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1. o estudo da história e a organização das primeiras sociedades

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História2

SUMÁRIO DO VOLUMEHISTÓRIA

1. O estudo da História e a organização das Primeiras Sociedades 52. A relação do homem com a terra em diferentes tempos 223. Análise histórica das civilizações clássicas: Grécia e Roma 33

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História 3

SUMÁRIO COMPLETOVOLUME 1

1. O estudo da História e a organização das primeiras sociedades2. A relação do homem com a terra em diferentes tempos3. Análise histórica das civilizações clássicas: Grécia e Roma

VOLUME 2

4. História das relações sociais, da cultura e do trabalho no Feudalismo5. A ocupação do continente americano pelos europeus e as formas de exploração da terra6. Colonização inglesa

VOLUME 3

7. A ocupação e a expansão territorial da América portuguesa e os movimentos sociais relativos à questão agrária8. Os indígenas no Brasil e as formas de trabalho compulsório9. História das relações socioeconômicas no Período Colonial no Brasil

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O estudo da História e a organização das Primeiras Sociedades

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1. O ESTUDO DA HISTÓRIA E A ORGANIZAÇÃO DAS PRIMEIRAS SOCIEDADES

PráxisPráxis1 Leia um trecho do comentário do poeta Ferreira Gullar:

“(...) E a história humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogo, (...), nos colégios, nas ruínas, nos namoros de esquina.”

Corpo a corpo com a linguagem, artigo publicado em 1999.

As palavras de Ferreira Gullar reforçam a ideia de que todas as pessoas fazem parte da história, ou seja, não são apenas as consideradas ilustres que colaboram com a história da humanidade.

Dessa forma, pode-se afi rmar que todos nós fazemos parte da história da atualidade e, além disso, temos nossa própria história, ou seja, a história de nossa vida.

Que tal relembrar a sua história e conhecer a de um colega seu? Escolha um colega para com ele formar uma dupla e, juntos, realizarem a seguinte atividade:

Vocês realizarão um trabalho investigativo. Para isso responderão às questões a seguir, as quais deverão ser analisadas por ambos. Decidam com antecedência qual dos dois irá questionar primeiramente o outro. Utilizem o caderno para a realização dessa atividade.a) Onde e quando você nasceu?b) Nas conversas com seus familiares, soube de algo que ocorreu enquanto você era bebê e que marcou seus primeiros anos de vida?c) Em que ano você entrou para a escola? Sempre estudou nesta escola? Se não, onde estudou?d) Pensando em seu cotidiano, comente as suas atividades rotineiras. Que esportes pratica? Quais são suas atividades de lazer? Frequenta cursos? Quais são suas obrigações em casa? Enfi m, como é seu dia a dia? Após responderem a essas questões, produzam uma história em quadrinhos mostrando cada um o seu próprio cotidiano. e) Voltando ao passado, recorde dois momentos ou acontecimentos que marcaram sua vida. Tente apontar um momento positivo e um negativo.f) Quais as suas expectativas quanto ao futuro? Quais são seus planos?g) Agora, discuta com seu professor e com seus colegas quais são as semelhanças e as diferenças existentes entre a sua história e a deles.

Provavelmente, ao realizar a atividade anterior, você percebeu que mudanças ocorrem constantemente ao longo de nossas vidas. E as mudanças não se retringem apenas às nossas vidas, pois, observando a sociedade em que vivemos, podemos perceber que tudo está em movimento, que existe um processo de contínua transformação em torno de nós. Para compreender as transformações que estão ocorrendo em nossa sociedade, devemos recorrer ao estudo da História, o qual consiste na compreensão de como as sociedades humanas surgiram e se transformaram ao longo do tempo e do espaço. Assim, a História é a ciência produzida pelos historiadores que estuda as sociedades através do tempo. Estudar o passado facilita a compreensão do presente, pois, através desse estudo, é possível entender as origens dos problemas atuais, como a desigualdade social, o racismo e as guerras. Entendem-se melhor as diversas formas de organizar o trabalho, a maneira como os povos se relacionam, como as pessoas vivem em sociedade, os avanços tecnológicos, a cura das doenças e muitas outras experiências vividas pela humanidade em épocas e em lugares diferentes. Por muito tempo, a História reduziu-se à descrição das realizações de heróis, de reis e de homens considerados poderosos e importantes.

