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resumo sobre sustentabilidade

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    Mestrado Profissional em Eficincia Energtica e Sustentabilidade

    Disciplina: Sustentabilidade no Ambiente Construdo SUAC

    Prof. Dr. Andrea Naguissa Yuba

    Aluna: Diana Aparecida Caranjo

    Campo Grande, MS, 25 de junho de 2013.

    Reviso Bibliogrfica O PAPEL DAS PESSOAS NA SUSTENTABILIDADE DA

    CONSTRUO CIVIL

    1. Caracterizao do Brasil sociedade e empresas

    A Agenda 21 brasileira [19] na sua segunda edio destaca uma grande

    mudana do governo do Brasil, das melhores condies institucionais e

    oportunidades econmicas devido a muitos fatores, deixando a economia brasileira

    mais aberta. Destaca o impacto da privatizao, que reestrutura a organizao

    destas grandes empresas e que disponibiliza ao governo recursos que contribui para

    equilibras as contas publicas. Mas que por mais que as instituies privadas

    participem e assuma seu papel, o Estado tem o grande domnio e responsvel

    pela coordenao do desenvolvimento nacional, na distribuio de riqueza e renda,

    na gerao de trabalho, na regulamentao dos setores de energia, petrleo,

    comunicao, no desequilbrio de desenvolvimento regional, entre outros.

    O documento [19] tambm se refere diminuio da taxa de natalidade a

    partir da dcada de 60, mudanas de valores e comportamentos na estrutura familiar

    brasileira, do grande papel da mulher na sociedade e no mercado de trabalho.

    Houve mudanas significativas na demografia do Brasil nos ltimos 25 anos e isso

    influenciou toda a dinmica de mercado de bens e servios, como por maior

    participao de idosos, diminuio dos jovens. A populao em idade escolar vem

    crescendo em contrapartida do crescimento populacional, e com a entrada mais

    tardia no mercado de trabalho, a preparao e capacitao destes jovens veem

    sendo em um perodo maior de tempo. Por outro lado, com a diminuio do numero

    de pessoas numa famlia, os idosos podem ficar desamparados em sua maioria. Por

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    isso ser necessrio num futuro prximo ateno no sistema de sade e

    previdencirio. (se j temos grandes problemas hoje, nesse futuro prximo as

    necessidades sero maiores ainda). Estamos numa fase de transio essencial para

    corrigir erros passados e planejar o futuro de forma sistematizada e com sucesso,

    onde a maioria da populao esta na idade ativa para o trabalho.

    Figura 1- Distribuio da populao por sexo, segundo os grupos de idade Brasil- fonte:IBGE

    http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=12&uf=00

    Estamos longe de ser uma nao sustentvel, mas evolumos desde a

    Conferncia Rio 1992, mas h inmeros obstculos a serem superados [19].

    A educao essencial para a sustentabilidade, [14] e evidente que

    aspectos culturais, opinies e crenas de diferentes pessoas fazem grande diferena

    e muitas pessoas vm ignorando isto. O Brasil apresenta na rea educacional um

    atraso crnico e estrutural [19] e essa falta de educao responsvel por 40% da

    pobreza do pas que apesar de alguns avanos recentes apresenta grandes

    deficincias. O conceito original de alfabetizao est ultrapassado. No

    simplesmente o ato mecnico de ler ou escrever, o que se precisa garantir a

    capacidade intelectual de entendimento na leitura. Devemos ter um compromisso

    com a escola e de sua importncia na formao das pessoas, reduzindo as

    desigualdades sociais. O ensino tcnico profissionalizante deve ser desmitificado,

    pois muito importante para romper o gargalo entre o ensino fundamental e o nvel

    superior e suas deficincias.

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    O conceito de sustentabilidade social corporativa tomou vulto no Brasil na

    dcada de 90, [3] mas desde a dcada de 80, houve muitos eventos sociais e

    polticos, mudando a atitude das pessoas: Diretas J, Constituio de 1988,

    impeachment do presidente Fernando Collor, Rio 92, Campanha contra a Fome do

    Betinho, luta pelos direitos dos portadores do vrus HIV.

    Hoje muitas empresas brasileiras vm desenvolvendo praticas significativas

    de gesto socialmente responsvel, incluindo aspectos relacionados com tica e

    transparncia, cliente e consumidor, meio ambiente, governo, sociedade. O desafio

    destas empresas encontrar o equilbrio na gesto dos seus negcios, ter

    competitividade, mas com desenvolvimento sustentvel e preparar os profissionais

    para estas novas prticas. [3]

    A tecnologia vem revolucionando o mundo nos ltimos tempos, [2] e cada

    vez mais as empresas buscam o aperfeioamento tcnico, a racionalizao, a

    eficincia. Apesar de a tecnologia ser essencial para o sucesso da organizao, o

    fator humano e decisivo em qualquer processo. As pessoas se diferenciam em razo

    de vrios fatores que as tornam nicas [3], com a revoluo tecnolgica a

    comunicao e informao criaram inter-relaes sem precedentes, e isso modifica

    o modo de atuar das empresas.

    A gesto das empresas deve estar atenta a diversos temas [3]: ecologia, meio

    ambiente, sade, bem estar, diversidade, direitos humanos, comunidades e devem

    saber lidar com eles porque afetam diretamente nas decises e prticas das

    mesmas, como por exemplo, a crise energtica mundial que gera um consumo

    exagerado de recursos como o petrleo, que finito, por um enorme consumo de

    energia pelas populaes urbanas e que consequentemente tero impactos em toda

    a sociedade.

    2. Gesto

    Agopyan [1] diz que a busca das empresas pela sustentabilidade no deve

    ficar limitada na produo de algumas obras certificadas, a sustentabilidade deve

    ser ampla e englobar a gesto e a mudana de cultura como um todo. Buscar metas

    progressivas, indicadores, formao de recursos humanos (capacitao e

    qualificao), preocupao social e ambiental.

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    Segundo Thomaz [11], as empresas construtoras apresentam problemas na

    rea gerencial e tecnolgica: trabalham quase sempre com custos apertados, no

    contabilizados e indiretos, e so vrios os exemplos: a baixa produtividade, as horas

    ociosas, os acidentes de trabalho, reexecuo de servios, desperdcio de materiais,

    etc. H ainda os custos invisveis, que so prejuzos com a imagem da empresa,

    perda de mercado, custos processuais, etc. O que relevantemente ele constata

    que estes prejuzos so na maior parte passada aos consumidores (clientes e

    usurios), com produtos e servios mais caros, manutenes com mais frequncia e

    a um custo cada vez mais alto. O pas perde como um todo, independente de quem

    arca com o custo diretamente.

