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09 Revista dos Antigos Estudantes da Universidade do Porto, Nº 09, II Série, Dezembro de 2009, 2.5 Euros O CÉU NÃO É O LIMITE, Pág. 14 DOCUMENTARISTA DOS “ESQUECIDOS”, Pág. 10 RENASCIMENTO DO OBSERVATÓRIO DE ASTRONOMIA, Pág. 12 ENTREVISTA A MARIA DE SOUSA, Pág. 18 A VIDA POÉTICA DE ARNALDO SARAIVA, Pág. 30 ÁFRICA SOB ESTUDO, Pág. 34 NOVOS PROJECTOS LIDERA, Pág. 38 ERASMUS EM VINDIMA NO DOURO, Pág. 42 TESOUROS DA CARTOGRAFIA NÁUTICA, Pág. 48

09 - sigarra.up.pt gem da U.Porto a fundação pública com regime de direito privado. Con- ... Assim se percebe o crescente prestígio internacional da U.Porto. A nossa ins- ... liderar

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09Revista dos Antigos Estudantes da Universidade do Porto, Nº 09, II Série, Dezembro de 2009, 2.5 Euros

O CÉU NÃO É O L IMITE , P á g. 1 4 DOCUMENTARISTA DOS “ESQUECIDOS” , P á g. 1 0

RENASCIMENTO DO OBSERVATÓRIO DE ASTRONOMIA , Pá g. 12 ENTREVISTA A MARIA DE SOUSA , P á g. 1 8 A VIDA POÉTICA DE ARNALDO SARAIVA , P á g. 3 0 ÁFRICA SOB ESTUDO, Pá g. 34 NOVOS PROJECTOS L IDERA, Pá g. 38 ERASMUS EM VINDIMA NO DOURO, P á g. 4 2 TESOUROS DA CARTOGRAFIA NÁUTICA , P á g. 4 8

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A última edição do ano da revista U.Porto Alumni presta-se, natural-mente, a um pequeno balanço das actividades desenvolvidas pela nossa Universidade em 2009. Devo dizer que encerramos o ano

com o sentimento de dever cumprido, pois foram muitas as metas alcan-çadas e muitas as perspectivas abertas para o futuro. De facto, 2009 foi um ano marcado por mudanças significativas no que diz respeito ao modelo de governo da U.Porto, mas também por uma evolução favorável ao nível da qualidade de ensino, das actividades de investigação, desenvolvimento e inovação, do empreendedorismo e da internacionalização.De destacar desde logo a aprovação, em Conselho de Ministros, da passa-gem da U.Porto a fundação pública com regime de direito privado. Con-cluiu-se assim um processo que foi precedido de um amplo debate interno sobre o assunto e de aturadas negociações com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, mediante as quais se assegurou um conjun-to de compromissos, garantias e condições indispensáveis à constituição da fundação. Desta forma, a U.Porto pôde aderir a um regime que possibi-lita uma maior flexibilidade e eficiência na gestão financeira, patrimonial e dos recursos humanos da instituição. Apesar do tempo e energia dedicados a este importante desiderato, não deixámos de perseguir os restantes objectivos definidos na nossa estra-tégia institucional. Um desses objectivos é colocar a U.Porto entre as 100 melhores universidades da Europa, meta de que nos aproximámos em vários rankings: SCImago Institutions Rankings (109.0 posição europeia), Professional Ranking of World Universities (131.0), Academic Ranking of

José CarlosMarques dos Santos

Reitor daUniversidadedo Porto

World Universities (171-208.0), Webometrics (40.0) e Performance Ranking of Scientific Papers for World Universities (140.0), por exemplo. Este último ranking mede a produção científica, que na nossa Universidade representa mais de 20% do total nacional.Assim se percebe o crescente prestígio internacional da U.Porto. A nossa ins-tituição está cada vez mais virada para o exterior, o que se traduz em protoco-los de cooperação com universidades de quase todo o mundo, na integração em numerosas redes interuniversitárias, na gestão de consórcios académicos a nível europeu, na participação em programas transnacionais de ensino/investigação e na organização de eventos de projecção mundial. Quanto à capacidade de atracção de estudantes, a U.Porto voltou em 2009 a liderar todos os indicadores que medem o acesso ao ensino superior público, registando uma inédita taxa de preenchimento de vagas de 100%, logo na primeira fase do concurso nacional. Isto apesar de ter sido a instituição com o maior número de vagas a concurso: 4.050. Por outro lado, a Universida-de recebeu, em 2009, 2.479 estudantes estrangeiros de 77 nacionalidades diferentes (mais de metade a realizar estudos para a obtenção de grau e os restantes ao abrigo de programas de mobilidade), o que constituiu um novo recorde para a instituição e representou um reforço do multiculturalismo na nossa comunidade académica.Sem ser exaustivo, podia ainda salientar, como factos relevantes de 2009, a celebração do “Ano de Pousão” (assinalando o 150.º aniversário do nasci-mento do pintor), a organização da exposição “Charles Darwin (1809-2009) – Evolução e Biodiversidade”, a inauguração dos primeiros espaços da incu-badora de empresas de base tecnológica no Porto de Leixões e a realização da I Gala do Desporto da nossa Universidade. De salientar ainda a oferta de um vasto e rico programa cultural totalmente aberto à sociedade e a participação no Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal, onde ocupamos já a primeira posição.Por aqui se vê a vitalidade da U.Porto, vitalidade essa à qual não é alheio o espírito de concretização e de trabalho da nossa comunidade académica. E é animado por esse mesmo espírito que termino desejando aos leitores da U.Porto Alumni um bem-aventurado ano de 2010.

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No CampusNotícias que marcaram a actualidade da comu-nidade académica, com destaque para a partici-pação da U.Porto na Feira Internacional de Educação de Banguecoque, para o arranque do Nomadic.0910 – Encontros entre Arte e Ciência, para o preenchi-mento total das vagas da Universidade no concurso de acesso de 2009/10 e ainda para o 4.º Programa de Estudos Universitários para Seniores.

Porto, Cidade, RegiãoCom 60 anos, o Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros é uma instituição de referência das Ciências da Terra e do Espaço e da Enge-nharia Geográfica. Importa, pois, conhecer a sua história e compreender o processo de requalificação de que tem sido alvo nos últimos anos. Novos horizontes se abrem, hoje, para o Observatório.

InvestigarCom mais de 10 anos de exis-tência, o Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (CEAUP) possui vasta experiência em formação pós-graduada e enquanto unidade de I&D obteve a classificação de “Muito Bom” pela FCT. Mas quis ir mais longe no conhecimento do “continente esquecido”, tendo para tanto requerido o estatuto de ONGD. Novas perspectivas se abrem agora para o CEAUP.

DesportoManuel Campos tem 28 anos, 20 deles passados entre as argolas, os saltos encarpados e os trampolins. Em Outubro último, o atleta e estudante da Faculdade de Desporto da U.Porto conse-guiu a melhor classificação nacional num Mundial de Ginástica Artística. Agora, o grande objectivo do ginasta é participar, em 2012, nos Jo-gos Olímpicos de Londres.

Alma MaterFoto-reportagem do quoti-diano da Faculdade de Eco-nomia (FEP). O emblemático edifício de Alfredo Viana de Lima (1913-1991) foi gizado em 1960 e é “uma compo-sição geral de grande quali-dade, notável pela pujança plástica retirada do betão, visível na articulação dos efeitos de ensombramento e luz”, segundo descrição do outrora IPPAR.

MéritoPrémios, distinções e des-cobertas que valorizam a comunidade académica da U.Porto. Destaque para os doutoramentos Honoris Cau-sa de Luís Portela, Guilherme de Oliveira Estrella, Jacques Rogge e Susan Hockfield, bem como para o Prémio Grunenthal Dor 2008 – Inves-tigação Básica atribuído à investigadora Isaura Tavares.

VintageDebaixo das escadas mo-numentais da Reitoria da U.Porto foram encontradas 22 cartas náuticas e seis vistas de costa, maioritaria-mente em bom estado. Os documentos terão sido ad-quiridos para aprendizagem na Aula Náutica, fundada no Porto em 1762. Agora, estão na posse do Museu de Ciên-cia da FCUP.

ErasmusNo âmbito da 1.ª edição do programa “Vindima Erasmus 2009”, 12 estudantes estran-geiros da U.Porto puderam desfrutar, durante três dias, de quase todos os encantos da mais antiga região demar-cada do mundo, o Douro. No final, e apesar de algum es-forço físico, o contentamento era geral entre os jovens.

Face-a-FaceEm entrevista, a investiga-dora Maria de Sousa, recen-temente jubilada, descreve uma vida, a sua, repleta de descobertas científicas e êxitos no campo da forma-ção. Conta porque decidiu dedicar-se à investigação, explica os resultados das suas pesquisas mais impor-tantes, caracteriza o pano-rama da ciência em Portu-gal e descreve o contributo formativo do programa de pós-graduação GABBA.

Em FocoO Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) foi um dos promo-tores do programa do Ano Internacional da Astronomia 2009, que assinalou o tra-balho de Galileu, e está en-volvido nas redes europeias que expandem a herança do sábio de Pisa. Alguns dos investigadores do CAUP participaram, recentemen-te, na descoberta de novos planetas extra-solares.

EmpreenderNo ano de 2008/2009 deu-se o alargamento dos Projectos Lidera a todas as faculdades da U.Porto, no âmbito do programa Viver a Inovação. Foram então apreciadas 80 propostas de projectos, mas só 52 se tor-naram Lidera. Perto de 500 estudantes de nove faculda-des estiveram, assim, envol-vidos nesta última edição da iniciativa, que pela primeira vez abarcou todas as unida-des orgânicas da U.Porto.

2020CulturaRecentemente jubilado, o en-saísta, cronista, antologista, poeta e professor catedrático da FLUP Arnaldo Saraiva es-pera, agora, dispor de mais tempo para se dedicar à lei-tura e à escrita. Diz ter cerca de 20 livros de ensaio por publicar e pretende criar, no Porto, uma grande biblioteca da cultura brasileira. No en-tretanto, gostava de continu-ar a “viver poeticamente”.

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NO CAMPUS

O potencial criativo existente na U.Porto está mais activo do que nunca desde o início do presente ano académico. A responsabilidade cabe ao Nomadic.0910 – Encontros entre Arte e Ciência, o ciclo de iniciativas organizado pela Reitoria da U.Porto com o objectivo de promover o diálogo entre a criação artística e a actividade científica, a partir dos vários pólos da Universidade e espaços associados.Comissariado por Heitor Alvelos (FBAUP) e Maria Strecht (ICBAS), o Nomadic.0910 “parte do reconhecimento de lugares híbridos entre arte e ciência” existentes na academia para se projectar num conjunto de eventos onde o desafio passa por ensaiar publicamente cruzamentos férteis entre os dois mundos. “Ainda que continue muito presente no senso comum, a divisão tradicional entre arte e

ciência faz cada vez menos sentido. Sempre existiu uma enorme criatividade nas disci-plinas científicas e, por outro lado, a arte necessita cada vez mais de se legitimar como ciência”, sustentam os dois professores da U.Porto.Palavras que, na prática, se configuram num projecto que se iniciou a 17 de Setembro, na Reitoria da U.Porto, com a conferência Internacional “Stories of Art and Science”. No mesmo dia foi inaugurada a exposição “Design 4 Science”, uma mostra organizada pela Universidade de Sunderland e que este-ve patente, até finais de Novembro, no Átrio de Química da Reitoria. O “prato forte” do Nomadic assenta, porém, no leque de eventos locais protagonizados pelos investigadores, professores e estudan-tes da U.Porto. Entre instalações, performan-ces, um ciclo de cinema, exposições de foto-grafia e ilustração e residências artísticas, destacam-se ainda acções conjuntas de várias unidades orgânicas. “Se estes cruzamentos derem frutos, podem vir a ser realizados pro-jectos de investigação de maior longevida-de”, perspectiva Heitor Alvelos, antecipando a conferência que vai assinalar, em Março de 2010, o encerramento do Nomadic.0910.Informação actualizada sobre as iniciativas Nomadic.0910, abertas à comunidade aca-démica da U.Porto e também ao público em geral, pode ser obtida no endereço http://nomadic.up.pt. TR e RFM

ENCONTROS ENTRE ARTE E CIÊNCIA

CIÊNCIA EM “DIÁLOGO” NA REITORIA

PRIMEIROS DIPLOMADOS DO MAGELLAN MBA

À CONQUISTADA ÁSIA

Tudo começou com um cientista e um bispo sentados à mesma mesa. Por essa mesma mesa passaram, entretanto, políticos, médicos, engenheiros, escritores e astrólogos, todos eles movidos pelo desafio de criar “Diálogos com a Ciência”, o ciclo de conferências que, desde o início de Outubro, tem como palco a Reitoria da U.Porto.Comissariado por Vicente Ferreira da Silva, o projecto aponta para a “criação de pontes entre vários campos do saber” que se fun-dem com a ciência. Um objectivo cumprido a avaliar pelos primeiros de uma série de onze diálogos que, até Março de 2010, vão analisar a relação entre a ciência e campos do conhe-cimento como a religião, a poesia, o humanis-mo, o esoterismo, a política, a arte, a ética, a cidadania e a ciência militar. “As expectativas

foram excedidas a partir da primeira confe-rência. Temos tido mais de cem pessoas por sessão, o que, tratando-se de um evento que decorre a meio da semana, é muito bom”, des-taca o comissário.Para o sucesso dos “Diálogos” têm contribu-ído mais de 30 personalidades a quem cabe dinamizar as várias sessões. Dom Manuel Clemente, Paulo Portas e João Lobo Antunes foram algumas das figuras que passaram pe-los “Diálogos”, em 2009. A estes juntar-se-ão, nas sete sessões agendadas para 2010, nomes como Fernando Nobre, Adriano Moreira, Nuno Júdice e Alexandre Quintanilha. “A Universi-dade não pode ser uma coisa fechada”, desafia Vicente Ferreira da Silva, vincando o propósito de “se criarem relações externas, não só com personalidades fora da Universidade, mas com a própria cidade e a sua população”.A última sessão do ciclo, agendada para 18 de Março, tem como convidados o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.Os “Diálogos com a Ciência” são abertos ao público e decorrem sempre à quinta-feira, pelas 21h30, no Auditório Gomes Teixeira, na Reitoria da U.Porto. O programa completo pode ser consultado em http://dialogos2009.wordpress.com.TR

A EGP – University of Porto Business School (EGP-UPBS) acolheu, no passado dia 20 de Novembro, a sessão de entrega de diplomas aos estudantes que integraram a primeira edi-ção do programa The Magellan MBA. No total foram distinguidos 23 finalistas do programa iniciado no ano lectivo de 2008/2009, resul-tante da fusão dos programas de formação avançada em Gestão das universidades de Aveiro, Coimbra, Minho e Porto e do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa.Totalmente leccionado em inglês, o The Ma-gellan MBA foi pensado de modo a ser com-petitivo no mercado internacional dos MBA`s (Master in Business Administration) e atrair candidatos de todo o mundo, especialmente do Norte da Península Ibérica. As aulas de-

correm nas instalações da EGP-UPBS e da Escola de Gestão Empresarial (universidades de Aveiro e Católica), e contam com a parti-cipação de professores das cinco instituições nacionais e de dois parceiros internacionais: a London Business School e o Instituto de Em-presa (Espanha).Durante a cerimónia – na qual marcaram pre-sença o reitor da U.Porto, José Carlos Marques dos Santos, o dean da EGP-UPBS, Nuno Sousa Pereira, o coordenador do The Magellan MBA, Jorge Farinha, e o CEO da Martifer, Jorge Mar-tins (orador convidado) –, foi ainda entregue o Magellan MBA Award, destinado ao estudante que mais se destacou ao longo do ano lectivo, tanto pelas suas capacidades académicas como pelas suas qualidades humanas. O vencedor foi André Justino Soares Lopes, li-cenciado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), que doou os 2.500 euros do prémio à Casa do Gaiato.TR

Quase 500 anos depois dos navegadores por-tugueses terem sido os primeiros ocidentais a entrar em contacto com o povo tailandês, a U.Porto repetiu esse percurso para participar, pela primeira vez, na Feira Internacional de Educação de Banguecoque, realizada a 31 de Outubro e 1 de Novembro últimos.Mais de 31 mil visitantes, à procura de novas oportunidades de ensino fora dos seus países natais, passaram pelo recinto da exposição que contou com a participação de mais de 240 universidades de 29 países diferentes.A U.Porto foi uma das três universidades por-tuguesas presentes, todas incluídas na missão organizada pela União Europeia, que aposta cada vez mais na Ásia como mercado de recru-tamento de “cérebros”.Centenas de jovens e famílias de toda a Ásia

visitaram o stand da U.Porto, especialmente interessados nos cursos de mestrado e douto-ramento leccionados na Universidade. Mais de 100 manifestaram oficialmente essa vonta-de por escrito.Para isso também terá contribuído o já longo historial de mobilidade estudantil entre a U.Porto e a Tailândia: cerca de 50 tailandeses estudaram no Porto durante os últimos 10 anos e alguns deles ofereceram-se para dar o seu testemunho aos visitantes da feira.De facto, a delegação da U.Porto aproveitou a deslocação para reforçar a sua cooperação com várias universidades tailandesas, abrindo portas à elaboração de novos acordos bilate-rais de colaboração.Por outro lado, a presença da U.Porto teve como resultados imediatos a inscrição de novos estudantes tailandeses em programas de doutoramento, um aumento significativo de pedidos de informação e a confirmação da participação da Universidade nas comemo-rações oficiais dos 500 anos da chegada dos portugueses à Tailândia.RS

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Uma equipa de investigadores do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da U.Porto (IPATIMUP) liderada por Raquel Seruca (na foto) identificou, pela primeira vez, um gene mutado no cancro gastrointestinal que poderá servir como biomarcador de prognóstico (para perceber o estado da doença), modificar a te-rapêutica dos doentes ou ajudar a desenvolver novos fármacos. Apesar de já antes ser conhecido o envolvi-mento desta proteína na proliferação celular, Raquel Seruca esclarece que “não se sabia que podia estar mutada no cancro”. Para chegar a esta conclusão, o grupo responsável pelo estudo realizou um conjunto de ensaios in vitro e estudos bioinformáticos que de-monstraram a importância das mutações na indução de tumores. A preocupação em encontrar genes muta-dos, especialmente nos cancros colo-rectal

e gástrico, “já é antiga”, acrescenta Raquel Seruca, que lança outro

desafio: “Agora são necessários outros estudos, de outros

grupos, para suportar estas observações”. Para além do IPATIMUP, a investigação envolveu

ainda cientistas do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) e do Instituto

de Biotecnologia e Bioengenharia (IBB) do Insti-tuto Superior Técnico.

A U.Porto recebeu mais estudantes e inves-tigadores estrangeiros em 2008/09 do que em qualquer outro ano da sua história. No mesmo período, reforçou a cooperação com instituições universitárias de todo o mundo e subiu posições nos mais importantes rankin-gs internacionais do Ensino Superior. Estes são alguns dos dados disponibilizados pelo Relatório de Internacionalização da U.Porto 2008/2009 (RI0809), divulgado em Novembro passado.Do ano mais internacional da U.Porto, co-meçam por se destacar os cerca de 2500 estudantes e investigadores de 77 países que ali realizaram os seus estudos superiores (8,3% do total de estudantes da instituição) ao abrigo de 1073 acordos e programas de mobilidade que envolvem a Universidade. A estes juntam-se os 53 projectos de cooperação internacional em que a U.Porto se encontra envolvida, cabendo-lhe a coordenação de de-zassete desses consórcios.Contas feitas, a ascensão nos rankings inter-nacionais de instituições do ensino superior é o reflexo lógico de uma estratégia que, até 2011 (ano do centenário), visa fixar a U.Porto no top 100 das universidades europeias. Um objectivo que ficou mais próximo com as subi-das registadas nos rankings de investigação: Taiwan (140.º lugar na Europa) e Scimago (109.º), e no Webometrics (40.º). Consistente é também a presença da U.Porto nas últimas edições dos rankings de Shangai (171.º) e do Times (220.º).Apesar dos números positivos, a fasquia da internacionalização permanece em alta para 2009/2010. O primeiro sinal foi dado pelos mais de 1000 estudantes inscritos na U.Porto só no primeiro semestre do ano, ao abrigo de programas de mobilidade temporária (em 2008/09, o número total foi de 1225 estu-dantes). Para o reitor da U.Porto, José Carlos Marques dos Santos, a meta passa pela aposta numa “universidade cada vez mais interna-cionalizada”, com pelo menos “10% de alunos estrangeiros”.O RI0809 pode ser consultado na área “Inter-nacional” do site da U.Porto, em http://www.up.pt.TR com JPN

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A Unidade de Prestação de Serviços em Inter-faces e Macromoléculas (SUIM) desenvolve um vasto conjunto de actividades de I&D e de formação técnica dirigidas a empresas, or-ganismos públicos e centros de investigação. Para tanto, a SUIM dispõe de equipamento tecnologicamente sofisticado, recursos hu-manos bastante qualificados e conhecimento científico avançado. Esta unidade encontra-se, de resto, sedeada no Laboratório de Biointer-faces do INEB – Instituto de Engenharia Bio-médica, uma associação privada que goza de grande prestígio científico e da qual a U.Porto é membro fundador.Refira-se, a propósito, que a SUIM possui uma série de equipamentos de caracterização avançada (física, química e estrutural) de ma-teriais e superfícies, tanto à escala micromé-trica como nanométrica. Por conseguinte, está particularmente vocacionada para o estudo da interacção de superfícies e interfaces de mate-riais com células e tecidos.Importa salientar ainda que a SUIM intro-duziu um Sistema de Gestão da Qualidade, de acordo com a norma ISO 9001:2008. Isto significa que, nesta unidade do INEB, os en-saios são realizados com elevados níveis de exigência, tendo em conta os procedimentos implementados.Para mais informações, deve consultar-se a webpage http://www.ineb.up.pt/index.php?content=46 ou contactar a SUIM atra-vés do endereço de correio electrónico [email protected] dizer que o INEB, que institucionalmen-te se encontra ligado ao Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), foi fundado em 1989 e, hoje, conta com cerca de 100 colabora-dores, 35 das quais doutorados e 38 estudan-tes de pós-graduação. Em 2000, foi concedido ao IBMC.INEB o estatuto de Laboratório Associado. Sob o lema “Engenharia que vive”, o INEB orienta “a sua investigação para o de-senvolvimento de tecnologias, equipamentos e materiais destinados a melhorar a qualidade de vida das pessoas, inspirando-se frequente-mente nos sistemas vivos”.RMG

