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Aprendizagem animal
etologiazootecnia.wikispaces.com
Carla Forte Maiolino MolentoMéd. Vet., M.Sc., Ph.D.Departamento de ZootecniaUniversidade Federal do Paraná[email protected]
Conteúdo
1. Introdução2. Definições e classificações3. Fisiologia da aprendizagem e da
memória4. Teor principal5. Bibliografia
Introdução
Eric Kandel
Eric Kandel
Definições
Aprendizagem (“Aquisição”)Processo que se manifesta por
alterações adaptativas no comportamento individual como resultado da experiência
MemóriaArmazenamento mais ou menos permanente do aprendizado, que pode ser relembrado em condições futurasEm animais principalmente a memória é passível de medição!
MemóriaProcessos envolvidos:
1. Codificação (aprendizado)Envolve elaboração
(associação com outras informações)
2. Armazenamento e manutenção
3. Evocação
Memória
Classificação da aprendizagem
1. Habituação (memória negativa)2. Sensibilização (memória positiva)O Aprendizado associativo:
a. Condicionamento clássicoReflexo condicionado
b. Condicionamento operanteTentativa e erro
c. Aprendizado latented. Aprendizado por compreensão
e. Estampagem
Classificação da aprendizagem1. Habituação
É uma diminuição no grau de resposta a um estímulo ao qual não se associa nenhum prêmio nem punição.
Acontece em todos os animais, desde protozoários.É o tipo de aprendizado mais comum.
1. Habituação – Resposta decrescente
R
E
Tempo Broom, 2000
Classificação da aprendizagem1. Habituação
Características especiais:• tipo mais antigo de aprendizado
(vantagem seletiva imensa)• tipo mais comum de aprendizado• alto grau de especificidade
• intervalo entre estímulos• natureza do estímulo
• pode atingir alto grau de complexidade
• pode ser revertida se houver alteração na importância do estímulo
Habituação – Especificidade: Relação forma e movimento (patos, gansos)
Timbergen e Lorenz, 1937
Habituação - Nível de complexidade (pintos)
RInício
E
50a. vez
Luz 10”
Luz 5”
Luz 15”
+-
+-
+-
+-
Tempo (s)Broom, 2000
Classificação da aprendizagem
2. Sensibilização
Características especiais:
• É o oposto da habituação• Também chamada de facilitação• Mais eficaz com punição que com
reforço
2. Sensibilização – Resposta crescente
R
E
Tempo
Limiar de tolerânciaR máx
Broom, 2000
Aprendizado Associativo
a) Condicionamento clássico:Pavlov e o reflexo salivar em cãoResposta a um estímulo anteriormente neutro, por condicionamento
Termos próprios:• Estímulo incondicionado (EI): e.g. alimento• Resposta incondicionada (RI): e.g.
salivação na presença do alimento• Estímulo condicionado (EC): e.g. som• Resposta condicionada (RC): e.g. salivação
após ouvir o som
Mills & Nankervis, 2005
Mills & Nankervis, 2005
a. Condicionamento clássico
a) Condicionamento clássico
A RC pode sofrer alterações, desde diminuições de intensidade até extinção completa
Aprendizado Associativo
Condicionamento clássico
Eventos
RC
(uni
dade
s arb
itrár
ias) Condicionamento
(EI presente)Extinção
(EI ausente)
Condicionamento de esquiva
Treinamento
Pareamentoluz-choque
Respostaestabelecida
Reação à luz
Condicionamento de esquiva
Respostas aprendidas a agentes estressantes tendem a persistir mesmo na ausência total da repetição do estímulo
Histórico de manejo de um animal ou rebanho é extremamente importante
Condicionamento de esquiva
“Lâmpada” Estímulo aversivo associado
Sala de ordenhaManejo aversivo,
vácuo mal regulado
Tronco de vacinação Manejo aversivo
b) Condicionamento operante
Tentativa e erroAnimal motivado = comportamento
exploratório = uma das atividades seguida por reforçoSe houver repetição coerente, dá-se a associaçãoDifere do condicionamento clássico?
