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PROJETOS DE PESQUISA LINGUISTICA Ataliba T. de Castilho Professor Emérito da FFLCH / USP Professor Colaborador do IEL / Unicamp Pesquisador do CNPq Assessor linguístico do Museu da Língua Portuguesa 1. PESQUISA E ENSINO DO PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA O ensino do Português Brasileiro como língua estrangeira vem sendo ministrado há anos pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, através dos Centros de Cultura Brasileira. Atualmente, há 21 desses centros, sendo 15 na América Latina, 3 na Europa e 3 na Ásia. A criação do Mercossul ampliou o interesse pelo ensino do Português e do Espanhol na América Latina. Muitas iniciativas foram tomadas pelas universidades e por associações científicas, mas sem dúvida faz falta, por parte do Brasil, a organização de uma instância coordenadora das ações do governo federal, por ora concentradas no Itamaraty. Portugal tem o seu operoso Instituto Camões, a Espanha dispõe do Instituto Cervantes. O governo brasileiro tem buscado identificar suas obrigações linguísticas, matéria que segue em debate em diversos ministérios. Segundo José Carlos Paes de Almeida Filho, em relatório que escreveu em 1997, a perspectiva do ensino da língua portuguesa a falantes de outras línguas potencializou a pesquisa aplicada em alguns centros nacionais de pós-graduação. Há uma demanda crescente de professores de Português, brasileiros e estrangeiros, por publicações teóricas sobre os processos de ensino-aprendizagem (por exemplo, a questão metodológica do ensino de línguas muito próximas, como o Português e o Espanhol) e por cursos de atualização, especialização e pós- graduação stricto sensu. Materiais didáticos e publicações voltadas para a formação do professor serão progressivamente requeridos nos próximos anos por governos, secretarias, Ministérios da Educação e das Relações Exteriores, agências internacionais e universidades. A Universidade Estadual de Campinas, a Universidade de Brasília e as Universidades Federais Fluminense, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul têm oferecido respostas concretas a essa demanda. A primeira criou em 1991 o Exame Unicamp de Proficiência em Português, que serviu de base ao Exame Nacional de Proficiência, aprovado em 1992 pelos Ministérios da Educação, da Cultura e das Relações Exteriores. Daí resultou o CELPBRAS, uma prova de proficiência aplicada hoje aos interessados em estudar em universidades brasileiras. (1) A formação de professores de português como língua estrangeira Em novembro de 1996, foi convocado o primeiro Seminário de Atualização em Português Língua Estrangeira e Culturas Lusófonas. O evento reuniu 22 professores do Mercosul, com apoio da UNESCO, União Latina e Ministério da Educação e Cultura do Brasil.

1. PESQUISA E ENSINO DO PORTUGUÊS COMO LÍNGUA …museudalinguaportuguesa.org.br/wp-content/uploads/2017/10/Projetos... · Aparentemente, os primeiros manuais de ensino do português

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PROJETOSDEPESQUISALINGUISTICA

AtalibaT.deCastilho

ProfessorEméritodaFFLCH/USPProfessorColaboradordoIEL/Unicamp

PesquisadordoCNPqAssessorlinguísticodoMuseudaLínguaPortuguesa

1. PESQUISAEENSINODOPORTUGUÊSCOMOLÍNGUAESTRANGEIRAOensinodoPortuguêsBrasileirocomolínguaestrangeiravemsendoministradoháanospeloMinistério das Relações Exteriores do Brasil, através dos Centros de Cultura Brasileira.Atualmente,há21dessescentros,sendo15naAméricaLatina,3naEuropae3naÁsia.A criação doMercossul ampliou o interesse pelo ensino do Português e do Espanhol naAmérica Latina. Muitas iniciativas foram tomadas pelas universidades e por associaçõescientíficas,mas sem dúvida faz falta, por parte do Brasil, a organização de uma instânciacoordenadoradasaçõesdogovernofederal,pororaconcentradasnoItamaraty.PortugaltemoseuoperosoInstitutoCamões,aEspanhadispõedoInstitutoCervantes.Ogovernobrasileirotem buscado identificar suas obrigações linguísticas, matéria que segue em debate emdiversosministérios.SegundoJoséCarlosPaesdeAlmeidaFilho,emrelatórioqueescreveuem1997,aperspectivadoensinodalínguaportuguesaafalantesdeoutraslínguaspotencializouapesquisaaplicadaemalgunscentrosnacionaisdepós-graduação.Háumademandacrescentedeprofessoresde Português, brasileiros e estrangeiros, por publicações teóricas sobre os processos deensino-aprendizagem (por exemplo, a questão metodológica do ensino de línguas muitopróximas,comooPortuguêseoEspanhol)eporcursosdeatualização,especializaçãoepós-graduação stricto sensu. Materiais didáticos e publicações voltadas para a formação doprofessorserãoprogressivamenterequeridosnospróximosanosporgovernos,secretarias,MinistériosdaEducaçãoedasRelaçõesExteriores,agênciasinternacionaiseuniversidades.AUniversidadeEstadualdeCampinas,aUniversidadedeBrasíliaeasUniversidadesFederaisFluminense,deSantaCatarinaedoRioGrandedoSultêmoferecidorespostasconcretasaessademanda.Aprimeiracriouem1991oExameUnicampdeProficiênciaemPortuguês,queserviudebaseaoExameNacionaldeProficiência,aprovadoem1992pelosMinistériosdaEducação, da Cultura e das Relações Exteriores. Daí resultou o CELPBRAS, uma prova deproficiênciaaplicadahojeaosinteressadosemestudaremuniversidadesbrasileiras.(1)Aformaçãodeprofessoresdeportuguêscomolínguaestrangeira

Emnovembrode 1996, foi convocadoo primeiro Seminário deAtualização emPortuguêsLínguaEstrangeiraeCulturasLusófonas.Oeventoreuniu22professoresdoMercosul,comapoiodaUNESCO,UniãoLatinaeMinistériodaEducaçãoeCulturadoBrasil.

ASociedadeInternacionaldePortuguêsLínguaEstrangeira(SIPLE)temministradodiversoscursosparaaformaçãodeprofessores.Apartirde1997essasociedadepassouaorganizarumencontroanualemuniversidadesbrasileiras.CursosvoltadosparaoensinodoPortuguêsedaCulturaBrasileiraforamministradosnosseguintespaíses:Uruguai,Argentina,Paraguai,Chile,CostaRica,Cuba,Moçambique,ItáliaeEspanha.ASIPLEéhojeaassociaçãomaisativa.(2)MateriaisdeensinodoPortuguêscomolínguaestrangeiraAparentemente,osprimeirosmanuaisdeensinodoportuguêsparaestrangeirosforamescritosnosEstadosUnidos.DuranteumbomtempofoiutilizadoomanualdeFranciscoGomesdeMattoseFredEllison,ModernPortuguese,publicadopelaUniversidadedoTexasemAustin,aqueseseguiramosmanuais de Isabel Abreu e Cléa Rameh, ambas da Universidade de Georgetown, emWashington.Novostítulossurgiram,comoodeMárioPerini,ModernPortuguese,areferenceGrammar,2002.No Brasil, lembre-se o pioneiro Português para Estrangeiros: pressupostos para oplanejamentodecursoseproduçãodemateriais,1976,deLeonorLombelo,professoradaUnicamp.Emseguida,saíramosvolumesorganizadospor:

• J.C.PaesdeAlmeidaFilhoeL.Lombelo(Orgs.1992).IdentidadeecaminhosnoensinodePortuguêsparaestrangeiros.Campinas:Pontes.

• J.C.PaesdeAlmeidaFilho(Org.1991).Portuguêsparaestrangeiros:interfacecomoespanhol.Campinas:EditoraPontes.

• J. C. Paes de Almeida Filho (1997). Parâmetros atuais no ensino de PLE.Campinas:EditoraPontes.

• Faltainvestirmaisemdicionáriosbilínguesportuguês-espanholquelevememcontaasvariedadeslatino-americanasdessaslínguas.

• ParaoutrasinformaçõessobreoensinodoPortuguêsnaAméricaLatina,verL.Varela(Org.1999).PolíticasLingüísticasparaAméricaLatina.ActasdelCongresoInternacional[1997].BuenosAires:UniversidaddeBuenosAires/FacultaddeFilosofíayLetras,InstitutodeLingüística,2volumes.

(3)Utilizaçãodalínguaportuguesanaspáginasdainternet.OpesoatualdaLínguaPortuguesanainternetédeapenas3%,oqueaequiparaaoItalianoeaoCoreano.Oespanholtem6%depresença.

Aconsultaaumapágina,comoadaWikipédia,mostracomoosespecialistasbrasileirostêmsido indiferentes à circulação da ciência por esse intermédio. Uma ação mais decididaaumentariaapresençadoportuguêsnainternet.

2. DOCUMENTAÇÃODOPORTUGUÊSBRASILEIRODiferentesprojetosseocuparamdadocumentaçãodoPortuguêsBrasileiro:ProjetoNURC,ProgramadeEstudosdosUsosdaLinguagem,VariaçãoLinguísticadaParaíba,AtlasLinguísticodoBrasil,entreoutros.VamosnosfixaraquinolevantamentodecorpusparaadiacroniadoPortuguêsBrasileiro,nointeriordoProjetoparaaHistóriadoPortuguêsBrasileiro.Foi organizada uma comissão para atuar nessa área: Afrânio Gonçalves (UFRJ), MarceloMódolo,VerenaKewitz,JosédaSilvaSimõeseMariaClaraPaixãodeSouza(USP),ZenaideO Corpus do Projeto para a História do Português Brasileiro encontra-se catalogado nadenominada Plataforma de Corpora, uma sistematização de TODOS osmateriais editadospelosmembrosdoProjeto.Pormeiodesuascategoriasdeentrada,ospesquisadorespoderãoternoçãodasediçõesdiplomático-interpretativasoriundasdeteses,dissertações,livros,CDs,relatórios, enfim,nãoapenasdiferentes resultadosacadêmicosde trabalhos concebidoseproduzidossobachanceladoPHPB,mastambémdecolaboradoresexternos.

No estágio atual de trabalho, o PHPB disponibiliza – por meio da páginahttps://sites.google.com/site/corporaphpb– duas parcelas do material indexado naPlataforma: O CORPUS MÍNIMO COMUM e o CORPUS DIFERENCIAL. O chamadoCorpusComumMínimo reúne, para controle diatópico, materiais de mesma naturezalevantadosjápelas12equipes.OCorpusDiferencialcompreendecorporacomplementaresparacontrolecontrastivoaoCorpusMínimoComum:textosdeportugueses,literários,gênerostextuaisdiversos,etc.

NessapáginapoderãoservisualizadosebaixadososdocumentosemformatoswordouPDJ,bemcomoverificadaaversãomaisatualdaPlataformaeNormasdeEdiçãodoProjetoPHPB.O Corpus Mínimo Comum conta com redatores brasileiros ou de naturalidade nãoidentificada, mas com produção em redes de escrita no Brasil. Os identificados comoportugueses passam ao Corpus Diferencial. Sua organização distribui, equipe regional porequiperegional,trêsrótulostextuaisdeIMPRESSOS–cartasdeleitores,CartasdeEditoreseAnúncios–edoisoutrosparaMANUSCRITOS:cartasparticularesecartasoficiais.Cadaumdessesrótulosconstituiumacélulacomparativacomonúmeromínimode5000palavrasparacadametadedeséculo,conformetabelasaseguir.

Váriosmateriaisencontram-seatualmentenoCorpusDiferencialemfunçãodenãocontarmoscom exemplares em todas as equipes. Dessa forma, permanecem complementares paraefeito comparativo, mas passarão ao CorpusMínimoComum à medida que se cumpra ocronograma de ampliação dos corpora do PHPB. É o caso, por exemplo, das notícias emjornais.Nãoéesseocasodostextosescritosporportugueses:sempreintegrarãooCorpusDiferencial,contrastivopornaturezaparaaformaçãodoPortuguêsBrasileiro.

EstaéaconfiguraçãoatualdoCorpusDiferencial:

CORPUSMÍNIMOCOMUMIMPRESSO

Séc.XIX11801-1850

Séc.XIX21851-1900

Séc.XX11901-1950

Séc.XX21951-2000

Cartasdeleitores

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

Cartasderedatores/Editoriais

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

Anúncios

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

CORPUSMÍNIMOCOMUMMANUSCRITO

Séc.XVIII11701-1750

Séc.XVIII21751-1800

Séc.XIX11801-1850

Séc.XIX21851-1900

Séc.XX11901-1950

Séc.XX21951-2000

Cartasparticulares

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

Cartasoficiais

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

CORPUSDIFERENCIALMANUSCRITO–PHPB

Séc.XVIII11701-1750

Séc.XVIII21751-1800

Séc.XIX11801-1850

Séc.XIX21851-1900

Séc.XX11901-1950

Séc.XX21951-2000

Cartasdeportuguesesidentificados

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

Textosteatrais

5000palavras

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5000palavras

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5000palavras

Línguafalada:NURC nãoseaplica

nãoseaplica

nãoseaplica

nãoseaplica

nãoseaplica

5000palavras

Asuniversidadesligadasaesseprojeto,tantoquantooCNPqeaCAPESvêmfinanciandoolevantamentodocorpusparaahistóriadoPortuguêsBrasileiro.NocasodoEstadodeSãoPaulo,têmsidolevantadososseguintesmateriaisdepesquisa,nointerior do Projeto para a História do Português Paulista II (Projeto Temático – FAPESP –Processo11/51787-5):SubprojetoFormaçãodecorporadoPortuguêsPaulistaCoordenador:Prof.Dr.JosédaSilvaSimões(USP)Equipe:Profa.Dra.VerenaKewitz(USP),Profa.Dra.AlessandraF.CastilhodaCosta(UFRN);BrunaEmanuely Santos Santana (G-IC,ACE/USP);HiagoViniciusda Silva (G-IC,ACE/USP);PatríciaSimoneFerucioManoel(G-IC,EP/USP);PriscillaUvoMorais(G-IC,ACE/USP);KathlinCarladeMorais(G-IC,CNPq[2012]eRUSP[2013]);RafaelRodrigoFerreira(G-IC,ACE/USP);CássiodeAlbuquerque(G-IC,ACE/USP);JoyceMattos(G-IC,ACE/USP);BibianaJostPerinazzo(PG-ME,UFRN);MariadaConceiçãoBarrosdeSouza(G-IC,UFRN,BolsaPROPESQ);RayaraJayne Pereira de Souza (G-IC, UFRN, Bolsa PIBIC); Fernando Laerty Ferreira da Silva (G-IC/UFRN)

Testamentos 5000palavras

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Processos-crime 5000palavras

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AtasdeCâmaras 5000palavras

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Memórias/relatoshistóricos/diárioshistóricosdeviagem

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Inventários 5000palavras

5000palavras

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Folhetins nãoseaplica

nãoseaplica

5000palavras

5000palavras

5000palavras

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Crônicas 5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

5000palavras

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Notícias 5000palavras

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DemaismateriaisjáeditadosnoPHPB

Novosmateriais

IntroduçãoNoâmbitodoPHPB,foidecididaaconstituiçãodeumcorpusmínimocomum(conjuntodedocumentos comuns a todas as regiões envolvidas no PHPB) e um corpus diferencial(documentosparticularesdecadaregião).A experiência do período anterior do PHPP I demonstrou a dificuldade de fazer umlevantamento exaustivo de materiais para compor o corpus mínimo comum da equipe etambémomaterialdiferencial.ApesardosenormesacréscimosreunidospelaComissãodeCorpusdoprojetotemáticoanterior,aindahálacunasaserempreenchidas.Anecessidadedepreenchimentodessaslacunaseprincipalmenteatarefadedisponibilizarcorpora tanto para as pesquisas do PHPP, quanto para as do PHPB, criteriosamenteselecionadoseeditados,justificamacontinuidadedostrabalhosdareferidaComissão.Este Subprojeto assumiu os encargos que, durante a vigência do PHPP I, eram deresponsabilidadedaComissãodeLinguísticadeCorpusdoPHPP:selecionar,coletareeditartextosdeinteresseparaahistóriadoPortuguêsPaulista,doséculoXVIaoXX.Tempormissãoprincipal,portanto,reunirosmateriaiscoletadoseeditadosnoseuâmbitoenobojodeoutrosSubprojetos, de maneira a uniformizar o material, atendendo, assim, à metodologia detrabalhoadotadapelaatualequipeejáexpostanapropostasubmetidaàFAPESP.Paraoanode2013nãohouvenenhumaalteraçãoreferenteaosobjetivoseaocronogramadeexecuçãodostrabalhosdaequipedesteSubprojeto.A constituição dos corpora do PHPP segue o critério de tipologia textual diversificada,assumindoomodelodasTradiçõesDiscursivas,aoladodaFilologia.EssecritériofoiadotadopeloprojetonacionalParaaHistóriadoPortuguêsBrasileiro (PHPB)paraaorganizaçãodecorporarepresentativosdasvariedadesdasregiõesintegradasaoPHPB.Portanto,ocorpusdoPHPPserádisponibilizadotambémparatodasasequipesregionaisdoprojetonacional.1.DesenvolvimentodaspesquisasAo estudar a história de uma língua, deparamo-nos comdiversos desafios, dentre eles asfontesparaacoletadosdadoslinguísticos.Esseproblemarefere-seaograudeproximidadecom o vernáculo ou falares cotidianos presentes nos textos de sincronias passadas. Noentanto, acredita-se que as análises possam se basear tanto em textos oficiais, maisformulaicos, com alto grau de controle, quanto em textos mais particulares, menosformulaicose,portanto,maispróximosdaoralidade.Tendoessesdoispoloscomoparâmetro,pode-seassegurarumaexploraçãodostextosedesuasrespectivasmarcaslinguísticascommaiorprecisãoecuidado.O modelo das Tradições Discursivas, ao lado da Filologia, fornece subsídios para melhorentenderahistóriados textos.Épreciso teresseaspectoemmentedemodoquenão seconfundamhistóriadalínguaehistóriadostextos.Atítulodeilustração,certasexpressõeslinguísticas podem aparecer num determinado tipo de texto, mas não em outro,simplesmenteporquenessenãohámotivoeespaçoparataisexpressões.TantonoâmbitodoProjetoParaaHistóriadoPortuguêsBrasileiro(PHPB),quantodoProjetode História do Português Paulista (PHPP), algumas propostas foram elaboradas para aconstituiçãodecorporarepresentativosdasvariedadesregionais.Notam-seumconsensoemrelaçãoàconstituiçãodecorporadetipologiatextualdiversificadaeumapreocupaçãocomos diversos registros de várias sincronias, levando em conta, assim, as diversas normas

presentes nos textos. Nesse quesito, é muito importante atentar para a história socialespecífica de cada região e sub-região, pois os textos transitam de maneira diversa emdeterminadosgrupossociais,noqueserefereàfrequênciaeàtipologia.Simões&Kewitz(2010b)chamamaatençãoparaoutrosaspectosrelevantesnaconstituiçãode corpora diversos: (i) a história social da língua portuguesa no Brasil; (ii) o contatolinguístico; (iii) as normas linguísticas e (iv) a importância dos conceitos de TradiçõesDiscursivas para a constituição dos corpora, conforme atestam Simões & Kewitz (2006a,2006b,2009ae2009b).Nessestrabalhosenumeramosalgumasreflexõesarespeitodealgunsfatoresdeterminantesdaproduçãodetextospaulistasaolongodecincoséculos,taiscomoadiversidade linguística presente antes do Decreto de Pombal, o papel efetivo das escolasprimárias,secundáriasesuperioresnoEstadodeSPenquantopropagadoresdenormaculta,opapeldaimprensaenquantopossívelmodelodenormacultaapartirdoséculoXIX,operfildas pessoas letradas, amobilidade social como fator de divulgação de normas escritas efaladas(culta,popular),oconservadorismoourenovaçãodetradições:mudançalinguísticaveiculadapordeterminadosgênerostextuais,entreoutrosfatores.Dessaforma,propõe-seaformação de um corpusmínimo compartilhado que leve em conta os aspectos elencadosacimaeasespecificidadesdecadaSubprojetodoPHPP.Os integrantes deste Subprojeto procuraram reunir nesta primeira fase do projeto trêsconjuntosdecorporarelevantesparaoestudodaconstituiçãodanormacultanaHistóriadoPortuguês Paulista, a saber:Memórias Históricas e Diários de Viagem do séc. XVIII (2.1.),CartasPessoaisdoséc.XIXeXX (2.2)e TestamentosPaulistasdoséc.XVII (2.3).Cadaumdesses conjuntos contou com a participação de uma equipe específica, encabeçada,respectivamente, pelos pesquisadores José da Silva Simões (USP), Verena Kewitz (USP) eAlessandraF.CastilhodaCosta(UFRN).Informamosque,atualmente,aequipedoSubprojetode Formação de Corpora do Português Paulista já conta com monitores bolsistas dosprogramas“EnsinarcomPesquisa”,daPró-ReitoriadeGraduaçãoe“AprendercomCulturaeExtensão”,daPró-ReitoriadeCulturaeExtensãodaUniversidadedeSãoPaulo.1.1MemóriasHistóriaseDiáriosdeViagemdoséculoXVIIIParticipantes: Prof.Dr.JosédaSilvaSimões(USP)BrunaEmanuelySantosSantana(IC,ACE/USP)HiagoViniciusdaSilva(IC,ACE/USP)PatríciaSimoneFerucioManoel(IC,EP/USP)PriscillaUvoMorais(IC,ACE/USP)PorocasiãodoIISemináriodoPHPPII,realizadonaFFLCH-USPemdezembrode2012,estaequipe disponibilizou em CD-ROM e emmaterial apostilado um conjunto que reúne trêsdocumentoscoletadosporJoséSimõesem2005,durantemissãodetrabalhodepesquisanaBibliotecaNacionaldeLisboaenoArquivoNacionaldaTorredoTombo(Lisboa),comrecursosdabolsadeestágiodedoutoramentoquemefoiauferidapelapermanênciade12mesesnaEberhard Universität Tübingen (CAPES BEX-131105-0). Nesse momento, em nome dosintegrantesdoSubprojetoFormaçãodoCorporadoPortuguêsPaulista,disponibilizamosessematerialjáeditadoaospesquisadoresdoPHPPII,paraquepossamusá-losemsuasanálises,enquantoomaterialnãoéefetivamentepublicado.Osmanuscritos de FreiGaspardaMadredeDeus (1) “Dissertação sobreas Capitanias deSantoAmaroeSãoVicente”(1780)e(2)a“DissertaçãosobreasCapitaniasdeSantoAmaroeSãoVicente”(1780)e(3)o“Diariodeviagem,quedeVillaBelladeMatto-GrossofisparaaCidade deSaõPaulo pelas ordinarias derrotas de terra, eRios que delle constar no anno de1788”de Francisco Joséde Lacerda eAlmeida forameditados como auxílio debolsas de

iniciaçãocientíficaedeextensãouniversitáriaconferidasàsalunasdegraduaçãodocursodeLetras,PatríciaSimoneFerucioManoel(EnsinarcomPesquisa–Pró-ReitoriadeGraduçãodaUSP) e PriscillaUvoMorais (Aprender comCultura e Extensão – Pró-Reitoria de Cultura eExtensãodaUSP),aquemagradeçoimensamentepeladedicaçãoeapuronaediçãoerevisãodostextos.Na seção abaixo, (a) historio o processo de seleção e coleta dessesmateriais a partir decritérios de Tradições Discursivas e Linguística de Corpus e (b) descrevo brevemente aspotencialidadesdepesquisadessematerial.1.1.1 A relevância dos gêneros memória histórica e diário de viagem para a análisediacrônicadoPBEmSimões(2007),emumcapítuloqueversasobrecritériosdeseleção,coletaeediçãodemateriaisrelevantesparaaconstituiçãodecorporadiacrônicosdoportuguêsbrasileiro(PB),argumenteiquea constituiçãodosgêneros textuaisé frutodeadaptaçõese inovaçõesdeoutrosgêneros.ApartirdasconsideraçõesdeKoch(1997),defendiqueoavvisodatradiçãoepistolar italiana dividiu-se emnotícia e romance epistolar. Destes surgiram osdiários denavegação ao final do século XV e a partir do XVI, dando conta aosmonarcas dos novosdescobrimentos.Natradiçãoportuguesa,dascartasnotíciaedosdiários,comoéocasodaCartadePeroVazdeCaminha(1500)edoDiáriodeViagemdePeroLopes(1530),chegamosàs notícias práticas, relatos escritos por bandeirantes e outros desbravadores, queregistravamaprogressãode suasviagense seus feitos,numamesclaentrecarta ediário.Paralelamente,àmedidaqueseconstituíaumanova identidade luso-brasileira, foiprecisoregistraradiacroniadosfatoshistóricosquedemarcavameventosefeitossignificativosdahistóriadoBrasil.Nessemomentosurgemasmemóriashistóricas,algumasufanistas,comoade Frei Gaspar da Madre de Deus (1797), outras mais críticas, como a Dissertação deMarcelinoPereiraCleto(1781).AediçãodasMemóriasparaaHistóriadaCapitaniadeSãoVicentedeFreiGaspar(1797)foivilmente plagiada por Manuel Cardoso de Abreu, que ardilosamente registrou em seumanuscritoadatade1796,anterioremumanoàdatadepublicaçãodolivrodeFreiGaspar,paratentaratribuiroplágioaoverdadeiroautor:“NãofôraainiciativadosirmãosAroucheeamodéstia do velhomonge teria permitido que se consumasse inaudito atentado, omaisindecorosos [sic] caso de sic vos non vobis” (Taunay, 1975 [1920]:19).Os irmãos ArouchefizeramcomquefossepublicadaemLisboa.Issosedeutardiamente,umavezqueoreligiosofosseavessoaoalardeenãosepreocupavaempublicarsuasobras,tendo-seperdidomuitodeseusescritosporessemotivo.OplágiodeManuelCardosodeAbreu,oferecidoaLuzPintodeSouzaCoutinho,comotítuloadulteradoparaMemóriaHistóricadaCapitaniadeSãoPaulo,envolveoutrafigurahistóricado Brasil, Marcelino Pereira Cleto, o Juiz da Alfândega e Juiz de Fora da Vila de Santos,posteriormente ouvidor noRio de Janeiro, ninguémmenos que o escrivão daDevassa deMinasGerais,responsávelpeloprocessomovidocontraoTiradentesemembrodaRelaçãodaBahia.EmcorrespondênciaàRainhaD.MariaI,CletodácontadasituaçãodaCapitaniadeSãoPaulo,combaseeminformaçõesdeManuelCardosodeAbreu,alichamadodeManoeldeAbreuFialho1:

1EmumestudosobreosautorescoloniaispublicadonoVerenaIIdosAnaisdoMuseuPaulista(1925),A.TaunayreconheceManoeldeAbreuFialhocomosendooManoelCardosodeAbreu.Atrocadonomeeracomumnesseséculo,oraidentificando-seosobrenomedopai,oraodamãe.NaGenealogiaPaulistadeSilvaLeme(1903-1905,VolIII,p.237)consta:“JoannaMariacasadaem

Estano|ticianosComunicou,peSsoademuitaverdade|quetranzitandopellaProvinciadeParaguay|desdeoannodemilsetecentossincoentaesinco|SeRecolheuagoranestedemilsetecentosseten|taeoito,aestaCidadedeSaõPauloSuapa|tria,eesteheManoeldeAbreuFialho a quem conhecemos, ja detempo das escolas, edosprimei | ros Rudimentos daGramaticaLatinadesdeoannodemilseteCentosevinteeseis.Saõ|PaulonovedeSetembrodemilseteCentosse|tentaeoitoannos.(CartadeMarcelinoPereiraCletoàRainhaD.MariaI,de9desetembrode1778,ANTT,PapéisdoBrasil,COD.13,MF1997)EstetrechodacartaprovaaomesmotempoanacionalidadebrasileiradeManuelCardosodeAbreueapossívelidentidadebrasileiratambémdeMarcelinoPereiraCleto,umavezquenacartacitaaligaçãodeamizadeentreosdoisdesdeoperíododaalfabetização.OcertoéqueopróprioMarcelinoPereiraCletoescreveusuaDissertaçãodaCapitaniadeSaõPaulojáem17812,publicadaem1977naColeçãoPaulística(CLETO1977/1781)aoladodoDivertimentoAdmirável do próprio Manuel Cardoso de Abreu (1977). Uma edição cuidadosa dosmanuscritosdeMarcelinoPereiraCleto,incluídoorascunhode1781depositadonaBibliotecaNacional de Lisboa talvez pudesse trazer luz ao percurso desse plágio e desvendar se aabundânciadememóriashistóriasescritasporessestrêsautoresenvolveumplágiodeCletodopróprioplágiodeCardosodeAbreu.ParaoestudodaLingüísticaBrasileira,acontraposiçãodessesdocumentospode revelar interessantes recursosdeparáfrasee reformulaçãoparaumaépocadequetemostãopoucodocumentaçãodessanatureza.OstrechosdaMemoriaHistoricadaCapitaniadeSãoPauloedetodososseusmemoraveissuccessos,desdeoannode1531deCardosodeAbreu(1797?)3edaDizertaçaõArespeitodaCapitaniadeS.PauloeSuadecadenciaesobreomododerestabelecelladeMarcelinoPereiraCleto(1781)servemnestatesecomoamostradessapossívelcontraposição.OsmanuscritosdeFreiGaspardaMadredeDeus(BNLCódice11107eANTTAvulsos3-9),disponibilizados através desta edição, representam uma tentativa de restaurar a autoriaoriginaldaversãoimpressadasMemóriasparaaHistóriadaCapitaniadeSãoVicente(1797).1.1.2.BrevedescriçãodetraçoslinguísticosdasmemóriasedosdiáriosdeviagemOsmanuscritosdememóriashistóricaspodemajudarareconstituirtraçosdenormacultadoportuguêsbrasileiroemseuprocessodeelaboração,nosentidoklossianodeAbstandsprache(línguadedistanciamento),umavezqueserviramdebaseparaposteriorpublicaçãoimpressa.Entre os traços linguísticos que podem ser ali evidenciados, destaco as seguintescaracterísticas:

1762emMogi-mirimcomIgnacioVieiradeAbreu,naturaldeSantoAntoniodoJaraguá,MeiaPonte,Goiás,f.ºdeManoeldeAbreuFialho,deSantoAmaro,edeTheresadeJesus,deS.Paulo,n.p.deJosédeAbreuFialho,deLisboa,eIzabelVieiraAntunes,deS.Paulo,n.m.deJoãoRodriguesNogueira,deMogidasCruzes,edeFranciscaMoraesCavalcanti,damesmavila.”2(a)DissertaçaõdaCapitaniadeSaõPaulo,Suadecadencia,emododerestabelece-la(ANTT,COD.12, fl.2-23v),manuscritoautógrafocomrubricaemtodasaspáginas,datadadeSantosa25deoutubrode1781e(b)DizertaçaõArespeitodaCapitaniadeS.PauloeSuadecadenciaesobreomododerestabelecella,datadadeSantosa25deoutubrode1781,provavelmenteumrascunhode(a)(BNL,PBA686,546-575).3 A pesquisadora Renata Ferreira Costa (FFLCH/USP) é responsável pela edição filológica damemória de Manuel Cardoso de Abreu para a sua tese de mestrado (COSTA 2007). Em 2005,encontramo-nosnoArquivoHistóricodoEstadodeSãoPauloe,duranteaseçãodefotosqueeufaziadomanuscrito,fiqueisabendodapesquisadoraqueelajáestavafazendoaedição.EmSimões(2007), editei trechos dessamemória para a análise da diacronia das orações de gerúndio noPortuguêsBrasileiro.

1.Emboraasmemóriaseosdiáriosdeviagemtenhamsetornadopúblicosatravésdesuaimpressão, até o final do século XIX elas tinham em vista um leitor a quem a obra eraoferecida.Porém,énaturalsuporqueeramfrutodeumaproduçãomaiscontroladaepassívelderevisões.Alémdisso,o fatodeserumproduto linguisticamentecontroladoaproximaodocumentodanormacultapadrãodecadasincroniaaseranalisada.2. Asmemóriase os diários de viagem escolhidos para o conjunto de textos de tipologiadiferencialdoPHPPedoPHPBtêmcomofiocondutorahistóriadaCapitaniadeSãoPaulo.Aidéia de manter o foco sobre a história do território de São Paulo tem por objetivo auniformidadenacentraçãotópicaafimdepodercontrolarmelhorousodedeterminadosfenômenos linguísticospresentesnesse tipode texto e auxiliar na análisedessesmesmositens(Cf.Simões2007eKewitz2007).Alémdisso,procureiidentificaranaturalidadepaulistadosdoisautoresdosdocumentosde formaaatenderasdemandasdaequipepaulistadoPHPB.FreiGasparnasceuem1715emSantos:GasparTeixeiradeAzevedo(1715-1800).ConhecidocomofreiGaspardaMadredeDeus,ocronistaerafilhodeDomingosTeixeiradeAzevedoeAnadeSiqueiraeMendonça.Herdeirodeumafamíliadeproprietáriosdeterras,gentericaedepequenanobrezavindadePortugal,faziapartedaordembeneditinadesdeajuventude,sendoeducadonoMosteirodeSãoBentonaBahia.Estudantedefilosofiaeteologiatornou-sedoutorem1749.JoséHonórioRodriguesdestacaqueacarreiradeMadredeDeusnaordembeneditinafoireveladoradeseusméritospessoais:AbadedomosteirodeSãoBentoemSãoPaulo1752,Definidor1756,Abade1763–domosteirodoRiodeJaneiro–,e,em1776,Abadeprovincial, fazendo,comotal,todasasvisitascanônicasàscincoabadias,trêsprioradoseseispresidências,quecontavaaOrdemdoBrasil,deSantosàParaíba.(SILVA2011)FranciscoJosédeLacerdaeAlmeidanasceunaviladeSãoPauloem1753:“Aos22diasdomêsdeagostode1753anos,batizouepôsosSantosóleoscomminhalicençaoReverendoCônegoJoaquimdeAlbuquerqueSaraivaaFrancisco,filhodeJoséAntôniodeLacerda e de suamulher Francisca de Almeida Pais; foram padrinhosManoel de OliveiraCardosoesuamulherd.ManoelaAgelicadeCastro,todosdestafreguezia,dequefizesteassento, que assino. –Manoel José Vaz.” Ata de batismo de Francisco José de Lacerda eAlmeida,tiradadolivrodeassentodebatismodaparóquiadaSé,emSãoPaulo(Cf.BUARQUEDEHOLANDA1944:X)Aofinaldestevolume,reproduzoaintroduçãodaediçãodosDiáriosdeViagemdeFranciscoJosédeLacerdaeAlmeidapublicadaeprefaciadaem1944porSérgioBuarquedeHolanda,bemcomoaprimeirapáginadoDiariodeviagem,quedeVillaBelladeMatto-GrossofisparaaCidadedeSaõPaulopelasordinariasderrotasdeterra,eRiosquedelleconstarnoannode1788tambémconstantedaquelevolume.1.2CorrespondênciaPassivadeWashingtonLuís(séc.XIXeséc.XX)eAtasdaCâmaradeJundiaí(séc.XVII)Participantes: Profa.Dra.VerenaKewitz(USP) KathlinCarladeMorais(IC,CNPq[2012]eRUSP[2013]) RafaelRodrigoFerreira(IC,ACE/USP) CássiodeAlbuquerque(IC,ACE/USP) JoyceMattos(IC,ACE/USP,encerradaem2013)

1.2.1.Descriçãodosdocumentos A equipe compostapelosmembros acima relacionados, soba coordenaçãodaProfa.Dra.VerenaKewitz(USP),éresponsávelpelaediçãodecartasmanuscritasescritasporpaulistasentreos séculosXVIIIeXX.Alémdessesdocumentos,estãoem fasedeediçãoasAtasdaCâmaradeJundiaí,doséculoXVII,pelabolsistaKahtlinC.deMorais.A ediçãodos seguintes conjuntosdedocumentos está emandamento, especificando-seoestadoatualdotrabalho.