Têm mais de meio século de experiência, uma licenciatura no currículo e vontade de alargar conhecimentos na maior universidade portu-guesa. É este o perfil procurado pela U.Porto no sentido de preencher – até 6 de Fevereiro de 2010 – as vagas disponíveis para a 4.ª edição do Programa de Estudos Universitários para Seniores (PEUS), um projecto que, desde 2006, promove o regresso à Universidade de licenciados com idade igual ou superior a 55 anos.Com a duração de dois anos lectivos, o PEUS visa incentivar a (re)actualização de conheci-mentos e o desenvolvimento pessoal dos seus participantes, a partir do acesso a um conjunto de matérias diversificadas, muitas das quais ligadas à cidade do Porto. Geografia, Patrimó-nio e História do Porto; Língua, Literaturas, Fi-guras e Arquitectura da cidade; Direito Aplica-do à Vida Quotidiana, Informática, Astronomia e Inglês são algumas das disciplinas a abordar com o apoio de docentes da Universidade. O curso propõe ainda um terceiro ano opcional que, para além de permitir a frequência de ou-tras disciplinas na área das humanidades ou ciências, visa a elaboração de uma monografia em torno de uma das temáticas tratadas ao longo da formação.Com início marcado para 9 de Março (1º semestre), as aulas do PEUS realizam-se, maioritariamente, nas instalações da Faculdade de Letras da U.Porto, de terça a quinta-feira, das 15h30 às 17h30. As aulas teóricas serão com-plementadas por visitas de estudos, pesquisas de campo e intercâmbios com outras universidades inter-nacionais.Para esclarecimento de dúvidas sobre o processo de candidatura e informações mais detalhadas sobre o PEUS, os interessados devem contactar a Unidade de Educação Contínua da Reitoria da U.Porto – através dos telefones 220 408 053 / 220408198 ou do e-mail: [email protected] – ou visitar a página do programa em http://www.up.pt -> Estudar na U.Porto -> Estudos Seniores.TR

No âmbito das suas actividades de ligação à comunidade local, foi recentemente criada a Comissão de Voluntariado da U.Porto, estru-tura que pretende reunir e coordenar num mesmo espaço todos os projectos de volunta-riado da Universidade, para assim promover mais eficazmente uma maior participação da instituição em acções de apoio social.Neste momento, existem já cerca de dez iniciativas de voluntariado organizadas na U.Porto, divididas pelas várias faculdades e por acções tão díspares como o apoio tutorial a alunos do Ensino Básico e Secundário ou a estudantes universitários estrangeiros e o desenvolvimento de acções de assistência humanitária.A U.Porto recolheu e organizou a experiência adquirida por estes grupos autónomos para criar, então, uma estrutura – a Comissão de Voluntariado da U.Porto – capaz de estender a toda a Academia o espírito de apoio à co-munidade.A primeira acção pública desta Comissão, o I Encontro de Voluntariado na Universidade, realizou-se precisamente na véspera do Dia Internacional do Voluntariado, que se celebra a 5 de Dezembro. O evento reuniu, no Salão Nobre da Reito-ria, os grupos de estudantes voluntários da U.Porto e representantes de entidades nacio-nais de apoio ao voluntariado e de organiza-ções de recepção de trabalho voluntário. Como primeira consequência deste encontro ficou a promessa da criação de uma Bolsa de Voluntários, constituída por funcionários, do-centes, estudantes e antigos estudantes que desejem participar nos projectos de volunta-riado organizados pela Universidade. Os interessados podem inscrever-se através do e-mail [email protected]

NO CAMPUS

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A U.Porto conseguiu este ano mais uma marca histórica: foi a primeira universidade portu-guesa a conseguir preencher todas as suas vagas na primeira fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior.Mesmo sendo a instituição com o maior nú-mero de vagas a concurso (4.050), a U.Porto conseguiu atrair um número suficiente de candidatos a “caloiros” para registar uns inéditos 100% de taxa de preenchimento de vagas, no início deste ano lectivo.Na verdade, com um total de 4.052 candida-tos colocados, a U.Porto conseguiu mesmo ultrapassar o número de vagas inicialmente colocadas a concurso – as duas vagas adicio-nais foram criadas para resolver situações de empate entre candidatos –, liderando este indicador entre as instituições universitárias públicas.A U.Porto liderou mesmo todos os indicadores do concurso nacional de acesso ao Ensino Su-perior Público Universitário, ao ser também a instituição com a mais alta classificação média ponderada do último colocado: 15,5 valores. Para isso muito contribuiu o facto de pertence-rem à U.Porto os três cursos com as mais altas notas de entrada do país (Medicina da Facul-dade de Medicina; Arquitectura da Faculdade de Arquitectura; e Medicina do ICBAS – Insti-tuto de Ciências Biomédicas Abel Salazar). A U.Porto, que conseguiu ainda incluir o curso de Bioengenharia da Faculdade de Engenha-ria no top 10 das mais altas notas de entrada, foi mesmo a única instituição nacional a colo-car mais do que um curso nos dez primeiros desta lista.RS

U.PORTOPREENCHE100% DAS VAGAS

NO CAMPUS ESTÓRIAS

Decorria o ano académico de 1946 e nós estávamos no 1.0 ano de Engenharia, depois de termos passado três anos a frequentar a Faculdade de Ciências, con-

forme o esquema de então. Entre várias disciplinas tínhamos uma que se intitulava Teoria Geral e Descrição de Máquinas, cujo Lente era o Eng. Paulo Barbosa – pessoa bastante sisuda, demasiado exigente, atingindo por vezes, ou mesmo muitas vezes, o exagero. Vários colegas se queixaram de reprovações injustas, que lhes tinham atraso o seu curso. Não era visto, por consequência, com simpatia pelos alunos. Num período de “frequências” (termo usado nessa época para se designarem as provas periódicas que se realizavam para aquilatar dos conhecimentos dos alunos), logo que nos sen-támos para sermos submetidos a uma dessas provas, fomos informados de que as perguntas seriam ditadas pelo Professor, uma de cada vez, assim que fosse dada a resposta anterior. O Professor marcava o tempo e, sem apelo nem agravo, termina-do esse tempo que era anunciado no início de cada pergunta, seria ditada a seguinte. Além de tal exigência, chamava-se a atenção para a letra que devia ser legível e para os esquemas que também tinham de ser bem desenhados. Caso contrário, as classificações das provas seriam afectadas. Imediatamente se sentiu um murmúrio pela sala que fazia prever o grande descontentamento sentido pela “malta”. Acabada a prova, saímos e imediatamente se gerou um mo-vimento de repúdio e de contestação, de tal forma que ficou decidido, logo ali, que não se frequentariam as aulas e que se iria pedir uma audiência ao director, que era o Prof. Dr. Antão de Almeida Garrett, para pedir a substituição do Mestre.Esta nossa atitude foi conhecida em toda a massa académica e em breve surgia uma lista de apoio com elevado número de assi-naturas, algumas de engenheiros já formados há uns tempos.

Como a disciplina era comum a todas as especialidades de En-genharia existentes nessa época – Civil, Electrotecnia, Mecâni-ca, Minas e Químico-Industrial – e alguns dos cursos bastante numerosos, os alunos atingiam cerca de 200!Nas horas da aula, o átrio de entrada da Faculdade de Engenha-ria enchia-se totalmente, o corredor ficava vazio, assim como a sala de aula (que era o anfiteatro para poder conter tal número de alunos), enquanto o Professor escrevia no quadro negro o sumário da matéria destinada àquele dia. Passou-se algum tempo até sermos recebidos pelo Director e pelo Reitor, Dr. Amândio Tavares, que entretanto nos tinha aconselhado a enviarmos os “sebenteiros” às aulas para evitar que as nossas ausências fossem consideradas faltas colectivas, o que implicaria com o estado político vigente. Finalmente, no início de uma aula prática regida pelo Eng. Fernando Madei-ra (aulas, essas, que se tinham mantido), este anunciou-nos, dando-nos os parabéns, que as aulas teóricas iam recomeçar e que o Professor seria o Dr. Miguel Machado. Tínhamos ganho aquela batalha. Contudo, tenho de confessar que, na minha vida profissional, principalmente nos primeiros tempos, foram-me bastante úteis os ensinamentos recebidos nas aulas do Prof. Paulo Bar-bosa, recorrendo, por vezes, à respectiva “sebenta”.

Uma greve académica em 1946

Joaquim Emílio Torcato BarrocaCuso de Engenharia Electrotécnica

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PERCURSO

Aos 32 anos, Pedro Neves sabe bem o que é testemunhar situações de pobreza e decadência humana. Desde 1999, ano em que começou a trabalhar como jornalis-

ta/colaborador do jornal Expresso, já passou por “zonas proi-bidas” como os bairros da Bela Vista e da Cova da Moura, em Lisboa, e os vários bairros de “bolinha vermelha” que pontuam a geografia do Porto. Mas naquela noite de 8 de Fevereiro de 2008, os números atingiram-no no estômago. “Fui fazer um trabalho sobre o lançamento do ‘Livro Negro da Pobreza do Porto’ [edição do Bloco de Esquerda] e percebi que havia mais de meio milhão de pessoas a viver na pobreza, no distrito. De-cidi que queria fazer alguma coisa”, revela o homem que, entre 2007 e 2008, percorreu os lugares escondidos da Invicta para a filmagem e produção de “Os Esquecidos”, o documentário que originou uma série de oito curtas-metragens documentais a preto e branco publicadas no site do Expresso.Pedro Neves não é um jornalista convencional ou, pelo menos, à imagem dos gurus da objectividade que lhe tentaram impor na licenciatura em Ciências da Comunicação (pela Universi-dade Fernando Pessoa), concluída em 1999. “É uma mentira que contam nas escolas e nas redacções. Eu não sei ser objec-tivo”, atira. Talvez por isso se assuma como documentarista, a arte que abraçou, “quase por acaso”, com a ajuda da U.Porto. “A minha namorada, agora minha mulher, viu num jornal o anúncio de uma pós-graduação em Documentário na Faculda-de de Letras [FLUP]. Fui, e foi uma coisa espantosa”, recorda. Tanto que, concluída a formação em 2002, regressaria à FLUP para frequentar e concluir, em 2007, a primeira – e única – edição do mestrado em Cultura e Comunicação, na variante de Documentário.

Marcadas as posições, rebobinem-se 40 horas de filmagens até ao dia em que Pedro Neves descobriu que “não é fácil entrar no mundo da pobreza do Porto”, a não ser que se tenha um amigo como o “Chalana” (José António Pinto), o assistente social da Junta de Campanhã que lhe abriu a portas d’“Os Esquecidos”. As estatísticas diziam-lhe que o perfil dos pobres do distrito correspondia a idosos, famílias monoparentais, jovens com abandono escolar precoce e desempregados. Pedro Neves op-tou por procurá-los sozinho e sem prazos. “As pessoas acham que, para se fazer uma reportagem, se fala com alguém duran-te dez minutos, conhece-se-lhe a vida toda e depois se trans-mite a verdade absoluta. É mentira. No documentário há mais tempo para criar uma relação de confiança que permita que a pessoa não esteja preocupada com o que os outros querem que diga, mas com aquilo que verdadeiramente sente”, diz.Foi nesse percurso de descoberta que Pedro Neves se cruzou com Candidinha, a mulher que vivia numa barraca improvi-sada num galinheiro, com o marido que “até não lhe bate” e um filho toxicodependente. Ou Ramiro, um homem que vivia “como um cão” com a mulher doente, numa casa sem casa de banho. Ou Zé Luís, Albino, Helena, Alexandre, entre muitos outros nomes que ficaram impressos na memória. “Não dá para desligar. Eu ia regularmente ter com as pessoas. Filmava um dia e ia no dia seguinte se fosse preciso. Às vezes parecia que transportava os cheiros comigo”. Não são precisos avisos intimidadores com cães imaginários para desencorajar a entra-da no Porto esquecido. “Aquela gente é que está lá e tem um nome, mas é mais confortável não olhar”.

“Um filme não muda nada” mas…Estima-se que 30 mil pessoas tenham visto “Os Esquecidos” no Expresso online. Outras centenas estiveram nas sessões de apresentação em Lisboa (a última das quais no festival Do-cLisboa 2009), em Leiria e Alcobaça. “Em todas se gerou um debate que só acabou porque tiveram que nos calar. A verdade é que mexe com as pessoas o facto de verem que [‘os Esqueci-dos’] vivem no Porto, não são os refugiados africanos que nos levam o rendimento mínimo, nem os ciganos que roubam. São brancos iguais a nós”.Pedro Neves não voltou aos bairros e “ilhas” de Campanhã desde o final da rodagem do documentário, mas conhece os passos de cada um dos “actores” acidentais que passaram pela sua objectiva. Como o senhor Albino, a dona Helena e o Ale-xandre, que “até estão numa casa nova” e o “convidaram para lá ir jantar”. Em muitos dos casos, porém, a realidade serve-se crua. “O José Luís anda a viver em pensões. O Senhor Ramiro e a Dona Laurinda continuam a viver no mesmo buraco. A Can-didinha também”. À pergunta lógica antecipa-se Pedro Neves: “Um filme por si só não muda nada! Quem pode mudar são os políticos”. Nem a propósito, a CDU vai apresentar excertos do filme numa próxima sessão da Assembleia Municipal do Porto. “A ver se dá alguma coisa…”.

Ao desencanto com a política, Pedro Neves junta algum desânimo face ao estado do documentarismo em Por-tugal. Apesar de notar a crescente “democratização dos meios” e o “maior interesse das pessoas”, o realizador queixa-se do “fosso” existente entre Porto e Lisboa. “Os subsídios vão todos lá para baixo” e as consequências são evidentes: “Um trabalho de montagem que me levaria um mês e meio, leva-me quatro ou cinco meses porque tenho que trabalhar noutras coisas. Os documentários não dão dinheiro”, sentencia.Ainda assim, Pedro Neves está decidido a “viver só dos documentários”. O currículo ajuda. Antes de “Os Esque-cidos”, filmou “A Olhar o Mar” (Portugal), distinguido com o Prémio do Público do Festival de Cinema e Vídeo de Vancouver e, ainda em 2007, co-realizou a curta-me-tragem documental “En la Barberia” (Cuba), presente em diversos festivais internacionais. Para além disso, é sócio fundador da Red Desert, uma produtora que desenvolve, desde 2008, vários projectos na área do documentário. Entre os projectos do jornalista/empresário/académico e sempre “documentarista” está ainda a publicação da tese de mestrado concluída na FLUP, sobre documentarismo no 25 de Abril, “o período da nossa História em que mais se filmou e experimentou”. Um tema que traz à memória “as noites passadas a escrever”, enquanto a filha recém-nascida “chorava no quarto ao lado”. O passo em falso não se repete. “Tive uma orientadora fantástica – a pro-fessora Conceição Meireles –, com uma paciência incrí-vel. Além disso, pedi que o arguente na apresentação da tese fosse o professor Eduardo Geada, que é a pessoa que mais escreveu sobre o meu tema. Hoje somos ami-gos”. Ignorar os amigos é pecado mortal para quem já passou pela terra d’“Os Esquecidos”, até porque, mais de um ano depois, as marcas ainda se reflectem em Pe-dro Neves: “Gostava de fazer um documentário sobre a solidão…”.

Pedro Neves

Foi à terra d’“Os Esquecidos” e voltou para contar

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Quando foi fundado, o Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros

estava na vanguarda mundial das Ciências da Terra e do Espaço e da

Engenharia Geográfica. Todavia, com o decorrer do tempo, os seus

equipamentos deterioraram-se, não teve capacidade económica para

acompanhar a evolução tecnológica, foi condicionado pela poluição do Monte da Virgem e viu o seu orça-

mento minguar. Contudo, soube rea-gir e passou a prestar mais serviços à comunidade, a desenvolver novas linhas de investigação e a angariar

fontes alternativas de financiamen-to. Agora, o futuro do Observatório já não se encontra toldado por nu-

vens sombrias.

Foi ainda no final da década de 30 que Manuel de Barros, então assistente da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP), começou a congeminar a construção de um

observatório astronómico que viria a ser projectado, em 1936, pela Direcção de Edifícios Nacionais do Porto, a pedido do Ga-binete de Astronomia da FCUP. Destinado exclusivamente ao ensino na sua vertente prática, o Observatório Astronómico do Porto (como na altura era designado, até a Faculdade lhe atri-buir o nome do seu mentor após falecimento deste, em 1971) estava previsto para o Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia. Tratava-se de um local ermo, relativamente próximo do Porto e com uma cota (235 metros) que o colocava a salvo da proverbial bruma portuense.Graças à pertinácia de Manuel de Barros, o Observatório foi concluído em 1948 e viria a ser equipado com um círculo me-ridiano de espelho. Este instrumento destinado à determina-ção das horas e à observação dos astros era bastante sofisticado para a época, só existindo no mundo três círculos meridianos com as mesmas características (hoje, só o de Gaia e o de Pulko-vo, na Rússia, é que permanecem em funcionamento). De res-to, quem propôs o círculo meridiano de espelho foi o físico R. d’E. Atkinson, do Observatório de Greenwich, organismo no qual Manuel de Barros permaneceu como bolseiro do Instituto para a Alta Cultura. Convencido por Atkinson das vantagens do moderníssimo instrumento, o professor da FCUP obteve dos ministérios da Educação e das Obras Públicas verbas es-peciais para a construção e instalação do círculo meridiano de espelho.

R I C A R D O M I G U E L G O M E S

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Embora com o apoio de R. d’E. Atkinson, coube ao Observatório Astronómico do Porto projectar o círculo meridiano de espelho, sob orientação de Manuel de Barros. Mais: uma boa parte das compo-nentes mecânicas e electrónicas do instrumento foram construídas pelo próprio Observatório, o que permitiu uma redução considerá-vel de custos e a formação de um centro de trabalho de Astronomia. Refira-se, a propósito, que o Obser-vatório dispunha de uma oficina de mecânica e electrónica, onde ins-trumentação diversa foi, ao longo dos anos, concebida com grande rigor científico. Na altura, o Observatório dedicava-se essencialmente à Astronomia Posicional (determinação de posi-ções para produção de cartografia,

por exemplo) e permitia aos estudantes do curso de Engenha-ria Geográfica da FCUP (ainda não existia o curso de Astro-nomia) observações práticas no âmbito desta área de estudo. Neste pressuposto, foi também construída no Monte da Vir-gem uma torre para montagem de telescópios, equipada com uma cúpula para observações astronómicas. E ainda antes de falecer, Manuel de Barros logrou captar verbas (mormente do Instituto para a Alta Cultura e da Fundação Gulbenkian) para a instalação de um telescópio com um espelho de 30 polegadas (76 cm), dimensões grandiosas para a época e ainda hoje úni-cas num equipamento deste tipo em Portugal. O projecto seria concluído já após o falecimento de Manuel de Barros, que seria substituído pelo professor José Pereira Osório.

Introdução de sistemas GPSSob a direcção de José Pereira Osório, o Observatório volta a modernizar o seu equipamento e a manter-se na vanguarda tecnológica. Desta feita foi introduzido, já na década de 80, um sistema GPS (sistema de posicionamento geográfico que determina as coordenadas de um lugar na Terra, a partir de sa-télites artificiais). Aliás, o Observatório foi o primeiro instituto a desenvolver projectos de investigação nas áreas do posicio-namento por satélite e da detecção remota, tendo para tanto integrado grupos de pesquisa internacionais.O Observatório estava, então, mais direccionado para a Enge-nharia Geográfica, acompanhando, justamente, a evolução que esta disciplina conheceu com a utilização dos satélites artifi-ciais. Tal não significou, contudo, o abandono da investigação mais directamente relacionada com a observação de corpos ce-lestes. Uma prova disso mesmo foi a instalação, também na dé-cada de 80, do primeiro radiotelescópio em Portugal, também

PORTO, CIDADE, REGIÃO

ele construído no Observatório. Contudo, o radiotelescópio se-ria deslocado para Arouca devido à poluição electromagnética (antenas de rádio e telemóveis) no Monte da Virgem e, hoje, está instalado na Pampilhosa da Serra, ao abrigo do projecto GEM (Cartografia da Emissão Galáctica).Paralelamente aos projectos de investigação desenvolvidos so-bretudo por estudantes de pós-graduação, o Observatório aco-lhia ainda as aulas dos 4.0 e 5.0 anos do curso de Engenharia Geográfica. Mas deixou de o fazer aquando da transferência da FCUP para as novas instalações no Campo Alegre, no ano escolar de 1996-97. Nessa altura, o orçamento do Observatório foi significativamente reduzido e, já sob a direcção de Luísa Bastos, o instituto teve de encontrar fontes alternativas de fi-nanciamento. “Desde sempre foi minha preocupação a abertu-ra do Observatório ao exterior e a rentabilização dos resultados da investigação, através da resolução de problemas concretos da comunidade”, esclarece Luísa Bastos. Neste sentido, para além da participação em projectos cientí-ficos nacionais e internacionais, o Observatório passou a pres-tar serviços de apoio técnico e consultoria quer a empresas do sector privado, quer a organismos públicos. Estes serviços centram-se nos domínios do posicionamento e navegação por satélite, dos sistemas de informação geográfica, da produção de cartografia, da detecção remota, da altimetria área e por sa-télite, da geodesia espacial e geodinâmica e da radioastrono-mia solar. Nestes âmbitos, merecem destaque os projectos que o Observatório desenvolveu com o Parque Biológico de Gaia (monitorização do litoral do concelho de Gaia), com a APDL (monitorização da restinga do Douro) ou com os STCP (insta-lação de navegação por satélite nos autocarros).

Projecto com a GaianimaActualmente, o Observatório está a lançar as bases de um pro-jecto que vai ser implementado em parceria com a empresa municipal Gaianima. Projecto esse que visa retomar as activi-dades de divulgação científica e tecnológica já antes desenvol-vidas pelo instituto, mas, por ora, dirigidas apenas às 12 mil crianças das escolas básicas do concelho de Gaia. Recorde-se que, no passado, o Observatório chegou a organizar visitas de estudo para, em média, 2.000 alunos por ano. Todavia, devido aos cortes orçamentais já referidos, deixou de ter recursos hu-manos para o fazer. O contacto com a Gaianima foi estabelecido pela Reitoria da U.Porto, que está a financiar a recuperação do núcleo muse-ológico do Observatório. Os trabalhos de restauro do círculo meridiano de espelho já estão em curso, seguindo-se os do telescópio de 30 polegadas. E uma vez recuperados estes equi-pamentos, o Observatório espera arrancar com o projecto com a Gaianima – o qual prevê a formação de monitores para acom-panharem as visitas de estudo e a reconversão das oficinas, de forma a tornar estes espaços mais aprazíveis para as crianças e mais adequados às acções pedagógicas que aí vão ter lugar. “Agora olhamos com mais esperança para o futuro”, conclui Luísa Bastos.

