem um conjunto de procedimentos de intervenções úteis não

só no âmbito da Psicologia Clínica e da saúde, como também no da fisioterapia aplicada em

geral. As primeiras publicações do relaxamento progressivo de Jacobson e o relaxamento

autógeno de Shultz são de 1929 e 1932 respectivamente. Este último sendo uma das técnicas

mais conhecidas no relaxamento e que consiste de uma série de frases que induzem à auto-

sugestão e proposição de bem estar (SANTOS, 2006).

O relaxamento engloba algumas técnicas responsáveis por promover um estado de equilíbrio

da ansiedade e da tensão muscular, oferecendo alternativas de como lidar com o estresse e

com as alterações somático-mentais.

Algumas intervenções para promoverem o relaxamento incluem meditação, relaxamento

muscular progressivo, hipnose, biofeedback, técnicas que preconizam a respiração e a

concentração.

5.1.1 Meditação

Usualmente focada na concentração, tem se tornado cada vez mais popular no Ocidente. O

paciente geralmente aprende a prestar atenção passivamente a um único objeto de foco

imutável ou repetitivo (ex., focar na sensação corporal de respirar). A ênfase geralmente é

sobre uma atenção centrada no presente (LIMA, 2006, p. 4).

O conceito de meditação (em sânscrito: bhavana) expressa diferentes tipos de práticas

adotadas por tradições religiosas e espirituais. Cada prática foi formada por influências

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culturais e devido à experiência direta na busca das dimensões mais profundas do ser (LIMA,

2006, p. 4).

Apesar da vinculação com as tradições espirituais, a meditação tem reunido um grande

número de adeptos que a incorporam em suas vidas cotidianas, sem necessariamente

“converter-se” à religião correspondente. Ela adquire então, uma nova função na pós-

modernidade: é considerada uma fonte de redução de ansiedade e do estresse. Para

Muktananda (1993), da tradição Vedanta, a meditação é o estado em que podemos desfazer as

ilusões egóicas com as quais nos apegamos, como por exemplo, as noções de “sou homem” ou

“sou cristão”. Por sua vez, o afastamento destas sobreposições permite ao indivíduo a

contemplação direta do seu Ser interior (LIMA, 2006, p. 4).

Na tradição budista, a prática da meditação é uma condição essencial ao caminho da

iluminação, tendo assim, um objetivo superior ao simples estado de relaxamento e calma. De

acordo com Lama Yeshe e Zopa Rinponche (1993) o propósito da meditação é encontrar o

caminho para a iluminação, pois à medida que somos responsáveis pelos nossos sofrimentos,

também o somos pela cura (LIMA, 2006, p. 5).

5.1.2 Relaxamento muscular progressivo

Não se pode ter a sensação de bem-estar em seu corpo e, ao mesmo tempo, experimentar

estresse psicológico. O relaxamento progressivo de seus músculos diminui a freqüência

cardíaca (FC) e a pressão arterial (PA), bem como a transpiração e o ritmo respiratório. O

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relaxamento muscular profundo, quando bem dominado, pode ser usado como um forte

controlador de sintomas da depressão (DAVIS, 1996, p. 63).

Em 1929, Edmund Jacobson, médico de Chicago, publicou o livro Progressive Relaxion.

Nesse livro, ele descreveu a sua técnica de relaxamento muscular profundo, afirmando que ela

não exigia imaginação, força de vontade ou sugestão. Sua técnica baseia-se na premissa de que

o corpo responde com tensão muscular aos pensamentos e aos eventos que provocam

ansiedade. Por sua vez, esta tensão fisiológica aumenta a experiência subjetiva da ansiedade.

Já o relaxamento muscular profundo reduz a tensão fisiológica e é incompatível com a

ansiedade: o hábito de reagir com relaxamento bloqueia o predomínio da ansiedade (DAVIS,

1996, p. 64).

Segundo Davis (DAVIS, 1996) a aplicação deste método obteve excelentes resultados no

tratamento da tensão muscular, ansiedade, insônia, depressão, fadiga, intestinos irritáveis,

espasmos musculares, dores no pescoço e nas costas, hipertensão arterial, fobias brandas e

gagueira.

