1. Livro_Gestão

Embed Size (px)

Citation preview

DISCIPLINA 1

Mdulo GESTO DA INOVAO

Gesto da Inovao

GESTo dA INoVAoGOVERNO FEDERAL Dilma Rousseff Presidenta da Repblica do Brasil Aloizio Mercadante Ministro da Cincia e Tecnologia Ronaldo Mota Secretrio de Inovao CNPq CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTFICO E TECNOLGICO Glaucius Oliva Presidente UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA lvaro Toubes Prata Reitor Carlos Alberto Justo da Silva Vice-Reitor Edison da Rosa Diretor do Centro Tecnolgico DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E GESTO DO CONHECIMENTO Gregrio Jean Varvakis Rados Chefe de Departamento Gertrudes Dandolini Sub-chefe de Departamento CERTI FUNDAO CENTROS DE REFERNCIA EM TECNOLOGIAS INOVADORAS Carlos Alberto Schineider Superintendente Geral LABORATRIO DE EDUCAO A DISTNCIA Fernando Jos Spanhol Gerente Executivo Alexandre Peres de Pinho Gerente Tcnico Greicy K. S. Lenzi Gerente de Processos Execuo Associao Cultural Cabea ao Vento Produo de Videoaulas Silvio Smaniotto - Comunicao Audiovisual Produo de Teleconferncia Arrebol Solues EaD Design Instrucional Mais Acesso Ambiente Virtual de Aprendizagem Jogos Educativos Coordenador do Projeto Neri dos Santos Modelo Educacional Fernando Jos Spanhol Alexandre Peres de Pinho Greicy K. S. Lenzi Coordenao Geral de Contedo Neri dos Santos Produo do Contedo Especfico Neri dos Santos Gregrio Jean Varvakis Rados Fernando Antonio Forcellini Andr Luiz Meira de Oliveira Simone Monte-Mr Mussolin Gustavo Daniel Donatelli Paulo Cesar Leite Esteves Carlos Alberto Schneider Equipe Tcnica Greicy K. S. Lenzi Gesto de Processos - Laboratrio de Educao a Distncia Carolina Borges de Andrade Gesto de Processos - Associao Cultural Cabea ao Vento Fernando Jos Spanhol Coordenao Pedaggica Margarete Lazzaris Kleis Designer Instrucional Slvio Lovato Projeto Grfico Guto Sisson Direo Audiovisual Alexandre Peres de Pinho Direo de Produo Audiovisual Ricardo Sagaz Produo Audiovisual Roberto Santana Assistente de Produo Audiovisual Andr Ricardo Righetto Administrador de Sistemas Fernanda Pires Teixeira Desenvolvimento do Ambiente Virtual de Aprendizagem Sergio Genilson Pfleger Eduardo Martins Polmann Cristiana Pinho Tavares de Abreu Superviso do Ambiente Virtual de Aprendizagem Patrcia Battisti Superviso de Tutoria Andr Fontana Goulart Designer Grfico Complementar Patrcia Herkenhoff Superviso de Edio Audiovisual Milena Abreu Chiaranda Renan de Paula Binda Edio Audiovisual Oni Freire Edio de Som Guilherme Lopes Souza Vinhetas Andy Paes Ilustrao Sandra Helena Spricigo Reviso Ortogrfica Greicy K.S. Lenzi Reviso do Material Didtico

SuMrIoPALAVRAS DO PROFESSOR UNIDADE 1 | INOVAO E GESTO DA MUDANA UNIDADE 2 | O PROCESSO DE INTELIGNCIA TECNOLGICA UNIDADE 3 | ESTRATGIA DA INOVAO UNIDADE 4 | GESTO INTEGRADA DA INOVAO UNIDADE 5 | METODOLOGIAS E FERRAMENTAS DE GESTO DA INOVAO CONSIDERAES FINAIS SOBRE OS PROFESSORES REFERNCIAS 04 06 30 46 66

84 124 125 126

Realizao:

Execuo:

Colaborao:

3

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

PAlAVrAS do ProFESSorNa disciplina Introduo Gesto da Inovao vimos conceitos bsicos sobre inovao. Agora, vamos nos aprofundar no assunto para que voc possa iniciar a estruturao do processo de inovao em sua empresa. A disciplina dividida em cinco unidades, conforme o quadro A.Unidade de contedo renciamento de mudana inteligncia tecnolgica inovao da da inovao Descrio resumida do contedo o e gesto da inovao em uma PME. tecnolgica e o ciclo da inovao tecnolgica. empresa. Definio da estratgia de inovao. cessos; gesto por processos; e indicadores de desempenho. UNIDADE 5: Metodologias Metodologias para gesto da inovao. Ferrae ferramentas de gesto da mentas para gesto da inovao. inovaoQuadro A: Organizao do contedo da disciplina Gesto da Inovao Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

A unidade 4, por sua vez, trata dos elementos necessrios para colocar em prtica as estratgicas definidas. E a disciplina finaliza com um conjunto de ferramentas de suporte ao processo de inovao, apresentado na unidade 5. Espero que voc aproveite o contedo e aplique o conhecimento em sua empresa, contribuindo para fortalecer o processo de inovao. Bons Estudos Professores Gregrio e Paulo

UNIDADE 1: Inovao e ge- Reviso do conceito de inovao, tipos de inovaUNIDADE 2: O processo de O ciclo da inteligncia tecnolgica, a perspectiva UNIDADE 3: Estratgia da Desafio estratgico e adaptao estratgica da UNIDADE 4: Gesto integra- Cadeia de valor nas organizaes; gesto de pro-

Na unidade 1 revisaremos alguns dos conceitos j discutidos na disciplina Introduo Gesto da Inovao, aprofundando temas de maior interesse para uma PME (Pequena ou Mdia Empresa). A unidade 2 contempla o processo de inteligncia tecnolgica, fundamental para o processo de inovao e ponto de partida para a definio da estratgia da inovao, que discutida na unidade 3.

4

5

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

UNIDADE 1 | INoVAo

E GESTo dA MudANA

PArA CoMEAr o ESTudoDurante o mdulo introdutrio, voc acompanhou acerca da importncia da inovao para as organizaes modernas. Mais do que um diferencial competitivo, ela pode ser responsvel, at, por contribuir na permanncia ou no de uma empresa no mercado. Ciente desse contexto, a partir de agora comeamos a aprofundar os tpicos j abordados inicialmente na disciplina de Introduo Gesto da Inovao. Nesta primeira unidade, vamos nos debruar, especificamente, sobre o que significa, afinal, a inovao, a importncia da gesto de pessoas em um ambiente inovador e quais so os principais motivos que impedem o processo de inovao. Alm disso, os temas sero tratados dentro do escopo de interesse de uma pequena ou mdia empresa. Preparado? OBJETIVOS Ao final desta unidade, voc estar apto a: l Definir o que inovao. l Acompanhar a implantao do processo de inovao. l Conhecer os principais meios de gesto de pessoas em ambientes inovadores. l Reconhecer as principais barreiras do processo de inovao.

SEES DE ESTUDO SEO 1: GESTO DE MUDANA SEO 2: CONCEITO DE INOVAO SEO 3: GESTO DE PESSOAS NO AMBIENTE DE INOVAO SEO 4: BARREIRAS DA INOVAO

6

7

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

SEo 1: GESTo dE MudANAA evoluo tecnolgica, a globalizao e a mudana no comportamento dos clientes provocaram o aprimoramento da cincia da administrao. Dentre as reas da administrao originadas para fazer frente aos novos desafios da era do conhecimento, a gesto da mudana tem recebido ateno por parte de empresas de diferentes portes e ramos de atuao. A razo para esta nova realidade que seja qual for o ramo de atuao de uma empresa, no h como fugir ao desafio das presses constantes, internas e externas, que criam um ambiente em que a nica certeza que as mudanas sero constantes. O conceito de mudana que adotaremos o proposto por Lima e Bressan (2003, p.25):Mudana organizacional qualquer alterao, planejada ou no, nos componentes organizacionais - pessoas, trabalho, estrutura formal, cultura - ou nas relaes entre a organizao e seu ambiente, que possam ter conseqncias relevantes, de natureza positiva ou negativa, para eficincia, eficcia e/ou sustentabilidade organizacional.

necessrio que se apresente uma resposta condizente. A velocidade da empresa em responder s mudanas que se apresentam vai ser determinante no impacto no desempenho. O modelo da figura 1.1 prev que a empresa responder s mudanas com solues inovadoras para os produtos, processos, gesto organizacional e marketing. possvel que a mudana provoque uma queda momentnea dos resultados ou a reduo do crescimento, notadamente os financeiros. O tempo de resposta da empresa e a maturidade do processo de gesto da inovao podem minimizar ou at mesmo eliminar os impactos negativos da transio.

>> PARA REFLETIR l Que mudanas, nos ltimos dez anos, voc destacaria no mercado de trabalho? l Em sua opinio, quais as trs principais mudanas que ocorreram em sua empresa nos ltimos cinco anos? l Para qual mudana que pode ocorrer em um prazo de dois anos voc acha que deveria se preparar?Figura 1.1: Resposta s mudanas com base na inovao Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

A seguir, a figura 1.1 ilustra o processo de mudana organizacional. Em um determinado ponto a empresa passa por um momento de transio, devido a um fator interno ou externo. Como resposta,

Nossa proposta que toda mudana seja vista como oportunidade de melhoria, motivo pelo qual se espera que, passada a transio, a empresa esteja em um nvel superior de desempenho e maturidade. O processo de mudana realimenta a empresa com aprendizado contnuo.

8

9

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

Mudana radical: semelhante em impacto com a mudana emergente, que ocorre de forma planejada. H grande esforo de planejamento, demanda recursos considerveis e exige comunicao clara da direo da empresa sobre como ser conduzida e quais os objetivos da mudana. Exemplos: descontinuar linha de produtos ainda rentvel para substituio por nova tecnologia; entrada em novo ramo de negcio; fuso com outra empresa. >> PARA REFLETIR Tente se recordar de um exemplo de cada tipo de mudana que tenha ocorrido em sua empresa (planejada, emergente, radical). Com qual delas foi mais fcil lidar? Qual delas teve mais impacto nos resultados da empresa?

Quanto sua origem, as mudana pode ser incremental, planejada, emergente ou radical. Cada tipo est detalhado a seguir. Mudana incremental: pequenos ajustes por motivao interna ou externa. Neste caso, h tempo para que pessoas e processos se acomodem s alteraes. Exemplos: atualizao gradual do sistema informatizado de gesto; implantao em etapas da modernizao do maquinrio. Mudana planejada: alterao realizada com planejamento prvio, implantada por meio de projetos. A mudana realizada de forma proativa, antes que se torne obrigatria, ou por fora de mudanas no direcionamento estratgico. Exemplos: privatizao, processo de demisso incentivada; implantao de Sistema de Gesto da Qualidade. Mudana emergente: mudana complexa provocada por fator para o qual a empresa no possui um plano de resposta. H maior risco de impacto negativo nos resultados e desconforto para as pessoas. Exemplos: entrada repentina de uma multinacional no mercado; crise financeira.

