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    Ilustrssima Dra. Consuelo Aparecida Sielski SantosDD. Diretora-Geral do CEFET/SCFlorianpolis/SC

    SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES FEDERAIS DA EDUCAO BSICA EPROFISSIONAL - SINASEFE, SEO SINDICAL CEFET/SC, entidade sindical inscrita noCNPJ/MF sob n 03658820/0035-02, com sede Avenida Mauro Ramos, n 950, Centro,

    Florianpolis/SC, dirige-se respeitosamente Vossa Senhoria, por seus advogados infra-firmados, conforme Procurao juntada aoAnexo 1, para apresentar

    RREECCUURRSSOOAADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVOOContra a r. deciso adotada por Vossa Senhoria, dada ao conhecimento deste Sindicato

    atravs do vosso Ofcio n 667/2008-DG-CEFET/SC (Anexo 2), contendo NotificaoExtrajudicial para que esta entidade desocupe, no prazo de 60 (sessenta) dias o imvel ondeest instalado h mais de 25 (vinte e cinco) anos, o que faz com esteio nas seguintes questesde fato e de direito:

    PRELIMINARMENTE - DO DESCUMPRIMENTO, PELO CEFET/SC, DAS NORMAS QUEPREVEM A TRAMITAO DOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS

    Antes de adentrramos s questes de direito que balizam o presente RecursosAdministrativo, cumpre realar que a matria em questo encontra-se em anlise nos autos doProcesso Administrativo n 23145.000403/2007-94, no qual foram exarados os Ofcios de ns136/DG/CEFET-SC, da vossa lavra, e 029/2008/DUF-CEFET/SC, da lavra do Sr. Diretor daUnidade de Florianpolis, ambos datados de 20.03.2008, anunciando anterior entendimentodessa Direo acerca da possibilidade jurdica da permanncia do SINASEFE/SC no imvel porele ocupado no espao fsico pertencente ao CEFET/SC.

    Pois bem, em razo daquela anterior deliberao de Vossa Excelncia o SINASEFEprotocolizou, no prazo de lei, o competente Recurso, requerendo, com fulcro no artigo 56 e 1,da Lei n 9.784/1999, que Vossa Senhoria se dignasse de reconsiderar o despacho exaradonaqueles autos, fazendo cessar imediatamente os efeitos da deciso contida nos referidosOfcios, de sorte a autorizar o ente sindical a prosseguir na ocupao do imvel em questo,bem assim que adotasse as providncias necessrias e suficientes regularizao da situao,de sorte a preservar os interesses de ambas as partes e, sobretudo, dos docentes e servidoresdesse estabelecimento, associados ao SINASEFE/SC.

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    Requeria ainda, na hiptese de Vossa Senhoria no vir a reconsiderar a r. deciso entorecorrida, que os autos fossem remetidos ao Sr. Ministro de Estado da Educao, ondeesperava que o assunto merecesse melhor acolhida.

    Requeria, por fim, fosse conferido ao Recurso manejado o efeito suspensivo, na forma dodisposto no artigo 61, Pargrafo nico, da Lei n 9.784/1999, mantendo-se a autorizao paraque o SINASEFE continuasse ocupando a sua atual sede, at que a autoridade superior viessea decidir sobre as razes de fato e de direito expostas naquela pea, eis que j era pocapatente o justo receio de prejuzo de difcil ou incerta reparao decorrente da execuo da r.deciso recorrida.

    Em que pese tais circunstancias, entretanto, eis que o SINASEFE agora surpreendidocom a Notificao Extrajudicial contida em vosso Ofcio n 667/2008-DG-CEFET/SC, instrumentoeste que vem demonstrar inaceitvel desrespeito, por parte desse CEFET/SC, aos dispositivosconstantes da Lei n 9.784/1999, que rege o processo administrativo no mbito da

    Administrao Pblica Federal, caracterizando, ainda, evidente ofensa aos princpiosconstitucionais do devido processo legal, do contraditrioe da ampla defesa.

    Vejamos, ento, o quer dispem os artigos

    Art. 1 Esta Lei estabelece normas bsicas sobre o processo administrativo no mbito daAdministrao Federal direta e indireta, visando, em especial, proteo dos direitos dos

    administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administrao.

    Art. 48. A Administrao tem o dever de explicitamente emitir deciso nos processosadministrativos e sobre solicitaes ou reclamaes, em matria de sua competncia.

    Art. 56. Das decises administrativas cabe recurso, em face de razes de legalidade e de mrito. 1 O recurso ser dirigido autoridade que proferiu a deciso, a qual, se no a reconsiderar noprazo de cinco d ias, o encaminhar autoridade superior.

    *Com efeito, os Recursos Administrativos encontram fundamento no artigo 5, Incisos

    XXXIV e LX, da Constituio federal, que soam:

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aosbrasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:(...)XXXIV - so a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:a) o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abusode poder;(...)LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral soassegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

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    preciso ter claro, assim, que os dispositivos legais e constitucionais em referncia noconferem ao administrador um poder discricionrio. Antes, obrigam-no a adotar exatamente ostermos, condies e prazos ali expressamente fixados, sob pena de, em no o fazendo, sujeitarseu ato invalidao, por ofensa direta ao princpio constitucional da legalidade, e reflexa aosprincpios constitucionais do devido processo legal, do contraditrio e da ampla defesa,ensejando inclusive a obrigao de reparao pelos danos que porventura advenham aoadministrado.

    No caso presente, contudo, o que vimos foi que Vossa Senhoria, ao invs deexplicitamente emitir deciso acerca do pedido de reconsiderao apresentado no Recurso

    Administrativo interposto em Abril passado ou, caso entendesse de no reconsiderar a decisorecorrida, encaminhar imediatamente o recurso instancia superior, preferiu, ao evidentearrepio da Lei, omitir-se de ambas as providncias, para expedir o vosso Ofcio n 667/2008-DG-CEFET/SC, cerceando s escancaras o direito de defesa do ente sindical.

    Isso posto, a presente pea para requerer, preliminarmente, com fulcro no artigo 56, 1, da Lei n 9.784/1999, que Vossa Senhoria reconsiderea deciso contida no vosso Oficio n667/2008-DG-CEFET/SC, reconhecendo que o assunto encontra-se em debate nos autos doProcesso Administrativo n 23145.000403/2007-94, para l expressamente decidir sobre opedido de reconsiderao protocolizado por esta entidade sindical em abril passado, com osfundamento j apresentados.

    Na remotssima hiptese de Vossa Senhoria vir a desconsiderar a preliminar suscitadaalhures, com o que estar agindo em evidente afronta Lei e Constituio, requer oSINASEFE, desde j, que seja a presente pea recebida como Recurso Administrativo decisocontida em vosso Oficio n 667/2008-DG-CEFET/SC, enviando-se os autos ao Exmo. Sr.Ministro de Estado da Educao, conferindo ao recurso em questo o efeito suspensivo de quetrata o artigo 61, Pargrafo nico, da Lei n 9.784/1999, que soa:

    Art. 61. Salvo disposio legal em contrrio, o recurso no tem efeito suspensivo.Pargrafo nico. Havendo justo receio de prejuzo de difcil ou incerta reparao decorrente daexecuo, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poder, de ofcio ou a pedido, darefeito suspensivo ao recurso.

    Florianpolis, 10 de setembro de 2008.

    Luis Fernando SilvaOAB/SC 9582

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    RRAAZZEESSDDOORREECCUURRSSOO

    SSeennhhoorrMMiinniissttrroo,,

    Insurge-se o SINASEFE Seo Sindical CEFET/SC, contra deciso administrativa, dalavra da Sra. Diretora Geral do CEFET/SC,dada ao conhecimento deste Sindicato atravs doOfcio n 667/2008-DG-CEFET/SC, contendo Notificao Extrajudicial para que esta entidadedesocupe, no prazo de 60 (sessenta) dias o imvel onde est instalada desde 1983, ou seja, hmais de 25 (vinte e cinco) anos, o que faz com esteio nas questes de fato e de direito a seguirexpostas.

    DDOOCCAABBIIMMEENNTTOODDOOPPRREESSEENNTTEERREECCUURRSSOOAADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVOOEEDDOOJJUUIIZZOODDEERREECCOONNSSIIDDEERRAAOO

    Dispe a Lei n 9.784, de 29.01.1999, em seus artigos 56 e 58, in verbis:

    Art. 56. Das decises administrativas cabe recurso, em face de razes de legalidade e de mrito. 1. O recurso ser dirigido autoridade que proferiu a deciso, a qual, se no a reconsiderar noprazo de cinco dias, o encaminhar autoridade superior.

    Art. 58. Tm legitimidade para interpor recurso administrativo:I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela deciso recorrida;III - as organizaes e associaes representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;IV - os cidados ou associaes, quanto a direitos ou interesses difusos.

    Logo, na medida em que a deciso recorrida da lavra da Sra. Diretora Geral doCEFET/SC, os recursos contra seu contedo devem ser dirigidos mesma autoridade, para

    juzo de reconsiderao ou, caso se negue ela a rever seu posicionamento, para remessa autoridade superior, no caso o Sr. Ministro de Estado da Educao.

    DDOOPPRRAAZZOORREECCUURRSSAALLDispe o artigo 59, da Lei n 9.784/1999:

    Art. 59. Salvo disposio legal especfica, de dez dias o prazo para interposio de recursoadministrativo, contado a partir da cincia ou divulgao oficial da deciso recorrida.

    Com efeito, na medida em que o Ofcio n 667/2008-DG-CEFET/SC - contra cujocontedo se dirige o presente Recurso - datado de 2.9.2008 (Anexo 2), fora reconhecer

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    que o prazo recursal a que alude o artigo 58, caput, da Lei n 9.784, de 29.01.1999, encerra-seno dia 12 de setembro corrente, o que demonstra a inequvoca tempestividade do presenteapelo.

    DDOOSSFFAATTOOSS

    O Recorrente entidade sindical legalmente constituda, conforme demonstram osdocumentos juntados ao Anexo 3, atuando na representao dos professores e servidorestecnico-administrativos do Centro Federal de Educao Tecnolgica de Santa Catarina CEFET/SC.

    Nesta condio ocupa, desde quando ainda se constitua em Associao de Servidoresda Escola Tcnica Federal de Santa Catarina, ou seja, pelo menos desde o ano de 1983,espao fsico pertencente ao CEFET/SC, com total conhecimento e aquiescncia dassucessivas Direes do referido estabelecimento, ainda que durante todo este longo perodode mais de 25 (vinte e cinco) anos a condio em questo no houvesse sido objeto deformalizao.