Documentos DescriçãoeEstadoatualdaediçãoResponsáveis

Edição Revisão

CorrespondênciaPassivadeWashingtonLuís(1ª.metadedoXX,cartasprivadas)

Conjunto de cartas particularesendereçadas a Washington Luísentre 1901 e 1950, escritas porfamiliares. Sãomais de 100 cartasdistribuídas em mais de 15remetentes da mesma família,sendo a maioria seus cunhados(irmãosdaesposadeW.Luís).

VerenaKewitz JoyceMattoseVerenaKewitzRenataF.Costa

Aediçãoestá80%pronta,faltandoa transcrição de cartas de 3remetentes; está em elaboração aapresentação das cartas, dosremetentes (profissão,naturalidade, grau de parentescoetc.), listagem e numeração dascartas,apresentaçãodasnormasdetranscrição e revisão final daedição.

VerenaKewitz --

CorrespondênciaPassivadeWashingtonLuís–CartasdeAdministraçãoPrivada,séculosXIXeXX

Conjunto de cartas deAdministração Privada recebidasporWashingtonLuís,desdeoiníciodesuacarreiraatéoexílioem1930,depositadas no Arquivo do EstadodeSãoPaulo(AESP).

VerenaKewitzRafaelR.FerreiraeCássiodeAlbuquerque

RafaelR.FerreiraeCássiodeAlbuquer-que

Os documentos estão em fase deseleçãoparadigitalização.

AtasdaCâmaradaViladeJundiaí

9LivrosdeAtasdaCâmaradaVilade Jundiaí, os séculos XVII a XIX,depositados no Museu Solar doBarão de Jundiaí, SP. O primeirolivro foi digitalizado e encontra-seemfasedetranscrição.

KathlinCarladeMorais

VerenaKewitz

RevisãodasCartasEditadasporSimões(2007)

Simões (2007) editou diversosconjuntos de cartas oficiais eparticularesdosséculosXVIIIaXX,masessematerialcarecederevisãoe adequação das normas detranscrição.O trabalho foi iniciadoem 2012, mas interrompido em2013, dado o encerramento dabolsa da aluna Joyce Mattos (IC,ACE/USP).

Simões(2007) JoyceMattos

1.2.2.OficinadePaleografia

Em2012,aProfa.Dra.VerenaKewitz (USP)preparoueministrouaOficinadePaleografia,comoobjetivodeformarosnovosalunos-pesquisadoresdoSubprojetoFormaçãodeCorporadoPortuguêsPaulistaparao trabalhode transcriçãodemanuscritosantigos.Participaram

dessaprimeiraetapaasalunasbolsistasPriscillaUvodeMorais(IC,USP)eJoyceMattos(IC,USP),comcargahoráriatotalde12horas.Em2013,amesmadocentepreparounovomaterialdidáticoparaaOficinadePaleografia,paraformarosalunosKathlinCarlasdeMorais (IC,USP),RafaelRodrigoFerreira (IC,USP),CássiodeAlbuquerque(IC,USP),HiagoViniciusdaSilva(IC,USP)eBrunaEmanuallySantana(IC,USP).Ocursoestáemandamentoeterácargahoráriatotalde15horas,previstoparacompletar-seemnovembrode2013.EssasOficinasfornecemumpanoramadaevoluçãodaescrita,considerandoosváriostiposcaligráficosaolongodahistóriadaslínguasromânicas,apresentamasNormasdeEdiçãodoProjeto Para aHistória do Português Brasileiro (Mattos e Silva 2001Org.) e dedicam-se àrealizaçãodeexercíciosdetranscriçãoeediçãodemanuscritosbrasileiros,iniciando-sepeloséculoXXatéoséculoXVI,numa"viagemaotúneldotempo"(cf.Tarallo1990),considerandoograudedificuldadedaescrita,aqualidadedopapeledatinta,entreoutrosaspectos.TodosessesaspectossãotrabalhadostendosempreemmenteaediçãodemanuscritosdeinteresseparaosestudosdiacrônicosdoPortuguês.Todosos alunosque iniciamesse trabalho começampela revisãodematerial editadoporoutrosalunosjáiniciados,comocomplementaçãoàsOficinasdePaleografia.Paralelamente,osalunossãoestimuladosarefletiremsobreahistóriadostextos,ahistóriasocialdolugaredaspessoasenvolvidasnaproduçãodecadamanuscritoeoutrasleiturascomplementares.1.3Testamentoseinventários–sécs.XVIaXXParticipantes: Profa.Dra.AlessandraF.CastilhodaCosta(UFRN)

BibianaJostPerinazzo(mestranda,UFRN)MariadaConceiçãoBarrosdeSouza(IC,PROPESQ/UFRN.)RayaraJaynePereiradeSouza(IC,PIBIC/UFRN)FernandoLaertyFerreiradaSilva(IC/UFRN)

1.3.1.Descriçãodosdocumentos

O material coletado pelos membros responsáveis desta equipe ligada aoSubprojetoLinguísticadeCorpustemporobjetivoagregarexemplaresdosgênerostextuaistestamentoseinventários.Dopontodevistametodológico,aseleçãodessesexemplaresdetextostomacomobaseparaissoaanálisedesuaspropriedadestextuaissintático-discursivas,comoéocasodosjuntoresaquidescritos.Esteprocedimentoestáintimamenteligadocomospropósitosdeanálisede junçãoempreendidosporAlessandraCastilhodaCostaparaoSubprojetoVésperasBrasilianas:umaagendadasintaxedoportuguêspaulistanosprimeirosséculos.Osdocumentosdescritosnestaseçãoreferem-seàcoletadetestamentoseinventáriosqueservem paralelamente à Equipe Vésperas Brasilianas, sob a coordenação da Profa. Dra.VerenaKewitz(USP).OsresultadosaquiapresentadosindicamessaintersecçãoeconfirmamavalidadedeescolherdocumentoshistóricosapartirdecritériosrelacionadosaomodelodeTradiçõesDiscursivas.UmadasmetodologiaspropostasporKabatek(2006)éaanálisedosesquemasdejunçãoparaaparaaidentificaçãodegênerostextuaisedesuavariaçãointerna.Kabatek(2006,p.529)formulaessahipótesedaseguintemaneira:

No nosso projeto, em uma série de trabalhos prévios procuramos determinar arelação entre os juntores que se encontram em um texto e a TD à qual o textopertence, podendo afirmar, pelomenos segundoos primeiros estudos, que existeumaclaracorrelação.Estacorrelaçãoéporumladoqualitativa,querdizerqueemuma TD de finalidade determinada vai aparecer uma série de nexos quecorrespondemaoconteúdoexpressonessetexto.MasapossibilidadededistinguirdiferentesTDdá-seaindamuitomaisquandoseintroduzumelementodequantidaderelativa,contandoonúmerorelativodejuntoresqueaparecememumtexto.Osdoisfatoreslevaram-nosàseguintehipótesedetrabalho:Osesquemasdejunçãodeumtexto(“juntores”quecontêmefrequênciarelativa)sãosintomasparadeterminaratradiçãodiscursivaaquepertence.

A junçãoéentendidacomo“oestabelecimentoderelaçõessemânticas”(cf.Raible1992:31)epodeserexpressapormeiodeumasériedediferentesclassesmorfossintáticas.Para Raible, trata-se principalmente de justaposição de orações, de advérbios/locuçõesadverbiaisjuntivos(comoporisso,apesardisso),deconjunções(coordenativascomomasetambémsubordinativascomoporque,embora,etc.),deformasnominaisdoverbo(comooinfinitivo e o gerúndio), de grupos preposicionais (como por causa de, apesar de), depreposições(comopor,sem,para,etc.),entreoutrosmeios.Kabatek(2006)defendeatesedequedeterminadastécnicasdejunçãosãotípicasdedeterminadastradiçõesdiscursivas(aexemplo de conjunções paratáticas em gêneros textuais da concepção discursiva daoralidade). Em outras palavras: determinados modelos linguísticos estão ligados adeterminadastradiçõesdiscursivas.Dopontodevistadessaabordagem,separaroqueédatradicionalidadediscursivadoqueédatradicionalidadeidiomáticaéumgrandedesafioparaaLinguísticaHistórica.

ApoiadanahipótesedeKabatek, analisei em trabalhoanteriorosesquemasde junçãodacausalidadeemtestamentospaulistasdosséculosdetrêscortesdiacrônicos:

¢ 1592a1610:9testamentose4.285palavras¢ 1648a1664:10testamentose4.140palavras¢ 1678a1715:10testamentose3.982palavras.Naquelemomento,osgráficosdaanálisedadistribuiçãodosesquemasdejunçãodasrelaçõessemânticasdecausalidadeede finalidadeevidenciavamumaa continuidadedosmodelostextuais,comoempregopreferencialdeesquemasdejunçãodeníveisIV(subordinação),V(construções gerundiais) e VII (preposições simples) na expressão de causalidade e definalidade. Contudo, a análise qualitativamostrava diferenças internas nesses grupos detestamentos.Como afirma Kabatek (2006, p. 523), “a suposta homogeneidade de um “gênero” podeapresentar uma heterogeneidade interna considerável, observável, entre váriaspossibilidades,identificandosintomastextuaisdiferentesparacadaTD.EssaheterogeneidadeinternasinalizadiferentesTD,eaindicaçãodossintomasdeveseguirainterpretaçãohistóricadosdadosparachegaradescrever,porexemplo,quaissãoasdiferentesTDconcomitantesemummesmogênero.”(Kabatek2006,p.523).

Emvistadessaheterogeneidadeinternaaogênero,nossoobjetivoéidentificartambémosdiferentesagrupamentostextuaisqueapresentamsemelhançasfamiliaresqueconstituemoagrupamentomaiordogênerotextualtestamento. O procedimento de análise que adotei para a identificação da variação interna nostestamentosconstituiu-sedosseguintespassos:1. ColetaedigitaçãodetestamentosdeSãoPauloedoRioGrandedoNorte;2. Identificação da estrutura composicional desses testamentos, segundo a partiçãoanalíticadaDiplomática(análisequalitativa);3. Identificaçãodeconvergênciasentreessestestamentosetextosreguladores(análisequalitativa);4. Identificaçãodejuntorestípicosdessasconvergências;5. Análisequantitativadadistribuiçãodessesjuntorespelosgruposdetestamentos.Paraaanálisequalitativa,foiconstituídoumcorpuscom8testamentosprovenientesdeSãoPauloedoRioGrandedoNorte,comoatabelaabaixoilustra:

Proveniência PeríodoSéculoXVII SéculoXVIII SéculoXIX SéculoXX

InstitutoHistóricoeGeográficodeNatal

- PedroTavaresRomeyro,17674JoanadaRocha,17685

AnnaAraujoPereira,18716JoséRodriguesCherem,18707

AntonioRibeirodeMorais,19418FranciscaAmeliadaSilva,19419

DivisãodeArquivodoEstadodeSãoPaulo

AfonsoJoão,165410AntãoRodriguesLopes,165311

- - -

Total 2 2 2 2

Para a análise quantitativa,mantive 5 dos 8 testamentos utilizados na análise qualitativa(PedroTavaresRomeyro,JoanadaRocha,IgnácioJoséCherem,AntonioRibeiroeFranciscaAmeliadaSilva)ecompleteiocorpuscomoutrosquinzetestamentos.Minhaintençãoétestarosresultadosdaanálisequalitativanaanálisequantitativa.

SéculoXVII SéculoXVIII SéculoXIX SéculoXX

4TranscriçãodeAlessandraCastilhoFerreiradaCosta.5TranscriçãodeAlessandraCastilhoFerreiradaCosta.6TranscriçãodeMariadaConceiçãoBarros.7TranscriçãodeMariadaConceiçãoBarros.8TranscriçãodeMariadaConceiçãoBarros.9TranscriçãodeMariadaConceiçãoBarros.10TranscriçãopublicadapelaDivisãodeArquivodoEstadodeSãoPaulo(1998,p.23-25).11TranscriçãopublicadapelaDivisãodeArquivodoEstadodeSãoPaulo(1998,p.44-47).

˗ PedroLeme,1600˗ MartimRodrigues,1603

˗ AntonioGomesBorba,1645

˗ CristóvãodaCunha,1664

˗ MiguelGarciaVelho,1664

˗ ManoelGonçalvesDurão,1796˗ ManoelMorais,1798˗ JoanadaRocha,1768˗ VictorianoRodrigues,1717˗ PedroTavaresRomeyro,1767

˗ FelipaVasconcellos,1870˗ JoaquimRibeiroDantas,1882˗ RupertoSá,1816˗ IgnacioJoséCherem,1870˗ MiguelFerreiradaRocha,1862

˗ JoaquimAvelinoNascimento,1937˗ FranciscaAmeliadaSilva,1941˗ AntonioRibeiroMorais,1941˗ MariaRozaMedeiros,1939˗ TeófiloAlvesMoraes,1940

2.320palavras 7.853palavras 6.893palavras 4.671palavras

MinhaconsideraçãodamacroestruturadostestamentosutilizouossubsídiosfornecidospelaDiplomáticaarespeitodaorganizaçãotextualdedocumentospúblicoseprivadosdecaráterhistórico.Otestamentoéidentificadocomodocumentoparticular,querdizer,comoregistroque tem o fim de conservar um direito individual, tratando-se, portanto, de um textopertencenteàesferajurídica(cf.Spina1997,p.18-19).Comodocumentojurídico,essegênerotextualatendeàdefiniçãopropostaporTheodorSickel(apudSpina1977,p.19)dedocumentodiplomático: “um testemunho escrito de um fato de natureza jurídica, coligido com aobservânciadecertasformasdeterminadas,destinadasaconferir-lheféedar-lheforçadeprova”.AtabelaaseguirilustraoselementosconstitutivosdamacroestruturadostestamentosdosséculosXVIIaXIXanalisados.AestruturadostestamentosdoséculoXXéumpoucodistintaeveremosaseguir.AmacroestruturadostestamentosdeAntonioRibeirodeMorais(1941)edeFranciscaAmeliadaSilva(1941)apresentamalgumasrupturasemrelaçãoaostestamentosdosséculos17,18e19.Muitosdoselementosdecunhoreligioso/soteriológicodeixamdeocorrer,aexemplodo invocatio e da arenga religiosa. Uma alteração relevante é a introdução de partes docorroboratiojánoprotocoloinicial,demodoaasseguraravalidadedodocumentodesdeseuprincípio,comaindicaçãodequedeterminadassolenidadesexternasaotestamentoforamobedecidasedequedeterminaçõeslegaisforamcumpridas:Nadispositio, os atos de fala “encomendar a alma” e “fazer pedidos pios”, “encomendarmissas”e“ordenaraformadesepultamento”,queconstituemoslegadosespirituais,deixamde ocorrer e nos testamentos do século XX há apenas o estabelecimento do legadopatrimonialeascláusulasfinais.Amacroestruturadoescatocolomodifica-sepouco.PermanecemnostestamentosdoséculoXX as unidades retóricas subscriptio e apprecatio. O datatio, que nos exemplares dossetecentos, oitocentosenovecentos, ocorria antesdo subscriptio, não foi identificadoemnenhumdos dois exemplares, aparecendo apenas no protocolo inicial e na aprovação dotestamento,assinadapelotabelião.1.3.2.ConvergênciasentretestamentosemanuaisdebemmorrerEntreosséculosXVIIeXIXnoBrasil,afacçãodetestamentoserapráticadiscursivacomumentrecatólicosdediferentesestratossociaise“aredaçãodostestamentoserafeitaoupeloprópriosujeitoquetestavaou,aseurogo,porumindivíduodesuaconfiança,podendoserumsacerdote(emgeraloconfessor),pessoaleigadeconfiança(quepodiaserummembrodeirmandadesouamigo)ounotário”.

Como resultado dessa necessidade comunicativa, há uma proliferação de manuais,conhecidoscomomanuaisdebemmorrer,aexemplodoBreveaparelhoemodofácilparaensinar a bem morrer um cristão, do jesuíta Estevam de Castro, publicado em 1621 emPortugal,doMestredavidaqueensinaaviveremorrersantamente,escritoporJoãoFrancoepublicadoentre1731e1882,edoDevotoinstruídonavidaenamorte(1828),dopadreFreiManoeldeMariaSantíssima,publicadoem1784(cf.Rodrigues&Dilmann2013,p.2-4).Diante dessa demanda comunicativa, os manuais de bem morrer cumpriam um papelfacilitadordaproduçãotextual,jáqueapresentavammodelosquetornavamaproduçãodotestamento mais simples. Além desse caráter modelar e simplificador, tais manuaisdesempenhavam também um papel selecionador, pois todo modelo restringe aspossibilidades de produção de sentido, bem como de formulação linguística. Ora, é essecarátermodelar, simplificador e restritivo que dá suporte ao conservadorismo de formastextuaiselinguísticas,aopassoqueainovaçãorepresentasempreumarupturacommodelosanteriores(sejamtextuaisoulinguísticos).Essasrelaçõesconservadorasqueseestabelecementre os manuais de bem morrer e os testamentos brasileiros dos séculos XVII e XVIII,culminandocomescolhadedeterminadasformaslinguísticas,sãoobjetodeconsideraçãodehistoriadores:

A leitura de testamentos dos séculos XVII a meados do XIX nos permiteverificar que estes documentos seguiam muitas vezes um padrão e que,dependendo do recorte temporal e espacial,poderiam existir expressões,frases ou parágrafos que se repetiam idêntica ou semelhantemente emvários deles12, em que pesem as especificidades que possam ter, as quaisquasesempreestavamvinculadasaostestamentosescritosdeprópriopunhopelotestador.Não é novidade para os estudiosos que este padrão era resultante daexistênciadeumaliteraturaespiritualque,nomundoportuguês,foieditadaprincipalmente nos séculos XVII e XVIII, destinada a instruir os féis nasmatériasdaféenapreparaçãoparaamorte.

(Rodrigues&Dimann2003,p.2.)

Entreostestamentosbrasileirosdosséculos17a19eosmanuaisdebemmorrerverificam-se evocações, relações intertextuais e interdiscursivas 13 que se cristalizam, tornam-setradicionais e funcionam como fios do tecido textual. A tabela a seguir comprova taisconvergências.Éevidentequeasconvergênciasverificadasacimanãoesgotamaspossibilidadesderelaçõesque se estabelecem entre exemplares de testamentos e osmodelos que se difundem nahistória. É importante frisar que, anteriormente aos manuais de bem morrer, o uso dotestamento, em Portugal, havia sido recebido do Direito Romano. Diferentesmodelos detestamentosãoencontrados,porexemplo,noCorpusIurisCivilis,tambémconhecidocomoCódigodeJustiniano.Parao estudodahistória da língua, tais relações são relevantes, já queentreosmodeloslatinosdetestamentoeosmodelosportugueseséestabelecidaumarelaçãodereformulação,

12Grifonosso.13Koch(1997)estabelecediferençaentreoconceitodeintertextualidadeeodeinterdiscursividade.

demodoqueomodelolatinodetestamento,comsuasformaslinguísticasespecíficas,temdeseradaptadoàrealidadedoportuguêseuropeu(PE).Nesseprocessodeadaptação,oPEteve de responder, na prática, com seus próprios meios linguísticos, às exigênciascomunicativasdedeterminadasTD.Omesmopodeserditocomrelaçãoàreformulaçãoqueseobservanostestamentosbrasileirosapartirdosmodelosportugueses.OavançodeumavariedadelinguísticaemumanovaTDtemde,necessariamente,contarcommovimentosdeconservação e de inovação. As convergências apontadas dão indícios de como modelosanteriorespodeminfluenciaraadoçãoeadifusãodedeterminadosfenômenoslinguísticosepermitemfazeruminventárioinicialdemodelosdejunçãoqueocorremcomfrequênciaemumadeterminadafiliaçãohistóricainternaaogênerotestamento.UnidadeRetórica Técnicas de

IntegraçãoSintáticaRelaçõesSemânticas ItensLinguísticos

Invocatio Grupo preposicional(VI)

Motivo “emnomeda”

Notificatio AdvérbioJuntivo(II) Correspondência “naformaseguinte”Datatio Grupo preposicional

(VI)Tempo “no ano de”; “no

anno do”; “no anodo”

Arenga Construção gerundial(V)Preposição simples +Inf.

Modo/CausaCausa

“estando”,“temendo”;“desejando”;“dezejando”;“achando”“por”

Dispositio Papelactancial(VIII) Causador-causado “declaro que”,“declara que”,“declarouque”

Corroboratio Preposição Simples +Inf.Subordinação(IV)

CausaCausa

“por”“por quanto”;“porquanto”

Escatocolo Grupo preposicional(VI)

Motivo “a rogo do”; “arogodo”; “arrogo da”; “arogode”

Esse inventário de juntores típicos que testamentos que obedeciam o modelo do BreveAparelhofoianalisadonosgruposdetestamentoscomofimdeidentificarumagrupamentomais específico interno ao gênero. Buscava-se observar se omodelo proposto pelo BreveAparelhopodeseridentificadopormeiodaanálisedajunção.Osresultadosdaanálisedadistribuiçãodasrelaçõessemânticaspelosgruposdetestamentosmostraqueépossívelobservarmaioressemelhançasentreosdadosdosséculos17e18naexpressãodecausalidade,porexemplo.Issoocorre,porqueaexpressãodecausalidadenostestamentos ocorre em grande parte na arenga de cunho religioso que se torna menospresentenosdadosdoséculo19edeixadeocorrernosdadosdosséculos20.

Também a análise dos graus de integração sintática aponta para uma maiorsemelhançafamiliarentreosdadosdosséculos17e18.Observa-seumarupturacomrelaçãoaoselementoslinguísticosanalisadosnosdadosdoséculo19e,especialmente,doséculo20.

Daanáliseapresentada,concluoqueaanálisedeesquemasdejunçãopodeapontarsintomasdeumafiliaçãohistóricae,porisso,podeajudarnaidentificaçãodeTDedeagrupamentosinternosaogênero.Contudo, creio que pode ser útil fazer uma análise preliminar de textos reguladores queestabelecem relações interdiscursivas com os exemplares de um determinado gênero einfluenciam a adoção de determinadas formas linguísticas. Os manuais de bem morrerdesempenharam um papel no processo de elaboração do português, já que fornecemmodelos da práticas testamentária com tendências à escrituralidade. Por isso, pretendocontinuara investigaraspossíveis relaçõesqueseestabelecementreoutrosmanuais, taiscomooDevotoInstruídoeoMestredavida.Mascabe,ainda,investigardequemaneiraaspreferênciaspordeterminadosesquemasdejunção podem ter sido determinadas, por exemplo, pormodelos latinos. Essa busca pelagênesedefórmulaslatinaseportuguesaspodecontribuiràHistóriadoPB.2.SíntesedosprincipaisresultadosdaspesquisasOsmateriais coletados até omomento confirmamque é válida a preocupação técnica deorganizarumcorpusdevidamenteequilibradopeladistribuiçãodegêneroseseussubgênerosepelaquantidadedetexto.Essametodologiaapoiou-senospressupostosteóricosdomodelo

Resultado3:Relaçõessemânticas

Resultado4:Grausdeintegraçãosintática

deTradiçõesDiscursivas,quealiaoestudodas tipologias textuaisàanálisede fenômenosgramaticaisespecíficos.CombasenascontribuiçõesdaLinguísticadeTextoparaaanálisedasmemóriashistóricas,estabeleceu-seumainterfaceentreosestudoslinguísticoseostrabalhosde história social. A exemplo do que se tem feito nos estudos de Linguística Histórica,observamosqueaanálisedahistóriadogênerovaialémdoslimitesdalínguaparticularequeé necessário investigar a gênese dos textos e sua relação com outras línguas e tradiçõesculturais. Notamos, ainda, que asmudanças na organização social ajudam os linguistas acompreenderemmudançasnosprocessoscomunicativos.Paralinguistas,asmemóriassão,portanto,umafonteimportantedepesquisa,quecomprovamqueaanálisedahistóriasocialajudaacompreenderasmudançasinternasdalíngua,alémdepossibilitaraanálisedousoideológicodalinguagem.Osmateriaiscoletadosem(2.1),dasmemóriasediáriosdeviagem,jádemonstraramgrandepotencialidadeparaainvestigaçãoacercadaconstituiçãodanormacultanoBrasilapartirdoséc.XVIII,períodoemqueostextosproduzidosnoBrasilcomeçamasetornarcadavezmaisindependentes dos modelos textuais portugueses. O mesmo foi atestado pelo trabalhorealizadopelaequipequecoletouascartaspessoais(2.2)eostestamentospaulistas(2.3).AspesquisasdesenvolvidasnesteSubprojetoestãoassociadasaduascorrentesteóricasquese entrecruzam nos estudos, de um lado os achados dos pesquisadores das TradiçõesDiscursivas,e,deoutro,osestudos ligadosàLinguísticadeCorpus.OobjetivoprincipaldaequipeéodereunircorporarelevantesparaaspesquisasdosdemaisSubprojetosdoProjetoTemáticodeEquipePHPPII.Nessesentido,vê-sequepartedomaterialpornóscompiladojáfoiutilizadocomofontedepesquisaporoutrasequipes,comoéocasodadoutorandaGilcéliade Menezes da Silva, do Subprojeto Vesperas Brasilianas, que investigou o fenômenoConstruções Denominativas na História da Língua Portuguesano primeiro conjunto dememóriashistóricas (2.1),bemcomooprópriotrabalhodeCastilhodaCosta(2013)sobrejunçãoparaoSubprojetoVesperasBrasilianastambémcontacomomaterialporelamesmaeditado,conformedescritoem(2.3).Emsuma,assimcomo já ficouatestadoemSIMÕES (2012), verificamosque “aanálisedahistóriadogênerovaialémdos limitesda línguaparticularequeénecessário investigaragênese dos textos e sua relação com outras línguas e tradições culturais”. É importantetambém levar em conta as mudanças na organização social, pois isso nos permitecompreender as mudanças que se dão nos processos comunicativos. Para linguistas, asmemóriashistóricaseostestamentos,emborasejatextospovoadosdefórmulasmodelares,são,contudo,umafonteimportantedepesquisa,quecomprovamqueaanálisedahistóriasocialajudaacompreenderasmudançasinternasdalíngua,alémdepossibilitaraanálisedousoideológicodalinguagem.Emcontrapartida,verificou-sequeascartaseditadaspelogrupoda Profa. Verena Kewitz são portadoras dessas mudanças num plano mais pessoal,intermediárioentreanormacultaeanormacotidianadofinaldoséc.XIXeiníciodoséc.XX,apontandoaíarotademudançaqueperpassoualínguaportuguesaentreoperíodonoqualnosconcentramosnestaprimeiraetapa.O quadro abaixo demonstra resumidamente o avanço na coleta e edição de corporaempreendidopelospesquisadoresdesteSubprojeto,indicando-seneleoanodecoleta:

Materialasercoletadoemarquivos

Responsávelpelacoletaeediçãodomaterial

Ano

A.CORPUSCOMUMMÍNIMO–MANUSCRITOS1.Testamentoseinventários–sécs.XVIaXIX

Profa.Dra.AlessandraF.CastilhodaCosta(UFRN)

2013:5documentoscoletados

2014:ediçãode5documentos

2.Processos-crime–sécs.XVIaXIX

Prof.Dr.JosédaSilvaSimões(USP)

3.AtasdaCâmara–sécs.XVIaXIX

Prof.Dr.JosédaSilvaSimões(USP)Profa.Dra.VerenaKewitzeKathlinCarlasdeMorais

2013:atasdeJundiaícoletadas2014:ediçãodasatasdeJundiaí

4.Cartas(oficiais,deadministraçãoprivadaeparticulares)–sécs.XVIaXX

Profa.Dra.VerenaKewitz(USP)

2013:coletaeedição–maisde100cartas(Correspond.passivadeWashingtonLuis)2014:ediçãodedocs.séc.XVIII(SIMÕES2007)eséc.XX(Corresp.passivadeWashingtonLuis)

B.CORPUSCOMUMMÍNIMO–IMPRESSOS5.Textosdejornaisdossécs.XIXeXX:notícias,cartasderedatores/editoriais,cartasdeleitores,anúnciosetc.

Profa.Dra.AlessandraF.CastilhodaCosta(UFRN)

2013:coletado2014:publicação

C.CORPUSCOMUMDIFERENCIAL6.Memóriashistóricasediários–sécs.XVIaXVIII

Prof.Dr.JosédaSilvaSimões(USP)

2013:5documentos2014:9documentos

7.Entremezeseoutrostextosteatrais–apartirdoséc.XVI

Prof.Dr.JosédaSilvaSimões(USP)

8.Inquéritosorais(falantesdeníveissocioculturaisdiversos)–séc.XX

Edição do volume deInquéritos Orais doPortuguês Popular PaulistacompiladospelaProfa.Dra.AngelaRodriguesReponsável pelapublicação:Prof.Dr.JosédaSilvaSimões,pelaComissãodePublicaçãodoPHPP

2013:coletado2014:publicação

Referênciasbibliográficas1.DoconjuntodeMemóriasHistóriaseDiáriosdeViagemdoséculoVIIIManuscritos

CLETO,MarcelinoPereira(178?).“FundaçãodaCapitaniadeS.AmaronotempodoGovernodePedroLopesdeSouza,contendasquehouverãosobreosseuslimites,ecomopassouparaaCoroa”–IlhadeSãoVicente(ArquivoNacionaldaTorredoTombo,Lisboa-ANNT–PapéisdoBrasilCódice13-MF1997).In:In:JosédaSilvaSimõesetal.(2013,Orgs.).ProjetoHistóriadoPortuguêsPaulista:EdiçãodeMemóriasHistóricaseDiáriosdeViagem.FFLCH-USP,CD-ROM.

CLETO, Marcelino Pereira (1781). “Dizertaçaõ A respeito daCapitania deSaõ Paulo eSuadeCadenciaesobreomododerestabalecella”.–Santos(BibliotecaNacionaldeLisboa–PBA

686Códice12). In: JosédaSilvaSimõesetal. (2013,Orgs.).ProjetoHistóriadoPortuguêsPaulista:EdiçãodeMemóriasHistóricaseDiáriosdeViagem.FFLCH-USP,CD-ROM.

LACERDA EALMEIDA, Francisco José de(1788). Diario de viagem, que deVilla Bella deMatto-GrossofisparaaCidadedeSaõPaulopelasordinariasderrotasdeterra,eRiosquedelleconstarnoannode1788.BibliotecaNacionaldeLisboa–BNLPBACódice642.

MADREDEDEUS,Gasparda,frei(1780).DissertaçãosobreasCapitaniasdeSantoAmaroeSãoVicente.ArquivoNacionaldaTorredoTombo/Lisboa–Códice9,Avulsos,3-9.

MADREDEDEUS,Gasparda,frei(1780).DissertaçãosobreasCapitaniasdeSantoAmaroeSãoVicente.BibliotecaNacionaldeLisboa–BNLCódice11107.

Outrasreferências

SIMÕES,JosédaSilva(2007).Sintaticização,discursivizaçãoesemanticizaçãodasoraçõesdegerúndionoPortuguêsBrasileiro.SãoPaulo:UniversidadedeSãoPaulo,tesededoutorado.2.DoconjuntodeCorrespondênciaPassivadeWashingtonLuís(séc.XIXeséc.XX)eAtasdaCâmaradeJundiaí(séc.XVII)

MATTOSESILVA,R.Virgínia(2001Org.)ParaaHistóriadoPortuguêsBrasileiro.Vol.II,TomoII.SãoPaulo:Humanitas.

SIMÕES, José da S. (2007) Sintaticização, discursivização e semanticização das orações degerúndionoportuguêsbrasileiro.SãoPaulo,FFLCH/USP.Tesededoutoramento,2volumes.

TARALLO,Fernando(1990)Temposlinguísticos.SãoPaulo:Ática.

3.DoconjuntoTestamentoseinventários–sécs.XVIaXX

BIBER,Douglas."SpokenandwrittentextualdimensionsinEnglish:resolvingthecontradictoryfindings".In:Language,62,384-414,1986.