Um aspecto curioso que a inovao causa e efeito da mudana. Uma mudana no controlada pela empresa faz uso da inovao como estratgia de resposta. Uma crise financeira, por exemplo, exige solues inovadoras para garantir a sobrevivncia. Em outros casos, a inovao a causa para mudana e seus efeitos na organizao que tm que ser gerenciados. Novos canais de distribuio, at ento no utilizados, ou a introduo de um modelo de gesto inovador so, respectivamente, causas para mudana nas estratgias de marketing e na gesto do processo organizacional.

10

11

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

O quadro 1.1 apresenta um modelo para gesto da mudana.ETAPA FASE Concepo da mudana Avaliao da mudana PLANEJAMENTO DA MUDANA ATIVIDADES Definio de objetivos. Definio de limites e abrangncia. Previso de prazo do processo de mudana. Simulao de impactos. Avaliao do ambiente (como a empresa receber a mudana). Riscos. Projeto de mudana Definio de projeto, conforme metodologia de gerenciamento de projetos adotada: custo, cronograma, riscos, estimativas. Comunicao dos objetivos da mudana COMUNICAO DA MUDANA Divulgao contnua do estado da mudana Seleo dos lderes PREPARAO DOS LDERES DA MUDANA Feedback e desenvolvimento contnuo Acompanhamento e conMENSURAO E CONTROLE Medio de resultados Registros APRENDIZADO Lies aprendidas trole Preparao dos lderes Definio de formas de comunicao. Comunicao pela direo (essencial). Comunicao de etapas finalizadas. Divulgao dos objetivos intermedirios conquistados. Escolha dos lderes do processo de mudana. Seleo de facilitadores (em todas as reas). Capacitao inicial. Treinamentos preliminares s etapas crticas. Feedback para a Direo, para os lderes do processo de mudana e para os facilitadores. Gerenciamento do projeto. Relatrios para a Direo. Planos de contingncia. Definio e medio dos indicadores de desempenho associados mudana. Registros e apontamentos constantes das atividades do processo de mudana. Avaliao de pontos fortes e oportunidades de melhoria. Gesto do conhecimento. Quadro 1.1: Modelo de gesto de mudanas Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

1- De acordo com a profundidade e complexidade da mudana, podem ser suprimidas etapas do modelo apresentado no quadro 1.1. 2- Pense no modelo como uma proposta de modelo mental e use-o como uma lista de verificao das etapas e atividades que so importantes para que uma mudana na empresa ocorra sem maiores sobressaltos.

>> PARA REFLETIR Pense em uma mudana recente que ocorreu em sua empresa. Quais das fases acima voc consegue identificar, mesmo que tenha sido realizada informalmente? Agora, pense em uma mudana que est ocorrendo em sua empresa ou que est prestes a ocorrer pode ser a prpria introduo da gesto da inovao. Como fazer para introduzir os passos apresentados no quadro 1.1?

SEo 2: CoNCEITo dE INoVAoVamos agora nos aprofundar em alguns conceitos j discutidos na disciplina Introduo Gesto da Inovao e abordar outras questes. Para reforar o entendimento de inovao, vamos apresent-lo outra vez, de forma diferente: Inovao a transformao de conhecimento em algo novo, que gere valor para o mercado ou para a empresa, resultando em lucro ou melhoria de desempenho. O conceito formal de inovao foi apresentado na disciplina Introduo Gesto da Inovao. Releia o conceito de inovao da disciplina Introduo Gesto da Inovao. O quadro 1.2 separa o conceito em partes para que se tenha melhor entendimento.

12

13

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

INOVAO IMPLICA EMNovidade

QUE SIGNIFICA

E PODE OCORRE NA FORMA DE

Ser diferente do pa- Criao indita: primeiro computador de mo (PDA) com escridro praticado an- ta na tela (Newton da Apple, criado em 1993). teriormente, pelo Aprimoramento: primeiro PDA com acesso internet via moReformulao: surgimento do smartphone, considerado substituto do PDA (BlackBerry, da RIM, em 2003). menos no ambiente dem (Visor, Handspring, em 1999). no qual foi inserido

Valor

Agregar valor para Incremento na qualidade: inveno do pneu radial com grande o cliente (experi- aumento na durabilidade (pelo fabricante Michelin em 1946). ncia positiva) ou Reduo de custo: reduo de custo da fabricao de automveis para a empresa (re- com a linha de montagem (Ford em 1914). sultado positivo) Reduo de tempo (de processamento): disponibilizao da entrega da Declarao de IR via internet (1997, Receita Federal).Figura 1.2: Os drivers da inovao Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Quadro 1.2: Detalhando o que inovao Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Na parte de cima do modelo so apresentadas as organizaes ou fontes externas. Consultorias, mesmo que no sejam focadas no processo de inovao, costumam proporcionar a transferncia de conhecimento entre consultores e clientes, gerando no mnimo inovaes incrementais. Instituies de ensino e pesquisa tm na vitalidade e interesse no aprendizado de seus membros o cerne da inovao. H ainda diversas instituies de fomento e financiamento pesquisa e desenvolvimento, que auxiliam as empresas interessadas neste processo. Na parte de baixo do modelo aparecem os fatores externos, que podem demandar respostas baseadas na inovao. Restries de matria-prima so fontes de inovao. A previso de exausto da reserva de combustveis fsseis foi o indutor de inovaes em fontes alternativas, nos processos produtivos, e em meios de obter maior rendimento de motores combusto. Na parte central do modelo so representados os drivers do processo de inovao alinhados com a cadeia de valor. Alm das fontes internas da organizao, fornecedores e clientes podem ser parceiros no processo de inovao. H tambm a possibilidade de capturar opor-

Inovao no necessariamente significa ineditismo, que est mais relacionado com inveno. considerada inovao a introduo de nova tecnologia ainda no praticada em um pas ou ramo de atividade. Vale reforar que a empresa raramente tem sucesso no processo de inovao trabalhando isoladamente, olhando para si mesma. As fontes internas so apenas um dos tipos de drivers* da inovao, conforme ilustrado na figura 1.2. H uma srie de outros motivadores, facilitadores e atores nesse processo. A empresa que trabalha de acordo com o modelo da figura 1.2 adota a chamada inovao aberta.

Motivador, direcionador. Caracterstica interna ou externa da empresa que facilita a ocorrncia de um fenmeno em estudo. Por exemplo: a aquisio de empresas com perfil inovador um driver para a inovao em empresas mais consolidadas.

14

15

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

tunidades de inovao baseadas na experincia do cliente. Outra possibilidade, para as organizaes que tm como clientes empresas de grande porte, integrar programas de capacitao de fornecedores. Estes tambm so fontes de oportunidades de melhoria, pela troca de experincias e uso de alternativas tecnolgicas por eles desenvolvidas. A dependncia da empresa de relaes com outros atores sugere que a capacidade de se relacionar uma importante habilidade do profissional da era do conhecimento.

Processos Captao

Objetivo

O que preciso no ambiente de inovao

Incluso de pessoas na em- Rever o perfil de profissional necessrio para a empresa presa. Contempla recrutamento e Mesclar capacitaes e formaes. seleo de pessoas Definio da estrutura organizacional, cargos e funes gerenciais Orientao das pessoas e avaliao do desempenho Reduzir a quantidade de nveis gerenciais. Dar autonomia para criar. Criar cargos associados com a gesto de projetos e gesto da inovao. Prover sistema de avaliao de desempenho que valorize o potencial criativo. Recompensar ideias e projetos inovadores. Reconhecer os lderes do processo de inovao. Recompensar pequenas melhorias para incentivar novas participaes. Estabelecer plano de carreira com possibilidade de ascenso por grau de especialidade, evitando que cargos gerenciais sejam nica alternativa de progresso. Prover treinamentos em criatividade, gesto de projetos, soluo de problemas, qualidade, design.

Aplicao

>> PARA REFLETIR To importante como identificar oportunidades de inovao ter foco no que desenvolver. Steve Jobs (2004) afirma que a gesto da inovao implica em dizer no para 1000 coisas, para garantir que ns no estamos no caminho errado ou tentando fazer demais. Vindo do criador da Apple e da Pixar, parece um bom conselho.

Incentivo e reteno

Criao e atualizao de polticas de incentivo, incluindo remunerao, recompensas, benefcios Desenvolvimento das competncias, habilidades e atitudes Contemplam treinamento, plano de carreira, comunicao e alinhamento com valores organizacionais Criao de condies de trabalho adequadas, incluindo tica, disciplina, higiene, ergonomia, segurana, cuidado com o meio ambiente, integrao Gesto das informaes sobre pessoas Inclui administrao de bancos de dados, sistemas e arquivos fsicos sobre pessoal

Desenvolvimento

SEo 3: GESTo dE PESSoAS No AMBIENTE dE INoVAoVamos agora nos aprofundar em alguns conceitos fundamentais para os gestores que tm a misso de difundir a inovao para todas as pessoas na empresa. O quadro 1.3 apresenta os processos de gesto de pessoas, com a descrio de cada um deles e os diferencias encontrados nas empresas focadas na inovao.

Qualidade de vida

Eliminar barreiras fsicas no layout. Criar espaos para exerccio da criatividade. Inovar no mobilirio com uso de solues ergonmicas e com design inovador. Manter uma poltica de gesto ambiental, mesmo em atividades de baixo impacto. Manter atualizadas as competncias e habilidades dos funcionrios. Manter registro histrico da participao em projetos de inovao. Disponibilizar informaes aos gestores sobre estilos de criar e liderar.

Monitoramento

Quadro 1.3: Processos de gesto de pessoas no ambiente de inovao Fonte: Elaborado pelo autor (2010 )

16

17

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

>> PARA REFLETIR Sua empresa est inovando na gesto de pessoas ou as pessoas ainda so vistas como mo de obra? At que ponto a direo da empresa se dedica a criar uma ambiente de trabalho favorvel criatividade e ao crescimento pessoal?

Estilo principal Cauteloso-reflexivo

Estilos complementares Inconformista-transformador Relacional-divergente

Justificativa Conseguir mais coragem para assumir riscos. Aprender a se relacionar com outros e a ouvi-los. Auxiliar a ponderar as ideias encontradas. Conseguir tornar suas ideias mais prticas. Obter mais objetividade nas ideias. Avaliar com mais prudncia suas aes. Compreender melhor as emoes. Elaborar aes com mais prudncia. Conseguir quebrar regras e alterar procedimentos. Auxiliar na compreenso de sentimentos.

Inconformista-transformador

Cauteloso-reflexivo Lgico-objetivo

Dos processos de gesto de pessoas acima apresentados merece destaque a formao de equipes. O lder encarregado de introduzir o processo de inovao deve reconhecer os diferentes estilos de criar e liderar. Wechler (2009) apresenta uma classificao de cinco estilos pessoais de liderar e criar: Cauteloso-Reflexivo; Inconformista-Transformador; Emocional-Intuitivo; Relacional-Divergente; Lgico-Objetivo. Para cada um destes estilos, a autora apresenta sua descrio, suas facilidades e dificuldades. Inclua a equipe da rea de gesto de pessoas em todas as fases da implantao da gesto da inovao. Depois, v mais alm e provoque-os para que tambm inovem o prprio processo de gesto de pessoas. Uma equipe, para ter sucesso, precisa ser composta por pessoas com os diferentes estilos. A multiplicidade de pontos de vista e a diversidade de formas de ver o mundo so benficas para o processo de inovao. No quadro 1.4 apresentada uma proposta para montar equipes de acordo com os estilos individuais, conforme Wechler (2009).

