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021 - Cadenos de Teatro

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I

 

I

 

.

L

 

 nthur

Miller

 

\

 

\

-

\

 

No dia 27 de Março. foi

celebrado

mais .uma vez. em todos os

países

membros

do

Instituto Internacional

do

Teatro.

o DIA MUNDIAL  O TEA-

TRO.  

Coube. êste ano.

ao

dramaturgo

norte-americano Arthur

Miller  a hon

ra

de escrever a saudação que. nêsse

dia. foi lida. antes do espe táculo, em

todos os

teatros

 êss s

-

paí ses . No Rio

de J ane ir o. os

espectadores

tiveram

assim

a

oportunidade de ouvir essa

saudação.

por

extenso.

pela

voz de al

gumas de nossas

atrízes mais

famosas.

Transcrevemos aqui

a

parte final

do

resumo

publicado na imprensa

local:

 Ê

extranho que. hoje em dia. quan

do

politicamente

o mundo

parece

pa

ra sempre dividido em .dois, a arte.

especialmente

o

teatro. demonstre

com

clareza a

sua

profunda identificação

com o universal, As peças que

têm

êxito

em um

país

são

cada

vez ma is impor

tantes no estrangeiro. As diferentes

cul tu ras foram sempre parte integran

.

te umas das outras. mas

progridem

em conjunto da maneira mais eviden

te. Em face. porém. dos problemas de

licados

da vida

e

da morte

permane

cemos como se fôramos sêres vindos

de ,pl aneta s di fe rentes . O

teatro. por

 

sua

vez. e sem

querer . provou

a nossa

época que a

raça

humana.

a

despeito

da

variedade

de

culturas

e

tradições.

mantinha uma

unidade profunda. Não

creio que, em qualquer outro tempo.

peças

contemporâneas

tivessem sido

tão

ràpidamente compreendidas

pelo

mundo

afora.

Excelente é que o teatro.

mais

do

que

qualquer outro

meio

de

comunica

ção

artística.

seja o

instrumento

pre

ferido. E excelente é

ainda

que, na

nossa

época. quando a

futilidade

es

maga

o

espírito

e a

inatividade

moro

tal ameaça o coração. pos samos pos

suir uma forma artística. cuja

exis

tência não se pode conhecer

fora

da

ação.

Isso

quer

dizer que talvez

tenha

chegado o

tempo

de um

teatro da

vontade. que

mergulha

raizes nessa

berdade

tão precária.

mas

que as

segurou

os prodígios do homem sôbre

a

terra.

permítíu-Ihe atingír

as

estrê

las e.

ainda.

que nos reuníssemos

aqui

esta noite. como

milhares

de

outras

pessoas

nas

muitas cidades

da

terra

para compartilhar

de uma

esperança

igual

depositada no homem ,

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- .

••

/

\

 

-

.

-  

 

.

  -

  .

- .

CADERNOS

DE

TEATRO

1 4.0

 

Março

de

 96

/

Publicação trimestral do INSTITUTO BRASLEIRO

DE EDUCAÇÃO, CI t NCIA E CULTURA.  IBECC .

Redação - O TABLADO - Av. Lineu

de

Paula

Ma

chado,

795 -

Jardim Botânico - Rio

de Janei ro

- Es

tado

de

Guanabara.

DIRETOR -

RESPONSA

VEL :

João

Sergio

Marinho

Nunes - DIRETOR EXECUTIVO:

Maria Cla ra

Machado

REDATOR-CHEFE:

Jacqueline

Laurence - SECRETA

RIO: Virginia Valli -

TESOUREIRO:

Eddy Rezende

Nunes .

COLABORAM NESTE NúMERO:

Barbara

Helíodora,

Paulo Francis , Henrique Oscar,

João

Bethencourt

e Anna

 -etycia. . .  

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OBLEMAS  O TE TRO

BRASILEIRO

São

inúmeros

os

problemas

com

que se dep aram os

profissionais

do

t ea tro brasi le iro: falta

de

escolas

ade-

quadas

para

f ormação de

atôres,

técnica de

representa

çao

es co lha de

repertório,

falta

de público. etc.

Com clareza e obietívidade. Barbara Helíodora Ma-

ri a Clara Machado, Henrique

Oscar e

Paulo

Francis

coo

mentam êsses problemas.

  P íBLICO

 arbara eliodora

A permanente

crise

teatral

se

agrava

periodicamente

em virtude

de

tôdas as

outras

crises

de

outra natureza

de que o país tem tido tamanha

fartura

recentemente,

ma s

apesar

de

tudo sempre

aparecem

atôres e atrizes com

coragem

para

lançar-se

em

novos

empreendimentos.

essa coragem em face das maiores

dificuldades é

que

ín-

dica

que o teatro b ra sile ir o poder á e scapar de morrer à

míngua;

um pequeno grupo

de pessoas

para

as

quais

o teatro ainda. é o

único meio de v ida,

e

po r

pi or que

seja

essa

vida mater ialmente, preferem passar dificuldades

no

teatro

a

viv er em confôrto fora

dêle.

Não

estamos querendo da r foros de heróis aos que

labutam

no

teatro brasileiro,

ma s

seria. bom que

alguém

se

lembr as se de reconh ecer qu e se r de teatro

é

alguma

coisa

mais

do

que

acordar

tarde

e te r o

nome no cartaz,

que aceitassem a

classe

teatral como um grupo

de

brasi

leiros que

têm

a lguma coi sa a

dizer

numa a rte . Opa ·

radoxo contínuo do teatro brasileiro é anuê le em

que ao

 

mesmo tempo passamos

a

vida

a

encontrar pessoas

a

di-

zer

que não vão ao t ea tro porque êste não tem

nada

de

bom a apresentar;

vi a

de regra são os melhores espe

t.CU105 os

que têm

maior

dificuldade

com a bilheteria,

 

Acreditamos te r adquirido

o

direi to de

defender o tea

tro bras ilei ro em virtude principalmente de combatermos,

assiduamente,

os

seus erros

e deficiências.

Ao contrário

daqueles

que sem ir ao t ea tro, dec laram tranqüilamente

que não há o que

ve r

  nós procuramos

ve r

todos os espe-

taculos para

os

quais somos profissionalmente convida

dos.

Podemos, assim

dizer

Que já

vimos, sem

sombra

de

dúvida, muito mai s e spet áculos ruins ,

péssimos

ou

insu-

portáve is , do que

a

totalidade

do

público que,

é lógico

só vai aos espetáculos que quer. Pois mesmo assim e po r

isso

mesmo talvez,

é

qu e sabemos qu e

espetáculos bons

e mesmo excelentes, e

qu e mais

haveria

se

o público

OS •

apoiasse;

se

estimulasse, com sua f requênci a

assídua.

ao

que é

bom,

as companhia s teatrais a procura r sempre

realizar o

melhor de

sua

capacidade

.

E

bom, po r

falar nisso

não

quer

necessàriamente

di ,

zer

tragédia,

nem

engajamento; não quer dizer necessá

riam

ente

nem um

ambiente

de

côrte

de

quatro

ou

vinte

séculos

nem tão pouco necessàriamente

favela e

sêca. Por outro

lado.

nenhuma dessas

coisas

quer dizer

tampouco

que o

esnetáculo seja mau. Bom

é

sempre

o

t ea tro que não explora. a

emoção

pela emoção mas que

por uma ação dramática

 que

pode

se r

triste ou alezre

enr;ouece o esnectador em sua conroreensão da condirão

humana; é

claro que

uma obra

-prima

esclarecerá uma

área

ampla e

profunda, mas

isso

não tir::

o mérito do

te at ro que

a tinge apenas

áreas

reduzidas.

Mau é sempre

o

t ea tr o que escamoteia

a

verdade. seia pelo

f al so esca

ísr o

r ó ~ e o e i a

nela

demagogia

mistificadora

 de

qual-

quer tendência . Como bom é o tea tro q ue compreende

au e o espetáculo em si é tão importante quanto o oue

êle

apresenta,

e mau é o teatro

que

se apresenta deslei-

xado, d is forme,

inconsciente de

sua

feição

espetacular

e

depois quer [ustifícar se

pela

intenção.

Mas

sem público.

sem

comunhão. é

que não

há te at ro

de

espécie alguma.

pois

nenhuma.

arte tem

tão nít ida ca

racterística

comunitária. Se é preciso

condenar

violen

tamente todos aquêles aue

dentro

da profissão não cue

rem

ver qual

é o

caminho, igualmente

é

preciso conde

na r anuêles que condenam tanto

o hom

quanto

o

mau

pelo

simples e

confortável processo

de

não ve r

nenhum

dos

dois.

O teatro é

um

instrumento cultural aue pode

dar

uma.

contribuição decisiva

à

comunidade br asileira.

mas é preciso que , para bem cumprir

s ua par te ,

o teatro

sinta

nessa

comunidade

o

anseio

do

enriquecimento

cul-

tural. As condições

nas qua is

a

gente de

teatro

hoje se

lança

às

suas tarefas são preca.rissimas e o

desinterêsse

que

ainda

per du ra numa

parte

do

público

pelo que há

de

melhor no

teatro,

não

só depõe amargamente contra

êsse público como

ímpede

materialmente a

classe

teatral

de se entregar com maior freqüência aos repertórios que

deveriam ser,

realmente,

o nosso teatro.

 

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E preciso tentar analisar o que se chama, constan

t emente , de crise de p úb li co , o que mais parece ser um

estado permanente de coisas, pois at é

hoje

nunca o Brasil

teve

platéias

realmente

numerosas para a arte

dramática.

Durante anos a fio o Rio funcionou na base

de

grupos

que mudavam

de

espetáculo cada

. duas

ou quatro sema

nas,

não por

um voluntário

sistema

de

repertório,

mas

pura e

simplesmente

porque nesse breve

per íodo f icava

esgotado o público local.

Hoje em dia ainda,

a média de permanência

em

car

ta z

não passa

dos dois ou três meses, e com os custos

a tuai s de

produção

isso mal dá para cobrir os gastos ini

ciais. Argumenta-se de várias maneiras a

respeito,

diz-se

que o t ea tro anda caro ou coisa no gênero, porém, p re

cisamos notar que nos últimos tempos tivemos duas ou

t rês provas

em contrário: A Visita

da Velha

Senhora ,

com

poltronas

a mil cruzeiros, My

Fair

Lady a um

máximo

de

mil

e

quinhentos

cruzeiros e,

em

outro campo, o

Modern

Jazz

Quartet,

com

poltronas

e b al cõ es

nobres

a nada me

nos de três mil cruzeiros conseguiram

(e

a segunda

em

carre ira normal) atrair público de forma m ac iç a. M ui to

bem . Então

o

que

temos

a

dizer

a respeito? A

primeira

 

foi excepcionalmente

bem

lançada publicitàriamente   e

apesar

de

um espetáculo

fraco, era

um

texto

por

todos

os

t í tulos excepcional);

a segunda é um

espetáculo muito

bem

realizado,

agradável, harmonioso;

e o terceiro era

um espetáculo inusitado, raro . Anteriormente,

acredita

mos que os dois

maiores

sucessos de bilheteria no Rio

foram O Mambembe de Artur Azevedo, Com a Pulga

a trás da Ore lha ,

de Feydeau, e O

Beij o no

  sfalto de

  elson

Rodri gues ( êst e úl timo

com

sua carreira triste

mente

inter rompida pela

crise politica de azôsto de 61).

Considerando, de modo geral, todos êsses

espetá

culos,

verificamos

que

pouco

têm

de comum uns

com os

outros, mas que é possível ind icá-los como possuidores

de uma de duas qualidades   o u p os si ve lm en te de ambas):

são e spe tá cul os e xc ep ci on al me nt e bem

realizados

ou

 s-

p etác ulos q ue

escapam à

rot ina. aue apresen tam caracte

rísticas

de ousadia, de

originalidade

, e

acima

de tudo, de

teatralidade.

. Num

p

ís como o Brasil. no qual o hábito do cinema

apareceu

antes do hábito do teatro   ao contrário do que

a con te ce n a

Fr ança, na

Inglaterra,

na

Alemanha ou nos

Estados

Unidos, ent re out ro s) , a luta

para

a

conquista

do

pú bl ico é extraordinàriamente árdua e é lógico que a

t el ev is ão n ão ajudou

em

nada a

situação.

Entretanto, é preciso reconhecer a situação

existente

e reclamar, para o .teatro, aquilo

que

 nem o cinema nem

a t el ev is ão podem oferecer: o

estrito

realismo  contempo

râneo, por exemplo, é mais bem

servido

pelo

einemado

que pelo palco.

enauanto

que, por

outro

lado, nem o cine

ma, nem a televisão são capazes de realizar t ão s at is fa

toriamente quanto o palco a convenção de uma farsa de

estilo,

por

exemplo, ou a economia

dramática que

o

tea

tro,

por sua

própria convenção, pode

criar

abrindo

mão

da ambíentação fotográfica dos dois

outros

ve ícu lo s de

expressão.

A nós

parece

que é

na

bu sc a do

essencialmente

t ea tral que

está

a solução do

problema: ace it ando suas

verdadeiras

c on ve nç õe s e,

porque não

dizê-lo,

suas even

tuais

l im it aç õe s) o

t ea tro deixará de

competir com o

 io

nema para f ormar um

público

que ir á

ao teatro

p ara ve r

o que só o teatro

pode apresentar.

Um

 grande obstáculo é p re ci so s er supe rado par a qu e

o teatro entre

pelo

caminho certo, que é o do financia

ment a de espetáculos . Não bas ta que o t ex to sej a impor

tante ou séri o ou cheio de mensagens: é preciso que êle

seja

espetáculo,

que seja bem realizado, que

tenha

como

teatro

uma

atração verdadeira.

Quando

um Planchon rea

liza

um Georges

Dcndin, ou um Vilar

realiza

um

Don

Juan,

não há dúvida de

que

o texto é

dito

com um máxi

mo de intel igência e significação, mas t an to

num

qu to

noutro o espetáculo visual foi deslumbrante, a ponto de

fazer história no teatro francês. E preciso urgentemente

acabar com a

lenda

de

que t ea tr o

pode

se r

feito po r in

competentes : cada espetáculo ruim

prejudica tudo o

que

se faz de bom, porque espanta o público. E preciso que

se

faça teatro usando

to dos os

recursos de

que êle é ca

paz. E usando bem.

  Do Jorna do Brasil

de

19/20-IX-62).

NOSSOS

 TÔR S

Paulo Francis

O ator brasileiro existe? A pergunta tem a sua razão

de ser, sem g raça . Quando dizemos, por

exemplo, que

Laurence

Olivier

é um

ator

i ngl ês , o u

Marlon

Brando

um

atar

americano, estamos

fazendo

mais

do que anunc ia r

suas

nacionalidades.

Olivier e Brando representam tipos

i ngl ês es e americanos culturalmente del ineados. São pro

tótipos.

Pode-se discuti r que

Q   gantlernan

Olivier

ou

o

 hip Brando

não

nos dão

tôda

a c iv il iz aç ão

inglêsa

e

americana, mas

caracterizam .na pior

das

hipóteses, alguns

de s eus aspectos fundamentais, recriados em costumes e

maneiras.

