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    Agrodok 5

    A fruticulturanas regies tropicais

    Ed Verheij

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    Esta publicao foi patrocinada por: ICCO

    Fundao Agromisa e CTA, Wageningen, 2006.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida qual-quer que seja a forma, impressa, fotogrfica ou em microfilme, ou por quaisquer outrosmeios, sem autorizao prvia e escrita do editor.

    Primeira edio em portugus: 2006

    Autor: Ed VerheijIlustraes: Barbera OranjeDesign grfico: Eva KokTraduo: Rob Barnhoorn; reviso: Lli de ArajoImpresso por: Digigrafi, Wageningen, Pases Baixos

    ISBN Agromisa: 90-8573-058-9ISBN CTA: 978-92-9081-346-0

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    Prefcio 3

    Prefcio

    As edies anteriores deste Agrodok, que foram publicadas em 1992 e

    1999, apresentaram uma introduo geral da fruticultura nas regiestropicais e trataram oito culturas principais. Durante a preparao des-ta reviso tornou-se claro que apenas a introduo geral ocuparia oespao de todo o Agrodok! E se fosse preciso tratar, de novo, as cultu-ras fruteiras principais, cada de estas culturas requereria, sem dvida,um Agrodok individual. De facto, talvez seja recomendvel publicarmanuais regionais sobre as culturas, em vez de tentar incluir informa-o com respeito s vrias regies tropicais num s manual.

    O objectivo deste texto revisto fomentar interesse e conhecimentosdo leitor sobre fruticultura. Combinaram-se conhecimentos tradicio-nais com a compreenso adquirida atravs da investigao cientfica.

    No se apresentam receitas no que diz respeito a culturas fruteiras es-pecficas. O contedo vai dirigido a pessoas com uma horta, hortifru-ticultores cujas receitas dependem (parcialmente) da venda de fruta,extensionistas e outras pessoas que apoiam os horticultores e fruticul-tores.

    AgradecimentosEncontro-me em grande dvida para com Chris Menzel, Horticultor doDepartamento de Queensland para as Indstrias Primrias, na Austr-lia, que reviu o manuscrito e fez sugestes editoriais bem-acolhidas.O seu comentrio fez com que reconsiderasse a parte sobre melhoriado florescimento, levando a uma reviso deste tema crucial; Johannesvan Leeuwen do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia (INPA)em Manaus, Brasil e Bennie Bloemberg, que dedicou uns 30 anos aotrabalho de desenvolvimento na frica Oriental, propuseram algunsmelhoramentos do manuscrito e a reunio de informao por sua partefoi bem-apreciada. Gostaria de agradecer a ajuda de Janhein Loede-man durante a abreviao e redaco final do texto.

    Wageningen, Agosto de 2006, Ed Verheij

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    ndice

    1 Introduo 6

    1.1 Sem flores no h frutos 61.2 Importncia das rvores e dos frutos 81.3 Por que NO cultivar espcies fruteiras 10

    2 Sistemas de cultivo para fruteiras 122.1 A horta 122.2 Pomares e plantaes 132.3 Pequeno bonito 14

    2.4 Resumo 15

    3 Forma e funo 173.1 Culturas fruteiras monocaules e culturas fruteiras

    ramificadas 173.2 Uma observao mais minuciosa das culturas fruteiras

    monocaules 223.3 Forma e funo das rvores fruteiras ramificadas 263.4 Resumo 39

    4 Propagao 404.1 Plntulas na base de sementes ou plantas clonadas? 404.2 Linhas gerais sobre os mtodos de clonagem 424.3 laia de concluso 46

    5 Modelao: poda e dobragem 475.1 Definio; o papel limitado da poda no caso das fruteiras

    tropicais 475.2 O corte de pedaos cada vez maiores dum rebento/galho

    495.3 Resumindo 53

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    ndice 5

    6 Controle do ritmo de crescimento 546.1 Aumentar o stresspara obter uma melhor florao 546.2 Encaixe dos tratamentos culturais no ciclo de cultivo 586.3 Forar um fluxo/uma florao sincrnicos 60

    7 Polinizao e frutificao 637.1 Padro de florao 637.2 Polinizao 64

    8 Proteco das culturas 688.1 Reduo do uso de pesticidas 69

    9 Colheita 749.1 Maturao e amadurecimento 749.2 Mtodos e ndices de colheita 759.3 Tratamento e comercializao 79

    10 O pomar: esquematizao e estabelecimento 8010.1 Espaamento das rvores 8010.2 Estabelecimento do pomar 83

    Apndice - Traos hortcolas 86

    Leitura recomendada 90

    Endereos teis 92

    Glossrio 94

    ndice de espcies cultivadas 99

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    1 Introduo

    1.1 Sem flores no h frutos

    Voc est interessado na fruticultura! Talvez j pratique a fruticulturana sua horta ou num pomar, ou talvez pretenda faz-lo. Este Agrodokfoi escrito com o objectivo de o familiarizar com as diferentes culturasfruteiras que v ao seu redor. No texto apresentam-se mais de 60 esp-cies fruteiras e no ndice de espcies cultivadas, ao final do livro, apa-rece uma lista de nomes botnicos com referncia s pginas onde se

    pode encontrar mais informao sobre as ditas fruteiras. O livro tam-bm contm um apndice com dados especficos sobre as flores (noque diz respeito polinizao), os frutos, as sementes e os mtodoscomuns de propagao.

    Sem flores no haver frutos! Uma florao escassa a razo principalpara a ocorrncia de culturas decepcionantes nas regies tropicais, deforma a que o hbito da florao duma cultura fruteira extremamente

    importante. O hbito da florao est ligado ao padro de crescimentoda rvore, tal como explicado no Captulo 3. So muito poucas asculturas fruteiras comuns ananaseiro, bananeira, papaieira (e tam-

    bm palmeiras) que tm o porte de um s rebento grande. Em geral,quando o seu crescimento bom, estas fruteiras tm tambm uma flo-rao e frutificao adequadas. Quer dizer, reagem s medidas comuns

    para fomentar o crescimento rega, adubao e proteco das culturas que todo o agricultor conhece. Mas a maior parte das culturas frutei-

    ras ramificam-se livremente, produzindo centenas e at milhares derebentos. Cada espcie fruteira ramifica-se dum modo especfico. EsteAgrodok centra a sua ateno nestas rvores de ramificao livre, vis-to que, muitas das vezes, estas so as culturas problemticas que ma-nifestam uma florao deficiente.

    A razo principal para a florao escassa simples: a rvore `esquece-se de formar botes, visto que est muito ocupada com a formao de

    novos rebentos. De facto, a maioria das culturas fruteiras ramificantes

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    Introduo 7

    requerem um perodo de stress na forma de uma estao seca ou fria para parar o crescimento dos rebentos em benefcio da formao debotes florais. E se o stress natural no for suficiente como o casopara muitas culturas fruteiras em grandes partes das regies tropicais e

    na maioria dos anos, dever voc mesmo verificar o crescimento dosrebentos. Por conseguinte, em tais culturas arbreas devem-se alternar,consoante as estaes, as medidas para limitar o crescimento dos re-

    bentos e as medidas para o estimular. Deste modo, o fruticultor dessasespcies precisa de aptides especiais e deve aplic-las no momentoadequado. O objectivo atingir um melhorEQUILBRIO entre o cre-scimento vegetativo e o desenvolvimento reprodutivo (o decorrer dosacontecimentos desde o comeo dos botes florais at o amadureci-

    mento dos frutos). Trata-se deste tema no Captulo 6.

    A poda, que se discute no Captulo 5, uma das aptides empreguesno tratamento das rvores ramificantes. Mas nas regies tropicais, osresultados da poda so, muito frequentemente, negativos. A razo

    principal que a poda leva a um novo crescimento compensador, queretarda a formao dos botes florais. Por isso, a poda importante

    principalmente quando as rvores tm uma florao e frutificaoabundantes, de forma a que se deve fomentar o crescimento dos reben-tos em vez da florao.

    Sem florao no haver frutos, mas, de igual modo: sem polinizaono haver frutificao! Esta regra tem algumas excepes, mas asflores precisam, geralmente, de ser polinizadas para frutificarem, pre-ferivelmente atravs de uma polinizao cruzada. As culturas fruteirasdiferem, em grande medida, no que diz respeito aos tipos de flores que

    portam e no modo que se efectua a polinizao e a frutificao. Estetpico importante tratado no Captulo 7.

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    1.2 Importncia das rvores e dos frutos

    rvores grandes e rvores pequenasAs rvores formam a vegetao natural em grandes partes das regies

    tropicais, particularmente nas regies hmidas. A importncia das r-vores deriva, parcialmente, do seu grande tamanho e carcter perene.As rvores do forma s paisagens, so usadas para o esqueleto deedifcios e fornecem sombra a pessoas e animais. Protegem o solo dosol ardente, das chuvas torrenciais e ventos fortes, particularmentedurante as estaes nas quais no se encontram culturas anuais noscampos. As razes exploram camadas profundas do solo, reciclandogua e nutrientes que no podem ser atingidos pelas razes das cultu-

    ras arvenses. Deste modo, as rvores melhoram o seu ambiente cir-cundante imediato.

    Existe evidncia crescente de que as rvores protegem e exploram omeio ambiente dum modo mais eficaz do que as plantas anuais. Asrvores sempre-verdes (pereniflias) tm uma vantagem em compara-o s culturas sazonais no que diz respeito cobertura das folhas es-tar presente durante todo o ano. No Agrodok 16; Agrossilvicultura,apresenta-se uma explicao mais detalhada do papel desempenhado

    pelas rvores, tanto no que respeita ao meio ambiente como aos siste-mas agropecurios.

    Voc como fruticultor colhe os frutos, no recolhe as folhas nem amadeira. Infelizmente, o chamado ndice de produo quer dizer, a

    proporo do frutos no volume total da massa orgnica produzida ,

    muitas das vezes, bastante reduzido, particularmente no caso da maio-ria das rvores fruteiras de ramificao livre. Os tomateiros, as berin-gelas, abboras etc. cultivados pelo horticultor possivelmente no ex-

    ploram to adequadamente o ambiente como o fazem as rvores fru-teiras mas, contudo, produzem muito mais toneladas por hectare doque a maioria das rvores. Talvez seja recomendvel cultivar hortali-as...

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    Introduo 9

    As pessoas acham natural que as rvores cresam at atingirem umgrande tamanho, mas em realidade as rvores atingem este tamanho

    porque a florao e a frutificao so deficientes e deixam as rvorescom suficiente energia para desenvolverem cada vez mais rebentos.

