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1 A Reciclagem como Modelo de Economia Verde e Inclusiva 27 de outubro de 2011

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A Reciclagem como Modelo de Economia Verde e Inclusiva

27 de outubro de 2011

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A lógica da escolha de Sofia A visão tradicional da questão ambiental:

mais crescimento ou mais preservação

Países se posicionam ao longo da fronteira preservação – crescimento (AB) de acordo com suas preferências sociais (U1, U2, U3)

No processo de desenvolvimento, as escolhas se transmutam; países mais ricos tendem a preferir mais preservação (e inversamente).

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Preservação

Crescimento

u1

u3

u2

A

B

O Velho Paradigma: Crescimento x Preservação

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O Novo Paradigma da Economia Verde

Crescimento com uso inteligente ou econômico dos recursos: proteção, preservação, reutilização, , .

Uso (P/C) Inteligente dos Recursos

Crescimento Sustentável

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Economia Verde: vetores que dão suporte

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Dimensões da Economia VerdeUtilização da Biodiversidade e

Preservação dos Ecossistemas Manutenção da floresta em pé; extrativismo

sustentável Reflorestamento de espécies nativas Fármacos e Cosméticos Naturais

Energia Fontes renováveis: eólica, solar, hídrica,

biocombustíveis Ecoeficiência: produtos e processos

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Dimensões da Economia Verde (cont.)Agricultura de Baixo Carbono

Sistema de Plantio Direto

Recuperação de Pastagens

Nitrificação

Reflorestamento de exóticas

Integração lavoura – pecuária - floresta (ILPF).

Pecuária Sustentável

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Page 8: 1 A Reciclagem como Modelo de Economia Verde e Inclusiva 27 de outubro de 2011

Dimensões da Economia Verde (cont.)Urbana: infraestrutura e habitação

Mobilidade: metro; trens; BRT; transporte individual de baixo impacto

Saneamento Construção Sustentavel (reaproveitamento dos

resíduos; eficiência energética e hídrica - reuso)

Ciclo de Vida dos Produtos Extensão da vida do produto Redesenho dos produtos: eficiência no uso de

materiais e energia Novos materiais biodegradáveis, reutilizáveis Reciclagem

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A Transição para a Economia Verde

Não acontece de forma automática: geralmente exige estímulos por meio de políticas públicas, ação coletiva empresarial e da sociedade civil, pois é intensiva em conhecimento, e na mobilização e coordenação dos atores.

Necessário: Investir em P&D verde: menos de 3% do P&D no

Brasil Romper a inércia e ir mais além de uma pura solução

de mercado: • Induzir a demanda• Estruturar a oferta

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A Transição para a Economia Verde (cont.)

Muitas das atividades da economia verde não possuem demanda espontânea ou é insuficiente

=> necessita ser induzida

Consequentemente a oferta (de mercado) inexiste ou é residual

=> requer ser estruturada.

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O Caso da ReciclagemSeus índices dependem:

Oferta de material reciclável estruturada e com escala

“Demanda” de material reciclável com forte capilaridade e articulada à cadeia

Preços das matérias primas.

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12-5

-3

-1

1

3

5

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

OFERTA

DE

MA

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A ES

PO

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ÂN

EA

IND

UZ

IDA

MERCADO ESTRUTURADA

Matriz de Posicionamento da Reciclagem

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Reciclagem na Economia Verde1. A Necessidade de Estruturar a Oferta de

Material a ser Reciclado e Ganhar Escala Coordenação dos agentes: indivíduos, empresas,

instituições e governo Mobilizar e Conscientizar Consumidor (principalmente

para produtos de baixo valor agreg.)

2. Induzir a Demanda de Material Reciclável Centros de coleta têm naturalmente por foco

materiais nobres; processamento dos demais materiais - retorno privado baixo ou negativo

Preço de mercado não reflete custo para a sociedade: como ampliar a coleta voluntária?