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Família Imperial, MOREAUX, François René, 1857.

Vestimentas, documentos escritos, objetos, enfi m, toda a produção humana pode ser utilizada para compreendermos o passado.

Atualmente, ao contrário, sabe-se que todos fazem parte da História, seja o indivíduo um rei, um prefeito, um médico, um motorista de táxi, um vendedor ambulante, um de� ciente físico ou um estudante como você. Os homens, independentemente de quem sejam ou de onde estão, são sujeitos históricos, transformam a realidade à sua volta e de� nem o curso do mundo. São as ações dos sujeitos, suas formas de trabalho, suas relações sociais (família, escola, bairro, cidade e a sociedade em geral) que constituem a História. E esses elementos é que são a matéria-prima, ou seja, os fatos, são os objetos de estudo do historiador e são transformados em conhecimento histórico. Como a� rmou o poeta Ferreira Gullar, os historiadores não podem desprezar nenhum elemento, no que diz respeito ao estudo das sociedades. Mas, como é possível conhecer o modo de vida das sociedades antigas, sua forma de trabalho, as transformações ocorridas ao longo do tempo? Através dos vestígios que os historiadores encontram do passado, os quais são denominados fontes históricas e englobam tudo aquilo que pode proporcionar ao historiador a compreensão sobre o passado. Existem as fontes escritas, que reúnem todos os tipos de registros produzidos pelo ser humano em forma de inscrições, como, por exemplo, uma carta enviada a um amigo distante, jornais e revistas, livros, diários, cadernetas, discursos, letras de músicas e tantos outros. Há também as fontes não escritas, que englobam todos os tipos de registros produzidos pela atividade humana e que utilizam linguagens diferentes da escrita: fotogra� as de família, pinturas, esculturas, vestimentas, armas, músicas, � lmes, utensílios, etc.

Trabalhando com imagensTrabalhando com imagens

2 Observe a obra seguinte que retrata D. Pedro II, D. Teresa Cristina e as princesas Isabel e Leopoldina e faça o que se pede:

a) Descreva a aparência física e as vestimentas das pessoas retratadas.b) Descreva o cenário, o ambiente em que foram retratadas.c) O que fazem as pessoas retratadas na obra? Observe a postura e a disposição de cada uma delas.d) Responda: O que mais lhe despertou a atenção na imagem? Justifi que sua resposta.

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Outro exemplo de fonte histórica não escrita é o depoimento de pessoas de todas as idades e classes sociais sobre vários aspectos da vida privada e social, que pode ser colhido a partir de entrevistas gravadas pelo historiador e serve para registrar a memória (individual e coletiva) e para ampliar a compreensão da História construída hoje, ou seja, de um passado recente. Esse tipo de fonte histórica é chamada de fonte oral.

PráxisPráxis Através de conversas, os mais idosos compartilham suas tradições e histórias com os mais jovens.

3 Elabore um questionário para praticar a História oral. Faça as perguntas para uma pessoa mais velha de sua família, buscando conhecer o seu passado.

Sugestões de assuntos que poderão ser abordados pelo entrevistador: brincadeiras de infância, diversões na adolescência, namoro, escola, relacionamento com os pais, entre outros.

Após a entrevista, peça ao entrevistado para escolher uma fotografi a que, para ele, tenha uma relação importante com o passado. Ou seja, o fato deve se reportar a um momento importante da história de seu entrevistado.