    Para um fruticultor o objectivo deve ser a produo de frutos combi-nada com uma produo mnima de madeira! Se se puder fazer comque a rvore produza, anualmente, a partir de alguns anos aps o seu

    plantio, uma quantidade de frutos que seja abundante em relao aoseu tamanho, nunca crescer at atingir um porte grande. Imagine umamangueira madura com o tamanho dum cafezeiro e pense na facilida-de da poda, da proteco da cultura, da colheita selectiva... Para o fru-ticultor o lema PEQUENO BONITO. Esta a concluso do Ca-

    ptulo 2, no qual se comparam os diferentes sistemas de cultivo paraespcies fruteiras.

    No Captulo 4, Propagao, explica-se que a clonagem constitui oprimeiro passo para controlar o tamanho da rvore. No captulo 9, Co-lheita, argumenta-se que um tamanho grande da rvore no vai a parcom uma alta qualidade: ser impossvel colher cada fruto no seu me-lhor momento e ser difcil evitar deficincias.

    Quem consome fruta e porqu?Em frica, a fruta geralmente considerada como `alimento para asaves (no Swahili: chakula cha ndege) e deixa-se que as crianasconcorram com as aves; acham que um homem deve beber cerveja.

    Na Amrica Central e Amrica do Sul, as pessoas esto, geralmente,mais conscientes do consumo de fruta, enquanto que as populaes nasia tm uma grande apreciao da fruta.

    Parece que a apreciao da fruta est relacionada com os mtodos depropagao. At recentemente, as rvores fruteiras em frica foramcorrentemente cultivadas a partir de sementes; de forma que no haviavariedades denominadas ou cultivares (com uma excepo importante:a bananeira). Por outro lado, a sia a zona donde provm vriosmtodos importantes de clonagem, permitindo aos cultivadores propa-

    garem variedades superiores.

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    A apreciao do sabor distinto de cada variedade desenvolveu-se nodecorrer dos sculos. Actualmente, as hortas florescem, as pessoasesto familiarizadas com os mtodos caseiros de conservao e prticaculinria e esto conscientes dos benefcios para a sade tradicional-

    mente atribudos a cada espcie de fruta. Mas, apesar de tudo, a maio-ria das pessoas na sia tm que contentar-se com muito menos frutado que gostariam, efectivamente, de consumir.

    1.3 Por que NO cultivar espcies fruteirasEste manual est destinado a pessoas com hortas, fruticultores e ex-tensionistas para fornecer-lhes novas ideias. Obviamente que se pre-

    tende fomentar a ideia de cultivar espcies fruteiras. Contudo, sim-plesmente razovel apresentar tambm uma lista sucinta de razespara no cultivar espcies fruteiras, mesmo que j tenha pensado nes-sas razes.

    Sem dvida, voc teve em conta que leva anos at se poder efectuar aprimeira colheita de fruta. E quando as rvores chegarem fase deproduzir frutos, possivelmente no florescem ou no frutificam, ouque os frutos caem prematuramente. Mas mesmo que as rvores te-nham um bom desenvolvimento, considerou o risco dum incndioque queimar as suas rvores? O risco de furto, das aves, dos morce-gos e das rata(zana)s a comerem a fruta, sem mencionar as perdasdevido a outras pragas e doenas?

    O fruticultor v-se confrontado com muita insegurana na produoduma colheita, e se se houver uma boa colheita, ainda fica a insegu-rana do mercado. verdade o ditado de que a produo duma col-heita de fruta a menor metade do problema, enquanto que a maiormetade constituda pelo tratamento ps-colheita e pela comercializa-o

    de prever que tenha prestado a devida ateno a todos estes riscos,problemas e contratempos potenciais, visto que neste Agrodok no

    podemos faz-lo para si! Primeiro, o contedo limita-se produo de

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    Introduo 11

    fruta. Alguns aspectos, como sejam a produo fora da poca, estorelacionados com a comercializao, mas este tema em si no trata-do no texto. Os mercados locais e os acordos correntes com interme-dirios so to variados e a situao do mercado muda to rapidamen-

    te quando a produo duma fruteira nova aumenta, que um aconse-lhamento sobre comercializao deve basear-se nas condies locais.

    No Captulo 8 tratam-se os princpios do controlo de pragas e doenascom uso dalguns exemplos. Finalmente, se se tiver considerado todasas objeces supramencionadas e ainda pretender plantar rvores fru-teiras, encontrar algumas recomendaes no Captulo 10: Esquemati-zao e estabelecimento dum pomar.

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    2 Sistemas de cultivo para fruteiras

    Em quase todos os sistemas de cultivo se produz fruta. Alguns tipos de

    fruta so colhidos na vegetao natural (na natureza). Nos sistemasde explorao itinerante, aps desbravar um lote, as rvores fruteirasso, muitas das vezes, plantadas com as culturas arvenses. Durante os

    primeiros dois anos do perodo de pousio a vegetao natural ressur-gente cortada para permitir s arvores fruteiras sobreviverem e da-rem frutos. Neste modo os ndios da Amaznia enriquecem a vegeta-o do pousio (alqueive) com um leque de culturas fruteiras indgenas,como sejam o canistel,o mapati, apupunheira e outras palmeiras.

    2.1 A hortaA evoluo de um lote mais permanente adjacente habitao de umagricultor de explorao itinerante para a horta de um agricultor se-dentrio constitui apenas um passo. O significado original da palavrahorta (e tambm de horto, da qual se derivou a palavra horticultu-ra) cerca ou cercado. As culturas hortcolas so cultivadas dentrode um cercado, enquanto que as culturas arvenses se encontram forado mesmo. O cercado fornece proteco de forma a que apenas os fa-miliares, mas no as crianas da escola nem cabras, ao passarem, po-dem colher os produtos das culturas. Existe uma quantidade abundantede culturas hortcolas, que so cultivadas em pequena escala parci-almente pelo seu carcter perecvel - e que conjuntamente ocupam ahorta durante todo o ano, de forma que uma proteco se torna aindamais necessria.

    A proteco da horta realiza-se com mais facilidade se a horta se situarao redor da casa. Desta forma tambm se facilitam os tratamentos cul-turais. Muitas tcnicas de tratamento cultural, que se explicam noslivros didcticos, mas que, raramente, se vem no campo, so corren-tes na horta, como sejam a rega mo, a compostagem, a aplicao deuma cobertura morta (mulching), a poda, a utilizao de uma latada e

    simples medidas para proteger as culturas. A proteco e os tratamen-

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    tos culturais asseguram que a horta fornea pequenas quantidades defrutos, hortalias e ervas para completar a dieta, mas tambm produtosmedicinais, raes para os animais, e comodidades como postes e

    paus de madeira e de bambu.

    2.2 Pomares e plantaesNa proximidade das cidades em asceno, algumas hortas desenvolve-ram-se em hortas comerciais e a especializao subsequente levou criao de novas profisses: horticultor, fruticultor, cultivador do vi-veiro, etc., todos produzindo principalmente para o mercado.

    Contudo, das muitas e diversas culturas fruteiras nas hortas apenasalgumas se encontram tambm nos pomares que produzem para omercado. A razo tanto simples como lamentvel: os fruticultoresno podem cultivar estas culturas de uma forma rentvel, visto que a

    produo demasiadamente reduzida e/ou demasiado irregular e levamuitos anos at estas produzirem frutos! Porqu plantar um pomar dedurio se se tiver de esperar at 10 anos para as rvores produziremuma colheita que vale a pena? E olhe para as mangueiras na sua regi-o: as pessoas notam uma nica mangueira cheia de frutos, mas ten-dem a omitir dez outras que quase no tm frutos. De facto, a man-gueira, que uma das fruteiras mais importantes das regies tropicais,

    produz frutos com tanta irregularidade que difcil fazer uma estima-tiva de qual a produo que normal. Por outro lado, o ananaseiro ea bananeira mostram um padro de produo muito regular e elevada.Por conseguinte, os investidores esto dispostos a financiar plantaesde grande escala de ananaseiro ou bananeira. Isto ilustrado na Figura1, onde se compara o cultivo hortense com os sistemas de cultivo maiscomerciais.

    Algumas espcies fruteiras apenas crescem na natureza; as outras es-pcies fruteiras so cultivadas em hortas, mas apenas algumas conse-guiram singrar em pomares ou plantaes. Considerando a Figura 1com mais ateno para os detalhes, torna-se claro que as culturas que

    foram promovidas da horta para os pomares e/ou plantaes no s

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    tm um alto nvel de rendimento, mas tambm o perodo necessrioentre o plantio at produo plena curto, e as culturas permanecem

    baixas. O ananaseiro e a bananeira, as duas culturas de plantao,mostram estas propriedades de uma maneira extrema.

    Figura 1: Sistema de cultivo, culturas e nveis de produo. Todasas culturas fruteiras so cultivadas em hortas, mas apenas as quedo uma produo adequada encontram-se nos sistemas de culti-vo comerciais.

    2.3 Pequeno bonitoUma produo alta e tempor est associada com um tamanho de r-vore reduzido. Para o fruticultorPEQUENO BONITO! Este pon-to ser enfatizado em todo este Agrodok, visto que, tradicionalmente,o desejo das pessoas que as suas rvores cresam e fiquem GRAN-

    DES. Ao fim e ao cabo, a caracterstica distintiva duma rvore o seutamanho. rvores grandes ou altas so, com efeito, atractivas para osilvicultor, mas o que um fruticultor pretende colher frutos e no a

    madeira.

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    O cultivo de macieiras nos Pases Baixos fornece um exemplo impres-sionante do desenvolvimento para rvores cada vez mais pequenas.Entre 1930 e 1970, o nmero mdio de rvores por hectare aumentoude 100 para 2.500 (o espaamento reduziu-se de 10m x 10m a 3,20m x

    1,25 m). Durante estes 40 anos, o rendimento mdio no pas aumentoude 8 para 32 toneladas por hectare!

    Se as rvores permanecerem pequenas, ser necessrio plantar muitomais rvores por hectare, mas este inconveniente compensado pelorpido alcance de um nvel de plena produo. Para alm disso, as r-vores pequenas requerem um maneio muito mais fcil: a poda, a pro-teco das culturas, a colheita, etc. podem ser feitos com muito mais

    eficincia. As rvores pequenas, de maneio fcil e com uma produorpida, devem reduzir os custos da produo fruteira de forma a que ocultivador consiga obter benefcios mesmo a preos de mercado muitomais baixos, permitindo que muito mais pessoas comprem fruta.

    Embora o controlo do tamanho da rvore seja essencial para o fruti-cultor comercial, tambm proveitoso para os horteles. Imagine asubstituio de uma mangueira grande por 3 ou 5 mangueiras peque-nas, frutferas, de diferentes variedades! (Contudo, possvel que es-tas rvores sejam demasiadamente pequenas para poder sentar-se suasombra...) Nos captulos seguintes tratar-se- de mtodos para contro-lar o tamanho da rvore, pondo nfase no primeiro passo para a suarealizao, a propagao clonada (Captulo 4).