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Reciclagem de Materiais: avanços, estagnação recente

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Índices de reciclagem de materiais, 1997-2009

Latas de Alumínio Papel Vidro Embalagens PET Latas de Aço

Embalagens Longa Vida

1993 50,0 38,8 25,0 ... 20,0 ...1994 56,0 37,5 33,0 18,8 23,0 ...1995 62,8 34,6 35,0 25,4 25,0 ...1996 61,3 37,1 37,0 21,0 32,0 ...1997 64,0 36,3 39,0 16,2 33,0 ...1998 65,2 36,6 40,0 17,9 34,0 ...1999 72,9 37,9 40,0 20,4 37,0 10,02000 78,2 38,3 41,0 26,3 40,0 15,02001 85,0 41,4 42,0 32,9 45,0 15,0

2002 87,0 43,9 44,0 35,0 49,5 15,02003 89,0 44,7 45,0 43,0 47,0 20,02004 95,7 45,8 45,0 47,0 45,0 22,0

2005 96,2 46,9 45,0 47,0 44,0 23,02006 94,4 45,4 46,0 51,5 49,0 24,2

2007 96,4 43,7 47,0 53,5 49,0 25,52008 91,5 43,7 47,0 54,8 46,5 26,6

2009 98,2 ... ... 55,6 47,0 ...

Fontes: ABAL, BRACELPA, ABIVIDRO, ABIPET, ABEAÇO, ABLV, CEMPRE

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OFERTA

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A ES

PO

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EA

IND

UZ

IDA

MERCADO ESTRUTURADA

A Trajetória da Reciclagem na Economia Verde: latas de alumínio

Lei PNRS 2010 e 2014

Valor do alumínio estimula reciclagem de latas.

Catadores começam a se organizar em cooperativas.

Esforço empresarial estimula a coleta (i.e.: coleta em supermercados).

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OFERTA

DE

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A ES

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EA

IND

UZ

IDA

MERCADO ESTRUTURADA

A Trajetória da Reciclagem na Economia Verde: embalagens Longa Vida

Desenvolvimento da tecnologia plasma em 2003 pela TetraPak, Klabin e Alcca, de separação do plástico e alumínio em embalagens longa vida.

Lei PNRS 2014: desligamento de todos os lixões

Lei PNRS 2010

15% reciclado

em 2002

27% reciclado

em 2008

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Responsáveis pela coleta de latas, 2006 (%)

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Entre 2000 e 2006, a participação dos condomínios subiu de 10% para 20%.

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Brasil se destaca na reciclagem de latas...

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Índices de reciclagem da lata de alumínio para bebidas, 1991-2009

Brasil Japão Argentina EUA Europa*1991 36,9 43,0 ... 57,0 21,01992 39,4 54,0 ... 68,0 25,01993 49,8 58,0 ... 63,0 28,01994 56,3 61,0 ... 65,0 30,01995 62,8 61,0 ... 65,0 30,01996 61,3 66,0 25,0 62,0 35,01997 64,0 70,0 41,0 64,0 37,01998 65,2 73,0 48,0 67,0 40,01999 72,9 74,0 50,0 63,0 41,02000 77,7 79,0 51,0 63,0 41,02001 85,0 83,0 52,0 55,0 45,02002 86,5 83,0 78,0 53,0 46,02003 89,0 82,0 80,0 50,0 48,02004 95,7 86,0 78,0 51,0 48,02005 96,2 92,0 88,1 52,0 52,02006 94,4 90,9 88,2 51,6 57,72007 96,5 92,7 90,5 53,8 61,82008 91,5 87,3 90,8 54,2 63,12009 98,2 93,4 92,0 57,4 ...

Fontes: Abralatas, ABAL, Alluminum Association, Alluminum Can Recycling Association, Beverage Can Makers Europe, Câmara de la Industria del Aluminio y metales afines, Japan Alluminum Can Recycling AssociationNotas: *Média européia

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...com um índice de 98,2% em 2009 R$ 1,2 bi de valor agregado anual na cadeia de

reciclagem de latas de alumínio, do catador à indústria final.

Processamento utiliza cerca de 5% da energia elétrica e libera somente 5% das emissões de gás de efeito estufa quando comparado com a produção de alumínio primário

Em aproximadamente 30 dias, uma lata de alumínio pode ser comprada no supermercado, utilizada, coletada, reciclada e voltar para o consumo.

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Inclusão Social na Economia Verde... ...Também não há [inicialmente]

automaticidade

Requer... Políticas ativas; normas; instituições Iniciativas da Sociedade Civil Responsabilidade Empresarial

...Para realizar o potencial de uma Economia Sustentável e Inclusiva

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A Condição dos CatadoresCatadores organizados são menos de 5%.

Condições de trabalho insalubres e danosas à saúde (em especial em vazadouros a céu aberto).

Caminham, em média, 30 km por dia puxando até 400 kg.

Renda mensal de 1-2 salários mínimos.