    Pois bem, objetivando regularizar esta ocupao de espao pblico, o ente sindical enviou Sra. Diretora Geral do CEFET/SC, em 27.9.2007, o Ofcio n 169/2007 (Anexo 4), pleiteandoque a referida autoridade adotasse providencias neste sentido, sugerindo inicialmente que esta

    se desse mediante a celebrao de um comodato, de uma cesso de uso, ou de outro meio comamparo em lei.

    Surpreendentemente, porm, em 20.3.2008 o SINASEFE/SC recebia do Sr. Diretor daUnidade de Florianpolis do CEFET/SC, os Ofcios de ns 029/2008/DUF-CEFET/SC e136/DG/CEFET-SC (Anexo 5), atravs do qual a referida autoridade dava cincia da decisoadotada pela Sra. Diretora Geral do CEFET/SC, determinando que o Sindicato desocupasse oimvel em questo no prazo de 60 (sessenta) dias, sem, contudo, externar as razes deinteresse pblico pelas quais a referida autoridade adotara tal deciso.

    Irresignado o ente sindical protocolizou o competente Recurso Administrativo, na forma

    dos artigos 56 e 58, da Lei n 9.784/1999 (Anexo 6), requerendo na mesma pea que aautoridade a quo exercesse o juzo de retratao que lhe facultado pelo artigo 58, 1, damesma norma legal.

    Em 2 de setembro em curso, contudo, foi o SINASEFE/SC uma vez mais surpreendidocom um Oficio expedido pela referida autoridade, desta feita sob o n 667/2008-DG-CEFET/SC(Anexo 2), atravs do qual expede Notificao Extrajudicial para que esta entidade desocupe,no prazo de 60 (sessenta) dias o imvel onde est instalado desde o ano de 1983, alegando que

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    tal deciso estaria fundamentada em Parecer exarado pela Advocacia-Geral da Unio, que teriaconsiderado ilegal a ocupao do imvel em questo.

    Em outras palavras, a autoridade a quo no s desprezou solenemente o pedido dereconsiderao que lhe foi dirigido pelo ente sindical nos autos do Processo Administrativo emreferncia, descumprindo os dispositivos legais de regncia, como omitiu-se de encaminhar Vossa Excelncia o Recurso Administrativo ento interposto pelo ente sindical, preferindo, aoinvs disso, enviar consulta diretamente Procuradoria-Geral Federal, com sede em Braslia,em evidente afronta aos princpios constitucionais do devido processo legal, docontraditrio, daampla defesa, e da legalidade, eis que no deu ao referido Processo Administrativo o curso que

    estava obrigada por lei a dar.No caso presente, contudo, o que vimos foi que Vossa Senhoria, ao invs de

    explicitamente emitir deciso acerca do pedido de reconsiderao apresentado no RecursoAdministrativo interposto em Abril passado ou, caso entendesse de no reconsiderar a decisorecorrida, encaminhar imediatamente o recurso instancia superior, preferiu, ao evidentearrepio da Lei, omitir-se de ambas as providncias, para expedir o vosso Ofcio n 667/2008-DG-CEFET/SC, cerceando s escancaras o direito de defesa do ente sindical.

    S por isso, Senhor Ministro, a deciso em questo j merece reprovao, haja vista quea Constituio Federal assegura aos litigantes, mesmo em processos administrativos, o direitode exercerem a mais ampla defesa, como se extrai do disposto no artigo 5, XXXIV e LV,

    preceito este que foi integralmente recepcionado pela Lei n 9.784/1999, que regulamenta oprocesso administrativo no mbito da Administrao Pblica Federal, de cujos artigos 56 e 57assim definem:

    Art. 56. Das decises administrativas cabe recurso, em face de razes de legalidade e de mrito. 1 O recurso ser dirigido autoridade que proferiu a deciso, a qual, se no a reconsiderar noprazo de cinco d ias, o encaminhar autoridade superior.

    Art. 57. O recurso administrativo tramitar no mximo por trs instncias administrativas, salvodisposio legal diversa.

    Como se v com facilidade, portanto, a autoridade a quo simplesmente desprezou os

    dispositivos legais e constitucionais acima referidos, proferindo deciso de aplicaoimediata sem permitir que o assunto fosse alado anlise de Vossa Excelncia, comoexpressamente requerido pelo ente sindical, o que deixa nu a prtica de ato arbitrrio quemerece a mais pronta e inequvoca reprovao, posto que no se coaduna com os princpiosbasilares do Estado Democrtico de Direito.

    So os fatos, em breve resumo.

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    DDOOPPEEDDIIDDOODDEEAATTRRIIBBUUIIOODDEEEEFFEEIITTOOSSUUSSPPEENNSSIIVVOOAAOOPPRREESSEENNTTEERREECCUURRSSOO

    Como demonstrado alhures, o SINASEFE/SC recebeu da Sra. Diretora do CEFET/SCNotificao Extrajudicial para que desocupe o imvel de propriedade do referido Centro,ocupado pelo ente sindical h mais de 25 (vinte e cinco) anos, no prazo impretervel de 60(sessenta) dias, sob pena de adoo das medidas judiciais cabveis, prazo este que expira em 2de novembro prximo.

    Destarte, sabemos todos que os recursos administrativos no contam, originariamente,

    com efeito suspensivo, de modo que as decises adotadas devem ser prontamente cumpridas,ainda que o prejudicado entenda por bem de manejar recurso esfera superior.

    A prpria Lei n 9.784/1999, contudo, tratou de prever situaes nas quais o deferimentodo efeito suspensivo se mostraria possvel, como se extrai do disposto em seu artigo 61,Pargrafo nico, que soa:

    Art. 61. Salvo disposio legal em contrrio, o recurso no tem efeito suspensivo.Pargrafo nico. Havendo justo receio de prejuzo de difcil ou incerta reparao decorrenteda execuo,a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poder, de ofcio ou a pedido,dar efeito suspensivo ao recurso.

    Data vnia, no caso em exame a situao se enquadra perfeitamente na previso legal,haja vista que o eventual cumprimento imediato da ordem exarada pela Sra. Diretora doCEFET/SC obrigar o SINASEFE/SC a alugar uma sede para seu funcionamento, o queimplicar em uma despesa mensal que a arrecadao da entidade ter dificuldades de cobrir.Em evidente prejuzo de carter irreparvel ao administrado.

    Demais disso, Sr. Ministro, aqui cumpre realar que tratamos de uma situao de fatomantida com o conhecimento e a aquiescncia da Administrao Pblica por mais de 25(vinte e cinco) anos, sendo agora revertida de forma arbitrria e sem que a Direo doCEFET/SC haja, em momento algum, alegado que a desocupao do imvel em questo sedaria em face de um relevante interesse pblico, ou que a permanncia do ente sindical naquele

    espao esteja trazendo inconvenientes para a administrao da coisas pblica.

    Em outras palavras, encontramo-nos diante de uma ordem arbitrria de desocupao doreferido imvel sem que um expresso interesse pblico assim o houvesse imposto, em evidenteofensa ao principio constitucional da finalidade, gerando em relao ao ente sindical um prejuzode difcil ou at mesmo impossvel reparao posterior, caso o presente Recurso venha ao finalobter provimento.

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    Vista disso, requer, desde j, se digne Vossa Excelncia de conferir ao presente Recurso oefeito suspensivo, com esteio no que disciplina o artigo 61, Pargrafo nico, da Lei n9.784/1999

    DDOODDIIRREEIITTOO

    O presente recurso transita em torno da possibilidade legal de ocupao - por entidadesindical representativa de servidores tcnico-administrativos e professores do Centro Federal deEducao Tecnolgica de Santa Catarina de espao fsico pertencente ao referido rgopblico, mediante a regularizao da referida ocupao por intermdio de uma das formas legais

    previstas em lei.

    Visa, por outro lado, demonstrar a inconstitucionalidade do ato administrativo que, semexternar sua motivao(princpio da finalidade) e sem amparo em diversos outros princpios daConstituio Federal, decide sumariamente pela desocupao do imvel no prazo de 60(sessenta) dias.

    Demais disso, entende o Recorrente que incide a seu favor, ainda que de forma reflexa,tambm o princpio constitucional da segurana jurdica, haja vista que o imvel em questo vemsendo por ele ocupado com o conhecimento e a aquiescncia da Administrao Pblica hmais de 25 (vinte e cinco) anos , sem que neste perodo a Administrao do CEFET/SC haja

    manifestado qualquer interesse justificado na utilizao do referido imvel ou haja providenciado dando cumprimento obrigao que era sua - a formalizao da situao.

    OS INSTRUMENTOS ESTATAIS DE OUTORGA DE USO DEBENS PBLICOS A PARTICULARES

    Antes de adentrarmos s possibilidades legais de outorga de uso, por pessoas fisicas oujuridicas de direito privado, de imveis pblicos, cumpre realar que a determinao exaradapela Sra. Diretora do CEFET/SC, no sentido de que o SINASEFE/SC desocupe imediatamente oimvel que utiliza h mais de 25 (vinte e cinco) anos, no se deu em face de nenhumrelavante interesse pblico, como seria, por exemplo, se o referido estabelecimento houvesse

    manifestado a necessidade de dispor do referido espao fsico para suas atividades fins.Ao contrrio, tanto as razes expostas na Notificao Extrajudicial por ela expedida,

    quanto a Nota de Esclarecimento que expediu (Anexo 7), no trazem qualquer informaoacercxa de tal necessidade nem de qualquer outro interesse pblico que houvesse ensjado adeciso, limitando-se a autoridade em questo mera observancia das orientaes exaradaspelos rgos de representao judicial do CEFET/SC os quais, por seu turno, tambm jamaisafirmaram (como no poderiam mesmo faz-lo, j que dentre as suas atribuies no se

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    encontra a administrao da coisa pblica), que a referida descocupao decorreria do interessepblico na utilizao do espao fisico em tela.

    Da referida Nota de Esclarecimento, alis, colhe-se a seguinte passagem:

    Deve ser salientado que a Direo do CEFET-SC sempre entendeu que os seus procedimentosadministrativos estavam absolutamente corretos, uma vez que tais instituies privadas eramdo in teresse da administrao e dos servidores, o que permitia a dispensa de licitao (no casoda CREDTEC e INTEC) e a disponiobilizao de espaos fisicos sem a formalizao de contratos(no caso o SINASEFE), onciderando o interesse geral dos servidores nsa sua manuteno dentrodo ambiente da escola. No entanto, tal entendimento difere daquele expressado pelos orgos decontrole e pela Procuradoria-Geral Federal.