    2.4 ResumoAs espcies fruteiras desempenham um papel importante em quasetodos os sistemas agrcolas. Alguns frutos so colhidos na natureza,so vrias as culturas fruteiras que so utilizadas para enriquecer avegetao do pousio (alqueive) no sistema do cultivo itinerante, e amaior variao das espcies fruteiras encontram-se nas hortas. Apenasuma minoria de espcies fruteiras tropicais so apropriadas para a

    produo comercial em pomares. As empresas comerciais de maior

    escala, como sejam as plantaes, limitam-se, praticamente, bana-

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    neira e ao ananaseiro. As culturas fruteiras comerciais apresentam umaproduo abundante e regular, devido uma produo tempor emrvores pequenas.

    O progresso na fruticultura baseia-se vigorosamente em mtodos quelimitam o tamanho das rvores, visto que as rvores pequenas tendema ser mais produtivas do que as de tamanho grande e, visto que o seumaneio fcil, levam a uma reduo de custos da produo. O mtodo

    principal para atingir isso a propagao vegetativa.

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    Forma e funo 17

    3 Forma e funo

    3.1 Culturas fruteiras monocaules e culturas

    fruteiras ramificadasExistem algumas culturas fruteiras que se destacam quando as condi-es de crescimento permitem o seu cultivo: a papaieira, o coqueiro, oananaseiro e a bananeira. O porte de todas estas plantas assemelha-sea um s rebento gigantesco. Por isso, denominam-se plantas monocau-les (quer dizer, com um nico caule ou tronco), embora, rigorosamen-te, este termo no seja correcto ver a Caixa. Este rebento cresce con-

    tinuamente, enquanto que a sua ponta forma folhas e infloraes numasucesso ordenada.

    A papaieira e o coqueiro formam flores na axila de cada folha, en-quanto que o ananaseiro e a bananeira florescem na ponta do rebentoquando se produziram suficientes folhas para sustentar o crescimentodo fruto.

    A forma de estas culturas monocaules implica que, se crescerem maisrapidamente, tambm florescero e frutescero mais rapidamente. Paraalm disso, as folhas e os frutos crescero mais quando as condiesde crescimento so favorveis. Para o fruticultor estas culturas sorelativamente simples, visto que reagem bem aos tratamentos culturais(rega, adubao, proteco das culturas). Se se fizer com que as plan-tas cresam bem, fornecero nveis de rendimento altos e previsveis.Como a ponta de crescimento sempre activa, a fruta pode ser colhida

    a cada momento do ano, de forma que no surpreendente que estasculturas sejam cultivadas onde possvel; so importantes tanto pararicos como para pobres.

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    Diferentes formas de ramificaoA bananeira e o ananaseiro formam rebentos de raiz, que de facto so ramos.Contudo, os rebentos de raiz no influenciam muito na forma e no funciona-mento do rebento-me, de forma que neste texto consideramos estas duasculturas (e palmeiras que formam rebentos de raiz, tais como a tamareira e a

    pupunheira) como plantas monocaules. Talvez tenha visto papaieiras que, poralgum contratempo, formaram alguns ramos. Como cada destes ramos seassemelha papaieira no ramificada, no que diz respeito sua forma e aoseu funcionamento, ainda classificamos estas plantas na categoria de esp-cies com um nico caule (monocaules).

    A ramificao das culturas fruteiras verdadeiramente ramificadas tem um ou-tro carcter. Estas ramificam para adaptarem a sua forma ao espao dispon-vel (os ramos crescem em direco luz). A este respeito, as plantas trepa-deiras so as campes, visto que no tm, absolutamente, nenhuma forma

    fixa. A forma duma planta trepadeira depende do suporte que encontra, aoprocurar a luz.

    Crescimento contnuo e intermitenteAs culturas fruteiras monocaules formam apenas uma minoria, aindaque uma minoria extremamente importante. A maioria das culturasfruteiras so, de longe, rvores de ramificao. Os rebentos da maioriadestas espcies ramificadas no crescem continuamente mas de formaintermitente. Os rebentos estendem-se durante um fluxo, desenrolandorapidamente vrias folhas. Pouco tempo depois o rebento pra decrescer, deixa de produzir folhas novas, e amadurece para formar umgalho aparentemente em estado de repouso.

    As culturas monocaules podem crescer continuamente, visto que ime-diatamente depois de desenvolverem um conjunto completo de folhas,

    a superfcie da folhagem fica igual, cada folha nova substituindo umafolha murcha. Quase toda a gua e os nutrientes necessrios para umarvore so absorvidos pelos rebentos novos. Por conseguinte, as razesno podem parar o seu crescimento, seno dentro de pouco tempo jno haveria razes novas. A superfcie de folhagem, razoavelmenteconstante, das plantas monocaules pode ser abastecida de gua e nu-trientes se as razes crescerem a um ritmo constante.

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    Se o nmero de rebentos e folhas aumentar desenfreadamente, as ra-zes das rvores ramificadas teriam de crescer cada vez mais rapida-mente. Isto no possvel, e talvez seja a razo pela qual a maioria dasrvores ramificadas cresam de modo intermitente em vez de cont-

    nuo. Durante um fluxo, o nmero de folhas incrementa to rapidamen-te que o sistema radicular no consegue seguir este ritmo. Contudo,depois do fluxo, o crescimento das razes continua e a queda das fo-lhas reduz, de forma gradual, a superfcie da folhagem. Desta forma,aps um perodo de (numerosos) meses, a rvore , de novo, capaz desustentar um fluxo. Como resultado, a razo rebento: raizame em r-vores ramificadas no estvel, mais varia. Sob condies favorveisde crescimento pode haver uma sucesso rpida de fluxos, de forma

    que, dentro de poucos anos, a ramificao se torna bastante complexa.

    Figura 2: Ramificao duma mangueira em Madagscar duranteos primeiros 2 anos aps o plantio. Todos os rebentos do fluxoanual foram medidos e registados, mas em Maio de 1966 apenas

    em dois ramos. Os pontos indicam o final do fluxo anterior.

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    Quais sero os rebentos que florescero?Para o fruticultor, a caracterstica mais saliente das culturas fruteirasramificadas que a florao e a frutificao no ocupam um lugar

    bem-definido no seu padro de crescimento, contrrio s culturas mo-

    nocaules.

    Rebentos e botesNeste texto, utilizamos os termos rebento e galho para os ramos jovens. Logoque as folhas mais novas num rebento amadureceram, o rebento torna-senum galho. Um galho porta apenas folhas maduras (as folhas mais velhaspossivelmente j cairam). Um galho cresce apenas tornando-se um ramo,mas alguns botes num galho podem abrir para produzirem flores ou novosrebentos durante um fluxo posterior.

    Na fruticultura o termo boto de flor, geralmente, utilizado em oposio aotermo boto foliar, para referir-se ao boto que, no momento devido, formaruma inflorescncia, com uma ou vrias flores. Aqui usamos o termo boto flo-ral , visto que, na linguagem comum, o termo boto de flor se refere a umaflor imediatamente antes de abrir.

    Uma papaieira ou um coqueiro que cresce razoavelmente bem, flores-ce em cada axila foliar depois de se terminar o perodo juvenil, mas,no caso duma mangueira, impossivel dizer quais das centenas oumilhares dos seus galhos vo florescer e dar frutos. Uma mangueira

    pode florescer abundantemente num ano e quase no florescer numoutro. Por conseguinte, a produo de frutos nas rvores ramificadas imprevisvel e muito mais reduzida, em mdia, do que nas culturasfruteiras monocaules.

    Visto que o crescimento se efectua primeiro, no provvel que atra-vs da estimulao do crescimento se melhorem a florao e a frutifi-cao. Por exemplo: a rega da mangueira durante a estao seca, deforma a evitarstress, levar a mais fluxos custa da florao. Na Fi-gura 2 apresenta-se o rpido incremento da ramificao duma man-gueira a crescer em condies sempre-hmidas; a rvore no flores-ceu.

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    Stresse produo sazonalO cultivador de fruteiras monocaules esfora-se para que as suas cul-turas no sofram de stress, enquanto que, no caso de rvores fruteirasramificadas de crescimento intermitente, um perodo de stress , de

    facto, bem-vindo ou, at mesmo, necessrio. Um perodo de climadesfavorvel, como seja um perodo frio ou seco, provoca que o cres-cimento dos rebentos pare e d tempo aos galhos para iniciarem bo-tes florais. Uma temperatura baixa mais eficaz do que condiessecas, o que pode ser mostrado por comparao de culturas fruteirasque crescem nas regies subtropicais, bem como nas tropicais, taiscomo a mangueira e o abacateiro (ver a Caixa).

    O stress sazonal, imposto pelo clima e pelas condies do solo, provo-ca a florao simultnea de todas as rvores duma mesma cultura (oucultivar). Por conseguinte, os frutos das rvores mais ramificadas tmum perodo de oferta curto, enquanto que os frutos das plantas mono-caules esto disponveis durante todo o ano.

    Citrinos, mangueiras e abacateiros nas regies tropicais esubtropicaisPara todas estas trs culturas, uma regra prtica que nas regies tropicais,o ritmo de crescimento destas rvores o dobro, enquanto que a sua produ-o a metade da nas regies subtropicais. Nas regies tropicais, o perodoseco, geralmente, no limita o crescimento dos rebentos de modo eficaz, pro-vocando que as rvores se tornem grandes e que o descanso dos galhosseja insuficiente para garantir uma florao e frutificao adequadas. Pelocontrrio, o inverno subtropical faz parar o crescimento de rebentos e, paraalm disso, estimula a formao de botes florais, levando ao desenvolvi-mento de rvores pequenas duma florao abundante. Contudo, nas regiessubtropicais, o clima inclemente da primavera leva, muitas das vezes, a uma

    frutificao deficiente. E se houver uma frutificao adequada, isto poderprovocar uma produo excessiva de frutos e uma escassez de rebentos queflorescem no ano seguinte, provocando uma produo bienal de frutos (cadadois anos)

    Desta forma, apesar de as culturas serem as mesmas, os problemas com osquais o cultivador se v confrontado so bastante diferentes; em vrios as-pectos so completamente o oposto. Por conseguinte, pense bem antes deseguir recomendaes baseadas na experincia adquirida nas regies sub-tropicais!

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    No Quadro 1 so apresentadas, de maneira sumria, as diferenas sali-entes entre as culturas fruteiras monocaules e as ramificadas, no quediz respeito frutificao e aos tratamentos culturais necessrios. NasSeces seguintes cada um destes grupos ser tratado de forma mais

    detalhada, tambm considerando as diferenas dentro de cada grupo.

    Quadro 1: Comparao das culturas fruteiras monocaules com asramificadas

    Culturas monocaules:p.ex. bananeira, papaieira, coqueiro

    Culturas ramificadas:p.ex. tangerineira, goiabeira, mangueira

    Crescimento contnuo Crescimento intermitente

    Rebento : raizame estvel Rebento : raizame varivel

    Produo elevada Produo baixa- previsvel - irregular

    - durante todo o ano - sazonal

    A melhoria das condies de crescimentoaumenta mais a frutificao que o cresci-mento.

