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00228 jornal rumos · 2012. 11. 21. · res do nosso jornal Rumos. Mais um ano está se esvaindo. Vários parentes, ami-gos e colegas já não estão mais conosco. Mas nós aqui estamos,

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Page 1: 00228 jornal rumos · 2012. 11. 21. · res do nosso jornal Rumos. Mais um ano está se esvaindo. Vários parentes, ami-gos e colegas já não estão mais conosco. Mas nós aqui estamos,
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2 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 228

EDITORIAL

Amigas e amigos leito-res do nosso jornal Rumos.

Mais um ano está seesvaindo.

Vários parentes, ami-gos e colegas já não estãomais conosco.

Mas nós aqui estamos,preparando-nos - com agraça de Deus - para maisum ano, o 2013.

Que o Natal de JesusCristo seja também paranós todos um NATAL-VIDA NOVA em todos osaspectos de nossa cami-nhada em direção aoALÉM-CÉU.

Desejo que os artigose notícias desta 228ª edi-ção do RUMOS nos ali-mentem mental e espiritu-almente.

A pedido de vários co-legas incluí nesta edição

os ESTATUTOS de nossaAssociação Rumos, ocupan-do 3 longas páginas. É queeles desejam conhecer e ar-quivar este importante do-cumento, que foi exaustiva-mente debatido e aprovadona Assembléia geral de For-taleza em junho.

Informo que nosso sitewww.padrescasados.org estárecebendo diariamente maisvisitantes do Brasil e de mui-tos outros paises. Se vocêainda não é, que se torne do-ravante um assíduo visitantedo mesmo. Vale a pena!

Venho - novamente - so-licitar que todos colaboremospara aumentar o número deassinantes deste nosso jor-nal impresso. São apenas40,00 anuais para quem nãoquer ou não consegue tor-nar-se sócio da AR (150,00,

EX

PE

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NT

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Diretoria Executiva da Associação Rumos:biênio 2010/2012

Presidente: José Edson da SilvaVice-Presidente: Maria Lucia de Moura

1º. Secretário: José Carlos P. S. de Andrade2º. Secretário: Rosa Silvério. De Andrade

1º. Tesoureiro: Enoch Brasil de Matos Neto2º. Tesoureiro: Maria de Fátima Lima Brasil

Organismos de Apoio da AR e Conselho Gestor do Movimento de PadresCasados e suas Famílias:Presidente da AR - José Edson da SilvaCoordenadores do XX Encontro Nacional: Armando e Altiva HolyszewskiModerador do e-grupo padrescasados: João Correia TavaresCoordenadores do site www.padrescasados.org: Gilberto Luiz Gonzagae José Araujo Moura

Coordenadora do Grupo de viúvos e Viúvas: Benizzeth ZortheaCoordenadores do Grupo dos jovens do MFPC:José E. Rolim Mota e Rejane

E-mail para enviar matérias para o site: [email protected] internacionalArmando HolocheskiCoordenador da comissão de teologiaFrancisco Salatiel A. BarbosaAssessor Jurídico e Curador do Patrimônio da AR:Antônio Evangelista AndradeAssessores bíblico-teológicos:Eduardo Hoornaert e Geraldo FrenckenObs. - As respectivas esposas estão incluídas nas funções acima.

O JORNAL RUMOS é uma publicação bimestralda Associação Rumos/Movimento das Famílias

dos Padres Casados do Brasil (MFPC). AAssociação Rumos é uma sociedade civil de

direito privado, de âmbito nacional, comfinalidades assistenciais, filantrópicas,

culturais e educacionais, sem fins lucrativos.

Conselho Fiscal da AR: Joarez Virgolino Aires e Ausilia Moraes Aires (PR), Luís Guerreiro PintoCacais e Irene Ortlieb Guerreiro Cacais (DF) e Fernando Spagnolo e Telma Araujo de OliveiraSpagnolo (DF).JORNAL RUMOS:Coordenador do Conselho Editorial do Jornal Rumos: Gilberto Luiz GonzagaDiagramação Rodrigo Maierhofer MacedoJornalista Responsável: Mauro Queiroz (MTb 15025)Correspondência: artigos, comunicações, artigos, sugestões e críticas devem ser dirigidos para o e-mail: [email protected] de Gilberto Luiz Gonzaga, Porto Belo SC, fone 47-33694672Os textos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal e são de inteira responsa-bilidade de seus autores.Assinatura anual:Assinatura anual: R$ 40,00 (quarenta reais)Pagamento pelo BANCO ITAÚ AGÊNCIA: 4453 Nº DA CONTA: 07294-6 OUComunique imediatamente ao nosso tesoureiro José Colaço Martins Dourado por e-mail([email protected]), por carta (José Colaço Martins Dourado Rua Mário Mamede, 1209 - Aptº 602 -Bairro de Fátima CEP: 60415-000 Fortaleza-CE) ou telefone (85-8899-9287)Associação Rumos: Anuidade de sócio - 150,00 (138,00 + 12,00 para Fundo de mútua ajuda);Pague sua anuidade exclusivamente através de depósito bancário noBANCO ITAÚ AGÊNCIA: 4453 Nº DA CONTA: 07294-6Remeta cópia do comprovante para José Colaço Martins Dourado por e-mail ([email protected]),por carta (José Colaço Martins Dourado Rua Mário Mamede, 1209 - Aptº 602 - Bairro de FátimaCEP: 60415-000 Fortaleza-CE) ou telefone (85-3334-1876)

com direito ao jornal).E fico no aguardo de

muitas colaborações, comnotícias, depoimentos, ar-tigos e/ou avaliações, paraque nosso jornal se tornecada vez mais "nosso".

Antecipo cordiais vo-tos de um feliz e abençoa-do Natal a todos e todas.

E um mais feliz 2013.Giba editor

[email protected]

LIVROS

O tempo passa! Por in-crível que pareça já esta-mos chegando no Natal eao longo de 2012 muitasemoções vivemos: con-quistas, vitórias, alegrias,tristezas e saudades. Noentanto, soubemos parti-lhar o dom da vida e nosajudarmos mutuamente napartilha da palavra e dopão.

Desejo trazer a todosuma reflexão de quem mui-to admiro e que gostaria aomenos poder calçar as san-dálias da humildade de umpequeno homem e de tãogeneroso coração. Eis oque ele nos anuncia:

"É difícil detectar oAnúncio em meio a tantosanúncios que nos inva-dem.

Ainda existe Natal?Natal é a Boa Nova? Na-tal é também Páscoa?

Sabemos que "não hálugar para eles". Sabemos

Carta do Presidente aos leitores

que há lugar para todos,até para Deus...

O boi e a mula, fugindodo latifúndio, se refugiaramnos olhos desta Criança.

A fome não é só um pro-blema social, é um crimemundial.

Contra o Agro-Negóciocapitalista, a Agro-Vida, oBem Viver.

Tudo pode ser mentira,menos a verdade de queDeus é Amor e de que todaa Humanidade é uma só fa-mília.

Deus continua entrandopor debaixo, pequeno, po-bre, impotente, mas trazen-do-nos a sua Paz.

A dona Maria e o seuJosé continuam na comuni-dade. A Veva continua sen-do tapirapé.

O sangue dos mártirescontinua fecundando a pri-mavera alternativa. Os ca-jados dos pastores (e do Pa-rkinson também), as ban-

deiras militantes, as mãossolidárias e os cantos dajuventude continuamalentando a Caminhada.

As estrelas só se enxer-gam de noite. E de noitesurge o Ressuscitado.

"Não tenhais medo".Em coerência, com tei-

mosia e na Esperança, se-jamos cada dia Natal,cada dia sejamos Páscoa.

Amém, Axé, Awire, Ale-luia."

Dom Pedro Casaldáli-ga

Feliz Natal e Ano NovoPleno de Graças para todasas famílias Mfpcistas!

Caríssimos irmãos, cunhadas,sobrinhos e amigos, saúde e paz!

El mártir que no mataran

Clelia Luro dePodestá escreveuexcelente biogra-fia de Dom HelderCâmara.

Seu livro, edita-do na Argentina,contém muitos tra-ços biográficos dosaudoso bispo, vá-rios vivenciados pessoalmente pela autora.

Clelia presenteou uma centena do li-vro aos participantes do XIX Encontro na-cional do MFPC, em Fortaleza, junho pas-sado, trazidos gentilmente por sua filha.

Nossos agradecimentos e parabéns!Ediciones Hombre Nuevo, Buenos Ai-

res, 2012 - 240 páginas

Além das IdéiasHistórias de vida de Dom Hélder

Livro revela Dom Hélder Câmara atra-vés de pequenas histórias.

A Companhia Editora de Pernambuco -CEPE, lança dia 29 de novembro o livro Alémdas Idéias - Histórias de vida de Dom Hél-der, do jornalista e padre casado Félix Ba-tista Filho, do Recife. Editado em parceriacom o Instituto Dom Hélder Câmara, o livroapresenta o ex-arcebispo de Olinda e Reci-fe de forma inovadora, através de peque-nas histórias, no cotidiano de sua vida, nosrelacionamentos com as pessoas, em ges-tos simples que encantam e relevam sabe-doria, bom humor, simplicidade e fé.

O jornalista Félix Filho nos leva a co-nhecer Dom Helder na intimidade, reve-lando histórias só conhecidas dos amigosmais chegados. A originalidade da publi-cação é apresentar Dom Hélder para alémdas suas idéias. "É como reencontrá-lo aandar a pé nas ruas ou sentar-se ao seulado na salinha da Igreja das Fronteiras"explica Félix, que conviveu com o arcebis-po como padre na Arquidiocese de Olindae Recife. Foi ordenado padre por ele. Hojeexerce o ministério sacerdotal na IgrejaEpiscopal Anglicana do Brasil, na Dioce-se Anglicana do Recife.

Água Manancial da Vida

No dia 27/09/12 lancei o livro"Água Manancialda Vida".

Destina-se aeducadores, pro-fessores, escolas,comunidade, em-presas e famílias.

O livro é aces-sível e simples, e integra os participantes.

E-mails: [email protected] [email protected]

Antônio Luiz Bianchessi.Pro.Tony

Jerónimo ObispoUm hombre entre los Hombres

A vida de Dom Jerónimo Podestà,bispo de Avellaneda, através dos seusescritos.

Autobiografia post mortem, organiza-da por sua esposa Clélia Luro de Podestà.

"Inesquecível sacerdote e bispo, quedurante toda a sua vida, sendo fiel a seusmais nobres ideais e expressando um for-te compromisso social, lutou incansavel-mente pela defesa dos Direitos do Homeme pela liberdade de Consciência".

Tentou realizar o Concílio Vaticano II ea encíclica "O Progresso dos Povos" dePaulo VI, na conturbada Argentina das dé-cadas de 60 e 70. A ditadura ameaçou-o eteve de deixar a diocese e se exilar.

Depois de longa luta infrutífera no Va-ticano, casou com Clélia; juntos trabalha-ram muito pela organização latino-ameri-cana e, depois, européia de Padres casa-dos e suas Famílias.

Desde 1985, o casal foi Presidente daFederação Internacional de Padres casa-dos e suas Famílias, que representa maisde 150.000 famílias de padres casados nos5 continentes.

Ediciones Fabro, Buenos Aires, 2012 -544 páginas

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Jornal RUMOS

3Jornal RUMOSEdição 228

PÁGINA DOS LEITORES

Olhei o jornal. Está muito bom: ricoem artigos, bem diagramado e bemapresentado. Teu editorial e a carta doPresidente, muito bons e muito concre-tos.

Ri muito com a piada dos padresmineiros..

Só erraste a foto de João BatistaSchmitt. Corriges na próxima vez, se opessoal de Brasília te enviar a foto dele.

João [email protected]

Caríssimo cunhado: nosso jornal estácada vez mais robusto, você é dez...

Gostar ia de fazer umaobservação:Na coluna "FALECI-MENTOS", a foto é do nosso EL-MAS que es tá vivo, e não doShimitt.Grande abraço e saudadesdo casal EDITOR.

Lúcia [email protected]

É sempre muito prazeroso ver umfilho lindo vir ao mundo - que espetácu-lo...

Parabéns!!!Edson Mariano

[email protected]

Giba, recebi seu jornal eletrônico.Enviei para o e-mail de minha espo-

sa e ela acabou gostando do jornal...Sobre o envio do dinheiro, estou ten-

tando fazê-lo, não entendi se é só fazeruma transferência bancária para a contado BB.

Enviei e-mail para [email protected] mas não obtiveretorno.

André [email protected]

Adorei a última edição! Estive len-do com atenção

Parabéns pelo excelente trabalhoeditorial!

Ivanildo Sales [email protected]

Amigos, quem jádobrou o Cabo daBoa Esperança

dos 60 anos precisa lerestes comentários da TitaTeixeira, autora que nãoconheço, provavelmenteportuguesa pelo estilo daescrita. Quem ainda nãodobrou, um dia vai dobrar.Melhor então que vá sepreparando desde já. Afase dos 60 em diante nãoprecisa ser, necessaria-mente, uma droga…

Se estivermos atentos,podemos notar que está aaparecer uma nova clas-se social: a das pessoasque andam à volta dossessenta anos de idade.Os sexalescentes: é a ge-ração que rejeita a pala-vra "sexagenário", porquesimplesmente não estános seus planos deixar-seenvelhecer.

