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Rosinete Maria dos Santos Guimarães 1

Rua Pitiguaras, 205 - Campo Grande - Recife - PE - Brasil

Fone: (81) 3427-2181.

E-mail: rosinete.guimarã[email protected] .br,

rosinete guimarã[email protected]

Solange Laurentino dos Santos2

Rua Conde de Irajá, 330, apt0 601 -Torre- Recife- PE- Brasil

CEP 50710-31 O - Telefone: (81) 3226-2763

E-mail: [email protected]

1 Aluna do I Curso de Especialização em Políticas Públicas e Gestão Estratégica da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Departamento de Saúde Coletiva. Fiscal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Posto Portuário do Recife. 2

Mestre em Saúde Pública pelo Departamento de Estudos em Saúde Coletiva do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães - NESC/CpqAM.

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1',

RESUMO ~-

\ :~ •· ; •!,:,; \'1,)~-f~; Um dos problemas ambientais encontrados erii "P'ê'fií.ambuco é o descarte de óleos usados. Esse, muitas vezes, ocorre de forma inadequada prejudicando o me10 ambiente. Essa atividade é realizada muitas vezes de forma clandestina pelas empresas coletoras sem a devida fiscalização. Esse artigo faz uma avaliação das condições de descarte de óleos lubrificantes usados de navio cargueiro e graneleiros, no porto do Recife, pelas empresas coletoras, desde a coleta até o destino final. Foi realizado um estudo exploratório de julho a dezembro de 2005. Os resultados mostraram precanas condições de infra-estrutura e acesso; pendência com outros órgãos públicos, falta de acompanhamento do responsável técnico, descarte do produto nos corpos hídricos e venda inadequada do óleo para ser queimado em caldeiras de indústrias. Nenhuma delas realiza re-refino, que consiste na remoção de contaminantes dos óleos lubrificantes.

Descritores: resíduos sólidos; disposição de resíduos sólidos; poluição ambiental;

ABSTRACT

One of the environmental problems found m Pernambuco is the discards of used oils. That, a lot times, it happens in an inadequate way harming the environment. That activity is accomplished many times in a secret way for the companies' collectors without the due fiscalization. That article makes an evaluation of the conditions of it discards of used oils of ships, in the port of Recife, for the companies' collectors from the collections to the final destiny. An exploratory study was accomplishéd from july to December of 2005. The results showed precarious infrastructure conditions and access; quarrel with other public organs, lack of accompaniment of the technical responsible person, discard of the product in the watery bodies and inadequate sale of the oil to be burned in boilers of industries. None of them accomplishes re-refine. To refine consist in to remover of contaminate of lubrificanting oil.

Descriptors: disposition of solid residue; solid residue, environment pollution.

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!INTRODUÇÃO

Esse trabalho surgiu de uma inquietação, quando do repasse da

RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) 217, publicada em 21 de

novembro de 2001, e um agente responsável dos navios da

Petrobrás colocou sua preocupação quanto ao destino de óleo usado

de navio e a inexistência dessa referência na RDC em tela

estudada. Ao realizar um curso sobre Gerenciamento de Resíduos

Sólidos, promovido pelo Departamento de Engenharia Química na

UFPE, o professor Gilson Lima reascendeu novamente essa

preocupação na minha prática fiscalizatória e como cidadã, qual o

destino dado a esse óleo.

U dos problemas ambientais observados em Pernambuco é o

inadequado

PERNA , BUCANA DE

de óleos

RECURSOS

usados

HÍDRICOS,

(COMPANHIA

2002). Esses

resíduos são classificados segundo a Norma ABNT 10.004

(Associjão Brasileira de Normas Técnicas) como um resíduo

perigoso classe I, cujo destino final só poderá ser o re-refino

(BRASI , 2005). Chama-se re-refino o processo industrial de

remoção de contaminantes, produtos de degradação e aditivos dos

óleos luorificantes. A Resolução CONAMA n° 9, no seu artigo 1 o

descreve que os óleos lubrificantes usados poderá ser utilizado se

regenerado ou reciclado(BRASIL, 1993) . A atividade de coleta,

transporte e destino final de óleos usados de navio, muitas vezes

desenvolrida de forma clandestina por parte das empresas

prestado}as de serviço, dificulta a ação das agências fiscalizadoras,

comprometendo a credibilidade das empresas regulares no mercado.