    O processo de planejamento e controle cumpre um papel importante nas

    empresas [4], pois tem um grande impacto no desempenho produtivo. Deficincias

    no planejamento e no controle so as causas principais de baixa produtividade,

    desperdcio e qualidade na construo civil. Ao planejar o profissional tem uma

    melhor viso do sua obra, e consegue geri-la de forma eficiente e os benefcios so

    inmeros, como a deteco de situaes desfavorveis, agilidade nas decises,

    otimizao da utilizao dos recursos (humanos, materiais), padronizao,

    rastreabilidade e documentao, referencias e metas, criao de banco de dados

    (informao), entre outros.

    Quanto ao enforque da produtividade e eficincia da mo de obra, h poucos

    dados e estudos se limitam no campo acadmico. As informaes quantitativas, que

    indicam a produtividade Homem x hora por unidade de servio, a RUP razo

    unitria de produo [9], raramente coletada. As empresas se baseiam em

    informaes de manuais tradicionais, tais como, TCPO Tabelas de composies

    de preos para oramento da PINI, SINAPI - Sistema Nacional de Pesquisa de

    Custos e ndices da Construo Civil, para planejamento e calculo de custos, mas

    nem sempre os ndices tabelas condizem com a realidade. As falhas nas previses

    podem ser significativas [10], implicando divergncias de recursos, prazos e

    consequentemente o aumento de custos fixos, os riscos de acidentes e os

    desperdcios de materiais e servios.

    A gesto adequada, com nfase na gesto de pessoas, atravs de

    acompanhamento real das caractersticas qualitativas e quantitativas das atividades,

    d ao gestor do empreendimento a capacidade de deciso adequada, podendo

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    assim aperfeioar a utilizao de recursos humanos e materiais (que dependem da

    utilizao humana).

    Para que se possa iniciar qualquer mudana na situao atual, devemos

    dividir a anlise feita sobre a qualificao profissional e a qualificao

    socioeducacional [6]. Thomaz [11] chama ateno para o papel do engenheiro, o

    arquiteto (profissional pilar do setor): o problema comea nas universidades, onde a

    formao direcionada apenas busca pelo diploma, e no para o aprendizado e a

    verdadeira formao do profissional, os cursos so desmotivadores, com carga

    horria excessiva e terica nos primeiros anos (onde a motivao deveria ser maior),

    falta de interdisciplinaridade da rea tcnica e das reas humanas, falta de didtica

    e experincia profissional de alguns professores. Teoria e pratica devem andar

    juntas, mas ainda esto muito desassociadas na construo civil (engenheiros com

    muita experincia em obras, com pouca formao e desatualizados e por outro lado

    grandes tericos que nunca pisaram num canteiro de obras). Quando o profissional

    chega ao mercado de trabalho, so mal utilizados, muitos fazem papel de apontador,

    administrativo, gerente geral, apagador de incndios e consequentemente o que

    este profissional aprendeu (no entrando no mrito da qualidade deste

    aprendizado), no utilizado. Muitas atividades rotineiras e que necessitam de um

    menor grau de qualificao, muitas vezes fica a cargo do engenheiro, como por

    exemplo, a verificao de recebimento de materiais. Somando a tudo isso muitos

    engenheiros de so passivos a todos estes problemas, e trocam sua

    responsabilidade social (que enorme) e at convices por pequenas

    participaes nos lucros - lucros estes que poderiam ser maiores se a obra tivesse

    um profissional aplicando eficientemente seus conhecimentos.

    Segundo Senge [7], muitos gerentes so levados a assumir que no dispe

    de todas as informaes necessrias de forma eficaz, devido a crescente

    complexidade do mundo atual, ma que preciso encontrar uma forma de saber o

    que e o que no importante, em quais variveis devem se concentrar e em quais

    devem prestar menos ateno. Ningum quer que suas decises resultem em um

    sistema insustentvel, mas as decises que as pessoas pensam que tomam so as

    melhores possveis, esto dentro de um sistema criticamente fragilizado. Todo

    aprendizado integra o pensar e o fazer [8]. Como as pessoas interagem com mundo

    e as capacidades que se desenvolve a partir destas interaes, so provenientes do

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    aprendizado que elas tm. Se a percepo destas interaes nunca for alm, as

    aes sero meras reaes, mas se forem mais a fundo, permitindo ver os todos

    maiores que geram o que e a ligao com esta totalidade, os atos das pessoas

    podem ser drasticamente alterados.

    3. A Agenda 21 Brasileira

    A Agenda 21 Brasileira reafirma compromissos assumidos pelo Brasil na

    Conferncia Rio 92 [19],ela ajuda a implementao de polticas publicas para o

    desenvolvimento sustentvel, ela contempla diversas questes voltadas para a

    construo civil, consumo, sociedade, educao, etc. A agenda 21 brasileira embasa

    o Plano Plurianual de Governo, o PPA,[22] que em forma de lei define metas

    planejamento governamental e partir estudos e de diagnsticos, orienta as escolhas

    de polticas pblicas.

    A Agenda 21 Brasileira, no prope aes impossveis, ela apresenta

    algumas experincias bem sucedidas de projetos, mostrando que possvel sim a

    mudana [19], mudana estas que acontecem com aes de longo prazo, e que por

    isso merecem planejamento e participao de toda a sociedade (no pode ficar

    apenas na responsabilidade do governo). A agenda destaca a importncia de se

    desenvolver a conscincia e educao para a sustentabilidade, que a sociedade

    seja mais participativa e tenham iniciativas, que os empresrios sejam proativos

    quanto as suas responsabilidades sociais e ambientais e que o governo tenha

    pessoas qualificadas com capacidade gerencial nas instituies publica, desenvolva

    polticas de reduo de desigualdade e eliminao da pobreza absoluta e disponha

    de recursos financeiros em programas com destaque. A questo econmica, de

    muita nfase em pases em desenvolvimento deve vir junto com as questes ticas,

    sociais, planejamento ao longo do tempo e de por em pratica, onde se v necessria

    a mudana de hbitos de produo e consumo.