5.1.3 Hipnose

De todos os estados alterados de consciência, nenhum levantou mais questões do que a

hipnose. Uma vez associada com o ocultismo, a hipnose tornou-se objeto de rigorosa

investigação científica. Como em todos os campos da investigação psicológica, ainda restam

dúvidas, mas atualmente muitos fatos estão estabelecidos (ATKINSON, 2000, p.229).

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Na hipnose, um indivíduo disposto e cooperativo ou ireduzível (o único tipo que pode ser

hipnotizado na maioria das circunstâncias) cede parte do seu controle sobre o comportamento

ao hipnotizador e aceita certa distorção da realidade. Pode-se pedir à pessoa que concentre

todos os pensamentos em um pequeno alvo (como um percevejo na parede, por exemplo)

enquanto relaxa paulatinamente. O hipnotizador pode sugerir que a pessoa está ficando

sonolenta porque, como o sono, a hipnose é um estado de relaxamento no qual a pessoa está

fora de contato com as demandas ambientais comuns. Mas o sono é apenas uma metáfora.

Diz-se a pessoa que ela não irá realmente dormir, mas continuar a ouvir o hipnotizador

(ATKINSON, 2000, p.229).

5.1.4 Sistemas de biofeedback

No treinamento em biofeedback, as pessoas recebem informações sobre um aspecto de seu

estado fisiológico e depois procuram alterar aquele estado. Por exemplo, em um procedimento

para aprender a controlar dores de cabeça causadas por tensão, eletrodos são afixados na testa

do participante de modo que qualquer movimento no músculo da testa podem ser

eletronicamente detectados, amplificado e retornado à pessoa na forma de sinal auditivo

(ATKINSON, 2000, p.538). Com o treinamento de 4 a 8 semanas de biofeedback o paciente

começa a aprender a controlar as tensões musculares sozinho.

5.1.5 Respiração

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A respiração é essencial à vida. Todas as pessoas respiram, mas, apesar disso, poucas

conservam o hábito da respiração natural e completa experimentada pelas crianças ou pelo

homem primitivo ou pelo indivíduo relaxado (DAVIS, 1996, p. 63).

Quando uma quantidade insuficiente de ar renovado alcança os pulmões, o sangue não é

adequadamente purificado ou oxigenado. As substâncias residuais que deveriam ter sido

renovadas são mantidas na circulação, lentamente “envenenando” o sistema. Quando o sangue

não tem oxigênio suficiente, ele fica impróprio metabolicamente. A digestão é prejudicada, os

órgãos e tecidos tornam-se desnutridos e deterioram. O sangue mal oxigenado contribui para

os estados de ansiedade, depressão e fadiga, tornando cada situação estressante muito mais

difícil de ser enfrentada. O hábito de uma respiração adequada é essencial para a boa saúde

física e mental (DAVIS, 1996, p. 63).

5.1.6 Concentração

Entre muitos estímulos a que estamos em contato em nosso cotidiano, respondemos

predominantemente àqueles que nos são significativos, inibindo os outros (BRANDÃO, 1995

apud LIMA, 2006, p. 9). Concentrar-se em algo como a respiração ou na maneira que seus

músculos estão tencionados, pode ser um recurso útil para inibir desconfortos, anseios e

estímulos desagradáveis provenientes do meio externo ou de conflitos pessoais. A

concentração mantém o pensamento focado – num som repetido (um mantra), num ponto fixo,

entre outros. Com a mente fixa em algo, a pessoa não se perde no turbilhão de pensamentos

que tomam conta da cabeça no dia-a-dia. É como puxar o fio da tomada por alguns minutos.

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5.2 Efeitos fisiológicos do relaxamento

Os efeitos neurofisiológicos da prática constante do relaxamento, meditação e yoga têm sido

um foco de interesse da ciência experimental. Um dos primeiros relatos sobre o tema foi a

pesquisa da cardiologista francesa Theresa Brosse que em 1935 viajou à Índia para estudar a

fisiologia da meditação. Ela descreveu que um de seus sujeitos experimentais era capaz até de

parar os batimentos cardíacos através da prática (BROSSE, 1946 apud LIMA, 2006, p. 11).

