00_entac_diretrizes Para Aplicação Dos Conceitos de Sustentabilidade Na Reabilitação de Edifícios Em Centros Urbanos Para Fins de Habitação Popular

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Artigo - Diretrizes Para Aplicação Dos Conceitos de Sustentabilidade Na Reabilitação de Edifícios Em Centros Urbanos Para Fins de Habitação Popular

Citation preview

  • DIRETRIZES PARA APLICAO DOS CONCEITOS DE

    SUSTENTABILIDADE NA REABILITAO DE EDIFCIOS EM

    CENTROS URBANOS PARA FINS DE HABITAO POPULAR:

    ANLISE DO PROGRAMA MORAR NO CENTRO VITRIA (ES)

    Kamila Zamborlini Waldetario (1); Cristina Engel de Alvarez (2) (1) Programa de Ps-Graduao em Arquitetura e Urbanismo Centro de Artes Universidade

    Federal do Esprito Santo, Brasil e-mail: [email protected] (2) Programa de Ps-Graduao em Arquitetura e Urbanismo Centro de Artes Universidade

    Federal do Esprito Santo, Brasil e-mail: [email protected]

    RESUMO As intervenes para reabilitao de reas urbanas subutilizadas tm se configurado como uma nova

    postura em relao ao meio ambiente construdo, caminhando na contramo do esvaziamento dos centros urbanos. No Brasil, tendo em vista o tempo de formao das cidades e a quantidade de

    edifcios erguidos h mais de quarenta anos, este momento se torna propcio para o desenvolvimento

    de estratgias de reabilitao associadas aos princpios da sustentabilidade. Esta pesquisa tem por

    objetivo analisar a aplicabilidade de diretrizes baseadas no conceito de sustentabilidade, direcionadas reabilitao de edifcios subutilizados em centros urbanos para fins de habitao popular. A

    metodologia utilizada baseia-se na converso dos parmetros avaliativos de ferramentas de

    certificao ambiental de edifcios em diretrizes urbanas e arquitetnicas, e na anlise da aplicabilidade de cada uma delas, tendo como referncia principal o Programa Morar no Centro,

    desenvolvido no Municpio de Vitria (ES). Os resultados apontam os condicionantes especficos

    dentro dos recortes da pesquisa, como as restries oramentrias e as limitaes impostas por legislaes patrimoniais, e tambm identificam potencialidades e desafios para o desenvolvimento de

    tecnologias adequadas atividade da reabilitao. As anlises realizadas permitem ainda a aplicao

    dos resultados para a elaborao de projetos e para o aprimoramento de programas pblicos de

    intervenes em edifcios subutilizados, visando a adequao do estoque imobilirio subutilizado em centros urbanos atravs de solues aliceradas no conceito de sustentabilidade, revertendo assim seu

    papel no contexto urbano, ou seja, transformando elementos onerosos em edificaes contribuintes

    com a condio ambiental da sociedade.

    Palavras-chave: Sustentabilidade; Reabilitao urbana; Reabilitao de edifcios; Habitao popular;

    Centros urbanos.

  • 1 INTRODUO

    A gesto do meio ambiente urbano representa um complexo desafio para a sociedade contempornea,

    cujas caractersticas de tamanho e densidade so os principais agravantes para os inmeros problemas que j so apontados como os sintomas da insustentabilidade do modo de vida urbano.

    O consumo desenfreado dos recursos naturais tem ameaado sua disponibilidade, visto que, mesmo

    aqueles classificados como renovveis possuem capacidade de renovao limitada no tempo e

    dependem da conservao dos ecossistemas. A produo indiscriminada de resduos, a emisso de

    gases nocivos camada de oznio e qualidade do ar, e outras tantas estratgias de acomodao do ser humano ao ambiente natural resultam numa combinao de riscos promovidos pela contnua

    formao das aglomeraes urbanas de forma incoerente com a capacidade de suporte do ecossistema

    do planeta, indicando perspectivas alarmantes para um futuro no muito distante (ROGERS, 2001).

    Nesse sentido, a produo do espao urbano, quando opta pelo abandono de estruturas existentes e

    construo de novas edificaes, pode representar uma poltica insustentvel, seja pelo desperdcio da subutilizao de infraestruturas, seja pela ampliao do consumo desnecessrio de novos recursos.

    A compreenso da importncia das solues eficientes atravs das construes sustentveis tem se difundido e j possvel notar algumas mudanas na indstria da construo civil. Esse um passo

    muito importante para a arquitetura: garantir que os novos edifcios sejam pensados de forma

    consciente e responsvel, no entanto, a economia de recursos, a preservao do meio ambiente e a adequao do projeto s necessidades do usurio e da comunidade no devem ser premissas apenas de

    novos edifcios, mas tambm daqueles j existentes. A adequao do estoque imobilirio aos

    princpios da sustentabilidade um grande desafio para a efetiva reduo dos impactos das construes no ambiente urbano, visto que a substituio desses edifcios por outros novos

    justamente o caminho contrrio do que se busca.