    Agopyan [1] tambm cita que muito relevante e abrangente a Agenda Social

    da Sustentabilidade no campo da construo civil, ele aborda a sociedade de uma

    forma ampla e com suas prprias necessidades, incluindo os recursos humanos das

    empresas, os fornecedores entre outros. Salrios baixos e baixa produtividade

    andam juntos, h pouca inovao tecnolgica, grande informalidade, sonegao de

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    impostos em toda a cadeia, extrao de matria prima ostensiva, produo de

    materiais fora de especificaes, projetos mal elaborados, licenas ambientais sem

    exigncias. O ponto crtico de enfrentamento do setor a mo de obra que vive na

    pobreza.

    O desenvolvimento sustentvel vem com mudanas nas estruturas da

    sociedade [19], onde o conhecimento e a informao devem ser vistos e trabalhados

    de uma nova forma e estas so condies imprescindveis para que haja o

    desenvolvimento de forma sustentvel (na verdade no h outra forma, porque se

    desenvolver sem sustentabilidade no desenvolvimento). A agenda social da

    construo deve abordar a construo de edificaes habitacionais de qualidade,

    [14], principalmente a habitao de interesse social; combater a informalidade e

    proporcionar condies de trabalho adequadas; relacionamento entre os envolvidos

    do setor, desde os operrios at a vizinhana das obras; buscar boas prticas de

    governana e tica nas construtoras e rgos governamentais.

    As pessoas so as protagonistas no desenvolvimento da sociedade [19], e

    vemos o Brasil com dficit educacional, que vem contra com o nvel de

    desenvolvimento que se espera crescer. Por isso condio necessria, quase que

    vital, que se promova capacitao, formao de pessoas, qualificao gerencial e

    inovao cientifica e tecnolgica. E isso possvel, como vemos o caso da Coria

    do Sul, nas ultimas dcadas.

    O primeiro objetivo da Agenda 21 Brasileira [19] a produo e consumo

    sustentveis, combatendo a cultura do desperdcio, por conta de velhas prticas

    cultura de fartura e abundncia, onde o desperdcio no ocorre somente nas classes

    sociais abastadas, mas tambm na pobreza. O Brasil adota modelos de consumo

    de pases desenvolvidos e tambm tem resqucio da sociedade colonial e

    escravista que um dia j foi. O combate ao desperdcio deve ser feito ainda no

    processo produtivo, a cultura de poupana deve ser construda pela boa informao.

    Para isso a agenda 21 brasileira recomenda uma legislao de resduos slida bem

    definida, uma mobilizao nacional contra o desperdcio, inicialmente de gua e

    energia, envolvendo o governo nas suas trs esferas, as empresas, a mdia, as

    lideranas comunitria, onde os meios de comunicao tenha um papel relevante de

    pedagogia social, divulgando as boas praticas e estimular o combate ao desperdcio

    na construo civil com uso de tecnologias adequadas.

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    Tambm objetivo da Agenda 21 Brasileira [19] a responsabilidade social das

    empresas, preparando-as para a competio globalizada e se comprometendo com

    a sustentabilidade, seja no atendimento das legislaes ambientais, normas

    voluntrias e nas micro e pequenas empresas. Precisamos encontrar solues

    acessveis para que se torne competitivas, tudo isso dentro de um contexto

    diversificado e caracterstico de cada uma. Para isso a Agenda recomenda aes de

    criao de condies para que as empresas brasileiras adotem os princpios de

    ecoeficincia e de responsabilidade social, promover parcerias entre empresas

    diferentes e entre universidades e institutos de pesquisas, promover a capacitao

    de educao dos seus colaboradores como agentes multiplicadores dentro e fora da

    empresa.

    Outro objetivo da agenda [19] a do planejamento estratgico, infraestrutura

    e integrao regional, para que se criem condies de melhoria da qualidade de vida

    e desenvolvimento econmico. E de responsabilidade do governo a promoo

    desta integrao, ele deve criar as condies de coordenao das aes publicas.

    Falta um plano nacional de desenvolvimento sustentvel por falta de uma viso

    sistmica, se prioriza a produo e crescimento do mercado, sem pensar nas suas

    consequncias. Tambm deve ser combatida a forma de gesto adotada pela

    maioria que tendncia s empresas a terceirizar seus servios em detrimento

    reduo de custos, esta terceirizao que fica frequentemente sem

    acompanhamento comprometem a qualidade dos produtos e servios.

    A Agenda 21 Brasileira [19] tambm destaca a informao e conhecimento

    para o desenvolvimento sustentvel, e isto deve ser prioridade mxima: colocar o

    Brasil num novo patamar produo cientfica e tecnolgica, e por mais que houvesse

    avanos significativos, transformar esta produo em inovao tecnolgica ainda

    um grande desafio para o pas. Deve-se a isso a pouca tradio das empresas

    brasileiras que antes no precisavam de tecnologia para ser competitivas (faziam a

    explorao predatria dos recursos naturais, tinha uma mo de obra barata e

    subsdios do governo) e temos baixos nveis educacionais dos trabalhadores

    brasileiros. Para superar tais impasses, entrando na era da globalizao tecnolgica.

    E para termos sucesso a educao para a cincia e a tecnologia esteja em todos os

    nveis do ensino, incentivando pesquisas voltadas ao desenvolvimento sustentvel,

    formar e capacitar as pessoas do campo da cincia, tecnologia e inovao para o

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    desenvolvimento sustentvel, democratizar centros de pesquisas e as

    universidades, garantir recursos financeiros e materiais para a manuteno de

    pesquisadores e cientistas no Brasil, disseminar a informao cientfica e

    tecnolgica para o desenvolvimento sustentvel, integrando os produtores do

    conhecimento e seus usurios.

    A educao permanente para o trabalho e a vida tambm discutida na

    Agenda 21 brasileira [19]. Reforamos que a educao deve ser prioridade mxima,

    pois a dimenso mais nobre e relevante da vida e o processo contnuo de

    aprendizado e hoje, mais importante como nunca, as profisses perderam sua

    rigidez e ganharam flexibilidade e em constante transformao em consequncia da

    tecnologia, informao e das novas descobertas. Dentre as aes a agenda prope

    a universalizao do sistema de ensino em tempo integral e o combate ao

    analfabetismo funcional, ao desenvolvimento de planos de capacitao intensivos

    para qualificar professores, a mobilizao das universidades e dos mais diversos

    segmentos, incentivando a participao de pais de alunos na gerncia da escola,

    desburocratizando-a e estimulando o ensino profissionalizante que oferece mo de

    obra qualificada.

