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{043.4)n2006" G96Jc
Rosinete Maria dos Santos Guimarães 1
Rua Pitiguaras, 205 - Campo Grande - Recife - PE - Brasil
Fone: (81) 3427-2181.
E-mail: rosinete.guimarã[email protected] .br,
rosinete guimarã[email protected]
Solange Laurentino dos Santos2
Rua Conde de Irajá, 330, apt0 601 -Torre- Recife- PE- Brasil
CEP 50710-31 O - Telefone: (81) 3226-2763
E-mail: [email protected]
1 Aluna do I Curso de Especialização em Políticas Públicas e Gestão Estratégica da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Departamento de Saúde Coletiva. Fiscal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Posto Portuário do Recife. 2
Mestre em Saúde Pública pelo Departamento de Estudos em Saúde Coletiva do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães - NESC/CpqAM.
2
1',
RESUMO ~-
\ :~ •· ; •!,:,; \'1,)~-f~; Um dos problemas ambientais encontrados erii "P'ê'fií.ambuco é o descarte de óleos usados. Esse, muitas vezes, ocorre de forma inadequada prejudicando o me10 ambiente. Essa atividade é realizada muitas vezes de forma clandestina pelas empresas coletoras sem a devida fiscalização. Esse artigo faz uma avaliação das condições de descarte de óleos lubrificantes usados de navio cargueiro e graneleiros, no porto do Recife, pelas empresas coletoras, desde a coleta até o destino final. Foi realizado um estudo exploratório de julho a dezembro de 2005. Os resultados mostraram precanas condições de infra-estrutura e acesso; pendência com outros órgãos públicos, falta de acompanhamento do responsável técnico, descarte do produto nos corpos hídricos e venda inadequada do óleo para ser queimado em caldeiras de indústrias. Nenhuma delas realiza re-refino, que consiste na remoção de contaminantes dos óleos lubrificantes.
Descritores: resíduos sólidos; disposição de resíduos sólidos; poluição ambiental;
ABSTRACT
One of the environmental problems found m Pernambuco is the discards of used oils. That, a lot times, it happens in an inadequate way harming the environment. That activity is accomplished many times in a secret way for the companies' collectors without the due fiscalization. That article makes an evaluation of the conditions of it discards of used oils of ships, in the port of Recife, for the companies' collectors from the collections to the final destiny. An exploratory study was accomplishéd from july to December of 2005. The results showed precarious infrastructure conditions and access; quarrel with other public organs, lack of accompaniment of the technical responsible person, discard of the product in the watery bodies and inadequate sale of the oil to be burned in boilers of industries. None of them accomplishes re-refine. To refine consist in to remover of contaminate of lubrificanting oil.
Descriptors: disposition of solid residue; solid residue, environment pollution.
3
!INTRODUÇÃO
Esse trabalho surgiu de uma inquietação, quando do repasse da
RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) 217, publicada em 21 de
novembro de 2001, e um agente responsável dos navios da
Petrobrás colocou sua preocupação quanto ao destino de óleo usado
de navio e a inexistência dessa referência na RDC em tela
estudada. Ao realizar um curso sobre Gerenciamento de Resíduos
Sólidos, promovido pelo Departamento de Engenharia Química na
UFPE, o professor Gilson Lima reascendeu novamente essa
preocupação na minha prática fiscalizatória e como cidadã, qual o
destino dado a esse óleo.
U dos problemas ambientais observados em Pernambuco é o
inadequado
PERNA , BUCANA DE
de óleos
RECURSOS
usados
HÍDRICOS,
(COMPANHIA
2002). Esses
resíduos são classificados segundo a Norma ABNT 10.004
(Associjão Brasileira de Normas Técnicas) como um resíduo
perigoso classe I, cujo destino final só poderá ser o re-refino
(BRASI , 2005). Chama-se re-refino o processo industrial de
remoção de contaminantes, produtos de degradação e aditivos dos
óleos luorificantes. A Resolução CONAMA n° 9, no seu artigo 1 o
descreve que os óleos lubrificantes usados poderá ser utilizado se
regenerado ou reciclado(BRASIL, 1993) . A atividade de coleta,
transporte e destino final de óleos usados de navio, muitas vezes
desenvolrida de forma clandestina por parte das empresas
prestado}as de serviço, dificulta a ação das agências fiscalizadoras,
comprometendo a credibilidade das empresas regulares no mercado.