    (...) evidente que discordamos do entendimento apresentado pelos orgos de controle e pelaProcuradoria-Geral Federal, discricionariedade atribuda ao administrador pblico permite aadoo de prioridades diferenciadas, sempre em beneficio do bem pblico.(...) importante ressaltar que esta administrao buscou todas as possibilidades que apontassem nadireo da regularizao da situao sem que o SINASEFE, o INTEC e a CREDTEC tivessem quedesocupar os espaos fisicos que utilizam na Unidade de Florianpolis, por entender que soentidades que trabalham em benefcio do servidor do CEFET-SC. (os grifos so nossos)

    Fica inequivoco, desta forma, que ao contrrio do que se poderia inicialmente supor, aDireo do CEFET/SC no tem nenhuma motivao - fundada no interesse pblico para a

    retomada do espao fisico utilizado pelo SINASEFE/SC h mais de 25 (vinte e cinco) anos,sendo perfeitamente possivel afirmar, pelas prprias manifestaes pblicas dessa Direo, quetinha ela interesse na permanncia do Sindicato naquele espao, eis que sua proximidade com acategoria que representa reduz a necessidade de deslocamentos destes servidores, bem comofacilita ainda mais a atuao sindical, trazendo maior credibilidade, legitimidade erespeitabilidade s tratativas que enceta com a administrao.

    Destarte, feitas estas consideraes iniciais, cruciais para as concluses que mais traremos colao, vejamos algumas das formas legais para a outorga de uso de benspubolicos a particulares:

    a) a autorizao de uso:Instrumento quye se caracteriza como ato administrativo unilateral e discricionrio, voltado

    ao consentimento, a titulo precrio, de uso de bem pblico por pessoa fsica ou jurdica de direitoprivado, com ou sem onus para o beneficirio.

    A unilateralidade, aqui, decorre do fato de que, inobstante a autorizao geralmenteresultar de resposta a pedido formulado pela parte interessada, ela apenas se perfaz com a

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    manifestao do ente pblico, a qual, em face do que dispem os princpios constitucionais dapublicidadee da motivao, h que ser expressa, dela constando as razes para o deferimentodo pleito.

    A outorga de uso, neste caso, no conferida com vistas a uma utilidade pblica, a serdesempenhada pelo beneficirio, mas no seu interesse privado, o que implica na possibilidadedeste uso para fins diversos daqueles inicialmente anunciados.

    Outra importante caracterstica da autorizao de uso seu carter marcantementeprecrio e transitrio, conferindo Administrao o poder de reaver o imvel a qualquer tempo,

    situao esta que apenas se reverte caso a autorizao se d por prazo determinado, quando classificada como autorizao qualificada.

    Demais disso, em face exatamente deste carter precrio e transitrio, a autorizao deuso no exige prvio procedimento licitatrio nem autorizao legislativa, inserindo-se dentre asprerrogativas atribudas ao administrador.

    b) permisso de uso

    Tambm aqui estamos diante de outorga de uso de bem pblico de forma discricionria,do qual decorre um consentimento, a titulo precario e geralmente transitrio, que pode ou noser oneroso.

    Diferentemente da autorizao de uso, contudo, a permisso destina-se realizao deum interesse pblico, o que torna impresinivel demonstrar que interesse coletivo seria este, demodo a legitimar a deciso administrativa adotada, dai decorrendo tambm a imperiosautilizao do bem para o fim inicialmente proposto.

    Logo, na medida em que ao menos a princpio mais de um particular pode vir amanifestar interesse em auferir a mencionada permisso de uso, a deciso sobre qual delesrecair a oturoga exige prvio processo licitatrio, respeitada a Lei n 8.666/1993.

    absolutamente desnecessria, contudo, autorizao legislativa para a expedio depermisso de uso, inserindo-se ela dentre as atribuies (kuizo discricionrio) do dirigentemaximo do rgo ao qual o bem encontra-se vinculado, o que, no caso do CEFET/SC, remeteao seu Diretor Geral.

    Por fim, a exmplo do que ocorre com a autorizao de uso, o carter unilateral dapermisso de uso implica em ato praticado exclusivamente pela administrao, ainda que sejaela instada a manifestar-se pelo interesse manifestado pelo particular.

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    Trata-se aqui, segundo dizeres de Hely Lopes Meirelles1, de ... um meio-termo entre ainformal autorizaoe a contratual concesso, pois menos precaria que aquela, sem atingir aestabilidade desta.

    c) concesso de uso

    Diferentemente das formas anteriormente mencionadas de ortorga de uso de bem pblicoa particulares, a concesso de uso possui carater contratual, ainda que possa, como asdemais, constituir-se de forma onserosa ou gratuita.

    A utilizao, neste caso, conferida com vistas a um interesse pblicode maior vulto doque aquele encontrado na permisso de uso, sendo tambm aqui imprescindvel que sedemonstre que interesse este, a ponto de ensejar a outorga em questo.

    Igualmente, na medida em que temos aqui uma outorga destinada um interesse pblicodefinido em contrato, o beneficirio ter que utilizar o bem para aquele fim especifico, sendo-lhevedado dar-lhe outra destinao.

    Pelas mesmas razes j expostas para a permisso de uso, por outro lado, a concessode uso pode ser do interesse de mais de um particular, razo pela qual se impe que a decisosobre qual deles ser beneficiado impe a prvia realizao de processo licitatrio.

    Por tratar-se de contrato administrativo, entretanto, a concesso de uso no exigeautorizao legislativa especifica para ser celebrada, podendo ter ou no prazo determinado dedurao.

    d) cesso de uso

    Uma outra modalidade relevante de outorga de bem pblico a particulares a chamadacesso de uso, que aquela em que o Poder Pblico consente no uso gratuito de determinadobem a terceiro, incumbido de desempenhar, de algum modo, um interesse da coletividade, portempo certo.

    Trata-se de uma cesso de posse realizada mediante termo ou contrato, nos quais seroespecificadas as condies em que o uso ser realizado, diferenciando-se este instrumento dosmencionados anteriormente em face do beneficio coletivo decorrente da atividade desempenhadapelo cessionrio.

    1Direito Administrativo Brasileiro, Ed. Malheiros, 22 Ed., So Paulo, 1990, pag. 443;

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    Ainda que boa parcela dos autores entenda que a cesso de uso se d apenas entreentidades pblicas, outros h que, a nosso ver interpretando de forma mais abrangente o institutoe as normas de regncia, entende perfeitamente possvel a cesso de um bem pblico aparticular, desde que preenchidas as condies tpicas da cesso.

    Neste sentido vejamos a ctedra de Digenes Gasparini2, in literis:

    Em nosso entender, porm, o uso pode ser cedido, tambm, em certos casos especiais, a pessoasprivadas, desde que desempenhem atividade no lucrativa que vise a beneficiar, geral ouparcialmente, a coletividade. Citamos como exemplo, a cesso de uso de sala, situada emprdio pblico , que o Estado faz a uma associao de servidores. (grifamos)

    Por derradeiro, cumpre relembrar que alm das formas de outorga de uso originrias doDireito Pblico, nada impede que o Estado lance mo das formas previstas no Direito Privado,ainda que as primeiras lhe sejam, regra geral, mais convenientes.

    Surge, desta forma, tambm a possibilidade de comodato, fugira prevista no Cdigo Civil eque designa o emprstimo gratuito de coisas no fungveis, por prazo certo ou indeterminado.

    Como se v, so diversas as formas legais que o CEFET/SC poderia ter lanado mo pararegularizar a situao em tela, todas elas permitindo que se mantivesse o SINASEFE/SC no usodo imvel pertencente ao referido estabelecimento.

    A autoridade administrativa a quo, contudo preferiu sucumbir diante da equivocadamanifestao jurdica exarada pela Procuradoria Federal em Santa Catarina, secundada que foipelo entendimento esposado pela Procuradoria-Geral Federal, segundo o qual as regras vigentesacerca da autorizao, da permisso, da concesso e da cesso de uso estariam voltadas aoutorga de bens pertencentes Unio Federal, no sendo validas para os bens pertencentes aoCEFET/SC, em vista da sua feio autrquica, o que impediria seu gestor de fazer uso de taisinstrumentos em face do princpio constitucional da legalidade.

    Demais disso, segundo as manifestaes da rea jurdica consultada pela referidaautoridade, a soluo da questo importaria, ainda, na realizao de processo licitatrio, a teor do

    artigo 2, da Lei de Licitaes, bem assim a comprovao do interesse pblico na outorga do uso,condio esta que, ao ver dos mencionados jurisconsultos, no teria sido demonstrado.

    Em suma, podemos dizer que a deciso administrativa aqui atacada, ao tomar porfundamento as orientaes jurdicas exaradas pela Procuradoria-Geral Federal, decorre dasseguintes concluses:

    2Direito Administrativo, Ed. Lumen Jris, 3 Ed., Rio de Janeiro, 1999, pag. 729;

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    a) de que inexistiria norma legal atribuindo ao gestor do CEFET/SC a prerrogativa de decidirsobre o uso dos bens pblicos vinculados Escola;

    b) de que inexistiria interesse pblico na referida outorga, impossibilitando sua efetivao;

    c) na necessidade de realizao de processo licitatrio para a outorga de uso de bem pblicoa particular;

    Tais concluses no se sustentam, concessa mxima vnia!

    A umaporque as modalidades de outorga de uso de bem publico por particulares no serestringem aos bens pertencentes Unio Federal, como querem os ilustres Procuradores queassim se manifestaram, mas espraiam seus efeitos sobre toda a Administrao Pblica, aincludas as entidades autrquicas, sobretudo porque revestidas de competncia constitucionalpara administrar seus bens da maneira que melhor convier ao interesse pblico, respeitada, emtodos os casos, a Lei de Licitaes.

    Alis, de ressaltar que a prpria Lei n 8.666, de 21.6.1993 (Lei das Licitaes), destina-se toda a Administrao Pblica, vinculando-a aos seus dispositivos, dentre os quais seextrai as figuras jurdicas da concesso e da permisso, duas das modalidades mencionadasalhures, no o fazendo em relao s autorizaes de uso(por motivos bvios), haja vista que talinstituto no exige prvio processo licitatrio, como sabido.