    4. O Setor da Construo Civil

    A indstria da construo civil do Brasil caracterizada h muito tempo como

    uma indstria de baixa produtividade no uso da mo de obra, e isso j merecia

    ateno h algumas dcadas, torna-se cada vez mais preocupante na medida em

    que se tem um crescente acirramento da competio no mercado e dentro do

    contexto de se buscar a minimizao do desperdcio do esforo humano [9].

    A Cadeia Produtiva da Construo composta pelas construtoras,

    incorporadoras e prestadoras de servios auxiliares da construo, que realizam

    obras e edificaes; pelos segmentos da indstria, os que produzem materiais de

    construo; o comrcio varejista e atacadista; e por vrias atividades de prestao

    de servios, tais como servios tcnico-profissionais, financeiros e seguros. A

    indstria da Construo Civil o ncleo dentro da cadeia produtiva. Isso ocorre no

    s pela sua elevada participao no valor da produo e do emprego gerados em

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    toda a cadeia, mas tambm por ser o destino da produo dos demais segmentos

    envolvidos [18].

    Segundo o relatrio da FGV e CBIC de Produtividade da Construo Civil

    Brasileira [21], o debate sobre a produtividade da construo civil brasileira

    aumentou nos ltimos anos em que o setor da construo aumentou

    significativamente suas atividades e com as taxas de crescimento expressivas, as

    construtoras vem tendo dificuldades na contratao de mo de obra qualificada.

    Para sustentar o ciclo atual, o setor precisa elevar sua produtividade, ou seja, utilizar

    de maneira mais eficiente os recursos disponveis.

    Dados do CBIC [21] informa que a participao da indstria da construo na

    populao ocupada do pas em 2009 de 7,12 %, que equivale a quase sete

    milhes de pessoas, mas mesmo assim a dinmica das obras, a falta de mo de

    obra, os aumentos de opes de materiais esto levando as empresas construtoras

    a buscar novas solues em inovaes tecnolgicas onde so necessrios sistemas

    de gesto que garantam que os dados de desenvolvimento de cada etapa da obra

    estejam sempre atualizados.

    O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat o PBQP-H

    [25], prope que as empresas tenham processos definidos de gesto de qualidade e

    produtividade de acordo com a adeso ao projeto do programa: SiaC Sistema de

    Avaliao da Conformidade de Servios e Obra. Atualmente, no estado de Mato

    Grosso do Sul, 29 empresas locais esto com situao vigente de adeso ao

    programa.

    No Frum Econmico Mundial de 1999 a ONU lanou o Pacto Global [5] para

    que as empresas pudessem ter polticas de responsabilidade Social Corporativa e

    Sustentabilidade, estas polticas incluem a adoo de questes de direitos humanos,

    direitos do trabalho, proteo ambiental e contra a corrupo.

    A Agenda 21 para Construo Sustentvel para Pases em Desenvolvimento

    [20] aponta a falta de dados precisos, que fundamental para alcanar os processos

    de construo sustentvel e polticas eficazes. So necessrias informaes sobre

    os materiais atuais "verdes" de construo que esto disponveis e tambm ter

    informaes sobre os operrios da construo, o seu modo de funcionamento e do

    setor em que atuam. Essa escassez de dados cria restries sobre um planejamento

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    eficaz e informao estatstica do setor da construo muitas vezes ou

    indisponveis ou no confivel.

    Dados e informaes sobre os efeitos na sade e risco de atividades de

    construo insustentveis tambm no so muito confiveis e muitas vezes

    insuficientes [20]. Hoje em dia ainda muito difcil provar a relao entre certas

    doenas e ambientais a poluio, embora estas ligaes sejam bem conhecidas.

    Alm disso, as empresas que dominam o setor no esto interessadas em

    mudanas tecnolgicas que envolvem riscos e custos extras, porque no

    reconhecem a sustentabilidade como um meio para a competitividade no mercado.

    Outro entrave [20] a aplicao de procedimentos de construo e

    planejamento com os conceitos de outros pases, introduzidos durante o perodo

    colonial, que favorecem o uso de materiais como tijolo e concreto armado, e

    desencorajar quaisquer alternativas a estes materiais de construo e os tipos de

    servios. Para se introduzir novas tecnologias difcil, causando assim uma inrcia

    tecnolgica - onde poucas novas tecnologias so usadas. Os pases em

    desenvolvimento necessitam de conhecimentos e tecnologia que se adapta melhor

    aos seus prprios recursos naturais do que a que eles obtm dos pases

    desenvolvidos.

    A sustentabilidade depende de inovaes em todas as atividades da cadeia

    produtiva do setor [14]. Temos deficincias de planejamento, organizao

    institucional e financiamento dos empreendimentos de habitao social. Precisamos

    de novas ferramentas e metodologias de projeto embasada em parmetros

    ambientais, o que no existe hoje, na verdade a construo civil conhecida como

    uma rea resistente inovao.

    O Plano Plurianual de Governo PPA [22], por exemplo, contempla com o

    programa Moradia Digna que quer a melhoria da qualidade da construo civil, por

    meio da criao e implementao de mecanismos de modernizao tecnolgica e

    gerencial, incluindo conceitos e metas de sustentabilidade, contribuindo para ampliar

    o acesso moradia digna para a populao de menor renda, com o objetivo de

    conceder o Documento de Avaliao Tcnica do Produto Inovador (DATec) para

    100% dos produtos inovadores utilizados em empreendimentos de habitao de

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    interesse social, por meio do Sistema Nacional de Avaliao Tcnica de Produtos

    Inovadores (SINAT).

    4.1 A Qualidade na Construo Civil

    Construes sem critrios de sustentabilidade trazem prejuzos aos que

    seguem as normas [1], porque os que investem para cumpri-las acabam tendo

    desvantagens competitivas no mercado. Os prejuzos tambm chegam aos usurios

    que na maioria das vezes tem problemas com mau desempenho, ao ambiente,

    porque se precisam substituir os produtos, ou o descarte e o ciclo deste material ou

    produto danoso ao ambiente. A qualidade das edificaes tem grande influncia

    na sade dos seus usurios, visto que passamos a maior parte da nossa vida dentro

    de edifcios, quer seja nossas residncias, escolas, trabalho, lazer. Questes de

    desempenho trmico, sonoro, tm impactos na sade das pessoas, qualidade de

    vida e da felicidade das pessoas. [13]

    O conceito integrao da habitao como parte ambiente no muitas vezes

    contemplado pela construo indstria [20], no entanto, um dos problemas mais

    urgentes dos pases em desenvolvimento. Programas habitacionais sustentveis

    tem que adotar uma perspectiva holstica e incluir questes como design urbano,

    arborizao urbana infraestrutura social, como escolas e clnicas. A habitao

    tambm frequentemente vista como um produto a ser fabricado e entregue, em

    vez de processos de capacitao, e embora a sustentabilidade nas edificaes

    tenha ganhado destaque, ela ainda um grande desafio maioria dos pases em

    desenvolvimento, porque precisam de recursos e conhecimentos.