Por outr' lado, no Inventário de Resíduos Sólidos, realizado pela

CPRH ef 2002, foi 'constatado que o principal resíduo perigoso

P

greeroadcuopannl ote 'Estado de Pernambuco é o óleo usado e o mais é que o referido inventário também constatou que a

principal forma de destino final é o descarte nos corpos hídricos

através das galerias de águas pluviais (COMPANHIA

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PERNAMBUCANA HÍDRICOS, 2001). A CPRH

tem como o bj e ti vos exercer a função de órgão ambiental do Estado

de Pernambuco, responsável pela execução da Política Estadual de

Meio Ambiente, atuando no controle da poluição urbano-industrial

e rural, na proteção do uso do solo e dos recursos hídricos e

florestais, mediante: licenciamento, autorização e alvará;

fiscalização; monitoramento; gestão dos recursos ambientais

(PERNAMBUCO, 1997).

O descarte inadequado de óleo usado de navio tem como

conseqüência um problema de saúde pública com contaminação do

meio ambiente, podendo contribuir para aumentar a incidência de

morbidade, quando dispostos de forma inadequada.

Muitas vezes ele é oferecido e queimado nas caldeiras das

indústrias provocando poluição atmosférica, onde são encontrados

poluentes tais como: hidrocarbonetos, nitrogênio, óxido de enxofre,

monóxido de carbono, compostos aromáticos polinucleares,

potencialmente carcinógenos, causando ainda doenças respiratórias

e alérgicas.

Outro problema grave é a falta de fiscalização do destino

desse óleo. Tanto a ANVISA como a CPRH (Companhia

Pernambucana de Meio Ambiente) ainda não possuem essa prática.

Compete a ANVISA a fiscalização dentro da área portuária e a

CPRH o transporte até seu destino final bem como instalações

físicas e o seu funcionamento. Só sendo exigido na ANVISA, que

as empresas que realizam o descarte de óleo de navio apresente a

Autorização de Funcionamento de Empresa- AFE (BRASIL, 2002).

A falta de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos do

porto do Recife, que até então não foi aprovado, com pendências

para serem corrigidas e até o momento não solucionada, corrobora

para o agravamento do problema;

Com a instalação da equipe de AFE em novembro de 2003,

criada para regulamentar as empresas que prestam serviço dentro

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do porto do Recife, que trata a resolução RDC 345 de 16 de

dezembro de 2002. Percebeu-se que as empresas funcionavam na

ilegalidade precisando se adequar.

Pelo exposto propõe-se realizar um estudo exploratório da

situação do descarte de óleos usados ou contaminados dos navios,

levantando os principais problemas no ato de regulação e propondo

medidas para mudança da prática fiscalizatória que terá seus

efeitos na promoção da saúde, sendo essa a missão da ANVISA

(BRASIL, 1999). E colaborar na proteção do meiO ambiente

(BRASIL, 1988).

Os óleos usados ou contaminados ficam armazenados em

tanques próprios no casco do navio (Anexo A). Na base do navio

temos os tanques de água de lastro, que são em número de 5 em

média, para equilibrar o navio. Logo acima deles vem os tanques de

dejetos, que variam de 2 a 4 e recebem resíduos de águas servidas

do sistema de efluentes sanitários. Na camada subseqüente

encontramos a casa das máquinas, que possui um grande tanque de

óleo, que é composto de um tanque real e um residual. Esse tanque

de reserva permite que o óleo fique longo tempo, em repouso,

tornando seu produto espesso, que para ser utilizado passa por um

processo de aquecimento e purificação para retirada de impurezas.

O produto final se transforma numa borra espessa que fica no heavy

tank. Quando as empresas realizam coleta de óleo retiram-no desse

tanque (CARANGOLA, 2006).

As empresas coletoras são acionadas, a partir de um contato

entre o responsável legal da embarcação e a Gerência de

Engenharia e Meio Ambiente, na administração do porto, com a

previsão de que haverá descarte de óleo usado de navio.