    Com efeito, a questo relativa cesso de imveis da Unio, suas autarquias efundaes pblicas, est regida pelo disposto na Lei n 9.636, de 15.05.1998, cujo artigo 18assim define:

    Art. 18. A critrio do Poder Executivo podero ser cedidos, gratuitamente ou em condiesespeciais, sob qualquer dos regimes previstos no Decreto-Lei n 9.760, de 1946, imveis da Unioa:I - Estados, Municpios e entidades, sem fins lucrativos, de carter educacional, cultural ou deassistncia social;II - pessoas fsicas ou jurd icas, em se tratando de interesse pblico ou social ou deaproveitamento econmico de interesse nacional, que merea tal favor.

    Particularmente no que diz com os Incisos I e II do dispositivo legal suso referido, temosque vieram eles de ser posteriormente alterados pela Lei n 11.481, de 31.05.2007, assumindo aseguinte redao:

    Art. 18. (...)I - Estados, Distrito Federal, Municpios e entidades sem fins lucrativos das reas de educao,cultura, assistncia social ou sade;

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    II - pessoas fsicas ou ju rdicas, em se tratando de interesse pblico ou social ou deaproveitamento econmico de interesse nacional. 1o A cesso de que trata este art igo poder ser real izada, ainda, sob o regime deconcesso de direito real de uso resolvel, previsto no art. 7odo Decreto-Lei no271, de 28 defevereiro de 1967, aplicando-se, inclusive, em terrenos de marinha e acrescidos, dispensando-se oprocedimento licitatrio para associaes e cooperativas que se enquadrem no inciso II do caputdeste artigo. (grifamos)

    Ora, j vimos anteriormente que as entidades sindicais exercem atividade de relevanteinteresse pblico, razo pela qual encontram-se perfeitamente enquadradas no disposto noartigo 18, Inciso II, da norma legal suso transcrita, inclusive em sua nova redao, datada de

    31.05.2007 (Lei n 11.481/2007).Vimos, por outro lado, que a manifestao da Sra. Diretora Geral do CEFET/SC no

    indica a presena de nenhuma razo objetiva - calcada no interesse pblico- para obstaculizar areferida cesso, de sorte que de se concluir que o imvel em tela no imprescindvel para onormal funcionamento do estabelecimento.

    Aplicvel ao CEFET/SC, portanto, as normas legais e infra-legais de Direito Pblico ou doDireito Privado que disponham sobre a possibilidade de outorga de uso de bem pblico aterceiros, o que afasta as restries apresentadas pela autoridade a quo, balizada que foi pelospareceres jurdicos suso comentados.

    A duas, porque tratamos aqui de relao mantida, h mais de 25 (vinte e cinco) anos,com uma entidade sindical representativa da imensa maioria dos docentes e servidorestcnico-administrativos do CEFET/SC, condio que atrai para o caso a incidncia do dispostono artigo 8, da Constituio Federal, que soa:

    Art. 8. livre a associao profissional ou sindical, observado o seguinte:I - a lei no poder exigir autorizao do Estado para a fundao de sindicato, ressalvado o registrono rgo competente, vedadas ao Poder Pblico a interferncia e a interveno na organizaosindical;II - vedada a criao de mais de uma organizao sindical, em qualquer grau, representativa decategoria profissional ou econmica, na mesma base territorial, que ser definida pelostrabalhadores ou empregadores interessados, no podendo ser inferior rea de um Municpio;

    III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,inclusive em questes judiciais ou administrativas;IV - a assemblia geral fixar a contribuio que, em se tratando de categoria profissional, serdescontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representao sindical respectiva,independentemente da contribuio prevista em lei;V - ningum ser obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;VI - obrigatria a participao dos sindicatos nas negociaes coletivas de trabalho;VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizaes sindicais;

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    VIII - vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargode direo ou representao sindical e, se eleito, ainda que suplente, at um ano aps o final domandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.Pargrafo nico. As disposies deste artigo aplicam-se organizao de sindicatos rurais e decolnias de pescadores, atendidas as condies que a lei estabelecer.

    V-se, portanto, que numa sociedade democrtica - e sobretudo naquelas balizadas pelorespeito ao estado democrtico de direito - o funcionamento das entidades sindicais assumiu,desde a Constituio de 1988, papel preponderante e fundamental, em especial porque atravs de tais entidades que se viabilizam as negociaes entre patres e empregados (aqui oPoder Pblico e seus servidores), dando vazo s reivindicaes salariais e corporativas, com o

    que evitam-se ou abreviam-se conflitos que, do contrrio, trariam srios prejuzos sociedade.

    de interesse pblico, portanto, que as entidades sindicais sejam capazes de representarefetivamente as categorias profissionais respectivas, e em nome delas realizar negociaescoletivas e outras formas de representao tendentes defesa dos interesses desta categoria.

    Pois bem, no caso em exame estamos tratando de uma entidade sindical o SINASEFE Seo Sindical CEFET/SC, mais precisamente no que diz com o fato de vir ele contando, aolongo de mais de 25 (vinte e cinco) anos, com o beneplcito da Administrao Pblica no que dizcom seu funcionamento em prprios do CEFET/SC, sempre sob o beneplcito e a autorizaotcita das autoridades dessa instituio.

    No se trata, pois, de uma entidade privada qualquer, nem tampouco de um clube ou deuma associao, cujo funcionamento pouco ou nada guardam de relevante do ponto de vistados direitos constitucionais !

    Ao contrrio, aqui tratamos de atividades desempenhadas pelas entidades sindicais que se revestem em inequvoco interesse pblico, eis que se destinam elas ao exerccio dedireitos fundamentais previstos na prpria Constituio Federal

    A viabilizao da presena do SINASEFE nos prprios do CEFET/SC, assim, auxilia noatingimento da necessria legitimao do ente sindical, conferindo-lhe melhores condies de

    exercer o seu mister constitucional com um grau de qualidade que , em ultima anlise, deinteresse pblico.

    Cumpre realar, ademais, que a Emenda Constitucional n 19/1998 elevou o princpio daeficincia administrativaa statusconstitucional, sendo certo que esta eficincia atingida no scom a administrao cotidiana da coisa pblica (a cargo das autoridades constitudas), mastambm com a efetiva participao da sociedade organizada, como em diversas de suaspassagens faz questo de ressaltar a Carta Magna.

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    Dentre estas formas de participao popular, sem dvidas, a atuao sindical assumepapel mais uma vez preponderante, na medida em que trata-se da prpria categoria tendoacesso (e opinando) sobre questes do seu interesse e do interesse do pblico usurio, taiscomo condies de trabalho, melhoria das instalaes, bases salariais mais condignas paradocentes e funcionrios, todas levando melhoria da atividade-fim da escola.

    S por estes aspectos, portanto, a outorga de uso do espao fsico pblico em questo jse mostraria perfeitamente revestida do interesse pblico exigido, por exemplo, para asmodalidades de concesso de usoe permisso de uso, viabilizando a adoo destes formatos.

    Absolutamente desprovida, assim, a afirmao de que a outorga requerida pelo entesindical no se revesteria de interesse pblico.

    A trs, porque a par de determinar, regra geral, a realizao de processo licitatrio para aoutorga de uso, oneroso ou no, de bem pblico, a prpria Lei n 8.666/1993 traz em seu bojodispositivos que implicam na inexigibilidade da instaurao do certame em determinadassituaes, como assevera o seu artigo 25, assim vazado:

    Art. 25. inexigvel a licitao quando houver inviabilidade de competio, em especial:(grifamos)

    Ora, j foi demonstrado anteriormente que a entidade interessada na manuteno do uso

    do imvel em debate, que j vem por ela sendo utilizado h mais de 25 (vinte e cinco) anos, osindicato representativo dos professores e servidores tcnico-administrativos do CEFET,destinando-se a utilizao do imvel exatamente realizao da atividade-fim de toda equalquer entidade sindical, qual seja a representao da sua base diante dos empregadores(aqui o prprio CEFET/SC).

    Tal circunstancia excepcional, evidente, deveria colocas a situao em tela num outropatamar, partindo a Administrao Pblica do reconhecimento de que para o desempenho destaatividade (de interesse pblico e da coletividadde) no possvel competio, eis que oSINASEFE/SC a nicaentidade (de carter sindical) dotada de capacidade jurdica para atuarna condio de sindicato representativo da categoria.

    Evidente, assim, que no caso em exame o certame licitatrio seria inexigvel em face doque dispe o artigo 25, da Lei n 8.666/1993.

    Os ilustres Procuradores que subscrevem os Pareceres utilizados pela autoridade a quo,entretanto, trazem baila a restrio imposta pelo Decreto n 99.509/1990, cujo artigo 1 assimveio definir:

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    Art. 1 Fica vedadoaos rgos e entidades da Adminis trao Pblica Federal di reta,autrquica e fundacional, bem assim s empresas pblicas, sociedades de economiamista e demais entidades controladas, direta ou indiretamente, pela Unio, efetuar, emfavor de clubes ou outras sociedades civis, de carter social ou esportivo, inclusiveos que congreguem os respectivos servidores ou empregados e seus familiares:(...)III - cesso, a ttulo g ratuito, de bens mveis e imveis. )os destaques so nossos)

    A leitura mais atenta do disposto no caput do artigo 1, do Decreto n 99.509/1990,entretanto, permite extrair - com a necessria segurana - que o objetivo do legislador foirestringir apenas o acesso dos clubes e sociedades civis de carter social ouesportivo cesso, a ttulo gratuito, de bens mveis e imveis da Unio, suas autarquias efundaes pblicas.

    cedio, contudo, que as entidades sindicais, ainda que possam ser genericamenteclassificadas como sociedades civis, no possuem carter social ou esportivo, porquantoseus objetivos so de representao da categoria profissional em questes judiciais ouadministrativas, conforme preceitua o artigo 8, III, da Constituio Federal, de sorte que no semostra razovel confundir tais figuras jurdicas, muito menos a ponto de tentar impor aossindicatos as mesmas restries impostas pelo referido Decreto aos clubes e sociedades civisde carter social ou esportivo.

    Demais disso, ainda para demonstrar o descabimento da interpretao jurdica trazida baila pelo referido Parecer, de ressaltar que o mencionado Decreto traz em seu corpo umaimportante ressalva, desprezada pelos ilustre Procuradores, dispondo exatamente sobre assituaes relativas cesses de uso realizadas antes da sua edio, conforme se colhe do 2,do artigo 1, assim vazado:

    Art. 1 - (...) 2 No caso de bens mveis e imveis cedidos anteriormente data de publicao deste decreto,caber entidade cessionria, sua conta, mant-los e conserv-los, bem assim realizar ou concluiras obras ou reparos que se faam necessrios.