Por outr' lado, no Inventário de Resíduos Sólidos, realizado pela
CPRH ef 2002, foi 'constatado que o principal resíduo perigoso
P
greeroadcuopannl ote 'Estado de Pernambuco é o óleo usado e o mais é que o referido inventário também constatou que a
principal forma de destino final é o descarte nos corpos hídricos
através das galerias de águas pluviais (COMPANHIA
4
PERNAMBUCANA HÍDRICOS, 2001). A CPRH
tem como o bj e ti vos exercer a função de órgão ambiental do Estado
de Pernambuco, responsável pela execução da Política Estadual de
Meio Ambiente, atuando no controle da poluição urbano-industrial
e rural, na proteção do uso do solo e dos recursos hídricos e
florestais, mediante: licenciamento, autorização e alvará;
fiscalização; monitoramento; gestão dos recursos ambientais
(PERNAMBUCO, 1997).
O descarte inadequado de óleo usado de navio tem como
conseqüência um problema de saúde pública com contaminação do
meio ambiente, podendo contribuir para aumentar a incidência de
morbidade, quando dispostos de forma inadequada.
Muitas vezes ele é oferecido e queimado nas caldeiras das
indústrias provocando poluição atmosférica, onde são encontrados
poluentes tais como: hidrocarbonetos, nitrogênio, óxido de enxofre,
monóxido de carbono, compostos aromáticos polinucleares,
potencialmente carcinógenos, causando ainda doenças respiratórias
e alérgicas.
Outro problema grave é a falta de fiscalização do destino
desse óleo. Tanto a ANVISA como a CPRH (Companhia
Pernambucana de Meio Ambiente) ainda não possuem essa prática.
Compete a ANVISA a fiscalização dentro da área portuária e a
CPRH o transporte até seu destino final bem como instalações
físicas e o seu funcionamento. Só sendo exigido na ANVISA, que
as empresas que realizam o descarte de óleo de navio apresente a
Autorização de Funcionamento de Empresa- AFE (BRASIL, 2002).
A falta de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos do
porto do Recife, que até então não foi aprovado, com pendências
para serem corrigidas e até o momento não solucionada, corrobora
para o agravamento do problema;
Com a instalação da equipe de AFE em novembro de 2003,
criada para regulamentar as empresas que prestam serviço dentro
5
do porto do Recife, que trata a resolução RDC 345 de 16 de
dezembro de 2002. Percebeu-se que as empresas funcionavam na
ilegalidade precisando se adequar.
Pelo exposto propõe-se realizar um estudo exploratório da
situação do descarte de óleos usados ou contaminados dos navios,
levantando os principais problemas no ato de regulação e propondo
medidas para mudança da prática fiscalizatória que terá seus
efeitos na promoção da saúde, sendo essa a missão da ANVISA
(BRASIL, 1999). E colaborar na proteção do meiO ambiente
(BRASIL, 1988).
Os óleos usados ou contaminados ficam armazenados em
tanques próprios no casco do navio (Anexo A). Na base do navio
temos os tanques de água de lastro, que são em número de 5 em
média, para equilibrar o navio. Logo acima deles vem os tanques de
dejetos, que variam de 2 a 4 e recebem resíduos de águas servidas
do sistema de efluentes sanitários. Na camada subseqüente
encontramos a casa das máquinas, que possui um grande tanque de
óleo, que é composto de um tanque real e um residual. Esse tanque
de reserva permite que o óleo fique longo tempo, em repouso,
tornando seu produto espesso, que para ser utilizado passa por um
processo de aquecimento e purificação para retirada de impurezas.
O produto final se transforma numa borra espessa que fica no heavy
tank. Quando as empresas realizam coleta de óleo retiram-no desse
tanque (CARANGOLA, 2006).
As empresas coletoras são acionadas, a partir de um contato
entre o responsável legal da embarcação e a Gerência de
Engenharia e Meio Ambiente, na administração do porto, com a
previsão de que haverá descarte de óleo usado de navio.
A estimativa da quantidade de óleo a ser descartada só é
possível quando o caminhão passa na balança em frente ao armazém
07e lá se dá a pesagem.