    Os impactos do setor comeam antes mesmo da produo de qualquer

    material [18] e se estendem at o fim da vida til do empreendimento.

    4.2 Usurios e Clientes

    Agopyan [1] diz que toda a sociedade usuria, direta ou indiretamente e

    principalmente cliente. A qualidade do ambiente construdo define, em grande

    medida, a qualidade de vida da sociedade como um todo. O setor ainda no

    conhece seus consumidores, e consequentemente muitas solues so deixadas de

    lado, e o usurio no orientado ao correto uso, manuteno e preservao. As

    medidas de sustentabilidade necessitam da participao dos usurios, como o uso

    de energia solar, captao e reuso de gua da chuva.

  • 13

    4.3 Fornecedores

    Os impactos da construo civil vm sendo ignorados pela sociedade e seus

    representante [14] e muitos pases em desenvolvimento, inclusive o Brasil, tem

    aes pouco eficazes no que diz respeito construo sustentvel, impacto estes

    que vo do uso intenso e desperdcio de materiais, gesto do uso da gua, da

    sustentabilidade do ponto de vista social.

    Quem oferece bens e servios tem que pensar no ser feito dos componentes

    produtos, depois do descarte [26]. A responsabilidade ps-consumo, s deixar de

    ser uma remediao se pensadas desde a concepo do produto. O que podemos

    buscar so bens e servios como partes integrantes de novos bens e servios, como

    um ciclo.McDonough e Braungart, afirmam que o grau de desperdcio atual tanto e

    to generalizado que abre um espao extraordinariamente grande para esse reino

    da abundncia [26], e que no podemos nos focar na minimizao dos danos,

    como se faz hoje na maior parte dos relatrios socioambientais das empresas. O

    que se precisa de mudanas radicais na maneira de como so produzidos os bens

    e servios, principalmente no seu prprio sentido social.

    Ferramentas como o Seis Passos elaborado pelo CBCS Conselho

    Brasileiro de Construo Sustentvel, so de simples utilizao e de fcil acesso,

    este um exemplo de boa pratica que tem impacto no setor [1] se for utilizada (1-

    Verificao da formalidade da empresa; 2- Verificao da licena ambiental; 3-

    Verificao questes sociais; 4- Verificao de qualidade e observao de normas

    tcnicas; 5- Perfil socioambiental; 6- Verificao da propaganda).

    5. Mo de Obra da Construo Civil

    5.1 A Produtividade

    Segundo Souza [9], a construo civil h muito tempo considerada como

    improdutiva no uso da mo de obra. Isso era um assunto importante em dcadas

    anteriores e hoje necessitam de uma ateno muito maior, devido competitividade

    do mercado de trabalho e na busca pela eficincia do recurso humano. importante

    primeiro se avaliar o contexto: o carter nmade do canteiro de obras uma grande

    dificuldade para o setor: na indstria seriada a fabrica fica muitos anos no mesmo

    local, na construo civil o produto que fica e a fabrica que se vai. Essa

  • 14

    mobilizao requer muitos esforos e recursos. Por isso estudos voltados para a

    produtividade tem um impacto significativo na gesto e sucesso de um

    empreendimento como um todo. Problemas de produtividade no caso exclusivo

    do Brasil, este tambm problema de pases desenvolvidos, no final da dcada de

    70, Kellogg [27] estudou o motivo do baixo crescimento da construo civil

    americana, que crescia a menos de 1% ao ano nos ltimos vinte anos.

    A comparao de produtividade de diferentes pases como Brasil e Estados

    Unidos deve ser analisada, pois podem estes ter particularidades e processo

    diferentes de produo. Souza [9] ressalta que em uma Mesa Redonda, no Dcimo

    Simpsio Internacional Sobre Organizao e Gerenciamento da Construo,

    levantou questes como o analfabetismo, a m formao dos operrios, a baixa

    atratividade para ingressantes, os baixos salrios. E constatou que estes problemas

    no ocorriam s no Brasil, como por exemplo o analfabetismomuitos operrios da

    construo civil nos Estados Unidos tem lngua espanhola (so analfabetos na

    lngua inglesa), e isso uma grande dificuldade enfrentada por eles.

    A culpa da m produtividade do setor no dos operrios, Souza [9] realizou

    um estudo de produtividade do servio de formas e armao em obras de

    edificaes americanas e brasileiras e constatou que a produtividade depende muito

    do projeto, do nvel de pr-fabricao e mecanizao, na organizao e processo de

    produo. A figura 2 mostra que no servio de formas o desempenho americano foi

    melhor, mas no servio de armao a mo de obra brasileira foi quatro vezes mais

    eficiente.

    Figura 2 Demanda potencial por horas de um operrio para execuo de uma unidade de servio Ubiraci Espinelli Lemes

    de Souza

    0,45

    0,8

    0

    0,5

    1

    Frmas

    Hh

    /m

    Hh/m = homem x hora/m

    Brasil

    EUA

    43

    10

    0

    25

    50

    Armao

    Hh

    /t

    Hh/t = homem x hora/tonelada

    Brasil

    EUA

  • 15

    A FGV [23] tambm destaca como sendo um grande desafio os estudos sobre

    a produtividade na construo civil, citando trs fatores principais que so de grande

    impacto nesta rea: 1) a diversidade construtiva; 2) a informalidade do setor, j

    abordado no inicio do texto; 3) a dificuldade de determinar os limites do setor da

    construo do setor de materiais de construo, pois diferentemente de outras

    indstrias, a heterogeneidade dos componentes e produo de materiais no canteiro

    de obras dificulta esta avaliao.

    A qualificao da mo de obra no a grande vil da baixa produtividade

    [23]. Com treinamentos eficientes e mudana nos sistemas construtivos, algumas

    empresas vem ganhando consideravelmente a produtividade.