    Melhores condies de crescimento estimu-lam, geralmente, o crescimento de rebentos custa da florao/frutificao

    Conselho: estimular o crescimento, minimi-zar o stress

    Conselho: usar o stresssazonal para pr ocrescimento de rebentos em EQUILBRIOcom a florao/frutificao

    3.2 Uma observao mais minuciosa dasculturas fruteiras monocaules

    As quatro culturas fruteiras monocaules supramencionadas classifi-cam-se em duas categorias: a papaieira e o coqueiro produzem floresna axila de cada folha; enquanto que a bananeira e o ananaseiro flo-rescem na ponta de rebento. Em todas estas plantas o crescimento e a

    florao/frutificao esto estreitamente interligados: quando crescembem a produo ser elevada. Contudo, sob condies adversas, mani-festar-se-o diferenas importantes entre os dois grupos.

    Florao nas axilas foliaresA papaieira e o coqueiro tm que manter um ritmo de crescimentoconstante para poder produzir flores e frutos em cada axila foliar. Seas condies de crescimento se deteriorarem, por exemplo durante um

    perodo frio ou seco, o crescimento continuar o melhor possvel

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    custa da florao e da frutificao. Quer dizer: sob condies de stressa florao e a frutificao so sacrificadas para salvar a rvore. Porconseguinte, estas culturas requerem condies de crescimento favo-rveis durante todo o ano, assim que esto confinadas s regies tropi-

    cais.

    Ao observar o tronco duma papaieira, ver-se-o as cicatrizes deixadaspelas folhas que caram. As folhas pequenas formadas durante um pe-rodo adverso deixam cicatrizes pequenas e concentradas, muito dife-rentes das cicatrizes grandes, bem espaadas das folhas formadas du-rante um perodo de crescimento favorvel. Quando a papaieira tiveralguns anos de idade, pode ler-se a sua histria pessoal, os seus pero-

    dos de felicidade e de stress, com base nas cicatrizes no caule, talcomo se apresenta na Figura 3. Esta forma reflecte o modo de funcio-namento da rvore.

    Desta forma, a primeira tarefa deum cultivador de papaieiras re-duzir o stress a um mnimo, porexemplo regando-as durante o

    perodo seco, plantando as rvo-res num camalho (cmoro) se osolo estiver mal drenado, ou for-necendo um abrigo numa plancieexposta a ventos fortes.

    Num pomar o espaamento dasplantas importante. Se as papai-eiras ou os coqueiros forem plan-tados a pouca distncia uns dosoutros as folhas no podem esten-der-se livremente de forma a queso foradas a crescer numa posi-o mais vertical. As axilas folia-res que, como resultado, ficam

    estreitas, entravam o desenvolvi-

    Figura 3: Cicatrizes foliares notronco de uma papaieira

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    mento das flores e dos frutos. A falta de espao, tal como um perodode stress, provoca um atraso muito maior da florao e da frutificaoque o provocado pelo crescimento vegetativo. Como no caso dos co-queiros estarem plantados muito perto uns dos outro, isso levaria a

    uma forte reduo da produo dos cocos, estas palmeiras esto, mui-tas das vezes, espaadas de tal maneira que se pode praticar um culti-vo intercalar. Portanto, estas espcies devem poder crescer sem restri-es, tanto no que respeita ao tempo como ao espao.

    Florao na ponta de rebentoSe a bananeira sofrer de stress devido a um perodo seco ou tempofrio, a produo das folhas abrandar e se o stress continuar, as folhas

    novas tornar-se-o, gradualmente, mais pequenas. Ao contrrio da pa-paieira, isto no afectar directamente a produo de frutos. O efeitoprincipal dum perodo de crescimento mais lento que se atrasa o apa-recimento do cacho: preciso esperar mais tempo at a colheita dosfrutos. De forma similar, se se cortar, de vez em quando, uma folhaduma bananeira para a utilizar como guarda-chuva ou para nela em-

    brulhar alimentos, isso provoca que a colheita ser atrasada em vez dereduzida. O mesmo se aplica ao ananaseiro, uma cultura resistente seca que pode, praticamente, suspender o seu crescimento em condi-es secas.

    As folhas de bananeiras ou ananaseiros densamente espaados tam-bm adoptam uma posio vertical. O seu aglomeramento provoca aformao de uma planta mais delgada e de frutos mais pequenos, masesta perda pode ser compensada pela grande quantidade de plantas porhectare. Os ananaseiros pequenos, preferidos no comrcio internacio-nal, so produzidos com uso de uma reduo da distncia do espaa-mento.

    A bananeira e o ananaseiro, culturas de florao terminal, adaptam-semuito melhor a condies adversas do que a papaieira ou o coqueiro.Embora um perodo de stress faz com que a colheita se atrase, noleva necessariamente a uma reduo da produo. Por esta razo, am-

    bas as culturas tambm so populares nas regies subtropicais; nas

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    regies tropicais crescem em lugares at altitudes de, aproximadamen-te, 1600 m. A florao na ponta de rebento permite a estas culturas desuportar bastante bem condies de stress e aglomeramento.

    Outras culturas monocaulesAs palmeiras so, de longe, o maior grupo de culturas perenes mono-caules. A palmeira-de-leo (dendm), a pupunheira, a palmeira de b-tele (nogueira de areca) e a tamareira so exemplos de culturas impor-tantes com o mesmo padro de crescimento que o coqueiro. Tambmexistem espcies de palmeira, por exemplo o sagueiro, que florescemna ponta de rebento, tal como a bananeira; outro exemplo de uma

    planta com este padro de crescimento o sisal.

    No Quadro 2 apresenta-se um resumo das caractersticas principais deambos os grupos das culturas fruteiras de crescimento contnuo.

    Quadro 2: Caractersticas dos dois grupos de fruteiras monocau-les

    Tipo de florao nas axilas foliares:

    combinao de crescimentoe florao

    na ponta de rebento:

    florao aps se concluir ocrescimento

    Exemplos papaieira, coqueiro ananaseiro, bananeira

    Reaco a stress o crescimento continua custa da frutificao

    o crescimento abranda e afrutificao atrasada

    Adaptao a:

    - clima crescem bem apenas emcondies de stressmnimo

    pode adaptar-se seca e aofrio

    - espaamento denso as plantas tornam-se maisaltas e reduz-se a produo

    por hectare

    as plantas tornam-se maisaltas, o tamanho dos frutos

    reduz-se, mas aumenta aproduo de frutos por hec-tare

    Concluso padro de crescimentoinflexvel;destinado a um crescimentosem perturbaes no quediz respeito tanto ao tempocomo ao espao

    padro de crescimentoflexvel;a frutificao no sofre muitocom o stresssazonal oucom o espaamento denso

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    3.3 Forma e funo das rvores fruteirasramificadas

    Crescimento intermitente e contnuo

    O amplo grupo de rvores fruteiras ramificadas muito diverso. Jvimos que a ramificao se encontra, geralmente, associada com ocrescimento intermitente dos rebentos, florao escassa e frutificaosazonal. A estreita relao entre a ramificao e o crescimento intermi-tente evidenciada pelas mudanas de padro de crescimento, no de-correr da vida de rvores ramificadas, particularmente no caso de se-rem cultivadas a partir de sementes.

    Uma plntula cresce, geralmente, de modo contnuo, mas o crescimen-to intermitente realiza-se logo que se formem os primeiros rebentoslaterais. Com uma ramificao crescente, o intervalo entre os fluxostende a tornar-se mais longo e, geralmente, h mais galhos que perma-necem num estado de repouso durante um fluxo.

    De uma certa distncia possvel que a rvore parea estar em pleno

    fluxo mas se a examinar mais de perto, ver que muitos galhos estoem repouso. (Estes galhos em repouso podem ser os que vo flores-cer!) As rvores que se propagam de modo vegetativo tendem a cres-cer de forma intermitente desde o comeo, mas quando a ramificaose tornar mais complexa, ver-se-o mudanas similares no modo defluxo tal como se manifestam nas rvores cultivadas a partir de se-mentes.

    Algumas plantas lenhosas podem crescer continuamente e florescemnas axilas foliares do rebento em crescimento, tal como a papaieiramonocaule. O exemplo mais elucidativo o das plantas trepadeiras,como sejam o maracujazeiro e a videira. Em busca de luz, os seus re-

    bentos continuam a crescer at que com a ramificao crescente ocrescimento dos rebentos abrande. A rvore-do-po e o cafezeiro soexemplos de culturas arbreas de crescimento contnuo em combina-o com florao nas axilas foliares. Tambm a jaqueira e o durio

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    tm rebentos que tendem a crescer de modo contnuo, mas estas rvo-res florescem nos ramos principais e no tronco (`caulifloro).

    Os rebentos de crescimento intermitente (em fluxos) param de crescer

    mesmo que as condies sejam ideais, enquanto que o crescimento derebentos do tipo contnuo pra devido a condies adversas, como se-jam um perodo seco ou a presena duma grande quantidade de frutosem crescimento, tal como no caso do cafezeiro e do maracujazeiro.

    Nesta Seco concentramo-nos nas rvores de crescimento intermiten-te, visto que a maioria das culturas fruteiras, sendo quase todas esp-cies importantes, pertencem a este grupo. Contudo, mencionar-se-o

    tambm, de vez em quando, as culturas fruteiras de crescimento cont-nuo.

    Padres de crescimento dos rebentosO crescimento do rebento em fluxo pode seguir um ritmo de vai -

    pra, parando bruscamente por aborto da sua ponta de crescimento,tal como o caso do cacaueiro e, muitas das vezes, dos rebentos decitrinos. De modo mais frequente, a ponta de crescimento forma um

    boto terminal em repouso, coberto por escamas de boto, tal como namangueira. No boto em repouso a ponta de crescimento continua aformar incios foliares, que se desenrolaro quando o boto se abrirdurante o fluxo seguinte. O fluxo pode seguir tambm um ritmo alter-nado `rpido lento, quer dizer, depois do desenrolamento rpido dasfolhas no comeo do fluxo, o crescimento abranda a um ritmo extre-mamente lento (velocidade de caracol), at acelerar, de novo, no flu-xo seguinte (rambuteira, noqueira-moscada). Neste caso, o boto `emrepouso est, geralmente, nu, quer dizer, sem cobertura de escamas(boto nu).

    O crescimento do rebento denomina-se `determinado se, durante ofluxo, apenas se desenrolarem as folhas que j estavam presentes no

    boto como incios foliares. Se a ponta de rebento continuar a formarfolhas novas, o fluxo prolongar-se- e o crescimento do rebento de-

    nomina-se `indeterminado.

