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1 - APRESENTAÇÃO: Pesquisa do subprojeto “assistência às famílias adotivas: identificando necessidades de comunidades assistidas por núcleos da ASTEPI/UNICAP em cinco bairros da região metropolitana do Recife³”. Teve como objetivo cartografar e cadastrar famílias adotivas na abrangência dos núcleos de práticas jurídicas da ASTEPI/UNICAP para identificar possíveis dificuldades, facilidades e necessidades sentidas no processo de filiação e investigar os sentimentos experienciados por cada família no que diz respeito à adoção. Trata- se de pesquisa interventiva com sustentação teórica nos conceitos metapsicológicos da psicanálise que dão suporte a construção da clínica da adoção. V Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental XI Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental Tema: Processo de Adoção em Famílias de Baixa Renda Renata Lima de Pádua¹; Edilene Freire de Queiroz² 2 - METODOLOGIA: 1ª ETAPA Levantamento das famílias adotivas de cada comunidade assistida pelos núcleos de práticas jurídicas – ASTEPI/UNICAP, assim como postos de saúde, escolas e igrejas dos bairros de Águas Compridas, Santo Amaro, Jardim São Paulo, Pina e Ibura. 2ª ETAPA Entrevistas com membros de famílias adotivas Identificadas na etapa anterior para verificar possíveis dificuldades, tendo em vista uma ação interventiva futura. INSTRUMENTOS Diário de campo Entrevista semi-estruturada. 3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram visitadas 20 escolas e 6 postos de saúde, sendo identificadas 22 famílias adotivas. Foram realizadas um total de 9 entrevistas sendo 3 em Santo Amaro, 1 em Jardim São Paulo, 3 no Pina e 2 no Ibura. Na primeira etapa de levantamento encontramos dificuldades de as pessoas falarem ou saberem de casos de adoção. Isto já nos revela que a adoção continua um tema tabu, assim como a diferença entre casos identificados e entrevistas realizadas e a ausência de casos em Águas Compridas. QUADRO DE FAMÍLIAS IDENTIFICADAS E ENTREVISTAS REALIZADAS EM CADA BAIRRO Comunidades Casos encontrados Entrevistas realizadas Águas Compridas 0 0 Ibura 7 2 Jardim São Paulo 4 1 Pina 7 3 Santo Amaro 4 3 CARACTERIZAÇÃO DAS ADOÇÕES Três casos ocorreram pela esterilidade do parceiro, tendo um chegado a investir na inseminação artificial antes de adotar. Dois casos ocorreram por solidariedade. O primeiro a mãe biológica era envolvida com drogas e não tinha condições de cuidar do filho e o segundo a mãe biológica não mostrou interesse pelos filhos. Quatro casos de avós que cuidam dos seus netos pela ausência de cuidado dos pais biológicos com as crianças. MOTIVOS QUE LEVARAM A ADOÇÃO FORAM: Esterilidade de um dos parceiros Solidariedade por crianças abandonadas ou maltratadas TIPOS DE ADOÇÃO Legal À brasileira Informal COMO AS FAMÍLIAS LIDAM COM A ADOÇÃO Não tem receio em contar a adoção aos filhos. Usam histórias para contar a origem da criança assim como metáforas para remeter a adoção como “filhos do coração”. Alguns demonstraram receio quanto a volta dos pais biológicos preferindo não dizer que vão se mudar com a família para outro estado. 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se concluir que: Nas comunidades visitadas predominam as adoções informais que consistem na criação de crianças como filhos mesmo sem registrá-lo oficialmente, diferentemente do acontece nas adoções a brasileira. Prevaleceu ora interesses pessoais dos adotantes, ora o bom senso, ora sentimento de solidariedade por crianças abandonadas e maltratadas e pouco a filiação da criança a uma família. Há, de certo modo, um tráfico de crianças, uma vez que elas circulam de uma família para outra sem uma ordenação jurídica. Há um medo dos adotantes de perderem os filhos em função da fragilidade do vínculo pais e filhos pela ausência de amparo legal. Fica clara a necessidade de cuidar das adoções que são feitas a periferia da lei e não somente das pessoas inscritas no cadastro de adoção. O estado com base na lei da adoção precisa intervir nessas comunidades para assegurar o direito às famílias à posse de seus filhos. REFERENCIAS ABREU, Domingos. Adoções no Brasil: entre o ilegal e o socialmente aceito. Políticas Públicas e Sociedade, Fortaleza, CE, v.1, n.1, p. 113-119, 2001. BRIANI, Ana Cristina Teixeira. A Subjetividade na Adoção: Um Pequeno Ensaio. Contemporânea – Psicanálise e Transdisciplinaridade, Porto Alegre, n. 06, 2008. CAMARGO, Mário Lázaro. Adoção tardia no Brasil: desafios e perspectivas para o cuidado com crianças e adolescentes. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO ADOLESCENTE.1.,2005, maio. CHAVES, Antonio. Adoção Internacional. 1.ed. Belo Horizonte: Edusp, 1994. 238p. EBRAHIM, Surama Gusmão. Adoção Tardia: Altruísmo, Maturidade e Estabilidade Emocional. Psicologia: Reflexão e Crítica, Paraíba, v. 1, n.14, 2001. HAMAD, Nazir. A criança adotiva e suas famílias. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2002. 160p. HAMAD, Nazir. Adoção e parentalidade: questões atuais. Porto Alegre: CMC, 2010. 152p. LEVINZON, Gina Khafif. Adoção. 3. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009. LEVINZON, Gina Khafif. A adoção na clínica psicanalítica: o trabalho com os pais adotivos. Mudanças – psicologia da saúde, São Paulo, v.14, n.1, p. 24-31, 2006. LIBERATI, Wilson Donizeti. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1995. 241p. LEE, Fu I; MATARAZZO, Eneida B. Prevalência de adoção intra e extrafamiliar em amostras clínica e não clínica de crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.3, n.23, p. 149-155, 2001. MARCILIO, Maria Luiza. História social da criança abandonada. São Paulo: Hucitec, 1998. 331p. NAZO, Georgette Nacarato. Adoção Internacional: Valor e importância das convenções internacionais Vigentes no Brasil, 1.ed. São Paulo: Oliveira Mendes, 1997. OVANDO, Adilana Goulart Silva; PINTO, Rosani Aparecida Silva. O sucesso da adoção depende de seus caminhos. Centro científico conhecer – Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v.5, n.8, 2009. PAVEZI, Renata Marina Balbo; GITAHY, Raquel Rosan Christino. Adoção Inter-racial. 2004. Trabalho de Graduação (Graduação em Direito) – Faculdade de direito de Presidente Prudente, 2004. SCHETTINI, Suzana Sofia Moeller; AMAZONAS, Maria Cristina Lopes de Almeida; DIAS, Cristina Maria de Souza Brito. Famílias adotivas: Identidade e Diferença. Psicologia em Estudo, Maringá, v.11, n.2, p. 285-293, 2006. ¹Aluna do 3º Ano do Curso de Psicologia da UNICAP; ²Professora Orientadora da Pesquisa; ³Pesquisa Realizada a partir da bolsa PIBIC/FACEPE