Emocional-intuitivo Relacional-divergente

Lgico-objetivo Cauteloso-reflexivo Emocional-intuitivo Cauteloso-reflexivo

Lgico-objetivo

Inconformista-transformador Emocional-intuitivo

Quadro 1.4: Composio de equipes baseados em estilos pessoais Fonte: Wechler (2009)

Leia Estilos de pensar e criar em gerentes e subgerentes de micro e pequenas empresas, Martins (2009) aplica os conceitos acima no ambiente das PME Pequenas e Mdias Empresas. Disponvel em: . E quanto ao organograma, como fica a estrutura da gesto da inovao? Para muitas das PME talvez no seja vivel criar uma unidade organizacional voltada exclusivamente para a inovao. Diante desta situao, como coordenar o processo de inovao? Uma das alternativas o uso de equipes com dedicao parcial, provenientes dos diferentes departamentos da empresa. As pessoas podem ser reunidas conforme anlise de perfil, conhecimento e experincia prvia com o processo de inovao.

18

19

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

possvel ainda criar estruturas baseadas em grupos multidisciplinares para cada etapa do processo de inovao, tambm com dedicao parcial. Como exemplo, criar os seguintes grupos. l Grupo de inteligncia tecnolgica: responsvel pelo levantamento de informaes sobre o mercado, concorrentes, tecnologias em desenvolvimento, busca de fontes de informao para o processo de inovao. l Grupo de anlise de viabilidade: responsvel pela anlise da viabilidade de implantao do projeto de inovao (financeira, tecnolgica, operacional). l Grupo de gerenciamento de projetos: para acompanhar o planejamento e implantao do projeto de inovao, incluindo o monitoramento e controle dos resultados. Os grupos devem ser constitudos de no mnimo trs pessoas, preferencialmente de reas diferentes. O trabalho do grupo deve ser compatvel com a atividade principal do membro, devendo ser garantida a liberao das horas. As atividades do grupo devem estar claramente definidas e documentadas. Os comits devem ter acompanhamento da direo da empresa. Em uma PME, o diretor responsvel pela rea de desenvolvimento de produtos normalmente a melhor opo para conduzir o processo de inovao. Outra possibilidade a terceirizao de etapas do processo de gesto de inovao. O mapeamento de oportunidades de inovao pode ser terceirizado, repassando a execuo para consultorias. H ainda a opo de uso de um grupo de profissionais para o gerenciamento de projetos, avaliao de viabilidade ou outras etapas do processo de gesto da inovao. Esta modalidade consiste em um conjunto de profissionais que atendem vrias unidades de negcio de uma mesma empresa ou presta servio para uma cooperativa ou associao de empresas. A cada projeto encerrado, passam a atuar em outra unidade organizacional.

SEo 4: BArrEIrAS dA INoVAoVimos anteriormente, na Introduo Gesto da Inovao, cinco tipos de barreiras da inovao: financiamento inadequado; averso a riscos; silos organizacionais; presso por prazos; e medio incorreta. As barreiras inovao so os fatores relacionados com a estrutura ou cultura da empresa que dificultam ou se apresentam como limites para o processo de inovao. A empresa deve remover ou contornar essas barreiras para que a inovao ocorra de uma forma sustentvel.

As barreiras podem impedir que excelentes ideias se transformem em inovaes Vejamos algumas dicas para contornar essas barreiras. Leia novamente a descrio de cada tipo de barreira na disciplina Introduo Inovao. Financiamento inadequado: normalmente, a inexistncia de recursos no o nico problema e, em certos casos, no o principal problema. A questo a ser gerenciada o surgimento de oportunidades de inovao quando todos os recursos financeiros j esto alocados.

20

21

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

>> PARA REFLETIR Para gerar mais flexibilidade, classifique os projetos em andamento na empresa em ordem de prioridade, criando categorias para facilitar a deciso sobre cancelamentos ou adiamentos. Pense ainda na possibilidade de criar um fundo especfico para inovao, desvinculado de projetos especficos, para ser acionado quando oportunidades surgirem.

Averso a riscos: a averso a riscos pode ser um grande empecilho ao processo de inovao. O medo de errar pode ter um efeito anestsico. O problema reside no fato de que em vrias situaes altos retornos implicam em riscos elevados. Mas de onde vem a averso a riscos? De forma geral as pessoas preferem permanecer na zona de conforto. Se tudo vai bem, por que mudar? Se a empresa tem uma boa lucratividade, e mantm a participao do mercado, por que pensar em inovao? Este tipo de pensamento, que primeira vista pode parecer sensato, no tem lugar na era do conhecimento. O quadro 1.6 mostra fatores que motivam a averso a riscos e dicas para contorn-las.FATOR Perfil pessoal DICAS PARA MINIMIZAR O IMPACTO Pessoas chave no processo de inovao com forte averso a riscos podem ser uma pedra no caminho da inovao. Esta caracterstica pessoal pode ser passada com atuao dos gestores e com auxlio de profissionais da rea de gesto de pessoas e psicologia. No deixe de investir nas pessoas e dar a oportunidade de mudarem. Mesmo os mais audazes podem se inibir se a empresa no comunicar que riscos calculados so aceitos. Comunique at que ponto os riscos so aceitos e que o insucesso pode servir como forma de aprendizado. Procure incluir no grupo pessoas com mais disposio para correr riscos calculados. Use como auxlio a tabela do quadro 1.4. Use tambm pessoas com exemplos de projetos que envolviam riscos considerveis e que tiveram sucesso. O desconhecido amedronta as pessoas. Se a possibilidade de algo dar errado j causa receio, o fato de no se saber qual a probabilidade e o impacto s piora a situao. Nos projetos, use tcnicas para estimar a probabilidade e o impacto de cada risco identificado.

A seguir, no quadro 1.5 apresentado um exemplo de matriz para priorizao de projetos. No caso de surgir uma nova oportunidade de inovao, o gestor, analisando a matriz, pode definir pelo cancelamento, suspenso ou adiamento de etapas de um dos cinco projetos em andamento.Durao Projeto Campanha de marketing para lanamento do produto A R$ 45.000,00 Novo design para o produto B Automatizao da linha de produo do produto C R$ 110.000,00 Consultoria de anlise de mercado R$ 25.000,00 6 50% Alto AQuadro 1.5: Matriz para priorizao de projetos Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

% Realizado

Valor Agregado

Grupo de Prioridade

Custo Anual

(Meses)

4 5 12

20% 65% 10%

Alto Mdio Baixo

A B C

Mensagem da empresa

R$ 75.000,00

Composio dos times

Falta de noo dos riscos

Voc ter a oportunidade de se aprofundar em estratgias para eliminar a barreira do financiamento inadequado cursando as disciplinas da Capacitao em Financiamento de Inovao deste Programa.

Quadro 1.6: Fatores que motivam a averso a riscos e formas de contorn-los Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

22

23

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

Para noes de gerenciamento de riscos uma dica o site britnico: . Ele traz desde o conceito de risco at ferramentas para gesto de riscos. Silos organizacionais: ainda encontramos empresas nas quais o organograma quase um mapa medieval, e cada unidade organizacional parece um feudo com imponentes muralhas. Cada departamento foca na prpria eficincia, sem que os timos locais resultem em um bom resultado global. O processo de inovao no acontece isoladamente em um determinado departamento, preciso envolvimento das diversas reas de empresa. E o desafio ainda maior, pois a empresa tambm no pode atuar sozinha, dependendo de parceiros para inovar. Para demolir os silos organizacionais preciso adoo da viso por processos, tema que ser estudado mais adiante nesta disciplina. Presso por prazos: outra caracterstica marcante da era do conhecimento a compresso extrema do ciclo de vida dos produtos. Produtos tm ciclos de vida medidos em meses, em oposio a perodos de vrios anos como ocorria no passado. Um produto pode ter uma nova verso que torne a anterior obsoleta em menos de um ano. Em um ambiente como este, cada minuto de tempo valioso. Para contornar esta barreira seguem algumas sugestes: l Defina o grau de importncia dos projetos de inovao em relao aos demais projetos da empresa, para facilitar a realocao de recursos. l Com base na lista de atividades de um projeto, repasse atividades de menor complexidade para pessoas como menos experincia, desafogando recursos crticos. l Verifique se os prazos definidos no esto desnecessariamente apertados. Muitas vezes, o prazo final de um projeto reduzido na fase

de planejamento como forma de minimizar o risco de atrasos. Esta presso excessiva pode engessar a inovao. Medio incorreta: a lucratividade de um produto consolidado no mercado no pode ser comparada com a de um produto em seus primeiros meses de comercializao. As medidas tradicionais como lucratividade, rentabilidade e participao de mercado podem no ser suficientes para medir os resultados do processo de inovao. Para exemplificar a barreira da medio incorreta, criamos um caso de uma empresa fictcia, a XTECHY. Ela adiantou o lanamento de um software, sem um dos mdulos originalmente previstos, que no era essencial para o produto, mas trazia um diferencial em relao aos clientes. A deciso foi tomada em funo da ameaa de um produto concorrente recm-lanado. Nos seis primeiros meses, a comercializao do produto foi irrisria, o que poderia ter gerado a descontinuidade do produto se somente fossem medidos os resultados imediatos. A empresa manteve o desenvolvimento do mdulo faltante, o que no final foi considerado um sucesso, pois as revistas especializadas divulgaram que em breve seria lanada a verso atualizada do produto da XTECHY, com o mdulo no contemplado na primeira verso, com atualizao gratuita. A estratgia fez com que os clientes aguardassem pela nova verso e no comprassem o produto do concorrente. Faa uma reflexo e tente se recordar de situaes nas quais as barreiras da inovao se manifestaram em sua empresa. Tente se recordar de cada uma dos tipos de barreiras: financiamento inadequado; averso riscos; silos organizacionais; presso por prazos.

24

25

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

rESuMoNesta unidade, vimos que a mudana cada vez mais presente no dia a dia das empresas e exige respostas rpidas a cada transio para que os resultados no sejam afetados. A reao s mudanas gera aprendizado e fortalece a empresa. A inovao se apresenta como arma para a gesto da mudana. Inovar no necessariamente significa criar algo indito, mas obrigatoriamente exige gerao de valor. As barreiras do processo de inovao foram exemplificadas e foram apresentadas sugestes para contorn-las. Ficou clara a necessidade de ateno especial s pessoas e, por fim, foram apresentadas algumas propostas para a gesto de pessoas no ambiente de inovao. O contedo aqui apresentado permite que voc j implante algumas solues. So elas: l registrar as mudanas s quais sua empresa submetida, os impactos, as reaes e a forma como as pessoas so afetadas; l avaliar se sua empresa est gerenciando adequadamente os drivers da inovao; l discutir se h necessidade de evoluo na gesto de pessoas, com base nos processos e sugestes apresentadas; l verificar quais das barreiras da qualidade apresentadas afetam em maior grau o processo de gesto de inovao na sua empresa e desenvolver um plano de ao para minimiz-las.