4 De posse da foto escolhida, busque as seguintes informações.

a) Quais pessoas estavam presentes na imagem?b) Qual era o cenário?c) Como as pessoas estavam vestidas?d) O que faziam essas pessoas?e) Quando e por quem foi tirada a fotografi a?

É com a utilização das informações escritas e das não escritas que o historiador recupera as experiências humanas, não em sua tonalidade, nem da mesma forma como ocorreram, mas buscando se aproximar da realidade vivenciada em outras épocas. Pode-se a� rmar que o historiador busca se aproximar da realidade, pois reescrevê-la, exatamente como foi no passado, é impossível. O trabalho do historiador é limitado pelas fontes históricas encontradas. Além disso, é in� uenciado pelo seu modo de pensar e pela sociedade em que ele vive. Os museus, os arquivos públicos ou privados, as universidades, as galerias de arte e muitas outras instituições buscam conservar as fontes históricas. Além desses, todos os meios que preservam a memória histórica fazem parte do patrimônio histórico e cultural de um povo. A criação do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional), na década de 1930, permitiu a preservação de muitas cidades consideradas históricas no Brasil. A cidade de Ouro Preto, por exemplo, teve seu conjunto urbanístico, arquitetônico e paisagístico declarado como Monumento Nacional, em 1933 e, em 1980, como Patrimônio Cultural da Humanidade. O centro histórico de Salvador, na Bahia, que guarda um passado colonial rico em detalhes da História do Brasil também obteve, em 1985, reconhecimento como Patrimônio Cultural da Humanidade.

A visita a cidades como Ouro Preto e Rio de Janeiro nos permite conhecer melhor a história do País.Disponível em: <http://mundoeducacao.com.br>. Acesso em: 09 jul. 2010.

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Além disso, muitos museus oferecem visitas virtuais, como é o caso do Museu Imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro, do Museu do Louvre, em Paris, etc. Mas todo o esforço para preservação do patrimônio histórico esbarra no descaso de autoridades e também de parte da sociedade em geral. Muitos acreditam que tombar, conservar casarões, prédios antigos, monumentos é frear o progresso, prejudicando, assim, o desenvolvimento da sociedade.

PráxisPráxis 5 A arquitetura das cidades revela muito sobre seu passado, facilitando a compreensão da atual condição

do ambiente em que vivemos. A partir dessa constatação, programe um passeio pela cidade e escolha alguns patrimônios históricos, como monumentos, casas, igrejas, praças ou outros locais que, na sua opinião, deveriam ser preservados. Faça uma lista com três patrimônios e leve-a para a sala de aula.Justifi que suas escolhas explicando a importância histórica dos patrimônios. Se possível, fotografe suas escolhas e monte um painel com as fotos.

A História de uma cidade também é revelada através de peças antigas, artefatos soterrados pelo tempo, que são trazidos à superfície pelos arqueólogos, pro� ssionais dedicados ao estudo dos vestígios das antigas civilizações. Trabalhos historiográ� cos, como, por exemplo, os voltados para a História da Antiguidade, só são possíveis porque podemos contar com as escavações de grupos de arqueólogos, os quais já chegaram a desenterrar cidades inteiras, como foi o caso de Pompeia, na Itália.

Recinto curvo do Templo do Sol ou Torreón.Ruínas de Pompeia na tália.

Disponível em: <http://museuimperial.gov.br>. Acesso em: 09 jul. 2012.

Disponível em: <http://bragamusician.blogspot.com.br>. Acesso em: 09 jul. 2012.

Disponível em: <http://wikipedia.org>. Acesso em: 09 jul. 2012.

Nessa imagem, é possível confi rmar a possibilidade de um passeio virtual pelo Museu Imperial localizado em Petrópolis.

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O desenvolvimento tecnológico também tem contribuído muito para as pesquisas históricas, principalmente a informática, que possibilita o armazenamento de dados de forma mais prática, e permite o acesso rápido às informações por intermédio da Internet.