KABATEK,Johannes(2001):¿Cómoinvestigarlastradicionesdiscursivasmedievales?Elejemplode los textos jurídicos castellanos. In: Jacob, Daniel & Kabatek, Johannes (Hrg.): LenguamedievalytradicionesdiscursivasenlaPenínsulaIbérica:descripcióngramatical-pragmáticahistórica-metodología.FrankfurtamMain:Vervuert,97-132.

KABATEK, Johannes (2004):Tradiçõesdiscursivasemudança lingüística. In:TâniaLobo(ed.):ParaaHistoriadoPortuguêsBrasileiroVI,Salvador:EDUFBA,505-527.

KABATEK, Johannes; OBRIST, Philipp; VINCIS, Valentina.: “Clause-linkage techniques as asymptom of discourse traditions: methodological issues and evidence from Romancelanguages” in: Heidrun Dorgeloh; Anja Wanner (Hgg.):Syntactic Variation and Genre.Berlin/NewYork:DeGruyter,2010,

KOCH, Peter (1997): Diskurstraditionen: zu ihrem sprachtheoretischen Status und ihrerDynamik.In:BarbaraFrank/ThomasHaye/DorisTophinke(Hrsg.),GattungenmittelalterlicherSchriftlichkeit,Tübingen:Narr1997(ScriptOralia,99),43-79.

RAIBLE,Wolfgang(1992):Junktion.EineDimensionderSpracheundihreRealisierungsformenzwischen Aggregation und Integration. Heidelberg (Winter) (Sitzungsberichte derHeidelbergerAkademiederWissenschaften.Phil.-hist-.Klasse,Jg.1992,Bericht2.

SubprojetoFontesparaaHistóriadaLínguaPortuguesa:ediçãodemanuscritosdos

períodosmédioeclássico

Coordenador:Prof.Dr.SílviodeAlmeidaToledoNetoConsultora:Profa.Dra.EsperançaCardeira(FL–Univ.deLisboa,Portugal).Equipe: Prof. Dr. Phablo RobertoMarchis Fachin (USP); Profa. Dra. Renata Ferreira Costa

(USP);Profa.Dra.VanessaMartinsdoMonte(USP);Dra.LucimaraLeite(PD–USP);AnaCláudia Ataíde Almeida Mota (PG-DO,USP); Elizangela Nivardo Dias (PG-DO,USP);RenataFerreiraMunhoz (PG-DO,USP);LuanaBatistadeSouza (PG-DO,USP);AmandaValériaOliveiraMonteiro (PG-ME,USP);Maria FernandaBrito Rezende (G-IC –USP);LetíciaFeiteira(G-IC–USP);AnaCláudiaZatorre(G-IC–USP);IsabellaCoelhoeEstelaIzeppe(G-IC–USP).

Introdução

EsteSubprojetopretendeapresentaraediçãoeoestudode textosmanuscritospaulistas,lavradosnosséculosXVIeXVII.Alémdatranscriçãopropriamentedita,examinam-seostextosquantoaoaspectodiplomático,codicológico,paleográficoelinguístico,buscando-seampliaroconhecimentodecaracterísticasreferentesàprópriaelaboraçãodostextos,considerando-seasuamaterialidade,escrita,autoriaecontextohistórico.Oenfoquemaioroumenornostópicosacimareferidospodevariardeacordocomosobjetivosdaspesquisasdesenvolvidasnoâmbitodesteprojeto.ParaasegundametadedoséculoXVeprimeirametadedoséculoXVI, editam-se documentos em português, lavrados de preferência em Portugal, a fim desuprirainexistênciaouararidadededocumentosescritosemterraspaulistasàépoca.Paraesse período, consideram-se também documentos impressos nos séculos XV e primeirametadedoXVI.SãoaindacompreendidospeloprojetoaediçãoeoestudodedocumentosdoséculoXVIII,quandosãoobjetodepesquisasindividuaisdemembrosdaequipe.Osestudosdesenvolvidos por este projeto limitam-se, portanto, aos períodos médio e clássico doportuguês,comumúnicoenfoqueprincipal,queéotrabalhofilológico.14

As pesquisas atualmente desenvolvidas no âmbito do projeto dividem-se em trabalho deequipeeemprojetosindividuaisrelacionadosaoobjetivodesteprojeto,comoseexplicaaseguir.HáemprocessoaconstituiçãoetranscriçãodecorpusdosséculosXVeXVI,trabalhoem que colaboram todos os membros da equipe. Todos os pesquisadores deste projetopertencemaoGrupodeEstudosFilológicos,coordenadoporSílviodeAlmeidaToledoNeto.Alémdo trabalho emequipe, cada pesquisador tem trabalhos individuais, comoprojetos,teses, dissertações e iniciações científicas, que incluem, na sua maior parte, a edição decorpus.O centro para o qual convergem todas as pesquisas realizadas pelo grupo éo trabalhofilológico.AFilologiadefine-seapartirdeumconjuntodedisciplinasquetêmcomoobjetivoreproduziroureconstruirtextosdopassado,identificandoedefinindoassuascoordenadassincrônicasediacrônicas,linguísticasesituacionais(XaviereMateus,1990,s.v.filologia).15Com base nesse centro comum, cada pesquisa pode desenvolver-se mais na direção dasdisciplinasfilológicascomquetemafinidade,dadaanaturezadoproblemaestudado.Podem

14Cardeira(2006,p.86)explicitaoslimitesdoportuguêsmédioedoportuguêsclássico:séculosXVaXVIeséculosXVIaXVIII,respectivamente.15AsprincipaisdisciplinasfilológicassãoaPaleografia,aCodicologia,aDiplomática,aBibliografiaMaterialeaCríticaTextual.“...[E]ssasdisciplinas...sãoentresisolidáriasporvisaremumobjectocomum,quetambémécomplexo:otextoeasuaescrita.Paradesignaresseconjuntodedisciplinas,eaatitudequeimpregnaoprocederindividualdecadauma,nãohátermomaisapropriadoque´Filologia`.”(Castro,1997,p.604).

entrar aqui também estudos de História da Língua Portuguesa, desenvolvidos por algunspesquisadoresdesteprojeto.Namaiorpartedaspesquisasdesenvolvidasnoâmbitodesteprojeto,parte-sedatranscriçãodefontesmanuscritasouimpressas.161.Objetivoscumpridos

Conforme previsto no projeto, em 2012, iniciaram-se o levantamento e a digitalização detextosmanuscritosdosséculosXVeXVI.Fez-seumaseleçãodedocumentos,combasenomaterial disponível em arquivos portugueses e brasileiros. A seleção baseou-se em trêscritérios:a)diferentesespéciesdocumentais,emdistribuiçãoequilibradaoquantopossívelporespécie;b)preservaçãodosuporteelegibilidade;c)disponibilidadedofac-símile.17ForampesquisadosprincipalmenteosacervosdoArquivodoEstadodeSãoPaulo,emSãoPaulo, e do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. A equipe levantou diversasespécies documentais, como: alvará, bula, caderno, carta, certidão, contrato, inventário,ordem,procuração, role testamento.Apósumaprimeira seleção, iniciou-sea transcrição,com todas as dificuldades que apresenta. Nomomento, aproximadamente cinquenta dosdocumentos selecionados encontram-se transcritos. Há que se observar que, conforme oandamento dos trabalhos, a equipe poderá decidir acrescentar, suprimir ou substituirmateriaisjáselecionadosdocorpusatéagoraconstituído.Acrescentam-se a esse acervo os conjuntos documentais recolhidos e preparados, ou empreparação,noâmbitodostrabalhosindividuaisdospesquisadoresdogrupo.Daspesquisasindividuaistrata-secommaioratençãonoitem3.

2. Síntesedosprincipaisresultadosdaspesquisas

Todas as pesquisas desenvolvidas neste projeto baseiam-se na transcrição de corpusprincipalmente manuscrito e, em menor número, impresso. As transcrições são sempreconservadoras(semidiplomáticas),porquetêmcomoumdeseuspropósitospreservartraçosgráfico-linguísticosdomodelo,afimdepermitirqueomaterialsirvadebaseparaosestudosfilológicoselinguísticos.Conformereferidonoitem2,umdosresultadosalcançadoséaconstituiçãodeumcorpusdedocumentaçãomanuscrita,devariadasespécies,recolhidapelaequipeemarquivosnacionaiseinternacionais.Aproximadamenteametadedoquefoirecolhidojáseencontratranscrito.Alémdotrabalhocoletivo,hátambémtrabalhosindividuais,desenvolvidospordocentesdaÁrea de Filologia e Língua Portuguesa e também como teses, dissertações e iniciaçõescientíficas.SílviodeAlmeidaToledoNetotempublicadoemperiódicose livros,emâmbitonacionaleinternacional,resultadosdesuaspesquisassobreobrasdosséculosXVeXVI,comasquaistemtrabalhado,como,porexemplo,aRegradeSãoBento,aDemandadoSantoGraaleaVitaChristi.Ostrabalhossãoidentificadosnasegundapartedesterelatório.

16 No caso dos texto impressos, há trabalhos sobre incunábulos e pós-incunábulos. Sobreincunábulosepós-incunábulosportugueses,v.Jűsten,2009.17Oterceirocritérioaplica-seespecificamenteaoArquivoNacionaldaTorredoTombo,umavezqueapesquisafoifeitacombasenoacervodigitaldisponívelemsuabasededadosonline.

PhabloRobertoMarchisFachindáandamentoaoseuprojetodepesquisa juntoàÁreadeFilologiaeLínguaPortuguesa.Oseuprojetovisaaconhecereesclarecerasituaçãolinguísticadoportuguês emdocumentaçãomanuscritaproduzidanoBrasil,mais especificamentenacapitaniadeSãoPaulo.Objetiva-se,comesteplano,contribuirdeformaconcretacomosestudossobreahistóriadonosso idioma. O material utilizado para a realização de pesquisas com base neste planocompõe-sebasicamentededocumentaçãomanuscritaem línguaportuguesa,pertencente,principalmente, à administração pública do Brasil colonial e/ou textos editados de formafidedignaqueconservamoestadodelínguapresentenostextosoriginais.Renata Ferreira Costa e Vanessa Martins do Monte têm publicado trabalhos sobredocumentaçãomanuscritadoséc.XVIII,muitasvezescomatranscriçãodasfontesanalisadas.

OresultadofinaldotrabalhodeLucimaraLeite,emestágiodepós-doutoradosupervisionadoporSílviodeAlmeidaToledoNetoe financiadopelaCapes,seráaediçãoconservadoradoEspelhodeCristina,deGermãodeCampos,1518,eoestudodevariaçãoentretestemunhosquinhentistasimpressosdaobra.As teses defendidas ou em andamento de pesquisadores do projeto trazem resultadosimportantesparaoestudofilológicoelinguísticodosperíodosestudados.Correspondênciaspaulistas:asformasdetratamentoemcartasdecirculaçãopública(1765-1775)éatesededoutoradodeVanessaMartinsdoMonte.Foiaprovadaem2013.Oobjetivodateseéanalisar,partindodeumaperspectivafilológica,umconjuntodecartasmanuscritas,lavradasduranteadécadade1765a1775,nacapitaniadeSãoPaulo.Aofinaldotrabalhofilológico,publica-sea edição semidiplomática dos 137 fólios que compõem o corpus, acompanhada dos fac-símiles. As formas de tratamento (FT’s) em língua portuguesa têm sido objeto de váriosestudos,sincrônicosediacrônicos:partebuscaexplicardequemaneirasedeuainclusãodopronomevocê,advindodaformanominalvossamercê,nosistemadetratamentosbrasileiro.AteoriadoPoderedaSolidaridade,desenvolvidaporBrowneGilman,eaanálisedasrelaçõesepistolaresapartirdasclassificaçõesemsimétricaeassimétricasãocomumenteutilizadasemtrabalhosrecentes.Nopresenteestudo,aanálisedasFT'scomprovaqueaformamaisfrequentemente empregada é vossa mercê e chega-se à conclusão de que tal forma,diferentementedoqueseverificaemoutraspesquisas,nãoéutilizadapreferencialmentenasrelaçõesassimétricasdescendentes.OrecursodaadjetivaçãonodiscursodecorrespondênciasoficiaisrecebidaspeloMorgadodeMateuséotítulodatesededoutorado,emandamento,deRenataFerreiraMunhoz.EstateseempregaafunçãosubstantivadaFilologiacomopontodepartida,aoapresentaratranscriçãosemidiplomáticade98manuscritos setecentistas aindanãopublicados. Essesdocumentosoficiais da Coroa Portuguesa foram enviados pelo Rei Dom José, pelo Conde de Oeiras(posteriormente,oMarquêsdePombal) epordois SecretáriosdoReinoaoGovernadoreCapitão-GeneraldaCapitaniadeSãoPaulo,oMorgadodeMateus,noperíodode1765a1775.Combasenasdemaisfunçõesfilológicas,aadjetivaeatranscendente,analisam-seosdadoslinguísticosehistóricosqueconstituemodiscursopolíticoveiculadonocorpus. Tendoemvistaacompreensãodecomoseconstruíaaideologiaquelegitimavaopodereahegemonianogovernomonárquico,empregaram-sepressupostosteóricosatuaisdaAnálisedoDiscurso.Foraismanuelinos:ediçãoeestudocomparativo,tesededoutoradoemandamento,deAnaCláudiaAtaídeAlmeidaMota.Nestetrabalho,preparam-seaediçãoeoestudodescritivoecomparativodeaspectosfilológicoselinguísticosdeforaismanuelinoslavradosemPortugal

noiníciodoséculoXVI.Oforaléumdocumentopeloqualorei-ououtraautoridadesecularoueclesiástica-secomprometeacederapropriedadedeumterritórioaumacomunidade,enoqual seestabelecem tributosa serempagosemcontrapartida.Durantea formaçãodePortugal,adotaçãodeforaisavilasfoiimportanteparafixaraspopulaçõesnasterrasrecém-conquistadas,fornecendo-lhesbasesadministrativas.QuandoD.Manuelsobeaotrono,em1495,promoveareformadosforaisantigos,produzindooschamadosforaisnovos.ProcessosdedivórciomatrimonialnaSãoPauloColonial(1700a1822):ediçãoeestudo,tesededoutoradoemandamento,deElizangelaNivardoDias.Ocorpusdesteestudocompõe-sedeprocessosdedivórciomatrimonialemSãoPauloColonial,noperíodode1700a1822.São,nototal,86processosmanuscritos,depositadosnoArquivodaCúriaMetropolitanadeSãoPaulo. Transcrevem-se os textos, para em seguida analisarem-se as suas coordenadassincrônicasediacrônicas,situacionaiselinguísticas,pormeiodaaplicaçãodametodologiadedisciplinasfilológicaseafins.Documentosseiscentistas: testamentosdoArquivoHistóricoMunicipalFélixGuisardFilho -Taubaté (1651-1700), dissertação de mestrado, em andamento, de Amanda Valéria deOliveiraMonteiro.Apropostadestadissertaçãoéaediçãosemidiplomáticadedocumentosdo século XVII (1651-1700), selecionados a partir da massa documental de Inventários eTestamentos,conservadosnoArquivoHistóricoMunicipaldeTaubatéFelixGuisardFilho.São37 testamentos, em edição dirigida para os estudos filológicos, linguísticos, históricos eculturais do período colonial brasileiro. Apresenta-se o estudo histórico da vila de SãoFranciscodasChagasdeTaubaténoséculoXVII,épocaemqueforamescritosostestamentos,eoestudofilológico,quecontemplaaanálisepaleográficaecodicológicadosmanuscritos.Segue-seaediçãosemidiplomáticadostestamentos,acompanhadadofac-símile.RelatóriodeQualificaçãoaprovadoem2013.AtradiçãodaHistóriadomuinobreVespasiano(Lisboa,BN,Inc.571),pesquisadeIniciaçãoCientíficadeMariaFernandaBrittoRezende.OprincipalobjetivodestetrabalhodeIniciaçãoCientíficaéestudaraspectos filológicose linguísticosdaHistoriadomuinobreVespasianoImperador de Roma, obra de autoria desconhecida, cuja primeira edição foi impressa porValentimFernandes,em1496.Acredita-sequea traduçãoportuguesa tenhasido feitaemumadatapróximaàdesuapublicação,dentrodoslimitesdoportuguêsmédio,momentodetransiçãoentreoportuguêsarcaicoeomoderno(finaldoséculoXIV-iníciodoséculoXVI).TrabalhosubsidiadoporbolsadoCNPq,comrelatóriofinalentregueeaprovado.Entre2012e2013,começaremosprojetosdeiniciaçãocientíficaseguintes:Manuscritosdaescravidão:ediçãoeestudo,porLetíciaFeiteira.Oprojetovisaàtranscriçãoeestudofilológicodedocumentosmanuscritosdossécs.XVIIIeXIX,referentesàescravidão.Apreocupaçãoestávoltada para a depreensão de hábitos gráficos da época nas espécies documentaisexaminadas.EstelaIzeppedesenvolveprojetoquetemcomoobjetivoaediçãoeoestudodefontes do incunábulo intituladoRegimento proueytoso contra ha pestenença. Ana CláudiaZatorre tem participado ativamente do projeto de transcrições e desenvolve o seguinteprojeto: Demanda do Santo Graal: cotejo de testemunhos. Isabella Coelho desenvolve oseguinteprojeto:TranscriçãoeanálisedoManualdosInquisidoresemLisboa.OprojetotemcomoobjetivofazeratranscriçãodotextointegraldaobramanuscritaintituladaManualdosInquisidores,depositadanoArquivodaTorredoTombo,emLisboa.Analisatambémalgunsaspectosgráficosemorfológicosdotexto.Resultadosparciaisdaspesquisasacima referidasedepesquisasdosdemaismembrosdoprojetotêmsidoapresentadosemeventoscientíficosnacionaiseinternacionais,assimcomo

têmsidopublicadosnopaísenoexterior,conformeconstanoitemquerefereàproduçãodesteprojeto.

4.Atividadedecoletadecorpus

Todosostrabalhosdesenvolvidosnesteprojetoedescritosacimabaseiam-seemcoletadecorpus documental e contêm a transcrição dematerial muitas vezes inédito. Faz-se umaapresentaçãosintéticadosmateriaisempreparaçãocujaelaboraçãoencontra-sejáconcluídaoumaisadiantada:ParaosséculosXVeXVI:corpusempreparaçãoportodososmembrosdesteprojeto,quecompõem o Grupo de Estudos Filológicos. Estudos individuais com incunábulos e pós-incunábulos,emníveldeiniciaçãocientífica.AtranscriçãoemandamentoparaocorpusdeforaismanuelinosparaatesedeAnaCláudiaMota.Otrabalhodepós-doutoradodeLucimaraLeite,queresultaránaediçãoconservadoradoEspelhodeCristina,impressoporGermãodeCamposem1518.ParaoséculoXVII:37testamentosseiscentistas,em3.337linhasdetextotranscrito,corpusdadissertaçãoemandamentodeAmandaMonteiro,jáaprovadoemexamedequalificação.ParaoséculoXVIII:Cartasdecirculaçãopública(81docs.,137fóls.),natesedefendidaporVanessaMartinsdoMonte;CorrespondênciapassivadoMorgadodeMateus (98docs., c.4500l.),corpusdateseemandamentodeRenataMunhoz.NolivroPorrumosdaagulha,oranoprelo,há75documentos,correspondendoa3612linhasdetextotranscrito.

Referênciasbibliográficas

CARDEIRA,Esperança.Históriadoportuguês.Lisboa:Caminho,2006.CASTRO,Ivo.Filologia.Biblos.Verbo,1997,p.602-609.CONTINI,Gianfranco.Breviariodiecdotica.Milano/Napoli:RiccardoRiccardiEditore,1986.JŰSTEN,HelgaMaria.Incunábulosepost-incunábulosportugueses(ca.1488–1518).Lisboa:CentrodeEstudosHistóricos,UniversidadeNovadeLisboa,2009.XAVIER,MariaFrancisca,MATEUS,MariaHelena.Dicionáriodetermoslinguísticos.Lisboa:Cosmos,1990.

3. HISTÓRIADOPORTUGUÊSBRASILEIRODESÃOPAULO

PROJETODEHISTÓRIADOPORTUGUÊSPAULISTA(PHPPII-PROJETOCAIPIRAII)

ProjetoTemático–FAPESP–Processo11/51787-5

PesquisadoraResponsávelProfa.Dra.CléliaCândidaAbreuSpinardiJubran(UNESP/SãoJosédoRioPreto)

SubcoordenadorProf.Dr.ManoelMourivaldoSantiagoAlmeida(USP)

InstituiçãoSedeUNESP/SãoJosédoRioPreto

CoordenadoresdeSubprojetosProf.Dr.AtalibaTeixeiradeCastilho(USP,UNICAMP)

Profa.Dra.CléliaCândidaAbreuSpinardiJubran(UNESP/RioPreto)Prof.Dr.JosédaSilvaSimões(USP)

Prof.Dr.ManoelMourivaldoSantiagoAlmeida(USP)Profa.Dra.MariaAparecidaC.R.TorresMorais(USP)

Profa.Dra.MariaCéliaLima-Hernandes(USP)Profa.Dra.MariaLúciaC.V.OliveiraAndrade(USP)

Profa.Dra.SanderléiaRobertaLonghin-Thomazi(UNESP/RioPreto)Prof.Dr.SílviodeAlmeidaToledoNeto(USP)

Profa.Dra.VerenaKewitz(USP)

ConsultoresProf.Dr.IanRoberts(CambridgeUniversity-UK)

Profa.Dra.AnaMariaMartins(UniversidadedeLisboa).Profa.Dra.EsperançaCardeira(UniversidadedeLisboa)Prof.Dr.JohannesKabatek(UniversidadedeTübingen)

Prof.Dr.CarlosdeAlmeidaPradoBacelar(USP)Prof.Dr.AugustoSoaresdaSilva(UniversidadeCatólicaPortuguesa)

Profa.Dra.MaryKato(UNICAMP)Prof.Dr.RodolfoIlari(UNICAMP)

Profa.Dra.MariaLuizaBraga(UFRJ)Prof.Dr.AlanBaxter(UFBA)

PeríododevigênciadoProjeto01/12/2012a30/11/2017

PeríodocobertopeloRelatório

01/12/2012a30/11¹2017

I.OBJETIVOSDOPROJETO

Após a conclusão, em2011, do Projeto TemáticoHistória do Português Paulista –PHPP, Projeto Caipira (FAPESP – Processo 2006/5594-0), então coordenado pelo Prof. Dr.AtalibaTeixeiradeCastilho, iniciou-seestasegundaediçãodesseProjeto,oPHPP II.Nestaedição atual, o PHPP II, constituído por dez Subprojetos situados na Área da LinguísticaHistóricadoPortuguês,temdoisobjetivoscentrais:

(a)coletar,organizaredisponibilizarcorporadiacrônicosdoPortuguêsPaulista,demodoa

apoiarpesquisassobreessavariedade;(b)analisartaiscorporaemtrêseixos:

(i)estudodavariaçãoemudançagramatical,dosângulos funcionalista–cognitivistaegerativista,comênfasenasclassesdepalavrasenasconstruçõessintáticas;

(ii)estudodaformaçãodavariedadecultaedadifusãodavariedadepopularnaregiãodoMédioTietê,paralelamenteaotraçadosócio-históricodoPortuguêsPaulista;

(iii)estudodegênerosdiscursivosedeprocessosdeconstruçãotextual,respectivamentesobasperspectivascrítico-discursivaetextual-interativa.

É propósito do PHPP promover um diálogo entre teorias linguísticas, indispensáveis naspesquisascontemporâneasdaLinguísticaHistórica,paradaremcontadacomplexidadedosfenômenos a serem pesquisados. Assim, o Projeto contempla as dimensões gramatical,semânticaetextual-discursivacomoconstitutivasdascategoriasdalínguaemuso.Quantoaoprimeiroobjetivo,éresponsabilidadedetodososSubprojetosenvolverem-senaatividadedecoletadecorporadoPortuguêsPaulista.comdestaqueparadois:odeFormaçãode corpora do Português Paulista, coordenadopelo Prof. Dr. José da Silva Simões, e o deFontesparaaHistóriadaLínguaPortuguesa:ediçãodemanuscritosdosperíodosmédioeclássico,coordenadopeloProf.Dr.SílviodeAlmeidaToledoNeto.Para o cumprimento do segundo objetivo, foram organizados oito Subprojetos, assimdistribuídospelostrêseixosdeinvestigação:

1.Variaçãoemudançagramatical-VésperasBrasilianas:umaagendaparaosestudossintáticosdoPortuguêsPaulistanos

primeirosséculos,coordenadopelaProfa.Dra.VerenaKewitz.-Diacronia da concordância e de algumas classes de palavras no Português Paulista na

perspectiva funcionalista-cognitivista, coordenado pelo Prof. Dr. Ataliba Teixeira deCastilho.

-Tipologia e história das construções gramaticais em perspectiva funcional, coordenadopelaProfa.Dra.SanderléiaRobertaLonghin.

-Gramáticas paulistas na história do português brasileiro, coordenado pela Profa. Dra.MariaAparecidaTorresdeMorais.

2.ConstituiçãodavariedadecultadoPortuguêsPaulistaeexpansãodapopularpeloMédio

Tietê-Retratosociolinguísticodavariedadecultapaulistana(dadécadade50doséculoXXao

séculoXXI),coordenadopelaProfa.Dra.MariaCéliaLima-Hernandes.-HistóriaevariedadedoportuguêspaulistaàsmargensdoAnhembi,coordenadopelo

Prof.Dr.ManoelMourivaldoSantiagoAlmeida.

NapropostainicialdoPHPP,estavaprevisto,nesteitem,oSubprojetoRetratosociolinguísticodacidadedeSãoPaulonocomeçodoséculoXXI:avariedadepopular,coordenadopelaProfa.Dra. Ângela Cecília de Souza Rodrigues. Esse Subprojeto foi desativado, a pedido daCoordenadora,pormotivospessoaiseporproblemasparaaviabilizaçãodecoletadedadosna periferia de São Paulo, que exporia os alunos pesquisadores a situações perigosas deviolênciaurbana.

3. Gênerosdiscursivoseprocessosdeconstruçãotextual

- Gêneros jornalísticos impressos: historicidade, constituição e mudança em umaperspectiva crítico-discursiva, coordenado pela Profa. Dra. Maria Lúcia da CunhaVictóriodeOliveiraAndrade.-Processosdeconstruçãotextual:umaabordagemdiacrônica,coordenadopelaProfa.Dra.CléliaCândidaAbreuSpinardiJubran.

Cada Subprojeto comporta objetivos específicos, que serão expostos nos respectivosrelatórios,noitemII.3.OPHPPintegra-se,enquantoequiperegionalpaulista,aoProjetoparaaHistóriadoPortuguêsBrasileiro(PHPB),quereúnemaisdozeequipesdeoutrosEstados.VáriospesquisadoresdoPHPP estão comprometidos com a realização do objetivo do PHPB de publicação da obracoletivaParaaHistóriadoPortuguêsBrasileiro,cujoeditoréoProf.Dr.AtalibaTeixeiradeCastilho,pesquisadordoPHPP.II.RELATÓRIODASREALIZAÇÕESNOPERÍODOII.1.SEMINÁRIOSNoProjetodoPHPPII,foramprevistasduasmodalidadesdeSeminários:(i)Semináriosanuais,internos ao Projeto, para apresentação e discussão das pesquisas em andamento, com opropósito de promover intercâmbio entre os Subprojetos e uma contínua avaliação dodesenvolvimentodostrabalhos;(ii)Seminárioscomespecialistasbrasileirosouestrangeiros,incluindopalestrasecursossobretemasdeinteresseparaoPHPP,bemcomoatendimentoespecíficodeSubprojetos,paraorientaçãoedebatedepesquisas.Estasegundamodalidadeseráiniciadaem2014.

DaprimeiramodalidadeforamrealizadostrêsSeminários.OISemináriodoPHPPIIfoinoPrédiodeLetrasdaFaculdadedeFilosofia,LetraseCiênciasHumanasdaUSP,nodia21deagostode2012,antesdaaprovaçãopelaFapespdoProjetoTemático.OSeminárioconcentrou-senadiscussãonãosódosplanosdepesquisaconstantesda proposta do Projeto Temático submetida à FAPESP, como também das principaisatividades desenvolvidas pelos Subprojetos no primeiro semestre de 2012, apresentadaspelos Coordenadores dos Subprojetos. Esse seminário foi importante para impulsionar acontinuidadedoProjeto,noperíodoentreotérminodoTemáticodoPHPPIeoiníciododoPHPPII.Foiseguidaaprogramaçãoabaixo.

PROGRAMAÇÃO

Dia21–das8:00às12:00horas

1.FormaçãodecorporadoPortuguêsPaulista–Prof.Dr.JosédaSilvaSimões(USP)2.FontesparaaHistóriadaLínguaPortuguesa:ediçãodemanuscritosdosperíodosmédioe

clássico–Prof.Dr.SílviodeAlmeidaToledoNeto(USP)3.VésperasBrasilianas: umaagendaparaos estudos sintáticos doPortuguês Paulista nos

primeirosséculos–Profa.Dra.VerenaKewitz(USP)4.Gramáticas paulistas na história do português brasileiro – Profa. Dra.Maria Aparecida

TorresMorais(USP)Dia21–das14:00às18:00horas5.Retratosociolinguísticodavariedadecultapaulistana (dadécadade50doséculoXXao

séculoXXI)–Profa.Dra.MariaCéliaLima-Hernandes(USP)6.História e variedade do português paulista às margens do Anhembi – Prof. Dr.Manoel

MourivaldoSantiagoAlmeida(USP)7.Gênerosjornalísticosimpressos:historicidade,constituiçãoemudançaemumaperspectiva

crítico-discursiva–Profa.Dra.MariaLúciaC.V.deOliveiraAndrade(USP)8.Processosdeconstruçãotextual:umaabordagemdiacrônica–Profa.Dra.CléliaCândida

AbreuSpinardiJubran(UNESP/SãoJosédoRioPreto)9.ReuniãodosCoordenadoresdesubprojetosparaplanejamentodaspróximasatividadesdo

PHPPII.OIISemináriodoPHPPIIfoirealizadonosdias10e11dedezembrode2012,nasala260doPrédiodeLetrasdaFaculdadedeFilosofia,LetraseCiênciasHumanasdaUniversidadedeSãoPaulo. Reuniu pesquisadores dos Subprojetos que integram o PHPP II, com o objetivoespecífico de discussão dos resultados das pesquisas desenvolvidas no ano de 2012, noâmbitodecadaSubprojeto.AcritériodecadaCoordenador,eleprópriofezorelatóriodaspesquisas de seu grupo e/ou delegou a palavra aos membros de sua equipe, para queapresentassemseustrabalhos.Foicumpridaaseguinteprogramação.

PROGRAMAÇÃO

Dia10/12/121.SubprojetoFormaçãodecorporadoPortuguêsPaulista,coordenadopeloProf.Dr.José

daSilvaSimões(USP)

- Edição de Memórias Históricas e Diários de Viagem: Francisco José de Lacerda eAlmeida(1788),FreiGaspardaMadredeDeus(1780ae1780b)–JosédaSilvaSimões

-EdiçãodaCorrespondênciaPassivadeWashingtonLuiz -1.ªmetadedo séculoXX–VerenaKewitz

-EdiçãodecartasdosséculosXVIaXVIII–JoyceMattos

-HistóriasocialedocumentaçãoproduzidaemJundiaí:umacontribuiçãoaosestudosdiacrônicosdoPortuguêsPaulista-KathlinCarladeMorais

2. Subprojeto Fontes para a História da Língua Portuguesa: edição de manuscritos dosperíodosmédioeclássico,coordenadopeloProf.Dr.SílviodeAlmeidaToledoNeto(USP)

-FontesparaaHistóriadaLínguaPortuguesa:ediçãodemanuscritosdosperíodosMédioe Clássico: resultados parciais para 2012 – Trabalho da equipe, apresentado peloCoordenador.

3.SubprojetoVésperasBrasilianas:umaagendaparaosestudossintáticosdoPortuguês

Paulistanosprimeirosséculos,coordenadopelaProfa.Dra.VerenaKewitz(USP)-VésperasBrasilianas:umaagendaparaosestudossintáticosdoPortuguêsPaulistanos

primeirosséculos–VerenaKewitzeMariaClaraPaixãodeSousa

-Asconstruçõesdesemânticadenominativanahistóriadalínguaportuguesa–GilcéliadeMenezesdaSilva

-AconcordâncianominaleverbalnoPortuguêsMédio–CéliaMariaMoraesdeCastilhoeAtalibaTeixeiradeCastilho.

