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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ

Reconhecida pela Portaria Nº821/MEC- D.O.U de 01/06/1994

Disciplina: Educação e Novas Tecnologias da Informação e Comunicação

Professor: Manoel Moura

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CULTURA E CIBERCULTURA

Antes de se falar de cibercultura, podemos ver um pouco os conceitos de cultura que são múltiplos. Não

é fácil definir cultura e as propostas de definição que têm origem dos vários campos do saber apontam para alguns

aspectos essenciais e que nos podem orientar para compreender o conceito de cibercultura.

1- a cultura é algo que se aprende ( o homem é um ser cultural porque é inerentemente um ser social)

2- a cultura é algo que se faz e está em permanente construção ( são ideias, produtos , saberes que se vão

recriando, alterando, modelando para responder a novos desafios e necessidades)

3- a cultura é algo que se transmite aos outros como um bem ( as ideias, os produtos e saberes passam de geração

em geração, num perpétuo contínuo, dando uma unidade e um sentido de identidade)

A cibercultura é isto tudo, mas no ciberespaço. Um novo espaço que não sendo físico é bastante real é

mais flexível ainda pois, permite uma constante inter-relação de pessoas, ideias e produtos. Praticamente tudo o

que se fazia antes no plano físico, pode-se realizar e concretizar no ciberespaço- conviver, produzir, comercializar,

pintar, desenhar , compor música, escrever e publicar livros, filmes…. embora não exactamente da mesma forma.

O ciberespaço passou a ser o espaço, por excelência, do desenvolvimento de uma nova forma de estar,

ser e aprender, de realização pessoal e colectiva e acima de tudo de criação. Nele, reconfiguram-se as sociedades

e as pessoas, criam-se novas identidades, umas por extensão com o plano físico, outras verdadeiramente virtuais,

mas todas reais. A conectividade é um elemento unificador e a base para a cibercultura

A cibercultura ultrapassa a dimensão das culturas instituídas, é mais abrangente e permite dar voz a

todos os grupos, anteriormente mais limitados nas suas possibilidades de manifestações culturais – as chamadas

contraculturas , as minorias…) No ciberespaço, todos estão, por assim dizer, teoricamente num mesmo plano de

acesso e de conectividade o que permite dar expressão às mais diversas formas de cultura existentes no nosso

planeta. A cibercultura é, em si mesmo, um fenómeno cultural, que ao contrário das anteriores culturas, ultrapassou

as barreiras do espaço físico e a localização específica para passar a ser global e generalizada passível de ser

partilhada absorvida, modificada por todos, em qualquer lugar, em qualquer tempo. Quais são então as

características da cibercultura?

a) É conectada – desenvolve-se através de redes. Nelas tudo e todos estão ligados.

b) É real – Têm um espaço e um tempo concreto em que se manifesta e se difunde.

c) È desorganizada – Não há um corpus organizado de informação, mas um crescente contínuo de

informação das mais variadas fontes.

d) È abrangente – engloba todas as manifestações de culturas aceites, minoritárias, contraculturas. A

cibercultura tem espaço e dá voz a todos.

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e) È global – Não está restrita só a um grupo ou espaço geográfico. Todos (idealmente) podem aceder à

internet apenas com um dispositivo de acesso – um computador ou um telemóvel – e ao ciberespaço e,

consequentemente participar activamente na cibercultura.

f) É virtual – Desenvolve-se num ambiente virtual, o ciberespaço.

g) É multimédia – A base de suporte é multimédia. A informação pode integrar texto escrito, som e imagem.

h) É atemporal – A cibercultura é um fenómeno do final do século XX, contudo o acesso à informação pode ser

feito em qualquer altura. O tempo flui e pára em simultâneo porque todas as informações que estão no ciberespaço

podem ser acedidas sempre que for necessário mantêm-se inalteráveis na sua transmissão porque são digitais.

i) É desesterritorializada – Está virtualmente em todo o lado e pode ser acedida em qualquer lugar do mundo,

desde que hajam as condições de acesso necessárias. Neste momento, um computador ou outro dispositivo móvel

com ligação à internet.

j) Não é predeterminada – Não se pode projectar um futuro possível porque os seus desenvolvimentos escapam

ao controlo dos poderes instituídos.

k) É impulsionada por uma consciência coletiva – uma espécie de elo unificador que actua com força de

simultaneamente impulsionadora e conservadora.

Pode-se entender por Cibercultura a forma sociocultural que advém de uma relação de trocas entre a

sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base micro-eletrônicas surgidas na década de 70, graças à

convergência das telecomunicações com a informática. A cibercultura é um termo utilizado na definição dos

agenciamentos sociais das comunidades no espaço eletrônico virtual. Estas comunidades estão ampliando e

popularizando a utilização da Internet e outras tecnologias de comunicação, possibilitando assim maior aproximação

entre as pessoas de todo o mundo. Este termo se relaciona diretamente com à dinâmica Política, Antropo-social,

Econômica e Filosófica dos indivíduos conectados em rede, bem como a tentativa de englobar os desdobramentos

que este comportamento requisita.