ATIVIdAdES dE APrENdIZAGEMAo final de cada unidade de estudo, sero apresentadas breves atividades para que voc possa recordar o que aprendeu. Primeiro, tente realiz-las sem recorrer ao texto e depois compare suas respostas para verificar a sua aprendizagem. 1. Assinale falso (F) ou verdadeiro (V): a - ( ) Mudana emergente aquela que planejada previamente pela organizao, fruto de um projeto de inovao de produto ou processo. b - ( ) No modelo de gesto de mudanas apresentado, os registros e apontamentos das atividades do processo de mudana so realizados na etapa comunicao da mudana. c - ( ) Restries de matria-prima, fornecedores e clientes so exemplos de drivers da inovao. d - ( ) Na gesto de pessoas em empresas inovadoras, o estabelecimento de uma poltica de recompensa para ideias e projetos inovadores um exemplo de ao para incentivo e reteno de talentos. e - ( ) A empresa no obtm sucesso apenas com pessoas criativas e inventivas. necessrio que tambm tenha pessoas que avaliem com prudncia suas aes, cujo estilo pessoal denominado cautelosoreflexivo no modelo apresentado. f - ( ) Os silos organizacionais so verdadeiras usinas de ideias, compostos por grupos multidisciplinares de pessoas que analisam e implantam oportunidades de inovao.

26

27

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

Complemente seus estudos com as seguintes sugestes de leitura. Revista Inovao em Pauta, da Finep: Biblioteca virtual de inovao tecnolgica, da Finep: Ncleo de Gesto da Sustentabilidade da UFSC:

>> NA PRXIMA UNIDADE Continue conosco. Na prxima unidade, abordaremos novos aspectos da Gesto da Inovao, especificamente o processo de inteligncia tecnolgica, seus conceitos, formas de implantao e os benefcios para o negcio. At l!

28

29

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

UNIDADE 2 | o

ProCESSo dE INTElIGNCIA TECNolGICA

PArA CoMEAr o ESTudoVamos iniciar a discusso sobre o conceito de Inteligncia Tecnolgica fazendo uma pergunta: sua empresa possui algum documento no qual constem quais as fontes de informao sobre tecnologia de processo, situao do mercado, perfil de concorrentes e dados atualizados do mercado? Se a resposta sim, sua empresa est no caminho certo! Esta parte da disciplina servir para aprofundar o conhecimento e conhecer novas ferramentas. Se a resposta no, saiba que h uma lacuna importante em termos de gesto da inovao em sua empresa. A boa notcia que esta parte da disciplina vai auxiliar no processo de estruturao da inteligncia tecnolgica.

OBJETIVOS Ao final desta unidade, voc estar apto a: l Definir o que inteligncia tecnolgica. l Entender a importncia da tecnologia para o negcio. l Aplicar ferramentas para proteger a tecnologia da sua empresa. l Definir o que planejamento tecnolgico.

SEES DE ESTUDO SEO 1: O CONCEITO DE INTELIGNCIA COMPETITIVA SEO 2: A TECNOLOGIA COMO PROTEO DO NEGCIO SEO 3: INTELIGNCIA TECNOLGICA SEO 4: O CICLO DA INOVAO TECNOLGICA SEO 5: PLANEJAMENTO TECNOLGICO

30

31

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

SEo 1: o CoNCEITo dE INTElIGNCIA CoMPETITIVAAntes de falar especificamente em inteligncia tecnolgica, preciso conhecer o conceito de inteligncia competitiva: a coleta tica e legal, anlise e distribuio da informao sobre o ambiente competitivo, incluindo os pontos fortes, fracos e inteno dos concorrentes. (VASCONCELOS E DINIZ, apud COIMBRA et alli, 2008, p. 4). Repare que o autor diferencia a inteligncia competitiva da espionagem industrial, ao frisar que a coleta de informaes deve ser feita de forma tica e legal.Figura 2.1: O modelo das cinco foras competitivas Fonte: Porter (1999)

>> PARA REFLETIR A obteno de informaes sobre concorrentes de forma ilegal ou que no atenda princpios ticos , muitas vezes, uma tentao para empresrios, principalmente em uma situao de concorrncia crtica. Pense bem antes de seguir este caminho, pois os resultados podem ser desastrosos para sua empresa e para sua carreira. A seguir, o quadro 2.1 traz uma breve descrio de cada fora competitiva e exemplifica quais informaes so coletadas e tratadas para cada uma delas.

O conceito tambm deixa claro que a simples coleta de informaes no basta. preciso prever formas de distribu-las para aqueles na empresa que possam transform-las em algo til. As fontes de informao so internas e externas organizao e incluem dados pblicos sobre o perfil e comportamento da concorrncia e do mercado. A inteligncia competitiva deve suportar o planejamento estratgico, podendo usar como direcionador o modelo das foras competitivas de Porter (1999), exibido na figura 2.1, a seguir. Tendo em mente o modelo da figura 2.1, podemos descrever como a inteligncia competitiva pode contribuir para o planejamento de respostas da empresa.

32

33

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

Fora competitiva Poder de barganha dos fornecedores

Descrio Pode de se recusar a fornecer dentro de condies favorveis, estabelecendo preo ou condies que afetem a competitividade

Que informaes coletar (exemplos) Grau de diferenciao dos insumos; custo dos insumos em relao ao preo de venda; disponibilidade de fornecedores alternativos; barreiras importao; porte do fornecedor Estgio do ciclo de vida dos produtos; qualidade dos produtos; grau de diferenciao; desempenho recente de vendas por produto; informaes sobre patentes; novas tecnologias desenvolvidas e em desenvolvimento Preo da compra total; participao nas vendas por cliente, conhecimento do cliente do produto e do processo de produo; existncia de produtos substitutos; existncia de cooperao entre clientes; dados da fora de vendas sobre comportamento do cliente Barreiras de entrada (normas, patentes, direitos, investimento); acesso aos canais de distribuio; diferenciao dos produtos; fora da marca; economia de escala; custo de transio para o cliente

SEo 2: A TECNoloGIA CoMo ProTEo do NEGCIoA tecnologia agregada ao processo e ao produto pode servir como vantagem competitiva, dificultando a entrada de novos competidores no mercado. Mesmo atividades que no so consideradas high-tech, como a agricultura, podem incrementar a produtividade e a qualidade dos produtos com base no aporte de tecnologia. Neste ponto, cabe destacar a experincia brasileira, capitaneada pela EMBRAPA. Mas no basta a simples compra de tecnologia para gerar vantagem competitiva. preciso que a empresa detenha o conhecimento necessrio para fazer o melhor uso da tecnologia, adapt-la para suas necessidades especficas e traduzi-la de acordo com a realidade local.

Ameaa dos produtos substitutos

Possibilidade de que os bens produzidos pela empresa e/ou os servios prestados sejam substitudos por alternativas que desempenhem a mesma funo

Poder de barganha dos clientes

Atuao dos clientes na exigncia de maior qualidade por um menor preo de bens e servios, bem como o ato de jogar um concorrente contra o outro

>> PARA REFLETIR At que ponto os produtos de sua empresa esto protegidos pela dificuldade de concorrentes desenvolverem ou adquirirem a tecnologia necessria para produzi-los?

Ameaa de novos entrantes

Grau de facilidade de entrada de novos players no negcio

Rivalidade entre os concorrentes

Principal determinante da competitividade. Grau de agressividade com o qual os rivais competem por preo do produto, inovao, marketing, canais de distribuio etc.

Nmero de concorrentes; participao no mercado; crescimento da indstria; diversidade de concorrentes; grau de diferenciao dos produtos; barreiras sada do mercado; investimentos dos concorrentes; localizao os concorrentes.

To importante quanto ter a propriedade sobre a tecnologia possuir uma rede de parceiros que possam alimentar a empresa com a tecnologia necessria para manter o ritmo da inovao, o que ainda mais importante nas pequenas e mdias empresas, que tm restries financeiras para manter o processo de pesquisa e desenvolvimento.

Quadro 2.1: Informaes para dar suporte anlise competitiva com base no modelo de Porter. Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

As foras de Porter representam os elementos que impactam no negcio. A empresa pode utilizar a tecnologia para lidar com estas foras.

34

35

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

SEo 3: INTElIGNCIA TECNolGICAO que faz o homem (homo sapiens) diferente dos demais animais o uso de meios auxiliares, na forma de ferramentas e mtodos, para contornar suas limitaes naturais. O uso de pedras para esmagar alimentos e do fogo para aquecer so exemplos das primeiras tecnologias desenvolvidas. Posteriormente, o homem passou a usar smbolos para registrar o conhecimento obtido e desenvolveu meios de propagar este conhecimento. Embora uma definio simples e sucinta seja difcil (VERASZTO et al, 2006), podemos dizer que tecnologia a aplicao do conhecimento cientfico e saber humano para prover uma soluo para uma demanda especfica. Veraszto (2006) afirma que a tecnologia no se limita ao produto criado, mas tambm inclui todo o conhecimento envolvido em sua concepo e ainda seus efeitos sobre a sociedade. Conforme vimos acima, quando falamos em tecnologia no estamos nos limitando eletrnica, informtica, e biotecnologia, mas sim todo conjunto de conhecimento tcnico e cientfico. A tecnologia pode mudar a cultura e a forma de organizao da sociedade. Quando a tecnologia agrcola permitiu que alimentos fossem cultivados, o homem deixou de ser nmade, dando origem s primeiras povoaes, com grande impacto na forma de se relacionar. Mais recentemente, o advento da internet criou novas formas de relacionamento entre seres humanos. Um aspecto importante da tecnologia que ela evolui em ciclos ou ondas (FADEL, 2005; MIHULA, 2010). Cada onda inicia como uma ruptura, gerada por um conjunto de novos conhecimentos cientficos e inovaes tecnolgicas.

De acordo com mihula, a humanidade passou por cinco ondas de inovao tecnolgica na era moderna: Onda 1 2 3 4 Revoluo tecnolgica Agricultura-financeira Industrial Tcnica Tcnica-cientfica Perodo 1600-1740 1780-1840 1880-1920 1940-1970 Durao Setores lderes (anos) 180 100 60 45 Financeiro, agricultura, comrcio. Txtil, metalrgico, carvo, ferrovias. Qumica, indstria eletrotcnica, maquinaria. Indstria area, indstria nuclear, materiais sintticos, indstria do petrleo, ciberntica. Telecomunicaes, ciberntica, informtica, internet.

5

Informao e telecomunicaes

1985-2000

30

Quadro 2.2: As cinco ondas da inovao na era moderna Fonte: Adaptado de mihula (2010)

Conforme se observa no quadro, cada onda tem durao menor, em consequncia da evoluo da base de conhecimento e das tecnologias utilizadas na pesquisa cientfica. Vivemos hoje na quinta onda da inovao tecnolgica, que j vai perdendo fora. H quem diga que j estamos iniciando uma sexta onda, conforme o quadro 2.3. Onda 6 Revoluo tecnolgica Perodo Durao (anos) Setores lderes Biotecnologia, nanotecnologia, gentica.

