08 - Capítulo 08 - Do Enfoque Sistêmico à Inovação Aberta

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FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAOA busca do essencial

Capitulo 8

Do Enfoque Sistmico Inovao Aberta

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SUMRIO8.1. Introduo 8.2. Significado do enfoque sistmico 8.3. A organizao como sistema aberto 8.4. Anlise de sistemas e reviso de processos 8.5. Hierarquizao de sistemas 8.6. Redes, aprendizagem coletiva e inovao aberta

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INTRODUO O bilogo Ludwing Von Bertalanffy (1901-1972) considerado o principal autor do enfoque sistmico. Bertalanffy publicou sobre o assunto a partir de 1925, mas suas obras ficaram mais conhecidas aps 1950, como no caso de A Teoria Geral dos Sistemas. Em 1954, criou uma sociedade para pesquisar o assunto. Suas ideias foram difundidas e aplicadas nas dcadas seguintes, principalmente a partir de 1960.

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INTRODUO Nos ltimos trs sculos complexidade, volume e interdependncias s cresceram, com aceleraes notveis nas ltimas dcadas. A produo cresceu, bem como o nmero de produtos, a populao, as fbricas e as cidades. Diante das exigncias crescentes, o nmero de especializaes tambm aumentou de forma inacreditvel em todos os campos. Especialistas, potentes em reas especficas, sentem-se frgeis diante de problemas que transcendem seu campo de conhecimento. Como bem colocou Capra: a nova viso da realidade [...] baseia-se na conscincia do estado de inter-relao de todos os fenmenos fsicos, biolgicos, psicolgicos, sociais e culturais [...] Nenhuma teoria ou modelo ser mais fundamental do que outro e todos eles tero que ser compatveis.4

Crescem simultaneamente o nmero de especializaes, as interdependncias dos fenmenos e a necessidade de viso do todo.

SIGNIFICADO DO ENFOQUE SISTMICO Conforme Bertalanffy, a aplicao do procedimento analtico depende de duas condies: que as interaes entre as partes no existam ou sejam suficientemente fracas para poderem ser desprezadas; que as relaes que descrevem o comportamento das partes sejam lineares, ou seja, os processos parciais podem ser sobrepostos para se obter o processo total. No o que ocorre com um fenmeno complexo ou de complexidade organizada, em que o todo mais do que a soma das partes, que apresentam fortes interaes, no triviais e no lineares. Sistema: conjunto de partes interdependentes dotado de objetivos.

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SIGNIFICADO DO ENFOQUE SISTMICO Algumas das caractersticas dos sistemas complexos: tm o comportamento afetado por um grande nmero de variveis; nem todas as variveis e relaes que podem afet-lo so conhecidas; as relaes entre as variveis no so lineares, aumentando a sensibilidade a pequenas variaes em um dado estado inicial do sistema; apesar do caos aparente, a ordem parece surgir naturalmente ao longo do tempo, com certa regularidade, traduzida (essa ordem) em estruturas, formas, comportamentos e resultados similares e j conhecidos.

Em sntese, o enfoque sistmico envolve quatro pressupostos: 1. o todo maior que a soma das partes; 2. o todo determina a natureza das partes; 3. as partes no podem ser entendidas se consideradas isoladamente do todo. 4. as partes so dinamicamente interdependentes6

A ORGANIZAO COMO SISTEMA ABERTO Inmeros autores aplicaram o enfoque sistmico administrao e s organizaes. Destacam-se Katz e Kahn (1970), com o livro Psicologia Social das Organizaes, e outros como Johnson, Kast e Rozenzwzeig (1967), com o livro The Theory and Management of Systems e, ainda, Kast e Rozenzweig (1970), Organization and Management A System Approach. Esses e outros autores questionaram as teorias anteriores, principalmente a clssica, e passaram a ocupar espaos privilegiados nos programas das escolas de administrao na dcada de 1970 com a aura do novo, da linguagem ampla, abrangente e potente. Temos dois tipos de contribuies dos autores da abordagem sistmica: concepo de organizao como um sistema aberto, formado por subsistemas que interagem entre si e com o ambiente externo, com intensa troca de informaes; o mtodo proposto para entendimento e anlise de problemas da organizao e de seus segmentos, tratados como subsistemas.7

A ORGANIZAO COMO SISTEMA ABERTO

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A ORGANIZAO COMO SISTEMA ABERTO

Ilustrao das caractersticas 1, 2, 3 e 6 dos Sistemas Abertos

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A ORGANIZAO COMO SISTEMA ABERTOO conceito de eficincia Eficincia, ou produtividade, significa a relao entre sada, ou produtos gerados pelo sistema, e entradas, ou recursos utilizados para gerar os produtos.

expressa pela frmula: Produto Recurso

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A ORGANIZAO COMO SISTEMA ABERTOCaixa preta e o conjunto de subsistemas Uma organizao pode ser pensada como um conjunto de partes interdependentes denominadas subsistemas. Muitas vezes, um subsistema de uma organizao no desvendado por todos,em todos os seus segredos e processos de transformao. Nesse caso, esse subsistema denominado caixa-preta. Por vezes, aceitvel desconhecer os detalhes de suas operaes, como quando ligamos e utilizamos aparelhos complexos sem saber exatamente como funcionam. Em outros casos, caixas-pretas representam dificuldades para a reconstruo e mudana do sistema

Caixa preta e o conjunto de subsistemas11

A ORGANIZAO COMO SISTEMA ABERTOViso sistmica de uma organizao

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A ORGANIZAO COMO SISTEMA ABERTO Tem crescido o nmero de sistemas informatizados do gnero ERP (Enterprise Resourse Planning ), como o SAP, lder de mercado nesse setor, que procuram integrar os processos crticos do negcio, divididos em mdulos como: Contabilidade financeira Tesouraria Controladoria Planejamento de produo Administrao de matriz Vendas e distribuio Administrao de recursos humanos

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ANLISE DE SISTEMAS E REVISO DE PROCESSOS A anlise de sistemas envolve pelo menos trs nveis de referncia: o sistema em estudo; seu ambiente ou ecossistema ; e, suas partes constituintes ou subsistemas. Os subsistemas, e principalmente a organizao, possuem fronteiras que ajudam a caracterizar sua prpria identidade.