Trata-se de uma ver-dadeira novidade demo-gráfica - parecida com aque, em meados do sé-culo 20, se deu com aconsciência da idade daadolescência, que deuidentidade a uma massade jovens oprimidos emcorpos desenvolvidos,que até então não sabi-am onde meter-se nemcomo vestir-se.

Este novo grupo hu-mano que hoje ronda ossessenta teve uma vidarazoavelmente satisfató-ria. São homens e mulhe-res independentes quetrabalham há muitos anose que conseguiram mudaro significado tétrico quetantos autores deram du-rante décadas ao concei-to de trabalho. Que pro-curaram e encontraramhá muito a atividade deque mais gostavam e quecom ela ganharam a vida.

Talvez seja por issoque se sentem realiza-dos… Alguns nem so-nham em aposentar-se.E os que já o fizeram go-zam plenamente cada diasem medo do ócio ou dasolidão, crescem por den-tro quer num, quer naoutra. Desfrutam a situ-

SEXALESCENTES OU…SEXYGENÁRIOS?

ação, porque depois deanos de trabalho, criaçãodos filhos, preocupações,fracassos e sucessos, sa-bem bem olhar para omar sem pensar em maisnada, ou seguir o vôo deum pássaro da janela deum 5.º andar…

Neste universo depessoas saudáveis, curi-osas e ativas, a mulhertem um papel destacado.Traz décadas de experi-ência de fazer a sua von-tade, quando as suasmães só podiam obede-cer, e de ocupar lugaresna sociedade que assuas mães nem tinhamsonhado ocupar.

Por exemplo, não sãopessoas que estejam pa-radas no tempo: a gera-ção dos "sessenta", ho-mens e mulheres, lidacom o computador comose o tivesse feito toda avida. Escrevem aos fi-lhos que estão longe (evêem-se), e até se es-quecem do velho telefo-ne para contatar os ami-gos - mandam e-mailscom as suas notícias,ideias e vivências.

De uma maneira ge-ral estão satisfeitos como seu estado civil e quan-do não estão, não se con-formam e procurammudá-lo.

Raramente se desfa-zem em prantos senti-mentais.

Ao contrário dos jo-vens, os sexalescentesconhecem e pesam todosos riscos. Ninguém se põe

a chorar quando perde:apenas reflete, toma nota,e parte para outra…

Os maiores partilhama devoção pela juventudee as suas formas super-lativas, quase insolentesde beleza; mas não sesentem em retirada.

Competem de outraforma, cultivam o seu pró-prio estilo…

Os homens não inve-jam a aparência das jo-vens estrelas do esporte.

Nem as mulheres so-nham em ter as formasperfeitas de um modelo.

Em vez disso, conhe-cem a importância de umolhar cúmplice, de umafrase inteligente ou de umsorriso iluminado pela ex-periência.

Hoje, as pessoas nadécada dos sessenta,como tem sido seu costu-me ao longo da sua vida,estão a estrear uma ida-de que não tem nome.

Antes seriam velhos eagora já não o são.

Hoje estão de boasaúde, física e mental,recordam a juventudemas sem nostalgias to-las, porque a juventudeela própria também estácheia de nostalgias e deproblemas.

Celebram o sol emcada manhã e sorriempara si próprios…

Talvez por alguma se-creta razão que só sabeme saberão os que chegamaos 60 no século 21…

Tita Teixeirawww.luispellegrini.com.br

Me ha dolido el silencio también enRumos, no entiendo. Un abrazo

[email protected]

Nota: Clelia, nesta edição consta seulivro e nossos agradecimentos. Já haví-amos agradecido pessoalmente a sua fi-lha em Fortaleza, e por ela também avocê. Abraço do Giba.

Gilberto, agradeço a remessa doRumos. Estou lendo!

Pedro Camilo [email protected]

Agradecido pelo Jornal.Gostei da matéria: comemorar os 50

anos do Concílio Ecumênico de 1962-65 da pagina 7.

Pe. Máikol, [email protected]

Recebi, hoje, o último nº de Rumos.Vi meu artigo lá. Achei que podia con-tribuir para um voto mais consciente naseleições que se aproximam.

Antônio [email protected]

Meu Caro Amigo Gilberto!Parabéns pelas matérias e pela apre-

sentação virtual do jornal. Boa sorte.

Waldemar de [email protected]

Giba querido,Li hoje de manhã o seu último jor-

nal. Bom como sempre!!!!Irene Cacais

[email protected]

O nosso jornal RUMOS está ummimo. Cada número é um pequeno

tesouro, portador de preciosas refle-xões e de informações, Parabéns!

José Marcelino Cantalice [email protected]

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4 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 228

Bispo emérito da cidadede Goiás e conselheiropermanente da Comis-

são Pastoral da Terra (CPT),Dom Tomás Balduíno participoudo Simpósio "50 Anos do Con-cílio Vaticano II e 40 Anos daTeologia da Libertação - O queo Espírito diz às Igrejas?".

Em entrevista a ADITAL,Dom Tomás fala sobre as mu-danças na Igreja geradas peloConcílio Vaticano II, enfatiza oimportante papel dos leigos eleigas e contextualiza o cenárioda América Latina.

Adital - O Concílio Vatica-no II foi o momento em que aSagrada Escritura foi o fococentral, voltou a ser o interessecentral da Igreja e começa, so-bretudo, a chegar às mãos dopovo, nas mãos dos cristãos, dosleigos. Isso causou alguma mu-dança dentro da Igreja?

Dom Tomás Balduíno - Cau-sou muitas mudanças. Eu falodo caso da América Latina emque havia já uma busca de con-tato com a bíblia, com a pala-vra de Deus nas comunidades,sobretudo, considerada em si-tuação de inferioridade comrelação aos crentes que lidavammuito bem com a bíblia. Então,entre nós, tivemos a grandechance de Carlos Mesters, dogrupo dele, do CEBI, da leiturapopular da bíblia. Isso foi como

O Bispo emérito de SãoFélix do Araguaia (Bra-sil), o catalão Pere

Casaldáliga, criticou a "certahierarquia da Igreja que nãofaz nada" e que "em vez deabrir-se ao diálogo e compre-ensão, excomungam e proi-bem, dando a impressão deum Deus juiz ."

Em entrevista por telefonecom a rádio RAC-1, Casaldáli-ga, de 84 anos e sofrendo deParkinson, também criticou ahierarquia da igreja que man-tém "relegadas" as mulheresdentro da Igreja.

"É injusto que as mulheressejam relegadas a um segundoou terceiro plano no seio da Igre-ja, quando a Igreja está sendosustentada principalmente pormulheres. Nas celebrações,

O FUTURO DA IGREJA ESTÁ NA MÃO DO LAICATO,NÃO DA HIERARQUIA

o ovo de Colombo e difundiumuito a bíblia entre nós.

Adital - A Igreja Povo deDeus despontou também qua-se que, se não em contradição,mas como novo valor do Con-cílio. A Igreja do lado hierárquiconão acompanhou essa mudan-ça. Como o senhor vê essaquestão, sobretudo, pensando nofuturo com tantos teólogos qua-se que afastados?

Dom Tomás Balduíno - Aquestão do Povo de Deus tor-nou-se uma proposta pra den-tro da Igreja, que mexeu na es-trutura, por isso, teve mais rea-ção por parte da Cúria, eles nãoesperavam aquele esquema quecolocasse o Povo de Deus an-tes da consideração sobre aIgreja hierárquica. E isso, en-tão, com o Sínodo de 85 já pro-gramado por João Paulo II foia bancarrota, acabou, foi su-presso. Quer dizer, teoricamen-te, ou então curialmente supres-so. Na realidade é a nossa for-ça, é a força da nossa pastoralna América Latina, é o Povo deDeus com todas as consequên-cias de participação, de contri-buição, de presença, de contra-dição.

Adital - Sobre a situação daAmérica Latina, hoje nós pode-mos dizer que há sinais clarosde iniciativas concretas queapontam não só para um futu-

ro, mas que mostram uma con-tinuidade. Vendo esse passado,pensando nesses sinais e olhan-do o futuro, como é que o se-nhor avalia essa vivência des-ses setores de Igreja?

Dom Tomás Balduíno - An-tes de falar desses sinais, quesão sinais luminosos, eu queriamostrar a estratégia, utilizada,sobretudo, pelo Papa João Pau-lo II de abranger toda a estru-tura da Igreja. Ele pegou desdea formação do seminário até anomeação dos bispos. Passan-do também pelo direito canôni-co e pela repressão da Teolo-gia da Libertação. Pegou tam-bém o colegiado, uma vez quea nomeação de bispos era deacordo com o sistema romano,então, o colegiado foi desapa-recendo e reaparecendo as pro-víncias eclesiásticas. Isso foiuma estratégia que perduracomo peso até hoje em toda adiocese, em toda a Igreja nomundo inteiro.

Há sinais claros, concretosde vida continuando com o Con-cílio Vaticano II, vivendo essecarisma na América Latina.Primeiro os frutos de Medelín,que são as organizações soci-ais camponesas, indígenas demulheres que hoje existe. Vive-mos as consequências queridase planejadas por Medelín nosentido das comunidades, dos

seus agentes sujeitos, autores edestinatários da sua própria ca-minhada.

Isso está acontecendo maisem uns países do que em outros.Considero, por exemplo, Equa-dor e Bolívia países onde isso émuito flagrante. Depois, dentroda própria Igreja o fortalecimen-to das CEBs, os encontros deCEBs é um apelo, o pessoalvem, é um grupo minoritário,mas muito representativo e sig-nificativo em todo o Brasil.

Também as Pastorais Soci-ais como tem crescido, comotem se fortalecido agora em co-munhão ou intercâmbio com asdiversas organizações sociaispopulares. Depois os congres-sos, as organizações de lideran-ças de teologia, as jornadas mos-tram que a semente não foi des-truída, a semente está produzin-do frutos. É muito interessante,acho que se interliga no mundointeiro com as diversas tentati-vas de romper essa estruturamonolítica da Igreja.

Adital - O que falta hoje paraos leigos serem mais autôno-mos, tomarem as decisões?Esse Simpósio Teológico queestamos fazendo deveria sermultiplicado no sentido de daraos leigos os meios pra se sen-tirem mais seguros nas suasposições e para tomarem maisiniciativas. O que falta para eles

agirem?Dom Tomás Balduíno - Há

20 anos ou mais que venho pen-sando e tentando passar adian-te. Primeiro é que o futuro estána mão do laicato da Igreja, nãoda hierarquia. Bananeira que jádeu cacho não presta mais. Temsua função, mas a força daIgreja é o laicato. E o Concílioascendeu um pouco timidamen-te sobre isso, mas o caminhopara superar essas dependên-cias, essas mil dependências daparóquia ou então do Bispo,uma linha de criar uma autono-mia é a escola de teologia, aescola bíblica.

É verdade que nós temospastorais autônomas, temos umapastoral autônoma, que é a Co-missão Pastoral da Terra, que euconsidero uma estrutura leiga,tem Bispo na direção porque foipedido pela CNBB, mas o quevale ali é a presença do laicato.E quando isso é formado, quan-do tem base teológica e sabe vero futuro, isso não só serve dedefesa para a pessoa ou grupo,mas serve também de caminha-da, de serviço ao mundo, umserviço necessário que não é sóa hierarquia ou os missionáriosque vão fazer, mas leigos atécom mais eficácia, com fermentona massa.

Ermanno Allegri - DiretorAdital

DOM CASALDÁLIGA DEFENDE AS MULHERES70% são mulheres e querermarginalizar as mulheres dentroIgreja é erro tolo. Mas isso vaiser superado ", disse o bispo.

Casaldáliga está confiantede que "as mulheres chegarãoa todos os ministérios da Igre-ja" porque, disse ele, "não hánenhum argumento teológicomostrando que as mulheres nãopossam ser ministras de culto.Se não foram até agora é por-que as sociedades foram ma-chistas ".

O bispo catalão, um dosprincipais representantes daTeologia da Libertação, acreditaque o movimento de indignadosna Espanha e em outros paísesé "um sinal de que as coisasmudam"; ele lhes expressou seutotal apoio e lhes recomendou"lutar com esperança".

"Agora mesmo, com a fa-mosa crise, vivemos exclu-sões. Sofrem-nas os peque-nos, os normais, mas os gran-des não passam crise. É usa-doa para reforçar o poder eco-nômico, mas também servepara elevar a consciência",observou o bispo.

O prelado disse que "os in-dignados, mesmo nos EUA, são

um sinal de que as coisas mu-dam, um passo importante, umaconsciência unitária global con-tra a disparidade" e, por isso temse posicionado "claramente aolado dos indignados, e portanto,deve se lutar com indignação eesperança ".