A estimativa da quantidade de óleo a ser descartada só é

possível quando o caminhão passa na balança em frente ao armazém

07e lá se dá a pesagem.

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As empresas coletoras que operam com resíduos sólidos

necessitam disponibilizar aterros que devem apresentar

impermeabilização inferior e de drenagem de líquidos percolado s e

drenagem superficial, além de operação e monitoramento

adequados. Deve possuir características de projeto e construtivas

que minimizem os impactos ao ambiente, isto é, devem ser

projetados, implantados e operados de acordo com os parâmetros

estabelecidos na Norma ABNT 1 O .15 7. O óleo usado devido as suas

características físico-químicas deverá passar por processos de

decantação, ou seja, separação do óleo da água e por fim o re­

refino.

Assim avaliou-se as condições do descarte de óleos usados de

navios cargueiros e graneleiros que atracaram no Porto do Recife.

2MÉTODO

Desenho do estudo: estudo descritivo exploratório no período de julho de 2005.

Área de abrangência do estudo: Posto Portuário do Recife-PE.

Posto da ANVISA. O porto situa-se numa área compreendida entre

o bairro do Pina e o mole, com vistas para o farol de Olinda de

2. 960m 2' dividido em cais de 1 a 15. Localizado às margens da

avenida Alfredo Lisboa. Com 16 berços de atracação, é composto

por quatro trechos de cais contínuos.

População: Os navios cargueiros e graneleiros que atracaram no

porto do Recife no mês de setembro de 2005 num total de 4

cargueiros e 1 graneleiro;

Também foram avaliadas as 3(três) empresas credenciadas das

5(cinco) cadastradas na ANVISA a operarem para retirada de

resíduo oleoso.

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7

Seleção da amostra:

Dentre os navios que atracam no porto foram selecionados

todos os navios de grande porte que descartaram óleo no mês de

setembro de 2005. Os navios que descartam óleo são exatamente os

cargueiros e graneleiros.

Foram excluídos do estudo os naVIOS petroleiros,

passageiros, pesqueiros, cargueiros de pequeno porte procedentes

de Fernando de Noronha, por não acionarem a operação de descarga

de óleos usados realizadas pelas empresas coletoras;

Foram selecionadas as três empresas coletoras dentre as cmco

credenciadas para descarte de resíduo sólido oleoso no porto do

Recife, por se encontrarem regulares junto ao porto.

Coleta de Dados

Os dados secundários foram obtidos no Posto Portuário do

Recife da ANVISA, na Administração do Porto, legislações

pertinentes do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA),

CPRH, Ministério da Saúde, internet, pesquisa documental e outras

fontes;

Os dados primários foram colhidos nos navios cargueiros e

graneleiros por ocasião da inspeção que atracaram no Porto do

Recife, no mês de setembro de 2005, quando os mesmos

necessitaram realizar a operação de descarte de óleo usado;

Os dados primários das empresas coletoras e receptoras de

resíduos oleosos foram colhidos nos meses de outubro e novembro

de 2005.

Considerações éticas

O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do

CpqAM/FIOCRUZ sob o registro 54/05 com validade até 8 de

março de 2009.

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3 RESULTADOS

Apenas 05 navios realizaram descarte de óleo no mês de

setembro no porto do Recife dos quais 4 cargueiros e 1 graneleiro.

Foram escolhidos os navios cargueiros e graneleiros porque são

exatamente os que acionam a operação de descarte de óleo.

Tivemos nesse mês 24 navios ~argueiros, 1 graneleiro 4 i

passageiro, 13 pesqueiro, 2 petroleliro, 2 rebocadores, 1 draga, 72

veleiros. O mês de setembro é mh mês atípico porque temos a I

regata de Fernando de Noronha (Re1eno) motivo pelo qual o gráfico

mostra percentual grande de veleiros. (ANEXO B).

3.1 Quanto ao Transporte:

Em relação às condições de transporte foi observado o seguinte:

. O transporte é realizado por caminhão apropriado para esse fim,

autorizado pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).