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Há 400 anos, mais ou menos por esta altura (final de 1609), um modesto professor de Mecânica da Uni-versidade de Pádua, de 45 anos, nascido em Pisa, Itá-

lia, apontava para os céus um telescópio aperfeiçoado por si, instrumento que tinha sido descoberto cerca de um ano antes, provavelmente na Holanda. A forma como o fez, o que viu, como o registou e analisou, mudaram o mundo e estão na ori-gem da ciência moderna.Galileu Galilei, com o telescópio que construíra para aumentar até 20 vezes, começou por observar a Lua, registando metodi-camente as várias fases e desenhando as rugosidades da sua superfície – algo que nunca tinha sido observado. Virou ainda o telescópio para Júpiter e descobriu quatro dos seus mais de 60 satélites conhecidos actualmente. Assim, nem todos os cor-pos gravitavam a Terra, ao contrário do que estabelecia o sis-tema de Ptolomeu. Ainda mais esclarecedoras foram as obser-vações das fases de Vénus. Como eram diferentes das da Lua, atingindo a dimensão máxima com a fase semelhante à da Lua e diminuindo de tamanho à medida que avançava para uma fase semelhante à da Lua cheia, não poderia orbitar a Terra e girava antes à volta do Sol. Inéditas foram também as observa-ções do Sol, nas quais notou manchas solares e constatou que o astro rodava em torno de um eixo. As observações, a análise e os comentários foram publicados no livro “Sidereus Nuncius” (“Mensageiro das Estrelas”), dado à estampa em 1610.

Porto com vista para o UniversoOs “mensageiros das estrelas” da actualidade trabalham em regime de parceria, através de redes de investigação frequente-mente à escala global, e usam equipamentos que dificilmente poderiam ser construídos e mantidos sem essas colaborações. Na senda dos trabalhos iniciáticos de Galileu trabalham actu-almente grandes organizações, como a Agência Espacial Eu-ropeia (ESA), o Observatório Europeu do Sul (ESO) – com os seus actuais três equipamentos a funcionarem no Chile e um quarto em construção – ou o gigante americano NASA. Portu-gal participa na ESA e no ESO e, deste modo, os investigadores do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) têm acesso, mediante candidatura, aos equipamentos mais avança-dos do mundo e conseguem atrair investigadores estrangeiros para trabalhar no CAUP. Para os três dos mais avançados locais de observação astronómica do mundo, localizados no Deserto de Atacama, no Chile, o ESO recebe cerca de 2000 propos-tas por ano, correspondentes a cinco ou seis vezes o tempo disponível para observação, segundo dados do site do próprio Observatório (http://www.eso.org).No telescópio de 3,5 metros de diâmetro de La Silla, no Chile, está instalado o HARPS (High Accuracy Radial Velocity Planet Searcher). O HARPS é um espectógrafo de alta precisão cons-truído para procurar planetas semelhantes à Terra, à volta de estrelas de tipo semelhante ao Sol, que permitiu a uma equipa

internacional onde participa Nuno Santos, também investiga-dor do CAUP, descobrir várias dezenas de novos planetas ex-tra-solares, 32 deles anunciados no Porto, em Outubro último. O HARPS descobriu, aliás, 75 dos 400 planetas extra-solares conhecidos até agora. O CAUP, através de Nuno Santos, lidera o consórcio português que participa no sucessor do HARPS, o ESPRESSO, que será instalado no VLT (Very Large Telescope), conjunto de quatro telescópios de 8,2 metros de diâmetro, no Paranal, Chile.Aparelhos colocados em órbita, como o telescópio espacial Hubble, o detector de planetas Kepler, ambos da NASA, e as missões da ESA, Corot (detector de planetas rochosos maio-res do que a Terra), Herschel (telescópio de infra-vermelhos) e Planck, que analisa a radiação cósmica de fundo, constituem outras versões contemporâneas do primevo telescópio de Gali-leu. Da equipa do Corot fazem parte os investigadores de astro-sismologia do CAUP Mário João Monteiro e Margarida Pinho. Neste caso, o método é observar as estrelas e perceber se existe alguma vibração por efeito do planeta que a orbita. Da equipa do Planck, lançado em Maio juntamente com o Herschel, fa-zem parte António Silva, investigador do CAUP a trabalhar no grupo francês deste satélite, e Graça Rocha, dupla licenciada em Matemática e Física na U.Porto a trabalhar no CalTech, na Califórnia (ver caixa), onde coordena os grupos norte-america-no, francês e italiano deste projecto.

OS “MENSAGEIROS DAS ESTRELAS” DO PORTO

HÁ 400 ANOS, GALILEU PUBLICOU “O MENSA-GEIRO DAS ESTRELAS” COM OBSERVAÇÕES INÉDITAS FEITAS COM O SEU TELESCÓPIO, QUE CONSTITUÍAM PROVA DO SISTEMA HELIOCÊNTRI-CO E CONTRARIAVAM A TEORIA VIGENTE. O CEN-TRO DE ASTROFÍSICA DA UNIVERSIDADE DO POR-TO (CAUP) FOI UM DOS PROMOTORES DO PRO-GRAMA DO ANO INTERNACIONAL DA ASTRONOMIA 2009, QUE ASSINALOU O TRABALHO DE GALILEU, E PARTICIPA NAS REDES EUROPEIAS QUE EX-PANDEM A HERANÇA DO SÁBIO DE PISA. PEDRO RUSSO, NUNO SANTOS E GRAÇA ROCHA SÃO APE-NAS TRÊS DOS NOMES QUE MAIS RECENTEMENTE SE DESTACARAM NA CONSOLIDAÇÃO DA ASTRO-NOMIA NO PORTO, TANTO NA INVESTIGAÇÃO COMO NA FORMAÇÃO E DIVULGAÇÃO.

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PEDRO RUSSOCOORDENADORGLOBAL DO AIA2009

Pedro Russo, licenciado em Astronomia e mestre em Geofísica pela U.Porto, estava a fazer o doutoramento na Alemanha quando foi escolhido para coordenar o AIA2009. Possui vasta ex-periência na divulgação da Astronomia, tendo sido colaborador do Planetário de Espinho.Além disto, Pedro Russo coordena uma equipa de três pessoas a trabalhar em permanência com os recursos do Depar-tamento de Comunicação e Divulgação da European Spatial Agency (ESA), onde está integrado. Esta unidade dispõe, no entanto, de muitos mais colaboradores a tempo parcial e voluntários, chegan-do aos milhares em todo o mundo. O AIA2009 abriu o ano com a “Alvorada AIA2009”, coordenada mundialmente pelo CAUP. Tratou-se de uma ideia pio-neira de Ricardo Reis, membro deste Centro e também do grupo de Física Solar do AIA2009.

NUNO SANTOSDESCOBRIDOR DE PLANETAS

A actual descoberta de novos astros também passou pelo Porto e pela sua Universidade, que lecciona a única licenciatura em Astronomia do país. Nuno Santos, investigador do CAUP, fez parte da equipa que anunciou, a 19 de Outubro, no âmbito da conferência in-ternacional “Towards Other Earths” que decorreu na Biblioteca Almeida Garrett, os novos 32 planetas extra-solares, no âmbito do trabalho efectuado pelo de-tector de planetas HARPS, a funcionar com os telescópios do Observatório Europeu (ESO) em La Silla, Chile.Nuno Santos foi um dos 240 investi-gadores de todo o mundo que, recen-temente, conseguiram um milhão de euros com as prestigiadas bolsas do European Research Council, a agência de financiamento criada pela Comis-são Europeia para apoiar investigação científica de excelência. O investigador lidera o consórcio português envolvido no projecto ESPRESSO para o ESO, que tem por objectivo procurar e detectar planetas parecidos com a Terra, ou seja, capazes de suportar vida.

GRAÇA ROCHAPERSCRUTA A RADIAÇÃO DE FUNDO

Outra das vias possíveis de desenvolvimento do trabalho de Galileu é a compreensão das origens do Universo e da sua evolução. Acredita-se que a radiação cósmica de fundo (Cosmic Microwave Background, CMB) – calor libertado 380.000 após o Big Bang e que viaja livremente pelo espaço – é, a par do afastamento das galáxias e tal como a abundância de elementos leves, uma das mais fortes evidências do modelo de criação do Universo. O Planck, aparelho construído para estudar a radiação cósmica de fundo no contexto da primeira missão europeia para este fim, foi lançado a 14 de Março, no foguetão Ariane 5, a partir da Guiana Francesa. As primeiras leituras feitas pelo aparelho, o “First Light Survey”, abrem boas perspectivas para o estudo esperado da CMB. Da equipa de investigadores do Planck faz parte a portu-guesa Graça Rocha, duplamente licenciada em Matemática e Física pela U.Porto e dou-torada em Cosmologia pela Universidade de Cambridge, na área da radiação cósmica de fundo. Graça Rocha está ligada ao Jet Propulsion Laboratory, Californian Institute of Technology (Cal Tech), mantendo ainda ligações ao CAUP como investigadora. Este projecto da ESA envolve grupos dos EUA, França e Itália.

Sabe-se tanto e tão poucoA Astronomia actual já conta com tecnologia e conhecimento que tanto lhe permite procurar planetas extra-solares pareci-dos com a Terra como estudar a chamada radiação cósmica de fundo (que poderá ajudar a compreender melhor a origem do Universo) ou, igualmente, começar a preparar uma missão tripulada a Marte. Mas, mais do que descobrir novos planetas extra-solares, nas condições actuais interessa caracterizá-los, assim como identificar o tipo de estrela que orbitam e verificar os chamados marcadores de vida, afirma Mário João Monteiro, investigador e director do CAUP. Já se sabe que a composição química de estrelas que têm planetas é diferente das estrelas que não têm – trabalhos recentes de Nuno Santos e de outro in-vestigador do CAUP, Jorge Meléndez, contribuíram para essa conclusão –, o que permite aprofundar correlações e os proces-sos de formação dos planetas, acrescenta o director do Centro.Galileu abriu a porta a uma realidade tão vasta e misteriosa que, apesar dos enormes avanços desde o seu trabalho, é apenas conhecida uma ínfima parte. O Ano Internacional da Astro-nomia 2009 (AIA2009) assinalou os 400 anos das primeiras observações de Galileu e constituiu um programa global de di-vulgação e sensibilização para a Astronomia, cujo coordenador global foi Pedro Russo, licenciado em Astronomia e mestre em Geofísica pela U.Porto. Com um trabalho de divulgação que co-meçou com a criação do CAUP por Teresa Lago (professora da Faculdade de Ciências da U.Porto), em 1989, primeiro com o planetário portátil e depois, a partir de 1998, com o planetário fixo, o Centro associou-se ao programa do AIA2009 com várias iniciativas, sendo coordenador mundial na primeira: a observa-ção do Sol no primeiro dia do ano. Refira-se, a propósito, que o planetário fixo tem uma média anual de 30.000 visitantes.Calcula-se que mais de metade dos portugueses já tenham assistido a sessões de um planetário, em Lisboa, Espinho, no Porto, ou a uma sessão de um planetário portátil, o que não nos deixará muito mal perante o ambicioso objectivo de partida do AIA2009: pôr todas as pessoas do planeta a pensar na Astro-nomia pelo menos num dia. Apesar de difícil e dos contextos diversos, as aplicações e implicações que os avanços da Astro-nomia têm hoje nas tecnologias, na economia e na sociedade justificam essa ambição.

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O Planetário do Porto é uma ferramenta preciosa para o conhecimento do

nosso Universo.

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Logo no início da sua carreira, no final da licenciatura em Medici-na, tomou uma decisão muito invulgar para a época: dedicar-se à investigação. O que a levou a tomar essa decisão?Tomei-a sem qualquer dúvida. Primeiro foi por uma questão de oportunidade. Havia um grupo de pessoas, na Faculdade de Medicina de Lisboa, que começava a pensar o que viria a ser o Instituto Gulbenkian de Ciência. Na altura, já fazia uns trabalhos com coelhos e, no último ano, entre o trabalho final de índole clínica e de investigação, eu optei pelo último.Por outro lado, era também uma necessidade minha. Naquela época havia muito pouco para oferecer ao doente… Falávamos muito com o doente, dávamos a atenção possível, mas contra os problemas de saúde havia a cortisona, alguns antibióticos e pouco mais… Para ajudar verdadeiramente as pessoas era ne-cessário fazer investigação.Curiosamente, há dias tive a reler a minha tese de licenciatura – está tão longe no tempo que parece que foi feita por uma es-tranha! – e, no fim, escrevi que há evidência da relação entre o fumo do tabaco e o cancro do pulmão, mas para perceber com mais rigor seria necessário realizar trabalho experimental. Foi isso que fui fazer em Londres: aprender a fazer experiências. Sabia fazer pouca coisa, tinha uma preparação muito limitada. Mas era uma excelente microscopista e percebeu-se isso, o que, aliás, veio a ser muito importante na minha carreira.

Depois, partiu para o doutoramento…Não! Fiz uma descoberta que é muito mais importante! Foi nes-se período em Londres, como bolseira da Gulbenkian, e essas descobertas foram consideradas muito importantes. Uma foi o mapeamento dos sítios onde vivem as células T (linfócitos) e ali não vivem em animais sem timo. A outra parte demonstrou que essas células iam para aqueles locais. É da combinação das duas experiências que se conclui que uma certa área é habitada por células que vêm do timo, o que é importante para a época, dado que não se sabia se todos os linfócitos vinham do timo.Também se achou surpreendente que uma mulher portuguesa fizesse alguma coisa de jeito na investigação e no estrangeiro. Na altura, tive muitas ofertas para trabalhar fora do país. Mais tarde, aceitei um lugar de Leitora (equivale a Professora Auxi-liar em Portugal) de Imunologia na Universidade de Glasgow. Eu era tão convencida que não queria fazer doutoramento! Foi a professora com quem eu trabalhava que me convenceu a fazê-lo.

A descoberta que fez em meados dos anos 60 perdurou… Já lá vão 40 anos!Pois… Mas é extraordinário! Normalmente, quando se desco-bre algo, as tecnologias que vão surgindo mostram novas fa-cetas do que se descobriu e a importância da descoberta ini-cial relativiza-se. Eu tive muita sorte, porque aquilo que eu vi continua lá, apesar das fluorescências e das novas cores que decorrem das técnicas usadas actualmente.

É um dos nomes mais respeitados e internacionalmente mais conhe-cidos da investigação da U.Porto. Maria de Sousa, professora do ICBAS e coordenadora de uma equipa de investigação no IBMC, é um caso raro na ciência portuguesa sobretudo por dois motivos: tem formação em Medicina e faz investigação; é mulher e têm-se destacado no estrangeiro; e mais ainda foi responsável, há cerca de 40 anos, por uma descoberta que se traduziu num avanço importan-te no campo a imunologia e do funcionamento do sistema linfáti-co. Desde então, formou dezenas de investigadores, hoje colocados nas mais destacadas instituições da investigação mundial; esteve na origem de um programa pós-graduado de renome mundial (GA-BBA); ajudou a implantar em Portugal o actual sistema de avalia-ção (externa) dos centros de investigação em Ciências da Saúde; e recebeu o Prémio Estímulo à Excelência do Ministério da Ciên-cia, Tecnologia e Ensino Superior. A 16 de Outubro, aos 70 anos, jubilou-se da actividade docente no ICBAS, com uma cerimónia intitulada “A School without Walls” (“Uma escola sem muros”).

UMA VIDA DE DESCOBERTAS

FACE-A-FACE

MA

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“À U.PORTO E ÀS UNIVERSIDADES PORTUGUESAS EM GERAL (EXCEPTO COIMBRA, TALVEZ) FALTA NOÇÃO DE CORPO:...”

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melhores do mundo. No entanto, é preciso distinguir entre o lamento passivo – que é muito comum em Portugal – e a in-satisfação que leva à acção. Por outro lado, é também preciso que se perceba que, quanto mais levarmos longe o nome da Universidade, mais respeitados seremos individualmente. Se-rei melhor, se o meu vizinho for também melhor. Isto é também um problema agora com a adequação do nosso Programa Pós-Graduado [GABBA] a Bolonha. Até agora conse-guíamos sensibilizar para a melhoria do colectivo, mas com a adequação a Bolonha passou a ser mais difícil.

Mas prioridade ao interesse pessoal em detrimento do colectivo é um problema da sociedade em geral, nomeadamente da Portuguesa...É, mas por isso é que a formação científica é muito importan-te. A ciência tem obrigação de contribuir com a lição de que o êxito mais importante é o da constelação, por mais estrelas que apareçam. Por outro lado, temos de aprender com as nossas ra-ízes e os que valores à nossa volta. O Abel Salazar é uma figura extraordinária também por isso. Se for à Sala de Reuniões do ICBAS, as paredes estão cheias de retratos de cientistas con-temporâneos por Abel Salazar, o que demonstra a sua admi-ração por esses homens. É o caso de Ramón y Cajal, retratado neste busto também da autoria de Abel Salazar, Prémio Nobel da Medicina em 1909 com os estudos sobre o neurónio.

A importância de ver diferente

Na sua área de investigação actual, as relações entre a concentra-ção de ferro e o sistema imunitário, que gostaria de ver clarificado nos próximos tempos?Nós estudamos o ferro numa perspectiva que nem os hema-tologistas – que se interessam pela falta de ferro, a anemia –, nem os hepatologistas – que estudam a acumulação no fígado – o fazem; e os imunologistas, normalmente, não estudam o ferro. Temos evidências experimentais, através do trabalho da Dra. Graça Porto, no Hospital de Santo António, de que doen-tes com um nível baixo de linfócitos têm um nível alto de ferro no sangue. O Jorge Pinto, investigador pós-doutorado que é meu colega no IBMC, tem em mãos experiências muito inte-ressantes que têm a ver com uma proteína chamada epsidina e que podem demonstrar que os linfócitos também protegem o organismo do excesso de ferro. Meteu-se-me esta questão do ferro na cabeça, que outros não viram, e temos os instrumentos para perceber se o que pensa-mos está certo ou errado. Os cientistas, ao contrário do artista e do escritor, sujeitam-se à discussão sobre o que fazem. A ci-ência é de uma humildade intelectual enorme! Faz-se, não para se ser reconhecido, mas porque se tem gosto em fazer. É uma actividade bastante enriquecedora e educativa, porque esta ati-tude deve aplicar-se a outros campos da vida. A pessoa tem que estar atenta, fazer escolhas e estar preparada para a eventua-lidade da escolha correr mal. É preciso também acreditar nos mais novos. Em Portugal temos gente nova muito boa! Mas o sucesso depende dos impulsionadores, que criam as condições para os produtores, e dos produtores, que são capazes de pen-sar criativamente.

FACE-A-FACE

Mãe da avaliação externa em Ciências da Saúde

Esteve no Instituto Sloan Kettering de Investigação em Cancro (SKI), criou aí uma equipa sua, mas acabou por vir para Portugal estudar a relação entre o ferro e o sistema imunitário… E deixou uma promissora carreira académica nos EUA e de coordenação de equipas de investigação, não é verdade?De volta a Portugal não, porque nunca tinha trabalhado verda-deiramente em Portugal e nunca tinha pensado nisso. Consi-dero que vim trabalhar para cá e não que regressei. Apesar do passo seguinte, se tivesse seguido a progressão normal, ser a direcção de uma equipa maior e de ter mesmo recebido esses convites, achei que tinha ainda muito para fazer na investiga-ção e que era suficientemente nova para continuar. O cargo de direcção e de professor catedrático nos EUA implica assumir um conjunto de tarefas que não me atraíam, entre as quais a angariação de fundos. Por outro lado, nos Estados Unidos era difícil encontrar casos de hemocromatose (doença por excesso de ferro no organismo).

Correu um risco ao vir para Portugal…Visto retrospectivamente… Só não foi um risco porque conti-nuava a ser nova para, se corresse mal, poder ir embora nova-mente. Mas, visto a esta distância, parece ter sido um tanto disparatado, porque vim sozinha… Não foi um disparate! Se tivesse sido ainda tinha uns três ou quatro anos para voltar. Mas as coisas correram muito bem cá.

Teve também um papel fundamental na implantação da avalia-ção externa dos centros de investigação portugueses – uma tarefa complexa…

Fui convidada pelo professor Mariano Gago para coor-denar esse processo na área das Ciências da Saúde, na JNICT [Junta Nacional de Investigação Científica e Tec-nológica]. Visto retrospectivamente, foi um risco, como quando decidi vir para Portugal. Ainda houve algumas resistências… Colegas que achavam que as apresenta-ções – os pedidos eram poucos e podíamos fazer apre-

sentações públicas – deviam ser feitas em português, porque estávamos em Portugal. Havia equipas que estavam habituadas a ser financiadas, mas que o deixaram de ser com a avaliação externa. O presidente deve ter notado mais essas resistências… Limitei-me a fazer como sempre me habituei a fazer no Reino Unido e nos EUA. Se não fosse assim, não fazia!

Analisado a esta distância, foi também um êxito. A ciência em Portugal evoluiu muito desde então!Foi um êxito extraordinário. O mérito está muito na inspiração do professor Mariano Gago, como então presidente da JNICT, depois também no meu contributo e, finalmente, na aceitação pela comunidade científica. Hoje é rotina. Se fosse hoje, provavelmente, eu não faria tão bem como fiz na altura, porque, nesse período, conhecia apenas a comunidade científica portuguesa publicada nos artigos científicos. E não era tanta como se pensava! Não se pode fazer de outra maneira, sobretudo em países pequenos e periféricos. Portugal far-se-ia respeitar se o processo avançasse. Naquela época era espontâ-neo, mas foi tornado imposição legal durante o primeiro mi-nistério liderado pelo professor Mariano Gago.

A nova política para a Ciência começou em 1987 e para ela contribuíram três factos importantes: introduziu-se a avaliação externa; investiu-se imenso em bolsas de doutoramento – ini-ciativa do presidente da JNICT, contra a opinião de todos os que o rodeavam –; e organizou-se um grande fórum científico, com cientistas portugueses e estrangeiros, no Forum Picoas. Mas os resultados não se podem ver no dia seguinte.

Falta dar prioridade ao colectivo

Há alguns centros de investigação que já denotam preocupação em coligarem-se para ganharem escala suficiente para actuarem inter-nacionalmente, mas são poucos a nível nacional…Soube agora, através dos jornais franceses, da publicação do mais recente ranking de Shangai. Os franceses estavam com a crista muito caída porque só tinham três universidades nos primeiros 100 lugares. Como sabe, a U.Porto surge em 442, num total de 500. À U.Porto e às universidades portuguesas em geral (excepto Coimbra, talvez) falta noção de corpo: nuns ainda se sente, como o IBMC, o IPATIMUP, etc. Nunca se ouve falar do instituto X ou Y, de Harvard, Stanford, ou Berkeley (gargalhada)!... Ainda somos, de certo modo, muito provincia-nos. Mesmo assim, Portugal mudou radicalmente nas últimas décadas e há gente nova de grande qualidade, mesmo nas no-vas universidades. Acho que não há bons professores, há bons alunos. E também não há bons programas, mas sim bons estudantes. Temos tido imensa sorte com a qualidade dos nossos estudantes, desde que comecei a trabalhar no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), em 1985, e depois com a criação do Pro-grama Pós-Graduado em Biologia Básica e Aplicada (GABBA), em 1996, têm sido uns 10 a 12 por ano, em média. Só falta aparecer um rico (risos)!