Uma Noite no Museu é um � lme que conta a história de um segurança que aceita trabalhar no turno da madrugada. Durante seu trabalho, porém, coisas estranhas começam a acontecer – maias, gladiadores romanos e cowboys saem de suas maquetes e travam grandes batalhas: um neandertal queima sua vitrine; Átila, o Huno, começa a pilhar a sua ala do museu, e um tiranossauro lembra a todos os motivos pelos quais ele é considerado o maior predador de todos os tempos. Durante toda a noite, surgem novos acontecimentos, comprovando que os museus guardam muitas histórias, que são verdadeiros espetáculos.

Um outro aspecto importante no estudo da História é a contagem do tempo. Existem diversas formas de contá-lo, pois diversos sistemas foram criados para este � m, por várias culturas, em diferentes épocas. Enquanto o homem viveu da agricultura e do pastoreiro, não teve necessidade de divisões muito precisas do tempo. O que realmente importava eram as estações do ano. Nessa época, o homem organizava a contagem do tempo baseando-se, principalmente, na observação da natureza, nas mudanças do clima, nas fases da Lua e na posição dos astros. A adoção de uma forma de medida e contagem do tempo com maior precisão, ou seja, de um calendário, facilita a vida em sociedade e o estudo da História. Para falarmos dos acontecimentos históricos, precisamos usar medidas de tempo, como o século, o ano, o mês, o dia e até mesmo a hora em que o fato ocorreu.

Calendário asteca.

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O calendário cristão ou ocidental marca o tempo a partir da data provável do nascimento de Jesus Cristo. Dessa maneira, o ano 1 é o ano em que ele nasceu, isso signi� ca que já se passaram mais de 2000 anos após o nascimento de Cristo. As datas antes de Cristo devem ser identi� cadas com a.C.. As datas depois de Cristo não precisam de nenhuma indicação, mas, em alguns livros, aparecem d.C. (depois de Cristo). Por exemplo, o nascimento de Heródoto, considerado o Pai da História, ocorreu em 484 a.C., e Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, em 1500 d. C.. Ao utilizar uma linha do tempo, esses fatos são representados da seguinte maneira:

Antes de Cristo Ano I Depois de Cristo

3500 Invenção da

escrita

484 Nascimento de

Heródoto

Nascimento de Cristo

1500Chegada dos

portugueses ao Brasil

2001Ataque ao World

Trade Center

O calendário cristão agrupa o tempo em dias, meses e anos. Os períodos maiores são agrupados em décadas (10 anos), séculos (100 anos) e milênios (1000 anos). Os séculos são indicados por algarismos romanos.Exemplos:

Século I → do ano 1 até o ano 100.II → do ano 101 até o ano 200.V → do ano 401 até o ano 500.XV → do ano 1401 até o ano 1500.XX → do ano 1901 até o ano de 2000.XXI → do ano 2001 até o ano 2100.

Para calcularmos os séculos, existem duas regras:• Se o ano termina com dois zeros, excluem-se esses dois zeros e tem-se o século.300 → 300 = século III2000 → 2000 = século XX

• Para outras datas, excluem-se os dois últimos algarismos e soma-se uma unidade ao novo número, obtendo-se o século.684 → 684 → 6 + 1 = século VII1992 → 1992 → 19 + 1 = século XX2013 → 2013 → 20 + 1 = século XXI

Essas regras são válidas também para as datas anteriores ao nascimento de Cristo. Para facilitar e organizar ainda mais o estudo da História, os historiadores dividem o tempo em períodos históricos. Para isso, eles utilizam critérios, como a economia, a política, a organização social e os conhecimentos tecnológicos, buscando formar períodos com características semelhantes. O início ou o � m dos períodos são marcados por acontecimentos históricos que foram relevantes no momento em que a sociedade passava por um processo de transformação. A História foi dividida em cinco grandes períodos:• Pré-história: abrange a experiência humana anterior ao surgimento da escrita, ocorrida há aproximadamente 4000 a.C..• Idade Antiga: marca o início da História. Vai da invenção da escrita até o início do Império Romano do Ocidente em 476 d.C..• Idade Média: inicia-se com a queda do Império Romano do Ocidente e termina com a invasão da cidade de Constantinopla (atual Istambul), pelos turcos, em 1453.• Idade Moderna: inicia-se em 1453 e � nda com a Revolução Francesa, em 1789.• Idade Contemporânea: inicia-se com a Revolução Francesa e continua até os nossos dias.