    O mercado nacional de reabilitao de edifcios ainda incipiente, mas apresenta grande potencial de

    crescimento devido: necessidade de modernizao das instalaes, diante das novas tecnologias e

    exigncias funcionais e estticas; quantidade de edifcios com mais de 40 anos de construo, em sua maioria carentes de reabilitao; ao surgimento de leis fiscais que incentivam a preservao das

    fachadas (OLIVEIRA; THOMAZ; MELHADO, 2008); e criao de instrumentos no mbito do

    Estatuto da Cidade, como o IPTU (Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana) progressivo

    no tempo1, a fim de garantir a funo social da cidade (BRASIL, 2001).

    Sendo assim, pode-se considerar que este momento se torna propcio para aliar a estratgia da reabilitao com a adequao do estoque imobilirio aos conceitos de sustentabilidade. Para isso

    necessrio buscar solues compatveis com as possibilidades das edificaes existentes, considerando

    suas limitaes e sua importncia enquanto patrimnio arquitetnico.

    Alm disso, a convergncia dessas tendncias indica a oportunidade, necessidade e responsabilidade

    de estudos aprofundados que permitam avanos de tcnicas e tecnologias especficas de adequao das

    estruturas existentes, visto que o desenvolvimento urbano brasileiro tem se alicerado no crescimento em direo ao novo, e poucas so as experincias que servem de exemplo para a reabilitao urbana

    sustentvel.

    2 OBJETIVO

    O objetivo principal desta pesquisa analisar a aplicabilidade de diretrizes baseadas no conceito de

    sustentabilidade quando direcionadas reabilitao de edifcios subutilizados em centros urbanos para

    fins de habitao popular. Os resultados obtidos visam contribuir para a elaborao de projetos e para a formulao e aprimoramento de programas pblicos de intervenes em edifcios antigos atravs

    adequao do estoque imobilirio subutilizado nos centros urbanos.

    1 Instrumento que prev a aplicao de alquotas crescentes pelo prazo de cinco anos consecutivos para

    edificaes ou solo urbano subutilizado ou no utilizado (BRASIL, 2001).

  • 3 METODOLOGIA

    3.1 Procedimento metodolgico da pesquisa

    O procedimento para o desenvolvimento da pesquisa tem base em trs etapas. A primeira delas,

    relacionada compreenso da problemtica abordada, tendo o referencial terico e a contextualizao

    definidos atravs da reviso bibliogrfica sobre os principais recortes do objeto de pesquisa: os centros urbanos; a habitao popular; a reabilitao de edifcios; os conceitos de sustentabilidade no ambiente

    urbano e na arquitetura; e o estudo de solues e ferramentas de certificao de edifcios.

    A segunda etapa consiste no desenvolvimento da ferramenta de anlise proposta na pesquisa, tendo

    como base os estudos referenciais sobre instrumentos de certificao de edifcios, como o Leadership

    in Energy & Environmental Design LEED (USGBC, 2005), o Building Research Establishment Environmental Assessment Method BREEAM (BRE GLOBAL, 2008), o Haute Qualit Environnementale HQE (PINHEIRO, 2006), o Sustenable Building Tool SBToll (IISBE, 2007) e a Avaliao de Sustentabilidade ASUS (SOUZA, 2008). Ainda na segunda etapa, realizada a coleta de dados e anlises de dados e projetos obtidos sobre o funcionamento do Programa Morar no Centro e demais programas conjugados realizados pela Prefeitura Municipal de Vitria.

    A terceira fase consiste na avaliao dos dados obtidos atravs da anlise, permitindo resultados indicativos para as potencialidades e as restries da aplicabilidade das diretrizes de adequao aliadas

    s premissas da sustentabilidade em edifcios j existentes.

    3.2 Desenvolvimento da ferramenta de anlise

    Tendo a ASUS/SBTool2 (SOUZA, 2008) como base inicial para a seleo e definio das diretrizes

    preliminares, realiza-se, primeiramente, uma anlise de cada item de avaliao proposto na ferramenta,

    visando estabelecer e selecionar os de efetiva relevncia em relao ao objeto de estudo enfocado.

    A partir desta anlise, para cada item avaliativo proposto na ASUS so identificadas uma ou mais diretrizes a serem consideradas nas diversas fases do processo de reabilitao, para que o edifcio

    possa responder satisfatoriamente aos itens avaliados (Figura 1). Paralelamente, so formulados

    critrios para a excluso de diretrizes e apontados outros itens para incluso, alicerados na reviso

    bibliogrfica, nas ferramentas de avaliao de sustentabilidade em edifcios reabilitados e nas normas e legislaes pertinentes ao objeto de estudo, cujo detalhamento explicitado nos itens 3.2.1 e 3.2.2 a

    seguir apresentados.