6
As empresas coletoras que operam com resíduos sólidos
necessitam disponibilizar aterros que devem apresentar
impermeabilização inferior e de drenagem de líquidos percolado s e
drenagem superficial, além de operação e monitoramento
adequados. Deve possuir características de projeto e construtivas
que minimizem os impactos ao ambiente, isto é, devem ser
projetados, implantados e operados de acordo com os parâmetros
estabelecidos na Norma ABNT 1 O .15 7. O óleo usado devido as suas
características físico-químicas deverá passar por processos de
decantação, ou seja, separação do óleo da água e por fim o re
refino.
Assim avaliou-se as condições do descarte de óleos usados de
navios cargueiros e graneleiros que atracaram no Porto do Recife.
2MÉTODO
Desenho do estudo: estudo descritivo exploratório no período de julho de 2005.
Área de abrangência do estudo: Posto Portuário do Recife-PE.
Posto da ANVISA. O porto situa-se numa área compreendida entre
o bairro do Pina e o mole, com vistas para o farol de Olinda de
2. 960m 2' dividido em cais de 1 a 15. Localizado às margens da
avenida Alfredo Lisboa. Com 16 berços de atracação, é composto
por quatro trechos de cais contínuos.
População: Os navios cargueiros e graneleiros que atracaram no
porto do Recife no mês de setembro de 2005 num total de 4
cargueiros e 1 graneleiro;
Também foram avaliadas as 3(três) empresas credenciadas das
5(cinco) cadastradas na ANVISA a operarem para retirada de
resíduo oleoso.
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7
Seleção da amostra:
Dentre os navios que atracam no porto foram selecionados
todos os navios de grande porte que descartaram óleo no mês de
setembro de 2005. Os navios que descartam óleo são exatamente os
cargueiros e graneleiros.
Foram excluídos do estudo os naVIOS petroleiros,
passageiros, pesqueiros, cargueiros de pequeno porte procedentes
de Fernando de Noronha, por não acionarem a operação de descarga
de óleos usados realizadas pelas empresas coletoras;
Foram selecionadas as três empresas coletoras dentre as cmco
credenciadas para descarte de resíduo sólido oleoso no porto do
Recife, por se encontrarem regulares junto ao porto.
Coleta de Dados
Os dados secundários foram obtidos no Posto Portuário do
Recife da ANVISA, na Administração do Porto, legislações
pertinentes do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA),
CPRH, Ministério da Saúde, internet, pesquisa documental e outras
fontes;
Os dados primários foram colhidos nos navios cargueiros e
graneleiros por ocasião da inspeção que atracaram no Porto do
Recife, no mês de setembro de 2005, quando os mesmos
necessitaram realizar a operação de descarte de óleo usado;
Os dados primários das empresas coletoras e receptoras de
resíduos oleosos foram colhidos nos meses de outubro e novembro
de 2005.
Considerações éticas
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do
CpqAM/FIOCRUZ sob o registro 54/05 com validade até 8 de
março de 2009.
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8
3 RESULTADOS
Apenas 05 navios realizaram descarte de óleo no mês de
setembro no porto do Recife dos quais 4 cargueiros e 1 graneleiro.
Foram escolhidos os navios cargueiros e graneleiros porque são
exatamente os que acionam a operação de descarte de óleo.
Tivemos nesse mês 24 navios ~argueiros, 1 graneleiro 4 i
passageiro, 13 pesqueiro, 2 petroleliro, 2 rebocadores, 1 draga, 72
veleiros. O mês de setembro é mh mês atípico porque temos a I
regata de Fernando de Noronha (Re1eno) motivo pelo qual o gráfico
mostra percentual grande de veleiros. (ANEXO B).
3.1 Quanto ao Transporte:
Em relação às condições de transporte foi observado o seguinte:
. O transporte é realizado por caminhão apropriado para esse fim,
autorizado pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).
Geralmente, esse veículo é alugado ou arrendado (AGENCIA
NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES, 1998) .
. Em uma das empresas o caminhão também funciona como tanque
de armazenamento do produto, até que o mesmo seja levado para o
seu destino final.
3.2- Quanto a coleta:
. A pesquisa in locu às empresas coletoras revelou que 1 das
empresas embora cadastradas não opera no porto; ausência do
técnico responsável durante a operação; omissão de informações;
destinação do óleo para ser queimado em caldeiras; registro
inadequado entre a data provável e real de retirada do óleo.