A técnica

de

representar, assim, decor re da

cultura

específica

em

que o

atar atua, não pode se r su

perimposta. Cl aro que  há denomidadores comuns.   ·

vier e Brando pas sar am por Stanislavski, mas cada um

adaptou-o à

sua

cultura.

No B ra si l, de definido, só

temos

o comediante po

pular,

hoje

altamente

desmoralizado

no

teatro,

com

unia

certa razão, pois êle,

em

geral, não soube

atualizar-se,

não soube-adaptar-se à

· modernidade

do : palco,

cm

  i Í e ç ã o ~

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-

 

cenograf ia , i luminação,

etc. Dai,

caiu

no cacoeie ou, o

que

é . pior ainda,

na

televisão. Mas êsses palh aço s (no

bom sen ti do do têrmo) ainda ho je refletem,   por

momen

tos,  fatias ,

como

gostavam de d izer os

naturalistas,

da

realidade nac iona l. São os tipos de r ua , desde o

conquis

t ador barato

ao

malandro

do morro, ao velho gagá , Re

pito

qu e

estas caracterizações

estão -desmoralizadas, mas

ainda

.são o

que de mais autêntico produzimos.

.

Nossos a tô re s de

comédia

progrediram

em muit os seno

tidos. O mais significat ivo é

que aprenderam

a conten

ção peculiar do

  realismo

moderno,

introduzida

no

Brasil

po r  Os

Comed iantes . v ia Turkov

e Zíembinski, dire

tores

estrangeiros.

Aliás.

a maioria

dos

nossos intérpretes,

como já tive

ocasião de

analisar

l ongamen te na Rev is ta

Senhor foram criados

por diretores

estrangeiros,

em par.

t icular por Adolfo

Celi, que é o pa i

da  atriz

neurótica,

frenética (Cacilda Becker

é um bom exemplo). Gianni .

Ratto,

etc.

Os melhores dêsse

grupo t êm uma qualidade

bastante satisfatória. Vendo, por

exemplo,

Fernando Mon

tenegro, sentimos que ela  pensa

o

papel em cena

como

uma a tr iz

européia,

que

é ca paz de

t ransmi ti r um

ser hu

mano cul tu ra lmente amadurecido . Eu

seria a última peso

soa

a  querer extirpar essas conquistas do nosso teatro,

mas

elas são insuficientes.

Percebemos isso claramente quando

vemos

um

espe

táculo como a versão original de

 A

Compadecida , de

Ariano Suassuma , Os atôres

eram

péssimos, do ponto de

vista

da car ti lha

histriônica.

Faltava-lhes talento

e técni

ca, mas tinham um certo g ênio. Sendo amadores rep re

sentando num Estado

onde

a crítica

ou não existe ou

não

lh es ex ig e que sejam

tão

bons

quanto

Olivier,  brinca

vam em cena como

bons moleques brasi leiros.

Parte não

funcionava, mas

a

parte que funcionava

nos

revelava

gestos e a ti tu de s que a gente da minha

geração

nunca

tinha visto

num

pal co . Lembro-me que,

na

saida

do

tea

tro, eu

tentava

assimilar o que t inh a presenc iado, en,

quanto doi s col egas c rí ti cos

discutiam

ferozmente o tra

balho do  g rupo .

Brutus

Pedreira, e nt ão em Manchet e ,

dizia que o

espetáculo

era muito mal

dirigido

e represen

tado.

João Augusto , então

n a T rib un a

da Imprensa ,

dizia que o teatro moderno brasi le iro tinha nascido há

,

alguns

momentos

atrás.

Havia

um

cer to exagêro

de

lado

a lado, mas ambos estavam cer tos.

Os nossos a tô re s (falo

dos atôres

mesmo e não

dos

 boys

e

 girls usados pel as companhias

par a t ap ar

bu

racos) já ultrapassaram

a

cartilha

técnica

que

lhes foi

ministrada pelos es-trangeiros . Preci sam agora abraaílei

rar -se culturalmente. Já sentimos isso numa Fer nanda

Montenegro de  O Mambembe

ou

na Bibi

Ferreira

 aín

da que pareça con traditó rio) d e My Fair Lady . Nin

guém

pode d izer

que homem bras ilei ro

está

caracterizado

no nosso palco. como O i ng lês, o francês e o italiano, para

c it ar apena s t rê s. Há ainda uma gran de

inibição

cultural

em noso moderno h is tr ioni smo. Admito

que

os países a

que

me referi jã tenham uma cultura solidificada, ao

passo

que n6s ainda

estamos

num

estágio

relativamente primi

tivo,

mas, então que nos mostrem o

homem

primitivo:

 

-

 

aliás,

já mostramo s como Mil ton Morais

em  Pedre

Mico ,

po r

exemplo. E preciso mais .

C lar o que ,

em

última

análise,

isso

depende

do

ama

dur ec imen to do autor e do diretor brasileiro, mas sem

pre

é útil

um equacionamento do

problema, em

particular

nesta época em que proliferam os  laboratórios de his

tríonismo, t odos com s ua s más t ra duções de S tan is la vsk i,

incompreendidas.

(Da

última

Hora , de

4/I/63)

  nsino

  ramá t icO

d ev em tamb ém s e r res t r l tu rado

  enrique  sc r

Poder- se -ia talvez

ousar suger ir

a a lgum leg is lador

cur io so ou a lto funcionár io executivo cheio de ideal,

qu e

volte um pouco

os olhos para certo

antigo problema.

Referimo-nos à quest ão da

estruturação

do ens ino dra

mático, na esfera

oficial.

Porque, como talvez nem

todos

ignoram, exis tem . escolas dramáticas no âmbito

federal

e

no estadual

e

pelo

menos

as com

sede no Estado da Gua

nabara,

uma

de cada esfera, carecem de organ iz ação ,

classificação, enquadramento, definição, pessoal , material,

verbas,

etc. Acontece,

porém,

que alterar a

s ituação das

ditas escolas pode se r um mal tão grande como

deixá-

las

no estado atual, se o ass un to não for

tratado

com

conhe

cimento teórico e prático

da s it uação,

modéstia , coragem

e

objetívidade

.

Várias

t en ta ti va s andam por

aí, in clu siv e em o rgão s

legi.slativos, para regularizar a situação do

ensino

dramá

tico.

Em teo ria,

serão

tôdas

ótimas,

mas

na prática

ne

nhuma serve . Há um

velho mito

de au e o ensino dramá,

tico

deve se r elevado ao nível universitário

para

poder

te r

o desenvolvimento e a profundidade necessários,

etc.

e

pode

-se acres centar uma sér ie de outras

razões

írnpres

s ionantes , mas demagógicas . O ensino universitário

bra

sileiro é

extremamente

rígido, tem uma

estrutura

de todo

inadequada para o aprendizado de um a arte

como

o tea

tro, que

requer

uma flexibilidade

enorme.

A elevação

do

ensino

t ea tr al para

o nível uníversi tá

rio serve apenas para beneficiar

atuais

ou futuros p ro fe s

sôres, criar cargos, vantagens e

esclerosar

o aprendizado

dramá ti co . Est a é a principal verdade, antipática e desa

gradável, que é preciso

colocar

 na base de todo estud o

da

matéria.

Nem nosso ensino dramático,

nem

 nosso ensino

 

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universitário t

êm

nada em

comum

com o qu e se faz nos

Es ta dos Un idos, par a

ju

stificar que adotemos soluções se

me lhantes

à

d êsse pa ís . Quem conhece nossas escolas dra

máticas, nos so ensino universitário, dar-se-à conta fàciL

mente do abismo que os separ a e que não adian tará nada

quere r vencer .

O en sino dramático

brasileiro

deve se r claramente es

tr u

turado no m esmo nível em que vagamen te se situa :

como segu nda par te do ensino

secundário

, isto é, como en

sino té cnico qu e é, seguindo-se ao ciclo ginasial, constan

do de tr ês anos, equiparando-se, como n ível , ao ciclo cole

gia l . Dev

er á

se r r eestruturado, r eo rgan izado nes se p lano

e enquadrad o naquilo

que

lhe convier , como ens ino técni

co sec

undár

io . Mas deverá te r regulamentação muito fle

xível, com prog ramas fàcilmente mudáveis, profess ôres

con tr at ados e dispensáveis

segundo

as necessidades,

as

c

onv

eniências e sua   eficiência .

- Deve ser org aniza do e dirigido por pes soas compe

tentes

  em ensino

e teatro)

de  rnbícíosas

e

objetívas

às

quais

dev

e

ser dad

a

autoridade ampla

para

amoldarem

p rogramas, curríc

ul

os, matérias , professôres, ao que as ne

cessidades pedi

re

m ou a

experi

ência aconeslhar . Se

tudo

isso fôr feito, houver inteligência, competência, objetivi

dade,

coragem,

cará ter, eficiência

, verbas, a

burocracia.

e

a

politicage

m n

ão

atrapalharem, então o ensino

dramático

br asileiro poderá

se r

diferente

do atual .

  ns no   r m á t l o

 

Maria lara Machado

o

pr

inci

pa l objetivo

de

quem

quer

m o d

j

f i c a r

ou sanar

as

l

acunas

do ensino

dramático

oficial

d e v   i a ser no sentido de criar e s c o I a s com um

currículo

básico

mínimo

e, paralelamente a êle, progra

mar

cur sos l iv res

com

profess ôres

contratados

que poso

sam ensinar a .matéria . Que

adianta, po r

exemplo, pro

gramar um curs

o de

eletrôníca

de palco ,

se não temos

pro

fe

ssôres

d a mat ér ia ? Isso

não

quer

dizer que não

deva

hav

er

flex

ibilidade no

ensino.

Ao

contrário,

ela

existiria

em

m

ui t

o ma ior grau.

Se

passar pelo Brasil um profes

sor

de

Kabuki , digamos, ou um e specia list a no método

Stanislavs

k i, poderia êle ser contratado po r um ou  o s

meses,

para dar

um cur

so

l iv re des sa

matéria.

Isso

evi

t aria o perigo e, j

us

ta mente , um a

das pragas

do nosso

en

sino oficial   a cri ação de

cargos  ixos com func ion

á-

r ios efetívos, ens inando

um a

matér ia cuj a

obrigatorieda

de sob

rec

a rr ega o

currículo

e sacrifica o aluno que mal

tem tempo para

freqüentar

as aula s de maté ria s básicas .

As matérias básicas:   interpretação língua falada p7 -

sódia e dicção expressão corporal e improvisação seriam

de f

req

uência

obrigatória

.

Já as outras,

como

literatura

dramática ,

história

do teatro, psicologia de

personagem

poderiam ser ministradas

em

forma de confe rênc ia po r

professôres convidados para dar êsses cursos l ivres, de

caráter

fac

ulta

ti

v

o. E justamente

o

contrár io que acon

tece no

Brasil

e

da í

justamente resultada a

completa ine

ficiência

do nosso ens ino dramático , pois o

aluno

sa i for-

mado

em teoria, talvez, mas desconhece a coisa mais   e

m

entar

, po r exemplo , como

andar em

cena .

Isto

porque

o

programa está

sobr

ecarregado

com

matéria teórica, que

êle

poderia

aprender freqüentando

confe rênc ias ou b ib lio

tecas . As matérias básicas ,

aquelas que

dão

ao a lun o um

mínimo

de conhecimento

pr ático que fará

dêle

um atol

é que nã o podem se r facultativas, po r

falta de

profes

sor,

de verba

ou de

horário. As outras, tais

como

dança,

ca

racterização,

cenografia

,

índument

âria,

iluminação,

dire

ção, poder iam ser min is tradas em

cur sos l iv res

de fre

quência

facul ta t iva, como

aperfeiçoamento para

aquêles

que o desejassem.

  Como bem disse Henrique Oscar em seu artigo, o en

sino dramático deve se r de nível técn ico, exigindo.

portanto,

qu e o

aluno traga de

  fora os conhecimentos adquiridos

no curso ginasial -

línguas, por

exemplo.

para

poder acom

panhar

o curso de

teatro.

Ministrar cursos

de

português

numa

academia

de arte

dramática é tão ri d

ículo

como

ab r

ir um curso

de

alfabetização

numa escola

em qu e se

exige que

o

a luno saiba le r

os

compêndios onde va i ad -

.q uir ir o conhecimento.

Partindo

da real idade

brasileira, daquilo

com que po

demos

c ontar em

matéria

de

professôres

e

dado

o

nível

dos alunos, igualmente, é preci so não sonhar com escola

univers itár ia de artes dramáticas, pois ainda é cedo para

isso . Podem ser criadas escolas de tea tro com um pro

grama básico ministrado com eficiência e no qual se con

taria com o entusiasmo e dedicação do professor, estimu

lado pelo ânimo

de

competição

qu e

lh e

trariam

os

pro

fess ôres vindos de  

fora

para

da r

outros cursos,

evitando,

dessa forma, a

estagnação

existente

em

nosso ensino

dra

mático.

Só assim poderá haver

r

enova

ção

, eficiência

no

en

sino e escola de verdade.

 

,

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7/21/2019 021 - Cadenos de Teatro

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I

,

,

,

-

,

, \  

, ,

Acho mui to mai s fácil atingir os grandes sentimentos, de.

safiar a sorte

em

versos, acusar o

destino

e aos

deuses

dizer desafôros,

que  peneirar

no

ridículo

dos

homens

e

re

presentar,

no

palco, de um modo que

agrade,

os defei tos

de

t odo mundo .

Estranho

of ícío

êste

de

fazer rir as

pese

soas

de bem,

. . -

,

No tas

sõb r e   d ire çã o d e   Méd i co  

Fô rça

d e MOL IÊRE

n TABLADO

em

19 2

Maria Clara Machado

,

Para o diretor

brasileiro

,

a fa st ado das

tradições do

teatro

francês,

a primeira

dificuldade

Que se

lhe depara

ao tentar dirigir

uma

peça de MOLIERE

é justamente o

pêso

dessa tradição,

A

tentação

é

grande

de procurar

imi

tar,

numa

busca de f idel idade, as representações

do

tea

tr o francês, através

das concepções da

 om édie Fran

caise

de g rupos

que vimos no

estrangeiro ou

que

nos

vi

sitaram,

Para

aquêles diretores que nunca viram a re

presentação de um

clássico, a

tentativa de

montar

MO  

LIERE

torna-se uma

espécie

de audácia, Os entendidos

dirão

talvez

que

é

preferível

deixar os c láss icos como

li

teratura

apenas,

a

cometer

o

êrro

d e enc ená

-los

de uma

maneira

não tradicional.

A

obrigação

de fazer

como

êtes

 l

ziàuri l

óh

fitzem

de safia a nossa b oa vontade

de êói-\l ·

be l' um espe tácu lo cl áss ico, Feli

zmente

, para os diretores

i

nexpe

rientes

qu

e

nu

nca

viram MOLIÊRE

em ce

na,

e

Ie

l

izrnen

te

pa ra

o teatro,

êsse

tabu de

  f idalldade à

1 Yli

  f

.

en

.csime

clássica. é

um

t u como qualquer

outro,

_ou

MOLIERE

não se r ia

um

au t

or

universal, E é

JOUVET

quem

di

z:

 

.