    Ora, no caso em exame temos que a original outorga de uso do imvel em questo, ainda

    que tcita, deu-se nos idos de 1983, ou seja, cerca de 7 (sete) anos antes da edio doDecreto n 99.509, de 1990, tornando foroso reconhecer que aplica-se ao caso a exceoprevista no 2, do artigo 1, do referido Decreto, desimportando, para tal, que a Administraono haja formalizado a dita outorga atravs de uma das formas previstas em lei, posto que assituaes de fato tambm so exigveis pelas partes, em face da presuno de legitimidadedosatos administrativos e do principio constitucional da segurana jurdica.

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    A NECESSRIA OBSERVNCIA, PELA ADMINISTRAO PBLICA, DOS PRINCPIOSCONSTITUCIONAIS DA PUBLICIDADE, DA FINALIDADE, DAMOTIVAO, DARAZOABILIDADEE DA SUPREMACIA DO INTERESSE PBLICO

    Destarte, ainda que saibamos todos que o princpio da legalidadeimporte em afirmar que aatuao estatal s pode ocorrer com base na lei (por autorizao dela), fora reconhecer quetal preceito deve ser visto e tomado em sua forma mais ampla, no dizer de Celso AntonioBandeira de Mello3:

    A expresso legalidade deve, pois, ser entendida como conformidade ao direito, adquirindo, ento,um sentido mais extenso.

    No se trata, pois, de observar somente o que dita a lei - em seu frio texto - mas deanalisar cada caso concreto luz do texto legal e dos demais princpios que regem a

    Administrao Pblica, sem o que qualquer ato administrativo estar fadado anulao por vciode inconstitucionalidade.

    Com efeito, o princpio da legalidade traz consigo o contedo genrico de outros princpiosconstitucionais, tais como o dointeresse pblico, da motivao, dafinalidade edarazoabilidade,todos exigindo, para sua eficcia, que os atos administrativos sejam providos da necessriapublicidade. Qualquer motivao adotada como razo para uma determinada decisoadministrativa deve, assim, no s estar voltada antes de tudo ao atingimento do interesse

    pblico, mas tambm ser publica, ser expressa, exatamente para permitir o seu controle porparte da sociedade e dos meios de controle interno e externo dispostos na Constituio Federal.

    Ao exercer a administrao cotidiana, portanto, o agente pblico est obrigado nosomente a publicar sua deciso, mas tambm a fazer constar desta os elementos balizadores dasua anlise e as razes objetivas que a levaram a decidir num ou noutro sentido, permitindo parte interessada verificar se foram observados os princpios constitucionais da finalidadee damotivao.

    Desta forma, retornando ao caso em exame, era de esperar que a autoridadeadministrativa em questo, ao analisar o pedido formulado pelo ente sindical, se dignasse de

    levar em conta no s a situao ftica vivenciada ao longo de mais de 25 (vinte e cinco) anos que por si s j indicava a necessidade de uma anlise mais criteriosa e cautelosa do pedido -mas tambm que apresentasse as razes (motivao e finalidade) do indeferimento do pleito,explicitando sobretudo em que aspectos sua deciso estaria calcada no interesse pblico.

    3Op. Cit., pg. 48/49;

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    Atentando-se para os documentos juntados aos presentes autos, entretanto, o que se v um ato administrativo absolutamente desprovido de motivao e finalidade respaldando-seapenas e to somente numa pretensa impossibilidade jurdica de regularizao da situao aquitratada, posio jurdica esta que, como vimos, no possui o menor fundamento.

    No h nos referidos diplomas, data mxima vnia, nem uma s justificativa para que aAdministrao Pblica no permitisse, com a devida regularizao e formalizao, a permannciado ente sindical em sua sede. !

    de se inferir, portanto, que se a referida autoridade administrativa - qual competia ver

    da presena de razes objetivas que a levassem a concluir pela necessidade da retomada doreferido espao fsico para o uso do CEFET/SC nica hiptese para o indeferimento do pleitoapresentado pela entidade sindical, no informou nenhuma razo para que o SINASEFEhouvesse de ser afastado da sua atual sede, fora reconhecer que a deciso final adotada absolutamente inconstitucional, por ferimento aos princpios constitucionais da finalidade, damotivaoe da supremacia do interesse pblico.

    Neste sentido vejamos a ctedra do ilustre Professor Carlos Ari Sundfeld4, in verbis:

    A Administrao jamais maneja interesses, poderes ou direitos pessoais seus, surge o dever deabsoluta transparncia. Todo o poder emana do povo e em seu nome ser exercido (CF, art. 1, 1). bvio, ento, que o povo, titular do poder, tem direito de conhecer tudo o que concerne

    Administrao, de controlar passo a passo o exerccio do poder.

    A motivao, portanto, componente indispensvel do ato publicado, conferindo-lhe anecessria transparncia imposta pelo princpio da publicidade.

    Sobre a motivao dos atos administrativos, Alexandre de Moraes5 assim leciona, comseu peculiar brilhantismo:

    Pelo princpio da motivao, a formalizao dos atos administrativos dever trazer a narrativaescrita dos fatos ensejadores de sua prtica (motivos de fato), suas razes jur dicas (motivosde direito) e a demonstrao da pertinncia lgica entre ambos os motivos, de modo a garantir-se a plena possibilidade de controle, inclusive jurisdicional, de sua validade. (o destaque nosso)

    Vejamos, ento, como a Lei n 9.784, de 29.01.1999, ao tratar das regras que regem oprocesso administrativo, dispe sobre

    4Princpio da Publicidade Administrativa. Direito de Certido, vista e certido; Revista de Direito Pblico, Vol. 82, pg. 54;5Direito Constitucional Administrativo, Ed. Atlas, 2. ed., So Paulo, 2005, pg 120;.

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    Art. 2. A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade,motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana

    ju rdica, interesse pbl ico e ef ic incia.Pargrafo nico. Nos processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios de:I - atuao conforme a lei e o Direito;II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renncia total ou parcial de poderes oucompetncias, salvo autorizao em lei;III - objetividade no atendimento do interesse pblico, vedada a promoo pessoal de agentes ouautoridades;IV - atuao segundo padres ticos de probidade, decoro e boa-f;V - divulgao oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipteses de sigilo previstas naConstituio;VI - adequao entre meios e fins, vedada a imposio de obrigaes, restries e sanesem medida superior quelas estritamente necessrias ao atendimento do in teresse pblico; VII - indicao dos pressupos tos de fato e de direito que determinarem a deciso;VIII - observncia das formalidades essenciais garantia dos direitos dos administrados;IX - adoo de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurana erespeito aos direitos dos administrados;X - garantia dos direitos comunicao, apresentao de alegaes finais, produo de provas e interposio de recursos, nos processos de que possam resultar sanes e nas situaes de litgio;XI - proibio de cobrana de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;XII - impulso, de oficio, do processo administrativo, sem prejuzo da atuao dos interessados;XIII - interpretao da norma adminis trativa da forma que melhor garanta o atendimento do fimpblico a que se dirige, vedada aplicao retroativa de nova interpretao.

    Analisando a questo a ilustre Professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, assim semanifesta:

    O princpio da motivao exige que a Administrao Pblica ind ique os fundamentos de fato ede direito de suas decises(...)Na Lei n 9.784/99, o princpio da motivao previsto no artigo 2, caput, havendo, no pargrafonico, inciso VII, exigncia de indicao dos pressupostos de fato e de direito que determinarem adeciso. Alm disso, o artigo 50 estabelece a obrigatoriedade de motivao, com indicao dosfatos e fundamentos jurdicos, quando:I neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; (destacamos)

    Com efeito, de repetir que o Estado Democrtico de Direito impe que a atuao estatalesteja sempre subordinada aos princpios constitucionais, devendo se pautar pela busca

    incessante, em cada caso concreto, da soluo que melhor atenda ao interesse pblico, queAlexandre de Moraes6bem define nos seguintes termos:

    O princpio da supremacia do interesse pblico, tambm conhecido por princpio da finalidadepblica, consiste no direcionamento da atividade e dos servios pblicos efetividade do bemcomum.(...)

    6Direito Constitucional Administrativo, Ed. Atlas, 2aed., So Paulo, pg. 116/117;

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    Ressalte-se que, ao legislador ordinrio e ao intrprete, em especial s autoridades pblicas dosPoderes Legislativo, Executivo e Judicirio e da Instituio do Ministri9o Pblico, esse objetivofundamental dever servir como vetor de interpretao, seja na edio de leis ou atos normativos,seja em suas aplicaes.(...)Trata-se, pois, de um princpio constitucional explicitado no j citado Inciso IV, do artigo 3, ereforado no caput do artigo 37, com a redao dada pela EC n 19/98, uma vez que a idia depredominncia do interesse pblico est interligada eficincia da Administrao Pblica.(grifo nosso)

    Com efeito, em idntica direo j seguia o saudoso mestre Hely Lopes Meirelles 7, paraquem:

    (...) e a finalidade ter sempre um objetivo certo e inafastvel de qualquer ato administrativo: ointeresse pblico. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se- a invalidao por desvio definalidade, que a nossa lei de ao popular conceituou como o fim diverso daquele previsto, explcitaou implicitamente, na regra de competncia do agente (Lei 4.717/65, art 2o, Pargrafo nico, e).Desde que o princpio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com finalidade pblica, oadministrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de pratic-lo no interesse prprio ou deterceiros.(...)O que o princpio da finalidade veda a prtica de ato adminis trativo sem interesse pblico ouconvenincia para a administrao, visando unicamente a satisfazer in teresses pri vados, porfavoritismo ou perseguio dos agentes governamentais , sob a forma de desvio de finalidade.Esse desvio de conduta dos agentes pblicos constitui-se em uma das mais insidiosas modalidades

    de abuso de poder. (grifo nosso).

    Ora, no caso em exame v-se com clareza que o ato administrativo recorrido no tevepor fundamento nenhuma razo objetiva.

    Mostra-se inequvoco, portanto, que o ato administrativo em tela carece de motivao,porquanto no exps claramente quais as razes de fato e de direito que levaram a

    Administrao Pblica ao indeferimento do pleito a ela apresentado pelo Sindicato.

    H mais !

    Ocorre que dentre os princpios constitucionais que regem a atividade administrativa umoutro incide diretamente sobre o fato concreto trazido colao, qual seja o princpio darazoabilidade, segundo o qual no basta ao ato administrativo que este tenha se tornado publico,que haja sido motivado (do ponto de vista do exerccio regular de um poder discricionrio), ouque no tenha contrariado o interesse pblico. Ao contrrio, exige-se, para a validade do ato, queele seja razovel !