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    So vrias as culturas fruteiras que produzem rebentos determinados(rebentos curtos ou spurs, nas culturas da romzeira, macieira, pereirae ameixeira) e rebentos indeterminados (rebentos compridos ou whips,nas culturas da ameixeira e da fruta-do-conde/fruta-pinha). Os reben-

    tos indeterminados podem ser considerados como um passo para aformao de rebentos de crescimento contnuo. Poder observar osvrios padres de fluxo nas suas prprias rvores.

    Encaixe da florao/frutificao no crescimento de rebentosAs rvores ramificadas tm um modo de crescimento muito mais fle-xvel do que as plantas monocaules. Infelizmente, para o fruticultoresta flexibilidade ganha custa da florao e da frutificao. A fun-

    o natural da frutificao fornecer as sementes necessrias paraproduzir a seguinte gerao. Portanto, no de se estranhar que asrvores ramificadas tenham efectuado adaptaes para assegurar que asua produo de sementes seja o melhor possvel, apesar do seu abun-dante crescimento de rebentos. Existem duas estratgias comuns: ocrescimento de rebentos e o crescimento reprodutivo que tm lugaremmomentos diferentes ou em locais diferentes.

    Separao no tempoAs culturas fruteiras de crescimento intermitente aproveitam o interva-lo entre os fluxos para o desenvolvimento floral: estas formam, comapenas algumas excepes, os botes florais no galho em repouso.Portanto, estas culturas combinam a florao/frutificao com umaramificao livre atravs duma separao temporal dos ditos proces-sos: o crescimento de rebentos e o desenvolvimento floral tm lugarem momentos diferentes.

    Os botes florais podem ser formados nas axilas foliares ou na pontado galho em repouso. Quando estes botes florais se abrirem, podem

    produzir ou apenas uma inflorescncia ou um rebento em fluxo cominflorescncia(s). Na Figura 4 apresentam-se as quatro possibilidadescom exemplos ilustradores. Repare-se que so vrias as culturas fru-teiras que florescem tanto nas axilas foliares como na ponta, ou direc-

    tamente no galho, bem como nos rebentos novos.

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    Figura 4: Florao nos galhos e nos rebentos, na ponta e nas axi-las foliares, com exemplos. De notar que muitas culturas fruteirasflorescem em mais de uma nica posio. *) Florao apenas naspartes sem folhas **) Os botes ao abrirem formam uma roseta defolhas e um conjunto de flores.

    Tal como se mostra na Figura 4, a goiabeira floresce nas axilas foliarespresentes no rebento do fluxo. Contudo, estas flores j foram iniciadasantes do boto do galho em repouso se abrir no fluxo. No interior do

    boto que est para se abrir podem-se ver, ao microscpio, os inciosfoliares que se expandiro durante o fluxo, e tambm os primeiros si-nais de desenvolvimento floral nas axilas de estes minsculos inciosfoliares. Em outras palavras: os acontecimentos que levaram flora-o em rebentos novos comeam, geralmente, no galho em repouso.

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    Florao em locais separadosAs anonas, a romzeira, a macieira, a pereira e a ameixeira formamtodas botes florais no galho em repouso; e tambm tm rebentoscompridos (indeterminados) bem como curtos (determinados ou

    spurs). O crescimento dos rebentos curtos termina cedo, permitindoaos ditos spurs mais tempo para iniciarem flores. Apesar de a floraose verificar tambm nos rebentos compridos, a florao e a frutifica-o tm melhores resultados nos rebentos curtos (spurs).

    Portanto, estas culturas combinam a separao temporal do crescimen-to de rebentos e do desenvolvimento floral com a florao preferencialem locais separados.

    O cafezeiro um exemplo daflorao em rebentos especiais,de crescimento contnuo. Ocafezeiro tem tipos de rebentoscompletamente distintos: Umou mais rebentos verticais (re-

    bentos orttropicos), cada umcom numerosos rebentos late-rais de crescimento horizontal(rebentos plagitropicos).Apenas os rebentos plagitro-

    picos formam flores. Vriasculturas fruteiras tm tendn-cia para plagiotropia, emborano seja to extrema como nocaso do cafezeiro.

    Por exemplo, o durio tem,principalmente, ramos hori-zontais (plagitropicos) e, ge-ralmente, um ou vrios ramosrobustos, verticais (orttropi-

    cos).

    Figura 5: rvore jovem de duriocom penas horizontais e um ramovigoroso vertical. Cortando esteramo mantm-se a rvore baixa efomenta-se o crescimento de maisramos frutferos.

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    A distino entre as chamadas `penas horizontais e os ramos robustosverticais est bem clara em rvores jovens. Ver a Figura 5. Embora, aocontrrio do cafezeiro, ambos os tipos de ramos produzam frutos, osramos orttropicos contribuem, principalmente, para o tamanho da

    rvore enquanto que os ramos plagitropicos contribuem, principal-mente, para a produo dos frutos.

    O durio tem tipos de rebento mais ou menos distintos, mas a caracte-rstica mais saliente que as suas flores so formadas no lado inferiordos ramos, perto do tronco da rvore. A caracterstica cauliflora, querdizer, a florao no tronco e nos ramos principais, uma maneira efi-caz para repartir o crescimento de rebentos e o desenvolvimento floral

    para pontos diferentes e, portanto, liberta o crescimento de rebentos. Odurio e a jaqueira tm um crescimento de rebentos mais ou menoscontnuo, enquanto que os rebentos do cacaueiro crescem em fluxosfrequentes.

    Os exemplos supramencionados do durio, das anonas, etc. mostramque so comuns as estratgias combinadas, para separar melhor a for-mao de flores e o crescimento de rebentos. Contudo, uma floraodeficiente continua a ser o factor principal que limita a produo dasculturas fruteiras ramificadas. Isto aplica-se, particularmente, ao am-

    plo e importante grupo das espcies que formam botes florais nosgalhos em repouso. Embora no haja ainda muito conhecimento sobreo comportamento destas culturas, nas seces seguintes apresenta-seuma abordagem para efectuar uma melhor florao.

    Botes florais nos galhos em repousoApesar da informao fragmentria, parece que uma florao adequa-da depende, em grande parte, de duas condies:? Fluxo sincrnico? Ausncia de rebentos em fluxo antes e durante a formao dos bo-

    tes florais.

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    Sincronizao da floraoO fluxo sincrnico implica que a rvore atravessa fases distintas noque diz respeito ao crescimento de rebentos e ao desenvolvimento flo-ral. Se uma grande proporo dos galhos produzem, simultaneamente,

    rebentos novos, estes amadurecem no mesmo momento, tornando-segalhos em repouso que, no devido tempo, ho-de produzir um fluxofloral sincrnico. H indicaes de que a florao se tornar maisabundante, se toda a rvore entrar no `modo floral e no apenas osgalhos individuais. Uma florescncia to concentrada tambm favore-ce a polinizao e a frutificao. O resultado, um ciclo de cultivo anu-al ntido, facilita muito o maneio arbreo, visto que estabelece osmomentos apropriados para a fertilizao, a poda, os tratamentos de

    proteco da cultura, a colheita, etc. (ver o Captulo 6).

    A sincronizao provocada como resultado do stress imposto peloambiente. As espcies arbreas diferem muito no que diz respeito severidade do stress requerida para provocar um crescimento sincrni-co dos rebentos e uma florao sincrnica. Um certo grau de sincroni-zao comum, at nas regies tropicais hmidas, onde um curto pe-rodo seco ou um aguaceiro refrescante aps alguns dias quentes soos maiores transtornos climticos. Alguns clones da rvore-da-

    borracha (seringueira) at perdem as suas folhas em reaco a umaalterao climtica to insignificativa que passa despercebida para amaior parte das pessoas. As espcies de Spondias (cajazeira, cirigue-leira) ficam sem folhas depois de um curto perodo seco. A perda defolhas permite s razes arrancarem um fluxo sincrnico, seja um flu-xo floral ou um fluxo de rebentos. Outras culturas fruteiras familiaresnas regies tropicais hmidas, como sejam a rambuteira e o mangos-tozeiro, muitas das vezes produzem frutos duas vezes por ano. (Con-tudo, dependendo do momento em que se verifica o stress , a floraoe, portanto, o/s perodo/s de colheita, podem variar consideravelmentede ano a ano).

    As culturas fruteiras que crescem bem num clima de mono reque-rem muito mais stress para se forar um fluxo sincrnico. Caso sejam

    cultivadas num ambiente hmido, crescem ainda mais vigorosamente,

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    de forma que o fluxo contnuo e desorganizado suprime a formao debotes florais. isto que sucedeu no caso da mangueira apresentadana Figura 2 e esclarece o crescimento frequente de rebentos novos e aausncia de flores. As nicas culturas fruteiras que parecem dar frutos

    igualmente bem quando crescem de um modo no-sincrnico so asapotilha, a gravioleira (corao-da-ndia) e a noguiera-moscada.

    Embora certo grau de sincronizao seja corrente, a sincronizaoest, muitas das vezes, longe de ser perfeita. No incomum ver-seuma rvore em pleno fluxo enquanto que uma rvore vizinha est emrepouso, como se v na Figura 6, ou um nico ramo que se encontraem fluxo, enquanto que os outros esto em repouso, ou um fluxo espa-

    lhado de rebentos durante toda a estao de chuvas.

    Figura 6: Uma rambuteira na estao seca, com a rvore adianteem fluxo, e a de atrs em repouso

    provvel que o fluxo no-sincrnico apresentado na Figura 6 se re-pita durante o perodo da colheita, como o caso na Figura 7!

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    Ao observar os processos do fluxo e da florao das rvores fruteirasno seu ambiente durante alguns anos, pode verificar por si mesmo se ocrescimento tardio de rebentos leva, ou no, a uma florao deficiente.

    Do boto para a flor: algumas excepes regraO desenvolvimento floral pode levar, por vrias razes, muito mais tempo que3 8 semanas. O desenvolvimento pode, simplesmente, ter um ritmo lento;no caso do craveiro-da-India (cravinho) at leva mais de 6 meses. Para almdisso, os galhos ficam, muitas das vezes, num repouso muito mais prolonga-do do que necessrio para a formao dos botes florais. Enquanto se per-dem poucas folhas, as razes no podem desencadear a abertura dos botes,mesmo que os botes florais j estejam prontos. Outra razo importante adormncia de botes, que a incapacidade dos botes para se abrirem, em-bora as condies de crescimento sejam favorveis. Os botes florais do ca-

    fezeiro tornam-se dormentes logo que so formados. Sob condies secasinterrompe-se, gradualmente, a dormncia e, finalmente, um aguaceiro de-sencadeia a florao de todos os botes florais que j no so dormentes.

    As culturas fruteiras da zona temperada (macieira, pereira, ameixeira, pesse-gueiro, videira) tm botes que se tornam dormentes no decorrer do perodode crescimento. O frio invernal interrompe a dormncia, seguindo-se a flora-o quando a temperatura sobe, na primavera. Se estas culturas so cultiva-das nas regies tropicais, a abertura dos botes tende a ser atrasada e ina-dequada. Podem-se usar produtos qumicos que quebram a dormncia para

    melhorar a abertura dos botes; alguns destes produtos qumicos tambmso utilizadas para terminar o repouso prolongado de galhos (ver o Captulo6).

