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Família

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Família

• Conceito de família– família é um grupo de pessoas ligadas entre si por relações

pessoais e patrimoniais resultantes do casamento, da uniãoestável e do parentesco (§ 4º do art. 226, CF). Comentários aoconceito:

• relações pessoais: decorrentes do afeto, carinho, amparo, da convivênciaentre familiares, da vida matrimonial, etc. (art. 229, CF).

• relações patrimoniais: prestação de alimentos (1694), regime de bensentre os cônjuges (1639), usufruto dos pais sobre os bens dos filhos(1689), etc. Percebam que mesmo no Direito de Família a questãomaterial/econômica/patrimonial é importante.

• casamento, união estável e parentesco: a família resulta de um destestrês vínculos. O casamento é a proteção que a lei dá a um homem e auma mulher para viverem em comunhão e formarem uma família (1511).A união estável é o casamento de fato (1723 e § 3º do 226, CF). E oparentesco também liga as pessoas, seja este parentesco consangüíneo,afim (ex: cunhados) ou por adoção (§ 6º do art. 227, CF).

• marido e mulher não são parentes mas cônjuges, ligados pelo casamento,ou companheiros/conviventes caso vivam em união estável.

– A família se origina assim do casamento, da uniãoestável ou do parentesco, sendo a base da sociedade, acélula-mãe (art. 226, caput, CF). Ninguém consegueser feliz no trabalho ou no lazer se não é feliz nafamília. Diz a psicologia que as pessoas sofrem maiscom uma crise familiar do que com a perda daliberdade. A prisão seria menos grave para o equilíbrioemocional das pessoas do que viver numa famíliainstável e desestruturada. Concordam? (reflexão)

• Natureza jurídica da família:– Não é pessoa física pois é formada por vários

indivíduos; também não é pessoa jurídica porqueexigiria previsão em lei (art. 44). Família assim não tempersonalidade jurídica, não podendo ser parte numarelação jurídica sendo uma instituição, como diz a CF éa base da sociedade (226).

• Direito de Família:– é o conjunto de normas jurídicas aplicáveis às relações

entre membros de uma mesma família, orientado porelevado interesse moral e bem estar social.

• as normas do Direito de Família são imperativas, ou seja, sãoobrigatórias, não sendo meramente supletivas como no DireitoObrigacional, onde a maioria das normas apenas supre a vontadedas partes em caso de lacuna no contrato.

• regulam a família oriunda do casamento, da união estável e doparentesco. Quanto ao parentesco pode ser consanguíneo, afim eadotivo.

• felicidade: a moral e o bem estar que predominam nas relaçõesfamiliares concentram-se hoje na busca da felicidade, por isso queatualmente se toleram mais de um parceiro, pessoas amigadas (=união estável), divórcio e até casais homossexuais. Antigamente ainfluência da Igreja na família e no Estado era muito forte, por issoa moral era mais rigorosa. Atualmente é preciso ser feliz, é estedesejo que predomina na sociedade.

• Origem: – os direitos de família têm origem no nascimento, na adoção ou no casamento. É o

chamado estado familiar, ou “status” de solteiro, de casado, de menor, de irmão, deórfão, etc. O “status” dá também o direito a usar o nome da família o que, emditaduras e monarquias, garante empregos e privilégios, mas atualmente no Brasilpertencer a esta ou aquela família não garante nenhuma situação jurídica específica.

• Características do status de família: – a) intransmissível: o status não se transfere, não se vende, não se negocia, depende

do nascimento, adoção ou do casamento, é personalíssimo, e é por isso que a gentenão escolhe nossos pais, irmãos, cunhados, etc. A gente escolhe nossos amigos enosso cônjuge, mas estes não são nossos parentes;

– b) irrenunciável: o status depende da posição familiar, não se podendo, por exemplo,renunciar ao pátrio poder para deixar de sustentar o filho;

– c) imprescritível: não se perde e nem se adquire pelo tempo/usucapião; o fato doaluno chamar por anos a professora de “tia” não cria nenhum vínculo jurídico com amesma;

– d) universalidade: compreende todas as relações jurídicas decorrentes da família,afinal a gente é parente de alguém para as coisas boas e para as coisas ruins; alémdisso o status é exercido perante toda a sociedade;

– e) indivisibilidade: o status é sempre o mesmo, não se pode ser casado de dia esolteiro de noite;

– f) reciprocidade: o status se integra por vínculos entre pessoas que se relacionam,então o marido tem uma esposa, o pai tem um filho, etc.

• Rumos do Direito de Família: – a) estatização: o Estado tem procurado assumir papéis que

antigamente eram exclusivos da família, como a alimentação, aeducação e o planejamento familiar, especialmente nas famílias maiscarentes (ver CF art. 226, § 7º e art. 227).