    7Direito Administrativo Brasileiro, Ed. Malheiros, 22 ed., So Paulo, pgs. 85/86;

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    Nesta direo vejamos uma vez mais a opinio de Alexandre de Moraes8:

    O princpio da razoabilidade pode ser definido como aquele que exige proporcionalidade, justiae adequao entre os meios ut ilizados pelo Poder Pblico, no exerccio de suas atividaddes administrativas ou legislativas e os fins por ela almejados , levando-se em conta critriosracionais e coerentes.(...)Gordillo aponta que a deciso discricionria do Poder Pblico ser sempre ilegtima, desde queirracional, mesmo que no transgrida explicitamente norma concreta e expressa. No dizer deRoberto Dromi, a razoabilidade engloba a prudncia, a proporo, a indiscriminao, aproteo, a propo rcionalidade, a causalidade, em suma, a no-arbitrariedade. (grifamos)

    E continua o renomado constitucionalisata, citando Agostin Gordillo9:

    A deciso discricionria do Poder Pblico ser sempre ilegtima, desde que irracional, mesmo queno transgrida explicitamente norma concreta e expressa.

    Celso Antonio Bandeira de Mello, por sua vez, afirma que o princpio constitucional em telapode ser resumido como uma obrigao no sentido de que a atividade administrativa sejarealizada segundo o sentido comum das pessoas normais, conferindo maior legitimidade deciso adotada, seno vejamos:

    Enuncia-se com este princpio que a Administrao, ao atuar no exerccio de discrio, ter deobedecer a critrios aceitveis, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e

    respeitosas das finalidades que presidiram a outorga da competncia exercida.Vale dizer: pretende-se colocar em claro que no sero apenas inconvenientes, mas tambm ilegtimas e, portanto,

    jurisidicionalmente invalidveis as condutas desarrazoadas, bizarras, incoerentes ou praticadascom desconsiderao s situaes e circunstncias que seriam atendidas por quem tivesse atributosnormais de prudncia, sensatez e disposio de acatamento s finalidades da lei atributiva dadiscrio manejada.(...)Em outras palavras, ningum poderia aceitar como critrio exegtico de uma leique esta sufrague asprovidncias insensatas que o administrador queira tomar; dizer, que avalize previamente condutasdesarrazoadas, pois isto corresponderia a irrogar dislates prpria regra de Direito.

    Fazendo relao entre a razoabilidade e a proporcionalidade, vejamos a ctedra do IlustreMinistro Gilmar Ferreira Mendes10, lavrada nos seguintes termos:

    ... um juzo definitivo sobre a proporcionalidade h de resultar da rigorosa ponderao entre osignificado da interveno para o fim atingido e os objetivos perseguidos pelo legislador(proporcionalidade ou razoabilidade no sentido estrito). O pressuposto de adequao(Geeignetheit) exige que as medidas interventivas adotadas mostrem-se aptas a atingir os

    8Op. Cit., pg. 114;9Op. Cit., pg 114;10A proporcionalidade da jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, Repertrio IOB de Jurisprudncia, n23, 1994, pg. 473;

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    objetivos pretendidos. O requisito de necessidade ou da exigibilidade (Notwendigkeit oderEuforderichkelt) significa que nenhum meio menos gravoso para o indivduo revelar-se-iaigualmente eficaz na consecuo dos objetivos pretendidos. Assim, apenas o que adequadopode ser necessrio, mas o que necessrio no pode ser inadequado. (grifo nosso)

    Hans Kelsen11, por sua vez, lanava mo do que convencionou chamar de meio-termoaristotlico, para afirmar:

    ... como norma referida ao modo de tratar os homens, surge tambm o preceito geral decomedimento, a idia de que a conduta reta cons iste em no exagerar para um de mais e paraum de menos, em manter, portanto, o ureo meio-termo. (destaque nosso)

    Data vnia, colocando-se os ensinamentos doutrinrios e os dispositivos constitucionais elegais acima elencados, lado a lado com o caso concreto, outra concluso no se pode chegarque no aquela que indica que o ato administrativo ora recorrido foi prolatado sem observnciade principios constitucionais elementares, aos quais devia obediencia, deixa patente suainconformidade com o texto da Carta Magna, pelo que merece imediata reviso.

    Ainda h mais !

    A NECESSRIA OBSERVNCIA, PELA ADMINISTRAO PBLICA,DOS PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS DA PRESUNO DE LEGITIMIDADE DOS ATOS

    ADMINISTRATIVOSE DA SEGURANA DAS RELAES JURDICAS

    Como afirmado alhures, o pedido formulado pelo ente sindical estava a impor que suaanlise se desse luz dos diversos princpios constitucionais que incidem, de forma simultnea eharmnica, sobre a questo aqui tratada.

    Com efeito, sabido que a atuao estatal, em quaisquer das suas diversas facetas, devepautar-se sempre pelo atingimento do interesse pblico, para o que deve buscar o meio menosgravoso possvel para alcanar os objetivos propostos.

    As decises administrativas, portanto, devem levar em conta a necessria ponderaoentre o nus imposto aos particulares e o benefcio trazido Administrao , de sorte aatingir o interesse pblico em sua mais correta concepo.

    A partir de tais conceitos Celso Antonio Bandeira de Mello nos alerta:

    Tambm por fora desta posio de supremacia do interesse pblico e em conseqncia dequem o representa na esfera administrativa, reconhece-se Administrao a possibilidade de

    11O problema da Justia. Traduo de Joo Baptista Machado, Ed. Martins Fontes, So Paulo, 1998;

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    revogar os prprios atos inconvenientes ou inoportunos, conquanto dentro de certos limites... (odestaque nosso)

    Pois bem, no caso presente poder-se-ia afirmar que existe interesse pblicona retomada,pelo CEFET/SC, do espao fsico cedido h vrios anos ao SINASEFE, por exemplo para autilizao deste espao na melhoria ou ampliao de salas de aula, ou redimensionamento dosespaos de trabalho dos funcionrios da escola.

    Para que tal interesse pblico pudesse ser exteriorizar, entretanto, impunha-se que essaDireo dissesse, com a necessria clareza, a que se destina a retomada do referido espao,cumprindo assim, a um s tempo, dois fundamentais princpios inseridos na Constituio Federal,

    quais sejam os da finalidade e da publicidade dos atos administrativos.

    No presente caso, contudo, nada disso ocorreu !

    Par e passo com os postulados j elencados alhures importa considerar ainda e comrelevncia para o caso em exame que os atos estatais de maneira geral gozam de naturalpresuno de legitimidade no tocante regularidade e legalidade com que foram praticados,preceito este que acaba por conduzir o particular a receber a conduta administrativa com acerteza de que esta integra e livre de quaisquer maculas capazes de invalid-la no futuro.

    A presuno de legitimidade dos atos administrativos , assim, um desdobramento

    conceitual do princpio da legalidade, na medida em que a proteo da boa-fe da confianaqueos administrados depositaram na ao do Estado - em particular quanto sua lealdade econformidade com as leis - se mostra indispensvel preservao do estado de direito.

    Seguindo esta linha de raciocnio acerca da idia de proteo da confiana e da boa-fdosadministrados nos atos da Administrao Pblica PAULO MODESTO12assinala:

    Nas relaes com os administrados, a boa f assegura a proteo da confiana, valor fundamentalno Estado de Direito, uma vez que oferece vedao a toda atuao contrria conduta reta, normale honesta que cabe desejar no trfego jurdico, assegurando tambm os efeitos jurdicos esperados

    justificadamente pelo sujeito que atuou de boa f.O dever de agir de boa f, para manter a confiana mtua entre os sujeitos da relao, alm disso,

    obriga tambm a um dever de coerncia no comportamento (GONZALEZ PEREZ) e de fidelidade sdeclaraes feitas a outrem (KARL LARENZ). Isto obriga os sujeitos da relao a responderem portodo o desvio contrrio a uma conduta leal, sincera e fiel no trato jurdico.

    J a ilustre Professora LCIA VALE FIGUEIREDO13, citada por Vera Regina LoureiroWinter em artigo publicado na Revista de Jurisprudncia Trabalhistado Rio Grande do Sul, n.

    12Controle Jurdico do Comportamento tico da Administrao Pblica no Brasil, Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, 209.71-80,jul./set.1997;

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    168, sob o ttulo A boa f no direito privado e no direito pblico - Breve estudo comparativo esuas aplicaes prticas,assim leciona:

    Sem dvida, um valor eventualmente a proteger seria o cumprimento da ordem jurdica. Mas, poroutro lado, encontram-se outros valores, tambm albergados no ordenamento, merecedores de igualproteo, como a boa f, a certeza jurdica e a segurana das relaes estabelecidas.

    Para VERA REGINA LOUREIRO WINTER, no artigo doutrinrio mencionado alhures, osseguintes aspectos devem ser considerados:

    Se a boa f subjetiva um estado, a objetiva ou boa f como regra de conduta um dever - deverde agir de acordo com determinados padres, socialmente recomendados, de correo, lisura,honestidade, para no frustrar a confiana legtima da outra parte. Boa f lealdade ou a boa fconfiana so expresses que realam a finalidade do princpio, ou seja, tutela das legtimasexpectativas da contraparte, para a garantia da estabilidade e da segurana das transaes.

    No menos brilhante e absolutamente aplicvel ao caso em tela a lio do renomadomestre ALMIRO DO COUTO E SILVA14, para quem

    Embora do confronto entre os princpios da legalidade da Administrao Pblica e o da seguranajurdica resulte que, fora dos casos de dolo, culpa, etc., o anulamento com eficcia ex tunc sempreinaceitvel e o com eficcia ex nunc admitido quando predominante o interesse pblico norestabelecimento da ordem jurdica ferida, absolutamente defeso o anulamento quando se tratede atos administrativos que concedam prestaes em dinheiro, que se exaurem de uma s vezou que apresentem carter duradouro, como os de ndole social, subvenes, penses ouproventos de aposentadoria. (grifamos)

    Com efeito, em igual direo seguiu o brilhante ex-Ministro JOS NRI DA SILVEIRA, em1965, ainda quando ocupava o assento de Consultor-Geral do Estado do Rio Grande do Sul,citado por Almiro do Couto e Silva no artigo j referido, na seguinte passagem:

    ... se certo, em princpio, que no h direito contra lei e que a administrao pode anular os seusatos com infraes a dispositivos legais, consoante ficou largamente analisado acima (itens 38 e 39),no menos exato que a atividade administrativa possui, em seu favor, uma presuno delegitimidade, e cada ato do Poder Pblico, oriundo de autoridade competente, h de ter-se, emprincpio, como vlido, perante os cidados, mxime quando, por estes aceito, produzaconseqncias de di reito, em prol dos mesmos, de forma pacfica, iterativamente, no decurso

    de muitos anos, com inquestionada aparncia de regularidade. (grifos nossos)

    O princpio da segurana jurdica visa, desta forma, proteger a confiana dosadministrados, que acreditaram na legalidade dos atos praticados pela Administrao Pblica,conferindo assim a necessria estabilidade a todo o trfego jurdico.