4.SubprojetoDiacroniadaconcordânciaedealgumasclassesdepalavrasnoPortuguês

Paulista na perspectiva funcionalista-cognitivista, coordenado pelo Prof. Dr. AtalibaTeixeiradeCastilho(USP)

-Aconcordância-AtalibaTeixeiradeCastilho,CéliaMariaMoraesdeCastilhoeEdilaineBuinBarbosa

5.SubprojetoTipologiaehistóriadas construçõesgramaticaisemperspectiva funcional,

coordenadopelaProfa.Dra.SanderléiaRobertaLonghin(UNESP/SãoJosédoRioPreto)

-Tipologiaehistóriadasconstruçõesparatáticasemperspectivafuncional-SanderleiaRobertaLonghin

- Tipologia e história das construções hipotáticas em perspectiva funcional – LúciaRegianeLopes-Damásio

-Tipologia e história de construções de infinitivo em perspectiva funcional, AngélicaRodrigues

Dia11/12/126. Subprojeto História e variedade do português paulista às margens do Anhembi,

coordenadopeloProf.Dr.ManoelMourivaldoSantiagoAlmeida(USP)- As versões dos manuscritos e impressos e dos falantes – Trabalho da equipe,

apresentadopeloCoordenador.7. Subprojeto Gêneros jornalísticos impressos: historicidade, constituição emudança em

uma perspectiva crítico-discursiva, coordenado pela Profa. Dra. Maria Lúcia C. V.OliveiraAndrade(USP)

- Persuasão e constituição de consensos namídia impressa paulista: o noticiário sobre as

eleições-FábioFernandoLima

-Negociaçãointerpessoaledinamismoacionalemtradiçõesdiscursivaspós-modernas:umestudo dos editoriais laudatórios da imprensa paulistana de bairro – Paulo RobertoGonçalvesSegundo

- Constituição e mudança do gênero anúncio de emprego – sob a perspectiva crítico-discursiva–KellyCristinadeOliveira

-CartasdaeditoraemrevistasfemininaspaulistasdoséculoXIX:marcasdeenvolvimento–MariaLúciadaCunhaVictóriodeOliveiraAndrade

8. SubprojetoProcessos de construção textual: uma abordagem diacrônica, coordenado

pelaProfa.Dra.CléliaCândidaAbreuSpinardiJubran(UNESP/SãoJosédoRioPreto)- A organização tópica de Cartas de Leitores de jornais oitocentistas de São Paulo -

EduardoPenhaveleAlessandraReginaGuerra-OprocessodeparentetizaçãoemCartasdeLeitoresdejornaisoitocentistasdeSãoPaulo-

ValériaVendrameFerrari-OprocessodereferenciaçãoemCartasdeLeitoresdejornaisoitocentistasdeSãoPaulo,de

autoriadeMarcosRogérioCintraeMariaAngélicadeOliveiraPenha-OprocessoderepetiçãoemCartasdeLeitoresdejornaisoitocentistasdeSãoPaulo-Clélia

CândidaAbreuSpinardiJubran OIIISemináriodoPHPPIIfoirealizadonosdias13a15deagostode2013,nasala260doPrédiodeLetrasdaFFLCH/USP,comoobjetivodediscussãoeintercâmbiodosresultadosdaspesquisasdesenvolvidasnoâmbitodosSubprojetos,duranteavigênciadoprimeiroanodo Projeto Temático. Os Coordenadores de Subprojetos e pesquisadores de suas equipesexpuseramostrabalhos,debatidospelospresentes.EsterelatórioresultadesseSeminário.Foicumpridaaprogramaçãoabaixo.

PROGRAMAÇÃO

Dia13/08/131. Subprojeto Formação de corpora do Português Paulista, coordenado pelo Prof. Dr.

JosédaSilvaSimões(USP)-EdiçãodeMemóriasHistóricasdeMarcelinoPereiraCleto(178?e1781)-JosédaSilva

Simões

-Ediçãodecorporapaulista:cartasda1ª.metadedoXX–VerenaKewitz

- Documentação produzida em Jundiaí: contribuição à formação de corpora paulistas-KathlinCarladeMorais

-CartasOficiaisedeAdministraçãoPrivadadeMilitaresdeSãoPaulo(XVIII-XIX)eCartasdeWashingtonLuís(XX)–JoyceMattos

2. Subprojeto Fontes para a História da Língua Portuguesa: edição de manuscritos dosperíodosmédioeclássico,coordenadopeloProf.Dr.SílviodeAlmeidaToledoNeto(USP)

-Trabalhodaequipe,apresentadopeloCoordenador3.SubprojetoVésperasBrasilianas:umaagendaparaosestudossintáticosdoPortuguêsPaulistanosprimeirosséculos,coordenadopelaProfa.Dra.VerenaKewitz(USP)

-ASintaxedaOrdemnoPortuguêsMédio:consequênciasparaosestudossobreadiacronia

doPortuguêsBrasileiroMariaClaraPaixãodeSousa-AspectosdaConcordânciaVerbalnoPortuguêsMédio–MariaCéliaMoraesdeCastilhoe

AtalibaTeixeiradeCastilho-ObservaçõessobreasconstruçõesdenominativasnomanuscritoautógrafodaBNLdeFrei

GaspardaMadredeDeus-GilcéliadeMenezesSilva4.SubprojetoRetratosociolinguísticodavariedadecultapaulistana(dadécadade50do

século XX ao século XXI), coordenado pela Profa. Dra.Maria Célia Lima-Hernandes(USP)

-Retratosociolinguísticodavariedadecultapaulistana–Trabalhodaequipe,apresentado

pelaCoordenadoraeporPatríciadeJesusCarvalhinhoDia14/08/20135. SubprojetoTipologiaehistóriadas construçõesgramaticaisemperspectiva funcional,

coordenadopelaProfa.Dra.SanderléiaRobertaLonghin(UNESP/SãoJosédoRioPreto)-Tipologiaehistóriadasconstruçõesemperspectivaconstrucional–AngélicaRodrigues-Tipologiaehistóriadasconstruçõesparatáticas–SanderléiaLonghin-Thomasi- Tipologia e história das construções paratáticas e hipotáticas - Sanderléia Longhin-

ThomasieLúciaLopes-Damásio6.SubprojetoDiacroniadaconcordânciaedealgumasclassesdepalavrasnoPortuguês

Paulista na perspectiva funcionalista-cognitivista, coordenado pelo Prof. Dr. AtalibaTeixeiradeCastilho(USP)

-Aconcordância-AtalibaTeixeiradeCastilho,CéliaMariaMoraesdeCastilhoeEdilaine

BuinBarbosa,BrunoMaroneze,FláviaOrciFernandeseMarcelCaldeira.7. Subprojeto História e variedade do português paulista às margens do Anhembi,

coordenadopeloProf.Dr.ManoelMourivaldoSantiagoAlmeida(USP)-Estudodovocabuláriodosambaruralpaulista–ManoelMourivaldoSantiagoAlmeidae

MárioS.Frugiuele- Aspectos da prosódia do português caipira –Waldemar Ferreira Netto e Rosicleide

RodriguesGarcia8. Reunião dos Coordenadores de Subprojetos para planejamento da próxima etapa de

desenvolvimentodoProjetoTemático

Dia15/08/20139. Subprojeto Gêneros jornalísticos impressos: historicidade, constituição emudança em

uma perspectiva crítico-discursiva, coordenado pela Profa. Dra. Maria Lúcia C. V.OliveiraAndrade(USP)

-Persuasãoeconstituiçãodeconsensosnamídiaimpressapaulista:onoticiáriosobreas

eleições(séculosXIX,XXeXXI)–FabioFernandoLima- Jornal Correio Paulistano: A linguagem dos anúncios de emprego do séculos XX como

instrumento de desigualdade e submissão da classe trabalhadora em formação- KellyCristinadeOliveira

-Ainclusãodoleitornotexto:umestudodaconstruçãododiscursoexortativoconstituído

emcartasderedatoresejornaispaulistasdoséculoXIXeXX–RafaelaBaracatRibeiro-Amobilizaçãodavozdo leitorna imprensadebairropaulista:umestudodospadrões

representacionaiseacionais-PauloRobertoGonçalvesSegundo-AtivismoLGBTnaimprensabrasileira:análisecríticadarepresentaçãodeatoressociaisna

FolhadeS.Paulo–IranFerreiradeMelo-Umestudocomparativoentreasideologiasveiculadaspelosjornais“FolhadeS.Paulo”e

“Diário de S. Paulo: o aparecimento da nova classe media como potencial leitorasuscitounovasestratégiasdiscursivaspararefletiraideologiadecadagrupoeditorial?-PauladeSouzaGonçalvesMorasco

- Haitianos no Brasil: o discurso jornalístico à luz da Análise Crítica do Discurso - Milton

FranciscodaSilva-Mídia,ideologiaereferenciação:umaanálisecríticadodiscursodogêneronoticiosonamídia

impressapaulistasobreotemadoaborto-BrenoWilsonMedeiros- Jornalismopaulistado séculoXIX:a vozdasmulheresem“AFamília” -Maria Lúciada

CunhaVictóriodeOliveiraAndrade10.SubprojetoProcessosdeconstruçãotextual:umaabordagemdiacrônica,coordenado

pelaProfa.Dra.CléliaCândidaAbreuSpinardiJubran(UNESP/SãoJosédoRioPreto)-ArticulaçãotópicaemCartasdeLeitoresdejornaispaulistasoitocentistas:marcasformais

–EduardoPenhaveleAlessandraReginaGuerra-MaterializaçãolinguísticadoprocessodeparentetizaçãoemCartasdeLeitoresdejornais

paulistasoitocentistas–ValériaVendrameFerrarieJoceliStassi-Sé-Materialização lingüística do processo de repetição em Cartas de Leitores de jornais

paulistasoitocentistas–CléliaCândidaAbreuSpinardiJubran

Ostrêssemináriosrealizadosforamdegrandeimportânciaparaacontinuidadedostrabalhos do PHPP II. A implementação desse tipo de Seminário no PHPP II possibilitoucontribuiçõesentreosSubprojetos.II.2.COMISSÃODEPUBLICAÇÃO Outra iniciativa importante do PHPP II foi a constituição da Comissão de Publicação,responsávelpordarprosseguimentoàsduasSériesdePublicaçõesdoPHPP,criadasnagestãoanterior. A Série Estudos, que já teve três volumes publicados durante o PHPP I, difundetrabalhoselaboradosnoâmbitodosSubprojetosetextosdeconsultoreseconvidadosparaos Seminários. No momento está em curso a preparação do volume IV dessa Série, soborganizaçãodaProfa.Dra.VerenaKewitzedaProfa.Dra.SanderléiaLonghin.ASérieCorporadisponibilizamaterialcoletadopeloProjeto,referenteaoPortuguêsPaulista.AComissãodePublicaçãoéformadapeloProf.Dr.SílviodeAlmeidaToledoNeto(USP),naPresidência,peloProf.Dr.JosédaSilvaSimões(USP)epelasProfas.Dras.SanderléiaLonghin(UNESP/RioPreto)ePatríciadeJesusCarvalhinho(USP).Destacam-seduastarefasrealizadaspor essa Comissão: o estabelecimento de normas para a publicação das duas Séries e aformaçãodeumaComissãoCientíficaparaaSérieEstudos,integradapormembrosexternosaoPHPPII,comaresponsabilidadedeavaliaçãodostextossubmetidosparapublicaçãonessaSérie. A partir do volume IV da Série Estudos, portanto, só serão publicados os textosaprovadospelospareceristas.A Comissão Científica é formada pelos seguintes especialistas: Áurea Zavam (UFCE -CoordenadoradoPHPB/CE),DenildaMoura(UFAL-CoordenadoradoPHPB/AL),DinahCallou(UFRJ-CoordenadoradoPHPB/RJ),EdienePenaFerreira(UFPA-CoordenadoradoPHPB/PA),EliasAlvesdeAndrade(UFMT-CoordenadordoPHPB/MT),IzeteLehmkuhlCoelho(UFSC–Coordenadora do PHPB/SC),Marco AntônioMartins (UFRN – Coordenador do PHPB/RN),RoseaneNicolau(UFPB–CoordenadoradoPHPB/PB),TâniaLobo(UFBA–CoordenadoradoPHPB/BA), Valéria Gomes (UFRPE – Coordenadora do PHPB/PE), Vanderci Aguilera (UEL –CoordenadoradoPHPB/PR),MariângelaRios(UFRJ),EvaniViotti(USP),ErotildeGoretiPezatti(UNESP/RioPreto),MariaAliceTavares(UFRN),EdairGörski(UFSC)eFábioMontanheiro.

4. MUDANÇAGRAMATICALDOPORTUGUÊSPAULISTA(ProjetoTemático–FAPESP,Processo11/51787-5)

OestudodamudançagramaticaldoPortuguêsPaulista,nointeriordesteprojetotemáticodeequipe,temtomadováriasdireções,comosevêaseguir.Subprojeto Vésperas Brasilianas: uma agenda da sintaxe do português paulista nosprimeirosséculosCoordenadora:Profa.Dra.VerenaKewitz(USP)Equipe:Profa.Dra.MariaClaraPaixãodeSousa(USP);GilcéliadeMenezesdaSilva(PG-DO,USP);Prof.Dr.AtalibaT.deCastilho(USP/Unicamp);Profa.Dra.CéliaM.MoraesdeCastilho(PD,USP);Prof.Dr. JosédaSilvaSimões (USP);Profa.Dra.AlessandraF.CastilhodaCosta(UFRN)IntroduçãoOPortuguêsArcaicoestá,emváriosaspectos,bemdescrito(cf.MattoseSilva1989,2006),assimcomooPortuguêsBrasileiroatual,sobretudonavariedadefalada(cf.Jubran&KochOrgs.2006).NoqueserefereàformaçãodoPortuguêsBrasileiro(doravante,PB),emboraváriosestudosapontemoséculoXIXcomoafasedegrandesmudançasdoPBemrelaçãoaoPortuguêsEuropeu(cf.Roberts&Kato1993,Tarallo1994),adataçãodoiníciodoPBaindanãoépontopacíficonaliteratura.ComosugereF.Tarallo,asmudançasregistradasnostextosoitocentistaspodemrefletirprocessosgramaticaisiniciadosemumperíodoanterior,umavezque antes do século XIX “as circunstâncias sociais podem não ter sido suficientementesatisfatórias para que a pena brasileira começasse a escorrer sua própria tinta” (Tarallo1993:99).Poroutrolado,oestadodalínguaportuguesanosséculosXVIaXVIIIemPortugaléainda objeto de pesquisas. Estudos recentes têm mostrado que a sintaxe do próprioPortuguêsEuropeu (doravante,PE) sofremudanças importantesnaviradado séculoXVIII,fazendo surgir neste ponto uma gramática distinta daquela que se depreende dos textosseiscentistas,quinhentistasequatrocentistas(PaixãodeSousa2004,Galves,NamiutiePaixãodeSousa2006).Paralelamente,Cardeira (2005)apresentaumtrabalhominucioso sobreoportuguês dos anos 1450-1505, apontando essa fase da língua como um momento detransição,"emquecoexistemantigaserecentestradições linguísticas"(Cardeira2005:30),quevemsendochamadodePortuguêsMédio,ounaspalavrasdeCastro(2008,2012),"omeiocaminhoentreoPAeoPortuguêsClássico".Reforça-se,assim,arelevânciadainvestigaçãoem torno do período de base do PB, já sugerida nas perguntas pioneiras levantadas porRibeiro(1998),"AmudançasintáticadoPBémudançaemrelaçãoaquegramática?"eporMoraesdeCastilho(2001),"SeriaquatrocentistaoportuguêsimplantadonoBrasil?Essa proposta precisa ser posicionada diante do cenáriomais geral da literatura sobre asorigensdoPB,noqualidentificam-sepelomenosduastendênciasprincipais.AprimeiravêoPBcomoresultadodeumprocessodecrioulização.OsestudosquedefendemessahipóteseafirmamqueoPBsofreuinfluênciasgramaticaisdaslínguasindígenaseafricanas,formando-se, assim, falares crioulos que se difundiram pelo país. Autores como Silva Neto (1963)acreditavamque as diferenças entrePBe PE estariamnumabase crioula, sobretudopelocontatoentreafricanoseportugueses.Guy (1989),porexemplo,excluidesseprocessoosfalaresindígenas,jáqueocontatocomosportuguesessemprefoimenosintensoquecomosafricanosescravizados.Outrosautores,comoBaxter&Lucchesi (1997),Lucchesi,Baxter&Silva(2009)seguemaessaposição,comestudosemfonologiaesintaxe.Asegundavertente

vê o PB como continuação do Português Arcaico. Também conhecida como deriva, essahipótesepropõequeavariedadebrasileiratemsuasbasesnafasearcaicadoportuguês.AlémdosconhecidosestudosempreendidosporNaro&Scherre(1993,2007)sobreasregrasdeconcordânciaverbalenominal,outrosestudosvemsendorealizadosnessalinha.Destacam-se os trabalhos de Moraes de Castilho (2001, 2004, 2005) que propõe uma basequatrocentistaparaoPB,apartirdedadosde fenômenossintáticos,especialmenteoquevemchamandoderedobramento.ComobemcolocaCastilho(2010:191):Argumentando que a base do PB não pode ser o PE seiscentista – que ainda não existia,quandoteveinícioopovoamentodoterritório–,elarelacionaváriascaracterísticassintáticas,comumente atribuídas à emergência de uma gramática do PB, que entretanto sãoamplamente documentáveis no séc. XV. Construções de tópico (como emOmenino, eleacabou de chegar), duplicação de clíticos de que resultariam alterações no quadropronominal,(comoemeunãotefaleipravocê?),possessivosduplicados(comoemleveoseulivro dele, que explicam a utilização de dele como possessivo da terceira pessoa,especializando-se seu como possessivo da segunda pessoa) e outros fatos sintáticosdemonstramumavezmaisqueaperguntanãoéporqueoPBficoucomoficou,esimporqueoPEtomouumrumoinesperado,afastando-sedoPortuguêsArcaicoedoPB.SeguindoapropostadeMoraesdeCastilho(2001),consideramosque,quandoosprimeirosportuguesesaquidesembarcaram, traziamumasintaxeadquiridaantesde1500.Paraquepossamos analisar que fenômenos se conservaram e se inovaram no Brasil, ou seja, parachegarmos às nossas "Vésperas Brasilianas", é preciso antes verificar como elas seapresentamnoséculoXV.Defato,operíododetrêsséculosdelimitadonanossainvestigaçãocompreendeasfasesapontadaspordiversosautorescomopontosdeinflexãonahistóriadalínguaportuguesa.Emsíntese,naspalavrasdeMoraesdeCastilho(2001:58-59):

Alínguaqueseapresentaemtextosquatrocentistasmostraumaquantidadeenormedevariantes,oquecaracterizaumaépocaemebulição,emquesedocumentammuitastentativasdesoluçãoparaumamesmaestruturasintática(...).Essasmuitasvariantestalvezmostremqueestavamemcursoalteraçõesprofundasnalíngua(...).Alínguadostextosquinhentistasjáédiferente,(...)maisregrada,nãohavendotantasvariantes.Amodalidadeescritadoportuguêsquinhentista,comosesabe,passouporumprocessodenormatização.(grifosnossos)

Umainvestigaçãonessalinha,portanto,permitecompreenderaformaçãodoPBapartirdoestudo de suas bases, ou seja, da variedade trazida para cá e do modo como ela foi semodificandoouseconservando.Paratanto,éprecisolevaremcontaoscaminhospercorridospelasduasvariedades,portuguesaebrasileira,nosséculosXVIeXVII,apartirdomomentoemqueelascomeçamadivergir:oséculoXV.SegundoCardeira(2005:292),

(...) é neste período que se definem selecções e mutaçõesque irão conferir aoportuguêsumadeterminadapersonalidade:éaelaboraçãodoportuguêsdoséculoXVquepermitiráasuagramaticalizaçãoapartirdoséculoseguinte.Assim,oportuguêsmédio, mais do que um «período de transição», pode definir-se com um «períodocrítico»,crucialnahistóriadalínguaportuguesa.(grifosnossos)

OestudodeCardeira(2005)levouemcontaalgunsfenômenosfonológicosemorfológicos,taiscomoosencontrosvocálicos–eo,–ea>–eio,–eia;sequênciasnasalizadasemcontextofinal (convergência de –om, –am em –ão); síncope de –d– nomorfema número-pessoal;realizaçãodoparticípioem–udo>–ido;sistemadospronomespossessivosma,ta,sa>minha,

tua,sua,entreoutros.Emlinhasgerais,aautoraconstataqueamudança,emalgunscasos,já estava em curso antes do século XV, e emoutros, apresentava ainda ummomento detransiçãooucompetição,comprovandoacoexistênciadeformasconservadoraseinovadoras. EssesachadoseareflexãodeCastro(2009)trazidaaoProjetoCaipira(faseI)motivaramaagendadeestudossintáticosdopresentesubprojeto,paralelamenteàspesquisasdeMoraesdeCastilho,quedesdepelomenos2001,vemsededicandoaoestudosintáticodesseperíodo.Masdeve-selembrarqueMattoseSilva(2006)jáapontavaoXVcomooperíododetransiçãoentreformasemvariação,comoavalênciaverbal,váriosdosfenômenosdevariação,comopresençaouausênciadepreposiçãoemrenunciaraSN~renunciarSN;projeçãodeODouOIcomoverboperguntar(Perguntaron-noquedemandava~Perguntou-lhequefaria),variaçãoentrepreposições(confiardeSN~confiaremSN),aplicaçãoounãoaplicaçãodaregradeconcordância(morreooloboearaposa~morrerontodos),dentreoutros. Esses fenômenos correspondemàsmanifestaçõesdoPrincípiodeProjeção (Castilho2010),que,nocampodaSintaxe,referem-seàtransitividade,colocaçãoeconcordância,queformamasbasesdaagendadesintaxedestesubprojeto,quepodeserassimarticulada:(I)OPrincípio de Projeção e a transitividade: várias teorias discorrem sobre a definição eaplicaçãodotermotransitividade,masindependentedaabordagem,pode-sedizerqueesta"éumapropriedadedasentença,enãodoverboqueaconstrói"(Castilho2010:263);comisso, conclui-se que a transitividade de um verbo se dá pela escolha que o falante faz nasentença.Incluem-senessequesitoaquestãodocasogramatical,dosargumentoseadjuntos(ouconstituintesargumentaisenão-argumentais,respectivamente)edospreenchimentodoslugaresargumentais.(II)OPrincípiodeProjeçãoea colocação: as regularidadesnaordemdos constituintesdasentençademonstramqueháregrasvariáveis(SV~VS)eregrascategóricas(Artigo+Nome)emrelaçãoaonúcleo.Compreendem,nestecampo,asconstruçõesdetópicocomoFulanoelefoiembora,Bananaeugostoetc.(cf.Castilho2010:279).(III)OPrincípio de Projeção e a concordância: seja nominal, seja verbal, a concordância éprojetada quando estabelece semelhança morfológica entre os termos dominante edominado, ou como propõe Moraes de Castilho (2011: 07), ativador e receptor,respectivamente.Oativadorcompartilhacomoreceptorasmesmasmarcasflexionais.(IV)O Princípio de Projeção e articulação de sentenças complexas: tem-se duas ou maissentençasquandohámaisdeumverbo,comoemOalunofaloueoprofessorsaiu,OalunodissequeoprofessortinhasaídoeOprofessorsaiuporqueoalunofalou.Castilho(2010:337-345) propõe que se levem em conta os seguintes aspectos para a análise das sentençascomplexas:(i)formadeligaçãodassentenças;(ii)grausdeintegraçãoentreassentenças;(iii)tipologiadassentenças;(iv)gramaticalizaçãodeconjunções,entreoutrosaspectos.1.DesenvolvimentodaspesquisasSemaintençãodeesgotartodasaspossibilidadesdemanifestaçãodoPrincípiodeProjeçãonaSintaxe,ositensI-IVacimadãocontadosprimeirospassosaseremdadosparaasintaxedos séculos XV a XVII na busca pelas nossas origens. Nossa agenda de sintaxe conta osfenômenosdistribuídosem:(2.1)Estruturaargumentalevalênciaverbal;(2.2)AsintaxedaspreposiçõesnosséculosXVaXVII;(2.3)Concordâncianominaleverbale(2.4)Estratégiasdejunção.Sãoapresentados,alémdospesquisadoresresponsáveisporcadaitem,osobjetivos

iniciaiseosprimeirosresultados.Ressalta-se,noentanto,queumdessesestudosfoirealizadoemconjunto,queseapresentanoitem2.1.3abaixo.1.1EstruturaargumentalevalênciaverbalMariaClaraPaixãodeSousaeGilcéliadeMenezesdaSilvaA flexibilidade das valências verbais tem sido um aspecto bastante abordado em estudosrecentessobreoPB(Negrão&Viotti,2009;Perini,2010).ConformeapontaPaixãodeSousa(2008a),taisestudostomamporbaseoPEatualparaclassificaressacaracterísticacomoumainovaçãodoPB–comparam-se,porexemplo,construçõescomo"Mariacasou","Pedrocasouafilhacomovizinho";"Aportaabriu","Aportafechou"(PB)com"Mariacasou-se","Aportaabriu-se","Aportafechou-se"(PE).Entretanto,ospadrõesdevalênciaregistradosemtextosportugueses dos séculos XVI e XVII não equivalem aos do PEmoderno, comomostra umestudo preliminar sobre os padrões de diátese de cerca de 300 verbos em textos desteperíodo(porexemplo,"casar",paraoqualseregistraousobitransitivo,"XcasarYcomZ";ou"abrir"e"fechar",paraosquaisseregistraavalênciareduzida"Xabriu","Xfechou"):PaixãodeSousa(2008b).Buscandoampliaresse levantamento inicialeaprofundaraanálisepropostaemPaixãodeSousa (2009), são levados em conta os contrastes e as semelhanças entre os padrões devalênciaverbalnoPBenoPE,comparando-seaospadrõesencontradosnoPortuguêsMédio,tomando-os como reveladores de umamudança no padrão de realização do sujeito. Umexemploemblemáticoéconstrução"DonaUrracacasoucomocondeD.ReimãodeTolosa",naqual"D.Urraca"éumtópico(compapeldetema)eosujeitoénulo(compapeldeagente,referente a "O rei") – padrão que não se registra no PB, por conta da tendência para opreenchimento lexical do sujeito nessa gramática, um processo amplamente estudado naliteratura.Aqui,entretanto,esseprocessoéanalisadoàluzdospadrõesdevalênciaverbalnoPortuguêsMédio,cujaflexibilidadeestarianaraizdamudança.Comoprimeirosresultadosdestapesquisa,destacam-se:AsintaxedaordemnoPortuguêsMédio(2.1.1),AsConstruçõesDenominativasnaHistóriadaLínguaPortuguesa(2.1.2)eEstudosobreavalênciaverbalnoPortuguêsMédio(2.1.3).1.2SintaxedaordemnoPortuguêsMédioMariaClaraPaixãodeSousaFoi apresentado no III Seminário do Projeto de História do Português Paulista o trabalhointitulado"AsintaxedaordemnoPortuguêsMédio:consequênciasparaosestudossobreadiacroniadoPortuguêsBrasileiro",noqualsediscutiuumrecenteestudosobreaordemdepalavrasemtextosportuguesesdosséculosXVaXIX(Galves&PaixãodeSousa,emcurso18),daperspectivadeseusimpactossobreadiacroniadaestruturaargumental.Comosedestacounaocasião,osresultadosdeGalves&PaixãodeSousa(emcurso)confirmamaspesquisaspreliminaresdePaixãodeSousa(2009)quantoàpropriedadedeproeminênciaàesquerdanoPortuguêsMédio;eécombasenessapropriedadequeospadrõesdevalênciaverbalprecisamserestudadosnos textosdesseperíodo.Destacaram-se, também,asdificuldadesqueesseaspecto coloca para o estudo da sintaxe: a proeminência à esquerda é uma propriedadesintática inteiramentedependentede fatoresdiscursivos,ouporoutraspalavraspode sermotivada por fatores discursivos. Assim, o cuidado com o tipo de texto escolhido e suareflexãoparaoestudosintáticoganham,nessecampo, importânciacentral.Aanálisefeita

18Estapesquisabaseou-senoCorpusTychoBrahe e relaciona-seaoProjetoTemáticoALínguaPortuguesanoTempoenoEspaço(FapespPorc.N.º12/06078-9),alémdopresenteSubprojetoVésperasBrasilianas.

atéaquipermiteafirmarqueaposiçãoàesquerdadoverbo,noPortuguêsMédio,éolugardeproeminênciadiscursiva.Assim,estruturasdotipo[SV]sãoumsubtipode{XV},emque{X}é um constituinte discursivamente importante e emdestaque (foco ou tópico). Logo, nostextosdoPortuguêsMédio,{XVS}nãorepresentasimplesmenteumaposposiçãodosujeito,masofronteamentodoconstituinte{X},estandoosujeitoemlugarnão-marcado.QuandooSujeitoeoTópiconãocoincidem(i.e.,nãosãorepresentadospelomesmoconstituinte),aordemprevalecenteseráadeTópico-Comentário,comoem(1):(1)[MariaMonteira]-TOPtinha[umasuafilha]-SUJmuitasverrugasnasmãos.Seguindoesseraciocínio,notrabalho"AsCrônicasHistóricasPortuguesascomofontesparaEstudosdaLíngua",elaboradoemconjuntocomasmestrandasElenaLombardoeBrunaB.de Miranda (USP) e a doutoranda Gilcélia de Menezes (USP) 19 , procuramos apontar ascaracterísticas textuais que fazem das crônicas ummaterial de importância ímpar para ahistóriadoportuguês.Naspróximasetapas,pretende-seaprofundaraanálisedessematerial,comfocoespecialnomodelodasTradiçõesDiscursivas.Saliente-se,porfim,quetemos,nalinhadeestudosdaestruturaargumental,duaspesquisasdealunosemandamento:apesquisadeDoutoradodeGilcéliadeMenezesdaSilva(iniciadaem2011),conformedescritoem2.1.2abaixo,eapesquisadeIniciaçãoCientíficadeLetíciaMonho (iniciada em setembro de 2013), com o tema Expansão da Classe de Verbos deAlternânciaCausativa:UmEstudoSincrôniconoPB. Esseúltimoestudopoderá fornecerocontrapontosincrônicoparaaanálisedaestruturaargumentaledavalênciadealgunsverbospresentesnoPortuguêsMédioquevimoselaborando(cf.item2.1.3abaixo).1.3AsConstruçõesDenominativasnaHistóriadaLínguaPortuguesaGilcéliadeMenezesdaSilvaEstapesquisadedoutoradotemporobjetivoefetuarumlevantamentohistóricodetalhadodas construções denominativas do Português e sua descrição gramatical, analisando aestruturaargumental,asrelaçõessintáticasesemânticaspresentesnestetipodeconstrução.Alémdisso,pretende-seinvestigarquaisasmudançassofridasporessasestruturasaolongodahistóriadoPortuguês.Estapesquisaseinsere,dentreosobjetivosespecíficosdepesquisadoSubprojetoVésperasBrasilianas,nosestudosdevalênciaverbaldavariedadepaulistanosprimeirosséculos.Atéopresentemomento,desenvolveu-se,paraestapesquisa,umtrabalhodeampliaçãodocorpus através de um conjunto de três textos do século XVIII sobre a Capitanias de SantoAmaro,SãoVicenteeSãoPaulo,editadospelaequipedoSubprojetoFormaçãodeCorporadoPortuguêsPaulista, coordenadopeloProf.Dr. JosédaSilvadaSimões (USP),compostaporPatriciaS.F.ManoelePriscillaU.Morais.Ostextosmencionadossão:• DissertaçaõsobreasCapitaniasdeSantoAmaroeSãoVicente,manuscritoautógrafodeFreiGaspardaMadredeDeus(1780),depositadonaBNL• Dizertaçãoa respeitodaCapitaniadeSãoPauloesuadecadênciadeMarcelinoPereiraCleto,Santos,1781.• PapeisVariosDoDoutorAntonioPereirad'AlmeidaSilvaeSequeira.

19TrabalhoapresentadonoSemináriodoMini-EnapoldeHistoriografiaLinguística,realizadonaUniversidadedeSãoPaulo,emsetembrode2013.

Otrabalhoenvolveumlevantamentodasestruturasdedenominaçãopresentesnestestextosedeclassificaçãodasmesmasporpredicador.Emseguida,sefazumadescriçãoeanálisedaestruturaargumentalpresentenasdenominativas,comintuitodecompreenderosaspectosgramaticaisdessasestruturasnoportuguêsdoséculoXVIII.OtrabalhodeclassificaçãodasestruturasdenominativasnotextointituladoDissertaçaõsobreasCapitaniasdeSantoAmaroeSãoVicentedeFreiGaspardaMadredeDeus(1780)estáconcluído.Foramclassificadas,nestetexto,83sentençasdenominativascomosseguintespredicadores:APELIDAR,ASSINALAR,CHAMAR,DAR(NOME),DEMARCAR(COMNOME),DENOMINAR,DENOTAR,DIZER/HAVER(NOME),NOMEAR,PÔR (NOME), TOMAR (NOME). A análise da estrutura argumental desses predicadoresdenominativosnomanuscritodoFreiGaspardaMadredeDeusestáemfasedeconclusão.Noentanto,comootrabalhodedescriçãodasestruturasdenominativasnomanuscritotrouxeàtonaalgumasobservaçõesinteressantes,estasforamapresentadasnoIIISemináriodoPHPPIIrealizadoemagostode2013,nacomunicaçãointituladaObservaçõessobreasconstruçõesdenominativas no manuscrito autógrafo da BNL de Frei Gaspar da Madre de Deus -DissertaçaõsobreasCapitaniasdeSantoAmaroeSãoVicentede1780.Alémdisso,estásendopreparadoumtextocomosresultadosapresentadosnoreferidoSeminário,quefarápartedopróximovolumedaSérieEstudosdoProjetoTemático.1.4EstudosobrevalênciaverbalnoPortuguêsMédioVerenaKewitzeMariaClaraPaixãodeSousaPartindo da descrição apresentada por Mattos e Silva (2006) para a variação linguísticapresenteemtextosdoPortuguêsArcaicoatépelomenososéculoXV,procuramosverificaravalênciadealgunsverbosemtextosquatrocentistas,comonosexemplosabaixo20:(1)Confiar(de~em)(1a)Nõqueirascõfiardosamigos(MattoseSilva2006)(1b)...equandoDomEguasviuacriançatãoformosa,ecomtalaleijão,houvemuitagrandedódela,.econfiandoemDeus,quelhepoderiadarsaúde,(CTB-G009)(2)Duvidar(de~em)(2a) ...per queduvydemde tal volta, atentem o cavallo namãão e desvyemsse ao través,(CIPM-S15LC)(2b)Rrazoões contra esto d´algũus que hi estavom,duvidandomuito em este casamento(Tarallo1991)(3)Cuidar(SN~em~de)(3a)Pensaecuidaopresente(MattoseSilva2006)(3b)Cuidanosbeneficios(MattoseSilva2006)(3c)equandoseoCondeDomFernandoviupreso,cuidoulogodesermorto,efezhomenagemaoPríncipedenuncamaisentraremPortugal(CTB-G009)(4)Misturar(com~a)(4a)A inpurezaouçugidadesecausaquandoalgũacousasemesturacõoutrasmaisviisebaixas.(CIPM-1504Cat)(4b)sedeoscessasseenommesturassealgũasamargurasaasbem-aventurançasdomundo,esquecelloyamos.(CIPM-1437/1438LC)(5)Tomar(de~Dativo)

20 Este estudo preliminar foi publicado em Paixão de Sousa & Kewitz (2011). Os dadosapresentadosnosexemplos(1)a(6)aseguirprovêmdosseguintescorpora:textosmarcadoscoma silgra CTB: http://www.tycho.iel.unicamp.br; textos marcados com a sigla CIPM (CorpusInformatizado do Português Medieval): http://cipm.fcsh.unl.pt; além dos dados retirados deTarallo(1991Org.)eMattoseSilva(2006).