A compreensão dos mecanismos neurobiológicos envolvidos com o relaxamento permite uma

visão mais integrada desta prática e dos processos que subsidiam as relações entre

corpo/mente. Dito isto, pode-se considerar quais as principais mudanças neurofisiológicas que

ocorrem na meditação e no relaxamento e que auxiliam no tratamento da depressão.

Jerving et al. (1996) encontraram aumento no fluxo sanguíneo cerebral nos lobos frontal e

occipital sugerindo um aumento da atividade cerebral nessas regiões, acompanhado por

diminuição sanguínea e metabólica nos demais órgãos do corpo. Além disso, verificaram um

maior estado de relaxamento nas pessoas que realizam meditação em comparação às que não

fizeram (LIMA, 2006, p.12).

Newberg et al. (2001) verificaram mudanças na ativação cerebral nas seguintes áreas: aumento

no fluxo sanguíneo cerebral no giro do cíngulo (centro fortemente ligado às emoções, atenção

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e à memória), no córtex orbitofrontal e córtex frontal inferior, córtex prefrontal dorsolateral e

tálamo. Os pesquisadores explicam que o aumento da ativação frontal está relacionado

diretamente à exigência atencional e de concentração da técnica meditativa (LIMA, 2006,

p.12).

Pesquisa realizada com a meditação do Kundalini Yoga (técnica que prioriza a respiração)

verifica diminuição da taxa respiratória durante o período da prática, com predomínio da

respiração abdominal e diafragmática. Os pesquisadores concluíram que a mudança no padrão

respiratório contribui para a mudança na atividade cerebral elétrica (LIMA, 2006, p.13). Essa

mudança é responsável pela regulação dos níveis neuroendócrinos cerebrais que estão

desregulados na depressão.

Com relação ao eixo neuroendócrino, Infante et al. (1998) encontraram uma alteração no ritmo

e níveis dos hormônios beta-endorfina e adrenocorticotrófico em praticantes de meditação

quando comparados com indivíduos não-praticantes. Os níveis diurnos desses hormônios

foram mais baixos no grupo da meditação. De acordo com os pesquisadores, a prática

constante de meditação possui um efeito sobre as estruturas neurais centrais e

conseqüentemente nos hormônios do eixo hipotálamo-hipófise (LIMA, 2006, p. 13). Este é um

forte embasamento teórico da eficácia do relaxamento e da meditação como partes integrantes

no tratamento da depressão.

Tooley et al. (2000) investigaram a influência de um período de meditação no nível da

melatonina. A melatonina é o maior hormônio produzido e secretado pela glândula pineal e a

qual são atribuídas várias funções: regulador do sono, “anticâncer”, “antiestresse”, potente

antioxidante, reduz o dano celular provocado pelo passar dos anos, entre outras. Os resultados

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demonstraram aumento dos níveis plasmáticos de melatonina com a prática da meditação e do

relaxamento (LIMA, 2006, p.13).

Diante dos resultados obtidos, pode-se considerar importante todos os tipos de técnicas de

relaxamento, sejam elas meditativas, respiratórias ou baseadas em princípios biomecânicos.

Possivelmente associando-as e assim compondo um melhor plano de tratamento para os

pacientes deprimidos.

5.3 Relaxamento como tratamento da depressão

Em reportagem da Folha de São Paulo: “Medicina se rende à prática da meditação”, os autores

colocam que tal prática deve ser realizada entre 10 e 20 minutos, de uma a duas vezes ao dia.

E comentam que a meditação preferencialmente deve ser realizada na posição sentada, num

lugar calmo e a meia luz – porém, existem aqueles que a realizam andando, lavando pratos ou

outras atividades. Além disso, um aspecto interessante da meditação é que o paciente pode

gerir o seu próprio tratamento.

Grande parte das técnicas de relaxamento preocupa-se com a concentração e com a respiração,

sendo estas partes importantíssimas do relaxamento. O paciente deve ser instruido a imaginar

que as energias negativas são retiradas de seu corpo e que seu sangue está ficando oxigenado e

limpo (FIGUEIRÓ, 2005, p. 127).