.   Todo

franc

ês car régà consigõ uma heredita

r ied áde   lássic

a, porém

, pervertida

pelos

colégios

e

pel

o

spre conceitos, Ora,

a

entid de

dramática 

a

peça de teatro possue

uma Vida.

orgânica,

A

peça icl ássica,

mais

do que

as out ra s,

é

capaz

de

urna vida mais sólida. As

peças

de

MOLIERE

permàrte

c

·ertl .inaltéràvelmente jovens,

ap esa r d e

est rag

ad

as p elos

sábios

e

entendidos, pelos

pes

quisadore

s

infatigáveis

que, po r

preocupações

pe

dagógicas idiotas ,

sujaram livremente

tôdas as

edi

ções

que foram fe it as de MOLIERE, principal

m

en t

e durante o século XIX . E

preciso,

pois, vol

ta r

a MOLIERE - ao artista ao diretor-come

di nte . Todavia, voltar

ao

clássico represent do  

isto

é, em ação vem a se r abandonar o

MOLIE

RE moralista,

filósofo

para

reencontrar o MO

LIERE

dramaturgo e justamente o qu e

impres

siona em tôdas

as suas comédias

é a

espécie

de

irrealidad

e

ou supra-realidade do assunto

.

Nada

de n tur lismo

aqui, nem de

sátira

social.

A inserção

de MOLIERE no

mundo de seu

t

empo

deve se r procurada. em ou tra parte. Ame

mo

-lo, pois,

como

êle teria desejado se r amado,

isto

é,

naquele plano extra-temporal em que

êle

próprio colocou

suas peças .

Se r universal é

conhecer

o homem em qu al que r si

tuação,

é

conhecer suas fraquezas, misérias

e

alegrias

,

características e sta s qu e,

po r

serem universais, não

re

presentam

nem uma época definida, nem

um

estado d a l

ma

próprio dêste ou daquele povo

. O amor, o

ciume,

a

esperteza,

a

avareza,

a

cobiça pertencem ao homem

e é

disso que

MOLIERE

trata em sua. obra, e é isso que

in

cumbe

ao

diretor transmitir

ao público

quando dirige

suas

peças.

Vencida

a primeira

etapa,

- o

mêdo de

desagradar

ao s

entendídos. :que ped ir iam cóp ia

fiel da

maneira

de re

presentar MOLIERE como

o teatro

francês

o faz,

res

ta

-nos

encontrar

o

esti loaue serviria MOLIERE

.

-

Estilo 

diz o

dicionário,

é o

con junto de qua lidades

de expressão,

características

de um autor ou de

uma

épo

ca.

O

único caminho para se descobrir

o

es tilo de um

autor morto . há séculos seria a

fidelidade ao

texto. E,

na interpretação dêsse texto,

que

é a sua

transposição

à

cena, não procurar,

à

maneira de

.

nosso época, verda

des

psicológicas,

nem

implicações sociais .

Há uma ten

dência generalizada nos díretores de

teatro

de

querer

di.

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De

seguidas

conver

sas

com

o

diretor

a

respeito

da

linha a adotada, para montagem de  O

MÉDICO

A

FôRÇA e uma vez

decidido

que s eri a gua rd ado o

estilo

da

época,

sem

,

no entanto, se r

feito um

trabalho

·

de res

tauração, punham-

se

mui tos p roblemas, principalmente

por se

tratar

de

um palco

como o d O TABLADO,

de

pe

quenas

dimens

ões 8 m. d e

bôca

por 3,50

de fundo ,

sem

altura

) .

Os cená rios

pedidos

p elo

autor: uma floresta

;

casa

de .

Geron te ; jardim da casa de

Geronte.

.

 

Tratando-s e de uma peça de curta

duração

, não ca

beria gastar

-se muito tempo

com

a. t roca de cenár io s.

Logo

dever iam se r

os mesmos simplificados,

quando

não fôsse

pela exigência

do

palco.

Efeito

desejado: o mais teatral

possível, fugindo, tanto

po r

gôsto do

diretor,

como do ce

nógra fo de qualquer efeito

realista.

Figurinos de

época

entrariam muito bem num palco

liso e

austero,

mas

essa

austeridade

entraria em

choque

com

a

farsa

que

se iria

encenar

.

Haveria

. pois

um

cenário

simplificado.

Notas s õb r e

cená r

ios  e

f i gu r

i nos

 

éd ico

a õ r

ç a

n  O

T L DO

 

 

zer ma is d o qu e os au ta res pr

etend

eram. Se ,

com

au t

ore

s

de pe

ças

psicoló gicas, isto pode

funcionar,

em

relação

a

MOLIERE  se r ia

uma

ca tá s t ro fe . O m

étodo

d e pro

curar

in terpr

etar

al ém d o qu e diz o t

exto,

analisando a ca

us

a

e as consequ

ência

s d e cada açâo, u

sad

o em

MOLIERE

,

levaria a,

de

svirtu

á-

lo .

N  O Médico a [   ça

por

exemplo , SCANARELO é

apena

s

um espertalhã

o

inteligente

,

inculto

 

mas sabido.

Querer   cr ia r para êsse

personagem

problemas

ligados

à

suá

situa

çã

o social ou complexos com relação à

mulh

er ,

se r ia

to r

c

er

o

texto.

Talvez

qu

e a repre

sentação

saí sse

enriquecida de

nuance

s psicológicas , de pausas

cheias

, d e

sentido ocu

lt

o, mas

perd

eria em movimento, em ritmo e

em

comicidade.

E  

preciso

que o diretor

não

veja além

do au t

or, mas

com

o autor. O método

usado

para

repre

sen t ar um autor moderno , quer seja

Ibsen,

Fry, T.

Wil

liams ou An ouilh, seria de sastroso em MOLIÊRE. O

que

ês

te

 autor qu

er tran

smitir - quando não é apenas

fazer

ri r, c

omo

é o ca

so

d  O médico à fôrça

-

está no texto

e

não

pr

eci

sa ser rede

s

coberto

po r

ninguém.

Sua

manei r

a .

de comunicar é dire

ta

, é visual , é

movimen to . Sua

obra.

. é teat ro - tea tro,

se

m li ter tur que dê

margem

a inter

pr etaç

õe

s.

Esclar ecido

êste ponto

, resta-nos o mais difícil:

fazer passa r a AÇÁO

para

a público, isto é, REPRE

SENTAR

.

Um ator

de

co

dia, se quer

fazer

ri r sàmente atra

v és d e

sua

mím

ica

, de

se

us movimentos, de sua

maneira

de .dize r , te m

qu

e

se

r fo

osamen

te um

atol

completo.

D

eve

u

sa

r a sua intuição, seu instinto

de

tempo e ritmo ,

s

eu

domínio do corpo,

sua p resença

de esp ír it o,

rapide

z

na

r

esp

os

ta

ao s es

mulos,

quer

seja

da açã

o

pedida,

quer

c

on

trac

enando

com

outro

atol .

Ao

diret

or, cabe ter um conhecimento de todos os

mi

stér

ios do palco, da c

omunicaçã

o do s atôres

com

o pú

blico e  do de

sejo

do autor de

fazer rir uma p la té ia . O

texto,

di to

com

correção, fará o

resto,

sustentado

por

ce

nári

os, figurinos

iluminação,

concebidos com espírito

de

liberdade criadora dentro d o esti. lo da

época

de MO

LIÊRE. Anna Let ycia ex p

li

ca.rá a seguir os problemas

qu e

en

fr en tou e as

so

luções en co n t radas

para

a

nossa

montagem d

 O

Médico

à

[õrça

Fin

alizan

d o, é o m

êdo

d e um a tradição acadêmica e

r

omântic

a qu e nos

faz

vacil

ar

a o enf

re

n t ar

MOLIÊRE.

E

o

qu

e poder ia s er

grav

e p

ar a

o d ir e

tor brasileir

o  - falta

d e conhecimen to da tradição t e

atral

clássica - torna-se

su a m elhor arm a .ao apr oximar-se do autor. Pondo de

lado

o r e

speito

ao  h

omem de

Luis

XIV,

orgulho da lite

ratura f

ra n

cesa , podemos enfrentá-lo

como

homem

de

teatro , atol e diretor. Tudo que

nos

resta é f azer chegar

a p e

ça

ao

púb

lico público êst e que , como o

do século

XVII,

qu er r ir d e su as pr ópri

as

fraquezas ) fazer

que

a

pe

ça

at inja a platéia p ela própria

a ção

d a p al av ra e do

[ ôgo de   cena, sem

se

gundas

intenções,

s em nuances psi

cológicas, s em lit er tur social

Talvez, ass im

,

possamos

,

s -

brasileiros sem

escola,

sem

tradição

e

sem mes

tres -

tentar

redescobrir o estilo de MOLIÊRE .

 

-

 

 n n Letycia

 

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o

 

1.

0

 t

• •

/

2.

0

 t

 

A f loresta ser ia representada. por três árvores. Uma

delas permaneceria duran te a cena da casa de Geren te .

onde. no momento necessário, por efeito de iluminação.

se

tra

nsformaria

em jardim.

Para o des enho das

árvore

s

foram abandonadas

as

sugestões oférecidas

por p in to res

e

gravadores

da época ,

por

entender

que a farsa

exigia

gênero mais ingénuo,

mais alegre. .  

Havia a cons

iderar agora

a

casa

de Gerente e o núme

ro de

pe r

sonagens

que

entrariam em cen a nesse a to  dez).

Po r tudo isso,

um

palco

pequeno onde ent ra ri am t rês

cenários e onze figuras , fazia .se

nece

ssário

um

ambiente

de certa

n

eutralidade

,

amb ient e que

,

no entanto,

envol

vesse os distintos cenários e d

êle

s

não

se distanciasse .

como

se ria

o caso do prêto vque recortaria  tanto figuras

como cenários. A côr escolhida

para harmonizar

todos os

tons foi o

marrom

quente.

Isso foi feito

tanto

nas

parede

s fronteiras do

palco

,

como no telão do fundo , rompimentos e bambolinas.  Ccn .

tornando

a

b ôca

de cena foi

pintado

o

traço

de

uma

 c

or

tina

em

vermelh

o - tom

que

se

repetiria

no

palco .

As árvores,

bas eada s n as de

Rousseau,

foram

depois

detalhadas

 fôlhas)

por tratar-

se de

um t ea tro peque no.

As figuras

que

en travam ne ssa cena seriam bem co

lorida

s, a

fim

de nã

o

entristecer

a

cena

.

No segundo ato

sairiam

as duas árvores da

direita

e

um estrado seria

colocado

nesse lugar.

 O estrado

seria

a

casa

de

Ger

onte.

Teria tr ês paredes  um

biombo

fàcil

mente

removível . Tudo seria colocàdo com

uma

certa

distância dos

rompim

entos. As

par ed es d a

casa e o es

t ra do se ri am

vermelhos , com

detalhe

s de

dec

ora

çã

o a r.

quitetônica,

trabalhados

cm um tom mais pálido do qu e

as

paredes.

. . \

Não

haveria

móveis. Apenas uma cade

ir

a ent rar ia

quando

necessária  am arela ouro e

marr

om ) .

At rá

s da

ca sa

uma min ia tu ra

de sobrado da época, com prespecti

va

forçada , com pintura acentuando volumes , ma s

se

m

detalhes

-

usando apenas

br a nco . bege, ma

rr

om escuro,

faria a ligação de fundo e ca sa.

Na

cena da casa de Ge

ro

nte quase tôdas  as fi

gur

as

teriam

nas

roupas

de

talh

es v

erm

elhos

pará respond

er ao

tom

das paredes

e

am

enizar a

I ôr ça

da s

me

sma

s.

Vejamo s ag

or a

os

figurin

os.

Sôbre a peça encont r amos vários desenhos e gr a

vura

s

da époc a . Sabendo da s di fi

cul

d

ad

es com

qu

e se defrontam

grupo s do

in ter i

or,

qu

e

na

m

ai oria

da

s :

vêzes nã

o têm

fontes para documentação, reproduzimos . alguns desenhos

da

é

po

ca sôbre O

MÉDICO

À

FôRÇA.

.

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I

 

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N

LUC S

 

\

M RTlNH

LE NDRO   LU IND OERENT 

SO N RE l LO

1

0   TO

 

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7/21/2019 021 - Cadenos de Teatro

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No ta s

pa r a um

T r ab a l h o

d e

Pesqu i sa

Sécu l o XV

 

\

  os tum   s

As regras da

côr te daque la época

permi tem que

nos

divirtamos

e não

poueo com os costumes da s

clas

ses al

(

as

:

um

arquiduque

au stríaco

adverte.

em

1624, a

seus

convidado

s que de

vem

apre

sent

ar -se limpamente

vesti

dos e não dev

em

e

star

b

êbado

s.

que

não dev

em

chup

ar

os

, ded os.

assoar

se com a

to

alha

de mesa ou cusp

ir

nos pratos Os

duques

de Pomerân ia e

de

Mecklenbur

go

proibiam.

na mes

ma épo

ca.

que

se

gritasse

na

mesa

.

que os

comen

sais se atirassem ossos

ro

idos e copos ou

que  por dís .r

a ção

metessem

Os guardanapos

nos

bolsos.

A

pr

incipal diversão

da  jeunesse

do

rée

de

Londres

con

sistia

em,

à

noite.

nas

r uas, assaltar coches e

liteiras

espancando os criados

e

assustando

sen

horas.

As

lutas

e

brincadeira

s pe

sa das er am o pão

nos

so de

cada

dia

nas univers idades

al

emã

s.

  ~ q u e t a

Para

sa ir

daquele

estado

de

selva

ger ia e lic

enciosidade. necess

itava

a

humanidade de uma le i moral

que  

ôs-

se

capaz

de conter o

desenfreamento

e

opor

um

dique à indisciplina social.

Diante do

fato

de

cada

um só , pen s

ar

em

si e nunca no vizinho. qu

er

endo

reco

nhecer

somen te dire itos e não de

veres.

tentou

a

etiqueta

faze r va

le r

regras severas e l im it ar a s pretensões

de

cada

um.

Essa

louvável

ten tativa

d

eu

luga r a tantas lutas e

polêmicas

que

as quest

ões

de etiqueta

. pouco a

pouco.

foram

re le gando a úl

tim

o pl

a

no

tôdas

as outras

e fizeram

esq

ue

cer os assuntos

teológicos. a

ntes

aca

loradamente

discu tidos.

Hoje

nos pa

rece

sumamente

r id iculo que

a

etique

ta

preocupas

se

tanto aos

home

ns do

século

XVII e

ai nda

do XV

II

I. mas a

sociedade nece

ss

it a

va d

êsse

p

eno

so pe

ríodo

como

es t

ado de

transição

.

Pelas

m e m ó r i a s

da se

nhora de

Mo ntvil

le

to

ma

mos c

onhecimento

de

que

a q

uestão ma i

s

important

e

da

c

ôrte

e

ra

a de qu

em

poderia

ou

não

sen tar -se

na

. p

rese

nça

da

rainha.

quem

ti

nh a

d

ir

eito a c

ad ei r

a de

br a

ços e qu

em

a tamb

or

ete. quem

podia

entrar no Louvre de coche. etc. No

ano de

1662. ao cheg

arem

juntos à

capela imperia l

o

embaixa

dor e

sp a

nhol.

conde

de

ana

te. e o, deleg

ad

o

venezia no Grtttí, êste, se esbofete

aram. porq

ue nen

hum dos d

oi

s qu

eria

que

o

outro lh

e

pa

s

sa

sse

à fren

te.