(5a)Eestohemesmodequalquerquetomaalgũacoussadosrromeyroseperegrinosquemorrem,(CIPM-1488S) (5b)EduasoutrescarapucasvermelhasperadarlaaoSenhorseohyouuese./nomcuraramdelhetomarnada...(CIPM-1500CPVC)Osexemplos (1)a (3) foramclassificados comovariáveisnoPortuguêsMédio, tendooPBescolhido uma das valências, no caso confiar em SN, duvidar de SN e cuidarde SN,considerando os usos atuais desses verbos. Os exemplos (4) e (5) ilustram variação noPortuguêsMédioesuamanutençãonoPBatual.Nessaprimeiraetapadapesquisa,buscamosverificar que verbos apresentavam pelo menos duas valências e quais as suas projeçõesencontradas, considerando presença ou ausência de preposições e tipo de argumentointerno.Pudemosnotar,entreoutrosaspectos,quecertosverbosesuasprojeçõesestavamatreladosao tipode textoemqueosdados se apresentavam,porexemplo, seem textosreligiosos,crônicasdereisetc.Alémdisso,algunsverbosproporcionamumaleituraespecíficadacenadescritaadependerdesuasprojeções,aexemplodetopar:(6a) E aaquarta feira segujmtepolamanhaam topamosaves a que chamam fura buchos.(CIPM-1500CPVC)(6b)Equandodejustaveher,omelhorgeitoheteeramããoquedaapardorostro,comocotovello alto, e aguardalla que venha toparna lança como se a de soobraço tevesse, eentranteaapontadelladarondequerferir,carregandocomocorpo.(CIPM-1437/1438LEBC)(6c)Topeicomaquelecaranarua~Topeiaquelecaranarua.Ainda nesse estudo preliminar, verificamos os usos do verbo gostar, classificados comovariáveis:gostarSN~gostardeSN.Noentanto,aoanalisarmaisdetalhadamenteosdadosemdeterminadostiposdetextodoséculoXV,observou-sequeasduasvalênciasdegostarnãoconfiguramomesmo'estadodecoisas'ouamesmacena,ouseja,apresentamsentidosdistintos,aindaquerelacionados.Vejam-seosexemplosabaixo21:(7)Eestohesinaldefastidio,[asycomofazoestamogoefastiado],quegostamuytascousasenomrecebeoquelhefazmesterdenehuadellas.(OrtodoEsposo,XIV/XV)(8)Edamolherquepassade#XIIãnosquenoçumodehuamaçaamousemelhantecomernodiaemquemaislargocomesemantem,nomgostandocarne,pescado,ovos,leitenemoutraboavyanda,mascomtampouca,comodictohe,semvynhosemantememsoobeverd’auguasimprez,queheincridyvel.(LealConselheiro,XV)(9)Masseentramempecadoeentramemluxúriacomoante,emvãosetrabalham,cajamaisdelenomgostarám,antereceberámimuitasdesonraseperdas,porquesechamarámcavaleirosdademandadoGraal,(DemandadoSantoGraal,XV)(10) ... trouueran lhes vinho per hũa taça . poseran lhe asy a boca tam malaues E nomgostaramdelenadanemoquiserammais(CartadePeroVazdeCaminha,XV)Nãoforamencontradosmuitosdadoscomoverbogostarcomambasasprojeções(SNoude-SN)emdiversostextosdoséculoXV.Maspudemosobservarquegostar+SNaparecequasecategoricamentenumcontextoemquesãodescritososcincosentidos:visão,olfato,audição,tatoepaladar,esteúltimorepresentadoorapeloSubstantivogosto,orapeloverbo.Veja-seoexemploabaixo,comarepresentaçãodoscincosentidospelosseusrespectivosverbos:

21TodososdadosdetextosdoséculoXV,nestaseção,foramcoletadosdoCorpusInformatizadodoPortuguêsMedieval(CIPM),disponívelemhttp://cipm.fcsh.unl.pt/corpus.

(11) E se uir que se non sabe confessar leuelhe este modo que se segue. Primeyramẽteapregũtepolossetepecadosmortaaesquesomestes:Soberba.Emueia.Ira.Accidia.Auareza.Luxuria.Gargãtuicedemuitocomerebeber. Itemuaase logoaoscincosemtidosquesomestes:Veer.Ouuir.Gostar.Cheyrar.Palpar.Itemdepoysdestoquaaseaos.x.mandamẽtosdaleyquesomestes:AmaraDeussobretodasascousas.(TratadodeConfisson,Cap.1.º,XV)Na continuidade da pesquisa sobre a valência deste e de outros verbos em textosquatrocentistas, pretendemos descrever seus usos quanto à variação, sua atuação emdiferentestiposdetexto,suaestruturasintagmática,estendendoessaanáliseatextosdosséculosXVIeXVIIdoPBedoPE.2.AsintaxedaspreposiçõesnosséculosXVaXVIIVerenaKewitzAprojeçãodaspreposiçõesestávinculadaàestruturaargumentaldasentençaespecificadanoitemanterior.Apesquisaemtornodessesitensfoirealizada,atéomomento,noâmbitoda valência verbal, ou seja, nos verbos que projetam preposições, sobretudo na funçãosintáticadeargumento.Seguindoaanáliseempreendidacomoverbogostar,apresentadaacima, foi feitaa coletadedados comoverbo falar projetandodiferentespreposições.OobjetivofoiverificarseasmesmasconstruçõesusadashojeaparecemnostextosdoséculoXV e XVI. Como a coleta encontra-se em andamento, ainda não é possível apresentarresultados, apenas uma amostragem, conforme se vê nos exemplos abaixo (coletados doCIPM):(1)Equalquerdellasnomfaçaperlongospaço,senomcomorequereoqueelmostrarquerercorreger.$Doutramaneirasefaz,yndofallandoemalgũastoriacompessoaquenomsejadegramconta,porapertarabestadaspernas,...[LEBC,Cap.4,XV](2)Porembemseyquealgũaleituranompodeatodosigualmenteprazer,cateemsobr’ellotantadeferençacomonogostodasviandaseouvirdossoons.Eaquedesprazaalgũũs,porlhe parecer scura, outros a julgam por symprezmente feita. E aosquefalla contra seupropositoemaneiradeviver,poucodellosecontentom.[LealConselheiro,Indice,4r.,XV](3)Enomsomdecreerosquedestesfeitospoucosouberem,ouhusamperocontrairo.Capoisnomcustumamdetalguisa,nuncasobr’ellopoderómfallarouconsselhar;porquecertohequeosmaisdoshomẽẽsalgũasvezeshamaazoserecebemconsselhosperatomarvidasquelhesmaispraz,...[LEBC,Livro3-1,Cap.21,107v.,XV](4)Ca,postoquetunõayasafaladabocacorporal,sabeporcertoqueaalmahaoutrafaladedentrosecreta,muytomaisdoceemaisblandaqueadefora.EconestafalladedentrodizSamJeronimoqueohomẽjusto,quandolhefalecehomẽẽscõquefale,ẽtomfalacõDeus.Eperesta faladedentro fallaohomẽcõaUirgemgloriosae cõosangiose cõoseuproprioangioecõqualquersanctoousanctaquelhepraz,efalacõquaesquerseusamigosqueesperaquesomẽnagloriacelestrial.Ebemparecequequalquermudooumỹguadodafalapodefalardentroẽssy,cadizSamPaulo:CantadeaoSenhorDeusẽno[s]uossoscoraçõões!Epoisqueasyhequeomudopodefalarcõtantamultidõõdesanctosecõpessoastamdignas,nõdeuecurardefalaraosmaispoucosenõdignoshomẽẽsdestemũdo,ssedeleytaẽnascousasdebaixo.Ebemassycertamẽtequalquerhomẽtantosedesjũtaearredadoamorcelestrial,quantossedeleytaẽnascousasdebaixo.Ebemassycertamẽtequalquerhomẽtantomaisheenbargadode falar dedentro ẽ sua aalma cõos santos, quanto se deleita falando conascreaturasterreaesdebayxo.[OrtodoEsposo,Livro4,Cap.22,74v-75r,XIV/XV](5)aqueleemnosasyestamdoajumtaua|aquelesquealyficarameajndachamaua|outros./esteandandoasyantrelesfalando|lhesacenoucõodedoperaoaltaredepoismostrou|

odedoperaoceeocomaquelhesdiziaalguu[m]a|cousadebemenosasyotomamos.[CartadePeroVazdeCaminha,p.17,XV](6)EvemdoelreydeBisnagaavontadedosdelreydeDelly,queeranãopartirdallysemdarfimaosquedemtronafortallezacomsyguotinha,fezhũafallaatodos,pomdolhedianteadestroyçãoqueelreydosdeDelyemseusreynosfeitotinha,[CrônicadosReisdeBisnaga,Tit.1,XVI](7)edediaedenoutesempreestãonopaço,eomesmoreyquoamdovayforalevaapardesyescrivãees,queescrevemoqueelreyfalla,easmercesquefaz,ecomquemfallou,esobreque,eoquedetreminou,[CrônicadosReisdeBisnaga,Tit.22,XVI](8)HomayorprivadoquetemhehũuvelhoquesechamaTemersea;estemamdatodasuacasa,eaestefazemtodososgramdessenhorescomoaelrey,edepoisqueelreyfallacomesteshomẽesnoquelheapraz,entãomamdaqueentremossenhoresecapitãeesqueaportaestão,eentãoentrãoalhefazerçalema,etantoqueentrão,elhefazemasallema,epoemseaolongodasparedeslongedelle,enãofallãohũscomoutros,nemcomembetrediantedelle,emetemasmãosnasmangasdascabayas,epõemnochãoosolhos;eseelreyquerfallarcomalguemheporsegumdapessoa,eentãoaquelleaqueelreyquerfallarergueosolhos,erespomdeaoquelhepregunta,...[CrônicadosReisdeBisnaga,Tit.24,XVI]A análise desses e outros dados do verbo falar em textos dos séculos XV e XVI está emandamento, mas pode-se observar a conservação das estruturas falar + PESSOA e falar +OBJETO/ASSUNTO. O primeiro caso projeta as preposições com e a, e o segundo projeta aspreposições sobre, em e de com sentidos semelhantes, além do uso de contra. Talvez adiferençamaiorentreessasocorrênciasdoXVeXVIeousoatualcomoverbofalarestejanousodapreposiçãopara+PESSOA,nolugardapreposiçãoa.Numestudopreliminar(Kewitz2011),verifiqueiadistribuiçãodaspreposiçõesa,pera,em,deecomemalgunstextosdoséculo XV, constatando-se apenas 8% de uso de pera projetada por verbos e semprecombinadaaSN[–humano].Partedaanálisedavalênciadosverbosgostarefalaremtextosdos séculos XV e XVI foi submetida por Verena Kewitz e Maria Clara Paixão de Sousa eaprovadanaformaderesumoaoRomanistentag2013(CongressoAlemãodeRomanistas),realizadoemWürzburg,Alemanha,de22a25de setembrode2013.Por razões técnicas,entretanto,nãopudemoscompareceraoevento,masdaremoscontinuidadeaessaanálisequedeveráserdebatidaemeventosfuturos.Alémdaanálisedaspreposiçõesrelacionadasàvalênciadedeterminadosverbos,estãoemfase de coleta as expressões espaciais representadas por diversas preposições simples ecomplexasemtextosdoséculoXV.3.EstratégiasdejunçãoJosédaSilvaSimõeseAlessandraF.CastilhodaCostaA pesquisa sobre as estratégias de junção tem como objetivo aliar a descrição e análisesintática à perspectiva textual domodelo de Tradições Discursivas (doravante, TDs), poisquandolidamoscomahistóriadalíngua,recorremosatextosdesincroniaspassadasdosmaisvariadostipos:Simões&Kewitz(2009,2006).Assim,aanálisedasmudançasestruturaisdevecaminharparalelamenteàhistóriadostextos,emparelhandoossubsistemasdaGramáticaedoDiscurso,semqueseestabeleçamrelaçõeshierárquicas.Opontodepartidaéverificarosgraus de agregação e integração (Raible 1992) e de proximidade e distância (Koch &Oesterriecher 1990/2006) presentes nos textos, verificando, sempre que possível,movimentosdaescritaqueapontemparaaoralidadeconceptual.

Numestudosobreoespanholmedieval,PonsRodríguez(2008)aplicouomodelodejunçãopropostoporRaible (1992) a fimde identificarqueestratégias erammaisutilizadas.NumtextodoséculoXIII,aautoraverificouqueneleserevelavaumusomajoritáriodetécnicasdejunçãodopólodaagregaçãocomoousodejustaposiçõessimplesdefrases,junçãomediantereferência anafórica e elevado uso de coordenação (principalmente o conector "e"). Emcontraposição, uma amostra do século XV de um texto do tipo tratado com conteúdohagiográficoevidenciouqueadimensãode junçãodesse textoapresentavamaiorgraudeintegração,commaiornúmerodesubordinadas,usodeconstruçõesabsolutascomgerúndioe particípio passado e uso de nominalizações introduzidas por preposições ou grupospreposicionais.Poressaanáliseconjuntadestesedeoutrostextosescritosnumperíodode200 anos, a autora mostrou que certos usos sintáticos estão condicionados à tarefacomunicativa que estes textos desempenhavam. Seu texto traça um desenho históricocuidadosodatradiçãoculturaldedivulgaçãodasvidasdesantosatravésdedistintosgênerostextuais.Sedeumladoosprocessosderepetiçãodeumatradiçãoadvindaaindadeescritostraduzidosdolatimconservavamdeterminadaspráticaslinguísticas,ainterferênciaefetuadaem outras TDs, cuja finalidade maior era a argumentação em torno do discurso moral,promoviamudançasinternasdentrodasprópriasTDsefavoreciamamudançalinguísticadoselementosconstitutivosdoespanholcomolínguaparticular.Aautoraidentificou,portanto,que na produção destes textos estavam em jogo os pólos dadistância e da proximidadecomunicativas(cf.Koch&Oesterreicher1990).HipotetizamosqueomesmodevetersepassadocomostextosportuguesesdoséculoXVeséculossubsequentes,oupelomenosqueresultadossemelhantesaosdeRodriguespossamserencontrados.Osdocumentosdeadministraçãopública,comoinventários,testamentos,atasdecâmara,diáriosdeviagemetc.,podemparecerformulaicosnumprimeiromomento.Noentanto,comobemcolocaMaia(1986:950),

ovalordedocumentosdaesferapública,comoosdocumentosnotariaisdosprimeirosséculosdoportuguêsescrito,podeserbastantevariável,umavezquecadadocumentodeixatransparecer,emdiferentesproporções,certostraçosda linguagemfalada,deacordo com determinadas circunstâncias que podem influenciar, demodomais oumenosacentuado,amaneiracomocadanotárioescreve.Podemconsiderar-sefactoresverdadeiramentedecisivosaeducaçãoeograudeculturadonotáriooudoescribaeaépocaemqueodocumentofoiescrito.

OprimeiropassodanossapesquisasedeucomasestruturasdejunçãodacausalidadeemtestamentosproduzidosentreosséculosXIIIeXIX,partindodapremissadequetodomodelotextual de uma dada época atualiza modelos textuais anteriores e de que tais modelostextuaisouTD,comocomplexosderegrascomcaráterhistórico,apresentamumamisturadeelementos constantes emodificáveis (cf. Koch 1997). Para tanto, foram selecionados seistestamentos dos séculos XIII a XIX, divididos em portugueses e brasileiros, a saber22: (i)TestamentodeD.AfonsoII,de1214;(ii)TestamentodeD.Dinis,de1322;(iii)testamentodeD.Fernando,de1437;(iv)TestamentodePedroTavaresRomeiro,de1767;(v)Testamentode Joana da Rocha de 1768; (vi) Testamento de Ruberto de Sá Bezerra, de 1816.Os três

22 Os dados dos testamentos portugueses são apresentados na coletânea Provas de HistoriaGenealogica da Casa Real Portugueza, de Antonio Caetano de Souza, que contém cartas, bulas,testamentos, entre outros documentos, tirados dos Arquivos da Torre do Tombo, da Casa deBragança e demosteiros de Portugal. Os testamentos brasileiros foram coletados do InstitutoHistórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (Natal, RN). Parte deste estudo insere-se naspesquisasdoPHPB,equipeRN.

últimossãodocumentosbrasileirosdenaturaisdeNatal-RNeforamconsideradosaquiatítulodecomparaçãocomomodelodostrêsprimeiros,portugueses.O gênero testamento é caracterizado em sua linguagem não somente pela exposição einstruçãoacercadaúltimavontadedotestadorreferenteàdistribuiçãodeseusbens,mastambémétipicamentemarcadoporatosdefaladejustificativadessainstrução,oquemotivaa expressão de causalidade. As seguintes questões norteiamnossa análise: (a) que traçossintáticos podem auxiliar a classificação de juntores de causalidade em nosso corpus? (b)Quais os recursos que o gênero testamento atualiza preferencialmente na expressão decausalidadedopontodevistadiacrônico?e(c)Comoaidentificaçãoeaclassificaçãodessesrecursos podem contribuir para os estudos de história da língua? Apresentamos a seguiralguns dos exemplos coletados nos testamentos e como pretendemos encaminhar suaanálise:(1) [...]emandoqueestesTestementeirostodosperconselho,emandadodaditaRaynhaDonnaIzabelminhamulherpaguemestemeuTestamento[...]caellatenhoporbem,quesejaaprincipal,emayoralTestementeira[...](TestamentodeD.Diniz,1322)(2)[...]osCanones,eDoutoresda|IgrejadeDeosdefendemasperamenteemandãoquepernehuãcou-|zaespiritualselevepressotemporal,[...]eportantomandoquesaibaõtodosaquelles,aque|euleveidepoisquetivecarregodoMestradoDavizChancellariade|algunsPrioradoseraçoens,eaquelloqueforachado,que leveiseja|tornadoaaquellesaqueomandeipagar.(TestamentodeD.Fernando,143723)(3) Sou cazado | comDonnaAnna Ferreyra da Sylva, e naõ tendo filhos | vivos della, oudescendentes legítimosquesejaõmeosherdey-|rosnecessários, comotaobemnaõ tendoquerentesque|osejaõ,eporissonomeyoeinstituoporminhauniversal|herdeyraamesmaminhamulher Donna Anna Ferrey-|ra da Sylva. (Testamento de Pedro Tavares Romeyro,176724)(4)[...]rogo|SejaõmuyIntercessoresquandominhaalmadestemundopartir,paraquevâgozardaBemaventuranssa,paraquefoicreada;porquecomoverda-|deirachristãprotestoviver,emorreremaSantaFêCatolica,ecrer|oquetem,ecrêaSantaMadreIgrejadeRoma,emcujaFêespero|Salvaraminhaalma.(TestamentodeJoanadaRocha176825)(5)Declaro[visto]estaseraminha|ultimavontade[tornoarogaraosmeustestamenteirosquepeloamordedeosqueiram|Aceitarestemeutestamentoedarinteira|satisfaçãoasminhasdsepozição[...].(TestamentodeRubertodeSáBezerra,181626)Esteseoutrosdadosserãoclassificadosquantoàsestratégiasdejunção,taiscomoadvérbiosjuntivos, conjunções coordanativas e subordinativas, locuções prepositivas e preposiçõessimples. Em outras palavras, verificaremos que estratégias estão presentes em cadatestamento, sehádiferenças sintáticas, semânticasediscursivasentre seususosemcadatexto.Soma-seaessaanálise,acoletadedadosemtestamentospaulistas,paraverificarasmesmasestratégiasdejunçãodecausalidadequantoapossíveisdiferençasesemelhanças.ReferênciasbibliográficasBAXTER, Alan & LUCCHESI, Dante (1997) A relevância dos processos de pidginização ecrioulizaçãonaformaçãodalínguaportuguesanoBrasil.EstudosLinguísticoseLiterários,N.ºEspecial.

23TranscriçãodeBibianaJ.Perinazzo.Fonte:ProvasdeHistóriaGenealógicadaCasaRealPortuguesa.24ColetaetranscriçãodeAlessandraCastilhoFerreiradaCosta.25ColetaetranscriçãodeAlessandraCastilhoFerreiradaCosta.26ColetaetranscriçãodeBibianaJ.Perinazzo.

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alterações no quadro dos pronomes, a formação do dequeísmo: Moraes de Castilho(1998/2001,2004,2005a,b).1.ObjetivoscumpridosAtaliba T. de Castilho, Célia Maria Moraes de Castilho e Edilaine Buin-Barbosa deramcontinuidadeàspesquisassobreadiacroniadaconcordância,dequeredigiramaprimeiraversãoem2013,textode44páginas.EssetextofoiapresentadoedebatidonoIISemináriodoProjetoCaipiraII,2013.Estáempreparaçãoumanovaversão,queseráapresentadaaoIXSeminárioNacionaldoProjetoparaaHistóriadoPortuguêsBrasileiro,previstopara14a18deoutubrode2013,naUniversidadeFederaldeAlagoas.Asegundaautorapublicouem2013olivroFundamentossintáticosdoportuguêsbrasileiro,eredigiuaprimeiraversãodocapítulo“OsjudeusnaimplantaçãodoportuguêsemSãoPaulo”,valendo-sedeargumentaçãosintática.EdilaineBuin-BarbosaassumiuseucargodeprofessoranaUniversidadeFederaldaGrandeDourados,ondecontinuaráadesenvolverpesquisassobreadiscursivizaçãodaconcordância.FábioIzaltinodeLauradefendeunaUnicamp,em2013,suatesededoutoramentointituladaAbordagemmultissistêmicadamarcaçãode temanoportuguêspaulista,desligando-sedogrupo.Comisso,otópico“marcadoresdetematextual”ficouconcluído.Orientador:AtalibaT.deCastilho.FláviaOrciFernandesdefendeunaUnicamp,em2013,suadissertaçãodemestradointituladaSintatização e semanticização das construções andar, continuar, ficar, viver + gerúndio nahistória do português paulista. Com isso, o tópico “verbos auxiliares” ficou concluído.Orientador: Ataliba T. de Castilho. Admitida em 2013 no doutorado, essa pesquisadoratrabalharánotemagramaticalizaçãodaconcordância.Esses trabalhos fundamentaram-se na abordagem multissistêmica da linguagem, comaplicação à sua diacronia. As atividades de CéliaMariaMoraes de Castilho exploraram oproblema do redobramento sintático, examinando suas contribuições para a história doportuguêsdeSãoPaulo.2.Síntesedosprincipaisresultadosdaspesquisas

Oestudodadiacroniadaconcordâncianoportuguêsbrasileiroexperimentouváriosavanços,concentrando-se os trabalhos na semanticização, discursivização e gramaticalização dessarelaçãosintática,comênfaseemdocumentosdosséculosXVI,XVII,XIXeXX.Preliminarmente,definiu-seaconcordânciacomoumarelaçãosintáticaemqueumativadortransfereparaumreceptorseustraçosdegênero,númeroepessoa,combaseemquesepodemidentificartrêsregras de concordância: a concordância plena, em que o ativador tem sucesso em suatransferênciadetraços,aconcordânciaporreanálise,emqueoativadorintegraaperiferiadaestrutura sintática, e a concordância zero, quando essa relação sintática desaparece dosdados.Aconcordânciaporreanáliseeaconcordânciazeromostraramatéaquiumnúmerocrescente de ocorrências, o que parece indiciar que essa relação está em processo demudança,podendoatémesmodesaparecerdalínguaportuguesa.Oestudodosmarcadorestextuais,desenvolvidoporFábioIzaltinoLaura,concentrou-senaspropriedades lexicais (= como os marcadores representam as categorias cognitivas),discursivas (= papel dos marcadores na introdução de tópicos e sub-tópicos do texto) esemânticas(=categoriasdereferenciaçãoedeapresentação).Foramestudadososseguintesmarcadores:quantoa,sobre,arespeitode,apropósitode,relativamentea,noquetocaa,porfalaremepassandoa,voltandoa.OcorpusinvestigadofoilevantadopelospesquisadoresdoProjetodeHistóriadoPortuguêsdeSãoPaulo.Oestudodosverbosauxiliares,desenvolvidoporFláviaOrciFernandes,concentrou-seemdocumentosdosséculosXVIIIaXX,focalizandoaexpressãodoaspectoverbalpormeiodasperífrasesestudadas.ReferênciasbibliográficasCASTILHO,AtalibaT.de(2003).Propostafuncionalistademudançalingüística:osprocessosde lexicalização, semanticização, discursivização e gramaticalização na constituição daslínguas.Em:T.Lobo;I.Ribeiro;Z.Carneiro;N.Almeida(Orgs.)ParaaHistóriadoPortuguêsBrasileiro.Salvador:UniversidadeFederaldaBahia,vol.VI,tomo1:223-296,2006.CASTILHO,AtalibaT.de(2004).OproblemadagramaticalizaçãodaspreposiçõesnoProjetoparaaHistóriadoPortuguêsBrasileiro.EstudosLingüísticos33:2004,cd-rom.CASTILHO, Ataliba T. de (2007). Abordagem da língua como um sistema complexo.ContribuiçõesparaumanovaLingüísticaHistórica.Em:A.T.deCastilho;M.A.TorresMorais;R.E.V.Lopes;S.M.L.Cyrino(Orgs.2007)História,aquisiçãoemudança.HomenagemaMayKato.Campinas:EditoradaUnicamp/Fapesp,pp.329-360,2007.CASTILHO,AtalibaT.de(2010a).NovaGramáticadoPortuguêsBrasileiro.SãoPaulo:EditoraContexto.MORAESDECASTILHO,CéliaMaria(1998/2001).SeriaquatrocentistaabasedoPortuguêsBrasileiro? Em: Mattos e Silva (Org.).Para a História do PortuguêsBrasileiro.São Paulo:Humanitas/Fapesp,2001,tomo1:pp.57-90.MORAES DE CASTILHO, Célia Maria (2004a).Diacronia do dequeísmo: o clítico locativomedievaleneodequeísmonasoraçõesrelativas.Linguística15/16:123-160,2003/2004.MORAES DE CASTILHO, CéliaMaria (2004b). Locativos, fóricos, articuladores discursivos econjunçõesnoportuguêsmedieval.Gramaticalizaçãodeende/eneporende/porém.FilologiaeLinguísticaPortuguesa6:53-100,2004.

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no registro escrito de características da oralidade e, portanto, de características do tãopretendidovernáculo,oquepermiteflagraraspectosmudançalinguística.OQuadro01abaixorelacionaosparticipantesdesteSubprojetoeosrespectivosprojetosdepesquisa.OQuadrodistingue,notopo,aCoordenadoraeaspesquisadorasassociadase,nasequência, os pesquisadores em formação, os graduandos e pós-graduandos quedesenvolvempesquisas em diferentes níveis. Fica clara a coerência temática nos projetosdesenvolvidos: estão em foco as investigações que articulam junção, gramaticalização eTradiçãoDiscursiva(TD,daquiemdiante).

Pesquisador Status ProjetoSanderléiaR.L.Thomazi Pesquisadora

principalTipologia e história das construçõesparatáticas

LúciaR.Lopes-Damásio Pesquisadoraassociada

Tipologia e história das construçõeshipotáticas

AngélicaRodrigues Pesquisadoraassociada

Tipologiaehistóriadeconstruçõesemperspectivaconstrucional

FabrícioAmorim Doutorando(Capes) GramaticalizaçãodejuntorescausaisMilenaMello Mestranda(Capes) ParataxeehistóriaAnaRúbiaTuão Mestranda(Capes) Junçãoetradiçãodiscursiva

PatríciaOréficeMestranda(Capes) Construçõesdemovimentocompropósito

LuciMaso Mestranda JunçãoemudançalinguísticaFláviaCambi IC(Fapesp) GramaticalizaçãodejuntoresparatáticosDiegoMinucelli IC- GramaticalizaçãodejuntoresperifrásticosAmandaMiotto IC(PIBIC) GramaticalizaçãodojuntoragoraGabrielaLombardi IC(PIBIC) GramaticalizaçãodojuntorenquantoPatríciaSenna IC- AspectosdejunçãoemdiferentesTDsMarinaLara IC- Gramaticalização de construções deônticas

emPBRafaelColucci IC- Construçõesverbaisparatáticas

Quadro01:PesquisadoreserespectivosprojetosNoprimeiroanodevigênciadoprojeto,priorizamostrêsviasinvestigação.Emumadelas,aProfa. Angélica Rodrigues pesquisou tipos de construções deônticas e de construçõesparatáticasverbaisdoportuguêsbrasileiro(PB).Emoutravia,aProfa.SanderléiaLonghin-Thomaziinvestigouasconstruçõesparatáticasjustapostase,naterceira,asProfas.SanderléiaeLúciaLopes-Damásioinvestigaramumtipodeoraçãorelativaquetemaparticularidadedecodificar informação circunstancial. Conforme relacionadonapartedeProduçãoCientíficadeste relatório, dentre os produtos dessas pesquisas destacamos artigos em periódicos,capítulosdelivro,alémdasváriasapresentaçõesemeventos.A seguir, apresentamos uma descrição dessa primeira etapa de trabalho, sintetizando osresultadosobtidoseosobjetivosalcançados.1.TipologiaehistóriadeconstruçõesemperspectivaconstrucionalAngélicaRodrigues1.1.GramaticalizaçãodeconstruçõesdeônticasnoPBNestetrabalho,assumindoumaperspectivateóricaqueassociaGramaticalizaçãoeGramáticadas Construções, Rodrigues analisa as construções do tipo FICAR DE + INFINITIVO comoinstânciademodalidadedeônticanoportuguês,conforme(01):(01) Conceiçãopareciaestardevaneando.Subitamente,ouviumapancadanajanela,doladodefora,eumavozquebradava:"Missadogalo!missadogalo"-Aíestáocompanheiro,disseelalevantando-se.Temgraça;vocêéqueficoudeiracordá-lo,eleéquevemacordarvocê.Vá,quehãodeserhoras;adeus.-Jáserãohoras?perguntei.-Naturalmente-Missadogalo!-repetiramdefora,batendo.-Vá,vá,nãosefaçaesperar.Aculpafoiminha.Adeusatéamanhã.(CP:MachadodeAssis,MissadoGalo)

Da perspectiva estrutural, a autora defende um processo de construcionalização quecompreendeaalteraçãodaspropriedadesestruturaisdoverboficar,quepassaafuncionarcomo um verbo auxiliar/modal numa construção perifrástica. Para ela, nessa construção,fundem-sedoiseventosdemodoqueoevento1remeteaumacenadeinteraçãoemqueosparticipantes(ofalantepodeestarounãoaíincluído)estabelecemumacordo,quepodeserrealouvirtual,podendosecumprirounão.Contudo,aconstruçãoapontaaindaparaoutroevento,evento2,expressonoV2,verboprincipal,quetemprojeçãofuturaemrelaçãoaoevento1.Dessemodo,oevento1geraumaconsequênciaqueéumaobrigação(modalidadedeôntica).Paraaocorrênciaem(01),aautoraconcebeoevento1comoaqueleemqueosujeito(você)e outro indivíduo (ou mais de um) estabeleceram um acordo sobre quem deveria seresponsabilizarporacordarooutro.Esseacordogerouumaobrigaçãoparaosujeito,quenocontextopodemosverquenãofoicumprida.Afontedaobrigaçãoéoacordo,quepassaaexercerumaforçasobreosujeitonaformadeumaobrigação.1.2.GramaticalizaçãodeconstruçõesverbaisparatáticasNeste trabalho, Rodrigues busca evidências diacrônicas acerca da emergência edesenvolvimento de construções verbais paratáticas (CVPs, daqui em diante) do tipoexemplificadoem(02).AsCVPsformam-seapartirdeumasequênciamínimadedoisverbos,V1eV2,emqueV1eV2partilhamsujeito,flexõesmodo-temporaisenúmero-pessoais.V1équasesempre ir,pegar,agarrar,chegar,virarevir.V2,porsuavez,representaumaclasserelativamenteaberta.(02) (...)depoiseutambémeuarrumeiumrapazqueelenãoquerianada,sabe?sóqueriameexplorar,meexplorar,explorareueminhamãe,sabe?aí,eu...[(inint)]E-[Aíoqueque]você]fez?F-Aí,eupegueiefaleicomelequenãodavamais.(AC)Considerandopropriedadessintáticas,semânticasepragmáticasdasCVPsedasconstruçõescoordenadas,Rodriguestrabalhacomahipótesedederivaçãoentreasconstruções.Priorizaestudodoverbopegar,emdadosdefalacontemporânea,porcontadedoisfatoresprincipais.Emprimeirolugar,devidoàaltafrequênciadeusodesseverbonasCVPsnasincroniaatual,oquepermitiráaobservaçãodaevoluçãodessafrequênciaemdiferentesestágiosda línguaportuguesa. Em segundo lugar, por causa da ambiguidade estrutural já observadasincronicamenteemenunciadoscomo(3)abaixo:(03) E:Eoquemais?Maseramuitodinheiro.Quemaisquevocêiafazercomorestodois?F:Orestododinheiroeupegavaebotavanacadernetadepoupança(AC)Apartirdaanálisedecasoscomo(03),Rodriguesprevêaexistênciadeumtipodeestruturaintermediária,resultantedeumprocessogradualdemudança,cujanaturezacriaespaçoparaaemergênciadeconstruçõesambíguasemque,noscasoscompegar,nãohácomoafirmarcategoricamenteseestamosdiantedeumaCVPoudeumaconstruçãocoordenadaemqueos verbos (pegar e botar) das duas orações compartilham o mesmo objeto (o resto dodinheiro).Dessemodo,umavezqueaalteraçãodaspropriedadessintáticasrepresentaumaforte evidência de gramaticalização, observar os contextos que favoreceram adecategorização de pegar, que nas CVPs deixa de subcategorizar complemento interno

(objetodireto),constituitarefafundamentalparaapreenderosprocessosdemudançaquelevaramàemergênciadessepadrãoconstrucionalnoportuguês.1.3.Construçõescomverbo‘agarrar’Nestetrabalho,Rodriguesdescreveasconstruçõescomoverboagarraremtextosoraiseescritos do PB. Identifica diferentes padrões funcionais – verbopleno, verbo serial, verboauxiliar,queindiciamdiferentesestágiosdegramaticalização,conformeexplicitamosabaixo:PADRÃO1:[VAgarrar+Nome]São construções transitivas que se formam por uma sequência verbo-nome e codificam,prototipicamente,amudançafísicaeperceptíveldelocaçãodoobjeto.Contudo,quandooobjetoapresentaumvalorsemânticomaisabstrato,amudançadelocaçãoémetafórica,porisso,essasconstruçõesforamdivididasemcanônicasenãocanônicas,respectivamente:Canônica:VerboPleno(04) Cristinaapareceu-lheempijamaesaudou-ofraternalmente:"Bomdia,mano"Elecorrespondeu, fixando-a com uma intenção crítica no olhar. Estava frio, ela não achava?Cristinaagarrouumatorradaelevou-aàboca,trincando-acomapetite.Não-canônica:Verbosuporte(05) Osrebeldeshaviamdadouma"pausa"atédomingo,esperandoqueelerenunciasse.Masopresidenteaindapareceagarrar-seàesperançadeconseguirumpossívelacordocomosadversários.ACREDITAREMALGO(06) Ocorriaentãoque,mesmofuriosa,amãeespertamenteagarravaachanceparadizeroquedesejava.APROVEITARACHANCE(07) Nomedodamorte,meagarreicomasantaefuiatendida.VALER-SE(08) Numaguentomaiscomerpãointegral,garreiumnojo.ADQUIRIRUMHÁBITOPADRÃO2:[V1agarrar(e)V2fin]VerboSerialSão construções paratáticas que se formam a partir de dois verbos, V1 e V2, ambosflexionados, podendo ou não ser conectados pela conjunção e. Apresentam uma funçãofocalizadora, uma vez que o V1 funciona como marcador de foco, enfatizando o eventodescritopeloV2.(09) Inf.eleerariconé...eeuerapobre,aíeugarreivendilá...vendiláemudeipraaqui...eujátinhacasado...játava...játinhameusfilhos.PADRÃO3:[V1agarrar(a)V2inf]VerboauxiliarSãoconstruçõessubordinadasformadastambémpordoisverbos,porém,nelas,oV1éumverboauxiliarqueapresentaasflexõesmodo-temporaisenúmero-pessoais,enquantooV2éoverboprincipalquemantémaformanominaldeinfinitivo.EssaconstruçãocodificaoiníciodaaçãoexpressanoV2,V1,nessecaso,éumauxiliardeaspectoinceptivo.