    Stressimposto pelo ambienteNas regies subtropicais o crescimento mais limitado pelo stress sa-zonal do que nas regies tropicais. Uma estao fria obriga a manterum ciclo de cultivo estritamente anual, igualmente em relao s cul-

    turas fruteiras que se cultivam tambm nas regies tropicais, comosejam as culturas de citrinos, o abacateiro, a mangueira, a longana, alichieira, a nespereira japonesa (loquat), a jujubeira, a romzeira e acasimiroa. Durante o inverno no h nenhum crescimento de rebentos.Isto leva a um fluxo geral, predominantemente de flores, quando atemperatura sobe na primavera (a estao fria tambm estimula, apa-rentemente, a formao de botes florais).

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    Quando a frutificao boa, a carga dos frutos em crescimento supri-me o fluxo, de forma que necessrio um fluxo ps-colheita para for-necer os galhos que portaro os botes florais do ano seguinte. Portan-to, a combinao duma estao fria com uma produo adequada dei-

    xa pouco espao para um crescimento excessivo de rebentos. Isto vantajoso, visto que, em princpio, o crescimento de rebentos apenas necessrio para renovar a madeira frutfera; e qualquer crescimento derebentos para alm desse nvel necessrio aumenta o tamanho da rvo-re em detrimento da produo de frutos.

    Nas regies tropicais, o stress ambiental manifesta-se, principalmente,na forma de uma seca/estiagem. No possvel considerar aqui toda a

    gama existente entre condies hmidas a condies ridas. Mas con-sideramos um clima tpico do mono com estaes de chuvas e secasde uma durao quase igual. Nesta situao, o crescimento de rebentostem lugar, principalmente, durante a estao de chuvas, comeandocom um fluxo sincrnico depois do comeo das chuvas. A sincroniza-o pode perder-se com mais fluxos de rebentos no decorrer da esta-o de chuvas. A estao seca termina rapidamente o crescimento derebentos.

    provvel que os botes florais sejam formados nos galhos em re-pouso neste perodo, visto que a maioria das culturas ramificadas flo-rescem durante a estao seca. Consoante o tempo necessrio entre aflorao e a colheita, os frutos amadurecem para o final da estaoseca ou cedo na estao de chuvas, que o perodo com o maior sor-timento de frutos no mercado.

    Agora, fazemos uma comparao dos ciclos de cultivo nas regiessubtropicais com os nas regies tropicais:? Nas regies subtropicais, a terminao do stress leva florao

    primaveril; os frutos crescem durante o perodo de cultivo (o Ve-ro); se a produo boa, o crescimento de rebentos limita-se a umfluxo ps-colheita no Outono.

    ? Nas regies tropicais, no s a iniciao floral mas tambm a flora-

    o e a maior parte do crescimento dos frutos realizam-se durante o

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    perodo de stress (seca). O fluxo que tem lugar cedo durante a esta-o de chuvas coincide, mais ou menos, com o fluxo ps-colheita,deixando a maior parte do perodo de cultivo para o crescimento derebentos que muito pouco desejvel e que se torna cada vez me-

    nos sincrnico.

    Desta forma, bvio que num clima de mono no fcil satisfazerambas as condies para uma florao adequada: um fluxo sincrnicoe um crescimento de rebentos no tardio. Num clima mais rido pode-se aplicar irrigao para controlar o ciclo de cultivo anual; num climamais hmido o ciclo de cultivo tende a estar ainda menos definido. NoCaptulo 6 debruamo-nos sobre o tema de como se pode fortalecer a

    sincronizao e prevenir um fluxo tardio.

    O stress ambiental no se manifesta somente na forma de condiessecas. Na maior parte das regies tropicais a (primeira parte da) esta-o seca tambm coincide com a estao fria. A descida da temperatu-ra pode ser de apenas alguns graus centgrados e, ao coincidir com um

    perodo seco, torna-se difcil determinar o seu efeito. Mas a fama daTailndia, de ser uma nao cultivadora de fruta, baseia-se no ar fresco

    proveniente do continente asitico que sopra sobre uma grande distn-cia para o sul, acrescentando stress estao seca. Como resultadomuitas culturas fruteiras florescem durante a Primavera em locais noSul at altura de Bangkok

    Parece que os nveis baixos de luz, devido a cus nublados, contribu-em muito para o stress ambiental. No Gabo, o tempo nublado durantea estao seca, provocado pela Corrente do Golfo no Oceano Atlnti-co, situada na proximidade, leva a uma florao abundante da man-gueira e do safuzeiro. O esgotamento do azoto (nitrognio) no solodepois das chuvas pode tambm refrear o crescimento de rebentos. Osquatro factores de stress; condies secas, clima fresco, cus nubladose nveis baixos de azoto, desempenham todos eles um papel na produ-o bem-sucedida da lichieira subtropical e da nogueira-macadmia

    perto do equador nos altiplanos da frica Oriental, num clima com

    duas estaes secas e duas estaes de chuvas.

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    Variabilidade da pluviosidade durante a estao secaPluviosidade durante a estao seca num pomar, na proximidade de France-ville, no Gabo:

    ____________________________________________________Ano(s) Junho Julho Agosto

    ____________________________________________________1979-86, mdia 37 25 59 mm

    1984 160 119 294 mm____________________________________________________

    Em 1984, no se verificou a estao seca normal, de forma que as laranjei-ras e as tangerineiras no floresceram. Para alm de a perda da colheita, em1984, ser bastante m em si, tambm perturbou o ritmo de crescimento anu-al: na ausncia de frutos toda a energia das rvores foi investida num cresci-mento de rebentos que foi vigoroso e prolongado. Por conseguinte, no 1985,apenas poucos galhos foram suficientemente maduros para florar. Desta for-ma, as chuvas excessivas na estao seca no s levaram perda da colhei-ta, no 1984, mas tambm provocou uma produo escassa no 1985. Paraalm disso, requereu-se uma poda brusca para limitar o tamanho das rvo-res. Quando uma cultura anual se perde, pode-se comear de novo no anoseguinte mas quando se perder a colheita de uma espcie arbrea (e tam-bm quando a produo abundante) os efeitos negativos se transferempara o cultivo do ano seguinte!

    Como se mostra nos exemplos supramencionados, os bons resultadosdas culturas fruteiras ramificadas dependem, muitas das vezes, de umacombinao favorvel de factores de stress, em vez de factores de cre-scimento! O stress imposto pelas condies climticas e do solo (par-ticularmente a disponibilidade de humidade) varia tanto que para cada

    pas ou regio so necessrias receitas especficas para o cultivo defruteiras.

    O cultivador preocupa-se apenas com o ambiente local, mas tambmse v confrontado com uma outra complicao: grandes variaes dostress de ano a ano. A estao seca no to segura como a estaofria e uma interrupo chuvosa pode ser muito prejudicial, ainda mais

    porque os efeitos se transferem para o ano seguinte. Um exemplo ex-tremo apresenta-se na Caixa supra. Embora um to grande fracasso daestao seca seja excepcional, os tratamentos para aumentar o stress

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    natural, de forma a prevenir um fluxo atrasado, no constituem ne-nhum luxo (ver o Captulo 6).

    3.4 ResumoOs diferentes padres de crescimento tratados neste captulo, juntocom o seu modo de florao, so resumidos na Caixa infra. Sem flo-res, no haver frutos; a florao previsvel das culturas fruteiras mo-nocaules forma um contraste ntido com a florao irregular das cultu-ras fruteiras ramificadas. O crescimento de rebentos e a formao de

    botes florais em locais separados ou em momentos diferentes soadaptaes para dar florao um lugar mais seguro no padro de cre-

    scimento das culturas fruteiras ramificadas. A separao no tempo eficaz nas regies subtropicais ( pela influncia do inverno), mas nasregies tropicais requerem-se grandes esforos para sincronizar o flu-xo e prevenir o fluxo, no momento oportuno da formao de botesflorais.

    Classificao de culturas fruteiras consoante o padro decrescimento e a posio dos botes florais1. ESPCIES MONOCAULES

    1.1 Crescimento contnuo e botes florais nas axilas foliarespapaieira, coqueiro

    1.2 Crescimento contnuo, termina em boto floral na ponta de rebentobananeira,ananaseiro

    2. ESPCIES RAMIFICADAS2.1 Crescimento contnuo de rebentos, botes florais em axilas foliares

    rvore-do-po, maracujazeiro2.2 Separao do crescimento de rebentos e botes florais:

    2.2.1 em locais diferentes:

    - botes florais no tronco e nos ramos: cauliflorosjaqueira, durio, cacaueiro

    - botes florais (principalmente) em galhos especializadoscafezeiro, durio; atemia, pereira; videira.

    2.2.2 rebentos em fluxo separados, no tempo, dos botes florais:- fluxo no-sincrnico e botes florais durante todo o ano

    sapotilha,gravioleira, nogueira-moscada- ciclo de cultivo anual mal definido, desencadeado porstressligeiro

    rambuteira, mangostozeiro- ciclo de cultivo anual bem-definido, imposto porstressintensivo

    mangueira, laranjeira, sumama

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    4 Propagao

    A maioria das rvores fruteiras tropicais ainda so propagadas a partir

    de sementes, particularmente nas hortas. Na fruticultura, a propagaovegetativa abre o caminho para um avano no que diz respeito pro-dutividade e eficincia de forma a que a produo para o mercado setorna mais atractiva.

    4.1 Plntulas na base de sementes ou plantasclonadas?

    A reproduo sexual leva a VARIAO DE PLNTULAS: emboratodas as plntulas se assemelhem rvore-me (o semento) em certosaspectos, no existem nem sequer duas plntulas iguais. Obviamenteque as diferenas entre as plntulas ainda se tornaro maiores se foremcultivadas sob condies diferentes.

    Na multiplicao vegetativa, uma parte da rvore-me que no a se-mente (p.ex. uma estaca) d origem a uma nova planta. A composiogentica desta nova planta exactamente igual da rvore-me. Porconseguinte, todas as estacas duma rvore-me so idnticas, tendo asmesmas caractersticas. A rvore-me, juntamente com as estacas,forma um CLONE. Qualquer diferena entre as plantas dum clone ap-enas pode ser provocada devido a condies de crescimento diferen-tes.

    Um clone uma cultivar(abreviatura de variedade cultivada) e, por-tanto, pode receber uma denominao. Isto constitui uma grande van-tagem para a comercializao. Como a qualidade das frutas varivele, em muitos casos, difcil de avaliar, um grande avano se se puderoferecer aos compradores potenciais um abacate Fuerte em vez deapenas um abacate.