Numa

pr

o

cis

são

celebr

ad a em Vi

en

a

em 1651

se

e

nco

ntra ram também

[un

tos os em

ba

ixado

res

de

  ã

 

ua

e Gê

nova. que se ba t

er am co

m

as

ve

las

q

ue trazi

am.

Para evit

a r

qualquer

t i-

. po de di

scus

são. r

edi

giu-

se na Sax

ônia

uma ordem

de

hierarquias

que divi

dia os c

or

tesões

em

51 classes. redu

z

idas mais

t

ar d

e a 32. Os t ítulos e

tratamentos

tinha

m

gra

nde

impo

rt

ân

cia e

e sta vam regulamenta dos

por

leis

cujo

con h eciment o exigia um es

tudo especi

a l.

Ate

1600. denominav

am

-se as mo

ça

s ,

de

 do

nze

las ;

m

ai

s t

ard

e tiveram o

trata

me nto

de

 s e

nhor

itas

que Ime

diatame

n

te

se

generalizo

u. As damas

importa

ntes são cham a

da

s.

até

o sé

culo

XVII. de

 g

lo

riosas

e v

irtuo

sas ;

mas

d

ai

em diante quis

er am

ser

 mo

nse

nhor

as

e ilu

st r

es . Com as f

or

mas

sociais. mod ifica ram-se também

os

costu

mes. apa re cendo. então. por

exempl

o. o costume

de

sa

udar

t iran

do-se o ch

apé

u. Até me

ad

os do

século

XVII. o cavalhe

iro

cons

erv

av

a

se

m p

re

o chapéu. inclusive em seu

quar

to e

na

p

rese

nça das

dam

as; o d

irei t

o de

não tirá-lo

mesmo dia

n

te

do rei era

um dos que

mais

ze

losa

men

te pr

oc

ur

a

vam

' co

nservar

os emb

aixa

dores. O

co

nde C

ristoba

l D a h n a ex igiu. em

1615.

como

embaixador

dos

Estado

s

da União. para

apresentar

-se diante

de

Mari

a

de

Médicis com a

cabeça

cober ta ; não tendo sido

reconhecida

essa sua pr e

ten

são. preferiu não de

sempen

ha

r sua missão a te r

de

ceder

na

quilo que

acreditava seu direito.

P

ar

a sa uda r não

se faz

ia

mais

que

des loca r o

chapéu um

pouco

mais

par a

tr

ás . s

em

tirá-lo;

mas des de en

tão

foi co

stum

e tirar-se

Q

chapéu

e

a

gitá

-lo. e a isso

convidava

o ad

ôrno

de

plum

a s que sem pre ê

st e

trazia

.

 Olá - exclama Mo

scherosch

-

que

m

odos sãoêss

es de

and

ar?

Que

costu

mes

que

gestos são êsses? Porque an

da r como se

quise

sse dançar e saltar

e

ag

ita r as

mao

s

com

o

um ti teriteiro

?

Que rever

ência

s são essas e

que es

tr anho

s m

ovimento

s de

cabeça.

de

mãe s de p

és

, do

corpo

todo?

Dobras

te

at

é

que

a

cabeça

toque Os

pés. co

mo um canive te? A

nova

cortesia es

ca

ndalizo u a mu

ito

s:

a sírn espanh óis

e f

ra

n

ceses

se admir

av

am

em

Par

is

da

co

rtesia extra o

rdi

r

ia

de Luí s

XI

II

e o

pr íncipe

Fr ede r ico do

Pala

,ti nado adquiriu em

Pra

ga.

por

cau

sa

disso. m á repu ta ção ,

Soc iab i  

id ade

A

ma

io r

amabilidad

e nas

forma

s

s ?c

ia i

s e o t

ra

to

ma

is a

gradável

entre

Os sexos. deve a socie

da de

à in ílu ên.

ci a que

co

nquisto

u a

mulher

no cur o

50 do

sécu

lo XVII. As f

ra

nces

as

fora m

as p

ri

mei ra s que exigiram enge nho e

gr aç

a dos

ho

m

en

s que as galantea

v

am

. Foi nos salões

onde

pela pri

mei

ra

' vez ' re

clamou

a

mulher

i

gual

dade de

di r

ei tos com o

se

xo forte, Em

meados

do

culo. o

pal

ácio de Ram

bou

illet

era centro de uma sociedade

de

um a

cultura

refinada.

A

marque

sa de

Rambouillet

e

s ua f il ha cong re

gavam os mais b ril han te s ta len to s da

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7/21/2019 021 - Cadenos de Teatro

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sociedade

francesa

em

seu

salão. e aí

a conversação chegou a se r uma

arte.

Desde então

espalhou

-se o

gôsto

por

sociabilidade

esteticamente refinada.

Nas novelas Ciro e

Clélía da senho

rita

Scudery, pode-se

apreciar

também

o

desvirtuamento

que

sofr

eu

aqu

êle

costume.

quando

começou a ser . imi

tado pelos circulos da burguesia

rica.

nos quais a

finura

e a

linguagem

flo

rida

se

converteram

em

ridiculas

afe

tacões.

Do

pedantismo

burguês zom

bavam

Chapelle, Bachaumont.

Saint

Evremont

e

outros autores .

mas ne

nhum o ridicularizou tão definitiva

mente como MOLIERE

nas Preciosas

Ridículas . .

As c lasses mais altas jogavam pren

das

e àquele que devia

pagar

uma

impunham penas que. às vêzes, reque-

riam engenho

e

presença de

espírito.

Essas diversões contêm boa dose de

pedantismo.

mas

é preciso

reconhecer

que foi louvável

seu

propósito

de

subst itui r por outras mais

delicadas

as

únicas distrações de ent ão:

comer

e beber.

 ebida

Harsdorffer

chama

a b e b i d a

de

 vicio louvável . com o que dá a

conhecer

o modo de pensar de seus

contemporâneos. que

consideravam

o

beber como um vício necessário e ine

vitável. Todos nós. alemães -

escre

ve o

professor

Wagenseel em 1686

sem exceção

alguma.

estamos

subme

tidos

ao

vício

infame da embriaguez

e

tem

razão,

porquanto

o embebedar

se era

considerado

hígíênico e

devia

ocorrer

pelo menos

duas

vêzes

po r

mês. Poder

beber

muito er a

sempre

mo

tivo de orgulho . Alemães.

franceses

e

inglêses eram

excessivamente

amantes

da

bebida.

Data daquela

época o cos

tume

de

as

senhoras se

levantarem

da

mesa

antes

dos homens. deixando-os

em

companhia

das bebidas . cos

tume

trouxe

consigo o de

oferecer

co-

pos como recordação.

pr

es

ente

alta

mente honroso.

 

om ida

Não somente se

bebia

em

demasia

.

. como se

comia

na me

sma

proporção.

Felipe de H

ainh

of

er

, no

ano

de

1617

.

foi convidado

por

um amigo a

comer

em

Stett

in e nos

assegura

que.   tendo

sentado

à mesa às

10 da

manhã. não

se

levantou

antes

das

6 da tarde . Em

1610

nas casas burguesas

alemãs.

serviam-se seis sér ies de pratos.

cada

um

composto

de nove manjares dife

rentes

;

Os

nobre

s não ofereciam a

seus convidados

mais

do que

trê

s

s

 

ries

. porém de cem

manjares cada

uma. A decoração da mesa

consistia

em

manjares

figurados. Em

uma

festa

que o

conde

de Koenígsmarck deu em

Hanover,

havia

em

cima da

mesa uma

galinha

pondo ovos

em

um

grande

cesto de

palha.

dos ovos sairam

pas

sar inhos assados

e da ces ta crianças

que

executaram

uma dança. Em se

guida serviram um

pastel

do qual sa i-

ram

voando mui tos pássaros.

A maneira de

comer

era simples;

as comidas líquidas se

tomavam

com

uma

concha

comum e as demais

pega

vam-se com a

mão

. Montaigne se la

men ta. em certas ocasiões. de

comer

com tanta pressa que se

mordiam

os

dedos. Ana

da Áustria

e Luís XIV

comiam

sempre com

as

mãos.

o

viajante Jo r

ge Calvia

c

em 1660

observou que na Alemanha e na

Itá

lia cada  

comensal

tinha

uma colh er

e que.

na França

.

havia duas ou

trê

s

para todos. Os garfos serviam

naque

la época somente de adôrno. O via

jante

inglês

Thomas Coryart

viu. em

1608. na

Itália

com

grande

espanto,

 uma coisa

com a

qual

muito

se ad

o

mirou:

as

pessoas. para

comer

. su stí

nham a

carne

no

prato

com um garfo

e

cortavam-na

com

uma

faca e

eram

ex

tremamente mal

vistos os qu

e

coo

o

lh iarn

a comida

com

as mãos. Quan

do tentou

introduzir ta l

costume

na

In

glaterra

todos se riram dêle. Nos

meados

do século generalizou-se o uso

de gar fos . No palácio de Rambouillet

fe i onde p

ela primeira

vez se tiveram

p

ratos

em ca

da

serv iço. Ao duque de

-l\lo ll.ausie r se a tribue a

introdução

de colh

er

es individuais . A

única

mos

tra de limpeza

era lavar as

mãos

an

tes e depois das refeições.

Uma

das

habilidades que devia

te r

um

cavalheiro

er a saber trinchar

a

carne e a literatura do

t rinchado era

b

as ta

n

te

ex

tensa

.

Também

devia saber

dobrar artisticamente

os

guardanapos

dando

-lhes

formas

várias; e

saber

re

cortar maçãs

e

peras

em

forma

de

cora

ção. de

gorro

de arlequim. de

cruz. etc. Entre os 

prazeres

da mesa.

houve. no século XVII. os

sorvetes

de

frut

as. in

ventado na Itália.

-

No século XVII.

três bebidas

se ge

neralizaram:

o chocolate. o chá e o

_

caf

é

O chocolate, vindo

da

Espanha

e procedente do México; o chá vindo

da

China.

importado

pelos

[esuitas

e

a partir de 1638

entrou

no comércio

o

caf

é. vindo da

Turquia

.

  Fumo

A

In

glaterra

e a

Holanda

se dispu

tam

a glór

ia

de

haver

implantado na

Europa

o

tabaco

como prazer. O uso

do mesmo era pun ido em Berl im.

em

1675. com

pena de pri são

e pelouri

nho, O

fumar

era

considerado

coisa

fin a e. em compensação . o

toma r r a

pé consti

tuia uma paix

ão, inclusive

na côrte

francesa

. apesar

de

Luís XIV

detestar êsse costume. Desgosta-me

muito -

escrevia Liselotte

-

ver

aqui

t

ô s

as

mulheres

com

Os

nari

zes sujos

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Diversões

o número

de diversões de que se

dispunha

no século XVII não

era

grande.

Festas familiares.

como casa

mentos

e

batísado

, e

  enterro

s que

se

verificavam

com

grande

dispêndio

de tempo

e

dinheiro

. As

maiores

di

versões

eram as feiras

e os mercados

anuais.

Assim como nas casas burgue

sas

havi

a. por ocasião

das grandes

festividades, o

personagem

que tec:a

elogios aos

membros da

família

e cui

d

av

a de

da r

conver sação a todos,

na

côrte

era indispensável o bufão.

A

caça

reduzia-se,

geralmente.

a

uma

matança

de

animais

encurrala

dos nos pátios dos castelos e p

arqu

es.

Era uma

diversão cruel e

brut

al.

 s   ai les

O l õ g o

As

mais lindas

composições de

Beauchamps, Lul ly e

outros

não impe

niram

que a sociedade se

afastasse

dessa inocente diversão

para ded icar

se a

outra mai

s emocionante: o [ôgo

pôde

ma

is que a

dança.

Em 1695, es

crevia a

prncesa

Liselotte, de

Paris:

  A

dança passou inte

iramente

de

moda ,

quando umas tan tas pes soas

se

reunem não fazem  

outra

coisa senão

jo

gar. O J õgo é

horr

ível. os homens

parecem

loucos quando

jogam..

.

  Jo- :

gava-se

muito

e com

trapaças.

pois

er

a

permitido

a

damas

e

cavalheiros

aumenta r seus

recursos jogando

com

vantagens .

  s

 i

 g en s

tados

flutuan tes de

pirataria.

As pou

sadas.

segundo descrições.

eram

me-

diocres. O

comum

er a

vários viajan

tes .ocupare

rn

um mesmo q

ua

r to e o

mais das

vêzes também

compart

ilha

vam de uma só

cama.

(De LA

MODA

- EI

Traje

y

las

costum

bres

en el siglo XVII

vol.

I I I   Salvat Ed

itores.

S. A.

 

Os

bail es do século XVII

era

muito

difer

en

tes dos de nossos dias.

Os

ca

valheiros

não

convidavam as damas

e

sim

o

mestre

de

cerimônia

é que

determinava

o

pa r

que devia

dançar

e só d

ançavam

uma

vez.

Diferentes

as

danças

e de

rítmo

diverso. A

saraban-

.

da

se

caracterizava

pela

majestade

a

museta

POr seu agradável

encanto

pastoril. a giga .

po r

seus saltos ale

gres, a s ic il iana por seus

exagerados

balancei

os. o minueto, a

gaveta

etc.

Todos os

olhares estavam

voltados

para

os

pares

que

dançavam

de mo

do que êsses não podiam

descuidar

e

deviam dançar

o

melhor poss ível.

Luís

XIV,

durante

vinte anos. tomou

aulas

diàriarnente.

Em 1663

ficou em

moda

o

mínue

to ,

cuj a p rime ira

sica

foi compos

ta por

Lully, e foi considerado o

mai

s

perfeito. Para se

aprender

o minueto

era

necessário pelo menos três meses

se

prá ti ca . Ent re

os bai larinos mais

apaix

onados.

figuravam

Sully, que

mesmo velho

dançava t ôdas

as

noites.

e o

cardeal

de Richelieu.

Via

ia r

não constituia

nenhum

prazer

no século XVII. pois não

eram

nada agradáveis as

viagens em

vir

tude

da insegurança.

do

mau

estado

dos

caminhos

e dos meios de locomo

ção, Viajava-se a cavalo. pois o mau

estado dos

caminhos

não

permitia

o

tr

ânsito de carrragem

Nas pr

imeiras

décadas do século,

considerava-se ín

dispensável

.

ii educação uma viagem

à Itália.

A

pr

ime

ir a carruagem

pida

para viagem

saiu

em 1660 de

Berlim.

Era

de construção leve e de

apenas

dois lugares. A  diligência que

fazia

periodicamente

a viagem de

Londres a Oxford gastava

três

dias.

Foi um

triunfo

notável

quando

o

co-

che

voador gas tou

somente

três horas

para

fazer

ó

percurso

que

hoje

se faz

em uma hora.

Os caminhos

eram não

maus

mas

inseguros. Era a

época

dos

grandes salteadores.

Os que lo

gravam

escapar

dos per igos, corriam

o risco de

serem

devorados

por

bos. No

mar.

piratas holandeses,

barcos

corsários mari

nheiros ínsub

m.ssos

fundaram

com Ilíbusteíros

es

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T XTO

P R

TIT R S

-

Soldad l n o o  an tasma da

  uer ra

Soldadinho

. . Plan . .. plan . . . plan   Rataplan  

Romelina. - Soldadinho. . .