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Estrutura de coleta e reciclagem Principais atores:

800 mil a 1 milhão de catadores 700 cooperativas 40 mil catadores organizados

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Nova Legislação: logística reversa

A Lei de Resíduos Sólidos – no seu todo um grande avanço - determinou a obrigatoriedade de fabricantes implantarem sistemas para coleta de suas embalagens.

Criação de uma nova oferta de material reciclável

Possibilitou fabricantes implantarem esses sistemas por meio de: Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) Apoio às cooperativas de catadores.

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Cooperativas: catadores organizados têm renda maior...

Os resultados da pesquisa da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) de Minas Gerais indicam que cooperativas aumentam a renda com uma jornada de trabalho menor frente aos não-associados.

Sobre a renda mensal familiar: 17,9% dos associados recebem entre R$ 601 e R$ hum mil;

11,7% recebem acima de R$ hum mil Entre os catadores de rua, os números caem para 12,4% e

4,6% respectivamente. Nos lixões, o mesmo índice fica em 14,1% e 7,7%

respectivamente.

Atrativo adicional: sinergias aumentam a reciclagem de outros materiais

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... e também melhor qualidade de vida.

Entre os catadores de cooperativas, 24,8% disseram trabalhar mais de 8 horas diárias e 66,2% são mulheres.

Nos lixões, 44,8% trabalham mais de 8 horas por dia e somente 28,2% são mulheres.

Entre os catadores de rua, 32,1% trabalham mais de 8 horas diárias e 30,1% são mulheres

=> Cooperativas: instrumento de de dignidade e redução da pobreza

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Como estimular/apoiar as cooperativas?Empresas

Coleta Seletiva Convênios com cooperativas para coleta de

resíduos

Sociedade Civil

Conscientização ambiental Coleta seletiva e convênios em nível predial e

de condomínio com as cooperativas

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Papel do Governo Desburocratizar a abertura das

cooperativas, estimulando e apoiando a saída da informalidade

Desonerar a cadeia produtiva da reciclagem

Promover a ampliacao do parque de reciclagem

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Papel do Governo (cont.)Município como eixo

Adoção de coleta seletiva a nível municipal (até 2010 em somente 443 municípios)

Fechamento de vazadouros a céu aberto (destino final de 50,8% dos resíduos sólidos, enquanto aterros controlados e sanitários respondem por 22,5% e 27,7%, respectivamente)

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Casos Replicáveis Apoio direto

Miguel Pereira: prefeitura proporcionou à Cooperativa documentação e registros, cessão de galpão, doação de prensa, balança e uma cesta básica mensal para cada trabalhador cooperativado.

Hoje, Cooperativa tem convênios com Petrobras e Banco do Brasil para se tornar instituição independente.

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Casos Replicáveis (cont.) Londrina:

Modelo de coleta seletiva foi reformulado em 2001 para funcionar por meio de parcerias com cooperativas. Hoje, 100% da coleta seletiva é feita por cooperativas.

Criação de um centro de fomento e capacitação em triagem, e como abordar a população. Treinamento ampliou a coleta para mais de 30 materiais recicláveis, indo além daqueles de maior valor.

Coleta chega a 85% da população londrinense. Redução em mais de 50% nos gastos do município com

serviços de limpeza pública e operação de aterro. Reduziu pela metade a quantidade de resíduos sólidos

domiciliares encaminhados para aterros, aumentando sua vida útil.

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Conclusões O Brasil está no limiar da transição para a

Economia Verde pela sua base de recursos naturais e caminhos abertos nos últimos anos no plano da produção e consumo sustentável

Porém não há automaticidade; requer Investimentos em P&D Verde Estruturar oferta e induzir demanda das

atividades verdes e com inclusão produtiva

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Conclusões (cont.) A inclusão social e produtiva requer

igualmente ação concertada do governo e da sociedade por meio de leis, normas, arranjos institucionais.

A reciclagem no Brasil mostra as possibilidades e os desafios de fazer convergir atividades verdes e socialmente inclusivas: não apenas não há oposição como essas dimensões são consistentes entre si

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Conclusões (final) A reciclagem de latas de alumínio ilustra o

ponto essencial: transitar para a economia verde, sustentável e inclusiva é um “bom negócio” para a sociedade, e as empresas e indivíduos que operam dentro da lei, atendendo ao interesse público.

É agora imperativo completar a transição, obedecendo à nova legislação, apoiando as cooperativas e cobrando dos municípios uma ação exemplar pela cidadania.

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