Mundo sub-micros- 2000-At ou- At outra cpico tra onda. onda

Quadro 2.3: Sugesto para a sexta onda Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

36

37

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

A sexta onda ser marcada por avanos e novas aplicaes na biotecnologia, nanotecnologia e gentica. As aplicaes da cincia para manipulao da molcula, do tomo e do DNA so promissoras. Tendo sido esclarecido o conceito de tecnologia, passemos a discutir a inteligncia tecnolgica (IT). Ela pode ser vista como o uso da inteligncia competitiva para se obter inovao. Consiste em obter informaes sobre oportunidades e ameaas relacionadas com tecnologias existentes e em desenvolvimento, comportamento do mercado e tendncias nas atividades cientficas. A IT um conceito mais amplo do que antes era denominado vigilncia tecnolgica, o que deixa claro a importncia de a empresa estar alerta s informaes do meio externo, mantendo um radar permanentemente ligado. Quanto maior o alcance e a preciso do radar tecnolgico melhor a possibilidade de responder aos ataques, usando como arma a inovao.

Reforando a caracterstica disciplinar do processo de gesto da inovao, a inteligncia tecnolgica faz uso de outras reas do conhecimento recentemente desenvolvidas, como a cienciometria e a bibliometria, ambas ramos da Cincia da Informao. A bibliometria utiliza a estatstica para analisar as tendncias de crescimento em determinadas reas de conhecimento. Estudos tm sido realizados para romper os limites da bibliometria como instrumento meramente quantitativo (ALVARENGA, 1998), incluindo o suporte inovao. A cienciometria uma derivao da bibliometria, mas no se restringe produo bibliogrfica, incluindo tambm a pesquisa de patentes, as informaes da web e outras fontes. As redes de informao, fontes para a inteligncia tecnolgica, so diversificadas e formadas a partir de diferentes elementos (MENDES, 2005): l contatos com autores de artigos; l contatos pessoais (networking); l eventos em geral (feiras, seminrios, congressos, exposies etc.); l listas de especialistas; l membros de associaes; l participao em associaes representativas de classe; l participao em listas de discusso; l pessoas-chave na prpria empresa.

Inteligncia Tecnolgica O radar da Inovao Mas o processo de inteligncia tecnolgica no consiste apenas em capturar informaes. Compreende a seleo das informaes vlidas e o uso para tomada de deciso. Denomina-se um produto inteligente aquele de alto valor agregado, diferenciado dos demais com base no processo de inteligncia tecnolgica.

>> PARA REFLETIR

Alm das fontes externas, no se esquea das redes internas de inovao. Crie um sistema para divulgao de currculos, interesses pessoais, projetos pessoais, e incentive o relacionamento entre o pessoal. D oportunidade para todos participarem de alguma fase do processo de gesto da inovao a fim de identificar pessoas de destaque.

38

39

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

SEo 4: o CIClo dA INoVAo TECNolGICAO ciclo de inovaes tecnolgicas composto por diferentes aspectos, a figura 2.2 traz o ciclo de inovao tecnolgica, em uma viso mais detalhada do que a apresentada na disciplina Introduo Gesto da Inovao.

nidades mais promissoras. So escolhidas as alternativas que se transformaro em projetos, com base em expectativa de retorno, valor agregado, grau de inovao, dentre outros critrios. O fato de uma ideia no ser selecionada para desenvolvimento no significa que ser descartada. Pode ser mantida na geladeira at que o mercado esteja pronto para ela. Para reduzir riscos, as ideias selecionadas so testadas. Os testes podem ser feitos pelo pessoal da empresa (alguns funcionrios recebem um prottipo), em laboratrio, por entidades externas (terceirizao dos testes) ou por clientes. Os resultados dos testes indicam os ajustes necessrios para o conceito ou produto. Pode ser preciso refazer os testes aps os ajustes. O produto, se aprovado, finalmente lanado no mercado ou aplicado na empresa (no caso de inovao em processo, no marketing ou organizacional). O fato do produto ter sido lanado no mercado ou aplicado na empresa no significa o fim do ciclo da inovao! Os resultados da inovao so alvos de medio. medido o impacto da inovao pela tica do cliente, a repercusso no mercado e o resultado financeiro para a organizao. Todo o ciclo da inovao tem potencial para gerar aprendizado. E no s o sucesso gera aprendizado. As razes do fracasso, quando conhecidas e estudadas, so valiosas fontes de informao. importante frisar que nem sempre o ciclo se completa. Um projeto de inovao pode ser interrompido nos testes, abandonado por no ter a aceitao esperada ou cancelado por apresentar falhas crticas. O lanamento ou aplicao da inovao pode ser suspenso ou cancelado por diversas razes. Mesmo nestes casos possvel apren-

Figura 2.2: O ciclo da inovao tecnolgica Fonte: Elaborado pelo autor (2010 )

A fase prospeco tambm o incio do processo de inteligncia tecnolgica. Fontes diversas e redes de inovao so fundamentais nesta fase. A questo no obteno da informao, cujo acesso cada vez mais universalizado, mas a prospeco de informao com valor. As oportunidades de inovao prospectadas (ideias, conceitos, tecnologias, tendncias) passam por um filtro. Cada empresa deve definir os critrios de filtragem, eliminando as possibilidades que no estejam de acordo com as suas polticas e estratgias. Um tipo de filtro, por exemplo, o tempo de desenvolvimento (da concepo possibilidade de produzir). As ideias que passam pelo filtro seguem para a seleo, que necessria para que a empresa direcione seus esforos para as oportu-

40

41

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

der com o processo de inovao. Voc ver mais sobre modelagem e melhoria de processos na unidade 4 desta disciplina. >> PARA REFLETIR Ao estruturar os processos que do suporte ao ciclo de inovao, a empresa estar reduzindo os riscos de insucesso, aumentando a eficincia do processo de inovao e eliminando etapas desnecessrias que burocratizam e engessam. Pense nisso ao planejar os processos de inovao!

SEo 5: PlANEJAMENTo TECNolGICoA inteligncia tecnolgica base para o planejamento tecnolgico, que trata da organizao da atividade de pesquisa e desenvolvimento na empresa, seja ela realizada com recursos prprios ou com parceiros externos. Tal planejamento consiste em considerar as variveis internas e as competncias e diretrizes internas para definir o futuro tecnolgico da empresa. Um das ferramentas do planejamento tecnolgico o Mapa Tecnolgico (Technology Roadmap TRM). O mapa tecnolgico mostra de forma visual a evoluo e a relao entre mercado, produto, tecnologia e os recursos necessrios. A rede de relaes mostra como a tecnologia pode ser usada para suportar a oferta de produtos atuais e futuros (PETRICK E ECHOLS, 2004). H modelos de TRM que mostram mais dois nveis: os elementos da pesquisa aplicada que suportam as tecnologias e os itens de pesquisa bsica que do suporte pesquisa aplicada. Em uma PME, o modelo apresentado na figura 2.3 suficiente. O mapa tecnolgico pode ainda conter elementos grficos que indiquem quais as tecnologias mais recentes e quais as que esto no final do ciclo de vida, caracterstica representada pela altura em relao ao plano horizontal ou por smbolos ou cores.

Figura 2.3: Mapa Tecnolgico Fonte: Delfino (2010)

H duas formas de iniciar o mapa tecnolgico. A primeira delas a metodologia puxada pelo mercado (market pull). Inicia-se representando no mapa os mercados potenciais ou as demandas do mercado, e a partir da definem-se os produtos, as tecnologias necessrias e os recursos. Esta forma top-down (de cima para baixo) permite definir quais as linhas de ao do P&D e a organizao necessria dos processos de apoio. Outra forma partir de tecnologias em desenvolvimento, interna ou externamente, e definir possveis cenrios para produtos e mercados potenciais, conhecido como mtodo empurrado pela tecnologia (technology push). Esta forma down-top (de baixo para cima) usada como apoio para previso tecnolgicae permite responder a questes como: onde queremos estar nos prximos dez anos? Um cuidado com o TRM no v-lo como algo fixo, mas sujeito a mudanas repentinas e alteraes em funo de inovaes tecnolgicas. No caso do TRM do tipo technology push comum utilizar a ferramenta em conjunto com o planejamento por cenrios. O Mapa Tecnolgico (TRM) pode ser usado para mostrar direo da empresa o porqu do investimento em pesquisa ou na aquisio de tecnologia. Nota-se, neste caso, alguma semelhana entre o BSC (Balanced Scorecard) que de forma semelhante alinha os indicadores operacionais e tticos com os objetivos estratgicos da organizao.

42

43

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

rESuMoNesta unidade, foi apresentado o conceito de inteligncia competitiva, relacionado com o modelo das foras competitivas de Porter. A inteligncia tecnolgica foi apresentada como o uso da inteligncia competitiva com a finalidade de se obter inovao, sendo ressaltado que no se restringe coleta de informao. Foi apresentado o ciclo de inovao tecnolgica e comentadas as suas etapas. A partir do contedo estudado, voc j pode implantar algumas aes, como, por exemplo: l liste os elementos da rede de informao tecnolgica de sua empresa; l avalie que outras fontes de informao voc poderia adotar; l reflita sobre parceiros externos que poderiam auxiliar na prtica da inteligncia tecnolgica; l identifique elementos-chave em sua empresa que, pessoalmente ou por intermdio da rede de relacionamentos que possuem, possam atuar como referncia em inteligncia tecnolgica; l procure estruturar o ciclo da inovao tecnolgica de acordo com a realidade de sua empresa.

ATIVIdAdES dE APrENdIZAGEMChegou a hora de testar seus conhecimentos. Tente realizar as atividades abaixo sem recorrer ao texto. Depois, compare suas respostas com as disponveis no final do livro. 1. Preencha as lacunas: a) A possibilidade de aumento do custo da matria-prima muito alm do esperado est relacionado com o poder de barganha dos ____________________. b) Quando a empresa patenteia seus produtos, est combatendo a fora competitiva __________________ . c) A Inteligncia Tecnolgica um conceito bem mais amplo do que o conceito que a antecedeu, a chama _______________ tecnolgica. d) O ciclo de inovao tecnolgica inicia com a fase _____________. e) O Mapa Tecnolgico (technology roadmap TRM) mostra de forma visual a evoluo e a relao entre ____________, produto, tecnologia e recursos necessrios. LEITURAS COMPLEMENTARES: Technology Roadmapping TRM Conceitos e Definies: Disponvel em: http://www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/ por/content/view/full/9509. Acesso em 29/01/11/.

NA PRXIMA UNIDADE Dando continuidade ao estudo da gesto da inovao, na prxima unidade voc estudar sobre a estratgia da inovao, incluindo o detalhamento de etapas de um planejamento estratgico com vistas inovao. Continue conosco e at l!