A Cibercultura não deve ser entendida como uma cultura pilotada pela tecnologia. Na verdade, o que há

na era da cibercultura é o estabelecimento de uma relação íntima entre as novas formas sociais surgidas na década

de 60 (a sociedade pós-moderna)e as novas tecnologias digitais. Ou seja, a Cibercultura é a cultura contemporânea

fortemente marcada pelas tecnologias digitais. Ela é o que se vive hoje. Home banking, cartões inteligentes, voto

eletrônico, pages, palms, imposto de renda via rede, inscrições via internet, etc. provam que a Cibercultura está

presente na vida cotidiana de cada indivíduo.

SERÁ QUE A RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL OU GRUPAL POSSIBILITARÁ

A FILTRAGEM PRESERVADORA DAQUILO QUE CONSTITUI

O PATRIMÓNIO CULTURAL ESSENCIAL DA SOCIEDADE HUMANA?

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Embora em ritmos diferentes, o conjunto de conhecimentos, informação e objectos que constitui o

património cultural essencial da sociedade humana tem vindo sempre a alterar-se ao longo da história da evolução

da humanidade. O que numa determinada altura é considerado essencial ou fundamental, noutra será parcial,

obsoleto ou terá um novo significado ou valor, podendo inclusivamente ser uma base para novos desenvolvimentos.

Por exemplo, o pergaminho e o velino são substituídos pelo papel, a carruagem puxada por cavalos é substituída

pelo automóvel. O papel e o automóvel vão por sua vez influenciar e modificar profundamente o modo de vida das

pessoas, facilitando o acesso ao conhecimento e à sua transmissão e a mobilidade de pessoas e bens.

Novas invenções vão gradual ou rapidamente suplantando as anteriores sempre que estas respondem

melhor às necessidades humanas. Por seu turno, essas necessidades também vão sendo alteradas e redefinidas

em função das tecnologias disponíveis. Tudo isto num ciclo interminável de mudanças e adaptação mútuas – “um

ciclo de retroalimentação”.

Por exemplo, o telemóvel veio substituir o telefone fixo em muitos lares e responder a uma necessidade de se estar

(ou sentir essa possibilidade real) permanentemente em contacto.

Atualmente, em toda parte, são poucas as pessoas que não possuem celular. Este faz parte do nosso

quotidiano. Inicialmente um objecto de luxo, é, hoje em dia, um bem banal e indispensável para o nosso conforto

emocional. O aparelho evoluiu tornando-se mais complexo nas suas funções, incorporando o multimédia e a

internet, respondendo também assim a uma necessidade crescente de uma maior mobilidade e conectividade. Mas,

isso só foi possível pela convergência de muitos saberes desenvolvidos noutras áreas que não só a das

telecomunicações. A evolução do celular é um exemplo de que as evoluções não são determinadas mas sim

condicionadas como observa Pierre Levy na sua obra Cibercultura, e de como todas as áreas do saber e do fazer

humano estão cada vez mais interligadas.

O que é realmente essencial – entendendo o termo essencial no sentido de se constituir como uma

referência para a promoção de novos conhecimentos e inovação em todos os planos do saber e de actuação da

esfera humana – preservar do nosso património cultural, actualmente não é possível definir ou de implementar.

Primeiro devido à enorme diversidade cultural que o ciberespaço permite, depois porque por natureza este é um

espaço em permanente mutação e incontrolável crescimento. Assim sendo, temos de assumir a impossibilidade de

resumir a informação as seus aspectos essenciais. Mesmo que tentássemos essa tarefa seria vã e o seu produto

estaria logo à partida desactualizado. Porque “o conhecimento é como um rio e não como um depósito”( George

Siemens em Knowing Knowledge).

Já não podemos enquanto cidadãos relacionarmo-nos com o conhecimento e a nossa herança cultural

da mesma forma que há 30 anos atrás , porque as instituições responsáveis pelo controlo da informação – filtrar,

hierarquizar, numa palavra fazer sentido dela e divulgar esse sentido – também estão a mudar e não têm forma de

se manterem únicas nesse papel e assegurá-lo.

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O “ dilúvio de informação” que nos envolve, obriga-nos enquanto indivíduos a interagir com ela de forma

mais livre e também mais responsável, porque somos nós e não só as instituições que temos que construir esse

sentido, de o fabricar (usando as palavras de Pierre Levy) através de processos de selecção, organização e

hierarquização a partir de todo o tipo de informação que nos chega em todo o tipo de formatos. Isso obriga-nos a

desenvolver novas competências – uma nova literacia digital.