    H uma grande diferena de produtividade entre os vrios seguimentos da

    construo civil, ndices baixos so registrados nas construes para a populao

    de baixa renda [23] (em relao produtividade americana, a produo no Brasil de

    edifcios de classe mdia representam 50%, enquanto casas de habitao de

    interesse social apenas 20% em relao mesma.

    O setor de construo de habitao de interesse social no Brasil melhorou

    consideravelmente [12], os sistemas construtivos so muito mais simples se

    comparado com os sistemas construtivos feitos pelo setor privado, mas com a

    margem de lucro apertada, este segmento da habitao no atraem grandes

    empresas com experincia porque no rentvel, sobrando assim para empresas

    menores e com pouca experincia e consequentemente menor formalizao. Outro

    ponto importante no setor de habitao de interesse social foi que a partir da dcada

    de 60 a cultura de modularizao, racionalizao, como por exemplo, a reduo de

    pontos de energia, de tipo de acabamento, consequentemente levou a uma menor

    qualidade no setor.

    O estudo da FGV [23] tambm aponta a baixa produtividade do setor da

    construo residencial, por conta da deficincia em gesto (planejamento e

    gerenciamento de projetos) nas pequenas empresas brasileiras, que so na sua

    maioria responsveis neste segmento, onde parte destes problemas se deve a

    instabilidade macroeconmica do pas, altas taxas de inflao e falta de

    financiamentos a longo prazo.

  • 16

    5.2 O Perfil do Trabalhador

    A construo civil abrange uma grande parcela da sociedade brasileira [21]. O

    estudo da FGV [23] faz um levantamento do novo trabalhador da construo civil,

    com dados relativos ao ano de 2009:

    Na construo civil 62,5% dos ocupados so chefes de famlias, o setor e

    predominantemente masculino, e no acompanhou o aumento da participao das

    mulheres como os outros setores (97,2% dos trabalhadores so homens), sendo

    que no Brasil a relao de ocupao dos homens de 56,5%.

    A relao da presena de mes ainda mais discrepante, quanto que no pas

    a ocupao de mes de 30,2%, na construo civil representa apenas 1,44%, por

    isso questes como licena maternidade e creches so pouco discutidas no setor.

    A presena de imigrantes tem diminudo, e esta prxima a media geral

    brasileira, em 2009 47,5% dos ocupados no setor da construo era nativos e no

    geral o pas este valor era de 53,6%. O estudo justifica este ndice por conta das

    polticas brasileiras de transferncia de renda, principalmente no Nordeste, onde

    tradicionalmente os trabalhadores desta regio migravam para a regio Sudeste.

    O estudo observa que o crescimento acelerado da economia nordestina

    impactou em mudanas da composio geogrfica dos trabalhadores da construo

    civil: em 1996 a regio Norte e Nordeste representava 27% dos ocupados no setor e

    em 2009 passou para 32%. O estudo tambm constatou que houve uma reduo no

    perodo de 1996 a 2009 da autoconstruo: em 1996, 6,34% dos trabalhadores do

    setor no recebiam salrios e em 2009 a taxa era de 3,62%.

    5.3 Informalidade

    A informalidade uma atividade econmica que no declarada para as

    agncias governamentais [1], empresas informais trabalham a margem da lei e no

    cumprem obrigaes sociais com seus funcionrios e vizinhos e sonegam impostos.

    A discusso da informalidade e os aspectos ticos no setor da construo civil so

    tratados de forma secundria, assunto que esta no mbito de pases

    desenvolvidos, mas que mais importante nos pases em desenvolvimento. Quase

    todo o Brasil convive com esse problema que atinge todas as classes sociais. A

    sustentabilidade social uma grade oportunidade para o setor da construo civil,

    porque h uma grande demanda em todos os setores: habitao social, hospitais,

  • 17

    escolas, infraestrutura, enfim, necessrio que haja um grande desenvolvimento do

    setor para que os pases se desenvolvam. A informalidade uma das mais difceis

    tarefas para um Brasil sustentvel. A informalidade gera uma desigualdade entre as

    empresas, corrompe agentes pblicos e induzem o setor privado corrupo

    tambm. Por causa da sonegao os impostos so maiores.

    A informalidade tambm ocorre em pases desenvolvidos, um estudo nos

    Estados Unidos [15] apontou ndice de no conformidades com limites de emisses

    de poluentes em 35% e na Califrnia, a regulamentao de eficincia energtica no

    seguida e tem variaes de 44 a 100% nas construes [17].

    As polticas pblicas no so eficazes na economia informal: impostos altos,

    exigncias ambientais que impactam custos. O estudo da FGV [23] tambm destaca

    a informalidade no setor da construo, onde na rea da construo residencial ela

    representa 70% do total de empregos. O pior que estas empresas informais usam

    processos de produo ultrapassados e consequentemente a produtividade baixa

    e elas s se sustentam no mercado porque sonegam impostos e benefcios sociais.

    As empresas formais para serem competitivas com as informais devem ter um

    elevado desempenho produtivo para compensar os encargos ficais e trabalhistas.

    Isso visto no estudo como um possvel fator que atrasa o processo de

    modernizao na cadeia da construo civil e tambm incentiva a informalidade.

    Mas o estudo prev tambm o crescimento e melhoria de produtividade do setor da

    construo residencial nos prximos 10 anos, pois h um aumento significativo das

    empresas formais no setor, mas o ndice ainda se manter baixo em relao ao

    ideal.

    5.4 As pessoas

    As aes das empresas de construo civil so sentidas com maior

    intensidade pelos seus trabalhadores e o maior desafio sem duvida a formalizao

    [1]. A informalidade no apenas a falta de pagamento das leis sociais e benefcios

    dos trabalhadores, existem condies de trabalhos anlogas escravido (tambm

    ocorrem em grandes empresas [24]), apesar do crescimento do setor e do

    crescimento dos salrios, estes ainda esto muito abaixo da media nacional e dos

    setores industriais (Rais 2009). A preocupao das empresas com a qualidade de

    vida nos canteiros (refeitrios, sanitrios, alojamentos, etc.) precisam ser maiores.

  • 18

    Os ndices de acidentes de trabalho no setor so difceis de combater de forma

    eficaz, por conta das pequenas e mdias empresas e pela rotatividade da mo de

    obra. [23].