Pedia-lhe agora um olhar retrospectivo sobe o seu percurso. A inves-tigação que produziu; os investigadores que formou directa ou indi-rectamente; o contributo que deu para o reforço do sistema científico português, ao nível das Ciências da Saúde… É um percurso que faz uma cientista sentir-se realizada, não?Sim…É extraordinário! Devo confessar que é verdade. Mas, para isso, é preciso não ter tempo para olhar para trás. Só agora é que me dei ao luxo de olhar para trás. Mas gostaria que se tirasse uma lição disto: é preciso que as novas gerações de in-vestigadores e de políticos percebam que se conseguiu chegar a um patamar a partir do qual o único caminho possível é a subida para patamares de melhor qualidade. Nas ciências em geral, mas sobretudo nas Ciências da Saúde, é crucial a ligação com a vertente aplicada, neste caso a prática da Medicina. Na formação em Medicina é essencial ter formação científica.

Na sua última aula referiu a importância do conceito que desig-nou “i-learning”: “i-nsatisfação com o que se sabe e como se sabe; i-nsatisfação com os meios que não vos permitem estar verdadeira-mente actualizados com novas técnicas; i-nsatisfação com o que só interessa para passar exames; i-nsatisfação por estarmos a formar médicos que, sem educação científica, ficarão cativos da compra e venda de medicamentos”.É preciso estar insatisfeito, sabe!? Os portugueses, tal como os restantes povos dos países menos desenvolvidos, têm todos o mesmo problema: ficam satisfeitos com pouco. Nos jornais franceses, como já disse, percebeu-se uma grande insatisfação por apenas três universidades francesas estarem entre as 100

Cientista de craveira interna-cionalMaria de Sousa formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa. Foi Leitora na Universidade de Glasgow, Escócia, onde fez o doutoramen-to em Imunologia; Professora Associada na Escola de Estudos Pós-Graduados de Cornell Medical College, em Nova Iorque, EUA; e, simultaneamente, Membro Asso-ciado e Directora do Laboratório de Ecologia Celular do Instituto Sloan Kettering de Investigação em Cancro (SKI), também na “Big Apple”. Actualmente acompanha um estudante de doutoramento em Nova Iorque, cidade onde ain-da tem casa.Dois artigos publicados em 1966 lançaram internacionalmente a carreira de Maria de Sousa. O primeiro destes artigos recebeu mais de 500 citações e o segundo próximo de uma centena. Em 1971, descobriu um fenómeno a que deu o nome de ecotaxis e que designa a capacidade de células de diferentes origens migrarem e organizarem-se em áreas bem delineadas dos órgãos linfoides periféricos. Posteriormente, em 1978, a pos-sível função do sistema imunoló-gico na protecção da toxicidade do ferro conduziu a estudos do sistema imunológico em doentes com uma doença genética de so-brecarga de ferro, a hemocroma-tose hereditária. Foi esta linha de investigação que a trouxe para o ICBAS e para a U.Porto, em 1985. Constituiu, então, uma equipa repartida pelo referido instituto, pelo Hospital Geral de Santo An-tónio e pelo Instituto de Biologia Celular e Molecular (IBMC). Mas nem só de investigação científica se faz a vida de Maria de Sousa, alargando-se também à cultura e à sociedade que a rodeia, sendo membro fundador do projecto “Porto Cidade de Ciência”.

“CONSIDERO QUE VIM TRABALHAR PARA CÁ E NÃO QUE REGRESSEI.”

A cerimónia da Jubilaçãofoi muito concorrida!!

Faculdade de Belas Artes (FBAUP)Av. Rodrigues de Freitas, 265 • 4049-021 Porto • Tlf: +351 225 192 400 • Fax: + 351 225 367 036 • www.fba.up.pt

Introdução à Arte TerapiaDuração: 30 horas • Calendário: Janeiro de 2010 • Destinatários: Estudantes e profissionais das mais variadas áreas que queiram adquirir e/ou desenvolver conhecimentos em Arte Terapia: artistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, docentes, assistentes sociais, etc. • Info: 225192405 / [email protected] • Propina: 220 c (Comunidade U.Porto)

Criação de Projectos escultóricos (Módulo 1 e 2)Duração: 54 horas • Calendário: Janeiro e Fevereiro de 2010 • Destinatários: Artis-tas Plásticos e estudantes de Faculdades ou Escolas de Ensino Artístico • Info: 225192405 / [email protected] • Propi-na: 400 c (Comunidade U.Porto)

Espaço CénicoDuração: 27 horas • Calendário: Fevereiro de 2010 • Destinatários: Estudantes ou Licenciados em qualquer curso de artes plásticas, design ou arquitectura. Interes-sados em processos de construção cénica e narrativa espacial • Info: 225192405 / [email protected] • Propina: 180 c (Co-munidade U.Porto)

Faculdade de Ciências (FCUP)Rua do Campo Alegre • 4169 - 007 Por-to • Tlf: +351 22 340 14 00 • Fax: +351 22 200 86 28 • www.fc.up.pt

Matemática e ArteDuração: 25 horas • Calendário: 18 de Janeiro a 10 de Fevereiro de 2010 • Desti-natários: Professores • Créditos: 1 crédito ECTS • Info: 220 402 082 / formaçã[email protected] • Propina: 100 c

Alterações Climáticas: analisar o passado para prever o futuroDuração: 25 horas • Calendário: 19 de Fevereiro a 19 de Março de 2010 • Desti-natários: Professores • Créditos: 1 crédito ECTS • Info: 220 402 082 / formaçã[email protected] • Propina: 100 c

E-learning no Ensino da QuímicaDuração: 50 horas • Calendário: 12 de Maio a 8 de Julho de 2010 • Destinatá-rios: Professores • Créditos: 2 créditos ECTS • Info: 220 402 082 / [email protected] • Propina: 200 c

Faculdade de Ciências da Nu-trição e Alimentação (FCNAUP)Rua Dr. Roberto Frias • 4200-465 PortoTlf: +351 225 074 320 • Fax: + 351 225 074 329 • www.fcna.up.pt

Suporte NutricionalDuração: 54 horas (6 a 13 de Fevereiro de 2009) • Créditos: 2 ECTS * • Info.: 225 074 320 / [email protected] • Propina: 198 c

Iniciação ao Office 2007Duração: 9 horas • Calendário: Fevereiro de 2010 • Horário: Sábado de manhã • Destinatários: Profissionais de saúde e da educação e estudantes das respectivas licenciaturas, mestrados e doutoramen-tos • Info: [email protected] • Propina: 130 c (Comunidade U.Porto)

Metodologia de Avaliação do Estado NutricionalDuração: 7 horas • Calendário: 12 de Mar-ço de 2010 • Horário: Sábado de manhã • Destinatários: Profissionais de saúde e da educação e estudantes das respectivas licenciaturas, mestrados e doutoramentos • Info: [email protected] • Propina: 54 c (Comunidade U.Porto)

Culinária Saudável (21.ª edição)Duração: 12 horas • Calendário: Março e Abril de 2010 • Horário: Sábado de ma-nhã • Destinatários: População em geral • Info: [email protected] • Propi-na: 129 c (Comunidade U.Porto)

Alimentação da criança na prática pedagógica do educador de infância (e-learning + presencial)Duração: 27 horas • Calendário: Maio a Ju-nhol de 2010 • Horário: Sábado de manhã • Destinatários: Educadores de Infância, Coordenadores de Promoção da Saúde e outros Profissionais da Educação; Nutri-cionistas e outros Profissionais de Saúde; e respectivos estudantes de licenciatura e mestrados • Info: [email protected] • Propina: 267 c (Comunidade U.Porto)

Alimentação, Nutrição e SaúdeDuração: 18 horas • Calendário: Maio a Junho de 2010 • Horário: Pós-laboral • Destinatários: População em geral • Info: [email protected] • Propina: 178 c (Comunidade U.Porto)

Suporte NutricionalDuração: 54 horas • Calendário: 8, 15 e 22 de Maio de 2010 • Horário: Sábado de manhã • Destinatários: Nutricionistas, Enfermeiros, Médicos e outros Profis-sionais de Saúde • Créditos: 4 créditos ECTS • Info: [email protected] • Propina: 178 c (Comunidade U.Porto)

Faculdade de Engenharia (FEUP)Rua Dr. Roberto Frias, s/n • 4200-465 Porto • Tlf: +351 22 508 14 00 • Fax: +351 22 508 14 40 • www.fe.up.pt

Análise de Imagem Biomédica EBE0056Duração: 62 horas • Calendário: 17 Fevereiro a 9 de Junho de 2010 • Desti-natários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudoCréditos: 5 créditos ECTS • Info: Gabine-te de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Engenharia de Bio-reacção II EBE0027Duração: 56 horas • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Controlo de Processos e Instrumentação EBE0029Duração: 135 horas • Calendário: 17 Fevereiro a 9 de Junho 2010 • Destina-tários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudoCréditos: 5 créditos ECTS • Info: Ga-binete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Engenharia de Proteínas EBE0026Duração: 162 horas • Calendário: 17 Fevereiro a 9 de Junho 2010 • Destina-tários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudoCréditos: 6 créditos ECTS • Info: Ga-binete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Ciência de Materiais em Bioengenharia EBE0127Duração: 135 horas • Calendário: 17 Fevereiro a 9 de Junho 2010 • Destina-tários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Créditos: 5 créditos ECTS • Info: Ga-binete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Ferramentas de Decisão AmbientalDuração: 52 horas • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Acústica AmbientalDuração: 135 horas • Calendário: 17 Fevereiro a 9 de Junho 2010 • Destina-tários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Créditos: 5 créditos ECTS • Info: Ga-binete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 cHidráulica e Reabilitação FluvialDuração: 135 horas • Calendário: 10, 11 e

FORMAÇÃO CONTÍNUA DA

UNIVERSIDADEDO PORTO

FORMAÇÃO CONTÍNUA DA

UNIVERSIDADE DO PORTO

CANDIDATURASENTRE DEZEMBRO

DE 2009 EABRIL DE 2010

AtençãoA presente lista não dispensa a consulta

da página do Catálogo de Formação Contínua

da U.Porto 2009, em http://www.up.pt >

Ensino > Educação > Contínua > Catálogos (em constante actua-lização) bem como as páginas das diferentes unidades orgânicas da

Universidade.

12 Fevereiro de 2010 • Destinatários: Téc-nicos superiores e técnico-profissionais • Créditos: 5 créditos ECTS • Info: Gabine-te de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 600 c

Tecnologias da AutomaçãoDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Crédi-tos: 6,5 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

AutomaçãoDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Robótica IndustrialDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Electrónica AutomóvelDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Crédi-tos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Mercados e QualidadeDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Projecto de LicenciamentoDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Créditos: 7 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educa-ção Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Decisão, Optimização e Inteligência ComputacionalDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Comunicações ÓpticasDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Sistemas de RadiocomunicaçãoDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Comunicações MóveisDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Laboratório MultimédiaDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Projecto de Circuitos VLSIDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Reconhecimento de PadrõesDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Arquitectura de Sistemas de SoftwareDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Engenharia de Requisitos de Sistemas de SoftwareDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 cLinguagens de Anotação e

Processamento de DocumentosDuração: 162 horas • Calendário: 17 Fevereiro a 9 de Junho 2010 • Destina-tários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudoCréditos: 6 créditos ECTS • Info: Ga-binete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Tecnologias de Bases de DadosDuração: 125 horas • Calendário: 17 Fevereiro a 9 de Junho 2010 • Destina-tários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudoCréditos: 6 créditos ECTS • Info: Ga-binete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Tecnologias de Distribuição e IntegraçãoDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Tecnologias para Negócio ElectrónicoDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

BiomateriaisDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 4 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Selecção de MateriaisDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Modelos e ProtótiposDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 c

Ergonomia e Saúde OcupacionalDuração: A definir • Calendário: 17 Feve-reiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Profissionais titulares de cursos médios ou superiores na área de estudo • Cré-ditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 199.20 cInovação e Empreendedorismo

Duração: 162 horas • Calendário: 17 Fe-vereiro a 9 de Junho 2010 • Destinatários: Estudantes do 1º, 2º e 3º ciclos da U.Porto e externos (exteriores à Universidade do Porto) • Créditos: 6 créditos ECTS • Info: Gabinete de Educação Contínua / 22 508 3844 / [email protected] • Propina: 200 c (estudantes da U.Porto / 300 euros (outros estudantes)

Faculdade de Letras (FLUP)Via Panorâmica, s/n • 4150-564 Porto • Tlf: +351 226 077 100 • Fax: + 351 226 091 610 • www.letras.up.pt

Geografia de Portugal revisitada - Águas DocesDuração: 27 horas (Novembro e Dezem-bro) • Inscrições: a definir • Horário: 9h às 13h (sábado) • Créditos: 1,1 UC+3 ECTS • Info: Serviço de Gestão Académica / 22 6077148 / [email protected] • Propi-na: 105 c + 2,02 c (Seguro Escolar) *

Os livros, caminhos de paz. Como contrariar a violência na escola e no mundo - 3ºa ediçãoDuração: 27 horas • Calendário: 6 a 27 de Fevereiro 2010 • Destinatários: Professores • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Créditos: 1,1 UC (CCPFC) • Pro-pina: 115 c (Comunidade U.Porto)

Os livros, caminhos de paz. Como contrariar a violência na escola e no mundo - 4ºa ediçãoDuração: 27 horas • Calendário: 8 a 24 de Abril de 2010 • Destinatários: Profes-sores • Créditos: 1,1 UC (CCPFC) • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 115 c (Comunidade U.Porto)

Reciclagem para Professores de Alemão como língua EstrangeiraDuração: 25 horas presenciais • Calen-dário: 16 Janeiro a 13 Fevereiro 2010 • Destinatários: Professores • Créditos: 1 crédito ECTS / 1 U.C. (CCPFC) • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 100 c (Comunidade U.Porto)

Escritores Africanos de Língua Portuguesa: Angola e MoçambiqueDuração: 24 horas • Calendário: Março, Abril e Maio de 2010 • Destinatários: Público Geral • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 115 c (Comunidade U.Porto)

De pequenino nasce o leitor. Lugares do Livro e da Infância no mundo de hoje - 2ª ediçãoDuração: 27 horas • Calendário: 6 a 27 Março de 2010 (2.ª edição) • Destinatários: Professores • Créditos: 1,1 U.C. (CCPFC) • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 115 c (Comunidade U.Porto)

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De pequenino nasce o leitor. Lugares do Livro e da Infância no mundo de hoje - 3ª ediçãoDuração: 27 horas • Calendário: 4 a 27 Maio de 2010 • Destinatários: Professo-res • Créditos: 1,1 U.C. (CCPFC) • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 115 c (Comunidade U.Porto)

Grandes Livros, Grandes Obras IIDuração: 32 horas presenciais • Calen-dário: A partir de 2 de Fevereiro de 2010 (3.ª feira das 19h às 21h) • Destinatários: Pessoas que procuram adquirir compe-tências de leitura em diversas áreas da literatura universal • Créditos: 3,5 créditos ECTS • Info: Sector de Formação Contí-nua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 125 c (Comunidade U.Porto)

Gostas de ler? Eu também não! (A importância da Leitura no Ensino) - 3ª ediçãoDuração: 27 horas • Calendário: 9 a 30 de Janeiro 2010 • Destinatários: Educadores de infância, Professores dos Ensinos Básico e Secundários e Professores de Educação Especial • Créditos: 1.1 U.C. (CCPFC) • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 115 c (Co-munidade U.Porto)

Gostas de ler? Eu também não! (A importância da Leitura no Ensino) - 4ª ediçãoDuração: 27 horas • Calendário: 2 a 25 de Março 2010 • Destinatários: Educadores de infância, Professores dos Ensinos Básico e Secundários e Professores de Educação Especial • Créditos: 1.1 U.C. (CCPFC) • Info: Sector de Formação Con-tínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 115 c (Comunidade U.Porto)

Teoria da Literatura: questões basilares na abordagem do literárioDuração: 25 horas • Calendário: 4 de Março a 24 de Junho de 2010 • Desti-natários: Professores • Créditos: 1 U.C. (CCPFC) • Info: Sector de Formação Con-tínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 100 c (Comunidade U.Porto)

Escavação Arqueológica de um sítio monumental pré-histórico - Castanheiro do VentoDuração: 40,5 horas semanais • Calen-dário: 27, 28 e 29 de Janeiro de 2010 • Créditos: 1,5 ECTS • Info: Sector de For-mação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: A definir

Arqueologia e CinemaDuração: 25 horas • Calendário: 25 de Março a 29 de Abril de 2010 • Desti-natários: Professores • Créditos: 1 UC - CCPFC • Info: Sector de Formação Con-tínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: A definir

O Cinema no Ensino da filosofia - 2ª ediçãoDuração: 25 horas presenciais • Calen-dário: 9 Janeiro a 27 de Fevereiro 2010 • Destinatários: Professores de Filosofia no Ensino Secundário • Créditos: 2,5 créditos ECTS / 1 U.C. (CCPFC) • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 120 c (Comunidade U.Porto)

O Cinema no Ensino da filosofia - 3ª ediçãoDuração: 25 horas presenciais • Calen-dário: 24 Abril a 19 Junho de 2010 • Destinatários: Professores de Filosofia no Ensino Secundário • Créditos: 2,5 créditos ECTS / 1 U.C. (CCPFC) • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 120 c (Comunidade U.Porto)

Dilemas Éticos Contemporâneos: contributos para o ensino da filosofiaDuração: 25 horas presenciais • Ca-lendário: Janeiro e Fevereiro 2010 • Destinatários: Estudantes de Filosofia e Professores de Filosofia no Ensino Secun-dário • Créditos: 2,5 créditos ECTS / 1 U.C. (CCPFC) • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 120 c (Comunidade U.Porto)

Lógica, Linguagem e Argumentação na Filosofia Antiga, Moderna e ContemporâneaDuração: 25 horas presenciais • Calen-dário: 6 de Março a 17 de Abril de 2010 • Destinatários: Professores • Créditos: 2,5 créditos ECTS / 1 U.C. (CCPFC) • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 100 c (Comunidade U.Porto)

Pensamento Critico Contemporâneo: alguns representantesDuração: 24 horas • Calendário: 19 de Abril a 07 de Junho de 2010 • Desti-natários: : Estudantes e nas áreas das ciências sociais, ciências da informação, ciências empresariais, humanidades, etc. • Créditos: 2,5 ECTS • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 140 c (Co-munidade U.Porto)

Geotecnologias aplicadas ao Ensino I - Tecnologias de Informação GeográficaDuração: 27 horas presenciais • Calen-dário: Janeiro de 2010 • Destinatários: Estudantes de Geografia e Docentes de Geografia no 3.º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário • Créditos: 3 créditos ECTS / 1.1 UC (CCPFC) • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 130 c (Comunidade U.Porto)

Geotecnologias aplicadas ao Ensino II – Análise de Dados e Cartografia TemáticaDuração: 27 horas presenciais • Calen-dário: 9 Janeiro a 6 Fevereiro de 2010 •

Destinatários: Estudantes de Geografia e Docentes de Geografia no 3.º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário • Créditos: 3 créditos ECTS / 1.1 U.C. (CCPFC) • Info: Sector de Formação Con-tínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 130 c (Comunidade U.Porto)

Edição, transformação e exploração de dados Quantitativos: Iniciação ao SPSSDuração: 15 horas • Calendário: 8, 9 e 10 de Fevereiro de 2010 • Destinatários: Es-tudantes e nas áreas das ciências sociais, ciências da informação, ciências empre-sariais, humanidades, etc. • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: A definir

SIG de apoio aos Planos de defesa na floresta contra incêndiosDuração: 27 horas presenciais • Calen-dário: 22 Janeiro a 13 Fevereiro 2010 • Destinatários: Técnicos dos Gabinetes Florestais com conhecimentos de SIG. • Créditos: 3 créditos ECTS • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 190 c (Co-munidade U.Porto)

Técnicas de Representação Cartográfica e SIGDuração: 18 horas • Calendário: Feverei-ro e Março de 2010 • Créditos: 2 ECTS • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: 130 c (Comunidade U.Porto)

Análise Avançada de Dados Quanti-tativos com uso do software SPSSDuração: 20 horas presenciais • Ca-lendário: 27, 28 e 29 de Janeiro de 2010 • Destinatários: Estudantes e nas áreas das ciências sociais, ciências da informação, ciências empresariais, huma-nidades, etc. • Info: Sector de Formação Contínua / 226 077 152 / [email protected] • Propina: A definir

Faculdade de Medicina (FMUP)Rua Prof. Hernâni Monteiro, s/n • 4200-319 Porto • Tlf: +351 225 513 604 • Fax: + 351 225 513 605 • www.med.up.pt • [email protected]

Antropologia da Saúde (Curso de Primavera)Duração: 54 horas • Calendário: Maio de 2010 • Destinatários: Titulares do grau de licenciado e/ou detentores do Mestrado.Créditos: 2 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 350 c

Epidemiologia Clínica (Curso de Primavera)Duração: 54 horas • Calendário: Maio de 2010 • Destinatários: Titulares do grau de licenciado e/ou detentores do Mestrado Integrado • Créditos: 2 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 350 c

Epidemiologia Nutricional (Curso de Primavera)Duração: 54 horas • Calendário: Maio de 2010 • Destinatários: Titulares do grau de licenciado e/ou detentores do Mestrado Integrado • Créditos: 2 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 350 c

Estudos de Caso-ControloDuração: 54 horas • Calendário: Maio de 2010 • Destinatários: Titulares do grau de licenciado e/ou detentores do Mestrado Integrado • Créditos: 2 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 350 c

Estudos de CoorteDuração: 54 horas • Calendário: Maio de 2010 • Destinatários: Titulares do grau de licenciado e/ou detentores do Mestrado Integrado • Créditos: 2 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 350 c

Introdução à Medicina de ViagemDuração: 54 horas • Calendário: Fe-vereiro e Março de 2010 • Horário: Sextas-feiras, das 16h às 20h (6 sessões) • Destinatários: Médicos, Farmacêuticos e Enfermeiros • Créditos: 2 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 250 c

Medicina Preventiva em Cuidados de Saúde Primários: Apoio Integrado a Idosos(II)Duração: 40,5 horas • Calendário: Janei-ro a Março de 2010 • Horário: Sábados das 9h às 13h • Destinatários: Médicos, Enfermeiros, Assistentes Sociais e Psi-cólogos • Créditos: 1,5 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 40 c

Medicina Preventiva em Cuidados de Saúde Primários: Factores de risco cardiovascularDuração: 40,5 horas • Calendário: Janeiro a Março de 2010 • Horário: Sábados das 9h às 13h • Destinatários: Médicos • Cré-ditos: 1,5 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 40 c

Otorrinolaringologia e Doenças da ComunicaçãoDuração: 270 horas • Calendário: Funcio-na ao longo de um ano lectivo • Horário: Sábados das 9h às 13h • Destinatários: Médicos, Enfermeiros, Terapeutas da Fa-la, Audiologistas e outros profissionais de saúde, após avaliação curricular • Crédi-tos: 10 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 1500 c