Meu

soldadínho

Soldadinho

 - Plan .  

plan

.   plan . . .

Romelina - Destroçaram o

meu

soldadidonho.

Bandido

Bandido

Cenário:

Uma esquina. Nos

altos

da

casa

à

direita vive o SAPATEIRO. Na

casa

  da esquerda vive DONA RO

MELINA.

 Entre

Soldadinho

com uniforme em

farra-

pos

e a

cabeça embaixo

do braço. Anda bn

tendo contra as paredes

Sapatc.ro -  Aparecendo à

janela Dona Romel ina Do

na

Romelina

Romelina -  Aparecendo Que é? Que g ri tar ia Que

gritaria

Sapateiro - Acontece, sen ho ra, acontece q ue a guerra

acabou

Romelina - Que bom Que bom O meu Soldadinho

está

de volta

Mas.. . onde e st ão

os soldados?

Onde? Onde?

Sapateiro - Na

praça.

Na rua, em tôda parte. . .

Plan-

plan-rataplan

 

Romelina - São muitos, sapateiro?

Sapateiro - Muitos Muitos .

Romelina

- Mas.. . quantos?

Quantos?

Sapateiro - Oito,

minha senhora

.

.  

Romelina

- O

Soldadinho também?

E

êles

can tam? Can

o

tam?

Sapateiro - Cantam e marcham assim:

plan-plan-plan

Rataplan

Romelina - -Estou tão

contente ...

t ão con tent e Meu

.

Soldadinho

é um herói Será tenente,

ou

ge

neral , ou

cabo.. . Sei lá O General San -

I grento me disse que

êle

voltaria

rico

e

general Oh ...

vem

êle. . . lá vem

.

 Soldad

inho entre

em

casa de Romelina se-

guido

por

esta

VoLtando Bandido

Bandido

A culpa é do

General Sangrento.  

Me

disse que êle ia

voltar r i o e

generaL..

Vejam vocês

Romelina

(Entra

em casa e

sai

com o soldadinho. Dei.

xa-o

em casa do sapateiro e

volta)

Bandido

:t :le

sim voltou

milionário

Mas

que

não volte a

aparece r por

aqui. po rque lhe

dar ei umas escovadelas Sim senhor

 

Umas

escovadelast

(Sai)

(Chega

o

General

-

Sangrento)

General - Pêlo ... pêlo Pêlo . .. Pêlo .. . Sem pêlo (Bate

em

casa

de Romel in a)  I an tan Tan tan

Tan. t an

Romelina

- (De

dentro)

Quem é?

General - Eu. o destemido General-

Sangrento

Romelina - Um momentinho. General

Estraçalhou o meu soldadinho... · I

Sapateiro - (aparecendo

à janela)

Não cho re . Romel in a

Romelina - Bandido Bandido

Sapateiro - Não chore. Romelina

Romelina - Meu l indo soldadinho

...

feito

em

pedaços

Sapa teiro - Não cho re . Romel in a

Romelina - Bandido Bandido

Sapateiro

- Não chore. Romelina. Vou

concertá-lo

para

voce... .

Rornelína -

Será que

você

pode?

Sapateiro - Vamos ver

 

Rornel  n - E êle vai poder marchar?

Sapateiro -

Vamos

ver  . Vamos ve r

 

Romelina - Vai poder dançar? Comer? Porque assim não

pode marchar. não pode c antar ... Não pode

comer Meu soldadínho

SOLDADINHO

DONA

ROMELINA

.

SAPATEIRO

GENERAL SANGRENTO

Personagens:

\

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• •

 

Fantasma

Sapateiro

Romelina

Sapa

te

iro -

Romelina -

janela) Que é?

Será

que não se pode

te r

paz? Paz Paz

Sapa teiro - Acontece. minha senhora.

que

o

fantasma

me

a

garrou.

me levou e me gritou:  Velho.

ve-

lho . rev

elho

, para a guerra teu pêlo não ser

ve

. .

Romel ina - Tenho mêdo... por causa do Soldadinho...

Sapateiro

- Se Soldadinho souber

Romel ina - Po r ' f avor . meninos, não di gam nada ao Sol

dadinho Se souber que o f

anta

s

ma da

guer

ra anda

po r

ai, ficará furioso. f;le é tão va

lente

(Entra.

Aparece

Soldadínho

)

Soldidinho -

 A

platéia) Que tem Dona Romelina Será

coração?

(Os meninos contam) O fantasma

da gue rr a?

Se vocês quiserem. pod emos ven

cê-lo. Se me a judarem. daremos cabo dêle.

Vou me esconder. (Esconde-se. Chega o Fan-

tasma) .

Guerra Guerra

(Soldadínho.

corre atrás

le. Aparecem e desaparecem.

Finalmente

Sol-

dadinho

o agarra e

surra)

Soldadinho - Toma

Sapateiro

-  A janela) Isso. dá nele Aí Soldadinho

Soldadinho

- Toma

Fantasma

-

Guerra

Guerra

, Soldadinho - Toma

Sapateiro

-

Fa  sma -

Guerra

Guerra

Soldadinho - Toma (O fantasma cai )

Sapat

eiro

- Tira o

ca

  UZ  Ti ra

Soldadinho - (Ttrando-lhe o capuz) O

General

San

grent

o

Gen

er

al - (Tentando l evantar) Guerra  .

Soldadinho - Paz 

General - Guer ra

Soldadinho - Toma

Sapa teiro - Ai. Sold ad ínhol

General -

Ba

st a

. Sold

adinho

..

.

Basta

 

Soldadinho - Arriba . Gene ra

l

Avante . General À Praça ,

G

eneral,

mata-mouro e fan tasma : Que ver

gonha

Dona Rom

el n

a

(Aparece)

Qu

e é?

Qu

e gr itar ia

Acontece. senhora. que não há mais

fantas

mas

Romelina - Eu o vi.

Sa

patei ro

..

.

Por favor

. não diga ao

Soldadinho... P

orqu

e êle é tão

valente

.

..

(O

fantasma

entra

trazendo o Sapateiro.

·de ixa o

Sapateiro

em

casa

e s ai out ra '

vez.

General

-

Tan

,

tan

 

Tan

. tan I an , tan

Romel ina - Já

vaí

...

já vaí ., (Aparece

com uma

g

ra

nde

. esc ôva)

General - A guerra. minha senhora

Romelina - A

guerra?

Toma a guerra Toma (Corre-o a

pancadas.

t;:le

sai)

Sem-vergonha Quer

mas

sacrar

o

me ú

soldadinho outra vez... Não

deixo... não deixo (Sai) (Soldadinho

apare.

ce já recomposto.

c

uniforme brilhante e a

cabeça no lugar)

Soldadinho - Vivo de

guarda.

não durmo

na

cama. Sendo

soldado

.

não faço m

aldade.

Vivo de

guarda,

não

durmo

na cama . sou soldadinho-de-chum

bo... p lan. .. p lan.. .

plan.. rataplan...

(Sai)

(Aparece o Sapateiro)

Sapateiro - Dona Romelina Dona Romelin a

Romelina - Que é? Que

gritaria

que gritaria

Sapateiro

- O

fantasma

.

Romelina - O

fantasma?

Que

fantasma?

Sapateiro - O Fantasma da

guerra

Romelina

-

Outra

vez? Será que não se pode viver em

paz? Onde? Onde estáêle?

Sapateiro

- Na

casa

dos soldados Na rua ... na

praça ..

Em t ôda par te _

(Saem Romelina e o

Sapatei ro . Aparece

o

Fantasma à janela

_do

Sapateiro.

Após desa

parece.

Aparece o Sapateiro e grita. O fano

tasma

aparece

atrás . Desaparecem

os dois.

O

Sapatei ro passa correndo pela porta de Do

na Romelina gritando: Dona Romclina

Dona

Romelina

Aparece

o

fantasma

e êle foge.

Quando Dona Romelina aparece êles já sai

ramo Est a cena se r epe te três

v

êze

s,

Aparece

o fantasma arrastando . o Sapateiro e sai. O

fantasma

vol a sô . )

Fantasma

-

Guerra

Guerra

(Aparece Romelina

vê o

fantasma

e

cai desmaiada.

O

fantasma

sai.

Aparece

soldadinho)

Soldadinho -

(Lev

anando Romelina) Dona Romelina

Romelina - Meu coração Meu coração

Soldadinho - Está doendo? .

Romelina - Aí... meu

cora ção.,

Ai . ; (Saem os dois)

1antasma - Guerra Gue rr a

Sapateiro

-

 à

janela)

Dona

Romelina Dona Romelina

PANO

Do livro Ocho

Obritas

para

Títeres. de Otto

Xavier

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~ s

r rnãli o

 

-

EXERCíCIOS

PARA JOGOS

DRAMÁTICOS

E SUA

APLICAÇAO

NA

ESCOLA

.

Para

a

boa execução

dos jogos

dramáticos,

é

neces

.

sárío desenvolver:

a

habilidade

física

 contrôle

de mov imen tos

e agili-

dade

, . •

a

habilidade

vocal (fôlego, boa

intonação, pronúncia

clara

,

a

f aculdade de observar

e

reproduzir

o que

vê .

 

Damos

a

segui r a lguns exercícios preparatórios:

Habilidade

física

Reproduzir com

o

corpo

a

impressão de

uma

árvore,

uma p lant a, como nasce e cresce, o efeito que lhe

causa

o vento

;

a chuva, o sol. Procurar representar o

mar, as

ondas, o vento, o fogo, etc. .

  (Adaptados do

livro   ux

  ramatiques

de Chancerel

APLICAÇÃO - A aplicação dêsses exercícios pode

ser feita através do

seguinte

brinquedo

dramático:

SAPOS

QUENTANDO

SOL

Crianças-sapos estão acocoradas quentando sol.

Cantam, num ritmo

dado,

os seguintes grupos

conso

nantais: BLA,

BLO, BLA, BLO, ou

outros à

escolha do

professor. Cantam durante a lgum tempo .

a Marchas: marcha

ritmada com

tamborim;

mar

chá -a-ré: marcha a dois,

com

a perna amarrada

à do v iz inho .

b Relaxamento: relaxar o corpo como se fôsse der

retendo até cair: rodar os bracos como um

moinho.

c)

Equilíbrio: passar sôbre

uma

tábua,

a

princípio

no

chão, depois um pouco

elevada;

pul ar num

só,

em caracol ;

andar com

um

pêso

sôbre

a

ca,

be ça;

andar sôbre uma reta desenhada

no chão..

Observação

-

Quando dados para serem

feitos por

crianças,

êstes

exercícios devem se r execu tados dentro do

enrêdo de uma

história que ser virá

de

mot iv ação ao

mesmo.

f

 

(

I

 -1

 

Entra

um

louv

deu s c ri an ça

voando e

descreve

, círculos

em

frente dos

sapos.

Sapos

param

de cantar e

observam

em

s iléncio as evoluções do inseto.

Louva

-deus

sa i:

Sapos

sa em aos saltos,

perseguindo

o ínseto, um

atrás

do

outro.

A

cada pulo-do

-sapo,

dizem:

 

Habilidade

vocal

fôlego: emitir .

um

som e verificar quem consegue

sustentá-lo

mais tempo :

imitar

vozes

de

animais;

fazer um

círculo, ficando o chefe no centro e di

zer

sílabas que devem se r repetidas por todos,

num

rítmo dado, primeiro individualmente, de

pois em conjunto. Exemplo: blacra-cra

em ritmo

de valsa  

2 3, 1 2

3 .

Observar e reproduzir o que vê:

 

1.0

2.0

 

\

SAPO - Um louva-deus um pulo

SAPO - É meu Um pulo a trás do 1.0 SAPO)

SAPO -

É

meu Um pulo

atrás

do 2.° SAPO)

 Assim por diante até sair o ú lt imo sapo

perseguindo

o

louva-deus .

Procurar reproduzir, por a ti tudes corporais,

a

manei.

ra de

andar

dos

animais:

gato,

cachorro,

urso, vôo de

pás

saro, etc.;

tipos

humanos: velho,

criança,

moça,

perneta

,

marinheiro,

etc.

Num [ôgo

coletivo

imitar pelo ges to

pró

prio

a  

profissão

de

cada

personagem:

lavadeira

,

lenhador,

pescaador,

costureira,

etc. \

  s

falas

pedem

ser repetidas

a cada. pulo,

que deve

te r seu

r itmo marcado

com tambor ou pandeiro.

Observação

:..- Éste

brinquedo, devido à sua

simpli

cidade,

pode

se r

realizado

com

crianças de qualquer idade

e

também

excepcionais.

Virginia Valli

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. - - - .

 

U V MOS

REPRESENT R

 

ESTILO - Farsa. A

peça deve

ser levada num

r ítmo semp re

ace le rado, procurando-se t ir ar

 o máximo

de efeito

dos

jogos de cena sugeridos pelos

diá

logos

principalmente

no

primeiro

ato,

nas cenas

de

brigas e

p aul ada s. Embor a a peça seja

div id ida em

três

atos,

aconselha-se, para

não

quebrar

o ritmo,

fazer

um só in

tervalo,

no fim

do

primeiro ato, tanto mais que se trata

de um a

peça

curta.

Sganarelo - 30 a 40 anos de idade , gordo ,

falador,

preguiçoso

e beberrão.

Todavia,

sua v ivac idade de espí

rito

e

sua graça, que lhe permitem zombar de todos com

a

maior facilidade

e

repr

esentar

o

papel

de

médico

com

tôda

a

desenvoltura

necessária,

fazem dêle

um

persona

gem

irresistívelmente simpático.

Martinha - Mulher do povo, ain da jo vem embora

maltratada

e gasta pela dura v id a q ue leva. Suas

reações

em r el aç ão ao marido são primárias : b riga com .ê le , apa

nha, se vi ng a, mas

o

d efen de na

hora.

dos apertos. Su a

coragem

e

lealdade

a tornam

simpática.

Sr

Robe11to - Homem bem pensante e t ím ido. E st á

na peça apenas

para

melhor compreensão do

p

ersonagem

de

Martinha.

Valéria

- Empre gado de

certa

categoria.

Veste-se

com

relativa

eleg

ância.

Pouco int el igen te . I nt er es se ir o

e

bajulador.

Lucas

- Camponês

S

implório. Dominado pelo pa

-

trão,

de

quem tem

grande

mêdo.

.

  Jacqueline - Ama de leite, a inda j ovem

e

vistosa.

Confiada

com o patrão   a quem

diz a lgumas verdades ,

r ep resenta na peça o

bom

sens o popular.

Aprecia

os ga

lanteios.

Leandro

-

Galã.

Lucinda - Ing énua.

Geronte Burguês velho ri co e avarento.

Total-

mente ignorante a su a admir acão d iant e

dos discurso

s

d e Sganarelo tornam o

seu

pe r

sonagem

deliciosamente

ridiculo.

Thibaut e  Perrin

Pai

e filho. Camponeses anal-

fabctos.

CENÁRIOS

-

1.0 ato: um

lugar

no c ampo . 2.°

ato:

um a

sala em casa de

Geronte. 3.°

ato:

local perto

da

casa d e G ero nte

e  

depois, novamente   sala do

2.° ato.