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9
Constatou-se que das 3 empresas cadastradas apenas duas
empresas estão operando no porto do Recife. Há uma relação de
poder político-econômico entre as operadoras e determinada
empresa não pode invadir o espaço da outra.
. Das 3 empresas autorizadas pela ANVISA 2 realizavam a
decantação, ou seja, a separação do óleo da água e uma delas não
opera no porto do Recife devido a relação de poder mencionada
actma;
Durante a operação, nenhuma das empresas apresentou o
responsável técnico para acompanhar o processo (BRASIL, 2002);
. D urante o estudo constatou- se omissão de informação por parte
dos representantes das embarcações vistoriadas. A exemplo disso
um determinado comandante de um navio inspecionado, negou a
possibilidade de descartes de resíduos oleosos;
. Todas vendem seus produtos para serem queimados em caldeiras;
Nenhuma delas realiza o re-refino;
. Em 100% dos casos há um registro inadequado entre a data
provável e a data real da retirada do óleo, dificultando a ação
fiscalizatória (ANEXO C);
3.3- Quanto ao armazenamento intermediário:
O estudo revelou várias irregularidades nas instalações
físicas e na forma de armazenamento intermediário nas bases das
empresas coletoras, das quais destacamos:
Empresa A:
Dificuldade de acesso do fiscal às instalações físicas;
. Precárias condições de infra-estrutura com tanques de caminhões
desprezados no terreno, dispostos aleatoriamente em contato direto
com o solo, sem uma bancada de suspensão;
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10
. Inúmeros tonéis, latas, vasilhames e recipientes de plásticos
deixados com restos de óleos espalhados por todo local;
.Ausência de piso e de um galpão com cobertura de proteção;
. Mangote de retirada de óleo do caminhão para cisterna de
decantação e vice-versa apresentava solução de continuidade;
. Bomba para puxar o óleo impregnada com aspecto precário;
Presença de pedaços de madeira espalhados e grande quantidade
de óleo derramado;
Cisterna de decantação funcionando a céu aberto;
As águas residuárias de coloração "preta", provenientes da
separação das impurezas do óleo e da água, eram lançadas através
de canaleta, sem tratamento desaguando no esgoto, que desemboca
no canal da ponte Preta, em seguida na praia, contaminando o meio
ambiente;
. Verificou-se ainda que essa mesma empresa burlou a fiscalização
entregando à gerência de meio ambiente do porto do Recife
documentos sobre o destino do óleo que não são verdadeiros;
. Essa mesma empresa está com pendência junto ao Ministério
Público para apresentar documentação comprovando o destino do
resíduo oleoso proveniente de navio referente aos anos de 2003 e
2004;
Empresa B:
. Uma das empresas que não se encontrava operando no porto
durante o estudo possui um depósito que está sendo estruturado
segundo as exigências da ABNT NBR 1 O .157. Esse novo endereço
não constava na nossa documentação de AFE. Sendo descoberto por
informação de uma fiscal. A mesma apresentava condições
estruturais e sanitárias satisfatórias. Quais sejam:
Dispõe de veículos que atende a ANTT;
. 05 tanques de tratamento suspensos por um muro de alvenaria;
/"\.-...,
""'··
11
Os mangotes sem solução de continuidade, devidamente
acoplados;
. Ol(uma) bomba de retirada de óleo dos caminhões para o tanque
de tratamento e vice-versa em condições satisfatórias;
. O 1 (uma) caixa de tratamento de 1000 litros que recebe a água
amarela resultado da decantação, onde é adicionada 1 00-200g de
cloro e em seguida utilizada para lavagem de jardins.
O terreno é todo no cascalho. E não havia nenhum sinal de óleo
derramado, no momento da inspeção.
Essa empresa não está operando porque, como foi dito
anteriormente há uma relação de poder, apesar de cadastrada dentro
das normas ela não opera no porto de Recife temendo represárias
da empresa irregular. O responsável da empresa "B" é um
profissional de formação acadêmica. De uma forma geral a empresa
atendia os requisitos nas Resoluções CONAMA n° 9 de 31/08/1993
e no 3 45 de 16/12/2002 e Resolução n° 3 62 de23/06/2 00 5.