Geralmente, esse veículo é alugado ou arrendado (AGENCIA

NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES, 1998) .

. Em uma das empresas o caminhão também funciona como tanque

de armazenamento do produto, até que o mesmo seja levado para o

seu destino final.

3.2- Quanto a coleta:

. A pesquisa in locu às empresas coletoras revelou que 1 das

empresas embora cadastradas não opera no porto; ausência do

técnico responsável durante a operação; omissão de informações;

destinação do óleo para ser queimado em caldeiras; registro

inadequado entre a data provável e real de retirada do óleo.

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9

Constatou-se que das 3 empresas cadastradas apenas duas

empresas estão operando no porto do Recife. Há uma relação de

poder político-econômico entre as operadoras e determinada

empresa não pode invadir o espaço da outra.

. Das 3 empresas autorizadas pela ANVISA 2 realizavam a

decantação, ou seja, a separação do óleo da água e uma delas não

opera no porto do Recife devido a relação de poder mencionada

actma;

Durante a operação, nenhuma das empresas apresentou o

responsável técnico para acompanhar o processo (BRASIL, 2002);

. D urante o estudo constatou- se omissão de informação por parte

dos representantes das embarcações vistoriadas. A exemplo disso

um determinado comandante de um navio inspecionado, negou a

possibilidade de descartes de resíduos oleosos;

. Todas vendem seus produtos para serem queimados em caldeiras;

Nenhuma delas realiza o re-refino;

. Em 100% dos casos há um registro inadequado entre a data

provável e a data real da retirada do óleo, dificultando a ação

fiscalizatória (ANEXO C);

3.3- Quanto ao armazenamento intermediário:

O estudo revelou várias irregularidades nas instalações

físicas e na forma de armazenamento intermediário nas bases das

empresas coletoras, das quais destacamos:

Empresa A:

Dificuldade de acesso do fiscal às instalações físicas;

. Precárias condições de infra-estrutura com tanques de caminhões

desprezados no terreno, dispostos aleatoriamente em contato direto

com o solo, sem uma bancada de suspensão;

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10

. Inúmeros tonéis, latas, vasilhames e recipientes de plásticos

deixados com restos de óleos espalhados por todo local;

.Ausência de piso e de um galpão com cobertura de proteção;

. Mangote de retirada de óleo do caminhão para cisterna de

decantação e vice-versa apresentava solução de continuidade;

. Bomba para puxar o óleo impregnada com aspecto precário;

Presença de pedaços de madeira espalhados e grande quantidade

de óleo derramado;

Cisterna de decantação funcionando a céu aberto;

As águas residuárias de coloração "preta", provenientes da

separação das impurezas do óleo e da água, eram lançadas através

de canaleta, sem tratamento desaguando no esgoto, que desemboca

no canal da ponte Preta, em seguida na praia, contaminando o meio

ambiente;

. Verificou-se ainda que essa mesma empresa burlou a fiscalização

entregando à gerência de meio ambiente do porto do Recife

documentos sobre o destino do óleo que não são verdadeiros;

. Essa mesma empresa está com pendência junto ao Ministério

Público para apresentar documentação comprovando o destino do

resíduo oleoso proveniente de navio referente aos anos de 2003 e

2004;

Empresa B:

. Uma das empresas que não se encontrava operando no porto

durante o estudo possui um depósito que está sendo estruturado

segundo as exigências da ABNT NBR 1 O .157. Esse novo endereço

não constava na nossa documentação de AFE. Sendo descoberto por

informação de uma fiscal. A mesma apresentava condições

estruturais e sanitárias satisfatórias. Quais sejam:

Dispõe de veículos que atende a ANTT;

. 05 tanques de tratamento suspensos por um muro de alvenaria;

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11

Os mangotes sem solução de continuidade, devidamente

acoplados;

. Ol(uma) bomba de retirada de óleo dos caminhões para o tanque

de tratamento e vice-versa em condições satisfatórias;

. O 1 (uma) caixa de tratamento de 1000 litros que recebe a água

amarela resultado da decantação, onde é adicionada 1 00-200g de

cloro e em seguida utilizada para lavagem de jardins.