A peça

pode

perfeitamente ser representada

com

um a

rotunda

no fundo

do

palco

e

e lementos sugerindo

os

di

versos

locais

(Ver nêste Caderno, por exemplo

.

as

solu

ções

de

Anna Letycia para a

produção de

O

TABLADO).

FIGURINOS - De época.

QUEM

PODE

LEV R

-

Grupos amadores em ~ e r l l

PÚBLICO

-

Todos.

  Méd i co   Fõ r ça   comédia

em

três atas.

Mo l i é r e

RESUMO

- Irritado

com as reclamações de sua mu

íh e r Martinha,

o

lenhador Sganarelo acaba

po r

aplicar

l he a lgumas bôas pauladas. Para vingar-se e embora

to

masse

o partido

àe Sgana re lo quando

um

vizinho,

o

Sr .

Rober to , qui s intervir em sua defesa, Martinha convence

Valério

e

Lucas, empregados pouco inte ligentes do velho

Geron te , de que Sganarelo

é

um famoso médico que,

po r

mania,

se

veste

e

exprime

como

um lenhador mas

que,

depo is d e convenc id o

por a lgumas

tantas

pau lada s, s er á

capaz

de curar a

mudez

de

qu e

e st á a ta ca da

Lucinda,

filha

de

Geronte. Valério

e

Lucas saem,

pois à

procura

de Sgana re lo ; êste. depois de

apanhar e.

principalmente,

de se

ve r

tentado com

a

possibil idade de

g an ha r um

bom

dinheiro, concorda em dizer que

é

médico

e

acompanha

os dois at é a

casa de

Geronte. Là

chegando, Sganarelo,

vestido de médico, e ngana Geront e com

a

maior

facili

da de, fala  latim ,

diagnostica

que Lucinda

está

muda

  po rque per deu a

fala , pas sa rec ei ta . d ir ig e gala nte io s

à

ama. Jacquel ine ,

mulher

de Lucas , para desespêro dêste

e

recebe

um

d inhe ir o de Geront e,

como  adiantamento .

Surge

e nt ão na. p eç a L eand ro .

namorado

de

Lucinda e

de

quem

Sgana re lo vem

a sa be r q ue a

moça

fingiu te r fi

cado

muda par a l iv ra r-se

do casamento

que seu

pa i

pla

nej av a par a ela com um rico pretendente

de sua

escolha .

Mediante

nova grat i ficação, Sganarelo

concor da em int ro

duz ir L ea nd ro , v es ti do de

boticário, em

casa d e G ero nte;

conf

essa

lhe

também que, na

realidade,

nã o é médico e

i ro ni za . a

profissão dizendo

qu e é a mais r endosa e a mais

fácil de tôdas, o que demonstra a seguir pela

facilidade

com a qual consegue extorquir d inhe ir o de doi s campo -

-

neses ig norantes q ue vêm consultá· lo . Quando depar a

com Leandro dent ro de su a casa, Lucinda recobra a fa

Ia ,

o

qu e

faz

Geronte deslumbrar-se

com

a

arte

de

Sg a

narelo para

enfurecer-se

logo em seguida quando

Lucinda

r ea fi rma que só se casará com Leandro. Sganarelo favo

r ece ent ão

a

fuga dos dois namorados,

a qual é

descoberta

po r

Lucas, qu e

o

desmascara aos o lhos de Ger en te . Quan,

do êste

se p repa ra p ar a ent rega r

Sganarelo

à

pol icia, ape

sa r dos pro te stos de Martinha

que

veio em busca do ma

rido, os

namor ados vol tam anunc ia ndo que

Leandro aca

ba de se tornar

herdeiro

de

uma

grande fortuna,

graças

à morte

de um tio. Geronte,

então,

concorda

prontamente

com o

enlace

e

instado

p or L ean dro  perdoa Sgana re lo

que

volta

para

casa com

su a

mulher, af irmando qu e

 a

medic in a e sc ap ou de boa

.

PERSON GENS

• •

 

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\

Nolasco 

Silveira

 

Car men Sylvia Murgel

Paulo

Heleno Prestes e Hélio ry

e Napoleão

rei

as Jacqueline

Laurence

  reire

 

José de

Enio Gonçalves c Napo le

ão

l

  l

oniz   reire

 

Enio Gonçalves Celína Whate ly e Hélio ry Silveira

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RTIM NH S DE ES P IN 

Comédia

em três atos

Mol iê re

Tradução de   arlos Drummond

de

 ndrade

I RESUMO  

Na ausênci a

do pai Otávio filho de Ar-

gante casou

 

se

secretamente com Jacinta moça pobre

e

cujos

pais

são

desconhecidos.

Leandro

filho

de

Geron-

cio

na ausência. dêste também

apaixonou-se

po r Zerbi

neta

moça tida como

 cigana . Os

p ais v oltam : O távio

e

Leandro sem dinhe iro

recorrem a

Escapino

empre

gado esper tí ss imo

de

Leand ro . Ape sa r das

súplicas

de

Escapino Argante

q ue q ue ri a ca sar o

seu

f ilh o com um a

fi lh a de

Gerôncio dispõe

  se a anular o

c asamen to d e Otá

vio

com Jacinta.

Avisado

po r

Argante graças

a um a

in

-

discrição de Escapino Gerôncio recusa

a

Leandro auto

rização

para

casar-se

com

Zerbineta

e

Leandro mais uma

vez

pede

a ajuda

de Esc ap ino po is Zerbineta que

fo i

raptada na

infância

po r ci.ganos e vive com êles está

ameaçada de ser levad a para longe caso os

ciganos

não

recebam em tempo

o

d inhe ir o que pedem

para

entregá   la

Em vista

disso Escapino

consegue

extorquir

duzen

tas pistolas de

Argante

contando

 lhe que um

irmão de

Jacinta terrível

espadachim

quer matar Otávi o mas qu e

se poderá acalmá

  lo

com essa

q ua nt ia . T ambém re ce be

quinhentos escudos de Gerônc io p ara pa ga r

um

suposto

regaste

f ingindo que

Leand ro es tá prês o

a

bordo

de uma

galera

t urc a p ar a

onde

foi

traiçoeiramente

 

levado.

Não contente com

isso Esca.pino

ai nd a q ue r se vin

ga r

mais um

pouco de Gerôncio. que o intrigara

com

Leandro e consegue

convencê- lo de que

o

pretenso irmão

de

Jacinta

está

também

à

procura

dêle

Gerôncio porque

sabe

que

êle

quér

cas ar s ua filha com

Otávio

em lugar

de Jacinta _ Para escapar

do

perigo

Gerônc io se

deixa

amarrar dentro

de

um saco o qu e pe rm it e a

Escapino

administrar-lhe

um a bô a surra.

Mas

logo

a

seguir graças

 

uma imprudênc ia de

Zerbineta Gerônciovem

a saber

qu e foi

e nganado por E scap ino

e

êste só escapa de um

bom

cas tigo porque de

repente descobre-se

que Jacinta

é filha d e

Gerôncio

e

Zerbineta

filha

de

Argante . Os na -

morad os se casam

e

Escapino

é

perdoado:

ESTILO

 

Farsa.

Elementos princ ipai s do espe -

táculo: alegria movimento

ritmo.

 

PERSON GENS

Escapino   Fingido

mentiroso esperto

Escapino do

-

mina

tôda

a

peça

com su a

vivacidade

sua

capacidad

e d e

inventar os

mais

complicados

estratagemas de

te r res -

posta para tudo

e

de

assumir as mai

s

variadas atitude

s

conforme

a

situação.

Otávio e

Leandro   Galãs.

Jacinta

c

Zerbincta

  Ing ênuas

Gerôncio

e  rgante

  Ambos são velhos burgueses

ricos.

Bons

pais porém

pouco

generosos.

Ridículos

pela

facilidade com que se deixam

enganar.

Silvestre   Empregado. Medroso

e

sem

inicia

ti

va .

seu

papel na peça é estabelecer

um

contraste

com

Es-

capino

quando os dois se

encontram e conversam.

Nerina   Ama.

  arlos   Moleque.

CENÁRIO   Toda

a

ação

é

passada

n uma p ra ça de

Nápoles. Uma cortina de fundo

e

a lgun s e lement os s u

gerindo uma praça serão

o

bastante para

o

bom funcio-

namento

do

espetáculo.

.

FIGURINOS   De época.

QUEM

PODE 

LEV R

  Grupos

amadores com al-

_ A •

guma experiencia.

Pú LICO   Todos

.

 

 

 

O {=>

 

 

 

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George

Devine no  rasil

 

A  ontrihuição de George Devine

João Bctheneonrt

 

Esteve

entre

nós. em 1962. Gear.

ge Devíne, famoso homem de teatro

britânico.

diretor

artístico

da   English

Stage

Company

(mais

conhecida.

aliás. pelo nome do teatro em

que

funciona em Londr es .

isto é: o

 Royal

Court

Theater ) e

um

dos

homens

di

retamente

responsáveis pelo apareci

mento

da tão falada nova

geração

de

autores dramáticos. em seu país.

George Devine.

que

visitou Rio de

Janeiro. São

Paulo.

Salvador .

Curiti

ba , Brasilia

e Recife.

assistiu

a

um

bom

número de

espetáculos

em t ôdas

e ssas c idades

e

proporcionou

a

dire

tores

e

atôres brasileiros

a

rara

opor

tunidade de

tomar

conhecimento

da

opinião

de

um

homem de teatro es

trangeiro. altamente categorizado. s

 

bre o

seu

trabalho.

pois

Devine reali

zou palestras francas e informais com

Os

interessados.

sempre que lhe foi

possível.

No

Rio de Janeiro. sob

os au spí

cios do Centro Cul tura l e Dramático

da Maison de France e do Conselho

Britânico.

George

Devine apresentou

se na

l ei tu ra ens ai ad a

de

  Krapp s

Last Tape . de Samuel Becke tt ; na

mesma noite. foi realizada. em

portu

guês. a leitura

ensaiada

sob

orienta

ção de Devine

da

peça  A Festa de

Aniversário .

de Harold Pinter (tra

dução de

Barbara

Heliodora). Excep

cionalmente reunidos nessa noite. liam

os papeis

da

excelente

peça de Pin

ter:

Cacíldaí Becker, Rosita Thomaz

Lopes. Paulo

Autran,

Walmor Cha

gas.

Sergio

Viotti

e

Fabio Sabag

,

 

-

 

PINTER

e BECKETT

na

MAISON

Embora apresentasse

dois trabalhos

esquemáticos. duas

leituras

de texto . GEORGE

DEVINE

conseguiu revelar al

gumas

características de

seu

estilo

como metteur-en-scene.

DEVINE

é um asceta com senso de

humor;

um rebel

de

com sentido

de realidade;

um inconformista objetivo:

o

não fazer   concessões.

forçando

o público a

galgar

a bar

reira do proscênío, resulta

desta

mis tu ra exó ti ca de tem

peramen to e ideologia.

-

pela escolha do repertório

dess a no ite

  Krapp s

Last

Tape. de

Samuel

Beckett, e A

festa

de

aniversário.

de

Harold

Pinter, numa t radução de Barbara Hel íodora)

sente-se

que a Sua não é uma arte fácil. Em

compensa

ção . o senso didát ico de Devine, a clareza. a definição me

ticulosa

de sua concepção. encaminham e

recompensam

o

púb li co que

ousa

vir.

Tecnicamente. Devine carac te riza -se pela importância

que dá ao personagem

(talvez

porque numa lei tu ra não

lhe

restasse outro recu rs o impor ta nt e

de

direção).

Es

miuça  o. define-o em extensão e profundidade. e exige que

seus con to rnos sej am r ig idamen te r espe it ados .

Volta e meia esquecemo-nos de que isto é possível.

Esquecemo

-nos de que o ator

pode

representar sem da r a

deixa para a platéia:

 Aqui

vocês devem r ir . aqu i vocês

devem chorar ; a própria

natureza

de nossa s

platéias

e a

desconfiança

do ator em si mesmo

obrigam-no

 êst [ôgo

de extroversão

antiartistíco, a esta

comunicação

suple

menta r. por cima da ribalta.

Em

Krapp s

L ast Tape. mas

especialmente em A Fes

ta de Aniversário. sentiu-se

a

plena extensão

dos

atôres

como

personagens.

Dizemos   especialmente

po r

se tratar

de

uma

peça

mais

difícil. onde a

cada

ins tante atôres e

diretores sentiriam

a

compulsão de

fazer acenos

à

platéia.

Page 23: 021 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 021 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/021-cadenos-de-teatro 23/29

 

-

A Festa de Aniver sár io é estruturada como um sonho; as

motivações dos personagens e o significado

da

ação são

enraizados

num plano

mais

profundo. inconsciente. O es

pectador segue a peça como o leitor segue um poema; não

apenas

pelo seu

traçado

lógico. mas entregando-se

ao

es

tado de alma que susci ta cada passagem. como quando

se ouve música, Aliás. t an to Krapp quanto A Festa repre

sentam

uma

forma moderna

de teatro poétiêo.

Devine confiou na iniciativa do público de interessar  

se. de aproximar-se. seguindo a ação pelo que

é

e não por

s inais convencionais dos

atôres.

Assim. escolheu bem os

tipos. definiu claramente as funções dramáticas dós per

scnagens e abriu

caminho correto

não só para a

compre

:

ensão

mas

também

para

a

criação

dos a tôres. (Mencione 

se. de passagem. a

impressionante

atuação de um elenco

absolutamente homogêneo: Cacilda Becker, Paulo Autran,

Valmor Chagas. Rosita Tomás Lopes. Fábio

Sabag

e Sergio

Víotti,

cada qual ocupando a posição exata no espaço dra

mát ico e

c ênico

que a direçao

assinalou).

Atôres

e tex to fluíram. pois. na mesma direção e pa

ra o mesmo impacto autênticamente

teatral.

Aliás. a

obra

de Pinter é

impressionante.

não só pela teatralidade.

mas também pelo dom de misturar

terro-

e humor e

dilacerar o espectador no

atrito entre

êles. Seu

tema

é

o de 90 

das

peças

esc ri ta s hoje

em dia: a liberdad ;

mas

as

opções que A

Festa

de Aniversário propõe são

singularmente pessimistas, Entre o limbo e a absorção pe

la massa (qualquer massa: partido comunista . organiza

t icn -man etc.) o

espectador

não tem muito o que escolher.

Pinter e .Becke tt são

singularmente representat ivos

de uma certa corrente da dramaturgia contemporânea.

Enquanto o

primeiro

mostra o homem em

luta

com

outros

homens. o último

dramatiza

a luta do homem consigo

mesmo. Se o tema de Pinter é a liberdade. o de Beckett

é o tempo. Não é de estranhar-se que o desespêro de A

Festa de Aniversário seja mais agudo do que o de

Krapp:

só os muito moços (como Pinter quando escreveu a peca)

têm o dom do desesp êro

total;

depois, ou se

matam

ou

adotam

o

recurso

de Krapp: sentar. no meio da noite es-

cura.

e

dialogar

com as memórias.

• •

Embora de maneira

angustiante.

ambas as peças bus-

cam

um

sentido

para a vida e uma razão de

afirmaçao

dos val ôres humanos. O interêsse qué despertam.

apesar

da forma

difícil em que estão vazadas. é uma

prova

de

sua

atualidade.