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V Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental XI Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental Tema: Processo de Adoção em Famílias de Baixa Renda. Renata Lima de Pádua¹; Edilene Freire de Queiroz². 1 - APRESENTAÇÃO: - PowerPoint PPT Presentation

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1 - APRESENTAÇÃO: Pesquisa do subprojeto “assistência às famílias adotivas: identificando necessidades de comunidades assistidas por núcleos da ASTEPI/UNICAP em cinco bairros da região metropolitana do Recife³”. Teve como objetivo cartografar e cadastrar famílias adotivas na abrangência dos núcleos de práticas jurídicas da ASTEPI/UNICAP para identificar possíveis dificuldades, facilidades e necessidades sentidas no processo de filiação e investigar os sentimentos experienciados por cada família no que diz respeito à adoção. Trata-se de pesquisa interventiva com sustentação teórica nos conceitos metapsicológicos da psicanálise que dão suporte a construção da clínica da adoção.

V Congresso Internacional de Psicopatologia FundamentalXI Congresso Brasileiro de Psicopatologia FundamentalTema: Processo de Adoção em Famílias de Baixa Renda

Renata Lima de Pádua¹; Edilene Freire de Queiroz²

2 - METODOLOGIA: 1ª ETAPALevantamento das famílias adotivas de cada comunidade assistida pelos núcleos de práticas jurídicas – ASTEPI/UNICAP, assim como postos de saúde, escolas e igrejas dos bairros de Águas Compridas, Santo Amaro, Jardim São Paulo, Pina e Ibura. 2ª ETAPA Entrevistas com membros de famílias adotivas Identificadas na etapa anterior para verificar possíveis dificuldades, tendo em vista uma ação interventiva futura. INSTRUMENTOSDiário de campoEntrevista semi-estruturada.

3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram visitadas 20 escolas e 6 postos de saúde, sendo identificadas 22 famílias adotivas. Foram realizadas um total de 9 entrevistas sendo 3 em Santo Amaro, 1 em Jardim São Paulo, 3 no Pina e 2 no Ibura. Na primeira etapa de levantamento encontramos dificuldades de as pessoas falarem ou saberem de casos de adoção. Isto já nos revela que a adoção continua um tema tabu, assim como a diferença entre casos identificados e entrevistas realizadas e a ausência de casos em Águas Compridas. QUADRO DE FAMÍLIAS IDENTIFICADAS E ENTREVISTAS REALIZADAS EM CADA BAIRRO

Comunidades Casos encontrados Entrevistas realizadas

Águas Compridas 0 0

Ibura 7 2

Jardim São Paulo 4 1

Pina 7 3

Santo Amaro 4 3

CARACTERIZAÇÃO DAS ADOÇÕES• Três casos ocorreram pela esterilidade do parceiro, tendo um

chegado a investir na inseminação artificial antes de adotar. • Dois casos ocorreram por solidariedade. O primeiro a mãe

biológica era envolvida com drogas e não tinha condições de cuidar do filho e o segundo a mãe biológica não mostrou interesse pelos filhos.