Empresa C:
. A pesquisa revelou que o endereço do escritório funciona apenas
como ponto de apoio. Não sendo encontrado o responsável. Não
possui depósito. E o óleo por ela coletado, fica armazenado nos
caminhões, aguardando o momento da venda para onde sena
levado;
3.4- Quanto ao destino final:
Observou-se em 100% dos casos a utilização do óleo na
queima de caldeiras. É o caso de uma das empresas receptora que
utiliza como destino final na queima de indústrias para fabricação
de papel e caixa de papelões. A empresa tem licença da CPRH para
a queima do óleo. E outra empresa que utiliza na fabricação de
tijolos para caldeiras de usinas.
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12
DISCUSSÃO
. A pesquisa revelou que duas empresas, embora cadastradas, não
estão operando devido à exigência documental junto à gerência de
meiO ambiente do porto do Recife, que a cada três meses solicita
atualização do cadastro. Além do mais apresentam pendências junto
a CPRH (Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos). Razão
pela qual já na seleção elas foram excluídas das 5 apenas 3 foram
objeto do estudo;
No início h a via uma proposta para um trabalho conjunto da
ANVISA e a CPRH, mas por questão operacional não foi possível.
Recebemos um ofício da CPRH comunicando a impossibilidade de
disponibilizar fiscal ambiental e veículo, para essa ação conjunta.
E· nesse documento constava que a retirada de óleo usado das
embarcações devem obrigatoriamente possuir licença ambiental
daquela companhia e que ele deve ser destinado exclusivamente
para o re-refino (ANEXO D) .
. Verificou-se que em 100% dos casos a operação de coleta de óleo
IniCiou sem a devida autorização do fiscal da ANVISA, por falta da
prática fiscalizatória. Sendo o papel da ANVISA fiscalizar desde a
inspeção das condições sanitárias das embarcações, até a retirada
de resíduos sólidos das mesmas bem como seu destino final.
. Na totalidade dos casos não há correlação entre a data provável e
a data real da retirada de óleo dificultando a ação fiscalizatória. Os
navios D e C entraram no estudo porque a data provável para
atracação era 30 de setembro e só atracaram nos dias 1 e 3 de
outubro, por falta de cais disponível. Toda atracação tem um
número dado pelo porto, que permite ao navio atracar e operar.
(ANEXO C).
. A pesquisa revelou lançamento de resíduo oleoso nos corpos
hídricos a CPRH encontrou o mesmo resultado (COMPANHIA
PERNAMBUCANA DE RECURSOS HÍDRICOS, 2002). Esse mesmo
13 _,.... -~·--~-~-~~~: --.._ ,,." -:.'·.;~ ./ .. \' ·,
' destino foi encontrado no trabalho sobre descarte de pneusj \ . .) !\ \
inservíveis na grande São Paulo (MORAIS, 2002). i\ 1 (
\ ......... ~ ~ ' :. . ' ~.- ·=~ ~-0 lançamento desse tipo de resíduo classe I no mar altera as ::··._.>·-~'_: .. -
condições de balneabilidade das praias. É frequente a CPRH
divulgar a impropriedade de balneabilidade das praias de Olinda,
onde o estudo encontrou descarte da borra de óleo contaminado
pela empresa A, no canal da ponte Preta em seguida nas praias. O
mesmo atesta o relatório da Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental (SÃO PAULO, 1999) por conta de
vazamento de óleo de uma das tubulações do píer da PETROBRAS,
afetando quatro praias do município de São Sebastião .