 

certo

é que. apesa r das

muitas

soluções

propostas (algumas inclusive

mencionadas por

Goldberg),

o homem e o seu representante nesta jungle que é ,a vida

do espírito - o artista - concordam que o estado de

busca é ainda

Q

que melhor

expressa

a dinâmica do ato

de

viver.

A Noite de Devine no

Teatro

da Maíson de

France

foi

das mais prove itosas . Recordou-nos uma

maneira

de fa

zer teatro que nem s empre a s condições do teatro brasi

leiro permitem (ou serão condições nossas. pessoais, que

se dessvírtuam, como o herói de

Pínterjj

Recordou·nos.

também. indiretamente mas não menos acentuadamente a

importância do trabalho do artista. a sua função renova

dora.

a sua missão de

destruir

o convencional e o es tereo

tipado

. e a coragem para faz ê lo. Aliás. a

coragem

parece

se r uma das

virtudes

mais necessárias

para

quem quiser

fazer teatro hoje em dia. .

Sem mencionar o que realizou mais diretamente,

atra

vés de

conta

tos

pessoais

e palestras. o simpl es

espetáculo

na Maison de France, como lição de

teatro

e de outras

coisas.

justificaria

plenamente a estada de George DEVI·

NE entre nós.

Estão

de

parabéns   s

que articularam e am

pararam

sua vinda: e speremos que

estejam conspíran

no a todo

pano

para fazê-lo

voltar

ao -Brasil.

(Jornal

do Brasi l.

 4·XII·62

 

I

Page 24: 021 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 021 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/021-cadenos-de-teatro 24/29

 

.

Ao

deixar

o

Brasil,

GEORGE

BEVINE

brasileiro a seguinte carta:

tro

. I

 

enviou ao tea-

pràtícamenta nula, Teatro,

como

t ôdas as

ar te s. t em vida

orgânica

própria. c é

essa

vida

que

deve ser r espe it ada

e

favorecida.

Formule i m inhas

suges tões em

doze

itens principais,

a saber:

1.

O r g a n i z a d o r d e

T e a t r o

p a r a o B r a s i l

 

- Cen ros

E a d u a l

Eu

recomendaria

o

estudo

do

s is tema f rancês de cen-

tros regionais,

o qual parece espec ia lmen te adequado ao

tamanho do

Brasil.

Não ignoro os

problemas

intrínsecos

Para

e ss a f un çã o proponho a

designação, pelo

menos

por c in co a no s do homem ma is

capaz,

prático, esclareci

do

respeitável

e idôneo qu e vocês possam encontrar

 su

geriram-me um nome), para criar a maquinária brasi

leira especificamente

destinada a

pôr em órdem

o Teatro

brasileiro.

Êle

não

precisa, fundamentalmente,

de se r um

funcionário

público ou um amador.

Sua

tarefa

seria

a

de preparar um plano completo para o Teatro brasileiro:

adminis tração, orçamento,

organização

de

escolas

de

teatro, ajuda

às companhias, relações públicas

em

geral,

entrosamento com

escolas universidades e

organizações

t rabalhis tas, cul tivo de talentos

locais

intercâmbio com

o exterior, desenvolvimento de

novos

t al en to s em

todos

os

campos,

intercâmbio com diferentes r eg iões do país e

planej àmento adequado para a construção de teatros.

Parece

-me

que vocês

necesitam, urgentemente, pelo

menos de um bom teatro-escola, onde

os estudantes pos

sam

estudar

sem precisar de outros

empregos.

Confesso

que

fiquei

aterrado

comas condições de trabalho das

es

colas

dramáticas

e

penso

que

os

resultados obtidos são um

milagre

de

dedicação

e tenacidade. Mas

por certo,

isso

não

é

suficiente.

Um

teatro-escola

deveria criar os pa

d rõe s o e st il o a atitude

artística que

fecunda tôda a

pro

fissão. Para

tanto,

ela

precisaria

de uma vultosasubven

çâc

E visão uma

vez que

os resultados só  

são vis íveis

depo is de cinco ou mais

ano s. Eu r ecomenda ri a

a criação

de um teatro-escola nacional

da

mais

alta

qualidade, tea

tro

de

seleção de vanguarda, não acadêmico. Ta l

escola

se ocupari.a

da

 formação de artistas de t ea tr o, em opo

.sição

ao

  treinamento do s mesmos. Ela

deveria

estar li

g ada . a outras

escolas nos

vár ios centros estaduais, e delas

receberia

seus a lunos. A

escola

deveria

ligar-se também

ao s

movimentos progressistas no Cinema, TV, Dança,

sica Artes

Plásticas,

e tc. p oi s o teatro é uma síntese de

tôdas as outras

artes.

A

escola

nacional

deveria

também

dedicar-s e à

coleta,

colaboração e dis tr ibuição de .infor

mação sôbre teatro

no

âmbito internacional . Publicaria

uma r ev is ta d e t ea tr o, com col abo ração estrangeira.

Essa

secção da

escola

deveria

manter

cantata

com

grupos con

gênere s de

tôdas as

partes do

.mundo.

2 O r g a n i z a ç ã o

d e E s c o l a d e

T ea t ro :

 arta aberta ao Teatro  rasileiro

Acabo

de

completar uma estada

de

qua tro semanas

no

Brasil.

estudando seu teatro e

sua vida. Vis itei

o Rio

de Janeiro. São

Paulo,

Belo

Horizonte.

  urítiba

Bahia

e

Brasilia. Dei atenção

especial

às

empr ês as menos come r

ciais

e ao treinamento de atôres pois

era esta

a razão de

minha viagem a

convite

do C onselh o

Britânico

e como

hóspede

do

Departamento Cultural

e de

Informações

do

Itarnaratí. dos Estados da Guanaba ra e de São

Paulo

e

das

Universidades I da

Bahia

e de Minas

Gerais.

Em vista

da l imit ada duração de minha visita

não

vi. o que

lamen

to. todos a

quem

gostaria de te r encontrado.

especialmen

te no s

circulas

oficiais

mas

estudei

os

assuntos tão acura

damen te quanto

me

permi tiu essa limitação.

Queridos

amigos.

Fu i acolhido

em tôda

parte

com

gentileza

e ínterêsse.

Ocorreu-me que

seria

de certo modo

útil

retribuir a hos

pitalidade recebida com algumas

idéias

qu e

me

vieram ao

espírito

durante

a minha estada

aqui. Espero que

não me

tomem por impertinente. pois as ofereço

po r

puro espírito

de

amizade const ru tiva . Sin to que

o

Teatro brasileiro

mui

to evoluirá nestes

próximos

vinte anos. e seria lamentável

que

êsse desenvolvimento

se processasse de forma desor

denada. Vocês têm a oportunidade

única

de aprender com

os

erros

alheios,

e.

embora

haja uma teoria de que a ar

te

floresce

melhor

se

tiver

de

abrir

seu próprio caminho.

acredito que

el a

floresce

melhor ainda.

quando se criam

condições

para

o

seu

desenvolvimento. Séi

também

qu e

os

problemas

econômicos decorrentes de

tais planos

são de

difícil solução mas

nunca

acreditei

que falta

de

dinheiro

pudese se r a razão fundamental para não

se

atingirem

objetívos desde que

haja

vontade de a ti ng í-lo s.

 

Conheci um grande

número de talentos teatrais.

en-

tr e os quais

um

homem

de

excepcional

visão e capacidade

criadora. mas não vi muita

organização

teatral de

enver

gadura.

Devo

assinalar

qu e tomei

conhecimento

de que vo

cês r ecebem aux íl io federal

e

estadual

para

o

t ea tr o. mas

permitam-me também assinalar que.

enquanto

ês se auxí

lio

estiver

sujeito a mudanças políticas sua eficácia será

 

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7/21/2019 021 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/021-cadenos-de-teatro 25/29

I  

à

divisão

entre Rio e

São

Paulo (e, naturalmente,

Bra

si,

lia ·ma is

tard

e) , mas se ôsses probl emas forem reconhe

cidos num plane jamento, poder ão também se r

atenu

ad os ,

O princípio

fundamental

do sistema francês é a criação

de companhias provinc ia is que oferecem

teatro

a tôda

uma região e desenvolvem tal

en t

os locai

s,

A propósito, eu sugeriria

também

o estudo dos pla

no

s

franc

ês

es

para

os

Centros de Cultura

, nos

quais

o t

ea

tro

faz

parte

de

um

complexo de t

ôdas

as a rt es , d ivert i

mentos

,

recreação

e

algun

s e

sport

es, de

ta l

modo

que nã

o

fica i solado das

outras atividad

es ,

As escolas estaduais de teatro - se ligariam a

êsses

centros,

 

C ompan h ia N a ci on a l d eTea t ro

Recomendaria, a êsse r espeito,. a formação de

uma

companhia subvencionada

de alto

nível,

que

se dedicaría

a peças c láss icas e

modernas

,

Seria

preciso enc

ontrar

uma forma

de

con tr ato qu

e p

ermitís

se aos

artistas traba

lhar

em de

vez

em quando em

outras

companhias, pa

ra

variarem

ou

ganharem

mais

dinheiro

(po r

exemplo

, a

 oyal

Shakespear

  ompany  Stratford on

Avon, cri ou

ta l

contrato). Aperfeiçoados os meios de transporte, essa

companhia poder ia ser obrigada a

passar

parte do tempo

no

interior.

O

problema

é

impedir

qu e t al companh ia se

transforme

em funcionalismo público. Não dev eria haver

privilégios , só o

mérito

ser ia recompensado. A compa

nhia

e

staria vinculada

à Escola Nacional de Teatro.

5 Fest iva is de

 T e a l

ro

A fim de cu

lt

ivar o inter êsse pe lo

teatro

e de at

rair

Os

talentos

de tode o

paí

s,

eu su

geria a realização, de

início, de

festivai

s bienais de t eat ro b ra

sileiro

, onde se

riam

apresentados os melhores

trabalho

s. E, de

tr

ês em

t rês anos ,

um

fe

stival sul-am

er icano de   t

eatro

,

ab ran

geu

do tod

o o continente, para apresentação de, pelo men os

uma

boa

companhia

de

cada paí

s.

Poder-se-ia

recorrer

ao h

abitual

\ e

stímu

lo de pr êmios

e recompensas.

6

Teat ro

Popu l a r

Sei que ês te é um assunto que interessa a

muita

g

en t

e

de teatro no Brasil. Não me estou referindo apenas

àq

les que vêem o

teatro

como meio de propaganda pa ra

diferentes credos políticos (e , a

propósito,

não faç o obj e

ção a

ta l

uso, desde

que produza

bom

t ea tro; por

exem

plo, Brecht. Se produz mau teatro, não é pior do que

qualquer

outro

  mau te at ro ), mas

também

àquêles qu e

gos ta ri am de ve r

mais

gente

,

espec ia lmen te gen te mai

s

pobre, par ti cipa r da

 

experiência

do teatro.

Na minha. opinião, ainda

aqui,

foram os francêses qu e

chegaram mais perto dêsse pbjetivc.  

E

uma questão de

di stribuição e se relaciona com minhas observações an

teriores s

ôbre

osvcentros regionais. O Teatro

Nacion

al

Popular e o teatro   de

Pl an chon deve ri am t ambém

ser

estudados minuciosamente

.

 

Sur pree ndeu me, alias , que, no Brasil. não se fizesse

ma is uso do

teatro

ao ar li

vr

e e de companhias itin

eran

tes, ambos muito úteis para se a tin

gir

públlco mais am

 pio. Eu recomenda ria a TV como meio educativo para

a comp

ree

nsão do t e

at

ro sério.

Em

vez

de a lgumas

des

sas peças de péssima

qu

alid

ad

e, p

oderíam organizar-se

progr a

mas

de gra

nde

in ter êsse

qu

e ap r

esenta

ssem

ver

d

ad

eiro

tea

t

ro .

7 P ro b lem a d e Patrocinio

Estata l

A pr ática do pat

ro

cinio estatal para o teatro é

sem

pr e complexa . Não foi ainda resolvida na

Grâ-Bretanha

.

Em su

ma,

ela d

ep

ende do equilíbrio entre um forte con

trô le local e o máximo de liberdade descentralizada. Pen

so

qu

e os fra nceses, uma. vez

mai

s, quase chegaram a um a

solução, a

tr

ibu

in

do ao di retor artístico

de

uma emprêsa

um

de t erminado orç

amento

, com umas poucas condições

s ôbre a fi nalidade de trabalho e permitindo-lhe encon

tr

ar suas próprias soluções . Se êle

ultrapassa

o orça

me

nt

o, cabe a êle encontrar os recursos extras . O modo

de fazer um ar ti

st

a r espons

áv

el é c

onfiar

nêle.

 

Di reção e

  dmin i s t ação

Ob

servei lima ausência considerável de

boa

adminis

tração

no tea

tr

o b rasileiro . O aperfeiçoamento de bon s

administrado res dever á se r , neces

sàriameni

e, parte do

prog

ram

a

qu

e estou suger indo.

9

C ri aç ão d e P ad rõ es

Um dos mai

or

es

pr

obl

ema

s do teatro brasileiro, a

meu v

er

,

é

o da criação de

padrõ

es,

considerando que

vocês t êm poucos tê rmos de comparação. I

sto

é sempre •

uma

la

cuna em

qualqu

er ar te .

Eu

s

ugerir

ia

qu

e, al

ém

de se

providenciar para que

companhias estr ane giras de bom nível vis itassem o

Bra

sil, c

onvit

es fôssem enviados a di

retores

de

primeira

gr a ndez a, pa

ra

dirigirem peças

nacionais

,

com

os melho

res at ôres que pudessem ser recrutados. Nomes como

Peter Brook, da Inglaterra ; Visconti, Strahler, da Itália;

Ka zan, dos E

st

ados Unidos , e

diretore

s do  Conjunto Ber

linense , das   Ar tes de Moscou , da Escandinávia,

Fran

ça

etc . A êsses

di retor

es convidados (e só

deveriam

se r

es

colhidos

os melhores) deveriam

se r

proporcionadas as

m elhores condições possíveis. e jovens

diretores

brasileiros

poderiam at uar como seus assistentes, deveriam se r

severos e não se deveria esperar que fôssem complacentes

com as   condições locais  . Seriam

contratados

como

técní

cos do mai s alto nível ,

cuja

simpatia teria de ser conquís

tada

pelo trabalho e pelas qualidades profiss ionais dos

que com êles t rabalha rem. Quaisquer que

sejam

os resul

tado

s. o investimento de vocês

estaria

na

experiência

  a

meu ver. ba se de tôda educação. ,

P

or

out ro lado, o envio de jovens

talentos

ao

exte

ri

or

deve continuar.

De

maneira   geral,

lembro

àqueles

qu e

podem

influir nas condições de t ra ba lh o ·que díre-

tores e profes

sôre

s são o

melhor inves timento .

:

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7/21/2019 021 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/021-cadenos-de-teatro 26/29

to Novos Escr i to res

1 :ste é, naturalm

ente

,

um

problema básico.

Atual

mente vocês não têm teatros expe r imentais suficientes

que pos sam incentivar a produção

de

novos autores na

cionais.

Creio que

as

escolas

dramáti

cas

poderiam fa

vo

recer

essa produção, contanto que não éaiam no acade

mismo.