Casaldáliga, alertou que "aEuropa deve reconhecer queele tem uma missão:. salvar aGrécia das mãos dos que a que-rem salvar pondo à frente seusinteresses e não a dignidade dopovo grego"

"Enquanto o lucro e os ban-cos forem os mestres da vida eda história humana, temos cri-se da economia e da dignida-de", explicou.

O bispo acredita que "a Eu-ropa se salvará pela solidarie-dade dentro da Europa e de todo

o mundo, mas vocês têm quevigiar muito a tentação de ex-cluir os imigrantes. É um desa-fio: Se não receber os de fora,não saberemos conviver com osde casa. "

Casaldáliga, que confessouque "ainda como o pão com to-mate todos os dias", revelou que,quando lhe propuseram fazeruma série de TV sobre sua fi-gura disse que não porque "eutinha medo que eles fizessemum 'far west' religioso. Tenhoinsistido na idéia de que não é aminha vida, são as nossas cau-sas ".

O bispo aposentado explicouque ele passa os dias lendo,orando, recebendo visitas e res-pondendo e-mails ", enquantoespero, com muita esperança."

(Rd / Efe)

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Jornal RUMOS

5Jornal RUMOSEdição 228

Nestes anos foram mui-tas as dioceses dos Es-tados Unidos que

acompanharam os seus pasto-res através do longo calvário dadoença. Às vezes, no entornodo bispo doente, além de ora-ções, cristaliza-se com maiorintensidade o conceito de Igre-ja-Povo de Deus.

Mas na diocese de Chicagoestá acontecendo algo mais.Enquanto o arcebispo, o carde-al Francis George, encontra-selutando, desde o verão, contraum câncer, alguns grupos deleigos se organizaram para dis-cutir a sucessão e formular al-guns pedidos ao Vaticano, quetem a última palavra.

George, de 75 anos, religio-so dos Oblatos de Maria Ima-culada (o primeiro nomeado bis-po de sua cidade natal, depoisde suas experiências em Yali-ma e Portland), foi até 2010presidente da Conferência dosBispos dos Estados Unidos(além de membro de algumasCongregações Pontifícias) eenviou sua renúncia ao Papaem janeiro deste ano.

É aqui que entram em jogoos leigos, que não pretendemser simples espectadores e te-mem que a decisão se oriente

Polêmico por não ter medode defender a evoluçãodos costumes e pondera-

do ao medir as palavras e evi-tar dissabores com o Vaticano,o teólogo espanhol MarcianoVidal esteve em Porto Alegrepara predicar sua fé impregna-da de lógica. Vidal é padre.

Ele recebeu Zero Hora nasede da congregação reden-torista em Porto Alegre e fa-lou sobre temas espinhosos.Exemplos: disse que Deusama a todos da mesma forma,independentemente da suacondição sexual. Recomendouque o Direito Canônico tomedistância de julgamentos so-bre o aborto em casos esca-brosos - como o estupro.

"Pessoas que vivem emsociedade, têm convivência erealizam as exigências da so-ciedade devem ser reconhe-

LEIGOS QUEREM TER VOZ MAIS ATIVANA NOMEAÇÃO DE BISPOS

TEÓLOGO QUE O VATICANO QUIS CALARcidas como são" - começou,genericamente, ao falar sobrehomossexuais.

Até que foi direto ao pontoque tanto incômodo já lhe trou-xe: "Deus ama da mesma for-ma uma ou outra pessoa, tenhaela a condição homossexual ouheterossexual".

Ao discorrer sobre suas con-vicções, Vidal atribui à lentidãoda Igreja no acompanhamentodas "novas situações" um dosmotivos para a perda de fiéis.Principalmente porque, segun-do ele, não oferece soluções.

A respeito do aborto, quan-do fala, Vidal evita o discursomoralista e trata o tema comosendo de saúde pública.

E ele não deixa de falar noBrasil.

"O Brasil era uma igreja su-peraberta. Na época de JoãoPaulo II, começou a modificar

peças, bispos. Acabou tentoum dos episcopados mais con-servadores do mundo. Dougraças a Deus que essas coi-sas começam a mudar. A per-gunta se torna obrigatória: esseconservadorismo brasileiroabriu caminho para as igrejasevangélicas? As seitas? Semdúvida. É um problema o queexiste nas igrejas latino-ame-ricanas, com as seitas. Sãocoisas que não ocorrem naEuropa, onde o problema sãoas pessoas que não crêem, quenão querem saber de religiões".

Vidal lamenta o cercea-mento às Comunidades Ecle-siais de Base (CEBs). Arris-ca-se a dizer que, caso elas ti-vessem recebido incentivo nosanos 1970 e 1980, a IgrejaCatólica não perderia tantoespaço no Brasil. Motivo: asCEBs mantinham conexão

com problemas sociais e foca-vam a realidade das pessoas.

Mas como tais grupos cres-ceram? "As seitas satisfazemas necessidades das pessoas" -resume ele.

''Quero deixar plasmadasduas afirmações básicas. Uma,do cardeal B. Hume: "A pes-soa humana não pode encon-

trar sua figura adequada numaredução somente à sua orien-tação sexual". Outra, dos bis-pos norte-americanos: "Todapessoa possui uma dignidadeintrínseca porque foi criada àimagem de Deus".

Léo GerchmannJornal Zero Hora,

11-09-2012

para algum pastor que não sigaa linha do atual ou para algumpastor que "aposte exclusiva-mente na ortodoxia", prejudi-cando muitas outras coisas.Um dos mais ativos pareceser Paul Culhane, da Paróquiade St. James, professor emé-rito de Ciências Políticas naNorthern Illinois University,que criou um blog para refle-tir e expor as qualidades queo novo pastor deveria ter.

É uma iniciativa que não temprecedentes, segundo declarou

há alguns dias ao Chicago Tri-bune, mas que não vai contra oCódigo de Direito Canônico. Ocânon 212, parágrafo 2 diz: "Osfiéis têm o direito de manifes-tar aos Pastores da Igreja suasnecessidades, principalmenteespirituais, e os próprios ansei-os". E no parágrafo 3 que: "Deacordo com a ciência, a com-petência e o prestígio de quegozam, têm o direito e, às ve-zes, até o dever de manifestaraos Pastores sagrados a pró-pria opinião sobre o que afeta

o bem da Igreja e, ressalvan-do a integridade da fé e doscostumes e a reverência paracom os Pastores, e levando emconta a utilidade comum e adignidade das pessoas, deem aconhecer essa sua opinião tam-bém aos outros fiéis".

"Quem melhor que eu, quevivo aqui há 43 anos, ou outrosmais antigos, pode conhecermelhor as exigências de nossascomunidades?", comentouMary Jean Cardwell. Contudo,a arquidiocese parece não ter

autorizado as paróquias a apoi-arem a iniciativa em nível deboletins paroquiais: "A ideia deanimar as pessoas para queexpressem a própria opinião aoNúncio que representa o Papaé boa, mas não há nenhum mo-tivo pelo qual os católicos sedevam reunir em um grupo es-truturado", disse o porta-voz di-ocesano, Colleen Dolan.

Por isso, os mentores destainiciativa estão se organizandona rede: apostam na história daIgreja dos primeiros séculos ena prática da eleição dos bis-pos com a esperança de esten-der o máximo possível a basedas consultas, posto que nor-malmente antes que o bispopeça a renúncia, o Núncio pedea alguns fiéis "seletos" algumaspropostas para a substituição.Animar a expressão das vozeslocais seria uma forma (escre-veu ao Chicago Tribune) de le-var em consideração as exigên-cias das comunidades, que mui-tas vezes ficam em um segun-do plano em relação às decisõesmais importantes.

Maria Teresa PontaraPederiva

Tradução do CepatFonte:

fraternitasmovimento.blogspot.pt/

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6 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 228

"A Igreja reformada devese reformar permanentemen-te". Esta palavra de Lutero é re-cordada em todo o mundo nes-ses dias em que a Reforma Pro-testante completa mais um ani-versário (31 de outubro) e pre-para a celebração dos seus 500anos (2017). Neste ano do cin-quentenário da abertura do Con-cílio Vaticano II, podemos tam-bém comemorar os 50 anos daprimeira reunião oficial de bisposcatólicos em que cristãos de ou-tras Igrejas foram convidadoscomo observadores e participan-tes. De fato, naqueles anos, oConcílio mudou o clima de dis-tância entre as confissões dife-rentes e transformou irmãos se-parados em Igrejas irmãs. Issoteve consequências importantesnão só para as próprias Igrejas,mas para todo o mundo. Os cris-tãos se uniram no apoio e parti-cipação em movimentos como aluta contra o apartheid na Áfricado Sul e pela paz e justiça nomundo. Na América Latina, ateologia da libertação nasceu ecu-mênica e foi aprofundada no di-álogo entre teólogos/as católicos

"A ocupação religiosado espaço público, sobre-tudo nas capitais e nas re-giões metropolitanas, tor-nou-se ainda mais monu-mental, mais espetacular emais triunfalista.Tudo porum maior impacto evange-lístico, gerar maior visibi-lidade pública e revestirseus líderes e suas organi-zações religiosas de maiorpoder, status e legitimida-de", analisa Ricardo Maria-no, professor da PUC-RS, emartigo publicado no jornal Fo-lha de S. Paulo, 03-11-2012.

Segundo ele, "não é à toaque a inauguração do maiortemplo católico da AméricaLatina ocorra nesse contexto devigoroso ativismo religioso e demidiatização da religião inten-sificado por uma concorrênciainter-religiosa sem precedentesna história nacional".

Eis o artigo.A guinada conservadora

católica, o acelerado declínionumérico da filial brasileira daSanta Sé e a avalanche pente-

A RENOVAÇÃO PERMANENTE

MARCELO ROSSI BUSCA CATOLICISMO DE MASSASMas menos atento às questões sociais

e evangélicos/as. Em 1983, aocelebrar os 500 anos do nasci-mento do reformador MartinhoLutero, o papa João Paulo II afir-mou que Lutero é um mestre dafé para todos os cristãos.

Se 31 de outubro foi a datasimbólica da divisão das Igrejasdo Ocidente, essa mesma datamarcou um gesto importante dereconciliação e unidade. Nestedia, em 1999, a Igreja Católicae a Federação Luterana Mun-dial assinaram um acordo sobrea justificação pela fé, ponto mai-or da divisão no século XVI e

que, hoje, não é mais motivo dedivisão entre as Igrejas. Hámenos de dois anos, o papa Ben-to XVI visitou na Alemanha omosteiro onde Lutero viveucomo monge agostiniano. Na-quele lugar, junto com o presi-dente da Federação LuteranaMundial, o papa afirmou queLutero era um modelo da pes-soa crente que busca permanen-temente a Deus, como nós to-dos somos chamados a fazer.Atualmente, em vários lugaresdo mundo, exegetas católicos eevangélicos trabalham e ensinam

juntos as Sagradas Escrituras.Teólogos católicos são profes-sores em universidades de teo-logia luterana e metodista. Aomesmo tempo, professoresevangélicos são mestres em uni-versidades católicas.

O modelo de unidade que sedeseja para as Igrejas não é oda uniformidade que, de todas,faria uma super-Igreja única epoderosa. Já no século III, Ci-priano, bispo de Cartago, ensi-nava: "A unidade abole a divi-são, mas respeita as diferenças".O Conselho Mundial de Igrejas

costal acirraram a competiçãoentre católicos e evangélicos apartir de 1980. Essa peleja de-flagrou uma disputa religiosapelo espaço público e uma de-senfreada ocupação religiosa damídia e da política partidária.

Desde então tele-evangelis-tas, padres-celebridades e can-tores gospel tornaram-se oni-presentes na mídia eletrônica,emissoras de TV pentecostaise católicas brotaram como co-gumelos, rebanhos religiososviram-se tratados como curraiseleitorais, igrejas passaram aformar bancadas parlamenta-res, a expandir seu poder nosLegislativos e a controlar parti-dos, discursos moralistas reaci-onários de inspiração bíblicatomaram de assalto as eleições.

A ocupação religiosa do es-paço público, sobretudo nascapitais e nas regiões metropo-litanas, tornou-se ainda maismonumental, mais espetaculare mais triunfalista.

Tudo por um maior impactoevangelístico, gerar maior visi-bilidade pública e revestir seus

líderes e suas organizações re-ligiosas de maior poder, statuse legitimidade.

Foi por isso que católicos, li-derados por carismáticos e suascomunidades, e neopentecostais,turbinados pela famigerada teo-logia da prosperidade, trataramde investir pesado em megae-ventos, megashows, megamar-chas e megamissas e torrar for-tunas na construção de impo-nentes santuários e catedrais.

Não é à toa que a inaugu-ração do maior templo católi-co da América Latina ocorranesse contexto de vigoroso

ativismo religioso e de midia-tização da religião intensifica-do por uma concorrência in-ter-religiosa sem precedentesna história nacional.