44

45

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

UNIDADE 3 | ESTrATGIA

PArA CoMEAr o ESTudoJ imaginou como tudo seria fcil (e tedioso) para os profissionais da gesto se empresas tivessem apenas um caminho a trilhar? Se no houvesse a necessidade de decidir sobre o futuro da empresa, no haveria necessidade de estratgia. Mas na vida real, o sucesso empresarial depende em grande parte da estratgia empresarial adotada, e hoje imprescindvel a formulao da estratgia de inovao. Por esta razo, justamente sobre a estratgia da inovao que voc passa a estudar partir da agora. Alm disso, vai conhecer algumas de suas ferramentas alm de aprender como efetuar um planejamento estratgico com vistas inovao.

dA INoVAo

OBJETIVOS Ao final desta unidade, voc estar apto a: l Definir o que planejamento estratgico. l Compreender a importncia do planejamento estratgico para a inovao. l Identificar pontos fortes e fracos da sua empresa.

SEES DE ESTUDO SEO 1: O CONCEITO DE ESTRATGIA DA INOVAO SEO 2: ETAPAS DO PLANEJAMENTO ESTRATGICO SEO 3: ANLISE SWOT SEO 4: A NECESSIDADE DE INOVAR O PLANEJAMENTO ESTRATGICO SEO 5: UM POUCO SOBRE O BALANCED SCORECARD

46

47

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

SEo 1: o CoNCEITo dE ESTrATGIA dA INoVAoO planejamento estratgico de inovao consiste em determinar o que a empresa far para atingir o posicionamento em termos de inovao. Tal estratgia no tratada de forma isolada e ocorre de forma interdependente com as demais estratgias da empresa. Na sua definio da estratgia da inovao, a empresa olha para si mesma, para o mercado, para os competidores e define onde quer chegar e o que preciso para alcanar esses objetivos, orientada por suas declaraes de misso, viso e valores organizacionais.

l Por que precisamos de inovao? l Qual a importncia relativa da inovao para o sucesso do negcio? l De que forma iremos introduzir a inovao na empresa? l Em qual tipo de inovao deve-se focar os esforos (produto, processo, marketing, organizacional)? l O que preciso alterar na estrutura da empresa para suportar a inovao? l Como conduzir a aplicao da estratgia de inovao definida? No pense que o planejamento estratgico foca sempre o longo prazo. possvel variar o horizonte do planejamento de curto ao mdio e at ao longo prazo. Mesmo o planejamento de longo prazo constantemente revisto para se adaptar s constantes mudanas. Como base na figura 3.1 verifica-se que a estratgia disseminada na organizao por meio do desdobramento em vrios nveis.

>> PARA REFLETIR Sua empresa possui declaraes de Misso e Viso? Os valores organizacionais so divulgados? Todos na empresa conhecem essas formulaes?

A estratgia de inovao deve estar de acordo com a estratgia do negcio. Se uma empresa decide adotar como estratgia de inovao o foco em inovaes radicais, o perfil inventivo e a adoo antecipada de novas tecnologias, a cultura organizacional deve prever a tolerncia a riscos, a flexibilidade e a aceitao de mudanas frequentes. O ponto de partida para o processo de planejamento estratgico a inteligncia tecnolgica (IT), que acabamos de discutir na unidade 2 da disciplina. A IT fornece como entradas para o planejamento estratgico informaes sobre oportunidades, ameaas tecnolgicas, cenrios futuros e deve permitir que a empresa formule respostas para as seguintes questes:Figura 3.1: Os nveis do planejamento Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Para as empresas que desejam se diferenciar com base na inovao, o plano estratgico deve incluir a forma como a empresa vai introduzir a inovao.

48

49

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

No nvel ttico, a inovao permeia todas as reas, principalmente o plano de marketing e o plano estratgico do desenvolvimento de produtos. Por fim, as prticas inovadoras podem ser utilizadas como ferramentas para a implantao dos planos operacionais. A figura 3.2, a seguir, nos auxilia a entender a relao entre estratgia e inovao.

SEo 2: ETAPAS do PlANEJAMENTo ESTrATGICoH vrias escolas de planejamento estratgico, mas de forma geral a sua elaborao em uma empresa consiste nas etapas apresentadas no quadro 3.1.Etapa Perguntas a serem respondidas Focos e atividades lFormulao da misso e viso da organizao. lDefinio dos objetivos organizacionais. lAnlise do ambiente interno. lAnlise do mercado e tecnologias. lAvaliao de oportunidades, ameaas, foras e fraquezas. lAvaliao das opes estratgicas. lSeleo de estratgias. lDefinio de planos para suportar as estratgias e atender os objetivos. lControle das estratgias e planos. lCorrees de rumos. lAprendizado.

Definio das diretrizes e dos O que queremos e at objetivos organizacionais onde queremos chegar?

Anlise do ambiente interno e externoFigura 3.2: Relao entre estratgia e inovao Fonte: Pesonen (2008)

Quem somos ns, com quem competimos e como o campo de batalha?

Como pode-se verificar na figura o desenvolvimento da indstria esta diretamente ligado a posio estratgica, a estratgia de inovao e as prprias inovaes.

Formulao de estratgias e planos

Quais caminhos ns seguiremos?

Acompanhamento e controle da execuo das estratgias e planos

Estamos seguindo a rota planejada, na velocidade estimada?

Quadro 3.1: Etapas do Planejamento Estratgico Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

50

51

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

Alm disso, h diferentes estratgias que podem ser adotadas com vistas inovao, que detalharemos a partir de agora. 2.1 Tipos de Estratgias de Inovao Uma empresa pode optar por tipos diferentes de estratgias, de acordo com a que mais se adapta ao seu perfil ou momento.

aceitao de menores margens). Como vantagem, o baixo custo de desenvolvimento. Como desvantagem, no h gerao de valor e no gera vantagem competitiva sustentvel.

>> PARA REFLETIR Os tipos de estratgias podem ser assim definidos: estratgia de liderana, estratgia de adaptao e estratgia de imitao. Estratgia de liderana: a empresa a primeira a introduzir produto ou processo totalmente original, criando uma tendncia de mercado. Tambm aplicvel para inovaes de marketing, com a introduo de novas tendncias em relacionamento com o consumidor ou canais de distribuio. Como vantagens, a empresa cria barreiras de entrada para os concorrentes, fortalece a imagem de provedora de inovao e por explorar novos mercados tende a ter alta lucratividade. Como desvantagens aparecem a incerteza quanto resposta do mercado e o alto custo de desenvolvimento. Estratgia de adaptao: a empresa se adapta nova condio de mercado criada pela introduo das inovaes pioneiras, utilizando inovaes originais alinhas pela tendncia predominante. Como vantagens, h a menor incerteza quanto resposta do mercado e a reduo do custo da introduo da inovao. Como desvantagem pode no haver o reconhecimento por parte do mercado do valor da inovao, pelo fato de o cliente j ter experimentado o novo conceito. Estratgia de imitao: a empresa segue a tendncia j estabelecida e absorve a inovao sem criar algo novo. Tpico de empresas emergentes que competem por preo, mantendo-se competitivas com base em vantagens de custo (geradas por benefcios fiscais, escala ou Quais das trs estratgias sua empresa vem utilizando? H possibilidade migrar para outra estratgia?

Em uma proposta mais abrangente, Sund (1998) apresenta uma matriz tridimensional para avaliar a estratgia da inovao, exibida na figura 3.3.

Figura 3.3: Os trs tipos de estratgia de inovao Fonte: Adaptado de Sund (2008)

Cada eixo apresenta um direcionamento ou escolha da empresa: orientao para o mercado, orientao para a inovao e escopo, detalhados a seguir.

52

53

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

Produto com pouco ou nenhum grau de industrializao. Ex. cereais no estado bruto, minrio no processado ou com mnimo processamento.

Orientao para o mercado: eixo utilizado para posicionar o quanto a empresa tem seus produtos definidos de acordo com o mercado. Em uma empresa que produz commodities* baixa, em uma empresa de mveis sob medida alta. Orientao para inovao: grau de inovao na empresa. alto quando a empresa gera constantemente inovaes, como o caso das marcas lderes de eletroeletrnicos. baixo quando a empresa adota, no mximo, a introduo da inovao por imitao. Escopo: se a empresa foca em poucos produtos e segmentos, o escopo estreito, como, por exemplo, um fabricante de pneus exclusivos para motocicletas. O escopo amplo quando a empresa tem vrias linhas de produto, como, por exemplo, uma marca de produtos eletrnicos que fabrica celulares, televisores e equipamentos para udio e vdeo. Da combinao destas trs variveis surgem os trs tipos de estratgia de inovao propostos por Sund (2008): defensor, analisador e prospector. Defensor: busca a estabilidade. Raramente o precursor de mudanas e se isto ocorre um acidente. Prefere usar a oferta de alta qualidade e competir por custo. A orientao de inovao tende a ser baixa. Analisador: mantm sua linha de produtos sem grandes mudanas, mas monitora mudanas e oportunidades. No o primeiro a lanar inovaes radicais, mas procura seguir as tendncias rapidamente, selecionando qual inovao incorporar de acordo com as competncias principais da empresa. Assume alguns riscos calculados. Prospector: est sempre explorando novas oportunidades para inovar em todos os segmentos em que atua; tem pouca averso a riscos e se dispe a aprender com os erros. Procura ser o primeiro a explorar novas oportunidades e mercados.

PARA REFLETIR A sua empresa est mais para defensora, analisadora ou prospectora? E os seus principais concorrentes, como se enquadram?

SEo 3: ANlISE SWoTA sigla SWOT originada das seguintes expresses em ingls: strenghts (foras); weaknesses (fraquezas); threats (ameaas); opportunities (oportunidades). A matriz SWOT permite reunir em uma nica representao os principais desafios do negcio e sua anlise traz importantes insumos para o planejamento estratgico de forma geral. De acordo com Pesonen (2008), a tcnica SWOT est fortemente relacionada com a inovao, pois as caractersticas internas (foras, fraquezas) e o ambiente externo (oportunidades, ameaas) so aspectos a ser considerados na formulao da estratgia de inovao. A SWOT uma das ferramentas de suporte inovao propostas no TEMAGUIDE (COTEC, 2008).

54

55

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

Um exemplo de aplicao da anlise SWOT mostrado no quadro 3.2.Objetivo da anlise SWOT: criao de processo prprio de distribuio em uma empresa de manufatura de mdio porte para acessar novos usurios finais (empresas) em setores ainda no desenvolvidos. FORAS FRAQUEZAS l Controle sobre as vendas para o cliente final. l Produtos com qualidade e confiabilidade. l Desempenho superior do produto em relao aos competidores. l Alguns profissionais com experincia nos setores dos usurios finais. l Disponibilidade de listas de clientes l Apoio da diretoria. OPORTUNIDADES l Potencial de desenvolvimento de novos produtos. l Margem de lucro atrativa. l Maior oportunidade de parcerias de inovao com clientes finais. l Economia no negcio principal (custos logsticos). l Competidores locais tm produtos fracos.Quadro 3.2: Exemplo de Anlise SWOT Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM Faa a matriz SWOT de sua empresa. 1. Registre os pontos fortes no quadro FORAS. 2. Registre as fragilidades no quadro FRAQUEZAS. 3. Agora olhe para o ambiente no qual sua empresa est inserida. 4. Registre as OPORTUNIDADES, que podem ser novas tendncias de mercado, quebra de monoplio, novas tecnologias e benefcios fiscais. 5. Por fim, registre as AMEAAS provenientes do ambiente externo. 6. Lembre-se, se voc achar que h uma oportunidade interna, na verdade uma fora.

l Listas de clientes no testadas. l Podemos ser muito pequenos no negcio. l Falta de experincia do mercado. l Pessoal de vendas insuficiente. l Oramento limitado. l Ainda no h um plano definido. l Falta de treinamento para o pessoal da distribuio.