    Figura 1: Processo de definio das diretrizes a serem analisadas

    Posteriormente, a partir da listagem de diretrizes obtidas atravs deste processo, so feitos trs tipos de classificao. O primeiro, apresentado no item 3.2.3, refere-se ao peso de cada uma das diretrizes; o segundo, no item 3.2.4, referente aplicabilidade das diretrizes em processos de reabilitao; e no

    item 3.2.5, uma classificao referente s fases de aplicao de cada uma das diretrizes relacionadas

    (Figura 2).

    2 A ferramenta ASUS uma base preliminar de um instrumento para avaliao de sustentabilidade em edifcios

    em uso no Brasil desenvolvida por Souza (2008), tendo como base conceitual uma ferramenta britnica a SBTool desenvolvida com objetivo de permitir sua adaptao a diferentes realidades e contextos (SOUZA, 2008).

  • Figura 2: Processo de anlise da aplicabilidade das diretrizes

    3.2.1 Critrios de excluso de diretrizes:

    Os critrios de excluso so: 1. A no aplicabilidade da diretriz, onde so utilizados o objeto e os

    recortes especficos da pesquisa como referncia. Exemplo: o item relativo orientao do projeto no terreno para a maximizao do potencial solar passivo, um item pertinente para a elaborao de

    novas construes, mas que no se aplica para esse estudo, que trata da reabilitao de um edifcio j

    implantado.. 2. A redundncia da diretriz, quando a observao de uma nica diretriz capaz de

    produzir resposta positiva para dois ou mais itens de avaliao faz-se necessrio selecionar apenas uma delas e excluir as demais por redundncia. Exemplo: diferentes itens avaliam trs aspectos a

    respeito dos ambientes com ventilao mecnica: a qualidade do ar, o movimento do ar e a efetividade

    da ventilao. Entretanto, a diretriz para atender positivamente a esses trs itens pode ser a mesma: promover ventilao mecnica eficiente, principalmente onde a ventilao natural no for possvel. 3. A complexidade do mtodo utilizado para mensurar e avaliar o objeto de um determinado item

    pode ser considerada de alta complexidade e de nula ou reduzida relevncia para o objetivo desta pesquisa. Em se tratando de diretrizes para polticas pblicas, cujo interesse principal a produo da

    habitao e a recuperao do estoque imobilirio, torna-se invivel avaliar, por exemplo, a energia

    primria no-renovvel incorporada nos materiais de construo, ou ainda, as emisses anuais de gases

    do efeito estufa incorporados aos materiais de construo.

    3.2.2 Incluso de diretrizes:

    A partir da anlise dos demais instrumentos de avaliao estudados, normas e legislaes pertinentes ao assunto e informaes relevantes oriundas da reviso bibliogrfica, novas diretrizes foram includas

    na ferramenta de anlise, atribuindo maior especificidade em relao aos recortes temticos da

    pesquisa. Por exemplo: em relao habitao, foram inseridas diretrizes como utilizar sistemas individuais de medio de consumo de gua e incentivar o uso de equipamentos domsticos economizadores; e a respeito de serem edifcios localizados em centros urbanos consolidados, diretrizes como realizar consulta popular se destacam pela importncia da participao da comunidade local e tambm por se tratar de um stio de interesse histrico e cultural. Diretrizes especficas para a reabilitao de edifcios tambm foram adicionadas ferramenta, como o

    redimensionamento e a substituio da rede eltrica quando existente.

    3.2.3 Atribuio dos pesos dos itens selecionados:

    Definidas as diretrizes, necessria a realizao de uma diferenciao dos pesos atribudos a cada uma

    delas. Na inteno de abranger o mximo das possibilidades, as ferramentas de certificao estudadas

    avaliam, desde critrios como utilizao de energia de fontes renovveis at a proibio do uso de cigarros nas reas comuns. Essa amplitude implica a necessidade de uma diferenciao no peso de

    cada item avaliado, considerando tambm o enfoque que se pretende dar anlise.

    O sistema utilizado parte de uma classificao simples em escala, sendo que as diretrizes classificadas

    como A, so consideradas de maior peso por estarem relacionadas diretamente com a utilizao de

    tecnologias e programas que visem uma melhor eficincia do edifcio, como por exemplo, aquecimento solar, coleta seletiva e iluminao natural; ou ainda relacionadas a aspectos sociais

    relevantes, como acessibilidade, consulta pblica e utilidade social do empreendimento.

  • As diretrizes classificadas com peso B so relacionadas indiretamente eficincia do edifcio, como

    anlise de custo-benefcio, materiais utilizados e monitoramento dos sistemas; ou ainda com maior

    abrangncia, como a manuteno/criao de corredores verdes e a qualidade do transporte coletivo.