No entanto, nós enquanto cidadãos estamos ainda habituados a consumir informação com um selo de

garantia. Informação validada pelo cunho das instituições que são as mediadoras.

No ciberespaço cada um é o seu próprio mediador. Embora, actualmente , no ciberespaço se encontre todo o tipo

de informação e seja possível a qualquer pessoa publicar e aceder ao que pretender, há mecanismos de validação,

de impressão de “selos de qualidade” que são accionados pelas instituições ou por grupos de interesses

específicos.

Com efeito, muitas universidades, instituições e centros de pesquisa disponibilizam no ciberespaço os

seus recursos e serviços, possibilitando o seu acesso a um público mais global. Por outro lado, proliferam, em

número sempre crescente, sites dedicados a áreas do saber específicas que a comunidade valida e transforma em

referência através de sistemas de atribuição de prémios, por exemplo. Deste modo, vão sendo construídos pontos

de referência, que são em si mesmo formas de filtrar, preservar e partilhar o património cultural no ciberespaço.

Na verdade, fazemos basicamente as mesmas coisas que sempre fizemos, mas de modo diferente

através e no ciberespaço- ouvimos música, pintamos, desenhamos, vemos filmes, tiramos fotografias, e enviamo-las

aos amigos e família, organizamos os nossos produtos no nosso espaço pessoal no ciberespaço, fazemos compras

e negociamos, convivemos , estudamos e aprendemos de forma mais ou menos formal e trabalhamos.

O ciberespaço permite-nos de forma independente, produzir, partilhar publicando os nossos próprios

produtos, livros, música, pintura em espaços pessoais e ou colectivos; através dele é possível o acesso a

informação e espaços de lazer e convívio que de outra forma nos estavam vedados. O ciberespaço amplia a

experiência e a cultura humana e redefine-a.

O desenvolvimento das tecnologias digitais e a profusão das redes interativas, quer queira ou não, colocam a

humanidade diante de um caminho sem volta: já não somos como antes. As práticas, atitudes, modos de pensamento e

valores estão, cada vez mais, sendo condicionados pelo novo espaço de comunicação que surge da interconexão

mundial dos computadores: o ciberespaço.

Esse é ponto de partida de Pierre Lévy para estudar as implicações culturais engendradas pelas novas tecnologias

de comunicação e informação. Cibercultura, lançado em 1999 no Brasil, é resultado de relatório encomendado pelo

Conselho Europeu, dentro do projeto “Novas tecnologias: cooperação cultural e comunicação”.

Cibercultura? Mas, o que é isso? “Não é a cultura dos fanáticos da Internet, é uma transformação profunda da

noção mesma de cultura” – apressa-se em explicar Lévy, em entrevista à @rchipress (1). Como tal, reflete a

“universalidade sem totalidade”, algo novo se comparado aos tempos da oralidade primária e da escrita. É universal

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porque promove a interconexão generalizada, mas comporta a diversidade de sentidos, dissolvendo a totalidade. Em

outras palavras: a interconexão mundial de computadores forma a grande rede, mas cada nó dela é fonte de

heterogeneidade e diversidade de assuntos, abordagens e discussões, em permanente renovação.

Que não espere o leitor encontrar alentado debate sobre pedofilia, cibersexo ou estímulo ao terrorismo na

Internet. Esses assuntos não ocupam mais do que poucas linhas, concentradas justamente na parte em que o autor,

abordando a diversidade de pontos de vista sobre o ciberespaço, atribui à mídia o papel de alimentar o

sensacionalismo às custas da Net.

Como nas obras anteriores, o professor da Universidade de Paris 8 é transparente nas ideias e se descreve

como otimista. Assim, após apresentar, sucintamente, o ciberespaço sob o olhar da mídia, dos comerciantes (que o

reduzem à ideia de mercado) e do Estado (voltado para o controle dos fluxos e a defesa da cultura e das indústrias

nacionais), Lévy apresenta o seu ponto de vista, a favor do “bem público”, defendendo a promoção no ciberespaço de

práticas de inteligência coletiva.

É preciso “explorar as potencialidades deste espaço no plano econômico, político, cultural e humano”, defende

o filósofo do ciberespaço. Nessa difícil tarefa do convencimento – mais do que solução, a cibercultura é um problema a

resolver, diz –, Lévy usa um dos seus melhores trunfos: escreve para não especialistas. Seu texto flui de maneira

organizada, por entre conceitos como virtual, multimídia e interatividade, tabelas que sintetizam o conteúdo e

depoimentos sobre a experiência pessoal de navegação no ciberespaço.

As ideias estão dispostas em três blocos. No primeiro deles, Lévy apresenta os pressupostos que orientam o

estudo e os conceitos técnicos que sustentam a cibercultura, como é o caso da digitalização e das redes interativas.