Reabilitação Oral e Extra-Oral com Implantes OsteointegradosDuração: 432 horas • Calendário: Funcio-na ao longo de um ano lectivo • Horário: Sexta-feira (das 9h às 13h e das 14h às 18h) e sábado (das 9h às 13h) • Desti-natários: Licenciados ou detentores de Mestrado Integrado em Medicina • Crédi-tos: 16 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 2800 c

Pós-Graduação em Climatologia e HidrologiaDuração: 648 horas • Calendário: Funciona ao longo de um ano lectivo • Horário: Sexta-feira (das 18h às 21h) e sábado (das 9h às 12h) • Destinatários: Licenciados ou detentores de Mestrado Integrado em Medicina • Créditos: 24 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 400 c

Formação Pedagógica para Docentes do Ensino Superior na área de SaúdeDuração: 81 horas • Calendário: Funcio-na ao longo de um ano lectivo • Horário: Terça-feira (das 11h às 14h) • Destina-tários: Docentes do Ensino Superior na Área da Saúde • Créditos: 3 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 400 c (docentes da FMUP) ou 800c (docentes de outras Universidades)

6.º Curso de Actualização em Ciências Forenses para peritos Médico-LegaisDuração: 108 horas • Calendário: Funciona ao longo de um ano lectivo • Horário: Ter-ça e quinta-feira (das 17h30 às 20h30) e sábado (das 9h às 12h30) • Destinatários: Médicos a exercer funções no INML, I.P • Créditos: 4 créditos ECTS • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225513676 / [email protected] • Propina: 100 c

Faculdade de Medicina Dentária (FMDUP)Rua Dr. Manuel Pereira da Silva, s/n • Tlf: +351 220 901 100 • Fax: +351 220 901 100 • www.fmd.up.pt • [email protected]

Suporte Básico de Vida Pediátrico - Urgências e Emergências em OdontopediatriaDuração: 27 horas • Calendário: Janeiro de 2009 (início) • Horário: Sábados, das 9h às 19h • Destinatários: Estudantes de Medicina Dentária • Créditos: 1 crédito ECTS • Info: 22 090 11 97 / [email protected] • Propina: 250 c

Cariologia Clínica (curso teórico-prático)Duração: 27 horas • Calendário: 18 e 25 de Janeiro de 2010 • Horário: Segunda-feira, das 9h às 13h30 • Destinatários: Estudantes de Medicina Dentária • Crédi-tos: 1 crédito ECTS • Info: 22 090 11 97 / [email protected] • Propina: 50 c

Actualização em Clínica Integrada (curso prático)Duração: 405 horas • Calendário: Fevereiro a Julho de 2010 • Horário: Quarta-feira, das 9h às 18h • Destinatários: Estudantes de Medicina Dentária • Créditos: 15 crédi-tos ECTS • Info: 22 090 11 97 / [email protected] • Propina: 500 c

Gestão do Stress em Medicina Dentária (curso teórico)Duração: 27 horas • Calendário: 18 e 25 de Janeiro de 2010 • Horário: Sábado, das 9h às 13h30 • Destinatários: Estu-dantes de Medicina Dentária • Créditos: 1 crédito ECTS • Info: 22 090 11 97 / [email protected] • Propina: 100 c

Prótese Total (curso teórico-prático)Duração: 54 horas • Calendário: 14 a 28 de Maio de 2010 • Horário: Sexta-feira, das 9h às 17h30 • Destinatários: Estu-dantes de Medicina Dentária • Créditos: 2 créditos ECTS • Info: 22 090 11 97 / [email protected] • Propina: 150 c

Geometria Dinâmica no Ensino da MatemáticaDuração: 25 horas • Calendário: 14 a 28 de Maio de 2010 • Horário: Sexta-feira, das 9h às 17h30 • Destinatários: Estu-dantes de Medicina Dentária • Créditos: 1 crédito ECTS • Info: 22 090 11 97 / [email protected] • Propina: 150 c

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCEUP)Rua do Dr. Manuel Pereira da Silva • 4200-392 Porto • Telf: +351 226 079 700 • Fax: +351 226 079 725 • www.fpce.up.pt

A Avaliação de Desempenho e Gestão por Objectivos Duração: 15 horas • Calendário: 1 a 23 de Fevereiro de 2010 • Destinatários: Licenciados ou Estudantes das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação, Psicologia, entre outras; Outros Profissionais, Psicólogos, Sociólo-gos do Trabalho • Créditos: 1,5 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 100 c

A Recolha de Dados através de Questionários Electrónicos (Software Open Source) Duração: 24 horas • Calendário: 1º Trimes-tre de 2010 • Destinatários: Licenciados ou Estudantes das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educa-ção, Psicologia, entre outras • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 140 c

Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde: Versão para Crianças e Jovens (CIF-CJ); Aplicação em Contextos EducativosDuração: 27 horas • Calendário: 1º Trimestre de 2010 • Destinatários: Psicó-logos, Assistentes Sociais, Terapeutas, Professores, Educadores de Infância, Médicos; Outros profissionais que de-senvolvam intervenção junto de crianças com incapacidades • Créditos: 3 crédi-tos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 140 c

Gestão e Concepção da Formação I Duração: 30 horas • Calendário: 4 de Março a 15 de Abril de 2010 • Desti-natários: Licenciados/as das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação, Psicologia, entre outras. Outros interessados pelas questões da Gestão da Formação • Créditos: 3 cré-ditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 170 c

Inserção Social: Estratégias e Programas Duração: 18 horas • Calendário: 1º Trimes-tre de 2010 • Destinatários: Licenciados/as na área das Ciências Sociais e Humanas; Estudantes/as dos finalistas na área das Ciências Sociais e Humanas • Créditos: 2 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 100 c

Interacções da Criança em Idade Pré-Escolar: a qualidade do envolvimentoDuração: 13,5 horas • Calendário: 1º Trimestre de 2010 • Destinatários: Licen-ciados/as das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação, Psicologia, entre outras; Psicólogos/as, Educadores/as de Infância, Terapeutas e estudantes finalistas de Psicologia • Cré-ditos: 1,5 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 85 c

Intervenção em Grupo nas Perturbações do Espectro do AutismoDuração: 36 horas • Calendário: 4 de Março a 19 de Maio de 2010 • Destinatários: Li-cenciados/as ou Estudantes das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação, Psicologia, entre outras. Outros Profissionais que desenvolvam Intervenção junto das crianças com Perturbações do Es-pectro do Autismo, Terapeutas, Assistentes Sociais, Educadores de Infância e Profes-sores dos 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico • Créditos: 4 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 160 c

Marginalidade, Desvio e Sentimento de Insegurança: perspectivas a partir do terreno Duração: 35 horas • Calendário: 1º Trimestre de 2010 • Destinatários: Licen-

ciados/as em Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Saúde e Ciências Policiais • Créditos: A definir • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 170 c

O Teatro do Oprimido Duração: 39 horas • Calendário: 1º Trimes-tre de 2010 • Destinatários: Licenciados/as das áreas das Ciências Sociais e Hu-manas, Ciências da Educação, Psicologia, entre outras. Outros interessados pela temática e área de estudo • Créditos: 4 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 200 c

Pós-Graduação: Prevenção da Violên-cia de Género na Escola e na FamíliaDuração: 270 horas • Calendário: 1º Trimestre de 2010 • Destinatários: Do-centes, Educadores/as, Profissionais de Educação, Técnicos/as Superiores, As-sistentes Sociais, Educadoras/es Sociais, Psicólogos, Sociólogos, Animadores Cul-turais, Profissionais de Saúde e Outros Técnicos que trabalham com crianças, adolescentes e jovens • Créditos: 30 cré-ditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 1200 c

Recrutamento e Selecção de PessoalDuração: 18 horas • Calendário: 1 a 16 de Março de 2010 • Destinatários: Licenciados/as das áreas das Ciências Sociais e Huma-nas, Psicologia. Sociólogos do Trabalho, Gestores de Recursos Humanos, Finalistas de Psicologia, Sociologia, Gestão de Re-cursos Humanos, entre outros • Créditos: 2 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 120 c

Avaliação da FormaçãoDuração: 30 horas • Calendário: 2º Trimes-tre de 2010 • Destinatários: Licenciados/as das áreas das Ciências Sociais e Hu-manas, Ciências da Educação, Psicologia, entre outras • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 150 c

Avaliação de Desempenho na Profis-são DocenteDuração: 25 horas • Calendário: 2º Trimes-tre de 2010 • Destinatários: Licenciados/as das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação, Psicologia, entre ou-tras. Psicólogos/as, Educadores de Infância. Outros Profissionais • Créditos: 2,5 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 130 c

Escala de Avaliação do Ambiente em Educação de Infância - Revista Early Childhood Environment Rating Scale - revised-edition (ECERS-R) Duração: 9 horas • Calendário: 2º Trimes-tre de 2010 • Destinatários: Licenciados/as das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação,

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Psicologia, entre outras. Psicólogos/as, Educadores de Infância. Outros Pro-fissionais • Créditos: 1 crédito ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 85 c

Intervenção Biopsicossocial no VIH/SIDA Duração: 28 horas • Calendário: 2º Trimes-tre de 2010 • Destinatários: Licenciados e Estudantes finalistas e Profissionais da área da Saúde, bem como outras nas quais a temática do VIH/SIDA se apresente como relevante • Créditos: 3 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 140 c

Intervenção Psicossocial em Situações de Crise e Catástrofes Duração: 30 horas • Calendário: 2º Trimes-tre de 2010 • Destinatários: Licenciados/as ou Estudantes das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Edu-cação, Psicologia, Ciências da Saúde e Ciências Policiais, entre outras • Créditos: 3 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 150 c

Introdução à Análise de Dados com o Programa SPSS - análise univariada e bivariada Duração: 30 horas • Calendário: 2º Trimes-tre de 2010 • Destinatários: Licenciados/as ou Estudantes das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Edu-cação, Psicologia, Ciências da Saúde e Ciências Policiais, entre outras • Créditos: 3 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 150 c

(Per)cursos de Educação e Formação de AdultosDuração: 30 horas • Calendário: 2º Trimestre de 2010 • Destinatários: Licen-ciados/as ou Estudantes das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação, Psicologia, Ciências da Saúde e Ciências Policiais, entre outras. Outros profissionais do domínio da Educação e Formação de Adultos • Créditos: 3 cré-ditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 150 c

Planeamento e Gestão do Espaço em Unidades DocumentaisDuração: 15 horas • Calendário: 2º Trimestre de 2010 • Destinatários: Des-tinatários: Licenciados/as das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação, Psicologia, entre outras. Outros Profissionais • Créditos: 3 crédi-tos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 100 c

Resolução de Conflitos: A mediação Duração: 48 horas • Calendário: 2º Trimestre de 2010 • Destinatários: Licen-ciados/as de qualquer área de formação;

Estudantes/as dos últimos anos das Licenciaturas em Ciências da Educação e em Psicologia • Créditos: 5 créditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 300 c

Sensibilização para a Satisfação do Cidadão-Cliente nos Serviços Públicos Duração: 21 horas • Calendário: 2º Trimestre de 2010 • Destinatários: Licen-ciados/as ou Estudantes das áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Educação, Psicologia, entre outras. Outros Profissionais • Créditos: 1,5 cré-ditos ECTS • Info: Serviço de Educação Contínua / Tel: 226061890 / [email protected] • Propina: 120 c

Escola de Gestão do Porto - University of Porto Business School (EGP - UPBS)Rua de Salazares, 842 • 4149-002 PortoTlf: +351 22 615 32 70 • Fax: +351 22 610 08 61

Pólo dos Salazares (Sede)Rua de Salazares, 842 • 4149-002 Porto

Pólo da Asprela (Faculdade de Economia do Porto)Rua Dr. Roberto Frias s/n4200-464 Porto • Tlf: +351 226 153 270 • Fax: +351 226 100 861 • e-mail: [email protected] • www.egp-upbs.up.pt

Curso Geral de Gestão - 46ª ediçãoDuração: 225 horas • Calendário: 22 de Março a 22 de Julho de 2010 • Destinatários: Quadros que tenham evidenciado capacida-des para ocuparem, no médio prazo, lugares de chefia funcional ou plurifuncional • Info: [email protected] • Propina: 6500 c

Curso Geral de Gestão - 47ª ediçãoDuração: 225 horas • Calendário: 15 de Março a 30 de Julho de 2010 (Lisboa) • Destinatários: Quadros que tenham evidenciado capacidades para ocupa-rem, no médio prazo, lugares de chefia funcional ou plurifuncional • Info: [email protected] • Propina: 6500 c

Financing Start-Ups - 1ª ediçãoDuração: 16 horas • Calendário: 23 de Fevereiro a 2 de Março de 2010 • Des-tinatários: Todos aqueles que estejam envolvidos ou que planeiem envolver-se na criação de uma iniciativa empresarial de pequena dimensão • Info: [email protected] • Propina: 1000 c

Elementos Essenciais de Macroe-conomia - Conceitos, Indicadores e Políticas - 1ª ediçãoDuração: 20+2 horas • Calendário: 13 a 27 de Abril de 2010 • Destinatários: Qua-dros superiores e quadros intermédios de instituições de grande dimensão • Info: [email protected] • Propina: 1500 c

Curso de Finanças para não Financeiros - 12.ª ediçãoDuração: 90 horas • Calendário: 3 de Março a 5 de Maio de 2010 • Destina-tários: Quadros superiores de empresas e outras organizações • Info: [email protected] • Propina: 2750 c

Controlo de Gestão e Avaliação de Performance – 7ªediçãoDuração: 40 horas • Calendário: 8 a 30 de Março de 2010 • Destinatários: Responsá-veis por unidades de negócios ou centros de responsabilidade. Actuais ou futuros responsáveis por departamentos de planea-mento e controlo de gestão e responsáveis • pela construção, execução e controlo de orçamentos. Responsáveis por áreas finan-ceiras e de controlo de gestão • Info: [email protected] • Propina: 1500 c

A aplicação das Normas Internacio-nais de Contabilidade - 3ª ediçãoDuração: 16 horas • Calendário: 24 de Março a 4 de Abril de 2010 • Destinatários: Gestores de empresas, Administradores, Directores e Sócios-gerentes, profissionais liberais na área empresarial, analistas financeiros, analistas de risco de crédito e consultores de empresas • Info: [email protected] • Propina: 900 c

Advances in Strategic Management - 4ª ediçãoDuração: 40 horas • Calendário: 11 de Fe-vereiro a 1 de Abril de 2010 • Destinatários: Executivos e gestores de topo de peque-nas, médias ou grandes organizações • Info: [email protected] • Propina: 2250 c

Gestão Estratégica de Pessoas - 3ª ediçãoDuração: 40 horas • Calendário: 26 de Abril a 24 de Maio de 2010 • Destinatários: Gestores, Profissionais ligados aos Recur-sos Humanos • Info: [email protected] • Propina: 1500 c

Marketing para Executivos - 1ª ediçãoDuração: 40 horas • Calendário: 12 a 26 de Abril de 2010 • Destinatários: Quadros de empresas que desempenhem funções directas ou indirectas de marketing, respon-sáveis pela gestão de marca e quadros sem formação específica que necessitem desen-volver conhecimentos de marketing • Info: [email protected] • Propina: 1750 c

Succeeding in International Markets - The Power of Language - 1ª ediçãoDuração: 24 horas • Calendário: 23, 24 e 25 de Março de 2010 • Destinatários: Exe-cutives working in the areas of marketing, strategy and business development • Info: [email protected] • Propina: 1500 c

Treino de Equipas de Alto Rendimento - 2ª ediçãoDuração: 20 horas • Calendário: 28 e 29 de Maio de 2010 • Destinatários: Executi-vos com responsabilidades na gestão de equipas • Info: [email protected] • Pro-

pina: 1200 c (material de apoio às aulas, coffee-breaks e almoços incluídos)

Curso de Gestão Logística - 7ª ediçãoDuração: 120 horas • Calendário: 12 de Fe-vereiro a 24 de Abril de 2010 • Destinatários: Quadros que tenham assumido recente-mente ou com potencial para vir a assumir lugares de chefia funcional nas áreas da Lo-gística, Operações, Compras e Distribuição • Info: [email protected] • Propina: 3500 c

Curso de Gestão de Projectos - 8ª ediçãoDuração: 40 horas • Calendário: 22 a 31 de Março de 2010 • Destinatários: Quadros (médios e superiores) das várias áreas funcionais envolvidos ou com potencial de intervenção na gestão, desenvolvimento e implementação de projectos • Info: [email protected] • Propina: 1500 c

Creating Blue Ocean Customer Value Proposition - 3ª ediçãoDuração: 8 horas • Calendário: 4 de Fe-vereiro de 2010 • Destinatários: Gestores que tenham assumido recentemente funções na área do Marketing • Info: [email protected] • Propina: 600 c (inscrições até 7 de Janeiro); 1000 c (ins-crições após 7 de Janeiro)

Smart Negotiation – 1ª ediçãoDuração: 8 horas • Calendário: 15 de Abril de 2010 • Destinatários: Profissionais envol-vidos nas áreas da Negociação Comercial (compradores, vendedores), Negociação Laboral (sindicatos, gestão humana), Ne-gociação de Tecnologia, Negociação com comunidades, Negociação Interna, Nego-ciação de fusões e negociações familiares • Info: [email protected] • Propina: 600 c (inscrições antes de 18 de Março); 1000 c (inscrições a partir de 18 de Março)

Winning With Accountability – 1ª ediçãoDuração: 8 horas • Calendário: 15 de Março de 2010 • Destinatários: Gestores • Info: [email protected] • Propina: 600 c (inscrições antes de 15 de Feve-reiro); 1000 c (inscrições a partir de 15 de Fevereiro) (material de apoio às aulas, coffee-breaks e almoços incluídos)

Reitoria da U.Porto / Instituto de Recursos e Iniciativas ComunsPraça Gomes Teixeira • 4099-002 Porto • Tlf: +351 220 408 000 / 043 • Fax: +351 220 408 186/7 / 4 • www.reit.up.pt

Execução da segurança na construção (e-learning) Duração: 45 horas (4 semanas) • Início do calendário lectivo: Fevereiro de 2009 • Créditos: 1,5 crédito ECTS • Info: 220 408 053 / [email protected] • Propina: 150 c

Faculdade de Ciências (FCUP)Rua do Campo Alegre, s/n • 4169-007 Porto • Tlf: +351 220 402 000 • Fa: +351 220 402 009 • www.fc.up.pt

3º Ciclo / Programa Doutoral em Biologia de Plantas Duração: 4 anos • Candidaturas: Até 15 de Janeiro de 2010 (2.ª fase) • Horário: a definir • Vagas: 5 • Créditos: 240 ECTS • Info: 220403032 / [email protected] • Propina: 2500 c / ano

3º Ciclo / Programa Doutoral em Bio-diversidade, Genética e Evolução Duração: 8 Semestres • Candidaturas: Até 16 Janeiro de 2010 • Vagas: 9 (vagas sobrantes da 1.ª fase) • Créditos: 180 ECTS • Info: 220403032 / [email protected] • Propina: 2500 c / ano

3º Ciclo / Programa Doutoral em Ciência de Computadores Duração : 6 semestres • Candidaturas: 1 a 19 de Março de 2010 (2ª fase) • Horá-rio: a definir • Vagas: 30 • Créditos: 180 ECTS • Info: 220403032 / [email protected] • Propina: 2500 c / ano

3º Ciclo / Programa Doutoral em Biologia Duração: 3 anos • Candidaturas: Abertas em permanência • Horário: a definir • Vagas: 50 • Créditos: 180 ECTS • Info: 220403032 / [email protected] • Propina: 2500 c / ano

3º Ciclo / Programa Doutoral em Ciências e Tecnologia do Ambiente Duração: 3 anos • Candidaturas: Abertas em permanência • Horário: a definir • Vagas: 5 • Créditos: 180 ECTS • Info: 220403032 / [email protected] • Propina: 2500 c / ano

3º Ciclo / Programa Doutoral em Química Duração:3 anos • Candidaturas: Abertas em permanência • Horário: a definir • Vagas: 50 • Créditos: 180 ECTS • Info: 220403032 / [email protected] • Propina: 2500 c / ano

3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia Geográfica Duração:3 anos • Candidaturas: Abertas em permanência • Horário: a definir • Va-gas: Informação indisponível • Créditos: 180 ECTS • Info: 220403032 / [email protected] • Propina: 2500 c / ano

3º Ciclo / Programa Inter-Universitá-rio de Doutoramento em Matemática Duração:3 anos • Candidaturas: A de-correr (para o ano lectivo 2010/2011) • Vagas: Informação indisponível • Créditos: 180 ECTS • Info: 220403032 / [email protected] • Propina: 2750 c / ano

Faculdade de Engenharia (FEUP)Rua Dr. Roberto Frias • 4200-465 Porto • Tlf: +351 225 081 400 • Fax: + 351 225 081 440 • www.fe.up.pt

3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia CivilDuração: 3 anos • Candidaturas: 1 a 31 e Janeiro de 2010 (7ª fase); 1 a 28 de Fe-vereiro (8ª fase); 1 a 31 de Março (9ª fase) • Horário: diurno • Vagas: 40 • Créditos: 180 ECTS • Info: 22 508 1977 / [email protected] • Propina: 3000 c / ano

3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia Electrotécnica e de ComputadoresDuração: 3 anos • Candidaturas: até 31 de Janeiro de 2010 (7ª fase); 1 a 28 de Fe-vereiro (8ª fase); 1 a 31 de Março (3ª fase) • Horário: diurno • Vagas: 50 • Créditos: 180 ECTS • Info: 22 508 1977 / [email protected] • Propina: 3000 c / ano

3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia Mecânica Duração: 3 anos • Candidaturas: 1 a 31 e Janeiro de 2010 (7ª fase); 1 a 28 de Fe-vereiro (7ª fase); 1 a 31 de Março (9ª fase) • Horário: diurno • Vagas: 60 • Créditos: 180 ECTS • Info: 22 508 1977 / [email protected] • Propina: 3000 c / ano

3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia e Gestão de TransportesDuração: 3 anos • Candidaturas: 1 a 31 e Janeiro de 2010 (7ª fase); 1 a 28 de Fe-vereiro (7ª fase); 1 a 31 de Março (9ª fase) • Horário: diurno • Vagas: 10 • Créditos: 180 ECTS • Info: 22 508 1977 / [email protected] • Propina: 3000 c / ano

3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia Metalúrgica e de Materiais Duração: 3 anos • Candidaturas: 1 a 31 e Janeiro de 2010 (7ª fase); 1 a 28 de Feve-reiro (7ª fase); 1 a 31 de Março (9ª fase) • Horário: diurno • Vagas: 8 • Créditos: 180 ECTS • Info: 22 508 1977 / [email protected] • Propina: 3000 c / ano

Faculdade de Farmácia (FFUP)Rua Aníbal Cunha, 164 • 4050-047 Porto • Tlf: +351 222 078 900 • Fax: + 351 222 003 977 • www.ff.up.pt

3.º Ciclo / Doutoramento em Ciências FarmacêuticasDuração: 4 anos • Candidaturas: Até 27 de Fevereiro de 2010 (3ª fase) • Horário: diurno • Vagas: sem limite • Créditos: 240 ECTS • Info: 222 078 901/ [email protected] • Propina: 2500 c / ano

Faculdade de Medicina (FMUP)Rua Prof. Hernâni Monteiro, s/n • 4200-319 Porto • Tlf: +351 225 513 604Fax: + 351 225 513 605 • www.med.up.pt • [email protected]

3.º Ciclo / Programa Doutoral em MedicinaDuração: 3 anos • Candidaturas: 1 a 8 de cada mês • Horário: 5ª feira (16h às 20h), 6ª feira (14h às 20h) e sábado (9h às 13h) • Vagas: Informação indisponível • Créditos: 180 ECTS • Info: 220403032 / [email protected]/ [email protected] • Propina: 2500 c / ano

FORMAÇÃO PÓS-GRADUADA DA

UNIVERSIDADEDO PORTO

FORMAÇÃO PÓS-GRADUADA DA UNIVERSIDADE

DO PORTOCANDIDATURAS

ENTRE JANEIRO EABRIL DE 2010

AtençãoOs valores das Propinas poden sofrer alterações.