    As plntulas so juvenis, quer dizer, no so capazes de florescer at

    se tornarem maduras. Uma plntula ir desenvolver-se, inevitavelmen-

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    Propagao 41

    te, numa rvore de tamanho considervel antes de poder dar frutos.Isto leva, normalmente, entre 3 a 10 anos, consoante a espcie. Contu-do, ao obter estacas duma rvore madura, a nova planta, embora seja

    pequena, est madura e pode florescer mesmo no viveiro.

    Esta a diferena principal entre uma plntula e uma rvore clonada.Uma produo tempor de frutos desvia energia para a produo defrutos que, em outras circunstncias, seria usada para o crescimento derebentos e a produo de madeira. Portanto, as rvores clonadas tmum tamanho mais reduzido e podem ser plantadas com menor espa-amento. Mais rvores por hectare implica ainda um aumento da pro-duo tempor! A obteno das estacas duma rvore-me de produo

    elevada tambm contribui para aumentar a produo.

    Para alm disso, como foi tratado no Captulo 2, as rvores pequenasso de maneio mais fcil, levando a uma forte reduo dos custos de

    produo por kg de frutos.

    Concluso:A propagao atravs de clones essencial para a intensificao e o aumen-

    to da produo. Deste modo, h menos anos improdutivos, mais rvores porhectare, uma produo mxima mais elevada por hectare, uma produomdia muito mais elevada no decorrer da vida do pomar, uma gesto maiseficiente e custos de produo mais reduzidos.

    A propagao atravs de clones tambm tem desvantagens:? As doenas que so transmitidas atravs das sementes so muito

    poucas, mas no caso da multiplicao atravs de clones necessrio

    fazer um esforo especial para manter saudveis as rvores-mes aserem clonadas, visto que as pragas e doenas que infestam a rvore

    podem ser transmitidas para as estacas, mergulhes, olhos ou enxer-tos.

    ? As plntulas, com a sua robusta raiz axial e fase juvenil, tm umcomeo vigoroso da sua vida. As rvores clonadas tm um sistemaradicular muito mais dbil e espera-se que produzam frutos em vezde madeira. Por conseguinte, um pomar de rvores clonadas requer

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    tratamentos culturais intensivos de acordo com a intensidade do cul-tivo.

    ? A produo de plntulas barata em comparao com a multiplica-o atravs de clones, particularmente no caso da mergulhia, da en-

    xertia ou do enxerto de borbulha. Como as rvores clonadas tm umtamanho mais reduzido, necessrio plantar mais rvores numa cer-ta superfcie.

    ? Por ltimo, como todas as plantas pertencentes a um clone tm amesma composio gentica, provvel que uma nova doena outranstorno que destri as defesas genticas afecte todo o clone. Paraminimizar este risco prudente plantar algumas cultivares diferen-tes no mesmo local (facilitando desta forma tambm a polinizao

    cruzada).

    Apesar destas desvantagens, o progresso na fruticultura foi realizado,em grande parte, com uso de material vegetativo clonado. Apenas al-gumas poucas culturas fruteiras ainda so cultivadas a partir de se-mentes: a papaieira, o maracujazeiro, a gravioleira (corao-da-ndia)e o cajueiro. A fase juvenil destas culturas muito curta: dura menosde um ano para a papaieira e o maracujazeiro e apenas 3-4 anos para agravioleira (corao-da-ndia) e o cajueiro.

    4.2 Linhas gerais sobre os mtodos declonagem

    No Quadro 3 apresentam-se os mtodos correntes da propagao ve-getativa. Partindo das formas naturais de clonagem, os mtodos tor-

    nam-se mais complicados de cima para baixo. Leva muito menostempo colocar 100 estacas de talo do que preparar 100 mergulhes aoar. A preparao de 100 enxertos por encostia requer ainda mais tempoe percia.

    O quadro est dividido em duas seces. Na parte superior apresen-tam-se os mtodos segundo os quais as plantas so multiplicadas nassuas prprias razes. Na parte inferior apresentam-se os mtodos onde

    o sistema radicular fornecido pelo porta-enxerto. Estes mtodos, que

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    Propagao 43

    requerem mais percia, tiveram a sua origem, provavelmente, na siah milhares de anos atrs.

    Os aperfeioamentos modernos baseiam-se, em grande parte, nas nu-

    merosas aplicaes de materiais de plstico.

    Quadro 3: Mtodos de clonagem com exemplos; as formas maissimples apresentam-se na parte de cima.

    Multiplicao com uso do prprio sistema radicular (raizame)

    Plntulas assexuais apomixia mangostozeiropoliembrionia mangueira, citrinos

    Natural Rebentos adaptados rebentos bananeira, ananaseiro

    mergulhes framboeseiraestolhos morangueiro

    Enraizamento depois daseparao da planta-me(estacas)

    Estacas de raiz rvore-do-po, ameixeiraEstacas de talo videiraArtificial

    Enraizamento na planta-me Mergulhia goiabeira, amora silvestreMergulhia area longana, limeira

    Multiplicao com uso dum porta-enxerto (cavalo)

    Enxertia de borbulha (borbulhia)Borbulhia em T citrinos, macieiraBorbulhia em chip citrinos

    Borbulhia em placa abacateiro, rvore-da-borracha

    No porta-enxerto no viveiro Enxertia apical porta-enxerto novo/ tenroE. lateral porta-enxerto maduro/lenhosoEnxertia de

    garfo (garfa-gem)

    Na rvore-me no campo Subenxertia durio, langsat, jaqueiraEncostia (aproximao) mangueira

    O Agrodok 19: Propagao e plantio de rvores, um manual prticode como aplicar tcnicas simples de multiplicao. Para alm de tratar

    da propagao a partir de sementes tambm descreve a maioria dosmtodos apresentados na seco superior do Quadro 3: propagaocom uso de estacas e diferentes formas de mergulhia. Tambm h ma-nuais apropriados onde se apresenta uma descrio dos mtodos da

    borbulhia/enxertia de borbulha e da garfagem/ enxertia de garfo (verLeitura recomendada e o Agrospecial 1: Um cultivador do viveiro e assuas rvores /A nurseryman and his trees). Os mtodos de clonagemmenos correntes apresentados no Quadro 3, explicam-se, de forma

    sucinta, mais adiante.

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    Plntulas assexuaisA apomixia a reproduo a par-tir de sementes sem se verificaruma fuso sexual. A semente do

    mangostozeiro no , em reali-dade, uma semente autntica. Aogerminar, a primeira raiz aparecenum lado da `semente e o rebentono outro extremo. Esta situao similar duma estaca que se enra-za; quer dizer, a semente asse-melha-se a um pedao de talo. Tal

    como apresentado na Figura 8,um sistema radicular secundriosurge rapidamente na base do re-

    bento.

    Uma semente normal contm um nico embrio, o resultado da repro-duo sexual, que se desenvolve numa plntula. A poliembrionia refe-re-se presena de mais de um embrio. Os embries adicionais soformados no tecido materno da semente e, portanto, formam a descen-dncia clonada da rvore-me, de forma que vrias plntulas se des-envolvem duma semente nica (Ver a Figura 8, direita). Na maioriados casos, o embrio sexual original no se desenvolve, visto que sev suprimido por um ou vrios dos outros embries. Por conseguinte,muitas cultivares de mangueira e citrinos podem ser propagadas naforma autntica do tipo referido, a partir da semente.

    Enxertia de garfo numa rvore-me no campoNo caso da enxertia por encostia (aproximao), tanto o porta-enxertocomo o enxerto (garfo) so plantas intactas. Os seus caules so ligadosde forma a se unirem. Constri-se uma plataforma debaixo da rvore-me para manter os vasos com os porta-enxertos pertos dos galhosdestinados a serem enxertados. Isto o mtodo mais complicado, so-

    bretudo porque os porta-enxertos requerem ser regados com frequn-

    cia.

    Figura 8: Plntulas assexuais, esquerda, do mangostozeiroe, direita, da mangueira

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    Propagao 45

    A subenxertia (inarching) pode ser considerada como uma forma deencostia. Quando cultivado um porta-enxertos, a enxertia consiste na

    poda do seu caule e de inserir a ponta podada na rvore que fornece oenxerto. Deste modo, uma rvore mal fundeada (por exemplo devido a

    danificao do raizame, provocada por roedores) pode ser salva com oplantio de alguns porta-enxertos ao seu redor e com a subenxertia des-tes no tronco. Uma forma de subenxertia, aplicada no Sudeste de sia,visando a propagao de rvores em grandes quantidades, a enxertiade `lactao (suckle grafting). O porta-enxerto acondicionado numsaco e atado num galho robusto da rvore-me. A ponta podada do

    porta-enxerto inserida numa fenda feita no galho (Ver a Figura 9, direita). Como o torro est completamente encerrado pelo saco, o

    porta-enxerto no necessita de ser regado; de facto, no se lhe prestaateno at que a unio da enxertia se tenha realizado!

    Figura 9: esquerda: encostia (aproximao) com porta-enxertosintactos. direita: subenxertia (inarching), o porta-enxerto poda-do e inserido na rvore-me.

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    4.3 laia de conclusoA maioria das culturas fruteiras podem ser clonadas de diferentes mo-dos. A enxertia de borbulhas (borbulhia) e a de garfos (garfagem) ap-licam-se apenas onde as estacas ou os mergulhes no enrazam, ouonde os porta-enxertos oferecem muitas vantagens, como sejam: ta-manho limitado da rvore (macieira), tolerncia de sal (abacateiro),maior qualidade de frutos (citrinos) ou tolerncia a doenas (abacatei-ro, citrinos). Em termos gerais, os mtodos simples requerem que se

    preste mais ateno s condies ambientais (p.ex. sombra, humidade)no viveiro. Os mtodos mais complicados requerem mais tempo e pe-rcia. Portanto, os mtodos simples so mais apropriados para a pro-

    pagao massiva, visto que requerem pouca mo-de-obra por planta eque o custo de criar um ambiente apropriado dividido entre umagrande quantidade de plantas.

    Os fruticultores comerciais dependem dos viveiros que se especiali-zam somente em algumas culturas fruteiras e que produzem as cultiva-res principais em grandes quantidades a preos competitivos. Tal vi-veiro especializado tambm deve poder garantir a sade do porta-

    enxerto. Num viveiro onde se cultivam quantidades reduzidas de todosos tipos de rvores fruteiras, amontoadas debaixo de uma rvore for-necedora de sombra, esperando por um comprador, no se podemcumprir estes requisitos.

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    5 Modelao: poda e dobragem

    5.1 Definio; o papel limitado da poda no

    caso das fruteiras tropicaisA poda define-se como a remoo do crescimento indesejvel de for-ma a fomentar o crescimento desejvel: remove-se uma parte para

    provocar certa reaco. Por conseguinte, no se pode avaliar os resul-tados da poda, imediatamente depois, apenas pela aparncia da rvoreou pela quantidade de madeira podada que se encontra debaixo desta.A qualidade da poda apenas pode ser avaliada depois da planta ter tido

    tempo suficiente (digamos: um per-odo de cultivo) para reagir.