>> PARA REFLETIR Agora que voc preencheu os quatro quadrantes da SWOT, faa a seguinte anlise. 1. Impacto das fraquezas nas oportunidades: quais as fraquezas que prejudicam a transformao de oportunidades em ganhos para a empresa? Quais as mais impactantes? 2. Impacto das foras nas oportunidades: quais as foras que auxiliam na captura das oportunidades? Quais as mais impactantes? 3. Relao das fraquezas com as ameaas: quais as fraquezas da empresa que fragilizam a empresa e que podem fazer com que as ameaas se concretizem? 4. Relao das foras com as ameaas: quais foras podem impedir que as ameaas se concretizem?

AMEAAS l Sazonalidade da demanda do mercado. l Possvel perda de foco do negcio principal. l Risco de ataque dos competidores de maior porte. l Possvel impacto negativo na imagem da empresa por problemas na distribuio. l Problemas com legislao.

A partir da anlise SWOT, a empresa pode definir estratgias de inovao e corporativas para o aumento da competitividade. Diante da fraqueza de falta de conhecimento sobre novas tecnologias, a empresa pode buscar parcerias com instituies especializadas em inteligncia tecnolgica. Ela pode ainda decidir por aumentar o investimento nas foras identificadas para permitir a obteno de inovaes de maior valor agregado.

56

57

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

SEo 4: A NECESSIdAdE dE INoVAr o PlANEJAMENTo ESTrATGICoA empresa que procura tratar a inovao como tema estratgico tem um desafio considervel a superar. O grau de incerteza no planejamento da inovao grande, o que faz com que as inovaes no possam ser simplesmente geradas em uma relao causa-efeito. H uma corrente de autores que questiona at que ponto a base conceitual tradicional de planejamento estratgico, que prevalece no ambiente da gesto e que mantm as mesmas bases conceituais criadas na metade do sculo passado, vlida e saudvel para uma empresa focada na inovao. No ambiente atual, em que as mudanas so rpidas e frequentes, vrios autores colocam em dvida a validade do planejamento com horizontes muito superiores h um ano. O exerccio de planejamento no qual a empresa procura traar estratgias para os prximos cinco ou dez anos pode ser perda de tempo diante de possveis rupturas tecnolgicas, cada vez mais provveis. Enquanto o planejamento estratgico foca em definir os rumos do negcio, concentrando-se na estrutura e competncias existentes, a estratgia da inovao pode contemplar a criao de um modelo de negcio totalmente novo. A IBM, por exemplo, na dcada de 1990 deixou de ser um fabricante de hardware e passou a ser um provedor de solues completas de tecnologia de informao, aproximando-se mais da indstria de servios do que da manufatura. Se a empresa fosse batizada hoje e mantivesse a mesma sigla, teramos em vez de International Business Machines algo como Information Business Mentors.

SEo 5: uM PouCo SoBrE o BALANCED SCORECARDO Balanced Scorecard BSC, foi criado na dcada de 1990 como uma metodologia para desmembrar a estratgia at o nvel operacional por meio de uma relao causa-efeito, fazendo uso de quatro perspectivas: financeira; cliente; processos de negcios internos; aprendizado e crescimento. A figura 3.4 d uma ideia geral da integrao das quatro perspectivas.

Figura 3.4: Estrutura do Balanced Scorecard Fonte: Kaplan e Norton (1997)

Nas pequenas e mdias empresas (PME), apesar de em grande parte terem restries em termos de ferramentas de planejamento, o BSC plenamente aplicvel.

58

59

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

l Forma como o BSC trata da criao de conhecimento e apren-

dizado, por estar voltado para o interior da organizao. l Viso mecanicista da organizao por meio de estrutura fixa de relaes de causa e efeito, que em uma empresa da era do conhecimento no so suficientes em virtude da complexa rede de relacionamento, a qual inclue forte participao do meio externo. Como alternativa, Voepel (et al, 2005) prope o SSC (Systemic Score Card), que amplia o foco para o sistema formado pelas redes de inovao, formadas pela empresa, o cliente e o mercado. O quadro 3.3 mostra a diferena entre o BSC e o SSC. DimensoFigura 3.5: Modelo de implantao do BSC em uma PME Fonte: Soares (2001)

Foco do Balanced Scorecard Incremento do valor da empresa para os acionistas Aumento das relaes e satisfao dos clientes Otimizao dos processos de negcio internos

Foco do System Scorecard Incremento do valor da rede para os acionistas. Aumento do sucesso do cliente e das parcerias com clientes. Robustez e capacidade de recuperao da rede de processos de negcio, tanto de forma competitiva como colaborativa. Gesto do conhecimento sistmica em todas as dimenses.

Financeira

A necessidade de inovao no planejamento estratgico, no que diz respeito a uma de suas metodologias mais difundidas, o BSC, reforada por Voepel (et al, 2005). Os autores destacam srias deficincias do BSC no ambiente na era atual da economia da inovao por meio das redes de conhecimento. Embora desde sua criao em 1990 o BSC tenha sido alvo de inovaes incrementais, incluindo a introduo de outras perspectivas, como, por exemplo, meio ambiente e responsabilidade social, a empresa inovadora que j faa uso ou tenha inteno de utilizar o BSC deve estar atenta s seguintes limitaes, elencadas por Voepel (2005):l Relativa rigidez do BSC com ferramenta de medio. l Tendncia das pessoas focarem somente nas metas estratgi-

Cliente Processos de negcio

Aprendizado e crescimento

Aprendizado e crescimento contnuos

Quadro 3.3: Comparao entre SSC e BSC Fonte: Adaptado de Voepel et al (2005)

cas definidas no BSC e disseminadas por meio dos indicadores derivados, deixando de promover a inovao. l A inovao por meio da conexo com o meio externo prejudicada, no estando o BSC preparado para a realidade das redes de empresas.

60

61

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

>> PARA REFLETIR Muitos citam Sun Tzu (544 - 496 a.C.), o estrategista militar chins famoso pelo livro A Arte da Guerra, como um dos pais da estratgia. Em seus ensinamentos, Sun Tzu dizia que o comandante que conhecesse seu prprio exrcito e seus inimigos seria praticamente invencvel. Alguns autores afirmam que este pensamento vlido para o mundo empresarial. Entretanto, na era atual do conhecimento e da inovao, o prprio conceito de inimigo obsoleto. Se Sun Tzu fosse hoje um lder de uma empresa, com o mesmo perfil de estrategista, provavelmente diria: conhece a ti mesmo, compara-te com teus rivais, identifique bons parceiros, surpreenda teus clientes e ters boas chances de sucesso, at a prxima ruptura tecnolgica.

rESuMoVimos, nesta unidade, que a estratgia de inovao parte integrante do planejamento estratgico da empresa e que tem como ponto de partida a inteligncia tecnolgica. Deve estar claro o motivo da busca pela inovao e at onde se pretende chegar. No decorrer da unidade, foi apresentada uma noo das etapas do planejamento estratgico, alm de duas vises para possibilidades de estratgia da inovao. A anlise SWOT foi abordada como uma das ferramentas para definio da estratgia da inovao que tem como objetivo tornar visveis os principais fatores internos e externos que podem influenciar no processo de inovao. A partir do contedo apresentado, voc j pode realizar algumas aes: l avalie se h consenso na empresa sobre os reais motivos que levam busca da inovao; l verifique se a inovao est contida na misso e nos objetivos estratgicos da empresa, no apenas no papel, mas na prtica; l reveja o planejamento estratgico da empresa e como a inovao em produtos, processos, marketing e nos mtodos organizacionais pode suportar o alcance das metas propostas; l ajude a definir qual a estratgia de inovao a ser adotada na empresa; l use a anlise SWOT para definir a estratgia da inovao.

62

63

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

ATIVIdAdES dE APrENdIZAGEMAo final de cada unidade de estudo, sero apresentadas breves atividades para que voc possa recordar o que aprendeu. Primeiro, tente realiz-las sem recorrer ao texto e depois compare suas respostas. Marque V para Verdadeiro e F para Falso 1. Estratgia de liderana: a empresa cria uma tendncia de mercado. 2. Quando uma empresa apenas segue a tendncia j estabelecida pelo mercado, est adotando uma estratgia de adaptao. 3. So vantagens da estratgia de adaptao a menor incerteza da resposta do mercado e a reduo do custo de introduo da inovao. 4. Uma empresa emergente geralmente segue a estratgia da imitao. 5. Quando uma empresa define seus produtos de acordo com o mercado, est orientada para a inovao. 6. O escopo de uma empresa pode ser definido como estreito ou amplo. 7. Um gestor defensor aquele que defende a inovao em todas as aes da empresa. 8. A estabilidade a meta do defensor. 9. Um analisador no realiza mudanas em sua linha de produtos. 10. O prospector est sempre explorando novas oportunidades para inovar em todos os segmentos em que atua. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

O Balanced Scorecard e a Avaliao de Inovaes: As Problemticas dos Paradoxos de Inovao e de Produtividade. Disponvel em: http://www.ead.fea.usp.br/semead/10semead/sistema/resultado/trabalhosPDF/524.pdf. Acesso em 29/01/11.

NA PRXIMA UNIDADE Na prxima unidade, ainda no arcabouo da Gesto da Inovao, vamos abordar a gesto integrada da inovao. Entre os tpicos que iremos estudar, esto a gesto de e por processos, o conceito de valor nas organizaes, alm de medidas de desempenho que podem ser aplicadas nas empresas. At l!

64

65

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

UNIDADE 4 | GESTo

PArA CoMEAr o ESTudoDando sequncia aos seus estudos da disciplina de Gesto da Inovao, nesta unidade voc vai estudar acerca da gesto integrada da inovao. Neste contexto, sero abordados aspectos da gesto por processos, como se conceitua o valor nas organizaes e, para encerrar, voc vai conhecer as principais ferramentas que permitem medir o desempenho em uma empresa. Assim, mais um passo dado para compreender a importncia da gesto com foco na inovao, como vantagem competitiva no mercado atual.

INTEGrAdA dA INoVAo

OBJETIVOS Ao final desta unidade, voc estar apto a: l Definir o que valor para as organizaes. l Diferenciar a gesto de processos da gesto por processos. l Conhecer os meios para medir o desempenho de um processo de inovao.