O período de candi-datura é, em muitos

casos, alargado e nou-tros são criadas novas fases de candidaturas.

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“E agora, José? / A festa acabou, / a luz apagou, / o povo sumiu, / a noite esfriou, / e agora José? / e agora, você?”. Apesar da afeição por este

poema de Carlos Drummond de Andrade, Arnaldo Saraiva não se debate com o mesmo dilema depois da sua Lição de Jubilação – que, ainda assim, apo-da de “atestado público de velhice”. Para o profes-sor catedrático da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), a festa não acabou após a última aula, em Outubro último. “A Jubilação tem esse lado bom que é podermos administrar o nosso tempo mais em nosso proveito ou menos de acordo com as exi-gências dos outros”, diz a propósito. Por isso, espe-ra dedicar-se mais à escrita e concluir investigações que interrompeu por circunstâncias variadas. Não pensa, aliás, amofinar-se em nostalgia com o término das aulas na FLUP, pois não lhe faltam solicitações para partilhar o seu saber em confe-rências, colóquios, apresentações e cursos, tanto em Portugal como no Brasil. Admite, contudo, al-gum apartamento em relação ao que considera ser um “espaço caseiro, doméstico, familiar” como é a FLUP. “Já não há muitos espaços assim, espaços

que proporcionam convívio, alguma protecção e trabalho útil”, afirma com um laivo de tristeza difusa. Além do mais, para Arnaldo Saraiva, “a aula é um espaço criativo. Muitas vezes, as aulas levaram-me a descobertas e a algumas investigações. Nunca concebi um professor que soubesse tudo e que não ti-vesse nada a aprender com os alunos”.Nascido em Casegas, concelho da Covilhã, em 1939, Arnal-do Saraiva licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa e doutorou-se na FLUP, tendo ainda reali-zado estudos de pós-graduação no Rio de Janeiro, em Paris e em Urbino (Itália). Na FLUP ensinou Literatura Portuguesa e Literatura Francesa e regeu as cadeiras de Literatura Brasileira e de Literaturas Orais e Marginais. Esta última disciplina (op-cional) foi introduzida no programa da Faculdade, pouco depois da Revolução de Abril, justamente por Arnaldo Saraiva, que, ao tornar-se docente universitário, não se conformou com o des-prezo de que era alvo a literatura popular. “Sempre valorizei a chamada literatura oral ou literatura popular, que nunca estudei nas universidades mas que aprendi na minha aldeia ainda antes de saber ler. Decorei até alguma dela, como a “Nau Catrineta”. Depois, na FLUP, “quis dar dignidade a uma quantidade enorme de textos que eu considero literários e que não eram estudados pela intelligentsia, pela crítica ou pelos professores”.

Precursor do estudo da literatura oralPara Arnaldo Saraiva, “do ponto de vista do interesse cultural, estético e literário, a literatura popular pode ser tão fecunda como a literatura culta”. Mas “é evidente que os graus de com-plexidade são distintos. Não posso pedir a um provérbio que seja uma epopeia, ou que uma canção seja um drama, ou que uma advinha seja uma novela, mas também não posso dizer que num provérbio, numa advinha, numa canção, numa ora-ção, num slogan, num grafito, não haja, no plano da imagina-ção e do trabalho verbal, qualidade que justifique o desinte-resse pelo seu estudo. Bem pelo contrário”. Tanto assim que, em outras faculdades de Letras portuguesas, a sua cadeira de Literaturas Orais e Marginais foi replicada e se produziram, até hoje, abundantes estudos académicos sobre textos populares. Mas, para além do seu arrebatamento pela literatura popular, Arnaldo Saraiva deixou-se derriçar pela “literatura de vanguar-da”, como lhe chama. “Parece um paradoxo, mas eu gostava dos textos mais simples e mais comunicativos e dos textos mais complexos da literatura moderna, sobretudo poéticos. Para mim, a poesia é a grande expressão da estética verbal, a forma que melhor trabalha a linguagem. Sempre gostei de poesia, decorando-a até com uma certa facilidade”. Acresce que, simultaneamente, deram-se uma “série de coincidências emocionantes” que empurraram Arnaldo Saraiva para o conví-vio próximo com poetas maiores da língua portuguesa, como Eugénio de Andrade, Jorge de Sena, Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Herberto Helder ou Ruy Belo. “Tive a sorte de conhecer todos estes poetas, o que não quer di-zer que não tenha amigos prosadores. Mas as pessoas a quem mais me devotei foram, sem dúvida, poetas. Isto tem a ver com a minha concepção da poesia, que é o que mais me interessa na vida. Gosto de viver poeticamente”. Arnaldo Saraiva fundou, de resto, o Centro de Estudos Pessoanos (com a sua revista Perso-na); foi Leitor da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, onde colaborou com o seu amigo Jorge de Sena; é presidente da Fundação Eugénio de Andrade; estudou e antologiou vários poetas (podemos acrescentar aos já referidos Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner Andresen, Rilke, etc.); e diz ter desco-berto a literatura e cultura brasileiras graças ao sobressalto que lhe causou a obra de Drummond de Andrade. O Brasil, esse “impávido colosso”, é de facto, e desde há muito, um dos azimutes intelectuais de Arnaldo Saraiva. Mas, segun-do o próprio, nada faria prever esse enamoramento, a não ser o tal estremeção provocado pelo autor de “A Rosa do Povo”. “A minha relação com o Brasil é misteriosa. Eu venho de uma re-gião do interior da Serra da Estrela onde não havia brasilidade

à vista. Não havia na minha família emigrantes no Brasil, como aqui no Norte. Embora me tenha dado conta que nasci no dia 12 de Outubro, que é o dia da padroeira do Brasil: a Nossa Se-nhora da Aparecida. E nasci não muito longe da terra natal de Pedro Álvares Cabral, que é Belmonte. Coincidência curiosa”.Hoje, Arnaldo Saraiva encontra-se a concluir um livro sobre Machado de Assis, um dos autores que, juntamente com Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto, considera colocar a literatura brasi-leira entre as maiores do mundo. E a sua intenção actual é “es-tar ainda mais atento à cultura e literatura brasileiras e fa-zer esforços para que sejam mais conhecidas em Por-tugal”. Isto porque Arnaldo Saraiva é, desde há cerca de dois meses, Sócio Correspondente da Academia Brasileira de Letras. Mas, independentemente des-sa circunstância, o ensaísta defende que “não se pode estudar bem a literatura brasileira sem co-nhecer a literatura portuguesa, e vice-versa”.

Biblioteca da cultura brasileiraEnquanto Sócio Correspondente da Academia Brasileira de Letras, Arnaldo Saraiva espera organizar, regularmente, um colóquio que junte escritores dos dois lados do Atlântico (algo que já fez em 2000) e criar, se possível no Porto, uma grande biblioteca da cultura brasileira, equipamento que não existe na Europa. “Penso que, pelo número de brasileiros a residir hoje em Portugal e o número de estudiosos da cultu-ra brasileira, [a biblioteca] teria uma acção preponderante na formação de escritores como, no Brasil, tiveram os chamados Gabinetes Portugueses de Leitura”, garante.Relativamente à sua obra futura, Arnaldo Saraiva diz ter cerca de 20 livros por publicar, na sua maior parte decorrentes da ac-tividade de investigador e ensaísta. Confessa, até, possuir um esboço de romance e uma peça de teatro, embora não goste de falar de obras ainda em fase de projecto. Também não aban-donou o seu mister de cronista, que exerceu com regularidade em títulos como o Jornal de Notícias, Público, Diário de Notí-cias e Jornal do Fundão (colaboração que ainda mantém). Mas o “ofício cantante”, como lhe chama Herberto Helder, é o que mais estima, apesar de só ter publicado dois livros de poemas: “ae” (1967) e “In” (1983). “Revejo-me mais na poesia, se não na minha, na dos outros. Mas tenho níveis de exigência: escre-vo sempre poesia mas não publico. Se publicar o que está nas gavetas, será muito restrito”. E acrescenta, à laia de conclusão: “A humanidade já tem grande literatura. E qualquer leitor é também criador”.

Arnaldo Saraiva é ensaísta, cronista, antologista, poeta e tudo. Chegou a professor catedrático da FLUP, onde in-troduziu a cadeira de Litera-turas Orais e Marginais. Foi, aliás, precursor em Portugal dos estudos académicos so-bre textos populares, como folhetos de cordel, provér-bios, orações, adivinhas, slogans ou mesmo grafitos. Em Outubro proferiu a sua Lição de Jubilação, que ironi-camente considera um “ates-tado público de velhice”. Mas não vai colocar a manta sobre as pernas e calçar as pantufas. Pelo contrário, espera dedicar mais tempo à escrita. E continuar a “viver poeticamente”.

“Gosto de viver poeticamente”

Sem memória vou a caminho do que vema caminho.Arnaldo Saraiva

CULTURA

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Jorge Cândido de Sena nasceu em 22 de Novembro de 1919, em S. Jorge de Arroios, Lisboa, no seio de uma

família da alta burguesia. Era filho úni-co de Augusto Raposo de Sena, natural dos Açores, de ascendência aristocrata e comandante da Marinha Mercante, e de Maria da Luz Grilo de Sena, doméstica, natural da Covilhã, a qual tinha laços fa-miliares na burguesia portuense.Frequentou a instrução primária no Co-légio Vasco da Gama, entre 1926 e 1931, transferindo-se neste último ano para o Liceu Camões, onde foi aluno de Rómu-lo de Carvalho na disciplina de Físico-Química, nos 6.0 e 7.0 anos do Curso Complementar dos Liceus.

Na Faculdade de Ciências da capital fre-quentou os cursos preparatórios, con-cluídos com a melhor classificação do seu curso, aos dezassete anos de idade.O pai esperava que ele seguisse, à sua imagem, uma carreira na Marinha, en-quanto a mãe lhe oferecia uma educação musical. Começou a escrever em 1936.Em 1937 matriculou-se na Escola Na-val, como primeiro cadete, no Curso do Condestável. Acontecimentos infelizes ocorridos durante a viagem de instrução realizada a bordo do navio-escola Sagres, relacionados com a rigidez das normas, precipitaram a sua expulsão da Marinha no ano seguinte.Este episódio traumático da sua adoles-cência, que coincidiu com a fascização do Estado e a luta pela liberdade em Es-panha, viria a ser evocado, mais tarde, em várias das suas obras.

Jorge de Sena

Estreou-se como escritor com a publica-ção de “Perseguição”, em 1942.Após a saída da Marinha procurou uma nova profissão condizente com o seu estrato social, inscrevendo-se então no curso de Engenharia Civil, em Lisboa. Contudo, em 1940 transferiu-se para a Faculdade de Engenharia da Universi-dade do Porto. No ano lectivo de 1942-1943 reprovou e viu-se na contingência de cumprir o serviço militar.Retomou os estudos em 1943 e, em 1944, enfrentou algumas dificuldades financeiras na sequência da morte do pai e da avó materna, que puseram em perigo a conclusão da licenciatura. Essas contrariedades foram, no entanto, ultra-passadas com a ajuda monetária dos amigos Ruy Cinatti e José Blanc.

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BIOGRAFIA

Em 1947 iniciou a carreira de engenhei-ro civil, na Câmara Municipal de Lisboa, e entre 1948 e 1959, trabalhou na Junta Autónoma de Estradas.Entretanto, em 1949, casou-se com Mé-cia Lopes, filha de músicos portuenses, que conhecera num baile de recepção de caloiros na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Tiveram nove filhos no espaço de 10 anos. Para susten-tar esta família numerosa também tra-balhou como tradutor, director literário e revisor.Em 1959 exilou-se no Brasil, temendo as consequências da sua participação no falhado golpe de estado de 12 de Março, liderado pelo Movimento Militar Inde-pendente, e aproveitando um convite que tinha para ir até São Paulo.No Brasil, país onde se fixou em Agosto de 1959, mudou radicalmente de profis-são, tornando-se professor (contratado) de Teoria da Literatura na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis, no Estado de São Paulo. Em 1961 passou para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara como Catedrático Contratado de Literatura Portuguesa.

Em 1963 naturalizou-se brasileiro e, em 1964, a sua nova vocação levou-a a defender a tese de doutoramento em Letras e de Livre Docência em Litera-tura Portuguesa, com “Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Penin-sular”, a qual foi aprovada com mérito e distinção.Este período brasileiro (1959-1965) foi, provavelmente, um dos mais profícuos da sua obra literária. Durante estes anos es-creveu, por exemplo, “Metamorfoses” (po-emas), e “O físico prodigioso” (novela).O golpe militar de 1964 inquietou-o e precipitou a sua saída do Brasil. Em 1965 transferiu-se para os EUA com a família, começando a leccionar na University of Wisconsin, Madison, em Outubro desse ano. Nesta universidade americana viria a ser nomeado Professor Catedrático do Departamento de Espanhol e de Portu-guês, em 1967.Em 1970 transitou para a University of California, em Santa Bárbara (UCSB), onde ocupou os cargos de Professor Ca-tedrático Efectivo do Departamento de Espanhol e de Português e Director do Departamento de Literatura Comparada.Os últimos anos de vida passados nos EUA foram problemáticos. Ao débil es-tado de saúde, degradado por problemas na vesícula, juntaram-se a fatalidade de ver nascer um neto com dificuldades cardíacas e a angústia suscitada pela instabilidade política portuguesa no pe-ríodo pós 25 de Abril.Morreu a 4 de Junho de 1978, aos ses-senta e oito anos, em Santa Barbara, na Califórnia.

Esta figura maior da cultura portuguesa do século XX produziu uma extensa e variada obra, constituída por cerca de vinte antologias de poesia, uma tragédia em verso, dez peças em um acto, mais de trinta contos, uma novela, um ro-mance (“Sinais de Fogo”, 1979), aproxi-madamente quarenta volumes de crítica e ensaio – sobre Camões, Fernando Pes-soa, história e teoria da literatura ingle-sa, teatro, cinema, artes – e traduções de poesia, de ficção, de teatro e de ensaio.Jorge de Sena foi também conferencista, crítico de teatro e de literatura, comenta-dor de cinema, director de publicações como os Cadernos de Poesia, coordena-dor editorial na revista Mundo Literário, consultor literário na edição dos Livros do Brasil e na editora brasileira Agir, co-fundador do grupo de Teatro Os Companheiros do Páteo das Comédias (1948), colaborador de António Pedro no programa de rádio Romance Policial, do Rádio Clube Português, e adaptador de contos. Enquanto opositor do Estado Novo foi, durante os anos 60, co-fundador da Unidade Democrática Portuguesa, membro do conselho redactorial do jor-nal Portugal Democrático e participante nas actividades do Centro Republicano Português de São Paulo, no Brasil.Nos Estados Unidos, a sua actividade cultural centrou-se nos círculos acadé-micos e da emigração, mantendo, toda-via, correspondência com intelectuais e autores portugueses e brasileiros e fazendo viagens de trabalho à Europa, Moçambique e Angola.

FARIA 90 ANOS

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Embora seja o berço da humanidade, é cons-tantemente apodado de “continente esque-cido”. Com notórios atrasos de desenvolvi-

mento socioeconómico e dificuldades na construção de verdadeiros Estados-Nação, África continua um pouco à margem das altas instâncias internacio-nais e nem sempre suscita no resto da população mundial o interesse que devia. Contudo, a rea-lidade africana tem uma importância crucial na geopolítica internacional e em particular na polí-tica externa dos países europeus com um passado colonizador, como Portugal.Ora foi precisamente para minorar o défice de conheci-mento sobre África que, em 10 de Novembro de 1997, nasceu oficialmente o Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (CEAUP). Para os fundadores do CEAUP – os professores António Custódio Gonçalves e Carlos José Gomes Pimenta, que contaram com o apoio do então reitor Alberto Amaral –, havia que criar um centro de in-vestigação, ensino e formação na Universidade que congregas-se visões diferentes sobre África, e não apenas aquelas que são subsidiárias de áreas de estudo como a História, a Economia ou a Geografia, por exemplo. Ou seja, “um centro que tivesse como primeira característica ser inter e pluridisciplinar”, subli-nha a actual presidente da Direcção do CEAUP, Elvira Mea. O CEAUP começou por integrar uma unidade de I&D – que na altura só tinha duas vias: história/cultura e antropologia/sociologia – e por assegurar um mestrado pluridisciplinar em Estudos Africanos, o qual resultou de um protocolo entre três faculdades da U.Porto: Economia, Letras e Psicologia e Ciên-cias da Educação. Hoje, o CEAUP é também responsável por um doutoramento em Estudos Africanos, igualmente decor-rente da parceria entre as três faculdades referidas, e enquanto

unidade de I&D está classificada com “Muito Bom” pela Fun-dação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Mais recentemente, em Fevereiro de 2008, o centro foi reco-nhecido como Organização Não-Governamental para o De-senvolvimento (ONGD) pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento. Complementarmente, o CEAUP constituiu-se como Entidade Formadora, através do Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua. Importa ainda acrescentar, como actividades relevantes do centro, a publicação da revista Aficana Studia (a única sobre Estudos Africanos editada regu-larmente em Portugal) e de compilações de actas de colóquios, a disponibilização online de obras variadas (designadamente teses de estudantes de pós-graduação) e a realização de encon-tros científicos em Portugal e no estrangeiro.

“Queremos criar uma escola”Feito este breve intróito sobre as actividades nucleares do CE-AUP, importa perceber como é que o centro actua enquanto unidade de I&D. E neste campo têm-se verificado “grandes progressos”, como revelou à U.Porto Alumni Elvira Mea. Ac-tualmente, o CEAUP integra cerca de 50 investigadores de di-ferentes nacionalidades, na sua maioria europeus e africanos (sobretudo dos Palop) mas também já alguns brasileiros. “Es-tamos a ter uma enorme adesão do Brasil, porque a reforma do ensino tornou obrigatória a História de África nos liceus. E, portanto, eles têm uma grande dificuldade em arranjar pessoas com competências na área”, explica Elvira Mea.Para que haja um módico de coordenação entre os investiga-dores, cada um deles foi agrupado num dos quatro subpro-jectos ou linhas de investigação que o CEAUP tem em curso: Desenvolvimento Económico-Social e Cooperação; Ecodesen-volvimento Sustentado em África (resulta da fusão de dois an-teriores subprojectos: Rumo a Sociedades Auto-sustentadas e Recursos Hídricos e Ambiente Natural em África); Identidades e Conflitos na África Subsariana; e Trabalho Forçado Africano. Cabe ao coordenador de cada subprojecto articular o trabalho dos investigadores, havendo quem tenha adaptado a sua inves-tigação às temáticas e propósitos dos quatro subprojectos.Nas palavras de Elvira Mea, o CEAUP tem “demonstrado gran-de abertura aos investigadores mais jovens. Não temos mui-tos nomes consagrados, mas não nos faltam investigadores promissores”. Exemplos disso são o alemão Alexander Keese (professor da Universidade de Berna, Suíça), que recentemente recebeu uma bolsa do European Research Council, ou a portu-guesa Ana Elisa Cascão (investigadora/doutoranda do King’s

College – Londres, Inglaterra), que se tem notabilizado pelos seus estudos sobre o problema da água em África. “Nós quere-mos criar uma escola e, por isso, apostamos em jovens investi-gadores”, esclarece Elvira Mea. Além disso, prossegue, “queremos ser cada vez mais pluri-disciplinares. Tendo investigadores de diferentes áreas e não apenas das Ciências Sociais, dispomos de olhares diferentes e que se complementam – o que torna muito enriquecedora a investigação”. Com o mesmo desiderato, “nós tentamos abrir fronteiras através de investigadores da África francófona, que têm uma maneira de ver diferente da dos investigadores por-tugueses, naturalmente mais ligados aos Palop”, acrescenta Elvira Mea.

Dificuldades logísticas e financeirasContudo, o objecto de estudo do CEAUP levanta diversos pro-blemas logísticos e financeiros. “Fazer investigação em África implica grandes deslocações e muito dispendiosas. Não é como ir a Londres num voo low cost. E há muitos investigadores que não têm possibilidade de adiantar o dinheiro para uma viagem, nem a FCT paga os custos de uma transferência bancária para África. Só que obrigar um investigador africano a ter uma con-ta na Europa não é ético: é uma forma de paternalismo até. A FCT tem de mudar e depressa. O centro não pode ser penali-zado por levar a investigação científica a lugares onde ela não existe ou é irrisória”, afirma Elvira Mea, lembrando, a propósi-to, o esforço que é necessário fazer para realizar colóquios em países africanos ou ministrar um mestrado em Cabo Verde (o que já aconteceu por duas vezes).O recente estatuto de ONGD vai, pensa Elvira Mea, minorar alguns destes problemas. “Ganhamos em termos económi-cos – mais recursos e benefícios fiscais – e não ficamos tão dependentes das regras académicas de financiamento”, o que “facilita a investigação no terreno. Vamos poder fazer uma in-vestigação mais aplicada, o que até agora era quase impossível. Até porque a FCT e outras entidades do género não estão mui-to interessadas neste tipo de trabalhos”. Segundo Elvira Mea, “há um crescente interesse da comunida-de científica internacional por África, sobretudo pela área da Economia e Desenvolvimento”. A que se junta, ainda de acor-do com a presidente do CEAUP, uma grande receptividade das autoridades africanas e da sociedade em geral em relação ao trabalho do centro. Mas, no caso português, admite que o in-teresse se prende, sobretudo, com razões empresariais, o que não é necessariamente um problema para Elvira Mea. “Temos uma parceria com uma autarquia precisamente porque, no concelho, há muitas empresas com negócios com os Palop. O centro é visto como uma via para dar aos empresários know-how sobre África. E nós já podemos dar formação intensiva em várias áreas, pois temos recursos humanos para isso. Essa é outra linha de intervenção do centro”, revela a mesma res-ponsável.