– b) retração: admite-se que uma mãe solteira e seu único filho sejamconsiderados uma família; é a família segmentada ( § 4º do 226, CF);

– c) dessacralização: para a Igreja a família só se forma com osacramento indissolúvel do casamento, mas com o afastamento doEstado e da sociedade da Igreja, tolera-se uma família fora docasamento, decorrente da união estável ou de pessoas divorciadas;

– d) democratização: até o século passado só o pai mandava na família,hoje o poder é comum do pai e da mãe ( § 5º do 226, CF), e até osfilhos são ouvidos e têm absoluta prioridade à educação e àconvivência familiar (227, CF). Nossa Lei Maior usa algumas vezes apalavra “prioridade”, mas acompanhada do adjetivo “absoluta”apenas neste art. 227, o que revela a preocupação do Estado com osmenores. O que mantem uma família saudável é a união do casal enão a autoridade paterna. E sem uma família equilibrada a criação eeducação dos filhos fica comprometida. Só hereditariedade não basta,é necessário um ambiente psicológico favorável para a formação deum cidadão.

• Conceito de Casamento:– São apresentadas inúmeras definições para o casamento, no entanto, a

doutrina majoritária, conceitua casamento como um vínculo jurídico entreo homem e a mulher regulando uma união que cria uma comunhão de vidaplena, tendo como fundamento a igualdade em direitos e obrigações doscônjuges.

• Casamento Válido:– Primeiramente é necessário verificar se o casamento existe. Existindo, ele

pode ser válido ou inválido. Para que o casamento seja válido, é preciso queele seja realizado mediante todos os requisitos estabelecidos em lei.

• Casamento Putativo:– O casamento putativo pode ser nulo ou anulável, é aquele em que um ou

ambos os cônjuges desconhece algum impedimento. Para o cônjuge de boafé, ele produz efeitos de casamento válido. Produz efeitos desde acelebração do casamento até a data da sentença anulatória, após asentença, cessam todos os deveres que são resultantes do casamento.

– Os filhos que porventura nascerem de um casamento putativo, terão seusdireitos garantidos.

• Casamento Nuncupativo e em caso de Moléstia Grave:

– O casamento nuncupativo ou "articulo mortis", ou "in extremis vitaemomenti", é uma forma especial de celebração do casamento, ondeum dos nubentes está em iminente risco de vida, assim devido aurgência e a falta de tempo não foram cumpridas todas asformalidades para a celebração. Entretanto, é dispensada a presençade autoridade, possuindo apenas seis testemunhas, desde que nãosejam parentes dos nubentes. Tais testemunhas precisam serconvocadas pelo enfermo e, ouvir do casal a manifestação devontade de contrair núpcias. Após a celebração as testemunhasdevem procurar a autoridade competente para reduzir a termo assuas declarações, devendo fazer isso em 10 (dez) dias.

– Já a celebração em caso de moléstia grave, consiste em umcasamento civil, onde um dos nubentes encontra-se em com umadoença grave que o impeça de locomover-se e também de adiar talcerimônia.

– Art. 1.539.

• Casamento Religioso com Efeitos Civis:

– Maria Helena Diniz, preceitua que " o casamento é civil,mas é perfeitamente válido que os nubentes se casem noreligioso, atribuindo-lhe efeitos civis desde que hajahabilitação prévia ou não".

– O casamento religioso com efeitos civis, é realizadoperante um ministro de qualquer fé religiosa, logo após ahabilitação dos nubentes.

– Existem duas formas de casamento religioso com efeitoscivis: com habilitação prévia (onde será apresentado aoministro religioso o certificado de habilitação e ele iráarquivá-lo, o registro civil tem que ser feito dentro doprazo decadencial que é de 90 (noventa) dias dacelebração) e com habilitação posterior (onde os nubentespodem requerer o registro a qualquer tempo).

• Casamento Consular:

– Para Carlos Roberto Gonçalves, é chamado decasamento consular, "aquele celebrado por brasileirono estrangeiro, perante autoridade consularbrasileira".

– Sílvio de Salvo Venosa dispõe que o casamentoconsular "pode ser realizado no consulado ou foradele, segundo as normas e solenidades do paísestrangeiro, mas os efeitos do ato obedecem à leibrasileira".

– Quando realizado o casamento consular, este terá queser registrado em 180 (cento e oitenta) dias, contadosda data em que um ou ambos os cônjuges voltaremao Brasil.

• Conversão da União Estável em Casamento:

– "Art. 1.726. A união estável poderá converter-se emcasamento, mediante pedido dos companheiros aojuiz e assento no Registro Civil".

– Assim, ficará mas fácil a conversão de união estávelem casamento, tornando os modos mais ágeis para talrealização. A conversão começa a valer a partir dadata em que for realizado o registro.