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PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA IDADE MODERNAIDADE

CONTEMPORÂNEAPRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA IDADE MODERNA

IDADECONTEMPORÂNEA

4000 a.C. 10 1453 1789Era Cristã

1

Invenção daescrita

Queda do ImpérioRomano do Ocidente

Tomada deConstantinopla

pelos turcos

Início daRevoluçãoFrancesa

Atualmente, a divisão da História nesses cinco grandes períodos tem sido bastante criticada, pois essa divisão refere-se a acontecimentos ocorridos na Europa. A História é, nesse caso, eurocêntrica, ou seja, tem como centro de referência a Europa. Dessa maneira, excluem-se as experiências vivenciadas por outros povos, como os chineses, os africanos e os árabes, como se elas tivessem menor importância. Entre os cinco períodos históricos citados anteriormente, faz-se necessário analisar detalhadamente a Pré-história, buscando compreender a origem da humanidade e sua organização ao longo do tempo. Existem diferentes explicações sobre o surgimento do homem na Terra, pois cada povo, através de sua cultura, cria mitos, lendas e teorias sobre a origem humana. Além disso, o estudo da Pré-história é muito difícil, pois depende da análise de documentos não escritos muito antigos, como restos de armas, utensílios de uso diário, pinturas e desenhos. Nas sociedades ocidentais, uma das teorias mais difundidas sobre a origem humana é aquela contada pela Bíblia, na qual, segundo o Livro de Gêneses, todos os seres vivos teriam sido criados por Deus num período de sete dias. Essa teoria é conhecida como Criacionismo. Na segunda metade do século XIX, o cientista Charles Darwin (1809-1882) apresentou suas ideias, que foram o resultado de pesquisas cientí� cas sobre a origem humana, realizadas em diferentes partes do mundo. A teoria de Darwin passou a ser conhecida por Darwinismo, segundo a qual, os homens e todos os seres vivos estão em constante mudança, não sendo, hoje, exatamente iguais ao que foram em outras épocas. No ano de 1871, Darwin publicou A descendência do homem, obra que classi� ca o ser humano como parte de uma linha de primatas, comparando semelhanças entre eles na forma física, nas doenças adquiridas e em aspectos psicológicos. Mas é necessário ressaltar que, os cientistas defensores dessa teoria não a� rmam que os homens descenderam dos macacos. Supõe-se que, em algum momento do passado, as linhagens dos homens e dos primatas, devem ter compartilhado um ancestral comum e houve evolução por caminhos diferentes: um ramo gerou primatas, como macacos, os chimpanzés e os gorilas; outro ramo gerou os seres humanos. Esses cientistas chamam de hominídeos a família biológica da qual fazem parte os seres humanos atuais e seus antepassados.

Adão e Eva. Lucas Cranach, 1533.

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Na época em que essa teoria foi apresentada, ela provocou uma enorme reação da Igreja Católica e da maior parte dos devotos, que se recusavam a admitir que o homem poderia ter se originado de uma espécie semelhante ao atual macaco. Darwin sofreu rejeições e foi muitas vezes ridicularizado publicamente. Em 1859, foi publicada a obra A Origem das Espécies, considerada a mais revolucionária do século XIX. As ideias básicas da teoria defendida no livro são: o processo de evolução das espécies é gradual e contínuo; todos os seres vivos descendem, em última instância, de um ancestral comum; o mecanismo pelo qual os seres mudam e evoluem é a seleção natural, isto é, os indivíduos mais adaptados ao meio ambiente conseguem melhores resultados na luta pela sobrevivência. Os estudos de Darwin comprovam que o processo de evolução do homem ocorreu de forma lenta, durou milhões de anos, e as mudanças aconteceram de forma diferenciada nas diversas regiões habitadas. Na África, foram encontrados fósseis, ou seja, restos endurecidos ou petri� cados de seres vivos, comprovando que o mais antigo hominídeo se desenvolveu nesse continente.