O terreno é todo no cascalho. E não havia nenhum sinal de óleo

derramado, no momento da inspeção.

Essa empresa não está operando porque, como foi dito

anteriormente há uma relação de poder, apesar de cadastrada dentro

das normas ela não opera no porto de Recife temendo represárias

da empresa irregular. O responsável da empresa "B" é um

profissional de formação acadêmica. De uma forma geral a empresa

atendia os requisitos nas Resoluções CONAMA n° 9 de 31/08/1993

e no 3 45 de 16/12/2002 e Resolução n° 3 62 de23/06/2 00 5.

Empresa C:

. A pesquisa revelou que o endereço do escritório funciona apenas

como ponto de apoio. Não sendo encontrado o responsável. Não

possui depósito. E o óleo por ela coletado, fica armazenado nos

caminhões, aguardando o momento da venda para onde sena

levado;

3.4- Quanto ao destino final:

Observou-se em 100% dos casos a utilização do óleo na

queima de caldeiras. É o caso de uma das empresas receptora que

utiliza como destino final na queima de indústrias para fabricação

de papel e caixa de papelões. A empresa tem licença da CPRH para

a queima do óleo. E outra empresa que utiliza na fabricação de

tijolos para caldeiras de usinas.

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12

DISCUSSÃO

. A pesquisa revelou que duas empresas, embora cadastradas, não

estão operando devido à exigência documental junto à gerência de

meiO ambiente do porto do Recife, que a cada três meses solicita

atualização do cadastro. Além do mais apresentam pendências junto

a CPRH (Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos). Razão

pela qual já na seleção elas foram excluídas das 5 apenas 3 foram

objeto do estudo;

No início h a via uma proposta para um trabalho conjunto da

ANVISA e a CPRH, mas por questão operacional não foi possível.

Recebemos um ofício da CPRH comunicando a impossibilidade de

disponibilizar fiscal ambiental e veículo, para essa ação conjunta.

E· nesse documento constava que a retirada de óleo usado das

embarcações devem obrigatoriamente possuir licença ambiental

daquela companhia e que ele deve ser destinado exclusivamente

para o re-refino (ANEXO D) .

. Verificou-se que em 100% dos casos a operação de coleta de óleo

IniCiou sem a devida autorização do fiscal da ANVISA, por falta da

prática fiscalizatória. Sendo o papel da ANVISA fiscalizar desde a

inspeção das condições sanitárias das embarcações, até a retirada

de resíduos sólidos das mesmas bem como seu destino final.

. Na totalidade dos casos não há correlação entre a data provável e

a data real da retirada de óleo dificultando a ação fiscalizatória. Os

navios D e C entraram no estudo porque a data provável para

atracação era 30 de setembro e só atracaram nos dias 1 e 3 de

outubro, por falta de cais disponível. Toda atracação tem um

número dado pelo porto, que permite ao navio atracar e operar.

(ANEXO C).

. A pesquisa revelou lançamento de resíduo oleoso nos corpos

hídricos a CPRH encontrou o mesmo resultado (COMPANHIA

PERNAMBUCANA DE RECURSOS HÍDRICOS, 2002). Esse mesmo

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13 _,.... -~·--~-~-~~~: --.._ ,,." -:.'·.;~ ./ .. \' ·,

' destino foi encontrado no trabalho sobre descarte de pneusj \ . .) !\ \

inservíveis na grande São Paulo (MORAIS, 2002). i\ 1 (

\ ......... ~ ~ ' :. . ' ~.- ·=~ ~-0 lançamento desse tipo de resíduo classe I no mar altera as ::··._.>·-~'_: .. -

condições de balneabilidade das praias. É frequente a CPRH

divulgar a impropriedade de balneabilidade das praias de Olinda,

onde o estudo encontrou descarte da borra de óleo contaminado

pela empresa A, no canal da ponte Preta em seguida nas praias. O

mesmo atesta o relatório da Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental (SÃO PAULO, 1999) por conta de

vazamento de óleo de uma das tubulações do píer da PETROBRAS,

afetando quatro praias do município de São Sebastião .