(10) Agentetambémserviaacomida;eelaialevaroleiteevinhae,claro,agarrava-seatrabalhar:ouiaàervaouacavarou,pronto,atrabalhar. Rodriguesconcluiqueaocorrênciadoverboagarrarnastrêsconstruçõeséhabilitadapormeiodametáforadomovimento.Overbointeragecomasconstruçõesdemodoqueomovimento é codificado de formas diferentes em cada uma delas. Nas transitivas, omovimento causa a mudança de locação do objeto; nas paratáticas, o movimento émetafórico e gera o deslocamento da atenção para a ação expressa pelo V2 e, nassubordinadas, o movimento, tambémmetafórico, codifica o início da ação expressa pelosegundoverbo.

2.TipologiaehistóriadasconstruçõesparatáticasSanderléiaRobertaLonghin-ThomaziNeste trabalho, Longhin-Thomazi analisa as construçõesparatáticas justapostas, conforme(01)a (03),emumaamostradetextosdosséculosXIXeXX,contemplandoopareamentoentre forma e significado, com o propósito de reconhecer nos modos paratáticos decomposiçãooscorrelatos formaisquesustentamosmecanismos interpretativoscolocadosem jogo por essas construções, sobretudo na ausência de juntor convencional (Renkema,2004;Taboada,2009).(01) Deu-mevontadederasgaraquellamalditacartaeengullirospedacinhos.Nãofiztal,pu-lanomesmolugar.(19SL)CONTRASTE(02) Omédicoprecisaserbarrigudo:infunderespeito,confiança!Abarrigaimpressiona.(20TQC,1ºato)CAUSA(03) Façaoqueeulhedigo....nãosehadearrependerporisso.(19SL)CONDIÇÃOEmoutraspalavras,opropósitomaiorélevantarargumentosparasustentarqueumateoriadajunçãodeveconsiderarconjuntamenteinformaçõesdediferentesníveisdeanálise,jáqueapresençadejuntor–sejadetipoconjuncional,preposicionalouadverbial-ésóumafacedaconstrução.Anaturezaeoslimitesdaparataxenãosãoclarosnaliteraturalinguística,vistoqueaparataxeé tradicionalmente referida a vários tipos de construções paritárias, como justaposições,coordenações,correlaçõeseinserçõesparentéticas(cf.Béguelin,2010;Dargnat;Jayez,2010).Trata-se de construções que estão na fronteira fluida entre maior e menor dependênciasintáticae,emalgunscasos,sãodesprovidasdejuntorsegmental.

Aautoraassumenestetrabalhoumdistanciamentocomrespeitoàstesesjátãodebatidasqueconsistemematribuirsimplicidadeàparataxeecomplexidadeàhipotaxe,eemsustentarque entre elas haveria uma passagem progressiva, da composição menos para a maiscomplexa,recuperávelnafilogêneseenaontogênese.Dessastesesderivamgeneralizaçõesdequeaparataxeéa sintaxeda língua falada,da línguadas criançasedosaprendizes, etambémdaslínguashistóricasemsuasfasespretéritas.ÀmaneiradeLaFauci(2010),entendoqueafragilidadedessasafirmaçõesequeocontrastequeelasalimentamentreparataxeehipotaxesedevem,emgrandeparte,àdesconsideraçãodogêneroeàcorrelaçãoequivocadaqueseestabeleceentresimplicidadeeoralidade.ComocorpusLonghin-Thomaziutilizadadosprovenientesdeseispeçasteatrais,produzidasnos séculos XIX e XX, conforme quadro abaixo. Para cada texto, fez um recorte de 2500palavrasdoqueresultouumtotalde516ocorrênciasdeparatáticasjustapostas.

Peçasteatrais Autor PeríodoSanguelimpo PauloEiró XIXAmorporanexins ArturAzevedo XIXUmavésperadereis ArturAzevedo XIXTeatroquasecompleto NelsonRodrigues XXLampião RaqueldeQueiroz XXOreidavela OswalddeAndrade XX

O Gráfico 01 abaixo mostra os resultados o levantamento e análise das construçõesparatáticasnaspeçasteatrais.Asrelaçõesdecausa,tempo,condiçãoecontrasteforamasmaisfrequenteseserãodiscutidasaseguir.

Gráfico01:relaçõesdesentidonasparatáticasjustapostas

As paratáticas temporais, conforme (04) e (05), se especializam em sinalizarsequencialidade27:umarelaçãoentreoquevemanteseoquevemdepoisnotempo,fundadanaordemicônicadoseventosnomundo,queéabasedefinidoradeváriostiposparatáticos.Alémdaordem,ainformaçãosemânticadosverboséíndicelinguísticoqueajudaasustentarasequencialidadetemporal.

Tempo

Causa

Condição

Conclusão

Contraste

(04) Eoscãesdavizinhança,reparou?Uivaramanoiteinteira.Pegueiumchinelodopéesquerdo,Øbatitrêspancadasnochão.(19SL)(05) Queriasahirafurtodopalacio,Øacotovellardesconhecidoestamultidão,Ørespiraroincensodapopularidade,Øouvirmeunomerepetidomilvezes.(19SL)NosmoldesdeNoordmaneBlijzer(2000),entendemosacausalidadecomoumacategoriafundamentalparaarepresentaçãodoconhecimentohumano,sobretudoparaosprocessoscognitivos de predição, explicação e compreensão. Trata-se de um domínio altamentepolissêmicoquenalinguagemresultaemconstruçõeslinguísticasestritamentebinárias,quese desdobram na expressão dos sentidos de causa, efeito, razão, explicação, justificativa,motivoeconsequência(Paiva,1992).Aanálisedosdadosrevelouaexistênciadedoistiposdeparatáticascausais,quemostramdiferenças não só na configuração sintática, como também no grau de complexidadecognitiva.Noprimeirotipo,conforme(06)a(07),aordemévariável:temososparescausa-efeito e efeito-causa. Nos casos causa-efeito, a relação de causa deriva de uma relaçãotemporal icônica,mais especificamente da implicação temporal entre eventos domundo.Possivelmente fatoresdeordempragmática como,porexemplo,oestatuto informacionalajudaaexplicaraordemnãoicônica.(06) Umdiamucamaquebrouoespelhogrande:Øsinháarrancouosolhosdemucama(19SL)(07) Mandei omeninodaruma chegadanabodegadaMaria Truca.Ø Agente estavadesprevenidadeaçúcarefósforo(20L)As relações causais expressas nesse primeiro tipo trazemuma representação cognitiva daexperiênciasócio-física,domundoreal,umaexperiênciaqueécognitivamentemaisbásica.Otrânsitoentreascategoriasdetempoecausarevelarelaçõesdeparentescosemânticoerecapitulamtendênciasemgramaticalizaçãode juntoresnas línguas (Kortmann,1997),emqueas relações temporais sãomaisprimitivase funcionamcomopontodepartidaparaaemergênciatantoderelaçõescausais,comocondicionais.Osegundotipodeparatáticacausal,porsuavez,incluiconstruçõescomoasde(08)a(10),queenvolvemmaiorcomplexidadecognitiva:(08) Oestadoactualémuitodifferente:Ølusosebrasileirostêem-seextremado.(19SL)(09) Paguemoquedevemos!Ønãoquerocredores(19SL)(10) Euéquenãopegonisso.ØMerepunhasódeolhar.(20L)Apesardeasconstruçõesde(08)a(10)preservaremobinarismo,nãomaiscodificamcausaeefeito.Aqui,oprimeiromembroéumatodeafirmação,sugestãoouordem,eosegundomembro traz a explicação ou justificativa para o primeiro. Em outras palavras, a relaçãocausal,nessecaso,sedánoníveldiscursivo,conversacional(Sweetser,1991)28,conformando-27Diferentemente das construções hipotáticas que podem, por exemplo, codificar umuniversomaisamploderelaçõestemporais-anterioridade,posterioridade,simultaneidadeecontingência–comumadiversidadegrandedejuntoresperifrásticosenão-perifrásticos.28 Sweetser (1991) argumenta que certas palavras funcionais, sobretudo verbos auxiliares econjunções,podemreceberdiferentesinterpretações,adependerdousoemdiferentesdomíniosou contextos pragmáticos. Ela reconhece três domínios dentro dos quais a palavra mostrapolissemia: os domínios do conteúdo (ou sócio-físico), epistêmico (ou do raciocínio lógico) econversacional(oudosatosdefala).Paraonexodecausadoinglês(because),Sweetserdistinguearelaçãodecausalidadedeumeventonomundoreal,acausadeumacrençaouconclusão,eacausadeumatodefalarealizado.

seaumesquemaexplicativo,emqueaordeméabsolutamenterígida,jáqueumaexplicaçãodepende sempre de um movimento anafórico de ‘olhar para trás’. Segundo a análiseapresentada, omodode construçãoparatáticodá contade codificar tanto as relaçõesdecausa entre fatos do mundo, como aquelas entre momentos de uma argumentação,respectivamente,construçõesquesinalizammenoremaiorcomplexidadecognitiva.Asparatáticasjustapostascontrastivas,conformeocorrênciasde(11)a(13),sesustentamnoparalelismoestrutural,naoposiçãoentreos itens lexicais (fácil/difícil;homem/menino)quepreenchemaslacunasparalelase/ounanegativaexplícita(não).(11) Todas casam errado! Fácil encontrar um marido:Ø difícil encontrar um homem!(20TQC)(12) Nãoerahomem:Øeraummenino(20L)(13) Quizvêrsedormiaumpouco...Ønãopudefecharosolhos(19SL)Segundoosdadosinvestigados,aleituracondicionalsedeveemgeralaovínculosemânticodecausaeefeito,queresultadaordemicônicadasoraçõesedospressupostosenvolvidos.Várias condicionais são construídas a partir das relações causais, o que reforça as tantasevidências encontradas na literatura acerca do trânsito entre os domínios de causa e decondição (Kortmann, 1997). Outro índice diz respeito à morfologia verbal, sobretudo depresente,queaocodificarumtempohabitualpermiteainferênciadecondição.(14) Odoentepaga,eunempio(20TQC)(15) Aletraestáboa.Ohomemláentende(20L)(16) Éprecisoolharparaofuturo:quemparaadiantenãoolhaatrásfica;quemcospeparaoarcai-lhenacara,equemboacamafaznelasedeita(19AA)3.TipologiaehistóriadasconstruçõesparatáticasehipotáticasSanderleiaLonghin-ThomazieLúciaLopes-DamásioNestetrabalho,Longhin-ThomazieLopes-Damásioinvestigamumtipodeconstruçãoquesesituanoslimitesfluidosnaparataxeehipotaxe.Trata-sedeumtipodeconstruçãocomplexaque, da perspectiva gramatical, é classificada como subordinada adjetiva explicativa e, daperspectivalinguística,sobretudofuncionalista,édescritacomoumtipodeoraçãorelativamenos integrada, com contorno próprio, que se situa no domínio fluido entre hipotaxe esubordinação(Oliveira,2001),ouaindacomooraçãoqueconstituiumatodediscursocomfunçãoretórica(Camacho;Bechara,2010;Camacho,noprelo).Mais especificamente, o objetivo das autoras é analisar traços de forma e de sentido deconstruções como (17) a (19) que, diferentemente daquela em (20), são suscetíveis deinterpretaçãoemtermosdecontraste,causaecondição,respectivamente,leiturasqueemgeralnãosãoreferidasnasliteraturasgramaticalelinguística.Paraelas,(20)éumaoraçãorelativa apositiva, que fornece uma informação de fundo, mas (17)-(19) constituem umpadrãodiferenciadodeconstruçãorelativa.(17) Assim devia ser, e o proprio presidente, que conspirava contra ella, parece haverconhecidoàultimahoraainutilidadedosseusesforçoscombinados.(OESP,n.806,1877)(18) Acapitaldaprovincia,queestavaáprovadesalubridade,centrodeagglomeraçãodos fugitivos de Santos e Campinas e de immigrantes, não se acha em estado de poderaffrontarasepidemiasnoproximoverão.(OESP,n.4222,1889)

(19) Umpovoquenãoaspiraenãoseapaixonaéumpovomoribundo(OESP,n.5285,1892)(20) Novasinformações,queconseguimoscolher,nosautorisamachamaraattençãodasautoridadespoliciaesedasrepartiçõesfiscaes.(OESP,n.2786,1884)AanáliseéconduzidaapartirdedadosprovenientesdeeditoriaisdojornalAProvínciadeSãoPaulo,doperíodode1875a1894,quefavoreceramospadrõesdeocorrênciaeasfrequênciasmostradas no Quadro 2. As autoras argumentam em favor da relevância de distinguir asmarcasqueautorizamas interpretaçõescausal,condicionalecontrastiva,oquepermitemreconheceroestatutodosignificadodessasconstruçõesemostrarqueafunçãodeapostonãoseaplicaaelas.Issotrazconsequênciasparaoparadigmadasrelativasque,segundoatipologiaapresentadaemCamacho(noprelo),prevê,deumlado,asrelativasencaixadas,querestringemoudeterminamosignificadodosintagmanominale,deoutro,asrelativasnão-encaixadas,queoperamcomoapostodosintagmanominal..

Padrõessemânticos FrequênciaCausa 09/29

(31%)Contraste 15/29

(52%)Condição 05/29

(17%)Quadro02:padrõessemânticosdasrelativascircunstanciais

As construções que integram o padrão causal apresentam leitura de causa e efeito,invariavelmentenessaordem.Aleituradecorredeumaconjunçãodefatores.Umdeleséasequencialidade temporal dos eventos codificados nas orações, aliada às expectativas eesquemas enunciativos do mundo, em que aquilo que vem antes no tempo pode serinterpretadocomocausadoquevemdepois.Éocaso,porexemplo,daocorrênciaem(21),emqueoflagelodasecateveporefeitoaesterilizaçãodotrabalho.(21) Aterrívelseccaque,flagellouaquellaprovíncia,esterilisou-lhesotrabalho,demodoqueprocuramhojenopaizoutroondepossamestabelecer-se.(OESP,n.621,1877) Ainda que a relação de tempo seja necessária para a leitura de causa, ela não ésuficiente.Comomostra(22),arelaçãodetempoporsisónãodácontadacodificaçãodecausa:(22) Ora esses objectos, que tivemos occasião de ver há poucos dias, acham-seamontoadoseespalhadospelochãodealgumaspequenassalas(OESP,n.5500,1893)Assimcomo(21),asocorrênciastendemaapresentaramorfologiaverbaldepretérito,cf.(23)e(24).Acrescente-seaissoaimportânciadosesquemasenunciativosediscursivosqueestãoem jogo nas construções causais (Paiva; Braga, 2010). Trata-se, em outras palavras, depadrõesouesquemasderepresentaçãodomundo,dasexperiênciashumanas,quepermitemlevantar implicações entre dois fatos ou eventos, implicações do tipo causa e efeito. Porexemplo,em(23),ossentimentosdeestimajustificamolamentoeolutofrenteàperdadeumcolega;em(24),afunçãodechefenacâmaralegitimaapropostadeencaminhamentodoprojeto;e,em(25),odesconhecimentodaquestãoimplicadespreparo.

(23) Nós,quetambémoestimávamoscomotal,sentimosaindaoseupassamentoporqueeraelleumdosnossosdedicadosconsóciosecolaboradorinteligente.(OESP,n.333,1876)(24) O sr. Martinho Campos, que tomou o bastão de chefe na camara, propôz que oprojectofosseaumacommissãoespecialde21membrosparadarparecer (OESP,n.1556,1880)(25) Entretantonãoeraumaquestãonovae lá seachammuitosque fizerampartedaúltimalegislatura,outrosqueconhecemasdisposiçõesdoprojecto,anaturezadosserviços,enãopodemignoraroquetemhavidoacercadapretensãodaCompanhia.Sóoleaderqueseconfessouhospedenaquestão,podianãoestarpreparado.(OESP,n.2662,1882)Nosdados,opadrãocondicionaldecorrefrequentementedamorfologiaverbaldepresente,queindiciatempohabitualepermite,dessaforma,aimplicaturadecondiçãocomoéocaso,porexemplo,dasocorrênciasde(26)a(28).(26) Umpovoquenão liga importanciaáadministraçãodoseumunicipioé incapazdetomarinteressepelosnegociosdesuanação.(OESP,n.766,1877)(27) A nossa policia, que já ante-hontem deportou quatorze d’esses miseraveis, temdecertoparaissoaacquiescenciadogovernofederal,nãolhefaltarátambémoapoiofrancoeincondicionaldaopiniãopublicaparacuraressachagaquenosultimosannosrebentounanossasociedade.(OESP,n.5179,1892)(28) Umanação,ondecadacidadãonãosabecomquantoconcorreparaareceitageral,provincialemunicipal,queignoraaqueordensdedespeszasédestinadaasuaquota,quenãosedáaotrabalhodeprocurarconheceranaturezadosserviçoseobrasqueconsomemessareceita,nãoestánocasodesegovernarlivremente.(OESP,n.583,1877)Nopadrãocontrastivo,háduasdiferentesmanobrasargumentativas,alimentadasporsuasrespectivasmarcaslinguísticas.Umdospadrõesdecontraste,exemplificadode(29)e(30),éfrutodeumarelaçãodeoposição.Oparalelismosintáticoeositenslexicaisantônimossãoasmarcasmais salientes do contraste. O segundo padrão contrastivo, conforme (31) e (32),decorredeumamanobraconcessiva.(29) Ograndetribuno,queligáragloriosamenteseunomeáterceiraRepublica,desceaotumuloquandoasmaissériasapprehensõesassaltammuitosespiritoscreandoduvidasnotrabalhodaorganisaçãodefinidadaFrançarepublicana.(OESP,n.2339,1883)(30) Oimperiobragantino,quecomeçouporumcrime–operjuriodePedroI–equesefirmouporoutrocrime–adeclaraçãodamaioridadedePedroII–agoracomeçaasuaobradedissolução.(OESP,n.3058,1885)(31) Assim devia ser, e o proprio presidente, que conspirava contra ella, parece haverconhecidoáultimahoraainutilidadedosseusesforçoscombinados.(OESP,n.806,1877)(32) Ecousanotável!Ocandidatoliberal,queadoptouoprogrammaqualificadopelosr.presidentedoconselhodemonstruosidade,égovernistaeodeputadoqueprometteraestarcomogovernoparaarealisaçãodesuasidéias,éopposicionista.(OESP,n.4298,1889)

A devida caracterização desses padrões semânticos, com a sistematização das pistas quelegitimamos significados e como examedas ambiguidades, bem comoa investigaçãodoestatutodeque,danaturezadonomeantecedenteedeaspectosprosódicosdaconstruçãosãoalgumasdaspróximastarefas.ReferênciasbibliográficasBEGUELIN,M.J. Noyauxprédicatifs juxtaposés. In:Beguelin,M.J.etal (eds).LaParataxe.Tome 1: Entre dépendance et intégration. Berne: Peter Lang, Collection Sciences pour lacommunication,2010.CAMACHO,R.;BECHARA,E.Construções relativasnasvariedades lusófonas. In:MARÇALO,M.J.;Lima-Hernandes,M.C;ESTEVES,E.;FONSECA,M.C;GONÇALVES,O.;VILELA,A.L.;SILVA,A.A.(Eds)Línguaportuguesa:ultrapassarfronteiras,juntarculturas.UniversidadedeÉvora,2010.CAMACHO,R.Oraçõesrelativasnocontextodalusofonia,2013,noprelo.DARGNAT, M.; JAYEZ, J. La cohésion paratactique: une aproche constructionnelle. In:Beguelin, M.J. et al (eds). La Parataxe. Tome 2: Structures, marquages et exploitationdiscursive.Berne:PeterLang,CollectionSciencespourlacommunication,2010.GOLDBERG, A. Constructions: a construction grammar approach to argument structure.Chicago:TheUniversityofChicagoPress,1995.HALLIDAY,M.A.K.AnintroductiontofunctionalGrammar,London:EdwardArnold,1985.HEINE, B. Grammaticalization. In: Joseph, B.; Janda, R. (eds). The handbook of historicallinguistics.Oxford:BlackwellPublishing,2003.HEINE,B.;KUTEVA,T.Thegenesisofgrammar:areconstruction.Studiesintheevolutionoflanguage.NewYork:OxfordUniversityPress,2007.KABATEK,J.Tradiçõesdiscursivasemudançalinguística.In:Lobo,Tetal(Orgs.)Paraahistóriadoportuguêsbrasileiro.Salvador,EDUFBA,tomoII,2006.KOCH, Peter; OESTERREICHER, Wulf. Lingua hablada en la Romania: Espanol, Francés,Italiano.Madrid:EditorialGredos,2007.KORTMANN,B.Adverbial subordination: a typologyandhistoryof adverbial subordinatorsbasedonEuropeanlanguages.Berlin,NY:MountondeGruyter,1997.LAFAUCI,N.Paradoxesdelaparataxe.In:Beguelin,M.J.etal (eds).LaParataxe.Tome1:Entre dépendance et intégration. Berne: Peter Lang, Collection Sciences pour lacommunication,2010.MARTIN,J.R.etal.Workingwithfunctionalgrammar.London/NY:AucklandArnold,1997.NOORDMAN, L.; BLIJZER, F. On the processing of causal relations. In: Couper-Kuhlen, E.;Kortmann, B. (eds). Cause, condition, concession, contrast: cognitive and discourseperspectives.Berlin,NewYork:MoutondeGruyter,2000.OLIVEIRA, M. R. Orações adjetivas em língua portuguesa – uma abordagem pancrônica.Scripta,BeloHorizonte,v.5,n.9,p.92-103,2001.PAIVA,M.C.A.de.Ordenaçãodascláusulascausais:formaefunção.TesedeDoutorado–UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro,1992.PAIVA, M. C.; BRAGA, M. L. Juxtaposition et coordination: deux formes de parataxe? In:Béguelin,M.J.;Avanzi,M.;Corminboeuf,G.(eds).LaParataxe.Tome1:Entredépendanceetintégration.Berne:PeterLang,CollectionSciencespourlacommunication,p.313-332,2010.RENKEMA, J. Discourse connections. Introduction to discourse studies. Amsterdam/Philadelphia:JohnBenjaminsPublishingCompany,2004.STREET,B.Perspectivasinterculturaissobreoletramento.FilologiaeLinguísticaPortuguesa,vol.8,SãoPaulo:Humanitas/FFLCH/USP,p.465-488,2006.

SWEETSER,E.Frometymologytopragmatics.Cambridge:CambridgeUniversityPress,1991.TABOADA,M. Implicitandexplicit coherence relations. In:RENKEMA, J. (ed.)Discourse,ofcourse: an overview of research in discourse studies. Amsterdam/Philadelphia: JohnBenjaminsPublishingCompany,2009.SubprojetoGramáticaspaulistasnahistóriadoportuguêsbrasileiroCoordenadora:Profa.Dra.MariaAparecidaC.R.TorresdeMorais(USP)Consultores: Ian Roberts (Cambridge University-UK), AnaMaria Martins (Universidade deLisboa-Portugal).Equipe:Dra.RosanedeAndradeBerlinck(UNESP/Araraquara);AnaReginaVazCalindro(PG-DO,USP,BolsaCapes);GabriellaD’AuriadeMoraisGallo (PG-ME,USP);CassiaY.Yamauchi(ME,USP); Paula de Freitas Denari (ME-USP); Driély Oller Oyama (G-IC,USP, Bolsa RUSP);DarlenedaSilvaGomesdeBrito (G-IC,UNESP/Araraquara,bolsaPIBIC/CNPq); SílviaMariaBrandão (G-IC, UNESP/Araraquara, Bolsa PIBIC/CNPq); Carine de Freitas Berto (G-IC,UNESP/Araraquara,BolsaPIBIC/CNPq)IntroduçãoNa versãooriginal deste Subprojeto, constavamda equipedepesquisadores a Profa.Dra.SoniaMariaLazzariniCyrinoeoProf.Dr.JuanitoAvelar,quejánofinalde2012sedesligaramdoProjeto.Porsuavez,ostemasdepesquisaselecionados,foramlistadosdaseguinteforma:a) sistemaspronominais;b) sistemaspreposicionais;c) ordemdaspalavrasemsentençasdeclarativaseinterrogativas;d) estruturascausativas;e) fenômenodecontroleemarcaçãoexcepcionaldecaso;f) completivasdeinfinitivoflexionado;g) naturezagramaticaldosauxiliares/aspectuais;h) comportamento de construções possessivo-existenciais, com ênfase em trêsaspectos:(i)acolocaçãodetermoslocativos,(ii)concordânciaverbaleposiçãodesujeitoe(iii)avariaçãoentreter,havereestarcomemexpressõesdedecorrênciatemporal.Diantedamudançanacomposiçãodaequipe,ostópicosdeestudopropostosinicialmenteforamrevistos,assumindoagoraaseguinteconfiguração:a) Sistemapronominal:estratégiasdepronominalizaçãodeobjetosindiretos;b) Sistemapreposicional:preposiçõesintrodutorasdecomplementosverbais;c) Ordemdepalavrasemsentençasdeclarativas:posiçãodosujeito;d) Posse externa: alternância dativo/genitiva nas estruturas comverbosdinâmicos eestativos;e) EstruturadoDPpossessivo:formaspronominaispossessivasegenitivas.Apesar da redução dos tópicos de estudo, os objetivos propostos na versão original doSubprojetoforammantidos,nosseguintestermos,aquiresumidos:1. Tomando como suporte empírico um conjunto de textos constantes do Corpus desteProjetoTemático,produzidosaolongodosséculosXIX(segundametade),XXeXXI,oprimeiroobjetivo é descrever e analisar fenômenos de variação emudança sintáticas que revelem

convergências e contrastes entre o português paulista e outras variedades do portuguêsbrasileiro.2.Osegundoobjetivovisaàrealizaçãode levantamento,coletaedigitalizaçãodematerialhistórico, disponibilizadoem importantes centrosdedocumentação, tantonas cidadesdointeriordoEstadodeSãoPaulo,emparticular,CampinaseAraraquara,comonacidadedeSãoPaulo.Os objetivos e temas de pesquisa selecionados pela nossa equipe sãomotivados por umenquadramentoteóricoquenosforneceoconjuntodepressupostosehipótesescomosquaisfundamentamosasnossasdiscussõesequestõesdenatureza conceptual e empírica (comtratamento estatístico dos dados). Tais questões, próprias aos fenômenos de variação emudançasintática,deverão,dessaforma,serabordadasdeformasistemática.Assim,aabordagemdosfenômenosdevariaçãoemudançapropostosnesteSubprojetoseráfeitadentrodeduasvertentesteóricas:adateoriagerativa,nasuavertentedosprincípioseparâmetros(cf.Chomsky,1981,1986,1995,2000,2001;Lightfoot,1979,1999,2002,2006;Roberts, 2007; Kroch, 1989, 1994, 2000), e a teoria da sociolinguística da variação emudança(cf.Weinreich, Labov,Herzog,1968; Labov1972,1994,2001).Odiálogoentreasduas propostas tem levado a interessantes reflexões e resultados de natureza empírica eteóricasoborótulodesociolingüísticaparamétrica(cf.Kato&Tarallo(1986,2003),Tarallo&Kato(2007).Outropontoaserdestacado:a realizaçãodosobjetivospropostosnestesubprojetonãoétarefa apenas do coordenador e dos pesquisadores associados. Estão também envolvidosalunosbolsistasdeIniciaçãoCientífica,mestrandosedoutorandos.Emparticular,serãofundamentaisasequipesformadascomalunosdaGraduação,asquaisirãoauxiliarnatarefadedigitalizaçãodoscorpora.1.PesquisadoreserespectivosprojetosComo exposto no tem 1., este Subprojeto visa a descrever e analisar vários aspectosgramaticais que caracterizam o dialeto paulista (também denominado caipira), nas suasvariedadescultas.Ocorpuselaboradoseconstituideanúncios,cartasdeleitoreseredatoresdejornaisdointeriorecapitaleoutrosdocumentos,entreosséculosXIX,XXeXXI.UmcotejamentocomositensasereminvestigadosnonossoSubprojetoeostrabalhosabaixolistadosmostramqueestãotodosarticuladosentresi,emsuatemáticaenoquadroteóricoemetodológicoadotado.-EstudossobrefenômenosemvariaçãoemudançaNorma,VariaçãoeMudança:correlaçõeseembates-RosaneBerlinck;-Estudossobreaalternânciadativa/genitivaemconstruçõespossessivaseestruturainternadoDPpossessivo-MariaAparecidaTorresMorais;-Gramáticaspronominaisnoportuguêspaulista,porMariaAparecidaTorresMorais;-Composição sintáticadosverbosbitransitivosnahistóriadoportuguês paulista.TesedeDoutorado.Doutoranda:AnaReginaVazCalindro;- A estrutura do DP possessivo na história do português brasileiro: uma perspectivamicroparamétrica.DissertaçãodeMestrado.MestrandaGabriellaD’AuriadeMoraisGallo;-Expressãodoobjeto indiretonoportuguêsbrasileiro: testemunho linguísticoempeçasdeteatrodosséculosXIXeXX.DissertaçãodeMestrado.Mestranda:CassiaY.Yamauchi;

-ArealizaçãodoobjetoindiretonasredaçõesdealunosdeEnsinoFundamental.DissertaçãodeMestrado.Mestranda:PauladeFreitasDenari;-O português paulista nas cartas de Mário de Andrade a Manuel Bandeira. Trabalho deIniciaçãoCientífica.Graduanda:DriélyOllerOyama.-AordemrelativadosujeitoemnotassociaisdojornalOAraraquarense(séculoXX).IniciaçãoCientífica. Graduanda:DarlenedaSilvaGomesdeBritoeSílviaMariaBrandão. (CursodeLetras)-UniversidadeEstadualPaulistaJúliodeMesquitaFilho;-Norma, variação e mudança: preposições em notícias de webjornais paulistas. IniciaçãoCientífica.Graduanda:CarinedeFreitasBerto;-Norma, variação emudança: preposições emwebjornais paulistas – refinandoa análise.IniciaçãoCientífica.Graduanda:CarinedeFreitasBerto.2.ObjetivoscumpridosNoProjetooriginal,foiprevistaaexecuçãodasseguintestarefas,nosanosde2012e2013:2012- Organização de equipes formadas por alunos da Graduação e Pós-Graduação.Levantamento e digitalização de material linguístico paulista e paulistano, referentes aosséculosXIX(segundametade),XXeXXI.Iníciodasleiturasreferentesaostemasdepesquisaselecionados.Elaboraçãodecursosesemináriosparaadiscussãodostextosrelevantesaoaparato teórico assumido pelo grupo. Redação de artigos, relatórios de IC, dissertações eteses.2013-Continuidadedastarefasdecoleta,digitalizaçãoetranscriçãodematerial.Comoexporemosnoitem3abaixo,estamosemandamentocomastarefasacimapropostas.Osobjetivosquenospropusemosacumprirestãosendocontempladostantonacoletadosdados e organização dos corpora, como na pesquisa dos tópicos selecionados. Estes sãodiscutidos em seminários, cursos de pós-graduação, trabalhos acadêmicos e outrasatividades.3.Síntesedosprincipaisresultados3.1.Resultadosnaconstituiçãodoscorpora(constituídoseemconstituição).a) materialdaImprensaNegraPaulista(jáconstituídonoCaipira1-eemfasefinalderevisão);b) materialcoletadonasCapasdosJornaisdaFolhadeSãoPaulo-séc.XX(emfasededigitalização);c) materialdoprojetoFonteshistóricas– jornaisdeAraraquara,SãoCarlos,RioClaro(coletado,pequenapartetranscrito).Abaixosegueumrelatomaisdetalhadodasatividadesdeorganizaçãodecorpusreferentesaoitemc.3.1.1. Contribuição para a construção de corpora para o estudo histórico do portuguêspaulista–FontesdointeriordoEstadoPropôs-seaconstruçãodecorpuscompostoportextoscaracterísticosdodomíniojornalístico,produzidosepublicadosemjornaisquecircularamemcidadesdointeriorpaulista,noperíodode 1880 a 1930. São privilegiadas as produções oriundas das cidades de Araraquara, SãoCarloseRioClaro.Pretende-seorganizarumabasequepermita,amédioprazo,abuscaeletrônicadedadoseinformaçõesparapesquisasempíricassobreprocessosdevariaçãoemudançanoportuguêsbrasileiro(masque,semdúvida,poderáalimentarpesquisasorientadasporoutrosmodelosteóricosevoltadasparaoutrasáreasdoconhecimento).