    Por fim, as diretrizes classificadas com peso C esto relacionadas principalmente com aspectos menos

    tcnicos, a conscientizao da no-utilizao de produtos como o cigarro em reas comuns e o correto armazenamento dos materiais de construo; ou ainda relacionadas ao desenvolvimento urbano

    especfico do local, como fomento de atividades de comrcio e servio, equipamentos de lazer e

    cultura e a gerao de empregos, que so diretrizes de grande importncia para o desenvolvimento do

    contexto em que o edifcio est inserido, mas que se relacionam indiretamente com sua eficincia.

    3.2.4 Critrios de anlise da aplicabilidade:

    A partir da ferramenta auxiliar proposta, cada uma das diretrizes analisada, a fim de que sejam compreendidas segundo seu grau de aplicao, considerando-se, principalmente, as circunstncias de

    obrigatoriedade e viabilidade da soluo proposta. A reviso bibliogrfica especfica e a experincia

    prtica do Programa Morar no Centro so os instrumentos utilizados como fontes de argumentao

    para a classificao das diretrizes dentro dos critrios estabelecidos para a anlise.

    Quando um item imprescindvel, determinao legal ou necessidade de senso comum, ele classificado como obrigatrio. Exemplo: promover a acessibilidade universal.

    Os itens no obrigatrios, cuja aplicao necessria para um melhor desempenho do edifcio e possuem coerncia em relao sua viabilidade de realizao, so classificados como desejvel.

    Exemplos: reutilizao dos resduos recuperados da obra; o uso de materiais de fontes sustentveis.

    Por fim, os itens no obrigatrios, de aplicao necessria para a eficincia do empreendimento,

    porm, cuja viabilidade comprometida pelas circunstncias tcnicas ou econmicas, so classificados

    como avanado. Exemplo: adotar a gerao interna de energia renovvel no empreendimento.

    3.2.5 Definio das etapas de aplicao:

    As diretrizes de sustentabilidade devem ser consideradas em todas as etapas do ciclo de vida do

    edifcio, composto principalmente por: planejamento, execuo, operao, manuteno e demolio (DEGANI; CARDOSO, 2002; KRONKA MULFARTH, 2007). Particularmente na fase de

    manuteno, podem ocorrer pequenas ou grandes modificaes. Essas ltimas, principalmente quando

    se trata de edifcios subutilizados, so chamadas reabilitao, ou seja, re-habilitar o edifcio para que retome sua funo, podendo ou no ser adequado a um novo uso. Dessa forma, pode-se considerar que

    a reabilitao um processo de retomada do ciclo de vida de uma edificao subutilizada que, em

    teoria, caminharia para a demolio (Figura 3).

    Figura 3: Esquema da reabilitao (em laranja) otimizando o ciclo de vida tradicional (em azul).

  • Aparentemente, as etapas de um ciclo de vida tradicional e as de um ciclo de vida retomado a partir da reabilitao so as mesmas, entretanto, importante compreender as diferenas entre elas, para que a

    reabilitao ocorra de forma eficiente, principalmente no que se refere s etapas de planejamento e construo. No caso especfico de reabilitao, o planejamento ir abranger diversos estudos de

    diagnstico e viabilidade, bem como estudos de adequao do espao fsico e de substituio das

    instalaes; j na etapa de construo poder compreender operaes especficas de recuperao das

    estruturas, demolio de partes da construo, alteraes do espao interno, renovao das instalaes ou, ainda, restauro de fachadas e elementos de importncia para o patrimnio cultural.

    Alm dessas duas etapas planejamento e construo a etapa de uso e ocupao tambm considerada de grande importncia na determinao da eficincia de um edifcio sustentvel,

    considerando especialmente a necessria eco-alfabetizao dos usurios, que os torna gestores dos

    recursos naturais e no mais apenas consumidores (BRGGER, 1994; ALVAREZ et al, 2002), essencial para o bom funcionamento dos sistemas previstos. No so, portanto, consideradas as fases

    de manuteno cujos aspectos relevantes esto embutidos nas etapas de uso e ocupao para simplificar anlise e de demolio, pois so etapas do ciclo tradicional do edifcio, sem grandes consideraes diferenciadas para o processo de reabilitao.

    Cabe ainda ressaltar que algumas diretrizes podem ser classificadas com aplicao em mais de uma das etapas. Neste caso, adota-se, para efeito de anlise nesta pesquisa, a expresso aplicao continuada, o que significa que a aplicabilidade da diretriz depende de sua efetivao em mais de uma fase do processo de reabilitao do edifcio.

    Por fim, uma etapa externa ao ciclo de vida do edifcio acrescentada anlise: a etapa de

    desenvolvimento urbano. Sua importncia foi determinada durante a elaborao da metodologia, onde diversas diretrizes e solues especficas da edificao apontaram para dependncia de uma adequao

    do sistema urbano, confirmando e trazendo realidade a afirmativa de que o edifcio sustentvel,

    enquanto indivduo nico desconectado do meio em que se insere, por si s, invivel, conforme explicitado no captulo de apresentao dos resultados.