Aprendizado Associativo
b) Condicionamento operante
Tentativa e erroAnimal motivado = comportamento
exploratório = uma das atividades seguida por reforçoSe houver repetição coerente, dá-se a associaçãoDifere do condicionamento clássico?
Sim, pois não envolve EI e RI
Aprendizado Associativo
Condicionamento OperanteCaixa de Skinner
Uma vez estabelecido o condicionamento, o reforço não precisa ser dado a cada resposta (pombos continuam a bicar mesmo se receberem reforço somente a cada 800 bicadas)
b) Condicionamento operante
É muito difícil de se extinguir, principalmente se com reforço apenas parcial.
Aprendizado Associativo
b) Condicionamento operantePode ser facilitado pela demonstraçãoE.g. bebedouros acionados pelos animais
Aprendizado Associativo
Aprendizado AssociativoNome Consequência Resultado Exemplo
Reforço positivo
Resposta produz consequência desejável
Aumenta o comportamento
Quando o cão senta ele ganha um biscoito
Punição positiva
Resposta produz consequência aversiva
Diminui o comportamento
Quando o cachorro morde ele ganha uma advertência
Reforço negativo
Resposta pára ou previne uma consequência aversiva
Aumenta o comportamento
Quando o cão mostra comportamento submisso, ele não é mordido
Punição negativa(treinamento de omissão)
Resposta pára ou previne uma consequência desejável
Diminui o comportamento
Se o cão late ele não ganha o biscoito
c) Aprendizado latente
Resultado de comportamento exploratório (sem objetivo específico)
A informação pode ser útil mais tarde E.g. acúmulo de conhecimento sobre o
ambiente no qual o animal vive
Aprendizado Associativo
d) Aprendizagem por compreensão
Envolve raciocínioHabilidade de combinar
espontaneamente duas ou mais experiências isoladas para formar uma nova experiência com um objetivo específico (Maier e Schneirla, 1935)
Depende de aprendizado latente
E.g. Kohler (1927) e chimpanzés
Aprendizado Associativo
e) Estampagem
Janela de aprendizado (período de maior sensibilidade)Organismo “espera” a chegada de EI-chaveSimilar a condicionamento, porém é extremamente rápida e irreversível
Aprendizado Associativo
Estampagem
e) Estampagem - Patinhos e modelo artificial
Lorenz, 1995
Aprendizado Associativo
Estampagem em mamíferos
Infância mais longa = desenvolvimento mais contínuoAnimais criados “à mão” (e.g. cordeiro órfão) = dificuldades de interação social com o grupo de animais de sua espécie, inclusive de ordem reprodutivaEstampagem na idade adulta:Cabra e o cheiro de seus filhos ~ 1 hora após o parto (ou alto risco de rejeição)
Aplicando o conhecimentoTarefa em grupos de QUATRO alunos, entrega até a próxima aula:• Busque dois vídeos de curta duração na rede, ou vídeos pessoais seus, que mostrem evidências de aprendizagem animal• Classifique cada vídeo de acordo com os tipos de aprendizagem envolvidos• Entregue via mensagem eletrônica (assunto: Vídeo Etologia, para [email protected]) os vídeos ou links e sua classificação
Exemplo de sítio: youtubeExemplo de assunto: vejam estes vídeos...
Anatomia e fisiologia da aprendizagem e da memória!
Anatomia
damemória
University of London
MemóriaCurto-prazo
Funções orgânicascríticas, ligação entremente e corpo
MemóriaLongo-prazo
MemóriaVisual
Comportamento
Memória motora
Como estudamos a anatomia da memória?