A pesquisa se pauta nos pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Histórica (emespecífico da Teoria da Variação e Mudança Linguísticas (Weinreich,Labov,Herzog 1968;Labov 1972,1994,2001)), de teorias sobre Gênero Textual (Bakhtin 1979, Bazerman 2005;Fiorin2006;Marcuschi2008)edaLinguísticadeCorpus(Sardinha2004).ApesquisaresultounaorganizaçãodeumconjuntoricodemateriaisdosjornaisOAraraquarense,oCorreiodeSãoCarloseORioClaro.Entre os principais resultados já obtidos da pesquisa, destacam-se: a formação de umconjuntoinicialdejornaisparaoperíodo,representativosdaslocalidades;adefiniçãodeumametodologia de trabalho para a coleta de dados, que inclui estratégias de captação deimagensdos jornais e conversãode imagensem textos; umconhecimentomaisprofundosobre a natureza dos gêneros textuais, a partir da análise dos textos que circulavam nosjornaisselecionados;adefiniçãodecategoriasrelevantesparaadescrição,catalogaçãodosjornaisedostextosalipresentes,comvistasaosestudosdevariaçãoemudançalinguística.Segueumquadroquesintetizaasituaçãoatualdocorpus.

Jornais/Ediçõesemimagens

Conversõesparatexto

Estruturadegêneros Informações sócio-históricas

OAraraquarenseEdições de 26 denovembro de 1911 a 29de agosto de 1912: 38exemplares

20exemplaresconvertidosemtexto

Identificação degêneros quecompõem o jornal.Categorizaçãopreliminar dosexemplares.

Contexto sócio-histórico geral(Brasil).Informaçõesespecíficasobtidasapartirdaanálisedosexemplares dojornal.

OCorreiodeSãoCarlosEdiçõesde:1918(julhoanovembro), 1919(janeiro a junho), - 1922(janeiro a junho), 1926(janeiroadezembro):375exemplares

Nãoiniciadas Identificação degêneros quecompõemojornal

Contexto sócio-histórico geral(Brasil).Informaçõesespecíficasobtidasapartirdaanálisedosexemplares dojornal.

ORioClaroEdições de novembro de1900amaiode1915:10exemplares

Nãoiniciadas Identificação degêneros quecompõemojornal.

Contexto sócio-histórico geral(Brasil).Informaçõesespecíficasobtidasapartirdaanálisedosexemplares dojornal.

Umsegundoconjuntodedadosjornalísticoscontemplaacapitalpaulista.Osmesmosserãoextraídosdolivro“FOLHADESÃOPAULO-PRIMEIRAPÁGINA-90anosdehistórianascapasmaisimportantesdaFolha",7aed,SãoPaulo:Publifolha,2012.Oexemplarécompostopelas223capasprincipaisdoperiódico,noperiodode21defevereirode1921e01denovembrode1910.Adigitalizaçãodestematerial,emandamento,estásendorealizadadentrodoE-dictor,umprogramadesenvolvidodemodoapermitiraetiquetacãoautomaticadaspalavrasemsuasrespectivascategoriasgramaticais.Comisso,épossívelter

acessoimediatoaosdadosqueexpressamosfenômenosquesequeranalisar.3.1.2.Síntesedaspesquisasemandamento

(1) Estudos sobre fenômenosemvariaçãoemudança.Norma,VariaçãoeMudança:correlaçõeseembates

RosaneBerlinckApesquisadesenvolvidapelaProfa.RosaneBerlinck,temporobjetivogeralavaliaroembateentrenormaeuso(ouentrenormaenormas)emtextosjornalísticospaulistasdoiníciodoséculoXXedoiníciodoséculoXXI,pormeiodaanálisededoisfenômenosvariáveis:aordemsujeito-verboeoempregodepreposiçõesemcomplementosverbais.Aescolhadotextojornalísticocomofontededadossedeveaofatodeseteremtextosdessedomínioumespaçoprivilegiadoparaanalisarosprocessosdeimplementaçãodemudança.Éumtextopúblico,quetantoatuasobreoscomponentesdasituaçãosócio-históricaaoqualestávinculado,quantosofreinfluênciasdessasituação.Tem,assim,umduplopapeldeagenteepaciente.Essadualidadefazdeleumafontemuitoricaparaavaliaraexpressãodanorma(linguística) prescritiva - socialmente prestigiada - e, ao mesmo tempo, detectarcaracterísticasinovadorasda(s)norma(s)objetiva(s),que,detãopresentesnouso,começamaserincorporadasàescrita.Aspesquisasdebaseempíricatêmsebeneficiadoenormementedosconceitosediscussõesdesenvolvidos sobre gêneros textuais e tipificação textual; dessemodo leva-se em contatambém essa fundamentação, essencial na etapa de seleção das fontes de dados, masigualmentenainterpretaçãodosprocessosdevariaçãoemudança(Bakhtin1992,Fiorin2006,Bazerman2005,Marcuschi2008).Nesse sentido, considera-se que a natureza heterogênea do jornal,veículo/suporte/hipergênero composto de uma gamade textos quematerializam gênerosdiferentes, determina que se espere encontrar diferenças em termos de estágios deemergênciadasconstruçõesemestudosegundoogênerodotextoutilizadocomofontededados.Entreosprincipaisresultadosjáobtidospesquisa,destacamosdoisconjuntosdetendências.Primeiramente,noqueserefereàcorrelaçãodavariaçãocomfatoresdenaturezalinguística,aspectos já identificados em estudos anteriores como determinantes para cada um dosfenômenosanalisadossemostraramatuantesnosdadosdosjornaisdoiníciodoséculoXXedoiníciodoséculoXXI.Assim,nocasodaposiçãodosujeito,(i)éotiposintático-semânticodoverboquelevaaumamaior ou menor presença da construção Verbo-Sujeito (associada a contextosmonoargumentais), (ii) a posposição ocorre predominantemente com sujeitos nominais‘pesados’e(ii)emconstruçõesdevozpassiva.Quantoàalternânciadepreposiçõesemcomplementosverbais,tambémanaturezadoverboédecisiva,masaparentementeasdistinçõesrelevantescombinamaquelasligadasaonúmerode argumentos selecionados pelo verbo com diferenças quanto ao sentido veiculado –transferênciamaterialouverbal,movimentocomtransferência,direção.

Alémdisso,oempregodepreposiçõesconsideradasinovadorasdopontodevistadanormagramatical vigente (para, em, até em oposição a a) se associa preferencialmente acomplementoscomsentidolocativo,quecomreferenteanimado(humano).Osegundoconjuntodeconstataçõesdizrespeitoàscorrelaçõesentreavariaçãoeanaturezadafontededados.Nessecaso,todososdadosprovêmdetextosjornalísticos.Noentanto, foramanalisadosdados colhidosem textosdediferentes gênerosdentrodosjornais.A comparaçãoentredadosoriundosdeartigosdeopinião, denotícias e denotassociaisconfirmouahipótesedequeapermeabilidadeàvariaçãopodesemanifestaremgrausbastante diferentes a depender do gênero-fonte de dados. Destacamos, para ilustrar, oresultadodaanálisedaposiçãodosujeitoemartigosdeopiniãoenotassociaisdojornalOAraraquarense (1911-1912): enquanto observa-se um índice de posposição de 22% nosartigosdeopinião,asnotasapresentam54%desujeitospospostos.

(2) Estudo sobre a alternância dativa/genitiva em construções possessivas eestruturainternadoDPpossessivo.

MariaAparecidaTorresMoraisNoprojetodepós-doutoradointituladoDativosdepossenoportuguêsbrasileiro:umestudocomparativo com o português europeu, em desenvolvimento na University of SouthernCalifornia (USC), no período de julho/dezembro 2013,Processo Fapesp: 2013/06439-4), aProfa.MariaAparecidaTorresMoraistemcomoobjetivocontribuirparaaanálisedeumdostópicosdepesquisadoSubprojetoGramáticaspaulistasnahistóriadoportuguêsbrasileiro,a saber:mudançanaexpressãodapossenoPB, tantonoaspectodaestruturasentencial,quanto na estrutura interna do DP possessivo. Os objetivos propostos estão resumidosabaixo:1)ExaminaredocumentardiacronicamenteasconstruçõesdepossenoPB,combasenoscorpora históricos dos séculos XIX-XX disponibilizados no acervo documental do projetotemáticodeequipeParaaHistóriadoPortuguêsdeSãoPaulo(ProjetoCaipiraII);2) Formalizar, dentro do quadro de hipóteses assumido, uma mudança de naturezaparamétricaquemostreosdiferentesrumosqueoPBtomou,tornando-odistintodasoutraslínguasromânicas,emparticular,oPE;3)Contribuirparaasreflexõessobremudançasintática,naperspectivadoquadroteóricodosPrincípios e Parâmetros, tanto no que se refere à difícil questão da formulação dosparâmetros,quantonoqueserefereàdinâmicadamudançanascomunidadesdefala;4)ProporcionarnovasquestõesenovasfrentesdepesquisaparaosestudossobreaquisiçãodeL2econtatolinguístico.Estesegundoaspectoseaperfeiçoacomosestudoscontrastivosentre o PB e as variedades do português nos países africanos. Em particular, para oentendimento dos diferentes rumos que cada uma delas toma ao perder a mesmapropriedadelinguística.ReferênciasbibliográficasCHOMSKY,N.(1981).Lecturesongovernmentandbinding.Dordrecht:Foris.CHOMSKY,N.(1986).Knowledgeoflanguages.NewYork.Praeger.

CHOMSKY,N.(1995).TheMinimalistProgram.Cambridge.Mass:MITPress.CHOMSKY,N. (2000).Minimalist Inquiries: theFramework. In:Martin,R.D.Michaels,D.&Uriagereka, J. (eds.)StepbyStep:EssaysonMinimalistSyntax. InHonorofHowardLasnik.Cambridge,Mass:MITPress.CHOMSKY, N. (2001). Derivation by Phase. In: Kenstowicz, M. (ed.). Ken Hale: A Life inLanguage.1-52.Cambridge,Mass.:MITPress.KROCH,A.(1989).ReflexesofGrammarinPatternsofLanguageChange.In:Sankoff,D.;Labov,W. & Kroch, A. (eds.). Language Variation and Change. vol.1. n.3. 199-244. CambridgeUniversityPress.NewYork.KROCH, A. (1994). Morphosyntactic variation. In: Beals, K. et al. (orgs.).Parasession onvariationandlinguistictheory.Papersfromthe30thregionalmeetingoftheChicagoLinguisticSociety.KROCH, A. (2000). Syntactic Change. In: Baltin, M. & Collins, C. (eds.). The Handbook ofContemporarySyntacticTheory.Oxford.Blackwell.629-7399.KATO,M.(1996).PortuguêsBrasileirofalado:aquisiçãoemcontextodemudançalingüística,In:I.DuarteeI.Leiria(eds.)ActasdoCongressoInternacionalsobreoPortuguês.VolII:p.211-237.KATO, M. (2005). A gramática do letrado: questões para a teoria gramatical. In:MARQUES,M.A;.KOLLER,E.;TEIXEIRA,J.eLEMOS,A.S.(orgs.)CiênciasdaLinguagem:trintaanosdeinvestigaçãoeensino.Braga:CEHUM(U.doMinho).p.131-145.KATO, M.; TARALLO, F. (1986). Anything you can do in BrazilianPortuguese. In: JAEGGLI,Osvaldo;SILVA-CORVALÁN,Carmen.(eds).StudiesinRomanceLinguistics.Dordrecht:Foris.KATO,M.;TARALLO,F.(2003).TheLossofVSSyntaxinBrazilianPortuguese.InSCHLIEBEN-LANGEN, Brigitte; KOCH, Ingedore.V.;JUNGBLUTH,Konstanze.(hrsg) Dialog zwischen denSchulen.Münster:NodusPublikationen.LABOV,W.(1972).SociolinguisticPatterns.Philadelphia:UniversityofPennsylvaniaPress.LABOV, W. (1994). Principles of Linguistic Change. Vol. 1: Internal Factors.Cambridge:BlackwellPublishers.LABOV,W. (2001). Principlesof Linguistic Change. Vol. 2: Social Factors.Oxford:BlackwellPublishers.LIGHTFOOT,D.(1979)PrinciplesofDiachronicSyntax.Cambridge:CambridgeUniversityPress.LIGHTFOOT, D. (1999) The development of language: acquisition, change and evolution.Oxford.Blackwell.LIGHTFOOT,D.(2002)SyntacticEffectsofMorphologicalChange(ed.)Oxford.UniversityPress.LIGHTFOOT,D.(2006)Hownewlanguagesemerge.Cambridge:CambridgeUniversityPress.ROBERTS,I.(2007)DiachronicSyntax.Oxford:OxfordUniversityPress.ROBERTS,I;KATO,M.(orgs.1993).PortuguêsBrasileiro:umaViagemDiacrônica.HomenagemaFernandoTarallo.Campinas.SP:EditoradaUnicamp.TARALLO, F; KATO,M. (2007). Harmonia trans-sistêmica: variação intra e inter-linguística.Preedição5.Campinas.(ReeditadoinDiadorim:revistadeestudoslingüísticoseliterários2.p.13-42.WEINREICH, U; LABOV, W.; HERZOG, M. (1968). Empirical Foundations for a Theory ofLanguageChange. In:LEHMANN,W.;MALKIEL,Y.(eds.)DirectionsforHistoricalLinguistics.Austin.UniversityofTexasPress.p.97-195.TARALLO,F.(1991).Reflexõessobreoconceitodemudançalingüística.In:Organon,vol,18.PortoAlegre:UFRS-InstitutodeLetras.p.11-22.

5.PROJETODEESTUDOSOBREAVARIEDADECULTAPAULISTANA(DADÉCADADE50DOSÉCULOXXAOSÉCULOXXI:PRIMEIROSRESULTADOSEsteprojetoinsere-senaagendadoProjetoparaaHistóriadoPortuguêsPaulista,financiadopelaFAPESP(Processo11/51787-5)Coordenadora:Profa.Dra.MariaCéliaLima-Hernandes(USP)Equipe:(Quadronoitem3)IntroduçãoNaseção6.3,doProjetoTemático,intituladaConstituiçãoeexpansãodasvariedadespopularecultadoPortuguêsPaulista,hátrêsobjetivosgerais.Oprimeirodelesrepresentaalinha-mestradoprojetoRetratosociolinguísticodavariedadecultapaulistana(dadécadade50doséculoXXaoséculoXXI):

Oestudodavariedadeculta,associandomudançalinguísticaeaspectosdamudançasocial,mas redimensionandoopesodo fator social combaseno reconhecimentodeuma universalidade de algumas mudanças – o que leva a repensar mudançasgramaticaispeloviésdateoriadacognição;

Esseobjetivogeraltemsidoestrategicamentecobertoportrêsfrentesdetrabalho:Descriçãodoportuguês cultoe sua compreensãonummodelo funcionalistadeevolução, gramatical(processo de gramaticalização); Relações entre evolução linguística e cognição humana; eContrasteentrevariedades.Em2010, fechandoaprimeiraediçãodoprojetoentãoemvigor, também financiadopelaFapesp, a equipe que compunha este subprojeto havia se dado conta de que “algo defundamental–acogniçãohumana–poderianosdarasrespostasparaalgumasdasmudanças[linguísticas]deformamaisclara”.Eospesquisadorespassaramaolharmaisdetidamenteparaoqueeraexemplareseu impactonasmudanças linguísticas.Semaindaumrespaldoteórico,estávamosjáfalandoemconstrucionalização.Deláparacá,temoscompreendido,com embasamento teórico da Linguística Baseada no Uso (LBU), a gramaticalização deconstruções.PassamosapartirdeentãoarelacionarospostuladosteóricosdeGivónparaosurgimentodacomplexidade nas línguas ao que constatávamos na língua portuguesa. Olhávamosbasicamenteparaalgunsprincípiosnorteadoresdaentradadeexperienciamentoshumanosmais recorrentes para a representação gramatical. Vejamos as correspondências queestabelecemosàocasião:singularidadeecontinuidade,velocidadeeconsciência,atençãoeautomatismo,eatençãodifusa,enraizamento/levezaepráticaforadocontexto.Resultadosdessaaplicaçãopodemserrecolhidosdasanálisesdesenvolvidasnosestudosdastrêsfrentesdeinvestigaçãoanteriormenteexplicitadas.1.AjustesnecessáriosaoSubprojeto:amostrasdelínguafaladaNo projeto originalmente aprovado, estava prevista a Constituição de amostra de línguafaladaperíodo1950-1969alémdaanálisedosdadosrecolhidosnessaamostra.Ocorreque,noprocessodeconstituiçãodasamostrasdadécadade50,atéomomentonãolocalizamosamostrasdelínguafalada.Emborativéssemoslocalizadoamostrasdetranscriçõesdeescutas

telefônicaspelasequipesqueatuamnoacervoDEOPS,asgravações correspondentesnãoforamlocalizadas.Diante dessa dificuldade, apostamos nas transcrições das escutas telefônicas decorrentesdessasinvestigações,porhipotetizarmosqueamatrizdessematerialpossaterseextraviadaoutersidodescartadanopassadodevidoaoestadodeconservaçãodomaterial.Poroutrolado, mesmo as transcrições daquelas conversas trazem seus problemas para nósmetodológicos:numasimplesleitura,verificamosquenãoselevouemcontaqualquercritériouniformizadorparaatarefadetranscrever,oquenosimpededesaberemquemedidaoqueestáalipodecorresponder,defato,aoquefoiconversado.Concluímos as amostras de língua falada do século XXI, constituídas numa amostragempareadacomaamostraconstituídapeloprojetoNURC-SPcomvistasadesenvolverestudoscomparativos.EssasamostragensforamcompostaspelocontatocomosfalantesdopróprioNURC,queforamreentrevistados.Umoutroproblemaverificadofoiaausênciadealgumascélulas,ouporquenãolocalizamosoentrevistadooriginalmentegravadonadécadade70ouporqueessesjáfaleceram.Nessescasos,adotamosométododacomposiçãodeamostrasportempoaparente.Essasentrevistas já seencontramtranscritaseestãodisponibilizadasemvolumepróprionositewww.mgp.fflch.usp.brTambémidentificamosalgunsmateriaisemacervosprópriosdaUSP,porémessesmateriaisencontram-seempéssimasituaçãodeconservação,edoisimportantesdocumentos,quenãosabemosseestãoíntegrosainda,estãoregistradosemsuportedevinil.EstamosemcontatocomoArquivoresponsávelparanoscederessematerialeverificarmosseaamostragravadaestáemcondiçõesdeestudo.Ocorreque,háanos,nãoháqualquerequipamentonaUSPquepermitaouviragravaçãofeita.Estamosemprocessodeaquisiçãodeequipamentoparaessefim. Portanto, dependemos da aquisição de equipamento apropriado para que façamos aconversãodessematerialparaumamídiamaisatual.2.RecursoshumanosNo momento atual, contamos com uma equipe de dois professores doutores, cincodoutorandos,doismestrandosedoisalunosdeiniciaçãocientífica:Pesquisadores Nívelde

treinamento

Andamento Tema

ElisângelaSartin D Qualificação:2013EmandamentoBolsistaGovernodoEstadodeSP

Construçõesdepropósitonoportuguês,noespanholdoRiodaPrataenoportuguêsdeFronteira.

LídiaSpaziani D Qualificação:2014Emandamento

Construçõesavaliativasdeexclusão

André LuizRauber

D Qualificação:2011EstágioemPortugal:2012-2013Defesaprevista:dezembro/2013Emandamento

ConstruçõesdistributivasnoportuguêsformaldoBrasiledePortugaleestudotranslinguísticonoitaliano,noespanholenoinglês.

MarcelloRibeiro D Qualificação:2012Defesaprevista:2014Emandamento

ProcessosdecorrelaçãonoportuguêsescritoformaldoPB

Renata BarbosaVicente

D Qualificação:2012Defesaprevista:dezembro/2013Emandamento

ConstruçõesintersubjetivasapresentacionaisnoportuguêsformalescritodoPB:acategoriadeespaço

MarianaKuhlmann

IC Emandamento:2013-2014BolsistaFFLCHIntercâmbioAlemanha:2013

ReferênciaemetáforanaproduçãooralContatocomlaboratóriodecognição

Alexandre YuriRibeiroGuerra

IC Emandamento:2013-2014

Metáforaeinferência

PriscillaNogueira M EmandamentoBolsistaFapesp

Gramaticalizaçãodeconstruçõesaproximativas

Oquadroinicialdepesquisadoressofreualteraçãoemdecorrênciadeconclusãodeprojetos.Ostrabalhosconcluídosforamosseguintes:Pesquisadores Nívelde

treinamento

Data Temapesquisadoeteoria

Cristina LopomoDefendi

D Qualificação:2012Defesa:março/2013

Gramaticalizaçãodasconstruçõesconclusivas-LBU

Anna KarolinaMirandaOliveira

M Qualificação:2011Defesa:2012

Referencialidadedaconstrução“omesmo”-LBU

Wellington SantosdaSilva

IC Concluído:2012 Construçõesaproximativas

Elaine CristinaSilvaSantos

D Qualificação:2012Defesa:set/2013concluído

AsconstruçõesdedúvidanoportuguêsformalescritodeSãoPauloedeAracaju

MarianaKuhlmann

IC Concluído:jul/2012IntercâmbioAlemanha:2013

Construçõesirrealisesubjuntivo.Contatocomlaboratóriodecognição

Alexandre YuriRibeiroGuerra

IC Concluído:2012 Construçõesinterjeitivas

Havia,noúltimorelato,algumasbolsasvacantesqueforampreenchidasdaseguintemaneira:Pesquisadores Nívelde

treinamento

Situação Temapesquisadoeteoria

MengYinBi(bolsaCNPq)

M Qualificação:2013Defesa:2014

IntersubjetividadenalínguafaladadecultadeSãoPauloecontrasteeminterlínguasdoportuguês.

FlavianaVeríssimo(bolsaFFLCH)

IC Conclusão:2013-2014

Asrepetiçõeseasecolalias:funçõeseusos

JoiceMoreli(bolsaFFLCH)

IC Conclusão:2012-2013

Contextoeinferência:extensãoesentido

Andrea HiromiMano(bolsaPIBIC)

IC Conclusão:2013-2014

Atençãoconjuntaepolideznoportuguês,nocoreanoenochinês

3.AtividadesrealizadasDurante o período de 2012 a 2013, realizamos algumas das atividades previstas no planoinicialdoSubprojeto.Astarefasprevistaseram:1. Encontro anual de estudos (3 dias dedicados à leitura e discussão de textosfundamentaisaoencaminhamentodostrabalhos)2. Encontro anual de compartilhamento de resultados (3 dias de apresentação detrabalhos,debatidosporprofessoresconvidados,naUniversidade)-VIIIEncontroAnualdoGrupodePesquisa3. EncontrocomoutrossubprojetosdoProjetoTemáticoHistóriadoPortuguêsdeSãoPaulo.4. EncontroAnualcommembrosdoProjetoHistóriadoPortuguêsdoBrasil.Astarefasefetivamenterealizadasforam:a)Participaçãonaorganizaçãoeematividadesdo IICongresso InternacionaldeLinguísticaHistórica–umahomenagemaAtalibaCastilho, ocorridoentre07e10.02.2012. Todososmembrosdoprojetoapresentaramseustrabalhos.Umamesa-redondamaisdiretamenteserelacionava com os problemasmetodológicos enfrentados durante o desenvolvimento doprojeto,odaconstituiçãodaamostradelínguafaladadeperíodosdoséculopassado.Trata-sedaseguinteatividade:MESAREDONDA:OPAPELDALÍNGUAFALADACOMOCONTRIBUTOAO ESTUDO LINGUÍSTICO NOS SÉCULOS XX E XXI,coordenada pela Profa. Dra. JussaraAbraçado(UFF).Nela,ospesquisadoresenvolvidoslevaramsoluçõesteórico-metodológicasinteressantesparaumaabordagemmenosestanquedalínguafalada.Umaprimeirapropostatratava dO estatuto do falado e do escrito para a pesquisa em mudança linguísticadesenvolvidapelaProfa.Dra.AngélicaRodrigues(UNESP-Araraquara)eProfa.Dra.SanderleiaR.Longhin-Thomazi(UNESP/S.J.doRioPreto).Elasdiscutiram,assumindoopressupostodeafalaespontâneaserolocusdamudança(WEINREICH,LABOV,HERZOG,1968),arelevânciadalínguafaladaparaoestudodamudança,poiselatrariaentreosusososinovadoreseopapeldosgênerosetradiçõesdiscursivasparaadistinçãoescalarentrefalaeescrita,combaseempropostadeKocheOesterreicher(2007).Demonstraramessaposiçãopormeiodoestudodefenômenosrelacionadosàemergênciadeconstruçõescomplexasemportuguês.b) Um segundo trabalho foi intitulado Funcionalismo e a proposta construcional e foiapresentadopela Profa.Dra.Mariangela Rios deOliveira e Profa.Dra.Nilza BarrozoDias,ambasdaUniversidadeFederalFluminense.Elasdiscutiramoestatutodamudançaàluzdeumaabordagemconstrucional,amparando-seemGoldberg(2009)eemTraugott(2005).Paraelas, elementos da pragmática podem ser incorporados às mudanças semânticas viaimplicaturase,nessecaso,consideravamaparticipaçãodos interlocutoresnoprocessodegramaticalização das construções selecionadas. Exemplificaram com as construçõessubjetivas as construções verbais integradas por pronomes locativos (V-loc) no portuguêsbrasileiro.Lidaramcomamostrasdofalarmineiro,cariocaefluminense.Consideraramque

são intençõesdemodalização e de demonstrar uma avaliação (no caso das subjetivas) eestratégiasdesubedeintersubjetivização(nocasodasV-loc)osfenômenosmotivadoresdereanáliseegramaticalização.c)Umterceirotrabalho foi intituladoLinguísticabaseadanouso:opapeldedestaquedalínguafaladaefoiapresentadopelosProfs.Drs.MariaAngélicaFurtadodaCunha(UFRN)eMárioEduardoMartelotta(UFRJ,inmemoriam).PartiramdaLinguísticaCognitivo-Funcional,quecolocaemdiálogoachadosfuncionalistas(TalmyGivón,PaulHopper,SandraThompson,WallaceChafe,ElizabethTraugott)eachadoscognitivistas(GeorgeLakoff,RonaldLangacker,GillesFauconnier,AdeleGoldberg),rompendofronteiradereflexõescomoutrasáreascomoa psicologia evolucionista (TOMASELLO, 1998, Maturana, 2003, dentre outros), maisconhecidaentrefuncionalistascomolinguísticabaseadanouso,discutemopapeldocontextoeda situaçãoextralinguísticacomopropriedadesnaturaisda língua falada.Demonstraramqueaexperiênciahumanadosindivíduosérepresentadacognitivamentenagramáticaeque,dadasas situaçõesecontexto,a língua faladaéum lugarprivilegiadode identificaçãodasadaptaçõesfeitas.d) Um último trabalho, apresentado pela coordenadora deste subprojeto e pelo Prof. Dr.MarceloMódolo,intituladoConstruçõescorrelativasAlínguaemusoeogatilhodamudançaparaconstruçõescorrelativas,expôsquetodasituaçãodeconfortoétambémumespaçodeestabilidadeequesomenteassituaçõesecontextosemqueháalgumtipodepressãoparaaintercompreensãooumanifestaçãodadiferença,sejaelaemopiniões,ematitudesouações,équeseexigeumesforçodeadaptação.Essaadaptaçãoproduzrearranjodacenae,nocasolinguístico, rearranjo gramatical. Para a evolução da gramática, reconhece-se, assim, aatuaçãodeparadoxos(Givón,2005)que,aomesmotempoemquefazemformasefunçõesrepelirem-se revelando suas contrariedades, fazem também sobrepor seus efeitos nummesmo resultado, aproximando-os. Em termos de usos, paradoxos podem interditar apresençadealgunsusosnamodalidadefaladae,emoutrainstância,ampliaroespectrodeopçõesna língua falada.Exemplificandocoma combinaçãodeoraçõespor correlaçãoemportuguês, nota-se o rompimento de pares cristalizados para dar lugar a novidadescombinadas,porémsegundoummesmopadrãoderepetiçãoformalnousoinovador.Sãoosparadoxos típicos da mudança linguística, alimentados por processos sociocognitivosamplamente explanados por estudiosos da gramaticalização, o foco da discussão queplanejava.Partidopressupostodequeadinâmica interativaalimentaagramáticae frenausoscomoemfotografiasimpressas,fazendorestarumaopçãocommaisantigaforma,aomesmo tempo em que produz, em alta frequência, conteúdos inovadores. Seriam asconjunçõescorrelativas‘carcaças’deumpadrãocognitivonecessárioàcodificaçãodeideias?Ouseriaumelocoesivoprodutordeestabilidadesemânticaemníveisdistintosdeatuação?Nessetrabalho,evidencieiqueosparescorrelativosnascemdeprocessosconversacionais,abstratizados, empacotados sintaticamente e incorporados no sistema gramatical,obedientesàsmáximasconversacionais.Arepetição,processocomumnalínguafalada,earecursividade, processo comum nas situações comunicativas, seriam responsáveis pelofortalecimentodessesusos.Oquepermitiriaessefortalecimento,emminhahipótese,éoquetemoscomomaisantigoemnossatrajetóriafilogênica:aanalogia.Essemecanismoaltamentecognitivo favoreceria a expansão categorial e pressionaria itens não-correlativos aencaixarem-senumpadrãocorrelativo.Alínguafaladaseriaomelhorlugarparademonstraras inovações, mas, no caso das correlações, estas seriam demandadas em tipos textuaispadronizados de falantes em estágios menos conscientes de uso linguístico. No caso dasargumentações,estasensaiadasescolarmentenasdissertações,sóganhamemconsciênciamodelaremfasesmaisfinaisdoprocessodegraduação.Sendoassim,considereiqueprovasvestibularespoderiamfornecerexemplosinovadoresdecorrelações.Issopermitiriaafirmar

queépossívelrecolhertraçosdeoralidadetambémemtextosquedemonstrariam,emteseeemcondiçõespropícias(altaexposiçãoamodelosargumentativosescritosealtaproduçãodeexercíciosargumentativosescritos)aconsolidaçãodeumpadrãodeusoscorrelativos.Evoltoaoiníciodestaapresentação,agregandoumdado:sóoconfortoeaconsolidaçãodeusosadaptadosapresentam-secomoexemplosdeestabilidade;nemsemprealínguafaladanosfornecetodasasinstânciasdeoralidaderepresentadasnagramática.AlgumaspesquisasencaminhadasnoGrupodePesquisaencaminharam-setambémparaaratificaçãodospostuladosnotrabalhosobrecorrelação.Quatromesesdepois,em junhode2012, realizamosoVIIEncontroANUALDOGRUPODEPESQUISA - MGP –USP em que os estudos (i) tomaram dados recortados pelos fatoslinguísticos; (ii) selecionaram criteriosamente indivíduos com mentes alteradas paraentender,pelaprovanegativa,oquesedescobririasobreamentesã;(iii)buscaramumpassoconcretoparadialogarcomaMedicinaPsiquiátricaecomaPsicologiaparaumnovomododeolhar para a gramática. As atividades frutos dessas reflexões foram apresentadas numagrandeprogramaçãoexpostanositewww.mgp.fflch.usp.br.,retomamososestudoscoletivoscom uma Reunião Anual para discussão de dois textos com vistas a aproximar os nortesteóricos.Foramalvodediscussãoosseguintestextos:Croft(2007)-Languagestructureinitshumancontextnewdirectionsforthelanguagesciencesinthetwentyfirstcentury;Traugott(2010)-Revisitingsubjectificationandintersubjectification.Emmarçode2013,recebemosoprofessorvisitanteChristianLehmann,daErfurtUniversität,o qual discutiu os trabalhos dos membros do grupo e participou da banca de defesa dadoutorandaCristinaLopomoDefendi.Emoutubrode2013,recebemosoprofessorvisitanteLachlan Mackenzie, do ILTEC – Instituto de Linguística Teórica e Computacional / VrijeUniversiteit Amsterdam para discutir os trabalhos em andamento e para proferir umaconferênciaemqueexpôsomodelodegramáticadiscursivo-funcional.Em junhode2013,realizamosoVIIIEncontroAnualdoGrupodePesquisaparaapresentarmosoandamentodostrabalhos já incorporando as reflexões das leituras realizadas no encontro anterior. Oresultado uma programação intensa baseada nos seguintes temas: Debate sobre Hábitosculturaiseimpactosnaexpressãolinguística;Aspectoscognitivosdacomunicaçãohumana:exercíciosdeidentificaçãodecorrelatos;identificaçãodecausascognitivas.4.ResultadosdepesquisasconcluídasAlguns temas foram priorizados para discussão no subprojeto, por duas razões: ou eramtemas caros aos funcionalistas e o grupo precisava alinhar suas reflexões; ou problemasvivenciadosnaspesquisasensejavamqueadiscussãofosserealizada.Umdessestemasfoiaquestão do contexto, pois lidar com contextos críticos favorecem que lidemos compolissemiasconstantemente.Comoresultadodessasdiscussões,organizamosestetextoemquatroseçõesasquaiscorrespondemaresultadosdepesquisasefetivamenteconcluídasnoperíodorelatado.4.1.Novamente,outrocontexto.Baseadosnasquinzesimilaridadesentreosprocessosdeevoluçãolinguísticaedeevoluçãobiológica29,reconstruímoscontextosapartirdasdiferençaspresentesnaespéciehumanae