. A pesquisa revelou que não foi possível a proposta de parcena da

ANVISA com a CPRH para promoverem ações articuladas de

fiscalização. Ao contrário do resultado encontrado no ro WORKSHOP intitulado Meio Ambiente e Responsabilidade

Empresarial com ênfase aos Resíduos Sólidos Industriais Problemas

e Perspectivas de Soluções, realizado no município do Cabo de

Santo Agostinho pela Rede de Defesa Ambiental. Onde a prefeitura

conseguiu articular órgãos públicos tais como CPRH, Secretaria de

defesa Ambiental do município, Empresas privadas que produz

resíduos sólidos, escolas públicas, Associações de Bairros e

Universidades onde foi possível traçar parcerias, implantar sistema

de gerenciamento de Resíduos Sólidos a participação do cidadão,

Gestão de Informações e integrações de profissionais de

instituições públicas e privadas nas questões ambientais e projetos

de Intervenção e Gestão Ambiental e sustentabilidade. (CABO DE

SANTO AGOSTINHO, 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A falta da prática fiscalizatória revelou as inúmeras

irregularidades encontradas fazendo com que as empresas realizem

suas operações sem a presença da autoridade sanitária . A não

submissão à legislação em vigor , o não conhecimento da mesma;

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A omissão de informações; As condições precárias da empresa A;

O jogo de poder que impede, que a empresa B, apesar de regular no

mercado, opere no porto do Recife; A empresa C que opera usando

como depósito o caminhão que funciona como tanque de

armazenamento até que o óleo seja levado ao seu destino final; A

ANVISA que não cumpre seu papel dentro da área portuária e a

CPRH que por sua vez deixa de cumprí-lo da saída do porto até seu

destino final, desde o licenciamento, ficalização e monitoramento

dessas empresas, se respaldando num documento que destina os

óleos lubrificantes apenas para o re-refino. Sabemos que

Pernambuco não tem pólo petrolífero nem refinaria em

funcionamento até o momento. Por isso é importante incentivar

discussão quanto ao estabelecimento de alternativas futuras no

estado de Pernambuco, com vistas à implantação de sistemas de

tratamento e reaproveitamento de óleos usados; construção de uma

rede de informações que envolva todos os órgãos envolvidos as

operadoras e a comunidade; a partir desse trabalho será elaborado

nota técnica para confecção de um novo instrumento que regularize

a coleta, transporte e destino final de óleo usado de navio.

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CARANGOLA (Navio). Tanque de óleo. Mensagem recebida por <rosinete.guimarã[email protected]> em 13 fev. 2006.p 1 e 2

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ESTADUAL. LEI ESTADUAL n° 11.516/97 2° de 30 de dezembro de 1997

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MORAIS, Carla. Descarte de pneus inservíveis: um problema na grande São Paulo. In: CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA

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16

SANITÁRIA E AMBIENTAL, 28., 2005. Cancún, México. Anais ... [S.l. : s.n.], 2002.

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ANEXO A

FONTE: M.V. "NEA TYHI'' GENERAL ARRANGEMENT

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1S:

ANEXOB Gráfica t - Mavimentação dos navios nos meses de junho a novembro de 2005/Posto Portuário do Recife

JUNHO JULHO AGOSTO SETEM3RO OUTUBRO NOVEMIRO

Fonte: Posto Portuário do Recife (ANVISA).

·mCARGUEIRO

11 GRANELEIRO

O PASSAGEIRO

o PESQUEIRO

11 PETROLEIRO

i! REBOCADOR

mDRAGA

1E1 VELEIROS

•BALSA

li RECREIO

o TANQUE

EiJ NAVIO ESCOLA

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ANEXO C

DATAS DE RETIRADAS DE RESÍDUOS OLEOSOS- SET. 2005

NAVIO N°DE DATA DE DATA DATA EMPRESA

ATRACAÇÃO ATRACAÇÃO PROVÁVEL REAL COLETORA

A 419 13/9 13/09 14/09 A

B 433 20/9 22/09 23/09 B

c 449 30/9 30/09 0311 o A

D 450 111 o 30/09 03/1 o A

E 454 3/1 o 30/09 03/1 o A

Fonte: Administração do Porto do Recife (2005).

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