Autor do slogan "sou felizporque sou católico" e líder re-ligioso mais popular do país,padre Marcelo Rossi foi o ide-alizador do Santuário Theotokos- Mãe de Deus. A fim de res-gatar as ovelhas desgarradas dorebanho e de impedir o "avan-ço das seitas", o sacerdote mul-timídia, multitarefa e workaho-lic tem trabalhado, em ritmotoyotista anos a fio, como can-

tor, ator, escritor, radialista etele-evangelista, militado noTwitter e no Facebook e, dequebra, acolhido romarias depolíticos às missas em busca dabênção nas urnas. Em reconhe-cimento a seus feitos, o papaBento XVI lhe deu o PrêmioVan Thuân, em 2010.

No novo santuário, Marce-lo Rossi ocupará um palco mui-to maior e mais reluzente paracantar seus louvores e baladas,coreografar a "aeróbica do Se-nhor", receber celebridades,agitar, entreter e emocionar asmultidões de seguidores, benzerseus objetos pessoais e lançar-lhes baldes de água benta ao fimde cada show-missa.

Assim ele vai contribuindopara configurar um catolicismode massas alegre, corpóreo,sensorial, emotivo, mágico, mi-diático, terapêutico, taumatúrgi-co, moral e teologicamente con-servador. Mais popular, masmenos intelectualizado e menosatento aos problemas socioeco-nômicos.Fonte: www.ihu.unisinos.br

que reúne 349 Igrejas em umafraternidade congregacionalpropõe como modelo de unida-de "uma diversidade reconcilia-da". No século XVI, ao pregarque a renovação da Igreja deveser permanente, Lutero recor-dava que Jesus nos chama a umacontínua conversão de nossasvidas. A conversão pessoal ecomunitária é o melhor caminhoda unidade e é o único modo dasIgrejas se renovarem e exerce-rem sua missão de diálogo coma humanidade. Jesus pediu aoPai que seus discípulos sejamunidos, para que o mundo possacrer (Jo 17, 19- 21). Esse as-sunto interessa a toda a huma-nidade porque é verdade o queafirmou o teólogo suíço HansKung: "O mundo não terá paz,enquanto as religiões nãoaprenderem a dialogar e a con-viver como irmãs e, por váriasrazões culturais e sociais, issonão ocorrerá se as Igrejas cris-tãs não derem logo o exemploe não retomarem o caminho dodiálogo e da unidade"

Marcelo BarrosFonte:www.brasildefato.com.br

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Jornal RUMOS

7Jornal RUMOSEdição 228

Fortaleza, dias 19 e20 de outubro

Assuntos debatidos:1. Possível criação de

uma poupança coletiva(100 reais mensais porpessoa) para quem querir para o encontro 2015.Ajudar quem não pode ir.

2. Reunião trimestralda Coordenação Nacio-nal e colaboradores. Em2013: Janeiro, Abril, Julhoe Outubro.

3. Representante porEstado - um padre paraser o contato local. An-tônio Evangelista (Brasí-lia) - Jair Barros (RJ) -Armando (PR) - Giovan-ni (AM) - Giba (SC) -

Pelo terceiro anoconsecutivo parti-cipei no dia 15/11

do XIX Encontro dosAmigos (ex-alunos) doIpiranga.

Na oportunidade:1) divulguei o nosso

site dos padres casados;2) divulguei o Jornal

Rumos, comprometendo-me a enviar on line paratodos. Fiz a ressalva que,se gostassem, a assinatu-ra impressa era importan-te por conta das pessoasidosas. Sendo um jornalindependente, além doscustos com impressão eradesejo que fosse enviadogratuitamente para todosos bispos.

3) Divulguei o nossospróximo Encontro Nacio-nal em Curitiba.

4) Defendi a necessi-dade do ministério sacer-dotal para as mulheres

Pelos 50 anos da aberturado Concílio Vaticano II edos 40 do início da Teolo-

gia da Libertação estivemos reu-nidos no Congresso Continentalde Teologia na Universidade deUnisinos de São Leopoldo/RS,Brasil. No final direcionamos àsnossas igrejas e povos uma men-sagem para compartilhar o quetemos escutado e dialogado, vi-vido e celebrado.

Participaram 750 pessoasentre jovens e adultos, laicas elaicos, religiosas e religiosos,sacerdotes e bispos e irmãs eirmãos de outras denominaçõescristãs. Provenientes dos dife-rentes países da América Lati-na e do Caribe, da América doNorte e da Europa. Temos vi-venciado um verdadeiro kairóse mobilizado a comunidade te-ológica do Continente.

Primeiramente queremoscomunicar que saímos fortale-cidos em nossa esperança, umaesperança que nos impulsionaa colocar nossa vida a serviçodo Reino de Deus. Oramosevocando a caminhada eclesialdesde o início do Concílio Vati-cano II e dos 40 anos de teolo-gia da libertação. Refletimoscriativamente em painéis e ofi-

PERTO DE DEUS… PERTO DOS POBRESDocumento final do Congresso Continental de Teologia

cinas sobre aspectos importan-tes do povo de Deus e que de-safiam a nossa tarefa teológicae pastoral.

Constatamos e assumimosnossas diferenças e diversida-des históricas, geográficas, cul-turais, de processos sociais eeclesiais. Enriquecemos-noscom elas, muito especialmentequando lembramos e celebra-mos o testemunho de martíriode quem nas últimas décadastem dado amostras extraordiná-rias de fidelidade ao Deus davida, dentro de nosso povo, so-bretudo entre os pobres.

Recordamos especialmentea figura iluminada e cativantedo Papa João XXIII, de quemevocamos o gesto de abrir por-tas e janelas para que a Igrejacatólica aprendesse que paraser mãe e mestra necessitavatornar-se filha e discípula. Re-cordamos, também, a Paulo VIque acertou em colocar lucideze audácia nos trabalhos do Con-cílio e na caminhada do povode Deus do imediato pós-con-cílio. Esta recordação nostransmitiu com emoção e forçaMons. José M. Pires de 94anos; ele foi padre conciliar.

Reafirmamos nossa convic-

ção de que o caminho que inici-amos em Medellín, continuarásendo nosso caminho neste tem-po. Tomamos consciência, tam-bém, das exigências que supõeo novo contexto cultural, social,político, econômico, ecológico,religioso e eclesial, agora globa-lizado, depredado e excludente.

Confirmamos que a Teolo-gia da Libertação está viva econtinua inspirando as buscase os compromissos das novasgerações de teólogos. Mas àsvezes as brasas se escondempor debaixo das cinzas. Nestesentido, esse congresso se con-verteu em um sopro que se re-acendeu o fogo desta teologiaque quer continuar sendo fogoque acende outros fogos naIgreja e na sociedade.

Conscientes de que a "Igrejadeve escutar os signos dos tem-pos e interpretá-los à luz do Evan-gelho" (GS 4), queremos passaraos tempos dos signos e fazer umprocesso de construção coletivaque articule nosso pensar, sentire atuar. Este processo supõe umesforço de escuta atenta de di-ferentes testemunhos e experiên-cias, convicções e olhares, emuma ação que nos desafia hojede nossos diferentes contextos e

nos leva a apostar por um pre-sente que tenha futuro.

Os tempos mudaram. Istonos levou a fazer uma pausa earticular nossa teologia latino-americana com realidades e sa-beres que não estiveram presen-tes nos trabalhos do Vaticano II,nem nos primeiros momentos daTeologia da Libertação. Para nóssão novos clamores que vêm dosmigrantes, das mulheres, dospovos originários e afro-descen-dentes, das novas gerações e detodos os novos rostos de exclu-são que emergem desde a invi-sibilidade.

Estes gemidos são frutos deum sofrimento, que buscamoscompartilhar com paixão comos que são privados de umavida digna, de um "bem viver"(Sumakausai) como Deus quer.

Acreditamos que este Con-gresso marque o começo deuma nova etapa. Para isso estásendo organizado. Algo novoestá brotando e cada vez nosdamos mais conta (Is. 43,13).Queremos que esse futuro es-teja marcado pela fidelidade,fecundidade, a criatividade e aalegria. Na nossa tarefa teoló-gica deve acertar a assumir osnovos desafios em plena sinto-

nia com a Palavra de Deus, soba ação do Espírito e em profun-da comunhão com os pobresque para nós são os preferidosde Jesus. Tem que ser assim jáque "todo o que tem a ver comCristo, tem a ver com os po-bres e tudo o que é relacionadocom os pobres chama a JesusCristo" (DA 393).

Durante o congresso olha-mos para adiante e olhamos dis-tantes, até o futuro; deixa-noscom sonhos e com vontade detorná-los realidade. Um dosmais importantes é estimularteólogos e teólogas jovens queamparam a herança dos teólo-gos da primeira geração da Te-ologia da Libertação. Esta he-rança transmitiu Gustavo Guti-érrez ao lembrar com emoçãoaos teólogos jovens que em suatarefa teológica sejam rigoro-sos, profundos, próximos dascomunidades inseridas no mun-do e que dêem sua vida pelospobres. Com sua frase "Pertode Deus, perto dos pobres" evo-cou a todos os participantes omelhor da teologia latino-ame-ricana. Com isso reunimos omelhor deste Congresso.

FONTE:minutonoticias.com.br

REUNIÃO DA DIRETORIA DO MFPC LINDO ENCONTROLuciano (CE) - Felix(PE) - Tavares (MA) -Almir ou Eduardo H (BA)

4. Catálogo nacionaldo MFPC Brasil. Ediçãono final de 2013.

5. Criação de umaComissão para resgatar aHistória do MFPC Brasil- (Resultado final: Livro).Formar comissão até de-zembro de 2012.

6. Programar encon-tros regionais (datas, pes-soal e orçamento de des-pesas com viagem):

7. Reunião preparató-ria XX Encontro Nacional(previsão: outubro 2013).

8. Representante parao Encontro dos presbíte-

ros e Encontro daCNBB em Itaici - SP.

9. Ver estratégia mi-diática - onde podere-mos aparecer mais -mostrar que somos umaigreja do povo de Deus.

10. Criar catálogo depublicações de padrescasados - catálogo digi-tal em construção.

11. Relação de açõesconcretas e trabalhoscomunitários feitos porpadres casados e suasfamílias.

12. Passagem da te-souraria - abrir nova con-ta bancária no Banco doBrasil.

13. Analisar o contex-to brasileiro e latino-ame-ricano no âmbito político- social - religioso.

14. Incentivar os fi-lhos a promoverem umEncontro nacional.

15. Ajudar a Berni-zeth com o Movimentodas Viúvas.

citando o Livro de D. Cle-mente Isnard.

Entre os ex-alunos es-tavam 02 bispos eméritos:D. Celso Queiroz (ex-se-cretário geral da CNBB)e D. Fernando Penteado(de Jacarezinho- PR),muito abertos e acolhedo-res, que inclusive presidi-ram a celebração eucarís-tica.

Lá estavam muitospadres casados que nor-malmente não participam

dos nossos encontros masdemonstraram interessesobretudo quando recor-dei o encontro de Recifecom o palestrante PeComblin.

Alguém da coordena-ção nacional do MFPCpoderia agendar partici-pação no XX encontrodos Amigos do Ipirangaque acontecerá em 15/11/2013?

Almir Dias Simõ[email protected]

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Jornal RUMOS

Edição 228

Neste mês de outubro ce-lebramos o 50º aniver-sário do início do Con-

cílio Vaticano II. A primeira vezque ouvi falar deste concílio foino ano de 1963. Eu tinha seteanos de idade. Meu pai, católi-co fervoroso e praticante, assi-nava uma revista católica. Cer-to dia ele chegou em casa comum exemplar desta revista. Vique na capa da revista haviauma fotografia do papa JoãoXXIII. Meu pai, então, relatouque o papa tinha morrido e nolugar dele tinha sido eleito Pau-lo VI. Com eu já tinha sido al-fabetizado por minha mãe, co-mecei a ler a notícia da mortedo papa. Lá pelas tantas o tex-to dizia que João XXIII tinhasido o papa que convocou eabriu o Concílio Vaticano II.

Sem saber o que era "Con-cílio Vaticano II" fui pergun-tar a meu pai. Ele me expli-cou, então, que era uma reu-nião dos bispos do mundo in-teiro com o papa. Completoua informação dizendo que obispo da nossa diocese, que euhavia conhecido naquele mes-mo ano, tinha ido de naviopara Roma, a fim de partici-par do concílio. Meses depoiso bispo foi à minha cidade epresenteou meu pai com umpostal colorido e autografado,que tinha a foto do navio noqual ele viajou até Roma.

Fui, então, crescendo e ou-vindo outras notícias sobre oVaticano II. Lembro-me bemdo seu encerramento. Era odia 8 de dezembro de 1965,festa da Imaculada Conceição,padroeira da minha cidade.Como nossa cidade não tinhapároco, o padre da cidade vi-zinha foi fazer a festa e nahomilia lembrou que naqueledia estava sendo encerrado oconcílio. Os anos se passaram,entrei no seminário e toda aminha formação foi feita noclima do Vaticano II. Tive agraça de ter como professo-res teólogos de renome como

MINHAS LEMBRANÇAS DO VATICANO II

Zoltán Alszeghy, Carlo MariaMartini, René Latourelle e Jo-seph Fuchs, todos eles com-prometidos com a execução doconcílio. Os textos teológicosusados na Universidade Gre-goriana eram quase todos deperitos do concílio. Ao concluira minha formação teológicaestava profundamente embe-bido do espírito do concílio.