INVESTIGAR

Tem mais de 10 anos de existência, vasta experiência em formação pós-graduada e enquanto unidade de I&D obteve a classificação de “Muito Bom” pela FCT. Mas o Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto quis ir mais longe no conhecimento do “continente esquecido”, tendo para tanto requerido o estatuto de ONGD. Novas perspectivas se abrem agora para o CEAUP, entidade que espera implementar no terreno mais projectos de investigação científica aplicada e de formação multidisciplinar.

Áfricacada vez mais perto

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Bastava ser a única mulher a ocupar o topo da pirâmide de uma empresa cotada no PSI-20 para que Ana Maria Fernandes se destacasse. Licenciada em Economia pela Faculdade de Economia da U.Porto (FEP), a CEO da EDP Re-nováveis foi considerada a melhor executiva portuguesa de 2009 pela European Women´s Management Development International Ne-twork (EWMD).A obtenção de bons resultados financeiros e a integridade moral e ética dentro e fora da em-presa foram alguns dos critérios que pesaram na escolha unânime do júri da primeira edição do “EWMD Female Leadership Award”. A an-tiga estudante da U.Porto impôs-se num lote de 25 nomeadas, todas elas com cargos admi-nistrativos nalgumas das mais conceituadas empresas nacionais.Natural de Moçambique, Ana Maria Fernan-des cumpriu todo o seu percurso académico na U.Porto. Para além da licenciatura, foi professora assistente estagiária da FEP. Pelo meio, fez um MBA na Escola de Gestão do

Porto. Com larga experiência na banca (trabalhou na Banco Português

do Atlântico, Efisa e no BPI), passou pela Galp antes de se

fixar na EDP.O prémio “EWMD foi entregue no dia 6 de Novembro, em Lisboa,

durante a conferência “Leadership in the 21st Century”.Foto: EDP

A MELHOREXECUTIVADO ANO

NOVOS DOUTORES HONORIS CAUSA

PRÉMIOGRUNENTHAL PARA ISAURATAVARES

PERSONALIDADE DESPORTIVA DO ANO

NOVO LÍDER DOS FARMACÊUTICOS

MEDALHA L’ORÉAL PARA MARIAJOSÉ OLIVEIRA

O tradicional cortejo dos doutores, devida-mente trajados com as clássicas becas pretas, tem sido, nos últimos tempos, frequente na Reitoria da U.Porto. Tudo porque o salão nobre deste edifício foi palco, entre Setembro e Novembro, de três cerimónias de doutora-mento Honoris Causa, o mais elevado título honorífico da Universidade.Neste período, o primeiro Doutor Honoris Causa foi Luís Portela. A distinção serviu para a U.Porto reconhecer o percurso profissional de um seu antigo aluno que, enquanto em-presário, logrou transformar uma pequena empresa familiar, a Bial, numa multinacional farmacêutica. O padrinho do doutorado foi Mário Soares.Em 16 de Outubro, o grau de Doutor Honoris Causa seria atribuído ao geólogo brasileiro Guilherme de Oliveira Estrella, actual director de Exploração e Produção da Petrobras e que, nessa condição, teve uma intervenção decisiva nas recentes descobertas de reservas petro-líferas ao largo do Brasil, no âmbito de um consórcio participado pela Galp Energia. Cou-be a Fernando Manuel Pereira de Noronha, professor catedrático de Geologia da FCUP, ser o padrinho do novo doutor. No mês seguinte, a 26 de Novembro, o pre-sidente do Comité Olímpico Internacional, Jacques Rogge (na foto), é, também ele, agra-ciado com o título de Doutor Honoris Causa. A distinção visou homenagear o centenário do Comité Olímpico de Portugal (COP), que se celebrou no dia 27 de Novembro, e o trabalho desenvolvido pelo belga Jacques Rogge na revitalização do ideal olímpico. De resto, o padrinho do novo doutor foi o presidente do COP, Vicente Moura.Por último, importa referir o primeiro doutora-mento Honoris Causa conferido, em Portugal, conjuntamente por três instituições do ensino superior: U.Porto, Universidade Técnica de Lisboa e Universidade Nova de Lisboa. A nova doutora foi a presidente do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Susan Hockfield, tendo a cerimónia sido realizada na Academia das Ciências de Lisboa, a 25 de Novembro.

Isaura Tavares, professora e investigadora da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP), foi distinguida em Outubro passado com o Prémio Grunenthal Dor 2008 – Investigação Básica, atribuído pela Fundação Grunenthal Portugal. O trabalho premiado descreve um novo fár-maco que poderá vir a ser usado no combate à dor e na terapia de doenças neurodegenera-tivas, como a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson. Desenvolvido em parceria com dois investiga-dores do IMM – Instituto de Biologia Molecu-lar e Celular, o projecto assenta na descoberta de uma nova molécula – a KTP-RC – cujas propriedades analgésicas se revelaram efica-zes no tratamento da dor. Daí até à criação do fármaco seria um passo dado em colaboração com uma equipa da Universidade de Girona, Espanha. O medica-mento já foi patenteado e receberá financia-mento europeu para o seu desenvolvimento industrial. Licenciada em Biologia (Ramo Científico) pela Faculdade de Ciências da U.Porto e doutorada em Ciências Morfológicas na FMUP, Isaura Ta-vares é actualmente Professora Associada com Agregação nesta última unidade orgânica. Ligada à investigação científica da Neurobio-logia da dor desde 1989, é autora de cerca de 40 artigos científicos nessa área.

José Ferreira Duarte, professor do departa-mento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), foi eleito “Personalidade do Ano” pela Federação Por-tuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK). Atribuído pela Confederação do Desporto de Portugal (CDP), o Prémio “Mérito Desportivo – Personalidade do Ano” resulta da nomeação das próprias federações que, anualmente, indicam a personalidade/entidade que mais se tenha evidenciado ao longo da época des-portiva.José Ferreira Duarte vê desta forma reconhe-cido o importante contributo que tem dado na promoção de múltiplas iniciativas de dina-mização do desporto automóvel em Portugal. É ele, por exemplo, o criador do “Challenge Desafio Único”, uma competição de baixo custo que tem percorrido, desde 2007, diversos circuitos e rampas nacionais e impulsionado a prática do desporto automóvel nas camadas mais jovens. Com um percurso académico de 25 anos in-teiramente ligado à FEUP (onde é professor auxiliar desde 1997), José Ferreira Duarte foi ainda o responsável pela criação, em 2006, de uma nova área de ensino no Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica: a Enge-nharia Automóvel, justamente. Foi também o responsável pela organização do 1.º Curso de Formação de Comissário Técnico na FEUP, em colaboração com a FPAK.

Maria José Oliveira é uma das três jovens cientistas a quem foram atribuídas, este ano, as Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência. A investigadora do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB) recebeu, no dia 23 de Novembro, na Academia das Ciências de Lisboa, a sua Medalha de Honra e os 20 mil euros de financiamento destinados a cada uma das galardoadas. Nesta sexta edição do prémio, o júri científico foi presidido por Alexandre Quintanilha. Aos 35 anos, Maria José Oliveira viu assim reconhecidas a qualidade e pertinência científicas da sua actual investigação sobre o cancro, investigação essa que em que é ava-liada a actividade das células que, apesar de não serem tumorais, podem contribuir para a progressão do tumor. Com base nesta premis-sa, a jovem cientista está a estudar, no âmbito do seu projecto, o papel dos macrófagos (as células do sistema imune) na invasão das cé-lulas tumorais e os mecanismos moleculares envolvidos. Maria José Oliveira doutorou-se em Ciências Médicas na Universidade de Ghent, na Bél-gica, em 2004, e é hoje professora afiliada da Faculdade de Medicina da U.Porto, actividade que desenvolve em paralelo com o seu traba-lho no Departamento de Engenharia Biomé-dica do INEB.Resta dizer que o programa científico em apreço foi lançado em 2004 e resulta de uma parceria entre a L’Oréal Portugal, a Fundação Nacional da UNESCO e a Fundação para a Ciência e Tecnologia.

MÉRITO

Carlos Maurício Barbosa, professor da Facul-dade de Farmácia da U.Porto (FFUP), foi elei-to, no passado dia 20 de Outubro, bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF). Num acto eleitoral que contou, segundo a OF, com “uma das mais altas taxas de participação de sem-pre”, o docente da FFUP obteve perto de dois terços dos votos, sucedendo assim a Elisabete Faria na liderança do órgão máximo dos far-macêuticos portugueses.Maurício Barbosa chega à OF no culminar de um percurso iniciado em 1986, ano em que se licenciou em Ciências Farmacêuticas (ramo de Farmácia Industrial) pela FFUP. A classificação obtida (16 valores) garantiu-lhe o ingresso na carreira docente da Faculdade, que não mais viria a abandonar. Desde 2003 que é professor associado com nomeação definitiva, leccionando várias disciplinas no curso de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêu-ticas e no curso de Mestrado em Tecnologia Farmacêutica. É ainda investigador principal do Centro de Química Medicinal da U.Porto (CEQUIMED-UP).A tomada de posse do novo bastonário de-correu a 11 de Novembro último, na sede na-cional da OF, em Lisboa. Entre as prioridades anunciadas por Carlos Maurício Barbosa para o mandato de três anos que agora se iniciou, destaca-se “a criação de uma nova regula-mentação transversal ao exercício profissional farmacêutico”, segundo palavras do novo bastonário.

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Em 8 de Outubro último realizou-se o 1.0 Dia Lidera da U.Porto, tendo na altura sido apresentados sete projec-tos representativos dos propósitos da iniciativa: Lugares

Efémeros (intervenção no espaço público urbano), da FAUP; eCork (novos materiais respeitadores do ambiente e que re-forçam a qualidade das edificações), da FAUP; Tu e a Internet (sensibilização dos jovens para a sociedade do conhecimento), da FCUP; Promover e Facilitar entre os Mais Pequenos (activi-dades com valor pedagógico para crianças), da FPCEUP; VOR-sat (pequeno satélite – CubeSat – para investigação e recolha de dados da termosfera e da reentrada na atmosfera terrestre), da FEUP; AsasF (sistema computacional de bordo, webservi-ces, gimbal terrestre e gimbal para aviões), da FEUP; e Pro-dução de Biodiesel através de Gorduras Animais (produção de biodiesel), da FCUP. Estes sete projectos integraram os 52 Lidera que foram cons-tituídos em 2008/2009, a partir de um universo de 80 pro-postas iniciais. Perto de 500 estudantes de nove faculdades estiveram, assim, envolvidos nesta última edição da iniciativa, que pela primeira vez abarcou todas as unidades orgânicas da U.Porto. Convém recordar que a iniciativa estava circunscrita à FEUP, onde havia sido criada, em 2004, com a designação de Projectos PESC (Projectar, Empreender e Saber Concreti-zar). Em 2007, a U.Porto concorreu ao prémio Fomento do Empreendedorismo da COTEC (Associação Empresarial para a Inovação) com o programa Viver a Inovação, o qual previa, precisamente, o alargamento a todas as faculdades do mode-lo pedagógico dos PESC, agora com a designação de Projectos Lidera. A Universidade acabaria por conquistar o prémio da COTEC e, em 2008, os Lidera passam a estar abertos a todos os estudantes da U.Porto, bem como a estudantes do Instituto Superior de Serviço Social do Porto, do Instituto Superior de Engenharia do Porto, de algumas escolas do ensino secundário e de outras instituições.

Assim nasciam os Lidera que, como o nome indica, são pro-jectos liderados por estudantes, tendo em vista o desenvolvi-mento de um conjunto de capacidades: “de identificação, ava-liação e formulação de problemas, após observação e análise crítica da realidade; de comunicação e de trabalho em grupo multidisciplinar; de gestão de recursos humanos, financeiros, naturais e outros; de fazer a aplicação prática da teoria e de transformar ideias em realidades; de liderança; de empreende-dorismo”. Para o coordenador geral dos Lidera e seu mentor, António Barbedo de Magalhães, trata-se de desenvolver “não o saber pelo saber, mas o saber com aplicabilidade. Os projectos têm que visar a concretização de qualquer coisa útil e com va-lor comercial”, explica o docente da FEUP.

Desenvolver soft skillsEstes pressupostos entroncam no conceito de universidade enquanto espaço de aprendizagem, dotado de um modelo pe-dagógico que releva as chamadas soft skills. “Os estudantes aprendem imenso uns com os outros e aumentam a sua capaci-dade de trabalho. Na minha óptica, a universidade é mais uma comunidade de aprendizagem do que uma comunidade de en-sino. O importante não é tanto o que os estudantes aprendem, mas sim as capacidades que desenvolvem: as soft skills. O que é preciso é saber-fazer, saber relacionar-se com os outros, saber organizar-se, saber liderar, saber desenvolver as capacidades de empreendedorismo”, defende Barbedo de Magalhães.Para a líder do projecto eCork, Sara Brysch, as principais virtu-des dos Lidera são “permitir aos alunos uma maior aproxima-ção ao ‘mundo real’, através do contacto com as empresas ne-cessárias ao projecto”; “o facto de um dos requisitos ser reunir alunos de várias faculdades, cada um com a sua especialidade e concorrer para um objectivo comum”; e “ser possível dar segui-mento a uma ideia, tornando-a real”, apenas com uma “certa ajuda monetária por parte da U.Porto”. Já Joana Vieira, líder do projecto Promover e Facilitar entre os Mais Pequenos, salienta, entre as vantagens do Lidera, “a possibilidade de concretizar aprendizagens. Estas passam pelo saber prático, o articular e gerir recursos humanos e materiais e o aprender a conciliar diferentes saberes tendo em vista um objectivo comum. Uma outra virtude que encontro neste tipo de iniciativa prende-se com as vias comunicação que foram sendo criadas entre a Uni-versidade e as várias faculdades, os seus alunos e docentes”.Quanto a dificuldades na implementação dos projectos, Joa-

na Vieira assinala algumas “situações de carácter logístico, financeiro e de articulação de recursos. O facto de nem sem-pre haver dinheiro disponível para a compra dos materiais para realizar actividades e a falta de disponibilidade de alguns membros foram as dificuldades mais difíceis de ultrapassar”. Já Sara Brysch salienta que a “principal dificuldade foi encon-trar um ambiente de trabalho fixo, uma vez que, para realizar as experiências, era necessário dirigirmo-nos constantemente às instalações da FEUP, o que envolvia, muitas das vezes, espe-ras burocráticas e uma falta de comunicação kafkiana entre os responsáveis pelos departamentos e o nosso grupo de trabalho. Outra das dificuldades foi a questão do financiamento do pro-jecto, que incluía eternos pedidos de autorização para comprar umas míseras luvas de plástico e um bom tempo de espera para receber o dinheiro necessário à progressão do projecto”.

Definir um rumoUm Projecto Lidera tem necessariamente um líder, a quem compete escolher a equipa e gerir as diferentes componentes do projecto (humanas, técnicas, financeiras, etc.). Na escolha da equipa, o líder deve incluir estudantes de diferentes cursos e anos lectivos, sendo até desejável que integre estudantes com graus distintos, inclusive do ensino secundário. Assim é asse-gurada a multidisciplinaridade do projecto, condição essencial para que, dentro de cada grupo, haja diferentes perspectivas re-lativamente à mesma questão. Outra obrigatoriedade é a super-visão dos projectos por dois orientadores, devendo um deles, o principal, ser docente da U.Porto. A este orientador compete dar um parecer sobre o trabalho das equipas, tendo por base os dois relatórios que os líderes dos projectos têm de apresentar durante o ano. Importa acrescentar que os Lidera beneficiam de um pequeno financiamento do programa Viver a Inovação, podendo esse estímulo monetário ser reforçado pelas faculda-des e por entidades públicas ou privadas.

Entre 2005 e 2008, os PESC conheceram uma adesão cres-cente e alguns deram origem a empresas. Daí que Barbedo de Magalhães fale em “percurso positivo”, embora considere que “se está num momento em que é preciso decidir qual o rumo e clarificar o que é que a Universidade pretende no futuro destes projectos”. O que está em causa, na sua opinião, é a manuten-ção dos Lidera à margem do modelo pedagógico vigente ou a sua integração nesse mesmo modelo. Para Barbedo de Maga-lhães, as duas soluções têm “vantagens e inconvenientes”. A integração “faria sentido em termos pedagógicos se se assu-mir que o desenvolvimento de soft skills é uma das funções da Universidade, como eu defendo. Mas há muitos docentes da U.Porto que acham que uma disciplina onde não há um programa e um conjunto de conhecimen-tos sujeitos a avaliação não deve entrar no plano de estudos e ter ECTS [Sistema Europeu de Transfe-rência de Créditos]”.No entanto, “a integração nos planos de estudo também tem alguns inconvenientes. Isso implica uma avaliação, o que é mais difícil do que uma matéria bem definida. Se atribuirmos ECTS aos Projectos Li-dera, vamos complicar o sistema e obrigar a uma metodologia em que a avaliação se torna preponderante. E eu pergunto se ainda haverá liberdade, liderança e empreendedorismo”. Por isso, “sempre defendi que deviam ser integrados no modelo pedagógico, mas com uma avaliação completamente diferente da que têm outro género de disciplinas. Mas tenho dúvidas que estejamos em condições culturais de o fazer sem gerar uma enorme burocracia e sem matar o espírito dos Lidera. Portanto, neste momento, não sei dizer qual é a melhor solução. A me-lhor solução depende do que querem para a Universidade os seus responsáveis”, conclui Barbedo de Magalhães, acrescen-tando que qualquer decisão só deve ser tomada depois de uma “avaliação externa” da iniciativa.

No ano de 2008/2009 deu-se o alarga-mento dos Projectos Lidera a todas as faculdades da U.Porto, no âmbito do programa Viver a Inovação. Foram então apreciadas 80 propostas de pro-jectos, mas só 52 se tornaram Lidera. O coordenador geral da iniciativa, Barbedo de Magalhães, considera que o percurso dos Lidera tem sido “positi-vo”, embora pense estar na altura de “decidir o rumo” a seguir, depois de uma “avaliação externa”. Uma das opções passa pela integração dos Lidera no plano de estudos da Universidade.

EMPREENDER

“NA ESCOLHA DA EQUIPA, O LÍDER DEVE INCLUIR ESTUDANTES DE DIFERENTES CURSOS E ANOS LECTIVOS,...”

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A descrição histórico-artística do IPPAR (hoje IGESPAR) dissipa eventuais cepticismos: a Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) é “uma composição geral de grande qualidade, notável pela pujança plás-tica retirada do betão, visível na articulação dos efeitos de ensombramento e luz”. E de facto o edifício impõe-se ao olhar pela sua monumentalidade, embora não cause empatia logo à primeira. Aprende-se a gostar daquela massa cinzenta contínua e compacta, cuja aparente monotonia visual é apenas, aqui e ali, quebrada por frestas rasgadas nas paredes cinzentas, janelões simétricos e varandins subtis. No interior, a mesma austeridade esté-tica: assiste-se a um jogo de sombras que ser-ve para melhor realçar a luz, nunca deixando a penumbra invadir o espaço. Construído eminentemente em betão, fibroci-mento e alumínio, este edifício emblemático de Alfredo Viana de Lima (1913-1991) foi gizado em 1960. Contudo, a FEP só seria transferida para as novas instalações, no Pólo 2 da Uni-versidade, em 1974. De resto, a obra é pródiga em atribulações. Para além de ter ficado a “marinar” cerca de uma década, o projecto teve de ser adaptado logo em 1978, pois care-cia de algumas valências importantes. Nada que ofusque a relevância arquitectónica da FEP e a mestria do antigo colaborador de Le Corbusier. Juntamente com o bloco de Costa Cabral e a casa Aristides Ribeiro, a faculdade da Asprela é um dos marcos no Porto da obra de Viana de Lima, arquitecto que rompeu com os espartilhos da arquitectura pública da épo-ca e colaborou com Oscar Niemeyer no projec-to do Hotel Pestana Casino Park, na Madeira, durante os anos 60. RMG

LOUVOR AO BETÃO

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Classificada pela UNESCO como Património da Huma-nidade, a região vinhateira do Alto Douro encerra em si uma imensa riqueza natural, paisagística, cultural e

histórica. E mercê dessa riqueza, a economia duriense desen-volveu-se significativamente nos últimos anos e a população local ganhou qualidade de vida. O valor acrescentado resul-tante dos sectores vitivinícola, olivícola, turístico e energético, principalmente, começou a fixar-se na região e a estimular a emergência de novas actividades produtivas. Com isto, o êxodo populacional abrandou e o Douro ganhou peso no desenvolvi-mento socioeconómico do Norte do país. Neste contexto em que passado e presente se cruzam valori-zando-se mutuamente, a U.Porto e a empresa Poças – Vinhos do Porto & Douro acordaram organizar, em conjunto, a ini-ciativa “Vindima Erasmus 2009”. Assim, durante os dias 23, 24 e 25 de Setembro, um grupo de 12 estudantes estrangeiros (11 nacionalidades diferentes) da Universidade pôde conhecer a mais antiga região demarcada do mundo e aquela onde se inicia o ciclo de produção do afamado vinho do Porto. Mas nem tudo foi remanso e pândega. Houve também sangue, suor e lágrimas no périplo pelo Douro. Os 12 jovens mortifi-caram o corpo numa árdua vindima, sentiram na pele a incle-mência do sol português, revolveram as entranhas nas curvas apertadas das encostas durienses, arrepiaram-se durante uma “pisa a pé” (de uvas) em lagar de pedra, inalaram pó enquanto percorriam as vinhas em pick-ups de caixa aberta e houve até quem esfolasse uma perna ao mostrar os seus (fracos) dotes de trepador de árvores. Mas tudo acabou bem e o contentamento foi geral.