O passo seguinte de algumas técnicas de relaxamento é seguir para regiões específicas do

corpo. Pede-se ao paciente que imagine seus braços, suas pernas, sua cabeça e seu tronco - em

diversos e diferentes momentos. A dor e o incômodo devem ser esquecidos.

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O próximo passo é pedir que o indivíduo imagine-se em um lugar que se sinta bem e longe de

seus problemas de cotidiano e que, provavelmente, estejam causando seu desconforto. O

paciente deve ser sempre influenciado com pensamentos e palavras boas (FIGUEIRÓ, 2005,

p. 127).

Outra possível técnica de tratamento para a depressão é o relaxamento progressivo. O

relaxamento progressivo pode ser praticado em posição deitada ou sentado, em uma cadeira

com a cabeça apoiada. Cada músculo ou agrupamento muscular é tensionado de 5 a 7

segundos e então relaxado, de 20 a 30 segundos. Este procedimento é repetido pelo menos

uma vez. Se determinada região continuar tensa, pode-se praticar até 5 vezes (DAVIS, 1996,

p. 63).

Reynolds (REYNOLDS, 1986) realizou uma pesquisa comparativa entre o relaxamento e

técnicas de terapia comportamental em adolescentes deprimidos. O estudo foi composto por

10 sessões, de 50 minutos de relaxamento muscular progressivo, em que a 1ª sessão começou

com a introdução do programa de tratamento. O terapeuta explicou todos os objetivos das

sessões e os pacientes foram treinados a perceber os momentos de estresse que geravam tensão

muscular associados à depressão. Nas sessões seguintes os pacientes foram ensinados a relaxar

grandes grupos musculares, seguindo os princípios do relaxamento muscular progressivo. Os

pacientes eram incentivados a utilizar os ensinamentos obtidos nas sessões em situações que

pudessem gerar estresse e tensão muscular. Na última sessão foi entregue o programa do

tratamento e os indivíduos foram encorajados a realizar relaxamentos em possíveis fontes de

estresse futuras (REYNOLDS, 1986, p. 563). O relaxamento mostrou-se superior a técnica

comportamental na redução da ansiedade e do estresse, além de maior eficácia no controle dos

sintomas depressivos.

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Estudos recentes realizados pelo Grupo de Colaboração Psicossocial a Oncologia

(Psychosocial Collaboration Oncology Group – PSYCOG) demonstraram que as técnicas de

relaxamento obtiveram sucesso no controle da ansiedade, dor, náuseas e vômitos em pacientes

submetidos à quimioterapia. O estudo apontou que os sintomas de ansiedade e depressão são

comuns nesses pacientes e que as técnicas meditativas foram efetivas na redução dos traços

depressivos e ansiosos, mesmo quando comparados com o uso de Alprazolam; porém cabe

salientar que o Alprazolam foi superior (de forma pouco significativa) ao tratamento por

relaxamento. E os autores colocam que a maior relevância da pesquisa foi o fato da terapia

pelo relaxamento surgir como alternativa para pacientes que já administram muitos

medicamentos e relutam em usar uma droga adicional (HOLLAND, 1991, p. 1004).

Em outro estudo realizado com mães adolescentes que adquiriam os sintomas depressivos, os

resultados demonstraram que tanto as técnicas de relaxamento quanto as técnicas de

massagem são efetivas no tratamento da depressão, porém de formas diferentes. A pesquisa

foi realizada com 32 mães adolescentes divididas em 2 grupos que diferiram muito pouco em

relação à idade, anos de escolaridade e etnia (71% negras, 29% latinas). Os tratamentos

propostos foram massagem e o relaxamento. O grupo de massagem (N = 16) recebeu 30

minutos de massagem por dia, em 2 dias consecutivos por semana, por 5 semanas

consecutivas (10 sessões). A massagem foi realizada em decúbito dorsal nos primeiros 15

minutos e em decúbito ventral nos últimos 15 minutos. A massagem foi em todo o corpo e

sempre no mesmo horário do dia (fim de tarde). O grupo de relaxamento (N = 16) recebeu a

mesma quantidade de sessões e mesma carga horária que o grupo de massagem. O

relaxamento foi aplicado por 30 minutos por dia, por 2 dias consecutivos na semana, por 5

semanas consecutivas (10 sessões). Os primeiros 15 minutos foram compostos por exercícios

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de Ioga e os últimos 15 minutos consistiram na técnica de relaxamento muscular progressivo.