Imagem por ressonância magnética funcional(fMRI)
O uso daRessonânci
aMagnética
para se visualizara função
Memóriavisual
Memóriaauditiva
Áreas de associação• Parietooccipitotemporal NEOCÓRTEX
1. Corpo no ambiente2. Área de Wernicke3. Leitura4. Nome dos objetos
• Pré-frontal NEOCÓRTEX1. Memória de trabalho ou temporária
• Límbica MAIS ANTIGA1. Inclui impulso motivacional2. Emoções
E os animais?
Peixe
RéptilMamífero
Lobo olfatório
Neocórtex
Cérebro
CerebeloCérebro
Neocórtex
Córtex
Cerebelo
O córtex cerebral
Fisiologia da Aprendizagem e da Memória
Memória – definição fisiológica:• Aumento da sensibilidade de transmissão sináptica em consequência de atividade neural prévia
Traços de memória• Desenvolvimento de novas vias ou vias facilitadas
Fisiologia da aprendizagemHabituação (memória negativa)Cérebro ignora informações sem importância
Inibição das vias sinápticas
Sensibilização (memória positiva)Cérebro incrementa e armazena traços de memória a partir de informação de conseqüências importantes (dor, prazer,...)
Facilitação das vias sinápticas
Quem decide o que é importante?
Sistema límbico
Principalmente hipocampo, com base no grau de recompensa ou punição.
Classificação da memória
Memória de curto e médio prazo (seg a sem)Alterações químicas:Habituação
Fechamento de canais de Ca+2 na membrana pré-sináptica
SensibilizaçãoEstímulo de terminação pré-sináptica facilitadora
Facilitação (Kandel e Aplysia)
Guyton, 2002
Classificação da memória
Memória de longo prazo (anos/vida)
Alterações estruturais:
1. sítios de ligação de vesículas de NT2. vesículas de NT3. terminações pré-sinápticas4. Alterações estruturais nas espinhas
dendríticas
Memória de longo prazo
Dendritos
Ramificaçõesdos dendritos
Antes doaprendizado
Após oaprendizado
Ramificações
Plasticidade cerebral
1. Brotamento
4.Sinapses novas nãoutilizadas são desfeitas
3. Algumas sinapses sãoutilizadas
2. Conexões ao acaso comneurônios vizinhos
http://www.nature.com/news/2004/040802/full/040802-18.html
“Social status influences brain structure”(Revista Nature, agosto 2004)
Animais dominantes desenvolveram 30% mais neurônios no hipocampo; enriquecimento ambiental = mesmo efeitoAutores: Kozorovitskiy & Gould Neuroscience
A capacidade de aprendizado dos animais é um aliado para a zootecnia
* A utilização de testes com tarefas é
tão dependente do estado motivacional
que é difícil tirar conclusões realistas
Para a próxima aulaGrupos de três alunos:
• Conversa sobre duas situações nas quais o manejo de animais de produção é (ou pode ser) facilitado por meio da aprendizagem animal.• Descrição sucinta manuscrita das situações e tipos de aprendizagem envolvidos para ser entregue.
Memória
Quanto mais importante um
evento, maiores as chances de
ocorrer armazenamento
Teor Principal
DefiniçõesTipos de aprendizagemAnatomia e fisiologia da aprendizagem e da memóriaImportância para a zootecnia
BibliografiaBroom, D.M. Biology of Behaviour, Cambridge University
Press, 1981.Broom, D.M. e Johnson, K.G. Stress and Animal Welfare,
Kluwer Academic Publishers, 2000.Fraser, A.F. e Broom, D.M. Farm Animal Behaviour and
Welfare, 3a. Ed., CABI Publishing, 2002.Guyton, A.C. e Hall, J.E. Tratado de Fisiologia Médica, 10a. Ed., Guanabara Koogan, 2002.Lorenz, K. Os Fundamentos da Etologia, Editora da UNESP, 1995.Manning, A. Introdução ao Comportamento Animal, Livros Técnicos e Científicos, 1977.Michell, A.R. e Ewbank, R. Ethics, Welfare, Law and Market Forces : The Veterinary Interface, UFAW, 1996.