'A

maneira

de

um

escritor

aprender

e

pr

oduzir

para

o

teatro

é

ver

o

s eu t ex t

o no palco, sob

uma

dire ção

segura e compreensiva, d ian te d e

um

públic

o

por menor

que seja . Desconfio que a recente eclosão, no Brasil, de

novos escritores está se ressentindo da falta de um pú

blico preparado para ela. Creio

que

devo as

sinalar

que

mesmo

um

teatro

como o  oyal o ur t é

obrigado

a in

cluir no seu r epe rtó rio

grande

quantidade de peças

clá

s

sicas ou já aceitas, para sobreviver.

Pergunto-me porque vocês não ado tam dois tipos de

espetáculo que poderiam fazer sucesso e que têm inte

rêsse para

o público

brasileiro - uma forma de pe

ça com

música

e dança

sôbre

tema

sério

, e outro de comédia ou

farsa,

também

s ôbr s t ema

sério

.

.

Permitam-me lembrar

que a

 p i

ece

à th êse?

está ul

t rapassada. Brecht matou-a .

 

A

adore s

 __.  ..  

o teatro

amador

já fêz e muito está fa zendo pa ra

fecundar

o teatro brasileiro.

Num

tea tro profissional or,

ganizado,

êle deveria c

ontinuar

a fazê-l

o

ma s pode

ri

a ser

ajudado

por uma

organização

centr

al qu e o auxiliasse

com troca de idéias, equipamento, etc.

 

C rla ç ao d e

u

nOvo Tea

t

ro

Finalmente chegamos a êste ponto . Em qualquer pais .

do

mundo

, é indispensável

qu

e algumas

pes

soas de visão,

paixão

e bom-senso, jun tem recursos e, até cer to ponto,

sacrifiquem

sua individualidade par a c ri ar condições pa ra

um

sistema

de

teatro

civilizado. E

recu r

sos gov

ernam

en

tais

precisam

ser

usados para

ajud

á-los (Afin al de con

tas, o teatro é um bom meio

de

educaç

ão

humanística e

liberal .

Um público d

ever

se r

criad

o ' simu

lt

â

ne

a

me

n te

à

criação do nôvo tea tro.

Vocês já têm a vantagem excepciona l de contar com

a simpatia

de

grande número

de

jornalist as influentes .

Façam uso dêles. E

 

uma vez t

ermi

nada a tarefa , vocês

todos podem

cindir

-se de

n

ôvo e in

sultar-

se mu

tuament

e,

como t ôda a boa gente de teatro.

Afirmo que vocês têm no paí s

muit

o t

ea t

ro po ten

cial, que a inda não foi explorado . 'Se, como nação, vocês

sentem

necessidade

de um teatro que seja mais do qu e

diversão, vocês o terão e êle será brasilei ro.

O Brasil

é conhecido

por

seus gestos' ousados. Fa ço

votos que

um

dêsses gestos

seja

fei to pelo tea tro

Felicidades. \

G ORG V IN

Diret

or Artí

stico do

 Roya l Court

Theatr

e

de L

ondr

es

• •

 

.

 

 

Page 27: 021 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 021 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/021-cadenos-de-teatro 27/29

 ntrevist

Maria

Inês

Barros de Almeida

que

teve várias peças encenadas

nos

palcos

cariocas.

com

um a das

quais

(O DIABO COSPE VERMELHO)

obteve

o

Prêmio Fab io P ra do .

é

tam

bém muito

conhecida pelo seu traba

lho

de

divulgação teatral em

nosso

  país

que. sob o

pseudônimo de La

vina

Soares

e

em

colaboração com

seu

marido , Alf redo

Souto

de

Almeida.

é

responsável

pelo programa  CENAS

E

BASTIDORES na Rádio

Ministério

da

Educação

e

Cultura.

No

mês de Abril. Maria Inê s e st eve

ràpidamente na Inglaterra

e

na Fran

ça; ao regrsesar, concedeu a CADER

NOS

DE

TEATRO a

entrevista que

pu

blicamos

a seguir

em que

  nos comu-

o • •

 

_

nica

suas

prmcipais

impressoes.

Acostumados que

somos a

le r  crí

ticas sôbre

o

teatro europeu . parece

ram-nos part icularmente interessantes

as declarações de Maria Inês

por

constítuirem em

relato

de

impressões

viv idas (mas

nem

po r isso despidas de

apreciação

crítica) de uma pessôa

to

talmente

integrada

no movimento vi

vo do teatro

nacional.

Vocês

sabem

que tomar contato

com o panorama teatral da Inglater ra

para

alguém que está ligado

a

teatro

por

laços

de

interêsse profundo é

algo

assim como se ajustar à consciência

artística

contemporânea.

corno   saldar

uma dívida. como para um católico

receber

a

Indulgência Papal .. . Pode-se

enfim respirar aliviado

e dizer:

 E u

Pois digo-lhes o que ví e a impres

são

que me deixou

...

TRADIÇAO E

QUALInADE

BRITA

NICAS

A

tradição

s h a k e s p

e

a

r

ea

n a

ao teatro

inglês

enobrecimento e

dignidade e

aos

seus atôres uma alta

qualificação. Entre

o

HENRIQUE VIII

que

representado

po r

um grupo de

.não-profissíonais em

Birmingham

e o

REI LEAR do Royal Shakespeare

Theatre, de Londres . h á

uma dif er en

ca

de

nível

artístico

que reside no

que eu chamaria intensidade e

não

aualidade. A despretensiosa

compa

nhia de Birmingham dá

oportunidade

ao

espectador de

conhecer Shakespea

re de maneira

tão lúcida e

digna

quan

to

o

e spe tác ulo dirig

ido

por

 Pe ter

Brook. Mas. o REI LEAR ass is ti do em

Londres

é

um

acontec imen to t e

atral

invulgar.   ~ s t e s que ficam

para sem

nre na memória .

A

intensidade

do

bri

lho

da concep

ção e

da

realização cê

nica

de

Peter

Brook,

ass im como

a in

terpretação de

Paul Scofield. d

esligam

o

espectador

do tempo real e

tornam

imperceptíveis

a s qua tro

horas que

passamos

sentados

numa

cadeira.

Dou-lhes uma

idéia

ligeira do que

vemos

em cena : Paul Scofield

.

um

a

to r

gigante

e  s demais at ôres

movem

-se

num cenário

de

cobre e madeira. ves

tindo

roupas

de

couro

lavrado. As ce -

nas sucedem

-se

numa a tmosf er a de

realismo

e

fantasmagoria

simultâneas

Quer me

parecer

que.

nêsse espetá.

culo, o

diretor conseguiu unir

maravi

lhosamente

a

t radição clássica

do

tea

tr o inglês

a

concepções

arrojadas e

modernas. sem quebrar a

unidade  r-

tística.

o

PEER GINT

a

que assisti no

OLD VIC é

um espet ácul o o rgul ho so

de suas possibi lidades cên ícas e da

qualidade

de

seus

a tô res mas me

pa

r eceu despe rd íc io de milionário:

fogos

de art if íc io par a c el eb ra r u rn a

sauda

de. O

PEER

GINT

de

Ibsen

é

muito

caro ao s ing lêses que

o têm apre

sentado em outras ocasi õe s. em gran

de estilo.

Também

desperd íc io de talento

é a

participação

de

Laurence Olivier nu-

ma peça.  SEMI-DETACHED , que

decepciona pe la

qualidade do

texto

e

do espetáculo, notadamente pelos tru

que s que emprega

para

atrair

a sim•

pa t

ia

do públ ico .

IMPORTANCIA DOS AUTORES NO.

VOS NO TEATRO

INGU;S

- Do

tea

tr o contemporâneo inglês. ví um espe

t ácul o que consi de ro

definitivo:

 NEXT

TIME

I LL

SING

TO YOU .

de James

Saunders,

dirigido

por

Shirley

Butler

e

in terpretado

por

um grupo de

jo

vens at ôres de certa

popularidade

no

teatro

e

na

televisão

locais.

O

autor

baseou-se num

livro

cujo t ema

foi su

gerido pela vida de

um

indivíduo

mis

te rios o q ue pa sso u

a mai or p art e

de

su a exis

tência numa gru ta .

isolado do

contato

humano

e de quem se desco

briu um diário.

após

a su a

morte.

em

1942. Partindo d êsse fato.

que pode

nos

parecer

vazio

de sentido.

James

Saunders c ria uma peça de

cornbatívi-

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7/21/2019 021 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/021-cadenos-de-teatro 28/29

,

• •

\

  .

,

)

,

,

,

dade e ,

dramat

ícidada asfixiantes, à  

público

reage

excelentemente

ao

ap

ê

lo

do

autor que me parece segui r de

terminada

tendência

de certos novos

autores

inglêses: usa

a angústia como

tema

e como estíniulo e

dela

se des

faz pelo

sarcasmo.

fi losof a com iro

ni a. machuca até o fim para depois

fazer r ir . comove para então inver ter

as situações.

explora

o problema

da

solidão

e

da

incomunicabilidade

huma

nas. sacode,

embaraça o

espectador e

deixa-o ir. Inquieto com o que lhe

propos to e sati sf ei to com o  que lhe fOI

dado. James Saunders realiza isto

in-

tegralmente na sncenaçao

a que as-

s is tí em Londres.

Aí termina a minha

 aventura ín

glêsa . E começa a francesa, Curtís

sima, mas completa.

,

A  MARCA DEFINITIVA DE JEAN

VILAR SóBRE O TEATRO FRAN.

 ts

- Um único espet áculo liquidou

com qualquer

dúvida

que Se possa te r

sôbre

teatro:

 GALILEU GALILEI .

le

Bertolt Brecht, pelo Teatro Nacio

na l Popular. Os

crí ticos franceses. em

sua

maioria. torceram o nariz

para

o

espetáculo

 que

foi dir igido

por

Geor

ges Wilson e que, a meu ver. é exce

lente) talvez por intrincadas razões

emocionais ligadas ao afastamento de

Jean Vilar

do TNP. O que

se

tornou

impossível para mim foi separar o

que se

passa

em cena dq que se passa

aquém da cena. Há uma vitalidade.

uma participação. uma

crença

mara-

vilhosas na platéia que enche as salas

do TNP. A experiência de Jean Vilar

marca-o como o grande homem de

teatro

do nosso tempo. Percebe-se a

consciência

t ea tr al d a massa humana

 

que

freqgenta

o

Palais

deChaillot e

a participação total pareceu-me tão s6.

lida

e   e

stabelecida

que só um

traba

lho desastroso e desagregador persis

tente

poderá

alterar

o esp íri to

criado

por Jean

Vilar naquêle

teatro:

coar:

denação

entre platéia

e palco da cons

c iênc ia do

valôr

histórico e social do

,

fenômeno teatral.

Os

parisienses aprenderam

a

amar

um

autor

. Roge- Vitrac,

através

do

in-.

terêsse que Jean Anouilh tem por êle.

Quando se chega a

Paris.

logo alguém

há-de

recomendar

que se vá

assistir

 VICtOR

OU

AS CRIANÇAS NO PO

DER

.

Reger

Vitrac. A peça

ti-

.

vera duas outras apresentações que

passaram despercebidas, anos

atrás. .

Agora.

Vitrac

é comparado. para se

lhe da r

superíorldade,

a Ionesco,

A extravagância de diálogos algo m -

liciosos. algo incoerentes e a lgo

síbil

í.

nos. combinados

a

uma intenção gra

ve e perturbadora são Ingredientes es

peci almente ca ros aos

f ranceses mas

confesso que. pessoalmente; a impor

tância que se quer

a tr ibui r ao

texto

de Vitrac me escapou. O

espetáculo

tem

a

qualidade

do bom teatro euro

peu mas  

no

entretanto. acho que é

o Teatro Nacional Popular que deve

se r

visto . \

Maria Inês Barros de Almeida

I

,

,

 

,

-

.  

i

,

, -

' l.

rl

 

.

,

,

,

••

Page 29: 021 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 021 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/021-cadenos-de-teatro 29/29

 

I ex tos e

• •

publicaç

õe

s

secretaria

à

disposição

dos

d

 O TABLADO:

leltotês úa

c s

140,00

80,00

30,00

30,00

300,00

130,00

600,00

200,00

200,00

200,00

250,00

200,00

250,00

250,00

250,00

 

250,00

200,00

250,00

600,00

400,00

 

 

o

 TEATRO,

de

Stark Young,

e m t ra d uç ão

de

Barbara Me

liodora,

publicado pela E di tô ra L et ra s

e

Artes.

 

- - - - •._- - -_.-- .

OS MISTÉRIOS DA MISSA, auto de Caideron de

La

B ar ca , e m

tradução

de

J oã o C ab ra l de M el lo N et to ,

publicado

pela Editôra

Civilização

Brasileira, qu e

inicia,

em

êsse volume, a su a Coleção Univers it á

ri a de TEatro,

d ir ig id a p o r

Martim

Gonçalves.

 

\

A farsa do

advogado

Pathelin .

O Urso,

de

Tchekov

.

Espalhando boatos,

de

La dy Gr egor

.

Os

grandes aborrecimentos,

d e C ou rt el in e

.

O

médico

a fôrça,

d e Mo li êra

.

A casa do bode,

de

J.

C ar lo s L is bo a

.

Barrabás, de Michel de Ghelderode : .

Auto da

Compadecida,

de Suassuna

, .

Bodas de sangue, de Garcia Lorca .

D. Rosita, a

solteira,

de F. Garcia Lorca .

Diário

de

Anne Frank,

d e G oo dr ic h

e Hackett  

Diálogo d as C arm eli ta s, d e

G. Bernanos .

A harpa

de erva,

de

  I r um an C ap ot e

.

A

longa

jornada

noite

a dentro,

de

O Neill .

O

living -room, de Graham Greene

.

Natal na

praça,

de

Henri

Ghéon .

Pedreira das Almas

-Telescópio,

de

Jorge

An -

dr de

o

 

O

Rinoceronte,

de Ionesco .

M ét od o o u l ou cu ra ,

de Robert Lewis .

Teatro Infantil, de M ari a C la ra Machado

.

Teatro, de

M. Clara

Machado   O Cavalinho

azul, A volta do

Ca ma l eã o A l fa c e

e o

Em

 

rque de   oé .

400,00

T EA TR O P AR A CRIANÇAS, de

Stela Leonardos -

• A  

ta do p ela

E d ít ôr a L e tr as e Artes.

edi-

CADERNOS DE

TEATRO

-

ns.

atrasados

de

10/19 exemplar

Errata do texto publicado n os C AD ER NO S

n. 20

ns. 20 e 21

exemplar

Assinatura (seis números)

• •

• • •

• • • • • • • • • • • • • •

• •

• •

• •

• • •

• • • •

• • •

50,00

70,00

500,00

/

OS M IS TÉ RI OS D A VIRGEM, de GIL VICENTE

1 - Na fala do FRADE, verso 70, onde se lê TRIMTAS

Ieía-se: TRINITAS.

2 - Na fala da

PRUDtNCIA, verso

138,

onde

se lê:

  i

u

Deus Ciméria leia se:

diz q Deus será humanadg.

PEDIDOS

para

O

TABLADO,

à

Av.

Lineu

de Paula

Machado, 796, Rio ,

Estado

d a G ua na ba ra .

.

- -- -

.