    Para que haja a valorizao do profissional no setor necessrio o aumento

    da produtividade, que comparada a outros pases ainda baixa (ver figura 3) o

    aumento da produtividade depende de inovao tecnolgica, de capacitao e

    qualificao de trabalhadores.

    A incluso das mulheres nos canteiros de obras [1] precisa combater os

    preconceitos, promover mudanas de processos, e elas so na sua maioria so da

    rea administrativa e os jovens no so atrados para o setor da construo civil por

    conta de todos estes problemas, e isso consequentemente agravar a escassez de

    recursos humanos.

    Figura 3 Grafico de comparao entre a produtividade brasileira, americana e Europia na Construo Civil. Dados

    :FGV,2006;US Census Bureau 2002; European Fundation for the Improvement of working and Linving Conditions, 2005 [16]

    A Construo civil utilizada como uma alternativa para combater o

    desemprego [6] e ao longo do tempo isso ocasionou na perda do saber fazer. A

    soluo em mdio prazo talvez seja o uso de novas tecnologias e da qualificao da

    mo de obra prvia, e para isso necessrio a participao das empresas do setor.

    Os recursos humanos esto no centro dos desafios sociais na construo civil

    brasileira [1] e sero necessrias novas estratgias e mudanas culturais, praticas

    de gesto, segurana no trabalho, questes de gnero e formao de recursos

    humanos.

  • 19

    5.5 Educao

    O estudo FGV, a partir do Suplemente Especial da Pesquisa Nacional por

    Amostra de Domiclios [23] construiu um ranking que demonstram como est a

    educao profissional de todos os setores. A Construo Civil uma das ultimas

    colocadas, representado um percentual de educao profissional de 17,80%,

    enquanto o setor automobilstico que apresenta o maior valor tem 45,71% dos

    profissionais com educao profissional (figura 4).

    Figura 4 - Educao profissional de todos os setores - % com educao profissional. Fonte CPS/FGV PNAD/IBGE

    A educao continuada para todos os profissionais propagada e os

    contedos de engenharia, arquitetura e cursos devem ser atualizados para o

    contexto da sociedade hoje [14]. A formao de recursos humanos para atividades

    de canteiro muito importante e deve ser inserido na gesto das empresas o quanto

    antes.

    preciso superar as barreiras existentes de hbitos e cultura, motivando as

    pessoas a participarem dos processos e isso s se viabilizar com estratgias

    especificas e divulgao macia, necessitando de muito investimento [14].

    A ignorncia, a falta de acesso informao e educao sobre temas

    ambientais, especialmente aqueles relacionados construo sustentvel, esto

    presentes em todos os nveis [20] e indispensvel para o desenvolvimento

  • 20

    sustentvel sensibilizar a opinio pblica sobre estas questes, essencial para

    educar o pblico, os governos, as instituies e grupos empresariais sobre questes

    de sustentabilidade abrangentes. Falta de integrao de esforos voltados para a

    questo da sustentabilidade dentro do sistema de ensino (desde o fundamental s

    universidades), h muitos projetos-piloto ou opes "alternativas", mas s isso no

    basta. Tambm faltam profissionais capacitados dentro da profisso, agncias

    governamentais e entre os prprios educadores. No h retorno de pesquisas e

    desenvolvimentos em projetos e construo sustentveis entre as instituies

    profissionais. O sistema permanece esttico na ausncia de um crculo

    discernimento para defender a mudana necessria, preciso se criados melhores

    mecanismos para permitir a transferncia de conhecimentos das instituies de

    pesquisa para o mercado, fazendo a ponte entre teoria e prtica, crucial. Assim

    como Matemtica e outras cincias fazem parte do currculo escolar bsico, desde o

    nvel primrio, o tema da Sustentabilidade deve ser ensinada de modo a se tornar

    uma parte de um processo de pensamento cotidiano. A construo sustentvel

    tambm vai exigir profissionais com melhor conhecimento do meio ambiente,

    necessitando a educao ambiental orientada em reas como materiais de

    construo e sistemas para construes.

    Alm disso, h uma escassez de trabalhadores qualificados e uma

    quantidade insuficiente de trabalhadores especializados, especialmente em

    tecnologias alternativas e limpas.

    O PPA Plano Plurianual de Governo [22] contempla o Programa Trabalho,

    Emprego e Renda, que tem como meta consolidar o sistema pblico de emprego,

    trabalho e renda no Brasil, ampliando o alcance da promoo de polticas pblicas

    para aumentar a insero do trabalhador no mundo do trabalho, com objetivos de

    Ampliao do atendimento em intermediao de mo de obra do SINE e ampliar a

    oferta de cursos de qualificao social e profissional, priorizando, algumas atividades

    que incluem os trabalhadores da construo civil;

    A Cmara Brasileira da Indstria da Construo (CBIC), publicou em 2012 um

    Guia de Boas Praticas em Sustentabilidade na Construo Civil [18], onde

    contempla na rea de recursos humanos a formao de mo de obra em

    comunidades vizinhas s obras, contratao de mo de obra feminina na

    construo, e a incluso social de detentos e egressos do sistema prisional e do

  • 21

    trabalho escravo. Estas prticas sugeridas apresentam um pequeno potencial do

    que se pode ser feito, mas preciso muito mais para o avano nas transformaes

    necessrias para que o setor se sobressaia e avance.

    O estudo da Escola Politcnica da Universidade De So Paulo e a ABRAMAT

    - Capacitao e Certificao Profissional na Construo Civil e Mecanismos de

    Mobilizao da Demanda [28] destacou a necessidade de uma grande quantidade

    de trabalhadores no mercado de trabalho, e temos pouco tempo para capacita-los,

    Para isso necessrio o comprometimento do governo e empresas, incentivando e

    promovendo cursos e programas de qualificao.

    6. Concluses

    A questo da sustentabilidade esta se consolidando nas ultimas dcadas, os

    conceitos esto se definindo e estamos em uma fase intermediria, onde as

    questes esto sendo abordadas e debatidas. Conhecemos mais as necessidades e

    as prioridades do pas e do mundo, temos uma viso quase que completa da

    realidade. Discutimos agendas, definimos prioridades e metas, mas h falta clareza

    quando a questo de definio de prazos e de indicadores consistentes.No h uma

    organizao sistmica e de acompanhamento com periodicidade.

    As empresas tendo informaes sempre atualizadas tem o poder de tomada

    de decises certas e sua gesto estratgica ter mais apoio e informaes concisas.