Aos poucos fui entendendoa grande revolução provocadapelo Vaticano II. Tudo começacom a superação da eclesiolo-gia jurídica pela eclesiologia decomunhão. E para realizar talsuperação o concílio voltou àsfontes bíblicas e às fontes pa-trísticas. Recuperou a Palavrae a verdadeira Tradição. A Igre-ja é ícone da Trindade e, comotal, não pode ser uma monar-quia absoluta comandada porum monarca. Ela é comunhãoou unidade na diversidade, as-sim como a Trindade é mistériode unidade na diversidade dastrês divinas Pessoas. Sendo íco-ne do mistério trinitário, a Igre-ja é convocada para servir ahumanidade e não para ser ser-vida. Por essa razão deve re-nunciar a toda forma de pom-pa, de luxo e de ostentação quecostuma caracterizar os pode-

rosos deste mundo. Foi convi-dada pelo concílio a ser pobrecomo o seu Fundador e, aexemplo dele, cuidar amorosa-mente dos pobres (LG, 8).

Na sua condição de servi-dora, a Igreja não apenas ensi-na e admoesta, mas é tambémconvidada a escutar e a apren-der com a humanidade (GS,41). Porém, para ter a humil-dade de escutar e de aprendercom a humanidade, a Igreja pre-cisa ter consciência de que elaé também peregrina e, por isso,santa "e sempre necessitada depurificação", tendo a obrigaçãode procurar sem descanso apenitência e a renovação (LG,8). Além disso, a sua condiçãode caminhante e de penitenteem busca de conversão develevá-la a uma abertura que sejacapaz de acolher os irmãos eas irmãs das outras igrejascristãs, sem pretensões e semarrogância. Deve igualmenteacolher as pessoas das religi-ões não cristãs, dialogando eunindo-se a elas na constru-ção do bem, da solidariedadee da paz. Com relação aos quenão acreditam, a Igreja foiconvidada a acolhê-los cor-tesmente no espírito do Evan-gelho de Jesus (GS, 21).

Ora, tudo isso supõe umamudança de mentalidade, bemcomo uma completa reestrutu-ração do estilo de ser Igreja. Poressa razão o Vaticano II repen-sou o conceito de santidade,vendo-a como vocação univer-sal, para a qual todos os homense todas as mulheres são cha-mados. Na variedade de voca-ções e de ministérios cada ume cada uma é convidado a par-ticipar ativamente do sacerdó-cio de Cristo e do seu seguimen-to (LG, 41). Neste sentido to-das as formas específicas devocação são importantes, nãohavendo superioridade de ne-nhuma delas sobre as demais.A partir desse pressuposto oconcílio redimensiona a funçãodos bispos e dos presbíteros.Estes não estão acima do povo,mas devem exercer o ministé-rio com o povo e no meio dopovo. Não são escolhidos paraserem separados do povo deDeus, mas para se consagra-rem ao serviço dele (PO, 3). Namesma perspectiva é pensadaa vocação e a missão da vidaconsagrada. E os cristãos lei-gos e as cristãs leigas deixamde ser "ovelhinhas", cuidadas eprotegidas pelos pastores, paraserem protagonistas da missão.A atividade evangelizadora dosleigos e das leigas é indispen-sável para a Igreja, e o direito edever de evangelizar não nas-ce de uma permissão da hierar-quia, mas da união deles e de-las com Cristo, através do ba-tismo e da crisma (AA, 2-3).

Todos estes elementos leva-ram o Vaticano II a repensartambém o conceito e a prática

da missão da Igreja. Esta não émais vista como atividade paraa implantação da Igreja Católi-ca, mas como continuidade damissão do Filho e do Espírito quechamam a humanidade para serPovo de Deus e para participarda vida divina (AG, 2-5).

E como toda renovação econversão eclesial requeremum alimento constante e umafonte abastecedora, o Vatica-no II iniciou sua atividade re-vendo por completo a Liturgiada Igreja. Tal revisão começoupela teologia litúrgica e chegoutambém às celebrações. A li-turgia retomou sua dimensãotrinitária e foi bastante simpli-ficada. Pautou-se pelo princí-pio de que ela é o culto a Deus,oferecido pelo Corpo de Cris-to, exigindo a participação detodos e de todas. A celebraçãodeixou de ser coisa de padrepara ser ação da comunidade.E para que a comunidade par-ticipe ela precisa entender oque celebra. Por essa razão aliturgia volta a ser celebrada nalíngua do povo. Um detalhe queparece secundário, mas que,na verdade, funciona comouma espécie de paradigma detoda a renovação conciliar.

Sem dúvida alguma não es-távamos preparados o suficien-te para acolher ao mesmo tem-po tanta beleza e tanta riqueza.Por isso, logo após o encerra-mento do concílio, já começa-ram os medos, os recuos e asdissidências. Porém, não pode-mos permitir que aquele mofoeclesiástico anterior ao concí-lio volte a imperar na IgrejaCatólica Romana. Seria traiçãoe incapacidade de ler os sinaisdos tempos. As intuições doVaticano II deveriam impelir aIgreja Católica do século XXIa ir além dele mesmo, ao invésde retroceder e fechar-se noconservadorismo e na eclesio-logia jurídica.

José Lisboa M. de OliveiraFilósofo. Doutor em teologia.

Fonte: www.adital.com.br

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9Jornal RUMOSEdição 228

Acabava eu de chegar daÁfrica a um país pou-co conhecido e traba-

lhava de dia e frequentava ànoite a Faculdade a fim de en-frentar um novo destino. Entre-tanto mantinha-me atento atudo o que acontecia no Brasilcom padres que, ao optarempelo casamento, tiveram deabandonar o ministério. Guar-do de então velhos recortes dejornais onde encontrei a histó-ria que agora reli com emoçãoe que, embora tarde, me sintoobrigado a divulgar.

O protagonista não constanas páginas de nenhuma hagi-ografia. Consideraram-no lou-co e ele estagiou na psiquiatriade um Centro de Saúde. De-pois submeteu-se à análise in-dividual e grupal com um psi-quiatra, o Dr. Geraldo de PaulaBarros, que lhe concedeu umlaudo psicológico de pessoaperfeitamente ajustada ao seumeio e à vocação sacerdotal,emocionalmente senhor de si,mental e psiquicamente normal.

Frei Juvenal Irineu Sansão,

A Rio + 20, Conferênciadas Nações Unidas so-bre o Desenvolvimen-

to Sustentável, realizada no Riode Janeiro, aconteceu entre osdias 13 e 22 de junho de 2012.Seu objetivo foi discutir a reno-vação do compromisso políticocom o desenvolvimento susten-tável, dando continuidade às dis-cussões ocorridas em 1990, namesma cidade. Contou com aparticipação de quase todos ospaíses filiados à ONU. Discu-tiu-se o modo como estão sen-do usados os recursos naturaisdo planeta e foram propostasmudanças, sobretudo em rela-ção àqueles aspectos que afe-tam diretamente as pessoas.

Em relação aos compromis-sos assumidos e aos resultadosconcretos, houve profundas di-vergências por parte de analis-tas do evento. Alguns chegaramao pessimismo máximo. Rcusa-ram-se a admitir qualquer avan-ço, denominando a Conferên-cia de "Rio - 20". Outros des-cobriram aspectos poositivos. Apartir de Aristóteles e Descar-

VIDA E MORTE POR AMOR AOS PADRES CASADOSUma página a inserir na história do MFPC

REFLEXÕES A PARTIR DA RIO + 20tes, estabeleceu-se no Ociden-te um modo de pensar preocu-pado em buscar respostas esoluções definitivas e universaispara todo tipo de problema.Esqueceu-se que a razão e aliberdade são prerrogativas detodos os seres humanos, masem nenhum alcançam a perfei-ção última. Sempre existe umespaço que permite melhorar.A capacidade de cada um e aqualidade do entendimento dosfenômenos são diferentes. Daíque, uns enchergam os avan-ços e outros, os recuos. Asmanifestações serão prioritari-amente divergentes, fruto deuma ótica pessoal. As melhori-as passam pelo crivo das solu-ções desejáveis e pelas do pos-sível. A tendência, porém, é ade buscar soluções universaispara todos os problemas, semlevar em conta as especificida-des locais dos diferentes ambi-entes e culturas.

Nesse aspecto, há que selouvar a presença de tantos lí-deres mundiais, falando dospequenos e grandes avanços

conseguidos em suas comuni-dades em relação a pequenosou grandes aspectos da vidacoletiva. Esses não estavampreocupados com as mega so-luções, mas, com as soluçõespossíveis. Mostraram como ospequenos bons gestos cotidia-nos que cada indivíduo podemrealizar mudanças benéficas atodos. No conjunto, podem tor-nar-se uma grande contribuiçãopara a cura dos males de nossoplaneta. Indivíduos e governan-tes, cada um em seu nível, to-dos possuem tarefas a cumprir.Cada país, estado, municípiopode criar leis e projetos de pro-teção ambiental sustentável. ARio + 20 certamente não foiconversa jogada fora. Foi umagrande oportunidade de refle-xão sobre o que se está fazen-do com o planeta e o que sedeveria fazer. Todos estão nomesmo barco. É preciso quecada um se eduque e realizesua parte: o pequeno gesto dejogar o lixo no lixo, não atirarbituca de cigarro no ambiente,andar mais a pé e menos de

carro, evitar o desperdício deágua e alimentos, não jogar,garrafas pet, copos e pequenospapéis pela janela do carro, ori-entar as jovens gerações, cri-ando uma nova visão em rela-ção ao ambiente, e por aí vai.

Os prefeitos das 59 moio-res cidades do globo derammostra do que é possível fa-zer, em diferentes aspectos,para melhorar a vida coletiva.Basta começar. Uma cidadepode espelhar-se na outra. Hámuito a ser feito. Há muito

bom exemplo que merece serseguido. O poder público nãotem capacidade nem respon-sabilidade sobre todos os pro-blemas. É peciso tomar a ini-ciativa e cada um fazer a suaparte. A Rio + 20 pode não tersido o "sucesso" que o Secre-tário Geral da ONU, Ban Ki-moon viu, mas apresentou liçõesimportantes a serem aprendidascom urgência. Agora começao trabalho de cada um.

Antônio F. [email protected]

era o seu nome. De ascendên-cia ítalo-germânica, nasceu em8 de maio de 1927, em Gaspar,Santa Catarina, e ordenou-sesacerdote, na Ordem Francis-cana, em 1954.

Obteve a licenciatura emFilosofia na Faculdade de SãoJoão Del Rei, Minas Gerais.Depois viajou para a Europa, afim de completar ali os estudos.Licenciou-se em Teologia pelaFaculdade Católica de Lyon,França. Na Alemanha, matri-culou-se nas Faculdades teoló-gicas de Trier e Münster onde

preparou a tese doutoral, "As-pectos teológico-pastorais dapregação no culto divino à luzdo Vaticano II". Defendeu-aem Roma, com "summa cumlaude", na Pontifícia Universi-dade Lateranense.

Regressado ao Brasil, foiprofessor da PUC do Rio, leci-onou nos colégios dos padresfranciscanos e, de 1973 a 1975,foi subsecretário para assuntosgerais da Conferência Nacio-nal dos Bispos do Brasil.

Nessa época, mantendocorrespondência com 2.300

padres casados, constatou que99% desejariam continuar aexercer plenamente o ministé-rio. Com tais dados, motivou aComissão Nacional do Clero asubmeter à XIV AssembleiaGeral da CNBB, realizada emItaici, um documento elabora-do pelo bispo de Lins, dom Pe-dro Paulo Koop, que devolviaaos padres casados a possibi-lidade de se tornarem párocos.O documento teve seis dosseus oito itens aprovados, pormaioria absoluta, em votaçãosecreta. Mas faltou a decisãofinal, a do Papa, e tudo ficoucomo dantes.

Mas, para Frei Juvenal , aIgreja cometia uma grave injus-tiça. E era tal a sua obstinaçãona defesa do celibato optativo,de um tratamento mais cristãoaos padres afastados do minis-tério por causa do casamento,que muitos hierarcas da Igrejapassaram a considerá-lo louco.

Na festa da Epifania de1976, justificando o seu sacri-fício, pôs fim à vida com umtiro, em Aparecida. Deixava

este testamento:"Sinto-me agora intima-

mente comovido. O que tenhoa dizer?" (Jo.12.27). "Vivendo,vivemos para o Senhor; mor-rendo, morremos para o Se-nhor" (Rom. 14.8). "Segundoa Lei, quase todas as coisas sepurificam com sangue" (Hebr.9,22). Num gesto profético deauto-imolação consciente, sa-crifico a Deus minha vida, im-plorando o Espírito Santo, paraque fortifique, com os donsdo discernimento e fortaleza,o Sumo Pontífice e os Bisposda Igreja Católica ApostólicaRomana, movendo-os a san-cionar para o Clero o celiba-to optativo, facultando aoseclesiásticos que se casam, oexercício pleno e público desuas funções sacerdotais.