300 candidatos a vindimadores O heterogéneo grupo excursionista – uma austríaca, dois brasi-leiros, uma britânica, uma croata, uma japonesa, uma húngara, um italiano, um espanhol, um norueguês, uma polaca e uma romena – foi seleccionado durante um processo que arrancou com um workshop realizado no Porto, ao qual concorreram 300 estudantes. Destes, só 60 tiveram a oportunidade de co-nhecer todos os passos da criação de um vinho: desde o cultivo da vinha à prova, passando pelas técnicas de vinificação. Após o workshop, os estudantes realizaram e comentaram uma prova de vinhos Poças, tendo sido avaliados por um júri constituído por especialistas. Os mais conhecedores e inspirados foram es-colhidos para a “Vindima Erasmus 2009”.No dia 23, os 12 estudantes de programas de mobilidade lá par-tiram para o Peso da Régua de comboio, desfrutando assim de uma vista panorâmica ímpar. Uma vez na capital do Douro, o grupo participou numa visita guiada à Quinta das Quartas (Centro de Vinificação, Armazém de Estágio e Envelhecimento e Núcleo Museológico), onde tiveram lugar uma prova de vi-nhos e um jantar de recepção. Já o segundo dia do programa foi um teste à resistência física dos jovens, que, logo pela alvorada e sentindo o calor acentuar-se à medida que as horas avança-vam, colheram uvas na vindima da Quinta de Vale de Cavalos, em Vila Nova de Foz Côa, ao lado dos “jornaleiros” durienses. No final estavam exaustos, um pouco ruborizados pelo sol e tisnados pelo pó. Mas satisfeitos. Depois de um piquenique, a tarde do dia 24 foi de descom-pressão na Quinta da Avessada, em Favaios, onde na respectiva enoteca os estudantes ficaram a conhecer melhor a história do Douro e puderam participar numa lagarada encenada para o efeito. Ah, e também saborearam o Moscatel de Favaios, que mostrou ser um bom tónico retemperador – até porque os jo-

vens pareciam desconhecer a sua elevada graduação alcoólica. No último dia, o grupo Erasmus visitou o Museu do Douro, tendo regressado ao Porto em barcos rápidos semi-rígidos. Durante a descida do rio, houve ainda tempo para tirar fotos, observar a natureza e almoçar num restaurante típico. Ainda um pouco assarapantada com a lagarada, a brasileira Mariana Camargo confessou que a sua participação na “Vindi-ma Erasmus 2009” foi motivada pela “curiosidade”. “Eu venho do Sul do Brasil e lá nós produzimos vinho na Serra Gaúcha, mas não sou muito entendida no assunto. Ainda mais de vi-nhos do Porto. Estou aprendendo agora. É muito interessante”. Contudo, admitiu ter sido “difícil colher as uvas debaixo do sol”. “Fazer uma vez na vida é divertido, mas não fazer todo o dia”, afirmou a estudante da Faculdade de Direito.A japonesa Yukiko Fukushige já tinha provado vinho do Porto, que considera ser “muito doce e forte”. “É um importante pro-duto da cultura portuguesa, por isso eu tinha de saber mais”, explicou a estudante de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras, acrescentando que aprendeu bastante sobre Portugal com o programa organizado pela U.Porto e pela Poças. “O que eu gostei mais foi das provas de vinhos. Tam-bém gostei de apanhar uvas, mas, como os trabalhadores não falam inglês e eu não falo português, tive alguns problemas de comunicação. Acho que não conseguia fazer isto [a vindima] todos os dias”, rematou.

Programa para continuarDurante o jantar na Quinta da Avessada, o norueguês Nicolai Bollling assumiu-se como porta-voz do grupo e agradeceu, em nome de todos, a oportunidade que lhes foi dada de conhece-rem a região do Douro. Para este estudante do ICBAS – Institu-to de Ciências Biomédicas Abel Salazar, tratou-se de uma “ex-periência muito interessante” e que lhe despertou a vontade de descobrir outras regiões de Portugal. Ainda no mesmo repasto, Rita Sinde, do Serviço de Relações Internacionais da U.Porto, salientou a importância de partilharmos a nossa cultura com os estudantes estrangeiros e Pedro Poças Pintão, director co-mercial da Poças, anunciou que, dentro de um ano, a empresa vai oferecer a cada participante no programa uma garrafa de vinho do Douro produzido na colheita em que colaboraram. À U.Porto Alumni, Pedro Poças Pintão afirmou ser vontade da empresa dar continuidade ao programa dirigido a estudan-tes estrangeiros e, inclusivamente, alargar a parceria com a U.Porto a outros domínios. “Quando apresentámos o projecto, pensámos logo que seria por vários anos. Evidentemente que haverá sempre algumas coisas a alterar, até para introduzir um efeito novidade de ano para ano. Este programa com estudan-tes Erasmus é uma excelente oportunidade para quem não tem o hábito de viver o mundo do vinho”, salienta o director comer-cial da empresa.

ERASMUS EM “FARMVILLE” NO DOURO

O Douro é uma das regiões onde o pulsar da cultura tradicional portuguesa é mais forte e onde estão

mais expostas as nossas raízes históricas. Razões de sobra para a U.Porto e a empresa de vinhos Po-ças organizarem, em Setembro último, o programa

“Vindima Erasmus 2009”, no âmbito do qual 12 estudantes estrangeiros da Universidade puderam desfrutar, durante três dias, de quase todos os en-

cantos da mais antiga região demarcada do mundo. No final, e apesar de algum esforço físico, o conten-

tamento era geral entre os jovens.

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Como se afirmou o poder da classe mé-dica em Portugal no contexto do Estado Novo? Como se desenrolaram as estraté-gias de poder entre a classe médica e o poder político? Nas páginas do livro “O Poder Médico no Estado Novo (1945-1974) – Afirmação, Legitimação e Ordenamento Profissional”, com a chancela U.Porto Editorial, Rui Pinto Costa responde a es-tas questões através de uma digressão histórica pela emergência e construção do poder médico em Portugal, explicitando as suas relações com o poder político ins-tituído no Estado Novo. As mudanças de cariz técnico-científico do pós-guerra, o papel da Organização Mundial de Saúde enquanto porta-voz das últimas aquisições do saber médico, a acção desenvolvida pela Ordem dos Mé-dicos como veículo de promoção política e social, a reorganização hospitalar e a cria-ção da carreira pública na fase marcelista, sobressaem na análise de Rui Pinto Costa como marcos determinantes na consolida-ção da posição preponderante e da influ-ência dos médicos no nosso país.Rui Manuel Pinto Costa é licenciado em História e mestre em História Contem-porânea pela Faculdade de Letras da U.Porto. Dedicando-se aos domínios da historiografia moderna e contemporânea, as suas principais áreas científicas de in-vestigação abrangem a História da Saúde, da Medicina e das Ciências Biomédicas em Portugal. É investigador do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória da Faculdade de Letras (CITCEM-FLUP).Pedro Rocha

“Quando a flor, / Em toda a expansão das suas pétalas / Cresce sobre a coluna / E alucinada diz: / Vê-me crescer / Vê a mi-nha expansão / Imensa, magnífica, grave, / Ouve em mim a voz do Criador” – “Flor”.Este é um dos muitos poemas que pode-mos encontrar ao folhear “Electri-Cidade”, um livro de poesia da autoria de Vítor Oliveira Jorge. Docente na Faculdade de Letras da U.Porto, o escritor mostrou-se, desde cedo, um apaixonado pela literatura e pela poesia. Há 40 anos já Vítor Oliveira Jorge colaborava com várias revistas, publicando alguns poemas infan-tis. Os seus primeiros livros surgem em 1973 e 1974, em Angola, onde o poeta se encontrava deslocado como assistente da Universidade de Luanda. Arqueólogo, escritor e docente, Vítor Oliveira Jorge escreve também na área da Arqueologia Pré-histórica e do ensaio. Em 2001, recebeu o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito pelo conjunto do seu trabalho e, em particular, pela sua activi-dade na defesa do património arqueológi-co português. “Electri-Cidade” foi redigido na cidade do Porto, entre Março de 2008 e Fevereiro de 2009, e as primeiras versões dos poemas estão inseridas no blogue do autor http://trans-ferir.blogspot.com.Esta obra, pese embora a sua diversidade, procura criar uma unidade interna e dar continuidade ao livro “Casa das Máqui-nas”, lançado em 2008.

Quem somos, afinal? Esta é a pergunta a que Luísa Pereira e Filipa M. Ribeiro pro-curam responder ao longo desta obra. “O Património Genético Português” é o pri-meiro livro que toca de forma tão clara no legado genético do povo lusitano. Combi-nando contributos de áreas tão distintas como a Genética, a Arqueologia, a Antro-pologia, a História e a Climatologia, Luísa Pereira e Filipa M. Ribeiro oferecem-nos uma visão multifacetada de uma marca que nós, portugueses, deixamos impressa neste mundo. “O Património Genético Português” é um trabalho de investigação que marca a dife-rença pela interdisciplinaridade, acessibi-lidade, complementaridade e pelo conte-údo de referência para quem trabalha na área da evolução humana. Com uma es-crita acessível a todos, as autoras guiam o leitor por uma aventura com várias facetas, explorando múltiplas perspecti-vas face aos recentes avanços no estudo dos nossos antepassados. No fundo, “O Património Genético Português” procura fazer chegar a um público cada vez mais interessado neste tema os resultados que têm vindo a ser obtidos na área da Histó-ria Genética das Populações, com natural enfoque na população portuguesa.Luísa Pereira é bióloga e doutorada em genética populacional humana, investi-gadora no IPATIMUP e docente afiliada na Faculdade de Medicina da U.Porto. Já Fili-pa M. Ribeiro é licenciada em Jornalismo, mas a paixão pela Ciência esteve sempre viva. Fez duas pós-graduações, uma em Jornalismo Médico e de Saúde e outra em Genética e Direito. Concluiu o mestrado em Comunicação e Educação de Ciência e tem-se dedicado aos estudos da relação entre utopia, ciência e conhecimento.

ARTES À SOLTA NAGALERIA DOS LEÕES

O PODER MÉDICO NO ESTADO NOVORUI MANUEL PINTO COSAU.PORTO EDITORIAL

O PATRIMÓNIO GENÉTICO PORTUGUÊSLUÍSA PEREIRA E FILIPA M. RIBEIROGRADIVA

ELECTRI-CIDADEVÍTOR OLIVEIRA JORGEEDIÇÕES COLIBRI

A U.Porto lançou o desafio e a sua Facul-dade de Belas Artes (FBAUP) respondeu com um projecto que promete entrar rapidamente para o topo do roteiro cultu-ral da cidade. Abram-se, pois, as portas da Galeria dos Leões, o espaço cultural inaugurado no dia 12 de Dezembro, em pleno Edifício da Reitoria (Praça Gomes Teixeira).Instalado no prolongamento da Loja da U.Porto, este equipamento – concebido pelo arquitecto Manuel Reis – foi pensa-do enquanto palco de exposições e de realização de iniciativas promovidas pela comunidade da FBAUP. “É uma porta que pretendemos abrir entre a Faculdade e o exterior, através de um espaço de con-vergência onde estudantes, professores, artistas convidados e ateliers que colabo-ram com as Belas Artes possam mostrar o seu trabalho”, revela Graciela Machado, professora da FBAUP.A oferta expositiva diversificada – abrange áreas como a ilustração, as artes plásti-cas, o design a as técnicas de impressão – e a possibilidade de adquirir as obras de alguns dos novos talentos da FBAUP são mais-valias ao dispor dos visitantes de uma galeria cuja ambição é servida em dose dupla. Por um lado, “afirmar o papel de referência da FBAUP no ensino artístico em Portugal”. Por outro, “é uma tentativa de nos afirmarmos como centro de pro-dução artística de excelência”, desafia Graciela Machado.Depois da recente intervenção arquitec-tónica levada a cabo no átrio principal da Reitoria, a galeria de arte da U.Porto cons-titui um passo importante na estratégia

que vem sendo desenvolvida com o pro-pósito de tornar o edifício cada vez mais atractivo à população. Para além da Loja, confluem hoje na “casa mãe” da U.Porto equipamentos tão diversos como as salas do Museu de Historia Natural da Faculda-de de Ciências, o Museu da Ciência, entre outras valências e serviços ao dispor da comunidade. A inauguração da Galeria dos Leões coincidiu com a abertura da primeira exposição aberta ao público. Intitulada “Print-out: edições de artista”, a mostra – comissariada por Graciela Machado - reúne os trabalhos desenvolvidos pelos participantes no Workshop de Serigrafia realizado nos passados dias 3, 4, 5 de De-zembro, na FBAUP. A Galeria dos Leões tem o mesmo horário da Loja da U.Porto, pelo que está aberta de segunda a sexta-feira, entre as 10 e as 19h00. A entrada é livre.

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Ginástica Artística – Arte ou acto de exercitar o corpo para fortificá-lo e dar-lhe agilidade. O conjunto de exercícios corporais sistematizados, para este fim, realizados no solo

ou com auxílio de aparelhos é aplicado com objectivos educativos, competitivos, terapêuticos (in Aurélio – Dicionário de Língua Por-tuguesa Século XXI). Estas características assentam na perfei-ção em Manuel Campos: “Vejo a Ginástica como um desafio. Como sempre fui uma pessoa muito competitiva e perfeccio-nista, a Ginástica encaixou-se que nem uma luva na minha personalidade”, constata o jovem ginasta estudante da Facul-dade de Desporto da U.Porto (FADEUP). Manuel Campos criou, em pouco tempo, uma marca no des-porto português e habituou-nos a ouvir a palavra Ginástica. O atleta nasceu na cidade do Porto, em 1981, e treina Ginástica Artística há mais de vinte anos. “Entrei para a Ginástica aos sete anos de idade, por incentivo dos meus pais. Inicialmen-te fui para uma classe de iniciação no Boavista Futebol Clube [equipa que ainda hoje representa] e, pouco tempo depois, fui seleccionado para realizar uns testes de ingresso na classe de competição”, recorda Manuel Campos.Vinte anos depois de ter iniciado os treinos, em Outubro de 2009, o portuense alcança a melhor classificação de sempre de um português na história da Ginástica. O 15.0 lugar no Mundial de Ginástica Artística, em Londres, coloca Manuel Campos num lote muito restrito de atletas. O ginasta sabe disso, mas espe-ra não ser caso único em Portugal. “O meu maior desejo seria

que todos aqueles que gostam de Ginástica e que queiram fazer Ginástica possam, num futuro próximo, ter ainda mais apoios, mais visibilidade e melhores condições para que consigam obter ainda mais sucesso do que eu”, salienta o atleta. Porém, Manuel Campos ainda não concretizou o seu grande sonho: participar nos Jogos Olímpicos. Será em 2012, em Lon-dres? O atleta acredita que sim: “Confesso que tenho trabalha-do bastante para melhorar e continuo com vontade de treinar e competir ao mais alto nível”. No entanto, Manuel Campos sabe que existe ainda um longo caminho para cumprir esse grande objectivo. “Ao longo da mi-nha carreira, por diversas vezes estive perto de me qualificar para uns Jogos Olímpicos, mas nunca o consegui. Neste mo-mento, embora considere possível e atingível, tenho algumas reservas em afirmar que é uma tarefa perfeitamente acessível, apesar do nível competitivo que atingi”, confessa.

FADEUP dá apoio necessárioLonge dos holofotes da fama e dos bens de luxo que outros des-portos podem proporcionar, Manuel Campos foi construindo uma carreira sólida e única na Ginástica Artística portuguesa. Tudo por paixão e amor à camisola nacional, assegura: “En-quanto pessoa, tenho um enorme orgulho em ser português; enquanto atleta, é uma enorme honra poder representar Portu-gal nos grandes palcos da Ginástica internacional”. No nosso país, ser competitivo numa modalidade amadora

é complicado. É preciso fazer muitos sacrifícios. Mas, para o atleta, “quando gostamos do que fazemos, com maior ou menor dificuldade, com muitos ou poucos sacrifícios, con-seguimos sempre direccionar os nossos esforços para que as coisas se tornem mais fáceis”. No fundo, a Ginástica “não me fez perder nada. Apenas ganhei, pois considero que aquilo que não pude fazer em determinados momentos fiz noutra altura. Portanto, foi apenas uma questão de adiamento”, con-clui Manuel Campos.Manuel Campos encontra na FADEUP excelentes condições para, nas suas palavras, “passar o dia inteiro”. Primeiro, por-que o mestrado requer trabalho de biblioteca e, segundo, porque a Ginástica requer treino. “A Faculdade de Desporto, principalmente as pessoas que fazem parte desta instituição, foram sempre sensíveis à minha condição de atleta de alta competição”, garante. Por isso, Manuel Campos não esquece a Faculdade e adora passar o dia no campus da U.Porto. O futuro do estudante passa “sempre pela ginástica”. Porém, Manuel Campos não escamoteia as dificuldades: “Não poderei sobreviver apenas com esta função. Portanto, a minha profis-são passará por leccionar aulas de Educação Física em escolas públicas ou privadas, ou estar ligado a actividades de ginásio ou a clubes de utilidade pública.” Ao pedido de uma medalha nos próximos Jogos Olímpicos, “Joca” não promete mais do que “trabalho e pés bem assentes na Terra”.

CuriosidadeQuando Manuel Campos se estreou na competição de Ginástica Artística, um episódio marcou o atleta do Boavista: “Na minha primei-ra competição, eu era da altura do cavalo com arções (ou mais baixo) e, no momento em que o juiz me chama para realizar o exercício, levantei o braço direito pedindo autorização para iniciar. Mas o Juiz, por estar do lado oposto do cavalo, não me conseguia ver. Então,

na minha primeira competição, estive mais de 10 segundos com o braço levantado até o juiz se aperceber que eu já estava pronto para iniciar o exercício”, recorda o ginasta.

MANUEL CAMPOS,

NOME DE GINASTA

MANUEL CAMPOS TEM 28 ANOS, 20 DELES PASSADOS EN-TRE AS ARGOLAS, OS SALTOS ENCARPADOS E OS TRAM-POLINS. É NA GINÁSTICA QUE O “JOCA”, ESTUDANTE DA FACULDADE DE DESPORTO DA U.PORTO, SE CONSEGUE EXPRIMIR E O PAVILHÃO É A SUA SEGUNDA CASA. EM OU-TUBRO, CONSEGUIU A MELHOR CLASSIFICAÇÃO NACIONAL NUM MUNDIAL DE GINÁSTICA ARTÍSTICA. AGORA, O GRAN-DE OBJECTIVO DO ATLETA É PARTICIPAR, EM 2012, NOS JO-GOS OLÍMPICOS DE LONDRES. SE O CONSEGUIR, APENAS PROMETE “TRABALHO E PÉS BEM ASSENTES NA TERRA”.

DESPORTO

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U.PORTO EM NÚMEROS

Campus UniversitáriosFaculdadesEscola de Gestão

Docentes e Investigadores ETI (75% doutorados) Funcionários

Estudantes Estudantes de 1º Ciclo e Mestrado Integrado Estudantes de 2º Ciclo /MestradoEstudantes de EspecializaçãoEstudantes de 3º Ciclo /Doutoramento

Estudantes estrangeiros (8,1% do total)em programas de mobilidade em cursos de 1º Ciclo e Mestrado Integrado em cursos de 2º Ciclo / Mestradoem cursos de 3º Ciclo / Doutoramentoinvestigadores Post-DocNacionalidades diferentes

Programas de Formação em 2008/09Cursos do 1º Ciclo / LicenciaturaCursos de Mestrado Integrado Cursos de 2º Ciclo / Mestrado Cursos de 3º Ciclo / DoutoramentoCursos de Formação Contínua

Vagas disponíveis em 2009/10 (15,2% das vagas nacionais)Vagas preenchidas na 1ª fase do concurso nacional 2009/10 (100% das vagas preenchidas)Mais alta classificação média do último colocado das universidades públicas

Unidades de investigação Unidades avaliadas com “Excelente” e “Muito Bom” Unidades integradas em Laboratórios Associados ao Estado Artigos científicos indexados na ISI Web of Science em 2008 (21,4% da produção nacional) Patentes em nome próprioSpin-offs (empresas desenvolvidas na Universidade)

Bibliotecas Títulos de monografias Revistas científicas disponíveis on-line Downloads de artigos científicos

Residências Universitárias CamasUnidades de alimentação (cantinas, bares, etc)Lotação das cantinasRefeições servidas por dia

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2 4791 225

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Suspeitava-se que ali pudesse houver algo de valor. Por baixo das escadas monumentais do actual edifício da Reitoria, existia uma sala-cofre cujo conteúdo exami-

nado a pedido do então director da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP), dado que se preparava a exposição sobre os 200 anos da Academia Real da Marinha e do Comércio da Ci-dade do Porto. A haver algum “tesouro” dos antepassados da Faculdade, seria aquele o local. Entre os inúmeros exemplares do Diário do Governo, desenhos de alunos, surgiam dois auste-ros bustos de Carmona e Salazar e muito outros “papéis”, mais ou menos bolorentos. A operação de secagem da documentação durou meses. A lim-peza e classificação foi executada por pessoas ligadas ao Museu de Ciência e coordenada pelo então seu director e professor da Faculdade de Ciências, Moreira de Araújo. Entre esses do-cumentos estavam 22 cartas náuticas e 6 cartas com vistas de costas impressas em Amesterdão, quase todas com chancela Van Keulen. Uma outra, datada de 1695, estava no chamado Fundo Antigo da Faculdade, e seis vistas de costa, maiorita-riamente em bom estado, embora num ou noutro caso seja necessário restauro.Van Keulen foi considerado quase desconhecido em Portugal pelas investigadoras em cartografia histórica Maria Helena Dias e Maria Fernanda Alegria, em artigo de 1994 publicado no periódico Penélope. Na cartoteca da Sociedade de Geogra-fia de Lisboa, por exemplo, é apenas conhecida uma carta de Van Keulen, embora se saiba que, mesmo em colecções par-ticulares, existem no País cartas aguareladas editadas por es-tes editores holandeses. Uma pesquisa na Internet revela que, entre os afamados cartógrafos holandeses, nos séculos XVII e XVIII, a família Van Keulen ter-se-á destacado a partir de 1680 e até 1823 na edição de atlas e cartas marítimas. Fundado por Iohannes, um livreiro de Amesterdão, o negócio continuou e expandiu-se com o filho Gerard. Nos documentos encontrados, o trabalho de construção das cartas foi apoiado pelos “geóme-tras” C. De Vries, ou Claes Janzoon Vooght.

Para treino de futuros pilotosAs cartas terão sido adquiridas para aprendizagem na Aula Náutica, fundada no Porto em 1762, na sequência do pedido de 35 dos principais comerciantes da cidade e terá marcado o iní-cio do ensino público na cidade. Funcionou nas instalações do Colégio dos Meninos Órfãos, no local onde está hoje o edifício da Reitoria da U.Porto. Suspeita-se que os documentos não tenham servido para acompanhar a navegação, porque os alunos fariam viagens náuticas inaugurais para os destinos fixados nos estatutos da Aula Náutica, como o Brasil ou outros portos europeus, parti-cularmente dos países bálticos (por exemplo, S. Petersburgo). Eram estes os destinos mais comuns nas viagens marítimas de então, dependentes, em grande parte, dos negócios da recém-criada Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (desde 1756). Portugal assinara no início do século o Tratado de Methuen que estabelecia a troca de têxteis britâni-cos por vinhos portugueses e vivia um período de consolidação da actividade económica por acção do Estado absolutista, no âmbito das reformas empreendidas pelo Marquês de Pombal. Estas cartas e vistas de costa serviriam, assim, para treinar o traço e aprofundar o conhecimento dos futuros pilotos. Seis das 23 cartas náuticas agora conhecidas correspondem a partes da costa da América Central, nove são da Europa (quatro da costa inglesa e cinco da costa francesa) e oito são da América do Norte. As vistas de costa correspondem a sectores da costa inglesa, francesa ou africana (do Zaire ao Cabo da Boa Esperan-ça, de Cabo Verde à Serra Leoa). Os documentos encontram-se na posse do Museu de Ciência da FCUP e têm sido alvo de operações de conservação e res-tauro levadas a cabo pela Oficina de Conservação e Restauro de Documentos Gráficos da Universidade do Porto. Para mais informações sobre estes documentos, poderá ser consultado “20 Centenário da Academia Real da Marinha e Comércio da Cidade do Porto, editado pela Reitoria da U.Porto em 2003.

As cartas do“tesouro”

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