 • Quatro casos de avós que cuidam dos seus netos pela

ausência de cuidado dos pais biológicos com as crianças.MOTIVOS QUE LEVARAM A ADOÇÃO FORAM: Esterilidade de um dos parceirosSolidariedade por crianças abandonadas ou maltratadas TIPOS DE ADOÇÃO LegalÀ brasileiraInformal COMO AS FAMÍLIAS LIDAM COM A ADOÇÃO Não tem receio em contar a adoção aos filhos.Usam histórias para contar a origem da criança assim como metáforas para remeter a adoção como “filhos do coração”.Alguns demonstraram receio quanto a volta dos pais biológicos preferindo não dizer que vão se mudar com a família para outro estado.

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir que:Nas comunidades visitadas predominam as adoções informais que consistem na criação de crianças como filhos mesmo sem registrá-lo oficialmente, diferentemente do acontece nas adoções a brasileira. Prevaleceu ora interesses pessoais dos adotantes, ora o bom senso, ora sentimento de solidariedade por crianças abandonadas e maltratadas e pouco a filiação da criança a uma família. Há, de certo modo, um tráfico de crianças, uma vez que elas circulam de uma família para outra sem uma ordenação jurídica. Há um medo dos adotantes de perderem os filhos em função da fragilidade do vínculo pais e filhos pela ausência de amparo legal. Fica clara a necessidade de cuidar das adoções que são feitas a periferia da lei e não somente das pessoas inscritas no cadastro de adoção. O estado com base na lei da adoção precisa intervir nessas comunidades para assegurar o direito às famílias à posse de seus filhos.

REFERENCIAS ABREU, Domingos. Adoções no Brasil: entre o ilegal e o socialmente aceito. Políticas Públicas e Sociedade, Fortaleza, CE, v.1, n.1, p. 113-119, 2001.  BRIANI, Ana Cristina Teixeira. A Subjetividade na Adoção: Um Pequeno Ensaio. Contemporânea – Psicanálise e Transdisciplinaridade, Porto Alegre, n. 06, 2008.

CAMARGO, Mário Lázaro. Adoção tardia no Brasil: desafios e perspectivas para o cuidado com crianças e adolescentes. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO ADOLESCENTE.1.,2005, maio.  CHAVES, Antonio. Adoção Internacional. 1.ed. Belo Horizonte: Edusp, 1994. 238p.  EBRAHIM, Surama Gusmão. Adoção Tardia: Altruísmo, Maturidade e Estabilidade Emocional. Psicologia: Reflexão e Crítica, Paraíba, v. 1, n.14, 2001.  HAMAD, Nazir. A criança adotiva e suas famílias. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2002. 160p.  HAMAD, Nazir. Adoção e parentalidade: questões atuais. Porto Alegre: CMC, 2010. 152p.  LEVINZON, Gina Khafif. Adoção. 3. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009.  LEVINZON, Gina Khafif. A adoção na clínica psicanalítica: o trabalho com os pais adotivos. Mudanças – psicologia da saúde, São Paulo, v.14, n.1, p. 24-31, 2006.  LIBERATI, Wilson Donizeti. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1995. 241p.  LEE, Fu I; MATARAZZO, Eneida B. Prevalência de adoção intra e extrafamiliar em amostras clínica e não clínica de crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.3, n.23, p. 149-155, 2001.  MARCILIO, Maria Luiza. História social da criança abandonada. São Paulo: Hucitec, 1998. 331p.  NAZO, Georgette Nacarato. Adoção Internacional: Valor e importância das convenções internacionais Vigentes no Brasil, 1.ed. São Paulo: Oliveira Mendes, 1997.  OVANDO, Adilana Goulart Silva; PINTO, Rosani Aparecida Silva. O sucesso da adoção depende de seus caminhos. Centro científico conhecer – Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v.5, n.8, 2009.  PAVEZI, Renata Marina Balbo; GITAHY, Raquel Rosan Christino. Adoção Inter-racial. 2004. Trabalho de Graduação (Graduação em Direito) – Faculdade de direito de Presidente Prudente, 2004.   SCHETTINI, Suzana Sofia Moeller; AMAZONAS, Maria Cristina Lopes de Almeida; DIAS, Cristina Maria de Souza Brito. Famílias adotivas: Identidade e Diferença. Psicologia em Estudo, Maringá, v.11, n.2, p. 285-293, 2006.

¹Aluna do 3º Ano do Curso de Psicologia da UNICAP;²Professora Orientadora da Pesquisa;³Pesquisa Realizada a partir da bolsa PIBIC/FACEPE