Leitura cartográficaLeitura cartográfica

GPS

Leitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográfica

GPS

6 Observe atentamente este mapa e responda ao que se pede:

a) Onde se desenvolveram os primeiros grupos humanos?b) Segundo o mapa, qual a origem do homem americano?

7 Faça uma pesquisa e descubra qual é o fóssil humano mais antigo já encontrado? E, no Brasil, qual fóssil mais antigo já foi encontrado? Cite onde e quando esses fósseis foram encontrados?

8 Os pesquisadores criaram uma escala da evolução humana, a qual demonstra que os homens foram se desenvolvendo ao longo de milhares de anos. Pesquise a respeito dessa escala e cite quais foram os estágios dessa evolução e suas características.

Charles Darwin

Revista Nossa História, ano 2, no 22 ago. 2005.

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História 13

O longo período pelo qual o homem passou por diversas transformações é a Pré-história. E, para facilitar o estudo desse período, os cientistas dividem-no em três partes: Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais. A seguir, serão analisados os períodos Paleolítico e Neolítico. O Paleolítico ou Pedra Lascada caracterizou-se pela busca do homem pela subsistência e estendeu-se por, aproximadamente, três milhões de anos. Alguns pesquisadores acreditam que os primeiros homens andavam em grupos, facilitando o convívio e a proteção contra os perigos. No início, apenas pegavam da natureza o necessário para a sobrevivência, por essa razão eram nômades, ou seja, estavam sempre se locomovendo de um lugar para outro. Nessa fase, os seres humanos dependiam quase exclusivamente da natureza para sobreviver. O seu processo migratório seguia os ciclos naturais e as trilhas dos animais; eram caçadores-coletores. Para a sua segurança, procuravam locais como o alto das árvores, as grutas e as cavernas. Alguns grupos faziam abrigos de galhos, cobertos de folhas ou de pele de animais. Além disso, o desenvolvimento da comunicação através de desenhos, gestos e palavras facilitou o convívio entre indivíduos do mesmo grupo. Homens e mulheres viviam em bandos e dividiam o espaço e as tarefas. A divisão das tarefas dentro do grupo estabelecia formas de cooperação entre os membros. Aos homens cabiam a caça, a confecção de instrumentos e a defesa do grupo; às mulheres, o trabalho de coleta de frutos e raízes e o cuidado com as crianças. Nesse período, não havia o hábito de estocar alimentos para o futuro, e a base da alimentação consistia de frutos, raízes, folhas e caules, além de produtos da caça e da pesca. Devido à necessidade de sobrevivência, os primeiros grupos humanos desenvolveram ferramentas, normalmente de pedra lascada, e armas rudimentares que os protegessem e os ajudassem no momento da caça. Durante o Paleolítico, o domínio do fogo foi a mais notável evolução. Muitos grupos humanos desconheciam as técnicas de produção do fogo e buscavam adquiri-lo, roubando-os de outros que dominavam a sua produção. As disputas ocorriam devido à sua ampla utilização, como afastar os animais ferozes, iluminar as cavernas, aquecer o corpo e cozinhar os alimentos. Os estudiosos da Pré-história acreditam que o homem conseguiu dominar o fogo há cerca de quatrocentos mil anos, baseados na datação de vestígios de lareiras descobertas em diversos sítios. Não resta nenhuma dúvida de que o domínio do fogo tornou a vida dos homens da Pré-História muito mais fácil, e o interior das cavernas, um refúgio mais seguro.