    Com indicadores, empresas podem acompanhar o desenvolvimento de cada

    trabalhador, analisar pontos fortes e pontos a ser desenvolvidos. Planejamento de

    qualificao, capacitao e plano de carreira ficam mais embasados com

    informaes mais precisas.

    Aumento de competitividade frente deteno de informaes reais e

    atualizadas proporciona os caminhos certos para tomada de decises corretas no

    desenvolvimento e qualificao dos seus colaboradores e consequentemente

    proporcionar um impacto na produtividade da empresa e na melhoria da qualidade

    de vida do trabalhador.

    O desenvolvimento sustentvel das atividades, visto que com informaes

    sempre atuais e os desvios e necessidades ficam mais evidentes, podendo assim

  • 22

    direcionar para a condio ideal planejada. Isso nos garante conhecimento pleno da

    obra, padronizao, agilidade de decises, deteco de situaes desfavorveis, a

    otimizao da alocao de recursos, referencias para metas, rastreabilidade, criao

    de dados histricos.

    A construo sustentvel depende de uma reduo drstica da informalidade,

    exige uma ao do governo e polticas eficientes de fiscalizao e a sociedade tem

    um papel fundamental.

    A culpa pelo baixo desempenho da mo de obra do setor no pode ser

    atribuda aos trabalhadores da produo, produo depende de muitos fatores que

    so atribuies de concepo, projeto, planejamento e gesto. O problema de

    produtividade no exclusividade de pases em desenvolvimento ou

    subdesenvolvidos.

    H de se relevar a dificuldade de eficincia da produtividade devido as

    caractersticas peculiares do setor, como a dinmica de produo num canteiro de

    obra, a mo de obra desqualificada e consequentemente baixos salrios, alta

    rotatividade e informalidade no setor.

    Estudos voltados para a eficincia da produtividade so de extrema

    importncia, porque impactam no resultado da obra e numa viso mais abrangente,

    no desempenho e valorizao de toda a cadeia da construo civil. Melhorias na

    produtividade muitas vezes podem partir de aes simples.

    Referncias

    [1] AGOPYAN V, JONH V. M. O Desafio da Sustentabilidade na Construo Civil. So Paulo: Blucher; 2011. [2] DUMKE, E. ET al.Central de negcios: Um caminho para a sustentabilidade de seus negcios. 1. ed. So Paulo: Elsevier, 2011.

    [3] GRAYSON,D.; HODGES A. Compromisso Social e Gesto Empresarial. 1. ed. So Paulo: Publifolha, 2002.

    [4] MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras. 1. ed. So Paulo: Pini, 2000.

    [5] PEREIRA, A.C. at al Sustentabilidade na Prtica: fundamentos,experincias e habilidades. 21. ed. So Paulo: Anhanguera Publicaes Ltda, 2011

  • 23

    [6] REGINO, G. Como Qualificar a Mo de Obra na Construo Civil. 1. ed. So Paulo: Pini, 2010. [7] SENGE, P. M. A Quinta Disciplina. 25. ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2009.

    [8] SENGE, P. M. et al. Presena: Propsito Humano e o Campo do Futuro. 1. ed. So Paulo: Cultrix, 2007.

    [9] SOUZA, U. E. L. Como Aumentar a Eficincia da Mo de Obra. 1. ed. So Paulo: Pini, 2006.

    [10] SOUZA, U. E. L. Como Reduzir Perdas nos Canteiros. 1. ed. So Paulo: Pini, 2005.

    [11] THOMAZ, E. Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construo. 1. ed. So Paulo: Pini, 2001.

    [12] BODACH S. HAMHABER J.Energy efficiency in social housing: Opportunities and barriers from a case study in Brazil. Energy Policy 2010

    [13] GIBSON M. at al. Housing and health inequalities: A synthesis of systematic reviews of interventions aimed at different pathways linking housing and health. Health Place. 2011 [14] JOHN V. M. Sustentabilidade na produo da habitao de interesse social. So Paulo Sciranda de Projetos e Tecnologias Ltda - 2013

    [15] HEYES A. G. Making Things Stick: Enforcement And Compliance Oxford review of economic policy, vol. 14, no. 4 36 livro agopyan

    [16] MELLO, L.C. B. B., AMORIM, S.R. L. O subsetor de edificaes da construo civil no Brasil: uma anlise comparativa em relao Unio Europeia e aos Estados Unidos. Prod. [online]. 2009, vol.19, n.2, pp. 388-399. [17] KHAWAJA M.S. at al Statewide Codes and Standards Market Adoption and Noncompliance Rates p.10 2007 37 livro agopyan [18] TELLO, R.l, RIBEIRO F.B.- Guia CBIC de boas prticas em sustentabilidade na indstria da Construo. Braslia: Cmara Brasileira da Indstria da Construo; Servio Social da Indstria; Nova Lima: Fundao Dom Cabral, 2012. [19] Agenda 21 Brasileira Aes prioritrias 2 edio

    [20] Agenda 21 for Sustainable Construction in Developing Countries - CIB e UNEP-IETC - 2002 - Agenda 21 para Construo Sustentvel Pases em Desenvolvimento

    [21] FUNDAO GETULIO VARGAS e CMARA BRASILEIRA DA INDUSTRIA DA CONSTRUO. A Produtividade da Construo Brasileira. [2012] Direo Ricardo Simonsen

  • 24

    [22] PPA Brasil 2012-2015 - 10 Agendas Transversais

    [23] Trabalho, Educao e Juventude na Construo Civil. Coordenao Marcelo Cortes Neri. Rio de Janeiro: FGV/CPS, 2010

    [24] CAMARGO M.,Caixa barra novos contratos com MRV por trabalho escravo - Jan. 2013. VEJA Economia - Notcia. Disponivel em . Acesso em jun. 2013 [25] PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE DO HABITAT. Empresas Avaliadas no SiaC. Disponvel em: . Acesso em: mai. 2013. [26] ABRAMOVAY R. Em vez de desperdcio, um reino de abundncia. Jun.2013 Disponvel em: acsso em jun. 2013 [27] KELLOGG, Hierarchy Model of Construction Productivity Disponvel em: < http://cedb.asce.org/cgi/WWWdisplay.cgi?10117> acesso em jun. 2013

    [28] Capacitao e Certificao Profissional na Construo Civil e Mecanismos de Mobilizao da Demanda. Cardoso F.F.(Coordenador) USP/ABRAMAT - 2007