    13RDA 201/21014Os princpios da legalidade da Administrao Pblica e da segurana jurdica no estado de direito contemporneo, Revista daProcuradoria Geral do Estado, V. 18, n 46, 1988, pg. 11-29;

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    Por isso mesmo nunca demais ressaltar que a anulao de atos administrativos, emparticular quando deles hajam decorrido efeitos favorveis aos administrados (como in casu),deve ser praticadadentro de limites legais e temporais, sem o que qualquer providncia nestesentido esbarra nos princpios constitucionais e gerais de direito j comentados alhures.

    Ora, no caso em exame vimos anteriormente que o SINASEFE vem funcionando emprprios do CEFET/SC h mais de 25 (vinte e cinco) anos, sem que durante este longo espaode tempo a Administrao haja jamais se colocado em posio de confronto com o deferimentodesta condio favorvel entidade sindical.

    Da mesma forma jamais se teve conhecimento de que o espao fsico em questo fosseimprescindvel para que esse estabelecimento pudesse alcanar suas metas institucionais, ouque o funcionamento do SINASEFE neste espao estivesse causando qualquer tipo de problemapara o normal funcionamento do CEFET/SC.

    Evidente, assim, que esta situao fez gerar no beneficirio (SINASEFE) a sensao deque a utilizao do referido espao vinha se dando em perfeita observncia aos princpios queregem a administrao pblica, exceo evidentemente da formalizao do ato de cessode uso, falha que no pode ser imputada ao ente sindical.

    Com efeito, mesmo a circunstncia de o funcionamento do SINASEFE em prprios doCEFET/SC no haver sido objeto de regular processo administrativo ao longo de todos estesanos, no poderia jamais retirar da situao a presuno de legitimidade atribuda ao atoautorizativo inicial, nem excluir do caso a influncia do princpio constitucional da segurana

    jurdica.

    Questes relativas proteo da segurana das relaes jurdicas, alis, no so novasno Poder Judicirio, merecendo, desde h vrios anos, interpretao inequvoca por parte doSupremo Tribunal Federal, como exemplo o Recurso Ordinrio em Mandado de Segurana n12.807, no qual atuou como Relator para o Acrdo o Ilustre Ministro Prado Kelly, de cujaEmenta extrai-se:

    de economia interna de cada Faculdade de ensino superior fixar, em seu regimento interno, nota

    mnima para aprovao de alunos.- Ocorrncia, na espcie, de circunstncias excepcionais que aconselham a inalterabilidadeda situao de fato e de direito constituda pela concesso da liminar. (destacamos)

    Releva conhecer, ainda, o contedo de parte do Voto proferido, naqueles autos, peloIlustre Ministro Luiz Gallotti, assim vazado:

    Entretanto, num caso, de que me lembro ter sido Relator, de Recurso Extraordinrio contra aconcesso de segurana (nota inferior a 5), meu voto era pelo provimento do recurso, para a

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    cassao da segurana. Um dos eminentes colegas, porm, ponderou que se convertesse ojulgamento em diligncia, para saber se o curso j se completara, porque, ento, no seriarazovel desfazer o curso, que se completara com base numa deciso judicial, ainda quecontra a lei e que no deveria ter sido mantida como o caso da presente liminar.

    Assim, peo vnia ao eminente Ministro Relator, para acompanhar o eminente Ministro Prado Kelly,dando provimento ao recurso. (o grifo nosso)

    A mesma linha de raciocnio foi adota pelo Excelso Pretrio quando do julgamento doRecurso Extraordinrio n 85.179, seno vejamos:

    Ato administrativo. Seu tardio desfazimento, j criada situao de fato, e de direito, que o tempoconsolidou. Circunstncia excepcional a aconselhar a inalterabilidade da situao decorrente

    do deferimento da liminar, da a participao no concurso pblico, com aprovao, posse eexerccio. Recurso Extraordinrio no conhecido. (grifamos)

    Referia-se este ultimo caso concesso de uma liminar em Mandado de Segurana, apartir da qual uma cidad havia conseguido realizar um determinado concurso pblico mesmosem apresentar os pr-requisitos exigidos na inscrio, de tal sorte que, passados longos anos (eao final denegada a ordem em ltima instncia), a Administrao Pblica objetivava proceder demisso da servidora, que ento j contava com vrios anos de regular prestao laboral aoservio pblico.

    O Voto-Condutor do Acrdo, neste caso, foi da lavra do saudoso Ministro Bilac Pinto, que

    levou aos autos a seguinte assentada, fazendo coro com os precedentes da Suprema Corte:Creio que estes precedentes so aqui aproveitveis, pois estes autos tambm retratam umasituao singular, com a marca da consolidao do tempo. Ora, ubi eaden ratio, ibi jus idem essedebet.

    E continua o saudoso Ministro do STF em seu Voto, citando trabalho do notvel professorMiguel Reale15:

    Assim sendo, se a decretao de nulidade feita tardiamente, quando a inrcia da administrao jpermitiu se constitussem situaes de fato revestidas de forte aparncia de legalidade, a ponto defazer gerar nos espritos a convico de sua legitimidade, seria deveras absurdo que, a pretexto daeminncia do Estado, se concedesse s autoridades um poder-dever indefinido de auto-tutela.Desde o affaire Chachet, esta a orientao dominante no direito francs, com os aplausos deMaurice Hauriou, que bem soube por em realce os perigos que adviriam para a segurana dasrelaes sociais se houvesse possibilidade de indefinida reviso dos atos administrativos.

    De outro julgado do Excelso Pretrio (RMS 17.444), cuja deciso se aperfeioa ao casoem exame, extrai-se o seguinte Voto do ilustre Ministro Lafayette de Andrada:

    15Revogao e Anulamento do Ato Administrativo, Ed. Forense, 1968;

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    A verdade, porm, que se criou uma situao de fato, que o tempo j consolidou. Em casossemelhantes, a orientao do Supremo Tribunal tem sido no sentido de atender a tais situaes cujaexcepcionalidade aconselha encarar o problema mais sob o aspecto da finalidade social das leis doque de uma severa interpretao literal dos textos.

    evidente, assim, que desde esta poca remota o Excelso Pretrio j decidia homenagearo princpio constitucional da segurana jurdica, mantendo os efeitos decorrentes das situaesque - em face da inrcia da Administrao Pblica- hajam logrado consolidar-se pelo decurso dotempo.

    No mesmo sentido foi a deciso proferida nos autos do Mandado de Segurana n 24.268-

    0/MG, ocasio em que o Supremo Tribunal Federal teve a oportunidade de se debruar sobrecaso no qual se discutia, explicitamente, a supremacia do princpio constitucional dasegurana jurdicasobre o da legalidade estrita, em particular em caso de determinao desupresso (pelo Tribunal de Contas da Unio), de vantagem salarial paga a servidor pblico hlongo tempo, questo em tudo assemelhada a tratada nestes autos.

    Pois bem, uma vez apresentado o Voto da Ministra-Relatora, Ellen Gracie, dele divergiubrilhantemente o Ilustre Ministro Gilmar Mendes, no que acabou sendo acompanhado pelamaioria dos Srs. Ministros daquela Casa, colhendo-se do Voto-divergente a seguinte passagem,em tudo aplicvel ao caso em exame:

    Mas afigura-se inegvel que h um quid relacionado com a segurana jurdica que recomenda, nomnimo, maior cautela em casos como dos autos. Se estivssemos a falar de direito real, certamente

    j ser invocvel o usucapio.

    E arrematou o brilhante Ministro:

    possvel que, no caso em apreo, fosse at de se cogitar da aplicao do princpio da seguranajurdica, de forma integral, de modo a impedir o desfazimento do ato. Diante, porm, do pedidoformulado e da causa petendi limito-me aqui a reconhecer a forte plausibilidade jurdica destefundamento.

    J o Ilustre Ministro Carlos Velloso, ao se posicionar sobre a lide, asseverou:

    Penso, eminente Presidente, com a licena sempre devida eminente Ministra-Relatora, existir doisfundamentos sobre os quais posso me apoiar para deferir em definitivo a segurana: primeiro, aquesto da segurana jurdica. Isso foi deferido h mais de dezoito anos, quer dizer, o Tribunal deContas julgou da legalidade desta penso h mais de dezoito anos. No possvel que venha, em2001 parece-me que o ato de 2001 a revogar o seu entendimento quando, como rgo da

    Administrao, devia obedincia Lei n 9.784/99, que estabelece a prescrio.