confecção de instrumentos e a defesa do grupo; às mulheres, o trabalho de coleta de frutos e raízes e o cuidado com as crianças. Nesse período, não havia o hábito de estocar alimentos para o futuro, e a base da alimentação consistia de frutos, raízes, folhas e caules, além de produtos da caça e da pesca. Devido à necessidade de sobrevivência, os primeiros grupos humanos desenvolveram ferramentas, normalmente de pedra lascada, e armas rudimentares que os

foi a mais notável evolução. Muitos grupos humanos desconheciam as técnicas de produção do fogo e buscavam adquiri-lo, roubando-os de outros que dominavam a sua produção. As disputas ocorriam devido à sua ampla utilização, como afastar os animais ferozes, iluminar

Os estudiosos da Pré-história acreditam que o homem

Disponível em: <http://ancient-history-to-1800.blogspot.com.br> Acesso em: 08 ago. 2012.

Simulação de uma das formas de o homem obter fogo na Pré-história.

O fi lme A Guerra do Fogo retrata como era o dia a dia de grupos nômades ainda na Pré-história, mais precisamente no Paleolítico. Esses grupos, em diferentes estágios de evolução, buscam dominar o fogo. Enfrentando inúmeras difi culdades, como grandes tigres, fome, frio intenso. O fi lme não apresenta linguagem e o que se vê são ações dos personagens, gritos, grunhidos e muita linguagem corporal. As diversidades vivenciadas pelos grupos são imensas. A busca pelo domínio do fogo facilitaria a vida na Pré-história. No decorrer do fi lme, há descobertas signifi cativas pelos hominídeos, dentre elas, o riso, a solidariedade, o eco.

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História14

Outro grande avanço ocorreu quando o homem passou a dominar algumas técnicas agrícolas, produzindo ele próprio os seus alimentos, iniciando, assim, um outro período, há cerca de quinze mil anos, o Neolítico. Nesse período, percebeu-se que, das árvores, caíam sementes na terra e dali nasciam novas plantas, que, ao crescerem, davam novos frutos e novas sementes. Graças ao trabalho feminino de selecionar espécies silvestres, teve origem o cultivo do trigo, da cevada, do centeio e do arroz, e a alimentação foi enriquecida de nutrientes. Os cereais cultivados não levaram ao abandono do consumo de alimentos de origem animal. Os cereais, a carne, o leite e seus derivados passaram a ser incorporados na dieta e ajudaram a aumentar a população, pois morria-se menos.

A partir do momento em que o homem dominou técnicas de produção de alimentos, não houve mais a necessidade do nomadismo. Ocorreu, assim, o que chamamos de sedentarização, ou seja, a � xação do homem à terra. Não havia mais o tempo ocioso de antes, e a agricultura era uma atividade que impunha uma maior organização do trabalho. O aprimoramento das técnicas agrícolas, mais adequadas para aumentar a produtividade e acumular o excedente em épocas de má colheita, foi primordial no processo de sedentarização. Todo esse desenvolvimento fez com que o homem passasse a observar de forma mais atenta os fenômenos naturais, pois ele dependia totalmente da natureza para a sua sobrevivência. Um outro avanço que não pode deixar de ser mencionado foi a domesticação dos animais. O cão, o jumento, a cabra e o cavalo foram os primeiros animais utilizados para benefício humano. Além da domesticação de animais, da agricultura e da sedentarização, outro fato que não se pode deixar de mencionar foram as construções de moradias conhecidas como nuragues, que eram edi� cações de pedra.

Nas fotos, exemplos de instrumentos de pedra lascada utilizados no Paleolítico, e pedra polida, utilizados no Neolítico.

Nurague encontrado na Itália. O homem da Pré-história começou a abandonar as cavernas e a construir suas moradias, chamadas nuragues, edifi cações em pedra sem nenhuma argamassa. Normalmente, consistem em duas ou mais pedras grandes fi ncadas verticalmente no chão, como se fossem paredes, e em uma grande pedra colocada horizontalmente sobre elas, parecendo um teto.