Certo da sua compreensãoe solidariedade peço como oApóstolo São Paulo: "Reze pormim. Tenho esperança de teragido bem" (Hebr.13,18). FreiJuvenal Irineu Sansão, O.F.M.

Síntese: Luís GuerreiroFonte: Correio Braziliense

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Jornal RUMOS

Edição 228

De 7 a 11 de outu-bro deste ano,2012, aconteceu

na Unisinos, em São Leo-poldo - RS, Brasil, o Con-gresso Continental de Te-ologia, aos 50 anos do Va-ticano II e 40 anos da teo-logia latino-americana ecaribenha. A organização,precisa e delicada, estevesob a responsabilidade daAmeríndia e de outrasagências latino-america-nas, com a direção geralde Agenor Brighenti, obom teólogo brasileiro, hojeà frente da Ameríndia.

Esse Congresso veiosendo preparado há trêsanos, a partir dos Con-gressos Regionais na ex-tensão geográfica ameri-cana e caribenha. Não foialgo improvisado, masmaduramente refletido eminuciosamente prepara-do. Foi uma alegria coin-cidir com as datas inau-gurais do Sínodo Roma-no para uma Nova Evan-gelização, no início do Anoda Fé. Um sinal de comu-nhão eclesial, em que pas-tores e rebanhos buscamapaixonadamente a reali-zação do Reino de Deus,a paixão de Jesus.

No Congresso estive-ram presentes 750 parti-cipantes, leigos e leigas,religiosas e religiosos, sa-cerdotes e bispos (17 pro-venientes do México, Chi-le e Brasil), católicos eprotestantes de diversasconfissões (sobretudo an-glicanos), latino-america-nos, caribenhos, europeuse até asiáticos. Esta di-versidade, alegre e har-moniosa, foi uma mani-festação, espontânea eprazerosa, da autênticacatolicidade.

Para além do Con-gresso, esta assembleiacristã foi um verdadeiro

CONGRESSO CONTINENTAL DE TEOLOGIA,ALGO MAIS DO QUE UM CONGRESSOKairós, ou seja, um mo-mento de graça, de comu-nhão, de esperança...Antes de resenhar outrosmomentos importantes doencontro, convém ressal-tar esta impressão profun-da pela qual todos nós sa-ímos do encontro. Noambiente, ressoavam asúltimas palavras, sincerase dolorosas, do cardealMartini, antes de morrerno dia primeiro de setem-bro (2012), sobre a neces-sidade de superar o dis-tanciamento da Igrejacansada... 200 anos atrásda realidade... Porém,também as de Aparecida:"A Igreja necessita deforte impulso que a impe-ça de se instalar na co-modidade, no cansaço ena indiferença, à margemdo sofrimento dos pobresdo Continente. Necessi-tamos que cada comuni-dade cristã se transformenum poderoso centro deirradiação da vida emCristo. Esperamos umnovo Pentecostes que noslivre do cansaço, da desi-lusão, da acomodação aoambiente; esperamosuma vinda do Espírito querenove nossa alegria enossa esperança" (DA362). Esperança e alegriapoderiam resumir ade-quadamente o que foi vi-vido na Unisinos.

Com efeito, em todosos seus aspectos, espe-rança e alegria marcaramo Congresso: na partici-pação entusiástica de to-dos e todas em todos oseventos que começavacom a primeira Eucaris-tia do dia, às 6h30min, atéa última Conferência danoite, que se iniciava às20h00s; na liturgia inicialde cada dia, de prepara-ção criativa e delicada,estética e religiosamente

estimulantes; nas relaçõescordiais, sem distinções -alguns destacavam a ho-rizontalidade e outros a li-berdade -, verdadeira-mente comunitárias nomelhor dos sentidos evan-gélicos... Tinha-se a im-pressão de que o Con-gresso era ponto de che-gada de buscas múltiplase plurais, como tambémponto de partida para umanova tarefa teológica,pastoral... a partir de Cris-to, como nos recomendouBento XVI em sua pri-meira encíclica, e que vi-gorosamente a nossaIgreja latino-americana ecaribenha acolheu (DA12). Tudo isso, fiéis aoEspírito que sopra hoje demaneira forte e nova.Vários conferencistas su-blinharam a importância,teológica e vital, de umapneumatologia que tam-bém parta de pressupos-tos culturais, espirituais edoutrinais de nossas Igre-jas latino-americanas.

Os conteúdos foramprofundos, enriquecedo-res, bem articulados. Nasessão inaugural do do-mingo, dia 7, falaram:Agenor Brighenti, grandeinspirador de todo o ca-minhar antes e durante oCongresso, e o bispo bra-sileiro dom Demétrio Va-lentini que durante todo otempo acompanhou ostrabalhos, sendo ele pró-prio responsável de umseminário sobre "Teologiae renovação eclesial".

A segunda-feira, dia 8,esteve centrada nas "No-vas interpelações e per-guntas", a terça-feira, dia9, nas "Hermenêuticascristãs"; a quarta-feira,dia 10, na "Práxis e místi-ca"; e na quinta-feira, dia11, ocorreu a jornada con-clusiva, com as "Prospec-

tivas para a teologia".Ao longo destes dias,

houve a apresentação deConferências gerais paratodo o Congresso, pelamanhã e ao fim do dia.Além disso, aconteceramvinte Oficinas, continua-das durante três dias, so-bre diversos temas relaci-onados com o desenvolvi-mento da teologia latino-americana em diversasperspectivas, muito ricas,animadas por especialistasbem conhecidos. Na con-tinuação, alguns painéisabertos, de interesses atu-ais. Esta logística contoucom delicada organização,livre participação e enri-quecimentos mútuos.Mais adiante, todos os ma-teriais do Congresso serãopublicados, primeiramentede forma virtual e depoisimpressa. Por isso, não éo caso, nesse momento,apresentar os ricos e va-riados conteúdos, algo im-possível. Cabe, sim, des-tacar que houve aproxima-ções bíblicas e hermenêu-ticas; sistemáticas e me-todológicas; a partir deperspectivas sociais etambém científicas, porparte de teólogos sacerdo-tes e leigos, homens emulheres, católicos e pro-testantes... Uma gamavariada, muito rica, da qualparece importante ressal-tar, aqui, a figura de Gus-tavo Gutiérrez.

Gustavo - hoje freiGustavo Gutiérrez - éuma pessoa bem conhe-cida, cuja presença eraesperada com interesse eemoção. E em agradeci-mento, é claro, pois osquarenta anos de sua obra"Teologia da Libertação"é um ponto de referênciaimportante para o Con-gresso. Porém, estandodisposto a viajar, uma que-da lhe impediu de vir ("osacidentes são sempre aci-dentais", dizia-nos combom humor ao começarsua exposição). Esta pa-lestra aconteceu por vide-oconferência. Sua apari-ção na tela arrancou lon-

gos aplausos, interminá-veis e emocionantes, comtoda a assembleia em pé.Não é por acaso que éconsiderado o pai da teo-logia da libertação. Comseu estilo habitual, profun-do, comprometido e atéem ocasiões agudamenteirônico, Gustavo sublinhoua insubstituível centralida-de do pobre no processoda teologia da libertação.Quando lhe perguntaram,em nome dos jovens, oque se podia esperar de-les no desenvolvimentodesta teologia, Gustavorespondeu quase lapidar-mente "vigor, rigor e pro-ximidade com o pobre".Gustavo, enfim, trouxepara a assembleia a lem-brança emocionada deJosé Comblin ("o profes-sor") e de RonaldoMuñoz, recentemente fa-lecido, que tanto contribu-íram por meio da vida eobra para o desenvolvi-mento da teologia da li-bertação.

Além da cortesia, pa-rece também importantedestacar a presença econtribuição de AndrésTorres Queiruga, teólogovindo expressamente daEspanha para falar noCongresso, convidado porseus organizadores. Suaprimeira palestra tevecomo título "Teologia enovos paradigmas", sen-do enriquecedora, trazen-do novos pontos de vistaao nosso fazer teológico.Na segunda conferênciaabordou o tema da "Teo-logia latino-americana eteologia europeia: interpe-lações mútuas", questãonão isenta de sérias con-frontações interculturais.O espírito acadêmico e apersonalidade próxima echeia de simpatia, do pro-fessor emérito de Santia-go de Compostela, forammuito apreciados. Aindaressoa sua expressão mís-tica e profética: Deusnem quer, nem sabe, nempode fazer outra coisaque amar.

A teologia da libertação

vive e goza de boa saúde.Antes de tudo, foi impor-tante e gratificante o en-contro de três gerações deteólogos da libertação, aprimeira das quais, lidera-da por Gustavo, era gene-rosa e carinhosamenteapelidada de dinossauros.Aqui, não são apresenta-das listas que podem serincompletas e, portanto,perigosas. Contudo, entretodos e todas - um bomgrupo de teólogas, leigas ereligiosas - houve um ricoe contínuo diálogo. Parti-cularmente, foi importan-te a reunião de estudantesde teologia, para firmaracordos e compromissosque, posteriormente, foramcompartilhados com a ple-nária, sendo calorosamen-te acolhidos e apoiados.

A teologia da liberta-ção continuará enquantohouver pobres e pobreza.O título da Mensagem Fi-nal, "Perto de Deus... per-to dos pobres", tomadoquase literalmente deAparecida (392), destacaesta centralidade bíblica eteológica, já sublinhadaem Medellín (1968).Além disso, esta teologiase abre criativa e espe-rançadamente aos novoshorizontes, inesquecíveishoje em dia: o da ecolo-gia, o da justiça e a paz,num mundo que globalizaa pobreza, o da mulher, oda teologia indígena eafrodescendente... Enfim,sonhou-se com uma Igre-ja como João XXIII quise configurou o Concílio:Luz dos Povos, Povo deDeus, em comunhão comas tristezas e alegrias denossos povos..., tudo issomatizado por nossas Con-ferências Episcopais(Medellín, Puebla, SantoDomingo e Aparecida), aúltima das quais nos con-vida, mais uma vez, a umnovo Pentecostes, querenove nossa alegria enossa esperança. Isto, oCongresso Continental daUnisinos quis e viveu.

FONTE:www.ihu.unisinos.br

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Jornal RUMOS

11Jornal RUMOSEdição 228PÁGINA DA MULHER

1. Claro que contam.A sua presença qualifica-da, em muitos setores dasociedade portuguesa, écada vez mais afirmativae insubstituível. Algunshomens chegam a temerum "desequilíbrio" quepossa afetar privilégiosancestrais.

Esse destaque femini-no, ao mostrar uma reali-dade irrecusável, sublinhao contraste com um pas-sado humilhante, não mui-to longínquo. As contínu-as notícias de violênciadoméstica que, por vezes,vai até ao homicídio con-jugal, arrefece as visõesmais eufóricas. Se a vio-lência doméstica designa-va, sobretudo, os maustratos dados às mulherese crianças, estende-se,cada vez mais, aos idosos,mulheres e homens. Semadequadas pensões dereforma, ficam sem mei-os para garantir a defesada sua dignidade.

A predominância atu-al da cultura utilitaristanão pode entender o queexige e implica a dignida-de humana dos idosos.

As Igrejas cristãs fo-ram confrontadas, desdeo começo, com o estadode negação das mulheresna cultura judaica, grava-do para sempre na ex-pressão: "sem contar mu-lheres e crianças" (Mt 14,21; 15, 38 e ss).

Era, de fato, o retrato

O bispo de Durham,Justin Welby foinomeado primaz

da Igreja de Inglaterra ese pronunciou de entra-da a favor da ordenaçãode mulheres bispo, umdos temas que divide pro-fundamente os anglica-nos há anos.

O novo arcebispo deCanterbury herdará umaIgreja profundamente di-vidida entre progressistase tradicionalistas pela or-denação de bispos mulhe-res e homossexuais.presbiterasypastor.galeon.com

NOVO ARCEBISPO DE CANTERBURYFAVORÁVEL À ORDENAÇÃO DE MULHERES

AS MULHERES NÃO CONTAM?da realidade em que Je-sus nasceu, foi educado,mas que recusou. As mu-lheres, afastadas da vidapública, confinadas ao lar,preparando-se para omatrimônio, estavam des-tinadas a sacrificar-sepela família até ao fim dosseus dias, sob o olharatento do pai e do mari-do. Sem estudos, sem pa-pel na religião, sem pos-ses, não tinham qualquercapacidade de decisãoautônoma.

Nesta situação, estavacertíssima uma oraçãomasculina, cínica e diária:"Bendito sejas, Senhor, pornão me teres feito mulher".(Tos. Ber. VII, 18)

2. Dizem os especia-listas, que a ruptura ativade Jesus com essa situa-ção representa um dostraços essenciais da ori-ginalidade da sua inter-venção histórica. Afron-tou tudo o que, no planosocial e religioso, margi-nalizava as mulheres. Se-gundo as narrativas dapaixão e ressurreição, Je-sus encontrou nelas quemmelhor entendeu a suamensagem e o seu cami-nho. Garantiram futuro aomovimento cristão, quan-do tudo parecia morto.