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    Vejamos outras recentes decises do Supremo Tribunal Federal, nas quais a Corte decidiupela prevalncia do princpio constitucional da segurana jurdica, desde j ressaltando que osgrifos so nossos:

    EMENTA: AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 6.893, DE 28 DE JANEIRO DE1.998, DO ESTADO DO MATO GROSSO, QUE CRIOU O MUNICPIO DE SANTO ANTNIO DOLESTE. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL POSTERIOR EC 15/96. AUSNCIA DELEI COMPLEMENTAR FEDERAL PREVISTA NO TEXTO CONSTITUCIONAL. AFRONTA AODISPOSTO NO ARTIGO 18, 4, DA CONSTITUIO DO BRASIL. OMISSO DO PODERLEGISLATIVO. EXISTNCIA DE FATO. SITUAO CONSOLIDADA. PRINCPIO DA SEGURANADA JURDICA. SITUAO DE EXCEO, ESTADO DE EXCEO. A EXCEO NO SESUBTRAI NORMA, MAS ESTA, SUSPENDENDO-SE, D LUGAR EXCEO --- APENAS

    ASSIM ELA SE CONSTITUI COMO REGRA, MANTENDO-SE EM RELAO COM A EXCEO. 1.O Municpio foi efetivamente criado e assumiu existncia de fato, como ente federativo. 2. Existnciade fato do Municpio, decorrente da deciso poltica que importou na sua instalao como entefederativo dotado de autonomia. Situao excepcional consolidada, de carter institucional, poltico.Hiptese que consubstancia reconhecimento e acolhimento da fora normativa dos fatos. 3. EstaCorte no pode limitar-se prtica de mero exerccio de subsuno. A situao de exceo, situaoconsolidada --- embora ainda no jurdica --- no pode ser desconsiderada. 4. A exceo resulta deomisso do Poder Legislativo, visto que o impedimento de criao, incorporao, fuso edesmembramento de Municpios, desde a promulgao da Emenda Constitucional n. 15, em 12 desetembro de 1.996, deve-se ausncia de lei complementar federal. 5. Omisso do CongressoNacional que inviabiliza o que a Constituio autoriza: a criao de Municpio. A no edio da leicomplementar dentro de um prazo razovel consubstancia autntica violao da ordemconstitucional. 6. A criao do Municpio de Santo Antnio do Leste importa, tal como se deu, uma

    situao excepcional no prevista pelo direito positivo. 7. O estado de exceo uma zona deindiferena entre o caos e o estado da normalidade. No a exceo que se subtrai norma, mas anorma que, suspendendo-se, d lugar exceo --- apenas desse modo ela se constitui como regra,mantendo-se em relao com a exceo. 8. Ao Supremo Tribunal Federal incumbe decidir regulandotambm essas situaes de exceo. No se afasta do ordenamento, ao faz-lo, eis que aplica anorma exceo desaplicando-a, isto , retirando-a da exceo. 9. Cumpre verificar o que menoscompromete a fora normativa futura da Constituio e sua funo de estabilizao. No aparenteconflito de inconstitucionalidades impor-se-ia o reconhecimento da existncia vlida do Municpio, afim de que se afaste a agresso federao. 10. O princpio da segurana jurdica prospera embenefcio da preservao do Municpio. 11. Princpio da continuidade do Estado. 12. Julgamentono qual foi considerada a deciso desta Corte no MI n. 725, quando determinado que o CongressoNacional, no prazo de dezoito meses, ao editar a lei complementar federal referida no 4 do artigo18 da Constituio do Brasil, considere, reconhecendo-a, a existncia consolidada do Municpio de

    Lus Eduardo Magalhes. Declarao de inconstitucionalidade da lei estadual sem pronncia de suanulidade 13. Ao direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade, mas nopronunciar a nulidade pelo prazo de 24 meses, Lei n. 6.893, de 28 de janeiro de 1.998, do Estado doMato Grosso. (ADI 3316 / MT - MATO GROSSO

    AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, Relator(a): Min. EROS GRAU, Julgamento:09/05/2007, rgo Julgador: Tribunal Pleno)

    EMENTA: Recurso extraordinrio. 2. Servidor Pblico Estadual Inativo. Aposentadoria anterior CF/88. 3. Nulidade da denominao do cargo de Diretor de Diviso. Retorno ao cargo de Chefe deSeo. 4. Declarao de inconstitucionalidade pelo STF dos artigos 4o ao 7o da Lei Complementar

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    no 317, de 09 de maro de 1983, do Estado de So Paulo. (Rp. 1.278, Pleno, Rel. Djaci Falco, DJ09.10.87). Ato praticado na vigncia da CF/88. 5. Ofensa ao princpio da irredutibilidade devencimentos. Possibilidade. 6. Princpio da segurana jurdica. Aplicabilidade. Precedentes. 7.Recurso extraordinrio conhecido e provido (RE-AgR 217141 / SP - SO PAULO, AG.REG.NORECURSO EXTRAORDINRIO, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Julgamento: 13/06/2006,rgo Julgador: Segunda Turma)

    EMENTA: CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PBLICO: PROVIMENTO DERIVADO:INCONSTITUCIONALIDADE: EFEITO EX NUNC. PRINCPIOS DA BOA-F E DA SEGURANAJURDICA. I. - A Constituio de 1988 instituiu o concurso pblico como forma de acesso aos cargospblicos. CF, art. 37, II. Pedido de desconstituio de ato administrativo que deferiu, medianteconcurso interno, a progresso de servidores pblicos. Acontece que, poca dos fatos 1987 a 1992, o entendimento a respeito do tema no era pacfico, certo que, apenas em 17.02.1993, que oSupremo Tribunal Federal suspendeu, com efeito ex nunc, a eficcia do art. 8, III; art. 10, pargrafonico; art. 13, 4; art. 17 e art. 33, IV, da Lei 8.112, de 1990, dispositivos esses que foramdeclarados inconstitucionais em 27.8.1998: ADI 837/DF, Relator o Ministro Moreira Alves, "DJ" de25.6.1999. II. - Os princpios da boa-f e da segurana jurdica autorizam a adoo do efeito exnunc para a deciso que decreta a inconstitucionalidade. Ademais, os prejuzos que adviriampara a Administrao seriam maiores que eventuais vantagens do desfazimento dos atosadministrativos. III. - Precedentes do Supremo Tribunal Federal. IV. - RE conhecido, mas noprovido. (RE 442683 / RS - RIO GRANDE DO SUL, RECURSO EXTRAORDINRIO, Relator: Min.CARLOS VELLOSO, Julgamento: 13/12/2005, rgo Julgador: Segunda Turma)

    Na mesma direo seguiu o Ilustre Ministro Gilmar Ferreira Mendes ao relatar o RE n466.546/RJ, cujo contedo se nos afigura em tudo aplicvel ao caso em exame

    EMENTA: Recurso extraordinrio. 2. Ao rescisria. Transposio de cargo. Processo seletivoanterior CF/88. Homologao posterior. Ato administrativo controvertido poca. 3. Princpio dasegurana jurdica. Aplicabilidade. Precedentes. 4. Recurso extraordinrio a que se negaprovimento.

    Veja-se ainda a Ementa proferida nos autos do Mandado de Segurana n 22.357/DF,tambm relatado per Ilustre Ministro Gilmar Ferreira Mendes:

    EMENTA: Mandado de Segurana. 2. Acrdo do Tribunal de Contas da Unio. Prestao deContas da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroporturia - INFRAERO. Emprego Pblico.Regularizao de admisses. 3. Contrataes realizadas em conformidade com a legislao vigente poca. Admisses realizadas por processo seletivo sem concurso pblico, validadas por deciso

    administrativa e acrdo anterior do TCU. 4. Transcurso de mais de dez anos desde a concesso daliminar no mandado de segurana. 5. Obrigatoriedade da observncia do princpio da seguranajurdica enquanto subprincpio do Estado de Direito. Necessidade de estabilidade das situaescriadas administrativamente. 6. Princpio da confiana como elemento do princpio dasegurana jurdica. Presena de um componente de tica jurdica e sua aplicao nasrelaes jurdicas de direito pblico. 7. Concurso de circunstncias especficas e excepcionaisque revelam: a boa f dos impetrantes; a realizao de processo seletivo rigoroso; a observncia doregulamento da Infraero, vigente poca da realizao do processo seletivo; a existncia decontrovrsia, poca das contrataes, quanto exigncia, nos termos do art. 37 da Constituio,de concurso pblico no mbito das empresas pblicas e sociedades de economia mista. 8.

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    Circunstncias que, aliadas ao longo perodo de tempo transcorrido, afastam a alegadanulidade das contrataes dos impetrantes. 9. Mandado de Segurana deferido.

    Em todas estas situaes, geradas pela permanncia do usufruto de um direito peloadministrado por um razovel espao de tempo, o Excelso Pretrio entendeu que a anlise doassunto deveria necessariamente levar em conta a prevalncia do princpio da segurana

    jurdica, em atendimento ao princpio da presuno de legitimidade dos atos administrativose daestabilidade das relaes jurdicas.

    Pois bem, aplicando-se os postulados acima ao caso presente, temos que o Sindicato-Recorrente poderia at mesmo pleitear o reconhecimento do seu direito definitivo de continuar

    ocupando as instalaes fsicas do CEFET/SC, haja vista que o usufruto de tal direito estariaamparado pelo debatido princpio da segurana jurdica.

    No se pretende chegar a tanto, porm !

    Com efeito, o que aqui se pretende - ao invocar a aplicao dos princpios constitucionaisda presuno de legitimidade dos atos administrativose da segurana das relaes jurdicas- deixar patente que, em havendo permissivo legal para a regularizao da situao e no vindo aoutorga do referido espao fsico a prejudicar a atividade-fim do CEFET/SC, esta deve serefetivada como medida administrativa que visa harmonizar, a um s tempo, os princpios dalegalidade com os da boa-f e da segurana jurdica e, atendendo, em ultima anlise, aos

    princpios da finalidadee da eficincia administrativa, em observncia ao princpio dasupremaciado interesse pblico.

    Qualquer iniciativa tendente a simplesmente determinar a desocupao do imvel emcomento, portanto - mister se desacompanhada, como in casu, de razes de interesse pblicoque possam justificar tal determinao - carecem de constitucionalidade.

    DDOOPPEEDDIIDDOO

    vista das questes de fato e de direito expostas alhures, a presente pea pararecorrer, com esteio no artigo 56, 1, da Lei n 9.784/1999, contra a deciso exarada nos autos

    do Processo Administrativo n 23145.000403/2007-94, consubstanciada nos Ofcios de ns136/DG/CEFET-SC, da lavra da Sra Diretora Geral do CEFET/SC, e 029/2008/DUF-CEFET/SC,da lavra do Sr. Diretor da Unidade de Florianpolis, ambos datados de 20.03.2008, e no Ofcio n667/2008-DG-CEFET/SC, da lavra da primeira autoridade, datado de 2.9.2008, requerendo sedigne Vossa Excelncia de reconhecer, no caso concreto, que o SINASEFE Seo SindicalCEFET/SC possui o direito de ver regularizada, pela administrao pblica, a situao deocupao do espao fsico onde vem funcionando sua sede desde 1983, cabendo Sra. Diretorageral do CEFET/SC a adoo das providncias necessrias e suficientes a tal regularizao,

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    adotando a modalidade que melhor convier Administrao Pblica, inclusive, em ultimo caso,modalidade onerosa, se assim se mostrar imprescindvel.

    Requer, ainda, seja determinado referida autoridade a suspenso da eficcia dos Ofciosde ns 136/DG/CEFET-SC, e n 667/2008-DG-CEFET/SC da sua lavra, bem assim di de n029/2008/DUF-CEFET/SC, da lavra do Sr. Diretor da Unidade de Florianpolis, ambos datadosde 20.03.2008, assim como do despacho exarado nos autos do Processo Administrativo n23145.000403/2007-94, os quais devero ser devidamente adaptados deciso aqui exarada.

    Florianpolis, 10 de setembro de 2008.

    Luis Fernando SilvaOAB/SC 9582