    3.3 Aplicao da metodologia

    O quadro 1 apresenta, de forma sucinta, algumas das diretrizes presentes na ferramenta de anlise e os resultados obtidos a partir da aplicao dos critrios estabelecidos para a identificao de sua

    aplicabilidade:

    Diretrizes Peso Aplicab. Etapa

    Incentivar a coleta seletiva na comunidade, fornecer os subsdios para tal atividade (bem como os recipientes de separao e os servios de coleta) e providenciar a reciclagem dos mesmos.

    A Obrigatrio Urbano

    Adotar medidas de reduo do consumo de gua, como a utilizao de aparelhos economizadores, o gerenciamento do consumo e o estabelecimento de metas.

    A Desejvel Operao

    Armazenar e utilizar gua de chuva para atividades como irrigao de jardins e

    lavagem de reas pavimentadas. A Avanado

    Planejamento/

    Operao

    Incentivar um programa de manejo e recolhimento seguro de resduos txicos como pilhas, baterias, lmpadas de mercrio, cartuchos, etc.

    B Avanado Urbano

    Evitar processos e produtos de limpeza e manuteno que possam comprometer a qualidade do ar e o conforto do usurio.

    C Desejvel Operao

    Implantar sistemas de emergncia e segurana, em conformidade com as

    exigncias legais. B Obrigatrio

    Planejamento/

    Execuo

    Realizar e manter documentaes de registro de desempenho do edifcio. C Avanado Operao

    Garantir a escolha de fabricantes e produtos que no pratiquem a informalidade (fiscal ou trabalhista) na cadeia produtiva.

    C Obrigatrio Planejamento

    Respeitar e valorizar a insero do edifcio na paisagem urbana local. B Desejvel Planejamento

    Quadro 1: Exemplo de avaliao da aplicabilidade das diretrizes adotadas na ferramenta de anlise.

    Considerando que o que se busca avaliar a possibilidade de adoo de diretrizes baseados nas

    premissas da denominada arquitetura sustentvel em programas de reabilitao de edifcios subutilizados em centros urbanos, o objeto de teste escolhido foi o Programa Morar no Centro,

  • especificamente, os edifcios Estoril, Pouso Real e Tabajara, todos vazios ou subutilizados, e

    localizados no Centro de Vitria.

    A partir da anlise do material tcnico (projetos, laudos e memoriais) e informaes obtidas junto

    Secretaria de Habitao (SEHAB) da Prefeitura Municipal de Vitria; de visitas e observaes in loco

    e, principalmente, de entrevistas com os profissionais envolvidos na elaborao e acompanhamento do projeto, so levantadas as informaes necessrias para a anlise da aplicabilidade das diretrizes

    preliminares previstas na ferramenta. Alm disso, essas informaes do subsdio tambm para a

    definio das fases de aplicao de cada uma das diretrizes e seus desdobramentos.

    4 ANLISE DE RESULTADOS

    Com a aplicao da metodologia proposta, as informaes obtidas permitem gerar matrizes de

    resultados quantitativos e qualitativos que subsidiam a discusso dos resultados da pesquisa. Alm

    disso, como resposta a um dos objetivos desta pesquisa, a anlise do Programa Morar no Centro, a partir da ferramenta elaborada, permitiu a construo de solues e aprimoramentos a serem

    considerados nos prximos empreendimentos do Programa, principalmente com base nas diretrizes

    classificadas como desejveis, cuja viabilidade fsica e financeira no seriam, teoricamente, empecilhos para a realizao das mesmas.

    Outro resultado importante foi a identificao das limitaes para a aplicao das diretrizes baseadas nos conceitos de sustentabilidade, impostas pelos diversos condicionantes do processo de reabilitao,

    principalmente por se tratar de um centro urbano de caractersticas histricas e de um programa

    pblico destinado habitao popular, com rigorosas limitaes oramentrias.

    4.1 Anlise e discusso acerca dos dados quantitativos

    Em termos de aplicabilidade, apenas 14% das diretrizes corresponderam ao nvel avanado. Destaca-

    se que as tecnologias baseadas nos princpios de sustentabilidade como o aquecimento da gua por placas solares, a gerao de energia a partir de fontes renovveis, o aproveitamento da gua de chuva,

    ou ainda, a separao e reuso de guas cinzas e negras no foram utilizadas no Programa Morar no Centro sob a justificativa de indisponibilidade oramentria.

    Entretanto existe uma questo a ser discutida: quais seriam os custos desses procedimentos para o

    usurio final? A pouca experincia da utilizao pelos rgos decisrios dessas tecnologias cria incertezas a respeito de seu custo-benefcio, acrescentando-se as preocupaes com os gastos

    condominiais originados pela necessria manuteno dos equipamentos, apesar da economia de

    recursos proporcionada. De fato, so necessrios estudos sobre a real eficincia econmica de tais tecnologias, principalmente por se tratar de usurios de baixa renda, com um considervel risco de

    inadimplncia, o que colocaria em cheque a sustentabilidade do edifcio.