Disponível em: <www.mediatecaiglesias.it.com.br>. Acesso em: 09 jul. 2012.

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História 15

Exercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamento O apetite do ser humano é mais forte que ele mesmo. O apetite é, antes de tudo, um instinto. É preciso comer para sobreviver, assim como é preciso respirar, beber e dormir. É um instinto tão poderoso que pessoas esfomeadas não conseguem pensar em outra coisa senão em comida. Mas os seres humanos, ao longo de sua evolução, transformaram o ato de comer em algo muito mais signifi cativo que a mera satisfação de uma necessidade. Comer é prazer. É uma das mais ricas experiências sensoriais que se pode ter. Comer é, também, um ato emocional. Traz conforto, tranquilidade e, às vezes, culpa. Infl uencia o humor e a disposição. A relação das pessoas com a comida era bem mais direta na Pré-história. Não havia lavouras nem mercados. Para comer, tínhamos que caçar animais ou coletar plantas, raízes e frutas que nos dessem sustento. Não bastasse o esforço exigido para realizar essas atividades, a mãe natureza obrigava a migração a cada estação, em busca de alimento. Com o advento da agricultura e a domesticação de alguns animais há 8 mil anos, conseguimos nos estabelecer. Os períodos de escassez de comida, embora persistissem, tornaram-se cada vez menos frequentes. Ocorreu a aprendizagem para conservar alimentos salgando-os, secando-os e defumando-os. Mas as mudanças mais expressivas em nossa relação com a comida ocorreram ao longo dos últimos mil anos. A evolução tecnológica e científi ca, a urbanização, a industrialização e a automação foram tornando os alimentos cada vez mais variados e disponíveis. Segundo algumas pesquisas, hoje, há alimentos para todos. O planeta produz alimento sufi ciente para todos seus habitantes humanos, porém, a fome, por questões econômicas, ainda existe.

Adaptado de Rodrigo Velloso, publicado em super.abril.com.br/alimentacao/comida-tudo-444348.shtml>. Acesso em: 08 set. 2012.

9 A partir do texto e de seus conhecimentos, faça o que se pede:a) Responda: Por que foi possível a sedentarização do homem, durante a Pré-história?b) As informações anteriores revelam uma contradição existente na atualidade: fome e obesidade são problemas comuns na sociedade. Converse com seu professor de Geografi a a respeito da economia mundial e da desigualdade social e diga por que esses dois problemas coexistem.c) Observe a imagem, converse com seu professor de Ciências e, logo após, cite duas causas da obesidade.

Outra inovação do Neolítico foi a tecelagem. O homem passou a utilizar pelos de animais ou � bras vegetais no processo de � ar e tecer suas vestimentas, não utilizando mais somente as peles dos animais. Outro aspecto que devemos citar nesse período é o surgimento da religiosidade. Tornou-se comum os homens relacionarem os fenômenos da natureza às forças sobrenaturais. Assim surgiu, por exemplo, o culto à mulher, a qual simbolizava a geração e a perpetuação da vida. A mulher era considerada deusa mãe, e essa simbologia serviu de base para a crença no poder mágico e religioso das divindades femininas em épocas posteriores. A deusa mãe no Neolítico era especi� camente uma deusa agrícola, da fertilidade, e seu culto simbolizava a morte e a ressurreição da vegetação e das plantações. A ela, frequentemente, associava-se um deus masculino (� lho, esposo ou animais selvagens). Em sítios arqueológicos, foram encontradas esculturas femininas de diferentes períodos da Pré-história, comprovando o que os historiadores e arqueólogos já haviam mencionado sobre a religiosidade desse período.

Disponível em: <http://rosariotriplice.blogspot.com.br>. Acesso em: 08 set. 2012.

Esculturas femininas (deusas mães) de diferentes períodos da Pré-história.

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