. A pesquisa revelou que não foi possível a proposta de parcena da
ANVISA com a CPRH para promoverem ações articuladas de
fiscalização. Ao contrário do resultado encontrado no ro WORKSHOP intitulado Meio Ambiente e Responsabilidade
Empresarial com ênfase aos Resíduos Sólidos Industriais Problemas
e Perspectivas de Soluções, realizado no município do Cabo de
Santo Agostinho pela Rede de Defesa Ambiental. Onde a prefeitura
conseguiu articular órgãos públicos tais como CPRH, Secretaria de
defesa Ambiental do município, Empresas privadas que produz
resíduos sólidos, escolas públicas, Associações de Bairros e
Universidades onde foi possível traçar parcerias, implantar sistema
de gerenciamento de Resíduos Sólidos a participação do cidadão,
Gestão de Informações e integrações de profissionais de
instituições públicas e privadas nas questões ambientais e projetos
de Intervenção e Gestão Ambiental e sustentabilidade. (CABO DE
SANTO AGOSTINHO, 2004).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A falta da prática fiscalizatória revelou as inúmeras
irregularidades encontradas fazendo com que as empresas realizem
suas operações sem a presença da autoridade sanitária . A não
submissão à legislação em vigor , o não conhecimento da mesma;
14
A omissão de informações; As condições precárias da empresa A;
O jogo de poder que impede, que a empresa B, apesar de regular no
mercado, opere no porto do Recife; A empresa C que opera usando
como depósito o caminhão que funciona como tanque de
armazenamento até que o óleo seja levado ao seu destino final; A
ANVISA que não cumpre seu papel dentro da área portuária e a
CPRH que por sua vez deixa de cumprí-lo da saída do porto até seu
destino final, desde o licenciamento, ficalização e monitoramento
dessas empresas, se respaldando num documento que destina os
óleos lubrificantes apenas para o re-refino. Sabemos que
Pernambuco não tem pólo petrolífero nem refinaria em
funcionamento até o momento. Por isso é importante incentivar
discussão quanto ao estabelecimento de alternativas futuras no
estado de Pernambuco, com vistas à implantação de sistemas de
tratamento e reaproveitamento de óleos usados; construção de uma
rede de informações que envolva todos os órgãos envolvidos as
operadoras e a comunidade; a partir desse trabalho será elaborado
nota técnica para confecção de um novo instrumento que regularize
a coleta, transporte e destino final de óleo usado de navio.
. ;)3/:;·;;\~:--- ... '·-.. , ~~f 'i~ '·'·~;·~-''\
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS f! •o' • \
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BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução n° 345 de 16 de dezembro de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 19 dez. 2002.
BRASIL. Resolução CONAMA n° 9 de 31 de agosto de 1993. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 1993.
BRASIL. Resolução n° 362, de 23 de junho de 2005. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, Seção 1, p. 128-130, 27 jun. 2005.
CARANGOLA (Navio). Tanque de óleo. Mensagem recebida por <rosinete.guimarã[email protected]> em 13 fev. 2006.p 1 e 2
COMPANHIA PERNAMBUCANA DE RECURSOS HÍDRICOS. Inventário Estadual de Resíduos Sólidos. Recife, 2002.
ESTADUAL. LEI ESTADUAL n° 11.516/97 2° de 30 de dezembro de 1997
______ . Política Estadual de Resíduos Sólidos. Recife, 2001.
LIMA, Gilson. Apostila de aulas. [Recife]: UFPE, Departamento de Engenharia Química, [200-].
MORAIS, Carla. Descarte de pneus inservíveis: um problema na grande São Paulo. In: CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA
16
SANITÁRIA E AMBIENTAL, 28., 2005. Cancún, México. Anais ... [S.l. : s.n.], 2002.
SÃO PAULO (Estado). Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Operação Te bar VI. São Paulo, 1999. (Relatórios Técnicos)
CABO DE SANTO AGOSTINHO. I WORKSHOP Meio Ambiente e Responsabilidade Empresarial. Rede de Defesa Ambiental do Cabo de Santo Agostinho. Resíduos Sólidos Industriais Problemas e Perspectivas de Soluções. Cabo, 06 de agosto de 2004.
17
ANEXO A
FONTE: M.V. "NEA TYHI'' GENERAL ARRANGEMENT
1S:
ANEXOB Gráfica t - Mavimentação dos navios nos meses de junho a novembro de 2005/Posto Portuário do Recife
JUNHO JULHO AGOSTO SETEM3RO OUTUBRO NOVEMIRO
Fonte: Posto Portuário do Recife (ANVISA).
·mCARGUEIRO
11 GRANELEIRO
O PASSAGEIRO
o PESQUEIRO
11 PETROLEIRO
i! REBOCADOR
mDRAGA
1E1 VELEIROS
•BALSA
li RECREIO
o TANQUE
EiJ NAVIO ESCOLA
19
ANEXO C
DATAS DE RETIRADAS DE RESÍDUOS OLEOSOS- SET. 2005
NAVIO N°DE DATA DE DATA DATA EMPRESA
ATRACAÇÃO ATRACAÇÃO PROVÁVEL REAL COLETORA
A 419 13/9 13/09 14/09 A
B 433 20/9 22/09 23/09 B
c 449 30/9 30/09 0311 o A
D 450 111 o 30/09 03/1 o A
E 454 3/1 o 30/09 03/1 o A
Fonte: Administração do Porto do Recife (2005).
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