    Com base na experincia pode-seprever, at certo ponto, qual ser areaco. Contudo, as condies decrescimento influenciam na reaco poda. Se o vigor da rvore for mo-

    derado e a rvore tiver uma boa pro-duo, a reaco ser mais previs-vel, mas se o crescimento for dbilou demasiadamente vigoroso e sehouver uma falha de produo, a re-aco poda ser mais irregular.Contudo, as experincias (p.ex. comcitrinos) mostram, geralmente, uma

    reduo da produo depois da poda,sem que as vantagens sejam claras.

    Dobrando-o, um rebento ou um ga-lho pode ser colocado na posiodesejada. Isto constitui uma alterna-tiva atraente para a poda, particular-mente no caso de rvores jovens queainda devem encher o espao desi-

    Figura 10: Dobragem (parabaixo) dos rebentos vigoro-sos que competem com orebento principal

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    gnado. A tendncia de substituir a poda, at certo ponto, por dobragemlevou a um incremento muito mais rpido do volume de colheita, p.ex.no caso do chazeiro/planta do ch ( pegging down: dobragem e fixa-o) e da macieira (ver a Figura 10). A modelao uma combinao

    da dobragem e da poda.

    As plantas trepadeiras devem ser modeladas numa trelia/latada desuporte. A maneira mais barata com uso de postes vivos para formaruma trelia vertical (p.ex. para pitahaya), uma latada em forma de T(p.ex. para maracujazeiro) ou uma prgula (para videira). A estruturade coberta elevada pode ser constituda por travessas de bambu quefuncionam como suporte dos arames. No Agrodok 16: Agrossilvicul-

    tura apresenta-se uma lista de espcies arbreas que podem ser mode-ladas/utilizadas como postes vivos.

    Muitas das vezes, pensa-se que a poda necessria para as rvoresque crescem de um modo demasiadamente vigoroso. Isto pode serverdade no caso de rvores jovens, mas a dobragem de rebentos vigo-rosos ou a imposio de stress (tratada no Captulo 6) constitui, ge-ralmente, uma melhor soluo. No caso de rvores produtoras passa-se o contrrio (ver o Quadro): a poda necessria no caso de a produ-o massiva de frutos reduzir o crescimento at um ponto em que searrisca prejudicar (a qualidade de) a prxima colheita. Atrasando aflorao/frutificao, a poda restabelece o vigor da rvore e cria ascondies apropriadas para uma colheita de alta qualidade.

    Primeiramente uma produo abundante e ento a podaUma regra prtica til que a poda estimula o crescimento novo ao detrimen-to da florao/frutificao. Portanto, no h muito campo para a poda at queas fruteiras tropicais tenham atingido um alto nvel de produo.

    A quantidade de crescimento novo de rebentos gerado pela poda e ainfluncia sobre a florao e a frutificao dependem, principalmente,da parte do rebento ou do galho que foi cortada.

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    Modelao: poda e dobragem 49

    5.2 O corte de pedaos cada vez maiores dumrebento/galho

    Consoante o ponto onde se corta o rebento, galho ou ramo, a poda

    classifica-se da maneira seguinte (ver a Figura 11):? Desponta terminal, por belisco: remoo da ponta do rebento;? Aparagem: remoo duma parte considervel do rebento;? Corte a pequenos tocos: corte realizado perto do ponto de juno

    do rebento, deixando apenas um pequeno toco;? Desbaste: remoo de todo o rebento cortando-o no ponto de jun-

    o.

    Figura 11: Reaco de crescimento poda de pedaos cada vezmaiores do galho

    Desponta terminalEmbora a desponta terminal, possivelmente por belisco com uso dasunhas, parea ser o mtodo de poda mais delicado, a reaco dram-tica. Muitos botes, nas axilas foliares debaixo do corte, brotam e tor-nam-se rebentos (bastante dbeis). O resultado um grande incremen-to da ramificao, p.ex. ver a reaco do chazeiro colheita e das se-

    bes aparagem. Um efeito adicional importante que a florao su-primida: os chazeiros colhidos e as sebes frequentemente aparadas no

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    florescem em absoluto. Como certas hormonas produzidas na ponta derebento inibem a brotao dos botes nas axilas foliares, a reaco remoo da ponta de rebento muito forte.

    Figura 12: Crescimento de rebentos depois da aparagem ( es-querda), em comparao com o crescimento de rebentos de umarvore no podada ( direita)

    No caso duma videira jovem, onde os rebentos vigorosos so modela-dos ao longo dum arame, de modo a formar os braos permanentes, adesponta terminal repetida faz com que os rebentos laterais surjam

    praticamente em todas as axilas foliares dos mesmos. Isto necess-

    rio, visto que os rebentos laterais se tornaro, mais tarde, nos rebentoscurtos, determinados (spurs) que suportaro os galhos frutificados.

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    Corte a pequenos tocosO corte a pequenos tocos implica aplicar um corte brusco, deixandoapenas um pequeno toco restante do rebento ou da pernada. A reacogeral o desenvolvimento de vrios rebentos de vigor quase igual. A

    razo que no pequeno toco apenas se encontram botes dormentes,subdesenvolvidos. Estes levam um bocado mais tempo para brotareme no h dominncia do boto que se encontra mais em cima. O cortea pequenos tocos a forma de poda apropriada para arbustos orna-mentais, tais como Hibiscus, visto que o que necessrio exacta-mente o crescimento de vrios rebentos equivalentes. s vezes, asrvores so rejuvenescidas, de forma drstica, atravs do tratamentode reduo a pequenos tocos, p.ex. o cafezeiro, os citrinos e o pesse-

    gueiro. Nesse caso necessrio aplicar um desbaste para deixar ape-nas a quantidade de rebentos requerida para o novo esqueleto arbreo.

    DesbasteO desbaste a remoo de rebentos ou galhos completos e, portanto,constitui a forma mais drstica da poda. Mesmo assim, a reaco darvore bastante moderada. Muitas das vezes, no se produz absolu-tamente nenhum crescimento, perto do corte, mas a reaco difunde-se pelo resto da rvore. Com base no seu efeito obviamente directo ena reaco moderada da rvore, O DESBASTE O PRINCIPAL M-TODO DE PODA. Pode-se constatar, imediatamente, o que se fez eno necessrio preocupar-se muito sobre os efeitos posteriores. Se seentregar a podadeira/tesoura a uma pessoa no habilitada, provavel-mente comea a aparar, cortando para reduzir o comprimento de re-

    bentos e galhos. No quer cortar a mais, nem a menos, mas de factoest a maltratar a rvore. A aparagem provoca um crescimento com-

    pensatrio e fomenta a ramificao. A desponta terminal tende a su-primir completamente a florao, enquanto que a aparagem a reduzfortemente. Para alm dos exemplos supramencionados, no que dizrespeito aos primeiros rebentos de enxerto e aos whips, existe apenasuma oportunidade limitada para a aparagem na fruticultura. As msexperincias com a poda de rvores fruteiras tropicais tm, em parte,que ver com este tipo de poda, a aparagem, enquanto que a alternativa

    constituda pelo desbaste , muitas das vezes, omitida.

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    Modelao: poda e dobragem 53

    O desbaste a maneira para abrandar a lotao excessiva da copa dervore. Os sinais so frutos de qualidade inferior, florao e frutifica-o deficientes, ou uma perda precoce de folhas no interior da copa dervore. (Se as rvores estiverem muito pouco espaadas, dever-se-

    desarraigar algumas, visto que no se pode resolver este problemaatravs da poda). O desbaste tambm se aplica no caso de floraoexcessiva (p.ex. no cafezeiro: desbastar alguns rebentos plagiotrpi-cos) ou frutificao excessiva (nos citrinos: desbastar alguns galhoscom grandes quantidades de frutinhos) para manter a vitalidade darvore.

    A remoo de galhos envelhecidos e enfraquecidos at ao ponto onde

    brota um rebento mais jovem (geralmente onde o galho se dobra parabaixo) um modo corrente de desbastar a macieira, a pereira e aameixeira. Isto uma maneira de rejuvenescimento da madeira frutfe-ra de forma a prevenir uma diminuio da qualidade dos frutos.Exemplos do desbaste realizado em rvores jovens so a remoo degalhos verticais no durio que tendem a dominar os galhos horizon-tais, plumiformes (ver a Figura 5) e, no ano depois do plantio, a remo-o, mo, dos rebentos laterais que surgem demasiadamente em bai-xo no tronco para se poderem tornar pernadas permanentes (ver o Ca-

    ptulo 10).

    5.3 ResumindoA modelao das rvores e das plantas trepadeiras constituda pela

    poda e a dobragem. A dobragem reduz a necessidade da poda, permi-tindo, deste modo, s rvores de se expandirem mais rapidamente. A

    poda no muito utilizada nas regies tropicais, visto que fomenta ocrescimento compensatrio de rebentos custa da frutificao; e estamedida raramente necessria, visto que a maioria das culturas pro-duzem frutos de forma modesta. As ms experincias com a poda de-vem-se, parcialmente, prtica comum da aparagem. Se as rvoresfrutferas requerem uma poda, esta deve-se realizar quase sempre naforma dum desbaste.

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    6 Controle do ritmo de crescimento

    Como se explicou no Captulo 3, a grande maioria das culturas frutei-

    ras ramificadas produzem botes florais em galhos em repouso. Emmuitas regies tropicais, estas culturas no se expem a suficientestress para refrear e sincronizar o crescimento de rebentos. Por conse-guinte, tendem a florescer e frutificar de modo deficiente agravando-se, portanto, o crescimento excessivo, no sincrnico dos rebentos,tambm durante o perodo quando se devem produzir os botes florais

    para o ciclo produtivo seguinte.

    Tambm foi constatado que, em vez de fluxos excessivos, se podeproduzir um repouso prolongado dos galhos, particularmente nas r-vores velhas. Onde isso se manifestar, poder ser muito benfico for-ar uma abertura dos botes de forma a obter uma colheita tempor.

    Neste captulo tratam-se as tcnicas de cultivo orientadas para resolvereste problema. Primeiro, apresentam-se tratamentos que aumentam e

    prolongam o stress natural, de forma a refrear fluxos tardios mesmoantes e durante o perodo de se produzirem os botes florais. Depoisapresentam-se as tcnicas para forar a abertura dos botes, assegu-rando, deste modo, um fluxo sincrnico. Estas tcnicas tambm seaplicam para antecipar a florao, caso os galhos permaneam em re-

    pouso durante mais tempo do que necessrio para formar os botesflorais.

    6.1 Aumentar o stresspara obter uma melhorflorao

    Tratamentos tradicionais do solo/raizameAlguns mtodos tradicionais para aumentar o stress ambiental so:? A poda de razes? A remoo do solo superficial debaixo da rvore?

    O derramamento de gua salgada numa vala pouco profunda emredor da rvore.

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