    Os itens correspondentes ao nvel desejvel somam 54 % do total, e chamam a ateno para as

    diretrizes dessa ordem que no puderam ser cumpridas devido aos condicionantes especficos dos

    edifcios existentes, como, por exemplo, a ocupao total do lote, impedindo a realizao de aes

    como a proviso de reas verdes, o plantio de rvores para sombreamento ou a permeabilidade do solo. Alm disso, a impossibilidade de interveno nas caractersticas dos edifcios dificulta a

    aplicao de diretrizes como a utilizao de elementos arquitetnicos para proporcionar o conforto do

    usurio com maior eficincia energtica e menor impacto ambiental e econmico, considerando solues simples como a utilizao de brises ou a abertura de janelas para iluminao e ventilao.

    Ainda considerando os itens desejveis que no foram realizados nas obras do Programa Morar no Centro, ressalta-se que so tambm importantes os estudos a respeito das caractersticas especficas

    dos materiais utilizados, pois a falta de conhecimento aliada s restries oramentrias pode estar

    direcionando ao uso de materiais inadequados do ponto de vista ambiental. Por sua vez, o desenvolvimento de pesquisas especficas e tcnicas de reaproveitamento dos resduos na prpria obra

    poderiam indicar opes de materiais adequados aos princpios da sustentabilidade, e que atendam aos

    padres de qualidade e custos necessrios no empreendimento. Os itens obrigatrios somam 32% do total, e em sua grande parte foram atendidos nos projetos analisados.

    Em relao classificao das diretrizes por etapas de aplicao, o principal resultado foi a determinao da etapa de desenvolvimento urbano. Algumas diretrizes essenciais para o desempenho

  • econmico, ambiental e social do empreendimento mostraram-se dependentes de questes como: a

    realizao de programas pblicos de escala urbana (coleta e reciclagem de resduos, compostagem de

    esgotos, fornecimento de energia produzida a partir de fontes renovveis); os investimentos no desenvolvimento local (gerao de empregos, qualificao do setor de comrcio e servios, programas

    e espaos pblicos de incentivo ao lazer e cultura); e o desenvolvimento da infraestrutura e

    planejamento regional (ambientes adequados para a prtica de caminhadas ou ainda do ciclismo como

    meio de transporte, a garantia do transporte coletivo acessvel e de qualidade, a conectividade urbana, e o desenvolvimento de corredores verdes). Neste ponto, a investigao admite os dados da pesquisa

    emprica, na medida em que confirma que o desempenho e a eficincia ambiental, social e econmica

    de um edifcio est profundamente atrelada sua insero em um ambiente urbano que tenha incorporado em seu planejamento os princpios do desenvolvimento sustentvel.

    Destaca-se a importncia da fase de planejamento, agrupando a maioria das diretrizes consideradas obrigatrias, alm de concentrar, tambm, a maior parte das diretrizes diretamente relacionadas com o

    desempenho do edifcio (peso A). Fica evidente a importncia do papel decisrio dos profissionais e

    responsveis pelo programa, bem como do momento do planejamento enquanto determinante para o desempenho final do edifcio. Outro aspecto relevante dessa fase a possibilidade do desenvolvimento

    dos estudos de viabilidade tcnica e financeira como justificativa para obteno de verbas suficientes

    nas fontes de financiamento, a fim de possibilitar a implantao de tecnologias mais eficientes, visto

    que nela tambm se concentra a maioria das diretrizes consideradas avanadas.

    Em relao fase execuo das obras, cabe ressaltar seu estreito relacionamento com a fase de planejamento, sendo que menos de 5% das diretrizes indicam aes a serem realizadas independentes

    dessa fase anterior. J a fase de operao concentra em sua maioria as diretrizes consideradas desejveis, indicando uma grande responsabilidade na conscientizao dos beneficirios, o que

    confirma a afirmao sobre a necessidade de eco-alfabetizao dos usurios. Ainda nessa fase cabe

    lembrar a impossibilidade nesta pesquisa, de anlise junto aos moradores uma vez que as obras sero entregues aps sua finalizao.