Foram aplicadas as mesmas condições de controle da massagem. Foram medidos os níveis de

ansiedade, o pulso, os níveis de cortisol salivar, os níveis de cortisol sanguíneo e parâmetros

comportamentais nos dois grupos, no primeiro e no último dia da pesquisa. Os dados da

massagem (tabela 2) e os dados do relaxamento (tabela 3) foram comparados e demonstraram

que o relaxamento é mais eficiente ao fim da terapia, mas a massagem tem seus efeitos em

escala maior e em maior durabilidade (FIELD, 2006, p. 903).

Tabela 2 – Indicativos do tratamento de massagem em pacientes com sintomas de depressão.

Fonte: Field, 1996, p. 908

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Tabela 3 – Indicativos do tratamento de relaxamento em pacientes com sintomas da depressão.

Fonte: Field, 1996, p. 909

É importante ressaltar que na maioria dos estudos encontrados sobre a terapia do

relaxamento na depressão, a técnica mais utilizada foi o Relaxamento muscular

progressivo de Jacobson. Cabe também lembrar a necessidade de maiores pesquisas que

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abordem o relaxamento como tratamento da depressão, visto que é uma importante

técnica, sem grandes efeitos colaterais e mostra-se somatória ao tratamento

medicamentoso convencional. Além disso, para destacar a importância desta prática no

âmbito da saúde mental, conforme reportagem da Folha de São Paulo (WESTIN, 2006),

em fevereiro deste ano a agência do governo dos EUA responsável pelas pesquisas

médicas (NHI, na sigla em inglês) reconheceu formalmente a meditação como prática

terapêutica que pode ser associada à medicina convencional. E em maio, o Ministério da

Saúde brasileiro baixou uma portaria em que incentiva postos de saúde e hospitais públicos

a oferecer a meditação em todo País. Estas ações governamentais são sinais de que um

novo olhar está se voltando para o que se consideram as práticas complementares.

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CONCLUSÃO

A depressão, sendo um problema tão relevante de saúde pública, devido a sua alta

incidência em todas as idades, sexos e classes sociais, necessita de arsenal terapêutico mais

variado. Na prática clínica a equipe de saúde tem centrado suas ações contra a depressão

basicamente em reduzidas ofertas, como a medicamentosa e a psicoterapêutica. Outras

possibilidades terapêuticas devem ser buscadas, principalmente na área não

medicamentosa – reduzindo os efeitos colaterais gerados por tal intervenção,

possivelmente minimizando os gastos com saúde e favorecendo uma abordagem

multidisciplinar para tal problema.

Conclui-se que as técnicas estudadas - acupuntura, exercício físico, massagem e

relaxamento - apresentam resultados promissores no tratamento da depressão. O exercício

físico aparentemente apresenta maior respaldo científico no que diz respeito à prevenção e

ao tratamento da depressão – com estudos mais apurados, com maiores rigores

metodológicos e com casuísticas importantes. Porém, cada técnica possui sua aplicação

específica e a preferência do paciente, por uma das intervenções, parece ser um fator de

muita valia.

Porém, mais estudos são necessários para que claras orientações quanto à positividade de

cada intervenção e as melhores maneiras de tratamento sejam estabelecidas. Realizando

mais estudos comparativos com técnicas consagradas, verificando se existe uma melhor

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aplicabilidade em pacientes, por exemplo, com depressão leve ou moderada, realizando

comparações com “grupos placebo” e estabelecendo assim, melhores coordenadas para o

tratamento de tais pacientes.

Pela revisão bibliográfica pode-se perceber também, que as terapêuticas estudadas

(acupuntura, exercício físico, massagem e relaxamento) devem ser cuidadosamente

empregadas se forem o recurso único no tratamento da depressão; pois ainda não existe um

consenso criterioso sobre a utilização devida destas técnicas.

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