SEES DE ESTUDO SEO 1: O CONCEITO DE VALOR NAS ORGANIZAES SEO 2: GESTO DE PROCESSOS SEO 3: GESTO POR PROCESSOS SEO 4: MEDIDAS DE DESEMPENHO

66

67

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

SEo 1: o CoNCEITo dE VAlor NAS orGANIZAESAo longo deste curso, e em grande parte dos materiais sobre gesto da inovao, voc deve ter percebido a referncia ao termo valor, muito utilizado, mas nem sempre compreendido. Nesta unidade, a nossa discusso ser acerca do conceito de valor de um produto (bem ou servio). Em linhas gerais, valor pode ser visto como a expresso do motivo que leva um cliente a escolher ou manter a opo por um determinado produto. At agora, vimos o valor do ponto de vista do cliente. Porm, podemos tambm tratar do valor pela tica da empresa. Neste caso, olhando para os processos organizacionais podemos dizer que o valor se refere relao entre uma determinada atividade e a satisfao do cliente. Se uma atividade contribui para satisfazer o cliente ou necessidades da empresa, ela contribui com valor. Caso contrrio, no contribui com valor e poderia ser eliminada. A figura 4.1 mostra que a melhor forma de ver o valor pela relao entre benefcio e esforo. Olhando a figura fica claro tambm que o valor do ponto de vista do cliente e da empresa deve conviver de forma harmoniosa.

Se olharmos para o valor do ponto de vista da empresa, a forma de gerar mais valor investir nas funes que entregam benefcios para o cliente, mantendo o custo ou atuar nas duas frentes: entregar mais por menos. A inovao um dos caminhos para atingir este objetivo. Em produtos, ela incrementa funes. Em processos, pode gerar a reduo de custo necessria para entregar por menos o que o cliente deseja. Pelo lado do cliente, podemos entender os benefcios como tudo aquilo que gera uma experincia positiva para ele. A relao entre o benefcio recebido com o esforo despendido para obt-lo que d ao cliente a percepo de valor. A demanda por benefcios crescentes, na forma de novas funcionalidades, design aprimorado, desempenho superior, um dos motores da inovao. Para tornar a questo mais desafiadora, os clientes querem os benefcios expandidos sem desembolsar mais. A gesto do valor do ponto de vista do cliente exige no s inovaes em produtos e processos, mas tambm a inovao em marketing, essencial para que a empresa desenvolva novos meios de identificar o que o cliente percebe como valor e tambm para comunicar ao cliente o valor do produto. A inovao organizacional contribui para prover as mudanas organizacionais necessrias para a sustentabilidade do valor entregue pela empresa. Uma das utilidades do conceito de valor permitir melhores decises no projeto de produtos, para que a empresa foque nas caractersticas (funes) que contribuem para a satisfao do cliente. Alm disso, a anlise da relao entre as atividades da empresa e o valor percebido pelo cliente permite selecionar quais atividades devem ser aprimoradas e quais podem ser eliminadas em projetos de melhoria dos processos.

Figura 4.1: O valor do ponto de vista da empresa e do cliente Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

68

69

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

A figura 4.2 desmembra o valor do ponto de vista do cliente em seus elementos.

SEo 2: GESTo dE ProCESSoSDe acordo com Dias (2004, p. 20), um processo organizacional um conjunto de atividades inter-relacionadas que utilizam os recursos da organizao para gerar sadas atravs da adio de valor s suas entradas, a fim de atender as necessidades de seus clientes internos e externos. Na figura 4.3, mostrada uma representao dos processos com seus elementos. Um conjunto de atividades (subdivises do processo) transforma as entradas (insumos), provenientes de fornecedores, em sadas (produtos/resultados) que so entregues aos clientes (internos/externos). Para realizar esta transformao o processo consome recursos, e exige controle (por meio de mtodos e medio).

Figura 4.2: Entendendo o valor percebido pelo cliente Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

A anlise ou engenharia de valor uma ferramenta utilizada em desenvolvimento de produtos que consiste em aperfeioar o valor de um produto, sistema ou servio para que fornea as funes necessrias com o menor custo. Ela ser discutida mais adiante, na unidade 5 desta disciplina.

l O valor atrai e mantm os clientes. l A organizao energizada pelo valor que cria. l Para gerar valor de forma sustentvel, a empresa deve proporcionar ao cliente experincias, o que exige mudar o paradigma da qualidade como um conjunto de fatores tcnicos para algo sensorial.

Figura 4.3: O processo e seus elementos Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

>> PARA REFLETIR O modelo de processos faz uso dos 6M, tambm compartilhados no diagrama de causa-efeito. Um deles apresentado de forma no usual. Percebeu? Veja que o termo mo de obra, comumente usado, foi substitudo por mentes, em uma adequao para a era do conhecimento e da inovao.

70

71

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

Conforme Gonalves (2000), a introduo do conceito de processos em uma organizao obriga as pessoas a trabalharem de uma forma diferente, deixando de pensar apenas no resultado de suas reas e contribuindo de forma sistmica. Sendo o processo um fluxo gerador de valor, a empresa deve buscar a eliminao das atividades que no contribuem para gerar resultados esperados pelos clientes. A inovao tem dois tipos de relacionamento com os processos organizacionais: tanto pode ser uma ferramenta para a melhoria dos processos como pode se beneficiar do gerenciamento de processos. Os dois tipos de relacionamento so descritos a seguir. A inovao ferramenta para melhoria dos processos: observando o modelo de processo da figura 4.3 possvel notar que cada elemento do processo pode ser alvo de inovaes. A prpria introduo do gerenciamento de processos pode ser considerada uma inovao em algumas empresas. Podem-se introduzir formas inovadoras de gerenciar o processo e introduzir novidades na forma de avaliao e seleo de fornecedores, por exemplo. O gerenciamento de processos contribui para a inovao: quando a organizao comea a adotar a viso horizontal (por processos) cria-se uma ambiente mais favorvel para a inovao. Ao mapear os processos, as pessoas passam a visualizar como as atividades que executam impactam o resultado do processo e, consequentemente, os clientes (internos, externos). Com isto, os silos organizacionais, um dos tipos de barreiras da inovao como vimos anteriormente, vo sendo demolidos. Dvila, Leocdio e Varvakis (2008) apresentam e exemplificam a relao entre a inovao e o gerenciamento de processos. Os autores destacam que a inovao de processos importante fonte de vantagem

competitiva, e que a inovao pode ser considerada como uma das fases do gerenciamento de processos, sequncia do mapeamento e da anlise dos processos. Em um ciclo de melhoria do processo, uma alterao ainda no praticada uma inovao incremental. Quando a empresa cria um novo processo, ou redesenha um existente, temos uma inovao radical no processo. O gerenciamento de processos no implica em organizar as empresas por processos. possvel mapear e gerenciar os processos sem alterar a estrutura organizacional. Mas h empresas que vo alm da adoo da viso horizontal, e efetivamente se organizam por processos, rompendo as paredes dos silos organizacionais. A gesto por processos o que discutiremos na prxima seo.

PARA REFLETIR Sua empresa possui os processos organizacionais mapeados? H fluxos para os principais processos?

72

73

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

SEo 3: GESTo Por ProCESSoSTendo visto o conceito de processo, e o que o gerenciamento de processos, vamos avanar para um conceito que embute uma mudana radical na forma de organizar a empresa, que a gesto por processos. Alm de mapear os processos e introduzir mtodos para gerenci-los, a empresa passa a ser organizada por processos. Assim, uma pessoa realiza uma sequncia de atividades de acordo com o fluxo do processo, no sendo limitada pela fronteira de sua rea funcional. Para ilustrar, vejamos na figura 4.4 um exemplo de processo, no caso, o atendimento a clientes em uma empresa de manufatura ou prestadora de servios (Gonalves, 2000).

>> PARA REFLETIR E se mudamos a forma de organizao e as responsabilidades pelo processo? Como voc mudaria a organizao desta empresa?

As atividades da figura 4.4 passam a integrar o processo atendimento ao cliente. Com isto, cada atividade fornecedora para a atividade seguinte. Este relacionamento cliente-fornecedor elimina o individualismo, o foco na prpria tarefa e os substituem pela responsabilidade conjunta de atender o cliente. E como ficam os departamentos? Gonalves (2000) esclarece que com a organizao da empresa por processos, as divises funcionais no so extintas, mas mudam o foco de atuao. Os gestores funcionais passam a ser responsveis pela capacitao e organizao de recursos e introduo de mtodos mais eficientes. Se olharmos novamente para a figura 4.4 e focarmos no destino da rea financeira, por exemplo, temos o gerente financeiro capacitando, orientando e apoiando seu pessoal para que a anlise de crdito, o faturamento e a atividade de contas a receber sejam aprimoradas. Tambm h um responsvel por cada processo, chamado de dono do processo (process owner). ele que cobrado pelos resultados e pelo aprimoramento do processo. Esta nova forma de organizao do trabalho exige uma mudana fundamental no estilo de liderar. Enquanto nos departamentos usado o comando e controle para gerir as pessoas, o dono do processo deve obter o comprometimento por intermdio de negociao e influncia.

Figura 4.4: Processo tpico em uma empresa de manufatura Fonte: Gonalves (2000)

Na empresa estruturada por funes/departamentos teramos tipicamente as atividades da figura 4.4 sob responsabilidade das seguintes reas:l Vendas: pedido, aprovao de pedidos, ps-venda. l Produo: programao dos pedidos, separao. l Financeiro: anlise de crdito, faturamento, contas a receber. l Logstica: despacho da mercadoria, transporte.

Na organizao departamental temos um vaivm de informaes, documentos e itens fsicos entre os departamentos. Ao passar a bola, falhas de comunicao e erros so inevitveis. Achar culpados passa a ser um hobby para alguns e um desgaste para toda a organizao.

74

75

DISCIPLINA 1

GESTo dA INoVAo

>> PARA REFLETIR Voc acha que seria possvel organizar a gesto de sua empresa por processos em vez de por departamentos? Se voc fosse coordenar o projeto de introduo da gesto por processos, qual seria a principal dificuldade?

Uma PME, por ter uma menor estrutura e por ser normalmente um ambiente mais empreendedor, tem mais facilidade na implantao da gesto por processos. H inclusive a possibilidade de criar a empresa j com o desenho organizacional da gesto por processos, o que elimina a necessidade da transio entre modelos. Gonalves (2000) aconselha que a adoo da gesto por processos seja feita de forma gradual, devendo ser dispensada a ateno necessria as aes detalhadas a seguir:l Definir um dono para cada processo essencial, que ser respon-

Figura 4.5: Modelo de Maturidade na Gesto por Processos Fonte: Santos (2003)

svel pelos resultados. l Minimizar os fluxos de materiais, pessoas, informaes e documentos entre unidades funcionais, organizando as atividades ao longo de processo. l Oportunizar o agrupamento das atividades, empregando equipes com desenho multifuncional e pessoal polivalente. Na figura 4.5 apresentado um modelo de maturidade na gesto por processos, proposto por Santos (2003), baseado no modelo de maturidade do desenvolvimento de software (CMM).

No estgio inicial, a empresa praticamente no tem prticas relacionadas como processos. A partir da, introduzindo as ferramentas e estruturas propostas no modelo, ela vai subindo degraus na escala da maturidade. >> PARA REFLETIR Na sua avaliao, em qual dos estgios da maturidade da gesto por processos sua empresa se encontra?

SEo 4