    4.2 Apresentao de diretrizes especficas para o Programa Morar no Centro

    Como resultado adicional da pesquisa, foram estabelecidas diretrizes especficas para o aprimoramento do Programa Morar no Centro, que so:

    - Investir em diagnsticos aprofundados sobre as condies em que se encontram as edificaes a serem reabilitadas, bem como em estudos de viabilidade fsica e financeira para a aplicao de

    tecnologias baseadas nas premissas da sustentabilidade;

    - Promover espao para bicicletrios no trreo dos edifcios, principalmente pela constatada inviabilidade de proviso de vagas de estacionamento, e tambm por se tratar de beneficirios de baixa

    renda, que muitas vezes tm a bicicleta como meio de transporte por necessidade;

    - Incrementar o incentivo reduo do consumo de energia, atravs da conscientizao dos usurios em relao aquisio e uso adequado dos equipamentos eletrodomsticos considerados de baixo consumo, bem como lmpadas adequadas e maximizao do uso da ventilao e iluminao naturais,

    sempre que possvel;

    - Desenvolver estudos especficos para o reaproveitamento dos resduos e materiais da demolio no prprio processo de reabilitao, como por exemplo, a adio de escria no cimento, reutilizao de

    peas de madeira e metal para funes secundrias e no-estruturais, utilizao de cacos de entulhos em revestimentos, etc.;

    - Incentivar, no processo licitatrio da construtora, a criao de vagas para trabalhadores residentes na regio do Centro, ou beneficirios do empreendimento, visando contribuir com a gerao de emprego

    e renda e desenvolver o sentido de pertencimento do ambiente construdo na comunidade local;

    - Entregar as unidades habitacionais providas de aparelhos economizadores de gua, como descargas e torneiras, associada conscientizao dos usurios para a adoo de medidas de reduo no consumo de gua, utilizao correta desses aparelhos, bem como a manuteno, gerenciamento e identificao

    imediata de vazamentos;

    - Prover as unidades destinadas aos portadores de necessidades especiais de acordo com suas necessidades especficas (j que os beneficirios so preliminarmente selecionados), e conforme as

  • normas de acessibilidade, como por exemplo: bancadas baixas para usurios de cadeira de rodas;

    maanetas e barras de abertura de porta para pessoas com deficincias nas mos; quartos em tamanhos

    adequados para comportar o usurio e um acompanhante; entre outros.

    4.3 Discusso acerca dos condicionantes e limitaes

    Os principais condicionantes encontrados na investigao do Programa Morar no Centro foram as restries quanto aos custos e manuteno de caractersticas originais dos edifcios.

    Em relao aos custos, comparativamente aos programas desenvolvidos pela Secretaria Municipal de

    Habitao para a construo de novas habitaes, o custo da unidade habitacional, se elevou em mais de 30% no processo de reabilitao. Esta informao, baseada nos custos da primeira fase do

    Programa Morar no Centro, aponta para a necessidade de investimentos de tempo e recursos na fase de

    elaborao dos diagnsticos e estudos de viabilidade que permitam a reduo dos imprevistos e para a utilizao de solues e tecnologias adequadas s necessidades especficas do edifcio.

    Deve-se considerar, tambm, que os programas de reabilitao de edifcios subutilizados em reas

    centrais para fins de habitao popular contemplam objetivos de duas frentes de trabalho no

    desenvolvimento da cidade: a recuperao de reas degradadas e a produo de moradia popular. compreensvel, portanto, o aumento no custo da unidade habitacional, visto que inclui gastos com a

    aquisio de um imvel inserido em rea urbanizada, recuperao de fachadas, e investimentos em

    tcnicas a fim de no interferir nas caractersticas originais do edifcio.

    Dessa forma, o questionamento est direcionado integrao financeira desses programas, visto que

    maiores investimentos poderiam ainda ser feitos, a partir do momento em que se considera que no

    so apenas unidades habitacionais que esto sendo produzidas, mas injees de vitalidade e funo em reas consideradas degradadas; transformao de elementos onerosos no meio urbano em edifcios

    contribuintes com a qualidade da cidade; recuperao e preservao a partir do uso de edifcios que, em diferentes escalas, fazem parte da histria e da memria da cidade; e tantas outras questes j

    abordadas como justificativa deste tipo de programa.

    Quanto s restries impostas pelo interesse histrico dos edifcios, a discusso que se pretende trazer

    tona justamente o equilbrio entre as dimenses da sustentabilidade, considerando o conceito mais

    amplo do termo proposto por Sachs (1993, apud SATTLER, 2007), compreendendo alm dos aspectos econmicos, ambientais e sociais, a importncia das questes culturais e espaciais.

    Neste sentido, Rogers (2001) aponta o risco de que o processo natural de adequao das edificaes s

    novas necessidades esteja sendo interrompido em face de um discurso preservacionista extremamente zeloso, engessando a flexibilidade dos edifcios, restringindo novas solues e tornando mais onerosas

    as necessrias transformaes. O autor cita cones como o Castelvechio, em Verona, a Sackler Gallery,

    na Royal Academy de Londres e ainda o Louvre, em Paris, como exemplos claros de que com boa

    arquitetura possvel fazer dos edifcios histricos espaos prontos a atender as necessidades atuais, e que nem sempre a preservao extrema das caractersticas originais a melhor soluo, dados os

    resultados obtidos em intervenes a partir da proposta de um dilogo do novo com o antigo: [...] um edifcio no deve ser preservado quando sufoque a inovao [...] se insistirmos em transformar nossas cidades em museus, vamos ossificar a sociedade (ROGERS, 2001, p. 82).