“Nem a salvação nem a perdição residem na técnica”, afirma, mostrando que as tecnologias não determinam, mas

condicionam as mudanças à medida que criam as condições para que elas ocorram. Além disso, aborda o movimento

social que deu origem ao ciberespaço – nascido do desejo de jovens ávidos por experimentar novas formas de

comunicação e só depois resgatado pelos interesses da indústria -, e as grandes tendências de evolução técnicas no

que se refere a interfaces e a tratamento, memória e transmissão da informações.

Uma vez preparado o terreno, o autor dedica-se, na segunda parte, às implicações culturais do

desenvolvimento do ciberespaço. O retrato contempla essencialmente três temas: as artes, o saber e a cidadania. A

educação é a que recebe maior atenção. Lévy descreve mutações nas formas de ensinar e aprender. O futuro papel do

professor não será mais o de difusor de saberes, diz, mas o de “animador da inteligência coletiva” dos estudantes,

estimulando-os a trocar seus conhecimentos.

Com o advento do ciberespaço, o compartilhamento de memória permite aumentar o potencial da inteligência

coletiva. O saber, agora codificado em bases de dados acessíveis on-line, é um fluxo caótico. Daí, segundo ele, a

necessidade de repensar a função da escola e dos sistemas de aprendizagem e avaliação. Nesse sentido, critica o fato

de o diploma ser o único método de reconhecimento da aprendizagem e aprova a integração de sistemas de educação

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“presencial” e à distância. Por fim, propõe um método informatizado de gerenciamento global de competências, que

inclui tanto os conhecimentos especializados e teóricos, quanto os saberes básicos e práticos.

Passada a bonança, a tempestade. Na última parte, intitulada “Problemas”, Lévy busca responder a denúncias

contra o ciberespaço. Rebate a crítica da substituição, segundo a qual o real substitui o virtual; a telepresença, o

deslocamento físico. Para ele, os modos de relação, conhecimento e aprendizagem da cibercultura não paralisam nem

substituem os já existentes, mas antes os ampliam, transformando-nos e tornando-os mais complexos.

Quanto às denúncias, concentra seu fogo em quatro questões: a exclusão e o aumento das desigualdades, a

cibercultura como sinônimo de caos, a ameaça das culturas e de diversidade de línguas (em miúdos, o domínio do

inglês) e a pressuposta ruptura dos valores fundadores da modernidade europeia.

No caso da exclusão, admite que as tecnologias produzem excluídos, mas aposta no aumento das

conexões, com a queda de preços nos serviços, e alerta: mais do que garantir o acesso é preciso assegurar as

condições de participação no ciberespaço. Às críticas quanto ao domínio da língua inglesa, responde que é uma

questão de iniciativa, pois qualquer um pode colocar no ar mensagens em chinês, grego, alemão.

O autor acredita que a cibercultura seja a herdeira legítima da filosofia das Luzes e difunde valores como

fraternidade, igualdade e liberdade. “A rede é antes de tudo um instrumento de comunicação entre indivíduos, um lugar

virtual no qual as comunidades ajudam seus membros a aprender o que querem saber”. Diante da profusão do fluxo

informacional e do caos emergente que isso venha a causar, ele acena que a rede tem a sua própria forma de controle:

a opinião pública e as instituições que dela fazem parte.

Ao que parece, ao colocar as questões, Lévy pretende cutucar aqueles de quem ouve críticas. Para

conhecer a Web, navegue nela; esse é o melhor meio, melhor do que muitos livros, insiste. Em nenhum momento,

transparece estar dialogando com alguém diretamente, mas na entrevista à @rchipress ataca os desafetos: as críticas

à cibercultura traduzem a ignorância e o desejo de manutenção de poder, “...porque há poderes e monopólios que

estão ameaçados. Muitos intelectuais são diretores de coleção nas editoras, professores que animam as revistas e aí,

com a rede, há todo um movimento de comunicação que escapa às redes tradicionais”.

Desde o início, o autor explicita a sua intenção de deixar de fora as questões econômicas e industriais,

concentrando-se nas implicações culturais. Mas, ele próprio, não consegue se desvencilhar da teia de coalizões

sociais, políticas e econômicas em que a técnica se insere e enaltece a “dialética das utopias e dos negócios”, numa

referência à relação da cibercultura com a globalização econômica. Sem dúvida, questões tão complexas como essas

mereceriam tratamento mais aprofundado. Segundo Lévy, o próprio ambiente, instável, dificulta a formulação de

grandes respostas. De qualquer forma, ele consegue dar o seu recado: é preciso navegar neste mundo de

transformações radicais.

Bibliografia

Levy, Pierre, (1999) Cibercultura, Editora 34 S. Paulo

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Siemens, George, (2006) Knowing knowledge, acessado em 7 de Abril em

http://www.elearnspace.org/KnowingKnowledge_LowRes.pdf.