291. We find in distinct languages striking homologies due to community of descent. 2. And analogies due to a similar process of formation. 3.The manner in which certain letters or sounds change when otherschangeisverylikecorrelatedgrowth.4.Wehaveinbothcasesthereduplicationofparts.5.Theeffectsoflongcontinueduse.6.Thefrequentpresenceofrudiments,bothinlanguagesand

na língua para verificar que línguas diferentes mantinham algumas similaridades. AsevidênciasdeDarwinerambaseadasnoléxico.Neogramáticosbasearam-senaarticulaçãodosom, mas ainda restringiram os limites à palavra. Estruturalistas fundaram suas bases deobservação majoritariamente na morfologia. Formalistas elegeram a sintaxe. Outrasabordagensteóricasperseguiramcaminhosalheiosaessasrestrições.Atualmente,asintaxeéapenasooutputapartirdoqualrecuperamososcaminhoserotasdemudança.Percebemos que a retomada da reflexão sobre os vários campos veio mesmo comsociolinguistaslabovianos,querepisaramosvárioscamposdeestudoembuscaderespostasàinstabilidade/estabilidadedosistema.4.2.MudançalinguísticaecontextoQuandosediscutemudançalinguística,paratodoaquelequeestudousociolinguística,logoseprevêqueseránecessárioidentificaralgumavariação-mudançaocorridaouemcurso(nasintaxe,essamudançanemsempreétransparente).Imediatamente,olinguistaseperguntasobreosfatoresquepodemexplicaresseprocesso(identificaaspossíveisvariáveislinguísticascorrelacionadas).Valelembrarquetodasasvariáveisparaumamudançalinguísticanãoestãoemoutro lugarquenão forado sistema,porémcomefeitodramático sobreo sistema.Oproblemada transiçãoéoutro capítulona reflexãodo linguista.Na sintaxe,oproblemaésuperfaturado, pois amudança não é um “passo discreto” (WEINREICH, LABOV, HERZOG,2006[1968]:108) provavelmente para nenhum estrato social, pois a sintaxe é mesmorepresentadapelomomentodainteração.Sealínguaéfalada,oqueinvariavelmenteimportaé que o resultado comunicativo tenha sido exitoso, pouco importando se o que está emcampoéumusoinovadoroupadronizado.Estaé,porassimdizer,acolôniadefériasdetodoolinguistasintaticista:terumapraiaisoladaparaseudeleite,asituaçãointerativaemcurso.O próprio Labov investiu no som, porém ignorando que o limite da cadeia pudesse ser afronteira de palavra 30 . A Pragmática veio silenciosamente, sem reivindicar espaços dediscussãoedelutasporprioridade,efoidemonstrandoseupoderdelidarcomosvãosdesentidosentrepalavras,entresintagmas,entreenunciadosediscursos.Emcadaumdessessaltos nas contribuições linguísticas, suspiros do que hoje chamaríamos de linguistascognitivistaseseusparentesacadêmicosmaispróximos,os funcionalistasqueseagrupamvinculados à Linguística baseada no uso, foram se manifestando. Paisagens novas foramsendodesenhadasnessespassos.Masàépocadecadaumdessesgrandespassos,asmaisrecentes ideias ainda eram seminais, mas vazavam ainda muito embebidas do impactoneogramático, cujos autores, em idade avançada, não tiveram tempo suficiente paradesenvolveroutrasaplicações.Devemosnoslembrardequeacogniçãoapareciarevestidadeoutrosrótulos.Espírito,almaouaspectopsicológicodalínguaeramtermosquesetinhaàdisposiçãoparaessaabordagemmais distante da tradição. Cognição era ainda um sinônimo de conhecimento, sempreinspecies, isstillmoreremarkabl.7.Languages, likeorganicbeings,canbeclassifiedingroupsunder groups. 8. They can be classified either naturally to descent, or artificially by othercharacters. 9. Dominant languages and dialects spread widely. 10. And lead to the gradualextinctionofothertongues.11.Alanguage,likeaspecies,whenonceextinct,never…reappears.12. The same language never has two birthplaces. 13. Distinct languages may be crossed orblendedtogether.14.Weseevariabilityineverytongue,andnewwordsarecontinuallycroppingup.15.Singlewords,likewholelanguages,graduallybecomeextinct.30 Estou ignorando aqui os grandes avanços que nos conduziram à compreensão de texto ediscursofaladoeescrito.

associadaaespaçosdodiscursopedagógico.Atítulodecuriosidade,consultem-seHermanPaul,KarlVossler,AntoineMeillete,paranãoficarsócomautoresestrangeiros,indico,semexclusividade,CândidoJucáFilho(1933).Ouvir,emexposiçõescientíficas,queseanalisaocontextoquandosepartedeumaáreadeconhecimento denominada Cognição pode – e naturalmente deve – provocarestranhamentos e críticas (aindamais quando já se alcançouumavançona separaçãodecontexto, cotexto e contexto discursivo-pragmático). Talvez seja mais prudente falar emcogniçãovinculadaànovaárea,adaLinguísticabaseadanouso.Caberia,também,inquirirsobreoconceitodecognição.Essapalavratambémtemassumidosentidos diversos, e estes estão presentes em vários textos com abrangência diversa. Opróprio nome Língua remete a umametáfora do órgão empregado para produzir sons, omaterialfísicoqueématéria-primaparaencorparumaideia,umpensamento.Alínguaé,naverdade, um órgão instrumental, da realização, da prática. Como parte do processo,metonimicamenteelarepresentaoprocessointeiro.Cognição,maisalinhadacomosavançosnasáreasdaBiologia,Psicologia,PsiquiatriaeNeurologia,refere-seaopontodepartidadacriação,aomomentodasligaçõeserelaçõesestabelecidasnoprocessamento,naelaboração:amente.As razões advêm de uma formação cientificista presa à exigência de critérios objetivos,palpáveisemensuráveisparaaanálisededadoslinguísticos.Maisdoqueisso,afetamminhavisão,meutreinamentoeformaçãoendocentricamentelinguísticos.Comopodemosavançarsenãonosapropriamosdasdescobertasnasáreasbiológicas,neurocientíficas,psicológicas(emesmopsiquiátricas),sóparaficaremáreasquemaisseaproximamdoqueconsideramoscogniçãohoje?Aolongodaevoluçãodaprópriaciência linguística,pudemospresenciara incorporaçãodeobjetosantesignoradosoumenosprezadosparatodooestudoqueseavaliassecomo‘sério’.Foiocaso,háaproximadamenteumséculoemeio,dacoragemneogramáticadeavançaremdireçãoàfalaparareconhecerqueo locusdamudançaestavanaarticulaçãofonética.Daíadvieraminformaçõesvaliosasparaqueaciênciadesseumgrandesaltoemdireçãoaoqueos sociolinguistas depois realizariam. Mas nossos cientistas ancestrais ainda não tinhamestofoparatratarcientificamentedotrinômiocognição-língua-mente,emboraaíresvalassemdurante explanações sobre analogia e lei de economia linguística, por exemplo. Tambémquandocomeçaramaaventarahipótesedequeafrequênciadeusoouqueousoexemplarpode ter impacto considerável no futuro de uma construção linguística, já estavampreparando o caminho para que pudéssemos tratar, de ummodo inovador, de contextosprodutivos,dedireçãoelinearidade,defrequênciastypeetoken.AonosdarmoscontadaspreocupaçõesdeKarlVossler,quandoredigiuGesammelteAufsätzezurSprachphilosophie,em1923,publicadovinteanosdepoisnoespanholsobotítuloFilosofíadellenguage,precisamos,deinício,reconhecerovalordeseutrabalhonocontextodesuapublicaçãooriginal. Ele semanifesta nummomentoemqueopositivismoneogramático,determinadoemproverdeumcarátercientíficooestudodalíngua,elidedesuasdiscussõesoaspecto‘espiritual’doatolinguístico.Compreenderquesuaspalavrastomamcomofocodecríticaoqueseimpunhanomeioacadêmicoéopontodepartidaparatambémsereconhecerqueelejáderaantesdoisoutrospassosnessamesmadireção,despertandoreflexõessobreo tema, mas também réplicas fervorosas. Essas publicações representaram a ‘cutucada’essencialparaquemesmoossilenciososrefletissemsobresuasideias,sobreasideiasdosqueVosslercomentava,eissopreparouochãoparasuaobra.

ConvidarVosslerparadiscutiropapeldocontextoounoqueseresumeocontextoéfavorecerque um linguista revolucionário seja deslocado para um ambiente mais propício àcontribuição de suas ideias. Neste momento em que a cognição já percorreu um longocaminhodentrodalinguística,admite-sefalarnovamenteem‘espírito’comoumelementoquerevesteacenacomunicativasemospreconceitosdoexacerbadocientificismo.Os resultados de cada intervenção científica, ou melhor, de cada mente da ciência,produziram efeitos avassaladores sobre axiomas ‘consolidados’ ao longo da evolução denossoscoespecíficosnestaartedefazerciência.Adespeitodeseconjecturarsobreasgrandesdistânciasmetodológicasadotadasporfilólogos,gramáticoselinguistas,nãosepodedeixardereconhecerqueocontextohistóricofoiograndetrunfodecadaumdessesgrupos.Hoje,quasesuperadososradicalismosentreformalistasefuncionalistas,principalmentecausadospelaconsideraçãoounãodocontexto‘real’deproduçãodosdadoslinguísticos,reconhece-sequeumcampodediscussão,senãonamaneiradeformularsuasquestões,mascertamentenoaparatoteóricoqueacolheessasmesmasquestões,constituía-seolugarmaissegurodesustentaçãodeargumentosehipóteses:ocampodaCognição(oudaLinguísticabaseadanouso).Ocontextohistóricofoi,assim,ograndevilãoe,aomesmotempo,o leitmotivparaquesereconhecesse,inclusive,ovalordeáreastradicionais,comoéocasodaFilologia,postoqueos cuidados demandados durante os trabalhos de crítica textual, antecedidos por ediçõessemidiplomáticas, deveriam ser emprestados a outras áreas que se embrenhassem peloscaminhosdalinguísticahistórica,porexemplo.ComoalcançaroqueumindivíduodoséculoXIII quis dizer, via testemunhos escritos mal decifráveis, sem se ter o conhecimento docontexto de então? Erros homéricos foram relatados em réplicas e tréplicas a trabalhoscientíficos.Errosdenaturezasdiversassãorelatadosporestudiosos.Dentreeles,destacamososerrosderivadosdasmodificaçõesnão-autorais(Ex.:ediçãonão-fidedignadaDemandadoSantoGraal, produzida pelo Pe. AugustoMagne, depois reeditada pelo próprio autor31) eoutroserrosmaisvinculadosaopróprioprocessodeeditar,taiscomoosvisuais,mnemônicos,psicológicosemecânicos(Ex.:LivrodaEnsinançadeBemCavalgarTodaaSela,cujaediçãocrítica foi realizada porM. Piel). Comodesdobrar uma abreviatura, se essa reconstituiçãopressupõe reconhecer amoda32de uma época e de uma cultura?O papel do contexto éfundamentalaqui.Errosnãomenosgrandiosos têmsidosurpreendidosnasgramáticashistóricasquandoumestudiososeprendemaisàformadoqueàprópriafunçãoouquandoanalisaatomicamenteumaproposiçãoeseeximedaresponsabilidadedereconhecerunidadesmaiscomplexasdeformulação.Éprecisoaconsciênciadequeotempopassa,aspessoasmudam,enemtudooquefoiditopermaneceráemseusentidoselidoemoutrocontexto.EstaeraapreocupaçãodeTaralloquandoinstruíaalunosdegraduaçãoedepós-graduaçãosobreotemadamudançalinguística 33 . Equívocos ou erros podem estar presentes em estudos desde filológicos a31TenhoconsciênciadequemuitosdoserrosdeMagnederivaramdesuadecisãoconscientedeelidirtrechossensuaisporrazõesdiversastambémcontextuais.32Moda aqui assume o sentido adotado pelas áreas da ciências exatas, em que se reconhece acontabilizaçãopadronizadadeumelemento.33(...)aoenfrentarmosdocumentosemlínguaportuguesadeoutrostemposanterioresaonosso,certasformasparecerãoestranhas,emborainteligíveis,ouirreconhecíveis.Asformaslevementeestranhas,taiscomoasencontradasnacartadeParanhos,emgeralcontinuamemnossosistemacontemporâneo como resíduos históricos, mantidos por uma norma gramatical conservadora,centrada na língua escrita. As formas totalmente estranhas ou irreconhecíveis, por outro lado,atestamestágiosanterioresdosistema:umaoutraestruturalinguísticaquenemmesmoanorma

literários.Osgraveserros,eparadoxalmenteosmenosperceptíveis,sãoosquedependemdeumaexpertisemaiordoestudioso.Nesseconjunto,inserem-seosdenaturezacontextual.Estesestãonabasemotivacionaldaproduçãodestetexto,quetemopropósitodeoferecerumabreveintroduçãoàrelevânciadeseestipularemlimitesparaanoçãodecontextoquandoestamosmergulhadosnumaáreaemqueamenteéopontodepartidaparaacompreensãodedadoslinguísticos.a. Ecodeumadúvida:oqueécontextoquandolidamoscomcognição?Um projeto demudança de concepção requer aconselhamento com osmais experientes.Durante essas semanas, visitei alguns experts que, aleatoriamente, foram saltando dasprateleirasdeminhabibliotecacomoaconvidar-meaumareflexãomaisprofundadotema.O primeiro foi Hanks (2008), que fez uma distinção entre abordagens locais e globais,polarizando discurso e gramática para propor uma abordagem conciliatória resultante dacombinaçãodas duas primeiras. Enquanto organizava essas informações, compreendi queestudar o contexto é refletir sobre a incorporação de elementos ao dado sob análise.Configura-seumexercíciodesairdesi,semabandonaroquesesabe,ebuscarpistasparaimaginaroqueooutropossasaber.Então,pensemosnumasituaçãoemqueaincorporaçãodeumarealidadeestranhaàdopesquisadorpossa,numexercíciointerpretativo,afetarparaobemouparaomalosresultadosdesuapesquisa.Geertz(2000)jáhaviaalertadoparacasoscomoessequandoapresentouapolêmicacausadapelapublicaçãododiáriodecampo34deninguémmenosqueBronislawMalinowski.Oquehaveriadetãodramáticonaquelediárioparaqueapolêmicasecriasseentreantropólogos?Naverdade,oscomentários,anotaçõesenotinhas colocavam a nu o mito do antropólogo semicamaleão 35 . Seria mesmo todoantropólogo capaz de integrar um contexto, misturando-se a ele de forma praticamentehomogênea, despercebida? Qual não foi a surpresa ao se encontrarem nesse diárioinformaçõespoucosimpáticaseindelicadassobreooutro.Emvariadasocasiões,Malinowskimanifestavaseudesejoíntimodeestaremoutrolugarquenãonaquele.CabeainquietaçãodeGeertzaqui:“comopodeumantropólogoconheceromodocomoumnativo pensa, sente e percebe o mundo?”. Malinowski suscitou a reflexão sobre a(im)possibilidade de se conhecer um nativo como se um deles fosse. A interpretação domodusvivendi donativopode serafetadapelos “horizontesmentais”dopesquisador?36AconclusãodeGeertztransporta-nosparaumareflexãoculposadenossasatitudesenquantopesquisadoresdedadosquenãocolhemos,dedadosquenãoproduzimosedosquaisnãoteríamos, por questões diversas (dentre as quais diacrônicas), como alcançar o sentido

padrãoescritapreservou.(...)Eseexplorarmosaindamaisotúneldotempodalínguaportuguesa?Certamente,novas formassurgirãoquepoucasemelhançaapresentamcomonossosistemadehoje.(TARALLO,1994:19)34ADiaryintheStrictSenseoftheTerm,publicadopostumamentepelaesposadeMalinowski,traziadetalhesconsideradosquasesecretosparatodoantropólogo.35Omitodosemicamaleãosustentaaideiadequetodoantropólogojáreuniriaemsiascondiçõesnecessáriasparasuaadaptaçãoaambientesditosexóticos.36 Por mais que, para nós, ocidentais, a concepção da pessoa como um universo cognitivo emotivacional delimitado, único emais oumenos integrado, um centro dinâmico de percepção,emoção, juízos e ações, organizado em uma unidade distinta e localizado em uma situação decontraste com relação a outras unidades semelhantes, e com seu ambiente social e naturalespecífico,nospareçacorreta,nocontextogeraldasculturasdomundo,elaéumaideiabastantepeculiar.Emvezde tentarencaixaraexperiênciadasoutrasculturasdentrodamolduradestanossaconcepção,queéoqueatãoelogiada“empatia”acabafazendo,paraentenderasconcepçõesalheiasénecessárioquedeixemosdeladonossaconcepção,ebusquemosverasexperiênciasdeoutroscomrelaçãoàsuaprópriaconcepçãodo‘eu’.(GEERTZ,2000:90-1).

legitimamenteinteracional.Comolidarcomarealidadedooutro,considerando-seumdadohistóricorecolhido,porexemplo,daDemandadoSantoGraal,decujasconcepçõesdevidacomunitáriapoucosabemos?Talvez, considere-se que exemplificar com a Demanda seja um exagero, tal a distânciahistóricadodocumentoescritonoséculoXIII,masdecujasediçõessomentetemosacessoacópiasdoséculoXV.Hájáumaintermediaçãoaqui.Háquantosmilhõesdeanosantesnãocorreudebocaemboca,deouvidoaouvido,essahistóriafantástica?Atéquepontoosentidodeumitemnoportuguêshistórico,cujosagentesdouso,dainovaçãoedamudançaestavamimersos em outros valores, hábitos e desideratos podem ser alcançados pelo linguista dehoje?Emquemedida,oscontextosdosdadosrecolhidospodemserinterpretadosdamesmaformaporlinguistasportugueseseporlinguistasbrasileiros?Emquemedida,pensandonasimplicações pedagógicas da gramática, o livro didático atinge com suas explicações eilustraçõesosjovensalunosdeprimeiroanodoscursosdeLetrashoje,seoscontextosdeusovãosofrendo,assimcomoasprópriasconstruções,mutaçõesenormesemvelocidadecadavezmaisacentuada?Muitasmudançasreconhecidasnapassagemdolatimparaoportuguêsforamexplicadasemtermos de sua prosódia, de sua fonética, de sua pronúncia e forma de articulação, massabemosqueconcomitantementeaissoumamudançasemânticataloperou-sequefalantescomunsnãomaisconseguemestabelecerumarelaçãológicaentreosusos.Essaconsciênciade ruído na transmissão de contextos socioculturais através, não somente de pessoas degruposculturalmentedistintos,masaindadegeraçõesdistintasdeummesmogrupojáestavademonstradaemHermanPaul,finaldoséculoXIX37.O que ele pretendia dizer aos jovens linguistas que nele buscassem orientação teórico-metodológica para o trabalho com a história da língua era que forças psíquicas e físicascomporiamoquadrodefatoresrelevantesdeanáliseparaacompreensãododevirhistórico.Emesmoessetrabalhodeanáliseestarianecessariamenteembebidodasinfluênciasdaépocadolinguista,tantopelotreinamentorecebidoquantopelaorientaçãoteóricaherdadadeseusmestres; mas as decisões e as interpretações na lida descritiva seriam decorrentes dasintenções que se tem, podendo daí nascer uma atividade criadora (quase sempreinconsciente).

37O conteúdo ideológico em si é portanto intransmissível. Tudo o que supomos saber doutroindivíduobaseia-seemconclusõestiradasapartirdenóspróprios.Partimosdoprincípiodequeaalmaestranhatem,comomundoqueacerca,asmesmasrelaçõesqueanossa,queasmesmasimpressõesfísicasproduzemnelaideiasiguaisàsqueproduzemnanossa,equeestasideiasseligamdemodoidêntico.Umcertograudeconcordâncianaorganizaçãoespiritualecorporal,nanatureza que os cerca e nas vivências, é portanto condição prévia para uma possibilidade deentendimentoentre indivíduosdiferentes.Quantomaior forestaconcordância, tantomais fácilserá o entendimento. Ao contrário, toda e qualquer divergência nestes campos tem comoconsequênciaquenãosósejampossíveis,comonecessariamentesobrevenhamaincompreensão,oentendimentoparcialouomal-entendido.(PAUL,1966[1886]:23)

Demosouvidoaoutrosautores38quepensaramaquestãomaisa fundo,comoEco39esuaangústia com a própria limitação temporal do conhecimento, como Burke 40 e suaconscientizaçãosobreamudançadosentidodeconversarnãoequivalendo,comohoje,aumafala entre duas oumais pessoas; também visiteiMarcuschi (2001), Ong (1998) e Tannen(1985), esta que lidou com o contexto à luz da análise do envolvimento. Para Tannen épreferívelfalaremfocorelativonoenvolvimentointerpessoalpelospressupostosdeque:(i)oescreventeeoleitorestão,emregra,separadosnotempoenoespaço,oquefazcomqueocontextosejaperdido;(ii)oleitornãopodesolicitaresclarecimentosaoescreventequandonão consegue entender o texto [argumento idêntico ao de Platão, em Fedro, sobre aperniciosidadedalínguaescrita]eoescrevente,porseuturno,antecipa-seaessaspossíveisdúvidasenquantovaipreenchendoosespaçoslacunososcommaiorvolumedeinformações[cerceado naturalmente pelas regras do gênero discursivo]; e (iii) o escrevente e o leitorcompartilhamumcontexto socialmínimo,oque favorecea intercompreensão.Segundoaautora,oenvolvimentoémarcadopordiscursosaltamenteligadosaocontexto,oquerequercontribuição importante do ouvinte ou do leitor, seja pelas informações de sua bagagemdiscursivo-pragmática, seja pelo constante trabalho de interpretação dependente deinformaçõesparalinguísticasounão-verbalizadas.Odiscursocomfoconamensagemrequermenosoapoiodocontexto,portantoacontribuiçãodointerlocutorétambémmenor.ReservamosGivónparaofinaldafila,porqueestemerecemaiorcuidado,umadoseamaisderespeitonosentidoetimológico(respectus!).Eleassumeumaposiçãohardquantoaolocusdo contexto ser puramente a cognição. Isso é notado já na seleção de expressõescaracterizadoras de contexto (enigma, façanha, elasticidade enlouquecedora, pedaços derealidade [chunks], fatias de experiência [slices]), não restando dúvida de que lidar comcogniçãoécomopisaremareiamovediçaparaquempassouanosdavidanoexercíciodeidentificar categorias fechadas e a reconhecer efeitos explícitos. Compreensível! Não seolhavaparaasintaxecomopistaparaumprocessomentaldinâmicoenãoideal.Aescolhademoldurasouenquadramentosdenossos ancestrais, em subsequentes camadashistóricas,permitiuherdareadotaralgunsconstrutosmentais.Maisdoqueherdaromododeresolverproblemas interativos, herdamos também o processo de adaptar-se, o know how daadaptação.

38Outrospesquisadores,dentreosquais citoGoodyeWatt (2006),Hamannetalii (1999), comtrabalhosímparesserãoexcluídosdestaversãoresumidadotexto,porjáestaremrepresentadosquantoaofocodediscussão.39“[...]talveznãofosseinútilquetambémosestudiososmaisadiantadosnocampodasciênciascognitivasatuaisvoltassemavisitardevezemquandoosseusancestrais.Nãoéverdade,comoseafirma em certos departamentos de filosofia dos Estados Unidos, que para filosofar não sejanecessárioreferir-seàhistóriadafilosofia.SeriacomoafirmarquealguémsepodetornarpintorsemjamaistervistoumquadrodeRafael,ouescritorsemjamaisterlidoosclássicos.Todavia,éteoricamentepossível queumartista “primitivo”, embora condenado à ignorância dopassado,possa sempre ser reconhecido como tal, e justamente ser chamado de naif. Ao contrário, éjustamenteaoreverantigosprojetosquesemostraramutópicosefalimentares,quepodemserprevistasas limitaçõesouosfracassospossíveisdequalquerempreendimentoquesepretendaestrear no vazio. Por isso, reler o que fizeram os nossos ancestrais não é mera diversãoarqueológica,massimprecauçãoimunológica.”(ECO,2002[2001]:379)40“NolatimclássicodeSêneca,conversatiosignificavaalgumacoisacomo“intimidade”.Esseusotambémpodeserencontradoemdialetosnoiníciodoperíodomoderno.Dessaforma,umtratadoitalianocomentaevitaraconversatione,istoé,acompanhiadepessoasmaldosas.Emitaliano,pelomenosnoséculoXVIII,conversationepoderiasereferiraumareuniãooufesta.OtermoitalianofoiusadodevezemquandonaInglaterranessaépocaeaindasobreviveemalgunscírculoshojeemdia(pelomenosnaSociedadeReal).”(BURKE,(1995[1993]:127).

4.3.Aaçãoconjuntadecontar,aatençãodosfalanteseamudançalinguística41.Givón (1979),umpesquisadorproeminenteda linguísticahistórica,costumaafirmarqueodiscursoéolocusondesepoderiacompreendermelhorafuncionalidadedalínguaemgeral,mastambéméoespaçoparaodesenvolvimentodeconstruçõesedecategoriasgramaticais,de um modo particular. A ideia do autor remete a uma instância mais pragmática dacomunicação,baseparaqueummodomaissintáticosemanifeste.Esseargumentoébastantevivo nos estudos que investigam processos de gramaticalização, em que se defende queexpressõeslinguísticascomfracavinculaçãosintáticaseriamfonteparaexpressõessintáticasfortemente ligadas (Gonçalves, Lima-Hernandes e Galvão, 2007; Lima-Hernandes, 2010;Guerra, 2011). As bases teóricas que demonstram o caminho de replicação linguística dafilogeniaàontogeniaesuarecapitulaçãonocaminhoinversogarantemevidênciasdequeapragmáticaébásicaemrelaçãoàsintaxe.Neurocientistas têm percorrido esse caminho de descobertas da evolução humana, viainvestigaçãocerebral.Aideiadequecamadasdiferentesemtermosdefossilizaçãocerebralseriamdepositadasaolongodaevoluçãofilogênicaganhaforçaparaoestudodasemoçõesedos sentimentos. É o que tem demonstrado os pesquisadores atuantes no laboratóriolideradoporDamásio,cujasideiassãoapresentadasemDamásio(2011).Omodelopropostoporessepesquisadoréexplanadoemtermosdecamadasdeselfcadavezmaisantigasebásicasno indivíduo:protosself,selfcentraleselfautobiográfico.Essastrêscamadas poderiam ser lidas em termos de um continuum, cada uma contribuindo para aconstituiçãodaoutra,cadavezmaisconscientenoindivíduo:protosself>selfcentral>selfautobiográfico.Comoavançoàdireitanessecontinuum,nota-seumganhocadavezmaisaltodeconsciência.Essecontinuumnãosomenterepresentariaaconsciênciadaespéciehumanaemdesenvolvimento,mastambémodesenvolvimentodaconsciêncianacriançaduranteseupercurso em direção a uma mente adulta. Esse processo seria ad aeternum elevado, adependerdo ambiente, dos experienciamentos individuais e coletivos. Semprehaveráumnichosocialdecontatoe,nessainstânciadeexperienciamento,oindivíduovoltaaapresentarsentimentoseemoçõesguiadospeloprotosself(suasreaçõesmaisbásicas)atéaprenderaresponder adequadamente nesse novo ambiente de experiências e aprendizados,provavelmenteadaptandosuasatitudesmaiscomuns,ativasnocampodoselfcentral.Sepensarmosemtermosderegistrodeexperiêniashumanasdeixadascomoregistro,entãologonoslembramosdosdicionários.Recorreraessafontepreliminarpermiteaoslinguistaseinteressados emgeral ter acesso aos usos que foram captados comousuais ao longodostempos. Esse tipo de obra permite reconhecer os sentidos comuns a outras épocas eindivíduos,favorecendoumexercíciodereconstituiçãodevariadoscontextos.Masnãoésóisso.As obras lexicográficas têm sido pouco estudadas em termos de registros deexperienciamentoshumanos.Numsimplesexercíciocomumapalavracomocontar,quehojetanto pode significar um experienciamento mais concreto do indivíduo com objetos(enumerar a quantidade de elementos: contar três objetos), quanto sinalizar uma ajudamútua,quemoveumindivíduoporsentimentoscoespecíficos(contarcomosiguais).Maisdoque lidar com palavras numa obra lexicográfica, estamos lidando com um elementorepresentativodeações,eventos,sentimentoseemoçõeshumanas.41EstaseçãofoidesenvolvidaemparceriacomoalunodeiniciaçãocientíficaGustavoZambrano(USP/FAPESP).

No dicionário de Houaiss & Villar (2001, p.816), por exemplo, encontramos o registro dedezesseisacepçõesparaoverbocontar.Tantosvaloresnãoseriamapenasformasdistintasdesedizeramesmaação42,mas,paraalémdisso,sãoaspistasparaquereconheçamosquecada uma de suas configurações sintáticas (transitivo direto, transitivo indireto, transitivodireto-indiretoe intransitivo),numaanálisesuperficial, implicaumanova funçãona línguaporquehouve,antes,umaaçãodiferenterepresentadae,antesainda,umaintençãotambémdiferenteintuída.Givón(1979)pareceterreconhecidonalínguaessemovimentodepessoas,coisas,representações,eporissopropôsummodelodeevoluçãolinguísticabaseadanessasinterações e necessidades numa sociedade cada vez mais complexa. Dessa forma, reveladiferentesintençõescomunicativasformuladasporoutrasmentesemsituaçãodeinteração,ouseja,querendorepresentaralgoparaqueaoutramentepudessecaptar.4.4.AevoluçãodafunçãobásicadequantificarnalínguaUma palavra que permite representar esse experienciamento de quantificar objetos(humanos ou não, inanimados ou não) é o verbo contar.O interessante é que elepossacodificaroutrossentidostãoabstratosquecoadunamtambémnãosóacoisaemsipercebida,mastambémoapeloemocionalqueelecarreou.Éoquepercebemoscomoempregodaconstrução'teresperançade',concorrentedoverboesperarnessesentidovolitivo.E,comessaacepção,construímosfrases,como:“Nãocontavaquesuaartefosseserbemaceita”e“Contoreceberumarespostaatéamanhã”.Note-sequeessaacepçãojáémaisabstratadopontodevistadeseuusolinguístico.Outra acepção do verbo contar permite entendê-lo no sentido de 'relatar o enredo oudetalhesdehistória,caso,conversa,etc.'.Essesentido,maisconcretoqueoanterior,indicaumaaçãodicendi,açãohabitualaindivíduosnocotidiano.Comessevalorépossívelelaborarsentenças,como“Elecontouquesaiudoemprego”e“Ogovernadorcontaráquetembonsassessores”. Há, contudo, um valor que se revela mais gramatical, com uma aparênciasemânticae funçãotextualmuitopróximaàdeumarticuladordiscursivo, talcomoocorrecom as conjunções. Esse emprego é relacionado à expressão "tendo em conta que", quehipotetizamos ser derivada de um conhecimento fossilizado (ou atinente ao protosself,segundo Damásio) de saber quantidade, o verbo contar. Ao que parece, esse verboapresentariaumamplocampodesignificação,podendo,inclusive,sugerir,emalgunsusos,umaetimologiacontroversa.Seuprocessodemudançagramatical,viagramaticalização,seevidenciaemexpressõescomo:"tendoemcontaque","semcontarque",usosmaisabstratos,emcontrastecom"dê-meacontadoquelhedevo","voucontaraomeupai",dentreoutrosempregosmaisconcretos.Osdoisprimeiros,"tendoemcontaque"e"semcontarque", têmsidoreanalisadoscomolocuções conjuntivas, a exemplo das estruturas x-que, amplamente estudadas por Lima-Hernandes (2010). A explicação é que uma macroconstrução, muito abstrata, imantesequênciasrelativamenteopacasnarecepção,oqueporanalogiaseriaagrupadoaoconjuntomaisprodutivoefrequentenousodoportuguês,alocuçãox-que.Umsegundocaminhoseriaexplanávelpormetonímia,propiciadoraemdadomomentodaaçãodereanálise.Assim,arelaçãoentreaexpressão"tendoemcontaque"eoverbocontarpoderiaserexplanadaemtermosdeumapolissemia instauradaao longodo tempo.Por isso, imaginamosqueessasexplanaçõestãodiferentespoderiamserfazertodosentidonaevoluçãogramaticalemfrancoprocesso já no século XX, mas assumir uma outra requer identificar pistas e traçosremanescentesdasalteraçõessofridas.42Esseconceitoémuitopróximoaoqueempregamsociolinguistaslabovianosquandosereferemaregravariável.

Analisando usos quantificadores gramaticalizados em usos explicativos e pressupostos,verbosdemovimentoquesegramaticalizamemverbosdeusosespecíficos,excetoirquesegeneraliza, marcadores de conclusão retórica que se gramaticalizam em marcadores deencerramentotextual,marcadoresmediaisexplicativosquesegramaticalizamemevidênciasdeconhecimentocompartilhadoéqueverificamosopapeldocontextoerefletimossobreainterferência cultural de um grupo coeso em poucos casos (como foi o caso do verbo demovimentoandar)edainterferênciacognitivahumananumamaioriaderotasdesenhadasnamudança,oqueconduziuàcompreensãodequeforçascognitivasguiamamaioriadasmudançasgramaticaisnaslínguas.