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ANLISE DE SISTEMAS E REVISO DE PROCESSOSAnlise dos Componentes de um Sistema O fluxo real representa a sequncia temporal dos fenmenos: entrada, processamento, sada. O fluxo analtico tem sentido oposto e procura compreender a coerncia das etapas, do fim para o comeo.

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ANLISE DE SISTEMAS E REVISO DE PROCESSOS A reviso de processos, que sempre foi importante na administrao, recentemente ganhou autonomia e literatura prpria, e tambm teve seu foco ampliado para a gerncia de processos. Alguns fatores usualmente adotados para avaliar e delinear um sistema so: eficincia, confiabilidade, flexibilidade, qualidade dos produtos ou servios e simplicidade. Os fatores podem entrar em conflito; portanto, devem ser balanceados conforme propsito global do analista. Com o crescimento e a maior complexidade das organizaes, surgiram softwares ou sistemas especializados em anlise e reviso de processos.16

HIERARQUIZAO DE SISTEMAS Hierarquia um conceito forte na administrao; lembra organograma, canais competentes e diferentes nveis de poder. intuitivo que haja uma hierarquia de planos na organizao: os mais amplos e de mais longo prazo devem ser convertidos em orientaes mais palpveis e imediatas para que ocorram na prtica. Os autores Mesarovic, Macko & Takahara (1970) partem da ideia de que a organizao consiste numa famlia de unidades interativas e hierarquizadas de tomada de deciso. Uma questo crtica a forma de coordenao dessas unidades, elevando-se a coerncia das decises. O esforo de hierarquizao deve facilitar o alcance desse propsito. Para isso os autores propem trs formas de hierarquizao: Estratos; Camadas decisrias; e, Nveis de coordenao em processos.

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HIERARQUIZAO DE SISTEMAS A hierarquizao de sistemas em estratos representada por caixas dentro de caixas, como na teoria dos conjuntos, e til para compreender as situaes e os fenmenos que envolvam agregaes progressivas No caso das camadas decisrias, em que o propsito da anlise a decomposio vertical do processo decisrio. Procura-se compreender como uma caixa ou nvel de deciso determina as decises do nvel inferior, e assim por diante, e tambm que tipo de informao retorna de baixo para cima. Nos nveis de coordenao, procurase compreender como uma caixa sustentada por vrias, como uma caixa coordena outras. Formas de hierarquizao propostas por Mesarovic18

HIERARQUIZAO DE SISTEMAS

A figura ilustra os intercmbios entre as caixas, com base em informaes que conectam decises e operaes.

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REDES, APRENDIZAGEM COLETIVA E INOVAO ABERTA A empresa como sistema aberto e a informao como recurso diferenciado so elementos bsicos do enfoque sistmico desde 1960. Esses elementos vm ganhando importncia cada vez maior desde 1980, com a emergncia da sociedade em rede. A sociedade em rede baseada num novo modo de produo em que o conhecimento e o processamento da informao tornam-se mais importantes do que outros Recursos. Friedman, em seu livro O Mundo Plano, descreve o processo progressivo de conexo de pessoas, organizaes e pases por intermdio dos computadores e da comunicao. A plataforma do mundo plano envolve a interligao de todos os centros de conhecimento com base em computadores pessoais, cabos de fibra tica e softwares que facilitam os fluxos de trabalho. Tapscott, em seu livro de ttulo sugestivo: Wikinomics Como a Colaborao em Massa Pode Mudar o seu Negcio, citou exemplos sugestivos como Linux e Wikipedia, e projetos de cdigo aberto, para ilustrar suas ideias.20

REDES, APRENDIZAGEM COLETIVA E INOVAO ABERTA Destacamos a seguir trs princpios do Wikinomiccs: Ser aberto: as empresas que tornaram as suas fronteiras permeveis s ideias e ao capital humano externo tm um desempenho superior em relao a outras que dependem exclusivamente de seus recursos e capacidades internas. Pearing: Est surgindo uma forma de organizao horizontal em substituio ao modelo hierrquico bastante difundido e utilizado. Compartilhamento: Agilidade, criatividade e

conectividade maior do que nos antigos modos hierrquicos substituem ou complementam o planeja e empurra pelo empenho da criao conjunta.21

REDES, APRENDIZAGEM COLETIVA E INOVAO ABERTA Por ltimo, fortalecendo e divulgando o princpio de ser aberto, vale a pena mencionar a inovao aberta, cujo autor principal Chesbrough (2003). O modelo da inovao aberta pressupe que nem todas as pessoas competentes trabalham na empresa. Dessa forma, a empresa procura comercializar tanto as prprias ideias como inovaes de outras empresas. As fronteiras da empresa tornam-se mais porosas e os intercmbios voltados pesquisa e inovao mais intenso. Natura e Embraer representam dois exemplos marcantes de empresas brasileiras que praticam a inovao aberta.

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