Artur Cunha de Oli-veira publicou uma obranotável sobre Jesus deNazaré e as Mulheres, apropósito de Maria Mada-lena (Instituto Açoriano

de Cultura, 2011). É umaobra de referência para ateologia feminista e podeser de muito proveito paraos anti-feministas. O au-tor é um sacerdote cató-lico, dispensado do minis-tério e casado, licenciadoem Teologia Dogmática eem Ciências Bíblicas, ten-do sido professor no Se-minário Episcopal de An-gra, Cônego da Sé e as-sistente diocesano de vá-rios movimentos, organis-mos e associações deapostolado.

Em 2011 nasceu aAssociação Portuguesade Teólogas Feministas.Criada por Teresa Toldy,Fernanda Henriques,Maria Carlos Ramos eMaria Julieta MendesDias, com os seguintesobjetivos: contribuir parao aprofundamento da in-vestigação teológica fe-minista; criar condições

para a troca de experiên-cias de investigação en-tre investigadores feminis-tas de Teologia a nívelnacional e internacional;relançar, em Portugal, odebate sobre as Mulhe-res, numa perspectivaecumênica.

Esta Associação vempreencher, entre nós, umalacuna no campo da teo-logia, inscrevendo-se nummovimento sem frontei-ras. A publicação das co-municações do I ColóquioInternacional de TeologiaFeminista será apresenta-da no próximo Colóquio,marcado para o próximomês de Novembro.

3. A reflexão teológi-ca na Igreja não tem sen-tido desligada da experi-ência concreta das comu-nidades cristãs. É, pornatureza, contextual. Adescoberta dos direitos edo seu papel na socieda-

de obrigou as mulherescristãs a fazer uma veri-ficação: a nossa situaçãoé esquizofrênica. Por umlado, participamos naemancipação das mulhe-res na sociedade e poroutro, é-nos dito que naIgreja não pode ser assim,tem de ser diferente, poisela não existe para repro-duzir a sociedade, maspara evangelizá-la na fi-delidade a Jesus Cristo.Manifesta-se, precisa-mente aqui, um dos as-pectos do debate. Naconstituição hierárquicada Igreja, não há lugarpara as mulheres. Nãotêm acesso aos ministéri-os ordenados, pois decre-taram que o sacramentoda Ordem não é paraelas.

Se os ministérios or-denados são para servir,perguntam-se: que have-rá em nós, por sermos

mulheres, que nos impe-de de ser chamadas a ser-vir as comunidades cris-tãs? Surge-nos a dúvida:se fossem verdadeira-mente um serviço, sería-mos as primeiras a serchamadas. Como se tra-ta de poder, fica privilé-gio de homens.

Note-se que nem to-das pretendem ser cha-madas a preencher a la-cuna da falta de vocaçõesmasculinas. Mas não es-condem o que as comu-nidades católicas teriam aganhar com as virtualida-des da diferença femini-na nos ministérios ordena-dos. O que não suportam,enquanto cristãs, é que asmulheres não contem naorientação da vida dascomunidades cristãs esejam reduzidas ao esta-do pré-cristão em que Je-sus as encontrou.

A Igreja nunca pode-rá aceitar a vontade doSimão Pedro do evange-lho apócrifo segundoTomé: "Maria deve irembora, pois as mulheresnão são dignas da vida".A resposta do Jesus des-se evangelho é dos dia-bos: "Vede, vou atraí-lapara que se torne machoa fim de que ela tambémse torne um espírito vi-vente que se assemelha avós, machos."Frei Bento Domingues,

O.P.

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Edição 228ESTATUTO DA AR

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13Jornal RUMOSEdição 228ESTATUTO DA AR

Algo me preocupa:a confessionali-zação da política.

Na eleição de Dilma, otema religioso ganhoumais relevância que pro-gramas de governo. Nade prefeito à capital pau-lista, pastores e bisposse conflitaram, e padreMarcelo Rossi virou íco-ne político.

A modernidade sepa-rou Estado e Igreja.Agora o estado é laico.Portanto, não pode serpautado por uma deter-minada crença religiosa.E todas elas têm direitoa difundir sua mensa-gem e promover mani-festações públicas, des-de que respeitado quemnão crê ou pensa demodo diferente.

O Estado deve estara serviço de todos os ci-dadãos, crente e nãocrentes, sem se deixarmanipular por esta Igre-ja ou aquela denomina-ção religiosa.

O passado do Ociden-te comprova que mesclarpoder religioso e poderpolítico é reforçar o fun-damentalismo e, em suaságuas turvas, o preconcei-to, a discriminação e, in-clusive, a exclusão (Inqui-sição, "heresias" etc.).Ainda hoje, no OrienteMédio, a sobreposição dedoutrina religiosa em cer-tos países produz políticasobscurantistas.

Temo que também noBrasil esteja sendo cho-cado o ovo da serpente.Denominações religio-sas apontam seus pasto-res a cargos eletivos;bancadas religiosas seconstituem em casas le-gislativas; fiéis são mo-bilizados segundo o dia-

BRASIL GOVERNADO PELOFUNDAMENTALISMO?

pasão da luta do bemcontra o mal; Igrejas seidentificam com parti-dos; amplos espaços damídia são ocupados peloproselitismo religioso.

Algo de perigoso nãoestaria sendo gestado?Já não importa a luta declasses nem seus con-tornos ideológicos. Jánão importa a fidelida-de ao programa do par-tido. Importa a crença,a fidelidade a uma de-terminada doutrina oulíderes rel igiosos, a"servidão voluntária" àfé que mobiliza cora-ções e mentes.

O que seria de umBrasil cujo CongressoNacional fosse dominadopor legisladores queaprovariam leis, não embenefício do conjunto dapopulação, e sim, paraenquadrar todos sob aégide de uma doutrina

confessional, tenham ounão fé nessa doutrina?

Sabemos que nenhu-ma lei pode forçar um ci-dadão a abraçar tal prin-cípio religioso. Mas a leipode obrigá-lo a se sub-meter a um procedimen-to que contraria a razão ea ciência, e só faz sentidoà luz de um princípio reli-gioso, como proibir trans-fusão de sangue ou o usode preservativo.

Não nos iludamos: ahistória não segue emmovimento linear. Porvezes, retrocede. E aqui-lo que foi ainda será senão lograrmos predomi-nar a concepção de queo amor - que não conhe-ce barreiras e "tudo tole-ra", como diz o apostoloPaulo - deve sempre pre-valecer sobre a fé.

Frei BettoAdital

Fonte:blogdadilma.com

www.padrescasados.org

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Jornal RUMOS

Edição 228

Na XIII Congrega-ção Geral do Sí-nodo dos Bispos

sobre a Nova Evangeliza-ção, ZENIT conversoucom o cardeal Kurt Koch,presidente do PontifícioConselho para a Promo-ção dos Cristãos.

Eminência, o senhor jáparticipou de outros síno-dos? Quais são as suasimpressões do sínodo emandamento?

Cardeal Kurt Koch:Eu já estou no meu quartosínodo. Participei de doiscomo bispo de Basileia, nosínodo extraordinário so-bre a Europa, e depois nosínodo sobre a Palavra deDeus, em 2008. No meunovo trabalho, participei dosínodo sobre o OrienteMédio e agora no da NovaEvangelização. No fim, opadrão é sempre o mes-mo, mas o sínodo mundialdos bispos é particular-mente interessante, justa-mente por ter representan-tes de todo o mundo. Apro-veitar as experiências detodos os bispos é algo ex-traordinário, experimentaro quanto a Igreja pelomundo é diferente e, aomesmo tempo, tem pro-blemas tão semelhantes.

Na edição passadao Jornal Rumospublicou matéria

a respeito da "posição ofi-cial da Igreja Anglicanano Brasil sobre a ordena-ção feminina".

Só que a Igreja citadana reportagem não repre-senta, no Brasil, a Comu-nhão Anglicana; expres-sa o posicionamento ape-nas de uma das váriasigrejas que usam (a mai-oria indevidamente) o tí-tulo de Anglicana.

No país, a única ins-tituição que faz parte daComunhão Anglicana éa Igreja Episcopal Angli-cana do Brasil (IEAB),

LIBERAIS E CONSERVADORES SOFREM DO MESMO MAL

O senhor é presidentedo Pontifício Conselhopara a Promoção da Uni-dade dos Cristãos. O diá-logo com os protestantesé muito importante naAlemanha. Na sua opi-nião, que progressos têmsido feitos na Alemanhae o que esperar de con-creto do sínodo?

Cardeal Kurt Koch: Adeclaração conjunta so-bre a doutrina da justifi-cação, assinada em Au-gusta, em 1999, foi umgrande passo à frente nodiálogo ecumênico comos luteranos. Resta ago-ra a tarefa de discutir oeclesiológico desta decla-ração conjunta. É claroque os evangélicos têmum entendimento diferen-

te da Igreja em relaçãoaos cristãos católicos.Não basta simplesmentereconhecer uns aos outroscomo Igreja. Precisamosde muito diálogo teológi-co sério sobre o que cons-titui a essência da Igreja.

Para os cristãosevangélicos poderia ha-ver uma solução seme-lhante à Anglicanorumcoetibus, que foi dedica-da aos anglicanos?

Cardeal Kurt Koch: AAnglicanorum Coetibusnão foi uma iniciativa deRoma, e sim da IgrejaAnglicana. O Santo Padreprocurou uma solução e,na minha opinião, encon-trou uma solução bemampla, que levou em con-sideração, amplamente, as

tradições eclesiais e litúr-gicas dos anglicanos. Seos luteranos manifesta-rem desejos parecidos,então teremos que refletirsobre isso. Mas a iniciati-va cabe aos luteranos.

Ouvimos durante o sí-nodo os representantesdas Igrejas Ortodoxas. Oque se vislumbra para odiálogo com os ortodoxosnum futuro próximo?

Cardeal Kurt Koch:Os ortodoxos estão bas-tante envolvidos na pre-paração do sínodo pan-ortodoxo. Eu, pessoal-mente, estou convencidode que, quando ele ocor-rer, vai ser um grandepasso à frente no diálogoecumênico. Por isso nóstemos que apoiar essesesforços ortodoxos e terpaciência. Nas comissõesecumênicas, continuamoso diálogo teológico sobrea relação entre a sinoda-lidade e o primado.

Muitos dizem que asecularização foi provo-cada também pela Igre-ja, mesmo que involun-tariamente. Não serianecessário analisar quaiscorrentes levaram auma secularização, paracorrigi-las?

Card. Kurt Koch: Al-guns históricos destacamrealmente, e justamente,que o cisma do séculoXVI e as sucessivas san-guinárias guerras con-fessionais, particular-mente a Guerra dos Trin-ta anos, 'co causaram' asecularização no sentidoda privatização da reli-gião. Dado que o cristia-nismo era presente ape-nas na forma de confis-sões que se combatiamaté o sangue não serviamais como fundamento egarantia de unidade e depaz social. Por esse mo-tivo a incipiente idademoderna buscou umnovo fundamento de uni-dade, independentemen-te da religião. É neces-sário levar em considera-ção estes processos fa-tais também em vista do500° aniversário da Re-forma. Certamente nahistoria posterior a idademoderna, outros avançosda secularização foramchegando como o aban-dono da questão sobreDeus, que têm outrosmotivos e são tambémcontemplados no projetoda Nova Evangelização.

Sobre o Concilio Va-

ESCLARECIMENTOS SOBRE A PRESENÇADA IGREJA ANGLICANA NO BRASIL

cujo bispo primaz é DomMaurício Andrade, bispoda Diocese Anglicanade Brasília.

Os anglicanos cele-bram a sua liturgia em ter-ras brasileiras desde o iní-cio do século XIX. Sãomais de 200 anos de ca-pelanias inglesas e maisde 120 anos de presençamissionária quando umaigreja voltada especial-mente para os brasileiroscomeçou em 1890. Em1965, veio a autonomiaadministrativa, quando aIgreja brasileira se trans-formou na 19a Provínciada Comunhão Anglicana.

Portanto, a Igreja

Episcopal Anglicana doBrasil faz parte da Comu-nhão Anglicana, uma fa-mília de igrejas anglicanas

ticano II, é muito atual adiscussão sobre o con-ceito da "hermenêuticada continuidade". Não éque os dois extremos"políticos" da Igreja, istoé, os conservadores e osliberais, estão cometen-do o mesmo erro, nosentido de que ambosconsideram o Concíliouma "ruptura"?