    Para discutir essa abordagem, no mbito do Centro de Vitria, cabe destacar que 27% dos imveis de

    interesse de preservao, seja por identificao municipal, estadual ou federal, esto vazios ou

    subutilizados (PMV, 2006). uma quantidade significativa num contexto de mais de uma dcada de poltica de revitalizao. Estariam esses nmeros apontando para a formao de uma cidade-museu?

    Pode-se observar, a partir da anlise realizada, que diversas possibilidades de implantao dos

    princpios da sustentabilidade foram engessadas pelos condicionantes culturais. Cabe questionar o grau de perda de identidade de uma edificao a partir da insero de elementos como os brises ou as coberturas verdes e de que forma esses elementos podem contribuir para a criao de uma cultura no mais museolgica, mas de uma sociedade preocupada em engrenar o desenvolvimento sustentvel, e que poder vir a ser vista pelas futuras geraes, no como desinteressada em preservar memrias,

    mas interessada em preservar recursos essenciais sobrevivncia.

  • 5 REFERNCIAS

    ALVAREZ, C. E. de; SILVA, M. R. da; CASAGRANDE, B.; CRUZ, D. O.; SOARES, G. R.

    Habitao popular ecolgica: desenvolvimento de modelos baseados nos princpios da sustentabilidade e nas caractersticas ambientais especficas de Vitria. Vitria: [s.n.], 2002.

    BRASIL, Lei no. 10257, de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade. Braslia: Senado Federal, 2001.

    BRGGER, P. Educao ou adestramento ambiental? Florianpolis: Letras Contemporneas, 1994.

    BUILDING RESEARCH ESTABLISHMENT GLOBAL BRE GLOBAL. BRE Environmental & Sustainability Standard: BREEAM Offices 2008 Assessor Manual. [S.l.] 2008. (Technical Guidance

    Documents)

    DEGANI, C. M.;CARDOSO, F. F. A sustentabilidade ao longo do ciclo de vida de edifcios: a importncia da etapa do projeto arquitetnico. In: NUTAU SEMINRIO INTERNACIONAL DE SUSTENTABILIDADE ARQUITETURA E DESENHO URBANO, 2002, So Paulo. Anais... So

    Paulo: NUTAU, 2002, p.1347-1358.

    INTERNATIONAL INITIATIVE FOR SUSTAINABLE BUILDING ENVIRONMENT IISBE. An Overview of SBTool September 2007 Release. [S.l.] Sep. 2007. (SBTool Notes)

    KRONKA MLFARTH, R. C. O papel da Arquitetura na reduo dos impactos ambientais. Sistemas Prediais, So Paulo, v. 1, p. 35-37, 2007. Disponvel em: . Acesso em: 26 mar. 2009.

    OLIVEIRA, L. A. de; THOMAZ, E.; MELHADO, S. B. Retrofit de fachadas: tecnologias europias.

    Tecnologia da Construo, v. 136, p. 56-59, 2008.

    PINHEIRO, M. D. Ambiente e construo sustentvel. Lisboa: Instituto do Ambiente, 2006.

    Disponvel em: . Acesso em: 24 ago.

    2009.

    PMV - PREFEITURA MUNICIPAL DE VITRIA. Secretaria de Desenvolvimento da Cidade.

    Planejamento Urbano Interativo do Centro de Vitria. Vitria: PMV, 1 CD-ROM, 2006.

    ROGERS, R. Cidades para um pequeno planeta. Edio em portugus. Barcelona: Gustavo Gilli, 2001.

    SATTLER, M. A. Habitaes de baixo custo mais sustentveis: a casa da Alvorada e o Centro

    Experimental de tecnologias habitacionais sustentveis. Coleo Habitare, 8. Porto Alegre: ANTAC, 2007.

    Disponvel em . Acesso em:

    04 set. 2008.

    SOUZA, A. D. S. Ferramenta ASUS: proposta preliminar para avaliao da sustentabilidade de edifcios

    brasileiros a partir da base conceitual da SBTool. 2008. Dissertao (Mestrado em Engenharia Civil) Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil, Universidade Federal do Esprito Santo, Vitria, 2008.

    US GREEN BUILDING COUNCIL USGBC. LEED-EB Green Building Rating System For Existing Buildings Upgrades, Operations and Maintenance Version 2.0. July 2005.

    6 AGRADECIMENTOS As autoras gostariam de agradecer a Secretaria Municipal de Habitao da Prefeitura Municipal de

    Vitria (SEHAB/PMV) e Fundo de Apoio Cincia e Tecnologia do Municpio de Vitria (FACITEC) pelo auxlio financeiro atravs da bolsa de mestrado.