Card. Kurt Koch:Sim, mas exatamente poreste motivo o Papa cha-ma a sua interpretaçãodo Concilio não "herme-nêutica da continuidade",mas "hermenêutica dareforma". Trata-se deuma renovação na conti-nuidade. Esta é a diferen-ça: os liberais sustentama hermenêutica da des-continuidade e da ruptu-ra. Os conservadoressustentam uma herme-nêutica da pura continui-dade: somente o que já édetectável na Tradiçãopode ser doutrina católi-ca, por isso não pode seruma renovação. Ambosvêem igualmente o Con-cilio como uma ruptura,mesmo que de maneirasmuito diversas. O Santo

Jan Bentzwww.zenit.org

e episcopais em comu-nhão histórica com a Igre-ja da Inglaterra e especi-ficamente com a Sé de

Cantuária.Com cerca de 80 mi-

lhões de membros, a Co-munhão Anglicana é a ter-

ceira maior denominaçãocristã do mundo, depois daIgreja Católica Romana edas Igrejas Ortodoxas.No Brasil a IEAB é for-mada por nove dioceses.

Outro ponto a desta-car é que a IEAB já or-dena mulheres há 26anos. Já temos váriaspresbíteras espalhadasnas diversas dioceses bra-sileiras da Igreja.

Félix Batista FilhoPadre Casado, ex-pre-

sidente da AssociaçãoRumos/Movimento dasFamílias dos Padres Ca-sados. Atualmente éPresbítero na DioceseAnglicana do Recife.

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FALECIMENTOS

Faleceu de nosso irmão pe.Alberto Nepomuceno de Oli-veira dia 05/10/2012.

Houve a missa de corpo pre-sente.

O corpo foi transladado esepultado em Pacatuba (suaterra natal).

O pe. Alberto era ummembro fundador e atuanteno MFPC do Ceará. Profes-sor da universidade estadualdo Ceará, membro da Acade-mia cearense de letras, escri-tor e poeta.

Sua esposa é Edna Olivei-ra: (85) 32341496

O MFPC deseja que sua fa-mília tenha o conforto necessá-rio neste momento tão difícil.

"Para quem crê, a morte éapenas mudança de uma apa-

Entrei na Igreja escura.Uma luz acesa, apenasuma: a fraca lâmpada do

SS. Sacramento. Percorri al-guns metros até A Sacristia eacendi a luz. Ali, na nave cen-tral, no mesmo lugar que um diaeu havia me ajoelhado e meprostrado para a ordenação di-aconal, diante do altar em quetantas vezes celebrei o Sacrifí-cio, estava o Corpo do velhopadre, do velho amigo, do meuvelho confessor. Três coroas derosas, velas apagadas, corporevestido pela túnica simplesque sempre esteve no seu guar-da roupa. Sobre os ombros, avelha estola, a dele, que muitasvezes enxugou lágrimas e tes-temunhou a simplicidade.

Olhei ao redor... um imensoespaço vazio, um silêncio ensur-decedor. No centro da igreja,aquele corpo, rosto sereno, pelesem rugas, os restos mortais deum grande homem. Ninguémao redor, apenas os anjos e aspreces que em vida aquele bomhomem pode rezar. Os ecos desuas pregações em vida, naque-le momento, estavam-lhe ser-vindo de companhia. Sempreacreditei que as dádivas quepartilhamos em vida não nosservem no momento que delasexperienciamos. O que em vidafazemos serve para o júbilo namorte, ali, quando ninguém maisestá ao nosso lado.

Um filme passou em minhamemória: toquei o seu rosto,peguei a sua mão, beijei a suatesta. Ali, no corpo presente,a minha reação foi a reverên-

Faleceu dia 12 de novem-bro, em Joinville, SC, JustinaFachini, esposa de nosso cole-ga padre João Fachini. Vítimade câncer galopante e irrever-sível, que reapareceu (há 22anos já teve um) e a levou aóbito em poucos dias.

Participou, em junho/julho des-te ano, do XIX Encontro Nacio-nal do MFPC em Fortaleza. Comtotal saúde e muita disposição.

Justina Fachini

João está muito abatido. Ain-da mais porque há 2 anos já ha-viam perdido uma jovem filhamédica, com doença adquiridaem Tefé - AM.

João atende pelo telefone47-92683830

"Aqueles que amamos nun-ca morrem, apenas partem an-tes de nós." Amado Nervo

Notícia enviada por [email protected]

Faleceu dia 26/08/2012. Já noticiado na edi-ção anterior, mas com fotoerrada.

Aqui vai sua foto cor-reta.

João BasílioSchmitt

Alberto Nepomuceno de Oliveira

rência passageira, Jesus Cris-to nos garante; a saudade tris-te, que hoje nos aflige, trazconsigo a esperança de queum dia nos encontraremos denovo para nunca mais nos se-pararmos".

EXPERIÊNCIA SOLITÁRIADA MORTE

cia e o pranto calado, recain-do em forma de lágrimas go-tejantes de existência.

Lembrei-me do primeiroencontro. Um homem bom.Quando no seminário chegoupara ser o nosso confessor, mechamou ao canto e me dissepalavras até hoje vivas em mi-nha memória. Os ecos daque-las palavras e de tantas outrasem confissão, me acompanhamdurante toda a minha vida.

Vivia de forma simples. Ti-nha sido um grande professor.Ensinou a ministros, secretáriosde Estado, bispos e muitas no-tórias personalidades. Era pro-fessor de Teologia na época emque o negro não podia ser orde-nado padre e muito menos pro-fessor catedrático. Orgulhava-se do título de Bacharel em Te-ologia quando este tinha o Sta-tus de "Doutorado". Defendeuo seu trabalho final em latim egrego. Por todos admirado...

Era amigo de políticos. Tudoo que deles conseguia era paraos pobres. Lembro-me que umdia, no seminário menor, tendoeu apenas um par de calças eum par de tênis, foi ele quemme ajudou. Ajudou os pobrespor onde passou.

No seu guarda roupa, algu-mas peças, uma simples túnicae duas estolas. A sua aposen-tadoria, toda investida em cho-colates e bombons para distri-buir às crianças, aos jovens, aosseminaristas. Ah... quantas ve-zes fui testemunha de momen-tos em que os superiores cha-mavam a sua atenção por ele

cumprir tal gesto. O que era umsalário mínimo na velhice dian-te de uma vida toda dedicada?Os olhos lacrimejavam e ele serecolhia. Nunca resmungou.Silenciava sempre diante doque para muitos era humilhação.

Sempre que eu entrava emseu quarto, estava ele escreven-do na sua velha máquina de es-crever. "Estava compondo maisum livro", dizia ele. Orgulhava-se de ser padre. Orgulhava-sede ter o carisma da juventude.

A última vez que o vi foi noHospital...

Uma vida toda dedicada aosoutros... No fim, de um lado e deoutro, ninguém. Um homem quetanto acreditou que valia a penadedicar toda a vida aos outros,incluindo a comunhão na vidareligiosa, de repente, ali, sozinho,na frieza da madrugada ante oféretro da indiferença.

Novamente o contemplo...faço minhas orações. Enco-mendo-lhe o corpo e peço a suaintercessão. Cubro-o com o tuleque o envolvia. Apago a luz.Faço minha prece final.

Retiro-me em silêncio. Emsilêncio permaneci até em casa.

Ao chegar, minha esposapergunta: "Muita gente no ve-lório?". Com vergonha e talvezcom angústia eu lhe disse:"Apenas eu... o meu velho pa-dre estava sozinho."

E fui tentar dormir...Patrocínio Freire

Padre casado em Recife,doutor em Educação

Fonte: Enviado via e-mail,pelo autor

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Edição 228

SITE DOS PADRES CASADOSÉ SUCESSO

Nosso colega pa-dre casado Rei-mont Luiz Oto-

ni foi reeleito vereador nacidade de Rio de Janeiro.Reimont afirma sua con-dição de franciscano e sa-cerdote, sendo bem com-preendido por seus eleito-res católicos, muitos delesseus ex-paroquianos dagrande paróquia São Se-bastião dirigida pelos freis

As reuniões locaisdas famílias depadres casados

são realizadas pelo Bra-sil afora, nos diferentesEstados. Podem ser lo-cais (uma cidade) ou re-gionais (várias cidadespróximas).

Infelizmente estãoacontecendo em poucaslocalidades. Mas é vee-mente desejo da Direto-ria nacional e de muitossócios da AR que taisreuniões se multipliquem.

Essas reuniões têmvárias finalidades:1. Rezar em comum;2. Troca de informações;3. Fortalecer a identida-de presbiteral;4. Parcerias profissionais;

PADRE CASADO VEREADOR

REUNIÕES LOCAIS E REGIONAISDO MFPC

Não sei se todos oua maioria de nós,inscritos na Lista

de E-mails do MFPC, es-tamos visitando, acessan-do nosso Site com frequ-ência. Para quem aindanão sabe, é: www.padrescasados.org

Espalhados por esteBrasil-Continente, o Site,mesmo na sua simplicida-de, está a ser um impor-tante elo do comunicaçãoentre os padres casados doBrasil e da América Lati-na. E bastante acessadotambém em Portugal e nosEUA e Europa. E um pou-co por países de todos oscontinentes. Inclusive naRússia, na China, na Aus-trália, no mundo árabe e...no Vaticano (antes de se-tembro de 2012).

Clicando no,

na coluna da Direita,abaixo dos Tópicos Re-centes e Comentários, noinício do Site, entra-se noCluster Maps, onde estãoas estatísticas, renovadasquase diariamente e omapa on-line dos acessosno momento.

Gostaria de chamarnossa atenção para osnúmeros abaixo:

Total de acessos des-de a fundação do Site, em23/09/2009= 74.994.

Média de acessos noperíodo (74.994; 1145dias) = 65,49 /dia

Média aproximada deacessos até janeiro de2012: 30 / dia

Média de acessos em2012: mais de 100 /dia

Média de acessos se25/09/12 até ontem, 14/11/12: 108/dia

Impressionante comoEstados que pouco se co-municam com a Diretoriatenham tão alto númerode acessos.

E que Portugal e Usasuperem vários Estadosbrasileiros no número deacessos. O dia de maiornúmero de acessos foidurante o Encontro deFortaleza, em Junho:chegou a mais de 400num só dia.

Conclusões?- A opção do Site, ten-

do ouvido os clamoresvindos das bases doMFPC e a experiência desério empenho sócio-po-lítico dos colegas doMFPC da América Lati-na, é hoje uma misturaequilibrada entre proble-mas do MFPC, da Igreja,do Brasil e do Mundo.Grosso modo, a mesmado Jornal Rumos, já nasua 227ª edição e dispo-nível no Site a partir daedição 196.

- Diversificando omais possível as fontes(rigorosamente escolhi-das e citadas) e ficandosempre atentos aos "sinaisdos tempos" de que tantofalou o saudoso JoãoXXIII e o Concílio Vati-cano II.

- Tentando sempre umbom equilíbrio entre a

grande tradição da Igrejae a abertura à semprenecessária renovação e àpremente necessidade deum diálogo aberto entreculturas, religiões, tendên-cias sócio-econômico-po-líticas, atentos os proble-mas graves e urgentes noMundo, perscrutandocom atenção os Ventos daHistória, onde podemostambém vislumbrar o So-pro do Espírito.

Bendigo o dia em que,depois de tanto tempo,nosso amigo e colega Fé-lix Batista, então Presi-dente, teve a coragem delançar o Site.

Um agradecimentoespecial ao colega e ami-go Mário Palumbo que,anos seguidos, nos deuguarida no seuwww.oraetlabora.com.bronde, na edição antiga,ainda se encontra amploe bom material do e so-bre o MFPC, à disposi-ção de quem se dispusera buscar fontes para anossa história.

Só posso desejar que:* acessemos ainda

mais o nosso Site;* o recomendemos

aos amigos, do MFPC ounão;

* haja sempre maisinteração entre os leitorese o Site, inserindo Comen-tários, sugerindo Temas,fazendo Crítica construti-va;

* o Site, na sua forma-tação, facilite sempremais essa interação.

João [email protected]

capuchinhos da Tijuca.Nosso colega foi ree-

leito com mais de 18 milvotos para o seu segundomandato na cidade mara-vilhosa. Assim, poderá le-var avante os projetos quejá vinha desenvolvendo,seguindo a trilha dos va-lores éticos.

Antonio BonifácioRodrigues de Sousa

[email protected]

5. Partilha de experiências;6. Importância da famíliacompartilhada (da mulhere dos filhos);7. Busca de canais de diá-logo com a Diocese e re-conhecimento de nossasatividades.8. Preparação para os

encontros nacionais.Talvez a melhor idéia

para reativar as reuniõesé encontrar um local paraincluir almoço ou janta.

O grupo da região li-torânea de Florianópolis,SC, já programou reuniãopara 16/12/2012

A mantra abaixo temlivrado centenas de moto-ristas de acidentes, mortese problemas mecânicos.

Imprima-a e a coloqueem lugar visível em seu car-ro.

Giba

OBRIGADO, MEU DEUS, PORPERMITIR QUE EU DIRIJAESTE C A R R O QUE ÉSEU. E ELE ME TRANSPORTECOM ABSOLUTA SEGURANÇAPARA ONDE EU QUEIRA IR.M U I T O O B R I G A D O!!!

Deus protege quem viaja